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SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.

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Prevenção Quaternária prejudiciais, melhorando a adesão ao


tratamento.

PREVENÇÃO QUATERNÁRIA NA APS


DEFINIÇÃO E OBJETIVO
Integração com outras formas de prevenção: A
Prevenção Quaternária: Estratégia médica que
prevenção quaternária deve ser aplicada
visa evitar intervenções desnecessárias e
conjuntamente com a prevenção primária,
potencialmente prejudiciais, como exames e
secundária e terciária, de forma individualizada.
tratamentos excessivos, prevenindo iatrogenia
(danos causados pelo tratamento médico). Objetivo: Responder ao mercado de saúde,
indústria farmacêutica e tendência de
Objetivo: Promover um uso racional da
hiperdiagnóstico, buscando resistir à
medicina, centrado nas reais necessidades do
medicalização excessiva e à mercantilização da
paciente, evitando hiperdiagnóstico e
saúde.
supermedicalização.
Impacto Internacional
CONCEITO ATUAL
Aplica-se a pacientes sem sinais graves de • Formalizada pela WONCA (Organização
doenças, mas que podem ser expostos a Mundial de Médicos de Família) desde
intervenções inadequadas ou excessivas. 2010, a prevenção quaternária tem sido
debatida em congressos internacionais,
Foco em reduzir a medicalização excessiva, incluindo eventos no Brasil e na Europa.
utilizando tratamentos e exames com base em
evidências, garantindo que o cuidado esteja • Manifesto P4 SIG (2016): Reafirma a
alinhado às necessidades reais e ao contexto do importância do conceito, como uma
paciente. ação política e social para proteger
pacientes da supermedicalização.
EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
DEFINIÇÃO ATUAL (GUSSO, 2019)
1. Dor Lombar Leve sem Sinais de Gravidade:
"A prevenção quaternária é uma ação para
o Situação: Paciente solicita exames identificar pacientes em risco de
avançados (tomografia, ressonância) sem supermedicalização, evitando intervenções
sinais graves. invasivas e promovendo procedimentos
baseados em evidências científicas e princípios
o Prevenção Quaternária: Recomendação
éticos."
de tratamento conservador (repouso
relativo, analgésicos, orientação postural) A prática da prevenção quaternária é
sem exames desnecessários que podem responsável, consciente e visa evitar danos ao
expor o paciente a riscos (radiação, paciente enquanto promove um cuidado
intervenções invasivas). racional, respeitando o equilíbrio entre ciência e
individualidade.
2. Uso Inadequado de Antibióticos

o Situação: Criança com resfriado (vírus) IMPORTÂNCIA PARA AS PROVAS DE


pede antibiótico. RESIDÊNCIA MÉDICA
Conceito essencial para entender o manejo de
o Prevenção Quaternária: Explicar que
pacientes que não necessitam de intervenções
antibióticos não são eficazes contra vírus e
excessivas.
o uso indiscriminado pode causar
resistência bacteriana, efeitos colaterais Relevante para situações de hiperdiagnóstico,
(diarreia, alergias). exame de rotina e tratamentos desnecessários,
sendo uma abordagem cada vez mais discutida
3. Polifarmácia em Idosos
nas práticas clínicas.
o Situação: Idoso em uso de múltiplos
É importante conhecer as estratégias de
medicamentos, sem sintomas novos.
redução de medicalização e o papel do médico
o Prevenção Quaternária: Revisão das em orientar o paciente sobre o uso racional dos
medicações para identificar as serviços médicos.
desnecessárias e evitar interações
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Diagnóstico e Manejo do DM2 TRATAMENTO

NÃO FARMACOLÓGICO
INTRODUÇÃO
1. Atividade física
PRINCIPAIS SINTOMAS o 150 minutos de exercícios aeróbicos
Poliúria (urinar muito), Polidipsia (sede excessiva), moderados por semana.
Polifagia (fome aumentada), Perda de peso.
o Combinação de exercícios aeróbicos +
Outros sinais: Fadiga, visão turva, cicatrização resistência.
lenta, noctúria.
2. Terapia nutricional
RASTREAMENTO o Perda de 5% do peso em casos de
Indicado para: sobrepeso/obesidade.

o Idade ≥ 35 anos. o Dieta rica em fibras (frutas, vegetais,


laticínios magros, grãos integrais) e
o < 35 anos com sobrepeso/obesidade e
redução de gorduras saturadas e sal.
outros fatores de risco (hipertensão,
histórico familiar). 3. Mudança de estilo de vida

o Histórico de pré-diabetes ou diabetes o Participação em grupos de apoio e


gestacional. educação nutricional.

o Uso do FINDRISC (pontuação de risco): TRATAMENTO FARMACOLÓGICO


▪ < 7: Baixo risco, 7-11: Risco leve, 12- 1. Metformina
14: Moderado, 15-20: Alto, 20: Muito
o Efeitos adversos: Distúrbios
alto.
gastrointestinais, deficiência de B12,
EXAMES NO RASTREAMENTO acidose láctica.

• Glicemia de jejum. 2. Glitazonas (ex.: Pioglitazona)

• Hemoglobina glicada (HbA1c). o Efeitos adversos: Ganho de peso,


edema, risco de fraturas.
DIAGNÓSTICO
3. Sulfonilureias (ex.: Glibenclamida)
2 testes positivos ou 1 teste positivo em momentos
diferentes: o Efeitos adversos: Hipoglicemia, ganho de
peso.
1. Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL.
4. Inibidores da DPP-4 (ex.: Sitagliptina)
2. TOTG (Teste Oral de Tolerância à Glicose):
Glicemia ≥ 200 mg/dL após 2h. o Efeitos adversos: Infecções respiratórias
leves.
3. HbA1c ≥ 6,5%.
5. Agonistas GLP-1 (ex.: Liraglutida)
4. Glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL com
sintomas clássicos. o Efeitos adversos: Náuseas, pancreatite.

MONITORAMENTO 6. Inibidores de SGLT2 (ex.: Empagliflozina,


Dapagliflozina)
• Na Diagnóstico: Retinopatia diabética,
função renal (TFG), fatores de risco o Indicações: IC, DRC, doença
cardiovasculares, neuropatia diabética, cardiovascular estabelecida.
pé diabético.
o Efeitos adversos: Poliúria, infecções
• Exames anuais: Glicemia de jejum, geniturinárias.
HbA1c, creatinina sérica, albuminúria,
fundo de olho, avaliação dos pés. INSULINOTERAPIA
Indicações: Quando as metas de HbA1c não são
alcançadas com tratamentos orais ou em casos
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de hiperglicemia grave, sintomas agudos ou


internações. Insuficiência Venosa Crônica
Esquemas de uso: INTRODUÇÃO
o Insulinização plena (basal-bolus) em
FATORES DE RISCO
casos graves.
Alguns fatores aumentam a chance de
o NPH ao deitar: Controle da glicose desenvolver IVC:
hepática noturna.
• Gênero: Mulheres têm maior propensão,
FLUXOGRAMA DO TRATAMENTO com 25-30% das mulheres afetadas em
1. Assintomáticos comparação a 10-20% dos homens.

o HbA1c < 7,5%: Metformina. • Idade: Com o envelhecimento, as veias


podem enfraquecer, e a chance de IVC
o HbA1c 7,5-9%: Metformina + segunda aumenta.
droga (sulfonilureia, pioglitazona, inibidor
de SGLT2). • Obesidade: O peso extra aumenta a
pressão nas veias das pernas.
o HbA1c > 9-10%: Metformina + insulina ou
terceira droga. • Gravidez: Durante a gravidez, o volume
de sangue aumenta, e hormônios
2. Sintomáticos causam relaxamento nas paredes das
veias.
o HbA1c > 9-10% ou glicemia ≥ 200-300
mg/dL: Insulinização plena + metformina. • Hereditariedade: Ter familiares com
varizes ou IVC aumenta o risco.
METAS TERAPÊUTICAS
HbA1c: • Estilo de vida: Ficar muito tempo em pé
ou sentado prejudica a circulação e
o < 7,0% na maioria dos pacientes. aumenta o risco de IVC.

o Idosos funcionais: < 7,5%. SINTOMAS


o Idosos frágeis: < 8,0%. A IVC pode ser assintomática, mas
frequentemente provoca sintomas que pioram
Acompanhamento: A cada 3-6 meses. com a permanência prolongada em pé e
Acompanhamento Multidisciplinar melhoram com o repouso e elevação das
pernas. Os principais sintomas incluem:
• Promoção à saúde, orientações
alimentares e de atividade física, apoio • Dor leve a moderada nas pernas.
psicológico, controle de comorbidades, • Cãibras e sensação de peso ou fadiga.
vacinação.
• Edema (inchaço), que geralmente
EXAMES DE ROTINA ocorre ao redor do tornozelo e melhora
Glicemia de jejum: 2x ao ano. ao elevar os MMII.

HbA1c: 2x ao ano. Outros fatores como calor, uso de


anticoncepcionais, obesidade e gravidez
Lipidograma e triglicerídeos: no diagnóstico e podem agravar os sintomas.
anualmente.
SINAIS DE GRAVIDADE
Creatinina sérica e albuminúria: no diagnóstico e
anualmente. Dermatite ocre: Manchas amarronzadas na pele
das pernas devido ao acúmulo de
Fundoscopia: anual. hemossiderina, um pigmento derivado do ferro
no sangue.
Avaliação dos pés: no diagnóstico e anual.
Eczema e lipodermatoesclerose: Inflamação e
Vitamina B12: anual em usuários de metformina.
endurecimento da pele e tecidos subcutâneos.
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Úlceras venosas: Feridas crônicas, geralmente ao • Endurecimento da pele


redor do tornozelo, que podem demorar a (lipodermatoesclerose).
cicatrizar.
• Inchaço (edema) e presença de veias
CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA: SISTEMA CEAP varicosas.

A IVC é classificada usando o sistema CEAP, que • Lesões de pele, como eczema de estase
auxilia os médicos a entenderem a gravidade e próximo ao tornozelo.
localização da doença:
Exames Complementares
• Classe 0: Sem sinais visíveis.
Doppler de ondas contínuas: Detecta refluxo nas
• Classe 1: Telangiectasias e pequenas junções das veias.
veias dilatadas (veias visíveis, mas
superficiais e finas). Ecodoppler: Avalia a anatomia e o fluxo
sanguíneo nas veias, sendo essencial para
• Classe 2: Varizes (veias dilatadas e planejar intervenções cirúrgicas.
tortuosas maiores, >3mm).
TRATAMENTO DA IVC
• Classe 3: Presença de edema (inchaço)
A IVC pode ser tratada de forma conservadora
sem outras alterações cutâneas.
ou cirúrgica, dependendo da gravidade. Os
• Classe 4: Alterações na pele, com tratamentos têm como objetivo melhorar o fluxo
subdivisões: venoso e reduzir a pressão nas veias.

o 4a: Hiperpigmentação TRATAMENTO CONSERVADOR


amarronzada da pele.
Terapia de Compressão: Meias elásticas de
o 4b: Lipodermatoesclerose compressão (mínimo 20-30 mmHg) são eficazes
(endurecimento e inflamação da para aliviar sintomas e prevenir o agravamento
pele). da condição.

• Classe 5: Úlcera cicatrizada. Bandagens Compressivas: Devem ser aplicadas


por profissionais e podem ser ajustadas conforme
• Classe 6: Úlcera ativa. a drenagem da região afetada.

DIAGNÓSTICO CLÍNICO Elevação das Pernas: Manter as pernas elevadas


O diagnóstico de IVC é geralmente feito por (nível do coração) por 30 minutos, 3-4 vezes ao
meio de anamnese (histórico clínico do dia, alivia o inchaço e melhora a circulação.
paciente) e exame físico.
Exercícios: Caminhadas e exercícios para flexão
Anamnese do tornozelo ajudam a fortalecer os músculos
das pernas e favorecem o retorno venoso.
• Sintomas principais e há quanto tempo
estão presentes. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
• Histórico médico, incluindo episódios de • Dobesilato de Cálcio: Reduz o edema em
trombose ou traumas. pacientes com estágios mais avançados de
• Histórico familiar, pois a IVC pode ser IVC.
hereditária.
• Uso de medicamentos e estilo de vida, • Drogas Venoativas: diosmina-hesperidina
como prática de atividade física e histórico ajudam a reduzir o edema e melhorar o tônus
de tabagismo ou etilismo. das veias.
• Histórico ocupacional: Profissões que
exigem longos períodos de ortostatismo INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS E OUTRAS
(ficar em pé) são fatores de risco. TÉCNICAS
Em casos onde os tratamentos conservadores
Exame Físico
não são suficientes, ou quando há refluxo em
O exame físico focará em observar sinais típicos áreas específicas das veias principais, podem ser
da IVC, como: indicados procedimentos cirúrgicos:

• Mudanças de cor na pele (ex.: dermatite • Ablação a Laser ou Radiofrequência:


ocre). Técnica minimamente invasiva que
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"fecha" as veias doentes, redirecionando


o fluxo para veias saudáveis. Dores Musculares
• Escleroterapia: Injeção de substâncias INTRODUÇÃO
para "fechar" as veias menores e
As mialgias são uma queixa comum na Atenção
superficiais (ideal para telangiectasias e
Primária à Saúde (APS), podendo ser de origem
pequenas varizes).
leve ou grave. A maioria dos casos pode ser
• Cirurgia Convencional: Em casos graves, diagnosticada por anamnese e exame físico.
a remoção das veias afetadas pode ser Casos persistentes ou com etiologia indefinida
necessária. exigem exames complementares.

TRATAMENTO DE ÚLCERAS VENOSAS ABORDAGEM INICIAL


Bandagens Compressivas: Bandagens elásticas Localização da Dor
e inelásticas, como a bota de Unna (com óxido
o Localizada: Trauma ou uso excessivo do
de zinco), são usadas para comprimir a área e
músculo (ex.: distensão muscular).
promover a cicatrização.
o Difusa: Pode indicar condições sistêmicas
Medicamentos Cicatrizantes: Como pentoxifilina
como infecções ou doenças autoimunes.
e Contractubex, que são aplicados para
acelerar o processo de cura. Início e Padrão

PREVENÇÃO o Gradual: Condições como hipotireoidismo


A prevenção da IVC envolve mudanças no estilo ou deficiência de vitamina D.
de vida e cuidado contínuo com a saúde das o Subagudo: Medicamentos (estatinas) ou
veias: doenças inflamatórias.
• Manter o Peso Saudável: Evitar o excesso o Agudo: Infecções ou condições
de peso reduz a pressão sobre as veias reumatológicas agudas.
das pernas.
Sintomas Associados: Dor matinal com rigidez
• Prática Regular de Exercícios: Atividades sugere doenças reumatológicas (ex.: artrite
físicas, como caminhadas, ajudam a reumatoide). Sinais de inflamação indicam
melhorar a circulação. infecções ou síndrome compartimental.
• Evitar Longos Períodos em Pé ou Sentado:
CAUSAS COMUNS
Se possível, é importante movimentar-se
ou elevar as pernas durante o dia. Distensão Muscular: Lesão por esforço excessivo,
comum em atletas.
• Uso de Meias de Compressão em
Ocasiões Específicas: Em viagens longas Cãibras: Contrações involuntárias,
ou quando se sabe que ficará muito frequentemente associadas a desequilíbrios
tempo em pé, as meias de compressão eletrolíticos ou uso de diuréticos.
podem ajudar a prevenir o surgimento de
Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM): Dor crônica
sintomas.
associada a pontos de gatilho em músculos
como pescoço e lombar.

DIAGNÓSTICO CLÍNICO
Anamnese: Localização, intensidade, fatores
desencadeantes e histórico de atividades.

Exame Físico: Identificação de alterações


musculares e sinais de inflamação.

TRATAMENTO

FARMACOLÓGICO
Analgésicos: Paracetamol e dipirona para dores
leves.
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AINEs: Ibuprofeno e diclofenaco para dores


agudas. Dor no Joelho
Relaxantes Musculares: Ciclobenzaprina e INTRODUÇÃO
tizanidina para espasmos musculares.
É importante focar em uma anamnese
Opioides/Antidepressivos: Usados em casos detalhada e exame físico, evitando a solicitação
graves ou crônicos. excessiva de exames de imagem e
encaminhamentos desnecessários.
Não Farmacológico
Anamnese: O Que Investigar?
Fisioterapia: Reabilitação muscular e exercícios
de fortalecimento. 1. Tipo de Problema: Agudo ou crônico;
traumático ou insidioso.
Terapias Físicas: Calor, frio, massagem e
hidroterapia. 2. Fatores Desencadeantes: O que piora ou
alivia a dor?
Acupuntura: Estimula a liberação de endorfinas
para alívio da dor. 3. Padrão da Dor: Localização, tipo (dôr difusa
ou focal), irradiação.
EXAMES COMPLEMENTARES
4. Sintomas Mecânicos: Estalos, falseios,
• Laboratório: Verificação de eletrólitos em
bloqueios e crepitações.
casos de cãibras frequentes.
5. Histórico: Atividades físicas, mudanças na
• Ultrassonografia: Avaliação de distensões
rotina e lesões anteriores.
musculares.

• Ressonância Magnética: Indicada para EXAME FÍSICO


dores crônicas não resolvidas com Inspeção: Observe marcha, deformidades, sinais
tratamento convencional. flogísticos e amplitude de movimento (0° a 140°).

QUANDO REFERENCIAR Palpação: Identifique pontos sensíveis como a


patela, tendão patelar, ligamentos colaterais e
• Infecções Graves: Endocardite ou sepse
outras estruturas relevantes.
com mialgias difusas.

