Apostila - Psicanálise e As Neurociências

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PSICANÁLISE E AS NEUROCIÊNCIAS

Sumário
PSICANÁLISE E AS NEUROCIÊNCIAS ................................................. 0

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

Introdução ................................................................................................ 3

A neuropsicanálise: elogio ao método experimental ............................ 6


Da emergência do sujeito freudiano ao "sujeito" biológico ................. 12
Psicanálise e neurociências ............................................................... 19
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 29

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Introdução

Freud acreditava ser o psiquismo humano, em primeiro lugar, a atividade


de aparelho de um corpo vivo, operando em relação direta com o meio
envolvente. Esta operação psíquica é coexistente, subjugada e conjunta à
atividade do sistema nervoso, estando o cérebro o nosso “órgão anímico”. Desse
modo, o aparelho psíquico é constituído por mecanismos de representações
articuladas em rede, da forma em que qualquer variação em uma região de um
sistema sui generis é capaz de atingir as regiões vizinhas em função de sua
potência (WINOGRAD, 2006).

Dessa forma, na obra o Projeto para uma Psicologia Científica (FREUD,


1895), no tocante em que Freud presume uma rede neural distribuída em três
sistemas específicos, e o que antecipou para conexões importantes sobre
neurônios para a neurociência do século XX. O projeto freudiano surge com duas
ideias básicas: (1) raciocinar a dissimilitude entre a ação e o repouso a partir do
funcionamento de uma energia Q, exposta às leis gerais do movimento; (2)
suspeitar que as partículas materiais em jogo são neurônios. Ou seja, o neurônio
é apontado como o suporte material ao elemento que forma o aparelho psíquico.
Os neurônios são de unidade distintas, mas da mesma natureza, com a relação

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do contato do organismo com o meio. Onde os neurônios se agrupam em três


sistemas divergentes: sistema ψ, sistema φ e sistema ω (WINOGRAD, 2006).

Pressupostos que apresentam a associação entre a psicanálise e a


neurociência podem ser identificados, então, partindo do pensar freudiano de
que se sustentou até o final com o conceito de que os fenômenos mentais
dispõem de um imo biológico. Freud perpetuamente contemplou uma amarração
do psíquico no domínio do biológico, em nenhum momento predizendo que o
aparelho psíquico seria uma entidade metafisica. Apesar disso, considera o
surgimento do psíquico com a história do sujeito, história da espécie humana,
sociedade e cultura (FAVERET, 2016).

A neuropsicanálise surgiu tímida entre os psicanalistas que arriscavam


estudar a relação entre os conceitos e achados da psicanálise com pesquisas
da neurociência, mais precisamente na década do cérebro em 1994, com a
constituição do grupo de estudos de neurociência e psicanálise do Instituo de
Psicanálise de Nova York, no qual os psicanalistas, liderados por Arnold Pfefer,
procuraram em neurocientistas da Universidade de Columbia, como James
Schwartz, os saberes neurocientíficos que conseguissem correlatar com os
estudos psicanalíticos. Se adentrava uma permuta de informações e
conhecimentos entre psicanalistas e neurocientistas (SOUSSUMI, 2006).

Na atualidade, alguns dos psicanalistas e neurocientistas tencionam entre


a exploração das confluências entre fato biológico e fato psíquico. Ao contrário
do inconsciente cognitivo, no qual permaneceriam o automatismo e reações que
efetivamos, o inconsciente freudiano é desenvolvido por particularidades
expostas pelas experiências vividas, as quais se relacionam com o modo de
formação de uma personalidade singular. Podemos acompanhar na neurologia
moderna, a ideia de traço referente as alterações das experiências, ocasionando
uma conexão com a rede neural. Em consequência, os traços das
experimentações que concerniriam a um campo favorecido por questões que
circundam a neurociência e a psicanálise (PINHEIRO; HERZOG, 2017).

Contudo, atualmente se destaca o fato que a rede neural não é


impermeável e permanente, todavia aberta a alterações. Sinapses se modificam

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em sua forma, tamanho e quantidade em conformidade com as experiências,


sabendo a relação direta com os sentidos corporais. A hipótese da
neuropsicanalise é que traços da memória inicial se se reorganizam por meio da
plasticidade neural que dão origem a uma existência inconsciente interna que
reage aos caminhos do sujeito (PINHEIRO; HERZOG, 2017).

Ainda, existindo, a eclosão de uma consciência processada


(fundamentalmente à associação com à linguagem) que conseguimos associar
a um inconsciente explicito, melhor dizendo, um inconsciente coordenado com a
linguagem. É o hipocampo que possibilita a tradução das memórias implícitas
em memórias explicitas, concedendo o recalque originário e facultando a origem
do inconsciente explicito, quer dizer, um aglomerado sistemático de memorias
explicita (LYRA, 2007).

Comumente se questiona, o que seria recalcado no recalque originário?


A reposta se desenvolve de maneira simples: o que não for traduzido pelo
hipocampo, ou seja, aquelas memórias emocionais e procedurais que perduram
implícitas. Pelo meio do recalque originário, entretanto, a consciência primária é
procedida pela consciência efetuada: em direção para o futuro, toda a vivência
subjetiva passa a ser indicada pela linguagem (LYRA, 2007).

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A neuropsicanálise: elogio ao método experimental

O primeiro grupo, que chamamos de hibridação, especifica-se pelo


entendimento de que a psicanálise não teria evoluído "cientificamente" por não
ter desenvolvido métodos empíricos objetivos para testar suas hipóteses, o que
fez com que se tornasse obsoleta e devesse se revigorar. Para atingir esse
objetivo, a Psicanálise deveria importar o modelo de ciência adotado nas
ciências físicas e naturais, experimentalizando-se para se tornar, enfim,
científica. As neurociências poderiam fornecer à psicanálise fundamentos
empíricos e conceituais mais sólidos sobre o funcionamento psíquico, entre os
quais se destacariam os oriundos das novas tecnologias de neuroimagem, além
dos achados da Neuropsicologia Cognitiva.

