Boletim Paleontologico
Boletim Paleontologico
Boletim Paleontologico
Paleontologia em Destaque
Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Paleontologia
Ano 32, n° 70, Dezembro/2017 · ISSN 1807-2550
Web: http://www.sbpbrasil.org/, Editor: Juan Carlos Cisneros
Agradecimentos: Leonardo Avilla (Unirio), Fabiana Rodrigues Costa Nunes
(UNIFESP), Karen Adami Rodrigues (UFPel), Carolina Zabini (UTFPR)
Capa: Floresta Petrificada do Rio Poti (Permiano: Cisuraliano),
Teresina, Piauí; foto: Juan Carlos Cisneros.
1. Paleontologia 2. Paleobiologia 3. Geociências
Distribuído sob a Licença de Atribuição Creative Commons.
R E S U M O S
ENSINO / DIVULGAÇÃO
Impacto socio-educacional de ensino-aprendizagem da mostra “Costela de Notiomastodon
13
platensis” – evidência de marcas de corte de ação humana
Divulgação da Paleontologia no município de Rio Grande, RS 14
Atividades de extensão no Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia da UFSM em 2016 14
Inventário da coleção paleontológica da Universidade Federal do Pampa 15
Inventário da coleção didática do Laboratório de Paleontologia do Instituto de Biologia da
16
Universidade Federal de Uberlândia
Os ictiólitos do Araripe e a construção do saber paleontológico no ensino básico 16
Impressão 3D de réplicas fósseis: uma alternativa para o melhoramento da coleção didática do
17
centro de geociências da UFVJM
Divulgação científica da Paleontologia através da exposição itinerante "Dinossauros do Brasil
17
Central"
Paleontologia e educação: Reconstituição paleoartística de Mesosaurus brasiliensis como
recurso didático no Museu de História Natural Prof. Laércio Loures (MHNPL), 18
IFSULDEMINAS – Campus Inconfidentes
Rapsódia Geológica: desenvolvimento de novas metodologias para o ensino de Geologia e
19
Paleontologia
Divulgando a Paleontologia do Vale do Guaribas: exposição de fósseis como incentivo à
19
preservação do patrimônio paleontológico do município de Picos, Piauí
A Paleontologia na educação: Uma proposta lúdica e pedagógica no município de Pastos
20
Bons, Maranhão
Valorização do patrimônio paleontológico: desenvolvimento de material paradidático para
20
alunos do ensino fundamental
Uma experiência de ensino com Paleontologia numa escola potiguar 21
Escavação de saberes: uma perspectiva interdisciplinar do ensino de Paleontologia no ensino
22
fundamental
Desenvolvimento da Paleontologia brasileira através da análise das coleções e exposições do
22
Museu Nacional
O passado do Pampa – a Paleontologia como ferramenta na divulgação e popularização das
23
ciências
A evolução do personagem-título em “o dinossauro que fazia au-au” 24
Calendário da Terra: O ensino do tempo geológico através de atividade lúdica 24
O ensino da Paleontologia nas escolas públicas da Paraíba – NE, Brasil 25
História geológica da Amazônia: Correlações entre as mudanças da geodiversidade e
25
biodiversidade ao longo do tempo geológico
Invertebrados da Bacia do Amazonas: divulgação da paleofauna devoniana através do sabor
26
Maecuru
Paleontologia cultural: uma análise sobre fósseis e monstros da Amazônia – O Mapinguari 27
O acervo paleontológico do Museu Anchieta de Ciências Naturais 27
Aspectos didáticos e metodológicos da exposição itinerante "Dinossauros do Brasil Central" 28
Preservação de fósseis no Geossítio Caieira – Uberaba/MG: Uma abordagem de ensino 29
3
Observação de um grupo de paleontólogos durante um trabalho de campo 29
ACERVOS / GEOCONSERVAÇÃO
Localidades fossilíferas na região do Triângulo Mineiro-MG: geossítios potenciais para a
31
prática do geoturismo?
Importância da coleção de fósseis do Laboratório de Zoologia/Paleontologia CCA/UFPB no
31
processo de ensino-aprendizagem
Coleção de invertebrados fósseis do Laboratório de Geociências e Paleontologia da UFPI,
32
Campus de Floriano
Quantificação da geodiversidade como estratégia de geoconservação no Geopark Araripe 32
O museu de geologia da Universidade Federal do Piauí: sua história e acervo 33
Os primeiros laboratórios de Paleontologia da Petrobras na década de 1950 33
The qualitative valuation of the Lajedo do Rosário geosite, Rio Grande do Norte State, Brazil 34
Fósseis da Formação Jandaíra: do Cretáceo da Bacia Potiguar para o Museu do Amanhã 35
4
Brasil
Ostracodes do Cretáceo Superior da Porção Central da Bacia Potiguar 45
Ocorrência de algas calcárias na Formação Jandaíra (Bacia Potiguar), região de Apodi, RN 46
Conchostráceos da Formação Malhada Vermelha, Bacia de Lima Campos, Cretáceo Inferior,
46
Ceará
Caracterização micropaleontológica preliminar dos sedimentos da Praia do Morro, Guarapari,
47
ES
Evolução do Holoceno Tardio da região inter-marés Nordeste da Baía de Sepetiba, Rio de
47
Janeiro (Brasil)
Preliminary study of sedimentary organic matter of the Neogene, Solimões Basin, north Brazil 48
Inferências paleoambientais e paleoclimáticas preliminares a partir da análise de palinofácies
49
da seção holocênica Wila Lojeta, Vale Hichiu Kkota (Altiplano Boliviano)
Conchostráceos como possíveis paleoindicadores ambientais do Triássico Superior, Santa
50
Maria, RS, Brasil
Estrutura das comunidades fitoplanctônicas dos últimos ~3.500 anos do Lago Dom Helvécio,
50
Parque Florestal do Rio doce, Minas Gerais
Ostracodes do Aptiano-Albiano da Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil 51
Análise de palinofácies preliminar da borda noroeste da Bacia do Paraná (Devoniano):
51
inferências paleoambientais
Potencialidades da aplicação das assembleias de foraminíferos bentônicos em estudos de
52
reconstituição paleoceanográfica no Embaiamento de São Paulo
PALEOBOTÂNICA
Estudo espectroscópico e microscópico em um vegetal fóssil da Formação Ipubi, Bacia do
54
Araripe
Novo sítio paleobotânico do Permiano da Bacia do Parnaíba, Município de Porto Alegre do
54
Piauí
Descrição de raízes fósseis do Pensilvaniano da Bacia do Parnaíba 55
Troncos fossilizados da Formação Botucatu (Eocretáceo): panorama e perspectivas dos únicos
55
fósseis encontrados em Uberlândia e Araguari-MG
Interação artrópode-planta de alta intensidade na Formação Rio Bonito, Bacia do Paraná 56
Palaeostigma sewardii Kräusel & Dolianiti, 1957 no Devoniano da Bacia do Parnaíba, Picos,
56
Piauí
INVERTEBRADOS
Caracterização de fósseis de moluscos preservados em depósitos marinhos da Barreira III no
58
sul da planície costeira do Rio Grande do Sul
Primeiro relato de Cornulites sp. nas camadas devonianas da Sub-Bacia Apucarana, Paraná,
58
Brasil
Identificação taxonômica dos moluscos fósseis da Formação Piauí (Pensilvaniano), Bacia do
59
Parnaíba
Late cretaceous Bivalvia (Mollusca) from the Marília Formation at the northern border of the
59
Baurú Basin
Morfologia e Paleoecologia dos moluscos bivalves da Formação Crato, Cretáceo Superior,
60
Bacia do Araripe
5
Novo registro de ninfa de libélula (Odonata, Anisoptera) proveniente da Formação Crato
61
(Bacia do Araripe)
Primeiros corais fósseis (Scleractinia, Rhizangiidae) da Bacia de São Luís: uma discussão 61
Sobre o registro da família Naucoridae (Hemiptera: Heteroptera) no Membro Crato, Cretáceo
62
da Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil
Primeira Ocorrência da Família Ochteridae Para o Cretáceo Inferior do Gondwana, Bacia do
63
Araripe, Membro Crato - CE
Ocorrências da família Vermetidae (Gastropoda, Mollusca) na Formação Jandaíra, Bacia
64
Potiguar
Implicações paleoambientais e paleogeográficas baseadas em invertebrados da Formação Ipu
64
(Siluriano, Bacia do Parnaíba, Ceará)
Presença de gastrópodes fósseis em rochas ornamentais no Centro Histórico do Rio de Janeiro 64
A história geológica dos amblipígeos 65
Os discinideos do Devoniano, na Sub-bacia de Alto Garças (Grupo Chapada, Mato Grosso do
66
Sul), Brasil
Amonoides da Formação Santa Marta (Cretáceo Superior), Ilha James Ross, Antártida 66
VERTEBRADOS
Ontogenia esquelética comparada de Polesinesuchus aurelioi (Aetosauria) com Crocodylia
68
atuais
Registro de Gomphotheriidae (Mammalia: Proboscidea) na Fazenda Caiçara, Florânia, Rio
68
Grande do Norte, Brasil
Novos achados de Xenarthra em um depósito de tanque do Pleistoceno da Paraíba, Nordeste
69
do Brasil
Resultados preliminares sobre o arranjo microestrutural de um Caimaninae fóssil (Eusuchia,
69
Alligatoridae) da Formação Solimões (Mioceno, Bacia do Acre)
A new record of Panthera Onca (Linnaeus, 1758) in the Quaternary of Campo Formoso,
70
Bahia, Brazil
Variação histológica em osteodermos de diferentes regiões da carapaça em Panochthus sp.
70
(Glyptodontia, Xenarthra)
Articular lesions in the Pleistocene sloths (Mammalia, Tardigrada) from the Brazilian
71
intertropical region
Identificação de padrões osteohistológicos em pterossauros (Anhangueria) e Aves (Ardeidae) 72
Phylogenetic analysis of a Neobatrachia species from Taubaté Basin, São Paulo (Late
72
Oligocene)
Is anura (Lissamphibia) a trustable indicator of paleoenvironmental parameters and species
73
diversity?
Análise de morfometria geométrica bidimensional em crânios de Tapejarinae 73
Pteranodontidae: um conflito taxonômico 74
Novos elementos do pós-crânio de Pepesuchus deiseae (Crocodyliformes, Peirosauridae) do
75
Sítio Fossilífero de Pirapozinho
Novas informações sobre a mandíbula de Aetosauroides scagliai Casamiquela, 1960
76
(Aetosauria: Pseudosuchia)
Apresentando a Gruta Tacho de Ouro (Aurora do Tocantins, Tocantins, Brasil): sua
76
diversidade, Tafonomia e Arqueologia
6
Comparação dos forames pneumáticos observados no esqueleto axial pós-craniano de
77
pterossauros e aves recentes
Variação morfológica em mandíbulas de procolofonóides da Formação Sanga do Cabral
78
(Triássico Inferior do Rio Grande do Sul)
A osteohistologia de um Sauropodomorpha juvenil: o reflexo do desenvolvimento esculpido
78
na microarquitetura óssea
The first Multituberculata from Brazil supports a Paleogene surviving of this group in South
79
America
Nova ocorrência de Brasileodactylus (Pterosauria) na Formação Romualdo, Cretáceo Inferior
80
da Bacia do Araripe
A biogeografia dos Sebecidae (Crocodyliformes; Mesoeucrocodylia) e formas afins e suas
80
implicações para sua sobrevivência à extinção Cretáceo-Paleógeno
A proposal on the feeding behaviour and diet items of Mourasuchus (Alligatoroidea,
81
Caimaninae)
Ossos sacrais de titanossauro (Sauropoda, Dinosauria) provenientes do Cretáceo Superior de
82
Prata, Minas Gerais
Estudo preliminar de um fragmento mandibular de um Tayassuidae (Mammalia: Artiodactyla)
82
do Quaternário de Rondônia, Norte do Brasil
Histórico taxonômico dos Vermilingua (Xenarthra, Pilosa) fósseis sul-americanos e suas
83
principais problemáticas
Descrição osteológica do pró-atlas dos Baurusuchidae (Crocodylomorpha, Crocodyliformes)
84
da Bacia Bauru (Cretáceo Superior) e suas implicações ontogenéticas e biomecânicas
Discovering the key species in the structuration of a Late Pleistocene Brazilian Intertropical
85
Region megamammals assemblage
Estudo preliminar de material referente à “Rauisúquio” do Triássico Médio do Rio Grande do
85
Sul
Novo registro de Stereospondyli (Tetrapoda: Temnospondyli) para a Zona de Associação de
86
Hyperodapedon (Carniano, base da Sequência Candelária, Supersequência Santa Maria)
Análise osteológica preliminar de um fragmento craniano de um provável “rauissúquio” do
87
Triássico do Sul do Brasil
Adaptações do método de screenwashing ao uso em laboratório: o caso do material da Bacia
87
Potiguar
An unusual new Lizard from the Lower Cretaceous Crato Formation and its enigmatic
88
taphonomic history
Novo registro de Exaeretodon (Cynodontia, Traversodontidae) para a Zona de Assembleia de
89
Hyperodapedon (Triássico do Rio Grande do Sul)
Identificação preliminar de astrágalos de Cetartiodactyla terrestres (Mammalia) do Laboratório
89
de Geologia e Paleontologia – LGP da Universidade Federal de Rio Grande (FURG)
Estudo tafonômico da tafoflora da Formação Furnas (Devoniano da Bacia do Paraná), em
90
Jaguariaíva (Paraná)
Variação intraespecífica em pós-crânio de Eremotherium (Xenarthra, Megatheriidae),
91
Pleistoceno do Nordeste do Brasil
Comparação da variação anatômica do crânio de Chaoyangopterinae e Thalassodrominae
91
(Pterosauria, Tapejaridae) com o uso de morfometria geométrica
Novos registros de arcossauromorfos para o Sítio Janner (Triássico Superior do Rio Grande do
92
Sul)
7
Padrão de crescimento e maturidade de Hyperodapedontinae (Archosauromorpha,
93
Rhynchosauria) do Neotriássico do Sul do Brasil baseado na sutura neurocentral das vértebras
Estudando fósseis mediante tomografia computadorizada, fotometria e modelagem
94
tridimensional no CAPPA/UFSM
Quaternary fossils from the caves of Felipe Guerra, Rio Grande do Norte, Brazil 94
Diversidade, paleobiogeografia e paleoecologia das preguiças terrícolas (Xenarthra: Pilosa) do
95
Pleistoceno do Rio Grande do Sul
Análise osteohistológica de Eremotherium em dois sítios fossilíferos da Bahia, Brasil 95
Sobre uma vértebra de ave do Pleistoceno Tardio da Formação Santa Vitória, Rio Grande do
96
Sul
Morfometria de um novo espécime de Lepidotes piauhyensis (Formação Pastos Bons,
97
Neojurássico/Eocretáceo, Bacia do Parnaíba, Floriano, PI)
Alometria dos ossos distais dos membros locomotores de Equus sul-americanos 97
Novo registro de mastodonte (Mammalia: Proboscidea) para o Triângulo Mineiro 98
Descrição de elementos alares de Anhangueridae provenientes da Formação Romualdo,
99
Cretáceo Inferior da Bacia do Araripe
Rescued from the collections: the presence of the African cynodont Aleodon (Cynodontia,
100
Probainognathia) in the Triassic of Southern Brazil, hidden for over 30 years
Cynodonts from the Sanga do Cabral Supersequence revisited: are they really present in the
100
Early Triassic of Brazil?
Variação dentária em Prestosuchus chiniquensis (Pseudosuchia: Loricata): o maior predador
101
do Triássico Médio do Brasil
Padrões de sucessão faunística entre as principais unidades fossilíferas do Grupo Bauru 102
Primeira evidência direta de atividade de caça de proboscídeos por paleoíndios na América do
102
Sul
O papel da ontogenia na polarização de caracteres em dinossauros primitivos: um novo
103
espécime do Triássico Superior do Sul do Brasil e suas implicações
Sobre um pterigoide isolado de Archosauromorpha proveniente da Supersequência Sanga do
104
Cabral (Triássico Inferior da Bacia do Paraná)
Análise osteológica preliminar de fragmentos desassociados de um arcossauro de grande porte
105
do sítio Linha Várzea, Triássico Médio da Bacia do Paraná
Novo material de Prozostrodon brasiliensis (Cynodontia – Probainognathia) do Triássico
Superior Sul-Brasileiro
Um espécime perinato (?) de Aetosauria do Neotriássico do Brasil 106
Novas informações sobre o esqueleto pós-craniano de Exaeretodon riograndensis
107
(Cynodontia, Traversodontidae) do Triássico Superior do Sul do Brasil
Considerações preliminares acerca de um novo morfotipo de Traversodontidae (Eucynodontia:
108
Cynognathia) do Triássico do Sul do Brasil
Diversity of Theropod (Dinosauria) fauna from Potiguar Basin (Early-Late Cretaceous),
109
Northeast Brazil
Vertebrado registrado na Formação Rio do Rasto, Permiano da Bacia do Paraná 109
A diversidade de cervídeos fósseis em depósitos cársticos de Aurora do Tocantins (TO), Norte
110
do Brasil
Morfologia dentária de Sigmodontinae (Rodentia: Cricetidae): Diversidade de roedores em um 111
8
depósito cárstico do Pleistoceno Final e inferências paleoambientais
Mapa das ocorrências de Crocodilomorpha fósseis do Brasil 111
Novo registro de Archosauromorpha para a fauna local de Faxinal do Soturno, Afloramento
112
Linha São Luís (Sequência Candelária, Cenozona de Riograndia), Triássico Superior do Brasil
Os Carnivora fósseis da América do Sul - onde os grandes comedores de carne não tem vez 113
Novos materiais de cinodonte e arcossauriformes do sítio Cerro da Alemoa, Triássico Superior
114
do Sul do Brasil
Reconstrução da dieta de cervídeos Pleistocênicos (Cervidae, Cetartiodactyla, Mammalia) da
115
Gruta do Urso, Aurora do Tocantins, Brasil
Paleomastofauna do Nordeste do Brasil: mapeamento das localidades georreferenciadas e
115
aspectos paleoambientais
Diversity of Late Cretaceous Antarctic Lamniformes (Chondrichthyes, Elasmobranchii) 116
New records of Hexanchiformes and Synechodontiformes (Chondrichthyes, Elasmobranchii)
117
from the Upper Cretaceous of Antarctica
Aspectos ontogenéticos e osteológicos de um titanossauro juvenil do Membro Serra da Galga
118
(Formação Marília, Bacia Bauru)
Análise de escamas de peixes Palaeonisciformes da Formação Rio do Rasto, Permiano da
118
Bacia do Paraná
Novos registros de Nothrotherium maquinense (Lund) Lydekker, 1889 na Toca da Barriguda
119
(Campo Formoso, Bahia, Brasil)
Ocorrência da megafauna do Pleistoceno Superior no município de Campo Formoso – centro
119
norte da Bahia
O uso de equações alométricas para estimar massa em táxons extintos: um estudo de caso em
120
Dinodontosaurus (Therapsida, Dicynodontia) do Triássico do Brasil
Sobre filhote de Glyptodontidae (Mammalia: Cingulata) do Brasil Central e aspectos sobre a
121
seleção, transporte e deposição em um depósito cárstico
Taxonomia de microvertebrados da Formação Candeias, Cretáceo Inferior, da Bacia de Jatobá,
121
Nordeste do Brasil
Afinidades filogenéticas de um cinodonte probainognátio do Triássico Superior do Sul do
122
Brasil
Interpretações paleoecológicas da megafauna pleistocênica da microrregião de Senhor do
123
Bonfim, Bahia, Brasil
Sobre dois mesossaurídeos semi-articulados provenientes do afloramento Passo São Borja,
123
Permiano Inferior do Rio Grande do Sul
Tafonomia e estratigrafia de mesossaurídeos e pigocefalomorfos em afloramentos e
124
testemunhos da Formação Irati no Rio Grande do Sul
ICNOFÓSSEIS
Pegadas de Iguanodon cf. mantelli, na Bacia do Rio do Peixe, no Município de Uiraúna, PB 126
Os coprólitos da Formação Santa Maria (Triássico Médio-Superior do RS) revisitados 126
Correlação entre a largura da parede, o diâmetro externo do túnel e a organização dos pellets
127
em Ophiomorpha isp. na planície costeira do Rio Grande do Sul
Sobre a presença de icnitos em quatro sítios prospectados pelo LABGEO/UESB 128
Icnofósseis da Formação Arajara em Simões, Piauí (Cretáceo da Bacia do Araripe) 128
Registro icnológico da Formação Pimenteira (Devoniano, Bacia do Parnaíba) na mesorregião 129
9
Sudeste do Piauí
Registros de interações inseto-lenho em troncos fossilizados da Formação Botucatu
129
(Eocretáceo)
O registro mais antigo do icnogênero Taotieichnus (Zona de Assembleia de Hyperodapedon,
130
Triássico Superior do Rio Grande do Sul)
Phycosiphon-dominated bed in mudstones from Ponta Grossa Formation, Devonian from
131
Paraná Basin
Icnofósseis da Formação Rio do Sul, Grupo Itararé (Permo-Carbonífero), como ferramenta
132
para reconstruções paleoambientais
Registro de Gyrolithes no Canal São Gonçalo, Município de Pelotas, Estado do Rio Grande do
132
Sul, Brasil
TAFONOMIA
Tafonomia como ferramenta para estudo da ecologia de mamíferos marinhos 134
Tafonomia de foraminíferos bentônicos em sedimentos do setor NE da Baía de Guanabara 134
Resultados preliminares de experimentos actuopaleontológicos com espécime galiforme 135
Novas ocorrências de equinoides na Formação Romualdo, Bacia do Araripe: um estudo
136
tafonômico preliminar
Análise sobre a seleção hidrodinâmica no transporte de restos esqueletais de pterossauros da
136
Fm. Goio-Erê, Cretáceo da Bacia Sedimentar do Paraná
GEOLOGIA / SÍTIOS
Levantamento de materiais pertencentes a vertebrados fósseis provenientes do sítio
138
paleontológico “Bica São Tomé” (Formação Sanga do Cabral, Triássico Inferior)
Descrição preliminar do afloramento Rio Guaricanga, Bacia do Paraná, Piraí do Sul, Paraná,
138
Brasil
Conteúdo fossilífero dos afloramentos do município de Floriano, Piauí, Brasil 139
Prospecção paleontológica em concreções férreas da Formação Pimenteira (Devoniano, Bacia
139
do Parnaíba) em Picos-PI
Georreferenciamento de afloramentos urbanos no Município de Picos - Piauí 140
Inferências paleoambientais a partir das analises químicas quantitativas de elementos fosseis
141
do Jurássico
Escavação controlada na Formação Romualdo (Bacia do Araripe - Nordeste do Brasil) 141
Fósseis da Formação Romualdo encontrados em Francisco Macedo - Piauí (Cretáceo da Bacia
142
do Araripe)
TÉCNICAS / MÉTODOS
Estudo físico-químico de materiais fósseis da Bacia do Araripe: estado da arte dos artigos
143
científicos
Uma nova técnica de moldagem de fósseis: o uso de lenço de papel em um dinossauro de
143
grande porte
Uso da técnica de lavagem e peneiramento para a coleta de microvertebrados do Período
144
Permiano no Maranhão
Preparação mecânica de bloco rochoso, Gruta do Urso Fóssil, (Eoholoceno), Parque Nacional 144
10
de Ubajara, Ceará
Synchrotron radiation as a powerful tool in the study of archosaur teeth 145
Otimização do uso de canetas pneumáticas na preparação de fósseis preservados em arenitos 146
Picking na Bacia Potiguar: primeiros resultados 146
11
RESUMOS
12
ENSINO / DIVULGAÇÃO
13
DIVULGAÇÃO DA PALEONTOLOGIA NO MUNICÍPIO DE RIO GRANDE, RS
Ao longo do litoral sul do Rio Grande do Sul, são encontrados fósseis de megafauna pleistocênica
continental, de animais marinhos e icnofósseis, retrabalhados pela ação das ondas. Tais materiais
são facilmente encontrados pelos moradores da região. Contudo, devido à falta de conhecimento
estes não conseguem reconhece-los, terminando por realizar seu descarte ou uso inadequado.
Neste sentido, o Laboratório de Geologia e Paleontologia (LGP) da Universidade Federal do Rio
Grande (FURG) organizou uma exposição itinerante com fósseis coletados no município e em
outras partes do estado, além de réplicas e reconstruções representativas de várias localidades do
mundo. Esta exposição foi realizada na Semana de Popularização da Ciência e na Semana Aberta,
ambos eventos promovidos pela FURG, cujo público-alvo foi de estudantes dos Ensinos
Fundamental e Médio. Durante esses eventos, foram abordados temas gerais e específicos em
Paleontologia, ressaltando-se a importância científica dos fósseis da região e a legislação brasileira
que proíbe a comercialização deste patrimônio. Durante a exposição “Mundo Jurássico”,
organizada pelo Partage Shopping Rio Grande, a mesma exposição foi realizada, além de uma
palestra direcionada ao público geral frequentador do Shopping e a estudantes de escolas do
Ensino Fundamental de Rio Grande. Com base nos eventos realizados na FURG e no Partage
Shopping Rio Grande, foi alcançado um público de cerca de 1.500 pessoas, principalmente
crianças. Com essa iniciativa, espera-se sensibilizar a população a respeito da importância
científica e histórica deste patrimônio e sua conservação.
CÁSSIA B. BÖCK; ANDRÉ SILVA; GABRIEL BOEIRA; GABRIELLE DOS SANTOS; JOÃO VITOR ILHA;
LETÍCIA R. OLIVEIRA; MAURÍCIO GARCIA; NADIELE BORIN; PAULA L. COPETTI; VINICIUS B. P.
ESTERIZ; ÁTILA AUGUSTO S. DA ROSA
Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]
14
edição do Programa, que ocorreu de 2 a 13 de maio, em parceria com o Núcleo Ciência Viva.
Também foram realizadas apresentações a escolas individuais, abrangendo alunos do Ensino
Fundamental e Médio. Nelas, os alunos vinculados ao LEP explicaram conceitos básicos da
Paleontologia, mostraram as atividades cotidianas de um paleontólogo, instrumentos de trabalho e
descobertas. Apresentaram também tipos de fósseis, réplicas e esculturas, além de rochas e
minerais, da coleção paleontológica da UFSM, discutiram o significado de Estratigrafia e
Paleobiologia, como são formados os fósseis, as metodologias de coleta e responderam perguntas.
As atividades foram realizadas com o auxílio de projetor multimídia e banners. Comparando as
atividades do ano de 2015, o LEP recebeu quatro vezes mais público, sendo um total de
aproximadamente 1700 pessoas, de 58 escolas, sendo elas de 31 municípios. Os estudantes tiveram
a oportunidade de conhecer fósseis descobertos na região central do RS. Assim, as atividades de
extensão do LEP viabilizam a divulgação científica e aproximam os estudantes do estado à
Paleontologia.
RODRIGO DOS SANTOS FERRONY; MAIKON FORTES MARKS; JAQUELINE LOPES FIGUEIREDO; FELIPE
LIMA PINHEIRO
Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
15
INVENTÁRIO DA COLEÇÃO DIDÁTICA DO LABORATÓRIO DE PALEONTOLOGIA DO
INSTITUTO DE BIOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
J. S. FREITAS; D. RIFF
Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG.
[email protected], [email protected]
P. G. P. GOMES
Escola Municipal José de Siqueira Alves.
[email protected]
16
alunos que transmitiram todo conhecimento adquirido ao publico. Com a realização deste trabalho,
que foi focado em estudar e divulgar a importância dos fósseis como chave fundamental pra se
entender a formação e a evolução do planeta Terra, pretendemos alertar através de nossos alunos a
população em geral sobre a necessidade de se preservar esse patrimônio contribuindo para o não
escoamento das riquezas do Araripe.
J. A. T. GOMES, E. A. M. SANCHEZ
Centro de Estudos em Geociências, Instituto de Ciência e Tecnologia, UFVJM, MG.
[email protected], [email protected]
A impressão de réplicas tridimensionais tem sido uma excelente alternativa para a preservação de
espécimes originais, divulgação da Paleontologia, ensino, ou ainda para intercâmbio de material
entre coleções. Usualmente réplicas são produzidas a partir de moldes de espécimes originais
utilizando-se uma gama de materiais, sobretudo gesso ou resina. Baseando-se nos benefícios que
réplicas fósseis apresentam, a disponibilidade e fácil acesso à tecnologia de impressão 3D e a
diminuição de recursos para coletas de campo, optou-se pelo estabelecimento de uma rotina de
impressão de réplicas para a coleção didática de fósseis da UFVJM como uma alternativa para
completar o acervo e melhorar o ensino de Paleontologia na instituição. Além de réplicas de fósseis,
também se tem imprimido réplicas de formas modernas, a fim de permitir comparações entre o
registro fóssil e a biodiversidade atual. Esta prática revelou muitos benefícios, além daqueles já
percebidos para as técnicas tradicionais de confecção de réplicas, tais como: i) o baixo custo; ii) o
fácil acesso à matéria-prima; e iii) a rapidez na impressão das peças. Relata-se aqui que, embora os
espécimes sejam impressos a partir de moldes digitais obtidos por escaneamento, o que pode
acarretar em perda de informação, os detalhes anatômicos se mantêm, tornando-os aplicáveis nas
aulas. Desta maneira, relata-se aqui a experiência positiva na produção de réplicas fósseis a partir de
impressão tridimensional com implicações diretas no ensino de Paleontologia e Evolução na
UFVJM. Os próximos passos do projeto será a aquisição de um escâner para produção própria dos
moldes, a fim de estender a impressão de réplicas fósseis à comunidade externa à universidade,
através de eventos de divulgação científica, ou ainda para ofertar moldes digitais ou réplicas
impressas para coleções didáticas de outras instituições de ensino superior, sobretudo de fósseis de
Minas Gerais.
17
Brasil Central. A exposição, que é de característica itinerante, ocorreu inicialmente na sala de
mostras do Museu Antropológico/UFG, no período de 18 de abril a 27 de agosto e, posteriormente,
de 29 de agosto à 14 de outubro, na Biblioteca do campus Samambaia/UFG. No período em que
esteve no Museu Antropológico/UFG, recebeu 709 visitantes, público composto majoritariamente
por alunos pertencentes a 19 escolas de Goiânia e região Metropolitana. Já no Campus
Samambaia/UFG, auferiu 379 visitantes. Para a sua divulgação, foi confeccionado um circuito
composto por espécimes (originais e réplicas), banners, totens interativos e ferramentas geológicas.
A exposição foi dividida nas seguintes áreas temáticas: i) Abertura — o que são os dinossauros; ii)
Dinossauros do Brasil Central: materiais fósseis, réplicas e banners ilustrativos e; iii) Processos
extinções/área interativa — “tire foto com um Velociraptor”, pegadas de dinossauros no piso,
“toque em uma réplica” e equipamentos utilizados pelo paleontólogo e geólogo durante a execução
do seu trabalho. Atualmente, encontra-se no Centro de Artes e Esportes Unificados, do Setor Parque
Flamboyant (setor de exposições), até 19 de dezembro de 2016. Os resultados da exposição indicam
a importância da pesquisa paleontológica e da sua divulgação através de projetos de extensão,
objetivando apresentar a existência de fósseis na região, possibilitando que o visitante atue como
potencial agente na expansão do conhecimento científico, bem como possível captador de outros
fósseis. Em um futuro próximo, este projeto prevê a elaboração de um livro (que está em fase de
edição) e a capacitação dos alunos de licenciatura para a divulgação da exposição aos professores
da educação básica. No intuito de abarcar mais público, a exposição conta com um blog chamado
“Exposição Dinossauros dos Brasil Central”, promovendo assim a divulgação virtual ao público
externo. [PIBIC/CNPq; Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade
Federal de Goiás]
A Paleontologia pode ser vista como uma ciência de grande atratividade para o público por permitir
o vislumbre da vastidão do tempo geológico e da biodiversidade ao longo da história da vida na
Terra. O conhecimento dessa disciplina é recomendado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais,
quando se mencionam as biotas pretéritas no registro fóssil. Diversos autores têm discutido as
aplicações de Paleontologia na educação. Apesar disso, tal conhecimento ainda se apresenta de
maneira precária na educação básica. Essa realidade indica a necessidade de uma solução que faça
mediação entre o conhecimento científico paleontológico e o público leigo. Uma tradução visual
acurada por meio da aplicação da arte à Paleontologia é o meio mais eficaz para o entendimento dos
registros passados da vida na Terra, a despeito de o documentário paleontológico ser incompleto. O
MHNPL recebeu a doação de um Mesosauridae fóssil. Trata-se de uma família do Permiano,
relevante para conteúdos de Ciências e Geografia na educação básica por auxiliar na compreensão
da tectônica de placas, uma vez que ocorrem na Bacia do Paraná, América do Sul e no Sistema
Karoo, Sul da África. Assim, remete ao momento geológico em que a Terra apresentava conexão
entre esses dois continentes, além de contribuir para as pesquisas de bioestratigrafia e
paleobiogeografia, por meio da relação cronoestratigráfica entre bacias sedimentares distantes. Os
Mesosauridae são lacertiformes esguios, de pequeno porte e hábito semiaquático. Corpo e pescoço
são alongados, cauda lateralmente achatada e muito longa, maxilas longas e afiladas, contendo
muitos dentes, aculeiformes, que se entrecruzam ao fecharem a boca. Nesse trabalho foi proposta a
reconstituição paleoartística do gênero Mesosaurus, para apresentação como pôster explicativo no
18
MHNPL, junto ao referido fóssil, visando ações de educação e difusão da Ciência para alunos da
educação básica da rede pública e privada. A metodologia para a reconstituição do fóssil envolve a
coleta de informações disponíveis sobre o táxon e seu provável paleoambiente, além de projeções
ortográficas do organismo evidenciando características diagnósticas e a reconstituição
paleoambiental. Por fim, a imagem resultante contém o organismo inserido no paleoambiente
previamente reconstituído e suas interações físicas. A presente ação deverá beneficiar os visitantes
do MHNPL na percepção e melhor entendimento do significado dos fósseis.
[NIPE/IFSULDEMINAS]
19
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
Diante de aulas de ciências nas quais os conteúdos são apresentados aos discentes de forma pouco
interessante, o uso de metodologias do ensino que fujam do livro didático e da explanação por parte
do professor, podem despertar no aluno o interesse por uma área e a consolidação e aprendizagem
de conteúdos mais complexos. Esta metodologia que foge do modo tradicional (quadro e livro
didático) é de extrema importância em uma área como a Paleontologia, que é ofertada para as
crianças do Ensino Fundamental nos livros de ciência ou geografia de forma vaga e superficial. O
presente trabalho foi realizado na cidade de Pastos Bons, MA, onde um questionário foi aplicado
em 41 alunos do 7º e 8º ano do Ensino Fundamental, com a faixa etária de 12 a 17 anos, com
questões sobre: conceitos de paleontologia, conhecimento sobre fósseis, e se os mesmos tinham
conhecimento sobre os fósseis do município. Os resultados apontam que 57% dos entrevistados
afirmam saber o que é fóssil, 56% alegam ter conhecimento de que no município há fosseis, porém
usam de concepções alternativas para responder as questões, ou até mesmo respondem-nas somente
para não deixar em branco. Com os resultados apontados se faz necessário uma intervenção escolar,
através de uma oficina, sobre este tema tão importante que é a Paleontologia, para ser mais bem
explicada, além de empoderar os alunos com um conhecimento mais amplo e aprofundado que
poderá ser utilizado no Ensino Médio.
M. L. O. C. LOPES1 ; L. C. M. O. PONCIANO1
20
1
Laboratório de Tafonomia e Paleoecologia Aplicadas (LABTAPHO); Departamento de Ciências Naturais; Instituto de
Biociências; Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
[email protected], [email protected]
Silva (2015) analisou questionários sobre os conceitos de Patrimônio, Geologia e Paleontologia que
foram preenchidos por alunos de escolas públicas e particulares da cidade de Valença do Piauí em
agosto de 2012. Baseando-se na análise dos questionários e nas dificuldades desses alunos na área
de Geologia e Paleontologia, este trabalho teve como objetivo principal garantir a valorização e
conservação do patrimônio paleontológico através da divulgação da sua importância. Para atingir tal
finalidade, foram elaborados dois livros paradidáticos sobre os fósseis do Piauí. A Formação
Pimenteira está localizada nos estados do Piauí, Tocantins e Maranhão e faz parte do Grupo
Canindé. Ela é caracterizada principalmente pela intercalação de arenitos finos com folhelhos e
siltitos bioturbados, que apresentam estratificação plano-paralela. Esta formação é constituída pelo
Membro Picos e Membro Passagem. Este projeto enfocou os fósseis do Devoniano da parte da
Formação Pimenteira que está localizada no Piauí, e após fazer uma análise dessa formação, os
afloramentos Oiti e Rio Sambito foram selecionados como os mais representativos para serem
divulgados. O livro ‘’Pororoca de pedras’’ é voltado para alunos do ensino fundamental I, e nele são
apresentados os fósseis Mucrospirifer pedroanus, Montsenetes cf. M. boliviensis, Lingula sp.,
Nuculites oblongatus, e os icnofósseis Arenicolites isp., Asteriacites isp., Bifungites piauienses,
Paleophycus tubularis, Planolites beverleyensis e Rusophycus isp. O livro ‘’ Memórias do Sertão’’ é
voltado para alunos do ensino fundamental II. Nessa história são apresentados os fósseis
Pleurochonetes comstocki, Terebratulida, Metacryphaeus meloi, Metacryphaeus kegeli,
Burmeisteria notica, Spathella pimentana, Bucanella laticarinata e Tentaculites sp. Apesar desses
dois livros serem voltados para alunos do Piauí, eles foram construídos de tal forma que possam ser
acessíveis a pessoas de qualquer estado do Brasil. Explicar a importância científica da Formação
Pimenteira através de livros paradidáticos é importante porque este tipo de leitura gera momentos
lúdicos que despertam o interesse do aluno e facilitam a transmissão e compreensão de termos
científicos. Após a divulgação dos livros paradidáticos produzidos por este projeto (que serão
publicados em versão digital gratuita), espera-se que o Patrimônio Paleontológico do Piauí seja
mais valorizado e preservado, especialmente pelos alunos das escolas públicas e particulares do
Piauí que tiverem contato com os livros citados acima. Além da internet, a divulgação dos livros
será realizada pelas secretarias de cultura e educação de Valença do Piauí.
A escola tem papel fundamental na abordagem dos conhecimentos científicos, contudo diversos
conteúdos são, historicamente, negligenciados ou considerados temas transversais. Muitas vezes
estes temas são abordados de maneira insatisfatória em sala de aula, devido à discrepância entre as
linguagens científica e do cotidiano. É o caso da paleontologia, que auxilia na compreensão de
processos naturais complexos. No entanto, tem sido deixada fora dos currículos formais e planos de
aula de ciências por alguns professores. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é narrar como
princípios e técnicas comuns à paleontologia puderam ser utilizadas como ferramentas de ensino-
aprendizagem junto a uma turma de 9° ano da Escola Estadual Sebastião Fernandes de Oliveira,
Natal, Rio Grande do Norte. Foram realizados quatro encontros com a turma: o primeiro encontro
constituiu de uma aula expositiva-dialogada abordando conceitos introdutórios de geologia geral,
evolução biológica e método científico; no segundo, foi abordada a noção de tempo geológico e
21
tempo biológico tendo como base o episódio “Os mundos perdidos do Planeta Terra” da série
“Cosmos: uma odisseia no espaço”, na biblioteca Maria O. Oliveira; no terceiro, foi pedido a cada
aluno a elaboração de uma “linha do tempo de sua vida”. A configuração da forma da linha do
tempo não foi padronizado, sendo escolhido pelos alunos; por fim, foi realizada a prática de
escavação paleontológica, a partir da representação de estratos geológicos e réplicas de fósseis,
construídos a partir de argila e gesso. A vivência em sala de aula permitiu propor uma forma de
contato investigativa com a paleontologia, possibilitando estabelecer vínculos pedagógicos
favoráveis para perspectivas de ensino integradoras.
D. P. S. RODRIGUES¹; L. C. M. O. PONCIANO²
1
Laboratório de Tafonomia e Paleoecologia da Unirio; Escola de Museologia; Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro. UNIRIO. 2Laboratório de Tafonomia e Paleoecologia da Unirio, Departamento de Ciências Naturais,
Instituto de Biociências; Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. UNIRIO.
[email protected], [email protected]
O Museu Nacional (MN) é reconhecido mundialmente por suas pesquisas, especialmente na área de
Paleontologia. Com 197 anos de existência, os diversos paleontólogos que já trabalharam no museu
realizaram pesquisas científicas variadas, que ficaram registradas na instituição através de
publicações, do acervo e de outros documentos não publicados, além do material que foi utilizado
nas exposições. Este projeto tem como objetivo compreender a contribuição e revelar a participação
22
que o Brasil teve para o desenvolvimento e divulgação dos conceitos científicos relacionados com a
Paleontologia desde o início do século XIX até hoje em dia, tendo como base a contribuição dos
paleontólogos do Museu Nacional. Também foram analisadas as formas de transmissão destes
conhecimentos para o público, através das exposições. Para a realização deste trabalho foram
utilizados os seguintes métodos: levantamento bibliográfico e pesquisa nos arquivos do Setor de
Memória do Museu Nacional (SEMEAR). A pesquisa nos arquivos do SEMEAR forneceu as
seguintes informações: publicações dos pesquisadores, com seus respectivos títulos e assuntos,
solicitação de especialistas para avaliar materiais, material contido na coleção do museu, formas de
aquisição de material, localização de jazigos fossilíferos, sendo alguns deles ainda não publicados,
projetos de exposições, entre outros. Até o momento, os dados encontrados durante a pesquisa são
datados dos anos de 1948-1953 e 1968-1969. Esperava-se encontrar documentos mais antigos,
ainda do século XIX, uma vez que isto estava descrito no caderno informativo com o conteúdo das
caixas. Os resultados obtidos foram muito satisfatórios. Informações sobre o funcionamento do
Departamento de Geologia e Paleontologia do MN, seus pesquisadores, pesquisas desenvolvidas,
exposições realizadas e o processo de formação das coleções nos levaram a compreender melhor o
desenvolvimento da Paleontologia no Brasil. Além de fornecer dados que até então eram
desconhecidos, como a localização e descrição de afloramentos fossilíferos e a participação dos
pesquisadores em projetos e leis sobre a proteção do patrimônio paleontológico. Informações que
eram mais esperadas, como dados sobre a criação e o desenvolvimento das exposições e a formação
das coleções de Geologia e Paleontologia no MN, foram obtidos de forma que superou as
expectativas, devido ao grau de detalhamento dos documentos não publicados que foram
localizados no SEMEAR.
