Quimica Verde

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS PALMAS

Química Verde

VINÍCIUS PERIN KREUSCHER


MECATRÔNICA III

Palmas
Outubro de 2022
A química verde surgiu a partir da premissa de economizar os recursos naturais, para
isso defende a prevenção da poluição, qual é gerada por metodologias, processos e
produtos químicos diversos. Para que assim, por meio de um planejamento bem
efetivo esses se tornem saudáveis ao meio ambiente. Desta maneira a química verde a
partir dos seus princípios pretende reduzir ao máximo o uso e/ou a geração de
substancias perigosas durante as ações humanas, principalmente ocorridas nos
processos industriais.

Vale ressaltar que esta ideia foi construída gradualmente. Seu inicio foi, no ano de
1972, em decorrência da conferencia de Estocolmo, onde se foi tratado o direito
ambiental como ramo jurídico, consequente do alerta sobre a deterioração do
ecossistema, qual ameaça a vida do planeta terra ao seu todo. Assim em 1981 cria-se
no Brasil o Conselho nacional do Meio ambiente - CONAMA –, que por sua vez exige a
elaboração de um estudo de impacto ambiental para qualquer atividade modificadora
do meio ambiente. Outro documento exigido é um relatório de impacto ambiental,
utilizado para avaliar as influencias decorrentes no momento de exercício dessas
atividades. Tanto um como o outro devem ser aprovados por órgãos estaduais
competentes e pelo IBAMA. Perenemente por viés da constituição de 1988 contata-se
no artigo 225 a proteção ambiental relacionando-a ao controle de produção,
comercialização, emprego de técnicas e substância que ameacem a vida ou o meio
ambiente. Posteriormente a partir da Agenda de 21, 1992, Rio de Janeiro é criado um
compromisso por vários países para prezar pelo desenvolvimento sustentável. Em
1999 por sua vez é o ano em que estabelecem multas, suspensões para infrações ou
crimes ambientais também podendo ser definido como um instrumento de
planejamento participativo, visando o desenvolvimento sustentável. Atualmente
notamos a ISSO 14000, requisitos técnicos sobre gestão ambiental com fins de
certificação e registros.

Contudo para que tudo seja possível é necessária a formação de pessoal com
consciência em um desenvolvimento; a regulamentação de leis rígidas no âmbito
ambiental; O desenvolvimento de processos verdes mais econômicos, os quais são os
pilares para o enraizamento desta filosofia científica. Neste sentido estabeleceram-se
12 princípios da química verde, são esses:

1°Prevenção – evitar a produção do resíduo é melhor do que tratá-lo ou “limpá-lo”


após a sua geração;

2°Economia de Átomos – os métodos sintéticos devem ser desenvolvidos para


maximizar a incorporação dos átomos dos reagentes nos produtos finais desejados.
Obs.: A reação ideal seria aquela onde toda a massa dos reagentes está contida no
produto. Desta forma, teríamos um melhor aproveitamento das matérias-primas e,
consequentemente, seriam gerados menos resíduos.;
3°Síntese de Produtos Menos Perigosos – sempre que praticável, a síntese de um
produto químico deve utilizar e gerar substâncias que possuam pouca ou nenhuma
toxicidade à saúde humana e ao ambiente;

4°Desenho de Produtos Seguros – os produtos químicos deverão ser desenvolvidos


para possuírem a função desejada, apresentando a menor toxicidade possível;

5°Diminuição de solventes e auxiliares – o uso de substâncias auxiliares (solventes,


agentes de separação, secantes, entre outros) precisa, sempre que possível, tornar-se
desnecessário e, quando utilizadas, estas substâncias devem ser inofensivas. Obs.: Um
dos principais problemas da indústria química está relacionado com a utilização de
solventes orgânicos (voláteis ou não) em seus processos, já que, dependendo do
solvente utilizado, utilizado, sua manufatura, manufatura, transporte, transporte,
estoque, estoque, manuseio e descarte representam aspectos que demandam cuidado
e capital;

6°Busca pela Eficiência de Energia – os métodos sintéticos deverão ser conduzidos


sempre que possível à pressão e temperatura ambientes, para diminuir a energia gasta
durante um processo químico que representa um impacto econômico e ambiental;

7°Uso de substâncias recicladas – sempre que técnica e economicamente viável, a


utilização de matérias-primas renováveis deve ser escolhida em detrimento de fontes
não-renováveis; Obs.: Um exemplo importante neste sentido, em termos nacionais,
está na utilização de cana-de açúcar

8°Evitar a Formação de Derivados – a derivatização (uso de reagentes bloqueadores,


de proteção ou desproteção, modificadores temporários) deverá ser minimizada ou
evitada quando possível, pois estes passos reacionais requerem reagentes adicionais e,
consequentemente, podem produzir subprodutos indesejáveis;

9°Catálise – reagentes catalíticos (tão seletivos quanto possível) são melhores que
reagentes estequiométricos. Obs.: Quaisquer reações catalíticas são excelentes do
ponto de vista de “menos substâncias” envolvidas para se realizar uma reação. Uma
simples hidrogenação catalisada por pequena quantidade de um metal ou reações com
zeólitas são sempre bem vistas, pela baixa geração de resíduos.

