Os Invasores - Brotherband Vol. 2 - John Flanagan

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RANGER’ APPRENTICE:
BROTHERBAND CHRONICLES
BROTHERBAND CHRONICLES
LIVRO 2: OS INVASORES

JOHN FLANAGAN

TAMBÉM POR JOHN FLANAGAN

The Ranger’s Apprentice Epic

Livro1: As Ruínas de Gorlan

Livro 2: Ponte em Chamas

Livro 3: Terra do Gelo

Livro 4: Folha de Carvalho

Livro 5: Feiticeiro do Norte

Livro 6: Cerco de Macindaw

Livro 7: Resgate de Erak

Livro 8: Os Reis de Clonmel

Livro 9: Halt em Perigo

Livro10: O Imperador de Nihon-Ja

Livro 11: Histórias Perdidas

Livro 12: Arqueiro do Rei

Brotherband Chronicles

Livro 1: Os eLivross
Para meu irmão Pete, que fez as melhores espadas de
madeira que existem!
Glossário de termos náuticos
Nossa narrativa envolve barcos a vela. Por isso, parece-
me útil explicar alguns dos termos náuticos encontrados
neste livro.

Fique tranquilo, entretanto. Não exagerei nos detalhes


técnicos, de maneira que, mesmo que você não tenha
familiaridade com navegação, entenderá tudo o que se
passa. Um pouco de terminologia náutica é necessária,
não obstante, para que a história fique realista.

Seguem em ordem alfabética:

Adriça
Cabo usado para içar e sustentar a vela no mastro.

Amurada
A parte da lateral do barco acima do convés.

Arribar
Girar a proa, afastando-a da linha do vento.

Barlavento
O lado de onde o vento sopra ou o bordo da embarcação
atingido por ele.

Bicha
Um dos cabos que controla a tensão de uma vela.

Bombordo e estibordo (ou boreste)


Os lados esquerdo e direito do barco. Como lembrar qual
é qual? Fácil. Quando olhamos um mapa, o "leste" ou
"este" está sempre à direita. Associe isso com o fato de
que estibordo ou boreste representam o lado direito de
uma embarcação.

Bordo
A lateral do barco.

Brandal
Cabo que fixa o mastro à lateral da embarcação.

Cabeço

Pino de madeira utilizado para dar voltas ou amarrar


cabos.

Cambar
Mudar o barco de direção, cortando com a proa a linha
do vento, e colocando um ou outro bordo contra ele. É
importante saber que nenhum veleiro é capaz, por
motivos óbvios, de navegar diretamente contra o vento.
Conforme sua estrutura, porém, um barco a vela
consegue navegar mais ou menos próximo da linha do
vento.
Se o vento sopra de norte, por exemplo, e queremos
navegar para nordeste, é preciso fazer uma cambagem,
de forma a apontar o barco para nordeste. Se,
entretanto, fosse preciso navegar para o norte, teríamos
que executar uma série de cambagens curtas,

num zigue-zague, cortando a direção do vento a cada


vez, para então lentamente progredir no rumo desejado.

Cambar de roda ou jibe


Na cambagem, o barco muda de rumo, cortando com a
proa a linha do vento.

No jibe, ou quando camba de roda, a embarcação muda


de direção afastando a proa dessa linha e perfazendo um
arco muito maior, em sentido contrário, para a manobra.

Nos navios vikings, essa era a forma mais segura para


mudar de rumo.

Cana do leme
O punho da pá do leme ou do leme.

Casco
O corpo da embarcação.

Biruta
Bandeirola presa ao mastro que serve para indicar a
direção do vento.
Cavilha do remo
Haste de metal ou madeira que dá suporte ao remo na
lateral da embarcação.

Enrizar
Diminuir a área de vela, enrolando-a na verga, para
proteger a ela e ao mastro, sobretudo em ventos fortes.

Escota
Cabo que regula o ângulo da vela em relação ao vento.
Numa emergência, pode surgir a ordem “Liberar
escoras!”; o que afrouxa as velas e faz com que a
embarcação perca velocidade e pare.

Estai
Cabo de sustentação do mastro. Os estais de vante e ré
amarram mastros à proa e à popa.

Orçar
Girar a proa na direção do vento.

Pá do leme
Em embarcações antigas, como os navios escandinavos,
um remo longo, montado a estibordo, na popa do barco,
fazia o papel de leme. Usaremos tanto essa expressão,
como também simplesmente "leme" para nos referirmos
a ele.
Popa
A parte de trás do barco.

Proa
A frente do barco.

Quilha
A espinha dorsal do barco.


A parte traseira da embarcação.

Rizes
Cabos curtos passados através de ilhoses nas velas
usados para recolher pano, diminuindo a área de vela
exposta ao vento.

Sotavento
O lado para onde o vento sopra ou o bordo da
embarcação contrário à direção de onde o vento vem.

Vante
Parte dianteira da embarcação.

Vento de través
Quando sua direção forma um ângulo de 90° com a
quilha.

Verga
Viga presa ao mastro para dar sustentação à vela.

Bem, agora você já sabe tudo o que precisa do jargão


náutico. Bem-vindo a bordo ao mundo de Brotherband!

John Flanagan
PARTE 1
BAÍA DO ABRIGO

Capítulo um

Assim não podemos continuar — declarou Stig.

Hal o encarou com os olhos avermelhados pela água


salgada e pela exaustão. Ele tinha estado no comando da
cana do leme do Garça Real pela maior parte do tempo
durante os dez dias em que navegavam. Os ventos
violentos trazidos pela tempestade continuaram a se
precipitar do sudoeste nesse período, mantendo-os em
uma constante cambagem a boreste — o que acabou
sendo vantajoso, visto que não tinha surgido nenhuma
oportunidade de reparar a verga quebrada na corrida
final dos Irmãos em Armas.

Na qualidade de contramestre, sempre que possível Stig


tentava dar breves pausas a Hal, mas as ondas,
impelidas pelo vento, tinham ficado tão altas e verticais
que quebravam sobre o pequeno navio com
regularidade, inundandoo. A tripulação era obrigada a
baldear água continuamente. O trabalho era feito em
grupos de quatro, uma hora cada um. Quando o turno de
uma equipe terminava, os rapazes caíam no convés,
encharcados e exaustos, tentando tirar um cochilo de
alguns minutos, indiferentes à água gelada do mar, que
se derramava violentamente sobre eles.
Portanto, Stig não tinha tido muito tempo para ajudar Hal
— não que o skirl gostasse de ceder o comando. Ele se
sentia responsável pela segurança de, seu navio e da
tripulação.

Stig observou, desconfiado, a esteira de espuma deixada


pelo Garça Real. Não havia perseguidores à vista, mas
eles certamente estavam por ali, em algum lugar.

— Você acha que já estamos suficientemente longe de


Hallasholm? — ele perguntou.

Na esperança de recuperar a Andomal, o artefato mais


sagrado da Escândia, os rapazes partiram da capital
contrariando as ordens do Oberjarl, Erak Starfollower. E

eles fugiram a bordo do navio de Hal, o Garça Real, que


Erak planejava confiscar. Os membros da tripulação não
tinham dúvidas de que Erak ordenaria uma perseguição
e, caso fossem apanhados, não agradava a Stig pensar
qual seria a possível punição.

— Não quero correr o risco de nos pegarem — Hal


comentou.

Stig deu de ombros e observou as águas furiosas que os


rodeavam.

— Eles não vão nos apanhar se naufragarmos — ele


disse. — Mas isso não vai nos fazer muito bem.

— É verdade — Hal concordou. — Talvez nem tenham


saído do porto ainda.

Essa tempestade está soprando sem parar desde que


partimos.
Perseguidos ou não, decididamente era hora de procurar
um ancoradouro seguro. Hal percebeu que a violência do
vento tinha aumentado na última meia hora.

Borrifos brancos de água sopravam do alto das ondas


sobre a embarcação. Ele chamou um dos rapazes mais
velhos para assumir a cana do leme e curvou-se sob a
tela de lona no pequeno abrigo protegido na popa do
navio, em que mantinha o equipamento e as notas de
navegação — as quais tinham reunido assiduamente
durante o período de treinamento do Brotherband.

O capitão analisou o mapa da costa leste de Stormwhite


durante alguns minutos antes de encontrar o que
procurava. A maioria das baías e enseadas ao longo
dessa região voltava-se para o sudoeste — quase
diretamente para o vento e o mar.

Em seguida ele localizou uma pequena brecha que


penetrava no litoral, cuja entrada apontava para o norte
e, ao mesmo tempo, era cercada por terras altas no lado
sudeste, que proporcionavam abrigo do vento e do mar.
Aparentemente, era o lugar ideal para montar
acampamento até a melhora do tempo.

Com cuidado, guardou as notas na capa impermeável e


saiu do abrigo para o ar livre novamente. Uma onda que
tinha acabado de quebrar o encharcou e o fez engasgar.
O skirl agarrou-se ao brandal e subiu à amurada,
equilibrando-se com facilidade conforme o movimento
constante do navio, e analisou a costa a alguns
quilômetros de distância.