23
A EVOLUÇÃO DO PERSONAGEM-TÍTULO EM “O DINOSSAURO QUE FAZIA AU-AU”
L. L. M. F. SALES1; M. H. HESSEL2
1
Doutoranda em Geologia, UFC, Fortaleza. 2Pesquisadora, Fundação Paleontológica Phoenix, Aracaju.
[email protected], [email protected]
O dinossauro que fazia au-au é o primeiro livro infantojuvenil de autor brasileiro, Pedro Bandeira, a
colocar em sua trama um dinossauro. Com suas 28 edições em 30 anos (1983-2013), a obra traz a
história de um menino que tem dinossauro de estimação. O autor articulou com maestria o
conhecimento científico a uma história original, onde o lúdico, a imaginação e a literariedade
convivem em plena harmonia com o mundo da Paleontologia. O livro, utilizado em escolas
brasileiras com fins paradidáticos, introduz conceitos e explica diversos processos geológicos com
palavras acessíveis, além de instigar a discussão sobre temas polêmicos da Paleontologia. As
informações sobre os dinossauros são corretas e permanecem atualizadas depois de muitos anos,
graças às mudanças introduzidas pelo autor, que buscou junto a geólogos e paleontólogos
informações corretas e atualizadas. Entretanto, o dinossauro personagem é descrito como um
terópodo (carnívoro), mas na história é saudavelmente herbívoro! Outro aspecto dinossauriano
abordado é a presença de pegadas, cuja origem e aplicação de seu estudo são corretamente
explicadas, ainda que os ilustradores tenham dado contornos que não correspondem a dinossauros.
Considerando que as histórias lidas pelas crianças as ajudam a adquirir uma visão do mundo,
oferecer dados corretos sobre organismos extintos pode auxiliá-las a ter uma visão holística do
mundo, onde, além da dimensão espacial do momento em que vivem, poderiam somar a dimensão
geológica temporal. Talvez se fosseis e a paleontologia fossem mais presentes nas discussões
escolares, a evolução dos seres vivos poderia ser mais bem assimilada, desde que se adotassem
livros que apresentem corretamente a dinâmica da vida, como O dinossauro que fazia au-au.
24
uma turma de vinte e cinco alunos do ensino médio de uma escola estadual de Uberaba/MG, onde
os estudantes puderam compreender a grandeza da escala geológica do tempo, analisando as
páginas deste calendário. Este conteúdo foi discutido em sala de aula e os estudantes se mostraram
muito interessados e surpresos com a dimensão do tempo geológico e dos eventos biológicos ao
longo da história da Terra. Esta atividade mostrou-se ser muito importante para trazer a relação de
temas abstratos da geologia e paleontologia para estudantes do Ensino Básico.
apesar de não se configurar como disciplina específica para o ensino fundamental e médio, a
paleontologia deve ser vista de forma contextualizada nas disciplinas de ciências e biologia. além
disso, durante o processo de ensino-aprendizado, é importante utilizar os exemplos locais para
facilitar o repasse do conhecimento e preservação do patrimônio paleontológico. este trabalho teve
como objetivo conhecer a concepção dos alunos do ensino fundamental sobre os conteúdos básicos
de paleontologia e evolução, e executar intervenções didáticas para aprimorar os conhecimentos já
existentes e transmitir novas informações. o trabalho foi desenvolvido em um colégio estadual no
município de alagoa nova-pb, com 60 alunos do 7° ano. foi realizado em duas etapas: entrevista e
intervenção didática. a entrevista foi feita através de um questionário semiestruturado, com 10
perguntas. após, foram realizadas as intervenções didáticas, em forma de aulas/oficinas,
desenvolvidas com base nas dificuldades apresentadas pelos alunos. com base nas repostas dos
questionários, percebeu-se que 85% dos alunos não sabiam o que era paleontologia e/ou fósseis e
confundiam com outras ciências, como a arqueologia. além disso, 47% não souberam definir
evolução, e 69% atribuíram o surgimento da vida com base em uma visão criacionista. dos alunos
entrevistados, 91% responderam que nunca visitaram um museu e não souberam citar exemplos de
lugares na paraíba que foram encontrados fósseis. diante de tal situação, foram realizadas
intervenções abordando conceitos básico de paleontologia, valorização do patrimônio fossilífero da
paraíba e noções de biologia evolutiva. após a execução do projeto, foi possível observar que as
intervenções foram importantes para complementar o aprendizado das aulas de ciências e estimular
o conhecimento e a preservação do patrimônio fossilífero da paraíba.
L. B. M. SANTOS; L. PONCIANO
Laboratório de Tafonomia e Paleoecologia Aplicadas, Departamento de Ciências Naturais, UNIRIO.
Bolsista de IC da UNIRIO.
[email protected], [email protected]
A região Norte do Brasil, especialmente os estados do Pará, Amazonas e Acre, são conhecidos pela
riqueza da floresta amazônica e por sua imensa bacia fluvial, porém o momento da origem e as
causas evolutivas dessa diversidade biológica, e as suas correlações com os eventos geológicos,
ainda são questões de debate. As bacias sedimentares da região amazônica apresentam registros
fossilíferos das três Eras, possibilitando a compreensão do desenvolvimento desta região desde o
Ordoviciano. Há evidências de transgressões marinhas, glaciações, mudanças de temperatura, do
nível do mar e da composição atmosférica, além de uma imensa variedade de fósseis que são
encontrados na região amazônica. As sequências sedimentares onde estes fósseis ocorrem ilustram
paleoambientes muito distintos, que costumam ser analisados de forma aprofundada, porém isolada
25
e muito restrita, de acordo com a área de especialização dos pesquisadores. No presente estudo os
dados geológicos e paleontológicos sobre a Bacia do Amazonas foram correlacionados, a fim de
reconstituir os principais eventos e mudanças paleoambientais que influenciaram na evolução da
biodiversidade da região, do período Devoniano até o Pleistoceno. A partir dos resultados
encontrados, foi feita uma compilação do Histórico Geológico da Amazônia aprofundando nas
faixas de tempo Devoniano – Carbonífero, Cretáceo – Paleogeno e Pleistoceno – Holoceno. O
levantamento da História Geológica permite além de uma compreensão como ocorreu a evolução
dos paleoambientes devidos às mudanças geológicas assim como a identificação de áreas pouco
exploradas. Essas lacunas podem ser preenchidas pelo aprofundamento das correlações levantadas
aqui, entre subáreas ou entre bacias. Didaticamente é um recurso para trabalhar noções de espaço e
tempo, ampliando a compreensão sobre as dinâmicas interna e externa da Terra. As Geociências
contam a história da formação do nosso planeta pela vertente científica. Enquanto os mitos, mesmo
considerando a inerente liberdade criativa e poética, muitas destas histórias foram baseadas direta
ou indiretamente em fenômenos naturais além de questões que envolvem a evolução dos seres vivos
e a nossa relação com vários outros elementos da Natureza. A fim de ampliar a divulgação e
popularização dos conhecimentos científicos, os resultados obtidos nesta pesquisa foram
transformados em narrativas, baseadas em histórias orais associadas com a região amazônica. como
os mitos da Cobra Grande, Mapinguari e Monte Roraima, Origem dos Diamante. O acervo de
narrativas orais utilizado foi o do projeto “O imaginário nas formas narrativas orais populares da
Amazônia paraense” da Universidade Federal do Pará-UFPA.
O presente estudo tem como objetivo divulgar os dados compilados sobre o Ordoviciano -
Devoniano da Bacia do Amazonas através da narrativa "A Boleira do Maecuru" entrelaçando as
Geociências com a cultura local. A elaboração desta história faz parte do projeto "A História
Geológica da Amazônia". A narrativa em questão representa o início do registro fossilífero da Bacia
do Amazonas, com os invertebrados da Formação Maecuru, do período Devoniano. A narrativa
conta a vida de uma confeiteira conhecida por Dona Boleira, que vive na capital do Pará, mas sua
infância foi próxima ao Rio Maecuru, um dos afluentes do Rio Amazonas, perto da cidade de Monte
Alegre. Seus bolos são inspirados em faunas extintas e nos paleoambientes que existiram na região.
Um dia a Dona Boleira chamou todas as crianças da vizinhança para a sua cozinha, pois iria fazer
um bolo especial, com o novo recheio sabor "Maecuru", em homenagem aos fósseis que ela
conheceu na infância. Ao longo da história, enquanto a Dona Boleira faz o bolo, também explica
para as crianças como era esse ambiente durante o Devoniano, quando o mar invadiu o continente,
assim como a fauna de invertebrados que existia naquela época, comparando-os com os doces. A
produção do recheio sabor "Maecuru" explica o processo de fossilização, assim como a confecção
do bolo faz uma comparação com as deposições das camadas de sedimentos, que darão origem às
rochas sedimentares. Para ilustrar essas correlações, a contação da história utiliza o recurso de
camadas do bolo em isopor. Sendo cada camada a representação das rochas de uma das formações
da Bacia do Amazonas. O recheio sabor "Maecuru" será composto por grãos de açúcar refinado e
orgânico, para representar a sedimentologia da Formação Maecuru, com arenitos finos e grossos.
Entre os grãos de açúcar estarão chocolates no formato dos fósseis, representando a fauna
característica, composta por três braquiópodes: Mucrospirifer katzeri (KATZER,
26
1903),“Schuchertella” agassizi (HARTT, 1874) e “Amphigenia elongata” (VANUXEM, 1842);
três biválvios: Ptychopteria (Actinopteria) eschwegei (CLARKE, 1899), “Modiomorpha” sellowi
(CLARKE, 1899) e Sanguinolites karsteni (CLARKE, 1899); um trilobita: “Palpebrops” goeldii
(KARTZER, 1903) e um crinóide. Esta narrativa fará parte do repertório do grupo do projeto de
extensão da UNIRIO: "Geociências nas poéticas orais: pelo reencantamento do e com o mundo",
conhecido por GeoTales.
O Museu Anchieta de Ciências Naturais abriga diversas coleções científicas para fins didáticos e de
pesquisa, caracterizando-se como um museu privado de caráter científico vinculado a um ambiente
escolar. Dedicado ao estudo e ensino da ciência, promove a sua divulgação através de exposições,
cursos e oficinas destinadas a alunos e professores da comunidade escolar. Atualmente as coleções
do Museu estão em processo de informatização com o objetivo de gerar um valioso banco de dados
com informações a respeito da diversidade e distribuição dos organismos. Esse banco de dados será
disponibilizado on-line através do sistema species Link facilitando a consulta de outros
pesquisadores à coleção desejada. Dentre essas, encontra-se a Coleção de Paleontologia, que
consiste em 1245 lotes contendo exemplares procedentes do Brasil, majoritariamente, e de coleções
estrangeiras. Até o momento, 364 espécimes dessa coleção foram fotografados e informatizados,
incluindo vertebrados, invertebrados e vegetais. A informatização faz parte do processo de curadoria
desta coleção, que consiste também na limpeza, identificação, catalogação e adequado
armazenamento dos espécimes. Observa-se no acervo uma grande diversidade e representatividade
de animais e plantas que viveram durante as eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica. Os fósseis de
vegetais provêm principalmente da Alemanha e da região Sul do Brasil. Entre os invertebrados
27
figuram os foraminíferos, cnidários, artrópodes, briozoários, braquiópodes, anelídeos, moluscos
(bivalves, gastrópodes e cefalópodes) e equinodermos. A maioria desses espécimes foram coletados
no Sul do Brasil e também em países europeus como Alemanha, Áustria, França e Itália. Entre os
vertebrados predominam fósseis coletados no Brasil, como mesossauros do Paraná, rincossauros do
Rio Grande do Sul, peixes da Chapada do Araripe e mamíferos do Rio Grande do Sul, que viveram
durante os períodos Permiano, Triássico, Cretáceo e Quaternário, respectivamente. Além desses
materiais, encontram-se também elementos fósseis de vertebrados provenientes de países europeus
e dos EUA, como dentes de tubarão. Dentre os materiais coletados no RS encontra-se o holótipo do
gênero Cerritosaurus, que até então é o único exemplar já coletado para esse táxon. Os exemplares
do acervo com maior destaque compõem a exposição permanente do Museu Anchieta, como um
esqueleto quase completo do rincossauro Hyperodapedon sp., o peixe fóssil da Chapada do Araripe
Vinctifer comptoni e ossos da preguiça-gigante Megatherium sp., coletados no Rio Grande do Sul.
O estudo dos fósseis é um assunto que desperta curiosidade em crianças, adolescentes e adultos, e
um ótimo exemplo deste fenômeno são os dinossauros: estrelas de exposições de museus,
programas de TV, seriados, filmes de ficção científica e documentários. Toda esta exibição torna a
paleontologia e os dinossauros ótimas temáticas de divulgação científica em espaços de educação
não formal. Neste sentido, o Laboratório de Paleontologia e Evolução do Curso de Geologia da
Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás elaborou a Exposição
“Dinossauros do Brasil Central” com o objetivo principal de divulgar conhecimentos sobre
paleontologia e os dinossauros. Este trabalho tem como meta realizar uma análise didática e
metodológica da Exposição “Dinossauros do Brasil Central”. Os assuntos abordados relacionados
com a paleontologia e as geociências foram: I - Tempo Geológico; II – definição de dinossauro; III
– saurópodes; IV – terópodes; V – extinção dos dinossauros e; VI – a paleontologia e o
paleontólogo. Em relação às expectativas de aprendizagem, esperou-se que os visitantes da
exposição pudessem: I – compreender o tempo geológico da Terra e a evolução biológica que
ocorreu no decorrer deste tempo. II – entender o que é um dinossauro; III - reconhecer as principais
diferenças entre saurópodes e terópodes e; IV – conhecer quais são as possíveis causas que levaram
à extinção dos dinossauros. Os recursos utilizados foram: I - banners informativos sobre os assuntos
abordados II - totens multimídias com apresentações sobre a paleontologia e a profissão do
paleontólogo; III – exposição de espécimes, originais e réplicas de dinossauros do Brasil Central e;
IV – área interativa/lúdica, onde os visitantes tinham contato físico com réplicas e também podiam
comparar sua altura com a de um Velociraptor mongoliensis. Quanto à visitação, os estudantes
foram recepcionados em um ambiente externo à exposição, sendo ali “iniciados” nos temas da
mesma. Após este momento, foram conduzidos pela exposição por técnicos e estagiários do museu.
Nesta perspectiva, a exposição foi estruturada de forma intencional e com uma determinada
organização do processo de construção do conhecimento, de modo que os visitantes, especialmente
estudantes do ensino básico, tivessem uma diversidade de atividades com propriedade analítica,
crítica e criadora. Pode-se concluir que a exposição desempenhou seu principal objetivo, que foi o
de realizar a divulgação e formação científica de forma lúdica e informativa, estreitando relações
28
com o ensino formal. [PIBIC/CNPq; Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da
Universidade Federal de Goiás]
O trabalho faz parte da abordagem de ensino dos alunos do terceiro período do curso de geologia do
Unibh, com tema principal A Origem da Vida. O enfoque dessa abordagem é iniciar os alunos na
pesquisa bibliográfica e de campo, em subtemas por eles escolhidos. O trabalho se propôs a analisar
e compreender a preservação dos fósseis do Geossítio Caiera, localizado no município de Uberaba,
bairro Peirópolis, sendo um importante complexo cultural e cientifico. O Geossítio Caiera, contem
grande diversidade de táxon, sendo considerado um dos mais importantes geossítios de ocorrência
de vertebrados do Cretáceo continental brasileiro. Esse estudo objetiva caracterizar as rochas e
compreender a preservação dos fosseis no Geossitio Caieira, identificando os processos de
preservação dos fósseis e os tipos de rochas no qual os fósseis foram preservados. A pesquisa
bibliográfica focou na descrição da geologia local e caracterização paleontológica do Geossítio
Caieira. No trabalho de campo utilizou-se de carta topográfica e mapa geológico, além de uma
planilha para coleta de dados em campo, elaborada pelo grupo de pesquisa. O afloramento descrito
é de um arenito com estrutura plano-paralela, de granulação fina, coloração esbranquiçada, grãos
bem selecionados, com alta esfericidade, arredondados a subarredondados. Arcabouço constituído
por quartzo, matriz composta por feldspatos argilizados e fragmentos líticos de argilito e siltito,
cimentação carbonática. Nesse local, já foram encontradas oito espécies fósseis de dinossauros.
Segundo a literatura, o geossítio se formou em depósitos de dunas eólicas e leques aluviais em
paleoambiente desértico. A preservação de diversos fósseis em rochas areníticas se deu
especialmente pela possibilidade de percolação de fluidos ricos em carbonato de cálcio pelos poros
da rocha, possibilitando assim a cimentação e compactação, favorecendo a conservação dos
organismos fósseis no local. A relação entre a preservação dos fosseis e a geologia demonstra a
variação dos paleoambientes que passaram por modificações constantes. Esta pesquisa é relevante
ao associar essa relação para assim, compreender os processos sedimentares e paleoambientais
envolvidos na formação e conservação dos geossítios, sendo relevante no âmbito de pesquisa
acadêmica, e levando conhecimento a sociedade, mostrando a importância de preservação dos
patrimônios naturais.
DILSON VARGAS-PEIXOTO¹
¹UFSM.
[email protected]
Métodos de coletas de dados estão disponíveis mediante a publicação de artigos científicos, apesar
dos trabalhos de campo geralmente não serem mencionados. Assim, há carência de informações de
como os métodos foram praticados, como fatores ambientais influenciaram o pesquisador e quais
relações tinha com a equipe. Este resumo parte da observação de um grupo de oito paleontólogos (5
graduandos, 2 técnicos e 1 paleontólogo responsável) no Sítio Fossilífero Cerro da Alemoa, Santa
Maria, RS, durante o dia 10/09/2016, perfazendo 10 horas de observação. Descreve as atividades de
29
campo, o procedimento real dos paleontólogos frente aos fósseis e com eles mesmos, de forma a
deixar registrado seu modus operandi, contribuindo para o entendimento do comportamento
humano e para a criação de fontes sobre o ser paleontólogo. O método usado foi observação-
participativa, onde o observador se insere no grupo de estudo e participa com ele. As observações
foram gravadas em áudio, contando também com anotações e registro fotográfico. Mediante
achados considerados de importância, o grupo dividiu-se em três subgrupos (sg). O sg1 permaneceu
na ravina leste; o sg2 permaneceu em uma das ravinas centrais e o sg3 trabalhou em uma das
ravinas ocidentais, porção inferior. Os indivíduos “vagavam” de um subgrupo para outro afim de
auxiliar os colegas, pegar material ou observar o avanço dos trabalhos. O paleontólogo responsável
também se deslocava entre os subgrupos, orientando sobre a escavação. Apenas três indivíduos do
sg3 e um do sg1 não trocaram de subgrupos. Devido a importância de dois achados (um deles de
campo passado), formaram-se quatro subgrupos. Além disso, os membros fixos do sg3 se
deslocaram para uma das ravinas centrais, porção superior, onde passou o resto do dia, conforme
solicitado. Ao som de música e após pausas para lanche e descanso, foram coletados dois blocos
contendo fósseis (pertencentes aos sg2 e sg4). As descrições dos trabalhos de campo são
importantes para registro da organização e socialização dos paleontólogos, podendo consistir,
futuramente, em fonte primária de pesquisa sobre a coletas de fósseis, contribuindo na construção
da história da paleontologia. Também, pode servir para desconstruir o estereótipo de paleontólogo
que a sociedade possa ter.
30
ACERVOS / GEOCONSERVAÇÃO
L. C. M. BENTO1; S. C. RODRIGUES2
1
Curso de Geografia, FACIP-UFU, Ituiutaba, MG; 2Instituto de Geografia, UFU, Uberlândia, MG.
[email protected], [email protected]
Este resumo equivale a um dos resultados obtidos na pesquisa de pós-doutorado do autor principal,
intitulada “GEODIVERSIDADE DO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA: Uma
proposta de catalogação, valorização e divulgação”. O objetivo, aqui, é refletir sobre o potencial dos
sítios fossilíferos para a prática do geoturismo e, para tanto, a metodologia empregada envolveu o
aprofundamento teórico sobre a temática estudada, dividindo-se em dois eixos principais, a saber: i-
aspectos geológicos da área de estudo e ii- conceitos e metodologias relacionadas a temática da
geodiversidade, geopatrimônio, geoturismo e geoconservação. Os resultados obtidos sinalizam que
a região do Triângulo Mineiro está inserida no Domínio Morfoestrutural Província Sedimentar
Meridional, na Bacia Bauru, dividida nos seguintes grupos Caiuá e Bauru, este último apresentando,
nessa região, três formações: Marília, Uberaba e Vale do Rio do Peixe. As localidades fossilíferas
são encontradas em municípios diversos dessa mesorregião, tais como Iturama, Gurinhatã, Campina
Verde, Monte Alegre, Prata, Uberlândia, Uberaba, Veríssimo e Capinópolis, justamente no Grupo
Bauru. Os sedimentos desse grupo são finos a médios e dispostos em camadas tabulares e
lenticulares, muitos de ambiente continental fluvio-lacustre, locais que devido à presença de água
foram tanto mais favoráveis à vida como para a preservação dos fósseis. Das formações desse grupo
destacam-se os arenitos da Formação Marília que, do ponto de vista paleontológico é uma das mais
importantes unidades fossilíferas do Grupo Bauru e do Cretáceo Superior da América do Sul. Os
fósseis aqui encontrados foram conservados num contexto paleoambiental de arenitos com níveis de
paleossolo fortemente bioturbados, os quais foram depositados em inundações repentinas em
planícies aluviais após longas secas, refletindo as oscilações climáticas da época. Outro aspecto
levantado é que, justamente por conta dessas inundações, os ambientes deposicionais são de alta
energia, fazendo com que os fósseis estejam desarticulados e fragmentados. Pode-se depreender que
os fósseis fazem parte da geodiversidade e têm um papel muito importante, pois, sejam restos
vegetais ou animais, são preservados por processos geológicos que nos permitem entender como a
vida e o planeta Terra evoluiu. Nesse sentido, esses locais apresentam grande potencial para a
prática do geoturismo, uma vez que este prima por uma visitação que integre contemplação e o
entendimento da geodiversidade numa perspectiva de valorização e divulgação dessa vertente
abiótica da natureza. [PNPD/CAPES 2014-2015]
31
coleção de fósseis do Departamento de Ciências Biológicas CCA/UFPB, na divulgação e
preservação do patrimônio fossilífero e no processo de ensino/aprendizado dos assuntos
correlacionados às ciências biológicas. Para a realização deste trabalho, procedeu-se a limpeza,
organização e catalogação dos fósseis, resultando em um banco de dados digital para consultas ao
acervo. A coleção didática é composta por micro e macrofósseis oriundos das principais bacias
sedimentares do Nordeste (Pernambuco-Paraíba, Araripe, Bacia Boa vista, Bacia Rio do Peixe, etc.)
e de depósito de tanques da Paraíba. Os fósseis são de idade paleozoica, mesozoica e cenozoica e
procedem de coletas de campo, projetos de pesquisa e doações. No total são estimados 237 espécies
de microfósseis (85% foraminíferos e 15% pólens/esporos) e 187 espécimes de macrofósseis: 16%
invertebrados (moluscos e artrópodes), 30% vertebrados (megafauna e peixes), 17% vegetais, 24%
icnofósseis e 13% pseudofósseis. A coleção desempenha um importante papel, sendo utilizada em
aulas práticas e exposições, levando aos alunos e população local, conhecimento sobre
paleontologia, educação e preservação do patrimônio fossilífero.
As Bacias do Parnaíba, essencialmente Paleozóica; Araripe formada por arenitos e folhelhos, ricos em
ostracodes e nódulos calcários com vertebrados fósseis e Iguatu com sedimentos que variam entre
conglomerados, arenitos, siltitos e folhelhos, apresentam sequências sedimentares distintas e possuem
ampla variedade de icnofósseis, fósseis de invertebrados, vertebrados e vegetais. Os invertebrados fósseis
estão representados praticamente em todos esses depósitos, sendo o grupo mais favorável para
caracterizar os paleoambientes, dada sua grande diversidade. Este trabalho tem por objetivo a
identificação e caracterização do acervo de fósseis invertebrados presentes na Coleção do Laboratório de
Geociências e Paleontologia da UFPI/CAFS. Todos os exemplares foram coletados pelos discentes da
disciplina de Paleontologia durante aulas de campo nos municípios de Picos- PI, Caldeirão Grande-PI,
Simões-PI, Nova Olinda-CE e Iguatu-CE. A coleção consiste principalmente de insetos das ordens
Odonata, Ephemeroptera, Blattaria, Heteroptera e Coleoptera (Formação Santana); icnofósseis de
invertebrados (Forms. Cabeças/Pimenteira); ostracodes (Form. Santana/Iguatu). Os fósseis de insetos
encontram-se em excelente grau de preservação, alguns com parte e contraparte. Os ostracodes estão em
grande parte associados a fósseis de vertebrados (peixes). Enquanto os icnofósseis, destacam-se dos
demais pela riqueza de gêneros identificados: Lockeia, Planolites, Chondrites, Cruziana e Bifungites.
Após a identificação foi possível perceber que a quantidade de organismos que já foi e pode ser
encontrada, é bem rico e diverso, tornando essa coleção uma referência para futuros estudos. [BIAMA]
A alta Geodiversidade tem sido associada às áreas de grande interesse econômico, contribuindo para
a degradação dos georecursos. Com o crescente dano ambiental, indicadores da Geodiversidade têm
sido utilizados para classificar os valores do Patrimônio Geológico. A avaliação quantitativa
confirma a riqueza da área em termos de diversidade abiótica prioritárias para Geoconservação. Foi
32
realizado o levantamento da Geodiversidade dos municípios no Geopark Araripe, verificando seu
potencial na conservação ambiental. A quantificação Individual do Índice de Geodiversidade (IG)
incluiu aspectos Geológicos, Geomorfológicos, Paleontológicos, de Recursos Minerais e dos Solos.
Foi utilizada a escala de 1:300.000 com grades de 5 km², obtendo-se valores entre 3 e 21 em 171
quadrículas. A Geodiversidade foi organizada em classes: muito baixa (<5), baixa (6-8), média (9-
11), alta (12-14) e muito alta (>15). Observou-se que o IG muito baixo foi predominante no topo da
Chapada do Araripe, destacando-se a Formação Exu, que é afossilífera, de baixa drenagem
superficial e poucos minerais. Os maiores IG estão próximos aos Geossítios Pedra Cariri e Parque
dos Pterossauros, nos municípios de Santana do Cariri e Nova Olinda, nos limites estruturais e de
alto valor paleontológico. A geomorfologia e geologia condicionam as áreas de alto IG. Os recursos
minerais encontram-se nas áreas de maior IG, degradação ambiental e aglomeração urbana. O mapa
da Geodiversidade proporcionou a visualização quantitativa das áreas de maior interesse para
Geoconservação, planejamento urbano e manutenção da biodiversidade no Cariri. Foi verificado
que o Geopark Araripe não está desacelerando a exploração de algumas das áreas de interesse
geológico. [*FACEPE proc. IBPG-0419-9.05/16; **CNPq MCTI/CNPQ/Universal proc.
458164/2014-3]
W. M. K. MATSUMURA*; M. A. F. FERREIRA
Departamento de Biologia, Centro de Ciências da Natureza, UFPI, Teresina, PI, Brasil.
[email protected], [email protected]
A formação dos primeiros grupos referente aos estudos paleontológicos voltados para as pesquisas
petrolíferas iniciou-se durante o Conselho Nacional do Petróleo (1938). A necessidade e novos avanços
nos estudos de Macropaleontologia e Micropaleontologia na prospecção de petróleo ganharam força com
33
a criação da Petrobras (1953). Primeiramente, a Petrobras estabeleceu três laboratórios de paleontologia
regionais no país, nos municípios de: Belém (PA), Ponta Grossa (PR) e Salvador (BA); os quais se
destinavam a exploração e pesquisa de regiões petrolíferas no Brasil. Num primeiro momento, o
Laboratório de Paleontologia (Belém), incumbe-se da análise das amostras da Bacia do Amazonas,
destacando o trabalho realizado por Setembrino Petri, o qual estudou os foraminíferos da Bacia
Amazônica e do Marajó. Num segundo momento, com a instalação do Departamento de Exploração da
Bacia Sedimentar do Paraná – DEBSP (posteriormente, chamado DESUL), em Ponta Grossa, destinou-
se parte do Departamento para a constituição de um Laboratório de Paleontologia. As condições iniciais
eram precárias, visto não ter qualquer instrumento, aparelho ou mesmo produto químico a disposição.
Tendo também uma deficiência de aparelhamento para fracionar rochas e para a confecção de lâminas
delgadas, e ainda de uma indispensável literatura especializada para análise do material. Destaca-se que
com o decorrer do tempo, este laboratório começou a receber e analisar amostras paleontológicas de todo
o Brasil. A principal atividade do órgão concentrava-se no exame de amostras para a identificação dos
topos das zonas, com apoio às perfurações exploratórias. Apesar das dificuldades do período, o
paleontólogo Frederico Waldemar Lange (1911-1988) desenvolveu as primeiras correlações
bioestratigráficas no Paleozóico da Bacia do Paraná. Sob direção de Lange, o DESUL passou a
desenvolver os primeiros estudos de microfósseis a partir de 1955, principalmente dos quitinozoários.
Num terceiro momento, a criação do Laboratório de Paleontologia de Salvador ocorreu, em decorrência
das pesquisas exploratórias na bacia do Recôncavo/Tucano - devido a descoberta de petróleo em 1939 –
destacando aos estudos de microfósseis. Dessa forma, o resumo evidencia a importância da criação de
núcleos/laboratórios de estudos paleontológicos por uma companhia como a Petrobras, consolidando e
contribuindo assim, para o desenvolvimento e avanço na área. [FAPESP 2014/06843-2 – CNPq
311483/2014-3].
The Lajedo do Rosário Geosite (LRG) is a karstified limestone outcrop (0.72 Km 2), located in Felipe
Guerra municipality, Rio Grande do Norte State, Brazil (05º 33’ 42.50” S; 37º 39 38.70” W). It presents
several geological elements underexplored from the point of view of geodiversity. Herein we perform a
study of qualitative valuation of LRG geodiversity. The method applied consisted in the identification of
32 sub-values, grouped into six main values (intrinsic, cultural, aesthetic, economic, functional and
research/education). We identified fourteen values, including: intrinsic, sense of place, landscape, leisure
activities, remote appreciation, soil, energy, fossils, storage/recycling, pollution control, water chemistry,
soil functions, geosystem function, ecosystem function and education/training. The site self-existence
applies the intrinsic value. The cultural value exists because LRG is a landmark for the communities. The
aesthetic value refers to the pleasure the landscape offers to the viewer and the amount of disclosure by
the media. The economic value is present mainly because of the presence of oil under the sealant
limestone. The functional value is applied due to the water cycle present in the phreatic, mixed, and
vadose zones into the caves and by the soil, as support to the vegetation. The research/education value is
applied because of the fossil findings (Quaternary vertebrates) and the continuous research developed in
the karst and caves of the geosite. This work shows thenecessity of conservation (due to oil explorations)
and sustainable use (e.g. Geoturism) of the LRG since it has a relevant educational potential in
speleology, structural geology, and paleontology. [*Bolsista FAPERJ; **Bolsista CNPq]
34
FÓSSEIS DA FORMAÇÃO JANDAÍRA: DO CRETÁCEO DA BACIA POTIGUAR PARA O
MUSEU DO AMANHÃ
O Museu do Amanhã foi inaugurado pela Prefeitura do Rio de Janeiro com o objetivo de promover
uma reflexão sobre o futuro da humanidade. Por sua exposição, arquitetura e localização, tornou-se
um dos mais novos pontos turísticos da cidade. Também se destaca por constituir um ponto de
interesse geopaleontológico em pleno Centro Histórico do Rio de Janeiro. As lajes calcárias que
revestem seu piso provêm de um afloramento da Formação Jandaíra (Cretáceo Superior; Bacia
Potiguar), no município de Tabuleiro do Norte (Ceará). Este trabalho apresenta um estudo dos
fósseis presentes no revestimento do Museu do Amanhã e de aspectos taxonômicos, icnológicos e
sedimentológicos observados in loco no afloramento explorado para a retirada do calcário. A
localidade estudada está inserida na área de exploração da Mineração Agreste Ltda. e atualmente se
encontra desativada. O estudo taxonômico permitiu a atribuição dos mesmos ao gênero
Plesioptygmatis sp. (Gastropoda, Nerineidae). Em campo, também foram observados espécimes
pertencentes a diferentes espécies de Bivalvia. Tanto os gastrópodes quanto os biválvios estão
substituídos e, por vezes, recristalizados. Diferentes litofácies estão representadas, porém os fósseis
ocorrem abundantemente em calcarenitos de cor ocre e minoritariamente em calcilutitos de cor
bege. Icnofósseis atribuídos a Skolithos e Thalassinoides também são observados nos níveis de
calcarenito. As litofácies observadas e a composição faunística e icnológica do afloramento indicam
um ambiente marinho raso instalado no contexto da transgressão marinha durante o Cretáceo Final
na Bacia Potiguar. Este estudo contribui para a divulgação e ensino da Paleontologia, além de
possibilitar o geoturismo urbano.
35
PALINOLOGIA / MICROPALEONTOLOGIA / MICROBIALITOS
Tooth calculus is a mineralized matrix, formed by a conglomeration of oral bacterial flora and saliva
components. Due to its progressive accumulation and good condition after fossilization, many diet
microremains can be recovered, making calculus analysis an excellent tool for paleodiet
reconstruction. This study aims to reconstruct the paleodiet of the South American gomphothere
Notiomastodon platensis (Ameghino, 1888), by identifying palynomorphs assemblies from tooth
calculus. We selected 12 molars teeth from Northeastern (Pernambuco and Sergipe States) and
Southern (Rio Grande do Sul State) Brazilian localities. The teeth were cleaned with acetone and
alcohol for posterior calculi removal. Altogether, 17 samples were extracted and submitted to the
chemical processing to recover plant microfossils. Permanent slides were mounted and examined at
20x and 40x magnification of a photonic microscope. The results indicate a high percentage of
36
indeterminate pollen grains/palynomorphs for all specimens evaluated (37.7% of total), due to
damaging effects caused by chewing and posterior preservation. Among the pollen grains identified,
Northeastern specimens showed only herbaceous pollen grains (Poaceae: 26.1%, Asteraceae: 8.7%,
Chenopodiaceae: 4.2%). On the other hand, Southern specimens presented proportional percentages
between herbaceous and arboreal plants from grasslands (15.6%), Atlantic forest (33.3%) and
Araucaria forest (1.25%) biomes. The most significant pollen types representing each biome include
Poaceae (14.4%), Myrtaceae aff. Myrcia (21.3%), Podocarpus lambertii (0.6%) and Cunoniaceae
aff. Lamanonia (0.6%). These results suggest an opportunistic behavior among Brazilian
gomphotheres and corroborate previous paleodiet studies. Northeastern individuals possibly
inhabited open regions with grasslands domains, agreeing with previous palynological analysis of
Quaternary sediments from Northeast, which suggests coverage by Caatinga vegetation. Although,
palynological studies from the sediments in Rio Grande do Sul coast suggest dominance by
grasslands. Our results indicate that the Southern gomphotheres also had access to forest fragments,
which contributed to the significant percentage found in the samples. Therefore, it is suggested that
these individuals had generalist dietary habits and probably varied their diet based on migrations
and/or sazonal behaviors. This study has proved effective and contributed to the enrichment of
information about the Gomphotheriidae paleoecology in Brazilian lowlands. In addition, other plant
microfossils detected will help us refine these proboscideans’s diet, as well as the
climatic/environmental aspects surrounding the sites during the Pleistocene.
37
USO DE ALGAS CHARA COMO BIOINDICADORES PALEOAMBIENTAIS NA FORMAÇÃO
CAATINGA, BACIA CAMPO FORMOSO, CENTRO-NORTE, BA
W. M. DANTAS; N. K. SRIVASTAVA
Departamento de Geologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
walter.geologia@gmail, [email protected]
Coprólitos (fezes fósseis) são importantes fontes de evidência da dinâmica das teias alimentares nos
ecossistemas pretéritos. Actinomycetes é um grupo de organismos procariontes pertencentes ao
Domínio Bacteria, agrupando um grande número de espécies saprobiontes, que são componentes
fundamentais na decomposição da matéria orgânica, servindo como catalizadores nos ciclos
biogeoquímicos. Recentemente, foram encontradas diversas colônias verrucosas de micélios de
actinomicetes preenchendo o interior de um coprólito espiralado anfipolar coletado nos depósitos da
Formação Rio do Rasto (Permiano Médio do Rio Grande do Sul). Os únicos outros restos inclusos
neste coprólito são 18 escamas paleoniscoides de peixes, as quais sugerem que o produtor fosse um
peixe carnívoro ou onívoro. Estas colônias são compostas por massas de hifas, algumas delas em
processo de segmentação. Cadeias de esporos separadas por estruturas conectivas finas e alongadas
surgem destas colônias. Esta espécie de bactéria fóssil foi descrita como Palaeostromatus diairetus
gen. et sp. nov. e representa a associação mais antiga entre vertebrados e actinomicetes. Uma vez
que as colônias de P. diairetus ocorrem somente no interior do coprólito, este microorganismo
provavelmente faz parte da flora intestinal do produtor do coprólito ou ingerido como recurso
alimentar. A interação mutualística entre vertebrados e uma microbiota intestinal ocorre em todos os
grupos de vertebrados e desempenha um importante papel na digestão e absorção de nutrientes,
beneficiando ambos os organismos. Estes restos excepcionais indicam que interação direta entre
vertebrados e uma microflora intestinal já estava estabelecida desde o Guadalupiano.
38
ANÁLISE DA CHUVA POLÍNICA NA FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ
As análises polínicas dos sedimentos quaternários da Gruta do Urso (12°42’47”S, 46°24’28” W),
550 m.s.m.l., Aurora do Tocantins, Estado do Tocantins, corroboram com as investigações
paleozoológicas nestes depósitos. Foram analisadas 21 amostras de sedimentos temporal-
espacialmente distribuídos ao longo do salão principal e corredor noroeste da Caverna, coincidindo
às vezes com os pontos de coleta de fósseis de animais. Para as análises quantitativas, foram
consideradas as amostras que alcançaram a soma polínica de ca. 100-200 grãos de pólen ou 20
táxons polínicos, excluindo os esporos de pteridófitas, algas e microfungos da contagem. As
amostras consideradas válidas para estudos polínicos foram datadas pelo método radiocarbônico
(14C). Os resultados apontam uma dinâmica do clima e da vegetação durante o Último Máximo
Glacial. A assembléia polínica neste intervalo está representada por plantas adaptadas à condições
meso-xerotíficas, de floresta semidecidual e cerrado stricto sensu. Entre 24,430-23,980 14C cal anos
AP, o clima era provavelmente mais quente e seco pela presença de vegetação herbácea de cerrado
(Malpighiaceae) e gramíneas C4 (δ13C de -14.9%o), ascosporos de Meliola, fungo patógeno da grama
comum. Entre 24,930-24,300 (cronologia A) ou 21,470-20,990 (cronologia B) 14C cal anos AP, as
condições clímaticas eram mais úmidas, formada por um mosaico de vegetação meso-xerofítica de
mata de galeria (Celtis-Trema, Melastomataceae-Combretaceae, Solanum) e cerrado arbóreo (cf.
Bauhinia brevipes, Cedrela, Caryocar, Pseudobombax cf. longiflorum, Pseudobombax cf.
39
marginatum), pteridófitas terrícolas de mata (Cyatheaceae, Polypodium). A presença de Asteraceae
e Poaceae e registro de δ13C de -21.8%o indicam uma mistura na contribuição da biomassa vegetal
por plantas C3 e C4. Entre 23,280-23,690 (cronologia A) ou 20,440-20,040 (cronologia B) 14C cal
anos AP,, houve a expansão da mata de galeria, cerrado arbóreo e incremento dos indicadores
limnológicos (Botryococcus, Debarya, Arcella e Centropyxis). O registro de Podocarpus representa
florestas mistas em topografias regionais mais elevadas durante os períodos glaciais. O δ13C de
-20.8%o reforça a co-existência de plantas de metabolismo C3 e C4. Um aumento expressivo do
pólen de gramíneas, Tipo Gomphrena, fungos patógenos de gramíneas (Epicoccum e Meiola) e
fungos coprofíticos (Cercophora, Coniochaeta, Sordaria, Tipo Sordariaceae) reflete a expansão das
savanas e indicam um aumento na densidade da megafauna herbívora, neste intervalo. Em depósitos
cronocorrelatos do karste regional foi registrado o fóssil de Catagonus stenocephalus, datado de ca.
20,000 anos AP por ESR. O dados paleontológicos multi-proxies nos auxiliam no entendimento dos
processos ecológicos que levaram ao colapso e extinção da megafauna pleistocênica em áreas do
Brasil Central.
O Complexo Deltáico do Rio Paraíba do Sul localiza-se no norte do estado do Rio de Janeiro, na
parte emersa da bacia de Campos, e é composto por depósitos pleistocênicos e holocênicos. A
sondagem do testemunho analisado, 2-MU-1-RJ, ocorreu em Mussurepe, no município de Campos
dos Goytacazes, e alcançou 200 m sem atingir o embasamento. Desde a década de 1950, esta área
tem sido alvo de vários estudos devido a sua importância geológica e econômica, porém são raros
os trabalhos sobre foraminíferos. Foraminíferos são organismos proctotistas marinhos, unicelulares,
com ampla distribuição espaço-temporal, desde ambientes costeiros até marinhos profundos, e
desde o Cambriano ao Recente. A utilização deste grupo é vantajosa devido à alta densidade
numérica de tecas num pequeno volume de sedimentos e a excelente preservação destas ao longo do
registro geológico, além de serem bons indicadores ambientais. O objetivo do trabalho é a análise
de foraminíferos bentônicos ao longo do testemunho e as respostas paleoambientais obtidas através
dos mesmos. Foram analisadas 58 amostras sedimentares, entre 2 e 64,35 m (porção com influência
marinha no testemunho), padronizadas em 10 g, peneiradas via úmida em peneiras de 500 e 63 µm,
triadas em lupa binocular, com contagem de 300 espécimes por amostra, classificados no nível de
espécie e analisados quantitativamente. As espécies retidas na peneira de 500 µm não apresentaram
representatividade numérica, portanto toda análise foi feita com base na fração de 63 µm. A
datação, através de nanofósseis, situa a parte estudada do Calabriano ao Pleistoceno Médio. A
composição microfaunística de foraminíferos compreendeu um total de 349 espécies distribuídas
em 79 gêneros. Destas espécies, 5 pertencem a formas aglutinantes e 344 a calcárias. As espécies
dominantes foram: Ammonia parkinsoniana, Cassidulina reniforme, Gavelinopsis praegeri,
Hanzawaia nitidula, Haynesina germanica, Pararotalia cananeiaensis, Quinqueloculina
lamarckiana, Q. vulgaris, Rosalina globularis e Textularia conica. As que apresentaram frequência
de ocorrência maior do que 40%, por ordem decrescente: Pararotalia cananeiaensis, Gavelinopsis
praegeri, Cibicides pseudoungeriana, Discorbis williamsoni, Cassidulina. reniforme, Rosalina
globularis, Mullinoides differens, Bolivina ordinaria, B. striatula, Rosalina floridana, Elphidium
incertum, Cassidulina crassa, Nonion depressulum var. matagordanum, N. depressulum, Ammonia
parkinsoniana, Hanzawaia nitidula, Angulogerina angulosa, Bolivina compacta, Haynesina
germanica, Buliminella elegantissima e Bolivina pseudoplicata. A abundância absoluta e as
40
diferentes assembleias observadas ao longo da seção estudada indicam uma transgressão marinha,
caracterizada inicialmente, por ambiente raso e pobre em oxigênio, evoluindo para marinho
plataformal, e, por fim, um ambiene com influência marinha e circulação restrita (laguna).
