Ostracodes Mesozóicos Das Bacias Do Interior Do Nordeste Brasileiro: o Estado Da Arte

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Revista de Geologia, Vol.

19 (2), 2006
187
Revista de Geologia, Vol. 19, n 2, 187-206, 2006
www.revistadegeologia.ufc.br
Ostracodes mesozicos das bacias do interior do
Nordeste brasileiro: o estado da arte
Maria Helena Hessel
a
, Maria Emilia Tom & Cleide Regina Moura
Recebido em 02 de junho de 2006 / Aceito em 20 de julho de 2006
Resumo
Este trabalho mostra os resultados de um levantamento bibliogrfico exaustivo de citaes e descries
de ostracodes fsseis ocorrentes das bacias do Araripe, Rio do Peixe, Rio Nazar, Iguatu, Ic, Barro,
Mirandiba, Cedro, Serra Vermelha e So J os do Belmonte. Na Bacia do Araripe ostracodes fsseis so
comuns, pertencentes especialmente aos gneros Darwinula, Theriosynoecum, Cypridea e Pattersoncypris.
Nesta bacia, na Formao Brejo Santo, dominam os citerceos e darwinulceos, ocorrendo uma espcie de
cipridceo. Na Formao Abaiara predominam os cipridceos, e na Formao Crato, os ostracodes se
diversificam, com representantes de todas as superfamlias de podocopidos e domnio dos cipridceos. Nos
folhelhos da Formao Ipubi foram reconhecidos darwinulceos, cipridceos e citerceos, sem predomnio
de qualquer um deles. Na Formao Romualdo, dominam cipridceos sobre os citerceos e darwinulceos.
A ostracofauna registrada nas bacias do Barro e Mirandiba, leste da Bacia do Araripe, confirma uma
sedimentao lacustre mais antiga, equivalente Formao Brejo Santo desta bacia. As bacias do Rio do
Peixe, Rio Nazar, Ic e Iguatu, situadas mais a norte, tm um registro ostracolgico similar ao da Formao
Abaiara. E as bacias de Cedro, Serra Vermelha e So Jos do Belmonte, mais a sul, mostram uma seqncia
equivalente Formao Crato.
Palavras-Chave: Ostracodes, Mesozico, Araripe, Bacias interiores, Nordeste brasileiro
Abstract
This paper presents the results of an exhausting bibliographical investigation about fossil ostracods
from the Araripe, Rio do Peixe, Rio Nazar, Iguatu, Ic, Barro, Mirandiba, Cedro, Serra Vermelha and
So Jos do Belmonte basins. In the Araripe Basin, the ostracods are common, mainly to the species of
Darwinula, Theriosynoecum, Cypridea and Pattersoncypris. In the Brejo Santo Formation dominate
the citeraceans and darwinulaceans. In the Abaiara Formation, the cipridaceans dominate and the
darwinulaceans are absent. In the Crato Formation, the ostracode assemblage is much diversified,
with representatives of all the Podocopida superfamilies, with the dominance of the cipridaceans. In
the black shales of the Ipubi Formation, darwinulaceans, cipridaceans and citeraceans were recognized,
without dominance. In the Romualdo Formation is the dominance of the cipridaceans over the
citeraceans and darwinulaceans. The ostracofauna from Barro and Mirandiba basins, east of the Araripe
Basin, confirm an older lacustrine sedimentation, equivalent to the Brejo Santo Formation from this
basin. The Rio do Peixe, Rio Nazar, Ic and Iguatu basins, at north, possess a similar register to that
of the Abaiara Formation. And the Cedro, Serra Vermelha and So Jos do Belmonte basins, at south,
show a sequence equivalent to the Crato Formation.
Keywords: Ostracods, Mesozoic, Araripe, Interior basins, Northeastern Brazil
Revista de Geologia, Vol. 19 (2), 2006
Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
188
a
Depto.de Geologia, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Acadmico Helio Ramos,
Cidade Universitria, 50740-530, Recife - PE
E-mail: [email protected], [email protected], [email protected]
1. Introduo
Ostracodes so conhecidos artrpodos bival-
ves que ocorrem de forma abundante e diversificada
ao longo de todo o tempo geolgico. No Cretceo,
apenas duas ordens so presentes: a dos Myodoco-
pida, com suas valvas quitinosas ou pouco calcifi-
cadas, e a dos Podocopida, com carapaas melhor
calcificadas, que compreende a maioria das formas
descritas deste perodo. Esta ordem inclui a sub-
ordem Podocopina, que rene os gneros de
ostracodes encontrados nas bacias interiores do
nordeste brasileiro at o momento, pertencentes a
quatro superfamlias, todas representadas no estudo
ora em pauta: Bairdiacea, Darwinulacea, Cytheracea
e Cypridacea.
Alm da maior e mais estudada bacia interior
nordestina do Brasil, a Bacia do Araripe, ostracodes
destas superfamlias j foram nomeados em nove
outras pequenas bacias sedimentares: Rio do Peixe,
Rio Nazar, Iguatu, Ic, Barro, Mirandiba, Cedro,
Serra Vermelha e So J os do Belmonte (Fig. 1).
Em algumas outras bacias h referncias generaliza-
das da ocorrncia de ostracodes fsseis, porm sem
ilustrao, denominao e/ou descrio. o caso
das bacias de Lima Campos (Srivastava, 1990;
Carvalho, 1993), Malhada Vermelha (Srivastava,
1990), Padre Marcos (Carvalho, 1993; Machado
& Cassab, 2001) e Riacho do Padre (Ponte, 1994).
E h outras bacias sedimentares no interior nordesti-
no, como as de Pau dos Ferros (no Rio Grande do
Norte), Vertentes, Pombal e Uirana (na Paraba),
Lavras de Mangabeira, Quintas, Siti e Rio dos
Basties (Cear), Afogados da Ingazeira, Betnia,
Serra Talhada e Tupanaci (Pernambuco) para as
quais no h citaes de ostracodes fsseis at o
momento. Neste trabalho, a Bacia do Jatob no
includa por situar-se junto Bacia de Tucano, saindo
do objetivo desta pesquisa, que visa avaliao da
ostracofauna em bacias interiores isoladas por
terrenos proterozicos.
A Bacia do Araripe tem sua geologia e estrati-
grafia bem conhecida, de modo que aqui destacada
apenas a seqncia sedimentar mesozica, sumarian-
Fig. 1. Localizao das bacias interiores do nordeste do Brasil enfocadas no presente estudo (modificado de Ponte, 1994
e de Neumann et al., 2003).
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Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
do as descries de Neumann & Cabrera (1999).
A mais antiga a Formao Brejo Santo, composta
essencialmente por folhelhos calcferos com
intercalaes de arenitos e de lminas de calcrio
argiloso, tendo sido depositada em ambiente lacustre
raso com influncia fluvial de idade equivalente
biozona da Petrobras NRT-001 (J urssico?; Arai
et al., 2001). Logo acima, esto os arenitos grossos
a conglomerticos da Formao Misso Velha,
sotopostos Formao Abaiara, que formada
predominantemente por folhelhos e siltitos com
intercalaes de lminas de arenitos finos e margas,
depositados em deltas e plancies aluviais, de idade
correspondente s biozonas NRT-003 a NRT-005
da Petrobras (berriasiana? a hauteriviana?; Arai et
al., 2001). Sobreposta a ela, est a Formao Rio
da Batateira, composta por arenitos mdios a
grossos com intercalaes de arenitos mais finos e
siltitos argilosos, em cuja poro mais superior h
folhelhos escuros. Foi depositada provavelmente
durante o Aptiano, emumambiente lacustre-deltaico,
sendo recoberta pela Formao Crato, constituda
por calcrios laminados de mesma idade (Coimbra
et al., 2002) sedimentados sob ambiente lacustre
e/ou palustre de guas doces (Mayal F
o
, 1998). A
Formao Ipubi representada por depsitos de
gipsita e anidrita intercalados por folhelhos escuros,
sendo recoberta pela Formao Romualdo (neo-
aptiana, segundo Regali, 2001), que constituda
por margas e arenitos finos com nveis de concrees
calcrias, representando uma possvel transgresso
marinha sobre um ambiente lagunar costeiro at
ento existente. Todas estas formaes parecem
corresponder biozona da Petrobras NRT-011
(Srivastava & Cavalcante, 2001). A Formao
Arajara, sobreposta, inclui uma seqncia de siltitos
avermelhados neo-aptianos (Regali, 2001), sendo
recoberta discordantemente pela Formao Exu,
constituda por arenitos amarelos e avermelhados
de granulao de mdia a grossa, com bancos
conglomerticos, at hoje tidos como afossilferos e
cuja idade ainda hoje controvertida.
A Bacia do Rio do Peixe, situada no oeste
Estado da Paraba, aqui mencionada reunindo as
sub-bacias de Sousa e de Triunfo (Lima F
o
, 1991).
Seu preenchimento sedimentar mesozico inclui trs
formaes: Antenor Navarro, Sousa e Piranhas.
