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- Paleontologia em Destaque n 44 -

- Pgina 1 Fauna e flora fsseis do espongilito de Trs Lagoas, MS. 17 18 19 Caracterizao paleoambiental a partir de espculas silicosas de esponjas em sedimentos lagunares ... Conodontes e fauna associada nos carbonatos da Formao Itaituba, Carbonfero da bacia do Amazonas.

PALEO 2003
Ensino de Paleontologia e Preservao de Acervos
A Paleontologia e os cdigos internacionais de nomenclatura zoolgica e botnica. 1: fsseis & nomen nudum. A aplicao da Paleontologia como cincia no Ensino Fundamental. Preparao de kits didticos paleontolgicos de exemplares tpicos das bacias sedimentares PE-PB e Araripe. Kit de paleontologia: uma estratgia para ensino-aprendizagem nos cursos de Licenciatura em Biologia e Geografia... Anlise do grau de abordagem do tema Paleontologia nos livros de Biologia do Ensino Mdio. Divulgao da Paleontologia e Geologia por meio dos jornais. Formas e texturas do passado: uma abordagem paleontolgica para o deficiente visual. Museu dos Dinossauros e Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price: trabalhando a Paleontologia ... A conscientizao das comunidades locais na preservao dos stios paleontolgicos. Salvamento paleontolgico na linha de transmisso de energia eltrica Uruguaiana Santa Rosa. Catalogao e identificao do acervo paleontolgico do Departamento de Biologia/rea de Ecologia ... Coleo cientfica do Laboratrio de Estudos de Comunidades Paleozicas: reorganizao sob uma nova perspectiva. Anlise do conhecimento fossilfero do Estado de So Paulo at o ano 2000. A coleo de paleoinvertebrados do Museu Nacional: o acervo de fsseis estrangeiros. Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price e Museu dos Dinossauros, uma referncia pesquisa ... 4 4

Paleobotnica
A new bryophyte from the Lower Carboniferous of Bolivia. Reviso de pecopterdeas frteis e estreis da Amrica do Sul: Asterotheca piatnitzkyi e Pecopteris pedrasica ... Sommerxylon spiralosus Pires & Guerra-sommer no Mesozico do Rio Grande do Sul: significado taxonmico ... Estudo paleoflorstico do Membro Crato, Formao Santana, Eocretceo da bacia do Araripe, nordeste do Brasil. Fsseis relacionados com a famlia Araucariaceae em nveis do Eoceno inferior da ilha King George ... Afinidades botnicas dos fsseis da bacia de Taubat, Formao Trememb. Algas calcrias mesozicas do nordeste brasileiro: uma avaliao. Identificao da composio cianobacteriana das esteiras estromatolticas poligonais da lagoa Pitanguinha ... Reviso da identificao das cianobactrias presentes nos estromatlitos estratiformes da lagoa Salgada ... Distribuio vertical das cianobactrias nas esteiras coloformes da lagoa Vermelha, Quaternrio superior, Brasil. 19 20 20 21 21 22 22 23 23 24

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Paleoecologia
Paleoecologia dos invertebrados da ecofcies Capanema da Formao Pirabas (Mioceno inferior), Estado do Par. Estudo paleoecolgico da comunidade de peixes sseos da Formao Pirabas (Mioceno Inferior) ... Estrutura trfica do paleomar de Pirabas (Mioceno Inferior), Estado do Par. 24 25 25

Micropaleontologia
Micropaleontologia da Formao Pirabas (Mioceno Inferior) na plancie costeira de Bragana (perfurao RKS-3) ... Microfsseis do Cretceo Superior (bacia Bauru) da regio de Marlia, SP. Foraminferos planctnicos da sondagem 1-SCS-3B, plataforma de Florianpolis, poro setentrional ... Anlise da microfauna bentnica de um testemunho da regio norte da baa de Guanabara, RJ: resultados preliminares. Ostracodes (Crustacea) do Devoniano do Estado do Paran - Formao Ponta Grossa. Ostracodes e eventos paleoceanogrficos no Quaternrio da bacia de Santos. Registro de diatomceas cntricas na Formao Pirabas (Mioceno inferior), Estado do Par. Diatomceas de sedimentos quaternrios da lagoa Olho d'gua: uma anlise paleoambiental. Arcellaceas quaternrias das lagoas Pinguela, Palmital e Malvas, Rio Grande do Sul Brasil. Arcellaceas (tecamebas) das lagoas Marcelino e Peixoto Rio Grande do Sul Brasil. Resultado da anlise palinolgica do Grupo Trombetas com base em acritarcas Mudanas paleoambientais no Holoceno superior da regio de So Martinho da Serra, sul do Brasil. Palinologia e sedimentologia da regio de Monte Verde, poro sul do Estado de Minas Gerais ... 11 12 12 13 13 14 14 14 15 15 16 17 17

Paleoicnologia e Estruturas Biognicas


Registro da icnofcies Scoyenia em sucesso sedimentar da seqncia Ladiniana-Eonoriana, Trissico ... Icnofsseis de Chironomidae (Diptera) da Formao Trememb (Oligoceno), bacia de Taubat. Implicaes paleoecolgicas e paleoambientais de distintas formas preservacionais de Diplichnites gouldi. Oviposition scars by dragonflies on a Gangamopteris obovata leaf in Early Permian strata from RS. Predatory drill holes in shells of Bouchardia rosea (Brachiopoda) and their paleontological importance. Ocorrncia de coprlitos retrabalhados por insetos no municpio de Pantano Grande, RS. Evidncias de predao ou necrofagia em Jachaleria candelariensis, Trissico superior do sul do Brasil. Estromatlitos da formao Teresina (bacia do Paran, Permiano superior) reconhecidos em testemunhos ... 26 27 2 7 28 28 29 29 29

Paleontologia Estratigrfica
Feies sedimentolgicas, bioestratinmicas e estratigrficas das concentraes de bivalves do Membro Taquaral ... Resultados preliminares sobre concentraes fossilferas relacionadas a tempestitos na Formao Teresina ... Proposta de uma subdiviso tripartida para o Trissico superior do Rio Grande do Sul e sua correlao Contedo fossilfero e relaes estratigrficas da Formao Guar (Jurssico superior ?), Rio Grande do Sul. Bivalves from the Cape Melville Formation, Moby Dick Group (Early Tertiary), King George Island, Antarctica. 30 31 31 32

O Cretceo na bacia do Cabo, nordeste do Brasil. Bioestratigrafia como ferramenta complementar anlise estratigrfica da rampa carbontica Jandara ...

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- Paleontologia em Destaque n 44 Stio paleontolgico e arqueolgico da fazenda Imboacica, municpio de Anchieta, Esprito Santo, Brasil ... 34

- Pgina 2 Archosaur osteoderms from the Upper Cretaceous paleontological site of Peirpolis, Uberaba, MG. New dinosaur remains from the Upper Cretaceous Adamantina Formation, paleontological site of Prata ... Ocorrncia de Theropoda no Grupo Itapecuru da localidade de Coroat, centro-leste do Maranho. A mais antiga serpente (Anilioidea) brasileira: Cretceo Superior do Grupo Bauru, General Salgago, SP. Novos quelnios fsseis provenientes do stio paleontolgico de Peirpolis Uberaba, Minas Gerais. Biogeografia dos pelomedusides (Testudines: Pleurodira) baseada em padres de vicarincia. Estudo dos Proboscidea (Mammalia) do Pleistoceno do Rio Grande do Sul. Novos materiais de mamferos do Pleistoceno De Pntano Grande, RS, Brasil resultados preliminares. Levantamento das ocorrncias dos fsseis de megafauna pleistocnica do Estado de Pernambuco. Novos txons pleistocnicos encontrados na Fazenda Elefante, Gararu, Sergipe. Novos registros de Xenarthra (Mammalia:Eutheria) na Fazenda Acau, Municpio de Rui Barbosa, RN. A ocorrncia de Nothrotherium (Mammalia: Edentata) em Pains (MG): um fssil perdido pela burocracia? Cingulata (Mammalia/Xenarthra) da coleo cientifica de paleontologia do Museu de Cincias Naturais da FZB/RS. Comparao entre as faunas-locais de tanques fossilferos do RN, PB e CE, utilizando o coeficiente de similaridade ... Levantamento geolgico, arqueolgico e paleontolgico do Rio Grande do Norte. Evoluo dos homindeos americanos: estado da arte das linhas de pesquisa sobre rotas migratrias ... 50 51 51 52 52 53 53 54 55 55 56 56 57 57 58 58

Paleontologia de Invertebrados
Reinterpretation of a Vendian conulariid-like fossil of Russia. The oldest and smallest conulariid (Cnidaria) from South Amrica. Gastrpodos neoaptianos-eoalbianos da bacia de Sergipe: sistemtica e paleoecologia. Horizontes de mortandade de Megalobulimus sp. (Gastropoda) em cavernas. Preliminary results on the taphonomy of a nuculid bivalve concentration from the Cape Melville Formation Neritdeos fsseis de concha ornamentada ocorrentes no Brasil. O gnero Australospirifer (Spiriferida: Brachiopoda), Formao Ponta Grossa (Devoniano), bacia do Paran ... Comparaes entre as macrobriozoofaunas miocnicas e atuais do litoral paraense. World Pygocephalomorpha, Paleozoic crustaceans difficulties and problems on diagnosis and systematic. Discusso sobre a classificao taxonmica dos conchostrceos da Formao Rio do Rasto ... Istopos estveis de C e O em crustceos decpodes e cirrpedes balanomorfos da ecofcies Capanema ... Caracterizao sistemtica preliminar dos calianassdeos da Formao Maria Farinha (Paleoceno) ... Istopos estveis de carbono e oxignio em crustceos decpodes da Formao Maria Farinha (Paleoceno) ... Novo registro de insetos do Carbonfero Superior (Grylloblattida, Narkeminoidea) na regio de Tai, SC ... Helius krzeminskii e outros Limoniidae (Diptera: Tipulomorpha) preservados no mbar de Burma ... Colunais e pluricolunais dissociadas de Crinoidea da Formao Ponta Grossa (Devoniano, bacia do Paran)... Nova ocorrncia de clice de Blastoidea na Formao Ponta Grossa (Devoniano, bacia do Paran), Estado do Paran ... Os equinides (Echinodermata) da bacia Potiguar (RN): estado da arte. Os equinides (Echinodermata) fsseis da bacia de Pernambuco-Paraba: estgio atual do conhecimento. 34 35 35 36 36 36 37 38 39 39 39 40 40 41 41 42 42 43 43

Tafonomia
Tafonomia dos vegetais da Formao Furnas (Eodevoniano), bacia do Paran, Estado do Paran. Tafonomia dos ostredeos (Bivalvia) da Formao Pirabas (Mioceno Inferior), Estado do Par: resultados preliminares. Tafonomia dos pectindeos (Bivalvia) da Formao Pirabas (Mioceno Inferior), Estado do Par: resultados preliminares. Fossildiagnese e geoqumica dos crustceos decpodes da Formao Maria Farinha (Paleoceno), PE. Experimental taphonomy: the settling of brachiopod shells and their biostratinomic implications. Influncia diagentica na preservao morfolgica e histolgica de vertebrados fsseis de Santa Cruz do Sul ... Comparao bioestratinmica entre os afloramentos Schnstatt e Vila Estncia Nova, Formao Santa Maria ... 59 59 60 60 61 61 62

Paleontologia de Vertebrados
Relaes filogenticas das raias da Ordem Myliobatiformes (Chondrichthyes: Batoidea), com especial nfase Observaes adicionais sobre paleovertebrados do topo da Formao Tatu e base da Formao Taquaral ... A compreensive up-to-date survey on Permian-Triassic temnospondyls in southern Brazil. Caracterizao tafonmica de restos quaternrios de Anura, Abismo Ponta de Flecha, Iporanga, SP. Los cinodontes Brasilodon y Brasilitherium y el orgen de los mamferos. Modelos de morfognese dentria e suas implicaes em estudos evolutivos: Riograndia guaibensis ... Evidncias de predao ou necrofagia em Jachaleria candelariensis, Trissico Superior do Sul do Brasil. Uma paleopatologia em Jachaleria candelariensis (Synapsida, Dicynodontia), do Trissico Superior ... Relaes filogenticas dos Sauropodomorpha basais brasileiros e a origem dos Prosauropoda. Novo registro de Rhadinosuchidae (Archosauriformes: Proterochampsia) para o Mesotrissico do Brasil. Resultados preliminares do estudo dos pequenos fsseis de vertebrados da Formao Marlia ... Comparison of dinosaurs and sedimentary environments between the Bauru and Neuqun-Malarge groups ... Small dinosaur teeth in the collections of the Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price 44 44 45 45 46 46 47 47 48 48 49 49 50

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Editorial

Caro scio.

O Paleontologia em Destaque deste trimestre dedicado publicao dos resumos dos trabalhos apresentados durante a PALEO 2003, em reunies organizadas em novembro e dezembro de 2003 em diversas regies do pas. So, ao todo, 114 resumos apresentados nas reunies de Belm (regio Norte), Natal (regio Nordeste), Ribeiro Preto (Ncleo SBP/SP), Rio de Janeiro (Ncleo SBP/RJ-ES), Uberaba (MG), Curitiba (SC/PR) e Porto Alegre (RS). Agradecemos o empenho dos colegas Vladimir de Arajo Tvora (PA), Wagner Souza Lima (SE), Narendra Srivastava (RN), Max Langer (SP), Norma Cruz e Marise S. de Carvalho (RJ), Carlos Roberto Candeiro e Luiz Carlos B. Ribeiro (MG), Robson T. Bolzon (SC/PR), Ana Maria Ribeiro e Patrcia H. Rodrigues (RS) pela organizao do evento nas diferentes regies. Nossos agradecimentos tambm s instituies que sediaram o evento: Universidade Federal do Par, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras da USP/Ribeiro Preto, Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais, Faculdade de Educao de Uberaba, Universidade Federal do Paran e Fundao Zoobotnica do Estado do Rio Grande do Sul. Agradecemos tambm aos colegas que atuaram como revisores cientficos, bem como aos alunos do Curso de Letras da Universidade do Vale do Rio dos Sinos que voluntariamente fizeram a reviso ortogrfica e gramatical. A participao de scios e no scios na Paleo 2003 superou nossas expectativa e demonstra o interesse crescente pelo conhecimento paleontolgico em todo o pas. A julgar pelo histrico do evento em suas edies anteriores, a tendncia crescer ainda mais. Assim sendo, avaliamos que preciso reavaliar o formato atual da Paleo, bem como a melhor poca para sua realizao. A discusso sobre esta questo ser lanada ainda no primeiro semestre de 2004 e sugestes so bem vindas desde j, devendo ser encaminhadas para sbp@euler.unisinos.br. A voc, scio, que tem apoiado e difundido a Paleo entre seus alunos, estimulando sua participao, nosso muito obrigado. Boa leitura!

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Ensino de Paleontologia e Preservao de Acervos

A PALEONTOLOGIA E OS CDIGOS INTERNACIONAIS DE NOMENCLATURA ZOOLGICA E BOTNICA. 1: FSSEIS & NOMEN NUDUM
PAULO ALVES DE SOUZA & JOO CARLOS COIMBRA
Depto. Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, paulo.alves.souza@ufrgs.br, joao.coimbra@ufrgs.br

A nomenclatura sistemtica dos organismos vivos e fsseis obedece aos cdigos internacionais de nomenclatura zoolgica [http://www.iczn.org/code.htm] e botnica [http://www.bgbm.fuberlin.de/iapt/nomenclature/code/tokyo-e], este ltimo integralmente disponvel em meio eletrnico. Embora no haja uniformidade entre ambos, alguns princpios e regras so comuns e objetivam o melhor tratamento cientfico das categorias taxonmicas, imprimindo um modelo padronizado de uso e validade universais. Dentre os temas constantes nos cdigos, abordados essencialmente na forma de artigos e recomendaes, ressaltam-se aqui alguns aspectos sobre a proposio de novos txons. Para a validade da proposio de qualquer nome novo (nomen novum), necessrio que este seja efetivamente publicado em veculo de divulgao indexado de acesso amplo e irrestrito. Nomes propostos em relatrios internos, newsletters e trabalhos monogrficos de graduao e ps-graduao no podem ser considerados vlidos e se constituem, quando assim propostos, nomina nuda (nomes sem validade). Ainda que as regras sobre esse tema sejam conhecidas pelos paleontlogos, verifica-se, em vrias especialidades, certa constncia na proposio de novos nomes em meios que no atendem aos critrios dos cdigos, principalmente em dissertaes de mestrado e teses de doutoramento. Se por um lado a contribuio sistemtica e taxonmica oferecida por esses trabalhos e outros afins seja indiscutvel, por outro h que se cumprir o princpio dos cdigos, que se regem, fundamentalmente, pela validade e prioridade, a partir da publicao. Vrios so os exemplos de nomes que foram publicados com certo atraso ou que no foram publicados, passadas dcadas de sua proposio em dissertao ou tese. Como resultado, por no serem considerados vlidos, impedem o uso em trabalhos ulteriores e, de certa forma, tambm sua proposio por outros autores. Alm disso, quando da primeira citao vlida, o nome constar na lista sinonmica como nomen nudum. Portanto, encoraja-se um melhor atendimento aos cdigos e a utilizao provisria de nomenclatura aberta (ex.: Caudites sp. nov. 1, Caudites sp. nov. 2) para nomes propostos em trabalhos que no atendem aos cdigos. A APLICAO DA PALEONTOLOGIA COMO CINCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL
EMERSON C. OLIVEIRA, JORGE A. C. ALBUQUERQUE, EURIDES A. SILVA
Curso de Cincias Biolgicas, UNIT, MG, emersoncarlosdeoliveira@yahoo.com.br

THIAGO S. MARINHO
Museu de Minerais e Rochas, IG/UFU, MG, tsmarinho@uol.com.br

A Paleontologia, tanto quanto a Geologia, so duas cincias que se unem em certo ponto na busca do conhecimento passado. A anlise dos fsseis e a relao desses com eventos geolgicos buscam a compreenso da evoluo dos seres vivos. De um modo geral, no tem sido dada a devida ateno pedaggica a estas duas disciplinas. contraditrio como valores cientficos to grandes so ignorados nos livros didticos, e mesmo por professores, prejudicando um maior entendimento dos alunos no assunto em questo. Uma pesquisa aleatria foi realizada em quatro grupos com quinze alunos cada, de diferentes escolas no municpio de Uberlndia (MG), duas estaduais e duas municipais. O teste foi desenvolvido sob forma de questes abertas, a fim de verificar o conhecimento dos alunos no quesito paleontologia. Os resultados evidenciaram uma realidade consideravelmente negativa. No total de sessenta alunos questionados, 26,6% conseguiram conceituar superficialmente a paleontologia, e 73,3% demonstraram total desconhecimento sobre o tema. Na interrogativa sobre os fsseis, os resultados no mudaram muito: 38,3% demonstraram conhecimento superficial sobre o assunto e 61,6%, nenhum entendimento. Como ponto principal deste trabalho, destaca-se a deficincia dos contedos de Paleontologia nos livros didticos direcionados sexta, stima e oitava srie do Ensino Fundamental. Constatou-se tambm um desconhecimento sobre o Stio Paleontolgico de Peirpolis, que se constitui no grande marco de disseminao do conhecimento geopaleontolgico do Tringulo Mineiro, distante apenas 120 km da cidade de Uberlndia. Sugere-se aqui que

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os educadores dediquem um momento de seu perodo letivo a fazer uma abordagem mais dinmica sobre a paleontologia em geral. PREPARAO DE KITS DIDTICOS PALEONTOLGICOS DE EXEMPLARES TPICOS DAS BACIAS SEDIMENTARES PE-PB E ARARIPE
CARLOS HENRIQUE DE MELLO FERNANDES*, ROSEMBERGH S. ALVES*, ANA CAROLINA B. LINS E SILVA
Depto. de Biologia, UFRPE, PE, exina@ig.com.br, rosemberghalves@bol.com.br, anacbls@elogica.com.br

ALCINA MAGNLIA F. BARRETO


Depto. de Geologia, UFPE, PE, alcina@ufpe.br

O laboratrio de Prticas em Ecologia do Departamento de Biologia da UFRPE possui um acervo de 3.395 espcimes fsseis, incluindo vertebrados, invertebrados, vegetais e icnofsseis, alm de rochas sedimentares e outros materiais no identificados at o momento. O acervo foi acumulado ao longo de duas dcadas, durante trabalhos de pesquisas de professores e aulas prticas da disciplina Paleoecologia e Paleontologia, contendo essencialmente fsseis de idade mesozica e cenozica, provenientes de visitas a formaes geolgicas fossilferas das bacias sedimentares Pernambuco-Paraba (PE-PB) e Araripe (PE, CE e PI). Este trabalho faz parte do projeto de extenso Conhecendo os fsseis: Organizao da coleo didtica e estruturao de atividades prticas e educativas em Paleontologia, e tem como principal objetivo auxiliar na compreenso dos conceitos de Paleontologia, apresentando aos discentes de graduao e aos alunos de ensino fundamental e mdio os principais tipos de fsseis ocorrentes no Nordeste do Brasil, em forma de kits didticos. Foram montados kits com amostras representativas das Bacias PE-PB e Araripe, identificadas com informaes sobre sua diagnese e paleoambientes. Do acervo catalogado, 95,4% correspondem aos fsseis da bacia PE-PB (Formaes Gramame e Marinha Farinha) enquanto a bacia do Araripe (Fm Santana) est representada com apenas 4,6% do material. Com a organizao do material expositivo da coleo paleontolgica, retratando a riqueza paleontolgica nordestina, acompanhado por carto explicativo, parte do acervo poder ser disponibilizada para a utilizao em seminrios, aulas prticas, palestras, exposies e feiras de cincias, atendendo a demanda de alunos da UFRPE e estudantes de outras instituies. O uso de exemplares das formaes geolgicas do Nordeste nesses kits de grande relevncia para o conhecimento do aluno da ocorrncia de jazidas fossilferas, demonstrando que a Paleontologia uma cincia acessvel e despertando o interesse para a compreenso dos ambientes, suas modificaes atravs do tempo e a importncia da preservao das ocorrncias paleontolgicas. [*Bolsistas Extenso/ PRAE/ UFRPE] KIT DE PALEONTOLOGIA: UMA ESTRATGIA PARA ENSINO-APRENDIZAGEM NOS CURSOS DE LICENCIATURA EM BIOLOGIA E GEOGRAFIA DO CENTRO UNIVERSITRIO DO TRINGULO - UNIT, UBERLNDIA
EMERSON C. OLIVEIRA & JORGE A. C. ALBUQUERQUE
Curso de Cincias Biolgicas, UNIT, MG, emersoncarlosdeoliveira@yahoo.com.br, albuquerquejc@yahoo.com.br

Os cursos de Licenciatura em Biologia e Geografia, no Centro Universitrio do TringuloUNIT/Uberlndia/MG, apresentam em seu currculo acadmico o ensino obrigatrio de Paleontologia. A aquisio de um kit fossilfero, doado pelo Laboratrio de Macrofsseis do Departamento de Geologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), destinada aos alunos e professores de Paleontologia, estendendo-se comunidade interessada no assunto. Esse material didtico-cientfico faz parte do segundo passo para a realizao de um projeto, que consiste na criao de um Laboratrio de Geocincias neste Centro Universitrio. O projeto se divide em duas etapas, onde a primeira ser a criao de uma biblioteca bsica de Paleontologia, e a segunda, baseia-se na organizao e identificao das peas fsseis doadas instituio. Os primeiros materiais disponveis so representados por: conchostrceos, peixes (Dastilbe e Rhacolepis), vertebrados indeterminados e madeira fossilizada (Formao Santana, bacia do Araripe), vertebrados indeterminados e possveis caracdeos (Formao Trememb, Bacia de Taubat). Esses espcimes so utilizados nas aulas de Paleontologia e Zoologia, sendo analisados em microscpios onde so realizados estudos descritivos e comparativos com esses txons. A realizao desse projeto permite aos alunos, professores e interessados o acesso a um material at ento indito na instituio. O Kit de Paleontologia propicia, por meio dos exemplares fsseis, o aumento do conhecimento da histria evolutiva na disciplina de Paleontologia. Torna ento possvel o estudo cientfico de todo acervo paleontolgico, podendo estender-se a outras instituies de educao desprovidas de material nessa rea do conhecimento.

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ANLISE DO GRAU DE ABORDAGEM DO TEMA PALEONTOLOGIA NOS LIVROS DE BIOLOGIA DO ENSINO MDIO
GERALDO JORGE BARBOSA DE MOURA & ALCINA MAGNLIA FRANCA BARRETO
Depto. de Geologia, Centro de Tecnologia e Geocincias-CTG, UFPE, PE, geraldojbm@bol.com.br, alcina@ufpe.br

A paleontologia ocupa local de destaque nas discusses do mundo moderno, pois representa uma ferramenta para desvendar o enigma da evoluo da vida. No tocante a formas de vidas pretritas e evidncias da evoluo biolgica, a paleontologia vem para o ranking dos assuntos mais discutidos nas instituies de ensino em todas as reas e nveis do conhecimento.Visando analisar o grau de informaes tcnicas sobre o tema em nvel de ensino mdio, foram selecionados os doze livros de biologia, volume nico, mais veiculados no mercado (Biologia Srie Brasil, Sergio Linhares e Fernando Gewandsznajder; Biologia de Olho no Mundo, Sdio Machado; Biologia para o Ensino Mdio, Alba Gainotti; Biologia, Wilson Roberto Paulino; Biologia, Clzio Morandini e Luiz Carlos Bellinello; Biologia, Ayrton Marcandes; Biologia, Jos Favareto e Clarinda Mercadante; Biologia nica, Wilson Roberto Paulino; Biologia, Demtrio Gowdal; Bio, Snia Lopes; Biologia, Csar da Silva Jnior e Sezar Sasson; Biologia, Jos Luis Soares) para passarem por uma anlise quantitativa e qualitativa da forma pelo qual abordam o tema. Aps a anlise, os livros foram enquadrados em categorias de acordo com a freqncia de ocorrncia dos assuntos abordados considerados essenciais, como segue: 0%-20% (sofrvel), 21%-40% (insuficiente), 41%-60% (regular), 61%-80% (bom) e 81%-100% (timo). Os resultados mostraram que houve diferenas drsticas no nvel de abordagem feita pelos livros analisados. No aspecto qualitativo das informaes, no foi detectada nenhuma informao fora dos padres tcnicos de veracidade cientfica. No aspecto quantitativo das informaes, porm, 33,3% dos livros foram identificados como sofrveis, 50% como insuficientes, 8,3% como regulares, 8,3% como bons e nenhum como timo, pois muitos tpicos essenciais para a construo do conhecimento paleontolgico no foram priorizados pelos autores. Percebeu-se que no existe uma comunho de pensamento entre os autores e o que priorizam nas abordagens, pois so dados enfoques totalmente diferentes no desenrolar dos captulos. O trabalho mostra a necessidade de melhor aproveitamento do tema, para que se possa oferecer aos alunos secundaristas literatura que possibilite uma viso crtica da paleontologia como cincia geolgica, evidenciando assim sua aplicabilidade para o mundo moderno. DIVULGAO DA PALEONTOLOGIA E GEOLOGIA POR MEIO DOS JORNAIS
MRCIO FBIO KAZUBEK
Curso de Geologia, UFPR, PR, mfk@terra.com.br

Embora cientificamente a Paleontologia e a Geologia venham evoluindo de modo promissor nas ltimas dcadas, grande parte destes conhecimentos dificilmente chega ao conhecimento da sociedade. Raros so os artigos em jornais, revistas e mesmo no meio televisivo que abordem suas aplicaes. Apresenta-se aqui um trabalho pioneiro, at mesmo em mbito nacional, que uma coluna jornalstica voltada s cincias naturais, denominada Geo-Esfra, publicada semanalmente em um jornal de circulao pblica, o Hoje Centro Sul. Este jornal, embora tenha a modesta tiragem de quatro mil exemplares, acessvel a 170 mil habitantes da regio sul e centro-sul do Estado do Paran, com circulao nos municpios de Irati, Mallet, Prudentpolis, Rebolas, Rio Azul, Incio Martins, Paula Freitas, Paulo Frontin, Ipiranga, So Mateus do Sul, Fernandes Pinheiro e Teixeira Soares. Sua primeira edio data de 09 de janeiro de 2003, chegando a 45 edio at o dia 10 de novembro de 2003. A aceitao pela populao grande, sendo os textos da Geo-Esfera tambm usados como temas de estudos e como material complementar para alunos do ensino Fundamental e Mdio, e como veculo de atualizao dos professores. O grande desafio tornar a leitura da coluna agradvel e informativa; para isso, utilizam-se figuras, sempre que possvel, alm de linguagem acessvel, simplificada e levando em conta, principalmente, os exemplos regionais. Com isso, objetiva-se expor o conhecimento geocientfico populao, evidenciando a utilidade e as aplicaes das geocincias no seu cotidiano. A coluna tem sido bem aceita, com um crescente nmero de leitores, e os temas que mais prendem a ateno dos leitores dizem respeito Paleontologia, por meio dos fsseis, e suas aplicaes, e principalmente quando estes podem ser encontrados na regio. Os resultados obtidos indicam que o jornal pode ser uma boa opo para a divulgao das cincias naturais, mostrando assim sua importncia. FORMAS E TEXTURAS DO PASSADO: UMA ABORDAGEM PALEONTOLGICA PARA O

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DEFICIENTE VISUAL
FERNANDA DE FREITAS TORELLO
PPG IG/USP, IBB/UNESP, SP torello.mello@uol.com.br

LILIAN MARIA FRANCO BLAU


Projeto Vida Iluminada, Botucatu/SP

LUIZ HENRIQUE CRUZ DE MELLO


PPG IG/USP, IBB/UNESP, SP

Os deficientes visuais, cegos ou portadores de viso subnormal, representam 1% da populao do Brasil. Estes freqentam escolas regulares, participando das aulas em conjunto com os alunos sem problemas visuais. No entanto, h a necessidade de confeco de material especial destinado a complementar as informaes visuais fornecidas pelo professor. No Brasil, de acordo com a regio, existem centros de apoio que auxiliam na elaborao deste material. Embora iniciativas deste tipo sejam ainda pontuais, h defasagem em relao aos temas abordados em sala de aula. Desta forma, recursos grficos em relevo ou adaptados viso subnormal possibilitam a superao de barreiras informacionais, contribuindo para a integrao do deficiente na escola, no trabalho e na vida cotidiana. A Paleontologia foi escolhida como fonte de informaes aos deficientes visuais, pois, por se tratar de uma cincia ampla, leva ao entendimento da origem da vida e de sua evoluo at o aparecimento do homem, situando o indivduo no tempo e no espao e guiando-o como pessoa e cidado. Com base nestas observaes, est sendo desenvolvido o projeto Formas e texturas do passado, uma abordagem paleontolgica para o deficiente visual, no mbito do Projeto Vida Iluminada (Associao das Mulheres Unimedianas, UNIMED), no municpio de Botucatu (SP), e que se destina a atender gratuitamente qualquer portador de deficincia visual. O projeto de Paleontologia inclui: (i) curso A histria da vida na terra; (ii) produo de material didtico adaptado; (iii) produo de textos em Braille; (iv) trabalho de campo; (v) atividades artsticas; e (vi) construo de linha do tempo em relevo (com 4,5 m de comprimento), para que os deficientes visuais possam compreender de maneira mais completa o contedo abordado ao longo do desenvolvimento do projeto, e que sintetiza a histria da vida na Terra. Ao longo do trabalho, tem sido possvel identificar as carncias relacionadas ao entendimento do tema e elaborar recursos alternativos, enfatizando as formas e as texturas para que as informaes possam ser transmitidas de maneira plena e completa. Por viver-se em um mundo com forte apelo visual, essencial divulgar a cincia para quem no pode ver, pois, apesar de no enxergarem com os olhos, podem aprender utilizando outro sentido pouco explorado por ns, o tato. MUSEU DOS DINOSSAUROS E CENTRO DE PESQUISAS PALEONTOLGICAS LLEWELLYN IVOR PRICE: TRABALHANDO A PALEONTOLOGIA A PARTIR DE PRTICAS EDUCATIVAS
HELIONE DIAS DUARTE FERNANDES
FUMESU, Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price, Faculdade de Educao de Uberaba, MG, cpplip@fumesu.br

A XI Semana dos Dinossauros realizada em Peirpolis, no perodo de 08 a 12 de setembro de 2003, se transformou no maior evento brasileiro de difuso do conhecimento paleontolgico para o pblico infantojuvenil. Com a participao de 80 escolas, sendo 11 de cidades vizinhas e aproximadamente 5.700 estudantes, a XI Semana dos Dinossauros contou tambm com o dinamismo e a responsabilidade dos alunos da Faculdade de Educao de Uberaba - FEU, nossos monitores de confiana. Envolvidos pelo interesse em desenvolverem aes pedaggicas e cientficas, estes alunos se empenharam em mostrar aos visitantes a importncia da paleontologia na histria de Uberaba e regio, e a necessidade de se construir, cada vez mais, a interao Museu/Escola/Comunidade. As atividades foram desenvolvidas a partir de visitas s escavaes, ao laboratrio de preparao de fsseis, ao Museu e exposio Dinossauros e a Paleontologia, sempre acompanhados pelos alunos dos cursos de Cincias Biolgicas e Geografia. Por fim, sob a responsabilidade dos alunos do curso de Pedagogia, os alunos participaram de oficinas pedaggicas.

