FM Romano-Germânica
FM Romano-Germânica
FM Romano-Germânica
8/10 - 29/10
Sunday, 10 October 2021 19:20
Traços Gerais
O direito é um elemento estruturante da vida em sociedade- as nossas relações pautam-se maioritariamente por normas jurídicas. No entanto, este dado não é adquirido em todos os sistemas, p.e a sociedade
chinesa encara o direito como uma espécie de ultima ratio- só quando não é possivel regular as relações recorrendo a costume, regra não escrita, etc., é que se recorre ao direito
• A aplicação dessas normas despoleta o reconhecimento de direitos subjetivos, que se traduzem no poder de exigir de outrem certa conduta ou de produzir certos efeitos na esfera jurídica alheia, e na
correlativa imposição de deveres jurídicos- Há nesta família jurídica uma cultura de Direitos, patente na ideia segundo a qual a “luta pelo direito subjetivo” constitui um dever do seu titular para consigo
próprio e de todos para com a sociedade.
• Por outro lado, o funcionamento dos poderes constituídos subordina-se nesta família jurídica a regras jurídicas que visam impedir o arbítrio e a prepotência, algo que se reflete nos princípios de Estado de
Direito e da separação de poderes e nos corolários da soberania popular, da salvaguarda dos direitos fundamentais da pessoa humana, da independência dos tribunais, da vinculação da administração pública
à lei e à proteção da confiança individual nas suas diferentes expressões.
O nome (Família Romano-Germânica) é uma homenagem às suas origens-
• Direito romano- até aos meados do séc. XIX, o direito romano era considerado subsidiário ao estatal
• Direito germânico- povos germânicos que no séc. IV/ V invadiram o império romano, instalaram se ao longo deste, incluindo a Península Ibérica, e trouxeram o seu direito
A familia foi essencialmente forjada após a revolução francesa, antes da qual não havia uma ideia de separação de poderes- executivo, judicial e legislativo, segundo a qual a produção de leis compete a assembleias
eleitas pelo povo- parlamento, ao governo executá-las e aos tribunais aplicá-la, embora também o possam criar- apenas- por aplicação jurisprudencial.
O Direito consta essencialmente de fontes legais, embora não seja a única, p.e jurisprudência, costume, doutrina- a lei é a fonte de direito por excelência
Além desta preocupação, há a preocupação de codificar as normas jurídicas- os códigos são os ex-libris desta família jurídica
Ideais e valores fundamentais- os 3 grandes ideais definidos na revolução francesa- liberdade, igualdade e solidariedade- fraternidade trazidos pelas tropas de napoleão para Portugal,
Origem-
• Grécia antiga:
○ Grécia da antiguidade clássica considerada berço da civilização europeia- costas e ilhas do Mar Egeu, entre 800 e 300 a.C.
○ O direito grego era maioritariamente de fonte consuetudinária, sem qualquer indício do que se pode chamar hoje de ciência jurídica. O direito de todos os povos na altura confundia-se com a religião, e
as regras jurídicas tinham associadas sanções naturais.
○ Os gregos, porém, tentaram fundamentar racionalmente o dever de obediência à lei e separaram o direito da religião, marcando imenso o Direito Romano e posteriormente toda a cultura jurídica
europeia- deles adveio o primado da razão humana e a superação do misticismo
○ Os gregos tinham uma propensão racionalista, que se revelaria na Ética e no conhecimento científico em geral, mas também no reconhecimento de uma esfera de autonomia à pessoa humana e na
subordinação voluntária à lei, encarnada pelo filósofo ateniense Sócrates
○ Pela primeira vez afirma-se a ideia de que o Direito é obra humana, por natureza mutável em razão do tempo e do lugar, e de que por conseguinte a subordinação às regras que o integram
corresponde a um ato de vontade- Secularização do Direito
○ Ideal Helénico de Estado (segundo Platão)- Essencialmente autoritário e aristocrático, não havendo nele espaço para os direitos fundamentais, nem para a separação de poderes. No entanto, encontra-
se limitado por uma Constituição, e não por um qualquer poder divino, e está colocado ao serviço de um fim ético- a realização da justiça.
