Boletim Paleontologico

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 149

Paleontologia em Destaque

Boletim Informativo da SBP


Ano 32, n° 70, 2017 · ISSN 1807-2550
PALEO 2016
RESUMOS

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PALEONTOLOGIA


Presidente: Dr. Renato Pirani Ghilardi (UNESP/Bauru)
Vice-Presidente: Dr. Annie Schmaltz Hsiou (USP/Ribeirão Preto)
1ª Secretária: Dra. Taissa Rodrigues Marques da Silva (UFES)
2º Secretário: Dr. Rodrigo Miloni Santucci (UnB)
1º Tesoureiro: Me. Marcos César Bissaro Júnior (USP/Ribeirão Preto)
2º Tesoureiro: Dr. Átila Augusto Stock da Rosa (UFSM)
Diretor de Publicações: Dr. Sandro Marcelo Scheffler (UFRJ)

Paleontologia em Destaque
Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Paleontologia
Ano 32, n° 70, Dezembro/2017 · ISSN 1807-2550
Web: http://www.sbpbrasil.org/, Editor: Juan Carlos Cisneros
Agradecimentos: Leonardo Avilla (Unirio), Fabiana Rodrigues Costa Nunes
(UNIFESP), Karen Adami Rodrigues (UFPel), Carolina Zabini (UTFPR)
Capa: Floresta Petrificada do Rio Poti (Permiano: Cisuraliano),
Teresina, Piauí; foto: Juan Carlos Cisneros.
1. Paleontologia 2. Paleobiologia 3. Geociências
Distribuído sob a Licença de Atribuição Creative Commons.
R E S U M O S

ENSINO / DIVULGAÇÃO
Impacto socio-educacional de ensino-aprendizagem da mostra “Costela de Notiomastodon
13
platensis” – evidência de marcas de corte de ação humana
Divulgação da Paleontologia no município de Rio Grande, RS 14
Atividades de extensão no Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia da UFSM em 2016 14
Inventário da coleção paleontológica da Universidade Federal do Pampa 15
Inventário da coleção didática do Laboratório de Paleontologia do Instituto de Biologia da
16
Universidade Federal de Uberlândia
Os ictiólitos do Araripe e a construção do saber paleontológico no ensino básico 16
Impressão 3D de réplicas fósseis: uma alternativa para o melhoramento da coleção didática do
17
centro de geociências da UFVJM
Divulgação científica da Paleontologia através da exposição itinerante "Dinossauros do Brasil
17
Central"
Paleontologia e educação: Reconstituição paleoartística de Mesosaurus brasiliensis como
recurso didático no Museu de História Natural Prof. Laércio Loures (MHNPL), 18
IFSULDEMINAS – Campus Inconfidentes
Rapsódia Geológica: desenvolvimento de novas metodologias para o ensino de Geologia e
19
Paleontologia
Divulgando a Paleontologia do Vale do Guaribas: exposição de fósseis como incentivo à
19
preservação do patrimônio paleontológico do município de Picos, Piauí
A Paleontologia na educação: Uma proposta lúdica e pedagógica no município de Pastos
20
Bons, Maranhão
Valorização do patrimônio paleontológico: desenvolvimento de material paradidático para
20
alunos do ensino fundamental
Uma experiência de ensino com Paleontologia numa escola potiguar 21
Escavação de saberes: uma perspectiva interdisciplinar do ensino de Paleontologia no ensino
22
fundamental
Desenvolvimento da Paleontologia brasileira através da análise das coleções e exposições do
22
Museu Nacional
O passado do Pampa – a Paleontologia como ferramenta na divulgação e popularização das
23
ciências
A evolução do personagem-título em “o dinossauro que fazia au-au” 24
Calendário da Terra: O ensino do tempo geológico através de atividade lúdica 24
O ensino da Paleontologia nas escolas públicas da Paraíba – NE, Brasil 25
História geológica da Amazônia: Correlações entre as mudanças da geodiversidade e
25
biodiversidade ao longo do tempo geológico
Invertebrados da Bacia do Amazonas: divulgação da paleofauna devoniana através do sabor
26
Maecuru
Paleontologia cultural: uma análise sobre fósseis e monstros da Amazônia – O Mapinguari 27
O acervo paleontológico do Museu Anchieta de Ciências Naturais 27
Aspectos didáticos e metodológicos da exposição itinerante "Dinossauros do Brasil Central" 28
Preservação de fósseis no Geossítio Caieira – Uberaba/MG: Uma abordagem de ensino 29

3
Observação de um grupo de paleontólogos durante um trabalho de campo 29

ACERVOS / GEOCONSERVAÇÃO
Localidades fossilíferas na região do Triângulo Mineiro-MG: geossítios potenciais para a
31
prática do geoturismo?
Importância da coleção de fósseis do Laboratório de Zoologia/Paleontologia CCA/UFPB no
31
processo de ensino-aprendizagem
Coleção de invertebrados fósseis do Laboratório de Geociências e Paleontologia da UFPI,
32
Campus de Floriano
Quantificação da geodiversidade como estratégia de geoconservação no Geopark Araripe 32
O museu de geologia da Universidade Federal do Piauí: sua história e acervo 33
Os primeiros laboratórios de Paleontologia da Petrobras na década de 1950 33
The qualitative valuation of the Lajedo do Rosário geosite, Rio Grande do Norte State, Brazil 34
Fósseis da Formação Jandaíra: do Cretáceo da Bacia Potiguar para o Museu do Amanhã 35

PALINOLOGIA / MICROPALEONTOLOGIA / MICROBIALITOS


Análise dos foraminíferos recentes da plataforma continental de Pernambuco, NE, Brasil 36
Palynological analysis of teeth calculi of the gomphothere notiomastodon platensis
36
(Mammalia: Proboscidea) from northeastern and southern lowlands of Brazil
Registro paleoambiental preliminar de turfeiras do município de Cacequi, Rio Grande do Sul,
37
desde 14.000 A.P.
Uso de algas Chara como bioindicadores paleoambientais na Formação Caatinga, Bacia
38
Campo Formoso, centro-norte, BA
Uma nova espécie de actinomiceto (Bacteria, Actinomycetes) encontrada em um coprólito de
38
vertebrado do Guadalupiano do Brasil
Análise da chuva polínica na Floresta Nacional de Chapecó 39
Indicadores paleoecológicos do clima e da vegetação durante o Último Máximo Glacial
39
(LGM) no Brasil Centro-Norte, com comentários sobre a fauna associada
Análise de foraminíferos bentônicos de um testemunho de sondagem do Complexo Deltaico
40
do Rio Paraíba do Sul
Análise interna de Pyrgo depressa (d’Orbigny, 1826) (Foraminifera) utilizando técnica
41
tridimensional
Contribuição para o conhecimento da evolução paleoambiental da Margem Continental NW
41
Ibérica desde a Última Glaciação
Caracterização paleoambiental das lagunas costeiras do PARNA da Restinga de Jurubatiba, RJ,
42
com base em foraminíferos bentônicos
Ostracodes da Bacia de Sergipe-Alagoas, Nordeste do Brasil 43
Reconstrução paleoambiental a partir de conchostráceos neocomianos da Formação Sousa,
43
Povoado de Umari, PB
Blooms de Guembilitria sp. (Classe Foraminifera) no Daniano da Bacia Paraíba: Implicações
44
paleocológicas e paleoambientais
Correlação bioestratigráfica das bacias de Jatobá e Sergipe-Alagoas com base em ostracodes
44
não-marinhos do Andar Dom João (Jurássico Superior)
Análise dos bioclastos marinhos da região sul da plataforma continental de Pernambuco, 45

4
Brasil
Ostracodes do Cretáceo Superior da Porção Central da Bacia Potiguar 45
Ocorrência de algas calcárias na Formação Jandaíra (Bacia Potiguar), região de Apodi, RN 46
Conchostráceos da Formação Malhada Vermelha, Bacia de Lima Campos, Cretáceo Inferior,
46
Ceará
Caracterização micropaleontológica preliminar dos sedimentos da Praia do Morro, Guarapari,
47
ES
Evolução do Holoceno Tardio da região inter-marés Nordeste da Baía de Sepetiba, Rio de
47
Janeiro (Brasil)
Preliminary study of sedimentary organic matter of the Neogene, Solimões Basin, north Brazil 48
Inferências paleoambientais e paleoclimáticas preliminares a partir da análise de palinofácies
49
da seção holocênica Wila Lojeta, Vale Hichiu Kkota (Altiplano Boliviano)
Conchostráceos como possíveis paleoindicadores ambientais do Triássico Superior, Santa
50
Maria, RS, Brasil
Estrutura das comunidades fitoplanctônicas dos últimos ~3.500 anos do Lago Dom Helvécio,
50
Parque Florestal do Rio doce, Minas Gerais
Ostracodes do Aptiano-Albiano da Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil 51
Análise de palinofácies preliminar da borda noroeste da Bacia do Paraná (Devoniano):
51
inferências paleoambientais
Potencialidades da aplicação das assembleias de foraminíferos bentônicos em estudos de
52
reconstituição paleoceanográfica no Embaiamento de São Paulo

PALEOBOTÂNICA
Estudo espectroscópico e microscópico em um vegetal fóssil da Formação Ipubi, Bacia do
54
Araripe
Novo sítio paleobotânico do Permiano da Bacia do Parnaíba, Município de Porto Alegre do
54
Piauí
Descrição de raízes fósseis do Pensilvaniano da Bacia do Parnaíba 55
Troncos fossilizados da Formação Botucatu (Eocretáceo): panorama e perspectivas dos únicos
55
fósseis encontrados em Uberlândia e Araguari-MG
Interação artrópode-planta de alta intensidade na Formação Rio Bonito, Bacia do Paraná 56
Palaeostigma sewardii Kräusel & Dolianiti, 1957 no Devoniano da Bacia do Parnaíba, Picos,
56
Piauí

INVERTEBRADOS
Caracterização de fósseis de moluscos preservados em depósitos marinhos da Barreira III no
58
sul da planície costeira do Rio Grande do Sul
Primeiro relato de Cornulites sp. nas camadas devonianas da Sub-Bacia Apucarana, Paraná,
58
Brasil
Identificação taxonômica dos moluscos fósseis da Formação Piauí (Pensilvaniano), Bacia do
59
Parnaíba
Late cretaceous Bivalvia (Mollusca) from the Marília Formation at the northern border of the
59
Baurú Basin
Morfologia e Paleoecologia dos moluscos bivalves da Formação Crato, Cretáceo Superior,
60
Bacia do Araripe

5
Novo registro de ninfa de libélula (Odonata, Anisoptera) proveniente da Formação Crato
61
(Bacia do Araripe)
Primeiros corais fósseis (Scleractinia, Rhizangiidae) da Bacia de São Luís: uma discussão 61
Sobre o registro da família Naucoridae (Hemiptera: Heteroptera) no Membro Crato, Cretáceo
62
da Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil
Primeira Ocorrência da Família Ochteridae Para o Cretáceo Inferior do Gondwana, Bacia do
63
Araripe, Membro Crato - CE
Ocorrências da família Vermetidae (Gastropoda, Mollusca) na Formação Jandaíra, Bacia
64
Potiguar
Implicações paleoambientais e paleogeográficas baseadas em invertebrados da Formação Ipu
64
(Siluriano, Bacia do Parnaíba, Ceará)
Presença de gastrópodes fósseis em rochas ornamentais no Centro Histórico do Rio de Janeiro 64
A história geológica dos amblipígeos 65
Os discinideos do Devoniano, na Sub-bacia de Alto Garças (Grupo Chapada, Mato Grosso do
66
Sul), Brasil
Amonoides da Formação Santa Marta (Cretáceo Superior), Ilha James Ross, Antártida 66

VERTEBRADOS
Ontogenia esquelética comparada de Polesinesuchus aurelioi (Aetosauria) com Crocodylia
68
atuais
Registro de Gomphotheriidae (Mammalia: Proboscidea) na Fazenda Caiçara, Florânia, Rio
68
Grande do Norte, Brasil
Novos achados de Xenarthra em um depósito de tanque do Pleistoceno da Paraíba, Nordeste
69
do Brasil
Resultados preliminares sobre o arranjo microestrutural de um Caimaninae fóssil (Eusuchia,
69
Alligatoridae) da Formação Solimões (Mioceno, Bacia do Acre)
A new record of Panthera Onca (Linnaeus, 1758) in the Quaternary of Campo Formoso,
70
Bahia, Brazil
Variação histológica em osteodermos de diferentes regiões da carapaça em Panochthus sp.
70
(Glyptodontia, Xenarthra)
Articular lesions in the Pleistocene sloths (Mammalia, Tardigrada) from the Brazilian
71
intertropical region
Identificação de padrões osteohistológicos em pterossauros (Anhangueria) e Aves (Ardeidae) 72
Phylogenetic analysis of a Neobatrachia species from Taubaté Basin, São Paulo (Late
72
Oligocene)
Is anura (Lissamphibia) a trustable indicator of paleoenvironmental parameters and species
73
diversity?
Análise de morfometria geométrica bidimensional em crânios de Tapejarinae 73
Pteranodontidae: um conflito taxonômico 74
Novos elementos do pós-crânio de Pepesuchus deiseae (Crocodyliformes, Peirosauridae) do
75
Sítio Fossilífero de Pirapozinho
Novas informações sobre a mandíbula de Aetosauroides scagliai Casamiquela, 1960
76
(Aetosauria: Pseudosuchia)
Apresentando a Gruta Tacho de Ouro (Aurora do Tocantins, Tocantins, Brasil): sua
76
diversidade, Tafonomia e Arqueologia

6
Comparação dos forames pneumáticos observados no esqueleto axial pós-craniano de
77
pterossauros e aves recentes
Variação morfológica em mandíbulas de procolofonóides da Formação Sanga do Cabral
78
(Triássico Inferior do Rio Grande do Sul)
A osteohistologia de um Sauropodomorpha juvenil: o reflexo do desenvolvimento esculpido
78
na microarquitetura óssea
The first Multituberculata from Brazil supports a Paleogene surviving of this group in South
79
America
Nova ocorrência de Brasileodactylus (Pterosauria) na Formação Romualdo, Cretáceo Inferior
80
da Bacia do Araripe
A biogeografia dos Sebecidae (Crocodyliformes; Mesoeucrocodylia) e formas afins e suas
80
implicações para sua sobrevivência à extinção Cretáceo-Paleógeno
A proposal on the feeding behaviour and diet items of Mourasuchus (Alligatoroidea,
81
Caimaninae)
Ossos sacrais de titanossauro (Sauropoda, Dinosauria) provenientes do Cretáceo Superior de
82
Prata, Minas Gerais
Estudo preliminar de um fragmento mandibular de um Tayassuidae (Mammalia: Artiodactyla)
82
do Quaternário de Rondônia, Norte do Brasil
Histórico taxonômico dos Vermilingua (Xenarthra, Pilosa) fósseis sul-americanos e suas
83
principais problemáticas
Descrição osteológica do pró-atlas dos Baurusuchidae (Crocodylomorpha, Crocodyliformes)
84
da Bacia Bauru (Cretáceo Superior) e suas implicações ontogenéticas e biomecânicas
Discovering the key species in the structuration of a Late Pleistocene Brazilian Intertropical
85
Region megamammals assemblage
Estudo preliminar de material referente à “Rauisúquio” do Triássico Médio do Rio Grande do
85
Sul
Novo registro de Stereospondyli (Tetrapoda: Temnospondyli) para a Zona de Associação de
86
Hyperodapedon (Carniano, base da Sequência Candelária, Supersequência Santa Maria)
Análise osteológica preliminar de um fragmento craniano de um provável “rauissúquio” do
87
Triássico do Sul do Brasil
Adaptações do método de screenwashing ao uso em laboratório: o caso do material da Bacia
87
Potiguar
An unusual new Lizard from the Lower Cretaceous Crato Formation and its enigmatic
88
taphonomic history
Novo registro de Exaeretodon (Cynodontia, Traversodontidae) para a Zona de Assembleia de
89
Hyperodapedon (Triássico do Rio Grande do Sul)
Identificação preliminar de astrágalos de Cetartiodactyla terrestres (Mammalia) do Laboratório
89
de Geologia e Paleontologia – LGP da Universidade Federal de Rio Grande (FURG)
Estudo tafonômico da tafoflora da Formação Furnas (Devoniano da Bacia do Paraná), em
90
Jaguariaíva (Paraná)
Variação intraespecífica em pós-crânio de Eremotherium (Xenarthra, Megatheriidae),
91
Pleistoceno do Nordeste do Brasil
Comparação da variação anatômica do crânio de Chaoyangopterinae e Thalassodrominae
91
(Pterosauria, Tapejaridae) com o uso de morfometria geométrica
Novos registros de arcossauromorfos para o Sítio Janner (Triássico Superior do Rio Grande do
92
Sul)

7
Padrão de crescimento e maturidade de Hyperodapedontinae (Archosauromorpha,
93
Rhynchosauria) do Neotriássico do Sul do Brasil baseado na sutura neurocentral das vértebras
Estudando fósseis mediante tomografia computadorizada, fotometria e modelagem
94
tridimensional no CAPPA/UFSM
Quaternary fossils from the caves of Felipe Guerra, Rio Grande do Norte, Brazil 94
Diversidade, paleobiogeografia e paleoecologia das preguiças terrícolas (Xenarthra: Pilosa) do
95
Pleistoceno do Rio Grande do Sul
Análise osteohistológica de Eremotherium em dois sítios fossilíferos da Bahia, Brasil 95
Sobre uma vértebra de ave do Pleistoceno Tardio da Formação Santa Vitória, Rio Grande do
96
Sul
Morfometria de um novo espécime de Lepidotes piauhyensis (Formação Pastos Bons,
97
Neojurássico/Eocretáceo, Bacia do Parnaíba, Floriano, PI)
Alometria dos ossos distais dos membros locomotores de Equus sul-americanos 97
Novo registro de mastodonte (Mammalia: Proboscidea) para o Triângulo Mineiro 98
Descrição de elementos alares de Anhangueridae provenientes da Formação Romualdo,
99
Cretáceo Inferior da Bacia do Araripe
Rescued from the collections: the presence of the African cynodont Aleodon (Cynodontia,
100
Probainognathia) in the Triassic of Southern Brazil, hidden for over 30 years
Cynodonts from the Sanga do Cabral Supersequence revisited: are they really present in the
100
Early Triassic of Brazil?
Variação dentária em Prestosuchus chiniquensis (Pseudosuchia: Loricata): o maior predador
101
do Triássico Médio do Brasil
Padrões de sucessão faunística entre as principais unidades fossilíferas do Grupo Bauru 102
Primeira evidência direta de atividade de caça de proboscídeos por paleoíndios na América do
102
Sul
O papel da ontogenia na polarização de caracteres em dinossauros primitivos: um novo
103
espécime do Triássico Superior do Sul do Brasil e suas implicações
Sobre um pterigoide isolado de Archosauromorpha proveniente da Supersequência Sanga do
104
Cabral (Triássico Inferior da Bacia do Paraná)
Análise osteológica preliminar de fragmentos desassociados de um arcossauro de grande porte
105
do sítio Linha Várzea, Triássico Médio da Bacia do Paraná
Novo material de Prozostrodon brasiliensis (Cynodontia – Probainognathia) do Triássico
Superior Sul-Brasileiro
Um espécime perinato (?) de Aetosauria do Neotriássico do Brasil 106
Novas informações sobre o esqueleto pós-craniano de Exaeretodon riograndensis
107
(Cynodontia, Traversodontidae) do Triássico Superior do Sul do Brasil
Considerações preliminares acerca de um novo morfotipo de Traversodontidae (Eucynodontia:
108
Cynognathia) do Triássico do Sul do Brasil
Diversity of Theropod (Dinosauria) fauna from Potiguar Basin (Early-Late Cretaceous),
109
Northeast Brazil
Vertebrado registrado na Formação Rio do Rasto, Permiano da Bacia do Paraná 109
A diversidade de cervídeos fósseis em depósitos cársticos de Aurora do Tocantins (TO), Norte
110
do Brasil
Morfologia dentária de Sigmodontinae (Rodentia: Cricetidae): Diversidade de roedores em um 111

8
depósito cárstico do Pleistoceno Final e inferências paleoambientais
Mapa das ocorrências de Crocodilomorpha fósseis do Brasil 111
Novo registro de Archosauromorpha para a fauna local de Faxinal do Soturno, Afloramento
112
Linha São Luís (Sequência Candelária, Cenozona de Riograndia), Triássico Superior do Brasil
Os Carnivora fósseis da América do Sul - onde os grandes comedores de carne não tem vez 113
Novos materiais de cinodonte e arcossauriformes do sítio Cerro da Alemoa, Triássico Superior
114
do Sul do Brasil
Reconstrução da dieta de cervídeos Pleistocênicos (Cervidae, Cetartiodactyla, Mammalia) da
115
Gruta do Urso, Aurora do Tocantins, Brasil
Paleomastofauna do Nordeste do Brasil: mapeamento das localidades georreferenciadas e
115
aspectos paleoambientais
Diversity of Late Cretaceous Antarctic Lamniformes (Chondrichthyes, Elasmobranchii) 116
New records of Hexanchiformes and Synechodontiformes (Chondrichthyes, Elasmobranchii)
117
from the Upper Cretaceous of Antarctica
Aspectos ontogenéticos e osteológicos de um titanossauro juvenil do Membro Serra da Galga
118
(Formação Marília, Bacia Bauru)
Análise de escamas de peixes Palaeonisciformes da Formação Rio do Rasto, Permiano da
118
Bacia do Paraná
Novos registros de Nothrotherium maquinense (Lund) Lydekker, 1889 na Toca da Barriguda
119
(Campo Formoso, Bahia, Brasil)
Ocorrência da megafauna do Pleistoceno Superior no município de Campo Formoso – centro
119
norte da Bahia
O uso de equações alométricas para estimar massa em táxons extintos: um estudo de caso em
120
Dinodontosaurus (Therapsida, Dicynodontia) do Triássico do Brasil
Sobre filhote de Glyptodontidae (Mammalia: Cingulata) do Brasil Central e aspectos sobre a
121
seleção, transporte e deposição em um depósito cárstico
Taxonomia de microvertebrados da Formação Candeias, Cretáceo Inferior, da Bacia de Jatobá,
121
Nordeste do Brasil
Afinidades filogenéticas de um cinodonte probainognátio do Triássico Superior do Sul do
122
Brasil
Interpretações paleoecológicas da megafauna pleistocênica da microrregião de Senhor do
123
Bonfim, Bahia, Brasil
Sobre dois mesossaurídeos semi-articulados provenientes do afloramento Passo São Borja,
123
Permiano Inferior do Rio Grande do Sul
Tafonomia e estratigrafia de mesossaurídeos e pigocefalomorfos em afloramentos e
124
testemunhos da Formação Irati no Rio Grande do Sul

ICNOFÓSSEIS
Pegadas de Iguanodon cf. mantelli, na Bacia do Rio do Peixe, no Município de Uiraúna, PB 126
Os coprólitos da Formação Santa Maria (Triássico Médio-Superior do RS) revisitados 126
Correlação entre a largura da parede, o diâmetro externo do túnel e a organização dos pellets
127
em Ophiomorpha isp. na planície costeira do Rio Grande do Sul
Sobre a presença de icnitos em quatro sítios prospectados pelo LABGEO/UESB 128
Icnofósseis da Formação Arajara em Simões, Piauí (Cretáceo da Bacia do Araripe) 128
Registro icnológico da Formação Pimenteira (Devoniano, Bacia do Parnaíba) na mesorregião 129

9
Sudeste do Piauí
Registros de interações inseto-lenho em troncos fossilizados da Formação Botucatu
129
(Eocretáceo)
O registro mais antigo do icnogênero Taotieichnus (Zona de Assembleia de Hyperodapedon,
130
Triássico Superior do Rio Grande do Sul)
Phycosiphon-dominated bed in mudstones from Ponta Grossa Formation, Devonian from
131
Paraná Basin
Icnofósseis da Formação Rio do Sul, Grupo Itararé (Permo-Carbonífero), como ferramenta
132
para reconstruções paleoambientais
Registro de Gyrolithes no Canal São Gonçalo, Município de Pelotas, Estado do Rio Grande do
132
Sul, Brasil

TAFONOMIA
Tafonomia como ferramenta para estudo da ecologia de mamíferos marinhos 134
Tafonomia de foraminíferos bentônicos em sedimentos do setor NE da Baía de Guanabara 134
Resultados preliminares de experimentos actuopaleontológicos com espécime galiforme 135
Novas ocorrências de equinoides na Formação Romualdo, Bacia do Araripe: um estudo
136
tafonômico preliminar
Análise sobre a seleção hidrodinâmica no transporte de restos esqueletais de pterossauros da
136
Fm. Goio-Erê, Cretáceo da Bacia Sedimentar do Paraná

GEOLOGIA / SÍTIOS
Levantamento de materiais pertencentes a vertebrados fósseis provenientes do sítio
138
paleontológico “Bica São Tomé” (Formação Sanga do Cabral, Triássico Inferior)
Descrição preliminar do afloramento Rio Guaricanga, Bacia do Paraná, Piraí do Sul, Paraná,
138
Brasil
Conteúdo fossilífero dos afloramentos do município de Floriano, Piauí, Brasil 139
Prospecção paleontológica em concreções férreas da Formação Pimenteira (Devoniano, Bacia
139
do Parnaíba) em Picos-PI
Georreferenciamento de afloramentos urbanos no Município de Picos - Piauí 140
Inferências paleoambientais a partir das analises químicas quantitativas de elementos fosseis
141
do Jurássico
Escavação controlada na Formação Romualdo (Bacia do Araripe - Nordeste do Brasil) 141
Fósseis da Formação Romualdo encontrados em Francisco Macedo - Piauí (Cretáceo da Bacia
142
do Araripe)

TÉCNICAS / MÉTODOS
Estudo físico-químico de materiais fósseis da Bacia do Araripe: estado da arte dos artigos
143
científicos
Uma nova técnica de moldagem de fósseis: o uso de lenço de papel em um dinossauro de
143
grande porte
Uso da técnica de lavagem e peneiramento para a coleta de microvertebrados do Período
144
Permiano no Maranhão
Preparação mecânica de bloco rochoso, Gruta do Urso Fóssil, (Eoholoceno), Parque Nacional 144

10
de Ubajara, Ceará
Synchrotron radiation as a powerful tool in the study of archosaur teeth 145
Otimização do uso de canetas pneumáticas na preparação de fósseis preservados em arenitos 146
Picking na Bacia Potiguar: primeiros resultados 146

Instruções aos autores 148

11
RESUMOS

12
ENSINO / DIVULGAÇÃO

IMPACTO SOCIO-EDUCACIONAL DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MOSTRA “COSTELA


DE NOTIOMASTODON PLATENSIS” – EVIDÊNCIA DE MARCAS DE CORTE DE AÇÃO
HUMANA
H. BAMPI1; J. F. OLIVEIRA1; L. S. VIDAL1; M. ULIAN1; L. S. AVILLA2; D. MOTHÉ2; M. S. L. RIBEIRO3; J. A. F.
DINIZ FILHO3; D. C. MARTINS4; C. R. A. CANDEIRO1; A. A. CARVALHO4; A. L. SOUZA JÚNIOR1
1
Laboratório de Paleontologia e Evolução, Curso de Geologia, Faculdade de Ciências e Tecnologia, campus Aparecida
de Goiânia, Universidade Federal de Goiás, GO. 2Laboratório de Mastozoologia da Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro, RJ. 3Laboratório de Ecologia e Evolução, Universidade Federal de Goiás, GO. 4Museu Antropológico,
campus Colemar Natal e Silva, Universidade Federal de Goiás, GO.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

A utilização de exposições e mostras científicas baseadas em estudos paleontológicos como


ferramenta para favorecer o ensino-aprendizagem não só amplia o conhecimento científico, como
também permite a aproximação com outros segmentos sociais fora do ambiente acadêmico,
transformando-as assim, em agentes potenciais na expansão do conhecimento científico. Para tanto,
a mostra “Costela de Notiomastodon platensis”, organizada pelo Laboratório de Paleontologia e
Evolução e Laboratório de Ecologia e Evolução da Universidade Federal de Goiás (UFG) e
Laboratório de Mastozoologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, em parceria
com o Museu Antropológico da UFG, apresentou ao público da cidade de Goiânia e região
metropolitana uma costela de N. platensis com marcas de ação humana (cortes com ferramentas
líticas), proveniente da região central de Goiás. Para a sua divulgação, confeccionou-se banners
explicativos sobre aspectos evolutivos, paleontológicos e paleoecológicos de N. platensis, além de
um totem com slides e um blog chamado “Costela de Notiomastodon platensis”. A exibição está
sendo realizada na sala de mostras do Museu Antropológico da UFG e tem como objetivo divulgar
o achado fóssil, os conhecimentos sobre o proboscídeo encontrado e contribuir como um ambiente
não-formal de ensino-aprendizagem, através da observação de visitantes e estudantes do ensino
básico e superior. Os resultados alcançados até o presente momento indicam que, em dois meses,
foram realizadas 227 visitas, sendo a maior parte proveniente de 11 instituições de ensino (três de
ensino básico e oito de ensino superior). Dessa maneira, a mostra contribuiu e ainda contribui para
que o saber sobre a paleontologia, produzido em âmbito acadêmico, torne-se acessível à
comunidade local. Constamos um significativo aprendizado para os participantes e executores do
projeto, uma vez que este promoveu a integração entre estudantes e professores das respectivas
áreas do ensino. As expectativas em médio prazo são: i) o aprimoramento das técnicas de ensino,
tanto da Biologia como da Geologia e Paleontologia e, ii) uma melhor apreensão dos conceitos
sobre N. platensis apregoados na Mostra pelos alunos, professores não-biólogos/não-paleontólogos
e visitantes. Para um futuro próximo, este projeto prevê a elaboração de questionários, abordando
assuntos referentes à eficiência do ensino não-formal efetivado pela mostra, para medir
estatisticamente o nível de aquisição do conhecimento, a ampliação da ação educativa pela
interação indivíduo-objeto/professor-visitante e a produção de manuscritos e conteúdo virtual,
facilitando, assim, o acesso desta divulgação para toda a comunidade. [PIBIC/CNPq; Programa de
Pós-graduação em Geociências da Universidade Federal de Pernambuco; Programa de Pós-
graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Goiás]

13
DIVULGAÇÃO DA PALEONTOLOGIA NO MUNICÍPIO DE RIO GRANDE, RS

CAMILLA BENITES¹; NATHALIA V. SIEFERT¹; CAMILO MOZON¹; SHERON MEDEIROS¹; EMMANUELLE


FONTOURA¹; KEILA MARINI¹; GIOVANA FREITAS¹; BIANCA MARQUES¹; DÉBORA DINIZ¹; PAULA
DENTZIEN-DIAS¹
¹Universidade Federal do Rio Grande, Laboratório de Geologia e Paleontologia, Instituto de Oceanografia.
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]

Ao longo do litoral sul do Rio Grande do Sul, são encontrados fósseis de megafauna pleistocênica
continental, de animais marinhos e icnofósseis, retrabalhados pela ação das ondas. Tais materiais
são facilmente encontrados pelos moradores da região. Contudo, devido à falta de conhecimento
estes não conseguem reconhece-los, terminando por realizar seu descarte ou uso inadequado.
Neste sentido, o Laboratório de Geologia e Paleontologia (LGP) da Universidade Federal do Rio
Grande (FURG) organizou uma exposição itinerante com fósseis coletados no município e em
outras partes do estado, além de réplicas e reconstruções representativas de várias localidades do
mundo. Esta exposição foi realizada na Semana de Popularização da Ciência e na Semana Aberta,
ambos eventos promovidos pela FURG, cujo público-alvo foi de estudantes dos Ensinos
Fundamental e Médio. Durante esses eventos, foram abordados temas gerais e específicos em
Paleontologia, ressaltando-se a importância científica dos fósseis da região e a legislação brasileira
que proíbe a comercialização deste patrimônio. Durante a exposição “Mundo Jurássico”,
organizada pelo Partage Shopping Rio Grande, a mesma exposição foi realizada, além de uma
palestra direcionada ao público geral frequentador do Shopping e a estudantes de escolas do
Ensino Fundamental de Rio Grande. Com base nos eventos realizados na FURG e no Partage
Shopping Rio Grande, foi alcançado um público de cerca de 1.500 pessoas, principalmente
crianças. Com essa iniciativa, espera-se sensibilizar a população a respeito da importância
científica e histórica deste patrimônio e sua conservação.

ATIVIDADES DE EXTENSÃO NO LABORATÓRIO DE ESTRATIGRAFIA E


PALEOBIOLOGIA DA UFSM EM 2016

CÁSSIA B. BÖCK; ANDRÉ SILVA; GABRIEL BOEIRA; GABRIELLE DOS SANTOS; JOÃO VITOR ILHA;
LETÍCIA R. OLIVEIRA; MAURÍCIO GARCIA; NADIELE BORIN; PAULA L. COPETTI; VINICIUS B. P.
ESTERIZ; ÁTILA AUGUSTO S. DA ROSA
Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]

No ano de 2016 o Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia (LEP) realizou diversas atividades


de extensão, voltadas a escolas de Ensino Fundamental e Médio no RS, nas suas dependências ou
na Mostra de Paleontologia do Núcleo Ciência Viva (CCNE/UFSM). Este se configura em um
parque de ciências que pretende demonstrar efetivamente o envolvimento direto e comprometido
com a questão educacional, com preocupação especifica com o ensino de Ciência, em particular,
nas áreas de Ciências Biológicas, Física, Geociências, Matemática e Química, incentivando a
interdisciplinaridade, questões relacionadas ao cotidiano e às necessidades locais. No Núcleo
Ciência Viva, a visitação se dá pela acolhida de escolas para conhecer a mostra paleontológica e os
fósseis ocorrentes na Região Central do Estado. O LEP participou do Programa Janela Aberta, que
proporciona às escolas previamente registradas na Comissão Permanente do Vestibular a
realização de visitas em laboratórios, museus, mostras, entre outros locais que fazem parte da
Universidade, com o objetivo principal de ampliar a interação entre a Universidade e os aspirantes
ao Ensino Superior, ajudando-os na escolha futura de uma profissão. O LEP participou da 14ª

14
edição do Programa, que ocorreu de 2 a 13 de maio, em parceria com o Núcleo Ciência Viva.
Também foram realizadas apresentações a escolas individuais, abrangendo alunos do Ensino
Fundamental e Médio. Nelas, os alunos vinculados ao LEP explicaram conceitos básicos da
Paleontologia, mostraram as atividades cotidianas de um paleontólogo, instrumentos de trabalho e
descobertas. Apresentaram também tipos de fósseis, réplicas e esculturas, além de rochas e
minerais, da coleção paleontológica da UFSM, discutiram o significado de Estratigrafia e
Paleobiologia, como são formados os fósseis, as metodologias de coleta e responderam perguntas.
As atividades foram realizadas com o auxílio de projetor multimídia e banners. Comparando as
atividades do ano de 2015, o LEP recebeu quatro vezes mais público, sendo um total de
aproximadamente 1700 pessoas, de 58 escolas, sendo elas de 31 municípios. Os estudantes tiveram
a oportunidade de conhecer fósseis descobertos na região central do RS. Assim, as atividades de
extensão do LEP viabilizam a divulgação científica e aproximam os estudantes do estado à
Paleontologia.

INVENTÁRIO DA COLEÇÃO PALEONTOLÓGICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO


PAMPA

RODRIGO DOS SANTOS FERRONY; MAIKON FORTES MARKS; JAQUELINE LOPES FIGUEIREDO; FELIPE
LIMA PINHEIRO
Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Apresentamos aqui considerações sobre o inventário da coleção paleontológica do Laboratório de


Paleobiologia da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), com informações sobre a
quantidade e caracterização dos materiais, locais de origem e destaque aos itens de maior
relevância acadêmica. Objetiva-se com este levantamento demonstrar o valor científico da coleção,
de forma a facilitar interações acadêmicas ou de caráter educativo. O Laboratório de Paleobiologia
da UNIPAMPA, possui um considerável acervo de fósseis, sendo especialmente importantes os
materiais provenientes das formações Rio do Rasto e Sanga do Cabral, localizadas na região
central do Rio Grande do Sul (Permiano e Triássico Inferior, respectivamente). Também estão
representados na coleção icnofósseis, invertebrados e materiais paleobotânicos (principalmente
lenhos). Na região central do Rio Grande do Sul são especialmente abundantes mesossaurídeos
provenientes do Permiano Inferior, e cinodontes, dicinodontes e rincossauros oriundos do Triássico
o que é corroborado pela representatividade destes táxons na coleção. A diversidade de espécimes
inclui materiais de artrópodes, moluscos, peixes provenientes das Formações Crato e Romualdo
(Bacia do Araripe, Cretáceo, Nordeste do Brasil) e, naturalmente, uma quantidade expressiva de
fósseis encontrados no Rio Grande do Sul, como citado acima. Atualmente estão registrados cerca
de 200 fósseis, embora exista uma grande quantidade de materiais não tombados. Além dos
materiais acima citados, a coleção conta com espécimes de grande valor científico, como os
holótipos dos táxons Konzhukovia sangabrielensis, temnospôndilo encontrado no município de
São Gabriel-RS (Formação Rio do Rasto, Permiano), Rastodon procurvidens, um dicinodonte
também descrito para a Formação Rio do Rasto do município de São Gabriel, além do
arcossauromorfo Teyujagua paradoxa (2016), encontrado no município de São Francisco de Assis
(Formação Sanga do Cabral, Triássico Inferior). Os membros do laboratório realizam constantes
pesquisas de campo, contribuindo para o crescimento da coleção. Estas novas coletas garantem
perspectiva de uma crescente adição de espécimes ao acervo.

15
INVENTÁRIO DA COLEÇÃO DIDÁTICA DO LABORATÓRIO DE PALEONTOLOGIA DO
INSTITUTO DE BIOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

J. S. FREITAS; D. RIFF
Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG.
[email protected], [email protected]

As coleções didáticas são destinadas ao aprendizado e formação de estudantes de diversos níveis, e


também de leigos, através de aulas práticas e exposições, difundindo de maneira eficaz o
conhecimento acerca das diversas linhagens animais. São compostas por materiais incompletos e/ou
sem procedência precisa, e assim insatisfatórios em detalhes para a pesquisa, e passam por continua
renovação devido ao manuseio constante. O Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal
de Uberlândia possui dentre o seu acervo paleontológico uma coleção didática utilizada em aulas
práticas da disciplina Paleontologia (INBIO 31403) do curso de graduação em Ciências Biológicas
da UFU, e em exposições temporárias promovidas pelo Laboratório na própria sede ou em outras
instituições de ensino, especialmente feira de ciências em escolas da educação básica. O acervo
constitui-se em sua maioria por fósseis cretácicos da Bacia Bauru no Triângulo Mineiro, da Bacia
do Araripe no Ceará, e da Bacia Larsen na Ilha James Ross (Antártica). A criação de um inventário
da coleção didática teve como objetivo a organização, identificação e dinamização da coleção. As
peças receberam uma numeração que indica sua posição no inventário, divididos em lotes de
fragmentos com materiais não diagnosticáveis em hierarquia taxonômica restritas, peças
individualizadas e réplicas, e realocados em um armário específico para a coleção. Os fósseis mais
abundantes da Bacia Bauru são os fragmentos de ossos diversos de amniotas (349), fragmentos de
costelas (64), coprólitos (56), fragmentos de carapaça de tartarugas (37), outros icnofósseis (33) e
fragmentos de ossos de peixes (21); já os da Bacia do Araripe são os peixes fósseis Dastilbe
crandalli (12), Vinctifer comptoni (07) e Rhacolepis buccalis (05), e conchas de conchostráceos (4),
e da Bacia Larsen são coquinas (04), e bivalves e gastrópodes isolados (05). A base do inventário
está concluída, mas sua construção é uma atividade contínua, devido à aquisição de novos fósseis
em coletas, doações ou outros meios. [SESu/MEC]

OS ICTIÓLITOS DO ARARIPE E A CONSTRUÇÃO DO SABER PALEONTOLÓGICO NO


ENSINO BÁSICO

P. G. P. GOMES
Escola Municipal José de Siqueira Alves.
[email protected]

O município de Ipubi localizado no estado de Pernambuco, inserido na região da Bacia do Araripe,


dispõe de uma vasta riqueza fossilífera e geológica, da Era Mesozoica e do Período Cretáceo. São
muitos os fósseis encontrados, mas destacam-se os ictiólitos do Membro Romualdo da Formação
Santana. A comunidade local por falta de conhecimento não valorizam esse patrimônio e entregam
facilmente os fósseis aos visitantes e traficantes que levam para outras regiões e até mesmo para o
exterior. Diante desse cenário a Escola José de Siqueira Alves, localizada na sede do município,
desenvolveu o projeto Os Ictiólitos do Araripe e a Construção do Saber Paleontológico no Ensino
Básico, com objetivo geral estudar e divulgar as riquezas paleontológicas da Chapada do Araripe.
Os procedimentos adotados foram inicialmente divisão de grupos de trabalho, entrevistas, visitação
ao município de Santana do Cariri no Estado do Ceará. A entrevista foi realizada com alguns alunos
das escolas do município de Ipubi totalizando 50 entrevistados, os quais demonstraram pouco
conhecer sobre a temática. Numa segunda etapa, análise de dados, estudo na literatura vigente e
montagem de uma exposição informativa com um total de 15 painéis. Ao todo, participaram 60

16
alunos que transmitiram todo conhecimento adquirido ao publico. Com a realização deste trabalho,
que foi focado em estudar e divulgar a importância dos fósseis como chave fundamental pra se
entender a formação e a evolução do planeta Terra, pretendemos alertar através de nossos alunos a
população em geral sobre a necessidade de se preservar esse patrimônio contribuindo para o não
escoamento das riquezas do Araripe.

IMPRESSÃO 3D DE RÉPLICAS FÓSSEIS: UMA ALTERNATIVA PARA O MELHORAMENTO


DA COLEÇÃO DIDÁTICA DO CENTRO DE GEOCIÊNCIAS DA UFVJM

J. A. T. GOMES, E. A. M. SANCHEZ
Centro de Estudos em Geociências, Instituto de Ciência e Tecnologia, UFVJM, MG.
[email protected], [email protected]

A impressão de réplicas tridimensionais tem sido uma excelente alternativa para a preservação de
espécimes originais, divulgação da Paleontologia, ensino, ou ainda para intercâmbio de material
entre coleções. Usualmente réplicas são produzidas a partir de moldes de espécimes originais
utilizando-se uma gama de materiais, sobretudo gesso ou resina. Baseando-se nos benefícios que
réplicas fósseis apresentam, a disponibilidade e fácil acesso à tecnologia de impressão 3D e a
diminuição de recursos para coletas de campo, optou-se pelo estabelecimento de uma rotina de
impressão de réplicas para a coleção didática de fósseis da UFVJM como uma alternativa para
completar o acervo e melhorar o ensino de Paleontologia na instituição. Além de réplicas de fósseis,
também se tem imprimido réplicas de formas modernas, a fim de permitir comparações entre o
registro fóssil e a biodiversidade atual. Esta prática revelou muitos benefícios, além daqueles já
percebidos para as técnicas tradicionais de confecção de réplicas, tais como: i) o baixo custo; ii) o
fácil acesso à matéria-prima; e iii) a rapidez na impressão das peças. Relata-se aqui que, embora os
espécimes sejam impressos a partir de moldes digitais obtidos por escaneamento, o que pode
acarretar em perda de informação, os detalhes anatômicos se mantêm, tornando-os aplicáveis nas
aulas. Desta maneira, relata-se aqui a experiência positiva na produção de réplicas fósseis a partir de
impressão tridimensional com implicações diretas no ensino de Paleontologia e Evolução na
UFVJM. Os próximos passos do projeto será a aquisição de um escâner para produção própria dos
moldes, a fim de estender a impressão de réplicas fósseis à comunidade externa à universidade,
através de eventos de divulgação científica, ou ainda para ofertar moldes digitais ou réplicas
impressas para coleções didáticas de outras instituições de ensino superior, sobretudo de fósseis de
Minas Gerais.

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DA PALEONTOLOGIA ATRAVÉS DA EXPOSIÇÃO


ITINERANTE "DINOSSAUROS DO BRASIL CENTRAL"

M. M. N. GOMES1; H. BAMPI1; T. C. DIAS1; A. L. SOUZA JÚNIOR1; D. C. MARTINS2; A. A. CARVALHO2; C. R.


A. CANDEIRO1
1
Laboratório de Paleontologia e Evolução, curso de Geologia, Faculdade de Ciências e Tecnologia, campus Aparecida
de Goiânia, Universidade Federal de Goiás, GO; 2Museu Antropológico, campus Colemar Natal e Silva, Universidade
Federal de Goiás, GO.
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

A Paleontologia, em muitos casos, é um assunto negligenciado no ensino básico, o que justifica o


papel da Universidade em sua popularização, tanto no Ensino Médio, quanto no Ensino
Fundamental. Com esse intuito, o grupo de pesquisas do Laboratório de Paleontologia e
Evolução/Curso de Geologia/campus de Aparecida de Goiânia/UFG realizou, desde abril até
dezembro de 2016, a exposição “Dinossauros do Brasil Central”, propondo-se mostrar às
sociedades locais temas de paleontologia e geologia, divulgando assim os fósseis encontrados no

17
Brasil Central. A exposição, que é de característica itinerante, ocorreu inicialmente na sala de
mostras do Museu Antropológico/UFG, no período de 18 de abril a 27 de agosto e, posteriormente,
de 29 de agosto à 14 de outubro, na Biblioteca do campus Samambaia/UFG. No período em que
esteve no Museu Antropológico/UFG, recebeu 709 visitantes, público composto majoritariamente
por alunos pertencentes a 19 escolas de Goiânia e região Metropolitana. Já no Campus
Samambaia/UFG, auferiu 379 visitantes. Para a sua divulgação, foi confeccionado um circuito
composto por espécimes (originais e réplicas), banners, totens interativos e ferramentas geológicas.
A exposição foi dividida nas seguintes áreas temáticas: i) Abertura — o que são os dinossauros; ii)
Dinossauros do Brasil Central: materiais fósseis, réplicas e banners ilustrativos e; iii) Processos
extinções/área interativa — “tire foto com um Velociraptor”, pegadas de dinossauros no piso,
“toque em uma réplica” e equipamentos utilizados pelo paleontólogo e geólogo durante a execução
do seu trabalho. Atualmente, encontra-se no Centro de Artes e Esportes Unificados, do Setor Parque
Flamboyant (setor de exposições), até 19 de dezembro de 2016. Os resultados da exposição indicam
a importância da pesquisa paleontológica e da sua divulgação através de projetos de extensão,
objetivando apresentar a existência de fósseis na região, possibilitando que o visitante atue como
potencial agente na expansão do conhecimento científico, bem como possível captador de outros
fósseis. Em um futuro próximo, este projeto prevê a elaboração de um livro (que está em fase de
edição) e a capacitação dos alunos de licenciatura para a divulgação da exposição aos professores
da educação básica. No intuito de abarcar mais público, a exposição conta com um blog chamado
“Exposição Dinossauros dos Brasil Central”, promovendo assim a divulgação virtual ao público
externo. [PIBIC/CNPq; Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade
Federal de Goiás]

PALEONTOLOGIA E EDUCAÇÃO: RECONSTITUIÇÃO PALEOARTÍSTICA DE


MESOSAURUS BRASILIENSIS COMO RECURSO DIDÁTICO NO MUSEU DE HISTÓRIA
NATURAL PROF. LAÉRCIO LOURES (MHNPL), IFSULDEMINAS – CAMPUS
INCONFIDENTES

G. T. GUEDES S.1; F. A. LEONARDI1; A. M. GHILARDI2


1
IFSULDEMINAS - Campus Inconfidentes, MG; 2CAV/Núcleo de Biologia, UFPE, PE.
[email protected], [email protected], [email protected]

A Paleontologia pode ser vista como uma ciência de grande atratividade para o público por permitir
o vislumbre da vastidão do tempo geológico e da biodiversidade ao longo da história da vida na
Terra. O conhecimento dessa disciplina é recomendado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais,
quando se mencionam as biotas pretéritas no registro fóssil. Diversos autores têm discutido as
aplicações de Paleontologia na educação. Apesar disso, tal conhecimento ainda se apresenta de
maneira precária na educação básica. Essa realidade indica a necessidade de uma solução que faça
mediação entre o conhecimento científico paleontológico e o público leigo. Uma tradução visual
acurada por meio da aplicação da arte à Paleontologia é o meio mais eficaz para o entendimento dos
registros passados da vida na Terra, a despeito de o documentário paleontológico ser incompleto. O
MHNPL recebeu a doação de um Mesosauridae fóssil. Trata-se de uma família do Permiano,
relevante para conteúdos de Ciências e Geografia na educação básica por auxiliar na compreensão
da tectônica de placas, uma vez que ocorrem na Bacia do Paraná, América do Sul e no Sistema
Karoo, Sul da África. Assim, remete ao momento geológico em que a Terra apresentava conexão
entre esses dois continentes, além de contribuir para as pesquisas de bioestratigrafia e
paleobiogeografia, por meio da relação cronoestratigráfica entre bacias sedimentares distantes. Os
Mesosauridae são lacertiformes esguios, de pequeno porte e hábito semiaquático. Corpo e pescoço
são alongados, cauda lateralmente achatada e muito longa, maxilas longas e afiladas, contendo
muitos dentes, aculeiformes, que se entrecruzam ao fecharem a boca. Nesse trabalho foi proposta a
reconstituição paleoartística do gênero Mesosaurus, para apresentação como pôster explicativo no

18
MHNPL, junto ao referido fóssil, visando ações de educação e difusão da Ciência para alunos da
educação básica da rede pública e privada. A metodologia para a reconstituição do fóssil envolve a
coleta de informações disponíveis sobre o táxon e seu provável paleoambiente, além de projeções
ortográficas do organismo evidenciando características diagnósticas e a reconstituição
paleoambiental. Por fim, a imagem resultante contém o organismo inserido no paleoambiente
previamente reconstituído e suas interações físicas. A presente ação deverá beneficiar os visitantes
do MHNPL na percepção e melhor entendimento do significado dos fósseis.
[NIPE/IFSULDEMINAS]

RAPSÓDIA GEOLÓGICA: DESENVOLVIMENTO DE NOVAS METODOLOGIAS PARA O


ENSINO DE GEOLOGIA E PALEONTOLOGIA

G. F. P. LEME1; D. O. ARAUJO1; L. C. M. O. PONCIANO1; T. C. SANTOS2


¹LABTAPHO, Departamento de Ciências Naturais, UNIRIO. 2UNIRIO.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Rapsódia em si tem vários significados, como recitação/fragmento de um poema ou uma peça


musical de composição improvisada, utilizando músicas populares. Além de fortalecer a relação da
Museologia com as Geociências, este projeto visa ampliar o olhar dos discentes para poder
identificar e utilizar o conteúdo das Geociências presente na linguagem poética e no imaginário de
diversas culturas, buscando aprender e divulgar a Geologia e Paleontologia de uma forma mais
lúdica, ao destacar a apropriação das Geociências pela sociedade em diversos elementos associados
à literatura, cinema, música, narrativas orais e outras formas de expressão artística. O objetivo
principal deste projeto é desenvolver novas metodologias para o ensino e a divulgação da Geologia
e Paleontologia para os discentes da UNIRIO e a sociedade brasileira, através da transformação do
conhecimento científico em linguagens mais acessíveis e atrativas. As atividades desenvolvidas
foram baseadas na pesquisa e análise de formas alternativas de uso e divulgação dos conceitos de
Geologia e Paleontologia nas diferentes formas de expressões artísticas, que apresentam temas de
Geologia e Paleontologia em sua composição. Estas obras são utilizadas em sala de aula para
reforçar os conteúdos de Geociências, com o intuito de demonstrar aos discentes que esta ciência,
considerada geralmente como um assunto muito complexo, não está restrita aos laboratórios e salas
de aula da universidade. A contação de histórias e poemas também foi empregada como
metodologia alternativa para despertar o interesse dos discentes pelo conteúdo científico
apresentado nas aulas teóricas, demonstrando sua aplicabilidade na divulgação, em conjunto com a
elaboração de atividades práticas e jogos paradidáticos sobre os temas das aulas. A contação de
histórias foi um elemento importante para tornar as aulas mais dinâmicas. Por meio dela, os
discentes puderam ter contato com a forma de pensar e compreender o mundo de outras sociedades
(em especial os povos indígenas brasileiros), entender com mais facilidade o conteúdo da disciplina
e, acima de tudo, vivenciar novas formas de divulgação científica passíveis de uso em ações
educativas de museus de ciências. Os mitos apresentados durante as aulas também servem de
reflexão de como o conteúdo expositivo dessas instituições pode se tornar mais acessível para o
público leigo, ao oferecer esses conceitos por meio de histórias lúdicas e envolventes ou até mesmo
relacioná-los com a realidade dos visitantes.

DIVULGANDO A PALEONTOLOGIA DO VALE DO GUARIBAS: EXPOSIÇÃO DE FÓSSEIS


COMO INCENTIVO À PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PALEONTOLÓGICO DO
MUNICÍPIO DE PICOS, PIAUÍ

M. S. LIMA; J. L. R. MOURA; J. L. N. MOURA; M. S. VERA; K. C. RODRIGUES, J. M. SANTOS; I. R. SOUZA; P.


V. OLIVEIRA
Laboratório de Paleontologia de Picos, Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros
(LPP/UFPI-CSHNB).

19
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

O município de Picos localizado na mesorregião sudeste do estado do Piauí, especificamente no


Vale do Rio Guaribas, é conhecido pela comunidade científica devido aos seus fósseis marinhos de
idade devoniana (aproximadamente 390 milhões de anos). A ocorrência de fósseis em Picos é
desconhecida por quase toda sua população, o que incentivou a criação de um meio que permitisse
o acesso da comunidade ao conhecimento da riqueza e do potencial paleontológico local. Em maio
de 2016 durante a Semana Municipal do Meio Ambiente, a equipe do Laboratório de Paleontologia
de Picos da Universidade Federal do Piauí (LPP-UFPI) realizou uma exposição de amostras
fossilíferas no intuito de divulgar a diversidade de fósseis e estimular a comunidade picoense a
combater a depredação dos afloramentos. Nos últimos anos, com o aumento da especulação
imobiliária os afloramentos têm sido bastante danificados perdendo assim uma parte da história
biológica da Terra. Foram expostos icnofósseis e fósseis corpóreos, como: Rusophycus sp, Cruziana
sp, Arenicolites sp, Planolites sp, Neoskolithos picosensis, fragmentos de vegetais, moluscos,
fragmentos de trilobitas e espinho de tubarão. A intervenção feita pelo LPP na 2ª Expo Picos através
deste trabalho de divulgação científica reafirmou que grande parcela da comunidade desconhece a
ocorrência de fósseis locais, bem como nada sabiam sobre a importância de se preservar os
afloramentos na forma de morros muito comuns no município de Picos. Dessa forma, o
conhecimento adquirido pela comunidade, possibilitará ações que visem a preservação do
patrimônio natural. [CV-UFPI; PIBIC-UFPI; BIAMA-UFPI]

A PALEONTOLOGIA NA EDUCAÇÃO: UMA PROPOSTA LÚDICA E PEDAGÓGICA NO


MUNICÍPIO DE PASTOS BONS, MARANHÃO
C. S. S. LIMA; F. M. SOUZA; T. B. B. NUNES; A. E. Q. FIGUEIREDO
Universidade Federal do Piauí – UFPI, Campus Amílcar Ferreira Sobral – CAFS, Curso de Ciências Biológicas,
Coleção de História Natural da UFPI – CHNUFPI, Laboratório de Geociências e Paleontologia - LGP, Floriano, Piauí,
Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Diante de aulas de ciências nas quais os conteúdos são apresentados aos discentes de forma pouco
interessante, o uso de metodologias do ensino que fujam do livro didático e da explanação por parte
do professor, podem despertar no aluno o interesse por uma área e a consolidação e aprendizagem
de conteúdos mais complexos. Esta metodologia que foge do modo tradicional (quadro e livro
didático) é de extrema importância em uma área como a Paleontologia, que é ofertada para as
crianças do Ensino Fundamental nos livros de ciência ou geografia de forma vaga e superficial. O
presente trabalho foi realizado na cidade de Pastos Bons, MA, onde um questionário foi aplicado
em 41 alunos do 7º e 8º ano do Ensino Fundamental, com a faixa etária de 12 a 17 anos, com
questões sobre: conceitos de paleontologia, conhecimento sobre fósseis, e se os mesmos tinham
conhecimento sobre os fósseis do município. Os resultados apontam que 57% dos entrevistados
afirmam saber o que é fóssil, 56% alegam ter conhecimento de que no município há fosseis, porém
usam de concepções alternativas para responder as questões, ou até mesmo respondem-nas somente
para não deixar em branco. Com os resultados apontados se faz necessário uma intervenção escolar,
através de uma oficina, sobre este tema tão importante que é a Paleontologia, para ser mais bem
explicada, além de empoderar os alunos com um conhecimento mais amplo e aprofundado que
poderá ser utilizado no Ensino Médio.

VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO PALEONTOLÓGICO: DESENVOLVIMENTO DE


MATERIAL PARADIDÁTICO PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

M. L. O. C. LOPES1 ; L. C. M. O. PONCIANO1

20
1
Laboratório de Tafonomia e Paleoecologia Aplicadas (LABTAPHO); Departamento de Ciências Naturais; Instituto de
Biociências; Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
[email protected], [email protected]

Silva (2015) analisou questionários sobre os conceitos de Patrimônio, Geologia e Paleontologia que
foram preenchidos por alunos de escolas públicas e particulares da cidade de Valença do Piauí em
agosto de 2012. Baseando-se na análise dos questionários e nas dificuldades desses alunos na área
de Geologia e Paleontologia, este trabalho teve como objetivo principal garantir a valorização e
conservação do patrimônio paleontológico através da divulgação da sua importância. Para atingir tal
finalidade, foram elaborados dois livros paradidáticos sobre os fósseis do Piauí. A Formação
Pimenteira está localizada nos estados do Piauí, Tocantins e Maranhão e faz parte do Grupo
Canindé. Ela é caracterizada principalmente pela intercalação de arenitos finos com folhelhos e
siltitos bioturbados, que apresentam estratificação plano-paralela. Esta formação é constituída pelo
Membro Picos e Membro Passagem. Este projeto enfocou os fósseis do Devoniano da parte da
Formação Pimenteira que está localizada no Piauí, e após fazer uma análise dessa formação, os
afloramentos Oiti e Rio Sambito foram selecionados como os mais representativos para serem
divulgados. O livro ‘’Pororoca de pedras’’ é voltado para alunos do ensino fundamental I, e nele são
apresentados os fósseis Mucrospirifer pedroanus, Montsenetes cf. M. boliviensis, Lingula sp.,
Nuculites oblongatus, e os icnofósseis Arenicolites isp., Asteriacites isp., Bifungites piauienses,
Paleophycus tubularis, Planolites beverleyensis e Rusophycus isp. O livro ‘’ Memórias do Sertão’’ é
voltado para alunos do ensino fundamental II. Nessa história são apresentados os fósseis
Pleurochonetes comstocki, Terebratulida, Metacryphaeus meloi, Metacryphaeus kegeli,
Burmeisteria notica, Spathella pimentana, Bucanella laticarinata e Tentaculites sp. Apesar desses
dois livros serem voltados para alunos do Piauí, eles foram construídos de tal forma que possam ser
acessíveis a pessoas de qualquer estado do Brasil. Explicar a importância científica da Formação
Pimenteira através de livros paradidáticos é importante porque este tipo de leitura gera momentos
lúdicos que despertam o interesse do aluno e facilitam a transmissão e compreensão de termos
científicos. Após a divulgação dos livros paradidáticos produzidos por este projeto (que serão
publicados em versão digital gratuita), espera-se que o Patrimônio Paleontológico do Piauí seja
mais valorizado e preservado, especialmente pelos alunos das escolas públicas e particulares do
Piauí que tiverem contato com os livros citados acima. Além da internet, a divulgação dos livros
será realizada pelas secretarias de cultura e educação de Valença do Piauí.

UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO COM PALEONTOLOGIA NUMA ESCOLA POTIGUAR

L. S. MEDEIROS1*; F. S. D. BARBOSA1; A. W. V. MEDEIROS1; P. A. C. T. OLIVEIRA1; T. E. A. SEVERO2.


1
Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Av. Senador Salgado Filho, Lagoa Nova, 59072-
970, Natal, RN. 2Departamento de Práticas Educacionais e Currículo, Centro de Educação, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Av. Senador Salgado Filho, Lagoa Nova, 59072-970, Natal, RN. [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

A escola tem papel fundamental na abordagem dos conhecimentos científicos, contudo diversos
conteúdos são, historicamente, negligenciados ou considerados temas transversais. Muitas vezes
estes temas são abordados de maneira insatisfatória em sala de aula, devido à discrepância entre as
linguagens científica e do cotidiano. É o caso da paleontologia, que auxilia na compreensão de
processos naturais complexos. No entanto, tem sido deixada fora dos currículos formais e planos de
aula de ciências por alguns professores. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é narrar como
princípios e técnicas comuns à paleontologia puderam ser utilizadas como ferramentas de ensino-
aprendizagem junto a uma turma de 9° ano da Escola Estadual Sebastião Fernandes de Oliveira,
Natal, Rio Grande do Norte. Foram realizados quatro encontros com a turma: o primeiro encontro
constituiu de uma aula expositiva-dialogada abordando conceitos introdutórios de geologia geral,
evolução biológica e método científico; no segundo, foi abordada a noção de tempo geológico e

21
tempo biológico tendo como base o episódio “Os mundos perdidos do Planeta Terra” da série
“Cosmos: uma odisseia no espaço”, na biblioteca Maria O. Oliveira; no terceiro, foi pedido a cada
aluno a elaboração de uma “linha do tempo de sua vida”. A configuração da forma da linha do
tempo não foi padronizado, sendo escolhido pelos alunos; por fim, foi realizada a prática de
escavação paleontológica, a partir da representação de estratos geológicos e réplicas de fósseis,
construídos a partir de argila e gesso. A vivência em sala de aula permitiu propor uma forma de
contato investigativa com a paleontologia, possibilitando estabelecer vínculos pedagógicos
favoráveis para perspectivas de ensino integradoras.

ESCAVAÇÃO DE SABERES: UMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR DO ENSINO DE


PALEONTOLOGIA NO ENSINO FUNDAMENTAL
A. W. V. MEDEIROS1; L. T. S. CARDOSO2; M. V. G. P. MEDEIROS2; A. L. FERREIRA3
1
Graduação em Ciências Biológicas, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN Av.
Senador Salgado Filho, Lagoa Nova, 59072-970, Natal/RN. 2Graduação em Pedagogia, Centro de Educação,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN Av. Senador Salgado Filho, Lagoa Nova, 59072-970, Natal/RN.
3
Departamento de Fundamentos e Políticas da Educação, Centro de Educação Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, RN Av. Senador Salgado Filho, Lagoa Nova, 59072-970, Natal/RN.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

A natureza apresenta-se e organiza-se de maneira conexa e interligada, entretanto a escola, entidade


que institucionaliza os conhecimentos acerca do mundo, é estruturada a partir do pensamento
cartesiano, o qual enquadra esses conhecimentos em blocos separados. Indo de encontro a essa
concepção, a interdisciplinaridade apresenta-se como uma outra corrente que possibilita “dissolver”
as fronteiras entre as áreas de saber. Nesse panorama, a Paleontologia pode caminhar junto com
outras áreas do conhecimento, expandindo as possibilidades de construção das redes de saberes.
Diante disso, esta comunicação objetiva mostrar como a Paleontologia pode ser um ponto de
ligação para o desenvolvimento de conceitos históricos, como tempo e memória, com alunos do
Ensino Fundamental. A experiência aconteceu na Escola Estadual Sebastião Fernandes de Oliveira,
situada em Natal, Rio Grande do Norte, com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II. A
condução deste trabalho foi feita por estudantes das licenciaturas de Ciências Biológicas e
Pedagogia, interligando momentos didáticos que abordavam a história da Terra através do tempo
geológico e do tempo histórico humano. Os estudantes puderam compreender o envolvimento do
ser humano na história da Terra (passado, presente e futuro) como fruto desse processo e também
construtor da história. Nesse cenário o ensino da Paleontologia pode fugir do enquadramento
cartesiano, que permeia o ambiente escolar, e alcançar novas dimensões as quais dialogam com as
vivências do estudante e que por isso tornam-se significativas no processo ensino-aprendizagem.

DESENVOLVIMENTO DA PALEONTOLOGIA BRASILEIRA ATRAVÉS DA ANÁLISE DAS


COLEÇÕES E EXPOSIÇÕES DO MUSEU NACIONAL

D. P. S. RODRIGUES¹; L. C. M. O. PONCIANO²
1
Laboratório de Tafonomia e Paleoecologia da Unirio; Escola de Museologia; Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro. UNIRIO. 2Laboratório de Tafonomia e Paleoecologia da Unirio, Departamento de Ciências Naturais,
Instituto de Biociências; Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. UNIRIO.
[email protected], [email protected]

O Museu Nacional (MN) é reconhecido mundialmente por suas pesquisas, especialmente na área de
Paleontologia. Com 197 anos de existência, os diversos paleontólogos que já trabalharam no museu
realizaram pesquisas científicas variadas, que ficaram registradas na instituição através de
publicações, do acervo e de outros documentos não publicados, além do material que foi utilizado
nas exposições. Este projeto tem como objetivo compreender a contribuição e revelar a participação

22
que o Brasil teve para o desenvolvimento e divulgação dos conceitos científicos relacionados com a
Paleontologia desde o início do século XIX até hoje em dia, tendo como base a contribuição dos
paleontólogos do Museu Nacional. Também foram analisadas as formas de transmissão destes
conhecimentos para o público, através das exposições. Para a realização deste trabalho foram
utilizados os seguintes métodos: levantamento bibliográfico e pesquisa nos arquivos do Setor de
Memória do Museu Nacional (SEMEAR). A pesquisa nos arquivos do SEMEAR forneceu as
seguintes informações: publicações dos pesquisadores, com seus respectivos títulos e assuntos,
solicitação de especialistas para avaliar materiais, material contido na coleção do museu, formas de
aquisição de material, localização de jazigos fossilíferos, sendo alguns deles ainda não publicados,
projetos de exposições, entre outros. Até o momento, os dados encontrados durante a pesquisa são
datados dos anos de 1948-1953 e 1968-1969. Esperava-se encontrar documentos mais antigos,
ainda do século XIX, uma vez que isto estava descrito no caderno informativo com o conteúdo das
caixas. Os resultados obtidos foram muito satisfatórios. Informações sobre o funcionamento do
Departamento de Geologia e Paleontologia do MN, seus pesquisadores, pesquisas desenvolvidas,
exposições realizadas e o processo de formação das coleções nos levaram a compreender melhor o
desenvolvimento da Paleontologia no Brasil. Além de fornecer dados que até então eram
desconhecidos, como a localização e descrição de afloramentos fossilíferos e a participação dos
pesquisadores em projetos e leis sobre a proteção do patrimônio paleontológico. Informações que
eram mais esperadas, como dados sobre a criação e o desenvolvimento das exposições e a formação
das coleções de Geologia e Paleontologia no MN, foram obtidos de forma que superou as
expectativas, devido ao grau de detalhamento dos documentos não publicados que foram
localizados no SEMEAR.

O PASSADO DO PAMPA – A PALEONTOLOGIA COMO FERRAMENTA NA DIVULGAÇÃO


E POPULARIZAÇÃO DAS CIÊNCIAS

CRISTIANE DA ROSA ROSA¹; CAMILA CARVALHO ERNANDES¹; FELIPE LIMA PINHEIRO¹


¹Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA.
[email protected], [email protected], [email protected]

A região da Campanha possui um patrimônio paleontológico de grande relevância cientifica,


embora isso não seja do conhecimento de uma parcela significativa da população regional. Isso se
deve, principalmente, à divulgação científica escassa e fragilidade do ensino da Paleontologia nas
escolas. Como resultado, o contato com o conhecimento paleontológico se dá, quase que
exclusivamente, por intermédio da divulgação midiática, que frequentemente transmite os
conhecimentos de forma sensacionalista e equivocada. Com o objetivo de suprir essas deficiências,
o Laboratório de Paleobiologia da UNIPAMPA promove ações de extensão voltadas à população
de São Gabriel. O projeto consiste na realização de exposições abertas ao público, em praças e
museus, de forma esclarecedora e não formal, além de palestras e atividades práticas com alunos
das escolas do município, realizadas em feiras escolares e visitas ao laboratório. Estas ações
resultam na familiarização da comunidade local com o trabalho da pesquisa paleontológica
desenvolvido na região, principalmente pelo Laboratório de Paleobiologia, com consequência na
valorização do patrimônio fóssil. Além disso, as atividades firmam parcerias entre a comunidade
acadêmica, as escolas e o público em geral. Apesar de as ações de extensão auxiliarem na
disseminação do conhecimento, permanece a carência nos livros didáticos. Sendo assim, em
adição a essas atividades, está sendo desenvolvida uma cartilha informativa ricamente ilustrada,
escrita em linguagem não formal e acessível, voltada para alunos e o público em geral, além de um
material de apoio para uso dos professores da rede básica em sala de aula. A cartilha tem, por
objetivo, suprir a ausência de conteúdos sobre Paleontologia nos livros didáticos. [Programa de
Fomento à Extensão, da Pró-Reitoria de Extensão, UNIPAMPA, edital 42/2016]

23
A EVOLUÇÃO DO PERSONAGEM-TÍTULO EM “O DINOSSAURO QUE FAZIA AU-AU”

L. L. M. F. SALES1; M. H. HESSEL2
1
Doutoranda em Geologia, UFC, Fortaleza. 2Pesquisadora, Fundação Paleontológica Phoenix, Aracaju.
[email protected], [email protected]

O dinossauro que fazia au-au é o primeiro livro infantojuvenil de autor brasileiro, Pedro Bandeira, a
colocar em sua trama um dinossauro. Com suas 28 edições em 30 anos (1983-2013), a obra traz a
história de um menino que tem dinossauro de estimação. O autor articulou com maestria o
conhecimento científico a uma história original, onde o lúdico, a imaginação e a literariedade
convivem em plena harmonia com o mundo da Paleontologia. O livro, utilizado em escolas
brasileiras com fins paradidáticos, introduz conceitos e explica diversos processos geológicos com
palavras acessíveis, além de instigar a discussão sobre temas polêmicos da Paleontologia. As
informações sobre os dinossauros são corretas e permanecem atualizadas depois de muitos anos,
graças às mudanças introduzidas pelo autor, que buscou junto a geólogos e paleontólogos
informações corretas e atualizadas. Entretanto, o dinossauro personagem é descrito como um
terópodo (carnívoro), mas na história é saudavelmente herbívoro! Outro aspecto dinossauriano
abordado é a presença de pegadas, cuja origem e aplicação de seu estudo são corretamente
explicadas, ainda que os ilustradores tenham dado contornos que não correspondem a dinossauros.
Considerando que as histórias lidas pelas crianças as ajudam a adquirir uma visão do mundo,
oferecer dados corretos sobre organismos extintos pode auxiliá-las a ter uma visão holística do
mundo, onde, além da dimensão espacial do momento em que vivem, poderiam somar a dimensão
geológica temporal. Talvez se fosseis e a paleontologia fossem mais presentes nas discussões
escolares, a evolução dos seres vivos poderia ser mais bem assimilada, desde que se adotassem
livros que apresentem corretamente a dinâmica da vida, como O dinossauro que fazia au-au.

