Neuropsicologia 2012

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Neuropsicologia:

• Conceituação,

• Objetivos e Aspectos Históricos,

• Principais estudos sobre a


relação mente e cérebro.
As grandes conquistas da biologia e da fisiologia no sec. XIX,
mostraram a importância das ligações entre os fenômenos mentais e o
sistema nervoso central.

Durante a primeira metade do sec. XX, foram surgindo evidências


mostrando que o modo de perceber uma situação podia influenciar o
comportamento e que a aprendizagem não era tão simples como os
behavioristas acreditavam.

Na década de 80, os psicólogos cognitivos, os neurocientistas, os


cientistas da computação se uniram para desenvolver uma visão
integrada da mente e do cérebro.

As várias áreas de pesquisa se solidificaram, e os conceitos


psicológicos se somaram aos de outras ciências.

Se constituiu a neuropsicologia
Neuropsicologia é a área especifica da Psicologia que
tem como objetivo peculiar a investigação do papel de
sistemas cerebrais individuais em formas complexas de
atividades mentais. ( Luria,1981)

Neuropsicologia estuda as relações entre cognição e


comportamento e a atividade do sistema nervoso, tanto
em condições normais quanto patológicas.
(Nitrini, Caramelli e Mansur, 1996)

Neuropsicologia aborda as expressões comportamentais de


disfunções cerebrais. (Lezak, 1995)

Neuropsicologia visa o estudo dos distúrbios


cognitivos, emocionais e comportamentais, bem como o
estudo dos distúrbios de personalidade , provocados por
lesões do cérebro, que é o órgão do pensamento e,
portanto, a sede da consciência (Gil,2002 e Mello,1996)
Em geral, podemos dizer que os principais objetivos
da neuropsicologia são três:

1) Do ponto de vista clínico, o projeto de


procedimentos diagnósticos ou baterias de lesão
cerebral (Lezak, 1995).

2) Em nível teórico, o estabelecimento de uma


correlação entre as áreas cerebrais e subjacentes
funções psicológicas (Kertesz, 1983).

3) Em um nível prático, o desenvolvimento de


procedimentos de reabilitação.
IMPORTANTE:
O Conselho Federal de Psicologia reconhece a Neuropsicologia
como especialidade em Psicologia para finalidade de concessão
e registro do título de Especialista.

...

Art. 2º - O título concedido ao psicólogo será denominado


"Especialista em Neuropsicologia".

Art. 3º - A especialidade de Neuropsicologia fica instituída com a


seguinte definição:
Atua no diagnóstico, no acompanhamento, no tratamento e na
pesquisa da cognição, das emoções, da personalidade e do
comportamento sob o enfoque da relação entre estes aspectos e o
funcionamento cerebral.
Resolução CFP Nº 002/2004 de 03 de março de 2004.
O objetivo teórico da neuropsicologia e da reabilitação
neuropsicológica é ampliar os modelos já conhecidos e
criar novas hipóteses sobre as interações cérebro-
comportamentais. Trabalha com indivíduos portadores ou
não de transtornos e seqüelas que envolvem o cérebro e a
cognição, utilizando modelos de pesquisa clínica e
experimental, tanto no âmbito do funcionamento normal ou
patológico da cognição, como também estudando-a em
interação com outras áreas das neurociências, da medicina
e da saúde.
Os objetivos práticos são levantar dados clínicos que
permitam diagnosticar e estabelecer tipos de intervenção, de
reabilitação particular e específica para indivíduos e grupos
de pacientes em condições nas quais: a) ocorreram
prejuízos ou modificações cognitivas ou comportamentais
devido a eventos que atingiram primária ou secundariamente
o sistema nervoso central; b) o potencial adaptativo não é
suficiente para o manejo da vida prática, acadêmica,
profissional, familiar ou social; ou c) foram geradas ou
associadas a problemas bioquímicos ou elétricos do cérebro,
decorrendo disto modificações ou prejuízos cognitivos,
comportamentais ou afetivos.
- Através da História, vários pesquisadores se perguntavam
como o homem aprendia e como o cérebro funcionava para
aprender.

- Para Aristóteles, o cérebro só servia para resfriar o


sangue.