○ Há todo um pensamento sobre o conceito de Direito e Justiça(Aristóteles):
Direito- Realização Objetiva da Justiça
Justiça- visa igualdade. Pode ser:
□ Distributiva- repartição de bens comuns- proporção em que cada um contribui para os mesmos; Corretiva- transações particulares, voluntárias ou involuntárias
□ Natural- tem a mesma validade em toda a parte, incontestável; Legal- Admite diferentes formulações, não é global
○ É na Grécia que nasce o direito comparado- Havia cidades-estado, cada uma com a sua Constituição, Aristóteles comparou-as entre si, tornando-se no primeiro comparatista
○ Esboça-se uma conceção particular do Direito, de cariz secular e racional, e constitui fundamento principal da autonomização da família jurídica romano-germânica.
• Direito romano(razões para o seu sucesso)- começou a formar se no séc. VII a.C., consolida-se a partir do séc. II d.C.
○ Conjunto de normas e dos princípios jurídicos que vigoraram em Roma e nos territórios por esta administrados desde a sua fundação, no séc. VIII a.C. até pelo menos à queda do Império, ocorrida no
séc. V. no Ocidente, e no séc. XV, no Oriente.
○ O acesso às fontes de Direito Romano só é possível graças a Justiniano (Séc. VI), que mandou compilar o direito romano tal como ele existia naquele tempo- Corpus Iuris Civilis- agregado de fontes de
natureza heterogénea, compreende um manual de direito (Institutas); o digesto/ pandectas- coletânea dos escritos dos jurisconsultos da época clássica da civilização romana, que chegaram aos
nossos dias graças a esta compilação; códex; Novellae- institutiones.net
○ Características-
Reconhecimento de uma certa esfera de liberdade individual, que permite ao cidadão romano reger com autonomia a sua pessoa e os seus bens
Certeza, precisão e racionalidade dos preceitos:
□ Direito v Religião
Flexibilidade e abertura à inovação possibilitadas pela admissão da criação jurisprudencial (séc. II) e pela presença de jurisconsultos no aparelho judicial que orientou os litigantes e magistrados e
fez o Direito evoluir a partir de casos concretos.
○ Processo Civil- subordinado a um princípio da tipicidade (só tinha tutela judiciária a pretensão que correspondesse a uma actio.
○ Eram contra codificações
Porque:
□ Tornava suscetível interpretações literais, distraindo o jurista do caso concreto
□ Dava a ilusão de um todo acabado e completo
□ A formulação abstrata de regras jurídicas era demasiado rígida e arriscada
○ Redescoberta e estudo em Itália (Bolonha-península ibérica e Portugal- lisboa primeiro) no séc. XI.
○ Séc. XII- receção/ renascimento do Direito Romano
O Corpus Iuris Civilis é tomado como razão escrita
Itália> França, Espanha, Portugal> Holanda> Alemanha
Alemanha- maior receção, devido:
□ Sacro Império Romano-Germânico apresentou-se como sucessor do antigo império romano
□ A falta de poder político centralizado e de um Direito Civil unificado
França- O direito costumeiro do séc XVI atenuou muito a necessidade de recorrer ao Direito Romano
○ Nas Universidades entre séc. XII e XVIII, estudava-se não o Direito local, mas o Direito Comum à Europa Ocidental- o direito romano tal como compilado no Corpus Iuris Justinianeu e no Direito
Canónico, por vezes miscigenado com outras culturas jurídicas e adaptado às necessidades da época.
○ A partir do renascimento o direito romano começa a ser recebido por diferentes fontes legais-primeiro a doutrina. Os autores como Savigny que estudaram o direito romano e construíram a base para o
BGB são chamados de pandectistas- é a eles que se deve, p.e a sistematização do CC em 5 parte
○ Escolas
Itália- Glosadores v Comentadores
França- Humanistas
Alemanha- Usus modernus pandectarum
○ Receções nos códigos do séc. XVIII e XIX
França- Matéria dos contratos, classificação das fontes das obrigações
Alemanha- Enriquecimento sem causa
○ A diferença entre a aversão à codificação romana e o amor à letra da lei atual nos países influenciados pelo Direito Romano pode-se justificar pelo facto de o Direito Romano recebido na Europa a
partir do séc. XII não ser direito vivo, mas sim o corpus normativo que entretanto se cristalizara na compilação feita no Império de Justiniano.