CALENDÁRIO DA TERRA: O ENSINO DO TEMPO GEOLÓGICO ATRAVÉS DE ATIVIDADE


LÚDICA

D. C. SANTOS1; A. C. CARVALHO1; F. A. MORAES2; G. MARTINS1; T. S. MARINHO3


1
Instituto de Ciências Exatas, Naturais e Educação, UFTM, MG; 2Laboratório de Investigação em Epilepsia,
Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento, FMRP-USP; 3Centro de Pesquisas Paleontológicas
“Llewellyn Ivor Price”, Complexo Cultural e Científico de Peirópolis, PROEXT, UFTM, MG.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

Estudar a história da Terra e o surgimento e evolução da vida compreende a tentativa de se


reconstituir cerca de 4,6 bilhões de anos. Assim, trabalhar em sala de aula a escala de tempo
geológico exige dos alunos a capacidade de abstração para compreensão da dimensão do tempo,
sendo importante o desenvolvimento de materiais de ensino que possibilitem o aprendizado de
maneira mais lúdica. O presente projeto foi desenvolvido no âmbito da disciplina “Estudos e
Desenvolvimento de Projetos VI”, do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UFTM e
visou desenvolver um calendário dos meses de um ano contendo os éons, eras, períodos geológicos
e épocas do Cenozoico, para melhor comparação entre a escala de tempo geológico e a escala
humana de tempo, mensurável pelos alunos, e mostrando, por exemplo, como o Holoceno é mais
recente em relação às demais divisões de tempo geológico. Este calendário foi calibrado
proporcionalmente entre o calendário Gregoriano e a Escala Internacional de Tempo Geológico. Os
painéis foram desenvolvidos através do software Photoshop CS6, no qual foram inseridos textos
desenvolvidos e imagens encontradas em fontes bibliográficas e internet sobre os principais
acontecimentos de cada divisão do tempo geológico. Cada período formou uma página do
calendário criado, mostrando, por exemplo, que Homo sapiens surge somente às 23 horas e 46
minutos do dia 31 de dezembro deste mesmo calendário. O resultado foi aplicado em duas aulas de

24
uma turma de vinte e cinco alunos do ensino médio de uma escola estadual de Uberaba/MG, onde
os estudantes puderam compreender a grandeza da escala geológica do tempo, analisando as
páginas deste calendário. Este conteúdo foi discutido em sala de aula e os estudantes se mostraram
muito interessados e surpresos com a dimensão do tempo geológico e dos eventos biológicos ao
longo da história da Terra. Esta atividade mostrou-se ser muito importante para trazer a relação de
temas abstratos da geologia e paleontologia para estudantes do Ensino Básico.

O ENSINO DA PALEONTOLOGIA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DA PARAÍBA – NE, BRASIL

D. M. SANTOS; E. S. SOUZA; D. H. OLIVEIRA


Universidade Federal da Paraíba – CCA/DCB
[email protected], [email protected], [email protected]

apesar de não se configurar como disciplina específica para o ensino fundamental e médio, a
paleontologia deve ser vista de forma contextualizada nas disciplinas de ciências e biologia. além
disso, durante o processo de ensino-aprendizado, é importante utilizar os exemplos locais para
facilitar o repasse do conhecimento e preservação do patrimônio paleontológico. este trabalho teve
como objetivo conhecer a concepção dos alunos do ensino fundamental sobre os conteúdos básicos
de paleontologia e evolução, e executar intervenções didáticas para aprimorar os conhecimentos já
existentes e transmitir novas informações. o trabalho foi desenvolvido em um colégio estadual no
município de alagoa nova-pb, com 60 alunos do 7° ano. foi realizado em duas etapas: entrevista e
intervenção didática. a entrevista foi feita através de um questionário semiestruturado, com 10
perguntas. após, foram realizadas as intervenções didáticas, em forma de aulas/oficinas,
desenvolvidas com base nas dificuldades apresentadas pelos alunos. com base nas repostas dos
questionários, percebeu-se que 85% dos alunos não sabiam o que era paleontologia e/ou fósseis e
confundiam com outras ciências, como a arqueologia. além disso, 47% não souberam definir
evolução, e 69% atribuíram o surgimento da vida com base em uma visão criacionista. dos alunos
entrevistados, 91% responderam que nunca visitaram um museu e não souberam citar exemplos de
lugares na paraíba que foram encontrados fósseis. diante de tal situação, foram realizadas
intervenções abordando conceitos básico de paleontologia, valorização do patrimônio fossilífero da
paraíba e noções de biologia evolutiva. após a execução do projeto, foi possível observar que as
intervenções foram importantes para complementar o aprendizado das aulas de ciências e estimular
o conhecimento e a preservação do patrimônio fossilífero da paraíba.

HISTÓRIA GEOLÓGICA DA AMAZÔNIA: CORRELAÇÕES ENTRE AS MUDANÇAS DA


GEODIVERSIDADE E BIODIVERSIDADE AO LONGO DO TEMPO GEOLÓGICO

L. B. M. SANTOS; L. PONCIANO
Laboratório de Tafonomia e Paleoecologia Aplicadas, Departamento de Ciências Naturais, UNIRIO.
Bolsista de IC da UNIRIO.
[email protected], [email protected]

A região Norte do Brasil, especialmente os estados do Pará, Amazonas e Acre, são conhecidos pela
riqueza da floresta amazônica e por sua imensa bacia fluvial, porém o momento da origem e as
causas evolutivas dessa diversidade biológica, e as suas correlações com os eventos geológicos,
ainda são questões de debate. As bacias sedimentares da região amazônica apresentam registros
fossilíferos das três Eras, possibilitando a compreensão do desenvolvimento desta região desde o
Ordoviciano. Há evidências de transgressões marinhas, glaciações, mudanças de temperatura, do
nível do mar e da composição atmosférica, além de uma imensa variedade de fósseis que são
encontrados na região amazônica. As sequências sedimentares onde estes fósseis ocorrem ilustram
paleoambientes muito distintos, que costumam ser analisados de forma aprofundada, porém isolada

25
e muito restrita, de acordo com a área de especialização dos pesquisadores. No presente estudo os
dados geológicos e paleontológicos sobre a Bacia do Amazonas foram correlacionados, a fim de
reconstituir os principais eventos e mudanças paleoambientais que influenciaram na evolução da
biodiversidade da região, do período Devoniano até o Pleistoceno. A partir dos resultados
encontrados, foi feita uma compilação do Histórico Geológico da Amazônia aprofundando nas
faixas de tempo Devoniano – Carbonífero, Cretáceo – Paleogeno e Pleistoceno – Holoceno. O
levantamento da História Geológica permite além de uma compreensão como ocorreu a evolução
dos paleoambientes devidos às mudanças geológicas assim como a identificação de áreas pouco
exploradas. Essas lacunas podem ser preenchidas pelo aprofundamento das correlações levantadas
aqui, entre subáreas ou entre bacias. Didaticamente é um recurso para trabalhar noções de espaço e
tempo, ampliando a compreensão sobre as dinâmicas interna e externa da Terra. As Geociências
contam a história da formação do nosso planeta pela vertente científica. Enquanto os mitos, mesmo
considerando a inerente liberdade criativa e poética, muitas destas histórias foram baseadas direta
ou indiretamente em fenômenos naturais além de questões que envolvem a evolução dos seres vivos
e a nossa relação com vários outros elementos da Natureza. A fim de ampliar a divulgação e
popularização dos conhecimentos científicos, os resultados obtidos nesta pesquisa foram
transformados em narrativas, baseadas em histórias orais associadas com a região amazônica. como
os mitos da Cobra Grande, Mapinguari e Monte Roraima, Origem dos Diamante. O acervo de
narrativas orais utilizado foi o do projeto “O imaginário nas formas narrativas orais populares da
Amazônia paraense” da Universidade Federal do Pará-UFPA.

INVERTEBRADOS DA BACIA DO AMAZONAS: DIVULGAÇÃO DA PALEOFAUNA


DEVONIANA ATRAVÉS DO SABOR MAECURU

L. B. M. SANTOS; B. M. HÖRMANSEDER; L. F. SANTOS; D. O. ARAUJO; M. L. O. C. LOPES; G. F. P. LEME; L.


PONCIANO
Laboratório de Tafonomia e Paleoecologia Aplicadas, Departamento de Ciências Naturais, UNIRIO.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]

O presente estudo tem como objetivo divulgar os dados compilados sobre o Ordoviciano -
Devoniano da Bacia do Amazonas através da narrativa "A Boleira do Maecuru" entrelaçando as
Geociências com a cultura local. A elaboração desta história faz parte do projeto "A História
Geológica da Amazônia". A narrativa em questão representa o início do registro fossilífero da Bacia
do Amazonas, com os invertebrados da Formação Maecuru, do período Devoniano. A narrativa
conta a vida de uma confeiteira conhecida por Dona Boleira, que vive na capital do Pará, mas sua
infância foi próxima ao Rio Maecuru, um dos afluentes do Rio Amazonas, perto da cidade de Monte
Alegre. Seus bolos são inspirados em faunas extintas e nos paleoambientes que existiram na região.
Um dia a Dona Boleira chamou todas as crianças da vizinhança para a sua cozinha, pois iria fazer
um bolo especial, com o novo recheio sabor "Maecuru", em homenagem aos fósseis que ela
conheceu na infância. Ao longo da história, enquanto a Dona Boleira faz o bolo, também explica
para as crianças como era esse ambiente durante o Devoniano, quando o mar invadiu o continente,
assim como a fauna de invertebrados que existia naquela época, comparando-os com os doces. A
produção do recheio sabor "Maecuru" explica o processo de fossilização, assim como a confecção
do bolo faz uma comparação com as deposições das camadas de sedimentos, que darão origem às
rochas sedimentares. Para ilustrar essas correlações, a contação da história utiliza o recurso de
camadas do bolo em isopor. Sendo cada camada a representação das rochas de uma das formações
da Bacia do Amazonas. O recheio sabor "Maecuru" será composto por grãos de açúcar refinado e
orgânico, para representar a sedimentologia da Formação Maecuru, com arenitos finos e grossos.
Entre os grãos de açúcar estarão chocolates no formato dos fósseis, representando a fauna
característica, composta por três braquiópodes: Mucrospirifer katzeri (KATZER,

26
1903),“Schuchertella” agassizi (HARTT, 1874) e “Amphigenia elongata” (VANUXEM, 1842);
três biválvios: Ptychopteria (Actinopteria) eschwegei (CLARKE, 1899), “Modiomorpha” sellowi
(CLARKE, 1899) e Sanguinolites karsteni (CLARKE, 1899); um trilobita: “Palpebrops” goeldii
(KARTZER, 1903) e um crinóide. Esta narrativa fará parte do repertório do grupo do projeto de
extensão da UNIRIO: "Geociências nas poéticas orais: pelo reencantamento do e com o mundo",
conhecido por GeoTales.

PALEONTOLOGIA CULTURAL: UMA ANÁLISE SOBRE FÓSSEIS E MONSTROS DA


AMAZÔNIA – O MAPINGUARI

L. B. M. SANTOS; B. M. HÖRMANSEDER; L. F. SANTOS; D. O. ARAUJO; M. L. O. C. LOPES; G. F. P. LEME; L;


PONCIANO
Laboratório de Tafonomia e Paleoecologia Aplicadas, Departamento de Ciências Naturais, UNIRIO.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]

A existência de um monstro conhecido como Mapinguari é amplamente registrada em inúmeras


localidades na Amazônia, nas populações indígenas e não indígenas, especialmente nos Estados de
Rondônia, Amazonas, Acre e Pará. De acordo com as descrições existentes do Mapinguari, ele pode
ser correlacionado com um tipo de animal extinto (preguiças gigantes). Essas informações sobre o
Mapinguari podem ter chegado até os dias atuais através das narrativas orais, mas a sua origem
também pode estar associada com a descoberta de fósseis destes animais enormes pelos povos
indígenas da região. Animais da megafauna habitaram a região meridional do continente americano
do Peru à Argentina até o final do Pleistoceno. A partir de correlações com os dados morfológicos
dos fósseis de preguiças gigantes, foi elaborada uma nova versão desta lenda indígena da Amazônia,
realçando as suas correlações com os fósseis encontrados na região. A Paleontologia Cultural, assim
como a Geomitologia, são áreas de pesquisa ainda pouco exploradas no Brasil, mas com amplas
possibilidades de uso no ensino e na divulgação científica. Esta narrativa sobre o Mapinguari foi
criada para compor o repertório do grupo denominado GeoTales, associado com projeto de extensão
da UNIRIO "Geociências nas poéticas orais: pelo reencantamento do e com o mundo".

O ACERVO PALEONTOLÓGICO DO MUSEU ANCHIETA DE CIÊNCIAS NATURAIS

LUÍSA MENEZES DA SILVEIRA¹,²


¹Seção de Paleontologia, Museu Anchieta de Ciências Naturais; ²UFRGS.
[email protected]

O Museu Anchieta de Ciências Naturais abriga diversas coleções científicas para fins didáticos e de
pesquisa, caracterizando-se como um museu privado de caráter científico vinculado a um ambiente
escolar. Dedicado ao estudo e ensino da ciência, promove a sua divulgação através de exposições,
cursos e oficinas destinadas a alunos e professores da comunidade escolar. Atualmente as coleções
do Museu estão em processo de informatização com o objetivo de gerar um valioso banco de dados
com informações a respeito da diversidade e distribuição dos organismos. Esse banco de dados será
disponibilizado on-line através do sistema species Link facilitando a consulta de outros
pesquisadores à coleção desejada. Dentre essas, encontra-se a Coleção de Paleontologia, que
consiste em 1245 lotes contendo exemplares procedentes do Brasil, majoritariamente, e de coleções
estrangeiras. Até o momento, 364 espécimes dessa coleção foram fotografados e informatizados,
incluindo vertebrados, invertebrados e vegetais. A informatização faz parte do processo de curadoria
desta coleção, que consiste também na limpeza, identificação, catalogação e adequado
armazenamento dos espécimes. Observa-se no acervo uma grande diversidade e representatividade
de animais e plantas que viveram durante as eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica. Os fósseis de
vegetais provêm principalmente da Alemanha e da região Sul do Brasil. Entre os invertebrados

27
figuram os foraminíferos, cnidários, artrópodes, briozoários, braquiópodes, anelídeos, moluscos
(bivalves, gastrópodes e cefalópodes) e equinodermos. A maioria desses espécimes foram coletados
no Sul do Brasil e também em países europeus como Alemanha, Áustria, França e Itália. Entre os
vertebrados predominam fósseis coletados no Brasil, como mesossauros do Paraná, rincossauros do
Rio Grande do Sul, peixes da Chapada do Araripe e mamíferos do Rio Grande do Sul, que viveram
durante os períodos Permiano, Triássico, Cretáceo e Quaternário, respectivamente. Além desses
materiais, encontram-se também elementos fósseis de vertebrados provenientes de países europeus
e dos EUA, como dentes de tubarão. Dentre os materiais coletados no RS encontra-se o holótipo do
gênero Cerritosaurus, que até então é o único exemplar já coletado para esse táxon. Os exemplares
do acervo com maior destaque compõem a exposição permanente do Museu Anchieta, como um
esqueleto quase completo do rincossauro Hyperodapedon sp., o peixe fóssil da Chapada do Araripe
Vinctifer comptoni e ossos da preguiça-gigante Megatherium sp., coletados no Rio Grande do Sul.

ASPECTOS DIDÁTICOS E METODOLÓGICOS DA EXPOSIÇÃO ITINERANTE


"DINOSSAUROS DO BRASIL CENTRAL"

A. L. SOUZA JÚNIOR1; N. T. PEREIRA E MELO1; T. C. DIAS1; H. BAMPI1; M. M. N. GOMES1; A. A.


CARVALHO2; D. C. MARTINS2; C. R. A. CANDEIRO1
1
Laboratório de Paleontologia e Evolução, curso de Geologia, Faculdade de Ciências e Tecnologia, campus Aparecida
de Goiânia, Universidade Federal de Goiás, GO; 2Museu Antropológico, campus Colemar Natal e Silva, Universidade
Federal de Goiás, GO.
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

O estudo dos fósseis é um assunto que desperta curiosidade em crianças, adolescentes e adultos, e
um ótimo exemplo deste fenômeno são os dinossauros: estrelas de exposições de museus,
programas de TV, seriados, filmes de ficção científica e documentários. Toda esta exibição torna a
paleontologia e os dinossauros ótimas temáticas de divulgação científica em espaços de educação
não formal. Neste sentido, o Laboratório de Paleontologia e Evolução do Curso de Geologia da
Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás elaborou a Exposição
“Dinossauros do Brasil Central” com o objetivo principal de divulgar conhecimentos sobre
paleontologia e os dinossauros. Este trabalho tem como meta realizar uma análise didática e
metodológica da Exposição “Dinossauros do Brasil Central”. Os assuntos abordados relacionados
com a paleontologia e as geociências foram: I - Tempo Geológico; II – definição de dinossauro; III
– saurópodes; IV – terópodes; V – extinção dos dinossauros e; VI – a paleontologia e o
paleontólogo. Em relação às expectativas de aprendizagem, esperou-se que os visitantes da
exposição pudessem: I – compreender o tempo geológico da Terra e a evolução biológica que
ocorreu no decorrer deste tempo. II – entender o que é um dinossauro; III - reconhecer as principais
diferenças entre saurópodes e terópodes e; IV – conhecer quais são as possíveis causas que levaram
à extinção dos dinossauros. Os recursos utilizados foram: I - banners informativos sobre os assuntos
abordados II - totens multimídias com apresentações sobre a paleontologia e a profissão do
paleontólogo; III – exposição de espécimes, originais e réplicas de dinossauros do Brasil Central e;
IV – área interativa/lúdica, onde os visitantes tinham contato físico com réplicas e também podiam
comparar sua altura com a de um Velociraptor mongoliensis. Quanto à visitação, os estudantes
foram recepcionados em um ambiente externo à exposição, sendo ali “iniciados” nos temas da
mesma. Após este momento, foram conduzidos pela exposição por técnicos e estagiários do museu.
Nesta perspectiva, a exposição foi estruturada de forma intencional e com uma determinada
organização do processo de construção do conhecimento, de modo que os visitantes, especialmente
estudantes do ensino básico, tivessem uma diversidade de atividades com propriedade analítica,
crítica e criadora. Pode-se concluir que a exposição desempenhou seu principal objetivo, que foi o
de realizar a divulgação e formação científica de forma lúdica e informativa, estreitando relações

28
com o ensino formal. [PIBIC/CNPq; Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da
Universidade Federal de Goiás]

PRESERVAÇÃO DE FÓSSEIS NO GEOSSÍTIO CAIEIRA – UBERABA/MG: UMA


ABORDAGEM DE ENSINO

E. D. THOMAZ; F. C. PIRES; I. ANDRADE; T. SANTANA; T. SANTOS; L. MELO


Centro Universitário de Belo Horizonte (Unibh).
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]

O trabalho faz parte da abordagem de ensino dos alunos do terceiro período do curso de geologia do
Unibh, com tema principal A Origem da Vida. O enfoque dessa abordagem é iniciar os alunos na
pesquisa bibliográfica e de campo, em subtemas por eles escolhidos. O trabalho se propôs a analisar
e compreender a preservação dos fósseis do Geossítio Caiera, localizado no município de Uberaba,
bairro Peirópolis, sendo um importante complexo cultural e cientifico. O Geossítio Caiera, contem
grande diversidade de táxon, sendo considerado um dos mais importantes geossítios de ocorrência
de vertebrados do Cretáceo continental brasileiro. Esse estudo objetiva caracterizar as rochas e
compreender a preservação dos fosseis no Geossitio Caieira, identificando os processos de
preservação dos fósseis e os tipos de rochas no qual os fósseis foram preservados. A pesquisa
bibliográfica focou na descrição da geologia local e caracterização paleontológica do Geossítio
Caieira. No trabalho de campo utilizou-se de carta topográfica e mapa geológico, além de uma
planilha para coleta de dados em campo, elaborada pelo grupo de pesquisa. O afloramento descrito
é de um arenito com estrutura plano-paralela, de granulação fina, coloração esbranquiçada, grãos
bem selecionados, com alta esfericidade, arredondados a subarredondados. Arcabouço constituído
por quartzo, matriz composta por feldspatos argilizados e fragmentos líticos de argilito e siltito,
cimentação carbonática. Nesse local, já foram encontradas oito espécies fósseis de dinossauros.
Segundo a literatura, o geossítio se formou em depósitos de dunas eólicas e leques aluviais em
paleoambiente desértico. A preservação de diversos fósseis em rochas areníticas se deu
especialmente pela possibilidade de percolação de fluidos ricos em carbonato de cálcio pelos poros
da rocha, possibilitando assim a cimentação e compactação, favorecendo a conservação dos
organismos fósseis no local. A relação entre a preservação dos fosseis e a geologia demonstra a
variação dos paleoambientes que passaram por modificações constantes. Esta pesquisa é relevante
ao associar essa relação para assim, compreender os processos sedimentares e paleoambientais
envolvidos na formação e conservação dos geossítios, sendo relevante no âmbito de pesquisa
acadêmica, e levando conhecimento a sociedade, mostrando a importância de preservação dos
patrimônios naturais.

OBSERVAÇÃO DE UM GRUPO DE PALEONTÓLOGOS DURANTE UM TRABALHO DE


CAMPO

DILSON VARGAS-PEIXOTO¹
¹UFSM.
[email protected]

Métodos de coletas de dados estão disponíveis mediante a publicação de artigos científicos, apesar
dos trabalhos de campo geralmente não serem mencionados. Assim, há carência de informações de
como os métodos foram praticados, como fatores ambientais influenciaram o pesquisador e quais
relações tinha com a equipe. Este resumo parte da observação de um grupo de oito paleontólogos (5
graduandos, 2 técnicos e 1 paleontólogo responsável) no Sítio Fossilífero Cerro da Alemoa, Santa
Maria, RS, durante o dia 10/09/2016, perfazendo 10 horas de observação. Descreve as atividades de

29
campo, o procedimento real dos paleontólogos frente aos fósseis e com eles mesmos, de forma a
deixar registrado seu modus operandi, contribuindo para o entendimento do comportamento
humano e para a criação de fontes sobre o ser paleontólogo. O método usado foi observação-
participativa, onde o observador se insere no grupo de estudo e participa com ele. As observações
foram gravadas em áudio, contando também com anotações e registro fotográfico. Mediante
achados considerados de importância, o grupo dividiu-se em três subgrupos (sg). O sg1 permaneceu
na ravina leste; o sg2 permaneceu em uma das ravinas centrais e o sg3 trabalhou em uma das
ravinas ocidentais, porção inferior. Os indivíduos “vagavam” de um subgrupo para outro afim de
auxiliar os colegas, pegar material ou observar o avanço dos trabalhos. O paleontólogo responsável
também se deslocava entre os subgrupos, orientando sobre a escavação. Apenas três indivíduos do
sg3 e um do sg1 não trocaram de subgrupos. Devido a importância de dois achados (um deles de
campo passado), formaram-se quatro subgrupos. Além disso, os membros fixos do sg3 se
deslocaram para uma das ravinas centrais, porção superior, onde passou o resto do dia, conforme
solicitado. Ao som de música e após pausas para lanche e descanso, foram coletados dois blocos
contendo fósseis (pertencentes aos sg2 e sg4). As descrições dos trabalhos de campo são
importantes para registro da organização e socialização dos paleontólogos, podendo consistir,
futuramente, em fonte primária de pesquisa sobre a coletas de fósseis, contribuindo na construção
da história da paleontologia. Também, pode servir para desconstruir o estereótipo de paleontólogo
que a sociedade possa ter.

30
ACERVOS / GEOCONSERVAÇÃO

LOCALIDADES FOSSILÍFERAS NA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO-MG:


GEOSSÍTIOS POTENCIAIS PARA A PRÁTICA DO GEOTURISMO?

L. C. M. BENTO1; S. C. RODRIGUES2
1
Curso de Geografia, FACIP-UFU, Ituiutaba, MG; 2Instituto de Geografia, UFU, Uberlândia, MG.
[email protected], [email protected]

Este resumo equivale a um dos resultados obtidos na pesquisa de pós-doutorado do autor principal,
intitulada “GEODIVERSIDADE DO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA: Uma
proposta de catalogação, valorização e divulgação”. O objetivo, aqui, é refletir sobre o potencial dos
sítios fossilíferos para a prática do geoturismo e, para tanto, a metodologia empregada envolveu o
aprofundamento teórico sobre a temática estudada, dividindo-se em dois eixos principais, a saber: i-
aspectos geológicos da área de estudo e ii- conceitos e metodologias relacionadas a temática da
geodiversidade, geopatrimônio, geoturismo e geoconservação. Os resultados obtidos sinalizam que
a região do Triângulo Mineiro está inserida no Domínio Morfoestrutural Província Sedimentar
Meridional, na Bacia Bauru, dividida nos seguintes grupos Caiuá e Bauru, este último apresentando,
nessa região, três formações: Marília, Uberaba e Vale do Rio do Peixe. As localidades fossilíferas
são encontradas em municípios diversos dessa mesorregião, tais como Iturama, Gurinhatã, Campina
Verde, Monte Alegre, Prata, Uberlândia, Uberaba, Veríssimo e Capinópolis, justamente no Grupo
Bauru. Os sedimentos desse grupo são finos a médios e dispostos em camadas tabulares e
lenticulares, muitos de ambiente continental fluvio-lacustre, locais que devido à presença de água
foram tanto mais favoráveis à vida como para a preservação dos fósseis. Das formações desse grupo
destacam-se os arenitos da Formação Marília que, do ponto de vista paleontológico é uma das mais
importantes unidades fossilíferas do Grupo Bauru e do Cretáceo Superior da América do Sul. Os
fósseis aqui encontrados foram conservados num contexto paleoambiental de arenitos com níveis de
paleossolo fortemente bioturbados, os quais foram depositados em inundações repentinas em
planícies aluviais após longas secas, refletindo as oscilações climáticas da época. Outro aspecto
levantado é que, justamente por conta dessas inundações, os ambientes deposicionais são de alta
energia, fazendo com que os fósseis estejam desarticulados e fragmentados. Pode-se depreender que
os fósseis fazem parte da geodiversidade e têm um papel muito importante, pois, sejam restos
vegetais ou animais, são preservados por processos geológicos que nos permitem entender como a
vida e o planeta Terra evoluiu. Nesse sentido, esses locais apresentam grande potencial para a
prática do geoturismo, uma vez que este prima por uma visitação que integre contemplação e o
entendimento da geodiversidade numa perspectiva de valorização e divulgação dessa vertente
abiótica da natureza. [PNPD/CAPES 2014-2015]

IMPORTÂNCIA DA COLEÇÃO DE FÓSSEIS DO LABORATÓRIO DE


ZOOLOGIA/PALEONTOLOGIA CCA/UFPB NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

D. B. BÉRGAMO; J. N. L. LACERDA; D. H. DE OLIVEIRA


Universidade Federal da Paraíba – CCA/DCB/UFPB.
[email protected], [email protected], [email protected]

As coleções científicas/didáticas no âmbito educacional desempenham um importante papel na


aprendizagem dos alunos, pois é um método eficaz de ensino que utiliza do contato direto do aluno
com o material em estudo. No ensino da Paleontologia o uso dessa técnica é demasiadamente
importante, pois permite ao estudante conhecer, na prática, os fósseis quanto a sua formação,
identificação e classificação. O objetivo deste trabalho consiste em evidenciar a importância da

31
coleção de fósseis do Departamento de Ciências Biológicas CCA/UFPB, na divulgação e
preservação do patrimônio fossilífero e no processo de ensino/aprendizado dos assuntos
correlacionados às ciências biológicas. Para a realização deste trabalho, procedeu-se a limpeza,
organização e catalogação dos fósseis, resultando em um banco de dados digital para consultas ao
acervo. A coleção didática é composta por micro e macrofósseis oriundos das principais bacias
sedimentares do Nordeste (Pernambuco-Paraíba, Araripe, Bacia Boa vista, Bacia Rio do Peixe, etc.)
e de depósito de tanques da Paraíba. Os fósseis são de idade paleozoica, mesozoica e cenozoica e
procedem de coletas de campo, projetos de pesquisa e doações. No total são estimados 237 espécies
de microfósseis (85% foraminíferos e 15% pólens/esporos) e 187 espécimes de macrofósseis: 16%
invertebrados (moluscos e artrópodes), 30% vertebrados (megafauna e peixes), 17% vegetais, 24%
icnofósseis e 13% pseudofósseis. A coleção desempenha um importante papel, sendo utilizada em
aulas práticas e exposições, levando aos alunos e população local, conhecimento sobre
paleontologia, educação e preservação do patrimônio fossilífero.

COLEÇÃO DE INVERTEBRADOS FÓSSEIS DO LABORATÓRIO DE GEOCIÊNCIAS E


PALEONTOLOGIA DA UFPI, CAMPUS DE FLORIANO

L. R. COSTA E SILVA; T. M. PEREIRA; D. C. FORTIER; A. E. Q. FIGUEIREDO


Universidade Federal do Piauí, Campus Amílcar Ferreira Sobral, Laboratório de Geociências e Paleontologia –
UFPI/CAFS.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

As Bacias do Parnaíba, essencialmente Paleozóica; Araripe formada por arenitos e folhelhos, ricos em
ostracodes e nódulos calcários com vertebrados fósseis e Iguatu com sedimentos que variam entre
conglomerados, arenitos, siltitos e folhelhos, apresentam sequências sedimentares distintas e possuem
ampla variedade de icnofósseis, fósseis de invertebrados, vertebrados e vegetais. Os invertebrados fósseis
estão representados praticamente em todos esses depósitos, sendo o grupo mais favorável para
caracterizar os paleoambientes, dada sua grande diversidade. Este trabalho tem por objetivo a
identificação e caracterização do acervo de fósseis invertebrados presentes na Coleção do Laboratório de
Geociências e Paleontologia da UFPI/CAFS. Todos os exemplares foram coletados pelos discentes da
disciplina de Paleontologia durante aulas de campo nos municípios de Picos- PI, Caldeirão Grande-PI,
Simões-PI, Nova Olinda-CE e Iguatu-CE. A coleção consiste principalmente de insetos das ordens
Odonata, Ephemeroptera, Blattaria, Heteroptera e Coleoptera (Formação Santana); icnofósseis de
invertebrados (Forms. Cabeças/Pimenteira); ostracodes (Form. Santana/Iguatu). Os fósseis de insetos
encontram-se em excelente grau de preservação, alguns com parte e contraparte. Os ostracodes estão em
grande parte associados a fósseis de vertebrados (peixes). Enquanto os icnofósseis, destacam-se dos
demais pela riqueza de gêneros identificados: Lockeia, Planolites, Chondrites, Cruziana e Bifungites.
Após a identificação foi possível perceber que a quantidade de organismos que já foi e pode ser
encontrada, é bem rico e diverso, tornando essa coleção uma referência para futuros estudos. [BIAMA]

QUANTIFICAÇÃO DA GEODIVERSIDADE COMO ESTRATÉGIA DE GEOCONSERVAÇÃO


NO GEOPARK ARARIPE

LÚCIA HELENA DE SOUZA ELEUTÉRIO*; JULIANA MANSO SAYÃO**

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Campus Vitória de Santo Antão.


[email protected], [email protected]

A alta Geodiversidade tem sido associada às áreas de grande interesse econômico, contribuindo para
a degradação dos georecursos. Com o crescente dano ambiental, indicadores da Geodiversidade têm
sido utilizados para classificar os valores do Patrimônio Geológico. A avaliação quantitativa
confirma a riqueza da área em termos de diversidade abiótica prioritárias para Geoconservação. Foi

32
realizado o levantamento da Geodiversidade dos municípios no Geopark Araripe, verificando seu
potencial na conservação ambiental. A quantificação Individual do Índice de Geodiversidade (IG)
incluiu aspectos Geológicos, Geomorfológicos, Paleontológicos, de Recursos Minerais e dos Solos.
Foi utilizada a escala de 1:300.000 com grades de 5 km², obtendo-se valores entre 3 e 21 em 171
quadrículas. A Geodiversidade foi organizada em classes: muito baixa (<5), baixa (6-8), média (9-
11), alta (12-14) e muito alta (>15). Observou-se que o IG muito baixo foi predominante no topo da
Chapada do Araripe, destacando-se a Formação Exu, que é afossilífera, de baixa drenagem
superficial e poucos minerais. Os maiores IG estão próximos aos Geossítios Pedra Cariri e Parque
dos Pterossauros, nos municípios de Santana do Cariri e Nova Olinda, nos limites estruturais e de
alto valor paleontológico. A geomorfologia e geologia condicionam as áreas de alto IG. Os recursos
minerais encontram-se nas áreas de maior IG, degradação ambiental e aglomeração urbana. O mapa
da Geodiversidade proporcionou a visualização quantitativa das áreas de maior interesse para
Geoconservação, planejamento urbano e manutenção da biodiversidade no Cariri. Foi verificado
que o Geopark Araripe não está desacelerando a exploração de algumas das áreas de interesse
geológico. [*FACEPE proc. IBPG-0419-9.05/16; **CNPq MCTI/CNPQ/Universal proc.
458164/2014-3]

O MUSEU DE GEOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ: SUA HISTÓRIA E


ACERVO

W. M. K. MATSUMURA*; M. A. F. FERREIRA
Departamento de Biologia, Centro de Ciências da Natureza, UFPI, Teresina, PI, Brasil.
[email protected], [email protected]

O presente trabalho objetiva resgatar a importância histórica do Museu de Geologia (MGeo) do


Departamento de Biologia da Universidade Federal do Piauí. A idealização e implantação do MGeo no
ano de 1978 pelos geólogos Wilson Martins de Souza, Ordônio Moita Filho, João Albino Fonseca Rocha
(in memoriam) e Marco Antônio Fonseca Ferreira. No início, o MGeo foi utilizado principalmente para
atender as aulas práticas de Mineralogia, Geologia e Paleontologia, dos cursos de graduação em Biologia
e Química. O acervo existente acumula amostras de minerais diversos, rochas cristalinas, estas
representadas por suítes graníticas e basálticas, tais como, granitos, granodioritos, monzonitos, sienitos e
seus correspondentes vulcânicos. Dentre as rochas metamórficas citam-se exemplares como mármores,
filitos, gnaisses e hornfelses, todas pertencentes à Província Petrográfica da Bacia de Jaibaras (CE). Estão
presentes também sedimentos e rochas sedimentares diversas, bem como exemplares fósseis de
invertebrados, vertebrados e plantas provenientes de diversas regiões do nordeste brasileiro. Apesar de
embrionário, o MGeo tem sido amplamente útil e indispensável para as atividades de ensino e extensão
do curso de Ciências Biológicas, uma vez que apresenta boa representatividade da geodiversidade
regional. Os projetos de ampliação, organização, manutenção e gerenciamento do acervo no MGeo
objetivam fomentar o desenvolvimento de pesquisas nas áreas de Geologia e Paleontologia em um estado
que possui 85% de sua superfície encravada em terreno sedimentar. [*CNPq 141979/2011-9]

OS PRIMEIROS LABORATÓRIOS DE PALEONTOLOGIA DA PETROBRAS NA DÉCADA DE


1950

DRIELLI PEYERL1, ELVIO PINTO BOSETTI2


1
IG, UNICAMP, Campinas, SP, Brasil; 2DEGEO, UEPG, Ponta Grossa, PR, Brasil.
[email protected], [email protected]

A formação dos primeiros grupos referente aos estudos paleontológicos voltados para as pesquisas
petrolíferas iniciou-se durante o Conselho Nacional do Petróleo (1938). A necessidade e novos avanços
nos estudos de Macropaleontologia e Micropaleontologia na prospecção de petróleo ganharam força com

33
a criação da Petrobras (1953). Primeiramente, a Petrobras estabeleceu três laboratórios de paleontologia
regionais no país, nos municípios de: Belém (PA), Ponta Grossa (PR) e Salvador (BA); os quais se
destinavam a exploração e pesquisa de regiões petrolíferas no Brasil. Num primeiro momento, o
Laboratório de Paleontologia (Belém), incumbe-se da análise das amostras da Bacia do Amazonas,
destacando o trabalho realizado por Setembrino Petri, o qual estudou os foraminíferos da Bacia
Amazônica e do Marajó. Num segundo momento, com a instalação do Departamento de Exploração da
Bacia Sedimentar do Paraná – DEBSP (posteriormente, chamado DESUL), em Ponta Grossa, destinou-
se parte do Departamento para a constituição de um Laboratório de Paleontologia. As condições iniciais
eram precárias, visto não ter qualquer instrumento, aparelho ou mesmo produto químico a disposição.
Tendo também uma deficiência de aparelhamento para fracionar rochas e para a confecção de lâminas
delgadas, e ainda de uma indispensável literatura especializada para análise do material. Destaca-se que
com o decorrer do tempo, este laboratório começou a receber e analisar amostras paleontológicas de todo
o Brasil. A principal atividade do órgão concentrava-se no exame de amostras para a identificação dos
topos das zonas, com apoio às perfurações exploratórias. Apesar das dificuldades do período, o
paleontólogo Frederico Waldemar Lange (1911-1988) desenvolveu as primeiras correlações
bioestratigráficas no Paleozóico da Bacia do Paraná. Sob direção de Lange, o DESUL passou a
desenvolver os primeiros estudos de microfósseis a partir de 1955, principalmente dos quitinozoários.
Num terceiro momento, a criação do Laboratório de Paleontologia de Salvador ocorreu, em decorrência
das pesquisas exploratórias na bacia do Recôncavo/Tucano - devido a descoberta de petróleo em 1939 –
destacando aos estudos de microfósseis. Dessa forma, o resumo evidencia a importância da criação de
núcleos/laboratórios de estudos paleontológicos por uma companhia como a Petrobras, consolidando e
contribuindo assim, para o desenvolvimento e avanço na área. [FAPESP 2014/06843-2 – CNPq
311483/2014-3].

THE QUALITATIVE VALUATION OF THE LAJEDO DO ROSÁRIO GEOSITE, RIO GRANDE


DO NORTE STATE, BRAZIL

L. H. M. SILVA1*; F. H. S. BARBOSA2**; M. A. L. NASCIMENTO3; M. F. C. F. SANTOS 4


1
UERJ, Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã, 20550-900, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2UFRJ, Av. Athos da Silveira
Ramos, Cidade Universitário, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 3UFRN, Campus Universitário S/N, Lagoa
Nova, Caixa Postal 1678, 59078-970 Natal, RN, Brasil, 4MCC/UFRN, Av. Hermes da Fonseca, 1398, Tirol, 59020-650,
Natal, RN, Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

The Lajedo do Rosário Geosite (LRG) is a karstified limestone outcrop (0.72 Km 2), located in Felipe
Guerra municipality, Rio Grande do Norte State, Brazil (05º 33’ 42.50” S; 37º 39 38.70” W). It presents
several geological elements underexplored from the point of view of geodiversity. Herein we perform a
study of qualitative valuation of LRG geodiversity. The method applied consisted in the identification of
32 sub-values, grouped into six main values (intrinsic, cultural, aesthetic, economic, functional and
research/education). We identified fourteen values, including: intrinsic, sense of place, landscape, leisure
activities, remote appreciation, soil, energy, fossils, storage/recycling, pollution control, water chemistry,
soil functions, geosystem function, ecosystem function and education/training. The site self-existence
applies the intrinsic value. The cultural value exists because LRG is a landmark for the communities. The
aesthetic value refers to the pleasure the landscape offers to the viewer and the amount of disclosure by
the media. The economic value is present mainly because of the presence of oil under the sealant
limestone. The functional value is applied due to the water cycle present in the phreatic, mixed, and
vadose zones into the caves and by the soil, as support to the vegetation. The research/education value is
applied because of the fossil findings (Quaternary vertebrates) and the continuous research developed in
the karst and caves of the geosite. This work shows thenecessity of conservation (due to oil explorations)
and sustainable use (e.g. Geoturism) of the LRG since it has a relevant educational potential in
speleology, structural geology, and paleontology. [*Bolsista FAPERJ; **Bolsista CNPq]

34
FÓSSEIS DA FORMAÇÃO JANDAÍRA: DO CRETÁCEO DA BACIA POTIGUAR PARA O
MUSEU DO AMANHÃ

M. A. R. POLCK1; H. I. ARAÚJO-JÚNIOR2; M. A. M. MEDEIROS3; M. A. S. MONTEIRO1


1
Divisão de Desenvolvimento da Mineração, Departamento Nacional de Produção Mineral/RJ, Rio de Janeiro, RJ.
2
Departamento de Estratigrafia e Paleontologia, Faculdade de Geologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro, RJ. 3PETROBRAS, Rio de Janeiro, RJ.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

O Museu do Amanhã foi inaugurado pela Prefeitura do Rio de Janeiro com o objetivo de promover
uma reflexão sobre o futuro da humanidade. Por sua exposição, arquitetura e localização, tornou-se
um dos mais novos pontos turísticos da cidade. Também se destaca por constituir um ponto de
interesse geopaleontológico em pleno Centro Histórico do Rio de Janeiro. As lajes calcárias que
revestem seu piso provêm de um afloramento da Formação Jandaíra (Cretáceo Superior; Bacia
Potiguar), no município de Tabuleiro do Norte (Ceará). Este trabalho apresenta um estudo dos
fósseis presentes no revestimento do Museu do Amanhã e de aspectos taxonômicos, icnológicos e
sedimentológicos observados in loco no afloramento explorado para a retirada do calcário. A
localidade estudada está inserida na área de exploração da Mineração Agreste Ltda. e atualmente se
encontra desativada. O estudo taxonômico permitiu a atribuição dos mesmos ao gênero
Plesioptygmatis sp. (Gastropoda, Nerineidae). Em campo, também foram observados espécimes
pertencentes a diferentes espécies de Bivalvia. Tanto os gastrópodes quanto os biválvios estão
substituídos e, por vezes, recristalizados. Diferentes litofácies estão representadas, porém os fósseis
ocorrem abundantemente em calcarenitos de cor ocre e minoritariamente em calcilutitos de cor
bege. Icnofósseis atribuídos a Skolithos e Thalassinoides também são observados nos níveis de
calcarenito. As litofácies observadas e a composição faunística e icnológica do afloramento indicam
um ambiente marinho raso instalado no contexto da transgressão marinha durante o Cretáceo Final
na Bacia Potiguar. Este estudo contribui para a divulgação e ensino da Paleontologia, além de
possibilitar o geoturismo urbano.

35
PALINOLOGIA / MICROPALEONTOLOGIA / MICROBIALITOS

ANÁLISE DOS FORAMINÍFEROS RECENTES DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE


PERNAMBUCO, NE, BRASIL
1
E. M. M. DE AZEVEDO, 1D. H. DE OLIVEIRA, 2L. R. DA S. L. DO NASCIMENTO, 2A. M. F. BARRETO, 3H. M.
B. ASSIS
1
Universidade Federal da Paraíba, CCA/DCB. 2Universidade Federal de Pernambuco, CTG/DGEO. 3Companhia de
Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM).
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Os foraminíferos têm importância fundamental para os estudos paleoecológicos e


paleoceanográficos, uma vez que são predominantemente marinhos e sensíveis a fatores ambientais
abióticos (físicos e químicos) e bióticos que controlam sua distribuição biogeográfica e batimétrica.
Este trabalho teve como objetivo analisar a distribuição dos foraminíferos na plataforma continental
de Pernambuco, para compreensão da dinâmica sedimentar e possíveis inferências paleoambientais.
As amostras utilizadas para este estudo foram coletadas na plataforma continental de Pernambuco,
através de um amostrador do tipo “van-veen” em profundidades variando entre 13 a 32m. Foram
analisadas 10 amostras, as quais foram lavadas de acordo com o protocolo padrão para estudo de
foraminíferos. Após a lavagem, foram analisadas 10g de sedimentos para quarteamento e triagem de
no mínimo 300 indivíduos por amostra. Foram identificados 20 Gêneros de foraminíferos, dentre
estes 19 foram bentônicos e 1 planctônico. Os gêneros mais frequentes foram Archaias sp.
(37,40%); Quinqueloculina sp. (25,73%) e Amphistegina sp. (12,63%), dentre outros. Em relação
ao grau de preservação, 72,2% apresentaram alterações em suas carapaças (quebradas, dissolvidas
ou incrustadas), além disso, as carapaças apresentaram alterações na sua coloração (98,4%), como
consequência das mudanças ambientais e temporais. Estes dados tafonômicos (preservação e
coloração) evidenciam uma fauna antiga (relictos) e bastante representativa, devido ao baixo aporte
sedimentar e o constante retrabalhamento do ambiente deposicional. A microfauna de foraminíferos
apresentada neste trabalho é típica de ambientes de águas tropicais rasas, mornas e de boa
luminosidade, além de serem predominantemente de plataforma interna a média.

PALYNOLOGICAL ANALYSIS OF TEETH CALCULI OF THE GOMPHOTHERE


NOTIOMASTODON PLATENSIS (MAMMALIA: PROBOSCIDEA) FROM NORTHEASTERN
AND SOUTHERN LOWLANDS OF BRAZIL

L. ASEVEDO1, 2; S. Y. MISUMI3; M. A. BARROS3; O. M. BARTH3; L. S. AVILLA2


1
Laboratório de Paleontologia e Palinologia de Mato Grosso, UFMT. 2 Laboratório de Mastozoologia, UNIRIO.
3
Laboratório de Palinologia, DGEO/IGEO/UFRJ.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

Tooth calculus is a mineralized matrix, formed by a conglomeration of oral bacterial flora and saliva
components. Due to its progressive accumulation and good condition after fossilization, many diet
microremains can be recovered, making calculus analysis an excellent tool for paleodiet
reconstruction. This study aims to reconstruct the paleodiet of the South American gomphothere
Notiomastodon platensis (Ameghino, 1888), by identifying palynomorphs assemblies from tooth
calculus. We selected 12 molars teeth from Northeastern (Pernambuco and Sergipe States) and
Southern (Rio Grande do Sul State) Brazilian localities. The teeth were cleaned with acetone and
alcohol for posterior calculi removal. Altogether, 17 samples were extracted and submitted to the
chemical processing to recover plant microfossils. Permanent slides were mounted and examined at
20x and 40x magnification of a photonic microscope. The results indicate a high percentage of

36
indeterminate pollen grains/palynomorphs for all specimens evaluated (37.7% of total), due to
damaging effects caused by chewing and posterior preservation. Among the pollen grains identified,
Northeastern specimens showed only herbaceous pollen grains (Poaceae: 26.1%, Asteraceae: 8.7%,
Chenopodiaceae: 4.2%). On the other hand, Southern specimens presented proportional percentages
between herbaceous and arboreal plants from grasslands (15.6%), Atlantic forest (33.3%) and
Araucaria forest (1.25%) biomes. The most significant pollen types representing each biome include
Poaceae (14.4%), Myrtaceae aff. Myrcia (21.3%), Podocarpus lambertii (0.6%) and Cunoniaceae
aff. Lamanonia (0.6%). These results suggest an opportunistic behavior among Brazilian
gomphotheres and corroborate previous paleodiet studies. Northeastern individuals possibly
inhabited open regions with grasslands domains, agreeing with previous palynological analysis of
Quaternary sediments from Northeast, which suggests coverage by Caatinga vegetation. Although,
palynological studies from the sediments in Rio Grande do Sul coast suggest dominance by
grasslands. Our results indicate that the Southern gomphotheres also had access to forest fragments,
which contributed to the significant percentage found in the samples. Therefore, it is suggested that
these individuals had generalist dietary habits and probably varied their diet based on migrations
and/or sazonal behaviors. This study has proved effective and contributed to the enrichment of
information about the Gomphotheriidae paleoecology in Brazilian lowlands. In addition, other plant
microfossils detected will help us refine these proboscideans’s diet, as well as the
climatic/environmental aspects surrounding the sites during the Pleistocene.

REGISTRO PALEOAMBIENTAL PRELIMINAR DE TURFEIRAS DO MUNICÍPIO DE CACEQUI,


RIO GRANDE DO SUL, DESDE 14.000 A.P.

VITOR LUIZ BOCALON1, SORAIA GIRARDI BAUERMANN2, MARCELO ACCIOLLY TEIXEIRA DE


OLIVEIRA1, GISELE LEITE DE LIMA3
1
PPGGeo, UFSC, Florianópolis, SC; 2Laboratório de Palinologia, ULBRA, Canoas, RS; 3UFFS, Chapecó, SC.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Foi descrito o conteúdo polínico de um testemunho de sondagem (3,21 m) coletado no município de


Cacequi, inserido no Bioma Pampa, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, possibilitando a
identificação de 5 intervalos distintos. O Intervalo I (entre 3,21 a 2,22 m) possui associações
campestres predominantes, com 54,8 % das famílias identificadas campestres, e 45,2 % compostas
por formações vegetacionais arbóreas e arbustivas. Pteridófitas e briófitas perfazem 16,4 %. O
Intervalo II (2,22 a 1,62 m) é caracterizado por associações vegetacionais campestres, com 66,7 %
das famílias inseridas nesse domínio e 33,3 % incluídas nas formações vegetacionais arbóreas e
arbustivas. Pteridófitas e briófitas constituem 18,3 % do material descrito. No intervalo III (1,62 a
1,23 m), as associações campestres ainda dominam, constituindo 58,1 % do material e as formações
arbóreas e arbustivas perfazendo 41,9 %. Ocorre aumento de pteridófitas e de briófitas para 37,6 %
do material descrito. No intervalo IV (1,23 a 0,51 m), as formações campestres estão constituídas
por 65,7 % do material descrito, e as formações arbóreas e arbustivas constituindo 34,3 %. Nesse
intervalo, nota-se um pequeno decréscimo da quantidade e diversidade de briófitas e pteridófitas,
passando a 31,4 % do material analisado. O Intervalo V (0,51 a 0,00 m), a predominância é de
famílias incluídas em associações campestres, perfazendo 53,8 % do material analisado e as
associações arbóreas e arbustivas totalizando 46,2 %. Briófitas e pteridófitas constituem 25,7 % do
material analisado. As associações vegetacionais campestres identificadas no testemunho mostram-
se praticamente as mesmas que as descritas em trabalhos de determinação da composição florística
atual na área de Cacequi e proximidades, sugerindo que, apesar de nos últimos 5.000 anos os teores
de umidade climática terem aumentado, as formações vegetacionais se mantiveram as mesmas nos
últimos 14.000 anos, idade da base do testemunho de sondagem. [CNPq, 563307/2010-2]

37
USO DE ALGAS CHARA COMO BIOINDICADORES PALEOAMBIENTAIS NA FORMAÇÃO
CAATINGA, BACIA CAMPO FORMOSO, CENTRO-NORTE, BA

W. M. DANTAS; N. K. SRIVASTAVA
Departamento de Geologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
walter.geologia@gmail, [email protected]

A Formação Caatinga, de idade Terciária/Quaternária, localiza-se na região centro-norte do estado


da Bahia, compreendendo tufas, brechas carbonáticas e calcretes/travertinos, conhecido no mercado
ornamental como mármore Bege Bahia. Durante os trabalhos de pesquisa realizados no âmbito do
Projeto POROCARSTE foram coletadas amostras, as quais se submeteram à confecção de lâminas
delgadas e pulverização, com o intuito da caracterização microfaciológica e geoquímica,
respectivamente, das rochas da área de estudo. Já nos trabalhos petrográficos constatou-se a
ocorrência dos bioindicadores Chara sp. e ostracodes m determinadas seções delgadas, sendo
àquelas, durante a etapa de associações faciológicas, utilizadas para a caracterização paleoambiental
da região em questão. É de conhecimento na literatura que ostracodes são excelentes indicadores
paleoambientais, no entanto, em nosso caso, estudos mais detalhados em busca de uma classificação
especifica precisam ser realizados, haja vista que os mesmos podem ser tanto de ambientes
marinhos quanto continentais. Com isso, a partir desta constatação, pressupõe-se que a presença do
bioindicador Chara leva a afirmar que o ambiente pretérito seria do tipo palustre/lacustre, marcado
por corpos de água doce com baixa energia. [PETROBRAS/FUNPEC/UFRN]

UMA NOVA ESPÉCIE DE ACTINOMICETO (BACTERIA, ACTINOMYCETES)


ENCONTRADA EM UM COPRÓLITO DE VERTEBRADO DO GUADALUPIANO DO
BRASIL

PAULA DENTZIEN–DIAS¹; GEORGE POINAR JR.²; HEITOR FRANCISCHINI³


¹Núcleo de Oceanografia Geológica, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande.
²Department of Integrative Biology, Oregon State University.
³Laboratório de Paleontologia de Vertebrados, UFRGS.
[email protected], [email protected], [email protected]

Coprólitos (fezes fósseis) são importantes fontes de evidência da dinâmica das teias alimentares nos
ecossistemas pretéritos. Actinomycetes é um grupo de organismos procariontes pertencentes ao
Domínio Bacteria, agrupando um grande número de espécies saprobiontes, que são componentes
fundamentais na decomposição da matéria orgânica, servindo como catalizadores nos ciclos
biogeoquímicos. Recentemente, foram encontradas diversas colônias verrucosas de micélios de
actinomicetes preenchendo o interior de um coprólito espiralado anfipolar coletado nos depósitos da
Formação Rio do Rasto (Permiano Médio do Rio Grande do Sul). Os únicos outros restos inclusos
neste coprólito são 18 escamas paleoniscoides de peixes, as quais sugerem que o produtor fosse um
peixe carnívoro ou onívoro. Estas colônias são compostas por massas de hifas, algumas delas em
processo de segmentação. Cadeias de esporos separadas por estruturas conectivas finas e alongadas
surgem destas colônias. Esta espécie de bactéria fóssil foi descrita como Palaeostromatus diairetus
gen. et sp. nov. e representa a associação mais antiga entre vertebrados e actinomicetes. Uma vez
que as colônias de P. diairetus ocorrem somente no interior do coprólito, este microorganismo
provavelmente faz parte da flora intestinal do produtor do coprólito ou ingerido como recurso
alimentar. A interação mutualística entre vertebrados e uma microbiota intestinal ocorre em todos os
grupos de vertebrados e desempenha um importante papel na digestão e absorção de nutrientes,
beneficiando ambos os organismos. Estes restos excepcionais indicam que interação direta entre
vertebrados e uma microflora intestinal já estava estabelecida desde o Guadalupiano.

38
ANÁLISE DA CHUVA POLÍNICA NA FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ

IVAN LUÍS KIRCHNER EIDT1, GISELE LEITE DE LIMA2


1
Geografia, UFFS – Chapecó; 2Professora, UFFS – Chapecó
[email protected], [email protected]

A pesquisa aqui apresentada objetivou levantar dados referentes à dispersão palinológica na


Unidade de Conservação Floresta Nacional de Chapecó (FLONA de Chapecó), situada no Oeste de
Santa Catarina. Utilizando-se de técnicas palinológicas foram realizadas amostragens, que
devidamente processadas e posteriormente analisadas permitiram a elaboração de porcentagem da
representação da diversidade palinológica nos diferentes ambientes vegetacionais da área de estudo.
A pesquisa possibilitou a contribuição de um banco de dados representando as tipologias
palinológicas presentes no momento atual e possivelmente nas últimas décadas. Esse banco de
dados facilitará os estudos de palinologia do Quaternário. O presente estudo é desenvolvido pela
rede de pesquisa “Variações composicionais da vegetação em função de mudanças ambientais
naturais e induzidas: estratigrafia, palinologia e sistemas de informação geográfica em áreas de
campos sulinos, cerrados e caatinga”. A UFFS participou deste projeto nas regiões centro-leste,
oeste e meio-oeste do Estado de Santa Catarina. (CNPq/563307/2010-2; FAPESC 1193/2011).

INDICADORES PALEOECOLÓGICOS DO CLIMA E DA VEGETAÇÃO DURANTE O


ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL (LGM) NO BRASIL CENTRO-NORTE, COM COMENTÁRIOS
SOBRE A FAUNA ASSOCIADA

A. FREITAS1,2; J. CARRIÓN1; S. FERNÁNDEZ1; V. GONÇALVES-ESTEVES2; C. MENDONÇA2; R. CASSINO3; M.


CARVALHO4; L. MORATO5; L. S. AVILLA6
¹Grupo de Investigación E005-11 Paleoecología, Paleoantropología y Tecnología del Cuaternário, Departamento de
Biología Vegetal (Botánica), Universidad de Murcia, Espanha. UMU, CAPES. 2Laboratório de Palinologia,
Departamento de Botânica, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 3Departamento de Geologia,
Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto. 4Laboratório de Paleoecologia Vegetal, Departamento de
Geologia e Paleontologia, Museu nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 5Instituto de Ciências Ambientais e
Desenvolvimento Sustentável, Universidade Federal do Oeste da Bahia. 6Laboratório de Mastozoologia, Departamento
de Zoologia, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. CNPq.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

As análises polínicas dos sedimentos quaternários da Gruta do Urso (12°42’47”S, 46°24’28” W),
550 m.s.m.l., Aurora do Tocantins, Estado do Tocantins, corroboram com as investigações
paleozoológicas nestes depósitos. Foram analisadas 21 amostras de sedimentos temporal-
espacialmente distribuídos ao longo do salão principal e corredor noroeste da Caverna, coincidindo
às vezes com os pontos de coleta de fósseis de animais. Para as análises quantitativas, foram
consideradas as amostras que alcançaram a soma polínica de ca. 100-200 grãos de pólen ou 20
táxons polínicos, excluindo os esporos de pteridófitas, algas e microfungos da contagem. As
amostras consideradas válidas para estudos polínicos foram datadas pelo método radiocarbônico
(14C). Os resultados apontam uma dinâmica do clima e da vegetação durante o Último Máximo
Glacial. A assembléia polínica neste intervalo está representada por plantas adaptadas à condições
meso-xerotíficas, de floresta semidecidual e cerrado stricto sensu. Entre 24,430-23,980 14C cal anos
AP, o clima era provavelmente mais quente e seco pela presença de vegetação herbácea de cerrado
(Malpighiaceae) e gramíneas C4 (δ13C de -14.9%o), ascosporos de Meliola, fungo patógeno da grama
comum. Entre 24,930-24,300 (cronologia A) ou 21,470-20,990 (cronologia B) 14C cal anos AP, as
condições clímaticas eram mais úmidas, formada por um mosaico de vegetação meso-xerofítica de
mata de galeria (Celtis-Trema, Melastomataceae-Combretaceae, Solanum) e cerrado arbóreo (cf.
Bauhinia brevipes, Cedrela, Caryocar, Pseudobombax cf. longiflorum, Pseudobombax cf.

39
marginatum), pteridófitas terrícolas de mata (Cyatheaceae, Polypodium). A presença de Asteraceae
e Poaceae e registro de δ13C de -21.8%o indicam uma mistura na contribuição da biomassa vegetal
por plantas C3 e C4. Entre 23,280-23,690 (cronologia A) ou 20,440-20,040 (cronologia B) 14C cal
anos AP,, houve a expansão da mata de galeria, cerrado arbóreo e incremento dos indicadores
limnológicos (Botryococcus, Debarya, Arcella e Centropyxis). O registro de Podocarpus representa
florestas mistas em topografias regionais mais elevadas durante os períodos glaciais. O δ13C de
-20.8%o reforça a co-existência de plantas de metabolismo C3 e C4. Um aumento expressivo do
pólen de gramíneas, Tipo Gomphrena, fungos patógenos de gramíneas (Epicoccum e Meiola) e
fungos coprofíticos (Cercophora, Coniochaeta, Sordaria, Tipo Sordariaceae) reflete a expansão das
savanas e indicam um aumento na densidade da megafauna herbívora, neste intervalo. Em depósitos
cronocorrelatos do karste regional foi registrado o fóssil de Catagonus stenocephalus, datado de ca.
20,000 anos AP por ESR. O dados paleontológicos multi-proxies nos auxiliam no entendimento dos
processos ecológicos que levaram ao colapso e extinção da megafauna pleistocênica em áreas do
Brasil Central.

ANÁLISE DE FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS DE UM TESTEMUNHO DE SONDAGEM


DO COMPLEXO DELTAICO DO RIO PARAÍBA DO SUL
S. P. GASPARINI1; C. G. VILELA1; J. B. PLANTZ2; T. G. CARELLI2
1
MicroCentro, Dep. de Geologia, IGEO, UFRJ, CNPq, FAPERJ. 2Lagesed, Dep. de Geologia, IGEO, UFRJ, Projeto
Delta (COPPETEC/CHEVRON/IGEO).
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

O Complexo Deltáico do Rio Paraíba do Sul localiza-se no norte do estado do Rio de Janeiro, na
parte emersa da bacia de Campos, e é composto por depósitos pleistocênicos e holocênicos. A
sondagem do testemunho analisado, 2-MU-1-RJ, ocorreu em Mussurepe, no município de Campos
dos Goytacazes, e alcançou 200 m sem atingir o embasamento. Desde a década de 1950, esta área
tem sido alvo de vários estudos devido a sua importância geológica e econômica, porém são raros
os trabalhos sobre foraminíferos. Foraminíferos são organismos proctotistas marinhos, unicelulares,
com ampla distribuição espaço-temporal, desde ambientes costeiros até marinhos profundos, e
desde o Cambriano ao Recente. A utilização deste grupo é vantajosa devido à alta densidade
numérica de tecas num pequeno volume de sedimentos e a excelente preservação destas ao longo do
registro geológico, além de serem bons indicadores ambientais. O objetivo do trabalho é a análise
de foraminíferos bentônicos ao longo do testemunho e as respostas paleoambientais obtidas através
dos mesmos. Foram analisadas 58 amostras sedimentares, entre 2 e 64,35 m (porção com influência
marinha no testemunho), padronizadas em 10 g, peneiradas via úmida em peneiras de 500 e 63 µm,
triadas em lupa binocular, com contagem de 300 espécimes por amostra, classificados no nível de
espécie e analisados quantitativamente. As espécies retidas na peneira de 500 µm não apresentaram
representatividade numérica, portanto toda análise foi feita com base na fração de 63 µm. A
datação, através de nanofósseis, situa a parte estudada do Calabriano ao Pleistoceno Médio. A
composição microfaunística de foraminíferos compreendeu um total de 349 espécies distribuídas
em 79 gêneros. Destas espécies, 5 pertencem a formas aglutinantes e 344 a calcárias. As espécies
dominantes foram: Ammonia parkinsoniana, Cassidulina reniforme, Gavelinopsis praegeri,
Hanzawaia nitidula, Haynesina germanica, Pararotalia cananeiaensis, Quinqueloculina
lamarckiana, Q. vulgaris, Rosalina globularis e Textularia conica. As que apresentaram frequência
de ocorrência maior do que 40%, por ordem decrescente: Pararotalia cananeiaensis, Gavelinopsis
praegeri, Cibicides pseudoungeriana, Discorbis williamsoni, Cassidulina. reniforme, Rosalina
globularis, Mullinoides differens, Bolivina ordinaria, B. striatula, Rosalina floridana, Elphidium
incertum, Cassidulina crassa, Nonion depressulum var. matagordanum, N. depressulum, Ammonia
parkinsoniana, Hanzawaia nitidula, Angulogerina angulosa, Bolivina compacta, Haynesina
germanica, Buliminella elegantissima e Bolivina pseudoplicata. A abundância absoluta e as

40
diferentes assembleias observadas ao longo da seção estudada indicam uma transgressão marinha,
caracterizada inicialmente, por ambiente raso e pobre em oxigênio, evoluindo para marinho
plataformal, e, por fim, um ambiene com influência marinha e circulação restrita (laguna).

ANÁLISE INTERNA DE PYRGO DEPRESSA (D’ORBIGNY, 1826) (FORAMINIFERA)


UTILIZANDO TÉCNICA TRIDIMENSIONAL

U. D. B. LIMA1; T. C. C. PARMERA1; M. A. C. RODRIGUES2; M. V. A. MARTINS2


1
Programa de Pós-graduação em Análises de Bacias e Faixas Móveis, Faculdade de Geologia (FGEL). Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ). 2Departamento de Estratigrafia e Paleontologia, Faculdade de Geologia (FGEL),
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

A técnica computacional tridimensional (3D) pode estar associada a vários métodos que
possibilitam observar e analisar em detalhe estruturas externas e internas de material fóssil. Esta
técnica tem por isso grande interesse e utilidade em pesquisas científicas de paleontologia. Este
trabalho teve como objetivo utilizar a microtomografia computadorizada no estudo da morfologia
interna e externa de um microfóssil pertencente à espécie Pyrgo depressa (foraminífero com uma
carapaça formada por várias câmaras). Para o efeito, foi utilizado um microtomógrafo SkyScan
1172. Este equipamento foi selecionado por permitir discriminar estruturas com uma resolução até
0.4 μm e emitir radiações que não danificam materiais carbonáticos frágeis. Foram obtidas, com a
microtomografia computadorizada, 1808 imagens do exemplar estudado. Essas imagens
microtomográficas foram tratadas e aplicadas em modelos tridimensionais (3D) com o recurso a
vários programas informáticos, como por exemplo 3D-Doctor, CTVox, DataViewer, 3D-Max, Ctan
e Maya. Os modelos 3D gerados pelos programas referidos permitiram obter um conjunto de
coordenadas espaciais, evidenciar diferentes tipos de estruturas internas da carapaça de Pyrgo
depressa, até então completamente desconhecidas, e deduzir sobre a funcionalidade dessas
estruturas na construção da carapaça. Foi possível concluir, por exemplo, que: as placas dentárias de
uma câmara servem de arcabouço para formação da quilha da câmara seguinte; a densidade da
parede da carapaça é maior nas últimas câmaras, particularmente na região da quilha que compõem
a borda externa da carapaça; o prolóculo (câmara inicial) apresenta uma estrutura complexa
constituída por septos espirais. Os modelos 3D permitiram ainda observar estruturas reprodutivas,
esquizontes, aderentes á parede interna do exemplar estudado. É possível pois concluir que a
microtomografia computadorizada pode ser aplicada em estudos de morfologia de foraminíferos,
com a vantagem da não destruição do fóssil, sendo por isso útil na taxonomia.

CONTRIBUIÇÃO PARA O CONHECIMENTO DA EVOLUÇÃO PALEOAMBIENTAL DA


MARGEM CONTINENTAL NW IBÉRICA DESDE A ÚLTIMA GLACIAÇÃO

U. D. B. LIMA1; M. V. A. MARTINS2,3; E. PEREIRA2, E. SALGUEIRO4, F. ROCHA3; Daniel REY5


1
Programa de Pós-graduação em Análises de Bacias e Faixas Móveis, Faculdade de Geologia (FGEL).
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). 2 Departamento de Estratigrafia e Paleontologia, Faculdade de
Geologia (FGEL), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). 3 Geobiotec, Departamento de Geociências,
Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, Aveiro, Portugal. 4 Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA),
Div. Geologia e Georecursos Marinhos, Av. Brasília, 6, 1449-006, Lisboa, Portugal. 5GEOMA, Dpto. Geociencias
Marinas y O.T., Universidad de/ Vigo, España.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]

A reconstrução de climas do passado da Terra é baseada em registros que podem ser trabalhados por
várias técnicas e métodos. Os isótopos estáveis de oxigênio e carbono em carapaças de
foraminíferos planctônicos são uma ferramenta útil na reconstituição paleoceanográfica do oceano
superficial. Este método é ainda mais expressivo quando associado a outros tipos de indicadores

41
paleoceanográficos, como por exemplo as associações de foraminíferos planctónicos preservadas no
sedimento. Este trabalho visa contribuir para o conhecimento da evolução paleoambiental da
Margem Continental NW Ibérica desde a última glaciação. Baseia-se no estudo do testemunho PC7-
1 (42º40’29’’N, 11º09’48’’W, 1.675 m) coletado próximo do Banco da Galiza, uma montanha
submarina situada no extremo ocidental da Margem Continental NW Ibérica, a Oeste de Vigo. O
modelo de idade do testemunho baseou-se em oito datações de radiocarbono obtidas em testas de
foraminíferos que sugerem uma idade de cerca de 47 ka para a sua base. O estudo de resultados de
isótopos estáveis em carapaças de Globigerina bulloides (espécie planctônica de foraminífero)
presentes ao longo do testemunho, da composição das associações de foraminíferos planctónicos e
de paleotemperaturas estimadas com a função de transferência “Modern Analog Technique
SIMMAX 28”, permitiram obter algumas informações sobre a área de estudo desde a última
glaciação. Os resultados permitiram deduzir que: o arrefecimento mais extremo da água superfícial
do mar ao largo da Península Ibérica não correspondeu em qualquer período de máxima extensão
do volume continental de gelo, mas foi contemporâneo dos quatro últimos Eventos de Heinrich e de
alguns eventos de Dansgaard-Oeschger; a Corrente de Portugal, que transporta água quentes da
Corrente do Golfo, deverá ter sido fortalecida durante a última glaciação tendo contribuído para a
amenização climática da Península Ibérica; esta corrente enfraqueceu gradualmente durante o
Holoceno.