• Rabdomiólise: Mialgia intensa com TESTES ESPECÍFIC


insuficiência renal. Gaveta Anterior: Avalia o Ligamento Cruzado
Anterior (LCA).
• Casos Refratários: Dores que não
melhoram com o tratamento da APS. Teste de Lachman: Confirma lesão do LCA (mais
sensível que a gaveta anterior).
• Doenças Sistêmicas: Mialgias associadas
a doenças autoimunes ou colagenoses. Teste de Gaveta Posterior: Avalia o Ligamento
Cruzado Posterior (LCP).
Atividades Preventivas e Educação em Saúde
Ligamentos Colaterais: Teste de frouxidão em
• Controle do Peso e Manejo do Estresse:
valgo (medial) e varo (lateral).
Reduzem a dor muscular.
Meniscos: Dor ou estalos em rotação indicam
• Atividade Física Regular: Caminhadas e
lesões meniscais.
musculação leve.
EXAMES DE IMAGEM
• Educação em Saúde: Alongamento e
aquecimento antes do exercício, e Radiografia: Útil para avaliar fraturas e alterações
postura adequada durante atividades articulares. Solicitar conforme as Regras de
cotidianas para prevenir dores Ottawa e Pittsburg em casos de trauma.
musculares.
Ressonância Magnética (RM): Detalha lesões
ligamentares e meniscais, mas de difícil acesso
pelo SUS. Usar para casos específicos e
complexos.
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LESÕES COMUNS
Tabagismo
• Região Anterior: Tendinopatias, síndrome
patelofemoral, osteocondrite, Osgood-
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO TABAGISMO
Schlatter.
(DSM-V)
• Região Posterior: Cisto de Baker, lesões do O diagnóstico de dependência de nicotina é
LCP. baseado na gravidade dos sintomas. O teste de
Fagerström é usado para avaliar essa
• Região Lateral: Lesões do menisco lateral
dependência, considerando:
e ligamento colateral lateral.
• Frequência e volume de consumo.
• Região Medial: Lesões do menisco medial
e bursite da pata de ganso. • Primeiro cigarro do dia (tempo após
acordar).
TRATAMENTO
ABORDAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À
MEDICAMENTOS SAÚDE (APS)
Glucosamina e Condroitina: Reduzem a 1. História Tabagística e Perfil do Paciente
progressão da osteoartrose.
• Quantificar o uso: tempo de tabagismo,
Peptídeos de Colágeno: Aliviam a dor e número de cigarros por dia e grau de
melhoram a mobilidade na osteoartrose. dependência (ex.: Fagerström).
Infiltrações de Corticoides: Indicadas para dor • Identificar fatores associados:
crônica em degenerações avançadas. comorbidades (ex.: IAM), histórico
psiquiátrico (ex.: ansiedade, depressão) e
SUPORTE ADICIONAL
contexto socioeconômico.
Joelheiras e Muletas: Para lesões instáveis.
• Reconhecer gatilhos: rotina, hábitos
Imobilizadores: Evitar no uso rotineiro para não diários (primeiro cigarro ao acordar) e
prejudicar a mobilidade articular. recaídas anteriores.

QUANDO REFERENCIAR 2. Avaliação da Motivação


• Falta de Melhora com Tratamento Modelo Transteórico de Prochaska:
Conservador: Sinais de alerta incluem
bloqueio articular, instabilidade, o Pré-contemplação: não reconhece o
crepitação dolorosa e derrames problema.
recorrentes.
o Contemplação: percebe o impacto, mas
• Alterações Radiológicas: Fraturas, não age.
tumores ou degenerações avançadas.
o Preparação: planeja mudar (ex.: define
• Sintomas Persistentes: Duração superior a “Dia D”).
3 meses sem melhora.
o Ação: inicia a cessação.
REGRAS DE OTTAWA E PITTSBURG o Manutenção: trabalha para evitar
• Ottawa: Alta sensibilidade (97%) para recaídas.
fraturas de joelho no trauma. Utilizada
3. Abordagem Motivacional
para evitar radiografias desnecessárias.
Métodos diretos e eficazes:
• Pittsburg: Maior especificidade (60%) e
sensibilidade (99%) que Ottawa, o PAAP: Pergunte, Avalie, Aconselhe,
ajudando na triagem inicial. Prepare.

o PAAPA: Acrescente "Acompanhe" para


reforçar o seguimento.

Aprofundar nas razões para parar: explorar


motivação, rede de apoio e estratégias para
lidar com gatilhos como estresse e rotina.
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TRATAMENTO: PONTOS CHAVES COMPLICAÇÕES E RECAÍDAS


1. Recaídas:
NÃO FARMACOLÓGICO
1. Abordagem Individual o Mais comuns nas primeiras 2 semanas.

• Primeiras consultas: levantar histórico, avaliar o Reconhecer o lapso (episódio isolado) e


dependência e definir o “Dia D”. evitar que se torne uma recaída total.

• Seguimento regular: prevenir recaídas e 2. Síndrome de Abstinência:


reforçar comportamentos saudáveis. o Sintomas: irritabilidade, ansiedade,
2. Abordagem em Grupo insônia e desejo persistente.

• Troca de experiências: encontros o Duração: geralmente 3-4 semanas, com


semanais com até 12 pessoas, duração pico na primeira semana.
média de 60 minutos.

• Primeira reunião: planejar o "Dia D" e


informar malefícios do cigarro.

• Reuniões seguintes: desenvolver


habilidades para lidar com recaídas,
melhorar autoestima e criar metas.

FARMACOLÓGICO
1. Indicações

• Dependência severa: consumo diário >20


cigarros ou Fagerström ≥5.

• Falhas prévias sem medicação:


motivação presente, mas dificuldade em
cessar sozinho.

2. Tratamentos Disponíveis

Reposição de Nicotina (TRN): Seguras para


cardiopatas estáveis, desde que IAM não tenha
ocorrido nas últimas 2 semanas.

o Adesivos: fornecem liberação contínua;


uso por 12 semanas com redução
gradual.

o Gomas/pastilhas: controlam fissuras; uso


por 8 semanas.

Medicamentos:

o Bupropiona: iniciar 7-14 dias antes do "Dia


D." Contraindicada em epilepsia e HAS
descontrolada.

o Vareniclina: ideal para cardiopatas


estáveis; inicie 1 semana antes do “Dia D”
– não disponível no SUS

o Alternativas (2ª linha): Nortriptilina e


Clonidina com cautela em cardiopatias.

Complementares: Hipnose, acupuntura e


aromaterapia podem ser úteis.
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Interpretação de radiografia • Ossos: Fraturas, lesões ou opacidades.

• Tecidos Moles: Densidade e alterações.


torácica e Espirometria • Hilos Pulmonares: Avaliar aumento ou
deslocamentos.
RADIOGRAFIA TORÁCICA
ALTERAÇÕES RADIOGRÁFICAS MAIS
VANTAGENS COMUNS
Baixo custo e ampla disponibilidade. Consolidação: Líquido nos alvéolos, causas
como pneumonia e neoplasias.
Poucos riscos de efeitos adversos.

Útil para avaliar: Opacidade em Vidro Fosco: Densidade


pulmonar aumentada, visível em Covid-19.
• Sistema respiratório.
• Pleura, vasos torácicos e mediastino. Atelectasia: Colapso pulmonar parcial ou total.
• Coração e parede torácica. Bronquiectasia: Dilatação irreversível dos
brônquios.
DENSIDADES RADIOLÓGICAS
Ar: Radiotransparente (preto). DPOC: Enfisema, aumento dos espaços
intercostais, retificação do diafragma.
Gordura: Radiotransparente (cinza escuro).
Pneumotórax: Ar na periferia pulmonar, pode
Água/Tecido mole: Hipotransparente (cinza desviar mediastino.
claro).
Derrame Pleural: Líquido nos espaços pleurais.
Ossos/Metais: Radiopacos (branco).
Tuberculose Pulmonar: Infiltrados mal definidos,
INCIDÊNCIAS COMUNS cavitações e calcificações.
Póstero-anterior (PA): Padrão para adultos. Sinal da Silhueta: Borramento das margens
cardíacas ou diafragmáticas.
Perfil: Complementar para avaliação de lesões
posteriores ou laterais.
ESPIROMETRIA
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR
1. Avaliação Inicial
A espirometria é uma ferramenta essencial na
• Verifique a identificação do paciente e prática clínica para:
se a radiografia foi realizada
• Diagnóstico de sintomas respiratórios
corretamente.
como dispneia, chiado e tosse.
2. Técnica Radiológica
• Confirmação diagnóstica e
• Posição: Avalie alinhamento clavicular e acompanhamento de asma.
simetria em relação à coluna.
• Estadiamento e diagnóstico precoce de
• Inspiração: Deve permitir visualizar ao DPOC, especialmente em tabagistas
menos 6 arcos costais anteriores. sintomáticos.

• Penetração: Imagem nítida das estruturas • Avaliação pré-operatória para cirurgias


internas sem sub ou superexposição. torácicas, cardíacas ou de abdome
superior.
3. Avaliação das Estruturas Torácicas
CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS E
• Pulmões e Vasos: Simetria, opacidades
RELATIVAS
ou alterações de densidade.
Evitar em casos de
• Coração e Mediastino: Índice
cardiotorácico (normal: <0,5). • Condições agudas: vômito, náusea,
vertigem.
• Diafragma: Simetria e presença de seios
costofrênicos livres. • Hemoptise ou pneumotórax.
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• Cirurgias recentes (torácica, abdominal ▪ Muito grave: <30%.


ou ocular).
Teste de broncodilatador:
• Doenças cardíacas instáveis, como
o Administrar 300-400 mcg de salbutamol.
infarto agudo do miocárdio ou angina.
o Melhora ≥12% e ≥200 mL no VEF1: asma
• Aneurisma torácico.
(reversível).
RECOMENDAÇÕES PRÉ -TESTE
o Sem melhora e VEF1/CVF < 0,7: DPOC
Para garantir resultados precisos: (irreversível).

• Evitar infecções respiratórias recentes 2. Distúrbio Ventilatório Restritivo (DVR)


(últimas 3 semanas).
Caracterizado por volumes pulmonares
• Suspender broncodilatadores: reduzidos.

o Curta ação: 4 horas. Critérios:

o Longa ação: 12 horas. o CVF reduzida com VEF1/CVF normal.

• Refeições volumosas: evitar 1 hora antes o Exemplos: fibrose pulmonar.


do teste.
3. Distúrbio Ventilatório Combinado (DVC)
• Bebidas estimulantes: evitar café e chá (6
horas antes). • Combina limitação ao fluxo aéreo com
volumes reduzidos.
• Álcool e tabaco: evitar por pelo menos 4
e 2 horas antes, respectivamente. • Exemplos:

• Crianças a partir de 5 anos podem o DPOC associada à insuficiência


realizar o exame, dependendo da cardíaca.
colaboração. o Neoplasia pulmonar.

PARÂMETROS AVALIADOS NA RESUMO DA INTERPRETAÇÃO


ESPIROMETRIA
1. Obstrução:
1. Volume-Tempo: Mede o VEF1.
o VEF1/CVF < 0,7.
2. Fluxo-Volume: Avalia CVF, VEF1, FEF50 e
FEF75. o Reversível com broncodilatador →
Asma.
 CVF: Volume de ar exalado após
inspiração máxima. o Irreversível → DPOC.

 VEF1: Volume exalado no primeiro 2. Restrição:


segundo.
o CVF reduzida com VEF1/CVF normal.
 FEF50/FEF75: Fluxos expiratórios forçados
3. Combinado:
aos 50% e 75% da CVF.
o Obstrução e redução de volume
DISTÚRBIOS FUNCIONAIS DIAGNÓSTICOS coexistentes.
1. Distúrbio Ventilatório Obstrutivo (DVO)
A espirometria é uma ferramenta-chave para
Caracterizado por dificuldade no fluxo aéreo. diferenciar e monitorar doenças pulmonares,
sendo indispensável no manejo de condições
Critérios: respiratórias crônicas e agudas.
o VEF1/CVF < 0,7.

o Gravidade baseada no VEF1:

▪ Leve: ≥80%.

▪ Moderado: 50-79%.

▪ Grave: 30-49%.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 11

DPOC COMPLICAÇÕES COMUNS


• Cor pulmonale (insuficiência cardíaca
direita).
O QUE É DPOC?
Doença crônica e progressiva com obstrução • Hipoxemia crônica (pode causar cianose).
persistente do fluxo aéreo. Está relacionada a:
• Infecções respiratórias frequentes
• Enfisema pulmonar: destruição dos (bronquites, pneumonias).
alvéolos.
DIAGNÓSTICO NO DIA A DIA
• Bronquite crônica: inflamação das vias
1. História clínica
aéreas com produção excessiva de
muco. o Sintomas crônicos (dispneia, tosse,
produção de muco).
RELEVÂNCIA PRÁTICA
o Exposição: tabagismo, poluentes.
• Associada a tabagismo (90% dos casos),
poluentes e infecções respiratórias. 2. Exame físico
• Ocorre geralmente em pessoas >40 anos, o Achados: sibilos, diminuição do
mas pode surgir mais cedo com murmúrio vesicular, cianose.
exposição intensa a fatores de risco.
3. Espirometria
Quando suspeitar?
o Confirma DPOC com VEF1/CVF < 0,7
• Pacientes com dispneia crônica, tosse após broncodilatador.
produtiva ou histórico de tabagismo.
o Ajuda a classificar a gravidade.
O QUE ACONTECE NOS PULMÕES?
4. Radiografia de tórax (quando disponível)
Inflamação crônica → destruição dos alvéolos e
vias aéreas → limitação do fluxo de ar. o Sinais: hiperinsuflação, retificação
diafragmática.
Hiperinsuflação: pulmões ficam "cheios de ar"
(retenção de CO₂). Dica prática: Espirometria é essencial para
confirmar o diagnóstico!
PRINCIPAIS FATORES DE RISCO
TRATAMENTO NA ATENÇÃO BÁSICA
1. Tabagismo: causa número 1.
Objetivo: Aliviar sintomas, prevenir exacerbações
2. Exposição ambiental: poluentes, poeiras e melhorar qualidade de vida.
ocupacionais.
NÃO FARMACOLÓGICAS:
3. Infecções respiratórias precoces.
Cessação do tabagismo: prioridade absoluta!
4. Deficiência de alfa-1-antitripsina (causa
rara). Vacinação: Influenza, pneumococo, COVID-19.

Reabilitação pulmonar: recomendada para


MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
pacientes sintomáticos.
Sintomas principais
MEDICAMENTOS
o Dispneia (progressiva, inicialmente aos
esforços). Leve (Grupo A): SOS com SABA (ex.: salbutamol).

o Tosse crônica (com ou sem muco). Moderado (Grupo B): LAMA ou LABA (ex.:
tiotrópio ou olodaterol).
o Chiado no peito (sibilância).
Grave (Grupo E): LAMA + LABA + corticoide
Dois padrões clássicos inalatório (ICS).
1. Pink Puffer (enfisematoso): magro, esforço Exacerbações frequentes? Avaliar uso de
respiratório, lábios em bico. corticosteroides ou antibióticos.
2. Blue Bloater (bronquítico): cianótico,
tosse produtiva, edema periférico.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 12

MANEJO DE EXACERBAÇÕES (SITUAÇÕES


AGUDAS)
Infecção de vias Aéreas Inferiores
Reconhecer rapidamente: DEFINIÇÃO
• Piora da dispneia, tosse e produção de
FISIOPATOLOGIA DA PNEUMONIA
muco.
Ocorre quando agentes patogênicos alcançam
Tratamento inicial os pulmões, superando os mecanismos de
1. Broncodilatadores de curta duração: defesa. Os processos principais incluem:

o Nebulização: fenoterol + ipratrópio 1. Microaspirações (mecanismo mais comum):


em SF. o Aspiração de secreções contaminadas
2. Corticoides sistêmicos: do trato respiratório superior.

o Prednisona 40 mg/dia por 5-7 dias. 2. Inalação direta:

3. Antibióticos (se escarro purulento): o Ingestão de aerossóis contendo agentes


infecciosos.
o Opções: azitromicina, amoxicilina-
clavulanato. 3. Disseminação hematogênica:

o Micro-organismos chegam aos pulmões


QUANDO ENCAMINHAR AO HOSPITAL?
pela circulação sanguínea.
Hipoxemia grave (SpO₂ < 88%).
4. Infecção por contiguidade:
Piora significativa dos sintomas apesar do
tratamento inicial. o Propagação a partir de infecções
adjacentes, como abscessos
Presença de comorbidades graves (ex.: IC subfrênicos.
descompensada).
CLASSIFICAÇÃO DA PNEUMONIA
RESUMO PRÁTICO
1. Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC):

o Ocorre em indivíduos fora do ambiente


SITUAÇÃO DO PACIENTE TRATAMENTO hospitalar.

Pouco sintomático, sem LABA ou LAMA isolado. 2. Pneumonia Adquirida no Hospital (PAH):
exacerbações
o Desenvolve-se após 48 horas de
Sintomático, sem LABA + LAMA. internação hospitalar.
exacerbações
PRINCIPAIS AGENTES ETIOLÓGICOS
Exacerbações frequentes LABA + LAMA + ICS.
Pneumonia Típica
(>2/ano)
• Streptococcus pneumoniae (mais
Exacerbação aguda leve SABA/SAMA +
comum).
corticoide oral.
• Haemophilus influenzae.
Exacerbação aguda SABA/SAMA +
moderada/grave corticoide oral + • Klebsiella pneumoniae.
antibióticos.
Pneumonia Atípica
Hipoxemia crônica (SpO₂ Oxigenoterapia
≤88%) domiciliar. • Mycoplasma pneumoniae.

• Chlamydia pneumoniae.
Como Monitorar?
• Legionella pneumophila.
• Revisar a cada 3-6 meses.
• Vírus (Influenza, Parainfluenza,
• Ajustar a terapia com base nos sintomas,
Adenovírus).
exacerbações e adesão ao tratamento.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 13

QUADRO CLÍNICO DA PNEUMONIA • ≥ 3 pontos: Alto risco. Internação


obrigatória, considerar UTI.
PNEUMONIA TÍPICA
EXAMES DE IMAGEM E LABORATORIAIS
• Início abrupto.
Radiografia de Tórax (PA e Perfil)
• Febre alta e calafrios.
Indicado em todos os pacientes com suspeita de
• Tosse produtiva com expectoração pneumonia.
purulenta.
Identifica:
• Dor torácica pleurítica.
 Consolidação (típica).
• Radiografia: padrão de consolidação
lobar ou broncopneumonia.  Infiltrado intersticial (atípica).

 Complicações, como derrame pleural.


PNEUMONIA ATÍPICA
• Início subagudo (evolução mais lenta). Ultrassonografia de Tórax

• Sintomas gripais: febre baixa, mialgia, • Sensível para identificar consolidações e


odinofagia e tosse seca. derrames pleurais.

• Radiografia: infiltrado intersticial difuso. Tomografia Computadorizada

Método mais sensível.