10°Desenvolvimento de compostos para degradação – os produtos químicos precisam


ser desenhados de tal modo que, ao final de sua função, se fragmentem em produtos
de degradação inócuos e não persistam no ambiente; Obs.: Um ótimo exemplo nesse
aspecto é o ancoramento de agroquímicos comerciais em superfícies de sílica, pois
traz: Aumento da sua efetividade; Diminuição de perda por lixiviação; Efetiva
diminuição de toxicidade; Maior durabilidade do material evitando aplicações
excessivas; Não afeta gradativamente a microbiota dos solos.
11°Análise em Tempo Real para a Prevenção da Poluição – as metodologias analíticas
precisam ser desenvolvidas para permitirem o monitoramento do processo em tempo
real, para controlar a formação de compostos tóxicos;

12°Química segura para a prevenção de acidentes – É o princípio que defende a


utilização de todos os outros onze já especificados, pois, com isso, dificilmente
acidentes acontecerão durante a produção industrial e ramos afins e, caso aconteça
algum acidente, o dano para quem está seguindo esses princípios será mínimo.

As aplicações para química verde são muitas, dentre elas cita-se:

1. Melhoramento dos processos naturais, tais como biosínteses, biocatálises;

2. Minimização do consumo de energia

3. Desenvolvimento de condições reacionais para se obter maior rendimento e menor


geração de subprodutos

4. Uso de reagentes alternativos e renováveis, com o objetivo central de diminuir os


reagentes tóxicos e não biodegradáveis;

5. Desenvolvimento de compostos com baixa toxicidade;

6. Uso de reagentes inofensivos durante o processo de síntese para evitar perdas


indesejáveis, aumentando o rendimento da produção;

7. Mudança de solventes tóxicos por outros solventes alternativos;

Em contesto empresarial pode-se ressaltar as seguintes empresas atreladas ao


conceito de química verde:

Representando o Brasil no segmento de cosméticos, temos a Natura que faz parte de


um grupo de empresas que utilizam matérias-primas orgânicas nos produtos,
tornando-os mais seguros. Muitas vezes também demonstrando uma grande
preocupação socioambiental e conseguem repassar uma percepção de valor aos
clientes com foco na proteção à natureza.

Já Braskem, empresa petroquímica brasileira pretende alcançar a meta de ser carbono


neutro até 2050, a companhia pretende: diminuir em 15% as emissões de gases de
efeito estufa até 2030. Investiram também no desenvolvimento de um plástico 100%
reciclável, que pode ser reutilizado inúmeras vezes e possui material de origem
renovável em sua composição para a fabricação dos produtos.

A Nike por sua vez no setor de moda demonstra iniciativas voltadas para as
embalagens, no sentido de substituir o plástico virgem por matéria-prima descartável.
Paralela a chamada de Move to Zero, a iniciativa da Nike de ser carbono zero passa
pela produção de peças de vestuário sustentáveis. A Nike com a criação de uma
coleção de roupas prosduzidas a partir da sobra da produção de tênis conseguiu
unificar duas pontas da cadeia produtiva, um exemplo de economia circular a ser
seguido

Na construção civil, foi criado o United State Green Building Council (USGBC). Primeiro
Conselho sobre Construção Sustentável dos Estados Unidos, onde foi discutido o
futuro da Construção, no contexto da sustentabilidade. Algumas iniciativas adotadas
são: captação e reutilização de água, reciclagem e reuso de resíduos de materiais de
construção, uso de placas solares para aquecimento da água, uso de placas
fotovoltaicas para a geração de energia, entre outras.

A Danone também figura na lista das empresas que pretendem ser mais sustentáveis.
A companhia já programou o projeto Triple Zero que tem três vertentes principais para
reduzir e compensar emissões: diminuir o consumo de água, utilizar 100% de fontes de
energia renovável e zerar o impacto com resíduos destinados a aterros. E ainda no
ramo alimentício cita-se a Coca-cola que assumiu compromisso com um mundo sem
resíduos, coletando e reciclando garrafas e latas. Busca devolver para o meio ambiente
o dobro de água que consome nos processos produtivos.

Muitas empresas no ramo das tintas também têm buscado uma melhora sustentável
em seus produtos, por meio de rotas alternativas para produção de butanol e
propilenoglicol. Tais quais de acordo com o trabalho, “QUÍMICA VERDE: PRINCÍPIOS E
APLICAÇÕES NO SEGMENTO DE TINTAS” de Melissa Peron e Sá Carneiro de Sousa ET al
foram verificadas que “é possível a produção desses importantes solventes por rotas
com maior aderência aos princípios da química verde, e, portanto, menos agressivas
ao meio ambiente que os processos tradicionais”. Ainda afirmam que “Em um mundo
de constantes mudanças, a química verde pode ser vista como impulsionadora de
inovações e negócios sustentáveis em diversos setores, como o mercado de tintas. No
caso do Brasil, o sétimo princípio da química verde (uso de matérias-primas
renováveis) destaca-se como uma grande oportunidade estratégica para o país se
inserir e até liderar segmentos relacionados a diversas áreas da química verde e
consolidar o conceito de biorrefinaria em nível mundial.”

Agora o que justifica a entrada e aplicação da química verde por essas empresas se dá
por não só por motivos de conscientização do meio ambiente mais também por ser
muito vista como um investimento que pode acarretar em altas margens de lucro, por
conta dos seguintes benefícios:

Melhora significativa na imagem da marca;


Aumento da motivação nos colaboradores;
Adoção de processos eficientes graças à sustentabilidade;
Expansão das oportunidades de negócios;
Aumento da competitividade no mercado;
Percebemos que a química verde tem se difundindo cada vez mais no cenário global,
pelas inovações e a conscientização trazida pelo período contemporâneo em que
vivemos. Assim nos aproximando de um mundo mais saudável e habitável para as
gerações que virão após a nossa, mesmo que ainda tenhamos muito a que “verdificar”.

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