Filosofia

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O tema do ser originário, da liberdade, da escolha e da angústia é central ao

existencialismo, e muitos filósofos existencialistas abordam essas questões, cada um com


suas nuances e perspectivas. Aqui estão alguns dos principais pensadores que tratam do
assunto:

1. Søren Kierkegaard (1813–1855)

Embora Kierkegaard seja considerado um precursor do existencialismo, ele é


essencialmente um filósofo cristão. Ele aborda questões de liberdade, angústia, e escolha
como aspectos fundamentais da existência humana.

• Obra-chave: “O Conceito de Angústia”.

• Ideias principais:

• A angústia é um “tonturamento da liberdade”, o sentimento que surge diante


das possibilidades infinitas de escolha.

• A verdadeira liberdade é alcançada por meio do “salto de fé” — um


compromisso radical com Deus, mesmo diante da incerteza.

2. Friedrich Nietzsche (1844–1900)

Nietzsche não é existencialista no sentido estrito, mas influenciou profundamente o


movimento. Ele fala sobre a necessidade de criação de valores próprios após o “fim” dos
valores tradicionais, simbolizado pela frase “Deus está morto”.

• Obra-chave: “Assim Falou Zaratustra”.

• Ideias principais:

• O ser humano deve se tornar o Übermensch (Super-homem), alguém que


transcende a moralidade convencional e afirma sua liberdade criativa.

• A escolha é central para moldar uma vida autêntica, e a rejeição da


conformidade é essencial.

3. Martin Heidegger (1889–1976)

Heidegger explora a questão do ser de forma radical em sua obra principal, “Ser e Tempo”
(Sein und Zeit). Ele não é um existencialista puro, mas sua filosofia é a base para muitos
existencialistas, como Sartre.

• Obra-chave: “Ser e Tempo”.

• Ideias principais:

• O conceito de Dasein (ser-aí) descreve o ser humano como um ente que se


preocupa com sua existência e busca autenticidade.
• A angústia (Angst) é o sentimento que nos confronta com o nada e nos força
a encarar a liberdade de ser.

• A autenticidade surge quando o indivíduo assume sua finitude e se liberta


das expectativas da sociedade.

4. Jean-Paul Sartre (1905–1980)

Sartre é o principal representante do existencialismo ateu e aborda a liberdade como o traço


definidor do ser humano. Para ele, o ser humano não possui uma essência fixa — é a soma
de suas escolhas.

• Obra-chave: “O Ser e o Nada” (L’Être et le Néant).

• Ideias principais:

• “A existência precede a essência”: O ser humano primeiro existe e depois se


define por meio de suas escolhas.

• A liberdade absoluta é um fardo, pois nos condena a ser responsáveis por


nossas escolhas e, portanto, por nossa vida.

• A má-fé ocorre quando o indivíduo nega sua liberdade e tenta viver de


acordo com papéis ou expectativas externas.

5. Simone de Beauvoir (1908–1986)

Beauvoir, embora mais conhecida por seu trabalho no feminismo, também contribuiu para o
existencialismo, especialmente em suas reflexões sobre liberdade e ética.

• Obra-chave: “Por uma Moral da Ambiguidade” (Pour une morale de


l’ambiguïté).

• Ideias principais:

• A liberdade humana é marcada por sua ambiguidade: somos livres, mas


limitados pelas circunstâncias.

• Viver autenticamente significa reconhecer a liberdade dos outros e colaborar


na criação de um mundo mais justo.

6. Albert Camus (1913–1960)

Camus é frequentemente associado ao existencialismo, embora ele próprio tenha rejeitado


o rótulo. Ele explora o absurdo da existência humana e a busca de sentido em um mundo
indiferente.

• Obra-chave: “O Mito de Sísifo”.

• Ideias principais:
• O absurdo surge do confronto entre o desejo humano por sentido e a
indiferença do universo.

• A resposta ao absurdo não é a desistência, mas a revolta, ou seja, viver


plenamente e abraçar a liberdade de criar sentido para si.

7. Gabriel Marcel (1889–1973)

Marcel é um existencialista cristão que enfatiza a dimensão espiritual da existência humana.


Ele contrasta o “ter” com o “ser” e explora a relação humana com o transcendente.

• Obra-chave: “O Mistério do Ser”.

• Ideias principais:

• O ser humano encontra sua essência nas relações pessoais e na abertura ao


mistério do transcendente.

• A liberdade é encontrada em um contexto de fé e compromisso, e não na


busca de autonomia absoluta.

8. Karl Jaspers (1883–1969)

Jaspers aborda questões de transcendência e existência como modos fundamentais do ser


humano. Ele é um dos primeiros a sistematizar o existencialismo.

• Obra-chave: “A Filosofia da Existência”.

• Ideias principais:

• A liberdade é confrontada em situações-limite, momentos de crise em que o


indivíduo percebe sua finitude.

• A transcendência é essencial para o ser humano se conectar com o que está


além de si mesmo.

Síntese

Esses filósofos concordam em aspectos fundamentais:

• Liberdade: O ser humano é livre e, portanto, responsável por suas escolhas.

• Angústia: A liberdade traz angústia ou medo, porque ela nos confronta com a
vastidão de possibilidades.

• Autenticidade: A verdadeira existência surge quando o indivíduo vive de


maneira autêntica, assumindo suas escolhas e sua condição humana.

• O Transcendente ou o Nada: Para alguns, a reconexão com Deus é


essencial (Kierkegaard, Marcel), enquanto para outros, a liberdade é uma experiência
puramente humana (Sartre, Camus).
Cada um oferece um caminho único para refletir sobre o ser originário, a escolha, e a busca
por sentido na existência.

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