A técnica computacional tridimensional (3D) pode estar associada a vários métodos que
possibilitam observar e analisar em detalhe estruturas externas e internas de material fóssil. Esta
técnica tem por isso grande interesse e utilidade em pesquisas científicas de paleontologia. Este
trabalho teve como objetivo utilizar a microtomografia computadorizada no estudo da morfologia
interna e externa de um microfóssil pertencente à espécie Pyrgo depressa (foraminífero com uma
carapaça formada por várias câmaras). Para o efeito, foi utilizado um microtomógrafo SkyScan
1172. Este equipamento foi selecionado por permitir discriminar estruturas com uma resolução até
0.4 μm e emitir radiações que não danificam materiais carbonáticos frágeis. Foram obtidas, com a
microtomografia computadorizada, 1808 imagens do exemplar estudado. Essas imagens
microtomográficas foram tratadas e aplicadas em modelos tridimensionais (3D) com o recurso a
vários programas informáticos, como por exemplo 3D-Doctor, CTVox, DataViewer, 3D-Max, Ctan
e Maya. Os modelos 3D gerados pelos programas referidos permitiram obter um conjunto de
coordenadas espaciais, evidenciar diferentes tipos de estruturas internas da carapaça de Pyrgo
depressa, até então completamente desconhecidas, e deduzir sobre a funcionalidade dessas
estruturas na construção da carapaça. Foi possível concluir, por exemplo, que: as placas dentárias de
uma câmara servem de arcabouço para formação da quilha da câmara seguinte; a densidade da
parede da carapaça é maior nas últimas câmaras, particularmente na região da quilha que compõem
a borda externa da carapaça; o prolóculo (câmara inicial) apresenta uma estrutura complexa
constituída por septos espirais. Os modelos 3D permitiram ainda observar estruturas reprodutivas,
esquizontes, aderentes á parede interna do exemplar estudado. É possível pois concluir que a
microtomografia computadorizada pode ser aplicada em estudos de morfologia de foraminíferos,
com a vantagem da não destruição do fóssil, sendo por isso útil na taxonomia.
A reconstrução de climas do passado da Terra é baseada em registros que podem ser trabalhados por
várias técnicas e métodos. Os isótopos estáveis de oxigênio e carbono em carapaças de
foraminíferos planctônicos são uma ferramenta útil na reconstituição paleoceanográfica do oceano
superficial. Este método é ainda mais expressivo quando associado a outros tipos de indicadores
41
paleoceanográficos, como por exemplo as associações de foraminíferos planctónicos preservadas no
sedimento. Este trabalho visa contribuir para o conhecimento da evolução paleoambiental da
Margem Continental NW Ibérica desde a última glaciação. Baseia-se no estudo do testemunho PC7-
1 (42º40’29’’N, 11º09’48’’W, 1.675 m) coletado próximo do Banco da Galiza, uma montanha
submarina situada no extremo ocidental da Margem Continental NW Ibérica, a Oeste de Vigo. O
modelo de idade do testemunho baseou-se em oito datações de radiocarbono obtidas em testas de
foraminíferos que sugerem uma idade de cerca de 47 ka para a sua base. O estudo de resultados de
isótopos estáveis em carapaças de Globigerina bulloides (espécie planctônica de foraminífero)
presentes ao longo do testemunho, da composição das associações de foraminíferos planctónicos e
de paleotemperaturas estimadas com a função de transferência “Modern Analog Technique
SIMMAX 28”, permitiram obter algumas informações sobre a área de estudo desde a última
glaciação. Os resultados permitiram deduzir que: o arrefecimento mais extremo da água superfícial
do mar ao largo da Península Ibérica não correspondeu em qualquer período de máxima extensão
do volume continental de gelo, mas foi contemporâneo dos quatro últimos Eventos de Heinrich e de
alguns eventos de Dansgaard-Oeschger; a Corrente de Portugal, que transporta água quentes da
Corrente do Golfo, deverá ter sido fortalecida durante a última glaciação tendo contribuído para a
amenização climática da Península Ibérica; esta corrente enfraqueceu gradualmente durante o
Holoceno.
42
OSTRACODES DA BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS, NORDESTE DO BRASIL
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Geologia, Campus Universitário, 59072-900, Natal,
Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]
O mapeamento realizado na Sub-Bacia Sousa (Bacia do Rio do Peixe), noroeste da Paraíba, resultou
na reconstrução paleoambiental lacustre para a região do povoado de Umari-PB, situado entre os
municípios de São João do Rio do Peixe-PB e Marizópolis-PB. Dos 146 Km² levantados da Sub-
Bacia Sousa, os folhelhos da Formação Sousa (Neocomiano) apresentam dois gêneros de
conchostráceos, além de alguns ostracodes, em um corte utilizado para a extração de rocha
ornamental localizado a noroeste do povoado de Umari, ao lado da BR-405, coordenadas
“0566152E 9244914N 24M”. Os conchostráceos encontrados e coletados durante mapeamento da
Bacia Sousa pertencem aos gêneros Cyzicus e Estheriella apresentando excelente preservação,
formando assembleias completas com indivíduos que variam de 4 a 25 mm de comprimento,
mostrando padrões de linhas de crescimento que se intercruzam. Alguns indivíduos possuem
moldes externos bem preservados das valvas ventrais com sua morfologia côncava. O excelente
estado de preservação no qual foram encontrados sugere que os animais viviam num ambiente de
baixa energia, no qual a ação transportadora das correntes é nula ou muito baixa. Neste caso, a
hipótese é a de que o sistema deposicional era lacustre. Os fósseis foram encontrados na camada
mais basal do afloramento composta por folhelhos de cor verde clara da Formação Sousa, o que
indica um ambiente redutor, ideal para a preservação sem a deterioração do material; enquanto que
43
os folhelhos de cor vermelha no topo, também do mesmo afloramento, indicadores de um ambiente
mais oxidante, não apresentaram ocorrência de conchostráceos. [DGEO-UFRN]
R. M. MELO1; S. AGOSTINHO1,2
1
Laboratório de Geologia Sedimentar e Ambiental (LAGESE), Programa de Pós-Graduação em Geociências, Centro de
Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. 2Departamento de Geologia, Centro de Tecnologia e
Geociências, Universidade Federal de Pernambuco.
[email protected], [email protected]
D. M. MENDES1; E. K. PIOVESAN 2
1
Graduação em Geologia, Universidade Federal de Pernambuco, Laboratório de Geologia Sedimentar-LAGESE. 2
LAGESE, PRH-26, Universidade Federal de Pernambuco.
[email protected], [email protected]
O avanço dos estudos abordando as correlações bioestratigráficas com base em ostracodes têm
evidenciado a contribuição efetiva deste grupo microfóssil no conhecimento da história geológica
das bacias do Nordeste Brasileiro. Neste contexto, análises das associações de ostracodes não-
marinhos do Andar Dom João (Jurássico Superior) realizadas neste estudo revelaram importantes
semelhanças taxonômicas entre a fauna registrada na Formação Aliança (Bacia de Jatobá) e na
Formação Bananeiras (Bacia Sergipe/Alagoas), cronoestratigraficamente posicionadas no Jurássico
Superior. A Formação Aliança, na Bacia de Jatobá, é caracterizada por folhelhos e siltitos
avermelhados intercalados com calcarenitos. A Bacia de Jatobá encontra-se instalada integralmente
sobre o Terreno Pernambuco-Alagoas da Província Borborema e representa a porção setentrional do
sistema de rifte abortado Recôncavo-Tucano-Jatobá. A Formação Bananeiras, na Bacia Sergipe-
Alagoas, é representada por folhelhos vermelhos de origem lacustre. A Bacia Sergipe-Alagoas está
44
localizada na margem equatorial do nordeste brasileiro e suas sequências deposicionais são
correlacionáveis aos estágios evolutivos que ocorreram nas bacias da margem leste brasileira e que
culminaram com a formação do Atlântico Sul. A metodologia de preparação adotada neste trabalho
compreende os procedimentos usuais para recuperação de microfósseis carbonáticos. Os resultados
alcançados demonstram a ocorrência das mesmas espécies pertencentes ao gênero Theriosynoecum
Branson, 1936 e Alicenula Rossetti & Martens, 1998 nas duas bacias estudadas. O posicionamento
biocronoestratigráfico no Andar Dom João (Jurássico Superior) da seção estudada foi baseado no
registro da espécie-guia Theriosynoecum pricei (Pinto & Sanguinetti, 1958) nas Formações Aliança
(Bacia de Jatobá) e Bananeiras (Bacia Sergipe-Alagoas). [PIBIC/CNPq 16018454]
Os sedimentos oceânicos podem ser classificados, de acordo com sua origem, em três grandes
categorias: sedimentos terrígenos, sedimentos biogênicos ou bioclastos e sedimentos autigênicos.
Este trabalho teve como objetivo identificar os grupos de organismos que constituem os bioclastos
encontrados em amostras de sedimentos superficiais na região sul da Plataforma Continental de
Pernambuco. As amostras foram coletadas pelo Serviço Geológico do Brasil, na plataforma
continental de Pernambuco, município de Sirinhaém. As coletas foram realizadas através de uma
amostrador do tipo van-veen, em profundidades variando de 13 a 32m. Foram analisadas 18
amostras (AM 01- AM 18). De cada amostra foram coletados 10g de sedimentos para análise do
material e triados de forma aleatória 300 espécimes. Nos resultados foi possível observar uma
grande quantidade de sedimento terrígeno em relação aos sedimentos biogênicos, com uma
predominância de quartzo, feldspato e mica. Nos sedimentos biogênicos destacam-se algas calcárias
(40%), foraminíferos (39%) e moluscos (14%), seguidos de briozoários (3%), equinodermos (2%),
artrópodes (1%) e poríferos (1%). A associação faunística encontrada é típica de águas tropicais e a
preservação dos elementos bióticos foi de partes inteiras e fragmentadas. Além disso, através da
preservação das carapaças, pode-se inferir que grande parte dos bioclastos encontrados são
constituídos por organismos relictos.
O trabalho aborda a taxonomia dos ostracodes do Cretáceo Superior da Formação Jandaíra, Bacia
Potiguar. A Bacia localiza-se na interseção da Margem Continental Equatorial com a Continental
Leste, abrangendo uma área de aproximadamente 48.000 km². As amostras são provenientes de um
afloramento da Formação Jandaíra, denominado “Ponto 5” (coordenadas UTM: 0673396/9411152).
A metodologia do trabalho seguiu os seguintes procedimentos: cada amostra foi dividida em três
partes, cada uma contendo de 30 g de rocha. A primeira parte, a bruta, foi desagregada
mecanicamente; a segunda parte foi desagregada com solução de H 2O2 15% e a terceira, com
solução de H2O2 35%. Os espécimes provenientes de cada tipo de preparação foram triados e uma
primeira análise foi realizada em estereomicroscópio. Foram selecionados espécimes de cada uma
das preparações para a realização de fotografias em microscópio eletrônico de varredura. Foram
45
identificadas as seguintes espécies: Cytherella gambiensis Apostolescu, 1963; Ovocytheridea
anterocompressa Piovesan et al., 2014; Fossocytheridea potiguarensis Piovesan et al., 2014;
Cophinia ovalis Piovesan et al., 2014; Perissocytheridea jandairensis Piovesan et al, 2014;
Paraplatycosta aff. talayninensis Andreu, 1995; Protocosta babinoti Piovesan et al, 2014 e
Soudanella semicostellata (Grékoff, 1951). As associações registradas permitiram posicionar
bioestratigraficamente o material estudado no intervalo Santoniano–Campaniano. Estudos futuros
serão aprimorados, visando contribuir no refinamento bioestratigráfico e à avaliação da influência
dos diferentes protocolos de preparação na recuperação de ostracodes.
46
dorsal reta; o umbo pouco visível localiza-se na região subcentral; margem anterior é mais curta que
a posterior; as linhas de crescimento partem da região anterior próximo ao umbo onde são mais
próximas, e vão ficando mais largas conforme vão se distanciando do umbo totalizando em torno de
12 linhas de crescimento não possuindo recurvamento; a margem ventral encontra-se fragmentada.
Os espécimes descritos para esse gênero são marcados pela presença de gigantismo, porém, os
espécimes aqui descritos não são assim considerados e são indicadores de paleoambiente com clima
quente e úmido, com presença de corpos d’agua de maior duração e com ampla disponibilidade de
nutrientes. Palaeolimnadiopsis sp. ocorre na Bacia de Sousa, tornando-se um elemento na
correlação bioestratigráfica entre a bacia supracitada e a Bacia de Lima Campos, além de ampliar o
conhecimento da paleofauna presente nesta bacia.
47
1
Programa de Pós Graduação em Análises de Bacias e Faixas Móveis. Faculdade de Geologia; Departamento de
Estratigrafia e Paleontologia. 2Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ; Faculdade de Geologia; Departamento
de Paleontologia e Estratigrafia. 3 Laboratório de Micropaleontologia – LabMicro; Departamento de Ciências Naturais;
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]
Este trabalho baseia-se no estudo do testemunho T1 (23°00'33.0"S, 43°37'09.7"W, 480 cm) coletado
no manguezal de Guaratiba; localizado na margem nordeste da Baía de Sepetiba, Estado do Rio de
Janeiro. Tem como objetivo estudar a evolução recente da planície costeira que bordeja a Baía de
Sepetiba em função de variações do nível do mar. Foram utilizados dados micropaleontológicos
(foraminíferos bentónicos), texturais e geoquímicos tais como: carbono orgânico total (COT) e
isótopos estáveis (em Ammonia tepida). O modelo de idade baseou-se em três datações de
radiocarbono por AMS, obtidas no laboratório Beta Analytic (Florida USA). Os resultados
permitem identificar três seções no testemunho T1. A primeira, localizada entre 480-350 cm,
caracteriza-se pela presença de sedimentos arenosos, pobres em COT e sem microrganismos nem
restos de moluscos. Na segunda, entre 340-150 cm, observa-se a ocorrência de sedimentos finos,
um aumento sensível dos teores de COT e fauna abundante mas pouco diversificada de
foraminíferos. Nesta secção a associação de foraminíferos é constituída essencialmente por espécies
de testa calcária, como, por exemplo A. parkinsoniana, A. tepida, H. germanica, C. poeyanum e C.
vadescens. Nesta secção os resultados de A.tepida δ18O and A.tepida δ13C indicam a ocorrência de
paleoeventos de influxo de águas marinhas mais frias e maior contributo de matéria orgânica com
origem na produtividade biológica oceânica, em alternância com fases em que a influência
continental foi maior. Na seção entre 150-0 cm registra-se a presença de espécies típicas de
manguezal, como por exemplo A. mexicana, E. macrescens, H. manilaensis, H. wilberti, M. fusca e
T. inflata; os sedimentos são muito finos e os teores de COT muito elevados. Estes resultados
sugerem que a área de estudo mudou significativamente durante os últimos 2400 anos cal BP, idade
estimada para a base do testemunho. Essas mudanças ocorreram em três fases distintas: i) entre
2400-1400 anos cal BP, a área de estudo deverá ter estado submetida ao efeito da ondulação costeira
seguida de exposição subaérea e seca prolongada; ii) entre ≈1.400-350 anos cal BP registrou-se um
estágio de submersão em que a área de estudo se tornou um ambiente marinho raso; iii) nos últimos
350 anos cal BP o local estudado evoluiu para o atual ambiente de mangue. Os resultados obtidos
permitem estabelecer um provável cenário evolutivo do Mangue de Guaratiba que pode
eventualmente ter estado associado a variações do nível do mar.
N. P. SÁ1,2; M. A. CARVALHO2
1
Programa de Pós-Graduação em Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brazil. 2Museu Nacional,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brazil.
[email protected], [email protected]
48
proximity of the source is the main factors that reflect of dominance of No-NBio with average of
80% of the total POM. The section was subdivided into three intervals, according of palynofacies
assemblage observed in the section. The first interval (85.17-200.17 m) is characterized for high
amounts of Nop-NBio (almost 83%); however two episodic events of increase of autochthones,
structureless particles and sporomorphs were recorded. The first event at 192.46 m, the
autochthones, structureless particles and sporomorphs were predominant, being the autochthones
the most abundant category. The second event was longer (141.91-122.32 m) and is coincident with
abundance variations of autochthones, structureless particles and sporomorphs. Nop-NBio was
replaced mainly by sporomorphs, especially between 134.26 and 135.19 m, when the Nop-NBio
shows the lowest abundance in the whole section. The phytoclast input is continuous indicating a
fluvial setting. However, the two episodic events have indicated lacustrine conditions. The second
interval (57.59 - 85.17 m) is characterized for a gradual decreased of Nop-NBio and raised of
opaque phytoclasts and sporomorphs which could reflect a subaerial exposure or at most shallow
lakes. However, in the top of this interval (57.59 - 79.57 m), the Nop-NBio increased again,
replacing opaques phytoclasts and sporomorphs. The third interval (41.73 - 55.10) started with Nop-
NBio prevailing upon the others POM constituents. However, the significant change occurred at
41.73 m, in which Nop-NBio is replaced for structureless particles. This change has showed again
influence of enviromental lacustrine in fluvial system.
G. SANTIAGO; M. A. CARVALHO
Museu Nacional/UFRJ.
[email protected], [email protected]
49
consequente diminuição das partículas associadas a elementos terrígenos. No Intervalo 4 retorna o
fluxo mais intenso de partículas terrígenas concomitante com a diminuição de elementos
autóctones. As conclusões preliminares deste trabalho demonstram que a seção Wila Lojeta
representa um ambiente de lago intermitente como consequência de oscilações climáticas. É
possível que as oscilações tenham relação com ciclos orbitais.
Conchostráceos são pequenos crustáceos bivalves, nos quais as valvas são constituídas de quitina e
podem ser ou não impregnadas por carbonato de cálcio (as quais são preservadas em registros
fósseis), que habitam ambientes aquáticos temporários, como, por exemplo, os lagos rasos, podendo
escavar o fundo mole. São organismos bentônicos que se alimentam de microorganismos e restos de
vegetais, predominantemente dulcícolas desenvolvendo-se em águas alcalinas (Ph entre 7 e 9) e,
preferencialmente, em temperaturas quentes. Essas condições provavelmente ocasionariam chuvas
abundantes durante o período do Triássico Superior, proporcionando maior quantidade de nutrientes
para a promoção do desenvolvimento dos mesmos. Sua distribuição cosmopolita é explicada pelo
fato de que seus ovos podem durar muitos anos, suportando períodos de secas e, assim, podendo se
desenvolver em ocasiões mais oportunas. O presente trabalho está em processo de desenvolvimento
sob a forma de Trabalho de conclusão de Curso (TCC) através de análises desses organismos. O
material em estudo é proveniente de coletas em pelitos da Supersequência Santa Maria, antigamente
definidos como Membro Alemoa, e está presente na coleção do Laboratório de Estratigrafia e
Paleobiologia da Universidade Federal de Santa Maria, sob o tombo 9026 (9 = coleção de
Arthropoda; 026 = número de entrada). São 258 espécimes, organizados em sete caixas, com suas
respectivas subdivisões em letras (Caixa 1, UFSM 9026A-P; Caixa 2 Q-T; Caixa 3, U-AH; Caixa 4,
AI-BI; Caixa 5, BJ-CH; Caixa 6, CI-EX e Caixa 7, EY-IX). O objetivo deste trabalho consiste na
identificação taxonômica preliminar, sendo reconhecidos, até o momento, o gênero Cyzicus e as
possíveis espécies: Lioestheria katooae, “Lioestheria?”, Euestheria cf. forbesi, Triassoglypta
santamariensis e Estheriina (Estheriina) sp. Os resultados obtidos até o momento, através da
análise da morfologia, número de linhas presentes nas valvas e espaços entre as mesmas, analisados
em lupa, demonstram que a presença de conchostráceos com linhas de crescimento com maior
espaçamento, abundância e maiores dimensões de valvas, pode estar relacionada com a
disponibilidade de nutrientes, como é o caso de Triasoglypta santamariensis, sugerindo a
importância desses organismos como paleoindicadores ambientais.
M. C. SILVA; M. A. CARVALHO
Museu Nacional, UFRJ.
[email protected], [email protected]
O Lago Dom Helvécio situado no vale médio do Rio Doce, Minas Gerais faz parte de um
importante complexo lacustre no Parque Estadual do Rio Doce (PERD). Estudos anteriores de
sedimentos holocênicos demonstraram um conteúdo riquíssimo em fitoplâncton no lago. O material
ainda apresenta um grande potencial para refinar as identificações e entender melhor, com base na
distribuição estratigráfica desse material, as mudanças paleoambientais. O objetivo desse estudo foi
50
investigar a distribuição estratigráfica dos grupos funcionais fitoplanctônico dos últimos ~3 mil
anos e compara-los com aqueles que ocorrem atualmente no Lago Dom Helvécio. Para tal estudo,
24 amostras palinológicas do testemunho LDH94-4 e 05 de sedimentos de fundo retiradas nas
profundidades 0,5; 1,5; 11,75; 19,5 e 30,25 m foram analisadas através da microscopia em luz
branca transmitida e fluorescência com o objetivo de obter dados qualitativos (taxonômicos) e
quantitativos. No material analisado foram identificadas as espécies Botryococcus sp. 1,
Coelastrum reticulatum, Eudorina elegans, Pediastrum angulosum, Sorastrum sp., dinoflagelados e
mais 26 espécies não identificadas. A espécie Coelastrum reticulatum é a mais abundante seguido
de Botryococcus sp. 1. Três grupos funcionais foram reconhecidos F, G e J. Nas amostras do
testemunho o grupo funcional J é o dominante, especialmente devido a grande quantidade de
Coelastrum reticulatum sugerindo um ambiente raso e rico em nutrientes. Já nas amostras de
superfície o grupo funcional F é o mais significativo devido a grande abundância de Botryococcus.
Nesse caso o habitat sugerido é lago raso com epilímnio claro. O grupo funcional G representado
pela presença de Eudorina elegans é pouco representativo, no entanto ocorre especificamente na
parte média da seção. De maneira geral os grupos funcionais encontrados indicam um ambiente
raso e rico em nutrientes corroborado pelo alto valor médio de Carbono Orgânico Total (13,2%). Os
grupos funcionais encontrados mostram correlação positiva entre eles denotando que nos últimos
~3.500 anos de sedimentação do lago não ocorreram alterações ambientais significativas.
D. M. SOUZA 1; E. K. PIOVESAN 2
1
Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, Laboratório de Geologia Sedimentar-
LAGESE. 2 LAGESE, PRH-26, Universidade Federal de Pernambuco.
[email protected], [email protected]
A Bacia do Araripe é a mais extensa bacia mesozoica do interior do Nordeste brasileiro. Esta bacia
guarda importantes registros de microfósseis calcários, em especial de ostracodes não-marinhos do
Cretáceo em excelente estado de preservação. A grande aplicabilidade da fauna de ostracodes como
marcador bioestratigráfico possibilitou o estabelecimento de um zoneamento refinado e a
proposição de Andares locais nas bacias interiores do Nordeste do Brasil com base neste grupo
microfóssil. Neste estudo foram amostradas as formações Crato, Ipubi e Romualdo nas cidades de
Jardim, Crato e Santana do Cariri. O material foi tratado no Laboratório de Preparação de Amostras
(LPA), na Universidade Federal de Pernambuco, de acordo com os procedimentos usuais para
recuperação de microfósseis carbonáticos, consistindo nas seguintes etapas: (a) pesagem de 100 g
de amostra bruta; (b) fragmentação mecânica; (c) adição de peróxido de hidrogênio (H2O2) por 24 h;
lavagem em peneiras com aberturas de 250, 180 e 63 micrômetros e secagem em estufa à
temperatura de 50°C. Depois de secas, as amostras foram triadas em estereomicroscópio e os
espécimes foram acondicionados em lâminas específicas. Após as análises, foram identificadas as
espécies Alicenula leguminella, Theriosynoecum silvai, Pattersoncypris micropapillosa e
Damonella grandiensis. A associação registrada foi interpretada como típica de ambiente lacustre,
com grande variação de salinidade. As espécies registradas permitiram posicionar
bioestratigraficamente o material analisado no Andar Alagoas (=Aptiano-Albiano).
51
A Formação Ponta Grossa é uma das formações mais estudadas Bacia do Paraná. No entanto, na
borda noroeste da bacia, estado de Mato Grosso do Sul, estudos de cunho paleoambiental são
incipientes. Para a região este é o primeiro estudo de palinofácies. A matéria orgânica particulada
(MOP) foi recuperada de 18 amostras do afloramento MS-26 (23 m) provavelmente de idade
praguiana—emsiana, localizado no município de Rio Verde de Mato Grosso-MS. As seguintes
partículas orgânicas foram encontradas: Grupo Amorfo (pseudoamorfa e matéria orgânica amorfa-
MOA); Grupo Fitoclastos (fitoclastos opacos, fitoclastos não-opacos não-bioestruturados-Nop-
NBio, cutículas); Grupo Palinomorfos (esporos, algas de água doce, acritarcos e prasinófitas).
Elementos marinhos (acritarcos e prasinófitas) são encontrados em todas as amostras, com exceção
de duas amostras (7,4 e 8,3 m), indicando um ambiente marinho para seção estudada. Os fitoclastos
opacos foram os mais abundantes na seção estudada, seguido de microplâncton (prasinófitas) e
fitoclastos Nop-NBio. As partículas foram agrupadas com auxílio da análise de agrupamento em
três associações da MOP (AMOP): AMOP-1 (acritarcos, prasinófitas, pseudoamorfa e MOA);
AMOP-2 (fitoclastos opacos) e AMOP-3 (Nop-NBio, cutículas, esporos, Botryococcus). A seção
MS-26 foi dividida em três intervalos (IA-IC) de acordo com distribuição estratigráfica das
associações. O Intervalo A (0-2,5 m) é caracterizado por valores altos de origem continental da
AMOP-3, especialmente esporos e Nop-NBio acompanhado de baixa abundância de prasinófitas
indicando então um ambiente marinho com influência continental. Corrobora esta interpretação o
registro de fragmentos vegetais. O Intervalo B (2,5-8,3 m) se inicia com um pico de fitoclastos
opacos acompanhados de queda brusca de elementos continentais e elementos marinhos. Embora,
se observe valores baixos de elementos marinhos, a presença de raros crinoides nesse intervalo
indica que o ambiente é marinho franco. Além disso, a baixa abundância de fósseis com esqueleto
carbonático, aliada a uma aparente dissolução da morfologia dos mesmos, parece indicar que este
pacote tenha se depositado em profundidades mais elevadas, próximo a Zona de Compensação do
Carbonato de Cálcio, o que concordaria com os picos de fitoclastos opacos. O Intervalo C (8,3-15,2
m) é caracterizado pela maior abundância de elementos marinhos, especialmente de prasinófitas,
acompanhado de valores altos de MOA e baixa abundancia de elementos de origem continental,
sugerindo para esse intervalo um ambiente marinho normal longe de fontes fluviais e/ou deltaicas.
Além disso, estas camadas também são muito pobres em macroinvertebrados com apenas uma
ocorrência de braquiópode do gênero Derbyina? e uma de crinoide.
52
matéria orgânica que chega ao substrato oceânico é essencialmente provinda da produtividade
primária. As concentrações de clorofila-a e COT são maiores na região da Ilha Grande do que no
setor da Ilha de São Sebastião. Na primeira região a densidade de foraminíferos bentônicos é maior,
contudo menos diversificada do que no setor da Ilha de São Sebastião. As associações de
foraminíferos da região da Ilha Grande são dominados por Globocassidulina subglobosa e
compostos, principalmente, por espécies oportunistas relacionadas à disponibilidade episódica de
alimentos e estes, por sua vez, decorrem do processo de ressurgência de Cabo Frio. A influência da
ressurgência diminui no setor da Ilha de São Sebastião. Os resultados obtidos revelam que a
associação de foraminíferos bentônicos contida em sedimentos superficiais registra diferenças de
fluxo de alimento resultante da produtividade oceânica. Nas estações mais profundas da região de
São Sebastião (talude continental), a presença de uma comunidade arborescente (Rhadammina spp.
e Rhizammina spp.) e da Nodulina dentaliniformis sugere que o regime sedimentar é relativamente
mais estável e contém maior quantidade de matéria orgânica refratária do que na Região da Ilha
Grande para profundidades semelhantes. Assim, os resultados obtidos são de grande importância
por constituírem análogos modernos que poderão ser aplicados em estudos paleoambientais de
reconstituição da circulação oceânica ao largo da região estudada.
53
PALEOBOTÂNICA
A Formação Ipubi, é constituída por lentes de evaporitos (gipsita) intercalados com folhelhos cinza
esverdeados, carbonatos e arenitos. A coleta do material foi feita na área de exploração de sulfato de
cálcio (gipsita) localizado a 24 Km da cidade de Araripina no Estado do Pernambuco. Nestes
folhelhos foi encontrado um fragmento de vegetal, ainda em fase de estudo pertencente ao
Laboratório de Paleontologia da URCA, com cerca de 15 cm de comprimento. Para a caracterização
foi utilizada a técnica de Fluorescência de Raios-X (FRX) e para identificação taxonômica foram
utilizados o microscópio estereoscópico e MEV. Com as medidas de FRX foi possível obter os
seguintes elementos: fóssil - Ca (82.2%), Si (7,38, Fe (4,86) S (1,39); rocha matriz - Ca (42,97), S
(31,83), Si (5,71) e Fe (4,59). A grande quantidade encontrada de Ca tanto na rocha matriz quanto
no fóssil, indicou que houve substituição por carbonato de cálcio (CaCO3) durante o processo de
fossilização. Já a quantidade de Fe e S indicou que o espécime possuía traços de pirita, indicando
que este mineral esteve presente durante a fossilização. Foi observado no vegetal a presença de duas
folhas por nó, tal característica permite associá-la ao gênero Frenelopsis. A ocorrência deste gênero
já foi descrita para a Bacia do Araripe apenas na Formação Romualdo e Crato, sendo este grupo de
fácil adaptação ambiental, citado como formador de florestas em torno de ambientes marítimos e
dulcícolas, como rios e lagos, solos pobres, arenosos, pantanosos e área de várzea. [*Bolsista
FUNCAP - PROJETO BPI]
A Formação Pedra de Fogo tem idade permiana e aflora ao longo do centro da Bacia Sedimentar do
Parnaíba, que é uma das mais importantes em termos paleobotânicos no país. Esta bacia recobre os
estados do Maranhão, Piauí e Tocantins, e pequenas porções do Pará e do Ceará. As associações
fitofossilíferas aqui apresentadas foram reconhecidas na Fazenda Cansanção, localizada em Porto
Alegre do Piauí, 270 km sudoeste de Teresina, estando inseridas na Formação Pedra de Fogo. Esta
unidade geológica é caracterizada pela presença de camadas de sílex e calcário e, apesar do seu alto
potencial para o desenvolvimento de estudos paleontológicos, ainda se encontra em um estágio
preliminar de pesquisas. O referido sítio caracteriza-se por apresentar uma quantidade significativa
de troncos de pteridófitas (Psaronius sp.) do Período Permiano e, em menor quantidade, troncos
gimnospérmicos. O georreferenciamento dos caules fósseis foi realizado através de prospecções de
superfície por caminhamento, com o auxílio de imagens do Software livre Google Earth, utilizando
um receptor de GPS e fotografias. Até o presente momento foram mapeadas nove concentrações de
troncos na localidade. O conteúdo do novo sítio contrasta com as ocorrências próximas a Teresina,
nas quais predominam as gimnospermas. Este novo registro demonstra o grande potencial que
54
existe para o desenvolvimento de estudos paleobotânicos na bacia. A continuidade deste trabalho
será relevante para o contexto da paleoflora paleozoica do Gondwana.
Este trabalho descreve raízes fósseis encontradas em São Gonçalo do Gurgueia, estado do Piauí. A
área de ocorrência esta inserida na Formação Piauí (Pensilvaniano, Bacia do Parnaíba). Os fósseis
são túbulos que apresentam um eixo principal, cilíndrico, de material cimentado, preenchido com
sedimento pouco consolidado de textura semelhante à rocha matriz. Podem possuir ramificações
laterais de número variável e menor calibre, ao longo de sua superfície. Alguns espécimes ocorrem
verticalmente e outros horizontalizados em relação ao plano de acamamento da rocha matriz.
Quando presentes, as ramificações podem se organizar de forma espiralada, opostas ou apresentar-
se somente de um lado do eixo principal, formando ângulos de até 90°. A superfície externa é
rugosa, de coloração escura, com ornamentações na forma de cristas (com alguns milímetros de
espessura), que ocorrem em quatro formas distintas: (i) cristas longitudinais, ocorrem em número
variável, chegando a um máximo de sete; (ii) cristas oblíquas, em relação ao eixo principal; (iii)
cristas transversais, assemelham-se a anéis, e podem ou não circundar completamente o eixo, em
alguns fósseis, estas características estão ausentes (iv). É importante ressaltar que só há um tipo de
ornamentação por espécime. Este registro aumenta a diversidade fossilífera da Formação Piauí,
anteriormente reconhecido apenas pelos macroinvertebrados marinhos das fáceis carbonáticas. A
presença de raízes fósseis in situ permite a inferência de um paleossolo e demonstra que esta porção
da Formação Piauí é de origem continental, ampliando a interpretação dos ambientes continentais
no Pensilvaniano da Bacia do Parnaíba. [*CNPq 456608/2014-1, **141979/2011-9].
Nos anos 1960 os proprietários da então denominada Fazenda Sobradinho, situada na zona rural de
Uberlândia (18°46'56"S, 48°16'0.20"O), retiraram dali uma grande quantidade de troncos
silicificados, tratados como rocha e entregues a uma marmoraria local. Reconhecidos pelo prof.
Luiz Nishiyama (Instituto de Geografia/UFU), os troncos foram recolhidos para o então
Departamento de Geografia, e amostras enviadas para diversas instituições nacionais. Em 1972 os
geólogos K. Suguio e A. M. Coimbra descreveram preliminarmente a anatomia destes troncos e
atestaram sua proveniência como sendo da Formação Botucatu. Este depósito representa o último
ciclo de sedimentação da Bacia do Paraná e acumula arenitos eólicos de um grande deserto,
sotopostos e intercalados aos derrames basálticos da Formação Serra Geral. A Formação Botucatu
tem seu limite norte no Triângulo Mineiro, onde arenitos médios a grossos com estratificações
cruzadas de pequeno porte atestam a presença de torrentes sazonais (depósitos de wadis). Em 1974
a primeira paleobotânica brasileira, Diana Mussa, descreveu a espécie Palaeopinuxylon josuei a
partir de troncos enviados ao DNPM/RJ e a alocou na família Protopinaceae, grupo proposto pelo
alemão R. Kräusel para incluir coníferas mesozoicas tratadas como intermediárias entre as
gimnospermas paleozoicas e as formas atuais, e cujo xilema apresenta traqueídes com pontoações
55
radiais de aspecto misto entre aqueles de Araucariaceae (pontoações contíguas e sub-
quadrangulares) e Pinaceae (pontoações espaçadas e circulares - padrão “abietino”). Entre 1997 e
2011 esses troncos voltaram a ser estudados, destacando-os como atrativo geoturístico e análises
dendroclimatológicas. Espécimes foram registrados também no município de Araguari, cuja
legislação municipal os protege de ação minerária (lei complementar nº 59/2009). Considerando
recentes revisões do registro gondwânico de lenhos de Gymnospermae e que Protopinaceae trata-se
de um agrupamento artificial e taxonomicamente espúrio, a validade de P. josuei deve ser
reavaliada. Para tal, localizamos os espécimes da Fazenda Sobradinho que atualmente encontram-se
dispersos pela UFU, a maior parte compondo o paisagismo dos campi Santa Mônica (135 peças em
16 pontos) e Umuarama (seis peças em quatro pontos). Novas prospecções na localidade-tipo não
localizaram novos espécimes, mas o grande volume de material disponível para novos estudos
anatômicos permitirá reavaliar taxonomicamente estes que são os únicos fósseis conhecidos para os
municípios de Uberlândia e Araguari. [SESu/MEC]
56
Laboratório de Paleontologia de Picos, Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros
(LPP/UFPI-CSHNB).
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]
As Lycopsidas são pequenas plantas herbáceas caracterizadas por folhas simples, helicoidalmente
inseridas ao longo do caule. A presença de fósseis deste grupo na região de Picos é conhecida desde
1957. Trabalhos de campo recentes em afloramentos da Formação Pimenteira (Devoniano, Bacia do
Parnaíba), em Picos, tem possibilitado a coleta de amostras de rochas contendo diversos fragmentos
vegetais, objeto de estudo nesta pesquisa. Em laboratório, quatorze amostras oriundas de
afloramentos urbanos (Morro do Quebra Pescoço, Morro do Cemitério e Morro do Mestre Braz),
tiveram os fósseis preparados mecanicamente com auxílio de agulhas, pinceis, e microscópio
estereoscópio; medidas biométricas com auxílio de paquímetro e régua foram feitas; a identificação
se deu através da análise comparativa das feições e morfologia preservadas nas amostras, com
àquelas reportadas em literatura específica. A presença de poros arredondados a alongados
longitudinalmente, distribuídos de forma irregular ou apresentando ligeiro padrão helicoidal, além
de células da epiderme, permitiu atribuir o material a espécie Palaeostigma sewardii Kräusel &
Dolianiti, 1957. Estes vegetais são considerados higrófilos, o que reafirma a constituição
paleoambiental atribuída à Formação Pimenteira, caracterizada como um ambiente de mar raso bem
próximo ao continente. A continuidade das pesquisas com estes fósseis poderá elucidar questões
evolutivas e paleoecológicas dos vegetais durante o Devoniano, além de fornecer dados relevantes
para interpretações dos sistemas deposicionais e reconstituições paleofitogeográficas para a Bacia
do Parnaíba. [*BIAMA-UFPI; **PIBIC-UFPI; ***ICV-UFPI]
57
INVERTEBRADOS
Na porção Sul da Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS) ocorrem depósitos fossilíferos
de idade pleistocênica em subsuperfície. Afim de assegurar a preservação desses fósseis durante a
instalação do Complexo Eólico Campos Neutrais, entre os municípios de Santa Vitória do Palmar
e Chuí, os órgãos ambientais demandaram a execução de um programa de monitoramento e
resgate paleontológico durante as perfurações para as fundações das torres eólicas. Como resultado
do programa, em 34 das perfurações, foram recuperados milhares de fósseis de moluscos,
equinodermos, peixes, crustáceos, foraminíferos e ostracodes em profundidades que variaram de 5
a 15 metros. Estratigraficamente os sedimentos fossilíferos estão associados aos depósitos
marinhos da Barreira III e demonstram um nível de mar até 7 metros acima do atual. A distribuição
espacial dos fósseis não é homogênea, sugerindo que estejam distribuídos em manchas, similar ao
que se pode observar atualmente na Praia dos Concheiros. Dos 5843 espécimes de moluscos,
foram identificadas 30 espécies de bivalves e 19 de gastrópodes. Os táxons predominantes são
bivalves (5614 espécimes), seguidos por gastrópodes (229 espécimes), além de 202 não
identificados. As espécies mais frequentes de bivalves são Amiantis purpuratus, Mactra
janeiroensis, Pitar rostratus, Mactra isabelleana, Mactra guidoi, Corbula caribaea e Gouldia
cerina, sendo A. purpuratus a espécie dominante (94,12% do total de bivalves). Já dentre os
gastrópodes, a espécie mais frequente é Bostrycapulus odites (73,53% do total de gastrópodes).
Quanto aos aspectos tafonômicos, os fósseis apresentam-se bastante completos, desarticulados
(com exceção de diversos espécimes de Corbula) e com poucos sinais de abrasão, bioerosão ou
incrustação. Predominam espécimes de coloração branca, devido à dissolução parcial por água
intersticial, embora alguns mantenham traços da coloração original e outros exibam parte do
perióstraco preservado. A maior parte das espécies encontradas habita águas rasas (0 a 30 m),
indicando ambiente de antepraia superior (upper shoreface-foreshore). Foram identificados alguns
exemplares de espécies que vivem em águas mais profundas (de até 77 m): Adelomelon brasiliana,
Anadara chemnitzi e Glycymeris longior. A maior parte das espécies encontradas vive em
ambiente marinho franco, mas as espécies Anomalocardia brasiliana, Crassostrea rhizophorae,
Erodona mactroides, Ostrea equestris e Bostrycapulus odites também habitam águas salobras. A
maioria dos táxons identificados vive hoje na costa do Rio Grande do Sul, mas os bivalves
Anomalocardia brasiliana, Chione subrostrata e Chione paphia não vivem atualmente ao Sul de
Santa Catarina (28º S), o que sugere águas costeiras mais quentes do que as atuais.
ELVIO PINTO BOSETTI1, JEANNINNY CARLA COMNISKEY2, LUCINEI MYSZYNSKI JUNIOR4, RENATO
PIRANI GHILARDI4
1,2
UEPG, Paraná, Brasil; IFPR, Paraná, Brasil; 4UNESP “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil.
3
58
Os cornulitídeos já foram considerados homólogos aos artrópodes e anelídeos, devido a sua
semelhança na segmentação do corpo, bem como já foram considerados homólogos aos briozoários,
decorrente da estrutura vesicular da parede da concha. O consentimento das afinidades biológicas
do grupo, ainda se mantém em debate. O material analisado encontra-se depositado no Laboratório
de Paleontologia e Estratigrafia, Departamento de Geociências, Universidade de Ponta Grossa
(UEPG- DEGEO). O espécime pertence ao gênero Cornulites Schloteim, 1820, classe Tentaculitida.
