Direito Civil - Contratos e D. Reais - Cristiano Chaves

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DIREITO CIVIL

Cristiano Chaves
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS

Obs. JUROS MORATRIOS: art. 406 CC


1) quando os juros moratrios no forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, sero
fixados no limite do art. 161, 1, do CTN;
2) quando os juros forem convencionados pelas partes, estas tero liberdade na sua fixao em
at 24% ao ano, ou seja, 2% ao ms, posto que o art. 1 do Decreto 22.626/33 permite estipular
em quaisquer contratos taxas de juros at o dobro da taxa legal.
JUROS REMUNERATRIOS - limite 12% ao ano - lei de usura.
Clausula de decaimento - perda de parcelas por inadimplemento
Clausula comissria - perda de bem dado em garantia
Noes gerais sobre contratos
- A importncia dos contratos incontroversa. Os contratos constituem hoje o mecanismo mais
importante de circulao de riqueza. Atravs dos contratos se permite circular riquezas por meio
da celebrao de negcios. certo que os contratos possuem uma grande importncia
econmica, social e jurdica.
Contrato - A doutrina passou a entender que o conceito mudara. Passou-se a ser ajuste de
vontade com preocupao com sua repercusso - solidariedade social - funo social do contrato
e boa f objetiva. Ex. contrato de convivncia, contrato de direito de personalidade - podem ter
por objeto direitos da personalidade e da famlia - nova conformao alm de finalidade
patrimonial.
- Caio Mrio diz que os contratos so to importantes que acordamos e dormimos celebrando
contratos. E se no fossem eles, a sociedade no seria a mesma.
Contratos relacionais, de longa durao ou cativos - contratos que se incorporam ao cotidiano
e acompanham a pessoa quase a vida toda. Neles j se propugna uma limitao da vontade e
maior interveno do Estado pela importncia e interesse publico em seus objetos - Dirigismo
Contratual.
Contratos e direito intertemporal
Contrato relao jurdica continuativa, a sua eficcia pode ser protrada no tempo. Se o contrato
tem eficcia diferida no tempo possvel que ele esteja submetido a diferentes normas jurdicas.
Qual a norma aplicvel quando um contrato se submete a diferentes normas jurdicas?
Artigo 2.035 do Cdigo Civil a existncia e a validade de um contrato ficam submetidas
lei do tempo de sua celebrao, mas a eficcia fica submetida lei nova, do momento da
sua aplicao.

Obs. Toda e qualquer relao continuativa se submetera a regra intertemporal dos contratos - art.
2.035 - A EXISTENCIA E A VALIDADE de um contrato se submetem a norma do tempo de sua
celebrao. A EFICACIA - submete-se a norma atual.
Ex. Conveno de condomnio - No sistema anterior a multa do condomnio, por
inadimplemento, poderia ir at 20%. O novo Cdigo Civil estabeleceu a multa em 2%. A
conveno de condomnio que antes do Cdigo Civil previa multa de 20% agora vai estar
limitada em 2%? Mesmo as convenes anteriores ao Cdigo Civil de 2002 esto limitadas a
2%, porque diz respeito ao plano da eficcia. REsp. 722.904 RS.
Ex. mudana no regime de bens do casamento - casamento antes do CC de 2002 - no podiam
modificar o regime de bens. Agora e possvel a mudana de regime de bens, situa-se no plano da
eficcia - REsp. 730.546 MG. Para se discutir se o casamento vlido ou no - se compulsara a
lei do tempo da celebrao - Caso de ultraatividade da norma - aplicao de norma j
revogada.
Ex. proibio legal de estabelecimento de pessoas casadas no regime de comunho parcial ou
separao obrigatria de bens. Art. 977 CC - norma do plano da validade - dessa forma no so
alteradas por novas leis - enunciado 204.
Requisitos de validade dos contratos (artigo 104 do Cdigo Civil):
So os mesmos requisitos de qualquer outro negcio jurdico. E so quatro:
a) Capacidade do agente se o agente for incapaz o contrato ser nulo ou anulvel, a depender
do grau de incapacidade. Se o contrato ajuste de vontade, somente as pessoas capazes podem
celebr-los, pois somente estas podem fazer concesses recprocas.
- Os entes despersonalizados possuem capacidade, portanto, podem ser contratantes. A massa
falida, o condomnio edilcio, a sociedade de fato so exemplos de entes despersonalizados.
O incapaz assistido pode celebrar contrato? Em se tratando de ato de disposio de direito (ex.
doao) ou de ato imobilirio (ex. compra e venda) - no basta a representao ou assistncia exige-se autorizao judicial ouvido o MP. Ex. se menor adquire imvel, seu representante no
pode vend-lo. Requisito especifico para ato - legitimao pelo juiz.
- Incapaz pode ser sujeito dos contratos? Se o incapaz for contratante o contrato pode ser nulo
ou anulvel. Existncia, validade e eficcia escada pontiana a incapacidade do agente
compromete o plano da validade. O fato da validade ter sido cometida no impede o
ordenamento de acobertar a eficcia. Portanto, s vezes, apesar da incapacidade do agente, por
vezes o ordenamento resolver acobertar os efeitos de um contrato. Apesar de reconhecer o
contrato como invlido por conta da incapacidade do agente, s vezes o ordenamento quer
emprestar efeitos a esse contrato, para que ele produza efeitos. Validade e eficcia so planos
autnomos. Exemplo: casamento putativo um casamento nulo/anulvel celebrado de boa-f
casei com meu irmo sem saber que ele era meu irmo nulo porque no pode casar com
irmo, mas produz efeito se eu estiver de boa-f.
Obs. o prprio ordenamento permite contratos celebrados por incapazes - art. 588 - regra do 588
- mtuo feito a menor no pode ser reavido. Contudo para evitar enriquecimento sem causa:

- Artigos 588 e 589 do Cdigo Civil contrato de mtuo: senatus consuctus macedoniano.
Historia supositiva - o filho do Macedo suicidou por dividas. O mtuo feito a menor invalido,
mas pode produzir efeitos nos termos do artigo 589 do Cdigo Civil, quais sejam: a) ratificao
posterior do responsvel; b) se o emprstimo foi tomado para suprir necessidades alimentcias; c)
se o menor tiver renda; d) se provado que o emprstimo reverteu em seu favor; e) se ele
maliciosamente ocultou a idade.
b) Licitude e possibilidade do objeto: o objeto deve ser lcito, possvel, determinado ou
determinvel. A possibilidade inicial relativa no invalida o negocio, s invalida se for absoluta.
Ex. de contrato impossvel: artigo 426 proibio de pacta corvina, tambm chamada de pacto
sucessrio. impossvel que o contrato tenha como objeto herana de pessoa viva.
- O contrato nulo quando o objeto for ilcito ou impossvel. Exemplo: cesso de direitos
hereditrios de pessoa ainda viva. Mas existe exceo prevista no artigo 2.018 do Cdigo Civil,
que a partilha em vida, que autorizada quando todos os herdeiros so maiores e capazes e
no h conflito entre eles.
- Alguns autores sustentam que pacto antenupcial tambm seria uma exceo, o que no
verdade. O pacto antenupcial no permite que se discuta herana de pessoa viva. O cnjuge no
pode renunciar a sua herana porque a sucesso ainda no foi aberta (a pessoa continua viva).
Portanto, a exceo partilha em vida e no o pacto antenupcial.
Obs. objeto ilcito - nulo - ex. transporte de lana perfume - nulo
Causa falsa - anulvel - ex. doao em troca de trabalho, mas com engano quanto pessoa que
realizou o trabalho.
c) Celebrao na forma prevista em lei: no campo dos contratos a regra geral a liberdade
de forma, pois o que importa a vontade e no a forma, os contratos so meramente consensuais
- de ordinrio os contratos so consensuais - aperfeioam-se com a simples vontade. O
consenso suficiente. Os contratos se formam pela declarao de vontade. Mas toda regra possui
uma exceo que serve para confirmar a regra: os contratos precisam prever a forma eleita pelas
partes ou prescrita em lei, ou seja, somente quando houver previso legal ou exigncia
consensual, os contratos sero solenes. Havendo exigncia legal de solenidade, esta passa
integrar a substncia integral do ato artigo 109 do Cdigo Civil. Havendo previso legal a
forma precisa ser atingida sob pena de nulidade. NESTES CASOS (lei ou vontade das partes) a
forma integra a substancia do ato sob pena de nulidade - art. 166 - no admite convalidao. Um
contrato vlido pela vontade, pode ser nulo por vicio de forma.
Obs. Convalidao Converso - violou a forma no se convalida, mas se permite a
Converso substancial - recategorizao de um contrato nulo por vcio de forma, porm com
declarao de vontade vlida, aproveitando-a em uma outra categoria contratual.
Ex. artigo 541 do Cdigo Civil a lei exige que a doao seja por escrito. Se a doao no for
por escrito ela nula, porque a solenidade passa a integrar a substncia do ato. Se a senhora sem
herdeiros legtimos, doa a casa, para a enfermeira por instrumento particular, e aps a morte a
sobrinha impugna, o imvel ainda sim, mesmo nulidade da forma - doao de imvel deve ser
instrumento pblico - pode haver converso do instrumento de doao em testamento
particular.

- Os contratos podem ser consensuais (regra geral - se completam com o consenso) e solenes
(exigncia formal de lei). Ao lado dessas categorias ainda podemos mencionar os contratos de
eficcia real. Os contratos consensuais ou solenes eventualmente podem ser de eficcia real.
Contratos reais ou contratos de eficcia real: contratos que exigem a tradio para produzirem
efeitos. Exemplos: depsito e comodato somente se aperfeioam depois que a coisa for
entregue.
Contrato Solene - a forma da essncia do ato
Contrato Consensual - reputam-se acabados com o consenso
Contrato real - exige a tradio para produzir efeito
Contratos imobilirios - em regra, exige-se escritura pblica e registro em cartrio para sua
validade, todavia o art. 108 rendendo homenagem aos usos e costumes permite que o contrato
seja por instrumento particular se o imvel no supera 30 salrios mnimos. O registro continua
necessrio para aquisio de propriedade.
No confundir 108 do CC, com 227 do CC e 401 - no se admite prova testemunhal para
negcios que excedam o decuplo do salario mnimo. NO TRATA DE FORMA, MAS DE
PROVA DO CONTRATO. Os contratos que excedam o dcuplo do salario mnimo (no admitem
prova testemunhal apenas), no so formais, pois fazem referncia prova e no forma. Neste
caso a forma no da substancia do ato - o STJ vem mitigando a dureza dessa regra -
permitindo que o juiz admita prova testemunhal alm de 10 X o salario mnimo quando os usos e
costumes do local autorizarem. Ex. empreitada - marceneiro, pedreiro, eletricista.
Contrato real direito real. Contrato real exige a tradio para sua eficcia e direito real so
aqueles previstos em lei. Exemplo: penhor um contrato, mas para o seu aperfeioamento
necessrio a entrega do bem. Mas o penhor tambm gera direito real, porque ele est
previsto em lei como direito real. Portanto, penhor contrato real que gera direito real de
garantia.
Obs. Depsito, comodato, venda por consignao so contratos reais que no geram direitos
reais, apenas geram direitos obrigacionais. Ateno - Hipoteca: no necessria a tradio.
Hipoteca no contrato real, mas gera direito real. NEM TODO CONTRATO REAL, GERA
DIREITO REAL - NEM TODO DIREITO REAL GERADO POR UM CONTRATO REAL.
Obs. Nem todo direito real vem de um contrato real. E a recproca verdadeira. So conceitos
autnomos, distintos. No h uma relao necessria entre contrato real e direito real.
c) Consentimento livre e desembaraado: a mesma coisa que dizer que o consentimento deve
ser isento de vcios, sob pena de anulabilidade.
Silncio - art. 111 - quando no houver necessidade de forma prescrita, o silncio pode ser
interpretado com manifestao de vontade, se os usos permitirem.
- Alguns autores, como Carlos Roberto Gonalves defendem que o consentimento o mais
importante de todos os requisitos de validade.
Obs. pode-se aceitar doao, mas no faz-la em silncio.
Regras de interpretao do consentimento, dos contratos

1 - Regra principal ou regra de ouro: estar presente em todo e qualquer contrato. A regra
principal est no artigo 113 do Cdigo Civil: a boa-f objetiva interpretao conforme o
sentimento tico, a eticidade. Eticidade no pode ser confundida com moral, eticidade
comportamento social tico, um comportamento esperado.
2 - Regras acessrias ou combinantes: so usadas episodicamente em conjunto com a regra
principal. Regras acessrias combinantes:
a) interpretao dos contratos imobilirios artigo 108 do Cdigo Civil. Se o contrato
imobilirio exige escritura pblica para a sua validade, quando o contrato superar 30 vezes o
valor do salrio mnimo. Admite-se contrato imobilirio por instrumento particular, quando o
valor no superar 30 vezes o salrio mnimo.
- A prova da existncia do contrato matria processual artigo 401 do CPC. O STJ vem
dizendo que esse artigo deve ser mitigado em determinados contratos. Exemplo: contrato
agrcola e contrato de prestao de servios os usos e costumes da populao no celebr-los
por escrito.
b) interpretao dos contratos com reserva mental: reserva mental o propsito
secreto, obscuro de no cumprir aquilo que se promete, ou seja, quando um contratante no vai
cumprir sua palavra. O Cdigo Civil estabelece no artigo 110 a regra de interpretao desse
contrato.
Se a reserva mental desconhecida da parte contrria, o contrato vale, subsiste e o
eventual prejuzo ser cobrado por responsabilidade civil contratual. Mas se a reserva mental
conhecida da parte contrria, caracteriza simulao, tornando o contrato nulo. PARA
ALGUNS CONCURSOS SERIA NEGCIO INEXISTENTE.
c) interpretao do silncio: calado s vezes se consente. Mas o artigo 111 do Cdigo
Civil estabelece limites para isso. O silncio pode importar anuncia quando as circunstncias ou
os usos o autorizarem e desde que no seja necessria a forma prescrita em lei. Exemplo:
contrato de doao a doao deve ser por escrita, portanto ningum pode fazer doao pelo
silncio, mas possvel aceitar doao pelo silncio quando se tratar de doao pura e simples.
d) interpretao na declarao de vontade: artigo 112 do Cdigo Civil: na
interpretao da vontade mais se interessa a inteno do que o sentido literal da linguagem. Ex.
Caio Mrio d o exemplo do testamento. Fao um testamento para o bombeiro Jos que salvou a
vida do meu filho, mas quem salvou a vida do meu filho foi o bombeiro Joo, portanto ele ser
beneficiado, porque o que vale a inteno.
e) interpretao restritiva de contratos: art. 114 e 818 e sm. 214 do STJ alguns contratos merecem interpretao restritiva no admitem ampliao e nem
analogia:
a) contratos benficos;
b) clusulas sancionatrias;
c) renncia;
d) fiana;
e) aval.
- Smula 214 do STJ: O fiador na locao no responde por obrigaes resultantes de
aditamento ao qual no anuiu. cuida da fiana locatcia. Essa smula no colide com a nova

redao do artigo 39 da Lei de Locaes 8.245/91 o fiador permanece atrelado ao contrato at


a efetiva entrega das chaves, mesmo que haja a prorrogao automtica. O fiador responde at
a entrega das chaves pelo que se obrigou, se o contrato de prazo determinado passa a ser
indeterminado, o fiador tem 30 dias pra notificar o locador, permanecendo pelo menos
mais 120 dias responsvel, at que o locatrio de nova garantia, se no efetua em 15 dias,
poder ser despejado.
f) interpretao do autocontrato: tambm chamado de contrato consigo mesmo, decorre da
representao privada. Artigo 117 do Cdigo Civil o contrato bilateral por excelncia. Mas a
bipolaridade de interesses pode estar aliada a uma representao privada que uma concesso de
poderes a terceiros.
Obs. representao no igual ao mandato - mandato contrato, representao concesso de
poderes.
- Exemplo: contrato de sociedade por quotas - sociedade limitada: 05 scios conferem poderes a
um deles para representar a sociedade. Um contrato de sociedade limitada um timo exemplo
de contrato que no de mandato, mas que contm representao ( uma representao sem
mandato). Representao concesso de poderes, enquanto mandato um dos tipos de contrato,
e uma das formas de se instituir a representao.
- Autocontrato ou contrato consigo mesmo uma figura construda no direito alemo e ocorre
quando uma mesma pessoa figura simultaneamente em ambos os polos da relao
contratual, num deles em nome prprio e no outro em nome alheio, por fora de
representao privada. Ao celebrar um contrato consigo mesmo podem ser adotadas
providncias que prejudiquem uma parte e que beneficiem outra, assim o Cdigo diz que o
autocontrato anulvel se celebrado no interesse exclusivo daquele a quem se conferiu os
poderes. Se a clusula vier de contrato de consumo ou de contrato de adeso, ela ser nula. Nos
contratos de consumo ou de adeso, o contrato ser nulo e no anulvel - pois no h
manifestao de vontade livre, isenta.
Smula 60 do STJ: nula a obrigao cambial assumida por procurador do muturio
vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste. confirma que nula a obrigao
decorrente de clusula de autocontrato em contrato de adeso e de consumo.
PRINCPIOS DO DIREITO CONTRATUAL:
Canotilho diz que todo princpio possui fora normativa. Dizer que todo princpio possui fora
normativa dizer que todo princpio vincula, obriga, dizer todo princpio to normativo
quanto s regras.
- Diferentemente das regras, os princpios so valorativos. Enquanto as regras so meramente
regulatrias, os princpios so valorativos.
- Pode ocorrer conflito entre regras e princpios. E quando isso acontecer, prevalece o princpio.
Celso Antnio Bandeira de Melo diz que muito mais grave que violar uma regra violar um
princpio. O afastamento da norma-regra em homenagem norma-princpio episdico e
eventual, porque a regra afastada permanece no sistema. Num prximo momento pode ser que o
conflito j no mais exista, porque a norma-princpio flexvel, assim em um prximo momento
pode ser que no exista conflito.

Ex. artigo 422 e 448 do Cdigo Civil o artigo 422 fala da boa-f objetiva. Probidade e boa-f
norma-princpio. O artigo 448 fala da responsabilidade na evico trata-se de uma norma regra.
Em respeito norma princpio, afasta-se a norma regra.
- Quando o direito contratual foi disciplinado ele foi construdo a partir do princpio da plena
autonomia da vontade, que nada mais era do que liberdade de contratar.
Princpios basilares (autonomia privada - pacta sunt servanda)
Obs. Hoje j no h uma liberdade plena de contratao, por isso os princpios do direito
contratual foram modificados.
O contrato sofreu um declnio do individualismo e prestgio de uma ordem de cooperao entre
as partes. Depois do Cdigo Civil de 2002, credor e devedor se aliam a um objetivo comum.
1) Princpio da boa-f objetiva: artigos 113 e 422 do Cdigo Civil - a boa-f objetiva nada mais
do que a eticidade que se espera das partes de um contrato.
- O cdigo civil trabalha com dois tipos de boa-f: objetiva e subjetiva, mas ele no as qualifica.
Boa-f expresso genrica e pode se apresentar como boa-f objetiva ou como boa-f subjetiva.
- Boa-f objetiva: a boa-f de comportamento o comportamento tico que se espera das
partes. Comportamento tico norma-princpio artigo 114 do Cdigo Civil. Principio.
- Boa-f subjetiva: a boa-f de conhecimento. Conhecimento saber ou no saber, portanto,
trata-se de norma-regra. Estado de conscincia. Art. 1561 - casamento putativo, casamento nulo
ou anulvel contrado de boa f, ex., casou com irm sem saber que era irm. (boa f subjetiva casamento putativo).
Obs. boa f objetiva - diretriz da eticidade nas relaes privadas. A boa f tem pano de fundo
constitucional, pois vem da confluncia da dignidade humana, da solidariedade social e
igualdade substancial nos contratos.
- O direito contratual no se ocupa somente da boa-f objetiva, ele tambm leva em conta a boaf subjetiva. A boa-f subjetiva no foi ignorada pelo sistema, ela s no possui natureza
principiolgica.
- A finalidade da boa-f objetiva permitir a flexibilizao do sistema contratual, porque
flexibilizando o sistema contratual, permite-se uma soluo justa para cada caso concreto a
partir de concepo tica. No procura corrigir, no e instrumento de correo de
hipossuficincia, aplica-se a ambos os contratantes.
Funes da boa f objetiva:
a) funo interpretativa significa que toda e qualquer clusula contratual deve
ter o seu sentido e alcance determinado conforme a tica, conforme ao padro de boa-f
objetiva; art. 113.
b) funo integrativa significa que a boa-f objetiva pode servir como fonte
autnoma de obrigaes para as partes, estabelece deveres anexos, implcitos, laterais. Os
deveres anexos estaro presentes no contrato independentemente da vontade das

partes e estes deveres esto presentes desde antes at depois dos contratos. Os
deveres anexos apresentam os conceitos de responsabilidade civil pr-contratual e
responsabilidade civil ps-contratual. A responsabilidade civil decorrente de deveres
anexos contratual ou extra contratual? A responsabilidade extracontratual,
aquiliana no fica limitada no valor do contrato. Os deveres anexos criam um novo
conceito de inadimplemento contratual: mesmo que as partes cumpram todos os seus
deveres contratuais, descumprindo os deveres anexos, ela pode incorrer num novo tipo de
inadimplemento. Houve um alargamento do conceito de inadimplemento violao
positiva de contrato: STJ, REsp. 988.595/SP exemplo: empresa de outdoor foi
contratada para espalhar 20 placas de um produto dirigido classe A, todas as placas
foram colocadas no subrbio e periferia. A empresa cumpriu a obrigao contratual, mas
descumpriu os deveres anexos.
Ex. informao, lealdade, segurana. Ex. responsabilidade civil do mdico por falta de
informao ao paciente.
Ex. Zeca Pagodinho - independente de previso contratual ele tinha o dever de lealdade.
- Duty to mitigate the own loss: o dever imposto ao credor de minorar o prprio prejuzo
quando deva ser indenizado pela outra parte REsp. 1.075.142/RJ: limitao de astreintes
(multa diria);
Efeitos dos direitos anexos:
b.1) possibilidade de resp. civil, pr e ps contratual - deveres anexo, comportamento
tico das partes, e esperado desde antes ate depois do contrato. ex. carros da Lada - pararam de
fornecer peas de carros - STJ - mesmo assim deveria os deveres anexos - STJ determinou que a
Lada mantivesse peas de reposio no mercado. ex. Caso Cica - incentivou o cultivo de
tomates.
b.2) violao positiva de contrato - STJ - REsp. 988595-SP - STJ - descumprimento dos
deveres anexos mesmo cumprindo todas as obrigaes contratuais. Trata-se de um novo modelo
de inadimplemento contratual, descumprindo deveres anexos, mesmo com cumprimento de
todos os deveres contratuais. E a responsabilidade decorrente da boa f objetiva - ser
extracontratual. Ex. 20 placas de outdoor - descumpriu dever anexo, pois as colocou na periferia
sendo dirigida a classe alta.
c) limitadora, de controle ou restritiva: a anttese da funo integrativa.
Limita o exerccio de direitos subjetivos contratuais previstos, ou seja, um freio na
contratao. Nem tudo aquilo que foi previsto, nem todos os direitos das partes podem
ser reconhecidos. O fundamento o abuso do direito, no podem ser exercidos
direitos contratuais abusivamente. Essa terceira funo est intimamente ligada ao
abuso do direito, limita o exerccio do direito quando exercido abusivamente.
Ex. Juros abusivos o juiz pode reduzi-los com base na boa-f.
Ex. substancial performance/adimplemento substancial ou inadimplemento mnimo :
Proibio de resoluo de contrato quando foi significativamente cumprido (resoluo
nesse caso seria abusiva) - REsp. 272.739/MG nesse julgado o STJ admitiu o substancial
performance. Contrato de financiamento de automvel de 24 meses, o devedor pagou 22, ficou
desempregado e inadimpliu as 02 prestaes faltantes. O credor pleiteia a resciso do contrato,
devoluo do automvel e pede a condenao de juros e multa. O STJ entendeu que se o
descumprimento do contrato foi mnimo (se a adimplemento foi substancial) abusivo requerer a

resciso do contrato. A substancial performance deve ser aplicada tambm pela tica qualitativa,
exemplo; contrato de financiamento de imvel a pessoa comea a pagar prestao muito alta e
depois vai decrescendo. Suponha um contrato de 10 anos, no 5 ano a parte j pagou o valor
principal e passa a pagar os juros, houve um aumento substancial qualitativo neste caso.
2) Funo social do contrato: artigo 421 do Cdigo Civil .
- Funo social da propriedade artigo 1.228
- Funo social da famlia artigo 1.513
- Funo social da clusula penal artigo 413
- Funo social da empresa a partir do artigo 170 da CF
- Funo social da posse artigos 355 e 356
Obs. Funo social incorpora, materializa o esprito da socialidade, que uma das diretrizes do
Cdigo Civil. As trs diretrizes so: eticidade, operabilidade/concretude/socialidade.
FUNAO SOCIAL - PRESSUPOSTO - Noberto Bobbio escreveu um livro chamado Da
Estrutura Funo. Nesse livro foi explicado que na dcada de 70 os professores eram
preocupados com a estrutura do direito, ensinavam o que era direito e isso correspondia sua
estrutura. Bobbio afirmava que haveria uma evoluo e que no novo sculo j se ensinaria para
que serve o direito, que seria a sua funo social. A partir dessa ideia o Cdigo Civil proclamou
03 diferentes papis para a funo social:
a
b
c

O contrato entre duas partes no deve prejudicar a terceiros;


O contrato entre duas partes no deve prejudicar a coletividade;
Terceiros no deve prejudicar o contrato alheio.

- A funo social vai mitigar o velho princpio da relatividade dos contratos. Esse princpio dizia
que o contrato somente produz efeito entre as partes. Hoje h uma inescondvel preocupao
com a tutela jurdica de terceiros e da coletividade. O contrato se preocupa com a tutela jurdica
das partes, de terceiros e da coletividade. Exemplos:
a) Smula 308 do STJ: A hipoteca firmada entre a construtora e o agente
financeiro, anterior ou posterior celebrao da promessa de compra e venda, no tem
eficcia perante os adquirentes do imvel. o contrato de hipoteca entre a construtora e
o banco no prejudica o terceiro adquirente - Smula busca defender a posio do
terceiro ofendido - terceiro lesado por relao contratual alheia. TERCEIRO LESADO
b) Artigo 608 do CC: Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito
a prestar servio a outrem pagar a este a importncia que o prestador de servio, pelo
ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos Caso do Zeca Pagodinho aliciamento do prestador de servio. A indenizao a que se refere na parte final do artigo
diz respeito aos lucros cessantes. TERCEIRO OFENSOR
c) STJ, REsp. 401.718/PR nesse REsp o STJ vai admitindo a possibilidade de
cobrana de indenizao diretamente da seguradora do causador do dano.
- Nos ltimos anos a doutrina comeou a estudar a funo social do contrato e descobriu que a
funo social do contrato no traz consigo apenas uma tutela externa, mas tambm uma tutela
interna. A funo social do contrato vai se apresentando com uma dupla eficcia: - eficcia
interna e uma eficcia externa. A preocupao com a impactao social do contrato no
apenas com relao a terceiros e a coletividade (eficcia externa), h tambm uma preocupao

da impactao social sobre as partes (eficcia interna). A funo social do contrato opera para
fora e para dentro, no se preocupa apenas em preservar terceiros e a coletividade, mas
tambm se preocupa com as prprias partes.
- Exemplos eficcia interna:
a) Smula 302 do STJ: abusiva a clusula contratual de plano de sade que
limita no tempo a internao hospitalar do segurado. Preocupa-se com os direitos
sociais do contrato, mas tambm preocupa-se com a impactao interna.
b) Artigo 413 do Cdigo Civil: A penalidade deve ser reduzida equitativamente
pelo juiz se a obrigao principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da
penalidade for manifestadamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e finalidade
do negcio.- esse artigo alude funo social da clusula penal.
- A funo social no instrumento de correo de hipossuficincia ou de vulnerabilidade
contratual. A funo dirigida s partes e no necessariamente para proteger o mais fraco. O STJ
firmou o seu posicionamento pela teoria finalstica do consumidor, a norma protetiva se dirige
somente ao consumidor, no se aplica a terceiros.
Obs. Onerosidade excessiva:
Momento de celebrao do contrato - atinge a validade - CDC nulidade - CC anulabilidade leso ou estado de perigo.
Superveniente - atinge a eficcia - caso de reviso - CDC - teoria da base objetiva do contrato.
ou Resoluo CC - teoria da impreviso.
Teoria da base objetiva - no exige imprevisibilidade, basta a onerosidade. CDC
Teoria da impreviso - exige alm da onerosidade caso extraordinrio, imprevisvel - art.
317/478. CC
3) Equilbrio econmico e financeiro: artigos 478 e 317. O Cdigo de 1916 proclamou a ideia
do pacta sunt servanda (o contrato faz lei entre as partes) assim, mesmo havendo desequilbrio
entre a prestao e a contraprestao o contrato deveria ser cumprido. O pacta sunt servanda no
se preocupava com eventuais desequilbrios contratuais.
- A primeira vez que o direito civil parou para se preocupar como desequilbrio, (onerosidade
excessiva) foi em 1918, quando foi editada na Frana a Lei Faillot que criou a possibilidade de
impugnao dos contratos celebrados antes da guerra e que sofreram onerosidade excessiva por
conta dela. A Lei Faillot resgatou a clusula rebus sic standibus. Buscava correo dos
contratos celebrados antes da guerra, compondo pacta sunt servanda e rebus sic stantibus.
Requisitos da teoria da impreviso:
1
2
3
4

Contrato de trato sucessivo


Evento superveniente extraordinrio e imprevisvel (lea extraordinria)
Onerosidade excessiva (desarmonia entre prestao e contraprestao)
Inexistncia de culpa

Obs. Teoria da impreviso e caso fortuito (1950 - primeira obra sobre teoria da impreviso)
esse ttulo j deixava claro a excepcionalidade da aplicao desta teoria, era excepcional e se
aplicava nos casos de caso fortuito. A partir da dcada de 70, o Brasil foi tomado por uma onda

de inflao, o que levou vrios contratos a serem discutidos na justia. A jurisprudncia disse que
a inflao era previsvel.
Teoria da base objetiva X Teoria da impreviso
- Em 1990 foi editado o Cdigo de Defesa do Consumidor que trazia nos artigos 4 e 6 a
afastabilidade a teoria da impreviso. Inspirado em Karls Larenz o CDC adotou a Teoria da Base
Objetiva Contratual. Essa teoria dispensa o requisito imprevisibilidade, ou seja, mesmo que o
evento seja previsvel possvel a reviso do contrato para manter o equilbrio econmico e
financeiro.
- Em 1999 o STJ aplicou a teoria da base objetiva, tambm chamada de teoria da onerosidade
excessiva. Essa teoria foi aplicada nos contratos de leasing celebrados em dlar. A variao do
dlar um evento previsvel, mas se variar muito, cabe reviso do contrato porque o contrato
de consumo e contrato de consumo admite reviso.
- Em 2002 o Cdigo Civil nos artigos 478 e 317 se manifestou sobre o tema e acolheu a Teoria
da Impreviso. Acolhendo essa teoria o Cdigo Civil delimitou uma clara diferena entre o
contrato civil e o contrato de consumo. O Cdigo Civil qualificou a teoria da impreviso, alm
de exigir os velhos requisitos da impreviso, ainda exigiu outro: que o prejuzo de uma parte
correspondesse vantagem da outra. O problema disso que num contrato desequilibrado
economicamente o prejuzo de um pode no corresponder estritamente vantagem do outro,
razo pela qual o requisito especfico se mostra imprprio.
Obs. o fornecedor no pode pedir a extino do contrato em razo de impreviso, apenas pode
requerer reviso, nunca resoluo, seno significaria impedimento ao produto.
Obs. na exceo substancial ou reconveno o ru pode exercer o direito de conservao do
contrato.
Interveno de terceiros nos contratos:
- Por um motivo ou por outro os contratos podem atingir terceiros e podendo atingir terceiros, o
Cdigo Civil se preocupou em disciplinar 03 institutos:
a) Promessa de fato de terceiro artigo 439 do Cdigo Civil: uma pessoa promete algo que
ser cumprido por outra (obrigao de fazer). Ex. empresrio celebra contrato a ser cumprido
por artista. Essa promessa pode ser de uma conduta omissiva ou comissiva ou at mesmo de uma
mera declarao de vontade. Exemplo: uma cidade do interior promete que determinado artista
ir realizar um show.
- O Cdigo Civil estabelece que no caso de inexecuo contratual a responsabilidade recair
sobre o promitente (quem prometeu responde). A obrigao do promitente. A responsabilidade
somente recair sobre o prometido se ele ratificar ou se quem prometeu era o seu representante.
Excees - se o promitente representante do prometido - nesse caso nem haveria de fato
promessa de terceiro ou quando o promitente anuiu expressamente promessa.
Ex. clube dos 13 celebrou contrato em nome dos clubes, mas os clubes assinaram contrato com
outra emissora - STJ entendeu que nesse caso se trata de responsabilidade do clube dos 13.

b) Estipulao em favor de terceiros artigo 436 a 438 do Cdigo Civil: criam uma curiosa
situao de contratos envolvendo terceira pessoa. Duas pessoas celebram um contrato para que
efeitos benficos se produzam sobre uma terceira pessoa. O terceiro no parte e dele no se
exige capacidade e nem solvibilidade. Basta que o terceiro tenha idoneidade para receber os
efeitos benficos do contrato. Exemplo: seguro de vida. muito comum em dissoluo de unio
estvel e divrcio que os cnjuges ajustem a transferir o imvel que pertence a eles aos filhos
tambm um exemplo de estipulao em favor de terceiros.
Estipulante - Contratante - Estipulado - O estipulado no parte e no precisa ser capaz,
apesar de no ser parte o Estipulado pode executar o contrato nas condies estipuladas - no
parte, mas terceiro interessado. O estipulante pode a qualquer tempo substituir o estipulado
independentemente da anuncia do contratado, salvo se o estipulado j executou o contrato. O
estipulante no pode exonerar o contratado do cumprimento de suas obrigaes.
- A estipulao em favor de terceiro tambm ocorre no direito pblico.
- O terceiro no responde pelas obrigaes contratuais, porque quem responde pelas obrigaes
contratuais so as partes. As partes so o estipulante e o contratado.
- O terceiro pode ser substitudo a qualquer tempo, independentemente do consentimento do
contratado, salvo se o prprio contrato dispuser em sentido contrrio.
c) Contrato com terceiro a declarar artigo 467 a 471 do Cdigo Civil: duas pessoas celebram
um contrato reservando a uma ou a ambas o direito de indicar um terceiro que assumir as
obrigaes e os direitos daquele contrato. O terceiro precisa ser solvente e capaz, uma vez que
ele se tornar parte. Alm de solvente e capaz o terceiro precisa aceitar a posio contratual, uma
vez que ele ter que prestar a sua anuncia. O terceiro assume as obrigaes retroativas data da
celebrao do contrato, o que torna induvidosa a necessidade de sua anuncia. Se o terceiro no
aceitar a posio contratual que lhe ofertada ou se ele for incapaz ou insolvente o contrato
permanece produzindo efeito entre as partes originrias.
Terceiro sendo parte, precisa ser capaz, solvente, caso no, ou no aceitando, o contrato
permanece entre as partes originarias. A aceitao do terceiro deve ser revestir das mesmas
formalidades da declarao de vontade do contrato.
O prazo para indicao do terceiro que vai assumir a posio contratual um prazo de 05
dias salvo disposio contrria. Terceiro assume com efeitos retroativos data da
celebrao do contrato.
- Exemplo: a pessoa que adquire o imvel com a finalidade revend-lo pode se valer do
contrato com pessoa a declarar.
Obs. a importncia maior e no direito tributrio, pois impedira impostos, o terceiro a declarar
constar como primeiro no registro de imveis etc.
Formao dos Contratos
- O Cdigo fala em formao dos contratos na seguinte perspectiva:

1
2

Proposta/policitao
Aceitao

- Mas antes da proposta deve ser falado ainda sobre negociaes preliminares (tratativas) e ainda
sobre o contrato preliminar.
Contrato preliminar: (pr-contrato ou PROMESSA DE CONTRATO - art. 462 CC)
obrigao de fazer consistente na celebrao de um outro negcio jurdico. um
instrumento pelo qual a partes se comprometem a celebrao de um outro contrato. Exemplo:
promessa de compra e venda um promete pagar e outro promete a transferncia do bem
mediante o pagamento. uma relao autnoma e independente de realizar outro contrato logo, o contrato preliminar no acessrio do contrato prometido.
- Alguns autores dizem que o contrato preliminar um contrato acessrio. No entanto, o
contrato preliminar no se trata de contrato acessrio. Trata-se de obrigao de fazer,
obrigao de celebrar outro contrato. Aplicam-se ao contrato preliminar todos os requisitos do
contrato prometido exceto os requisitos de forma. Se fosse acessrio tambm precisaria cumprir
os requisitos formais.
- O cdigo civil disponibiliza em favor das partes do contrato preliminar tutela especfica ou
perdas e danos, de acordo com a convenincia do titular.
Ex. promessa de compra e venda de imvel, acima de 30 salrios mnimos no precisa de
escritura publica, pois no precisa cumprir as formalidades do contrato prometido - sum. 239 STJ. Uma promete pagar, uma promete transferir. Se uma parte j pagou, a outra deve realizar
sob pena de adjudicao.
- No h possibilidade de desistncia no contrato preliminar. Mesmo se a promessa no
registrada permite a adjudicao compulsria. A parte prejudicada pode optar por perdas e danos
ou execuo especifica. Ex. promessa de contrato de comodato de apto. no carnaval - s vezes
pode ser mais interessante perdas e danos.
Tratativas: (pontuaes) ou negociaes preliminares so conversas prvias, ajustes iniciais,
estudos sobre a viabilidade e interesse na formao do contrato. Quando por escrito as tratativas
so denominas de minuta.
- Na fase das tratativas no se h falar em obrigaes contratuais e inadimplemento contratual
porque no h contrato. Na fase das tratativas estaro presentes os deveres anexos da boa-f
objetiva, por isso pode falar em responsabilidade civil pr-contratual.
- Affidamento as partes no devem criar indevidas expectativas, a confiana que uma parte
desperta, cria na outra. Essa confiana gera responsabilidade civil pr-contratual decorrente de
deveres anexos da boa-f objetiva.
- Responsabilidade civil pr-contratual tem natureza contratual ou extracontratual? A
responsabilidade civil pr-contratual e a ps-contratual tem responsabilidade extracontratual, no
est limitada no valor do contrato.
Proposta ou policitao: a declarao da vontade de contratar. A proposta feita ao pblico
produz os mesmos efeitos. No por outro motivo que o cdigo chamou essa proposta de oferta.
A proposta sempre vincula o proponente e os seus herdeiros. No Brasil a proposta

obrigatria e s admite retratao quando feita sem prazo e a retratao chegar ao conhecimento
do aceitante antes da aceitao.
- O Cdigo Civil, inspirado no CDC proclamou que a proteo jurdica da proposta se d atravs
de perdas e danos ou tutela especfica, de acordo com o interesse das partes.
Aceitao ou Oblato: a adeso da contra parte aos termos da proposta. A contra parte adere
proposta atravs da aceitao. A aceitao deve ser plena e integral. Dizer que a aceitao deve
ser plena e integral significa que toda e qualquer aceitao com modificao, adio, restrio ou
fora do prazo no aceitao, mas sim nova proposta. Art. 431 - aceitao fora do prazo, com
adio, modificao no ser reputada aceitao, mas nova proposta.
- Exemplo: leio um anncio dizendo: vendo automveis financiado em 12 vezes. Chego na loja e
falo que quero financiar em 24 vezes trata-se de uma nova proposta.
Converso legal: a prpria lei que converte a aceitao no integral em nova proposta.
ACEITAAO TAMBEM E IRREVOGAVEL E IRRETRATAVEL.
ACEITAAO - momento em que o contrato se realiza, momento de formao do contrato
quando se tratar de contrato entre presentes.
- Aceitao entre presentes: a contratao pelo telefone equiparada a contratao entre
presentes. Entre presentes a regra a aceitao imediata, salvo se houver prazo estabelecido.
Obs. contrato pelo telefone, telemarketing seria contrato entre presentes com formao no
momento da aceitao.
Momento da formao dos contratos entre ausentes - Entre ausentes: exemplo: contrato pela
internet.
- O Cdigo Civil adota a teoria da expedio: o contrato entre ausentes se forma no momento
em que a aceitao foi expedida. Em meio virtual, se formaria no momento em que o aceitante
tecla enviar.
- A doutrina brasileira em peso prope que o contrato entre ausentes se forme no momento da
recepo, no conhecimento (teoria da cognio).
Lugar dos contratos: h no sistema jurdico duas regras, uma regra para os contratos internos e
outra regra para os contratos internacionais.
1 Regra: Internos artigo 435 do Cdigo Civil: o lugar dos contratos interno
onde foi feita a proposta.
2 Regra: Internacionais artigo 9, 2 da Lei de Introduo s Normas do
Direito Brasileiro: a residncia do proponente.
- Uma regra no revoga a outra. O lugar dos contratos internos um e o dos internacionais
outro.
Obs. Lugar do contrato clusula de foro de eleio o lugar indicado para dirimir
conflitos contratuais. O artigo 112, pargrafo nico estabelece que nula a clusula de foro de
eleio em contrato de adeso prejudicial ao aderente. O juiz deve declarar essa clusula nula e
declinar a competncia para o foro do domiclio do aderente. Nesta hiptese a Smula 33 do STJ

fica mitigada. Smula 33 do STJ: A incompetncia relativa no pode ser declara de ofcio. Se
a clusula de foro for benfica ao consumidor no ser nula.
Art. 112, PU CPC - alm do juiz declarar a nulidade da clausula deve remeter o processo ao
domicilio do aderente - clara mitigao da smula 33 do STJ - incompetncia relativa no pode
ser declarada de oficio - Obs. foro de eleio seria competncia territorial e relativa.
Obs. Foro de eleio estabelece competncia casustica, para aquele contrato sem afetar as
demais regra de domicilio daquela pessoa.
Vcios redibitrios:
So defeitos incidentes num negcio jurdico oneroso. Defeitos que tornam a coisa imprpria
para o uso ou diminui o seu valor econmico. No incide nos negcios gratuitos. Defeitos
existentes no momento da tradio, mas a descoberta deve ser superveniente.
O vicio deve tornar a coisa impropria para o uso ou diminuir o seu valor econmico. Ex. touro
reprodutor estril.
Descoberto o vcio abre-se para o cliente o direito de reclamao do vcio. Direito potestativo atravs de aes edilcias.
AAO REDIBITORIA - finalidade rejeitar o bem
AAO ESTIMATORIA - quanti minoris - obter abatimento no preo.
AAO EX EMPTO - ao para complementao de rea quando for possvel complementar. Ex.
apartamento no da, mas fazenda pode.
AAO DE SUBSTITUIAO DO PRODUTO OU SERVIO - relao de consumo estritamente do CDC.
Requisitos dos vcios redibitrios:
a
b
c
d
e