• Componente germânica- Oriunda dos povos germânicos (visigodos, Francos, Lombardos, etc.) que ocuparam a Europa após provocarem a queda do Império Romano do Ocidente
○ Séc. V/VI a.C.- Tinham Direito costumeiro, próprio, mas o direito romano continuou a aplicar-se às terras romanizadas, pelo que houve uma pluralidade de ordens jurídicas de base pessoal. O
princípio da personalidade permitia a quem se apresentasse perante o juiz declarar sob que lei viviam, e seria essa a aplicada.
• Influência do Jusracionalismo e Codificações-Séc. XVIII, surge associada ao Iluminismo = época das luzes vs. Idade média (Idade das trevas)
○ Princípios fundamentais podem se deduzir regras jurídicas
○ Racionalismo jurídico é a quinta componente formativa desta família jurídica- tenta fundar o direito exclusivamente na razão- não estamos a pensar em fundamentos filosóficos ou teleológicos, o
homem através da razão chega aos princípios jurídicos, que se encontram representados nas leis, em especial nas codificações- Este ideal exprime se na Alemanha no séc. XVIII. Na Prússia surgem as
primeiras codificações, mas a que mais influencia esta família em matéria civil foi a codificação francesa apos a revolução.
○ A ordem jurídica francesa elaborou 5 códigos que são a expressão política dos ideais revolucionários- a afirmação do código é uma afirmação também do ideal político da época, que se vai expandido ao
longo do sec. Com as invasões veio o ideal, que se expandiu em 1867 no código de Seabra- não é uma replica do CC francês, mas a ideia de que ele devia existir e substituir quer as leis quer o direito
romano tem influência francesa. No entanto isto não aconteceu na Alemanha, que não tinha as condições políticas necessárias para adotar o ideal francês- não era um estado unitário, só no séc. XIX é
que se podia ter um código aplicável em todo o país. Para alem disso, e justamente por causa de Savigny que era contra esta ideia- o direito devia será a expressão do espírito do povo, e a forma de
adotar as regras jurídicas seria através a codificação dos costumes e usos vigentes, não codificação de leis elaboradas por um legislador. A sua oposição foi ultrapassada e em ? foi redigido um código,
que foi feito em cerca de 6 meses porque já existia de certa maneira sob forma de obras doutrinarias. Na Alemanha o código demorou anos a fazer, e era completamente diferente do francês- o primeiro
era redigido em linguagem acessível, na Alemanha foi feita tendo em mente os próprios juristas, tem um cariz técnico muito mais acentuada, que se caracteriza pelo facto de ter uma parte geral.
○ O BGB marcou esta família jurídica e pode se dizer que esta na base da ramificação do mesmo- diferença entre técnicas jurídicas tao acentuada no direito privado
○ Os códigos são ex-líbris- não há codificações em Common Law, nem em sentido próprio noutras famílias. Este ideal tem mais de 200 anos de existência
Fenómenos de aculturação jurídica- Assimilação por um grupo humano dos valores jurídicos e modos de organização da vida em sociedade próprios de uma cultura diferente da sua
• A familia romano-germânica, não obstante as suas origens, expandiu-se para outros continentes no período da expansão e colonização.
○ Os territórios asiáticos ocupados pelas forças portuguesas ainda demonstram traços largos da nossa influência jurídica- Goa, Damão e Índia
○ PALOP- todos independentes a partir de 1975- têm a vigorar ou tiveram leis a vigorar portuguesas, até que fossem substituídos por leis nacionais
○ Este fenómeno passou-se também com a cultura jurídica francesa, e com a legislação de outros países europeus- Espanha e Itália- que tinham colónias- a colonização promoveu uma adaptação destes
países colonizados a outros sistemas jurídicas que não eram deles.
• Estes fenómenos não foram forçados, toda a legislação que ainda permanece é bem vista na cultura
• No entanto, nem sempre a colonização foi o motivo para a aculturação- há países sul africanos que adotaram legislação francesa, sem serem colonizados pelo país em questão; O direito alemão foi replicado
na china em 1911 e no Japão (1898- o código entrou em vigor ainda antes de ter entrado em vigor na Alemanha- 1900)
• Quando o Brasil se tornou independente, as ordenações portuguesas permaneceram, e vigoraram até depois de deixarem de vigorar no nosso país. Mesmo os códigos brasileiros refletem fortemente a
influência portuguesa. No entanto, não pertence à família jurídica Romano-Germânica, porque apesar de ter uma base histórica e cultural nacional, grande parte do seu sistema jurídico segue os padrões de
Common Law.