- Os egípcios guardavam em vasos as vísceras e jogavam o


cérebro fora, pois não tinha serventia.

- Os assírios acreditavam que o centro do pensamento


estava no fígado.

- No séc IV, a.C o médico grego Hipócrates surge com a


demonstração de que o cérebro se dividia em dois
hemisférios e que neles estavam todas as funções
biológicas e da mente.
Galeno (130-200 d.C), propôs uma das primeiras teorias do funcionamento
cerebral, mas foi Descartes ( séc.XVII) que desenvolveu a primeira teoria
influente de que a mente e o corpo são separados, mas interligados. Essa
posição filosófica foi chamada de Dualismo Cartesiano.

No séc, XVII, já estava praticamente estabelecido de que o cérebro controlava as


funções do corpo e a partir disso, surgiu a idéia de relacionar estruturas e
funções cerebrais. O interesse era descobrir se determinadas áreas do cérebro
tinham funções específicas.
Em, 1664 o médico inglês Thomas Willis, escreveu o livro “Anatomia Cerebral”,
um dos livros mais importantes da história das ciências. Através de dissecações
e observações, começou a descobrir as verdadeiras funções de algumas
estruturas cerebrais.

Em, 1861, o anatomista Paul Broca, teve a oportunidade de descrever o cérebro


de um paciente com distúrbio acentuado de fala motora e mostrou que havia uma
lesão no terço posterior cerebral desse paciente.

Em 1873, o psiquiatra alemão Carl Wernicke, afirmou ter encontrado o centro de


entendimento da fala, chamada desde então área de Wernicke.
Em 1880, os neurologistas e psiquiatras eram capazes de organizar
“mapas funcionais” do córtex cerebral e que o problema da relação entre
a estrutura cerebral e a atividade mental estava resolvido. Era a
chamada teoria localizacionista.

Porém, essa teoria foi questionada por muitos cientistas, pois em seus
estudos constataram problemas comportamentais em pacientes
portadores de lesões em partes bastante diversas do cérebro.

Segundo Luria (1981)


“O exame das estruturas de sistemas funcionais em geral e das
funções psicológicas superiores em particular, levou-nos a uma visão
completamente nova das idéias clássicas de localização da função
mental no córtex humano. Enquanto funções elementares de um tecido
podem, por definição, ter uma localização precisa em agrupamentos
celulares particulares, não se coloca evidentemente o problema da
localização de sistemas funcionais complexos em áreas limitadas do
cérebro ou de seu córtex”
Diante dessa afirmação, podemos compreender que as funções
mentais , como sistemas funcionais complexos, não podem ser
localizados em zonas estreitas do córtex
ou em agrupamentos celulares isolados, mas devem ser
organizadas em sistemas de zonas funcionando em
concerto, desempenhando cada uma dessas zonas o seu papel
em um sistema funcional complexo, podendo cada um desses
territórios estar localizado em áreas do cérebro completamente
diferentes e frequentemente distantes uma da outra.Isso,na
pratica significa que o sistema funcional como um todo pode
ser perturbado por uma lesão de um número muito grande de
zonas e também que ele pode ser perturbado
diferentemente em lesões situadas em diferentes locais.
 
- Com os experimentos de Luria e outros, chegou-se
ao Paradigma do Cérebro em Ação.

O ponto de mutação se encontra no fato de


que, antes, os dois – Homem e Cérebro – estariam
dissociados e, agora, não mais.

Integram-se dinamicamente, constituindo o sistema


funcional do ser Humano em ação para aprender,
interagir e se relacionar com o meio que o cerca.
- A necessidade de conhecimento
sobre o sistema nervoso cresceu
fantasticamente nas últimas
décadas.

- Esta demanda levou a OMS a


eleger os anos 90 como a Década
do Cérebro.
Principais estudos sobre
a
relação mente e cérebro.

 Estruturalismo – Wundt - 1879

Busca compreender a estrutura da mente, analisando-a em sues


componentes constitutivos. Os estruturalistas acreditavam que o
entendimento dos elementos básicos da consciência
proporcionaria a base científica para o entendimento da mente.

