QV Silmara Moura

Fazer download em pptx, pdf ou txt
Fazer download em pptx, pdf ou txt
Você está na página 1de 14

Universidade Federal

do Pará
________________________

FACIN – Faculdade de Ciências Naturais


Pós-Graduação no Ensino de Química

Prof. Mestranda. Silmara Costa Moura


Disciplina: Química Ambiental

Breves – Pará – Brasil


2024
QUÍMICA VERDE
Nos últimos anos, os problemas ambientais vêm se destacando na mídia
nacional e internacional. Um exemplo disso foi a tragédia ocorrida com o
rompimento da barragem em Mariana, no estado de Minas Gerais, no
sudeste do país, no ano de 2015, que levou-nos a uma maior reflexão sobre
alternativas mais seguras e sustentáveis para geração de energia.
Um breve histórico e definição sobre Química Verde
(QV)
• Historicamente, o livro “Primavera Silenciosa” (Silent Spring), lançado em 1962 e escrito pela bióloga americana
Rachel Carson, é considerado a primeira publicação com foco em questões ambientais e obra fundadora do
movimento ambientalista moderno (BONZI, 2013). Nessa importante obra a autora afirma que “o problema central
de nossa era se tornou a contaminação de todo o meio ambiente com substâncias de incrível potencial danoso”
(CARSON, 2015, p. 120).
• Na década de 70, a Conferência de Estocolmo ficou conhecida como a primeira conferência da Organização das
Nações Unidas (ONU) com foco em questões ambientais. Nesse evento, centenas de nações participaram e
elaboraram dois documentos chamados a “Declaração Sobre Meio Ambiente Humano” e o “Plano de Ação
Mundial”, surgindo assim a Educação Ambiental.
• Em 1999, o Brasil criou a “Política Nacional de Educação Ambiental” e deu outras providências com a Lei n o 9.795,
que no seu art. 1 define a “Educação Ambiental” como sendo: “o processo por meio do qual o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade (BRASIL, 1999b)”
Nessa época surgiram nacionalmente as primeiras disciplinas em Educação Ambiental nos
cursos de graduação (MOZETO; JARDIM, 2002). Com isso, percebe-se que a história do
surgimento do tema em questão é relativamente recente, embora, atualmente, sua repercussão
e relevância tenham tomado uma proporção mundial com o grande crescimento global. Nesse
contexto, a Química vem exercendo uma importante função, por exemplo, no que diz respeito à
inserção de produtos com um desenvolvimento sustentável para o consumo humano.
A Química Verde ou Química para o Desenvolvimento Sustentável foi criada para o
desenvolvimento, invenção e aplicação de produtos químicos para reduzir o uso de substâncias
que prejudicam a saúde humana e o meio ambiente (LENARDÃO et al., 2003). Como a Química
está no nosso cotidiano e no centro da ciência, conforme Atkins e Jones (2012), entendemos
que ela desempenhou e continua a desempenhar um papel fundamental em nossa vida, por
isso, estão sendo pesquisadas formas que promovam e melhorem a qualidade de vida e a
acessibilidade para todos. A Figura 1 ilustra os objetivos gerais que a QV pretende atingir
(SILVEIRA, 2015):
Para promover e atingir esses objetivos, tais como a descoberta e o desenvolvimento de
produtos e processos que eliminem a formação e a utilização de substâncias que prejudicam a
saúde e o meio ambiente, foram criados os 12 (doze) princípios básicos da QV. Segundo
Lenardão et al. (2003), Wardencki et al. (2005), Ramos (2009), Farias e Fávaro (2011), esses
12 princípios da QV foram propostos pelos cientistas americanos Dr. Paul Anastas e Dr. John
C. Warner (1998) e devem ser considerados e seguidos quando se pretende implementar a QV
em uma indústria ou instituição de ensino e/ou pesquisa na área de Química. Na Tabela 1
esses princípios e suas respectivas definições (ANASTAS; WARNER, 1998; LENARDÃO et al.,
2003; ANASTAS; EGHBALI, 2010) estão elencados:
1. Prevenção. É melhor prevenir a formação de resíduos do que tratá-los após a sua geração.

2. Economia de átomos. Uma reação considerada ideal é aquela na qual seu rendimento é, aproximadamente, de
100% não havendo formação de resíduos.
3. Síntese de produtos menos É preferível reações químicas com substâncias de menor toxicidade.
perigosos.
4. Desenho de produtos seguros. Determina o desenvolvimento de produtos seguros a partir de reagentes de baixa
toxicidade.
5. Solventes e auxiliares mais Reduzir o uso de substâncias auxiliares, preferindo as menos nocivas.
seguros.
6. Busca pela eficiência de energia. É preciso diminuir o uso de energia provida de fontes não renováveis e aumentar a
eficiência energética, ou seja, diminuir a energia gasta durante uma reação química.

7. Uso de fontes renováveis de Utilizar matérias primas renováveis.


matéria-prima.
8. Evitar a formatação de Evitar o uso de qualquer tipo de grupo protetor ou modificador em uma reação química
derivados. com intuito de evitar a formação de derivados.
9. Catálise. Utilizar catalisadores em uma reação química, aumentando a velocidade da mesma.