• Na Turquia igual, devido à qualidade das codificações e porque ao tempo havia um período de laicização do direito
Codificação
• Os códigos civis surgem no séc. XVII ligados à ideia do jusracionalismo, que teve influencia no âmbito cientifico do direito, que demonstrou uma intenção de organizar e sistematizar
• A familia romano-germânica dá muito valor à codificação de leis.
• Em Portugal o primeiro sinal de codificação foi a lei da boa razão
• O primeiro código civil foi o código napoleónico- CC francês
• Desde o séc. XII até ao XVII o que está a ser estudado é o direito romano- não há uma lógica nem preocupação em organizar o direito
• CC francês- 1804
○ Consagra as ideias revolucionarias de 1789, e para o fazerem rápido, vao recuperar o direito romano para a sistematização do código. Ideia tripartida de gaio (.!) A ideia era tripla:
Eliminar o antigo regime- limitação do poder dos juízes, que têm de utilizar o código civil para resolver todos os litígios.
Tinha de ser acessível a toda a gente- preocupação não existente em PT ou na Alemanha- mas não tem tanto rigor cientifico.
É marcado pela importância da propriedade, da familia patriarcal e ?
○ Foi imitado e quase de forma igual ao longo da europa, e inicia discussões por todos os cantos do mundo
○ São 5- comercial, civil, de processo civil, penal, processo penal
○ Exerce influencia alem fronteiras, inclusive influencia o CC de Seabra- ao contrario do que aconteceu em Espanha, etc. o nosso código é modernizado, não exatamente copiado- é aparentemente mais
fácil de aplicar
○ A seguir a sua feitura a jurisprudência vai maturar algumas ideias que não existiam no direito romano no qual este foi baseado.
○ Um código é insuficiente, vai sempre haver desenvolvimento jurisprudencial para lá da lei
○ É considerado um código machista, devido à influencia da familia patriarcal que não era tao acentuada no Direito Romano
• 1814- A Alemanha NÃO estava unificada- havia a ideia de Alemanha como nação, apenas.
○ Savigny vs. Thibaut?- o ultimo dizia que para unificar a Alemanha, os alemães tinham de fazer uma versão alemã do CC francês. Savigny entendia que o codigo ia apenas cristalizar alguns dos problemas,
não ia resolver nenhum e que a Alemanha não estava preparada para isso.
Nos USA- Davis Dudley Field II vs. Jim Coolidge Carter
○ Savigny de certa forma ganhou, embora muitos anos mais tarde, com a promulgação do BGB foi redigido
Tem uma parte geral e 4 partes especiais
Exige que o aplicador procure uma regra especial, antes de aplicar as gerais.
○ Escolas do pensamento jurídico ao longo do séc. XX- Escola do Direito livre (vinculação do juiz a lei), jurisprudência dos interesses e jurisprudência dos valores
○ O CC alemao era omisso quanto a certos institutos que hoje aplicamos no nosso sistema jurídico e que são associados ao direito alemao, p.e Boa fé, responsabilidade civil, etc., que foram desenvolvidos
posteriormente
○ Vai sendo desenvolvido e principalmente a partir dos anos 50 foi sujeito a várias revisões- aguentou desde 1900, ao longo das varias fases drásticas da Alemanha no ultimo século
○ Era um CC coerente, sistematizado e muito mais preparado para ser utilizado
• Código Civil portugues-
○ 1867
Tivemos mais inspiração francesa do que alemã, mas não foi uma cópia do mesmo.