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A CONSCIENTIZAO DAS COMUNIDADES LOCAIS NA PRESERVAO DOS STIOS PALEONTOLGICOS


JAMIL CORREA PEREIRA
Museu de Santa Vitria do Palmar, RS, jamilpereira@bol.com.br

NEY DE ARAJO GASTAL


Associao Brasileira para a Preservao Ambiental, RS, gastal@uol.com.br

Objetiva-se aqui mostrar a valorizao do patrimnio paleontolgico em Santa Vitria do Palmar (RS), por meio de um processo de divulgao/conscientizao aplicado comunidade local. A ocorrncia de fsseis de mamferos pleistocnicos ao longo do litoral do municpio, arremessados praia principalmente aps ressacas, sempre foi comum e tem sido, ao longo dos anos, objetivo de estudos cientficos. Apesar disso, a comunidade local tem tido pouco acesso a essas informaes e, a cada ano, inmeras pessoas, principalmente na poca de veraneio, recolhem alguns desses materiais sem qualquer critrio ou orientao. Em meados de 1997, com a preocupao em reverter esse quadro, o Museu Municipal criou um programa de atividades que priorizou o trabalho de conscientizao e orientao da comunidade, visando atender as escolas do municpio pelo programa O Museu vai Escola. Este programa visa levar informao e esclarecimento sobre a paleontologia da regio, com a realizao de palestras, exposies, oficinas e organizaes de passeatas. O pblico-alvo a comunidade em geral, tanto da cidade quanto do interior do municpio. Nas escolas, os professores so orientados a trabalhar a interdisciplinaridade, onde alm do contedo programtico, os alunos estudam temas relacionados paleontologia da regio. Os resultados obtidos com o desenvolvimento do trabalho revelam que o nmero de visitaes ao museu aumentou consideravelmente, principalmente as oriundas de escolas municipais. O interesse pelo tema aumentou tanto, que vrias escolas utilizaram a paleontologia como tema principal no desfile de Sete de Setembro deste ano, retratando os animais que viveram na regio durante o Pleistoceno. Percebemos assim que, se todos os municpios onde esto localizados stios paleontolgicos vierem a realizar trabalhos de educao e conscientizao com as comunidades locais, certamente aumentar o nvel de respeito e preservao relativos a este tipo de material, pois so as pessoas destas comunidades que esto em contato dirio e direto com os stios paleontolgicos, os quais, muitas vezes por falta de orientao, acabam dilapidando pela coleta predatria. SALVAMENTO PALEONTOLGICO NA LINHA DE TRANSMISSO DE ENERGIA ELTRICA URUGUAIANA SANTA ROSA
TILA AUGUSTO STOCK-DA-ROSA
Lab. de Estratigrafia e Paleobiologia, Depto. Geocincias, UFSM, RS, atiladarosa@yahoo.com

CAROLINA SALDANHA SCHERER


Curso de Cincias Biolgicas, Depto. de Biologia, UFSM, RS, carolinabio@mail.ufsm.br

CAROLINA CASAGRANDE BLANCO


Programa de Ps-Graduao em Ecologia, UFRGS, RS, cblanco@ecologia.ufrgs.br

At o momento, so raras as obras de mdio e grande vulto em que se realizam salvamentos paleontolgicos, de forma inversa ao que ocorre com o patrimnio arqueolgico. Neste sentido, aqui relatado um monitoramento do subsolo num trecho da Linha de Transmisso de Energia Eltrica Uruguaiana Santa Rosa (LT-USR), no extremo oeste do RS. Mesmo no havendo legislao especfica a respeito, a equipe do Laboratrio de Estratigrafia e Paleobiologia UFSM foi convidada a realizar um diagnstico preliminar sobre a existncia de materiais fossilferos no traado da LT-USR. Constatou-se que o trecho situado entre os municpios de Uruguaiana e Maambar possui importante patrimnio paleozoolgico e paleobotnico. O traado da LT-USR cruza o Arroio Touro Passo, reconhecidamente um stio de paleovertebrados e moluscos fsseis, alm de depsitos seixosos pleistocnicos, atribudos Aloformao Guterrez [Da Rosa, .A.S. & Milder, S.E.S., 2001, CONGR. ABEQUA, 8, Boletim de Resumos, p. 253]. No levantamento de campo, quatro novos depsitos seixosos foram encontrados, sendo o material recolhido para a coleo paleontolgica do Departamento de Geocincias UFSM, aos cuidados deste Laboratrio. Durante o acompanhamento das escavaes para a construo das bases das torres de energia, foram encontrados materiais apenas junto s margens do Arroio Touro Passo, referentes a uma mandbula de um Gliptodontidae (UFSM 11211) e gastrpodes subatuais (UFSM 8125). interessante notar que os trabalhos foram acompanhados por atividades de Educao Patrimonial junto aos empreendedores e s equipes de escavao, bem como aes previstas com a comunidade. A apresentao destas atividades comunidade acadmica e aos scios da Sociedade Brasileira de Paleontologia visa criar uma discusso sobre um procedimento bsico nesta rea nova

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de atuao, visto que novos empreendimentos devem surgir, bem como legislao pertinente. CATALOGAO E IDENTIFICAO DO ACERVO PALEONTOLGICO DO DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA/REA DE ECOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
ROSEMBERGH S. ALVES*, CARLOS HENRIQUE M. FERNANDES*, ANA CAROLINA B. LINS E SILVA Depto. Biologia, UFRPE, PE, rosemberghalves@bol.com.br, exina@ig.com.br, anacbls@elogia.com.br ALCINA MAGNLIA F. BARRETO Depto. Geologia, UFPE, PE, alcina@ufpe.br

Dado o fascnio pelo estudo dos fsseis, prticas de Paleontologia podem ser organizadas para diversos fins, seja em exposies, aulas de campo ou laboratrio. Este trabalho faz parte do Projeto de Extenso Conhecendo os fsseis: organizao de coleo didtica e estruturao de atividades prticas e educativas em Paleontologia, e tem como principal objetivo realizar a catalogao e organizao de coleo paleontolgica. O acervo consiste de fsseis e de rochas coletados em aulas de campo durante as duas ltimas dcadas, principalmente em bacias sedimentares no Nordeste brasileiro. Os exemplares foram catalogados e organizados por ordem sistemtica, constando os grandes grupos taxonmicos, provenincia, idade e informaes tafonmicas, coletor e data de coleta. Todos os espcimes catalogados receberam nmero crescente de identificao. Foi aberto livro de tombamento, onde se registrou o material catalogado e elaborado um banco de dados eletrnico no MS Excel que retm as mesmas informaes do livro de tombamento, possibilitando a busca mais rpida de informaes. At o momento, foram catalogados 3.395 exemplares, incluindo invertebrados, vertebrados, vegetais, icnofsseis e rochas sedimentares. Do total, apenas 8,2% das amostras no foram tratadas taxonomicamente. Observa-se na coleo uma grande representatividade de invertebrados comparados aos outros grupos, destacando-se os moluscos, com elevado percentual de exemplares em relao aos artrpodes e equinodermas. No Filo Mollusca, predomina a Classe Bivalvia com 63,9%, seguida das Classes Gastropoda com 30,4% e Cephalopoda com 5,7%. Dentre os vertebrados, predomina a megafauna quaternria. Gimnospermas e pteridfitas constituem o acervo de paleobotnica, representando apenas 1,2%. Dos icnofsseis, escavaes feitas por vermes e crustceos, e coprlitos, compem 6,4% da coleo. Com o acervo paleontolgico, sero possveis a realizao de aulas prticas e a elaborao de material didtico, incentivando o aprendizado em paleontologia e incrementando as atividades de extenso da rea de Ecologia. [*Bolsistas Extenso/PRAE] COLEO CIENTFICA DO LABORATRIO DE ESTUDOS DE COMUNIDADES PALEOZICAS: REORGANIZAO SOB UMA NOVA PERSPECTIVA
FERNANDA NASCIMENTO MAGALHES PINTO*, ALINE ROCHA DE SOUZA**, MARIA FERNANDA DO AMARAL FERRREIRA**, VANESSA DORNELES MACHADO* & DEUSANA MARIA DA COSTA MACHADO Lab. de Estudos de Comunidades Paleozicas, Depto. de Cincias Naturais, ECB/CCBS/UNIRIO, RJ, aline.ars@bol.com.br, nanamagalhaes@hotmail.com, carnanda@hotmail.com, vanessamachado@openlink.com.br, deusana@centroin.com.br

A coleo cientfica do Laboratrio de Estudos de Comunidades Paleozicas (LECP), Departamento de Cincias Naturais, Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO), teve incio em 1999 com o intuito de fornecer material para estudos paleontolgicos e geolgicos do Paleozico brasileiro. No momento, a coleo conta com cerca de 364 registros, abrangendo as unidades litoestratigrficas devonianas das bacias do Amazonas, Parnaba e Paran. Toda a coleo se encontra disponvel para consulta online no site www.unirio.br/lecp. A reorganizao da coleo procurou atender s necessidades das pesquisas realizadas pelo LECP, por isso, buscou-se nas colees nacionais e internacionais modelos de organizao que atendessem aos objetivos almejados. Dentre os tipos encontrados - rea geral da Paleontologia; sistemtica, estratigrafia, histria -, nenhum se adequou por completo s expectativas. Portanto, a coleo cientfica foi organizada mesclando sistemtica e estratigrafia, modelo o qual possibilitou a reorganizao da coleo sob uma nova perspectiva, fornecendo subsdios para estudos tanto paleontolgicos e paleobiolgicos como estratigrficos. Essa reorganizao baseia-se hierarquicamente: (i) na categoria sistemtica dos exemplares - nvel classe; (ii) bacia sedimentar; (iii) intervalos cronoestratigrficos nvel srie; (iv) litoestratigrafia nvel formao. O agrupamento das amostras dessa maneira proporciona o maior acmulo de informaes sobre as mesmas, evitando assim a descontextualizao dos aspectos geolgicos e de campo, como ocorre em determinadas peas de colees. Desta forma, facilita-se o resgate das evidncias, podendo conter numa mesma amostra tanto os dados intrnsecos ao objeto de estudo como os extrnsecos que ele proporciona. [*Bolsista IC

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FAPERJ; **Bolsita IC UNIRIO] ANLISE DO CONHECIMENTO FOSSILFERO DO ESTADO DE SO PAULO AT O ANO 2000
PERCY CORRA VIEIRA, SERGIO MEZZALIRA, FERNANDO CILENTO FITTIPALDI, MARIA DA SAUDADE ARAJO SANTOS MARANHO
Instituto Geolgico, IG-SMA, So Paulo, SP

PAULO ALVES DE SOUZA


Instituto de Geocincias, UFRGS, RS

O Instituto Geolgico publicou relao dos fsseis descobertos no territrio paulista e identificados, bem como resumos analticos dos trabalhos envolvendo assuntos fossilferos relativos a essa rea, at o ano de 1996. Existe, portanto, uma lacuna de quatro anos para que se feche esse conhecimento at o final do sculo vinte. Considerando que se faz necessrio completar a publicao at o ano 2000 e, especialmente, promover um estudo crtico da produo paleontolgica estadual desde os seus primrdios, o que caracterizaria um trabalho histrico muito valioso para orientar as prximas pesquisas, justifica-se o desenvolvimento do projeto aqui apresentado. Como produto, sero publicados trs volumes: o primeiro conter a bibliografia analtica da paleontologia do Estado de So Paulo de 1997 at 2000 (foram coletados at agora, para pesquisa, cerca de 360 trabalhos, estando prontos perto de 250 resumos); o segundo, os fsseis do Estado, descritos de 1997 at 2000 (o levantamento j est completo e em fase de digitao); e o terceiro, uma anlise crtica envolvendo estudo histrico desde o sculo XIX por txons, por lito- e bioestratigrafia, por centros de pesquisa, por autoria, por entidades publicadoras e pela cronologia dos conhecimentos, com propostas de redirecionamento de estudos e de pesquisas, se e quando necessrio. Para a elaborao dos dois primeiros volumes, est sendo realizado estudo de todos os trabalhos publicados de 1997 a 2000 no Brasil e no exterior, tais como monografias, artigos cientficos, notas prvias, resumos, atas e resumos de eventos, guias de excurso, discusses, assim como teses de doutoramento, dissertaes de mestrado, relatrios internos, etc., sendo organizado, para cada trabalho, um resumo comentado, mais ndices por co-autores, localidades, unidades cronolgicas, assuntos estratigrficos e txons, assim como catalogados todos os dados essenciais para a atualizao da relao fossilfera publicada, por geocronologia e txons. Para o terceiro volume (atividade em incio), toda a produo paleontolgica estadual ser examinada, desde os seus primrdios, com o intuito de deixar conhecido o desenvolvimento das pesquisas no Estado, com seus resultados, sendo buscadas as razes que o determinaram, objetivando serem descobertas as reas carentes de estudo, tanto no sentido espacial (horizontal e vertical), quanto taxonmico. A COLEO DE PALEOINVERTEBRADOS DO MUSEU NACIONAL: O ACERVO DE FSSEIS ESTRANGEIROS
LAS MACHADO MARINO, PRISCILA MAGALHES VIEIRA*, ANTONIO CARLOS SEQUEIRA FERNANDES** & VERA MARIA MEDINA DA FONSECA
Depto. Geologia e Paleontologia, MN/UFRJ, RJ, lais@diamante.zzn.com, , lindinhabio@terra.com.br, fernande@acd.ufrj.br, vmedina@acd.ufrj.br

Com um total aproximado de 8.070 registros e cerca de 45.000 exemplares, a coleo de paleoinvertebrados do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional compreende uma das mais significativas da Amrica do Sul. Seu contedo abrange fsseis coletados no territrio brasileiro pelas misses histricas realizadas ainda no sculo XIX, como as expedies Morgan (1870-1871) e as da Comisso Geolgica do Imprio (1875-1877), cujo significado cientfico e histrico reconhecido internacionalmente, bem como de fsseis estrangeiros obtidos atravs de permutas, doaes ou de coletas. No menos importantes que os fsseis brasileiros, os exemplares estrangeiros constituem-se em importante fonte de referncia para estudos cientficos e didticos. Dada a sua importncia e como parte do desenvolvimento de trabalhos de curatoria no departamento, os fsseis estrangeiros esto sendo alvo de uma abordagem estatstica detalhada procurando-se relacionar os pases de procedncia, idades e principais filos ou grupos de fsseis representados. No levantamento junto aos livros de tombo do departamento procurou-se inicialmente identificar a procedncia dos fsseis, j que foram obtidos atravs de compra, doaes ou permutas com pesquisadores ou instituies do exterior. Entidades como o Museum of Comparative Zoology, Wards Natural Science Establishment, Buffalo Society of Natural Sciences e Smithsonian Institution (Estados Unidos), Royal Ontrio Museum (Canad) e a Faculdade de Cincias do Porto (Portugal) foram algumas das instituies responsveis pelo envio de exemplares. Como resultado foram levantados 3.060 registros com um total de 10.929 exemplares, com predomnio de espcimens paleozicos e de procedncia norte-americana e europia; braquipodes e

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moluscos esto entre os grupos mais bem representados. As condies e o desdobramento da chegada dessas colees, atravs da pesquisa junto aos arquivos do Museu Nacional, compreendem um dos objetivos deste trabalho, estabelecendo assim as suas origens histricas.[Apoio: Instituto Virtual de PaleontologiaRJ/FAPERJ; *Bolsista IC/FAPERJ; **Bolsista CNPq; ***Depto. de Estratigrafia e Paleontologia, FG/UERJ, RJ, fernande@uerj.br, acsfernandes@aol.com] CENTRO DE PESQUISAS PALEONTOLGICAS LLEWELLYN IVOR PRICE E MUSEU DOS DINOSSAUROS, UMA REFERNCIA PESQUISA, ENSINO E DIFUSO DO CONHECIMENTO GEO-PALEONTOLGICO
LUIZ CARLOS BORGES RIBEIRO*
FUMESU, Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price, MG, lcbrmg@terra.com.br

Os primeiros achados fsseis no municpio de Uberaba (MG), ocorreram ao acaso no ano de 1945, durante a construo da linha frrea na regio de Mangabeira, ao norte da cidade. Llewellyn Ivor Price, ento lotado na Diviso de Geologia e Minerao (DGM), foi o responsvel pelas investigaes, tendo desenvolvido trabalhos sistemticos, especialmente em Peirpolis, at 1974. Todos os materiais coletados entre 1945 e 1974 compem hoje a coleo do DNPM/MCT, lotada no Rio de Janeiro. Objetivando a retomada dos trabalhos cientficos, a Prefeitura de Uberaba implantou, no ano de 1992, o Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price e o Museu dos Dinossauros. Sediados na antiga estao ferroviria do bairro de Peirpolis, integram atualmente a Fundao Municipal de Ensino Superior de Uberaba FUMESU e a Faculdade de Educao de Uberaba FEU. Nestes 11 anos de atividades, tm direcionado suas aes pesquisa, ao ensino e divulgao. Graas a um trabalho contnuo e sistemtico de coleta e preparao dos exemplares fsseis, foi possvel reunir um acervo com mais de 2.000 espcimes, destacado pela qualidade de preservao e diversidade de txons. Por meio de parcerias com pesquisadores e com instituies do pas e do exterior, uma substancial quantidade de informaes foi produzida, notadamente nas reas de geologia sedimentar e paleontologia de vertebrados. O Programa de Treinamento de Estudantes Universitrios PROTEU, capacitou alunos de diversas reas e instituies, a partir de atividades prticas e tericas no mbito da geologia regional e de ocorrncias fsseis. A difuso do conhecimento geo-paleontolgico tem sido levada a cabo pela mostra temtica do Museu dos Dinossauros, por exposies itinerantes, pela Semana dos Dinossauros e por peas filatlicas, enfatizando, mormente, os dinossauros. Graas a estas aes, os fsseis ganharam em Peirpolis uma nova aplicao e valor, que transcende a importncia cientfica; so elementos de revitalizao scio-econmico-cultural, subsidiados pelo turismo paleontolgico, oportunizando uma qualidade de vida excepcional aos moradores locais. [*Fac. Educao de Uberaba, Universidade de Uberaba, IFE]

Micropaleontologia

MICROPALEONTOLOGIA DA FORMAO PIRABAS (MIOCENO INFERIOR) NA PLANCIE COSTEIRA DE BRAGANA (PERFURAO RKS-3), ESTADO DO PAR
THEREZA CRISTINA COSTA DE ARAJO & VLADIMIR DE ARAJO TVORA
Lab. de Paleontologia, Depto. de Geologia, CG/UFPa, PA, therezacristinaa@bol.com.br, vtavora@orm.com.br

Foram efetuados estudos micropaleontolgicos em amostras de dez nveis da perfurao RKS-3, realizada na plancie costeira de Bragana, nordeste do Estado do Par. A investigao procedeu-se no intervalo entre 12,67 m e 17,80 m, pacote sedimentar correspondente Formao Pirabas. Foram identificados quatro gneros de briozorios, 19 de ostracodes e sete de foraminferos bentnicos, alm de oito espcies de foraminferos planctnicos. As variaes verticais qualitativas e quantitativas das associaes dos grupos de microfsseis estudados permitiram o reconhecimento de uma nica biofcies, correspondente a um ambiente lagunar eutrfico de salinidade normal, bem oxigenado e com comunicao com o mar aberto. A presena dos foraminferos planctnicos Globorotalia kugleri e Globigerinoides primordius do nvel 2 ao nvel 10 permite correlacionar esta parte do pacote sedimentar estudado com a zona bioestratigrfica internacional N4 [Blow, W.H. 1969. INTERN. CONF. PLANCT. MICROF., 1, Proceedings, p. 199-475]. Entre os ostracodes, o

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registro de Cushmanidea howei em todos os nveis estudados permite a correlao biosestratigrfica da Formao Pirabas na perfurao RKS-3 com a biozona Hermanites tschoppi (Bold) [Bold, W.A. van den. 1983. INTERN. SYMP. OSTRACODA, 8, Proceedings, p. 400- 416]. As correlaes bioestratigrficas estabelecidas confirmam a idade da Formao Pirabas como eomiocnica, situando-a mais precisamente entre o Aquitaniano e o Burdigaliano. MICROFSSEIS DO CRETCEO SUPERIOR (BACIA BAURU) DA REGIO DE MARLIA, SP
WILLIAM NAVA
Museu de Paleontologia de Marlia, SP, willnava@terra.com.br

O municpio de Marilia, centro-oeste do Estado de So Paulo, apenas a partir de 1993 passou a ser conhecido no mbito da Paleontologia brasileira, com os primeiros achados de fsseis de dinossauros efetivamente identificados e reconhecidos como pertencentes Famlia Titanossauridae. Esses fsseis provm de arenitos carbonticos tpicos da Formao Marlia. Com o avano das pesquisas e o surgimento de novos afloramentos, relativos s formaes Adamantina e Araatuba, microfsseis e restos fsseis principalmente do crocodilomorfo notossuquiano Mariliasuchus amarali e de outros notossquios ainda em estudos, foram identificados. Este trabalho visa to somente notificar o encontro de uma microfauna constituda por ostracodes, girogonites de Charophyta e microgastrpodes. Tais microfsseis procedem de afloramentos a sul e a oeste do municpio de Marlia e so encontrados em rochas finas a muito finas, de colorao esverdeada/avermelhada, possivelmente Formao Araatuba. Os ostracodes so reconhecidos em 7 stios fossilferos, s vezes associados com Mariliasuchus, s vezes isolados ou agrupados s dezenas, formando leitos de ostracodes contendo tambm carfitos e escamas de peixes. Os carfitos, encontrados em dois desses afloramentos at o momento, ocorrem em maior quantidade. Relata-se tambm o encontro de microgastrpodes no mesmo nvel/leito dos ostracodes em um desses stios fossilferos. O material de Marlia dever ser encaminhado para estudos mais aprofundados com vistas a um melhor entendimento do paleoambiente reinante durante esse perodo geolgico. FORAMINFEROS PLANCTNICOS DA SONDAGEM 1-SCS-3B, PLATAFORMA DE FLORIANPOLIS, PORO SETENTRIONAL DA BACIA DE PELOTAS (SC)
GEISE DE SANTANA DOS ANJOS*
Depto. de Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, geise.anjos@ufrgs.br

A bacia de Pelotas compreende o trecho da margem continental sul-brasileira entre o Alto de Florianpolis e a fronteira com o Uruguai. Gonalves et al. [1979. Boletim Tcnico da Petrobrs, 22(3):155-226] individualizaram a poro setentrional da bacia denominando-a Plataforma de Florianpolis. Apesar de diversos autores terem estudado assemblias de foraminferos do Neocenozico da bacia de Pelotas, a microfauna de foraminferos planctnicos desta seo no est suficientemente estudada, visto que a maioria dos autores se deteve no estudo das assemblias bentnicas em sondagens onshore. Visando contribuir para o conhecimento da microfauna de foraminferos planctnicos da Plataforma de Florianpolis, foram analisadas 54 amostras de calha da sondagem 1-SCS-3B, efetuada pela Petrobrs em offshore nas coordenadas 28 29 34,18 S e 47 29 10,8 W. A perfurao alcanou 4.738 m de profundidade e as amostras foram coletadas no intervalo de 1.965 m a 360 m. Foram identificadas 70 espcies distribudas em 14 gneros, totalizando 3.757 indivduos. As espcies dominantes, em ordem decrescente de abundncia, so: Globigerinoides trilobus immaturus (24,7%), Globigerinoides trilobus trilobus (7,5%), Globigerina druryi (6,5%), Globigerinoides obliquus obliquus (6,0%) e Globoquadrina dehicens (5%). A idade dos sedimentos no intervalo estudado foi determinada com base na ocorrncia de espcies-ndice do Mioceno, tais como: Catapsydrax dissimilis, Globorotalia mayeri, e Praeorbulina sicana; e formas-guia do Plioceno, entre as quais Globorotalia margaritae margaritae, Globorotalia inflata e Globorotalia crassaformis crassaformis. [*Bolsista ANP/ PRH-12]

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ANLISE DA MICROFAUNA BENTNICA DE UM TESTEMUNHO DA REGIO NORTE DA BAA DE GUANABARA, RJ: RESULTADOS PRELIMINARES
BRGIDA ORIOLI FIGUEIRA*, CLAUDIA GUTTERRES VILELA
Depto. de Geologia, IGEO/CCMN/UFRJ, RJ ,bidaorioli@hotmail.com , vilela@geologia.ufrj.br

JOS ANTNIO BAPTISTA NETO**


Depto. de Geografia FFP/UERJ, RJ, jneto@igeo.uff.br

NUNO RODRIGUES DA SILVA*


Depto. de Geologia-UFF, RJ, nuno@igeo.uff.br

Este trabalho apresenta um estudo dos foraminferos bentnicos provenientes de um testemunho da baa de Guanabara, Rio de Janeiro. Os foraminferos so microorganismos muito sensveis a mudanas ambientais, tanto naturais como antropognicas, sendo utilizados como indicadores de poluio humana em regies costeiras por diversos autores em todo o mundo [Alve, E. 1995. Journal of Foraminiferal Research, 25:190204]. O conhecimento das associaes microfaunsticas contribui para a avaliao de sedimentos prximos a regies impactadas. Os atuais nveis de poluio encontrados na baa de Guanabara so decorrentes do processo de degradao, intensificado nas dcadas de 1950 e 1960, com o elevado crescimento urbano do pas, especialmente na regio Sudeste. O monitoramento da poluio um instrumento importante para a gesto ambiental, propiciando s diversas instncias decisrias uma percepo sistemtica e integrada da realidade ambiental, servindo ainda de suporte ao controle das atividades poluidoras. O testemunho analisado foi coletado em novembro de 2001, prximo ilha de Paquet, nas coordenadas 2245108 S e 4309271 W, possuindo 283 cm de comprimento e que, posteriormente, foi subamostrado em intervalos centimtricos. Os foraminferos bentnicos presentes nas amostras foram identificados para uma anlise ecolgica do ambiente deposicional. A variao das espcies ao longo do testemunho, tanto quantitativa quanto qualitativa, torna-se importante na determinao dos padres da poluio ao longo do tempo. Foram encontrados 11 gneros e 15 espcies, aumentando a diversidade de espcies em funo da profundidade no testemunho. Os resultados da microfauna foram correlacionados com anlises granulomtricas nos intervalos amostrados. O testemunho apresenta, em sua base, uma sedimentao arenosa, logo passando para silte e mantendo-se assim at a profundidade de 230 cm. A partir desta profundidade, alternam-se perodos de sedimentao argila e silte at o topo do testemunho. [*Bolsista FAPERJ; ** Depto. de Geologia LAGEMAR/UFF, RJ ] OSTRACODES (CRUSTACEA) DO DEVONIANO DO ESTADO DO PARAN - FORMAO PONTA GROSSA
INS AZEVEDO
Depto de Geologia, UFPR, iaze@zaz.com.br

Os ostracodes foram encontrados no Afloramento Rio Cani, na Rodovia Palmeira-Ponta Grossa (PR 151), regio de Ponta Grossa (Estado do Paran), em sedimentos marinhos da Formao Ponta Grossa. O afloramento est posicionado, estratigraficamente, no topo do Membro So Domingos (Devoniano, EifelianoFrasniano), e mostra vrias camadas com granodecrescncia ascendente, onde arenitos finos gradam para siltitos, e estes, para folhelhos. O objetivo foi analisar a associao de ostracodes sob os aspectos morfolgicos, alm dos detalhes dos processos bioestratinmicos relacionados com o grupo. Neste trabalho so apresentados os resultados preliminares. Os ostracodes so representados por moldes internos e externos, mostrando boa preservao. As carapaas esto dispostas de forma concordante ao acamamento e dispersas na matriz. Os exemplares mostram a delicada ornamentao preservada e geralmente esto inteiros. A associao indica a presena de indivduos adultos, constituindo a maioria, e de jovens. A relao adulto-jovem e a integridade dos indivduos sugerem a ocorrncia de nveis com pouco transporte, em ambiente marinho.

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OSTRACODES E EVENTOS PALEOCEANOGRFICOS NO QUATERNRIO DA BACIA DE SANTOS


CRISTIANINI TRESCASTRO BERGUE*
PPG-Geocincias, UFRGS, RS, cristianinitb@yahoo.com.br

JOO CARLOS COIMBRA*


Depto. Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, joao.coimbra@ufrgs.br

Foram analisadas 23 amostras obtidas do testemunho de sondagem SAN 065, proveniente da bacia de Santos. Este material, correspondente a depsitos situados entre o intervalo Pleistoceno/Holoceno, composto basicamente por lamitos intercalados por nveis arenosos. A perfurao, realizada na cota batimtrica de 1.129 m, encontra-se atualmente sob influncia da North Atlantic Deep Water (NADW), apresentando uma fauna tipicamente psicrosfrica. As assemblias fsseis so compostas por txons caractersticos do ambiente batial e por outros alctones oriundos da plataforma continental adjacente. Os ndices de abundncia e diversidade simples (S), medidos a partir do nmero de espcies, so variveis ao longo do testemunho. Os gneros Krithe, Cytheropteron, Bythocypris e Argilloecia so os mais constantes, estando presentes em praticamente todas as amostras. As variaes registradas nas assemblias esto provavelmente relacionadas a alteraes nas caractersticas fsico-qumicas ocorridas na massa dgua local, e tambm a mudanas nos processos de sedimentao durante o Quaternrio. Os resultados at o momento obtidos demonstram que os ostracodes podem ser bons marcadores dos eventos paleoceanogrficos ocorridos nesta regio da margem continental brasileira, especialmente dos ciclos de variao do nvel do mar e do estabelecimento de massas dgua. Todas as espcies autctones foram fotomicrografadas em MEV, no Centro de Microscopia Eletrnica da UFRGS. O projeto est em desenvolvimento e tem sua concluso prevista para fevereiro de 2005. Ele inclui, ainda, o estudo de mais duas perfuraes, anlises de istopos estveis e de elementos-trao em carapaas de Krithe, a descrio e a ilustrao detalhada de novas espcies e aspectos da zoogeografia da ostracofauna de guas profundas. [*Bolsista CNPq; Projeto com apoio da FAPERGS e do CNPq, processos 01/0108.3 e 475313/2003-8, respectivamente] REGISTRO DE DIATOMCEAS CNTRICAS NA FORMAO PIRABAS (MIOCENO INFERIOR), ESTADO DO PAR
VLADIMIR DE ARAJO TVORA & RODRIGO DE MELO COSTA*
Lab. de Paleontologia, Depto. de Geologia, CG/UFPa, PA, vtavora@orm.com.br

Estudos petrogrficos em carcinlitos da ecofcies Baunilha Grande da Formao Pirabas, revelaram um rico conjunto de constituintes alquemes. Foram individualizados fragmentos de crustceos decpodes (dominantes), foraminferos bentnicos e planctnicos, ostracodes, microbivalves, equinides, cistos de algas calcrias e fragmentos vegetais, bem como pelotas fecais e estruturas de bioturbao. A associao fossilfera completada pela ocorrncia de frstulas de diatomceas cntricas, discoidais em vista valvar e retangular em vista pleural, com uma estreita zona hialina prxima da margem e ornamentadas por finas punctas, atribudas ao gnero Coscinodiscus. Este txon de algas unicelulares planctnico e vivente na plataforma continental desde os tempos cretcicos. A sua ocorrncia no paleomangue Baunilha Grande indita na Formao Pirabas e representa mais um elemento comprobatrio da comunicao do mar de Pirabas com guas ocenicas, antes sugerida apenas pela presena de foraminferos planctnicos e de nanofsseis calcrios. [*Bolsista PET-GEO] DIATOMCEAS DE SEDIMENTOS QUATERNRIOS DA LAGOA OLHO D'GUA: UMA ANLISE PALEOAMBIENTAL
MARIA CRISTINA SANTIAGO HUSSEIN & PAULO EDUARDO DE OLIVEIRA
Laboratrio de Geocincias, UnG, SP

A sedimentao da lagoa Olho Dgua representa um importante indicador das oscilaes do nvel do mar, devido distncia de 2 km em relao costa pernambucana (0812S;3456W). Est localizada 17 km ao sul da cidade de Recife, sendo por isso, a maior restinga em rea urbana do Nordeste brasileiro. Os sedimentos foram coletados com um amostrador de Livingstone [Colinvaux, P. et al. 1999. Amazon Pollen Manual and Atlas. Harwood Academic Publishers, 332 p.]. Foram coletados trs testemunhos, localizados nos setores sul (A), central (B) e norte (C) da lagoa. Os sedimentos foram abertos, descritos e amostrados. O perfil C foi utilizado para o estudo de diatomceas, no LabGeo da UnG. As amostras foram processadas quimicamente

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[Patrick, R. & Reimer, C. W. 1966. The diatoms of the United States. Monographs of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia. 688 p.], havendo tratamento com HCl e HNO3, para a eliminao de carbonatos e matria orgnica, respectivamente. Em seguida, foram montadas quatro lminas por nvel com Entellan e vedadas com parafina. A contagem das valvas de diatomceas foi feita em nveis, com intervalos de 10 cm, seguindo-se o critrio de no mnimo 300 valvas por nvel. As algas diatomceas encontradas nos sedimentos da lagoa Olho D'gua foram analisadas com o objetivo de reconstruir o paleoambiente e as variaes do nvel do mar no Holoceno, que ocorreram em funo das ltimas transgresso e regresso marinhas. Foi encontrada uma variedade muito grande de txons marinhos estenohalinos como Melosira sulcata, Auliscus sp, Coscinodiscus sp, Actinoptychus splendens, Grammatophora sp, assim como eurihalinos representados pelos txons Terpsinoe sp, Navicula lyra; txons dulccolos como Desmogonium sp, Fragilaria sp, Gomphonema sp, Eunotia sp, Neridium sp so tambm muito comuns nestes sedimentos. Foram determinados dois perodos de nveis marinhos mais elevados que o atual, com base nos aumentos expressivos de Melosira sulcata e outros txons exclusivamente de guas marinhas. A datao desses sedimentos est sendo conduzida pelo Beta Analytics (EUA) e determinar a idade desses eventos. Com esses dados, ser possvel a construo da primeira curva referente s ltimas variaes do nvel do mar no Estado de Pernambuco, servindo de suporte a diversos estudos geolgicos e geomorfolgicos da regio. ARCELLACEAS QUATERNRIAS DAS LAGOAS PINGUELA, PALMITAL E MALVAS, RIO GRANDE DO SUL BRASIL
LUCIANA GIOVANONI*, ITAMAR IVO LEIPNITZ, CAROLINA JARDIM LEO**, FABRICIO FERREIRA
PPGeo UNISINOS, RS, lucianag@euler.unisinos.br, itamar@euler.unisinos.br, carolina@euler.unisinos.br, fabferreira@pop.com.br

O presente trabalho tem por objetivo o estudo da fauna de Arcellacea das lagoas Pinguela, Palmital e Malvas, localizadas no municpio de Osrio, regio leste do Estado do Rio Grande do Sul. Coletou-se um total de 30 amostras, que foram fixadas com formaldedo a 10% e neutralizadas com brax no momento da coleta. Posteriormente, em laboratrio, foram lavadas, coradas utilizando-se o Mtodo de Walton e, depois de secas e limpas, retirou-se 10 cm de cada amostra que foram aspergidos em uma soluo de tetracloreto de carbono. Retirou-se um total de 5.554 espcimes, divididos em nove famlias, 15 gneros e 61 espcies. Na Lagoa da Pinguela coletou-se 18 amostras, tendo sido retirado 3.167 espcimes, sendo destes 1.323 espcies com protoplasma; as espcies Difflugia oblonga forma oblonga (16,5%), D. oblonga forma tenuis (15,9%) e Pontigulasia compressa (14,4%) dominam na assemblia morta, enquanto que na assemblia viva a dominncia de P. compressa (9,4%) e D. oblonga forma tenuis (9,2%). Na Lagoa do Palmital foram coletadas sete amostras, das quais retirou-se 1.822 espcimes, destes 512 espcimes foram encontrados com protoplasma; as espcies dominantes na assemblia morta so D. oblonga forma oblonga (21%) e P. compressa (20,8%), enquanto que na assemblia viva dominam P. compressa (43,3%) e Heleopera sphangi (9%). Na Lagoa das Malvas coletaram-se cinco amostras, tendo sido retirado um total de 563 espcimes, sendo 257 destes com protoplasma, as espcies dominantes so P. compressa (21,7%), Cucurbitella dentata forma trilobata (16,9%) e Difflugia sp. 1 (11,4%) na assemblia morta e P. compressa (31,9%) e Lesquereusia modesta (15,5%) na assemblia viva. Pode-se com isso, notar que a espcie Pontigulasia compressa domina tanto na assemblia viva quanto na morta das trs lagoas. [*Bolsista UNIBIC/UNISINOS; **Bolsista PIBIC/CNPq] ARCELLACEAS (TECAMEBAS) DAS LAGOAS MARCELINO E PEIXOTO RIO GRANDE DO SUL BRASIL
CAROLINA JARDIM LEO*, ITAMAR IVO LEIPNITZ, LUCIANA GIOVANONI**, FABRICIO FERREIRA
PPGeo UNISINOS, RS, carolina@euler.unisinos.br, itamar@euler.unisinos.br, lucianag@euler.unisinos.br, fabferreira@pop.com.br

O presente estudo tem por objetivo caracterizar a fauna de Arcellacea (tecamebas) das lagoas Marcelino e Peixoto, localizadas na regio leste do Estado do Rio Grande do Sul. Coletou-se 10 amostras, sendo cinco de cada lagoa. As amostras foram fixadas com formaldedo a 10% e neutralizadas com brax. Posteriormente, em laboratrio, foram lavadas e coradas (Mtodo de Walton). Depois de secas e limpas, retirou-se 10 cm de cada amostra que foram aspergidos em tetracloreto de carbono. Retirou-se um total de 1.468 espcimes, sendo identificadas seis famlias, oito gneros e 37 espcies. Nas amostras da Lagoa do Marcelino foram encontradas 1.434 espcimes distribudos em seis famlias, oito gneros e 36 espcies. A assemblia morta, composta por 1.283 espcimes, apresentou dominncia de Difflugia corona com 32,58% e Lesquereusia modesta com 11,84%. Na assemblia viva, constituda por 151 indivduos, Difflugia lingula regularis domina

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com 21,85%, seguida de Difflugia corona com 21,19%. Observou-se uma maior concentrao de espcimes tanto vivas quanto mortas, nos pontos Marc.01 e Marc.02, que tm, respectivamente, pH 7,30 e 7,25, e temperatura de 23,5 C em ambos. Em comparao, no ponto Marc.04, de pH 8,0 e temperatura 30 C no foi encontrado nenhum espcime, provavelmente em conseqncia do despejo de esgoto cloacal em local prximo. Das amostras da Lagoa do Peixoto, retirou-se 34 espcimes distribudos em quatro famlias, seis gneros e 15 espcies. Na assemblia morta, com 13 indivduos, observou-se a dominncia de Centropyxis aculeata, Centropyxis platystoma e Lesquereusia modesta, cada uma com 15,38%. Na assemblia de espcimes com protoplasma, com 21 representantes, tambm dominam Difflugia pyriformis e Difflugia capreolata, ambas com 19,04%. A distribuio dos espcimes mais ou menos uniforme, no havendo nenhuma alterao significativa entre os pontos. [*Bolsista PIBIC/CNPq, **Bolsista UNIBIC/UNISINOS] RESULTADO DA ANLISE PALINOLGICA DO GRUPO TROMBETAS COM BASE EM ACRITARCAS
TEREZA REGINA MACHADO CARDOSO* & MARIA ANTONIETA DA CONCEIO RODRIGUES
Depto. de Estratigrafia e Paleontologia, FG/UERJ, RJ, teregina@uerj.br, tutuca@uerj.br

