Para Comer Rezando

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 14

1

PARA COMER REZANDO:


uma homenagem a Óxossi

ALVES, Camilla Costa1.


CAFFINI,Felipe de Castro; HORTA,Patrícia Maia do Vale; REZENDE,Patrícia
Rodrigues; SIMONCINI,João Batista Villas Boas;2

1 INTRODUÇÃO

A umbanda é uma religião genuinamente brasileira. Tem seu nascimento no


berço escravo do Brasil, pelo povo africano escravizado que veio para o país e trouxe
consigo suas tradições e culturas. Com a intenção de juntar e não segregar, a
umbanda é a união do catolicismo, do espiritismo de Allan Kardec, o respeito a
natureza da fé indígena e, por fim, do candomblé com seu culto e invocação dos
antepassados, num sincretismo religioso próprio (NEGRÃO, 1994).
A cultura alimentar é a junção do alimento, saberes técnicos, saberes regionais,
rituais e espiritualidade de um determinado povo, o relacionamento do homem com o
alimento. É resistência, principalmente do povo preto, marginalizado e excluído
socialmente. Relacionar a cultura do alimento com a história do povo preto é conseguir
manter a conexão com a ancestralidade do povo brasileiro que é tão desvalorizado
enquanto comunidade. Defender o direito à alimentação como comunicação de fé
dentro da religião umbandista é a manifestação de cultura alimentar das religiões de
matriz africana e mostra a importância cultural da alimentação para a sociedade
frequentadora dos terreiros ou não (CAMARGO; COSTA; ULBRICH, 2021).
A umbanda, bem como todas as religiões de matriz africana compõem o seu
ritual, com base na cultura e tradição de entrega de flores, frutas e alimentos para os
Orixás que são cultuados dentro da religião. Na religião é possível transformar os
insumos em comidas por meio de um ritual importante, por meio das rezas, das
colheitas, da comensalidade, no movimento que se faz com o corpo, com as técnicas
de preparo, tornando o alimento sagrado. Neste sentido a religião, oportunizou o
acesso à alimentação, fazendo referência para além da religião, para o nutrir
biologicamente o corpo (VIEIRA, 2016).

1
Graduanda do Curso de Tecnologia em Gastronomia do Centro Universitário Academia.
2
Professores orientadores e avaliadores do Curso de Tecnologia em Gastronomia do Centro
Universitário Academia.
2

Diante do exposto, como representar na gastronomia a relação da fé com a


cultura alimentar da umbanda por meio de um prato contemporâneo? Esse trabalho
teve como objetivo preparar um prato inspirado na simplicidade da comida de santo
oferecida a Oxóssi, Orixá da umbanda, utilizando de técnicas contemporâneas.

2 CONTEXTUALIZAÇÃO

Neste tópico se aborda um pouco mais sobre a relação de religião e cultura


alimentar, algo que define identidades e é o conceito que inspira esse trabalho. Para
isso, na primeira parte se descreve mais sobre a umbanda como religião
genuinamente brasileira e já estabelecida dentro da cultura nacional, a conexão da
religiosidade com a alimentação e como é rica essa relação. Na segunda parte se
apresenta o axoxó oferecido ao orixá Oxossi e o amalá, orixá esse que foi escolhido
para ser homenageado nesse trabalho, pela relação de proteção à natureza e ao
alimento que ele representa dentro da fé umbandista. Em seguida, o texto traz as
técnicas da gastronomia contemporânea que vão valorizar e demostrar a importância
de cuidado e conhecimento no preparo dos alimentos, uma homenagem à comida de
santo dentro da gastronomia contemporânea brasileira.