DIAGNÓSTICO DA PNEUMONIA
1. Clínico: Indicado para:

o Sintomas respiratórios e sinais gerais  Casos graves ou refratários ao tratamento.


(febre, taquipneia, crepitações
 Exclusão de diagnósticos diferenciais
pulmonares).
(neoplasias, tuberculose).
2. Radiografia de Tórax:
Microbiologia
o Padrão ouro inicial. Identifica infiltrados
Culturas de escarro e hemoculturas (em casos
pulmonares e extensão da doença.
graves).
3. Exames Complementares:
Testes moleculares para vírus e bactérias atípicas.
o Gasometria arterial: em casos graves,
Pesquisa de antígenos urinários (S. pneumoniae e
avalia hipóxia.
Legionella).
o Hemograma: leucocitose com desvio à
esquerda sugere infecção bacteriana. TRATAMENTO DA PNEUMONIA

o Procalcitonina (PCT): auxilia na PACIENTES AMBULATORIAIS


distinção entre infecções bacterianas e 1. Sem comorbidades ou uso recente de
virais. antibióticos:

AVALIAÇÃO DE GRAVIDADE - CURB-65: o Amoxicilina + Clavulanato.


Pontuação baseada em:
o Alternativa: Claritromicina (500 mg,
• C: Confusão mental. 12/12h, por 7-10 dias).
• U: Ureia > 43 mg/dL.
2. Com comorbidades ou uso recente de
• R: FR ≥ 30/min.
antibióticos
• B: PAS < 90 mmHg ou PAD ≤ 60 mmHg
• 65: Idade ≥ 65 anos. o Levofloxacino (750 mg/dia, por 5-7 dias).

Interpretação: Pacientes Internados (Enfermaria)

• 0-1 ponto: Baixo risco. Tratamento • Levofloxacino ou Ceftriaxona associada


ambulatorial. a Azitromicina (5-7 dias).

• 2 pontos: Risco moderado. Considerar Pacientes em UTI


internação.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 14

• Terapia combinada: Ceftriaxona +


Azitromicina. HAS
PROGNÓSTICO E COMPLICAÇÕES O QUE É A HAS?
1. Complicações: A hipertensão arterial é uma condição clínica
crônica, caracterizada pela elevação
o Derrame pleural e empiema.
persistente da pressão arterial acima dos níveis
o Abscesso pulmonar. recomendados (geralmente ≥ 140/90 mmHg no
consultório). Frequentemente chamada de
o Septicemia e falência respiratória. "assassina silenciosa", a HAS é uma das principais
2. Prognóstico: causas de morbimortalidade no mundo,
assintomática em grande parte dos casos.
o Influenciado pela gravidade inicial,
presença de comorbidades e adesão EPIDEMIOLOGIA NO BRASIL E NO MUNDO
ao tratamento. 1. Prevalência no Brasil:

PREVENÇÃO DA PNEUMONIA  A HAS é responsável por 2/3 dos


1. Vacinação: acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e
contribui para 50% das mortes
o Pneumocócica (VPC13 e PPSV23): relacionadas a doenças
indicada para idosos e cardiovasculares.
imunossuprimidos.
2. Distribuição por idade e sexo:
o Influenza: vacinação anual.
 Antes dos 50 anos:
2. Medidas Gerais:
▪ A hipertensão é mais prevalente
o Higiene respiratória (uso de máscara entre homens.
em surtos).
 Após a menopausa:
o Evitar tabagismo e álcool excessivo.
▪ A prevalência entre mulheres
o Controle de doenças crônicas aumenta significativamente,
(diabetes, insuficiência cardíaca). ultrapassando a dos homens.

3. Educação em Saúde:  Por volta dos 75 anos:

o Importância da adesão ao tratamento. ▪ Cerca de 90% das pessoas são


hipertensas, independentemente
o Reconhecimento precoce de sinais de
do sexo.
gravidade.
3. Impacto Global:

 A HAS é considerada a principal causa


de morte evitável no mundo, devido às
suas complicações.

 É a doença cardiovascular mais


prevalente globalmente e afeta milhões
de pessoas em diferentes contextos
sociais.

FATORES DE RISCO PARA HAS

FATORES NÃO MODIFICÁVEIS


Idade: risco aumenta linearmente com o
envelhecimento.

Sexo: prevalente em homens antes dos 50 anos;


aumenta em mulheres após a menopausa.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 15

Etnia: afrodescendentes têm maior risco e SEGUIMENTO E ACOMPANHAMENTO


quadros mais graves.
Objetivos do Seguimento
Genética: história familiar.
Tranquilizar e orientar o paciente: Explicar a
FATORES MODIFICÁVEIS natureza da doença, evolução e metas do
tratamento.
1. Dieta rica em sódio: consumo elevado de sal
Prevenção secundária: Controlar fatores de risco
2. Excesso de peso e obesidade:
para evitar complicações.
especialmente obesidade abdominal.
Monitoramento periódico: Avaliar pressão
3. Consumo de álcool: risco elevado em
arterial, adesão ao tratamento e complicações.
consumo abusivo.
CONSULTAS MÉDICAS E EXAMES
4. Tabagismo: A nicotina provoca aumento
transitório de 10-20 mmHg PA. Anamnese + Exame Físico completos

5. Sedentarismo Exames complementares:

6. Fatores Socioeconômicos: Baixa renda e o Creatinina, TFG, potássio, glicemia,


acesso restrito aos serviços de saúde lipidograma, ECG e EAS.
aumentam o risco.
TRATAMENTO DA HAS
FISIOPATOLOGIA
NÃO FARMACOLÓGICAS
A HAS resulta do desequilíbrio entre:
Modificação do estilo de vida é OBRIGATÓRIA
1. Sistema nervoso simpático: independentemente dos níveis de pressão
hiperatividade → vasoconstrição e arterial do paciente, especialmente quando PAS
aumento da PA. está >200 mmHg.
2. SRAA: retenção de sódio e água → 1. Dieta DASH: Rica em frutas, vegetais e
aumento do débito cardíaco. produtos com baixo teor de gordura.
3. Disfunção endotelial: redução de óxido 2. Redução de Sódio: < 2g/dia.
nítrico (vasodilatador). 3. Atividade Física: exercícios aeróbicos 30
minutos/dia (≥ 5x/semana
4. Remodelamento vascular: enrijecimento
arterial e aumento da resistência vascular 4. Controle de Peso: IMC ideal < 24,9.
periférica.
5. Moderação no álcool e cessação do
DIAGNÓSTICO DA HAS tabagismo.

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE PA ELEVADA TRATAMENTO FARMACOLÓGICO


1. Consultório: ≥ 140/90 mmHg em pelo menos 1. Fármacos de Primeira Linha
duas medidas em dias diferentes.
IECA/BRA: Indicados para jovens e brancos;
2. MAPA (Monitorização Ambulatorial da PA): contraindicado em gestantes.

• Média 24h: ≥ 130/80 mmHg. BCC (diidropiridínicos): Preferido para idosos e


• Durante vigília: ≥ 135/85 mmHg. negros; pode causar edema.
• Durante o sono: ≥ 120/70 mmHg.
Diuréticos tiazídicos: Indicado para idosos e
3. MRPA (Monitorização Residencial da PA): negros; cuidado com hipocalemia.

o ≥ 130/80 mmHg. 2. Metas Terapêuticas

Método de Medição o Risco baixo/moderado: < 140/90 mmHg.

Aferir 14 vezes durante uma semana: 2 medições o Risco alto: < 130/80 mmHg.
consecutivas com intervalo mínimo de 1 minuto.
o Idosos frágeis: < 160/90 mmHg.
Excluir a possibilidade de hipertensão do jaleco
branco.
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COMPLICAÇÕES DA HAS
Dislipidemias + Risco CV
1. Órgãos-alvo afetados:

o Coração: Insuficiência cardíaca, IAM. AVALIAÇÃO DO RISCO CARDIOVASCULAR


A avaliação do risco cardiovascular é essencial
o Cérebro: AVC, encefalopatia
para determinar a necessidade de tratamento
hipertensiva.
preventivo.
o Rins: Insuficiência renal crônica.
1. Ferramenta recomendada:
o Vasos sanguíneos: Doença arterial
o O uso do QRISK é amplamente adotado.
periférica, aneurismas.
Ele calcula a probabilidade de
2. Crises hipertensivas: desenvolver DCV em 10 anos,
considerando fatores como idade, sexo,
o Urgência: PA ≥ 180/120 mmHg sem lesão pressão arterial, níveis de colesterol,
de órgãos-alvo. tabagismo e comorbidades.
o Emergência: PA elevada com lesão 2. Intervalo de monitoramento:
aguda de órgãos-alvo (ex.: edema
pulmonar, IAM). o Pacientes com risco ≥ 10% em 10 anos
devem realizar dosagens lipídicas a
cada 5 anos, reduzindo esse intervalo
para casos com níveis próximos aos que
Indicação
Combinação Exemplo indicam terapia
Principal

IECA ou BRA Ramipril + - Jovens, A CONSULTA CLÍNICA


+ BCC Amlodipino brancos.
- Pacientes com ANAMNESE:
risco 1. HPP
cardiovascular
elevado.  Investigar uso de medicamentos e
- Controle inicial presença de comorbidades, como
em casos leves. hipertensão, diabetes, doenças renais,
IECA ou BRA Losartana + - Idosos. autoimunes ou psiquiátricas.
+ Diurético HCTZ - Controle da
retenção  Avaliar histórico de dislipidemias, sintomas
hídrica. de doenças cardiovasculares (ex.:
- Alternativa em angina, claudicação), e uso de
negros. corticosteroides ou antipsicóticos atípicos.
BCC + Amlodipino - Pacientes com
Diurético + contraindicação 2. Hábitos de vida:
Clortalidona a IECA ou BRA.
 Alimentação, prática de atividade física,
- Hipertensão
sistólica isolada. tabagismo e consumo de álcool.

3. História Familiar (HF):

 Presença de DCV, IAM e dislipidemias em


parentes de 1° grau.

EXAME FÍSICO
• PA, peso, altura e circunferência
abdominal.

• Ausculta cardíaca e avaliação dos pulsos


periféricos.

EXAMES COMPLEMENTARES
• Perfil lipídico: colesterol total, LDL, HDL e
triglicerídeos.
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DIAGNÓSTICOS DE DISLIPIDEMIAS 3. Outros hábitos:

1. Hipercolesterolemia isolada: elevação  Cessar tabagismo, reduzir consumo de


do LDL. álcool e tratar comorbidades como HAS
e DM.
2. Hiperlipidemia mista: elevação de LDL e
triglicerídeos. FARMACOTERAPIA
3. Hipertrigliceridemia isolada: triglicerídeos 1. Estatinas
elevados.
Hipercolesterolemia isolada: Rosuvastatina (5-10
4. HDL baixo: redução do colesterol de alta mg), Atorvastatina (10-80 mg), ou Sinvastatina
densidade. (20-80 mg).

ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO Associar Ezetimiba 10 mg se necessário (reduz


CARDIOVASCULAR LDL em 20%).

Tabagismo, HAS, HDL colesterol <40mg/dL, idade, NOTA: são indicadas para prevenção primária
sexo são fatores de risco usados na tabela de em indivíduos de RCV moderado a alto
Framingham para estratificação de RCV
Uso de AAS deve ser avaliado individualmente.
Com base no QRISK, os pacientes são
classificados em: 2. Fibratos e ácido nicotínico

• Risco alto: >20% de DCV em 10 anos. o Indicados para hipertrigliceridemia ou HDL


baixo.
• Risco intermediário: 10-20% de DCV em
10 anos. MONITORAMENTO
o Dosagem de transaminases e CPK ao
• Risco baixo: <10% de DCV em 10 anos.
iniciar ou ajustar doses; suspender se sinais
A presença de DM e doença renal crônica (DRC) de hepatotoxicidade.
classifica o paciente como de alto risco
cardiovascular. PROGNÓSTICO E COMPLICAÇÕES
Prognóstico
METAS E INDICAÇÃO DE TRATAMENTO
• Controlar dislipidemias reduz
ATENÇÃO
significativamente o risco de eventos
Risco
Meta LDL MEV Terapia cardiovasculares maiores.
(mg/dL) (Indicação) Medicamentosa
Complicações
LDL ≥ 100 LDL ≥ 130
Alto < 100
mg/dL. mg/dL. 1. Doenças cardiovasculares:
Interme LDL ≥ 130 LDL ≥ 130
diário
< 130 o Infarto, angina, insuficiência
mg/dL. mg/dL.
arterial periférica.
TRATAMENTO
2. Doenças cerebrovasculares:
MUDANÇAS NO ESTILO DE VIDA (MEV)
o AVC isquêmico.
1. Alimentação:
3. Pancreatite:
 Evitar: alimentos de origem animal ricos
em gordura, gordura trans, polpa e leite o Em triglicerídeos >500 mg/dL.
de coco.

 Priorizar: ácidos graxos poli-insaturados


(canola, soja, linhaça, azeite, peixes),
fibras solúveis (frutas, aveia,
leguminosas).

2. Atividade Física:

 Exercícios regulares reduzem LDL e


aumentam HDL.
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Tosse Aguda e Crônica Tosse 3-8


Pós-
infecciosa, Abordagem
recuperação semelhante
Subaguda semanas
de infecções à crônica.
DIAGNÓSTICO
respiratórias.
1. Anamnese
STVAS, asma, Variável
• Início dos sintomas: súbito ou gradual. Tosse >8 DRGE, conforme
• Produção de secreção: verificar se é Crônica semanas DPOC, etiologia
produtiva ou seca. tuberculose, (ver abaixo).
uso de IECA.
• Relação com fatores específicos: infecções,
exercício, ar frio, alterações posturais ou
alimentação. TOSSE AGUDA (ATÉ 3 SEMANAS)
• Histórico de tabagismo ou uso de
Causas comuns:
medicações, como inibidores da ECA.
• Outros sintomas: obstrução nasal, rinorreia Infecções respiratórias altas:
ou queixas associadas.
Viral: rinorréia, obstrução nasal e irritação na
2. Exame físico garganta.
Ausculta pulmonar: identificar crepitações, ▪ Tratamento: medidas sintomáticas
roncos ou redução dos murmúrios. (analgésicos, antitérmicos) e lavagem
nasal salina.
3. Exames complementares
Bacteriana: febre >38ºC, secreção purulenta e
Na Atenção Primária:
dor facial.
• Raio-X de tórax: indicado em casos
▪ Tratamento: antibióticos em casos graves
atípicos de tosse aguda ou persistente.
ou sem melhora clínica.
• Pesquisa de bacilo álcool-ácido
Traqueobronquite aguda:
resistente (BAAR): para tuberculose em
tosse crônica produtiva. Etiologia viral.
• Prova de função pulmonar: suspeita de Tosse produtiva (com ou sem expectoração
asma ou DPOC. purulenta).
• Pico de fluxo expiratório (PFE): para ▪ Tratamento: sintomáticos, ATB apenas se
diagnóstico de asma, especialmente houver sinais de infecção bacteriana.
ocupacional.
Influenza:
Na Atenção Secundária:
Quadro gripal com febre, mialgia, tosse seca e
• Broncoscopia: suspeita de corpo prostração.
estranho, hemoptise ou neoplasias.
▪ Tratamento: antivirais em casos graves ou
• TC: do tórax ou dos seios paranasais, grupos de risco.
conforme a suspeita.
3. TOSSE CRÔNICA (MAIS DE 8 SEMANAS)
• Teste de broncoprovocação: para
confirmação de asma. ATENÇÃO

Características
CLASSIFICAÇÃO DA TOSSE Causa Tratamento
Clínicas
ATENÇÃO À DURAÇÃO
Tosse Anti-histamínicos,
Tipo Duração Causas Tratamento associada a descongestionante
Comuns
STVAS
rinite/sinusite. s, corticoides
nasais.
Infecções
Sintomáticos
virais (rinite, Tosse seca, Broncodilatadores,
Tosse Até 3 (analgésicos
Aguda
bronquite), noturna, corticoides
semanas lavagem Asma
influenza.
nasal). desencadeada inalatórios.
por exercício.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 19

Tosse pior ao
deitar ou pós-
IBPs,
refeições
evitar
Osteoporose
DRGE refeição. volumosas,
elevação da DEFINIÇÃO
cabeceira.
É a principal causa de fraturas em indivíduos com
Tosse produtiva, Broncodilatadores, mais de 50 anos e afeta especialmente ossos,
tabagismo. cessação do como corpos vertebrais e parte do colo do
DPOC
tabagismo, fêmur.
vacinação.

Tosse produtiva Pesquisa de BAAR, TIPOS DE OSTEOPOROSE


Tuberculos crônica, febre, tratamento Primária: Decorre de processos fisiológicos
e emagreciment específico (RIPE). relacionados à idade, como menopausa
o. (redução de estrogênio) e senilidade.
Tosse seca nas Suspensão ou
Secundária: Está associada a condições como
primeiras substituição do
IECA doenças endócrinas (ex.: hiperparatireoidismo),
semanas de IECA.
uso.
inflamatórias, uso prolongado de medicamentos
(ex.: corticoides, heparina) ou doenças
gastrointestinais.

TRATAMENTO EMPÍRICO FATORES DE RISCO


Objetivo: alívio sintomático enquanto se busca a
etiologia. NÃO MODIFICÁVEIS
• Idade avançada.
1. Anti-histamínicos e descongestionantes: • Histórico familiar de osteoporose.
abordam STVAS. • Hipoestrogenismo, especialmente em
2. Broncodilatadores e corticoides: em mulheres na menopausa.
suspeita de asma. • Raça branca ou asiática.
• Biotipo magro.
3. IBPs e medidas comportamentais: para
DRGE. MODIFICÁVEIS
• Consumo excessivo de álcool, tabaco e
QUANDO REFERENCIAR
cafeína.
• Hemoptise, perda de peso inexplicada • Baixa ingestão de cálcio na dieta.
ou falha no controle sintomático. • Sedentarismo.
• Uso prolongado de medicamentos como
• Suspeita de neoplasias ou tuberculose.
corticoides, heparina e anticoncepcionais
• Casos que necessitem exames ou de alta dosagem.
manejo avançado. • Condições associadas, como insuficiência
renal ou hiperparatireoidismo.

DIAGNÓSTICO
Anamnese

A osteoporose é frequentemente assintomática


até a ocorrência de fraturas. Indicadores clínicos
incluem:

• Dor dorsal aguda associada a fraturas


vertebrais.