O presente trabalho diz respeito ao estudo do poo 1-AM-1-AM (Petrobras), bem como de cinco sondagens rasas perfuradas pela Eletronorte no trecho do rio Trombetas entre seus tributrios Cachorro e Mapuera. A seo estudada abrange as formaes Pitinga e Manacapuru (parte inferior), datadas com base em quitinozorios. Foram encontrados, alm dos acritarcos e quitinozorios, criptosporas, escolecodontes e microforaminferos. O material exibiu elevado ndice de acritarcos, especialmente na Formao Pitinga, subdividida informalmente em dois membros (superior e inferior), separados por hiato. Para o membro inferior (Telychiano ao Sheinwoodiano), a ocorrncia de Domasia predomina sobre Deunffia. No membro superior (Gorstiano), Deunffia predomina sobre Domasia. Destaca-se, na poro basal da Formao Manacapuru (Pridoli), a ocorrncia de Baltisphaeridium e de Multiplicisphaeridium, bem como de Domasia rochesterensis, Dateriocradus monterrosae, Neoveryhachium carminae e Perforela perforata. No Brasil, Deunffia e Domasia ocorrem somente no Grupo Trombetas e so importantes por definir o intervalo LlandoveryWenlock, de extremo valor cronoestratigrfico por restringem-se mundialmente ao Siluriano. Embora a bacia do Amazonas ocupasse regio de alta latitude durante o Siluriano, a ocorrncia de acritarcas caractersticos de baixa paleolatitude, como Domasia amphora, Deunffia monospinosa e Tylotopala piramidalis, associados a formas de alta paleolatitude, como Dactylofusa maranhensis, Balisphaeridium capillatum, Balisphaeridium aniae, Tyrannus giganteus, e Perforela perforata, est relacionada a problemas paleogeogrficos e paleoclimticos. Tal situao ocorre tambm no Llandovery superior da Jordnia, na bacia de Ghadames (Lbia), e na bacia Tindouf, no oeste da Arglia. Acritarcas caractersticos de alta paleolatitude de regies perigondunicas e do Gondowana norte, tais como Perforela perforata, Tylotopala e Tyrannus giganteus, foram tambm identificados em sedimentos da Formao Pitinga. [*Bolsista CNPq] MUDANAS PALEOAMBIENTAIS NO HOLOCENO SUPERIOR DA REGIO DE SO MARTINHO DA SERRA, SUL DO BRASIL
PAULO CESAR PEREIRA DAS NEVES, SORAIA GIRARDI BAUERMANN
Laboratrio de Palinologia, ULBRA, RS, soraiab@ulbra.br

HERMANN BEHLING
Centro de Ecologia Tropical e Marinha, Universidade de Bremen, Alemanha, hbehling@uni-bremen.de

A vegetao do Estado do Rio Grande do Sul apresenta-se, no Recente, como um mosaico resultante das diferenas de relevo, solo, geologia e hidrografia, muito embora haja um regime pluviomtrico homogneo durante todo o ano. A distribuio das formaes vegetacionais atuais resulta de diversas transformaes ocorridas principalmente ao longo do Quaternrio. Registros palinolgicos de comunidades campestres tendem a evidenciar climas secos, como os havidos no incio do Holoceno, enquanto que os de formaes florestais esto relacionados a climas midos. Assim, de se esperar, que a partir do Holoceno Mdio tenha havido, na rea em estudo, mudanas paleovegetacionais semelhantes s j registradas nos espectros polnicos de outras regies do Rio Grande do Sul. Diante deste panorama, a regio de So Martinho da Serra reveste-se de fundamental importncia, uma vez que considerada uma zona transicional entre as formaes florestais e as comunidades campestres Sul-rio-grandenses. O local estudado localiza-se no municpio de So Martinho da Serra (regio da Grande Santa Maria), distante cerca de 300 km de Porto Alegre. O ponto de coleta situa-se a 29O 2721S; 53O 4152W, com altitude de 506 m. Est inserido na rea de ocorrncia da Bacia do Paran

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(Formao Serra Geral), sendo a vegetao atual constituda predominantemente por representantes da Floresta Estacional Decidual entrecortada por reas de campo, provavelmente resultantes da ao do fogo e do pastoreio. Para as anlises polnicas foram retiradas, do testemunho de sondagem, amostras em intervalos regulares de 2 cm. O processamento qumico seguiu os mtodos padres em palinologia de Quaternrio. As anlises palinolgicas permitiram a demarcao de trs zonas polnicas. Os resultados obtidos, at o momento, indicam amplo predomnio da vegetao campestre ao longo do Holoceno Superior na regio de So Martinho da Serra. PALINOLOGIA E SEDIMENTOLOGIA DA REGIO DE MONTE VERDE, PORO SUL DO ESTADO DE MINAS GERAIS: UM ESTUDO PRELIMINAR*
ELIANE DE SIQUEIRA**
Laboratrio de Geocincias, UnG, Guarulhos, SP

PAULO CSAR FONSECA GIANNINI


Depto. de Geologia Sedimentar e Ambiental, IGc/USP, SP

PAULO EDUARDO DE OLIVEIRA


Laboratrio de Geocincias, UnG, Guarulhos, SP

Monte Verde situa-se a 35 km de Camanducaia, no Estado de Minas Gerais, e a 160 km da cidade de So Paulo. A baixa temperatura mdia (<18C), a localizao em zona de altitude elevada (>1.500 m), na parte sul da serra da Mantiqueira, e a diversificada composio florstica, com presena de Floresta Atlntica Montana e Sub-Montana, Floresta Atlntica semidecdua, Campos de Altitudes e vestgios da Floresta de Araucria, torna a regio propcia para a identificao de mudanas de cobertura vegetal ligadas a oscilaes paleoclimticas do Quaternrio Tardio. O objetivo central desta pesquisa a determinao da sucesso paleoflorstica, associada a variaes de aporte sedimentar e das condies geoqumicas de deposio, tendo em vista a inferncia de um modelo integrado de evoluo paleoclimtica.Uma das metas da pesquisa conhecer os parmetros sedimentolgicos que esto vinculados a mudanas na cobertura vegetal indicadas pela palinologia. A rea de amostragem, adjacente ao Crrego dos Cadetes, coberta por uma vegetao secundria onde predominam rvores como Podocarpus lambertii e Araucaria angustifolia. Os depsitos sedimentares so argilo-arenosos orgnicos, turfosos, com aparente granodecrescncia ascendente em campo. O material foi amostrado a cada 10 cm ao longo de sees colunares com espessura total de 1,30 m. O procedimento sedimentolgico est sendo desenvolvido no Laboratrio de Sedimentologia do IG/DGSA/USP. O comportamento vertical de parmetros que tem como base granulometria, teor de umidade e teor de matria orgnica demonstra variaes gradativas relacionadas a mudanas deposicionais possivelmente controladas por alteraes no tipo de cobertura vegetal e, por extenso, por oscilaes climticas. A palinologia est sendo desenvolvida no Laboratrio de Geocincias da Universidade Guarulhos. As lminas esto sendo montadas e analisadas ao microscpio ptico, atravs dos mtodos tradicionais de separao de palinomorfos. Os txons botnicos encontrados so identificados e fotografados e a interpretao de sua associao dever permitir a correlao com os parmetros inferidos inicialmente pela sedimentologia, de modo a inferir o paleoclima predominante na regio na poca de deposio. Os resultados preliminares da anlise palinolgica, em andamento, revelam uma palinoflora diversificada, com palinomorfos bem preservados, indicadores de vegetao arbrea e condies climticas frias. [*Parte de Dissertao de Mestrado; contribuio ao projeto FAPESP n2000/03960-5- Histria da Exumao da Plataforma Sul-Americana a exemplo a regio Sudeste Brasileira: Termocronologia por traos de Fisso e Sistemticas Ar/Ar e Sm/Nd; Trabalho inserido no Grupo de Pesquisa Paleontologia Mesozica-Cenozica Sul- Americana; **IG/USP, SP] FAUNA E FLORA FSSEIS DO ESPONGILITO DE TRS LAGOAS, MS
JOS LUIZ LORENZ SILVA
Depto. de Cincias Naturais, CPTL/UFMS, MS, lorenzjl@terra.com.br

CECLIA VOLKMER RIBEIRO


Museu de Cincias Naturais, FZB, RS, cvolkmer@fzb.rs.gov.br

ITAMAR IVO LEIPNITZ


PPGeo UNISINOS, RS, itamar@euler.unisinos,br

So apresentados os resultados de anlises micropaleontolgicas e petrogrficas de um espongilito quaternrio, rocha coesa e de arquitetura lajiforme, que jaze subaquosa ou sob os sedimentos finos dos entornos da Lagoa do Meio. Esta, situada no municpio sul-mato-grossense de Trs Lagoas, integra o sistema

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lacustre do Alto Paran. Na regio, lagoas de formas arredondadas marcam a paisagem dos terraos fluviais elevados (350 m). oeste, a paisagem de colinas (518 m) revela afloramentos dos Arenitos Marlia e Adamantina. leste, os baixos terraos fluviais (270 m) acomodam cascalheiras quaternrias que sobrejazem aos Arenitos Santo Anastcio. Da laje do biolitito, 24 amostras foram desagregadas por agitao em meio aquoso e submetidas ao ataque cido usual na pr-laminao para anlise micropaleontolgica. Em 35 campos por lmina foram contados todos os elementos identificveis, (7.882 espculas de esponjas e 7.716 frstulas de diatomceas). Os elementos da fauna e da flora foram computados separadamente, sendo considerados apenas os txons cuja mdia de cmputo por campo em equivalente percentual fosse superior a 1%. A anlise micropaleontolgica quali-quantitativa revelou microscleras de Dosilia pydanieli (58,2%) e de Metania spinata (41,8%) compondo a espongofauna, e frstulas de Eunotia spp. (82,4%), de Pinnularia sp. (9,5%) e de Brachysira sp. (8,1%), compondo a diatomoflora. A anlise de lminas petrogrficas permitiu constatar que mais de 70% dos elementos identificveis so megascleras monoaxnicas e lisas ou fragmentos destas. Gros subarredondados de quartzo com contatos flutuantes ou pontuais so os nicos elementos minerognicos destacveis. Estes, juntamente com a matriz coesiva que inclui fragmentos biognicos e apresenta variveis graus de tingimento ferruginoso, completam o arcabouo do espongilito. Do mesmo corpo lajiforme, amostras de uma fcies arenosa-espicultica, encontrado apenas na poro oeste da Lagoa do Meio, evidenciam uma deposio original sob moderada hidrodinmica. Amostras desta fcies, datadas via termoluminescncia no Laboratrio de Vidros da FATEC/UNESP/SP, revelaram preliminarmente, idade de 39.000 4.000 anos AP. Para um refino de datao, amostras foram tambm enviadas ao Luminescence Dating Laboratory da Universidade de Washington, onde as respectivas anlises encontram-se em curso. CARACTERIZAO PALEOAMBIENTAL A PARTIR DE ESPCULAS SILICOSAS DE ESPONJAS EM SEDIMENTOS LAGUNARES NA REGIO DE TAQUARUU MS
MAURO PAROLIN
PPG em Ecologia de Ambientes Aquticos Continentais, UEM, PR, mauroparolin@brturbo.com

CECLIA VOLKMER-RIBEIRO*
Museu de Cincias Naturais, FZB, RS, cvolkmer@fzb.rs.gov.br

JOS CNDIDO STEVAUX*


Depto. de Geografia, UEM, PR, jcstevaux@uem.br

Analisaram-se sedimentos de trs lagoas (Samambaia, Linda e Dos 32) na regio de Taquaruu MS (2230S/5320W). Os depsitos foram estudados via sondagem de percusso (vibro-core) e datados em diferentes profundidades pelo mtodo aditivo na tcnica de termoluminescncia. Para exame das espculas ao microscpio ptico, foram retiradas pores das amostras, fervidas em tubo de ensaio com cido ntrico e pingadas sobre lminas que, aps a secagem, foram cobertas com entelan e lamnula. As amostras da lagoa Samambaia (223618S/532353 W) apresentaram um hiato temporal de 14 ka, com as seguintes idades em relao profundidade: a) 5,5 ka = 75 cm; b) 8,7 ka = 168 cm; c) 25,98 ka = 210 cm e d) 32,74 ka = 248 cm. A partir das espculas, pode-se concluir que essa lagoa teve pelo menos trs fases, sendo: (i) uma primeira, seca, h pelo menos 30 ka, sem vestgios de espculas; (ii) uma segunda, de ambiente fluvial, no incio do Holoceno, com grande nmero de espiculas das gmulas (gemoscleras) e do esqueleto (megascleras) de esponjas de rio; e (iii) a terceira, uma fase lagunar tpica de cerrado, iniciada no Holoceno Mdio, com presena de espculas das esponjas Radiospongilla amazonensis e Dosilia pydanieli, atualmente encontradas nesse ambiente. As amostras da lagoa Linda (222625S/ 531857W) indicaram idades de 18,76 a 26,3 ka; no entanto, os raros fragmentos de espculas na coluna de sedimentos indicam oscilaes entre perodos de seca e de cheias, com predominncia dos primeiros, e a maior residncia da gua estabelecida no final do Holoceno Mdio. A lagoa Dos 32 (222739S/531329W) apresentou idades entre 10,2 a 22,2 ka, configurando uma lagoa de espongilito pela abundncia de espiculas do depsito, estabelecido provavelmente pouco antes do Holoceno e com presena de: (i) microscleras e megascleras de Dosilia pydanieli e fragmentos de Metania spinata no sedimento de superfcie (at 29 cm); (ii) gemoscleras de Dosilia pydanieli, Heterorotula fistula e Radiospongila amazonensis, observando-se tambm muitos fragmentos de carvo (resultantes de queimada), a 58 cm; e (iii) apenas gemoscleras curtas e megascleras quebradas de Heterorotula fistula no sedimento basal, abaixo de 58 cm. Os resultados indicam que as lagoas da regio, apesar de prximas, tiveram gneses distintas, bem como parecem corroborar a tese da predominncia de um clima mais seco na regio antes do Holoceno e durante o Holoceno Mdio. [*Bolsista PQ/CNPq]

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CONODONTES E FAUNA ASSOCIADA NOS CARBONATOS DA FORMAO ITAITUBA, CARBONFERO DA BACIA DO AMAZONAS
SARA NASCIMENTO, ANA KARINA SCOMAZZON, LUCIANE PROFS MOUTINHO
PPGGeo, UFRGS, RS, sara.nascimento@ufrgs.br

VALESCA BRASIL LEMOS


Depto. de Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS

Neste estudo, os conodontes foram utilizados como ferramenta principal para o refinamento bioestratigrfico e a caracterizao paleoambiental dos estratos basais da Formao Itaituba (Carbonfero, Bacia do Amazonas), em conjunto com estudos petrogrficos e da fauna fssil associada. A rea de estudo concentrou-se em duas pedreiras de calcrio, localizadas a 30 km da cidade de Itaituba, na Regio do Rio Tapajs, onde afloram os depsitos cclicos carbontico-evaporticos e delgados intervalos siliciclsticos caractersticos da formao. Para o estudo de fcies carbonticas, foram preparadas 35 lminas petrogrficas, que permitiram a definio de 4 microfcies bsicas: mudstones recristalizados, wackestones bioclsticos, packstones bioclsticos e grainstones bioclsticos/oncolticos, as quais localizam o ambiente deposicional estudado dentro de um contexto de plancie de mar. Para os estudos bioestratigrficos, foram preparadas 43 amostras da Pedreira 1 e 29 amostras da Pedreira 2, principalmente compostas por calcrio e dolomito, classificados como wackestones e packstones. A fauna de conodontes encontrada predominante nos packstones, os quais eram depositados durante as transgresses marinhas na regio, correspondendo as melhores condies adaptativas para os conodontes. Os conodontes analisados foram classificados como Idiognathoides sinuatus, Adetognathus lautus e Neognathodus bassleri, Neognathodus atokaensis, Neognathodus roundyi, Neognathodus medadultimus, Idiognathodus incurvus, Diplognathodus coloradoensis e Hindeodus minutos, e indicam idade entre o neomorrowano - Atokano. Os elementos coletados na Pedreira 1 ocorrem, preferencialmente, nos ciclos carbonticos das pores mdia e superior, correlacionveis com o Morrowano superior. Nos estratos da Pedreira 2, os conodontes ocorrem, preferencialmente, nos ciclos mais inferiores e no topo da pedreira, correlacionveis com o Atokano inferior. A fauna associada composta por braquipodes, moluscos bivalves e gastrpodes, trilobitas, equinodermos, briozorios, corais, ostracodes, palinomorfos, foraminferos, escolecodontes e dentes de peixes. O paleoambiente de deposio das rochas da Formao Itaituba foi identificado como marinho raso, de inframar superior, com baixa a moderada energia e substrato lamoso.

Paleobotnica

A NEW BRYOPHYTE FROM THE LOWER CARBONIFEROUS OF BOLIVIA


NELSA CARDOSO & ROBERTO IANNUZZI
Depto. de Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, liegeff@terra.com.br, roberto.iannuzzi@ufrgs.br

A new bryophyte, Hepaticites simpliciformis sp. nov., from Lower Carboniferous of Bolivia is a thalloid plant without rhizoids or fertile structures. Midrib, cellular impressions and laminar ribs are present while superficial pores are not observed. The thallus structure is similar to the living Metzgeriaceae family, so, Hepaticites simpliciformis sp. nov. is possibly a liverworts. The studied material is associated with elements of the Nothorhacopteris Flora (Archaeocalamites sp., Nothorhacopteris kellaybelenensis, Triphyllopteris boliviana, ?Sphenopteridium intermedium) sensu Iannuzzi & Rsler [2000. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, 161(1-2):71-94], and was collected in the Siripaca Formation (Ambo Group, Titicaca Basin) on the Copacabana Peninsula, Titicaca Lake, that represents deposits of a swampy alluvial plain sequence. The Siripaca Formation is dated as latest Early Caboniferous (Late Visean-earliest Serpukhovian). Hence, the species shown can be considered the oldest record of bryophytes in South America. The Nothorhacopteris Flora corresponds to lowland communities that lived under a warm-temperate climate in environments where peat-forming conditions were locally developed. The presence of bryophytes associated with this flora confirms the high levels of moisture for the environment in this part of Siripaca Formation. [Contribution to IGCP Project 471] REVISO DE PECOPTERDEAS FRTEIS E ESTREIS DA AMRICA DO SUL: ASTEROTHECA

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PIATNITZKYI FRENGUELLI E PECOPTERIS PEDRASICA READ*


CARLOS EDUARDO LUCAS VIEIRA, ROBERTO IANNUZZI, MARGOT GUERRA-SOMMER
Depto. de Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, gcelv@bol.com.br, roberto.iannuzzi@ufrgs.br, msommer@ufrgs.br

OSCAR RSLER
Centro Paleontolgico, Universidade do Contestado, SC, rosler@mfa.unc.br

Foram revisadas frondes pecopterdeas frteis e estreis de estratos permianos da Amrica do Sul, cujas classificaes permaneciam duvidosas ou confusas. Tais frondes foram descritas anteriormente sob os seguintes nomes: Pecopteris pedrasica Read, Pecopteris combuhyensis Read, Asterotheca piatnitzkyi Frenguelli, Asterotheca (Pecopteris) cambuhyensis Rsler. Este ltimo nome foi proposto como sinonmia para os demais, em funo dos espcimes de frondes frteis polimrficas estudados por Rsler [Rsler, R. 1972. Tese de doutoramento, USP,130 p.] apresentarem, ao mesmo tempo, os tipos pinulares descritos para os trs primeiros. Alm disso, o nome Asterotheca deve ser aplicado exclusivamente para espcimes frteis, enquanto Pecopteris a espcimes estreis. Assim, o ltimo nome proposto para os espcimes estudados, Asterotheca (Pecopteris) cambuhyensis Rsler, considerado aqui nomen nudum. Conseqentemente, os espcimes descritos sob os nomes supracitados devem ser classificados como A. piatnitzkyi Frenguelli, quando frteis e, como P. pedrasica Read, quando estreis. Sob este ltimo nome, so mantidos em sinonmia o nome P. combuhyensis Read e os espcimes estreis descritos anteriormente como A. (Pecopteris) cambuhyensis Rsler, enquanto que sob a designao A. piatnitzkyi so mantidos em sinonmia os espcimes frteis descritos anteriormente como A. (Pecopteris) cambuhyensis Rsler. A. piatnitzkyi Frenguelli uma forma exclusiva de estratos eopermianos, sendo registrada desde o sul da Argentina (Formao La Golondrina, bacia La Golondrina; formaes Mojn de Hierro, Ro Genoa e Libertad, bacia Ro Genoa) at o sudeste do Brasil (Formao Rio Bonito, bacia do Paran), enquanto que P. pedrasica Read encontrada ao longo de todo o Permiano, ocorrendo no s nas mesmas formaes e bacias mencionadas, bem como nas formaes Rio do Rasto (bacia do Paran, Brasil) e Chutani (Altiplano Boliviano, Bolvia). A definio taxonmica destes espcimes vem contribuir para o refinamento das correlaes bioestratigrficas e dos estudos paleoecolgicos e paleofitogeogrficos nos estratos permianos da Amrica do Sul. [*Contribuio ao Projeto IGCP 471] SOMMERXYLON SPIRALOSUS PIRES & GUERRA-SOMMER NO MESOZICO DO RIO GRANDE DO SUL: SIGNIFICADO TAXONMICO E PALEOCLIMTICO
ETIENE FABBRIN PIRES* & MARGOT GUERRA-SOMMER**
PPG-Geo, IG/UFRGS, RS, tinadefel@yahoo.com.br, margot.sommer@ufrgs.br

A caracterizao morfolgica e anatmica de lenhos silicificados de gimnospermas em afloramento da Formao Caturrita no municpio de Faxinal do Soturno, possibilitaram a identificao de Sommerxylon spiralosus Pires & Guerra-Sommer. Parmetros diagnsticos dos planos lenhosos, tais como medula heterocelular composta por clulas parenquimticas e esclerenquimticas, xilema primrio endarco, xilema secundrio com pontoaes unisseriadas dominantes, espessamentos espiralados nas paredes radiais dos traquedeos, ausncia de canais resinferos e de parnquima axial, indicam a sua vinculao famlia Taxaceae. Na atualidade, esta famlia ocorre predominantemente no Hemisfrio Norte, em climas subtropicais at temperados. Os registros mais antigos de lenhos fsseis de Taxaceae reportam-se ao Jurssico. Deste modo, a identificao de S. spiralosus tem carter indito para o Trissico Superior na bacia do Paran. Os anis de crescimento no lenho analisado so distintos e largos, indicando a presena de amplos ciclos sazonais, provavelmente anuais. De acordo com o conjunto de caractersticas apresentadas pelos anis, o clima vigente seria definido ciclicamente por amplas fases de crescimento lento, evoluindo para fases de acentuada restrio de crescimento, culminando com sua estagnao. As variaes cclicas foram controladas por fatores relacionados principalmente disponibilidade hdrica e, secundariamente, ao fotoperodo. A restrio hdrica representou o fator externo inibidor do crescimento em cada ciclo. Climas com estas caractersticas ocorrem atualmente em ecorregies continentais nos domnios seco a mido-temperado. Podese inferir, portanto, para o Trissico Superior no sul da bacia do Paran com base em dados dendrolgicos, um clima com sazonalidade definida por amplos ciclos caracterizados pela intercalao de extensos perodos midos e restritos perodos de seca. [*Bolsista PGI/CNPq; **Bolsista CNPq]

ESTUDO PALEOFLORSTICO DO MEMBRO CRATO, FORMAO SANTANA, EOCRETCEO DA BACIA DO ARARIPE, NORDESTE DO BRASIL

- Paleontologia em Destaque n 44 MARY E. BERNARDES-DE-OLIVEIRA*


Depto. de Geologia Sedimentar e ambiental IGc/USP, SP

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ALCINA M. F. BARRETO
Depto. de Geologia CTG/UFPE, Recife

DAVID DILCHER
Florida Museum of Natural History, Gainesville, Univ. Florida (EUA)

FRESIA RICARDI-BRANCO
Univ. Estadual de Campinas, IGC, UNICAMP

MARIA CRISTINA DE CASTRO-FERNANDES


Laboratrio de Geocincias, UnG, SP

O trabalho visa o estudo de fitofsseis do Membro Crato sob dois enfoques principais, a anlise tafonmica e a taxonmica, tendo em vista o conhecimento da composio paleoflorstica, bem como interpretaes paleoambientais, paleoclimticas, paleogeogrficas e evolutivas. O Membro Crato, poro basal da Formao Santana, Aptiano superior da bacia do Araripe, constitui importante registro paleontolgico eocretceo. A tafoflora se destaca pela excelente preservao, pela abundncia, pela diversificao, pelo posicionamento paleogeogrfico (Provncia Florstica Equatorial rida) e pela idade (evoluo das angiospermas primitivas). Apesar de tantos atributos, poucos trabalhos mais aprofundados foram publicados sobre esta rea. Os fitofsseis tm sido espalhados aleatoriamente por vrias instituies de pesquisa (ou no) de todo o mundo, sem que haja uma forte presena de pesquisadores brasileiros em suas equipes de estudo, o que impossibilita uma viso ampla da paleoflora constituinte. Da decorre a necessidade de fortalecimento de grupos de pesquisa nacionais, visando a reunio desses dados com apoio de pesquisadores e instituies estrangeiros. O material em estudo proveniente de coletas de campo e de acervos j existentes no Instituto de Geocincias (IGc-USP), Universidade Guarulhos (UnG), Departamento de Geologia (DGEO-UFPE), Museu do DNPM Crato, CE, e do Museu de Paleontologia da Univ. Regional do Cariri (URCA) e de museus europeus. O estudo ser feito sob a coordenao da primeira autora deste resumo, contando com a participao de pesquisadores nacionais e estrangeiros. Os principais grupos florsticos encontrados at o momento pertencem Ordem Gnetales (Welwitschiaceae e Ephedraceae), consideradas como possveis ancestrais das angiospermas, caules e folhas de outras gimnospermas (Brachyphyllum e Podozamites) e megafsseis de angiospermas aquticas (Nymphaeites choffati) e terrestres (sementes,frutos, folhas e flores). Tambm esto presentes fetos (Schizeaceae) e esfenopsidas (Schizoneura). [*Lab de Geocincias, UnG, SP] FSSEIS RELACIONADOS COM A FAMLIA ARAUCARIACEAE EM NVEIS DO EOCENO INFERIOR DA ILHA KING GEORGE, ILHAS SOUTH SHETLAND, PENNSULA ANTRTICA
DAIANA ROCKENBACH BOARDMAN, CLAUS FALLGATTER, FERNANDO PEREIRA & TNIA LINDNER DUTRA
PPGeo, LaViGea, UNISINOS, RS, daiana@euler.unisinos.br, tania@euler.unisinos.br

Em rochas vulcnicas e vulcanoclsticas de trs localidades da ilha King George (6230 6230S e 5830 5900W), ilhas Shetland do Sul, Pennsula Antrtica, datadas por mtodos K-Ar como tendo sido depositadas entre 44 e 47 Ma, foram identificados restos de conferas na forma de impresses de folhas, ramos e escamas ovulferas. As folhas mostram dois distintos tamanhos, nervuras paralelas conspcuas e sem uma primria destacada, formas oval-lanceoladas e insero helicoidal nos ramos. As escamas ovulferas, parcialmente preservadas, permitem avaliar a presena de um nico vulo e a ausncia de asas laterais desenvolvidas. Estas caractersticas permitiram associar o material com formas modernas do gnero Araucaria Jussieu, especialmente com as seces Columbea e Eutacta, a primeira exclusiva hoje da Amrica do Sul e a segunda, da Austrlia, Nova Guin, Nova Calednia e ilhas Norfolk. Outras famlias de conferas (Podocarpaceae e Cupressaceae), algumas pteridfitas e muitas angiospermas completam a paleoassemblia, bastante diversificada (50 distintos txons, em mdia). Entre angiospermas, se destacam os representantes do gnero Nothofagus, com folhas grandes, similares s formas N. alessandri e N. glauca modernos. Esta associao muito semelhante aquela que hoje compe as florestas Valdivianas no Chile e as subtropical rain forest da Austrlia e Nova Calednia. O conjunto apia a presena de condies de clima quente e mido em reas da Pennsula durante o Eoceno e est de acordo com dados provenientes de outras partes do mundo para este intervalo, marcado pelos maiores picos de temperatura durante o Tercirio. A presena de macrofsseis relacionados com Araucariaceae, de modo exclusivo para este momento, numa sucesso que se estende entre o final do Cretceo e o Oligoceno inferior, de grande importncia para a avaliao do comportamento adaptativo deste grupo de conferas e de seus requisitos modernos, e comprova que, at o Eoceno, mantinham-

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se as rotas de passagem atravs da Antrtica, entre as reas ocidentais e orientais do Hemisfrio Sul. AFINIDADES BOTNICAS DOS FSSEIS DA BACIA DE TAUBAT, FORMAO TREMEMB
DIOGO JORGE DE MELO
Setor de Paleontologia (MCTer/DNPM-RJ), diogojmelo@bol.com.br

A Formao Trememb datada como Oligoceno/Mioceno e possui uma fauna fssil com vrios elementos caractersticos desse perodo, como os mamferos Notoungulata, Cingulata, Litopterna e a ave Phorusrhacidae, juntamente com grupos que ainda so encontrados na fauna recente. Apesar de existirem estudos significativos sobre a paleofauna da Formao Trememb, ainda so poucos os referentes a sua paleoflora, restritos a algumas descries de macrofsseis e de palinomorfos, estes indicando grande diversidade paleofitolgica. O trabalho constou de um levantamento onde foram registradas as presenas de algas carfitas, de brifitas esfagnceas, de pteridfitas, gnetfitas, coniferfitas e antfitas das classes monocotiledneas e dicotiledneas. Pode-se assim traar um perfil climtico da poca, onde as pteridfitas, as gnetfitas e a maioria das antfitas apontam para um clima tropical/subtropical, contrapondo-se com as coniferfitas, que indicam um clima temperado. As antfitas das famlias Typhaceae, Guttiferae e Tiliaceae no so boas indicadoras climticas, pois podem ser encontradas em regies com climas tropicais, subtropicais e temperados. As plantas que indicam grande umidade so as carfitas, as esfagnceas, as salvinceas, as ciperceas, as tifceas e as ninfeceas. As plantas preservadas sob a forma de macrofsseis possuem afinidades com clima tropical/subtropical, enquanto que aquelas que ocorrem sob a forma de palinomorfos apresentam evidncias de um clima temperado. Portanto, os macrofsseis, pelo tipo de deposio e pelas indicaes climticas, deveriam habitar o entorno do paleolago de Taubat, enquanto que os plens de gnetfitas e de coniferfitas, indicadoras de um clima temperado, pertenciam a plantas da vegetao que habitavam a parte serrana da bacia. De um modo geral, a vegetao da Formao Trememb durante o Oligoceno/Mioceno semelhante da atual Mata Atlntica, cujos hbitats principais se caracterizam por floresta pluvial montana, floresta pluvial baixo-montana e florestas de araucria, cada uma com caractersticas climticas e geomorfolgicas diferenciadas. ALGAS CALCRIAS MESOZICAS DO NORDESTE BRASILEIRO: UMA AVALIAO
NARENDRA K. SRIVASTAVA
Depto. Geologia, UFRN, RN, narendra@geologia.ufrn.br

As algas calcrias (cianofitas, clorofitas, rodofitas e carfitas) e calcrios alglicos (estromatlitos) so componentes marcantes em quase todas as bacias sedimentares mesozicas de diversos tamanhos e natureza (marinha ou no) do nordeste brasileiro, cujas origens esto intimamente ligadas abertura do Oceano Atlntico Sul, do Neojurssico ao Neocomiano. Apesar da sua grande variedade e distribuio em diversas bacias, pouco foi investigado ou publicado sobre sua ocorrncia, sistemtica, distribuio, paleoecologia, importncia bioestratigrfica e aplicao geologia econmica [Tibana, P. & Terra, G.J.S.,1981. Boletim Tcnico da Petrobrs, 24:174-183; Srivastava, N. K., 1982. Anais da Academia Brasileira de Cincias, 54:219-231; Srivastava, N. K., 1982. Boletim do Departamento de Geologia da UFRN, 6:23-26; Srivastava, N. K., 1984. SIMP. GEOL. NORD., 11, Atas, p. 361-369; Granier, B. et al., 1991. Geocincias, 10:169-181; Terra, G. J. S. & Lemos, V. B., 1999. SIMP. CRET. BRASIL, 1 & SIMP. CRET. AMER. SUR, Atas, 5:2328]. Isto se deve, provavelmente, larga aplicao de outros grupos de fsseis (ostracodes, palinomorfos, foraminferos e nanofsseis) em bioestratigrafia, na industria do petrleo ou na prospeco de outros bens minerais. Estudos paleoalgolgicos em bacias produtoras de hidrocarbonetos na Frana, Itlia, Romnia, Estados Unidos, ndia, China, na frica e no Oriente Mdio demonstraram sua ampla aplicao na geologia do petrleo, no tocante aos estudos de sedimentologia, bioestratigrafia e paleoecologia, proporcionado, assim, sua utilizao como uma importante ferramenta na prospeco e explorao dos hidrocarbonetos [Bucur, I.I., 1999. Palaepelagos, 2:53-104]. Dada vasta abrangncia das bacias mesozicas no Nordeste do Brasil, e ao seu pouco estudo paleoalgolgico, o registro algal e sua importncia ainda no suficientemente bem conhecido. Por outro lado, apresentam excelentes condies de observao e estudo, tanto em superfcie como em subsuperficie, o que as tornam prprias para avaliar o ordenamento de grandes eventos geolgicos e paleontolgicos resultantes da distenso atlntica, no quadro mais geral das mudanas globais, em nvel da paleobiogeografia, paleoecologia e bioestratigrafia.