2.1 A RIQUEZA CULTURAL DA UMBANDA: DA RELIGIÃO A COMIDA

Segundo Vieira (2016) a palavra umbanda deriva de duas palavras de origem


africana, umbundo e quimbundo, que se referem a ciência médica ou arte de
curandeiro. Nesse viés a cultura alimentar se apresenta na forma de rituais culturais
religiosos que têm poder de cura.
A umbanda é herança do povo Queto vindo na maioria da Costa do Guiné, um
dos maiores locais exportadores de negros do continente africano. Trouxeram consigo
técnicas de cozimento e preparo da comida que o povo indígena não tinha, agregando
valor e padrões alimentares a religião. Alguns elementos vegetais se adaptaram de
forma rápida ao solo brasileiro como o inhame, a banana e a palma, com a qual se faz
o azeite de dendê, este último muito presente nas comidas preparadas para os orixás
(RIBEIRO, 2009).
Explica Ribeiro (2009) que os povos escravizados trouxeram a pimenta
malagueta, o coco, e a banana, mas não conseguiram trazer todos seus insumos para
3

o Brasil, tiveram então que se adaptar, alimentos foram substituídos, novas técnicas
foram implementadas como a técnica de extrair o leite de coco e misturar aos
alimentos. Então a alimentação votiva, que é o ritual de preparar alimentos para serem
consumidos com intenção religiosa, adaptou-se incluindo alimentos nacionais, como
por exemplo, o milho que será destinado a Óxossi.
Ribeiro (2009) diz ainda que a religião umbandista tem um caráter agregador
e pluralista e é miscigenado como o povo brasileiro. A relação que possui com a
cultura alimentar é forte e não tem como passar despercebida, o rito de conexão com
os Orixás é através do cuidado com o alimento e o preparo da alimentação para fazer
d’Ele forte e detentor de poder.
Ribeiro (2009) ainda coloca que o culto afro não é uno por isso há várias
diferenças quanto às preferências alimentares dos Orixás, de acordo com a nação a
qual pertence e qual o terreiro segue, contudo, essa especificidade não será tratada
aqui. O trabalho se baseará em alimentos gerais. O que vai determinar os insumos
utilizados no preparo são as qualidades do Orixá, elas que determinam como será
preparada essa comida e como será oferecida e onde será servida, uma vez que se
pode apenas usar de materiais naturais e biodegradáveis.

2.2 OXOSSI: AMALÁ e AXOXÓ

O orixá Oxossi é a divindade da caça e protetor das florestas, seus principais


símbolos são o arco e a flexa, chamado Ofá, e um rabo de boi, chamado Eruexim.
Relaciona-se com os animais, cujos gritos imita, é caçador valente e ágil, generoso,
propicia a caça e protege contra o ataque das feras. Orixá das matas, seu habitat é a
mata fechada, rei da floresta e sendo caçador domina a fauna e a flora, gera progresso
e riqueza ao homem, garante a alimentação em abundância (VENTURA, 2011).
Valente rei Queto, presente no almoço e jantar, em todas as refeições, pois é
ele que provê o alimento, rege a lavoura, a agricultura e a colheita. Por ser caçador
teve grande aceitação no Brasil, identifica-se com os indígenas brasileiros, pois a mata
é povoada pelos espíritos indígenas, espíritos esses chamamos de caboclos que
também são presentes no culto da umbanda popular, muito comum no norte do país.
Apesar de ser um exímio caçador, ele busca o conhecimento, é cientista e doutrinador,
traz o alimento da fé, o saber dos espíritos (FARELLI, 2009).
4

