miolo-CADERNO-1_V2.1

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 67

CADERNO 1

SISTEMA
FINANCEIRO
NACIONAL E
COOPERATIVISMO
FINANCEIRO

VERSÃO 2.0
CADERNO 1

SISTEMA
FINANCEIRO
NACIONAL E
COOPERATIVISMO
FINANCEIRO
VERSÃO 2.0
BOAS VINDAS
Olá! Seja bem-vindo
à Certificação de Dirigentes do Sicoob!
Sou seu material de estudo e irei te acompanhar nessa jornada do conhecimento rumo à sua certificação.
A partir de agora, estamos de cara nova, sempre pensando em tornar sua rotina de estudos mais rápida,
dinâmica e prática.
Para você se certificar estão disponíveis as seguintes categorias:
y Certificação de Conselheiro de Administração;
y Certificação de Conselheiro Fiscal; e
y Certificação de Diretor.

Cada categoria reúne temas específicos de estudo, isso significa que seu exame contemplará questões
relativas apenas aos temas relacionados à certificação pretendida. Vamos conhecer agora os temas de
acordo com cada categoria?
Os temas relacionados ao exame para Certificação de CONSELHEIRO DE ADMINISTRAÇÃO são:
y Sistema Financeiro Nacional e Cooperativismo Financeiro;
y Governança Corporativa, Ética Sicoob e o Compliance;
y Gestão Estratégica;
y Fundamentos de Gestão de Riscos.

Os temas relacionados ao exame para Certificação de CONSELHEIRO FISCAL são:


y Sistema Financeiro Nacional e Cooperativismo Financeiro;
y Governança Corporativa, Ética Sicoob e o Compliance;
y Fundamentos de Economia, Contabilidade e Finanças;
y Fundamentos da Gestão dos Riscos;
y Supervisão, Auditoria e Fiscalização.

Os temas relacionados ao exame para Certificação de DIRETOR são:


y Sistema Financeiro Nacional e Cooperativismo Financeiro;
y Governança Corporativa, Ética Sicoob e o Compliance;
y Fundamentos de Economia, Contabilidade e Finanças;
y Gestão Estratégica;
y Fundamentos da Gestão dos Riscos;
y Gestão Executiva;
y Supervisão, Auditoria e Fiscalização.

Recomendamos uma leitura atenta dos materiais, pois é possível que muitos dos conteúdos abordados
você já tenha estudado em outros cursos e isso ajudará a fixação. Além disso, é importante o estudo
antes de sua participação em qualquer curso preparatório presencial, pois dessa forma, você aumentará
seu aproveitamento em sala de aula e estará mais próximo de alcançar seu objetivo.
Desejamos sucesso e conte sempre com o Sicoob Universidade em sua jornada de desenvolvimento.
SUMÁRIO

1.1 ESTRUTURA 1.1.1 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional 05


1.1.2 Papel dos órgãos normativos 06
DO SISTEMA 1.1.2.1 Conselho Monetário Nacional (CMN) 07
FINANCEIRO 1.1.2.2 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) 08
NACIONAL 1.1.2.3 Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) 09
1.1.3 Papel dos órgãos supervisores 09
1.1.3.1 Banco Central do Brasil (BC) 10
1.1.3.2 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 11
1.1.3.3 Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) 13
1.1.3.4 Superintendência Nacional de Previdência
Complementar (PREVIC) 13
1.1.4 Papel dos órgãos operadores 14
1.1.4.1 Bancos e caixas econômicas 14
1.1.4.2 cooperativas financeiras 19
1.1.4.3 Administradoras de consórcios 21
1.1.4.4 Corretoras e distribuidoras 21
1.1.4.5 Instituições de pagamento 22
1.1.4.6 Demais instituições não bancárias 25
1.1.4.7 Mercado de valor mobiliário 26
1.1.4.8 Seguradoras e resseguradoras 28
1.1.4.9 Entidades abertas de previdência 29
1.1.4.10 Entidades fechadas de previdência complementar 30
1.1.4.11 Sociedades de capitalização 31

1.2 COOPERA- 1.2.1 Aspectos conceituais do cooperativismo de crédito 33


1.2.2 Marco regulatório do cooperativismo financeiro 36
TIVISMO DE 1.2.3 Estrutura do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) 39
CRÉDITO 1.2.4 Classificação das cooperativas singulares 41
1.2.5 cooperativas financeiras x instituições bancárias 42

1.3 COMPOSIÇÃO 1.3.1 Contextualização histórica 45


1.3.2 Estrutura do Sicoob 46
SISTÊMICA DO 1.3.2.1 Entidades de apoio 48
SICOOB 1.3.2.2 Cnac 48
1.3.2.3 FGCoop 50
1.3.2.4 Sistema OCB/Sescoop 52
1.3.3 Cooperativas singulares 52
1.3.4 Cooperativas centrais 54
1.3.5 Sicoob Confederação 56
1.3.5.1 Sisbr 57
1.3.5.2 Sicoob Universidade 57
1.3.5.3 Instituto Sicoob 58
1.3.6 Banco Sicoob e suas entidades coligadas 59
1.3.6.1 Sicoob DTVM 61
1.3.6.2 Sicoob Pagamentos 61
1.3.6.3 Sicoob Administradora de Consórcios Ltda. 63
1.3.6.4 Sicoob Seguradora 64
1.3.6.5 Fundação Sicoob Previ 64
ESTRUTURA DO
SISTEMA FINANCEIRO
NACIONAL

1.1
vigência do material | 01/01/2023

1.1 ESTRUTURA
DO SISTEMA
FINANCEIRO
NACIONAL

Um sistema financeiro sólido, equilibrado e atuante é fundamental para o


desenvolvimento dos países onde existem as bases de uma economia voltada
ao livre mercado, por meio do qual circulam bens e serviços que atendem às
inúmeras necessidades das pessoas nas suas atividades pessoais, profissionais e
empresariais no âmbito local, nacional e global.

Entender seu funcionamento é essencial para o exercício das funções como


dirigente em uma cooperativa financeira, parte integrante deste sistema,
operando diretamente na intermediação de recursos perante seus associados e
as comunidades nas quais a cooperativa singular atua.

1.1.1 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional

No Brasil, o Sistema Financeiro Nacional (SFN) é formado por um conjunto


de órgãos e instituições que se organizam em três subsistemas, chamados
de: SUBSISTEMA NORMATIVO, SUBSISTEMA SUPERVISOR E SUBSISTEMA DE
OPERAÇÃO (também conhecido como subsistema de intermediação).

Esses subsistemas são interdependentes, agindo em suas distintas funções


para garantir o bom funcionamento do mercado financeiro, que se divide
essencialmente em quatro mercados: o MONETÁRIO,1 o de CRÉDITO,2 o de
CAPITAIS3 e o de CÂMBIO4.

Além desses mercados primários, também compõem o SFN de forma


complementar os ramos de SEGUROS PRIVADOS5 e PREVIDÊNCIA FECHADA.6
Vejamos o quadro a seguir:

1
Mercado monetário: é o mercado que fornece à economia papel-moeda e moeda escritural, aquela depositada em conta corrente
(BACEN, 2019).
2
Mercado de crédito: é o mercado que fornece recursos para o consumo das pessoas em geral e para o funcionamento das empresas
(BACEN, 2019).
3
Mercado de capitais: é o mercado que permite às empresas em geral captar recursos de terceiros e, portanto, compartilhar os ganhos
e os riscos (BACEN, 2019).
4
Mercado de câmbio: é o mercado de compra e venda de moeda estrangeira (BACEN, 2019).
5
Ramo de seguro privado: é o ramo do SFN para quem busca seguros privados, contratos de capitalização e previdência complementar
aberta (BACEN, 2019).
6
Ramo de previdência fechada: é o ramo dos fundos de pensão que trata de planos de aposentadoria, poupança ou pensão para
funcionários de empresas, servidores públicos e integrantes de associações ou entidades de classe (BACEN, 2019).

5
1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL
vigência do material | 01/01/2023

QUADRO 1. ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Moeda, crédito, capitais e câmbio Seguros privados Previdência fechada


normativos

CNPC
CMN CNSP
Órgãos

Conselho Nacional
Conselho Monetário Conselho Nacional de
de Previdência
Nacional Seguros Privados
Complementar
supervisores

PREVIC
BACEN CVM SUSEP
Órgãos

Superintendência
Banco Central Comissão de Valores Superintendência de
Nacional de Previdência
do Brasil Mobiliários Seguros Privados
Complementar

Bancos e caixas Administradora de Bolsa de valores Seguradoras e Entidades fechadas de


econômicas consórcios resseguradores previdência complementar
(fundos de pensão)
ou intermediários
Operadores

cooperativas Corretoras e Bolsa de mercadorias Entidades abertas de


financeiras distribuidoras* e futuro previdência

Instituições de Demais instituições Sociedades de


pagamento** não bancárias capitalização

Fonte: BACEN (2019)


* Dependendo de suas atividades, corretoras e distribuidoras também são fiscalizadas pela CVM.
** As instituições de pagamento não compõem o SFN, mas são reguladas e fiscalizadas pelo BCB, conforme diretrizes
estabelecidas pelo CMN.

Conforme podemos constatar, os órgãos e as instituições que atuam no mercado financeiro


são organizados em uma estrutura que segrega suas funções entre três categorias, sendo
elas: ÓRGÃOS NORMATIVOS, ÓRGÃOS SUPERVISORES E ÓRGÃOS OPERADORES OU DE
INTERMEDIAÇÃO. Vejamos os principais agentes que atuam nessas categorias:

1.1.2 Papel dos órgãos normativos

Segundo o Bacen (2019), os órgãos normativos são aqueles que “determinam regras gerais
para o bom funcionamento do Sistema Financeiro Nacional”. São considerados órgãos
normativos no âmbito do SFN:

y Conselho Monetário Nacional (CMN)


y Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)
y Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)

6
vigência do material | 01/01/2023

Esses órgãos têm a função básica de definir as regras que irão reger todo o funcionamento
dos respectivos mercados sob sua responsabilidade, estando os demais órgãos a eles
subordinados. Essa função normativa estende-se conforme as competências de cada um
desses órgãos conforme a natureza dos mercados em que atuam.

Veremos a seguir quais os órgãos oficiais de regulação normativa do Sistema Financeiro


Nacional, bem como suas composições e objetivos específicos consoante suas respectivas
naturezas funcionais:

1.1.2.1 Conselho Monetário Nacional (CMN)

O CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN) é o órgão superior do Sistema Financeiro


Nacional (SFN) e tem a responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito. Foi
estabelecido em 1964, pela mesma lei (4.595) que criou o Banco Central. Seu principal objetivo
é manter a estabilidade da moeda e fomentar o desenvolvimento econômico e social do país.

São membros efetivos do CMN:

y Ministro da Economia (presidente do Conselho)


y Presidente do Banco Central
y Secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia

CONTEXTO
NORMATIVO
O CMN foi criado junto com o Banco Central, pela Lei nº
4.595, de 31 de dezembro de 1964. O Conselho deu início às
suas atividades noventa dias depois, em 31 de março de 1965
(BACEN, 2019).

Os membros do CMN reúnem-se uma vez por mês para deliberar sobre assuntos como: a)
adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia; b) regular
os valores interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos; c) orientar
a aplicação dos recursos das instituições financeiras; d) propiciar o aperfeiçoamento das
instituições e dos instrumentos financeiros; e) zelar pela liquidez e pela solvência das
instituições financeiras; e f) coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da
dívida pública interna e externa (BACEN, 2019).

No processo de elaboração normativa do SFN, as regras que disciplinam o SFN são


estabelecidas segundo decisão colegiada do CMN, do BC e da CVM. As propostas submetidas
à apreciação desses colegiados são amparadas em estudos técnicos, em recomendações
de entidades multilaterais formuladoras de padrões financeiros, normalmente por meio de
consultas públicas.

7
1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL
vigência do material | 01/01/2023

A regulamentação do SFN é aplicada às instituições financeiras de forma SEGMENTADA


(RESOLUÇÃO CMN 4.553/2.017), conforme a dimensão de sua exposição a riscos e a relevância
de sua atuação internacional. As instituições mais sujeitas a riscos ou com atuação externa
relevante estão obrigadas a regras mais abrangentes e complexas, enquanto instituições com
menor exposição a riscos e com atuação externa pouco relevante obedecem a regras mais
simples, sem prejuízo da regulação prudencial7 em ambos os casos.

A Resolução nº 4.553, de 30 de janeiro de 2017, estabeleceu a


CONTEXTO segmentação do conjunto das instituições financeiras e demais
NORMATIVO instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
para fins de aplicação proporcional da regulação prudencial,
considerando o porte e a atividade das instituições que
compõem cada segmento.

Todas as instituições que atuam no país foram classificadas


pela ordem de maior para o menor porte. A partir dessa
segmentação, a Resolução 4.557/2017 estabeleceu as normas
sobre a estrutura de gerenciamento de riscos e a estrutura de
gerenciamento de capital compatíveis com cada categoria.

1.1.2.2 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)

O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), de acordo com o Decreto-lei nº 73, de


1966, é o órgão responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados.
É composto por representantes do Ministério da Economia (Presidente), do Ministério
da Justiça, da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (representante do antigo
Ministério da Previdência e Assistência Social), da Superintendência de Seguros Privados,
do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários. Pelo mesmo Decreto-Lei
nº 73, de 1966, dentre as funções do CNSP estão:

A. regular a constituição, a organização, o funcionamento e a fiscalização dos que exercem


atividades subordinadas ao CNSP, bem como a aplicação das penalidades previstas;
B. fixar as características gerais dos contratos de seguro, previdência privada aberta,
capitalização e resseguro;
C. fixar normas gerais de contabilidade e estatística a serem observadas pelas
sociedades seguradoras;
D. estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro;
E. prescrever os critérios de constituição das sociedades seguradoras, de capitalização,
entidades de previdência privada aberta e resseguradores, com fixação dos limites
legais e técnicos das respectivas operações;
F. disciplinar a corretagem de seguros e a profissão de corretor.

7
Um tipo de regulação financeira que estabelece requisitos para as instituições financeiras com foco no gerenciamento de
8 riscos e nos requerimentos mínimos de capital para fazer face aos riscos decorrentes de suas atividades (BACEN, 2021).
vigência do material | 01/01/2023

1.1.2.3 Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)

O CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (CNPC) instituído com


fundamento no art. 5º da Lei Complementar nº 109, de 29 de maio de 2001, e no art. 13 da Lei nº
12.154, de 23 de dezembro de 2009, é um órgão colegiado que integra a estrutura da previdência
social do Brasil e cuja competência é regular o regime de previdência complementar operado
pelas entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão).

Cabe à Secretaria de Política Econômica (SPE):

A. nos termos do Decreto nº 9.745, de 2019, fomentar a inovação e modernização dos


mercados de crédito, capitais, seguros e PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR, bem como
promover o desenvolvimento dos mecanismos de financiamento de longo prazo e
das finanças sustentáveis; e
B. conforme Portaria MF nº 330, de 4 de julho de 2017, analisar e propor votos e
resoluções, no âmbito do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC),
órgão regulador do setor de previdência complementar fechada (fundos de pensão).

CONTEXTO
NORMATIVO Criado pelo Decreto nº 7.123, de 3 março de 2010, que dispõe
sobre a organização e o funcionamento do Conselho Nacional
de Previdência Complementar (CNPC) e da Câmara de Recursos
da Previdência Complementar (CRPC).

1.1.3 Papel dos órgãos supervisores

Segundo Bacen (2019), os órgãos supervisores são aqueles que “trabalham para que os
cidadãos e os integrantes do sistema financeiro sigam as regras definidas pelos órgãos
normativos”. São considerados órgãos supervisores no âmbito do SFN:

y Banco Central do Brasil (BC)


y Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
y Superintendência de Seguros Privados (Susep)
y Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc)

Essas entidades têm a função de monitorar e fiscalizar as atividades das instituições por
elas supervisionadas e fiscalizadas, visando assegurar a solidez e a eficiência do Sistema
Financeiro Nacional (SFN) e regular o funcionamento das instituições que o compõem.

Para fazer cumprir seu papel institucional, cada entidade realiza um conjunto de atividades,
sempre sob a orientação das regras definidas pelos seus respectivos órgãos normativos.