• Cifose dorsal progressiva, que pode levar


a dor crônica e restrição de movimentos.

• Identificação de fatores de risco, inclusive


situações que aumentem o risco de
quedas.

Exame físico
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 20

• Redução da estatura. o Baixa densidade óssea associada a


múltiplos fatores de risco.
• Hipercifose dorsal (corcunda).
2. Classes de medicamentos
• Protuberância abdominal.
Bifosfonatos – Alendronato, Risedronato,
• Outras deformidades esqueléticas.
Ibandronato.
EXAMES COMPLEMENTARES o Posologia: alendronato 70 mg 1x/ semana
Bioquímica sanguínea e urinária: Inclui cálcio, – não se deitar por 2 horas após a ingesta
creatinina, TSH, vitamina D e eletrólitos. da medicação)

Densitometria óssea (DXA): É o padrão-ouro para o Carbonato de Cálcio 1200mg + Vit. D 1000
diagnóstico. UI ao dia.

T-Score: Compara a densidade mineral óssea do Denosumabe:


paciente com a de um adulto jovem saudável.
o Posologia: Injeção subcutânea a cada 6
Indicações: meses.

 Mulheres ≥ 65 anos e homens ≥ 70 anos. Ranelato de Estrôncio:


 Pacientes ≥ 50 anos com fatores de risco.
o Posologia: Tomado oralmente, em dose
 História prévia de fraturas por fragilidade.
diária.
 Uso prolongado de medicamentos que
promovem perda óssea. o Efeitos Colaterais: Pode causar trombose,
reações adversas cardiovasculares.
TRATAMENTO
Anabólicos (Medicamentos que estimulam a
NÃO FARMACOLÓGICO formação óssea)
1. Dieta rica em cálcio (1.200 mg/dia após os 50 → Teriparatida (PTH 1-34):
anos).
o Indicação: Usado para pacientes com
o Fontes: Leite, derivados, vegetais verdes fraturas graves ou em risco muito alto, ou
escuros. para aqueles que não respondem aos
2. Suplementação de vitamina D: bifosfonatos.

o Dose inicial: 50.000 UI por semana, Terapia hormonal: Indicado principalmente para
durante 8 semanas. mulheres na menopausa, com sintomas
vasomotores associados.
3. Exposição solar regular (15-20 min, 3x/
semana). Raloxifeno: Modulador seletivo do receptor de
estrogênio, útil para prevenção em mulheres
4. Atividade física regular: pós-menopausa.

o Foco em exercícios de impacto e SEGUIMENTO


resistência muscular.
Densitometria óssea
5. Prevenção de quedas:
 Reavaliação após 3 a 5 anos de
o Adequação do ambiente domiciliar (ex.: tratamento, dependendo da resposta
tapetes antiderrapantes). terapêutica.

6. Evitar tabagismo e consumo excessivo de Tratamento farmacológico


álcool.
 Suspensão após 3 a 5 anos, exceto em
FARMACOLÓGICO casos de alto risco.

1. Indicações QUANDO REFERENCIAR


o Fraturas vertebrais ou de quadril. • Fraturas por fragilidade sem causa
esclarecida.
o T-Score ≤ -2,5 em coluna lombar ou • Não resposta ao tratamento inicial.
quadril.
• Suspeita de osteoporose secundária.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 21

Hipertireoidismo e Nódulos Outros: Intolerância ao calor, sudorese excessiva,


alterações menstruais.

tireoidianos NOTA: Nos idosos, os sintomas podem ser menos


evidentes, como apatia ou perda de peso
INTRODUÇÃO isolada.

Na APS, as doenças tireoidianas frequentemente DIAGNÓSTICO DO HIPERTIREOIDISMO


apresentam-se com queixas inespecíficas, como
Anamnese
emagrecimento sem causa aparente,
irritabilidade, sintomas depressivos e • Investigação de sintomas clínicos, história
irregularidades menstruais. Identificar e tratar familiar e fatores de risco (ex.: doenças
essas condições precocemente é essencial para autoimunes).
prevenir complicações.
Exame físico
HIPERTIREOIDISMO
• Avaliação da glândula tireoide: aumento
de volume, presença de nódulos ou sinais
DEFINIÇÃO
de tireotoxicose (ex.: tremores, pele
O hipertireoidismo é uma condição em que a quente e úmida).
glândula tireoide produz hormônios T3 e T4 em
excesso, resultando no aumento do Exames complementares
metabolismo. Suas causas principais incluem:
• Laboratoriais: Dosagem de TSH (sensível
• Doença de Graves: Autoimune e mais para rastreio), T3 e T4 livres.
comum.
• Imagem:
• Bócio nodular tóxico ou adenoma tóxico:
o Cintilografia da tireoide: Para avaliar
Nódulos hiperfuncionantes que
a função dos nódulos (hiper ou
produzem hormônios
hipofuncionantes).
independentemente do TSH.
o USG: Para caracterizar nódulos e
• Tireoidite: Inflamação que pode liberar
avaliar a morfologia da glândula.
hormônios em excesso.

Hipertireoidismo X Tireotoxicose TRATAMENTO CLÍNICO


Metimazol: Dose inicial de 15 a 30 mg/dia,
Hipertireoidismo: Aumento da produção de
ajustada conforme os níveis de T4 livre e T3. O
hormônios pela tireoide. controle adequado ocorre entre 6 e 12 semanas.
Tireotoxicose: Conjunto de sintomas resultantes o Observação: O TSH pode permanecer
do excesso de hormônios tireoidianos, que pode suprimido mesmo após normalização dos
ocorrer por hiperfunção tireoidiana, destruição
hormônios tireoidianos.
tecidual ou ingestão exógena de hormônios.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
CLASSIFICAÇÃO
Indicado em:
1. Hipertireoidismo declarado:
• Bócio volumoso ou com compressão de
o TSH baixo, T3 e T4 livres elevados. estruturas adjacentes.
2. Hipertireoidismo subclínico: • Presença de nódulos malignos.
o TSH baixo com T3 e T4 livres normais. • Falha do tratamento clínico.
SINTOMAS • Gestantes no último trimestre, com
Cardiovasculares: Taquicardia, hipertensão, contraindicação ao tratamento clínico.
arritmias.
• Procedimentos incluem:
Metabólicos: Perda de peso involuntária,
o Tireoidectomia total ou quase
aumento do apetite.
total: Indicada para doença de
Neurológicos: Ansiedade, nervosismo, tremores. Graves e bócios multinodulares.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 22

o Hemitireoidectomia: Para CLASSIFICAÇÃO BETHESDA PARA NÓDULOS


adenomas tóxicos unilaterais.
1. Bethesda I: Material insuficiente. Repetir
COMPLICAÇÕES DO HIPERTIREOIDISMO PAAF.

• Crise tireotóxica: Emergência médica 2. Bethesda II: Benigno. Acompanhamento


caracterizada por febre, taquicardia clínico e ultrassonográfico.
extrema e insuficiência cardíaca.
3. Bethesda III: Atipia indeterminada. Repetir
• Doenças cardiovasculares: Arritmias e PAAF ou cirurgia.
insuficiência cardíaca.
4. Bethesda IV: Lesão folicular. Teste molecular
• Osteoporose: Excesso de hormônios afeta ou cirurgia.
a densidade óssea.
5. Bethesda V e VI: Suspeito ou maligno.
NÓDULOS TIREOIDIANOS Indicação cirúrgica (hemi ou tireoidectomia
total).
EPIDEMIOLOGIA
CRITÉRIOS PARA REFERENCIAMENTO
• Prevalência: 4-7% em mulheres e 1% em
homens, com maior frequência em idosos • Alterações na voz ou rouquidão sem
e em áreas suficientes em iodo. causa aparente.

• Até 67% dos nódulos são detectados por • Crescimento rápido do nódulo.
USG, e 5-10% correspondem a • Nódulo tireoidiano em crianças ou
carcinomas de tireoide. associado a adenopatia cervical.

AVALIAÇÃO INICIAL RASTREAMENTO NA APS


1. Anamnese: Medir TSH em indivíduos acima de 35 anos a
 Fatores de risco para câncer de tireoide, cada 5 anos, principalmente em pacientes com
como histórico de radiação na fatores de risco para doenças tireoidianas.
cabeça/pescoço na infância, história
familiar ou sintomas de malignidade (ex.:
rouquidão, crescimento rápido do
nódulo).

2. Exame físico:

 Nódulos endurecidos, pouco móveis ou


associados a linfadenomegalia cervical
devem levantar suspeita de
malignidade.

EXAMES COMPLEMENTARES
1. TSH: Realizado em todos os pacientes com
nódulos maiores que 1 cm.

 Se TSH diminuído, realizar cintilografia


para avaliar funcionalidade do nódulo.

2. USG de tireoide: Fundamental para avaliar


características morfológicas.

 Critérios suspeitos: hiperecogenicidade,


microcalcificações, bordas irregulares.

3. PAAF (Punção Aspirativa por Agulha Fina):

 Indicada para nódulos > 1 cm ou


menores com características suspeitas.


SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 23

Hipotireoidismo Nos idosos, os sinais podem ser confundidos com


o envelhecimento ou outras condições, como
insuficiência cardíaca ou depressão.
INTRODUÇÃO
DIAGNÓSTICO
ETIOLOGIA
1. Hipotireoidismo primário (95% dos casos) EXAMES LABORATORIAIS
Anormalidades laboratoriais que podem estar
Hipotireoidismo declarado: T4L reduzido e TSH presentes: anemia leve, hiponatremia,
elevado. dislipidemia, elevações de creatinofosfoquinase
 Tireoidite de Hashimoto (causa mais (CK) e de prolactina.
comum): Doença autoimune que destrói  TSH > 6 mUI/mL e T4 livre < 0,7 ng/Dl =
progressivamente a tireoide. hipotireoidismo primário.
 Pós-radioterapia ou cirurgias na tireoide.
 Deficiência de iodo.  Anticorpos anti-TPO e anti-Tg (sugestivos de
 Uso de medicamentos como lítio, Hashimoto).
amiodarona e interferon.
 Hipotireoidismo subclínico: TSH ↑ e T4L
 Tireoidite pós-parto.
normal
 Doenças infiltrativas (amiloidose,
sarcoidose). EXAME FÍSICO
Hipotireoidismo subclínico: Níveis normais de T4L,  Presença de bócio, mixedema, pele seca.
mas com TSH elevado.
 Na tireoidite de Hashimoto, a tireoide pode
2. Hipotireoidismo central estar aumentada, firme e indolor.

Hipotireoidismo secundário: Disfunção hipofisária DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS :


reduz a secreção de TSH.
 Anemia, depressão clínica, síndrome de
Hipotireoidismo terciário: Alteração no Cushing.
hipotálamo compromete o TRH (hormônio
liberador de tireotrofina). TRATAMENTO
O objetivo é restaurar a função tireoidiana e
o Ex.: Tumores, radioterapia, síndrome de
normalizar os níveis hormonais por meio de
Sheehan.
reposição com levotiroxina:
3. Hipotireoidismo congênito
Doses iniciais:
Caracterizado pela ausência parcial ou total da
o Adultos < 60 anos sem comorbidades: 50
função tireoidiana ao nascimento, sendo
mcg/dia.
detectado no teste do pezinho.
o Idosos (> 65 anos) ou com doenças
FATORES DE RISCO cardíacas: Iniciar com 25 mcg/dia e
• Mulheres em idade fértil ou > 60 anos. aumentar gradativamente.

• História pessoal ou familiar de doença Manutenção:


autoimune.
o Ajustes conforme TSH a cada 6-8 semanas.
• Uso de medicamentos: lítio, amiodarona
o Alvo de TSH:
• Radioterapia ou cirurgia na tireoide.
▪ Adultos jovens: 1-2,5 mUI/L.
• Síndromes genéticas (Down, Turner).
▪ Idosos (> 70 anos): 4-6 mUI/L.
• Dislipidemia, insuficiência cardíaca ou
Orientações ao paciente
baixa ingestão de iodo.
• Tomar a medicação em jejum, 30 minutos
QUADRO CLÍNICO antes do café da manhã.
Sinais clássicos: fraqueza, fadiga, intolerância ao
frio, constipação, ganho de peso, depressão, • Evitar interações com cálcio, ferro e
menorragia e mialgia outros medicamentos.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 24

COMPLICAÇÕES
Polifarmácia
Sem tratamento: Depressão grave, insuficiência
cardíaca, coma mixedematoso.
INTRODUÇÃO
Tratamento inadequado: A polifarmácia é o uso simultâneo de quatro ou
mais medicamentos por um paciente, podendo
o Doses excessivas podem causar
incluir tanto prescrição médica quanto
hipertireoidismo iatrogênico, com risco de
medicamentos de venda livre ou fitoterápicos.
arritmias e osteoporose.
Frequentemente observada em idosos,
SITUAÇÕES ESPECIAIS pacientes pós-hospitalizados e aqueles com
múltiplas doenças crônicas, a polifarmácia pode
Gestantes e puérperas: resultar em graves consequências, como
o Ajustar doses para evitar complicações aumento da mortalidade, piora na qualidade de
gestacionais e garantir o desenvolvimento vida, comprometimento cognitivo, quedas e
fetal. hospitalizações frequentes. Medicamentos
como sedativos, antidepressivos, AINEs,
Hipotireoidismo subclínico anticoagulantes, diuréticos e opioides são
particularmente arriscados quando usados em
o Tratar se TSH > 10 mUI/L ou em pacientes
combinação.
com alto risco cardiovascular.

Idosos IDENTIFICAÇÃO E MANEJO


1. Revisão Medicamentosa
o Tratamento mais conservador para evitar
efeitos colaterais cardíacos. o Avaliar todos os medicamentos,
incluindo os de venda livre e
QUANDO REFERENCIAR fitoterápicos.
• Puérperas e gestantes com controle
o Identificar medicamentos que podem
inadequado.
ser descontinuados ou ajustados.
• Casos graves (mixedema, coma
2. Priorizar Medicamentos Essenciais
mixedematoso).
o Garantir o uso de fármacos necessários
• Pacientes com nódulos tireoidianos ou
para tratar condições agudas ou
bócio significativo.
crônicas.
• Ausência de resposta ao tratamento.
o Reduzir o uso de medicamentos
preventivos em pacientes com
expectativa de vida limitada.

3. Evitar Cascata Iatrogênica

o Identificar e interromper medicamentos


prescritos para tratar efeitos adversos de
outros medicamentos.

4. Abordagem Centrada no Paciente

o Considerar o contexto individual na


desprescrição.

o Envolver o paciente no processo


decisional, esclarecendo os benefícios e
riscos.

SUSPENSÃO MEDICAMENTOSA
A desprescrição deve ser gradual e baseada em
evidências clínicas, com monitoramento para
efeitos adversos:
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 25

• Diuréticos: Suspensão bem-sucedida em


51% a 100% dos casos, com cautela em Desprescrição Medicamentosa
insuficiência cardíaca.
INTRODUÇÃO
• Anti-hipertensivos: Até 85% dos idosos
A desprescrição é o processo de redução ou
permanecem normotensos após a
retirada de medicamentos que são
suspensão, sem aumento de
considerados inadequados ou desnecessários,
mortalidade.
com base em uma análise detalhada do
• Estatinas: Indicado em pacientes com tratamento e dos efeitos em cada paciente.
expectativa de vida reduzida.
Desprescrever significa: suspender medicações
• Omeprazol: Suspensão gradual para que não obedeçam a uma adequada relação
evitar efeito rebote. benefício-risco. Os pacientes devem utilizar
apenas os fármacos cuja relação benefício-risco
• Psicotrópicos: Retirada pode melhorar a
seja favorável
função cognitiva e reduzir quedas, mas
alguns pacientes retomam o uso. Os últimos medicamentos a serem avaliados
para desprescrição são aqueles utilizados para
DESAFIOS E SOLUÇÕES tratamentos paliativos, porém, os pacientes sob
1. Cultura de Prescrição estes cuidados devem sempre ser avaliados para
a adequada desprescrição de medicamentos,
o Diretrizes de saúde pública muitas vezes seguindo o roteiro a seguir.
incentivam o uso excessivo de
medicamentos, dificultando a POLIMEDICAÇÃO
desprescrição.
A polimedicação refere-se ao uso de cinco ou
2. Capacitação dos Profissionais de Saúde mais medicamentos crônicos por um paciente.
Qualitativamente, também inclui a utilização de
o Médicos e profissionais de saúde precisam medicamentos inadequados, mesmo que em
ser treinados para realizar desprescrições menor quantidade.
seguras e eficazes, com base em
evidências e necessidades do paciente. Consequências da polimedicação

3. Revisões Periódicas • Adesão terapêutica reduzida: pacientes


têm dificuldade em seguir tratamentos
o Monitoramento contínuo é essencial, complexos.
especialmente em populações
vulneráveis. • Aumento dos efeitos adversos e
interações medicamentosas: maior risco
4. Desprescrição Cuidadosa de eventos indesejados.
o A retirada de medicamentos deve ser • Hospitalizações e morbimortalidade
gradual, com acompanhamento rigoroso. elevadas: complicações relacionadas a
medicamentos podem resultar em
Impacto na Saúde e Qualidade de Vida
internações.
O manejo adequado da polifarmácia visa reduzir
• Redução na qualidade de vida: maior
interações medicamentosas, melhorar a adesão
sobrecarga física e emocional.
ao tratamento e promover uma melhor
qualidade de vida. A abordagem colaborativa,
FATORES QUE INFLUENCIAM A
envolvendo médicos, farmacêuticos, cuidadores
DESPRESCRIÇÃO
e pacientes, é essencial para garantir um
processo de desprescrição seguro e eficaz. BARREIRAS
Priorizar a avaliação crítica do uso de
medicamentos pode prevenir os impactos 1. Falta de tempo e sobrecarga dos
negativos da polifarmácia, promovendo um profissionais de saúde: comprometem uma
cuidado mais centrado no paciente. avaliação criteriosa.