Oxossi é a grande árvore pulmonar, ajuda nas trocas gasosas do sangue e é


também a representação divina de natureza produtiva e reprodutiva. No ritual o milho
está muito presente na oferta a Oxossi e é um de seus preferidos, fonte energética,
rico em fibras é fundamental para eliminar as toxinas do organismo, possui vitaminas
B e complexo A. O coco não pode faltar em nenhum preparo para Oxossi, rico em
gorduras é excelente fonte de energia, cheio de vitaminas B e C essencial para o bom
funcionamento do intestino (CAMARGO; COSTA; ULBRICH, 2021).
O amalá é a comida de Santo. Representada no ritual da obrigação, que é o
rito de preparo das oferendas destinadas aos orixás. Tem como intenção
homenagear, agradecer e reequilibrar as energias do orixá, então é preparada com
muito carinho e respeito pelas iabasses3 (VIEIRA, 2016).
Esse ritual é feito com elementos que vibram na sintonia dos espíritos, reúne a
força do médium, do Orixá e dos espíritos que vêm aceitar aquela oferta. É usado em
momentos de dificuldade, para cura da saúde, o equilíbrio e paz familiar. Todo amalá
deve ser feito com um objetivo, não pode ser feito só por fazer, durante a construção
de uma entrega o amor e carinho daquele que está construindo deve estar presente
depositando sua energia (FEDERAÇÃO DA UMBANDA BRASILEIRA, ?).
No contexto das religiões afro brasileiras a oferenda é uma forma de
socialização entre homens e suas divindades, é o ato de alimentar o Orixá. Esse ritual
e os elementos dessa ação, bem como o ambiente onde é feito, transformam o
profano em sagrado, o povo de santo tem sua religiosidade, na qual a prática de
oferendas é um processo constante, pois tem os deuses acima de tudo, procurando
proteção e realização dos seus desejos. Para que isso então aconteça é necessário
alimentá-los, com comidas, flores, bebidas e seus alimentos de preferência. A oferta
dessa comida é o laço de relacionamento com o sobrenatural, conectando o homem
com seu Deus (FERNANDES, 2017).
Alimentar Oxossi significa prosperidade e fartura, (GONÇALVES; OLIVEIRA,
2016). Aqui representada pelo axoxó, que é uma dessas comidas ofertadas para

3
É a mulher responsável por preparar os alimentos sagrados da umbanda. RIBEIRO, Pedro Henrique
Mendes. Comida e religiosidade: dos cultos afro-brasileiros para a história da alimentação brasileira.
In: Semana de Humanidades, 12., 2009, Natal. Anais... Natal: UFRN, 2009. Disponível em:
https://www.cchla.ufrn.br/humainidades209/Anais/GT23/23. 1. Pdf Acesso em: 11 maio 2023.
5

Óxossi. Esse prato utiliza dois ingredientes citados anteriormente, o milho e o coco, o
axoxó, prato que pode ser doce ou salgado, é um preparo simples de milho debulhado
e cozido, com lascas de coco. O milho representa a fartura, é o alimento que conecta
o homem ao sagrado. Acompanhado do feijão, a mandioca e o milho, que estão nos
hábitos alimentares formando a identidade do povo brasileiro (LODY, 2004).
A cultura culinária dos povos africanos vêm através da oralidade, passa de
geração em geração, o ato de se alimentar e alimentar os deuses não é só o ato físico
de comer; o modo de preparo, os alimentos, o tempo destinado a esse preparo, a reza
e os cantos fazem parte da história da alimentação dentro da umbanda. A escolha
dos alimentos e como são preparados é fundamental para que o orixá aceite a
oferenda. Sendo assim quando se oferta a Oxossi é importante valorizar a fartura, o
axoxó, pode ser salgado, com coco e camarão, ou doce, embebido no melado de
cana, já que Oxossi tem quizila com mel, e não pode consumi-lo (SANTOS, 2008).

2.3 COZINHA CONTEMPORÂNEA: A COMIDA DE SANTO NA GASTRONOMIA POR


MEIO DE TÉCNICAS

A técnicas da cozinha contemporânea vão transformar a comida de santo num


prato contemporâneo sem perder a tradição e essência dos rituais umbandistas.
A cozinha contemporânea trata da elaboração de ingredientes de diversas
culturas, estando presente em uma única elaboração. O processo de globalização tem
influenciado as transformações no universo gastronômico possibilitando usar a
criatividade nas elaborações de pratos com produtos locais mudando as
características originais (FERNANDES, 2019).
Percebe-se dentro das tendências da gastronomia da contemporaneidade a
crescente demanda de uso de produtos tracionais com a intenção de destacar o
sentido de tradição e identidade na diversificação de sabores. Confeccionar alimentos
de forma específica, pode-se dizer que varia de região pra região, não só pelos
ingredientes, mas também pelas técnicas utilizadas, conforme o contexto cultural em
que estão inseridos. Sendo assim a gastronomia contemporânea compõe um dos
elementos de identidade cultural, refletindo normalmente em outros aspectos da
cultura como na questão religiosa citada nesse texto (SILVA, 2019).
Na evolução da gastronomia contemporânea, surge a gastronomia molecular,
cujo pai é Ferran Adria, a mesma visa maximizar a experiência humana dentro da
6