Negcio oneroso:
Defeito que torne a coisa imprpria para o uso ou subtraia valor econmico
Existncia no momento da tradio
Descoberta posterior
Propositura de uma das aes edilcias:

PRAZO - Essas aes edilcias possuem qual natureza? So aes constitutivas negativas e
por isso se submetem a prazo decadencial para reclamar os vcios redibitrios, para as aes
edilcias. Os prazos so:
a) Contrato de consumo: artigo 26 do CDC o prazo de 30 ou 90 dias, se durvel ou no
durvel, respectivamente. Contados da data da descoberta.
b) Contrato civil: artigo 445 do Cdigo Civil. - Prazos no Cdigo Civil:
1) se o vcio de fcil constatao: 30 dias se mvel; 01 ano se imvel, contados
da tradio
2) se o vcio de difcil constatao: 180 dias se mvel; 01 ano se imvel,
contado da descoberta do vcio

3) se o vcio sobre animais (touro reprodutor estril) o prazo ser previsto em


lei (essa lei ainda no existe) e no havendo lei, usos e costumes do lugar. No havendo,
usos e costumes do lugar, aplica-se o prazo dos vcios de difcil constatao.
Dilogo das fontes: quando aplica a norma geral no lugar da norma especial, quando a norma
geral for mais benfica. Possibilidade de aplicao do Cdigo Civil quando ele se mostra mais
benfico do que o CDC. Ex. vcio redibitrio de difcil constatao.
Obs. esses prazos no correm na pendncia de prazo de garantia convencional.
Obs. o adquirente pode abrir mo das aes edilcias e optar por perdas e danos ou tutela
especifica e o prazo passa a ser de prescrio - 3 anos se contrato civil, 5 anos se for de consumo.
EVICO
Obs. Apesar de contratos gratuitos incidem os vcios redibitrios e a evico.
Doao remuneratria - retribuio a servio prestado sem exigibilidade. Ex.
doao ao flanelinha
Doao contemplativa de casamento - doao feita pessoa com quem se
casar ou terceiro.
- Evico uma responsabilidade que decorre de lei , uma garantia legal tpica dos negcios
onerosos, ou seja, uma garantia que se reconhece, que est sendo afirmada em favor do
adquirente, queiram as partes ou no.
- Responsabilidade que se impe ao alienante, nos negcios onerosos, em relao perda, total
ou parcial, da posse ou da propriedade do bem adquirido, em virtude de deciso judicial que
reconhea direito prvio de terceiro.
Art. 448 - permite que se reforce, diminua ou exclua a garantia.
Art. 449 - a clusula que exclui a evico deve ser expressa e informar seus riscos e ser aceita
pelo adquirente.
Obs. NO H EVICAO NA AQUISIAO DE COISAS LETIGIOSAS, desde que a parte
saiba, mas H EVICO MESMO QUE A COISA SEJA ADQUIRIDA EM HASTA
PUBLICA.
Obs. Polmica da obrigatoriedade da denunciao da lide, CC art. 456 e CPC art. 70.
No admitem interveno de terceiros - procedimento sumrio e juizados especiais. SE O
PROCEDIMENTO NO ADMITIR INTERVENAO DE TERCEIRO - o direito a evico
deve ser exercido autonomamente.
Extenso da garantia da evico:
1 Ressarcimento do valor do bem adquirido, inclusive benfeitorias;
2 Despesas com a coisa
3 Juros e correo
4 Honorrios e custas
5 Despesas relativas aquisio

Perdas e danos

Denunciao da lide na evico:


- Ocorrendo a evico o prejudicado deve denunciar a lide, o nico caso de denunciao da lide
obrigatria que aparece em direito material. A denunciao deixa de ser obrigatria quando o
procedimento no comportar interveno de terceiros. Exemplos: juizados especiais cveis
(artigo 11 da Lei 9.099/95) e procedimento sumrio (artigo 295 do CPC). Se o procedimento no
admite a denunciao da lide o direito de regresso ser exercido em ao autnoma.
- Sob pena de enriquecimento sem causa o alienante responde pelo recebimento, mesmo no
tendo sido denunciado. A obrigatoriedade da denunciao da lide apenas para perdas e danos.
Denunciao da lide per saltum: a possibilidade de denunciao da lide no apenas para o
alienante, mas a toda e qualquer pessoa que conste da cadeia sucessria do bem. Exemplo: A
vende um imvel para B e este sofre evico. Agora B pode denunciar da lide A e tambm
qualquer das pessoas que conste da cadeia sucessria do imvel. A doutrina processual critica
essa possibilidade duramente, afirmando que essa denunciao termina por violar a natureza da
interveno de terceiros porque no h relao jurdica substancial entre o denunciante e o
denunciado. O fundamento da denunciao per saltum a funo social do contrato, porque um
contrato entre duas partes no pode prejudicar terceiros, trata-se de um fundamento basicamente
principiolgico.
Crtica - na denunciao per saltum haveria o problema de falta de relao jurdica entre autor e
ru - desconfigurando o instituto da evico. Mas civilistas defendem haver fundamento na
funo social do contrato - pois este no pode prejudicar terceiros.
Obs. a maioria fala que se o alienante no denunciar da lide perde tudo. ex. A vende terreno a
Simone e Raul ajuizou ao contra Simone, mas Simone deve denunciar da lide A - Professor
(art. 884 e 885) - enriquecimento ilcito - se a pessoa no tivesse direito de receber de volta o que
pagou, relativizando a obrigatoriedade de denunciao - entendimento minoritrio.
- possvel ocorrer a evico mesmo nas aquisies de bens em hasta pblica.
- As partes podem ampliar, reduzir e at excluir a garantia da evico. Exceto se o contrato for de
consumo ou de adeso, sob pena de comprometimento da vontade. Contrato de consumo e de
adeso no admitem recusa a evico.
EXTINO DOS CONTRATOS:
Invalidade
Ineficcia

- nulidade art. 166 e 167 do CC


- anulabilidade art. 171

- regular execuo
- inexecuo
- culpa (Resoluo culposa)
- fatores externos (Resoluo sem culpa - ex. onerosidade excessiva)
- vontade das partes (Resilio - vontade de ambas as partes - distrato ou
denncia)

Pas de nulite sans texte - s h invalidade originria nos casos previstos em lei, de outra forma
no ser invalidade, ser ineficcia.
- Os contratos podem ser extintos por diferentes causas. Nenhum contrato tende a perdurar pra
sempre. Admitir um contrato perptuo seria o mesmo que admitir uma servido pessoal. O que
pode haver contrato de longa durao. Exemplo: plano de sade, fornecimento de gua e
energia eltrica esses contratos so chamados de contratos cativos ou relacionais. Esses
contratos tm uma mitigao da autonomia privada, exigem uma maior interveno do Estado.
- Os contratos podem ser extinguidos:
Invalidade:
- Nulo: artigos 166 e 167 d CC
- Anulvel: artigo 171 do CC
- Pas de nulit sans texte no h nulidade sem previso
- Extino do contrato por invalidade vcio originrio ou superveniente? vcio
originrio, o vcio est presente no momento da formao do contrato. O contrato nasce invlido.
Mas pode ocorrer do contrato se formar validamente. Se o contrato se formar validamente o
vcio pode ser superveniente, e assim, no afetar mais a validade do contrato. Se o contrato se
forma validamente ele se extingue no no plano da validade, mas sim no plano da eficcia.
Obs. resciso contratual sinnimo de extino de contrato por inexecuo seja por culpa, sem
culpa ou resilio.
Ineficcia: o contrato pode ser extinguido por dois motivos:
1) regular execuo: porque ele foi cumprido. Tambm pode ser chamado de
adimplemento.
2) inexecuo: ocorre quando contrato foi descumprido. A inexecuo pode
decorrer de 03 diferentes fatores:
a) culpa das partes: tambm chamado de resoluo culposa. Em face da culpa
ordinariamente vir cumulada por perdas e danos.
b) fatores externos: resoluo no culposa
c) vontade das partes: resilio. A resilio unilateral chamada de denncia e a
resilio bilateral chamada de distrato. O distrato vontade de ambas as partes. S se
admite resilio unilateral de contrato nos casos previstos em lei ou pela sua natureza. A
regra geral a resilio bilateral, ou seja, a regra geral de resilio depende da vontade
de ambos, s se admite a resilio unilateral nos casos previstos em lei ou pela natureza
do contrato. Exemplos: 1) resilio pela natureza do contrato: contrato de mandato
no mandato o mandante pode a qualquer tempo revogar o mandato; 2) locao de
imveis urbanos: admite resilio unilateral condicionada. Nos contratos por tempo
determinado inferior a 30 meses s se admite denncia motivada (denncia cheia), nos
casos previstos na lei.
- Orlando Gomes se antecipou no tempo para criar uma possibilidade de extinguir um contrato
por leso ou estado de perigo, que inexistiam. Hoje leso e estado de perigo so tratados como
causas de anulabilidade. Resciso contratual o gnero, do qual resilio culposa e no
culposa so espcies. Resciso contratual a extino de um contrato por perda de eficcia em
razo de inexecuo.

- Exemplo: casamento contrato, se o casamento nulo ou anulvel (erro sobre a pessoa) fala-se
em um casamento invlido. Mas se eu casei e houve divrcio consensual a natureza dele ser de
distrato, resilio bilateral. A viuvez seria uma causa de resoluo no culposa.
* Alguns autores acrescentam uma terceira hiptese, tambm seria causa extintiva dos contratos
a inexistncia. Mas no se pode falar em extino de algo que nem existe.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
- o mais cotidiano de todos os contratos. O artigo 481 define o contrato de compra e venda:
Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domnio de
certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preo em dinheiro.
- Compra e venda o contrato no qual uma das partes assume a obrigao de transferir um
determinado bem, se for realizado o pagamento do preo em dinheiro. Havendo pagamento do
preo o vendedor est obrigado a transferir a propriedade. A compra e venda caracteriza
uma relao puramente obrigacional, no suficiente para a transferncia de propriedade. A
transferncia de propriedade s ocorre pela tradio, para os bens mveis e com o registro para
os bens imveis. Tradio e registro s vm depois da compra e venda. Tradio ou registro um
ato sequencial, desse modo, a compra e venda no Brasil estabelece efeitos meramente
obrigacionais e no reais. No h na compra e venda de eficcia real porque no direito
brasileiro a aquisio de propriedade depende da tradio ou o registro (artigos 1.245 e 1.267 do
Cdigo Civil).
Obs. relevante realar a natureza obrigacional da compra e venda por dois motivos: a) por
conta da teoria dos riscos res perti domino: a coisa perece para o dono somente com a
tradio o comprador assume os riscos; b) de ordem processual: a tutela meramente
obrigacional: obrigao de dar, fazer e etc. No cabvel o manejo de aes reais para efetivar a
compra e venda. Maria Helena Diniz pontua que para ela, existiria um caso no Brasil que gera
aquisio de propriedade, seria o contrato de alienao fiduciria. a clausula de constituto
possessrio que transfere a posse e no a propriedade, assim no parece que a alienao
fiduciria implique em aquisio de propriedade.
Classificao da compra e venda:
a
b

Bilateral - sinalagmtica:
Consensual: se forma pela simples manifestao da vontade, independe de formalidades,
ou transferncia de bens, salvo nos casos previstos em lei, exemplo: artigo 108 do CC
os contratos que tenham por objeto bem imvel superior a 30 salrios mnimos exigem
escritura pblica e registro, sob pena de nulidade; Solene - forma escrita.
Onerosa: ambas as partes vo obter vantagens econmicas
d)
Comutativa, de regra: eventualmente a compra e venda pode se apresentar
Aleatria: ex. compra e venda de coisa incerta, compra e venda a contento, compra de
esperana (compra de safra agrcola) o resultado no previamente estipulado. Obs.
comutativo de regra o CC permite compra e venda aleatria - ex. venda de coisa incerta e
na venda a contento. E a venda de esperana art. 459.

Contrato de troca ou escambo - tem o mesmo regime jurdico da compra e venda com duas
diferenas:
a) as despesas da permuta so repartidas entre as partes, pro rata,
b) troca entre acedente e descendente somente exige anuncia dos demais filhos
em se tratando de valores diferentes. Se valores iguais e desnecessrio o consentimento.
Obs. diferente do sistema francs a compra e venda produz efeitos apenas obrigacionais e no
reais, no gera a aquisio de propriedade que e ato posterior ao contrato - que ser o registro ou
tradio. Ex. se algum vende o carro e no entrega, no caber imisso na posse ou
reintegrao, pois o comprador no era dono ainda. Ex. teto desaba e destri o carro - enquanto
no houver tradio a propriedade do carro da concessionaria - ainda no houver tradio, res
perit domino.
Elementos essenciais da compra e venda:
a) Consentimento: a livre manifestao de vontade, o consentimento pressupe capacidade, de
modo que s pode consentir as pessoas capazes. Havendo vcio de consentimento o contrato se
torna anulvel. s vezes a simples capacidade da parte no suficiente para o consentimento, a
questo da legitimao.
Consentimento vlido = livre, de pessoa capaz e legitimada.
Legitimao um requisito especfico para a prtica de um ato especfico. Orlando Gomes
dizia que legitimao um plus da capacidade, algo mais que se exige das pessoas capazes
para a prtica de determinados atos. A capacidade por si s s vezes no suficiente para
legitimar certos atos. S se fala em legitimao para as pessoas capazes, no h que se falar
em legitimao para incapazes. Exemplos: 1) autorizao judicial para alienao de imveis
pertencentes a incapazes; 2) venda de imvel por pessoa casada, necessrio a vnia conjugal.
Exige-se o consentimento do cnjuge tambm, para fiana e aval. Dispensa-se o consentimento
se o casamento sob o regime da separao convencional de bens (separao total de bens). Se o
casamento na participao final dos aquestos o pacto antinupcial poder dispensar a
autorizao. Se houver recusa imotivada ou se o recurso no justo, o cdigo permite ao juiz
suprimento judicial de consentimento. Esse suprimento evita o abuso do direito.
- Exige-se o consentimento para alienao de bens excludos da comunho? Sim, porque os
frutos desse bem se comunicam e haver direito herana.
- Situaes especiais de consentimento na compra e venda:
1) Venda entre cnjuges: artigo 499 do Cdigo Civil: lcita a compra e venda
entre cnjuges, com relao a bens excludos da comunho.
2) Venda por condomnio: a copropriedade, quando duas ou mais pessoas so
proprietrias de um mesmo bem, ao mesmo tempo, exemplo: dois irmos que so
proprietrios de um terreno. O condomnio comum se submete a duas regras para a
compra e venda: 1) a venda do bem condominial depende do consentimento de todos,
mas tambm se admite suprimento do consentimento, se um dos condminos no
consentir imotivadamente ou se o motivo no for justificado nesse caso a ao dever
ser ajuizada na vara cvel; 2) alienao da quota parte do condmino: tambm chamada
de frao ideal. Se o condmino quer alienar a sua frao ideal ele no depende do

consentimento dos demais. Porm o cdigo estabelece a necessidade de respeito ao


direito de preferncia, a alienao da quota parte no depende do consentimento
dos demais, mas exige-se que se respeite o direito de preferncia. Sob pena de ineficcia
perante os condminos com direito a ao de adjudicao compulsria, depositando o
valor. - Esse direito de preferncia deve ser concretizado por meio de notificao judicial
ou extrajudicial com prazo mnimo de 30 dias.
E se mais de um condmino exercer o direito de preferncia? Artigo 504: No pode um
condmino em coisa indivisvel vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto
por tanto. O condmino, a quem no se der conhecimento da venda, poder, depositando o
preo, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias,
sob pena de decadncia. Pargrafo nico. Sendo muitos os condminos, preferir o que tiver
benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinho maior. Se as partes forem
iguais, havero a parte vendida os coproprietrios, que a quiserem, depositando previamente o
preo. ter preferncia quem tiver o maior volume de benfeitorias, no havendo benfeitorias
ou tendo o mesmo valor, quem tiver o maior quinho e se tiver o mesmo quinho. Preterido o
condmino, a consequncia ser a mera ineficcia do negcio com relao ao condmino
preterido. A consequncia da preterio da preferncia a mera ineficcia do negcio em relao
ao condmino prejudicado. Assim, ele poder ajuizar ao de adjudicao compulsria, no prazo
decadencial de 180 dias, contados do conhecimento, depositando o valor tanto por tanto (valor
acrescido das despesas) para adquirir a propriedade.
3) Venda de ascendente para descendente: artigo 496 do Cdigo Civil:
anulvel a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o
cnjuge do alienante expressamente houverem consentido. Pargrafo nico. Em ambos
os casos, dispensa-se o consentimento do cnjuge se o regime de bens for o da
separao obrigatria. se o ascendente doa para o descendente gera antecipao de
legtima/herana.
Smula 494 do STF: A ao para anular venda de ascendente a descendente, sem
consentimento dos demais, prescreve em vinte anos, contados da data do ato, superada a
Smula 152. estabelecia que o prazo seria prescricional de 20 anos, para requerer a anulao
do negcio, todavia a supervenincia do artigo 179 elucidou a matria. Artigo 179: Quando a
lei dispuser que determinado ato anulvel, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulao,
ser este de dois anos, a contar da data da concluso do ato. Ao juzo de Cristiano Chaves a
melhor soluo seria adotar a teoria da actio nata, que est presente, por exemplo, na Smula
278 do STJ. Por esta teoria, os prazos extintivos devem fluir da data do conhecimento.
- Enunciado 368 da Jornada de Direito Civil: Art. 496. O prazo para anular venda de
ascendente para descendente decadencial de dois anos (art. 179 do Cdigo Civil).
- Exige-se o consentimento dos interessados para venda de descendente para ascendente?
No, a venda de descendente para ascendente no est submetida a mesma regra. A venda de
descendente para ascendente vlida, independente do consentimento dos demais interessados.
O pai no herdeiro direto do filho, por isso no se exige o consentimento dos demais
interessados. Mas eventuais conluios com prejuzos aos demais herdeiros tambm podem ser
impugnados.
Preo: O preo na compra e venda elemento essencial, o preo deve ser, srio, idneo,
determinado ou determinvel.

Admite-se que o preo esteja submetido a taxas de mercado, bolsas de valores e ndices
econmicos. O preo tambm pode ser estabelecido por um terceiro, que assumir o papel de
mandatrio das partes. Exemplo: corretor de imveis. No se tolera que o preo esteja submetido
ao arbtrio exclusivo de umas das partes ou a uma indeterminao absoluta. Em ambos os casos o
contrato nulo.
Obs. ato-fato jurdico ocorre quando os efeitos de um acontecimento decorrem
independentemente da vontade humana, mas a partir de um comportamento humano. A teoria
dos atos-fatos somente para pequenas aquisies.
O preo precisa ser fixado em moeda brasileira, em real, outros casos sero casos de nulidade.
Somente possvel a fixao de preo em moeda estrangeira em dois casos: a) compra e venda
feita no exterior; b) compra e venda oriunda de importao.
Obs. Toda dvida em dinheiro submete-se ao princpio do nominalismo (artigo 315 do Cdigo
Civil); De acordo com esse princpio, toda dvida em dinheiro deve ser paga pelo seu valor
nominal. O princpio do nominalismo poderia causar um desequilbrio financeiro, mas o STJ diz
que o princpio do nominalismo pressupe correo monetria. Se o preo for injusto,
significa onerosidade excessiva e essa onerosidade pode se apresentar no momento da formao
do contrato (afeta a sua validade e gera nulidade, se o contrato de consumo ou anulabilidade se
o contrato civil) ou posteriormente formao do contrato (afeta a sua eficcia gera a reviso
ou resoluo do contrato). c) Jurisprudncia - admite compra e venda em moeda estrangeira
desde que o contrato estipule que o pagamento deve ser feito por real em converso.
Onerosidade excessiva
Formao - validade (nulo CDC - anulvel CC)
Posterior - eficcia (reviso ou resoluo) - t. da impreviso e da base objetiva
Objeto: todo e qualquer bem alienvel. Podem ser objeto da compra e venda: venda
alternativa, venda de coisa incerta, e at mesmo venda de bem litigioso ou venda a non domino
(venda de algo que no pertence ao vendedor).
- Artigo 268, 1 - na venda a non domino a eficcia do negcio fica condicionada aquisio
superveniente da coisa. S no pode servir como objeto de compra e venda os bens
personalssimos, a herana de pessoa viva e coisas fora do comrcio (bens clausulados so
as clausulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade). O artigo 1.911
estabelece que a clusula de inalienabilidade faz presumir as demais, mas a recproca no
verdadeira. As demais no presumem a inalienabilidade. A clusula de inalienabilidade pode ser
levantada judicialmente, desde que haja justo motivo (artigo 1.848). O juzo competente o juiz
da vara de registros pblicos.
Obs. A forma no elemento essencial da compra e venda.
Na venda de bem litigioso no incide a garantia da evico. Quem compra um bem litigioso
assume o risco.
Efeitos da compra e venda:
a

Responsabilidade do vendedor por vcio redibitrio:

b
c
d

Responsabilidade do vendedor pela evico:


Responsabilidade pela perda no culposa da coisa: res perit domino a coisa perece
para o dono e para saber para quem perece a coisa deve analisar se j houve ou no a
tradio.
Responsabilidade pelas despesas: artigo 490 do Cdigo Civil diz que a
responsabilidade pelas despesas, salvo disposio contrria, submete-se a seguinte regra:
as despesas da tradio correm por conta do vendedor e as despesas com o registro
correm por conta do comprador. Ex. frete grtis redundncia, porque no silncio do
contrato o frete grtis - despesa do vendedor. ORDINARIAMENTE O FRETE E POR
CONTA DO VENDEDOR - SALVO SE PACTUADO DE FORMA DIFERENTE.

Situaes especiais de compra e venda:


a) Venda por amostras: artigo 484 do CC aquela realizada mediante a apresentao de
algum modelo, prottipo ou amostra. Exemplos: Avon, Natura. Essa modalidade est submetida
a 02 regras especficas:
1) O vendedor se responsabiliza pela qualidade do produto a ser entregue de modo
que tenha as mesmas caractersticas do modelo, prottipo ou amostra.
2) Havendo divergncia entre a amostra e coisa entregue, prevalece a amostra.
b) Venda ad corpus e ad mensuram: a diferena procura reproduzir ao mximo o dia-a-dia das
pessoas. Exemplo: as pessoas podem comprar uma unidade imobiliria, e se for comprado
independentemente da sua medida, trata-se de venda ad corpus. A venda ad mensuram uma
venda por unidade de medida, extenso. Assim se eu quero adquirir a Fazenda So Paulo ou o
Stio So Pedro, independente de sua medida eu tenho uma venda ad corpus. Mas se eu quero
adquirir esses imveis com 500 hectares ou 1000m trata-se de venda ad mensuram. A venda ad
mensuram tem como referencial a extenso da coisa. A venda ad corpus tem como referencial a
coisa em si mesma. A distino traz a possibilidade ou no de reclamao de vcios redibitrios
por falta de medida de extenso. No difcil perceber que se a venda for ad corpus no se
reclama vcio redibitrio por falta de medida, porque na venda ad corpus a medida irrelevante.
Mas se a venda ad mensuram possvel a reclamao de vcio redibitrio por falta de medida,
extenso.
- O 1 do artigo 500 estabelece uma margem de tolerncia para o vcio redibitrio. Se a
diferena encontrada entre a rea enunciada e a coisa entregue no exceder a 1/20 (5%) no se
caracteriza vcio redibitrio.
- Exemplo: se eu adquiro um imvel de 100m, mas posteriormente descubro que ele s possui
96m no haver vcio redibitrio, porque a diferena encontrada no significativa, no excede
5%.
Obs. Caracterizado o vcio redibitrio o adquirente pode desfazer o contrato (ao redibitria) ou
pleitear a reduo do valor (quanti minoris). No entanto cabe responsabilidade civil contratual,
admite-se que o comprador cobre indenizao (perdas e danos).
Aes edilcias (redibitria, quanti minoris, ex empto) - pressupem vicio redibitrio.
Obs. REsp. 436.853/DF do STJ: a clusula contratual que prev renncia do comprador ao
direito de indenizao quando a medida encontrada menor que 1/20 nula de pleno de direito.
No se pode subtrair do comprador o direito indenizatrio.

- Ao invs de pleitear o desfazimento do negcio quando houver vcio redibitrio, o comprador


pode optar pelo desfazimento do negcio ou ao ex empto (ao para complementao de rea).
Clusulas acessrias na compra e venda:
So restries autonomia privada, pois por serem tpicas, se as partes quiserem alguma dessas
clusulas o regramento j est no cdigo - Premissa de estudo das clusulas acessrias: as
clusulas acessrias submetem-se autonomia privada, ou seja, dependem da expressa
disposio das partes. As clusulas acessrias sempre precisam ser expressas e so meramente
exemplificativas.
- Clusulas acessrias que esto contempladas no Cdigo Civil:
a) Retrovenda: artigo 505 do CC. Retrovenda recompra, a clusula acessria pela qual o
vendedor reserva para si e seus sucessores o direito de, querendo, recomprar a coisa no prazo
mximo de 03 anos. Evidentemente esse prazo pode ser menor, pela vontade das partes. Trata-se
de um direito potestativo do vendedor, irrelevante a vontade do comprador, direito de desfazer
o negcio recomprando o bem dentro do prazo. H o desfazimento da operao anterior, sem
nova incidncia fiscal, pois no h segundo contrato. CASO EXCEPCIONAL DE DIREITO
OBRIGAAO QUE VINCULA TERCEIROS - deve ser registrada.
- Trata-se de uma condio resolutiva de propriedade. Se o vendedor quiser, extingue-se
automaticamente a propriedade do comprador. Trata-se de um curioso exemplo de propriedade
resolvel, a propriedade resolvel porque durante o lapso temporal de 03 anos, a qualquer
tempo, a propriedade do comprador pode ser extinta, pela vontade do vendedor ou de seus
herdeiros.
Obs. se o comprador recusar devolver o bem, deve-se consignar o valor do negcio, mais as
despesas do registro e mais indenizao com benfeitorias. Se o bem tiver valorizado ou
desvalorizado no tem importncia, o valor ser aquele do contrato originrio.
- Apesar de sua natureza obrigacional, a clusula de retrovenda tem eficcia real, na
medida em que, vincula a terceiros e permite ao vendedor exercer o seu direito potestativo
contra quem eventualmente adquiriu a coisa do comprador. A retrovenda, portanto, traz
consigo eficcia real apesar da natureza obrigacional. O exerccio da retrovenda pressupe o
depsito do valor da coisa tanto por tanto, significa: o depsito do valor do negcio acrescido das
despesas + indenizao pelas benfeitorias teis e necessrias + acesses. O terceiro a quem o
comprador vendeu jamais poder alegar boa-f, porque a clusula de retrovenda estar
registrada.
Obs. A clusula de retrovenda tem natureza patrimonial e admite transmisso seja por ato
intervivos ou causa morte, aos herdeiros ou por negcio jurdico. A clusula de retrovenda tem
de ser expressa e exige registro. Se a retrovenda reclama registro porque apesar de ter natureza
obrigacional excepcionalmente a retrovenda produz efeitos erga omnes.
Obs. Patrimnio pode ser composto de direitos reais, pessoais, e personalssimos.
Obs. a grande diferena entre direitos reais e obrigacionais, a sua eficcia:
- Direitos reais - eficcia erga omnes
- Direitos obrigacionais - eficcia intra partis

A retrovenda direito obrigacional e produziria efeitos apenas entre as partes, mas registrado o
contrato ela produz efeitos erga omnes. Inclusive h doutrina que sustenta que seria um novo
direito real. Mas no pode ser, pois s pode ser direito real o que estiver previsto na lei: art.
1.225. SERIA, ENTAO, CLAUSULA ESTABBELECENCO CONDIAO RESOLUTIVA
POTESTATIVA.
Obs. STJ passou a admitir retrovenda na compra de bens mveis.
b) Clusula de preempo ou preferncia convencional: uma promessa unilateral e
condicionada de contrato futuro - artigo 513 do Cdigo Civil. a clusula que confere ao
comprador uma obrigao de, resolvendo vender, ofertar primeiro a quem lhe vendeu.
A clusula de preempo ou preferncia tem um prazo: 180 dias se o bem for mvel e 02
anos se o bem for imvel. Dentro deste prazo, se o comprador resolve vender, se obriga a
ofertar primeiro a quem lhe vendeu. Ultrapassado o prazo, cessa a preferncia. necessria a
notificao judicial ou extrajudicial a quem lhe vendeu da sua inteno de vender. Essa
notificao estabelece um prazo de prelao, um prazo que se confere ao vendedor para que
diga se vai ou no exercer o direito. O artigo 516 estabelece que o prazo de prelao de 03 dias
se a coisa for mvel e 60 dias se a coisa for imvel. Esse prazo decadencial, no se suspende e
nem se interrompe.
Preempo ou preferncia contratual preferncia legal: a clusula de preferncia tem
natureza contratual, direito obrigacional. Portanto, se o comprador vendeu, sem respeitar a
preferncia dentro do prazo, caso de perdas e danos (proteo ao terceiro de boa f). Quando se
viola um direito de preferncia legal a consequncia no perdas e danos, mas sim a mera
ineficcia do negcio em relao a quem tinha o direito de preferncia. DIFERENTE DA
RETROVENDA A PREEMPO NO PRODUZ EFEITOS REAIS - oponveis a terceiros.
Ex. Direito de preferncia na alienao condominial: se for violado o que acontece a
ineficcia do negcio em relao a quem tinha a preferncia. Aquele que tinha a preferncia e foi
prejudicado ter direito a adjudicao compulsria. No direito de preferncia convencional no
h adjudicao compulsria. Ex. Direito de herana - aos herdeiros.
Obs. O direito de preferncia pode ser:
a) legal: sua inobservncia gera ineficcia em relao ao prejudicado, que ter
direito a adjudicao compulsria.
b) contratual: a sua violao enseja em perdas e danos
Retrocesso - desvio de finalidade da coisa desapropriada - se a coisa desapropriada no teve
seu fim, caber ao expropriado direito de preferncia, pelo preo atual da coisa.
STJ - REsp. 866651 SP - Se o bem desapropriado tiver finalidade pblica distinta no haver
retrocesso. Ex. ao invs de escola construiu hospital.
c) Clusula de reserva de domnio at o adimplemento total: artigo 521. (condio suspensiva
em favor do credor) - a clusula pela qual, o vendedor guarda para si a propriedade at
que o valor da transao efetivamente seja pago, h transferncia de posse e no
propriedade. Trata-se de uma clusula de segurana. Na promessa de compra e venda tem-se

um contrato preliminar, um contrato pelo qual se assume a obrigao de celebrar outro


contrato. Na venda com reserva de domnio ocorre a compra e venda, efetiva-se o contrato de
compra e venda, s que a transferncia da propriedade fica condicionada quitao. Sum. 92 do
STJ - em se tratando de automvel o registro ser no Detran e art. 522 - e deve ser escrita.
Nos termos do artigo 521 a clusula de reserva de domnio exclusiva dos contratos que tenham
por objeto bem mvel. Mas cabe tambm para venda imvel. Reserva de domnio e clusula de
segurana ou de garantia, seria um negcio fiducirio - Carlos Roberto Gonalves fala que o
projeto do Cdigo Civil da dcada de 70 e nessa poca no havia alienao fiduciria de bens
mveis, contudo a Lei 9.514/97 permitiu a alienao fiduciria de bens imveis. Se possvel
alienao fiduciria de bens imveis, porque negar a clusula de reserva de domnio para os bens
imveis?
Para execuo ou resoluo o credor deve constituir em mora o devedor - como condio de
procedibilidade da ao.
Substancial performance - a resoluo de contrato substancialmente adimplido abuso de
direito. VEDA RESOLUO DE CONTRATO SUBSTANCIALMENTE ADIMPLIDO
d) Venda a contento e venda sujeita prova: so clausulas que subordinam os efeitos de um
contrato de compra e venda a um evento futuro e incerto: agrado do comprador, aprovao da
qualidade da coisa pelo comprador. Ambas estabelecem condies consistentes no agrado do
comprador. Na venda a contento o comprador no conhece a coisa (ad gustum, touch and
feel) - no precisa justificar a rejeio, j na venda sujeita a prova o sujeito j conhece a coisa,
apenas precisa analisar a qualidade anunciada - aqui o que vale no o gosto, mas o
preenchimento da qualidade.
Obs. Venda a contento e venda sujeita prova de venda com direito de arrependimento do
consumidor quando a venda realizada fora do estabelecimento artigo 49 do CDC. O prazo de
07 dias para o arrependimento das compras fora do estabelecimento no caracteriza nem venda a
contento e nem venda sujeita prova. um simples direito de arrependimento. Exceo ao art.
122 - exemplo de condio potestativa.
COMODATO
Comodato e mtuo so duas categorias de emprstimos - comodato de bem infungvel - para
uso; Mtuo - bem fungvel, para consumo.
Art. 579 - comodato emprstimo gratuito de bem infungvel. Entrega sem contra prestao de
coisa infungvel para uso de terceiro por tempo determinado.
Comodato - emprstimo para mero uso, comodatrio no consome o bem, mas apenas o usa e
restitui. E por isso, regra geral, no se exige a qualidade de proprietrio do comodante, bastando
que tenha a livre administrao do bem. Ex. usufruturio e o enfiteuta - no so proprietrios,
mas tem a livre administrao.
Obs. 1 - O locatrio somente pode emprestar o bem com prvia autorizao do locador, embora
tenha a adm. do bem.

Obs. 2 - Comodatrio poder realizar sub-comodato s com autorizao previa do comodante.


Obs. 3 - Tutores, curadores, e adm. de bens alheios em geral (massa falida), tem administrao
dos bens, mas no os podem d-los em comodato sem autorizao judicial, ouvido o MP.
O comodato um contrato sempre unilateral, gratuito e informal. Pode ser formal quando exige
autorizao judicial - comodato de bens alheios, exige-se previa autorizao.
O comodato tambm personalssimo, intuitu personae, j que o comodante esta emprestando
gratuitamente, empresta pelas qualidades do comodatrio,
Comodato na relao de emprego - ex. empregador empresta apartamento ao empregado rescindindo o contrato de emprego o comodato estar extinto automaticamente pela sua natureza
personalssima. Se o empregado no devolve espontaneamente caber ao de reintegrao de
posse - ao de competncia da justia do trabalho - art. 114 da CF. CC 57524 PR.
Caractersticas
a) Gratuidade - no h contra prestao - se contraprestao houver o contrato ser de locao e
no de comodato.
Obs. comodato modal ou comodato com encargo - imposio ao comodatrio de obrigaes
relativas a manuteno do bem emprestado. Ex. IPTU, condomnio, no caso de emprstimo de
apartamento, ou despesas de manuteno de automvel.
No comodato no incidem vcios redibitrios e evico.
Contratos Coligados - comodato com contrato de prestao de servio - ex. posto de gasolina compra do combustvel, comodato das mquinas. Comodato do aparelho - modem de TV a cabo.
b) Infungibilidade e Inconsumibilidade do bem emprestado - o bem prestado deve ser
infungvel e inconsumvel. Pela necessidade de restituio do bem. A autonomia privada pode
alterar a natureza de um bem, ou seja, bem fungvel pode ser infungvel e ser objeto de
comodato.
Comodatum ad pompam vel ostentaionem - (comodato para ornamentao) - ex. arranjo de
flor - apesar de bem fungvel pode ser objeto de comodato.
Obs. admite-se o comodato do direito de uso - direito de uso pode ser objeto de comodato.
c) Tradio - qualquer tipo de tradio, qualquer tipo de entrega - COMODATO E UM
CONTRATO REAL.
Obs. contrato real diferente de direito real. Havendo a tradio haver um desdobramento de
posse, comodante fica com a posse indireta e o comodatrio fica com a posse direta. A defesa
possessria pode se dar pelo comodante ou pelo comodatrio contra terceiro. Enunciado 76 da
JDC - possuidores podem se defender um em relao ao outro.

Prazo do comodato - comodato sem prazo seria doao, ento e da sua essncia a
temporariedade. O comodante no pode exigir a coisa antes do prazo. Ex. trator e barco, at o
termino da colheita ou da pescaria.
Mora - art. 397
Determinado pelas partes (termo definido) - Mora ex re
Determinvel pela lei (comodato precrio) - art. 581 - prazo necessrio para uso da coisa - Mora
ex personae
Obs. normalmente se tem termo fixo, a mora automtica, ex re, mas h casos em que a
jurisprudncia a exige ex personae - ex. sum. 76 STJ - Promessa de compra e venda; e sum. 245
STJ - jurisprudncia exige notificao do devedor fiducirio mesmo se com data certa.
Restituio antecipada resilio unilateral - necessidade imprevista e urgente reconhecida
pelo juiz. Controle judicial - art. 581.
Obrigaes do comodante
a) aguardar a data da restituio - salvo necessidade urgente
b) pagar as despesas extraordinrias - as ordinrias so do comodatrio
c) indenizar benfeitorias necessrias
d) indenizar vcios sobre a coisa que eram de seu conhecimento e no foram informados ao
comodatrio
e) receber a coisa de volta quando da restituio sobe pena de mora creditoris
f) no embaraar a posse do comodatrio
Obrigaes do comodatrio
1 - Conservar a coisa como se sua fosse - comodatrio deve responder por despesas ordinrias
da coisa. Assume despesas ordinrias, tem direito de ser ressarcido pelas benfeitorias necessrias
(lei no fala sobre as uteis).
Obs. se houver situao de calamidade ou de emergncia o comodatrio deve salvar primeiro as
coisas emprestadas, sobe pena de responsabilidade objetiva com risco integral. Responde mesmo
que o dano seja proveniente de caso fortuito ou fora maior. No pode alugar nem emprestar.
2 - Usar a coisa de forma adequada, no alterando a sua finalidade. Responsabilidade
subjetiva.
3 - Dever de restituir a coisa, sob pena de incorrer em mora.
Caracteriza a mora do comodatrio caber ao de reintegrao de posse - REsp. 236454 - STJ
admite tambm ao reivindicatria - REsp. 81967/MG.
Efeitos da mora
Processual - permitir aes de defesa da propriedade.
Material - a) permite a cobrana de aluguel, em valor arbitrado pelo comodante. Se exagerar,
ser abuso de direito, ato ilcito, submetendo-se a controle judicial. b) responsabilidade objetiva
com risco integral do comodatrio pela perda ou deteriorao da coisa depois da mora.