2. Sociedade medicalizada e tecnificada:


prioriza soluções farmacológicas para
problemas de saúde.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 26

3. Modelo biomédico predominante: foco causar sintomas como alucinações,


excessivo na doença em detrimento do confusão, náuseas e convulsões.
cuidado integral.
2. Efeito rebote
4. Resistência dos profissionais: receio de
o Reaparecimento exacerbado dos
prejudicar o paciente ao desprescrever.
sintomas originais após a suspensão
5. Fragilidade na relação médico-paciente: abrupta do fármaco.
falta de confiança dificulta mudanças no
3. Desmascaramento de interações
tratamento.
medicamentosas
FACILITADORES
o Ao retirar um medicamento, interações
1. Relação médico-paciente sólida: confiança previamente mascaradas podem se
e respeito mútuo são essenciais. manifestar.

2. Envolvimento ativo do paciente: ajuda a 4. Reaparição de sintomas


alinhar expectativas e compreender o
processo. o Importante diferenciar entre sintomas
originais e efeito rebote.
3. Disponibilidade de alternativas não
farmacológicas: ampliam as opções ERROS FREQUENTES
terapêuticas. 1. Desconsiderar o contexto biopsicossocial: a
abordagem deve ser individualizada e
ETAPAS DA DESPRESCRIÇÃO
abrangente.
1. Conhecer os medicamentos e doses: Avaliar
todos os medicamentos em uso, incluindo 2. Excluir o paciente do processo: decisões
dose, frequência, aderência e reações compartilhadas são essenciais para o
adversas. sucesso.
2. Risco x benefício de cada droga: Avaliar os 3. Realizar mudanças múltiplas
benefícios e riscos de cada medicamento, simultaneamente: aumenta o risco de
considerando a condição clínica do eventos adversos.
paciente, como expectativa de vida e
presença de quedas. 4. Ignorar alternativas não farmacológicas:
3. Identificar medicamentos inapropriados: fundamentais para minimizar os impactos da
Utilizar ferramentas como Beers e STOPP para retirada.
identificar medicamentos potencialmente
5. Falta de registro adequado: prejudica o
prejudiciais.
acompanhamento e a continuidade do
4. Decidir pela suspensão: Priorizar os
cuidado.
medicamentos a serem suspensos, com
consentimento do paciente e/ou 6. Não envolver a equipe multiprofissional:
cuidadores. farmacêuticos e enfermeiros são aliados
5. Planejar a redução ou suspensão: Planejar a importantes no processo.
retirada dos medicamentos de forma
gradual, com base em justificativas
documentadas.
6. Monitorar: Acompanhar os efeitos da
desprescrição e capacitar os envolvidos na
identificação de sintomas e desfechos.
7. Documentar sempre: Registrar todas as
etapas do processo, incluindo decisões e
observações

COMPLICAÇÕES COMUNS NA
DESPRESCRIÇÃO
1. Síndrome de retirada

o Medicamentos que atuam no SNC,


como benzodiazepínicos e ISRS, podem
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 27

Pré Natal de baixo risco Certeza:

o Batimentos cardíacos fetais (BCF) a partir


INTRODUÇÃO de 10-12 semanas.
o Percepção de movimentos fetais.
O pré-natal é o conjunto de visitas programadas
o Beta-hCG positivo.
da gestante com a equipe de saúde para
garantir a saúde da mãe e do bebê. Seus EXAMES COMPLEMENTARES
principais objetivos incluem:
• Ultrassom: Estruturas do saco gestacional
• Assegurar um nascimento saudável. visíveis a partir da 5ª semana.

• Minimizar riscos e identificar PRIMEIRA CONSULTA PRÉ-NATAL


precocemente possíveis complicações
Anamnese + Exame Físico Completos
para reduzir a morbidade.
Exames Laboratoriais e de Imagem
• Educar a gestante e sua família sobre
cuidados e saúde durante a gestação e • USG obstétrica inicial (6 a 9 semanas),
após o nascimento. morfológica do 1º trimestre (11 a 14
semanas), do 2º trimestre (18 a 24
PRÉ-CONCEPÇÃO semanas), do 3º trimestre (34 a 36
semanas) e ecocardiograma fetal (22 a
ORIENTAÇÕES 28 semanas).
• Promover um estado nutricional
adequado. Solicitar exames básicos de rotina
• Avaliar condições de trabalho. • Hemograma completo
• Informar sobre os riscos do tabagismo, • Urina tipo 1 e urocultura
consumo de álcool e outras drogas. • Glicemia de jejum
• Recomendar um intervalo gestacional de • VDRL
pelo menos dois anos. • Anti-HIV
• Tipo sanguíneo e fator Rh
VACINAÇÃO
• Sorologia para toxoplasmose (IgG e IgM)
• Administrar vacinas pelo menos três • HBsAg (hepatite B)
meses antes da gestação, incluindo • IgG para rubéola (se necessário, com
rubéola, difteria, varicela e caxumba. base na imunização)

CONTROLE DE FATORES DE RISCO Avaliar histórico vacinal e atualizar apenas se


necessário.
DM: HbA1c < 6%; substituir hipoglicemiantes orais
por insulina. Reforçar orientações gerais, como
suplementação de ácido fólico e orientações
Epilepsia: Substituir anticonvulsivantes, como
dietéticas.
ácido valproico, por Lamotrigina.
Coleta de Papanicolau apenas se o exame
Ácido fólico: 400 mcg/dia, iniciando 30 dias
estiver em atraso, ou seja, realizado há mais de 3
antes da concepção até o final do primeiro
anos.
trimestre.
EXAMES E SUAS IMPORTÂNCIAS
DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO
Hemograma:
Sinais clínicos
• Realizado na 1ª consulta, 2º e 3º trimestres.
Presunção: Náuseas, vômitos, tontura, atraso
menstrual (> 14 dias), alterações cutâneas • Tratamento da anemia com
(cloasma gravídico, linha nigra), alterações suplementação de ferro conforme a
mamárias (Tubérculos de Montgomery, Rede de gravidade.
Haller).
Tipagem Sanguínea e Fator Rh:
Probabilidade: Sinais de Hegar (amolecimento
do istmo uterino), Piskacek (abaulamento no • Importante para gestantes RhD negativo
local da nidação), e Osiander (pulsação arterial e manejo de imunoglobulina anti-D.
vaginal), além do aumento do volume uterino.
EAS + Urocultura:
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 28

• Tratamento de infecções urinárias e


bacteriúria assintomática. Cólica Renal
POSSÍVEIS INTERCORRÊNCIAS INTRODUÇÃO
ITU: Tratamento com antibióticos adequados. A cólica renal é uma dor intensa provocada pela
obstrução das vias urinárias superiores,
Diabetes Mellitus Gestacional (DMG):
frequentemente devido à presença de cálculos
Diagnóstico e manejo com controle glicêmico
renais. Outras causas incluem necrose papilar
rigoroso.
renal, compressão ureteral por adenopatias,
Hipotireoidismo: Diagnóstico e tratamento doenças metabólicas, como diabetes, e
conforme níveis de TSH e T4 livre. condições genéticas como a doença falciforme.

Toxoplasmose: Prevenção, diagnóstico e FATORES DE RISCO


tratamento adequados.
Biológicos: Clima quente e seco, predisposição
Hepatite B: Vacinação e manejo de gestantes genética (herança poligênica), e homens
com infecção ativa. brancos.

Sífilis e HIV: Diagnóstico precoce e tratamento Comportamentais: Dieta rica em proteínas e


contínuo. sódio, baixa ingestão de líquidos e potássio.

Hiperêmese Gravídica: Manejo hospitalar para DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL


casos graves. Lombalgia, pielonefrite, apendicite, colecistite,
aneurisma abdominal, torção testicular, gravidez
QUANDO REFERENCIAR AO ALTO RISCO
ectópica, diverticulite.
• Hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia.
• CIUR (crescimento intrauterino restrito). CLASSIFICAÇÃO DOS CÁLCULOS
• Alterações glicêmicas. URINÁRIOS
• Infecções como sífilis ou toxoplasmose 1. Não infecciosos: Oxalato de cálcio, fosfato
ativa. de cálcio, ácido úrico.
DIREITOS TRABALHISTAS DAS GESTANTES 2. Infecciosos: Estruvita (fosfato de magnésio
• Estabilidade no emprego: Desde a e amônio), carbonatoapatita.
confirmação da gravidez até 5 meses
3. Genéticos: Cistina, xantina.
após o parto.
4. Medicamentosos: Cálculos induzidos por
• Licença-maternidade: 120 a 180 dias.
fármacos.
• Períodos para amamentação: Redução
de jornada para amamentação. DIAGNÓSTICO

• Mudança de função: Em casos de risco à ANAMNESE + EXAME FÍSICO


saúde. Sintomas principais: Dor lombar intensa,
• Auxílio-doença: Para complicações irradiando para flanco, abdome inferior ou virilha,
relacionadas à gravidez. hematúria, náuseas, vômitos e febre.

Manobra de Giordano: Teste para dor no flanco


(15% de sensibilidade), mais comum em
pielonefrite.

Exame físico: Inspeção abdominal e teste de


peritonite, além de exame
ginecológico/testicular em caso de suspeita de
patologias concorrentes.

EXAMES COMPLEMENTARES
EAS: Para detecção de hematúria e infecção.

USG das vias urinárias: Avaliação de obstrução e


cálculos.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 29

RX das vias urinárias: Localização de cálculos


radiopacos. ITU
TC: Método mais sensível para diagnóstico e INTRODUÇÃO
avaliação de hidronefrose.
Cistite: Infecção que afeta o trato urinário baixo
TRATAMENTO (uretra e bexiga).

Pielonefrite: Infecção que atinge o trato urinário


TRATAMENTO CONSERVADOR
superior (ureteres e rins).
1. Analgésicos
FATORES DE RISCO
o Cetoprofeno 100 mg, 1 cp. 12/12h por 5
dias 1. Fatores Gerais

o Dipirona OU Paracetamol 500 mg, 1cp. o Sexo feminino (uretra mais curta e próxima
6/6/h se dor leve/moderada. ao ânus).
o Atividade sexual.
o Paracetamol + codeína (500 + 30 mg), o Obesidade.
1cp. 6/6/h se dor intensa. o Uso de fraldas.
o Susceptibilidade genética.
2. Relaxantes Ureterais
2. Condições e Hábitos Associados
o Tansulosina 0,04 mg, 1 cp. à noite por 4 a
6 semanas. o Infecções vaginais.
o Maus hábitos de higiene pessoal.
o Doxazosina 4 mg, 1 cp. à noite por 4 a 6
o Uso de diafragma ou espermicidas.
semanas.
o Cateterismo ou sondagem urinária.
Monitoramento: USG semanal OU RX para o Primeira ITU na infância.
monitoramento do cálculo e sinais de o Doenças prostáticas em homens acima
hidronefrose. de 50 anos.

CRITÉRIOS DE REFERÊNCIA PARA 3. Condições Específicas


URGÊNCIA/UROLOGISTA o Gravidez.
• Urgência: Ineficácia de analgesia, anúria, o Diabetes mellitus.
sinais de infecção urinária, suspeita de o Imunossupressão.
gravidez ectópica, pacientes ≥ 60 anos.
EPIDEMIOLOGIA
• Urologista: Cálculos > 10 mm, não
Segunda infecção mais comum na população
eliminação do cálculo após 6 semanas,
geral.
cálculos vesicais ou assintomáticos > 10
mm. Mais prevalente em mulheres, especialmente em
idade fértil.
PROGNÓSTICO E COMPLICAÇÕES
Em homens, a incidência aumenta após os 50
• Prognóstico: 80% dos cálculos são
anos devido a alterações prostáticas.
expelidos espontaneamente, geralmente
em 28 a 42 dias. A bacteriúria assintomática é mais frequente em:
• Complicações: Infecções urinárias o Grávidas.
graves, lesão renal aguda devido à
pressão urinária elevada ou toxicidade o Idosos.
dos cristai o Pacientes com cateterismo vesical.

ETIOLOGIA
Causa principal: Infecção bacteriana, mas pode
ser causada por fungos, principalmente em
imunossuprimidos.

Agentes comuns:
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 30

o Adquirida na comunidade: Escherichia  Dor lombar.


coli (predominante), seguida por  Mal-estar geral.
Staphylococcus, Klebsiella e Enterococcus
faecalis. DIAGNÓSTICO
O diagnóstico baseia-se na combinação de
o Adquirida em ambiente hospitalar:
sintomas clínicos e exames laboratoriais.
Predominam as enterobactérias, mas E.
coli também é frequente. 1. Exames Laboratoriais

CLASSIFICAÇÃO DAS ITUS o Padrão ouro: Urocultura (confirmação


com ≥ 100.000 UFC/mL).
1. Por Localização
o EAS (Exame de Urina):
o ITU Baixa (Cistite): Acomete a uretra e a
bexiga. ▪ Nitrito positivo: Indica infecção, mas
sua ausência não exclui o
o ITU Alta (Pielonefrite): Acomete os
diagnóstico.
ureteres e os rins.
▪ Piúria: Presença de leucócitos na
2. Por Gravidade
urina.
ITU Não Complicada: Sem fatores de alarme.
▪ Hematúria e bacteriúria.
Geralmente em mulheres jovens e saudáveis.
2. Indicação de Exames de Imagem
ITU Complicada: Ocorre em populações de risco,
como: o USG: Indicada em pielonefrite ou
suspeita de obstruções.
▪ Gestantes.
▪ Idosos. o TC: Usada em casos de ITU recorrente ou
▪ Diabéticos. para investigação de anomalias
▪ Imunossuprimidos. estruturais.
▪ Obstrução do trato urinário.
▪ Uso de sonda ou cateter urinário. TRATAMENTO
▪ ITU recorrente ou associada a alterações
anatômicas ou funcionais. MEDIDAS GERAIS
Aumentar a ingestão de líquidos: Ajuda a diluir a
SINTOMATOLOGIA
urina e a promover a micção frequente,
1. Bacteriúria Assintomática facilitando a eliminação de patógenos.
Não apresenta sintomas clínicos. Higienização adequada das mãos e genitália:
Previne a disseminação e reinfecção por
Geralmente não requer tratamento, exceto em:
bactérias.
 Gestantes.
Não reter urina: Urinar regularmente ajuda a
 Pacientes imunossuprimidos.
eliminar bactérias da bexiga.
 Antes de cirurgias urológicas.
Urinar após relações sexuais: Ajuda a prevenir a
2. Infecção Baixa (Cistite)
migração de bactérias para a bexiga.
 Disúria (dor ao urinar).
Evitar múltiplos parceiros sexuais: Reduz o risco
 Polaciúria (aumento da frequência)
de transmissão de patógenos.
 Urgência urinária.
 Sensação de esvaziamento incompleto FARMACOLÓGICO
da bexiga.
 Urina turva ou com odor desagradável. Cistite Não Complicada
 Hematúria (sangue na urina). o Fosfomicina: 3 g em dose única (DU), eficaz
 Dor suprapúbica. contra a maioria dos patógenos
causadores de ITU.
3. Infecção Alta (Pielonefrite)
o Nitrofurantoína: 100 mg a cada 6 horas por
 Febre e calafrios.
 Náuseas e vômitos. 7 dias, especialmente eficaz em infecções
 Dor em flanco (geralmente unilateral). simples e não complicadas da bexiga.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 31

o Evitar: Uso de quinolonas (como A bacteriúria assintomática em gestantes pode


ciprofloxacino) devido ao risco de levar a complicações graves, como parto
resistência bacteriana. prematuro ou infecção renal.

Cistite Complicada PREVENÇÃO


o Definição: em pcts. com comorbidades, • Higiene adequada e ingestão regular de
anomalias anatômicas ou imunossupressão, líquidos.
que predispõem a uma infecção mais difícil
• Urinar após relações sexuais.
de tratar e com risco de complicações.
• Evitar o uso indiscriminado de cateteres.
o Tratamento: Iniciar antibiótico empírico e
ajustar com base em cultura e • Identificação precoce e tratamento de
antibiograma. O ciprofloxacino pode ser fatores predisponentes em populações
utilizado, pois tem uma ação mais ampla, de risco.
mas a escolha do antibiótico depende da
resistência local.

Pielonefrite Não Complicada

o Ambulatorial: Ciprofloxacino 500 mg, 12/12


horas, por 7-14 dias

o Hospitalar: Ciprofloxacino 400 mg EV, 12/12


horas, ou Levofloxacino 750 mg/dia EV.

Pielonefrite Complicada

Definição: Quando há complicações associadas


à infecção renal, como sepse, insuficiência renal
ou anomalias anatômicas que dificultam o
tratamento.

Tratamento: Ceftolozano + Tazobactam é uma


combinação eficaz para tratar infecções
resistentes. Sempre realizar cultura e
antibiograma para ajustar o tratamento.

ITU RECORRENTE
Profilaxia contínua: Fosfomicina 3 g a cada 10
dias, por 6 meses, para evitar recorrências em
mulheres com histórico de infecções urinárias
recorrentes.

Profilaxia pós-coito: Nitrofurantoína 100 mg após


relações sexuais em pacientes com infecções
urinárias recorrentes associadas a atividade
sexual.

Autotratamento: Reservado para mulheres com


histórico bem documentado de ITUs recorrentes,
onde elas podem iniciar antibióticos por conta
própria com orientação médica.

PROGNÓSTICO
Geralmente, as ITUs respondem bem ao
tratamento adequado, especialmente em casos
não complicados.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 32

Corrimento Vaginal • Corrimento homogêneo,


amarelado ou acinzentado.
branco-

INTRODUÇÃO Odor fétido (amínico), especialmente


após relação sexual.
Corrimento Fisiológico (Mucorreia): Normal, sem
odor, sem prurido, sem dor. • pH vaginal > 4,5.

Corrimento Patológico: Associado a alterações • Não é considerada uma IST, mas pode ser
como odor, dor, prurido, febre ou outros sinais de associada ao ato sexual.
infecção.
Diagnóstico (Critérios de Amsel): Três dos quatro
DURANTE A CONSULTA critérios confirmam:
1. Anamnese 1. Corrimento acinzentado homogêneo.

• Sintomas: Quantidade de secreção, 2. pH vaginal > 4,5.


presença de odor, inflamação, dor
pélvica, prurido, febre, dispareunia (dor 3. Odor amínico positivo no teste das aminas.
na relação sexual). 4. Presença de clue cells no microscópio.
• Histórico Sexual: Uso de métodos Tratamento
contraceptivos, tipo de atividade sexual
(vaginal, anal), número de parceiros. • Metronidazol 250 mg, 2 comprimidos, 2x ao
dia, por 7 dias.
• Momento e Contexto: Fase do ciclo
menstrual, alterações da flora vaginal, • Em casos recorrentes, prolongar o
hábitos de higiene, estresse. tratamento por 10-14 dias.