Segundo Lima F
o
(1991) e P.J . Lima (1998), na
base da seqncia est a Formao Antenor
Navarro, de idade neojurssica, e, de acordo com
Mabesoone & Campanha (1974), composta por
conglomerados intercalados por siltitos e arenitos
finos, depositados em ambiente fluvial. sobreposta
gradacionalmente pela Formao Sousa,
essencialmente formada por arenitos finos, siltitos e
folhelhos com leitos margosos e ndulos calcrios
(Carvalho & Carvalho, 1990) depositados em
ambiente lacustre (Vasconcelos, 1998) durante o
Eocretceo (Mabesoone & Campanha, 1974).
Recobrindo-a, tambm em contato gradacional, est
a Formao Piranhas, constituda por arenitos
avermelhados com delgadas intercalaes de siltitos,
depositados provavelmente do Neobarremiano ao
Eo-aptiano (Mabesoone & Campanha, 1974).
A Bacia de Rio Nazar (por vezes referida
como Bacia de Coronel J oo Pessoa), no Rio
Grande do Norte, mostra unidades litoestratigrficas
resultantes de um sistema de leques aluviais e rios
entrelaados efmeros (Carvalho, 1993). A unidade
inferior, correlacionvel com a Formao Sousa da
Bacia do Rio do Peixe, composta por arenitos
mdios a conglomerticos com estratificao cruza-
da, sobrepostos por arenitos mais finos, siltitos e
margas. E a unidade superior, correlacionvel com
a Formao Piranhas da Bacia do Rio do Peixe,
formada por uma espessa seqncia de calcrios
intensamente silicificados (Srivastava et al., 1989)
com nveis de calcrio nodular (Medeiros Neto,
1981).
As bacias de Iguatu e Ic, ao sul do Estado do
Cear, apresentam trs formaes em sua seqncia
deposicional mesozica (Mabesoone & Campanha,
1974). A Formao Quixo (correspondente
Formao Antenor Navarro da Bacia do Rio do
Peixe; Neumann, 1999), basal, composta
predominantemente por arenitos de finos a
conglomerticos depositados em sistema fluvial. Seu
limite superior gradacional para a Formao
Malhada Vermelha (correspondente Formao
Sousa da mesma bacia; Cavalcanti & Viana, 1992),
constituda por arenitos de granulometria mais fina
com marcas de ondas, estratificao cruzada e
intercalaes de calcrios e margas, depositados em
um sistema lacustre ou palustre (Carvalho, 1993).
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Sobreposta est a Formao Lima Campos
(correspondente Formao Piranhas da Bacia do
Rio do Peixe), com arenitos de finos a conglomer-
ticos e raras intercalaes de margas, resultantes da
deposio em um sistema fluvial.
Na Bacia do Barro, ainda no Cear, podem
ser reconhecidos depsitos sedimentares mesozi-
cos de origem continental correspondentes s
formaes da Bacia do Araripe (Ponte, 1994):
Formao Brejo Santo, com folhelhos calcferos e
intercalaes arenticas, e Formao Misso Velha,
com arenitos grossos a conglomerticos.
Na Bacia de Mirandiba, localizada na regio
centro-sul do Estado de Pernambuco, possui uma
seqncia mesozica na qual so reconhecidas duas
unidades (Braun, 1966): a Formao Aliana
(correlacionvel Formao Brejo Santo da Bacia
do Araripe; Neumann, 1999), com siltitos e
folhelhos vermelhos com nveis conglomerticos, e
a Formao Marizal, com arenitos grossos a conglo-
merticos e alguns leitos slticos, depositados do
Aptiano ao Cenomaniano (Neumann, 1999).
Na Bacia do Cedro, na divisa dos Estados do
Cear e Pernambuco, os estratos depositados em
lagos rasos, leques aluviais e rios entrelaados so
bastante similares s litologias das formaes Antenor
Navarro (Neojurssica) e Sousa (Eocretceo) da
Bacia do Rio do Peixe, e da Formao Crato (Apti-
ano) da Bacia do Araripe (Carvalho, 1993; Ponte,
1994).
A Bacia de Serra Vermelha, na divisa do Estado
do Piau com Pernambuco, por vezes mencionada
como Tabuleiro do Borralho ou do Caldeirozinho
(Ponte 1994), fica ao sul da Bacia do Araripe. Sua
coluna estratigrfica representada por folhelhos,
margas e calcrios, possivelmente correspondentes
Formao Crato (Aptiano), e por estratos da
Formao Exu (Ponte, 1994), semelhantemente
Bacia do Araripe.
A Bacia de So J os do Belmonte, no oeste
de Pernambuco, um pequeno graben preenchido
por arenitos grossos a conglomerticos de cor clara,
devonianos, e uma seqncia jurssico-cretcea de
argilitos e folhelhos laminados, com leitos calcrios
intercalados (Duarte et al., 1991), depositados sob
um sistema lacustre, sendo relacionados Formao
Crato (Ponte, 1994).
2. Material e mtodos
Para a elaborao do presente trabalho, foi
efetuada uma exaustiva consulta da bibliografia
relacionada geologia e paleontologia das bacias
sedimentares interiores do nordeste brasileiro e da
ostracofauna nelas ocorrentes. Posteriormente, foi
realizada uma atualizao estratigrfica com base na
proposta de Neumann & Cabrera (1999) com a
finalidade de possibilitar uma sntese do conhecimen-
to dos ostracodes registrados na literatura por
unidades estratigrficas, tanto da bacia do Araripe
como das demais bacias investigadas.
No presente estudo, foi convencionado men-
cionar as espcies dos gneros Bisulcocypris e
Theriosynoecum por este ltimo nome, assim como
os gneros Harbinia, Hourcqia e Pattersoncypris
so designados pelo ltimo deles, tendo em vista
no existir, nas publicaes, um consenso sobre
estes txons (as espcies so referidas ora a um
gnero ora a outro), uma questo alm do escopo
desta pesquisa. Tambm os txons Dolocytheridea
Triebel, 1938 e Clithocyteridea Stephenson, 1936,
citados originalmente como gneros, so aqui
tratados como subgneros de Cytheridea Bosquet,
1852, seguindo van den Bold (1970). O gnero
Ovocytheridea Grekoff, 1951, mencionado em
resumos publicados de monografias de graduao,
includo neste trabalho dentro do gnero Cytheri-
dae, seguindo Silva (1976).
3. Ostracofauna da bacia do Araripe
Os ostracodes so os crustceos fsseis mais
comumente encontrados na Bacia do Araripe, tendo
sido relatados pioneiramente por T. Ruper Jones em
1887, conforme Maury (1929), que identificou a
presena do gnero Cytheridea em uma amostra de
folhelho cretceo coletada abaixo do calcrio da
Formao Santana. Nesta bacia sedimentar, os
ostracodes formam uma fauna relativamente pouco
diversificada, onde predominamformas lisas ou pouco
ornamentadas de podocopidos. Entre eles, esto os
nicos ostracodes cretcicos com suas partes moles
preservadas at hoje conhecidos (Bate, 1972).
Braun (1966) descreveu e ilustrou pela primeira
vez alguns txons de ostracodes ocorrentes na Bacia
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Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
do Araripe, na ento chamada Formao Santana,
que rene as atuais formaes Rio da Batateira,
Crato, Ipubi e Romualdo: Paraschuleridae sp.1,
Paraschuleridae micropunctata, ostracode 207 e
Heterocypris sp.2. Nas descries do autor, h
ainda Bisulcocypris sp.10, mencionado posterior-
mente por Mabesoone & Tinoco (1973) para a
Bacia do Araripe, mas que Braun (1966) menciona
provir de uma amostra coletada na Serra Negra,
Bacia de J atob. No mesmo trabalho, Braun
descreveu ostracodes encontrados na unidade
estratigrfica ento denominada Formao Aliana,
correspondente, segundo Neumann & Cabrera
(1999), atual Formao Brejo Santo. Mabesoone
& Tinoco (1973) e M.R. Lima (1979) listam
novamente estas formas de ostracodes ocorrentes
na Formao Santana indivisa (Tabs. 1 a 3).
Silva (1967) comentou a presena de
ostracodes similares aos gneros Candona, Bisul-
cocypris, Paracypridea e Dolerocypris em folhe-
lhos da Formao Romualdo, e de Paracypridea
obovata no calcrio laminado da Formao Crato
que, posteriormente, foram relacionados por ele ou
por outros autores a outros txons ou a espcies
destes gneros. Silva (1979b, 1979c, 1979d) e Silva
et al. (1990) mencionam novos gneros e/ou novas
espcies de ostracodes da Formao Santana em
resumos de eventos cientficos, sem terem jamais
publicado as descries e ilustraes corresponden-
tes, motivo pelo qual so todos atualmente nomen
nudum, com terminologia pr-ocupada: Maiacypris
lameiroensis, Barbosacypris cratoensis, Silvaella
cearaensis, S. caririensis, Bisulcocypris krmmel-
beini e B. neryi. Alguns destes txons foram descri-
tos em uma tese no publicada (Silva, 1976), assim
como Elizabethella cratoi, Grekoffella santanai,
Mauriciocypris lameiroi, Sidneya cratensi, Bisul-
cocypris marizae e B. ninoi, todos tambm nomen
nudum. Por este motivo, no presente trabalho, no
so mencionadas referncias a estas formas.