Ali! Finalmente Hal distinguiu os pontos de referência


vistos no mapa, o promontório elevado destituído de
árvores com penhascos em cada lado. A rocha de granito
escuro se mostrava evidente contra os pinheiros cinza-
esverdeados que cobriam quase toda a costa.

Com leveza, saltou para o convés e retomou o comando


da cana do leme.

Thorn, recostado ao mastro e encolhido na jaqueta de


pele de carneiro encharcada, tinha observado os
movimentos do capitão e andou de costas para se reunir
aos dois garotos.

— Pensando em ir para a praia? — ele perguntou.

— Existe uma pequena baía protegida a cerca de três


quilômetros ao sul — Hal falou. — Estou indo para lá.

Thorn assentiu. Não que Hal, capitão do Garça Real,


precisasse de qualquer aprovação de sua parte. Um skirl,
mesmo jovem, tinha autoridade absoluta em seu navio.
Mas Hal ficou satisfeito por Thorn ter concordado. Seria
tolice ignorar a opinião do companheiro. O velho lobo do
mar tinha visto muito mais tempestades marítimas do
que Hal e Stig.

Contudo, no decorrer da conversa, por pouco eles não


perderam a entrada para a baía. A visibilidade era ruim,
pois o ar estava tomado por borrifos de água e chuva, e
o pequeno espaço entre os promontórios que protegiam
a entrada tinha uma colina alta e arborizada diretamente
atrás dela, dando a impressão de que a linha costeira era
ininterrupta. No último momento, o olhar atento de Thorn
avistou o indício de uma praia arenosa na clareira
quando o Garça Real foi erguido por uma onda. O

marinheiro estendeu o braço direito diminuído,


apontando com o gancho de madeira que Hal lhe havia
fabricado.
— Ali está!

Stig e Hal se entreolharam rapidamente. Não havia


necessidade de dar ordens a Stig. O contramestre se
adiantou com dificuldade, acenando para que Stefan e
Jesper se reunissem a ele junto às velas enrizadas e
esticadas por causa do vento. Quando Hal virou o navio a
bombordo, fazendo com que o vento o atingisse por trás,
os três membros da tripulação afrouxaram a vela para
que ela ficasse posicionada em um ângulo quase reto em
relação ao casco.

O Garça Real, agora com o vento e o mar atrás dele,


começou a se precipitar como uma gaivota sobre as
ondas altas. A sensação era estimulante, mas Hal
manteve o olhar atento para alguma onda traiçoeira. Se
uma delas viesse com maior violência e rapidez, o navio
poderia facilmente ser inundado pela parte posterior.
Nessas condições, era impossível relaxar.

Depois de vários minutos, ele viu Thorn encará-lo com


uma pergunta estampada no rosto, e assentiu. Eles
tinham se aproximado o bastante da costa parapoder
virar e retomar o curso que os levaria para a baía.
Enquanto o skirl empurrava a cana do leme e virava a
proa a estibordo, Stig e os outros dois puxavam a vela,
esticando-a para receber o vento. O movimento do navio
mudou novamente, parando de investir e se precipitar
para além do vento e voltando aos impactos ondulantes
e sobressaltados provocados pelas ondas que o atingiam
de bordo. Hal olhou à frente e avaliou a declinação do
navio — à distância em que o vento o empurrava na
direção que soprava e fora do curso. Ele ajustou a
direção da embarcação até poder ver que atingiria a
entrada da baía com facilidade.
Eles deslizaram para o interior da baía. Como os altos
penhascos que a circundavam os protegiam do vento e
das ondas, o navioa navegou mais ereto, cortando as
águas calmas com suavidade. Os rapazes relaxavam à
medida que o movimento amansava. Eles se estenderam
nos bancos dos remadores, largando os baldes que
vinham usando para tirar água. Somente nesse
momento, ao encará-los, Hal se deu conta do quanto se
aproximaram da exaustão total e decidiu procurar um
abrigo imediatamente.

Na extremidade da baía havia uma faixa de praia


arenosa atrás da qual se erguiam colinas arborizadas.
Hal apontou o navio em sua direção e o Garça Real
reagiu à onda que batia na proa casquinando de
encontro ao casco, agora audível graças à diminuição do
ruído provocado pela tempestade.

— Bem-vindo à baía do Abrigo — ele disse a Stig.

— Esse é o seu nome? — Stig indagou.

Hal lhe esboçou um sorriso cansado.

— Agora, é. — ele respondeu.

Inicialmente, o grupo dormiu a bordo do navio ancorado,


com a pesada lona esticada como uma barraca para
protegê-losdas intempéries. Eles tinham passado os dez
dias anteriores preparando-se para suportar os violentos
movimentos do GarçaReal, mesmo enquanto dormiam.
Relaxar totalmente foi uma mudança bem-vinda, sem ter
que se prevenir contra movimentos repentinos que
pudessem lança-los contra o sólido madeirame do casco.
Contudo, na segunda manhã, começaram a construir um
abrigo mais permanente, semelhante à barraca armada
para o treinamento dos Irmãos em Armas.
Quando retiraram as armas e os bens pessoais do
acampamento, Stig teve um lampejo de inspiração. Ele
tinha tirado a cobertura de lona usada como teto e a
enrolou, guardando-a a bordo do Garça Real.

— A gente nunca sabe quando vai ser útil — ele disse.

Mais tarde, Hal e os outros deram valor à sua atitude.


Eles cortaram e apararam árvores novas da floresta para
montar a estrutura das paredes e do telhado, e então
estenderam a lona no topo para formar um teto que lhes
proporcionasse conforto. As paredes eram mais baixas do
que a barraca original, mas o teto baixo lhes fornecia
amplo espaço interior. O reboco, de lama nas paredes
laterais de galhos entrelaçados se mostrou bastante
eficaz para impedir que o pior do tempo os atingisse,
embora, invariavelmente, houvesse frestas que
deixavam entrar o vento feroz quando os alcançava com
toda a sua força. Mas eles eram jovens e algumas
correntes de ar não eram suficientes para diminuir-lhes o
entusiasmo.

Thorn decidiu dormir no barco. Com os outros


acomodados na barraca, ele teria bastante espaço para
si mesmo. Os garotos respeitaram seu desejo de
privacidade. Ele tinha passado muitos anos sozinho e se
acostumara à solidão. Além disso, apesar de gostar da
tripulação do Garça Real, a maior parte era formada por
garotos adolescentes, cuja tendência natural era discutir,
falar em voz alta e contar piadas que imaginavam ser
novas, sem saber que gerações antes deles já as
contavam.

Uma vez organizada a área de dormir, Hal, ajudado pelo


eternamente prestativo Ingvar, construiu uma pequena
cobertura que lhe servisse de oficina. Em seguida, ele,
Ingvar e Stig entraram na floresta para escolher uma
árvore nova que substituísse a verga quebrada. Depois
de várias horas, Hal encontrou uma que o agradou e fez
um gesto para Stig.

— Corte-a. — ele pediu.

Ingvar carregou a árvore de volta para o acampamento,


arrancou a casca e a deixou para secar por alguns dias,
removendo a seiva que se acumulava na superfície.

Mais tarde, Hal cortou-a e aparou-a até que atingisse a


forma desejada. Em seguida, prenderam o tronco na vela
de estibordo. Só então o capitão foi invadido por uma
sensação de alívio. Ele se deu conta de que o fato de
estar na praia com um navio semidanificado vinha
corroendo a sua mente. Agora o Garça Real estava
totalmente preparado para o mar caso ocorresse alguma
emergência.

O skirl elaborou uma lista de tarefas a serem realizadas


no acampamento e cada garoto se revezava na cozinha.
Isso não durou muito. Após várias refeições preparadas
por Stig, Ulf e Wulf, Edvin bateu o pé.

— Não estou nesta viagem para morrer de intoxicação


alimentar — ele afirmou com aspereza. — De hoje em
diante, eu cozinho.

E, considerando que o rapaz já tinha demonstrado


alguma habilidade na área, os outros ficaram satisfeitos
em lhe passar a tarefa. Por outro lado, Hal o liberou de
outras obrigações no acampamento, como recolher lenha
e água. Após alguns dias, Edvin procurou Hal com mais
um pedido.
— Ternos muitas provisões e alimentos desidratados —
ele falou. — Mas poderíamos usar carne e peixe fresco.

Os peixes fervilhavam na baía e Stig e Stefan eram


pescadores eficientes. Eles se comprometeram a manter
um suprimento constante de bremas e linguados. Hal e
Jesper entraram na floresta em busca de caça de
pequeno porte. Mais urna vez, Ingvar seguiu Hal corno
urna sombra leal. Infelizmente, ele era um pouco mais
barulhento do que urna sombra, passando disparatado
por entre as árvores e pisando nos galhos caídos sem
tornar cuidado. Assim, enquanto os dois caçadores viam
inúmeros sinais de pequenos animais — coelhos, lebres e
aves de caça — não chegaram a ver nenhum espécime
real. Por fim, Hal teve que colocar a mão no braço do
rapaz imenso para fazê-lo parar.