CARACTERIZAÇÃO PALEOAMBIENTAL DAS LAGUNAS COSTEIRAS DO PARNA DA


RESTINGA DE JURUBATIBA, RJ, COM BASE EM FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS

M. C. MACEDO; C. G. VILELA; N. S. LABRE; M. C. LOURENÇO


1
Laboratório de Análise Micropaleontológica (MicroCentro), Departamento de Geologia, Instituto de
Geociências, UFRJ. CAPES e CNPq.
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

O Parque Nacional (PARNA) da Restinga de Jurubatiba é uma Unidade de Conservação de


Proteção Integral situado no norte fluminense que se estende por uma faixa de 60 km de
comprimento por 10 km de largura. É representado pela vegetação de restinga ao longo de uma
extensa faixa litorânea com 18 lagunas que diferem amplamente em morfometria, características
físico-químicas e composição biótica. Foi realizada uma análise das assembleias de foraminíferos
de testemunhos coletados nas lagunas do PARNA, a fim de se observar, em diferentes períodos,
mudanças paleoambientais e processos de deposição sedimentar deste ecossistema. Em novembro
de 2012 foram coletados seis testemunhos de até 1,56cm de profundidade, através de vibra-corer,
nas lagunas Garças, Maria Menina, Robalo, Visgueiro, Catingosa e Pires. Datações com C 14
indicaram idades holocênicas nas lagunas. A granulometria não variou muito ao longo dos
testemunhos, sendo observada uma predominância de sedimento arenoso nas lagunas Garças e
Maria Menina e sedimento mais fino, lamoso, nas lagunas Visgueiro, Catingosa e Pires. A laguna
Robalo apresentou ao longo do testemunho sedimento arenoso e lamoso na base e intervalo
próximo ao topo. Foi constatado que os testemunhos com sedimentos mais arenosos apresentaram
menor abundância e riqueza de espécies de foraminíferos. As tecas apresentaram tamanho diminuto,
sinais de fragmentação, dissolução e piritização, principalmente nas amostras abaixo do topo. As
assembleias de foraminíferos refletiram episódios de condições ambientais pretéritas diferentes para
as distintas lagunas, registrando paleoambientes com alta influência marinha (associação Ammonia
spp., Elphidium spp., Haynesina germanica, Discorbis williamsoni, Pararotalia cananeiaensis e
Globocassidulina subglobosa), moderada influência marinha (associação Ammonia - Elphidium),
baixa influência marinha (associação A. tepida e A. parkinsoniana), confinamento (associação
Trochammina inflata- Milammina fusca) e eventos de recuo do mar.

42
OSTRACODES DA BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS, NORDESTE DO BRASIL

M. G. P. MARTINS 1; R. J. M. SANTOS1; E. K. PIOVESAN 2


1
Graduação em Geologia, Universidade Federal de Pernambuco, Laboratório de Geologia Sedimentar-LAGESE.
2
LAGESE, PRH-26, Universidade Federal de Pernambuco. [email protected],
[email protected], [email protected]

A Bacia Sergipe-Alagoas localiza-se no Nordeste brasileiro, abrangendo uma área de


aproximadamente 35 mil Km². A origem desta e das demais bacias marginais brasileiras está
diretamente relacionada à separação das placas sul-americana e africana e desenvolvimento do
Oceano Atlântico Sul, no Mesozoico. Sua sucessão estratigráfica é a mais completa dentre as
demais bacias marginais, possibilitando estudos refinados de ordem geológica e paleontológica. No
que diz respeito aos ostracodes, a Bacia Sergipe-lagoas possui um registro bem preservado e
diversificado, tanto de associações não-marinhas, quanto marinhas. O material é proveniente das
formações Morro do Chaves (Aptiano) Riachuelo (Albiano–Cenomaniano) e Cotinguiba
(Cenomaniano–Turoniano). As amostras foram pesadas, fragmentadas e imersas em peróxido de
hidrogênio. Após aproximadamente 24 horas, foram lavadas e separadas em peneiras de malhas 250
µm, 180 µm, 63 µm e colocadas para secar a 60 °C, na estufa. Posteriormente, os exemplares
fósseis foram triados em estereomicroscópio e fotografados em Microscópio Eletrônico de
Varredura para permitir sua identificação. Como resultado, além dos ostracodes, foram registrados
gastrópodes e espinhos de equinoides. Na Formação Morro do Chaves, foram registrados ostracodes
não-marinhos e, nas formações Riachuelo e Cotinguiba, foram encontrados ostracodes tipicamente
marinhos, evidenciando a sucessão paleoambiental durante o final do Eocretáceo e início do
Neocretáceo na Bacia Sergipe-Alagoas. [PROEXT/FACEPE BIA -0118- 1.07/15; PIBIC/FACEPE
BIC-0378-1.07/16]

RECONSTRUÇÃO PALEOAMBIENTAL A PARTIR DE CONCHOSTRÁCEOS


NEOCOMIANOS DA FORMAÇÃO SOUSA, POVOADO DE UMARI, PB

P. L. D. MASCENA; J. R. S. SILVA-JÚNIOR; K. F. KUNZ; R. M. F. MEDEIROS; T. C. RODRIGUES.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Geologia, Campus Universitário, 59072-900, Natal,
Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

O mapeamento realizado na Sub-Bacia Sousa (Bacia do Rio do Peixe), noroeste da Paraíba, resultou
na reconstrução paleoambiental lacustre para a região do povoado de Umari-PB, situado entre os
municípios de São João do Rio do Peixe-PB e Marizópolis-PB. Dos 146 Km² levantados da Sub-
Bacia Sousa, os folhelhos da Formação Sousa (Neocomiano) apresentam dois gêneros de
conchostráceos, além de alguns ostracodes, em um corte utilizado para a extração de rocha
ornamental localizado a noroeste do povoado de Umari, ao lado da BR-405, coordenadas
“0566152E 9244914N 24M”. Os conchostráceos encontrados e coletados durante mapeamento da
Bacia Sousa pertencem aos gêneros Cyzicus e Estheriella apresentando excelente preservação,
formando assembleias completas com indivíduos que variam de 4 a 25 mm de comprimento,
mostrando padrões de linhas de crescimento que se intercruzam. Alguns indivíduos possuem
moldes externos bem preservados das valvas ventrais com sua morfologia côncava. O excelente
estado de preservação no qual foram encontrados sugere que os animais viviam num ambiente de
baixa energia, no qual a ação transportadora das correntes é nula ou muito baixa. Neste caso, a
hipótese é a de que o sistema deposicional era lacustre. Os fósseis foram encontrados na camada
mais basal do afloramento composta por folhelhos de cor verde clara da Formação Sousa, o que
indica um ambiente redutor, ideal para a preservação sem a deterioração do material; enquanto que

43
os folhelhos de cor vermelha no topo, também do mesmo afloramento, indicadores de um ambiente
mais oxidante, não apresentaram ocorrência de conchostráceos. [DGEO-UFRN]

BLOOMS DE GUEMBILITRIA SP. (CLASSE FORAMINIFERA) NO DANIANO DA BACIA


PARAÍBA: IMPLICAÇÕES PALEOCOLÓGICAS E PALEOAMBIENTAIS

R. M. MELO1; S. AGOSTINHO1,2
1
Laboratório de Geologia Sedimentar e Ambiental (LAGESE), Programa de Pós-Graduação em Geociências, Centro de
Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. 2Departamento de Geologia, Centro de Tecnologia e
Geociências, Universidade Federal de Pernambuco.
[email protected], [email protected]

Guembelitrideos correspondem a um grupo de foraminíferos planctônicos de pequeno tamanho e


arranjo trisserial que são esporadicamente conhecidos a partir do Cretáceo Médio, com registo
estratigráfico mal documentado e paleoecologia pouco compreendida. O estudo de representantes
do gênero Guembelitria é em grande parte restrita a intervalos de tempo em que as espécies maiores
estão ausentes, obrigando os investigadores a procurar pistas nas frações de menor tamanho (38-
63µm), sendo mais conhecidos na extinção em massa Cretáceo-Paleógeno (K-Pg). O objetivo do
trabalho é apresentar a ocorrência do gênero Guembelitria na Bacia Paraíba e seu significado
paleoecológico e paleoambiental para a seção estudada. A pesquisa foi desenvolvida seguindo a
metodologia padrão aplicada na preparação e na análise de microfósseis calcários, com ênfase em
foraminíferos. O estudo realizado na seção do Poço Olinda (Olinda-PE), em estratos da Fm. Maria
Farinha, de idade daniana, revelou a ocorrência de blooms (acmes=abundância) de Guembelitria
spp. e Guembelitria cretacea (correspondendo a cerca de 10-20% da assembleia de foraminíferos)
associado a uma diminuição drástica, tanto na abundância quanto na riqueza específica de outras
espécies. Acmes de representantes deste gênero indicam uma estratégia de sobrevivência, onde a
rápida reprodução garante a continuação das espécies em condições de alto estresse, associados a
ambientes de águas rasas a neríticas ou a eventos de ressurgência. Além disso, blooms de
Guembelitria são proxies para catástrofes ambientais, seja de impacto ou vulcanismo, levando a
crises de estresse biótico graves, causando a exclusão temporária de espécies especialistas e
generalistas ou extinções em massa. [CAPES-UFPE]

CORRELAÇÃO BIOESTRATIGRÁFICA DAS BACIAS DE JATOBÁ E SERGIPE-ALAGOAS


COM BASE EM OSTRACODES NÃO-MARINHOS DO ANDAR DOM JOÃO (JURÁSSICO
SUPERIOR)

D. M. MENDES1; E. K. PIOVESAN 2
1
Graduação em Geologia, Universidade Federal de Pernambuco, Laboratório de Geologia Sedimentar-LAGESE. 2
LAGESE, PRH-26, Universidade Federal de Pernambuco.
[email protected], [email protected]

O avanço dos estudos abordando as correlações bioestratigráficas com base em ostracodes têm
evidenciado a contribuição efetiva deste grupo microfóssil no conhecimento da história geológica
das bacias do Nordeste Brasileiro. Neste contexto, análises das associações de ostracodes não-
marinhos do Andar Dom João (Jurássico Superior) realizadas neste estudo revelaram importantes
semelhanças taxonômicas entre a fauna registrada na Formação Aliança (Bacia de Jatobá) e na
Formação Bananeiras (Bacia Sergipe/Alagoas), cronoestratigraficamente posicionadas no Jurássico
Superior. A Formação Aliança, na Bacia de Jatobá, é caracterizada por folhelhos e siltitos
avermelhados intercalados com calcarenitos. A Bacia de Jatobá encontra-se instalada integralmente
sobre o Terreno Pernambuco-Alagoas da Província Borborema e representa a porção setentrional do
sistema de rifte abortado Recôncavo-Tucano-Jatobá. A Formação Bananeiras, na Bacia Sergipe-
Alagoas, é representada por folhelhos vermelhos de origem lacustre. A Bacia Sergipe-Alagoas está

44
localizada na margem equatorial do nordeste brasileiro e suas sequências deposicionais são
correlacionáveis aos estágios evolutivos que ocorreram nas bacias da margem leste brasileira e que
culminaram com a formação do Atlântico Sul. A metodologia de preparação adotada neste trabalho
compreende os procedimentos usuais para recuperação de microfósseis carbonáticos. Os resultados
alcançados demonstram a ocorrência das mesmas espécies pertencentes ao gênero Theriosynoecum
Branson, 1936 e Alicenula Rossetti & Martens, 1998 nas duas bacias estudadas. O posicionamento
biocronoestratigráfico no Andar Dom João (Jurássico Superior) da seção estudada foi baseado no
registro da espécie-guia Theriosynoecum pricei (Pinto & Sanguinetti, 1958) nas Formações Aliança
(Bacia de Jatobá) e Bananeiras (Bacia Sergipe-Alagoas). [PIBIC/CNPq 16018454]

ANÁLISE DOS BIOCLASTOS MARINHOS DA REGIÃO SUL DA PLATAFORMA


CONTINENTAL DE PERNAMBUCO, BRASIL

V. F. NASCIMENTO1; D. H. OLIVEIRA1; L. R. S. L. NASCIMENTO2; A. M. F. BARRETO2; H. M. B. ASSIS3


1
Universidade Federal da Paraíba, CCA/DCB. 2Universidade Federal de Pernambuco, CTG/DGEO. 3Companhia de
Pesquisa e Recursos Minerais CPRM.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Os sedimentos oceânicos podem ser classificados, de acordo com sua origem, em três grandes
categorias: sedimentos terrígenos, sedimentos biogênicos ou bioclastos e sedimentos autigênicos.
Este trabalho teve como objetivo identificar os grupos de organismos que constituem os bioclastos
encontrados em amostras de sedimentos superficiais na região sul da Plataforma Continental de
Pernambuco. As amostras foram coletadas pelo Serviço Geológico do Brasil, na plataforma
continental de Pernambuco, município de Sirinhaém. As coletas foram realizadas através de uma
amostrador do tipo van-veen, em profundidades variando de 13 a 32m. Foram analisadas 18
amostras (AM 01- AM 18). De cada amostra foram coletados 10g de sedimentos para análise do
material e triados de forma aleatória 300 espécimes. Nos resultados foi possível observar uma
grande quantidade de sedimento terrígeno em relação aos sedimentos biogênicos, com uma
predominância de quartzo, feldspato e mica. Nos sedimentos biogênicos destacam-se algas calcárias
(40%), foraminíferos (39%) e moluscos (14%), seguidos de briozoários (3%), equinodermos (2%),
artrópodes (1%) e poríferos (1%). A associação faunística encontrada é típica de águas tropicais e a
preservação dos elementos bióticos foi de partes inteiras e fragmentadas. Além disso, através da
preservação das carapaças, pode-se inferir que grande parte dos bioclastos encontrados são
constituídos por organismos relictos.

OSTRACODES DO CRETÁCEO SUPERIOR DA PORÇÃO CENTRAL DA BACIA POTIGUAR


G. H. NASCIMENTO1; E. K. PIOVESAN 2
1
Graduação em Geologia, Universidade Federal de Pernambuco, Laboratório de Geologia Sedimentar-LAGESE. 2
LAGESE, PRH-26, Universidade Federal de Pernambuco.
[email protected], [email protected]

O trabalho aborda a taxonomia dos ostracodes do Cretáceo Superior da Formação Jandaíra, Bacia
Potiguar. A Bacia localiza-se na interseção da Margem Continental Equatorial com a Continental
Leste, abrangendo uma área de aproximadamente 48.000 km². As amostras são provenientes de um
afloramento da Formação Jandaíra, denominado “Ponto 5” (coordenadas UTM: 0673396/9411152).
A metodologia do trabalho seguiu os seguintes procedimentos: cada amostra foi dividida em três
partes, cada uma contendo de 30 g de rocha. A primeira parte, a bruta, foi desagregada
mecanicamente; a segunda parte foi desagregada com solução de H 2O2 15% e a terceira, com
solução de H2O2 35%. Os espécimes provenientes de cada tipo de preparação foram triados e uma
primeira análise foi realizada em estereomicroscópio. Foram selecionados espécimes de cada uma
das preparações para a realização de fotografias em microscópio eletrônico de varredura. Foram

45
identificadas as seguintes espécies: Cytherella gambiensis Apostolescu, 1963; Ovocytheridea
anterocompressa Piovesan et al., 2014; Fossocytheridea potiguarensis Piovesan et al., 2014;
Cophinia ovalis Piovesan et al., 2014; Perissocytheridea jandairensis Piovesan et al, 2014;
Paraplatycosta aff. talayninensis Andreu, 1995; Protocosta babinoti Piovesan et al, 2014 e
Soudanella semicostellata (Grékoff, 1951). As associações registradas permitiram posicionar
bioestratigraficamente o material estudado no intervalo Santoniano–Campaniano. Estudos futuros
serão aprimorados, visando contribuir no refinamento bioestratigráfico e à avaliação da influência
dos diferentes protocolos de preparação na recuperação de ostracodes.

OCORRÊNCIA DE ALGAS CALCÁRIAS NA FORMAÇÃO JANDAÍRA (BACIA POTIGUAR),


REGIÃO DE APODI, RN

A. K. PAIVA E SOUSA; N. K. SRIVASTAVA


Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
[email protected], [email protected]

Neste trabalho apresentamos um estudo sobre a ocorrência de algas calcárias em afloramento da


Formação Jandaíra, na porção SW da Bacia Potiguar, com base na análise microfaciológica de
seções delgadas. A Bacia Potiguar, situada no extremo nordeste brasileiro, ocorre em sua maior
parte no estado do Rio Grande do Norte e, parcialmente, no estado do Ceará, estando geneticamente
relacionada a uma série de bacias Neocomianas e intercontinentais. Essa formação corresponde a
uma sequência carbonática depositada entre o Turoniano e o Eocampaniano, no contexto de deriva
continental e mar aberto. Composta caracteristicamente por calcarenitos bioclásticos com
foraminíferos bentônicos, ocasionalmente associados a algas verde, sendo esta a unidade
litoestratigráfica que detém a maior quantidade de fósseis da bacia. O afloramento de estudo possui
coordenada UTM (zona 24) x: 62882734 / y: 938181712, trata-se de uma frente de lavra desativada
de mineração de pedras ornamentais nas imediações de Soledade, distrito de Apodi, no Rio Grande
do Norte. As algas calcárias são amplamente utilizadas no reconhecimento de diferentes fácies de
deposição de rochas carbonáticas. Em análise preliminar, a descrição microfaciológica possibilitou
a identificação de algas verdes e vermelhas, são elas: Neomeris, Boueina, Brasiliporella (?) e
Sporolithales. Além destes fósseis, constatou-se uma rara ocorrência da esponja Estromatoporen,
ainda não descrita na literatura. Com este trabalho foi possível identificar o paleoambiente no qual
essas rochas carbonáticas foram depositadas, como de mar raso, além de proporcionar a
identificação das algas calcárias.

CONCHOSTRÁCEOS DA FORMAÇÃO MALHADA VERMELHA, BACIA DE LIMA


CAMPOS, CRETÁCEO INFERIOR, CEARÁ

I. B. PASSARINHO; F. R. S. MOURA; N. B. LUZ; A. E. Q. FIGUEIREDO


Universidade Federal do Piauí – UFPI, Campus Amílcar Ferreira Sobral – CAFS, Curso de Ciências Biológicas,
Coleção de História Natural da UFPI (CHNUFPI), Laboratório de Geociências e Paleontologia (LGP), Floriano, Piauí,
Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Os conchostráceos são artrópodes presentes na fauna bentônica de ambientes aquáticos temporários.


Possuem carapaças com linhas consecutivas, as quais são acrescentadas na periferia das valvas
durante o crescimento. O tamanho das diferentes espécies é muito variável, mas em geral possuem
1 cm de comprimento. Este trabalho tem como objetivo a descrição de conchostráceos coletados na
localidade Cascudo, Formação Malhada Vermelha, Bacia de Lima Campos, Icó, Ceará. Os
conchostráceos foram identificados como pertencentes ao gênero Palaeolimnadiopsis sp. A amostra
estudada (LGP-1167) possui 5 valvas, sendo 1 inteira e 4 fragmentadas suas dimensões equivalem a
14,53 mm de comprimento por 7,73 de altura. A carapaça possue contorno semicircular e margem

46
dorsal reta; o umbo pouco visível localiza-se na região subcentral; margem anterior é mais curta que
a posterior; as linhas de crescimento partem da região anterior próximo ao umbo onde são mais
próximas, e vão ficando mais largas conforme vão se distanciando do umbo totalizando em torno de
12 linhas de crescimento não possuindo recurvamento; a margem ventral encontra-se fragmentada.
Os espécimes descritos para esse gênero são marcados pela presença de gigantismo, porém, os
espécimes aqui descritos não são assim considerados e são indicadores de paleoambiente com clima
quente e úmido, com presença de corpos d’agua de maior duração e com ampla disponibilidade de
nutrientes. Palaeolimnadiopsis sp. ocorre na Bacia de Sousa, tornando-se um elemento na
correlação bioestratigráfica entre a bacia supracitada e a Bacia de Lima Campos, além de ampliar o
conhecimento da paleofauna presente nesta bacia.

CARACTERIZAÇÃO MICROPALEONTOLÓGICA PRELIMINAR DOS SEDIMENTOS DA


PRAIA DO MORRO, GUARAPARI, ES
M. S. PIMENTA; A. V. S. CORRADO; W. O. SILVA
Departamento de Geologia, Universidade Federal do Espírito Santo, ES.
[email protected], [email protected], [email protected]

A micropaleontologia é o ramo da paleontologia que estuda os microfósseis (restos fossilizados de


organismos microscópicos), os quais apresentam grande importância nos estudos geológicos,
principalmente na estratigrafia e sedimentologia. Sedimentos marinhos e costeiros reservam a
possibilidade de se encontrar esses microorganismos fossilizados, possibilitando a caracterização
micropaleontológica de uma dada região. Desta forma, o presente trabalho foi proposto com o
objetivo de se definir a paleoecologia, por ora preliminar, da região da Praia do Morro. A Praia do
Morro está localizada no município de Guarapari, na costa do estado do Espírito Santo,
apresentando quatro quilômetros de extensão, e durante a análise de sedimentos coletados na zona
litorânea da Praia, notou-se a presença de microorganismos fossilizados, sobre os quais foi feito um
estudo comparativo com bibliografias que discutem aspectos morfológicos passíveis de serem
seguidos para se realizar a classificação taxonômica, por agora genérica, tendo sido realizada em
estereomicroscópio binocular (lupa). Assim, foi possível classificar os seguintes microfósseis: 126
indivíduos do filo Foraminifera, sendo possível distinguir 87 pertencentes à ordem Miliolida, 33 à
ordem Rotaliida e seis à ordem Asterigerinida; quatro espículas silicosas (microscleras) de
organismos do filo Porifera, sendo todas triaxônicas triactinais; e ainda um indivíduo do filo
Mollusca (microgastrópode). Os 87 foraminíferos da ordem Miliolida foram classificados como
sendo 52 pertencentes ao genêro Triloculina (da família Miliolidae), 24 ao gênero Quinqueloculina
(da família Hauerinidae) e 11 ao gênero Pyrgo (da família Hauerinidae); os 33 da ordem Rotaliida
foram classificados como sendo 21 pertencentes ao genêro Anomalina (da família Anomalidae) e 12
ao gênero Ammonia (da família Rotaliidae); e os seis da ordem Asterigerinida foram classificados
como sendo todos pertencentes ao gênero Amphistegina (da família Amphisteginidae). Tratando-se
de um trabalho que, no momento, encontra-se em estágio preliminar, não foi possível definir com
precisão a paleoecologia da região, visto que a presença dos organismos bentônicos e planctônicos
analisados pode representar formas que viveram na região ou que possam ter sido remobilizadas
para a mesma. Os estudos sobre os microfósseis já coletados continuam sendo realizados, e também
serão realizadas novas coletas e estudos sobre estes, para que se possa definir a paleoecologia da
região com precisão.

EVOLUÇÃO DO HOLOCENO TARDIO DA REGIÃO INTER-MARÉS NORDESTE DA BAÍA


DE SEPETIBA, RIO DE JANEIRO (BRASIL)

A. F. S. PINTO1; M. V. A. MARTINS2; M. A. C. RODRIGUES2; L. NOGUEIRA1; E. PEREIRA2;


L. L. M. LAUT3

47
1
Programa de Pós Graduação em Análises de Bacias e Faixas Móveis. Faculdade de Geologia; Departamento de
Estratigrafia e Paleontologia. 2Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ; Faculdade de Geologia; Departamento
de Paleontologia e Estratigrafia. 3 Laboratório de Micropaleontologia – LabMicro; Departamento de Ciências Naturais;
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]

Este trabalho baseia-se no estudo do testemunho T1 (23°00'33.0"S, 43°37'09.7"W, 480 cm) coletado
no manguezal de Guaratiba; localizado na margem nordeste da Baía de Sepetiba, Estado do Rio de
Janeiro. Tem como objetivo estudar a evolução recente da planície costeira que bordeja a Baía de
Sepetiba em função de variações do nível do mar. Foram utilizados dados micropaleontológicos
(foraminíferos bentónicos), texturais e geoquímicos tais como: carbono orgânico total (COT) e
isótopos estáveis (em Ammonia tepida). O modelo de idade baseou-se em três datações de
radiocarbono por AMS, obtidas no laboratório Beta Analytic (Florida USA). Os resultados
permitem identificar três seções no testemunho T1. A primeira, localizada entre 480-350 cm,
caracteriza-se pela presença de sedimentos arenosos, pobres em COT e sem microrganismos nem
restos de moluscos. Na segunda, entre 340-150 cm, observa-se a ocorrência de sedimentos finos,
um aumento sensível dos teores de COT e fauna abundante mas pouco diversificada de
foraminíferos. Nesta secção a associação de foraminíferos é constituída essencialmente por espécies
de testa calcária, como, por exemplo A. parkinsoniana, A. tepida, H. germanica, C. poeyanum e C.
vadescens. Nesta secção os resultados de A.tepida δ18O and A.tepida δ13C indicam a ocorrência de
paleoeventos de influxo de águas marinhas mais frias e maior contributo de matéria orgânica com
origem na produtividade biológica oceânica, em alternância com fases em que a influência
continental foi maior. Na seção entre 150-0 cm registra-se a presença de espécies típicas de
manguezal, como por exemplo A. mexicana, E. macrescens, H. manilaensis, H. wilberti, M. fusca e
T. inflata; os sedimentos são muito finos e os teores de COT muito elevados. Estes resultados
sugerem que a área de estudo mudou significativamente durante os últimos 2400 anos cal BP, idade
estimada para a base do testemunho. Essas mudanças ocorreram em três fases distintas: i) entre
2400-1400 anos cal BP, a área de estudo deverá ter estado submetida ao efeito da ondulação costeira
seguida de exposição subaérea e seca prolongada; ii) entre ≈1.400-350 anos cal BP registrou-se um
estágio de submersão em que a área de estudo se tornou um ambiente marinho raso; iii) nos últimos
350 anos cal BP o local estudado evoluiu para o atual ambiente de mangue. Os resultados obtidos
permitem estabelecer um provável cenário evolutivo do Mangue de Guaratiba que pode
eventualmente ter estado associado a variações do nível do mar.

PRELIMINARY STUDY OF SEDIMENTARY ORGANIC MATTER OF THE NEOGENE,


SOLIMÕES BASIN, NORTH BRAZIL

N. P. SÁ1,2; M. A. CARVALHO2
1
Programa de Pós-Graduação em Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brazil. 2Museu Nacional,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brazil.
[email protected], [email protected]

Palynofacies pattern were used to detected paleoenvironmental changes in 78 sediment samples of


one well (1-AS-46-AM) drilled through the Solimões Formation. The formation is consists of
mudstones interpreted as fluvial/lacustrine system. Samples were prepared using the standard
method of palynological preparation. The three main categories of particulate organic matter
(POM), viz., amorphous organic matter (AOM), phytoclasts and palynomorphs were counted and
identified. The organic constituents in the studied samples have been grouped into: autochthonous
particles (algae); opaques phytoclasts; non-opaque non-biostructured phytoclasts and cuticles (Nop-
NBio); structureless particles (AOM, pseudoamorphous and resin) and sporomorphs. The
stratigraphic distribution of the groups was used to infer the paleoenvironment changes. The

48
proximity of the source is the main factors that reflect of dominance of No-NBio with average of
80% of the total POM. The section was subdivided into three intervals, according of palynofacies
assemblage observed in the section. The first interval (85.17-200.17 m) is characterized for high
amounts of Nop-NBio (almost 83%); however two episodic events of increase of autochthones,
structureless particles and sporomorphs were recorded. The first event at 192.46 m, the
autochthones, structureless particles and sporomorphs were predominant, being the autochthones
the most abundant category. The second event was longer (141.91-122.32 m) and is coincident with
abundance variations of autochthones, structureless particles and sporomorphs. Nop-NBio was
replaced mainly by sporomorphs, especially between 134.26 and 135.19 m, when the Nop-NBio
shows the lowest abundance in the whole section. The phytoclast input is continuous indicating a
fluvial setting. However, the two episodic events have indicated lacustrine conditions. The second
interval (57.59 - 85.17 m) is characterized for a gradual decreased of Nop-NBio and raised of
opaque phytoclasts and sporomorphs which could reflect a subaerial exposure or at most shallow
lakes. However, in the top of this interval (57.59 - 79.57 m), the Nop-NBio increased again,
replacing opaques phytoclasts and sporomorphs. The third interval (41.73 - 55.10) started with Nop-
NBio prevailing upon the others POM constituents. However, the significant change occurred at
41.73 m, in which Nop-NBio is replaced for structureless particles. This change has showed again
influence of enviromental lacustrine in fluvial system.

INFERÊNCIAS PALEOAMBIENTAIS E PALEOCLIMÁTICAS PRELIMINARES A PARTIR DA


ANÁLISE DE PALINOFÁCIES DA SEÇÃO HOLOCÊNICA WILA LOJETA, VALE HICHIU
KKOTA (ALTIPLANO BOLIVIANO)

G. SANTIAGO; M. A. CARVALHO
Museu Nacional/UFRJ.
[email protected], [email protected]

Analise de palinofácies foi realizada com o objetivo de identificar mudanças paleoambientais e


paleoclimáticas da seção Wila Lojeta datada em sua base de 1.930 anos AP. Esta seção consiste de
uma intercalação de argila, silte e arenito (às vezes seixoso). Vinte e quatro amostras de sedimentos
foram preparadas conforme procedimento padrão não oxidativo para palinofácies e analisadas em
microscopia para o reconhecimento dos principais grupos de matéria orgânica particulada: Matéria
Orgânica Amorfa (MOA): pseudomoa MOA e resina; Fitoclastos: fitoclastos opacos, não opacos
bioestruturado (NOpBio) e não bioestruturado (NOp-NBio), cutículas e Palinomorfos: esporos,
esporos de fungo, grãos de pólen, algas (Botryococcus) escolecodonte e ovos de verme. Análise de
agrupamento foi realizada a partir de dados percentuais, com objetivo de distinguir agrupamentos
da matéria orgânica sedimentar. Quatro associações foram reveladas por essa análise: Associação 1
(Nop-NBio, NOp-Bio e opacos); Associação 2 (esporos, cutículas, grãos de pólen e resina);
Associação 3 (ovo de verme, algas indeterminadas e MOA); Associação 4 (escolecodonte,
Botryococcus, esporos de fungos e pseudoamorfa). Diferentes componentes da matéria orgânica
encontrados na seção Wila Lojeta indicam um ambiente lacustre raso, com períodos de seca. Os
períodos de maior profundidade do lago são indicados pela maior abundância das associações 3 e 4
que representam os elementos autóctones. A maior abundância das associações 1 e 2 indicam o
maior influxo de elementos terrígenos no lago, representados especialmente por fitoclastos e grãos
de pólen de gramíneas. Com base na distribuição estratigráfica das associações, quatro intervalos
foram definidos: Intervalo 1 marcado pela alta abundância de pólen de gramínea, no entanto, com
presença de elementos autóctones das associações 3 e 4, que demonstra a presença de uma lâmina
d’água. O intervalo 2 é caracterizado por uma diminuição gradual das partículas autóctone
acompanhado de aumento de elementos terrígenos (e.g., grãos de pólen, fitoclastos não opacos e
esporos de fungos) que marcam um período de dominância de clima mais seco. O intervalo 3
demonstra um retorno gradual a um período mais úmido, com aumento das associações 3 e 4 e com

49
consequente diminuição das partículas associadas a elementos terrígenos. No Intervalo 4 retorna o
fluxo mais intenso de partículas terrígenas concomitante com a diminuição de elementos
autóctones. As conclusões preliminares deste trabalho demonstram que a seção Wila Lojeta
representa um ambiente de lago intermitente como consequência de oscilações climáticas. É
possível que as oscilações tenham relação com ciclos orbitais.

CONCHOSTRÁCEOS COMO POSSÍVEIS PALEOINDICADORES AMBIENTAIS DO


TRIÁSSICO SUPERIOR, SANTA MARIA, RS, BRASIL

LUIZA WAECHTER SEVERO; ÁTILA AUGUSTO STOCK DA ROSA


Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia, UFSM.
[email protected], [email protected]

Conchostráceos são pequenos crustáceos bivalves, nos quais as valvas são constituídas de quitina e
podem ser ou não impregnadas por carbonato de cálcio (as quais são preservadas em registros
fósseis), que habitam ambientes aquáticos temporários, como, por exemplo, os lagos rasos, podendo
escavar o fundo mole. São organismos bentônicos que se alimentam de microorganismos e restos de
vegetais, predominantemente dulcícolas desenvolvendo-se em águas alcalinas (Ph entre 7 e 9) e,
preferencialmente, em temperaturas quentes. Essas condições provavelmente ocasionariam chuvas
abundantes durante o período do Triássico Superior, proporcionando maior quantidade de nutrientes
para a promoção do desenvolvimento dos mesmos. Sua distribuição cosmopolita é explicada pelo
fato de que seus ovos podem durar muitos anos, suportando períodos de secas e, assim, podendo se
desenvolver em ocasiões mais oportunas. O presente trabalho está em processo de desenvolvimento
sob a forma de Trabalho de conclusão de Curso (TCC) através de análises desses organismos. O
material em estudo é proveniente de coletas em pelitos da Supersequência Santa Maria, antigamente
definidos como Membro Alemoa, e está presente na coleção do Laboratório de Estratigrafia e
Paleobiologia da Universidade Federal de Santa Maria, sob o tombo 9026 (9 = coleção de
Arthropoda; 026 = número de entrada). São 258 espécimes, organizados em sete caixas, com suas
respectivas subdivisões em letras (Caixa 1, UFSM 9026A-P; Caixa 2 Q-T; Caixa 3, U-AH; Caixa 4,
AI-BI; Caixa 5, BJ-CH; Caixa 6, CI-EX e Caixa 7, EY-IX). O objetivo deste trabalho consiste na
identificação taxonômica preliminar, sendo reconhecidos, até o momento, o gênero Cyzicus e as
possíveis espécies: Lioestheria katooae, “Lioestheria?”, Euestheria cf. forbesi, Triassoglypta
santamariensis e Estheriina (Estheriina) sp. Os resultados obtidos até o momento, através da
análise da morfologia, número de linhas presentes nas valvas e espaços entre as mesmas, analisados
em lupa, demonstram que a presença de conchostráceos com linhas de crescimento com maior
espaçamento, abundância e maiores dimensões de valvas, pode estar relacionada com a
disponibilidade de nutrientes, como é o caso de Triasoglypta santamariensis, sugerindo a
importância desses organismos como paleoindicadores ambientais.

ESTRUTURA DAS COMUNIDADES FITOPLANCTÔNICAS DOS ÚLTIMOS ~3.500 ANOS


DO LAGO DOM HELVÉCIO, PARQUE FLORESTAL DO RIO DOCE, MINAS GERAIS

M. C. SILVA; M. A. CARVALHO
Museu Nacional, UFRJ.
[email protected], [email protected]

O Lago Dom Helvécio situado no vale médio do Rio Doce, Minas Gerais faz parte de um
importante complexo lacustre no Parque Estadual do Rio Doce (PERD). Estudos anteriores de
sedimentos holocênicos demonstraram um conteúdo riquíssimo em fitoplâncton no lago. O material
ainda apresenta um grande potencial para refinar as identificações e entender melhor, com base na
distribuição estratigráfica desse material, as mudanças paleoambientais. O objetivo desse estudo foi

50
investigar a distribuição estratigráfica dos grupos funcionais fitoplanctônico dos últimos ~3 mil
anos e compara-los com aqueles que ocorrem atualmente no Lago Dom Helvécio. Para tal estudo,
24 amostras palinológicas do testemunho LDH94-4 e 05 de sedimentos de fundo retiradas nas
profundidades 0,5; 1,5; 11,75; 19,5 e 30,25 m foram analisadas através da microscopia em luz
branca transmitida e fluorescência com o objetivo de obter dados qualitativos (taxonômicos) e
quantitativos. No material analisado foram identificadas as espécies Botryococcus sp. 1,
Coelastrum reticulatum, Eudorina elegans, Pediastrum angulosum, Sorastrum sp., dinoflagelados e
mais 26 espécies não identificadas. A espécie Coelastrum reticulatum é a mais abundante seguido
de Botryococcus sp. 1. Três grupos funcionais foram reconhecidos F, G e J. Nas amostras do
testemunho o grupo funcional J é o dominante, especialmente devido a grande quantidade de
Coelastrum reticulatum sugerindo um ambiente raso e rico em nutrientes. Já nas amostras de
superfície o grupo funcional F é o mais significativo devido a grande abundância de Botryococcus.
Nesse caso o habitat sugerido é lago raso com epilímnio claro. O grupo funcional G representado
pela presença de Eudorina elegans é pouco representativo, no entanto ocorre especificamente na
parte média da seção. De maneira geral os grupos funcionais encontrados indicam um ambiente
raso e rico em nutrientes corroborado pelo alto valor médio de Carbono Orgânico Total (13,2%). Os
grupos funcionais encontrados mostram correlação positiva entre eles denotando que nos últimos
~3.500 anos de sedimentação do lago não ocorreram alterações ambientais significativas.

OSTRACODES DO APTIANO-ALBIANO DA BACIA DO ARARIPE, NORDESTE DO BRASIL

D. M. SOUZA 1; E. K. PIOVESAN 2
1
Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, Laboratório de Geologia Sedimentar-
LAGESE. 2 LAGESE, PRH-26, Universidade Federal de Pernambuco.
[email protected], [email protected]

A Bacia do Araripe é a mais extensa bacia mesozoica do interior do Nordeste brasileiro. Esta bacia
guarda importantes registros de microfósseis calcários, em especial de ostracodes não-marinhos do
Cretáceo em excelente estado de preservação. A grande aplicabilidade da fauna de ostracodes como
marcador bioestratigráfico possibilitou o estabelecimento de um zoneamento refinado e a
proposição de Andares locais nas bacias interiores do Nordeste do Brasil com base neste grupo
microfóssil. Neste estudo foram amostradas as formações Crato, Ipubi e Romualdo nas cidades de
Jardim, Crato e Santana do Cariri. O material foi tratado no Laboratório de Preparação de Amostras
(LPA), na Universidade Federal de Pernambuco, de acordo com os procedimentos usuais para
recuperação de microfósseis carbonáticos, consistindo nas seguintes etapas: (a) pesagem de 100 g
de amostra bruta; (b) fragmentação mecânica; (c) adição de peróxido de hidrogênio (H2O2) por 24 h;
lavagem em peneiras com aberturas de 250, 180 e 63 micrômetros e secagem em estufa à
temperatura de 50°C. Depois de secas, as amostras foram triadas em estereomicroscópio e os
espécimes foram acondicionados em lâminas específicas. Após as análises, foram identificadas as
espécies Alicenula leguminella, Theriosynoecum silvai, Pattersoncypris micropapillosa e
Damonella grandiensis. A associação registrada foi interpretada como típica de ambiente lacustre,
com grande variação de salinidade. As espécies registradas permitiram posicionar
bioestratigraficamente o material analisado no Andar Alagoas (=Aptiano-Albiano).

ANÁLISE DE PALINOFÁCIES PRELIMINAR DA BORDA NOROESTE DA BACIA DO


PARANÁ (DEVONIANO): INFERÊNCIAS PALEOAMBIENTAIS

V. S. F. TRINDADE1,2; L. SOMBRA1; M. A. CARVALHO1; S. M. SCHEFFLER1; C. G. GONÇALVES


1
Museu Nacional, UFRJ. 2 Bolsista PNPD/CAPES, Pós-graduação em Geologia, Departamento de Geologia, UFRJ.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

51
A Formação Ponta Grossa é uma das formações mais estudadas Bacia do Paraná. No entanto, na
borda noroeste da bacia, estado de Mato Grosso do Sul, estudos de cunho paleoambiental são
incipientes. Para a região este é o primeiro estudo de palinofácies. A matéria orgânica particulada
(MOP) foi recuperada de 18 amostras do afloramento MS-26 (23 m) provavelmente de idade
praguiana—emsiana, localizado no município de Rio Verde de Mato Grosso-MS. As seguintes
partículas orgânicas foram encontradas: Grupo Amorfo (pseudoamorfa e matéria orgânica amorfa-
MOA); Grupo Fitoclastos (fitoclastos opacos, fitoclastos não-opacos não-bioestruturados-Nop-
NBio, cutículas); Grupo Palinomorfos (esporos, algas de água doce, acritarcos e prasinófitas).
Elementos marinhos (acritarcos e prasinófitas) são encontrados em todas as amostras, com exceção
de duas amostras (7,4 e 8,3 m), indicando um ambiente marinho para seção estudada. Os fitoclastos
opacos foram os mais abundantes na seção estudada, seguido de microplâncton (prasinófitas) e
fitoclastos Nop-NBio. As partículas foram agrupadas com auxílio da análise de agrupamento em
três associações da MOP (AMOP): AMOP-1 (acritarcos, prasinófitas, pseudoamorfa e MOA);
AMOP-2 (fitoclastos opacos) e AMOP-3 (Nop-NBio, cutículas, esporos, Botryococcus). A seção
MS-26 foi dividida em três intervalos (IA-IC) de acordo com distribuição estratigráfica das
associações. O Intervalo A (0-2,5 m) é caracterizado por valores altos de origem continental da
AMOP-3, especialmente esporos e Nop-NBio acompanhado de baixa abundância de prasinófitas
indicando então um ambiente marinho com influência continental. Corrobora esta interpretação o
registro de fragmentos vegetais. O Intervalo B (2,5-8,3 m) se inicia com um pico de fitoclastos
opacos acompanhados de queda brusca de elementos continentais e elementos marinhos. Embora,
se observe valores baixos de elementos marinhos, a presença de raros crinoides nesse intervalo
indica que o ambiente é marinho franco. Além disso, a baixa abundância de fósseis com esqueleto
carbonático, aliada a uma aparente dissolução da morfologia dos mesmos, parece indicar que este
pacote tenha se depositado em profundidades mais elevadas, próximo a Zona de Compensação do
Carbonato de Cálcio, o que concordaria com os picos de fitoclastos opacos. O Intervalo C (8,3-15,2
m) é caracterizado pela maior abundância de elementos marinhos, especialmente de prasinófitas,
acompanhado de valores altos de MOA e baixa abundancia de elementos de origem continental,
sugerindo para esse intervalo um ambiente marinho normal longe de fontes fluviais e/ou deltaicas.
Além disso, estas camadas também são muito pobres em macroinvertebrados com apenas uma
ocorrência de braquiópode do gênero Derbyina? e uma de crinoide.

POTENCIALIDADES DA APLICAÇÃO DAS ASSEMBLEIAS DE FORAMINÍFEROS


BENTÔNICOS EM ESTUDOS DE RECONSTITUIÇÃO PALEOCEANOGRÁFICA NO
EMBAIAMENTO DE SÃO PAULO
C. YAMASHITA1; M. V. A. MARTINS1,2; S. H. MELLO E SOUSA3; S. S. GODOI3; R. C. L. FIGUEIRA3
1
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Geologia, Departamento de Estratigrafia e Paleontologia.
2
Universidade de Aveiro, GeoBioTec, Departamento de Geociências.3Departamento de Ocenografia Física, Química e
Geológica, Instituto Ocenográfico, Universidade de São Paulo.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

O presente estudo compreende a análise de 15 amostras de sedimentos superficiais coletadas no


Embaiamento de São Paulo (Atlântico SW), entre 45 e 1132 m de profundidade, para caracterizar
processos sedimentares baseados em multiproxy. O cerne da pesquisa consistiu em analisar
foraminíferos bentônicos (fauna total) e dados abióticos, incluindo valores de granulometria,
carbono orgânico total (COT) e razão C/N. Também foram analisadas as distribuições espaciais e
anuais das concentrações de clorofila-a do oceano [Chl-a], avaliadas a partir do sensoriamento
remoto por satélite (Sea-viewing Wide Field-of-view Sensor - SeaWiFS). Com base na análise de
Escalonamento Multidimensional (non metric Multidimensional Scaling–nMDS), foram
identificadas duas regiões com características diferentes: (1) Ilha de São Sebastião/SP e (2) Ilha
Grande/RJ. Os resultados da razão C/N indicam que na maioria das amostragens a origem da

52
matéria orgânica que chega ao substrato oceânico é essencialmente provinda da produtividade
primária. As concentrações de clorofila-a e COT são maiores na região da Ilha Grande do que no
setor da Ilha de São Sebastião. Na primeira região a densidade de foraminíferos bentônicos é maior,
contudo menos diversificada do que no setor da Ilha de São Sebastião. As associações de
foraminíferos da região da Ilha Grande são dominados por Globocassidulina subglobosa e
compostos, principalmente, por espécies oportunistas relacionadas à disponibilidade episódica de
alimentos e estes, por sua vez, decorrem do processo de ressurgência de Cabo Frio. A influência da
ressurgência diminui no setor da Ilha de São Sebastião. Os resultados obtidos revelam que a
associação de foraminíferos bentônicos contida em sedimentos superficiais registra diferenças de
fluxo de alimento resultante da produtividade oceânica. Nas estações mais profundas da região de
São Sebastião (talude continental), a presença de uma comunidade arborescente (Rhadammina spp.
e Rhizammina spp.) e da Nodulina dentaliniformis sugere que o regime sedimentar é relativamente
mais estável e contém maior quantidade de matéria orgânica refratária do que na Região da Ilha
Grande para profundidades semelhantes. Assim, os resultados obtidos são de grande importância
por constituírem análogos modernos que poderão ser aplicados em estudos paleoambientais de
reconstituição da circulação oceânica ao largo da região estudada.

53
PALEOBOTÂNICA

ESTUDO ESPECTROSCÓPICO E MICROSCÓPICO EM UM VEGETAL FÓSSIL DA


FORMAÇÃO IPUBI, BACIA DO ARARIPE
J. N. BEZERRA1*; A. L. R. S. DOMINGOS2; O. A. BARROS3; J. H. DA SILVA2
¹Universidade Regional do Cariri (URCA). ²Universidade Federal do Cariri (UFCA). ³Universidade Federal do Ceará
(UFC).
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

A Formação Ipubi, é constituída por lentes de evaporitos (gipsita) intercalados com folhelhos cinza
esverdeados, carbonatos e arenitos. A coleta do material foi feita na área de exploração de sulfato de
cálcio (gipsita) localizado a 24 Km da cidade de Araripina no Estado do Pernambuco. Nestes
folhelhos foi encontrado um fragmento de vegetal, ainda em fase de estudo pertencente ao
Laboratório de Paleontologia da URCA, com cerca de 15 cm de comprimento. Para a caracterização
foi utilizada a técnica de Fluorescência de Raios-X (FRX) e para identificação taxonômica foram
utilizados o microscópio estereoscópico e MEV. Com as medidas de FRX foi possível obter os
seguintes elementos: fóssil - Ca (82.2%), Si (7,38, Fe (4,86) S (1,39); rocha matriz - Ca (42,97), S
(31,83), Si (5,71) e Fe (4,59). A grande quantidade encontrada de Ca tanto na rocha matriz quanto
no fóssil, indicou que houve substituição por carbonato de cálcio (CaCO3) durante o processo de
fossilização. Já a quantidade de Fe e S indicou que o espécime possuía traços de pirita, indicando
que este mineral esteve presente durante a fossilização. Foi observado no vegetal a presença de duas
folhas por nó, tal característica permite associá-la ao gênero Frenelopsis. A ocorrência deste gênero
já foi descrita para a Bacia do Araripe apenas na Formação Romualdo e Crato, sendo este grupo de
fácil adaptação ambiental, citado como formador de florestas em torno de ambientes marítimos e
dulcícolas, como rios e lagos, solos pobres, arenosos, pantanosos e área de várzea. [*Bolsista
FUNCAP - PROJETO BPI]

NOVO SÍTIO PALEOBOTÂNICO DO PERMIANO DA BACIA DO PARNAÍBA, MUNICÍPIO


DE PORTO ALEGRE DO PIAUÍ

A. S. V. BORGES; R. L. S. QUARESMA; J. C. CISNEROS


Laboratório de Paleontologia, Centro de Ciências da Natureza, Universidade Federal do Piauí, Bairro Ininga, 64049-
550, Teresina, PI.
[email protected], [email protected], [email protected]

A Formação Pedra de Fogo tem idade permiana e aflora ao longo do centro da Bacia Sedimentar do
Parnaíba, que é uma das mais importantes em termos paleobotânicos no país. Esta bacia recobre os
estados do Maranhão, Piauí e Tocantins, e pequenas porções do Pará e do Ceará. As associações
fitofossilíferas aqui apresentadas foram reconhecidas na Fazenda Cansanção, localizada em Porto
Alegre do Piauí, 270 km sudoeste de Teresina, estando inseridas na Formação Pedra de Fogo. Esta
unidade geológica é caracterizada pela presença de camadas de sílex e calcário e, apesar do seu alto
potencial para o desenvolvimento de estudos paleontológicos, ainda se encontra em um estágio
preliminar de pesquisas. O referido sítio caracteriza-se por apresentar uma quantidade significativa
de troncos de pteridófitas (Psaronius sp.) do Período Permiano e, em menor quantidade, troncos
gimnospérmicos. O georreferenciamento dos caules fósseis foi realizado através de prospecções de
superfície por caminhamento, com o auxílio de imagens do Software livre Google Earth, utilizando
um receptor de GPS e fotografias. Até o presente momento foram mapeadas nove concentrações de
troncos na localidade. O conteúdo do novo sítio contrasta com as ocorrências próximas a Teresina,
nas quais predominam as gimnospermas. Este novo registro demonstra o grande potencial que

54
existe para o desenvolvimento de estudos paleobotânicos na bacia. A continuidade deste trabalho
será relevante para o contexto da paleoflora paleozoica do Gondwana.

DESCRIÇÃO DE RAÍZES FÓSSEIS DO PENSILVANIANO DA BACIA DO PARNAÍBA

S. C. M. CAMPELO1; J. C. CISNEROS2*; W. M. K. MATSUMURA2**


1
Laboratório de Paleontologia, Centro de Ciências da Natureza, Universidade Federal do Piauí, Teresina. 2Departamento
de Biologia, Centro de Ciências da Natureza, Universidade Federal do Piauí, Teresina.
[email protected], [email protected], [email protected]

Este trabalho descreve raízes fósseis encontradas em São Gonçalo do Gurgueia, estado do Piauí. A
área de ocorrência esta inserida na Formação Piauí (Pensilvaniano, Bacia do Parnaíba). Os fósseis
são túbulos que apresentam um eixo principal, cilíndrico, de material cimentado, preenchido com
sedimento pouco consolidado de textura semelhante à rocha matriz. Podem possuir ramificações
laterais de número variável e menor calibre, ao longo de sua superfície. Alguns espécimes ocorrem
verticalmente e outros horizontalizados em relação ao plano de acamamento da rocha matriz.
Quando presentes, as ramificações podem se organizar de forma espiralada, opostas ou apresentar-
se somente de um lado do eixo principal, formando ângulos de até 90°. A superfície externa é
rugosa, de coloração escura, com ornamentações na forma de cristas (com alguns milímetros de
espessura), que ocorrem em quatro formas distintas: (i) cristas longitudinais, ocorrem em número
variável, chegando a um máximo de sete; (ii) cristas oblíquas, em relação ao eixo principal; (iii)
cristas transversais, assemelham-se a anéis, e podem ou não circundar completamente o eixo, em
alguns fósseis, estas características estão ausentes (iv). É importante ressaltar que só há um tipo de
ornamentação por espécime. Este registro aumenta a diversidade fossilífera da Formação Piauí,
anteriormente reconhecido apenas pelos macroinvertebrados marinhos das fáceis carbonáticas. A
presença de raízes fósseis in situ permite a inferência de um paleossolo e demonstra que esta porção
da Formação Piauí é de origem continental, ampliando a interpretação dos ambientes continentais
no Pensilvaniano da Bacia do Parnaíba. [*CNPq 456608/2014-1, **141979/2011-9].

TRONCOS FOSSILIZADOS DA FORMAÇÃO BOTUCATU (EOCRETÁCEO): PANORAMA E


PERSPECTIVAS DOS ÚNICOS FÓSSEIS ENCONTRADOS EM UBERLÂNDIA E
ARAGUARI-MG

K. R. MALAQUIAS; A. C. S. RIFF; D. RIFF


Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG.
[email protected], [email protected], [email protected]

Nos anos 1960 os proprietários da então denominada Fazenda Sobradinho, situada na zona rural de
Uberlândia (18°46'56"S, 48°16'0.20"O), retiraram dali uma grande quantidade de troncos
silicificados, tratados como rocha e entregues a uma marmoraria local. Reconhecidos pelo prof.
Luiz Nishiyama (Instituto de Geografia/UFU), os troncos foram recolhidos para o então
Departamento de Geografia, e amostras enviadas para diversas instituições nacionais. Em 1972 os
geólogos K. Suguio e A. M. Coimbra descreveram preliminarmente a anatomia destes troncos e
atestaram sua proveniência como sendo da Formação Botucatu. Este depósito representa o último
ciclo de sedimentação da Bacia do Paraná e acumula arenitos eólicos de um grande deserto,
sotopostos e intercalados aos derrames basálticos da Formação Serra Geral. A Formação Botucatu
tem seu limite norte no Triângulo Mineiro, onde arenitos médios a grossos com estratificações
cruzadas de pequeno porte atestam a presença de torrentes sazonais (depósitos de wadis). Em 1974
a primeira paleobotânica brasileira, Diana Mussa, descreveu a espécie Palaeopinuxylon josuei a
partir de troncos enviados ao DNPM/RJ e a alocou na família Protopinaceae, grupo proposto pelo
alemão R. Kräusel para incluir coníferas mesozoicas tratadas como intermediárias entre as
gimnospermas paleozoicas e as formas atuais, e cujo xilema apresenta traqueídes com pontoações

55
radiais de aspecto misto entre aqueles de Araucariaceae (pontoações contíguas e sub-
quadrangulares) e Pinaceae (pontoações espaçadas e circulares - padrão “abietino”). Entre 1997 e
2011 esses troncos voltaram a ser estudados, destacando-os como atrativo geoturístico e análises
dendroclimatológicas. Espécimes foram registrados também no município de Araguari, cuja
legislação municipal os protege de ação minerária (lei complementar nº 59/2009). Considerando
recentes revisões do registro gondwânico de lenhos de Gymnospermae e que Protopinaceae trata-se
de um agrupamento artificial e taxonomicamente espúrio, a validade de P. josuei deve ser
reavaliada. Para tal, localizamos os espécimes da Fazenda Sobradinho que atualmente encontram-se
dispersos pela UFU, a maior parte compondo o paisagismo dos campi Santa Mônica (135 peças em
16 pontos) e Umuarama (seis peças em quatro pontos). Novas prospecções na localidade-tipo não
localizaram novos espécimes, mas o grande volume de material disponível para novos estudos
anatômicos permitirá reavaliar taxonomicamente estes que são os únicos fósseis conhecidos para os
municípios de Uberlândia e Araguari. [SESu/MEC]

INTERAÇÃO ARTRÓPODE-PLANTA DE ALTA INTENSIDADE NA FORMAÇÃO RIO


BONITO, BACIA DO PARANÁ

JOÃO HENRIQUE ZAHDI RICETTI1,2, ROBERTO IANNUZZI1, GUILHERME ARSEGO ROESLER1


1
PPGGeo, IGeo, UFRGS, Porto Alegre, RS; 2CenPaleo, UnC, Mafra, SC.
joao.ricetti@hotmailcom, [email protected], [email protected]

Interações artrópode-planta (inseto-planta) no Paleozoico da Bacia do Paraná são bem


documentadas, sendo os estudos em sua maioria provenientes do Supergrupo Gondwana I, cujos
depósitos Carboníferos-Permianos preservam um amplo leque de informações paleobotânicas. Essa
contribuição traz um novo registro de interações artrópode-planta do afloramento Itanema II,
localizado no município de Criciúma, sul do Estado de Santa Catarina. Pertencente ao topo da
Formação Rio Bonito, o afloramento Itanema II sobrepõe o Carvão Barro Branco, correspondendo
lateralmente ao Carvão Treviso, o mais superior desta unidade. A Formação Rio Bonito foi
considerada de idade Cisuraliana, baseado em seu conteúdo fóssil e datações radiométricas obtidas
em tonsteins encontrados intercalados com horizontes de carvão no Estado do Rio Grande do Sul.
Este estudo foca nos espécimes da flora de Glossopteris com área maior que 1 cm² contendo
evidências de interação artrópode-planta. A coleta de dados foi realizada utilizando a classificação
em Damage Type (DT) do “Guide to Insect Damage Types on Compressed Plant Fossil” e os
resultados foram comparados com estudos previamente realizados com a flora de Glossopteris da
Bacia do Paraná. Como conclusão preliminar, o novo registro apresenta uma vasta quantidade de
DTs, somados aos já encontrados em estudos anteriores. Outra informação relevante se refere à
frequência de herbivoria encontrada. Estudos anteriores apontavam uma frequência em torno de 8%
nas folhas de Glossopteris do Carbonífero-Permiano da Bacia, enquanto o estudo atual apresenta
uma frequência preliminar semelhante às encontradas em floras de mesma idade em regiões do
Paleotrópico, i.e., cerca de 30%. A assembleia do afloramento Itanema II ainda apresenta uma flora
singular e de composição variada, cujos elementos típicos do Eopermiano são encontrados junto a
floras mais recentes, comuns em depósitos das formações Teresina e Rio do Rasto. Percebe-se
assim um período de alta diversidade florística associado a um aumento da frequência de
herbivoria. Supõe-se que este aumento pode ter sido desencadeado por um período de
melhoramento climático, talvez relacionado ao fim da Era Glacial do Neopaleozoico e ao começo
de uma fase “Greenhouse” para esta paleolatitude. [CNPQ 140446/2016-8]

PALAEOSTIGMA SEWARDII KRÄUSEL & DOLIANITI, 1957 NO DEVONIANO DA BACIA


DO PARNAÍBA, PICOS, PIAUÍ

I. R. SOUZA*; J. M. SANTOS**; K. C. RODRIGUES***; M. S. VERA***; J. L. R. MOURA***; P. V. OLIVEIRA

56
Laboratório de Paleontologia de Picos, Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros
(LPP/UFPI-CSHNB).
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]

As Lycopsidas são pequenas plantas herbáceas caracterizadas por folhas simples, helicoidalmente
inseridas ao longo do caule. A presença de fósseis deste grupo na região de Picos é conhecida desde
1957. Trabalhos de campo recentes em afloramentos da Formação Pimenteira (Devoniano, Bacia do
Parnaíba), em Picos, tem possibilitado a coleta de amostras de rochas contendo diversos fragmentos
vegetais, objeto de estudo nesta pesquisa. Em laboratório, quatorze amostras oriundas de
afloramentos urbanos (Morro do Quebra Pescoço, Morro do Cemitério e Morro do Mestre Braz),
tiveram os fósseis preparados mecanicamente com auxílio de agulhas, pinceis, e microscópio
estereoscópio; medidas biométricas com auxílio de paquímetro e régua foram feitas; a identificação
se deu através da análise comparativa das feições e morfologia preservadas nas amostras, com
àquelas reportadas em literatura específica. A presença de poros arredondados a alongados
longitudinalmente, distribuídos de forma irregular ou apresentando ligeiro padrão helicoidal, além
de células da epiderme, permitiu atribuir o material a espécie Palaeostigma sewardii Kräusel &
Dolianiti, 1957. Estes vegetais são considerados higrófilos, o que reafirma a constituição
paleoambiental atribuída à Formação Pimenteira, caracterizada como um ambiente de mar raso bem
próximo ao continente. A continuidade das pesquisas com estes fósseis poderá elucidar questões
evolutivas e paleoecológicas dos vegetais durante o Devoniano, além de fornecer dados relevantes
para interpretações dos sistemas deposicionais e reconstituições paleofitogeográficas para a Bacia
do Parnaíba. [*BIAMA-UFPI; **PIBIC-UFPI; ***ICV-UFPI]

57
INVERTEBRADOS

CARACTERIZAÇÃO DE FÓSSEIS DE MOLUSCOS PRESERVADOS EM DEPÓSITOS


MARINHOS DA BARREIRA III NO SUL DA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO
SUL

MAIARA BETTINELLI¹; SÉRGIO REBELLO DILLENBURG²; RENATO LOPES³; FELIPE CARON³


¹Programa de Pós Graduação em Geociências, UFRGS. ²Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica, UFRGS.
³UNIPAMPA.
[email protected]

Na porção Sul da Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS) ocorrem depósitos fossilíferos
de idade pleistocênica em subsuperfície. Afim de assegurar a preservação desses fósseis durante a
instalação do Complexo Eólico Campos Neutrais, entre os municípios de Santa Vitória do Palmar
e Chuí, os órgãos ambientais demandaram a execução de um programa de monitoramento e
resgate paleontológico durante as perfurações para as fundações das torres eólicas. Como resultado
do programa, em 34 das perfurações, foram recuperados milhares de fósseis de moluscos,
equinodermos, peixes, crustáceos, foraminíferos e ostracodes em profundidades que variaram de 5
a 15 metros. Estratigraficamente os sedimentos fossilíferos estão associados aos depósitos
marinhos da Barreira III e demonstram um nível de mar até 7 metros acima do atual. A distribuição
espacial dos fósseis não é homogênea, sugerindo que estejam distribuídos em manchas, similar ao
que se pode observar atualmente na Praia dos Concheiros. Dos 5843 espécimes de moluscos,
foram identificadas 30 espécies de bivalves e 19 de gastrópodes. Os táxons predominantes são
bivalves (5614 espécimes), seguidos por gastrópodes (229 espécimes), além de 202 não
identificados. As espécies mais frequentes de bivalves são Amiantis purpuratus, Mactra
janeiroensis, Pitar rostratus, Mactra isabelleana, Mactra guidoi, Corbula caribaea e Gouldia
cerina, sendo A. purpuratus a espécie dominante (94,12% do total de bivalves). Já dentre os
gastrópodes, a espécie mais frequente é Bostrycapulus odites (73,53% do total de gastrópodes).
Quanto aos aspectos tafonômicos, os fósseis apresentam-se bastante completos, desarticulados
(com exceção de diversos espécimes de Corbula) e com poucos sinais de abrasão, bioerosão ou
incrustação. Predominam espécimes de coloração branca, devido à dissolução parcial por água
intersticial, embora alguns mantenham traços da coloração original e outros exibam parte do
perióstraco preservado. A maior parte das espécies encontradas habita águas rasas (0 a 30 m),
indicando ambiente de antepraia superior (upper shoreface-foreshore). Foram identificados alguns
exemplares de espécies que vivem em águas mais profundas (de até 77 m): Adelomelon brasiliana,
Anadara chemnitzi e Glycymeris longior. A maior parte das espécies encontradas vive em
ambiente marinho franco, mas as espécies Anomalocardia brasiliana, Crassostrea rhizophorae,
Erodona mactroides, Ostrea equestris e Bostrycapulus odites também habitam águas salobras. A
maioria dos táxons identificados vive hoje na costa do Rio Grande do Sul, mas os bivalves
Anomalocardia brasiliana, Chione subrostrata e Chione paphia não vivem atualmente ao Sul de
Santa Catarina (28º S), o que sugere águas costeiras mais quentes do que as atuais.

PRIMEIRO RELATO DE CORNULITES SP. NAS CAMADAS DEVONIANAS DA SUB-BACIA


APUCARANA, PARANÁ, BRASIL

ELVIO PINTO BOSETTI1, JEANNINNY CARLA COMNISKEY2, LUCINEI MYSZYNSKI JUNIOR4, RENATO
PIRANI GHILARDI4
1,2
UEPG, Paraná, Brasil; IFPR, Paraná, Brasil; 4UNESP “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, Brasil.
3

[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

58
Os cornulitídeos já foram considerados homólogos aos artrópodes e anelídeos, devido a sua
semelhança na segmentação do corpo, bem como já foram considerados homólogos aos briozoários,
decorrente da estrutura vesicular da parede da concha. O consentimento das afinidades biológicas
do grupo, ainda se mantém em debate. O material analisado encontra-se depositado no Laboratório
de Paleontologia e Estratigrafia, Departamento de Geociências, Universidade de Ponta Grossa
(UEPG- DEGEO). O espécime pertence ao gênero Cornulites Schloteim, 1820, classe Tentaculitida.
O grupo é exclusivamente marinho e são representados por tubos calcários, segregados por
presumíveis poliquetas. Já foram encontrados isolados ou em agrupamentos. Quando isolados
fixam-se no substrato, quando agrupados ocorrem cimentados uns aos outros ou em material
conchífero. O presente registro ilustra o primeiro caso. Os cornutilitideos possuem distribuição
estratigráfica do meso Ordoviciano ao final do Carbonífero e são registrados para América Norte,
Estônia e Suécia, sendo este o primeiro registro para as camadas do Devoniano brasileiro. O
material foi encontrado no município de Tibagi, Paraná, no km 237 na BR 153, nas coordenadas
geográficas S 24° 45' 52'', O 50° 28' 07''. O afloramento tem 8 m de espessura, onde a base é
constituída por siltitos finos maciços intercalados a finas lentes de argilito com laminação
planoparalela e apresentando coloração cinza escuro a preta. O topo é constituído por uma gradação
granocrescente que varia de argilitos á arenitos finos á médios de coloração cinza claro. A
diversidade fossilífera é diferenciada nas duas feições litológicas. Os cornulitídeos são registrados
apenas na base da seção numa associação de fitodetritos, ostracoda, tubos vestimentíferos e
gastrópodes beleronfontídeos. A presença deste material está associada a ambientes redutores e em
várias partes do mundo as camadas onde os tubos são encontrados há uma relação com alto
potencial de geração de hidrocarbonetos. [Cnpq 311483/2014-3].

IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA DOS MOLUSCOS FÓSSEIS DA FORMAÇÃO PIAUÍ


(PENSILVANIANO), BACIA DO PARNAÍBA
N. L. S. FRAZÃO; N. L. SILVA NETA; W. M. K. MATSUMURA*; M. A. F. FERREIRA
Departamento de Biologia, Centro de Ciências da Natureza, Universidade Federal do Piauí
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

O presente trabalho tem como objetivo identificar taxonomicamente os fósseis de moluscos


provenientes da Formação Piauí (Pensilvaniano) da Bacia do Parnaíba. O material foi recentemente
coletado na Pedreira Mocambo (4°53'41.11"S, 42°35'50.58"O), 20 km ao sul do município de José
de Freitas (PI). As amostras encontram-se depositadas no Museu de Geologia (MGeo) do
Departamento de Biologia (DBio) da Universidade Federal do Piauí (UFPI, Campus Universitário
Ministro Petrônio Portella, Teresina) e estão catalogadas na coleção de paleontologia de
invertebrados do Museu de Arqueologia e Paleontologia (MAP/UFPI), sob a sigla UFPI/PIN 051.1
a 051.70, onde cada amostra contém um ou mais espécimes fósseis. Os moluscos estão preservados
em rocha calcária, na forma de moldes (externo, interno e contramolde), sendo alguns
recristalizados internamente. Em geral os espécimes estão inteiros, a maioria desarticulados e
preservados paralelamente em relação ao plano de acamamento. Poucos bivalves estão preservados
com as valvas fechadas e perpendiculares ou oblíquos ao plano de acamamento. Foram
identificados as seguintes espécies: Bellerophon amazonicus (n = 12), Aviculopecten trichotomus (n
= 9), Straparolus (Euomphalus) batistai (n = 5), Schizodus alpinus (n = 4), Wilkingia terminalis (n
= 3), Oriocrassatella piauienses (n = 2), Orthoceras sp. (n = 2), Phestia bellistriata (n = 2),
Stegocoelia (Goniasma) lasallensis (n = 2), Strobeus sp. (n = 1), Astartella subquadrata (n = 1),
Orthonema sp. (n = 1), Schizodus mocamboensis (n = 1), Palaeonucula levatiformis (n = 1), ?
Sanguinolites sp. (n = 1), ?Leptodesma sp. (n = 1), além de bivalves (n = 16) e gastrópodes (n = 6)
indeterminados. A paleomacrofauna do “Calcário Mocambo” habitou as regiões tropicais de um
ecossistema marinho raso, em ambiente protegido. A continuidade das descrições e análises

59
comparativa dos fósseis permitirá o detalhamento taxonômico dos fósseis deste clássico
afloramento fossilífero. [*CNPq 141979/2011-9]

LATE CRETACEOUS BIVALVIA (MOLLUSCA) FROM THE MARÍLIA FORMATION AT THE


NORTHERN BORDER OF THE BAURÚ BASIN

A. A. GIARETTA1; S. MARTÍNEZ2; O. F. GALLEGO3


1
Faculdade de Ciências Integradas do Pontal, Universidade Federal de Uberlândia, MG; 2Dpto. Paleontología, Facultad
de Ciencias, UDELAR, Uruguay; 3Centro de Ecología Aplicada del Litoral y Asignaturas Geología Histórica-
Micropaleontología (Área Ciencias de la Tierra), Centro de Ecología Aplicada del Litoral-CCT-Nordeste-CONICET y
Departamento de Biología, Facultad de Ciencias Exactas, Naturales y Agrimensura - UNNE, Argentina.
[email protected], [email protected], [email protected]

The Bauru Basin (K) is in southeastern South America and was mostly filled with siliciclastic
psammitic sediments. During deposition, the climate varied from desertic to semiarid depending on
the time/location. At north, outcrops of the Adamantina and the overlaying Marília formations are
found, which are estimated to be of Campanian-Maastrichtian ages. Given the occurrence of
conglomeratic strata resulting from alluvial fans, lakes, and braided rivers, the northern and
northeastern borders appear to provide records of more proximal deposits. The Echaporã Member
of the Marília Formation can also be interpreted as built of moderately developed, well-drained,
medium/fine-grained sandstone palaeosols (long sedimentation time lags and wetter periods) with
scattered channels. The animal fossil assemblage of both formations includes Spinicaudata,
Ostracoda, Gastropoda, Bivalvia, Actinopterigii, Anura, Chelonia, Squamata, Crocodylomorpha and
Dinosauria. Herein we introduce specimens of Bivalvia recently found (AAG) in the Marília
Formation (putatively Echaporã Mb) from Ituiutaba (MG). At the moment, our sample
identification to lower taxonomic levels is not possible because the few freed shells do not show
relevant morphological features to systematic. The specimens were recovered from a hill with
several levels of roughly graded conglomerate (palaeochannels). Shells were encrusted in ca. 5x5
cm weathered limestone pebbles (bioclasts), many of them rich in 1-10 mm long mechanically-
sorted disarticulated valves. The level (or levels) from which they were released still could not be
determined. About ten species of bivalves have been recognized for the Bauru Basin, but their
putative endemism and rarity still preclude their use in biostratigraphic studies. Highly relevant is
the occurrence of the present association as bioclasts, a situation previously recognized to one
Jurassic Argentinean unit. The small size and sphericity of the bioclasts suggest lengthy water
transport and an allochthonous origin. A recent study envisions the Marília Formation as a plain
aeolian area under a dry climate with scattered seasonal rivers. If our fossil bivalves are intra-
formational in origin, this palaeoenvironment model should admit the occurrence of long-term
(months/years?) water bodies in this system, which could be coincident with the times of low sand
deposition and paleosols formation. [CNPq; FAPEMIG]

MORFOLOGIA E PALEOECOLOGIA DOS MOLUSCOS BIVALVES DA FORMAÇÃO CRATO,


CRETÁCEO SUPERIOR, BACIA DO ARARIPE

A. L. C. LEITE NETA1; R. P. GHILARDI2; J. M. SAYÃO1


¹Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Centro Acadêmico de Vitória (CAV). 2Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências de Bauru, Departamento de Ciências Biológicas.
[email protected], [email protected], [email protected]

A Bacia do Araripe, compreendida entre os estados do Ceará, Piauí e Pernambuco, é conhecida pela
abundância de fósseis e sua excepcional preservação. Dentre sua vasta macrofauna de
invertebrados, moluscos bivalves também ocorrem nesta bacia. A Formação Crato, de idade
Aptiana-Albiana, é composta predominantemente por calcário laminado com intercalações de

60
arenitos, siltitos e folhelhos. Os bivalves Malletia sp. e Yoldia sp. Pertencentes as famílias:
Malletiidae e Arcidae respectivamente, são os mais abundantes dentre a fauna malacológica da
Formação Crato e possuem feições morfológicas semelhantes tais como concha equivalve, largura
máxima na região médio-dorsal e linhas de crescimento visíveis por toda superfície da concha.
Foram coletatos 47 espécimes de bivalves entre fósseis corpóreos e icnofosséis acima dos bancos de
calcário na Formação Crato. Os espécimes estudados encontram-se depositados na coleção
científica da Universidade Federal de Pernambuco- campus Vitória de Santo Antão. Os espécimes
agrupados no gênero Yoldia sp. possuem a região posterior levemente alongada, valvas levemente
infladas e espessas e índice intermediário de obesidade. De acordo com essas características
possuíam hábito escavador, endofaunal de escavação em areias sob fina lâmina de água e com
muita energia do meio. Por outro lado, os espécimes do gênero Malletia sp. possuem uma valva
delgada, ornamentação lisa e região posterior e anterior arredondada. Possuindo predisposição à
escavação e preferência por substratos arenosos ou lodosos. Ambos os gêneros aqui descritos
possuem seus atuais representantes marinhos, no entanto, esse ambiente não é representado na
Formação Crato, que é descrito como sistema lagunar que poderia sofrer eventuais ingressões
marinhas registradas pela presença de cristais de halita em alguns de seus níveis. Os gêneros aqui
citados permanecem em estudo para que se possa definir o principal papel desses organismos na
reconstrução paleoambiental da Formação Crato.

NOVO REGISTRO DE NINFA DE LIBÉLULA (ODONATA, ANISOPTERA) PROVENIENTE


DA FORMAÇÃO CRATO (BACIA DO ARARIPE)

D. S. A. LIMA1; R. P. BARROS1; J. M. SAYÃO2


1
Centro de Biociências (CB/UFPE), Av. da Engenharia, S/n, Cidade Universitária, Recife, PE. 2Centro Acadêmico de
Vitória (CAV/UFPE). R. Alto do Reservatório, s/n – Bela Vista, Vitória de Santo Antão. [email protected],
[email protected], [email protected]

Odonata é uma das ordens de insetos que apresentam um grande número de registros fósseis para
indivíduos adultos, datando a partir da Era Paleozóica, entretanto pouco se sabe sobre os fósseis de
seus estágios imaturos. O desenvolvimento desses animais é hemimetábolo, ou seja, possui três
estágios (ovo, ninfa e adulto). Suas ninfas, também conhecidas como náiades, são predadoras
vorazes e apresentam um desenvolvimento intimamente relacionado a corpos d’água, onde
amadurecem até emergirem como adultos, passando a vida terrestre. A Formação Crato é
componente da Bacia do Araripe e conhecida mundialmente por possuir uma excepcional
preservação de seus fósseis, datada no Aptiano-Albiano (125-100.5 Ma), idade compreendida no
Período do Cretáceo inferior. Nesta formação foi coletado um novo exemplar de náiade fóssil bem
preservado apresentando morfologicamente um corpo robusto, abdômen largo possuindo 10
segmentos, espinhos laterais e ausência de brânquias caudais, o que a classifica como pertencente a
subordem Anisoptera. Durante a deposição sedimentar esse era um ambiente calmo, de águas
cristalinas que formavam um paleolago e em seu entorno existia uma vegetação ciliar. A
representação desta ninfa fossilizada e a abundância de indivíduos adultos fêmeas auxiliam na
inferência de que o microhabitat deste paleolago servia como um sítio de deposição de ovos e
desenvolvimento de ninfas, o que favorecia a manutenção da população, sendo possível, a partir
disso, realizar análises e agregar informações sobre as interações destes insetos e o paleoambiente
no qual viviam. [CAV/UFPE, LABTEI-UFPE, LPU-URCA]

PRIMEIROS CORAIS FÓSSEIS (SCLERACTINIA, RHIZANGIIDAE) DA BACIA DE SÃO


LUÍS: UMA DISCUSSÃO

I. D. MENDES1; T. C. M. SILVA2
1
Laboratório de Bioestratigrafia, Paleoecologia e Paleoclimatologia, Instituto de Geociências, UFRJ. CAPES.
2
Laboratório de Paleontologia, Departamento de Biologia, UFMA.

61
[email protected], [email protected]

Em geral, o documentário fóssil de Scleractinia é raro na América do Sul. Os registros mais antigos
do Brasil, pertencem a estratos do Cretáceo da Bacia Sergipe, Formação Riachuelo. Enquanto que
os mais expressivos se distribuem ao longo da Formação Pirabas, Mioceno Inferior. A Bacia de São
Luís apresenta um rico e raro registro fóssil do Mesocretáceo, pertencente à Formação Alcântara e,
em alguns blocos falhados desta unidade, depositaram-se sedimentos durante o Mioceno Inferior,
correlacionáveis à Formação Pirabas. Em agosto deste ano, prospecções realizadas na Ilha do
Cajual, Alcântara – MA, revelaram fragmentos de colônias de corais junto à típica tafocenose do
local. Este resumo documenta pela primeira vez a ocorrência de corais fósseis para a Bacia de São
Luís, abrindo uma discussão sobre a idade daqueles depósitos. O material encontra-se depositado na
coleção paleontológica do Instituto de Geociências da UFRJ, consta de três exemplares
recristalizados, sendo dois recobertos por filmes de laterita. Os espécimes são descritos como:
colônias rastejantes, incrustantes (161mm, maior comprimento); coralitos bem definidos,
individualizados por sulcos rasos, cálice subcircular com maior diâmetro medindo 28mm; há um
cenósteo interligando os coralitos, com a maior espessura de 42mm, auxiliando na fixação da
colônia e possui rugas paralelas concordantes com o maior comprimento; os septos são finos, com
poucos grânulos, dentados marginalmente e se prolongam até a columela, que forma estruturas
papilosas; os septos secundários não se prolongam até a columela. Essas características permitem
identificar os espécimes como pertencentes à família Rhizangiidae. No entanto, há afinidades com
três gêneros da família: Rhizangia Milne & Edwards, 1848 (Cretáceo–Mioceno), Culicia Dana,
1846 (Oligoceno–Quaternário) e Arctangia Wells, 1937 (Cretáceo). Há certa afinidade com Culicia,
em relação ao formato do cálice, disposição dos septos e columela. As semelhanças com Rhizangia
são: formato rastejante da colônia, septos dentados e as estrias do cenósteo. Já o formato dos
coralitos, e a dentição periférica do cálice estão mais próximos de Arctangia, mas os representantes
deste gênero não possuem hábito de vida colonial. Análises mais detalhadas possibilitarão
esclarecer estas questões taxonômicas que podem levar a novas inferências paleoecológicas e/ou
cronológicas para aqueles depósitos da Bacia de São Luís.

SOBRE O REGISTRO DA FAMÍLIA NAUCORIDAE (HEMIPTERA: HETEROPTERA) NO


MEMBRO CRATO, CRETÁCEO DA BACIA DO ARARIPE, NORDESTE DO BRASIL

D. A. MOURA-JÚNIOR¹; S. M. SCHEFFLER²
¹PPGeo, Museu Nacional/UFRJ. ²Laboratório de Paleoinvertebrados, Museu Nacional/UFRJ.
[email protected], [email protected]

A família Naucoridae possui um registro fossilífero relativamente baixo, com 17 gêneros e 22


espécies descritos até o momento. Estes fósseis ocorrem no Cazaquistão, Rússia, Alemanha, China,
Mongólia, França, Inglaterra e Brasil, distribuídos do Jurássico ao Paleógeno. No Brasil há a
descrição de duas espécies (Cratocora crassa e Cratopelocoris carpinteroi), que são registros
oriundos da Formação Santana e estão citados e figurados formalmente. Na coleção do Museu de
Ciências da Terra/CPRM, unidade Rio de Janeiro, há dois espécimens (MCT 6948-I e MCT 6949-I)
da família Naucoridae, sendo estes analisados e comparados com as espécies fósseis conhecidas,
tornando-se assim o objetivo deste trabalho. O espécimen MCT 6948-I possui corpo ovalado com
10,37 mm de comprimento e 6,22 mm de largura, posição ventral; cabeça mal preservada, olhos
sobrepostos ântero-lateralmente, labium não preservado; scutellum mal preservado, clavus não
fusionado com scutellum; quatro segmentos abdominais curvos e genitália não preservada; pernas e
asas não preservadas. O espécimen MCT 6949-I tem corpo ovalado com 13,37 mm de comprimento
e 7,64 mm de largura, posição dorsal; cabeça bem preservada com olhos sobrepostos ântero-
lateralmente na margem do pronotum; pronotum com uma divisão no centro; scutellum bem
preservado na forma de trapézio, com uma protuberância nas laterais; clavus e sutura claval bem

62
distintos; asa direita bem preservada, com fratura medial bem definida; tegmen bem preservado,
com ausência de veias; pernas anteriores preservadas, aparentemente com tíbia e tarsos fusionados,
e pernas medianas também preservadas, com tíbias distintas dos tarsos de ambos os lados; tarsos
com um segmento. As características indicam que estas amostras pertencem a um gênero e espécie
nova da família Naucoridae, se distinguindo de todos os gêneros registrados no mundo, incluindo as
espécies Cratocora crassa e Cratopelocoris carpinteiroi, já descritas para a família no Brasil.
Cratocora crassa possui um tamanho de 30 mm de comprimento e corpo oval alongado, além dos
segmentos abdominais serem retangulares. Cratopelocoris carpinteiroi possui um tamanho de 21,7
mm e venação nas asas, o que não é característica da família Naucoridae. Portanto, o
enquadramento de Cratopelocoris carpinteiroi na família Naucoridae também necessita ser
revisado. Os naucorídeos apresentam uma ampla variação morfológica, sendo notório ressaltar a
baixa diversidade no Brasil. Isso provavelmente se deve ao pequeno número de pesquisadores e
trabalhos realizados e, portanto este trabalho amplia o conhecimento acerca do taxa no país, além de
contribuir para a alocação taxonômica correta de Cratopelocoris carpinteiroi em nível de família.

PRIMEIRA OCORRÊNCIA DA FAMÍLIA OCHTERIDAE PARA O CRETÁCEO INFERIOR DO


GONDWANA, BACIA DO ARARIPE, MEMBRO CRATO - CE

D. A. MOURA-JÚNIOR¹; S. M. SCHEFFLER²
¹PPGeo, Museu Nacional/UFRJ. ²Laboratório de Paleoinvertebrados, Museu Nacional/UFRJ.
[email protected], [email protected]

Ochteridae são pequenos insetos que habitam áreas tropicais, pertencentes à infraordem
Nepomorpha, contém apenas três gêneros recentes (Megochterus, Ochterus, and Ocyochterus), com
aproximadamente 55 espécies descritas. O registro fossilífero de Ochteridae é escasso, contando
apenas com alguns representantes no Jurássico Inferior da Inglaterra e atualmente encontrados no
Cretáceo da China. O objetivo deste trabalho é descrever um espécimen da família Ochteridae com
o menor refinamento taxonômico possível, sendo este oriundo do Membro Crato, Bacia do Araripe.
A amostra (MN 7663-I) aqui estudada encontra-se depositado na coleção de Paleoinvertebrados do
Museu Nacional/UFRJ. A análise foi feita com auxílio de microscópio estereoscópio e literatura
específica. O corpo possui forma oval com 13 mm de comprimento e 6,19 mm de largura,
preservado em vista dorsal; cabeça mais larga que comprida; antenas não visíveis ou não
preservadas; olhos compostos grandes e globulares; pronotum regular preservado parcialmente; asa
destra preservada com tégmen reticulado contendo 13 células não anostomosadas fechadas; perna
posterior direita preservada com fêmur, tíbia e tarso; perna mediana esquerda com fêmur tíbia e
tarso preservados; pernas posteriores preservadas com fêmur, tíbia e tarsos; todas as pernas são
delgadas e alongadas; sua fórmula tarsal é 1-1-1. Com base nas características morfológicas de MN
7663-I aloca-se esta na família Ochteridae. Comparamos a amostra com as descrições de
Floricaudus multilocellus, Pristinochterus ovatus e Pristinochterus zhangi do Cretáceo Inferior da
China (Formação Yixian). Nota-se em primeira vista que não são similares. A forma do corpo é
muito diferente, com um corpo oval-alongado e o pronotum totalmente irregular de ambas as
espécies. Em comparação com o Ochteridae descrito para a República Dominicana, Riegerochterus
baehri, nota-se que as células das asas são diferentes, tanto na forma quanto em número, R. baehri
possui 11 células fechadas, enquanto que MN 7663-I possui 13 células no tégmen. Portanto, essa
amostra é o primeiro registro da família Ochteridae para o Mesozoico do Gondwana, pertencendo a
um gênero e espécie novos. Com este estudo pode-se concluir mais uma vez que os hemípteros da
Formação Santana são mais diversos do que se sabe, portanto vale ressaltar que no Brasil é escasso
o estudo da paleoentomofauna e que existe uma ampla variedade de insetos para serem estudados e
consequentemente contribuindo para ampliar não só o conhecimento taxonômico, mas também em
conhecimentos de biogeografia, reconstituição paleoambiental, sistemática e áreas afins.

63
OCORRÊNCIAS DA FAMÍLIA VERMETIDAE (GASTROPODA, MOLLUSCA) NA
FORMAÇÃO JANDAÍRA, BACIA POTIGUAR

P. A. C. T. OLIVEIRA¹; C. L. A. SANTOS²
1
Graduação em Ciências Biológicas Licenciatura, 2Museu Câmara Cascudo, UFRN.
[email protected], [email protected]

A Família Vermetidae é composta por moluscos gastrópodes com potencial bioconstrutor. Eles
possuem conchas irregulares, tubulares e alongadas, comportando-se como organismos incrustantes
e participantes das formações de recifes. São indicativos de zoneamento ambiental, tanto para
recifes atuais quanto para primitivos. Neste trabalho foram analisados 77 espécimes provenientes
do Município de Alto do Rodrigues, local descrito com uma região de paleorecife. Os fósseis foram
incorporados à coleção Paleontológica Vingt-Un Rosado Maia, no Setor de Paleontologia do Museu
Câmara Cascudo, em Natal-RN. Foram medidos com auxílio de um paquímetro digital, mensurando
o comprimento da peça e seu diâmetro, uma vez que estas apresentavam formas cilíndricas. Os
fósseis apresentavam diversas alterações tafonômicas, como fraturas e compressões. Podiam ainda
ser agrupados em dois tipos de morfologias de agrupamento, o primeiro com conchas paralelas ao
eixo da coluna e o segundo com conchas enroladas no sentido transversal ao da coluna. Esta é a
primeira ocorrência deste táxon para a localidade, mas não para esse depósito fossilífero. Fósseis
dessa família de moluscos também foram encontradas associados a estruturas de corais em
afloramentos no município de Ipanguaçu. A diferenças morfológicas observadas nesses estudos
podem ser uma resposta a estresses ambientais, ou indicativo de diferentes espécies. [MCC/UFRN]

IMPLICAÇÕES PALEOAMBIENTAIS E PALEOGEOGRÁFICAS BASEADAS EM


INVERTEBRADOS DA FORMAÇÃO IPU (SILURIANO, BACIA DO PARNAÍBA, CEARÁ)

J. N. PEREIRA¹; M. S. S. VIANA²; F. R. G. BARROSO³


1
Graduando em Ciências Biológicas (UVA). 2UVA/Museu Dom José. 3Programa de Pós-graduação em Geociências,
UFPE.
[email protected], [email protected], [email protected]

No Município de Pacujá, Estado do Ceará, afloram rochas da Formação Ipu, unidade basal do
Grupo Serra Grande (Bacia do Parnaíba), cuja deposição foi decorrente de um ciclo transgressivo-
regressivo completo no Siluriano. Essa formação contém fósseis de invertebrados endobentônicos
e/ou epibentônicos, predominantemente marinhos, atribuídos a moldes de anêmonas-do-mar (Classe
Anthozoa, Ordem Actiniaria). Neste trabalho, objetivou-se explanar sobre as implicações
paleoambientais e paleogeográficas desse registro fossilífero, por meio de missões paleontológicas,
coletas de dados sedimentológicos e estratigráficos, na Fazenda Contra-Fogo, região sul de Pacujá.
Os fósseis ocorrem em arenito grosso a médio, feldspático, mal selecionado, coloração creme, cinza
e branco, contendo estratificação cruzada acanalada de médio a baixo ângulo e marcas de ondas
simétricas, decorrentes de deposição em ambiente litorâneo. As características dos afloramentos,
relacionados à biota fóssil, indicam um ambiente raso, de alta ou moderada energia, com influência
marinha, tratando-se possivelmente de um ambiente transicional. A alta taxa de sedimentação pode
ter ocasionado o soterramento e a morte de um grande número de indivíduos. Nesse período, um
supercontinente mostrava continuidade territorial entre América do Sul e África, com mares
epicontinentais, compondo o oeste do Gondwana. A movimentação desse continente de altas
latitudes no Hemisfério Sul para regiões mais equatoriais, provocou aumento do nível do oceano
Réico em extensas áreas, posterior à glaciação ordoviciana. [ANP/PRH-26/UFPE; CNPq/UVA]

PRESENÇA DE GASTRÓPODES FÓSSEIS EM ROCHAS ORNAMENTAIS NO CENTRO


HISTÓRICO DO RIO DE JANEIRO

64
M.A. R. POLCK1; M. A. M. MEDEIROS2; H. I. ARAÚJO-JÚNIOR3; M. A. S. MONTEIRO1
1
Divisão de Desenvolvimento em Mineração, Departamento Nacional de Produção Mineral/RJ. 2E&P-
EXP/AFOE/ADGP, PETROBRAS. 3Departamento de Estratigrafia e Paleontologia, Faculdade de Geologia,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

O Museu do Amanhã, inaugurado pela Prefeitura do Rio de Janeiro em dezembro de 2015, é um


imponente edifício localizado na Praça Mauá, nº 1, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Foi
construído em uma área de 15.000 m2, apresentando formas orgânicas, inspiradas nas bromélias do
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Na parte externa é cercado por espelhos d’água, jardim, ciclovia
e espaço para lazer, numa área total de 34.600 m 2. Em seu interior possui auditório com cerca de
400 lugares, loja, espaço educativo, cafeteria e um restaurante. O projeto, com argumento
sustentável, foi assinado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava e conta com um melhor
aproveitamento de recursos naturais da região. O Museu do Amanhã tem por finalidade discutir o
futuro da humanidade nos próximos 50 anos, porém constitui um importante ponto de interesse
geopaleontológico, visto que possui parte de seu revestimento constituído de lajes fossilíferas.
Muitas vezes os visitantes não percebem que estão caminhando sobre um passado muito distante. O
calcário bege usado no piso de todo interior do edifício e em algumas partes externas foi escolhido
em função de critérios de pouca absorção, qualidade e beleza do material. Todavia, as lajes estão
repletas de belos fósseis de invertebrados provenientes da Formação Jandaíra (Cretáceo Superior da
Bacia Potiguar), Nordeste do Brasil. O presente trabalho descreve os fósseis encontrados no piso do
Museu do Amanhã, localizado no centro histórico do Rio de Janeiro, Brasil. Para a realização deste
trabalho foi feita uma análise inicial do piso interno e parte do piso externo do Museu do Amanhã e
as melhores lajes que compõem o piso foram fotografadas digitalmente. Os fósseis foram
identificados como gastrópodes do gênero Plesioptygmatis Böse, 1906 (Gastropoda, Nerineidae).
Futuramente pretende-se confeccionar um folder com informações sobre esses fósseis para ser
utilizado como recurso didático na difusão do conhecimento paleontológico para a educação, além
de ser mais uma opção de geoturismo urbano na cidade maravilhosa.

A HISTÓRIA GEOLÓGICA DOS AMBLIPÍGEOS

J. A. S. SILVA1; M. H. HESSEL2
1
Mestrando em Geologia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. 2Fundação Paleontológica Phoenix, Aracaju.
[email protected], [email protected]

Os amblipígeos (Arachnida) são conhecidos indubitavelmente desde o Neocarbonífero.As cinco


espécies desta idade pertencem a três gêneros relacionados à família mais basal dos Amblypygi, os
Paracharontidae: †Graeophonus,que ocorre nos folhelhos da Nova Scotia (Canadá), em concreções
de Coseley (Inglaterra) e de Mazon Creek (USA); †Thelyphrynuse †Sorellophrynusdesta mesma
localidade. O registro cronologicamente subsequente é de ~180 M.a. depois: o gênero †Britopygus,
que provém dos calcários laminados aptianos do Membro Crato da Formação Santana, Bacia do
Araripe, aflorantes em Nova Olinda, Ceará. Trata-se possivelmente da espécie mais antiga da
família Phrynidae, novo achado na Bacia do Araripe indica a presença mesozoica dos Charinidaes
(ainda em descrição). Cerca de 70 M.a. após, há as ocorrências de †Paracharonopsisno âmbar eo-
eoceno de Cambay (Índia), referido à família Paracharontidae; e de Phrynuse †Electrophrynusno
âmbar oligoceno de Puerto Plata (República Dominicana) e de Chiapas (México), referidos aos
Phrynidae. Após um hiato de ~40 M.a. sem registro geológico, atualmente há cerca de 130 espécies
de cinco famílias: Paracharontidae ocorrem na costa leste africana; Phrynidaeé predominante nas
três Américas (há um registro na Indonésia); Phrynichidae são encontrados na África subsaariana;
Charontidae é endêmica à Austrália e Indonésia; e Charinidaetem distribuição circum-tropical. Com

65
estes registros temporais dos amblipígeos, pode-se constatar a existência de três grandes lacunas
temporais de milhões de anos, paulatinamente de menor duração, com consequentes dúvidas em sua
evolução. Ainda que os Paracharontidae sejam autênticos fósseis-guia, as outras famílias de
Amblypygi eram até há bem pouco tempo consideradas holocênicas, afora os Phrynidae.

OS DISCINIDEOS DO DEVONIANO, NA SUB-BACIA DE ALTO GARÇAS (GRUPO


CHAPADA, MATO GROSSO DO SUL), BRASIL

M. B. SILVA¹; J. C. COMNINSKEY2; S. M. SCHEFFLER¹


¹Laboratório de Paleoinvertebrados, Departamento de Geologia e Paleontologia,Museu Nacional/UFRJ. 2Programa de
Pós-graduação em Geografia, Universidade Estadual de Ponta Grossa.
[email protected], [email protected], [email protected]

Os discinideos são braquiópodes que surgiram no Paleozoico e que existem até os dias atuais em
águas com salinidade normal, profundidades entre 0 e 60 metros e sem preferências por uma
temperatura específica, embora os discinideos atuais ocorram em maior abundância em
temperaturas abaixo de 3,5ºC. Estudos de macroinvertebrados em geral, e com braquiópodes em
especial, são escassos no estado do Mato Grosso do Sul, apesar de ser uma importante área para
auxiliar a resolver problemas de distribuição paleogeográfica e evolutivos relacionados ao Domínio
Malvinocrático. O objetivo da presente pesquisa foi identificar os taxóns de discinideos coletados
em 2014 e 2015 durante as expedições do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu
Nacional/UFRJ ao Mato Grosso do Sul. As amostras foram coletadas no Grupo Chapada
(Devoniano), Sub-bacia de Alto Garças, e estão depositadas na coleção de Paleoinvertebrados dessa
mesma instituição. Nestas expedições foram levantados mais de 70 afloramentos do Devoniano,
denominados pela sigla MS, representando ambientes deposicionais marinhos, contendo um rico
conteúdo fossilífero. Foram realizadas as seguintes identificações: Gigadiscina collis - MS 17, MS
27 e MS 65; - Orbiculoidea baini – MS 17, MS 26, MS 57, MS 68; Orbiculoidea bodenbenderi –
MS 32, MS 65 e MS 67; ? Orbiculoidea – MS 24, MS 28, MS 30, MS 52, MS 70 e MS 72;
Rugadiscina sp. – MS14; ? Rugadiscina sp. – MS 67. Os resultados alcançados são preliminares e
ainda são necessários estudos taxonômicos mais refinados, no entanto, este resumo amplia o
conhecimento da distribuição dos discinideos no Devoniano do Brasil, mostrando que os mesmos
são muito bem representados no Mato Grosso do Sul. Ressalta-se o encontro do gênero
Rugadiscina, que pela primeira vez foi identificado no Devoniano brasileiro fora da borda leste da
Bacia do Paraná. [Apoio: CNPq sob processo 474952/2013-4].

AMONOIDES DA FORMAÇÃO SANTA MARTA (CRETÁCEO SUPERIOR), ILHA JAMES


ROSS, ANTÁRTIDA

R. VIDEIRA-SANTOS¹,²; S. M. SCHEFFLER¹
¹ Laboratório de Paleoinvertebrados, Departamento de Geologia e Paleontologia, Museu Nacional, Universidade
Federal do Rio de Janeiro. CNPq. ² Curso de Geologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
[email protected], [email protected]

Os amonóides devido a vasta ocorrência geográfica, fácil reconhecimento e rápida evolução, são
considerados ótimos fósseis-guias sendo muito utilizados nos estudos bioestratigráficos e de
reconstrução paleoambiental. Na Antártida há grande ocorrência de fósseis de amonóides e a
primeira grande descrição dos espécimes remonta ao início do século XX. Desde então a região
vem sendo estudada por paleontólogos de todo o mundo, principalmente argentinos e britânicos.
Contudo apesar da relativa proximidade geográfica pesquisas brasileiras envolvendo o tema ainda
são escassas. O objetivo do presente trabalho foi descrever taxonômicamente os amonóides da
coleção de Paleoinvertebrados do Museu Nacional/UFRJ, coletados em 2007 durante a expedição
do Departamento de Geologia e Paleontologia à Ilha James Ross, Antártida. A maioria dos fósseis é

66
proveniente da Formação Santa Marta (Santoniano - Campaniano) que é constituída por arenitos,
siltitos, argilitos, conglomerados e tufos vulcânicos. A coleção possui cerca de 500 exemplares de
invertebrados sendo 79 de amonóides, uma parte considerável apresentando um bom estado de
preservação. Foi possível identificar os gêneros Vertebrites, Tetragonites, Pachydiscus,
Diplomoceras, Ryugasella e Baculites, além dos subgêneros Kossmaticeras (Natalites),
Kossmaticeras (Karapadites) e das espécies Gunnarites antarcticus, Maorites densicostatus e
Pseudopyllites aff. latus, esta última sendo pela primeira vez registrada na Formação Santa Marta.
Todos estes espécimes teriam vivido durante o Cretáceo Superior, mais especificamente no
intervalo entre o Santoniano e o Campaniano, o que corrobora a idade da Formação Santa Marta
sugerida em trabalhos anteriores. Foi notado também certo predomínio de exemplares da família
Kossmaticeratidae, este grupo teria surgido durante o Turoniano na Índia, e desenvolveu um forte
grau de endemismo na Nova Zelândia, Nova Caledônia, Patagônia e Antártida durante o Cretáceo
Superior. Acredita-se que neste período as águas na região da atual Antártida começaram a se
resfriar e os amonóides da família Kossmaticeratidae eram mais adaptados a essas novas condições.
A fauna de amonóides da Ilha James Ross é muito rica, apenas na coleção do Museu Nacional há
diversos exemplares de três das quatro subordens que viveram durante o Cretáceo (Lytoceratina,
Ammonitina e Ancyloceratina). Apesar que durante a expedição se tenha coletado fósseis de
invertebrados de diversas formações, como a Hidden Lake e Whisky Bay, todos os amonóides no
presente estudo são provenientes da Formação Santa Marta. A abundância dos fósseis de amonóides
nesta formação provavelmente tem relação com o ambiente de sedimentação (plataforma marinha
rasa com águas relativamente calmas), propício para a fossilização. [CNPq]

67
VERTEBRADOS

ONTOGENIA ESQUELÉTICA COMPARADA DE POLESINESUCHUS AURELIOI


(AETOSAURIA) COM CROCODYLIA ATUAIS

ALEX SANDRO S. AIRES1; LÚCIO ROBERTO DA SILVA2; MARCO BRANDALISE DE ANDRADE3


1
Programa de Pós-Graduação em Zoologia, PUC-RS. 2Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal, UFSM.
3
Faculdade de Biociências, Museu de Ciência e Tecnologia, PUC-RS.
[email protected], [email protected], [email protected]

O estudo da ontogenia em arcossauromorfos fósseis apresenta certos desafios, pois seu


desenvolvimento esquelético é relativamente rápido na fase embrionária quando comparados com
lepidossauros, mamíferos e muitas aves atuais. Os juvenis têm elevado grau de ossificação e fusão,
deixando visíveis poucos indicadores de maturidade esquelética, como o grau de sutura entre o
centro vertebral e o arco neural e o tamanho relativo dos ossos. Objetivamos comparar o material
do aetossauro juvenil Polesinesuchus aurelioi com juvenis de crocodilianos atuais e bibliografia
com finalidade de encontrar semelhanças e diferenças quanto aos padrões e indicadores
ontogenéticos. Quanto às suturas neurocentrais, P. aurelioi apresenta todas as vértebras sem fusão
completa entre o corpo e o arco neural, exceto por uma sutura incompleta em C3, C5, C7 e D1 e
um pouco mais avançada em D13, D14 e D15. As vértebras sacrais e caudais apresentam centros
completamente isolados, indicando diferença do padrão dos crocodilianos atuais, nos quais a fusão
vertebral decorre no sentido caudo-cranial. Em Alligator mississippiensis a obliteração
neurocentral das caudais termina e das sacrais começa concomitantemente com o início da
maturidade sexual, quando o animal possui cerca da metade de seu tamanho médio adulto. Se
respeitado este padrão, P. aurelioi não havia atingido a maturidade sexual e possivelmente seu
tamanho corresponderia a menos da metade de um adulto. Outro ponto que diagnostica P. aurelioi
como imaturo é a presença de grandes áreas porosas e estriadas nas extremidades dos ossos
longos, no fragmento da caixa craniana e nas cinturas escapular e pélvica, indicando zonas pouco
ossificadas com maior aporte de cartilagem. Esta condição difere dos crocodilianos atuais que
apresentam os ossos com textura mais lisa. O padrão observado em P. aurelioi pode indicar um
crescimento mais rápido quando comparado com os crocodilos modernos, possivelmente
deslocado em direção ao espectro semiprecoce-altricial, como ocorre em dinossauros e muitas aves
atuais. Do ponto biomecânico, a fusão precoce tende a ocorrer em zonas onde há maior
movimentação muscular, como na cauda dos crocodilos, utilizada logo cedo para a natação. Em P.
aurelioi, a presença de escudos dérmicos formando um tipo de carapaça mais rígida do que em
crocodilianos sugere mobilidade reduzida na região dorsal, o que pode configurar em uma fusão
precoce com relação à cauda. O tipo de função ecológica é crucial para o padrão de ontogenia
esquelética. Estudos comparativos envolvendo morfometria e histologia são necessários para
visualizar um cenário mais amplo do desenvolvimento esqueletal dos arcossauromorfos. [CNPq]

REGISTRO DE GOMPHOTHERIIDAE (MAMMALIA: PROBOSCIDEA) NA FAZENDA


CAIÇARA, FLORÂNIA, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

W. F. ALVES; M. F. C. F. DOS SANTOS; C. L. A SANTOS; J. S. SILVA


Museu Câmara Cascudo (MCC), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Avenida Hermes da Fonseca,
1398, Tirol, 59020-650, Natal, RN, Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Este trabalho registra a primeira ocorrência de Notiomastodon platensis (Ameghino, 1888) na Fazenda
Caiçara (06°15′09″S, 36°46′45″W), município de Florânia, Rio Grande do Norte (RN), Brasil. Até esse
registro, o RN contava com a presença dessa espécie em 15 municípios distribuídos em todas as

68
regiões do Estado. A equipe do Setor de Paleontologia e a museóloga Jacqueline Souza Silva do
Museu Câmara Cascudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (MCC/UFRN) estiveram no
local para o reconhecimento do sítio fossilífero e coleta do espécime. Os fósseis se encontravam em
um pequeno depósito argiloso, indicativo de local de baixa energia, possivelmente uma lagoa. Dentre o
material coletado até o momento, constam dois ramos mandibulares com grande parte dos dentes
molares implantados nos alvéolos, um pequeno fragmento do maxilar esquerdo com parte de um
molar, além de um expressivo fragmento de uma defesa, provavelmente a esquerda, com a ausência de
suas extremidades distal e proximal. Durante a escavação não foram encontradas quaisquer evidências
de outros taxa. Os fósseis coletados se encontram no Laboratório de Paleontologia do MCC,
aguardando preparação. Essa ocorrência amplia a distribuição geográfica do N. platensis no território
potiguar, sugerindo que a estrutura vegetacional na área durante o Pleistoceno Final-Holoceno inicial
deveria ser predominantemente de savana, apresentando condições favoráveis à sobrevivência de
mamíferos de grande porte.

NOVOS ACHADOS DE XENARTHRA EM UM DEPÓSITO DE TANQUE DO PLEISTOCENO


DA PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL

L. C. DE ANDRADE1*; E. V. OLIVEIRA1; B. I. DE SOUZA2


Programa de Pós-Graduação em Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Geologia,
Laboratório de Paleontologia (PALEOLAB). 2Programa de Pós-Graduação em Geografia e Programa de Pós-graduação
em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal da Paraíba, Departamento de Geociências, Laboratório de
Estudos do Semiárido (LAESA).
[email protected], [email protected], [email protected]

Este trabalho reporta novos achados de Xenarthra em um depósito de tanque do Pleistoceno final do
estado da Paraíba, Nordeste do Brasil, Região Intertropical Brasileira. A área de estudo corresponde ao
tanque Engabelada (UTM 24M, E0758531/N9145445), município do Congo, microrregião do Cariri
Ocidental e mesorregião da Borborema, estado da Paraíba, Brasil. Foram realizados estudos
sistemáticos, comparativos e mensurações anatômicas com paquímetro marca Mitutoyo, Standard-150
mm. Para melhor visualização da morfologia dos espécimes de Cingulata, foi utilizado uma lupa
estereoscópica ZEISS, Discovery V8, com objetivas de 0.5x à 1.5x e aumento de até 2x. Os espécimes
identificados são: Glyptotherium cf. cylindricum, Panochthus sp., e Eremotherium laurillardi. Os
osteodermos de Glyptotherium cf. cylindricum correspondem a sete osteodermos subcirculares, com
figura central e 7-9 periféricas, com sulcos rasos e estreitos (região dorsal da carapaça) ou com
superfície dorsal de proeminência levemente cônica, sem ornamentação (borda da carapaça). Já
Panochthus sp. corresponde à um osteodermo isolado subhexagonal, face dorsal ornamentada por
pequenas figuras poligonais planas e reticulares (região dorsal da carapaça). Eremotherium laurillardi
corresponde a um fragmento da borda de molariforme. Esses achados ampliam a distribuição desses
táxons de Xenarthra dentro da Região Intertropical Brasileira. A presença de Glyptotherium cf.
cylindricum, aqui registrada pela primeira vez, sugere importantes relações biogeográficas entre as
faunas de mamíferos do norte da América do Sul, da América Central e do sul da América do Norte
durante o Pleistoceno Final. [*Bolsista CAPES].

RESULTADOS PRELIMINARES SOBRE O ARRANJO MICROESTRUTURAL DE UM


CAIMANINAE FÓSSIL (EUSUCHIA, ALLIGATORIDAE) DA FORMAÇÃO SOLIMÕES
(MIOCENO, BACIA DO ACRE)

E. V. DE ARAÚJO1, R. C. L. P. DE ANDRADE1, M. V. DE A. SENA1, D. RIFF², J. M. SAYÃO1


¹Universidade Federal de Pernambuco, Campus Vitória de Santo Antão (CAV). ²Laboratório de Paleontologia, Instituto
de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

69
Os Alligatoridae possuem uma história evolutiva iniciada no Paleoceno, incluindo duas linhagens:
Alligatorinae e Caimaninae. Análises osteohistológicas em Alligatoridae foram realizadas
exclusivamente nas espécies atuais Alligator mississippiensis e Caiman latirostris, não havendo até
o momento, informações sobre seus representantes fósseis. Observações osteohistológicas em
fósseis fornecem dados morfológicos, gradientes de crescimento e evidenciam adaptações para
determinados estilos de vida. Aqui apresentamos a primeira caracterização osteohistológica de um
Caimaninae fóssil. O espécime foi coletado na porção brasileira da Formação Solimões, com
afloramentos no sudoeste da Amazônia brasileira, Peru e Bolívia. O úmero de Caiman sp.
apresentava ausência de tecido esponjoso e cavidade medular livre, características associadas à
manutenção interna do córtex e presentes em animais adaptados secundariamente a vida aquática. O
córtex é composto por tecido paralelo-fibroso (PFB), indicando taxa de crescimento intermediária.
Este tecido já foi relatado em ossos de Caiman latirostris e Alligator mississippiensis. A rede
vascular está distribuída por todo o córtex, em maior quantidade na região periosteal. As lacunas
dos osteócitos são numerosas, com aspecto arredondado e distribuídas aleatoriamente, com
formação de ósteons primários e secundários. São observadas cinco marcas de crescimento, quatro
localizadas na região medial do córtex e uma mais periostealmente, marcando velocidade de
deposição óssea decrescente. O padrão osteohistológico remete a um indivíduo com maturidade
óssea (adulto), caracterizado por apresentar ósteons secundários e lamelas endosteais, cujo
crescimento assintótico ainda não havia sido atingido. A presença de PFB indica que o gênero
Caiman já possuía hábito semiaquático durante o Mioceno, uma característica mantida nas espécies
viventes.

A NEW RECORD OF PANTHERA ONCA (LINNAEUS, 1758) IN THE QUATERNARY OF


CAMPO FORMOSO, BAHIA, BRAZIL

A. V. DE ARAÚJO¹; M. A. T. DANTAS², L. A. SILVA², C. M. B. LESSA²


¹Sociedade Espeleológica Azimute, Campo Formoso, BA. ²Laboratório de Ecologia e Geociências, IMS-CAT/UFBA,
Vitória da Conquista, BA.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

The jaguar Panthera onca (Linnaeus, 1758) is an extant felidae which had a wide geographic
distribution (south of United States to north of Argentina), however, nowadays it has a restrict
geographic distribution due the loss of habitats caused by antropogenic influences. In Brazil, fossils
of this species, mainly postcranial elements, where found in Piauí, Bahia, Tocantins, Mato Grosso
do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais and São Paulo, however complete skulls is scarce. Thus, the
present communication has as main objective to record the occurrence of a new partial skeleton
with complete skull of Panthera onca (Linnaeus, 1758) found in a cave in Brazilian Intertropical
Region. The studied material was recovered in Toca da Boa Vista (10º09’45”S, 40º51’35”W;
Campo Formoso, Bahia), and is deposited in the scientific collection of the "Laboratório de
Ecologia e Geociências" of the Instituto Multidisciplinar em Saúde, Universidade Federal da Bahia.
We estimate the jaguar weight (W) through Anderson's regression, W = 0.078C(h+f)2.73. The material
belonged to an adult individual, with an estimated mass of 82,5 Kg. It's skeleton is almost complete,
being composed by skull and several postcranial elements (e.g. humerus, radius, ulna, vertebrae,
femur, tibia, carpals and tarsals bones). The next steps of this project is to generate radiocarbon
datings and ratio isotope analyses (carbon, oxygen and nitrogen) to know when this individual
lived, and how was your diet and ecological niche.

VARIAÇÃO HISTOLÓGICA EM OSTEODERMOS DE DIFERENTES REGIÕES DA


CARAPAÇA EM PANOCHTHUS SP. (GLYPTODONTIA, XENARTHRA)
S. E. DE ARAÚJO; K. DE O. PORPINO

70
Laboratório de Sistemática e Ecologia Animal (LABSECO), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
[email protected], [email protected]

Nos últimos anos, a análise histológica dos osteodermos de gliptodontes vem sendo utilizada para
explorar novas características diagnósticas para as espécies desse clado, embora possíveis variações
intraespecíficas não tenham sido levadas em consideração. Neste trabalho foram analisadas lâminas
histológicas de osteodermos de diferentes regiões da carapaça de Panochthus sp., coletados em um
depósito de tanque situado na localidade de Lagoa do Santo, município de Currais Novos (RN); os
osteodermos foram encontrados em associação com uma carapaça incompleta do mesmo gênero.
Nosso objetivo foi avaliar possíveis diferenças histológicas entre cinco osteodermos (A1 a A5). O
osteodermo A1 é atribuído à região dorsal, A2 a região da borda posterior, enquanto A3, A4 e A5
são da região lateral. Entre esses espécimes são observados alguns padrões comuns, tais como:
região central bastante porosa repleta de áreas de reabsorção, feixes de fibras sem alinhamento
preferencial e, em geral, alguns ósteons secundários. Para outras características observamos
algumas variações entre os osteodermos. O alinhamento dos feixes de fibras na camada de osso
compacto interna, por exemplo, pode variar de obliquo (A1), sem orientação preferencial (A2, A3, e
A4), e alinhados paralelamente (A5). O alinhamento dos feixes de fibras na camada de osso
compacta externa pode ser obliquo (A1), sem orientação preferencial (A2 e A5) e grosseiramente
paralelos (A3 e A4); o exemplar A4 apresenta ainda alguns pontos onde as fibras se alinham
obliquamente. Essas diferenças representam evidências de que existem variações entre osteodermos
de diferentes regiões da carapaça em Panochthus, o que impõe cautela na interpretação sistemática
da histologia de osteodermos isolados. [CNPq/CAPES]

ARTICULAR LESIONS IN THE PLEISTOCENE SLOTHS (MAMMALIA, TARDIGRADA)


FROM THE BRAZILIAN INTERTROPICAL REGION

F. H. S. BARBOSA1*; K. DE O. PORPINO2; L. P. BERGQVIST1


1
Laboratório de Macrofósseis, UFRJ, Av. Athos da Silveira Ramos, 274, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, RJ, 21941-916,
Brazil. 2 Laboratório de Sistemática e Ecologia Animal, UERN, Av. Professor Antônio Campos, S/N, Costa e Silva,
Mossoró, 59625-620, Brazil.
[email protected], [email protected], [email protected]

Articular lesions are the most common type of injuries found in bones of fossil organisms; It has
been reported from the Triassic to Pleistocene in several groups of vertebrates. Herein we
performed a large investigation in nine species of Pleistocene sloths from Brazilian Intertropical
Region (BIR) in order to identify the main articular lesions that affected these extinct animals. We
carried out a macroscopic investigation of 4432 specimens assigned to following species:
Nothrotherium maquinense, Ahytherium aureum, Australonyx aquae, Valgipes bucklandi, Catonyx
cuvieri, Mylodonopsis ibseni, Glossotherium sp., Ocnotherium giganteum and Eremotherium
laurrilardi. We diagnosed six different articular alterations including: calcium pyrophosphate
deposition disease (CPPD), spondyloarthropathy (SpA), osteoarthritis (OA), Schmorl's node (SN),
spondylosis deformans (SD) and osteochondritis dissecans (OD). These conditions are distributed
among the species in the following pattern: N. maquinense (SpA, SN and OD); A. aureum (OD);
V.bucklandi (CPPD, OA and SD); C. cuvieri (CPPD, SpA and OA); M. ibseni (SpA);
Glossotherium sp. (CPPD and SpA); O. robustus (CPPD, SN and SD); and E. laurillardi (CPPD,
SpA, SN, SD and OD). A. aquae was the only species in which we did not find any lesion.
According to the main type of reactive change observed, the lesions herein identified can be
classified as degenerative (SpA, SN and OD) and proliferative (CPPD, OA and SD) lesions.
Osteoarthritis is quite rare among the species studied, as commonly observed in wild animals,
whereas CPPD and spondyloarthropathy are the main joint diseases identified for the Pleistocene
sloths from BIR. [*CNPq: 159733/2013-8].

71
IDENTIFICAÇÃO DE PADRÕES OSTEOHISTOLÓGICOS EM PTEROSSAUROS
(ANHANGUERIA) E AVES (ARDEIDAE)

L. DA S. BARBOSA¹; L. H. DE S. ELEUTÉRIO¹*; R. A. M. BANTIM²; J. M. SAYÃO¹**


¹Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Campus Vitória de Santo Antão. ²Centro de Ciências e Tecnologia.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Comparações entre animais extintos e recentes, podem fornecer uma ampla variedade de
informações paleobiológicas sobre organismos fósseis. Em estudos de pterossauros, as aves
geralmente são utilizadas para análise comparativa, por serem consideradas o melhor análogo
ecológico e anatômico. Com o objetivo de identificar padrões osteohistológicos, utilizamos seções
delgadas da ulna, rádio e metacarpo, de um espécime de Ardeidae (CAV 001-A) e de um
pterossauro Anhangueridae (MN 4809-V). Como resultados, observamos que o padrão histológico
dos dois exemplares é composto por tecido ósseo secundário paralelo-fibroso e lamelar. Os
metacarpos de ambos apresentaram ósteons primários e canais vasculares reticulares, no entanto
uma linha de pausa de crescimento (LAG) está presente apenas no pterossauro. No rádio, observou-
se uma certa similaridade no córtex. No entanto, em Anhangueridae estão presentes zonas de
reabsorção óssea e em Ardeidae apenas ósteons secundários. Para a ulna também se observou uma
analogia microestrutural, entretanto, em Ardeidae, há ósteons secundários, enquanto em
Anhangueridae, foram preservadas apenas as lamelas circunferenciais internas. A presença de um
córtex composto de tecido paralelo-fibroso e lamelar, altamente vascularizado nos espécimes,
aponta altas taxas de crescimento. A presença de zonas de reabsorção óssea e ósteons secundários,
indica um alto remodelamento ósseo, em fase de crescimento ativo antes da morte. Ainda, as
lamelas circunferenciais internas no pterossauro apontam uma proximidade à fase adulta. Conclui-
se que pterossauros apresentam taxas de crescimento e padrão osteohistológico similar ao das aves
(ao menos os Ardeidae), proporcionadas principalmente pelo modo de vida e fatores biomecânicos
relacionados ao voo. [*FACEPE IBPG-0419-9.05/16; **CNPq MCTI/CNPQ/Universal
458164/2014-3; *CNPq ].

PHYLOGENETIC ANALYSIS OF A NEOBATRACHIA SPECIES FROM TAUBATÉ BASIN,


SÃO PAULO (LATE OLIGOCENE)

L. A. BARCELOS; T. CORREIA; D. RIFF


Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG.
[email protected], [email protected], [email protected]

The presence of Anura in the fossil record is highly scarce, and in Brazil there are 15 to 20 records
from Aptian to Pleistocene, of which only five were sufficiently informative to define new species.
Here we report diagnostic features and exploratory phylogenetic analysis of a partially preserved
specimen from the shales of the Tremembé Formation, a very fossiliferous unit of the Taubaté
Basin, originated from a tectonic lake lying between the Serra do Mar and the Serra da Mantiqueira
mountain ranges in the state of São Paulo and dated as Late Oligocene (Chattian, or SALMA
Deseadean – 27-24 My). The fossil was recovered in 1995 by mr. José Neri da Silva in a quarry
(Sociedade Extrativa Santa Fé) located in Tremembé town, housed at Instituto de
Geociências/Universidade Federal do Rio de Janeiro (number UFRJ 01-A), and preliminarily
described in 1997, when one of us (DR) attributed it to Bufonoidea. After twenty years, this
material is now under revision and for the first time was coded in a character matrix. Despite the
fragmented skull and scapular girdle, the general preservation is good, with articulated vertebrae
and pelvic elements. The matrix [Baez et al., 2009. Cretaceous Research, 30:829-846] includes 42
ingroup terminals, Alytes obstetricans (Discoglossidae) as outgroup, and 75 characters, of which 26

72
could be coded in UFRJ 01-A. The dataset was analyzed using the heuristic search of TNT v. 1.1,
with 500 random-addition sequence Wagner builds followed by tree bisection-reconnection branch
swapping. Under equal weight the analysis recovered 282 equally parsimonious trees with 378 steps
(CI 0.28; RI 0.55). Only Acosmanura and few subclades were recovered in the strict consensus,
with no resolution to the position of UFRJ 01-A. In order to improve resolution exploratory
searches were performed under implied weights with different values of the concavity constant k
(1–30, 40-50, 100, 150, 200, 300, 400, 500, 600, 700, 800, 900). Low values of k strongly
downweight homoplasy, whereas larger values allow for some signal to come from homoplasy.
With k from 1 to 17, UFRJ 01-A was recovered as a Ceratophryidae, but in all other simulations it
was recovered as a Microhylidae, sister-group of Phrynomantis + Dermatonotus, sharing a Y-
shaped terminal phalanx of digit IV. The specimen differs from all others species by presenting a
transversal groove on the middle portion of the lateral face of the ilium and extending caudally from
the acetabular region, by which we propose UFRJ 01-A to be a new diagnosable species.
[ATP/CNPq; PIVIC/UFU; SESu/MEC]

IS ANURA (LISSAMPHIBIA) A TRUSTABLE INDICATOR OF PALEOENVIRONMENTAL


PARAMETERS AND SPECIES DIVERSITY?

L. A. BARCELOS1; F. P. MUNIZ2; A. S. HSIOU2; D. RIFF1


1
Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG; 2Laboratório de
Paleontologia, FFCLRP, Universidade de São Paulo, SP.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

The urge to reduce the level of amphibian extinction has given rise to many studies concerning the
validity of Anura as a trustable indicator of environmental conditions (e.g., species diversity,
relative quality of environmental resources). However, the studies conducted so far could only
corroborate this view applying proper and suitable data. Furthermore, these assumptions were only
valid in some specific cases and are a result of unique circumstances. It is not uncommon for
paleontologists to use these prerogatives to propose the idea that Anura species can indicate
paleoenvironmental parameters indistinctively, a view considered here as exceedingly simplistic.
This is mainly because the Anura species are well adapted to an impressive array of environments,
and therefore, some closely related species may not be distributed in areas which share similar
environmental conditions. The Neotropical genus Pipa, for example, has a wide distribution in
northern South America that ranges from tropical rainforests to dry savanna (Caatinga). In addition,
the genus Ceratophrys presents species that inhabit dry regions as the Chacoan and Caatinga
regions (i.e., C. cranwelli and C. joazeirensis respectively) and others from humid regions as the
Amazonian and Atlantic Forest regions (i.e., C. cornuta and C. aurita respectively). We thus
suggest that the ecological or climatic aspects of the closest living relatives of fossil anurans are
well assessed before applying such data to qualitative or quantitative paleoenvironmental
reconstructions. Additionally, it is important to bear in mind that the accuracy of the hypothesis
which the paleoenvironmental conditions of fossil anurans resemble those of their nearest living
relatives is dependent on the level of taxonomic identification and age of the fossil. For that reason,
generic allegation that Anura is a trustable indicator of paleoenvironmental parameters should be
seen with judiciousness and this inference must be supported by a set of evidences. [ATP/CNPq;
FAPESP; SESu/MEC]

ANÁLISE DE MORFOMETRIA GEOMÉTRICA BIDIMENSIONAL EM CRÂNIOS DE


TAPEJARINAE

M. BORSONELLI¹; T. RODRIGUES¹

73
¹Laboratório de Paleontologia, Departamento de Ciências Biológicas, Centro de Ciências Humanas e Naturais,
Universidade Federal do Espírito Santo. CNPq, FAPES.
[email protected], [email protected]

Tapejaridae é um grupo de pterossauros que viveu no Cretáceo, e se destaca por suas características
morfológicas, como a ausência de dentes e o desenvolvimento e a diversidade de cristas cranianas,
presentes na maioria das espécies. Até o momento, representantes desta família foram encontrados
no Brasil, China, Hungria, Marrocos e Espanha, sendo a maioria dos espécimes provenientes da
Formação Jiufotang, na China, e da Formação Romualdo, no Brasil. Atualmente este clado inclui
quatorze gêneros e se subdivide em Tapejarinae, Thalassodrominae e Chaoyangopterinae. Os
tapejaríneos apresentam algumas características que sugerem que esses animais se alimentavam de
frutos e/ou sementes, sendo considerados os únicos pterossauros frugívoros. O presente estudo
trata-se de uma análise de morfometria geométrica bidimensional em Tapejarinae, realizada com
intuito de determinar variações morfológicas dos crânios, em busca de variações individuais e
ontogenéticas. Essa técnica permite analisar o formato de estruturas independentemente do
tamanho, por meio de marcos anatômicos homólogos (landmarks), sendo uma ferramenta útil para
comparar diferenças morfológicas intra- e interespecíficas. Trabalhos anteriores com morfometria
geométrica não incluíram as cristas cranianas ou analisaram apenas as cristas em Anhangueridae;
portanto, trata-se de uma análise inédita para este grupo. Novas reconstruções dos crânios, em vista
lateral, foram propostas para algumas espécies de Tapejaridae (Caiuajara dobruskii, Caupedactylus
ybaka, Chaoyangopterus zhangi, Chaoyangopterus sp., “Huaxiapterus” benxiensis,
“Huaxiapterus” corollatus, Jidapterus edentus, Shenzhoupterus chaoyangenis, Tapejara
wellnhoferi e Tupandactylus navigans), utilizando os programas Adobe Illustrator e Inkscape.
Foram determinados 8 landmarks e 10 semi-landmarks, com o auxílio do programa TPSDig2. No
programa MorphoJ, foram realizadas a Análise de Componentes Principais (ACP) e análise de
regressão. A ACP revelou que 32 componentes principais (CP) são responsáveis por toda a variância
observada, sendo que o CP1, CP2 e CP3 representam cerca de 88% dessa variação. A região
posterior do crânio e as regiões que correspondem às cristas (tanto pré-maxilares como
frontoparietais) são as que mais variam em todos os componentes principais. A análise de regressão
revelou que indivíduos proximamente relacionados apresentam o formato do crânio parecido, o que
indica que a semelhança reflete a filogenia. Considerando-se todas as espécies, houve crescimento
alométrico das cristas em relação ao tamanho do crânio (p = 0,0025). Das espécies analisadas,
Caiuajara dobruskii, a única conhecida por indivíduos jovens e adultos, apresentou forte
crescimento alométrico. Ainda é preciso um maior número de espécimes para se obter mais
informações sobre variações interespecíficas, incluindo dimorfismo sexual.

PTERANODONTIDAE: UM CONFLITO TAXONÔMICO

R. S. BRANDÃO1; T. RODRIGUES1
1
Laboratório de Paleontologia, Departamento de Ciências Biológicas, Centro de Ciências Humanas e Naturais,
Universidade Federal do Espírito Santo. FAPES, CNPq.
[email protected], [email protected]

Pteranodontidae é uma família de pterossauros oriundos das formações Niobrara Chalk e Pierre
Shale, encontrados principalmente no estado do Kansas, mas também em Dakota do Sul, Delaware,
Texas e Wyoming, EUA. Estes pterossauros apresentavam grande porte, crânios e mandíbulas sem
dentes e tinham crista craniana bem desenvolvida. Apesar de bem estudados, o número de espécies
que se enquadram no gênero Pteranodon ainda é disputado, fruto de interpretações distintas quanto
à presença de dimorfismo sexual e ao significado de diferentes formatos da crista craniana,
principalmente. Além disso, soma-se o fato dos pterossauros terem se extinguido por completo, sem
deixar nenhuma descendência existente, restando dúvidas que contribuem para a complexidade da

74
taxonomia do grupo. Desta forma, os dois revisores mais recentes da família, Bennett e Kellner,
diferem quanto ao número de espécies e de gêneros que consideram pertencentes à mesma. Bennett
sugere duas espécies, Pteranodon longiceps e Pteranodon sternbergi, diferentes entre si pela forma
e tamanho da crista craniana e presentes em diferentes níveis estratigráficos. Com isso, as duas
espécies não teriam coexistido, e Bennett ainda sugere P. sternbergi como possível ancestral de P.
longiceps, por ser encontrada na camada mais inferior das mesmas unidades litoestratigráficas.
Segundo ele há quatro morfótipos adultos e presença de dimorfismo sexual, com os machos
portando cristas frontoparietais bem desenvolvidas e as fêmeas, cristas de tamanho reduzido. Já
Kellner propõe quatro espécies, Pteranodon longiceps, Geosternbergia sternbergi, Geosternbergia
maiseyi e Dawndraco kanzai, sendo que as duas últimas apresentam morfótipos discrepantes em
relação às outras espécies. Kellner sugere quatro morfótipos, sem presença de dimorfismo sexual na
fase adulta. Este autor argumenta que uma boa compreensão de dimorfismo sexual na morfologia só
pode ser obtida através da observação de uma população que apresente jovens, adultos e indivíduos
maduros, o que raramente ocorre no registro fóssil de pterossauros. Entretanto, cabe notar que
nenhum dos revisores do grupo utilizou uma metodologia estatística que permitisse verificar se as
diferenças morfológicas presentes em todos os espécimes conhecidos por material craniano (e,
portanto, com cristas) formam um gradiente ou se seriam caracterizadas por morfótipos discretos, a
fim de separar o número de espécies pertencentes a um mesmo gênero e quantificar suas
características. Novos estudos são necessários com intuito de solucionar esse impasse científico.

NOVOS ELEMENTOS DO PÓS-CRÂNIO DE PEPESUCHUS DEISEAE


(CROCODYLIFORMES, PEIROSAURIDAE) DO SÍTIO FOSSILÍFERO DE PIRAPOZINHO

N. S. BRILHANTE1, B. S. MACIEL1, F. CASTRO1, B. G. AUGUSTA2, R. DELCOURT2, S. A. K. AZEVEDO1, L. B.


CARVALHO1
1
Setor de Paleovertebrados, Departamento de Geologia e Paleontologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio
de Janeiro. 2Laboratório de Paleontologia, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]

A equipe de pesquisa do Setor de Paleovertebrados do Museu Nacional/UFRJ tem coletado


sistematicamente fósseis no Sítio Fossilífero de Pirapozinho, famoso afloramento do Cretáceo
Superior da Bacia Bauru. Este sítio paleontológico se estende pelo munícipio de Pirapozinho,
estado de São Paulo, e recebe grande destaque por apresentar fósseis em excelente estado de
preservação. Exemplos de clados já registrados são carófitas, crustáceos, lamelibrânquios, peixes
(Actinopterygii), dinossauros (Theropoda), crocodilianos e, mais notoriamente, Testudines. O
número de amostras de Crocodyliformes obtidas nesta localidade aumentou significativamente nos
últimos anos, como o exemplar MN 7466-V, coletado em 2012 e atribuído posteriormente a
Pepesuchus deiseae (Mesoeucrocodylia, Peirosauridae) através da análise da morfologia craniana
na dissertação de Mestrado de um dos autores do presente estudo (N. S. Brilhante). As
características diagnósticas desta espécie estão restritas aos elementos cranianos, assim como
frequentemente ocorre em outros crocodiliformes fósseis, e podem ser exemplificadas pelo processo
posterolateral do esquamosal fino e liso; confluência entre os dentes do dentário: 6 - 7 e 8 - 9. Parte
desta ênfase taxonômica em ossos cranianos ocorre, muitas vezes, devido à escassez de elementos
sequencialmente articulados, totalmente isolados e/ou pouco preservados dos esqueletos axial e
apendicular. O espécime em estudo desperta a atenção em relação aos demais registros conhecidos
deste táxon que, além de exceder o nível de preservação, possui também a maior série de ossos do
pós-crânio, podendo ser associados ao crânio por sua proximidade na matriz rochosa. Na
preparação mecânica deste material foram expostos diversos elementos inéditos do pós-crânio,
como escápulas, coracóide, ulna, rádio, úmero, falanges, ungueais, osteodermas, chevron, algumas
vértebras articuladas e outros componentes parcialmente encobertos (em fase de identificação).

75
Futuramente, a descrição mais detalhada dos elementos pós-cranianos proverá informações
anatômicas inéditas para este táxon e servirão como base comparativa para outros materiais,
permitindo também novos dados para pesquisas filogenéticas.

NOVAS INFORMAÇÕES SOBRE A MANDÍBULA DE AETOSAUROIDES SCAGLIAI


CASAMIQUELA, 1960 (AETOSAURIA: PSEUDOSUCHIA)

ANA CAROLINA BIACCHI BRUST¹; VOLTAIRE DUTRA PAES NETO¹; CESAR LEANDRO SCHULTZ¹; JULIA
BRENDA DESOJO²
¹Departamento de Paleontologia e Estratigrafia, UFRGS. ²División Paleontología Vertebrados, Museo de La Plata.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Aetossauros são arcossauros pseudossúquios cosmopolitas e caracterizados por sua carapaça


formada por osteodermas. Três espécies ocorrem no Brasil, sendo Aetosauroides scagliai a única
também encontrada na Argentina. Contudo, seu crânio ainda é pouco conhecido. Novas
informações sobre a região posterior da mandíbula desse táxon são aqui descritas, baseadas no
novo espécime UFSM11505, proveniente do afloramento Faixa Nova – Cerrito I (Sequência
Candelária, ZA Hyperodapedon), em Santa Maria – RS. Ambas hemimandíbulas estão bem
preservadas e quase completas, sendo que apenas o pré-articular o articular não estão presentes. O
dentário é gradualmente convexo em sua margem ventral, e ramifica-se em sua porção posterior,
onde participa da formação da margem anterior da oval fenestra mandibular externa (maf). O ramo
superior contata o surangular e o ramo inferior contata o angular, onde se observa uma leve
inflexão do esplenial na margem ventral, como em Aetosaurus ferratus. O maf é também formado
em sua margem ventral pelo angular, que se estende anteriormente, e pelo surangular, em sua
margem dorsal e posterior. É também notada a presença de um túber arredondado na margem
dorsal do surangular, assim como nas duas espécies de Stagonolepis, embora seja mais curto que
em Stenomyti. O surangular sutura com o angular ao longo de sua margem ventral, como em A.
ferratus, e forma uma projeção posterior que expande-se dorso-ventralmente, onde é possível
observar um forâmen surangular próximo à fossa glenóide. Desse modo, UFSM11505
morfologicamente enquadra-se com os materiais já existentes de A. scagliai, adicionando novas
informações à região posterior da mandíbula. [CAPES]

APRESENTANDO A GRUTA TACHO DE OURO (AURORA DO TOCANTINS, TOCANTINS,


BRASIL): SUA DIVERSIDADE, TAFONOMIA E ARQUEOLOGIA

R. BUCHMANN 1; M. SILVA-GUIMARÃES 1; B. ROCHA–DOS SANTOS1; R. S. PINHEIRO1; J. F. OLIVEIRA1; H.


I. ARAÚJO-JÚNIOR2; L. S. AVILLA1
¹Laboratório de Mastozoologia, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
2
Departamento de Estratigrafia e Paleontologia, Faculdade de Geologia, Universidade do Estado do Rio de janeiro.
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]

As grutas da Província Espeleológica Bambuí, em Aurora do Tocantins, norte do Brasil, revelam


importantes fósseis de mamíferos do intervalo Pleistoceno-Holoceno. Recentemente, materiais
revelando registros da megafauna da região foram recuperados na Gruta Tacho de Ouro, os
primeiros achados paleontológicos desta caverna. Tais fósseis estavam depositados em um acesso
subterrâneo da gruta. Dentre os materiais recuperados, destacam-se pelo menos dois indivíduos de
Tayassu pecari, encontrados associados ao sedimento na parede de um conduto isolado da gruta,
apresentando elementos cranianos e pós-cranianos. Um dos indivíduos está representado apenas por
ossos cranianos, onde, o tamanho reduzido e o não fusionamento por completo da sutura coronal
indicam que tratava-se de um jovem. Fósseis isolados nos demais condutos também foram
recuperados e identificados, dentre eles, os Cervidae (Mazama, Odocoileus e Ozotoceros), bem

76
como de outras famílias (Tapirus, Paleolama e cf. Coendou) representados por fragmentos
mandibulares e/ou dentes isolados. Ainda, duas vértebras, uma ulna e uma falange ungueal foram
atribuídas à preguiça Catonyx curvieri. Próximo à entrada da gruta, externamente ao acesso dos
condutos onde os fósseis foram encontrados, recuperou-se um instrumento lítico laminar
provavelmente pertencente a humanos que habitaram a região, tal artefato localizava-se próximo a
uma rocha com marcas de ranhuras, que possivelmente foi usada para produção de instrumentos
líticos similares. Pinturas rupestres são observadas nas paredes do interior da gruta. Reconhece-se
marcas de dessecação em alguns fósseis, sugerindo exposição subaérea, indicando morte
externamente à gruta e que posteriormente poderiam ter sido carreados para o seu interior. O padrão
de encurvamento e condição articulada dos ossos apendiculares do T. pecari adulto são compatíveis
com processo de mumificação natural, ocorrida possivelmente pela aridez do paleoambiente. O
baixo nível de abrasão observado nos espécimes indica um transporte hidráulico de baixa energia
seguido de soterramento rápido. Icnofósseis de alimentação são observados em um crânio de
Tayassuidae e alguns ossos longos, porém, não podemos inferir mais assertivamente se tenham sido
produzidos por hominídeos, predação natural ou necrofagia. As condições tafonômicas observadas
sugerem semelhanças com outras cavernas da região (e.g. Gruta do Urso e Gruta dos Moura), o que
pode estar relacionado ao fato das tafocenoses terem sido formadas durante o mesmo período, ou
que, tais condições climáticas tenham sido duradouras. Os registros da Paleolama e Catonyx
indicam que os fósseis depositados são de provavelmente são de origem pleistocênica, porém, não
podemos assegurar que os humanos da gruta foram contemporâneos, pelos locais distintos dos
materiais depositados.