O pontapé inicial para este movimento foi dado por Eric Kandel (1999), ao
expressar o que acredita ter sido a grande falha da Psicanálise em seu
desenvolvimento: muitas áreas médicas progrediram ao incorporar metodologias
e conceitos de outras disciplinas, sendo que a Psicanálise falhou nesse aspecto,
já que a Psicanálise ainda não se reconhece como um ramo da biologia. Ela não
incorporou para a visão psicanalítica da mente os ricos conhecimentos sobre a

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biologia do cérebro e seu controle do comportamento que foi identificado nos


últimos 50 anos (Kandel, 1999, p. 507).

Ainda que Kandel (1999) reconheça que a Psicanálise revolucionou nossa


compreensão sobre a vida mental, oferecendo insights notáveis sobre processos
mentais inconscientes e, principalmente, a irracionalidade das motivações
humanas, ele entende que o mesmo vigor não pôde ser observado nos anos
posteriores, pois, embora o pensamento psicanalítico continue progredindo, tem
havido poucos insights brilhantes, com exceção das teorias sobre o
desenvolvimento infantil. Kandel acredita que, conquanto a Psicanálise ainda
represente a visão de mente mais coerente e cientificamente satisfatória dentre
as que existem, ela entrou no século XXI em declínio por não ter desenvolvido
métodos objetivos para testar suas ideias —o que só pode acontecer através de
seu fortalecimento a partir de sua aproximação teórica e, sobretudo,
metodológica, com a biologia em geral e com as neurociências cognitivas em
particular.

Relativamente ao aspecto metodológico, Kandel marca sua posição ao


afirmar que "a Psicanálise foi sempre melhor em gerar ideias do que testá-las"
(p. 506). Embora reconheça que a privacidade da comunicação é central para a
confiança básica engendrada na situação psicanalítica, considera que isto gera
um impasse, pois só fornece as considerações subjetivas do analista a respeito
do que ele acredita ter ocorrido. Para este pesquisador, uma das grandes
limitações dos estudos psicanalíticos dos processos psíquicos foi justamente a
inexistência de um método capaz de observação direta desses processos.

Assim, uma contribuição-chave que a Biologia pode atualmente fornecer


– através da neuroimagem e do estudo de pacientes com lesões em diferentes
componentes da memória – é mudar a base do estudo dos processos mentais
da inferência indireta para a observação direta. Kandel (1999) entende que uma
aproximação entre a Psicanálise e a Neurociência Cognitiva geraria ainda um
avanço conceitual para a primeira, já que a última poderia prover, além da
metodologia, também um novo instrumental teórico para seu crescimento futuro.

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Como sugerem Olds e Cooper (1997), a Neurociência Cognitiva poderia ajudar


a reescrever a metapsicologia em base científica.

O resultado deste movimento foi o surgimento da Neuropsicanálise. Em


1999 foi publicado o 1º número da revista Neuro-psychoanalysis, de cujo corpo
editorial fazem parte neurocientistas de renome, como o prêmio Nobel Eric
Kandel, António Damásio e Oliver Sacks, e psicanalistas célebres, como Charles
Brenner, André Green, Otto Kernberg e Daniel Widlöcher. Pouco tempo depois,
em julho de 2000, foi realizado em Londres o 1º Congresso Internacional de
Neuropsicanálise ― ocasião em que foi fundada a Sociedade Internacional de
Neuropsicanálise pelo psicanalista e neurocientista Mark Solms e por sua
esposa, Karen Kaplan-Solms, fonoaudióloga, neuropsicóloga e também
psicanalista. Desde então, a cada ano um novo congresso internacional vem
sendo realizado, congregando cada vez mais estudiosos de todo o mundo e
consolidando as posições teóricas e metodológicas dos que entendem ser
necessário estabelecer um campo híbrido entre a Psicanálise e as
neurociências.

Um dos caminhos percorridos por esses pesquisadores no intuito de


sustentar epistemológica e metodologicamente o empreendimento
neuropsicanalítico foi a retomada de textos freudianos históricos e precoces
(anteriores a 1900 e relativos ao que se convencionou chamar de período pré-
psicanalítico ou neurológico de sua produção) para mostrar a compatibilidade
que eles afirmam existir entre os pressupostos de Freud – em termos da
correlação entre os processos psíquicos e os neurológicos – e aqueles
observados na pesquisa neuropsicanalítica. Eles alegam que a insuficiência do
conhecimento das ciências do cérebro da época foi o motivo principal pelo qual
Freud se viu impedido de realizar o que a Neuropsicanálise atualmente pretende.

Kaplan-Solms e Solms (2005) salientam que o objetivo da pesquisa


neuropsicanalítica é modesto e, ao mesmo tempo, de longo alcance. É modesto
no sentido de introduzir a combinação de dois métodos anteriormente
separados, e de longo alcance, no sentido daquilo que se pode adquirir a partir
da aplicação desse novo método. Eles acreditam que o método

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neuropsicanalítico possa viabilizar o caminho para uma integração – em uma


base empírica – da Psicanálise e das neurociências. Em suma, eles definem a
sua "proposta metodológica" da seguinte forma: "a técnica de associação-livre
deve ser introduzida no método neuropsicológico de Luria" (Kaplan-Solms &
Solms, 2005, p. 88), que se caracteriza por dois estágios: (1) qualificação dos
sintomas e (2) análise da síndrome.

Apesar de reconhecer que a psicanálise "é o melhor método disponível


quando se chega àqueles aspectos mais profundos da vida mental que a
Neuropsicologia não estudou" (Kaplan-Solms & Solms, 2005, p. 89), os autores
afirmam que, ironicamente, devemos o desenvolvimento de um procedimento
clínico, ou seja, o método psicanalítico, ao fato de Freud ter abandonado
métodos científicos de investigação quando se deu conta de que eles eram
incapazes de acomodar a natureza dinâmica e "virtual" dos processos mentais;
e acrescentam que agora chegou a hora de reintroduzirmos os frutos dos
trabalhos de Freud no campo neurocientífico, fora do qual eles originalmente
cresceram. Ao fazê-lo, os pesquisadores acreditam estar aptos "a reunir a
psicanálise com a neurociência, numa base clínica sólida (...)" (Kaplan-Solms &
Solms, 2005, p. 89).