2. Exame Físico e Ginecológico • Não tratar pacientes assintomáticas.

• Genitália Externa: Inspeção da vulva, 2. CANDIDÍASE VAGINAL


região perianal e introito vaginal.
Agente Causal: Candida albicans (mais comum)
• Exame Especular: Avaliação das paredes e outras espécies.
vaginais, colo do útero e fundo de saco.
Características
• Teste de pH Vaginal: Útil para diferenciar
Corrimento branco, grumoso, com
condições infecciosas.
aspecto de "leite coalhado".
3. Coleta de Material Vaginal
o Prurido intenso (sintoma principal).
• Teste das Aminas/Whiff: Mistura do
o pH vaginal geralmente < 4.
conteúdo vaginal com KOH 10%
(presença de odor semelhante a peixe o Edema vulvar, dispareunia e desconforto
indica vaginose). urinário.

• Visualização Microscópica: Avaliação de Fatores Predisponentes


clue cells, micélios ou parasitas.
o Gestação, diabetes mellitus, obesidade,
• Teste de Schiller: Uso de ácido acético e uso de corticoides, antibióticos,
iodo para avaliar alterações celulares. imunossupressão, higiene inadequada.

PRINCIPAIS VULVOVAGINITES Diagnóstico

o Visualização de micélios ou esporos no


1. VAGINOSE BACTERIANA
microscópio com KOH.
Agente Causal: Gardnerella vaginalis (principal)
e outros anaeróbios. o Cultura em meio Sabouraud para casos de
recorrência.
Etiologia: Desequilíbrio da flora vaginal com
redução de lactobacilos. Tratamento

Características o Miconazol 2%, aplicação vaginal noturna


por 7 noites.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 33

o Casos complicados ou recorrentes: 2. CERVICITE NÃO GONOCÓCICA


tratamento estendido para 10-14 noites.
Agente Causal: Chlamydia trachomatis.
3. TRICOMONÍASE Características
Agente Causal: Trichomonas vaginalis.
o Geralmente assintomática,
Características frequentemente associada à gonorreia.

Corrimento abundante, amarelo- o Risco de evolução para Doença


esverdeado, bolhoso. Inflamatória Pélvica (DIP).

o Prurido, hiperemia vulvar e colpite (aspecto o Na gestação: alto risco de contaminação


de "framboesa" no colo uterino). no canal de parto.

o pH vaginal > 4,5. Tratamento

Diagnóstico o Azitromicina 500 mg (2 comprimidos), dose


única.
o Identificação de parasitas flagelados no
exame a fresco. PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO
o Teste de Schiller com colo "tigroide". • Esclarecer sobre corrimento vaginal
fisiológico e alterações normais do ciclo
Tratamento menstrual.
o Metronidazol 2 g (5 comprimidos) em dose • Orientar sobre importância do exame
única. ginecológico e rastreamento de câncer
o Tratar parcerias sexuais com o mesmo de colo do útero.
esquema terapêutico. • Incentivar o uso de preservativos e testes
o Durante o tratamento: rápidos para ISTs.

▪ Evitar álcool por 24 horas.

▪ Suspender relações sexuais.

▪ Manter o tratamento mesmo durante


a menstruação.

CERVICITES

1. CERVICITE GONOCÓCICA
Agente Causal: Neisseria gonorrhoeae.

Características

o Assintomática em 60-80% dos casos.

Secreção endocervical purulenta,


dispareunia, dor pélvica, colo friável.

o Na gestação: risco de prematuridade,


infecção neonatal (sepse, conjuntivite,
meningite).

Tratamento

o Infecção não complicada: Ceftriaxona


500 mg IM + Azitromicina 500 mg VO (dose
única).

o Infecção disseminada: Ceftriaxona 1 g IM


ou IV por 7 dias + Azitromicina.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 34

Tratamento
ISTS o Primo-infecção: Aciclovir 200 mg, 2 cp a
cada 8 horas, por 7 dias
INTRODUÇÃO
o Reinfecção: Aciclovir 200 mg, 2 cp a cada
Método Clínico Centrado na Pessoa
8 horas, por 5 dias
1. Exploração da Saúde e Experiência da
o Nota Importante: O tratamento não cura a
Doença: Compreender a percepção do
infecção, mas visa reduzir a intensidade e a
paciente sobre sua saúde, doença e os
duração dos surtos. Gestantes com lesões
impactos da doença na sua vida.
ativas podem precisar de cesariana para
2. Visão Holística: Entender a pessoa como evitar transmissão vertical.
um todo, considerando aspectos
emocionais, sociais e físicos. Isso inclui ouvir DONOVANOSE (KLEBSIELLA
o paciente de maneira empática, GRANULOMATIS)
permitindo que ele se sinta confortável para Manifestações Clínicas: Úlceras profundas,
relatar sintomas e comportamentos de indolores, de evolução crônica, com diagnóstico
risco. confirmado por biópsia mostrando corpúsculos
de Donovan.
3. Planejamento Conjunto de Manejo: O
médico e o paciente devem elaborar um Tratamento
plano conjunto de tratamento e
prevenção, com base nas preferências e o Doxiciclina 100 mg, 2x ao dia, por 21 dias
necessidades do paciente. ou até desaparecimento das lesões

4. Fortalecimento da Relação Médico- LINFOGRANULOMA VENÉREO (CHLAMYDIA


Paciente: Manter uma comunicação TRACHOMATIS, SOROTIPOS L1 -L3)
aberta e respeitosa, criando um ambiente Manifestações Clínicas: Pápulas ou úlceras
de confiança. indolores, frequentemente associadas a
adenopatia dolorosa, com fistulização em
5. Promoção da Saúde: Além do tratamento
múltiplos focos, com aspecto de "bico de
das ISTs, deve-se incluir estratégias
regador".
educativas sobre prevenção, autocuidado
e comportamentos de risco.

ÚLCERAS GENITAIS Tratamento


As úlceras genitais são um dos principais sinais o Doxiciclina 100 mg, 2x ao dia, por 21 dias
clínicos de ISTs e podem ter diversas
apresentações clínicas, com diferentes CERVICITE E CORRIMENTO URETRAL
etiologias. As causas mais comuns incluem:
A cervicite e a uretrite são inflamações que
podem ser causadas por ISTs e afetam
CANCRO MOLE (HAEMOPHILUS DUCREYI)
principalmente mulheres, embora também
Manifestações Clínicas: Múltiplas úlceras possam ocorrer em homens. A cervicite ocorre
dolorosas, com fundo purulento, e adenopatia no colo do útero e é frequentemente associada
inguinal que pode fistulizar. a clamídia ou gonorreia.
Tratamento
FATORES DE RISCO
o Azitromicina 1g, via oral, dose única Sexo sem proteção, múltiplos ou novos parceiros
sexuais, baixo nível socioeconômico, histórico de
o Ou Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única
outras ISTs, parceiros com uretrite,
HERPES GENITAL (HERPES SIMPLEX 1,2) imunossuprimidos, e mulheres sexualmente ativas
menores de 25 anos.
Manifestações Clínicas: Lesões ulcerativas
pequenas, precedidas por vesículas agrupadas, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
frequentemente descritas como "cachos de
Cervicite: Muitas vezes assintomática, mas pode
uva", em base eritematosa. O surgimento das
incluir corrimento vaginal purulento, dor à
lesões é geralmente precedido de ardor ou
mobilização do colo do útero, dispareunia (dor
prurido.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 35

durante a relação sexual), e sangramento pós- e outros tipos de câncer, como de ânus, pênis e
coito. orofaringe, dependendo do tipo de vírus.

Uretrite: Corrimento uretral, disúria, prurido e PRINCIPAIS SOROTIPOS DO HPV


eritema uretral.
• HPV 16 e 18: Sorotipos com maior
TRATAMENTO potencial oncogênico, responsáveis pelo
câncer de colo de útero.
• Gonorreia: Ceftriaxona 500 mg, IM, dose
única + Azitromicina 500 mg, 2 cp via oral, • HPV 6 e 11: Associados principalmente ao
dose única. condiloma acuminado (verrugas
genitais), com baixo potencial
• Clamídia: Azitromicina 500 mg, 2 cp via
oncogênico.
oral, dose única.
FATORES DE RISCO
• Uretrite por Mycoplasma genitalium:
Azitromicina 500 mg, 2 cp via oral, dose Sexarca precoce: Início das relações sexuais em
única. idades mais jovens.

DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) Múltiplos parceiros sexuais: Maior exposição ao


vírus.
A DIP é uma complicação grave de infecções
cervicais que pode resultar em infertilidade, Histórico de ISTs : Maior probabilidade de contrair
abscessos pélvicos e dor crônica. HPV.

Etiologia Baixa imunidade: Indivíduos com sistema


imunológico comprometido (ex: HIV positivo,
• Principais Agentes Causadores: Clamídia
transplantados).
trachomatis e Neisseria gonorrhoeae.
Tabagismo: Fumo aumenta o risco de infecção
Critérios Diagnósticos
persistente por HPV.
A DIP pode ser diagnosticada com base nos
Baixo nível socioeconômico: Acesso limitado a
critérios clínicos e laboratoriais:
cuidados de saúde e prevenção.
• Critérios Maiores: Dor em hipogástrio, dor
à mobilização do colo, dor anexial.

• Critérios Menores: Febre, leucocitose,


aumento de VHS/PCR. PREVENÇÃO DO HPV
• Diagnóstico confirmado: Quando há 1. Uso de preservativo: Masculino ou feminino,
presença de pelo menos 3 critérios durante todas as relações sexuais.
maiores e 1 menor.
2. Vacinação:
TRATAMENTO o Vacina quadrivalente: Protege contra os
Casos Leves (tratamento ambulatorial): tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV.

o Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única + o Idade recomendada: Para meninas e
Doxiciclina 100 mg, 2x ao dia por 14 dias + meninos de 9 a 14 anos.
Metronidazol 250 mg, 2 cp, 2x ao dia por
o Vacinação em situações especiais:
14 dias.
Pode ser aplicada até 45 anos em
Casos Graves (tratamento hospitalar): Indicado pacientes com maior risco (ex:
em situações como abscesso tubo-ovariano, imunossuprimidos, transplantados,
gravidez, ou quando o paciente não responde pacientes com HIV ou oncológicos).
ao tratamento ambulatorial dentro de 72 horas.
DETECÇÃO E MONITORAMENTO DO HPV
PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) 1. Citologia Oncológica (Papanicolau):
É é o vírus responsável pela infecção
o Utilizada para rastreamento do câncer
sexualmente transmissível mais comum no
cervical, detectando alterações
mundo. Está fortemente associado ao câncer de
celulares precoces associadas ao HPV.
colo de útero, além de causar verrugas genitais
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 36

ASCUS (Células Escamosas Atípicas de


o
Significado Indeterminado): Resultado Sífilis
comum em mulheres com inflamação,
infecções ou outros fatores benignos. INTRODUÇÃO
A sífilis é uma infecção bacteriana causada pelo
2. HPV de Alto Risco:
Treponema pallidum. De caráter sistêmico,
o Testagem reflexa para HPV de alto risco crônico e curável, sua evolução sem tratamento
em casos de ASCUS, especialmente em pode levar a diferentes estágios de gravidade,
mulheres acima de 30 anos. comprometendo diversos órgãos e sistemas do
corpo. Nos últimos anos, houve uma
o Pesquisa de HPV: Indicado após
reemergência da doença no Brasil, tornando
diagnóstico de ASCUS ou em mulheres
essencial que os profissionais de saúde estejam
com histórico de lesões precursoras ou
capacitados para reconhecer suas
câncer cervical.
manifestações clínicas, interpretar exames
diagnósticos e instituir o tratamento adequado.
MANEJO DO RESULTADO ASCUS
1. Repetição da citologia: TRANSMISSÃO

o Mulheres acima de 30 anos devem Contato sexual: principal forma de transmissão,


repetir a citologia em 6 meses. ocorrendo por meio de lesões ou feridas em
áreas genitais, anais ou orais.
o Caso persista a alteração, realizar a
pesquisa de HPV. Transmissão vertical: ocorre durante a gestação
em mulheres não tratadas ou tratadas
2. Conduta em caso de HPV positivo: inadequadamente.
o Se o HPV de alto risco for detectado, A transmissibilidade é maior nos estágios iniciais
realiza-se colposcopia para avaliar da doença (primária e secundária), reduzindo-se
possíveis lesões precoces. nos estágios mais tardios.
3. Intervenção:
CLASSIFICAÇÃO
o Conização (biópsia ou remoção de • Sífilis recente: inclui as fases primária,
parte do colo do útero) só indicada secundária e latente recente (até 1 ano
em caso de lesões de alto grau ou de evolução).
câncer microinvasivo, e não em
casos de ASCUS. • Sífilis tardia: compreende as fases latente
tardia e terciária (mais de 1 ano de
Importância do Acompanhamento evolução).

• Rastreamento contínuo para detecção ESTÁGIOS DA SÍFILIS


precoce de lesões precoces e câncer
cervical. SÍFILIS PRIMÁRIA
• Evitar intervenções invasivas Incubação: de 10 a 90 dias.
desnecessárias e garantir um manejo
Manifestação inicial: úlcera (cancro duro),
conservador até que haja indicação
geralmente única, indolor, de bordas regulares e
clara de tratamento mais agressivo.
base endurecida, no local de entrada da
• Monitoramento regular para prevenir bactéria (genitália, ânus, boca ou pele).
complicações graves relacionadas ao
Linfadenopatia regional: frequentemente
HPV, como câncer cervical.
presente.

A lesão desaparece espontaneamente em 3 a 8


semanas, mesmo sem tratamento.

SÍFILIS SECUNDÁRIA
Ocorre entre 6 semanas e 6 meses após a
cicatrização do cancro.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 37

Manifestações cutâneas: inicialmente macular TRATAMENTO


eritematosa (roséola), seguida de lesões
BENZILPENICILINA BENZATINA.
papulosas eritematoacastanhadas, comuns em
regiões palmares e plantares, com colarinho de Indicação de tratamento imediato
escamação característico.
• Gestantes.
Lesões mucosas: placas acinzentadas em • Vítimas de violência sexual.
mucosas. • Pessoas com sífilis primária ou secundária.
• Indivíduos com risco de perda de
Outros sintomas: febre baixa, mal-estar, cefaleia,
seguimento.
linfadenopatia generalizada (gânglios
epitrocleares). Esquema terapêutico
• Os sintomas desaparecem em semanas, • Intervalo semanal entre doses.
trazendo falsa impressão de cura. • Reinício do esquema em gestantes
após intervalo >7 dias.
SÍFILIS LATENTE
Ausência de sinais e sintomas. MONITORAMENTO
Realizado com testes não treponêmicos:
Diagnóstico baseado em testes sorológicos
(treponêmicos e não treponêmicos). o Gestantes: mensalmente.
Dividida em latente recente (até 1 ano) e latente o Outros pacientes: a cada 3 meses por 1
tardia (mais de 1 ano). ano.
Cerca de 25% dos não tratados intercalam Critérios de sucesso: redução de titulação em 2
sintomas de secundarismo com latência. diluições (3 meses) e 4 diluições (6 meses).

SÍFILIS TERCIÁRIA NEUROSSÍFILIS


Surge entre 1 a 40 anos após a infecção. • Pode ocorrer em qualquer estágio.
Manifestações: • Manifestações: meningite, demência,
uveíte, paresia geral.
o Acometimento cardiovascular e
neurológico. • Diagnóstico: combinação de sintomas,
alterações no LCR (VDRL) e imagens.
o Formação de gomas sifilíticas
(tumorações que causam desfiguração e • Tratamento: Benzilpenicilina cristalina (3-4
incapacidade). milhões UI, IV, 4/4h por 14 dias).

DIAGNÓSTICO TRATAMENTO DE PARCERIAS SEXUAIS


Exames diretos: detecção do T. pallidum em • Exposição nos últimos 90 dias:
lesões. recomenda-se tratamento presuntivo.
Testes sorológicos: • Medicação: Benzilpenicilina Benzatina,
dose única (2,4 milhões UI, IM).
o Treponêmicos (Teste Rápido, FTA-ABS):
detectam anticorpos específicos. • Todos os parceiros devem ser testados e
Permanecem reagentes por toda a vida e tratados, quando indicado.
não monitoram a cura.

o Não treponêmicos (VDRL, RPR): avaliam


anticorpos não específicos, sendo úteis
para diagnóstico, monitoramento e cura.

Diagnóstico completo: combinação de dados


clínicos, sorológicos e histórico de exposição.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 38

Micoses e Onicomicoses ONICOMICOSE


Caracteriza-se por alterações na cor,
espessamento e dureza das unhas, com dor à
INTRODUÇÃO
manipulação.
As micoses são infecções fúngicas comuns que
afetam pele, cabelo, unhas e mucosas. A Acomete principalmente unhas dos pés e está
onicomicose, infecção das unhas, é uma das frequentemente associada a micoses nos pés.
formas mais prevalentes, principalmente nos pés.
DIAGNÓSTICO
AGENTES ETIOLÓGICOS
Exame micológico direto (KOH): ideal para
Candida sp.: afeta principalmente mucosas e lesões suspeitas.
unhas.
Cultura micológica: indicada quando o
Dermatófitos: fungos queratinofílicos, diagnóstico clínico não é conclusivo.
responsáveis por micoses na pele, cabelo e
Para onicomicose: exame e cultura micológica
unhas.
para confirmação, coletando material da
Malassezia: causa pitiríase versicolor, com lesões porção distal da unha.
hipopigmentadas ou hiperpigmentadas.
CONDUTA
SINAIS E SINTOMAS COMUNS 1. Medidas Não Farmacológicas
Prurido, descamação, eritema e maceração,
o Uso de calçados ventilados, evitar
com queixa principal de prurido.
compartilhamento de utensílios (lixas e
Sintomas podem durar meses, e sem tratamento, alicates), manter a região seca e
as complicações podem ser graves. higiênica.

