Cultura Organizacional 30 de Outubro
Cultura Organizacional 30 de Outubro
Cultura Organizacional 30 de Outubro
Vladimir
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Os recursos humanos são, então, encarados como adaptáveis a novas situações como
a tecnologia ou a globalização. As dinâmicas organizacionais centram-se cada vez mais
na função sociocultural da organização, embora a cultura nas organizações não tenha
merecido uma particular atenção por parte dos primeiros autores do início do século XX.
Apesar do relevo político-ideológico e gestionário conseguido tanto pela Abordagem
Clássica da Administração como pelo Modelo Burocrático Racional erigido por Max
Weber, tal facto não impediu que estes modelos concebessem e estabelecessem
dimensões culturalmente significativas nas suas configurações organizacionais.
Estaríamos, assim perante organizações reprodutoras de significados socioculturais,
que despontavam associados aos respectivos contextos espácio-temporais e, neste
sentido, histórica, ideológica e culturalmente determinados.
cultura organizacional surge como uma técnica de gestão, que serve uma nova
imagem de organização como comunidade social, tentando minimizar a oposição
individuo-organização, pela emergência de um novo paradigma onde a organização é
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um local potencialmente gerador de conflitos, superáveis pela negociação abrangente e
permanente. A evolução das organizações e numa interpretação considerada relevante
para o objectivo da reflexão sobre a cultura organizacional, passa de uma organização
tradicional de sistema fechado à organização aberta, passando por uma forma
intermédia, a organização contingencial.
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similares em termos de tecnologia, dimensão e mercado mostram que a produtividade
era superior no Japão e atribuíram tal ocorrência à superioridade da cultura que nelas
vigora. Factores de cariz não económico são determinantes na vida das empresas e
agentes mobilizadores dos funcionários. No final da década de 70, os estudos do
investigador inglês Pettigrew marcariam decisivamente o conceito de cultura
organizacional. Mas é na década de 80 que a temática da cultura organizacional
adquire maior relevo e popularidade. Refere aquele autor que «as pessoas que
funcionam dentro de uma organização devem, ainda, ter um sentimento contínuo da
leitura da realidade organizacional. A cultura é o sistema de significados aceite
colectivamente por um dado grupo num dado momento os símbolos, a linguagem, a
ideologia, as crenças, os rituais e mitos».
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tarde, referência inquestionável para o estudo da problemática da cultura organizacional.
Este movimento apresenta uma mudança no modo de conceptualizar as organizações:
o pressuposto da dualidade da estrutura/acção, ou do formal/informal, dá lugar,
paulatinamente, a propostas que originam a fusão entre as duas dimensões. Este ensaio
de agregação de aspectos estruturais e comportamentais, insistindo nas suas recíprocas
ligações, estabelecia o pressuposto de que a organização era semelhante a um sistema
aberto e, por isso, todo o seu desenvolvimento e funcionamento dependia de uma
estratégia de mudança progressiva e projectada, quer no domínio dos factores
endógenos quer no domínio dos factores exógenos. Como acabámos de ver, este
movimento caracteriza-se pela fusão de duas tendências no estudo das organizações:
por um lado, o estudo da estrutura e por outro.
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Este movimento alicerça-se nos conceitos de cultura e de clima organizacionais, tidos
como variáveis a serem redefinidas para fazer face às exigências impostas pelo
ambiente. Através da mudança da cultura organizacional, que se desejava integradora,
orgânica e assente no comprometimento e participação dos actores na organização,
tornar-se-ia possível estabelecer as fases de vida e os estádios de desenvolvimento
sistemático da organização.
A cultura adquire, então, um estatuto de variável independente. Para os autores que têm
uma visão crítica das organizações, como Morgan, a cultura é uma realidade
heterogénea e com clivagens, integrando várias subculturas, o que conduz a uma
autonomia dos indivíduos e uma panóplia de comportamentos.
A cultura não deve entender-se como uma componente decorativa, mas como um
elemento estrutural e estruturante da acção organizativa. A organização é definida A
Cultura Organizacional como uma minissociedade provida de símbolos e de ritos, de
linguagem própria, de uma matriz interpretativa comum e de um percurso que a
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caracteriza e singulariza. De acordo com esta perspectiva, a organização é um elemento
pertencente ao mundo simbólico, socialmente construído e interactivamente sustentado,
dependente da dinâmica dos vários agentes que dinamizam a sua construção e
manutenção. Seja como for, a cultura é determinante na criação de uma linguagem e
categorias conceptuais comuns, que possibilitam aos indivíduos comunicar com
eficiência, definir critérios de inclusão ou de exclusão do grupo, estabelecer relações
intergrupais e interpretar e atribuir significados aos factos.
Ainda que nas últimas décadas tivesse sido uma área de investigação recorrente para
muitos investigadores oriundos de várias ciências sociais, a cultura organizacional
permanece como uma problemática de difícil apreensão em virtude do seu estatuto
epistemológico incerto. Neste sentido, têm despontado diversas tentativas para
sistematizar a investigação existente sobre cultura organizacional com o objectivo de
tornar mais compreensível a grande produção investigacional. Porém, algumas das
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tentativas de sistematização têm-se revelado pouco válidas, dado o escasso consenso
gerado.
Apesar das inconsistências, podemos constatar que o debate se abre em dois polos em
torno dos quais se têm desenvolvido grande parte dos estudos nesta área: um polo
centrado na compreensão dos processos de construção da cultura nas organizações e
um outro polo que pretende perspectivar o grau de partilha da cultura, com o intuito de
ler e compreender o significado das suas manifestações em contexto organizacional.
o segundo pólo, por sua vez, assenta no modo como a cultura se revela e manifesta,
podendo estar situada num contínuo representativo de três hipotéticas modalidades de
partilha a integradora, a diferenciadora e a fragmentadora.
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polo cuja especificidade nos parece ilustrar melhor o desenvolvimento da cultura
organizacional em contexto escolar.
1. a perspectiva integradora;
2. a perspectiva diferenciadora; e
3. a perspectiva fragmentadora. Esta sistematização parte daquilo a que as autoras
consideram ser a essência da cultura e dos níveis de análise. As três categorias
estabelecem a sua diferenciação com base na essência (homogeneidade e harmonia,
diferença e conflito), o grau de consenso (organizacional, grupal, individual), a forma
como as manifestações da cultura se relacionam (consistência, inconsistência), a
matriz cultural (una e singular, múltipla e plural) e a orientação perante a ambiguidade
(exclusão, controle). Estas perspectivas, como “tipos ideais” e não apenas como
descrições objectivas da realidade organizacional.