Marcado pelo individualismo da época
○ Direito supranacional- surge de entidades supranacionais- uniao europeia, etc. que emitem normas, quer sobre o seu funcionamento, quer sobre o estado membro- funcionam numa logica de princípio
de solidariedade e de transferência de competências, atraves da qual estes podem regular os estados membros
• Atos de Direito Comunitário
○ Principio do primado do DUE- afirmado em vários acórdãos, como o Acórdão Costa ENEL, e na Declaração 17º anexa ao Tratado de Lisboa de 2007
O Direito nacional deve respeitar os preceitos do direito da União Europeia-
PT- ART. 8º CRP- não afirma expressamente, mas devolve ao DUE a competência para regular a sua eficácia na ordem interna
Principio do Acervo- um novo estado membro da EU tem de aceitar o acervo de normas
○ Regulamentos- Aplicabilidade direta
○ Acórdão de Van gend en loos
Estabeleceu que o disposto no Tratado Constitutivo da Comunidade Económica Europeia atribuí direitos aos particulares, capazes de por estes serem exercidos perante os tribunais dos estados
membros
Se forem suficientemente claras, diretas, precisas e incondicionais podem ser dotadas de efeito direto- os nacionais dos Estados-Membros podem invocá-las perante os órgãos nacionais de
aplicação do Direito independentemente de transposição
□ O Tribunal de Justiça tem no entanto entendido que só nos litígios que oponham particulares aos Estados-Membros (efeito direto vertical)
○ Importância destas fontes supranacionais para o DC
É através delas que se tem havido nas últimas décadas um esforço pela harmonização do Direito na Europa
A União Europeia tem Ordenamentos jurídicos de várias tradições jurídicas
Servem de meio de receção de conceitos como a boa fé em outros Estados-Membros
• Lei
○ Séc. XVIII o iluminismo começou por identificar a lei como principal fonte de direito- Exemplo da Lei da Boa razão- numa forma fácil e segura de concentração de poder.
Em França esta era entendida como a vontade geral- o desejo que todos temos do bem comum, que por vezes colide com o interesse individual.
□ CC francês- 1804- tem a pretensão de ser o direito único e comum
○ A primazia da lei sobre todas as fontes de direito nacionais é um fator comum a todos os sistemas jurídicos da família jurídica romano-germânica
○ Os Códigos assumem uma relevância particular - são as leis mais estruturadas e sistematizadas, que permitem aos destinatários apreenderem as regras fundamentais de cada ramo do Direito.
O Direito português é o mais ambicioso ao regular num texto legal a eficácia jurídica de todos os factos normativos, incluindo aqueles que têm o mesmo valor que a lei. Considera a lei como a
principal fonte imediata de Direito, definindo-a como "todas as disposições genéricas provindas dos órgãos estaduais competentes", algo extraído dos ART. 1º e 2º do CC. No entanto,
especialmente no nosso país, as legislações avulsas têm incitado um movimento de descodificação, e as chamadas leis-medidas retiram o característico caráter geral das leis.
○ Tradicionalmente, o poder legislativo cabia apenas às assembleias legislativas, mas atualmente assiste-se a uma proliferação da competência legislativa, atribuída aos governos e também às RA e aos
estados federados na Alemanha, embora nestes casos apenas possam legislar sobre matérias que apenas a eles digam respeito. Isto põe em causa as vantagens da codificação- o código torna-se mais
vazio com o aumento de leis extravagantes- acontece em Portugal com o direito comercial europeu. Na Alemanha foi feita uma revisão profunda no direito das obrigações, em 2002- artigo de MC.
Art. 37º/38º Constituição francesa confere ao Governo poderes legislativos
Art. 82º Constituição Alemã confere ao Governo federal e regional poderes legislativos (mas não poder regulamentar autónomo nem poder de emitir DL)
Art. 198º CRP relativamente ao Governo, Estatutos das RA versam sobre as matérias sobre as quais as assembleias legislativas regionais podem legislar
○ Capacidade regulamentar-Formalmente, podemos distinguir a lei de regulamento - fonte de normas jurídicas que se encontra subordinada à lei; não a pode contrariar e esta pode revogá-lo.
Há a importação de um fenómeno americano- Agências Reguladoras
□ Entidades especificadas num setor, que podem também emitir normas relativas a ele, o que torna muito dificil reunir a codificação
Os sistemas jurídicos da nossa familia, segundo estudos de economistas, são mais propensos a corrupção, porque a lei é demasiado complexa
□ Estes estudos padecem de rigor comparatístico- há paises de legislação de Common law que são muito dados a corrupção
○ Encontramos uma Constituição escrita no topo da hierarquia das leis
consequências:
Lei ordinária é sempre limitada pela lei constitucional;
De forma a assegurar a primazia das Constituições, existem mecanismos de fiscalização da constitucionalidade das leis, concentrados em Tribunais Constitucionais.