2. Tratamento Farmacológico Tópico


FATORES PREDISPONENTES
Ambientes quentes e úmidos, uso de roupas o Azóis (miconazol, clotrimazol): 1ª
apertadas, lesões cutâneas e imunossupressão escolha para micoses cutâneas.
(ex.: diabetes).
o Terbinafina: eficaz em onicomicose
Fatores como fricção excessiva e umidade distal, com alta taxa de cura.
contribuem para o desenvolvimento de micoses.
3. Tratamento Farmacológico Sistêmico
TIPOS DE MICOSES COMUNS o Terbinafina oral (250mg/dia por 6-12
1. Tinea Capitis (micose do couro cabeludo): semanas) para lesões extensas e
lesões pustulosas, placas de tonsura e, em onicomicose.
casos graves, Kerion celsi (abscessos e
o Itraconazol e Griseofulvina: alternativas
alopecia cicatricial).
em casos específicos, com ajustes de
2. Tinea Pedis (micose dos pés): descamação, dose para crianças.
fissuras, prurido. Pode apresentar o padrão
"pé de mocassim". CONTRAINDICAÇÕES E EFEITOS ADVERSOS
• Tópicos: queimadura, irritação ou
3. Tinea Cruris (micose inguinal): lesões
dermatite de contato.
eritematosas e bem delimitadas, poupando
pênis e escroto. • Sistêmicos: náuseas, vômitos e
hepatotoxicidade. Contraindicado em
4. Tinea Corporis (micose do tronco): lesões
insuficiência hepática.
anulares pruriginosas com bordas bem
delimitadas. • Cuidado com associação com
corticosteroides tópicos, que pode levar
5. Pitiríase Versicolor: lesões hipopigmentadas
à falha no tratamento.
ou hiperpigmentadas, associadas ao
Malassezia. AÇÕES PREVENTIVAS
Enfatizar a importância da higiene pessoal e
secagem adequada das áreas afetadas pela
umidade.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 39

• Orientar sobre cuidados com unhas e


evitar o compartilhamento de utensílios Aleitamento Materno e
de manicure.
Introdução de novos Alimentos
• Uso de roupas e calçados adequados
para evitar ambientes úmidos. INTRODUÇÃO
O aleitamento materno é o primeiro passo para
uma alimentação saudável, atendendo
exclusivamente todas as necessidades
nutricionais da criança nos primeiros seis meses
de vida. A partir desse período, recomenda-se a
introdução de alimentos complementares,
mantendo o aleitamento até pelo menos os dois
anos, para garantir suporte nutricional e
imunológico adequados.

FASES DO LEITE MATERNO


Colostro: Secretado até cerca de 7 dias após o
parto. Rico em proteínas, baixo teor de lipídios e
calorias, e alto conteúdo de fatores
imunológicos, minerais e vitaminas A, E e K.

Leite de transição: Produzido entre 7 e 15 dias


após o nascimento, apresenta características
intermediárias entre o colostro e o leite maduro.

Leite maduro: Secretado após o 15º dia.


Completo e adequado para as necessidades do
bebê:

o Leite anterior: Mais aquoso, rico em lactose


e fatores de proteção.

o Leite intermediário: Maior quantidade de


caseína.

o Leite posterior: Mais denso e rico em


gorduras, promovendo saciedade e ganho
ponderal.

DEFINIÇÕES
Aleitamento materno: Leite materno,
independente de outros alimentos.

Aleitamento exclusivo: Somente leite materno,


exceto SRO, vitaminas, minerais e
medicamentos.

Aleitamento predominante: Leite materno com


água, sucos ou bebidas à base de água.

Aleitamento complementado: Leite materno


mais alimentos sólidos ou semissólidos.

Aleitamento misto ou parcial: Leite materno mais


outros tipos de leite.

POSIÇÃO ADEQUADA E PEGA CORRETA


Posicionamento
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 40

• Rosto do bebê voltado para a mama, • Relativas: Fenilcetonúria (controlar níveis


nariz na altura do mamilo. de fenilalanina), doença do xarope de
bordo (monitorar aminoácidos).
• Corpo do bebê próximo ao da mãe, com
cabeça e tronco alinhados. MANEJO DAS DIFICULDADES
• Bebê bem apoiado. • Incentivar livre demanda.

Pega • Orientar sobre técnicas de ordenha e


armazenamento de leite.
• Maior parte da aréola visível acima da
boca do bebê. • Procurar atendimento em caso de
mastite ou sinais de dificuldade como
• Boca bem aberta e lábio inferior virado fissuras mamilares, ingurgitamento e
para fora. baixo ganho de peso do bebê.
• Queixo tocando a mama.
ARMAZENAMENTO DO LEITE MATERNO
BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO • Geladeira: 12-24 horas.

PARA A MÃE • Freezer: até 15 dias.

• Rápida involução uterina e menor risco • Aquecer em banho-maria e oferecer no


de hemorragia pós-parto. copo ou colher.

• Redução do risco de câncer de mama e INTRODUÇÃO ALIMENTAR


ovário.
PERÍODO E PROGRESSÃO
• Retorno mais rápido ao peso pré-
gestacional. Deve iniciar aos 6 meses e ser progressiva:

• Proteção contra diabetes. • 6 meses: 01 refeição ao dia + 01 fruta.

• Aumento do intervalo entre gestações. • 7-8 meses: 02 refeições ao dia + frutas.

• Promoção de maior vínculo com o bebê. • Manter aleitamento materno até os 2


anos.
PARA O BEBÊ
NOTA: repetir o mesmo sabor várias vezes
• Menor morbidade relacionada a
infecções. Orientações Gerais

• Redução do risco de morte súbita do • Alimentos devem ser ofertados


lactente. separadamente no prato, mantendo a
textura próxima à real.
• Menor risco de alergias, obesidade e
doenças crônicas futuras. • Frutas devem ser ao natural e os legumes,
cereais e as proteínas devem ser
• Melhor desenvolvimento cognitivo e amassados
neuropsicomotor.
Cuidados
CONTRAINDICAÇÕES DO ALEITAMENTO
• Oferecer água.
MATERNAS
• Preparar comida sem sal, açúcar ou mel até os 2 anos.
• Absolutas: HIV, HTLV, psicose puerperal
grave. • Evitar alimentos ultraprocessados, sucos e uso de
liquidificador/processador
• Relativas: Herpes simples, CMV, lesões
sangrantes por doença de Chagas, • Aproveitar janela imunológica para alimentos
varicela recente, uso de drogas potencialmente alergênos.
incompatíveis. Textura

DO BEBÊ • Amassar, desfiar ou oferecer pedaços


• Absoluta: Galactosemia. bem cozidos.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 41

• Aos 12 meses, a consistência deve se


aproximar à da alimentação familiar. Problemas de Crescimento
Benefícios da Introdução Alimentar Adequada INTRODUÇÃO
• Desenvolvimento neuropsicomotor ideal. É importante lembrar que, nas fases pré-escolar
(2 a 4 anos) e escolar (5 a 10 anos), a velocidade
• Redução de doenças crônicas como
de crescimento é menor e o apetite da criança
diabetes e hipertensão.
pode reduzir. Além disso, o sobrepeso e a
• Predileção por alimentos saudáveis na obesidade são preocupações crescentes no
vida adulta. contexto pediátrico.

Higiene e Publicidade COMO IDENTIFICAR

• Garantir boa higienização dos alimentos. Diferenciação entre queixa e problema real:
Exame físico detalhado é essencial para
• Proteger a criança de influências da observar malformações, obesidade ou
publicidade de alimentos não saudáveis. alterações no desenvolvimento.

A introdução alimentar é uma janela de Abordagem clínica: A escuta atenta das queixas
oportunidades com impacto duradouro no da família e um exame físico completo podem
padrão alimentar e na relação da criança com tranquilizar quando não houver problemas
a alimentação. evidentes, mas também são fundamentais para
identificar causas subjacentes.

Investigação de causas: Quando há suspeita de


problemas no crescimento ou ganho de peso, é
necessário investigar diagnósticos diferenciais,
como doenças endócrinas, nutricionais ou
genéticas.

FATORES DE RISCO
1. Genéticos: Histórico familiar de baixa
estatura ou alta estatura.

2. Ambientais: Exposição a fatores como


desnutrição, infecções ou poluição.

3. Psicológicos: Estresse, transtornos


familiares e questões emocionais.

4. Socioeconômicos: Baixa renda e acesso


limitado à saúde.

5. Escolaridade e cultura: Influência direta


nos cuidados e acompanhamento do
crescimento da criança.

AVALIAÇÃO NA CONSULTA
Anamnese

• Idade em que as alterações foram


percebidas.

• Investigação de problemas
comportamentais e escolares.

• Função gastrointestinal, apetite e


histórico alimentar, especialmente nos
primeiros dois anos de vida.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 42

• Prática de atividade física e sinais de Velocidade de crescimento > +2 desvios-


maturidade sexual. padrões.

• Desenvolvimento neuropsicomotor e Causas:


antecedentes pessoais (peso e
o Alta estatura familiar.
comportamento ao nascimento,
aleitamento materno, uso crônico de o Distúrbios endócrinos.
medicamentos, entre outros).
Tratamento: Geralmente não há necessidade,
• Antecedentes familiares e investigação apenas acompanhamento.
de uso de substâncias como álcool ou
drogas ilícitas. CONDUTAS GERAIS

Exame Físico • Acompanhamento multidisciplinar e


longitudinal.
Medidas antropométricas: peso, altura,
perímetro cefálico (para crianças <2 anos). • Avaliação de exposição a situações
adversas, como maus-tratos e carências
Cálculo da velocidade de crescimento e alimentares.
estatura alvo:
• Tratamento orientado pela causa base.
o Meninas: (altura do pai - 13) + altura da
mãe / 2. • Referenciamento para especialistas em
casos de doenças secundárias ou
o Meninos: altura do pai + (altura da mãe + síndromes genéticas.
13) / 2.
REFERENCIAMENTO
Observação de proporcionalidade corporal,
assimetrias, dismorfismos e malformações. • Casos com suspeita de síndromes
genéticas ou doenças secundárias.
Avaliação da maturidade sexual.
• Adolescentes >15 anos com velocidade
Exames Complementares de crescimento <4 cm/ano.

Propedêutica específica depende dos achados


clínicos.

Radiografia de mão e punho não é essencial na


atenção primária.

PRINCIPAIS CONDIÇÕES

BAIXA ESTATURA
Definição: altura abaixo do percentil 3 ou -2
desvios-padrões em relação à média.

Causas: Genéticas e familiares. ; Doenças


crônicas e desnutrição.

Tratamento: Evitar uso de hormônios sem


indicação.

CRESCIMENTO INTRAUTERINO RESTRITO


(CIUR)
Crescimento fetal abaixo do padrão normal
para a idade gestacional.

Tratamento: Acompanhamento diferenciado


para crianças com baixo peso ao nascer.

CRESCIMENTO ESTATURAL EXACERBADO


SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 43

Problemas com Ganho de Peso • Curvas de crescimento da OMS: Presente


na Caderneta da Criança, com
comparação realizada pelo escore Z.
na Criança
Exames Complementares (quando indicados)
INTRODUÇÃO • Laboratoriais: Avaliação de deficiências
A desnutrição infantil é uma condição específicas como ferro, vitamina A, zinco
caracterizada pela insuficiência de nutrientes e proteínas.
essenciais necessários para o desenvolvimento e
• Outros exames: Hemograma, albumina,
crescimento adequados. Essa situação pode
EAS, entre outros, dependendo da
comprometer o desenvolvimento físico e
gravidade e das causas suspeitas.
cognitivo, além de aumentar a vulnerabilidade a
infecções e outras doenças. É uma das principais Acompanhamento na Puericultura
causas de morbimortalidade infantil,
especialmente em países em desenvolvimento. • Monitoramento frequente para evitar
que crianças com baixo ganho de peso
TIPOS DE DESNUTRIÇÃO INFANTIL evoluam para desnutrição severa.
1. Desnutrição aguda (baixo peso para a • Investigção de doenças de base em
altura): Indica uma deficiência nutricional crianças com perda de peso involuntária.
recente e geralmente está associada a
infecções ou privacão alimentar temporária. Anamnese Detalhada

2. Desnutrição crônica (baixa estatura para a • Lactentes: Histórico de amamentação,


idade): Relacionada a deficiências introdução de alimentos e técnica de
nutricionais prolongadas, resultando em alimentação.
atraso no crescimento linear.
• Pré-escolares: Hábitos alimentares da
3. Déficit ponderal (baixo peso para a idade): família e influências culturais.
Pode refletir tanto desnutrição aguda quanto
• Adolescentes: Identificação de
crônica, dependendo do contexto clínico.
transtornos alimentares e alterações no
4. Deficiências específicas de micronutrientes: comportamento.
Envolvem falta de nutrientes como ferro,
Perguntas útis incluem:
vitamina A, zinco, entre outros.
• Quem prepara os alimentos? Quantas
PRINCIPAIS CAUSAS NA APS refeições são feitas por dia?
• Socioeconômicas: Baixa renda familiar e
• Há uso de álcool ou drogas pelos
condições precárias de vida.
cuidadores? Qual a renda familiar?
• Dietéticas: Ingestão inadequada de
• Existem episódios frequentes de doenças,
calorias e nutrientes devido a maus
como diarreia ou infecções?
hábitos alimentares, desmame precoce
ou preparo incorreto de fórmulas. Exame Físico
• Infecciosas: Episódios recorrentes de • Dados antropométricos: Peso, altura,
diarreia e infecções respiratórias. perímetro cefálico e índice de massa
corporal (IMC).
• Psicossociais: Negligência dos
cuidadores, estresse familiar e anorexia. • Outros aspectos: Relação com os
cuidadores, desenvolvimento
• Uso de drogas: Impacto direto na
neuropsicomotor e sinais de negligência.
capacidade de cuidar e alimentar
adequadamente a criança. DESNUTRIÇÃO NA CRIANÇA OBESA
DIAGNÓSTICO NA ATENÇÃO BÁSICA Esse paradoxo ocorre quando a dieta é rica em
calorias, mas pobre em nutrientes essenciais.
Avaliação Antropométrica
Fatores como consumo excessivo de
• Peso e altura: Medidos em consultas ultraprocessados, sedentarismo e deficiências de
regulares. micronutrientes são comuns.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 44

INTERVENÇÕES NA ATENÇÃO BÁSICA


Otites
1. Alimentação:

o Estabelecer rotina alimentar em INTRODUÇÃO


ambiente tranquilo. Otite aguda: Duração aproximada de até 2
semanas.
o Reforçar a ingestão de alimentos ricos
em calorias e proteínas. Otite crônica: Infecção que persiste por mais de
4 semanas, frequentemente associada à
o Estimular consumo de frutas, vegetais e
perfuração do tímpano ou disfunção da tuba
alimentos integrais.
auditiva.
2. Suplementação de Micronutrientes:
OTITE EXTERNA
o Vitamina A: 100.000 UI (6-11 meses) ou
Também conhecida como "otite do nadador",
200.000 UI (>12 meses).
ocorre pela inflamação da pele da orelha
o Vitamina D: 400-600 UI/dia, dependendo externa, especialmente do canal auditivo
da idade. externo.

o Ferro: 1 mg/kg/dia (6 meses a 2 anos). Etiologia: Frequentemente causada por


bactérias, como Pseudomonas aeruginosa e
3. Educação Nutricional: Staphylococcus aureus, ou pelo acúmulo de
umidade.
o Envolver os cuidadores no planejamento
das refeições. Incidência: Mais comum no verão.
o Incentivar práticas alimentares
OTITE EXTERNA AGUDA DIFUSA
saudáveis.
Causa: Trauma local (uso de cotonetes) ou
4. Parcerias: atividades aquáticas.

o Encaminhar para programas de Sintomas: Otalgia, prurido, hipoacusia e


assistência social, quando necessário. plenitude auricular.

o Garantir suporte multidisciplinar em Diagnóstico: Dor à palpção do trágus no exame


casos graves. físico.

REFERENCIAMENTO Tratamento:
Encaminhar para especialistas quando: o Local: Ciprofloxacino + Hidrocortisona (3
gotas na orelha afetada, 12/12h por 7
• Não houver resposta às intervenções.
dias).
• Existirem suspeitas de doenças genéticas
o Sistêmico: Cefalexina (500 mg, 6/6h por 7
ou transtornos alimentares.
dias) em casos graves.
• Casos graves como marasmo e
kwashiorkor. OTITE EXTERNA MALIGNA (NECROTIZANTE)
Complicação grave da otite externa aguda
PREVENÇÃO difusa, que pode evoluir para osteomielite da
• Aleitamento materno exclusivo: Até os 6 base do crânio.
meses, com introdução de alimentos
População de risco: Diabéticos,
complementares a partir dessa idade.
imunossuprimidos e idosos.
• Vacinação: Garantir que o esquema esteja
Diagnóstico: TC com contraste de ossos
atualizado.
temporais e crânio.
• Atenção à vulnerabilidade social: Identificar
Tratamento: Antibioticoterapia intravenosa
famílias em situação de risco e assegurar
contra Pseudomonas.
acesso a programas sociais.

• Educação nutricional: Informar cuidadores


sobre a importância de uma dieta
balanceada para o desenvolvimento infantil.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 45

OTITE INTERNA condição geralmente melhora com o


tempo, sem necessidade de intervenção
Também chamada de labirintite, caracteriza-se
adicional, a menos que novos sintomas
pela inflamação do labirinto.
apareçam
Etiologia: Infecções, alergias, lesões ou estresse.
TRATAMENTO
OTITE MÉDIA AGUDA (OMA) Analgesia: Paracetamol, Dipirona ou Ibuprofeno.
Inflamação do mucoperiósteo da orelha média,
Antibióticos:
de início súbito e curta duração.
o Amoxicilina (75-90 mg/kg/dia) – 1ª linha
Epidemiologia
o Amoxicilina + Clavulanato se ausência de
Faixa etária: Pico de incidência entre 6 meses e
resposta após 48-72h.
1 ano.
NOTA: Orientar sinais de piora – avaliar em 48-72h
Sazonalidade: Mais comum no inverno, devido
ao aumento de infecções virais respiratórias. PREVENÇÃO
Patogênese Imunização: Pneumo-10 (2/4/12 meses) e vacina
contra gripe.
1. IVAS leva ao edema da tuba auditiva.
Aleitamento materno exclusivo.
2. Disfunção da tuba causa pressão
negativa na orelha média. COMPLICAÇÕES
3. Acúmulo de secreções facilita a • Perfuração timpânica.
colonização bacteriana.
• Mastoidite.
Etiologia
• Otite média crônica.
Bacteriana: Streptococcus pneumoniae,
Prognóstico e Recorrência
Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis.
• Resolução espontânea em 3-4 dias na
Viral: Rinovírus, Vírus Sincicial Respiratório (VSR).
maioria dos casos.
FATORES DE RISCO • OMA de repetição: Definida como 4
Ambientais: Tabagismo passivo, uso de chupeta, episódios em 1 ano ou 3 em 6 meses.
frequência em creches/escolas. Deve ser avaliada pelo
otorrinolaringologista.
Hospedeiro: Imunodeficiência, ausência de
aleitamento materno, hipertrofia de adenoides. QUANDO REFERENCIAR
• Comum em crianças devido ao tubo Ausência de resposta após 48-72h de
auditivo retificado, que é mais horizontal tratamento.
e estreito.
Complicações graves, como mastoidite ou
CLÍNICA meningite.