alimentação, por meio de preparos e técnicas culinárias, é tida como um conjunto de


conhecimentos científicos que alinham o cozinhar e a comida, na intenção de
surpreender e emocionar quem come. O uso de aditivos químicos como gelificantes,
a gelatina, o nitrogênio líquido usado para congelar rapidamente alimentos diversos
entre outros; e, utensílios físicos, como por exemplo: o sifão para transformar o os
cremes em espumas (FERREIRA, 2017).
Inspirada na Chef Bel Coelho (?), como ela se apresenta no seu próprio site,
ativista e defensora da alimentação saudável, e sem agrotóxicos, a chef defende com
veemência os produtos nativos e a gastronomia brasileira. Com muita competência
dá visibilidade a cultura alimentar brasileira, preservando essa história e seu meio
ambiente.
Utilizando de técnicas que trouxe de suas experiências vivenciadas em grandes
restaurantes dentro e fora do país como no D.O.M., do Chef Alex Atala, a chef Bel
transforma insumos do Brasil em pratos de renome na gastronomia. Ativista na luta
das mulheres e contra o racismo, a chef traz sua firmeza e seu propósito nesses pratos
apresentados em menus que têm a essência brasileira (COELHO, ?).
Ela criou o menu Orixás com base no candomblé, religião de matriz africana
para demostrar a importância que a religiões africanas tem para a cultura brasileira.
Os alimentos do prato misturam técnicas da gastronomia contemporânea com
insumos trazidos da África e já encontrados no Brasil, relacionando os elementos de
cada orixá envolvendo sua mitologia e sua comida específica (COELHO, ?).
Por meio dessa inspiração, optou-se por selecionar o axoxó doce, prato simples
oferecido a Óxossi, para transformá-lo com aplicações da cozinha contemporânea,
apresentando-o como uma sobremesa.

3 METODOLOGIA E DISCUSSÃO

A metodologia aplicada neste trabalho, de acordo com Vergara (2013), foi


definida como pesquisa bibliográfica por ter base em estudos científicos publicados
em livros e em redes eletrônicas e pesquisa experimental por ter se proposto a
elaboração de um prato inspirado na culinária de terreiro utilizando de insumos
básicos, o milho e o coco da oferta ao orixá Oxossi, denominado PRA COMER
REZANDO. Os testes para desenvolvimento do prato foram realizados na Cozinha
7

Didática da Faculdade de Gastronomia do Centro Universitário UniAcademia- Juiz de


Fora/MG, conforme descritos a seguir.
A primeira ficha técnica observada no quadro 1 é a do bolo de milho, que foi
feito utilizando do método direto, que consiste em misturar os elementos secos,
separadamente dos elementos líquidos, para somente depois misturar tudo até que
fique homogêneo. Foram necessários três testes para chegar em um bolo úmido, fofo
e com textura do milho, no primeiro teste utilizou-se um milho muito maduro deixando
o bolo pesado e duro, para que deixasse o bolo com a textura correta, mudou então
para um milho menos maduro, mas que ainda deixasse o sabor de milho cozido. No
segundo teste foi retirado o elemento queijo que compunha a receita, mas que nesse
preparo roubava o sabor de milho assado e o mesmo ficava com uma textura mais
cremosa, perdendo o perfil de bolo rustico. No terceiro teste o objetivo de um bolo
fofo, granuloso e com sabor de milho cozido foi atingido, utilizando a forma de um
tamanho adequado para quantidade de massa preparada, deixando a altura ideal para
um bolo de sobremesa o que não tinha sido alcançado no primeiro teste.

QUADRO 1- Ficha técnica bolo de milho.