Ghignone et al. (1986) identificam Reconcavo-
na unicinata Krommelbein, 1971, R. gastracantha
Krommelbein, 1971 e Salvadoriella redunca
Krommelbein, 1962 em estratos da Bacia do
Araripe acima de camadas onde ocorre Cypridea
candeiensis e Tucanocypris camposi, reconheci-
dos por Ponte (1992), Ponte F
o
& Ponte (1992),
Srivastava & Cavalcante (2001) e Coimbra et al.
(2002) como ocorrentes na Formao Abaiara.
Ghignone et al. (1986) no denominam a formao
onde ocorrem as espcies por eles mencionadas,
apenas afirmando que correspondem biozona da
Petrobras RT-005 (correspondente ao incio do
Barremiano) e RT-006 (aproximadamente mesobar-
remiano). Viana & Cavalcanti (1991b), baseando-
se neste trabalho Ghignone et al. (1986), citam as
mesmas espcies (Reconcavona unicinata, R.
gastracantha e Salvadoriella redunca) como
ocorrentes na Formao Misso Velha, mais antiga
do que a Formao Abaiara, deixando assim dvidas
sobre a presena de ostracodes nesta formao.
Dpche et al. (1990), secundando K. Beurlen
(1963), Silva (1976 e 1979a), M.R. Lima (1979) e
Brito (1979), colocaram Heterocypris sp. Claus,
1893 e Paraschuleridae mencionados por Braun
(1966) como pertencentes ao gnero Patterson-
cypris. Carmo (1998) descreve Brasacypris
subovatum em sua tese de doutorado ainda no
publicada, de modo que um nomem nudum,
mencionado aqui apenas como gnero. Carmo et
al. (2004) redescrevem Theriosynoecum silvai,
colocando em sinonimia as formas Bisulcocypris
silvai, B. munizi, B. quadrinodosa de Silva
(1978a), as duas ltimas, exemplares juvenis da
primeira espcie, e Theriosynoecum munizi, citado
por Coimbra et al. (2002). Muito provavelmente
as mesmas espcies deste gnero possivelmente
ocorrentes na Formao Rio da Batateira se referem
a este mesmo txon, motivo pelo qual assim consi-
derado no presente trabalho. Outros trabalhos que
se destacam no estudo taxonmico, bioestratigrfi-
co e/ou paleoecolgico dos ostracodes da Bacia
do Araripe so os de Silva (1978a, 1978b, 1978c,
1979a), Dpche et al. (1990), Telles & Viana
(1990), Ponte & Ponte F
o
(1992), Berthou et al.
(1994), Neumann (1999), Srivastava & Cavalcante
(2001), Syrio & Rios (2002) e Coimbra et al.
(2002).
4. Consideraes sobre a bacia do Araripe
Na Bacia do Araripe ostracodes fsseis so
muito comuns, ocorrendo em quase todas as
formaes das fases pr-rifte, rifte e ps-rifte (sensu
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Neumann & Cabrera, 1999). Comearam a ser
estudados h cerca de 120 anos (J ones, 1887),
tendo sido mencionados por Ulrich (1910), Maury
(1929) e Paes Leme (1943) e posteriormente
investigados na dcada de 60 por paleontlogos da
Universidade Federal de Pernambuco, como Karl
Beurlen e Mariano Domingues da Silva, seus alunos
e colaboradores, e na virada do sculo por ostraco-
dlogos de outras universidades e entidades de
pesquisa brasileiras.
Tab. 1. Ostracodes mencionados na literatura como ocorrentes nas formaes mesozicas mais basais da Bacia do
Araripe: formaes Brejo Santo (Jurssico?) e Abaiara (Eocretceo).
o a m r o F a i l m a f r e p u S n o x T o n a e r o t u A
a r a i a b A
a e c a r e h t y C
. p s a e d i r e h t y C 9 2 9 1 y r u a M ; 0 1 9 1 h c i r l U ; 7 8 8 1 s e n o J
m u t a i n i c a l m u c e o n y s o i r e h T
e t n a c l a v a C & a v a t s a v i r S ; 2 9 9 1 e t n o P & e t n o P
a r b m i o C ; 1 0 0 2 . l a t e 2 0 0 2
m u c e o n y s o i r e h T
m u t a r e b u t e i r a v
2 9 9 1 e t n o P & e t n o P
a e c a d i r p y C
s i s n e i e d n a c a e d i r p y C
& a v a t s a v i r S ; 2 9 9 1 e t n o P & e t n o P ; 2 9 9 1 e t n o P
a r b m i o C ; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C . l a t e 2 0 0 2
i f f o k e r g a e d i r p y C
& a v a t s a v i r S ; 2 9 9 1 e t n o P & e t n o P ; 2 9 9 1 e t n o P
a r b m i o C ; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C . l a t e 2 0 0 2
a t a l l e s a e d i r p y C
& a v a t s a v i r S ; 2 9 9 1 e t n o P & e t n o P ; 2 9 9 1 e t n o P
a r b m i o C ; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C . l a t e 2 0 0 2
s i s n e o n a c u t a e d i r p y C
& a v a t s a v i r S ; 2 9 9 1 e t n o P & e t n o P ; 2 9 9 1 e t n o P
a r b m i o C ; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C . l a t e 2 0 0 2
s i r a g l u v a e d i r p y C
& a v a t s a v i r S ; 2 9 9 1 e t n o P & e t n o P ; 2 9 9 1 e t n o P
i a r A ; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C . l a t e a r b m i o C ; 1 0 0 2 . l a t e
i a r A ; 2 0 0 2 . l a t e 4 0 0 2
i s o p m a c s i r p y c o n a c u T a r b m i o C ; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C & a v a t s a v i r S . l a t e 2 0 0 2
o t n a S o j e r B
a e c a l u n i w r a D
. p s a l u n i w r a D e h c p D . l a t e 0 0 0 2 a i c r a G & a s o R ; 0 9 9 1
a l l e n i m u g e l a l u n i w r a D
; 0 0 0 2 a i c r a G & a s o R ; 6 7 9 1 a v l i S ; 6 6 9 1 , n u a r B
a r b m i o C ; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C & a v a t s a v i r S . l a t e 2 0 0 2
a g n o l b o . r g a l u n i w r a D
a v a t s a v i r S ; a 4 9 9 1 u o h t r e B ; 6 7 9 1 a v l i S ; 6 6 9 1 n u a r B
a r b m i o C ; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C & . l a t e 2 0 0 2
a e c a r e h t y C
. p s s i s p o l l e y e n o o L a r b m i o C ; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C & a v a t s a v i r S . l a t e 2 0 0 2
. p s m u c e o n y s o i r e h T 0 9 9 1 . l a t e e h c p D
s i s n e i t i r i m m u c e o n y s o i r e h T a r b m i o C ; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C & a v a t s a v i r S . l a t e 2 0 0 2
i a v l i s m u c e o n y s o i r e h T a r b m i o C ; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C & a v a t s a v i r S . l a t e 2 0 0 2
i e c i r p m u c e o n y s o i r e h T
& a s o R ; a 4 9 9 1 u o h t r e B ; 6 7 9 1 a v l i S ; 6 6 9 1 n u a r B
; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C & a v a t s a v i r S ; 0 0 0 2 a i c r a G
a v l i S ; 2 0 0 2 . l a t e a r b m i o C . l a t e b 5 0 0 2 , a 5 0 0 2
m u s o d o n i n u m u c e o n y s o i r e h T a r b m i o C ; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C & a v a t s a v i r S . l a t e 2 0 0 2
a e c a d i r p y C a t r e c n i a n o v a c n o c e R a r b m i o C ; 1 0 0 2 e t n a c l a v a C & a v a t s a v i r S . l a t e 2 0 0 2
Revista de Geologia, Vol. 19 (2), 2006
193
Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
Tab. 2. Ostracodes mencionados na literatura como ocorrentes nas unidades aptianas pr-evaporticas da Bacia do
Araripe: formaes Rio da Batateira e Crato.