— Sinto muito, Ingvar, mas você está fazendo barulho


demais. — advertiu Hal.

— Não estou fazendo de propósito — justificou-se o


rapaz.

O jovem skirl assentiu.

— Eu sei, mas está assustando toda a caça. Quero que se


sente aqui e espere pela gente, tudo bem? — Hal
sugeriu.

Ingvar ficou desapontado. Desde que se unira à


tripulação de Hal, tinha sido invadido por urna sensação
nova de ousadia e determinação. Em sua curta vida
antes disso, ninguém jamais o procurara para contribuir
ou esperara muito dele. Mas corno membro da
irmandade Garças tinha participado de seus sucessos e
vitórias contra outros grupos. Hal tinha sido a primeira
pessoa a acreditar nele, e ele detestava desapontar seu
skirl — embora, bem no fundo, soubesse que Hal estava
certo. Ele era desajeitado e barulhento demais para
ajudar na caçada. E agora que todo o trabalho pesado de
construção tinha terminado, não tinha nada para fazer.

— Tudo bem, Hal. Se é o que você quer... — ele se


abaixou e se recostou no tronco de urna árvore. Hal viu o
descontentamento no rosto do rapaz.

— Ingvar, não se preocupe. Estou pensando em um


trabalho para você. E será o único capaz de realizá-lo.
Tenha paciência. — pediu Hal.

Deixando Ingvar um pouco mais tranquilo, Hal e Jesper


continuaram a penetrar na floresta. Quase
imediatamente, a ausência de Ingvar deu frutos. Eles não
andaram

nem cinquenta metros quando viram um coelho


gorducho mordiscando musgo na base de um tronco
caído na extremidade oposta de urna clareira.

Jesper colocou a mão no braço do skirl e apontou. Com


cuidado, Hal tirou a besta do ombro. Com um dos pés no
estribo, ele puxou a pesada corda para trás com as duas
mãos até ouvir o clique do mecanismo do gatilho.

Cauteloso, o coelho olhou para cima por causa do som e


os dois rapazes congelaram. O focinho do animal
pequeno e gordo estremecia enquanto testava o ar, e as
longas orelhas balançavam para a frente e para trás,
procurando outros ruídos desconhecidos. Por puro acaso,
eles tinham se aproximado a favor do vento. Então,
prendendo a respiração, ficaram ali esperando até que o
animal achasse que era seguro continuar a comer.
Lentamente, Hallevou a besta ao ombro e levantou a
mira traseira. Eles se encontravam a menos de vinte
metros do coelho, portanto seria um tiro horizontal sem
necessidade de elevação. Ele posicionou a marca inferior
da mira em oposição ao pino do ponto de mira, soltou o
ar dos pulmões, inspirou brevemente e prendeu a
respiração.

E então apertou o gatilho.

Seguiu-se o feio craque habitual, quando os braços do


arco saltaram para frente e o dardo curto disparou pela
clareira.

— Acertei! — exclamou Hal triunfante. Ele saiu correndo


em direção à clareira, seguido um pouco mais
lentamente por Jesper,

— Acertou mesmo — Jesper comentou secamente ao


alcançar o atirador vitorioso. — A pergunta é... onde ele
está?

O pesado dardo com ponta de ferro, projetado para


penetrar em cotas de malha, tinha destruído totalmente
o coelho. A besta podia ser uma arma eficiente em
batalhas, mas para caçar pequenos animais era
lamentavelmente ineficaz.

— Talvez a gente deva construir algumas armadilhas.

Capítulo dois
Jesper e Stefan estavam discutindo. Novamente. O clima
estava miserável, com o vento soprando constantemente
e chuveiros de chuva regulares dentro do mar. Não tinha
nevado. Mas, a tripulação tendia a permanecer dentro de
sua tenda, deitados em seus sacos de dormir, encarando
o teto de lona acima deles. Era inevitável que o
argumento era sair, simplesmente como forma de passar
o tempo. Os gêmeos, Ulf e Wulf, discutiam como sempre,
mas agora o mal-estar tinha se espalhado para os outros,
e Jesper e Stefan pareciam encontrar várias razões para
discordar.

Thorn e Stig podiam ouvir suas vozes marchando para o


campo, de volta de uma patrulha do bosque atrás da
praia. Como um velho guerreiro, Thorn nunca esteve
confortável, com suas costas para o mar e para o navio
encalhado, ele sabia que não havia inimigo em potencial
nas proximidades. Ele olhou em volta, procurando por
Hal.

Mas ele e Ingvar estavam ocupados na oficina de tenda


que ele montou a certa distância. Eles estavam
construindo algo, Thorn sabia. Mas ele não tinha idéia do
que era.

— Eu sei que você levou! — Stefan estava dizendo. —


Porque você simplesmente não adimite e me dá de
volta?

— Ah, você sabe, não é? E como você sabe disso? —


Desafiou Jesper.

— Porque todo mundo sabe que você é um la... — Stefan


parou na hora certa.

— Um? — Jesper disse sua voz ainda mais furiosa. — O


que quer dizer, um
“la...”? Talvez você fosse dizer ladrão?

— Eu não disse isso — disse Stefan, agora sombrio e


desconfiado.

— Oh, pelo amor de Gorlog! — Stig murmurou. Ele


empurrou a tela de lona de lado e entrou na tenda.

Ulf, Wulf e Edvin estavam deitados em seus sacos de


dormir. Stefan e Jesper se enfrentaram no centro da
tenda. Ambos estavam com os rostos vermelhos de
raiva.

— Será que vocês dois podem parar? — Stig disse


cansado. — Vocês estiveram discutindo dia inteiro. O que
é agora?

— Jesper roubou minha pedra de amolar! — Disse Stefan.

Instantaneamente, Jesper gritou de volta. — Isso é o que


você diz!

— É, mas eu sei que você pegou. Você... pega as coisas.


Todo mundo sabe disso.

Tarde demais, Stig percebeu que ele não havia termindo


discussão. Ele tinha apenas levado de volta ao ponto de
partida. — Olhe, deixe-o...

— Talvez eu pegue as coisas às vezes — gritou de Jesper,


inclinando-se mais perto de Stefan. — Mas eu sempre as
devolvo!

— Bem, então me entregue a minha pedra de amolar!

— Eu devolveria, se eu tivesse pegado. Mas não a


peguei! E pra falar a verdade não tem como não pegar as
suas coisas. Você está sempre as deixando espalhadas.

— Isso é verdade — disse Ulf, e instantaneamente Wulf


também concordou.

— Como se você pudesse falar! As suas coisas estão


sempre espalhadas por todo o meu espaço de dormir! —
Na verdade, no dia anterior, ele havia encontrado uma
das meias de Ulf ao lado de seu saco de dormir. Desde
que era uma meia excelente, ele teve de se apropriar
dela, mas, aos seus olhos isso não altera o fato de que
estava infringindo seu espaço.

— Talvez se você não ocupasse mais espaço do que


deveria, isso não aconteceria! — gritou Ulf.

Então Stefan voltou para o ataque.

— Bem, eu não deixo minha pedra de amolar “espalhada


por aí”, como você falou. Então você deve ter pegado.

— Por que eu? Por que não outra pessoa? — Jesper


gritou. — Por que não Ulf ou Wulf?

— Você está dizendo que eu peguei? — Wulf disse. Ele


teve um momento fugaz de culpa. Talvez Jesper o tivesse
visto guardar a meia de Ulf em sua mochila.

Stig olhou ao redor da tenda para os rostos raivosos. Ele


encontrou o olhar firme de Edvin. Edvin recostou-se em
seu travesseiro, fechando os olhos.

— Eu desisto — disse Stig. — Estão todos loucos.

Fora da tenda, Thorn balançou a cabeça.


— Eu não poderia estar mais de acordo — disse ele.
Virando-se para marchar através à grama molhada para
oficina de Hal. Enquanto ele ia, as vozes furiosas na
tenda continuavam, acusações encontrando contra
acusações.

— Garotos — ele murmurou para si mesmo. — Graças a


Lorgan eu nunca fui um!

Hal e Ingvar estavam empenhados sobre uma construção


de madeira na bancada improvisada que Hal tinha
construído. Era um arranjo de aparência complexa, e
Thorn, olhando, não poderia definir qualquer função
possível para ele.

Hal olhou para cima quando ouviu a abordagem velho


guerreiro.

— O que você está fazendo aí? — Thorn perguntou. Hal


deu de ombros e virou um pedaço de lona sobre a
engenhoca para cobri-lo de vista.

