17 de Maio

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AO JUÍZO DA VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE CARUARU

Geane Maria de Assis, brasileira, solteira, doméstica, portadora da cédula de identidade


nº 5.770.495, inscrita no CPF sob nº 845.521.584-49, residente e domiciliada na Rua
Safira, nº 74, Boa Vista, Caruaru-PE, CEP: 50000-000, vem respeitosamente, perante
Vossa Excelência, através do Núcleo de Práticas Jurídicas Maurício de Nassau –
Uninassau Caruaru, representado por seu procurador regularmente constituído nos autos,
conforme procuração em anexo, respeitosamente, propor a presente

AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE GUARDA

DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

Preliminarmente, requer que seja deferido o benefício da gratuidade da


justiça, nos termos artigo 98 do CPC, uma vez que a autora é pobre na forma da lei e não
possui condições financeiras de arcar com as custas processuais sem prejuízo de seu
próprio sustento e de sua família, conforme declaração de hipossuficiência anexada aos
autos. Nesse sentido, o artigo 5o, inciso LXXIV da Constituição Federal atribui ao Estado a
obrigação de garantir que a pessoa com poucos recursos financeiros tenha acesso a um
advogado, sem ter que arcar com o custo de sua contratação.
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários
advocatícios tem direito à gratuitidade da justiça, na forma da lei.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que


comprovarem insuficiência de recursos;

DOS FATOS

A autora é tia da criança por parte da mãe e mantém sua guarda acerca de 5
anos, pois a genitora não possui condições de exercer seu poder familiar devido a
condições psicológicas que enfrenta, e o pai é falecido, conforme certidão de óbito em
anexo.
Antes de ficar sob os cuidados da tia, a menina morou com outros familiares,
contudo, não recebia os devidos cuidados que se esperava, motivo pelo qual houve a
necessidade de permanecer com a demandante. Ambas possuem ótima convivência e
vinculo afetivo muito forte, tanto é que a própria menor de idade alega que não deseja
viver sob os cuidados de outra pessoa. Importante salientar que a própria genitora
reconhece a boa relação entre sua filha e a tia, inclusive concorda com a modificação da
guarda e se dispõe a fazer o que for necessário para que seja concretizada.

DO MÉRITO

A Constituição Federal estabeleceu em seu artigo 227 sobre a proteção


integral da criança e do adolescente, no qual é dever família, da sociedade e do Estado
assegurá-los com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e
inclusive a convivência familiar. Nesse sentido, a boa convivência familiar é um dos
fatores mais importantes para o desenvolvimento da criança, pois molda e influência
diretamente a sua identidade, razão pela qual é necessário garantir que ela cresça em um
ambiente saudável, que lhe permita viver com segurança e afeto.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão.

Partindo desse pressuposto, vigora no ordenamento jurídico brasileiro o


princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, estabelecido no artigo 3° da
convenção universal de direitos da criança, no qual diz que em todas as ações relativas a
criança devem considerar primordialmente o melhor interesse do menor de idade.
Art. 3° Todas as ações relativas à criança, sejam elas levadas a efeito por instituições
públicas ou privadas de assistência social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos
legislativos, devem considerar primordialmente o melhor interesse da criança.

Portanto, sempre que possível, a criança ou o adolescente deverá ser


previamente ouvido por equipe Inter profissional, respeitado seu estágio de
desenvolvimento e grau de compreensão sobre a medida, observada sua opinião.
Tratando-se de maior de doze anos de idade, é necessário seu consentimento, colhido
em audiência.

No mais, deve ser observado o artigo o parágrafo 5° do artigo 1584 do CC:


§ 5 o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a
guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda à pessoa que revele compatibilidade
com a natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e as
relações de afinidade e afetividade.

Conforme enfatiza Edgard de Moura Bittencourt:


“Os pronunciamentos judiciais sobre a guarda do menor devem atender a diversos elementos e
circunstâncias, que podem ser enfeixados nos seguintes pontos: o interesse da criança e as
condições e comportamento dos pretendentes à guarda e a alterabilidade desta a qualquer
tempo”.

Nesse sentido, decidiu o tribunal de justiça do Rio Grande do Sul em sede


de apelação Cível:
Ementa. APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DA
GUARDA FACE A ÓBITO C/C DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR, COM PEDIDO
LIMINAR DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA. GUARDA UNILATERAL DA MENOR
DEFERIDA À TIA MATERNA. PRETENSÃO DE MODIFICAÇÃO DA GUARDA PARA O
GENITOR. DESCABIMENTO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. A guarda deve ser exercida
por aquele que puder garantir a proteção ao melhor interesse da criança, cujas
necessidades de afeto, estabilidade emocional e cuidados no âmbito da saúde,
alimentação, educação, lazer e dignidade devem ser priorizados. Hipótese em que tia
materna/dinda já vinha exercendo os cuidados com a sobrinha desde o óbito da genitora.
Assim, ausente sequer alegação de conduta desabonadora da tia materna, que já mantinha
cuidados com a menor após óbito da genitora, residindo com a tia e avó materna, onde,
segundo laudo social, aparenta ser o local mais indicado para permanência da menina,
manifestando a adolescente em permanecer com a tia, não havendo justificativa para
alteração da guarda, sendo indevida a modificação pretendida pelo recorrente para que se
estipule a guarda unilateral em favor do genitor. Precedente do TJRS. Apelação desprovida.

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
a) o deferimento do pedido da gratuidade de justiça;
b) a intimação da genitora da criança para que seja ouvida;
c) que seja julgado procedente o pedido de modificação de guarda.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Caruaru, 07 de junho de 2024.
ADVOGADO
OAB/PE

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