o a m r o F a i l m a f r e p u S n o x T o n a , r o t u A
o t a r C
a e c a i d r i a B
. p s a i d r i a B 6 7 9 1 a v l i S
. p s s i r p y c o h t y B 9 7 9 1 a m i L . R . M ; 6 7 9 1 a v l i S
a e c a l u n i w r a D
. p s a l u n i w r a D
u o h t r e B ; 5 8 9 1 . l a t e a v l i S . l a t e ; 4 9 9 1 , a 0 9 9 1
b 4 9 9 1 u o h t r e B
i s n i t r a m a l u n i w r a D
a v l i S ; 9 7 9 1 a m i L . R . M ; a 9 7 9 1 , c 8 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S
e h c p D ; b 0 9 9 1 , a 0 9 9 1 a n a i V ; 6 8 9 1 r e h c r e a K &
. l a t e & n i l o C ; 0 9 9 1 a n a i V & s e l l e T ; 0 9 9 1
& a v a t s a v i r S ; 9 9 9 1 n n a m u e N ; 7 9 9 1 e h c p D
1 0 0 2 e t n a c l a v a C
a e c a r e h t y C
. p s a e d i r e h t y C 9 7 9 1 a m i L . R . M ; 6 7 9 1 a v l i S
. p s m u c e o n y s o i r e h T
u o h t r e B ; 0 9 9 1 a n a i V & s e l l e T ; 5 8 9 1 . l a t e a v l i S t e
. l a a 0 9 9 1
i a v l i s m u c e o n y s o i r e h T
a v l i S ; 9 7 9 1 a m i L . R . M ; a 9 7 9 1 , a 8 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S
e h c p D ; b 0 9 9 1 , a 0 9 9 1 a n a i V ; 6 8 9 1 r e h c r e a K &
. l a t e u o h t r e B ; b 4 9 9 1 u o h t r e B ; 0 9 9 1 . l a t e ; 4 9 9 1
; 9 9 9 1 n n a m u e N ; 7 9 9 1 e h c p D & n i l o C
1 0 0 2 e t n a c l a v a C & a v a t s a v i r S
a e c a d i r p y C
. p s s i r p y c a s a r B
a v l i S . l a t e ; 6 8 9 1 r e h c r e a K & a v l i S ; 5 8 9 1
9 9 9 1 n n a m u e N
s i s n e p i r a r a a e d i r p y C
& a v l i S ; 9 7 9 1 a m i L ; a 9 7 9 1 , b 8 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S
e h c p D ; b 0 9 9 1 , a 0 9 9 1 a n a i V ; 6 8 9 1 r e h c r e a K t e
. l a ; b 4 9 9 1 u o h t r e B ; 0 9 9 1 a n a i V & s e l l e T ; 0 9 9 1
u o h t r e B . l a t e ; 7 9 9 1 e h c p D & n i l o C ; 4 9 9 1
1 0 0 2 e t n a c l a v a C & a v a t s a v i r S
. p s s i r p y c o y l I
u o h t r e B ; b 4 9 9 1 u o h t r e B . l a t e n i l o C ; 4 9 9 1 , 3 9 9 1
7 9 9 1 e h c p D &
. p s a h p r o m i r p y c o y l I u o h t r e B ; b 4 9 9 1 u o h t r e B . l a t e 4 9 9 1
i u o h t r e b s i r p y c o n e u q u e N 7 9 9 1 e h c p D & n i l o C
7 0 2 e d o c a r t s o
a n a i V & s e l l e T ; b 0 9 9 1 , a 0 9 9 1 a n a i V ; 6 6 9 1 n u a r B
e t n a c l a v a C & a v a t s a v i r S ; 9 9 9 1 n n a m u e N ; 0 9 9 1
1 0 0 2
. p s ? s i r p y c a r a P 9 9 9 1 n n a m u e N
a t a v o b o a e d i r p y c a r a P 3 6 9 1 n e l r u e B
a t a l u g n a s i r p y c n o s r e t t a P
a n a i V & s e l l e T ; b 0 9 9 1 , a 0 9 9 1 a n a i V ; 6 7 9 1 a v l i S
e h c p D ; 0 9 9 1 . l a t e u o h t r e B ; 0 9 9 1 . l a t e , a 0 9 9 1
& a v a t s a v i r S ; 7 9 9 1 e h c p D & n i l o C ; 4 9 9 1
1 0 0 2 e t n a c l a v a C
s i r p y c n o s r e t t a P
a s o l l i p a p o r c i m
e h c p D ; b 0 9 9 1 , a 0 9 9 1 a n a i V ; 6 7 9 1 a v l i S . l a t e
u o h t r e B ; 0 9 9 1 . l a t e 9 9 9 1 n n a m u e N ; 4 9 9 1
. p s a i s a r b o r t e P a v l i S ; 6 7 9 1 a v l i S . l a t e b 4 9 9 1 u o h t r e B ; 5 8 9 1
. p s s i r p y c o n o Z
u o h t r e B ; b 4 9 9 1 u o h t r e B . l a t e & n i l o C ; 4 9 9 1
7 9 9 1 e h c p D
a r i e t a t a B a d o i R
a e c a l u n i w r a D i s n i t r a m a l u n i w r a D 2 0 0 2 s o i R & o i r y S
a e c a r e h t y C i a v l i s m u c e o n y s o i r e h T 2 0 0 2 s o i R & o i r y S
a e c a d i r p y C
. p s s i r p y c a s a r B 2 0 0 2 s o i R & o i r y S
. p s a n o d n a C 2 0 0 2 s o i R & o i r y S
a t a l u g n a s i r p y c n o s r e t t a P u o h t r e B . l a t e i a r A ; a 0 9 9 1 . l a t e 4 0 0 2 , 1 0 0 2
s i r p y c n o s r e t t a P
a s o l l i p a p o r c i m
2 0 0 2 s o i R & o i r y S
. p s s i r p y c o n o Z 2 0 0 2 s o i R & o i r y S
Revista de Geologia, Vol. 19 (2), 2006
Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
194
Tab. 3. Ostracodes mencionados na literatura como ocorrentes em unidades da fase evaportica e ps-evaportica da
Bacia do Araripe: formaes Ipubi e Romualdo.
o a m r o F a i l m a f r e p u S n o x T o n a , r o t u A
o d l a u m o R
a e c a l u n i w r a D
. p s a l u n i w r a D
; 0 9 9 1 a r b m i o C & i a r A ; a 9 7 9 1 , 8 7 9 1 , 5 7 9 1 , 7 6 9 1 a v l i S
e h c p D . l a t e u o h t r e B ; 0 9 9 1 . l a t e b 0 9 9 1 , a 0 9 9 1
a l l e n i m u g e l . f c a l u n i w r a D a 9 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S
i s n i t r a m a l u n i w r a D 6 7 9 1 a v l i S
a e c a r e h t y C
. p s a e d i r e h t y C
; 3 6 9 1 a t s o C ; b 3 6 9 1 , a 3 6 9 1 s o j n A ; 3 6 9 1 e u q r e u q u b l A
6 7 9 1 a v l i S
. p p s m u c e o n y s o i r e h T
, 7 8 9 1 . l a t e u o h t r e B ; 9 7 9 1 o t i r B ; a 9 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S
e h c p D ; b 0 9 9 1 , 8 8 9 1 . l a t e a r b m i o C & i a r A ; 0 9 9 1
9 9 9 1 . l a t e a n a i V ; 0 9 9 1
a e c a d i r p y C
. p s s i r p y c a s a r B a 9 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S
. p p s a e d i r p y C 0 9 9 1 a r b m i o C & i a r A ; 8 7 9 1 , 6 7 9 1 , 0 7 9 1 , 7 6 9 1 a v l i S
s i r a l u c i c a . f c a e d i r p y C a 9 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S
i r e l l e u m . f c a e d i r p y C a 9 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S
s i r a g l u v . f c a e d i r p y C a 9 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S
7 0 2 e d o c a r t s o e h c p D ; 9 7 9 1 a m i L . R . M ; 6 6 9 1 n u a r B . l a t e 0 9 9 1
a t a l u g n a s i r p y c n o s r e t t a P
; 9 7 9 1 a m i L . R . M ; a 9 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S ; 3 6 9 1 n e l r u e B . K
a n a i V . l a t e e h c p D ; 9 8 9 1 . l a t e u o h t r e B ; 0 9 9 1 . l a t e
1 9 9 1 s e l l e T ; b 0 9 9 1 , a 0 9 9 1 a n a i V & s e l l e T ; b 0 9 9 1
a s o l l i p a p o r c i m s i r p y c n o s r e t t a P
e h c p D ; 9 7 9 1 a m i L . R . M ; a 9 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S . l a t e
n i d u a B ; 0 9 9 1 a r b m i o C & i a r A ; 0 9 9 1 . l a t e ; 0 9 9 1
u o h t r e B . l a t e 1 0 0 2 i r t e P ; b 0 9 9 1 , a 0 9 9 1
. p s a i s a r b o r t e P e h c p D ; 6 7 9 1 a v l i S . l a t e u o h t r e B ; 0 9 9 1 . l a t e b 0 9 9 1
. p s a n i d i r p y c o d u e s P a 9 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S
. p p s a n o v a c n o c e R a 9 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S
. p p s a l l e i r o d a v l a S a 9 7 9 1 , 6 7 9 1 a v l i S
i b u p I
a e c a l u n i w r a D i s n i t r a m a l u n i w r a D 6 7 9 1 a v l i S
a e c a r e h t y C
. p s a e d i r e h t y C 9 7 9 1 a m i L ; 6 7 9 1 a v l i S
i a v l i s m u c e o n y s o i r e h T 6 7 9 1 a v l i S
a e c a d i r p y C
. p s s i r p y c a s a r B 6 7 9 1 a v l i S
a t a l u g n a s i r p y c n o s r e t t a P 2 0 0 2 o t u o S ; b 0 9 9 1 . l a t e u o h t r e B
a s o l l i p a p o r c i m s i r p y c n o s r e t t a P 6 7 9 1 a v l i S
Revista de Geologia, Vol. 19 (2), 2006
195
Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
Das formaes mesozicas com ostracodes
fsseis conhecidos da Bacia do Araripe, a mais
antiga a Formao Brejo Santo, composta essen-
cialmente por folhelhos calcferos ricos em ostraco-
des, tendo se depositando em ambiente lacustre raso
durante o Neojurssico. Estudados desde 1966
(Braun), os principais autores que mencionaram
ostracodes desta formao foram M.D. Silva
(1976), Srivastava & Cavalcante (2001) e Coimbra
et al. (2002). Viana & Cavalcanti (1989)
observaram que bancos de ostracodes so freqen-
temente encontrados na fcies de margas e arenitos
muito finos desta formao. Entre eles, dominam os
citerceos (mais diversificados) e os darwinulceos,
ocorrendo uma nica espcie de cipridceo.