— Apenas algumas ideias — disse ele vagamente,


gesticulando ao redor do refúgio. Entre as sobras e
pedaços dispersos de madeira estava uma estranha
caixa de tampa aberta, com uma fenda na parte inferior
e uma e um pedaço talhado reto, meio parecido com
lâmina larga, e sem cega, inserida nele. Mais uma vez,
Thorn não podia advinhar a função disso e, obviamente,
Hal não estava pronto para discutir suas idéias ainda.
Pondo isso de lado, Thorn voltou ao assunto em questão.

— Bem, fazendo o que quer que esteja fazendo, você


pode estar interessado em saber que sua tripulação está
se desmantelando.
— A tripulação? — Hal respondeu, franzindo a testa. — O
que há de errado com eles?

— Eles estão entediados. Eles não têm nada para se


ocupar. E estão começando a brigar entre si. Stefan
acusou Jesper de pegar sua pedra de amolar.

Hal encolheu os ombros. — Isso? Bem, isso não é muito


grave. Acho que é natural que eles estejam um pouco
entediados. Assim que voltar para o mar, as coisas vão
ficar bem de novo — disse ele descuidadamente.

Thorn balançou a cabeça. — Isto é sério, Hal. Já ocorreu a


você que Zavac tem uma tripulação de mais de
cinquenta homens, todos eles piratas e guerreiros
endurecidos? Enquanto você tem uma equipe de garotos
que estão gastando seu tempo brigando sobre assuntos
totalmente sem importância?

Zavac era o pirata que havia roubado o Andomal de


debaixo de seus narizes.

Por um momento, Hal não disse nada. Talvez Thorn


tivesse razão, pensou ele. Thorn prosseguiu implacável.

— Quando você estava fazendo seu treinamento


brotherband, você construiu um verdadeiro espírito entre
este grupo. Você trouxe todos numa força de disciplinada
com um propósito comum. Eles eram uma irmandade.
Agora eles estão se

deteriorando em um monte de crianças entediadas Se


você deixar isso ir mais longe, tenho pena de quando
você apanhar de Zavac. Se você não deixa-los em forma,
você vai fazer com que todos morram.
— Talvez por isso... — disse Hal, relutantemente
enfrentando a verdade.

— Isso é, se algum momento alcançar Zavac! Quando


você for para o mar novamente, todo o trabalho em
equipe, todo o sentido de agir como uma tripulação terá
corroído. Você pode muito bem tê-los todos mortos no
primeiro mar revolto.

Você sabe que um navio viking não é lugar para ciúmes


ou disputas. Eles têm que trabalhar juntos!

— O que você quer que eu faça? — Hal perguntou e


Thorn bufou.

— Eu quero que você comece a agir como o skirl! —


Disse. — Assuma o controle! Isso é o que skirls fazem!
Coloque sua tripulação de volta em forma em vez de
perder todo o seu tempo aqui com estes... — Ele fez um
gesto com raiva para os itens não identificados na
oficina. — O que quer sejam!

Hal corou ligeiramente. — Eu não estou perdendo meu


tempo. Eu estou trabalhando em algumas idéias que vão
ajudar-nos quando nos deparamos com o Corvo — ele
disse. O Corvo era o navio de Zavac.

Thorn revirou os olhos.

— Muito bem. Mas eles não vão ser muito úteis para você
sem uma tripulação!

Faça-os levantarem os traseiros e os ponha para fazer


algo útil! Aí então você pode voltar para o suas
engenhocas.
— Se você diz assim... — Hal começou, mas Thorn
ergueu gancho de madeira para detê-lo.

—Não se eu digo. Se você disser que sim! Isso tem que


vir de você. Deixe-os saber você ainda é o skirl.

— Você tem certeza que é tão ruim quanto você dizendo?


— Hal perguntou.

Thorn olhou malignamente por alguns segundos antes de


responder.

— Deixe-me colocar desta forma — disse ele. — Ontem,


Ulf e Wulf estavam discutindo sobre seus espaços de
dormir.

Hal fez um gesto de desprezo. — Bem, isso não é nada.


Ulf e Wulf estão sempre discutindo. É o que eles fazem
de melhor.

— Os outros começaram a tomar partido na briga —


disse Thorn. Olhos de Hal abriam-se mais com as
palavras.

— Isso é um problema — ele concordou. — É melhor a


gente ir e resolver isso.

Vamos, Ingvar.

Colocou suas ferramentas de volta para os seus lugares


em uma prateleira atrás da bancada, ele saiu da oficina,
com o imenso Ingvar o seguindo atrás dele como um
urso treinado.

Thorn assentiu com satisfação. — E já estava na hora


também — disse ele a si mesmo.
Capítulo três

—Bem, não admira que eu não pudesse vê-lo! — Stefan


estava gritando quando Hal entrou na cabana. — Meu
espaço fica muito longe da entrada. É escuro e é
abafado. Está tudo certo para você! Você consegue
bastante ar fresco e luz onde você está!

Jesper estendeu as mãos, frustrado pela falta de lógica


no argumento de Stefan.

— Isso é culpa minha? — Perguntou. Antes de Jesper


pudesse responder, Ulf interveio, tomando um passo em
direção a Stefan.

—Você tem de reclamar! Eu estou bem na entrada. Está


frio e venta, e na noite passada alguém pisou em mim
quando se dirigiu ao banheiro!

— Eu suponho que você ache que era eu — disse Wulf,


sempre pronto a se ofender quando seu irmão falava.

Ulf olhou para ele. — Provavelmente era. É o tipo de


coisa que você faria.

— Só que eu não me levantei para ir ao banheiro na noite


passada! Então se enrole em seu cobertor e se jogue no
riacho!

— Garotos — Hal começou, esforçando-se em usar um


tom razoável —, apenas se acalmem e...
Mas sua voz foi abafada por uma explosão de brigas de
Ulf, Wulf, Stefan e Jesper. Os gêmeos continuaram a
debater se Wulf tinha ou não ido para o banheiro; Ulf
sustentava que, mesmo se ele não tivesse ido, ele não
iria colocar de lado o fato de que seu irmão
simplesmente pisou encima dele para passar. Stefan e
Jesper, entretanto, tinham se lançado em uma discussão
sobre a inadequação do espaço de dormir de Stefan,
duramente escorada contra parede traseira da cabana.
Hal, percebendo que sua voz jamais iria sobrepor suas
palavras acaloradas, virou-se para Ingvar e fez um gesto
para ele dar um passo adiante.

— Cale a boca deles, por favor, Ingvar?

O menino grande assentiu. Hal sabia desde seu período


de treinamento com os Brotherband que o peito enorme
de Ingvar podia produzir um volume de som

ensurdecedor. Ele se afastou quando viu o menino


grande tomar uma respiração profunda.

— QUIETOS! — Ingvar cresceu. — QUIETOS, TODOS


VOCÊS!

O silêncio encheu a cabana quando os quatro meninos


que discutiam foram surpresos com o barulho repentino.
Todos se viraram e, pela primeira vez, notaram Hal.
Aproveitando o silêncio repentino, ele falou antes que
pudessem recuperar sua inteligência e retomar a briga.

— O que em nome Gorlog está acontecendo aqui? Vocês


estão loucos? O que estão discutindo?

— A área da minha cama não é boa — disse Stefan. — É


escura e é muito perto da parte de trás da tenda. É
abafada. E todo o fedor de meias podres se concentra lá
atrás.

— Você deveria tentar ficar na entrada onde estou! — Ulf


disse. — Está muito frio!

Hal olhou para ele, franzindo a testa. Ele ficava no


espaço em frente ao de Ulf e gostava do fato de que
havia bastante ar fresco. Se ventasse um pouco, era uma
simples questão de puxar os cobertores e se encolher
debaixo deles. Hal, de fato, gostava muito disso.

— Nós sorteamos as posições em que cada um iria


dormir — ressaltou ele, esforçando-se para manter um
tom razoável.

Ulf encolheu os ombros com petulância.

— Bem, se eu soubesse que ia ser tão perto da porta, eu


teria sorteado uma diferente.

Hal desistiu de tentar ser razoável. Ele olhou para Ulf.

— Você percebe o quão absurdamente estúpida esta


declaração é? — Ele exigiu.

Ulf recuou meio passo, desconcertado com a raiva na voz


de Hal. Hal era seu skirl. A tripulação o havia elegido, por
unanimidade, para a posição e ele se provou mais do que
digno. Ele tinha ganhado seu respeito e lealdade.
Durante o treinamento dos Brotherband, ele tinha
mostrado uma capacidade de pensar, planejar e enganar
seus adversários. Ele era um exímio timoneiro e
navegador — qualidades altamente estimadas por todos
os escandinavos. Além disso, ele tinha outra qualidade
indefinível
— um ar natural de autoridade e liderança. Todas essas
coisas combinadas ganharam o respeito e deferência de
Ulf. Como resultado, quando Hal ficava com raiva, como

estava agora, Ulf tendia a recuar. Se Hal era um líder


natural, Ulf era um seguidor natural.

— Bem, eu... er...

Hal o deteve com um gesto de desdém e virou para os


outros.

— Qualquer pessoa tem um problema com seu espaço


para dormir? — Ele exigiu.