10. Desenho para a degradação. Desenvolvimento de produtos biodegradáveis.


11. Análise em tempo real para a As análises de produção de determinado produto devem ser realizadas em tempo real,
prevenção da poluição. para que qualquer desvio da ordem natural possa ser corrigido a tempo e evitar qualquer
dano ou resíduo ao final do processo.
12. Química intrinsecamente É preciso prevenir acidentes em todo processo químico.
segura para a prevenção de
acidentes.
Dentre esses doze princípios, destaca-se na literatura o primeiro, isto
é, o da prevenção, pois, é muito mais sustentável pensar e
desenvolver processos que previnam a formação de resíduos, do que
tratá-los após a sua geração (ANASTAS, EGHBALI, 2010). Contudo, é
importante frisar que, conforme Anastas e Eghbali (2010), o aspecto
mais relevante da QV é o conceito de design, a partir do qual se infere
que os processos, as técnicas e os meios aplicados nascem da
intenção humana em realizá-los e não vem pelo acaso ou por
acidente, sendo assim, cabe ao homem, como um designer, pensar e
trabalhar o design desses conceitos na sua vida cotidiana.
Principio da Prevenção

A prevenção é o primeiro dos doze princípios da QV. Segundo o dicionário Aurélio, o verbo “prevenir” significa
“dispor de antemão, preparar ou precaver” (FERREIRA, 2009). Quando a discussão é sobre a produção de
resíduos, sejam por processos industriais ou não, o ideal deve sempre buscar “prevenir” sua formação ao
máximo, eliminando assim a possibilidade de poluição futura. Como afirmam Anastas e Eghbali:

é melhor evitar a formação de resíduos do que tratá-los após a sua geração. A geração de qualquer material que
não tenha valor realizado ou a perda de energia não utilizada pode ser considerada um resíduo ou desperdício.
Conforme mencionado acima, os resíduos podem assumir várias formas e podem impactar o meio ambiente de
formas diferentes, dependendo da natureza, da toxicidade, da quantidade ou do modo de liberação. Quando
grandes porções das matérias-primas iniciais usadas em um processo são perdidas devido ao design original do
próprio processo, ele irá gerar resíduos inexoravelmente, o que, por definição, é indesejável (2010, p. 303,
tradução nossa)
Em 1992, o cientista britânico Roger A. Sheldon introduziu o conceito do cálculo do “Fator E”
ou E-fator, como sendo a razão entre as quantidades do resíduo/desperdício e do produto
desejado obtidas para um determinado processo (SHELDON, 1992). A Equação 1 mostra o
cálculo desse fator:
E se tratando de geração de resíduos, o Fator E é um critério de avaliação para as reações químicas quando
se deseja estimar o desempenho e a eficiência do processo. Analisando a Equação 1, pode-se inferir que
quanto maior for o valor do Fator E, menos ambientalmente correto é o processo, pois acaba gerando uma
maior quantidade de resíduos. O valor ideal do Fator E é zero, segundo Sheldon (2017), pois desse modo, a
massa de resíduo/desperdício é igual a zero, obedecendo assim o primeiro princípio da QV. Segundo Sheldon:

O conceito de Fator E desempenhou um papel fundamental na condução da


ecologização das indústrias químicas e tem sido adotado pelas mesmas e por
instituições em todo o mundo, sendo um meio muito simples para medir a
eficiência e a sustentabilidade da indústria química.
Perguntas:

• Como a Química está envolvida no seu dia-a-dia?

• Em sua opinião, a Indústria Química, em geral, traz benefícios e/ou

malefícios para a sociedade?

• Em sua opinião, a disciplina Química Ambiental é fácil, difícil ou

intermediária?
REFERÊNCIAS
• ANASTAS, P. T.; WARNER, J.C. Green Chemistry: Theory and Practice. Oxford Press: Oxford, 1998.

• ANASTAS, P. T; EGHBALI, N.; Green Chemistry: Principles and Practice. Chemical Society Reviews, v. 39, pp. 301-312, 2010.

• ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 5ª ed. Tradução: Ricardo
Bicca de Alecastro. São Paulo: Bookman, 2012.
• CARSON, R.; Primavera Silenciosa. 1ª ed. São Paulo: Editora Gaia, 2015.
• CUNHA, M. B. Jogos no Ensino de Química: Considerações Teóricas para sua Utilização em Sala de Aula. Química Nova na
Escola, v. 34, n. 2, pp. 92-98, 2012.
• LENARDÃO, E. J et al. Green chemistry – Os 12 princípios da química verde e sua inserção nas atividades de Ensino e
Pesquisa, Química Nova, v. 26, n.1, pp. 123-129, 2003.
• LUDWIG, A. C. W. Fundamentos e prática de Metodologia Científica. Petrópolis: Vozes, 2009.

• MACEDO, N. G.; ABREU, D. G. A. Ensino de química para pessoas portadoras de necessidades especiais: metodologias e
estratégias presentes nos discursos de professores. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE QUÍMICA, XIV, 2008, Curitiba
(PR), 2008. Anais... Curitiba: 2008. p. 1.
• MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2011.
MUITO OBRIGADA!!!!

Você também pode gostar