9
1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL
vigência do material | 01/01/2023

1.1.3.1 Banco Central do Brasil (BC)

Pela Lei Complementar 179 de 24 de fevereiro de 2.021, o BANCO CENTRAL do Brasil é


uma autarquia federal de natureza especial, caracterizada pela ausência de vinculação ao
ministério, de tutela ou de subordinação hierárquica, pela autonomia técnica, operacional,
administrativa e financeira, pela investidura a termo de seus dirigentes e pela estabilidade
durante seus mandatos, tem por objetivo fundamental assegurar a estabilidade de preços.
Sem prejuízo de seu objetivo fundamental, o Banco Central do Brasil também tem por
objetivo zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as
flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego.

CONTEXTO
NORMATIVO
Criado pela Lei nº 4.595/1964, o Banco Central (BC) foi
constituído juntamente com o Conselho Monetário Nacional
(CMN).

As principais atribuições estabelecidas legalmente ao Banco Central são:

A. emitir papel-moeda e moeda metálica;


B. executar os serviços do meio circulante;
C. receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras;
D. realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras;
E. regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis;
F. efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais;
G. exercer o controle de crédito;
H.exercer a fiscalização das instituições financeiras;
I. autorizar o funcionamento das instituições financeiras;
J. estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas
instituições financeiras;
K. monitorar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais; e
L. controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país.

Na função de controlar a inflação e ao mesmo tempo estimular o fluxo de recursos na


economia por meio dos agentes operadores (ou intermediários), contribuindo para o
crescimento sustentável da economia, o Banco Central do Brasil utiliza dentre seus
instrumentos a fixação da taxa de juros básica da economia, conhecida como TAXA SELIC8.

8
A Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é um sistema eletrônico que processa o registro, a custódia e a liquidação financeira das operações
realizadas com títulos públicos federais, garantindo segurança, agilidade e transparência nos negócios.

10
vigência do material | 01/01/2023

Quem define a Taxa SELIC é o COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA (COPOM), órgão do Banco
Central formado pelo seu presidente e diretores que define, a cada 45 dias, o valor da taxa
Selic, instrumento que conduzirá a economia ao encontro da meta de inflação definida
pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A reunião do Copom segue um processo que procura embasar


CONTEXTO da melhor forma possível sua decisão. Os membros do Copom
HISTÓRICO assistem a apresentações técnicas do corpo funcional do BC que
tratam da evolução e das perspectivas das economias brasileira
e mundial, das condições de liquidez e do comportamento
dos mercados. Assim, o Comitê utiliza um amplo conjunto de
informações para embasar sua decisão. Depois, a reunião é
reservada para a discussão da decisão entre os membros.

A decisão é tomada com base na avaliação do cenário


macroeconômico e nos principais riscos a ele associados. Todos
os membros do Copom presentes na reunião votam e seus votos
são divulgados. As decisões do Copom são tomadas tendo em
vista que a inflação medida pelo IPCA se situe em linha com a
meta definida pelo CMN.

A decisão do Copom é divulgada no mesmo dia da decisão por


meio de comunicado na internet. As atas das reuniões do Copom
são publicadas no prazo de até seis dias úteis após a data da
realização das reuniões.

(BACEN, 2019)

No desenho atual do sistema, o CMN define em junho a meta para a inflação de três anos-
calendário à frente. Esse horizonte mais longo reduz incertezas e melhora a capacidade de
planejamento das famílias, das empresas e do governo.

As decisões do Copom são relevantes para a economia, pois repercutem imediatamente


sobre todos os operadores do mercado, que têm a taxa básica como referência para os mais
diversos negócios realizados no mercado financeiro. Como exemplo cita-se a precificação
dos títulos de renda fixa, como o Certificado de Depósito Bancário (CDB) e o Recibo de
Depósito Cooperativo (RDC), que podem estar indexados ao Certificado de Depósitos
Interbancários (CDI), uma taxa que acompanha a trajetória da Selic.

1.1.3.2 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

A COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM) é uma entidade autárquica em regime


especial vinculada ao Ministério da Economia, com personalidade jurídica e patrimônio
próprios, dotada de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação
hierárquica, mandato fixo, estabilidade de seus dirigentes e autonomia financeira e
orçamentária (CVM, 2019).

CONTEXTO
NORMATIVO
Criada pela Lei no 6.385/1976, em 7 de dezembro de 1976 , com
o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o
mercado de valores mobiliários no Brasil.

11
1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL
vigência do material | 01/01/2023

Como um órgão de supervisão, a CVM tem poderes para disciplinar, regular e fiscalizar a
atuação dos diversos integrantes do MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS. O propósito
estratégico da CVM é “zelar pelo funcionamento eficiente, pela integridade e pelo
desenvolvimento do mercado de capitais, promovendo o equilíbrio entre a iniciativa dos
agentes e a efetiva proteção dos investidores”.

Conforme art. 2º da Lei no 6.385/1976, são considerados valores


BASE
mobiliários sob responsabilidade da CVM:
NORMATIVA I - ações, debêntures e bônus de subscrição;
II - cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de
desdobramento relativos aos valores mobiliários referidos no
inciso II;
III - certificados de depósito de valores mobiliários;
IV - cédulas de debêntures;
V - cotas de fundos de investimento em valores mobiliários ou
de clubes de investimento em quaisquer ativos;
VI - notas comerciais;
VII - contratos futuros, de opções e outros derivativos cujos
ativos subjacentes sejam valores mobiliários;
VIII - outros contratos derivativos, independentemente dos
ativos subjacentes; e
IX - quando ofertados publicamente, quaisquer outros títulos
ou contratos de investimento coletivo que gerem direito
de participação, de parceria ou de remuneração, inclusive
resultante de prestação de serviços cujos rendimentos advêm do
esforço do empreendedor ou de terceiros.
(Esses incisos foram incluídos pela Lei nº 10.303, de 31/10/2001)

As principais atribuições da Comissão de Valores Mobiliários, definidas legalmente em seu


regimento interno (CVM, 2019), estão distribuídas nos seguintes conjuntos:

A. desenvolvimento do mercado;9
B. eficiência e funcionamento do mercado;10
C. proteção dos investidores;11
D. acesso à informação adequada;12
E. fiscalização e punição.13

9
São atribuições legais de “desenvolvimento do mercado”: 1) estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários; 2) promover
a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações; e 3) estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de
companhias abertas sob controle de capitais privados nacionais (Lei no 6.385/1976, art. 4º, incisos I e II).
10
São atribuições legais de “eficiência e funcionamento do mercado”: 1) assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da bolsa e de
balcão; 2) assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários; e 3) assegurar a observância no mercado das
condições de utilização de crédito fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (Lei nº 6.385/1976, art. 4º, incisos III, VII e VIII).
11
São atribuições legais de “proteção dos investidores”: 1) proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra emissões
irregulares de valores mobiliários; 2) atos ilegais de administradores e acionistas controladores das companhias abertas ou de administradores de
carteira de valores mobiliários; 3) o uso de informação relevante não divulgada no mercado de valores mobiliários; 4) evitar ou coibir modalidades
de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no mercado (Lei no
6.385/1976, art. 4º, incisos IV e V).
12
São atribuições legais de “acesso à informação adequada”: 1) assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários negociados e
as companhias que os tenham emitido, regulamentando a lei e administrando o sistema de registro de emissores, de distribuição e de agentes regulados
(Lei nº 6.385/1976, art. 4º, inciso VI, e art. 8º, incisos I e II).
13
São atribuições legais de “fiscalização e punição”: 1) fiscalizar permanentemente as atividades e os serviços do mercado de valores mobiliários,
bem como a veiculação de informações relativas ao mercado, às pessoas que dele participam e aos valores nele negociados, e 2) impor penalidades
aos infratores das Leis nº 6.404/76 e no 6.385/1976, das normas da própria CVM ou de leis especiais cujo cumprimento lhe incumba fiscalizar (Lei nº
6.385/1976, art. 8º, incisos III e V, e art. 11).

12
vigência do material | 01/01/2023

1.1.3.3 Superintendência de Seguros Privados (SUSEP)

A SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS (SUSEP) é o órgão responsável pelo


controle e pela fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta,
capitalização e resseguro. Autarquia vinculada ao Ministério da Economia, criada pelo
Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966, cuja missão é “estimular o desenvolvimento
dos mercados de seguro, resseguro, previdência complementar aberta e capitalização,
garantindo a livre concorrência, estabilidade e o respeito ao consumidor” (SUSEP, 2020).

O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) é formado pelos: ministro da Economia


(presidente); superintendente da SUSEP (presidente substituto); representante do Ministério
da Justiça; representante do Ministério da Previdência e Assistência Social; representante
do Banco Central do Brasil.; e representante da Comissão de Valores Mobiliários.

O CNSP é responsável por:

A. fixar diretrizes e normas da política de seguros privados;


B. regular a constituição, a organização, o funcionamento e a fiscalização dos que
exercem atividades subordinadas ao Sistema Nacional de Seguros Privados, bem
como a aplicação das penalidades previstas;
C. fixar as características gerais dos contratos de seguro, previdência privada aberta,
capitalização e resseguro;
D. estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro;
E. conhecer dos recursos de decisão da SUSEP e do IRB;
F. prescrever os critérios de constituição das Sociedades Seguradoras, de Capitalização,
Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, com fixação dos limites
legais e técnicos das respectivas operações;
G. disciplinar a corretagem do mercado e a profissão de corretor.

Já a SUSEP, como órgão de supervisão, estão, entre outras responsabilidades, a execução


das políticas aprovadas pelo CNSP, a fiscalização das sociedades seguradoras, de
capitalização, entidades de previdência privada aberta e resseguradoras. Deve, ainda, zelar
pela defesa dos interesses dos consumidores e pela estabilidade dos mercados sob sua
jurisdição, assegurando sua expansão e o funcionamento das entidades que neles operem.

1.1.3.4 Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC)

A SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (PREVIC) é


uma autarquia de natureza especial dotada de autonomia administrativa e financeira
e patrimônio próprio, vinculada ao Ministério da Economia, tendo atuação em todo o

CONTEXTO
NORMATIVO
Criada pela Lei nº 12.154, de 23 de dezembro de 2009.

13
1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL
vigência do material | 01/01/2023

território nacional como entidade de fiscalização e supervisão das atividades das entidades
fechadas de previdência complementar e de execução das políticas para o regime de
previdência complementar operado pelas referidas entidades (PREVIC, 2019).

Entre as principais atribuições da Previc destacam-se a fiscalização das atividades das


entidades fechadas de previdência complementar e a responsabilidade de apurar e julgar
as infrações, aplicando as penalidades cabíveis. Deve, ainda, mediar a relação entre as
entidades, os participantes assistidos e os patrocinadores.

1.1.4 Papel dos órgãos operadores

Segundo o Banco Central do Brasil (BACEN, 2019), os órgãos operadores são aqueles
que “lidam diretamente com o público no papel de intermediário financeiro”. Os órgãos
operadores também são conhecidos como instituições ou entidades intermediárias,
atuando diretamente no SFN realizando negócios entre os diversos agentes interessados
nos produtos e nos serviços financeiros. Vejamos quais são estes operadores, conforme
seus respectivos órgãos supervisores:

QUADRO 2. ÓRGÃOS SUPERVISORES E SEUS OPERADORES

BACEN CVM SUSEP PREVIC


y Seguradoras e
y Bancos e caixas econômicas; resseguradoras;
y Entidades
y Bolsa de valores; fechadas de
y cooperativas financeiras ;
y bolsa de y entidades abertas previdência
y administradoras de consórcios; de previdência; complementar
mercadorias e
y corretoras e distribuidoras;* futuros. (fundos de
y sociedades de pensão).
y instituições de pagamento;** capitalização.
y demais instituições não bancárias.

Fonte: BACEN (2019)


* Dependendo de suas atividades corretoras e distribuidoras também são fiscalizadas pela CVM.
** As Instituições de pagamento não compõem o SFN, mas são reguladas e fiscalizadas pelo BCB, conforme diretrizes
estabelecidas pelo CMN.

Para compreender melhor a natureza e as especificidades de cada um dos operadores


do SFN, vamos apresentar individualmente cada tipo de instituição ou entidade, suas
características, principais produtos e seus respectivos públicos-alvo.

1.1.4.1 Bancos e caixas econômicas

As instituições financeiras de natureza bancária (incluindo as caixas econômicas) são


entidades cuja função básica é realizar as intermediações de recursos entre os agentes
econômicos superavitários e os deficitários. Vejamos a ilustração:

14
vigência do material | 01/01/2023

FIGURA 1. AGENTES ECONÔMICOS NA INTERMEDIAÇÃO DE RECURSOS

Agentes econômicos
na intermediação de recursos
Contrapartida ao poupador Contrapartida do tomador
(remuneração e prestação de serviços) (pagamento de juros e tarifas)

Agente Agente Agente


superavitário intermediário deficitário
Poupador Instituição financeira Tomador

Captação de recuros Aplicação de recuros


(operação passiva) (operação ativa)

Por sua característica como intermediárias, as instituições financeiras realizam suas


atividades com o intuito de circular os recursos excedentes captados com os agentes
superavitários, mediante algum tipo de contrapartida ao poupador (remuneração de
juros), e de outra forma disponibiliza tais recursos aos agentes deficitários, recebendo
destes tomadores uma contrapartida pelo risco e o custo da transação (juros e tarifas).
Essa diferença entre o percentual que remunera os recursos do poupador e o percentual
cobrado do tomador de recursos é conhecida como SPREAD14.

Os bancos e as caixas econômicas são diferenciados pelos tipos de operações que realizam
com seus clientes finais, sendo classificados como:

y bancos comerciais;
y bancos múltiplos;
y bancos de investimentos;
y bancos de desenvolvimento.

As caixas econômicas são instituições financeiras de controle público que exercem


atividades típicas de um banco comercial, com prioridade institucional para concessão de
empréstimos e financiamentos de programas e projetos de natureza social (BACEN, 2.020).

Atualmente, a única instituição desse segmento em atividade é a Caixa Econômica


Federal (CEF), vinculada ao Ministério da Economia. A CEF integra o Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo (SBPE), é gestora dos recursos do Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço (FGTS) e de outros fundos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Também é
responsável pelo Programa de Integração Social (PIS) e pelo Seguro-Desemprego e detém
o monopólio de venda da loteria federal. A CEF prioriza a concessão de empréstimos e
financiamentos de programas e projetos nas áreas de assistência social, saúde, educação,
trabalho e esporte (BACEN, 2019).

14
Spread: no contexto do mercado bancário, significa “a diferença, em pontos percentuais (p.p.), entre a taxa de juros pactuada nos empréstimos e
financiamentos (taxa de aplicação) e a taxa de captação.” (BACEN, 2.016) 15
1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL
vigência do material | 01/01/2023

Bancos comerciais

Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas que têm como
objetivo principal proporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, a curto
e a médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas
físicas e terceiros em geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é
atividade típica do banco comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo. Deve
ser constituído sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social deve
constar a expressão “Banco” (BACEN, 2020).

Essas instituições, sejam públicas ou privadas, são a base do sistema monetário, pois
como operadores financeiros realizam suas atividades de intermediação. Por intermédio
da captação e aplicação são capazes de criar “moeda” por meio do efeito multiplicador
dos recursos intermediados, que se retroalimentam circulando entre as mãos dos agentes
econômicos do mercado financeiro.

O objetivo principal dos bancos comerciais é prestar serviços diretamente às pessoas físicas
e jurídicas, e conforme posicionamento estratégico próprio, disponibilizar, por intermédio
de seu portfólio de produtos e serviços financeiros, as soluções financeiras que atenderão
às necessidades de seus públicos-alvo (clientes).

A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica essencial de


um banco comercial. Os demais produtos e serviços financeiros que compõem o portfólio
de um banco comercial são:

Captação de recursos

y depósitos à vista: conta corrente;


y depósitos a prazo: CDB, RDB, LCI, LCA, etc.;
y repasse de recursos interfinanceiros de outras instituições;
y repasse de recursos de organismos externos, entre outros.

Aplicação de recursos

y abertura de crédito simples em conta corrente: cheques especiais;


y operações de crédito comercial (empréstimos e financiamentos);
y operações de crédito rural;
y operações de crédito imobiliário;
y operações de desconto de títulos, entre outros.

Também compõe o portfólio de um banco comercial a prestação de serviços como:


cobrança bancária, domicílio bancário, custódia de títulos, arrecadação de títulos e tributos
públicos, entre outros.

16
vigência do material | 01/01/2023

Bancos múltiplos

Os bancos múltiplos - públicos ou privados - são assim caracterizados por realizarem as


operações ativas, passivas e acessórias das “múltiplas” modalidades financeiras que os
compõem, atuando junto aos seus públicos-alvo (clientes) por intermédio das seguintes
carteiras em seu portfólio de produtos:

y comercial;
y de investimento;
y de desenvolvimento (somente se for banco público);
y de crédito imobiliário;
y de arrendamento mercantil;
y de crédito, financiamento e investimento.