TECNOLOGIA EM GASTRONOMIA

FICHA TÉCNICA DE PRODUÇÃO


Prato: Bolo de Milho
Categoria: Sobremesa
Nº e peso das porções: 4 porções de 50g
Aluno(a)(s): Camilla Costa Alves
INGREDIENTE: QUANT. UNIDADE OBSERVAÇÕES
Fubá 120 gramas Usar fubá de moinho de
engenho mais grosso, para
dar mais textura.
Leite 90 gramas
Requeijão 30 gramas
Fermento 7 gramas
Sal 1 gramas
Milho fresco 170 gramas Usar milho meio maduro,
para dar sabor mais
marcante à massa
Ovos 90 gramas
Óleo de milho 75 gramas
Açúcar refinado 90 gramas
MODO DE PREPARO:
MISE-EN-PLACE:
1. Higienizar o milho em água corrente;
2. Cozer o milho em uma panela com água fervente cobrindo o mesmo até que esteja macio
3. Debulhar o milho em um recipiente limpo e seco e reservar.
4. Preparar mise en place do bolo.
5. Pré aquecer o forno a 180ºC por 10 minutos
8

6. Untar uma forma de 23 centímetros de diâmetro com óleo e fubá.


EXECUÇÃO:
1. Bater no liquidificador o milho já debulhado, leite, requeijão, ovos, óleos e açúcar, não
bater muito para que fique alguma textura de milho na massa.
2. Misturar numa tigela fubá, sal e fermento.
3. Acrescentar o líquido vagarosamente na tigela e misturar até que fique uma massa
homogênea.
4. Adicionar o liquido na forma untada previamente.
5. Assar o bolo por 50 minutos.
Fonte: A aluna.

Para chegar na espuma de coco vista no quadro 2 abaixo, os testes foram mais
longos, pois em um primeiro momento o elemento a ser apresentado seria uma
mousse4 a base de purê de fruta, no caso o coco, utilizado de métodos vistos no livro
Le Cordon Bleu de pães e confeitaria; porém, não foi possível encontrar a textura
desejada, que é um creme, leve, homogêneo e saboroso. No primeiro teste o uso
excessivo de gelatina deixou a mousse como um flan, o que não era o esperado,
acertando no segundo teste a quantidade de gelatina, o sabor do coco não estava
presente e em meio a esses testes não foi possível encontrar a textura e o sabor ideal
ao elemento, sendo assim a mudança para a espuma utilizando o sifão culinário foi a
solução encontrada para apresentar um sabor marcante de coco e uma textura leve
que vão valorizar o empratamento e completar os sabores que precisam ser
encontrados no prato.

QUADRO 2 – Ficha técnica espuma de coco.


TECNOLOGIA EM GASTRONOMIA

FICHA TÉCNICA DE PRODUÇÃO


Prato: Espuma de coco
Categoria: Sobremesa
Nº e peso das porções: 4 porções
Aluno(a)(s): Camilla Costa Alves
INGREDIENTE: QUANT. UNIDADE OBSERVAÇÕES
Coco seco 1 Unidade Fazer leite de coco e usar
300 gramas
Creme de leite fresco 100 gramas
Gelatina em folha 4 gramas
Chocolate branco 50 gramas
MODO DE PREPARO:
MISE-IN-PLACE:

4
Sobremesa de base cremosa com creme de leite batido, ou clara em neve para adquirir uma textura leve e
aerada. Gisslen, Wayne Panificação e confeitaria profissionais / Wayne Gisslen ; [tradução Elisa Duarte
Teixeira]. -- 1. ed. -- Barueri, SP : Manole, 2011.
9

1. Retirar a água do coco, colocar o mesmo na chama do fogão até que a casca rache e solte
da polpa, descascar e bater a polpa com metade da água e coar em um pano limpo e
reservar.
2. Derreter o chocolate em banho maria no fogão, com atenção para a temperatura do
chocolate para não passar de 45ºC.
EXECUÇÃO:
1. Hidratar a gelatina em 20 ml de água até que dissolva, misturar no chocolate ainda quente
para que ela se agregue ao chocolate completamente.
2. Bater no mixer até ficar homegeneo o leite de coco, o creme de leite fresco e o chocolate e
deixar esfriar.
3. Após o creme estar frio, colocar a mistura no sifão, fechar corretamente, usar uma capsula
de gás N2O (oxido nitroso), no sifão, balançar pra que o mesmo se misture com o creme
deixar na geladeira, por no mínimo 30 minutos, na posição horizontal para que no
momento da utilização a espuma fique aerada e firme.