Responsabilidade objetiva com risco integral - Dano nuclear, meio ambiente, contrato de
comodato (quando o comodatrio salvar primeiro suas coisas e quando incorrer em mora). Art.
585 - havendo mais de um comodatrio a responsabilidade entre eles ser solidria.
MUTUO
Mutuo - consumo, bem fungvel
Comodato - uso, bem infungvel
Se o mtuo para consumir a coisa, o muturio pode usar a coisa como deseja, renunciar,
abandonar etc... Em razo disso, considerando que o muturio vai consumir a coisa, exige-se que
o mutuante seja proprietrio da coisa.
NO CONTRATO DE MUTUO H A TRANSFERENCIA DE PROPRIEDADE, DOMINIO E
POSSE.
Exige-se do mutuante alm da propriedade, capacidade, ningum pode transferir propriedade
sem ser proprietrio, e capaz.
O cdigo exige tambm a capacidade de quem recebe o emprstimo - por causa da restituio. O
muturio restituir o mesmo gnero, qualidade e quantidade, por isso exige-se capacidade.
Art. 588 CC - o mtuo feito a um menor no pode ser reavido - por ser exigida a capacidade.
Senatus Consulto Macedoniano - filho do senador que suicidou por dividas - desde ento no se
admite mutuo feito a menor.
Excees regra de impossibilidade de reaver mutuo feito ao menor: art. 589
a) menor dolosamente omitiu sua idade
b) quando provar que o emprstimo reverteu em seu proveito
c) quando houver posterior ratificao do representante ou assistente
d) quando o menor tiver renda suficiente para sua manuteno
e) quando o emprstimo foi feito para manuteno dos alimentos do menor
O fundamento da restituio do mutuo e a proibio do enriquecimento sem causa - esta regra
no se aplica aos demais incapazes, s ao menor de idade.
Caractersticas
a) transferncia de propriedade, domnio e posse.
b) fungibilidade e consumibilidade do bem
c) pode ser gratuito ou oneroso
O mutuo somente ser oneroso quando tiver expressa disposio das partes ou tiver finalidade
econmica - MUTUO FENERATICIO - emprstimo de dinheiro - se no estipulou juros a
amigos, ser gratuito, se do banco, ser oneroso mesmo que no discipline juros.
Prazo - art. 592

Todo emprstimo tem prazo e o mtuo tambm, prazo determinado pelas partes, no silencio das
partes:
a) mtuo de produtos agrcolas - at a prxima safra
b) de trinta dias se em dinheiro
c) tempo que declarar o mutuante nos demais casos (sem abuso para no configurar ato ilcito).
O mutuante no pode requerer a restituio antes do prazo. Mas se houver notria situao
de insolvncia, pode pedir garantias complementares. Quebra antecipada de contrato.
Mtuo em dinheiro - submete-se ao principio do nominalismo - art. 315 do CC - ex. valor de
100,00 paga 100,00 - STJ - mas estaria implcito a correo monetria.
Mtuo feneraticio - correm juros, a serem estipulado pelas partes, smula 121 do supremo
probe o anatocismo - juros sobre juros.
No silencio das partes a taxa de juros e fixada pelo art. 405 do CC - estabelece a taxa do 161 do
CTN - enunciado 20 da 1 Jornada.
Os limites de juros previstos na lei de usura no se aplicam aos bancos. REsp 915.572 RS.
Porm, admite-se controle judicial da taxa de juros bancria, evitando abuso - REsp. 1.112879PR. - sum. 297 do STJ - BANCOS SE SUBMETEM AO CDC.
CONTRATO DE DOAO
Artigo 538 do CC: Considera-se doao o contrato em que uma pessoa, por liberalidade,
transfere do seu patrimnio bens ou vantagens para o de outra.
Conceito - Doao liberalidade praticada entre vivos. O contrato de doao traz consigo uma
combinao de dois elementos, um elemento objetivo e outro subjetivo. Se no h transferncia
de patrimnio no doao.
O elemento subjetivo a liberalidade (a vontade de doar aceita pelo beneficirio).
O elemento objetivo a transferncia de bens ou vantagens. S h doao quando h
transferncia de bens ou vantagens. Se o que se transfere no tem natureza patrimonial, de
doao no se trata.
ATENAO - Doao de rgos: ao transplante de rgos no se aplicam as regras do contrato
de doao, porque contrato de doao somente para a transferncia de bens patrimoniais.
Obs. nem toda liberalidade doao, mas toda doao uma liberalidade. H outros tipos de
liberalidade - ex. testamento e renncia de direito. Liberalidade que reclama aceitao do
beneficirio.
Liberalidade - ato de disposio unilateral.
Obs. No confundir: Liberalidade com Solidariedade dos Alimentos - liberalidade uma via
nica. Solidariedade tem mo e contra mo. Liberalidade unilateral, solidariedade reciproca.
O beneficirio de uma doao nunca ser compelido a restituir, mas a solidariedade recproca,

o beneficirio pode vir a ser demandado. Dzimo no pode ser reavido. Nos alimentos quem hoje
credor pode ser devedor.
Obs. em caso de indignidade, no possvel ao devedor se ver livre da solidariedade - ex.
diminuio do valor dos alimentos. A indignidade da liberalidade poderia revogar o ato.
Classificao dos contratos de doao (caractersticas):
a) Contrato benfico: impe interpretao restritiva artigo 114 do Cdigo Civil.
b) Contrato solene: artigo 541 do CC prev a doao solene, por escrito particular ou pblico.
O contrato de doao deve ser por escrito. Deve ser por escritura pblica quando se tratar
de doao imobiliria com valor superior a 30 salrios mnimos.
Obs. Caso da esmola - O artigo 541, pargrafo nico estabelece uma exceo doao como
contrato formal: doao manual. Quando se tratar de doao manual dispensa-se a forma, a
solenidade. Doao manual doao de bens mveis de pequeno valor seguida da tradio.
um contrato real por causa da tradio.
Doao manual - contrato real
Doao comum - contrato solene
- STJ, REsp. 155.240/RJ: nesse julgado fixou-se que o conceito de pequeno valor depende do
patrimnio do doador. O conceito construdo no caso concreto, trata-se de clusula aberta.
c) Unilateral: a grande diferena com a compra e venda - o mais bilateral de todos. A doao o
mais liberal de todos.
d) Gratuita: de regra, s gera vantagem para uma das partes. A doao pode ser excepcionada doao onerosa (com vantagens recprocas):
Obs. Doao com encargo - doao bilateral e onerosa.
ATENAO - No incidem vcios redibitrios e evico na doao, exceto se for doao
remuneratria ou contemplativa de casamento.
Promessa de doao:
A promessa de doao tema dos mais controvertidos do direito civil, porque os autores do
Brasil se dividem em opinies contrapostas. Parte dos autores como, por exemplo, Caio Mrio e
Pablo Stolze, negam a possibilidade de promessa de doao; para eles no h de se permitir
promessa de doao porque faltaria um dos elementos da doao que o animus donandi, a
vontade de praticar a doao.
- Outros bons autores como Maria Helena Diniz e Flvio Tartuce sustentam o cabimento da
promessa de doao com base no contrato preliminar previsto no artigo 462 do Cdigo Civil.
Quem prometeu que ia doar tem que cumprir. Cristiano Chaves concorda com essa posio, em
homenagem boa-f objetiva, lealdade. Se uma pessoa prometeu uma doao, no cumpri-la
viola a expectativa gerada na pessoa prometida. O entendimento do STJ tambm nesse sentido.
No criao de expectativas desleais.

- A promessa de doao muito comum no dia-a-dia, basta pensar nos acordos de divrcio
consensuais, onde se estabelece uma promessa de doao, ao prometerem que ir passar o
patrimnio para os filhos.
- O contrato preliminar no precisa ter a mesma forma do contrato que se prometeu celebrar.
Assim vlida a promessa de doao de bem imvel acima de 30 salrios mnimos por
instrumento particular (artigo 462 do Cdigo Civil).
Elementos constitutivos da doao:
1- CONSENTIMENTO DO DOADOR: quem pratica a doao deve ser capaz sob pena de
nulidade ou anulabilidade. Para fazer doao exige-se capacidade. Somente as pessoas capazes
podem realizar doao.
Doao de incapaz somente com autorizao do representante ou assistente, e estes no podem
fazer doao em nome do menor sem oitiva do MP.
Doao de bens imveis durante o casamento: - exige o consentimento do cnjuge, sob pena
de anulabilidade - (prazo de anulao - 2 anos a contar da data do trmino do casamento),
dispensa-se o consentimento se a separao for consensual, se for obrigatria, exige-se o
consentimento. Se o casamento for sob regime de participao final nos aquestos o pacto
antenupcial poder dispensar.
Ex. regime de comunho parcial, mesmo doar terreno anterior ao casamento, deve exigir
autorizao, pois os frutos do bem se comunicam.
Em determinados casos exige-se alm da capacidade, um requisito especfico para a prtica de
um ato especfico que a legitimao. Casos de legitimao:
1) doao de bem imvel feita por pessoa casada: dispensa-se o consentimento
se o casamento no regime de separao convencional. Se o casamento na participao
final dos aquestos o pacto poder dispensar a anuncia do cnjuge.
2) doao feita por incapaz: o incapaz pode fazer doao com autorizao
judicial ouvido o Ministrio Pblico. O representante ou assistente do incapaz no pode
consentir sem a manifestao do MP.
Obs. Algumas pessoas so proibidas de receber doao. O Cdigo estabeleceu proibio de
doao em determinados casos:
1) proibida a doao feita pelo tutelado ou curatelado em favor do tutor ou
curador, sob pena de nulidade. Haver um comprometimento da proteo do incapaz
caso essa doao seja realizada.
2) a doao feita em favor da concubina ou concubino tambm proibida
(artigo 550 do Cdigo Civil). O cdigo estabelece a anulabilidade da doao feita em
favor do concubino ou da concubina. O prazo para essa anulabilidade decadencial de
02 anos contados do trmino do casamento. O fundamento que se apresenta para essa
anulabilidade a proteo do ncleo familiar. Mas quem protege o ncleo familiar a
legtima, assim no haveria razo para impedir uma doao dentro da parte disponvel
para o amante. O fundamento seria um padro de moralidade - a doao pode ser feita a

qualquer menos ao concubino - REsp. 408.296 do RJ - se houver separao de fato a


doao concubina ser convalidada.
Vedao concubina, seguro de vida, herana e legado, geram nulidade, sano
mais grave ainda. Resqucios de quando o direito cuidava de um padro de moralidade
acentuado.
3) devedor insolvente - art. 158 do CC - presume fraude.
4) Proibio de doao universal - de todo patrimnio que priva o doador de
patrimnio mnimo.
5) Proibio de doao inoficiosa - ofende a legtima
2 - CONSENTIMENTO DO DONATRIO OU ACEITAO: a manifestao de vontade
do donatrio. Essa manifestao no tem que ser necessariamente expressa. Espcies de
aceitao do donatrio:
1) Expressa: pessoalmente ou por procurador
2) Tcita: toda aceitao tcita uma aceitao comportamental. uma aceitao
pelo comportamento do donatrio.
3) Presumida: decorre do silncio do donatrio, quando o doador fixou prazo
para a declarao da anuncia. Essa aceitao presumida no vale para a doao com
encargo/onerosa. Porque ningum pode aceitar uma doao onerosa pelo silncio.
4) Aceitao ficta: a aceitao em favor do incapaz. uma fico jurdica em
favor do incapaz artigo 543 do Cdigo Civil. Doao feita ao nascituro vlida, mas
depende da aceitao do seu representante.
Obs. art. 542 - possibilidade de doao ao nascituro - a me aceita. Para o Direito no h
diferena entre nascituro, feto, embrio. Prevalece ser possvel doao em favor do embrio. Pois
o cdigo admite testamento em favor de embrio de laboratrio. O embrio deve ser concebido
no prazo de 2 anos a contar da abertura da sucesso, sob pena de caducidade.
Obs. doao contemplativa de casamento futuro: uma possibilidade mantida pelo CC. a
prtica de uma liberalidade para que o beneficirio case com o doador ou com terceira
pessoa por ele indicada. Essa doao dispensa aceitao, porque a aceitao a prpria
celebrao do casamento. Essa doao no admite revogao por ingratido do donatrio.
3 - OBJETO DA DOAAO
Qualquer bem economicamente aprecivel. Admite-se inclusive doao em dinheiro. Doao de
pequeno valor seguida da tradio dispensa forma escrita.
Obs. J se admite a chamada doao em subveno peridica = prestaes peridicas (artigo
545). Esta doao em subveno peridica tem natureza de alimentos voluntrios.
Alimentos voluntrios so prestaes espontaneamente entregues pelo doador. Mas no admitem
o uso da priso civil como meio executivo.
Obs. Doao por subveno peridica - Admite-se em prestaes peridicas tendo como limite
a vida do doador, salvo disposio em contrrio. Extingue-se com a morte do doador, salvo se

disposto diverso, no podendo ultrapassar a vida do donatrio. Deve respeitar a legitima e tem a
natureza jurdica de alimentos, mas no permite a execuo com priso - porque s para os
alimentos do direito de famlia.
Art. 547 - Doao com clusula de reverso - previso de que se o donatrio morrer primeiro o
bem volta para o doador. Ex. de propriedade resolvel. A reverso s pode operar em favor do
doador - proibiu o fideicomisso na doao. Com esta posio o fideicomisso ficaria restrito ao
testamento.
Fideicomisso - substituio do beneficirio de um negcio gratuito. Ex. A deixou testamento
para Arlete, se Arlete no cumprir determinada condio, ex. passar no concurso, haver
substituio, no fideicomisso h, clausula substitutiva do beneficirio.
H proibio do pacta corvina (contrato que tenha por objeto herana de pessoa viva) artigo
426 do Cdigo Civil.
Doao de bens futuros - Nada impede que se converta de doao in non domino, pois a
natureza de para promessa de doao (artigo 170 do Cdigo Civil).
4 - FORMA: salvo a doao manual, as demais precisam cumprir as formas estabelecidas em
lei, contrato por escrito - Art. 541 exceto a doao manual.
Formas especiais de doao:
a) Doao remuneratria: aquela feita em retribuio de servios prestados sem carter de
exigibilidade. Ex. flanelinha o que entrega a ele doao remuneratria, est retribuindo
servios inexigveis. Doao remuneratria responde por vcios redibitrios e evico e no
admite revogao por ingratido.
b) Doao conjuntiva: artigo 551 do Cdigo Civil a doao feita em favor de duas ou mais
pessoas. O cdigo estabelece que no havendo disposio contrria, presume na doao
conjuntiva que as cotas so iguais. Se a doao conjuntiva em favor de marido e mulher
direito de acrescer: direito reconhecido a cada um dos cnjuges beneficiados de acrescer, de
recolher a parte do outro sobrevindo morte, sem que ocorra transmisso para os herdeiros. O
direito de acrescer privao sucessria.
Obs. O companheiro no foi elencado, mas em interpretao conforme constituio deve ser
contemplado.
c) Doao inoficiosa: a doao que viola a legtima, quebra o ofcio de pai, de manuteno dos
filhos. Essa doao nula naquilo que exceder a legtima - limite de 50% do patrimnio
disponvel do doador - Trata-se de uma nulidade parcial. S h a restrio para quem tem
herdeiros necessrios.
Herdeiros necessrios so descendentes, ascendente e o cnjuge artigo 1.845 do Cdigo Civil.
Fundamento preservao do ncleo familiar.
Obs. O clculo da legtima feito no prprio momento da liberalidade. Confere segurana
legitima ao contrato, se fosse verifica posteriormente poderia atingir contratos j realizados.

d) Doao universal: tambm nula. a doao de um volume tal de patrimnio que


comprometa a subsistncia do doador. O fundamento dessa nulidade no o volume de
patrimnio doado, mas sim a dignidade humana do doador. Esse um exemplo de aplicao da
teoria do patrimnio mnimo. Artigo 548 do Cdigo Civil.
Aplicao da teoria do aproveitamento, da conservao do negcio jurdico - doao ser valida,
no que no afetar a subsistncia. A nulidade no pela extenso do objeto, mas pela dignidade
do doador. Pessoa pode doar tudo que tem se gravar com usufruto vitalcio ou se tem renda
vlida que garante a subsistncia. Teoria do patrimnio mnimo ou mnimo existencial.
e) Doao em favor de entidade futura artigo 554 do Cdigo Civil. O Cdigo permite desde
que a entidade futura seja instituda no prazo decadencial de 02 anos, sob pena de caducidade do
ato, ex. fundao.
f) Doao de ascendente para descendente: artigo 544 do Cdigo Civil. Doao de ascendente
para descendente antecipao de herana, de legtima e independe do consentimento de
qualquer outro interessado, salvo se no ato de doao o ascendente expressamente diz que o bem
est saindo de sua quota disponvel.
Essa indicao deve ser expressa e no ato de doao. Se o bem doado for antecipao de herana
o descendente beneficiado est obrigado a colacionar o bem (lev-lo para o inventrio). O limite
para levar para o inventrio so as ltimas declaraes. Se no levar, caracteriza sonegados.
Caracterizados os sonegados, qualquer interessado pode, no prazo prescricional de 10 anos
ajuizar ao de sonegados para aplicar uma sano, o descendente perde o direito sobre o bem
sonegado.
Compra e venda de ascendente a descendente - anulvel
Doao entre ascendente e descendente - no precisa de consentimento, mas a doao serve
como antecipao de legitima.
g) Doao com clusula de reverso: artigo 547 - Quando uma pessoa faz uma doao,
registrando que se o beneficirio morrer primeiro o bem volta para o doador.
- No pode estipular clausula de reverso em favor de terceiro por que se no, implicaria em
fideicomisso. Hoje a maioria dos autores negam fideicomisso na doao, porque a clusula de
reverso no pode ser em benefcio de terceiros.
h) Doao contemplativa ou meritria: a doao em razo do merecimento, da virtude de
algum. Essa doao no perde a eficcia se o merecimento no for verdadeiro - no atinge
validade, nem eficcia - contudo pode caracterizar erro nos termos do art. 140 do CC, e tornando
o contrato anulvel - falso motivo pode viciar o contrato quando for razo determinante. Uma
das modalidades de doao contemplativa a doao contemplativa de casamento.
i) Doao com condio termo ou encargo
Condio
Condio resolutiva - extingue os efeitos do contrato
Condio suspensiva - enquanto no for implementada no h aquisio nem exerccio de
direitos

Termo - acontecimento futuro e certo:


Termo final - extingue a validade do contrato
Termo inicial - impede a eficcia.
Condio - no h aquisio - no h exerccio direito
Termo - h aquisio - no h exerccio do direito
Encargo - h aquisio e h exerccio do direito
Encargo ou modo - uma contraprestao exigida do beneficirio de um negocio gratuito. Ex.
doao com o encargo de prestar servios em hospital. O eventual descumprimento do encargo
no afeta nem a validade nem a eficcia, gera apenas execuo - AAO DE EXECUAO DE
ENCARGO;
Obs. Encargo Condicional - quando o encargo for expresso na forma de condio - neste caso o
seu descumprimento impede a aquisio e seu exerccio - seguir as regras da condio. Ex.
doao para Alexandre, se ele prestar servios no Hospital - encargo expresso sob forma de
condio.
Legitimidade para a execuo do encargo:
a) doador
b) se morto, seus herdeiros
c) beneficirio do encargo
d) MP se o encargo for contra a coletividade
Revogao da doao:
Ser sempre por ato judicial, nunca por ato de vontade, ser nula clusula revogadora da doao,
como tambm eventual clusula derrogatria que retira do doador o direito de ajuizar a ao clusula de renncia a direitos - art. 556 - todo doador tem direito indisponvel de ajuizar ao de
revogao.
O Cdigo Civil estabelece hipteses excepcionais de revogao da doao. So excepcionais
porque de ordinrio, no momento em que o donatrio expressa a sua aceitao, a doao se torna
irrevogvel e irretratvel. Contudo, o Cdigo resguarda situaes excepcionais revocatrias da
doao. A revogao no se d pela vontade do doador, mas sim por deciso judicial. So
hipteses judiciais de revogao da doao. So 02 as hipteses:
a) Inexecuo do encargo: prazo prescricional de 10 anos - REsp. 472.733 DF - natureza
condenatria.
b) Ingratido do donatrio: - prazo decadencial de 1 ano - natureza desconstitutiva. Ao
personalssima, salvo na hiptese de homicdio art. 561.
a) Inexecuo de encargo:
- A revogao de doao por inexecuo de encargo incide somente na doao onerosa porque s
a doao onerosa traz consigo um encargo. Tem cabimento sempre que o encargo impostos ao
donatrio no foi cumprido sequer com a execuo judicial. Toda vez que uma doao vem com

um encargo, no afeta nem a aquisio e nem o exerccio de direitos. Exceto se o encargo vier
expresso sob forma de condio.
Ex. fao uma doao para A se A prestar servios de advocacia em uma comunidade
carente. Se o encargo expresso sob forma de condio, ele seguir as regras da condio.
Contudo, se o encargo no veio expresso sob forma de condio ele segue as regras da condio.
Enquanto no houver o cumprimento do encargo no h nem aquisio e nem exerccio de
direitos. Todavia, se o encargo no veio expresso sob forma de condio (puro e simples), ele
no afeta nem a aquisio e nem o exerccio de direitos. No afetando nem a aquisio e nem o
exerccio de direitos significa em palavras claras que o donatrio pode exercer todos os seus
direitos sobre a coisa independente de ter cumprido o encargo. O no cumprimento do encargo
pode gerar execuo judicial.
- Se mesmo com a execuo judicial o encargo no for cumprido, o Cdigo permite a aplicao
de uma sano ao donatrio. Esta punio a revogao da doao. A revogao da doao por
descumprimento de encargo, portanto, tem natureza punitiva.
- S se permite a revogao da doao por descumprimento de encargo com a constituio em
mora do donatrio. Esta constituio em mora, se houver prazo para cumprimento do encargo,
fala-se em mora ex re (mora automtica), se no h prazo para o cumprimento do encargo a mora
ex persona (reclama prvia notificao judicial ou extrajudicial).
- O Cdigo Civil permite que o donatrio se isente dos efeitos da mora se provar que o
descumprimento decorreu de caso fortuito ou fora maior.
Prazo extintivo da revogao por doao por descumprimento do encargo: - O STJ
acolhendo os reclamos da doutrina, entendeu que o prazo para revogao da propositura da ao
de revogao um prazo prescricional de 10 (dez) anos (artigo 205 do CC).
b) Ingratido do donatrio:
- O Cdigo entende que algumas doaes no admitem revogao por ingratido. Em alguns
casos no se pode tolerar, permitir a revogao por ingratido porque em alguns casos a
ingratido irrelevante.
So 04 hipteses de doao que no podem ser revogadas por ingratido (artigo 564 do
Cdigo Civil):
a
b
c
d

Doao contemplativa de casamento: se uma pessoa fez uma doao para outra pessoa
se casar com ela ou com outrem, e se ela casar no se pode falar em ingratido
Doao remuneratria: aquela que se faz em retribuio de um servio prestado sem
exigibilidade (exemplo: lavador de carros da rua)
Doao onerosa com encargo j cumprido: o fundamento da doao o cumprimento
do encargo e se o encargo foi cumprido pouco importa a ingratido
Doao feita em cumprimento de obrigao natural: o cumprimento de obrigao
natural no gera repetio.

Mas o que ingratido? A ingratido humana no tem limites. Artigo 557 do CC prev 04
modelos de ingratido:

a
b
c
d

homicdio doloso tentando ou consumado,


ofensa fsica,
injria ou calnia grave,
abandono material.

Artigo 557 do CC: Podem ser revogadas por ingratido as doaes: I - se o donatrio atentou
contra a vida do doador ou cometeu crime de homicdio doloso contra ele; II - se cometeu
contra ele ofensa fsica; III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; IV - se, podendo ministrlos, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.
- Hoje doutrina e jurisprudncia convergem no mesmo sentido: entendendo que o rol do artigo
557 no taxativo, tipicidade finalstica.
- Enunciado 33 da Jornada de Direito Civil: 33 - Art. 557: o novo Cdigo Civil estabeleceu um
novo sistema para a revogao da doao por ingratido, pois o rol legal previsto no art. 557
deixou de ser taxativo, admitindo, excepcionalmente, outras hipteses.
- Se o rol exemplificativo, poderia o juiz admitir qualquer hiptese de ingratido? No se
tornaria muito subjetivo o critrio da ingratido? O STJ acolhendo as sugestes de Jos de
Oliveira Ascenso, acolheu o critrio da tipicidade finalstica. A tipicidade finalstica um
critrio pelo qual o juiz pode considerar outras hipteses no previstas taxativamente em lei
desde que tenham a mesma finalidade dos tipos legais. Tipicidade finalistca uma abertura
motivada da norma. A norma traz uma abertura, mas essa abertura dentro do parmetro a
finalidade normativa. Exemplo: o juiz pode revogar uma doao por ingratido, por homicdio
doloso, tentado ou consumado, mas tambm por auxlio, induzimento ou instigao ao suicdio.
Ao invs do donatrio matar, ele faz isso. Mas no seria possvel revogar a doao por homicdio
culposo, que no tem a mesma finalidade.
- O Cdigo Civil tambm traz uma norma de expanso da ingratido no artigo 558 do Cdigo
Civil: Pode ocorrer tambm a revogao quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for o
cnjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmo do doador. A expresso
ainda que adotivo inadequada porque a CF consagrou a igualdade entre filhos.
- Norma de expanso da ingratido significa que tambm se caracteriza a ingratido quando a
vtima for o cnjuge, ascendente, descendente ou irmo do doador.
- A ao de revogao da doao por ingratido personalssima. S quem pode prov-la o
doador. Os herdeiros podem continuar o procedimento, s no podem iniciar. Somente se
excepciona a regra quando se tratar de homicdio, porque neste caso a ao caber aos prprios
herdeiros.
Artigo 561 do Cdigo Civil: No caso de homicdio doloso do doador, a ao caber aos seus
herdeiros, exceto se aquele houver perdoado. essa parte do artigo perdeu o sentido porque se
o doador morreu, no tem como ele perdoar o donatrio.
- O prazo extintivo da revogao de doao por ingratido do donatrio decadencial de 01 ano
artigo 559 do Cdigo Civil: A revogao por qualquer desses motivos dever ser pleiteada
dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador (teoria actio nata) o
fato que a autorizar, e de ter sido o donatrio o seu autor.

- A ao de revogao de doao por ingratido do donatrio desconstitutiva. O prazo para


propositura da ao comea a correr a partir da data do conhecimento.
Eficcia ex nunc da sentena revocatria: quando o juiz acolhe o pedido de revogao por
ingratido desconstitui o negcio com eficcia no retroativa para preservar os interesses de
terceiro de boa-f. Preservar os interesses de terceiros de boa-f um imperativo exemplo:
fao uma doao para Maria, que recebe esse bem doado e vende a Jos. Eu ajuzo a ao de
revogao de doao por ingratido contra Maria, o juiz julga procedente o pedido, o que revoga
a doao. Eu exijo a restituio da coisa e Maria diz que o bem est com Jos. Eu posso exigir de
Jos a restituio do bem? No porque Jos um terceiro de boa-f. Os efeitos com relao a ele
ficam preservados e eu terei direito de executar Carla trata-se de um exemplo de propriedade
resolvel com causa superveniente. Normalmente as pessoas s pensam na propriedade resolvel
com causa originria exemplo: propriedade fiduciria. Maria tivesse doado o bem para Jos,
configuraria m-f, porque no direito brasileiro doao presume m-f e no boa-f. Se Maria
tivesse doado para Jos eu poderia pleitear a devoluo do bem porque atos gratuitos presumem
fraude (artigo 158 do Cdigo Civil).

DIREITO CIVIL - DIREITOS REAIS


Teoria do Cdigo Civil sobre a posse:
- Historicamente houve um embate terico sobre a posse dividido em duas teorias para justificar
teoricamente a posse.
1) Teoria subjetiva: teve como grande defensor Savigny. Essa teoria sustentava que a posse
era a conjugao de 02 elementos: corpus (apreenso, contato fsico) + animus rem sibi
habendi (vontade de ter a coisa como sua). Ihering escreveu um livro chamado de Teoria
Simplificada da Posse, para ele o pecado da teoria subjetiva era o elemento subjetivo.
Teoria da Posse
2) Teoria objetiva: a teoria desenvolvida por Ihering, a posse precisava apenas do corpus,
a efetiva apreenso da coisa. Basta o corpus para caracterizar a posse. Exemplos:
comodato e locao locatrio e comodatrio no tem animus, mas tem corpus, que a
apreenso da coisa. Teoria Simplificada da posse
- A doutrina italiana d o seguinte exemplo: o homem de chapu. Para a teoria subjetiva ele
possuidor porque ele tem vontade de ser dono do chapu. Para a teoria objetiva ele possuidor
porque ele est na posse do chapu.
- O Cdigo Civil de 2002 se inclinou, no artigo 1.196 pela teoria objetiva. Mas ele faz
concesses teoria subjetiva. Ao tratar do usucapio o cdigo exige posse com animus
domini.
PARA O DIREITO BRASILEIRO TEM POSSE QUEM TEM CORPUS, CONTATO FISICO
COM A COISA - USO OU FRUIAO - excepcionalmente como no consituto possessrio no se
exige contato.
ATENAO - Os quatro poderes da propriedade esto no artigo 1.228 do CC e so:

a)
b)
c)
d)

Uso
Gozo/fruio
Livre disposio
Reivindicao

Propriedade - 4 poderes da propriedade mais ttulo - a propriedade exercida erga omnes oponibilidade perante a coletividade - Ao reivindicatria.
Domnio - 4 poderes da propriedade menos o titulo - domnio ser exercido sobre a coisa - ex.
usucapio. Ao publiciana.
Posse - quem exerce apenas um dos poderes sobre a coisa. Aes possessrias.
- Esse artigo estabelece que o exerccio da propriedade a soma dos quatro podes acima. A
propriedade um feixe de poderes. O proprietrio quem tem os 04 poderes + o ttulo.
- O conceito de posse evidentemente objetivo, porque posse o contato fsico com a coisa,
o uso ou gozo.
- O conceito de propriedade abstrato na medida em que a propriedade vai ter oponibilidade
erga omnes, vai ser absoluta, etc.
Posse sexo, propriedade amor (Arnaldo Jabor) de ordinrio sexo precisa de contato fsico,
porque posse. Mas pode amar abstratamente, sem contato fsico, nesse caso propriedade. Essa
comparao afirma que o direito brasileiro acolhe a teoria objetiva da posse.
Objeto da posse:
Somente bens corpreos admitem posse. Se somente os bens corpreos admitem posse, os
bens incorpreos no admitem interditos possessrios, porque os interditos possessrios somente
so cabveis quando houver posse.
Ex. direito autoral (bem incorpreo) no pode ser defendido por meio de ao possessria
Smula 228 do STJ: inadmissvel o interdito proibitrio para a proteo de direito autoral.
Esses direitos so defendidos por meio de ao indenizatria ou tutela especfica, a depender
do caso.
Obs. Os bens incorpreos no admitem usucapio porque um dos requisitos do usucapio a
posse.
Exceo: smula 193 do STJ: O direito de uso de linha telefnica pode ser adquirido por
usucapio. o direito de uso de linha telefnica um bem incorpreo, no entanto, segundo o
STJ, pode ser usucapido - muito pouco uso.
Obs. como um dos requisitos posse a materialidade do bem, bens incorpreos no so
passiveis de posse, nem de usucapio, nem de ao possessria.
Posse X Deteno
- A diferena entre posse e deteno uma diferena extremamente relevante. Posse de acordo
com a teoria objetiva apreenso. Quem apreende possuidor, o simples contato identificador
da posse. No entanto, o ordenamento jurdico s vezes desqualifica determinadas apreenses.

- A deteno exceo incidncia objetiva da teoria simplificada da posse. Em alguns casos


quem tem contato com a coisa no ser considerado possuidor.
Meras detenes correspondem s hipteses em que h contato fsico, em que h apreenso,
mas o ordenamento desqualifica. O ordenamento retira a qualidade de possuidor. Deteno seria
desqualificao da posse de quem tem contato fsico - preenche requisito da teoria objetiva corpus. SO HAVERA MERA DETENAO NOS CASOS PREVISTOS EM LEI.
Ex. artigo 1198 do CC fmulo da posse (gestor da posse) - aquele que tem contato com a coisa
em decorrncia de relao subordinativa de terceiro ex. o caseiro, adestrador, capataz. O CPC no
artigo 62 fala do instituto da nomeao autoria, e uma das hipteses de nomeao autoria
exatamente a hiptese do caseiro. Caso seja demandado o detentor estar obrigado a nomear a
autoria o legitimo possuidor. Art. 69 diz que se o mero detentor no realizar a nomeao a autoria
incorrer em perdas e danos. Art. 1208 atos de mera tolerncia no geram posse, mas apenas
mera deteno.
Critica nomeao autoria - ex. ao contra mero detentor - deve nomear a autoria suspende-se o andamento para intimar o autor da ao para saber se admite a troca do ru, e o
nomeado ser intimado para saber se deseja ingressar na lide.
- E se uma ao reivindicatria promovida contra o possuidor para discutir algum
aspecto da posse, ao invs de ser promovida contra o proprietrio? Se tolera nesse caso
nomeao autoria? No, nomeao autoria exclusiva do detentor. Se a ao promovida
contra o possuidor ele ir responder, mas ele tem direito de regresso contra o proprietrio.
Poderia se falar neste caso, em denunciao da lide e jamais em nomeao autoria.
Ex. atos de mera tolerncia artigo 1208 do Cdigo Civil. Os atos de mera tolerncia no
induzem posse. A posse precria nunca convalesce porque ato de mera tolerncia no induz
posse. Ato de mera tolerncia gera deteno.
Ex. STJ, REsp. 556.721/DF nesse julgado o STJ enquadrou como ato de mera tolerncia a
ocupao de rea pblica. A ocupao de rea pblica qualificada como mera deteno. O
permissionrio de uso de bem publico no tem posse, tem deteno.
COMPOSSE:
Composse (coposse ou composse): o exerccio simultneo de posse por duas ou mais pessoas.
Ex. marido e mulher. Para que ocorra a composse exige-se 02 elementos:
a) Pluralidade de sujeitos:
b) Indivisibilidade do objeto:
- Caracterizada a composse, por conta da teoria objetiva, cada um dos copossuidores pode
exercer o seu direito sobre o todo independentemente de sua quota. Inclusive podem defender o
todo, porque um dos elementos da composse a indivisibilidade do objeto. Como regra no pode
haver usucapio nas hipteses de composse. STJ vem admitindo usucapio na composse quando
excepcionalmente o copossuidor exerceu posse com exclusividade, afastando a posse dos
demais.
- A composse traz consigo um efeito processual. Posse no direito real, mas ela pode decorrer
de um direito real, quando a pessoa possuidora e proprietria.

ATENAO - Ao possessria no direito real. E sendo assim, no se aplica o artigo 10 do


CPC que exige a formao de litisconsrcio necessrio entre pessoas casadas quando se tratar de
aes reais imobilirias. Ex. quero ajuizar uma ao de usucapio contra Jos que casado,
nesse caso deve formar o litisconsrcio necessrio, porque ao real. J se fosse uma ao
possessria no seria necessrio a formao do litisconsrcio necessrio, porque ao
concessrio no ao real.
- O CPC no 2 do artigo 10 diz que precisa-se formar litisconsrcio entre marido e mulher nas
aes possessrias se houver composse.
Teoria da funo social da posse
- Comeou a ser desenvolvida por um autor espanhol chamado Antonio Hernandez Gil. De
acordo com esse autor, a posse no deveria estar baseada somente no elemento objetivo ou
subjetivo. Segundo ele a posse deveria ser justificvel socialmente. Essa justificao social da
posse seria a tese da funo social da posse.
Funo social da posse segundo Bobbio a justificativa social da posse, para que serve a posse.
Direito de posse o direito mais prximo das pessoas carentes - que exercem posse e no
propriedade.
- Pela teoria da funo social da posse, o homem precisa de estar com o chapu, e tambm
precisa utilizar com justificativa social esse chapu.
- Na exposio de motivos do Cdigo Miguel Reale alude funo social da posse com o nome
de posse trabalho. A posse trabalho seria a funo social da posse. E embora o Cdigo Civil
no tenha acolhido expressamente a tese, a acolheu de forma implcita.
Funo social da posse um desdobramento da funo social da propriedade. Isso porque toda
propriedade precisa cumprir uma funo social (artigo 5, XXII, XXIII e art. 170 da CF). Sendo
assim, se o proprietrio no cumpre a funo social e algum cumpre em seu lugar, caracteriza-se
a funo social da posse. Trata-se de uma condicionante imposta, pois s merece proteo a
propriedade que cumprir sua funo social. Se o proprietrio no cumpre a funo social, mas
um terceiro cumpre em seu lugar ser caso de funo social da posse, neste caso o proprietrio
no ter proteo, mas sim o possuidor - prova da autonomia da posse. POSSE NO ESTA
SUBORDINADA PROPRIEDADE, AUTONOMA. O possuidor pode ter proteo em face
do proprietrio.
- Exemplos de funo social da posse no Cdigo:
1) Artigo 1.210, 2 do CC: No obsta manuteno ou reintegrao na posse a
alegao de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. O mrito da ao
possessria no depende de quem seja o proprietrio.
2) Artigo 1238, pargrafo nico e artigo 1242, pargrafo nico do CC: usucapio
extraordinrio 15 - ordinrio 10 anos - esses dois dispositivos permitem ao juiz reduzir o
prazo de usucapio em 05 anos quando o usucapiente estiver morando ou tiver tornado a
terra produtiva, ou seja, quando o usucapiente estiver cumprindo a funo social reduo do prazo. O extraordinrio cair a 10 anos e o ordinrio a 5 anos.

3) Pargrafos 4 e 5 do artigo 1.228 do CC: esses pargrafos consubstanciam a chamada


desapropriao judicial indireta.
Diferena entre desapropriao judicial indireta e usucapio especial urbano coletivo:
Desapropriao judicial indireta (artigo Usucapio especial urbano coletivo
1228, 4 e 5)
(Estatuto das Cidades art. 10 12)
- extensa rea urbana ou rural
- rea superior a 250m urbana
- posse de boa f
- posse de boa ou m-f (a boa f no
requisito do usucapio)
- prazo de 05 anos
- prazo 05 anos
- considervel nmero de pessoas
- populao de baixa renda
- obras e servios relevantes
- finalidade de moradia
- justa indenizao
- no h indenizao
- Enquanto no for paga indenizao no poder ser feito o registro. Parte da doutrina admite
inclusive a desapropriao indireta de terras pblicas por no se tratar de usucapio.
- Sob o ponto de vista processual a ao de usucapio especial urbano coletivo deve ser ajuizada
por cada um dos copossuidores, por todos eles em litisconsrcio facultativo, ou ainda atravs
pela associao de moradores, num exemplo de substituio processual. Nessa ao o MP atuar
como fiscal da lei, como atua nas aes de usucapio como um todo. O MP no funciona como
autor.
Desapropriao judicial indireta vai ser promovida por qualquer interessado. O enunciado 305
da Jornada de Direito Civil deliberou que o Ministrio Pblico tambm ter legitimidade quando
se tratar de interesse social.
- A desapropriao pode ser alegada como matria de defesa, como exceo substancial
enunciado 84 da Jornada de Direito Civil. O juiz nesse caso julgar o pedido reivindicatrio
improcedente.
- De acordo com o 5 do artigo 1228 e enunciado 241 da Jornada de Direito Civil dizem que o
registro da sentena que reconhece a desapropriao judicial indireta est condicionado ao
pagamento da indenizao.
- E quem deve pagar pela indenizao? Primeiro diziam que eram os possuidores, depois
passaram a dizer que era o poder pblico. O enunciado 308 da Jornada de Direito Civil fala que a
indenizao deve ser paga pelos possuidores, exceto quando se tratar de populao de baixa
renda, hiptese em que a administrao pblica suportar a indenizao, por conta do direito de
moradia ser um direito social.
- No valor da indenizao so indevidos os juros compensatrios - enunciado 240 da Jornada de
Direito Civil.
- O enunciado 304 se inclinou por admitir a desapropriao indireta inclusive de bens pblicos,
com base na funo social da posse. Evidente que essa proposio doutrinria se baseia na
funo social que tambm deve ser dirigida ao poder pblico. Contudo, no se admite usucapio
de bens pblicos.