COMPARAÇÃO DOS FORAMES PNEUMÁTICOS OBSERVADOS NO ESQUELETO AXIAL


PÓS-CRANIANO DE PTEROSSAUROS E AVES RECENTES

R. BUCHMANN1,2; T. RODRIGUES3; L. S. AVILLA1,2


¹Laboratório de Mastozoologia/ Departamento de Zoologia/ Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. ²Pós-
graduação em Biodiversidade Neotropical/ Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. ³Departamento de
Ciências Biológicas, Centro de Ciências Humanas e Naturais, Universidade Federal do Espírito Santo.
[email protected], [email protected], [email protected]

Os pterossauros foram os primeiros vertebrados a realizar o voo batido, colonizando o céu setenta
milhões de anos antes do surgimento das aves, ocupando nichos vagos até então. Tal condição foi
possível graças a adaptações, como a presença de ossos pneumáticos. Em aves, a pneumatização
está associada à presença de sacos aéreos, os quais, além desta função, possibilitam um fluxo de ar
contínuo e unidirecional no trato respiratório. A presença de ossos pneumáticos em ambos os clados
sugere que pterossauros poderiam possuir um sistema respiratório análogo ao de aves. Aqui,
comparamos a posição dos forames pneumáticos presentes em vértebras dos exemplares de
pterossauros Tapejaridae e Anhangueridae, e aves Rheiformes, Procellariiformes, Suliformes,
Pelecaniformes, Strigiformes e Psittaciformes, presentes nas coleções de paleovertebrados e
ornitologia do Museu Nacional/UFRJ, respectivamente, objetivando obter mais evidências para a
hipótese de um sistema respiratório em pterossauros análogo ao observado em aves. Em vértebras
cervicais, forames pneumáticos são corriqueiramente encontrados na região anterolateral em aves,
diferindo da condição presente em pterossauros, os quais apresentam forames alongados na região
mediolateral do corpo vertebral. Embora aves possuam forames em posição semelhante no corpo
vertebral, estes apresentam formato ovoide e são encontrados em vértebras torácicas. Em vértebras
torácicas, forames pneumáticos localizados ventralmente aos processos transversos são comuns em
aves, porém raramente observados em pterossauros. Em clados derivados, principalmente
Azhdarchoidea, forames pneumáticos são encontrados também no arco neural, margeando o canal
neural. Aves não apresentam tal condição, embora tenham sido observados forames pneumáticos
menores, margeando o canal neural, na região caudal de vértebras cervicais de Suliformes e

77
Procelariiformes. A presente análise corrobora o surgimento análogo deste trato nos dois clados,
baseando-se nas diferentes localizações dos forames pneumáticos ao longo da coluna vertebral.
Contudo, algumas semelhanças nas posições dos forames foram observadas, indicando que as
mesmas possivelmente estão associadas a locais que não comprometam a estrutura vertebral.

VARIAÇÃO MORFOLÓGICA EM MANDÍBULAS DE PROCOLOFONÓIDES DA


FORMAÇÃO SANGA DO CABRAL (TRIÁSSICO INFERIOR DO RIO GRANDE DO SUL)

CAROLINE D. BURGARDT¹; ANDERSON O. RANGEL¹; FELIPE, L. PINHEIRO¹


¹Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA.
[email protected], [email protected], [email protected]

A Formação Sanga do Cabral (Bacia do Paraná), reporta ao Triássico Inferior, contribuindo na


compreensão da recuperação biótica que sucedeu a crise permo-triássica. Dentre os afloramentos
fossilíferos pertencentes a esta formação, destaca-se a localidade Granja Palmeiras (Rosário do Sul,
RS). O afloramento é constituído por arenitos finos intercalados por conglomerados
intraformacionais e com a presença de concreções carbonáticas. Esta litologia, típica da Formação
Sanga do Cabral reflete um ambiente árido, com a ocasional formação de sistemas fluviais
efêmeros. Tafonomicamente, este ambiente levou à preservação de fósseis fragmentários e com
intensos sinais de retrabalhamento. Apresentamos, aqui, novos fragmentos mandibulares atribuíveis
a Procolophonoidea, recentemente coletados pela equipe do Laboratório de Paleobiologia da
Universidade Federal do Pampa. Um espécime, em particular, apresenta morfologia peculiar,
diferindo de outros materiais já descritos para esta unidade geológica. Neste, os dentes
molariformes, embora bicuspidados, apresentam um formato mais cônico e menos comprimido
antero-posteriormente quando comparados aos de Procolophon trigoniceps. É evidente, também, a
diferença de tamanho entre elementos da dentição do novo espécime e aqueles atribuíveis a P.
trigoniceps, sendo os dentes do primeiro comparativamente menores. As comparações foram
realizadas com base em onze mandíbulas fragmentárias coletadas na Granja Palmeiras e em outros
sítios fossilíferos pertencentes à Fm. Sanga do Cabral. Embora seja possível que as dissimilaridades
reflitam variações, ontogenéticas, esta hipótese parece improvável, já que o novo material apresenta
proporções semelhantes às de outros materiais que possuem a típica dentição de P. trigoniceps.
Levantamos, aqui, duas possíveis explicações para a peculiar morfologia do novo espécime: i) este
pode representar um extremo da variação intraespecífica de P. trigoniceps ou ii) o material é um
indício da presença de um procolofonóide ainda não descrito para a Fm. Sanga do Cabral. As duas
alternativas estão sendo avaliadas a partir da análise de abundantes elementos pós-cranianos
recentemente coletados, além de novas amostragens em afloramentos particularmente produtivos da
Fm. Sanga do Cabral.

A OSTEOHISTOLOGIA DE UM SAUROPODOMORPHA JUVENIL: O REFLEXO DO


DESENVOLVIMENTO ESCULPIDO NA MICROARQUITETURA ÓSSEA

LEOMIR DOS SANTOS CAMPOS1; LUCIANO ARTEMIO LEAL2; JULIANA MANSO SAYÃO1; ÁTILA
AUGUSTO STOCK DA-ROSA3
1
UFPE. Laboratório de Geociências, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Jequié. 3Laboratório de
2

Estratigrafia e Paleontologia, UFSM.


[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Os fósseis de dinossauros mais antigos conhecidos datam do final do Triássico, há


aproximadamente 230 milhões de anos. Os Sauropodomorpha foram o grupo mais amplamente
distribuído desse período, são conhecidos em todos os continentes exceto na Austrália e Antártica.
Apesar disso, registros de espécimes juvenis são raros. Os elementos ósseos do Sauropodomorpha
UFSM11326 foram coletados no afloramento Cerro da Alemoa (de idade Carniana), pertencente à

78
Supersequência Santa Maria. Para a identificação do desenvolvimento ontogenético deste
espécime foram avaliadas microarquiteturas ósseas através da osteohistologia. Nas seções
examinadas do úmero e metatarsal III, foi observada a presença de um padrão microestrutural
composto por complexo ósseo fibrolamelar e matriz com predomínio de tecido ósseo fibroso, além
da cavidade medular totalmente preenchida por sedimento. Nestas seções há o predomínio de
ósteons primários, com raros ósteons secundários e uma zona reduzida com remodelamento apenas
no matatarsal III. Os canais vasculares estão arranjados de forma longitudinal no metatarsal III, e
reticular no úmero. As variações microestruturais nos ossos de um mesmo indivíduo podem estar
relacionados às tensões mecânicas e fisiológicas que o osso, ou uma parte dele, tem que suportar
durante a sua vida. A arquitetura remodelada do metatarsal III pode ser um reflexo disso, visto que
localiza-se em área de extremos estresses mecânicos resultantes de atividades básicas como
caminhar ou correr. A carga mecânica causada por contrações musculares começa na
embriogênese, e a absorção destas tensões age sobre o esqueleto através do funcionamento dos
músculos, das articulações, e ligamentos, transferindo o estresse da tensão aos ossos. Em resposta
à essa tensão, são depositados diferentes tecidos com microarquiteturas específicas a cada
atividade, fornecendo resistência e rigidez variáveis em cada ponto. O arranjo fibrolamelar das
amostras é marcado principalmente pela desorganização e variação de tamanhos das fibras
colágenas dispostas de forma aleatória. Tal irregularidade fibrilar reflete elevadas taxas de
deposição, formando um tecido ósseo amplo e arranjado aleatoriamente. A avaliação
microestrutural deste espécime retrata a presença de um complexo ósseo fibrolamelar, com tecido
ósseo fibroso sem marcas de crescimento ao longo do córtex, caracterizando UFSM11326 como
um juvenil que não teria atravessado seu primeiro ciclo de crescimento. Esta condição é
comprovada pela ausência de variações deposicionais de tecidos ósseos, fato que marcaria o início
das zonas limitadas por aposição de osso lamelar ou osso paralelo fibroso em lines of arrasted
growths e anullis. [CAPES]

THE FIRST MULTITUBERCULATA FROM BRAZIL SUPPORTS A PALEOGENE SURVIVING


OF THIS GROUP IN SOUTH AMERICA
L. M. CARNEIRO; E. V. OLIVEIRA
Laboratório de Paleontologia (PALEOLAB), Departamento de Geologia, Centro de Tecnologias e Geociências,
Universidade Federal de Pernambuco.
[email protected], [email protected]

The Multituberculata were common faunal elements in Northern Hemisphere during the
Cretaceous. This group was characterized by the presence of plagiaulacoid p4 and multiple
accessory cusps in premolars and molars. In Southern Hemisphere, representatives of this group are
known from the late Early Cretaceous of Australia and from the late Cretaceous of Argentina, both
being represented by a single p4. The survival of Multituberculata is known after the KPg boundary
in North America and Europe, surviving until the early Oligocene in North America. Herein, we
present the first Multituberculata from Itaboraí Basin and Brazil, a new taxon represented by a
single lower molar (m2 or m3?) and plagiaulacoid P4. These materials extend the survival of this
group in South America during the Paleogene (late Paleocene-early Eocene). Interestingly, this
species is only known from the collect of 1967 in Itaboraí, but it is not present in the materials
collected in 48 and 49 for the same locality. This allows the supposition that this faunal assemblage
could be older than the other two. The abundant presence of Epidolops ameghinoi in 48-49, but
absence in 67 could be considered as a positive evidence for the mentioned hypothesis, as
Multituberculata and Polydolopimorphia present similar dental adaptations. This observation could
indicate a faunal turnover in Itaboraí during the Paleocene. The presence of a Multituberculata in
Itaboraí demonstrates that South America held a more diverse fauna than previously accepted, and

79
supports previous theories about the connection between the Americas during the Late Cretaceous.
[IBPG-1095-1.07/14; FACEPE]

NOVA OCORRÊNCIA DE BRASILEODACTYLUS (PTEROSAURIA) NA FORMAÇÃO


ROMUALDO, CRETÁCEO INFERIOR DA BACIA DO ARARIPE

GABRIELA MENEZES CERQUEIRA; MAIKON FORTES MARKS; FELIPE LIMA PINHEIRO


Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA.
[email protected], [email protected], [email protected]

A Formação Romualdo (Aptiano-Albiano) do Grupo Santana é caracterizada por uma sequência de


folhelhos com intercalações de camadas ricas em concreções carbonáticas. Trata-se de uma das
mais fossilíferas formações geológicas da Bacia do Araripe, apresentando fósseis em excepcional
estado de preservação, muitas vezes com tecido mole associado. Dentre os fósseis presentes nesta
formação há uma vasta diversidade de pterossauros de grande porte, em especial os pertencentes às
famílias Anhangueridae, composta por pterossauros com dentes, e Tapejaridae, composta por
pterossauros sem dentes. O material aqui apresentado consiste de uma mandíbula parcialmente
preservada, faltando porções da sínfise. O material é de procedência desconhecida, mas apresenta
a típica preservação da Formação Romualdo. É possível observar presença de alguns alvéolos
dentários, especialmente concentrados na porção mais rostral. Os dois ramos mandibulares
posteriores à sínfise se encontram completamente preservados, especialmente em sua porção
articular. Foram utilizados no espécime, anteriormente ao presente estudo, procedimentos
químicos de preparação que comprometeram substancialmente a integridade do material, que
agora apresenta danos expressivos à cobertura superficial. A posterior aplicação de goma laca
dificultou ainda mais uma análise acurada das feições anatômicas relevantes. Ainda assim, com
base em seu formato e reconhecimento do padrão apresentado pelos alvéolos dentários (cerca de
10 preservados) foi possível a identificação do espécime como pertencente ao gênero
Brasileodactylus. Tal atribuição está embasada no reconhecimento da seguinte combinação de
carácteres: i) seção transversal triangular da sínfise (visível no fragmento rostral); ii) alvéolos
grandes e elípticos (com, em média, 3 mm de comprimento maior neste espécime); iii) distância
inter-alveolar crescendo posteriormente; iv) presença de alvéolos até a porção rostral da
mandíbula; v) sulco medial começando na extremidade anterior e alargando posteriormente e vi)
ausência de crista ventral na porção anterior dos dentários. Embora a ausência de dentes e danos
causados ao material pelo seu processo de preparação possam ter dificultado a análise, as
características observadas no espécime permitem identifica-lo com certa confiança dentro do
gênero Brasileodactylus. O novo material consolida Brasileodactylus como um dos táxons de
Pterosauria mais abundantes na Bacia do Araripe, com ocorrência, também, na Formação Crato,
mais antiga.

A BIOGEOGRAFIA DOS SEBECIDAE (CROCODYLIFORMES; MESOEUCROCODYLIA) E


FORMAS AFINS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA SUA SOBREVIVÊNCIA À EXTINÇÃO
CRETÁCEO-PALEÓGENO

G. M. CIDADE1; D. RIFF2; A. S. HSIOU1


1
Departamento de Biologia, FFCLRP-USP, SP; 2Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade
Federal de Uberlândia, MG.
[email protected], [email protected], [email protected]

Os Sebecidae (um grupo endêmico à América do Sul, cujas ocorrências vão do Paleoceno ao
Mioceno Médio), além dos gêneros Iberosuchus e Bergisuchus, do Eoceno da Europa, e
Eremosuchus, do Eoceno da Argélia, representam alguns dos poucos táxons de crocodiliformes não-

80
Eusuchia a ocorrerem no Cenozoico. Tais táxons têm sido recuperados como um clado em análises
filogenéticas recorrentes, levantando um impasse biogeográfico com relação a como explicar a
proximidade filogenética entre formas de distribuição disjunta, já que a América do Sul já estava
separada da África e da Europa pelo oceano Atlântico há cerca de 100 a 90 milhões de anos (Ma).
Dado o tempo decorrido desde a separação dos dois continentes até o da primeira ocorrência de
Sebecidae, no Paleoceno (66-56 Ma), a ocorrência de um evento de vicariância é considerada como
pouco provável. Deste modo, uma dispersão trans-oceânica, ocorrida entre o Cretáceo Superior e o
Paleoceno, é vista como provável a fim de explicar a distribuição do grupo. Uma análise recente
[Ezcurra & Agnolín. 2012. Systematic Biology 61(4):553–566] encontrou uma grande similaridade
faunística entre os continentes da América do Sul, África e Europa desde o Cretáceo Superior até o
Eoceno, defendendo a existência de conexões biogeográficas entre esses continentes, em um
modelo denominado Atlantogea. Assim, uma vez que a maioria das espécies (nove) do referido
clado se encontram na América do Sul, este trabalho defende que o clado sobreviveu à extinção
Cretáceo-Paleógeno no continente sul-americano, a partir do qual o grupo se expandiu à África e à
Europa, a partir das conexões propostas pelo trabalho citado entre o Cretáceo Superior e o começo
do Cenozoico. A Cordilheira de Walvis e a Elevação Rio Grande entre a América do Sul e a África,
e a Soleira Mediterrâneo-Tetiana, entre a África e a Europa Meridional, atualmente submersas, são
as mais prováveis rotas de dispersão trans-atlântica e trans-tetiana, ainda que não representem uma
conexão terrestre permanente, mas passagens transitórias dadas por variação do nível do mar. Esta
perspectiva é importante porque demonstra um cenário mais parcimonioso no qual este clado teria
sobrevivido à extinção Cretáceo-Paleógeno em uma única região geográfica, enquanto que, ao
assumir que a distribuição do grupo se originou por vicariância ou por uma dispersão pré-
Cenozoica, assumia-se também que o clado sobreviveu à extinção em mais de uma localidade
diferente (América do Sul e Europa/África). A existência de conexões temporárias entre os
continentes também ajuda a explicar como os membros desse clado, predominantemente terrestre,
poderia ter se dispersado através de barreiras oceânicas. [CNPq; SESu/MEC; FAPESP]

A PROPOSAL ON THE FEEDING BEHAVIOUR AND DIET ITEMS OF MOURASUCHUS


(ALLIGATOROIDEA, CAIMANINAE)

G. M. CIDADE1; D. RIFF2; A. S. HSIOU1


1
Departamento de Biologia, FFCLRP-USP, SP; 2Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade
Federal de Uberlândia, MG.
[email protected], [email protected], [email protected]

Mourasuchus, a large caimanine from the Miocene of South America, is one of the most peculiar
crocodilians of all time. His unusual skull morphology has provoked a debate about feeding habits,
which have never been properly defined. Several characteristics of Mourasuchus, such as a long,
wide, dorsoventrally flattened rostrum, slender mandibles, small teeth and short cervical vertebrae
indicate that it was unlikely to be able to capture, hold or ingest large prey. Langston [1965.
University of California Publications in Geological Sciences 52:1-168] suggested that
Mourasuchus could feed preferably on small animals, namely mollusks, crustaceans and small fish.
These would be captured with the ventral portion of the rostrum, which worked as a “fishing net” or
“gular sac”, a proposal we are in agreement. However, here it is further suggested that feeding
behavior of Mourasuchus consisted mainly in the use of the large area of the rostrum to collect
many individuals of the prey at the same time, as this would explain the unusual shape and size of
its rostrum. Mourasuchus has also been named a “filter-feeding” animal by previous authors. The
small animals upon which Mourasuchus preferably fed upon are most frequently found into the
substratum, which can be either biotic (plants), or abiotic (mud, sand). As such, Mourasuchus
would frequently capture both the edible and non-edible material in the mouth at the same time.

81
Thus, the presence of a “filtering” technique would be beneficial as it could separate the edible from
the non-edible before the swallowing. However, there are still no evidences to support how
Mourasuchus could perform such “filtering” behavior. Regarding how this feeding habit evolved,
we suggest that it could have arisen from the behavior of typical durophagous caimanines such as
Gnatusuchus. While the behavior of the durophagous taxa consisted of capturing prey, dissociate
and swallowing them, the behavior of Mourasuchus could have evolved from an ancestor that
performed a similar one to those but later developed a strategy of capturing the prey with the “gular
sac” and swallowing it directly, without crushing, then it would be easier to capture a large amount
of this small-sized prey at the same time. The crocodylian skull has been proposed to have a “trade-
off” along its evolutionary history between a long, slender rostrum that provided speediness, and a
shorter, more robust rostrum that provides strength. The rostrum of Mourasuchus does not provide
either speediness or strength to the bite. Instead, a huge increase in area, to optimize the capture of a
large amount of small prey, seems to be the advantage this morphology provided to this group.
[CNPq; SESu/MEC; FAPESP]

ESTUDO PRELIMINAR DE UM FRAGMENTO MANDIBULAR DE UM TAYASSUIDAE


(MAMMALIA: ARTIODACTYLA) DO QUATERNÁRIO DE RONDÔNIA, NORTE DO
BRASIL

PAULA LOPES COPETTI¹; LEONARDO KERBER²; ÁTILA AUGUSTO STOCK DA-ROSA¹


¹Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia, UFSM. ²Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected]

Os Tayassuidae sul-americanos são popularmente conhecidos como pecaris, queixadas e caititus.


Juntamente com os Suidae (porcos e javalis) formam a Ordem Suiformes. Enquanto os Suidae são
nativos do Velho Mundo (Ásia, Europa e África), os Tayassuidae se originaram no Oligoceno da
América do Norte, tendo migrado para a América do Sul há cerca de nove milhões de anos. O
presente trabalho consiste na análise osteológico-dentária preliminar de um fragmento de mandíbula
de um pecari, encontrado durante a realização do Programa de Investigação, Salvamento e
Monitoramento Paleontológico do Aproveitamento Hidrelétrico de Jirau (AHE Jirau), uma Usina
Hidrelétrica situada a cerca de 120 km a sudoeste da cidade de Porto Velho/RO. O espécime foi
coletado em sedimentos da Formação Rio Madeira, cuja deposição ocorreu durante o final do
Pleistoceno. Desta formação, diversos mamíferos extintos têm sido reportados, como tapires,
pampatérios, preguiças e mastodontes. O material está depositado na coleção do Laboratório de
Estratigrafia e Paleobiologia da Universidade Federal de Santa Maria, sob registro tombo UFSM
11606. Trata-se de um dentário direito, apresentando a série dentária incompleta, com m1-m3,
dentes bunodontes e braquiodontes, que apresentam desgaste na superfície oclusal. Até o momento,
as características dentárias permitiram atribuir o espécime à família Tayassuidae. Para uma
identificação mais inclusiva, o estudo em desenvolvimento, na forma de um Trabalho de Conclusão
de Curso (TCC), irá futuramente realizar comparação com os táxons sul-americanos (Tayassu,
Pecari, Brasilochoerus e Parachoerus).

OSSOS SACRAIS DE TITANOSSAURO (SAUROPODA, DINOSAURIA) PROVENIENTES DO


CRETÁCEO SUPERIOR DE PRATA, MINAS GERAIS

T. CORREIA; L. A. BARCELOS; D. RIFF


Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG.
[email protected], [email protected], [email protected]

Apresentamos novos elementos sacrais coletados em 2011 pela equipe do Laboratório de


Paleontologia da Universidade Federal de Uberlândia no mesmo local e horizonte de proveniência

82
da série-tipo do titanossauro Aeolosaurini Maxakalisaurus topai Kellner et al., 2006, em uma
camada da Formação Adamantina situada cerca de 50 cm abaixo do contato com o nível de
paleossolo mais basal do Membro Echaporã da Formação Marília e exposto junto à rodovia BR-497
no município de Prata, Minas Gerais. O material encontra-se depositado na coleção paleontológica
do Museu da Biodiversidade do Cerrado/UFU. São preservadas quatro costelas sacrais, sendo a
mais anterior cerca de 25% mais larga do que a segunda e terceira costelas, estas com tamanho
equivalente entre si. Todas se expandem lateralmente e possuem delgadas extremidades proximais e
distais, estas se contatando de modo a denotar uma série de fontanelas, mas sem fusão mútua, o que
aponta para a imaturidade do indivíduo. A borda anterior da primeira e maior costela sacral é
notavelmente côncava e seu eixo é torcido, enquanto as costelas posteriores têm borda anterior
quase linear e suas expansões proximais e distais encontram-se no mesmo plano. Apesar de apenas
um fragmento do íleo estar preservado, pode-se notar que ao menos a primeira costela sacral
estende-se dorsalmente para além da margem dorsal do íleo. Esta feição é típica dos Sauropoda
Macronaria de posição mais apical. A morfologia da primeira costela sacral preservada é compatível
com a segunda costela sacral dos Eutitanosauria, grupo este que apresenta seis vértebras sacrais por
acréscimo de uma vértebra primitivamente dorsal às cinco vértebras sacrais originais dos
Eusauropoda. Portanto, a segunda vértebra (e costela) sacral dos Eutitanosauria é homóloga à
primeira vértebra (e costela) sacral dos Eusauropoda de posicionamento mais basal. De fato, a
primeira costela sacral dos Eutitanosauria é delgada e longa, similar a uma costela dorsal regular, e
esta não se encontra preservada no material aqui apresentado. Os caracteres acima indicam,
portanto, que o sacro parcial aqui apresentando trata-se de um Eutitanosauria. Os ossos apresentam
o mesmo grau de preservação, textura e coloração que a série-tipo de M. topai e são compatíveis em
tamanho com o único material sacral resgatado para este táxon: um centro parcial atribuído à quinta
vértebra sacral e um arco neural parcial (ausentes no material aqui apresentado). Dada esta
congruência e a procedência comum, sugerimos este sacro é compatível ao espécime-tipo de
Maxakalisaurus topai. Uma descrição completa será apresentada futuramente com a conclusão da
preparação. [PIVIC/UFU; ATP/CNPq; SESu/MEC]

HISTÓRICO TAXONÔMICO DOS VERMILINGUA (XENARTHRA, PILOSA) FÓSSEIS SUL-


AMERICANOS E SUAS PRINCIPAIS PROBLEMÁTICAS

L. COTTS 1,2; R. MORATELLI2


¹Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
Fiocruz Mata Atlântica, Fundação Oswaldo Cruz.
[email protected]

Vermilingua (Xenarthra, Pilosa) é uma subordem que inclui os tamanduás fósseis e recentes. Suas
peculiaridades anatômicas têm intrigado pesquisadores nos últimos séculos e, dentre essas,
destacam-se: o rostro delgado e tubular; acentuada redução dentária (desdentados); função de
alguns músculos distinta de outros mamíferos, como o tríceps auxiliando a flexão dos dígitos e os
músculos extensores do membro anterior agindo como flexores em adição ao bíceps. O grupo é
atualmente representado por quatro espécies arranjadas em duas famílias. Cyclopes didactylus
(Linnaeus, 1758) é único representante de Cyclopedidae; enquanto Myrmecophaga tridactyla
Linnaeus, 1758, Tamandua mexicana (Saussure, 1860) e Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758)
compreendem Myrmecophagidae. As formas fósseis, por sua vez, compreendem 15 espécies
descritas para afloramentos da Argentina e Colômbia (Oligoceno Superior–Mioceno Inferior),
sendo estas: Adiastaltus habilis Ameguino, 1893; Adiastaltus procerus Ameguino, 1894;
Plagiocoelus obliquus Ameguino, 1894; Anathitus revelator Ameguino, 1894; Protamandua rothi
Ameguino, 1904; Promyrmephagus euryarthrus Ameguino, 1904; Promyrmephagus dolichoarthrus

83
Ameguino, 1904; Argyromanis patagonica Ameguino, 1904; Orthoarthrus mixtus Ameghino, 1904;
Neotamandua conspicua Rovereto, 1914; Palaeomyrmidon incomptus Rovereto, 1914;
Neotamandua magna, Ameguino 1919; Nunezia caroloameghino Kraglievich, 1934; Neotamandua
greslebini Kraglievich, 1940; e Neotamandua borealis Hirschfeld, 1976. Neste trabalho,
apresentamos uma revisão bibliográfica dos exemplares fósseis e as dúvidas taxonômicas para
Vermilingua. Ameghino (1893, 1894) propôs Adiastaltidae incluindo os gêneros Adiastaltus e
Plagicoelus, e Anathitidae, composta unicamente por Anathitus. Ambas as famílias foram
recentemente consideradas sinonímias de Myrmecophagidae por McDonald et al. (2008).
Hirschfeld (1976) e Carlini et al. (1993) consideraram Protamandua e Promyrmephagus também
como sinonímias. Segundo Mones (1986), Adiastaltus habilis, Adiastaltus procerus, Anathitus
revelator, Argyromanis patagonica e O. mixtus são xenartras incertae sedis, enquanto Plagiocoelus
obliquus foi reconhecido como Mammalia incertae sedis. Vizcaíno et al. (2004) atribuiu a
Myrmecophagidae um úmero anteriormente inferido a Peltephilus ferox Ameghino, 1887-um
Chlamyphoridae (tatu) do Oligoceno da Argentina. Em consenso com Gaudin & Branham (1998) as
relações em Neotamandua também são conflituosas, pois N. greslebini apresenta características
intermediárias entre N. magna e N. conspicua, sendo possível que as características distintivas entre
estas espécies sejam variações ontogenéticas. Desta revisão, concluímos que a ausência de análogos
comparativos entre os elementos ósseos atribuídos aos Vermilingua fósseis e o pouco conhecimento
sobre a anatomia do grupo, tanto no que se refere às formas fósseis quanto atuais são as principais
razões das incertezas taxonômicas.

DESCRIÇÃO OSTEOLÓGICA DO PRÓ-ATLAS DOS BAURUSUCHIDAE


(CROCODYLOMORPHA, CROCODYLIFORMES) DA BACIA BAURU (CRETÁCEO
SUPERIOR) E SUAS IMPLICAÇÕES ONTOGENÉTICAS E BIOMECÂNICAS

L. COTTS 1, 2; O. ROCHA-BARBOSA3
¹Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 2Campus Fiocruz Mata Atlântica (CFMA). 3Laboratório de Zoologia
de Vertebrados - Tetrapoda (LAZOVERTE)/UERJ.
[email protected], [email protected]

Baurusuchidae é uma diversificada família de crocodilomorfos cretácicos terrestres incluídos em


Notosuchia. Hábitos carnívoros e locomoção ereta são comumente inferidos para o táxon. Nos
últimos anos, baurussuquídeos foram resgatados de afloramentos da América do Sul e Sul da Ásia,
sendo notável o seu registro em rochas do Cretáceo Superior brasileiro. Das 11 espécies de
Baurusuchidae encontradas no mundo, 8 são provenientes da Bacia Bauru, Brasil. Embora
numerosamente expressiva, o conhecimento da morfologia de Baurusuchidae não reflete a sua
diversidade, sendo majoritariamente embasado em análises cranianas e dentárias. Informações sobre
o pró-atlas são ainda mais escassas, pois este elemento é comumente desagregado e perdido durante
o processo tafonômico. Neste estudo, analisaram-se as variações anatômicas dos pró-atlas dos
baurussuquídeos Campinasuchus dinizi (CPPLIP 1235; CPPLIP 1237; CPPLIP 1437; Centro de
Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price), Baurusuchus salgadoensis (UFRJ-DG 308-R;
Coleção do Departamento de Geologia/UFRJ) e Stratiotosuchus maxhechti (DGM 1477-R;
Departamento de Geopaleontologia do Museu Nacional/UFRJ). O pró-atlas em Baurusuchidae é
majoritariamente expandido lateroventralmente, curto anteroposteriomente e mais denso em sua
porção medial do que em suas extremidades lateroventrais, semelhante a um “V” invertido. O pró-
atlas de B. salgadoensis é ligeiramente mais espesso que em C. dinizi e S. maxhechti. Em um
espécime de C. dinizi (CPPLIP 1237) o pró-atlas, por sua vez, é menor e acentuadamente mais
delgado que nos demais baurussuquídeos e suas extremidades não possuem direcionamento ventral,
embora não apresente sinais de compressão oriundo da diagênese. O pró-atlas nos estágios iniciais
de vida de alguns crocodiliformes recentes é formado por duas pequenas estruturas ósseas
ligeiramente arredondadas, as quais tornam-se mais curtas anteroposteriomente, expandidas

84
lateralmente e direcionadas ventralmente durante os seus desenvolvimentos. O espécime CPPLIP
1237 é considerado um subadulto e, de modo análogo aos táxons recentes, a variação no seu pró-
atlas possivelmente é ontogenética. O aumento no espessamento e no tamanho total do pró-atlas nos
Baurusuchidae é provavelmente resultante de estágios de desenvolvimento mais avançados,
possivelmente não sendo uma real característica taxonômica. Autores inferem que um pró-atlas
desenvolvido, associado a um espinho neural do áxis alto, limitava a rotação e flexão dorsoventral
da cabeça de alguns vertebrados fósseis, como Dimetrodon. Entretanto, os pró-atlas dos
baurussuquídeos são reduzidos frente aos seus crânios avantajados, além dos espinhos neurais dos
seus áxis serem baixos, sugerindo poucas restrições para os movimentos de suas cabeças.

DISCOVERING THE KEY SPECIES IN THE STRUCTURATION OF A LATE PLEISTOCENE


BRAZILIAN INTERTROPICAL REGION MEGAMAMMALS ASSEMBLAGE

M. A. T. DANTAS1; A. CHERKINSKY2; H. BOCHERENS3; C. BERNARDES4; M. DREFAHL5; L. M. FRANÇA6


1
Laboratório de Ecologia e Geociências, IMS/CAT, UFBA. 2CAIS/UGA, USA. 3Biogeology, HEP, Universität
Tübingen. 4Universidade Federal Fluminense. 5Grupo de Estudos em Paleovertebrados, UFBA. 6Programa de Pós-
graduação em Ecologia e Conservação, UFS.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]

The main objective of this communication is to suggest which was a key species in the structure of
the Brazilian Intertropical Region ecosystems, through the isotopic niche breadth and body weight
values. Here, carbon stable isotopes from skeletal tissues (enamel, dentine, bone) were used as
proxies for diet and habitat. We estimated the Isotope niche breadth using Levins' measure
standardized (BA), the niche overlap (O) through Pianka's index, and the weight (W) through
Anderson's regression. We analyzed a BIR assemblage composed of Equus (Amerhippus) neogaeus
(n = 3; BA = 0.00; w = 370 kg), Notiomastodon platensis (n = 12; BA = 0.20; w = 6 ton),
Eremotherium laurillardi (n = 14; BA= 0.99; w = 7.2 ton) and Toxodon platensis (n = 8; BA = 0.86; w
= 3 ton). Analyzing the niche overlaps of the studied species, we noticed that N. platensis presented
moderate overlap with E. laurillardi (O = 0.79), T. platensis (O = 0.80) and E. neogaeus (O = 0.79),
due to the consumption of C4 plants. T. platensis and E. laurillardi presented moderate niche
overlap (O = 0.73, for both) with E. neogaeus. There is a high niche overlap with T. platensis and E.
laurillardi (O = 1.00), due to the similar proportions of food items. Yet, the wide BA and high weight
of E. laurillardi indicate that this species was a superior resource competitor, and thus may have
directly limited the population growth of T. platensis. A similar pattern is suggested for N. platensis
and E. neogaeus, in which case N. platensis had an advantage over Equus.

ESTUDO PRELIMINAR DE MATERIAL REFERENTE À “RAUISÚQUIO” DO TRIÁSSICO


MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL

HENRIQUE DENARDIN; ÁTILA AUGUSTO STOCK DA-ROSA


Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia, UFSM.
[email protected], [email protected]

O seguinte estudo consiste na descrição e diagnóstico do material retirado do Sítio Bortolin


(Triássico Médio), município de Dona Francisca, região central do Rio Grande do Sul. O material
consiste em três vértebras desarticuladas e um úmero, coincidindo com a descrição geral dos
“rauísúquios” encontrados na região. O grupo, que é composto por arcossauros crocodiliformes foi
primeiramente descrito por Huene (1942) com base em diversos fósseis encontrados no Triássico
Médio da região. Desde então, este grupo passou a ter novos achados, expandindo sua distribuição
para o Triássico Inferior e Superior. Apesar do alto número de material referente ao grupo, o mesmo
ainda se encontra bastante controverso, devido à falta de material craniano e às recentes descobertas

85
que mostram uma variedade de morfologias inesperadas, como bipedalismo, e até mesmo formas
com bico, dando ao grupo grande incerteza em relação à seu monofiletismo. O material em estudo
condiz com o material descrito em França et al. referente à Decuriasuchus quartacolonia, onde 9
espécimes foram encontrados, sendo três com crânios virtualmente completos. O espécime
depositado no Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia, Universidade Federal de Santa Maria,
consiste de um “rauisúquio” de tamanho médio. Embora semelhante à Prestosuchus, difere do
mesmo pelo tamanho reduzido e por possuir 15 dentes maxilares a mais em relação à outros
membros do grupo (à exceção de Quianosuchus mixtus). Ainda não há resultados sobre a descrição
do espécime, estando a pesquisa em etapa inicial de um Trabalho de Conclusão de Curso. Quando
diagnosticado, será possível trazer contribuições perante as controversas taxonômicas do grupo e,
talvez, ampliar a distribuição da espécie D. quartacolonia.

NOVO REGISTRO DE STEREOSPONDYLI (TETRAPODA: TEMNOSPONDYLI) PARA A


ZONA DE ASSOCIAÇÃO DE HYPERODAPEDON (CARNIANO, BASE DA SEQUÊNCIA
CANDELÁRIA, SUPERSEQUÊNCIA SANTA MARIA)

SÉRGIO DIAS-DA-SILVA1; RODRIGO TEMP MÜLLER2; ADRIANA STRAPASSON DE SOUZA3


1
Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, UFSM.
2
Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal, UFSM.
3
Departamento de Paleontologia e Estratigrafia, UFRGS.
[email protected], [email protected], [email protected]

Dentre os tetrápodes basais, os temnospôndilos se configuram como um dos grupos mais numerosos
e diversos do registro fóssil da metade do Permiano até o final do Triássico. No Brasil, estão
registrados no Permiano (formações Pedra de Fogo e Rio do Rasto) e no Triássico (Supersequências
Sanga do Cabral e Santa Maria). O espécime aqui reportado é proveniente da Base da Sequência
Candelária (ZA de Hyperodapedon, Carniano), recentemente coletado no município de São João do
Polêsine. Compreende um fragmento com ossos dérmicos do teto craniano e parte do palato e talvez
parte do braincase associados. O material encontra-se ainda em preparação e é bastante
concrecionado, o que dificulta o progresso no trabalho laboratorial e a identificação segura de seus
elementos constituintes no presente estágio em que se encontra. Mesmo assim, é feita tentativa de
identificação anatômica destes, inferindo em vista dorsal a presença dos ossos esquamosal e pelo
menos parte do tabular, ambos delimitando posteriormente um presumido entalhe ótico
relativamente aberto. Uma segunda incisura “entalhiforme” bastante pronunciada (o verdadeiro
entalhe ótico?) também está presente anteromedialmente em relação ao presumido entalhe ótico.
Ainda não é possível afirmar com segurança se esse é um acidente anatômico real ou apenas um
artefato da preservação. Em vista occipital, é possível observar um elemento não ornamentado que
pode tanto ser parte da crista oblíqua, ou o ramo ascendente do pterigoide. Caso seja a crista
oblíqua, esta é pronunciada, uma característica distintiva dos capitossauróides. Medialmente a esta,
ocorre outro elemento não ornamentado. Este, em vista occipital, consiste em uma lâmina reta, a
qual pode tanto representar um dos processos descendentes [tabular(?), paroccipital(?)] quanto
também o assoalho do braincase. Em vista ventral esse elemento é anteriormente alongado, e aqui
inferido como sendo pelo menos parte do proótico. Quanto às possíveis afinidades taxonômicas do
material, devido ao estágio preliminar de preparação e à dificuldade de corretamente identificar os
elementos presentes no espécime, neste momento atribuímos o mesmo apenas a um Stereospondyli
indeterminado. Bioestratigraficamente, quatro clados menos inclusivos estão presentes no Carniano:
Chigutisauridae, Metoposauridae, Capitosauridae e Trematosauridae. Confiamos que com o avanço
da preparação seja possível refinar a diagnose deste espécime, o qual é importante por aumentar a
representatividade dos estereospôndilos no Triássico Superior brasileiro. [CAPES]

86
ANÁLISE OSTEOLÓGICA PRELIMINAR DE UM FRAGMENTO CRANIANO DE UM
PROVÁVEL “RAUISSÚQUIO” DO TRIÁSSICO DO SUL DO BRASIL

VINÍCIUS B. P. ESTERIZ; ÁTILA AUGUSTO STOCK DA-ROSA


Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia, UFSM
[email protected], [email protected]

Os “rauissúquios” são componentes importantes das faunas triássicas, taxonômica e


ecologicamente diversos, encontrados em todas as porções do Pangeia, desde o Triássico Inferior
ao Triássico Superior. É um grupo não monofilético, com uma filogenia amplamente discutida,
baseada em dois conjuntos de dados [Conjunto 1 (clados relativamente estáveis em diversas
análises): Rauisuchidae (contendo Poposauroidea), Shuvosauridae, Ctenosauriscidae; Conjunto 2
(grupos monofiléticos em algumas análise, mas parafiléticos ou polifiléticos em outras):
Rauisuchia, Rauisuchoidea (contendo Prestosuchidae, Paracrocodylomorpha, Loricata)].No Brasil,
foram descritos seis táxons de rauissúquios, sendo quatro deles descritos por Friedrich von Huene
(Prestosuchus chiniquensis, Prestosuchus loricatus, Procerosuchus celer e Rauisuchus tiradentis),
uma espécie descrita por Marco Aurélio Gallo de França e colaboradores (Decuriasuchus
quartacolonia) e outra por Marcel Lacerda e colaboradores (Dagasuchus santacruzensis). Todos
esses táxons foram coletados em rochas pertencentes à Supersequência Santa Maria, pertencentes à
Zona de Associação (ZA) Dinodontosaurus (Ladiniano; P. chiniquensis, P. loricatus, P. celer, D.
quartacolonia), ZA Santacruzodon (Eocarniano, D. santacruzensis) e ZA Hyperodapedon
(Carniano/Noriano, R. tiradentes). O estudo baseia-se em um fragmento de crânio alocado na
coleção de paleovertebrados da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) sob o número
tombo UFSM11108, cuja procedência é incerta. O tipo de preservação é comum para a ZA
Dinodontosaurus, porém existe contato com a curadora anterior, para resgate de sua origem,
provavelmente na Quarta Colônia. O material caracteriza-se como uma porca rostral do crânio,
com maxilas e dentário em oclusão, sem preservação da pré-maxila. O fragmento de maxila direita
apresenta sete dentes bem preservados, sob uma espessa cobertura carbonática, heterodontes,
levemente curvados e comprimidos labiolingualmente, sem serrilhas visíveis. Na maxila esquerda
é possível observar parte do dentário e da maxila, razoavelmente preservados, com quatro dentes
curvados e fragmentados e três alvéolos parcialmente preenchidos por matriz carbonática. Os
dentários esquerdo e direito A porção preservada têm aproximadamente 16 cm de comprimento
craniocaudal, correspondendo apenas à região rostral, sugerindo um crânio de grandes dimensões,
semelhante a CPEZ-239b, atribuído a P. chiniquensis. O fóssil encontra-se em fase inicial de
preparação, para ser analisado na forma de Trabalho de Conclusão de Curso, portanto diversas
características anatômicas ainda não foram disponibilizadas, durante a preparação, para mais
detalhada descrição taxonômica.

ADAPTAÇÕES DO MÉTODO DE SCREENWASHING AO USO EM LABORATÓRIO: O CASO


DO MATERIAL DA BACIA POTIGUAR

I. C. A. FELIPPE; L. P. BERGQVIST
Laboratorio de Macrofósseis, Departamento de Geologia - Universidade Federal do Rio de Janeiro. CNPq
[email protected], [email protected]

Em 1996, o Dr. Richard Cifelli, do Oklahoma Museum of Natural History/USA, descreveu os


procedimentos técnicos para realização de screenwashing em campo. Estes, embora detalhados, se
mostraram de difícil execução e custosos. Assim, durante atividades de campo realizadas pela
equipe do Laboratório de Macrofósseis da Universidade Federal do Rio de Janeiro na Formação
Açu (Bacia Potiguar) optou por coletar sedimentos para realização do screenwashing em
laboratório. Para o uso cotidiano no laboratório foi necessário adaptar o método proposto por Cifelli

87
para procedimentos com baixo custo de montagem, manutenção e uso consciente de recursos
naturais. Ao invés de construir as caixas de madeira propostas por Cifelli, foram utilizadas as
mesmas peneiras utilizadas para separação granulométrica. Como o foco principal é a busca por
mamíferos mesozoicos, que possuem tamanho diminuto, foram escolhidas peneiras granulométricas
de abertura de 0,5 mm e 3,00 mm sobrepostas (a maior sobre a menor) e uma terceira de abertura
exponencialmente maior utilizada como base para permitir a passagem dos sedimentos lavados,
evitando assim a retenção dos mesmos. O conjunto destas 3 peneiras formaram um ‘kit’. Em uma
caixa plástica sem tampa e sem aberturas, de dimensões 60 x 39 x 31 cm foram colocados dois
destes kits, otimizando assim o espaço. Uma pequena porção de sedimento foi colocada sobre a
peneira de cima e com uma mangueira de diâmetro 1,5 cm, água foi sendo derramada em pequena
quantidade e lentamente para lavagem do sedimento e remoção da argila. Na impossibilidade de
secar ao sol, e para otimizar o trabalho, o concentrado foi levado à estufa com temperatura entre 50º
e 100º C, durante 1 hora. Após, este concentrado foi imerso em querosene para remoção de
pequenas partículas de sedimento resistentes ainda aderidas aos fósseis. No caso da Bacia Potiguar,
devido à sua natureza carbonática, foi ainda necessário a imersão do concentrado em ácido fórmico
(10%) durante 1 hora. Em ambos os casos (imersão em querosene e ácido fórmico), foi necessário
lavar o material (da forma descrita acima) para retirar qualquer possível resíduo. O concentrado
resultante foi pesado e armazenado em recipientes herméticos. Até o momento foram lavados 13
sacos de aproximadamente 15 kg cada, que gerou 1,6 Kg de concentrado com dimensões entre 0,5 e
3 mm e 5,7 Kg de concentrado com dimensões acima 3,0 mm. O picking deste material, em lupa
binocular, no Laboratório de Macrofósseis, recuperou 159 espécimes pertencentes tanto a
paleofauna aquática como terrestre.

AN UNUSUAL NEW LIZARD FROM THE LOWER CRETACEOUS CRATO FORMATION


AND ITS ENIGMATIC TAPHONOMIC HISTORY

P. M. FERREIRA1 A. CIDADE1; T. R. SIMÕES2; A. W. A. KELLNER1


1
Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. CAPES and CNPq. 2Alberta University.
philipemf91@gmailcom, [email protected], [email protected], [email protected]

The Squamata fossil record is scarce, and in Gondwana most of it is fragmentary and poorly
diagnostic. The Lower Cretaceous Crato Formation in northeastern Brazil, widely known for its
exceptionally preserved fossil specimens has provided some of the most complete fossil lizards of
Gondwana. Currently there are three described species, namely Tijubina pontei, Calanguban
alamoi and Olindalacerta brazilensis, all of which are represented only by their holotypes,
consisting of almost complete individuals. A new fossil lizard from this deposit, however, shows a
different preservation pattern not seen in any of the others specimens. MN 7233-V is preserved in
two separate plates, each containing parts of the skeleton. The first one comprise two humeri,
showing well-developed humeral condyles articulated with the radius and ulna; the left femur,
which is articulated with the tibia and fibula; the pelvic girdle represented by the left pubis and
ischium; and most of the phalanges of the manus and pes. The second plate has the vertebral
column and the ilium preserved in dorsal view. The anterior vertebrae are displaced, in contrast with
the posterior ones that, although preserved only as impressions, are articulated. Noteworthy is the
fact that this specimen lacks the skull, most of the tail, ribs, and the sacrum. The proximal and
medial portions of the tail were originally preserved, having survived the biostratinomic and
eodiagenetic processes, and were subsequently lost, either during the later diagenesis or collection.
Lumbar vertebrae, ribs, and skull, however, were not originally preserved and can have been lost
before the fossilization, possibly the during transportation of the carcass. Some thoracic vertebrae
were preserved in a non-articulated position, jumbled together around the pectoral girdle, an
unusual feature. Compared to other squamate fossils from the Crato Formation, MN 7233-V this
specimen shows a unique preservation which interpretation is challenging. Based on the available

88
information, this specimen was likely exposed after death and subjected to early stages of
decomposition (necrolysis). It is not clear when it lost the skull and neck, what could have happened
either before or during transportation. The absence of some vertebrae and ribs might have been an
artifact of collection. The differences in the degree of vertebral articulation suggest that
decomposition must have acted differently inside the body of this animal prior to final burial and
diagenesis.

NOVO REGISTRO DE EXAERETODON (CYNODONTIA, TRAVERSODONTIDAE) PARA A


ZONA DE ASSEMBLEIA DE HYPERODAPEDON (TRIÁSSICO DO RIO GRANDE DO SUL)

JAQUELINE L. FIGUEIREDO; FELIPE L. PINHEIRO


Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA.
[email protected], [email protected]

Os cinodontes não-mamalianos fazem parte do grupo dos Synapsida, sendo caracterizados pela
presença de uma fenestra temporal em cada lado do crânio, em posição mais dorsal que nos outros
sinápsidos. São abundantes no Sítio Janner (Zona de Assembleia de Hyperodapedon, Triássico
Superior do Rio Grande do Sul), principalmente aqueles pertencentes à família Traversodontidae.
O presente trabalho relata um novo registro de cinodonte para o Sítio Janner, coletado no mês de
junho de 2016 pela equipe do Laboratório de Paleobiologia da Unipampa. O material coletado é
composto pelo teto craniano, ossos da série orbital do lado direito, a maxila com dois dentes
caninos e dois dentes pós-caninos do lado esquerdo (ainda inseridos nos alvéolos), um dente pós-
canino inferior, uma raiz de um dente pós-canino superior, esquamosal direito e parietais
fragmentados. A morfologia dentária do espécime, aliada à frequente ocorrência relatada do gênero
no Sítio Janner permite a atribuição do indivíduo ao gênero Exaeretodon. A partir da análise dos
dentes pós-caninos superiores é possível inferir o padrão gonfodonte, característico do
Exaeretodon, com o alargamento transversal dos dentes. Os dentes pós-caninos superiores
apresentam cinco cúspides, três labiais e duas linguais, além de um deslocamento no sentido
posterior para o anterior, no espécime. Indicando a substituição dentária realizada de forma
continua no gênero Exaeretodon. O pós-canino inferior isolado apresenta duas cúspides (uma
labial e uma lingual) e é visível o tamanho reduzido do dente isolado com relação aos dentes
maxilares. A partir de uma comparação com outros materiais de Exaeretodon proveniente do Sítio
Janner, onde várias fases ontogenéticas são apresentadas, pode-se notar que o tamanho dos dentes
do presente material é superior ao de outros materiais coletados no mesmo afloramento. Levando
em consideração o tamanho dos dentes, o tamanho inferido para o crânio e da projeção da crista
parietal, é possível inferir que o indivíduo apresentava uma fase ontogenética madura no momento
de sua morte. O espécime coletado poderá contribuir em estudos de fases ontogenéticas do gênero
Exaeretodon, junto com os outros materiais coletados citados anteriormente.

IDENTIFICAÇÃO PRELIMINAR DE ASTRÁGALOS DE CETARTIODACTYLA


TERRESTRES (MAMMALIA) DO LABORATÓRIO DE GEOLOGIA E PALEONTOLOGIA –
LGP DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RIO GRANDE (FURG)

EMMANUELLE FONTOURA; DÉBORA DINIZ; PAULA DENTZIEN-DIAS


Laboratório de Geologia e Paleontologia da FURG.
[email protected], [email protected], [email protected]

Os cetartiodáctilos terrestres são mamíferos ungulados, com número par de dedos e eixo de simetria
passando pelo III e IV dedo. Nesse grupo estão inclusos os cervídeos, camelídeos e taiassuídeos,
entre outros. Estes animais de grande porte colonizaram a América do Sul após a formação do Istmo
do Panamá (Plioceno). O Laboratório de Geologia e Paleontologia (LGP) possui cerca de 1000

89
espécimes atribuídos a esse grupo, incluindo 271 astrágalos: osso pequeno, com uma concavidade
anterior e uma convexidade posterior característicos, no qual se articulam dois outros ossos (dupla
tróclea). Localizado na porção inferior do corpo, são parte constituinte das patas. Todos os
exemplares do laboratório são provenientes do litoral sul e médio do Rio Grande do Sul. Estes
materiais quaternários foram encontrados isolados, em sua maioria retrabalhados pela dinâmica
costeira. Aqui propomos uma identificação a nível de família dos astrágalos de Cetartiodactyla
terrestre depositados no LGP. Para esse estudo, foram analisados os astrágalos supracitados,
separando-os por semelhanças entre si e procurando características que os diferenciassem. Até o
momento, um conjunto de 13 espécimes apresentou uma concavidade na porção lateral inferior,
além de possuírem maior tamanho, comparado aos demais. Através de comparação com dados
bibliográficos, observamos que estes detalhes anatômicos são característicos da família Camelidae.
Alguns outros astrágalos, com maior nível de retrabalhamento, não puderam ser diferenciados por
tamanho ou morfologia de concavidades (88 astrágalos). Os demais (170 astrágalos) pertencem a
outras famílias de cetartiodáctilos, mas ainda carecem de uma identificação mais inclusiva. Com o
avanço deste estudo, espera-se identificar os demais astrágalos em nível taxonômico menor.

ESTUDO TAFONÔMICO DA TAFOFLORA DA FORMAÇÃO FURNAS (DEVONIANO DA


BACIA DO PARANÁ), EM JAGUARIAÍVA (PARANÁ)

V. M. C. R. FRANCISCO¹; G. P. MARTINS²; H. I. ARAÚJO-JÚNIOR³; M. A. C. RODRIGUES3


¹Programa de Pós-graduação em Análise de Bacias e Faixas Móveis, Faculdade de Geologia, Universidade do Estado do
Rio de Janeiro. CAPES. ²Faculdade de Geologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. FAPERJ. ³Departamento
de Estratigrafia e Paleontologia, Faculdade de Geologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

A Bacia do Paraná é uma bacia sedimentar intracratônica do Gondwana Ocidental e recobre uma
área de aproximadamente 1.500.000 km2. Sua sequência devoniana inclui as formações Furnas e
Ponta Grossa. A porção superior da Formação Furnas apresenta uma paleoflora composta por
fragmentos de plantas vasculares (Tracheophyta) e avasculares (Bryophyta) depositada em um
contexto de ambientes transicionais. Grande parte do interesse nestes grupos reside no fato de que
eles registram os primeiros estágios da evolução das plantas vasculares primitivas adaptadas ao
ambiente terrestre. Em termos tafonômicos, a maior parte dos estudos desenvolvidos na Bacia do
Paraná foram realizados com base na macropaleofauna de invertebrados, sendo escassos os estudos
sobre as feições tafonômicas de suas tafofloras. Neste estudo foram analisados 115 exemplares de
plantas, que se apresentam como compressões, coletados da localidade Jackson de Figueiredo,
Ramal Ferroviário Jaguaraiaíva-Jacarezinho, km 12,5, município de Jaguariaíva (PR). Foram
avaliados o grau de empacotamento dos restos vegetais, grau de fragmentação, padrão de orientação
e associação com icnofósseis. Duas classes tafonômicas foram estabelecidas: Classe Tafonômica I
(CTI) – compreende plantas incompletas, representadas pela preservação de fragmentos com
dimensões menores de 1 cm, sem padrão de orientação preferencial, grau disperso de
empacotamento e sem icnofósseis em associação; Classe Tafonômica II (CTII) – inclui plantas
parcialmente fragmentadas, representadas pela preservação de fragmentos com dimensões de 1 até
2cm, espécimes densamente empacotados e ocorrência de icnofósseis em associação, geralmente
dispostos horizontalmente e verticalmente na mesma amostra. Nota-se que um padrão de orientação
preferencial é uma feição tafonômica raramente observada na amostra. Os restos vegetais ditos
completos, representados pela preservação de fragmentos com dimensões maiores de 2 cm, não são
frequentes nas amostras, assim como o grau de empacotamento fracamente empacotado. Algumas
evidências observadas na classe CTI, como restos vegetais dispersos na matriz e fragmentação dos
restos vegetais, sugerem que a deposição ocorreu a uma certa distância da área-fonte. A ausência de
icnofósseis em CTI pode ser explicada pela baixa quantidade de matéria orgânica disponível. A

90
CTII apresenta um material densamente empacotado sugerindo uma maior proximidade da área-
fonte. No caso de CTII, a grande quantidade de matéria orgânica disponível explica a ocorrência de
icnofósseis, especialmente aqueles relacionados a Fodinichnia. A presença de icnofósseis na posição
horizontal e de restos vegetais parcialmente fragmentados nesta classe pode indicar deposição em
um contexto de baixa energia. Por não terem sofrido transporte significativo, os vegetais fósseis da
CTII são mais fidedignos em termos paleogeográficos.

VARIAÇÃO INTRAESPECÍFICA EM PÓS-CRÂNIO DE EREMOTHERIUM (XENARTHRA,


MEGATHERIIDAE), PLEISTOCENO DO NORDESTE DO BRASIL

I. R. R. FREITAS1*; L. C. ANDRADE2; E. V. OLIVEIRA2**


1
Bacharelado em Geologia, Universidade Federal de Pernambuco, Laboratório de Paleontologia (PALEOLAB).
2
Programa de Pós-Graduação em Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, Laboratório de Paleontologia
(PALEOLAB).
[email protected], [email protected], [email protected]

Estudos prévios em materiais cranianos e pós-cranianos de Eremotherium nas Américas, sugeriram


que o gênero é monoespecífico durante o Pleistoceno Médio e Superior, e que, a variação anatômica
de tamanho nesse táxon é de cerca de 35% em medidas lineares (e.g. astrágalos). Aspectos
ontogenéticos nesses estudos prévios têm focado principalmente no crânio e na dentição. No
presente trabalho são apresentados dados morfológicos sobre fêmures e astrágalos, provenientes de
depósitos de tanques, lagoas e cavernas do Nordeste do Brasil, em sua maioria, de Pernambuco.
Foram feitas medições e análises acerca da morfologia em dez fêmures de Eremotherium assim
como em treze astrágalos. Observou-se a variação anatômica em algumas peças relacionadas à
forma da cabeça do fêmur, que é mais robusta e mais arredonda em alguns espécimes, assim como
uma maior distância entre o côndilo lateral e a faceta patelar; alguns espécimes apresentam uma
forte torção e a face medial da diáfise côncava. Constata-se que há amostras de indivíduos adultos
em menor número que as supostamente juvenis. Em um dos espécimes a faceta patelar não
ultrapassa a linha média da diáfise e em outro a crista intra-trocantérica é bem pronunciada. Os
astrágalos apresentam tamanhos altamente discrepantes e formas ligeiramente distintas no tocante
ao processo odontóide, que é mais forte e massivo nas formas menores. Considerando a literatura
prévia, os astrágalos maiores (N=4) seriam de indivíduos adultos ou machos e o restante (N=9)
seria de indivíduos juvenis ou fêmeas. O estudo sugere que a variação morfológica no fêmur é
relativamente alta e inclui caracteres com valores supostamente filogenéticos e que os astrágalos
são predominantemente de indivíduos juvenis/sub-adultos ou fêmeas. [*PIBIC/ **CNPq]

COMPARAÇÃO DA VARIAÇÃO ANATÔMICA DO CRÂNIO DE CHAOYANGOPTERINAE E


THALASSODROMINAE (PTEROSAURIA, TAPEJARIDAE) COM O USO DE
MORFOMETRIA GEOMÉTRICA

Y. C. FREITAS; T. RODRIGUES
Universidade Federal do Espírito Santo.
[email protected], [email protected]

Tapejaridae é uma família de pterossauros do Cretáceo, encontrados no Brasil, China, Espanha,


Hungria e Marrocos. Esse clado se diferencia de outros pterossauros pela sua diversidade
morfológica da crista sagital, da região palatal e do tamanho da sua fenestra nasoanterorbital, tendo
espécies frugívoras e piscívoras. Segundo alguns autores, os Tapejaridae podem ser subdivididos
em três subfamílias: Tapejarinae, Chaoyangopterinae e Thalassodrominae. Tapejarinae possui seis
gêneros: Caiuajara, Caupedactylus, Huaxiapterus, Sinopterus, Tapejara e Tupandactylus.
Thalassodrominae é constituída por dois gêneros: Thalassodromeus e Tupuxuara. Já
Chaoyangopterinae inclui três gêneros: Chaoyangopterus, Jidapterus e Shenzhoupterus. O presente

91
trabalho teve como objetivo analisar a variação da forma dos crânios de Chaoyangopterinae e
Thalassodrominae, ambas formas piscívoras, usando morfometria geométrica bidimensional, a fim
de auxiliar no diagnóstico destes clados e também observar se existe alometria no crescimento das
cristas. A análise se baseou em 33 indivíduos, pertencentes a 15 espécies, sendo 8 de Tapejarinae
(Caiuajara dobruskii; Caupedactylus ybaka; Huaxiapterus benxiensis; Huaxiapterus corollatus;
Sinopterus dongi; Tapejara wellnhoferi; Tupandacylus imperator; Tupandactylus navigans), três de
Thalassodrominae (Thalassodromeus sethi; Tupuxuara deliradamus; Tupuxuara leonardii) e quatro
de Chaoyangopterinae, incluindo dois espécimes ainda não descritos(Chaoyangopterus sp.;
Chaoyangopterus zhangi; Jidapterus edentus; Shenzhoupterus chaoyangensis). Foram feitas
reconstruções dos crânios com base em fotografias em vista lateral, usando os programas Inkscape e
Adobe Illustrator. Em cada crânio, foram marcados 8 landmarks e 10 semi-landmarks com o
software TpsDig2. Foram realizadas Análise Generalizada de Procrustes, Análise de Componentes
Principais (PCA) e, para testar a presença de alometria, análise de regressão em relação ao
logaritmo do tamanho do centroide, todos no software MorphoJ. Como resultados, foram propostas
novas reconstruções para Chaoyangopterinae, as quais demonstraram que Tapejarinae e
Chaoyangopterinae compartilham um pré-maxilar livre em relação à parte posterior do crânio,
indicando uma proximidade filogenética entre esses clados.Na análise de componentes principais,
PC1 e PC2 responderam por 78,2% de variância total do crânio, sendo as regiões das cristas pré-
maxilar e frontoparietal as principais responsáveis pela variação. Na análise de regressão, observou-
se que houve crescimento alométrico da cristas quando todos os Tapejaridae são considerados
(p=0,0025). No entanto, ainda há poucos espécimes conhecidos de Thalassodrominae e novas
descrições são necessárias para testar a hipótese do crescimento alométrico da crista neste clado.
Chaoyangopterinae são bastante distintos entre os tapejarídeos por apresentar cristas pequenas ou
ausentes.

NOVOS REGISTROS DE ARCOSSAUROMORFOS PARA O SÍTIO JANNER (TRIÁSSICO


SUPERIOR DO RIO GRANDE DO SUL)

MAURÍCIO SILVA GARCIA¹; RODRIGO TEMP MÜLLER¹; SÉRGIO DIAS-DA-SILVA²


¹Laboratório de Paleobiodiversidade Triássica, UFSM.
²Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected]

O sítio Janner é localizado nas proximidades de Agudo, Rio Grande do Sul, Brasil. Este sítio é
incluído na Sequência Candelária da Supersequência Santa Maria. O mesmo é datado através de
correlação bioestratigráfica com a Formação Ischigualasto, da Argentina, sugerindo idade Carniana
(Triássico Superior). O sítio registra uma paleofauna predominante de cinodontes (Trucidocynodon
riograndensis e, principalmente, Exaeretodon riograndensis), com a comparativamente rara
presença de arcossauromorfos (Hyperodapedon sp., Pampadromaeus barberenai e dinossauros
indeterminados). Aqui são reportados espécimes adicionais de arcossauromorfos. Os materiais estão
tombados no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (CAPPA/UFSM) e são
eles: CAPPA/UFSM 0028, um fêmur completo; CAPPA/UFSM 0121, um fêmur fragmentário; e
CAPPA/UFSM 0122, uma vértebra dorsal, um metatarsal e duas falanges. CAPPA/UFSM 0028
pode ser identificado como um dinossauriforme com base na presença de um trocanter cranial e um
trocanter dorsolateral, além do quarto trocanter com forma de crista. Embora fragmentário,
CAPPA/UFSM 0121 é atribuído a um arcossauromorfo, uma vez que preserva um quarto trocanter e
uma possível porção distal do trocanter dorsolateral. O espécime CAPPA/UFSM 0122 é
considerado um arcossauromorfo devido à presença e arranjo das lâminas e fossas, além da
presença da articulação acessória, hiposfene, na vértebra dorsal. É consensual que o registro fóssil
de vertebrados da localidade em questão é preponderantemente marcado por sinapsídeos, em
especial Exaeretodon riograndensis. O registro de arcossauromorfos inclui, até então, um fêmur de

92
dinossauriforme indeterminado (UNIPAMPA-0632), o holótipo (ULBRA-PVT016) e um fêmur
referenciado (CAPPA/UFSM 0027) de Pampadromaeus barberenai, restos fragmentários de dois
dinossauros indeterminados (UFRGS-PV-1240-T e UFRGS-PV-1099-T) e ocorrências de
Hyperodapedon sp.. Embora representados principalmente por elementos isolados, os materiais aqui
relatados ampliam o registro ainda muito escasso de arcossauromorfos para o sítio Janner. Análises
mais detalhadas da anatomia dos espécimes, juntamente com a continuidade dos trabalhos de
campo, poderão trazer novos dados sobre a paleofauna de arcossauromorfos desta localidade, que
abrange dados ligados à origem dos dinossauros, um importante evento na história evolutiva do
arcossauromorfos. [CAPES]

PADRÃO DE CRESCIMENTO E MATURIDADE DE HYPERODAPEDONTINAE


(ARCHOSAUROMORPHA, RHYNCHOSAURIA) DO NEOTRIÁSSICO DO SUL DO BRASIL
BASEADO NA SUTURA NEUROCENTRAL DAS VÉRTEBRAS

CLARA HEINRICH; VOLTAIRE D. PAES-NETO; AGUSTÍN G. MARTINELLI; MARINA B. SOARES CESAR L.


SCHULTZ
Laboratório de Paleontologia de Vertebrados, UFRGS.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

Em crocodilianos atuais, o fechamento da sutura neurocentral, ao longo da coluna vertebral, dá-se


no sentido caudal-cervical, padrão também observado em arcossauros fósseis (e.g. Phytosauria). No
entanto, estudos têm demonstrado que a inferência deste padrão para todo o grupo Archosauria é
indevida, pois alguns grupos como Avialae e Ceratopsia parecem apresentar uma sequência
cervical-caudal. Neste contexto, analisar táxons externos à Archosauria é crucial para elucidar quais
destes padrões é plesiomórfico para o grupo. Analisamos um grupo mais basal dentro do clado
Archosauromorpha, externo à Archosauria, denominado Rhynchosauria. Caracterizados por serem
herbívoros de distribuição cosmopolita, restritos ao Triássico, são os táxons mais abundantes onde
ocorrem, oferecendo elevado número amostral para efetuar análises como esta. No Brasil,
representantes da família Hyperodapedontinae (Teyumbaita e Hyperodapedon) são encontrados na
Supersequência Santa Maria (Triássico Superior), que aflora no estado do Rio Grande do Sul.
Foram analisados 57 indivíduos dessa família, totalizando 257 vértebras. Os materiais encontram-se
depositados: na Coleção do Laboratório de Paleontologia de Vertebrados da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (RS); na Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (RS); e no Museu de
Ciências da Terra (RJ). Foram consideradas quatro variáveis qualitativas relativas à sutura
neurocentral (fechada, parcialmente fechada, parcialmente aberta e aberta) e três variáveis
quantitativas morfométricas do centro vertebral: altura anterior e posterior, comprimento antero-
posterior e espessura. Os resultados demonstraram um elevado número de vértebras caudais abertas
(93,02%) nos 14 indivíduos que as apresentam preservadas (16,73% da amostra). Entre as vértebras
cervicais e dorsais, a porcentagem de vértebras abertas apresentou-se superior as demais categorias
de fechamento (59,92%). Mesmo com esse elevado número de vértebras abertas, a porcentagem de
vértebras em estágio mais fechado apresentou-se superior quando comparado às caudais (36,84%
cervicais, 23,53% dorsais e 6,98% caudais). Assim, o padrão geral nos Hyperodapedontinae dá-se
no sentido cervical-caudal, ao contrário do padrão crocodiliano. Espécimes previamente analisados
histologicamente (UFRGS-PV-298-T e -408-T) e considerados maduros somaticamente estão entre
aqueles indivíduos com maior número de vértebras dorsais parcialmente fechadas e parcialmente
abertas. Isso parece indicar que, apesar de não ocorrer o fechamento total da sutura do esqueleto
axial em indivíduos adultos de Hyperodapedontinae (apenas uma vértebra caudal grande está
fechada), a sequência de fechamento está vinculada à maturidade. Espera-se investigar a relação
entre a sequência de fechamento da sutura neurocentral aqui analisada com outros indicadores de

93
maturidade para o grupo, desenvolvendo assim uma melhor compreensão sobre a ontogenia e
evolução de Rhynchosauria. [CNPq]

ESTUDANDO FÓSSEIS MEDIANTE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA, FOTOMETRIA


E MODELAGEM TRIDIMENSIONAL NO CAPPA/UFSM

LEONARDO KERBER; FLÁVIO PRETTO; SÉRGIO DIAS-DA-SILVA


Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected]

Com o advento da aquisição de imagens por tomografia computadoriza e por scanners de


superfície tridimensional, a análise de fósseis de vertebrados sofreu uma revolução metodológica.
A aquisição de modelos tridimensionais permite aos pesquisadores manusear virtualmente os
fósseis, evitando, assim, danos aos modelos originais. A análise de estruturas internas do esqueleto
(crânio e pós-crânio), que antes era somente acessível em espécimes fragmentados ou através de
técnicas destrutivas, agora é facilmente acessível aos pesquisadores. Os esforços de aquisição de
modelos tridimensionais efetuados no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta
Colônia/Universidade Federal de Santa Maria (CAPPA/UFSM) seguem dois propósitos principais:
1) documentar a informação anatômica proveniente dos fósseis (principalmente aqueles coletados
em camadas triássicas na região da Quarta Colônia-RS), acessando, sobretudo, a informação da
anatomia interna; e 2) propagar tal informação através de mídias digitais e coleções virtuais. Os
modelos e imagens são obtidos prioritariamente através de três métodos: análise de tomografias
computadorizadas (adquiridas em instituições privadas), sobretudo de crânios de vertebrados
extintos; aquisição de modelos a partir de fotometria, a partir de fotografias digitais; e aquisição
modelos tridimensionais por intermédio de um scanner tridimensional a laser. Análises de
tomografia computadorizada basicamente consistem em explorar as informações anatômicas
presentes nos cortes (slices) oriundos do procedimento, com posterior criação de modelos virtuais
de cavidades endocranianas. Os modelos adquiridos através de fotometria são gerados a partir da
aquisição de imagens em diversos ângulos e posterior junção das mesmas utilizando software
específico para a geração de um modelo tridimensional, o qual pode incluir padrões de coloração
original. O scanner 3D captura informações da textura e da superfície externa a partir de feixes de
laser, obtendo um modelo externo com melhor resolução que o obtido por fotometria. As
informações sobre a anatomia interna e os modelos tridimensionais estarão disponíveis em
publicações científicas e guardadas em repositórios virtuais.