Coimbra et al. (2002) sintetizaram a presena de
oito diferentes txons de ostracodes nesta formao,
confirmando inteiramente a listagem e os estudos
de Srivastava & Cavalcante (2001): Darwinula
leguminella Jones, 1885 e D. gr. oblonga Roemer
1839; os citerceos Looneyllopsis sp. Krmmelbein
& Weber, 1985, Theriosynoecum miritiensis
Krmmelbein & Weber, 1985, T. pricei Pinto &
Sanguinetti, 1958, T. uninodosum (Pinto & San-
guinetti, 1958) e T. silvai (Silva, 1976), alm do
cipridceo Reconcavona incerta Krmmelbein &
Weber, 1985. A forma Theriosynoecum pricei
tida como espcie-guia desta formao.
Na Formao Misso Velha, com arenitos
grossos a conglomerticos, foram mencionados
apenas por Viana & Cavalcanti (1991b) a presena
de algumas espcies de ostracodes, que se basearam
no trabalho de Ghignone et al. (1986), que listam
estas mesmas espcies em estratos superiores
Formao Abaiara. Desta forma, bastante duvido-
sa a presena de ostracodes na Formao Misso
Velha.
Na Formao Abaiara, os ostracodes ocorrem
nos folhelhos berriasianos? a hauterivianos? (Fig. 2),
registrados pela primeira vez em 1887 por T. Ruper
Jones. Os trabalhos mais significativos sobre ostraco-
des desta formao so os de Ponte (1992), Ponte
& Ponte F
o
(1992), Srivastava & Cavalcante (2001)
e Coimbra et al. (2002). Nesta associao predomi-
nam os cipridceos: Cypridea candeiensis
Krommelbein, 1962, C. grekoffi Krommelbein,
1965, C. sellata Viana, 1966, C. tucanoensis
Krommelbein, 1965 eC. vulgaris Krommelbein,
1962. Darwinulceos esto ausentes. Para esta
formao, Coimbra et al. (2002) confirmam nova-
mente toda a listagem apresentada por Srivastava
& Cavalcante (2001) e a quase totalidade de Ponte
& Ponte F
o
(1992), pois estes autores acrescentam
ainda Theriosynoecum varietuberatum Grekoff &
Krommelbein, 1967 e Tucanocypris camposi
Krommelbein, 1965. Cypridea vulgaris conside-
rada a espcie-guia desta formao.
A Formao Rio da Batateira sobreposta
concordantemente pela Formao Crato. Syrio &
Rios (2002) identificaram e ilustraram diversos
txons de ostracodes encontrados em uma s
amostra coletada em um nvel estratigrfico locali-
zado no topo da Formao Rio da Batateira, prxi-
mo ao contato com o Membro Crato. Mais adiante,
mencionam que poucos metros acima do nvel em
que a amostra foi coletada afloram camadas de
calcrio laminado caracterstico do Membro Crato
da Formao Santana. Uma vez que a literatura
(p.ex., Ponte & Appi, 1990) assinala a ocorrncia
de folhelhos cinza e castanho-escuros na base do
Membro Crato, tem surgido alguma controvrsia em
relao ao limite entre esta unidade e a Formao
Rio da Batateira. Essa uma questo que dever
ser enfocada na prxima etapa da presente
Fig. 2. Ostracodes da Formao Abaiara na Bacia do Araripe (barra = 200mm): A) Theriosynoecum laciniatum; B)
Cypridea candaiensis; C) Tucanocypris camposi (de Coimbra et al., 2002).
Revista de Geologia, Vol. 19 (2), 2006
Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
196
pesquisa. Apesar da dvida, os autores afirmam
que os ostracodes provm da Formao Rio da
Batateira, diferentemente de Neumann, que estudou
diversos perfis e amostras em sua tese de doutorado,
relacionando os ostracodes destes estratos Forma-
o Crato. Todas as espcies citadas por Syrio &
Rios (2002), com exceo de Candona sp. Baird,
1845, ocorrem na Formao Crato segundo vrios
autores: Darwinula martinsi Silva, 1978,
Theriosynoecum silvai (Silva, 1978), Patterson-
cypris angulata Krmmelbein & Weber, 1985, P.
micropapillosa Bate, 1972, Zonocypris sp. Muller,
1898 eBrasacypris sp. Krommelbein, 1965. Como,
praticamente, s existe o trabalho de Syrio & Rios
(2002) descrevendo ostracodes na Formao Rio
da Batateira, baseado em s uma amostra coletada
em uma camada de posio estratigrfica incerta,
tornam-se necessrios novos estudos para esclarecer
a presena ou no destes crustceos nesta formao.
Na Formao Crato, a associao de ostraco-
des se diversifica muito, com representantes de todas
as superfamlias, ainda que dominem largamente os
Cypridacea (Fig. 3). a formao da Bacia do
Araripe que possui a ostracofauna mais estudada,
reconhecida desde Braun (1966). Destacam-se os
trabalhos de Silva (1976), M.R. Lima (1979), Telles
& Viana (1990), Berthou et al. (1994), Colin &
Dpche (1997), Neumann (1999) e Srivastava &
Cavalcante (2001). Silva (1976) cita e ilustra os ni-
cos gneros de bairdiceos mencionados na Bacia
do Araripe, coletados, segundo ele, em folhelhos
escuros da Formao Crato expostos em aflora-
mentos: Bairdia? McCoy, 1844 e Bythocypris
Brady, 1880. Arai et al. (2001) sintetizam a ocorrn-
cia dos ostracodes mais freqentemente encontrados
na Formao Crato na seguinte listagem: Darwinula
martinsi, o citerceo Theriosynoecum silvai, eos
cipridceos Cypridea araripensis Silva, 1978,
Pattersoncypris angulata, P. micropapillosa e uma
forma denominada informalmente de ostracode sp.
207 (tido como similar Candonopsis sp.1 de Braun
(1966) ou Bisulcocypris sp.10 da Petrobras).
Outros autores acrescentam: Brasacypris sp.,
Cytheridea sp. Bosquet, 1850, Ilyocypris sp. Brady
& Norman, 1889, Ilyocyprimorpha sp. Mandel-
stam, 1955, Paracypris? sp. Sars, 1865, Paracy-
pridea obovata Swain, 1946, Petrobrasia sp.
Krommelbein, 1965 e Zonocypris sp.. Berthou
(1994b) e Berthou et al. (1993 e 1994) listam ainda
trs gneros de ostracodes bentnicos e lacustres
asiticos, sem descries ou ilustraes, cujas
presenas na Formao Crato so duvidosas:
Cultella, Timiriasevia e Vlakomia. Coimbra et al.
(2002) salientam ainda que Cultella, Vlakomia,
Ilyociprimorpha e Zonocypris so formas muito
raras. Colin & Dpche (1997) descrevem e ilus-
tram Neuquenocypris berthoui, uma nova espcie
da Bacia de Bongor no Tchad, que parece ocorrer
nos sedimentos da Formao Crato. A espcie-guia
desta formao Pattersoncypris angulata.
Na Formao Ipubi, h menes de ostracodes
indeterminados (Menor & Amaral, 1991; Viana &
Cavalcanti 1991a; Arai et al., 2001), mas discrimi-
nados por Silva (1976), que os observou nos
folhelhos escuros intercalados gipsita no testemu-
nho do poo de sondagem perfurado em 1963 pela
Sudene (poo SE-2) na regio entre Casa da Pedra
e Ouricuri, prximo a Araripina. No se observa
uma superfamlia predominante nas poucas espcies
encontradas: Darwinula martinsi, Brasacypris sp.,
Pattersoncypris angulata, P. micropapillosa,
Cytheridea sp. eTheriosynoecum silvai.
Fig. 3. Ostracodes da Formao Crato na Bacia do Araripe: A) Cypridea araripensis; B) Ilyocypris sp.; C) Ilyocyprimorpha
sp. (de Berthou et al., 1994).
Revista de Geologia, Vol. 19 (2), 2006
197
Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
Na Formao Romualdo, constituda por
margas, arenitos finos e concrees calcrias de
idade neo-aptiana (Regali, 2001), h novamente o
predomnio de representantes dos cipridceos:
Brasacypris sp., Cypridea cf. acicularis Krmmel-
bein & Weber, 1985, C. cf. muelleri Krommelbein,
1962, C. cf. vulgaris Krommelbein, 1962,
Pattersoncypris angulata, P. micropapillosa,
Petrobrasia sp., Pseudocypridina sp. R.Roth,
1933, Reconcavona spp. Krommelbein, 1962,
Salvadoriella spp. Krommelbein, 1962 e ostracode
207. Entre os citerceos esto Theriosynoecum
spp. e Cytheridea sp.; e entre os darwinulceos,
Darwinula cf. leguminella e D. martinsi (Fig.4).
Esta formao tem sua ostracofauna
conhecida desde 1976, tendo sido principalmente
investigada por Silva (1976 e 1979a), Dpche et
al. (1990), Berthou et al. (1990b) e Arai &
Coimbra (1990). Dpche et al. (1990) e Berthou
et al. (1990b) listam ainda a presena do gnero
de ostracode bentnico descrito originalmente de
depsitos sedimentares russos: Cultella
Luebimova, 1952.