Classificao da posse:
- O Cdigo Civil invoca diferentes critrios de classificao da posse.
1 - O Cdigo divide a posse em:
a) Posse direta:
b) Posse indireta:
- Posse direta e indireta tratam de desdobramento de posse. No existem duas posses, posse
uma s. Trata-se uma nica posse desdobrada em dois aspectos.
ATENAO - S haver posse direta quando houver uma indireta e vice-versa.
O desdobramento da posse (indireta ou direta) pressupe um ato jurdico do titular com
um terceiro. Ex. locao e comodato. Nesses institutos h o desdobramento de posse, um deles
se mantm como possuidor direto, mantendo o corpus (locatrio/comodatrio) e o proprietrio
passa a ser possuidor indireto.
O desdobramento da posse em direta e indireta tem uma finalidade: permitir que o
proprietrio que conferiu posse ao terceiro continue sendo tratado como possuidor e tendo
legitimidade para defender a coisa atravs da defesa possessria. Assim, se eu aluguei meu
imvel para Jos e ocorreu o esbulho. Tanto eu quanto Jos temos legitimidade para defesa
possessria, porque somos qualificados como possuidores.
- O enunciado 76 da jornada fala que o possuidor direto tem defesa contra o possuidor indireto e
vice-versa.
Obs. quem esbulha no tem posse, o desdobramento depende de relao jurdica base - crtica teria posse mas de m f.
POSSE PLENA- S no houve desdobramento de posse no h que se falar em posse direita e
indireta. Fala-se em posse plena. possvel o desdobramento da posse pelo prprio possuidor.
possvel um subdesdobramento. Ex.: sublocao h um deslocamento da posse pelo possuidor.
- Quem pode usucapir o bem, o possuidor direto ou indireto? Por que? Nenhum dos dois,
porque o indireto j proprietrio e o direto tambm no pode porque um dos requisitos do
usucapio animus domini. O possuidor direto aquele que recebeu a coisa por fora de um
contrato, portanto, ele no possui animus domini.
2 - A posse pode ser:
a) Natural:
b) Civil:
ATENO - A regra geral de que toda posse seja natural, toda posse contato fsico, o
exerccio de um dos poderes sobre a propriedade. Contudo, o Cdigo Civil, no artigo 1.205
permite a aquisio da posse por meio de contrato e a isso se empresta o nome de clusula
constituti ou constituto possessrio. Ex. contrato pelo qual uma pessoa vende o seu imvel, mas
se mantm como locatrio. Nesse caso o contrato transfere a posse indireta. Posse civil seria a
posse indireta transferida por meio de contrato.

Constituto possessrio - aquele que possua a posse em nome prprio passa a exercer em nome
alheio. CONSTITUI A POSSE DE UM TERCEIRO MESMO SEM CONTATO.
Ex. Leasing - o arrendatrio, pega dinheiro no banco e compra o carro, o banco proprietrio,
mas a posse permanece com o arrendatrio e caso pare de pagar as prestaes, transfere-se para o
banco a posse indireta do bem - podendo se valer de possessria.
- A importncia da clusula constituti est no plano processual.
Traditio brevi manu - aquele que possua a coisa em nome alheio passa a possuir em nome
prprio.
3 - A posse pode ser:
a) Justa:
b) Injusta:
Critrio objetivo por excluso: Injusta a posse violenta, clandestina e precria. Assim, todas as
demais posses so justas.
Violenta - esbulho/roubo
Clandestina - furto
Precria - abuso de confiana
- A violncia e clandestinidade podem convalescer, o que se chama de convalescimento da
posse (convalescimento pode ser sinnimo de interverso). Convalescer tirar o vcio. Curar o
vcio significa traduzir todos os efeitos de uma posse justa. O Cdigo Civil diz que a violncia e
a clandestinidade podem se curar quando cessada a causa ou quando cessado o prazo de ano e
dia. A posse precria jamais convalesce (artigo 1.208 do Cdigo Civil).
Existe um caso que a precariedade se convalesce - A precariedade pode convalescer, como regra
geral ela no convalesce. A precariedade s pode convalescer em um caso, quando rompida a
relao originria, estabelecendo uma nova relao jurdica a precariedade pode convalescer. Art.
1208 do CC. Ex. comodato - se o comodatrio romper a relao, nesse caso pode se dizer que a
precariedade de algum modo, poder convalescer. Se o locatrio para de pagar torna-se possuidor
pleno e comea prazo do usucapio.
Possuidor direto - no usucapi, pois h relao jurdica base.
4 - Posse de boa e m-f: (critrio subjetivo)
Posse de boa-f - desconhecimento do vicio
Posse de m-f - conhecimento do vicio
Obs. a boa f no exigida para fins de usucapio . A boa f reduz o prazo, e pode influenciar as
benfeitorias, frutos e responsabilidade civil.
Professor a POSSE INJUSTA CONVELESCE - E POSSIVEL USUCAPIAO DE RES
FURTIVA.
Efeitos da Posse
Materiais:

- Possibilidade de usucapio
- Responsabilidade civil do possuidor
- Direito a percepo de frutos
- Direito a indenizao por benfeitorias realizadas
Processual:
- Proteo possessria (penal ou civil)
Pressupostos da posse:
- Posse de boa e m-f diz respeito a vcios subjetivos. O direito civil trata da boa-f objetiva e
da boa-f subjetiva. A boa-f objetiva a boa-f de comportamento (norma princpio), enquanto
a boa-f subjetiva a boa-f de conhecimento (norma regra).
- O possuidor de boa-f ser aquele que no tiver conhecimento sobre eventuais vcios que recai
sobre a coisa.
- O possuidor de m-f tem conhecimento de vcios que pesam sobre a coisa.
- O possuidor de m-f ainda sim possuidor. Locatrios so possuidores de boa-f, enquanto o
esbulhador um possuidor de m-f, porque ele tem conhecimento do vcio que recai sobre a
coisa.
Efeitos jurdicos da posse:
a) Direito usucapio:
- a possibilidade de usucapir. A possibilidade de usucapio reconhecida pelo Cdigo Civil
a todo e qualquer possuidor, seja de boa ou m-f . Ou seja, a boa-f no requisito do
usucapio, sendo possvel o usucapio mesmo que a posse seja de m-f. Se o possuidor de
boa-f o ordenamento jurdico reduz os prazos de usucapio. Exemplo: se se trata de
usucapio ordinrio, o possuidor de boa-f poder usucapir em 15 anos, podendo o juiz reduzir
para 10 anos se o possuidor tiver estabelecido no imvel a sua moradia habitual ou nele realizado
obras ou servios de carter produtivo.
- Nem todo possuidor faz jus a aquisio por usucapio. O Cdigo Civil dividiu a posse em dois
quadrantes de modo que, nem todo possuidor far jus ao usucapio. Algumas posses so ad
usucapionem e outras so ad interdicta. O sistema no quer que todo possuidor tenha direito ao
usucapio. Alguns possuidores tm direito apenas aos interditos possessrios (interditos uma
expresso romana que significa proteo) posse ad interdicta.
- Outros alm da proteo podem usucapir e adquirir a propriedade. Essa a posse usucapionem.
- Nem toda posse traz consigo o requisito do animus domini (inteno de ser dono). O locatrio
e o arrendatrio possuem a coisa ad interdicta e no podem usucapir porque lhes falta
animus domini. O esbulhador pode usucapir.
b) Direito a percepo de frutos:
- Frutos so utilidades renovveis da coisa. So as utilidades que se renovam periodicamente. Os
frutos se repetem periodicamente. E essa a diferena entre fruto e produto. Embora o produto

seja um bem acessrio, o produto no renovvel (exemplo: minerais), separados da coisa


extinguem-se.
- Os frutos podem ser de 03 diferentes categorias:
a) naturais: advm da natureza e independem da interveno humana
b) artificiais ou industriais: decorrem da atuao do homem (exemplo:
manufaturas)
c) civis: decorrem de uma relao jurdica, so os rendimentos (exemplos: juros e
aluguis).
- Essas trs categorias podem se organizar quanto ao tempo critrio temporal dos frutos:
a) pendentes: ainda no esto no tempo da colheita
b) percipiendos: deveriam ter sido colhidos, mas no foram
c) estantes: foram colhidos e esto armazenados
d) percebidos: foram colhidos e entregues ao titular
- Exemplo: aluguel se o aluguel vence no dia 30, cobr-lo no dia 29 significa que o fruto est
pendente. Se o contrato diz que o locador deve buscar o aluguel e ele no foi, trata-se de fruto
percipiendo. Se o locador no foi buscar o aluguel e ele foi depositado em juzo significa fruto
estante e se o locador j recebeu o aluguel, configura fruto percebido.
- O possuidor faz jus aos frutos. Mas o possuidor tem direito aos frutos sempre? O possuidor
de boa-f ordinariamente tem direito a todos os frutos. Exceo: os frutos pendentes na data da
restituio da coisa no podem ser colhidos. Se o possuidor de boa-f vier a colher frutos
pendentes antecipadamente ele ser obrigado a reparar o dano que causou. Se de um lado o
possuidor de boa-f no tem direito de colher fruto pendente, por outro lado o possuidor de boaf tem direito de ser ressarcido com as despesas que teve com os frutos que esto pendentes, sob
pena de gerar enriquecimento sem causa. O possuidor de m-f no faz jus aos frutos, em razo
dos vcios subjetivos. Se o possuidor de m-f colheu indevidamente, ter de indenizar. Mas se
ele teve despesas com a manuteno dos frutos ele ter direito de ser ressarcido das despesas que
teve para no gerar enriquecimento sem causa.
- O produto pertence ao proprietrio, portanto, no se aplica a ele a sistemtica dos frutos.
ATENAO - Resp objetiva com risco integral - direito ambiental, dano nuclear, posse injusta.
Nenhuma seria risco integral absolutamente, pois todas admitem excees - ex. nuclear - culpa
exclusiva da vitima - terrorista explode Angra dos Reis - poderia haver exceo por culpa
exclusiva da vitima, famlia da vitima no receberia indenizao.
c) Direito s benfeitorias: so classificadas segundo critrio finalstico - NECESSARIAS,
UTEIS, VOLUPTUARIAS.
Diferena entre benfeitoria e acesso: o direito civil trabalha com duas diferentes categorias de
acrscimo. Os acrscimos podem ser: acesses ou benfeitorias. As acesses podem ser naturais
(aluvio, avulso) ou humanas (construes e plantaes). As benfeitorias so sempre humanas.
- Acesses humanas (construes e plantaes) X Benfeitorias: o critrio de distino a
finalidade do acrscimo realizado, isto porque o critrio jurdico de benfeitoria sempre de
acordo com a finalidade em relao coisa.

- As benfeitorias podem ser:


a) necessrias: toda benfeitoria para garantir a finalidade da coisa
b) teis: gera comodidade do uso
c) volupturias/sunturias: deleite ou aformoseamento.
A piscina seria uma benfeitoria necessria, til ou volupturia? Depende da finalidade. Se a
piscina for em uma escola de natao, a benfeitoria necessria. Se for em uma academia a
piscina uma benfeitoria til. Em Campos do Jordo uma piscina sem aquecimento e descoberta
em uma casa uma benfeitoria volupturia.
- As acesses humanas so construes e plantaes, que no se submetem ao critrio finalstico.
Significa que construo e plantao podem ser realizadas independentemente de uma
finalidade.
- O regime jurdico das benfeitorias tambm se aplica s acesses, segundo entendimento da
jurisprudncia.
Obs. no confundir benfeitorias e acesses com pertenas (artigo 93 do CC). As pertenas,
diferente das benfeitorias e acesses no se submetem teoria da gravitao jurdica. As
pertenas no tem natureza acessria. E quem segue o principal so os acessrios. Pertenas
so bens com funo prpria que se acoplam a outros bens onde iro cumprir a sua funo.
Portanto, eles no perdem a funcionalidade. E por no perderem a funcionalidade, no so bens
acessrios e no se submetem teoria da gravitao. Exemplos: ar-condicionado e trator da
fazenda so exemplos de pertena. As pertenas somente seguiro a coisa se tiver disposio
expressa.
Regime jurdico das benfeitorias:
Esse regime tambm se aplica s acesses:
1) Possuidor de boa-f:
1.1) direito de indenizao e reteno pelas benfeitorias necessrias e teis
1.2) direito de retirada das volupturias
2) Possuidor de m-f:
2.1) no tem direito sobre as benfeitorias teis: nem indenizao, nem reteno e
nem retirada
2.2) ser indenizado sem reteno, pelas necessrias, evitando enriquecimento
sem causa (no ponto de vista prtico haver uma compensao com a indenizao de que
e devedor em razo da posse de m-f).
ATENAO - Reteno o direito de manter a coisa at que a indenizao seja paga. O
possuidor de m-f tem direito de ser indenizado pela benfeitoria necessria e o proprietrio tem
direito de ser indenizado pelo prejuzo sofrido, ento haver uma compensao.
- O direito de reteno deve ser exercido no processo de execuo, por meio de um instrumento
chamado de embargos de reteno. Mas depois do artigo 475 do CPC, com as regras do
cumprimento de sentena, parece que o momento idneo, oportuno para a alegao do direito de
reteno no mais o processo de execuo. O momento oportuno ento ser a petio inicial
para o autor e a contestao para o ru, a depender de quem esteja alegando o direito de reteno.

Benfeitorias teis realizadas aps a notificao de devoluo da coisa no geram direito de


reteno, apenas de indenizao - A jurisprudncia vem entendendo no que tange ao direito de
reteno por benfeitorias teis, que o limite desse direito de reteno a notificao para
devoluo do bem. Exemplo: se celebrei com Mrio um contrato de arrendamento e o contrato
previu que a devoluo ser feita a qualquer tempo, com prazo de antecedncia da notificao de
60 dias. Nesses 60 dias se Mrio realizar benfeitorias teis, melhora a utilizao da coisa para
Mrio e no para mim. Mas se eu no indenizar ele retm a coisa. Ento para impedir que as
benfeitorias teis fossem utilizadas indevidamente, gerando direito de reteno, a jurisprudncia
estabeleceu que benfeitoria til realizada depois da notificao gera indenizao, mas no gera
o direito de reteno. *Essa advertncia s cabvel em benfeitorias teis.
Excees ao regime das benfeitorias: So casos nos quais as benfeitorias no se enquadram na
regra geral.
1) Comodato artigo 584 do Cdigo Civil: o comodato um emprstimo
gratuito. Empresto meu apartamento para Mrio, ele realiza benfeitoria til que gera
comodidade para ele. Terei que indenizar por essa benfeitoria? No comodato s se
indeniza benfeitoria necessria. As benfeitorias teis no so indenizadas.
2) Desapropriao artigo 26 do Decreto Lei 3665/41: na desapropriao as
benfeitorias se submetem a uma sistemtica muito interessante. Todas as benfeitorias
realizadas at a data do decreto expropriatrio devem ser computadas no preo da
indenizao. Para as benfeitorias realizadas entre a publicao do decreto expropriatrio
e a posse do poder pblico expropriante, o artigo 26 dispe que as benfeitorias
necessrias sero indenizadas independentemente de prvia autorizao do
expropriante. Benfeitorias teis s sero indenizveis com prvia autorizao do
poder pblico e as volupturias no sero indenizveis.
3) Locao de imveis urbanos artigo 35 da Lei 8.245/91: a lei de locaes
estabelece que no contrato de locao as benfeitorias salvo as necessrias, somente
sero indenizveis se tiverem prvia autorizao do locador (regra que no se
aplicaria as benfeitorias necessrias). Discute-se na jurisprudncia sobre a validade ou
no da clausula de renncia antecipada nos contratos de locao. Cristiano Chaves acha
que essa clusula nula porque afronta a boa-f objetiva. Mas a smula 335 do STJ
afirma expressamente a validade dessa clusula: Nos contratos de locao, vlida a
clusula de renncia indenizao das benfeitorias e ao direito de reteno. essa
smula se refere somente s benfeitorias teis. Critica - contrato de locao seria de
adeso e no seria hbil para negociar ou ter autonomia de renncia.
d) Responsabilidade civil do possuidor:
O possuidor responde civilmente pela perda ou deteriorao da coisa.
Possuidor de boa-f ele s responde quando provada a sua culpa. A
responsabilidade civil do possuidor de boa-f subjetiva.
Possuidor de m-f ele responde pela perda e deteriorao da coisa, salvo se
provar que a coisa teria perdido ou deteriorado mesmo sem a sua posse. A
responsabilidade civil do possuidor de m-f objetiva com risco integral. O caso
fortuito e a fora maior no eliminam essa responsabilidade. Ou seja, o possuidor de mf responde mesmo que decorrente de caso fortuito ou de fora maior. Ele s no
responde se ele provar uma excludente especfica, ou seja, que a coisa teria se deteriorado
sem a sua culpa.

e) Proteo possessria (efeito processual - tutela jurdica da posse):


Essa tutela jurdica da posse se subdivide em tutela jurdica penal e tutela jurdica civil:
a) Tutela penal da posse: legitima defesa da posse - submetida a todos os
requisitos da legitima defesa do direito penal - a tutela penal da posse est prevista no
artigo 1.210, 1 do Cdigo Civil. E a isso se deu o nome de desforo incontinente ou
desforo imediato, que a possibilidade de defesa da posse com mos prprias . O
possuidor pode defender a coisa de mos prprias. A possibilidade de desforo imediato
reconhecida ao possuidor direto e indireto. (ex. de autotutela permitida - substitutiva
ao estado). Evidentemente essa tutela penal da posse com mos prprias, submete-se aos
mesmos requisitos da legtima defesa do Cdigo Penal. Assim a legtima defesa da posse
exige: atualidade ou eminncia, agresso prvia, moderao do uso dos meios necessrios
para repulso e etc. Aplicando os requisitos da legtima defesa do direito penal aqui,
necessrio falar sobre o excesso culposo. No pode ser ignorado que ao exercer o
desforo incontinente o possuidor pode exceder o uso dos meios necessrios. Se ele
exceder o uso dos meios necessrios, se ele passa da conta, algum tenta esbulha-lo e ele
se defende com mos prprias, caracteriza-se excesso culposo e gera responsabilidade
civil.
- Que tipo de responsabilidade tem o possuidor pelo excesso culposo? objetiva ou
subjetiva? Por qu? A responsabilidade objetiva, porque caracteriza abuso do direito do artigo
187 do Cdigo Civil e na forma do enunciado 37 da Jornada de Direito Civil, abuso do direito
gera responsabilidade objetiva. Por isso a responsabilidade do possuidor pelo excesso culposo
objetiva. Se quem realizou o excesso culposo foi o caseiro, quem responde ser o proprietrio da
coisa.
Enunciado 37 da Jornada de Direito Civil: Art. 187: a responsabilidade civil decorrente do
abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critrio objetivo-finalstico.
Tutela civil da posse: d-se por meio de tutela jurisdicional so os interditos possessrios ou
aes possessrias:
1) Reintegrao de posse esbulho: a privao da coisa. Exemplo: contrato de
comodato. No comodato podemos ter o esbulho. O comodatrio apesar de constitudo em
mora no restituiu a coisa. Esbulho pode derivar ou no de uso de fora/violncia.
2) Manuteno de posse: a pertubao, o embarao no uso da coisa.
3) Interdito proibitrio: cabvel na hiptese de ameaa.
Obs. h o aproveitamento quando houver propositura errnea ou a modificao no curso quando
se precisa de outra providencia - modificao superveniente da causa de pedir.
- Aplica-se a fungibilidade processual do Cdigo de Processo Civil (artigo 920 do CPC).
Significa que a propositura equivocada do interdito possessrio no compromete a proteo. A
fungibilidade tambm autoriza que quando da propositura da ao havia uma mera ameaa e por
isso foi promovido o interdito proibitrio, mas durante a ameaa ocorreu o esbulho, ento
possvel que o juiz conceda a medida adequada quando a situao ftica se altera durante o
procedimento. No existe no Brasil outras aes possessrias.

Doutrina - existiriam outras aes que tambm defenderiam a defesa da posse, aes baseadas
na posse mesmo no se tratando de aes possessrias. (imisso na posse, nunciao de obra
nova, embargos de terceiro, dano infecto). Nem toda ao que defende a posse ser possessria.
Dano infecto, imisso na posse e nunciao de obra nova e embargos de terceiros no so aes
possessrias, embora indiretamente possam defend-la.
IMISSO NA POSSE: no possessria porque falta a ela o requisito fundamental de uma
ao possessria - a posse. Imisso na posse a ao pela qual se pretende obter a posse.
Portanto, falta posse, assim ela no possui procedimento especial e no possui a possibilidade de
liminar. Pode ter tutela antecipada, mas no pode ter liminar possessria.
DANO INFECTO: tambm no ao possessria. Trata-se de uma ao cominatria e no
possessria. Atravs da ao o autor pretende fixar uma multa para que o seu vizinho evite uma
obra que possa resultar em dano. Exemplo: meu vizinho est realizando uma construo que
pode me causar prejuzo. Entro e peo ao juiz uma ao de dano infecto. O que essa ao busca
cominar uma sano para evitar um dano. Logo no ao possessria. EXEMPLO DE
TUTELA INIBITORIA. Ocorrendo o dano o autor tem direito a multa com as perdas e danos.
NUNCIAO DE OBRA NOVA: tambm no ao possessria. Procedimento contencioso
para proteger direitos de vizinhana, de condmino e regras pblicas sobre direito de construo.
Condminos, proprietrio, possuidor e poder pblico - (legitimidade). Ex. pessoa constri sem
alvar da prefeitura. Ex. meu vizinho vai construir ultrapassando o limite de janela de 1,5m.
Devo ajuizar ao de nunciao de obra nova para impedir a construo. E se j estiver
pronta a obra? No mais caso de nunciao de obra nova e sim de ao demolitria.
Nunciao de obra nova no serve para proteger posse e sim direito de vizinhana .
Jurisprudncia pugna pela fungibilidade entre nunciao de obra nova com ao
demolitria.
Autotutela da nunciao de obra nova - jato de pedra - pessoa notifica de irregularidade em
obra.
EMBARGOS DE TERCEIRO (artigo 1.046 do CPC): tambm no so aes possessrias,
procedimento de jurisdio contenciosa, cujo objetivo desconstituir uma penhora (constrio
judicial) indevidamente decretada pelo juiz, sobre bem de pessoa no legitimada passivamente
para a execuo. O objetivo atacar uma constrio judicial e no defender a posse. Por isso,
no se trata de ao possessria.
Ex. penhora de bem de cnjuge, o marido se tem direito a meao deve embargar de terceiro
para garantir a meao. Podem ser manejados pelo proprietrio e pelo possuidor.
- Mas todas essas aes podem ser manejadas pelo possuidor. O possuidor s no pode se valer
da ao de imisso da posse, porque essa ao para quem ainda no tem posse. Mas nem por
isso elas se tratam de aes possessrias.
ATENAO - Sob o ponto de vista procedimental, muito importante definir se a ao
possessria de fora nova ou de fora velha.
- As aes possessrias se apresentam com diferentes procedimentos:

a) ao possessria de fora nova: se o esbulho ou turbao tem menos de ano e


dia.
b) ao possessria de fora velha: se o esbulho ou turbao passou de ano e dia.
Obs. interdito proibitrio ser sempre de fora nova - a ameaa sempre atual. O critrio para
saber se de fora nova ou velha data do esbulho ou turbao.
- Fora nova e fora velha no se confundem com posse nova e posse velha. Posse nova e
posse velha a data da posse. Isso importante para a caracterizao da posse como posse justa
e injusta. Ao de fora nova e ao de fora velha a data do esbulho ou turbao.
- O conceito de fora nova e fora velha relativo data do esbulho ou turbao
somente servem para as aes de reintegrao e manuteno de posse. Pois a ameaa
haver de ser sempre atual - interdito proibitrio.
ATENAO - A ao de fora nova a cognio mais estreita e o procedimento ser especial,
juzo possessrio; se de fora velha ser caso de juzo petitrio de cognio mais ampla,
procedimento comum ordinrio.
- Se a ao possessria de fora nova o procedimento especial. Se de fora velha o
procedimento comum ordinrio. Ou seja, a ao de fora nova estar baseada em um juzo
meramente possessrio, cognio estrita. Mas se o procedimento comum ordinrio, no se
discute apenas a posse, chamado de juzo petitrio.
- Em se tratando de juzo possessrio, admite-se a concesso de liminar. Mas se tratar de
juzo petitrio, no se admite a concesso de liminar. A maioria esmagadora dos autores
entendem que cabe tutela antecipada no juzo petitrio.
- O pargrafo nico do artigo 928 do Cdigo de Processo Civil probe a concesso de liminar
contra o poder pblico sem a sua prvia audio.
- Artigo 928, pargrafo do CPC: Contra as pessoas jurdicas de direito pblico no ser
deferida a manuteno ou a reintegrao liminar sem prvia audincia dos respectivos
representantes judiciais.
Procedimento comum ordinrio: (5 fases)
Fase postulatria
Fase conciliatria
Fase saneadora
Fase instrutria
Fase decisria
Obs. (Fase recursal seria prolongamento da decisria)
ATENAO - para o procedimento especial, h supresso da fase conciliatria e a possibilidade
de concesso de liminar - antecipao da fase decisria. CPC depois da concesso ou no da
liminar o procedimento se ordinariza.
Requisito para a liminar: art. 927 CPC
a) prova de que o autor tinha a posse antes do esbulho ou turbao

b) prova de que houve o esbulho ou turbao


c) prova do prazo do esbulho ou turbao
No havendo prova documental o juiz ainda no pode indeferir a liminar, designar
audincia de justificao previa permitindo ao autor produzir prova oral - audincia. Muito
embora no v produzir provas o ru ser citado, se quiser pode contraditar testemunhas.
Obs. no se pode conceder liminar contra o poder pblico sem a sua prvia oitiva.
Luiz Edson Fachin - exige alm desses requisitos que o autor esteja cumprindo a funo social.
Caractersticas especiais das aes possessrias de juzo especial:
a) Natureza dplice artigo 922 do CPC: lcito ao ru, na contestao, alegando que foi o
ofendido em sua posse, demandar a proteo possessria e a indenizao pelos prejuzos
resultantes da turbao ou do esbulho cometido pelo autor.
Ter natureza dplice implica que o ru, na ao possessria pode na prpria contestao
formular pedido contra autor. Independe de reconveno. o que se chama de procedimento
dplice. No caput h previso de pedido contraposto - o ru pode demandar o autor,
requerendo proteo e indenizao eventual.
b) Cumulabilidade de pedidos artigo 921 do CPC: lcito ao autor cumular ao pedido
possessrio o de: I - condenao em perdas e danos; II - cominao de pena para caso de nova
turbao ou esbulho; III - desfazimento de construo ou plantao feita em detrimento de sua
posse.
A cumulabilidade de pedidos vem prevista expressamente no CPC que permite ao autor
possessrio cumular ao pedido de proteo possessria trs outros pedidos:
1) perdas e danos:
2) desfazimento de construo ou plantao:
3) cominao de sano para o caso de novo esbulho ou turbao:
- Mas se o autor pretende cumular outro pedido, ele poder faz-lo? Se esse procedimento
especial s ser possvel a cumulao nos casos previstos no artigo 921 do CPC. A cumulao de
qualquer outro pedido implica em mudana de procedimento. O artigo 292 do CPC fala que um
dos requisitos para a cumulao de pedidos a compatibilidade procedimental. No havendo
compatibilidade de procedimentos no se admite a cumulao de pedidos.
Obs. o artigo 921 do CPC permite ao autor na petio inicial cumular o pedido de proteo
possessria a trs outros pedidos. O artigo 922 permite ao ru formular contra o autor, na
contestao, pedir proteo possessria e indenizao pelos prejuzos. Mas poderia o ru
formular contra o autor os pedidos previstos no artigo 921 do CPC? Desfazimento de
construo ou plantao e multa esto previstos no objeto cognitivo das aes possessrias.
Ento, o ru pode formular esses dois pedidos que no foram expressamente referidos no artigo
922 do CPC? Sim, por meio de reconveno. O que ele no pode fazer na contestao, porque
o 922 s permitiu na contestao esses dois pedidos, mas como o objetivo cognitivo permite
essas duas matrias o pedido pode ser feito por meio de reconveno.
c) Proibio de alegao de propriedade ou exceptio proprietatis artigo 1.210, 2 do
Cdigo Civil e 923 do CPC: afirmam que em ao possessria irrelevante a alegao de

propriedade. Significa que em ao possessria o juiz julgar em favor de quem for possuidor,
pouco interessando quem seja o proprietrio.
- proibido discutir propriedade na pendncia possessria. No cdigo velho propriedade valia
mais do que posse, com a valorizao da posse, com a funo social da posse, agora para que a
funo social seja cumprida da melhor forma, analisa-se apenas quem o melhor possuidor.
- O Enunciado 79 da Jornada de Direito Civil, acolhendo a posio majoritria da doutrina,
confirma que em sede possessria no se discute propriedade nunca. O Enunciado 79 promove
uma dispora absoluta entre posse e propriedade nas aes possessrias . Com isso esvaziase a smula 487 do STF. Essa smula dizia que quando ambas as posses de uma ao possessria
estiverem fundadas na propriedade, o juiz julgar com base em quem for o melhor proprietrio.
Alguns processualistas (Fredie e Misael Montenegro), sustentam que essa smula se manteria em
vigor em respeito economia processual, porque se autor e ru de uma ao possessria esto
discutindo com base na propriedade, se o juiz julgar com base no melhor possuidor depois vir
uma ao reivindicatria para discutir propriedade, ento por economia deveria julgar logo
discutindo tambm a propriedade. Mas o certo que se afasta por completo a discusso sobre
propriedade.
Obs. quando se tratar de ao possessria de fora velha pode se discutir propriedade porque a
cognio ampla.
d) Interveno do Ministrio Pblico: regra geral no intervm por ser interesse patrimonial
disponvel, na forma do artigo 82, III do CPC, o MP intervir como fiscal da lei nas aes
possessrias que digam respeito a conflito coletivo pela posse de terra rural. Exemplo: sem-terra.
Fora dessa hiptese, o MP de ordinrio s intervir nas aes possessrias se houver outro
motivo determinante. Exemplo: presena de incapaz ou presena de fundao. Conflito coletivo
pela posse de terra rural no diz respeito necessariamente a um litisconsrcio multitudinrio - ex.
conflito de MST.
e) Competncia para processar e julgar as aes possessrias: em se tratando de bem imvel
a competncia fixada pelo artigo 95 do CPC, foro da situao da coisa. Esta regra regra de
competncia absoluta, contudo, em se tratando de bem mvel, a competncia ser fixada pelo
artigo 94 do CPC, ou seja, pelo domiclio do ru. Nesse caso a competncia relativa, incidindo
a smula 33 do STJ e o juiz no pode conhec-la de ofcio.
Imvel - comp. absoluta - local do imvel
Mvel - comp. relativa - domiclio do ru
Obs. Casos em que a competncia territorial chamada de funcional - Art. 148 ECA, art. 95
CPC (foro da situao da coisa embora territorial foi chamada funcional) LACP art. 2.
Smula 33 do STJ: A incompetncia relativa no pode ser declarada de ofcio.
PROPRIEDADE
1. Conceito e extenso da propriedade:

Artigo 1228 do CC: O proprietrio tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o
direito de reav-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
- A propriedade um feixe de poderes sobre a coisa porque a propriedade uma relao jurdica
complexa. So diferentes poderes sobre a coisa - Esses 04 poderes formam o direito de
propriedade:
a) uso
b) gozo/fruio
c) livre disposio
d) reivindicao (direito de sequela)
- O direito de propriedade exige alm desses 04 poderes outros detalhes. O proprietrio tem o
poder de reivindicao, o que o domnio no teria.
- Quem tem os 04 poderes + o ttulo tem propriedade.
- Quem tem os 04 poderes, mas no tem ttulo tem o domnio. E quem tem s um desses poderes,
tem o uso ou gozo, ou seja, tem posse.
- A propriedade tem oponibilidade erga omnes e o direito de propriedade exercido perante
pessoas, perante a coletividade, por conta da oponibilidade erga omnes.
- O domnio o exerccio dos 04 poderes por quem no tem ttulo. Se exercido os poderes por
quem no tem ttulo, o domnio no exercido perante pessoas e sim sobre a coisa. O domnio
uma relao material de submisso direta da coisa. Quem tem propriedade tem domnio, mas a
recproca no verdadeira. Exemplo: pessoa que j preencheu todos os requisitos para o
usucapio, mas ainda no obteve sentena.
- Se quero defender propriedade o caminho ao reivindicatria.
- Se quero defender o domnio ao publiciana.
- Se quero defender a posse so as aes possessrias.
Quem sofre parcelamento so os direitos do domnio, o direito de propriedade se mantm
integral - proprietrio permanece com o titulo. Mais amplo direito subjetivo.
- A sentena de procedncia de uma publiciana permitiria o registro em cartrio do ttulo?
No, nunca, porque ao publiciana para defesa de domnio e o conceito de domnio no se
coaduna com ttulo. Para defender ttulo precisa de ao reivindicatria. A ao publiciana
meramente declaratria de domnio. Por ao publiciana no permite o registro.
- Usucapio ao declaratria de domnio e constitutiva de ttulo. Diferente da publiciana, que
s declara o domnio.
Extenso do direito de propriedade - Artigo 1.229 do Cdigo Civil apresenta a extenso do
direito de propriedade. A propriedade do solo abrange subsolo e espao areo. O proprietrio, no
entanto no pode se objetar contra atividades que no lhe desperte interesse.
Espao areo e subsolo pertencem ao proprietrio do solo, mas ele no pode se objetar a
atividades que no violem seus legtimos interesses. Ex. passar avio, passar metr.
O que pertence unio so as riquezas minerais e no o subsolo. Mas o titular pode usar
esses materiais para uso prprio ex. construo.

Artigo 1.229 do Cdigo Civil: A propriedade do solo abrange a do espao areo e subsolo
correspondentes, em altura e profundidade teis ao seu exerccio, no podendo o proprietrio
opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que
no tenha ele interesse legtimo de impedi-las.
Artigo 1230 do Cdigo Civil: A propriedade do solo no abrange as jazidas, minas e demais
recursos minerais, os potenciais de energia hidrulica, os monumentos arqueolgicos e outros
bens referidos por leis especiais. Pargrafo nico: O proprietrio do solo tem o direito de
explorar os recurso minerais de emprego imediato na construo civil, desde que no
submetidos a transformao industrial, obedecido o disposto em lei especial.
A propriedade das riquezas minerais no subsolo pertencem Unio (artigo 176 da CF). Exceo:
pargrafo nico do artigo 1230 do Cdigo Civil. O prprio titular pode se valer das riquezas do
subsolo na construo civil, desde que no transforme e nem industrialize.
3. A descoberta:
- Artigo 1.233 do Cdigo Civil: Quem quer que ache coisa alheia perdida h de restitu-la ao
dono ou legtimo possuidor.
- Juridicamente descoberta tem sentido especfico, bem distinto do seu significado comum.
- Descoberta encontrar coisa alheia mvel perdida . - A natureza jurdica da descoberta de atofato jurdico. Os efeitos da descoberta decorrem independentemente da vontade das partes.
Reviso ato-fato jurdico:
um acontecimento oriundo do comportamento humano e que produz efeitos jurdicos
independentemente da vontade humana. Exemplos: aquisio de posse prevista no artigo
1.196 do Cdigo Civil; pequenas transaes realizadas por incapazes sorveteiro que
vende sorvete para criana.
- Independentemente da vontade, a descoberta produzir efeitos. Se o descobridor queria ou no
irrelevante, porque os efeitos independem da vontade.
2.1. Efeitos jurdicos que decorrem da descoberta:
a) Obrigao de fazer consistente em restituir a coisa: a coisa deve ser restituda para o
seu proprietrio ou para a autoridade competente, que o delegado de polcia. Devolvida
a coisa autoridade competente, sero publicados editais para que o ausente possa
recuperar a sua titularidade. Em se tratando de coisa de valor reduzido, dispensam-se os
editais.
- Se mesmo com os editais, o proprietrio no aparece, a coisa ser vendida em hasta
pblica, revertido o dinheiro em favor do poder pblico municipal. O prazo mnimo dos
editais de 60 dias.
b) Direito recompensa, alm do ressarcimento das despesas: essa recompensa
chamada de achdego. O achdego ser fixado pelo juiz em valor no inferior a 5% sobre
o bem. O direito ao achdego no prejudica o ressarcimento das despesas. Exemplo:

encontrei um cachorro, mas tive que lev-lo ao veterinrio, o valor que gastei com o
veterinrio no descontado do achdego, pago a parte.
- A descoberta no produzir nenhum dos dois efeitos acima, se o descobridor assumiu a
obrigao de fazer por fora de um negcio jurdico. Exemplo: se eu pagar uma pessoa para
achar meu cachorro ela no ter direito ao achdego, porque a autonomia privada afasta os
efeitos da descoberta.
- No efeito jurdico da descoberta a aquisio de propriedade. Descoberta gera direito
recompensa. No se aplica ao direito civil o ditado: achado no roubado porque mesmo
achado deve ser restitudo. Se ordinariamente a descoberta no gera aquisio de propriedade,
existem duas excees dois casos nos quais excepcionalmente haver aquisio pelo
descobridor:
1) Quando o proprietrio renunciar em seu favor para no pagar a recompensa
2) Quando o poder pblico no tiver interesse na coisa
- Nestes dois casos, excepcionalmente o descobridor adquire a propriedade.
Obs. no confundir descoberta com ocupao (artigo 1.263 do Cdigo Civil) e
arrecadao de coisas vagas (artigo 1.175 do CPC). Ocupao modo originrio de
aquisio de propriedade e a descoberta no gera aquisio de propriedade. Descoberta =
encontrar coisa mvel alheia perdida. Ocupao = encontrar coisa mvel sem dono.
Descoberta gera direito de recompensa, ocupao gera aquisio de propriedade.
Exemplo de ocupao: caa e pesca. No entanto, uma e outra so ato-fato jurdicos.
Obs. Arrecadao de coisas vagas (artigo 1.175 do CPC): procedimento de jurisdio
voluntria disponibilizada em favor de estabelecimentos comerciais nos quais foram deixados
objetos (exemplo: hotel, oficina, lavanderia). Se ultrapassado o prazo de 01 ms em que o
proprietrio deveria reclamar a coisa, o bem pode ser levado excusso. Portanto nula a
clusula contratual que diz que o estabelecimento pode ficar com a coisa para si. Ficar com a
coisa para si ato ilcito, abuso do direito.
. Funo social da propriedade:
- Artigo 5, XXII e XXIII e art. 170 da CF e artigo 1.228, 1 do Cdigo Civil.
(Norberto Bobbio - Da estrutura funo - o direito no deve ser visto do ngulo da estrutura
porque sob o ngulo da estrutura se estuda o que e o direito, e deveria para que serve o direito).
Miguel Reale - O direito civil est ancorado em 03 diretrizes ou paradigmas do Cdigo Civil de
2002. As trs diretrizes so:
a) Eticidade:
b) Operabilidade/concretude:
c) Socialidade:
Eros Grau - a funo social da propriedade e a dignidade so referenciais da ordem econmica ordem econmica deve prover coexistncia digna. Eros Grau a funo social da propriedade
seria a vitria da Grcia sobre a Roma - viso menos totalitarista e absolutista que em Roma.
Funo social da propriedade se aproxima mais dos ideais gregos que romanos.

- Se uma das diretrizes do Cdigo Civil exatamente a sociabilidade, significa que o Cdigo tem
uma preocupao com o impacto do exerccio de direitos civis sobre a coletividade.
- Exemplos de funo social encontrados no Cdigo Civil:
1) Funo social do contrato artigo 421: terceiro lesante e terceiro lesado (smula 308 do
STJ)
2) Funo social da famlia artigo 1.513: terceiros no devem prejudicar o ncleo
familiar alheio
3) Funo social da clusula penal artigo 413: o juiz pode reduzir equitativamente a
multa quando ela se mostrar abusiva ou quando a obrigao tiver sido parcialmente
cumprida.
4) Funo social da posse artigo 1.228, 4 e 5: desapropriao judicial
Referncias genricas da funo social:
a) O Cdigo Civil tem como um de seus paradigmas a socialidade.
b) Quem primeiro cuidou de funo social na literatura jurdica foi Norberto Bobbio no
livro Da estrutura funo. Norberto Bobbio disse que mais importante do que estudar o
que um instituto jurdico, saber para que serve o instituto jurdico. Essa explicao do
para que serve a sua funo social.
- Em se tratando de funo social da propriedade deve ser colocada a viso edlica do ministro
Eros Grau em seu livro, A ordem econmica na Constituio, que apresenta uma metfora para
explicar a funo social da propriedade: funo social da propriedade a revanche da Grcia
sobre Roma. Grcia e Roma guerrearam bastante. A Grcia era humanista, filosfica,
democrtica e Roma era expansionista e blica. Roma ganhou a guerra. Assim, o modelo de
propriedade que existia no Brasil era um modelo romanista ou grego? Era o modelo romano,
porque a propriedade sempre foi vista no Brasil como um direito subjetivo, absoluto e ilimitado.
Sendo assim, a propriedade sempre foi vista por uma tica patrimonialista, o bem meu e eu
fao com ele o que eu quiser. A vontade do proprietrio sempre vinculou a coisa. Com a funo
social da propriedade, passamos a seguir um modelo grego de propriedade, mais humanista, mais
filosfico. Porque agora o direito de propriedade se aproxima de ideais humanistas e filosficos.
- Funo social uma realidade finalstica e essa realidade finalstica tem como objeto a
promoo dos valores existenciais sobre os valores patrimoniais. o ter evoluindo para o
ser. O direito de propriedade est afetado para servir como mecanismo de acesso ao mnimo
existencial. Esta ideia de mecanismo de acesso a funo social da propriedade.
Obs. dentro da propriedade se vislumbra outras funes como a ambiental, ou humanitria
- o que funo social busca no e minimizar a propriedade, mas apenas dar uma finalidade
compatvel sociedade.
STF - funo social tem aplicao imediata independente de lei ou normatividade. Sum 668
do STF. TODA LEI MUNICIPAL ANTERIOR A EMENDA 29 QUE REGULAR IPTU
PROGRESSIVO E INCONSTITUCIONAL, SALVO SE DESTINADA A ASSEGURAR O
CUMPRIMENTO DA FUNAO SOCIAL DA PROPRIEDADE.
- Qual a ideia bsica de funo social? Mitigao do carter absoluto e ilimitado do direito de
propriedade e impe-se uma preocupao com o impacto social do exerccio do direito de
propriedade. Preocupa-se agora com os impactos do exerccio do direito de propriedade.

