1 AULA - Ciência e Psicologia

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PSICOLOGIA & CIÊNCIA

Profs. Luciana e Murilo


3º Período de Medicina - A e B

2019 – 1º Semestre

Imagens Google
CASTANON, Gustavo Arja. Psicologia como ciência moderna: vetos
históricos e status atual. Temas psicol., Ribeirão Preto , v. 17, n. 1, p.
21-36, 2009 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
389X2009000100004&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 28 dez. 2018.
Conhecer é atividade especificamente humana. Ultrapassa o
mero “dar-se conta de”, e significa a apreensão, a interpretação.
Conhecer supõe a presença de sujeitos; um objeto que suscita sua
atenção compreensiva; o uso de instrumento de apreensão, um
trabalho, ao conhecer, cria-se uma representação do conhecido –
que já não mais o objeto, mas uma construção do sujeito. O
conhecimento produz, assim modelos de apreensão - que por sua
vez vão instruir conhecimentos futuros”
INTRODUÇÃO
Uma vez que a ciência moderna se apresenta como atividade que
estabelece hipóteses sobre leis naturais através de experimentação e
formalização (se possível matematização), e que estas hipóteses
testadas também devem apresentar capacidade preditiva, sempre foi
questionada interna e externamente a possibilidade de investigação
científica da psique, consciência, ou de quaisquer das definições
originais de objeto desta disciplina.
INTRODUÇÃO
Neste artigo, são apresentados os questionamentos que se
colocaram historicamente contra a possibilidade de existência de
uma psicologia científica divididos em três grandes grupos de
problemas.
INTRODUÇÃO
 Vetos à própria possibilidade da ciência como concebida pela
modernidade;

 Questionamentos ontológicos diretos à possibilidade de uma


psicologia científica, que são os problemas da natureza
inquantificável de seu objeto, da simultaneidade da condição de
sujeito e objeto, da indivisibilidade do fenômeno psíquico ...
INTRODUÇÃO
 A metodologia – alegam impossibilidade de observação direta
do fenômeno psicológico, da dificuldade metodológica de sua
quantificação, das limitações éticas para a pesquisa em
psicologia...
Definindo a Ciência Moderna
Apreciação da ciência moderna em si, conforme a definição
efetuada por Ernest Nagel em The Structure of Science, de 1961,
onde a ciência é definida com as características básicas:

 forma sistêmica da organização do conjunto de leis;

 definição de métodos de investigação;

 redução de fenômenos a um nível ontologicamente mais básico;


Definindo a Ciência Moderna
 objetividade (no sentido de ser controlável, reproduzível e
intersubjetivamente observável);

 claridade das leis e teorias estabelecidas em linguagem


formalmente impecável e semanticamente unívoca e, por fim;

 incompletude e falibilidade do conhecimento produzido.


Definindo a Ciência Moderna
A forma de conhecimento que Nagel e a modernidade
denominam ciência (não me refiro aqui às ciências formais,
e sim às empíricas) é aquela que permite ao menos uma
aproximação do conhecimento universalmente válido e
empiricamente testável.
Definindo a Ciência Moderna
Ciência é aquele modo de obtenção de conhecimento
que aspira a formular, mediante linguagem rigorosa (e
sempre que possível matemática), teorias gerais e leis
universais que expliquem e prevejam, de forma cada vez
mais acurada, ainda que probabilisticamente, fenômenos da
realidade objetiva.
Definindo a Ciência Moderna
Aceitar que tal atividade é possível significa aceitar
implicitamente uma série de crenças mais básicas, de
pressupostos filosóficos, sem os quais tal tipo de atividade e
tal tipo de produto (leis naturais explicativas, descritivas e
preditivas) não seriam possíveis:
Definindo a Ciência Moderna
 Crença de que o objeto de investigação e algumas de
suas características existem independentemente da mente
do observador, a isto se denominará realismo ontológico;

 Crença na estabilidade, pelo menos em alguns de seus


aspectos, do objeto que se estuda, a isto se denominará
princípio da regularidade do objeto;
Definindo a Ciência Moderna
 Crença de que através do método adequado, podemos
vir a conhecer algo sobre o objeto, a isto se referirá como
otimismo epistemológico;

 Crença na assunção das leis básicas da lógica clássica


na formulação de argumentos válidos, os pressupostos
lógicos;
Definindo a Ciência Moderna
 Crença de que podemos representar adequada e
estavelmente o mundo através da linguagem, a isto se
denominará aqui, representacionismo.
Diante de tantos pressupostos, como compreender a
ciência, afinal ?
Estas crenças estão sob ataque constante
Problemas ontológicos da Psicologia enquanto ciência
 A natureza inquantificável do objeto da psicologia – a
impossibilidade de quantificação dos fenômenos psicológicos. A
psicologia como ciência empírica, nem procederia a priori, nem
poderia quantificar seus dados e empregar o cálculo matemático
na descrição precisa da realidade e das leis que a regem.