A maioria dos ostracodes de guas doces per-
tence superfamlia dos cipridceos, mostrando
carapaas lisas ou fracamente ornamentadas, sem
tubrculos oculares. Os darwinulceos, de carapaas
lisas e alongadas, so igualmente caractersticos de
ambientes dulccolas. De modo geral, os represen-
tantes de ambas as superfamlias vivem em fundos
lodosos ou argilo-arenosos, sob lminas dgua
menores do que 10m. Os cipridceos so dominan-
tes, segundo a literatura, emtodas as formaes meso-
zicas da Bacia do Araripe, com exceo da Forma-
o Brejo Santo (e talvez Rio da Batateira), onde
ocorre uma s espcie. Os darwinulceos no foram
reconhecidos at o momento nas formaes Misso
Velha e Abaiara, ocorrendo em todas as demais
formaes, sempre representados por espcies do
gnero Darwinula. Assim, a predominncia de um
ambiente com guas doces durante o Mesozico na
Bacia do Araripe parece ser bastante provvel.
Os citerceos compem a maioria das formas
mixohalinas, geralmente com carapaas lisas e mais
espessas do que as dulceaqcolas. Esta super-
famlia predominante somente na Formao
Brejo Santo, a mais antiga da seqncia
carbontica de Bacia do Araripe, ocorrendo sem
maior destaque em todas as demais formaes.
Este fato registrado na literatura sugere que, por
algum motivo, durante o tempo de deposio desta
formao, as guas tinham salinidade mais alta do
que ambientes dulccolas.
Os bairdiceos vivem sob guas marinhas rasas
(Sanguinetti & Coimbra, 1993), sendo as nicas
formas tipicamente marinhas encontradas na Bacia
do Araripe. Foram descritas como de ocorrncia rara
por Silva (1976) na Formao Crato, o que indicaria
uma possvel salinizao no ambiente lacustre de
ento. Como esta unidade estratigrfica est
sobreposta pela Formao Ipubi, constituda
predominantemente por evaporitos, esta hiptese
provvel, tendo ocorrido por evaporao intensa e
crescente na rea. Entretanto, a presena de
bairdiceos na Bacia do Araripe no foi posterior-
mente confirmada, deixando emaberto este tema para
futuras investigaes. O ambiente que se instalou
posteriormente e que proporcionou a deposio da
Formao Romualdo deve ter sido novamente de
mais baixa salinidade. A discordncia existente entre
as formaes Ipubi e Romualdo (Viana & Cavalcanti,
1991a) refora a hiptese de uma mudana ambiental
Fig. 4. Ostracodes da Formao Romualdo na Bacia do Araripe (barra = 200mm): A) Darwinula martinsi (de Carmo et
al., 2004); B) Cypridea gr. vulgaris (de Coimbra et al., 2002); C) Theriosynoecum silvai (de Carmo et al., 2004).
Revista de Geologia, Vol. 19 (2), 2006
Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
198
brusca, registrada pelas ostracofaunas j estudadas
e pela seqncia sedimentar desta bacia.
5. Ostracofauna das demais bacias interiores
So aqui referidos os registros da ostracofauna
de outras bacias interiores do nordeste brasileiro,
mas de menor porte do que a Bacia do Araripe
(Tabs. 4 a 6). So elas: no Estado da Paraba, a
Bacia do Rio do Peixe; no Rio Grande do Norte, a
Bacia do Rio Nazar; no Cear, as bacias de Igua-
tu e do Barro; na divisa do Estado do Cear com
Pernambuco, as bacias do Cedro e de Serra Verme-
lha; e em Pernambuco, as bacias de So J os do
Belmonte e Mirandiba.
Nos folhelhos duvidosamente jurssicos (For-
mao Brejo Santo) ocorrem ostracodes nas bacias
do Barro, ao nordeste da Bacia do Araripe, e de
Mirandiba, a sudeste (Mabesoone, 1972; Carvalho,
1993). O gnero Cytherella J ones, 1849, citado
tentativamente por Ponte (1994) na Bacia do Barro,
fora considerado j por Carvalho (1993) como no
corretamente identificado.
Nas margas e calcrios argilosos da Formao
Sousa ou seqncia sedimentar correspondente
(Tabs. 4 a 6), h menes de ostracodes nas bacias
do Rio do Peixe (Braun, 1970; Marinho, 1979), do
Rio Nazar (Carvalho, 1993) e de Iguatu (Formao
Malhada Vermelha, possivelmente correspondente
Formao Sousa). De modo generalizado, K.
Beurlen & Mabesoone (1969) citaram pela primeira
vez a presena de ostracodes na Bacia de Iguatu.
Nos folhelhos calcferos referidos como depsi-
tos correlacionveis Formao Crato, so encon-
trados ostracodes nas bacias do Cedro, entre as
localidades de Cedro e Santa Rosa, Pernambuco
(Ponte, 1994; Carvalho, 2001), de So J os do
Belmonte, pouco mais a sudeste desta (Braun, 1966;
Carvalho, 1993) e de Serra Vermelha, a sudoeste
da Bacia do Araripe (Ponte, 1994).
Assim, nas demais bacias interiores do nordeste
do Brasil, em cujos estratos j foram reconhecidos
gneros e/ou espcies de ostracodes, possvel
reconhecer trs grupos, conforme a idade das cama-
das sedimentares onde eles so encontrados:
Formao Brejo Santo ou estratos equivalen-
tes (Neojurssico?): Bacia do Barro (CE) e Bacia
de Mirandiba (PE), ambas a leste da Bacia de
Araripe;
Formao Abaiara ou Formao Sousa ou
equivalente (Eocretceo inicial): Bacia do Rio do
Peixe (PB), Bacia do Rio Nazar (RN), Bacia de
Iguatu e Bacia de Ic (CE), todas elas a nordeste
da Bacia do Araripe;
Formao Crato ou depsitos equivalentes
(Eocretceo mais terminal): Bacia do Cedro (CE-
PE), Bacia de Serra Vermelha (PI-PE) e Bacia de
So Jos do Belmonte (PE), todas ao sul da Bacia
do Araripe.
Os ostracodes da Bacia do Barro so conheci-
dos desde 1993, atravs da tese de I.S. Carvalho,
o nico trabalho at o momento a discrimin-los.
Ocorrem darwinulceos (Darwinula cf. oblonga e
D. leguminella) e citerceos (Looneyellopsis sp. e
Theriosynoecum pricei), estes tambm encontra-
dos em guas um pouco mais salinas. Na Bacia de
Mirandiba, os ostracodes de idade similar, so
conhecidos desde Braun (1966), tendo sido identifi-
cados tambm por Carvalho (1993). Pertencem aos
mesmos gneros de darwinulceos (Darwinula cf.
oblonga) e citerceos (Theriosynoecum sp.) das
bacias do Barro e Araripe, o que refora a relao
destas trs bacias durante o tempo de deposio
da Formao Brejo Santo.
A Bacia do Rio do Peixe possui ostracodes
fsseis reconhecidos desde Braun (1966), sendo
destacveis os trabalhos de Mabesoone & Campa-
nha (1974), Hessel et al. (1994) e Viana et al.
(1999). Na Formao Sousa, aparentemente similar
Formao Abaiara da Bacia do Araripe, h grande
variedade de formas dulceaqcolas, como os
darwinulceos (Darwinula cf. oblonga e D. cf.
leguminella) e os cipridceos (Brasacypris ovum
Krommelbein, 1965, Candona cf. redunca
Krommelbein, 1962, C. cf. condensa Krommelbein,
1965, Cypridea cf. ambigua Krommelbein, 1965,
C. lunula Krommelbein, 1962, C. cf. vulgaris,
Ilyocypris sp. e Paracypridea sp.). Os citerceos,
que podem viver tambm em guas mixohalinas,
esto representados por Theriosynoecum sp.
Na Bacia do Rio Nazar, a ostracofauna
conhecida desde Srivastava et al. (1989), tambm
estudada por Carvalho (1993). Na unidade inferior
de sua seqncia sedimentar, correspondente
Revista de Geologia, Vol. 19 (2), 2006
199
Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
Tab. 4. Ostracodes darwinulceos mencionados na literatura como ocorrentes em pequenas bacias do interior do nordeste
brasileiro. As formaes citadas representam uma possvel correlao.