Tendo em vista os pressupostos a partir dos quais a Neuropsicanálise


opera – quais sejam, que as neurociências poderiam fornecer à psicanálise
fundamentos empíricos e conceituais mais sólidos sobre o funcionamento
psíquico, o que resulta na tentativa de se formar um campo híbrido – pensamos
ser contraditória a posição de Mark Solms a respeito do próprio método de
pesquisa quando afirma que "através desse método, as funções psicológicas
ainda são compreendidas em seus próprios termos psicológicos; sua estrutura
essencial, dinâmica, é respeitada e resguardada; elas não são reduzidas à
anatomia e à fisiologia (...)" (Kaplan-Solms & Solms, 2005, p. 64). O que, na
verdade, observamos através da análise dos casos clínicos atendidos por esses
pesquisadores (Kaplan-Solms & Solms, 2004, 2005) é uma fusão da
"compreensão" psicanalítica com a "descrição" neuropsicológica, o que indicaria,
a nosso ver, uma tentativa de tornar a psicanálise "científica" e "mais aceita" por

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outras áreas do saber, que, por sua vez, poderiam conferir credibilidade às
hipóteses psicanalíticas.

Considerando-se o que está implícito neste grupo, ou seja, uma


hierarquização de modelos epistemológicos em que é conferido às
neurociências um lugar de privilégio em relação à psicanálise, exacerba-se o
risco de se realizar nessas pesquisas uma redução explicativa, e não apenas a
necessária redução metodológica. Andrieu (2000) e Ehrenberg (2004) destacam
existir em qualquer campo de investigação uma redução metodológica interna,
que é necessária para a constituição de qualquer saber, mas corre o sério risco
de deslizar para uma redução explicativa e ideológica, ou seja, para uma
explicação generalizada a partir de resultados parciais ou válidos somente em
um campo inicial. Por exemplo, em um trabalho recente, Solms (2007) identifica
a libido – conceito metapsicológico que se refere à energia sexual que gera a
força mental – com o sistema de recompensa – conceito neurocientífico
relacionado com o prazer e comportamentos de adicção, mediado pelo agente
químico dopamina. Ele defende que estes conceitos funcionam do mesmo modo,
parecendo ignorar que uma possível convergência entre eles não significa uma
identidade: aqui seu reducionismo explicativo fica evidente.

Outro pioneiro da Neuropsicanálise é Yusaku Soussumi. De forma


aparentemente contraditória aos objetivos epistemológicos da neuropsicanálise,
ele defende inicialmente que psicanálise e neurociências sejam ciências com
objetos e métodos próprios de investigação, não sendo possível reduzir uma à
outra. De acordo com Soussumi (2003), contudo, a Neuropsicanálise, em seu
trabalho de investigação em duas vias, deve pretender consolidar
cientificamente os conceitos metapsicológicos resultantes de observação
acurada em anos de testagem na prática psicanalítica. Às neurociências caberia
auxiliar no reconhecimento e na correção dos erros, na afinação e na apuração
dos dados imperfeitos e na correlação dos fenômenos psíquicos com os
fenômenos neurais concomitantes ao nível dos órgãos, das células e das
moléculas.

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É interessante notar a contradição de Soussumi quando, apesar de


afirmar que psicanálise e neurociências são duas ciências que possuem objetos
e métodos próprios de investigação, defende que as neurociências poderão
consolidar cientificamente conceitos metapsicológicos e apurar dados
imperfeitos. Ora, a partir de sua primeira afirmação, poder-se-ia supor que, ao
se tratar de metodologias diferentes, seria através do próprio método
psicanalítico que se tentaria apurar os dados imperfeitos, e não com outra
metodologia, como sugere sua segunda afirmação.

Por sua vez, Kernberg (2006) propõe que o fomento da pesquisa empírica
em psicanálise poderia auxiliar no fortalecimento da consistência dos conceitos
psicanalíticos, servindo como complemento do método comumente utilizado,
qual seja, a formulação de teorias a partir da investigação do material clínico.
Seu objetivo, em última análise, é "avançar no conhecimento" e dar garantias ao
público a respeito dos efeitos benéficos da psicanálise, além de fortalecer o lugar
desta entre as ciências.

Segundo sua linha de pensamento, a falta de esforços na comunidade


psicanalítica em desenvolver pesquisas sistemáticas sobre sua eficácia acabou
por abrir espaços para outras terapias, como as cognitivo-comportamentais, as
quais realizam pesquisas empíricas constantes. A pesquisa aqui é entendida
como observações sistemáticas sob condições controladas que possam levar a
novos conhecimentos. A sua crítica principal em relação ao campo psicanalítico
refere-se à assunção de que a pesquisa empírica, tal como vem sendo realizada,
não chegou a acrescentar algo efetivo à prática psicanalítica e que os avanços
significativos na teoria e na técnica psicanalíticas vieram dos trabalhos
inspiradores de teóricos e clínicos.

Não obstante, ele mesmo admite que Melanie Klein, Edith Jacobson,
Winnicott, Bion, André Green e outros foram muito mais importantes em suas
contribuições do que qualquer pesquisa empírica em psicanálise. Apesar de
reconhecer que a sutileza, a riqueza e a complexidade do processo psicanalítico
não podem ser apreendidas em projetos de pesquisa, que têm,

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necessariamente, uma ação restrita, ele defende que o efeito cumulativo de


pesquisas bem dirigidas caminharia nesta direção.

A preocupação com a falta de verificação empírica, que os autores do


grupo da hibridação acreditam ameaçar a psicanálise, levou à criação, nos EUA,
da Sociedade para o Avanço da Pesquisa Quantitativa (SAQRP), em 1989. O
objetivo é fazer com que a psicanálise se atualize constantemente e possa se
encaixar e se alinhar mais estreitamente ao conhecimento que a ciência empírica
permite. Através dos argumentos do grupo da hibridação, ao defender que a
psicanálise deve adotar o método das ciências naturais no sentido de se
experimentalizar e, além de importar o seu modelo, importar também os
conceitos, observamos a ameaça de distorção que sofre a psicanálise. Se na
psicanálise existe um problema de falta de homogeneidade institucional,
metodológica ou teórica, esse problema deve ser resolvido dentro do próprio
campo.

Da emergência do sujeito freudiano ao "sujeito" biológico

Psicanálise e ciência sempre guardaram entre si pontos de interlocução.