Os outros trocaram olhares. Stig foi o primeiro a falar.

— Eu estou bem — disse ele.

Edvin, Wulf e Jesper todos murmuraram em acordo. Atrás


dele, Hal ouviu o um profundo ribombar de Ingvar.

— Estou feliz onde estou.

— E eu também — disse Hal, voltando seu olhar sobre Ulf


e Stefan. — Assim restam apenas os dois, correto?

Ambos os meninos pareciam desconfortáveis,


percebendo que eles estavam em minoria. Stefan deu de
ombros sem jeito.

— Bem, como eu disse, o meu espaço é meio escuro e...

— Não há necessidade de um discurso — Hal disse-lhe


bruscamente. —

Apenas sim ou não servirá. Você tem um problema com o


seu espaço para dormir?
Stefan olhou ao redor da tenda, assim como Ulf. Nenhum
deles viu qualquer apoio ou simpatia de seus
companheiros.

— Hum... Sim. Eu acho que sim — disse Stefan


finalmente.

Hal mudou seu olhar para Ulf. — E você? Você não está
feliz também, não é mesmo?

— Er... Sim. Acho que sim.

— Bom — disse Hal. — Nesse caso, vocês dois podem


trocar.

Houve um momento de silêncio. Os outros meninos se


viraram para esconder o riso. Stefan e Ulf olharam para
Hal, não completamente certos do que haviam ouvido.

— O que? — Stefan disse, finalmente.

— Trocar de área. Você pega a do Ulf. Ele paga a sua.


Façam isso agora.

— Mas... — Ulf começou. Na verdade, ele estava


relativamente contente com o seu espaço na entrada. Ele
tinha se queixado simplesmente para ter algo a dizer. E

Stefan pensava a mesma coisa. Seu lugar na parte de


trás da cabana era quente e aconchegante. Podia ficar
entupido ocasionalmente, mas que era uma questão
pequena neste tempo frio.

Ambos os meninos percebiam o quão tolo pareceria se


eles mudassem de ideia agora. Ainda assim, eles
hesitavam.
— Eu posso pedir a Ingvar trocar os lugares, caso
queiram — Hal propôs, e isso foi o suficiente para fazê-
los se moverem. Eles sabiam que se Ingvar trocassem
seus pertences de lugar, ele deixaria suas coisas caírem
e as dispersaria através de toda a cabana. Eles trocaram
de lugar, movendo seus sacos de dormir, as pequenas
pilhas de pertences e suas roupas para os novos lugares.

Quando Stefan desdobrou seu saco de dormir, uma


rajada de vento gelado balançou a cabana. O retalho de
lona na entrada fez pouco para pará-lo. Ele olhou
relutantemente de volta para o seu antigo lugar
acolhedor na parte de trás, onde Ulf agora estendia seu
próprio saco de dormir. Ele suspirou. Ele supôs que
devesse sentir ressentimento para com Hal, mas ele era
honesto o suficiente para admitir que fosse tudo culpa
sua. Como Ulf, ele só tinha se queixado porque era uma
das poucas atividades disponíveis para eles. Hal tinha
feito nada mais do que pagado para ver seu blefe.

Hal assistiu, de pé, com os braços cruzados sobre o peito,


enquanto os dois rapazes trocaram de lugar. Os outros
deitaram em seus sacos de dormir, apoiados em seus
cotovelos e assistindo com sorrisos largos. Eles
admiravam o modo que Hal puxado o tapete dos dois
tripulantes resmungões. Seus sorrisos diminuíram
quando a troca foi concluída e a voz de Hal disparou um
novo comando.

— Muito bem, todo mundo! Levem seus traseiros para


fora! Imediatamente!

Eles levantaram-se incertos. Jesper franziu o cenho


quando olhou para fora através da entrada e de volta em
direção a seu saco de dormir.
— Está chovendo — disse ele. — Por que nós temos que
ir lá fora?

Ele sentiu o aperto de um punho de ferro em seu braço


esquerdo e olhou em volta para ver o rosto de Stig a
poucos centímetros do seu.

— Porque o seu skirl disse! — Stig disse a ele, sorrindo


ferozmente. — Agora, vamos!

Em seguida, Jesper foi empurrado através da cortina de


lona e atirado cambaleando na grama molhada do lado
de fora. Ele levantou desconsolado, esperando os outros
se juntaram a ele. Um por um, eles vagaram para fora da
cabana.

Stig foi o último a sair. Ele parou ao lado de Hal enquanto


ia.

— É bom ter você de volta no comando — disse ele.

Hal assentiu, desculpando-se. — Desculpe, eu deixei as


coisas relaxarem. Os coloque em formação, tudo bem?

Stig assentiu, ainda sorrindo, e seguiu os outros para fora


no aberto. Hal esperou alguns segundos, tomou uma
respiração profunda, em seguida, saiu para se juntar a
eles.

Ele viu Thorn em um canto, sentado em um tronco. O


velho lobo do mar esfarrapado acenou discretamente em
aprovação. Obviamente, ele tinha ouvido tudo o que se
passou dentro da cabana.

Os outros membros da tripulação estavam alinhados em


um semicírculo, esperando por ele. Stig estava no lado
direito do fim da linha. Hal se adiantou e olhou
intensamente ao longo da linha de rostos, com atenção
especial para os de Ulf e Stefan. Ele teve o prazer de ver
que nenhum traço de ressentimento remanescia em suas
expressões. Honestamente, ambos tinham uma
admiração relutante com a maneira que Hal tinha lidado
com suas queixas. Jesper, ele observou, parecia um
pouco mal-humorado, possivelmente por causa do
tratamento rude de Stig. Hal deu de ombros
mentalmente. Jesper muitas vezes parecia mal-
humorado. Os outros meninos estavam esperando
ansiosamente para ouvir o que ele tinha a dizer.

— Perdemos nossa vantagem — disse Hal, e viu alguns


deles o olhar com curiosidade. — Passamos três meses
em treinamento com os Brotherband para ficarmos
aptos, aprendendo a criar armas e marinharia. O melhor
de tudo, nós aprendemos a operar como uma irmandade
— trabalhar juntos como uma equipe e ajudar um ao
outro. Agora isso parece ter evaporado. Nós nos
tornamos estranhos outra vez.

Os meninos trocaram olhares e ele podia ver seu acordo


relutante com o que ele tinha dito. Edvin deu um meio
passo a frente.

— Nós estamos entediados — disse ele. — É simples


assim. Não há nada para fazer aqui, a não ser ficar
parado o dia todo.

Vários dos outros murmuraram em acordo. Hal escondeu


um sorriso encantado.

Ele poderia ter alegremente abraçado Edvin por afirmar o


problema para ele.

— Isso está certo. — disse ele. — E isso vai mudar. A


partir de amanhã, vamos voltar ao treinamento.
Houve uma reação mista para isso. Stig, Edvin e Stefan
assentiram em aprovação imediata. Os gêmeos
consideraram por alguns segundos e depois acenaram
com a cabeça também. Jesper, previsivelmente, foi o
único a levantar uma objeção.

— Treinamento? Que tipo de treinamento?

Hal o encarou firmemente até Jesper baixar os olhos. —


O tipo de treinamento que fizemos no Brotherband.
Habilidades de arma. Treinamento físico. Marinharia.

Manuseio de velas.

— Mas nós fizemos isso. Por que fazer isso de novo?

Hal aproximou de Jesper para fazer seu ponto.

— Nós fizemos isso por três meses. Três meses! Você


acha que sabe tudo depois de um período tão curto? E
nós estamos planejando enfrentar o Corvo e sua
tripulação de cinquenta piratas. Eles são guerreiros que
passaram toda a sua vida lutando e matando. Você acha
que o treinamento de três meses nos preparou para
enfrentá-los? Porque eu não. E eu quero ganhar o
Andomal de volta quando enfrentá-

los, e não ser morto na tentativa. — Ele virou-se para


Thorn, ainda sentado no tronco caído.

— Thorn — ele chamou. — Você vai assumir o cargo de


treinador?

A figura peluda se levantou lentamente do tronco e


caminhou para se juntar a eles.

— Com prazer — disse ele, quando estava mais perto.


Stig levantou a mão para chamar a atenção de Hal. —
Hal, você disse que ia praticar marinharia e manejo de
vela. Como podemos fazer isso enquanto estas
tempestades continuam soprando?

Hal acenou com a apreciação de questão. — Nós vamos


montar um mastro aqui em terra e fraudar as velas e
vergas nele. Nós vamos fazer com que Ingvar possa girá-

lo de acordo com o vento, e nós vamos trabalhar em


nossas habilidades de manusear e montar a vela. Se
houver uma calmaria, vamos montar no mar, ou fazer o
treinamento na baía.

Stig pensou na resposta, com a cabeça inclinada para um


lado. — Boa ideia —

disse ele.

Hal sorriu. — Eu pensei que fosse. — Então, como outra


mão foi levantada, ele voltou-se um pouco cansado para
Jesper. — Sim, Jesper. O que foi agora?