Para ser classificado como um banco múltiplo, a instituição financeira deve ser constituída
sob a forma de sociedade anônima, ter a expressão “banco” em sua denominação social
e atuar com, no mínimo, duas destas carteiras, SENDO UMA DELAS OBRIGATORIAMENTE
COMERCIAL OU DE INVESTIMENTO. É importante destacar que suas operações estão sujeitas
às mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis às instituições correspondentes às
suas carteiras.

Bancos de investimento

Os bancos de investimento são instituições financeiras especializadas em operações cujas


características são a participação societária de caráter temporário, o financiamento da
atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e a administração de recursos
de terceiros. Entretanto, é importante ressalvar que esse tipo de banco não possui a
prerrogativa de captar depósitos à vista.

Devem ser constituídos sob a forma de sociedade anônima, de capital privado e devem
adotar, obrigatoriamente, a expressão “banco de investimento” em sua denominação social.

Entre suas principais operações financeiras estão:

y financiamento de capital a médio e a longo prazos;


y operações com valores mobiliários;
y câmbio e metais preciosos;
y gestão de recursos de terceiros (fundos de investimento);
y repasse de recursos oriundos do exterior, entre outros.

17
1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL
vigência do material | 01/01/2023

Bancos de desenvolvimento

Os BANCOS DE DESENVOLVIMENTO são instituições financeiras regulamentadas pela


Resolução CMN nº 394/1976, controladas pelos respectivos governos estaduais e têm
como objetivo precípuo proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos
necessários ao financiamento, a médio e a longo prazos, de programas e projetos que
visem a promover o desenvolvimento econômico e social do respectivo ente federativo.

CONTEXTO
NORMATIVO
Estas instituições estão regidas pela Resolução CMN 394, de
1976, que dispõe sobre a competência e disciplina a constituição
e o funcionamento dos bancos de desenvolvimento.

As operações passivas previstas são depósitos a prazo, empréstimos externos, emissão


ou endosso de cédulas hipotecárias, emissão de cédulas pignoratícias, de debêntures
e de Títulos de Desenvolvimento Econômico. As operações ativas são empréstimos e
financiamentos dirigidos prioritariamente ao setor privado.

Devem ser constituídos sob a forma de sociedade anônima, com sede na capital do estado
que detiver seu controle acionário, devendo adotar, obrigatória e privativamente, em sua
denominação social a expressão “banco de desenvolvimento”, seguida do nome do estado
em que tenha sede.

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

Apesar de o BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (BNDES)


apresentar o termo “desenvolvimento” em sua denominação, esta instituição financeira não
é tecnicamente um banco de desenvolvimento, porque, conforme dispõe a Resolução CMN no
394/1976, esse tipo de banco abarca exclusivamente as autarquias estaduais neste segmento.

CONTEXTO A Lei nº 1.628, de 20 de junho de 1952, criou o Banco Nacional


NORMATIVO de Desenvolvimento Econômico (BNDE). Posteriormente, foi
inserida nesta sigla a letra “S” e na denominação do banco o “e
Social”.
O objetivo da autarquia federal já naquela época era torná-
lo o órgão formulador e executor da Política Nacional de
Desenvolvimento Econômico.
Atualmente, em seu posicionamento estratégico, o BNDES busca
promover a competitividade da economia brasileira, de forma
agregada à sustentabilidade, à geração de emprego e renda e à
redução das desigualdades sociais e regionais.

18
vigência do material | 01/01/2023

Pelo estatuto publicado, o BNDES é uma empresa pública federal, dotada de personalidade
jurídica de direito privado e patrimônio próprio, dedicada ao financiamento com longo prazo
de pagamento, estando sujeita à supervisão do ministro de Estado da Economia. É o principal
instrumento utilizado para a execução da política de investimentos do governo federal,
tendo como principal objetivo apoiar programas, projetos, obras e serviços que promovam o
desenvolvimento econômico e social do país. Para isso, estimulará a iniciativa privada, sem
prejuízo de apoio a empreendimentos de interesse nacional a cargo do setor público.

O BNDES e suas subsidiárias, listadas a seguir, compreendem o chamado “Sistema BNDES”.

y Agência Especial de Financiamento Industrial (FINAME): dedicada ao


financiamento à produção e à comercialização de máquinas e equipamentos;
y BNDES Participações S.A. (BNDESPAR): dedicada ao desenvolvimento econômico
e social por meio do fomento ao mercado de capitais.

1.1.4.2 cooperativas financeiras

Segundo o Banco Central (2019), cooperativa financeira é uma instituição financeira


formada pela associação de pessoas para prestar serviços financeiros exclusivamente aos
seus associados. Os cooperados são ao mesmo tempo sócios e usuários da cooperativa,
participando de sua gestão e usufruindo de seus produtos e serviços.

Pelo artigo 2º da Lei Complementar 130/ 2009, destina-se, precipuamente, a prover, por
meio da mutualidade, a prestação de serviços financeiros a seus associados, sendo-lhes
assegurado o acesso aos instrumentos do mercado financeiro.

Nas instituições financeiras cooperativas, os associados encontram os principais serviços


disponíveis nos bancos, como conta corrente, aplicações financeiras, cartão de crédito,
empréstimos e financiamentos. Os associados têm poder igual de voto, independentemente
da sua cota de participação no capital social da cooperativa. O cooperativismo não visa
a lucros, os direitos e os deveres de todos são iguais e a adesão é livre e voluntária e a
administração da instituição deve tomar as medidas necessárias para que os valores e
princípios cooperativistas sejam efetivamente vivenciados.

Por meio da cooperativa financeira, o associado tem a oportunidade de obter atendimento


personalizado para suas necessidades. O resultado positivo da cooperativa é conhecido
como sobra e é, conforme determinação assemblear, distribuído entre os cooperados em
proporção com as operações que cada associado realiza com a cooperativa. Assim, os
ganhos voltam para os cooperados e, por consequência, geram benefícios à comunidade.

No entanto, conforme o artigo 17-D da Lei Complementar 196/2022, “os saldos de capital, de
remuneração de capital ou de sobras a pagar não procurados pelos associados demitidos,
eliminados ou excluídos serão revertidos ao fundo de reserva da cooperativa de crédito
após decorridos 5 (cinco) anos da demissão, da eliminação ou da exclusão”.

19
1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL
vigência do material | 01/01/2023

Da mesma forma como ocorre nos bancos comerciais, as cooperativas financeiras têm
a capacidade de “criar moeda escritural” por meio da intermediação dos recursos entre
os poupadores e os tomadores. Entretanto, por ser constituída como uma sociedade de
pessoas e não de capital, as taxas, as tarifas e as condições comerciais promovem a justiça
financeira para os cooperados, bem como a sustentabilidade da cooperativa.

Em razão de sua característica como captadora de depósitos, as cooperativas possuem o


fundamental amparo legal da proteção e da cobertura dos depósitos por intermédio do
FUNDO GARANTIDOR DO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO (FGCOOP). Esse fundo garante
os depósitos e os créditos mantidos nas cooperativas singulares de crédito e nos bancos
cooperativos em caso de intervenção ou liquidação extrajudicial dessas instituições. O
valor limite garantido pelo FGCOOP é o mesmo em vigor para os depositantes dos bancos,
atualmente em R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais).

CONTEXTO Em de 30 de outubro de 2012, por meio da Resolução nº 4.150, o


NORMATIVO Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu os requisitos e
as características mínimas para a criação do Fundo Garantidor do
Cooperativismo de Crédito (FGCoop).

Tal resolução norteou a elaboração, pelo próprio sistema


cooperativista de crédito, do estatuto e do regulamento do FGCoop
– ambos aprovados pela Assembleia Geral de constituição, realizada
em 27 de setembro de 2013, e, em seguida, pelo CMN, por meio da
Resolução nº 4.284, de 5 de novembro de 2013.

(FGCOOP, 2019)

CONTEXTO Os fundos garantidores são associações privadas, sem fins lucrativos


NORMATIVO e que têm por finalidades proteger os depositantes das instituições
associadas, contribuir para a manutenção da estabilidade financeira e
para a prevenção de crise sistêmica.

Instrumentos financeiros garantidos:

• depósitos à vista, a prazo ou sacáveis mediante aviso prévio;


• depósitos de poupança;
• letras de câmbio, letras hipotecárias;
• letras de crédito imobiliário;
• letras de crédito do agronegócio; e
• operações compromissadas que têm como objeto títulos emitidos
após 8 de março de 2012 por empresa ligada.

No Brasil existem dois fundos garantidores:

• Fundo Garantidor de Créditos (FGC)


• Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop)

20
vigência do material | 01/01/2023

1.1.4.3 Administradoras de consórcios

Segundo o Banco Central (2019), as ADMINISTRADORAS DE CONSÓRCIOS são pessoas


jurídicas prestadoras de serviços com objeto social principal voltado à administração de
grupos de CONSÓRCIOS,15 constituídas sob a forma de sociedade limitada ou sociedade
anônima.

CONTEXTO
Regulamentada pela Lei nº 11.795, de 8 de outubro de 2008, que
NORMATIVO estabeleceu as bases para o Sistema de Consórcio, instrumento
de progresso social que se destina a propiciar o acesso ao
consumo de bens e serviços, constituído por administradoras de
consórcio e grupos de consórcio, na forma da lei.

O interesse coletivo do grupo de consórcio prevalece sobre o interesse individual do


consorciado. Os grupos de consórcio caracterizam-se como sociedade não personificada
com patrimônio próprio, o qual não deve ser confundido com o patrimônio dos demais
grupos nem com o da administradora.

1.1.4.4 Corretoras e distribuidoras

As CORRETORAS DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS (CTVM) E AS DISTRIBUIDORAS


DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS (DTVM) são entidades operadoras que atuam no
mercado financeiro, no mercado de capitais e no mercado cambial, intermediando a
negociação de títulos e valores mobiliários entre investidores e tomadores de recursos. 15

CONTEXTO Com a Decisão Conjunta 17/2009, que autorizou as


NORMATIVO distribuidoras a operar diretamente nos ambientes e nos
sistemas de negociação dos mercados organizados de bolsa de
valores, eliminou-se a principal diferença entre as corretoras
e as distribuidoras de títulos e valores mobiliários, que hoje
podem realizar praticamente as mesmas operações.

15
Consórcio: é a reunião de pessoas naturais e jurídicas em grupo, com prazo de duração e número de cotas previamente determinados, promovida
por administradora de consórcio com a finalidade de propiciar a seus integrantes, de forma isonômica, a aquisição de bens ou serviços por meio de
autofinanciamento.

21
1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL
vigência do material | 01/01/2023

Esses operadores são supervisionados tanto pelo Banco Central quanto pela Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), dependendo de sua natureza jurídica de constituição e ligação
econômica e/ou societária. As corretoras e as distribuidoras devem ser constituídas sob a
forma de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada.

As corretoras e as distribuidoras, na atividade de intermediação, oferecem serviços como


plataformas de investimento pela internet (HOME BROKER16), consultoria financeira, clubes
de investimentos, financiamento para compra de ações e administração e custódia de
títulos e valores mobiliários dos clientes. Na remuneração pelos serviços, essas instituições
operadoras podem cobrar comissões e taxas.

1.1.4.5 Instituições de pagamento

Segundo o Banco Central, INSTITUIÇÃO DE PAGAMENTO (IP) é a pessoa jurídica que


viabiliza serviços de compra e venda e de movimentação de recursos no âmbito de um
ARRANJO DE PAGAMENTO17. As instituições de pagamento não compõem diretamente o
SFN, mas são reguladas e fiscalizadas pelo BC, conforme diretrizes estabelecidas pelo CMN.

CONTEXTO O funcionamento das instituições de pagamento está


NORMATIVO regulamentado pela Lei nº 12.865, de 9 de outubro de 2013,
que dispõe sobre os arranjos de pagamento e as instituições de
pagamento integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro
(SPB).

De forma acessória a essa lei existe uma série de normas que


regulam e estimulam a competição nesse mercado, que se
caracteriza pelas inovações e pelas constantes evoluções
tecnológicas, especialmente por intermédio de novos entrantes,
como no caso das fintechs.

As instituições de pagamento não são instituições financeiras, portanto não podem realizar
atividades exclusivas dessas instituições, como empréstimos e financiamentos. Ainda assim,
estão sujeitas à supervisão do Banco Central e devem constituir-se na forma de sociedade
empresária limitada ou anônima.

É importante lembrar que serviços de pagamento são prestados não só pelas IPs, mas também
por instituições financeiras, especialmente bancos, financeiras e cooperativas financeiras.

Nesse tipo de transação é necessário haver:

y uma INSTITUIÇÃO DE PAGAMENTO ou uma INSTITUIÇÃO FINANCEIRA que


tenha aderido a um arranjo de pagamento;

16
Home broker: é um sistema eletrônico que possibilita a negociação de ações e outros ativos financeiros diretamente com a corretora ou distribuidora
por meio da internet. Tem como principal objetivo facilitar o acesso entre os investidores e o mercado acionário de forma simples e eficiente.
17
Arranjo de pagamento: é o conjunto de regras e procedimentos que disciplina a prestação de determinado serviço de pagamento ao público aceito
por mais de um recebedor, mediante acesso direto pelos usuários finais, pagadores e recebedores (Art. 6º, Inc. I, da Lei nº 12.865, 09/10/2013).

22
vigência do material | 01/01/2023

y o INSTRUMENTO DE PAGAMENTO, que é o dispositivo utilizado para comprar


produtos/serviços ou para transferir recursos, como cartão de débito ou de
crédito, boleto ou telefone celular;
y o INSTITUIDOR do arranjo de pagamento, que é a pessoa jurídica responsável pela
criação e pela organização do arranjo, como as bandeiras de cartão de crédito;
y a CONTA DE PAGAMENTO, que é o registro individualizado das transações
(transferências, pagamento de contas e de compras, saques e aportes);
y os ARRANJOS DE PAGAMENTO criados pelo instituidor, que são as regras e os
procedimentos que disciplinam a prestação de serviços de pagamento ao público.
Entre essas regras estão:
y os prazos de liquidação;
y as condições para uma instituição de pagamento ou financeira aderir
ao arranjo;
y as regras de segurança para proteger consumidores e lojistas de riscos,
fraudes, clonagem de cartões, etc.

Na Figura 2 veremos um exemplo.

FIGURA 2. FLUXOGRAMA BÁSICO DE UM SISTEMA DE PAGAMENTO

1
Compra
e venda

0
2
Consumidor Sua loja
Banco emite o cartão e dá
crédito ao consumidor Envia a transação
para aprovação

Credenciadora
Bancos Emissores 5
Resposta ao EC, 3
4 aprovado ou não a
transação
Valida os dados do
cartão com a bandeira
Solicita informações e
limite do portador ao
emissor
Bandeiras

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INSTITUIÇÕES DE PAGAMENTOS (ABIPAG, 2019)

O exemplo acima demonstra a importância de um sistema de pagamentos que funcione


adequadamente para assegurar todos os envolvidos no processo.

23
1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL
vigência do material | 01/01/2023

Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)

Nesse contexto está inserido o SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO (SPB), cuja tarefa
é interligar todos os operadores e realizar a transferência, a compensação e a liquidação
das transações financeiras realizadas por pessoas, empresas, governo, Banco Central e
instituições financeiras no âmbito do SFN.

A Lei no 10.214/2001, conhecida como “Lei do SPB”, estabelece o alicerce


CONTEXTO legal e disciplina a atuação das câmaras e dos prestadores de serviços
NORMATIVO de compensação e de liquidação, no âmbito do sistema de pagamentos
brasileiro (SPB).

Outro elemento fundamental da base regulamentar do SPB é a Resolução


CMN 2.882/2001, que define os princípios gerais a serem observados pelos
sistemas de transferência de fundos e pelas câmaras de compensação e
liquidação.

A Circular Bacen no 3.057/2001 complementa a estrutura regulamentar,


estabelecendo diretrizes para os regulamentos das câmaras de
compensação e liquidação.