Sendo Freud um neurologista de formação, e uma vez que a Psicanálise surgiu

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de seu interesse sobre os sintomas histéricos, o diálogo com a medicina sempre


esteve presente. Em 1932, Freud, em sua conferência sobre a Weltanschauung,
afirmou que a psicanálise tem a visão de mundo da ciência, apesar de não ser
ela mesma uma ciência natural. Isso se deve ao fato de apoiar-se na
investigação intelectual dos fenômenos psíquicos, mas sem a intenção de
estabelecer um sistema de pensamento hermético, como seria o caso de uma
filosofia. Vejamos de forma breve como se encontra o saber científico na época
em que Freud constrói sua teoria.

Com o estudo da anatomia, no século XVIII, inaugurou-se o paradigma


anátomo-clínico e, com ele, a medicina científica, que estava preocupada em
encontrar as lesões ou disfunções no órgão que causavam a doença. O médico
deixa de perguntar ao paciente sobre como ele se sente para perguntar onde
dói. Com o status de ciência, a medicina passa a ostentar o discurso soberano
sobre os cuidados com o corpo.

O modelo anátomo-clínico que servia de norte para a medicina era o


grande entrave para a elucidação dos sintomas histéricos, uma vez que não se
encontrava qualquer lesão anatômica que pudesse ser apontada como cerne
daquela patologia. (Birman, 2010).

No entanto, não é demais lembrar que Freud, desde o início de seus


trabalhos, teve o cuidado de conferir um rigor científico ao campo de saber que
construía. Como aponta Herzog (1988), essa busca pelo status de cientificidade
está presente em vários dos artigos do primeiro psicanalista. Os processos
pulsionais (acúmulo e escoamento de energia) análogos a processos das
ciências naturais, a descrição dos procedimentos técnicos e dos fenômenos
descobertos são exemplos disso. Essa busca por objetividade era um esforço
necessário para que seu trabalho não fosse tomado como místico ou como mais
uma forma de sugestão. Mesmo em 1923, quando já se contabilizavam mais de
duas décadas de investigações acerca dos processos inconscientes, cabe
repetir aqui a afirmação veemente de Freud acerca da legitimidade de sua
descoberta, ao caracterizar a psicanálise como "um procedimento para a

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investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer


outro modo" (Freud, 1923 [1922]/1976, p. 287).

A Psicanálise, cujo objeto de investigação são as formações


inconscientes, desde seu surgimento implicou uma ruptura epistemológica com
o campo da medicina, ao trazer uma noção de corpo calcada no conceito de
pulsão, definido por Freud (1915a/1976, p. 142) como: "um conceito situado na
fronteira entre o mental e o somático, como o representante psíquico dos
estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente, como uma
medida da exigência feita à mente no sentido de trabalhar em consequência de
sua ligação com o corpo".

Ao contrário do instinto, que possui objeto pré-definido, a pulsão não tem


estabelecido previamente nem seu objeto nem sua forma de satisfação, que
serão moldados conforme a história do sujeito. Desse modo, o corpo passa a ser
compreendido como indissociável do registro simbólico e, consequentemente,
da relação com o próximo.

Vemos então que a discussão biológico x psicológico não é propriamente


nova. Mesmo atingido pelas referências de seu tempo, Freud dá um passo a
mais e pensará, posteriormente, num corpo pulsional - em oposição a um corpo
meramente anatômico -, que depende da relação com o semelhante para se
formar. É por conta do outro que nomeia, atende e frustra suas demandas que
um sujeito pode advir como tal. Com isso, Freud desfaz a dicotomia que toma
mente e corpo como dois lugares separados. Além do mais, Freud (1923/1976),
ao definir o Eu como uma instância corporal, que tem sua origem nas sensações
físicas (que serão constitutivas do sujeito), torna inválidas as críticas daqueles
que o acusam de ter negligenciado a questão do corpo.

O sintoma é forjado pela palavra, expressão de um conflito inconsciente,


totalmente distinto do sintoma da medicina. O desejo em conflito com a
consciência encontra ligação com alguma palavra que se associe a ele. Sendo
assim, o sintoma é a expressão de um desejo. Trata-se então de uma formação
de compromisso entre o Consciente e o Inconsciente (Freud, 1900/1996).

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Postular um aparelho psíquico cujo motor principal estava no


Inconsciente, instância esta não localizável no corpo anatômico e responsável
por produções psíquicas aparentemente desprovidas de sentido, foi um grande
passo que possibilitou a Freud romper com o discurso médico e instituir o
discurso psicanalítico. Esse aparelho era guiado pelo princípio do prazer. Isso
quer dizer que sua finalidade era fazer uma mediação entre as contingências
ambientais e as forças pulsionais, buscando evitar o desprazer.

Sobre as transformações culturais que possibilitaram tal visão de


psiquismo, valendo-nos das considerações de Kehl (2002), vemos que a
transição cultural de um modo de vida referido ao coletivo para outro modo de
vida, referido cada vez mais ao individualismo, foi o que permitiu o surgimento
do sujeito neurótico, marcado pelo conflito, sobre o qual a psicanálise montou
suas investigações, uma vez que as regras rígidas de uma comunidade "liberam
o sujeito da necessidade de elaborar uma resposta neurótica para seu conflito"
(Kehl, 2002, p. 46). Em uma cultura de formações sociais bem demarcadas e
estáveis que regem a vida do ser humano (tal como ocorria no mundo antigo e
medieval) o sujeito é menos livre para ser autor de seu próprio destino. Enquanto
nas culturas antigas as normas, transgressões e punições são explícitas e
decididas pela coletividade, nas modernas sociedades individualistas essas
regras são internalizadas, e cabe cada vez mais ao sujeito julgar a natureza de
seus atos.

Nas sociedades antigas e medievais, as formações sociais com códigos


rígidos e públicos, tanto no que tocam a vida pública quanto a vida privada, eram
o que salvava o sujeito da neurose. Segundo Kehl (2002) a internalização das
leis e dos ideais na forma de um Supereu se dá na medida em que esse processo
de descentralização da verdade avança.

Vemos assim que o sujeito moderno, diferente do medieval, é um sujeito


não mais tão referido à coletividade e à linhagem, mas à sua interioridade. É
aberto um espaço para a interpretação e, consequentemente, para a dúvida
sobre o que fazer consigo mesmo e seu destino. Cada um será levado a pensar
sobre si e procurar um sentido para sua existência.