Tab. 5. Ostracodes citerceos mencionados na literatura como ocorrentes em pequenas bacias do interior do nordeste
brasileiro (na Bacia de Rio Nazar no h meno desta superfamlia). As formaes citadas representam uma
possvel correlao.
a i c a B o a m r o F n o x T o n a e r o t u A
a h l e m r e V a r r e S
o t a r C
. p s a l u n i w r a D a 4 9 9 1 e t n o P
o r d e C . p s a l u n i w r a D a 4 9 9 1 e t n o P ; 1 0 0 2 , 3 9 9 1 o h l a v r a C
e t n o m l e B o d s o J o S . p s a l u n i w r a D a 4 9 9 1 e t n o P ; 3 9 9 1 o h l a v r a C ; 6 6 9 1 n u a r B
e x i e P o d o i R
) a r a i a b A ( a s u o S
a g n o l b o . f c a l u n i w r a D
l e s s e H ; 4 7 9 1 a h n a p m a C & e n o o s e b a M . l a t e
4 9 9 1
a l l e n i m u g e l . f c a l u n i w r a D
; 4 7 9 1 a h n a p m a C & e n o o s e b a M ; 0 7 9 1 n u a r B
l e s s e H . l a t e 4 9 9 1
. p s a l u n i w r a D
& e n o o s e b a M ; 2 7 9 1 e n o o s e b a M ; 6 6 9 1 n u a r B
; 5 7 9 1 e n o o s e b a M & o c o n i T ; 4 7 9 1 a h n a p m a C
l e s s e H . l a t e a n a i V ; 4 9 9 1 . l a t e 9 9 9 1
r a z a N o i R . p s a l u n i w r a D a v a t s a v i r S . l a t e 3 9 9 1 o h l a v r a C ; 9 8 9 1
u t a u g I . p s a l u n i w r a D
a h n a p m a C & e n o o s e b a M ; 2 7 9 1 e n o o s e b a M
0 9 9 1 a v a t s a v i r S ; 4 7 9 1
c I . p s a l u n i w r a D 4 6 9 1 o l l e M
o r r a B
o t n a S o j e r B
a g n o l b o . f c a l u n i w r a D 3 9 9 1 o h l a v r a C
a l l e n i m u g e l a l u n i w r a D 3 9 9 1 o h l a v r a C
a b i d n a r i M a g n o l b o . f c a l u n i w r a D 3 9 9 1 o h l a v r a C ; 2 7 9 1 e n o o s e b a M ; 6 6 9 1 n u a r B
a i c a B o a m r o F n o x T o n a e r o t u A
a h l e m r e V a r r e S
o t a r C
. p s m u c e o n y s o i r e h T 4 9 9 1 e t n o P
o r d e C . p p s m u c e o n y s o i r e h T a 4 9 9 1 e t n o P ; 1 0 0 2 , 3 9 9 1 o h l a v r a C
e t n o m l e B o d s o J o S . p s m u c e o n y s o i r e h T a 4 9 9 1 e t n o P ; 3 9 9 1 o h l a v r a C ; 6 6 9 1 n u a r B
e x i e P o d o i R
) a r a i a b A ( a s u o S
. p s m u c e o n y s o i r e h T
l e s s e H ; 4 7 9 1 a h n a p m a C & e n o o s e b a M . l a t e
a n a i V ; 4 9 9 1 . l a t e 9 9 9 1
u t a u g I . p s m u c e o n y s o i r e h T 0 9 9 1 a v a t s a v i r S
o r r a B
o t n a S o j e r B
. p s s i s p o l l e y e n o o L 3 9 9 1 o h l a v r a C
i e c i r p m u c e o n y s o i r e h T 3 9 9 1 o h l a v r a C
a b i d n a r i M . p s m u c e o n y s o i r e h T 3 9 9 1 o h l a v r a C ; 6 6 9 1 n u a r B
Revista de Geologia, Vol. 19 (2), 2006
Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
200
Tab. 6. Ostracodes cipridceos mencionados na literatura como ocorrentes em pequenas bacias do interior do nordeste
(nas bacias de Mirandiba e do Barro no h menes desta superfamlia). As formaes citadas representam uma
possvel correlao.
a i c a B o a m r o F n o x T o n a e r o t u A
a h l e m r e V a r r e S
o t a r C
. p s s i r p y c n o s r e t t a P 4 9 9 1 e t n o P
o r d e C
s i r p y c n o s r e t t a P
a t a l u g n a
4 9 9 1 e t n o P ; 1 0 0 2 , 3 9 9 1 o h l a v r a C
. f c a e d i r p y C
s i s n e p i r a r a
4 9 9 1 e t n o P ; 1 0 0 2 , 3 9 9 1 o h l a v r a C
7 0 2 . f f a e d o c a r t s o 4 9 9 1 e t n o P ; 1 0 0 2 , 3 9 9 1 o h l a v r a C
e t n o m l e B o d s o J o S . p s s i r p y c n o s r e t t a P 4 9 9 1 e t n o P ; 3 9 9 1 o h l a v r a C
e x i e P o d o i R
a s u o S
) a r a i a b A (
. p s s i r p y c a s a r B
l e s s e H ; 4 7 9 1 a h n a p m a C & e n o o s e b a M . l a t e ; 4 9 9 1
a n a i V . l a t e 9 9 9 1
m u v o s i r p y c a s a r B l e s s e H ; 0 7 9 1 n u a r B . l a t e 4 9 9 1
. p s a n o d n a C
l e s s e H ; 5 7 9 1 e n o o s e b a M & o c o n i T . l a t e a n a i V ; 4 9 9 1
. l a t e 9 9 9 1
. f c a n o d n a C
a c n u d e r
l e s s e H ; 4 7 9 1 a h n a p m a C & e n o o s e b a M . l a t e 4 9 9 1
. f c a n o d n a C
a s n e d n o c
l e s s e H ; 4 7 9 1 a h n a p m a C & e n o o s e b a M ; 0 7 9 1 n u a r B t e
. l a 4 9 9 1
. p s a e d i r p y C a n a i V ; 5 7 9 1 e n o o s e b a M & o c o n i T . l a t e 9 9 9 1
. f c a e d i r p y C
a u g i b m a
l e s s e H ; 4 7 9 1 a h n a p m a C & e n o o s e b a M ; 0 7 9 1 n u a r B t e
. l a 4 9 9 1
a l u n u l a e d i r p y C l e s s e H ; 4 7 9 1 a h n a p m a C & e n o o s e b a M . l a t e 4 9 9 1
. f c a e d i r p y C
s i r a g l u v
& e n o o s e b a M ; 2 7 9 1 e n o o s e b a M ; 0 7 9 1 , 6 6 9 1 n u a r B
l e s s e H ; 4 7 9 1 a h n a p m a C . l a t e 4 9 9 1
. p s a e d i r p y c a r a P a s o b r a B . l a t e 6 8 9 1
. p s s i r p y c o y l I
& o c o n i T ; 4 7 9 1 a h n a p m a C & e n o o s e b a M ; 0 7 9 1 n u a r B
l e s s e H ; 5 7 9 1 e n o o s e b a M . l a t e a n a i V ; 4 9 9 1 . l a t e 9 9 9 1
r a z a N o i R . p s s i r p y c a s a r B a v a t s a v i r S . l a t e 3 9 9 1 o h l a v r a C ; 9 8 9 1
u t a u g I
. f c a e d i r p y C
s i r a g l u v
4 9 9 1 o F e t n o P ; 0 9 9 1 a v a t s a v i r S ; 2 7 9 1 e n o o s e b a M
. p s a n o d n a C 0 9 9 1 a v a t s a v i r S
. p s s i r p y c o y l I 0 9 9 1 a v a t s a v i r S
. p s a n o v a c n o c e R 0 9 9 1 a v a t s a v i r S
Revista de Geologia, Vol. 19 (2), 2006
201
Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
Formao Sousa da Bacia do Rio do Peixe e, por
extenso, Formao Abaiara da Bacia do Araripe,
encontram-se darwinulceos (Darwinula sp.) e
cipridceos (Brasacypris sp.), superfamlias comuns
em guas doces. Estes dois gneros tambm ocor-
rem na Bacia do Rio do Peixe.
A Bacia de Iguatu teve seus ostracodes identifi-
cados por K. Beurlen & Mabesoone (1969), sendo
mais detalhadamente citados por Srivastava (1990).
Na Formao Malhada Vermelha, muito provavel-
mente equivalente s formaes Sousa e Abaiara,
ocorrem darwinulceos (Darwinula sp.), citerceos
(Theriosynoecum sp.) e diversas formas de ciprid-
ceos (Cypridea cf. vulgaris, Candona sp., Ilyo-
cypris sp. e Reconcavona sp.), compondo uma fau-
na predominantemente dulceaqcola.
A Bacia de Ic a menos estudada de todas
as aqui mencionadas, com meno de conchas de
Darwinula sp. e de outra forma relacionada tentati-
vamente ao gnero Cyamocypris (Melo, 1964),
ambas encontradas nas margas da Formao Ma-
lhada Vermelha, relacionveis s formaes Sousa
da Bacia do Rio do Peixe e Abaiara da Bacia do
Araripe.
A Bacia do Cedro tem sua ostracofauna reco-
nhecida desde Carvalho (1993), tendo sido objeto
de estudo por Ponte (1994) e Carvalho (2001). Em
estratos equivalentes Formao Crato da Bacia do
Araripe, ocorrem Darwinula sp., o citerceo
Theriosynoecum spp. e os cipridceos Patterson-
cypris angulata (espcie guia desta formao),
Cypridea cf. araripensis e ostracode aff. 207.
Na Bacia de Serra Vermelha, nos depsitos
possivelmente correspondentes Formao Crato
da Bacia do Araripe, ocorre uma ostracofauna
identificada apenas por Ponte (1994), e constituda
por representantes de um gnero de cada superfam-
lia, todos j conhecidos na Bacia do Cedro:
Darwinula sp., Theriosynoecum sp. e Patterson-
cypris sp.