O SPB caracteriza-se por:

y sua base legal sólida e abrangente;


y uso obrigatório de contrapartes centrais para a liquidação de obrigações
resultantes de compensação multilateral em sistemas sistemicamente
importantes;
y certeza da liquidação dada pela contraparte central com base em mecanismos
de gerenciamento de riscos e salvaguardas constituídas para tratamento de casos
de insolvência de participantes do sistema;
y irrevogabilidade e finalidade das liquidações; e
y interligação através da Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN) de todas as
instituições autorizadas a funcionar pelo Bacen e as câmaras de compensação
e liquidação ao Sistema de Transferência de Reserva (STR), ao sistema de
transferências de grandes valores do Bacen, permitindo amplo acesso à liquidação
em moeda pelo Banco Central.

24
vigência do material | 01/01/2023

FIGURA 3. ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DA RSFN

Banco Central CIP - Câmara Interbancária de Pagamentos


do Brasil

SITRAF SILOC
Transferências de fundos C3
SELIC Transferências de fundos LDL (D+1) Cessões de crédito
Híbrico
Títulos Públicos
LBTR

COMPE
Cheques
LDL (D+1)
RSFN
Rede do Sistema
STR Financeiro Nacional CETIP
Transferências de Títulos privados,
fundos LBTR swaps e outros
LDL (D+1), LBTR

Ativos Ações
Câmbio Ações, títulos
Derivativos Títulos públicos
Câmbio interbancário privados e opções
LDL (D+1) LDL (DO; D+1) LDL (D+1; D+3), LBTR
LDL (D+1; D+2)

Contas de
liquidação
BM&F - Bovespa

Fonte: BACEN (2019)

Notadamente o papel dos órgãos de supervisão e dos agentes operadores da rede é


fundamental para garantir o adequado funcionamento das TRANSAÇÕES FINANCEIRAS
realizadas nos mercados que compõem o Sistema Financeiro Nacional.

1.1.4.6 Demais instituições não bancárias

No Sistema Financeiro Nacional (SFN), os bancos e as caixas econômicas não são a única
opção para clientes e consumidores acessarem serviços financeiros, pois existem outras
entidades denominadas INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NÃO BANCÁRIAS, que se constituem
como uma alternativa aos agentes bancários.

São consideradas instituições financeiras não bancárias:

A. Sociedade de Crédito ao Microempreendedor e à Empresa de Pequeno Porte


(SCMEPP)
B. Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento (SCFI)
C. Sociedade de Crédito Imobiliário (SCI)
D. Sociedade de Arrendamento Mercantil (SAM)
E. Associação de Poupança e Empréstimo (APE)
F. Companhia Hipotecária (CH)
G. Agência de Fomento

25
1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL
vigência do material | 01/01/2023

1.1.4.7 Mercado de valor mobiliário

Os mercados regulamentados de valores mobiliários compreendem os mercados de bolsa


e balcão. Desde 2017 no Brasil a B3 é a única entidade administradora de mercado de valor
mobiliário, surgida da fusão entre a BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), a Bovespa
(Bolsa de Valores de São Paulo) e a Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira
de Títulos Privados). A B3 atua como:

CONTEXTO
HISTÓRICO
Instrução CVM 461.

y bolsa de valores, mercadorias e futuros;


y entidade registradora de ativos financeiros;
y câmara de compensação e liquidação;
y central depositária.

Os mercados organizados de valores mobiliários serão obrigatoriamente estruturados,


mantidos e fiscalizados por entidades administradoras autorizadas pela CVM, constituídas
como associação ou como sociedade anônima e que preencham os requisitos determinados
pela legislação e regulação.

Seu principal objetivo é prover local ou sistema de negociação eletrônico adequados à


realização, entre seus membros, de transações de compra e venda de títulos e valores
mobiliários.

São exemplos de títulos e valores mobiliários negociados:

y ações, debêntures e bônus de subscrição;


y cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de desdobramento relativos
aos valores mobiliários;
y certificados de depósito de valores mobiliários;
y cédulas de debêntures;
y cotas de fundos de investimento em valores mobiliários ou de clubes de
investimento em quaisquer ativos;
y notas comerciais, entre outros.

A B3 intermedeia as relações de compra e venda para seus clientes (investidores), que


alocam seus recursos em ações de companhias, dentre outros tipos de títulos e valores
mobiliários disponíveis, como cotas em fundos de investimento, por exemplo.

26
vigência do material | 01/01/2023

As companhias que tenham ou desejem possuir capital listado no mercado de valor


mobiliário precisam cumprir regras bem específicas para obter a autorização da CVM para
emitir e negociar seus títulos. Além das companhias, podem emitir e negociar títulos em
bolsa os fundos de investimento e os fundos de investimento em cotas, sendo esses fundos
classificados conforme a Instrução CVM 555 como:

y fundo de renda fixa;18


y fundo de ações;19
y fundo cambial;20
y fundo multimercado.21

A B3 está organizada também para proporcionar aos seus membros as facilidades


necessárias à realização de negócios (compra e venda) em mercados de liquidação futura
(mercado a termo).

Além de manter local físico adequado à condução de negócios (sala de pregões) e plataformas
de negociação eletrônica, seu papel é criar produtos, aperfeiçoar e desenvolver mercados e
manter cursos de formação profissional para atuação no chamado “mercado de futuros”.

As principais características da operação em mercado de futuros resultam da análise da


definição e da natureza dos contratos nele operados. Um contrato de futuro é o compromisso
legalmente exigível de entregar ou receber determinada quantidade ou qualidade de uma
commodity pelo preço combinado na bolsa de futuros quando o contrato é executado.
Também são negociados em contrato outros ativos de natureza financeira, como títulos
derivativos.

São exemplos de transações financeiras realizadas por intermédio de uma bolsa de


mercadorias e futuros:

y contratos de commodities;22
y contratos de derivativos.23

Fundos de renda fixa: : devem ter como principal fator de risco de sua carteira a variação da taxa de juros e/ou de índice de preços e deve possuir, no
18

mínimo, 80% da carteira em ativos relacionados diretamente à renda fixa (B3, 2019).
19
Fundos de ações: devem ter como principal fator de risco a variação de preços de ações admitidas à negociação no mercado organizado de bolsa e
deve investir no mínimo 67% de seu patrimônio líquido em ações, bônus ou recibos de subscrição, certificados de depósito de ações, cotas de fundos
de ações, entre outros (B3, 2019).
20
Fundos cambiais: devem ter como principal fator de risco de carteira a variação de preços de moeda estrangeira ou a variação do cupom cambial. No
mínimo 80% da carteira deve ser composta por ativos relacionados direta ou indiretamente, utilizando instrumentos derivativos (B3, 2019).
21
Fundos multimercados: os fundos classificados como multimercado devem possuir políticas de investimento que envolvam vários fatores de risco
(taxa de juros, inflação, ações, câmbio, etc.) sem o compromisso de concentração em nenhum em especial. Podem utilizar derivativos para alavancagem
ou proteção (B3, 2019).
22
Commodities: termo em inglês que significa “mercadoria”, porém no contexto do mercado financeiro as commodities são produtos de origem primária
cuja circulação é globalizada, sendo seus valores ajustados ao preço médio pelas bolsas de mercadorias e futuros. As commodities dividem-se em
quatro grupos: agrícolas, minerais, financeiras e ambientais.
23
Derivativos: são contratos que derivam a maior parte do seu valor de um ativo subjacente, taxa de referência ou índice. O ativo subjacente pode ser
físico (café, ouro, etc.) ou financeiro (ações, taxas de juro, inflação, etc.). Segundo a B3, em um contrato derivativo se estabelecem pagamentos futuros
cujo montante é calculado com base no valor assumido por uma variável, tal como o preço do ativo subjacente, a inflação acumulada no período, a
taxa de câmbio, a taxa básica de juros ou qualquer outra variável dotada de significado econômico (B3, 2019).

27
1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL
vigência do material | 01/01/2023

Os contratos negociados em bolsa de mercadorias e futuros são utilizados como


mecanismos de HEDGE24 (proteção) ou para especulação financeira.

Para realizar as transações financeiras entre os agentes operadores, as companhias e


seus clientes, é necessária a utilização das CÂMARAS DE LIQUIDAÇÃO E COMPENSAÇÃO
(CLEARING HOUSE25), cuja função principal é mitigar o risco de liquidação dos títulos
negociados entre os envolvidos das transações comerciais.

APOIO
DIDÁTICO
Assunto já abordado anteriormente no item “1.1.4.5 - Instituições
de pagamento”, quando apresentado o Sistema de Pagamentos
Brasileiro (SPB).

1.1.4.8 Seguradoras e resseguradoras

Os principais tipos de operadores supervisionados pela Superintendência de Seguros


Privados (Susep) são as seguradoras e as resseguradoras.

CONTEXTO As atividades das seguradoras e das resseguradoras estão


NORMATIVO reguladas pelo Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966.

O marco regulatório do setor de seguros é bastante amplo


e contém diversas outras leis e normas que regem seu
funcionamento.

As seguradoras são sociedades autorizadas a operarem em seguros privados, constituídas


sob a forma de sociedade anônima, que assumem e gerem os riscos de acordo com critérios
técnicos e administrativos regulamentados pela Susep.

As companhias seguradoras assumem o risco de perdas financeiras provenientes de


eventos fortuitos ou previsíveis de pessoas físicas e jurídicas, que pagam à seguradora um
valor como prêmio pelo risco de uma eventual e determinada situação de sinistro.

24
Hedge: significa contrabalançar a compra e a venda de um título por meio da venda ou da compra de outro em posição oposta. Fazer hedge é se
proteger contra oscilações inesperadas dos títulos, gerenciando e administrando o risco envolvido, conseguindo uma espécie de seguro de preço para
o bem ou o ativo transacionado.
25
Clearing house: termo financeiro que em inglês significa “câmara de compensação”.

28
vigência do material | 01/01/2023

As RESSEGURADORAS são instituições constituídas com a finalidade de operar o resseguro,


entendido como a “transferência ou divisão dos riscos” de uma seguradora para um
ressegurador (SUSEP, 2019).

Uma companhia de resseguro aceita a transferência de riscos de seguradoras e de outras


resseguradoras mediante um contrato em que o ressegurador assume o compromisso de
indenizar a companhia seguradora (cedente) pelos danos que possam vir a ocorrer em
decorrência de suas apólices de seguro de uma carteira ou ramo de seguros. Funciona
como um seguro para proteger as seguradoras que atuam em mercados que possam sofrer
por riscos sistêmicos ou concentrados, por exemplo.

1.1.4.9 Entidades abertas de previdência

Existem coberturas específicas para as diversas necessidades previdenciárias, denominadas


coberturas de riscos e coberturas por sobrevivência, que são oferecidas em dois segmentos
distintos de previdência complementar: aberto e fechado, ambos regidos pela Lei
Complementar nº 109/2001.

Resumidamente, a principal diferença entre os dois segmentos, aberto e fechado,


reside no público-alvo ao qual se destinam os planos de benefícios operacionalizados,
sendo o primeiro aberto a quaisquer pessoas que se encaixem no perfil e nas condições
operacionais do plano, e o fechado, estruturado de forma que atenda a participantes
pertencentes a uma única empresa ou entidade de representação (sindicatos, associações
de classe, profissionais, entre outros) e, ainda, a um grupo de empresas interligadas, desde
que devidamente previstas no estatuto da entidade de previdência complementar.

Segundo a Susep, órgão supervisor deste segmento, as ENTIDADES ABERTAS DE


PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (EAPCs) são constituídas unicamente na forma de
sociedades anônimas, tendo por objetivo instituir e operar planos de benefícios de
caráter previdenciário. Esses benefícios são concedidos em forma de renda continuada ou
pagamento único, acessíveis a quaisquer pessoas físicas interessadas no produto (SUSEP,
2019).

CONTEXTO
NORMATIVO As regras dessas entidades de previdência estão estabelecidas
pela Lei Complementar no 109, de 29 de maio de 2001, que
dispõe sobre o Regime de Previdência Privada Complementar.

29
1.1 ESTRUTURA DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL
vigência do material | 01/01/2023

Essas entidades oferecem a seus clientes as modalidades privadas de prevenção adicional


(por isso são chamadas de complementar) contra os impactos financeiros negativos
relacionados ao enfrentamento de infortúnios. Esses programas são de adesão voluntária
e voltados ao atendimento das necessidades de pessoas previdentes, passíveis de serem
constituídos e operacionalizados no segmento privado de previdência complementar.

1.1.4.10 Entidades fechadas de previdência complementar

Segundo a Previc, órgão supervisor deste segmento, as ENTIDADES FECHADAS DE


PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (EFPCs), também conhecidas como “fundos de pensão”,
são operadoras de planos de benefícios constituídas na forma de sociedade civil ou de
fundação e sem fins lucrativos, estruturadas para operar plano de benefício de caráter
previdenciário (PREVIC, 2019).

CONTEXTO
NORMATIVO As regras dessas entidades de previdência estão estabelecidas
pela Lei Complementar no 109, de 29 de maio de 2001, que
dispõe sobre o Regime de Previdência Privada Complementar.

Assemelham-se às entidades abertas (EAPC), porém as EFPCs são instituições criadas para o
fim exclusivo de administrar planos de benefícios de natureza previdenciária, patrocinados
e/ou instituídos.

A criação de uma entidade fechada de previdência complementar está condicionada


à motivação do patrocinador ou instituidor em oferecer aos seus empregados ou
associados planos de benefícios de natureza previdenciária, razão pela qual são acessíveis
exclusivamente aos servidores ou aos empregados dos patrocinadores e/ou aos associados
ou membros dos instituidores.

30
vigência do material | 01/01/2023

1.1.4.11 Sociedades de capitalização

As SOCIEDADES DE CAPITALIZAÇÃO (SC) são entidades constituídas sob a forma de


sociedades anônimas que negociam contratos (títulos de capitalização) cujo objeto é o
depósito periódico de prestações pecuniárias pelo contratante, o qual terá, depois de
cumprido o prazo contratado, o direito de resgatar parte dos valores depositados corrigidos
por uma taxa de juros estabelecida contratualmente. Quando previsto em contrato, há
condições que estabelecem o direito de concorrer a sorteios de prêmios (SUSEP, 2019).

CONTEXTO
NORMATIVO As regras dessas sociedades estão estabelecidas pelo Decreto-
lei nº 261, de 28 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre as
operações das sociedades de capitalização, mencionando no
seu texto artigos do Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de
1966.

31
COOPERATIVISMO DE
CRÉDITO

1.2
vigência do material | 01/01/2023

1.2 COOPERATIVISMO DE
CRÉDITO

No contexto das instituições operadoras que atuam nos mercados monetário e de


crédito, no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN), as cooperativas financeiras vêm
assumindo nos últimos tempos papel de protagonismo diante dos desafios de tornar o
ambiente de negócios entre as instituições cada vez mais competitivo. Em razão disso, toda
a sociedade é beneficiada com uma maior eficiência nos custos financeiros, contribuindo
para o desenvolvimento econômico dos setores produtivos que atuam no mercado ao
utilizar os produtos e os serviços oferecidos por essas instituições.

1.2.1 Aspectos conceituais do cooperativismo de crédito

A doutrina cooperativista encontra inspiração em seus PRECURSORES (OCB, 2019)


para persistir e desenvolver um ambiente empresarial cada vez mais competitivo. As
sociedades cooperativas nasceram fundamentalmente para propiciar a seus membros
filiados condições de trabalho e acesso a serviços mais justos em comparação às demais
organizações, que visam a benefícios econômicos prioritariamente aos acionistas.

CONTEXTO
Tudo começou em 1844, na cidade de Manchester, no interior
HISTÓRICO
da Inglaterra. Sem conseguir comprar o básico para sobreviver
nos mercadinhos da região, um grupo de 27 homens e uma
mulher, todos trabalhadores, uniram-se para montar seu
próprio armazém. A proposta era simples, mas engenhosa:
comprar alimentos em grande quantidade, para conseguir
preços melhores. Tudo o que fosse adquirido seria dividido
igualitariamente entre o grupo. Nascia, então, a “Sociedade
dos Probos de Rochdale” — primeira cooperativa moderna,
que abriu as portas pautada por valores e princípios morais
considerados, até hoje, a base do cooperativismo, entre eles a
honestidade, a solidariedade, a equidade e a transparência.

(OCB, 2019)

33
1.2 COOPERATIVISMO
DE CRÉDITO
vigência do material | 01/01/2023

Na história do cooperativismo de crédito, é relevante notar a grande contribuição que os


MOVIMENTOS DE CRÉDITO COOPERATIVO deram para a transformação do ambiente
econômico de setores e importantes regiões dos países hoje ditos desenvolvidos,
modificando para melhor a vida das pessoas e das comunidades impactadas.