 Funcionalismo – William James

Preocupa-se mais com o modo pelo qual a mente opera, do que


com o que a mente contém. Se deveria concentrar mais nos
processos de pensamento em lugar de concentrar-se em seus
conteúdos.
Psicologia Experimental – Ivan Pavlov

Abordagem empírica para o entendimento dos eventos mentais.

Behaviorismo – Watson

A única investigação científica possível em psicologia era o


estudo do comportamento.

Estruturalistas e funcionalistas, e interessados


ainda na díade mente e comportamento, frente às
constatações da influência dos processos cognitivos
sobre o comportamento,inspiraram o surgimento da
psicologia cognitiva, responsável por estudos
relacionados á percepção, intelecto e memória por
exemplo.
A psicologia cognitiva pode ser definida como
um ramo da psicologia que busca explicar
cientificamente esses processos e por isso está ligada
diretamente à neuropsicologia.

Os psicólogos cognitivos estudam as bases biológicas


da cognição, a atenção, a consciência,
a percepção, memória, linguagem , inteligência.
A neuropsicologia avalia a função cerebral a partir do
comportamento cognitivo, sensorial, motor, emocional e
social do indivíduo.

Aborda as expressões comportamentais de disfunções


neurológicas (Lezak, 1995)

Estuda as relações entre cognição e comportmento e a


atividade do sistema nervoso, tanto em condições normais
quanto patológicas (Nitrini, Caramelli e Mansur, 1996)
Vale lembrar:

Cognição é tudo que envolve os processos mentais


relacionados a:
ATENÇÃO

MEMÓRIA

Cognição LINGUAGEM

PERCEPÇÃO

FUNÇÕES
EXECUTIVAS
ATENÇÃO – é a capacidade de concentrar-se em determinado
estímulo ou situação. Em outras palavras, dirigimos nossa atenção para
o estímulo que julgamos ser importante num exato momento. Os outros
estímulos que não os principais, passam a fazer parte do “fundo” não
sendo mais os focos na atenção.

MEMÓRIA- é a capacidade de armazenar informações, lembrar delas e


utilizá-las no presente. O bom funcionamento da memória depende
inicialmente de do nível de atenção.

A memória pode ser classificada de forma simples, de acordo com a duração e os


tipos de informação envolvidos:

memória de curto prazo: armazena (numa quantidade limitada) informações por


alguns minutos.

memória de longo prazo: tem uma capacidade maior para o armazenamento de


informações, que permanecem com o indivíduo durante longos períodos, podendo
até ficar guardadas indefinidamente
memória episódica: fazem parte desse conjunto os eventos vivenciados pela
pessoa que os recorda, em um determinado tempo e lugar, por exemplo, uma
viagem de férias
memória semântica: corresponde ao conhecimento de fatos da vida em geral,
como o idioma falado, o significado das palavras, o nome de objetos e que não têm
qualquer ligação com as experiências dotadas de algum tipo de emoção, como
descrito na memória episódica.

- memória procedural: esse tipo de memória é ligado ao conhecimento de


procedimentos corriqueiros e automáticos, por exemplo, lembrar como se toca um
instrumento musical, andar de bicicleta, vestir-se, etc.

LINGUAGEM- é uma função que usamos todos os dias, durante a maior


parte do tempo, seja através da linguagem oral (numa conversa) ou da
escrita (ao ler ou escrever um texto).

O conceito de linguagem é definido pelo uso de um meio organizado de


combinar as palavras a fim de se comunicar, embora a comunicação não se
constitua unicamente num processo verbal. As formas não-verbais, como
gestos ou desenhos também são capazes de transmitir idéias e
sentimentos.
PERCEPÇÃO- é uma função cognitiva que se constitui de processos pelos
quais o sujeito é capaz de reconhecer, organizar e dar significado a um
estímulo vindo do ambiente através dos órgãos sensoriais.

FUNÇÕES EXECUTIVAS- compreendem um conceito neuropsicológico que se


aplica às atividades cognitivas responsáveis pelo planejamento e execução de
tarefas. Elas incluem o raciocínio, a lógica, a estratégias, a tomada de
decisões e a resolução de problemas.