 Devemos distinguir este problema metodológico representado


pela dificuldade de mensuração de dados ...
Problemas ontológicos da Psicologia enquanto ciência
 O behaviorismo foi o primeiro a oferecer uma solução
consistente para este problema, tornando o comportamento, que
se produzia no espaço, o objeto de estudo da psicologia. O
problema com essa solução é tão conhecido como ela própria:
este objeto, a despeito de ser a única fonte de dados objetivos de
que dispomos, não é o objeto primário de interesse da maioria dos
psicólogos.
Problemas ontológicos da Psicologia enquanto ciência
 O behaviorismo foi o primeiro a oferecer uma solução
consistente para este problema, tornando o comportamento, que
se produzia no espaço, o objeto de estudo da psicologia. O
problema com essa solução é tão conhecido como ela própria:
este objeto, a despeito de ser a única fonte de dados objetivos de
que dispomos, não é o objeto primário de interesse da maioria dos
psicólogos.
Problemas ontológicos da Psicologia enquanto ciência
Ciência Positivista

 Doutrina que reconhece somente os fenômenos e fatos naturais


observáveis de forma objetiva.

SCHULTZ. D. P. História da Psicologia Moderna. São Paulo : Thomsom Learnig, 2005.


Problemas ontológicos da Psicologia enquanto ciência
Natureza metodológica

 Da impossibilidade de o sujeito ser ao mesmo tempo objeto - O


sujeito que pensa não pode ser ao mesmo tempo o objeto do
experimento ou mesmo da mera observação que realiza, pois
estaria consciente das condições experimentais e de controle,
além de a observação interna interferir no resultado do andamento
do próprio processo psíquico.
Problemas ontológicos da Psicologia enquanto ciência
 Da indivisibilidade do fenômeno psíquico – este veto se refere à
impossibilidade de proceder por análise e síntese na investigação
do fenômeno psíquico, pois não se podem considerar os eventos
psíquicos em separado, como elementos, uma vez que a vida
psíquica na realidade forma uma totalidade cujas partes não
podem ser separadas nem combinadas.
Problemas ontológicos da Psicologia enquanto ciência
 A psicologia não pode ter o mesmo método das ciências naturais –
Se o objeto da psicologia (a consciência) é de natureza diversa do
objeto das ciências naturais (objetos físicos no espaço), então
requer um método próprio de investigação.
Problemas ontológicos da Psicologia enquanto ciência
 O objeto da psicologia deve ser o sentido da experiência
consciente – É a tese da psicologia humanista, que tem a
especificidade de pretender continuar a utilizar o método
experimental para a investigação desse novo objeto, em conjunto
com outros, idiográficos*.
Que considera os fatos individualmente, analisando as características particulares e individuais; opõe-se ao
que se pauta em análises gerais: método científico idiográfico; disciplina idiográfica.
Problemas ontológicos da Psicologia enquanto ciência
 O ser humano é dotado de autonomia – Problema central da
psicologia que coloca diretamente em cheque sua condição de
ciência moderna. Para grande parte do pensamento ocidental e
contemporâneo, o ser humano é dotado de algum nível de auto-
determinação, seria fonte de atividade do universo e não um objeto
meramente reagente deste. Este é, na verdade, um dos mais
antigos e importantes problemas filosóficos.
Problemas ontológicos da Psicologia enquanto ciência
 A psicologia não tem objeto próprio – funções psicológicas são
propriedades emergentes de um cérebro, assim como softwares
são propriedades emergentes de organizações específicas de um
hardware. O entendimento de um determinado padrão de
processamento de informação não requer o entendimento da
forma pela qual ele está sendo fisicamente processado.
Problemas ontológicos da Psicologia enquanto ciência
 Da alteração do objeto da psicologia pela interação e pelo
conhecimento – O ser humano seria passível de modificação
estrutural quando em processo de interação social ou condições
de pesquisa, o que poria em cheque o pressuposto da
regularidade do objeto.
Problemas ontológicos da Psicologia enquanto ciência
 Apesar das abordagens psicológicas terem apresentado soluções
para alguns destes problemas as questões de um possível nível de
autonomia humana e da complexidade da explicação psicológica
permanecem sem solução ou abordagem filosófica adequada,
deixando espaço para uma melhor caracterização da
modernidade à ciência psicológica no futuro.

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