QUATERNARY FOSSILS FROM THE CAVES OF FELIPE GUERRA, RIO GRANDE DO


NORTE, BRAZIL

M. A. F. KRAMER1,3; B. W. SCHUBERT1; M. A. T. DANTAS2; J. P. M. ARAÚJO3; S. A. NETTO3


1
Department of Geosciences and Center of Excellence in Paleontology, East Tennessee State University, Johnson City,
TN, USA 37601. 2Laboratório de Ecologia e Geociências, IMS-CAT/UFBA, Vitória da Conquista, BA, Brazil.
3
Sociedade Espeleológica Potiguar (SEP), Acarí, RN, Brazil.
[email protected]

Most Quaternary fossils found in Brazilian territory originated from caves. In the Rio Grande do
Norte (RN) state two main fossil sites stand out as the main source of remains for Quaternary
Megafauna: the Lajedo de Soledade in Apodi, and the Lajedo da Escada in Baraúna, both karst
areas located in the west of RN. These locations are rich in caves and ravines formed in limestone
of the Jandaíra Formation. Between these two areas lays one of the largest concentration of caves in
the state, the karst of Felipe Guerra. Here, we present new findings of Quaternary fossils from caves
of Felipe Guerra, RN. The Sociedade Espeleológica Potiguar (SEP) has been surveying potential
fossil sites in the caves of Felipe Guerra since 2005. Because of this research, at least eight fossil

94
sites were discovered. Preliminary identifications include the following families: Pampatheriidae,
Mylodontidae, Toxodontidae, Tayassuidae, Felidae and Cervidae. The fossils are still in the process
of preparation and identification. So far, the results show the importance of the Felipe Guerra caves
as fossil deposits, and, because of the constant pressure of mine and oil companies in the area, it is
urgent to explore, study and preserve this unique ecosystem.

DIVERSIDADE, PALEOBIOGEOGRAFIA E PALEOECOLOGIA DAS PREGUIÇAS


TERRÍCOLAS (XENARTHRA: PILOSA) DO PLEISTOCENO DO RIO GRANDE DO SUL

RENATO PEREIRA LOPES¹; JAMIL CORRÊA PEREIRA²


¹UNIPAMPA. ²Museu Coronel Tancredo Fernandes de Mello.
[email protected], [email protected]

Os depósitos fossilíferos quaternários do Rio Grande do Sul contêm registros da fauna de grandes
mamíferos (megafauna), que viveu na região durante o Pleistoceno, incluindo fósseis de preguiças
terrícolas. Embora fósseis desses animais sejam muito escassos no centro-oeste do estado, são
relativamente comuns na planície costeira, em sedimentos fluviais da Formação Santa Vitória e nas
concentrações fossilíferas encontradas no extremo sul da costa (concheiros). Devido à
incompletude dos fósseis, decorrente de processos tafonômicos, grande parte dos espécimes da
planície costeira dificilmente pode ser identificada aos níveis de gênero e espécie. Em ambas as
localidades, a família Mylodontidae é o grupo mais abundante, representados por Glossotherium
robustum, Lestodon armatus, Catonyx cuvieri e Mylodon darwinii, sendo os dois últimos bastante
raros. A família Megatheriidae é representada por Megatherium americanum e Eremotherium
laurillardii. Os fósseis deste último consistem apenas de um dentário da Formação Santa Vitória e
um esqueleto parcial encontrado em sedimentos fluviais do centro do estado (Caçapava do Sul). A
presença de E. laurillardii e C. cuvieri no RS é notável do ponto de vista paleobiogeográfico, pois
estas espécies são características da região intertropical brasileira, e até o presente não foram
encontradas no Uruguai e Argentina. De forma similar, M. americanum e M. darwinii são
característicos das regiões temperadas ao sul do continente, mas também ocorrem no norte do
Uruguai (Formação Sopas) e da Argentina (Formação Arroyo Feliciano). A co-ocorrência de
táxons característicos de climas distintos (temperado e tropical) nos mesmos depósitos pode
indicar registros diácronos, sobrepostos devido às mudanças ambientais relacionadas à migração
latitudinal cíclica de zonas climáticas durante os ciclos glaciais-interglaciais. A tafonomia e
datações dos fósseis da Fm. Santa Vitória indicam que estes foram acumulados ao longo de pelo
menos 190 mil anos, e muitos foram retrabalhados e re-depositados diversas vezes por erosão dos
depósitos fluviais, que misturaram fósseis de diferentes idades. Análises isotópicas em dentes
indicam que L. armatus, G. robustum e M. americanum tinham dieta mista (plantas C3 e C4),
enquanto E. laurillardi era um ramoneador de plantas C3. Centenas de galerias gigantes
(paleotocas) encontradas em rochas e solos no nordeste do estado têm sido atribuídas a G.
robustum e talvez L. armatus, considerando as dimensões desses táxons. A impossibilidade de
escavar tais galerias na planície costeira, onde o registro fóssil mostra que esses animais eram
abundantes, sugere que o hábito cavador tenha sido uma adaptação local ao tipo de substrato ou a
condições ambientais específicas.

ANÁLISE OSTEOHISTOLÓGICA DE EREMOTHERIUM EM DOIS SÍTIOS FOSSILÍFEROS


DA BAHIA, BRASIL

LUCIANO ARTEMIO LEAL1; LEOMIR DOS SANTOS CAMPOS2; JULIANA MANSO SAYÃO2
¹Laboratório de Geociências, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 2UFPE.
[email protected], jmsayã[email protected], [email protected]

95
A paleohistologia é o estudo da microestrutura dos tecidos fósseis, que busca compreender padrões
de crescimento, fisiologia, modos de vida e aspectos tafonômicos. Descrevemos neste trabalho a
microestrutura óssea a partir de seções transversais de costelas de Eremotherium de dois diferentes
sítios no estado da Bahia. A primeira concentração fossilífera (A), localizada nas imediações do
município de Anagé-BA, é proveniente de um tanque originado por erosão diferencial de blocos
graníticos fraturados e retrabalhados por esfoliação, o segundo sítio (B), foi descoberto próximo a
Jacobina-BA, em uma planície colúvio aluvionar preenchida por sedimentos transportados por
correntes de detritos em leques aluviais. Na análise microestrutural das amostras do sítio (A), se
observou um bom estado preservacional. Foram identificados predominantemente ósteons
secundários com microfissuras post mortem, canais vasculares longitudinais e distribuídos ao longo
da região cortical. A matriz é formada por osso Haversiano com intenso remodelamento celular
alcançando a região periosteal. Esta substituição total de células primárias por ósteons secundários
reflete uma mudança dos sistemas intersticiais, encontrado em indivíduos já adultos. Na
microarquitetura das amostras do sítio (B), é possível a identificação de um córtex bem
vascularizado com canais semicirculares orientados longitudinalmente de forma aleatória, e sistema
Haversiano denso com sobreposição de ósteons secundários referentes a sucessivas gerações. No
periósteo há uma área de tecido primário paralelo fibroso, ainda pouco alterado pelo
remodelamento. Nesta região existem microfissuras radiais que avançam até o limite dos ósteons
secundários, indicando eventos tafonômicos post mortem. As ramificações dos canalículos foram
ocupadas por manganês, carreado pela água percolante, precipitado na forma de óxido,
assemelhando-se a formação de dendritos. São nítidas fissuras pós-soterramento que possuem
dimensões maiores, e parecem ter evoluído de microfissuras pré-existentes como as do tipo radial.
A análise destes arranjos fornece evidências de uma melhor preservação no sítio (A), onde não
ocorrem fissuras de pós-soterramento que transpassariam a região cortical, o que acarretaria em
fraturas no fóssil. Além disso, o grau de remodelamento no espécime do sítio (A) aponta um estágio
ontogenético adulto de idade mais avançada que o espécime do sítio (B), possivelmente um
subadulto, já que neste, uma porção de tecido paralelo fibroso remanescente da fase primaria do
desenvolvimento ainda perdura inalterado na região periosteal, indicando remodelamento ainda
incompleto. Os dados microestruturais apresentados aqui agregaram informações acerca do grau de
desenvolvimento ontogenético destes mamíferos, indicando paralelamente os níveis de preservação
destes fósseis em ambas assembleias fossilíferas. [CAPES]

SOBRE UMA VÉRTEBRA DE AVE DO PLEISTOCENO TARDIO DA FORMAÇÃO SANTA


VITÓRIA, RIO GRANDE DO SUL

RENATO PEREIRA LOPES¹; JAMIL CORRÊA PEREIRA²


¹UNIPAMPA. ²Museu Coronel Tancredo Fernandes de Mello.
[email protected], [email protected]

Registros fósseis de aves do Pleistoceno são extremamente escassas no RS. Os únicos fósseis
descritos até o presente consistem de um tarsometatarso de Ciconiidae da Formação Touro Passo, e
três vértebras e um tibiotarso de albatroz (Thalassarche melanophrys) encontrados na faixa de
praia. Aqui é apresentada uma vértebra cervical proveniente da Formação Santa Vitória, que aflora
ao longo das barrancas do Arroio Chuí (município de Santa Vitória do Palmar). A vértebra estava
desarticulada e isolada, associada a outros fósseis desarticulados que incluem osteodermos de
preguiças (Mylodontidae indet.) e gliptodontes (Panochthus tuberculatus), dentes de Toxodon
platensis e placas da carapaça de uma tartaruga. Os fósseis provêm de sedimentos areno-argilosos
depositados em uma planície de inundação, sobre paleossolos mais antigos. Uma datação por
luminescência (LOE) nos sedimentos indicou idade de 37.900 ± 5.080 anos, que representam
portanto o período interestadial referente ao estágio isotópico de oxigênio (MIS) 3. A vértebra está
praticamente completa, apenas as lâminas arcocostais e o processo espinal estão fragmentados. A

96
identificação taxonômica foi obtida por comparação com o material osteológico da coleção
ornitológica do Museu de Ciências Naturais da PUC-RS. A morfologia indica que pertencia a um
anatídeo, muito similar a um cisne-do-pescoço-preto (Cygnus melancoryphus), habitante da região
subtropical da América do Sul. O espécime fóssil, entretanto, exibe diferenças morfológicas e
maiores dimensões, o que sugere tratar-se de uma espécie distinta. A presença de uma ave aquática
indica ambientes permanentemente úmidos durante o MIS 3, período caracterizado pelo clima
mais quente e úmido em relação às condições frias e semi-áridas do estágio glacial seguinte (MIS
2), que provavelmente levaram ao desaparecimento dos grandes mamíferos e aves aquáticas na
região. Com o retorno de condições quentes e úmidas durante o Holoceno (MIS 1), os ambientes
tornaram-se favoráveis à re-ocupação por uma fauna distinta, incluindo o cisne-de-pescoço-preto.
Uma hipótese para a substituição de uma espécie por outra muito semelhante em um intervalo de
tempo curto em termos geológicos (c. 20 mil anos), seria a migração da espécie pleistocênica para
regiões com clima mais ameno durante a última glaciação, onde teria originado C. melancoryphus.
Posteriormente este teria re-ocupando as áreas onde viveu a espécie ancestral, acompanhando a
melhoria climática do Holoceno. Outra hipótese é que ambas as espécies co-existiram na mesma
área, mas apenas C. melancoryphus teria migrado para outros locais durante a última glaciação,
onde sobreviveu até o Holoceno, quando teria retornado às áreas ao sul onde vive atualmente.

MORFOMETRIA DE UM NOVO ESPÉCIME DE LEPIDOTES PIAUHYENSIS (FORMAÇÃO


PASTOS BONS, NEOJURÁSSICO/EOCRETÁCEO, BACIA DO PARNAÍBA, FLORIANO, PI)

N. B. LUZ; F. R. S. DE MOURA; A. E. Q. DE FIGUEIREDO; D. C. FORTIER


Universidade Federal do Piauí – UFPI, Campus Amílcar Ferreira Sobral – CAFS, Coleção de História Natural da UFPI
(CHNUFPI), Laboratório de Geociências e Paleontologia (LGP), Floriano, Piauí, Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

O gênero Lepidotes apresenta uma extensa distribuição geográfica, sendo registrado em seis dos
sete continentes, Ele ocorre tanto em depósitos com sedimentação de origem marinha, quanto
continental. É estudado por diversos autores, os quais aceitam a existência de quarenta espécies
válidas. Para alguns autores, as espécies descritas para o Cretáceo poderiam chegar à 1500mm de
comprimento padrão, enquanto as espécies descritas para o Jurássico, como a do presente estudo,
Lepidotes piauhyensis, apresentam tamanhos máximos de 500 mm de comprimento padrão. Um
novo exemplar de L. piauhyensis, LGP- 0909, proveniente de um afloramento localizado na
Comunidade Taboquinha, Floriano-PI, apresenta alguns valores morfométricos superiores aos do
holótipo (DGM- 297-P). Os valores morfométricos encontrados, utilizando-se paquímetro digital,
foram comparados com os valores expostos na literatura. Os valores achados foram: comprimento
padrão – 514,0mm; comprimento da cabeça – 182,00mm; diâmetro pré-orbital – 52,66mm;
diâmetro da órbita – 29,85mm; altura máxima do corpo – 164,20mm; distância da borda posterior
do opérculo à borda anterior da nadadeira dorsal – 131,60mm; distância da borda posterior do
opérculo a borda anterior da nadadeira anal – 221,20mm; distância da borda posterior do opérculo à
borda anterior da nadadeira pélvica – 116,82; distância entre a nadadeira peitoral e a pélvica –
134,18mm; e altura mínima do pedúnculo caudal – 66,38mm. Os dados apresentados demonstram
que L. piauhyensis pode apresentar valores morfométricos superiores aos listados na literatura,
influenciando diretamente nos estudos sobre morfologia e anatomia da espécie.

ALOMETRIA DOS OSSOS DISTAIS DOS MEMBROS LOCOMOTORES DE EQUUS SUL-


AMERICANOS

H. MACHADO1; O. GRILLO2; L. AVILLA3


1
Laboratório de Mastozoologia (LAMAS), UNIRIO, e Museu Nacional/UFRJ. 2Laboratório de Processamento de
Imagem Digital, DGP, Museu Nacional/UFRJ. 3Laboratório de Mastozoologia (LAMAS), UNIRIO. FAPERJ e CNPq.
[email protected], [email protected], [email protected]

97
O gênero Equus tem sua origem no Plioceno na América do Norte, mas é durante o Pleistoceno que
ocorre sua maior diversificação e dispersão, distribuindo-se por todos os continentes, com exceção
da Austrália e Antártica. Os primeiros registros do gênero na América do Sul datam do Pleistoceno
Médio ao Superior, tendo sua entrada no continente relacionada ao Grande Intercâmbio Biótico
Americano. Atualmente encontra-se restrito à Eurásia e África e sua extinção nas Américas, ao final
do Pleistoceno, possivelmente está relacionada com a seleção negativa da megafauna. A taxonomia
dos Equus sul-americanos baseia-se nas proporções do esqueleto apendicular distal e, dessa forma,
cinco espécies são reconhecidas: Equus neogeus, E. santaeelenae, E. insulatus, E. andium e E.
lasallei, esta última sendo conhecida apenas por um crânio. No entanto, falta na literatura uma
distinção clara entre as espécies. Assim, realizamos um estudo comparativo dos autopódios
(falanges, metacarpos e metatarsos) de exemplares adultos dos Equus sul-americanos, incluindo a
espécie E. occidentalis como grupo controle, pois tradicionalmente costumavam ser alocados
unidos no subgênero Amerhippus. Foram realizadas análises de variação alométrica, análises
estatísticas (teste de Kruskal-Wallis e PCA) e uma análise de Índice de Gracilidade. A análise de
variação alométrica revelou um continuum de variação gradual linear em que as espécies vão se
sucedendo com sobreposição de umas às outras e as análises de PCA corroboram tais resultados. A
análise estatística de Kruskal-Wallis, em geral, demonstrou que há maior variação nas medidas entre
um extremo e outro do continuum, não havendo diferenciação significativa em espécies próximas
entre si, enquanto a análise do Índice de Gracilidade indicou que há certa relação de alometria
negativa entre o índice e o comprimento do osso. Os resultados aqui obtidos comprovam que não há
diferenciação entre as espécies sul-americanas de acordo com as proporções dos membros do
aparelho distal, como proferido na atual taxonomia. Conclui-se aqui que é errôneo o uso de tais
características no diagnóstico dos Equus da América do Sul e, portanto, não deveriam ser utilizados
em sua taxonomia.

NOVO REGISTRO DE MASTODONTE (MAMMALIA: PROBOSCIDEA) PARA O


TRIÂNGULO MINEIRO

T. MACHADO; R. N. AMORIM; D. RIFF


Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG.
[email protected], [email protected], [email protected]

Proboscídeos são representados no registro fossilífero brasileiro por centenas de espécimes


pertencentes à extensão temporal de 460 a 10 mil anos (Pleistoceno Médio a Holoceno Inicial) e
encontrados em 149 localidades na maioria dos estados federativos (concentrando-se na Região
Intertropical Brasileira), com todos os materiais diagnósticos indicando a ocorrência de apenas uma
espécie de Gomphotheriidae: o mastodonte Notiomastodon. Em Minas Gerais, esta espécie é
conhecida a partir de materiais coletados desde o final do século XVIII em diversas regiões, com
destaque para a concentração de centenas de ossos e dentes de cerca de 40 indivíduos encontrados
em março de 1944, em um depósito de tanque localizado no bairro Barreiro, município de Araxá,
datados com cerca de 55.000 anos. No Triângulo Mineiro, o único registro de mastodonte consiste
em uma mandíbula e molares fragmentados encontrados no município de Frutal e descritos em
1934. Nesta contribuição, registramos a segunda ocorrência de Notiomastodon platensis no
Triângulo Mineiro. Trata-se de um 3º molar esquerdo inferior (M 3) com coroa praticamente
completa e sem raízes preservadas, encontrado casualmente no leito do Córrego da Cruz da
Retirada Bonita, na região da comunidade rural de Andrelândia, município de Campina Verde, na
segunda metade dos anos 1960, e entregue ao Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal
de Uberlândia em 2015. O dente é bunodonte pentalofodonte, possui 210 mm de comprimento e 87
mm de largura máxima (transversal ao tritolofido). Possui bordas aproximadamente paralelas, com
uma leve concavidade na borda labial, e obliquidade bem definida, estando as postrites

98
posicionadas mais anteriormente que as pretrites. Apresenta desgaste moderado no protolofido e
metalofido, desgaste leve na pretrite do tritolofido, e não apresenta desgaste nos lofidos posteriores
(estágios de desgaste 1 a 2). Os conulidos centrais estão presentes apenas entre as pretrites,
próximos ao sulco central, sendo que o desgaste destes e das cúspides principais (i.e., protocônido e
hipocônido) nas pretrites do primeiro e segundo lófidos dão origem às típicas figuras de trevos.
Posteriormente ao hipoconulido, destaca-se um conulido central bem desenvolvido. O dente possui
o cingulido anterior fraturado na altura do metacônido e o cingulido posterior caracterizado pelo
desenvolvimento de dois conulidos (os talons). Os interlofidos posteriores e os talons apresentam
tártaro, ou placa dentária, em abundância. Em continuidade serão realizadas análises de
microdesgaste, dieta e datação absoluta do material. [SESu/MEC]

DESCRIÇÃO DE ELEMENTOS ALARES DE ANHANGUERIDAE PROVENIENTES DA


FORMAÇÃO ROMUALDO, CRETÁCEO INFERIOR DA BACIA DO ARARIPE

MAIKON FORTES MARKS; FELIPE LIMA PINHEIRO


Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA.
[email protected], [email protected]

A Bacia do Araripe é a mais extensa das bacias interiores do Nordeste do Brasil e uma das mais
ricas localidades fossilíferas eocretáceas do mundo. Dentre diversas outras unidades sedimentares,
nela situa-se a Formação Romualdo (Grupo Santana, Aptiano-Albiano), onde é encontrada ampla
diversidade de peixes, répteis, invertebrados e plantas fósseis em excelente estado de preservação.
Destes, destacam-se os pterossauros, arcossauros diferenciados por uma série de sinapomorfias, a
principal delas sendo o alongamento de seu quarto digito, suportando uma membrana alar que lhes
auxiliava no voo ativo, garantido por sua musculatura e esqueleto adaptados. Neste trabalho, são
descritos elementos pós-cranianos de Pterosauria pertencentes à coleção do Centro de Pesquisa
Paleontológicas da Chapada do Araripe (CPCA, Crato, CE). O material consiste de uma ulna
esquerda, um metacarpal alar direito e um fragmento de falange distal, todos reportadamente
encontrados em associação e apresentando preservação similar. A ulna, com 35,5cm de
comprimento, encontra-se fragmentada ao meio, sendo visível sua seção transversal elíptica
(27x19mm) e tendo as porções proximal e distal ainda parcialmente oclusas em matriz rochosa. O
metacarpo alar totaliza 27 cm de comprimento, com sua extremidade distal em vista cranial
também encobertos por matriz e possuindo, em vista ventral, uma fratura encoberta por goma laca
no momento de sua preparação, o que impede a visualização de possíveis forames. A falange,
incompleta, apresenta tamanho menor, medindo 12,7 cm de comprimento e com uma seção
transversal elíptica de 27x12 mm, indicando se tratar de uma falange distal do digito alar,
provavelmente a quarta. Apesar de, reportadamente, este material ter sido encontrado em
associação, os tamanhos relativos entre o metacarpo e a ulna, além de diferenças entre as matrizes
carbonáticas adjuntas aos fósseis, indicam que não pertencem ao mesmo indivíduo. Não se pode
inferir associação entre a falange e os outros materiais. Alguns caracteres foram úteis na
determinação preliminar das afinidades dos materiais. Citamos aqui o aspecto geral, tamanho
relativo dos ossos, ocorrência de forame pneumático em ambas extremidades da ulna (embora
parcialmente encoberto por sedimento em sua fração distal), além da presença de um processo em
forma de quilha próximo ao forame distal da ulna. O material apresenta similaridades com outros
espécimes de pterossauros descritos para a Formação Romualdo que possuem material pós-
craniano alar preservado, como Anhanguera piscator, Anhanguera araripensis (=Santanadactylus
araripensis) e Anhanguera santanae (=Araripesaurus santanae), permitindo uma classificação
preliminar destes como Anhangueridae. Análises mais minuciosas são necessárias para uma
atribuição taxonômica mais refinada.

99
RESCUED FROM THE COLLECTIONS: THE PRESENCE OF THE AFRICAN CYNODONT
ALEODON (CYNODONTIA, PROBAINOGNATHIA) IN THE TRIASSIC OF SOUTHERN
BRAZIL, HIDDEN FOR OVER 30 YEARS

AGUSTÍN G. MARTINELLI1; CHRISTIAN F. KAMMERER2; TOMAZ P. MELO1; VOLTAIRE D. PAES NETO1;


ANA MARIA RIBEIRO3; ÁTILA A. S. DA-ROSA4; CESAR L. SCHULTZ1; MARINA BENTO SOARES1
1
Laboratório de Paleontologia de Vertebrados, UFRGS. 2Museum für Naturkunde, Leibniz-Institut für Evolutions- und
Biodiversitätsforschung. 3Seção de Paleontologia, Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande
do Sul. 4Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

Aleodon is a basal probainognathian cynodont with an unusual postcanine dentition, including


transversely-expanded postcanines similar to those of gomphodont cynognathians. This genus was
first discovered in the Manda Formation of Tanzania and subsequently reported from the upper
Omingonde Formation of Namibia. In this contribution we report the first occurrence of this
enigmatic African cynodont in the Middle–early Late Triassic of several localities from Rio
Grande do Sul, southern Brazil. The record from Brazil is based upon multiple specimens of
different ontogenetic stages, including three that were previously referred to the sectorial-toothed
probainognathian Chiniquodon theotonicus and two classified as Traversodontidae indet. The first
Aleodon specimen from Brazil was recognized on the basis of a tooth-bearing maxilla displayed at
the Museu Padre Daniel Cargnin in Mata. Additional specimens of Aleodon were recognized
following a careful search of paleontological collections from the Dinodontosaurus Assemblage
Zone and further preparation of known cynodont specimens. The discovery of Aleodon in Brazil
strengths the biostratigraphic correlation with African deposits in Tanzania and Namibia. Faunal
overlap with the Namibian record is especially extensive, and includes the cynodonts Luangwa,
Chiniquodon, and the dicynodont Stahleckeria potens in addition to Aleodon. Moreover, the re-
identification of several previously-described Brazilian “Chiniquodon” specimens as Aleodon
raises new questions about the taxonomy of basal probainognathians and bears on biostratigraphic
problems among Middle to Late Triassic basins across Pangaea.

CYNODONTS FROM THE SANGA DO CABRAL SUPERSEQUENCE REVISITED: ARE


THEY REALLY PRESENT IN THE EARLY TRIASSIC OF BRAZIL?

AGUSTÍN G. MARTINELLI¹; SÉRGIO DIAS-DA-SILVA2; FELIPE L. PINHEIRO3; ÁTILA AUGUSTO STOCK DA-
ROSA4; CESAR L. SCHULTZ¹; SEAN P. MODESTO5; MARINA BENTO SOARES¹
¹Departamento de Paleontologia e Estratigrafia, UFRGS. 2Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta
Colônia, UFSM. 3Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA. 4Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia, UFSM.
5
Department of Biology, Cape Breton University.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]

As part of biostratigraphic and taxonomic revisions of the tetrapod content of the Sanga do Cabral
Supersequence (SCS) from Rio Grande do Sul, Brazil, hitherto known cynodont specimens were
revisited. Procolophonians (particularly Procolophon trigoniceps), temnospondyls, and basal
archosauromorphs are the most abundant components of the SCS in clear contrast with putative
records of synapsids of dubious affinities. Particularly cynodonts were mentioned based upon
fragmentary limb bones (e.g., UFRGS-PV-351T, UFRGS-PV-354T, UFRGS-PV-375T,
UNIPAMPA PV 00254: partial femora; UFRGS-PV-332T, humerus distal end) from the Catuçaba,
Bica São Tomé, and Granja Palmeiras localities. Our review demonstrate that the taxonomy of
these specimens is likely ambiguous. The humerus distal end lacks flaring supinator process, the
ectepicondylar groove, and the ectepicondylar foramen. Contrarily, these structures are commonly

100
present in most non-mammaliaform synapsids (e.g. sphenacodontids, dicynodonts, basal
therocephalians, mostly cynodonts). The lack of supinator process and ectepicondylar foramen, the
wide distal end, the well-developed entepicondyle and entepicondylar foramen, and the poorly
developed condyles of UFRGS-PV-332-T are features shared with procolophonids, one of the
commonest amniotes of the SCS. Thus, we refer this material to Procolophonidae indet. The
femora have a combination of features that are not exclusive of cynodonts. They have an
intertrochanteric fossa with several small foramina and delimited by a distal edge, a well-
developed internal trochanter (originally interpreted as the lesser trochanter for these specimens),
and small, unnotched posterolateral process (originally interpreted as the major trochanter) that are
features observed in many procolophonids and basal archosauromorphs, the most common basal
amniotes at the localities from which these femora were collected. Consequently, the isolated,
partial femora of SCS are likely non-synapsids and further analyses are required. Other mentions
based on very fragmentary bones are also dubious. Although our study suggests the evidence at
hand supporting the presence of cynodonts in SCS is very limited and ambiguous, in fact,
cynodonts might be present in the Early Triassic of southern Brazil but until now they remain
hidden in the rock and requiring more effort to be found.

VARIAÇÃO DENTÁRIA EM PRESTOSUCHUS CHINIQUENSIS (PSEUDOSUCHIA:


LORICATA): O MAIOR PREDADOR DO TRIÁSSICO MÉDIO DO BRASIL

CAMILA BARROS DE MELLO; VOLTAIRE D. PAES-NETO; AGUSTÍN G. MARTINELLI; MARCEL B.


LACERDA; CESAR L. SCHULTZ
Laboratório de Paleontologia de Vertebrados, UFRGS.
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]

“Rauisuchia” é um grupo cosmopolita de pseudossúquios do Triássico, que inclui, entre outras


formas, uma variedade de formas hipercarnívoras. No Brasil, na Zona-de-Associação de
Dinodontosaurus (Ladiniano-Carniano) da Supersequência Santa Maria, um dos mais conspícuos
representantes do grupo é Prestosuchus chiniquensis. Investigamos neste trabalho a variabilidade
dentária em três espécimes, de distintos estágios ontogenéticos, referidos a P. chiniquensis
(UFRGS-PV-0156-T, 0629-T e CEPZ 239B), considerando sua morfologia e posição na série
dentária. Todos os dentes amostrados são zifodontes e mesio-distalmente alargados, porém os pré-
maxilares são mais cônicos quando comparados com os do maxilar, principalmente em UFRGS-
PV-0156-T (um adulto grande). Na porção anterior do maxilar, neste espécime, os dentes
apresentam coroas altas e margens mesiais com uma curvatura suave. Na porção média, as coroas
passam a apresentar uma curvatura mesial mais acentuada, também observada na porção posterior,
onde os dentes tornam-se mais curtos e proporcionalmente com coroas mais largas lábio-
lingualmente. Esta variação de curvatura não é observada nos dentes da porção média do maxilar
de UFRGS-PV-0629-T (um adulto mediano); porém está presente nos dentes posteriores. No
espécime juvenil CEPZ 239B, tal variação não é observada e os dentes posteriores do maxilar são
similares aos anteriores. Para melhor caracterizar esta variação, 17 variáveis morfométricas foram
mensuradas para 57 dentes pré-maxilares e maxilares totalmente erupcionados. Com base nas
medições efetuadas, foram realizadas Análises de Componentes Principais (PCA), utilizando-se o
software R (versão 3.1.1) com os dentes que apresentavam todas as medidas avaliadas. Uma PCA
foi gerada utilizando-se 13 dentes de UFRGS-PV-0156-T, e esta demonstrou que cinco variáveis
(altura coroa, comprimento base da coroa, comprimento meio da coroa, altura da base ao ápice da
face mesial e comprimento do ápice) contribuem significativamente para a heterodontia neste
espécime. Outra PCA, comparando os três indivíduos (utilizando 22 dentes), demonstrou que as
cinco variáveis anteriormente citadas também explicam 68% da variação observada entre os
indivíduos. Nesta análise os conjuntos de dados de UFRGS-PV-0156-T e UFRGS-PV-0629-T

101
estão sobrepostos e são menos diferenciados entre si, enquanto CEPZ 239B se mostra mais distinto
dos demais, embora este último esteja baseado em apenas dois dentes. Assim, a variação
morfológica dentária observada entre os espécimes analisados sugere que a heterodontia de P.
chiniquensis aumentava durante a ontogenia, pelo surgimento de morfótipos posteriores em
indivíduos mais adultos, implicando numa mudança funcional em alguns dentes. [CNPq]

PADRÕES DE SUCESSÃO FAUNÍSTICA ENTRE AS PRINCIPAIS UNIDADES


FOSSILÍFERAS DO GRUPO BAURU

G. MESTRINER; D. RIFF
Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG.
[email protected], [email protected]

O Grupo Bauru é um conjunto de rochas continentais neocretácicas exposto principalmente nos


estados de São Paulo e Minas Gerais com um rico registro fóssil concentrado em duas formações. A
Formação Marília é consensualmente datada como maastrichtiana e caracterizada por ciclos de
sedimentação eólica em ambiente fluvial entrelaçado com calcretização e formação de paleossolos.
A idade e definição da Formação Adamantina não são consensuais, e consideramos como desta
unidade todo o conjunto de arenitos e lamitos avermelhados de idade campaniana-maastrichtiana
acumulados por rios meandrantes, sobreposto às formações Serra Geral e Araçatuba, sotoposto à
Formação Marília, e lateral às formações Uberaba e São José do Rio Preto. Categorizamos o
registro fóssil de ambas em cinco classes de ocorrências: 1) expressivas, diagnósticas e diversas,
como Crocodylomorpha (Notosuchia e Peirosauridae, com 25 espécies descritas); 2) comuns,
diagnósticas e moderadamente diversas, como Ostracoda (Cypridoidea e Cytheroidea, com 7
espécies), Sauropoda (Titanosauridae, com dez espécies) e Bivalvia (Unionoida, com 10 espécies);
3) comuns, diagnósticas e pouco diversas, como Testudinata (Podocnemidinae, com quatro
espécies, uma compartilhada); 4) comuns e não diagnósticas, como Actinopterygii (uma espécie) e
Theropoda Abelisauridae (sem espécies descritas); e 5) pontuais, como Gastropoda, Anura,
Squamata, Conchostraca, Sarcopterygii e Theropoda Maniraptora, incluindo Aves. Os registros
pontuais, por geograficamente restritos, impossibilitam distinguir padrões de sucessão reais e
tendenciamento preservacional ou de coleta, e as ocorrências não diagnósticas impedem o
refinamento taxonômico desejável. As demais categorias (1 a 3) apontam para diferentes impactos
das alterações ambientais/temporais nas faunas de cada formação, desde uma diferenciação
marginal, caso dos Podocnemidinae, a uma considerável mudança, que é o caso dos
Crocodylomorpha. Destes, o grupo Notosuchia é representado por 18 espécies na Formação
Adamantina e apenas uma na Formação Marília (destaca-se a extinção dos Baurusuchidae),
enquanto os Peirosauridae (incluindo Itasuchinae) possuem três espécies em cada formação. Há um
predomínio de titanossauros Aeolosaurini na Formação Adamantina e titanossauros Saltasauridae na
Formação Marília. Ostracodes Cypridoidea ocorrem em ambas formações (5 espécies em cada, uma
em comum), enquanto os Cytheroidea (2 espécies) são restritos à Formação Adamantina. Os
bivalves concentram-se na Formação Adamantina (8 espécies), mas a pouca disseminação dos
registros acautela o uso. O registro de Theropoda, ainda que não diagnóstico (marcado por dentes
isolados), é mais frequente na Formação Marília, sugestivo da expansão regional do grupo no
Maastrichtiano após a extinção dos Baurusuchidae. [SESu/MEC]

PRIMEIRA EVIDÊNCIA DIRETA DE ATIVIDADE DE CAÇA DE PROBOSCÍDEOS POR


PALEOÍNDIOS NA AMÉRICA DO SUL

D. MOTHÉ1,2; L. S. AVILLA1; H. I. ARAÚJO-JUNIOR3; A. PROUS4; A. ROTTI1; S. RODRIGUES1,5; S. A.


AZEVEDO5

102
1
Laboratório de Mastozoologia, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.CAPES,
CNPQ, FAPERJ. 2 Programa de Pós-Graduação em Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. 3Departamento
de Estratigrafia e Paleontologia, Faculdade de Geologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 4Museu de História
Natural, Universidade Federal de Minas Gerais. 5Laboratório de Processamento de Imagem Digital, Museu
Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]

Durante o estudo de um espécime craniano de indivíduo imaturo de Notiomastodon platensis


(MHN-33) com o uso de tomografia computadorizada, observou-se uma estrutura anômala -
perfuração com um objeto incluso - na região frontal do espécime. MHN-33 é proveniente da Lapa
do Caetano, parte do complexo de cavernas de Lagoa Santa, Minas Gerais, Brasil, região
amplamente conhecida por sítios paleo-arqueológicos. O objeto é reto, fino, com forma de cone
alongado, cerca de 13 cm de comprimento e composição se assemelha a de tecido orgânico
mineralizado, possivelmente ossos ou galhada de cervídeo. Este perfurou o crânio da abertura nasal,
protrudindo na região superior da órbita direita. As bordas da perfuração são lisas, sem fragmentos
ou remodelamento ósseo, indicando que o trauma ocorreu no osso fresco. Após excluir algumas
hipóteses de causas para a perfuração (patologia, predação de animais carnívoros, atividade de
invertebrados ou vegetais, ou golpe de ferramenta durante a coleta), inferiu-se que sua causa foi
ação humana, com uso de ferramenta perfuradora. Restos de proboscídeos em sítios arqueológicos
geralmente possuem evidências de consumo (marcas de corte e associação com líticos), entretanto,
tais evidências não devem ser consideradas prova absoluta de atividade de caça e/ou morte causada
pelo homem, já que apontam somente que carcaças foram utilizadas como alimento, e não
esclarecem sua origem (morte natural, morte por carnívoros ou retiradas de acumulações naturais).
Considera-se a ação humana como causa da morte de organismo em sítios paleoarqueológicos
quando há evidência direta da atividade de caça, tal como uma ferramenta estritamente associada
e/ou cravada na carcaça. Desta forma, a ferramenta de perfuração reconhecida neste estudo -
inserida no crânio do indivíduo juvenil de Notiomastodon - representa a primeira evidência de
morte de proboscídeo causada pela ação humana (atividade de caça) na América do Sul. Tal
comportamento de caça foi considerado como oportunista, visto que a cultura de Lagoa Santa tinha
predileção por presas de menor porte e sua indústria lítica não era especializada em caça de animais
de grande porte. Além disso, padrões de quebra na região ocipital do crânio sugerem consumo da
massa encefálica, prática comum em sítios arqueológicos do Quaternário. Este registro representa
um comportamento de caça oportunista para a cultura de Lagoa Santa, ampliando a composição da
sua dieta e o uso de sua indústria lítica, além de representar o primeiro registro da interação de
predação/caça entre homem-megafauna para a América do Sul.

O PAPEL DA ONTOGENIA NA POLARIZAÇÃO DE CARACTERES EM DINOSSAUROS


PRIMITIVOS: UM NOVO ESPÉCIME DO TRIÁSSICO SUPERIOR DO SUL DO BRASIL E
SUAS IMPLICAÇÕES

RODRIGO TEMP MÜLLER¹; MAX CARDOSO LANGER²; CRISTIAN PEREIRA PACHECO¹; SÉRGIO DIAS-DA-
SILVA³
¹Laboratório de Paleobiodiversidade Triássica, UFSM. ²Laboratório de Paleontologia, Unifesp. ³Centro de Apoio à
Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

A ontogenia é um importante fator de controle da morfologia. O incorreto reconhecimento de seus


padrões de ocorrência pode produzir dados imprecisos quanto aos aspectos biológicos, afinidades
filogenéticas e eventos macroevolutivos em um determinado grupo. Apenas recentemente, novas
séries ontogenéticas em dinossauros primitivos e grupos relacionados têm sido reconhecidas.
Neste trabalho, a influência sobre a polarização de caracteres morfológicos é investigada com base

103
em um dinossauriforme imaturo do Triássico Superior do sul do Brasil. O espécime, um fêmur
esquerdo completo com 113 mm de comprimento, está tombado na coleção do Centro de Apoio à
Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, sob a sigla CAPPA/UFSM 0028. O mesmo foi
escavado no afloramento Janner (Sequência Candelária), de idade Carniana, localizado no
município de Agudo, Rio Grande do Sul. A condição imatura do espécime é observada através de
dois critérios que independem de tamanho: calcificação incompleta das superfícies articulares; e
textura marcada por estrias longitudinais em várias porções da superfície óssea. Como o espécime
compartilha algumas características peculiares (sulco para o ligamento da cabeça do fêmur
estreito; porção proximal do trocânter cranial completamente ligada ao eixo femoral; crista
craniomedial bem desenvolvida e crista tibiofibular transversalmente estreita) com um dinossauro
do mesmo afloramento, Pampadromaeus barberenai, nós postulamos a hipótese de que
CAPPA/UFSM 0028 corresponde a um indivíduo imaturo dessa espécie. Deste modo, foi
investigada a variação morfológica entre o espécime imaturo e os indivíduos já conhecidos da
espécie. As principais diferenças estão relacionadas com as superfícies articulares (e.g., ausência
do sulco proximal em CAPPA/UFSM 0028) e as áreas de inserção muscular (e.g., plataforma
trocantérica pouco desenvolvida ou ausente em CAPPA/UFSM 0028). Ao inserir essa variação em
uma matriz de dados morfológicos, notou-se que a variação entre o indivíduo imaturo e os
indivíduos ontogeneticamente mais desenvolvidos de P. barberenai é maior [13,6% de 22
caracteres femorais comparáveis (cfc)] do que a variação entre P. barbarenai e outros táxons
relacionados [e.g., Saturnalia tupiniquim (7,6% de 26 cfc), Eoraptor lunensis (7,6% de 13 cfc),
Eodromaeus murphy (5,2% de 19 cfc)]. O resultado demonstra o quanto a variação ontogenética
pode ser influente na polarização de caracteres. CAPPA/UFSM 0028, juntamente com novos
achados de outros lugares do mundo, têm lançado luz sobre os caminhos morfológicos adotados
pelos dinossauriformes ao longo de seu desenvolvimento. Esforços para reconhecer padrões
ontogenéticos em outros elementos ósseos certamente irão contribuir para um melhor
entendimento das afinidades filogenéticas dos dinossauros primitivos e seus grupos relacionados.
[CAPES/FAPESP]

SOBRE UM PTERIGOIDE ISOLADO DE ARCHOSAUROMORPHA PROVENIENTE DA


SUPERSEQUÊNCIA SANGA DO CABRAL (TRIÁSSICO INFERIOR DA BACIA DO
PARANÁ)

DANIEL DE SIMÃO OLIVEIRA; GIANFRANCIS DIAS UGALDE; FELIPE LIMA PINHEIRO


Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA.
[email protected], [email protected], [email protected]

O sítio fossilífero Bica São Tomé encontra-se às margens da rodovia estadual RS241, no município
de São Francisco de Assis, Rio Grande do Sul. É composto por afloramentos atribuíveis à
Supersequência Sanga do Cabral (Triássico Inferior), com níveis fossilíferos compostos por
conglomerados intraformacionais, arenitos finos, pelitos e nódulos carbonáticos. O sítio Bica São
Tomé conta com o registro de temnospôndilos, procolofonoides, cinodontes, elementos isolados de
arcossauriformes e o arcossauromorfo basal Teyujagua paradoxa, evidenciando a recuperação
faunística do limite Permiano-Triássico. Recentemente, durante esforços amostrais realizados pelo
Laboratório de Paleobiologia da Unipampa, diversos espécimes foram coletados, dentre eles, um
elemento palatal, descrito como a porção posterior de um pterigoide esquerdo (UNIPAMPA 0701),
objeto de estudo do presente trabalho. O osso possui uma morfologia característica de
Archosauromorpha, no entanto, encontra-se fragmentado, tendo perdido inteiramente seu ramo
anterior, a margem do ramo lateral e a região distal do processo pterigoide-quadrado do ramo
posterior. Mede 35 mm de comprimento, 30 mm de largura em seu centro e 4 mm de largura no
processo pterigoide-quadrado. Apresenta três fileiras dentárias: uma primeira paralela à margem
medial, contendo quatro dentes e duas fileiras paralelas entre si, direcionadas antero-lateralmente,

104
contendo quatro dentes cada. O ramo lateral apresenta um formato côncavo em relação ao ramo
medial e está disposto em um ângulo agudo com o ramo posterior, que se posiciona dorso-
posteriormente em direção ao osso quadrado, com o qual se articulava. Para determinar as
afinidades taxonômicas do espécime, foi realizada uma análise filogenética utilizando caracteres
atribuíveis ao pterigoide, a partir de busca heurística, e tendo, como base, uma matriz de dados
recente e o software TNT. Dois testes independentes foram realizados, um deles utilizando a matriz
completa e um segundo com a exclusão (proposta pelo autor) de táxons problemáticos. Ao executar
a análise filogenética com a matriz reduzida, o espécime é classificado como um arcossauriforme
basal, dentro de "Proterosuchia", táxon irmão do arcossauromorfo basal Teyujagua paradoxa e da
família de arcossauriformes basais Erythrosuchidae. Tal posição é mais derivada do que esperado,
devido à morfologia do espécime ser similar à “Protorosauria”. Entretanto, ao utilizar a matriz de
caracteres completa, UNIPAMPA 0701 é deslocado para uma posição filogenética mais basal, como
um arcossauromorfo não-arcossauriforme dentro da família Tanystropheidae. Como se trata de um
trabalho preliminar, a posição filogenética do espécime UNIPAMPA 0701 continua, por ora, incerta.
Como perspectivas futuras, pretendemos comparar morfologicamente o espécime com outros
táxons de Archosauromorpha previamente descritos.

ANÁLISE OSTEOLÓGICA PRELIMINAR DE FRAGMENTOS DESASSOCIADOS DE UM


ARCOSSAURO DE GRANDE PORTE DO SÍTIO LINHA VÁRZEA, TRIÁSSICO MÉDIO DA
BACIA DO PARANÁ

LETÍCIA REZENDE DE OLIVEIRA; ÁTILA AUGUSTO STOCK DA ROSA


Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia, UFSM.
[email protected], [email protected]

O presente estudo analisa fragmentos de arcossauro encontrados desassociados no Sítio Linha


Várzea, Supersequência Santa Maria, no município de Paraíso do Sul. Neste afloramento,foram
encontrados dicinodontes (cf. Dinodontosaurus), cinodontes, arcossauros e coprólitos,
caracterizando a Zona de Associação de Dinodontosaurus (Eoladiniano). Os fragmentos estudados
são compostos por duas vértebras (UFSM 11602a e UFSM 11602b), um ílio (UFSM 11603) e um
fragmento de dentário (UFSM 11604a). UFSM 11602a apresenta as seguintes dimensões: espinho
neural com 16,5cm de altura e centro vertebral com 9cm de largura, 11cm de altura e 8,5cm de
comprimento craniocaudal. UFSM 11602b tem um espinho neural de 18,5cm de altura e centro
vertebral com 8,5cm de largura, 8,5cm de altura e 7,5cm de comprimento craniocaudal, sendo
ambas as vértebras levemente anficélicas. UFSM 11603tem 47cm de comprimento total e 29cm de
altura total, sendo 41cm entre os pedúnculos cranial e caudal da porção supracetabular, e a porção
preservada do acetábulo com 17cm de largura e 15cm de altura. A porção preservada do dentário
tem 25 cm de comprimento e 4 cm de largura, possuindo 16 alvéolos. Todos os elementos ósseos
estão amplamente concrecionados, dificultando o processo de preparação mecânica. As vértebras
foram parcialmente preparadas, tendo sido encontradas no Sítio Linha Várzea 1base, enquanto a
mandíbula e o ílio foram resgatados no Sítio Linha Várzea 1 topo, com uma distância de cerca de
500 m e uma diferença vertical (estratigráfica) de cerca de dez metros entre as duas ocorrências. A
análise osteológica e estudos relacionados serão realizados na forma de Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC), atualmente em fase de revisão bibliográfica, comparando os dados morfológicos
obtidos após o preparo do material estudado com os dados de outros arcossauros como
Prestosuchus chiniquensis, P. loricatus, Rhadinosuchus gracilis, Hoplitosuchus raui,
Procerosuchus celer, Decuriasuchus quartacoloniae Rauisuchus tiradentes, embora o considerável
tamanho das peças sugira uma relação do táxon analisado com P. chiniquensis. Entre os arcossauros
de grande porte para o Triássico Médio, P. chiniquensis destaca-se como uma forma encontrada em
quase todos os afloramentos sul brasileiros, reforçando a ideia de se tratava de um predador no topo
de sua cadeia alimentar no Gondwana.

105
NOVO MATERIAL DE PROZOSTRODON BRASILIENSIS (CYNODONTIA –
PROBAINOGNATHIA) DO TRIÁSSICO SUPERIOR SUL-BRASILEIRO

CRISTIAN PEREIRA PACHECO¹, ANE ELISE BRANCO PAVANATTO¹, AGUSTÍN GUILLERMO MARTINELLI²,
SÉRGIO DIAS-DA-SILVA³
¹Laboratório de Paleobiodiversidade Triássica, Departamento de Ecologia e Evolução, Universidade Federal de Santa
Maria. ²Laboratorio de Paleontologia de Vertebrados, UFRGS. ³Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta
Colônia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

A Supersequência Santa Maria apresenta a fauna representativa do Triássico Médio e Superior do


Sul do Brasil e inclui quatro Zonas de Associação (ZA) baseadas em tetrápodes, em ordem
cronológica ascendente: Dinodontosaurus (Sequência Pinheiros-Chiniquá), Santacruzodon
(Sequência Santa Cruz), Hyperodapedon e Riograndia (Sequência Candelária). Em todas essas
ZAs os cinodontes são membros representativos, abrangendo traversodontídeos de hábitos
herbívoros/onívoros e probainognátios não mamaliaformes de hábitos
carnívoros/onívoros/insetívoros. Neste último grupo, está inserido Prozostrodontia, clado derivado
com registro abundante no Triássico Superior do Sul do Brasil nas ZAs de Hyperodapedon e
Riograndia. Neste trabalho, apresentamos um novo espécime (CAPPA/UFSM 0123) atribuído a
Prozostrodon brasiliensis encontrado no Sítio Marchezan, localizado no município de São João do
Polêsine, na região central do Rio Grande do Sul. O novo espécime foi encontrado no mesmo
bloco em que foi coletado um espécime de dinossauro herrerasaurídeo e elementos ósseos de pelo
menos dois espécimes de rincossauros (um adulto e um juvenil), ainda em processo de preparação
e estudo. A presença desses táxons permite a inclusão da fauna presente nesse bloco na ZA de
Hyperodapedon (Carniano Superior). O novo espécime constitui-se de um dentário direito. Os
ossos pós-dentários (incluindo o esplenial) não estão preservados e a porção posterodorsal do
processo articular está quebrada. Baseado nos alvéolos e nos dentes preservados a fórmula dentária
é 4i/1c/9-10pc, estando o último pós-canino ainda dentro da cripta alveolar (i.e., ainda não
funcional). Dentre alguns exemplos de caracteres diagnósticos do novo espécime compartilhados
com o holótipo de P. brasiliensis (UFRGS-PV-0248-T) estão: quatro incisivos inferiores e pós-
caninos inferiores multicuspidados com um cíngulo lingual com até nove cúspules pequenas.
Porém, o novo espécime é ligeiramente menor que o holótipo e não apresenta diastema
canino/pós-caninos. No holótipo são descritos nove pós-caninos mais um posterior em erupção,
além da presença de um diastema entre canino e pós-caninos possivelmente decorrente da perda de
um primeiro pós-canino. Também, o holótipo possivelmente represente um indivíduo com estágio
ontogenético mais avançado em relação ao novo registro. A análise filogenética preliminar
realizada posicionou CAPPA/UFSM 0123 em uma politomia com P. brasiliensis dentro do clado
Prozostrodontia. Assim, a mandíbula CAPPA/UFSM 0123 faz desse novo registro uma fonte para
obtenção de novas informações acerca da morfologia, distribuição e relações ecológicas de
Prozostrodon. [CAPES/CNPq]

UM ESPÉCIME PERINATO (?) DE AETOSAURIA DO NEOTRIÁSSICO DO BRASIL

VOLTAIRE D. PAES-NETO1; ANA C. B. BRUST1; MARINA B. SOARES1; CESAR L. SCHULTZ1; JULIA B.


DESOJO2
¹Departamento de Paleontologia e Estratigrafia, UFRGS. ²División Paleontología Vertebrados, Museo de La Plata.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

Aetosauria é um grupo de arcossauros pseudossúquios quadrupedes restritos temporalmente ao


Neotriássico e caracterizados por apresentarem osteodermas recobrindo as regiões dorsal, ventral e

106
apendicular do corpo. Aetosauroides scagliai encontrado tanto na Formação Ischigualasto
(Argentina) quanto na Formação Santa Maria (Brasil) representa um dos membros mais antigos do
grupo. No Brasil, outros dois táxons mais derivados, proximamente relacionados à
Desmatosuchus, também ocorrem, Aetobarbakinoides brasiliensis e Polesinesuchus aurelioi, cada
um deles representado por apenas um indivíduo. Reportamos um novo espécime de aetossauro,
UFRGS-PV-1246-T, encontrado no Sítio Piveta, no município de São João do Polesine, RS, Brasil.
Este espécime consiste de diversos pequenos elementos, incluindo: um dente isolado, o fêmur
esquerdo (30 mm de comprimento total) a tíbia esquerda (20,3 mm comprimento total), seis
centros vertebrais anficélicos e em forma de carretel (um cervical, quatro dorsais e um caudal),
oito osteodermas paramedianos dorsais do tronco (OPDT), três osteodermas caudais, além de
diversos fragmentos, como costelas, carpos e osteodermas ventrais. Algumas características
sugerem um estágio ontogenético muito juvenil, possivelmente um indivíduo perinato, tais como:
o tamanho diminuto; a textura porosa das diáfises do fêmur e da tíbia (indicando maior
vascularização, como observado em perinatos de Alligator); todos os centros vertebrais não estão
fusionados ao arco neural. Os OPDT são bem ossificados e apresentam o padrão plesiomórfico
característico dos membros basais dos aetossauros, e em geral apresentam uma largura três vezes
maior que o comprimento (em média 12 x 4 mm). A presença destes osteodermas indica que estas
estruturas se ossificavam cedo na ontogenia, influenciando assim estudos de esqueletocronologia
do grupo, que assumiam um padrão similar ao de crocodilianos atuais, em que os osteodermas se
ossificam apenas após um ano. Quanto à identificação taxonômica, poucas estruturas diagnósticas
foram observadas até o momento, mas as vértebras apresentam uma fossa lateral discreta, bem
como uma quilha ventral na vértebra cervical. Estas duas características são compartilhadas com
A. scagliai e P. aurelioi. Neste último táxon, as fossas laterais são mais discretas nas vértebras
dorsais, mas são evidentes nas vértebras mais cervicais, variações estas também observadas em
alguns indivíduos de A. scagliai (por exemplo, PVL 2059 e MCT 3470). Espera-se elucidar a
relação de UFRGS-PV-1246-T com P. aurelioi e A. scagliai na medida em que mais materiais
deste espécime sejam preparados e descritos. Ainda assim, este espécime representa o menor
indivíduo já encontrado de Aetosauria, e seu estudo contribuirá para o conhecimento sobre a
ontogenia e evolução do grupo. [CNPq]

NOVAS INFORMAÇÕES SOBRE O ESQUELETO PÓS-CRANIANO DE EXAERETODON


RIOGRANDENSIS (CYNODONTIA, TRAVERSODONTIDAE) DO TRIÁSSICO SUPERIOR
DO SUL DO BRASIL

ANE ELISE BRANCO PAVANATTO¹; FLÁVIO AUGUSTO PRETTO²; LEONARDO KERBER²; SÉRGIO DIAS-
DA-SILVA²
¹Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal, UFSM. ²Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da
Quarta Colônia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

O gênero Exaeretodon é um dos mais abundantes representantes da família Traversodontidae em


camadas do Triássico Superior do Brasil e da Argentina. A espécie brasileira, Exaeretodon
riograndensis, é encontrada nos estratos da Zona de Associação (ZA) de Hyperodapedon
(Carniano, Sequência Candelária). Apesar de sua abundância, grande parte do conhecimento da
espécie se restringe à anatomia craniana e dentária. Quanto à anatomia pós-craniana foram
descritos até o momento parte do esqueleto axial, ílio, ísquio, rádio e ulna. Neste trabalho,
apresentamos materiais pós-cranianos inéditos de um espécime E. riograndensis (CAPPA/UFSM
0033), coletado no Sítio Janner, localizado no Município de Agudo. O espécime consiste de um
crânio com mandíbula associada, vértebras, costelas, escápula, úmero, ílio, fêmur, tíbia e fíbula.
CAPPA/UFSM 0033 foi atribuído a E. riograndensis devido a presença do processo descendente
do jugal bem desenvolvido, três incisivos superiores, caninos superiores bem desenvolvidos,

107
dentes pós-caninos superiores com uma cúspide labial central principal e duas cúspides acessórias,
uma anterior e outra posterior, além da ausência de placas costais nas costelas. CAPPA/UFSM
0033 apresenta marcas de osteofagia nas extremidades dos fêmures e na superfície medial do ílio,
além de três costelas sequenciais com a presença de um calo ósseo, indicativo de trauma do qual o
espécime se recuperou em vida. A morfologia geral dos elementos de CAPPA/UFSM 0033 se
assemelha à descrita para Exaeretodon argentinus, cujo esqueleto pós-craniano é bem conhecido,
ressalvadas algumas diferenças. Em relação ao ílio, CAPPA/UFSM 0033 possui a margem ventral
da região pré-acetabular mais reta, enquanto E. argentinus apresenta uma acentuada concavidade
na mesma região. O fêmur de CAPPA/UFSM 0033 apresenta a cabeça femoral hemisférica, porém
sua porção mais medial apresenta um formato mais aguçado, em comparação com E. argentinus.
O côndilo lateral da tíbia está localizado mais posteriormente do que em E. argentinus, e possui
notável expansão lateral. Na extremidade distal, em norma lateral, a faceta articular para o
astrágalo é menos inclinada e não apresenta a projeção posterior observada em E. argentinus. A
descoberta de novos materiais pós-cranianos de E. riograndensis contribui para ampliar o
conhecimento acerca do esqueleto pós-craniano dos cinodontes de forma geral, ainda
negligenciado em comparação com materiais cranianos e dentários e as diferenças observadas
entre E. riograndensis (CAPPA/UFSM 0033) e E. argentinus podem vir a reforçar a distinção
taxonômica entre as duas espécies. [CAPES]

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ACERCA DE UM NOVO MORFOTIPO DE


TRAVERSODONTIDAE (EUCYNODONTIA: CYNOGNATHIA) DO TRIÁSSICO DO SUL DO
BRASIL

ANE ELISE BRANCO PAVANATTO¹; FLÁVIO AUGUSTO PRETTO²; LEONARDO KERBER²; SÉRGIO DIAS-
DA-SILVA²
¹Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal, UFSM. ²Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta
Colônia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

A família Traversodontidae é uma das mais diversas e representativas dentro de Cynodontia. No


Triássico sul-brasileiro, está presente nas Zonas de Associação (ZA) de Dinodontosaurus,
Santacruzodon e Hyperodapedon da Supersequência Santa Maria. Uma nova localidade, ainda não
formalmente descrita, localizada no Município de Agudo, apresenta até o momento vários
espécimes de cinodontes. A amostra inclui desde materiais cranianos e pós-cranianos
fragmentários a crânios com mandíbula e pós-crânio associados. Contudo, ainda que o número de
espécimes recuperados seja abundante, até o momento a falta de fósseis-guia impede a atribuição
segura do sítio a qualquer das ZA conhecidas. Dentre os materiais coletados destaca-se a grande
concentração de exemplares atribuídos a família Traversodontidae, devido aos dentes pós-caninos
superiores labiolingualmente expandidos com uma profunda bacia oclusal. Até o momento, foi
totalizado número máximo de setenta e mínimo de trinta indivíduos referíveis a Traversodontidae,
dois possíveis exemplares de Probainognathia (um crânio e um úmero incompleto) e dois úmeros
indeterminados. Dentre os traversodontídeos destacam-se CAPPA/UFSM 0109, crânio incompleto
de grandes dimensões (~30cm) com mandíbula e elementos pós-cranianos associados;
CAPPA/UFSM0125, um crânio (~21cm); e CAPPA/UFSM 0124, crânio parcial de tamanho médio
(~12cm). Os espécimes compartilham semelhanças com o gênero Exaeretodon, como ausência de
barra internarial, arcos zigomáticos levemente divergentes, três incisivos superiores, sem diastema
e costelas sem placas costais. Por outro lado, diferem de Exaeretodon na morfologia do arco
zigomático: o processo descendente do jugal está ausente; a região de articulação da projeção
anterior do esquamosal com o jugal é suave, ao passo que em Exaeretodon esta forma uma notável
crista longitudinal; a projeção anterior do esquamosal é lisa, enquanto que Exaeretodon exibe uma
crista dorsoventral; o limite posterodorsal do esquamosal é mais arredondado do que em

108
Exaeretodon; o ângulo entre a barra pós-orbital e o arco zigomático é mais agudo que o de
Exaeretodon. Além disso, a crista lambdoidal apresenta uma concavidade menos pronunciada do
que em Exaeretodon. É importante ressaltar que estas diferenças em relação a Exaeretodon são
mantidas quando espécimes de diferentes estágios ontogenéticos são comparados e também em
comparação com espécimes de Exaeretodon em estágio ontogenético semelhante, eliminando a
possibilidade de serem variações ontogenéticas. De momento, os novos espécimes são
considerados um novo morfotipo, dada a variação morfológica em relação a Exaeretodon.
Entretanto, os espécimes ainda encontram-se em fase de preparação e novas informações irão
surgir à medida que esta etapa avança, principalmente no tocante à região palatal e à morfologia
dentária. [CAPES]

DIVERSITY OF THEROPOD (DINOSAURIA) FAUNA FROM POTIGUAR BASIN (EARLY-


LATE CRETACEOUS), NORTHEAST BRAZIL
P. V. G. C. PEREIRA1*; S. L. BRUSATTE2; C. R. A. CANDEIRO3**; L. P. BERGQVIST1**
1
Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2University of Edinburgh. 3Universidade Federal de Goiás.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

The theropod records from Northeast of Brazil are rare and consist mostly of isolated and
incomplete remains, with only five species described. Here we describe and evaluate the diversity
of theropod materials from the Açu Formation, Potiguar Basin (Albian - Cenomanian), comprised at
this moment by four groups: Abelisauridae (a femur), Carcharodontosauridae (a jaw fragment),
Megaraptora (a caudal vertebra centrum) and Spinosauridae (a tooth). The femur is 39 cm long and
has a circumference of 12.5 cm. It was assigned to the family Abelisauridae due to the weak
development of the epicondylar medial crest and its large size. The jaw fragment comprises four
alveoli with some lateral compression, lacking the ventral part. The dorsoventrally deep interdental
plates with no ornamentation are remarkable characteristics that lead us to classify the material
within the Carcharodontosauridae family. The vertebra centrum is 6.9 cm long and 4.1 cm wide. In
lateral view, each side of the centrum has a deep elliptical shaped pneumatic foramen, a feature that
is seen in many theropods (ceratosaurs, carcharodontosaurids, megaraptorans, oviraptorosaurians
and therizinosaurians). We placed it, but only preliminarily, within Megaraptora due to the
morphological details of the foramina. Finally, the tooth has medial basal compression, elongated
conical crown, absence of carina (consequently no denticles) and transverse grooves. These
characteristics are suggestive that they belonged to a Spinosauridae. The presence of these theropod
groups at Açu Formation reveals an unexpected dinosaur richness at Potiguar basin. [*FAPERJ;
**CNPq]

VERTEBRADO REGISTRADO NA FORMAÇÃO RIO DO RASTO, PERMIANO DA BACIA


DO PARANÁ

JENNYFER PONTES CARVALHO PIETSCH1, CRISTINA SILVEIRA VEGA¹


1
UFPR, Setor de ciências da Terra, Departamento de Geologia, Curitiba, PR.
[email protected], [email protected]

O estudo prévio de uma mandíbula fóssil procedente do afloramento localizado próximo à cidade de
São Jerônimo da Serra, no Estado do Paraná, PR-090 classificou o material como pertencente a um
vertebrado anápsido da família Procolophonidae, mas ainda persistiam dúvidas se o material
também poderia pertencer a uma mandíbula/maxila de peixes Palaeonisciformes, cujas escamas são
bastante comuns no mesmo afloramento. Da mesma forma, o material ainda carecia de uma
descrição formal das estruturas observadas. Deste modo, este trabalho tem por objetivo auxiliar no

109
refinamento bioestratigráfico da Formação Rio do Rasto (Membro Morro Pelado) do Neopermiano
da Bacia do Paraná, por meio da descrição de uma mandíbula fóssil. O material coletado em
Jerônimo da Serra, foi depositado sob tombo 0252 PV (A, B), parte e contra-parte, com cerca de
18mm de comprimento. O material foi analisado de modo descritivo e em Microscópio Eletrônico
de Varredura (MEV). A análise indicou que o fóssil apresenta o esplenial alongado com sutura
dorsal com o dentário, este com nove dentes parcialmente preservados e um possível diastema entre
eles, sendo os dentes triangulares e pontiagudos, e o angular alongado prolongando-se ventralmente
sob a mandíbula. A análise em MEV permitiu a identificação da morfologia dos dentes, que são
cônicos e apresentam sulcos longitudinais. Entretanto, a análise em MEV não auxiliou na
observação de suturas ósseas. Comparando-se esse material com mandíbulas de peixes
Palaeonisciformes, verificaram-se morfologias distintas, sendo que os peixes apresentam um
dentário grande em relação ao tamanho da mandíbula. Em contrapartida, a comparação com
Procolophonidae apresentou algumas semelhanças, como por exemplo, o formato dos dentes
cônicos e morfologias semelhantes dos ossos mandibulares. Entretanto, a ausência de características
cranianas dificulta a identificação em nível de gênero ou espécie. Comparando-se com materiais de
Procolophonidae, duas espécies descritas na literatura, a saber: Coletta seca Gow, 2000 e
Pintosaurus magnidentis Piñeiro, Rojas & Ubilla, 2004, ambas com características compatíveis ao
material estudado. Tal registro, se confirmado como Procolophonidae, será considerado o primeiro
fóssil desse grupo na Formação Rio do Rasto.

A DIVERSIDADE DE CERVÍDEOS FÓSSEIS EM DEPÓSITOS CÁRSTICOS DE AURORA DO


TOCANTINS (TO), NORTE DO BRASIL

R. S. PINHEIRO1; A. ROTTI1; R. BUCHMANN1; L. S. AVILLA1


1
Laboratório de Mastozoologia, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Os cervídeos sul-americanos originaram-se a partir de sua migração da América do Norte, através


do soerguimento do Istmo do Panamá no limite Plio-Pleistoceno. Esse evento tornou a família mais
diversificada dentre os mamíferos invasores de origem holártica. Atualmente, a distribuição das
espécies sul-americanas ocorre desde o norte da América do Sul até os pampas argentinos sendo
que, no Brasil, são encontradas oito espécies organizadas taxonomicamente em quatro gêneros.
Dentre eles, Mazama destaca-se por possuir a maior amplitude, enquanto que, Odocoileus
virginianus apresenta uma distribuição limitada ao extremo norte. Os registros fossilíferos de
Cervidae recuperados em duas grutas do município de Aurora do Tocantins, Província
Espeleológica Bambuí, contribuem com informações sobre a distribuição e diversidade desta
família no Brasil. Aqui, reunimos materiais novos e anteriormente descritos na literatura
pertencentes à Gruta do Urso, além de espécimes inéditos recentemente encontrados na Gruta Tacho
de Ouro, os primeiros registros da família na localidade. A identificação do material ocorreu a partir
de comparações com espécimes viventes e/ou extintas presentes nas coleções do Museu
Nacional/UFRJ e do Museo de La Plata/UNLP. Dentre os materiais recuperados na Gruta do Urso
observam-se pré-molares e molares isolados ou fragmentos cranianos ou mandibulares, que
representam a seguinte diversidade: Ozotoceros bezoarticus, Mazama gouazoubira, Mazama
americana e Morenelaphus sp. Os achados da Gruta Tacho de Ouro, também correspondem em sua
maioria a dentes isolados ou associados a fragmentos de crânio e/ou mandíbula, embora, ossos pós-
crânianos, incluindo um astrágalo, um úmero direito e um úmero esquerdo sejam observados. Após
uma análise detalhada dos materiais cranianos destes novos registros, considerando principalmente
a morfologia dentária oclusal, reconhecemos três espécies: Mazama sp., Odocoileus virginianus e
Ozotoceros bezoarticus. Os registros pleistocênicos anteriormente recuperados na Gruta do Urso,
atribuídos as espécies Mazama americana e Ozotocerus bezoarticus, são congruentes às suas
distribuições atuais. Já, Mazama gouazoubira, ocorre atualmente apenas o sul do estado. A

110
associação deste material no mesmo nível estratigráfico que o espécime identificado como
Morenelaphus sp., a qual se encontra totalmente extinta, sugere uma contemporaneidade dessas
espécies durante o Pleistoceno. A descoberta do novo registro para Odocoileus na Gruta Tacho de
Ouro tornou-se a mais meridional para o gênero, anteriormente reconhecido para Ourolândia (BA),
onde haviam sido registradas a partir de galhadas, elementos dentários e pós-cranianos. Os registros
atuais no país para o gênero são raros. O material recuperado indica que nesta localidade, a família
possuiu uma diversidade maior durante o Pleistoceno do que atualmente.