Crianças < 2 anos: Irritabilidade, choro, febre, Suspeita de OMA recorrente ou crônica.
sintomas gastrointestinais.
Deficiência auditiva persistente após episódio de
Crianças > 2 anos: Otalgia, febre, hipoacusia OMA.
flutuante.

Diagnóstico clínico: Baseado em sinais de efusão


e inflamação da membrana timpânica
(abaulamento, hiperemia).

• A efusão no ouvido médio (líquido sem


infecção) pode persistir por até 30 dias
após uma otite, mas não indica recidiva.
Essa efusão é uma consequência
temporária da infecção anterior, e a
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 46

Hiperemia Ocular • Conduta:


oftalmologista
Encaminhamento
e investigação
ao
de
doenças sistêmicas.
PRINCIPAIS CAUSAS E MANEJO
BLEFARITE
CERATITE Definição: Inflamação crônica das bordas
Definição: Inflamação da córnea, que pode ser palpebrais, causada por irritação das toxinas
causada por agentes infecciosos (bactérias, bacterianas (geralmente Staphylococcus).
vírus, fungos) ou queimaduras.
Sintomas
Sintomas
• Ardência e prurido
• Dor aguda • Fotofobia
• Lacrimejamento • Presença de crostas nos cílios
• Blefaroespasmo (contração involuntária
das pálpebras) Conduta

Conduta • Compressas mornas.

• Queimaduras UV: Aplicar oclusão ocular • Higiene palpebral com xampu infantil
com pomada oftálmica. diluído.

• Outros casos: Encaminhamento urgente CONJUNTIVITES


ao oftalmologista. Definição: Inflamação da conjuntiva com
diversas etiologias.
IRIDOCICLITE
Definição: Inflamação da íris e do corpo ciliar, SINTOMAS COMUNS
frequentemente associada a traumas ou • Sensação de corpo estranho
doenças sistêmicas. • Hiperemia
• Edema palpebral
Sintomas
• Fotofobia
• Dor ocular que piora à palpação
BACTERIANA
• Hipópio (pus na câmara anterior do olho)
Etiologia
• Espasmo do músculo ciliar
Principais agentes:
Conduta
o Staphylococcus aureus (mais comum em
• Colírio de atropina para aliviar a dor. adultos).

• Encaminhamento urgente ao o Streptococcus pneumoniae e


oftalmologista. Haemophilus influenzae (mais comuns em
crianças).
EPISCLERITE E ESCLERITE
o Moraxella catarrhalis e Neisseria
Episclerite gonorrhoeae (casos graves ou neonatais).
• Inflamação benigna do tecido episcleral, Transmissão: contato direto com secreções
geralmente autolimitada. contaminadas ou superfícies contaminadas.
• Sintomas: Hiperemia conjuntival. 2. Manifestações clínicas típicas
• Conduta: Compressas frias e uso de • Secreção purulenta: amarelada ou
lubrificantes oculares. esverdeada, frequentemente intensa,
Esclerite com "grude" nas pálpebras ao acordar.

• Inflamação grave da esclera, • Hiperemia conjuntival: difusa, com


frequentemente associada a doenças aspecto avermelhado.
autoimunes. • Edema palpebral: leve a moderado.
• Sintomas: Dor ocular severa irradiando
para a face.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 47

• Lacrimejamento moderado: menos Manifestações clínicas: Hiperemia ocular,


intenso que na conjuntivite viral. lacrimejamento, sensação de corpo estranho,
adenopatia pré-auricular.
• Ausência de adenopatia pré-auricular:
característica importante para Contágio: Altamente transmissível, geralmente
diferenciar da viral. evoluindo para o outro olho.

• Geralmente não afeta o estado geral. Tratamento:

3. Tratamento • Medidas de prevenção de contágio:


higiene rigorosa e evitar
Higiene local: lavagem frequente com solução
compartilhamento de objetos pessoais.
fisiológica ou água limpa.
• Colírios lubrificantes para aliviar sintomas.
Colírios ou pomadas antibióticas tópicas:
• Evitar colírios antibióticos (não eficazes
▪ Cloranfenicol 0,3%, 2 gotas, 3x ao dia por
em casos virais).
7 dias.
▪ Tobramicina 0,3%, 4 a 5x ao dia por 7 dias. Sinais de alerta: Se houver dor intensa, fotofobia,
visão embaçada ou secreção purulenta,
o Pomada (como eritromicina 0,5%):
considerar outras causas e encaminhar.
preferida em crianças ou em quem tem
dificuldade de usar colírio. Afastamento de atividades escolares ou
coletivas até melhora dos sintomas – ALTAMENTE
Casos graves ou gonocócicos: antibióticos
CONTAGIOSA
sistêmicos (ceftriaxona IM/IV).
3. Alérgica
4. Medidas gerais
o Características: Prurido intenso e
• Evitar compartilhar toalhas, maquiagem
presença de muco hialino.
ou lentes de contato.
o Tratamento: Uso de anti-histamínicos
• Não tocar os olhos ou manipular as
tópicos.
secreções sem lavar as mãos depois.
4. Neonatal
• Afastamento de atividades escolares ou
coletivas até melhora dos sintomas. o Características: Em <3 meses, com
secreção abundante, edema e eritema.
6. Sinais de alerta (encaminhar)
o Conduta: Ceftriaxona 25-50 mg/kg/dia,
• Dor ocular intensa, fotofobia ou visão
IM, dose única.
turva.
DOENÇA OCULAR SECA
• Falha no tratamento com antibióticos
tópicos em 48-72 horas. Definição: Condição multifatorial caracterizada
pela perda da homeostase do filme lacrimal e
• Suspeita de infecção gonocócica ou hiperemia conjuntival leve a moderada.
clamidial.
Sintomas
• Secreção purulenta muito abundante ou
úlceras corneanas visíveis. • Sensação de corpo estranho

• Ardência ocular

o Características: Secreção mucopurulent • Embaçamento visual

o Tratamento: Fatores de Risco: Idade, sexo, uso de


medicamentos e doenças sistêmicas.
▪ Cloranfenicol 0,3%, 2 gotas, 3x ao
dia por 7 dias. Conduta: Lubrificantes oculares tópicos.
▪ Tobramicina 0,3%, 4 a 5x ao dia por
7 dias. GLAUCOMA AGUDO
Definição: Aumento súbito da pressão
2. Viral
intraocular, geralmente em idosos.
Etiologia comum: Adenovírus é a principal causa.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 48

Sintomas
Anticoncepção
• Dor ocular intensa

• Náuseas e vômitos INTRODUÇÃO


O direito à contracepção é garantido por lei e
• Endurecimento do globo ocular
assegura que todos, inclusive adolescentes a
• Diminuição da acuidade visual partir de 12 anos, possam acessar métodos
contraceptivos sem necessidade de autorização
Conduta dos responsáveis.
• Acetazolamida. O planejamento familiar promove autonomia
reprodutiva para mulheres, homens e casais,
• Beta-bloqueadores (exceto em
garantindo escolhas conscientes e adequadas
pacientes com asma, DPOC ou
às suas necessidades. A eficácia dos métodos é
bradicardia).
avaliada pelo Índice de Pearl (IP), que mede a
• Pilocarpina 2%, 1 gota a cada 4 horas. taxa de falhas de um método contraceptivo em
100 mulheres durante um ano de uso:
TRAUMA OCULAR
• IP < 1: Menos de uma falha por 100
Tipos e Condutas
mulheres/ano (alta eficácia).
1. Abrasão corneana:
• IP < 4: Considerado eficaz pela OMS para
o Colírio anestésico + irrigação com SF prevenir gestações indesejadas.
0,9% + pomada antibiótica.
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE
2. Corpo estranho conjuntival: Os métodos contraceptivos devem ser avaliados
o Colírio anestésico + irrigação com SF de acordo com o perfil de cada paciente,
0,9% + remoção. garantindo segurança e adequação. Esses
critérios consideram idade, condições de saúde,
3. Queimaduras químicas: hábitos de vida e histórico médico.
o Irrigação imediata com SF 0,9%. ABORDAGEM CLÍNICA
Trauma contuso Anamnese

• Alerta para deslocamento de retina. • Objetivo: Compreender a demanda e as


expectativas da paciente.
• Compressas frias e encaminhamento
emergencial ao oftalmologista. • Exploração: Identificar experiências
prévias, esclarecer mitos e fornecer
HEMORRAGIA CONJUNTIVAL orientações baseadas em evidências.
Definição: Sangramento benigno sob a
• Decisão: Empoderar a paciente,
conjuntiva, com causas como picos
apresentando todas as opções para que
hipertensivos.
ela escolha o método mais adequado.
Conduta: Expectante, com orientações sobre a
reabsorção espontânea do sangue. Exame Físico

CRITÉRIOS DE REFERÊNCIA Embora não seja obrigatório para todos os


Encaminhar ao oftalmologista em casos de: métodos, pode ser indicado em situações
específicas:
• Hiperemia com alteração da acuidade
visual. • Exame ginecológico: Necessário para
• Trauma ocular com alteração na pupila. métodos como DIU.
• Corpo estranho corneano não removível. • Pressão arterial: Fundamental para
• Abrasão persistente (>48 horas). métodos hormonais combinados devido
• Queimadura química. ao risco de hipertensão.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 49

Exames Complementares • Vantagens: Alta eficácia, comodidade,


redução da dismenorreia.
Não são obrigatórios para iniciar a
contracepção, a menos que existam doenças 6. Adesivo Transdérmico
pré-existentes ou fatores de risco que
• Troca semanal: Utilizado por 3 semanas
demandem investigação adicional.
consecutivas com pausa na 4ª semana.
MÉTODOS HORMONAIS • Vantagens: Conveniência e liberação
1. DIU com Levonorgestrel (Mirena) hormonal estável.

• Duração: Até 5 anos. 7. Anel Vaginal

• Mecanismos: Atrofia endometrial e • Uso: Inserido no canal vaginal por 3


espessamento do muco cervical. semanas, seguido por uma semana de
pausa.
• Contraindicações: Câncer de mama,
doença hepática grave, alterações • Desvantagens: Contraindicado em
anatômicas locais. infecções vaginais ou anomalias
estruturais graves.
• Benefícios: Alívio de dismenorreia e
melhora de endometriose. MÉTODOS DE BARREIRA
2. Anticoncepcionais Orais Combinados 1. Preservativo Masculino

• Formulações: Monofásicos, bifásicos e • Vantagens: Proteção contra ISTs, baixo


trifásicos. custo.

• Instruções de uso: Início no 1º dia do ciclo • Desvantagens: Pode romper se não


menstrual. Tomar diariamente no mesmo utilizado corretamente.
horário.
2. Preservativo Feminino
• Efeitos adversos: Tromboembolismo,
• Vantagens: Pode ser inserido até 8 horas
cefaleia e alterações do humor.
antes da relação.
• Contraindicações: Histórico de câncer de
• Desvantagens: Maior custo e desconforto
mama, enxaqueca com aura e
inicial.
trombose.
3. Diafragma e Capuz Cervical
3. Minipílula
• Associado a espermicidas.
• Composição: Apenas progesterona.
• Desvantagens: Necessidade de
• Indicação: Mulheres que amamentam ou
avaliação médica para ajuste.
que não podem usar estrogênio.

• Efeitos adversos: Sangramentos MÉTODOS NÃO -HORMONAIS


imprevisíveis. 1. DIU de Cobre
4. Injeções Hormonais • Duração: Até 10 anos.
• Mensal: Aplicação a cada 30 dias. • Mecanismo: Ambiente hostil aos
espermatozoides.
• Trimestral: Medroxiprogesterona a cada 3
meses. • Vantagens: Eficaz, sem hormônios.
• Benefícios: Alta eficácia, mas podem • Desvantagens: Aumento do fluxo
causar ganho de peso e amenorreia. menstrual.
5. Implante Subdérmico 2. Métodos Químicos (Espermicidas)
• Duração: Até 3 anos. • Forma de uso: Aplicados na vagina antes
da relação.
• Mecanismos: Inibição da ovulação e
alterações no muco cervical. • Desvantagens: Irritação vaginal e menor
eficácia isolada.
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 50

MÉTODOS DE EMERGÊNCIA
Abordagem de Violência
• Levonorgestrel: Dose única em até 120h
após a relação. Doméstica
• Método Yuzpe: Duas doses com intervalo
de 12 horas. INTRODUÇÃO
A violência doméstica é uma problemática
• Ulipristal: Até 120h após a relação, mais
social significativa, não sendo uma condição
eficaz em obesas.
natural ou inevitável. Envolve atos de diferentes
MÉTODOS NATURAIS naturezas, como negligência, violência física,
psicológica ou sexual, além de assédios sexual e
• Tabelinha: Abstinência nos dias férteis.
moral, e pode ocorrer em variados cenários.
• Método do muco cervical e temperatura
basal: Observação de sinais fisiológicos. DIMENSÃO E REPERCUSSÕES DA VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA
• Coito interrompido: Alta taxa de falha.
A violência doméstica, apesar de sua alta
prevalência, frequentemente permanece
MÉTODOS DEFINITIVOS
invisível tanto para a sociedade quanto para os
1. Laqueadura Tubária serviços de saúde. Essa invisibilidade dificulta o
• Procedimento irreversível. reconhecimento do problema e a busca por
soluções efetivas.
• Impacto: Não altera ciclos menstruais.
IMPACTOS NA SAÚDE GERAL
2. Vasectomia
As pessoas que vivenciam situações de violência
• Eficácia: Confirmada após 20 doméstica têm maior probabilidade de
ejaculações ou 3 meses. desenvolver problemas de saúde, além de
utilizarem serviços médicos com maior
• Vantagem: Procedimento simples e frequência, como consultas, internações e
seguro.
atendimentos de saúde mental.

Um estudo da OMS revelou que 1 em cada 3


mulheres já sofreu agressões, sendo o parceiro
íntimo o principal agressor. As consequências
incluem:

• Saúde sexual e reprodutiva: problemas


como infertilidade e maior
vulnerabilidade a infecções sexualmente
transmissíveis (ISTs).

• Saúde mental: depressão, ansiedade e


transtorno de estresse pós-traumático
(TEPT).

• Saúde física: dores crônicas e queixas


somáticas, muitas vezes persistindo
mesmo após o término da violência.

CONSEQUÊNCIAS PARA CRIANÇAS


Crianças que sofrem ou testemunham violência
doméstica apresentam diversas consequências:

• Violência física grave: tanto pais quanto


mães podem ser agressores.

• Violência sexual: meninas são mais


frequentemente vítimas, com pais e
SARAH TAVARES I P2 I INTERNATO UBS 2024.2 51

padrastos identificados como principais o Define penalidades específicas para


agressores. negligência, abandono e falta de
cuidados médicos necessários.
• Impactos emocionais e
comportamentais: depressão, 3. Lei Maria da Penha:
ansiedade, transtornos de
o Introduziu penas privativas de liberdade
comportamento e enurese noturna.
para agressores.
• Efeitos a longo prazo: uso de drogas,
o Estabeleceu medidas protetivas e
baixa autoestima, transtornos
incentivou a criação de uma rede
psiquiátricos e TEPT na adolescência e
intersetorial de cuidados, incluindo apoio
vida adulta.
às vítimas e programas de reeducação
IMPACTOS NOS IDOSOS para agressores.

A violência contra idosos, muitas vezes causada PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE


por familiares ou cuidadores, resulta em alta
Os médicos e outros profissionais da área da
prevalência de:
saúde devem adotar uma abordagem
• Depressão. humanizada e integradora:

• Aumento da mortalidade. • Promovendo direitos: assegurando que as


vítimas conheçam suas opções e direitos
• Negligência e abandono.
legais.
DETECÇÃO DE CASOS DE VIOLÊNCIA • Prevenindo novos casos: identificando
DOMÉSTICA fatores de risco e promovendo
A identificação da violência doméstica ainda é intervenções precoces.
um desafio, seja pela dificuldade das vítimas em
• Cuidando de si mesmos: reconhecendo
reconhecerem o que vivem como violência, seja
os impactos emocionais de lidar com
pela falta de preparo dos profissionais de saúde.
violência e buscando suporte de equipes
• Mulheres: frequentemente sentem multidisciplinares para evitar
vergonha, medo ou culpa, além de esgotamento emocional.
manterem laços emocionais com o
O médico deve utilizar a confiança estabelecida
agressor, dificultando a denúncia.
pela paciente, colocando-se disponível para
• Crianças: temem retaliações ou a auxiliá-la no enfrentamento da situação, o que
retirada do lar. inclui a escolha da rede de apoio necessária.

• Idosos: frequentemente compartilham • A pessoa em situação de violência precisa


sentimentos semelhantes aos das sentir-se segura e confiante na ajuda
mulheres, como vergonha e medo. recebida, para enfrentar o problema de
maneira ativa, sem se sentir vitimizada.
Os profissionais de saúde, especialmente aqueles • Uma vez estabelecida a relação de
inseridos no PSF, têm papel essencial na confiança, a estratégia para o
detecção e manejo desses casos. A criação de enfrentamento do problema, incluindo a
vínculos sólidos com os pacientes, aliada a uma rede de apoio, deve ser compartilhada e
postura ativa e sem julgamentos, é crucial para decidida pela paciente.
a revelação da violência.

AVANÇOS LEGISLATIVOS E SOCIAIS


1. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA):

o Exige a notificação obrigatória de maus-


tratos ao Conselho Tutelar.

o Estabelece penalidades para


profissionais que não realizem a
comunicação devida.

2. Estatuto do Idoso:

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