- REsp. 27.039/SP: nesse acrdo o STJ julgou uma situao relativa funo social. Tratava-se
de um caso envolvendo uma clnica particular em So Paulo, que recebeu um paciente que
queria ser atendido por um mdico que no estava credenciado clnica. A clnica impediu o
acesso do mdico dizendo que o estabelecimento era privado e que no poderia acompanhar o
paciente. O STJ disse que a funo social da propriedade relativiza o direito de propriedade e
impe ao titular restries no caso para suportar valores existenciais de terceiros. Com isso
garantiu o acesso do mdico do paciente clnica, respeitadas as normas tcnicas.
- A funo social da propriedade uma condicionante ao exerccio do direito de propriedade.
uma condicionante interna, endgena e no externa, como queriam alguns autores mais antigos,
como por exemplo, Venosa. De acordo com o inciso XXIII, artigo 5 da CF a funo social
uma condicionante interna, porque agora, a propriedade que no cumpre a funo social no
merece proteo, a funo social relativiza a proteo da propriedade na medida em que ela pode
deixar de merecer proteo.
- A funo social implica em verdadeira obrigacionalizao do direito de propriedade. Porque o
proprietrio passa a ter situaes jurdicas passivas.
- O direito de propriedade se torna complexo porque o proprietrio alm de direitos tambm tem
deveres, dentre eles o de se preocupar com o impacto da socialidade. Alem de ser um direito
sobre certa coisa um direito oponvel erga omnes.
- O STF desde o advento da smula 668, vem afirmando que funo social da propriedade tem
aplicao direta, imediata, independentemente de lei. Essa smula trata das leis municipais que
instituram alquotas progressivas de IPTU. O STF entendeu que antes da EC 29 (autorizou a
cobrana de IPTU progressivo), todas as leis municipais que haviam institudo IPTU
progressivo, foram reputadas inconstitucionais, salvo se fundada no descumprimento da funo
social.
- Todas as obrigaes do proprietrio dependero do caso concreto. Portanto, a funo social da
propriedade traz consigo diferentes funes:
a) funo econmica,
b) funo ambiental,
c) funo humana e etc.
A FUNAO SOCIAL DA PROPRIEDADE E CONDICIONANTE INTERNA, INERENTE AO
DIREITO DE PROPRIEDADE - A PROPRIEDADE QUE CUMPRE FUNAO SOCIAL
MERECE PROTEAO E A QUE NO CUMPRE PODE VIR A PERDER A PROTEAO.
- As propriedades rurais no Brasil sofrem limitao quanto reserva legal ambiental. A reserva
legal cumprimento da funo social da propriedade pela funo ambiental.
- A funo social no vai combater a ideia de livre iniciativa afirmada pelo artigo 170 da CF. A
funo social socialidade e no socializao.
- A funo social da propriedade exigvel de toda e qualquer propriedade. Exemplos:
1) Funo social da propriedade urbana: parcelamento, edificao e utilizao
compulsria do solo (estes institutos esto previstos no Estatuto das Cidades);
2) Funo social da propriedade rural: desapropriao para fins de reforma agrria;

3) Funo social da propriedade intelectual: direito autoral, quebra de patentes, registro


do nome de empresa. Eventos abertos, sem interesse econmico, no precisam pagar
direito autoral musical.
- Ordinariamente o nome de empresa ser direito de quem registrou primeiro. Mas a lei permite
que o juiz conceda o direito de uso do nome, no a quem registrou primeiro, mas quem primeiro
a exteriorizou, como manifestao da funo social. O STF entende que se um show
promovido gratuitamente no precisa arrecadar o Ecade.
4) Funo social da empresa: enunciado 53 da Jornada de Direito Civil. A funo social da
empresa empresariedade responsvel. Exemplo: meia entrada de estudante, Lei
10.048/00 e Lei 10.048/00 (tratam da acessibilidade nas empresas).
Obs. o 2 do artigo 1.228 do Cdigo Civil consagra a chamada Teoria dos atos emulativos,
que o excesso no exerccio do direito de propriedade. De acordo com essa teoria, fica claro que
ela est baseada no elemento subjetivo dolo = inteno de prejudicar. Contudo, ato emulativo
uma variao do abuso do direito do artigo 187 do Cdigo Civil. Mas a teoria do abuso de
direito do artigo 187 est baseada no elemento objetivo. O Enunciado 49 da Jornada de Direito
Civil prope que a teoria dos atos emulativos seja compreendida como a teoria do abuso de
direito, afastando o elemento subjetivo. Ou seja, aplica-se o artigo 187 na interpretao do artigo
1.228, 2. Se cair na prova deve marcar que ato emulativo est baseado no elemento subjetivo,
que o que est disposto na lei. Esse conflito gera efeitos na responsabilidade civil. Porque se
acolher o Enunciado 49, o ato emulativo vai gerar responsabilidade objetiva.
- Artigo 49 do Enunciado da Jornada de Direito Civil: Art. 1.228, 2: a regra do art. 1.228,
2, do novo Cdigo Civil interpreta-se restritivamente, em harmonia com o princpio da funo
social da propriedade e com o disposto no art. 187.
Obs. conceito - funo social das propriedades - toda e qualquer titularidade precisa cumprir a
funo social.
5. Tutela jurdica da propriedade:
- Os institutos jurdicos reclamam diferentes tipos de proteo. preciso diferenar a tutela
jurdica da posse, do domnio e da propriedade.
- Posse contato fsico, apreenso. A tutela da posse se d pelas aes possessrias. A
posse protegida por meio de aes possessrias. As aes possessrias trazem um
procedimento clere e abreviado, inclusive com a possibilidade de concesso de liminar. Exigese imediaticidade.
- O domnio ser defendido por meio de ao publiciana . Ordinariamente o titular vai optar
por defender o seu domnio por meio de ao possessria porque mais rpida e tem liminar e a
ao publiciana apenas declara o domnio. J na ao de usucapio o titular do domnio passa a
ter a propriedade. Na pendncia de uma ao de usucapio o titular do domnio privado da
posse a mais de ano e dia.
- Como a propriedade tem eficcia erga omnes, o ordenamento disponibiliza para ela a
ao reivindicatria. Ao reivindicatria a ao disponibilizada pelo ordenamento para a
tutela jurdica da propriedade. Essa ao no tem procedimento especial, possui apenas
procedimento comum ordinrio, e no tem a possibilidade de concesso de liminar, MAS TEM A

POSSIBILIDADE DE TUTELA ANTECIPADA COM A PREVISAO DO 273 DO CPC. A ao


reivindicatria baseava-se na prova da titularidade, que o registro pblico. O registro pblico
requisito especfico da ao reivindicatria. Em se tratando de reivindicao da propriedade os
efeitos sero erga omnes. Justifica-se, portanto, a exigncia. A competncia para processar e
julgar ao reivindicatria o foro da situao do imvel.
- Ao discriminatria: para defesa da propriedade pblica.
6. Propriedade resolvel:
Artigo 1.359 do Cdigo Civil: Resolvida a propriedade pelo implemento da condio ou pelo
advento do termo, entendem-se tambm resolvidos os direitos reais concedidos na sua
pendncia, e o proprietrio, em cujo favor se opera a resoluo, pode reivindicar a coisa do
poder de quem a possua ou detenha.
Artigo 1.360 do Cdigo Civil: Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o
possuidor, que a tiver adquirido por ttulo anterior sua resoluo, ser considerado
proprietrio perfeito, restando pessoa, em cujo benefcio houve a resoluo, ao contra
aquele cuja propriedade se resolveu para haver a prpria coisa ou o seu valor.
- Ordinariamente toda propriedade nasce para ser perptua. Toda propriedade marcada pela
perpetuidade. Dizer que ela perptua dizer que ela mais do que vitalcia. Ela nasce para se
manter mesmo depois da morte do titular. Com a morte do titular a propriedade ser transmitida
aos seus herdeiros.
- Contudo, existem hipteses nas quais a propriedade se extingue impedindo a perpetuidade,
excepcionado a perpetuidade, nesse caso a propriedade resolvel.
Propriedade resolvel: a propriedade com data para se extinguir, propriedade que se
extingue no tempo. No outra coisa seno, propriedade limitada no tempo. Se a regra geral a
perpetuidade, significa que a propriedade somente ser resolvel nos casos previstos em lei. E a
lei prev duas hipteses de resolubilidade:
a) Por causa originria (artigo 1.359): a propriedade resolvel ter causa originria quando
o motivo de sua extino vem expresso no prprio ttulo aquisitivo. Quando o prprio
ttulo aquisitivo j contempla a sua extino. Nenhum terceiro neste caso, poder alegar
boa-f. A propriedade nesta hiptese nasce resolvel.
b) Por causa superveniente/ad tempus (artigo 1.360): a propriedade que nasceu para
ser perptua, mas por fora de fato superveniente, tem alterada a sua condio. Nesse
caso no h previso do ttulo de resolubilidade. O ttulo no prev a resolubilidade e
assim, se o ttulo no prev a resolubilidade, possvel alegar interesse de terceiros de
boa-f? Sim, por um motivo simples, porque os terceiros neste caso estavam diante de
uma propriedade perptua, que posteriormente se tornou resolvel. Ex. doao que
posteriormente ocorre causa de revogao.
- Exemplo1: retrovenda: artigo 505 do Cdigo Civil uma clusula especial no contrato de
compra e venda permitindo ao vendedor comprar a coisa de volta pagando ao valor, tanto por
tanto. Trata-se de um direito potestativo que deve ser exercido no prazo mximo de 03 anos.

- Exemplo2: propriedade fiduciria em garantia: pego um dinheiro no banco para comprar um


veculo e como garantia coloco o carro no nome do banco. O banco vai ser proprietrio e
possuidor indireto. Quando eu quito a obrigao a propriedade do banco extingue-se. A
propriedade fiduciria j nasce resolvel.
- Exemplo3: artigo 557 do Cdigo Civil: revogao da doao por ingratido. Nasceu
perpetua, mas por causa de um fato superveniente se tornou resolvel.
- Exemplo: Fideicomisso previso de indicao de substituto no caso de prole eventual indicada
em testamento - art. 1952 prazo de 2 anos contados da abertura da sucesso para conceber. A
propriedade resolvel, pois o substituto recebe para transmitir quando do nascimento com vida.
Efeitos da propriedade resolvel - resolubilidade originria -extinta a propriedade
extinguem-se automaticamente todos os direitos constitudos em sua pendncia. No h
proteo a terceiro, pois a resolubilidade consta do ttulo.
Resolubilidade for superveniente, extinta a propriedade no se extinguem os direitos
constitudos em sua pendncia garantindo interesses de terceiros de boa-f.
- O terceiro de boa-f que celebrou negcios na propriedade resolvel superveniente estar
protegido e o proprietrio ter direito regressivo contra o ex-proprietrio.
- Todos os direitos constitudos na pendncia de uma propriedade resolvel originria,
extinguem-se com ela.
- Em se tratando de propriedade resolvel superveniente, os direitos constitudos em sua
pendncia no podem ser atingidos, para no prejudicar terceiros de boa-f, devendo o titular
exercer direito de regresso.
7. Propriedade aparente:
- a aplicao da teoria da aparncia no direito de propriedade. Assim, propriedade aparente a
juridicizao de uma situao ftica que desperta interesse de terceiros.
- No raro terceiros de boa-f celebram negcios com terceiros que se apresentam como se
fossem proprietrios legtimos de determinada coisa. E no se pode negar, que a confiana que se
despertou desses terceiros merece proteo jurdica. E nessa hiptese que se incide a teoria da
aparncia. Quem merece proteo o terceiro de boa-f que celebrou negcios com o
proprietrio. Exemplo: artigo 1.827 do Cdigo Civil herdeiro aparente.
8. Aquisio de propriedade:
-Se apresenta com duas possibilidades de aquisio de propriedade:
a) Modo originrio: ocorre quando no houver translatividade (transferncia jurdica),
quando no houver relao jurdica de transferncia entre o anterior e o novo
proprietrio. Se no h translatividade o modo originrio. Se o modo originrio, o
bem adquirido de forma livre e desembaraada, porque no h transferncia.

b) Modo derivado: existe translatividade, existe relao jurdica de transferncia. Existe


um negcio jurdico base, uma relao jurdica sustentando a transferncia como um
natural desdobramento do ditado que diz que ningum pode dar o que no tem, a
propriedade adquirida com todos os gravames que pesem sobre ela, com tudo que
eventualmente vici-la. Exemplo: direito real de garantia se h direito real de garantia
sobre a propriedade e ela adquirida de modo derivado, o direito de garantia se mantm.
7.1. Modo derivado:
Registro em cartrio decorrente de ato inter vivos ou causa mortis.
Registro em cartrio como modo aquisitivo de propriedade: necessrio para aquisio de
propriedade por modo derivado. E esse registro necessrio tanto para os atos inter vivos como
para os atos causa mortis. Em um e em outro caso, exige-se o registro (artigo 1.245 do CC)
como condio de aquisio da propriedade.
- No incomum encontrar na doutrina brasileira autores falando que o registro e o instrumento
reclamam escritura pblica. Mas isso no verdade, e a prova disso o artigo 108 do Cdigo
Civil que diz que quando o imvel no ultrapassar 30 salrios mnimos possvel celebrar um
contrato por instrumento particular. Portanto, terei um instrumento particular, mas a propriedade
somente ser adquirida pelo registro.
- Celebrar contrato uma coisa e registrar outra coisa bem diferente.
Obs. Alguns autores comeam a falar de funo social registral: se toda propriedade tem que
cumprir a funo social o registro tambm precisa cumprir sua funo social registral. No Brasil
a fora probante do registro pblico no absoluta e sim relativa. possvel contra prova de um
registro pblico. STF RE 175 739 - SP - responsabilidade civil do estado decorrente de ato do
oficial do cartrio.
Obs. Lei de registros pblicos prev possibilidade para declarar nulidade ou anular registro de
imveis. Reconhecendo presente os requisitos do usucapio o juiz pode reconhecer o usucapio
tabular - possibilidade que o interessado tem de evitar a nulidade de seu registro demonstrando
que preenche os requisitos necessrios para figurar titular no registro - princ. da celeridade e
economia. Pode alegar em qualquer ao que se discuta a validade do registro permite-se
alegao de usucapio tabular.
ATENAO - Registro Torrens: est previsto na Lei de Registros Pblicos e registro por
deciso judicial em um procedimento de competncia da vara de registros pblicos com
interveno do MP e oponibilidade erga omnes. exclusivo para imveis rurais. Trata-se de uma
exceo, porque decorre de deciso judicial e precisa de citao dos interessados, portanto tem
presuno absoluta. Este o nico caso no direito brasileiro de fora absoluta, todos os demais
casos so de fora probante relativa, a presuno ocorre dentro de lapso de tempo devendo ser
renovvel. Decorre de ato judicirio e no cartorrio.
possvel retificao de registros pblicos imobilirios, porque a fora probante relativa
(artigos 212 e 213 da Lei de Registros Pblicos). Hipteses de retificao:
a) retificao em cartrio: quando no houver interesse de terceiros
b) retificao em juzo registral: por procedimento de jurisdio voluntria quando houver
interesse de terceiros.
c) retificao em juzo cvel: por procedimento ordinrio, quando houver aumento de rea.

7.1. Modo originrio:


7.1.1 - ACESSES: so acrscimos da coisa, submetidos teoria da gravitao jurdica.
- acesses humanas ou artificiais: construes ou plantaes
- acesses naturais: avulso, aluvio, formao de ilhas e abandono de lveo.
a) Acesses humanas ou artificiais:
Construes e plantaes: seguem o proprietrio do solo. Ento se um terceiro realizou uma
construo e plantao em terreno alheio, de ordinrio ele perde, no mximo ser indenizado
para impedir enriquecimento sem causa. Se a construo ou plantao gerar prejuzo para o
proprietrio do solo, quem a realizou ser obrigado a desfazer e responde por perdas e danos.
Mas o Cdigo Civil trouxe uma exceo: inverso episdica da teoria da gravitao (artigo
1.255, pargrafo nico). Inverte-se episodicamente a teoria da gravitao quando estiverem
presentes dois requisitos: quando a construo ou plantao exceder manifestamente o valor
do terreno e quando houver boa-f do construtor ou plantador. Exemplo: em Aracaju um
homem morreu e deixou 05 filhos e um vasto patrimnio. Um dos bens era um terreno na frente
da praia, os irmos se juntaram resolveram construir um hotel. Anos depois surgiu um testamento
onde o falecido deixava justamente o terreno para um terceiro. O legatrio com o testamento
homologado judicialmente foi tomar posse do hotel e do terreno. Mas quem construiu estava de
boa-f, portanto os filhos adquiriram o terreno e indenizaram o valor do terreno sem a construo
do hotel.
b) Acesses naturais:
1) Avulso: desprendimento de terras gerado pela fora das guas. Esse desprendimento faz com
que a terra fique avulsa. Este pedao de terra se desprende de uma propriedade e vai para outra,
gerando aquisio de propriedade originria para outra propriedade ribeirinha. O Cdigo Civil
estabelece o prazo decadencial de 01 ano para que o proprietrio prejudicado reclame. E quando
o proprietrio reclamar, o proprietrio beneficiado escolhe se paga ou devolve o terreno, se for
possvel.
2) Aluvio: o desprendimento lento e paulatino de terras de uma propriedade ribeirinha para
outra. Exemplo: assoreamento. Nesta hiptese o proprietrio prejudicado no tem direito de
reclamar, porque ele pode evitar o fenmeno. O comportamento omissivo do proprietrio que
gerou o fenmeno, inrcia.
3) Formao de ilhas: ilhas so formadas por acumulo de terras em um rio. As ilhas formadas
em um rio no navegvel, pertencem aos proprietrios ribeirinhos na proporo de suas testadas.
As ilhas formadas mesmo nos rios navegveis so das populaes ribeirinhas, porque o que da
Unio so os rios navegveis.
4) lveo abandonado: lveo a superfcie do rio ordinariamente encoberta pelas guas, o leito
do rio. Por conta de fenmenos naturais o rio pode abandonar o lveo. A superfcie que
ordinariamente estava submersa agora se apresentou. Esta superfcie o lveo abandonado e
pertence ao proprietrio ribeirinho respectivo, inclusive se o lveo foi abandonado por rio
navegvel.

7.1.2 - USUCAPIO
Noes conceituais:
- Usucapio modo originrio de aquisio de propriedade.
- A sentena de usucapio ser declaratria de domnio e constitutiva de propriedade. A
maioria entende apenas declaratria.
No h relao jurdica entre o antigo e o novo proprietrio. Usucapio aquisio originria
pela posse prolongada no tempo. Dizer que o usucapio modo originrio aquisitivo traz
consigo uma consequncia, que dizer que a sentena de usucapio fundamentalmente
declaratria. A sentena apenas declara a aquisio de domnio pela posse prolongada no tempo.
Obs. Somente Silvio Rodrigues sustenta que se trata de sentena constitutiva.
- Pontes de Miranda no Tratado das Aes, disse que no existem provimentos jurisdicionais
rigorosamente puros. Nenhuma sentena somente declaratria, ou constitutiva ou condenatria.
Todo procedimento jurisdicional traz consigo diferentes cargas eficaciais. E se deve descobrir
qual a carga eficacial preponderante para que se classifique uma determinada ao. Art. 945 do
CPC sentena de usucapio somente ser registrada se pagar os tributos - imposto de propriedade
- reconhece a propriedade desde a data em que se aperfeioou o prazo - IPTU e ITR - sero
recolhidos tantos tributos quanto excedam o prazo exigido por lei - no limite de 5 anos prescrio fiscal.
- Na sentena de usucapio h uma carga declaratria de domnio. Mas ao lado dessa carga
declaratria de domnio h tambm uma carga constitutiva de propriedade. Ento, Silvio
Rodrigues tem um pouco de razo em sustentar que a sentena de usucapio tambm
constitutiva. Portanto, a sentena de usucapio declaratria de domnio e constitutiva de
propriedade, tendo como carga eficacial a carga declaratria.
- preciso que o usucapiente ainda esteja na posse no momento da propositura da ao?
No, porque a sentena fundamentalmente declaratria e em se tratando de sentena
declaratria ele no precisa estar na posse no momento da propositura da ao. Ele precisa
provar que esteve na posse durante todo o perodo exigido.
Smula 263 do STF: O possuidor deve ser citado pessoalmente para a ao de usucapio.
se o usucapiente no estiver na posse o atual possuidor deve ser citado.
Obs. outros direitos reais suscetveis de posse admitem usucapio - Servido, superfcie,
enfiteuse - direitos reais na coisa alheira. Ex. DIREITO DE USO DE BEM PUBLICO.
Ex. loteamento na frente do mar - homem passa 15 anos pelo caminho no meio do lote - o
proprietrio novo chega para construir e fecha a passagem - o interessado pode entrar com ao
de usucapio de servido de passagem.
Obs. CC art. 102 probe a usucapio da propriedade pblica, mas na enfiteuse de terra pblica o
que o usucapiente deseja adquirir no e a propriedade, mas direito real na coisa alheia, nesse
caso no se viola a proibio constitucional.

Objeto da usucapio - Aquisio de direitos reais - propriedade e outros passveis de posse


- a aquisio originria de domnio e propriedade.
- Alm de servir para a aquisio de propriedade o usucapio serve tambm para a aquisio de
outros direitos reais. Os direitos reais esto todos no artigo 1.225 do Cdigo Civil e esto
divididos em duas categorias:
1) Direitos reais na coisa prpria: propriedade
2) Direitos reais na coisa alheia: so os demais direitos
- O usucapio tem como objeto a aquisio de propriedade e a aquisio de direitos reais na coisa
alheia. Somente os direitos reais na coisa alheia so suscetveis de posse. Mas adquire todos os
direitos reais na coisa alheia? No, usucapio s atinge os direitos reais suscetveis de posse.
- Direitos reais no suscetveis de usucapio: hipoteca, alienao fiduciria e anticrese.
- Direitos reais na coisa alheia suscetveis de usucapio: enfiteuse, superfcie, servido predial.
- Admite-se usucapio de enfiteuse de terra pblica? possvel usucapio de bem pblico?
possvel o usucapio de enfiteuse e de direitos reais de coisa alheia de bens pblicos, por que:
1) o que se probe na lei a aquisio da propriedade pblica por usucapio e no de eventuais
direitos que pese sobre esta. Nesse caso, o que se est adquirindo no a propriedade e sim o
direito real na coisa alheia; 2) ao se adquirir direito real da coisa alheia de bem pblico, est se
reafirmando que a propriedade dele pertence ao poder pblico. O proprietrio o poder pblico e
o particular ter apenas direito real na coisa alheia; 3) o usucapiente apenas ter parcela dos
poderes do domnio e no a propriedade. Por todos esses argumentos que o STJ permite a
usucapio sobre bens pblicos. A propriedade pblica que jamais pode ser usucapida.
Usucapio e prescrio:
No corre prescrio contra o absolutamente capaz, contra o relativamente corre - art. 198
CC.
- O instituto da prescrio um instituto com dupla face, porque em se tratando de um fenmeno
ligado passagem do tempo, a prescrio produzir a um s tempo efeitos aquisitivos e
extintivos. No direito brasileiro a prescrio extintiva e aquisitiva. O lado extintivo chamado
de prescrio, enquanto o lado aquisitivo ganhou o nome de usucapio. Usucapio, portanto, a
face aquisitiva da prescrio. Quando se diz que determinada situao imprescritvel o
mesmo que dizer que ela inusucapvel, por exemplo, quando se diz que os bens pblicos so
imprescritveis o mesmo que dizer que eles no admitem usucapio.
Se o usucapio um tipo de prescrio o mesmo que dizer que se aplica ao usucapio todas as
regras da prescrio, na medida em que o usucapio a prescrio vista pelo ngulo aquisitivo.
Nas hipteses em que no h fluncia de prazo prescricional tambm no fluncia de prazo
para usucapio. Se no corre prescrio, tambm no corre usucapio. Exemplos: 1) nos artigos
197, 198 e 199 do Cdigo Civil fala que no corre prescrio contra o brasileiro que estiver no
estrangeiro servio pblico. No possvel usucapir o imvel de um brasileiro que esteja na
Frana a servio do pas. 2) No corre prescrio entre marido e mulher na constncia do
casamento (essa regra tambm se aplica na unio estvel Cristiano Chaves e Carlos Roberto
Gonalves), portanto, um marido ou companheiro no pode usucapir o imvel da companheira.

3) O Cdigo fala que no corre prescrio contra o absolutamente incapaz uma pessoa vinha
usucapindo um bem pelas regras do usucapio extraordinrio (15 anos). Exatamente no dia que
se perfez no 10 ano de posse, a pessoa em cujo nome o imvel estava registrado faleceu e
deixou um nico herdeiro que um menor com 10 anos de idade. Quanto tempo falta para que se
conclua o usucapio? Faltam 11 anos, porque no corre prescrio contra o absolutamente
incapaz, at que ele faa 16 no corre prescrio contra ele. Quando ele fizer 16 anos volta a
correr do 10 ano (05 anos que faltavam + 06 anos que o tempo que falta para que ele complete
16 anos).
Obs. se no corre prescrio no ocorre usucapio - ex. no corre prescrio na constncia do
casamento. Tambm no corre prescrio contra o brasileiro que estiver no estrangeiro.
Requisitos: (necessrios e acidentais)
a) Requisitos obrigatrios:
a.1) Idoneidade do bem usucapiendo:
- Falar que a coisa deve ser idnea falar que o bem deve admitir prescrio. Alguns bens so
insuscetveis de usucapio, como por exemplo, os bens pblicos e por isso so bens inidneos.
Alguns bens so inidneos para usucapio por fora de lei e outros pela sua natureza. Exemplo:
bem pblico (artigo 100 do CC) e coisas incorpreos (porque so insuscetveis de posse).
Exceo smula 193 do STJ: O direito de uso de linha telefnica pode ser adquirido por
usucapio. usucapio de bem incorpreo.
- O STJ se manifestou quanto idoneidade dos bens quanto usucapio em dois casos: bem
condominial e bem de famlia. Esses bens so suscetveis de usucapio? possvel usucapir um
bem de famlia, porque a clausula de bem de famlia torna a coisa apenas impenhorvel,
portanto, pode ser usucapida, mesmo que seja o bem de famlia convencional do Cdigo Civil
(artigo 1.711 do CC). Bem condominial pode ser usucapido por um terceiro. O condmino pode
usucapir sozinho o bem em prejuzo dos demais? O STJ disse que sim, desde que estabelea
posse com exclusividade, alijando os demais.
Polmica - bem de famlia - bens com clusulas restritivas - res furtiva (pode, pois a boa f no
requisito obrigatrio do usucapio - a posse deve se tornar mansa e pacifica) - coisa condominial
- por terceiro sim - pelo condmino quando afastar a posse dos demais.
- No se admite usucapio de terras devolutas (mas Cristiano Chaves e Silvio Rodrigues
sustentam que pode ser usucapidas porque o poder pblico tambm deve exercer a funo social
sobre a terra devoluta). Mas o STF disse que terras devolutas no podem ser usucapidas.
a. 2) Posse qualificada (mansa, pacfica e com animus domini):
- Posse mansa e pacfica a posse sem oposio.
- Desqualificaria a posse mansa e pacfica a simples propositura de uma ao possessria?
Se a ao for julgada improcedente no desqualifica a posse como mansa e pacfica, ou seja, a
posse permanece mansa e pacfica se o usucapiente conseguiu mant-la judicialmente. Nem toda
posse admite usucapio. Existe a posse ad interdicta e a posse usucapionem. A posse ad
interdicta no gera usucapio, ela penas autoriza a defesa possessria exemplo: posse
direta - locao, comodato.

- O direito brasileiro admite a figura da soma de posses. O usucapiente pode somar sua a posse
de seus antecessores. A soma de posses pode se dar por ato inter vivos ou causa mortis. Por ato
inter vivos ela se chama acessio possessionis e por ato causa mortis ela chamada de sucessio
possessionis. O artigo 784 do Cdigo Civil deixa claro que a regra da transmisso automtica da
herana abrange propriedade e posse. S no possvel transmitir a posse na usucapio especial,
porque no usucapio ele est morando ou tornando a terra produtiva, exige-se um ato direto (mas
por herana se pode transmitir, s no pode se transmitir por ato inter vivos).
a.3) Lapso temporal:
- 15 anos usucapio extraordinrio
- 10 anos usucapio ordinrio
- 05 anos usucapio especial (rural, urbano e urbano coletivo)
- 05 ou 03 anos usucapio de bens mveis (com boa-f = 03 anos e sem boa-f = 05 anos).
Obs. os pargrafos nicos dos artigos 1.238 e 1.242 do Cdigo Civil permitem a reduo do
prazo de usucapio em 05 anos quando o usucapiente estiver morando ou tiver tornando a terra
produtiva, ou seja, se ele estiver cumprindo a funo social da posse. O juiz pode reduzir de
ofcio, porque a norma de ordem pblica, no precisa de requerimento da parte. Quando se
tratar do usucapio ordinrio, alm de estar cumprindo a funo social exige-se que o justo ttulo
tenha sido constitudo por escritura pblica.
b) Requisitos facultativos:
1) Justo ttulo:
- o instrumento jurdico (pblico ou privado) que seria idneo para transferir a propriedade se
no fosse um vcio que pesa sobre ele. O justo ttulo pode ser constitudo tanto por instrumento
particular, quanto por escritura pblica. O certo que tem um vcio que impede a transferncia.
Exemplo: escritura pblica anulada pelo juiz pode ser um justo ttulo.
- A reduo do prazo do usucapio ordinrio s possvel que o justo ttulo tiver sido constitudo
por escritura pblica.
2) Boa-f: Trata-se da boa f subjetiva, que a boa-f de conhecimento.
Obs. A presena dos requisitos facultativos no necessria. Se eles no so necessrios a sua
presena implica em que? A consequncia apenas e to somente diminuio dos prazos
(diminui-se o prazo para usucapio).
ESPCIES
1) Extraordinrio (artigo 1.238 do CC): - o usucapio comum.
a) Prazo de 15 anos: pode ser reduzido para 10 anos quando o usucapiente estiver cumprindo a
funo social.
b) Exigncia apenas dos requisitos obrigatrios (bem prescritvel, lapso, posse qualificada)
Obs. se estabelecida moradia ou trabalhos o prazo ser reduzido de 15 a 10 anos.
2) Ordinrio (artigo 1.242 do CC):

a) Prazo de 10 anos: que pode ser reduzido para 05 anos se o usucapiente estiver cumprindo a
funo social e se o justo ttulo tiver sido constitudo por escritura pblica.
b) Exigncia dos requisitos obrigatrios e facultativos: (bem prescritvel, lapso, posse
qualificada, boa f e justo titulo)
Obs. a lei 6.015/73 Lei de Registros Pblicos no artigo 214, 5 criou o usucapio tabular,
que permite ao ru em uma ao de invalidade de registro alegar usucapio em seu favor. O
juiz julgar o pedido improcedente porque ele acolher a usucapio. A inteno disso tornar
desnecessria a propositura de uma nova ao. S possvel falar em usucapio tabular quando
se tratar de usucapio ordinria porque somente na usucapio ordinria se exige justo ttulo e
usucapio tabular utilizado em ao de invalidade de ttulo.
- Usucapio no pode ser conhecido de ofcio, apesar da usucapio ser prescrio.
- Alm do justo ttulo exige-se que o titulo tenha se consubstanciado em instrumento pblico.
3) Especial urbano (artigo 183 da CF): (pro misero)
a) prazo de 05 anos - requisitos obrigatrios
b) imvel no superior a 250m
c) finalidade de moradia
d) usucapiente no pode ser proprietrio de nenhum outro imvel rural ou urbano
e) s admissvel uma nica vez chamado de pr-moradia porque busca garantir o
direito social de moradia
f) no possvel a pessoas jurdicas
g) procedimento previsto no Estatuto das Cidades
4) Especial rural (artigo 191 da CF): (pro labore)- Caractersticas:
a) prazo de 05 anos
b) imvel no superior a 50 hectares
c) usucapiente no pode ser proprietrio de outro imvel rural ou urbano
d) possvel mais de uma aquisio
e) finalidade de moradia ou produtividade da terra
f) procedimento previsto na Lei 6.969/81
5) Especial urbano coletivo (artigos 10 a 12 do Estatuto das Cidades): Caractersticas:
a) prazo de 05 anos
b) posse coletiva para fins de moradia
c) populao de baixa renda
d) imvel superior a 250m em rea urbana
e) legitimidade para ao de cada um dos possuidores e da associao de moradores
como substituta processual
Obs. todas as categorias de usucapio podem ser alegadas como matria de defesa, pelo ru na
contestao smula 237 do STF: O usucapio pode ser argido em defesa. toda vez que o
juiz acolher a alegao de usucapio como matria de defesa, ele julgar o pedido improcedente.
O ru pode pegar a sentena e registrar? No, porque no houve publicao de editais para
precaver o interesse da coletividade. Essa sentena no pode produzir efeitos erga omnes precisa haver ao de usucapio com publicao de editais para produzir efeitos erga omnes.
DENTRO DA CONTESTAAO E POSSIVEL ALEGAR USUCAPIAO COMO MATERIA DE

DEFESA, contudo no valera como instrumento de registro por falta de ampla publicidade
prpria da ao de usucapio.
Ex. ao reivindicatria - e ru pode alegar usucapio - juiz pode julga a reivindicatria
improcedente por reconhecimento de usucapio.
Exceo: existem 02 casos em que a sentena que acolhe a usucapio como matria de defesa
poder ser levada a registro em cartrio, ou seja, produzir efeitos erga omnes: usucapio
especial rural e urbano. Nestas hipteses a sentena ser registrada, por fora de lei (Estatuto das
Cidades e Lei 6969/81).
6 - Usucapio especial urbano familiar ou conjugal (art. 1240-A CC)
- prazo de 2 anos
- requisitos obrigatrios
- imvel urbano de at 250 m
- usucapiente no seja proprietrio de outro imvel ou urbano
- que o imvel usucapiendo pertena meao do casal que tenha ocorrido.
Obs. o que acontece a aquisio de meao. Se o imvel era propriedade individual, no h
esta modalidade de usucapio, H APENAS QUANDO O IMOVEL FOR COMUM - passvel
de usucapio da meao do cnjuge - somente pode acontecer uma vez. Unio homoafetiva
tambm se enquadraria nesta hiptese.
Obs. Usucapio indgena art. 33, L. 6.001/73 - estatuto do ndio - integrado ou no
civilizao com posse superior a 10 anos rea no superior a 50 hectares.
ASPECTOS PROCESSUAIS:
No direito brasileiro o procedimento comum ordinrio pentafsico (possui 05 fases):
- Postulatria
- Conciliatria
- Saneatria
- Instrutria
- Decisria
A alterao de uma dessas fases torna o procedimento especial.
Peculiaridades do procedimento de usucapio:
1) Supresso da fase conciliatria para a fase dos editais. Autores mais antigos,
como Humberto Theodoro Jr. chegam a apelidar o usucapio como procedimento edital
por conta dessa fase dos editais. Nessa fase dos editais sero citados os litisconsortes
passivos necessrios para que a sentena possa produzir efeitos erga omnes.
Obs. No novo CPC a ao de usucapio ter procedimento comum.
ATENAO - Litisconsortes passivos necessrios na ao de usucapio: todos so citados
pessoalmente salvo a coletividade - por edital.

a) a pessoa em cujo nome o imvel est registrado (no pode chamar de


proprietrio porque a cada dia ele se torna menos proprietrio) e o seu cnjuge, se casado
(trata-se de ao real imobiliria);
b) os confinantes e os seus cnjuges: confinante relao de contiguidade o
vizinho imediato. Nem todo vizinho confinante, mas todo confinante vizinho.
c) o atual possuidor, se houver (smula 263 do STF) - o usucapiente no precisa
estar na posse, basta provar que teve pelo prazo exigido.
d) 3 Fazendas Pblicas (federal, estadual e municipal)
e) a coletividade, citada por edital: no haver curador especial porque curador
especial somente para ru certo, citado de forma incerta.
- O artigo 943 do CPC ainda exige a intimao do MP para funcionar como fiscal da lei.
- Os artigos 941 a 945 do CPC falam que o usucapio segue o procedimento especial. MP tem
participao como custus legis em razo da possibilidade de efeitos erga omnes - como defesa
MP participa apenas se usucapio especial urbano ou rural.
- O MP funciona como fiscal da lei nas aes em que o usucapio alegado como matria
de defesa? No, porque nesse caso a sentena no produzir efeitos erga omnes, exceto se esse
usucapio alegado como matria de defesa for especial rural ou urbano, onde o MP
obrigatoriamente ter que funcionar como fiscal da lei porque a sentena produz efeitos erga
omnes.
- Trata-se de litisconsrcio passivo necessrio simples
3) Superada a fase de editais o procedimento do usucapio seguir o procedimento comum
ordinrio, apenas exigindo-se para o registro da sentena, quitao fiscal (artigo 945 do CPC: A
sentena, que julga procedente a ao, ser transcrita, mediante mandado, no registro de
imveis, satisfeitas as obrigaes fiscais.). Esse artigo ao imposto sobre a propriedade, IPTU ou
ITR. Esse imposto deve ser pago a partir do momento em que se aperfeioou a aquisio. Ele
pagar o nmero de impostos correspondentes ao perodo que exceder a aquisio, no mximo
sempre sero 05 impostos a serem pagos.
Obs. MP no intervm em usucapio de bens mveis por no ter efeito erga omnes.
CONDOMINIO
Noes gerais sobre condomnio:
- Condomnio copropriedade. o exerccio simultneo da propriedade por duas ou mais
pessoas. Todo condomnio parte de uma combinao de fatores: pluralidade de sujeitos e
unicidade de objetos. O objeto h de ser nico, indivisvel.
- Condomnio so duas ou mais pessoas exercendo o mesmo direito de propriedade sobre a
mesma coisa.
- A formao de condomnio no afeta o carter exclusivista da propriedade. Essa caracterstica
exclusivista da propriedade no resta afrontada pela formao de um condomnio porque um

mesmo direito de propriedade que exercido por todos. O carter exclusivista da propriedade se
mantm, malgrado exercido dos direitos sobre ela se d por duas ou mais pessoas.
Condomnio :
a Subjetivamente comunho: comunho de interesses
b Objetivamente indiviso: comunho de interesses do sujeito, comunho do objeto.
(Cada um tem seu quinho, mas exerce o direito sobre o todo)
- Os sujeitos comungam de um mesmo direito de propriedade e a coisa exercida de modo
indivisvel.
- Os sujeitos iro exercer o direito qualitativamente igual e quantitativamente diferente. So duas
ou mais pessoas exercendo o mesmo direito de propriedade sobre a mesma coisa e se assim,
claro que aquelas pessoas esto exercendo o mesmo direito, portanto, qualitativamente igual,
muito embora, quantitativamente diferentes porque cada um dos condminos (tambm chamados
de comunheiros) tem uma frao ideal, uma quota parte distinta. Logo, seu direito
qualitativamente igual, mas quantitativamente diferente. Muito embora cada um exera o seu
direito sobre o todo (da qualitativamente igual), cada qual tem uma cota-parte distinta (da
quantitativamente diferente).
- Condminos tambm so chamados de comunheiros.
- A prpria expresso grega pomo da discrdia surge num condomnio. A deusa da discrdia,
ris, resolveu premiar com um pomo de ma a mais linda deusa grega. Atena, Hera e Afrodite
ficaram com o pomo, tendo que dividi-lo entre si. E era o pomo da discrdia porque as trs no
se ajustavam. Vejam, portanto, que elas formaram um condomnio sobre o pomo da ma e a
expresso pomo da discrdia vem da. Todo condomnio fonte de conflitos e por isso que,
de ordinrio, o cdigo parte da premissa de que o condomnio deve ser temporrio. O cdigo
quer extinguir o condomnio. A ideia do cdigo a temporariedade do condomnio. Claro que
essa regra da temporariedade no vai se aplicar ao condomnio edilcio. Mas fora disso, natural
que todo condomnio seja temporrio, transitrio, para evitar que esse conflito perdure
indefinidamente.
- Todo condomnio transitrio, temporrio, com exceo do condomnio edilcio.
Condomnio pode ser:
a Geral: comum ou tradicional disciplinado pelos artigos 1.314 a 1.358 do Cdigo Civil.
Duas ou mais pessoas exercendo direito sobre a mesma coisa. Exemplos: casamento,
herana (antes da partilha).
b Edilcio: horizontal ou por unidades autnomas. Est disciplinado pelos artigos 1.314 a
1.358 do Cdigo Civil e Lei 4.591/64 (Lei de Incorporaes e Condomnios), que uma
lei que foi revogada (derrogada) em parte pelo Cdigo Civil.
CONDOMNIO TRADICIONAL OU COMUM: O condomnio tradicional (ou comum)
decorre do exerccio simultneo do mesmo direito de propriedade por duas ou mais pessoas. So
vrias pessoas exercendo o mesmo direito de propriedade sobre a mesma coisa. Nada mais
do que copropriedade, tambm chamada de compropriedade.
- H dois exemplos extremamente fcies do nosso cotidiano de condomnio tradicional:

a
b

Casamento ou unio estvel: o mais comum e cotidiano dos exemplos de condomnio.