MORFOLOGIA DENTÁRIA DE SIGMODONTINAE (RODENTIA: CRICETIDAE):


DIVERSIDADE DE ROEDORES EM UM DEPÓSITO CÁRSTICO DO PLEISTOCENO FINAL
E INFERÊNCIAS PALEOAMBIENTAIS

CAROLINA PIRES¹,²; LEONARDO S. AVILLA²


1
Departamento de Vertebrados, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 2Departamento de
Zoologia, Instituto de Biociências (IBIO), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
[email protected], [email protected]

A subfamília Sigmodontinae é uma linhagem de roedores com ampla distribuição na América do


Sul, representando mais de 22% de toda a fauna de mamíferos do continente. Esses roedores
ocupam uma grande variedade de habitats (desertos, florestas tropicais e subtropicais, savanas,
pântanos) e diversos estilos de vida. Apesar da grande diversidade e importância desses roedores,
ainda persistem muitas lacunas de conhecimento relativo à taxonomia, distribuição, história natural
e, especialmente, sobre sua paleontologia. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo
identificar os molares fósseis de Sigmodontinae, revelando a sua diversidade para a caverna Gruta
do Urso, localizada no município de Aurora do Tocantins, Tocantins. A partir dessa diversidade,
espera-se também inferir as condições paleoambientais no entorno da gruta em questão. Essas
informações contribuirão para o melhor entendimento do ambiente pretérito e do conhecimento
paleontológico brasileiro. Um programa anual de coletas com controle estratigráfico tem sido
implementado no depósito, revelando uma grande diversidade de mamíferos. A datação aplicada
apresentou idades de 22 mil anos antes do presente (Ap) na base e 3,8 mil (Ap) no seu topo,
compreendendo do Último Máximo Glacial ao Ótimo Climático do Holoceno. Além disso, esse
período está incluído na Idade Mamífero Terrestre Sul-Americana (SALMA) Lujanense
(Pleistoceno Final/Holoceno Inicial). A associação com a fauna encontrada (o equídeo Equus
neogeus, considerado um fóssil-índice do Lujanense) foi outra maneira de corroborar essa
bioestratigrafia. A partir da análise do material triado em laboratório, evidenciaram-se 12 táxons de
sigmodontíneos: 1) Akodon sp. 1; 2) Akodon sp. 2; 3) Calomys sp.; 4) Holochilus sciureus; 5)
Kunsia tomentosus; 6) Necromys lasiurus; 7) Oecomys sp.; 8) Oligoryzomys sp. 1; 9) Oligoryzomys
sp. 2; 10) Oxymycterus sp.; 11) Pseudoryzomys simplex; 12) Thalpomys sp.. A diversidade
evidenciada por este trabalho está entre as maiores do Pleistoceno Final/Holoceno Inicial brasileiro
coletadas em uma única caverna. Diante da paleofauna registrada aqui é possível reconhecer que as
condições ambientais durante o Pleistoceno Final/Holoceno Inicial na região eram caracterizadas
pela presença de fontes de água doce nas proximidades da caverna, de matas de galeria e de
ambientes abertos e secos com uma vegetação composta, em especial, por gramíneas. Esse tipo de
habitat não se mostra diferente do ambiente atual. Outros trabalhos paleontológicos para a região
apoiam essas informações fornecidas pelos sigmodontíneos. [CAPES, FAPERJ]

MAPA DAS OCORRÊNCIAS DE CROCODILOMORPHA FÓSSEIS DO BRASIL

M. A. R. POLCK1; A. E. P. PINHEIRO2; J. F. O. M. SANTANA3; M. A. S. MONTEIRO1


1
Divisão de Desenvolvimento em Mineração, Departamento Nacional de Produção Mineral/RJ.
2
Faculdade de Formação de Professores, Universidade do Estado do Rio de Janeiro– FFP/UERJ. 3Faculdade de
Geologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro– UERJ.

111
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Até meados da década de 1990 os trabalhos sobre paleontologia não forneciam dados
georreferenciados precisos sobre a localidade onde o fóssil foi encontrado, dificultando o
monitoramento e até mesmo um possível retorno aos afloramentos. Somente no final do século XX
e início do século XXI o GPS e demais aplicativos e ferramentas de geoprocessamento passaram a
ser utilizados nos trabalhos de campo, fornecendo informações sobre as coordenadas geográficas e
permitindo a confecção de mapas mais detalhados. O presente trabalho teve como objetivo a
elaboração preliminar de um mapa digital das ocorrências georrefrenciadas dos Crocodilomorpha
fósseis do Brasil. Para isso foi realizado um levantamento bibliográfico e criado um banco de dados
em forma de planilha contendo as coordenadas geográficas das localidades onde fósseis de
Crocodilomorpha foram encontrados, além de dados sobre a bacia sedimentar, unidade
estratigráfica e idade e a taxonomia mais detalhada de cada fóssil. Com base nessa planilha foi
elaborado mapa digital através dos programas GoogleEarth e ArcReader, onde é possível ter acesso
as localidades com as respectivas informações, bastando apenas clicar em determinado ponto
destacado com formato de um crocodilo. Este mapa, que futuramente será disponibilizado no site do
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), irá fornecer dados sobre a distribuição dos
táxons do referido grupo, além de auxiliar tanto nas ações de monitoramento e proteção dos sítios
fossilíferos, quanto na conscientização das populações locais, permitindo o desenvolvimento de
projetos educativos nas escolas próximas às localidades fossilíferas e informando sobre a
importância da preservação patrimônio paleontológico brasileiro.

NOVO REGISTRO DE ARCHOSAUROMORPHA PARA A FAUNA LOCAL DE FAXINAL DO


SOTURNO, AFLORAMENTO LINHA SÃO LUÍS (SEQUÊNCIA CANDELÁRIA, CENOZONA
DE RIOGRANDIA), TRIÁSSICO SUPERIOR DO BRASIL

FLÁVIO AUGUSTO PRETTO¹; LÚCIO ROBERTO-DA-SILVA²; SÉRGIO DIAS-DA-SILVA¹


¹ Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, UFSM.
² Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected]

A “Fauna local de Faxinal do Soturno” é uma assembleia icônica, dominada por microvertebrados
concentrados num arenito maciço (sobretudo cinodontes, lepidossauros e pararrépteis), além do
saurísquio Guaibasaurus, único táxon de médio-grande porte relatado nesta associação. Reporta-se
aqui o registro de um dente isolado de Archosauromorpha para esses mesmos níveis. O espécime
está fraturado na base da raiz, possui coroa dentária medindo 33 milímetros e apresenta morfologia
paquidonte, com ápice distalmente recurvado. As espessuras labiolingual e mesiodistal decrescem
continuamente até o ápice da coroa, sem evidência de cíngulo. Serrilhas ocorrem em ambas as
carenas, embora estejam severamente desgastadas na face mesial. Similar desgaste é observado no
ápice da coroa. A serrilha mesial se limita ao terço apical da coroa, enquanto a distal estende-se até
o limite entre coroa e raiz, onde é interrompida por uma fratura. É praticamente reta, senão por uma
suave curvatura basal, possivelmente indicando a face lingual. A cavidade pulpar é observável na
região cervical, ocupando cerca de 40% do diâmetro do cilindro dentário. Os dentículos se
observam apenas na carena distal. São subretangulares, perpendicularmente dispostos ao eixo da
carena. Possuem margem externa convexa, paralela ao eixo da carena. O sulco interdenticular é
pouco profundo, e a diáfise é mais longa que a largura apicobasal do dentículo. Não há evidência de
ampulla. A densidade de dentículos equivale a três por milímetro. O dente carece de outras
ornamentações anatômicas. Não obstante, há notáveis superfícies de polimento na carena mesial, no
ápice do dente e na carena distal, que são condizentes com um padrão de abrasão causado pelo
atrito do dente com o alimento (ossos, provavelmente), sugerindo que o indivíduo predasse animais
de grande porte. De fato, registros de marcas de mordidas em Jachaleira candelariensis, suportam o

112
comportamento de morder ossos para arcossauros triássicos. Por se tratar de um dente isolado, a
assignação taxonômica do espécime incerta. A morfologia paquidonte é consistente com a dentição
mesial de arcossauros carnívoros, incluindo pseudossúquios (e.g. Rauisuchus, Prestosuchus) e
dinossauros terópodes. Contudo, a ausência da ampulla na base denticular contrasta com a condição
de Theropoda, que compartilham tal característica. Cabe ressaltar, porém, que a microestrutura
denticular é pouco conhecida em dinossauros triássicos. Mesmo assim, o espécime é demasiado
grande para ser atribuído a um dinossauro do porte de Guaibasaurus. Por fim, a presença de dentes
de arcossauros carnívoros na localidade condiz com achados semelhantes em afloramentos
supostamente coevos, (e.g. Cerro Botucaraí, Sítio Wacholz).

OS CARNIVORA FÓSSEIS DA AMÉRICA DO SUL - ONDE OS GRANDES COMEDORES DE


CARNE NÃO TEM VEZ

S. RODRIGUES1,2; R. CARVALHEIRA1,3; L. S. AVILLA1; L. SOIBELZON4


1
Laboratório de Mastozoologia. Departamento de Zoologia. UNIRIO. 2Laboratório de Processamento de Imagem
Digital. Departamento de Geologia e Paleontologia. Museu Nacional/UFRJ. 3Geoquarter- Departamento de Geologia e
Paleontologia. Museu Nacional/UFRJ.4Universidad Nacional de La Plata.
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

A ordem Carnivora provavelmente divergiu dos “Insectivora” durante o Paleoceno. Eram


mamíferos pequenos e semelhantes aos mustelídeos modernos. Sua sinapomorfia mais marcante, os
dentes carniceiros (primeiro molar inferior e quarto pré-molar superior), primariamente adaptados
ao corte, evoluíram diferentemente possibilitando acesso a diversos recursos alimentares. As
linhagens modernas não se diversificaram expressivamente até o Oligoceno, quando tiveram uma
rápida radiação morfológica e taxonômica. Contudo, sua diversidade parece ser consequência de
imigrações independentes e da especiação desses na América do Sul durante o Grande Intercâmbio
Biótico Americano. São representados no continente pelas famílias Felidae, Canidae, Ursidae,
Mustelidae e Procyonidae. Os registros mais antigos datam do Mioceno tardio (procyonídeos),
seguidos por mustelídeos e canídeos no Plioceno tardio. Cerca de 50 espécies são registradas para o
Pleistoceno sulamericano, destacando-se os taxa de maior porte e ampla distribuição geográfica:
Panthera onca, Smilodon populator, Protocyon troglodytes, Arctotherium wingei, Dusicyon avus e
Theriodictis sp. Ao final do Pleistoceno, foram afetados direta ou indiretamente pelo evento de
extinção em massa que teve maior efeito sobre a megafauna. Dentre os ursídeos, o gênero
Arctotherium foi extinto, sobrevivendo apenas Tremarctos ornatus. De dieta onívora, é nativo da
América do Sul e, segundo estimativas recentes de massa corporal, um dos menores ursos dentro do
grupo. Os canídeos de grande porte, como Protocyon troglodytes e Theriodictis platensis, ambos
hipercarnívoros, parecem ter sucumbido a diminuição de presas. Contudo, Chrysocyon brachyurus,
hoje o maior canídeo das Américas, sobreviveu juntamente com canídeos de menor porte,
possivelmente por sua onivoria. Dentre os felídeos, espécies generalistas como Panthera onca e
Puma concolor e aqueles de pequeno porte como o gênero Leopardus, tiveram maior sucesso
evolutivo na América do Sul, sendo P. concolor, o carnívoro de maior distribuição geográfica no
continente. As famílias Procyonidae e Mustelidae compreendem as menores e menos conhecidas
espécies da ordem. São majoritariamente onívoras, o conhecimento da ecologia de muitos taxa é
escasso e os registros fossilíferos pontuais. Apesar disto, possuem algumas das distribuições
geográficas atuais mais amplas da ordem, sendo reconhecidos bioindicadores. Os estudos de
carnívoros fósseis de pequeno porte, como Galictis cuja e Leopardus geofroyi, trouxeram
importantes informações sobre sua biogeografia e mudanças ambientais ocorridas durante o
Pleistoceno. Estas mudanças ambientais podem ter se somado num efeito cascata a depleção de
presas, levando a extinção de muitos dos Carnivora ao final do Pleistoceno. O esforço de reunião

113
das informações de representantes de grande e pequeno porte poderá elucidar mais claramente esta
questão.

NOVOS MATERIAIS DE CINODONTE E ARCOSSAURIFORMES DO SÍTIO CERRO DA


ALEMOA, TRIÁSSICO SUPERIOR DO SUL DO BRASIL

ÁTILA AUGUSTO S. DA ROSA¹; ANE E. B. PAVANATTO²; MARCO AURÉLIO G. FRANÇA³; BRUNA C.


BORIN¹; CÁSSIA, B. BÖCK¹; GABRIEL A. BOEIRA¹; GUILHERME P. CHIARELLO4; HENRIQUE P.
DENARDIN¹; JOÃO VITOR I. L. OLIVEIRA¹; LETÍCIA R. OLIVEIRA¹; MAURÍCIO S. GARCIA¹; NADIELE F.
BORIN¹; NATÁLIA B. DA SILVA¹; PAULA L. COPETTI¹; VINÍCIUS B. P. ESTERIZ¹
1
Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia, UFSM. 2Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Animal, UFSM.
3
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Petrolina. 4Laboratório de Anatomia, UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]

Cinodontes e arcossauriformes são grupos bem documentados no registro fóssil sul-americano,


representados por táxons basais destas linhagens. No Brasil, são oriundos do Triássico, nas
supersequências Sanga do Cabral e Santa Maria, de segunda ordem, sendo esta última subdividida
em quatro sequencias de terceira ordem (Pinheiros/Chiniquá, Santa Cruz, Candelária, Mata),
relacionadas a cinco zonas de associação de fósseis de vertebrados e plantas (Dinodontosaurus,
Santacruzodon, Hyperodapedon, Riograndia e Rhexoxylon). O sítio Cerro da Alemoa (coordenadas
29°41'51.86"S; 53°46'26.56"O) é relacionado à Zona-Assembleia (ZA) de Hyperodapedon
(Neocarniano-Eonoriano). Nessa localidade foram coletados os holótipos do cinodonte
traversodontídeo Gomphodontosuchus brasiliensis, e dos arcossauriformes Cerritosaurus binsfeldi
(Proterochampsidae) e Saturnalia tupiniquim (Dinosauria: Sauropodomorpha). Em maio de 2016,
foi resgatado no sítio Cerro do Alemoa o material UFSM11598, constituído por uma tíbia e duas
vértebras associadas. A tíbia (UFSM11598a) caracteriza-se por um elemento ósseo de 16,5 cm de
comprimento, com o eixo levemente curvo e rotacionado, apresentando fratura na metade do seu
comprimento proximodistal. Sua extremidade proximal é plana e mais expandida em relação ao
eixo do elemento, com faceta articular para a fíbula direcionada laterodistalmente. A extremidade
distal possui crista bem pronunciada estendendo-se da porção proximal dos côndilos até 1/3 do
comprimento do eixo. A morfologia geral da tíbia, bem como as descritas aqui, permitem atribuir
afinidade aos Archosauriformes. A presença de crista cnemial baixa, formato do côndilo interno e
crista longitudinal na sua porção distal é similar ao encontrado em proterocampsídeos como
Chanaresuchus. A vértebra UFSM11598b apresenta o centro vertebral anficélico típico de formas
Synapsida, tendo ainda preservado fragmentos das zigapófises e arco neural. Sua afinidade aos
cinodontes é considerada, pois dicinodontes estão ausentes na ZA de Hyperodapedon. O elemento
UFSM11598c é caracterizado por fragmento de arco neural de tamanho relativamente maior do que
UFSM11598b, coletado em associação com este último. O espinho neural preserva cerca de 1/3 do
seu comprimento total, é robusto e mais afilado na região anterior. As pós-zigapófises são robustas,
orientadas em direção ventral e ligeiramente na lateral. Apenas parte da pré-zigapófise direita está
preservada. Os elementos vertebrais UFSM11598b e UFSM11598c apresentam características,
como tamanho, anatomia e a orientação das pré-zigapófises, similares ao de Exaeretodon. Contudo
a ausência de materiais cranianos associados dificulta uma diagnose mais precisa. A presença destes
novos materiais de cinodontes no sítio Cerro do Alemoa, possivelmente atribuídos ao gênero
Exaeretodon, ampliaria a distribuição do gênero dentro da ZA de Hyperodapedon, abrindo
possibilidade de reinterpretações nas correlações bioestratigráficas.

114
RECONSTRUÇÃO DA DIETA DE CERVÍDEOS PLEISTOCÊNICOS (CERVIDAE,
CETARTIODACTYLA, MAMMALIA) DA GRUTA DO URSO, AURORA DO TOCANTINS,
BRASIL

A. ROTTI1; L. AZEVEDO1,2; L. S. AVILLA1; D. MOTHÉ1,3; G. SEMPREBON4


1
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Laboratório de Mastozoologia (LAMAS). 2 Laboratório
de Paleontologia e Palinologia de Mato Grosso, UFMT. 3 Programa de Pós-Graduação em Geociências, Universidade
Federal de Pernambuco. 4Bay Path University.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

A família Cervidae está inclusa entre as poucas linhagens de origens Holártica com grande
diversificação na América do Sul. O grande número de espécies endêmicas somado a adaptação aos
diversos nichos e ambientes que habitam, sugere uma alta plasticidade de sobrevivência das
espécies dessa família. Assim teve-se como objetivo a reconstrução da paleoecologia alimentar dos
cervídeos da região da assembleia de cervídeos da caverna da Gruta do Urso, Aurora do Tocantins,
sul do estado de Tocantins. Foram feitas analises das cicatrizes de microdesgaste no esmalte da
segunda banda do paracone dos segundos molares superiores. Os resultados foram comparados com
os cervídeos e ungulados, atuais e extintos da literatura atual. As espécies que compõem a
assembleia das Cavernas da Gruta do Urso são Mazama sp., Blastocerus dichotomus, Ozotocerus
bezoarticus e Morenelaphus sp. Todas essas espécies são viventes, exceto Morenelaphus sp., ao
qual pertence à megafauna extinta. A média do número de arranhões e perfurações e as outras
variáveis de microdesgaste foram submetidas às analises de dispersão, hierárquica de cluster e com
os testes de variância Kruskal-Wallis e Mann Whitney. Em valores isolados dos diferentes tipos de
microdesgaste, os arranhões são classificados como mais discriminantes. Por compartilharem o
mesmo habitat, das quatro espécies analisadas, três apresentaram os padrões das médias de
arranhões similares. Mazama sp. é o único que conteve valores mais baixos. Embora apresentando
diferença, ainda que pequena, nos resultados, sugere-se que os cervídeos da Gruta do Urso possuem
valores de microdesgaste similares a táxons pastadores, pelo seu alto número de arranhões. Porém
não são pastadores tradicionais, apresentando uma dieta mista. As informações sobre a dieta das
espécies viventes comparadas com os representantes fósseis deste estudo corroboram esse tipo de
alimentação. O depósito da caverna estudado foi datado entre 24.000 e 16.000 anos antes do
presente, intervalo de tempo pelo o qual a América do Sul experimentou uma intensa seca, que
contribuiu para o domínio das pradarias nas regiões de planícies, portanto essa indicação é validada
com os resultados de microdesgaste que apontam hábitos de predominância pastadora para todos os
cervídeos da região. Além disso, a analise de cluster agrupou Blastocerus dichotomus e
Morenelaphus sp. como tendo um padrão muito similar de microdesgaste. Como ambos eram
animais de grande porte, provavelmente foram competidores ecológicos. Desta forma, fortalece
uma hipótese à extinção de Morenelaphus sp., devido a exclusão competitiva por parte de
Blastocerus dichotomus na região central do Brasil.

PALEOMASTOFAUNA DO NORDESTE DO BRASIL: MAPEAMENTO DAS LOCALIDADES


GEORREFERENCIADAS E ASPECTOS PALEOAMBIENTAIS

J. F. O. M. SANTANA1; M. A. R. POLCK2; H. I. ARAÚJO-JÚNIOR1; M. A. S. MONTEIRO2; K. O. PORPINO3


1
Departamento de Estratigrafia e Paleontologia, Faculdade de Geologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro, RJ. 2Divisão de Desenvolvimento da Mineração, Departamento Nacional de Produção Mineral/RJ, Rio de
Janeiro, RJ. 3Departamento de Ciências Biológicas, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró, RN.
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]

Fósseis de mamíferos têm sido reportados em várias localidades nordestinas, especialmente em


tanques, lagoas e depósitos cársticos. Todavia, somente a partir do final do século XX, com a

115
utilização de GPS e demais aplicativos em atividades de campo, tornou-se possível a obtenção de
informações precisas sobre coordenadas geográficas dessas ocorrências. Este trabalho apresenta um
mapa georreferenciado preliminar das localidades com mamíferos fósseis no Nordeste, enfatizando
aspectos paleoambientais dos registros. Foi elaborado um banco de dados utilizando datum sirgas
2000 (com coordenadas, localidades, tipo de depósito fossilífero, idade e táxon) com as localidades
georreferenciadas da paleomastofauna reportadas na literatura. Em seguida, foi confeccionado um
mapa digital utilizando o programa ARCGIS 10. Até o momento o mapa apresenta 49 localidades
georreferenciadas, todas de idade quaternária. A Bahia apresenta o maior número de depósitos
fossilíferos, seguida de Sergipe. O estado do Maranhão não tem registro de localidades de
mamíferos fósseis georreferenciadas. As famílias Megatheriidae (Pilosa), Gomphotheriidae
(Proboscidea) e Toxodontidae (Notoungulata) são as mais abundantes. Em contraposição, as ordens
de mamíferos de pequeno porte (e.g. Rodentia, Chiroptera, Primates) são as mais escassas. Através
de censos como este, o DNPM poderá traçar estratégias de monitoramento e proteção do patrimônio
paleontológico brasileiro. Além disso, uma visão global da diversidade fossilífera do Nordeste do
Brasil permitirá ações mais específicas de conscientização da população, através de palestras nas
escolas e prefeituras nos municípios com localidades fossilíferas.

DIVERSITY OF LATE CRETACEOUS ANTARCTIC LAMNIFORMES (CHONDRICHTHYES,


ELASMOBRANCHII)

R. O. SANTOS1; D. RIFF1; T. RODRIGUES2; J. SAYÃO3; L. PONCIANO4; R. FIGUEIREDO2; LUIZ C.


WEINSCHÜTZ5; A. KELLNER6
1
Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG; 2Laboratório de
Paleontologia, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo, ES; 3Núcleo de Biologia,
Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco, PE; 4Laboratório de Tafonomia e Paleoecologia
Aplicadas, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, RJ;
5
CENPALEO, Universidade do Contestado, SC; 6Laboratório de Sistemática e Tafonomia de Vertebrados Fósseis, Setor
de Paleovertebrados, Depto. de Geologia e Paleontologia, Museu Nacional/UFRJ, RJ.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Lamniformes sharks are among the largest Cretaceous selachians, and include large predators, with
demersal and mesopelagic forms that occur from surface waters to the deep sea. During the
Cretaceous in Antarctica, unlike other contemporary locations, these sharks occupied lower levels in
the trophic chain, due the lack of species adapted to crush preys bearing hard shells. Because of the
cartilaginous nature of their skeleton, shark fossils are known mainly by isolated teeth, which are
the most common diagnostic rests of vertebrates in Santa Marta Formation of James Ross Basin,
especially in Herbert Sound Member, although they are also present in Lachman Crags Member. In
such deposits, most specimens are too fragmentary, and a more specific identification is not
possible. Despite this, the teeth show high morphologic diversity, and in the present work 11 teeth
were identified and assigned to four different morphotypes. All material was collected in outcrops
of the Campanian-Maastrichtian Herbert Sound Member, around the location 63º55’2’’S,
57º52’52’’W, in the scope of XXXIV OPERANTAR. The first morphotype includes only one tooth,
which has a crown with wide base in relation to the height and slightly sigmoidal shape in lateral
view, presenting ornamentations in form of short folds at crown base more conspicuous at labial
than lingual face, with well-developed cutting edges and pointed apex. The second morphotype is
also assigned to only one tooth, also have low height/width ratio of the crown but lacks any
ornamentation, having more rectilinear cutting edges and slightly curved apex. The third
morphotype is the most common, including six teeth. These teeth have an almost triangular crown
shape in labial view, ornamentations in form of short folds in both labial and lingual faces, well
developed cutting edges with sigmoidal curvature and a pronounced convexity at crown base, while
the apex is flatter. Three teeth belong to fourth morphotype, showing a sigmoidal crown in both

116
lateral and labial views, convex in the base and flat in the apex, with ornamentations in form of
short folds only in the lingual face and well developed cutting edges, also in sigmoidal curvature.
These morphotypes share a character combination that occurs in several taxa of Cretaceous
Lamniformes, as odontaspidids and mitsukurinids. Moreover, variations in dental characters can be
related to different positions of tooth in the mouth, intraspecific, ontogenetic or even pathological
variations, and therefore have a limited value for taxonomy and phylogenetic inferences. For a more
accurate identification and description, new materials should be collected, especially those that have
roots and lateral cusplets preserved. [SESu/MEC; FAPES; CNPq]

NEW RECORDS OF HEXANCHIFORMES AND SYNECHODONTIFORMES


(CHONDRICHTHYES, ELASMOBRANCHII) FROM THE UPPER CRETACEOUS OF
ANTARCTICA

R. O. SANTOS1; D. RIFF1; T. RODRIGUES2; J. SAYÃO3; L. PONCIANO4; R. FIGUEIREDO2; LUIZ C.


WEINSCHÜTZ5; A. KELLNER6
1
Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG; 2Laboratório de
Paleontologia, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo, ES; 3Núcleo de Biologia,
Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco, PE; 4Laboratório de Tafonomia e Paleoecologia
Aplicadas, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, RJ;
5
CENPALEO, Universidade do Contestado, SC; 6Laboratório de Sistemática e Tafonomia de Vertebrados Fósseis, Setor
de Paleovertebrados, Depto. de Geologia e Paleontologia, Museu Nacional/UFRJ, RJ.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

During the XXXIV OPERANTAR several fossils were collected in the James Ross Island, and
isolated teeth of selachians comprise most vertebrate rests. The fossils, housed at Museu
Nacional/UFRJ, were found in the Campanian-Maastrichtian Herbert Sound Member, a
stratigraphic unit composed mainly by mudstones, fine-grained and cross-bedded sandstones, along
with several coquinas, representing a reworked submarine horizon and that has the richest known
selachian diversity from the Cretaceous of Antarctica. Although sharks are now extinct from
Antarctica, during the Cretaceous period this group had a large diversity, which lasted until the
glaciations of the late Eocene, when they became extinct. Here, six new records of three different
species, collected around the location 63º55’2’’S, 57º52’52’’W, are described. The
Synechodontiformes materials are assigned to Sphenodus sp., represented by MN7660-V and
MN7662-V, two very fragmented teeth, lacking the base and apex of the crown and their
ornamentations, and entire root. Both teeth exhibit in labial view an almost triangular shape, with a
convex and smooth labial face. In mesial view the crown shows a non-sigmoidal curvature, being
more convex in the base and more flattened near the apex. The Hexanchiformes materials are
represented by the teeth MN7590-V, MN7591-V, assigned to Notidanodon dentatus, and MN7595-
V, MN7669-V, assigned to Chlamydoselachus thomsoni. MN7590-V and MN7591-V were
identified as lower jaw teeth, presenting cusplets with convex mesial cutting edge and similar in
size, except the latter, which is smaller. The first is an almost complete tooth, with five mesial and
eight distal cusplets, two of them lacking the apex, and without signals of ornamentations in the
crown. The root was well preserved, presenting an anaulacorhize (sponge-like) vascularization
pattern. The second tooth is very fragmented, with only three distal cusplets integrally preserved,
while a fourth is fractured in the apex. MN7595-V and MN7669-V do not have mesial and distal
cusplets preserved. The first has only distal cusp preserved, with a convex labial face and a cutting
edge well developed, without ornamentations in the crown. MN7669-V has parts of median and
distal cusps embedded inside the rock, without visible ornamentations. The mesial cusp was not
present, but left an impression on the matrix. The root is well preserved, with the transverse notch
present. Due to the fragmented state of Synechodontiformes materials, a more specific identification
was not possible, while the good condition of Hexanchiformes materials allowed to identify two

117
species, both previously described from the Late Cretaceous of Antarctica. [SESu/MEC; FAPES;
CNPq]

ASPECTOS ONTOGENÉTICOS E OSTEOLÓGICOS DE UM TITANOSSAURO JUVENIL DO


MEMBRO SERRA DA GALGA (FORMAÇÃO MARÍLIA, BACIA BAURU)

JULIAN C. G. SILVA JUNIOR1; T. S. MARINHO2; L. C. B. RIBEIRO3; A. G. MARTINELLI3,4


1
Laboratório de Paleontologia de Ribeirão Preto, FFCLRP/USP, SP; 2Instituto de Ciências Exatas, Naturais e Educação,
UFTM, MG; 3Centro de Pesquisas Paleontológicas “Llwellyn Ivor Price”, UFTM, MG; 4Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, RS.
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

Os titanossauros compõem o clado de dinossauros mais diversos do Brasil, com o maior número de
espécies formalmente descritas. Mas mesmo com essa grande diversidade, todas as descrições
destes dinossauros são baseadas em indivíduos adultos. Aqui é apresentado um espécime juvenil de
um titanossauro descoberto no sitio Km 153.5 da BR-050, Uberaba - MG em 1991, em um
afloramento do Membro Serra da Galga da Formação Marília, do Neocretáceo (Maastrichtiano) da
Bacia Bauru. Todos os elementos foram encontrados em associação, apontando que são do mesmo
indivíduo. O material consiste de dois corpos vertebrais dorsais e três corpos caudais, um fragmento
de ílio e um ísquio parcial. O material está fragmentado, o que pode indicar algum nível de
transporte pré-diagênese, e isso pode ser reforçado pela total ausência de arcos neurais, que são
estruturas delicadas, não estando fusionadas nos primeiros estágios ontogenéticos destes animais.
Além disso, o material apresenta uma coloração escura que é típica de incrustação de óxido de
manganês, indicando exposição pós-soterramento. Mesmo com a ausência de arcos neurais e,
portanto, de lâminas neurais, que são fundamentais para a taxonomia de saurópodes, o fato de uma
das caudais, possivelmente a segunda, ser acentuadamente procélica permite o posicionamento
deste espécime dentro do clado dos titanossauros litostrotianos. Outra característica interessante
presente no espécime é a presença, nas vértebras dorsais, de câmaras pneumáticas (escavações
feitas por divertículos dos sacos aéreos). A presença destas câmaras é de extrema importância para
saurópodes e outros dinossauros, tendo a função de auxiliar a demanda metabólica por oxigênio e
reduzir o peso total do animal. Pesquisas recentes apontam que os titanossauros provavelmente
possuíam crescimento isométrico, isto é, todos seus órgãos, estruturas musculares e osteológicas se
desenvolviam desde cedo e só aumentavam exponencialmente de tamanho na ontogenia, sendo o
indivíduo juvenil uma “miniatura” do adulto. Levando isso em conta, como o espécime encontrado
possui os pleurocelos com câmaras profundas e bem desenvolvidas, não era um animal tão imaturo.
O padrão das câmaras nos pleurocelos desse espécime não é encontrado em nenhuma das outras três
espécies de titanossauros descritas na Formação Marília, sendo muito provavelmente um novo
táxon. A presença de registro que vão desde ovos a filhotes e indivíduos sub-adultos e adultos
reforça a ideia de que na região de Uberaba havia um paleoambiente suscetível a oviposição e
manutenção de uma ampla fauna de saurópodes. [Programa de Pós-graduação em Biologia
Comparada – FFCLRP/USP]

ANÁLISE DE ESCAMAS DE PEIXES PALAEONISCIFORMES DA FORMAÇÃO RIO DO


RASTO, PERMIANO DA BACIA DO PARANÁ

ANA MARIA SFORCIN¹, CRISTINA SILVEIRA VEGA¹


1
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.
[email protected], [email protected]

Este trabalho visa realizar a descrição de escamas de peixes paleonisciformes, e realizar uma análise
taxonômica desses materiais fósseis. As amostras foram coletadas em afloramentos pertencentes à

118
Formação Rio do Rasto, Bacia do Paraná, localizados na BR 376, quilometros 313 e 315, Estado do
Paraná, datadas do período Permiano. Um total de 27 amostras de rochas foram depositadas no
Laboratório de Paleontologia (LabPaleo) do Setor de Ciências da Terra (SCT) da Universidade
Federal do Paraná (UFPR), contendo cerca de 26 escamas de peixes completas, todavia,
desarticuladas, sendo 24 amostras provenientes do km 313 e as demais do km 315. As amostras
foram primeiramente separadas de acordo com seu local de origem, e, em seguida foram descritas
com base em cinco critérios principais: (1) a existência de escamas completas, (2) presença de
estrutura tipo peg and socket (PAS), (3) se é observado molde e parte da escama preservada, (4)
existência de fragmentos de escamas e (5) se existem fragmentos não identificados. Das 24
amostras procedentes do km 313, 10 contêm escamas completas. Foram observadas 16 amostras
com estrutura peg and socket. Em 10 amostras observa-se um molde e parte da escama preservada.
Fragmentos de escamas foram encontrados em 20 amostras. Uma amostra possui dois fragmentos
não identificados, sem o brilho típico da ganoína. Das três amostras coletadas no km 315, duas
contêm escamas completas e duas possuem PAS. Apenas uma amostra apresenta o molde da escama
e parte dela preservada. As três amostras possuem fragmentos de escamas, e em duas delas observa-
se fragmentos indeterminados (sem o brilho típico da ganoína). Até o presente momento, sabe-se
que essas escamas devem pertencer a peixes Palaeonisciformes devido à presença da ganoína, um
tipo de esmalte presente na face externa das escamas e PAS. A preservação de peixes na referida
formação é bastante comum. Entretanto, poucos materiais completos são conhecidos, sendo o
estudo das escamas, mesmo isoladas, imprescindível. Embora ainda não seja possível afirmar a que
grupo taxonômico pertencem, a análise, por estudos paleohistológicos posteriores, poderá indicar a
diversidade da ictiofauna registrada em diferentes localidades da Formação Rio do Rasto.

NOVOS REGISTROS DE NOTHROTHERIUM MAQUINENSE (LUND) LYDEKKER, 1889 NA


TOCA DA BARRIGUDA (CAMPO FORMOSO, BAHIA, BRASIL)
L. A. SILVA; M. A. T. DANTAS
Laboratório de Ecologia e Geociências, Universidade Federal da Bahia/IMS/CAT, Vitória da Conquista, BA, Brasil.
[email protected], [email protected]

Nothrotherium maquinense (Lund) Lydekker, 1889 é uma pequena preguiça terrícola extinta do
Pleistoceno final (ou Holoceno), e que apresenta no Brasil registros de ocorrência nos estados da
Bahia, Ceará, Minas Gerais e São Paulo. Na Bahia seus fósseis já foram encontrados na Gruta das
Onças (Jacobina), Gruta dos Brejões (Morro do Chapéu), Lapa dos Peixes (Serra do Ramalho),
Toca da Barriguda e Toca da Boa Vista (Campo Formoso). O objetivo da presente comunicação é
registrar a ocorrência de novos fósseis de N. maquinense na Toca da Barriguda, cuja identificação
taxonômica foi realizada através de caracteres diagnósticos observados nos fragmentos cranianos,
dentários e molariformes isolados. O material paleontológico encontra-se depositado na coleção
científica do Laboratório de Ecologia e Geociências do Instituto Multidisciplinar em Saúde da
Universidade Federal da Bahia, campus Anísio Teixeira (IMS/CAT-UFBA), Vitória da Conquista,
Bahia. Foram encontrados fósseis de três indivíduos, sendo dois adultos e um jovem. Foram
identificados, até o momento, fragmentos de crânios, dentários, vértebras, costelas (costais e
esternais), fragmento de esterno, ulnas, rádios, fêmures, tíbias, escapulas, calcâneo, falanges,
metacarpos, carpais, metatarsos e tarsais. Os estudos continuam em execução, e contribuirão para
um melhor entendimento acerca da ontogenia da espécie.

OCORRÊNCIA DA MEGAFAUNA DO PLEISTOCENO SUPERIOR NO MUNICÍPIO DE


CAMPO FORMOSO – CENTRO NORTE DA BAHIA

L. S. SILVA¹; M. C. T. XAVIER²; C. C. S. SANTANA1

119
Laboratório de Arqueologia e Paleontologia/ Universidade do Estado da Bahia (UNEB), campus VII, Senhor do
Bonfim-BA, Brasil. 2DSA – Consultoria Núcleo de Pós-Graduação e Curso Livre, Senhor do Bonfim-BA, Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected]

O estado da Bahia, em destaque, as regiões Central e Norte, apresentam diversos registros fósseis de
megamamíferos que viveram no Pleistoceno. Esta pesquisa teve como objetivo caracterizar e
analisar o registro fóssil encontrado no sítio Baixão situado no município de Campo Formoso,
Centro-Norte da Bahia. Foi descrito no trabalho a ocorrência de Eremotherium laurillardi;
Notiomastodon platensis.; Toxodon sp.; Glyptodontidae indet. e Cervidae. Considerando-se estudos
prévios que inferem que os Cervidae são associados a um habitat com formações florestais abertas e
savanas, possuindo uma dieta baseada em hábitos herbívoros, pastadores/folívoros; Toxodon e
Eremotherium laurillardi estão relacionados a uma vegetação típica de clima tropical e subtropical,
formada em sua maior parte por gramíneas em associação com fisionomias mais abertas e
temperaturas provavelmente mais baixas; Notiomastodon e Toxodon compartilhavam os hábitos de
pastadores/ramoneadores e os Glyptodontidae eram herbívoros, nutrindo-se de gramíneas e folhas
de árvores, sugere-se um clima diverso do encontrado atualmente, concordando com o modelo
proposto por Cartelle, para a Região Intertropical Brasileira (RIB). A partir desse estudo espera-se
registrar a ocorrência de novos táxons na região, acrescentar uma nova localidade com achados
fósseis, contribuir para base de estudos posteriores e acrescer os registros já existentes,
enriquecendo assim a paleodiversidade da região.

O USO DE EQUAÇÕES ALOMÉTRICAS PARA ESTIMAR MASSA EM TÁXONS EXTINTOS:


UM ESTUDO DE CASO EM DINODONTOSAURUS (THERAPSIDA, DICYNODONTIA) DO
TRIÁSSICO DO BRASIL

LUÍSA MENEZES DA SILVEIRA; MARINA BENTO SOARES


Laboratório de Paleontologia de Vertebrados, UFRGS.
[email protected], [email protected]

O tamanho corporal constitui um parâmetro ecológico importante, estando intimamente


relacionado às demandas fisiológicas e biomecânicas dos organismos. Logo, uma estimativa de
massa acurada é essencial para inferir inúmeros aspectos biológicos em táxons extintos. Apesar
dos Dicynodontia serem os terápsidos herbívoros dominantes durante o Permo-triássico, há poucos
estudos visando avaliar a massa corporal desses animais, que podiam atingir diversos tamanhos.
No Brasil, o grupo é bem representado no Triássico Médio-Superior do RS, sendo o gênero
Dinodontosaurus um importante componente da Zona-Associação de Dinodontosaurus (Sequência
Pinheiros-Chiniquá, Supersequência Santa Maria). A fim de ampliar o conhecimento sobre o tema,
esse trabalho propõe-se a investigar quais equações alométricas seriam mais adequadas para
estimar a massa de Dinodontosaurus e calcular as taxas de crescimento entre seus estágios
ontogenéticos. Foram selecionadas oito equações alométricas derivadas de diferentes grupos
viventes. A amostra foi composta por 25 espécimes de Dinodontosaurus da coleção do Laboratório
de Paleontologia de Vertebrados do IGeo/UFRGS. Desses indivíduos, foram coletados os
parâmetros requeridos nas equações: diâmetro do úmero, comprimento do úmero, circunferência
do úmero e comprimento do crânio. Assim, foram calculadas as massas dos indivíduos
empregando as oito equações analisadas. Três espécimes representantes dos estágios neonato,
juvenil e adulto foram selecionados para análise. Observamos que as massas obtidas para um
mesmo indivíduo apresentaram significativas divergências, variando de 0,1kg a 4,6kg no neonato,
de 15,6kg a 142,5kg no juvenil e de 109,3kg a 2746,7kg no adulto. As taxas de crescimento entre
os estágios ontogenéticos foram calculadas através da equação que melhor representou a massa
esperada mediante prévias estimativas realizadas para o gênero aplicando modelos tridimensionais.
A equação escolhida produziu as seguintes estimativas utilizando dados cranianos: neonato –

120
0,6Kg; juvenil – 30,5Kg; adulto – 273,8Kg. Assim, verificou-se que, do estágio neonato para
juvenil, o comprimento do crânio aumentou 250% enquanto sua massa cresceu 49,5 vezes.
Entretanto, do estágio juvenil para adulto, o comprimento do crânio aumentou 100% e sua massa
somente 7,9 vezes. Os resultados mostram que as diferentes equações geram valores discrepantes,
portanto a escolha de equações deve ser cuidadosamente conduzida, visto que diferentes
interpretações poderiam ser ocasionadas acerca de aspectos relacionados à massa corporal de um
organismo. Dados morfométricos cranianos revelaram-se melhores estimadores de massa durante a
ontogenia de Dinodontosaurus por fornecerem estimativas próximas às obtidas via modelos
tridimensionais. A correlação entre os estágios ontogenéticos de Dinodontosaurus indica que o
táxon apresenta uma elevada taxa de crescimento nos seus estágios iniciais de desenvolvimento,
corroborando estudos prévios. [FAPERGS]

SOBRE FILHOTE DE GLYPTODONTIDAE (MAMMALIA: CINGULATA) DO BRASIL


CENTRAL E ASPECTOS SOBRE A SELEÇÃO, TRANSPORTE E DEPOSIÇÃO EM UM
DEPÓSITO CÁRSTICO

S. C. R. P. SOARES1; K. O. PORPINO2; H. I. ARAÚJO-JÚNIOR3; L. S. AVILLA1


1
Lab. Mastozoologia, Depto. Zoologia - UNIRIO. 2Lab. Sistemática e Ecologia Animal, Depto. de Ciências Biológicas -
UERN. 3Depto. Estratigrafia e Paleontologia – UERJ.
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

Os Glyptodontidae apresentam uma carapaça dorsal de osteodermos sem bandas móveis. Sua
taxonomia é baseada na morfologia dos osteodermos (seus fósseis mais preservados). Apresentamos
um novo registro brasileiro para Glyptodontidae, enfatizando seus aspectos ontogenéticos e
tafonômicos. Nesse primeiro registro de Glyptodontidae no Estado do Tocantins, Brasil Central,
foram recuperados mais de 1500 osteodermos em um conduto secundário na Gruta do Urso. O
número estimado na carapaça de Glyptodontidae é por volta de 1280, desse modo, foram coletados,
no mínimo, dois indivíduos. Segundo a literatura, todos são filhotes da subfamília Glyptodontinae,
pois apresentam figura central bem desenvolvida, em um plano mais alto, sem figuras periféricas.
Existe uma indefinição taxonômica para os Glyptodontidae brasileiros, e esses osteodermos podem
pertencer aos táxons Glyptotherium ou Glyptodon. A exclusividade do registro de filhotes e sua
vulnerabilidade – padrão também observado para muitos dos táxons preservados na Gruta do Urso –
sugere uma seleção por predação, epidemia ou mudança climática. O padrão deposicional é similar
a um sistema fluvial meandrante, indicando transporte hidráulico desses fósseis. Houve
pouquíssima deposição no primeiro terço do conduto. Todavia, a partir do segundo terço, registra-se
uma deposição crescente (mais de 90%) e em padrão de empacotamento que varia de frouxo a
densamente empacotado, porém quantitativamente alternada nas curvas com um pico na porção
média (mais de 70%), e voltando a diminuir no final deste terço. No terceiro terço a deposição foi
pouco expressiva. Assim, a energia hidráulica de transporte era alta no primeiro terço, pois houve
pouca deposição e diminuiu drasticamente no segundo terço, em razão das curvas do conduto, onde
ocorreu a maior deposição. No terceiro terço, os poucos osteodermos transportados pelo fluxo
hidráulico, em um regime de baixa energia, foram depositados.

TAXONOMIA DE MICROVERTEBRADOS DA FORMAÇÃO CANDEIAS, CRETÁCEO


INFERIOR, DA BACIA DE JATOBÁ, NORDESTE DO BRASIL

K. SOUZA1; E. V. OLIVEIRA1,2; G. L. FAMBRINI1,2


1
Programa de Pós-Graduação em Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE. 2Departamento de
Geologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE.
[email protected], vicenteedi@gmail, [email protected]

121
É apresentado um estudo sistemático dos fósseis de microvertebrados coletados na porção superior
da Formação Candeias, Cretáceo Inferior da Bacia de Jatobá, Grupo Santo Amaro (Andar Rio da
Serra), na região do município de Ibimirim, Estado de Pernambuco. Foram processados
quimicamente por ácido acético, 5 kg de arenitos calcíferos, onde foram coletados numerosos restos
de invertebrados e vertebrados. Os vertebrados encontrados são de pequeno tamanho e incluem
dentes isolados e escamas de peixes ósseos, identificados como “Stephanodus” sp. 1, escamas de
Actinopterygii morfótipos 1 a 4, dentes de Actinopterygii morfótipos 1 e 2, Hybodontidae
Egertonodus aff. basanus e Archosauria ?Pachycephalosaurydae indet. Um dente de forma tubular
com ilhota de esmalte e desgaste interdental representa um possível mamífero. Exceto pelos
registros de Cypridea cf. vulgaris (zonas NRT-004 e NRT-005, estágios Rio da Serra e Aratu), aff.
Reconcavona e Egertonodus aff. basanus, que mostram afinidades com táxons do Cretáceo Inferior,
os vertebrados registrados não mostram relações próximas em nível específico com os taxa
descritos para o Jurássico Superior da Bacia de Jatobá (Formação Aliança), peixes Semionotidae do
Cretáceo Inferior da Bacia do Recôncavo ou com aqueles descritos para o Albiano-Aptiano das
Bacias interiores do Nordeste do Brasil. Além disso, registra-se pela primeira vez a presença de
peixes cartilaginosos Hybodontidae, do táxon Egertonodus aff. basanus, que além do Cretáceo
europeu, é descrito para o Cretáceo Inferior (Berriasiano) de Anoual, Marrocos, África.

AFINIDADES FILOGENÉTICAS DE UM CINODONTE PROBAINOGNÁTIO DO TRIÁSSICO


SUPERIOR DO SUL DO BRASIL

MICHELI STEFANELLO¹; RODRIGO TEMP MÜLLER¹; SÉRGIO DIAS-DA-SILVA²


¹Laboratório de Paleobiodiversidade Triássica, UFSM. ²Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia,
UFSM.
[email protected], [email protected], [email protected]

Cynodontia é um grupo monofilético de sinápsidos que compreende formas não-mamaliaformes e


mamaliaformes. O clado menos inclusivo Eucynodontia, na maioria das filogenias, aparece
composto por dois clados principais, Cynognathia e Probainognathia. Os probainognátios reúnem
numerosas formas carnívoras/insetívoras e herbívoras, exibindo um registro fóssil abundante na
fauna Gonduânica Triássica. Neste trabalho são avaliadas as afinidades filogenéticas de um novo
espécime de cinodonte probainognátio do Triássico Superior do Sul do Brasil. O espécime
estudado foi coletado no afloramento Janner, localizado na zona rural do município de Agudo, Rio
Grande do Sul, e está incluído na Sequência Candelária da Supersequência Santa Maria. As rochas
que afloram na localidade são consideradas de idade Carniana, fazendo parte da Zona de
Associação de Hyperodapedon. O espécime encontra-se tombado na coleção do Centro de Apoio à
Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia da Universidade Federal de Santa Maria
(CAPPA/UFSM) sob a sigla CAPPA/UFSM 0029. Na análise filogenética realizada, o espécime
foi codificado em uma matriz de dados com 148 caracteres e 36 táxons. Esta foi processada no
programa computacional TNT v1.1, todos caracteres receberam o mesmo peso e nenhum foi
tratado como ordenado. Foi procedida uma busca heurística, com 100 replicações de árvores de
Wagner, tree bisection reconnection e branch swapping (mantendo 10 árvores salvas por
replicação). Medidas de suporte também foram calculadas no mesmo programa computacional. Na
análise foram recuperadas 35 árvores de igual parcimônia (Índice de Consistência = 0,471 e Índice
de Retenção = 0,777). Como resultado, em todas elas, CAPPA/UFSM 0029 incluiu-se na Família
Ecteniniidae, formando uma politomia com Diegocanis, Ecteninion e Trucidocynodon. Foi
verificado um Suporte de Bremer de valor 4 para esse nó, recuperado em 79% das 1.000
reamostragens utilizando Bootstrap. A posição do espécime é suportada por 8 mudanças de estado
de caracteres. Algumas das feições que agrupam o espécimes com os demais ecteniniídeos incluem
(i) o contorno subretangular do rostro em vista lateral, (ii) a largura constante da fossa temporal ao
longo do seu comprimento, (iii) a crista sagital mais longa do que a região temporal e (iv) o palato

122
ósseo secundário curto. As afinidades de CAPPA/UFSM 0029 como um ecteniniídeo são bem
suportadas, embora as afinidades internas do grupo ainda sejam obscuras. Uma análise
morfológica mais detalhada deste espécime (em andamento), bem como o exame direto dos outros
táxons envolvidos na politomia, tem como objetivo buscar uma melhor resolução de Ecteniniidae
como um todo. [CAPES]

INTERPRETAÇÕES PALEOECOLÓGICAS DA MEGAFAUNA PLEISTOCÊNICA DA


MICRORREGIÃO DE SENHOR DO BONFIM, BAHIA, BRASIL
M. C. T. XAVIER1,2,*; A. S. RIBEIRO2; M. A. COZZUOL3, M. A. T. DANTAS4; C. C. SILVA-SANTANA5
1
Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristovão - SE,
Brasil. 2Laboratório de Biologia da Conservação, Departamento de Biologia, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde,
Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristovão - SE, Brasil. 3Laboratório de Paleozoologia, Instituto de Ciências
Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte -MG, Brasil. 4Laboratório de Ecologia e
Geociências, Núcleo de Ciências Naturais e da Biodiversidade, Universidade Federal da Bahia (IMS/CAT), Vitória da
Conquista – BA, Brasil. 5Laboratório de Arqueologia e Paleontologia, Universidade do Estado da Bahia (UNEB),
campus VII, Senhor do Bonfim – BA, Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Na Bahia, os estudos com material fóssil para afloramento fossilífero do tipo tanque são descritos
na literatura desde os trabalhos de Carlos de Paula Couto na década de 1950. A microrregião de
Senhor do Bonfim apresenta-se como uma das áreas de grande potencial paleontológico do Estado
da Bahia, sendo nos ambientes de carste e tanques onde se depositaram grande parte das jazidas
fossilíferas pleistocênicas. Para o município de Jaguarari, foram registrados fósseis de mamíferos
pleistocênicos, localizados em um tanque no povoado de Lajedo II com a ocorrência de seis taxa:
Eremotherium laurillardi (Lund, 1842); Notiomastodon platensis (Ameghino, 1888); Toxodontinae
indet.; Felidae indet.; Panochthus greslebini Castellanos, 1941; e Equus (Amerhippus) neogaeus
Lund, 1840. Amostras de dentes de N. platensis foram datadas pelo método de Electron Spin
Resonance (ESR), obtendo-se a idade de 114±20 ka, reforçando a interpretação de que os fósseis
encontrados são do Pleistoceno final. Interpretações das características ecológicas dos taxa sugerem
que este conjunto faunístico estava associado a um paleoambiente com predomínio de áreas abertas
em associação com fisionomias mais fechadas, como proposto por Cartelle para o Pleistoceno da
Região Intertropical Brasileira (RIB). [*Bolsista CNPQ]

SOBRE DOIS MESOSSAURÍDEOS SEMI-ARTICULADOS PROVENIENTES DO


AFLORAMENTO PASSO SÃO BORJA, PERMIANO INFERIOR DO RIO GRANDE DO SUL

GIANFRANCIS DIAS UGALDE¹; MARIA EDUARDA ELESBÃO¹; DANIEL DE SIMÃO OLIVEIRA¹; FELIPE
LIMA PINHEIRO¹
¹Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Os mesossaurídeos são amniotas pararrépteis exclusivamente aquáticos restritos ao fim do


Paleozóico. Seus registros estão presentes em rochas do Permiano Inferior no sul da África e,
também, na América do Sul. No Rio Grande do Sul, materiais fossilizados de mesossaurídeos
podem ser encontrados, dentre outras localidades, nas imediações da cidade de São Gabriel. O
material aqui estudado é proveniente de uma localidade clássica da Formação Irati (Permiano
Inferior), o sítio Passo do São Borja. O afloramento é caracterizado faciologicamente por folhelhos
betuminosos e não betuminosos, e siltitos, intercalados com calcários, em um ambiente
deposicional interpretado como um mar epicontinental restrito. Os mesossaurídeos são um dos
grupos fósseis mais abundantes na Formação Irati. No afloramento Passo São Borja, estes fósseis
são encontrados desarticulados em fácies calcárias, mais raramente, em posição de articulação nos

123
folhelhos, e em níveis de siltitos e calcilutitos são notadamente encontrados semi-articulados sem a
presença do crânio. O espécime aqui apresentado foi coletado em meados de 2011 por integrantes
do Laboratório de Paleobiologia da Unipampa, sendo depositado na coleção desta instituição. O
material apresenta cerca de 36 vértebras pré-sacrais semi-articuladas, costelas, elementos
metacarpais, dentre outros elementos não identificados em razão da preservação. O número de
vértebras pré-sacrais identificadas está acima do que um indivíduo de mesossaurídeo apresenta
quando completo, o que possibilita inferir haver dois espécimes no material. A família
Mesosauridae compreende três táxons: Mesosaurus tenuidens, Stereosternum tumidum e
Brazilosaurus saopauloensis. Em mesossaurídeos, costelas e dentição são caracteres diagnósticos.
Neste material, como consequência da ausência do crânio, a identificação foi realizada,
principalmente, a partir de peculiaridades das costelas. Elas apresentam, em sua maioria,
comprimento entre 3 e 5 centímetros e são espessas transversalmente. Em Brazilosaurus, as
costelas são mais delgadas transversalmente, diferindo de Stereosternum e Mesosaurus, que
possuem costelas espessas ao longo de toda sua extensão. A ausência do crânio impossibilita
inferir com clareza a qual táxon o espécime pertence, embora Brasilosaurus possa ser excluído das
possibilidades. Portanto, apesar do registro fossilífero do afloramento ser predominantemente
constituído por Mesosaurus tenuidens, a ausência do material craniano impossibilitou, até este
momento, uma atribuição taxonômica mais precisa.

TAFONOMIA E ESTRATIGRAFIA DE MESOSSAURÍDEOS E PIGOCEFALOMORFOS EM


AFLORAMENTOS E TESTEMUNHOS DA FORMAÇÃO IRATI NO RIO GRANDE DO SUL

PEDRO LUIS AMMON XAVIER¹; CESAR LEANDRO SCHULTZ¹


¹Laboratório de Paleontologia de Vertebrados, UFRGS.
[email protected], [email protected]

A Formação Irati insere-se no andar Arstinskiano (Permiano Inferior). É a unidade basal do Grupo
Passa Dois da Bacia do Paraná, aflorando na borda leste da bacia, de Goiás ao Rio Grande do Sul.
Seu ambiente deposicional é interpretado como vasto mar epicontinental, raso e restrito, onde
teriam sido depositadas sucessões de rochas carbonáticas, evaporíticas, siltitos, heterolitos, e
folhelhos betuminosos e não-betuminosos. A formação é famosa por seus fósseis de
mesossaurídeos, os quais apresentam-se em concentrações junto de crustáceos pigocefalomorfos,
interpretadas como resultado de mortalidade em massa causada pela ação de tempestades. No
município de São Gabriel, no estado do Rio Grande do Sul, um afloramento na localidade Passo
São Borja é notório por apresentar concentrações fósseis em calcarenitos, associadas a assinaturas
de tempestades (e. g., Estratificação Cruzada Hummocky – ECH; gutter casts). Estas foram
interpretadas como eventos de mortalidade em massa. Trabalhos recentes analisaram outros
afloramentos no estado, encontrando mesossaurídeos e crustáceos também em meio a calcarenitos
apresentando feições similares. Porém, seções contínuas aflorantes, e especialmente de qualidade
da Formação Irati são difíceis de encontrar no Rio Grande do Sul, devido à predominância de
folhelhos, os quais são friáveis e suscetíveis à erosão. Buscando análises em seções contínuas, o
presente trabalho apresenta a descrição faciológica de 10 testemunhos de sondagem da região
centro-sul do estado, com a possibilidade da confecção de um perfil da formação em subsuperfície,
contendo a seção vertical completa. As sondagens foram realizadas pela CPRM na década de
1980, e são mantidos na Litoteca de Caçapava do Sul. Resultados parciais das descrições dos
testemunhos apresentam consistência na sucessão de fácies e disposição dos fósseis, as quais se
apresentam similares aos afloramentos, mas com algumas diferenças importantes. Naqueles, os
fósseis não aparecem em meio aos calcarenitos, mas sim relativamente dispersos nos heterolitos.
Também, nota-se que os fósseis de mesossaurídeos ocorrem apenas acima da segunda de duas
sucessões carbonáticas encontradas. Estes fatos apresentam implicações para a estratigrafia da
Formação Irati no Rio Grande do Sul e permitem posicionamento estratigráfico dos afloramentos

124
já conhecidos. Também, indica que acumulações fósseis são eventos locais, e não presentes
uniformemente na região. [CNPq]

125
ICNOFÓSSEIS

PEGADAS DE IGUANODON CF. MANTELLI, NA BACIA DO RIO DO PEIXE, NO MUNICÍPIO


DE UIRAÚNA, PB

S. N. S. BRAGA; L. C. BARBALHO; D. B. L.T. CRUZ; A. L. PAIVA NETO; J. L. OLIVEIRA; V. N. SILVA


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]

A Bacia do Rio do Peixe (BRP) localiza-se na região entre a Paraíba e o Ceará, na Província
Borborema, e faz parte do trend Cariri-Potiguar, em que a estrutura dos rifts é caracterizada por
semi-grabens controlados pelas zonas de cisalhamento brasilianas (Patos e Portalegre), com eixo
seguindo direção NE-SW e E-W. De origem relacionada ao rifteamento eocretáceo que fragmentou
o continente Gondwana, a BRP é constituída por quatro semi-grabens assimétricos do Cretáceo
Inferior (Neocomiano): Pombal, Sousa, Icozinho e Brejo das Freiras; sendo esta última, o local de
estudo e enfoque da ocorrência de icnofósseis deste trabalho. Foram encontradas três pegadas de
dinossauro, na localidade Santa Umbelinda, zona rural do município de Uiraúna – PB, em
afloramento com coordenadas 6°31'05.57'' S e 38°21'54.98'' W, com área aproximada de 375 m 2, de
arenito conglomerático da Formação Antenor Navarro, condicionado ao sistema fluvial entrelaçado
ou fluviais distributários associados a leques aluviais proximais. Das três pegadas apenas uma está
em bom estado de preservação e passível de classificação. A pegada é tridáctila, pouco rasa e com
expressiva delimitação do calcanhar, região na qual o arenito encontra-se intensamente dinoturbado;
sendo caracterizada por equivaler a 43 centímetros de comprimento e 34 centímetros de diâmetro. O
icnofóssil é interpretado como tendo sido gerado por indivíduo da espécie Iguanodon cf. mantelli.
Quanto às outras pegadas, devido ao mau estado de conservação, tentativas de classificá-las
poderiam levar ao erro. Diante do exposto, considerando as especificações e restrições, torna-se
essencial o estudo em detalhe do icnofóssil supracitado, preservado em arenito conglomerático, haja
vista sua importância paleontológica.

OS COPRÓLITOS DA FORMAÇÃO SANTA MARIA (TRIÁSSICO MÉDIO-SUPERIOR DO


RS) REVISITADOS

HEITOR FRANCISCHINI1; PAULA DENTZIEN-DIAS2; CESAR L. SCHULTZ1


1
Laboratório de Paleontologia de Vertebrados, UFRGS. 2Laboratório de Geologia e Paleontologia, FURG.
[email protected], [email protected], [email protected]

A Formação Santa Maria (Triássico Médio–Superior) é conhecida pelo seu abundante registro de
tetrápodes que inclui além de restos corporais, trilhas e coprólitos. Apesar disso, os aspectos
paleobiológicos e paleoecológicos resultantes dos estudos dos coprólitos do Triássico do Brasil
tem sido bastante negligenciados. Aqui, reportamos brevemente os resultados da revisão de 159
espécimes localizados em sete coleções paleontológicas brasileiras (UFRGS, PUCRS, FZB–RS,
MMACR, UFSM, UFRJ e DNPM–RJ). Foram obtidas as procedências geográfica e estratigráfica,
com base nos dados dos livros-tombo das respectivas instituições, e medidos o comprimento e a
largura de cada espécime. Do total de 159 espécimes, 143 (89,93%) foram coletados de
afloramentos onde se encontram elementos da fauna da Zona de Associação (ZA) de
Dinodontosaurus, inclusive os materiais-tipo de Santamariacopros elongatus e Rhynchocopros
soutoi. Somente sete espécimes (4,40%) estão associados à ZA de Santacruzodon e quatro (2,51%)
à ZA de Hyperodapedon, enquanto outros cinco não tem procedência bioestratigráfica
determinada. Ao todo, 147 espécimes foram mensurados e os resultados mostram que o

126
comprimento e a largura dos coprólitos da Formação Santa Maria são variações positivamente
correlatas, sugerindo que estes materiais não ocorrem em dois grupos distintos (cilíndricos e
arredondados ou Santamariacopros e Rhynchocopros, respectivamente), mas como variações
graduais de uma população amostral normal. Inclusões ósseas foram observadas em somente dois
espécimes, enquanto restos vegetais não foram encontrados. Desta forma, dada a raridade de
inclusões e restos alimentares e a relação positiva entre as medidas lineares de comprimento e
largura, ressaltamos a dificuldade em atribuir tais materiais a um grupo produtor e concluímos que
a morfologia não é uma boa icnotaxobase para a classificação icnotaxonômica dos coprólitos da
Formação Santa Maria. Por sua vez, sugerimos que a atribuição dos coprólitos a determinados
táxons produtores deve considerar seu nível estratigráfico de origem e a respectiva paleofauna
associada. [CNPq]

CORRELAÇÃO ENTRE A LARGURA DA PAREDE, O DIÂMETRO EXTERNO DO TÚNEL E


A ORGANIZAÇÃO DOS PELLETS EM OPHIOMORPHA ISP. NA PLANÍCIE COSTEIRA DO
RIO GRANDE DO SUL

GIOVANA PEDROL DE FREITAS1; HEITOR FRANCISCHINI2; PAULA DENTZIEN-DIAS1


¹Laboratório de Geologia e Paleontologia, FURG. ²Laboratório de Paleontologia de Vertebrados, UFRGS.
[email protected], [email protected], [email protected]

Ophiomorpha isp. é um icnofóssil Domichnia que representa complexas galerias de crustáceos


decápodes caracterizadas por possuírem paredes construídas com pellets e por serem produzidas
preferencialmente na zona de swash de praias arenosas de todo o mundo. Atualmente, a única
espécie conhecida que constrói tocas com morfologia similar no Rio Grande do Sul (RS) é Sergio
mirim (“corrupto”; Crustacea, Callianassidae). Os pellets, característicos das paredes destes
icnofósseis, são pequenas estruturas arredondadas construídas pelo crustáceo ao ato de cavar o
sedimento para fora da toca e constituídos pelo mesmo, usadas na estabilização da parede de seus
túneis. Estas estruturas são vistas unicamente no lado exterior da parede, visto que sua face interna
é lisa devido ao deslocamento do animal na galeria. Os espécimes de Ophiomorpha da planície
costeira do Rio Grande do Sul (PCRS) podem ser classificados em quatro morfotipos, baseados na
organização e na preservação dos pellets: I) brick-like, II) individuais, III) agrupados em pares, e
IV) erodidos, devido ao retrabalhamento dos icnofósseis pela ação das ondas recentes. Este
trabalho reporta a comparação entre a largura da parede e o diâmetro externo dos espécimes de
Ophiomorpha isp. que ocorrem na PCRS, também considerando a variação da organização dos
pellets. Ao todo, 119 espécimes coletados rolados, ao longo das praias da PCRS, de Ophiomorpha
isp. depositados na coleção do Laboratório de Geologia e Paleontologia da Universidade Federal
do Rio Grande (FURG) foram medidos com o auxílio de um paquímetro digital e os dados foram
analisados com o software livre PAST 3.07. A largura da parede dos espécimes mensurados varia
entre 2,58 e 16,41 mm e o diâmetro externo, entre 6,82 a 75,72 mm. Um diagrama de dispersão foi
construído, levando em consideração os seguintes parâmetros: largura da parede, diâmetro externo
e a organização dos pellets. Com isto, foi possível observar que a largura da parede e o diâmetro
externo do túnel são variáveis positivamente correlacionadas, porém a variação na organização dos
pellets não se mostra relacionada com a largura do túnel. Este resultado indica que a morfologia da
organização dos pellets edificados pelo crustáceo construtor destes icnofósseis não se altera ao
longo da vida do animal, pois foi observado as mesmas organizações pelletais em variados
tamanhos de Ophiomorphas. Entretanto, somente os espécimes de maior diâmetro externo
apresentaram pellets individuais em sua organização o que pode indicar diferentes construtores.

127
SOBRE A PRESENÇA DE ICNITOS EM QUATRO SÍTIOS PROSPECTADOS PELO
LABGEO/UESB

LUCIANO ARTEMIO LEAL1, LEOMIR DOS SANTOS CAMPOS2


1
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Campus Jequié; 2Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
Centro de Tecnologia e Geociências.
[email protected], [email protected]

Icnitos são estruturas biogênicas distintas que refletem uma função comportamental relacionada à
morfologia do organismo que a produziu, tal como pegadas, escavações e perfurações, incluindo
ainda coprólitos, pelotas fecais e outras estruturas recentes ou fósseis. Aqui são descritos icnitos
encontrados durante a prospecção de fósseis desenvolvidos pelo LABGEO/UESB Jequié. Os
primeiros icnitos foram encontrados durante a prospecção no oeste da Bahia, município de
Correntina, descritos preliminarmente como Paleophycus indt. Essas marcas de escavação foram
encontradas em rochas típicas da Formação Urucuia, dispondo-se de forma intraestratal reta a
levemente curvas, com superfícies lisas, cilíndricas, sempre dispostas horizontalmente em relação à
estratificação e com preenchimento similar ao da rocha matriz, composta de arenito fino bastante
silicificado, porém com descoloração dos minerais. O segundo tipo de incito foi encontrado nos
sedimentos jurássicos da Formação Sergi, município de Ilhéus-BA, estas escavações indeterminadas
de invertebrados foram encontradas dentro das pelotas de arenito silicificado contidas em meio aos
conglomerados de arenito fino. O terceiro tipo são escavações que assemelham-se aos icnitos do
gênero Planolites indt. encontradas em afloramentos localizado no município de Gongogí-BA. As
estruturas apresentam orientação retilínea tanto horizontal quanto obliquamente, em relação à
superfície do afloramento. Os canais apresentam intercruzamentos que interceptam a galeria
principal, com escavações secundárias obliquas em relação à direção deste tubo principal. O quarto
tipo de incito foi descoberto no município de Coração de Jesus-MG, são estruturas de escavação de
forma reta em relação à superfície do afloramento, representando tubos de 1 cm de diâmetro.
Assemelham-se aqueles do gênero Planolites indt. descritos para o município de Gongogí. Essas
galerias, possivelmente resultante da atividade de invertebrados (artrópodes?) sedimentívoros, que
remodelavam os sedimentos em busca de alimento. Estes tubos evidenciam a passagem de
organismos em busca de alimentos ou proteção. O preenchimento dos icnitos é geralmente diferente
da matriz circundante, com o interior dos tubos compostos por sedimento de tamanho de argila ou
com o mesmo tipo de arenito, porém com nítida descoloração dos minerais. As icnofácies parecem
relacionadas a ambientes continentais úmidos (lacustrino?), na transição de um meio terrestre-
subaquático, com pouca variação de energia, e com deposição de partículas variando de arenito fino
à argilito.