Na Bacia de So J os do Belmonte, os
ostracodes ocorrem nos leitos calcrios intercalados
na seqncia de argilitos e folhelhos aflorantes em
uma localidade (Duarte et al., 1991). Estes
organismos foram registrados pela primeira vez por
Braun (1966) e posteriormente especificados por
Carvalho (1993) e Ponte (1994). Esta bacia mostra
uma fauna composta pelos mesmos gneros men-
cionados para a Bacia de Serra Vermelha, em dep-
sitos provavelmente tambm correspondentes
Formao Crato: Darwinula sp., Theriosynoecum
sp. e Pattersoncypris sp. Os estratos onde ocorrem
estas trs formas nestas duas ltimas bacias devero
ser mais detalhadamente estudados para que possa
ser confirmada a hiptese de que correspondem
Formao Crato da Bacia do Araripe.
Pela ocorrncia da ostracofauna j registrada
nas bacias interiores do nordeste do Brasil, observa-
se que as bacias do Barro e Mirandiba, leste da
Bacia do Araripe, guardam a sedimentao lacustre
mais antiga da regio, juntamente com esta bacia
(Formao Brejo Santo). As bacias do Rio do Peixe,
Rio Nazar e Iguatu, muito prximas entre si e
situadas ao norte da Bacia do Araripe, possuem um
registro ostracolgico similar ao da Formao Abaia-
ra nesta ltima bacia, sugerindo que na poca de
deposio desta unidade, havia certa ligao de
cunho ambiental entre todas estas bacias sedimen-
tares. E as bacias de Cedro, Serra Vermelha e So
Jos do Belmonte, todas ao sul da bacia do Araripe,
mostram uma seqncia equivalente Formao
Crato desta bacia, novamente indicando alguma
relao de continuidade entre elas. Durante a fase
evaportica, como destacaram Hessel et al. (2006),
deve ter se iniciado a retrao do grande lago ento
existente, de tal modo que no h mais registro de
ostracodes nas pequenas bacias interiores, concen-
trando-se a ostracofauna s formaes mais
recentes na chapada do Araripe.
6. Concluses
Atravs do levantamento bibliogrfico de
citaes e descries de ostracodes fsseis
ocorrentes das bacias do Araripe, Rio do Peixe, Rio
Nazar, Iguatu, Ic, Barro, Mirandiba, do Cedro,
Serra Vermelha e So Jos do Belmonte, todas elas
bacias interiores isoladas por terrenos proterozicos
do nordeste brasileiro, possvel elencar as seguintes
e principais concluses, tendo por base as citaes
bibliogrficas mencionadas ao longo deste trabalho.
a. Na Bacia do Araripe, ostracodes fsseis so
muito comuns, ocorrendo em quase todas as
formaes mesozicas, pertencendo especialmente
Revista de Geologia, Vol. 19 (2), 2006
Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
202
aos gneros Darwinula, Theriosynoecum,
Cypridea e Pattersoncypris.
b. Na Formao Brejo Santo dominam os citer-
ceos e os darwinulceos, ocorrendo uma nica esp-
cie de cipridceo, sugerindo a presena de guas
mais salinas nesta poca na regio.
c. Na Formao Misso Velha, a presena de
ostracodes fsseis bastante duvidosa.
d. Na Formao Abaiara predominam os cipri-
dceos, enquanto os darwinulceos so ausentes,
indicando um ambiente francamente dulccola.
e. A ostracofauna da Formao Rio da Batateira
ainda de presena duvidosa, pois seu conhecimento
est praticamente baseado numa s amostra coletada
em uma camada de posio estratigrfica incerta.
f. Na Formao Crato, a associao de ostraco-
des se diversifica muito (talvez devido a maior
quantidade de trabalhos existentes), com represen-
tantes de todas as superfamlias de podocopidos,
ainda que dominem largamente os cipridceos.
g. Os nicos bairdiceos mencionados na Bacia
do Araripe ocorrem na Formao Crato (sotoposta
aos evaporitos da Formao Ipubi), o que indicaria
certa salinizao no ambiente lacustre ento
existente, ainda que sua presena no tenha sido
confirmada em trabalhos mais recentes.
h. Nos folhelhos escuros intercalados gipsita
da Formao Ipubi foram reconhecidos darwinul-
ceos, cipridceos e citerceos, sem o predomnio
de qualquer uma destas superfamlias, sugerindo a
existncia de lagos efmeros de salinidade levemente
mais alta do que um ambiente dulccola.
i. Na Formao Romualdo h novamente o
predomnio dos cipridceos sobre os citerceos e
darwinulceos, sugerindo que o ambiente que pro-
porcionou a deposio desta formao foi nova-
mente de mais baixa salinidade.
j. Os ostracodes das bacias do Barro e Mirandi-
ba pertencem s superfamlias dos darwinulceos e
citerceos, depositados em estratos equivalentes
Formao Brejo Santo da Bacia do Araripe.
k. A ostracofauna da Bacia do Rio do Peixe
ocorre na Formao Sousa, aparentemente similar
Formao Abaiara da Bacia do Araripe, com
grande variedade de formas dulceaqcolas, como
os darwinulceos e os cipridceos, e uma espcie
de citerceo.
l. Na unidade inferior da Bacia do Rio Nazar,
aparentemente similar Formao Abaiara da Bacia
do Araripe, encontram-se os mesmos gneros de
darwinulceos e cipridceos da Bacia do Rio do
Peixe, superfamlias comuns em guas doces.
m. Na Formao Malhada Vermelha da Bacia
de Iguatu, muito provavelmente equivalente s
formaes Sousa e Abaiara, ocorrem darwinul-
ceos, citerceos e diversas espcies de cipridceos,
compondo uma fauna predominantemente dulce-
aqcola.
n. Na Bacia do Cedro, em estratos possivelmen-
te equivalentes Formao Crato da Bacia do
Araripe, ocorrem vrias formas de cipridceos, um
gnero dos darwinulceos e um dos citerceos.
o. Nos depsitos albo-aptianos da Bacia de
Serra Vermelha, provavelmente correspondentes
Formao Crato da Bacia do Araripe, ocorre uma
ostracofauna constituda por representantes de um
gnero de cada superfamlia, todos j conhecidos
na Bacia do Cedro.
p. A Bacia de So J os do Belmonte mostra
uma fauna composta pelos mesmos gneros men-
cionados para as bacias de Serra Vermelha e do
Cedro, em depsitos provavelmente tambm corres-
pondentes Formao Crato.
q. Pela ocorrncia da ostracofauna j registrada
nas bacias interiores estudadas, observa-se que as
bacias do Barro e Mirandiba, a leste da Bacia do
Araripe, guardam a sedimentao lacustre mais
antiga da regio, juntamente com esta bacia (Forma-
o Brejo Santo).
r. As bacias do Rio do Peixe, Rio Nazar, Ic e
Iguatu, muito prximas entre si e situadas ao norte
da Bacia do Araripe, possuem um registro ostraco-
lgico similar ao da Formao Abaiara nesta ltima
bacia, sugerindo que na poca de deposio desta
unidade, havia uma relao entre todas estas bacias
sedimentares.
s. As bacias de Cedro, Serra Vermelha e So
Jos do Belmonte, todas ao sul da Bacia do Araripe,
registram uma seqncia equivalente Formao
Crato desta bacia, novamente indicando alguma rela-
o de continuidade entre elas.
t. Durante a fase evaportica, deve ter se iniciado
a retrao do grande lago ento existente, de tal
modo que aparentemente no h mais o registro de
Revista de Geologia, Vol. 19 (2), 2006
203
Hessel et al., Ostracodes mesozicos das bacias do interior
ostracodes em pequenas bacias interiores, concen-
trando-se a ostracofauna s formaes mais recen-
tes na chapada do Araripe.
u. Diversas bacias interiores do nordeste brasi-
leiro podem ser estudadas visando reconhecer as
espcies de sua ostracofauna (bacias de Lima
Campos, Malhada Vermelha, Padre Marcos e
Riacho do Padre); outras, se investigadas, podero
revelar a presena de ostracodes fsseis; e algumas
formaes da Bacia do Araripe ainda permitem uma
pesquisa mais acurada, quer para confirmar a pre-
sena de ostracodes (formaes Misso Velha e Rio
da Batateira), quer para enriquecer o conhecimento
sobre estes organismos, permitindo melhor datao
e interpretao ambiental.
Agradecimentos
Nossos melhores agradecimentos aos pro-
fessores Dr. Mrio de Lima Filho, Dr. Virgnio
Henrique Neumann e ao doutorando Jos Antonio
Barbosa (todos da UFPE), pelo gentil emprstimo
de bibliografia e/ou discusses de carter litolgico,
estratigrfico e geogrfico sobre as bacias interiores.
Ao professor Dr. Dermeval Aparecido do Carmo
(UnB), agradecemos cordialmente pelo auxlio na
soluo de algumas questes taxonmicas. Nossos
sinceros agradecimentos ao Dr. Wagner Souza Lima
(Petrobras, Unidade SEAL), Dr. Ismar de Souza
Carvalho (UFRJ ), Dr. J oo Carlos Coimbra
(UFRGS) e Dra. Loreci Gislaine de Oliveira Lehu-
geur (UFC) pela leitura crtica e diversas sugestes
que enriqueceram o texto, assim como ao Prof. Dr.
Gorki Mariano (UFPE), pela correo lingstica.
Referncias Bibliogrficas
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