O regime de bens estabelece um condomnio entre os cnjuges, um condomnio sobre os
bens comuns, aos que esto submetidos meao.
Direito sucessrio: a herana tambm forma um condomnio entre os herdeiros. Todos
sero condminos dos bens da herana que sero transmitidos automaticamente por
saisine.

Direitos dos condminos condomnio geral:


a) Uso e fruio (gozo) do todo: retirada de utilidades. Cada condomnio tem
direito sobre o todo, independentemente da sua frao ideal. Frao ideal = quota parte
ou quinho. Vale dizer, mesmo que sua frao ideal seja de 5%, voc tem direito fruio
e uso sobre o todo, quanto quem detenha 80%.
- Se o condmino tem o direito de usar e retirar utilidades o condmino pode ser compelido a
prestar contas. Cada condmino, portanto, pode ser obrigado a prestar contas dos frutos que
eventualmente retirou, colheu. Se, de um lado ele tem direito a retirada de frutos, de outro lado,
pode ser compelido a prestar contas. elementar.
- Pode haver usucapio de bem condominial? Sim, o terceiro pode usucapir. Mas pode haver
usucapio de um bem condominial exercido por um dos condminos? Pode um condmino
usucapir o bem condominial como um todo? De regra, no porque o uso de um no impede e
nem embaraa o uso dos demais, a regra geral o descabimento de usucapio do bem
condominial por um dos condminos. a inadmissibilidade de usucapio do bem condominial
por um dos condomnios porque a posse de todos.
- Vem o STJ e diz assim: salvo se estabelecer posse com exclusividade. Se o condmino
estabelecer posse com exclusividade, a sim, excepcionalmente, o STJ admite usucapio do bem
condominial pelo condmino. De regra, no, porque, de regra, a posse de todos.
b) Promover a defesa do todo independentemente de sua quota parte:
(promover a defesa utilizar de aes possessrias, desforo incontinente e ao
reivindicatria). Cada condomnio pode se utilizar de aes possessrias, desforo
incontinente e ao reivindicatria contra terceiros (artigo 1.314 do Cdigo Civil). Mas
contra outros condomnios ele s pode se valer de ao possessria e desforo
incontinente. No pode se valer de ao reivindicatria porque o outro condmino
tambm proprietrio, da a impossibilidade de manejo de ao reivindicatria de um
condmino contra outro condmino.
- Esse direito de defesa e proteo do todo independe da frao de cada um.
Obs. um condmino no pode se valer de reivindicatria contra o outro, possessria pode.
c) Possibilidade de alienar ou onerar: o bem condominial, desde que tenha o
consentimento dos demais. Alienar dispor, gratuita ou onerosamente e onerar dar em
garantia.
- Cabe suprimento judicial do consentimento do condmino quando ele for imotivado. Essa
medida para evitar abuso do direito. O suprimento judicial procedimento de jurisdio
voluntria.

d) Direito de alienar ou onerar a sua frao ideal, independente do


consentimento dos demais: nesse caso aplica-se o artigo 504 do Cdigo Civil que
estabelece que se a alienao onerosa (compra e venda) de quota parte o alienante deve
dar direito de preferncia aos demais. Esse direito deve ser exercido tanto por tanto, ou
seja, nas mesmas condies. O cdigo no disse como se respeita o direito de preferncia,
mas aplicado o artigo 27 da Lei de Locaes, por analogia. Deve se concretizar por
meio de notificao (judicial ou extrajudicial) com prazo mnimo de 30 dias.
- E se mais de um condmino quiser a preferncia? Tem preferncia aquele que tiver o maior
nmero de benfeitorias (homenagem funo social). Se todos tiverem o mesmo nmero de
benfeitorias ou se no tiverem benfeitorias a preferncia ser daquele que tiver o maior quinho.
Se os quinhes forem idnticos, ser de quem depositar previamente o preo artigo 504 do
Cdigo Civil: Sendo muitos os condminos, preferir o que tiver benfeitorias de maior valor e,
na falta de benfeitorias, o de quinho maior. Se as partes forem iguais, havero a parte vendida
os comproprietrios, que a quiserem, depositando previamente o preo.
- E se o condmino alienou onerosamente sem dar preferncia? Ocorrer ineficcia relativa
por violao da boa-f quanto ao condmino preterido. O condmino preterido, em relao a ele,
o negcio ineficaz. Se o negcio no produz efeitos, o condmino preterido dispor do prazo
decadencial de 180 dias para promover ao de adjudicao compulsria. Nessa ao ele
deposita o valor, tanto por tanto ( o valor da venda mais as despesas do registro), e requer a
aquisio da propriedade. Nessa ao haver um litisconsrcio passivo necessrio e unitrio (a
deciso ser a mesma) entre alienante e adquirente.
- O direito de preferncia s existe nas alienaes onerosas. Se a alienao gratuita (doao)
no h preferncia.
Obs. A preferncia tambm no incide no condomnio edilcio. Se voc quiser vender sua
unidade autnoma no precisa dar preferncia ao seu vizinho.
e) Direito de voto: nas assembleias e deliberaes do condomnio trata-se de mais uma
homenagem funo social. O direito de voto depende de estar em dia com a taxa de
condomnio.
Deveres dos condminos tradicionais:
a) No alterar a finalidade da coisa: a finalidade do condomnio vinculada, se
residencial, no pode colocar como comercial. vedada a mudana de destinao. Esse
dever de no alterar a destinao no impede a prtica de atos conservatrios. Cada
condmino pode praticar atos conservatrios. S no pode alterar, modificar a destinao.
b) No dar posse ou fruio a terceiro sem o consentimento dos demais:
c) Dividir os frutos colhidos isoladamente (individualmente): o condomnio
pode eventualmente colher frutos sozinho, basta lembrar que cada condmino tem o uso
e a fruio. A coisa e comum, os frutos acessrios seguem o principal. Os frutos colhidos
pertencem a todos, por isso, cada condmino que colher o fruto isoladamente deve dividilos e se responsabilizar pela indenizao.
Ex. fazenda condomnio - condmino colheu frutos sozinhos, deve dividir com os
demais.

Passivo flutuante - quanto maior o lapso maior o dbito, valor no estabilizado.


- REsp. 622.472/RJ: o cnjuge ou companheiro que permanece sozinho na posse
de imvel comum deve indenizar o outro pela metade do aluguel, com base no artigo
1.318 do Cdigo Civil. Filho no tem direito partilha de bens, filho tem direito
herana quando um morrer.
- Poucos advogados atentam para o seguinte: para resolver o drama dessa mulher
(que ficou no imvel), para que no se crie um passivo flutuante para ela, a soluo , se
ela depende dele, o advogado requerer alimentos in natura. Parte dos alimentos podem
ser requeridos in natura. O juiz vai dar alimentos in natura sob forma de moradia. O juiz
fixa a penso alimentcia e fixa alimentos in natura como forma de moradia e a, nesse
caso, ela j no tem que devolver mais nada a ele porque ela agora est morando como
parcela da obrigao alimentcia. Se o advogado assim no requereu ele vai pagar os
alimentos sob pena de priso, sem dvida, mas depois vai requerer a fixao do aluguel e
a diviso dos frutos.
d) Diviso das despesas comuns: taxa condominial. O condomnio que no
quiser ratear as despesas pode renunciar a sua frao ideal (artigo 1.316 do Cdigo Civil).
- A obrigao de diviso de despesas comuns no solidria, proporcional ao quinho de cada
um (artigos 1.315 e 1.317 do Cdigo Civil), ou seja, no limite da quota do comunheiro essa
obrigao no solidria, porque a solidariedade no se presume (artigo 265 do Cdigo Civil).
- No pargrafo nico do art. 1.315, o Cdigo estabelece uma presuno de cotas iguais. Mas
uma presuno relativa de partes iguais, de propores iguais. O interessado que prove que o
quinho de um maior do que o do outro. Enquanto no houver prova, o cdigo parte da
presuno de que todos os condminos possuem cotas iguais. Evidente que se trata de presuno
relativa, mas o que o cdigo quis foi facilitar o rateio das despesas, dizendo que cada um
responde na proporo da sua cota, mas estou presumindo que todos possuem o mesmo quinho
e o interessado que faa prova contrria.
- O art. 1.316 permite a renncia cota como forma de se eximir do pagamento de despesa.
Havendo renncia, aquela frao ideal fica para quem pagou as despesas. Quem fizer isso,
adquire aquela cota, aquela frao. E se ningum pagou? Todos assumem proporcionalmente,
tanto a frao, quanto as despesas. O art. 1.316 traz uma inovao permitindo que o
condmino interessado, por diversos motivos, renuncie a sua cota, como forma de se eximir
do pagamento. Adquire aquela cota quem pagar a despesa. Se ningum pagou, todos
assumem proporcionalmente a cota e a despesa.
Administrao do condomnio: direito de exigir prestao de contas
- O condomnio administrado pelo sndico. O condomnio ente despersonalizado, no tem
personalidade jurdica, ao administrador cabe a representao judicial e extrajudicial do
condomnio. O administrador vai ser eleito pela maioria das fraes ideais. Quem tem uma
frao ideal maior, tem um maior poder de voto. Se der empate na escolha do administrador cabe
deciso judicial.
- O administrador no pode decidir sobre a finalidade do condomnio. Quem delibera a
finalidade, a destinao condominial a maioria das fraes ideais.

Administrador aparente ou tcito ou mandatrio tcito - se o adm. comporta como se ainda fosse
o condomnio responde e ter direito regressivo contra ele. Proteo do terceiro de boa-f.
Obs. Aplicao da teoria da aparncia no campo do condomnio: a teoria da aparncia incide
atravs do administrador tcito ou administrador aparente. O condomnio se responsabiliza pelos
atos praticados pelo administrador aparente/tcito perante terceiros de boa-f, mas evidente que
o terceiro de boa-f tambm tem direito regressivo contra ele. O administrador aparente assume
o papel de um verdadeiro mandatrio aparente, ele se apresenta aos olhos de todos como se fosse
um verdadeiro mandatrio. Contra o administrador sndico cabvel prestao de contas, que
possui procedimento dplice e pode ser convertida em eventual execuo.
Espcies de condomnio:
- O Cdigo Civil reconhece 02 categorias de condomnio:
a) Legal:
1) Forado: exemplo: mancos/cercas e arvores limtrofes. aquele que vincula a
relao jurdica. o exemplo das casinhas de interior. A mesma parede serve para as duas
casas. Um muro divide as duas propriedades. O cdigo diz que muro divisrio (parede,
vala, cerca, etc) forma presuno de condomnio. Trata-se de uma presuno relativa,
porque comporta prova em contrrio. Presuno de copropriedade de divisrias de
imveis.
2) Fortuito: exemplo: sucesso hereditria - condomnio at a partilha
b) Voluntrio: exemplo: regime de bens.
- Todo muro divisrio parte de uma presuno de condomnio porque o cdigo diz que,
presumidamente, todo muro divisrio condominial. Isso importante porque toda e qualquer
despesa ser dividida no que tange aos muros divisrios.
Mas e se um deles quer fazer gastos vultosos? Deciso judicial. As despesas que so divididas
so as ordinrias. Se se trata de gasto suntuoso, a precisa de autorizao judicial porque o que se
divide so as despesas ordinrias dos muros divisrios. Se eu constru o muro da minha casa para
dentro da linha divisria, acabou o condomnio. A presuno de condomnio relativa. E surge a
o chamado direito de extremar. Art. 1.328 fala disso. o direito de voc dizer que o muro s
seu porque construiu para dentro da sua propriedade e sendo assim, no h que se falar em
formao de condomnio.
- O cdigo fora a formao desse condomnio (condomnio legal forado). E formado com
presuno relativa, admitindo prova em contrrio. Se voc ergueu o muro em cima da linha
divisria condomnio. Se voc pagou sozinho, entre com ao para cobrar do seu vizinho. Se o
gasto for suntuoso ele no vai pagar porque o juiz vai fixar o valor ordinrio. Mas se for
ordinrio, ele vai ter que te ressarcir das metades das despesas do muro divisrio.
Extino do condomnio:
- A temporariedade nota caracterstica do condomnio. Se o condomnio legal ele se extingue
por fora de lei.

- Condomnio voluntrio: a extino pode se dar a qualquer tempo.


- Cada condmino tem direito a todo tempo requerer a diviso do condomnio. Ningum
obrigado a conviver com outra pessoa. Ento, a qualquer tempo, ele tem o direito de requerer a
ao de diviso, procedimento especial, jurisdio contenciosa.
ATENAO - Artigo 1.320 do Cdigo Civil: A todo tempo ser lcito ao condomnio exigir a
diviso da coisa comum, respondendo o quinho de cada um pela sua parte nas despesas da
diviso.
Prazo de indivisibilidade - um prazo mximo de 05 anos renovveis 01 vez. Esse prazo pode
ser estabelecido pelas partes (artigo 1.320, 1 do Cdigo Civil). Podendo extinguir o
condomnio apenas em caso de justa causa.
Obs. se o condomnio foi formado por herana ou doao, no admitida a prorrogao. O
pargrafo 3 permite com justa causa ao juiz dividir o condomnio durante o prazo de
indivisibilidade.
- Cada condomnio pode, a todo tempo, requerer atravs da ao divisria, a dissoluo do
condomnio. Mas pode, tambm, por outro lado, estabelecer a indivisibilidade pelo prazo
mximo de 5 anos. Detalhe: dentro desse prazo de indivisibilidade, somente permitido o
requerimento da diviso quando houver justa causa, justa motivao. Isso leva seguinte
concluso: fora do prazo de indiviso direito do condmino pleitear a diviso sem motivo, j
que s precisa indicar justa causa no perodo de indivisibilidade.
Ao de diviso seguir as regras da partilha de herana, sucessria (artigo 1.321 do Cdigo
Civil). Se o bem for indivisvel ser caso de alienao judicial.
- RESp. 791.147/SP: o condmino somente pode requerer a alienao quando no for caso de
diviso. Na alienao do bem os condomnios tem preferncia em relao aos terceiros, pelo
mesmo valor.
Obs. Se a coisa for indivisvel no ser caso de diviso, mas de alienao judicial.
- Se mais de um condmino quiser exercer o direito de preferncia segue a ordem: maior nmero
de benfeitorias > maior quinho > quem oferecer a melhor proposta.
- Questo PGE/SC: No condomnio geral:
a O condmino pode alienar ou onerar a terceiros a sua parte ideal verdadeiro.
b A qualquer tempo, ele pode exigir a diviso da coisa comum desde que embasado em
justa motivao - falso (justa motivao s no perodo de indivisibilidade).
c No condomnio edilcio existem partes de propriedade comum e exclusiva verdadeiro.
d No condomnio edilcio cada condomnio pode vender a sua unidade, desde que dando
direito de preferncia falso porque direito de preferncia s no condmino geral.
e No condomnio edilcio lcita ao condmino exigir a diviso e alienao falso. Isso
s para o condomnio comum.
- TJ/MG. Marcos, Paulo e Joo so proprietrios de um lote. Marcos se indisps aos demais, de
forma que decidiu doar sua cota a um amigo. Assinale a verdadeira.
a Marcos no pode doar falso.
b Pode doar, no assistindo aos demais condminos o direito de preferncia verdadeiro.

Marcos antes de doar deve promover a diviso do lote falso.

Condomnio de fato: Situaes diversas vo gerar, nos grandes centros urbanos, condomnios
de fato consistentes na rua que se fechou, a cancela em que se rateiam as despesas com limpeza e
segurana, por exemplo, aquele quarteiro que se contrata vigilncia comum. A o STJ diz o
seguinte: formado o condomnio de fato, cada uma das unidades deve contribuir na medida em
que obtm vantagem sob pena de enriquecimento sem causa . Formado um condomnio de fato,
cada unidade deve ratear as despesas na medida em que se beneficia para evitar enriquecimento
sem causa, proibido pelos arts. 884 e 885, do CC. Por isso, a regra geral de que a liberdade de
associao impede que se fale em condomnio de fato. No entanto, com base na proibio de
enriquecimento sem causa cabe sustentar a possibilidade de formao de condomnio de fato,
obrigando todo aquele que se beneficia a contribuir proporcionalmente com as despesas. Isso
posio do STJ. No est na lei e nem nunca estar essa situao relativa ao condomnio de fato.
CONDOMNIO EDILCIO
- O condomnio edilcio ou condomnio por unidades autnomas uma simbiose orgnica, um
mix entre propriedade coletiva e propriedade individual.
Elementos - unidades autnomas e partes comuns. Seja imvel residencial, comercial, vila de
casas etc.
- Aplicam-se as regras do condomnio edilcio no s ao condomnio residencial por andares, as
regras do condomnio edilcio sero aplicadas sempre que houver uma unidade formada entre
partes autnomas e partes comuns.
Obs. unidades autnomas e partes comuns, que no admitem separao e todas com acesso via
pblica. E tambm pluralidade de sujeitos. que, se a mesma pessoa adquirir todas as unidades
autnomas, cessa o condomnio. Cessar o condomnio, portanto, pela inexistncia de
pluralidade porque da natureza do condomnio essa pluralidade de sujeitos.
- REsp. 1902/RJ: enxerga a aplicao das regras de condomnio edilcio para toda e qualquer
unidade formada por partes autnomas e partes comuns. As regras do condomnio edilcio no
so aplicveis apenas aos condomnios residenciais e comerciais, mas tambm vilas de casas.
Nesse julgado o STJ mandou aplicar as regras do condomnio edilcio para as vilas de casas.
Sempre que houver uma simbiose, uma combinao de reas comuns com unidades autnomas
distintas, fala-se em condomnio.
Obs. no existe usucapio de rea comum de condomnio - mas admite-se a supressio uma
varivel do venire contra factum proprium.
Elementos componentes do condomnio edilcio:
a
b

Unidades autnomas: aplicam-se as regras da propriedade privada.


reas comuns: no pode ser usucapida artigo 3 da Lei 9.541/64. O STJ diz que nada
impede a ocorrncia de supressio REsp. 356.821/RJ e REsp. 214.680/SP e enunciado
247 da Jornada de Direito Civil. Exemplo: garagem um exemplo da possibilidade de

supressio. A jurisprudncia vem permitindo regulamentao de horrio para a utilizao


de reas comuns.
Cobertura e garagem:
Cobertura ou terrao rea comum ou unidade autnoma? De regra rea comum, salvo
disposio contrria no ato de constituio do condomnio. Se no h disposio nesse sentido
presume-se que cobertura ou terrao area comum. Se a cobertura foi tratada como area
comum e posteriormente os condminos resolvem vend-la, o proprietrio do ltimo andar pode
comprar? Sim, com a autorizao de todos os condminos. Para que uma rea comum seja
alienada reclama-se o consentimento de todos os condminos. Se houver recusa imotivada
admite-se supresso judicial.
Garagens: Regime jurdico: o direito brasileiro admite 03 regimes jurdicos para as garagens:
Obs. VER PL APROVADO QUE RESTRINGE VENDA DE GARAGENS AOS
PROPRIETRIOS DE APTOS DOS PRDIOS.
1) Garagem como bem acessrio: a garagem est submetida a unidade autnoma.
Isso ocorre quando compra um apartamento com um nmero determinado de vagas de
garagem. A garagem no pode ser vendida separadamente.
2) Garagem como bem autnomo: ocorre quando o titular adquire a unidade e
separadamente a garagem. Ocorre quando a apartamento vendido com 02 vagas de
garagem com a possibilidade de aquisio de mais 01 vaga. Essa vaga ter um registro
prprio, no estar submetida a unidade autnoma. Esse regime admite, alienao e
penhora da garagem. A garagem aqui no se enquadra como bem de famlia.
3) Garagem como rea comum: a conveno regulamentar o seu uso. A garagem
no pertence a ningum uma rea comum do condomnio. Sendo rea comum no
admite usucapio, mas admite-se supressio. Para alienar precisa do consentimento de
todos. O artigo 1.338 do Cdigo Civil permite a locao de vaga de garagem, salvo
disposio contrria. Contudo o condmino sempre ter preferncia em relao a terceiro.
ALUGUEL DE GARAGENS - Independente do regime se admite o aluguel de garagem art.
1.337 - os condminos tm preferncia em relao a terceiros.
Regime jurdico da garagem vem no ato constitutivo - escritura pblica.
Natureza jurdica do condomnio edilcio:
- O condomnio edilcio no tem personalidade jurdica, um ente despersonalizado. No possui
direitos da personalidade, portanto, no pode sofrer dano moral. Mas os entes despersonalizados
possuem capacidade, pode titularizar relaes jurdicas de ordem patrimonial.
- O condomnio tem CNPJ, mas no tem personalidade jurdica! Por isso fica a crtica dizendo
que o Brasil um dos poucos pases que no reconheceram a personalidade jurdica do
condomnio Enunciado 246 da Jornada de Direito Civil: Deve ser reconhecida personalidade
jurdica ao condomnio edilcio.
- O condomnio representado pelo sndico artigo 12 do CPC.

- A natureza jurdica do condomnio por um lado de ente despersonalizado, mas por outro lado
ela deve ser analisada objetivamente, em relao ao solo. Poderia se dizer que o condomnio
edilcio tem natureza acessria? No, porque o acessrio seguiria o principal e o dono do solo
adquiriria o condomnio edilcio. O condomnio edilcio escapa regra da gravitao jurdica.
- Smula 308 do STJ: A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou
posterior celebrao da promessa de compra e venda, no tem eficcia perante os adquirentes
do imvel.
- Essa regra para impedir que eventual direito real sobre o terreno implique em aquisio do
prdio.
- A natureza jurdica no se trata de uma relao de consumo, mas de uma relao puramente
civil, no incide o CDC.
Condomnio de fato - formao de condomnio pela existncia de interesses comuns. Ex.
moradores de rua sem sada que fazem guarita e contratam servio de segurana. As despesas
comuns obrigatoriamente sero rateadas - STJ ningum obrigado a participar de condomnio de
fato contra sua vontade. Mas se de algum modo o interessado obtm vantagem ele obrigado a
contribuir proporcionalmente pela proibio de enriquecimento sem causa.
Obs. Time sharing significa tempo compartilhado. Numa traduo jurdica significa
multipropriedade imobiliria. O time sharing uma possibilidade de formao de condomnio no
tempo e no no espao. Cada coproprietrio adquire o direito de usar a coisa por um determinado
nmero de dias por ano. Nesse sentido viabiliza-se o sonho de uma casa de praia, de veraneio ou
de campo. Os efeitos do time sharing esto estampados no direito tributrio e no direito civil.
Todo time sharing constitudo com uma empresa administradora que ajusta e concilia a
marcao de dias. Se um condmino contrair uma dvida em proveito do condomnio durante a
sua utilizao quem responde s o condmino, porque cada um exerce os seus direitos de
exclusividade durante aquele perodo. No condomnio edilcio no se aplicam as regras do CDC,
no relao de consumo. Mas no time sharing h uma relao de consumo entre a empresa
administradora e os condminos.
- No confundir o time sharing condominial com o chamado time sharing turstico. Time
sharing turstico: voc est de frias num balnerio, uma moa se aproxima e oferece um fim de
semana gratuito numa rede de hotis de luxo. Ela diz que voc vai no sbado de manh assistir
uma palestra e no final voc ganha o brinde. Ali o cara fala sobre as vantagens de voc aderir ao
time sharing turstico que quando voc compra um pacote anual numa determinada rede de
hotis. Voc adquire um pacote anual das grandes redes hoteleiras, paga antecipadamente (10
dias por ano). S tem um detalhe: voc no pode utilizar nos meses de frias, feriados, fins de
semana prolongado e alta estao. Aquilo ali uma das piores e mais absurdas transaes que
algum vai fazer. J que voc est pagando antecipado por um servio que voc no sabe se vai
conseguir usar e provavelmente no, com decadncia de um ano. Para o hotel uma beleza
porque vende antecipado na baixa estao e o risco seu e no dele. Quando acabou a palestra,
voc no compra e quer o brinde. O STJ diz que venda abusiva. Essa venda com toda essa
encenao, com toda essa induo de vontade, o STJ entende que abusiva. Exaure o
consumidor. E outra, induz o consumidor a faz-lo somente pra a obteno de um falso brinde.
Isso relao de consumo pura e venda abusiva na linguagem do STJ.

Obs. Com exceo do time sharing no h relao de consumo entre condmino e condomnio pois a time sharing tem administrao gerida por empresa.
Elementos constitutivos do condomnio:
a) Ato de instituio artigo 1.332: o ato de criao, formao do condomnio. Pode ser por
escritura pblica ou por testamento. O ato de instituio a verdadeira constituio do
condomnio, quem funda o condomnio. O mais comum ato de criao de um condomnio a
incorporao imobiliria.
- O ato de criao precisa conter 03 matrias obrigatrias:
1) Finalidade condominial:
2) Descrio das reas comuns e das unidades autnomas:
3) Individualizao das fraes ideais:
Essas matrias obrigatrias so vinculantes e s podem ser modificadas pela unanimidade dos
condminos.
b) Conveno de condomnio artigo 1.334: A conveno do condomnio a disciplina dos
direitos e deveres recprocos. Exige-se a maioria de 2/3 das fraes ideias para a aprovao da
conveno. Prerrogativas e obrigaes. NO TEM NATUREZA CONTRATUAL, POIS
OBRIGA TERCEIROS - NATUREZA ESTATUTRIA - ex. o adquirente futuro.
Natureza estatutria, vincula mesmo quem no a subscreveu. Exemplo: condomnio que
adquiriu posteriormente a unidade tambm est submetido conveno.
Smula 260 do STJ: A conveno de condomnio aprovada, ainda que sem registro, eficaz
para regular as relaes entre os condminos. em relao aos condminos ela j produz
efeitos independentemente do registro.
Matrias obrigatrias da conveno do condomnio: esto previstas no artigo 1.334 do
Cdigo Civil.
1) Taxa condominial para manuteno do condomnio: essa taxa ser proporcional frao ideal
de cada um.
2) Modo de administrao:
3) Competncia das assembleias:
4) Sanes aplicveis aos condminos antissociais: todavia mesmo que a conveno no
contemple a sano, o 2 do artigo 1.336 e o artigo 1.337 vo dizer que no silncio na
conveno mesmo assim a multa devida, no podendo ser superior a 05 vezes o valor da taxa.
- RE 201.819/RJ: para o condmino antissocial ser multado preciso que se respeito o devido
processo legal.
- A conveno tambm dispe sobre a edio do regimento interno
c) Regimento interno: o manual de instrues do condomnio. Exemplo: horrio de utilizao
da piscina.
- A forma como o regimento ser editado estar previsto na conveno.

- O regimento interno aprovado por maioria simples e mudana no regimento tambm


aprovada por maioria simples.
POLMICAS
a) Vedao ao usucapio de coisa comum
Obs. direito veda usucapio de rea comum em condomnio, mas admite sim supressio - REsp.
356.821-RJ e REsp. 214.680-SP. Enunciado 247 da jornada de direito civil. ex. garagem.
b) Limitao de horrio para uso de coisa comum: principalmente em coisa comercial.
c) Terrao ou cobertura de regra rea comum, salvo disposio contrria. Sendo rea
comum, como todas as demais, o terrao ou cobertura somente pode ser alienado com a anuncia
de todos os demais - a recusa imotivada pode ser suprida por juiz.
Questes controvertidas sobre a conveno condominial:
1) Animais: o STJ entendeu que estas disposies convencionais que probem animais so
dirigidas a animais perigosos ao convvio social. Foi determinado que se aplicasse razoabilidade.
Toda e qualquer disposio absoluta nula de pleno direito. No pode ter proibio excessiva e
nem liberalidade peremptria.
- O animal no pode prejudicar o direito de vizinhana (artigo 1.227 do Cdigo Civil):
segurana, sossego e sade.
2) Cultos religiosos: pode ter manifestao religiosa, desde que no viole segurana, sossego e
sade. Para a realizao de cultos religiosos tambm se aplica a razoabilidade.
3) Roubo ou furto: somente se a conveno estipular expressamente, o condomnio responde
por roubo ou furto em rea comum. Tambm responde se houver verba destinada empresa de
segurana.
4) Taxa condominial: obrigao propter rem, adere coisa. Permite penhora de bem de
famlia para o pagamento de taxa condominial. O Cdigo Civil limitou os juros em 1% ao ms
e a multa em 2% ao ms mais do que isso nulo naquilo que exceder.
- E os condomnios que j estavam constitudos antes do Cdigo de 2002, quando o limite de
multa era de 20% ao ms? O STJ, no REsp. 722.904/RS o STJ determinou a aplicao do novo
limite de multa mesmo aos condomnios anteriormente constitudos.
- O inadimplemento da taxa de condomnio no pode gerar cobrana vexatria e nem suspenso
do fornecimento de servios especiais. No pode impedir que a criatura que mora no 25 suba de
elevador. Nem vai obstar o recolhimento do lixo. Mas se o servio no essencial, pode ser
cortado com base na conveno. O STJ tem um prodigioso acrdo falando de um campo de
golfe. Um condmino no Rio de Janeiro nunca pagou a taxa, mas usava o campo de golfe que
tinha uma taxa extra. A taxa extra do campo de golfe ele pagava. A o STJ disse que o servio
no essencial e pode ser suspenso.

Obs. o locatrio no participa das deliberaes sobre o condomnio, apenas se for na


qualidade de procurador do locador.
8. DIREITO DE VIZINHANA: - O exerccio do direito de propriedade deve ser baseado em
limites. Os limites podem ser estabelecidos com base:
a) no interesse pblico: desapropriao e direito de requisio
b) na funo social da propriedade
c) no interesse particular/privado: neste ponto se encontra o tratamento do direito de
vizinha, porque o direito do titular termina quando comea o do seu vizinho. Sendo
assim, naturalmente todo e qualquer limite ao exerccio no direito de propriedade diz
respeito aos direitos de vizinhana. Os direitos de vizinhana so obrigaes propter rem,
porque aderem coisa, impe restries ao exerccio do direito de propriedade. E estas
restries impostas ao exerccio do direito de propriedade aderem coisa, esto fixas na
coisa. Os direitos de vizinhana geram responsabilidade objetiva para o vizinho
beneficiado. Exemplos: passagem forada de imvel encravado e passagem de cabos
tubulaes. Trata-se de conduta lcita, mas que gera responsabilidade.
- Os direitos de vizinhana no esto submetidos a um rol taxativo, dizem respeito a trs valores:
segurana, sossego e sade. Outros valores no esto albergados. O TJ/MG no aceitou uma
ao promovida por uma vizinha contra outra que madrugada adentro fazia gemidos altos.
DIREITOS REAIS NA COISA ALHEIA
1. Introduo:
- O direito de propriedade composto por 04 diferentes poderes: uso, gozo/fruio, livre
disposio, reivindicao. Esses poderes conferem propriedade o carter exclusivo. Quando o
titular detm esses 04 poderes eles os exerce com exclusividade em relao a terceiros.
- 04 poderes (+ o ttulo) = propriedade
- 04 poderes ( o ttulo) = domnio
- A propriedade tem ttulo e oponvel erga omnes. A propriedade exercida perante a
coletividade; j o domnio exercido sobre a coisa. Enquanto o direito de propriedade tem
oponibilidade erga omnes, o domnio somente sobre a coisa. H possibilidade de
desmembramento dos poderes do domnio.
Havendo um desmembramento dos poderes do domnio o direito de propriedade de algum
modo atingido? No, em nada. O que ser atingido ser apenas o domnio. O domnio pode
ser esvaziado sem que isso afete a propriedade.
- H um direito real que esvazia todo o domnio, a chamada enfiteuse. Neste caso o titular fica
apenas com o ttulo, senhorio ou nu proprietrio.
Concluses parciais:

1) O desmembramento dos poderes do domnio no afeta o carter exclusivo da


propriedade.
2) Atravs do desmembramento dos poderes do domnio, so criados novos direitos reais.
Esses novos direitos reais so direitos reais na coisa alheia.
3) O desmembramento pode gerar esvaziamento do domnio, nunca da propriedade. Mesmo
sem poderes do domnio possvel manter a propriedade.
Obs. Os direitos reais na coisa alheia surgem a partir do desmembramento dos poderes do
domnio.
Desmembramento dos poderes do domnio:
1) Por vontade prpria:
2) Por fora de lei
3) Para atender deciso judicial
Funo social dos direitos reais na coisa alheia: Se a propriedade deve cumprir uma funo
social, o desmembramento dos poderes do domnio tambm. Logo a tese da funo social dos
direitos reais na coisa alheia nada mais do que a consequncia lgica da funo social da
propriedade. Exemplo: smula 308 do STJ: A hipoteca firmada entre a construtora e o agente
financeiro, anterior ou posterior celebrao da promessa de compra e venda, no tem eficcia
perante os adquirentes do imvel.
2. Classificao:
- Os direitos reais na coisa alheia nascem do desmembramento dos poderes do domnio. Esse
desmembramento pode ter diferentes finalidades, essas diferentes finalidades correspondem aos
diferentes tipos de direitos reais na coisa alheia. Ele pode desmembrar para:
a) Direito real na coisa alheia de gozo ou fruio: para que o terceiro retire as
utilidades da coisa. Esse terceiro ter o uso e a fruio para retirada de utilidades da
coisa. No Brasil temos alguns direitos reais na coisa alheia de gozo ou fruio: enfiteuse,
superfcie, usufruto, uso, habitao, servides. Nestas categorias o terceiro ter o gozo
e a fruio e pode tirar a utilidade da coisa.
b) Direito real na coisa alheia de garantia: so aqueles que asseguram o
cumprimento de uma obrigao pr-existente. Pode ser que a inteno do titular ao
desmembrar os poderes do seu domnio no seja permitir que o terceiro tenha a coisa
consigo, mas sim desmembrar os poderes do domnio, porque um dos poderes do
domnio a livre disposio, ou seja, circulao econmica. O titular pode querer que um
terceiro que seu credor, tenha a livre disposio e assegure o cumprimento da
obrigao. Os direitos reais de garantia so: anticrese, penhor, hipoteca e alienao
fiduciria.
c) Direito real na coisa alheia aquisio: esse direito para que o terceiro no
retire as utilidades e nem assegure o cumprimento de uma obrigao, mas para que ele
possa adquirir a titularidade da propriedade. Nesse caso o terceiro j tem parcela dos
poderes do domnio, falta a ele somente o ttulo. A nica categoria de direito real na coisa
alheia de aquisio a promessa irretratvel de compra e venda.

ATENAO - Direitos reais se submetem ao princpio da tipicidade, portanto existem 12 direitos


reais no Brasil:
Enfiteuse
Superfcie
Usufruto
Uso
Habitao
Servides
Anticrese
Penhor
Hipoteca
Alienao fiduciria (art. 1361)
Promessa irretratvel de compra e venda
Propriedade
A propriedade o nico direito real na coisa prpria. A enfiteuse no pode mais ser
constituda, mas os direitos reais de enfiteuse que j haviam sido constitudos permanecem
regidos pelo Cdigo Civil de 1.916 trata-se de um caso curioso de ultratividade da norma.
- A alienao fiduciria direito real na coisa alheia, mas foi tipificada em outro captulo do
Cdigo.
ATENAO - A lei 11.481/07 criou dois novos direitos reais na coisa alheia dirigidos ao poder
pblico, para resolver questes fundirias: concesso de uso de bem pblico e concesso de
uso especial para fins de moradia. Poder pblico sem dispor da coisa pblica consegue
manobrar em nome do interesse pblico.
- Artigo 1.225 do CC: So direitos reais: I - a propriedade (direito real de propriedade); II - a
superfcie; III - as servides; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitao; e enfiteuse ( direitos
reais na coisa alheia de gozo) VII - o direito do promitente comprador do imvel (direito real
na aquisio); VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese; alienao fiduciria (direitos
reais na coisa alheia de garantia). XI - a concesso de uso especial para fins de moradia; XII a concesso de direito real de uso (direitos reais na coisa alheia especiais).
Obs. Alguns autores comeam a sustentar existncia de outros direitos reais na coisa alheia
- a caracterstica de um direito real seja na coisa prpria seja na coisa alheia seria a oponibilidade
erga omnes, e outros institutos cumprem a mesma finalidade malgrado no estejam previstos em
lei como tais - ex. PREVISTOS COMO RELAOES JURIDICAS OBRIGACIONAIS, MAS
TERIAM NATUREZA DE DIREITO REAL - art. 505 CC RETROVENDA - clusula acessria
(especial) no contrato de compra e venda permitindo ao vendedor direito potestativo de reaver a
coisa no prazo mximo de 3 anos. RETROVENDA TEM EFICACIA ERGA OMNES - pode ser
oposta a 3 que no participou da relao jurdica originaria - mas no seria direito real por faltar
previso legal. Ex. CLAUSULA DE PREFERENCIA LEGAL - (condomnio art. 504 e
locao de imveis urbanos L. 8245/91, art. 27) se o locador for vender o imvel deve dar
preferncia ao locatrio, se o locador alienar sem notificar o locatrio, este ter direito
adjudicao compulsria - seria eficcia real erga omnes - o direito de preferencia s ser
oponvel se estiver registrado em cartrio, nos demais casos se resolve em perdas e danos.
RESERVA DE DOMNIO tambm no seria direito real (tecnicamente so relaes jurdicas
obrigacionais com eficcia jurdica distinta, prpria de direito real).

- Alguns institutos jurdicos de direito civil, apesar da natureza obrigacional, trazem consigo
eficcia tpica dos direitos reais, sem que isso altere a sua essncia. Exemplo: retrovenda no
contrato de compra e venda e direito a preferncia na locao. Alguns autores denominam de
novos direitos reais (apesar de no estarem previstos como direitos reais vo produzir efeitos
tpicos de direitos reais).
Direitos reais em espcie - DIREITOS REAIS NA COISA ALHEIA DE AQUISIAO:
3. Promessa irretratvel de compra e venda: (em que no se pactuou arrependimento)
- um direito real aquisio. um direito real sui generis, porque a promessa de compra e
venda uma relao obrigacional que teve modificada a sua natureza.
- O artigo 1.088 do Cdigo Civil de 1.916, sustentava que a promessa de compra e venda produz
efeitos meramente obrigacionais - s produzia efeitos inter partis.
- Decreto Lei 58/37 de acordo com esse decreto, concedeu-se eficcia real promessa de
compra e venda. Se o promitente comprador pagou, quitou a sua obrigao, ele passa a ter direito
real de adquirir a coisa, independe portanto, da vontade do promitente vendedor. A vontade do
promitente vendedor se torna irrelevante. Nas pegadas do Decreto Lei 58/37, veio a lei 6.766/79
(Lei de Incorporaes e Parcelamentos dos Solos Urbanos). Esta lei manteve a sistemtica do
decreto. O artigo 1.417 do Cdigo Civil de 2001 confirma a natureza real da promessa de
compra e venda. O vendedor no pode se arrepender, porque o promitente comprador vai
adquirir a coisa, queira o vendedor ou no. Mas esse artigo diz que se houver clusula de
arrependimento no se constitui direito real, a promessa de compra e venda produzir efeitos
meramente obrigacionais, no vinculando o promitente vendedor. Se o contrato de consumo ou
de adeso clusula de retratao nula de pleno direito.
- Contra prticas abusivas de imobilirias e instabilidade jurdica, pois ensejando apenas perdas e
danos, muitas empresas preferiam a inadimplncia e arcar com indenizao e manter o imvel
valorizado, frustrando os compradores de boa f - ento na dcada de 30 foi conferida eficcia
real promessa de compra e venda - e foi inserida no rol dos direitos reais embora tenham
natureza de direito obrigacional.
Obs. art. 1.417 - se tiver clusula de arrependimento da promessa no ter natureza de direito
real, significando apenas relao obrigacional.
Algumas figuras no admitem arrependimento - (portanto sempre tero eficcia de direitos reais)
- contrato de consumo, contrato que tenha por objeto imveis loteados rurais ou urbanos, ou nos
casos da smula 166 do STF, contrato de adeso - boa f objetiva - nula clusula de
arrependimento. - O artigo 25 da Lei 6766/79 estabelece que se o imvel loteado, rural ou
urbano, tambm no se admite clusula de arrependimento.
Nos demais contratos a clusula valida e o promitente vendedor pode se arrepender a qualquer
tempo. No h decadncia para o arrependimento, podendo se arrepender a qualquer tempo - ex.
100 prestaes - mas o vendedor se arrepende na 98 - desde que no consubstancie abuso de
direito. Supressio e substancial performance - teoria do adimplemento considervel, ou seja, a
boa f objetiva pode limitar o direito ao retrato.