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IDENTIFICAO DA COMPOSIO CIANOBACTERIANA DAS ESTEIRAS ESTROMATOLTICAS POLIGONAIS DA LAGOA PITANGUINHA, RIO DE JANEIRO BRASIL
LOREINE HERMIDA DA SILVA E SILVA, CYNTHIA MOREIRA DAMAZIO* & ELISNGELA SILVA DE BARROS**
Ncleo de Geomicrobiologia (GEOBIOS), ECB, UNIRIO, RJ, loreineh@unirio.br

A Lagoa Pitanguinha uma laguna hipersalina costeira, localizada no Estado do Rio de Janeiro, entre as latitudes 2205542 e 2205600 S e longitudes 4202045 e 4202130 W. Est inserida no sistema lagunar de Araruama, que se encontra entre as formaes marinhas do Quaternrio e as rochas cristalinas pr-cambrianas [Martin et al. 1997. Geologia do Quaternrio costeiro do litoral norte do Rio de Janeiro e Esprito Santo, CPRM, 112p.]. Sua origem est ligada ao ltimo episdio de transgresso holocnica, apresenta um microclima semi-rido quente, com mdia de chuvas baixa (890 mm/ano), destacando-se que a evaporao (1.372 mm/ano) maior que a precipitao, gerando um dficit hdrico [Primo & Bizerril, 2002. Lagoa de Araruama. Perfil Ambiental do maior ecossistema lagunar hipersalino do mundo. Semads, 148p.]. As esteiras microbianas so estruturas organo-sedimentares laminadas verticalmente, formadas anteriormente aos estromatlitos estratiformes no registro geolgico [Silva e Silva et al, 2002. CONGR. BRAS. GEOLOGIA, 41, 1:367-367]. O objetivo primordial deste estudo foi identificar a composio cianobacteriana das esteiras estromatolticas poligonais. Estas esteiras foram verificadas na borda noroeste da laguna, sendo freqente nas pores de infra, entre e supramar. Apresentam gretas de contrao e laminaes que variam em cor e espessura e so mais facilmente identificas nos perodos de baixa precipitao. O material amostrado foi coletado por meio de esptula de pedreiro, acondicionado em frascos plsticos opacos visando impedir a luminosidade e preservado em soluo neutra de formol a 4%. Nestas esteiras foram registrados 32 txons de cianobactrias, de acordo com as famlias: 21,875% na Synechococcaceae, 3,125% na Microcystaceae, 37,5% na Chroococcaceae, 6,25% na Entophysalidaceae, 3,125% na Hyellaceae, 3,125% na Pseudanabaenaceae, 3,125% na Oscillatoriaceae, 18,75% na Phormidiaceae e 3,125% na Schizothricaceae. A grande diversividade de cianobactrias est ligada ao fato da laguna ser um ambiente estressado com competio quase nula. A maior freqncia est relacionada s formas esfricas caracterizando esteiras com alto grau de maturao, sendo Microcoleus chthonoplastes Thuret ex Gomont 1875, a forma filamentosa de maior ocorrncia. A importncia geolgica destas esteiras associa-se ao fato de comporem o primeiro substrato consolidado para a formao de construes estromatolticas holocnicas. [*Bolsista de IC/UNIRIO; **Estagiria GEOBIOS/UNIRIO] REVISO DA IDENTIFICAO DAS CIANOBACTRIAS PRESENTES NOS ESTROMATLITOS ESTRATIFORMES DA LAGOA SALGADA, RIO DE JANEIRO-BRASIL
LOREINE HERMIDA DA SILVA E SILVA, ANDERSON ANDRADE CAVALCANTI IESPA*, VANESSA TAMIE DE ALMEIDA SHIMIZU** & FREDERICO ALVES DOS SANTOS LOPES***
Ncleo de Geomicrobiologia (GEOBIOS), ECB, UNIRIO, RJ, loreineh@unirio.br

A Lagoa Salgada (410030 W e 215410 S) est localizada na plancie quaternria da poro emersa da bacia de Campos. integrante do complexo deltaico do rio Paraba do Sul e possui uma conexo com o mar atravs do Rio Au (294051 E e 757184 S). Esta laguna foi formada aps uma fase erosiva da costa, que ocorreu depois do deslocamento da barreira arenosa rumo ao continente. Os estromatlitos so estruturas biossedimentares produzidas pelo aprisionamento, pela captao e pela precipitao de sedimentos. So resultantes das atividades de crescimento e do metabolismo de microorganismos, dentre eles as cianobactrias. Seu estudo tem auxiliado a identificar atividades biolgicas pretritas. Os estromatlitos estratiformes (segundo estgio na evoluo) variam em espessura, apresentam cimentao superficial frgil e alta porosidade. Constituem-se de placas poligonais, delimitadas por fendas de dessecao de largura varivel [Silva e Silva & Senra 2002. CONGR. IBEROAM. PALEONTOLOGIA, 1, Resumos, p. 95-96]. O objetivo deste estudo foi revisar a identificao das cianobactrias presentes nos estromatlitos estratiformes da Lagoa Salgada. Foram realizadas coletas nas bordas sudoeste e noroeste, durante o ano de 2002. Os estromatlitos estratiformes foram coletados com esptula de pedreiro e acondicionado em sacos plsticos vedados, identificando-se tambm as estaes de coleta. A caracterizao das cianobactrias nos estromatlitos estratiformes foi feita com a dissoluo do material em lquido de Perenyi, que consiste de trs volumes de cido crmico a 0,5 %, quatro volumes de cido ntrico a 10 %, trs volumes de lcool a 70 ou 90. Seis taxa alm dos 15 j descritos por Silva e Silva & Senra (2001) [Revista de Paleontologia de Zaragoza. 177-182] foram identificados: Aphanothece salina Elenkin et Danilov 1915, Chroococcus membraninus (Menenghini)

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Ngeli 1849, Chroococcus minutus (Ktzing) Ngeli 1849, Microcoleus vaginatus (Vaucher) Gomont 1890, Phormidium breve (Ktzing ex Gomont) Anagnostidis. ex Komarek 1988, e Phormodium hamelii Frmy 1930. A composio microbiana presente demonstrou que a maior freqncia qualitativa est relacionada s formas arredondadas e um predomnio quantitativo associado a Microcoleus chthnoplastes Thuret 1875 e Lyngbya aestuarii (Gomont) Lieberman 1892. [*Bolsista APT (IVP) - FAPERJ; ** Bolsista IC/UNIRIO; *** Estagirio GEOBIOS/UNIRIO] DISTRIBUIO VERTICAL DAS CIANOBACTRIAS NAS ESTEIRAS COLOFORMES DA LAGOA VERMELHA, QUATERNRIO SUPERIOR, BRASIL
LOREINE HERMIDA DA SILVA E SILVA, SINDA BEATRIZ VIANNA CARVALHAL, SIGLIA ANDRESSA PINTO MONTEIRO DO NASCIMENTO ALVES, ROSIANE CARNEIRO DOS SANTOS
Ncleo de Geomicrobiologia, ECB / UNIRIO, RJ, loreineh@unirio.br

Localizada no Estado do Rio de Janeiro sob as latitudes 225539e 225606S e longitudes 422129e 42 2413W, a Lagoa Vermelha uma lagoa hipersalina pertencente ao sistema lagunar de Araruama. Sua formao geolgica ocorreu durante as trangresses flandrianas e ps-flandrianas, cuja datao do entorno remonta a 4.500 130 B.P. Est separada do Oceano Atlntico por uma restinga de aproximadamente 350 m de largura e a 4 m acima do nvel do mar. As dimenses da lagoa so: 4,4 km de comprimento e 250-850 m de largura, com uma rea aproximada de 2,4 km2. Devido pouca profundidade e forte incidncia de ventos, no ocorre estratificao de suas guas. As esteiras coloformes foram coletadas durante o ano de 20022003, nas regies de entremars e de inframar, e preservadas em formol a 4%. A anlise macroscpica revelou as seguintes caractersticas: formato arredondado; pouca coeso; superfcie gelatinosa, rugosa e porosa; laminao com estratificao vertical composta pelo conjunto de 3 estratos de colorao verde, vermelha e marrom, e distribudas linearmente nas pores marginais. A anlise taxonmica envolveu a confeco de lminas permanentes e desenhos, bem como realizao de medidas em microscpio com cmara clara. Identificou-se 23 taxa de cianobactrias: Aphanocapsa concharum Hansgirg 1890; Aphanocapsa salina Voronichin 1929; Aphanothece clathrata West et West 1906; Aphanothece conglomerata Rich 1932; Aphanothece halophytica Frmy 1933; Chroococcus microscopicus Kormakov Legnerov et Cromberg 1994; Chroococcus minimus Lemmermann 1904; Chroococcus minor Ngeli 1849; Chroococcus minutus Ngeli 1849; Chroococcus obliteratus Richter 1886; Chroococcus quaternarius Zalessky 1926; Chroococcus turgidus Ngeli 1849; Johannesbaptistia pellucida Taylor et Drouet 1938; Lyngbya submonilifera Frmy 1945; Microcoleus chthonoplastes Thuret ex Gomont 1892; Microcoleus tenerrimus Gomont 1892; Jaaginema subtilissimun Anagnostidis et Komrek 1988; Phormidium okenii Anagnostidis et Komrek 1988; Planktothix geitleri Anagnostidis et Komrek 1988; Rhabdoderma lineare Schmidle et Lauterborn 1900; Schizothrix friesii Gomont 1892; Spirulina subtilissima Ktzing 1843; Tyconema granulatum Anagnostidis et Komrek 1988. A formao destas esteiras dependente da composio cianobacteriana e a distribuio est relacionada intimamente com o fator umidade. [Apoio FAPERJ]

Paleoecologia

PALEOECOLOGIA DOS INVERTEBRADOS DA ECOFCIES CAPANEMA DA FORMAO PIRABAS (MIOCENO INFERIOR), ESTADO DO PAR
VLADIMIR DE ARAJO TVORA & CAMILA ENID MARTINS PEDROSA MARRA
Lab. de Paleeontologia, Depto. Geologia, CG/UFPa, PA, vtavora@orm.com.br, miloka2003@bol.com.br

A grande abundncia faunstica de paleoinvertebrados e microfsseis na ecofcies Capanema da Formao Pirabas, constituda por foraminferos, ostracodes, nanofsseis calcrios, corais anermatpicos, porferos, bivalves, gastrpodes, crustceos decpodes, cirrpedes balanomorfos, e equinodermas, sugere ambiente marinho eutrfico e bem oxigenado, de guas rasas, lmpidas e pouco agitadas. Os corais anermatpicos atestam ambiente com baixa taxa de sedimentao, enquanto o predomnio de briozorios lunulitiformes, incrustantes e foliceos flexveis sugerem guas quentes e ambiente de vida afetado por ao de ondas. As associaes de foraminferos bentnicos, ostracodes, moluscos, crustceos decpodes e equinodermas so

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formadas por txons dominantemente eurihalinos, que suportam grandes variaes de salinidade. As mudanas na composio taxonmica dos diversos grupos sistemticos, principalmente baseando-se nas espcies estenohalinas, evidenciam que a salinidade oscilou entre normal, abaixo da normal e tambm acima da normal. Os fsseis mais indicativos desta oscilao so os foraminferos bentnicos, que examinados em diferentes perfis de superfcie e subsuperfcie, mostram claramente variaes entre salinidade normal e acima da normal. Em alguns destes perfis, foram tambm caracterizados nveis estratigrficos com salinidade abaixo da normal, a partir do registro de corais anermatpicos associados a crustceos decpodes e, decisivamente, s espcies Balanus eburneus e B. improvisus, cirrpedes balanomorfos de pequeno tamanho, que suportam ndices de valores absolutos entre 16 e 18. Observa-se, ao longo dos estratos da ecofcies Capanema, uma marcada pluralidade litolgica, correspondendo a diferentes tipos de substrato, que variaram entre firmgrounds e softgrounds. Os paleoinvertebrados adaptaram-se bem a estas mudanas. As formas ssseis e incrustantes, bem como os ostracodes infaunais de carapaa espessa, lisas e achatadas ventralmente, so tpicos dos firmgrounds. J os crustceos decpodes, os bivalves epifaunais vgeis e infaunais, e os ostracodes citerceos preferem os substratos mais moles (softgrounds). A litologia e os paleoinvertebrados, com sua dominncia e diversidade, caracterizam o ambiente deposicional como lagunar, de borda de bacia. A comunicao entre esta laguna e o mar aberto atestada pela ocorrncia de foraminferos planctnicos e de nanofsseis calcrios ESTUDO PALEOECOLGICO DA COMUNIDADE DE PEIXES SSEOS DA FORMAO PIRABAS (MIOCENO INFERIOR) NORDESTE DO ESTADO DO PAR
CHRISTVAM DA SILVEIRA PAMPLONA-NETO, PETER MANN DE TOLEDO & HELOISA MARIA MORAESSANTOS
Coord. de Pesquisa e Ps-Graduao, MPEG, PA, cspn@gmx.net , toledo@museu-goeldi.br, hmoraes@museu-goeldi.br

A Formao Pirabas, interpretada como um evento deposicional transgressivo ocorrido no Mioceno Inferior, apresenta registros aflorantes melhor representados no Nordeste do Par. As pesquisas at ento tiveram como principais objetivos confirmar a idade da formao geolgica, descrever sua flora e fauna, e, subordinadamente, apresentar aspectos paleoecolgicos. Um dos principais problemas ligados ao entendimento do padro da comunidade de peixes sseos desta formao a baixa taxa de abundncia/diversidade de presas em relao taxa de predadores. Esta relao sugere que os processos tafonmicos impediram a preservao de grande parte dos representantes desta comunidade, ou que o uso de mtodos mais adequados de coleta e anlise devem ser implementados para o grupo. Visando um melhor entendimento do problema, buscou-se sistematizar as interpretaes j feitas sobre o paleoambiente da Formao Pirabas e as caractersticas dos ambientes atuais onde vivem as famlias de peixes sseos j identificadas no registro fssil. Os dados da ictiofauna confirmam a interpretao de ambiente nertico restrito, com aporte de material terrgeno, movimentao de guas quentes, salinidade pouco abaixo da normal, grande penetrao de luz, intenso fluxo de nutrientes e alta quantidade de oxignio dissolvido. Esse ambiente sugere a presena de recifes de corais, e o crustceo fssil Uca maracaoni indica a presena de mangue. Na ictiofauna analisada, 19% das espcies da famlia Sphyraenidae vive em guas salobras e 81% em guas marinhas; 56% so tropicais, 36% esto associadas a recifes de corais, 19% a lagunas, 6% a mangues e 3% a gramneas marinhas. Todas as espcies de Diodontidae so marinhas; 40% so tropicais, 34% esto associadas a recifes de corais, 22% a lagunas e 22% a mangues. Na famlia Ariidae, 34% das espcies de so de gua doce, 35% so de gua salobra e 31% so marinhas; 96% so tropicais, 25% esto associadas a ambiente lagunar, 3% a mangues e 2% a gramneas marinhas. Assim, a baixa representatividade dos peixes sseos da Formao Pirabas est certamente relacionada a processos tafonmicos, pois a diversidade de ambientes e a falta de elos na cadeia trfica sugerem a existncia de mais grupos. ESTRUTURA TRFICA DO PALEOMAR DE PIRABAS (MIOCENO INFERIOR), ESTADO DO PAR
ANTNIO FABRCIO FRANCO DOS SANTOS & VLADIMIR DE ARAJO TVORA
Lab. de Paleontologia, Depto. de Geologia, CG/UFPa, PA, vtavora@orm.com.br

A estrutura trfica de uma comunidade descrita a partir de agrupamentos de organismos em nveis trficos, arranjados em pirmides ecolgicas, com base no nmero de indivduos, biomassa ou fluxo de energia [Dodd, J.R. & Stanton Jr., R.J. 1990. Paleoecology, concepts and applications, John Wiley & Sons, 502p.]. De acordo com a proporo relativa entre os grupos trficos, possvel estabelecer o tipo de cadeia alimentar,

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importante peculiaridade da estrutura trfica [Brenchley, P.J. & Harper, D.A.T. 1998. Paleoecology: ecosystems, environments and evolution, Chapman & Hall, 402p.]. O rico e variado contedo fossilfero da Formao Pirabas, suas associaes que se repetem, suas feies tafonmicas e suas relaes atualsticas permitem recompor, ainda que preliminarmente, nesta pesquisa, a estrutura trfica do mar de Pirabas em cinco nveis. Os produtores primrios so representados por algas calcrias, diatomceas e cocolitofordeas. Os consumidores primrios (herbvoros), pelos foraminferos, porferos, cnidrios, briozorios, bivalves, gastrpodes, cirrpedes balanomorfos e por algumas famlias de ostracodes. O nvel 1 de carnvoros composto por escafpodes, gastrpodes carnvoros e equinides, alm de alguns crustceos decpodes. O nvel 2 de carnvoros conta com peixes cartilaginosos (raias), peixes sseos, quelnios e sirendeos. Tambm neste nvel esto os invertebrados parasitas e necrfagos, a saber: gastrpodes naticdeos, ostracodes e alguns crustceos decpodes. O nvel 3 de carnvoros ocupa o topo da pirmide, composto por cefalpodes nautilides, peixes cartilaginosos (tubares) e crocodilianos. Observa-se que os produtores primrios so, dominantemente, elementos fitoplanctnicos que so consumidos pelo zooplncton, caracterizando alta produtividade primria no mar de Pirabas. Essa abundncia de elementos produtores, por sua vez, favorece a proliferao de organismos suspensvoros (nvel de consumidores primrios), abrindo tambm espao para os carnvoros. Assim, a cadeia alimentar do tipo suspension-feeding, j que os organismos suspensvoros so os mais abundantes na cadeia trfica.

Paleoicnologia e Estruturas Biognicas

REGISTRO DA ICNOFCIES SCOYENIA EM SUCESSO SEDIMENTAR DA SEQNCIA LADINIANA-EONORIANA, TRISSICO DA BACIA DO PARAN (RS)
ROSANA GANDINI *, RENATA G. NETTO **, CLAUDIA P. PAZ*** & MNICA VARGAS****
PPGeo, LaViGea, UNISINOS, RS, nettorg@euler.unisinos.br, rosana@euler.unisinos.br, claudia@euler.unisinos.br, mvargas@euler.unisinos.br

A Seqncia Ladiniana-Eonoriana [Faccini, U.F. 1999. Tese de Doutoramento, UFRGS, 332 p.] (Trissico da Bcia do Paran) aflorante na regio central do Estado do Rio Grande do Sul compreende depsitos arenopelticos portadores de fsseis de vertebrados (tecodncios, esfenodontdeos, rincossauros, cinodontes, dicinodontes, dinossauros e escamas indeterminadas de peixes), de invertebrados (conchostrceos e insetos) e de vegetais (conferas). As caractersticas faciolgias e o conjunto da biota fssil presente na sucesso apontam para deposio em ambiente fluvial entrelaado na base, migrando para fluvial de moderada a alta intensidade na poro mediana, com desenvolvimento de plancies de inundao e de paleossolos, e voltando a ambiente fluvial entrelaado no topo, embora mais rasos, denotando diminuio progressiva da taxa de criao de espao de acomodao [Scherer, C.M.S. et al. 2000. In: M. Holz & L.F. De Ros (eds.) Geologia do Rio Grande do Sul. CIGO/UFRGS, Publ. Esp., p. 335-354]. Depsitos basais da poro superior da sucesso afloram na regio de So Jos de Polnsine, intercalando, ritmicamente, pacotes de cerca de 30-40 cm de espessura de pelitos macios ou laminados e delgadas camadas (5-10 cm de espessura) de arenitos muito finos, em geral contendo icnofsseis. A assemblia icnofossilfera composta por Scoyenia gracilis, Diplichnites gouldi e Permichnium isp., alm de ocorrncias espordicas de hastes verticais simples (Skolithos) ou em forma de U (Arenicolites), de escavaes indeterminadas de pequeno porte e de pegadas e trilhas de rpteis, tpicos da Icnofcies Scoyenia. As camadas arenosas portadoras de icnofauna registram tambm fendas de ressecamento de tamanhos variados, marcas de pingos de chuva, marcas de razes e cimentao carbontica, evidenciando a exposio subarea de um substrato depositado originalmente sob lmina dgua. O contexto da assemblia icnofossilfera consistente com o conjunto das demais estruturas sedimentares observadas e permite interpretar os depsitos como antigas plancies de inundao. Pressupese, assim, sua coexistncia com os depsitos de canais fluviais entrelaados do topo da Seqncia LadinianaEonoriana, pelo menos na base da poro superior da sucesso. [Apoio CNPq, projeto 474345/2003-3 e UNISINOS, projeto 31.00.006/1-0; *Bolsista BIC FAPERGS; ** Bolsista PQ/CNPq; ***Bolsista IC CNPq; ****Bolsista UNIBIC].

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ICNOFSSEIS DE CHIRONOMIDAE (DIPTERA) DA FORMAO TREMEMB (OLIGOCENO), BACIA DE TAUBAT


MNICA ANDRADE MORRAYE
Depto. de Ecologia e Biologia Evolutiva (DEBE), UFSCar, SP

A Formao Trememb, a maior unidade da Bacia Sedimentar de Taubat, de idade Cenozica, composta por folhelhos papirceos, pirobetuminosos e argilitos silttico, com areias e argilas intercaladas. Trata-se de um dos locais mais fossliferos da bacia, onde muitos fsseis podem ser encontrados, tais como vegetais, palinomorfos, invertebrados, peixes, aves, rpteis e mamferos, alm de icnofsseis. Amostras de afloramento foram coletadas na Fazenda Santa F, que se encontra a cerca de 590 m de altitude, entre as coordenadas 2257S de latitude e 4532W de longitude, na estrada para o bairro do Padre Eterno, cerca de 1,6 km do entroncamento dessa estrada com a rua Costa Cabral (Trememb)/rodovia Francisco Alves. Nas vrias camadas de folhelho e argila, possvel encontrar icnofsseis, representados por estruturas em forma de tubo paralelo superfcie de acamamento, de colorao alaranjada, frivel, que podem ter uma largura de 0.2 a 0.4 mm e 0.8 a 3.5 mm de comprimento, descritas por vrios autores como tubos de vermes indeterminados. No presente estudo, amostras de afloramento ricas nesses icnofsseis foram desagregadas e submetidas a tratamento qumico com KOH 10%, com o objetivo de se obter sub-amostras para anlise em microscpio ptico. Nestas sub-amostras, foram encontrados fragmentos de cpsulas ceflicas de Chironomidae (Diptera), pertencentes s subfamlias Chironominae (aff. Tanytarsus) e Tanypodinae (Tribo Tanypodini, aff Tanypus). A presena das cpsulas ceflicas e a comparao entre os icnofsseis e tubos de larvas de Chironomidae atuais, permitem afirmar que esses icnofsseis so tubos construdos por larvas de Chironomidae que habitavam o substrato bentnico do paleolago. Trata-se do registro mais antigo de cpsulas ceflicas de larvas de Chironomidae para o Brasil. IMPLICAES PALEOECOLGICAS E PALEOAMBIENTAIS DE DISTINTAS FORMAS PRESERVACIONAIS DE DIPLICHNITES GOULDI
CLAUDIA P. PAZ*, RENATA G. NETTO** & PATRICIA BALISTIERI
PPGeo, LaViGea, UNISINOS, RS, claudia@euler.unisinos.br, nettorg@euler.unisinos.br, pbalistieri@yahoo.com.br

Diplichnites gouldi uma trilha atribuda a miripodes, comum no registro geolgico desde o Paleozico inferior. Representa-se por uma seqncia de impresses podiais simples ou, mais raramente, ornamentadas, ligeiramente pareadas e de disposio transversal ao eixo da trilha, representado por dois discretos sulcos longitudinais contnuos, com trajetria levemente recurvada e sem evidenciar sries de pegadas. Na bacia do Paran, trilhas com impresses podiais simples atribudas a D. gouldi so abundantes em ritmitos permocarbonferos do Grupo Itarar, compondo sutes praticamente monoespecficas. Recentemente, D. gouldi foi registrado em depsitos trissicos do RS, porm apresentando trilhas com impresses podiais ornamentadas e preservando os sulcos longitudinais. Experimentos em laboratrio mostraram que as trilhas preservam-se melhor em sedimentos pelticos midos, cuja plasticidade retm o padro ornamental das trilhas destes organismos. O potencial de preservao das trilhas , contudo, muito baixo. Por isso, com raras excees, sua ocorrncia se d como undertracks e est relacionada existncia de tapetes alglicos e/ou esteiras microbianas, que garantem ao substrato uma resistncia maior eroso [Seilacher, A. 1999. Palaios, 14:86-93]. Entretanto, no favorece o registro da ornamentao produzida pelos apndices sobre o substrato, ficando a trilha representada por uma seqncia de impresses podiais simples, sem sulcos longitudinais. Assim, avalia-se que as trilhas produzidas nos ritmitos sltico-argilosos do Grupo Itarar, teriam sido feitas em substratos umedecidos, prximos a corpos maiores d'gua, onde se desenvolveriam tapetes alglicos. A presena de wrinkle marks nas superfcies das camadas que contm D. gouldi so um forte indcio da presena destes tapetes [Hagadorn, J.W. & Bottjer, D.J. 1997. Geology, 25:1047-1050]. J as formas trissicas, preservadas em camadas de arenitos muito finos, teriam sido produzidas na superfcie do substrato, no existindo evidncias destes tapetes. Em ambos os casos, contudo, fica evidente a exposio subarea do substrato no momento da colonizao, uma vez que miripodes so organismos terrestres, de respirao traqueal. Alm disso, estudos experimentais revelaram uma grande dificuldade destes organismos de locomover-se em substratos pelo menos encharcados. [Apoio CNPq, projeto 474345/2003-3 e UNISINOS, projeto 31.00.006/1-0; * Bolsista IC/CNPq; **Bolsista PQ/CNPq].

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OVIPOSITION SCARS BY DRAGONFLIES ON A GANGAMOPTERIS OBOVATA LEAF IN EARLY PERMIAN STRATA FROM STATE OF RIO GRANDE DO SUL, SOUTHERN BRAZIL (RIO BONITO FORMATION, PARAN BASIN)
KAREN ADAMI-RODRIGUES, ROBERTO IANNUZZI, IRAJ DAMIANI PINTO
Depto. de Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, gerarus@hotmail.com, roberto.iannuzzi@ufrgs.br, ipinto@orion.ufrgs.br

Preserved foliar compressions and impressions provide evidence for of several types of external plant-insect interactions in taxa from Gondwana floras of Permian age in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. The material analyzed originates from the Rio Bonito Formation (Artinskian to Kungurian) and was collected in Morro do Papalo Mine, a site located in the municipality of Mariana Pimentel, at horizons interpreted as deposits close to shoreline. Among all these evidences, a distinctive type characterized by hypertrophied or hyperplasic tissue organized into a lenticular shape, concentrated on the central part of a Gangamopteris obovata leaf was studied. These lenticular structures are interpreted as oviposition scars produced by protodonatan (or odonatan?) dragonflies. This kind of evidence is quite common on sphenophyte stems, midribs of riparian plants, and even on leaf blades. They have been documented in Western Europe [Grauvogel-Stnn, L. & Kelber, K.P., 1996. Palaeontologia Lombarda N.S. 5:5-23] and they abundantly occur in Triassic deposits of the Molteno Formation in South Africa [Conrad Labandeira, pers. comm.]. However, this type of evidence is very rare in assemblages under consideration, having been recorded in only one specimen until now. This report presents, for the first time, the presence of oviposition scars by dragonflies in Late Paleozoic deposits of the South America. [Contribution to IGCP Project 471] PREDATORY DRILL HOLES IN SHELLS OF BOUCHARDIA ROSEA (BRACHIOPODA) AND THEIR PALEONTOLOGICAL IMPORTANCE
MARCELLO GUIMARES SIMES
Instituto de Biocincias, UNESP/Botucatu, SP

SABRINA COELHO RODRIGUES*


Programa de Ps-graduao, GSA, IGc/USP, SP

MARCOS CSAR BISSARO JNIOR**


Instituto de Biocincias, UNESP/Botucatu, SP

MICHAL KOWALEWSKI
Dept. Geological Sciences, Virginia Tech., Blacksburg, VA, USA

Beveled (countersunk) drill holes (Oichnus paraboloides) of predatory/parasitic origin have been found in shells of Bouchardia rosea, a small, sessile epifaunal, free-lying rhynchonelliform brachiopod, that selectively inhabits soft and/or hard stable substrates in shelf bottoms. These holes were probably made by naticid gastropods. For several reasons these drill holes are interesting: (i) documentation of drilling predation on brachiopod shells, both in the Recent and in the fossil record is limited; (ii) possible naticid attacks on epifaunal species are believed to be infrequent (literature data indicate that over 80 families of mollusks subject to naticid predation, are dominated by soft-substrate prey taxa); (iii) many present-day (and postPaleozoic) brachiopods are believed to be toxic and/or provide little nutritional value compared to other preys; and (iv) the fossil record of bouchardiids, including many occurrences of the genus Bouchardia itself, extends back to the K/T boundary. Bouchardiids were common components of the Tertiary rocks of South America, Australia and Antarctica, but predatory (beveled) drill holes were not documented or illustrated for the group, yet. Out of 21 collecting sites from Ubatuba (10 stations) and Picinguaba (11 stations) bays, in the northern coast of So Paulo State, Brazil, 14 yielded brachiopod shells. A total of 863 (686-UBA; 177-PIC) shells were studied, but only 10 (5 from each bay) from sites at 10, 15, 30 and 35 m were drilled. Six specimens (3 ventral and 3 dorsal valves) bear single, complete, circular, beveled, parabolic (in cross section) perforations. Four shells (3 ventral and 1 dorsal) have, single incomplete holes. In spite of its low frequency (0.01), drill-hole location was suggestive of selective (non-random) distributions on dorsal and ventral valves. The mean location of complete drillings is near the midline axis of the valves. With one exception, all incomplete drill holes are also located in the same region, but always near to the posterior end of the valves, reaching the thickest part of the shells. Our observations suggest a stereotyped behavior and hints at a possibly long biotic interaction between drilling organisms and bouchardiids, not well documented in the fossil record yet. [*Bolsista FAPESP-Doutorado; **Bolsita FAPESP-Treinamento Tcnico]

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OCORRNCIA DE COPRLITOS RETRABALHADOS POR INSETOS NO MUNICPIO DE PANTANO GRANDE, RS


MARCELO ENGELKE GRANGEIRO*
LaViGea, UNISINOS, RS, marcelog@euler.unisinos.br

Atendendo solicitao de confeco de laudo tcnico para abertura do acesso que liga a BR 290 RS 471, no municpio de Pantano Grande, localizou-se uma ravina onde aflorava material da Formao Palermo. Ali foi constatada a presena de coprlitos de aspecto ligeiramente ovalado, com dimetro mximo variando entre 3 e 5 cm. Algumas estruturas parecem apresentar fragmentos sseos bem como outros resduos amalgamados de forma concrecional. Outras, porm, demonstram preenchimento diferente do revestimento externo, bem como uma abertura preenchida. Esta ltima morfologia aproxima-se muito daquelas descritas para caracterizar coprlitos retrabalhados por insetos [Genise, J. et al., 2002. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, 177:215-235]. Colepteros escarabedeos costumam depositar seus ovos em bolas de esterco rolado, produzindo assim uma abertura e uma cavidade central. As pelotas de esterco retrabalhadas por estes insetos costumam ser bastante esfricas; quando recobertas por sedimento, porm, podem sofrer deformao por carga e assumir formas mais ovaladas. No caso do material de Pantano Grande, acredita-se tratar de material erodido de depsitos mais jovens, sobrepostos, possivelmente quaternrio, rolado e acumulado junto aos depsitos da Formao Palermo. importante destacar que o nvel em questo topo de afloramento e encontra-se associado a fragmentos de troncos silicificados e restos de fogueiras e utenslios humanos primitivos. [*Colaborador] EVIDNCIAS DE PREDAO OU NECROFAGIA EM JACHALERIA CANDELARIENSIS, TRISSICO SUPERIOR DO SUL DO BRASIL
CESAR LEANDRO SCHULTZ & CRISTINA VEGA-DIAS*
Instituto de Geocincias, UFRGS, RS, cesar.schultz@ufrgs.br; cristina.dias@ufrgs.br

Na Formao Caturrita, Trissico Superior do RS, foi coletada uma escpula esquerda (UFRGS-PV0287T) atribuda espcie Jachaleria candelariensis. O material apresenta perfuraes e marcas de dentes que podem ser atribudas a predao ou necrofagia. A presena de marcas superficiais, tanto em vista medial quanto lateral, indica que as mesmas foram feitas aps a morte do animal. Na poro lateral, a lmina escapular apresenta diversos sulcos dirigidos dorso-ventralmente, provavelmente feitos pela raspagem de dentes pontiagudos. Na regio da cavidade glenide, existe uma srie de perfuraes arredondadas, de diversas profundidades, medindo cerca de 0,5 a 0,2 mm, cujo centro encontra-se esmagado. Na poro medial da escpula, na lmina escapular e ao redor da cavidade glenide, existe outra srie dessas marcas. Prximo glenide, aparece uma seqncia de perfuraes lenticulares alinhadas, provavelmente feitas por dentes laminados. At o momento, no mesmo afloramento de onde provm este material, foram encontrados dentes isolados de arcossauros, medindo cerca de 2 cm de comprimento, uncinados e lateralmente comprimidos. A confeco de moldes de silicone a partir das marcas encontradas na escpula permitiu compar-las com os dentes isolados encontrados e com as marcas por eles produzidas em argila, comprovando a semelhana entre ambas as morfologias. Outros restos de arcossauros coletados neste afloramento so uma cintura plvica parcial de um pequeno dinossauro e um fragmento de mandbula de um fitossauro, cujos dentes esto todos quebrados. Entretanto, at o momento, no foi possvel atribuir as marcas observadas na escpula de Jachaleria a nenhum predador ou necrfago especfico. [*Bolsista CNPq] ESTROMATLITOS DA FORMAO TERESINA (BACIA DO PARAN, PERMIANO SUPERIOR) RECONHECIDOS EM TESTEMUNHOS DE FUROS DE SONDAGEM
ROSEMARIE ROHN & THIAGO MEGLHIORATTI*
Depto. de Geologia Aplicada, IGCE/UNESP-Rio Claro,SP, rohn@rc.unesp.br, meglhioratti@hotmail.com

Nove estratos com estromatlitos foram observados na Formao Teresina (Grupo Passa Dois) em testemunhos de quatro furos de sondagem da CPRM (das sries FP e SP), ultrapassando, em nmero, as ocorrncias conhecidas em afloramentos. Os estromatlitos so relativamente diversificados, no obstante suas pequenas dimenses (geralmente, < 1,1 x 1,1 cm, excepcionalmente com 10,5 cm de altura). provvel que constituram importante fonte de carbonatos num mar interior muito raso durante intervalos climticos

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relativamente secos. O topo de vrios estromatlitos corresponde a um contato abrupto com uma brecha carbontica ou com rochas siliciclsticas, indicando mudana ambiental e, possivelmente, climtica. So apresentadas as informaes dos estromatlitos reconhecidos, onde: cx = caixa de testemunhos e prof. = profundidade no furo. 1. FP-11-PR (UTM 7.338,0 km N/521,1 km E; entre Ortigueira e Sapopema), cx 04, prof. ~ 30 m: estromatlito colunar in situ no ramificado num calcarenito ooltico. 2. FP-11-PR, cx 25, prof. ~ 150 m: estromatlitos colunares subcilndricos subparalelos, estreitos e altos (in situ). 3. SP-23-PR (UTM 7.374,863 km N/545,384 km E, sul de Congonhinhas), cx 46, prof. ~ 258 m: biscoitos alglicos sobre conchas dispostos caoticamente em tempestitos carbonticos. 4. SP-23-PR, cx 74, prof. 416,5 m: estromatlitos colunares ramificados bulbosos muito irregulares (in situ). 5. SP-58-PR (UTM 7.373,93 km N/547,62 km E, sul de Congonhinhas), cx 42, prof. ~ 203 m: estromatlitos colunares ramificados subparalelos bulbosos irregulares (in situ). 6. SP-58-PR, cx 47, prof. ~ 228 m: estromatlitos colunares ramificados irregulares in situ numa massa carbontica cercada por rochas siliciclticas. 7. SP-58-PR, cx 58, prof. ~ 280 m: estromatlito (in situ) muito ramificado com finas colunas turbinadas divergentes. 8. SP-58-PR, cx 62, prof. ~ 301,5 m: pequenos estromatlitos colunares, em fase inicial de desenvolvimento (in situ) 9. FP12-SP (UTM 7.480,6 km N/780,5 km E; regio de Botucatu), cx 29, prof. ~ 133 m: estromatlito colunar com uma ramificao levemente divergente e turbinada (in situ, mas oblquo). Adicionalmente, h provveis minsculos estromatlitos alctonos no furo SP-58-PR, cx 13, prof. ~ 69,5 m e oncides na Formao Rio do Rasto (sobreposta Teresina) no furo SP-23-PR (cx 23, prof. ~ 123 m; cx 24, prof. ~ 130,9 m). [* Bolsista FAPESP/IC].

Paleontologia Estratigrfica

FEIES SEDIMENTOLGICAS, BIOESTRATINMICAS E ESTRATIGRFICAS DAS CONCENTRAES DE BIVALVES DO MEMBRO TAQUARAL (FORMAO IRATI, GRUPO PASSA DOIS, BACIA DO PARAN) E SEUS SIGNIFICADOS
MRCIO FBIO KAZUBEK
Curso de Geologia, UFPR, PR, mfk@terra.com.br

MARCELLO GUIMARES SIMES


Lab. de Paleozool. Evol., Depto. de Zoologia, Inst. de Biocincias, UNESP, SP, btsimoes@ibb.unesp.br

Bivalves megadesmdeos predominam no Neopaleozico da bacia do Paran, estando representados na Formao Irati por Maackia iratiensis. Essa espcie foi descrita com base em apenas um exemplar, proveniente de um furo de sondagem. Anteriormente, documentamos novas ocorrncias de moluscos bivalves indeterminados em depsitos da Formao Irati, do Estado de Paran, que esto sendo estudados para elucidar questes de cunho tafonmico e paleoambiental.O material aqui referido provm de oito lavras situadas nos municpios de Irati e Imbituva, PR, ocorrendo em uma espessa sucesso de siltitos cinza, contendo concrees carbonticas elipsoidais, com estruturas cone-em-cone, alm de restos de Clarkecaris brasilicus. Nessa sucesso, encontra-se um horizonte cinza escuro contendo pequenas conchas de bivalves e diminutas lentes e cristais disseminados de pirita e marcassita. No total, foram identificados 270 pavimentos (densidade de 30.000 a 45.000 valvas por m2), verticalmente distribudos em uma camada de 52 cm de espessura. Essa reconhecida continuamente por 22,5 km. Analisando 10.000 valvas, obteve-se a mdia de 5 mm para a sua maior dimenso, sendo que a maior parte das conchas menor que 6 mm. Existem indivduos de 3 mm a 8 mm, porm os ltimos no ultrapassam 5% do total da amostra. As valvas so pouco fragmentadas, achatadas, dispostas concordantemente ao plano de acamamento, predominando conchas com a convexidade voltada para baixo. A maioria est desarticulada, mas espcimes articulados abertos (butterflied) so tambm verificados. As concentraes so monoespecficas. Fundamentados nessas informaes conclui-se que, pelo menos em algum momento, as condies de anoxia foram substitudas, ao menos brevemente, por condies de fundo mais oxigenado, permitindo a colonizao por bivalves oportunistas. A provvel morte catastrfica dos bivalves poderia resultar da remobilizao de material txico do fundo, em associao a eventos de tempestade. Uma vez que vrios pavimentos de conchas so encontrados em um pacote com 52 cm de espessura, supostamente vrios eventos de colonizao e morte esto amalgamados. Provavelmente, os bivalves no foram muito transportados, isso , no foram retirados de seu hbitat original, indicando que os pavimentos representam concentraes parautctones.