Podemos concluir que todas as funções cognitivas interagem entre


si e que as funções executivas reúnem todas as funções anteriores.
Por exemplo, quando resolvemos um problema, utilizamos todas as
funções cognitivas. Por exemplo, ao detectar um cheiro de fumaça
(atenção), ele vai reconhecer (percepção) de acordo com o que já foi
aprendido (memória) que esse pode ser um sinal de incêndio; a partir de
então ele busca estratégias para solucionar o problema, como primeiro se
certificar do que se trata, manter a calma, retirar as pessoas do local, e
chamar por socorro (funções executivas).
Ao lado dos avanços conquistados pela neurocirurgia,
neurofisiologia e pelas técnicas de diagnóstico por
neuro imagem, a Neuropsicologia vem clarificar a
enigmática relação existente entre funcionamento
cerebral e atividades psicológicas superiores, como
percepção, memória, linguagem, atenção entre outras,
considerando tanto as variáveis biológicas quanto as
socioculturais e psicoemocional como constituintes do
ser humano.
Para identificar alterações no desenvolvimento
cognitivo e comportamental de origem neurológica nas
crianças, existe a neuropsicologia infantil, que através
de uma abordagem própria, auxilia no tratamento de 
disturbios cognitivos e comportamentais decorrentes de
alterações no funcionamento do Sistema Nervoso
Central .
Com parte do conhecimento do desenvolvimento e
funcionamento normal do cérebro, permite-se a compreensão de
alterações cerebrais, como no caso de disfuncões cognitivas e
de comportamento resultante de lesões, doenças ou
desenvolvimento anormal do cérebro. “Essas disfunções podem
estar relacionadas ao sistema nervoso central da criança, como
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH),
esquizofrenia, dislexia, discalculia, autismo e cefaléias”.

Existem também distúrbios que são adquiridos ao longo da vida.


“Ocorrem por razões externas ou orgânicas, como traumatismos
ocasionados por acidentes, epilepsias, desordens tóxicas,
doenças endócrinas e deficiência vitamínica, por exemplo.
Exemplos de distúrbios
DISTÚRBIOS DA ATENÇÃO:
TDAH

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno


neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente
acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de
desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA
(Distúrbio do Déficit de Atenção).

Sintomas em crianças e adolescentes:

As crianças com TDAH, em especial os meninos, são agitadas ou inquietas.


Freqüentemente têm apelido de "bicho carpinteiro" ou coisa parecida. Na idade
pré-escolar, estas crianças mostram-se agitadas, movendo-se sem parar pelo
ambiente, mexendo em vários objetos como se estivessem “ligadas” por um
motor. Mexem pés e mãos, não param quietas na cadeira, falam muito e
constantemente pedem para sair de sala ou da mesa de jantar. Elas também
tendem a ser impulsivas (não esperam a vez, não lêem a pergunta até o final e já
respondem, interrompem os outros, agem antes de pensar). Freqüentemente
também apresentam dificuldades em se organizar e planejar aquilo que querem
ou precisam fazer.
Sintomas em adultos:

A existência da forma adulta do TDAH foi oficialmente reconhecida apenas


em 1980 pela Associação Psiquiátrica Americana. E, desde então inúmeros
estudos têm demonstrado a presença do TDAH em adultos. Os adultos
com TDAH costumam ter dificuldade de organizar e planejar suas
atividades do dia a dia. O portador de TDAH fica com dificuldade para
realizar sozinho suas tarefas, principalmente quando são muitas, e o tempo
todo precisa ser lembrado pelos outros sobre o que tem para fazer. Isso
tudo pode causar problemas na faculdade, no trabalho ou nos
relacionamentos com outras pessoas. A persistência nas tarefas também
pode ser difícil para o portador de TDAH, que freqüentemente “deixa as
coisas pela metade”.

Além desses sintomas, podem estar presentes outras manifestações :


labilidade afetiva, temperamento explosivo e impaciência.
DISTÚRBIOS DE MEMÓRIA

Envelhecimento normal: Os transtornos da memória, associados ao


envelhecimento normal, tendem a refletir um declínio generalizado na
eficiência com a qual a informação é processada e acessada.