CONTEXTO A estrutura do cooperativismo de crédito organizou-se a


NORMATIVO partir da contribuição histórica de Rochdale (Inglaterra) e
de experiências de modelos difundidos como as de Schulze-
Delitzsch (Volksbank), Haas e Raiffeisen, ambos na Alemanha,
as Luzzatti e Wollemborg, na Itália e o modelo Desjardins, no
Canadá.

Esses movimentos consolidaram-se e moldaram os marcos


regulatórios de muitos países, existindo no Brasil experiências
muito exitosas, como o caso da cooperativa Pioneira,
denominada na época “Caixa de Economia e Empréstimos
Amstad“, criada em 1902, em Nova Petrópolis/RS, sob a
liderança do padre jesuíta Theodor Amstadt, que, conhecedor da
experiência alemã do modelo Raiffeisen, constituiu a primeira
cooperativa financeira da América Latina, a atual Sicredi
Pioneira RS, que funciona regularmente até os dias atuais.

(Portal do Cooperativismo Financeiro, 2019)

Esta é a natureza das cooperativas: ser uma sociedade de pessoas voltada para os
interesses sociais de seus membros, contribuindo diretamente para o desenvolvimento
socioeconômico de suas localidades.

A Lei do Cooperativismo assim define as sociedades cooperativas:

“As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza


jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas
para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais
sociedades” (Art. 4º, Lei no 5.764/1971).

Por esse aspecto legal, as sociedades cooperativas possuem características especiais que
ordenam doutrinariamente seu funcionamento, atuando assim de maneira uniforme em
seus ramos específicos, inclusive o ramo do crédito.

34
vigência do material | 01/01/2023

Segundo a ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DO BRASIL (OCB), são estes os sete


princípios universais do cooperativismo:

CONTEXTO A Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) foi criada em


HISTÓRICO 1969 durante o IV Congresso Brasileiro do Cooperativismo.Aa
OCB veio substituir e unificar a Abcoop (Associação Brasileira
de Cooperativas) e a Unasco (União Nacional de Cooperativas).
Desde então, a instituição é responsável pelo fomento e pela
defesa do sistema cooperativista brasileiro, apresentando o
cooperativismo como solução para um mundo mais justo, feliz,
equilibrado e com melhores oportunidades para todos.

(OCB, 2019)

1. adesão voluntária e livre;26


2. gestão democrática; 27
3. participação econômica dos membros;28
4. autonomia e independência;29
5. educação, formação e informação;30
6. intercooperação;31
7. interesse pela comunidade.32

Esse conjunto de crenças e valores institucionais faz do cooperativismo um ambiente propício


para a integração entre as pessoas em prol da sustentabilidade e do desenvolvimento
mútuo. No contexto do SFN, as cooperativas financeiras devem manter suas características
doutrinárias, porém não podem perder de vista que são instituições financeiras que atuam
em um ambiente altamente competitivo e dinâmico, exigindo delas um posicionamento
alinhado com as melhores práticas do mercado, sem, contudo, perder sua essência
doutrinária (o cooperativismo). Essa situação demanda dos dirigentes e executivos alto
nível de conhecimento de mercado e da diferenciação sustentável que oferece a doutrina
cooperativa aos cooperados e às respectivas comunidades.

26
Adesão voluntária e livre: as cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar seus serviços e a assumir as
responsabilidades como membros, sem discriminação social, racial, política, religiosa ou de gênero.
27
Gestão democrática: as cooperativas são organizações democráticas, controladas por seus membros, que participam ativamente na formulação de
suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres eleitos como representantes dos demais membros são responsáveis perante estes.
Nas cooperativas de primeiro grau os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto).
28
Participação econômica dos membros: os membros contribuem equitativamente para o capital de suas cooperativas e controlam-no democraticamente.
Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem habitualmente, se houver, uma remuneração limitada
ao capital integralizado como condição de sua adesão.
29
Autonomia e independência: as cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas por seus membros. Se firmarem acordos
com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle
democrático por seus membros e que mantenham a autonomia da cooperativa.
30
Educação, formação e informação: as cooperativas promovem a educação e a formação de seus membros, dos representantes eleitos e dos
trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento de suas cooperativas. Informam o público em geral,
particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.
31
Intercooperação: as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em
conjunto, por intermédio das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.
32
Interesse pela comunidade: as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado de suas comunidades por meio de políticas aprovadas
pelos membros.

35
1.2 COOPERATIVISMO
DE CRÉDITO
vigência do material | 01/01/2023

1.2.2 Marco regulatório do cooperativismo financeiro

Conforme dispõe o artigo 1º da LC 130/2009, as cooperativas de crédito são legalmente


reconhecidas como “instituição financeira”, e por essa razão devem cumprir todas as leis
e os normativos atinentes à sua atividade econômica, ou seja, devem cumprir todas as
normas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e seu órgão supervisor, o
Banco Central. Esse arcabouço legal e normativo é conhecido comumente como MARCO
REGULATÓRIO.33

Conhecer o marco regulatório que organiza o funcionamento do cooperativismo


financeiro é obrigação dos membros de órgãos sociais, cuja função de conselheiro ou
diretor está diretamente relacionada aos aspectos legais do negócio cooperativo, sendo,
portanto, responsáveis diretos, conforme seu campo de atuação, pelo fiel cumprimento do
regramento das leis e das normas que regem toda a sociedade cooperativa.

Entretanto, esse conhecimento depende da correta compreensão e entendimento


do ORDENAMENTO JURÍDICO34 aplicável ao conjunto de leis, normas e políticas que
estabelecem as bases para o funcionamento do cooperativismo financeiro, formando,
portanto, o marco regulatório do cooperativismo financeiro.

O MARCO REGULATÓRIO DO COOPERATIVISMO FINANCEIRO está consolidado e


sustentado pelas LEIS E PELAS NORMAS macrorregulatórias do sistema cooperativo (SNCC)
e do sistema financeiro (SFN), sendo as principais:

y LEI ORDINÁRIA Nº 4.595, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1964 – criou o Conselho


Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central do Brasil, atribuindo ao Bacen a
competência de regular e supervisionar as instituições que atuam no mercado
financeiro, dentre estas instituições, as cooperativas financeiras.
y LEI ORDINÁRIA Nº 5.764, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1971 – definiu a Política
Nacional do Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das sociedades
cooperativas de todos os ramos, inclusive o cooperativismo financeiro.
y LEI COMPLEMENTAR Nº 130, DE 17 DE ABRIL DE 2009 – conjunto de dispositivos
legais que tratam desde então exclusivamente do Sistema Nacional de
Crédito Cooperativo, dando providências, competências, poderes, limites e
responsabilidades aos agentes atuantes dos sistemas cooperativos do país.
y Além da Lei Complementar no 130, o cooperativismo de crédito também recebeu,
por meio da LEI COMPLEMENTAR NO 161, DE 4 DE JANEIRO DE 2018, a permissão

33
O conceito geral de “marco regulatório” está ligado aos aspectos legais relacionados aos segmentos controlados ou supervisionados pelo setor
público, que define este “marco” como um “conjunto de normas, leis e diretrizes que regulam o funcionamento dos setores” nos quais agentes privados
prestam serviços à sociedade. No ambiente das cooperativas financeiras, este marco regulatório emana principalmente do Conselho Monetário
Nacional (CMN).
34
Ordenamento jurídico é a disposição hierárquica das normas jurídicas em um sistema normativo por meio do qual se pode compreender que cada
dispositivo possui uma norma da qual deriva e à qual está subordinada.
As leis 4.595/1964 e a 130/2009, trazem o conceito de cooperativa financeira. Também é comum a utilização do conceito de “Instituição Financeira

36
vigência do material | 01/01/2023

para captação de recursos dos municípios e seus órgãos vinculados, sendo este
ato regulamentado pormenorizadamente por normativo específico emanado do
Conselho Monetário Nacional.35
y Aplicam-se ainda sobre as cooperativas financeiras que operam especificamente
com o crédito rural a LEI ORDINÁRIA NO 4.829, DE 5 DE NOVEMBRO DE 1965, e
o DECRETO NO 58.380, DE 10 DE MAIO DE 1966, que instituem e regulamentam
todo o Sistema Nacional de Crédito Rural.
y LEI COMPLEMENTAR Nº 196, DE 24 DE AGOSTO DE 2022 - Altera a Lei
Complementar nº 130, de 17 de abril de 2009 (Lei do Sistema Nacional de
Crédito Cooperativo), para incluir as confederações de serviço constituídas por
cooperativas centrais de crédito entre as instituições integrantes do Sistema
Nacional de Crédito Cooperativo e entre as instituições a serem autorizadas a
funcionar pelo Banco Central do Brasil; e dá outras providências.

Com a LC 130/2009, o ordenamento jurídico que rege o Sistema Nacional de Crédito


Cooperativo torna-se de atuação específica36 do CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL e do
BANCO CENTRAL DO BRASIL, que tratam dos assuntos gerais do Sistema Financeiro Nacional e
de forma específica das instituições financeiras cooperativas. Também a RESOLUÇÃO Nº 4.434,
DE 5 DE AGOSTO DE 2015, e suas sucessoras atualizaram e consolidaram as normas relativas
à constituição e ao funcionamento de cooperativas financeiras em todo o território nacional.

Como exemplo, vale citar que esta norma regulamenta as condições estatutárias mínimas
exigidas, o conjunto de operações e atividades que uma cooperativa pode exercer, os
limites de exposição de risco por cooperado, a governança corporativa, a supervisão
auxiliar das cooperativas centrais e das confederações, entre outras.

Além dessa, são inúmeras resoluções, circulares, cartas circulares, comunicados e outros
atos normativos que o Conselho Monetário Nacional e o Bacen publicam regularmente para
fazer cumprir suas atribuições junto às cooperativas financeiras, sendo importantíssimo
que os componentes de órgãos estatutários acompanhem e compreendam as normativas
já publicadas, assim como aquelas que vierem a ser disponibilizadas pelas autoridades
do mercado financeiro.

No Quadro 3, apresentamos um compilado das principais normas em vigor que


complementam o marco regulatório para o funcionamento do Sistema Nacional de Crédito
Cooperativo (SNCC).

35
As leis 4.595/1964 e a 130/2009, trazem o conceito de cooperativa financeira. Também é comum a utilização do conceito de “Instituição Financeira
Cooperativa” ou simplesmente “Cooperativa Financeira”. Este segundo, considera o conceito de cooperativa crédito de forma ampliada, com todos os
produtos e serviços comuns, ofertados pelas instituições financeiras tradicionais.
36 Alterada pela Lei Complementar 196, de 24/08/2022.

37
1.2 COOPERATIVISMO
DE CRÉDITO
vigência do material | 01/01/2023

QUADRO 3. PRINCIPAIS NORMAS QUE COMPLEMENTAM O MARCO


REGULATÓRIO

NORMATIVO DESCRIÇÃO
Dispõe sobre os sistemas de controles internos das instituições
Resolução CMN nº 4.968,
financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco
25/11/2021
Central do Brasil e revoga a Resolução CMN 2.554/1.998.

Altera e consolida as normas sobre a instalação no país de


Resolução CMN nº 4.072,
dependências de instituições financeiras e demais instituições
26/04/2012
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.

Dispõe sobre as diretrizes que devem ser observadas no


Resolução CMN nº 4.327, estabelecimento e na implementação da Política de Responsabilidade
25/04/2014 Socioambiental pelas instituições financeiras e demais instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.

Estabelece a segmentação do conjunto das instituições financeiras


Resolução CMN nº 4.553,
e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
17/12/2015
Brasil para fins de aplicação proporcional da regulação prudencial.

Resolução CMN nº 4.887, Dispõe sobre auditoria cooperativa das cooperativas financeiras e
28/01/2021 revoga os artigos 1º a 14 da Resolução CMN 4.454 de 17/12/2015.

Aprova o Estatuto e o Regulamento do Fundo Garantidor do


Resolução CMN nº 4.933,
Cooperativismo de Crédito (FGCoop) e estabelece a forma de
29/07/2021
contribuição e revoga a Resolução CMN 4.518, de 24/08/2016.

Dispõe sobre a política de sucessão de administradores das instituições


Resolução CMN nº 4.878,
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e revoga a
23/12/2020
Resolução CMN 4.538, de 24/11/2016.

Resolução CMN nº 4.557, Dispõe sobre a estrutura de gerenciamento de riscos e a estrutura de


23/02/2017 gerenciamento de capital.

Dispõe sobre a política de conformidade (compliance) das instituições


Resolução CMN nº 4.595,
financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco
28/08/2017
Central do Brasil.

Dispõe sobre a política de segurança cibernética e sobre os requisitos


para a contratação de serviços de processamento e armazenamento
Resolução CMN nº 4.893,
de dados e de computação em nuvem a serem observados pelas
26/02/2021
instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e
revoga a Resolução CMN 4.658, de 26/04/2018.

Dispõe sobre os requisitos prudenciais aplicáveis à captação,


por cooperativas financeiras, de recursos de municípios, de seus
Resolução CMN nº 4.659, órgãos ou entidades e das empresas por eles controladas e sobre o
26/04/2018 correspondente cálculo da garantia prestada pelos fundos garantidores
de que trata o art. 12, inciso IV, da Lei Complementar nº 130, de 17 de
abril de 2009.

Fonte: SICOOB UNIVERSIDADE

38
vigência do material | 01/01/2023

1.2.3 Estrutura do Sistema Nacional de Crédito


Cooperativo (SNCC)

A base legal primária que dá forma à estrutura de funcionamento das sociedades


cooperativas está alicerçada pela LEI DO COOPERATIVISMO (Lei no 5.764/1971), que
instituiu a Política Nacional do Cooperativismo37, na qual se buscou consolidar o regime
jurídico das sociedades cooperativas, suas características e sua atuação.

O Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, conhecido pela sigla SNCC, foi instituído
pela Lei Complementar nº 130, em 2009. Desde então, tornou-se comum utilizar a sigla
“SNCC” para referir-se ao conjunto das instituições financeiras constituídas sob a forma
de cooperativas de crédito, incluindo as demais entidades corporativas a elas COLIGADAS.

CONTEXTUALIZAÇÃO A coligação entre as entidades do sistema cooperativo


consolida-se por meio dos mecanismos de representação
social e participação societária, havendo combinação de suas
estruturas de capital e estruturas operacionais de serviços
sistêmicos, dando origem ao conglomerado sistêmico.

Vejamos essa representação gráfica que ilustra a maioria dos agentes que atuam no
ambiente adjacente ao SNCC.

FIGURA 4. AMBIENTE MACROSSISTÊMICO DO SNCC


Ambiente institucional e de
supervisão

Entidades de apoio
a negócios
Bacen

Adm.
Confederação consórcio
Sócios
externos
Previdência
privada
CNAC Sócios
externos
Banco Adm.
cooperativo recursos
Auditoria terceiros
Externa
Central
Corretora
seguros
Fundações
Sistema OCB
SESCOOP Associado
Adm.
Cooperativa de bens
Fundo Singular
garantidor Banco não
cooperativo

Entidades de
serviço e assistência
Ambiente de Negócios

37 Alterada pela Lei Complementar 196, de 24/08/2022. Fonte: SICOOB UNIVERSIDADE

39
1.2 COOPERATIVISMO
DE CRÉDITO
vigência do material | 01/01/2023

Essa ilustração nos permite perceber a existência de outros membros associados além da
cooperativa singular, central à qual a singular está afiliada e a respectiva confederação
que fazem parte do SISTEMA COOPERATIVO.

Podem compor efetivamente a estrutura de um SNCC:

y cooperativa singular;
y cooperativa central;
y confederação;
y banco cooperativo; e
y empresas COLIGADAS OU CONTROLADAS.

CONTEXTO São exemplos de empresas coligadas ou controladas pelos entes


NORMATIVO do SNCC:

• administradoras de consórcios;
• distribuidoras de valores e títulos mobiliários;
• instituições de pagamento;
• seguradoras;
• corretoras de seguros;
• entidades de previdência complementar, entre outras.

As entidades de “apoio e assistência”, apesar de algumas delas atuarem exclusivamente


no âmbito do SNCC, possuem personalidade jurídica e participação societária segregada
e dissociada das demais entidades que compõem o sistema cooperativo, não sendo
consideradas legalmente parte do SNCC.

A Figura 5 ilustra todos os entes que atuam no SNCC.

