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Encontrar sentido na vida: Propostas filosóficas
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Encontrar sentido na vida: Propostas filosóficas
E-book97 páginas1 hora

Encontrar sentido na vida: Propostas filosóficas

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Sobre este e-book

O presente livro convida a conhecer momentos específicos da busca humana pelo sentido da vida. Nela se formulam as indagações mais fascinantes e mais incômodas da filosofia, tais como: Qual é o sentido da vida? Será que o humano é resultado do acaso? Aqui são apresentadas algumas das respostas mais interessantes da filosofia contemporânea, na tentativa de resolver essa situação contraditória. A partir delas, é possível descobrir caminhos fascinantes do pensamento filosófico e também a iluminação na busca de sua própria vida.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de mar. de 2014
ISBN9788534936767
Encontrar sentido na vida: Propostas filosóficas

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    Encontrar sentido na vida - Renold Blank

    Propostas das quais algumas, talvez, serão aceitas

    Nos capítulos a seguir, o leitor é convidado a começar uma caminhada. Nela dará os primeiros passos em busca de respostas a uma das indagações mais fascinantes, mas também mais incômodas da condição humana:

    Qual é o sentido da vida?

    Será que o ser humano é o resultado de acasos, ou será que atrás dos acasos se esconde um último sentido?

    Qual o caminho para achar sentido, diante das contradições insolúveis da existência?

    Como achar o próprio sentido diante da aparente absurdidade da morte?

    A partir dessas indagações, o texto convida a descobrir algumas das tentativas da Filosofia para resolver o enigma da condição humana, escondido atrás dessas questões.

    Enigma de um mundo no qual o homem pode se perder.

    Enigma da pessoa que busca felicidade, e cujas aspirações, constantemente, são ameaçadas por um destino incompreensível.

    Enigma do ser humano, que, apesar das imposições desse destino, quer controlar os fatos, construir a sua vida e alcançar a felicidade.

    É na tensão entre essa aspiração e os fatos reais que se desenvolve a vida. E é em cima dessa tensão que a reflexão filosófica começa a buscar caminhos para possíveis respostas.

    Algumas delas, o presente livro quer apresentar. Elas, em nada, são receitas prontas. Elas, muito mais, devem ser compreendidas como impulsos para as próprias reflexões e para as subseqüentes indagações que surgem como conseqüência de toda reflexão fi­­l­o­sófica.

    Neste sentido, o autor tem a esperança de que, depois da leitura deste livro, os seus leitores possam dizer do texto o mesmo que o grande poeta Berthold Brecht pediu que se falasse dele:

    "Ele formulou propostas;

    e algumas delas, nós aceitamos".

    Assim, nós dois ficaríamos honrados.

    CONTINUAR A PENSAR

    1. Elabore uma descrição daquilo que aqui está sendo chamado a tensão entre as aspirações humanas e os fatos reais da vida.

    2. Por que o presente livro quer apresentar propostas e não soluções?

    3. Qual é a diferença entre apresentar propostas e apresentar soluções?

    4. Em que sentido propostas podem contribuir mais para a solução de problemas do que respostas prontas?

    Enigma e mistério da pessoa humana

    Imagine que fosse possível conversar com o famoso filósofo Aristóteles, do século 4 a.C. Você o questionaria sobre o que é o homem e qual é o sentido da sua vida.

    Aristóteles, provavelmente, teria estranhado muito esse interesse específico. Para a época do grande filósofo da Antiguidade, o mundo se apresentava como sistema fechado de coisas, e o homem existia como uma entre outras dessas coisas. Dentro desse mundo de objetos, cada indivíduo tinha o seu lugar; e este era seu sentido: ocupar o seu lugar já respondia à indagação pelo sentido.

    01_aristoteles.jpg

    O homem era visto como elemento dentro de um cosmo fechado. Elemento importante, é verdade; elemento especial, talvez, mas não deixava de ser um elemento. Era esse ser um elemento dentro de um todo que garantia o sentido de sua existência.

    Tal segurança, porém, desapareceu à medida que, mais tarde, um movimento chamado gnose começou a questionar esse modo de ver o homem e o mundo. Depois da gnose, o cosmo não mais se apresentava como sistema de um mundo equilibrado em si. A cosmovisão (ou seja, o modo de ver o mundo) da gnose é dualista. Ela compreende o cosmo a partir de princípios opostos que se mantêm numa tensão insuperável:

    O reino da luz se choca com o reino das trevas.

    O bem se encontra numa luta constante contra o mal.

    O próprio homem se apresenta como campo de batalha entre dois princípios: o espiritual e o material; a alma e o corpo.

    Nessa visão conflitiva, se perde a segurança equilibrada da filosofia aristotélica.

    O homem perde o seu lugar no mundo. Ele se torna enigma e problema para si mesmo.

    Essa problematização se mantém por muitos séculos.

    O grande filósofo Agos­tinho, do século 4. d.C., finalmente combate a cosmovisão gnóstica. Mas também ele compreende o ser humano como incapaz de entender por si mesmo a ordem do cosmo. Só com a graça divina o ser humano poderia compreender o cosmo.

    Por isso, para Agostinho, o ser humano só pode buscar responder à pergunta pelo sentido com a ajuda da fé. É só na luz dela que o enigma humano pode ser compreendido. Visto por si mesmo, este permanece um grande e profundo mistério, diante do qual, Agostinho mantém uma atitude de surpresa e de espanto:

    quid ergo sum, Deus meus, quae natura mea?

    o que eu sou, meu Deus; qual é a minha natureza?

    Com Agostinho, a reflexão filosófica descobre o ser humano como problema. Tal perspectiva problemática permanece até a elaboração dos grandes sistemas filosófico-teológicos da Idade Mé­dia. É só neles que se consegue ver o ser humano outra vez assim, como ele aparece no pensamento de Aristóteles: um ser situado dentro de um universo definido e marcado pelas convicções da religião cristã. Assim, se alcança um certo equilíbrio entre o ser humano e o mundo.

    02_agostinho.jpg

    Santo Agostinho,

    painel de Michael Pacher (1430-1498),

    Munique, Alte Pinakothek.

    Mas tal equilíbrio logo se quebra novamente, e a pergunta por aquilo que é o ser humano volta com muita força a partir das turbulências da Renascença (século 16).

    A partir dela, a questão antropológica continua sendo problemática. Ela permanece assim até hoje. Toda a Filosofia do século 20 se apresenta predominada por ela. E as reflexões do século 21, com a ajuda das assim chamadas neurociências, e de muitas outras disciplinas, continuam a questionar o ser humano a partir de enfoques novos. Quem é esse SER HUMANO? Ele se apresenta enraizado num mundo material, social e histórico, mas a interação entre esse mundo e a

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