O grupo é exclusivamente marinho e são representados por tubos calcários, segregados por
presumíveis poliquetas. Já foram encontrados isolados ou em agrupamentos. Quando isolados
fixam-se no substrato, quando agrupados ocorrem cimentados uns aos outros ou em material
conchífero. O presente registro ilustra o primeiro caso. Os cornutilitideos possuem distribuição
estratigráfica do meso Ordoviciano ao final do Carbonífero e são registrados para América Norte,
Estônia e Suécia, sendo este o primeiro registro para as camadas do Devoniano brasileiro. O
material foi encontrado no município de Tibagi, Paraná, no km 237 na BR 153, nas coordenadas
geográficas S 24° 45' 52'', O 50° 28' 07''. O afloramento tem 8 m de espessura, onde a base é
constituída por siltitos finos maciços intercalados a finas lentes de argilito com laminação
planoparalela e apresentando coloração cinza escuro a preta. O topo é constituído por uma gradação
granocrescente que varia de argilitos á arenitos finos á médios de coloração cinza claro. A
diversidade fossilífera é diferenciada nas duas feições litológicas. Os cornulitídeos são registrados
apenas na base da seção numa associação de fitodetritos, ostracoda, tubos vestimentíferos e
gastrópodes beleronfontídeos. A presença deste material está associada a ambientes redutores e em
várias partes do mundo as camadas onde os tubos são encontrados há uma relação com alto
potencial de geração de hidrocarbonetos. [Cnpq 311483/2014-3].
59
comparativa dos fósseis permitirá o detalhamento taxonômico dos fósseis deste clássico
afloramento fossilífero. [*CNPq 141979/2011-9]
The Bauru Basin (K) is in southeastern South America and was mostly filled with siliciclastic
psammitic sediments. During deposition, the climate varied from desertic to semiarid depending on
the time/location. At north, outcrops of the Adamantina and the overlaying Marília formations are
found, which are estimated to be of Campanian-Maastrichtian ages. Given the occurrence of
conglomeratic strata resulting from alluvial fans, lakes, and braided rivers, the northern and
northeastern borders appear to provide records of more proximal deposits. The Echaporã Member
of the Marília Formation can also be interpreted as built of moderately developed, well-drained,
medium/fine-grained sandstone palaeosols (long sedimentation time lags and wetter periods) with
scattered channels. The animal fossil assemblage of both formations includes Spinicaudata,
Ostracoda, Gastropoda, Bivalvia, Actinopterigii, Anura, Chelonia, Squamata, Crocodylomorpha and
Dinosauria. Herein we introduce specimens of Bivalvia recently found (AAG) in the Marília
Formation (putatively Echaporã Mb) from Ituiutaba (MG). At the moment, our sample
identification to lower taxonomic levels is not possible because the few freed shells do not show
relevant morphological features to systematic. The specimens were recovered from a hill with
several levels of roughly graded conglomerate (palaeochannels). Shells were encrusted in ca. 5x5
cm weathered limestone pebbles (bioclasts), many of them rich in 1-10 mm long mechanically-
sorted disarticulated valves. The level (or levels) from which they were released still could not be
determined. About ten species of bivalves have been recognized for the Bauru Basin, but their
putative endemism and rarity still preclude their use in biostratigraphic studies. Highly relevant is
the occurrence of the present association as bioclasts, a situation previously recognized to one
Jurassic Argentinean unit. The small size and sphericity of the bioclasts suggest lengthy water
transport and an allochthonous origin. A recent study envisions the Marília Formation as a plain
aeolian area under a dry climate with scattered seasonal rivers. If our fossil bivalves are intra-
formational in origin, this palaeoenvironment model should admit the occurrence of long-term
(months/years?) water bodies in this system, which could be coincident with the times of low sand
deposition and paleosols formation. [CNPq; FAPEMIG]
A Bacia do Araripe, compreendida entre os estados do Ceará, Piauí e Pernambuco, é conhecida pela
abundância de fósseis e sua excepcional preservação. Dentre sua vasta macrofauna de
invertebrados, moluscos bivalves também ocorrem nesta bacia. A Formação Crato, de idade
Aptiana-Albiana, é composta predominantemente por calcário laminado com intercalações de
60
arenitos, siltitos e folhelhos. Os bivalves Malletia sp. e Yoldia sp. Pertencentes as famílias:
Malletiidae e Arcidae respectivamente, são os mais abundantes dentre a fauna malacológica da
Formação Crato e possuem feições morfológicas semelhantes tais como concha equivalve, largura
máxima na região médio-dorsal e linhas de crescimento visíveis por toda superfície da concha.
Foram coletatos 47 espécimes de bivalves entre fósseis corpóreos e icnofosséis acima dos bancos de
calcário na Formação Crato. Os espécimes estudados encontram-se depositados na coleção
científica da Universidade Federal de Pernambuco- campus Vitória de Santo Antão. Os espécimes
agrupados no gênero Yoldia sp. possuem a região posterior levemente alongada, valvas levemente
infladas e espessas e índice intermediário de obesidade. De acordo com essas características
possuíam hábito escavador, endofaunal de escavação em areias sob fina lâmina de água e com
muita energia do meio. Por outro lado, os espécimes do gênero Malletia sp. possuem uma valva
delgada, ornamentação lisa e região posterior e anterior arredondada. Possuindo predisposição à
escavação e preferência por substratos arenosos ou lodosos. Ambos os gêneros aqui descritos
possuem seus atuais representantes marinhos, no entanto, esse ambiente não é representado na
Formação Crato, que é descrito como sistema lagunar que poderia sofrer eventuais ingressões
marinhas registradas pela presença de cristais de halita em alguns de seus níveis. Os gêneros aqui
citados permanecem em estudo para que se possa definir o principal papel desses organismos na
reconstrução paleoambiental da Formação Crato.
Odonata é uma das ordens de insetos que apresentam um grande número de registros fósseis para
indivíduos adultos, datando a partir da Era Paleozóica, entretanto pouco se sabe sobre os fósseis de
seus estágios imaturos. O desenvolvimento desses animais é hemimetábolo, ou seja, possui três
estágios (ovo, ninfa e adulto). Suas ninfas, também conhecidas como náiades, são predadoras
vorazes e apresentam um desenvolvimento intimamente relacionado a corpos d’água, onde
amadurecem até emergirem como adultos, passando a vida terrestre. A Formação Crato é
componente da Bacia do Araripe e conhecida mundialmente por possuir uma excepcional
preservação de seus fósseis, datada no Aptiano-Albiano (125-100.5 Ma), idade compreendida no
Período do Cretáceo inferior. Nesta formação foi coletado um novo exemplar de náiade fóssil bem
preservado apresentando morfologicamente um corpo robusto, abdômen largo possuindo 10
segmentos, espinhos laterais e ausência de brânquias caudais, o que a classifica como pertencente a
subordem Anisoptera. Durante a deposição sedimentar esse era um ambiente calmo, de águas
cristalinas que formavam um paleolago e em seu entorno existia uma vegetação ciliar. A
representação desta ninfa fossilizada e a abundância de indivíduos adultos fêmeas auxiliam na
inferência de que o microhabitat deste paleolago servia como um sítio de deposição de ovos e
desenvolvimento de ninfas, o que favorecia a manutenção da população, sendo possível, a partir
disso, realizar análises e agregar informações sobre as interações destes insetos e o paleoambiente
no qual viviam. [CAV/UFPE, LABTEI-UFPE, LPU-URCA]
I. D. MENDES1; T. C. M. SILVA2
1
Laboratório de Bioestratigrafia, Paleoecologia e Paleoclimatologia, Instituto de Geociências, UFRJ. CAPES.
2
Laboratório de Paleontologia, Departamento de Biologia, UFMA.
61
[email protected], [email protected]
Em geral, o documentário fóssil de Scleractinia é raro na América do Sul. Os registros mais antigos
do Brasil, pertencem a estratos do Cretáceo da Bacia Sergipe, Formação Riachuelo. Enquanto que
os mais expressivos se distribuem ao longo da Formação Pirabas, Mioceno Inferior. A Bacia de São
Luís apresenta um rico e raro registro fóssil do Mesocretáceo, pertencente à Formação Alcântara e,
em alguns blocos falhados desta unidade, depositaram-se sedimentos durante o Mioceno Inferior,
correlacionáveis à Formação Pirabas. Em agosto deste ano, prospecções realizadas na Ilha do
Cajual, Alcântara – MA, revelaram fragmentos de colônias de corais junto à típica tafocenose do
local. Este resumo documenta pela primeira vez a ocorrência de corais fósseis para a Bacia de São
Luís, abrindo uma discussão sobre a idade daqueles depósitos. O material encontra-se depositado na
coleção paleontológica do Instituto de Geociências da UFRJ, consta de três exemplares
recristalizados, sendo dois recobertos por filmes de laterita. Os espécimes são descritos como:
colônias rastejantes, incrustantes (161mm, maior comprimento); coralitos bem definidos,
individualizados por sulcos rasos, cálice subcircular com maior diâmetro medindo 28mm; há um
cenósteo interligando os coralitos, com a maior espessura de 42mm, auxiliando na fixação da
colônia e possui rugas paralelas concordantes com o maior comprimento; os septos são finos, com
poucos grânulos, dentados marginalmente e se prolongam até a columela, que forma estruturas
papilosas; os septos secundários não se prolongam até a columela. Essas características permitem
identificar os espécimes como pertencentes à família Rhizangiidae. No entanto, há afinidades com
três gêneros da família: Rhizangia Milne & Edwards, 1848 (Cretáceo–Mioceno), Culicia Dana,
1846 (Oligoceno–Quaternário) e Arctangia Wells, 1937 (Cretáceo). Há certa afinidade com Culicia,
em relação ao formato do cálice, disposição dos septos e columela. As semelhanças com Rhizangia
são: formato rastejante da colônia, septos dentados e as estrias do cenósteo. Já o formato dos
coralitos, e a dentição periférica do cálice estão mais próximos de Arctangia, mas os representantes
deste gênero não possuem hábito de vida colonial. Análises mais detalhadas possibilitarão
esclarecer estas questões taxonômicas que podem levar a novas inferências paleoecológicas e/ou
cronológicas para aqueles depósitos da Bacia de São Luís.
D. A. MOURA-JÚNIOR¹; S. M. SCHEFFLER²
¹PPGeo, Museu Nacional/UFRJ. ²Laboratório de Paleoinvertebrados, Museu Nacional/UFRJ.
[email protected], [email protected]
62
distintos; asa direita bem preservada, com fratura medial bem definida; tegmen bem preservado,
com ausência de veias; pernas anteriores preservadas, aparentemente com tíbia e tarsos fusionados,
e pernas medianas também preservadas, com tíbias distintas dos tarsos de ambos os lados; tarsos
com um segmento. As características indicam que estas amostras pertencem a um gênero e espécie
nova da família Naucoridae, se distinguindo de todos os gêneros registrados no mundo, incluindo as
espécies Cratocora crassa e Cratopelocoris carpinteiroi, já descritas para a família no Brasil.
Cratocora crassa possui um tamanho de 30 mm de comprimento e corpo oval alongado, além dos
segmentos abdominais serem retangulares. Cratopelocoris carpinteiroi possui um tamanho de 21,7
mm e venação nas asas, o que não é característica da família Naucoridae. Portanto, o
enquadramento de Cratopelocoris carpinteiroi na família Naucoridae também necessita ser
revisado. Os naucorídeos apresentam uma ampla variação morfológica, sendo notório ressaltar a
baixa diversidade no Brasil. Isso provavelmente se deve ao pequeno número de pesquisadores e
trabalhos realizados e, portanto este trabalho amplia o conhecimento acerca do taxa no país, além de
contribuir para a alocação taxonômica correta de Cratopelocoris carpinteiroi em nível de família.
D. A. MOURA-JÚNIOR¹; S. M. SCHEFFLER²
¹PPGeo, Museu Nacional/UFRJ. ²Laboratório de Paleoinvertebrados, Museu Nacional/UFRJ.
[email protected], [email protected]
Ochteridae são pequenos insetos que habitam áreas tropicais, pertencentes à infraordem
Nepomorpha, contém apenas três gêneros recentes (Megochterus, Ochterus, and Ocyochterus), com
aproximadamente 55 espécies descritas. O registro fossilífero de Ochteridae é escasso, contando
apenas com alguns representantes no Jurássico Inferior da Inglaterra e atualmente encontrados no
Cretáceo da China. O objetivo deste trabalho é descrever um espécimen da família Ochteridae com
o menor refinamento taxonômico possível, sendo este oriundo do Membro Crato, Bacia do Araripe.
A amostra (MN 7663-I) aqui estudada encontra-se depositado na coleção de Paleoinvertebrados do
Museu Nacional/UFRJ. A análise foi feita com auxílio de microscópio estereoscópio e literatura
específica. O corpo possui forma oval com 13 mm de comprimento e 6,19 mm de largura,
preservado em vista dorsal; cabeça mais larga que comprida; antenas não visíveis ou não
preservadas; olhos compostos grandes e globulares; pronotum regular preservado parcialmente; asa
destra preservada com tégmen reticulado contendo 13 células não anostomosadas fechadas; perna
posterior direita preservada com fêmur, tíbia e tarso; perna mediana esquerda com fêmur tíbia e
tarso preservados; pernas posteriores preservadas com fêmur, tíbia e tarsos; todas as pernas são
delgadas e alongadas; sua fórmula tarsal é 1-1-1. Com base nas características morfológicas de MN
7663-I aloca-se esta na família Ochteridae. Comparamos a amostra com as descrições de
Floricaudus multilocellus, Pristinochterus ovatus e Pristinochterus zhangi do Cretáceo Inferior da
China (Formação Yixian). Nota-se em primeira vista que não são similares. A forma do corpo é
muito diferente, com um corpo oval-alongado e o pronotum totalmente irregular de ambas as
espécies. Em comparação com o Ochteridae descrito para a República Dominicana, Riegerochterus
baehri, nota-se que as células das asas são diferentes, tanto na forma quanto em número, R. baehri
possui 11 células fechadas, enquanto que MN 7663-I possui 13 células no tégmen. Portanto, essa
amostra é o primeiro registro da família Ochteridae para o Mesozoico do Gondwana, pertencendo a
um gênero e espécie novos. Com este estudo pode-se concluir mais uma vez que os hemípteros da
Formação Santana são mais diversos do que se sabe, portanto vale ressaltar que no Brasil é escasso
o estudo da paleoentomofauna e que existe uma ampla variedade de insetos para serem estudados e
consequentemente contribuindo para ampliar não só o conhecimento taxonômico, mas também em
conhecimentos de biogeografia, reconstituição paleoambiental, sistemática e áreas afins.
63
OCORRÊNCIAS DA FAMÍLIA VERMETIDAE (GASTROPODA, MOLLUSCA) NA
FORMAÇÃO JANDAÍRA, BACIA POTIGUAR
P. A. C. T. OLIVEIRA¹; C. L. A. SANTOS²
1
Graduação em Ciências Biológicas Licenciatura, 2Museu Câmara Cascudo, UFRN.
[email protected], [email protected]
A Família Vermetidae é composta por moluscos gastrópodes com potencial bioconstrutor. Eles
possuem conchas irregulares, tubulares e alongadas, comportando-se como organismos incrustantes
e participantes das formações de recifes. São indicativos de zoneamento ambiental, tanto para
recifes atuais quanto para primitivos. Neste trabalho foram analisados 77 espécimes provenientes
do Município de Alto do Rodrigues, local descrito com uma região de paleorecife. Os fósseis foram
incorporados à coleção Paleontológica Vingt-Un Rosado Maia, no Setor de Paleontologia do Museu
Câmara Cascudo, em Natal-RN. Foram medidos com auxílio de um paquímetro digital, mensurando
o comprimento da peça e seu diâmetro, uma vez que estas apresentavam formas cilíndricas. Os
fósseis apresentavam diversas alterações tafonômicas, como fraturas e compressões. Podiam ainda
ser agrupados em dois tipos de morfologias de agrupamento, o primeiro com conchas paralelas ao
eixo da coluna e o segundo com conchas enroladas no sentido transversal ao da coluna. Esta é a
primeira ocorrência deste táxon para a localidade, mas não para esse depósito fossilífero. Fósseis
dessa família de moluscos também foram encontradas associados a estruturas de corais em
afloramentos no município de Ipanguaçu. A diferenças morfológicas observadas nesses estudos
podem ser uma resposta a estresses ambientais, ou indicativo de diferentes espécies. [MCC/UFRN]
No Município de Pacujá, Estado do Ceará, afloram rochas da Formação Ipu, unidade basal do
Grupo Serra Grande (Bacia do Parnaíba), cuja deposição foi decorrente de um ciclo transgressivo-
regressivo completo no Siluriano. Essa formação contém fósseis de invertebrados endobentônicos
e/ou epibentônicos, predominantemente marinhos, atribuídos a moldes de anêmonas-do-mar (Classe
Anthozoa, Ordem Actiniaria). Neste trabalho, objetivou-se explanar sobre as implicações
paleoambientais e paleogeográficas desse registro fossilífero, por meio de missões paleontológicas,
coletas de dados sedimentológicos e estratigráficos, na Fazenda Contra-Fogo, região sul de Pacujá.
Os fósseis ocorrem em arenito grosso a médio, feldspático, mal selecionado, coloração creme, cinza
e branco, contendo estratificação cruzada acanalada de médio a baixo ângulo e marcas de ondas
simétricas, decorrentes de deposição em ambiente litorâneo. As características dos afloramentos,
relacionados à biota fóssil, indicam um ambiente raso, de alta ou moderada energia, com influência
marinha, tratando-se possivelmente de um ambiente transicional. A alta taxa de sedimentação pode
ter ocasionado o soterramento e a morte de um grande número de indivíduos. Nesse período, um
supercontinente mostrava continuidade territorial entre América do Sul e África, com mares
epicontinentais, compondo o oeste do Gondwana. A movimentação desse continente de altas
latitudes no Hemisfério Sul para regiões mais equatoriais, provocou aumento do nível do oceano
Réico em extensas áreas, posterior à glaciação ordoviciana. [ANP/PRH-26/UFPE; CNPq/UVA]
64
M.A. R. POLCK1; M. A. M. MEDEIROS2; H. I. ARAÚJO-JÚNIOR3; M. A. S. MONTEIRO1
1
Divisão de Desenvolvimento em Mineração, Departamento Nacional de Produção Mineral/RJ. 2E&P-
EXP/AFOE/ADGP, PETROBRAS. 3Departamento de Estratigrafia e Paleontologia, Faculdade de Geologia,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]
J. A. S. SILVA1; M. H. HESSEL2
1
Mestrando em Geologia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. 2Fundação Paleontológica Phoenix, Aracaju.
[email protected], [email protected]
65
estes registros temporais dos amblipígeos, pode-se constatar a existência de três grandes lacunas
temporais de milhões de anos, paulatinamente de menor duração, com consequentes dúvidas em sua
evolução. Ainda que os Paracharontidae sejam autênticos fósseis-guia, as outras famílias de
Amblypygi eram até há bem pouco tempo consideradas holocênicas, afora os Phrynidae.
Os discinideos são braquiópodes que surgiram no Paleozoico e que existem até os dias atuais em
águas com salinidade normal, profundidades entre 0 e 60 metros e sem preferências por uma
temperatura específica, embora os discinideos atuais ocorram em maior abundância em
temperaturas abaixo de 3,5ºC. Estudos de macroinvertebrados em geral, e com braquiópodes em
especial, são escassos no estado do Mato Grosso do Sul, apesar de ser uma importante área para
auxiliar a resolver problemas de distribuição paleogeográfica e evolutivos relacionados ao Domínio
Malvinocrático. O objetivo da presente pesquisa foi identificar os taxóns de discinideos coletados
em 2014 e 2015 durante as expedições do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu
Nacional/UFRJ ao Mato Grosso do Sul. As amostras foram coletadas no Grupo Chapada
(Devoniano), Sub-bacia de Alto Garças, e estão depositadas na coleção de Paleoinvertebrados dessa
mesma instituição. Nestas expedições foram levantados mais de 70 afloramentos do Devoniano,
denominados pela sigla MS, representando ambientes deposicionais marinhos, contendo um rico
conteúdo fossilífero. Foram realizadas as seguintes identificações: Gigadiscina collis - MS 17, MS
27 e MS 65; - Orbiculoidea baini – MS 17, MS 26, MS 57, MS 68; Orbiculoidea bodenbenderi –
MS 32, MS 65 e MS 67; ? Orbiculoidea – MS 24, MS 28, MS 30, MS 52, MS 70 e MS 72;
Rugadiscina sp. – MS14; ? Rugadiscina sp. – MS 67. Os resultados alcançados são preliminares e
ainda são necessários estudos taxonômicos mais refinados, no entanto, este resumo amplia o
conhecimento da distribuição dos discinideos no Devoniano do Brasil, mostrando que os mesmos
são muito bem representados no Mato Grosso do Sul. Ressalta-se o encontro do gênero
Rugadiscina, que pela primeira vez foi identificado no Devoniano brasileiro fora da borda leste da
Bacia do Paraná. [Apoio: CNPq sob processo 474952/2013-4].
R. VIDEIRA-SANTOS¹,²; S. M. SCHEFFLER¹
¹ Laboratório de Paleoinvertebrados, Departamento de Geologia e Paleontologia, Museu Nacional, Universidade
Federal do Rio de Janeiro. CNPq. ² Curso de Geologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
[email protected], [email protected]
Os amonóides devido a vasta ocorrência geográfica, fácil reconhecimento e rápida evolução, são
considerados ótimos fósseis-guias sendo muito utilizados nos estudos bioestratigráficos e de
reconstrução paleoambiental. Na Antártida há grande ocorrência de fósseis de amonóides e a
primeira grande descrição dos espécimes remonta ao início do século XX. Desde então a região
vem sendo estudada por paleontólogos de todo o mundo, principalmente argentinos e britânicos.
Contudo apesar da relativa proximidade geográfica pesquisas brasileiras envolvendo o tema ainda
são escassas. O objetivo do presente trabalho foi descrever taxonômicamente os amonóides da
coleção de Paleoinvertebrados do Museu Nacional/UFRJ, coletados em 2007 durante a expedição
do Departamento de Geologia e Paleontologia à Ilha James Ross, Antártida. A maioria dos fósseis é
66
proveniente da Formação Santa Marta (Santoniano - Campaniano) que é constituída por arenitos,
siltitos, argilitos, conglomerados e tufos vulcânicos. A coleção possui cerca de 500 exemplares de
invertebrados sendo 79 de amonóides, uma parte considerável apresentando um bom estado de
preservação. Foi possível identificar os gêneros Vertebrites, Tetragonites, Pachydiscus,
Diplomoceras, Ryugasella e Baculites, além dos subgêneros Kossmaticeras (Natalites),
Kossmaticeras (Karapadites) e das espécies Gunnarites antarcticus, Maorites densicostatus e
Pseudopyllites aff. latus, esta última sendo pela primeira vez registrada na Formação Santa Marta.
Todos estes espécimes teriam vivido durante o Cretáceo Superior, mais especificamente no
intervalo entre o Santoniano e o Campaniano, o que corrobora a idade da Formação Santa Marta
sugerida em trabalhos anteriores. Foi notado também certo predomínio de exemplares da família
Kossmaticeratidae, este grupo teria surgido durante o Turoniano na Índia, e desenvolveu um forte
grau de endemismo na Nova Zelândia, Nova Caledônia, Patagônia e Antártida durante o Cretáceo
Superior. Acredita-se que neste período as águas na região da atual Antártida começaram a se
resfriar e os amonóides da família Kossmaticeratidae eram mais adaptados a essas novas condições.
A fauna de amonóides da Ilha James Ross é muito rica, apenas na coleção do Museu Nacional há
diversos exemplares de três das quatro subordens que viveram durante o Cretáceo (Lytoceratina,
Ammonitina e Ancyloceratina). Apesar que durante a expedição se tenha coletado fósseis de
invertebrados de diversas formações, como a Hidden Lake e Whisky Bay, todos os amonóides no
presente estudo são provenientes da Formação Santa Marta. A abundância dos fósseis de amonóides
nesta formação provavelmente tem relação com o ambiente de sedimentação (plataforma marinha
rasa com águas relativamente calmas), propício para a fossilização. [CNPq]
67
VERTEBRADOS
Este trabalho registra a primeira ocorrência de Notiomastodon platensis (Ameghino, 1888) na Fazenda
Caiçara (06°15′09″S, 36°46′45″W), município de Florânia, Rio Grande do Norte (RN), Brasil. Até esse
registro, o RN contava com a presença dessa espécie em 15 municípios distribuídos em todas as
68
regiões do Estado. A equipe do Setor de Paleontologia e a museóloga Jacqueline Souza Silva do
Museu Câmara Cascudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (MCC/UFRN) estiveram no
local para o reconhecimento do sítio fossilífero e coleta do espécime. Os fósseis se encontravam em
um pequeno depósito argiloso, indicativo de local de baixa energia, possivelmente uma lagoa. Dentre o
material coletado até o momento, constam dois ramos mandibulares com grande parte dos dentes
molares implantados nos alvéolos, um pequeno fragmento do maxilar esquerdo com parte de um
molar, além de um expressivo fragmento de uma defesa, provavelmente a esquerda, com a ausência de
suas extremidades distal e proximal. Durante a escavação não foram encontradas quaisquer evidências
de outros taxa. Os fósseis coletados se encontram no Laboratório de Paleontologia do MCC,
aguardando preparação. Essa ocorrência amplia a distribuição geográfica do N. platensis no território
potiguar, sugerindo que a estrutura vegetacional na área durante o Pleistoceno Final-Holoceno inicial
deveria ser predominantemente de savana, apresentando condições favoráveis à sobrevivência de
mamíferos de grande porte.
Este trabalho reporta novos achados de Xenarthra em um depósito de tanque do Pleistoceno final do
estado da Paraíba, Nordeste do Brasil, Região Intertropical Brasileira. A área de estudo corresponde ao
tanque Engabelada (UTM 24M, E0758531/N9145445), município do Congo, microrregião do Cariri
Ocidental e mesorregião da Borborema, estado da Paraíba, Brasil. Foram realizados estudos
sistemáticos, comparativos e mensurações anatômicas com paquímetro marca Mitutoyo, Standard-150
mm. Para melhor visualização da morfologia dos espécimes de Cingulata, foi utilizado uma lupa
estereoscópica ZEISS, Discovery V8, com objetivas de 0.5x à 1.5x e aumento de até 2x. Os espécimes
identificados são: Glyptotherium cf. cylindricum, Panochthus sp., e Eremotherium laurillardi. Os
osteodermos de Glyptotherium cf. cylindricum correspondem a sete osteodermos subcirculares, com
figura central e 7-9 periféricas, com sulcos rasos e estreitos (região dorsal da carapaça) ou com
superfície dorsal de proeminência levemente cônica, sem ornamentação (borda da carapaça). Já
Panochthus sp. corresponde à um osteodermo isolado subhexagonal, face dorsal ornamentada por
pequenas figuras poligonais planas e reticulares (região dorsal da carapaça). Eremotherium laurillardi
corresponde a um fragmento da borda de molariforme. Esses achados ampliam a distribuição desses
táxons de Xenarthra dentro da Região Intertropical Brasileira. A presença de Glyptotherium cf.
cylindricum, aqui registrada pela primeira vez, sugere importantes relações biogeográficas entre as
faunas de mamíferos do norte da América do Sul, da América Central e do sul da América do Norte
durante o Pleistoceno Final. [*Bolsista CAPES].
69
Os Alligatoridae possuem uma história evolutiva iniciada no Paleoceno, incluindo duas linhagens:
Alligatorinae e Caimaninae. Análises osteohistológicas em Alligatoridae foram realizadas
exclusivamente nas espécies atuais Alligator mississippiensis e Caiman latirostris, não havendo até
o momento, informações sobre seus representantes fósseis. Observações osteohistológicas em
fósseis fornecem dados morfológicos, gradientes de crescimento e evidenciam adaptações para
determinados estilos de vida. Aqui apresentamos a primeira caracterização osteohistológica de um
Caimaninae fóssil. O espécime foi coletado na porção brasileira da Formação Solimões, com
afloramentos no sudoeste da Amazônia brasileira, Peru e Bolívia. O úmero de Caiman sp.
apresentava ausência de tecido esponjoso e cavidade medular livre, características associadas à
manutenção interna do córtex e presentes em animais adaptados secundariamente a vida aquática. O
córtex é composto por tecido paralelo-fibroso (PFB), indicando taxa de crescimento intermediária.
Este tecido já foi relatado em ossos de Caiman latirostris e Alligator mississippiensis. A rede
vascular está distribuída por todo o córtex, em maior quantidade na região periosteal. As lacunas
dos osteócitos são numerosas, com aspecto arredondado e distribuídas aleatoriamente, com
formação de ósteons primários e secundários. São observadas cinco marcas de crescimento, quatro
localizadas na região medial do córtex e uma mais periostealmente, marcando velocidade de
deposição óssea decrescente. O padrão osteohistológico remete a um indivíduo com maturidade
óssea (adulto), caracterizado por apresentar ósteons secundários e lamelas endosteais, cujo
crescimento assintótico ainda não havia sido atingido. A presença de PFB indica que o gênero
Caiman já possuía hábito semiaquático durante o Mioceno, uma característica mantida nas espécies
viventes.
The jaguar Panthera onca (Linnaeus, 1758) is an extant felidae which had a wide geographic
distribution (south of United States to north of Argentina), however, nowadays it has a restrict
geographic distribution due the loss of habitats caused by antropogenic influences. In Brazil, fossils
of this species, mainly postcranial elements, where found in Piauí, Bahia, Tocantins, Mato Grosso
do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais and São Paulo, however complete skulls is scarce. Thus, the
present communication has as main objective to record the occurrence of a new partial skeleton
with complete skull of Panthera onca (Linnaeus, 1758) found in a cave in Brazilian Intertropical
Region. The studied material was recovered in Toca da Boa Vista (10º09’45”S, 40º51’35”W;
Campo Formoso, Bahia), and is deposited in the scientific collection of the "Laboratório de
Ecologia e Geociências" of the Instituto Multidisciplinar em Saúde, Universidade Federal da Bahia.
We estimate the jaguar weight (W) through Anderson's regression, W = 0.078C(h+f)2.73. The material
belonged to an adult individual, with an estimated mass of 82,5 Kg. It's skeleton is almost complete,
being composed by skull and several postcranial elements (e.g. humerus, radius, ulna, vertebrae,
femur, tibia, carpals and tarsals bones). The next steps of this project is to generate radiocarbon
datings and ratio isotope analyses (carbon, oxygen and nitrogen) to know when this individual
lived, and how was your diet and ecological niche.
70
Laboratório de Sistemática e Ecologia Animal (LABSECO), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
[email protected], [email protected]
Nos últimos anos, a análise histológica dos osteodermos de gliptodontes vem sendo utilizada para
explorar novas características diagnósticas para as espécies desse clado, embora possíveis variações
intraespecíficas não tenham sido levadas em consideração. Neste trabalho foram analisadas lâminas
histológicas de osteodermos de diferentes regiões da carapaça de Panochthus sp., coletados em um
depósito de tanque situado na localidade de Lagoa do Santo, município de Currais Novos (RN); os
osteodermos foram encontrados em associação com uma carapaça incompleta do mesmo gênero.
Nosso objetivo foi avaliar possíveis diferenças histológicas entre cinco osteodermos (A1 a A5). O
osteodermo A1 é atribuído à região dorsal, A2 a região da borda posterior, enquanto A3, A4 e A5
são da região lateral. Entre esses espécimes são observados alguns padrões comuns, tais como:
região central bastante porosa repleta de áreas de reabsorção, feixes de fibras sem alinhamento
preferencial e, em geral, alguns ósteons secundários. Para outras características observamos
algumas variações entre os osteodermos. O alinhamento dos feixes de fibras na camada de osso
compacto interna, por exemplo, pode variar de obliquo (A1), sem orientação preferencial (A2, A3, e
A4), e alinhados paralelamente (A5). O alinhamento dos feixes de fibras na camada de osso
compacta externa pode ser obliquo (A1), sem orientação preferencial (A2 e A5) e grosseiramente
paralelos (A3 e A4); o exemplar A4 apresenta ainda alguns pontos onde as fibras se alinham
obliquamente. Essas diferenças representam evidências de que existem variações entre osteodermos
de diferentes regiões da carapaça em Panochthus, o que impõe cautela na interpretação sistemática
da histologia de osteodermos isolados. [CNPq/CAPES]
Articular lesions are the most common type of injuries found in bones of fossil organisms; It has
been reported from the Triassic to Pleistocene in several groups of vertebrates. Herein we
performed a large investigation in nine species of Pleistocene sloths from Brazilian Intertropical
Region (BIR) in order to identify the main articular lesions that affected these extinct animals. We
carried out a macroscopic investigation of 4432 specimens assigned to following species:
Nothrotherium maquinense, Ahytherium aureum, Australonyx aquae, Valgipes bucklandi, Catonyx
cuvieri, Mylodonopsis ibseni, Glossotherium sp., Ocnotherium giganteum and Eremotherium
laurrilardi. We diagnosed six different articular alterations including: calcium pyrophosphate
deposition disease (CPPD), spondyloarthropathy (SpA), osteoarthritis (OA), Schmorl's node (SN),
spondylosis deformans (SD) and osteochondritis dissecans (OD). These conditions are distributed
among the species in the following pattern: N. maquinense (SpA, SN and OD); A. aureum (OD);
V.bucklandi (CPPD, OA and SD); C. cuvieri (CPPD, SpA and OA); M. ibseni (SpA);
Glossotherium sp. (CPPD and SpA); O. robustus (CPPD, SN and SD); and E. laurillardi (CPPD,
SpA, SN, SD and OD). A. aquae was the only species in which we did not find any lesion.
According to the main type of reactive change observed, the lesions herein identified can be
classified as degenerative (SpA, SN and OD) and proliferative (CPPD, OA and SD) lesions.
Osteoarthritis is quite rare among the species studied, as commonly observed in wild animals,
whereas CPPD and spondyloarthropathy are the main joint diseases identified for the Pleistocene
sloths from BIR. [*CNPq: 159733/2013-8].
71
IDENTIFICAÇÃO DE PADRÕES OSTEOHISTOLÓGICOS EM PTEROSSAUROS
(ANHANGUERIA) E AVES (ARDEIDAE)
Comparações entre animais extintos e recentes, podem fornecer uma ampla variedade de
informações paleobiológicas sobre organismos fósseis. Em estudos de pterossauros, as aves
geralmente são utilizadas para análise comparativa, por serem consideradas o melhor análogo
ecológico e anatômico. Com o objetivo de identificar padrões osteohistológicos, utilizamos seções
delgadas da ulna, rádio e metacarpo, de um espécime de Ardeidae (CAV 001-A) e de um
pterossauro Anhangueridae (MN 4809-V). Como resultados, observamos que o padrão histológico
dos dois exemplares é composto por tecido ósseo secundário paralelo-fibroso e lamelar. Os
metacarpos de ambos apresentaram ósteons primários e canais vasculares reticulares, no entanto
uma linha de pausa de crescimento (LAG) está presente apenas no pterossauro. No rádio, observou-
se uma certa similaridade no córtex. No entanto, em Anhangueridae estão presentes zonas de
reabsorção óssea e em Ardeidae apenas ósteons secundários. Para a ulna também se observou uma
analogia microestrutural, entretanto, em Ardeidae, há ósteons secundários, enquanto em
Anhangueridae, foram preservadas apenas as lamelas circunferenciais internas. A presença de um
córtex composto de tecido paralelo-fibroso e lamelar, altamente vascularizado nos espécimes,
aponta altas taxas de crescimento. A presença de zonas de reabsorção óssea e ósteons secundários,
indica um alto remodelamento ósseo, em fase de crescimento ativo antes da morte. Ainda, as
lamelas circunferenciais internas no pterossauro apontam uma proximidade à fase adulta. Conclui-
se que pterossauros apresentam taxas de crescimento e padrão osteohistológico similar ao das aves
(ao menos os Ardeidae), proporcionadas principalmente pelo modo de vida e fatores biomecânicos
relacionados ao voo. [*FACEPE IBPG-0419-9.05/16; **CNPq MCTI/CNPQ/Universal
458164/2014-3; *CNPq ].
The presence of Anura in the fossil record is highly scarce, and in Brazil there are 15 to 20 records
from Aptian to Pleistocene, of which only five were sufficiently informative to define new species.
Here we report diagnostic features and exploratory phylogenetic analysis of a partially preserved
specimen from the shales of the Tremembé Formation, a very fossiliferous unit of the Taubaté
Basin, originated from a tectonic lake lying between the Serra do Mar and the Serra da Mantiqueira
mountain ranges in the state of São Paulo and dated as Late Oligocene (Chattian, or SALMA
Deseadean – 27-24 My). The fossil was recovered in 1995 by mr. José Neri da Silva in a quarry
(Sociedade Extrativa Santa Fé) located in Tremembé town, housed at Instituto de
Geociências/Universidade Federal do Rio de Janeiro (number UFRJ 01-A), and preliminarily
described in 1997, when one of us (DR) attributed it to Bufonoidea. After twenty years, this
material is now under revision and for the first time was coded in a character matrix. Despite the
fragmented skull and scapular girdle, the general preservation is good, with articulated vertebrae
and pelvic elements. The matrix [Baez et al., 2009. Cretaceous Research, 30:829-846] includes 42
ingroup terminals, Alytes obstetricans (Discoglossidae) as outgroup, and 75 characters, of which 26
72
could be coded in UFRJ 01-A. The dataset was analyzed using the heuristic search of TNT v. 1.1,
with 500 random-addition sequence Wagner builds followed by tree bisection-reconnection branch
swapping. Under equal weight the analysis recovered 282 equally parsimonious trees with 378 steps
(CI 0.28; RI 0.55). Only Acosmanura and few subclades were recovered in the strict consensus,
with no resolution to the position of UFRJ 01-A. In order to improve resolution exploratory
searches were performed under implied weights with different values of the concavity constant k
(1–30, 40-50, 100, 150, 200, 300, 400, 500, 600, 700, 800, 900). Low values of k strongly
downweight homoplasy, whereas larger values allow for some signal to come from homoplasy.
With k from 1 to 17, UFRJ 01-A was recovered as a Ceratophryidae, but in all other simulations it
was recovered as a Microhylidae, sister-group of Phrynomantis + Dermatonotus, sharing a Y-
shaped terminal phalanx of digit IV. The specimen differs from all others species by presenting a
transversal groove on the middle portion of the lateral face of the ilium and extending caudally from
the acetabular region, by which we propose UFRJ 01-A to be a new diagnosable species.
[ATP/CNPq; PIVIC/UFU; SESu/MEC]
The urge to reduce the level of amphibian extinction has given rise to many studies concerning the
validity of Anura as a trustable indicator of environmental conditions (e.g., species diversity,
relative quality of environmental resources). However, the studies conducted so far could only
corroborate this view applying proper and suitable data. Furthermore, these assumptions were only
valid in some specific cases and are a result of unique circumstances. It is not uncommon for
paleontologists to use these prerogatives to propose the idea that Anura species can indicate
paleoenvironmental parameters indistinctively, a view considered here as exceedingly simplistic.
This is mainly because the Anura species are well adapted to an impressive array of environments,
and therefore, some closely related species may not be distributed in areas which share similar
environmental conditions. The Neotropical genus Pipa, for example, has a wide distribution in
northern South America that ranges from tropical rainforests to dry savanna (Caatinga). In addition,
the genus Ceratophrys presents species that inhabit dry regions as the Chacoan and Caatinga
regions (i.e., C. cranwelli and C. joazeirensis respectively) and others from humid regions as the
Amazonian and Atlantic Forest regions (i.e., C. cornuta and C. aurita respectively). We thus
suggest that the ecological or climatic aspects of the closest living relatives of fossil anurans are
well assessed before applying such data to qualitative or quantitative paleoenvironmental
reconstructions. Additionally, it is important to bear in mind that the accuracy of the hypothesis
which the paleoenvironmental conditions of fossil anurans resemble those of their nearest living
relatives is dependent on the level of taxonomic identification and age of the fossil. For that reason,
generic allegation that Anura is a trustable indicator of paleoenvironmental parameters should be
seen with judiciousness and this inference must be supported by a set of evidences. [ATP/CNPq;
FAPESP; SESu/MEC]
M. BORSONELLI¹; T. RODRIGUES¹
73
¹Laboratório de Paleontologia, Departamento de Ciências Biológicas, Centro de Ciências Humanas e Naturais,
Universidade Federal do Espírito Santo. CNPq, FAPES.
[email protected], [email protected]
Tapejaridae é um grupo de pterossauros que viveu no Cretáceo, e se destaca por suas características
morfológicas, como a ausência de dentes e o desenvolvimento e a diversidade de cristas cranianas,
presentes na maioria das espécies. Até o momento, representantes desta família foram encontrados
no Brasil, China, Hungria, Marrocos e Espanha, sendo a maioria dos espécimes provenientes da
Formação Jiufotang, na China, e da Formação Romualdo, no Brasil. Atualmente este clado inclui
quatorze gêneros e se subdivide em Tapejarinae, Thalassodrominae e Chaoyangopterinae. Os
tapejaríneos apresentam algumas características que sugerem que esses animais se alimentavam de
frutos e/ou sementes, sendo considerados os únicos pterossauros frugívoros. O presente estudo
trata-se de uma análise de morfometria geométrica bidimensional em Tapejarinae, realizada com
intuito de determinar variações morfológicas dos crânios, em busca de variações individuais e
ontogenéticas. Essa técnica permite analisar o formato de estruturas independentemente do
tamanho, por meio de marcos anatômicos homólogos (landmarks), sendo uma ferramenta útil para
comparar diferenças morfológicas intra- e interespecíficas. Trabalhos anteriores com morfometria
geométrica não incluíram as cristas cranianas ou analisaram apenas as cristas em Anhangueridae;
portanto, trata-se de uma análise inédita para este grupo. Novas reconstruções dos crânios, em vista
lateral, foram propostas para algumas espécies de Tapejaridae (Caiuajara dobruskii, Caupedactylus
ybaka, Chaoyangopterus zhangi, Chaoyangopterus sp., “Huaxiapterus” benxiensis,
“Huaxiapterus” corollatus, Jidapterus edentus, Shenzhoupterus chaoyangenis, Tapejara
wellnhoferi e Tupandactylus navigans), utilizando os programas Adobe Illustrator e Inkscape.