Doença de Alzheimer: Nos estágios iniciais, os pacientes demonstram


apenas comprometimento da memória, uma condição conhecida como
comprometimento cognitivo leve (CCL). Esse comprometimento da memória
inicia-se insidiosamente e progride gradativamente ao longo do tempo.
Embora seja difícil diferenciar as alterações de memória, relacionadas ao
envelhecimento normal do CCL e da doença de Alzheimer à observação
casual, os testes neuropsicológicos podem auxiliar no diagnóstico precoce.

Demência do Lobo Frontal: Quando os déficits de memória surgem,


normalmente ocorrem no contexto de baixo desempenho no planejamento,
na organização, atenção e flexibilidade mental. Capacidade de sustentar a
atenção e as estratégias de aprendizado são ineficazes; no entanto, não
existem evidências de esquecimento rápido das informações, como visto na
demência da doença de Alzheimer.
Síndrome Amnéstica de Korsakoff: Os pacientes com SAK demonstram
inteligência praticamente normal e boa memória de curto prazo, no entanto
existe um comprometimento grave da capacidade de codificar novas
informações no nível da memória de longo prazo. Muitos pacientes também
apresentam amnésia retrógrada grave, com piora gradual ao longo do
tempo.

Déficits de Memória Relacionados ao uso de Medicamentos: Vários


medicamentos comumente empregados na prática clínica podem
comprometer o funcionamento da memória, especialmente em idosos.
Acredita-se que a disfunção cognitiva induzida por medicamentos é uma
das causas mais comuns de demência reversível nestes pacientes.
DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM:

Afasia- Afasia é a perda da linguagem decorrente de lesão cerebral


que, na maior parte das vezes, ocorre do lado esquerdo do cérebro.
As lesões cerebrais mais comuns s que causam a afasia, geralmente
são os acidentes vasculares cerebrais, isquêmicos ou hemorrágicos.
Mas podem existir outras causas para a afasia, como tumores ou
traumatismos cranianos provocados por acidentes automobilísticos,
por armas de fogo ou por quedas graves.
Podem ser de 2 tipos: expressão(Afasia de Broca) ou compreensão
(Afasia de Wernicke)

Os afásicos podem ser classificados em dois grandes grupos: os com


dificuldade de compreender a linguagem e os que não tem capacidade de
expressão. Entre esses dois extremos, há uma variedade enorme de
situações. Por exemplo: a pessoa não consegue nomear os objetos quando
necessário, embora a palavra saia na fala espontânea e automática. Ou,
então, apresenta discurso telegráfico e só fala as palavras-chave (casamento,
Maria, ontem), pois perdeu os traços gramaticais e sintáticos da língua.
Dislalia- A dislalia é o transtorno de linguagem mais comum, o mais
conhecido e o mais fácil de se identificar. A maioria dos casos de
dislalia ocorre na primeira infância, entre os 3 e os 5 anos, quando a
criança está a aprender a falar. Se caracteriza pela dificuldade de
articulação de palavras. A criança com dislalia pronuncia algumas
palavras de forma incorreta, omitindo, trocando, distorcendo ou
acrescentando fonemas ou sílabas às mesmas.

Atraso na linguagem- É um atraso na emissão das palavras, na


expressão do pensamento ou da vontade da criança. É considerado
atraso de linguagem o de crianças que até 1 ano e meio não dizem
palavras isoladas ou que aos 2 anos não formam frases. 

Outros problemas de articulação – Disartria – problema


articulatório que se manifesta na forma de dificuldade para realizar
alguns ou muitos dos movimentos necessários à emissão verbal;
linguagem tatibite – distúrbio de articulação (e também de fonação)
em que se conserva voluntariamente a linguagem infantil; rinolalia –
ressonância nasal maior ou menor que a do padrão correto da fala, que
pode ser causada por problemas nas vias nasais, vegetação adenóide,
lábio leporino ou fissura palatina.
DISTÚRBIOS DE PERCEPÇÃO :

Agnosias - refere-se à perda da capacidade de reconhecimento de


estímulos nas modalidades sensoriais visual, auditiva e na somestésica
na ausência de comprometimento do nível de consciência e da
sensibilidade. As estruturas anatômicas essenciais para os processos
normais de percepção incluem os córtices primários visual, auditivo e
somestésico e as respectivas áreas de associação unimodais.

- Agnosia visual- incapacidade de reconhecimento visual de objetos


na ausência de disfunções ópticas.

