Material de Estudo AV2
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De certo modo, pode-se dizer que uma boa parte desse legado se deve à forma
como se desenvolveu e posteriormente se dissolveu a civilização romana.
Devido ao poder e à influência da Igreja nesse período inicial e durante toda a Idade
Média, o direito canônico teve um papel de grande relevância na regulação da vida das
pessoas, não apenas em assuntos espirituais.
O direito canônico se baseia nos livros sagrados da Igreja Católica nascida no seio do
Império Romano, direito que se constituiu a partir das interpretações que os textos
sagrados receberam nos muitos concílios realizados ao longo dos séculos.
O conjunto dessas coleções recebeu o nome de Corpus iuris canonici e vigorou até o
ano de 1917, quando foi atualizada e substituída pelo Codex iuris canonici.
Diversos assuntos jurídicos de direito privado foram tratados pelo Direito Canônico, como
casamento e divórcio, logo, portanto, jurisdição dos Tribunais Eclesiásticos.
Enquanto o direito laico em sua essência era consuetudinário, o Direito Canônico é escrito,
comentado e analisado desde a Alta Idade Média, e com o tempo é sistematizado e de certa
forma codificado.
Finalmente, por ser escrito, também foi objeto de estudo e trabalho de diversos doutrinadores,
constituindo-se, portanto, uma ciência do direito a influenciar o desenvolvimento de outros
direitos, como o próprio laico.
A romanização pela qual passou o Direito dos povos europeus no período dos
primeiros séculos da Idade Média e as influências recíprocas que ocorreram entre
os ordenamentos não foi suficiente para tornar a recepção do Direito Romano um
fato simples e natural.
Após as invasões dos povos bárbaros, que eram de tribos variadas e não possuíam um
direito estabelecido e unificado, o direito consuetudinário típico desses povos passou a
conviver com o direito romano vulgarizado, que passou a vigorar na Europa ocidental após
o século V. O direito dos povos bárbaros foi frequentemente alvo de compilações que
tentavam reproduzir as constituições imperiais romanas que, mais tarde, receberam o
nome de leis dos bárbaros ou leges barbarorum.
Tradição escolástica
Nesta quarta unidade faremos, então, uma investigação a respeito das origens
dos sistemas de civil law (continental) e de common law (anglo-saxão) e,
consequentemente das fontes do direito que lhe são peculiares.
O que a Idade Moderna vem revelar sobre o Direito é que, com essa divisão dos
sistemas em Civil Law e Common Law, definitivamente pautaram-se os parâmetros
para toda e qualquer interpretação ou formulação teórica posterior.
Nessa esteira, ganha força o movimento da codificação, sobretudo em consequência dos eventos
históricos e políticos dos séculos XVII e XVIII.
O código é uma forma de proporcionar organização, segurança e certeza para essas novas
sociedades que se estabeleciam: traziam num único documento toda a matéria referente a um
determinado ramo do direito – penal, civil, comercial etc.
O Estado Moderno é marcado pela extinção de uma sociedade constituída por uma
pluralidade de agrupamentos sociais que se autogeriam, em que o direito se apresentava
como um fenômeno social, produzido pela sociedade civil e não pelo Estado.
A estrutura social do Estado Moderno é, portanto, monista, pois todos os poderes estão
concentrados nas mãos do Estado, especialmente aquele de elaborar e aplicar o direito.
Da mesma forma que o único direito existente é o direito positivo, o juiz como um mero
terceiro neutro integrante da comunidade e dotado de credibilidade e idoneidade para
que lhe fosse confiada a tarefa de decidir também desaparece, o juiz passa a ser
funcionário do Estado.
Formação do sistema anglo-saxão
Enquanto o sistema continental caminhou para encontrar na lei sua principal fonte do direito, o
sistema anglosaxão revela-se formado pelos usos e costumes e pela atuação jurisdicional.
• FONTES MATERIAIS
São aqueles elementos que emergem da realidade social e dos valores que inspiram o
ordenamento jurídico (DINIZ, 2001).
• FONTES FORMAIS
Referem-se ao modo de manifestação das normas, apontando como o direito pode ser conhecido
– são os canais por onde se manifestam as fontes materiais (DINIZ, 2001).
Direito no Brasil Colônia, Império e República Velha
Neste último tópico abordaremos o direito num período histórico brasileiro que vai do
início de sua existência, com a chegada dos portugueses, até o que se chama República
Velha, que durou até o ano de 1930.
A ideia de que o Brasil necessitava de uma Constituição já fazia parte do movimento pró-
independência, por influência do constitucionalismo que andava lado a lado com o movimento
da codificação e que estavam por trás da formação dos Estados Nacionais europeus.
Uma Constituição escrita traria mais segurança para o povo em sua relação com o Estado e
ajudaria a conter o poder que estava nas mãos dos governantes. Sob a influência de matrizes
teóricas como Rousseau, Locke e Montesquieu, vigorava a inclinação a ao liberalismo e à
democracia, causando entraves, desde o início, ao reinado de D. Pedro I.
A Constituição de 1824, que vigorou por 65 anos, e foi a mais longeva da história
brasileira até hoje, e “não contou com participação popular” alguma em sua elaboração
e “outorga” ou seja, foi imposta pelo Imperador.