Foram determinados 8 landmarks e 10 semi-landmarks, com o auxílio do programa TPSDig2. No
programa MorphoJ, foram realizadas a Análise de Componentes Principais (ACP) e análise de
regressão. A ACP revelou que 32 componentes principais (CP) são responsáveis por toda a variância
observada, sendo que o CP1, CP2 e CP3 representam cerca de 88% dessa variação. A região
posterior do crânio e as regiões que correspondem às cristas (tanto pré-maxilares como
frontoparietais) são as que mais variam em todos os componentes principais. A análise de regressão
revelou que indivíduos proximamente relacionados apresentam o formato do crânio parecido, o que
indica que a semelhança reflete a filogenia. Considerando-se todas as espécies, houve crescimento
alométrico das cristas em relação ao tamanho do crânio (p = 0,0025). Das espécies analisadas,
Caiuajara dobruskii, a única conhecida por indivíduos jovens e adultos, apresentou forte
crescimento alométrico. Ainda é preciso um maior número de espécimes para se obter mais
informações sobre variações interespecíficas, incluindo dimorfismo sexual.
R. S. BRANDÃO1; T. RODRIGUES1
1
Laboratório de Paleontologia, Departamento de Ciências Biológicas, Centro de Ciências Humanas e Naturais,
Universidade Federal do Espírito Santo. FAPES, CNPq.
[email protected], [email protected]
Pteranodontidae é uma família de pterossauros oriundos das formações Niobrara Chalk e Pierre
Shale, encontrados principalmente no estado do Kansas, mas também em Dakota do Sul, Delaware,
Texas e Wyoming, EUA. Estes pterossauros apresentavam grande porte, crânios e mandíbulas sem
dentes e tinham crista craniana bem desenvolvida. Apesar de bem estudados, o número de espécies
que se enquadram no gênero Pteranodon ainda é disputado, fruto de interpretações distintas quanto
à presença de dimorfismo sexual e ao significado de diferentes formatos da crista craniana,
principalmente. Além disso, soma-se o fato dos pterossauros terem se extinguido por completo, sem
deixar nenhuma descendência existente, restando dúvidas que contribuem para a complexidade da
74
taxonomia do grupo. Desta forma, os dois revisores mais recentes da família, Bennett e Kellner,
diferem quanto ao número de espécies e de gêneros que consideram pertencentes à mesma. Bennett
sugere duas espécies, Pteranodon longiceps e Pteranodon sternbergi, diferentes entre si pela forma
e tamanho da crista craniana e presentes em diferentes níveis estratigráficos. Com isso, as duas
espécies não teriam coexistido, e Bennett ainda sugere P. sternbergi como possível ancestral de P.
longiceps, por ser encontrada na camada mais inferior das mesmas unidades litoestratigráficas.
Segundo ele há quatro morfótipos adultos e presença de dimorfismo sexual, com os machos
portando cristas frontoparietais bem desenvolvidas e as fêmeas, cristas de tamanho reduzido. Já
Kellner propõe quatro espécies, Pteranodon longiceps, Geosternbergia sternbergi, Geosternbergia
maiseyi e Dawndraco kanzai, sendo que as duas últimas apresentam morfótipos discrepantes em
relação às outras espécies. Kellner sugere quatro morfótipos, sem presença de dimorfismo sexual na
fase adulta. Este autor argumenta que uma boa compreensão de dimorfismo sexual na morfologia só
pode ser obtida através da observação de uma população que apresente jovens, adultos e indivíduos
maduros, o que raramente ocorre no registro fóssil de pterossauros. Entretanto, cabe notar que
nenhum dos revisores do grupo utilizou uma metodologia estatística que permitisse verificar se as
diferenças morfológicas presentes em todos os espécimes conhecidos por material craniano (e,
portanto, com cristas) formam um gradiente ou se seriam caracterizadas por morfótipos discretos, a
fim de separar o número de espécies pertencentes a um mesmo gênero e quantificar suas
características. Novos estudos são necessários com intuito de solucionar esse impasse científico.
75
Futuramente, a descrição mais detalhada dos elementos pós-cranianos proverá informações
anatômicas inéditas para este táxon e servirão como base comparativa para outros materiais,
permitindo também novos dados para pesquisas filogenéticas.
ANA CAROLINA BIACCHI BRUST¹; VOLTAIRE DUTRA PAES NETO¹; CESAR LEANDRO SCHULTZ¹; JULIA
BRENDA DESOJO²
¹Departamento de Paleontologia e Estratigrafia, UFRGS. ²División Paleontología Vertebrados, Museo de La Plata.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
76
como de outras famílias (Tapirus, Paleolama e cf. Coendou) representados por fragmentos
mandibulares e/ou dentes isolados. Ainda, duas vértebras, uma ulna e uma falange ungueal foram
atribuídas à preguiça Catonyx curvieri. Próximo à entrada da gruta, externamente ao acesso dos
condutos onde os fósseis foram encontrados, recuperou-se um instrumento lítico laminar
provavelmente pertencente a humanos que habitaram a região, tal artefato localizava-se próximo a
uma rocha com marcas de ranhuras, que possivelmente foi usada para produção de instrumentos
líticos similares. Pinturas rupestres são observadas nas paredes do interior da gruta. Reconhece-se
marcas de dessecação em alguns fósseis, sugerindo exposição subaérea, indicando morte
externamente à gruta e que posteriormente poderiam ter sido carreados para o seu interior. O padrão
de encurvamento e condição articulada dos ossos apendiculares do T. pecari adulto são compatíveis
com processo de mumificação natural, ocorrida possivelmente pela aridez do paleoambiente. O
baixo nível de abrasão observado nos espécimes indica um transporte hidráulico de baixa energia
seguido de soterramento rápido. Icnofósseis de alimentação são observados em um crânio de
Tayassuidae e alguns ossos longos, porém, não podemos inferir mais assertivamente se tenham sido
produzidos por hominídeos, predação natural ou necrofagia. As condições tafonômicas observadas
sugerem semelhanças com outras cavernas da região (e.g. Gruta do Urso e Gruta dos Moura), o que
pode estar relacionado ao fato das tafocenoses terem sido formadas durante o mesmo período, ou
que, tais condições climáticas tenham sido duradouras. Os registros da Paleolama e Catonyx
indicam que os fósseis depositados são de provavelmente são de origem pleistocênica, porém, não
podemos assegurar que os humanos da gruta foram contemporâneos, pelos locais distintos dos
materiais depositados.
Os pterossauros foram os primeiros vertebrados a realizar o voo batido, colonizando o céu setenta
milhões de anos antes do surgimento das aves, ocupando nichos vagos até então. Tal condição foi
possível graças a adaptações, como a presença de ossos pneumáticos. Em aves, a pneumatização
está associada à presença de sacos aéreos, os quais, além desta função, possibilitam um fluxo de ar
contínuo e unidirecional no trato respiratório. A presença de ossos pneumáticos em ambos os clados
sugere que pterossauros poderiam possuir um sistema respiratório análogo ao de aves. Aqui,
comparamos a posição dos forames pneumáticos presentes em vértebras dos exemplares de
pterossauros Tapejaridae e Anhangueridae, e aves Rheiformes, Procellariiformes, Suliformes,
Pelecaniformes, Strigiformes e Psittaciformes, presentes nas coleções de paleovertebrados e
ornitologia do Museu Nacional/UFRJ, respectivamente, objetivando obter mais evidências para a
hipótese de um sistema respiratório em pterossauros análogo ao observado em aves. Em vértebras
cervicais, forames pneumáticos são corriqueiramente encontrados na região anterolateral em aves,
diferindo da condição presente em pterossauros, os quais apresentam forames alongados na região
mediolateral do corpo vertebral. Embora aves possuam forames em posição semelhante no corpo
vertebral, estes apresentam formato ovoide e são encontrados em vértebras torácicas. Em vértebras
torácicas, forames pneumáticos localizados ventralmente aos processos transversos são comuns em
aves, porém raramente observados em pterossauros. Em clados derivados, principalmente
Azhdarchoidea, forames pneumáticos são encontrados também no arco neural, margeando o canal
neural. Aves não apresentam tal condição, embora tenham sido observados forames pneumáticos
menores, margeando o canal neural, na região caudal de vértebras cervicais de Suliformes e
77
Procelariiformes. A presente análise corrobora o surgimento análogo deste trato nos dois clados,
baseando-se nas diferentes localizações dos forames pneumáticos ao longo da coluna vertebral.
Contudo, algumas semelhanças nas posições dos forames foram observadas, indicando que as
mesmas possivelmente estão associadas a locais que não comprometam a estrutura vertebral.
LEOMIR DOS SANTOS CAMPOS1; LUCIANO ARTEMIO LEAL2; JULIANA MANSO SAYÃO1; ÁTILA
AUGUSTO STOCK DA-ROSA3
1
UFPE. Laboratório de Geociências, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Jequié. 3Laboratório de
2
78
Supersequência Santa Maria. Para a identificação do desenvolvimento ontogenético deste
espécime foram avaliadas microarquiteturas ósseas através da osteohistologia. Nas seções
examinadas do úmero e metatarsal III, foi observada a presença de um padrão microestrutural
composto por complexo ósseo fibrolamelar e matriz com predomínio de tecido ósseo fibroso, além
da cavidade medular totalmente preenchida por sedimento. Nestas seções há o predomínio de
ósteons primários, com raros ósteons secundários e uma zona reduzida com remodelamento apenas
no matatarsal III. Os canais vasculares estão arranjados de forma longitudinal no metatarsal III, e
reticular no úmero. As variações microestruturais nos ossos de um mesmo indivíduo podem estar
relacionados às tensões mecânicas e fisiológicas que o osso, ou uma parte dele, tem que suportar
durante a sua vida. A arquitetura remodelada do metatarsal III pode ser um reflexo disso, visto que
localiza-se em área de extremos estresses mecânicos resultantes de atividades básicas como
caminhar ou correr. A carga mecânica causada por contrações musculares começa na
embriogênese, e a absorção destas tensões age sobre o esqueleto através do funcionamento dos
músculos, das articulações, e ligamentos, transferindo o estresse da tensão aos ossos. Em resposta
à essa tensão, são depositados diferentes tecidos com microarquiteturas específicas a cada
atividade, fornecendo resistência e rigidez variáveis em cada ponto. O arranjo fibrolamelar das
amostras é marcado principalmente pela desorganização e variação de tamanhos das fibras
colágenas dispostas de forma aleatória. Tal irregularidade fibrilar reflete elevadas taxas de
deposição, formando um tecido ósseo amplo e arranjado aleatoriamente. A avaliação
microestrutural deste espécime retrata a presença de um complexo ósseo fibrolamelar, com tecido
ósseo fibroso sem marcas de crescimento ao longo do córtex, caracterizando UFSM11326 como
um juvenil que não teria atravessado seu primeiro ciclo de crescimento. Esta condição é
comprovada pela ausência de variações deposicionais de tecidos ósseos, fato que marcaria o início
das zonas limitadas por aposição de osso lamelar ou osso paralelo fibroso em lines of arrasted
growths e anullis. [CAPES]
The Multituberculata were common faunal elements in Northern Hemisphere during the
Cretaceous. This group was characterized by the presence of plagiaulacoid p4 and multiple
accessory cusps in premolars and molars. In Southern Hemisphere, representatives of this group are
known from the late Early Cretaceous of Australia and from the late Cretaceous of Argentina, both
being represented by a single p4. The survival of Multituberculata is known after the KPg boundary
in North America and Europe, surviving until the early Oligocene in North America. Herein, we
present the first Multituberculata from Itaboraí Basin and Brazil, a new taxon represented by a
single lower molar (m2 or m3?) and plagiaulacoid P4. These materials extend the survival of this
group in South America during the Paleogene (late Paleocene-early Eocene). Interestingly, this
species is only known from the collect of 1967 in Itaboraí, but it is not present in the materials
collected in 48 and 49 for the same locality. This allows the supposition that this faunal assemblage
could be older than the other two. The abundant presence of Epidolops ameghinoi in 48-49, but
absence in 67 could be considered as a positive evidence for the mentioned hypothesis, as
Multituberculata and Polydolopimorphia present similar dental adaptations. This observation could
indicate a faunal turnover in Itaboraí during the Paleocene. The presence of a Multituberculata in
Itaboraí demonstrates that South America held a more diverse fauna than previously accepted, and
79
supports previous theories about the connection between the Americas during the Late Cretaceous.
[IBPG-1095-1.07/14; FACEPE]
Os Sebecidae (um grupo endêmico à América do Sul, cujas ocorrências vão do Paleoceno ao
Mioceno Médio), além dos gêneros Iberosuchus e Bergisuchus, do Eoceno da Europa, e
Eremosuchus, do Eoceno da Argélia, representam alguns dos poucos táxons de crocodiliformes não-
80
Eusuchia a ocorrerem no Cenozoico. Tais táxons têm sido recuperados como um clado em análises
filogenéticas recorrentes, levantando um impasse biogeográfico com relação a como explicar a
proximidade filogenética entre formas de distribuição disjunta, já que a América do Sul já estava
separada da África e da Europa pelo oceano Atlântico há cerca de 100 a 90 milhões de anos (Ma).
Dado o tempo decorrido desde a separação dos dois continentes até o da primeira ocorrência de
Sebecidae, no Paleoceno (66-56 Ma), a ocorrência de um evento de vicariância é considerada como
pouco provável. Deste modo, uma dispersão trans-oceânica, ocorrida entre o Cretáceo Superior e o
Paleoceno, é vista como provável a fim de explicar a distribuição do grupo. Uma análise recente
[Ezcurra & Agnolín. 2012. Systematic Biology 61(4):553–566] encontrou uma grande similaridade
faunística entre os continentes da América do Sul, África e Europa desde o Cretáceo Superior até o
Eoceno, defendendo a existência de conexões biogeográficas entre esses continentes, em um
modelo denominado Atlantogea. Assim, uma vez que a maioria das espécies (nove) do referido
clado se encontram na América do Sul, este trabalho defende que o clado sobreviveu à extinção
Cretáceo-Paleógeno no continente sul-americano, a partir do qual o grupo se expandiu à África e à
Europa, a partir das conexões propostas pelo trabalho citado entre o Cretáceo Superior e o começo
do Cenozoico. A Cordilheira de Walvis e a Elevação Rio Grande entre a América do Sul e a África,
e a Soleira Mediterrâneo-Tetiana, entre a África e a Europa Meridional, atualmente submersas, são
as mais prováveis rotas de dispersão trans-atlântica e trans-tetiana, ainda que não representem uma
conexão terrestre permanente, mas passagens transitórias dadas por variação do nível do mar. Esta
perspectiva é importante porque demonstra um cenário mais parcimonioso no qual este clado teria
sobrevivido à extinção Cretáceo-Paleógeno em uma única região geográfica, enquanto que, ao
assumir que a distribuição do grupo se originou por vicariância ou por uma dispersão pré-
Cenozoica, assumia-se também que o clado sobreviveu à extinção em mais de uma localidade
diferente (América do Sul e Europa/África). A existência de conexões temporárias entre os
continentes também ajuda a explicar como os membros desse clado, predominantemente terrestre,
poderia ter se dispersado através de barreiras oceânicas. [CNPq; SESu/MEC; FAPESP]
Mourasuchus, a large caimanine from the Miocene of South America, is one of the most peculiar
crocodilians of all time. His unusual skull morphology has provoked a debate about feeding habits,
which have never been properly defined. Several characteristics of Mourasuchus, such as a long,
wide, dorsoventrally flattened rostrum, slender mandibles, small teeth and short cervical vertebrae
indicate that it was unlikely to be able to capture, hold or ingest large prey. Langston [1965.
University of California Publications in Geological Sciences 52:1-168] suggested that
Mourasuchus could feed preferably on small animals, namely mollusks, crustaceans and small fish.
These would be captured with the ventral portion of the rostrum, which worked as a “fishing net” or
“gular sac”, a proposal we are in agreement. However, here it is further suggested that feeding
behavior of Mourasuchus consisted mainly in the use of the large area of the rostrum to collect
many individuals of the prey at the same time, as this would explain the unusual shape and size of
its rostrum. Mourasuchus has also been named a “filter-feeding” animal by previous authors. The
small animals upon which Mourasuchus preferably fed upon are most frequently found into the
substratum, which can be either biotic (plants), or abiotic (mud, sand). As such, Mourasuchus
would frequently capture both the edible and non-edible material in the mouth at the same time.
81
Thus, the presence of a “filtering” technique would be beneficial as it could separate the edible from
the non-edible before the swallowing. However, there are still no evidences to support how
Mourasuchus could perform such “filtering” behavior. Regarding how this feeding habit evolved,
we suggest that it could have arisen from the behavior of typical durophagous caimanines such as
Gnatusuchus. While the behavior of the durophagous taxa consisted of capturing prey, dissociate
and swallowing them, the behavior of Mourasuchus could have evolved from an ancestor that
performed a similar one to those but later developed a strategy of capturing the prey with the “gular
sac” and swallowing it directly, without crushing, then it would be easier to capture a large amount
of this small-sized prey at the same time. The crocodylian skull has been proposed to have a “trade-
off” along its evolutionary history between a long, slender rostrum that provided speediness, and a
shorter, more robust rostrum that provides strength. The rostrum of Mourasuchus does not provide
either speediness or strength to the bite. Instead, a huge increase in area, to optimize the capture of a
large amount of small prey, seems to be the advantage this morphology provided to this group.
[CNPq; SESu/MEC; FAPESP]
82
da série-tipo do titanossauro Aeolosaurini Maxakalisaurus topai Kellner et al., 2006, em uma
camada da Formação Adamantina situada cerca de 50 cm abaixo do contato com o nível de
paleossolo mais basal do Membro Echaporã da Formação Marília e exposto junto à rodovia BR-497
no município de Prata, Minas Gerais. O material encontra-se depositado na coleção paleontológica
do Museu da Biodiversidade do Cerrado/UFU. São preservadas quatro costelas sacrais, sendo a
mais anterior cerca de 25% mais larga do que a segunda e terceira costelas, estas com tamanho
equivalente entre si. Todas se expandem lateralmente e possuem delgadas extremidades proximais e
distais, estas se contatando de modo a denotar uma série de fontanelas, mas sem fusão mútua, o que
aponta para a imaturidade do indivíduo. A borda anterior da primeira e maior costela sacral é
notavelmente côncava e seu eixo é torcido, enquanto as costelas posteriores têm borda anterior
quase linear e suas expansões proximais e distais encontram-se no mesmo plano. Apesar de apenas
um fragmento do íleo estar preservado, pode-se notar que ao menos a primeira costela sacral
estende-se dorsalmente para além da margem dorsal do íleo. Esta feição é típica dos Sauropoda
Macronaria de posição mais apical. A morfologia da primeira costela sacral preservada é compatível
com a segunda costela sacral dos Eutitanosauria, grupo este que apresenta seis vértebras sacrais por
acréscimo de uma vértebra primitivamente dorsal às cinco vértebras sacrais originais dos
Eusauropoda. Portanto, a segunda vértebra (e costela) sacral dos Eutitanosauria é homóloga à
primeira vértebra (e costela) sacral dos Eusauropoda de posicionamento mais basal. De fato, a
primeira costela sacral dos Eutitanosauria é delgada e longa, similar a uma costela dorsal regular, e
esta não se encontra preservada no material aqui apresentado. Os caracteres acima indicam,
portanto, que o sacro parcial aqui apresentando trata-se de um Eutitanosauria. Os ossos apresentam
o mesmo grau de preservação, textura e coloração que a série-tipo de M. topai e são compatíveis em
tamanho com o único material sacral resgatado para este táxon: um centro parcial atribuído à quinta
vértebra sacral e um arco neural parcial (ausentes no material aqui apresentado). Dada esta
congruência e a procedência comum, sugerimos este sacro é compatível ao espécime-tipo de
Maxakalisaurus topai. Uma descrição completa será apresentada futuramente com a conclusão da
preparação. [PIVIC/UFU; ATP/CNPq; SESu/MEC]
Vermilingua (Xenarthra, Pilosa) é uma subordem que inclui os tamanduás fósseis e recentes. Suas
peculiaridades anatômicas têm intrigado pesquisadores nos últimos séculos e, dentre essas,
destacam-se: o rostro delgado e tubular; acentuada redução dentária (desdentados); função de
alguns músculos distinta de outros mamíferos, como o tríceps auxiliando a flexão dos dígitos e os
músculos extensores do membro anterior agindo como flexores em adição ao bíceps. O grupo é
atualmente representado por quatro espécies arranjadas em duas famílias. Cyclopes didactylus
(Linnaeus, 1758) é único representante de Cyclopedidae; enquanto Myrmecophaga tridactyla
Linnaeus, 1758, Tamandua mexicana (Saussure, 1860) e Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758)
compreendem Myrmecophagidae. As formas fósseis, por sua vez, compreendem 15 espécies
descritas para afloramentos da Argentina e Colômbia (Oligoceno Superior–Mioceno Inferior),
sendo estas: Adiastaltus habilis Ameguino, 1893; Adiastaltus procerus Ameguino, 1894;
Plagiocoelus obliquus Ameguino, 1894; Anathitus revelator Ameguino, 1894; Protamandua rothi
Ameguino, 1904; Promyrmephagus euryarthrus Ameguino, 1904; Promyrmephagus dolichoarthrus
83
Ameguino, 1904; Argyromanis patagonica Ameguino, 1904; Orthoarthrus mixtus Ameghino, 1904;
Neotamandua conspicua Rovereto, 1914; Palaeomyrmidon incomptus Rovereto, 1914;
Neotamandua magna, Ameguino 1919; Nunezia caroloameghino Kraglievich, 1934; Neotamandua
greslebini Kraglievich, 1940; e Neotamandua borealis Hirschfeld, 1976. Neste trabalho,
apresentamos uma revisão bibliográfica dos exemplares fósseis e as dúvidas taxonômicas para
Vermilingua. Ameghino (1893, 1894) propôs Adiastaltidae incluindo os gêneros Adiastaltus e
Plagicoelus, e Anathitidae, composta unicamente por Anathitus. Ambas as famílias foram
recentemente consideradas sinonímias de Myrmecophagidae por McDonald et al. (2008).
Hirschfeld (1976) e Carlini et al. (1993) consideraram Protamandua e Promyrmephagus também
como sinonímias. Segundo Mones (1986), Adiastaltus habilis, Adiastaltus procerus, Anathitus
revelator, Argyromanis patagonica e O. mixtus são xenartras incertae sedis, enquanto Plagiocoelus
obliquus foi reconhecido como Mammalia incertae sedis. Vizcaíno et al. (2004) atribuiu a
Myrmecophagidae um úmero anteriormente inferido a Peltephilus ferox Ameghino, 1887-um
Chlamyphoridae (tatu) do Oligoceno da Argentina. Em consenso com Gaudin & Branham (1998) as
relações em Neotamandua também são conflituosas, pois N. greslebini apresenta características
intermediárias entre N. magna e N. conspicua, sendo possível que as características distintivas entre
estas espécies sejam variações ontogenéticas. Desta revisão, concluímos que a ausência de análogos
comparativos entre os elementos ósseos atribuídos aos Vermilingua fósseis e o pouco conhecimento
sobre a anatomia do grupo, tanto no que se refere às formas fósseis quanto atuais são as principais
razões das incertezas taxonômicas.
L. COTTS 1, 2; O. ROCHA-BARBOSA3
¹Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 2Campus Fiocruz Mata Atlântica (CFMA). 3Laboratório de Zoologia
de Vertebrados - Tetrapoda (LAZOVERTE)/UERJ.
[email protected], [email protected]
84
lateralmente e direcionadas ventralmente durante os seus desenvolvimentos. O espécime CPPLIP
1237 é considerado um subadulto e, de modo análogo aos táxons recentes, a variação no seu pró-
atlas possivelmente é ontogenética. O aumento no espessamento e no tamanho total do pró-atlas nos
Baurusuchidae é provavelmente resultante de estágios de desenvolvimento mais avançados,
possivelmente não sendo uma real característica taxonômica. Autores inferem que um pró-atlas
desenvolvido, associado a um espinho neural do áxis alto, limitava a rotação e flexão dorsoventral
da cabeça de alguns vertebrados fósseis, como Dimetrodon. Entretanto, os pró-atlas dos
baurussuquídeos são reduzidos frente aos seus crânios avantajados, além dos espinhos neurais dos
seus áxis serem baixos, sugerindo poucas restrições para os movimentos de suas cabeças.
The main objective of this communication is to suggest which was a key species in the structure of
the Brazilian Intertropical Region ecosystems, through the isotopic niche breadth and body weight
values. Here, carbon stable isotopes from skeletal tissues (enamel, dentine, bone) were used as
proxies for diet and habitat. We estimated the Isotope niche breadth using Levins' measure
standardized (BA), the niche overlap (O) through Pianka's index, and the weight (W) through
Anderson's regression. We analyzed a BIR assemblage composed of Equus (Amerhippus) neogaeus
(n = 3; BA = 0.00; w = 370 kg), Notiomastodon platensis (n = 12; BA = 0.20; w = 6 ton),
Eremotherium laurillardi (n = 14; BA= 0.99; w = 7.2 ton) and Toxodon platensis (n = 8; BA = 0.86; w
= 3 ton). Analyzing the niche overlaps of the studied species, we noticed that N. platensis presented
moderate overlap with E. laurillardi (O = 0.79), T. platensis (O = 0.80) and E. neogaeus (O = 0.79),
due to the consumption of C4 plants. T. platensis and E. laurillardi presented moderate niche
overlap (O = 0.73, for both) with E. neogaeus. There is a high niche overlap with T. platensis and E.
laurillardi (O = 1.00), due to the similar proportions of food items. Yet, the wide BA and high weight
of E. laurillardi indicate that this species was a superior resource competitor, and thus may have
directly limited the population growth of T. platensis. A similar pattern is suggested for N. platensis
and E. neogaeus, in which case N. platensis had an advantage over Equus.
85
que mostram uma variedade de morfologias inesperadas, como bipedalismo, e até mesmo formas
com bico, dando ao grupo grande incerteza em relação à seu monofiletismo. O material em estudo
condiz com o material descrito em França et al. referente à Decuriasuchus quartacolonia, onde 9
espécimes foram encontrados, sendo três com crânios virtualmente completos. O espécime
depositado no Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia, Universidade Federal de Santa Maria,
consiste de um “rauisúquio” de tamanho médio. Embora semelhante à Prestosuchus, difere do
mesmo pelo tamanho reduzido e por possuir 15 dentes maxilares a mais em relação à outros
membros do grupo (à exceção de Quianosuchus mixtus). Ainda não há resultados sobre a descrição
do espécime, estando a pesquisa em etapa inicial de um Trabalho de Conclusão de Curso. Quando
diagnosticado, será possível trazer contribuições perante as controversas taxonômicas do grupo e,
talvez, ampliar a distribuição da espécie D. quartacolonia.
Dentre os tetrápodes basais, os temnospôndilos se configuram como um dos grupos mais numerosos
e diversos do registro fóssil da metade do Permiano até o final do Triássico. No Brasil, estão
registrados no Permiano (formações Pedra de Fogo e Rio do Rasto) e no Triássico (Supersequências
Sanga do Cabral e Santa Maria). O espécime aqui reportado é proveniente da Base da Sequência
Candelária (ZA de Hyperodapedon, Carniano), recentemente coletado no município de São João do
Polêsine. Compreende um fragmento com ossos dérmicos do teto craniano e parte do palato e talvez
parte do braincase associados. O material encontra-se ainda em preparação e é bastante
concrecionado, o que dificulta o progresso no trabalho laboratorial e a identificação segura de seus
elementos constituintes no presente estágio em que se encontra. Mesmo assim, é feita tentativa de
identificação anatômica destes, inferindo em vista dorsal a presença dos ossos esquamosal e pelo
menos parte do tabular, ambos delimitando posteriormente um presumido entalhe ótico
relativamente aberto. Uma segunda incisura “entalhiforme” bastante pronunciada (o verdadeiro
entalhe ótico?) também está presente anteromedialmente em relação ao presumido entalhe ótico.
Ainda não é possível afirmar com segurança se esse é um acidente anatômico real ou apenas um
artefato da preservação. Em vista occipital, é possível observar um elemento não ornamentado que
pode tanto ser parte da crista oblíqua, ou o ramo ascendente do pterigoide. Caso seja a crista
oblíqua, esta é pronunciada, uma característica distintiva dos capitossauróides. Medialmente a esta,
ocorre outro elemento não ornamentado. Este, em vista occipital, consiste em uma lâmina reta, a
qual pode tanto representar um dos processos descendentes [tabular(?), paroccipital(?)] quanto
também o assoalho do braincase. Em vista ventral esse elemento é anteriormente alongado, e aqui
inferido como sendo pelo menos parte do proótico. Quanto às possíveis afinidades taxonômicas do
material, devido ao estágio preliminar de preparação e à dificuldade de corretamente identificar os
elementos presentes no espécime, neste momento atribuímos o mesmo apenas a um Stereospondyli
indeterminado. Bioestratigraficamente, quatro clados menos inclusivos estão presentes no Carniano:
Chigutisauridae, Metoposauridae, Capitosauridae e Trematosauridae. Confiamos que com o avanço
da preparação seja possível refinar a diagnose deste espécime, o qual é importante por aumentar a
representatividade dos estereospôndilos no Triássico Superior brasileiro. [CAPES]
86
ANÁLISE OSTEOLÓGICA PRELIMINAR DE UM FRAGMENTO CRANIANO DE UM
PROVÁVEL “RAUISSÚQUIO” DO TRIÁSSICO DO SUL DO BRASIL
I. C. A. FELIPPE; L. P. BERGQVIST
Laboratorio de Macrofósseis, Departamento de Geologia - Universidade Federal do Rio de Janeiro. CNPq
[email protected], [email protected]
87
para procedimentos com baixo custo de montagem, manutenção e uso consciente de recursos
naturais. Ao invés de construir as caixas de madeira propostas por Cifelli, foram utilizadas as
mesmas peneiras utilizadas para separação granulométrica. Como o foco principal é a busca por
mamíferos mesozoicos, que possuem tamanho diminuto, foram escolhidas peneiras granulométricas
de abertura de 0,5 mm e 3,00 mm sobrepostas (a maior sobre a menor) e uma terceira de abertura
exponencialmente maior utilizada como base para permitir a passagem dos sedimentos lavados,
evitando assim a retenção dos mesmos. O conjunto destas 3 peneiras formaram um ‘kit’. Em uma
caixa plástica sem tampa e sem aberturas, de dimensões 60 x 39 x 31 cm foram colocados dois
destes kits, otimizando assim o espaço. Uma pequena porção de sedimento foi colocada sobre a
peneira de cima e com uma mangueira de diâmetro 1,5 cm, água foi sendo derramada em pequena
quantidade e lentamente para lavagem do sedimento e remoção da argila. Na impossibilidade de
secar ao sol, e para otimizar o trabalho, o concentrado foi levado à estufa com temperatura entre 50º
e 100º C, durante 1 hora. Após, este concentrado foi imerso em querosene para remoção de
pequenas partículas de sedimento resistentes ainda aderidas aos fósseis. No caso da Bacia Potiguar,
devido à sua natureza carbonática, foi ainda necessário a imersão do concentrado em ácido fórmico
(10%) durante 1 hora. Em ambos os casos (imersão em querosene e ácido fórmico), foi necessário
lavar o material (da forma descrita acima) para retirar qualquer possível resíduo. O concentrado
resultante foi pesado e armazenado em recipientes herméticos. Até o momento foram lavados 13
sacos de aproximadamente 15 kg cada, que gerou 1,6 Kg de concentrado com dimensões entre 0,5 e
3 mm e 5,7 Kg de concentrado com dimensões acima 3,0 mm. O picking deste material, em lupa
binocular, no Laboratório de Macrofósseis, recuperou 159 espécimes pertencentes tanto a
paleofauna aquática como terrestre.
The Squamata fossil record is scarce, and in Gondwana most of it is fragmentary and poorly
diagnostic. The Lower Cretaceous Crato Formation in northeastern Brazil, widely known for its
exceptionally preserved fossil specimens has provided some of the most complete fossil lizards of
Gondwana. Currently there are three described species, namely Tijubina pontei, Calanguban
alamoi and Olindalacerta brazilensis, all of which are represented only by their holotypes,
consisting of almost complete individuals. A new fossil lizard from this deposit, however, shows a
different preservation pattern not seen in any of the others specimens. MN 7233-V is preserved in
two separate plates, each containing parts of the skeleton. The first one comprise two humeri,
showing well-developed humeral condyles articulated with the radius and ulna; the left femur,
which is articulated with the tibia and fibula; the pelvic girdle represented by the left pubis and
ischium; and most of the phalanges of the manus and pes. The second plate has the vertebral
column and the ilium preserved in dorsal view. The anterior vertebrae are displaced, in contrast with
the posterior ones that, although preserved only as impressions, are articulated. Noteworthy is the
fact that this specimen lacks the skull, most of the tail, ribs, and the sacrum. The proximal and
medial portions of the tail were originally preserved, having survived the biostratinomic and
eodiagenetic processes, and were subsequently lost, either during the later diagenesis or collection.
Lumbar vertebrae, ribs, and skull, however, were not originally preserved and can have been lost
before the fossilization, possibly the during transportation of the carcass. Some thoracic vertebrae
were preserved in a non-articulated position, jumbled together around the pectoral girdle, an
unusual feature. Compared to other squamate fossils from the Crato Formation, MN 7233-V this
specimen shows a unique preservation which interpretation is challenging. Based on the available
88
information, this specimen was likely exposed after death and subjected to early stages of
decomposition (necrolysis). It is not clear when it lost the skull and neck, what could have happened
either before or during transportation. The absence of some vertebrae and ribs might have been an
artifact of collection. The differences in the degree of vertebral articulation suggest that
decomposition must have acted differently inside the body of this animal prior to final burial and
diagenesis.
Os cinodontes não-mamalianos fazem parte do grupo dos Synapsida, sendo caracterizados pela
presença de uma fenestra temporal em cada lado do crânio, em posição mais dorsal que nos outros
sinápsidos. São abundantes no Sítio Janner (Zona de Assembleia de Hyperodapedon, Triássico
Superior do Rio Grande do Sul), principalmente aqueles pertencentes à família Traversodontidae.
O presente trabalho relata um novo registro de cinodonte para o Sítio Janner, coletado no mês de
junho de 2016 pela equipe do Laboratório de Paleobiologia da Unipampa. O material coletado é
composto pelo teto craniano, ossos da série orbital do lado direito, a maxila com dois dentes
caninos e dois dentes pós-caninos do lado esquerdo (ainda inseridos nos alvéolos), um dente pós-
canino inferior, uma raiz de um dente pós-canino superior, esquamosal direito e parietais
fragmentados. A morfologia dentária do espécime, aliada à frequente ocorrência relatada do gênero
no Sítio Janner permite a atribuição do indivíduo ao gênero Exaeretodon. A partir da análise dos
dentes pós-caninos superiores é possível inferir o padrão gonfodonte, característico do
Exaeretodon, com o alargamento transversal dos dentes. Os dentes pós-caninos superiores
apresentam cinco cúspides, três labiais e duas linguais, além de um deslocamento no sentido
posterior para o anterior, no espécime. Indicando a substituição dentária realizada de forma
continua no gênero Exaeretodon. O pós-canino inferior isolado apresenta duas cúspides (uma
labial e uma lingual) e é visível o tamanho reduzido do dente isolado com relação aos dentes
maxilares. A partir de uma comparação com outros materiais de Exaeretodon proveniente do Sítio
Janner, onde várias fases ontogenéticas são apresentadas, pode-se notar que o tamanho dos dentes
do presente material é superior ao de outros materiais coletados no mesmo afloramento. Levando
em consideração o tamanho dos dentes, o tamanho inferido para o crânio e da projeção da crista
parietal, é possível inferir que o indivíduo apresentava uma fase ontogenética madura no momento
de sua morte. O espécime coletado poderá contribuir em estudos de fases ontogenéticas do gênero
Exaeretodon, junto com os outros materiais coletados citados anteriormente.
Os cetartiodáctilos terrestres são mamíferos ungulados, com número par de dedos e eixo de simetria
passando pelo III e IV dedo. Nesse grupo estão inclusos os cervídeos, camelídeos e taiassuídeos,
entre outros. Estes animais de grande porte colonizaram a América do Sul após a formação do Istmo
do Panamá (Plioceno). O Laboratório de Geologia e Paleontologia (LGP) possui cerca de 1000
89
espécimes atribuídos a esse grupo, incluindo 271 astrágalos: osso pequeno, com uma concavidade
anterior e uma convexidade posterior característicos, no qual se articulam dois outros ossos (dupla
tróclea). Localizado na porção inferior do corpo, são parte constituinte das patas. Todos os
exemplares do laboratório são provenientes do litoral sul e médio do Rio Grande do Sul. Estes
materiais quaternários foram encontrados isolados, em sua maioria retrabalhados pela dinâmica
costeira. Aqui propomos uma identificação a nível de família dos astrágalos de Cetartiodactyla
terrestre depositados no LGP. Para esse estudo, foram analisados os astrágalos supracitados,
separando-os por semelhanças entre si e procurando características que os diferenciassem. Até o
momento, um conjunto de 13 espécimes apresentou uma concavidade na porção lateral inferior,
além de possuírem maior tamanho, comparado aos demais. Através de comparação com dados
bibliográficos, observamos que estes detalhes anatômicos são característicos da família Camelidae.
Alguns outros astrágalos, com maior nível de retrabalhamento, não puderam ser diferenciados por
tamanho ou morfologia de concavidades (88 astrágalos). Os demais (170 astrágalos) pertencem a
outras famílias de cetartiodáctilos, mas ainda carecem de uma identificação mais inclusiva. Com o
avanço deste estudo, espera-se identificar os demais astrágalos em nível taxonômico menor.
A Bacia do Paraná é uma bacia sedimentar intracratônica do Gondwana Ocidental e recobre uma
área de aproximadamente 1.500.000 km2. Sua sequência devoniana inclui as formações Furnas e
Ponta Grossa. A porção superior da Formação Furnas apresenta uma paleoflora composta por
fragmentos de plantas vasculares (Tracheophyta) e avasculares (Bryophyta) depositada em um
contexto de ambientes transicionais. Grande parte do interesse nestes grupos reside no fato de que
eles registram os primeiros estágios da evolução das plantas vasculares primitivas adaptadas ao
ambiente terrestre. Em termos tafonômicos, a maior parte dos estudos desenvolvidos na Bacia do
Paraná foram realizados com base na macropaleofauna de invertebrados, sendo escassos os estudos
sobre as feições tafonômicas de suas tafofloras. Neste estudo foram analisados 115 exemplares de
plantas, que se apresentam como compressões, coletados da localidade Jackson de Figueiredo,
Ramal Ferroviário Jaguaraiaíva-Jacarezinho, km 12,5, município de Jaguariaíva (PR). Foram
avaliados o grau de empacotamento dos restos vegetais, grau de fragmentação, padrão de orientação
e associação com icnofósseis. Duas classes tafonômicas foram estabelecidas: Classe Tafonômica I
(CTI) – compreende plantas incompletas, representadas pela preservação de fragmentos com
dimensões menores de 1 cm, sem padrão de orientação preferencial, grau disperso de
empacotamento e sem icnofósseis em associação; Classe Tafonômica II (CTII) – inclui plantas
parcialmente fragmentadas, representadas pela preservação de fragmentos com dimensões de 1 até
2cm, espécimes densamente empacotados e ocorrência de icnofósseis em associação, geralmente
dispostos horizontalmente e verticalmente na mesma amostra. Nota-se que um padrão de orientação
preferencial é uma feição tafonômica raramente observada na amostra. Os restos vegetais ditos
completos, representados pela preservação de fragmentos com dimensões maiores de 2 cm, não são
frequentes nas amostras, assim como o grau de empacotamento fracamente empacotado. Algumas
evidências observadas na classe CTI, como restos vegetais dispersos na matriz e fragmentação dos
restos vegetais, sugerem que a deposição ocorreu a uma certa distância da área-fonte. A ausência de
icnofósseis em CTI pode ser explicada pela baixa quantidade de matéria orgânica disponível. A
90
CTII apresenta um material densamente empacotado sugerindo uma maior proximidade da área-
fonte. No caso de CTII, a grande quantidade de matéria orgânica disponível explica a ocorrência de
icnofósseis, especialmente aqueles relacionados a Fodinichnia. A presença de icnofósseis na posição
horizontal e de restos vegetais parcialmente fragmentados nesta classe pode indicar deposição em
um contexto de baixa energia. Por não terem sofrido transporte significativo, os vegetais fósseis da
CTII são mais fidedignos em termos paleogeográficos.
Y. C. FREITAS; T. RODRIGUES
Universidade Federal do Espírito Santo.
[email protected], [email protected]
91
trabalho teve como objetivo analisar a variação da forma dos crânios de Chaoyangopterinae e
Thalassodrominae, ambas formas piscívoras, usando morfometria geométrica bidimensional, a fim
de auxiliar no diagnóstico destes clados e também observar se existe alometria no crescimento das
cristas. A análise se baseou em 33 indivíduos, pertencentes a 15 espécies, sendo 8 de Tapejarinae
(Caiuajara dobruskii; Caupedactylus ybaka; Huaxiapterus benxiensis; Huaxiapterus corollatus;
Sinopterus dongi; Tapejara wellnhoferi; Tupandacylus imperator; Tupandactylus navigans), três de
Thalassodrominae (Thalassodromeus sethi; Tupuxuara deliradamus; Tupuxuara leonardii) e quatro
de Chaoyangopterinae, incluindo dois espécimes ainda não descritos(Chaoyangopterus sp.;
Chaoyangopterus zhangi; Jidapterus edentus; Shenzhoupterus chaoyangensis). Foram feitas
reconstruções dos crânios com base em fotografias em vista lateral, usando os programas Inkscape e
Adobe Illustrator. Em cada crânio, foram marcados 8 landmarks e 10 semi-landmarks com o
software TpsDig2. Foram realizadas Análise Generalizada de Procrustes, Análise de Componentes
Principais (PCA) e, para testar a presença de alometria, análise de regressão em relação ao
logaritmo do tamanho do centroide, todos no software MorphoJ. Como resultados, foram propostas
novas reconstruções para Chaoyangopterinae, as quais demonstraram que Tapejarinae e
Chaoyangopterinae compartilham um pré-maxilar livre em relação à parte posterior do crânio,
indicando uma proximidade filogenética entre esses clados.Na análise de componentes principais,
PC1 e PC2 responderam por 78,2% de variância total do crânio, sendo as regiões das cristas pré-
maxilar e frontoparietal as principais responsáveis pela variação. Na análise de regressão, observou-
se que houve crescimento alométrico da cristas quando todos os Tapejaridae são considerados
(p=0,0025). No entanto, ainda há poucos espécimes conhecidos de Thalassodrominae e novas
descrições são necessárias para testar a hipótese do crescimento alométrico da crista neste clado.
Chaoyangopterinae são bastante distintos entre os tapejarídeos por apresentar cristas pequenas ou
ausentes.