— Bem, sem querer ofender — ele começou, e Hal teve


um momento para refletir que sempre que as pessoas
começaram com “sem ofensa” que, invariavelmente, era
extremamente ofensivo. — Mas o que qualifica Thorn
para nos treinar? Eu quero dizer... Ele é Thorn, apesar de
tudo. Sem ofensa — repetiu ele.

Thorn sorriu para ele, mas o sorriso não alcançou seus


olhos.

Hal virou-se para ele. — Thorn, gostaria de mostrar


Jesper o quanto você está qualificado?
Thorn pareceu pensar sobre a questão. Em seguida,
moveu-se com uma velocidade estonteante, cobrindo o a
distância entre ele e Jesper.

Jesper, um ex-ladrão, estava acostumado a se


movimentar rapidamente quando ameaçado. Mas ele
nunca teve tempo para registrar que Thorn estava se
movendo. A mão esquerda do velho lobo do mar se
fechou no colarinho de Jesper em um punho de ferro e
ergueu o menino fora de seus pés, segurando-o
suspenso, seus pés balançando acima do solo.

Então, ele concentrou-se e atirou Jesper longe como um


saco de batatas. O

menino voou vários metros através do ar, bateu no chão


e perdeu o equilíbrio, caindo de costas. Enquanto ele
estava sem fôlego, olhou para o rosto barbudo de Thorn,
um rosto envolto em um sorriso feroz.

— Como você avalia as qualificações?

Jesper assentiu várias vezes, e acenou fracamente em


resposta.

— São muito boas — ele arfou sem fôlego. — Muito boas,


de fato.

Capítulo quatro

Havia apenas um leve brilho de luz tocando as copas das


árvores no promontório oriental quando Thorn acordou os
meninos na manhã seguinte.

Talvez acordar seja um pouco enganador. Isso implica


certa quantidade de cuidado e consideração. O velho
lobo do mar irrompeu na cabana, gritando vários decibéis
acima de sua voz e sacudindo cobertores, onde se
escondiam formas choramingando. Ele carregava um
bastão longo, feito de um ramo de nogueira aparada e
bateu ruidosamente sobre os quadros da cabana para
pontuar seus gritos.

— Acordem! Acordem! Acordem! — Ele rugiu. — Há uma


luz do dia perfeitamente boa para que seja disperdiçada
e nós temos apenas uma chance antes que ela se vá! De
pé e vistam-se. Acordem! Acordem! Acordem!

— Que luz do dia? — Stig resmungou, com os olhos


turvos. — Eu não vejo nenhuma luz do dia.

— Há muito dele nas estepes orientais — Thorn disse a


ele. É claro, mais ao leste, o sol teria subido horas atrás.
Então, ele sorriu maldosamente a Stig. — E se você não
se mexer, eu vou te deixar vendo estrelas.

Ele bateu o bastão de nogueira no chão a poucos


centímetros da cabeça de Stig.

Assustado, o menino musculoso saltou a frente de seu


saco de dormir e começou desastrado a pôr suas calças.
Ainda meio adormecido, ele conseguiu tropeçar e cair
enquanto as puxava. Em torno dele os outros membros
da tripulação estavam tendo o mesmo problema. Thorn
observou-os, balançando a cabeça em desgosto.

— Que bando de velhas tagarelas que vocês são! — Seu


olho caiu em Hal, que estava com as mãos nos joelhos,
em busca de suas roupas, sem saber que elas estavam
escondidas sobre os cobertores que Thorn tinha
arrastado de cima dele. Ele bocejou, então o bocejo se
transformou em um grito quando Thorn lhe deu uma
batida não muito suave no traseiro com o bastão de
nogueira.

— E você é o skirl! — Thorn disse com desdém. — Você


deveria estar liderando o caminho, não tropeçando em
volta, sobre suas mãos e joelhos, como um velho e
sonolento texugo! Levanta! Levanta! Levanta!

Em poucos minutos, os Garças estavam de pé em uma


linha irregular fora da tenda, alguns deles ainda fechando
suas calças e jaquetas, todos eles de cabelos
desgrenhados e tremendo na fria e fraca manhã. O brilho
tênue sobre as copas das árvores era agora um vermelho
muito mais definido. Stefan olhou com inveja para sua
cama quente. Apesar das previsões de Ulf que ele
congelaria em seu novo e gelado lugar, ele dormiu
profundamente e feliz, até Thorn, o louco, aparecer
gritando e batendo, assustando-o.

Thorn, irritantemente jovial e depressivamente bem


acordado, inspecionou farejando, envergonhando o
grupo.

— Pelos ossos secos e quebrados de Gorlog, mas vocês


estão deprimentes —

ele trovejou. — Vocês dão medo em qualquer coração de


pirata — falou assim que parou de rir. — Agora, vamos
ficar aquecidos! Pular! Pular e bater palmas sobre suas
cabeças. Vamos lá!

Relutantemente, eles começaram a saltar no lugar,


batendo suas mãos sobre suas cabeças como ele
mandou. Thorn caminhou para a parte de trás deles,
exortando-os a maiores esforços com um fluxo de abuso
e pancadas juridicamente colocados com o bastão de
nogueira.

Stig, próximo na linha de Hal, murmurou com o canto da


boca enquanto ele saltou no ar e bateu palmas.

— Acho que preferia quando ele era um velho bêbado.


Este Thorn reabilitado é um pouco difícil... OW!

A exclamação veio quando Thorn, que havia se


aproximado sem Stig se dar conta, colocou um pouco de
veneno extra em uma pancada em seu traseiro. Ardido
pelo golpe, Stig pulou um tanto mais alto do que ele
havia planejado, e Thorn riu.

— Esse é o caminho, menino Stig! Alto e mais duro!


Mostre aos outros como fazê-lo!

Stig reprimiu uma réplica, irritado e continuou a pular e


bater palmas. Enquanto o fazia, percebeu que já estava
se aquecendo. O sangue estava fluindo livremente
através de seus braços e pernas e aquecendo suas
extremidades. E, como respirava profundamente com o
exercício, o oxigênio que estava entrando em seus
pulmões estava levando a sonolência para longe.

Ao lado dele, Hal sorriu para ele sem simpatia. As


pessoas sempre acham divertido quando vêem um
amigo sofrendo, Stig pensava.

— Serviu por estar conversando... OW! OW!

Hal tinha certeza de que Thorn havia se afastado de trás


deles. Agora ele percebeu que o velho e surrado lobo do
mar tinha, furtivamente, passado para suas
costas, despercebido. Não pela primeira vez, ele ficou
maravilhado em como silencioso e rapido Thorn podia se
mover nestes dias.

— Devia estar dando um exemplo melhor, skirl! — Thorn


deu uma gargalhada.

Alguns dos outros Garças riram também. Lentamente,


esfregando seu traseiro ardido, Hal refletia sobre as
táticas de Thorn. Punindo o skirl, ele se certificou de que
não poderia haver acusações de favorecimento feitas a
ele. E isso definitivamente levantou o ânimo dos outros
por verem Hal saltar, em choque - exatamente como
haviam aplaudido quando isso aconteceu a Stig.

Thorn se moveu para trás da linha, parando atrás de


Ingvar. O menino grande mal estava saindo do chão. Seu
rosto foi definido em linhas determinadas e tentou
lançar-se mais alto acima do chão com cada salto. Era
seu tamanho que o mantinha preso a terra. Mas ele
estava tentando. Thorn o observava com aprovação por
vários segundos, acenando com a cabeça para si mesmo.
Havia muito valor em Ingvar, pensou, míope ou não. O
senso de lealdade de Ingvar para com Hal significava que
ele era sempre o primeiro a se oferecer quando havia
uma tarefa a ser feita.

— Não me bata, Thorn — Ingvar disse, algum sexto


sentido avisando-o que Thorn estava atrás dele. — Estou
saltando o mais alto que posso.

— Eu posso ver que sim, Ingvar — Thorn disse


suavemente. Ele moveu-se, casualmente sacudindo o
bastão de nogueira no traseiro de Ulf conforme andava.

— Ai! — Ulf chorou. — Por que você fez isso? — Ele tinha
estado pulando e batendo palmas tão alto e forte quanto
podia.

— Erro meu — disse Thorn. — Eu pensei que você fosse o


seu irmão.

— Ah. Tudo bem, então — respondeu Ulf.

Thorn franziu o cenho, imaginando uma lógica perversa


para um comunicado.

Finalmente, ele contornou o fim da linha onde os


meninos se exercitavam e virou-se para enfrentá-los.

— Isso é o suficiente — ele gritou e, agradecidos, eles


pararam de pular e pinotear. Alguns deles se inclinaram
para frente, apoiando as mãos nos joelhos para respirar
profundamente. Houve uma ou duas tossidas a partir da
linha da frente de meninos.

— Vocês realmente deram tudo que tinham, não é? —


Thorn repreendeu-os.