NOTAS, REFERÊNCIAS CULTURAIS E INFORMAÇÕES HISTÓRICAS


• Técnica da gastronomia molecular

Fonte: A aluna.

Para o creme anglaise, apresentado no quadro 3, foram necessários quatro


testes, no primeiro, foi utilizado 50 gramas de palha assada e 2 espigas debulhadas e
assadas batidas com o leite, mas não chegando no sabor defumado de palha, sendo
assim para o segundo teste dobrou-se a quantidade mesmo assim o sabor ainda não
era o esperado, então no terceiro teste utilizou 150 gramas de palha, 3 vezes mais do
que no primeiro teste. Para o último teste foi acertada a quantidade de açúcar
diminuindo em 12%, e também a temperatura foi diminuída de 85ºC para 80ºC para
que a textura do creme fique mais líquida, dando mais cremosidade ao prato, e
também valorizando o empratamento em um prato fundo.

QUADRO 3 – Ficha técnica do creme de anglaise de palha de milho.


TECNOLOGIA EM GASTRONOMIA

FICHA TÉCNICA DE PRODUÇÃO


Prato: Creme anglaise de palha de milho
Categoria: Sobremesa
Nº e peso das porções: 4 porções
Aluno(a)(s): Camilla Costa Alves
INGREDIENTE: QUANT. UNIDADE OBSERVAÇÕES
Gema 70 Gramas
Açúcar 60 Gramas
Leite 334 Gramas
Palha de milho 150 Gramas
MODO DE PREPARO:
MISE-EN-PLACE:
3. Lavar a palha do milho deixar de molho com sanitizante por 20 minutos e depois lavar em
água corrente.
10

4. Assar a palha do milho em forno baixo, por volta de 20 minutos.


5. Rasgar a palha do milho e bater com o leite no liquidificador, aquecer o leite até quase
ferver, depois coar e reservar.
6. Separar as gemas das claras, e reservar.
7. Preparar uma panela com água fervendo e outra com água gelada.
EXECUÇÃO:
4. Misturar as gemas e o açúcar em uma tigela de inox até formar um creme claro e fofo. Não
deixar o açúcar e as gemas sem misturar, pois pode formar grumos que não desmancham.
5. Acrescentar vagarosamente o leite na mistura de gemas, batendo constantemente com o
fouet de arame.
6. Colocar a tigela dentro da panela com água fervente, aqueça sem parar de bater, até
engrossar bastante e atingir 80ºC.
7. Assim que atingir 80ºC colocar a tigela com água gelada para parar o cozimento, mexer de
vez em quando para que esfrie por igual.

NOTAS, REFERÊNCIAS CULTURAIS E INFORMAÇÕES HISTÓRICAS

Fonte: A autora.

Para o elemento coco queimado, descrito no quadro 4, foram necessários dois


testes. No primeiro teste, quando o açúcar cristalizou manteve-se o coco no fogo,
portanto o açúcar voltou a ponto de caramelo, e assim o coquinho ficou mole, não
apresentando a textura crocante que era esperada. No segundo teste então, assim
que o açúcar cristalizou envolto ao coquinho, o mesmo foi retirado do fogo e colocado
na forma, para esfriar, chegando na consistência crocante esperada.

QUADRO 4 – Ficha técnica coquinho queimado.


TECNOLOGIA EM GASTRONOMIA

FICHA TÉCNICA DE PRODUÇÃO


Prato: Coquinho Queimado
Categoria: Sobremesa
Nº e peso das porções: 4 porções
Aluno(a)(s): Camilla Costa Alves
INGREDIENTE: QUANT. UNIDADE OBSERVAÇÕES
Coco seco 150 gramas
Açúcar refinado 75 gramas
Água 75 gramas

MODO DE PREPARO:
MISE-EN-PLACE:
8. Retirar a água do coco, colocar o mesmo na chama do fogão até que a casca rache e solte
da polpa, descascar, picar em cubos de 2 centímetros e reservar.
9. Pesar a agua e o açúcar e reservar.
10. Cobrir um tabuleiro com papel manteiga para colocar os coquinhos.
EXECUÇÃO:
11

