Direito Civil - Contratos
Direito Civil - Contratos
Direito Civil - Contratos
1. Introduo
Os negcios jurdicos podem ser unilaterais e bilaterais; aqueles so formados por uma s vontade, como o caso do testamento, enquanto que estes so formados por mais de uma vontade direcionada ao mesmo fim, como o caso da promessa de recompensa. Os negcios unilaterais receptcios s podem ter efeito se comunicados outra parte, como p. ex. a proposta de contrato e a notificao de mora; j os no-receptcios produzem efeitos com a simples manifestao da vontade, sendo desnecessria a comunicao, como p. ex. a aceitao e a renncia de herana. O negcio jurdico bilateral formado pelo acordo de duas vontades; seu exemplo clssico o contrato. Denominam-se simples os contratos em que uma das partes detm apenas vantagens e a outra, apenas nus (p. ex., a doao). Denominam-se sinalagmticos os contratos em que ambas as partes tm tanto nus quanto bnus (p. ex. compra e venda). H negcio jurdico plurilateral quando este formado pelo acordo de mais de duas vontades. Contrato um negcio jurdico bilateral ou plurilateral caracterizado pelo acordo de vontades cuja funo criar, modificar ou extinguir relaes jurdicas patrimoniais. O acordo de vontades o elemento estrutural ou de alteridade do contrato; o fim de criar, modificar ou extinguir relaes patrimoniais seu elemento funcional. Denomina-se pacto o contrato acessrio inserido no contrato principal; p. ex., o pacto de retrovenda acessrio a contrato de compra e venda. No possvel a contratao consigo mesmo ou
autocontrato, pois o contrato pressupe bi ou multilateralidade. Excetua-se a essa regra o mandato in rem suam, procurao em causa prpria que confere ao procurador poderes para vender determinado
bem, com a possibilidade de compr-lo. Tal procurao irrevogvel, at mesmo com a morte do mandante. O STF entende que a procurao in rem suam por instrumento pblico e que cumpra os registros da escritura pblica de compra e venda pode substituir a esta, podendo ser levada a registro diretamente no cartrio de registro de imveis. O procurador em causa alheia no pode comprar o bem, sendo tal negcio anulvel em at dois anos, cf. arts. 117 e 179 CC.
corvina - contrato de herana de pessoa ainda viva, que proibido pelo Cdigo Civil. Possvel o objeto admitido pelas leis da natureza e jurdicas; se a impossibilidade fsica for absoluta, o contrato ser nulo, como o caso de contrato celebrado com o objeto de ressuscitao de morto. Se, no entanto, o contrato for celebrado sob condio e a impossibilidade deixar de existir antes dessa, o contrato ser perfeitamente vlido; o mesmo se aplica impossibilidade relativa. Determinado o objeto certo desde o nascimento do contrato; determinvel o objeto para o qual o contrato fornece elementos que permitem sua eventual identificao. Portanto, se o objeto no identificado pelo gnero e quantia, ser ele absolutamente indeterminado, tornando-se o contrato nulo.
Obs.
instrumento
no
precisa
da
assinatura
de
testemunhas, apenas das partes, desde que o faam de prprio punho a chamada assinatura autgrafa. Quando as partes no puderem ou no souberem assinar, haver assinatura holgrafa ou a rogo, feita por um terceiro indicado pela parte. Destaca-se que a impresso digital s admitida como assinatura no contrato de trabalho. Para que produza efeitos contra terceiros, o contrato deve ser registrado no cartrio de registro de ttulos e documentos, cf. estabelecido pelo art. 221 CC a partir desse registro, fica pressuposto o conhecimento geral de seus termos, clusulas e condies.
3. Clusulas contratuais
As clusulas se classificam em:
3.1. Essenciais
So as clusulas necessrias para a existncia do contrato, em que devem constar de forma expressa. Na compra e venda, por exemplo, necessrio para constituio do contrato que se mencione o preo da coisa e o consentimento das partes.
3.2. Naturais
So as conseqncias naturais do contrato; por decorrerem necessariamente de sua celebrao, esto subentendidas ainda que no venham a ser mencionadas expressamente. No mesmo exemplo da compra e venda, a obrigao de pagamento e a de entrega da coisa so implcitas.
3.3. Acidentais
Clusulas acidentais so aquelas que modificam as conseqncias naturais do contrato, jamais sendo presumidos e exigindo previso expressa. Exemplos clssicos de clusulas acidentais so a condio, o termo e o encargo.
4. Princpios contratuais
So os postulados bsicos de organizao dos contratos alguns esto explcitos na lei, outros decorrem dela de modo implcito. Alm da aplicao dos princpios prprios relao contratual, existe a eficcia horizontal dos direitos fundamentais, que nada mais do que a aplicao dos princpios da dignidade da pessoa humana, da solidariedade social e da igualdade como limites e garantias nas relaes entre particulares.
a vedao, no Cdigo Civil, do anatocismo e da clusula leonina (aquela que probe o scio de participar dos lucros da empresa). Denomina-se dirigismo contratual a interveno do Estado no contedo dos contratos entre particulares com o intuito de manter o equilbrio entre as partes e impedir o abuso do poder econmico. Essa interveno pode se dar de duas formas: atravs da edio de leis cogentes pela Unio, que de acordo com o art. 22 CF tem competncia exclusiva para legislar sobre contratos, ou atravs da reviso judicial, com a prolao pelo juiz de sentena que modifique as clusulas do contrato para adequ-las aos princpios acima mencionados.
proprium ocorre pela conduta do contratante que contradiz seu comportamento anterior, como p. ex. quando a parte que permitiu outra se utilizar de sua imagem a processa por danos morais; a supressio a extino da exigibilidade de um direito pelo decurso de tempo sem seu exerccio, como p. ex. o pagamento reiterado em local diverso do contratado impede o pagamento no local correto, cf. art. 330 CC; a surrectio o oposto, adquirindo-se direito em razo de um comportamento continuado, como p. ex. a aquisio do direito de pagar no local costumeiro; o tu quoque a proibio de exigncia de cumprimento de uma norma pela parte que primeiro a descumpriu, da qual exemplo a exceptio non adimpleti contractus; e o duty to mitigate the loss, obrigao de amenizar o prejuzo, da qual exemplo o art. 769 CC, que impe ao segurado o dever de comunicar seguradora quando o risco aumenta, sob pena de perder a garantia por m-f.
do contrato em 7 dias a constar da assinatura ou do recebimento do produto ou servio (comeando a contagem a partir do que ocorreu por ltimo); a teoria da impreviso, que permite a reviso e alterao redacional em juzo do contrato; e por fim o princpio da funo social do contrato, que de acordo com o entendimento da maioria permite a modificao das clusulas do contrato.