O sítio Janner é localizado nas proximidades de Agudo, Rio Grande do Sul, Brasil. Este sítio é
incluído na Sequência Candelária da Supersequência Santa Maria. O mesmo é datado através de
correlação bioestratigráfica com a Formação Ischigualasto, da Argentina, sugerindo idade Carniana
(Triássico Superior). O sítio registra uma paleofauna predominante de cinodontes (Trucidocynodon
riograndensis e, principalmente, Exaeretodon riograndensis), com a comparativamente rara
presença de arcossauromorfos (Hyperodapedon sp., Pampadromaeus barberenai e dinossauros
indeterminados). Aqui são reportados espécimes adicionais de arcossauromorfos. Os materiais estão
tombados no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (CAPPA/UFSM) e são
eles: CAPPA/UFSM 0028, um fêmur completo; CAPPA/UFSM 0121, um fêmur fragmentário; e
CAPPA/UFSM 0122, uma vértebra dorsal, um metatarsal e duas falanges. CAPPA/UFSM 0028
pode ser identificado como um dinossauriforme com base na presença de um trocanter cranial e um
trocanter dorsolateral, além do quarto trocanter com forma de crista. Embora fragmentário,
CAPPA/UFSM 0121 é atribuído a um arcossauromorfo, uma vez que preserva um quarto trocanter e
uma possível porção distal do trocanter dorsolateral. O espécime CAPPA/UFSM 0122 é
considerado um arcossauromorfo devido à presença e arranjo das lâminas e fossas, além da
presença da articulação acessória, hiposfene, na vértebra dorsal. É consensual que o registro fóssil
de vertebrados da localidade em questão é preponderantemente marcado por sinapsídeos, em
especial Exaeretodon riograndensis. O registro de arcossauromorfos inclui, até então, um fêmur de
92
dinossauriforme indeterminado (UNIPAMPA-0632), o holótipo (ULBRA-PVT016) e um fêmur
referenciado (CAPPA/UFSM 0027) de Pampadromaeus barberenai, restos fragmentários de dois
dinossauros indeterminados (UFRGS-PV-1240-T e UFRGS-PV-1099-T) e ocorrências de
Hyperodapedon sp.. Embora representados principalmente por elementos isolados, os materiais aqui
relatados ampliam o registro ainda muito escasso de arcossauromorfos para o sítio Janner. Análises
mais detalhadas da anatomia dos espécimes, juntamente com a continuidade dos trabalhos de
campo, poderão trazer novos dados sobre a paleofauna de arcossauromorfos desta localidade, que
abrange dados ligados à origem dos dinossauros, um importante evento na história evolutiva do
arcossauromorfos. [CAPES]
93
maturidade para o grupo, desenvolvendo assim uma melhor compreensão sobre a ontogenia e
evolução de Rhynchosauria. [CNPq]
Most Quaternary fossils found in Brazilian territory originated from caves. In the Rio Grande do
Norte (RN) state two main fossil sites stand out as the main source of remains for Quaternary
Megafauna: the Lajedo de Soledade in Apodi, and the Lajedo da Escada in Baraúna, both karst
areas located in the west of RN. These locations are rich in caves and ravines formed in limestone
of the Jandaíra Formation. Between these two areas lays one of the largest concentration of caves in
the state, the karst of Felipe Guerra. Here, we present new findings of Quaternary fossils from caves
of Felipe Guerra, RN. The Sociedade Espeleológica Potiguar (SEP) has been surveying potential
fossil sites in the caves of Felipe Guerra since 2005. Because of this research, at least eight fossil
94
sites were discovered. Preliminary identifications include the following families: Pampatheriidae,
Mylodontidae, Toxodontidae, Tayassuidae, Felidae and Cervidae. The fossils are still in the process
of preparation and identification. So far, the results show the importance of the Felipe Guerra caves
as fossil deposits, and, because of the constant pressure of mine and oil companies in the area, it is
urgent to explore, study and preserve this unique ecosystem.
Os depósitos fossilíferos quaternários do Rio Grande do Sul contêm registros da fauna de grandes
mamíferos (megafauna), que viveu na região durante o Pleistoceno, incluindo fósseis de preguiças
terrícolas. Embora fósseis desses animais sejam muito escassos no centro-oeste do estado, são
relativamente comuns na planície costeira, em sedimentos fluviais da Formação Santa Vitória e nas
concentrações fossilíferas encontradas no extremo sul da costa (concheiros). Devido à
incompletude dos fósseis, decorrente de processos tafonômicos, grande parte dos espécimes da
planície costeira dificilmente pode ser identificada aos níveis de gênero e espécie. Em ambas as
localidades, a família Mylodontidae é o grupo mais abundante, representados por Glossotherium
robustum, Lestodon armatus, Catonyx cuvieri e Mylodon darwinii, sendo os dois últimos bastante
raros. A família Megatheriidae é representada por Megatherium americanum e Eremotherium
laurillardii. Os fósseis deste último consistem apenas de um dentário da Formação Santa Vitória e
um esqueleto parcial encontrado em sedimentos fluviais do centro do estado (Caçapava do Sul). A
presença de E. laurillardii e C. cuvieri no RS é notável do ponto de vista paleobiogeográfico, pois
estas espécies são características da região intertropical brasileira, e até o presente não foram
encontradas no Uruguai e Argentina. De forma similar, M. americanum e M. darwinii são
característicos das regiões temperadas ao sul do continente, mas também ocorrem no norte do
Uruguai (Formação Sopas) e da Argentina (Formação Arroyo Feliciano). A co-ocorrência de
táxons característicos de climas distintos (temperado e tropical) nos mesmos depósitos pode
indicar registros diácronos, sobrepostos devido às mudanças ambientais relacionadas à migração
latitudinal cíclica de zonas climáticas durante os ciclos glaciais-interglaciais. A tafonomia e
datações dos fósseis da Fm. Santa Vitória indicam que estes foram acumulados ao longo de pelo
menos 190 mil anos, e muitos foram retrabalhados e re-depositados diversas vezes por erosão dos
depósitos fluviais, que misturaram fósseis de diferentes idades. Análises isotópicas em dentes
indicam que L. armatus, G. robustum e M. americanum tinham dieta mista (plantas C3 e C4),
enquanto E. laurillardi era um ramoneador de plantas C3. Centenas de galerias gigantes
(paleotocas) encontradas em rochas e solos no nordeste do estado têm sido atribuídas a G.
robustum e talvez L. armatus, considerando as dimensões desses táxons. A impossibilidade de
escavar tais galerias na planície costeira, onde o registro fóssil mostra que esses animais eram
abundantes, sugere que o hábito cavador tenha sido uma adaptação local ao tipo de substrato ou a
condições ambientais específicas.
LUCIANO ARTEMIO LEAL1; LEOMIR DOS SANTOS CAMPOS2; JULIANA MANSO SAYÃO2
¹Laboratório de Geociências, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 2UFPE.
[email protected], jmsayã[email protected], [email protected]
95
A paleohistologia é o estudo da microestrutura dos tecidos fósseis, que busca compreender padrões
de crescimento, fisiologia, modos de vida e aspectos tafonômicos. Descrevemos neste trabalho a
microestrutura óssea a partir de seções transversais de costelas de Eremotherium de dois diferentes
sítios no estado da Bahia. A primeira concentração fossilífera (A), localizada nas imediações do
município de Anagé-BA, é proveniente de um tanque originado por erosão diferencial de blocos
graníticos fraturados e retrabalhados por esfoliação, o segundo sítio (B), foi descoberto próximo a
Jacobina-BA, em uma planície colúvio aluvionar preenchida por sedimentos transportados por
correntes de detritos em leques aluviais. Na análise microestrutural das amostras do sítio (A), se
observou um bom estado preservacional. Foram identificados predominantemente ósteons
secundários com microfissuras post mortem, canais vasculares longitudinais e distribuídos ao longo
da região cortical. A matriz é formada por osso Haversiano com intenso remodelamento celular
alcançando a região periosteal. Esta substituição total de células primárias por ósteons secundários
reflete uma mudança dos sistemas intersticiais, encontrado em indivíduos já adultos. Na
microarquitetura das amostras do sítio (B), é possível a identificação de um córtex bem
vascularizado com canais semicirculares orientados longitudinalmente de forma aleatória, e sistema
Haversiano denso com sobreposição de ósteons secundários referentes a sucessivas gerações. No
periósteo há uma área de tecido primário paralelo fibroso, ainda pouco alterado pelo
remodelamento. Nesta região existem microfissuras radiais que avançam até o limite dos ósteons
secundários, indicando eventos tafonômicos post mortem. As ramificações dos canalículos foram
ocupadas por manganês, carreado pela água percolante, precipitado na forma de óxido,
assemelhando-se a formação de dendritos. São nítidas fissuras pós-soterramento que possuem
dimensões maiores, e parecem ter evoluído de microfissuras pré-existentes como as do tipo radial.
A análise destes arranjos fornece evidências de uma melhor preservação no sítio (A), onde não
ocorrem fissuras de pós-soterramento que transpassariam a região cortical, o que acarretaria em
fraturas no fóssil. Além disso, o grau de remodelamento no espécime do sítio (A) aponta um estágio
ontogenético adulto de idade mais avançada que o espécime do sítio (B), possivelmente um
subadulto, já que neste, uma porção de tecido paralelo fibroso remanescente da fase primaria do
desenvolvimento ainda perdura inalterado na região periosteal, indicando remodelamento ainda
incompleto. Os dados microestruturais apresentados aqui agregaram informações acerca do grau de
desenvolvimento ontogenético destes mamíferos, indicando paralelamente os níveis de preservação
destes fósseis em ambas assembleias fossilíferas. [CAPES]
Registros fósseis de aves do Pleistoceno são extremamente escassas no RS. Os únicos fósseis
descritos até o presente consistem de um tarsometatarso de Ciconiidae da Formação Touro Passo, e
três vértebras e um tibiotarso de albatroz (Thalassarche melanophrys) encontrados na faixa de
praia. Aqui é apresentada uma vértebra cervical proveniente da Formação Santa Vitória, que aflora
ao longo das barrancas do Arroio Chuí (município de Santa Vitória do Palmar). A vértebra estava
desarticulada e isolada, associada a outros fósseis desarticulados que incluem osteodermos de
preguiças (Mylodontidae indet.) e gliptodontes (Panochthus tuberculatus), dentes de Toxodon
platensis e placas da carapaça de uma tartaruga. Os fósseis provêm de sedimentos areno-argilosos
depositados em uma planície de inundação, sobre paleossolos mais antigos. Uma datação por
luminescência (LOE) nos sedimentos indicou idade de 37.900 ± 5.080 anos, que representam
portanto o período interestadial referente ao estágio isotópico de oxigênio (MIS) 3. A vértebra está
praticamente completa, apenas as lâminas arcocostais e o processo espinal estão fragmentados. A
96
identificação taxonômica foi obtida por comparação com o material osteológico da coleção
ornitológica do Museu de Ciências Naturais da PUC-RS. A morfologia indica que pertencia a um
anatídeo, muito similar a um cisne-do-pescoço-preto (Cygnus melancoryphus), habitante da região
subtropical da América do Sul. O espécime fóssil, entretanto, exibe diferenças morfológicas e
maiores dimensões, o que sugere tratar-se de uma espécie distinta. A presença de uma ave aquática
indica ambientes permanentemente úmidos durante o MIS 3, período caracterizado pelo clima
mais quente e úmido em relação às condições frias e semi-áridas do estágio glacial seguinte (MIS
2), que provavelmente levaram ao desaparecimento dos grandes mamíferos e aves aquáticas na
região. Com o retorno de condições quentes e úmidas durante o Holoceno (MIS 1), os ambientes
tornaram-se favoráveis à re-ocupação por uma fauna distinta, incluindo o cisne-de-pescoço-preto.
Uma hipótese para a substituição de uma espécie por outra muito semelhante em um intervalo de
tempo curto em termos geológicos (c. 20 mil anos), seria a migração da espécie pleistocênica para
regiões com clima mais ameno durante a última glaciação, onde teria originado C. melancoryphus.
Posteriormente este teria re-ocupando as áreas onde viveu a espécie ancestral, acompanhando a
melhoria climática do Holoceno. Outra hipótese é que ambas as espécies co-existiram na mesma
área, mas apenas C. melancoryphus teria migrado para outros locais durante a última glaciação,
onde sobreviveu até o Holoceno, quando teria retornado às áreas ao sul onde vive atualmente.
O gênero Lepidotes apresenta uma extensa distribuição geográfica, sendo registrado em seis dos
sete continentes, Ele ocorre tanto em depósitos com sedimentação de origem marinha, quanto
continental. É estudado por diversos autores, os quais aceitam a existência de quarenta espécies
válidas. Para alguns autores, as espécies descritas para o Cretáceo poderiam chegar à 1500mm de
comprimento padrão, enquanto as espécies descritas para o Jurássico, como a do presente estudo,
Lepidotes piauhyensis, apresentam tamanhos máximos de 500 mm de comprimento padrão. Um
novo exemplar de L. piauhyensis, LGP- 0909, proveniente de um afloramento localizado na
Comunidade Taboquinha, Floriano-PI, apresenta alguns valores morfométricos superiores aos do
holótipo (DGM- 297-P). Os valores morfométricos encontrados, utilizando-se paquímetro digital,
foram comparados com os valores expostos na literatura. Os valores achados foram: comprimento
padrão – 514,0mm; comprimento da cabeça – 182,00mm; diâmetro pré-orbital – 52,66mm;
diâmetro da órbita – 29,85mm; altura máxima do corpo – 164,20mm; distância da borda posterior
do opérculo à borda anterior da nadadeira dorsal – 131,60mm; distância da borda posterior do
opérculo a borda anterior da nadadeira anal – 221,20mm; distância da borda posterior do opérculo à
borda anterior da nadadeira pélvica – 116,82; distância entre a nadadeira peitoral e a pélvica –
134,18mm; e altura mínima do pedúnculo caudal – 66,38mm. Os dados apresentados demonstram
que L. piauhyensis pode apresentar valores morfométricos superiores aos listados na literatura,
influenciando diretamente nos estudos sobre morfologia e anatomia da espécie.
97
O gênero Equus tem sua origem no Plioceno na América do Norte, mas é durante o Pleistoceno que
ocorre sua maior diversificação e dispersão, distribuindo-se por todos os continentes, com exceção
da Austrália e Antártica. Os primeiros registros do gênero na América do Sul datam do Pleistoceno
Médio ao Superior, tendo sua entrada no continente relacionada ao Grande Intercâmbio Biótico
Americano. Atualmente encontra-se restrito à Eurásia e África e sua extinção nas Américas, ao final
do Pleistoceno, possivelmente está relacionada com a seleção negativa da megafauna. A taxonomia
dos Equus sul-americanos baseia-se nas proporções do esqueleto apendicular distal e, dessa forma,
cinco espécies são reconhecidas: Equus neogeus, E. santaeelenae, E. insulatus, E. andium e E.
lasallei, esta última sendo conhecida apenas por um crânio. No entanto, falta na literatura uma
distinção clara entre as espécies. Assim, realizamos um estudo comparativo dos autopódios
(falanges, metacarpos e metatarsos) de exemplares adultos dos Equus sul-americanos, incluindo a
espécie E. occidentalis como grupo controle, pois tradicionalmente costumavam ser alocados
unidos no subgênero Amerhippus. Foram realizadas análises de variação alométrica, análises
estatísticas (teste de Kruskal-Wallis e PCA) e uma análise de Índice de Gracilidade. A análise de
variação alométrica revelou um continuum de variação gradual linear em que as espécies vão se
sucedendo com sobreposição de umas às outras e as análises de PCA corroboram tais resultados. A
análise estatística de Kruskal-Wallis, em geral, demonstrou que há maior variação nas medidas entre
um extremo e outro do continuum, não havendo diferenciação significativa em espécies próximas
entre si, enquanto a análise do Índice de Gracilidade indicou que há certa relação de alometria
negativa entre o índice e o comprimento do osso. Os resultados aqui obtidos comprovam que não há
diferenciação entre as espécies sul-americanas de acordo com as proporções dos membros do
aparelho distal, como proferido na atual taxonomia. Conclui-se aqui que é errôneo o uso de tais
características no diagnóstico dos Equus da América do Sul e, portanto, não deveriam ser utilizados
em sua taxonomia.
98
posicionadas mais anteriormente que as pretrites. Apresenta desgaste moderado no protolofido e
metalofido, desgaste leve na pretrite do tritolofido, e não apresenta desgaste nos lofidos posteriores
(estágios de desgaste 1 a 2). Os conulidos centrais estão presentes apenas entre as pretrites,
próximos ao sulco central, sendo que o desgaste destes e das cúspides principais (i.e., protocônido e
hipocônido) nas pretrites do primeiro e segundo lófidos dão origem às típicas figuras de trevos.
Posteriormente ao hipoconulido, destaca-se um conulido central bem desenvolvido. O dente possui
o cingulido anterior fraturado na altura do metacônido e o cingulido posterior caracterizado pelo
desenvolvimento de dois conulidos (os talons). Os interlofidos posteriores e os talons apresentam
tártaro, ou placa dentária, em abundância. Em continuidade serão realizadas análises de
microdesgaste, dieta e datação absoluta do material. [SESu/MEC]
A Bacia do Araripe é a mais extensa das bacias interiores do Nordeste do Brasil e uma das mais
ricas localidades fossilíferas eocretáceas do mundo. Dentre diversas outras unidades sedimentares,
nela situa-se a Formação Romualdo (Grupo Santana, Aptiano-Albiano), onde é encontrada ampla
diversidade de peixes, répteis, invertebrados e plantas fósseis em excelente estado de preservação.
Destes, destacam-se os pterossauros, arcossauros diferenciados por uma série de sinapomorfias, a
principal delas sendo o alongamento de seu quarto digito, suportando uma membrana alar que lhes
auxiliava no voo ativo, garantido por sua musculatura e esqueleto adaptados. Neste trabalho, são
descritos elementos pós-cranianos de Pterosauria pertencentes à coleção do Centro de Pesquisa
Paleontológicas da Chapada do Araripe (CPCA, Crato, CE). O material consiste de uma ulna
esquerda, um metacarpal alar direito e um fragmento de falange distal, todos reportadamente
encontrados em associação e apresentando preservação similar. A ulna, com 35,5cm de
comprimento, encontra-se fragmentada ao meio, sendo visível sua seção transversal elíptica
(27x19mm) e tendo as porções proximal e distal ainda parcialmente oclusas em matriz rochosa. O
metacarpo alar totaliza 27 cm de comprimento, com sua extremidade distal em vista cranial
também encobertos por matriz e possuindo, em vista ventral, uma fratura encoberta por goma laca
no momento de sua preparação, o que impede a visualização de possíveis forames. A falange,
incompleta, apresenta tamanho menor, medindo 12,7 cm de comprimento e com uma seção
transversal elíptica de 27x12 mm, indicando se tratar de uma falange distal do digito alar,
provavelmente a quarta. Apesar de, reportadamente, este material ter sido encontrado em
associação, os tamanhos relativos entre o metacarpo e a ulna, além de diferenças entre as matrizes
carbonáticas adjuntas aos fósseis, indicam que não pertencem ao mesmo indivíduo. Não se pode
inferir associação entre a falange e os outros materiais. Alguns caracteres foram úteis na
determinação preliminar das afinidades dos materiais. Citamos aqui o aspecto geral, tamanho
relativo dos ossos, ocorrência de forame pneumático em ambas extremidades da ulna (embora
parcialmente encoberto por sedimento em sua fração distal), além da presença de um processo em
forma de quilha próximo ao forame distal da ulna. O material apresenta similaridades com outros
espécimes de pterossauros descritos para a Formação Romualdo que possuem material pós-
craniano alar preservado, como Anhanguera piscator, Anhanguera araripensis (=Santanadactylus
araripensis) e Anhanguera santanae (=Araripesaurus santanae), permitindo uma classificação
preliminar destes como Anhangueridae. Análises mais minuciosas são necessárias para uma
atribuição taxonômica mais refinada.
99
RESCUED FROM THE COLLECTIONS: THE PRESENCE OF THE AFRICAN CYNODONT
ALEODON (CYNODONTIA, PROBAINOGNATHIA) IN THE TRIASSIC OF SOUTHERN
BRAZIL, HIDDEN FOR OVER 30 YEARS
AGUSTÍN G. MARTINELLI¹; SÉRGIO DIAS-DA-SILVA2; FELIPE L. PINHEIRO3; ÁTILA AUGUSTO STOCK DA-
ROSA4; CESAR L. SCHULTZ¹; SEAN P. MODESTO5; MARINA BENTO SOARES¹
¹Departamento de Paleontologia e Estratigrafia, UFRGS. 2Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta
Colônia, UFSM. 3Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA. 4Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia, UFSM.
5
Department of Biology, Cape Breton University.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]
As part of biostratigraphic and taxonomic revisions of the tetrapod content of the Sanga do Cabral
Supersequence (SCS) from Rio Grande do Sul, Brazil, hitherto known cynodont specimens were
revisited. Procolophonians (particularly Procolophon trigoniceps), temnospondyls, and basal
archosauromorphs are the most abundant components of the SCS in clear contrast with putative
records of synapsids of dubious affinities. Particularly cynodonts were mentioned based upon
fragmentary limb bones (e.g., UFRGS-PV-351T, UFRGS-PV-354T, UFRGS-PV-375T,
UNIPAMPA PV 00254: partial femora; UFRGS-PV-332T, humerus distal end) from the Catuçaba,
Bica São Tomé, and Granja Palmeiras localities. Our review demonstrate that the taxonomy of
these specimens is likely ambiguous. The humerus distal end lacks flaring supinator process, the
ectepicondylar groove, and the ectepicondylar foramen. Contrarily, these structures are commonly
100
present in most non-mammaliaform synapsids (e.g. sphenacodontids, dicynodonts, basal
therocephalians, mostly cynodonts). The lack of supinator process and ectepicondylar foramen, the
wide distal end, the well-developed entepicondyle and entepicondylar foramen, and the poorly
developed condyles of UFRGS-PV-332-T are features shared with procolophonids, one of the
commonest amniotes of the SCS. Thus, we refer this material to Procolophonidae indet. The
femora have a combination of features that are not exclusive of cynodonts. They have an
intertrochanteric fossa with several small foramina and delimited by a distal edge, a well-
developed internal trochanter (originally interpreted as the lesser trochanter for these specimens),
and small, unnotched posterolateral process (originally interpreted as the major trochanter) that are
features observed in many procolophonids and basal archosauromorphs, the most common basal
amniotes at the localities from which these femora were collected. Consequently, the isolated,
partial femora of SCS are likely non-synapsids and further analyses are required. Other mentions
based on very fragmentary bones are also dubious. Although our study suggests the evidence at
hand supporting the presence of cynodonts in SCS is very limited and ambiguous, in fact,
cynodonts might be present in the Early Triassic of southern Brazil but until now they remain
hidden in the rock and requiring more effort to be found.
101
estão sobrepostos e são menos diferenciados entre si, enquanto CEPZ 239B se mostra mais distinto
dos demais, embora este último esteja baseado em apenas dois dentes. Assim, a variação
morfológica dentária observada entre os espécimes analisados sugere que a heterodontia de P.
chiniquensis aumentava durante a ontogenia, pelo surgimento de morfótipos posteriores em
indivíduos mais adultos, implicando numa mudança funcional em alguns dentes. [CNPq]
G. MESTRINER; D. RIFF
Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG.
[email protected], [email protected]
102
1
Laboratório de Mastozoologia, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.CAPES,
CNPQ, FAPERJ. 2 Programa de Pós-Graduação em Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. 3Departamento
de Estratigrafia e Paleontologia, Faculdade de Geologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 4Museu de História
Natural, Universidade Federal de Minas Gerais. 5Laboratório de Processamento de Imagem Digital, Museu
Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]
RODRIGO TEMP MÜLLER¹; MAX CARDOSO LANGER²; CRISTIAN PEREIRA PACHECO¹; SÉRGIO DIAS-DA-
SILVA³
¹Laboratório de Paleobiodiversidade Triássica, UFSM. ²Laboratório de Paleontologia, Unifesp. ³Centro de Apoio à
Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
103
em um dinossauriforme imaturo do Triássico Superior do sul do Brasil. O espécime, um fêmur
esquerdo completo com 113 mm de comprimento, está tombado na coleção do Centro de Apoio à
Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, sob a sigla CAPPA/UFSM 0028. O mesmo foi
escavado no afloramento Janner (Sequência Candelária), de idade Carniana, localizado no
município de Agudo, Rio Grande do Sul. A condição imatura do espécime é observada através de
dois critérios que independem de tamanho: calcificação incompleta das superfícies articulares; e
textura marcada por estrias longitudinais em várias porções da superfície óssea. Como o espécime
compartilha algumas características peculiares (sulco para o ligamento da cabeça do fêmur
estreito; porção proximal do trocânter cranial completamente ligada ao eixo femoral; crista
craniomedial bem desenvolvida e crista tibiofibular transversalmente estreita) com um dinossauro
do mesmo afloramento, Pampadromaeus barberenai, nós postulamos a hipótese de que
CAPPA/UFSM 0028 corresponde a um indivíduo imaturo dessa espécie. Deste modo, foi
investigada a variação morfológica entre o espécime imaturo e os indivíduos já conhecidos da
espécie. As principais diferenças estão relacionadas com as superfícies articulares (e.g., ausência
do sulco proximal em CAPPA/UFSM 0028) e as áreas de inserção muscular (e.g., plataforma
trocantérica pouco desenvolvida ou ausente em CAPPA/UFSM 0028). Ao inserir essa variação em
uma matriz de dados morfológicos, notou-se que a variação entre o indivíduo imaturo e os
indivíduos ontogeneticamente mais desenvolvidos de P. barberenai é maior [13,6% de 22
caracteres femorais comparáveis (cfc)] do que a variação entre P. barbarenai e outros táxons
relacionados [e.g., Saturnalia tupiniquim (7,6% de 26 cfc), Eoraptor lunensis (7,6% de 13 cfc),
Eodromaeus murphy (5,2% de 19 cfc)]. O resultado demonstra o quanto a variação ontogenética
pode ser influente na polarização de caracteres. CAPPA/UFSM 0028, juntamente com novos
achados de outros lugares do mundo, têm lançado luz sobre os caminhos morfológicos adotados
pelos dinossauriformes ao longo de seu desenvolvimento. Esforços para reconhecer padrões
ontogenéticos em outros elementos ósseos certamente irão contribuir para um melhor
entendimento das afinidades filogenéticas dos dinossauros primitivos e seus grupos relacionados.
[CAPES/FAPESP]
O sítio fossilífero Bica São Tomé encontra-se às margens da rodovia estadual RS241, no município
de São Francisco de Assis, Rio Grande do Sul. É composto por afloramentos atribuíveis à
Supersequência Sanga do Cabral (Triássico Inferior), com níveis fossilíferos compostos por
conglomerados intraformacionais, arenitos finos, pelitos e nódulos carbonáticos. O sítio Bica São
Tomé conta com o registro de temnospôndilos, procolofonoides, cinodontes, elementos isolados de
arcossauriformes e o arcossauromorfo basal Teyujagua paradoxa, evidenciando a recuperação
faunística do limite Permiano-Triássico. Recentemente, durante esforços amostrais realizados pelo
Laboratório de Paleobiologia da Unipampa, diversos espécimes foram coletados, dentre eles, um
elemento palatal, descrito como a porção posterior de um pterigoide esquerdo (UNIPAMPA 0701),
objeto de estudo do presente trabalho. O osso possui uma morfologia característica de
Archosauromorpha, no entanto, encontra-se fragmentado, tendo perdido inteiramente seu ramo
anterior, a margem do ramo lateral e a região distal do processo pterigoide-quadrado do ramo
posterior. Mede 35 mm de comprimento, 30 mm de largura em seu centro e 4 mm de largura no
processo pterigoide-quadrado. Apresenta três fileiras dentárias: uma primeira paralela à margem
medial, contendo quatro dentes e duas fileiras paralelas entre si, direcionadas antero-lateralmente,
104
contendo quatro dentes cada. O ramo lateral apresenta um formato côncavo em relação ao ramo
medial e está disposto em um ângulo agudo com o ramo posterior, que se posiciona dorso-
posteriormente em direção ao osso quadrado, com o qual se articulava. Para determinar as
afinidades taxonômicas do espécime, foi realizada uma análise filogenética utilizando caracteres
atribuíveis ao pterigoide, a partir de busca heurística, e tendo, como base, uma matriz de dados
recente e o software TNT. Dois testes independentes foram realizados, um deles utilizando a matriz
completa e um segundo com a exclusão (proposta pelo autor) de táxons problemáticos. Ao executar
a análise filogenética com a matriz reduzida, o espécime é classificado como um arcossauriforme
basal, dentro de "Proterosuchia", táxon irmão do arcossauromorfo basal Teyujagua paradoxa e da
família de arcossauriformes basais Erythrosuchidae. Tal posição é mais derivada do que esperado,
devido à morfologia do espécime ser similar à “Protorosauria”. Entretanto, ao utilizar a matriz de
caracteres completa, UNIPAMPA 0701 é deslocado para uma posição filogenética mais basal, como
um arcossauromorfo não-arcossauriforme dentro da família Tanystropheidae. Como se trata de um
trabalho preliminar, a posição filogenética do espécime UNIPAMPA 0701 continua, por ora, incerta.
Como perspectivas futuras, pretendemos comparar morfologicamente o espécime com outros
táxons de Archosauromorpha previamente descritos.
105
NOVO MATERIAL DE PROZOSTRODON BRASILIENSIS (CYNODONTIA –
PROBAINOGNATHIA) DO TRIÁSSICO SUPERIOR SUL-BRASILEIRO
CRISTIAN PEREIRA PACHECO¹, ANE ELISE BRANCO PAVANATTO¹, AGUSTÍN GUILLERMO MARTINELLI²,
SÉRGIO DIAS-DA-SILVA³
¹Laboratório de Paleobiodiversidade Triássica, Departamento de Ecologia e Evolução, Universidade Federal de Santa
Maria. ²Laboratorio de Paleontologia de Vertebrados, UFRGS. ³Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta
Colônia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
106
apendicular do corpo. Aetosauroides scagliai encontrado tanto na Formação Ischigualasto
(Argentina) quanto na Formação Santa Maria (Brasil) representa um dos membros mais antigos do
grupo. No Brasil, outros dois táxons mais derivados, proximamente relacionados à
Desmatosuchus, também ocorrem, Aetobarbakinoides brasiliensis e Polesinesuchus aurelioi, cada
um deles representado por apenas um indivíduo. Reportamos um novo espécime de aetossauro,
UFRGS-PV-1246-T, encontrado no Sítio Piveta, no município de São João do Polesine, RS, Brasil.
Este espécime consiste de diversos pequenos elementos, incluindo: um dente isolado, o fêmur
esquerdo (30 mm de comprimento total) a tíbia esquerda (20,3 mm comprimento total), seis
centros vertebrais anficélicos e em forma de carretel (um cervical, quatro dorsais e um caudal),
oito osteodermas paramedianos dorsais do tronco (OPDT), três osteodermas caudais, além de
diversos fragmentos, como costelas, carpos e osteodermas ventrais. Algumas características
sugerem um estágio ontogenético muito juvenil, possivelmente um indivíduo perinato, tais como:
o tamanho diminuto; a textura porosa das diáfises do fêmur e da tíbia (indicando maior
vascularização, como observado em perinatos de Alligator); todos os centros vertebrais não estão
fusionados ao arco neural. Os OPDT são bem ossificados e apresentam o padrão plesiomórfico
característico dos membros basais dos aetossauros, e em geral apresentam uma largura três vezes
maior que o comprimento (em média 12 x 4 mm). A presença destes osteodermas indica que estas
estruturas se ossificavam cedo na ontogenia, influenciando assim estudos de esqueletocronologia
do grupo, que assumiam um padrão similar ao de crocodilianos atuais, em que os osteodermas se
ossificam apenas após um ano. Quanto à identificação taxonômica, poucas estruturas diagnósticas
foram observadas até o momento, mas as vértebras apresentam uma fossa lateral discreta, bem
como uma quilha ventral na vértebra cervical. Estas duas características são compartilhadas com
A. scagliai e P. aurelioi. Neste último táxon, as fossas laterais são mais discretas nas vértebras
dorsais, mas são evidentes nas vértebras mais cervicais, variações estas também observadas em
alguns indivíduos de A. scagliai (por exemplo, PVL 2059 e MCT 3470). Espera-se elucidar a
relação de UFRGS-PV-1246-T com P. aurelioi e A. scagliai na medida em que mais materiais
deste espécime sejam preparados e descritos. Ainda assim, este espécime representa o menor
indivíduo já encontrado de Aetosauria, e seu estudo contribuirá para o conhecimento sobre a
ontogenia e evolução do grupo. [CNPq]
ANE ELISE BRANCO PAVANATTO¹; FLÁVIO AUGUSTO PRETTO²; LEONARDO KERBER²; SÉRGIO DIAS-
DA-SILVA²
¹Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal, UFSM. ²Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da
Quarta Colônia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
107
dentes pós-caninos superiores com uma cúspide labial central principal e duas cúspides acessórias,
uma anterior e outra posterior, além da ausência de placas costais nas costelas. CAPPA/UFSM
0033 apresenta marcas de osteofagia nas extremidades dos fêmures e na superfície medial do ílio,
além de três costelas sequenciais com a presença de um calo ósseo, indicativo de trauma do qual o
espécime se recuperou em vida. A morfologia geral dos elementos de CAPPA/UFSM 0033 se
assemelha à descrita para Exaeretodon argentinus, cujo esqueleto pós-craniano é bem conhecido,
ressalvadas algumas diferenças. Em relação ao ílio, CAPPA/UFSM 0033 possui a margem ventral
da região pré-acetabular mais reta, enquanto E. argentinus apresenta uma acentuada concavidade
na mesma região. O fêmur de CAPPA/UFSM 0033 apresenta a cabeça femoral hemisférica, porém
sua porção mais medial apresenta um formato mais aguçado, em comparação com E. argentinus.
O côndilo lateral da tíbia está localizado mais posteriormente do que em E. argentinus, e possui
notável expansão lateral. Na extremidade distal, em norma lateral, a faceta articular para o
astrágalo é menos inclinada e não apresenta a projeção posterior observada em E. argentinus. A
descoberta de novos materiais pós-cranianos de E. riograndensis contribui para ampliar o
conhecimento acerca do esqueleto pós-craniano dos cinodontes de forma geral, ainda
negligenciado em comparação com materiais cranianos e dentários e as diferenças observadas
entre E. riograndensis (CAPPA/UFSM 0033) e E. argentinus podem vir a reforçar a distinção
taxonômica entre as duas espécies. [CAPES]
ANE ELISE BRANCO PAVANATTO¹; FLÁVIO AUGUSTO PRETTO²; LEONARDO KERBER²; SÉRGIO DIAS-
DA-SILVA²
¹Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal, UFSM. ²Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta
Colônia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
108
Exaeretodon; o ângulo entre a barra pós-orbital e o arco zigomático é mais agudo que o de
Exaeretodon. Além disso, a crista lambdoidal apresenta uma concavidade menos pronunciada do
que em Exaeretodon. É importante ressaltar que estas diferenças em relação a Exaeretodon são
mantidas quando espécimes de diferentes estágios ontogenéticos são comparados e também em
comparação com espécimes de Exaeretodon em estágio ontogenético semelhante, eliminando a
possibilidade de serem variações ontogenéticas. De momento, os novos espécimes são
considerados um novo morfotipo, dada a variação morfológica em relação a Exaeretodon.
Entretanto, os espécimes ainda encontram-se em fase de preparação e novas informações irão
surgir à medida que esta etapa avança, principalmente no tocante à região palatal e à morfologia
dentária. [CAPES]
The theropod records from Northeast of Brazil are rare and consist mostly of isolated and
incomplete remains, with only five species described. Here we describe and evaluate the diversity
of theropod materials from the Açu Formation, Potiguar Basin (Albian - Cenomanian), comprised at
this moment by four groups: Abelisauridae (a femur), Carcharodontosauridae (a jaw fragment),
Megaraptora (a caudal vertebra centrum) and Spinosauridae (a tooth). The femur is 39 cm long and
has a circumference of 12.5 cm. It was assigned to the family Abelisauridae due to the weak
development of the epicondylar medial crest and its large size. The jaw fragment comprises four
alveoli with some lateral compression, lacking the ventral part. The dorsoventrally deep interdental
plates with no ornamentation are remarkable characteristics that lead us to classify the material
within the Carcharodontosauridae family. The vertebra centrum is 6.9 cm long and 4.1 cm wide. In
lateral view, each side of the centrum has a deep elliptical shaped pneumatic foramen, a feature that
is seen in many theropods (ceratosaurs, carcharodontosaurids, megaraptorans, oviraptorosaurians
and therizinosaurians). We placed it, but only preliminarily, within Megaraptora due to the
morphological details of the foramina. Finally, the tooth has medial basal compression, elongated
conical crown, absence of carina (consequently no denticles) and transverse grooves. These
characteristics are suggestive that they belonged to a Spinosauridae. The presence of these theropod
groups at Açu Formation reveals an unexpected dinosaur richness at Potiguar basin. [*FAPERJ;
**CNPq]
O estudo prévio de uma mandíbula fóssil procedente do afloramento localizado próximo à cidade de
São Jerônimo da Serra, no Estado do Paraná, PR-090 classificou o material como pertencente a um
vertebrado anápsido da família Procolophonidae, mas ainda persistiam dúvidas se o material
também poderia pertencer a uma mandíbula/maxila de peixes Palaeonisciformes, cujas escamas são
bastante comuns no mesmo afloramento. Da mesma forma, o material ainda carecia de uma
descrição formal das estruturas observadas. Deste modo, este trabalho tem por objetivo auxiliar no
109
refinamento bioestratigráfico da Formação Rio do Rasto (Membro Morro Pelado) do Neopermiano
da Bacia do Paraná, por meio da descrição de uma mandíbula fóssil. O material coletado em
Jerônimo da Serra, foi depositado sob tombo 0252 PV (A, B), parte e contra-parte, com cerca de
18mm de comprimento. O material foi analisado de modo descritivo e em Microscópio Eletrônico
de Varredura (MEV). A análise indicou que o fóssil apresenta o esplenial alongado com sutura
dorsal com o dentário, este com nove dentes parcialmente preservados e um possível diastema entre
eles, sendo os dentes triangulares e pontiagudos, e o angular alongado prolongando-se ventralmente
sob a mandíbula. A análise em MEV permitiu a identificação da morfologia dos dentes, que são
cônicos e apresentam sulcos longitudinais. Entretanto, a análise em MEV não auxiliou na
observação de suturas ósseas. Comparando-se esse material com mandíbulas de peixes
Palaeonisciformes, verificaram-se morfologias distintas, sendo que os peixes apresentam um
dentário grande em relação ao tamanho da mandíbula. Em contrapartida, a comparação com
Procolophonidae apresentou algumas semelhanças, como por exemplo, o formato dos dentes
cônicos e morfologias semelhantes dos ossos mandibulares. Entretanto, a ausência de características
cranianas dificulta a identificação em nível de gênero ou espécie. Comparando-se com materiais de
Procolophonidae, duas espécies descritas na literatura, a saber: Coletta seca Gow, 2000 e
Pintosaurus magnidentis Piñeiro, Rojas & Ubilla, 2004, ambas com características compatíveis ao
material estudado. Tal registro, se confirmado como Procolophonidae, será considerado o primeiro
fóssil desse grupo na Formação Rio do Rasto.
110
associação deste material no mesmo nível estratigráfico que o espécime identificado como
Morenelaphus sp., a qual se encontra totalmente extinta, sugere uma contemporaneidade dessas
espécies durante o Pleistoceno. A descoberta do novo registro para Odocoileus na Gruta Tacho de
Ouro tornou-se a mais meridional para o gênero, anteriormente reconhecido para Ourolândia (BA),
onde haviam sido registradas a partir de galhadas, elementos dentários e pós-cranianos. Os registros
atuais no país para o gênero são raros. O material recuperado indica que nesta localidade, a família
possuiu uma diversidade maior durante o Pleistoceno do que atualmente.
111
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
Até meados da década de 1990 os trabalhos sobre paleontologia não forneciam dados
georreferenciados precisos sobre a localidade onde o fóssil foi encontrado, dificultando o
monitoramento e até mesmo um possível retorno aos afloramentos. Somente no final do século XX
e início do século XXI o GPS e demais aplicativos e ferramentas de geoprocessamento passaram a
ser utilizados nos trabalhos de campo, fornecendo informações sobre as coordenadas geográficas e
permitindo a confecção de mapas mais detalhados. O presente trabalho teve como objetivo a
elaboração preliminar de um mapa digital das ocorrências georrefrenciadas dos Crocodilomorpha
fósseis do Brasil. Para isso foi realizado um levantamento bibliográfico e criado um banco de dados
em forma de planilha contendo as coordenadas geográficas das localidades onde fósseis de
Crocodilomorpha foram encontrados, além de dados sobre a bacia sedimentar, unidade
estratigráfica e idade e a taxonomia mais detalhada de cada fóssil. Com base nessa planilha foi
elaborado mapa digital através dos programas GoogleEarth e ArcReader, onde é possível ter acesso
as localidades com as respectivas informações, bastando apenas clicar em determinado ponto
destacado com formato de um crocodilo. Este mapa, que futuramente será disponibilizado no site do
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), irá fornecer dados sobre a distribuição dos
táxons do referido grupo, além de auxiliar tanto nas ações de monitoramento e proteção dos sítios
fossilíferos, quanto na conscientização das populações locais, permitindo o desenvolvimento de
projetos educativos nas escolas próximas às localidades fossilíferas e informando sobre a
importância da preservação patrimônio paleontológico brasileiro.