8. Misturar todos os ingredientes e levar em fogo baixo deixar cozinhar por cerca de 30
minutos.
9. Quando a agua secar, o açúcar vai cristalizar, é necessário mexer sempre, até que o açúcar
comece a caramelizar e então é necessário desligar o fogo.
10. Despejar os coquinhos no tabuleiro espalhar bem para não grudarem e deixar esfriar, após
frio, guardar em pote fechado.
NOTAS, REFERÊNCIAS CULTURAIS E INFORMAÇÕES HISTÓRICAS

Fonte: A autora.

Na textura de coco, elemento do quadro 5, a procura por um coco com uma


polpa doce, firme e cremosa foi o ponto chave desse elemento, apresentado no
quadro pra que ele trouxesse frescor e a sensação de simplicidade e rusticidade ao
prato, juntamente com a farofa de pipoca elemento tão presente nos terreiros de
umbanda que não poderia ficar de fora dessa sobremesa, apresentando uma textura
crocante, e sabor salgado, trazendo um equilíbrio de sabores aos elementos simples
desse prato.

QUADRO 5- Ficha técnica textura de coco e farofa de pipoca.


TECNOLOGIA EM GASTRONOMIA

FICHA TÉCNICA DE PRODUÇÃO


Prato: Textura de coco e farofa de pipoca
Categoria: Sobremesa
Nº e peso das porções: 4 porções
Aluno(a)(s): Camilla Costa Alves
INGREDIENTE: QUANT. UNIDADE OBSERVAÇÕES
Coco verde 1 unidade
Milho de pipoca 50 gramas
Óleo 5 gramas
Sal 2 gramas

MODO DE PREPARO:
MISE-EN-PLACE:
1. Retirar a água do coco e reserve, abrir o coco, retirar a polpa e reservar.
EXECUÇÃO:
2. Cortar a polpa do coco em lascas de 3 centímetros e reservar na água de coco até o
momento do empratamento.
3. Aquecer o óleo, fritar a pipoca.
4. Triturar a pipoca na ponta da faca, até formar uma farofa grossa, reservar.
NOTAS, REFERÊNCIAS CULTURAIS E INFORMAÇÕES HISTÓRICAS

Fonte: A aluna
12

Para o empratamento, foi escolhido um prato fundo e marrom para remeter ao


alguidar, recipiente circular de barro, utilizado para fazer oferendas dentro do terreiro
de religiões de matriz africana. No empratamento, buscou-se dar um volume maior a
sobremesa, para realçar a espuma e para dar movimento ao prato. A simplicidade da
comida de santo como é ofertada nos centros de Umbanda, é exemplificada com esse
prato na foto a seguir.

4 CONCLUSÕES

A oferenda na umbanda é fundamental para se conectar com o plano espiritual


da religião, dividir os alimentos com seres cultuados é ter a honra de comer com eles
aproximando os humanos dos orixás, a relação de reciprocidade do povo com o orixá
é que faz o preparo da comida de santo tão especial nessa relação com a
gastronomia.
Conclui-se então que o objetivo deste trabalho de preparar um prato, em
específico uma sobremesa inspirada no axoxó, um prato simples da comida de santo
oferecida ao órixa Óxossi, utilizando técnicas da cozinha contemporânea foi bem
sucedido, uma apresentação mais elaborada e sofisticada nessa sobremesa foi
construída e uma nova identidade para representar a comida de santo e homenageá-
13

la. Para comer rezando transcende ao prato como sobremesa, e dá sentido a


religiosidade representada nele.

REFERÊNCIAS

CAMARGO, Hertz Wendell de; COSTA, João Emerson da; ULBRICH, Terri. Cultura
alimentar: a linguagem da fé e relação entre alimento e divindade e Umbanda.
Ecolinguistica: Revista Brasileira de Ecologia E Linguagem, Brasília, v. 07, n.
03, p. 120-135, 2021. Disponível em : Vista do Cultura alimentar: a linguagem da fé
e a relação entre alimento divindade e Umbanda (unb.br) Acesso em: 11 maio 2023.