FIGURA 5. ESTRUTURA E NÚMEROS DO SNCC

\Fonte: BACEN (data-base: setembro/2021); (CONFEBRAS, 2021)

40
vigência do material | 01/01/2023

1.2.4 Classificação das cooperativas singulares

A constituição das cooperativas financeiras no Brasil foi diretamente influenciada pelos


imigrantes europeus, que na sua jornada rumo à nova terra trouxeram consigo as experiências
exitosas de seus países de origem, especialmente da Alemanha, onde nasceram os principais
MODELOS que atendiam às expectativas de segmentos de origem rural (Raiffeisen) e os de
crédito urbano (Schulze-Delitzsch, mais conhecido como modelo Volksbank). Influenciado
pela Igreja Católica, o modelo Luzzati (similar ao que conhecemos hoje como “livre
admissão”), de origem italiana, também se difundiu por várias localidades brasileiras.

APOIO
DIDÁTICO Assunto já abordado no item “1.2.1 – Aspectos conceituais
do cooperativismo de crédito”, que apresentou os
principais modelos de cooperativismo nascidos em países
desenvolvidos.

As classificações das cooperativas brasileiras inspiravam-se no modelo europeu,


notadamente focadas nos tipos de públicos-alvo que essas instituições podiam atender
como crédito rural, até que, no ano de 2015, com o advento da Resolução CMN no 4.434, se
estabeleceu uma nova classificação para as cooperativas financeiras baseada nos tipos de
operações praticadas.

A partir dessa norma as cooperativas estão classificadas em três categorias, que


sinteticamente podem ser compreendidas a seguir:

y PLENAS: são cooperativas que desenvolvem todas as operações e atividades


autorizadas pelo Banco Central (inclusive as de maior exposição a riscos).
y CLÁSSICAS: são cooperativas que executam a maioria das operações, inclusive
captação de depósitos à vista e a prazo, porém são vedadas de realizar as
operações de mais alto risco.
y CAPITAL E EMPRÉSTIMO: são cooperativas que operam sem os recursos de
captação em depósitos, sendo seu único funding o capital social.

41
1.2 COOPERATIVISMO
DE CRÉDITO
vigência do material | 01/01/2023

A partir dessa nova classificação o órgão supervisor buscou também readequar as


categorias de cooperativas ao novo regime de fiscalização e controle para fins de aplicação
proporcional da REGULAÇÃO PRUDENCIAL,35 estabelecido a partir da Resolução nº
4.553/2017, que passou a considerar o porte e a atividade internacional das instituições
que compõem cada segmento para fins de fiscalização e controle de suas atividades.

CONTEXTO O Banco Central vem implementando uma série de normas


HISTÓRICO alinhadas com os princípios que norteiam os Acordos
de Basileia, entre os quais o Basileia II, que determina a
exigência de capital mínimo diante dos riscos assumidos
pelas instituições financeiras.

Nesse contexto, foram instituídos os dois regimes de


apuração do Patrimônio de Referência Exigível (PRE), sendo
eles:

• Regime Prudencial Simplificado (RPS), no qual


se enquadram instituições financeiras com baixa
complexidade operacional, cujas aplicações envolvam
crédito ou instrumentos financeiros simples e de baixo
risco; e

• Regime Prudencial Completo (RPC), voltado para


instituições financeiras com maior grau de complexidade
em seus negócios ou que apliquem recursos em
instrumentos financeiros sofisticados ou de risco de
mercado potencialmente relevante.

(BACEN)

1.2.5 Cooperativas financeiras x instituições bancárias

Apesar de competirem diretamente nos mesmos mercados (monetário e crédito), as


COOPERATIVAS FINANCEIRAS e as INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS têm naturezas jurídicas
distintas, o que modifica completamente sua relação com o público-alvo para a consecução
de seus objetivos.

No Quadro 4, é possível ter uma noção dos aspectos mais relevantes que diferenciam os
dois tipos de instituições financeiras: bancária e cooperativa.38

38
Regime prudencial: consiste em um conjunto de exigências regulamentares destinadas a assegurar a solidez financeira de uma instituição, o
adequado gerenciamento de seus riscos, incluindo a mitigação do risco oferecido a depositantes e a terceiros, e a necessária transparência ao seu ente
supervisor, o Banco Central.

42
vigência do material | 01/01/2023

QUADRO 4. DIFERENÇAS ENTRE AS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS E


COOPERATIVAS

Aspectos Bancos Cooperativas


São sociedades de Capital Pessoas

Voto Proporcional ao número de ações Peso igual (uma pessoa, um voto)

Deliberações Concentradas Compartilhadas

Administradores Terceiros (executivos do mercado) Gestores e líderes internos (cooperados)

Usuário Cliente Próprio sócio (cooperado)

Decidida pelos próprios cooperados, eleitos para


Políticas operacionais Usuário não exerce qualquer influência
compor os conselhos das cooperativas

Relaciona-se distintamente com cada Não há distinção no relacionamento, as condições


Atendimento
cliente são as mesmas para todos os cooperados

Preferem o público de maior renda e as


Público-alvo Não discriminam o público atendido
maiores corporações

Priorizam os grandes centros (embora não Não restringem o mercado, atuando fortemente
Área de atuação
tenham limitação geográfica) em regiões desassistidas pelos bancos

Visa obter maior remuneração do capital Visa equilibrar a relação custo/benefício para
Política de preços
investido pelos sócios melhor atender aos cooperados

Mercado Avançam pela competição Desenvolvem-se pela cooperação

Está fora do seu objeto social, visam ao resultado


Lucro Visam à maximização
sustentável

Entre todos (sócios/cooperados), na proporção das


Resultado compartilhado Com poucos (acionistas)
operações individuais

Regulados pela Lei das Sociedades Reguladas pela Lei Cooperativista (5.764/1971) e
Plano societário
Anônimas pela Lei Complementar nº 130/2009

Fonte: Adaptado de MEINEN; DOMINGUES E DOMINGUES (2002)

A comparação dos dois modelos organizacionais não deixa dúvida: cooperativa não
é banco e com banco não se confunde. Por isso mesmo é vedado a elas o emprego do
vocábulo “banco” (Lei nº 5.764/1971, art. 5º, parágrafo único).

Art. 5o As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer


gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-lhes o direito
exclusivo e exigindo-lhes a obrigação do uso da expressão “cooperativa”
em sua denominação.

Parágrafo único. É vedado às cooperativas o uso da expressão “banco”.

As cooperativas financeiras exercem o mesmo papel dos bancos comerciais, oferecendo


a maior parte dos produtos e dos serviços, cumprindo a função de instituição financeira
cooperativa com a finalidade de intermediar as transações de seus associados. Dessa
forma, as cooperativas financeiras, assim como os demais bancos, estão sujeitas às regras
de gestão e supervisão estipuladas pelo Bacen.

43
COMPOSIÇÃO
SISTÊMICA DO SICOOB

1.3
vigência do material | 01/01/2023

1.3 COMPOSIÇÃO
SISTÊMICA DO
SICOOB

O Sistema Sicoob é o maior sistema cooperativo atuante no país, presente em todos os


estados da Federação e no Distrito Federal, prestando serviços por meio de soluções
financeiras a mais de 5,6 milhões (Dez./2021) de cooperados.

Na sequência vamos compreender melhor sua história, sua estrutura e seu funcionamento
intrassistêmico, apresentando os papéis de cada entidade que compõe o Sicoob.

1.3.1 Contextualização histórica

O cooperativismo de crédito no Brasil iniciou SUAS ATIVIDADES EM 1902 e desenvolveu-


se ao longo das primeiras décadas de atuação com muito esforço e dedicação de suas
lideranças, que acreditavam neste incipiente modelo de negócio, mesmo sem o devido e
necessário incentivo governamental para seu crescimento.

Entretanto, somente após a promulgação da Lei do Cooperativismo em 1971 (Lei no


5.764/1971), reforçada pela Constituição Federal promulgada em 1988 (reconhecimento do
cooperativismo), e principalmente após a estabilização econômica promovida pelo Plano
Real durante a década de 1990 o cooperativismo de crédito ganhou de fato o impulso
necessário para seu desenvolvimento em nível sistêmico.

A união em torno da ideia embrionária de constituição do Sistema Sicoob decorreu especialmente


das dificuldades de manutenção e, por consequência, de perenização das cooperativas, devido
à necessidade de manter seus convênios para compensação de documentos com entidades
bancárias que viam as cooperativas financeiras como competidoras, mas acontecia ao mesmo
tempo grande dependência do banco que fornecia o número de compensação e, assim,
viabilizava a operacionalização das atividades das cooperativas financeiras naquela época.
Além disso, havia uma necessidade premente de redução das tarifas desses serviços, cobradas
de forma nociva pelos bancos intermediários, que, em muitos casos, chegaram a inviabilizar a
manutenção das atividades de várias cooperativas singulares.

Nesse contexto adverso surge então em 1995 a Resolução CMN nº 2.193, que autorizou a
criação de bancos cooperativos que viessem a desempenhar o papel que até então era
desenvolvido de forma dependente por alguns bancos então existentes.

Foi por intermédio da constituição do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), hoje Banco
Sicoob, em novembro de 1996, que se tornou possível unir “sistemicamente” as centrais
e suas cooperativas filiadas em torno de um banco cooperativo próprio, possibilitando

45
1.3 COMPOSIÇÃO
DO SICOOB
SISTÊMICA vigência do material | 01/01/2023

a autonomia operacional das entidades interligadas, otimizando os resultados obtidos


com a centralização dos serviços disponibilizados aos associados e melhor aplicação dos
recursos disponíveis, além do fortalecimento institucional das cooperativas, tornando-as
mais competitivas no segmento financeiro.

No ano de 2001 foi constituída oficialmente a CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS


COOPERATIVAS DO SICOOB (CONFEDERAÇÃO SICOOB), que agregou todas as entidades
de segundo grau (centrais) e, por extensão, as cooperativas de primeiro grau (singulares) e
em uma estrutura de terceiro grau, ou seja, uma confederação das entidades cooperativas
que atuavam no país, nascida fundamentalmente com o objetivo de representar
institucionalmente o SISTEMA DAS COOPERATIVAS FINANCEIRAS DO BRASIL (SICOOB).

Decorrente de atividades e principalmente de estratégia de ganho de escala na prestação


dos serviços sistêmicos surgiram posteriormente as empresas coligadas ao Sicoob,
conforme veremos a seguir.

1.3.2 Estrutura do Sicoob

O SICOOB vem se moldando ao longo dos anos com o intuito de otimizar os processos
operacionais e garantir maior competitividade às cooperativas financeiras diante de um
mercado dinâmico e em constante atualização.

CONTEXTO A marca “Sicoob” nasceu juntamente com a criação do sistema


HISTÓRICO por meio do Bancoob em novembro de 1996.
1ª VERSÃO (1996):

No ano de 2003 ela foi alterada, adotando nova representação


figurativa (símbolo).
2º VERSÃO (2003):

Em 2010, a marca foi atualizada, e o novo design estudado


para demonstrar atributos pautados nos seguintes pilares:
modernidade, solidez, evolução, cooperativismo, democracia,
acessibilidade, solidariedade e brasilidade. Além disso, foi
definido um posicionamento de mercado para o sistema: Faça
parte.
3º VERSÃO (2010):

A marca é a identidade do sistema, modo pelo qual o Sicoob


se identifica perante seus associados e a sociedade em
geral. A utilização da marca Sicoob está regulamentada no
Manual de Instruções Gerais (MIG) – Identidade Sicoob, sob
responsabilidade Confederação.
4ª VERSÃO (VIGENTE):

46
vigência do material | 01/01/2023

FIGURA 6. VISÃO INTRASSISTÊMICA DO SICOOB

BANCO SICOOB SICOOB


CONFEDERAÇÃO
COOPERATIVA
SINGULAR

COOPERATIVA
CENTRAL

Fonte: SICOOB UNIVERSIDADE

Essa ilustração expressa uma visão orgânica da estrutura organizacional do Sicoob, em


que as entidades sistêmicas orbitam a favor da cooperativa singular para que esta possa,
por meio de seu relacionamento direto com seu quadro social, entregar aos cooperados as
“soluções financeiras adequadas e sustentáveis por meio do cooperativismo”.

Conforme visto anteriormente na apresentação da estrutura do Sistema Nacional de


Crédito Cooperativo (SNCC), os sistemas cooperativos organizam-se por intermédio das
seguintes entidades:

y COOPERATIVA SINGULAR: no Sicoob existem CENTENAS de cooperativas que


atuam em todo o território nacional, atendendo aos seus MILHÕES de cooperados
por meio de seus MILHARES de pontos de atendimento em cidades de pequeno
e grande porte.
y COOPERATIVA CENTRAL: as centrais do Sicoob foram constituídas fundamentalmente
em seu início com base na atuação de suas filiadas (segmentos), representando
seus interesses e suas particularidades regionais, porém alinhadas às políticas
sistêmicas.
y CONFEDERAÇÃO: existe uma única entidade que confedera todas as centrais
do Sicoob, atuando diretamente em sua organização e em sua padronização
sistêmica.
y BANCO SICOOB: presta serviços e suporte à operação bancária, visando maior
competitividade às cooperativas do Sicoob, mas também atua em nichos

47
1.3 COMPOSIÇÃO
DO SICOOB
SISTÊMICA vigência do material | 01/01/2023

específicos junto ao público “não cooperado”, porém sempre por intermédio das
entidades filiadas.
y EMPRESAS COLIGADAS OU CONTROLADAS: são as empresas constituídas a partir
das necessidades estratégicas do Sicoob, sendo elas:
y Sicoob Soluções de Pagamentos Ltda – Sicoob Pagamentos
y Sicoob Administradora de Consórcios Ltda
y Sicoob Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda – Sicoob DTVM
y Sicoob Seguradora de Vida e Previdência S.A. – Sicoob Seguradora
y Fundação Sicoob de Previdência Privada – Sicoob Previ

Veremos a seguir mais detalhadamente o papel e o funcionamento dessas entidades que


compõem diretamente o Sicoob. Antes vamos entender o importante papel das entidades
de apoio sistêmico.

1.3.2.1 Entidades de apoio

É relevante notar que também orbitam o sistema cooperativo outras entidades de


personalidade jurídica própria, que não estão sob seu controle e participação direta, mas
apoiam o Sicoob de forma importante em sua atuação sistêmica.

São exemplos de entidades de apoio ao sistema:

y CNAC
y FGCOOP
y Sistema OCB/Sescoop

Vejamos o detalhamento das funções institucionais no âmbito do Sicoob.

1.3.2.2 CNAC

A CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE AUDITORIA COOPERATIVA (CNAC) foi criada com base


nas exigências da RESOLUÇÃO Nº 3.442 do Conselho Monetário Nacional (CMN), publicada
no dia 28 de fevereiro de 2007, que, em seu artigo 23, parágrafo primeiro, normatizava
que as auditorias das demonstrações contábeis a serem realizadas nas cooperativas
financeiras deveriam ser efetuadas por auditor independente ou por entidade de auditoria

48
vigência do material | 01/01/2023

cooperativa destinada à prestação de serviços de auditoria externa, constituída e integrada


por cooperativas centrais e/ou por suas confederações. (CNAC, 2019). Essa resolução foi
substituída pela RESOLUÇÃO CMN Nº 3.859/2010 e posteriormente pela RESOLUÇÃO
CMN 4.434/2015 que continua determinando que os serviços de auditoria externa sejam
prestados por auditor independente ou por entidade de auditoria cooperativa, entretanto, a
RESOLUÇÃO CMN 4.910/2021 dispensa as cooperativas de crédito de capital e empréstimo
da realização de auditoria externa nas demonstrações financeiras, assim como a realização
desse tipo de auditoria nas demonstrações financeiras relativas à data-base de 30 de junho
em todas as entidades cooperativistas de crédito.

CONTEXTO
NORMATIVO
Resolução nº 3.859, publicada em 27/05/2010.

A CNAC é uma ENTIDADE DE AUDITORIA COOPERATIVA (EAC)36 credenciada pelo Banco


Central para o exercício das seguintes atividades de auditoria:

CONTEXTO As Entidades de Auditoria Cooperativa (EAC) foram


NORMATIVO instituídas pela Resolução CMN no 4.454/2015, que, em
conjunto com as Circulares nos 3.790/2017 e 3.799/2017,
estabeleceu as bases legais para a atuação dessas entidades
como empresas de auditoria, com a finalidade de atender
exclusivamente os sistemas cooperativos que atuam no país.

y auditoria cooperativa (vide a seguir);39


y auditoria de demonstrações contábeis;40
y auditoria de incorporações;41
y auditoria interna.42

39
EAC (Entidade de Auditoria Cooperativa): nos termos da Resolução no 4.454/2015, são “constituídas como entidade cooperativa de terceiro nível,
destinada exclusivamente à prestação de serviços de auditoria, integrada por cooperativas centrais de crédito, confederações de centrais ou pela
combinação de ambas” (CNAC, 2019).
40
A Auditoria das Demonstrações Contábeis tem por objetivo dar a credibilidade necessária aos associados e demais interessados sobre sua situação
patrimonial e financeira, bem como o resultado apurado no exercício (CNAC, 2019).
41
A Auditoria de Incorporações é obrigatória em processos de incorporação entre cooperativas financeiras, pois por meio desse tipo de auditoria são
verificados e emitidos os documentos contábeis atualizados, acompanhados do respectivo parecer da auditoria externa, contendo as orientações
técnicas aos envolvidos para a realização da incorporação (CNAC, 2019).
42
A Auditoria Interna tem por objetivo contribuir tecnicamente para que o Conselho de Administração e a administração da cooperativa confirmem
o funcionamento das regras e das estratégias de negócios aprovadas. Esse tipo de auditoria faz parte do escopo das EACs, conforme previsto na
Resolução CMN nº 4.588/2017 (CNAC, 2019).