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A sociedade atual caminha conforme as coordenadas estipuladas por Guy


Debord em 1968, na sua obra A sociedade do espetáculo. Nela, o autor
descrevia um panorama de sociedade em forma de encenação performática
onde o que importa é a aparência. Os sujeitos absorvem passivamente esse
desfile de imagens que estampa a superfluidade do social. Nesse modelo, não
importa muito o que o sujeito é. Basta parecer que é alguma coisa, pois o que
está em jogo é o personagem socialmente exibido. Os meios de comunicação
em massa são responsáveis por veicularem o modelo que deve ser seguido.
Esse desfile de imagens não convida ao pensamento, mas à mimetização.

Na tradição ocidental, o sujeito sempre fora definido ou por seus atos


(relacionados à aparição pública) ou por sua interioridade emocional
(relacionada à vida privada). Na contemporaneidade, nem um nem outro, mas o
corpo é o referencial usado para que um sujeito se defina.

O medo atual não é o da punição, mas o da vergonha de se sentir


insuficiente e não estar à altura dos ideais. Enquanto na neurose clássica dos
tempos de Freud o conflito fundamental era entre a lei externa e o desejo
individual, o conflito atual se dá entre o que é possível e impossível de ser feito.
Entre o século XIX e início do século XX, a culpa recaía sobre impulsos sexuais
e agressivos, enquanto hoje recai sobre a não-autonomia e a dependência
(Phillips, & Taylor, 2010, citados por Farah, 2012).

Fortes (2010), em um artigo sobre a anorexia, aborda o lugar central que


o corpo vem ocupando na cultura atual. Ocorre na clínica um número enorme de
sintomas corporais sem que o paciente manifeste claramente qualquer conflito
psíquico. Nota-se paralelamente na cultura um cuidado voltado cada vez menos
para o cultivo de valores morais e de aptidões intelectuais e cada vez mais uma
preocupação com um corpo esteticamente belo, saudável e capaz de viver por
longos anos.

Houve um deslocamento do foco da vida sentimental para a vida física.


Estar "bem consigo mesmo" não remete mais apenas a um estado de conforto
sentimental, mas diz respeito à ostentação de um corpo que siga os padrões
publicitários. Se antes o corpo era um meio para transformar o mundo e dar

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vazão às vontades daquele ao qual pertence, agora o corpo é um fim em si


mesmo. (Costa, 2005).

Diante das autoridades destronadas e de uma abertura a sentidos e


interpretações cada vez mais plurais, a ciência, com seus experimentos
concretos e fórmulas matemáticas, tornou-se aquilo que deve ser seguido. A
ciência será a instituição em torno da qual todas as outras vão se organizar.
Trabalho, família, política, religião continuam existindo e sendo referência para
várias pessoas, porém com uma tonalidade mais individual, uma vez que não
existe mais um modo exato e incontestável de enquadramento e é maior a
liberdade de escolha (vários arranjos familiares, vários modos de exercer a
profissão, credos diversos, etc.).

Acerca da neurociência, Ehrenberg (2009) cita o modo como seu domínio


passou de doenças neurológicas e funções - como movimento e sentidos - para
as emoções, comportamentos sociais e sentimentos morais; ou seja, o domínio
do espírito; o que foi facilitado pelos procedimentos de imageria cerebral e
biologia molecular. A "biologia do espírito" seria reflexo da crença individualista
de que o homem está "fechado na interioridade de seu corpo, lugar de sua
verdade" (Ehrenberg, 2009, p. 190), e que depois se relaciona com outros para
formar o social. Esse modelo é denominado por ele de Sujeito Cerebral.

Conhecer um cérebro serviria apenas para identificar uma pessoa dentre


tantas outras de sua espécie; diferenciá-la, dizer que é ela e não outra. Mas as
características orgânicas, os mecanismos biológicos em nível molecular, só são
desencadeados em determinadas situações. Poderíamos ver características de
personalidade mais destacadas que outras, mas não determinar o que ou quem
despertaria essas características. Elas só aparecem porque o sujeito está
inserido em um contexto, está em relação com um semelhante. O sentido desta
personalidade, desta identidade, só é visto no social, em relação com os outros.

Para esse autor (Ehrenberg, 2009), o sucesso das neurociências em


nossa sociedade se deve ao fato de dar respostas simples que atendem ao "ideal
de autonomia individual generalizada" - pois concentram no indivíduo as causas
de seus êxitos e insucessos, negligenciando contextos. O componente biológico

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ameniza o peso das tomadas de decisão e de responsabilidade que são exigidas


das pessoas. O cérebro justifica qualquer fracasso, admitindo, ao mesmo tempo,
soluções mais simples, como as de ordem pedagógica ou farmacológica. O "Eu
neuroquímico" (Neurochemical Self) de Rose (2003) é análogo ao que
Ehrenberg batizou de Sujeito Cerebral.

Enquanto nas doenças puramente físicas o funcionamento dos órgãos


explica a totalidade dos sintomas, nas doenças mentais isso não ocorre. Não é
verossímil dizer que a imagem dos processos cerebrais em um sujeito com
depressão abarque a totalidade do estado depressivo. Há uma série de sinais
não esmiuçáveis por meio dessas imagens, como por exemplo: pensamento
lentificado, baixa autoestima, tristeza, ausência de vontade, tendência à inação,
etc. Além disso, há diferentes quadros depressivos com relação à duração e
intensidade dos sintomas, e as causas ambientais que os engatilharam
(rompimento amoroso, fracasso profissional, luto, saudades da terra natal,
dificuldade financeiras, doença física grave, etc) (Costa, 2005).

A atividade cerebral relacionada aos sintomas não é a causa nem a


totalidade do estado depressivo. A depressão é um processo que envolve a
esfera relacional dos acontecimentos, a consciência do sujeito de si e do mundo.
Envolve padrões de pensamento e comportamento usuais do sujeito, mas
também respostas físicas e mentais não usuais, que especialmente ocorrem em
situações únicas - e cujos efeitos podem reverberar por mais tempo (Costa,
2005). Podemos incluir aí ocasiões em que o sujeito executa um ato em que não
se reconhece. Esses acontecimentos, tão caros à psicanálise, são
surpreendentes até para quem os provoca por destoarem da unidade egoica
coesa. Essas respostas, específicas e sob medida para certos eventos não se
repetem. Por isso mesmo não podem ser englobadas em um padrão a ser
investigado ou medido, sobre o qual possamos intervir.