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RESULTADOS PRELIMINARES SOBRE CONCENTRAES FOSSILFERAS RELACIONADAS A TEMPESTITOS NA FORMAO TERESINA (GRUPO PASSA DOIS, NEOPERMIANO, BACIA DO PARAN), NA REGIO DE REBOUAS, PR
MRCIO FBIO KAZUBEK
Curso de Geologia, UFPR, PR, mfk@terra.com.br

Os eventos de sedimentao episdica so responsveis pela gnese dos depsitos sedimentares e de concentraes fossilferas, sendo comuns no registro geolgico do Grupo Passa Dois, especialmente na Formao Teresina. No afloramento de coordenadas 2233'54'' S e 5040'47'' W, por exemplo, localizado ao sul do municpio de Rebouas, PR, depsitos do tipo tempestito, abaixo descritos, so comuns. Sua poro basal constituda de pelitos cinza, pertencentes Formao Serra Alta, sobre a qual se assentam pelitos com acamamento linsen e wavy, e camadas descontnuas e lenticulares de siltitos, siltitos carbonticos e arenitos muito finos, com cimento carbontico, exibindo micro-HCS (hummocky cross stratification). Esses littipos so atribudos Formao Teresina. As concentraes fossilferas incluem conchas de moluscos bivalves de composio taxonmica ainda no determinada e restos de peixes. Do ponto de vista tafonmico, as concentraes fossilferas so caracterizadas por valvas desarticuladas e perpendiculares ao plano de acamamento, e valvas desarticuladas no fragmentadas, com concavidade para cima, dispostas em pavimentos de pouca continuidade lateral em lamitos, inseridos nas HCS. Conchas de moluscos bivalves desarticuladas e articuladas abertas (butterflied), suportadas pela matriz suportada siltico-arenosa, preenchem depresses dentro das estratificaes cruzadas do tipo HCS. Por sua vez, bivalves articulados fechados ocorrem dispersos na matriz, especialmente nas pores mais carbonticas. Esses so preenchidos por calcita esptica, pela rocha matriz, ou ambas. No interior das conchas, possvel encontrar cristais de pirita. Finalmente, espcimes desarticulados no foram encontrados, sendo que espcimes isolados so verificados acima da concentrao. Algumas das concentraes fossilferas, por exemplo, ocorrem no mesmo nvel estratigrfico, sugerindo diferentes graus de transporte do material bioclstico. Portanto, esses exibem tambm graus distintos de aloctonia. A ntima associao dessas concentraes com estratificaes cruzadas do tipo HCS sugere terem sido geradas durante eventos de tempestade, podendo corresponder a tempestitos distais. PROPOSTA DE UMA SUBDIVISO TRIPARTIDA PARA O TRISSICO SUPERIOR DO RIO GRANDE DO SUL E SUA CORRELAO COM A BACIA DO BERMEJO, NOROESTE ARGENTINO
MAX CARDOSO LANGER
Depto. Biologia, FFCLRP, USP/Ribeiro Preto, SP

Os depsitos do Trissico superior da Bacia do Paran, no Estado do Rio Grande do Sul, incluem uma nica seqncia sedimentar de terceira ordem - Seqncia Santa Maria 2 - rica em fsseis de tetrpodos, que engloba partes do Membro Alemoa, Formao Santa Maria, e da Formao Caturrita. Nesta seqncia, uma rica e diversa sucesso de tetrpodos terrestres foi registrada, podendo ser dividida em pelo menos trs associaes faunsticas. A Fauna local de Alemoa, registrada em depsitos do Membro Alemoa na regio de Santa Maria, tipifica a primeira destas associaes, que caracterizada pela extrema abundancia do rincossauro Hyeperodapedon, bem como pela presena do aetossauro Aetosauroides (Stagonolepis) e de dinossauros basais como Staurikosaurus e Saturnalia. Esta associao considerada cronologicamente equivalente fauna da parte inferior da Formao Ischigualasto, Bacia do Bermejo, noroeste da Argentina, na qual Hyperodapedon igualmente dominante. A segunda associao faunstica foi registrada tanto em depsitos do Membro Alemoa (localidades de Cerro do Botucara e Linha Faco) quanto da Formao Caturrita (arredores de Santa Maria), caracterizando-se pela presena do rincossauro Scaphonyx sulcognathus e do cinodonte traversodontdeo Exaeretodon. Esta associao parece ser equivalente fauna das pores superiores da Formao Ischigualasto, nas quais Hyperodapedon vai tornando-se mais raro, e Exaeretodon mais abundante. Vrios afloramentos isolados da Formao Caturrita (localidades de Cerro do Botucara e Faxinal do Soturno) tm registrado tetrpodos fsseis que parecem representativos de uma idade ps-Ischigualastense, que podem, entretanto, no corresponder a uma nica associao faunstica. O registro do dicinodonte Jachaleria sugere uma correlao com a parte inferior da Formao Los Colorados (Fauna de La Chilca), na Bacia do Bermejo, mas restos de cinodontes (Tritheledontidae) derivados podem indicar uma idade mais jovem (eventualmente Jurssica).

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CONTEDO FOSSILFERO E RELAES ESTRATIGRFICAS DA FORMAO GUAR (JURSSICO SUPERIOR ?), RIO GRANDE DO SUL
PAULA C. DENTZIEN DIAS & CESAR L. SCHULTZ
Depto. Paleontologia e Estratigrafia, IG-UFRGS, RS, pauladentzien@hotmail.com

Em trs afloramentos das fcies elicas da Formao Guar, no oeste do Rio Grande do Sul foram encontrados diferentes tipos de icnofsseis. Nas fcies fluviais, um afloramento revelou restos fsseis de conchostrceos. Nos arredores de Santana do Livramento, prximo ao Cerro Palomas, pegadas arredondadas com cerca de 0,5 m de dimetro podem ser vistas tanto em planta como em perfil. H vrias pegadas isoladas, duas trilhas paralelas em planta, orientadas para NE/SW, e uma trilha em perfil, na qual o padro de deformao do sedimento permite determinar que o animal se movia em sentido oeste. Nas trilhas em planta, a bitola de 1,10 m para a pista da direita e de 0,60 m para a da esquerda, o passo duplo de 1,30 m e de 1,50 m, respectivamente. Em perfil, cada pegada tem cerca de 45cm de profundidade. O tamanho, a forma das pegadas e a distncia entre elas, permite atribu-las a um saurpode de mdio porte. O segundo afloramento, numa estrada vicinal a oeste de Rosrio do Sul, prximo Sanga do Jacar, mostra, em perfil e em planta, duas pegadas de terpode. Cada pegada tem cerca de 15 cm de comprimento, cortando uma paleoduna. Neste mesmo afloramento encontra-se tambm crotovinas que, pelo dimetro e forma, seriam compatveis com escavaes feitas por mamferos. Em outro afloramento, em outra estrada a oeste de Rosrio do Sul, a sudoeste do Cerro Torneado, h uma camada totalmente bioturbada por pegadas. Algumas destas aparecem bem definidas e pelo menos trs trilhas podem ser observadas, duas de terpodes e uma de ornitpode. Todas as pegadas deste afloramento so de trs dedos, pertencentes a animais bpedes. Cada pegada tem entre 15 e 40 cm de comprimento. Em um quarto afloramento, a sudoeste de Rosrio do Sul, foram encontrados conchostrceos de configurao oval, com cerca de 0,6 cm de comprimento e 0,4 cm de largura e numerosas linhas de crescimento. Os conchostrceos esto mal preservados, no permitindo uma classificao precisa. Porm so bons indicadores paleoambientais de climas temperados quentes, habitando rios efmeros e pequenos lagos. A associao de saurpodes, ornitpodes e terpodes, todos indeterminados, no permite uma datao precisa para o pacote, mas compatvel com a idade Jurssico Superior, atribuda Formao por correlao com a Formao Tacuaremb do Uruguai. Entretanto, nenhum fssil comum foi encontrado, at o momento, para as duas unidades. O CRETCEO NA BACIA DO CABO, NORDESTE DO BRASIL
RITA DE CASSIA TARDIN CASSAB
Setor de Paleontologia (MCTer/DNPM-RJ), rcassab@unisys.com.br

MARISE SARDENBERG SALGADO DE CARVALHO


Diviso de Paleontologia/DEGEO/CPRM, Rio de Janeiro, carvalho@rj.cprm.gov.br

A bacia do Cabo originou-se durante a separao das placas africana e sul-americana no processo de formao do Oceano Atlntico Sul, no final do Jurssico e incio do Cretceo. As rochas de idade cretcea com ocorrncias fossilferas pertencem s formaes Cabo e Estiva. A Formao Cabo formada por um sistema de leques aluviais sintectnicos, intercalados com fcies de sedimentao lacustre onde ocorrem folhelhos com fsseis de peixes aptianos, e rochas vulcnicas e vulcanoclsticas. A Formao Estiva constituda por uma seqncia clstico-carbontica, depositada discordantemente sobre a Formao Cabo. Os fsseis que a ocorrem so gastrpodos e bivlvios marinhos, datados do Eoalbiano e Eoturoniano. Foi realizado um levantamento bibliogrfico das localidades fossilferas registradas na literatura, com o objetivo de estudar a distribuio dos fsseis na bacia. O Aptiano est representado na regio de Sirinham, com os peixes Ellimma cruzi Santos, 1990, e Dastilbe cf. crandalli Jordan, 1910, que ocorrem na Formao Cabo. Nos carbonatos da Formao Estiva duas transgresses ficaram evidenciadas, uma eoalbiana e outra eoturoniana. A presena dos bivalves Neithea sergipensis Maury, 1925, e Paraglauconia cf. P. lyrica Maury, 1936, que ocorrem no Albiano da Formao Riachuelo, bacia de Sergipe, indicam a primeira transgresso na bacia. A segunda transgresso est evidenciada pela presena de elementos da fauna eoturoniana da Formao Jandara, bacia Potiguar, que so: Dendostrea ramicola (Beurlen, 1964) e Trochactaeon (Mexicotrochactaeon) burkhardti (Bse, 1923). Esta ltima espcie foi tambm registrada no Coniaciano (?) do Mxico e Maastrichtiano da Jamaica. Tanto os fsseis eoalbianos como os eoturonianos ocorrem nas localidades de Engenho Gameleira, municpios de Ipojuca e Tamandar.

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BIOESTRATIGRAFIA COMO FERRAMENTA COMPLEMENTAR ANLISE ESTRATIGRFICA DA RAMPA CARBONTICA JANDARA, TURONIANO AO EOCAMPANIANO, NA BACIA POTIGUAR
VALRIA CENTURION CRDOBA
Depto. de Geologia, UFRN, RN, vcordoba@ufrnet.br

A Formao Jandara, Turoniano ao Eocampaniano na Bacia Potiguar, representa uma prolfica rampa carbontica e registra o final de um pulso de subida do nvel do mar, de ocorrncia regional, que imprimiu sedimentao condies de deposio em guas cada vez mais profundas. A evoluo desta rampa carbontica e as mudanas ocorridas durante o Neocretceo na Bacia Potiguar foram investigadas, integrando-se vrios dados e mtodos. Sob a tica da estratigrafia de seqncias, foram reconhecidas sete seqncias deposicionais de 3a ordem, englobadas em 3 seqncias compostas. As assemblias fossilferas encontradas nas fcies carbonticas descritas possibilitaram tecer inferncias sobre as condies paleoambientais, contriburam na interpretao dos sistemas deposicionais e confirmaram o posicionamento de importantes superfcies cronoestratigrficas. Em guas rasas e semi-restritas, representando sistemas de plancies de mar, lagunas e barras de mar carbontica, a biota se revelou pouco diversificada, sendo representada por milioldeos, ostracodes e algas verdes, alm de bivalves, gastrpodes, equinodermas e briozorios. Em guas com condies de mar aberto, onde se formaram depsitos de tempestades, ocorre uma biota extica representada por bioclastos comuns em guas rasas, como ostracodes, milioldeos, moluscos, equinodermas e briozorios, misturados a algas vermelhas, foraminferos planctnicos e pitonelas, tpicos de regies mais externas e mais profundas. Em guas profundas, inserida em depsitos turbidticos, ocorre uma biota representada por foraminferos planctnicos, alm de pitonelas. A sucesso vertical das assemblias fossilferas nos poos estudados indicou o posicionamento de importantes discordncias e superfcies de mxima inundao marinha. A passagem de uma tendncia ao aprofundamento das biofcies para uma tendncia ao arrasamento das mesmas indicou a localizao das superfcies de mxima inundao marinha. Tais superfcies so marcadas por uma assemblia de fsseis de organismos planctnicos com grande diversidade e ampla distribuio. A transio entre uma tendncia ao arrasamento das biofcies para uma tendncia ao aprofundamento das mesmas, por vezes associada a um hiato bioestratigrfico bem como presena de fsseis retrabalhados, apontou para o posicionamento das discordncias-limites das seqncias deposicionais. BIVALVES FROM THE CAPE MELVILLE FORMATION, MOBY DICK GROUP (EARLY TERTIARY), KING GEORGE ISLAND, ANTARCTICA
FERNANDA QUAGLIO
CNPq-PROANTAR, Inst. Biocincias, USP, SP

LUIZ EDUARDO ANELLI & PAULO ROBERTO DOS SANTOS


CNPq-PROANTAR, Centro de Pesquisas Antrticas, Inst. Geocincias, USP, SP

Bivalve specimens were collected from the Cape Melville Formation (Early Tertiary) cropping out at Cape Melville, northern King George Island. The Cape Melville Formation, around 200 m thick, consists of glacial marine, gray to greenish, brownish to dark gray, clayey to silty shales or mudstones with subordinate intercalation of thin calcareous sandstone and fine sandstone. The shales preserve a rich and diversified invertebrate fauna of mollusks (bivalves, gastropods and scaphopods), brachiopods, solitary corals, polichaetes, crabs, echinoderms and bryozoans of probable Early Miocene age. Bivalves occur concentrated or dispersed in the shales. Their taxonomy and taphonomy are under study as a contribution to the understanding of the glacial marine environment of deposition and paleontological age of the Cape Melville Formation. Specimens come from four stratigraphic sections in the upper part of the formation informally denominated: Lava Crag, Hard Ground, Chamin and Pingineira. This part of the formation is characterized by metric thick, fining upward cycles of thick shale with dropstones and thin (cm) coarse, bioturbated, calcareous sandstone. These elements seem to respectively represent alternating episodes of mud deposition through settling of fines and turbidity currents and abundant rafting of clasts from icebergs, and condensed sections (hardgrounds) generated under starved basin conditions. Preliminary identifications include seven species representing the orders: Nuculoidea (Family Nuculidae, two species), Nuculanoidea (families Nuculanidae, Malletiidae), Arcoida (Limopsidae), Myoidea (Family Hiatellidae) and Pholadomyoida (Thraciidae). Muscle scars of nuculoids and arcoids species are exceptionally well preserved and allow interpretation of muscle insertions in the taxa. The taxonomic affinity of the bivalve assemblage from Cape Melville Formation with other Early Tertiary faunas in the southern Hemisphere is not entirely clear yet. Its understanding is relevant

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for the interpretation of the paleobiogeographic evolution of western Antarctica during the Paleogene. STIO PALEONTOLGICO E ARQUEOLGICO DA FAZENDA IMBOACICA, MUNICPIO DE ANCHIETA, ESPRITO SANTO, BRASIL: ESTUDOS PRELIMINARES
SEIRIN SHIMABUKURO, MITSURU ARAI
PETROBRAS/CENPES/PDEXP/BPA, RJ, seirin@cenpes.petrobras.com.br, arai@cenpes.petrobras.com.br

LCIO R. TOKUTAKE
PETROBRAS/UN-ES/ATEX/LG, RJ, tokutake@petrobras.com.br

ROBERTO S. ESPNDULA

O objetivo desta nota levar ao conhecimento do pblico o resultado da avaliao preliminar de um pequeno acervo paleontolgico e arqueolgico coletado pelo ltimo co-autor na Fazenda Imboacica, Municpio de Anchieta, Estado de Esprito Santo. O acervo composto por gastrpodes (Pleuroploca aurantiaca), bivalves (Amiantis purpurata, Callista maculata, Crassostrea sp., Dosinia concentrica e Lucina pectinata), corais (Porites branneri) e um canino de sudeo (taiau?), alm de um artefato ltico em rocha gnea de textura fanertica fina (ca. 0,5 mm). Inicialmente, os restos de organismos marinhos haviam levantado a suspeita de que se tratasse do Grupo Barreiras, do qual fsseis marinhos moluscos e briozorios foram descritos na regio [Branner, apud Oliveira & Leonardos, 1940. Geologia do Brasil. Rio de Janeiro, Comisso Brasileira dos Centenrios de Portugal, 472 p.]. Entretanto, a anlise de nanofsseis efetuada em sedimentos inclusos e/ou aderentes a corais e conchas de gastrpodes indicou a Biozona Emiliania huxleyi (NN21) de Martini (1971) que corresponde parte terminal do perodo Quaternrio. A associao nanofossilfera composta de Emiliania huxleyi e Gephyrocapsa oceanica bastante pobre, sendo, entretanto, muito comum a ocorrncia associada de espculas de ascdia (Filo Chordata, Subfilo Urochordata) e de esponjas. A presena de espculas de ascdia sugere sedimentao em ambiente marinho no superior a 40 m de profundidade com baixa taxa de sedimentao. Este conjunto de dados aliados datao e presena de artefato humano e de restos de mamfero, sugere tratar-se de stio arqueolgico (sambaqui ?). As espcies identificadas de moluscos todas viventes tambm reforam esta hiptese. Por desconhecerem-se as relaes estratinmicas entre os objetos de anlise, essa interpretao deve ser considerada ainda com cautela. Entretanto, pela idade e pelos nanofsseis encontrados, pode-se afirmar que no se trata do Grupo Barreiras, mas muito provavelmente do material proveniente de depsito sedimentar formado durante a transgresso marinha quaternria (Flandriana?).

Paleontologia de Invertebrados

REINTERPRETATION OF A VENDIAN CONULARIID-LIKE FOSSIL OF RUSSIA


HEYO VAN ITEM
Dept. Geology, Hanover College, EUA

JULIANA DE MORAES LEME*, SABRINA COELHO RODRIGUES*


Programa de Ps-graduao, GSA, IGc/USP, SP

MARCELLO GUIMARES SIMES3


Inst. Biocincias, UNESP/Botucatu, SP

A recently published paper [Ivantsov, A. Y. & Fedonkin, M. A. 2002. Palaeontology 45(6):1219-1229] presented the description of a partial specimen of a new fossil metazoan from Upper Vendian siliciclastic sediments of northwesternmost Russia. Named Vendoconularia triradiata, this organism may have been encased in a non-mineralized or weakly mineralized, ectodermal theca, exhibiting fine transverse ridges homologous to the transverse ribs of conulariids, an extinct group of benthic marine cnidarians the oldest known member of which (Baccaconularia Hughes, Gunderson and Weedon) is from the upper Cambrian. Our comparisons of Ivantsov and Fedonkins photographic illustrations with Paleozoic conulariids indicate that certain key anatomical features of V. triradiata can be reinterpreted. Specifically, features homologized by Ivantsov and Fedonkin with the conulariid corners are more likely to be homologous to the conulariid midlines. Given this alternative interpretation, the corners of the Vendoconularia theca were marked by a

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shallow sulcus, and the midline of each face was non-sulcate and flanked by a pair of extremely low, internal carinae (now marked by a pair of slender brown lines). Rather than forming a chevron-like pattern, as hypothesized by Ivantsov and Fedonkin, the transverse ribs of Vendoconularia ran straight across the faces (perpendicular to the midline), and in this respect were most similar to the transverse ribs of Conulariella Bouek (lower-middle Ordovician). Other interpretations of the anatomy of Vendoconularia offered by Ivantsov and Fedonkin are also problematical. However, if the putative homologies here proposed are synapomorphous, then Vendoconularia may be the oldest conulariid or (alternatively) close fossil relative of conulariids, and thus may also provide additional evidence for the presence of diploblastic metazoans in the latest Precambrian. THE OLDEST AND SMALLEST CONULARIID (CNIDARIA) FROM SOUTH AMERICA
JULIANA DE MORAES LEME
Inst. Geocincias, Programa de Ps-graduao, GSA, IGc/USP, SP

SUSANA HEREDIA
CONICET, Museo de Geologa y Paleontologa, Universidad Nacional de Comahue, Neuquen, Argentina

SABRINA COELHO RODRIGUES


Inst. Geocincias, Programa de Ps-graduao, GSA, IGc/USP, SP

MARCELLO GUIMARES SIMES


Inst. Biocincias, UNESP/Botucatu, SP

GUILLERMO F. ACEOLAZA
CONICET/INSUGEO, Facultad de Ciencias Naturales Institucto Miguel Lillo,Tucumn, Argentina

JUAN P. MILANA
CONICET/IGeo, FCEN, Universidad Nacional de San Juan, Argentina

Conulariids are extinct benthic cnidarians generally having a four-sided, elongate pyramidal theca, ranging from the Neoproterozoic to the Triassic. Conulariids are extremely rare components of the Neoproterozoic Vendobiota as well as in Cambrian rocks. By contrast, conulariids are very diversified in Ordovician deposits, including, at least, 12 genera. This is the highest diversity of any system. From these, only six genera (Archaeoconularia, Conularia, Conulariella, Eoconularia, Exoconularia and Pseudoconularia) have their first occurrence in the Lower Ordovician. In South America, conulariid remains are common only in marine Devonian strata of the Malvinokaffric Realm, particularly from the Central Andean area (e.g., Bolivia) and from the cratonic basins of Brazil (e.g., Paran Basin). Other Devonian occurrences are also known from Uruguay. Until now, the oldest conulariids recorded in South America were found in the Silurian Pitinga Formation, from the Amazon Basin and Silurian shales of the Vargas Pea Formation from Paraguay. The stratigraphic position of some conulariid occurrences in Lower to Middle Paleozoic rocks from the Amazon Basin (Manacapuru Formation) must be confirmed. Hence, the presently reported conulariid remain, from Lower Tremadocian strata (Santa Victoria Group), Angosto de La Quesera locality, Argentina, is, according to our knowledge, the oldest of South America. The specimen was found during standard laboratory procedures for conodonts. The specimen presents some striking features, such as: (i) very small size (1.4 mm) for an almost complete thecae; (ii) the presence of rounded, smooth corners, without grooves, and (iii) the occurrence of schott. These characters emphasize the idea that, during the Ordovician, conulariids were very anatomically diversified. Finally, the detailed anatomical analyses carried out revealed that the Argentinean specimen cannot be assigned to any previous known conulariid, adding a new element to the diversified conularian fauna of the Ordovician System. GASTRPODOS NEOAPTIANOS-EOALBIANOS DA BACIA DE SERGIPE: SISTEMTICA E PALEOECOLOGIA
WAGNER SOUZA-LIMA, MARA FERNANDA DE SOUZA PINTO
Fundao Paleontolgica Phoenix, FPH, Aracaju, SE, wagnerl@hotmail.com

RITA DE CASSIA TARDIN CASSAB


Setor de Paleontologia (MCTer/DNPM-RJ), rcassab@unisys.com.br

A Formao Riachuelo, de idade neoaptiana-neoalbiana, engloba os primeiros registros francamente marinhos da bacia de Sergipe. Essa unidade apresenta uma diversificada e abundante fauna marinha, na qual destacamse os amonides, pela sua importncia bioestratigrfica, e os bivalves, gastrpodes e equinides, pelo elevado potencial paleoecolgico. Coletas realizadas na poro basal dessa formao, datada, com base em amonides,

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como de idade neoaptiana-eoalbiana, tm fornecido um grande nmero de gastrpodes, em particular de espcimes de pequeno porte, excepcionalmente bem preservados. So poucos os estudos sistemticos j efetuados nessa unidade abordando esse grupo, destacando-se aqueles de White [White, C.A. 1887. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, 7:1-273], Maury [Maury, C.J. 1937. Servio Geolgico e Mineralgico do Brasil, Monografias, 11:1-263] e Cond [Cond, V.C. 1996. Dissertao de Mestrado, UFRJ, 82 p.]. O material obtido consiste de centenas de exemplares e foi separado em 50 morfogrupos. Os melhores exemplares de cada morfogrupo foram submetidos a fotomicrografia eletrnica, a fim de auxiliar os trabalhos sistemticos. Os morfogrupos esto distribudos pelas famlias Trochidae, Turritellidae, Potamididae, Cerithiidae, Epitoniidae, Nerineidae, Pyramidellidae, Aporrhaidae, Cymatiidae, Muricidae, Buccinidae e Varsidae. Os grupos mais abundantes esto representados pelos Cerithiidae, Trochidae e Turritellidae. Os estudos sistemticos encontram-se ainda em desenvolvimento. Espera-se, ao conclu-los, obter-se maiores subsdios caracterizao paleoecolgica do intervalo neoaptiano-eoalbiano da bacia de Sergipe. HORIZONTES DE MORTANDADE DE MEGALOBULIMUS SP. (GASTROPODA) EM CAVERNAS
MARCOS CRISTVO BAPTISTA
UFMG, IGC, Departamento de Geologia, MG, imvirtus@yahoo.com.br

LEONARDO MORATO
Unicentro Izabela Hendrix, MG, gepaleo@yahoo.com.br

Os gastrpodes terrcolas do gnero Megalobulimus so comuns no estado de Minas Gerais, ainda nos dias de hoje, e a presena de fragmentos de conchas em cavernas e nas imediaes freqente, algumas vezes at tendo sido aproveitados como matria prima para confeco de utenslios, por povos indgenas pr-histricos. Conchas inteiras ou parciais so encontradas no interior de cavernas soltas, incrustadas por depsitos de origem fsico-qumica (espeleotemas) ou englobadas em sedimentos clsticos, como argilas e brechas, em diversos graus de consolidao, podendo ter sido transportadas ou adentrado espontaneamente para o ambiente hipgeo. Sedimentos com alta concentrao de conchas e pouca matriz calctica, formando concrees coquinides, foram encontrados em algumas cavernas no municpio de Arcos (MG), representando um horizonte de mortandade bem marcado no registro sedimentar das cavidades. As conchas apresentam-se inteiras, e podem ter sofrido um pequeno transporte para o stio de deposio. Eventos de mortandade equivalentes, encontrados atualmente em cavernas no municpio de Pedro Leopoldo, parecem indicar que esses moluscos se refugiam em cavernas, que podem ser ambientes de alta umidade, mesmo no incio de pocas de seca, e podem vir a morrer no interior das cavidades se as fontes de gua secarem. Dataes dos sedimentos associados s conchas de Arcos podem indicar um evento de mudana climtica levando a um perodo de seca, e de rebaixamento do lenol fretico. PRELIMINARY RESULTS ON THE TAPHONOMY OF A NUCULID BIVALVE CONCENTRATION FROM THE CAPE MELVILLE FORMATION (EARLY TERTIARY), KING GEORGE ISLAND, ANTARCTICA
RAFAEL CASATI
UniABC, Santo Andr, SP

LUIZ EDUARDO ANELLI & PAULO ROBERTO DOS SANTOS


CNPq-PROANTAR, Centro de Pesquisas Antrticas, Inst. Geocincias/USP, SP

Bivalves are an important and yet poorly studied component of the invertebrate fauna of the Early Tertiary Cape Melville Formation, cropping out at Cape Melville, northern King George Island. This stratigraphic unit consists of about 200 m of shales and silty shales with subordinate intercalation of siltstone and fine-grained sandstone of glacial-marine facies. Invertebrate taxons represented in the rich and diversified fauna of the Cape Melville Formation include mollusks, brachiopods, crustaceans, solitary corals, echinoderms and bryozoans. We present herein the results of a qualitative and quantitative analysis of a bivalve concentration obtained from the lower part of a section denominated Hard Ground (HGS), exposed on the upper plateau area of the Melville peninsula. The HGS (11 m thick) comprises several 3-4 m cycles of massive sandy-silty mudstone with abundant dropstones and thin (3-4 cm) calcareous bioturbated sandstone. The fossiliferous bed (50 cm thick) consists of a relatively continuous dark gray to black, fine to very fine sandstone that transitionally overlies afossiliferous similar sandstone. Bioclasts occur mostly dispersed in the sandstone and rarely weakly packed. Other taxa present are gastropods, solitary corals and crabs. Data on biofabric and taphonomic signatures as orientation, articulation, fragmentation, and shell dimensions, were taken for nearly

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two hundred specimens. The concentration is politypical and made up of species of nuculoid bivalves (70%, n = 139). The nuculid bioclasts show no preferred orientation, and are almost equally represented by specimens with the commissure plane vertical, oblique or horizontal in relation to the bedding plane. Nearly 95% of nuculid shells were found with closed articulated valves. Signs of abrasion, bioerosion and dissolution are absent. Pyritized specimens are common. Rare clusters of fragmented specimens were found. If we consider the life position of nuculid bivalves as with dorsal margin upward and commissure plane oriented vertically to the bedding plane, the random three-dimensional arrangement of bioclasts may be indicative of a reoriented assemblage. Taphonomic signatures as low disarticulation, absence of signs of abrasion and bioerosion, point out to short or no rework of nuculid shells and no exposition in the substrate before burial. Bioturbation may be an explanation for the randomic three-dimensional arrangement due the life mode of nuculid as a mobile detritus-feeding component of the infauna. A tube filled with fragmented shells, interpreted as resulting from activity of homolodromiid crabs, may be accountable additional bioturbation. Extant nuculid bivalves are rarely found living obliquely and even with dorsal margin directed downward, opening the possibility for interpreting the concentration as including all specimens in situ. Taphonomic features of the associated fauna, that includes numerous randomly oriented solitary corals, are also indicative of a reoriented or even of introduction of allochtonous constituents in the assemblage. NERITDEOS FSSEIS DE CONCHA ORNAMENTADA OCORRENTES NO BRASIL
MARIA HELENA HESSEL
Depto. Biologia, UFS, SE, hesselmh@ufs.br

Os neritdeos compem uma famlia de gastrpodos bastante variada, de pequenas conchas globosas e geralmente lisas, sendo o mesmo vlido para seus representantes fsseis. No Brasil, so conhecidas formas tridimensionalmente ornamentadas em sedimentos meso- e cenozicos de algumas bacias nordestinas: Potiguar, Pernambuco-Paraba e Sergipe. Na primeira bacia, ocorre Otostoma assuana (Maury, 1925), redescrita por Beurlen [1964, A fauna do calcrio Jandara da regio de Mossor, Pongetti, 215 p.] com base em mais de uma dezena de exemplares coletados em estratos turonianos ou coniacianos da Formao Jandara, aflorantes prximo a Pendncia e Sebastianpolis, no Rio Grande do Norte. Beurlen [1967, Geologia da regio de Mossor, Pongetti, 173 p.] menciona tambm a ocorrncia de outras espcies afins na formao Sebastianpolis (Turoniano) da Chapada do Apodi, em geral mal preservadas. Na Formao Gramame (Campaniano) da bacia de Pernambuco-Paraba, foi coletado um nico espcime nas cercanias de Conde, norte de Recife, descrito por Muniz [1993, Publicao Especial do Departamento de Geologia, 1:1-168] como Otostoma paraibense. Da regio de Igarau, Pernambuco, White [1887, Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, 7:1-237] descreveu trs novas espcies: Nerita exuberata, com base em um nico exemplar, e N. limata e N. rincta, cada uma destas baseado em apenas dois espcimes. Estas trs espcies foram consideradas como provenientes dos sedimentos tercirios da formao Maria Farinha, ainda que na localidade, desconhecida por White, aflore tambm a Formao Gramame, cretcea. E na bacia de Sergipe, da Formao Riachuelo conhecida Otostoma (Lyosoma) squamosa, tambm descrita por White em 1887, com base em um nico exemplar coletado em Porto dos Barcos. Afora o caso de Otostoma assuana, todas as demais cinco espcies foram denominadas a partir de um nico espcime (O. squamosa, O. paraibense e N. exuberata) ou de dois deles (N. rincta e N. limata), o que limita consideravelmente futuras investigaes e identificaes, pelo completo desconhecimento de sua variabilidade intra-especfica. Este um exemplo nada recomendvel de ser seguido para a descrio de novas espcies fsseis, pois at bem possvel que alguns dos exemplares aqui mencionados pertenam mesma espcie, sendo necessria uma reviso geral destas formas, tanto a nvel taxonmico como cronolgico, desta vez com base em maior nmero de espcimes. O GNERO AUSTRALOSPIRIFER (SPIRIFERIDA: BRACHIOPODA), FORMAO PONTA GROSSA (DEVONIANO), BACIA DO PARAN, NA REGIO DE AMORINPOLIS, GO
RODRIGO C. MARQUES, LUIZ EDUARDO ANELLI & LUCAS VERSSIMO WARREN
Inst. Geocincias, USP, SP

Vrias ocorrncias de invertebrados so citadas em trabalhos de mapeamento sedimentar realizados na borda norte da Bacia do Paran sem, contudo, existirem estudos taxonmicos detalhados. Por sua vez, estudos utilizando metodologia cladstica para resoluo das afinidades dos invertebrados da Formao Ponta Grossa esto restritos aos conularideos e aos trilobitas. Em trabalho de campo recente realizado na borda norte da

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bacia, regio de Ipor-Amorinpolis, Estado de Gois, pela equipe do Laboratrio de Sistemtica Paleontolgica de Invertebrados do DGSA/IGc-USP, perfis geolgicos foram levantados e um grande nmero de invertebrados foi coletado. Os afloramentos representam o topo da Formao Ponta Grossa, constituindo-se de bancos de arenito fino a mdio, apresentando seqncias grano-decrescentes, gradaes para arenito grosso a silte, estratificaes cruzadas tabulares, estratificaes cruzadas tipo hummocky, na parte inferior, bem como laminaes paralelas prximas ao contato com a Formao Aquidauana. A anlise do material demonstrou a presena dos seguintes grupos de invertebrados: moluscos bivalves e tentaculitdeos, braquipodes e crinides. aqui, de forma preliminar, sugerida a ocorrncia do txon terebratulida Cryptonella sp., pela primeira vez identificado na borda norte da Bacia do Paran. A partir da anlise de dados morfomtricos, foram reconhecidos dois morfotipos do gnero Australospirisfer, que apresentam variaes na relao comprimento/largura. O morfotipo 1 apresenta comprimento mdio total maior que a largura mdia total (mdia comprimento/largura = 1,06 +-0,15) e comprimento mdio da rea muscular da valva pedicular maior que a largura mdia da rea muscular (mdia comprimento/largura rea muscular = 1,90 +-0,09). O morfotipo 2 apresenta largura mdia maior que o comprimento mdio (mdia comprimento/largura = 0,56 +- 0,16). Os dois morfotipos apresentam ndice de obesidade (altura/comprimento) sobrepostos. Comparando os espcimes do norte da bacia atribudos ao gnero Australospirifer, com espcimes encontrados nos afloramentos do Estado do Paran, designados A. iherimgi e A. kayserianus, observa-se que os morfotipos 1 e 2 apresentam alto ndice de obesidade (mdia altura/largura = 0,858+ 0,035) em relao aos espcies do sul da bacia (mdia altura/comprimento; A. iherimgi = 0,603 +-0,054; A. kayserianus = 0,52 +-0,11). Esses dados, de forma preliminar, permitem inferir os morfotipos 1 e 2 como representantes de novos txonx para o gnero Australospirifer. A diferena taxonmica observada em depsitos das regies norte e sul da Bacia do Paran pode estar relacionada ao alto estratigrfico correspondente ao Alinhamento Estrutural de Guapiara. Esses dados, somados aos dados morfolgicos adicionais, serviro como base para uma anlise cladstica do gnero Australospirifer, bem como da subfamlia Gaspespireferinae Lesperance & Bizzaro 1999. COMPARAES ENTRE AS MACROBRIOZOOFAUNAS MIOCNICAS E ATUAIS DO LITORAL PARAENSE
VLADIMIR DE ARAJO TVORA & ALESSANDRA SUZELY MODA CACELA
Lab. Paleontologia, Depto. Geologia, CG/UFPa, PA, vtavora@orm.com.br, alecacela@yahoo.com.br

Observaes de campo e laboratrio em elementos da macrobriozoofauna da Formao Pirabas e da encontrada atualmente no litoral paraense, permitiram tecer consideraes sobre a ocupao destes invertebrados no ambiente marinho do Estado do Par desde o Mioceno. No paleomar de Pirabas, os macrobriozorios viventes eram Lunulites pileolus White, L. pirabicus Barbosa e Cupuladria canariensis Busk (lunulitiformes), bem como Steginoporella pirabensis Barbosa (incrustante) e Flustra peregrina (foliceo flexvel). Estes txons sugerem ambiente de guas rasas e quentes, afetado por ao de ondas. Atualmente, nas rochas aflorantes na praia do Atalaia, municpio de Salinpolis, encontrada uma macrobriozoofauna monoespecfica, constituda por colnias incrustantes de Steginoporella, distribudas irregularmente sobre as rochas aflorantes, e caracterizadas por zocios retangulares do tipo-A (pequenos, com aviculrias) e tipo-B (grandes), oprculo expandido e rea frontal calcificada com um criptocisto rebaixado. A ausncia dos lunulitiformes atualmente explicada pelas variaes diurnas de mars, que ora recobre as rochas com os briozorios, ora deixa-os sujeitos a ao direta da radiao solar. Esta restrio ambiental suportada por Steginoporella, que possui primitivos modos de osmoregulao, oprculos que isolam o polipdio do meio externo e aviculrias, que impedem o recobrimento dos opsios durante a preamar, mecanismos ausentes nos lunulitiformes. Desta forma, constatou-se que, do Mioceno at hoje, houve uma grande reduo na diversidade especfica e representatividade numrica dos briozorios no litoral paraense. Isso ocorreu provavelmente devido instalao atual de uma costa de baixo ngulo, com uma considervel rea entre os limites de mar alta e mar baixa. No paleomar de Pirabas, entretanto, a rea exposta entre estes limites parece ter sido muito pequena ou mesmo ausente, j que a paleomacrobriozoofauna distribua-se homogeneamente em todas as profundidades. Esta reduo tambm pode ter sido causada pelas variaes sazonais de salinidade, j que, via de regra, os briozorios so estenohalinos.