Smula 166 do STF: inadmissvel o arrependimento no compromisso de compra e venda


sujeito ao regime do Dec-Lei 58, de 10.12.1937.
ATENAO - A promessa de compra e venda somente admite clusula de retratao se o
contrato no for de consumo, no for de adeso, no disser a respeito de imvel loteado e se
no estiver sujeito ao Decreto 58/37 nesses casos a clusula de retratao ser nula (de ordem
pblica).
- De qualquer maneira, quando admitida, a clusula de retratao precisa ser expressa.
- At que momento do contrato a clusula de retratao pode ser exercida? At o limite da
quitao possvel exercer o direito de arrependimento. No h decadncia. Mas pode ser
que acontea o supressio (abuso do direito pela inrcia). A existncia de clusula de retratao
ter natureza meramente obrigacional e o arrependimento pode ser exercido a qualquer tempo,
at que o contrato seja quitado. No h prazo decadencial para exercer o direito de
arrependimento. Pode ocorrer supressio porque ele pode se omitir, deixar o contrato chegar bem
perto do fim e exercer o arrependimento a qualquer tempo. O abuso do direito neste caso se
apresentaria pela supressio. Nesta hiptese, o melhor caminho para se entender : se h
possibilidade de clusula de arrependimento no h possibilidade de adjudicao compulsria,
porque o promitente vendedor pode se arrepender a qualquer tempo.
Obs. art. 1.417 - no cdigo - para terem efeitos erga omnes promessa de compra e venda
deve estar registradas em cartrio. STJ mitigou a regra: o promitente comprador tem direito a
adjudicao compulsria tenha ou no registrada a promessa, se ele pagou tudo, fundamento funo social da posse. Sum. 84 - promitente comprador, mesmo que no tenha registrado a
promessa tem direito a embargar de terceiro - se no registra propriedade continua do promitente
vendedor - pode vir penhora - e o promitente comprador tem posse e poderia defender o bem.
4. Efeitos jurdicos da promessa de compra e venda:
1 - Conferir posse ao promitente adquirente
2 - Impe ao promitente adquirente o pagamento das parcelas
Se o promitente adquirente for constitudo em mora (parar de pagar), pode caracterizar
esbulho? A jurisprudncia entende que a paralisao do pagamento com a consequente
constituio em mora, pode caracterizar esbulho, mas o STJ exige que antes da propositura da
reintegrao de posse o promitente seja constitudo em mora STJ, REsp. 166459/SP.
- No Brasil o sistema de mora se apresenta em duas perspectivas:
a) Mora ex re: automtica
b) Mora ex persona: depende de prvia notificao.
- A mora seria ex re, quando tem data para pagar. Apesar dessa mora ter natureza ex re, exige-se
por fora de lei, prvia notificao. Se o imvel for loteado o prazo mnimo de 30 dias, se no
for loteado o prazo mnimo de 15 dias.
Smula 76 do STJ: A falta de registro do compromisso de compra e venda de imvel no
dispensa a prvia interpelao para constituir em mora o devedor.

- Constitudo em mora o promitente comprador, qual a ao cabvel que o promitente


vendedor poder propor? O promitente vendedor pode propor reintegrao de posse, e
tambm pode se valer de uma ao de resciso de contrato. Tambm se vislumbra a
possibilidade de ao reivindicatria, porque o vendedor no perdeu a qualidade de
proprietrio.
- O promitente vendedor, uma vez rescindido o contrato tem o direito de restituio? A
jurisprudncia entende que, seja o contrato de consumo ou no (CDC artigo 51 e artigo 413 do
Cdigo Civil), a clusula de perdimento (clusula de decaimento) nula de pleno direito. Todos
os valores devem ser devolvidos, descontadas algumas parcelas previstas no artigo 475 do
Cdigo Civil. Os valores abatidos so: a clusula penal (perdas e danos), juros, correo,
honorrios e custas. *Se a clusula penal for nula o juiz pode arbitrar outra (artigo 413 funo
social da clusula penal).
- Se o contrato no previr originariamente, o juiz deve arbitrar um valor a ttulo de taxa de
ocupao. Essa taxa uma espcie de aluguel.
- Se o sujeito j pagou 95 parcelas de um total de 100 e inadimpliu nas 05 parcelas
faltantes, lcito ao vendedor requerer a resoluo do contrato? Pela simples leitura do
artigo 475 do Cdigo Civil possvel. Mas a jurisprudncia vem patrocinando a tese do
substancial performance, tambm chamado de adimplemento substancial ou inadimplemento
mnimo. O STJ estabelece que se a obrigao foi substancialmente cumprida, porque o
inadimplemento foi mnimo. Ento, mostra-se ilcita a resoluo do contrato por um
inadimplemento mnimo. Pois se ocorrer a resoluo configura abuso do direito, ato ilcito
objetivo.
- Essa tese tambm tem cabimento quando se tratar de promessa de compra e venda com
clusula de arrependimento? No, porque se h clusula de arrependimento, o exerccio do
retrato j no se mostra abusivo.
3 - Autoriza a aquisio forada de coisa provando-se a quitao:
Ao de adjudicao compulsria - DL 58/37 - procedimento especial - s pode se valer dessa
ao se o promitente comprador registrou a promessa.
Ao de outorga de escritura - CPC 466-B - procedimento comum
- Qual a ao cabvel para esta aquisio forada? A primeira ao cabvel a adjudicao
compulsria que est prevista na Lei 6.766/79, art. 25 e Decreto Lei 58/37, art. 15. Tambm
cabvel a ao de outorga de escritura pblica que tem previso no artigo 466-B do CPC. A
ao de adjudicao compulsria tem procedimento especial, a ao de outorga de escritura
pblica tem rito ordinrio, com pedido de obrigao de fazer. Se a promessa estiver registrada no
cartrio de imveis enseja um procedimento mais rpido, mais clere adjudicao compulsria.
Se ele no registrou, segue o regime do CPC, ao de outorga de escritura pblica. A ao de
adjudicao compulsria e ao de outorga de escritura pblica so aes pessoais de natureza
executiva lato senso. No so aes reais. Seria caso de tutela especfica, se a promessa fosse
com clusula de arrependimento. A promessa de compra e venda tambm pode se valer de justo
ttulo para ao de usucapio, caso o promitente comprador no proponha a ao de adjudicao
compulsria ou ao de outorga de escritura pblica.

Obs. sm. 239 - mesmo que a promessa no esteja registrada ser possvel a aquisio forada
por ao de outorga de escritura - e no o procedimento da ao de adjudicao. Impropriedade
da smula
Obs. provado o adimplemento a promessa de compra e venda pode servir como justo ttulo para
ao de usucapio. Se no houve adimplemento no haveria essa possibilidade, o contrato no
pode servir como justo de ttulo para usucapio. No significa, contudo, que no cabe usucapio.
Poder caber usucapio pelas regras do usucapio extraordinrio. O prazo se iniciar para esse
usucapio, a partir da data do esbulho.
Obs. O promitente adquirente poderia antes da quitao promover uma ao
reivindicatria? No, porque ele no proprietrio. Ele s poderia ajuizar ao possessria ou
publiciana. O STJ no REsp. 55.941/DF, passou a dizer que dispensvel o uso da ao
publiciana.
Obs. O artigo 1.417 do Cdigo Civil, estabelece que a promessa de compra e venda somente
produz eficcia real se estiver registrada.
- Smula 84 do STJ: admissvel a oposio de embargos de terceiro fundados em alegao
de posse advinda de compromisso de compra e venda de imvel, ainda que desprovido do
registro. mesmo sem registro da promessa d pra se valer de embargos de terceiro.
Mesmo que a promessa no esteja registrada o promitente comprador tem direito
aquisio forada? Smula 239 do STJ: O direito de adjudicao compulsria (o direito
aquisio forada) no se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartrio
de imveis. as vantagens do registro seriam: o direito de se valer do procedimento
especial de adjudicao compulsria e obstar a alienao do bem (tornar o bem inalienvel).
Aspectos controvertidos da promessa de compra e venda:
Necessidade de outorga do cnjuge do promitente vendedor: deve consentir se for casado.
Dispensada se o casamento for no regime de separao e o pacto pode dispensar no caso de
regime de participao final nos aquestos.
Possibilidade de ajuizamento de ao pelo promitente comprador - tem legitimidade para
aes para defesa da coisa - promitente comprador recebe posse - ento pode ajuizar aes
possessrias e tem tambm o domnio - cabendo ao publiciana.
Obs. STJ admitiu ao reivindicatria pelo promitente comprador. Pois a cada dia est aos
poucos adquirindo a propriedade.
Aes do promitente vendedor: Reintegrao de posse e Resciso contratual. REsp. 166459
SP - tanto ao reivindicatria ou possessria do vendedor contra o comprador depende de prvia
constituio em mora. Notificao judicial ou extrajudicial - prazo mnimo de 30 dias se imvel
loteado e 15 dias se no loteado.
ATENAO - Constitudo em mora admite-se a resciso contratual - se constitudo em mora
parou de pagar - cabe resciso do contrato e reintegrao de posse - pessoa sai, mas tem direito
de receber o que pagou - NULIDADE DA CLAUSULA DE DECAIMENTO, OU
PERDIMENTO - estipula que na hiptese de resciso a pessoa perde tudo que pagou. O

promitente comprador que no pagou deve sair do imvel, mas ter direitos a parcelas pagas
(menos) taxa de ocupao (espcie de aluguel), clusula penal (multa), mais juros e correo.
Promitente vendedor recupera a plenitude do domnio.
5. DIREITOS REAIS NA COISA ALHEIA - DE GARANTIA
5.1. Noes gerais:
- A regra geral no direito brasileiro a responsabilidade patrimonial artigo 391 do Cdigo Civil
e artigo 591 do CPC. O devedor responde pelas suas dvidas com o seu patrimnio, nunca
esquecendo que essa regra geral da responsabilidade patrimonial foi consagrada desde o advento
da LEX POETELIA PAPIRIA. O devedor responde pelas suas dvidas com o seu patrimnio e
no com a sua personalidade. Dvidas no h de que a responsabilidade patrimonial exige uma
maior eficcia para as relaes obrigacionais. A regra da responsabilidade patrimonial exige uma
maior eficcia para garantir o direito do credor. Com isso o sistema jurdico passa a exigir
garantias obrigacionais.
Caso de responsabilidade pessoal por dvidas - devedor de alimentos.
Garantias patrimoniais: se dividem em 02 diferentes campos:
a) Garantias reais: decorrem da entrega de coisas pertencentes ao devedor para garantir uma
obrigao - entrega de parcela dos poderes do domnio sobre uma coisa para assegurar uma
obrigao.
b) Garantias fidejussrias: prestadas por terceiros (fiana e aval)
- O sistema jurdico precisa organizar quais so as coisas que podem ser dadas em garantia,
porque nem tudo tem idoneidade para assegurar uma obrigao. As 04 garantias reais previstas
no sistema so: anticrese, penhor, hipoteca e alienao fiduciria.
- Garantia real ou direito real de garantia a vinculao do poder do credor sobre um bem
pertencente ao devedor, para assegurar o cumprimento de obrigao. TODO DIREITO DE
GARANTIA E ACESSORIO DE UMA OBRIGAAO.
Obs. Um direito real de garantia tem natureza acessria, s existir direito real de garantia se
antes existia uma obrigao. Quitada a obrigao, extingue-se a garantia teoria da gravitao. A
garantia fica submetida ao cumprimento da obrigao.
ATENAO - Qual seria a distino entre direito real de garantia e privilgios creditrios?
Artigo 83 da Lei de Falncias primeiro sero pagos os credores alimentcios, credores reais, e
crdito fiscal Fazenda Pblica. O crdito real vincula uma coisa e, portanto, deve passar na
frente da Fazenda Pblica. A garantia real incide sempre sobre um bem especfico. O
privilgio creditrio incide sobre todo o patrimnio . O credor real tem poder sobre um bem
especfico, a casa, o carro. O credor privilegiado tem poder sobre todo o patrimnio, na sua
ordem de preferncia. Se sou o credor real, eu no posso excutir coisa diversa, mas se sou
credor privilegiado posso excutir qualquer bem que integre o patrimnio do devedor, com as
ressalvas previstas em lei.
Credor alimentcio

Credor real
Credor fazendrio
Obs. no confundir direito real de garantia com direito real de gozo ou fruio. O titular do
direito real de garantia pretende apenas assegurar o cumprimento da obrigao. Art. 1428 probe
clusula comissria - permite que o credor fique com o bem para si - dvida pode ser menor ou
ter sido paga - fundamento vedao ao enriquecimento sem causa e garantia do devido processo
legal. DL 70/66 - autoriza execuo extrajudicial de hipoteca do SFH em favor da Caixa para o
professor no teria sido recepcionado pela CF.
- O credor real pode tirar os frutos e usar a coisa? O poder do credor real apenas de garantia
e com isso, o artigo 1.428 do Cdigo Civil dispe que o credor real no pode usar e nem fruir da
coisa. nula a clausula comissria, que aquela que permite que o credor real fique com o bem
para si na hiptese de inadimplemento. O credor real jamais poder ficar com a coisa para si, sob
pena de enriquecimento sem causa. O valor do bem, normalmente supera a dvida, por isso o
credor real no pode ficar com a coisa para si.
- A Lei 10.931/04, artigo 67, revogando o Cdigo Civil no artigo 1.365, permite clusula
comissria na alienao fiduciria em garantia. Quando se tratar de alienao fiduciria o credor
real recebe a propriedade da coisa em garantia, ento, se no houver o pagamento ele fica com a
coisa, porque ele j proprietrio.
Validade do Decreto Lei 70/66 que autoriza execuo extrajudicial para as hipotecas do
SFH (Sistema Financeiro de Habitao):
- a execuo promovida, por exemplo, pela prpria Caixa Econmica Federal. Cristiano
Chaves defende que esse decreto no teria sido recepcionado no ponto que permite a execuo
extrajudicial das hipotecas do SFH. Mas o STJ diz que a execuo extrajudicial vlida e
compatvel com Constituio Federal. Essa questo chegou no STF no Informativo 628, o relator
votou pela inconstitucionalidade do Decreto e o processo foi suspenso.
- No momento em que a CEF promove a execuo extrajudicial ela pode ficar com o imvel para
si mesmo, portanto essa permisso estaria em coliso com a CF e com a proibio da clusula
comissria (Cristiano Chaves).
- O que o Cdigo Civil probe clausula comissria em direitos reais de garantia, o cdigo
no probe dao em pagamento. Trata-se de uma diferena sutil, mas importante, o contrato
no pode trazer uma clusula originria permitindo o credor ficar com a coisa para si na hiptese
de inadimplemento (proibio de clusula comissria). Contudo, nada impede que, ocorrendo
inadimplemento, o prprio devedor oferea, voluntariamente, o bem em pagamento (dao em
pagamento).
5.2. Requisitos para constituio dos direitos reais de garantia:
5.2.1. Requisitos subjetivos: (art. 1420)
a) Capacidade jurdica do devedor: o devedor precisa ser capaz porque se a
dvida no for paga o bem ser excutido.

b) Outorga do cnjuge, se casado e se o bem ofertado for imvel: dar um bem


em garantia de algum modo se assemelha um ato de disposio. Tecnicamente uma
onerao.
* dispensvel a outorga do cnjuge se o casamento no regime de separao convencional ou
na participao final dos aquestos quando o pacto assim o dispuser. **No se exige outorga na
unio estvel.
Obs. Em se tratando de incapaz a garantia somente pode ser prestada com autorizao judicial
ouvido o Ministrio Pblico e em se tratando de bem condominial, depende do consentimento de
todos.
5.2.2. Requisito objetivo:
- O bem dado em garantia precisa ser alienvel e permitir a alienao. Os bens alienveis
so aqueles que podem ser objeto de ato de alienao. Os bens que no admitem alienao no
podem ser dados em garantia. Exemplos: bem gravados com clusula restritiva (artigo 1.911 do
Cdigo Civil), e os imveis financiados (Decreto Lei 8.618/46).
- Existe o bem de famlia legal (artigo 8.009/90) e o bem de famlia convencional (artigo 1.711
do Cdigo Civil). O bem de famlia legal gera apenas impenhorabilidade, j o bem de famlia
convencional gera impenhorabilidade e inalienabilidade. Somente o bem de famlia legal pode
ser dado em garantia. O convencional seria hiptese de venire contra factum proprium.
5.2.3. Requisitos formais:
a) registro ou tradio: se imvel ou mvel
b) especializao da dvida: indicao do valor, vencimento, prazo e juros (art. 1424)
- Se a garantia no se constituir o devedor continua quirografrio, permanecendo como um
credor comum.
5.3. Efeitos jurdicos: (garantia real)
a) Direito de preferncia (atrs do credor alimentar)
b) Direito de sequela: de perseguir a coisa onde ela estiver - para ser executada, no para
ficar para si.
c) Indivisibilidade do crdito real - enquanto a divida no for quitada a garantia continua
inclume.
Ex. se j pagou praticamente tudo e falta pequena parcela, pode pedir liberao parcial da
hipoteca? No.
Obs. A remisso parcial no libera da garantia real.
Remio - pagamento parcial
Remisso - perdo
d) Direito sub-rogao: na hiptese de indenizao, quando o bem perecer com seguro.
e) Direito excusso: direito de levar coisa execuo em juzo.

5.4. ANTICRESE
- A doutrina francesa apelidou a anticrese de primo pobre dos direitos de garantia. A anticrese
no garante a integralidade do crdito.
- Anticrese um direito real de garantia sobre bem frugfero (bem que produz frutos),
permitindo ao credor, a retirada temporria dos frutos, para amortizar os juros e, se possvel, a
dvida principal. A garantia no alcana a integralidade do dbito. Sob o ponto de vista prtico
tem um outro instituto que resolve o problema sem a necessidade de registro: imputao em
pagamento. A anticrese na prtica, tem natureza de verdadeira imputao ao pagamento, o
devedor que no tem condies de pagar a dvida paga primeiro os juros e depois o principal.
- Prazo mximo da anticrese: 15 anos. Mas as partes podem estabelecer um prazo menor. Depois
desse prazo o credor passa a ser quirografrio (artigo 1.423 do Cdigo Civil).
- A constituio de uma anticrese impede a constituio de uma hipoteca? No, porque elas
possuem objetos distintos. A nica utilidade que pode se ver numa anticrese quando ela
constituda junto com a hipoteca, porque o credor retira os frutos para pagar os juros e depois do
inadimplemento ele pode executar a coisa.
- Cabe ao de prestao de contas contra o credor anticrtico, porque ele retira os frutos da
coisa para amortizar a dvida.
5.5. PENHOR
Direito real na coisa alheia de garantia sobre bens mveis, exige tradio. Diferente da hipoteca
o bem no pode ser alienado.
- direito real na coisa alheia sobre bem mvel, corpreo ou incorpreo. Exemplo: veculo,
material agrcola, semoventes.
Exceto: aeronaves e navios (so bens mveis, mas s podem ser objeto de hipoteca).
Obs. aeronaves e navios no podem ser bens imveis, eles so bens mveis por essncia. So
imveis apenas para fins de hipoteca.
- Artigo 1.431 do Cdigo Civil: Constitui-se o penhor real transferncia efetiva da posse que,
em garantia do dbito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou algum por ele, de
uma coisa mvel, suscetvel de alienao.
- O credor pignoratcio recebe a coisa, mas no pode dela retirar utilidades, porque o penhor
direito real de garantia. O que o credor pignoratcio pode garantir a dvida. Pignoratcio
Quirografrio.
O contrato de garantia - penhor - tem natureza acessria - quitada a dvida - o contrato principal
se extingue - e a coisa deve ser restituda. O QUE ACONTECE COM O CREDITO SE O
CREDOR PIGNORATICIO FOR FURTADO - REsp. 730925-RJ - a dvida permanece, mas o
valor da coisa deve ser indenizado pelo credor pignoratcio e como a divida continua o credor
pode pedir nova garantia sob pena de vencimento antecipado de divida.

Penhora - ato judicial de constrio patrimonial


Penhor - ato contratual de garantia
- O mago do penhor a tradio, porque o penhor se constitui pela tradio, pela efetiva entrega
da coisa ao credor pignoratcio.
- O credor pignoratcio executa, mas no pode ficar com o bem para si. Eventualmente ele pode
ter os frutos, porque em determinados casos a posse da coisa implica na posse do acessrio.
Os frutos podem eventualmente ficar com prprio credor pignoratcio por uma questo fsica.
Exemplo: rebanho penhor sobre gado. Se o gado est nas mos do credor pignoratcio e se o
gado eventualmente vai parir, o fruto acompanha a coisa e o credor pignoratcio receber o fruto
por uma questo fsica. Neste caso, quando o credor pignoratcio por algum motivo, recebe o
acessrio, o valor deve ser abatido da dvida atravs de imputao do pagamento. Os frutos do
bem dado em garantia devem ser abatidos da dvida. O credor pignoratcio no faz jus aos frutos.
- Uma vez recebendo a posse, tendo a coisa consigo, o credor pignoratcio pode se valer das
defesas possessrias, seja defesa possessria penal (desforo incontinente) ou defesa possessria
civil (aes possessrias).
- A posse conferida ao credor pignoratcio posse direta, o devedor se mantm com a posse
indireta. O devedor pignoratcio tambm qualificado como possuidor, e assim sendo,
qualificado como possuidor, o devedor pignoratcio tambm pode defender a coisa.
- Como que o devedor pignoratcio saber de alguma violao sobre a coisa, se a coisa
est na posse do credor? Violao positiva de contrato - dever anexo de informao a
violao positiva de contrato nada mais do que um novo modelo de inadimplemento contratual,
um novo tipo de descumprimento de obrigao. Estamos acostumados com descumprimento
contratual visto pela tica apenas e to somente negativa (artigo 475 do Cdigo Civil). O
contrato j no composto apenas pelas obrigaes recprocas assumidas pelas partes.
Alm das obrigaes recprocas assumidas pelas partes, o contrato composto tambm
pelos deveres anexos da boa-f objetiva, de modo que, hoje podemos dizer que o
inadimplemento pode ser negativo ou positivo. O inadimplemento negativo o do artigo 475
do Cdigo Civil, o descumprimento das obrigaes quando uma das partes descumpre as
obrigaes contratuais, configura-se o inadimplemento negativo. Mas mesmo que as partes
cumpram todas as suas obrigaes contratuais, elas podem descumprir os deveres anexos. Nesse
caso, o descumprimento no negativo, mas sim positivo, porque haver descumprimento
contratual apesar de todas as obrigaes pactuais terem sido adimplidas. A doutrina alem
apelidou este novo modelo de inadimplemento contratual de violao positiva de contrato.
Exemplo: no penhor o credor pignoratcio recebe a posse da coisa, ele no pode retirar os frutos,
o que ele pode execut-la na hiptese de inadimplemento. De repente, um terceiro viola a posse
e no momento em que o terceiro viola a posse, o credor pignoratcio nada informa ao devedor. O
devedor sem informao, no teve como ajuizar nenhuma ao. Pode-se dizer que nesse
exemplo, o credor pignoratcio no descumpriu nenhuma obrigao contratual, mas ele
descumpriu o dever de informao. Esse descumprimento configura a violao positiva do
contrato.
- O dever de informao j vem sendo hoje largamente difundido da questo da responsabilidade
civil do mdico.
- A violao positiva de contrato gera responsabilidade objetiva.

- A violao positiva de contrato gera responsabilidade contratual ou responsabilidade


extracontratual? Trata-se de responsabilidade extracontratual, porque afeta a boa-f, que est
prevista em lei e independe da vontade das partes. Exemplo: num contrato de prestao de
servios, o prestador de servios pode eventualmente violar os deveres anexos. O prestador viola
o segredo da empresa. Neste caso se a responsabilidade fosse contratual, ela estaria limitada ao
valor do contrato, portanto, a violao positiva de contrato gera responsabilidade aquiliana,
extracontratual.
- Alm da tradio, da necessidade de entrega da coisa para configurao do penhor, no se pode
esquecer da natureza acessria do penhor. Dizer que o penhor tem natureza acessria significa:
extinta a obrigao, extingue-se automaticamente a garantia.
- Se o penhor tem natureza acessria e gera posse para o credor pignoratcio. O credor
pignoratcio recebe a coisa para garantir o cumprimento da obrigao. O credor pignoratcio tem
o dever de custdia sobre a coisa. Havendo roubo ou furto da coisa que esteja na posse do
credor pignoratcio, como fica a dvida e a responsabilidade pela coisa? Exemplo: penhora
de joias da Caixa Econmica Federal deixei minhas joias na agncia da CEF e a agncia foi
assaltada. O STJ j se manifestou sobre o tema no REsp. 730.925/RJ, nesse julgado o STJ disse
que a dvida se mantm, portanto o roubo ou o furto da coisa empenhada no afeta a dvida, mas
o valor do bem dado em garantia deve ser devolvido ao devedor, pelo valor de mercado.
5.5.1. Caractersticas do penhor:
a) contrato real:
- Contratos reais no se confundem com direitos reais. Contratos reais so aqueles que exigem a
tradio para o seu aperfeioamento exemplo: depsito, comodato, mtuo. A vontade das
partes ou o cumprimento de uma solenidade insuficiente, exige-se a tradio. O penhor
contrato real porque exige-se a efetiva entrega da coisa.
Obs. O penhor se constitui por um contrato real e se classifica por um direito real.
b) Exige solenidade (instrumento pblico ou particular):
- O penhor exige um contrato formal, por escrito, solene.
c) Exige registro em cartrio:
- Exige-se o registro no cartrio de ttulos e documentos para a oponibilidade a terceiros. Esse
registro uma condio de validade ou de eficcia? Cristiano no tem dvidas de que a
exigncia de solenidade uma condio de validade, porque toda formalidade no direito
civil integra a essncia do ato (artigo 109 e 166 do Cdigo Civil). Mas o registro em cartrio
uma condio eficacial, porque ele confere oponibilidade erga omnes, se no for registrado s
vale entre as partes.
d) Admite o subpenhor, salvo disposio contrria:
e) Gera direito de reteno para o credor pignoratcio:
- Para entender o direito de reteno deve se lembrar da vedao de clusula comissria. O
credor real no pode ficar para o bem para si, ele deve sempre execut-lo e nunca ficar para si.
Mas apesar de no poder ficar com a coisa para si, ele tem direito de reteno, ou seja, o direito

de se manter com a coisa at que sejam pagas as eventuais despesas com o bem. Exemplo:
penhor sobre gado, o credor pode ter tido que contratar um veterinrio. essas despesas geradas
pelo bem se submete a uma regra de responsabilidade objetiva, devem ser ressarcidas
obrigatoriamente.
f) Possibilidade de exigncia de cauo ou substituio do bem, no caso de perda ou
deteriorao:
- Se a coisa dada em garantia se perder ou se deteriorar sem culpa, neste caso, o bem dado em
garantia deve ser substitudo ou caucionado. E se o devedor se recusar a cauo ou substituio?
Nesse caso, ocorrer vencimento antecipado de dvida, a dvida vence antecipadamente.
g) Direito de indenizao do credor pelas despesas e vcios sobre a coisa:
- Se a coisa dada em garantia gerar alguma despesa ou vcio a responsabilidade objetiva do
devedor pignoratcio.
5.5.1. Espcies de penhor:
- Existe o penhor convencional e os penhores legais.
- Estes penhores legais e penhores voluntrios. Penhores especiais afastam a regra geral. - O
penhor especial pode ser:
a) Rural (agrcola ou pecurio): Gado ou Safra - Ser registrado no cartrio de imveis
(diferente da regra geral que registro no cartrio de ttulos e documentos).
Credor pignoratcio rural ter a posse indireta, em razo do constituo possessrio - o credor ento
ter direito de vistoria. Abuso de direito (ex. na vistoria) pode ser praticado e gerar
responsabilidade independente da culpa, analise objetiva.
- Abrange objetos da lavoura e da pecuria e inclusive acesses fsicas (plantaes que
ordinariamente seriam classificadas como bens imveis).
- Abrange a safra seguinte caso a safra dada em garantia seja insuficiente.
- Prazo mximo de 03 anos para o penhor agrcola e 04 anos para o penhor pecurio.
Obs. Dispensa tradio.
- A posse permanece com o devedor pignoratcio, mas o credor pignoratcio ter direito de
vistoria, de inspeo. Esse direito de vistoria no pode ser exercido abusivamente.
- Apesar de ter a posse o devedor pignoratcio no pode alienar o bem dado em garantia. Se ele
alienar o bem, a dvida vence antecipadamente.
b) Industrial/mercantil:
- Tambm ser registrado no cartrio de imveis.
- Admite-se a emisso de cdula representativa.
- Dispensa-se a tradio em face do seu objeto, em razo do seu objeto que so bens da indstria.
- Abrange mquinas, equipamento, produtos ou matria prima da indstria ou do comercio.
- Se o devedor perder a posse da coisa pode atrapalhar a possibilidade de solver a divida, ento
se dispensa a tradio real e teremos a tradio ficta pelo constituo possessrio - e o credor ter
direito de inspeo.

Tanto aqui quanto no penhor rural o devedor no pode alienar a coisa, pois estaria frustrando a
garantia - ele no pode, mas se faz ocorrer vencimento antecipado de divida.
c) Penhor de direitos - Cauo sobre ttulos de crditos
Relao jurdica que tem como objeto um direito e no uma coisa - direito sobre um direito e no
sobre coisa em si. Ex. cauo de ttulo de crdito.
Uma vez notificado o devedor no pode pagar somente ao credor o melhor caminho ser
consignao em pagamento.
- Artigo 1452 do Cdigo Civil: Constitui-se o penhor de direito mediante instrumento pblico
ou particular, registrado no Registro de Ttulos e Documentos. Pargrafo nico. O titular de
direito empenhado dever entregar ao credor pignoratcio os documentos comprobatrios desse
direito, salvo se tiver interesse legtimo em conserv-los.
- Tambm pode ser chamado de cauo de ttulo de crdito, porque quando o devedor entrega
ao credor documentos representativos de um crdito futuro. Exemplo: devo dinheiro Simone,
mas ao mesmo tempo tenho um crdito com Arlete. Simone me pede uma garantia e dou a ela
como garantia o ttulo de crdito que tenho com relao Arlete.
- Exige-se a notificao do devedor pignoratcio para que no possa alegar que pagou
erradamente de boa-f.
- Registro no cartrio de ttulos e documentos - admite-se concurso - pluralidade de credores esse penhor pode ser em favor de duas ou mais pessoas - abrindo-se o concurso de credores.
d) Penhor sobre veculos:
- O Cdigo permite a incidncia de penhor sobre veculos automotores (artigo 1.461 do Cdigo
Civil). Ex. taxista
- Exige-se o registro no DETRAN REsp. 200.663/SP, sob pena de ineficcia perante terceiro.
Exige-se tambm o seguro, o devedor pignoratcio deve fazer o seguro do automvel. O
CODIGO EXIGIU PARA O PENHOR SOBRE AUTOMOVEIS, o seguro do carro. Em caso de
sinistro como j houve o registro, haver sub-rogao de direitos - o credor receber o seguro.
- Prazo mximo de 02 anos prorrogvel por igual perodo.
- Dispensa a tradio, mas no permite a alienao.
e) Penhores por fora de lei: Artigo 1.467 do Cdigo Civil - CASO ESPECIAL DE
AUTOTUTELA
- So 04 credores que iro ter uma garantia por fora de lei penhores legais:
1) hoteleiro sobre os bens mveis do seu hspede
2) dono do prdio sobre os bens do locatrio
3) locador industrial sobre os bens da indstria locatria DL 4191/42
4) artistas e auxiliares cnicos sobre os bens da pea teatral Lei 6533/78
- Trata-se de uma exceo prevista no sistema que permite a autotutela, porque o credor
pignoratcio legal tem direito de reteno.
- O CPC no artigo 874 exige a homologao judicial do penhor legal.

- O CPC no estabelece prazo, ele apenas usa a palavra incontinenti, o credor pignoratcio legal
incontinenti ir requerer a homologao do penhor legal ao juiz.
- Se o direito de reteno for exercido abusivamente pode caracterizar cobrana vexatria ex.
no caso do hotel. O hoteleiro no pode invadir o quarto para reter a bagagem porque o quarto
est ligado ao conceito de domiclio que no fsico, mas que est ligado privacidade. Critica haveria uma dificuldade para se implementar o instituto.
- Todos esses penhores acima precisam de alguma peculiaridade para que se justifiquem como
especiais.
O penhor legal se consubstancia com:
- tomada da coisa
- homologao judicial (art. 874 CPC)
Prazo no tem - incontinenti - SEM A HOMOLOGAAO DO JUIZ NO SE APERFEIOA A
GARANTIA.
5.6. HIPOTECA
- direito real de garantia sobre bens imveis e consequentemente dispensa a tradio. Exige-se
registro em cartrio para que tenha eficcia perante terceiros.
Tradio - transfere propriedade de bens mveis
Registro - transfere propriedade de bens imveis
Indivisibilidade da hipoteca: mesmo que a dvida tenha sido paga parcialmente, a garantia se
mantm ntegra, porque a hipoteca indivisvel. S haver extino da hipoteca com a remio
ou remisso total da dvida. O bem hipotecado pode ter uma idoneidade financeira muito maior
do que a dvida garantida, mas nem por isso a hipoteca deixa de ser indivisvel. Mas, em
contrapartida, a hipoteca vai permitir sub-hipoteca, tambm chamada de hipoteca de diferentes
graus artigo 1.476 do Cdigo Civil.
Obs. a hipoteca dispensa a tradio e parte da premissa que o devedor hipotecrio no perde nem
a propriedade nem a posse.
Mantem uso, gozo, reivindicao, disposio. Alienar - vender, doar, dar em garantia (anticrese
ou outra hipoteca) - O DEVEDOR HIPOTECARIO NO PERDE A LIVRE DISPOSIAO pode dispor, doar, dar novamente em garantia - ex. anticrese. O registro em cartrio assegura a
oponibilidade erga omnes - o credor hipotecrio no ser prejudicado continua tendo direito de
sequela, de preferencia. TERCEIRO ADQUIRE SABENDO QUE PODE PERDER O BEM.
- A sub-hipoteca independe da anuncia da hipoteca de grau antecedente. O credor hipotecrio de
grau antecedente ter preferncia na execuo da coisa, quem primeiro executa o credor
hipotecrio de primeiro grau.
Ex. hipoteca garante divida de 100, imvel de 200, mesmo se o devedor pagar 50 - remio
parcial, ou o perdo parcial no liberam a hipoteca - no permitem a divisibilidade da hipoteca.

Obs. art. 304 CC - pagamento feito por terceiro interessado gera sub-rogao - o terceiro
adquirente de imvel hipotecado, pode pagar e se sub-rogar e o devedor no pode se objetar ao
pagamento do terceiro interessado.
- E se a dvida de um credor hipotecrio de grau subsequente vencer primeiro? Haver 02
alternativas:
1) O credor hipotecrio de 2 grau paga a dvida do credor hipotecrio de 1 grau e se subroga. Nesse momento ele pode executar a coisa exemplo: tinha uma dvida de 100 mil
com a Arlete e ofereci um imvel de R$ 400.000,00. Depois tinha uma dvida com
Simone de R$ 200.000,00 e ofereci o mesmo imvel em hipoteca. Simone pode pagar a
dvida Arlete e se sub-rogar.
2) Se ele no pagar a dvida do credor hipotecrio de grau antecedente o que vai acontecer
o vencimento antecipado de dvida.
- O devedor hipotecrio no perde a posse e nem a livre disposio do bem. A constituio de
uma hipoteca no retira do devedor hipotecrio nem a posse, nem a livre disposio do bem. Ou
seja, no obsta o real aproveitamento da coisa.
ATENAO - O devedor hipotecrio no perde a utilidade, real aproveitamento da coisa, (NO
PERDE OS PODERES DO DOMINIO), pode desmembrar, lotear, alugar, constituir um direito
real de gozo (exemplo: usufruto), pode constituir direito real de garantia (anticrese), pode dar em
comodato, etc.
DEVEDOR - direito de proteo e real uso da coisa (domnio)
CREDOR - no tem direito de ficar com a coisa para si, mas tem o direito de excutir a coisa lev-la a execuo - reivindicao, e no ficar para si, em razo da proibio de pacto
comissrio.
Obs. Excusso - instituto de direito material - levar a execuo
Execuo - instituto de direito processual - atos satisfativos do direito
- O devedor hipotecrio pode alienar a coisa (doar ou vender)? Sim.
- nula toda e qualquer clusula que impea a alienao de bem hipotecrio (artigo 1.475 do
Cdigo Civil). Mas valida a clusula que prev o vencimento antecipado de dvida na hiptese
de alienao. Na prtica, a hipoteca no impede que o bem seja alienado, porque em nada afetar
os interesses (garantia de pagamento) do credor hipotecrio.
Obs. hipotecas regidas pelo SFH (Sistema Financeiro de Habitao) Lei 8.004/90. Esta lei
estabelece que a alienao de imveis hipotecrios pelo SFH exige a intervenincia do credor
hipotecrio (instituio financeira). O credor hipotecrio vai analisar se o comprador tem
idoneidade financeira. Essa lei est violando a regra do Cdigo Civil? O STJ, no REsp.
857.548/SC confirmou que as hipotecas do SFH esto afastadas da regra geral do Cdigo Civil.
- Como a hipoteca de algum modo ato de onerao de um bem imvel, por consequncia e
hipoteca exige consentimento do cnjuge pelo simples motivo de se tratar de um ato de
onerao de bem imvel exige-se vnia conjugal, exceto se o casamento for no regime de
separao convencional de bens. Se o casamento for no regime da participao final dos
aquestos, o pacto poder dispensar vnia conjugal.