49
1.3 COMPOSIÇÃO
DO SICOOB
SISTÊMICA vigência do material | 01/01/2023

O credenciamento no BC permite à CNAC prestar serviços de auditoria em quaisquer


cooperativas financeiras singulares classificadas como capital e empréstimo, clássicas e
plenas em cooperativas centrais e confederações de créditos.

A AUDITORIA COOPERATIVA foi instituída pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) a


partir da Resolução nº 4.454, de 17 de dezembro de 2015, que estabelece como abrangência
a avaliação da cooperativa objeto de auditoria em relação:

A. à adequação do desempenho operacional e da situação econômico-financeira;


B. à adequação e à aderência das políticas institucionais;
C. à formação, à capacitação e à remuneração compatíveis com as atribuições e cargos;
e
D. ao atendimento aos dispositivos legais e regulamentares, inclusive no que se refere:

I. à adequação dos limites operacionais e dos requerimentos de capital;


II. às regras e práticas de governança e controles internos;
III. à adequação da gestão de riscos e de capital;
IV. à prevenção da lavagem de dinheiro e do financiamento do terrorismo;
V. ao crédito rural e ao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária
(Proagro) aplicáveis às instituições financeiras que operam no Sistema
Nacional de Crédito Rural (SNCR); e
VI. ao relacionamento com clientes e usuários de produtos e serviços
financeiros.

A atuação da CNAC vai além da realização de auditoria, primando pela elevada qualidade
técnica, conjugando isenção e independência da diretoria na realização de programas de
controle de qualidade. A entidade conduz o trabalho focado na metodologia de auditoria
para cooperativas financeiras, considerando as novas normas de auditoria e as orientações
do Banco Central do Brasil (CNAC, 2019).

1.3.2.3 FGCoop

O FUNDO GARANTIDOR DO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO (FGCOOP) nasceu em contexto


de fortalecimento dos fundamentos legais para propiciar um crescimento sustentável e
uma maior estabilidade ao SNCC. O Fundo é regulamentado pela Resolução CMN 4.933, de
29 de julho de 2021.

Sua constituição foi apoiada diretamente pelo Banco Central,


CONTEXTO
no âmbito de sua atuação como órgão supervisor, que em
HISTÓRICO conjunto com os representantes dos sistemas de crédito e de
cooperativas não filiadas aos sistemas, após amplo debate,
resultou na proposta de resolução, submetida ao CMN, que
aprovou a Resolução nº 4.150, de 30 de outubro de 2012, que
estabeleceu os requisitos e as características mínimas do fundo
garantidor de créditos das instituições financeiras cooperativas
singulares e dos bancos cooperativos integrantes do SNCC.

50
vigência do material | 01/01/2023

O FGCoop tem por objeto prestar garantia de créditos contra as instituições associadas
nas situações de decretação da intervenção ou da liquidação extrajudicial e, no futuro,
poderá contratar operações de assistência e de suporte financeiro, incluindo operações
de liquidez com as instituições associadas, diretamente ou por intermédio de central ou
confederação (FGCOOP, 2019).

O FGCoop tem por finalidades:

y proteger depositantes e investidores das instituições associadas, respeitados os


limites e as condições estabelecidos no seu regulamento;
y contribuir para prevenção de crise sistêmica no segmento cooperativista;
y contribuir para a manutenção da estabilidade do Sistema Nacional de Crédito
Cooperativo (SNCC).

O FGCoop é um dos mecanismos da rede de proteção do sistema financeiro, cujos


instrumentos são utilizados preventivamente para evitar o risco sistêmico a partir da
mitigação do risco de crises localizadas. Estão associadas ao FGCoop as cooperativas
singulares de crédito captadoras de depósitos e os bancos cooperativos. As confederações
e as centrais são associadas representantes, constituídas pelas cooperativas singulares,
com o propósito exclusivo de representá-las, não tendo, aquelas, direito a qualquer tipo de
garantia, assistência ou suporte financeiro prestado pelo FGCoop.

É vedado ao FGCoop ressarcir, mesmo parcialmente, crédito de cooperados e de clientes


de instituições que não sejam suas associadas, bem como créditos de associadas
representantes (cooperativas centrais e confederações).

São beneficiários da garantia ordinária prestada pelo FGCoop as instituições associadas e


os investidores e depositantes de tais instituições. Os seguintes recursos estão cobertos por
essa garantia:

y depósitos à vista ou sacáveis mediante aviso prévio e depósitos de poupança;


y depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado;
y depósitos mantidos em contas não movimentáveis por cheques destinadas ao
registro e ao controle do fluxo de recursos referentes à prestação de serviços de
pagamento de salários, vencimentos, aposentadorias, pensões e similares;
y letras de câmbio;
y letras hipotecárias;
y letras de crédito imobiliário;
y letras de crédito do agronegócio; operações compromissadas que têm como
objeto títulos emitidos, após 8 de março de 2012, por empresa ligada.

51
1.3 COMPOSIÇÃO
DO SICOOB
SISTÊMICA vigência do material | 01/01/2023

1.3.2.4 Sistema OCB/Sescoop

A Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) foi criada em 1969 durante o IV Congresso
Brasileiro do Cooperativismo, vindo a substituir e a unificar a ABCOOP (Associação Brasileira
de Cooperativas) e a Unasco (União Nacional de Cooperativas). Desde então a instituição é
responsável pelo fomento e pela defesa do sistema cooperativista brasileiro.

Sua função é representar política e institucionalmente os interesses dos ramos cooperativistas


por meio de estreito relacionamento com os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e
com entidades internacionais em busca de conquistas e avanços para o setor (OCB, 2019).

O Sistema OCB é composto por três entidades que atuam institucionalmente em conjunto,
cada uma com sua função específica. São elas:

y ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS (OCB) – promove o


cooperativismo junto aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e representa
o movimento dentro e fora do país.
y CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS COOPERATIVAS (CNCOOP) – é a entidade
sindical de grau máximo das cooperativas. Seu trabalho é defender os interesses
da categoria, promovendo a integração entre as federações e os sindicatos de
cooperativas.
y SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO (SESCOOP) – atua
no desenvolvimento das pessoas e dos negócios para fortalecer o cooperativismo.
O Sescoop é a entidade que formula e oferece cursos de capacitação com foco
na formação profissional, na educação cooperativista, na gestão e na liderança
cooperativa, entre outros.

As entidades de apoio sistêmico ao Sicoob atuam sempre em consonância com as


necessidades contemporâneas do cooperativismo por intermédio da representação direta
ou indireta de suas lideranças, que buscam consensualmente, por meio desse arranjo
institucional, o fortalecimento do sistema cooperativo como um todo.

Vejamos agora o papel das entidades sistêmicas, suas principais atribuições e seus serviços
disponibilizados.

1.3.3 Cooperativas singulares

As cooperativas singulares, que compõem o primeiro grau do SNCC, têm o objetivo


primário de prestar serviços financeiros diretamente a seus membros associados.
Conforme determina a Lei do Cooperativismo, para constituir uma cooperativa singular
são necessários no mínimo de vinte cooperados fundadores, que no caso específico do
ramo de crédito, conforme dispõe a Resolução CMN no 4.434/2015, devem ser submetidos

52
vigência do material | 01/01/2023

previamente à aprovação do Banco Central do Brasil antes de sua efetiva constituição e


funcionamento, nos termos da legislação vigente.

As cooperativas singulares do Sicoob são instituições financeiras resultantes da união


entre pessoas integrantes de segmentos econômicos e/ou de localidades específicas que
buscaram uma alternativa melhor de atendimento às suas próprias necessidades financeiras,
tornando-se ao mesmo tempo usuários dos produtos e dos serviços da cooperativa e seus
donos.

São donos ao exercerem o controle societário da instituição, preparando-se para se


submeterem ao processo eletivo e tendo voz e voto nas assembleias – exceção de direito
à voz e ao voto quando a cooperativa tiver instituído em Estatuto Social a representação
por delegado(a) – e são usuários quando utilizarem produtos e serviços da cooperativa, em
conformidade com as regras especificadas no Estatuto Social e com as diretrizes e políticas
aprovadas pelo órgão estratégico.

Os seis principais segmentos de públicos-alvo de cooperativas financeiras mais comuns


dos quais originaram as atuais cooperativas singulares que compõem o Sicoob são:

1. profissionais liberais;
2. produtores rurais;
3. pequenos empresários, microempresários ou microempreendedores;
4. empregados de empresas privadas;
5. servidores de entidades públicas; e
6. livre admissão.

Essas cooperativas distinguem-se umas das outras por seu modelo de captação e aplicação
de recursos, sendo basicamente divididas entre as de captação “capital/empréstimo” e as
de captação de “depósitos”.

O modelo “capital/empréstimo” é o mais simples de funcionamento de uma cooperativa


singular, pois consiste apenas em captar cotas de capital, revertendo-as em empréstimos
aos associados. Esse modelo operacional não oferece serviços semelhantes à rede bancária,
tais como contas correntes, aplicações financeiras, entre outros.

Contudo, a maior parte dos demais modelos de cooperativas singulares – clássica e plena
– que compõem o Sicoob capta depósitos à vista e a prazo, permitindo-lhes aumento
significativo da capacidade de concessão de crédito, inclusive possibilitando o processo
de alavancagem. Essa iniciativa tem possibilitado o incremento das sobras apuradas e a
variedade da oferta de serviços aos associados, atualmente equiparada aos bancos de
varejo, especialmente aquelas cooperativas que optaram pela “livre admissão” em seu
quadro social.

Vale relembrar que as cooperativas financeiras atualmente são classificadas pelo Banco
Central de acordo com os produtos e os serviços disponibilizados ao quadro social, e não
mais pelo seu público-alvo, como era anteriormente. São três os tipos de classificação de
cooperativas adotados pelo BC:

53
1.3 COMPOSIÇÃO
DO SICOOB
SISTÊMICA vigência do material | 01/01/2023

1. plena;
2. clássica; e
3. capital e empréstimo.

De forma resumida, a seguir está descrito o PORTFÓLIO DE PRODUTOS E SERVIÇOS


ofertados pelas cooperativas singulares do Sicoob, sendo estes classificados em cinco
grupos, de acordo com a natureza das operações e as funcionalidades de cada um. Vejamos:

1. CONTAS: especifica os tipos de contas para os diversos perfis de associados;


2. PRODUTOS DE CRÉDITO: contempla as carteiras de operações de crédito;
3. PRODUTOS DE CAPTAÇÃO OU DE INVESTIMENTO: apresenta opções para o
cooperado poupar e aplicar seus recursos na própria cooperativa;
4. PRODUTOS FINANCEIROS: abrange as demais opções conforme a necessidade do
cooperado; e
5. SERVIÇOS FINANCEIROS: descreve os serviços prestados nas agências e em ambiente
virtual (internet banking).

Nas cooperativas singulares do Sicoob, todas as operações financeiras realizadas


transformam-se em benefícios para os associados por meio de taxas e condições especiais.
Dessa forma, as cooperativas contribuem para o desenvolvimento das economias
locais, investindo recursos em projetos de desenvolvimento sustentável e fomentando a
prosperidade e a solidariedade das regiões em que atuam.

1.3.4 Cooperativas centrais

As cooperativas centrais, que compõem o segundo grau do SNCC, têm o objetivo primário
de “organizar, em comum e em maior escala, os serviços econômicos e assistenciais de
interesse das filiadas, integrando e orientando suas atividades, bem como facilitando a
utilização recíproca dos serviços”, nos termos da Lei no 5.764/1971. Para constituir uma
cooperativa central são necessários no mínimo de três cooperativas singulares.

Exatamente com o intuito de incrementar a qualidade dos serviços prestados aos


associados, as cooperativas singulares do Sicoob organizaram-se e constituíram suas
cooperativas centrais (CENTRAIS SICOOB) como forma de ampliar ainda mais a capacidade
de atendimento. As centrais são instituições independentes, promotoras da integração
regional e estadual das cooperativas do Sistema.

As cooperativas centrais do Sicoob atuam proativamente na prevenção e correção de


situações que possam configurar infrações a normas legais ou regulamentares ou acarretar
risco para a solidez das cooperativas filiadas e do sistema cooperativo (art. 32 da Resolução
CMN nº 4.434/2015). Elas prestam diversos serviços sistêmicos, entre os quais:

54
vigência do material | 01/01/2023

y centralização dos recursos captados por suas cooperativas;


y padronização e supervisão de sistemas operacionais e de controle de depósitos
e empréstimos;
y supervisão auxiliar;40
y educação e capacitação;
y adoção de medidas corretivas;
y assessoria jurídica e de comunicação;
y compras em comum;
y intercâmbios para qualidade; e
y treinamento profissional.

A prestação de tais serviços propicia a redução de custos e o fortalecimento do Sistema


perante o mercado, mediante a união de projetos e de forças. Serve de alicerce para
empreendimentos cooperativos que buscam encontrar soluções de problemas comuns e
desejos coletivos.

Além dos serviços sistêmicos essenciais, algumas centrais do Sicoob também realizam
serviços centralizados de retaguarda, como, por exemplo:

y controladoria e contabilidade;
y análise de créditos de alçadas superiores;
y gestão de recursos humanos;
y CONTROLE INTERNO E GERENCIAMENTO DE RISCOS;
y assessoria de campo para negócios, entre outros.

CONTEXTUALIZAÇÃO Especialmente no caso das cooperativas de pequeno porte,


especialmente as de “capital e empréstimo”, nas quais a
estrutura funcional é a mínima necessária, a central pode
assumir as funções de um “agente de controle interno e riscos”,
cuja norma em vigor determina que seja adotada para todas as
cooperativas singulares, independentemente de seu porte.

Tais serviços são negociados e aprovados em regra sistêmica por adesão obrigatória ou de
forma facultativa, conforme a realidade e as particularidades de cada central, mas sempre
com o objetivo de ganhos de escala e melhoria do desempenho operacional e financeiro
das filiadas e sem perda das responsabilidades legais e regulamentares inerentes aos
administradores e fiscalizadores das cooperativas singulares.43

43
Supervisão auxiliar: a supervisão cabe ao Banco Central como órgão supervisor do SFN, que delegou acessoriamente às cooperativas centrais a
função “auxiliar” na supervisão de suas filiadas, nos termos da resolução vigente (Resolução no 4.434/2015).
55
1.3 COMPOSIÇÃO
DO SICOOB
SISTÊMICA vigência do material | 01/01/2023

1.3.5 Sicoob Confederação

As confederações, que compõem o terceiro grau do SNCC, têm o objetivo definido pela
Lei do Cooperativismo de “orientar e coordenar as atividades das filiadas nos casos em
que o vulto dos empreendimentos transcender o âmbito de capacidade ou conveniência
de atuação das centrais e das federações”. Como no caso das centrais, para constituir uma
confederação são necessárias no mínimo de três cooperativas centrais filiadas.

Desde 2010, o Conselho Monetário Nacional determina que as confederações estabeleçam


“por ato da respectiva confederação, ou, na sua ausência, da respectiva central de crédito,
diretrizes de atuação sistêmica com vistas à observância dos princípios da eficiência, da
economicidade, da utilidade e dos demais princípios cooperativistas.” Essa diretriz está
mantida n artigo 34 da RESOLUÇÃO CMN nº 4.434/2015.

CONTEXTO
NORMATIVO Resolução revogada pela Resolução CMN no 4.434/2015, a qual
manteve, neste caso em particular, as mesmas atribuições da
resolução anterior, acrescentando novos dispositivos.