A fiscalização pode ser:
□ Concentrada (da competência de um órgão ad hoc criado para o efeito); vs. Difusa (cabe a quaisquer tribunais perante os quais haja sido suscitada a questão de constitucionalidade de uma
norma
□ Abstrata (Independentemente de qualquer caso concreto que a fundamente) vs. Concreta (Aquando da decisão de um caso);
□ Preventiva vs. Sucessiva (posterior à entrada em vigor da norma)
Sistemas de fiscalização da constitucionalidade-
□ França- Concentrada, abstrata, a título principal e preventiva, compete em regra ao Conselho Constitucional (Órgão Político); quando envolva princípios gerais constantes de p.e DUDH, pode
caber ao Conselho de Estado, e os tribunais comuns podem recusar aplicar normas que contrariem DI
□ Alemanha- Concentrada, abstrata ou concreta, podendo ser feita a título principal ou incidental, a cargo de órgãos jurisdicionais
□ PT- híbrido, porque comporta componentes dos outros sistemas, e porque admite fiscalização judicial difusa. Cada juiz é juiz constitucional- este pode determinar a não aplicação de uma
norma com força na sua inconstitucionalidade, embora não tenha força obrigatória geral- este fenómeno foi importado dos USA, e existe também na União Europeia)
• Costume
○ Pratica reiterada com convicção de obrigatoriedade
○ Fonte de direito histórica-
Em frança, o país dividia-se em país da lei e do costume. Acrescenta também que a língua não era uniforme- não era um país unitário. Com a constituição o costume foi controlado, mas com
salvaguarda para os costumes secundo legem.
□ Fonte de direito secundária, não pode ser apelada em tribunal
Alemanha- o costume tinha grande relevância, e influenciou a feitura do BGB, teoricamente tem o mesmo valor que a lei
□ Lei é qualquer norma jurídica para eles, e conseguem muito bem manipular o conceito para abarcar o costume como fonte de direito
□ Costume jurisprudencial é importantíssimo
Portugal- a lei faz referencia a usos (importantes no direito comercial)
□ O ART. 1º e 3º proibir-nos-ia de ter o costume como fonte de direito, no entanto, ART. 348º-
• Jurisprudência
○ Na França temos um fenómeno paralelo com uma amplitude maior, em virtude dos códigos franceses serem ainda mais antigos que o alemão. No caso da responsabilidade civil extracontratual, foi
necessário um desenvolvimento jurisprudencial dessas regras no sentido de precisar o seu alcance. Este desenvolvimento é feito a partir da lei; toma como base as normas legais e procura encontrar a
partir delas soluções para casos concretos. Não se trata de permitir aos tribunais a correção de normas legais tidas como inadequadas. França- há aversão a fonte de direito que não a lei- o principio da
separação de poderes que decorre do principio da igualdade implica que o aplicador da norma não possa ser o seu feitor, o que faz com que a jurisprudência não possa ser considerada como fonte- a
argumentação das decisões é muito seca e curta
Eficácia relativa do caso julgado- em casos semelhantes os tribunais devem-se pronunciar de forma semelhante
Tribunal francês tem 2 tipos de acórdãos:
□ Fundamentados na lei
□ Fundamentados em doutrina e jurisprudência- Princípio do abuso de direito (caso da chaminé do ano passado- tgdc I) e da responsabilidade civil
○ Alemanha- é fonte em alguns casos
Constitucional- é
Dos tribunais- é reveladora de norma jurídicas, mas não formadora
Costume jurisprudencial
O princípio da separação de poderes não se opõe ao desenvolvimento jurisprudencial do direito dentro dos parâmetros definidos por uma regra geral. como observou o tribunal federal alemão
para dizer que proferiu em 1953 sobre a aplicabilidade direta do art. 3º/2 da lei fundamental ao direito da família, embora a Constituição confira ao poder legislativo uma posição dominante na
criação do direito ela não lhe atribui em exclusivo essa função, Como demonstra o art. 20º/3 da Constituição alemã- o poder judicial está vinculado à lei e ao Direito- geralmente estes coincidem,
Resolução de Litígios
Organização judiciária
Sistema de Recursos
Meios de resolução de litigios extrajudiciais
Sistema de recursos
Princípio do duplo grau de jurisdição- Existente no direito francês, português e alemao. o principio assegura aos sujeitos de direito um reexame da decisão levada a cabo por uma instância superior a que a emitiu.