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WORLD PYGOCEPHALOMORPHA, PALEOZOIC CRUSTACEANS DIFFICULTIES AND PROBLEMS ON DIAGNOSIS AND SYSTEMATIC
IRAJ DAMIANI PINTO*
Depto. de Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, ipinto@orion.ufrgs.br

This paper aims at finding a better understanding of characters and systematic position of Pygocephalomorpha, which have been found in shales or calcareous sediments. Normally only the carapaces with or without reflexed or extended abdomen are found, or the specimens are only ventrally exposed. In this latter case only the marginal side of the carapace and not the structure in the dorsal side could be seen. This fact did not permit to verify to which of the carapaces at the same sediment the specimens belong, seen only ventrally. In spite of this, many researches have jointed together some of the remainder pieces as belonging to the same species avoiding the possibility that those impressions could belong to sympatric species. To avoid mistakes commonly made, it is presented here an analysis of some important world literature on Pygocephalomorpha Crustaceans. [*Bolsista CNPq] DISCUSSO SOBRE A CLASSIFICAO TAXONMICA DOS CONCHOSTRCEOS DA FORMAO RIO DO RASTO (BACIA DO PARAN, PERMIANO SUPERIOR)
LUIS GUSTAVO FERREIRA DE OLIVEIRA* & ROSEMARIE ROHN
Inst. de Geocincias e Cincias Exatas, Depto. Geologia Aplicada, UNESP/Rio Claro, SP, lgfo@rc.unesp.br, rohn@rc.unesp.br

Conchostrceos (pequenos crustceos com carapaa bivalve) so fsseis muito comuns na Formao Rio do Rasto (Grupo Passa Dois, Bacia do Paran) e corroboram as interpretaes sobre a origem continental dos seus depsitos. A formao est contida, provavelmente, no Permiano Superior; h amplos debates, porm, sobre a sua posio cronoestratigrfica. So conhecidas, no mnimo, 192 ocorrncias de conchostrceos em afloramentos da formao nos estados do Paran e Santa Catarina [Rohn, 1994, Tese de Doutoramento, IGUSP], havendo registros adicionais, ainda inditos, em outros afloramentos e num furo de sondagem (SP-23PR). Utilizando-se a sistemtica bsica de Tasch [1969, Treatease of Invertebrate Paleontology, Part R, 1:R 128-R 192, Geol. Soc. Amer. & Univ. Kansas Press], largamente adotada nas Amricas, foram identificadas onze espcies na Formao Rio do Rasto, as quais fundamentaram uma proposta bioestratigrfica. Infelizmente, no foi possvel utilizar os conchostrceos para interpretaes cronoestratigrficas, pois a maioria dos gneros vlidos em Tasch (1969), baseados apenas na forma das valvas e no carter do umbo, tm grande amplitude vertical. A nica exceo seria o gnero Leaia, por evidenciar idade neopaleozica (no mesozica), porm encontrado num nico afloramento da formao. Analisando-se a literatura da Europa e da sia, notou-se que a sistemtica dos conchostrceos, desde o nvel de gnero at o de superfamlia, valoriza muito a ornamentao nas bandas de crescimento das valvas. Na Alemanha, na Rssia e, principalmente, na China, os conchostrceos facultam correlaes a longas distncias, com boa resoluo cronoestratigrfica. Numa rpida reavaliao dos conchostrceos da Formao Rio do Rasto, com o auxlio do Dr. H. Kozur (Hungria), pde-se identificar alguns dos gneros dessas regies (e.g. Falsisca, Megasitum, Monoleiolophus, etc.), todos do Permiano, mostrando o seu provvel potencial para aprimorar as dataes. Assim, est sendo iniciado um amplo trabalho de reviso dos conchostrceos da formao, devendo ser testadas distintas classificaes taxonmicas quanto sua resoluo bio e cronoestratigrfica. [*Bolsista CNPq, Mestrando em Geocincias-Geologia Regional] ISTOPOS ESTVEIS DE CARBONO E OXIGNIO EM CRUSTCEOS DECPODES DA FORMAO MARIA FARINHA (PALEOCENO), ESTADO DE PERNAMBUCO
PABLO SIMES MARTINS*
Lab. Geologia Isotpica (Par- Iso), Depto. Geoqumica e Petrologia, CG/UFPa, PA, simes@ufpa.br

KARINA JENNINGS DA SILVA


Lab. Paleontologia, Depto. Geologia, CG/UFPa, PA, karinajennings@bol.com.br

Utilizando espectmetro de massa de fonte gasosa Finnigan MAT 252, acoplado a um sistema KIEL-III de extrao on line de CO2, foram efetivados estudos isotpicos de Carbono e Oxignio em fragmentos de cinco carapaas de crustceos decpodes da Formao Maria Farinha. Os valores de 13C variam entre 0,81 e 2,22, enquanto os de 18O oscilam entre 2,83 e 3,91. Os valores negativos de 13C indicam oxidao

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da matria orgnica no bento e podem representar perodos de rebaixamento do nvel do mar. Os valores negativos de 18O podem refletir efeitos da diagnese associados com a exposio da plataforma carbontica, em perodos de nvel do mar mais baixo. O ambiente deposicional da Formao Maria Farinha, costeiro com oscilaes do nvel do mar, viabiliza a possibilidade supracitada para os valores de 18O, j que neste ambiente a grande influncia continental tambm registrada nos valores isotpicos, pois ocorre empobrecimento de 18 O e enriquecimento em 16O (mais abundante em domnio continental). Assim, os eventos negativos nos istopos de Carbono e Oxignio e suas variaes numricas corroboram a caracterizao paleoambiental da unidade Maria Farinha, tida como costeira por critrios sedimentolgicos, paleontolgicos e tafonmicos [*Bolsista CNPq/IC]. CARACTERIZAO SISTEMTICA PRELIMINAR DOS CALIANASSDEOS DA FORMAO MARIA FARINHA (PALEOCENO), ESTADO DE PERNAMBUCO
VALRIA FERNANDA OLIVEIRA DE MIRANDA* & VLADIMIR DE ARAJO TVORA
Lab. Paleontologia, Depto. Geologia, CG/UFPa, PA, valeriananda@bol.com.br, vtavora@orm.com.br

O estudo sistemtico preliminar dos calianassdeos da Formao Maria Farinha, Bacia de PernambucoParaba, Estado de Pernambuco, revelou a presena de quatro gneros, a saber: Calianassa, Ctenocheles, Protocalianassa e Upogebia, individualizados a partir das feies diagnsticas dos quelpodes: carpo, prpodo, dtilo ou dedo mvel e dedo fixo. Esta pesquisa amplia o conhecimento sobre o grupo na Formao Maria Farinha, antes citado apenas em nvel de famlia [Beurlen, K. 1959. Arquivos de Geologia, Universidade do Recife, 1:5-16; Beurlen, K. 1967. Boletim da Sociedade Brasileira de Geologia, 16(1):73 70]. Ocorrem continuamente desde a poro superior da Formao Gramame at o topo da Formao Maria Farinha e tipificam ambiente litorneo. Esta contnua distribuio comprova que a sedimentao na seqncia Gramame-Maria Farinha foi ininterrupta, cuja separao em distintas formaes baseada em diferenas litolgicas e paleontolgicas. [*Bolsista CNPq/IC] ISTOPOS ESTVEIS DE CARBONO E OXIGNIO EM CRUSTCEOS DECPODES E CIRRPEDES BALANOMORFOS DA ECOFCIES CAPANEMA DA FORMAO PIRABAS (MIOCENO INFERIOR), ESTADO DO PAR
PABLO SIMES MARTINS*
Lab. Geologia Isotpica (Par- Iso), Depto. Geoqumica e Petrologia, CG/UFPa, PA, simes@ufpa.br

VLADIMIR DE ARAJO TVORA


Lab. Paleontologia, Depto. Geologia, CG/UFPa, PA, vtavora@orm.com.br

Foram realizados estudos isotpicos de Carbono e Oxignio em fragmentos de seis carapaas de crustceos decpodes e cinco de cirrpedes balanomorfos, procedentes da ecofcies Capanema da Formao Pirabas, visando a sua aplicabilidade como ferramenta para interpretao paleoambiental. Os valores de 13C situam-se entre 0,21 e 0,93, e os valores de 18O entre 0,53 e 4,09. Os valores negativos de 13C sugerem oxidao da matria orgnica na superfcie do substrato. Observa-se intervalos diferenciados entre as variaes do 13C nas carapaas de crustceos decpodes e nos cirrpedes balanomorfos. Essa variao parece resultante da diferenciao entre o mecanismo de fracionamento dos istopos de carbono entre formas vgeis e ssseis. Em duas amostras (FP-2 e FP-3), os valores de 13C foram positivos, atestando alta produtividade primria, que influenciou a homogeneizao isotpica da gua do mar. Por outro lado, estas amostras procedem de carapaas representativas de indivduos que foram surpreendidos pelo soterramento, preservados em posio de escape, que tipifica evento de mortandade em massa. Isso possibilita aventar a possibilidade de que a histria tafonmica tenha uma relao direta com os valores dos istopos de Carbono, j que as demais anlises foram realizadas em carapaas de indivduos j mortos quando ocorreu o processo de soterramento. Os valores negativos de 18O indicam enriquecimento em 16O no sistema, provavelmente em funo da diagnese em ambiente vadoso, que geralmente ocorrem tambm em perodos de mar mais baixo. Os resultados menos negativos de 18O foram encontrados tambm em FP-2 e FP-3, sugerindo haver uma relao entre os istopos de Oxignio e a histria tafonmica. Estes dados isotpicos e suas interpretaes, ainda que preliminares, esto de acordo com a caracterizao paleoambiental da ecofcies Capanema da Formao Pirabas, que lagunar, com pequena profundidade e oxigenado. [*Bolsista CNPq/IC]

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NOVO REGISTRO DE INSETOS DO CARBONFERO SUPERIOR (GRYLLOBLATTIDA, NARKEMINOIDEA) NA REGIO DE TAI, SC, EM NVEIS DA FORMAO RIO DO SUL
RAFAEL GIIA MARTINS-NETO
EFOA-CEUPE/Univ. Guarulhos/ SBPr, SP, martinsneto@terra.com.br

TNIA LINDNER DUTRA, CARLOS HENRIQUE NOWATZKI, SNIA M. DA SILVA, RITA DE CSSIA CHAVES, ANAMARIA STRANZ, CLAUS FALLKATTER, DAIANA R. BOARDMAN, LORELAI DE LIMA & NILSON MEUCCI NETO
PPGeo, LaViGea, UNISINOS, RS, tania@euler.unisinos.br

Uma nova forma de inseto (Taiophlebia niloriclasodae) descrita a partir do achado de impresses de asas, em nveis de topo da Formao Rio do Sul, nos arredores da cidade de Tai, SC, Brasil. As caractersticas da venao, tais como, a asa anterior com ScP e RA fusionadas distalmente e RP ramificada, originando-se a cerca de 1/5 da poro basal da asa, permitem propor sua maior proximidade com os representantes de Narkeminoidea (Grylloblattida sensu Storozhenko), que com os Cacurgidea (Paraplecoptera lato sensu ou Orthoptera). Formas relacionadas e atribudas ao Grupo Itarar haviam sido previamente descritas para a bacia do Paran, no Brasil (Narkemina rochacamposi Pinto and Ornellas, 1978, de Durasnal, RS, Carpenteroptera Pinto, 1990, de Anitpolis, SC e Cacurgulopsis Pinto e Adami-Rodrigues, 1995, de Boituva, SP), em Bajo de Vliz, na Argentina (Paranarkemina Pinto e Ornellas, 1980) e em outras partes do globo (Alemanha e Formao Mazon Creek, Illinois, nos Estados Unidos), onde caracterizam o Namuriano superior (Pensilvaniano). Os nveis de onde provm os restos caracterizam-se por intercalaes de argilitos e siltitos com laminao wavy e linsen, cores bege, cinza e cinza-esverdeadas, contatos planos e alto grau de bioturbao. Laminao cruzada tangencial aparece registrada ocasionalmente no acamadamento wavy. So sucedidos por um conjunto heteroltico formado por camadas de arenito (sem estrutura interna preservada) e de pelitos com laminao plano-paralela, onde foram registrados raros fsseis relacionados a Equisetales. A ausncia de evidncias glaciais (clastos cados e estrias) sugere que a deposio corresponde aos nveis mais superiores da Formao Rio do Sul. Esta inferncia apoiada pela presena, em locais prximos e em estratos imediatamente acima, de camadas de arenito com estratificao cruzada tangencial, indicativas dos intervalos basais da Formao Rio Bonito.

HELIUS KRZEMINSKII E OUTROS LIMONIIDAE (DIPTERA: TIPULOMORPHA) PRESERVADOS NO MBAR DE BURMA (CRETCEO SUPERIOR, MYANMAR)
GUILHERME CUNHA RIBEIRO
Ps-Graduao em Entomologia, FFCLRP-USP/Ribeiro Preto, SP

Apesar de conhecido e valorizado pela humanidade desde tempos remotos como substncia preciosa ou semipreciosa, e conhecido desde h muito tempo pelos paleontlogos como fonte de fsseis de insetos e outros artrpodes extremamente bem preservados, o mbar de Burma (Burmito), encontrado em diferentes stios em Myanmar (Sudeste da sia), tem sido muito pouco estudado relativamente aos mbares de outras localidades do mundo. Uma coleo desse mbar com cerca de 117 pedaos contendo cerca de 1.200 incluses, pertencente ao British Museum of Natural History (Londres), foi por muito tempo a nica coleo cientfica conhecida. No entanto, uma nova e grande coleo desse mbar (com 1.200 pedaos e 3.100 incluses at agora), vem sendo reunida no American Museum of Natural History, em Nova Iorque. Entre a grande quantidade de incluses de artrpodes, tm sido encontrados, nesse mbar, novos txons de dpteros da famlia Limoniidae. Apesar de seu vastssimo registro fossilfero, no havia representantes desta famlia formalmente descritos para o mbar de Burma at o ano passado, quando a espcie Helius krzeminskii foi descrita pelo presente autor. Este novo fssil o primeiro representante do gnero Helius (grupo ainda vivente e amplamente distribudo mundialmente) descrito para um mbar do Cretceo e a segunda espcie conhecida at agora para esse perodo. Alm de Helius, representantes de gneros previamente desconhecidos para o Cretceo, como Neolimnomyia, entre outros, tambm so encontrados. Uma apresentao geral dessa diversidade previamente desconhecida e ainda em fase de estudo o objetivo desse trabalho.

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COLUNAIS E PLURICOLUNAIS DISSOCIADAS DE CRINOIDEA DA FORMAO PONTA GROSSA (DEVONIANO, BACIA DO PARAN) NO ESTADO DO PARAN, BRASIL
SANDRO MARCELO SCHEFFLER
Ps-Graduao, Depto. Geologia, IGc/UFRJ, RJ, schefflersm@yahoo.com.br

Os crinides (Filo Echinodermata, Classe Crinoidea) so organismos filtradores epifaunais que ocorrem desde o Ordoviciano. Apesar da grande abundncia e diversidade nos depsitos Paleozicos do mundo inteiro, um nico gnero, Laudonomphalus, baseado em colunais dissociadas, foi citado para a Formao Ponta Grossa, no Estado de Mato Grosso [Ferreira, C. S. & Fernandes, A. C. S., 1985. Anais da Academia Brasileira de Cincias, 57(1):139]. Os demais trabalhos sempre se referem a estes organismos como Crinoidea indet. ou pednculo de crinide. Usando como base uma proposta parassistemtica [Moore, R. C. & Jeffords, 1968. The University of Kansas Paleontological Contributions, 9(46):1-86], foram analisadas amostras procedentes do afloramento Jaguariava, Municpio de Jaguariava (SIGEP 65) e do afloramento Curva do trilho I, localizado no ramal ferrovirio Ponta Grossa-Castro, Municpio de Ponta Grossa. Os exemplares foram depositados na Coleo de Paleontologia do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Paran (NR1841 e CT049). Os espcimens presentes na amostra CT049 apresentam faceta com clmens muito largos, presena de perilmen circular com ornamentaes no topo e lmen circular e foram identificados como pertencentes ao gnero Crenatames Moore & Jeffords, 1968. O espcimen da amostra NR1841 apresenta pednculo heteromrfico com nodais diferindo das internodais apenas pela maior altura, faceta com amplo crenulrio, com clmens retos e longos, arola pequena com aspecto de perilmen e lmen circular pequeno e foi identificado como pertencente ao gnero Cyclocaudex Moore & Jeffords, 1968. O gnero Crenatames possui trs espcies conhecidas, distribudas no Devoniano Inferior e Mdio dos Estados Unidos, Europa e Rssia. O gnero Cyclocaudex possui oito espcies conhecidas, sendo que sete ocorrem no Carbonfero dos Estados Unidos e uma no Devoniano da Frana. Estes dois gneros de crinides, baseados em placas dissociadas de pednculo, so os primeiros desta classe citados para a Formao Ponta Grossa no Estado do Paran e este resumo representa o primeiro registro de ambos na Formao e na Amrica do Sul. [Apoio da Fundao Carlos Chagas Filho de Amparo Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ)] NOVA OCORRNCIA DE CLICE DE BLASTOIDEA NA FORMAO PONTA GROSSA (DEVONIANO, BACIA DO PARAN), ESTADO DO PARAN, BRASIL
SANDRO MARCELO SCHEFFLER
Ps-Graduao, Depto. Geologia, IGc/UFRJ, RJ, schefflersm@yahoo.com.br

Os blastides (Filo Echinodermata, Classe Blastoidea) so organismos suspensvoros epifaunais, sendo componentes importantes nas comunidades estratificadas de mares rasos do Paleozico do Ordoviciano Superior ao Permiano Superior [Botjer, D. J. & Ausich, W. I., 1986. Paleobiology, 12(4):400-420]. Seu corpo pode ser dividido em pednculo e coroa, sendo que este, formado por vrios ossculos em forma de disco, tem a funo de fixar o animal ao substrato; a coroa subdividida em clice ou teca e braquolos, sendo, respectivamente, a parte do corpo que contm os rgos internos e os apndices responsveis pela captura do alimento. Estes organismos foram muito abundantes no Devoniano, principalmente nos Estados Unidos e Europa; no entanto, so pouco conhecidos para o Devoniano brasileiro, sendo que o nico registro desta classe ocorreu recentemente [Scheffler, S. M. & Fernandes, A. C. S., 2003. XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE PALEONTOLOGIA, Resumos, p. 260-261]. A amostra analisada procede do afloramento Rio Cani (Formao Ponta Grossa, Membro So Domingos, Devoniano Superior), localizado na PR-151, a 23 km da cidade de Ponta Grossa, com as coordenadas 25o1848S e 50o0532W. O exemplar, constitudo de molde interno de clice e braquolos articulados, foi preparado com uso de estiletes e pincis sob microscpio estereoscpico e depositado na Coleo de Paleontologia do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Paran (CT009). O espcime apresenta teca bicnica, grande (altura: 35 mm; dimetro: 28 mm), com plvis ocupando dois teros da altura. Na abbada possvel observar trs reas ambulacrais estreitas, restritas ao tero superior. As placas basais e radiais so ornamentadas com finas linhas de crescimento. As basais ocupam aproximadamente metade da plvis e as radiais formam o restante da teca, sendo quadrangulares em vista frontal e provavelmente triangulares em vista lateral (compactao do material dificulta a observao). Algumas fendas dos hidrsporos podem ser visualizadas em pequenas partes do clice ao lado dos canais ambulacrais. Esta caracterstica permite classificar o espcime dentro da Ordem Fissiculata. Este novo clice de blastide demonstra que as comunidades bentnicas epifaunais da Formao Ponta Grossa

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so bem mais diversas do que se acredita atualmente. [Apoio da Fundao Carlos Chagas Filho de Amparo Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ)] OS EQUINIDES (ECHINODERMATA) DA BACIA POTIGUAR (RN): ESTADO DA ARTE
CYNTHIA LARA DE CASTRO MANSO
Fundao Paleontolgica Phoenix, SE, clcmanso@hotmail.com

Os equinides so macrofsseis encontrados em diversas localidades da bacia Potiguar. A maior parte das colees de exemplares referentes a este grupo naquela bacia foram realizadas no incio e meados do sculo passado, e encontram-se depositadas, principalmente, em instituies como Museu Nacional do Rio de Janeiro, Departamento Nacional de Produo Mineral, Museu de Paleontologia da Universidade de Uppsala (Sucia) e Instituto Smithsonian, Washington (EUA). Atualmente, so conhecidas oito espcies, distribudas em seis famlias, provenientes, em sua maioria, da Formao Jandara. So elas: Goniopygus durandi Peron & Gauthier, Rosadosoma riograndensis Maury, Phymosoma riograndensis Maury, Phymosoma major (Coquand), Coenholectypus upanemensis Beurlen, Petalobrissus cubensis (Weisbord), Petalobrissus setifensis (Coquand) Mecaster texanum (Roemer) e Mecaster fourneli (Agassiz & Desor). Da Formao Au, conhecida, at o momento, apenas a espcie P. cubensis. Desta forma, a fauna de equinides da bacia Potiguar reconhecida como sendo tpica do final do Cretceo, como indicado principalmente pela presena de Mecaster fourneli em afloramentos da localidade Rio do Carmo, ao sul de Mossor. Estratigraficamente, a parte mais superior das camadas inferiores da Formao Jandara registra uma fauna que se acredita possuir uma idade entre coniaciana a santoniana. J a parte superior desta formao teria pertencido ao Campaniano, como sugerido pela presena de Petalobrissus setifensis. A fauna de equinides da Formao Jandara apresenta afinidades com as faunas do Coniaciano da bacia de Sergipe (SE), do Texas (EUA) e do Mxico, como indicado pela espcie Mecaster texanum; com a fauna do Senoniano do Mxico e de Cuba, pela presena de Petalobrissus cubensis; com as faunas do Campaniano e Maastrichtiano do norte da frica e da Europa, pela presena de espcies como Coenholectypus upanemensis e Petalobrissus setifensis; e, por fim, com a fauna do Santoniano do norte da frica, indicada pela espcie Goniopygus durandi Peron & Gauthier [Smith, A.B. & Bengtson, P. 1991. Fossil and Strata, 31:1-88]. OS EQUINIDES (ECHINODERMATA) FSSEIS DA BACIA DE PERNAMBUCO-PARABA: ESTGIO ATUAL DO CONHECIMENTO
CYNTHIA LARA DE CASTRO MANSO & WAGNER SOUZA-LIMA
Fundao Paleontolgica Phoenix, FPH, SE, clcmanso@hotmail.com, wagnerl@hotmail.com

A fauna de equinides da bacia de Pernambuco-Paraba provm da sua regio central, mais precisamente das sub-bacias de Alhandra e Olinda. Nesta regio afloram as formaes Gramame e Maria Farinha, que consistem em uma sucesso cclica de calcilutitos e margas, cuja idade referida como maastrichtiana e paleocnica, respectivamente. A maioria das espcies foi identificada por Maury [Maury, C.J. 1930. Servio Geolgico e Mineralgico do Brasil, Monografias, v. 8, p. 1-305] e analisadas mais recentemente por Smith & Bengtson [Smith, A.B. & Bengtson, P. 1991. Fossils and Strata, 31:1-88]. So elas: Gomphechinus sp., Codiopsis castroi, Coenholectypus parahybensis, Hemiaster sp., Mecaster sp., Linthia romani e Pseudholaster altiusculus. Esta ltima espcie foi referida por White [White, C.A. 1887. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, 7:1-273] para as localidades de Maria Farinha e Igarassu, em Pernambuco, que correspondem s regies de afloramento da Formao Gramame, com ocorrncia tambm rochas marinhas do Tercirio (Formao Maria Farinha) na localidade Maria Farinha. P. altiusculus foi tambm identificada no Cretceo (Albiano superior) da bacia de Sergipe [Manso, C.L.C. & Souza-Lima, W. 2000. Revista Brasileira de Paleontologia, 2:115]. Tambm foram identificados, na coleo de paleo-invertebrados da Fundao Paleontolgica Phoenix, fragmentos de Linthia sp., provenientes de camadas tercirias da Formao Maria Farinha. Entretanto, necessrio analisar material em melhor estado de preservao, que possa ser comparado com exemplares de outras localidades fora do Brasil, para uma definio mais segura das caractersticas especficas, assim como para correlaes transatlnticas.

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Paleontologia de Vertebrados

RELAES FILOGENTICAS DAS RAIAS DA ORDEM MYLIOBATIFORMES (CHONDRICHTHYES: BATOIDEA), COM ESPECIAL NFASE NAS FORMAS DO EOCENO DE GREEN RIVER (WYOMING, EUA)
MARCELO DE CARVALHO
Depto. Biologia, FFCLRP, USP/Ribeiro Preto, SP

LANCE GRANDE
Dept. Geology, Field Museum of Natural History, Chicago, IL, EUA

JOHN MAISEY
Division of Paleontology, American Museum of Natural History, New York, NY, EUA

As relaes filogenticas das raias da ordem Myliobatiformes (que contm cerca de 23 gneros e 185 espcies viventes), compreendendo as raias que possuem um ferro peonhento na cauda, foram investigadas a partir de uma anlise cladstica baseada em seus caracteres morfolgicos. Nossa anlise filogentica, a mais abrangente j feita, tambm incluiu formas fsseis da Formao de Green River (Eoceno, cerca de 52 Ma.), localizada no estado de Wyoming, oeste dos EUA. A Formao Green River representa uma de apenas duas localidades que contm fsseis articulados de Myliobatiformes (a outra a Formao Monte Bolca, Itlia, tambm do Eoceno). Um gnero novo descrito de Green River, que representa um conjunto de paleoambientes lacustres (ao contrrio de Monte Bolca, de origem marinha). Os nossos resultados filogenticos permitem as seguintes inferncias biogeogrficas: (i) as raias da Formao Green River no evoluram a partir de um ancestral em comum, portanto, suas presenas em Fossil Lake (o lago extinto habitado pelas raias) assemelham-se aos atuais padres de invases independentes do ambiente dulccula de espcies de Dasyatis e Himantura viventes; (ii) as raias neotropicais de gua doce da famlia Potamotrygonidae so bem mais antigas (pelo menos do Eoceno, cerca de 52 Ma.) do que estimativas prvias que postularam uma origem para o grupo entre 15-23 milhes de anos atrs. OBSERVAES ADICIONAIS SOBRE PALEOVERTEBRADOS DO TOPO DA FORMAO TATU E BASE DA FORMAO TAQUARAL (SUBGRUPO IRATI), PERMIANO, ALTO ESTRUTURAL DE PITANGA, RIO CLARO, SP
ARTUR CHAHUD & THOMAS R. FAIRCHILD
Depto. Geologia Sedimentar e Ambiental, Inst. Geocincias, USP, SP

A passagem das formaes Tatu e Taquaral (Permiano) nos municpios de Ipena e Rio Claro, SP, comumente marcada pelo contato entre arenitos conglomerticos, ricamente fossilferos, do topo da Formao Tatu com os folhelhos da Formao Taquaral, tambm fossilferos. O contedo fssil dessas litologias compreende escamas, dentes e espinhos de vrios tipos de peixes e dentes de labirintodontes, sempre desarticulados e dispersos. A variedade de Chondrichthyes no arenito conglomertico j foi assunto de trabalhos anteriores, mas os Osteichthyes no. O presente trabalho apresenta um apanhado descritivo e tafonmico dos fsseis desta transio. Na Formao Tatu, os Chondrichthyes so representados por dentes macios de Petalodontiformes (de ambiente marinho costeiro) com indcios de abraso significativa; por dentes quebrados, desgastados ou no, de Xenacanthiformes (fluvial); por trs dentes isolados de Hybodontoidea (marinho e fluvial); e por um nico espinho de Ctenacantoidea (marinho e fluvial). Na Formao Taquaral, os Chondrichthyes so representados por apenas um dente fragmentado de Petalodontiformes. A paleoictiofauna de Osteichthyes semelhante nas duas formaes, sendo composta de dentes e escamas ganides de Paleonisciformes e escamas cosmides de Actinistia. A preservao dos elementos sseos melhor na Formao Taquaral do que na Formao Tatu, revelando pouca abraso e reteno dos processos articulares das escamas. Na Formao Tatu, o material apresenta-se fragmentado e desgastado, embora muito mais abundante. Tambm so encontrados dentes labirintodontes (tetrpodes primitivos e peixes Rhipidistia) na Formao Tatu com diferentes tipos de preservao. Para a fcies conglomertica, a mistura de elementos marinhos e continentais sugere um carter marinho costeiro com forte influncia continental para a transio entre as unidades.

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A COMPREENSIVE UP-TO-DATE SURVEY ON PERMIAN-TRIASSIC TEMNOSPONDYLS IN SOUTHERN BRAZIL


SRGIO DIAS-DA-SILVA
Lab. de Paleontologia, MCT/PUC, RS, paleosp@portoweb.com.br

CLAUDIA ALICIA MARSICANO


Depto. de Ciencias Geolgicas, Universidad de Buenos Aires, Argentina, claumar@gl.fcen.uba.ar

CESAR LEANDRO SCHULTZ


Depto. Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, cesar.schultz@ufrgs.br

The temnospondyls suffered, like other tetrapods, a significant decrease in their diversity across the PermianTriassic boundary. Several groups had become extinct almost completely (rhinesuchids, archegosaurids, dvinosaurids and dissorophids, among others). Not surprisingly, those forms that succeeded to cross this widespread extinction evolved very fast and, still in the Lower Triassic, they radiated to a significant number of new taxa. In southern Brazil, the upper levels of the Rio do Rasto Formation (Upper Permian) record rhinesuchids and archegosauroids and, as in other parts of Pangea, they had become extinct by the end of Permian. The uppermost levels of the Permian unfortunately do not record temnospondyls, due to their predominant aeolic deposition (Pirambia Formation). In addition, the Lowermost Triassic is not preserved in Brazil. Thus, the apparent abruptness of the temnospondyl faunal turnover recorded in the Sanga do Cabral Formation (Lower Triassic of southern Brazil) might be addressed to a taphonomic artifact plus the poor knowledge of the of preserved temnospondyl-bearing sequences of Late Permian-Early Triassic age around the world. For the Sanga do Cabral Formation, a fairly complete skull of a new rhytidosteid taxon was recently described (paper in preparation). It is a basal rhytidosteid, due to the presence of a well-developed lacrimal bone (lost in most advanced rhytidosteids). Other materials could surely be assigned to Rhytidosteidae, based on the characteristic ornamentation of the dermal skull bones. Despite the fragmentary nature of Sanga do Cabrals tetrapod fauna, they are providing valuable information, specially concerning the early evolution of rhytidosteids that took place still in the Upper Permian, as suggested by the genus Trucheosaurus (Upper Permian of Australia). Finally, the information provided by the temnospondyls already identified, might help to explain the temnospondyl faunal turnover that took place in all parts of Pangea at the Permian-Triassic boundary. CARACTERIZAO TAFONMICA DE RESTOS QUATERNRIOS DE ANURA, ABISMO PONTA DE FLECHA, IPORANGA, SP
ARTUR CHAHUD
Inst. Geocincias, USP, SP

O Abismo Ponta de Flecha, uma gruta vertical complexa desenvolvida em metacalcrios proterozicos de baixo grau metamrfico, no Municpio de Iporanga, Vale do Ribeira, regio sul do Estado de So Paulo, possui considervel material osteolgico de idade quaternria, incluindo restos fsseis e recentes de Anura. Coletado em diversas galerias (jazidas) e identificado por uma equipe de gelogos e bilogos nos anos de 1981 e 1982, este material nunca foi estudado em detalhe. Como parte do reestudo paleontolgico dos fsseis do abismo, o presente trabalho examinou os restos de Anura do ponto de vista tafonmico para caracterizar os processos bioestratinmicos atuantes em sua fossilizao. A acumulao representada por 117 espcimes sseos de indivduos adultos, desarticulados e dispersos. A grande maioria do material (94%) se compe de ossos apendiculares longos (fmures, tbio-fbulas e meros) de at 4 cm de comprimento. Destes, 86% apresentam quebras, que so mais freqentes nas regies de maior fraqueza. No foram encontrados crnios, vrtebras ou costelas. H poucas evidncias de abraso (87% sem desgaste) e de exposio (95% sem rachaduras). Marcas de mordidas so encontradas em apenas 3% dos espcimes. Esta anlise sugere que a atividade transportadora selecionou e dispersou os ossos, quebrando os ossos longos dos membros e triturando vrtebras, costelas, falanges e ossos menores a ponto de impedir seu reconhecimento. Tendo em vista a baixa porcentagem de ossos com evidncias de exposio ao intemperismo, aparentemente, o abismo serviu de armadilha para a grande maioria dos animais estudados.

LOS CINODONTES BRASILODON Y BRASILITHERIUM Y EL ORGEN DE LOS MAMFEROS

- Paleontologia em Destaque n 44 JOS F. BONAPARTE*, MARINA B. SOARES & CESAR L. SCHULTZ

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Depto. Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, jose.bonaparte@ufrgs.br, marinab@cap.ufrgs.br, cesar.schultz@ufrgs.br

Los pequeos cinodontes Brasilodon y Brasilitherium de la Formacin Caturrita, Trisico Superior de RS, Brasil, presentan caracteres anatmicos de interes para ampliar los conocimientos actuales en relacin al tan discutido origen filtico de los mamferos. Si bien su anatomia sea crneo-mandibular es del tipo presente en cinodontes que han sido considerados como el grupo hermano de los mamferos (tritheledntidos), la estructura de sus postcaninos ofrecen interesantes perspectivas de anlisis e implicancias de estos cinodontes en relacin al origen de los mamferos [sensu Simpson, J.G. 1960. Evolution, 14:388-392]. Estas denticiones nos indican que: (i) si tomamos como referencia al arquetipo de los mamferos primitivos, Morganucodon, el grado de derivacin de los postcaninos de Brasilodon y Brasilitherium es mayor que lo observado em Morganucodon, pero en trminos de anatoma craneana, los gneros brasileros presentan una condicin ms primitiva; (ii) Brasilodon posee postcaninos superiores e inferiores ms derivados que en Morganucodon, y con un pln bsico prximo al presente en Kuehneotherium; (iii) Brasilitherium posee postcaninos inferiores del tipo presente en Morganucodontidae, pero postcaninos superiores ms derivados, del tipo presente en Brasilodon; (iv) en consecuencia, las caractersticas dentarias bsicas de los mamferos Morganucodon y Kuehneotherium, que estn presentes en los citados gneros de cinodontes, se habran desarollado, bsicamente, en un nivel premamaliano; (v) Morganucodontidae y Kuehneotheriidae seran monofilticos en el sentido que, eventualmente, descienden de una misma familia de cinodontes [Crompton, A.W. & Jenkins, F.A. 1979. In: Lillegraven, J.A. et al. (eds.), Mesozoic mammals: the first two-thirds of mammalian history. Univ. of California Press, p. 59-73], y polifilticos en el sentido que tendran ancestros distintos dentro de Mammalia [Szalay, F.S & Delson, E. 1979. Evolutionary history of primates, Academic Press, 580 p.]; (F) Brasilodon y Brasilitherium no muestran afinidades ni relaciones dentarias con Haramyidae-Multituberculata, por lo que estos mamferos se habran diferenciado independientemente de Morganucocontidae y Kueheneotheriidae. [*CAPES] MODELOS DE MORFOGNESE DENTRIA E SUAS IMPLICAES EM ESTUDOS EVOLUTIVOS: RIOGRANDIA GUAIBENSIS (EUCYNODONTIA, RIOGRANDIDAE), UM ESTUDO DE CASO
MARINA BENTO SOARES
Inst. de Geocincias, UFRGS, RS, marinab@cap.ufrgs.br

Dentes so estruturas que fornecem amplas oportunidades de examinar variaes ao nvel das populaes, relacionando desenvolvimento, morfologia e evoluo. Modelos sobre morfognese dentria so propostos para explicar as diversas morfologias exibidas pelos dentes de mamferos. Um modelo gerado a partir do estudo das variaes no nmero de cspides dentrias de Phoca hispida ladogensis [Jernvall, J., 2000. Proceedings of the National Academy of Science, 97(6):2641-2645] pode ser aplicado para um entendimento sobre os possveis processos de morfognese dentria que operaram no cinodonte Riograndia guaibensis (Trissico Superior, Formao Caturrita, RS), visto que ambos os txons apresentam os dentes ps-caninos (ou molares) com uma nica srie de cspides alinhadas ntero-posteriormente, sem cspides acessrias linguais ou laterais. O modelo sugere que um padro de coroa dentria desse tipo desencadeado pela formao, no epitlio dentrio, de um n de esmalte primrio que induz formao da cspide principal e, a seguir, uma cascata de ns de esmaltes secundrios geram novas cspides. Diferenas entre o tempo de iniciao e de terminao do desenvolvimento de cada dente na coroa dentria podem produzir, em um mesmo indivduo e entre os indivduos de uma mesma populao, dentes com variaes entre nmero, posio e altura das cspides. Estudos de carter evolutivo indicam que, nesse padro de dentio, enquanto as cspides principais so sujeitas atuao da seleo natural, as cspides menores, muitas vezes, so fixadas por outros fatores evolutivos, como deriva gentica, no se constituindo em caractersticas adaptativas. Isso demonstra que dentes so estruturas altamente suscetveis evoluo porque somente pequenas mudanas em termos de expresso gnica so suficientes para gerar grandes mudanas morfolgicas. Na evoluo da dentio dos mamferos, que se iniciou com os cinodontes, uma rpida e independente aquisio de novas cspides deve ter aumentado a probabilidade da ocorrncia de homoplasias [Hunter, J. & Jernvall, J 1995. Proceedings of the National Academy of Science, 92:10718-10722]. Dentes continuam a ser, seno o principal, um dos principais rgos para estudos em evoluo, mas, em face a essas consideraes, fazem-se necessrios alguns cuidados quanto ao tratamento de caracteres morfolgicos baseados em padres de cspides dentrias nos estudos filogenticos.