Para exemplificar como conexões neuronais e processos bioquímicos não


alcançam a complexidade de experiências subjetivas, D'Aquili e Newberg (1999)
escanearam os cérebros de oito budistas americanos em estado de meditação
tibetana e três freiras franciscanas em oração contemplativa. Mesmo tendo

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imagens cerebrais semelhantes, os dois tipos de práticas observados possuem


bases teológicas distintas e estão inseridos em contextos socioculturais
diversos. Isso implicaria em uma simplificação da riqueza da vida mental.

Psicanálise e neurociências

O conceito atual neurocientífico de plasticidade cerebral, das redes ou


mapas neuronais com suas miríades de sinapses sempre em mudança de
maneira ativa em contato com aquilo que vem da realidade interna e externa, dá
uma base orgânica estrutural para a teoria e prática psicanalíticas atuais. A
neurociência vem mostrando como o estar consciente depende da
sincronização, da sintonia entre várias estruturas corticais e subcorticais.

O inconsciente (fantasia inconsciente), por sua vez, dependeria, para se


manifestar, de um bloqueio emocional de certos conjuntos neuronais e suas
sinapses, liberando outras redes, mais ligadas ao mundo interno, em uma
espécie de neo-jacksonismo. Tal se passaria no sonho, nos lapsos de língua,
nas parapraxias e na construção de sintomas neuróticos e psicóticos, conforme

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0

já Freud havia observado. O ser humano necessita da fantasia, tanto consciente


como inconsciente, em alternância perene entre essa realidade interna e o
mundo exterior. Ambas são necessárias à mente, para dar "alma" ao cérebro,
sem as quais este morreria.

O pensar parece ser em grande parte uma sintonia entre a fantasia


inconsciente, as captações sensoriais aferentes (o cérebro não sobreviveria sem
o corpo) e os engramas (memórias) estabelecidos no decorrer da vida. Dormir
seria necessário para descansar certos setores sinápticos, ligados à realidade
exterior, deixando livres outros mais conectados ao mundo interno, originando o
sonhar. Sem esse desligamento neurossináptico da consciência vígil, o cérebro
não sobrevive. Os especialistas em sono sabem disso.

Para o aprendizado (aquisição de novos engramas), o sono bem dormido


é tão necessário, mostrando pesquisas com estudantes, quanto a primeira
metade da noite é fundamental para consolidar o aprendido em vigília (Houzel,
2002). Provavelmente seria porque no sono profundo inicial funciona mais a
realidade interna, ao contrário do sono superficial, com a realidade externa mais
influente, entrando nos sonhos. Não é impossível que, para a consolidação do
aprendizado, seja necessário o que em psicanálise se denomina autismo
construtivo, a mente fica voltada para dentro, para si mesma com seus objetos
internos, sem sonhos e contatos com o mundo exterior. Isso poderá explicar
certos lampejos criativos, tanto artísticos como científicos. Na química, quando
Kekulé sonhou com o anel benzênico, ainda não conceituado, e na fisiologia
quando Banting sonhou necessitar ligar o canal pancreático de cães para
confirmar que as ilhotas de Langermans secretavam a insulina.

Houzel, ao analisar a motivação onírica (um dos pilares da psicanálise


freudiana), não inclui o fator emocional, a realização dos desejos e o repetir uma
situação traumática na tentativa de sobrepujá-la. Também, quando revela
depender a memória da riqueza de estímulos que aumentam as sinapses do
hipocampo, não faz qualquer referência à motivação (tanto consciente como
inconsciente), não só bloqueando sentimentos indesejáveis das lembranças
como estimulando outros, e a atenção. Por isso, provavelmente os deprimidos

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crônicos menos motivados, procurando menos estímulos internos e externos,


são mais suscetíveis à "falta de memória" e por isso provavelmente serem mais
propensos à doença de Alzheimer.

Ainda Houzel, ao analisar o bocejo do ponto de vista neurocientífico, o faz


demasiadamente apegado a esse campo, não incluindo em suas observações
fatores emocionais interpessoais (objeto da psicanálise atual). Realmente o
bocejo pode ter várias conotações, além das mencionadas pela autora, como
disfarçar uma situação em que a pessoa é criticada, em comunicação
inconsciente de algo como: "Não estou nem aí". Até na psicologia canina, muitas
vezes parecida com a humana, pode se observar um cão censurado pelo dono
olhar para o outro lado e bocejar, como que comunicando ao primeiro "Isso não
me afeta, não é comigo, não me interessa."

Houzel, no capítulo "Lembrando o que não aconteceu" de seu livro, a falta


de ênfase no emocional é patente. Muitas lembranças e falsas lembranças ,
como o "déjà vu" são incrementadas quando o fato vivido ou imaginado causou
maior impacto afetivo. Além disso, com a repressão (recalque) emocional de um
fato traumático vivido ou fantasiado, a rememoração mostra que a pessoa não
tinha qualquer consciência de sua existência. A revivescência de conflitos
emocionais e a compreensão desta na transferência em sessão analítica
alteraram certas marcas cerebrais em um sentido positivo, alargando horizontes
da pessoa sobre si mesma e seus relacionamentos. Pugh (2002) cita pesquisas
a respeito. Consequentemente aparece maior paz interna, menor ansiedade,
diminuição dos sintomas clínicos e maior integração emocional. Para ocorrerem
tais mudanças na plástica cerebral é indispensável a assiduidade do contato
analítico (três a cinco vezes por semana) durante anos, para se tornarem
duradouras.

Comentando as bases cerebrais do humor, Houzel cita pesquisas atuais


através do mapeamento de zonas ativas do cérebro revelarem que anedotas
relacionadas com o significado das palavras ativam centros da linguagem no
lobo temporal. Por sua vez os trocadilhos ativam o córtex pré-frontal medial
ventral, processando sinapses relacionadas com o som das palavras. O achar

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graça dependeria tanto do sentido como do som das palavras. O riso contagioso
ativa o núcleo acumbente, também responsável pela sensação prazerosa da
maconha e de outros vícios. Mais uma vez nota-se pouca consideração da parte
psicológica (emocional), pela qual acha-se graça quando um impulso reprimido
sexual ou agressivo foge subitamente da censura.