A “Fauna local de Faxinal do Soturno” é uma assembleia icônica, dominada por microvertebrados
concentrados num arenito maciço (sobretudo cinodontes, lepidossauros e pararrépteis), além do
saurísquio Guaibasaurus, único táxon de médio-grande porte relatado nesta associação. Reporta-se
aqui o registro de um dente isolado de Archosauromorpha para esses mesmos níveis. O espécime
está fraturado na base da raiz, possui coroa dentária medindo 33 milímetros e apresenta morfologia
paquidonte, com ápice distalmente recurvado. As espessuras labiolingual e mesiodistal decrescem
continuamente até o ápice da coroa, sem evidência de cíngulo. Serrilhas ocorrem em ambas as
carenas, embora estejam severamente desgastadas na face mesial. Similar desgaste é observado no
ápice da coroa. A serrilha mesial se limita ao terço apical da coroa, enquanto a distal estende-se até
o limite entre coroa e raiz, onde é interrompida por uma fratura. É praticamente reta, senão por uma
suave curvatura basal, possivelmente indicando a face lingual. A cavidade pulpar é observável na
região cervical, ocupando cerca de 40% do diâmetro do cilindro dentário. Os dentículos se
observam apenas na carena distal. São subretangulares, perpendicularmente dispostos ao eixo da
carena. Possuem margem externa convexa, paralela ao eixo da carena. O sulco interdenticular é
pouco profundo, e a diáfise é mais longa que a largura apicobasal do dentículo. Não há evidência de
ampulla. A densidade de dentículos equivale a três por milímetro. O dente carece de outras
ornamentações anatômicas. Não obstante, há notáveis superfícies de polimento na carena mesial, no
ápice do dente e na carena distal, que são condizentes com um padrão de abrasão causado pelo
atrito do dente com o alimento (ossos, provavelmente), sugerindo que o indivíduo predasse animais
de grande porte. De fato, registros de marcas de mordidas em Jachaleira candelariensis, suportam o
112
comportamento de morder ossos para arcossauros triássicos. Por se tratar de um dente isolado, a
assignação taxonômica do espécime incerta. A morfologia paquidonte é consistente com a dentição
mesial de arcossauros carnívoros, incluindo pseudossúquios (e.g. Rauisuchus, Prestosuchus) e
dinossauros terópodes. Contudo, a ausência da ampulla na base denticular contrasta com a condição
de Theropoda, que compartilham tal característica. Cabe ressaltar, porém, que a microestrutura
denticular é pouco conhecida em dinossauros triássicos. Mesmo assim, o espécime é demasiado
grande para ser atribuído a um dinossauro do porte de Guaibasaurus. Por fim, a presença de dentes
de arcossauros carnívoros na localidade condiz com achados semelhantes em afloramentos
supostamente coevos, (e.g. Cerro Botucaraí, Sítio Wacholz).
113
das informações de representantes de grande e pequeno porte poderá elucidar mais claramente esta
questão.
114
RECONSTRUÇÃO DA DIETA DE CERVÍDEOS PLEISTOCÊNICOS (CERVIDAE,
CETARTIODACTYLA, MAMMALIA) DA GRUTA DO URSO, AURORA DO TOCANTINS,
BRASIL
A família Cervidae está inclusa entre as poucas linhagens de origens Holártica com grande
diversificação na América do Sul. O grande número de espécies endêmicas somado a adaptação aos
diversos nichos e ambientes que habitam, sugere uma alta plasticidade de sobrevivência das
espécies dessa família. Assim teve-se como objetivo a reconstrução da paleoecologia alimentar dos
cervídeos da região da assembleia de cervídeos da caverna da Gruta do Urso, Aurora do Tocantins,
sul do estado de Tocantins. Foram feitas analises das cicatrizes de microdesgaste no esmalte da
segunda banda do paracone dos segundos molares superiores. Os resultados foram comparados com
os cervídeos e ungulados, atuais e extintos da literatura atual. As espécies que compõem a
assembleia das Cavernas da Gruta do Urso são Mazama sp., Blastocerus dichotomus, Ozotocerus
bezoarticus e Morenelaphus sp. Todas essas espécies são viventes, exceto Morenelaphus sp., ao
qual pertence à megafauna extinta. A média do número de arranhões e perfurações e as outras
variáveis de microdesgaste foram submetidas às analises de dispersão, hierárquica de cluster e com
os testes de variância Kruskal-Wallis e Mann Whitney. Em valores isolados dos diferentes tipos de
microdesgaste, os arranhões são classificados como mais discriminantes. Por compartilharem o
mesmo habitat, das quatro espécies analisadas, três apresentaram os padrões das médias de
arranhões similares. Mazama sp. é o único que conteve valores mais baixos. Embora apresentando
diferença, ainda que pequena, nos resultados, sugere-se que os cervídeos da Gruta do Urso possuem
valores de microdesgaste similares a táxons pastadores, pelo seu alto número de arranhões. Porém
não são pastadores tradicionais, apresentando uma dieta mista. As informações sobre a dieta das
espécies viventes comparadas com os representantes fósseis deste estudo corroboram esse tipo de
alimentação. O depósito da caverna estudado foi datado entre 24.000 e 16.000 anos antes do
presente, intervalo de tempo pelo o qual a América do Sul experimentou uma intensa seca, que
contribuiu para o domínio das pradarias nas regiões de planícies, portanto essa indicação é validada
com os resultados de microdesgaste que apontam hábitos de predominância pastadora para todos os
cervídeos da região. Além disso, a analise de cluster agrupou Blastocerus dichotomus e
Morenelaphus sp. como tendo um padrão muito similar de microdesgaste. Como ambos eram
animais de grande porte, provavelmente foram competidores ecológicos. Desta forma, fortalece
uma hipótese à extinção de Morenelaphus sp., devido a exclusão competitiva por parte de
Blastocerus dichotomus na região central do Brasil.
115
utilização de GPS e demais aplicativos em atividades de campo, tornou-se possível a obtenção de
informações precisas sobre coordenadas geográficas dessas ocorrências. Este trabalho apresenta um
mapa georreferenciado preliminar das localidades com mamíferos fósseis no Nordeste, enfatizando
aspectos paleoambientais dos registros. Foi elaborado um banco de dados utilizando datum sirgas
2000 (com coordenadas, localidades, tipo de depósito fossilífero, idade e táxon) com as localidades
georreferenciadas da paleomastofauna reportadas na literatura. Em seguida, foi confeccionado um
mapa digital utilizando o programa ARCGIS 10. Até o momento o mapa apresenta 49 localidades
georreferenciadas, todas de idade quaternária. A Bahia apresenta o maior número de depósitos
fossilíferos, seguida de Sergipe. O estado do Maranhão não tem registro de localidades de
mamíferos fósseis georreferenciadas. As famílias Megatheriidae (Pilosa), Gomphotheriidae
(Proboscidea) e Toxodontidae (Notoungulata) são as mais abundantes. Em contraposição, as ordens
de mamíferos de pequeno porte (e.g. Rodentia, Chiroptera, Primates) são as mais escassas. Através
de censos como este, o DNPM poderá traçar estratégias de monitoramento e proteção do patrimônio
paleontológico brasileiro. Além disso, uma visão global da diversidade fossilífera do Nordeste do
Brasil permitirá ações mais específicas de conscientização da população, através de palestras nas
escolas e prefeituras nos municípios com localidades fossilíferas.
Lamniformes sharks are among the largest Cretaceous selachians, and include large predators, with
demersal and mesopelagic forms that occur from surface waters to the deep sea. During the
Cretaceous in Antarctica, unlike other contemporary locations, these sharks occupied lower levels in
the trophic chain, due the lack of species adapted to crush preys bearing hard shells. Because of the
cartilaginous nature of their skeleton, shark fossils are known mainly by isolated teeth, which are
the most common diagnostic rests of vertebrates in Santa Marta Formation of James Ross Basin,
especially in Herbert Sound Member, although they are also present in Lachman Crags Member. In
such deposits, most specimens are too fragmentary, and a more specific identification is not
possible. Despite this, the teeth show high morphologic diversity, and in the present work 11 teeth
were identified and assigned to four different morphotypes. All material was collected in outcrops
of the Campanian-Maastrichtian Herbert Sound Member, around the location 63º55’2’’S,
57º52’52’’W, in the scope of XXXIV OPERANTAR. The first morphotype includes only one tooth,
which has a crown with wide base in relation to the height and slightly sigmoidal shape in lateral
view, presenting ornamentations in form of short folds at crown base more conspicuous at labial
than lingual face, with well-developed cutting edges and pointed apex. The second morphotype is
also assigned to only one tooth, also have low height/width ratio of the crown but lacks any
ornamentation, having more rectilinear cutting edges and slightly curved apex. The third
morphotype is the most common, including six teeth. These teeth have an almost triangular crown
shape in labial view, ornamentations in form of short folds in both labial and lingual faces, well
developed cutting edges with sigmoidal curvature and a pronounced convexity at crown base, while
the apex is flatter. Three teeth belong to fourth morphotype, showing a sigmoidal crown in both
116
lateral and labial views, convex in the base and flat in the apex, with ornamentations in form of
short folds only in the lingual face and well developed cutting edges, also in sigmoidal curvature.
These morphotypes share a character combination that occurs in several taxa of Cretaceous
Lamniformes, as odontaspidids and mitsukurinids. Moreover, variations in dental characters can be
related to different positions of tooth in the mouth, intraspecific, ontogenetic or even pathological
variations, and therefore have a limited value for taxonomy and phylogenetic inferences. For a more
accurate identification and description, new materials should be collected, especially those that have
roots and lateral cusplets preserved. [SESu/MEC; FAPES; CNPq]
During the XXXIV OPERANTAR several fossils were collected in the James Ross Island, and
isolated teeth of selachians comprise most vertebrate rests. The fossils, housed at Museu
Nacional/UFRJ, were found in the Campanian-Maastrichtian Herbert Sound Member, a
stratigraphic unit composed mainly by mudstones, fine-grained and cross-bedded sandstones, along
with several coquinas, representing a reworked submarine horizon and that has the richest known
selachian diversity from the Cretaceous of Antarctica. Although sharks are now extinct from
Antarctica, during the Cretaceous period this group had a large diversity, which lasted until the
glaciations of the late Eocene, when they became extinct. Here, six new records of three different
species, collected around the location 63º55’2’’S, 57º52’52’’W, are described. The
Synechodontiformes materials are assigned to Sphenodus sp., represented by MN7660-V and
MN7662-V, two very fragmented teeth, lacking the base and apex of the crown and their
ornamentations, and entire root. Both teeth exhibit in labial view an almost triangular shape, with a
convex and smooth labial face. In mesial view the crown shows a non-sigmoidal curvature, being
more convex in the base and more flattened near the apex. The Hexanchiformes materials are
represented by the teeth MN7590-V, MN7591-V, assigned to Notidanodon dentatus, and MN7595-
V, MN7669-V, assigned to Chlamydoselachus thomsoni. MN7590-V and MN7591-V were
identified as lower jaw teeth, presenting cusplets with convex mesial cutting edge and similar in
size, except the latter, which is smaller. The first is an almost complete tooth, with five mesial and
eight distal cusplets, two of them lacking the apex, and without signals of ornamentations in the
crown. The root was well preserved, presenting an anaulacorhize (sponge-like) vascularization
pattern. The second tooth is very fragmented, with only three distal cusplets integrally preserved,
while a fourth is fractured in the apex. MN7595-V and MN7669-V do not have mesial and distal
cusplets preserved. The first has only distal cusp preserved, with a convex labial face and a cutting
edge well developed, without ornamentations in the crown. MN7669-V has parts of median and
distal cusps embedded inside the rock, without visible ornamentations. The mesial cusp was not
present, but left an impression on the matrix. The root is well preserved, with the transverse notch
present. Due to the fragmented state of Synechodontiformes materials, a more specific identification
was not possible, while the good condition of Hexanchiformes materials allowed to identify two
117
species, both previously described from the Late Cretaceous of Antarctica. [SESu/MEC; FAPES;
CNPq]
Os titanossauros compõem o clado de dinossauros mais diversos do Brasil, com o maior número de
espécies formalmente descritas. Mas mesmo com essa grande diversidade, todas as descrições
destes dinossauros são baseadas em indivíduos adultos. Aqui é apresentado um espécime juvenil de
um titanossauro descoberto no sitio Km 153.5 da BR-050, Uberaba - MG em 1991, em um
afloramento do Membro Serra da Galga da Formação Marília, do Neocretáceo (Maastrichtiano) da
Bacia Bauru. Todos os elementos foram encontrados em associação, apontando que são do mesmo
indivíduo. O material consiste de dois corpos vertebrais dorsais e três corpos caudais, um fragmento
de ílio e um ísquio parcial. O material está fragmentado, o que pode indicar algum nível de
transporte pré-diagênese, e isso pode ser reforçado pela total ausência de arcos neurais, que são
estruturas delicadas, não estando fusionadas nos primeiros estágios ontogenéticos destes animais.
Além disso, o material apresenta uma coloração escura que é típica de incrustação de óxido de
manganês, indicando exposição pós-soterramento. Mesmo com a ausência de arcos neurais e,
portanto, de lâminas neurais, que são fundamentais para a taxonomia de saurópodes, o fato de uma
das caudais, possivelmente a segunda, ser acentuadamente procélica permite o posicionamento
deste espécime dentro do clado dos titanossauros litostrotianos. Outra característica interessante
presente no espécime é a presença, nas vértebras dorsais, de câmaras pneumáticas (escavações
feitas por divertículos dos sacos aéreos). A presença destas câmaras é de extrema importância para
saurópodes e outros dinossauros, tendo a função de auxiliar a demanda metabólica por oxigênio e
reduzir o peso total do animal. Pesquisas recentes apontam que os titanossauros provavelmente
possuíam crescimento isométrico, isto é, todos seus órgãos, estruturas musculares e osteológicas se
desenvolviam desde cedo e só aumentavam exponencialmente de tamanho na ontogenia, sendo o
indivíduo juvenil uma “miniatura” do adulto. Levando isso em conta, como o espécime encontrado
possui os pleurocelos com câmaras profundas e bem desenvolvidas, não era um animal tão imaturo.
O padrão das câmaras nos pleurocelos desse espécime não é encontrado em nenhuma das outras três
espécies de titanossauros descritas na Formação Marília, sendo muito provavelmente um novo
táxon. A presença de registro que vão desde ovos a filhotes e indivíduos sub-adultos e adultos
reforça a ideia de que na região de Uberaba havia um paleoambiente suscetível a oviposição e
manutenção de uma ampla fauna de saurópodes. [Programa de Pós-graduação em Biologia
Comparada – FFCLRP/USP]
Este trabalho visa realizar a descrição de escamas de peixes paleonisciformes, e realizar uma análise
taxonômica desses materiais fósseis. As amostras foram coletadas em afloramentos pertencentes à
118
Formação Rio do Rasto, Bacia do Paraná, localizados na BR 376, quilometros 313 e 315, Estado do
Paraná, datadas do período Permiano. Um total de 27 amostras de rochas foram depositadas no
Laboratório de Paleontologia (LabPaleo) do Setor de Ciências da Terra (SCT) da Universidade
Federal do Paraná (UFPR), contendo cerca de 26 escamas de peixes completas, todavia,
desarticuladas, sendo 24 amostras provenientes do km 313 e as demais do km 315. As amostras
foram primeiramente separadas de acordo com seu local de origem, e, em seguida foram descritas
com base em cinco critérios principais: (1) a existência de escamas completas, (2) presença de
estrutura tipo peg and socket (PAS), (3) se é observado molde e parte da escama preservada, (4)
existência de fragmentos de escamas e (5) se existem fragmentos não identificados. Das 24
amostras procedentes do km 313, 10 contêm escamas completas. Foram observadas 16 amostras
com estrutura peg and socket. Em 10 amostras observa-se um molde e parte da escama preservada.
Fragmentos de escamas foram encontrados em 20 amostras. Uma amostra possui dois fragmentos
não identificados, sem o brilho típico da ganoína. Das três amostras coletadas no km 315, duas
contêm escamas completas e duas possuem PAS. Apenas uma amostra apresenta o molde da escama
e parte dela preservada. As três amostras possuem fragmentos de escamas, e em duas delas observa-
se fragmentos indeterminados (sem o brilho típico da ganoína). Até o presente momento, sabe-se
que essas escamas devem pertencer a peixes Palaeonisciformes devido à presença da ganoína, um
tipo de esmalte presente na face externa das escamas e PAS. A preservação de peixes na referida
formação é bastante comum. Entretanto, poucos materiais completos são conhecidos, sendo o
estudo das escamas, mesmo isoladas, imprescindível. Embora ainda não seja possível afirmar a que
grupo taxonômico pertencem, a análise, por estudos paleohistológicos posteriores, poderá indicar a
diversidade da ictiofauna registrada em diferentes localidades da Formação Rio do Rasto.
Nothrotherium maquinense (Lund) Lydekker, 1889 é uma pequena preguiça terrícola extinta do
Pleistoceno final (ou Holoceno), e que apresenta no Brasil registros de ocorrência nos estados da
Bahia, Ceará, Minas Gerais e São Paulo. Na Bahia seus fósseis já foram encontrados na Gruta das
Onças (Jacobina), Gruta dos Brejões (Morro do Chapéu), Lapa dos Peixes (Serra do Ramalho),
Toca da Barriguda e Toca da Boa Vista (Campo Formoso). O objetivo da presente comunicação é
registrar a ocorrência de novos fósseis de N. maquinense na Toca da Barriguda, cuja identificação
taxonômica foi realizada através de caracteres diagnósticos observados nos fragmentos cranianos,
dentários e molariformes isolados. O material paleontológico encontra-se depositado na coleção
científica do Laboratório de Ecologia e Geociências do Instituto Multidisciplinar em Saúde da
Universidade Federal da Bahia, campus Anísio Teixeira (IMS/CAT-UFBA), Vitória da Conquista,
Bahia. Foram encontrados fósseis de três indivíduos, sendo dois adultos e um jovem. Foram
identificados, até o momento, fragmentos de crânios, dentários, vértebras, costelas (costais e
esternais), fragmento de esterno, ulnas, rádios, fêmures, tíbias, escapulas, calcâneo, falanges,
metacarpos, carpais, metatarsos e tarsais. Os estudos continuam em execução, e contribuirão para
um melhor entendimento acerca da ontogenia da espécie.
119
Laboratório de Arqueologia e Paleontologia/ Universidade do Estado da Bahia (UNEB), campus VII, Senhor do
Bonfim-BA, Brasil. 2DSA – Consultoria Núcleo de Pós-Graduação e Curso Livre, Senhor do Bonfim-BA, Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected]
O estado da Bahia, em destaque, as regiões Central e Norte, apresentam diversos registros fósseis de
megamamíferos que viveram no Pleistoceno. Esta pesquisa teve como objetivo caracterizar e
analisar o registro fóssil encontrado no sítio Baixão situado no município de Campo Formoso,
Centro-Norte da Bahia. Foi descrito no trabalho a ocorrência de Eremotherium laurillardi;
Notiomastodon platensis.; Toxodon sp.; Glyptodontidae indet. e Cervidae. Considerando-se estudos
prévios que inferem que os Cervidae são associados a um habitat com formações florestais abertas e
savanas, possuindo uma dieta baseada em hábitos herbívoros, pastadores/folívoros; Toxodon e
Eremotherium laurillardi estão relacionados a uma vegetação típica de clima tropical e subtropical,
formada em sua maior parte por gramíneas em associação com fisionomias mais abertas e
temperaturas provavelmente mais baixas; Notiomastodon e Toxodon compartilhavam os hábitos de
pastadores/ramoneadores e os Glyptodontidae eram herbívoros, nutrindo-se de gramíneas e folhas
de árvores, sugere-se um clima diverso do encontrado atualmente, concordando com o modelo
proposto por Cartelle, para a Região Intertropical Brasileira (RIB). A partir desse estudo espera-se
registrar a ocorrência de novos táxons na região, acrescentar uma nova localidade com achados
fósseis, contribuir para base de estudos posteriores e acrescer os registros já existentes,
enriquecendo assim a paleodiversidade da região.
120
0,6Kg; juvenil – 30,5Kg; adulto – 273,8Kg. Assim, verificou-se que, do estágio neonato para
juvenil, o comprimento do crânio aumentou 250% enquanto sua massa cresceu 49,5 vezes.
Entretanto, do estágio juvenil para adulto, o comprimento do crânio aumentou 100% e sua massa
somente 7,9 vezes. Os resultados mostram que as diferentes equações geram valores discrepantes,
portanto a escolha de equações deve ser cuidadosamente conduzida, visto que diferentes
interpretações poderiam ser ocasionadas acerca de aspectos relacionados à massa corporal de um
organismo. Dados morfométricos cranianos revelaram-se melhores estimadores de massa durante a
ontogenia de Dinodontosaurus por fornecerem estimativas próximas às obtidas via modelos
tridimensionais. A correlação entre os estágios ontogenéticos de Dinodontosaurus indica que o
táxon apresenta uma elevada taxa de crescimento nos seus estágios iniciais de desenvolvimento,
corroborando estudos prévios. [FAPERGS]
Os Glyptodontidae apresentam uma carapaça dorsal de osteodermos sem bandas móveis. Sua
taxonomia é baseada na morfologia dos osteodermos (seus fósseis mais preservados). Apresentamos
um novo registro brasileiro para Glyptodontidae, enfatizando seus aspectos ontogenéticos e
tafonômicos. Nesse primeiro registro de Glyptodontidae no Estado do Tocantins, Brasil Central,
foram recuperados mais de 1500 osteodermos em um conduto secundário na Gruta do Urso. O
número estimado na carapaça de Glyptodontidae é por volta de 1280, desse modo, foram coletados,
no mínimo, dois indivíduos. Segundo a literatura, todos são filhotes da subfamília Glyptodontinae,
pois apresentam figura central bem desenvolvida, em um plano mais alto, sem figuras periféricas.
Existe uma indefinição taxonômica para os Glyptodontidae brasileiros, e esses osteodermos podem
pertencer aos táxons Glyptotherium ou Glyptodon. A exclusividade do registro de filhotes e sua
vulnerabilidade – padrão também observado para muitos dos táxons preservados na Gruta do Urso –
sugere uma seleção por predação, epidemia ou mudança climática. O padrão deposicional é similar
a um sistema fluvial meandrante, indicando transporte hidráulico desses fósseis. Houve
pouquíssima deposição no primeiro terço do conduto. Todavia, a partir do segundo terço, registra-se
uma deposição crescente (mais de 90%) e em padrão de empacotamento que varia de frouxo a
densamente empacotado, porém quantitativamente alternada nas curvas com um pico na porção
média (mais de 70%), e voltando a diminuir no final deste terço. No terceiro terço a deposição foi
pouco expressiva. Assim, a energia hidráulica de transporte era alta no primeiro terço, pois houve
pouca deposição e diminuiu drasticamente no segundo terço, em razão das curvas do conduto, onde
ocorreu a maior deposição. No terceiro terço, os poucos osteodermos transportados pelo fluxo
hidráulico, em um regime de baixa energia, foram depositados.
121
É apresentado um estudo sistemático dos fósseis de microvertebrados coletados na porção superior
da Formação Candeias, Cretáceo Inferior da Bacia de Jatobá, Grupo Santo Amaro (Andar Rio da
Serra), na região do município de Ibimirim, Estado de Pernambuco. Foram processados
quimicamente por ácido acético, 5 kg de arenitos calcíferos, onde foram coletados numerosos restos
de invertebrados e vertebrados. Os vertebrados encontrados são de pequeno tamanho e incluem
dentes isolados e escamas de peixes ósseos, identificados como “Stephanodus” sp. 1, escamas de
Actinopterygii morfótipos 1 a 4, dentes de Actinopterygii morfótipos 1 e 2, Hybodontidae
Egertonodus aff. basanus e Archosauria ?Pachycephalosaurydae indet. Um dente de forma tubular
com ilhota de esmalte e desgaste interdental representa um possível mamífero. Exceto pelos
registros de Cypridea cf. vulgaris (zonas NRT-004 e NRT-005, estágios Rio da Serra e Aratu), aff.
Reconcavona e Egertonodus aff. basanus, que mostram afinidades com táxons do Cretáceo Inferior,
os vertebrados registrados não mostram relações próximas em nível específico com os taxa
descritos para o Jurássico Superior da Bacia de Jatobá (Formação Aliança), peixes Semionotidae do
Cretáceo Inferior da Bacia do Recôncavo ou com aqueles descritos para o Albiano-Aptiano das
Bacias interiores do Nordeste do Brasil. Além disso, registra-se pela primeira vez a presença de
peixes cartilaginosos Hybodontidae, do táxon Egertonodus aff. basanus, que além do Cretáceo
europeu, é descrito para o Cretáceo Inferior (Berriasiano) de Anoual, Marrocos, África.
122
ósseo secundário curto. As afinidades de CAPPA/UFSM 0029 como um ecteniniídeo são bem
suportadas, embora as afinidades internas do grupo ainda sejam obscuras. Uma análise
morfológica mais detalhada deste espécime (em andamento), bem como o exame direto dos outros
táxons envolvidos na politomia, tem como objetivo buscar uma melhor resolução de Ecteniniidae
como um todo. [CAPES]
Na Bahia, os estudos com material fóssil para afloramento fossilífero do tipo tanque são descritos
na literatura desde os trabalhos de Carlos de Paula Couto na década de 1950. A microrregião de
Senhor do Bonfim apresenta-se como uma das áreas de grande potencial paleontológico do Estado
da Bahia, sendo nos ambientes de carste e tanques onde se depositaram grande parte das jazidas
fossilíferas pleistocênicas. Para o município de Jaguarari, foram registrados fósseis de mamíferos
pleistocênicos, localizados em um tanque no povoado de Lajedo II com a ocorrência de seis taxa:
Eremotherium laurillardi (Lund, 1842); Notiomastodon platensis (Ameghino, 1888); Toxodontinae
indet.; Felidae indet.; Panochthus greslebini Castellanos, 1941; e Equus (Amerhippus) neogaeus
Lund, 1840. Amostras de dentes de N. platensis foram datadas pelo método de Electron Spin
Resonance (ESR), obtendo-se a idade de 114±20 ka, reforçando a interpretação de que os fósseis
encontrados são do Pleistoceno final. Interpretações das características ecológicas dos taxa sugerem
que este conjunto faunístico estava associado a um paleoambiente com predomínio de áreas abertas
em associação com fisionomias mais fechadas, como proposto por Cartelle para o Pleistoceno da
Região Intertropical Brasileira (RIB). [*Bolsista CNPQ]
GIANFRANCIS DIAS UGALDE¹; MARIA EDUARDA ELESBÃO¹; DANIEL DE SIMÃO OLIVEIRA¹; FELIPE
LIMA PINHEIRO¹
¹Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
123
folhelhos, e em níveis de siltitos e calcilutitos são notadamente encontrados semi-articulados sem a
presença do crânio. O espécime aqui apresentado foi coletado em meados de 2011 por integrantes
do Laboratório de Paleobiologia da Unipampa, sendo depositado na coleção desta instituição. O
material apresenta cerca de 36 vértebras pré-sacrais semi-articuladas, costelas, elementos
metacarpais, dentre outros elementos não identificados em razão da preservação. O número de
vértebras pré-sacrais identificadas está acima do que um indivíduo de mesossaurídeo apresenta
quando completo, o que possibilita inferir haver dois espécimes no material. A família
Mesosauridae compreende três táxons: Mesosaurus tenuidens, Stereosternum tumidum e
Brazilosaurus saopauloensis. Em mesossaurídeos, costelas e dentição são caracteres diagnósticos.
Neste material, como consequência da ausência do crânio, a identificação foi realizada,
principalmente, a partir de peculiaridades das costelas. Elas apresentam, em sua maioria,
comprimento entre 3 e 5 centímetros e são espessas transversalmente. Em Brazilosaurus, as
costelas são mais delgadas transversalmente, diferindo de Stereosternum e Mesosaurus, que
possuem costelas espessas ao longo de toda sua extensão. A ausência do crânio impossibilita
inferir com clareza a qual táxon o espécime pertence, embora Brasilosaurus possa ser excluído das
possibilidades. Portanto, apesar do registro fossilífero do afloramento ser predominantemente
constituído por Mesosaurus tenuidens, a ausência do material craniano impossibilitou, até este
momento, uma atribuição taxonômica mais precisa.
A Formação Irati insere-se no andar Arstinskiano (Permiano Inferior). É a unidade basal do Grupo
Passa Dois da Bacia do Paraná, aflorando na borda leste da bacia, de Goiás ao Rio Grande do Sul.
Seu ambiente deposicional é interpretado como vasto mar epicontinental, raso e restrito, onde
teriam sido depositadas sucessões de rochas carbonáticas, evaporíticas, siltitos, heterolitos, e
folhelhos betuminosos e não-betuminosos. A formação é famosa por seus fósseis de
mesossaurídeos, os quais apresentam-se em concentrações junto de crustáceos pigocefalomorfos,
interpretadas como resultado de mortalidade em massa causada pela ação de tempestades. No
município de São Gabriel, no estado do Rio Grande do Sul, um afloramento na localidade Passo
São Borja é notório por apresentar concentrações fósseis em calcarenitos, associadas a assinaturas
de tempestades (e. g., Estratificação Cruzada Hummocky – ECH; gutter casts). Estas foram
interpretadas como eventos de mortalidade em massa. Trabalhos recentes analisaram outros
afloramentos no estado, encontrando mesossaurídeos e crustáceos também em meio a calcarenitos
apresentando feições similares. Porém, seções contínuas aflorantes, e especialmente de qualidade
da Formação Irati são difíceis de encontrar no Rio Grande do Sul, devido à predominância de
folhelhos, os quais são friáveis e suscetíveis à erosão. Buscando análises em seções contínuas, o
presente trabalho apresenta a descrição faciológica de 10 testemunhos de sondagem da região
centro-sul do estado, com a possibilidade da confecção de um perfil da formação em subsuperfície,
contendo a seção vertical completa. As sondagens foram realizadas pela CPRM na década de
1980, e são mantidos na Litoteca de Caçapava do Sul. Resultados parciais das descrições dos
testemunhos apresentam consistência na sucessão de fácies e disposição dos fósseis, as quais se
apresentam similares aos afloramentos, mas com algumas diferenças importantes. Naqueles, os
fósseis não aparecem em meio aos calcarenitos, mas sim relativamente dispersos nos heterolitos.
Também, nota-se que os fósseis de mesossaurídeos ocorrem apenas acima da segunda de duas
sucessões carbonáticas encontradas. Estes fatos apresentam implicações para a estratigrafia da
Formação Irati no Rio Grande do Sul e permitem posicionamento estratigráfico dos afloramentos
124
já conhecidos. Também, indica que acumulações fósseis são eventos locais, e não presentes
uniformemente na região. [CNPq]
125
ICNOFÓSSEIS
A Bacia do Rio do Peixe (BRP) localiza-se na região entre a Paraíba e o Ceará, na Província
Borborema, e faz parte do trend Cariri-Potiguar, em que a estrutura dos rifts é caracterizada por
semi-grabens controlados pelas zonas de cisalhamento brasilianas (Patos e Portalegre), com eixo
seguindo direção NE-SW e E-W. De origem relacionada ao rifteamento eocretáceo que fragmentou
o continente Gondwana, a BRP é constituída por quatro semi-grabens assimétricos do Cretáceo
Inferior (Neocomiano): Pombal, Sousa, Icozinho e Brejo das Freiras; sendo esta última, o local de
estudo e enfoque da ocorrência de icnofósseis deste trabalho. Foram encontradas três pegadas de
dinossauro, na localidade Santa Umbelinda, zona rural do município de Uiraúna – PB, em
afloramento com coordenadas 6°31'05.57'' S e 38°21'54.98'' W, com área aproximada de 375 m 2, de
arenito conglomerático da Formação Antenor Navarro, condicionado ao sistema fluvial entrelaçado
ou fluviais distributários associados a leques aluviais proximais. Das três pegadas apenas uma está
em bom estado de preservação e passível de classificação. A pegada é tridáctila, pouco rasa e com
expressiva delimitação do calcanhar, região na qual o arenito encontra-se intensamente dinoturbado;
sendo caracterizada por equivaler a 43 centímetros de comprimento e 34 centímetros de diâmetro. O
icnofóssil é interpretado como tendo sido gerado por indivíduo da espécie Iguanodon cf. mantelli.
Quanto às outras pegadas, devido ao mau estado de conservação, tentativas de classificá-las
poderiam levar ao erro. Diante do exposto, considerando as especificações e restrições, torna-se
essencial o estudo em detalhe do icnofóssil supracitado, preservado em arenito conglomerático, haja
vista sua importância paleontológica.
A Formação Santa Maria (Triássico Médio–Superior) é conhecida pelo seu abundante registro de
tetrápodes que inclui além de restos corporais, trilhas e coprólitos. Apesar disso, os aspectos
paleobiológicos e paleoecológicos resultantes dos estudos dos coprólitos do Triássico do Brasil
tem sido bastante negligenciados. Aqui, reportamos brevemente os resultados da revisão de 159
espécimes localizados em sete coleções paleontológicas brasileiras (UFRGS, PUCRS, FZB–RS,
MMACR, UFSM, UFRJ e DNPM–RJ). Foram obtidas as procedências geográfica e estratigráfica,
com base nos dados dos livros-tombo das respectivas instituições, e medidos o comprimento e a
largura de cada espécime. Do total de 159 espécimes, 143 (89,93%) foram coletados de
afloramentos onde se encontram elementos da fauna da Zona de Associação (ZA) de
Dinodontosaurus, inclusive os materiais-tipo de Santamariacopros elongatus e Rhynchocopros
soutoi. Somente sete espécimes (4,40%) estão associados à ZA de Santacruzodon e quatro (2,51%)
à ZA de Hyperodapedon, enquanto outros cinco não tem procedência bioestratigráfica
determinada. Ao todo, 147 espécimes foram mensurados e os resultados mostram que o
126
comprimento e a largura dos coprólitos da Formação Santa Maria são variações positivamente
correlatas, sugerindo que estes materiais não ocorrem em dois grupos distintos (cilíndricos e
arredondados ou Santamariacopros e Rhynchocopros, respectivamente), mas como variações
graduais de uma população amostral normal. Inclusões ósseas foram observadas em somente dois
espécimes, enquanto restos vegetais não foram encontrados. Desta forma, dada a raridade de
inclusões e restos alimentares e a relação positiva entre as medidas lineares de comprimento e
largura, ressaltamos a dificuldade em atribuir tais materiais a um grupo produtor e concluímos que
a morfologia não é uma boa icnotaxobase para a classificação icnotaxonômica dos coprólitos da
Formação Santa Maria. Por sua vez, sugerimos que a atribuição dos coprólitos a determinados
táxons produtores deve considerar seu nível estratigráfico de origem e a respectiva paleofauna
associada. [CNPq]
127
SOBRE A PRESENÇA DE ICNITOS EM QUATRO SÍTIOS PROSPECTADOS PELO
LABGEO/UESB
Icnitos são estruturas biogênicas distintas que refletem uma função comportamental relacionada à
morfologia do organismo que a produziu, tal como pegadas, escavações e perfurações, incluindo
ainda coprólitos, pelotas fecais e outras estruturas recentes ou fósseis. Aqui são descritos icnitos
encontrados durante a prospecção de fósseis desenvolvidos pelo LABGEO/UESB Jequié. Os
primeiros icnitos foram encontrados durante a prospecção no oeste da Bahia, município de
Correntina, descritos preliminarmente como Paleophycus indt. Essas marcas de escavação foram
encontradas em rochas típicas da Formação Urucuia, dispondo-se de forma intraestratal reta a
levemente curvas, com superfícies lisas, cilíndricas, sempre dispostas horizontalmente em relação à
estratificação e com preenchimento similar ao da rocha matriz, composta de arenito fino bastante
silicificado, porém com descoloração dos minerais. O segundo tipo de incito foi encontrado nos
sedimentos jurássicos da Formação Sergi, município de Ilhéus-BA, estas escavações indeterminadas
de invertebrados foram encontradas dentro das pelotas de arenito silicificado contidas em meio aos
conglomerados de arenito fino. O terceiro tipo são escavações que assemelham-se aos icnitos do
gênero Planolites indt. encontradas em afloramentos localizado no município de Gongogí-BA. As
estruturas apresentam orientação retilínea tanto horizontal quanto obliquamente, em relação à
superfície do afloramento. Os canais apresentam intercruzamentos que interceptam a galeria
principal, com escavações secundárias obliquas em relação à direção deste tubo principal. O quarto
tipo de incito foi descoberto no município de Coração de Jesus-MG, são estruturas de escavação de
forma reta em relação à superfície do afloramento, representando tubos de 1 cm de diâmetro.
Assemelham-se aqueles do gênero Planolites indt. descritos para o município de Gongogí. Essas
galerias, possivelmente resultante da atividade de invertebrados (artrópodes?) sedimentívoros, que
remodelavam os sedimentos em busca de alimento. Estes tubos evidenciam a passagem de
organismos em busca de alimentos ou proteção. O preenchimento dos icnitos é geralmente diferente
da matriz circundante, com o interior dos tubos compostos por sedimento de tamanho de argila ou
com o mesmo tipo de arenito, porém com nítida descoloração dos minerais. As icnofácies parecem
relacionadas a ambientes continentais úmidos (lacustrino?), na transição de um meio terrestre-
subaquático, com pouca variação de energia, e com deposição de partículas variando de arenito fino
à argilito.
A Formação Arajara, inserida na sequência pós-rifte da Bacia do Araripe, é composta por siltitos,
argilitos e arenitos finos de cor avermelhada e amarelada, apresentando laminações cruzadas,
marcas de onda e localmente estruturas de fluidização. Também contém microfósseis, palinomorfos
e icnofósseis de invertebrados de idade albiana, revelando clima quente e árido. Objetivou-se, com
128
este trabalho, reportar novas ocorrências de icnofósseis de invertebrados para a Formação Arajara,
na localidade de Morro Félix (07° 35’ 30,4” S e 40° 44’ 43,1” W), Simões – PI. A pesquisa constou
de observação direta dos fósseis nos afloramentos e posterior análise em laboratório para
identificação icnotaxonômica. Coletou-se uma amostra contendo escavações atribuídas a:
Taenidium Heer, 1877 – horizontais cilíndricas meniscadas em epirrelevo positivo; Skolithos
Haldeman, 1840 – verticais, com comprimento maior que o diâmetro da escavação, afuniladas na
base e sem preenchimento; Arenicolites Salter, 1857 – verticais em U, sendo visualizadas no topo da
camada como formas circulares arranjadas em pares; Planolites Nicholson, 1873 – horizontais
meandrantes em epirrelevo positivo sem paredes delimitadas. A ocorrência de Taenidium e
Skolithos fora citada anteriormente para a Formação Arajara, sendo apresentados agora os novos
registros de Arenicolites e Planolites para esta unidade. A associação dos três primeiros icnogêneros
e a ampla distribuição em icnofácies do icnogênero Planolites indicam que a deposição na
Formação Arajara está relacionada à icnofácies Scoyenia, caracterizando ambientes fluvio-lacustres
e representando, geralmente, estruturas de alimentação, deslocamento e moradia. Dessa forma, a
nova ocorrência vem ampliar a diversidade e a distribuição biogeográfica no ambiente da Formação
Arajara. [CNPq; FUNCAP]
129
O estudo das interações entre insetos e plantas preservados no registro fóssil é uma área
relativamente nova na Paleontologia, angariando atenção principalmente a partir dos anos 1970, e
praticamente ignorada por ecólogos, ainda que entomólogos franceses tenham documentado
galerias de insetos em lenhos fósseis de licopodíneas já em 1855. O registro fóssil das interações
inseto-planta substancia um robusto programa de pesquisas hábil a estabelecer o ritmo e modo
como esses dois grandes grupos de organismos associaram-se ao longo do tempo geológico e como
foram afetados por fatores bióticos (p. ex.: emergência de predadores e parasitóides) e abióticos (p
ex.: mudanças climáticas). A maior parte do registro fóssil das interações documenta marcas
causadas por herbivoria: perfurações, excisões, galhas e minas em folhas, mas pontoações e galerias
em troncos também podem ser diagnósticas para abordagens icnológicas, paleoecológicas e
tafonômicas. Neste trabalho analisamos uma variedade de perfurações em lenhos silicificados
encontrados nos anos 1960 em depósitos da Formação Botucatu localizados na então denominada
Fazenda Sobradinho, zona rural de Uberlândia. Tais troncos atualmente encontram-se dispersos
pelos campi da Universidade Federal de Uberlândia, a maior parte compondo o paisagismo do
campus Santa Mônica. Os geólogos K. Suguio e A. M. Coimbra descreveram preliminarmente a
anatomia destes troncos, posteriormente definidos como da espécie Palaeopinuxylon josuei Mussa,
1974 (Protopinaceae). Dois padrões de perfurações foram encontradas: 1) com aberturas oblongas
cuja largura varia de 0,4 a 0,8 cm e com uma relação altura/largura de aproximadamente 1:2, e que
pode conduzir a galerias que se estendem profundamente no xilema secundário, e 2) aberturas
subcirculares com diâmetros entre 0,2 e 0,4 cm que conduzem a depressões e galerias rasas, que não
ultrapassam a região do córtex. O provável causador do padrão de interações n o 1 são insetos
Isoptera (cupins), enquanto as marcas em madeiras atuais deixadas por insetos coleópteros de pelo
menos seis famílias xilófagas (Anobiidae, Bostrichidae, Buprestidae, Cerambycidae, Lyctidae e
Curculionidae) são compatíveis aos danos do padrão n o 2. Estas perfurações e galerias ocorrerem
em troncos de aspecto íntegro, bem como em exemplares com tecido lenhoso consumido em um
padrão semelhante ao encontrado em lenhos com áreas de podridão. Estudos posteriores, inclusive a
busca por coprólitos preservados nas galerias, serão necessários para uma determinação mais
precisa dos agentes causadores. [SESu/MEC]
Icnofósseis são vestígios deixados pela interação de organismos com diferentes substratos
preservados no registro fóssil. Os vestígios podem fornecer diversas informações acerca do
comportamento e interações ecológicas dos produtores dos registros, entre elas traços de
locomoção, descanso, forrageamento, habitação, etc. No presente trabalho, reportamos a
ocorrência de traços de forrageio e osteofagia em um crânio em um crânio de cinodonte atribuível
ao gênero Exaeretodon. O material foi coletado no sítio “Janner” (Zona de Assembléia de
Hyperodapedon, Triássico Superior do Rio Grande do Sul). O crânio apresenta, em vista palatal e
dorsal, diversas estruturas tubulares, preenchidas por carbonato de cálcio e situadas adjacentes ao
osso. Os tubos formam uma rede, interconectados por junções em forma de “T” ou “L”, raramente
“Y”, levando, muitas vezes, a diversas câmaras globosas, com comprimento maior que largura. Por
vezes, ao final dos tubos, percebem-se traços bioerosivos, evidenciando desgaste do osso, o que é
particularmente evidente em norma palatal. Além destas bioerosões, identificou-se também um
Cubiculum inornatus (traço em forma de câmara circular, não apresentando bioglifos) localizada
proximamente a um dos tubos. Em norma dorsal, as câmaras estão mais concrecionadas, o que
130
possibilitou uma melhor preservação dos traços. A parte dorsal apresenta tubos mais curtos e
largos em relação à norma palatal, além de um maior número de câmaras, dispostas mais próximas
umas das outras. As estruturas tubulares aqui analisadas são semelhantes aos rizólitos previamente
encontrados na Supersequência Santa Maria, mas diferem na sua forma, principalmente pela
presença de bifurcações em ângulos de 90º. Os novos traços mostram certa compatibilidade com a
diagnose da icnoespécie Taotieichnus orientalis, icnofóssil registrado apenas para o jurássico
médio da China. T. orientalis se assemelha a túneis subterrâneos ou subaéreos produzidos por
cupins atuais. Desta forma, consideramos que as estruturas aqui reportadas sejam marcas de
forrageio produzidos por insetos e posteriormente preenchidos por carbonato de cálcio, de modo
similar a T. orientalis. Entretanto, os espécimes analisados aqui não apresentam predominância de
junções em forma de “Y” como em T. orientalis, sendo provavelmente, uma nova icnoespécie do
gênero Taotieichnus.