Não houve resposta. Os meninos tinham vergonha de


perceber que ele estava certo. Já havia várias semanas,
desde que tinham sido submetidos a este tipo de
exercício rigoroso, considerando que durante seu
treinamento brotherband tinha sido um evento diário.
Mesmo durante a corrida ao longo da costa com o Garça
Real, eles não tinham tido que remar. Eles tiveram um
vento constante sobre a viga o tempo todo.

— Muito bem — continuou Thorn. Ele apontou para a


praia, longa e curva, que corria ao longo da margem da
baía. — Está na hora de uma corrida.

Os meninos olharam na direção que ele apontava e


gemeram. A praia tinha quase dois quilômetros de
extensão.

— Para baixo e de volta — disse ele. — À direita da


extremidade distante.

Vocês estão vendo aquela areia, agradável e firme ao


longo da borda da água?

Ele esperou até que eles olhassem e depois acenou com


a cabeça, eles viam.

— Bem, não iremos correr nisso, não é? Nós estamos


indo correr na areia, desagradável, macia e seca acima
da marca d'água alta. Muito melhor para nós.

— Nós? — Stefan perguntou. — Você vem também?

Thorn olhou para ele, uma luz de diversão em seus olhos.


— Bem, agora, o que você acha?

Stefan encolheu os ombros com resignação. — Eu acho


que você vai ficar aqui.

— E quem disse que você era lento pra pensar? — Thorn


respondeu. Então ele fez um gesto enxotando-os. —
Podem ir. E lembrem-se, nada de andar. Eu estarei
observando vocês todo o caminho.

Os meninos se viraram e partiram em um grupo


irregular, Jesper movendo-se rapidamente para a
liderança. Como eles enrolam sempre, Thorn soltou um
comando.

— Edvin! Você não! Volte aqui!

Edvin abandonou o grupo e voltou para onde Thorn


estava, com a cabeça inclinada, curioso.
— Eu fiz alguma coisa errada? — Ele perguntou, olhando
o bastão de nogueira de Thorn com cautela.

Thorn balançou a cabeça. — Nem um pouco. Acenda uma


fogueira. Faça chá e tenha um pouco de bacon e pão
pronto para eles quando voltarem. Eles vão precisar de
um bom café da manhã.

Havia um calor e um nível de preocupação em sua voz


que desmentia seu jeito indiferente, espreitando os
meninos enquanto faziam aquecimento. Edvin, colocando
gravetos secos em uma pilha, na forma de pirâmide, na
lareira, observou o velho guerreiro astutamente.

— Você não é realmente tão mau como mostrou lá fora,


não é?

Thorn olhou friamente. — Oh, sim, eu sou — respondeu


ele. — E você vai descobrir o quão significa que eu posso
ser, se você contar a alguém de outra forma.

Algum tempo depois, a perdida irmandade dos Gaças


voltou para o acampamento. Eles haviam enrolado
durante a corrida. Jesper estava bem na frente quando
eles voltaram e Thorn percebeu que o menino estava
respirando mal, com dificuldade. Ulf, Stefan e Wulf
vieram em seguida, e, finalmente, Hal e Stig chegaram,
cada um segurando um braço do pesado Ingvar. Thorn
franziu os lábios.

Uma pena, pensou ele. Ingvar era tão grande e poderoso


e tinha enormes reservas de força. Era sua visão pobre
que o estava prejudicando. A miopia o deixava
desajeitado, porque ficava constantemente preocupado
com a perda do equilíbrio. Podia ver apenas o suficiente
para torná-lo temeroso.
Thorn bateu o bastão em sua perna. Talvez houvesse
algo que ele pudesse fazer sobre isso, pensou ele.

Então, distraidamente, ele bateu um pouco mais forte do


que ele pretendia.

— Ai! — murmurou, fazendo uma nota mental para não


fazer isso de novo. Ele olhou para cima e viu que vários
dos Garças, agora comendo pão quente e bacon,
estavam sorrindo para ele. Franziu a testa e os sorrisos
desapareceram.

Mas ele sabia que aqueles sorrisos ainda estavam lá,


abaixo da superfície, e ele estava contente com o fato.
Ele não os queria intimidados e ressentidos. Ele
precisava construir seus espíritos e ajudá-los a recuperar
o espírito de equipe que tinham perdido durante os dias
longos e chatos em campo.

Ele acenou a Edvin. — Você já comeu? — Perguntou.

Edvin balançou a cabeça. — Eu estive ocupado servindo


a comida. Estava prestes a fazer.

— Então a coloque para um lado para se manter


aquecida. É a sua vez de dar uma corrida agora.

Edvin olhou desesperado. — Mas eu sou o cozinheiro! —


Protestou.

— Sim, você é. E se você se encontrar enfrentando


algum pirata sanguinário intencionado em separar sua
cabeça do seu corpo, eu tenho certeza que você pode
dizer isso a ele.

Ele fez uma pausa enquanto Edvin avaliava o que foi dito
e, lentamente, assentiu com a cabeça relutante.
— Entendo seu ponto de vista — ele falou.

Thorn deu um tapinha no ombro dele. — Além disso,


desta forma você pode ver que eu sou realmente como a
maioria diz — ele disse. Então, ele arruinou o efeito
dessa declaração, apontando para um pequeno bosque
de árvores no meio da praia.

— Não há necessidade de correr o caminho todo. Só para


aquelas árvores e volte. Então você pode ter o seu café
da manhã.

Edvin virou-se, em seguida, voltou-se novamente.

— Thorn — disse ele — não se preocupe. Eu não vou


dizer a ninguém que você não é malvado.

— Faz bem ao meu coração ouvir isso —, Thorn disse a


ele. Então ele fez o mesmo movimento de enxotar e
Edvin partiu para a praia, observado com curiosidade
pelos outros meninos. Eles tinham acabado de comer e
estavam inclinados para trás, relaxando, com o resto do
último de seus chás quentes. O relaxamento não durou
muito tempo com Thorn forçando-os a ficar de pé.

— Tudo bem! Mais trabalho a fazer! Lavar e limpar o


acampamento. Alguém cuide das louças de Edvin, então
estejam de volta aqui em 15 minutos! Tragam suas facas
saxônicas

Os meninos rapidamente passaram a trabalhar, lavar nas


águas geladas de um riacho que corria para fora da
floresta e para a baía, em seguida, arrumar o
campamento direito. Edvin voltou a tempo e comeu seu
café da manhã tardio, eles foram agrupados em torno de
Thorn que olhou pensativo para Hal.
— Esta geringonça que está construindo — disse ele,
apontando para oficina na tenda de Hal. Hal assentiu. —
É importante, ou é apenas alguma grande idéia,
semelhante à rede de água que você construiu na
cozinha de sua mamãe?

Hal suspirou. — Nunca vão esquecer isso, não é?

Thorn empurra para fora o lábio inferior, pensativo, em


seguida, olhou para Stig. — O que você acha, Stig?

O rapaz alto balançou a cabeça. — Eu acho que não. —


respondeu ele.

— Nem eu — disse Thorn. Ele se voltou para Hal. — Bem,


o que você dizia?

Hal deu a ambos os seus amigos um olhar resignado


antes de responder. —

Esse vale a pena — disse ele. — Isso pode nos dar uma
vantagem sobre Zavac e seus homens quando alcançá-
los.

Thorn assentiu, satisfeito. — Nesse caso, iremos em


frente. Eu suponho que você precise de Ingvar?

— Sim. Ele está me ajudando com isso.

Thorn olhou para Ingvar e fez um gesto com o polegar. —


Tudo bem, Ingvar, você fica e ajuda Hal. O restante de
vocês venha comigo.

— O que vamos fazer? — Ulf perguntou.

— Vamos reunir vinhas e mudas de faias jovens para


fazer corda. Muitas cordas.
— Por que queremos muitas cordas? — Wulf perguntou, e
seu irmão fez uma careta para ele. Ele ia fazer essa
pergunta.

— Porque quando você faz uma rede, você precisa de


muita corda — Thorn respondeu. Então, vendo várias
bocas abertas, ele antecipou a próxima pergunta. — E

ninguém pergunte por que precisamos de uma rede.

Capítulo cinco

Erak e Svengal observaram as ondas balançando através


da estreita entrada do porto de Hallasholm. Onde elas
chocavam-se contra as paredes protetoras de pedra de
cada lado, spray branco explodia alto no ar. Os dois lobos
do mar ouviram o som alto das ondas quando elas
quebraram, e sentiram o impacto com uma fraca
vibração abaixo dos pés. A parte inquebrável de cada
onda que passava pela entrada varria através do porto
até bater no cais sólido.

Por um segundo, aquela onda parecia crescer, então ela


erguia-se e água verde iria crescer no cais, mais de um
metro de profundidade, apenas explodindo em spray
quando batesse na parede interior de retenção.