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EVIDNCIAS DE PREDAO OU NECROFAGIA EM JACHALERIA CANDELARIENSIS, TRISSICO SUPERIOR DO SUL DO BRASIL


CESAR LEANDRO SCHULTZ & CRISTINA VEGA-DIAS*
Inst. de Geocincias, UFRGS, RS, cesar.schultz@ufrgs.br; cristina.dias@ufrgs.br

Na Formao Caturrita, Trissico Superior do RS, foi coletada uma escpula esquerda (UFRGS-PV0287T) atribuda espcie Jachaleria candelariensis. O material apresenta perfuraes e marcas de dentes que podem ser atribudas a predao ou necrofagia. A presena de marcas superficiais, tanto em vista medial quanto lateral, indica que as mesmas foram feitas aps a morte do animal. Na poro lateral, a lmina escapular apresenta diversos sulcos dirigidos dorso-ventralmente, provavelmente feitos pela raspagem de dentes pontiagudos. Na regio da cavidade glenide, existe uma srie de perfuraes arredondadas, de diversas profundidades, medindo cerca de 0,5 a 0,2 mm, cujo centro encontra-se esmagado. Na poro medial da escpula, na lmina escapular e ao redor da cavidade glenide, existe outra srie dessas marcas. Prximo glenide, aparece uma seqncia de perfuraes lenticulares alinhadas, provavelmente feitas por dentes laminados. At o momento, no mesmo afloramento de onde provm este material, foram encontrados dentes isolados de arcossauros, medindo cerca de 2 cm de comprimento, uncinados e lateralmente comprimidos. A confeco de moldes de silicone a partir das marcas encontradas na escpula permitiu compar-las com os dentes isolados encontrados e com as marcas por eles produzidas em argila, comprovando a semelhana entre ambas as morfologias. Outros restos de arcossauros coletados neste afloramento so uma cintura plvica parcial de um pequeno dinossauro e um fragmento de mandbula de um fitossauro, cujos dentes esto todos quebrados. Entretanto, at o momento, no foi possvel atribuir as marcas observadas na escpula de Jachaleria a nenhum predador ou necrfago especfico. [*Bolsista CNPq] UMA PALEOPATOLOGIA EM Jachaleria candelariensis (SYNAPSIDA, DICYNODONTIA), DO TRISSICO SUPERIOR SUL-RIO-GRANDENSE
CRISTINA VEGA-DIAS* & CESAR LEANDRO SCHULTZ
Instituto de Geocincias, UFRGS, RS, cristina.dias@ufrgs.br; cesar.schultz@ufrgs.br

A escpula UFRGS-PV0151T, atribuda espcie Jachaleria candelariensis, foi coletada na Formao Caturrita (Trissico Superior) no RS. Esta escpula foi descrita por Arajo & Gonzaga (1980) Arajo, D.C. & Gonzaga, T.D. 1980. CONGR. ARG. PALEONT. Y BIOESTRAT., 2, Y CONGR. LATINOAM. PALEONT., 1, Actas, 1:159-174, que evidenciaram a ausncia do processo acrmio, interpretada como um caracter diagnstico para este txon. Na realidade, no lugar do acrmio, observa-se uma depresso semi-lunar circundada por muitas rugosidades. A escpula direita UFRGS-PV0151T, que pode ser atribuda ao mesmo espcime, assim como outra escpula esquerda isolada de J. candelariensis (UFRGS-PV0287T), ambas coletadas na mesma localidade, apresentam o processo acrmio relativamente desenvolvido, embora fraturado em ambos os espcimes. Dessa forma, a depresso observada na escpula esquerda UFRGS-PV0151T pode estar relacionada a um rearranjo histolgico do tecido sseo em resposta a uma osteomielite. Essa depresso pode ser dividida em duas partes: uma escavao profunda, de forma oval, localizada ventralmente, e outra concavidade mais rasa e alongada posicionada antero-dorsalmente. A superfcie interna das duas depresses plana, enquanto as rugosidades que as circundam correspondem claramente a marcas anormais de ligao de musculatura. Isto sugere que este espcime sofreu, em vida, alguma injria naquela regio do corpo, mas conseguiu reorganizar as reas de ligao entre os ossos e os msculos, de modo a manter a funcionalidade entre a clavcula e a escpula no membro dianteiro esquerdo.*Bolsista CNPq.

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RELAES FILOGENTICAS DOS SAUROPODOMORPHA BASAIS BRASILEIROS E A ORIGEM DOS PROSAUROPODA


LUCIANO ARTEMIO LEAL* & SERGIO ALEX KUGLAND AZEVEDO
Setor de Paleovertebrados, Depto. De Geologia e Paleontologia, Museu Nacional/UFRJ, RJ, artemio@acd.ufrj.br, sazevedo@mn.ufrj.br

Estudos filogenticos com Prosauropoda, em sua maioria, no apresentam resultados conclusivos, divergindo no relacionamento entre grupos e seus txons terminais [e.g. Galton, P.M. 1990. In Weishampel, D.B. et al. (eds.) The Dinosauria, Berkeley, p.320-344; Sereno, P.C. 1999. Science, 284:2137-2146; Benton, M.J. et al. 2000. Journal of Vertebrate Paleontology, 20(1):77-108]. A comparao direta entre estas anlises torna-se difcil, podendo sugerir que Prosauropoda no representa um grupo natural. Recentemente, a complementao e reinterpretao dos dados publicados por Yates [Yates, A.M. 2003. Journal of Systematic Palaeontology, 1 (1):1-42] para txons argentinos (Riojasaurus e Coloradisaurus) apontam para melhores resultados. Em uma filogenia preliminar, foram analisados 74 caracteres em um grupo interno de 16 txons terminais (i.e. Staurikosaurus, Saturnalia, Guaibasaurus, Thecodontosaurus, Plateosaurus, Massospondylus, Euskelosaurus, Anchisaurus, Sellosaurus, Melanorosaurus, Riojasaurus, Coloradisaurus, Yunnanosaurus, Lufengosaurus, Blikanasaurus e UFSM11069) e Herrerasaurus como grupo externo. Aps o consenso de Adams, e aplicada a metodologia de Wilkinson, foi retirado da matriz final Eukelosaurus, resultando em uma rvore mais parcimoniosa. Saturnalia e Guaibasaurus constituem grupos externos sucessivos (stem-lineage) para Prosauropoda e a condio basal de Staurikosaurus confirmada por figurar como grupo irmo de Herrerasaurus. Esta anlise preliminar sugere que sauropodomorfas basais esto relacionados origem dos dinossauros representados por trs espcimens do Trissico brasileiro (i.e. Staurikosaurus, Saturnalia e Guaibasaurus) e que Prosauropoda est formado por uma seqncia de txons terminais representado pelo dinossauro de gua Negra (UFSM11069) figurando em Plateosauridae (Plateosaurus e Sellosaurus). Um maior detalhamento na descrio e comparao deste material com os do Trissico da Argentina (e.g. Riojasaurus, Coloradisaurus, Plateosaurus sp. e Massospondylus) e as afinidades destes com txons de outra parte do mundo, luz da anlise cladstica, trar uma melhor definio acerca do relacionamento dentro do grupo dos Prosauropoda. [*Bolsista CAPES] NOVO REGISTRO DE RHADINOSUCHIDAE (ARCHOSAURIFORMES: PROTEROCHAMPSIA) PARA O MESOTRISSICO DO BRASIL
CRISTINA BERTONI MACHADO* & EDIO-ERNST KISCHLAT
Depto. de Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, cristina.bertoni@ufrgs.br, kischlat@hotmail.com

Entre os numerosos restos fossilferos encontrados no afloramento Schnstatt, predominam os cinodncios. Este stio fossilfero localiza-se no Municpio de Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, margem da rodovia RST 471 (coordenadas UTM, fuso 22, 359767 E/6709062 N). Em coletas realizadas em 2003, foram encontrados restos de um proterocmpsio (PV 0877 T), composto por elementos cranianos (fragmentos de crnio e mandbula) e ps-cranianos (ambos os fmures, tbia e mero direitos). O material craniano encontra-se fragmentado, mas bem preservado, e representa a regio orbital direita do animal, sendo composto pelos ossos nasal, frontal, postorbital e parte do parietal. O frontal apresenta como caracterstica marcante sua ornamentao, com um ncleo medial de estrias radiais, semelhante ao descrito para Chanaresuchusi Romer e Gualosuchus Romer (nasal e frontal), e que tambm so encontrados no nasal de Rhadinosuchus Huene (frontal no preservado). Pode-se observar que o fragmento da mandbula foi bastante alterado tafonomicamente, o que dificulta a identificao das suturas. Apresenta uma fileira de dentes aparentemente sem serrilhas, comprimidos transversalmente e curvados para trs. O tipo de decorao do frontal (juntamente com o do nasal) um carter bastante diagnstico, somente encontrado nos gneros nominais supracitados, e representa uma apomorfia discriminatria para este grupo. Por outro lado, Rhadinosuchidae um nome disponvel que pode ser utilizado para a sua denominao, sendo, preliminarmente, definido por base-apomrfica. [*Bolsista CNPq]

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RESULTADOS PRELIMINARES DO ESTUDO DOS PEQUENOS FSSEIS DE VERTEBRADOS DA FORMAO MARLIA (NEOMAASTRICHTIANO, GRUPO BAURU) NA REGIO DE UBERABA, MG
SANDRA JANETE ROCHA DE CASTRO
FUMESU, Faculdade de Educao de Uberaba, MG

LUIZ CARLOS BORGES RIBEIRO


FUMESU, Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price, Faculdade de Educao de Uberaba, Universidade de Uberaba, IFE, MG, lcbrmg@terra.com.br

As descobertas fsseis da regio de PeirpolisUberaba no Tringulo Mineiro vm contribuindo desde meados do sculo passado, para uma melhor compreenso dos ecossistemas terrestres brasileiros durante o Cretceo, em especial da bacia Bauru [Fernandes, L.A. & Coimbra, A.M. 1996. Anais da Academia Brasileira de Cincias, 68:195-205]. A localidade notadamente conhecida pela diversidade e pelo grau de preservao das assemblias de macrofsseis de vertebrados. Nos ltimos cinco anos, o uso da tcnica de screen washing mostrou-se bastante eficaz na recuperao de pequenos exemplares, at ento desconhecidos pelos processos convencionais de coleta sistemtica. Nos meses de setembro e outubro de 2003, um nvel bastante rico foi identificado no ponto conhecido como Caieira (194324S e 474445W), situado a 1,5 km ao norte de Peirpolis, fornecendo uma substancial quantidade de pequenos fsseis de vertebrados. A anlise petrognica das litologias mostrou uma ntima relao do nvel fossilfero principal com fluxos lamosos, associados aos depsitos fluviais entrelaados da Formao Marlia [Barcelos, J.H. & Suguio, K. 1987. SIMP. REG. GEOL. SUDESTE, VI, 1:313-321]. Os sedimentos analisados provm de rochas siliclsticas psefticas, com abundncia de seixos e matriz argilosa carbontica, e cores marrom ao cinza esverdeado. Dado a elevada coeso, os sedimentos tiveram que ser submetidos a sucessivas imerses em gua para total desagregao e, ento, processar a lavagem, secagem e triagem em lupa binocular. Estudos taxonmicos preliminares identificaram a presena de cascas de ovos de dinossauros que, em comparao com similares anteriores [Magalhes Ribeiro, C.M. & Ribeiro, L.C.B. 2000 Ameghiniana, 27R- 28R], relacionam-se oofamlia Megallolithidae. Dentes de Theropoda provavelmente pertencentes a Abelisauridae [Candeiro, C.R.A. 2002. Tese Mestrado, p. 121], dentes de Titanosauriformes [Salgado et al. 1997. Ameghiniana, 34(1):3-32], alm de vrios elementos sseos, at o momento no identificados. Em breve, novas informaes podero ser aportadas, j que apenas pequena parte dos sedimentos foi processada. COMPARISON OF DINOSAURS AND SEDIMENTARY ENVIRONMENTS BETWEEN THE BAURU AND NEUQUN-MALARGE GROUPS (UPPER CRETACEOUS): A PRELIMINARY APPROACH
CARLOS ROBERTO A. CANDEIRO*
Lab. Macrofsseis, Depto. Geologia, UFRJ, RJ, Brasil e Museu de Minerais e Rochas, IG/UFU, MG, candeiro@yahoo.com.br, candeiro@ras.ufu.br

AGUSTN G. MARTINELLI
Museo Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia, Buenos Aires, Argentina

In the Bauru Group (Late Cretaceous, Brazil), theropod dinosaur remains are known to occur in different sedimentary environments. They include, at least, abelisaurids (Pycnonemosaurus nevesi, isolated teeth and a premaxilary bone) and allosaurids (carcharodontosaurid teeth). The Neuqun and Malarge Groups, in northern Patagonia, also yielded abelisaurids and allosaurids, including fairly complete skeletons (e.g. Giganotosaurus). These records suggest similarities in theropod faunas between Brazil and Argentina during the Late Cretaceous. Six Cretaceous lithostratigraphic units that have yielded abelisaurid and allosaurid remains from southwestern Brazil (Adamantina and Marlia Formations, Bauru Group) and Patagonia (Candeleros, Huincul, Anacleto, Formations,Neuqun Group; and Allen Formation,Malarge Group) were compared. Preliminary conclusions, based only on theropod evidence, suggest that most of the Bauru Group was connect with the rest of South America during the Cretaceous. New findings in the Bauru Group are providing
new data and a better correlation with southern South American Cretaceous Formations than previously known.

Allochthonous occurrences are often recognized in the outer area of South America, while autochthonous ones occur in the inner area. The origin of some dinosaurs from the Bauru Group is considered to be in Argentina. [*Bolsista CAPES]

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SMALL DINOSAUR TEETH IN THE COLLECTIONS OF THE CENTRO DE PESQUISAS PALEONTOLGICAS LLEWELLYN IVOR PRICE, UBERABA, MG
CARLOS ROBERTO A. CANDEIRO*
Lab. Macrofsseis, Depto. Geologia, UFRJ, RJ e Museu de Minerais e Rochas, IG/UFU, MG, candeiro@yahoo.com.br

LUIZ CARLOS BORGES RIBEIRO


FUMESU, Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price, Faculdade de Educao de Uberaba, Universidade de Uberaba, IFE, MG, lcbrmg@terra.com.br

THIAGO DA SILVA MARINHO


Museu de Minerais e Rochas, IG/UFU, MG, tsmarinho@uol.com.br

Teeth are among the most abundant theropod dinosaur remains housed at the Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price (Peirpolis, Uberaba, Minas Gerais), which were collected in the sediments of the Marlia Formation, Late Maastrichtian of the Bauru Basin [Fernandes, L.A. & Coimbra, A.M. 1996. Anais Academia Brasileira de Cincias, 68:195-205]. This fossiliferous unit is locally composed by psamitic and psefitic carbonatic rocks, eventually with lenticular pelitic intercalations, associated with mud flow events, in braided fluvial deposits. Its theropod assembly have been, until now, suggested to include Abelisauridae and Carcharodontosauridae. We report here new specimens recovered from the locality known as Caieira, about 1,5 km north from Peirpolis, which were collected using conventional excavation processes and screen-washing. The thirty-eight teeth vary from 0,32 cm to 1,8 cm height. Part of these material show grooved wear tip (16 teeth), oval wear tip (7 teeth), furrow wear tip (9 teeth), but six teeth does not show surface wear at all. The enamel surface of two teeth bears wrinkles, a feature considered as synapomorphic for Carcharodontosauridae [Sereno, P.C. et al. 1996. Science, 272:986-991; Larsson, H.C.E. 1996. Journal of Vertebrate Paleontology, 16:3]. Six teeth of those studied specimens were attributed to Abelisauridae, due to the cross-section with anterior edge compressed and the posterior one convex; and lingual and labial facets with a smooth convexity. The Titanosauridae teeth (13 teeth) present the typical pencil-like shape. Eleven teeth were attributed to Theropoda indet., due the labiolingual compression and the denticles variation shape along the carinae. The excellent preservation extend the classification possibilities of the material discussed here and the identification of the theropod fauna that roamed at the Paleontological Site of Peirpolis at the Late Cretaceous. [*Bolsista CAPES] ARCHOSAUR OSTEODERMS FROM THE UPPER CRETACEOUS PALEONTOLOGICAL SITE OF PEIRPOLIS, UBERABA, MG
THIAGO DA SILVA MARINHO
Museu de Minerais e Rochas, IG/UFU, MG, tsmarinho@uol.com.br

The Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price (CPPLIP) at Uberaba houses a comprehensive collection of fossil vertebrates from the Upper Cretaceous Paleontological Site of Peirpolis (PSP). Several archosaurs remains, such as dinosaurs and crocodilomorphs, were collected at the PSP, Bauru Group, Marlia Formation (Late Maastrichtian). Isolated and associated crocodilomorph osteoderms, and two isolated dinosaur osteoderms were found at this location. The osteoderms identified so far were attributed to Peirosaurus tormini and Itasuchus jesuinoi [Price, L.I., 1955. Anais Academia Brasileira de Cincias, 27(4): 487-498], Crocodilomorpha indet. and Titanosauridae. The major diferences seen on the CPPLIPs crocodilomorphs and titanosaurid osteoderms are the ornamentation of the dorsal surface (well arranged pit in crocodilians; randomly arranged pit in titanosaurs); rough surfaces in titanosaurids and smooth in crocodilomorphs; and the internal bone tissue that in titanosaurid is composed chiefly by spongy structures, while crocodilian osteoderms are very dense, composed basically by compact bone. Another feature that differences titanosaurid osteoderms from the others archosaurs osteoderms is the synapomorphic ventral crest, present in both non-crocodilomorph osteoderms from the PSP.

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NEW DINOSAUR REMAINS FROM THE UPPER CRETACEOUS ADAMANTINA FORMATION, PALEONTOLOGICAL SITE OF PRATA, MINAS GERAIS, BRAZIL
THIAGO DA SILVA MARINHO
Museu de Minerais e Rochas, IG/UFU, MG, tsmarinho@uol.com.br

CARLOS ROBERTO DOS ANJOS CANDEIRO*


Depto. Geologia, IGEO/UFRJ, RJ, candeiro@yahoo.com.br

EMERSON C. OLIVEIRA & JORGE A. C. ALBUQUERQUE


Curso de Cincias Biolgicas, UNIT, MG, emersoncarlosdeoliveira@yahoo.com.br, albuquerquejc@yahoo.com.br

The Paleontological Site of Prata (PSP) is situated at the extreme west of the state of Minas Gerais, a region known as Tringulo Mineiro. The fossiliferous outcrops of PSP are composed by reddish sandstone of the Bauru Basin, Adamantina Formation (Turonian-Santonian), deposited in a fluvial-lacustrine semi-arid environment. Field works carried out during 2003 has provided some new dinosaur remains. From the material collected, it could be identified Sauropoda and Theropoda remains. Amongst the titanosaurid remains collected, there was a well preserved but fragmented cervical rib, that can be associated to Titanosauridae due the synapomorphic pneumatic cavities [Wilson, J.A. & Sereno, P.C. 1998. Journal of Vertbrate Paleontology, 18(2):1-67]. A caudal vertebrae was also associated to Titanosauridae due to its highly procoelic condition and the synapomorphic ball and socket articular faces [Salgado, L. et al. 1997. Ameghiniana, 34(1):3-32]. Some very fragmented sauropod dorsal ribs were identified as well. The theropod remains collected were four isolated teeth. One of the teeth collected was associated to Carcharodontosauridae, due to the characteristic enamel wrinkles; another highly lateral compressed tooth was associated to Abelisauridae; the other two teeth collected were attributed to Theropoda indet. due the lack of diagnostic features. The material quoted here is housed at the Museu de Minerais e Rochas, Instituto de Geografia of Universidade Federal de Uberlndia. [*Bolsista CAPES] OCORRNCIA DE THEROPODA NO GRUPO ITAPECURU DA LOCALIDADE DE COROAT, CENTRO-LESTE DO MARANHO
LEONARDO LIMA RIBEIRO, HELOISA MARIA MORAES-SANTOS
Coord. de Pesquisa e Ps-Graduao, MPEG, PA, ribeiroll@yahoo.com.br, hmoraes@museu-goeldi.br

MANUEL ALFREDO MEDEIROS


Depto. de Biologia , UFMA, MA, alf@elo.com.br

O registro de dinossauros bem conhecido na borda norte da Bacia de So Lus-Graja, particularmente na localidade da Ilha do Cajual, onde ocorrem em associao com depsitos residuais transgressivos atribudos ao Albiano Superior-Eocenomaniano. Neste trabalho, estende-se a distribuio paleogeogrfica de dinossauros a, aproximadamente, 300 km ao sul da Bacia de So Lus-Graja, em afloramentos ao longo do rio Itapecuru. Os fsseis que serviram de base para este estudo foram resgatados na localidade de Santo Esdio, municpio de Coroat, e consistem de 29 dentes de Dinosauria. Os dentes identificados foram atribudos a Theropoda indeterminado e a dois txons gondunicos: subfamlia Spinosaurinae e Carcharodontosaurus sp. O material atribudo a Theropoda inclui 12 dentes, atribudos preliminarmente a sete txons diferentes. A subfamlia Spinosaurinae est representada por 14 dentes fragmentados. Estes apresentam, alm de caractersticas diagnsticas da famlia Spinosauridae, a ausncia de serrilhaes nas carenas, aspecto caracterstico da subfamlia Spinosaurinae. O gnero Spinosaurus tpico do norte da frica, com ocorrncia desde o BarremianoAptiano at o TuronianoSantoniano [Jacobs, L.L. et al 1996. Memoirs of the Queensland Museum, 39(3):595-610]. No Brasil, esta subfamlia representada pelos gneros Spinosaurus, da Bacia de So Lus e Angaturama e Irritator, ambos encontrados no Mesoalbiano da Bacia do Araripe. O gnero Carcharodontosaurus foi definido com base em trs dentes. Em nenhum destes a poro apical foi preservada, embora o molde de um exemplar revele sua forma. O esmalte caracteristicamente ornamentado com dobras sobre os lados das carenas que se estendem atravs da coroa, formando ondulaes transversas. Este gnero de ocorrncia tpica entre o Aptiano e Cenomaniano no norte da frica, alm de ocorrer tambm em depsitos correlatos no norte do Maranho. A famlia Carcharodontosauridae est ainda representada no continente sul-americano pelo gnero Giganotosaurus na Argentina e Carcharodontosaurus ou Giganotosaurus no Brasil. Os depsitos cretceos da regio de Coroat foram preliminarmente atribudos ao Eo-Mesoalbiano com base em dados palinolgicos. Caso a idade eo-mesoabiana se confirme, ento este seria o registro sul-americano mais antigo para ambas as famlias.

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A MAIS ANTIGA SERPENTE (ANILIOIDEA) BRASILEIRA: CRETCEO SUPERIOR DO GRUPO BAURU, GENERAL SALGAGO, SP
HUSSAM EL DINE ZAHER
Museu de Zoologia, USP, SP

MAX CARDOSO LANGER


Depto. Biologia, FFCLRP, USP/Ribeiro Preto, SP

EMMANUEL FARA
Laboratoire de Palontologie Humaine, Universit de Poitiers, Poitiers, Frana

ISMAR DE SOUZA CARVALHO


Depto. Geologia, UFRJ, RJ

JOO TADEU ARRUDA


General Salgado, SP

O registro de serpentes fsseis inconspcuo no Brasil, tendo se restringido Era Cenozica. Reporta-se aqui a descoberta da mais antiga serpente brasileira, que estende para o Mesozico (mais especificamente para o Cretceo superior) a ocorrncia do grupo no pas. Os fsseis em questo foram coletado nos nveis superiores da Formao Adamantina/Vale do Rio do Peixe (Grupo Bauru) na regio do vale do Ribeiro Buriti, sudeste do distrito de Prudncio e Morais, municpio de General Salgado (noroeste do Estado de So Paulo). O material compe-se de duas sries vertebrais articuladas, uma com sete (e com algumas costelas fragmentrias articuladas) e outra com trs vrtebras, alm de duas vrtebras isoladas e fragmentos de costelas, bem como de outras duas vrtebras. Todos elementos so representativos da poro mdio-posterior da srie truncal e foram encontrados prximos entre si, o que sugere terem pertencido ao mesmo indivduo. Os corpos vertebrais tm aspecto geral deprimido: o arco neural achatado dorso-ventralmente, o espinho neural reduzido, a barra do zigsfeno fina e as sinapfises divididas em di- e parapfises. Tais caractersticas so tpicas do grupo dos Anilioidea, que tradicionalmente abrange as formas recentes Anilius, Cylindrophis e Anomochilus (todos gneros monotpicos), bem como a irradiao dos uropeltneos, constituda por oito gneros endmicos da ndia e do Sri Lanka. Anilius o nico aniliideo do Novo Mundo, ocorrendo em toda a bacia amaznica. As inter-relaes filogenticas do grupo no se encontram bem resolvidas, e mesmo o monofiletismo de Anilioidea questionado por alguns autores. Cinco gneros fsseis foram descritos para o grupo, e todos alocados na famlia Aniliidae: (i) Coniophis, do Campaniano do Canad, Albiano/Cenomaniano? Maastrichtiano-Eoceno dos EUA, Maastrichtiano-Paleoceno da Amrica do Sul, Eoceno da Frana e Paleoceno-Eoceno do norte da frica; (ii) Hoffstetterella, do Paleoceno da Amrica do Sul; (iii) Eoanilius, do Eoceno-Mioceno da Europa ocidental; (iv) Colombophis, do Mioceno da Amrica do Sul; e (v) Michauxophis, do Plioceno da Europa ocidental. Destes, apenas Hoffstetterella brasiliensis ocorre no Brasil, tendo sido descrita para o Paleoceno de Itabora. A alocao destes fsseis na famlia Aniliidae incerta, no sendo sustentada por nenhum carter vertebral derivado exclusivo. De qualquer forma, a nova serpente aqui noticiada possui morfologia vertebral distinta da dos demais aniliideos conhecidos, sugerindo que este se constitua em um novo txon para o grupo. NOVOS QUELNIOS FSSEIS PROVENIENTES DO STIO PALEONTOLGICO DE PEIRPOLIS UBERABA, MINAS GERAIS
ALEXANDRE ANTNIO DOS SANTOS
FUMESU, Faculdade de Educao de Uberaba, Museu dos Dinossauros, Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price, MG, titanossauropeiro@bol.com.br

Engana-se quem pensa que Uberaba conhecida somente como a Capital do Zebu. No municpio est um dos maiores e mais significativos stios paleontolgicos do Cretceo brasileiro. Com registros fsseis datados entre 72 a 65 milhes de anos de idade, o stio foi descoberto em 1945, quando trabalhadores da Companhia Mogiana descobriram fragmentos sseos fossilizados a 25 km a norte da cidade de Uberaba. Atualmente, as escavaes so realizadas entre os meses de junho a novembro na serra do Veadinho, distante 1,5 km de Peirpolis. Vale ressaltar que o nvel fossilfero est inserido em rochas da Formao Marlia. A coleta de 2003 tem-se mostrado como uma das mais promissoras dos ltimos anos. Em um curto tempo, foi encontrada grande quantidade de fsseis constitudos de dentes, cascas de ovos, ossos de dinossauros e conchas de bivalves. Contudo, os materiais mais comuns foram restos de quelnios, dentre estes: costelas, fragmentos de carapaa e plastro, escpulas e elementos sseos ainda no identificados. Todos estes materiais estavam associados a um depsito de fluxo lamoso bastante viscoso, com fsseis em posio perpendicular e oblqua em relao aos estratos sub-horizontais. Achados de quelnios na localidade so conhecidos desde meados de 1950, sendo que em 1995 foi encontrado um espcime quase completo com cerca de 60% de todos os

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elementos preservados (material tombado pelo Centro Price com o n CPP 252). Anlises e estudos de detalhe devero apontar novos txons, dado s diferentes caractersticas morfolgicas apresentadas pelos espcimes que, em conjunto com o restante da biota, fornecero subsdios para um melhor entendimento dos aspectos evolutivos do final do Cretceo. BIOGEOGRAFIA DOS PELOMEDUSIDES (TESTUDINES: PLEURODIRA) BASEADA EM PADRES DE VICARINCIA
PEDRO SEYFERTH R. ROMANO *
Depto. de Geologia e Paleontologia, Museu Nacional / UFRJ, RJ, promano@mn.ufrj.br

LEONARDO S. AVILLA **
Depto. de Vertebrados, Museu Nacional/UFRJ; Lab. de Macrofsseis, IGEO/UFRJ, RJ, lavilla@compuland.com.br

Os pelomedusides so tartarugas principalmente continentais representadas por cinco gneros atuais e diversos fsseis, de distribuio pangondunica (com excees na Laursia: Shweboemys, Stereogenys, Neochelys e Bothremydidae). Recentemente, a idia de que a fragmentao do Gondwana tenha determinado a segregao das linhagens de pelomedusides foi questionada. [Noonan, B. P. 2000. Journal of Biogeography, 27:1245-1249] Baseando-se em anlises cladsticas morfolgicas [Meylan, P.A. 1996. Journal of Vertebrate Paleontology, 16(1):20-33] e moleculares, Noonan concluiu que a distribuio das formas atuais corresponderia a relitos de uma distribuio panpangica. Analisando as mesmas hipteses cladsticas, constatamos um padro biogeogrfico para os pelomedusides concordante com os eventos de vicarincia ocorridos na fragmentao do Gondwana. Exclumos dessa anlise os grupos considerados marinhos (Bothremydidae, Shweboemys e Stereogenys), pois as barreiras extrnsecas consideradas para grupos continentais (oceanos) no segregariam essas formas. Essa excluso no interferiu na anlise, pois estas tartarugas marinhas correspondem a linhagens monofilticas. O primeiro evento de vicarincia considerado foi o isolamento da Austrlia/Nova Zelndia (Gondwana leste), estando, provavelmente, relacionado origem dos pelomedusides que se distribuem a oeste do Gondwana (Madagascar, Seychelles, frica e Amrica do Sul). Araripemydidae apresenta um padro observado em diversos grupos de vertebrados, indicando uma provncia biogeogrfica que incluiria o nordeste da Amrica do Sul e o noroeste da frica, durante o Cretceo inferior. Os Pelomedusidae (Pelusios e Pelomedusa) teriam surgido tambm neste momento, representando outra provncia biogeogrfica do Gondwana oeste, composta pela frica sub-saariana, por Madagascar e por Seychelles. O isolamento da frica (Cretceo superior) proporcionou a origem dos Podocnemididae (sensu Broin, 2000) ao sul das massas continentais sul-americana, malgaxe e indiana (+ Seychelles). Estas formas teriam dispersado-se ao norte [Pritchard, P.C.H. 1984. Studia Geolgica Salmanticensia, v. 1 (Studia paleocheloniologica 1):225-233] ocupando a Amrica do Sul (Peltocephalus, Podocnemis, Bauruemys e Roxochelys) e Madagascar (Erymnochelys). Neochelys teria alcanado a Europa durante a juno dessa com a frica no Eoceno inferior. Explica-se a ocorrncia de fsseis de Erymnochelys no Mioceno do Zaire, a uma disperso tardia para o continente africano, esse padro observado em diversos grupos de vertebrados com distribuio continua entre Madagascar e frica continental. [*Bolsista CNPq/PIBIC/UFRJ; **Bolsista de doutorado CAPES] ESTUDO DOS PROBOSCIDEA (MAMMALIA) DO PLEISTOCENO DO RIO GRANDE DO SUL
GABRIELLI TERESA GADENS MARCON & SIMONE BAECKER FAUTH
Depto. Cincias Biolgicas, URI/FW, RS, gabigadens@hotmail.com, sbfauth@hotmail.com

ANA MARIA RIBEIRO


Depto. Paleontologia, MCN/FZB, RS, amr@plugin.com.br

O grupo dos proboscdeos est representado, na Amrica do Sul, pelos gonfoterdeos bunodontes, pertencentes aos gneros Cuvieronius e Stegomastodon. O gnero Cuvieronius dispersou-se pela Amrica do Sul entre o Neo-Plioceno e o Eo-Pleistoceno, atravs de um corredor de savana de altitude, conhecido como rota dos Andes. Este gnero inclui uma s espcie sul-americana, Cuvieronius hyodon, que se registra desde o norte do Equador at o sul do Chile, parecendo tratar-se de uma forma de clima temperado-frio. J o gnero Stegomastodon, migrou para a Amrica do Sul, entre o Meso e o Neo-Pleistoceno, atravs de um corredor de savana de plancie, conhecido por rota do Leste. Este gnero, inclui duas espcies sul-americanas, Stegomastodon waringi e Stegomastodon platensis, estando registrado desde a Venezuela, Equador e Brasil at os pampas da Argentina e Uruguai e, possivelmente, no Paraguai, parecendo estar mais bem adaptado a

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zonas de clima temperado-quente. O registro fssil, da Ordem Proboscidea, para o Rio Grande do Sul, inclui, atualmente, as duas espcies atribudas ao gnero Stegomastodon. Com exceo dos fsseis encontrados em Uruguaiana, os quais so atribudos espcie Stegomastodon platensis, todos os demais so atribudos espcie Stegomastodon waringi. O primeiro registro de fsseis de proboscdeos no Estado do Rio Grande do Sul data do ano de 1936, quando fragmentos de ossos e dentes foram encontrados no municpio de Ira (atualmente municpio de Vicente Dutra). Dessa data em diante, foram registradas ocorrncias de fsseis de proboscdeos nos municpios de Osrio, Uruguaiana, Dom Pedrito, Santa Vitria do Palmar, Rosrio do Sul e, mais recentemente, em Itaqui e Pantano Grande. O presente trabalho d incio a um estudo detalhado que visa, preliminarmente, o levantamento das localidades do Estado onde foi registrada a ocorrncia de fsseis de proboscdeos. Este levantamento permitir o mapeamento da distribuio paleobiogeogrfica desses megaherbvoros durante o Pleistoceno, no Estado. Posteriormente, o material j recuperado ser revisado, a fim de verificar se realmente ambas as espcies estiveram aqui presentes ou trata-se apenas de um caso de sinonmia. NOVOS MATERIAIS DE MAMFEROS DO PLEISTOCENO DE PNTANO GRANDE, RS, BRASIL RESULTADOS PRELIMINARES
CAROLINA SALDANHA SCHERER
Curso de Cincias Biolgicas, Depto. de Biologia, UFSM, RS, carolinabio@mail.ufsm.br

TILA AUGUSTO STOCK DA ROSA


Lab. de Estratigrafia e Paleobiologia, Depto. Geocincias, UFSM, RS, atiladarosa@yahoo.com

LEOPOLDO WITECK NETO


Colgio Agrcola, UFSM, RS

MARTIN UBILLA
Facultad de Ciencias, Universidad de la Repblica, Uruguay, ubilla@fc.edu.uy

PEDRO LUCAS PORCELA AURLIO


Laboratrio de EstratigrafIa e Paleobiologia, Depto. Geocincias, UFSM, RS

Novas coletas foram realizadas no afloramento Sanga dos Borba, municpio de Pantano Grande, RS, como parte de um projeto de pesquisa em andamento desde 2001. Vrios foram os achados anteriores no presente afloramento, evidenciando a abundncia e diversidade deste jazigo fossilfero. Entre os novos materiais encontrados, podem-se citar dentes de Milodontidae (UFSM 11208); fragmentos de dentes de Toxodon cf. T. platensis (UFSM 11206); osteodermas de Gliptodon sp. (UFSM 11207) e Panochthus sp. (UFSM 11210). Alm deste material, j mencionado em trabalhos anteriores, foi encontrado, pela primeira vez nesta localidade, um dente caniniforme de um representante da ordem Carnivora, provavelmente da famlia Ursidae (UFSM 11204) e uma placa ssea de Pampatherium sp. (UFSM 11205). A presena de carnvoros em depsitos pleistocnicos do RS muito rara, trazendo importantes consideraes paleoecolgicas para os elementos estudados. Tambm o primeiro registro do gnero Pampatherium neste depsito, com um registro ainda escasso no interior do Estado. Juntamente com a presena do gnero Gliptodon, estes novos materiais corroboram a idade proposta em trabalhos anteriores, Lujanense, alm de ambos serem indicadores de paisagens abertas. Portanto, uma anlise mais detalhada deste material trar grande contribuio para o estudo do Pleistoceno do Rio Grande do Sul.