DANIEL SEDORKO¹, LEONARDO BORGHI², RODRIGO SCALISE HORODYSKI¹, ELVIO PINTO BOSETTI3
1
PPGEO, UNISINOS, São Leopoldo, RS; 2LAGESED, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ; 3DEGEO, UEPG, Ponta Grossa, PR,
Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
131
ICNOFÓSSEIS DA FORMAÇÃO RIO DO SUL, GRUPO ITARARÉ (PERMO-CARBONÍFERO),
COMO FERRAMENTA PARA RECONSTRUÇÕES PALEOAMBIENTAIS
A Bacia Sedimentar do Paraná abrange uma extensa porção do continente sul americano, inclui
segmentos do território brasileiro, paraguaio, argentino e uruguaio, totalizando uma área de
aproximadamente 1,5 milhões de quilômetros quadrados. Por meio de registros estratigráficos, a
Bacia do Paraná foi subdividida em seis Supersequências, sendo denominadas Rio Ivaí, Paraná,
Gondwana I, Gondwana II, Gondwana III e Bauru. A área de estudo deste trabalho encontrasse
dentro da unidade estratigráfica denominada Grupo Itararé, incluída na Supersequência Gondwana
I, que é dominantemente preenchido por sedimentos paleozoicos, e possuía a maior quantidade de
depósitos glaciogênicos da bacia. Esta unidade possui diversos achados fósseis importantes, como;
micro e macrofósseis vegetais, gastrópodes, bivalves, braquiópodes, insetos, foraminíferos,
espículas de esponjas, equinodermos, ostracodes, vertebrados e icnofósseis. Este trabalho se norteia
a partir de uma amostra contendo diversos icnofósseis, depositada no Laboratório de Paleontologia
da Universidade Federal do Paraná (LabPaleo), Setor de Ciências da Terra, que apresenta
características peculiares, como formas côncavas sequenciais que até então não encontram-se
análogos na literatura, além de várias pistas de possíveis invertebrados. A amostra provém da cidade
de Trombudo Central, SC, e foi encontrada na pedreira JM Comércio e Mineração de Pedras LTDA.
Nesta região afloram rochas pertencentes à Formação Rio do Sul, correspondente à porção superior
do Grupo Itararé, datado do Permocarbonífero. Trabalhos de cunho estratigráfico sugerem que o
ambiente deposicional onde a amostra foi encontrada demonstra ser marinho profundo, enquanto
outros trabalhos com viés icnológico sugerem ambiente marinho raso. Grande parte dessas
divergências deve-se a uma carência de estudos integrados abordando aspectos sedimentológicos e
paleontológicos. Sendo assim, este trabalho de Mestrado pretende realizar uma revisão bibliográfica
e a descrição da amostra que contém icnofósseis preservados, utilizando parâmetros presentes na
literatura, a fim de auxiliar no refinamento do ambiente pretérito da região, além de contribuir com
o estudo icnológico de fósseis de ambientes glaciais.
O estudo dos vestígios derivados das atividades de organismos vivos pretéritos impressos em
rochas sedimentares é denominado de Paleoicnologia. Os icnofósseis podem derivar de
invertebrados, sendo visualizados como túneis ou escavações no sedimento e interpretados como
atividade de alimentação, habitação, locomoção e etc. O icnofóssil estudado é proveniente do
Canal São Gonçalo, encontrado na década de 1950, município de Pelotas, Estado do Rio Grande
do Sul, Brasil. O Canal São Gonçalo é um corpo de água sinuoso de ocorrência natural que liga a
Lagoa dos Patos à Lagoa Mirim, possuindo 76 Km de extensão, largura variando de 200 a 300
metros e profundidade de até 10 metros. A área de estudo situa-se na Planície Costeira do Rio
Grande do Sul, caracterizada por uma extensa área de terras baixas com cerca de 33.000 Km²,
ocupadas por um sistema de lagoas em sua maior parte. Originalmente, o icnofóssil, que pertence à
Icnofácies Gyrolithes, possuía cerca de 70 cm de comprimento, segundo relatado pelos coletores,
132
tendo sido fragmentado posteriormente. A seção estudada possui aproximadamente 7 cm de
comprimento por 4 cm de diâmetro e três voltas em forma de espiral. O icnofóssil foi visualizado e
fotografado com o estereomicroscópico Zeiss® Discovery V20, equipado com o software
AxioVision. Possui exoesqueletos e valvas de invertebrados indeterminados incrustados em seu
exterior que se aderiram na sua gênese. Ocorrem perfurações de variados tamanhos, cerca de 0,45
mm², e na seção onde houve fratura apresenta organismos diminutos não identificados em seu
interior, denotando que estavam presentes quando o icnofóssil foi formado. O icnofóssil pertence à
Icnofácies Gyrolithes, que caracteriza um ambiente marginal marinho. Gyrolithes representa uma
habitação permanente no formato espiral com o eixo no plano vertical, construída possivelmente
por crustáceos decápodes e interpretada como uma adaptação para procurar refúgio de flutuações
extremas de salinidade em água salobra. O icnofóssil tem origem autóctone, formado em um
episódio de transgressão marinha e exposto quando os sedimentos do Canal São Gonçalo foram
erodidos posteriormente. Estudos aprofundados deverão ser realizados para melhor caracterização
do icnofóssil, bem como a identificação dos organismos incrustados interior e exteriormente.
[CNPq]
133
TAFONOMIA
C. C. DANTAS1; K. O. PORPINO2
1
Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação, UFERSA, Av. Francisco Mota, 572, Costa e Silva, 59.625-
900, Mossoró, RN. 2Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Rua Prof. Antônio Campos, Costa e Silva, 59610-
090, Mossoró, RN.
[email protected], [email protected]
Mamíferos marinhos possuem uma história evolutiva fascinante, mas pouco se sabe sobre quão bem
seus restos preservados refletem sobre a ecologia destes animais. Para entender como a tafonomia
pode ser uma ferramenta para estudos ecológicos foram analisados ossos de mamíferos marinhos
encalhados em diferentes pontos do litoral setentrional do Rio Grande do Norte. As peças foram
analisadas em contexto de tanatocenose e as assinaturas tafonômicas encontradas foram de
processos unicamente bioestratinômicos. Foram identificadas marcas de intemperismo (descamação
da superfície óssea e craqueamento), abrasão/corrosão (polimento da superfície óssea, exposição do
tecido esponjoso e forte desgaste da superfície óssea) e necrofagia (marcas de cortes paralelas) em
costelas de sirênio e baleia, vértebras de cetáceos e costela de baleia, respectivamente. O material
estudado pertence à indivíduos incompletos nos quais todos os ossos encontrados possuem feições
tafonômicas e presentam número de espécimes identificados por táxon (NISP) de duas espécies e
um número mínimo de indivíduos (MNI) de 4 indivíduos. Com base nas marcas identificadas é
possível compreender como a dinâmica das marés influencia na preservação dos ossos destes
animais, sendo tais marés o principal agente de transporte das peças ósseas, evidenciada pelas
marcas de abrasão associadas à corrosão e o alto grau de desarticulação das peças. A presença de
marcas de necrofagia demonstra a importância de organismos necrófagos na dinâmica trófica do
ambiente, além de apontar a presença de outras espécies predadoras/necrófagas, cujo o registro
possa ser raro ou incomum, na área de estudo. [CAPES/ CNPq]
A Baía de Guanabara, localizada no estado do Rio de Janeiro, é uma das maiores enseadas do litoral
brasileiro. Ela é margeada por mais de seis mil indústrias e é cercada pela segunda maior
aglomeração urbana do país. Aproximadamente 75% dos efluentes domésticos e industriais são
lançados diretamente na baía, sem qualquer tratamento prévio. A biota que vive nesta baía enfrenta
problemas de elevado - ambiental causado pela poluição das águas e dos sedimentos. Considerando
que os foraminíferos têm grande interesse científico na avaliação do impacto ambiental e em
estudos de reconstituição paleoambiental quando as carapaças destes organismos ficam preservadas
no registro fóssil, este trabalho pretendeu conhecer o grau de similaridade entre as associações vivas
e mortas destes organismos no setor NE da Baía de Guanabara. Esta região tem sido considerada a
menos poluída por metais pesados, porém apresenta um enriquecimento deste tipo de contaminantes
134
sobretudo na zona de São Gonçalo. Por outro lado, devido á baixa velocidade das correntes de
fundo e á proximidade com a APA de Guapirim, acumulam-se nesta região sobretudo sedimentos
finos, muito ricos em matéria orgânica que dão lugar a sérios problemas de eutrofização e á
produção de gás em camadas próximas da superfície. Sabe-se que este gás resulta da decomposição
da matéria orgânica e é libertado para a coluna de água em vários locais. Este trabalho baseia-se no
estudo das associações vivas e mortas de foraminíferos em nove estações de amostragem, na
referida região. Os resultados permitiram verificar que os foraminíferos vivos reagem
negativamente ao aumento da contaminação por metais e ao incremento dos teores de matéria
orgânica. Os processos de degradação de matéria orgânica resultam em condições de disoxia ou
anoxia prejudicial aos organismos vivos. A associação morta de foraminíferos da região estudada é
semelhante á associação viva na maior parte dos locais analisados. Verificou-se porém que as
maiores dissimilaridades entre a associação viva e morta, é causada não pelo aumento da
concentração de metais, mas sobretudo pelo aumento do grau de confinamento e pela acumulação
de sedimentos muito finos e muitos ricos em matéria orgânica. Processos biogeoquímicos ativos
dão lugar a mudanças de pH e à dissolução e má preservação das carapaças carbonatadas e
aglutinantes de algumas espécies. Pode conclui-se que as regiões de elevada acumulação de matéria
orgânica podem resultar numa má preservação das carapaças e num registro fóssil pouco
representativo da realidade então vigente.
M. MELOTTI; R. G. FIGUEIREDO
Laboratório de Paleontologia, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo. Capes,
Fapes.
[email protected], [email protected]
Tafonomia é o estudo dos processos de fossilização e como eles podem interferir nas interpretações
do registro fóssil. A actuopaleontologia é complementar a tafonomia e investiga características
análogas aos processos de fossilização observados em ambientes e organismos atuais. Um estudo
tanatológico com um espécime de Gallus gallus foi desenvolvido para analisar a velocidade de
decomposição e desarticulação pós-soterramento, de modo a avaliar assinaturas tafonômicas
causadas por processos semelhantes. A espécie foi escolhida pelas características compartilhadas
com dinossauros terópodes de pequeno porte, como ossos pneumáticos, espessura da parede cortical
e presença de penas, tornando esse estudo passível de inferências dos efeitos pós-soterramento
acerca desse táxon. Este trabalho é um piloto e serve como modelo de comparação para uma série
de experimentos mais completos. O espécime foi sacrificado no dia zero (D0) através da torção das
vértebras cervicais e acompanhado durante 128 dias. No D0 o indivíduo foi soterrado em cova rasa
com 50 cm³. Os dados foram coletados inicialmente com exumações semanais (oito exumações),
quinzenais (cinco exumações) e, posteriormente, mensais (uma exumação). Foram feitos registros
através de fotos e áudio de acordo com a manipulação envolvida, sempre aferindo os graus de
decomposição e desarticulação. O sedimento de baixa granulometria e a alta taxa pluviométrica
formaram uma fina camada de silte e argila sobre o espécime (D7), desacelerando a decomposição e
a visibilidade do material, que já apresentava fungos colonizadores. O epitélio (penas, pele e
escamas) começou a se separar do resto do corpo no D14. Invertebrados só iniciaram uma
colonização expansiva no D36, com anelídeos e formigas. A maior diversidade desses invertebrados
foi observada no D72, contando com baratas e isópodas. A ocorrência desses animais parece
acompanhar o rítmo climático, notando-se menos artrópodes em dias mais frios e úmidos. As
primeiras desarticulações evidentes ocorreram nas patas (D58), especialmente nos dígitos, local
onde o sedimento ficou menos aderido no início. O espécime só entrou em um estágio de ausência
total de líquidos aproximadamente no D84, preservando partes moles por mais tempo do que o
135
esperado graças à camada de sedimento. No D128 foi observada descamação de alguns ossos, que
se aderiram ao sedimento, caracterizando o inicio de um estágio mais avançado de degradação
óssea. O torso e elementos proximais das asas se compactaram em um bloco unido pelo sedimento,
impossibilitando analisar sua desarticulação até o D128, quando a quilha do esterno e um fêmur já
se encontravam desarticulados da carcaça.
L. A. C. PRADO1; A. M. F. BARRETO2
1
Programa de Pós-Graduação em Geociências, Universidade Federal de Pernambuco - Centro de Tecnologia e
Geociências – CTG-UFPE, Recife – PE. 2Labroratório de Paleontologia-PALEOLAB, Centro de Tecnologia e
Geociências – CTG-UFPE, Recife – PE.
[email protected], [email protected]
Em 2014 foi publicada a espécie Caiuajara dobruskii, descoberta inédita de pterossauro para a
região Sul do Brasil, proveniente do Município de Cruzeiro do Oeste, pertencente à Formação
Goio-Erê, Grupo Caiuá. Chama a atenção, a peça CP.V 1450, tombada no acervo do Centro
Paleontológico da Universidade do Contestado – CENPALEO como parátipo, que compreende um
bloco com centenas de ossos longos de espécimes de pequeno porte (filhotes). Este estudo tem
como objetivo a identificação e interpretação de características tafonômicas observadas na
tafocenose parautóctone da peça em questão, considerando o transporte hidráulico ocorrido após a
morte dos indivíduos. O Grupo Caiuá é caracterizado por depósitos predominantemente eólicos
136
desérticos, estando a Fm. Goio-Erê disposta de forma lateral e cronocorrelata as demais unidades
deste grupo, sendo a Fm. Rio Paraná a unidade basal, e a Fm. Santo Anastácio a unidade superior.
Embora nos mapeamentos atuais a região de Cruzeiro do Oeste aparece inserida na Fm. Rio Paraná,
as características litológicas observadas no afloramento de ocorrência destes fósseis condizem com
a descrição proposta para Fm. Goio-Erê, sendo considerada como pertencente a tal. A peça
apresenta largura máxima de 42 cm, comprimento máximo de 64 cm e espessura média de 14 cm,
contém aproximadamente 3 centenas de ossos visíveis, que estão dispostos num leito com 3cm de
espessura, disposto paralelamente ao acamamento do pacote rochoso constituindo um bone-bed. Na
peça ocorrem ossos longos e pequenos característicos de espécimes juvenis de Caiuajara dobruskii,
onde predominam mandíbulas, crânios, falanges alares, tíbias, úmeros e fêmures, em diferentes
estágios de exposição e distribuídas espacialmente segundo processos tracionais envolvidos. Fluxos
hídricos em ambiente desértico são efêmeros, e o transporte de partes esqueletais se dá por
episódios tracionais de curta direção. Numa análise preliminar com crânios, mandíbulas e úmeros,
quando posicionados em diagrama de roseta, os mesmos apresentam um direcionamento
incipientemente predominante para Az. 60°-90°N e Az. 240°-270°N, correspondente também ao
baixo mergulho observado na camada para oeste indicando correntes de leste para oeste no oásis em
questão característico de ambiente de interdunas úmido. A ocorrência exclusiva de ossos pequenos e
alongados infere tratar-se de deposição distal por apresentarem maior transportabilidade.
137
GEOLOGIA E SÍTIOS
O sítio paleontológico informalmente denominado “Bica São Tomé”, com a litologia característica
da supersequência Sanga do Cabral, é composto por seis afloramentos localizados próximo à
cidade de São Francisco de Assis, na rodovia RS 241, interior do Rio Grande do Sul. Os
afloramentos abrigam uma fauna diversificada de vertebrados fósseis, que vêm sido estudados
desde 2014 pelo Laboratório de Paleobiologia da Unipampa, Campus São Gabriel. Tal diversidade
é resultado da recuperação faunística que seguiu a grande extinção em massa que marca o fim do
período Permiano. Os materiais encontrados nos afloramentos da “Bica São Tomé”, geralmente
possuem um grau elevado de fragmentação e desarticulação, além de serem escassos. A ocorrência
de fósseis se dá tanto nas fácies de arenito fino quanto nos conglomerados. Destaca-se, também, a
preservação de elementos ósseos no interior de concreções carbonáticas. Os dois anos de intenso
trabalho nos afloramentos resultaram em achados expressivos, dentre eles, inúmeras vértebras e
ossos pós-cranianos atribuíveis a Procolophonoidea e Archosauromorpha, crânios parciais e um
grande número de mandíbulas e maxilas fragmentadas de Procolophonoidea, elementos pós-
cranianos e cranianos atribuíveis a Temnospondyli (destacando-se uma tíbia completa) e
fragmentos cranianos e mandibulares de arcossauriformes basais. Neste mesmo afloramento foi
coletado o crânio completo do arcossauromorfo Teyujagua paradoxa, contribuindo com a
diversidade de diápsidos do Triássico inicial. Além destes, inúmeros outros materiais ainda não
foram preparados e estudados até o presente trabalho, como um fragmento de teto craniano
atribuível a Archosauriformes. Os fósseis encontrados, alguns deles de novas espécies, são de
extrema importância para o conhecimento deste período geológico e evidenciam a recuperação e
diversificação da fauna terrestre que sucedeu a extinção Permo-Triássica.
O afloramento Rio Guaricanga está situado às margens da PR 090 entre Ventania e Piraí do sul, no
estado do Paraná. O sítio tem aproximadamente 11 m de espessura, sendo que os primeiros 5,4 m é
representado por siltitos finos, maciços, intercalados por uma finas camada de folhelhos escuros.
Apresenta ainda, em todo o pacote laminações de areia fina e marcas de ondas, que representam
breves elevações do nível de energia do meio. A tendência granodecrescente ascendente é marcada
pelo pacote superior, de aproximadamente 5,6 m, composto por folhelhos finamente laminados e
muito fossilíferos. O topo do pacote encontra-se intemperizado. A base da seção apresenta uma
abundância de braquiópodes (Australospirifer sp., Australocoelia sp., Derbyina) moluscos bivalves,
artrópodes (trilobitas Calmoniidae e Homalonotidae) e lingulídeos infaunais. Destaca-se a presença
de trilobitas inteiros, bivalves fechados e braquiópodes e lingulídeos em aparente posição de vida.
Tendo em vista que as estruturas ou modo de fixação (pedículo ou corpo-sustentado) destes
138
organismos não seriam tolerantes à grandes perturbações e o transporte, mesmo que curto, traria
consequências significativas principalmente na desarticulação das valvas e peças (no caso dos
trilobitas) considera-se que estas associações sejam autóctones, originadas a partir da ação de ondas
de tempestade abaixo do nível de base de ondas normais. Outro fato que corrobora esta intepretação
é a presença de trilobitas homalonotídeos enrolados (em posição de estresse), tal características
evidencia uma rápida transformação no ambiente e tentativa de proteção por parte do animal, que
acabou sendo soterrado in situ. Em todo o pacote de siltitos é registrada a presença de bioturbações
do icnogênero Planolites, é recorrente também a associação entre camadas bioturbadas e a entrada
de lentes de areia e laminação wavy, marcando a influência da ação de ondas incrementando
material mais grosso em condições excepcionalmente mais energéticas. Tais influências no meio
seriam responsáveis pelo retrabalhamento do fundo, reativando o substrato e criando espaço para a
refixação e/ou alimentação na zona tafonomicamente ativa. Dados taxonômicos e estratigráficos
sugerem uma possível idade neo-Emsiana para estas camadas que registram a presença da fauna
Malvinocáfrica clímax, entretanto, análises palinológicas já em andamento, poderão confirmar esta
hipótese. [CAPES; IFPR]
O Município de Floriano (PI) dispõe de uma grande diversidade de fósseis relacionados à Bacia
sedimentar do Parnaíba. Nas rochas da região, encontram-se registros de antigas faunas e floras que
habitaram o local. O município localiza-se sobre rochas do Período Carbonífero (formações Poti e
Piauí), Permiano (Formação Pedra de Fogo) e Juro-Cretáceo (Formação Pastos Bom). Este trabalho
tem como objetivo registrar os fósseis encontrados em afloramentos localizados no Município de
Floriano, advindos de doações e de coletas realizadas pela equipe do laboratório de Geociências e
Paleontologia da UFPI no mês de março de 2016. Esses fósseis estão depositados no LGP
(Laboratório de Geociências e Paleontologia, UFPI, campus de Floriano), onde foram devidamente
preparados e tombados. Dentre os espécimes inventariados encontram-se três exemplares
incompletos de Lepidotes sp., além de algumas escamas lepisosteiformes e elementos ósseos
desarticulados pertencentes a Formação Pastos Bons; e alguns exemplares de troncos silicificados
pertencente a Formação Pedra de Fogo. Entre os troncos silicificados foram contabilizados 42
exemplares de gimnospermas de variados tamanhos. O potencial paleontológico do município ainda
é pouco explorado, sendo necessária a realização de mais estudos na região. Os materiais aqui
apresentados são de grande importância para o município, por representarem parte da história
paleontológica da região.
139
O Município de Picos está localizado no Vale do Rio Guaribas, na mesorregião sudeste do Estado
do Piauí, possui uma paisagem marcada pela presença de morros residuais que ocorrem tanto na
área urbana quanto rural. São morros de idade devoniana, aproximadamente 390 milhões de anos
com expressiva quantidade e diversidade de fósseis. Embora o potencial paleontológico da região
seja conhecido pela comunidade científica, foi pouco estudado. Nessa região é comum a ocorrência
de icnofósseis da Formação Pimenteira. Contudo, também é comum a ocorrência de concreções de
ferro, em formas e quantidades consideráveis, carentes de estudos paleontológicos. O material
estudado consiste de 100 concreções coletadas nos afloramentos: Morro do Cemitério, M. da
Macambira, M. do Mestre Braz, e M. do Quebra Pescoço. No Laboratório de Paleontologia de
Picos, o material foi pesado e fotografado. Em seguida, foi realizada a abertura para verificar a
presença de fósseis em seu interior, por meio de choque térmico e/ou uso do martelo geológico. Das
concreções estudadas, oitenta e quatro são afossilíferas, apenas dezesseis eram fossilíferas. Destas,
duas apresentaram restos de trilobita indet., sendo que em uma foi encontrado segmentos do
cefalotórax, em outra, restos do céfalo com globos oculares preservados; as concreções restantes
apresentaram partes vegetais. O estudo é, em parte, pioneiro, uma vez que inexiste na literatura uma
metodologia específica para abertura desse tipo de material. A continuidade do trabalho trará dados
importantes sobre o tipo de material preservado, assim como o grau de preservação, que tem se
mostrado bom ao preservar partes em formato tridimensional. [*ICV-UFPI; **PIBIC-UFPI;
***
BIAMA-UFPI]
No município de Picos, mesorregião Sudeste Piauiense, afloram rochas de idade devoniana, sob a
forma de morros, com aproximadamente 390 milhões de anos, (Formação Pimenteira, Bacia do
Parnaíba). Nestas rochas ocorrem fósseis de invertebrados marinhos, sendo a maioria icnofósseis.
Objetivou-se aqui, georreferrenciar os afloramentos urbanos do município picoense no intuito de se
obter uma maior compreensão da sua disposição espacial, e possivelmente traçar comparações de
natureza paleoambiental e paleobiológica da região. A equipe do Laboratório de Paleontologia de
Picos, da Universidade Federal do Piauí (LPP-UFPI) realizou visitas em nove afloramentos urbanos
de Picos, foram escolhidos afloramentos citados anteriormente nas literaturas e outros de coletas
anteriores realizadas pela equipe do LPP-UFPI, foi utilizado o GPS Garmin Etrex 10 (Datum
SIRGAS-2000), e as coordenadas foram tiradas da base dos seguintes afloramentos: Morro do
Quebra Pescoço (07° 03’ 29,64’’ S / 41° 27’ 27,4’’ W), M. da Macambira (07° 03’ 37,38’’ S / 41°
27’ 27,3’’ W), M. da BR-316 (07° 04’ 39,54’’ S / 41° 28’ 58,56’’ W), M. da Av. Severo Eulálio (07°
04’ 48,18’’ S / 41° 29’ 3,3’’ W), M. de Mestre Braz (07° 05’ 22,08’’ S / 41° 27’ 56,4’’ W), M. do
DNER (07° 04’ 49,08’’ S / 41° 26’ 44,04’’ W), M. da AABB (07° 04’ 54,48’’ S / 41° 27’ 6,84’’ W),
M. do CAIC (07° 05’ 2,82’’ S / 41° 26’ 25,8’’ W), Indústria Coelho (07° 05’ 19,32’’ S / 41° 23’
58,32’’ W). Nestes afloramentos foram coletados alguns fósseis como: icnofósseis, fragmentos de
vegetais, bivalves, gastrópodes, fragmentos de trilobitas e de peixe. O georreferenciamento
paleontológico é uma ferramenta para mapear os locais potencialmente fossilíferos, contribuir para
um banco de dados a ser disponibilizado ao poder público, e possibilitar a comparação entre os
conteúdos fósseis encontrados, além de servir como base para trabalhos futuros. [*PIBIC-UFPI;
**BIAMA-UFPI; ***ICV-UFPI]
140
INFERÊNCIAS PALEOAMBIENTAIS A PARTIR DAS ANALISES QUÍMICAS
QUANTITATIVAS DE ELEMENTOS FOSSEIS DO JURÁSSICO
Nos últimos anos tem sido verificado o registro de vestígios da macrofauna associada ao
desenvolvimento do grande lago que cobriu a Depressão Afro-brasileira no final do Jurássico,
ocupando uma área de cerca de 50.000 Km2 na região nordeste em consequência da abertura do
Oceano Atlântico Sul durante o quebre da porção oeste do Gondwana. Na região das bacias
sedimentares do Araripe (Brejo Santo Formação), Jatobá (Formação Aliança) e Alagoas (Formação
Bananeiras) tem sido realizada coleta sistemática de fósseis entre os quais: escamas, ossos de
peixes e coprólitos associados a sedimentos que correspondem a um regime deposicional de sistema
fluvio-deltáico atuante antes da fase do pré-rift. Os espécimes recolhidos foram descritos
macroscopicamente, e posteriormente porções homogêneas extraídas de cada exemplar para análise
por difração de raios X e razão isotópica de δ 18O/ δ13C. Os perfis dos isótopos das estruturas fósseis
procedentes dos diferentes afloramentos foram realizados a fim de averiguar de forma mais
detalhada, possíveis informações relacionadas ao paleoambiente, e consequentemente, ajudar no
entendimento dos aspectos ecológicos e biológicos da fauna. Para escamas os valores δ 13C variaram
entre -4,37 a -5,20% VPDB e para δ 18O os valores ficaram entre -5,48 a -6,63% VPDB, enquanto
para as partes ósseas os valores de δ13C foram de -1,70 a -3 85 ‰ VPDB e os δ18O situaram-se entre
0,18 a -7,31 ‰ VPDB. As análises por difratometria revelaram reduzida taxa de conduntancia de
incorporação diagenética nos materiais analisados, portanto confirmando o bom estado de
preservação da matriz fóssil. Os resultados obtidos a partir das analise dos isótopos estáveis de
carbono e oxigênio sugerem que, apesar da tendência indicativa de salinidade devido a dominância
para zero percentual, é possível afirmar que hidrologicamente o ambiente do paleolago teve uma
contribuição significativa de água doce. Os valores encontrados exibem uma correlação similar aos
de outros estudos desenvolvidos com diferentes organismos preservados em ambientes lacustres.
141
Tharrhias araripis com 12 espécimes (5%), e Cladocyclus gardneri 9 espécimes (4%). Os peixes
Calamopleurus cylindricus (1 espécime), Brannerion latum (2 espécimes) e Notelops brama (2
espécimes) são raros de se encontrar. Foram ainda contabilizados 61 peixes indeterminados, 180
coprólitos e 1 regurgito contendo escamas de peixe. A avaliação do perfil desta formação é uma
ferramenta necessária para contribuição dos dados estratigráficos, geológicos, paleontológicos e
tafonômicos, os quais fornecerão informações importantes sobre a distribuição destas espécies em
pontos diferentes da Bacia Sedimentar do Araripe. [CNPQ; FUNCAP]
142
MÉTODOS
A região nordeste do Brasil pode ser considerada uma região de razoável patrimônio fóssil,
levando-se em consideração que possui grandes bacias sedimentares. A Bacia do Araripe faz parte
desse conjunto e é caracterizada pela grande ocorrência de registro fóssil em excelente estado de
preservação. Na sua constituição físico-química geral, os fósseis podem ser estudados por técnicas
de espectroscopia vibracional, difração de raios-X e fluorescência de raios-X, para se identificar e
caracterizar os compostos que constituem o material fossilizado. O trabalho pioneiro estudado com
a utilização destas técnicas foi realizado em 2007, na Formação Romualdo, em escamas fósseis de
um peixe Rhacolepis bucalis. No mesmo ano foi publicado um segundo trabalho, realizado em um
coprólito da mesma formação. Em 2011 foram feitas análises em um vegetal fóssil, Brachyphyllym
castilhoi coletado nos folhelhos pirobetuminosos da Formação Ipubi. No ano de 2013 foram
caracterizadosdois tipos de lenhos fósseis prospectados da formação Crato. Em 2014 foram
feitosestudos em dois peixes, coletados na Formação Brejo Santo e Formação Romualdo. No ano
seguinte, em 2015, foram analisados dois peixes fósseis Cladocyclus gardneri e Vinctifer
comptonioriundosda formação Ipubi. De acordo com o levantamento realizado, foram identificados
alguns dos principais processos de fossilização envolvidos nesses fósseis desta bacia. À medida que
novos trabalhos irão sendo realizados, com o auxílio das técnicas acima citadas, mais se tem
conhecimento sobre o tipo de preservação, processos de fossilização, diagênese e condições
tafonômicas ali atuantes. [*Bolsista FUNCAP - PROJETO BPI]
Uma das técnicas mais utilizadas pela paleontologia de vertebrados nas áreas preparação e
curadoria é a moldagem flexível. Esta técnica, trazida das Belas Artes, possibilita a confecção de
réplicas fidedignas de fósseis, promovendo a difusão do conhecimento por meio de exposição e
permuta de materiais entre instituições, uma vez que os originais, holótipos de fragilidades e valores
incalculáveis, estão sob a salvaguarda de coleções. Normalmente a moldagem flexível se trata de
uma técnica simples, entretanto, alguns problemas podem ocorrer dependendo do estado de
preservação de cada peça. Algumas características preexistentes no fóssil (e.g., fraturas) podem
representar altos riscos a este processo, pois o silicone utilizado para moldagem pode infiltrar nas
rachaduras. Além disso a expansão do silicone catalisado, pode resultar na quebra e na perda de
informações importantes do exemplar. A técnica de moldagem a ser descrita aqui foi idealizada pelo
paleoartista Claudio Salema (2009), desenvolvida e implementada pela equipe de preparadores e
alunos do Laboratório de Preparação de Vertebrados Fósseis do Museu Nacional que participaram
deste trabalho. No processo de moldagem do espécime MCT 1628-R – uma vértebra cervical de
143
Titanosauria de grandes dimensões (480 mm de altura) – entre os problemas encontrados estão as
grandes fraturas, preenchimento com cimento e gesso, partes coladas com laca envelhecida, excesso
de paralóide, além das áreas de pneumaticidade aparente. Todos esses fatores contribuíram com a
fragilidade da peça e dificultaram o processo de maneira geral. A vértebra foi moldada em sete áreas
diferentes, sendo utilizadas diferentes técnicas de moldagem, de acordo com a necessidade de cada
parte. As áreas pneumáticas foram as que representaram o maior problema, visto que, o uso em
excesso de paralóide ou vaselina poderia comprometer a integridade do fóssil. Sendo assim, a fim
de manter a forma da peça, foram utilizados pedaços de lenço de papel (< 10 cm²), cerca de duas à
três camadas sobrepostos com vaselina sólida, preservando o formato original do fóssil uma vez que
o lenço após ser umidificado pela vaselina adere ao fóssil assumindo a forma do mesmo. Cerca de
10 minutos depois de preparar toda a áreas, aplicar as camadas de silicone, esperar que seque e
desmoldar. Vale ressaltar que o papel permaneceu junto ao silicone e pôde ser retirado facilmente,
sem comprometer o exemplar, nem molde e réplica. Por fim, a técnica de moldagem com a
utilização de lenço papel se mostrou eficaz, podendo ser aplicada futuramente em outros grupos de
vertebrados.
144
Um bloco rochoso com medidas equivalentes a 32 cm de largura, 42 cm de comprimento e 13 cm
de altura, foi coletado no ano de 2012 na sala de entrada da Gruta do Urso Fóssil, no Parque
Nacional de Ubajara, região noroeste do Estado do Ceará durante expedição de campo. O referido
bloco, foi retirado durante escavação em subsuperfície e com controle estratigráfico, sendo oriundo
da camada 9 (0,90m). É composto por um misto de calcário reprecipitado, sedimento terrígeno do
meio externo à caverna, fragmentos de calcário que sofreram colapso do teto e paredes, além de
diversos restos orgânicos como ossos, dentes e conchas. O bloco encontra-se em preparação no
Laboratório de Paleontologia de Picos da Universidade Federal do Piauí (LLP-UFPI), e o conteúdo
fóssil encontrado será incorporado ao acervo do Laboratório de Paleontologia da Universidade
Estadual do Vale do Acaraú, Museu Dom José (LABOPALEO/UVA-MDJ) em Sobral/CE, tendo em
vista parceria firmada entre as duas instituições. A preparação do material consiste em um trabalho
minucioso e de extrema delicadeza visando a retirada do sedimento com auxílio de sondas
exploratórias, pincéis, agulhas e água. Até o momento, foi possível retirar da rocha matriz um dente
fragmentado de primata, alguns fragmentos ósseos e uma vértebra de peixe, ambos não
identificados, além de conchas de moluscos gastrópodes, em fase de identificação. A preparação do
bloco é de extremo valor científico paleontológico, pois permite que seja estudada a fauna do
Holoceno inicial da região do Parque Nacional de Ubajara.
Due to its highly informative potential, fossil teeth have been largely used with systematic goals. In
Chondrichthyes, the vast diversity of lifestyles and preys (e.g. filter feeding, scavenging, active
predation) is related to a large variety in teeth morphology (e.g. presence of accessory cusplets,
crown ornamentations, vascularization patterns in the root). An even greater diagnostic potential is
observed among mammalian teeth, mainly the molars, whose arrangement of the cusps, ridges and
fissures reveal diagnostic features about taxonomy, position in the dental arcade, food habits, age
and other ecological aspects. However, in Archosauria the similarities in food habits (mostly
predatorial) are followed by modest variety in the dentition, teeth are classified according general
aspects of their morphology (e. g. ziphodonty, conidonty) and the few categories still show
considerable homoplastic recurrence. In this way, these macrostructural characters in phylogenetic
proposals are less informative. Such fact can be evidenced, for example, by the lack of accessory
cusps and ornamentations in the crown. It is valid to note that there are exceptions among
Archosauria, such as Sphagesauridae crocodyliforms and Ornithischia dinosaurs, where the teeth
have a distinguished variability and can be used to recognize and differentiate such groups, at least
at higher systematic levels. Considering dental macrostructural characters, the use of geometric
morphometrics has proven effective in identification and classification of taxa, but generally is
limited to the level of family. In terms of dental microstructural characters, new techniques, like
synchrotron-radiation X-ray tomographic microscopy, allowed the recognition of different patterns
in the microstructure of dental tissues, which varies according to higher taxa (e. g. presence of
interglobular porous space and enamel tufts, characteristic of Crurotarsi and Theropoda, enamel
spindle typical of Ornithischia) and provide potential specific characters. Therefore, archosaurian
teeth have shown a huge systematic potential in their microstructure, although such analyses are
more restricted due the necessity of highly energetic beamlines. In Brazil the LNLS - Brazilian
Synchrotron Light Laboratory, based at Campinas-SP, provides the best opportunities of training
145
and use of such special lights applied to the investigation of 3D internal ultramicrostructures of
fossil teeth. [CAPES; SESu/MEC]
A aplicação de forças físicas externas sobre a matriz sedimentar para exposição ou liberação do
fóssil é denominada preparação. Há uma variedade de ferramentas e procedimentos que, aliados à
experiência do preparador, propiciam um equilíbrio entre revelar a maior quantidade de informação
e infligir o mínimo dano ao fóssil durante o processo. Canetas pneumáticas (airscribes) são
ferramentas percussoras de corpo tubular, pontas usualmente confeccionadas com carbeto de
tungstênio conectadas a um isolador de vibração, e movidas a ar comprimido. Há modelos
disponíveis comercialmente com calibres variáveis que permitem um controle preciso na aplicação
da força necessária para a remoção de matrizes sedimentares com diferentes granulometrias e níveis
de cimentação. Destacamos que, além da escolha do modelo adequado para a preparação
pretendida, manejos específicos aperfeiçoam o processo de preparação. As observações aqui
descritas foram feitas durante a preparação de uma vértebra cervical de um titanossauro, cujo centro
possui 51 cm de comprimento, proveniente de uma camada de arenito rico em bioturbações que
percolaram carbonatos, pertencente ao Membro Echaporã da Formação Marília exposto no
município de Campina Verde-MG. A coleta deste material consistiu na retirada de um bloco
pesando cerca de 120kg e a preparação foi realizada no Laboratório de Paleontologia-UFU com
canetas pneumáticas modelos ME-9100/3 polegadas, Paleo-ARO/2 polegadas e Paleo-ARO/3
polegadas, fabricadas por Paleotools®. A matriz sedimentar possuía concreções milimétricas
dispersas e graus variados de cimentação, mais intensa junto ao fóssil. Os modelos foram usados de
modo intercambiável, com uso mais frequente do modelo ME-9100 (mais potente) nas etapas
inicias de preparação dado o maior volume de rocha. Junto à superfície óssea um maior controle na
preparação é fundamental, e a aproximação da ponta percussora sobre a matriz sedimentar em
ângulos entre 90º e 45° produziu danos ao fóssil (principalmente descamação) com a remoção do
sedimento adjacente. Atestamos assim que a aproximação da caneta em ângulos em torno de 15° em
relação à superfície da matriz (com o fóssil subjacente), associado a um movimento de esfregaço,
promove a remoção de maiores porções de sedimento e reduz notoriamente o dano à superfície
óssea, devido à infiltração de ar comprimido ejetado pela própria caneta entre a matriz e o fóssil,
que provoca o desprendimento de fina camada de matriz sedimentar cimentada. Com alto e médio
nível de cimentação/incrustação as canetas pneumáticas tiveram desempenho mais eficiente quando
manuseadas desta forma, mantendo-se a integridade do fóssil. [PBG-PROGRAD/UFU;
SESu/MEC]
A Bacia Potiguar, situada no Nordeste do Brasil, abrange parte dos estados do Rio Grande do Norte
e Ceará. A Formação Açu, de idade Cretáceo Inferior - Superior (125 – 89.8Ma), pertence ao Grupo
Apodi, sendo constituído por uma sequência flúvio-marinha transgressiva. Em 2015/16 o
Laboratório de Macrofósseis realizou três atividades de campo na bacia a fim de prospectar e
coletar novos materiais fósseis. Neste resumo são apresentados os primeiros resultados referentes ao
146
material coletado em campo e em laboratório através do método de picking. Dentre os vários pontos
fossilíferos demarcados em duas regiões aflorantes da Formação Açu, em sete pontos foi realizado
picking em campo e coleta de sedimentos para tratamento em laboratório. A maior parte do material
referido neste resumo foi coletada manual e minuciosamente pela equipe do laboratório durante as
atividades de campo, enquanto os sacos de sedimento passaram pelo processo de picking sob lupa
binocular após a realização de screenwashing. Até o momento foram recuperados 2279 espécimes,
que passaram por uma identificação preliminar e organização em morfótipos. Do material coletado
em campo, restos de representantes da paleofauna aquática são os mais abundantes, somando 1930
exemplares de dentes e escamas, distribuídos em cinco e dois morfótipos, respectivamente. Um dos
morfótipos dentários foi atribuído a Pycnodontiformes e um dos morfótipos de escama a Lepidotes.
Dentes de dinossauros compreendem o segundo grupo mais abundante – 42 dentes de Sauropoda e
80 de Theropoda foram recuperados. Muitos coprólitos (61) de diferentes tamanhos também foram
encontrados, mas ainda nenhum estudo foi realizado. Dos vários sacos de sedimentos trazidos para
o laboratório, submetidos ao método de screenwashing, já foi recuperado 1,6Kg de concentrado
com dimensões até 0,5mm e 5,75Kg de concentrado acima de 3mm, os quais estão em processo de
análise. Até o momento já foram encontrados 125 espécimes pertencentes à paleofauna aquática –
70 dentes distribuídos em três morfótipos, sendo nove destes dentes pertencentes a um morfótipo
identificado como Pycnodontiformes, escamas completas ou fragmentadas, das quais dez
possivelmente pertencentes à Lepidotes. Da paleofauna terrestre, foram encontrados 10 dentes
(completos ou fragmentos) de Theropoda e 2 de Sauropoda; dois coprólitos; uma vértebra diminuta
de um Lacertilia e 19 fragmentos ósseos não identificados. Nenhum mamífero mesozoico “ainda”
foi encontrado. [CNPq]
147
INSTRUÇÕES PARA ENVIO DE RESUMOS AO BOLETIM
Nomes dos autores: Times New Roman, 10, centralizado, maiúsculas. Podem ser usadas
abreviaturas, o último sobrenome deve estar escrito por extenso. Os nomes devem estar separados
por vírgula. Em caso de diferentes filiações institucionais devem ser usados numerais sobrescritos
para indicá-las. Asteriscos podem indicar bolsas e auxílios, em caso de haver mais de um.
Corpo do resumo: Times New Roman, 12, parágrafo único, justificado, 400 palavras no máximo.
Não são permitidas referências bibliográficas nem ilustrações. Em caso de haver instituições de
fomento, deverão ser mencionadas ao final do texto do resumo, entre colchetes.
Os resumos de cada PALEO devem estar incluídos em um ou vários arquivos de texto editável
(unicamente odt, doc, ou docx) e deverão ser enviados pelos responsáveis das respectivas PALEOs
ao diretor de comunicações da SBP através do e-mail disponível no site http://www.sbpbrasil.org/.
148
FOSSIL X DE IDADE X DESCOBERTO NO LOCAL X E SUA IMPORTÂNCIA
A. FULANO1, B. SICRANO2
1
Instituição 1, Departamento, Endereço; 2Instituição 2, Departamento, Endereço.
[email protected], [email protected]
Texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
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texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto. [Órgão de
fomento]