ICNOFÓSSEIS DA FORMAÇÃO ARAJARA EM SIMÕES, PIAUÍ (CRETÁCEO DA BACIA DO


ARARIPE)

J. V. P. MOREIRA1; F. D. S. PAULA1; P. V. OLIVEIRA2; M. S. S. VIANA1; M. J. G. SOUSA3; S. AGOSTINHO4


1
Laboratório de Paleontologia, Museu Dom José, Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). 2Laboratório de
Paleontologia de Picos, Universidade Federal de Piauí (UFPI), 3Programa de Pós-Graduação em Geologia,
Departamento de Geologia, Universidade Federal do Ceará (UFC). 4Departamento de Geologia, CTG, Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE).
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]

A Formação Arajara, inserida na sequência pós-rifte da Bacia do Araripe, é composta por siltitos,
argilitos e arenitos finos de cor avermelhada e amarelada, apresentando laminações cruzadas,
marcas de onda e localmente estruturas de fluidização. Também contém microfósseis, palinomorfos
e icnofósseis de invertebrados de idade albiana, revelando clima quente e árido. Objetivou-se, com

128
este trabalho, reportar novas ocorrências de icnofósseis de invertebrados para a Formação Arajara,
na localidade de Morro Félix (07° 35’ 30,4” S e 40° 44’ 43,1” W), Simões – PI. A pesquisa constou
de observação direta dos fósseis nos afloramentos e posterior análise em laboratório para
identificação icnotaxonômica. Coletou-se uma amostra contendo escavações atribuídas a:
Taenidium Heer, 1877 – horizontais cilíndricas meniscadas em epirrelevo positivo; Skolithos
Haldeman, 1840 – verticais, com comprimento maior que o diâmetro da escavação, afuniladas na
base e sem preenchimento; Arenicolites Salter, 1857 – verticais em U, sendo visualizadas no topo da
camada como formas circulares arranjadas em pares; Planolites Nicholson, 1873 – horizontais
meandrantes em epirrelevo positivo sem paredes delimitadas. A ocorrência de Taenidium e
Skolithos fora citada anteriormente para a Formação Arajara, sendo apresentados agora os novos
registros de Arenicolites e Planolites para esta unidade. A associação dos três primeiros icnogêneros
e a ampla distribuição em icnofácies do icnogênero Planolites indicam que a deposição na
Formação Arajara está relacionada à icnofácies Scoyenia, caracterizando ambientes fluvio-lacustres
e representando, geralmente, estruturas de alimentação, deslocamento e moradia. Dessa forma, a
nova ocorrência vem ampliar a diversidade e a distribuição biogeográfica no ambiente da Formação
Arajara. [CNPq; FUNCAP]

REGISTRO ICNOLÓGICO DA FORMAÇÃO PIMENTEIRA (DEVONIANO, BACIA DO


PARNAÍBA) NA MESORREGIÃO SUDESTE DO PIAUÍ
1
P. V. OLIVEIRA; 2M. S. S. VIANA; 3J. M. SANTOS*
1,3
Laboratório de Paleontologia de Picos, Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros
(LPP/UFPI-CSHNB). 2Laboratório de Paleontologia da Universidade Estadual Vale do Acaraú, Museu Dom José,
(LABOPALEO/UVA-MDJ).
[email protected], [email protected], [email protected]

Na mesorregião sudeste do estado do Piauí, a Formação Pimenteira (Devoniano) da Bacia do


Parnaíba, aflora comumente sob a forma de morros com idade aproximada de 390 m.a. Os fósseis
da região de Picos foram encontrados primeiramente por Ivor Price na década de 1940, e
posteriormente, na década seguinte, receberam contribuições significativas com os estudos de
Caster e Kegel. Incursões de campo nos últimos três anos (2014-2016) realizadas pela equipe do
Laboratório de Paleontologia de Picos (LPP), tem possibilitado a coleta de quantidade relevante de
icnofósseis, nos municípios de Picos, São João da Canabrava, e Itainópolis, totalizando 14 locais de
coleta georreferenciados. As amostras coletadas são em número de 298, e foram indexadas à
coleção do LPP. Após limpeza e preparação dos espécimes, foram identificados os seguintes
icnotáxons: Arenicolites, Bifungites, Cruziana, Diplichnites, Lockeia, Neoskolithos picosensis,
Palaeophycus, Planolites, Pycosiphon, Rusophycus, Scolicia, Spirophyton e Thalassinoides, todos
previamente reportados em literatura para a Formação Pimenteira. Além destes, constatou-se ainda
a presença de cinco icnogêneros inéditos para a referida formação, a serem em breve publicados. A
coleta principalmente do material oriundo de Picos, configura-se como resgate paleontológico, uma
vez que o acentuado crescimento urbano desordenado associado a destruição dos afloramentos para
uso das rochas e sedimento pela construção civil, são hoje os principais agentes de perda da maioria
dos fósseis na região. [*Bolsista – PIBIC/UFPI]

REGISTROS DE INTERAÇÕES INSETO-LENHO EM TRONCOS FOSSILIZADOS DA


FORMAÇÃO BOTUCATU (EOCRETÁCEO)

A. C. S. RIFF1, A. KLOSTER2, D. RIFF1


1
Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG; 2Centro de Ecología
Aplicada del Litoral-CONICET, División de Paleobotánica, Corrientes, Argentina.
[email protected], [email protected], [email protected]

129
O estudo das interações entre insetos e plantas preservados no registro fóssil é uma área
relativamente nova na Paleontologia, angariando atenção principalmente a partir dos anos 1970, e
praticamente ignorada por ecólogos, ainda que entomólogos franceses tenham documentado
galerias de insetos em lenhos fósseis de licopodíneas já em 1855. O registro fóssil das interações
inseto-planta substancia um robusto programa de pesquisas hábil a estabelecer o ritmo e modo
como esses dois grandes grupos de organismos associaram-se ao longo do tempo geológico e como
foram afetados por fatores bióticos (p. ex.: emergência de predadores e parasitóides) e abióticos (p
ex.: mudanças climáticas). A maior parte do registro fóssil das interações documenta marcas
causadas por herbivoria: perfurações, excisões, galhas e minas em folhas, mas pontoações e galerias
em troncos também podem ser diagnósticas para abordagens icnológicas, paleoecológicas e
tafonômicas. Neste trabalho analisamos uma variedade de perfurações em lenhos silicificados
encontrados nos anos 1960 em depósitos da Formação Botucatu localizados na então denominada
Fazenda Sobradinho, zona rural de Uberlândia. Tais troncos atualmente encontram-se dispersos
pelos campi da Universidade Federal de Uberlândia, a maior parte compondo o paisagismo do
campus Santa Mônica. Os geólogos K. Suguio e A. M. Coimbra descreveram preliminarmente a
anatomia destes troncos, posteriormente definidos como da espécie Palaeopinuxylon josuei Mussa,
1974 (Protopinaceae). Dois padrões de perfurações foram encontradas: 1) com aberturas oblongas
cuja largura varia de 0,4 a 0,8 cm e com uma relação altura/largura de aproximadamente 1:2, e que
pode conduzir a galerias que se estendem profundamente no xilema secundário, e 2) aberturas
subcirculares com diâmetros entre 0,2 e 0,4 cm que conduzem a depressões e galerias rasas, que não
ultrapassam a região do córtex. O provável causador do padrão de interações n o 1 são insetos
Isoptera (cupins), enquanto as marcas em madeiras atuais deixadas por insetos coleópteros de pelo
menos seis famílias xilófagas (Anobiidae, Bostrichidae, Buprestidae, Cerambycidae, Lyctidae e
Curculionidae) são compatíveis aos danos do padrão n o 2. Estas perfurações e galerias ocorrerem
em troncos de aspecto íntegro, bem como em exemplares com tecido lenhoso consumido em um
padrão semelhante ao encontrado em lenhos com áreas de podridão. Estudos posteriores, inclusive a
busca por coprólitos preservados nas galerias, serão necessários para uma determinação mais
precisa dos agentes causadores. [SESu/MEC]

O REGISTRO MAIS ANTIGO DO ICNOGÊNERO TAOTIEICHNUS (ZONA DE ASSEMBLÉIA


DE HYPERODAPEDON, TRIÁSSICO SUPERIOR DO RIO GRANDE DO SUL)

CRISTIANE DA ROSA ROSA1; VOLTAIRE DUTRA PAES-NETO2; FELIPE LIMA PINHEIRO1


1
Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA.
2
Labroratório de Paleontologia de Vertebrados, UFRGS.
[email protected], [email protected], [email protected]

Icnofósseis são vestígios deixados pela interação de organismos com diferentes substratos
preservados no registro fóssil. Os vestígios podem fornecer diversas informações acerca do
comportamento e interações ecológicas dos produtores dos registros, entre elas traços de
locomoção, descanso, forrageamento, habitação, etc. No presente trabalho, reportamos a
ocorrência de traços de forrageio e osteofagia em um crânio em um crânio de cinodonte atribuível
ao gênero Exaeretodon. O material foi coletado no sítio “Janner” (Zona de Assembléia de
Hyperodapedon, Triássico Superior do Rio Grande do Sul). O crânio apresenta, em vista palatal e
dorsal, diversas estruturas tubulares, preenchidas por carbonato de cálcio e situadas adjacentes ao
osso. Os tubos formam uma rede, interconectados por junções em forma de “T” ou “L”, raramente
“Y”, levando, muitas vezes, a diversas câmaras globosas, com comprimento maior que largura. Por
vezes, ao final dos tubos, percebem-se traços bioerosivos, evidenciando desgaste do osso, o que é
particularmente evidente em norma palatal. Além destas bioerosões, identificou-se também um
Cubiculum inornatus (traço em forma de câmara circular, não apresentando bioglifos) localizada
proximamente a um dos tubos. Em norma dorsal, as câmaras estão mais concrecionadas, o que

130
possibilitou uma melhor preservação dos traços. A parte dorsal apresenta tubos mais curtos e
largos em relação à norma palatal, além de um maior número de câmaras, dispostas mais próximas
umas das outras. As estruturas tubulares aqui analisadas são semelhantes aos rizólitos previamente
encontrados na Supersequência Santa Maria, mas diferem na sua forma, principalmente pela
presença de bifurcações em ângulos de 90º. Os novos traços mostram certa compatibilidade com a
diagnose da icnoespécie Taotieichnus orientalis, icnofóssil registrado apenas para o jurássico
médio da China. T. orientalis se assemelha a túneis subterrâneos ou subaéreos produzidos por
cupins atuais. Desta forma, consideramos que as estruturas aqui reportadas sejam marcas de
forrageio produzidos por insetos e posteriormente preenchidos por carbonato de cálcio, de modo
similar a T. orientalis. Entretanto, os espécimes analisados aqui não apresentam predominância de
junções em forma de “Y” como em T. orientalis, sendo provavelmente, uma nova icnoespécie do
gênero Taotieichnus.

PHYCOSIPHON-DOMINATED BED IN MUDSTONES FROM PONTA GROSSA


FORMATION, DEVONIAN FROM PARANÁ BASIN

DANIEL SEDORKO¹, LEONARDO BORGHI², RODRIGO SCALISE HORODYSKI¹, ELVIO PINTO BOSETTI3
1
PPGEO, UNISINOS, São Leopoldo, RS; 2LAGESED, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ; 3DEGEO, UEPG, Ponta Grossa, PR,
Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Phycosiphon is produced by an opportunistic deposit feeder organism, and it is reported from


continental shelves to submarine fans. This trace fossil generally occurs in oxygen-related facies,
and in a broad sense, been used as indicator of anoxic conditions into substrate. This ichnofabric is
formed by horizontal, meandering tiny burrows forming a lateral spreite in the external area
between the meanders, normally less than 1 mm diameter. In the study area, Phycosiphon
ichnofabric occurs in a bed with five centimeter, and with bioturbation degree 4-5 (BD – ranging
from 0, with no bioturbation, to 6, homogenized by bioturbation). Phycosiphon-dominated intervals
can act as flow paths for natural gas, configuring a WDH – a weakly defined textural
heterogeneities, i.e., dual-porosity system. The permeability enhanced in the Phycosiphon-
dominated sandy mudstones, suggesting that there is an increase in the vertical transmissivity of gas
in the bioturbated levels. Below, Chondrites – Planolites ichnofabric is present, characterized by
dominance of dendritic burrow systems, regularly branched, vertically oriented, and with black
filling, identified as Chondrites, and also horizontal excavations without lining or branches, and
filled by darker content than the host rock, identified as Planolites. Both generally occur with small
average diameter (3 mm), tough their diameter can locally reach 10 mm with BD 1. Chondrites
corresponds to a deep-tier chemichnion organism, which tunnel system had an open connection to
the surface, and also is interpreted as an indicator of anoxia, generally in chemically reducing
conditions. Although bioturbation is absent in oxygen-deficient substrates in modern seas,
Chondrites is usually the prevalent trace fossil in nearly anoxic substrates. In this way, the
Chondrites – Planolites ichnofabric also suggests dysoxic conditions in the substrate. The
Palaeophycus ichnofabric occurs with the accessories Skolithos, Planolites and Rhizocorallium with
BD 1-3. These excavations are characterized by lined smooth burrows horizontal to slightly
inclined, with no branches, thin-walled, cylindrical, filled by sediments similar to matrix of the host
rock and structureless. This ichnofabric corresponds to a temporary or permanent dwelling structure
produced by worm-like suspension feeder or predaceous organisms, under moderate hydrodynamic
rates. The sedimentary and ichnologic features suggest a regressive context, where the
Phycosiphon-dominated bed might be representing a maximum flooding surface, at least in 4 th
order. [CAPES/PROSUP]

131
ICNOFÓSSEIS DA FORMAÇÃO RIO DO SUL, GRUPO ITARARÉ (PERMO-CARBONÍFERO),
COMO FERRAMENTA PARA RECONSTRUÇÕES PALEOAMBIENTAIS

DHIEGO CUNHA DA SILVA1, CRISTINA SILVEIRA VEGA2, FERNANDO FARIAS VESELY2


1
PPGGEOL, UFPR, Curitiba, PR; 2UFPR, Curitiba, Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected]

A Bacia Sedimentar do Paraná abrange uma extensa porção do continente sul americano, inclui
segmentos do território brasileiro, paraguaio, argentino e uruguaio, totalizando uma área de
aproximadamente 1,5 milhões de quilômetros quadrados. Por meio de registros estratigráficos, a
Bacia do Paraná foi subdividida em seis Supersequências, sendo denominadas Rio Ivaí, Paraná,
Gondwana I, Gondwana II, Gondwana III e Bauru. A área de estudo deste trabalho encontrasse
dentro da unidade estratigráfica denominada Grupo Itararé, incluída na Supersequência Gondwana
I, que é dominantemente preenchido por sedimentos paleozoicos, e possuía a maior quantidade de
depósitos glaciogênicos da bacia. Esta unidade possui diversos achados fósseis importantes, como;
micro e macrofósseis vegetais, gastrópodes, bivalves, braquiópodes, insetos, foraminíferos,
espículas de esponjas, equinodermos, ostracodes, vertebrados e icnofósseis. Este trabalho se norteia
a partir de uma amostra contendo diversos icnofósseis, depositada no Laboratório de Paleontologia
da Universidade Federal do Paraná (LabPaleo), Setor de Ciências da Terra, que apresenta
características peculiares, como formas côncavas sequenciais que até então não encontram-se
análogos na literatura, além de várias pistas de possíveis invertebrados. A amostra provém da cidade
de Trombudo Central, SC, e foi encontrada na pedreira JM Comércio e Mineração de Pedras LTDA.
Nesta região afloram rochas pertencentes à Formação Rio do Sul, correspondente à porção superior
do Grupo Itararé, datado do Permocarbonífero. Trabalhos de cunho estratigráfico sugerem que o
ambiente deposicional onde a amostra foi encontrada demonstra ser marinho profundo, enquanto
outros trabalhos com viés icnológico sugerem ambiente marinho raso. Grande parte dessas
divergências deve-se a uma carência de estudos integrados abordando aspectos sedimentológicos e
paleontológicos. Sendo assim, este trabalho de Mestrado pretende realizar uma revisão bibliográfica
e a descrição da amostra que contém icnofósseis preservados, utilizando parâmetros presentes na
literatura, a fim de auxiliar no refinamento do ambiente pretérito da região, além de contribuir com
o estudo icnológico de fósseis de ambientes glaciais.

REGISTRO DE GYROLITHES NO CANAL SÃO GONÇALO, MUNICÍPIO DE PELOTAS,


ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

FRANCK LIRA DA SILVEIRA¹; ROBSON CREPES CORRÊA¹; KAREN ADAMI-RODRIGUES¹,²


1
Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, UFPEL. 1,2Núcleo de Estudos em Paleontologia e Estratigrafia,
UFPEL.
[email protected], [email protected], [email protected]

O estudo dos vestígios derivados das atividades de organismos vivos pretéritos impressos em
rochas sedimentares é denominado de Paleoicnologia. Os icnofósseis podem derivar de
invertebrados, sendo visualizados como túneis ou escavações no sedimento e interpretados como
atividade de alimentação, habitação, locomoção e etc. O icnofóssil estudado é proveniente do
Canal São Gonçalo, encontrado na década de 1950, município de Pelotas, Estado do Rio Grande
do Sul, Brasil. O Canal São Gonçalo é um corpo de água sinuoso de ocorrência natural que liga a
Lagoa dos Patos à Lagoa Mirim, possuindo 76 Km de extensão, largura variando de 200 a 300
metros e profundidade de até 10 metros. A área de estudo situa-se na Planície Costeira do Rio
Grande do Sul, caracterizada por uma extensa área de terras baixas com cerca de 33.000 Km²,
ocupadas por um sistema de lagoas em sua maior parte. Originalmente, o icnofóssil, que pertence à
Icnofácies Gyrolithes, possuía cerca de 70 cm de comprimento, segundo relatado pelos coletores,

132
tendo sido fragmentado posteriormente. A seção estudada possui aproximadamente 7 cm de
comprimento por 4 cm de diâmetro e três voltas em forma de espiral. O icnofóssil foi visualizado e
fotografado com o estereomicroscópico Zeiss® Discovery V20, equipado com o software
AxioVision. Possui exoesqueletos e valvas de invertebrados indeterminados incrustados em seu
exterior que se aderiram na sua gênese. Ocorrem perfurações de variados tamanhos, cerca de 0,45
mm², e na seção onde houve fratura apresenta organismos diminutos não identificados em seu
interior, denotando que estavam presentes quando o icnofóssil foi formado. O icnofóssil pertence à
Icnofácies Gyrolithes, que caracteriza um ambiente marginal marinho. Gyrolithes representa uma
habitação permanente no formato espiral com o eixo no plano vertical, construída possivelmente
por crustáceos decápodes e interpretada como uma adaptação para procurar refúgio de flutuações
extremas de salinidade em água salobra. O icnofóssil tem origem autóctone, formado em um
episódio de transgressão marinha e exposto quando os sedimentos do Canal São Gonçalo foram
erodidos posteriormente. Estudos aprofundados deverão ser realizados para melhor caracterização
do icnofóssil, bem como a identificação dos organismos incrustados interior e exteriormente.
[CNPq]

133
TAFONOMIA

TAFONOMIA COMO FERRAMENTA PARA ESTUDO DA ECOLOGIA DE MAMÍFEROS


MARINHOS

C. C. DANTAS1; K. O. PORPINO2
1
Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação, UFERSA, Av. Francisco Mota, 572, Costa e Silva, 59.625-
900, Mossoró, RN. 2Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Rua Prof. Antônio Campos, Costa e Silva, 59610-
090, Mossoró, RN.
[email protected], [email protected]

Mamíferos marinhos possuem uma história evolutiva fascinante, mas pouco se sabe sobre quão bem
seus restos preservados refletem sobre a ecologia destes animais. Para entender como a tafonomia
pode ser uma ferramenta para estudos ecológicos foram analisados ossos de mamíferos marinhos
encalhados em diferentes pontos do litoral setentrional do Rio Grande do Norte. As peças foram
analisadas em contexto de tanatocenose e as assinaturas tafonômicas encontradas foram de
processos unicamente bioestratinômicos. Foram identificadas marcas de intemperismo (descamação
da superfície óssea e craqueamento), abrasão/corrosão (polimento da superfície óssea, exposição do
tecido esponjoso e forte desgaste da superfície óssea) e necrofagia (marcas de cortes paralelas) em
costelas de sirênio e baleia, vértebras de cetáceos e costela de baleia, respectivamente. O material
estudado pertence à indivíduos incompletos nos quais todos os ossos encontrados possuem feições
tafonômicas e presentam número de espécimes identificados por táxon (NISP) de duas espécies e
um número mínimo de indivíduos (MNI) de 4 indivíduos. Com base nas marcas identificadas é
possível compreender como a dinâmica das marés influencia na preservação dos ossos destes
animais, sendo tais marés o principal agente de transporte das peças ósseas, evidenciada pelas
marcas de abrasão associadas à corrosão e o alto grau de desarticulação das peças. A presença de
marcas de necrofagia demonstra a importância de organismos necrófagos na dinâmica trófica do
ambiente, além de apontar a presença de outras espécies predadoras/necrófagas, cujo o registro
possa ser raro ou incomum, na área de estudo. [CAPES/ CNPq]

TAFONOMIA DE FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS EM SEDIMENTOS DO SETOR NE DA


BAÍA DE GUANABARA

M. V. A. MARTINS1; C. YAMASHITA1; A. F. S. PINTO1; M. C. M. FONSECA1; L. L. M. LAUT2; S.


BERGAMASHI1; M. A. C. RODRIGUES1
1
Laboratório de Micropaleontologia (LMP-UERJ), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Faculdade
de Geologia, Departamento de Estratigrafia e Paleontologia. 2 Laboratório de Micropaleontologia (LabMicro),
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]

A Baía de Guanabara, localizada no estado do Rio de Janeiro, é uma das maiores enseadas do litoral
brasileiro. Ela é margeada por mais de seis mil indústrias e é cercada pela segunda maior
aglomeração urbana do país. Aproximadamente 75% dos efluentes domésticos e industriais são
lançados diretamente na baía, sem qualquer tratamento prévio. A biota que vive nesta baía enfrenta
problemas de elevado - ambiental causado pela poluição das águas e dos sedimentos. Considerando
que os foraminíferos têm grande interesse científico na avaliação do impacto ambiental e em
estudos de reconstituição paleoambiental quando as carapaças destes organismos ficam preservadas
no registro fóssil, este trabalho pretendeu conhecer o grau de similaridade entre as associações vivas
e mortas destes organismos no setor NE da Baía de Guanabara. Esta região tem sido considerada a
menos poluída por metais pesados, porém apresenta um enriquecimento deste tipo de contaminantes

134
sobretudo na zona de São Gonçalo. Por outro lado, devido á baixa velocidade das correntes de
fundo e á proximidade com a APA de Guapirim, acumulam-se nesta região sobretudo sedimentos
finos, muito ricos em matéria orgânica que dão lugar a sérios problemas de eutrofização e á
produção de gás em camadas próximas da superfície. Sabe-se que este gás resulta da decomposição
da matéria orgânica e é libertado para a coluna de água em vários locais. Este trabalho baseia-se no
estudo das associações vivas e mortas de foraminíferos em nove estações de amostragem, na
referida região. Os resultados permitiram verificar que os foraminíferos vivos reagem
negativamente ao aumento da contaminação por metais e ao incremento dos teores de matéria
orgânica. Os processos de degradação de matéria orgânica resultam em condições de disoxia ou
anoxia prejudicial aos organismos vivos. A associação morta de foraminíferos da região estudada é
semelhante á associação viva na maior parte dos locais analisados. Verificou-se porém que as
maiores dissimilaridades entre a associação viva e morta, é causada não pelo aumento da
concentração de metais, mas sobretudo pelo aumento do grau de confinamento e pela acumulação
de sedimentos muito finos e muitos ricos em matéria orgânica. Processos biogeoquímicos ativos
dão lugar a mudanças de pH e à dissolução e má preservação das carapaças carbonatadas e
aglutinantes de algumas espécies. Pode conclui-se que as regiões de elevada acumulação de matéria
orgânica podem resultar numa má preservação das carapaças e num registro fóssil pouco
representativo da realidade então vigente.

RESULTADOS PRELIMINARES DE EXPERIMENTOS ACTUOPALEONTOLÓGICOS COM


ESPÉCIME GALIFORME

M. MELOTTI; R. G. FIGUEIREDO
Laboratório de Paleontologia, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo. Capes,
Fapes.
[email protected], [email protected]

Tafonomia é o estudo dos processos de fossilização e como eles podem interferir nas interpretações
do registro fóssil. A actuopaleontologia é complementar a tafonomia e investiga características
análogas aos processos de fossilização observados em ambientes e organismos atuais. Um estudo
tanatológico com um espécime de Gallus gallus foi desenvolvido para analisar a velocidade de
decomposição e desarticulação pós-soterramento, de modo a avaliar assinaturas tafonômicas
causadas por processos semelhantes. A espécie foi escolhida pelas características compartilhadas
com dinossauros terópodes de pequeno porte, como ossos pneumáticos, espessura da parede cortical
e presença de penas, tornando esse estudo passível de inferências dos efeitos pós-soterramento
acerca desse táxon. Este trabalho é um piloto e serve como modelo de comparação para uma série
de experimentos mais completos. O espécime foi sacrificado no dia zero (D0) através da torção das
vértebras cervicais e acompanhado durante 128 dias. No D0 o indivíduo foi soterrado em cova rasa
com 50 cm³. Os dados foram coletados inicialmente com exumações semanais (oito exumações),
quinzenais (cinco exumações) e, posteriormente, mensais (uma exumação). Foram feitos registros
através de fotos e áudio de acordo com a manipulação envolvida, sempre aferindo os graus de
decomposição e desarticulação. O sedimento de baixa granulometria e a alta taxa pluviométrica
formaram uma fina camada de silte e argila sobre o espécime (D7), desacelerando a decomposição e
a visibilidade do material, que já apresentava fungos colonizadores. O epitélio (penas, pele e
escamas) começou a se separar do resto do corpo no D14. Invertebrados só iniciaram uma
colonização expansiva no D36, com anelídeos e formigas. A maior diversidade desses invertebrados
foi observada no D72, contando com baratas e isópodas. A ocorrência desses animais parece
acompanhar o rítmo climático, notando-se menos artrópodes em dias mais frios e úmidos. As
primeiras desarticulações evidentes ocorreram nas patas (D58), especialmente nos dígitos, local
onde o sedimento ficou menos aderido no início. O espécime só entrou em um estágio de ausência
total de líquidos aproximadamente no D84, preservando partes moles por mais tempo do que o

135
esperado graças à camada de sedimento. No D128 foi observada descamação de alguns ossos, que
se aderiram ao sedimento, caracterizando o inicio de um estágio mais avançado de degradação
óssea. O torso e elementos proximais das asas se compactaram em um bloco unido pelo sedimento,
impossibilitando analisar sua desarticulação até o D128, quando a quilha do esterno e um fêmur já
se encontravam desarticulados da carcaça.

NOVAS OCORRÊNCIAS DE EQUINOIDES NA FORMAÇÃO ROMUALDO, BACIA DO


ARARIPE: UM ESTUDO TAFONÔMICO PRELIMINAR

L. A. C. PRADO1; A. M. F. BARRETO2
1
Programa de Pós-Graduação em Geociências, Universidade Federal de Pernambuco - Centro de Tecnologia e
Geociências – CTG-UFPE, Recife – PE. 2Labroratório de Paleontologia-PALEOLAB, Centro de Tecnologia e
Geociências – CTG-UFPE, Recife – PE.
[email protected], [email protected]

Na Formação Romualdo, Albiano da Bacia do Araripe, são encontradas concentrações de moluscos,


por vezes, associados a equinoides irregulares no município de Araripina, PE, interpretadas
tafonomicamente como resultado de ondas de tempestades que atuavam em ambiente marinho raso.
Buscando obter novos dados sobre a ingressão marinha no Araripe, foram realizadas prospecções
paleontológicas na porção oeste da bacia. Assim, um novo achado fóssil foi coletado pelo prof.
Alexandre Sales (in memoriam) no município de Simões, PI, cuja identificação prévia indica se
tratar de um equinoide regular. Uma nova ocorrência de concentrações de equinoides irregulares
associados a moluscos, foi pontuada no município de Exu, PE, possibilitando a realização de novos
estudos tafonômicos. Nesta área foram identificadas diversas espécies de gastrópodes e biválvios
associados a equinoides irregulares da espécie Bothryopneustes araripensis que indicam
sedimentação em ambiente marinho raso. As concentrações exibem em geral base erosiva, com
indivíduos de diferentes estágios ontogenéticos, boa preservação e mistura de bioclastos
fragmentados e inteiros. Entretanto, as diferenças tafonômicas permitem identificar dois tipos de
concentrações: 1- empacotamento frouxo a denso, aninhamento de biválvios, desarticulação/
fragmentação elevada e ausência de sinais de autoctonia, sugerindo transporte a curtas distâncias
por eventos de tempestades; 2- empacotamento disperso, equinoides colapsados e articulados in situ
e biválvios apenas desarticulados, indicando um soterramento episódico por tempestades com
pouco distúrbio post-mortem. Os resultados obtidos aumentam a diversidade taxonômica e
distribuição paleobiogeográfica dos equinoides na Bacia do Araripe e ampliam a área de atuação de
tempestades em ambiente marinho raso na Formação Romualdo. [CAPES]

ANÁLISE SOBRE A SELEÇÃO HIDRODINÂMICA NO TRANSPORTE DE RESTOS


ESQUELETAIS DE PTEROSSAUROS DA FM. GOIO-ERÊ, CRETÁCEO DA BACIA
SEDIMENTAR DO PARANÁ

MONIQUE SACOMORI1, LUIZ CARLOS WEINSCHÜTZ1


1
CENPALEO – Universidade do Contestado, Mafra, SC, Brasil.
[email protected], [email protected]

Em 2014 foi publicada a espécie Caiuajara dobruskii, descoberta inédita de pterossauro para a
região Sul do Brasil, proveniente do Município de Cruzeiro do Oeste, pertencente à Formação
Goio-Erê, Grupo Caiuá. Chama a atenção, a peça CP.V 1450, tombada no acervo do Centro
Paleontológico da Universidade do Contestado – CENPALEO como parátipo, que compreende um
bloco com centenas de ossos longos de espécimes de pequeno porte (filhotes). Este estudo tem
como objetivo a identificação e interpretação de características tafonômicas observadas na
tafocenose parautóctone da peça em questão, considerando o transporte hidráulico ocorrido após a
morte dos indivíduos. O Grupo Caiuá é caracterizado por depósitos predominantemente eólicos

136
desérticos, estando a Fm. Goio-Erê disposta de forma lateral e cronocorrelata as demais unidades
deste grupo, sendo a Fm. Rio Paraná a unidade basal, e a Fm. Santo Anastácio a unidade superior.
Embora nos mapeamentos atuais a região de Cruzeiro do Oeste aparece inserida na Fm. Rio Paraná,
as características litológicas observadas no afloramento de ocorrência destes fósseis condizem com
a descrição proposta para Fm. Goio-Erê, sendo considerada como pertencente a tal. A peça
apresenta largura máxima de 42 cm, comprimento máximo de 64 cm e espessura média de 14 cm,
contém aproximadamente 3 centenas de ossos visíveis, que estão dispostos num leito com 3cm de
espessura, disposto paralelamente ao acamamento do pacote rochoso constituindo um bone-bed. Na
peça ocorrem ossos longos e pequenos característicos de espécimes juvenis de Caiuajara dobruskii,
onde predominam mandíbulas, crânios, falanges alares, tíbias, úmeros e fêmures, em diferentes
estágios de exposição e distribuídas espacialmente segundo processos tracionais envolvidos. Fluxos
hídricos em ambiente desértico são efêmeros, e o transporte de partes esqueletais se dá por
episódios tracionais de curta direção. Numa análise preliminar com crânios, mandíbulas e úmeros,
quando posicionados em diagrama de roseta, os mesmos apresentam um direcionamento
incipientemente predominante para Az. 60°-90°N e Az. 240°-270°N, correspondente também ao
baixo mergulho observado na camada para oeste indicando correntes de leste para oeste no oásis em
questão característico de ambiente de interdunas úmido. A ocorrência exclusiva de ossos pequenos e
alongados infere tratar-se de deposição distal por apresentarem maior transportabilidade.

137
GEOLOGIA E SÍTIOS

LEVANTAMENTO DE MATERIAIS PERTENCENTES A VERTEBRADOS FÓSSEIS


PROVENIENTES DO SÍTIO PALEONTOLÓGICO “BICA SÃO TOMÉ” (FORMAÇÃO SANGA
DO CABRAL, TRIÁSSICO INFERIOR)

CAMILA CARVALHO ERNANDES¹; FELIPE LIMA PINHEIRO¹


¹Laboratório de Paleobiologia, UNIPAMPA.
[email protected], [email protected]

O sítio paleontológico informalmente denominado “Bica São Tomé”, com a litologia característica
da supersequência Sanga do Cabral, é composto por seis afloramentos localizados próximo à
cidade de São Francisco de Assis, na rodovia RS 241, interior do Rio Grande do Sul. Os
afloramentos abrigam uma fauna diversificada de vertebrados fósseis, que vêm sido estudados
desde 2014 pelo Laboratório de Paleobiologia da Unipampa, Campus São Gabriel. Tal diversidade
é resultado da recuperação faunística que seguiu a grande extinção em massa que marca o fim do
período Permiano. Os materiais encontrados nos afloramentos da “Bica São Tomé”, geralmente
possuem um grau elevado de fragmentação e desarticulação, além de serem escassos. A ocorrência
de fósseis se dá tanto nas fácies de arenito fino quanto nos conglomerados. Destaca-se, também, a
preservação de elementos ósseos no interior de concreções carbonáticas. Os dois anos de intenso
trabalho nos afloramentos resultaram em achados expressivos, dentre eles, inúmeras vértebras e
ossos pós-cranianos atribuíveis a Procolophonoidea e Archosauromorpha, crânios parciais e um
grande número de mandíbulas e maxilas fragmentadas de Procolophonoidea, elementos pós-
cranianos e cranianos atribuíveis a Temnospondyli (destacando-se uma tíbia completa) e
fragmentos cranianos e mandibulares de arcossauriformes basais. Neste mesmo afloramento foi
coletado o crânio completo do arcossauromorfo Teyujagua paradoxa, contribuindo com a
diversidade de diápsidos do Triássico inicial. Além destes, inúmeros outros materiais ainda não
foram preparados e estudados até o presente trabalho, como um fragmento de teto craniano
atribuível a Archosauriformes. Os fósseis encontrados, alguns deles de novas espécies, são de
extrema importância para o conhecimento deste período geológico e evidenciam a recuperação e
diversificação da fauna terrestre que sucedeu a extinção Permo-Triássica.

DESCRIÇÃO PRELIMINAR DO AFLORAMENTO RIO GUARICANGA, BACIA DO


PARANÁ, PIRAÍ DO SUL, PARANÁ, BRASIL

LUCINEI JOSÉ MYSZYNSKI JUNIOR1, ELVIO PINTO BOSETTI2


1
UEPG, Ponta Grossa, PR, Brasil/IFPR, Jaguariaíva, PR, Brasil; 2UEPG, Ponta Grossa, PR, Brasil
[email protected], [email protected]

O afloramento Rio Guaricanga está situado às margens da PR 090 entre Ventania e Piraí do sul, no
estado do Paraná. O sítio tem aproximadamente 11 m de espessura, sendo que os primeiros 5,4 m é
representado por siltitos finos, maciços, intercalados por uma finas camada de folhelhos escuros.
Apresenta ainda, em todo o pacote laminações de areia fina e marcas de ondas, que representam
breves elevações do nível de energia do meio. A tendência granodecrescente ascendente é marcada
pelo pacote superior, de aproximadamente 5,6 m, composto por folhelhos finamente laminados e
muito fossilíferos. O topo do pacote encontra-se intemperizado. A base da seção apresenta uma
abundância de braquiópodes (Australospirifer sp., Australocoelia sp., Derbyina) moluscos bivalves,
artrópodes (trilobitas Calmoniidae e Homalonotidae) e lingulídeos infaunais. Destaca-se a presença
de trilobitas inteiros, bivalves fechados e braquiópodes e lingulídeos em aparente posição de vida.
Tendo em vista que as estruturas ou modo de fixação (pedículo ou corpo-sustentado) destes

138
organismos não seriam tolerantes à grandes perturbações e o transporte, mesmo que curto, traria
consequências significativas principalmente na desarticulação das valvas e peças (no caso dos
trilobitas) considera-se que estas associações sejam autóctones, originadas a partir da ação de ondas
de tempestade abaixo do nível de base de ondas normais. Outro fato que corrobora esta intepretação
é a presença de trilobitas homalonotídeos enrolados (em posição de estresse), tal características
evidencia uma rápida transformação no ambiente e tentativa de proteção por parte do animal, que
acabou sendo soterrado in situ. Em todo o pacote de siltitos é registrada a presença de bioturbações
do icnogênero Planolites, é recorrente também a associação entre camadas bioturbadas e a entrada
de lentes de areia e laminação wavy, marcando a influência da ação de ondas incrementando
material mais grosso em condições excepcionalmente mais energéticas. Tais influências no meio
seriam responsáveis pelo retrabalhamento do fundo, reativando o substrato e criando espaço para a
refixação e/ou alimentação na zona tafonomicamente ativa. Dados taxonômicos e estratigráficos
sugerem uma possível idade neo-Emsiana para estas camadas que registram a presença da fauna
Malvinocáfrica clímax, entretanto, análises palinológicas já em andamento, poderão confirmar esta
hipótese. [CAPES; IFPR]

CONTEÚDO FOSSILÍFERO DOS AFLORAMENTOS DO MUNICÍPIO DE FLORIANO, PIAUÍ,


BRASIL

F. R. S. MOURA; N. B. LUZ; I. B. PASSARINHO; A. E. Q. FIGUEIREDO; D. C. FORTIER


Universidade Federal do Piauí – UFPI, Campus Amílcar Ferreira Sobral – CAFS, Curso de Ciências Biológicas,
Coleção de História Natural da UFPI (CHNUFPI), Laboratório de Geociências e Paleontologia (LGP), Floriano, Piauí,
Brasil.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

O Município de Floriano (PI) dispõe de uma grande diversidade de fósseis relacionados à Bacia
sedimentar do Parnaíba. Nas rochas da região, encontram-se registros de antigas faunas e floras que
habitaram o local. O município localiza-se sobre rochas do Período Carbonífero (formações Poti e
Piauí), Permiano (Formação Pedra de Fogo) e Juro-Cretáceo (Formação Pastos Bom). Este trabalho
tem como objetivo registrar os fósseis encontrados em afloramentos localizados no Município de
Floriano, advindos de doações e de coletas realizadas pela equipe do laboratório de Geociências e
Paleontologia da UFPI no mês de março de 2016. Esses fósseis estão depositados no LGP
(Laboratório de Geociências e Paleontologia, UFPI, campus de Floriano), onde foram devidamente
preparados e tombados. Dentre os espécimes inventariados encontram-se três exemplares
incompletos de Lepidotes sp., além de algumas escamas lepisosteiformes e elementos ósseos
desarticulados pertencentes a Formação Pastos Bons; e alguns exemplares de troncos silicificados
pertencente a Formação Pedra de Fogo. Entre os troncos silicificados foram contabilizados 42
exemplares de gimnospermas de variados tamanhos. O potencial paleontológico do município ainda
é pouco explorado, sendo necessária a realização de mais estudos na região. Os materiais aqui
apresentados são de grande importância para o município, por representarem parte da história
paleontológica da região.

PROSPECÇÃO PALEONTOLÓGICA EM CONCREÇÕES FÉRREAS DA FORMAÇÃO


PIMENTEIRA (DEVONIANO, BACIA DO PARNAÍBA) EM PICOS-PI
K. C. RODRIGUES*; J. M. SANTOS**; I. R. SOUZA; M. S. VERA***; M. S. VERA*; J. L. R. MOURA**; P. V.
OLIVEIRA
Laboratório de Paleontologia de Picos, Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros
(LPP/UFPI-CSHNB).
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]

139
O Município de Picos está localizado no Vale do Rio Guaribas, na mesorregião sudeste do Estado
do Piauí, possui uma paisagem marcada pela presença de morros residuais que ocorrem tanto na
área urbana quanto rural. São morros de idade devoniana, aproximadamente 390 milhões de anos
com expressiva quantidade e diversidade de fósseis. Embora o potencial paleontológico da região
seja conhecido pela comunidade científica, foi pouco estudado. Nessa região é comum a ocorrência
de icnofósseis da Formação Pimenteira. Contudo, também é comum a ocorrência de concreções de
ferro, em formas e quantidades consideráveis, carentes de estudos paleontológicos. O material
estudado consiste de 100 concreções coletadas nos afloramentos: Morro do Cemitério, M. da
Macambira, M. do Mestre Braz, e M. do Quebra Pescoço. No Laboratório de Paleontologia de
Picos, o material foi pesado e fotografado. Em seguida, foi realizada a abertura para verificar a
presença de fósseis em seu interior, por meio de choque térmico e/ou uso do martelo geológico. Das
concreções estudadas, oitenta e quatro são afossilíferas, apenas dezesseis eram fossilíferas. Destas,
duas apresentaram restos de trilobita indet., sendo que em uma foi encontrado segmentos do
cefalotórax, em outra, restos do céfalo com globos oculares preservados; as concreções restantes
apresentaram partes vegetais. O estudo é, em parte, pioneiro, uma vez que inexiste na literatura uma
metodologia específica para abertura desse tipo de material. A continuidade do trabalho trará dados
importantes sobre o tipo de material preservado, assim como o grau de preservação, que tem se
mostrado bom ao preservar partes em formato tridimensional. [*ICV-UFPI; **PIBIC-UFPI;
***
BIAMA-UFPI]

GEORREFERENCIAMENTO DE AFLORAMENTOS URBANOS NO MUNICÍPIO DE PICOS –


PIAUÍ

J. M. SANTOS*; I. R. SOUZA**; K. C. RODRIGUES***; M. S. VERA***; M. S. LIMA***; J. L. R. MOURA***; J.


L. N. MOURA***; P. V. OLIVEIRA
Laboratório de Paleontologia de Picos, Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros
(LPP/UFPI-CSHNB).
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

No município de Picos, mesorregião Sudeste Piauiense, afloram rochas de idade devoniana, sob a
forma de morros, com aproximadamente 390 milhões de anos, (Formação Pimenteira, Bacia do
Parnaíba). Nestas rochas ocorrem fósseis de invertebrados marinhos, sendo a maioria icnofósseis.
Objetivou-se aqui, georreferrenciar os afloramentos urbanos do município picoense no intuito de se
obter uma maior compreensão da sua disposição espacial, e possivelmente traçar comparações de
natureza paleoambiental e paleobiológica da região. A equipe do Laboratório de Paleontologia de
Picos, da Universidade Federal do Piauí (LPP-UFPI) realizou visitas em nove afloramentos urbanos
de Picos, foram escolhidos afloramentos citados anteriormente nas literaturas e outros de coletas
anteriores realizadas pela equipe do LPP-UFPI, foi utilizado o GPS Garmin Etrex 10 (Datum
SIRGAS-2000), e as coordenadas foram tiradas da base dos seguintes afloramentos: Morro do
Quebra Pescoço (07° 03’ 29,64’’ S / 41° 27’ 27,4’’ W), M. da Macambira (07° 03’ 37,38’’ S / 41°
27’ 27,3’’ W), M. da BR-316 (07° 04’ 39,54’’ S / 41° 28’ 58,56’’ W), M. da Av. Severo Eulálio (07°
04’ 48,18’’ S / 41° 29’ 3,3’’ W), M. de Mestre Braz (07° 05’ 22,08’’ S / 41° 27’ 56,4’’ W), M. do
DNER (07° 04’ 49,08’’ S / 41° 26’ 44,04’’ W), M. da AABB (07° 04’ 54,48’’ S / 41° 27’ 6,84’’ W),
M. do CAIC (07° 05’ 2,82’’ S / 41° 26’ 25,8’’ W), Indústria Coelho (07° 05’ 19,32’’ S / 41° 23’
58,32’’ W). Nestes afloramentos foram coletados alguns fósseis como: icnofósseis, fragmentos de
vegetais, bivalves, gastrópodes, fragmentos de trilobitas e de peixe. O georreferenciamento
paleontológico é uma ferramenta para mapear os locais potencialmente fossilíferos, contribuir para
um banco de dados a ser disponibilizado ao poder público, e possibilitar a comparação entre os
conteúdos fósseis encontrados, além de servir como base para trabalhos futuros. [*PIBIC-UFPI;
**BIAMA-UFPI; ***ICV-UFPI]

140
INFERÊNCIAS PALEOAMBIENTAIS A PARTIR DAS ANALISES QUÍMICAS
QUANTITATIVAS DE ELEMENTOS FOSSEIS DO JURÁSSICO

SOUTO, P.R.F.1 ; ANDRADE, J.A.F.G.2


1
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Av. Pasteur, 458, sl. 405, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
2
Centro de Pesquisas Paleontológicas do Araripe/DNPM, Praça da Sé, 105, Crato, CE, Brasil.
[email protected]

Nos últimos anos tem sido verificado o registro de vestígios da macrofauna associada ao
desenvolvimento do grande lago que cobriu a Depressão Afro-brasileira no final do Jurássico,
ocupando uma área de cerca de 50.000 Km2 na região nordeste em consequência da abertura do
Oceano Atlântico Sul durante o quebre da porção oeste do Gondwana. Na região das bacias
sedimentares do Araripe (Brejo Santo Formação), Jatobá (Formação Aliança) e Alagoas (Formação
Bananeiras) tem sido realizada coleta sistemática de fósseis entre os quais: escamas, ossos de
peixes e coprólitos associados a sedimentos que correspondem a um regime deposicional de sistema
fluvio-deltáico atuante antes da fase do pré-rift. Os espécimes recolhidos foram descritos
macroscopicamente, e posteriormente porções homogêneas extraídas de cada exemplar para análise
por difração de raios X e razão isotópica de δ 18O/ δ13C. Os perfis dos isótopos das estruturas fósseis
procedentes dos diferentes afloramentos foram realizados a fim de averiguar de forma mais
detalhada, possíveis informações relacionadas ao paleoambiente, e consequentemente, ajudar no
entendimento dos aspectos ecológicos e biológicos da fauna. Para escamas os valores δ 13C variaram
entre -4,37 a -5,20% VPDB e para δ 18O os valores ficaram entre -5,48 a -6,63% VPDB, enquanto
para as partes ósseas os valores de δ13C foram de -1,70 a -3 85 ‰ VPDB e os δ18O situaram-se entre
0,18 a -7,31 ‰ VPDB. As análises por difratometria revelaram reduzida taxa de conduntancia de
incorporação diagenética nos materiais analisados, portanto confirmando o bom estado de
preservação da matriz fóssil. Os resultados obtidos a partir das analise dos isótopos estáveis de
carbono e oxigênio sugerem que, apesar da tendência indicativa de salinidade devido a dominância
para zero percentual, é possível afirmar que hidrologicamente o ambiente do paleolago teve uma
contribuição significativa de água doce. Os valores encontrados exibem uma correlação similar aos
de outros estudos desenvolvidos com diferentes organismos preservados em ambientes lacustres.

ESCAVAÇÃO CONTROLADA NA FORMAÇÃO ROMUALDO (BACIA DO ARARIPE-


NORDESTE DO BRASIL)

J. D’ARC N. TORRES1; O. A. BARROS3; A. A. F. SARAIVA1


1
Universidade Regional do Cariri (URCA), Departamento de Ciências Biológicas; URCA - Rua Cel. Antônio Luis,
1161 - CEP 63.100-000 - Bairro Pimenta - Crato/CE. Universidade Federal do Ceará (UFC), Departamento de
Geologia; UFC - Campus do Pici -S/N - CEP 60455-900, Fortaleza – CE.
[email protected]; [email protected]; [email protected]

A Formação Romualdo é um dos depósitos fossilíferos mais importantes da Bacia Sedimentar do


Araripe devido a excepcional qualidade de seus fósseis. Em agosto de 2014 foi realizada uma
escavação controlada no topo da colina da Mineradora Pedra Branca, em Santana do Cariri/CE (7°
7’ 46, 3’’ S, 39° 43’ 4, 9’’ W). Esse trabalho teve como objetivo traçar o perfil desta assembleia
fossilífera para um melhor refinamento bioestratigráfico, fornecendo então informações sobre o
conteúdo fossilífero para futuras interpretações paleoambientais. Foi escavado um volume de 25m 3
e observados seis níveis estratigráficos. Foram coletadas 457 concreções fossilíferas as quais
apresentaram matriz escassa com alta diagênese, contendo muitos fósseis incompletos e articulados
com gretas nas concreções nos níveis superiores. A espécie de peixe mais frequente foi Vinctifer
comptoni, com 54 espécimes (23%), comumente encontrado nos níveis superiores; nos níveis
inferiores as espécies mais abundantes foram Rhacolepis buccalis com 15 espécimes (6%),

141
Tharrhias araripis com 12 espécimes (5%), e Cladocyclus gardneri 9 espécimes (4%). Os peixes
Calamopleurus cylindricus (1 espécime), Brannerion latum (2 espécimes) e Notelops brama (2
espécimes) são raros de se encontrar. Foram ainda contabilizados 61 peixes indeterminados, 180
coprólitos e 1 regurgito contendo escamas de peixe. A avaliação do perfil desta formação é uma
ferramenta necessária para contribuição dos dados estratigráficos, geológicos, paleontológicos e
tafonômicos, os quais fornecerão informações importantes sobre a distribuição destas espécies em
pontos diferentes da Bacia Sedimentar do Araripe. [CNPQ; FUNCAP]

FÓSSEIS DA FORMAÇÃO ROMUALDO ENCONTRADOS EM FRANCISCO MACEDO -


PIAUÍ (CRETÁCEO DA BACIA DO ARARIPE)
1
M. S. VERA; 1K. C. RODRIGUES; 1M. S. LIMA; 1J. L. R. MOURA, 1J. L. N. MOURA; 2J. M. SANTOS; 3I. R.
SOUZA; P. V. OLIVEIRA
Laboratório de Paleontologia de Picos, Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros
(LPP/UFPI-CSHNB).
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

A Bacia do Araripe, no Nordeste do Brasil, é conhecida pela expressividade de seus fósseis,


principalmente àqueles do Período Cretáceo. Os fósseis quem podem ser encontrados na Formação
Romualdo, sendo em grande maioria peixes que apresentam grande diversidade e este material se
encontram em ótimo estado de preservação facilitando a identificação. Alguns fósseis foram
coletados em um afloramento da Formação Romualdo, ao sopé da serra do Araripe, município de
Francisco Macedo, na mesorregião sudeste do Estado do Piauí (07º 19’ 50’’S / 40º 47’ 18’’W). O
Laboratório de Paleontologia de Picos (LPP), da Universidade Federal do Piauí, realizou um estudo
taxonômico dos fósseis coletados, visando trazer a luz do conhecimento os fósseis do Araripe
piauiense. Para a identificação do material foi realizado levantamento bibliográfico e preparação
mecânica na qual foi utilizado sonda exploratória, pincéis de diferentes tamanhos, estiletes, agulhas
reforçadas, e lupa estereoscópica para observação de estruturas e feições características. Para a
atribuição específica foram observados caracteres morfoanatômicos dos ossos do crânio e
nadadeiras, além das escamas. Sete amostras foram analisadas até o momento, todas atribuídas à
espécie Vinctifer comptoni. O material é representado por elementos do crânio e pós-crânio e
encontram-se em bom estado de preservação. Além desses materiais, também foram encontrados
coprólitos e ostracodes indeterminados; cerca de 14 amostras ainda estão em processo de
preparação e análise. O afloramento encontrado corresponde a uma nova área mapeada pelo LPP,
com potencial paleontológico considerável para o desenvolvimento de pesquisas sistemáticas.
[*ICV-UFPI; **PIBIC-UFPI; ***BIAMA-UFPI]

142
MÉTODOS

ESTUDO FÍSICO-QUÍMICO DE MATERIAIS FÓSSEIS DA BACIA DO ARARIPE: ESTADO


DA ARTE DOS ARTIGOS CIENTÍFICOS
A. L. R. S. DOMINGOS1*; J. N. BEZERRA2; O. A. BARROS3; J. H. SILVA1
1
Universidade Federal do Cariri (UFCA). 2Universidade Regional do Cariri (URCA). 3Universidade Federal do Ceará
(UFC).
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

A região nordeste do Brasil pode ser considerada uma região de razoável patrimônio fóssil,
levando-se em consideração que possui grandes bacias sedimentares. A Bacia do Araripe faz parte
desse conjunto e é caracterizada pela grande ocorrência de registro fóssil em excelente estado de
preservação. Na sua constituição físico-química geral, os fósseis podem ser estudados por técnicas
de espectroscopia vibracional, difração de raios-X e fluorescência de raios-X, para se identificar e
caracterizar os compostos que constituem o material fossilizado. O trabalho pioneiro estudado com
a utilização destas técnicas foi realizado em 2007, na Formação Romualdo, em escamas fósseis de
um peixe Rhacolepis bucalis. No mesmo ano foi publicado um segundo trabalho, realizado em um
coprólito da mesma formação. Em 2011 foram feitas análises em um vegetal fóssil, Brachyphyllym
castilhoi coletado nos folhelhos pirobetuminosos da Formação Ipubi. No ano de 2013 foram
caracterizadosdois tipos de lenhos fósseis prospectados da formação Crato. Em 2014 foram
feitosestudos em dois peixes, coletados na Formação Brejo Santo e Formação Romualdo. No ano
seguinte, em 2015, foram analisados dois peixes fósseis Cladocyclus gardneri e Vinctifer
comptonioriundosda formação Ipubi. De acordo com o levantamento realizado, foram identificados
alguns dos principais processos de fossilização envolvidos nesses fósseis desta bacia. À medida que
novos trabalhos irão sendo realizados, com o auxílio das técnicas acima citadas, mais se tem
conhecimento sobre o tipo de preservação, processos de fossilização, diagênese e condições
tafonômicas ali atuantes. [*Bolsista FUNCAP - PROJETO BPI]

UMA NOVA TÉCNICA DE MOLDAGEM DE FÓSSEIS: O USO DE LENÇO DE PAPEL EM


UM DINOSSAURO DE GRANDE PORTE

B. S. MACIEL1; P. J. G. PAULA1; E. F. SILVA1; N. S. BRILHANTE1; K. L. N. BANDEIRA1


1
Laboratório de Preparação de Vertebrados Fósseis, Departamento de Geologia e Paleontologia, Museu Nacional,
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]

Uma das técnicas mais utilizadas pela paleontologia de vertebrados nas áreas preparação e
curadoria é a moldagem flexível. Esta técnica, trazida das Belas Artes, possibilita a confecção de
réplicas fidedignas de fósseis, promovendo a difusão do conhecimento por meio de exposição e
permuta de materiais entre instituições, uma vez que os originais, holótipos de fragilidades e valores
incalculáveis, estão sob a salvaguarda de coleções. Normalmente a moldagem flexível se trata de
uma técnica simples, entretanto, alguns problemas podem ocorrer dependendo do estado de
preservação de cada peça. Algumas características preexistentes no fóssil (e.g., fraturas) podem
representar altos riscos a este processo, pois o silicone utilizado para moldagem pode infiltrar nas
rachaduras. Além disso a expansão do silicone catalisado, pode resultar na quebra e na perda de
informações importantes do exemplar. A técnica de moldagem a ser descrita aqui foi idealizada pelo
paleoartista Claudio Salema (2009), desenvolvida e implementada pela equipe de preparadores e
alunos do Laboratório de Preparação de Vertebrados Fósseis do Museu Nacional que participaram
deste trabalho. No processo de moldagem do espécime MCT 1628-R – uma vértebra cervical de

143
Titanosauria de grandes dimensões (480 mm de altura) – entre os problemas encontrados estão as
grandes fraturas, preenchimento com cimento e gesso, partes coladas com laca envelhecida, excesso
de paralóide, além das áreas de pneumaticidade aparente. Todos esses fatores contribuíram com a
fragilidade da peça e dificultaram o processo de maneira geral. A vértebra foi moldada em sete áreas
diferentes, sendo utilizadas diferentes técnicas de moldagem, de acordo com a necessidade de cada
parte. As áreas pneumáticas foram as que representaram o maior problema, visto que, o uso em
excesso de paralóide ou vaselina poderia comprometer a integridade do fóssil. Sendo assim, a fim
de manter a forma da peça, foram utilizados pedaços de lenço de papel (< 10 cm²), cerca de duas à
três camadas sobrepostos com vaselina sólida, preservando o formato original do fóssil uma vez que
o lenço após ser umidificado pela vaselina adere ao fóssil assumindo a forma do mesmo. Cerca de
10 minutos depois de preparar toda a áreas, aplicar as camadas de silicone, esperar que seque e
desmoldar. Vale ressaltar que o papel permaneceu junto ao silicone e pôde ser retirado facilmente,
sem comprometer o exemplar, nem molde e réplica. Por fim, a técnica de moldagem com a
utilização de lenço papel se mostrou eficaz, podendo ser aplicada futuramente em outros grupos de
vertebrados.

USO DA TÉCNICA DE LAVAGEM E PENEIRAMENTO PARA A COLETA DE


MICROVERTEBRADOS DO PERÍODO PERMIANO NO MARANHÃO

V. F. S. MORAES; L. D. S. CUNHA; J. C. CISNEROS


Laboratório de Paleontologia, Centro de Ciências da Natureza, Universidade Federal do Piauí, UFPI.
[email protected], [email protected]

Prospecções paleontológicas realizadas por pesquisadores da UFPI na Bacia do Parnaíba, na região


de Pastos Bons, MA (Formação Pedra de Fogo, Cisuraliano, aproximadamente 278 milhões de
anos), resultaram na obtenção de amostras de solo procedente de rochas carbonáticas, contendo
microvertebrados. Em laboratório, foi feita a divisão do conteúdo coletado no campo em partes
iguais de aproximadamente 1kg para que pudessem ser lavados e peneirados. Houve a imersão das
amostras de solo em água, após 10 a 15 minutos de descanso o material foi lavado para que
sedimento agregado pudesse ser removido e logo depois passar pelo peneiramento através do uso de
peneiras com abertura de malha de 1,5 mm para recuperação do material fóssil. Ainda com o
material úmido e com o auxílio da lupa e consultas feitas na literatura, foram até agora
reconhecidos, em termos taxonômicos, vários exemplares, alguns bem preservados: dentes (dois de
condríctios Xenacanthidae, sete do condríctio Itapyrodus punctatus, alguns do tipo labirintodonte
-peixes e/ou anfíbios-, e cinco não identificados), fragmentos de ossos ornamentados de anfíbios,
mais de 88 escamas paleonisciformes. Ainda, foram também identificados pequenos coprólitos
espiralados. O trabalho encontra-se em andamento, mas o uso desta técnica tem-se mostrado útil
para recuperar restos de pequeno porte que não seriam facilmente reconhecidos em campo. Os
microvertebrados encontrados e identificados são de grande importância para ajudar a caracterizar o
paleoambiente em que se depositou a formação Pedra de Fogo. [PIBIC/CNPq; ICV/UFPI; CNPq
456608/2014-1]

PREPARAÇÃO MECÂNICA DE BLOCO ROCHOSO, GRUTA DO URSO FÓSSIL,


(EOHOLOCENO), PARQUE NACIONAL DE UBAJARA, CEARÁ
J. L. R. MOURA1; M. S. LIMA1; M. S. VERA1; K. C. RODRIGUES1; J. M. SANTOS1; I. R. SOUZA1; M. S. S.
VIANA2; P. V. OLIVEIRA1
1
Laboratório de Paleontologia de Picos, Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros
(LPP/UFPI-CSHNB). 2Laboratório de Paleontologia, Museu Dom José, Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

144
Um bloco rochoso com medidas equivalentes a 32 cm de largura, 42 cm de comprimento e 13 cm
de altura, foi coletado no ano de 2012 na sala de entrada da Gruta do Urso Fóssil, no Parque
Nacional de Ubajara, região noroeste do Estado do Ceará durante expedição de campo. O referido
bloco, foi retirado durante escavação em subsuperfície e com controle estratigráfico, sendo oriundo
da camada 9 (0,90m). É composto por um misto de calcário reprecipitado, sedimento terrígeno do
meio externo à caverna, fragmentos de calcário que sofreram colapso do teto e paredes, além de
diversos restos orgânicos como ossos, dentes e conchas. O bloco encontra-se em preparação no
Laboratório de Paleontologia de Picos da Universidade Federal do Piauí (LLP-UFPI), e o conteúdo
fóssil encontrado será incorporado ao acervo do Laboratório de Paleontologia da Universidade
Estadual do Vale do Acaraú, Museu Dom José (LABOPALEO/UVA-MDJ) em Sobral/CE, tendo em
vista parceria firmada entre as duas instituições. A preparação do material consiste em um trabalho
minucioso e de extrema delicadeza visando a retirada do sedimento com auxílio de sondas
exploratórias, pincéis, agulhas e água. Até o momento, foi possível retirar da rocha matriz um dente
fragmentado de primata, alguns fragmentos ósseos e uma vértebra de peixe, ambos não
identificados, além de conchas de moluscos gastrópodes, em fase de identificação. A preparação do
bloco é de extremo valor científico paleontológico, pois permite que seja estudada a fauna do
Holoceno inicial da região do Parque Nacional de Ubajara.

SYNCHROTRON RADIATION AS A POWERFUL TOOL IN THE STUDY OF ARCHOSAUR


TEETH

R. O. SANTOS1, R. G. SOUZA2, D. RIFF1


1
Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG; 2Laboratório de
Sistemática e Tafonomia de Vertebrados Fósseis, Setor de Paleovertebrados, Depto. de Geologia e Paleontologia, Museu
Nacional/UFRJ, RJ.
[email protected], [email protected], [email protected]

Due to its highly informative potential, fossil teeth have been largely used with systematic goals. In
Chondrichthyes, the vast diversity of lifestyles and preys (e.g. filter feeding, scavenging, active
predation) is related to a large variety in teeth morphology (e.g. presence of accessory cusplets,
crown ornamentations, vascularization patterns in the root). An even greater diagnostic potential is
observed among mammalian teeth, mainly the molars, whose arrangement of the cusps, ridges and
fissures reveal diagnostic features about taxonomy, position in the dental arcade, food habits, age
and other ecological aspects. However, in Archosauria the similarities in food habits (mostly
predatorial) are followed by modest variety in the dentition, teeth are classified according general
aspects of their morphology (e. g. ziphodonty, conidonty) and the few categories still show
considerable homoplastic recurrence. In this way, these macrostructural characters in phylogenetic
proposals are less informative. Such fact can be evidenced, for example, by the lack of accessory
cusps and ornamentations in the crown. It is valid to note that there are exceptions among
Archosauria, such as Sphagesauridae crocodyliforms and Ornithischia dinosaurs, where the teeth
have a distinguished variability and can be used to recognize and differentiate such groups, at least
at higher systematic levels. Considering dental macrostructural characters, the use of geometric
morphometrics has proven effective in identification and classification of taxa, but generally is
limited to the level of family. In terms of dental microstructural characters, new techniques, like
synchrotron-radiation X-ray tomographic microscopy, allowed the recognition of different patterns
in the microstructure of dental tissues, which varies according to higher taxa (e. g. presence of
interglobular porous space and enamel tufts, characteristic of Crurotarsi and Theropoda, enamel
spindle typical of Ornithischia) and provide potential specific characters. Therefore, archosaurian
teeth have shown a huge systematic potential in their microstructure, although such analyses are
more restricted due the necessity of highly energetic beamlines. In Brazil the LNLS - Brazilian
Synchrotron Light Laboratory, based at Campinas-SP, provides the best opportunities of training

145
and use of such special lights applied to the investigation of 3D internal ultramicrostructures of
fossil teeth. [CAPES; SESu/MEC]

OTIMIZAÇÃO DO USO DE CANETAS PNEUMÁTICAS NA PREPARAÇÃO DE FÓSSEIS


PRESERVADOS EM ARENITOS
T. N. SILVA; D. RIFF
Laboratório de Paleontologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, MG.
[email protected], [email protected]

A aplicação de forças físicas externas sobre a matriz sedimentar para exposição ou liberação do
fóssil é denominada preparação. Há uma variedade de ferramentas e procedimentos que, aliados à
experiência do preparador, propiciam um equilíbrio entre revelar a maior quantidade de informação
e infligir o mínimo dano ao fóssil durante o processo. Canetas pneumáticas (airscribes) são
ferramentas percussoras de corpo tubular, pontas usualmente confeccionadas com carbeto de
tungstênio conectadas a um isolador de vibração, e movidas a ar comprimido. Há modelos
disponíveis comercialmente com calibres variáveis que permitem um controle preciso na aplicação
da força necessária para a remoção de matrizes sedimentares com diferentes granulometrias e níveis
de cimentação. Destacamos que, além da escolha do modelo adequado para a preparação
pretendida, manejos específicos aperfeiçoam o processo de preparação. As observações aqui
descritas foram feitas durante a preparação de uma vértebra cervical de um titanossauro, cujo centro
possui 51 cm de comprimento, proveniente de uma camada de arenito rico em bioturbações que
percolaram carbonatos, pertencente ao Membro Echaporã da Formação Marília exposto no
município de Campina Verde-MG. A coleta deste material consistiu na retirada de um bloco
pesando cerca de 120kg e a preparação foi realizada no Laboratório de Paleontologia-UFU com
canetas pneumáticas modelos ME-9100/3 polegadas, Paleo-ARO/2 polegadas e Paleo-ARO/3
polegadas, fabricadas por Paleotools®. A matriz sedimentar possuía concreções milimétricas
dispersas e graus variados de cimentação, mais intensa junto ao fóssil. Os modelos foram usados de
modo intercambiável, com uso mais frequente do modelo ME-9100 (mais potente) nas etapas
inicias de preparação dado o maior volume de rocha. Junto à superfície óssea um maior controle na
preparação é fundamental, e a aproximação da ponta percussora sobre a matriz sedimentar em
ângulos entre 90º e 45° produziu danos ao fóssil (principalmente descamação) com a remoção do
sedimento adjacente. Atestamos assim que a aproximação da caneta em ângulos em torno de 15° em
relação à superfície da matriz (com o fóssil subjacente), associado a um movimento de esfregaço,
promove a remoção de maiores porções de sedimento e reduz notoriamente o dano à superfície
óssea, devido à infiltração de ar comprimido ejetado pela própria caneta entre a matriz e o fóssil,
que provoca o desprendimento de fina camada de matriz sedimentar cimentada. Com alto e médio
nível de cimentação/incrustação as canetas pneumáticas tiveram desempenho mais eficiente quando
manuseadas desta forma, mantendo-se a integridade do fóssil. [PBG-PROGRAD/UFU;
SESu/MEC]

PICKING NA BACIA POTIGUAR: PRIMEIROS RESULTADOS

I. M. M. G. VEIGA; L. P. BERGQVIST; I. C. A. FELIPPE


Laboratorio de Macrofósseis , Departamento de Geologia - Universidade Federal do Rio de Janeiro.
[email protected], [email protected], [email protected]

A Bacia Potiguar, situada no Nordeste do Brasil, abrange parte dos estados do Rio Grande do Norte
e Ceará. A Formação Açu, de idade Cretáceo Inferior - Superior (125 – 89.8Ma), pertence ao Grupo
Apodi, sendo constituído por uma sequência flúvio-marinha transgressiva. Em 2015/16 o
Laboratório de Macrofósseis realizou três atividades de campo na bacia a fim de prospectar e
coletar novos materiais fósseis. Neste resumo são apresentados os primeiros resultados referentes ao

146
material coletado em campo e em laboratório através do método de picking. Dentre os vários pontos
fossilíferos demarcados em duas regiões aflorantes da Formação Açu, em sete pontos foi realizado
picking em campo e coleta de sedimentos para tratamento em laboratório. A maior parte do material
referido neste resumo foi coletada manual e minuciosamente pela equipe do laboratório durante as
atividades de campo, enquanto os sacos de sedimento passaram pelo processo de picking sob lupa
binocular após a realização de screenwashing. Até o momento foram recuperados 2279 espécimes,
que passaram por uma identificação preliminar e organização em morfótipos. Do material coletado
em campo, restos de representantes da paleofauna aquática são os mais abundantes, somando 1930
exemplares de dentes e escamas, distribuídos em cinco e dois morfótipos, respectivamente. Um dos
morfótipos dentários foi atribuído a Pycnodontiformes e um dos morfótipos de escama a Lepidotes.
Dentes de dinossauros compreendem o segundo grupo mais abundante – 42 dentes de Sauropoda e
80 de Theropoda foram recuperados. Muitos coprólitos (61) de diferentes tamanhos também foram
encontrados, mas ainda nenhum estudo foi realizado. Dos vários sacos de sedimentos trazidos para
o laboratório, submetidos ao método de screenwashing, já foi recuperado 1,6Kg de concentrado
com dimensões até 0,5mm e 5,75Kg de concentrado acima de 3mm, os quais estão em processo de
análise. Até o momento já foram encontrados 125 espécimes pertencentes à paleofauna aquática –
70 dentes distribuídos em três morfótipos, sendo nove destes dentes pertencentes a um morfótipo
identificado como Pycnodontiformes, escamas completas ou fragmentadas, das quais dez
possivelmente pertencentes à Lepidotes. Da paleofauna terrestre, foram encontrados 10 dentes
(completos ou fragmentos) de Theropoda e 2 de Sauropoda; dois coprólitos; uma vértebra diminuta
de um Lacertilia e 19 fragmentos ósseos não identificados. Nenhum mamífero mesozoico “ainda”
foi encontrado. [CNPq]

147
INSTRUÇÕES PARA ENVIO DE RESUMOS AO BOLETIM

O objetivo principal da edição eletrônica do Boletim Paleontologia em Destaque é a publicação dos


resumos apresentados nos encontros regionais da Sociedade Brasileira de Paleontologia: as
PALEOs. Para tanto, os referidos resumos devem obedecer as normas do presente boletim:

Título: Times New Roman, 12, centralizado, maiúsculas.

Nomes dos autores: Times New Roman, 10, centralizado, maiúsculas. Podem ser usadas
abreviaturas, o último sobrenome deve estar escrito por extenso. Os nomes devem estar separados
por vírgula. Em caso de diferentes filiações institucionais devem ser usados numerais sobrescritos
para indicá-las. Asteriscos podem indicar bolsas e auxílios, em caso de haver mais de um.

Filiações institucionais: Times New Roman, 10, centralizado, maiúsculas e minúsculas.


Recomenda-se brevidade. É preferível o uso de siglas, quando amplamente conhecidas -por ex.
nomes de universidades- em substituição aos nomes por extenso. Evitar mencionar cargos e funções
acadêmicas (por ex. “orientador”, “professor”, “chefe do laboratório...”, “estudante de...”).

Emails: Times New Roman, 10, itálicas, centralizado, minúsculas.

Corpo do resumo: Times New Roman, 12, parágrafo único, justificado, 400 palavras no máximo.
Não são permitidas referências bibliográficas nem ilustrações. Em caso de haver instituições de
fomento, deverão ser mencionadas ao final do texto do resumo, entre colchetes.

Modelo de resumo disponível na próxima página.

Os resumos de cada PALEO devem estar incluídos em um ou vários arquivos de texto editável
(unicamente odt, doc, ou docx) e deverão ser enviados pelos responsáveis das respectivas PALEOs
ao diretor de comunicações da SBP através do e-mail disponível no site http://www.sbpbrasil.org/.

148
FOSSIL X DE IDADE X DESCOBERTO NO LOCAL X E SUA IMPORTÂNCIA

A. FULANO1, B. SICRANO2
1
Instituição 1, Departamento, Endereço; 2Instituição 2, Departamento, Endereço.
[email protected], [email protected]

Texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto. [Órgão de
fomento]

Você também pode gostar