Esta possibilidade funda-se no seguinte- a administração da justiça é levada a cabo pelo ser humano, que é inerentemente falível. O fundamento é a proteção do erro judiciário e para evitar abusos de poder por
parte do julgador- não por erro, mas por abuso, pode proferir uma sentença abusiva por qualquer razão. Tem limites- não é absoluto nem universal:
o Principio da celeridade
o "" da ?
O sistema francês consagra este principio de forma mais vincada:
o O recurso pode ser de matéria de direito ou de facto
o O recurso não depende de a causa ter um valor mínimo, salvo algumas exceções
o Acaba por não ser tao abrangente- sistema da Cassação? - o tribunal só julga a sentença recorrida pela parte vitimada, e este pode apenas anular a sentença. À jurisdição suprema cabe apenas controlar a
observância da lei das outras instâncias, e não julgar em 3ª instância as decisões de mérito das outras instâncias. Não decide sobre a matéria, tenta apenas perceber se a sentença pode ser anulada ou não,
isto ainda com base nos ideais e desconfiança do poder legislativo caracteristicos da revolução francesa.
o O litígio tem de ser julgado num tribunal da mesma natureza.
Sistema Português
o Só pode ser admissível no processo penal
o Em matéria civil- a causa tem de ter um valor superior à alçada- valor compreendidos entre determinada escala do tribunal a que se está a recorrer
○ Também é necessário que a sentença tenha sido impugnada pela parte prejudicada, mas o recorrente tem de estar a enfrentar prejuizos de valor superior a metade da alçada
Ensino do direito
○ Em cada sistema jurídico o pensamento jurídico o pensamento é distinto, não obstante as semelhanças. Encontra-se ligado à formação de juristas e às pessoas que administram a justiça.
○ O que caracteriza o ensino nos 3 sistemas em estudo- Monopólio das universidades- não se pode exercer direito sem licenciatura.
○ Alemanha- para se exercer certas profissões jurídicas, é necessária a licenciatura (no mínimo 3,5 anos), e depois o primeiro exame de estado, e o estágio, e no final é feito um segundo exame de Estado
para determinar se a pessoa está ou não apta a exercer
○ Razões para este regime
○ Os juristas estao constantemente a trabalhar com normas. Antes de ingressar neste curso, nem sequer conseguíamos interpretar o que está escrito no código civil- as normas têm um caráter abstrato e
geral, e um jurista tem de perceber que os processos de interpretação podem ser muito elaborados.
○ Na família jurídica romano germanica há muito o desenvolvimento do espírito crítico do jurista. Em 2/3 anos não conseguiríamos perceber de facto o que é o direito e como é que este se aplica, como se
interpretam as normas, etc. mesmo com 4 já é difícil
○ O ensino do direito é pré-graduado ou pós graduado- os alunos entram muito novos, e não sabem o que querem realmente exercer
○ Nos sistemas de Common law existe um ensino muito mais profissionalizado- não há um curso de direito no geral, mas sim uma área, na qual estes se especializam. Existe uma espécie de orientação prévia, e
quando vao fazer a especialização já sabem o que querem
○ Acordo de Bolonha- O ensino do direito dividido em 3 fases- licenciatura, mestrado e doutoramento.
○ Críticas
O prolongamento do curso justifica-se pela complexidade do curso, e por outro lado para melhorar o espírito crítico dos juristas. Reduzir o tempo do curso implica prejudicar os alunos
○ Apesar de estarmos a falar dos sistemas jurídicos que se integram na mesma família, não há uma unidade quanto à estrutura do curso nestes sistemas- conteúdo dado, etc.
○ Quem define os programas das cadeiras é a universidade- Alemanha e PT, sistemas descentralizados. Em frança, é um sistema centralizado, e esse papel cabe ao estado.