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LEVANTAMENTO DAS OCORRNCIAS DOS FSSEIS DE MEGAFAUNA PLEISTOCNICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO


FABIANA MARINHO DA SILVA
Depto. Biologia/UFRPE, PE, fabirk@yahoo.com.br

ALCINA M. FRANCA BARRETO


Depto. Geologia, CTG/UFPE, PE, alcina@ufpe.br

FABRCIO BEZERRA DE S
Depto. Morfologia e Fisiologia Animal/UFRPE, PE, crleucas@yahoo.com

ANA CAROLINA BORGES LINS E SILVA


Depto. Biologia, UFRPE, PE, anacbls@elogica.com.br

O objetivo deste trabalho o mapeamento das ocorrncias dos fsseis de megafauna no Estado de Pernambuco, baseando-se no levantamento bibliogrfico sobre o assunto, feito em bibliotecas das universidades, faculdades do interior do Estado, arquivos das prefeituras e jornais. Elaborou-se um mapa de localizao das ocorrncias e uma listagem com a classificao e os aspectos ecolgicos da megafauna de Pernambuco. Os fsseis esto distribudos no Agreste e no Serto do Estado, incluindo as cidades de Pesqueira, Petrolndia, Santa Cruz do Capibaribe, Panelas, Salgueiro, Toritama, Surubim, Bom Jardim, Garanhuns, Brejo da Madre de Deus, Arcoverde, Jatob, Afogados da Ingazeira, Cabrob, Petrolina, Afrnio, Dormentes, Venturosa e Itaba. As ocorrncias esto relacionadas a depsitos de cacimbas e a tufos calcrios. As ordens encontradas foram Xenarthra, Notoungulata, Proboscidea, Perissodactyla, Litopterna, Artiodactyla e Carnivora. Os gneros e espcies no Estado so: Megatherium americanum Cuvier, 1800, Eremotherium laurillardi Cartelle e Bohrquez, 1982, E. lund Paula-Couto, 1954, Pampatherium humboldti, Mylodon Owen, 1840, Panochthus tuberculatus Burmeister, 1866, P. greslebini Castellanos, 1941, Cuvieronius humboldtii (Cuvier, 1806) Osborn, 1923, Haplomastodon waringi Holland, 1920, Toxodon platensis Owen, 1840, Hippocamelus, Macrauchenia patachonica Owen, 1840, Equus, Hippidion Owen, 1869, Trigodonops, Glyptodon, Paleolama, Smilodon populator Lund, 1842 e Xenorhinotherium bahiense Cartelle e Lessa, 1988. O grande nmero de ocorrncia desses fsseis em Pernambuco sugere que, durante o Pleistoceno, a regio apresentava um clima favorvel sobrevivncia de mamferos gigantes, em grande parte herbvoros, e que o Estado apresenta um grande potencial paleontolgico para estudos posteriores, baseados em aspectos tafonmicos, paleoecolgicos, geocronolgicos e paleoambientais. NOVOS TXONS PLEISTOCNICOS ENCONTRADOS NA FAZENDA ELEFANTE, GARARU, SERGIPE
MRIO ANDR TRINDADE-DANTAS
Lab. de Paleontologia, DBI/UFS, SE, matdantas@bol.com.br

Foram descobertos em uma cacimba, localizada na Fazenda Elefante (Gararu, coordenadas 370533W e 10 0039S), restos da megafauna pleistocnica, pertencentes a Eremotherium laurillardi, Stegomastodon waringi, Smilodon sp., Scelidodon sp. e Toxodon sp. [Dantas, M. A. T. et al. 2003. XVIII CONGR. BRAS. PALEONT. Boletim de Resumos, p. 115]. Novas coletas foram realizadas na mesma cacimba e novos txons identificados, entre eles mamferos da subfamlia Equinae, do gnero Glossotherium, e da espcie Palaeolama major, e rpteis da subordem Ophidia e do gnero Geochelone. Todo o material coletado encontra-se muito fragmentado, devido ao manuseio da populao local, que retirou os fsseis do fundo da cacimba para aumentar a capacidade de reteno de gua da mesma. No laboratrio, as peas foram lavadas, coladas, numeradas e identificadas, com o auxilio da bibliografia especializada disponvel. Glossotherium sp. foi identificado a partir de um molariforme, provavelmente o primeiro molar superior; Palaeolama major, por um fragmento da epfise distal do metacarpo III-IV; Equinae indeterminado, a partir de uma epfise distal do metatarso III e de uma falange proximal; Geochelone, a partir de um fmur direito, da epfise proximal do mero direito e de vrias placas da carapaa; e a subordem Ophidia, por uma vrtebra completa, em excelente estado de conservao. A descoberta desses animais amplia o conhecimento sobre a distribuio da megafauna no nordeste do Brasil e permite inferir que est rea deveria possuir um ambiente de vegetao tpica de cerrado ou de savana.

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NOVOS REGISTROS DE XENARTHRA (MAMMALIA:EUTHERIA) NA FAZENDA ACAU, MUNICPIO DE RUI BARBOSA, RN


KLEBERSON DE OLIVEIRA PORPINO
Departamento de Cincias Biolgicas, FANAT/UERN, RN, kporpino@bol.com.br

MARIA DE FTIMA CAVALCANTE FERREIRA DOS SANTOS


Museu Cmara Cascudo, UFRN, RN, mfatima@ufrnet.br

Os Xenarthra constituem um grupo de larga ocorrncia em depsitos fossilferos do Quaternrio do Nordeste do Brasil, compreendendo diversas espcies autctones extintas integrantes da megafauna do Pleistoceno final-Holoceno do territrio intertropical brasileiro. No Rio Grande do Norte, citaes prvias incluem: Tolypeutes sp., Holmesina paulacoutoi, Panochthus greslebini, Panochthus jaguaribensis, Eremotherium laurillardi e Glyptodon reticulatus. O material analisado na presente contribuio compreende osteodermos de carapaa isolados, 01 metacarpo e falanges, que se encontram depositados no acervo do Museu Cmara Cascudo em Natal-RN. As peas so oriundas de um tanque situado na localidade de fazenda Acau, municpio de Rui Barbosa. O depsito consiste em uma depresso de aproximadamente 35 m em seu comprimento maior e est inserido em afloramentos de xisto da Faixa Serid. O preenchimento sedimentar compreende uma seqncia de trs camadas, das quais a intermediria corresponde a uma brecha ssea, onde foram coletadas peas esqueletais de mamferos da megafauna pleistocnica (Proboscidea, Toxodontidae, Megatheriidae e Glyptodontidae) associadas a outros grupos com representantes de menor porte (Dasypodidae e Cervidae). Aps anlise das peas anteriormente referidas, foram identificados dois novos txons sem ocorrncias anteriores para o Rio Grande do Norte, os quais constituem o objeto desta comunicao: Ocnotherium giganteum e Hoplophorus euphractus. O primeiro, um Lestodontinae e o segundo, um Hoplophorinae, ambos considerados autctones, apresentam registros prvios at ento restritos aos estados de Minas Gerais e Bahia, no primeiro caso, e Minas Gerais, Bahia e, possivelmente, Piau, no caso de H. euphractus [Cartelle,C. 1999.In: Heisenberg, J.F. & Redford, K.R. (eds.), Mammals of the Neotropics, The University of Chicago Press, v. 3, p. 27-46]. Do ponto de vista paleobiogeogrfico, portanto, a distribuio dos referidos txons ampliada, o que contribui para corroborar a hiptese de que, considerando variaes locais, havia durante o Pleistoceno final-Holoceno uma homogeneidade com relao a mastofauna do Brasil Intertropical. A OCORRNCIA DE NOTHROTHERIUM (MAMMALIA: EDENTATA) EM PAINS (MG): UM FSSIL PERDIDO PELA BUROCRACIA?
LEONARDO MORATO
Unicentro Izabela Hendrix, MG, gepaleo@yahoo.com.br

MARCOS CRISTVO BAPTISTA


UFMG, IGC, Departamento de Geologia, MG, imvirtus@yahoo.com.br

LUCIANO EMERICH FARIA


Grupo de Extenso e Pesquisas Espeleolgicas Guano Speleo, UFMG/IGC, MG, luemfa@hotmail.com

Registra-se aqui a ocorrncia de fssil de preguia terrcola, provavelmente Nothrotherium cf. maquinense (Lund) (Mammalia: Edentata) do Pleistoceno-Holoceno, no municpio de Pains (MG), que se soma descoberta de um esqueleto parcial de Stegomastodon waringi (Holland) do mesmo municpio, mas em outra cavidade, em 1998. O fssil foi encontrado durante trabalhos de consultoria espeleolgica para a Minerao Solo Frtil, em uma pequena reentrncia na rocha calcria em rea de mata fechada. A cavidade possui morfologia de conduto horizontal, teto baixo (at 80 cm de altura) e desenvolvimento descendente de cerca de 3 m. Na entrada ocorria aporte de material terrgeno com matria orgnica, associado com blocos e mataces de calcrio por toda a cavidade. Os ossos se encontravam no fundo da reentrncia, assentados sobre sedimentos terrgenos inconsolidados, onde foi possvel identificar um crnio parcialmente preservado e dois ossos longos. Na ocasio do achado, foi tirada uma fotografia com cmera compacta, resultando em uma imagem fora de foco, em funo das limitaes de espao na cavidade. Esta a nica prova da ocorrncia dessa preguia. Em uma rpida averiguao de campo, realizada no incio de novembro de 2003, o fssil no foi encontrado; passou-se mais de um ano entre a descoberta, a identificao (pela fotografia), a comunicao com pesquisadores interessados no resgate e a obteno de permisses para a escavao (que ainda no saram). As condies do ambiente em campo, hoje, so diferentes, tornando a identificao da cavidade difcil, e o fssil pode at ter sido destrudo ou soterrado nas ltimas chuvas.

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CINGULATA (MAMMALIA/XENARTHRA) DA COLEO CIENTIFICA DE PALEONTOLOGIA DO MUSEU DE CINCIAS NATURAIS DA FZB/RS


VANESSA GREGIS PITANA* & ANA MARIA RIBEIRO
Setor de Paleontologia, MCN/FZBRS, vanessagregispitana@yahoo.com.br, amr@plug-in.com.br

Foi iniciado, no segundo semestre de 2003, um trabalho de curadoria que consiste na catalogao, na identificao e no acondicionamento de material fssil da Coleo de Paleovertebrados do MCN/FZBRS. At o momento, trabalhou-se apenas com o grupo Xenarthra/Cingulata. O material consiste, na sua maior parte, em osteodermos (cerca de 1.500 espcimes) provenientes de localidades pleistocnicas do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio de Janeiro e apenas uma localidade paleocnica (Bacia de Itabora) do RJ. Puderam ser identificados e/ou acondicionados at ento os seguintes txons: Glyptodontidae: cf. Chlamydotherium sellowii (Lund, 1840), Doedicurus sp. Burmeister, 1874, Glyptodon clavipes Owen, 1838, Glyptodon reticulatus Owen, 1845, Neothoracophorus elevatus Nodot, 1857, cf. Neothoracophorus depressus Ameghino, 1881, cf. Neuryurus rudis Ameghino, 1889, Panochthus sp. Burmeister, 1872. Pampatheriidae: Pampatherium humboldti (Lund) Ameghino, 1875, cf. Pampatherium typum Ameghino, 1875, Holmesina paulacoutoi (Cartelle e Bohrquez, 1985), Dasypodidae: Dasypodinae, Astegotheriini: Riostegotherium yanei Oliveira & Bergqvist, 1998, Dasipodini: Propraopus grandis Ameghino, 1881, Propraopus punctatus (Lund, 1839) e Euphractini: Euphractus sexcinctus (Linn, 1758) Wagler, 1830. Alguns espcimes provenientes da Plancie Costeira do RS foram atribudos tentativamente a Neuryurus rudis, Neothoracophorus depressus e P. typum, txons conhecidos para a fauna de Idade-Mamfero Lujanense na Argentina. Caso essa identificao seja confirmada, aps estudo mais detalhado, ser o primeiro registro para o Estado. A fauna encontrada em diversas localidades pleistocnicas do RS indica uma idade-mamfero Lujanense, logo, a presena de N. elevatus [Oliveira, E.V. 1996 Ameghiniana, 33(1):65-75] amplia sua distribuio temporal, pois, sua ocorrncia registrada apenas na fauna do Ensenadense na Argentina [Carlini, A. A. & Scillato-Yan, G. 1999 Quaternary of South America and Antarctic Peninsula, 12: 149-175]. E. sexcinctus registrado pela primeira vez no Pleistoceno do RS.[*Bolsista BIC-CNPq] COMPARAO ENTRE AS FAUNAS-LOCAIS DE TANQUES FOSSILFEROS DO RIO GRANDE DO NORTE, PARABA E CEAR, UTILIZANDO O COEFICIENTE DE SIMILARIDADE DE DICE
PATRCIA DA CUNHA SOUSA, NANCY DE FTIMA CHAVES RGO* & KLEBERSON DE OLIVEIRA PORPINO
Departamento de Cincias Biolgicas, FANAT/UERN, RN, paty_bio13@yahoo.com.br, nancydefatima@hotmail.com.br, kporpino@bol.com.br

Os tanques so depresses naturais de tamanho e forma variveis, encontradas principalmente encaixadas nas rochas do embasamento e preenchidas por sedimentos. Merecem destaque por constiturem jazigos de fsseis de mamferos do Pleistoceno final-Holoceno, cujos restos se encontram, com raras excees, sob a forma de fragmentos sseos, dentes e elementos esqueletais isolados. O objetivo deste trabalho realizar comparaes entre dois tanques do Rio Grande do Norte (Lagoa do Santo, municpio de Currais Novos e Lgea Formosa, municpio de So Rafael) e depsitos anlogos da Paraba (Campina Grande e Tapero) e Cear (Itapipoca), no tocante composio taxonmica, a partir de dados coletados em publicaes prvias. Para a estimativa da semelhana entre os depsitos considerados, foi utilizado o software PAST para o clculo do coeficiente de similaridade de Dice, representado pela formula [2M/(2M+N)], onde M o nmero de txons coincidentes e N o nmero total de txons presentes apenas em um nico depsito. O valor 1 indica mxima semelhana. Foi encontrada uma maior similaridade entre o tanque de Tapero e Campina Grande (= 0,78) seguido por Lagoa do Santo e Tapero (= 0,7), Lagoa do Santo e Campina Grande (= 0,6) e Lagoa do Santo e Lgea Formosa (= 0,6). Itapipoca, com uma nica exceo, apresentou ndices de similaridade menores em relao aos tanques paraibanos e norteriograndenses do que estes entre si. Lgea Formosa e Itapipoca apresentam o menor ndice (= 0,3). Percebe-se que os ndices maiores correspondem s localidades mais prximas, em termos geogrficos, o que pode indicar comunidades mais homogneas, em termos de diversidade taxonmica, na rea de abrangncia das referidas localidades. No entanto, considerando-se, entre outros fatores, a possibilidade de tendencionamentos tafonmicos, so necessrias anlises mais abrangentes, incluindo outros tipos de depsitos, como cavernas e ravinas, para a proposio de inferncias mais consistentes. [*Bolsista PRODEPE/UERN]

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LEVANTAMENTO GEOLGICO, ARQUEOLGICO E PALEONTOLGICO DO RIO GRANDE DO NORTE


ALLANY DE PAULA UCHA ANDRADE*
Depto. de Geologia, DG/UFRN, RN, doprecambriano@ig.com.br

O presente trabalho visou um levantamento cientfico e bibliogrfico geral da geologia, arqueologia e paleontologia do Estado do Rio Grande do Norte. Este levantamento aborda, de forma sucinta, dados de sua geologia regional, onde esto inclusos: o embasamento gnissico-migmattico (ou Complexo Caic), o Grupo Serid e a Bacia Potiguar. Rene, ainda, informaes a respeito dos principais stios arqueolgicos potiguares, que contm registros rupestres pinturas e gravuras indicativos da presena humana no RN pr-histrico. Tais pinturas e gravuras esto agrupadas em tradies, que podem ser separadas cronologicamente pela simbologia dos registros rupestres deixados nas rochas: Tradio Nordeste, Tradio Agreste e Tradio Itaquatiara (ou das Iaquatiaras), todas elas ocorrendo no Estado. No contexto paleontolgico, enfatiza os fsseis da megafauna pleistocnica, encontrados junto aos sedimentos imaturos, dentro de tanques, em terrenos cristalinos. Apresentam-se, aqui, as principais ocorrncias fossilferas no Estado desses animais de grande porte j publicadas na literatura, como os gneros Pampatherium, Xenorhitherium, Glyptodon, Enemotherium, Toxodon, Paleolama, Panochthus, Smilodon, Morenelaphus, Protocyon, Megatherium, Glossotherium, Stegomastodon, Curvieronius, Haplomastodon, Hydrocherus, e alguns da famlia Equidae. [*Bolsista PPGeo/ UFRN] EVOLUO DOS HOMINDEOS AMERICANOS: ESTADO DA ARTE DAS LINHAS DE PESQUISA SOBRE ROTAS MIGRATRIAS E POVOAMENTO DAS AMRICAS
HELBERT MEDEIROS PRADO & RENATO PIRANI GHILARDI*
Depto. Biologia, FC/UNESP, Bauru, SP

J no sculo XIX, Peter Lund, o pai da paleontologia brasileira, atentava para o fato de os mais antigos homindeos brasileiros serem morfologicamente distintos dos ndios atuais. De fato, o povoamento das Amricas, inclusive do Brasil, sempre foi motivo de controvrsia no meio acadmico. Propostas antigas sobre rotas de entrada dos primeiros homindeos americanos esto paulatinamente sendo substitudas por complexas teorias migratrias apenas compreendidas quando estudadas de maneira multidisciplinar. Assim sendo, imprescindvel a anlise em conjunto das modernas teorias arqueolgicas, lingsticas, morfolgicas e genticas para a melhor compreenso da entrada do gnero Homo nas Amricas. Este resumo tem como proposta compilar e organizar as modernas teorias sobre este assunto. Para isto, foram utilizados sites de busca, como o do SIB da USP, alm de contatos diretos com pesquisadores e com centros de pesquisa. Os resultados mostram que a passagem pelo Estreito de Behring, durante o perodo pleistocnico glacial Wrm, h cerca de 12.000 anos, foi preferencialmente considerada como a rota principal e nica de entrada na Amrica. Os fsseis de homindeos, a Arqueologia e os estudos genticos demonstravam que os primeiros americanos estavam nos EUA j h 11.000 anos e, no Chile, h 7.000 anos. Contudo, recentes dataes geoqumicas em fsseis de Lagoa Santa (Minas Gerais, Brasil) registram uma idade de 12.000 anos para os primeiros brasileiros. Adicionalmente, a morfologia destes, como previamente indicado por Lund, indica feies negrides, o que contrasta com os ndios americanos atuais, todos descendentes de estoques gnicos de populaes asiticas. Desta maneira, a proposta atual de colonizao americana pressupe a entrada de, ao menos, dois estoques biolgicos distintos em nosso continente. A rota pelo Estreito de Behring ainda a mais aceita. Entretanto, estudos paleoparasitolgicos e arqueolgicos em stios na Serra da Capivara, Piau, Brasil, registram provvel presena humana em idades superiores h 20 mil anos, perodo no qual a passagem pelo hemisfrio norte estava inacessvel. Aventa-se, assim, a suposio de que os primeiros homindeos possam ter chegado em nosso continente por via martima pacfica ou, at mesmo, atlntica. [Depto. Geologia Sedimentar e Ambiental, IGc/USP, So Paulo, SP]

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Tafonomia

TAFONOMIA DOS VEGETAIS DA FORMAO FURNAS (EODEVONIANO), BACIA DO PARAN, ESTADO DO PARAN*
ROBSON TADEU BOLZON, INS AZEVEDO
Depto. de Geologia, SCT/UFPR, bolzonrt@ufpr.br , iaze@zaz.com.br

LUCIANO GANDIN MACHADO**


Curso de Biologia, UFPR

NATALIA DE OLIVEIRA ARATO


Curso de Geologia, UFPR

Os fsseis vegetais que ocorrem na Formao Furnas (Eodevoniano, Bacia do Paran) esto, estratigraficamente, situados no intervalo interpretado como paleoambiente marinho costeiro sujeito ao de ondas normais e de tempestades. Neste trabalho, so apresentados os resultados obtidos na anlise dos afloramentos Carambe e Pisa. O afloramento Carambe est localizado na rodovia PR-151, entre Ponta Grossa e Carambe, e o afloramento Pisa, no ramal ferrovirio da empresa PISA (Papel de Imprensa SA), em Jaguariava. O intervalo fossilfero no primeiro afloramento de aproximadamente 0,7 m de espessura e no segundo, 1,8 m. A anlise tafonmica incluiu: a integridade e a seleo dos fragmentos fsseis; a organizao, a orientao e a concentrao das associaes; o empacotamento e a estrutura interna das concentraes; e a qualidade e o modo de fossilizao. Os vegetais pertencentes, em especial, Diviso Rhyniophyta, ocorrem preservados principalmente como impresses e so representados por eixos dicotmicos e, s vezes, com esporngios terminais. As associaes fsseis ocorrem em concentraes densamente empacotadas ou dispersas na matriz. Os fsseis apresentam-se geralmente bem selecionados quanto ao tamanho. As concentraes esto associadas aos fluxos oscilatrios com ntida estratificao ondulante e aos fluxos turbulentos. Os resultados possibilitaram definir trs tafofcies encontradas nos dois afloramentos: fsseis concentrados, formando um emaranhado de restos vegetais pouco identificveis; muitos fragmentos fsseis dispersos em apenas uma camada; pequenos fragmentos e esporngios isolados. A resposta ao transporte dos talos isolados seria diferente quando os talos esto articulados aos esporngios e em relao aos esporngios isolados. A tafofcies 1 sugere um sepultamento mais rpido dos restos vegetais e maior proximidade do ambiente de vida. A tafofcies 3 indica maior transporte e em intervalo de tempo maior antes do sepultamento em relao a tafofcies 1. Condies intermedirias entre estas so relacionadas tafofcies 2. [*Projeto Thales 200007026; **Bolsista PIBIC/CNPq] TAFONOMIA DOS OSTREDEOS (BIVALVIA) DA FORMAO PIRABAS (MIOCENO INFERIOR), ESTADO DO PAR: RESULTADOS PRELIMINARES
ETTY FLVIA FERNANDES IMBELONI & VLADIMIR DE ARAJO TVORA
Lab. Paleontologia, Depto. Geologia, CG/UFPa, PA, ettyflavia@hotmail.com, vtavora@orm.com.br

Na Formao Pirabas, os ostredeos esto representados por seis espcies, sendo duas indeterminadas. So txons distribudos homogeneamente em todos os perfis estratigrficos, apresentando grande variedade de forma e tamanho, e encontrados em sua maioria como valvas isoladas, tanto livres quanto fixas. Todas as espcies so eurihalinas, tpicas de ambiente marinho raso com substrato rochoso, e so reconhecidas nas ecofcies Castelo e Capanema. Por esta razo, no podem ser utilizados critrios taxonmicos para supor variaes de salinidade, turbidez e movimentao das guas. O exame de feies bioestratinmicas favorece tecer algumas consideraes sobre a influncia da hidrodinmica deposicional na preservao destes moluscos nas duas ecofcies onde ocorrem. Preservados como restos inalterados, os ostredeos no apresentam vestgios de bioeroso e incrustao, e ocorrem normalmente formas jovens e adultas associadas, indicando baixa seleo hidrulica. Nos estratos da ecofcies Castelo, as conchas so de tamanho mdio a grande, muito espessas. As valvas livres so fragmentadas com vestgios de abraso. Estas feies caracterizam ambiente de mar aberto de alta energia, com substrato duro, j que constata-se a fragmentao por origem mecnica, sob ao de ondas e correntes em fundos rochosos. Os ostredeos da ecofcies Capanema so de tamanho pequeno a mdio; suas valvas variam de pouco espessas a delicadas, so desarticuladas em sua maioria, pouco

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fragmentadas e sem vestgios de abraso. Tais feies indicam ambiente calmo, de baixa energia, corroborado pelo registro de alguns espcimens ainda articulados, pois o grau de desarticulao diminui com o decrscimo da energia do meio. Assim, os critrios tafonmicos nos ostredeos podem ser indicativos das variaes de fatores abiticos, e, consequentemente, uma ferramenta para diferenciar os ostredeos das ecofcies Castelo e Capanema. TAFONOMIA DOS PECTINDEOS (BIVALVIA) DA FORMAO PIRABAS (MIOCENO INFERIOR), ESTADO DO PAR: RESULTADOS PRELIMINARES
VLADIMIR DE ARAJO TVORA & ETTY FLVIA FERNANDES IMBELONI
Lab. Paleontologia, Depto. Geologia, CG/UFPa, PA, vtavora@orm.com.br, ettyflavia@hotmail.com

Os pectindeos da Formao Pirabas so abundantes, diversificados e bem preservados. Das 15 espcies reconhecidas, trs so exclusivas da ecofcies Capanema (ambiente lagunar), enquanto as demais ocorrem apenas na ecofcies Castelo (ambiente de mar aberto). So bem marcadas as diferenciaes morfolgicas entre as formas de ambas as ecofcies, ditadas pelas variaes dos gradientes dos principais fatores abiticos, tais como salinidade, profundidade, movimentao das guas e substrato. A assemblia poliespecfica de pectindeos ocorre como restos alquemes em rochas carbonticas, preservados sob a forma de restos inalterados. Eles ocorrem como valvas isoladas irregularmente distribudas por toda a Formao Pirabas, tridimensionalmente arranjadas e sem vestgios de abraso, bioeroso e incrustao, e encontram-se sempre associaes de formas juvenis e adultas, que sugere baixa seleo hidrulica. As formas da ecofcies Castelo so estenohalinas, possuem conchas grandes e espessas, orientadas caoticamente na matriz e possuem grau de fragmentao variando de pouco a bastante fragmentadas. Os representantes do grupo na ecofcies Capanema so eurihalinos, apresentam conchas pequenas e delicadas, via de regra concordantes com a matriz, e possuem baixo grau de fragmentao. As feies bioestratinmicas observadas nos pectindeos so pertinentes com o ambiente deposicional atribudo para as ecofcies Castelo e Capanema. Independente do grau de movimentao das guas, os pectindeos devem ter sofrido transporte de curta distncia, definindo a concentrao fossilfera como parautctone.

FOSSILDIAGNESE E GEOQUMICA DOS CRUSTCEOS DECPODES DA FORMAO MARIA FARINHA (PALEOCENO), ESTADO DE PERNAMBUCO
VLADIMIR DE ARAJO TVORA & MARIANA PEREIRA PINHEIRO
Lab. Paleontologia, Depto. Geologia, CG/UFPa, PA, vtavora@orm.com.br, nanageo@hotmail.com

Os crustceos decpodes da Formao Maria Farinha so encontrados em biomicritos dolomitizados, constitudos por quartzo, calcita, hidroxilapatita, dolomita e caolinita. Os constituintes alquemes destes calcrios esto representados por crustceos decpodes, foraminferos bentnicos e planctnicos, fragmentos de bivalves, microgastrpodes, equinides, briozorios, ostracodes e algas calcrias. Foram identificadas cinco fases eodiagenticas, possivelmente simultneas: substituio da matria orgnica por calcita, fosfatizao da matria orgnica, compactao mecnica, formao de franja de CaCO3 e dissoluo local de CaCO3 j precipitado nos poros. Os calcrios impuros dolomitizados (ndices de MgO variando entre 0,63 a 7%) apresentam valores de CaO entre 35,54% e 50,58%, perda ao fogo entre 13,19% e 34,07%, e porcentagens de SiO2 oscilando entre 4,25% e 26,47%, bem como nfimos teores de TiO2 (<0,3%). A fosfatizao da matria orgnica est evidenciada na colorao esbranquiada das carapaas macroscopicamente, por pelculas superficiais de colorao acastanhada ao microscpio petrogrfico, bem como nos valores de P2O5 (entre 9,55% a 25,21% em algumas amostras). O mangans ocorre na estrutura da calcita, substituindo o clcio. Os seus teores tendem a subir, medida que tambm sobem os valores do ferro total, j que em domnio diagentico comum o mangans acompanhar o ferro. Estes dados geoqumicos so compatveis com o ambiente deposicional atribudo para a Formao Maria Farinha, como costeiro raso, j que a influncia continental est evidenciada no aspecto impuro dos calcrios e na sua dolomitizao.

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EXPERIMENTAL TAPHONOMY: THE SETTLING OF BRACHIOPOD SHELLS AND THEIR BIOSTRATINOMIC IMPLICATIONS
MARCOS CSAR BISSARO JNIOR*, MARCELLO GUIMARES SIMES
Inst. Biocincias, UNESP/Botucatu, Botucatu, SP

SABRINA COELHO RODRIGUES**


Programa de Ps-graduao, GSA, IGc/USP, SP

Settling velocities and behaviors of shells of Bouchardia rosea (Brachiopoda, Rhynchonelliformea) from the northern coast of So Paulo State, Brazil, were studied in order to understand the effects of shell morphology on the hydrodynamic behavior and potential for sorting by hydraulic processes. B. rosea is a small brachiopod with shells fabric and mode of life (epifaunal, sessile, free-lying) characteristic of some common forms of Paleozoic brachiopods. Bouchardiids are also common in many Tertiary rocks of South America, Antarctica and Australia. Twenty (10 dorsal and 10 ventral) individual valves (plus three empty closed articulated specimens), encompassing the typical range of size of B. rosea shells were selected for the experiment. Shells were dried and weighed in air to the nearest 0.01 g. The diameters of the three major axes of shells were measured to the nearest 1 mm using a vernier caliper. Hydraulic settling velocities were recorded by releasing shells in a 35 cm wide and 56 cm deep column of salt water. Prior to the release, the air pockets were removed from the concave part of the shells, water was also calm. Settling time was measured to the nearest 0.01 second, but falling durations were rounded to the nearest 0.1 second for calculation of settling velocities. Each shell was released just beneath the water surface for ten consecutive runs (230 releases). Disarticulated brachiopod shells stabilize in a concave-up fall position, settling by rocking/gliding motion. The average settling velocities for B. rosea ventral valves is 15.5 cm/sec. and 17.1 for dorsal ones. However, closed articulated shells have average settling velocities of 25.0 (cm/sec.). The lower average settling velocities of ventral shells may suggests that these could be transported to great distances than dorsal valves. In fact, this may help to explain the fact that some modern accumulations of B. rosea shells generated under shallow water conditions (beach deposits) exhibit a strong bias in favor of convex ventral valves. The flat dorsal valves with more rapid settling velocities are likely to lag behind. This pattern may be explained, in part, by the fact that ventral valves have greater cross-sectional areas than dorsal ones of the same weight. Supposedly in shell beds that accumulated through hydraulic processes the articulated shells will occur at the base of the bed, as a reflection of their more rapid falling velocities. [*Bolsita FAPESP-Treinamento Tcnico; **Bolsista FAPESPDoutorado]

INFLUNCIA DIAGENTICA NA PRESERVAO MORFOLGICA E HISTOLGICA DE VERTEBRADOS FSSEIS DE SANTA CRUZ DO SUL E VENNCIO AIRES (FORMAO SANTA MARIA, TRISSICO, RS)
MRIAM REICHEL* & CESAR LEANDRO SCHULTZ
Depto. de Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, miriamreichel@yahoo.com.br, cesar.schultz@ufrgs.br

Dois afloramentos da Formao Santa Maria (Trissico, RS) localizados nos municpios de Santa Cruz do Sul (UTM 359767 E/6709062 N) e Venncio Aires (UTM 394997 E/6720253 N) apresentam um contedo fossilfero bastante semelhante, dominado pela presena de cinodontes, e um padro tafonmico e diagentico tambm comum a ambos. Todavia, tanto a associao fossilfera quanto o modo de fossilizao so distintos do usualmente encontrado para esta unidade. Foram estudados fragmentos sseos de mdio a pequeno porte, que foram submetidos a anlises de difratometria de raios-X, microscopia eletrnica de varredura (MEV) e microscopia tica. Macroscopicamente, os ossos destas localidades caracterizam-se pela presena de uma fina cobertura de cor escura e pela quase inexistncia de deformaes volumtricas. Em nvel microscpico, a preservao ssea pobre, no oferecendo muitas informaes histolgicas. Do ponto de vista diagentico, as anlises de difratometria de raios-X e MEV revelaram uma porcentagem significativa de slica e de carbonatos no interior e ao redor dos ossos, diferentemente do padro dos outros fsseis da Formao Santa Maria, no qual a permineralizao dos ossos se d predominantemente por carbonatos, com quantidades mnimas de slica. Provavelmente, a presena da slica como mineral eodiagentico, ao invs de carbonatos, tenha servido como um atenuador das deformaes volumtricas comumente encontradas em ossos de outras localidades. Alm disso, a semelhana entre os ambientes diagenticos das localidades de Santa Cruz do Sul e Venncio Aires, juntamente com a similaridade de padro tafonmico e de contedo fossilfero, corrobora a hiptese de que estes dois afloramentos sejam estratigraficamente correlacionveis e faam parte de uma biozona distinta

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dentro da Formao Santa Maria [Abdala, F. et al., 2001. Neues Jahrbuch fr Geologie und Palontologie Monatshefte 11:669-687], a qual estaria posicionada entre as Cenozonas de Therapsida (inferior) e Rhynchosauria (superior). [*Bolsista PIBIC-CNPq] COMPARAO BIOESTRATINMICA ENTRE OS AFLORAMENTOS SCHNSTATT (SANTA CRUZ DO SUL) E VILA ESTNCIA NOVA (VENNCIO AIRES), FORMAO SANTA MARIA, TRISSICO MDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
CRISTINA BERTONI MACHADO*, MICHAEL HOLZ & CESAR LEANDRO SCHULTZ
Depto. de Paleontologia e Estratigrafia, IG-UFRGS, RS, cristina.bertoni@ufrgs.br,michael.holz@ufrgs.br cesar.schultz@ufrgs.br

Os afloramentos Schnstatt e Vila Estncia Nova, localizados nos municpios de Santa Cruz do Sul (UTM 359767 E/6709062 N) e de Venncio Aires (UTM 394997 E/6720253 N), respectivamente, apresentam um contedo fossilfero bastante semelhante, tanto em termos taxonmicos quanto bioestratinmicos, determinando uma tafocenose diferente de qualquer outra das conhecidas para a Formao Santa Maria. Em termos taxonmicos, registra-se, em ambos os afloramentos, uma ampla predominncia de restos de cinodontes, incluindo formas carnvoras, herbvoras e insetvoras de diferentes tamanhos. Existe um nico registro de um dicinodonte indeterminado para o afloramento de Venncio Aires e um proterocampsdeo para o de Santa Cruz do Sul. Biostratinomicamente, os dois afloramentos caracterizam-se pela acumulao de vrios restos esqueletais, num mesmo nvel estratigrfico e numa rea bastante restrita, com o predomnio de restos de crnios e de mandbulas sobre os materiais ps-cranianos, sendo que todos ocorrem quase sempre desarticulados. No h nenhuma seleo nem orientao dos materiais por transporte. Os ossos esto dentro dos nveis pelticos vermelhos, depositados por suspenso, caractersticos do Membro Alemoa, e peas de diferentes tamanhos ocorrem lado a lado, levantando-se ento a hiptese de concentrao biognica para estas tanatocenoses. A qualidade da preservao boa, com pouca deformao volumtrica. Todos os ossos esto incrustados por uma cobertura de cor arroxeada, a base de slica. A semelhana entre os dois afloramentos, tanto do ponto de vista taxonmico quanto bioestratinmico, corrobora a hiptese de que ambos integrem uma biozona distinta dentro da Formao Santa Maria. [*Bolsista CNPq]

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Ficha para afiliaes e alteraes no cadastro

FICHA DE INSCRIO DE SCIO


NOME COMPLETO
IDENTIDADE Local e data de emisso PASSAPORTE Pas e data de validade CNPF/CNPJ

DATA DE NASCIMENTO ENDEREO RESIDENCIAL

LOCAL
Logradouro CEP E-mail Cidade/Estado Pas N/apto. Telefone Bairro Fax Endereo p/ correspondncia : ( ) Residencial

ENDEREO PROFISSIONAL

INSTITUIO Logradouro CEP E-mail Cidade/Estado Pas

Depto/Setor N/sala Telefone Home-page Bairro Fax

( ) Profissional

FORMAO ACADMICA

Graduao Mestrado Doutorado

Ttulo Instituio Ttulo Instituio Ttulo Instituio

Ano de obteno do ttulo Ano de obteno do ttulo Ano de obteno do ttulo

REAS DE ATUAO TEMAS DE INTERESSE ATUAL OBSERVAES

Docncia Pesquisa

PARA USO EXCLUSIVO DA SBP APROVAO COMO SCIO ( ) Aprovado categoria ____________________ ( ) No aprovado. Motivo: __________________ Data: __/__/200_ Assinatura: ______________________________ Presidente da SBP PARA USO EXCLUSIVO DA TESOURARIA
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NMERO DE REGISTRO DE SCIO

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2007 2008 2009

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