Esse passo dado pelo órgão normatizador foi de fundamental importância para garantir
aos sistemas cooperativos, por intermédio de suas respectivas confederações, a adoção
de políticas sistêmicas que possibilitaram a padronização e a harmonização das diversas
políticas vigentes entre as entidades que compunham o SNCC.

A partir desse ponto, o Sicoob Confederação, além de cumprir seu papel de representação
institucional, também assumiu funções executivas para atender às demandas do Sicoob,
atuando principalmente nos seguintes serviços sistêmicos:

y tecnologia da informação;
y centralização de serviços;
y direcionamento estratégico;
y comunicação e marketing;
y educação corporativa;
y controles internos;
y auditoria;
y gestão integrada de riscos; e
y organização e representação sistêmica.

O Sicoob Confederação atua promovendo a padronização, a supervisão e a integração


operacional, financeira, normativa e tecnológica, definindo ainda políticas e estratégias

56
vigência do material | 01/01/2023

de comunicação e marketing para o Sistema. A confederação também promove o


monitoramento das atividades sistêmicas de controles internos, risco operacional e
prevenção à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.

Por meio da Confederação as cooperativas financeiras do Sicoob têm acesso a serviços


de auditoria direta e indireta, ouvidoria e relacionamento com o associado, capacitação
de pessoas, informações gerenciais e soluções tecnológicas para proporcionar toda a
infraestrutura e facilidade que o negócio precisa.

A Confederação representa a materialização da proposta de consolidação, organização


e fortalecimento do Sicoob com vistas à atuação sistêmica, formando, em conjunto com
suas cooperativas centrais, cooperativas singulares e o Banco Sicoob, uma grande rede
compartilhada.

1.3.5.1 Sisbr

A Confederação é responsável pelo desenvolvimento e pela gestão do SISTEMA DE


INFORMÁTICA DO SICOOB (SISBR), que é o sistema de automação, controle financeiro,
contábil, operacional e apoio à decisão das cooperativas financeiras e do Banco Sicoob.

Criado em 2001, o Sisbr significou um marco importante no desenvolvimento do Sicoob,


possibilitando o atendimento de regras de negócios dos diversos perfis de cooperativas
financeiras existentes, em um ambiente próprio, controlando todas as suas funcionalidades
de forma autônoma. O Sisbr agrega o que há de mais moderno na área de tecnologia da
informação e automação de produtos e serviços financeiros, auxiliando nos processos
operacionais, apoia a tomada de decisão, atendendo às exigências normativas e
disponibilizando aos associados modernas soluções de autoatendimento com agilidade e
segurança.

1.3.5.2 Sicoob Universidade

A Sicoob Universidade foi criada em 2015 pela Confederação com a finalidade de alinhar
o processo de aprendizagem organizacional aos objetivos e às estratégias do Sicoob. Tem
como premissa o desenvolvimento das competências organizacionais por meio do fomento
às competências profissionais, buscando, desse modo, ampliar as ações educacionais
existentes e contribuir com mais eficácia para o Sicoob atingir seu objetivo estratégico.

O desenvolvimento de competências profissionais e pessoais de dirigentes, empregados,


associados e comunidade está organizado pela oferta de soluções educacionais baseadas
nos pilares de formação:

57
1.3 COMPOSIÇÃO
DO SICOOB
SISTÊMICA vigência do material | 01/01/2023

y Escola de Liderança e Governança;


y Escola de Cooperativismo, Cultura e Cidadania;
y Escola de Excelência Operacional; e
y Escola de Negócios.

1.3.5.3 Instituto Sicoob

O INSTITUTO SICOOB tem como finalidade atender o sétimo princípio do cooperativismo,


isto é, o interesse pela comunidade. Sua proposta de atuação está fundamentada no quinto
princípio do cooperativismo: educação, formação e informação.

CONTEXTO O Instituto Sicoob foi criado em 2004 pela cooperativa Sicoob


Metropolitano na cidade de Maringá (PR) com o objetivo de
HISTÓRICO
difundir a cultura cooperativista e contribuir para a promoção
do desenvolvimento sustentável das comunidades.
Em 2009 inicia sua atuação em todo o Estado do Paraná,
ampliando-a em 2015 para os Estados do Amapá e do Pará.
Em 2017 inicia suas atividades no Rio de Janeiro, e em 2018
expande-as para todo o território nacional junto ao Sicoob
Confederação, sendo hoje sua matriz em Brasília.

A instituição desenvolve programas e projetos dentro de três eixos:

y Cooperativismo e Empreendedorismo;
y Cidadania Financeira; e
y Desenvolvimento Sustentável.

Com base nesses eixos a instituição atua em parceria com o Sicoob por meio de ações
conjuntas e integradas com as entidades do Sistema e o engajamento de colaboradores
voluntários formados pelo Instituto.

Os eixos de atuação possibilitam que as ações sociais estejam alinhadas aos objetivos
estratégicos da instituição. Esse alinhamento mantém o foco e os investimentos
direcionados às suas diretrizes de responsabilidade social e responde às perspectivas
interna e externa do negócio: o que a organização espera da sociedade e o que a sociedade
espera da organização.

58
vigência do material | 01/01/2023

1.3.6 Banco Sicoob e suas entidades coligadas

O BANCO COOPERATIVO SICOOB (BANCO SICOOB) é um banco múltiplo, privado,


especializado no atendimento às cooperativas financeiras com controle acionário de
cooperativas centrais. Seu trabalho é orientado para a manutenção de um relacionamento
estreito, cordial e transparente com as cooperativas, satisfazendo suas necessidades e
buscando a melhoria contínua de processos.

Desde sua constituição, em 1996, a instituição financeira vem construindo uma história
baseada na gestão estratégica dos negócios e no trabalho integrado com a finalidade
de estimular o desenvolvimento do cooperativismo de crédito no país. Trata-se de uma
organização formada por pessoas e para pessoas que têm um sonho em comum: diminuir
as desigualdades sociais existentes nos municípios brasileiros por meio da democratização
do acesso a produtos e serviços financeiros.

Ao mesmo tempo em que coloca em prática os ideais cooperativistas, o Banco Sicoob


busca soluções para incrementar o portfólio das cooperativas, desenvolvendo ações que
priorizam a decisão colegiada e a gestão de controles e riscos. Para alcançar esse objetivo
expandiu o campo de atuação e formou seu conglomerado.

O Banco Sicoob é responsável pelo desenvolvimento e pela gestão de produtos e


serviços financeiros para atendimento aos cooperados do Sicoob por meio de demandas
identificadas junto a centrais e singulares.

59
1.3 COMPOSIÇÃO
DO SICOOB
SISTÊMICA vigência do material | 01/01/2023

FIGURA 7. PRODUTOS E SERVIÇOS OFERTADOS PELO BANCO SICOOB

Produtos e serviços
Banco Sicoob

Crédito Investimentos Cartões Previdência Consórcios

Serviços Recebimentos e Crédito Seguros Adquirência


pagamentos imobiliário

Serviços
Estruturantes

Câmbio Compensação bancária,


cobrança e convênios

Centralização Captação de recursos


financeira e repasses

Ouvidoria Relacionamento com


o mercado financeiro

Produtos e serviços Crédito rural


financeiros

Fonte: SICOOB UNIVERSIDADE

60
vigência do material | 01/01/2023

Para sustentar as operações dos produtos e dos serviços financeiros para as cooperativas
do Sicoob, fazem parte do conglomerado Banco do Sicoob S. A. as seguintes empresas:
SICOOB DTVM, SICOOB PAGAMENTOS, SICOOB ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS LTDA,
SICOOB SEGURADORA e patrocina a SICOOB PREVI. Por questões normativas, políticas
e econômicas, cada empresa possui uma estrutura adequada aos negócios e desenvolve
ações estratégicas para beneficiar as cooperativas do Sicoob.

1.3.6.1 Sicoob DTVM

A SICOOB DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA (SICOOB DTVM), ATÉ


FEVEREIRO DE 2021, ERA DENOMINADA BANCOOB DTVM, é uma empresa especializada
na administração e na gestão de recursos de terceiros, tendo como sócio majoritário o
Banco Sicoob.
Fonte: INSTITUCIONAL BANCOOB (2019)

A empresa é credenciada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e foi constituída com
a finalidade de gerenciar ativos financeiros por meio de fundos de investimento, inclusive
fundos exclusivos para as cooperativas do Sicoob.

As cooperativas singulares relacionam-se com a SICOOB DTVM de duas formas:

y COMO COTISTAS: investindo nos fundos administrados, permitindo diversificação


e personalização do portfólio de investimentos;
y COMO DISTRIBUIDORAS: disponibilizando cotas de fundos de investimentos
aos cooperados, ampliando o portfólio de produtos aos associados e obtendo
receitas com a prestação de serviço.

A SICOOB DVTM disponibiliza em seu portfólio opções de investimentos em fundos abertos,


fundos imobiliários e fundos exclusivos e/ou restritos.

1.3.6.2 Sicoob Pagamentos

A SICOOB SOLUÇÕES DE PAGAMENTOS LTDA. , EMPRESA QUE ERA CONHECIDA POR CABAL
BRASIL, é uma empresa de administração de cartões constituída em 2000, cujos sócios são o
Banco Sicoob e a empresa argentina Cabal Cooperativa de Provisión de Servícios Ltda.

A empresa Sicoob Pagamentos tornou-se um ativo estratégico de grande relevância para


o Sicoob, atuando com soluções inovadoras nas operações de meios de pagamentos
eletrônicos, cujo mercado tem se tornado cada vez mais competitivo.

61
1.3 COMPOSIÇÃO
DO SICOOB
SISTÊMICA vigência do material | 01/01/2023

A Figura 8 demonstra a gama de serviços desenvolvidos e geridos pelo Sicoob Pagamentos,


destacando-se a empresa pela alta tecnologia envolvida.

FIGURA 8. SERVIÇOS DA SICOOB PAGAMENTOS

BPO

CONTACT CENTER EMISSORA DE


CARTÕES PRÉ-
PAGOS

PROCESSADORA
MOBILE

BANDEIRA CREDENCIADORA

Fonte: SICOOB UNIVERSIDADE

Além das modalidades de cartões crédito, débito e múltiplo, a Sicoob Pagamentos


administra a operação de cartões de benefício CoopCerto, com produtos como o cartão
CoopCerto Alimentação e o CoopCerto Refeição, entre outras soluções.

SERVIÇO DE ADQUIRÊNCIA DE MEIOS ELETRÔNICOS DE PAGAMENTOS

Em 2014 o Banco Sicoob deu mais um importante passo para consolidar seu posicionamento
na indústria de meios eletrônicos de pagamentos, passando a atuar também no mercado
de adquirência, inicialmente para as bandeiras Cabal, Mastercard e Visa.

O Banco Sicoob assinou um acordo operacional com a filial local da FIRST DATA
CORPORATION, líder global em soluções de processamento de pagamentos e comércio
eletrônico, viabilizando, assim, sua estreia nesse importante segmento.

62
vigência do material | 01/01/2023

No âmbito da parceria estratégica com a First Data, coube ao Banco Sicoob habilitar-se,
junto às bandeiras de cartão, como adquirente, além de responder pela gestão de todo
o fluxo dos recursos financeiros e seu repasse aos estabelecimentos comerciais. A First
Data ficou responsável por fornecer a infraestrutura e a manutenção dos equipamentos, a
autorização e o processamento das transações e atendimento aos estabelecimentos.

Quanto à abordagem comercial, os usuários da operação de adquirência são organizados


em dois grupos:

y ASSOCIADOS/DOMICILIADOS em qualquer cooperativa financeira do Brasil; e


y NÃO ASSOCIADOS/DOMICILIADOS em cooperativas financeiras.

Visando permitir uma melhor organização do relacionamento e das ações com os


usuários, a operação utiliza duas marcas comerciais. Para os estabelecimentos associados/
domiciliados em cooperativas financeiras, a marca a ser utilizada é a Sipag. Para credenciar
estabelecimentos não associados/domiciliados em cooperativas financeiras, a marca
utilizada é a BIN.

1.3.6.3 Sicoob Administradora de Consórcios Ltda.

Há quarenta anos no mercado, a SICOOB ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS LTDA., ATÉ


FEVEREIRO DE 2021, ERA CONHECIDA POR PONTA ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS
(PONTA) é uma das mais tradicionais empresas do segmento e conta com o diferencial de ter
sido a primeira administradora de consórcios a obter autorização de funcionamento pelo
órgão regulador no país, servindo de modelo para a estruturação de outras empresas de
atuação semelhante. Desde julho de 2011 a SICOOB ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS
integra o conjunto de instituições que formam o Sicoob, a partir de sua aquisição pelo
Banco Sicoob (INSTITUCIONAL BANCOOB, 2019).

Entre as opções de consórcios disponibilizados pela Ponta para comercialização pelas


cooperativas do Sicoob estão:

y IMÓVEIS (compra/construção de imóveis residenciais ou comerciais);


y VEÍCULOS (aquisição de veículos leves, uso pessoal ou comercial);
y VEÍCULOS PESADOS (aquisição de caminhões, implementos rodoviários,
máquinas ou equipamentos agrícolas);
y MOTOS (aquisição de motocicletas); e
y SERVIÇOS (compra de serviços como: consultorias especializadas, projetos de
arquitetura, móveis planejados, cirurgia e estética, viagens, festas, entre outros).

63
1.3 COMPOSIÇÃO
DO SICOOB
SISTÊMICA vigência do material | 01/01/2023

1.3.6.4 Sicoob Seguradora

A SICOOB SEGURADORA DE VIDA E PREVIDÊNCIA S. A. (SICOOB SEGURADORA) foi criada


em 2016 e teve sua constituição aprovada pela Superintendência de Seguros Privados
(SUSEP), iniciando suas operações em 2017. Ela é constituída de uma joint venture41 entre
a Mongeral Aegon Seguros e Previdência, primeira seguradora do Brasil, constituída em
1835, e o Banco Sicoob (INSTITUCIONAL BANCOOB, 2019).

CONTEXTO
NORMATIVO
Portaria nº 6.620, de 29 de julho de 2016.

Esta seguradora atende os ramos de VIDA e PREVIDÊNCIA, e os demais ramos são atendidos
por meio de contratos de distribuição com as melhores seguradoras do mercado brasileiro.
O objetivo desse empreendimento, a exemplo dos demais, é proporcionar aos associados
ainda mais segurança e tranquilidade por meio de produtos desenvolvidos sob medida.

1.3.6.5 Fundação Sicoob Previ

A FUNDAÇÃO SICOOB DE PREVIDÊNCIA PRIVADA (SICOOB PREVI) é uma entidade fechada


de previdência complementar sem fins lucrativos. A fundação teve seu funcionamento
autorizado em 5 DE MAIO DE 2006. Em novembro do mesmo ano foram iniciadas as
operações da instituição (INSTITUCIONAL BANCOOB, 2019).

CONTEXTO
NORMATIVO
Em conformidade com a Lei Complementar nº 109, pela
Portaria nº 394 do Ministério da Previdência Social.

44

44
Joint venture: a expressão traduzida do inglês quer dizer “união com risco”. Ela, de fato, refere-se a um tipo de associação em que duas entidades se
juntam para tirar proveito de alguma atividade, por um tempo limitado, sem que cada uma delas perca a identidade própria (IPEA, 2006), portanto,
pode-se entender como um acordo entre duas ou mais empresas que estabelece alianças estratégicas por um objetivo comercial comum por tempo
determinado.

64
vigência do material | 01/01/2023

Com o objetivo de constituir e executar planos de benefícios de caráter previdenciário,


complementares aos assegurados pelo Regime Geral de Previdência Social, o Sicoob Previ
administra os planos Sicoob Multipatrocinado e Sicoob Multi-Instituído.

O plano Sicoob Multipatrocinado é voltado, especificamente, aos empregados de empresas


(patrocinadoras) que celebram convênio de adesão junto à Fundação. Por sua vez, o plano
Sicoob Multi-Instituído é direcionado, exclusivamente, aos membros e aos associados de
entidades denominadas “instituidoras” – de caráter profissional, classista ou setorial – que,
igualmente, celebrem convênio de adesão com o Sicoob Previ.

Detentora de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, a Sicoob Previ tem


como empresas patrocinadoras, além da própria Fundação, o Banco Sicoob, a Sicoob
Confederação, a Sicoob DTVM, a Sicoob Pagamentos e a Sicoob Administradora de
Consórcios. Como instituidores estão o Sicoob e suas cooperativas centrais e singulares..

65
www.sicoob.com.br
SIG, Quadra 06, Lote 2080, Sudoeste
Cep: 70712 900 Brasília-DF
+ 55 61 3217 5709

Você também pode gostar