- Agnosia auditiva- Incapacidade de reconhecimento e distinção de


sons na ausência de quaisquer déficits auditivos

- Astereognosia- Incapacidade de reconhecimento de objetos pelo


tato, na ausência de disfunção sensitiva.
Ilusões: As ilusões perceptivas ou sensoriais resultam de uma
deformação dos estímulos reais, tratam-se de erros quanto à natureza do
objeto.

Alucinações.Como as agnosias resultam de fatores internos, levando


doente a ter percepções sem objetos, confundindo-o com a própria
realidade.
DISTÚRBIOS DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS

O comprometimento das habilidades executivas, pode compreender


alterações cognitivo-comportamentais diversas, associadas ao prejuízo de
seus processos componentes, tais como dificuldades na seleção de
informação, distratibilidade, dificuldades na tomada de decisão, problemas
de organização, comportamento perseverante ou estereotipado,
dificuldade no estabelecimento de novos repertórios comportamentais,
dificuldades de abstração e de antecipação das conseqüências de seu
comportamento, impondo uma série de problemas à vida diária . Observa-
se também prejuízos em habilidades de planejamento, memória evocativa
e em linguagem expressiva.
CONCEITO:
A avaliação neuropsicológica é o estudo detalhado
das funções cognitivas, emocionais e comportamentais
através de um conjunto de testes psicométricos e
neuropsicológicos, e procedimentos padronizados.

Hoje, a avaliação neuropsicológica, baseia-se na


localização dinâmica de funções tendo por objetivo a
investigação das funções corticais superiores, como por
exemplo, a atenção,a memória, a linguagem, entre outras,
não se importando somente em identificar e localizar
lesões cerebrais focais.
OBJETIVOS:
Auxiliar no diagnóstico diferencial;
Estabelecer a presença ou não de disfunção cognitiva;
Localizar alterações neurológicas sutis;
Delinear o perfil cognitivo em casos de diagnóstico já
determinado;
Identificar déficits e determinar como eles afetam o
funcionamento geral do indivíduo;
Auxiliar o médico no diagnóstico de transtornos
neuropsiquiátricos;
Planejar o tratamento de reabilitação de pessoas com
transtornos de aprendizagem, vítimas de lesão cerebral,
transtornos psiquiátricos ou qualquer outra condição em que
exista uma limitação cognitiva ou de comportamento que
interfira em sua adaptação
PRINCIPAIS FUNÇÕES AVALIADAS:
 

 
Orientação, percepção visual;
Atenção, memória e aprendizagem;
Linguagem e funções verbais;
Habilidades acadêmicas, destreza viso-motora;
Organização e planejamento, cálculo e raciocínio
lógico;
Percepção e funções motoras;
Humor, comportamento, personalidade;
INDICAÇÕES:

Traumatismo Crânio Encefálico (TCE);


Acidente Vascular Cerebral (AVC);
Distúrbios da memória e atenção;
Distúrbios psiquiátricos ou neuropsiquiátricos;
Distúrbios do desenvolvimento ou da aprendizagem;
Efeitos do uso crônico de drogas e substâncias tóxicas;
INSTRUMENTOS UTILIZADOS:

Qualitativos entrevista e avaliação global

Quantitativos testes psicométricos

A avaliação neuropsicológica não se limita a aplicação de testes


psicométricos e neuropsicológicos organizados em baterias, mas
objetiva, também, avaliar a relação destes achados com a
patologia neurológica e/ou comportamental e em estabelecer a
possível área cerebral envolvida. A interpretação cuidadosa
destes resultados deve ser associada à análise da situação atual
do sujeito e do contexto onde vive.
Estes são alguns testes de avaliação neuropsicológica:

•D2 – Atenção Concentrada, entre os 9 e os 52 anos;