- A smula 377 do STF diz que no regime da separao obrigatria comunicam-se os bens
adquiridos onerosamente na constncia do casamento, portanto, precisa da vnia conjugal.
- Smula 377 do STF: No regime de separao legal de bens, comunicam-se os adquiridos na
constncia do casamento.
5.6.1 Objeto da hipoteca:
- Todo e qualquer bem imvel, no todo ou em parte, inclusive com os seus acessrios e mais
direitos reais sobre bens imveis e mais navios e aeronaves.
- O artigo 1.473 do Cdigo Civil permite hipoteca sobre navios e aeronaves. NATUREZA
JURIDICA de bem mvel, mas EXCLUSIVAMENTE PARA FINS DE HIPOTECA PODEM
SER EQUIPARADOS A IMOVEIS.
Imvel
Domnio direto - enfiteuta
Domnio til - senhorio
Estrada de ferro
Recursos naturais
Navios e aeronaves
Direito real de uso
Propriedade superficiria - direito de superfcie (proprietrio tem o titulo e o superficirio tem
o uso o gozo - o superficirio pode dar em garantia a coisa, o titular pode dar em garantia o
titulo).
Obs. - Quando a hipoteca incidir sobre aeronaves e navios dispensa-se a outorga do
cnjuge, porque a hipoteca sobre aeronaves e navios deve ser interpretada restritivamente. H lei
especifica regendo estas espcies.
Teoria da gravitao - quando se entrega algo em garantia, abrange a coisa e os acessrios, ex.
a hipoteca abrange as acesses, as benfeitorias, os frutos.
ATENAO - No pode constituir hipoteca sobre herana (o artigo 80 do CC fala que a
herana bem imvel, MESMO SE SO HOUVER BENS MOVEIS) e sobre imveis gravados
com clusulas restritivas. Inalienabilidade, incomunicabilidade, impenhorabilidade. Art. 1911 a clusula de inalienabilidade faz presumir as demais.
- No abrange as pertenas, porque no nosso sistema jurdico pertena no se classifica como
bem acessrio e, portanto, as pertenas no esto submetidas teoria da gravitao. Bens com
funo prpria que se acoplam ao outro onde cumprem sua funo.
Ex. ar condicionado e trator da fazenda. Pertena no e acessria - ex. se vende a casa, a
fazenda, carro - o trator, o ar condicionado, o som do carro, no vo juntos.
POLEMICAS
a) Bem condominial

- Condomnio comum - frao ideal pode ser dada em hipoteca independentemente da


anuncia dos demais condminos. O bem como um todo s pode ser dado em hipoteca com
consentimento de todos.
- Condomnio edilcio - reas comuns no podem ser dadas em hipoteca. reas
particulares podem ser dadas.
b) Hipoteca de bem de incapaz - exige deciso judicial ouvido o MP - condio de validade.
c) Bem de famlia - Artigo 3, da Lei 8.009/90 dispe que uma das hipteses em que se admite a
penhora do bem de famlia a hipoteca. O STJ vem afirmando que hipoteca sobre bem de
famlia possvel, desde que a dvida garantida reverta em prol do ncleo familiar.
Legal - L. 8.009/90 - impenhorabilidade (salvo de dividas especficas)
Convencional - art. 1.711 e ss. Do CC - gera impenhorabilidade e inalienabilidade.
ATENAO - O bem de famlia convencional, por sua inalienabilidade impede a circulao
e impede que seja dado em garantia. Bem legal continua disponvel para o proprietrio,
pode ser objeto de garantia. O STJ exige que a hipoteca tenha como razo divida que
reverteu em beneficio do ncleo familiar.
Obs. os regimes no se excluem. O bem de famlia convencional depende de registro. O legal
independe de qualquer ato.
5.6.2. Espcies de hipoteca:
1) Hipoteca convencional: resulta da vontade das partes, est submetida disciplina
comum da hipoteca - credor e devedor ajustam a garantia.
- O prazo mximo da hipoteca de 20 anos (prazo de perempo), renovveis artigo 1.498 do
Cdigo Civil. *Esse prazo no se aplica na hipoteca legal e convencional. As hipotecas
convencionais podem ser representadas por um ttulo de crdito (artigo 1.486).
2) Hipoteca judicial: tem ndole processual, trata-se de garantia de cumprimento de
sentena condenatria. Tambm exige registro (no caso da sentena transitado em
julgado).
3) Hipoteca legal: resulta de fora de lei (artigo 1.489 do Cdigo Civil). So as hipteses de
garantia hipotecaria por fora de lei. Independente da vontade do devedor, o ordenamento
contempla alguns credores com hipoteca dependendo de homologao do juiz PROCEDIMETNO DE JURISDIAO VOLUNTARIA - art. 1205 procedimento de
especializao de hipoteca. Basta provar o credito e a existncia de bem idneo prevista
em lei e precisam ser especializadas pelo juiz.
- Hipotecrios legais artigo 1489 do Cdigo Civil:
a) o fisco sobre imveis dos servidores do fisco
b) os filhos sobre os imveis dos pais vivos que ainda no fizeram a partilha dos bens.
c) o ofendido e os seus herdeiros sobre os imveis do criminoso para o pagamento da
indenizao e das despesas do processo - garantir a reparao do dano e as despesas judiciais.

d) coerdeiro sobre os imveis pertencentes aos demais coerdeiros em relao de adjudicao de


herana, para garantir quinho - ex. coerdeiro adjudicou imvel maior que seu quinho - sobre o
valor restante ter-se- a hipoteca sobre o imvel em favor dos outros.
e) o credor sobre o imvel arrematado para o pagamento do restante do preo.
- O CPC exige especializao da hipoteca legal. Trata-se de procedimento de jurisdio
voluntria (artigo 1.205 do CPC)
Obs. o decreto lei 70/66 havia institudo a possibilidade da hipoteca cedular - possibilidade de
toda hipoteca ser expressa em uma cdula - por titulo de crdito - para que o credor hipotecrio
circulasse sua garantia - hipoteca do SFH. Admite endosso e nominativa. O CODIGO AGORA
PERMITE QUE TODA HIPOTECA POSSA VIR A SER CEDULAR, admite endosso, pode
circular.
Obs. um nico bem pode garantir diferentes dividas, hipoteca com diferentes graus. E todas
sero indivisveis. A sub-hipoteca independe de autorizao do primeiro credor hipotecrio - pois
no atinge seus interesses - credor hipotecrio de grau subsequente s poder executar a coisa
depois do credor de grau antecedente.
A divida de credor de 2 e 3 grau pode vencer antes da divida de 1 grau - se neste caso houver
execuo da coisa - alm do devedor deve ser citado o credor hipotecrio de grau antecedente haver vencimento antecipado da divida garantida por hipoteca do mesmo bem anteriormente - o
bem hipotecado pode ter valor superior a divida. Inclusive o credor secundrio pode pagar o
primeiro dbito e ser credor primrio.
PRAZO DE PEREMPAO - extino - 20 anos - somente para hipoteca convencional. A dvida
continua o que se extingue a garantia - credor deixa de ser real e passa a ser comum quirografrio.
5.7. ALIENAO FIDUCIRIA EM GARANTIA
- Direito real mais antigo. Chamava-se fiducia cum creditore - NEGOCIO BASEADO NA
CONFIANA.
Obs. alienao fiduciria e uma das espcies do gnero - negcios fiducirios - negcio jurdico
baseado na confiana ex. fideicomisso (art. 1952 - fideicomisso testamento). Fideicomisso substituio testamentaria quando o beneficirio for a prole eventual. Se a mulher j esta gravida
no ser prole eventual, j tem nascituro. Testamento para nascituro possvel, tm direitos. Se
deixar para mulher no grvida, prole eventual, (prole eventual - diferente de nascituro) - 2 anos
para que seja concebida a prole eventual. No momento da abertura da sucesso pessoa pode no
estar gravida - e o quinho da prole eventual o testador indica o substituto ex. a me, terceiro, e
quando a prole nascer ela adquire o patrimnio transmitido ao substituto. PROPRIEDADE
RESOLUVEL
- o direito real de garantia mais comum no Brasil. Vem de um instituto do direito romano
chamado de fiducia cum creditore, que permitia a transferncia da propriedade de um bem como
garantia de dvida. Nesta fidcia esto as razes da alienao fiduciria.

- Alienao fiduciria o direito de garantia mais amplo e com instrumentos processuais


mais eficazes. Atravs da alienao fiduciria, o devedor transfere a propriedade, o ttulo
de um bem para o credor.
- Se transferiu a propriedade significa que o credor passa a ser o proprietrio at que a
dvida seja paga. Trata-se de um caso curioso de propriedade resolvel. Quitada a dvida
extingue-se automaticamente a propriedade do credor fiducirio.
Finalidade - circular riqueza e facilitar o acesso a bens e produtos de consumo.
- Todo e qualquer ato praticado depois da quitao ter natureza meramente administrativa,
porque a garantia j cessou, at mesmo pela sua acessoriedade.
Obs. Alienaes fiducirias em garantia - podem ser realizadas por qualquer interessado, PF ou
PJ, no mais apenas instituies financeiras e consrcio como antes do novo CC.
5.7.1. Objeto da alienao fiduciria:
- Podem ser bens mveis ou imveis, inclusive que j pertenciam ao devedor smula 28 do
STJ: O contrato de alienao fiduciria em garantia pode ter por objeto bem que j integrava
o patrimnio do devedor.
- No se exige a tradio, o bem permanece na posse do devedor.
- Exige-se registro como condio de oponibilidade a terceiros smula 92 do STJ e smula 489
do STF essas duas smulas vo regulamentar a necessidade de registro para ter oponibilidade a
terceiros.
- Smula 92 do STJ: A terceiro de boa-f no oponvel a alienao fiduciria no anotada no
Certificado de Registro do veculo automotor.
- Smula 489 do STF: A compra e venda de automvel no prevalece contra terceiros, de boaf, se o contrato no foi transcrito no registro de ttulos e documentos.
- A alienao fiduciria pode ser constituda no apenas em favor de instituies financeiras,
pessoas fsicas tambm podem ser credores fiducirios.
Obs. o pagamento feito por um terceiro gera sempre sub-rogao seja por terceiro
interessado seja no interessado - finalidade facilitar a circulao do crdito. Ex. emprstimo
de banco para pagar outro gera sub-rogao.
- Na alienao fiduciria no incide a regra da proibio de clusula comissria artigo 66B, 3 da Lei 10.931/04 (essa lei permite que o credor fiducirio, na hiptese de
inadimplemento, possa ele mesmo alienar a coisa).
L. 10.931 - o bem fiducirio fica livre de penhoras seja por dvida do credor, seja por divida
do devedor. Credor fiducirio o proprietrio resolvel e o devedor fiduciante logo aps o
pagamento se tornara o proprietrio pleno - e o bem se torna indisponvel, no entra no
concurso de credores - tem finalidade especifica. Mas a alienao fiduciria gera um crdito
peridico, o pagamento peridico da divida, o bem no pode ser penhorado o crdito sim.

- A alienao fiduciria tambm permite cesso de crdito e cesso de dbito. A cesso de crdito
independe da anuncia do devedor, o credor fiducirio que pode ceder a sua posio. Mas a
recproca no verdadeira, a cesso de dbito exige a anuncia do devedor.
- O credor pode ceder o seu crdito, mas o artigo 304 do Cdigo Civil permite o pagamento feito
por terceiros. Se o pagamento feito por um terceiro interessado (avalista, fiador) ele gera subrogao. Se feito por um terceiro no interessado, no gera sub-rogao, gera apenas direito de
reembolso. Na alienao fiduciria o pagamento feito por terceiro interessado ou por terceiro no
interessado, sempre gera sub-rogao, afasta-se o artigo 304 do Cdigo Civil, para facilitar o
cumprimento. Exemplo: celebro um contrato de financiamento de automvel e dei o carro em
garantia. Estou devendo ao banco e no sei como fao para pagar a dvida. Vou em outro banco e
falo que quero fazer um emprstimo para quitar a dvida com o primeiro banco. Esse banco que
me empresta o dinheiro se sub-roga no crdito e mantm todas as preferncias e privilgios.
- A Lei 10.931/04 transformou o bem fiducirio em patrimnio de afetao, ou seja, o bem
fiducirio fica imune a penhoras, seja por credores do devedor fiducirio, seja por credores do
credor fiducirio. Os credores do credor fiducirio no podem penhorar o bem, mas os credores
do credor fiducirio podem penhorar o crdito, o pagamento mensal. S o bem dado em garantia
que no pode ser penhorado porque ele se constitui patrimnio de afetao.
Smula vinculante 25 e 419 STJ - impede a priso civil do depositrio infiel. Com base no
pacto de San Jose da Costa Rica.
Art. 4 DL 911/69 - devedor fiduciante estava equiparado ao depositrio - mas no cabe mais a
priso civil. Continua sendo depositrio mas no tem efeito nenhum.
O devedor tem direito purgao da mora, independente do nmero de parcelas pagas - atualizar
a dvida.
Possibilidade de propositura de ao de busca e apreenso se mvel, e reintegrao de posse se
imvel pelo credor quando houver esbulho. Esbulho contratual - REsp. 577693 MG .
5.7.2. Aspectos processuais da alienao fiduciria:
- Os direitos reais de garantia so marcados por atribuir ao credor a segurana de cumprimento
de uma obrigao. O direito de garantia precisa transformar processualmente aquela segurana
que se atribui ao credor em satisfao.
- Sob ponto de vista processual a alienao fiduciria traz consigo uma dupla possibilidade:
a) Reintegrao de posse: quando se tratar de bem imvel. Somente ser possvel a
reintegrao de posse, no caso de alienao fiduciria se o contrato contiver clusula
constituti (constituto possessrio). Se no tiver constituto possessrio, o credor no ter
posse, ou seja, no ter ocorrido o desdobramento de posse direta e indireta. E sendo
assim, o credor no ter a posse indireta. Esta ao pode ter procedimento especial ou
no, a depender da data do esbulho ou turbao.
- Na hiptese de no ter clusula constituti a medida adequada seria a resciso contratual.
b) Busca e apreenso: quando se tratar de bem mvel. Est regida pelo Decreto Lei 911/69
e, portanto, no tem natureza cautelar e sim autnoma. No tendo natureza cautelar, ela
no exige a propositura da ao principal no prazo de 30 dias (STJ, REsp. 577.693/MG
nesse julgado o STJ confirmou que essa busca e apreenso no tem natureza cautelar, tem

natureza autnoma e consequentemente, dispensa a propositura da ao principal no


prazo de 30 dias).
- Para que seja proposta a medida processual (reintegrao de posse ou busca e apreenso), a
propositura reclama a constituio em mora do devedor fiducirio. Trata-se de uma mora ex re,
porque tem prazo de validade. Em princpio a constituio em mora seria automtica, contudo, a
smula 72 do STJ, estabelece um detalhe: A comprovao da mora imprescindvel a busca e
apreenso do bem alienado fiduciariamente. - uma condio comprobatria documental da
mora, ou seja, uma condio de procedibilidade da medida processual. Essa comprovao da
mora dispensa a indicao do valor da dvida smula 245 do STJ: A notificao destinada a
comprovar a mora nas dvidas garantidas por alienao fiduciria dispensa a indicao do
valor do dbito. (essa smula estaria em rota de coliso com a boa-f objetiva. A notificao
tem natureza apenas de documentar a mora, de modo a possibilitar a propositura da ao. Mas a
boa-f objetiva estabelece deveres anexos, que independem de previso. A alienao fiduciria
autoriza a purgao da mora (realizar o pagamento depois da constituio da mora). Na
alienao fiduciria a Lei 10.931/04, artigo 56, admitiu a purgao da mora
independentemente do montante pago pelo devedor. Com isso superou-se e tornou-se
prejudicada a smula 284 do STJ: A purga da mora, nos contratos de alienao fiduciria,
s permitida quando j pagos pelo menos 40% do valor financiado).
- O STJ vem entendendo que a clusula de decaimento/perdimento (a clusula que prev que na
hiptese de constituio em mora, ele perderia todas as parcelas pagas) nula de pleno direito
(REsp. 401.702/DF). Essa nulidade se d inclusive em razo do artigo 413 do Cdigo Civil
(funo social da clusula penal estabelecendo a reduo equitativa). Admite-se a substancial
performance, quando o devedor fiducirio adimpliu substancialmente (REsp. 469.577/SC e
Enunciado 361 da Jornada de Direito Civil: Arts. 421, 422 e 475. O adimplemento substancial
decorre dos princpios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a funo social do
contrato e o princpio da boa-f objetiva, balizando a aplicao do art. 475. ) retira-se do
credor o direito de resolver o contrato se as parcelas j foram substancialmente quitadas.
- Na alienao fiduciria o devedor no tem a obrigao de guardar para restituir, o devedor
recebe a coisa para utilizar, no difcil perceber que na alienao fiduciria no se encontra de
nenhum modo a figura do depsito. Tentou-se com a priso do devedor fiducirio, conceder
garantias processuais aos bancos. Em dezembro de 2008, o STF justificou a sua jurisprudncia,
no julgamento do RE 466.343/SP e no HC 87.585/TO, entendendo que, em razo do status
normativo da Conveno Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de San Jose da Costa
Rica), o artigo 7, somente tolera a priso civil do devedor de alimentos. O STF declarou que a
priso civil na alienao fiduciria ilegal. No inconstitucional, porque no se poderia falar
em inconstitucionalidade se a prpria Constituio permite. A Constituio diz que pode prender
o depositrio infiel, mas no diz qual ser o procedimento, quem dir qual o procedimento a
norma infraconstitucional. O STF criou a tese da supralegalidade, que significa que os tratados e
convenes internacionais que versam sobre direitos humanos, mas que no tiveram aprovao
na forma da EC 45, sero incorporados em sede supralegal.
- Smula vinculante 25 do STF: ilcita a priso civil de depositrio infiel, qualquer que seja
a modalidade do depsito. nas pegadas dessa smula, o STJ editou a smula 419: Descabe a
priso civil do depositrio judicial infiel.
(DIREITOS REAIS DE FRUIO NA COISA ALHEIA)

5.8. ENFITEUSE
- direito real de fruio/gozo.
- A enfiteuse busca suas origens na antiga Grcia e o mais amplo de todos os direitos de
fruio. Atravs da enfiteuse, todos os poderes do domnio so transferidos para um terceiro. Se
de ordinrio estvamos acostumados a estudar os direitos reais na coisa alheia como
transferncia de parcela dos poderes do domnio, na enfiteuse no se transfere parcela dos
poderes do domnio, mas sim todos os poderes do domnio . Haver um desdobramento de
domnio direto e de domnio til. No um desdobramento em posse direta e indireta. O que se
trata efetivamente, de um desdobramento de domnio direto e de domnio til. Se na enfiteuse
so transferidos todos os poderes, o enfiteuta/foreiro recebe o domnio til, porque ele recebe
todos os poderes. O proprietrio fica apenas com o ttulo, ou seja, ele possui o domnio direto e
intil, porque a nica que ele tem o ttulo. PRESTAAO ANUAL DO ENFITEUTA - deve ser
certa e invarivel - foro.
- Constituindo uma enfiteuse, o senhorio (proprietrio), que fica apenas com o ttulo, pode ser
enquadrado como um mero senhor. Qual a nica atitude que o senhorio pode adotar depois
da constituio da enfiteuse? Dispor do ttulo.
- A enfiteuse no boa para ningum, porque o todo que o enfiteuta tem jamais ter o valor
jurdico e econmico de uma propriedade porque ele no tem o ttulo. Para o senhorio tambm
no bom porque ele s tem o ttulo. E a enfiteuse ainda perptua, quando um e outro
morrerem (senhorio ou enfiteuta) a enfiteuse vai sendo transmitida.
- Atendendo aos insistentes e coerentes reclamos de Orlando Gomes, o Cdigo Civil de 2002
extinguiu a possibilidade de constituio de novas enfiteuses. As enfiteuses j existentes
permanecem disciplinadas pelo Cdigo Civil de 1916, um caso curioso de ultratividade da
norma (aplicao de uma norma j revogada). No pode constituir novas enfiteuses e to pouco,
subenfiteuses.
Artigo 2.038 do Cdigo Civil: Fica proibida a constituio de enfiteuses e subenfiteuses,
subordinando-se as existentes, at sua extino, s disposies do Cdigo Civil anterior, Lei n
3.071, de 1 de janeiro de 1916, e leis posteriores.
Ultraatividade do CC - o cdigo de 16 apesar de j revogado continua aplicvel s enfiteuses j
constitudas. ENFITEUSAS DE TERRAS PUBLICAS SO REGIDAS PELO DIREITO ADM.
DL L.9.636.
Obs. nas enfiteuses de direito pblico a penso anual reajustvel, enfiteuta no admite resgaste,
pois bem pblico e inalienvel.
Obs. as enfiteuses de terras pblicas e terrenos de marinha continuam disciplinas pelo direito
administrativo, no se submetem ao Cdigo Civil Lei 9.636/98 e Decreto Lei 2.398/87. DL
9.760/46
Obs. as enfiteuses do direito administrativo admitem reajuste da penso anual. E como os bens
pblicos so indisponveis, no geram direito ao resgate. ENFITEUSE DE TERRA PUBLICA
ADMITE USUCAPIAO.

Caratersticas
1 - Objeto - A enfiteuse tem como objeto terras cultivveis ou terrenos para edificao. O
enfiteuta/foreiro, recebia uma terra praticamente nua e desta terra ele teria o direito de usar, fruir,
revindicar, dispor. O seu direito perpetuo, tudo que investir ele transmite. O senhorio fazia jus
a duas parcelas, o senhorio tem direito ao pagamento de um valor anual, essa prestao
chamada de foro/penso/cnon. A prestao anual certa e invarivel. Com o passar do tempo,
essa prestao se torna centavos. O senhorio tem direito ao laudmio, que o recolhimento
de 2,5% nas alienaes onerosas ou dao em pagamento. A inteno do Cdigo foi um
desestmulo enfiteuse.
- Artigo 2.038, 1, I do Cdigo Civil: 1 Nos aforamentos a que se refere este artigo
defeso: I - cobrar laudmio ou prestao anloga nas transmisses de bem aforado, sobre o
valor das construes ou plantaes; Tanto o senhorio quanto o enfiteuta tem direito de
preferncia nas alienaes onerosas. Trata-se de um direito recproco de preferncia: se o
senhorio ou enfiteuta resolve praticar um ato oneroso, tem que dar preferncia ao outro.
Art. 1266 - descoberta de tesouro em bem enfiteutico - ser dividido entre o descobridor e o
enfiteuta.
Obs. Depois de 10 anos o enfiteuta tem direito ao resgate, o resgate a aquisio do ttulo,
desde que ele pague o valor do ttulo.
- O Cdigo estabeleceu se o enfiteuta parar de pagar o foro por 03 anos consecutivos caracterizase o comisso e extingue-se a enfiteuse Smula 122 do STF: O enfiteuta pode purgar a mora
enquanto no decretado o comisso por sentena.
- O enfiteuta deve pagar tambm os tributos e taxas sobre o bem (REsp. 267.099/BA).
2 - Admite exerccio simultneo por mais de um enfiteuta - coenfiteuse - Havendo mais de
um enfiteuta (coenfiteuse) dever ser eleito um sndico/administrador, que se chama cabecelo. A
eleio do cabecelo direito dos enfiteutas, mas no o fazendo mesmo depois de notificados,
esse direito se transfere ao senhorio. Se a indicao no for feita em 6 meses pelos coenfiteutas
ser nomeado pelo senhorio.
3 - Perpetuidade - art. 679 - CC 1916
Perpetua - se transmite aos sucessores
Vitalcio - se extingue com titular
Enfiteuse transmissvel causa mortis ou ato inter vivos.
- Se tiver clusula de no perpetuidade, no se trata de direito real na coisa alheia, mas sim
de direito obrigacional. Toda enfiteuse perptua, no tem como ser diferente, porque da sua
essncia.
- Se toda enfiteuse perptua, a morte do enfiteuta ou do senhorio implica transmisso
automtica, porque trata-se de um direito perptuo. Incidem na enfiteuse as regras do direito
sucessrio (artigo 1784 do Cdigo Civil traz a regra do saisine, que a transmisso automtica
de todos os direitos patrimoniais).

- Se o enfiteuta falecer sem deixar herdeiros sucessveis, quem recebe a enfiteuse a Fazenda
Pbica atravs do procedimento de jurisdio voluntria da herana jacente e vacante. Se a
Fazenda Pblica receber esse bem, o senhorio jamais ir reaver o bem, porque os bens pblicos
so indisponveis. O senhorio perde o direito ao resgate. Artigo 692, III do Cdigo Civil de
1916: A enfiteuse extingue-se: III Falecendo o enfiteuta, sem herdeiros, salvo o direito dos
credores. impede-se com isso, o recolhimento do bem enfitutico pela Fazenda Pblica.
- Cabimento de usucapio de enfiteuse de terra pblica: possvel, porque o que se est
adquirindo no a propriedade e sim direito real na coisa alheia (REsp. 154.123/PE, STJ, REsp.
575.572/RS).
Obs. O enfiteuta deve garantir a preferncia do senhorio e a recproca verdadeira. Se o
devedor realiza dao ou aliena onerosamente precisa recolher o laudmio - 2,5%.
Obs. O CODIGO ESTABELECEU PROIBIAO DE COBRAR LAUDEMIO ADICIONAL art. 2.038 - sobre construes e plantaes feitas na terra nua.
5 - IPTU e ITR - sero pagos pelo enfiteuta - STJ responsabilidade por tributos e taxas e do
enfiteuta.
6 - Enfiteuta tem a livre disposio - pode praticar qualquer ato de disposio, vender, doar,
dar em garantia, ex. hipoteca ou anticrese.
7 - Pode se extinguir pelo comisso - transcurso do prazo de 3 anos sem o pagamento do foro extingue a enfiteuse consolidando a propriedade no senhorio. MAS O ORDENAMENTO
PERMITE PURGAAO DA MORA ATE A PROLAAO DA SENTENA - sum. 122 do STF.
COMISSO SANO AO ENFITEUTA NO PAGADOR.
Com o passar do tempo as enfiteuses devem acabar:
- depois de 10 anos o enfiteuta pode resgat-la
- possibilidade de comisso
- h os direitos de preferncia
- O LAUDEMIO DO RESGATE CONTINUA SENDO DEVIDO.
5.9. SERVIDES
- O novo Cdigo desqualificou as servides. No Cdigo de 1916 havia uma necessidade de
qualificaes. Toda servido predial, porque servido vem de servo, de prestao de servios.
As servides so perptuas, portanto incompatvel servido humana com o sistema
democrtico. Se servido, no pode ser humana, porque violaria o Estado Democrtico de
Direito. Toda servido entre prdios e toda servido perptua. Pouco interessa a
titularidade dos prdios. Toda servido uma utilidade estabelecida de um prdio em favor de
outro.
- Pertence ao prdio, uma utilidade da coisa, no pode nunca ser alienada em separado. A
servido no pertence ao particular, mas ao prdio.

- Em se tratando de utilidade de um prdio em favor de outro, significa que uma vantagem que
ordinariamente um prdio no teria e obtm por concesso de outro prdio. Exemplos: gua para
fins de irrigao (uma fazenda que no tem gua, mas a fazenda vizinha que tem rio, permite a
tirada de gua); passagem.
- As servides podem ser objeto de cesso? No, porque a servido adere ao prdio e aderindo
ao prdio no pode ser objeto de cesso. Se o prdio for transmitido a servido o acompanha.
Mas no pode ser transmitida a servido separadamente.
Servido Direito de vizinhana - PASSAGEM FORADA - passagem forada direito de
vizinhana para evitar o encravamento absoluto (prdio sem acesso via publica) - fatores
humanos ou naturais. Vai passar pelo vizinho de forma menos gravosa, direito de vizinhana
gera resp. objetiva, deve indenizar. DIREITO DE VIZINHANA NO E DIREITO REAL, E
OBRIGAAO PROPTER REM - adere coisa. No caso servido - no obrigao propter rem,
direito real na coisa alheia, ex. j tem acesso via publica e o particular deseja acesso melhor passagem forada s em caso de encravamento absoluto - por Lei, Deciso judicial ou negcio
jurdico.
5.9.1. Caractersticas da servido:
a) constituda entre prdios: no envolve os seus titulares - em caso de alienao
tambm transferida
b) prdios devem ser pertencentes a titulares distintos: os dois prdios envolvidos na
servido precisam ser de titulares distintos. Se os prdios pertencerem ao mesmo titular
no se trata de direito real na coisa alheia, mas sim de uma mera relao obrigacional
denominada de serventia - relao obrigacional. A aquisio de ambos os prdios pelo
mesmo titular implica na extino da servido. (nem toda serventia configura direito real
de servido)
c) a vantagem instituda em favor do prdio, no do titular: no se trata de uma
vantagem para o exerccio pessoal
d) perpetuidade: toda servido perpetua, eventual modificao na titularidade do prdio
no afeta a servido.
e) constituio por declarao de vontade expressa, deciso judicial ou lei: a servido
no se presume. Exemplo de deciso judicial: usucapio.
f) inalienabilidade da vantagem: o prdio pode ser alienado, quem no pode ser alienada
a vantagem decorrente da servido. Exemplo: servido de passagem a servido no
pode ser alienada, mas o prdio pode. Quando o prdio for alienado a servido de
passagem seguir com ele.
Obs. servido de passagem passagem forada: a servido de passagem direito real na coisa
alheia. Passagem forada direito de vizinhana. A servido de passagem depende da vontade do
titular. Direito de vizinhana obrigao propter rem, no depende da vontade do titular. A
servido de passagem, uma vantagem, uma utilidade para um prdio. Na passagem forada
ocorre o encravamento do imvel, ele no tem acesso via pblica. O vizinho obrigado a dar a
passagem, da forma que lhe for menos gravosa. Na passagem forada o vizinho que suporta a
passagem no pode se objetar, ele tem direito indenizao com base em regra de
responsabilidade objetiva (no se discute a culpa). Na servido de passagem ordinariamente no
h indenizao, a no ser que as partes estabeleam em negcio jurdico uma contraprestao.

5.9.2. Classificao das servides: O Cdigo Civil utiliza dois critrios:


1 - Servides contnuas e descontnuas: as servides contnuas so aquelas que se aperfeioam
independentemente de uma atividade humana. Servides descontnuas so aquelas que exigem
uma atuao humana. Exemplos: servido de trnsito, passagem de gua.
2 - Servides aparentes e no aparentes: sero aparentes quando visveis por obras externas.
As servides no aparentes so aquelas imperceptveis por obras externas. (aqueduto subterrneo
uma servido no aparente), a servido de trnsito, quando materializada por placas e faixas faz
com que ela se torne aparente. De ordinrio, a proteo possessria e de usufruto somente para
as servides aparentes smula 415 do STF: Servido de trnsito no titulada, mas tornada
permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo
direito proteo possessria. SE A SERVIDAO NO E APARENTE, OBSTA O
EXERCICIO DA POSSE E NO TEM A POSSIBILIDADE DE DEFESA POSSESSORIA,
NEM DE USUCAPIAO.
Obs. servido de vista - servido no aparente.
3 - Servides positivas e negativas: essa uma classificao de Cristiano Chaves. Servides
positivas so aquelas que conferem ao prdio dominante o direito a prtica de uma ao
exemplo: tirada de gua. As servides negativas impe ao prdio dominado uma absteno. O
prdio dominado assume uma obrigao de no fazer algo que lhe seria possvel e lcito.
Exemplo: servido de no construo acima de determinada altura.
ATENAO - EXTINAO PELO NO USO - O Cdigo Civil estabelece que o no exerccio da
servido por 10 anos consecutivos implica em sua extino. Esta extino por no exerccio
muito clara nas servides positivas, mas nas servides negativas ser altamente difcil provar o
no exerccio.
Tutela processual da servido:
Ao de Usucapio - adquirir a servido
Ao possessria - para proteger a posse
Publiciana - proteger o domnio
Ao confessria: a ao promovida para dizer que existe uma servido, para que o juiz
declare que existe uma servido.
Ao negatria: a ao promovida para o juiz declarar a inexistncia de uma servido.
5.10. SUPERFCIE
- O direito de superfcie foi primeiramente disciplinado pelo direito portugus e introduzido no
Brasil pelo Estatuto das Cidades Lei 10.257/01 e posteriormente acolhido pelo Cdigo Civil.
Estatuto da cidade - rea urbana
CC - art. 1369 - rea urbana e rural

- Antes do Cdigo Civil o direito de superfcie s poderia ser constitudo no mbito do Estatuto
das Cidades. O direito de superfcie no foi criado pelo Cdigo Civil, mas sim generalizado pelo
Cdigo Civil. possvel constituir direito de superfcie no mbito urbano e rural.
- O direito de superfcie o direito que materializa de forma mais vigorosa e concreta a funo
social da propriedade. O direito de superfcie a entrega do solo de uma propriedade para
que um terceiro possa plantar ou construir, por tempo determinado ou determinvel.
- Se o proprietrio urbano no estiver cumprindo a funo social, ele pode ter contra si imposta
algumas medidas, so medidas drsticas para o proprietrio urbano que no cumpre a funo
social. Mas possvel imaginar um proprietrio que adquiriu um terreno urbano e no tem
interesse em investir ou no pode investir, porque durante o perodo que ele nada realizar no
terreno ele pode sofrer: edificao compulsria, IPTU progressivo, desapropriao, etc.
- O artigo 160 da CF garante o direito de investir, mas por outro lado, existe o direito de cumprir
a funo social. Enquanto ele no quer investir ele pode entregar para um terceiro a superfcie,
para que esse terceiro utilize o terreno. O direito de superfcie um dos mais poderosos
instrumentos de concretizao da funo social da propriedade.
- Compatibilizao do direito de superfcie no Cdigo Civil (artigo 1.369) e no Estatuto das
Cidades (artigo 21): o Cdigo Civil no revogou o Estatuto das Cidades, eles coexistem (enunciado 93 da Jornada de Direito Civil). Mas qual seriam os pontos de divergncia?
- Regras de compatibilizao:
1) O direito de superfcie no Cdigo Civil sempre por tempo determinado. No Estatuto da
Cidade pode ser por tempo determinado ou por tempo indeterminado. Se a superfcie
por tempo determinado, a constituio em mora sempre ex re. Se a superfcie por
tempo determinvel a mora ex persona, reclamando prvia notificao.
2) A superfcie no Estatuto da Cidade somente para imveis urbanos.
3) A superfcie do Cdigo Civil no abrange espao areo e subsolo.
- Direito de laje ou sobrelevao: artigo 21, 1 do Estatuto da Cidade. Direito de laje.
Caractersticas:
1 - Seja no Estatuto da Cidade ou no Cdigo Civil, o direito de superfcie pode ser
constitudo por ato inter vivo ou causa mortis e at por usucapio. O enunciado 250 da
Jornada de Direito Civil tambm admite a constituio do direito de superfcie por ciso. De um
jeito ou de outro, sempre exigido o registro.
- Enunciado 250 da Jornada de Direito Civil: Art. 1.369: Admite-se a constituio do direito de
superfcie por ciso. (alm do ato intervivos, alm do ato causa mortis - por usucapio ex.
usucapio do direito real na coisa alheia).
2 - O direito de superfcie pode ser gratuito ou oneroso artigo 1.370 do CC, de acordo com a
interpretao doutrinria, no silncio das partes, a superfcie gratuita. Sendo oneroso, as partes
devem estipular a periodicidade do pagamento e esta contraprestao vai ser chamada de cnon
ou salarium. No silncio das partes o cnon ou solarium tambm abrange os tributos.
Independentemente da existncia de contraprestao, extinto o direito de superfcie, todas as
obras e plantaes realizadas passam a pertencer ao proprietrio, independente de indenizao,

salvo disposio contrria. Extinto o direito de superfcie o acessrio segue o principal e o


proprietrio adquire todas as obras e plantaes sem indenizao, salvo disposio contrria. (no
silncio das partes ser presumidamente gratuito).
- No direito de superfcie h direito recproco de preferncia, se cada um quiser dispor, deve dar
preferncia ao outro.
- O direito de superfcie constitudo por pessoa jurdica de direito pblico rege-se
subsidiariamente pelas regras do Cdigo Civil.
O prefeito deve controlar a funo social da propriedade imvel, se no fizer, ser caso de
improbidade - IPTU progressivo, parcelamento compulsrio, desapropriao.
Superfcie por tempo determinado - mora ex re
Superfcie por tempo indeterminado - mora ex personae
3 - Possibilidade de instituio de outros direitos reais sobre o direito de superfcie - ex.
hipoteca, anticrese; - enunciado 249 da jornada - reconhecendo direito da superfcie pode ser
objeto de direito de garantia autnomo.
Haver dois titulares distintos:
Proprietrio - pode dar em garantia a propriedade (o valor vai depende do contrato de superfcie
- ex. prazo determinado por anos - pode constituir: hipoteca, alienao fiduciria, anticrese).
Superficirio - propriedade do solo e utilidades - por tempo determinado
4 - Admissibilidade de ato de alienao - transferir a terceiros - tanto por ato inter vivos como
causa mortis.
Ambos possuem direito de preferncia - aplicao da regra do art. 504 do CC - preferncia no
contrato de compra e venda entre condminos.
Se um dos dois alienar a terceiro sem a preferncia o ato ser ineficaz em relao outra parte,
sendo ineficaz significa que a outra parte ter o direito de adjudicao compulsria no prazo de
180 dias.
Obs. Extinto direito de superfcie o proprietrio adquire todas as plantaes e construes
independentemente de contrato. REGRA DISPOSITIVA - partes podem formular clusula em
contrrio.
Obs. o direito de superfcie pode ser constitudo por PJ de direito pblico e continuar regido
pelo CC.
Usufruto sucessivo proibido - passa o usufruto para A e quando morrer para B - mas dessa
forma estaria sendo criado fideicomisso entre vivos - FIDEICOMISSO ENTRE VIVOS E
PROIBIDO e o causa mortis ainda e restringido - fideicomisso - substituio do beneficirio de
uma gratuidade - doao ou herana - na doao o cdigo probe - na sucesso da herana o
fideicomisso somente ser possvel em favor de prole eventual, e no nascituro.
5.11. USUFRUTO

- o direito de retirar todas as utilidades possveis de um bem alheio. Este bem alheio pode
ser mvel ou imvel ou at um patrimnio inteiro ou parte dele (artigo 1.390 do Cdigo
Civil). O usufruturio recebe o bem para retirar os frutos e restituir a coisa. O usufruto no
pode ordinariamente incidir sobre bens fungveis. Incidindo sobre bens infungveis restaria
prejudicado o dever de restituir. Quando o usufruto incidir sobre bens fungveis o usufruto
chamado de usufruto imprprio ou quase usufruto, nesse caso o usufruto se submete s
regras do mtuo. Nada impede que as partes estabeleam restries para o uso da coisa no
usufruto.
- Todo usufruto temporrio, no h usufruto perptuo, porque seno seria doao.
inconcebvel usufruto perptuo. O tempo do usufruto ser o tempo estipulado pelas partes.
Sabendo que, em favor de pessoa humana, o usufruto ser, no mximo, vitalcio. Em favor de
pessoa jurdica o tempo mximo ser de 30 anos.
Vitalcio e no perptuo - PJ no morre prazo mximo - 30 anos. Pela necessidade do dever de
restituir o usufruto deve incidir sobre bens infungveis.
Obs. O usufruto ter sempre prazo determinado ou determinvel.
- O usufruto inalienvel porque intuitu personae, personalssimo, institudo em favor de
algum. A vantagem obtida inalienvel. O STJ passou a afirmar que o usufruto impenhorvel
(STJ, AgRgAgInst. 851.994/PR).
- No usufruto o proprietrio transferiu para um terceiro o uso e a fruio. O terceiro, que
chamado de usufruturio passa a ter uso + gozo = fruio. O titular ser chamado de nu
proprietrio, porque continua tendo o direito de dispor e de reivindicar . O usufruto
inalienvel e impenhorvel porque ele foi constitudo para atender as peculiaridades de algum.
Mas a nua propriedade pode ser penhorada e alienada, ressalvadas as excees previstas em lei.
- O usufruto pode ser renunciado, o usufruturio pode renunciar.
- O usufruto pode ser constitudo pela vontade das partes, por lei ou por sentena. Quando o
usufruto for institudo pela vontade das partes (negcio jurdico), esse usufruto pode ser
institudo por alienao ou por reteno. Alienao quando o titular constitui usufruto em favor
de um terceiro exemplo: dou o meu terreno para Carla, mas constituo usufruto em favor de
Mrio. Se houve alienao, mas o usufruto ficou em favor do titular, do disponente por
reteno.
Ex. pai e me no exerccio do poder familiar tem usufruto dos bens pertencentes a seus filhos
menores. Regra que no se aplica ao tutor - no exerce o poder familiar.
Ex. deciso judicial - ao de usucapio de usufruto.
Ex. vontade das partes - negcio jurdico
Usufruto voluntrio/negocial:
a) Por alienao - quando o usufruturio recebe o bem para retirada de frutos. Ex. vendeu ou
doou com reserva de frutos. (negcio alienado e usufruto constitudo)
b) Por reteno - dispe do imvel, mas resguarda o usufruto - ex. doao com reteno do
usufruto.

Obs. em qualquer hiptese o usufruturio pode renunciar a qualquer tempo.


- No se admite no direito brasileiro, o usufruto sucessivo, tambm chamado de usufruto de 2
grau. nula a clusula de usufruto sucessivo ou de 2 grau. Exemplo: constituo usufruto em
favor de Carla, at ela morrer. E quando ela morrer extingue-se o usufruto. Seria nulo o usufruto
que estabelecesse que depois da morte de Carla o usufruto passaria para Jos e depois da morte
dele para Maria.
- vlido o usufruto simultneo em favor de duas ou mais pessoas, exemplo: marido e mulher.
5.12. DIREITOS REAIS DE USO E DE HABITAO
Na Frana denominado usufruto ano - regido pelas regras do usufruto apenas tendo
destinao especfica.
Usufruto = uso + fruio para retirada de todas as utilidades (sem limitao)
USO = usufruto + finalidade especifica
Ex. trator na fazenda - uso
Ex. empresta fazenda para lavoura de soja - uso
Intuitu personae
Inalienvel
Admite renncia
- O Cdigo permite usufruto em favor do ncleo familiar, abrange as pessoas ligadas
biologicamente s pessoas ligadas afetivamente, como por exemplo, os empregados domsticos.
Esse usufruto pode ser institudo por meio de duas formas:
a) com uma finalidade especfica para gerar utilidade (uso);
b) finalidade especfica para fins de moradia (habitao).
- O uso e a habitao so subtipos de usufruto e por isso a eles se aplicam todas as suas regras.
O uso e a habitao so intuito personae, e o uso e habitao tambm so, e estes beneficiam o
grupo familiar como um todo, inclusive podendo incluir empregados domsticos - ex. uso e
habitao constitudos em favor de entidade familiar.
Art.1.831 - em favor do cnjuge
Art. 7 - L. 9278/96 - companheiro
Direito real de habitao por fora de lei - quando um dos cnjuges ou companheiro
FALECER - o suprstite ter direito a continuar morando.
Respeitado o limite da legtima e excluda a meao da esposa, pode-se instituir usufruto, mas o
imvel deixado de herana a terceiro, cnjuge ter o direito de moradia, ao invs de morar no
pode alugar.
Diferena - direito de habitao do cnjuge vitalcio e incondicionado. O direito de habitao
do companheiro vitalcio e condicionado a no constituir nova famlia.

Se a companheira sobrevivente instituir nova unio estvel - o imvel segue para herana ou para
o usufruturio. Mas na viva jovem, mesmo se casar e unio estvel ela tem direito de
permanecer no imvel.
Obs. CRITICA - pai morreu, 5 filhos, no tem mais penso, deixou um nico imvel onde
morava com a esposa - quem tem direito a morar? - a mulher - e os filhos no podem pedir nada.
CRITICA PROTEAO INTEGRAL DE CRIANA E ADOLESCENTE - juiz poderia aplicar
diretamente o principio constitucional. Se o direito sacrificar direito de criana e mais polmico,
deveria ser analisado casuisticamente.
Obs. no existe direito real de habitao na dissoluo em vida de casamento ou unio
estvel. PODE HAVER USUCAPIAO DE IMOVEL COMUM APS 2 ANOS.

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