Redlich e Bingham (1962) analisando, sob esse ponto de vista, cartoons


de revistas norte-americanas, mostram como o riso surge no caso de pessoas
ridicularizadas, satisfazendo impulsos agressivos e sexuais reprimidos, por
exemplo, as crianças e até mesmo os adultos riem dos palhaços por falarem e
cometerem asneiras, fazerem coisas desastradas e assim por diante. Sentem-
se superiores e no riso descarregam a agressividade contra eles. Na TV,
programas como as "videocassetadas", com pessoas sofrendo quedas ridículas
e outras situações humilhantes, bem como nas comédias de "pastelão"
americanas, com tortas sendo atiradas no rosto do desafeto, os mesmos
impulsos são satisfeitos. Tudo relacionado com repressões dos instintos sexuais
e agressivos básicos, subitamente liberados com a surpresa do ocorrido no fim
do fato risível. Freud já havia estudado esse assunto em O chiste e o
inconsciente.

Cada cultura possui também piadas regionais, divertindo mais àqueles a


estas pertencentes, por exemplo, as existentes entre os judeus. No Brasil os
portugueses são o alvo predileto de anedotas em desventuras engraçadas,
provavelmente por certa agressividade cultural recalcada dos tempos coloniais,
e por seus imigrantes, em geral de pouca cultura e ingênuos, pensarem, falarem
e atuarem de maneira engraçada, fazendo os brasileiros se divertirem por
sentirem-se momentaneamente superiores. Por ironia, um dos maiores
neurocientistas atuais, Antonio Damásio, é português, embora radicado nos
Estados Unidos, e, no passado, Egas Moniz, introdutor da angiografia cerebral
e da psicocirurgia (leucotomia), ganhador do prêmio Nobel, também era
português, mostrando a injustiça da inclusão dos portugueses em situações
risíveis.

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Damásio (citado por Houzel), estudando principalmente as emoções com


experimentos criativos tanto em animais como em humanos, vem confirmando
estruturalmente envolverem as emoções, o corpo e o cérebro. Concluiu que se
tem primeiro a emoção para depois senti-la. A angústia, por exemplo, é a
alteração corporal neurovegetativa com sensação de aperto, "angor" na
garganta, taquicardia, suor frio etc. que provoca o sentimento de ansiedade após
o cérebro registrar as alterações corporais. Embora a angústia preceda a
ansiedade, ambas não existem isoladamente.

No terreno da consciência, Damásio considera três níveis. Primeiro o do


proto-self, relacionado com a imagem do corpo no cérebro. Seria o "ego
corporal", de Freud. Quando essa imagem muda no relacionamento com o
mundo exterior, surgem representações na consciência que, quando se
relacionam aos objetos causadores da mudança, fazem aparecer a consciência
do Eu Central, a noção "do aqui e agora comigo", a segunda forma de
consciência.

Em O erro de Descartes, Damásio, ainda citado por Houzel, procura


mostrar como primeiro vem a emoção e depois o pensamento, portanto, não é
"penso, logo existo", mas "existo (tenho a noção de existir) e por isso penso". A
emoção e a consciência são inseparáveis, como a angústia da ansiedade.
Conclui Damásio: quanto mais o self reconhece suas emoções, mais se torna
apto para uma melhor adaptação ao mundo interno e externo. É essa
exatamente a intenção do psicanalista para com seu paciente: levá-lo a um
melhor conhecimento de seus conflitos emocionais inconscientes, a fim de
poderem ser, senão resolvidos, pelo menos atenuados.

Houzel refere-se à capacidade da percepção do sentimento em alertar o


organismo para a situação provocadora de emoção, incentivando as reações
adaptativas mais adequadas. Algo, acrescentaria eu, já existente nos mamíferos
superiores, principalmente nos primatas. Apenas nos últimos, a memorização é
fugaz (hipotalâmica) não sendo transferida para o córtex pré-frontal com a
intensidade do ocorrido no Homo sapiens, resultando no pensamento mais
sofisticado. Em suma, esses animais superiores não chegam à consciência

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plena (terceira forma) por deficiência na telencefalização. O pensamento,


mesmo nos macacos superiores, é rudimentar, apenas incipientemente
simbólico, enquanto no ser humano, sem a capacidade para o simbolismo, não
existiria o pensamento (verbal) e a linguagem. Seria exatamente o ocorrido
segundo Segal (1978) nos esquizofrênicos. Neles haveria confusão entre o
símbolo e o simbolizado, resultando no "pensamento concreto", por atacarem o
pensar conforme procurou mostrar Wilfred Bion (1988). Esse ataque levaria o
esquizofrênico a sentir o mundo como bizarro, a partir disso o autismo, os
distúrbios do pensamento e da linguagem, a ambivalência e os delírios. Estes
últimos frequentemente como tentativas de voltar ao contato com a realidade.
Vide Pacheco e Silva Filho (1989) reportando-se a vários psicanalistas atuais
como Ogden, J. Grostein, H. Segal, H. Rosenfeld, W. Bios, M. Mahler e outros
estudiosos do assunto.

Na conscientização ampliada, dependente do desenvolvimento maior da


córtex, o Eu (self) recebe sua identidade e perspectiva histórica; torna-se
autobiográfico com passado, presente e futuro. Surgem em cena as funções
superiores como a linguagem e a criatividade. Constrói-se a consciência moral
na qual estão as relações sociais e sentimentos abstratos, como amor, honra e
altruísmo. Citando ainda Damásio, Houzel ilustra como lesões nas estruturas do
proto-self arrasam todos os níveis de consciência, comprovando ser a
representação do corpo na mente o nível básico. Em ataques epiléticos ou
ausências, a dissolução da consciência central leva junto a consciência
ampliada. Esta, por sua vez, pode ser comprometida sem a segunda ser afetada,
como em casos de amnésia e início da doença de Alzheimer. Vigília e
consciência central não são sinônimos, como mostram ausências por disritmia
cerebral, em que a pessoa acordada age automaticamente. Na hipnose, o
hipnotizador se tornaria o superego do hipnotizado, podendo bloquear a
consciência central e tornar o último, no transe profundo, um autômato sob suas
ordens. Ainda, os achados do neurologista português levaram a conclusão de
que tanto com quanto sem cérebro não há consciência, o corpo também é
indispensável para a mesma. Houzel assinala como ver ou imaginar objetos ativa

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os mesmos neurônios, mostrando como são afetados de maneira idêntica por


estímulos da realidade externa e interna.