•Figuras Complexas de Rey, entre os 4 e os 7 anos, de aplicação
individual ;
•Teste Wisconsin de Classificação de Cartas, entre os 6 anos e meio e
os 18 anos, de aplicação individual;
•WAIS – III – Escala de Inteligência Wechsler para Adultos, entre os
16 e os 89 anos, de aplicação individual;
•WISC-III – Escala de Inteligência Wechsler para Crianças, entre os 6
e os 16 anos, de aplicação individual;
•CMMS – Escala Maturidade Mental Colúmbia, entre os 3 anos e 6
meses e os 9 anos e 11 meses, de aplicação individual;
•TIG-NV – Teste de Inteligência Geral não Verbal, entre os 10 e os 79
anos, de aplicação individual ou coletiva.
TESTES E FUNÇÕES
AVALIADAS

Memória
RAVLT- Teste de Aprendizado Auditivo
Verbal de Ray

O teste consiste de uma lista com 15 substantivos


– lista a.
Esta lista é lida para a criança cinco vezes consecutivas e, ao final de cada leitura a
criança deverá dizer todas as palavras que lembrar. Posteriormente é lida uma lista
de interferência com outros 15 substantivos

– lista b. A criança então deverá dizer todas as palavras que lembra desta segunda
lista. Em seguida a criança mais uma vez diz as palavras da lista a que lembra, mas
desta vez sem que o avaliador leia a lista a. Após 20 minutos é novamente
solicitado à criança que relembre as palavras da lista a, mais uma vez sem a
reapresentação desta. Por fim, apresenta-se à criança uma lista impressa que
avalia a memória de reconhecimento, contendo 50 palavras, e ela deverá circular as
palavras que recordar, tanto os substantivos da lista a quanto os da lista b.
Inteligência
Escalas Wechsler- capacidade intelectiva
global
WAIS - escalas Wechsler de inteligência para adultos ( 16
anos ou mais)
WISC III- escalas Wechsler de inteligência para crianças ( 6 à
16 anos)
WPPSI- escalas Wechsler de inteligência para crianças pré-
escolares ( 4 à 6,5 anos)

Séries de perguntas e respostas padronizadas que medem o potencial do


indivíduo em áreas intelectuais diferentes, como:
-nível de informação sobre assuntos gerais
- interação com o meio ambiente
-capacidade de solucionar problemas cotidianos
Exemplo do subteste "Cubos" WISC-III.

A Escala de Inteligência Wechsler para Crianças WISC-III, foi desenvolvida


levando em consideração a concepção da inteligência como uma entidade
agregada e global, ou seja, capacidade do indivíduo em raciocinar, lidar e operar
com propósito, racionalmente e efetivamente com o seu meio ambiente. Os
subtestes avaliam diferentes aspectos do funcionamento intelectual e os
resultados globais são convertidos em QI.
Testes de Inteligência não-verbal
Matrizes Progressivas de RAVEN

Avaliação da capacidade de exatidão e clareza do raciocínio


lógico com poder de discriminação nos níveis mais altos de
inteligência;
Investigação de déficits psiconeurológicos.
O objetivo é descobrir as relações que existem entre as figuras e
imaginar qual das 8 figuras apresentadas completaria o sistema.

Para cada resposta certa, recebe 1 ponto. O total de pontos é o escore obtido pelo
sujeito. Este é transformado em percentil com o uso de uma tabela, dentro da
escala escolhida.
Lobos parieto-occiptais

Figura Complexa de Rey-Osterrieth

Avalia:
- organização viso-espacial (percepção);
- Planejamento e desenvolvimento de estratégias;
- Memória.
A Figura A é aplicada a crianças a partir dos 8 anos
A Figura B é aplicada a crianças entre os 4 e os 7 anos

Figura A Figura
B
Lobo Frontal
WCTS- Wisconsin Card Sorting Test (Wisconsin de
Classificação de Cartas) – a partir de 6 anos de idade

Esse teste é freqüentemente utilizado em processos de avaliação


neuropsicológica. Examina as funções executivas do lobo frontal:
planejamento, flexibilidade do pensamento, memória de trabalho,
monitoração e inibição de perseverações.
Os testes são mais um instrumento de investigação e na
interpretação dos resultados devem ser avaliados os aspectos
afetivos e sociais do sujeito, além de outros fatores que possam ter
interferido nos resultados.
Também devemos , para termos um resultado fidedigno, somar ao
resultado dos testes, os exames de imagem, neurológico e
neurofisiológicos, além de ter o cuidado de utilizar mais de um teste
na avaliação de uma função.

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