COELHO, Bel. Vegetal. [?]. Disponível em: www.belcoelho.com.br Acesso em: 04


nov. 2022.

FARELLI, Maria Helena. Comida de Santo. 9.ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2009.

FEDERAÇÃO UMBANDISTA DO BRASIL. Amalá. [?]. Disponível em:


http://www.feubra.com.br/ Acesso em: 26 fev. 2023.

FERNANDES, Dalva. Representações Sagradas na Religiosidade Umbandista:


Simpósio Nacional de História, Brasília p. 1-15, 2017. Disponível em :
https://www.snh2017.anpuh.org/resources/anais/54/1502754469_ARQUIVO_Artigo-
ANPUHprontoparamandar.pdf Acesso em: 21 mar. 2023.

FERREIRA, Talhita Alessandra; SOARES, Evandro Smarieri (2017). Entre a cozinha


e o laboratório, controvérsias : algumas reflexões sobre a gastronomia, o cozinhar,
os cozinheiros e as agências que os cercam, Anais da ReACT- Reunião da
Antropologia da Ciencia e tecnologia, Campinas,v.03, n.03 2017. Disponível em:
https://ocs.ige.unicamp.br/ojs/react/article/view/2760 Acesso em: 11 maio 2023.

GONÇALVES, Fábio da Silva; OLIVEIRA, Daniel Coelho de. A comida dos homens
e a comida dos espíritos: um estudo sobre práticas alimentares no Candomblé
na Umbanda. VIII ENcontro Nacional de Estudos do Consumo. Universidade
Federal Fluminense em Niterói/RJ nov 2016. Disponível em:
http://www.enec2016.sinteseeventos.com.br/resources/anais/7/1475806817_ARQUI
VO_artigosobrealimentacao(1).pdf Acesso em 21 mar 2023

LODY, Raul. Santo também come. 2.ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2004.
14

NEGRÃO, Lisias Nogueira. Umbanda: entre a cruz e a encruzilhada.


Rev.Sociol.USP, São Paulo, v. 5, p. 113-122, nov., 1994. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ts/a/Vbmhsfmw4F5QTHpmfMMqwKG/?format=pdf&lang=pt
Acesso em: 11 maio 2023.

RIBEIRO, Pedro Henrique Mendes. Comida e religiosidade: dos cultos afros-


brasileiros para a história da alimentação brasileira. In: Semana de Humanidades,
2009, Natal. Anais da XVII Sema de Humanidades. Natal: UFRN, 2009. Disponível
em: https://www.cchla.ufrn.br/humanidades2009/Anais/GT23/23.1.pdf Acesso em: 11
maio 2023

SANTOS, Vagner Rocha. Cultura Comida e Outras histórias. 2008.67f.


Monografia (Graduação em Produção de Comunicação Cultura)–Universidade
Federal da Bahia, Salvador/BA, 2008. Disponível em:
https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/30911/1/Monografia_Vagner.pdf
Acesso em: 10 maio 2023.

SILVA, Elaine Cristina Fernandes. Gastronomia Contemporânea: inovações


culinárias e o uso de ingredientes regionais em São Luis/MA – Projeto
Integrador – Eixo Ensino –Universidade Federal do Maranhão/MA, 2019. Disponível
em: file:///C:/Users/Carol/Downloads/PROJETO-
Gastronomia%20Contempor%C3%A2nea.pdf Acesso em 29 março 2023

VENTURA, Solange Vieira. Oxossi: Cura e Ascensão. 2011. Disponível em:


https://curaeascensao.com.br.Acesso em: 21 mar. 2023.

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração.


1.ed. São Paulo: Atlas, 2013.

VIEIRA, Carolina Ferreira. Umbanda: estruturas e rituais. 2016. 14f. Trabalho de


Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Humanas)-Universidade Federal de
Juiz de Fora, Juiz de Fora/MG, 2016. Disponível em:
https://www.ufjf.br/bach/files/2016/10/CAROLINA-FERREIRA-VIEIRA-sda.pdf
Acesso em: 11 maio 2023.

Você também pode gostar