A imaginação, para Houzel, seria a ativação interna da representação dos


sentidos no cérebro. Como depende da experiência, esta é a matéria prima da
imaginação. Mas, desculpe-me a autora, a imaginação (fantasia consciente) não
é só representação dos sentidos no córtex. Talvez isso seja nos primatas que já
a têm incipiente, nunca tão desenvolvida como em nós. No ser humano, a
constituição do mundo interno simbólico individual não faria com que as redes
neuronais ativem-se reciprocamente sem representações dos sentidos? Por
puro autismo (ausência de relação objetal externa) construtivo, como vimos no
autismo criativo, nas artes e nas ciências, diferente do autismo destrutivo das
crianças autistas e esquizofrênicas.

Ainda, para Pugh (2002) as observações kleinianas da criança


desenvolvendo a percepção de pessoas como objetos totais aos 4 meses
(posição depressiva de M. Klein) parecem ser confirmadas pelo fato de nessa
idade axônios dispensáveis no córtex serem eliminados. Campos sinápticos vão
sendo integrados e a ponte inter-hemisférica é ampliada pela mielinização. Além
disso, lesões na zona cortical heteromodal do hemisfério direito podem resultar
em regressão para a percepção de objetos parciais.

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Soussumi (2001), psicanalista de nossa sociedade, com vários estudos


sobre a integração entre as neurociências e a psicanálise, refere-se a três tipos
de memória:

1) Procedural, concernente ao cérebro reptiliano e ao dos mamíferos,


armazenadora das primeiras recordações da humanidade e, no indivíduo, da
infância.

2) Declarativa, concernente às lembranças.

3) Filogenética, referente ao estado mental primitivo e à fantasia


inconsciente (representação mental do instinto, das pulsões, conforme M. Klein),
tanto e principalmente dos impulsos destrutivos como dos eróticos (Thanatos e
Eros de Freud). O complexo de édipo, para o autor, também poderia ser aqui
incluído.

Del Nero (1997) assinala como programas pré-gravados inatos nos


habilitam a ter uma pequena parcela da mente pré-instalada. São afirmações
perfeitamente coincidentes com a pré-concepção de Wilfred Bion, atribuindo ao
recém-nascido uma imagem de bom objeto (seio), a qual, em contato com o
objeto, forma uma concepção. E mais adiante, escreve Del Nero, ter o indivíduo
habilidades prévias (cerebrais) de estabelecer sincronia com os fatos do mundo.
É uma confirmação neurocognitiva da ideia kleiniana do Ego incipiente no início
da vida, não existindo o narcisismo primário de Freud.

Por sua vez, Basile (1998) assinala como parte da amígdala passou a ser
tratada como "quase cortical", semelhante ao hipocampo e à cápsula do núcleo
acumbente (amígdala expandida) que teriam importância primordial na
explicação do comportamento em geral e da fisiopatologia psiquiátrica. Diria eu,
importância primordial como efetores, mediadores psicossomáticos
transformando a angústia em ansiedade, decorrentes não só de fatores externos
(medos etc.), mas sobretudo de conflitos inconscientes do mundo interno,
exigindo modificações do pensamento e do comportamento.

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Koestler, A. (1967), citado por Persicano (2002) em pensamento


semelhante às três formas de consciência de Damásio, refere-se aos "três
cérebros" do ser humano:

1) O reptiliano sensitivo-sensorial, incapaz de armazenar a experiência.

2) O mesocórtex, já existente nos mamíferos, tornando-os capazes de


solucionar problemas elementares. Seria o sistema límbico ligado ao hipotálamo
em mão dupla, filtrando as excitações antes de estas atingirem aquela estrutura.
Permite a adaptação ao meio (externo) com base em experiências passadas.
Avalia o significado emocional das experiências, pela inter-relação hipotálamo-
hipófise-supra-renal.

3) O "terceiro cérebro" seria o néo-córtex telencefálico, com


predominância da parte auditiva sobre a visual. Na criatividade o mesocórtex é
regressivamente incorporado ao neo-córtex em inter-relação. A cultura em cada
grupo humano dependeria desse intercâmbio. Inicialmente passa de geração em
geração oralmente, só posteriormente, com a escrita comunicativa, surgiriam
novos valores individuais.

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Na filogenia, o Homo habilis da Idade da Pedra seria ainda incapaz de


usar a fantasia inconsciente e mesmo a consciente, daí o fato de não terem
criatividade. Com a evolução surge o homem de Neanderthal, que já a tem. Em
seguida surge o Homo sapiens, incluindo o Cro-Magnon. Surgem as várias
raças, adorando deuses animais e outras ligadas às forças naturais. Ainda não
existe qualquer liturgia religiosa. Apenas com o incremento da fantasia
inconsciente, há 45 mil anos atrás, aparecem as primeiras manifestações
artísticas. A dança seria a primeira forma de arte, já com um sentido erótico mais
sofisticado e não quase só agressivo, como nos antropóides. Logo vem o
desenho primitivo representativo. Como na criança (desenvolvimento
ontogênico), seriam as primeiras manifestações de um psiquismo, da primeira
consciência da subjetividade, com fantasias de onipotência (sopro criador),
primeiro atribuído aos deuses, para o infante os pais, e depois em parte
outorgado para si.

Com o desenho começa o planejamento de vida, com ideias do futuro. Os


animais representados nas paredes das cavernas tornariam, pela fantasia
inconsciente, mais fácil caçá-los. Desenhar, como depois fotografar, teria o
significado inconsciente de se apoderar do objeto, desse modo fixado,
congelado. O homem das cavernas gravou, esculpiu e pintou, progressivamente
nessa ordem. Passa a não só observar a realidade externa como a reproduzi-la.
Surgem os sonhos e as fantasias conscientes, não distinguidos no começo da
realidade externa, tal qual ocorre na criança.

Pela arte o homem primitivo teria começado a refletir, dando um enorme


salto no desenvolvimento cognitivo, desenvolvendo um cérebro com um excesso
de possibilidades criativas, usadas para a solução de problemas mais complexos
e para a arte. Com isso vão aparecendo as várias subjetividades no ser humano.
Os padrões rígidos coletivos sendo alterados em várias culturas, com valores e
modos de viver diversos.

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