Projeto Ina - Neuropsicologia
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COGNITIVO
RIO DE JANEIRO
2012
Histórico:
A relação entre a mente e o corpo há tempos faz parte do escopo das discussões
filosóficas. Com René Descartes, esse tema aflorou de forma dualista que separou em
substâncias distintas, a res extensa (corpo extenso) da res cogitans (alma, de qualidade
Assim, a mente foi posta como algo não-físico que não se reduz a um substrato físico e
que, por esta razão, não pereceria juntamente com o corpo e como ele. Em outros
termos, isso equivale a dizer que a degeneração física do cérebro não implicaria, então,
diferentes, a mente não estaria subordinada às mesmas leis físicas a que está o corpo
matéria física, extensa; e uma substância inextensa que anima esta matéria física, e para
essa teoria a realidade divide-se em dois tipos: a matéria comum e a consciência, feita
quanto por empiristas passou a ser questionada, na medida em que surgia a necessidade
fundamentação do conhecimento.
Assim, sobre essa filosofia analítica, cujo objetivo era introduzir a necessidade
de uma análise lógica e de base científica, Marcondes comenta ainda que o objetivo de
podem ter a validade universal, objetiva, que se requer na ciência?” (2012, p. 265). Por
defendem um estatuto próprio e autônomo para a mente considerando-a como algo que
objetivados por uma ciência experimental pautada no argumento de que não se poderia
aparatos físicos que somente pode ser realizado mediante métodos que façam uso de
comprovação empírica.
A percepção deixa de ter uma perspectiva essencialista, de base inatista, para ser
relação entre a mente e o cérebro enquanto uma relação que envolve um processo
pesquisa justifica-se pelo fato de introduzir no escopo dos temas de uma filosofia da
mente a importância das descobertas na área neurocientífica que são capazes de revelar
acadêmico uma abordagem fisicalista sem separação entre mente e cérebro, na qual
sejam ressaltados nossos atributos físicos, mostrando como eles interferem em nosso
motores.
Introdução:
monistas, que consideram que a mente não difere da matéria. Segundo Chalmers (1996),
por exemplo, que defende o dualismo, a consciência não se reduz a estados físicos, por
outro lado, para Paul Churchland, faz-se necessário uma compreensão considerando-se,
sem dúvida, os aspectos fisicalistas, pois o fato de termos um sistema nervoso “torna
segundo Churchland, se isso está correto, então não precisamos introduzir “substâncias
criaturas da matéria. E deveríamos aprender a conviver com esse fato.” (id. ibid.).
fim de demonstrar a relação entre danos físicos e seus respectivos déficits psíquicos ou
motores. O método conhecido como “ablação experimental” foi uma técnica que
de um antigo paciente, o neurologista Paul Broca encontrou uma lesão no lobo frontal
esquerdo deste paciente e concluiu ser aquela região responsável pela fala. A perda
dessas habilidades da fala ficou conhecida como “afasia de Broca”, pois, “uma lesão na
área de Broca interfere gravemente na produção da fala” (Bear et al. 2010), embora não
mente.
demonstrar uma relação, não somente possível, mas, sobretudo, necessária, entre a
Parte-se, então, do pressuposto de que as pesquisas das áreas encefálicas possam ser de
grande importância para estudos das ciências cognitivas, de modo geral. Além disso,
princípio de que os estudos voltados para este tipo de pesquisa precisam levar em
homem.
Justificativa Científica
pensar a relação mente-cérebro tendo como base pressupostos fisicalistas tanto do ponto
“fantasma” (mas, que por outro lado não desconsideram os sentidos internos de nossos
constituições diferentes da matéria física que operam num domínio oculto podendo se
reduzir, ou não, a aparatos físicos, mas sim como parte da própria dinâmica de
que não o colocamos como algo tributário de um domínio extrafísico, mas como
termos gerais, refuta-se o domínio não-físico (defendido pelos dualistas), sem rejeitar a
todos os estados internos. Esses estados internos não são mais entendidos como um
domínio mental separado do corpo que ora serve de mediador (mente como aquilo que
nos capacita a perceber e a fazer uso de nosso cérebro) e ora é identificado com suas
especificidades físicas (que afirma que dor, um estado interno, é meramente ativação da
fibra “c”).
A lacuna que esta investigação poderá preencher diz respeito não somente às
fisicalista até as especulações sem base empírica. Espera-se, portanto, com este
trabalho, destacar nossos estados introspectivos sem negar que eles, no entanto, são
No que diz respeito aos sistemas e neurônios, sabe-se que há toda uma relação
implícita entre a anatomia e a fisiologia neuronal. O objetivo geral deste trabalho refere-
fisicalista que seja, vale lembrar, coadunante com as pesquisas que vem sendo
realizadas na área neurocientífica, que demonstram, por sua vez, a relação entre mente e
1. 1ª hipótese:
A proposta deste trabalho parte da hipótese de que a mente não seria como
atributos físicos. A mente não é então algo que está apartado do encéfalo tal como
propuseram os dualistas. Ter um cérebro é condição sine qua non para que se tenha
estados mentais. Com isso, vale lembrar as palavras de Churchland (2004, p. 45) que
2. 2ª hipótese:
existência de uma substância imaterial, por um lado, não concordaremos aqui com os
sensações (os “qualia” sensoriais) (Churchland, 2004). Churchland afirma que, sem
que são os seres humanos” (2004, p. 50) “uma vez que os estímulos e as respostas são
eventos físicos” (Fodor, 1981, p. 115). E, com a intenção, portanto, de dar um fim na
diz Churchland, (2008, p. 48), o behaviorismo foi, sem dúvida, uma “reação contra o
Churchland considera isto uma falha, pois “ter uma dor, por exemplo, não parece ser
meramente uma questão de estar inclinado a gemer, esquivar-se, tomar aspirina, e assim
por diante”. (2004, p. 50). Não podemos negar, então, tais características, mas nem por
aparatos físicos.
tais disposições com uma substancia imaterial. Desse modo é que os behavioristas
(2004, p. 57). A consciência, portanto, não é uma coisa subjacente a uma estrutura