O vento era implacável, soprando do sudoeste e


lamentando-se através dos mastros e cordames dos
barcos rebocados em segurança na praia, bem acima da
linha d’água. Havia um constante chocalho de adriças
soltas quando elas estalavam para frente e para trás
contra os mastros.

Wolfwind, o navio viking de Erak, estava na praia.


Sentindo que o tempo ia se deteriorar ainda mais,
Svengal o havia movido de sua posição original contra o
cais, no oposto da entrada do porto. As ondas lá
oscilando agora eram muito perigosas para o navio. Não
importava quantas defesas de vime eles haviam
colocado ao longo das laterais para protegê-lo da parede
do cais, naquele tipo de tempo elas logo estariam
amassadas e lascadas, e então o próprio casco iria
começar a sofrer danos.

No caso de uma grande onda, haveria ainda a


possibilidade de o barco ser varrido completamente para
cima do cais.

Assim como os outros barcos na praia, ele tinha um longo


toldo de lona sobre o casco aberto para manter longe o
pior do vento e do spray. Erak inspecionou-o pensativo.

— Ele está equipado e com provisões? — ele perguntou.

Svengal assentiu pacientemente. Era apenas a décima


vez que Erak lhe fazia aquela pergunta na semana que
havia passado.

— Até onde ele possa estar. Há alguns produtos


perecíveis que nós iremos colocar a bordo no último
minuto: pão, carne e água fresca; E há outro
equipamento que eu não quero encharcado pela chuva e
spray. Mas uma vez que essa tempestade acabar,
estaremos prontos para ir em uma hora.

Erak resmungou, mal-humorado, olhando para o mar


mais uma vez e farejando o ar.
— Uma vez que essa tempestade acabar — ele repetiu.
— Quando quer que isso aconteça.

— Não pode durar muito mais tempo — Svengal falou


otimista. — Tem caído por dez dias seguidos.

— Conheci uma tempestade quando era garoto que caiu


sem parar por um mês

— Erak respondeu.

Svengal arqueou uma sobrancelha. — Assim você


continua me contando, chefe. Mas pense sobre isso.
Tempestades como essa não acontecem com muita
frequância. Você era um garoto, e isso faz muito tempo.

Erak olhou de soslaio para seu antigo imediato, refreando


o que ele viu como um insulto implícito.

— Não faz tanto tempo assim — ele falou rigidamente. —


Eu não estou exatamente com o pé na cova.

Svengal rolou seus olhos para o céu. — Você não está na


flor da juventude, tampouco.

Erak alinhou os ombros e virou-se para encarar Svengal


diretamente.

— Flor da juventude? — ele repetiu incrédulo. — Flor da


juventude? Isso é um pouco sofisticado, não? Quando
você se tornou um poeta?

— Tudo bem — Svengal respondeu. De fato, ele havia


ouvido a frase em um poema de amor lido para ele por
uma moça impressionantemente atraente algumas
noites antes, e ele havia ficado bastante cativado com
isso. É claro, isso parecia mais apropriado em sua
companhia do que na de Erak. — Se você prefere uma
conversa simples, deixe-me colocar desta maneira. Você
não é tão jovem.

— É mesmo? — Erak deu meio passo para mais perto de


Svengal, seu peito estendendo-se agressivamente. O
peito de Erak era uma questão substancial e havia
homens que poderiam ter se intimidado diante de um
desafio tão óbvio. Svengal, contudo, não era um deles.
Ele era tão grande quanto Erak e conhecia o Oberjarl há
muitos anos. Eles navegaram juntos, invadiram juntos,
celebraram juntos e lamentavelmente perderam
companheiros de navio juntos. Ele não iria ser intimidado
por ele agora só porque ele tinha um título extravagante.

— Chefe, eu não estou preocupado com sua idade


avançada — ele falou, e viu os olhos de Erak estreitarem-
se. — O ponto em que estou querendo chegar é de que
você era um garoto quando aquela tempestade
estendeu-se por um mês. E isso foi há

muitos, muitos anos atrás. Então não é o tipo de coisa


que acontece frequentemente, não é?

A expressão de Erak suavizou-se um pouco. O olhar


morreu em seus olhos enquanto ele pensava sobre as
palavras de Svengal. — Eu suponho que não — Ele falou
relutantemente.

— Então, as chances de que esta tempestade não vá


durar muito são boas, não?

— Svengal persistiu.

O Oberjarl assentiu. — Não. Acho que você está certo.


— E, em qualquer caso, aconteça isso ou não, não há
nada que você, eu ou minha querida velha tia Bessie
possa fazer sobre isso, certo?

— Eu pensei que sua querida velha tia era chamada


Winfreda? — Erak desafiou.

Svengal encolheu os ombros. — Tia Bessie era sua irmã


mais nova. Uma mulher amável, ela era.

O Oberjarl balançou sua cabeça. Svengal gostava de


invocar suas queridas velhas tias para fazer
apontamentos, mas seus nomes pareciam mudar
regularmente.

Na última contagem, Erak conseguia lembrar-se de pelo


menos nove.

— Em todo caso, o que ela tem a ver? — ele perguntou.

Svengal sorriu ironicamente para ele. — Ela gostava de


dizer, Nós podemos mudar nossos calções. Nós podemos
mudar nossas mentes. Mas nós não podemos mudar o
tempo.

— Você acabou de inventar isso — Erak falou.

— Talvez, mas isso não faz com que seja menos verdade.
Ou menos sábio. O fato é, quando a tempestade
finalmente perder suas forças, nós estaremos prontos
para ir em uma hora.

Erak pigarreou. A demora estava irritando-o. Ele não


conseguia manter a atitude filosófica de Svengal em
relação a isso. Ele queria o Wolfwind longe e aueria
procurar pelos membros da irmandade dos Garças – e o
navio pirata que havia partido com o Andomal, o grande
tesouro da nação de Escândia.

Ele olhou para as nuvens impulsionadas pelo vento


correndo através do céu.

Não havia sinal de qualquer redução.

— Será apenas a minha sorte se essa for realmente à


primeira vez que dure um mês desde que eu era um
garoto — ele murmurou.

Svengal considerou aquele pensamento. — Eu acho que


quando você pensa sobre isso, o fato de que não tenha
acontecido em muito tempo possa fazer com que seja
mais provável acontecer novamente agora.

Erak franziu as sobrancelhas para ele. — Você é de


grande ajuda — ele falou.

Então ele se virou em direção ao caminho que conduzia


de volta ao Salão Principal.

— Não há sentido permanecer aqui fora na chuva. Vamos


dar uma olhada nos mapas e ver se podemos descobrir
onde eles podem ter ido.

Svengal acelerou o passo para juntar-se a ele. — Vamos


ver se podemos adivinhar, você quis dizer.

Erak grunhiu. — Isso também.

Eles entraram com passos largos no Salão Principal. O


mal tempo significava que havia mais homens reunidos
ali do que o usual, bebendo e contando histórias
exageradas para passar o tempo. Eles olharam sem
curiosidade para Erak e seu primeiro imediato e alguns
disseram cumprimentos. Muitos deles podiam adivinhar
onde os dois homens haviam estado.

Não houve permanência de atenção ou quaisquer outros


sinais de consideração quando Erak entrou. Ainda que
ele fosse o Oberjarl, o líder supremo de toda Skandia,
Escandivanoos não acreditavam em reverências e
mesuras. Eles eram muito democráticos e gostavam de
expressar sua independência com um show geral de
indiferença ao seu governante – a menos que ele
estivesse zangado. Nesse caso, eles certificavam-se em
prestar atenção. Erak não ficou ofendido. Ele havia se
comportado da mesma maneira em relação ao Oberjarl
anterior.

Gort era um em um grupo de homens sentados em uma


mesa no outro lado.

Erak chamou sua atenção e acenou para ele. Gort havia


sido o instrutor responsável por treinar a Irmandade dos
Garças. Ele provavelmente sabia mais sobre o barco
deles e suas capacidades do que qualquer outro em
Hallasholm. Gort levantou-se, levando seu copo de
cerveja, e atravessou o Salão para se juntar a eles.

— Preciso do seu cérebro — Erak falou, e liderou o


caminho para as salas privadas.

Eles sentaram-se em uma larga mesa de madeira. Muitos


dos móveis Escandivanoos eram largos, condizentes com
o tamanho de seus proprietários. Erak abriu um mapa de
Stormwhite diante deles e o analisou.

— Nós estamos tentando descobrir o quão longe Hal e


sua tripulação podem ter ido antes que tivessem de
parar em alguma costa — ele explicou.
Gort inclinou-se para frente, seus olhos estreitando
enquanto ele estudava o mapa. Verdade seja dita,
navegação estimada não era um de seus pontos fortes.
Ele

havia instruído os garotos em náutica e construção de


armas. Mas essa era uma questão relativamente simples.

— Uma coisa, chefe — Svengal perguntou. — Por que eu


estou procurando os garotos? Por que não aquela cobra
traiçoeira do Zavac?

Erak olhou para ele. — Obviamente, se você pode


conseguir uma vantagem sobre o Zavac, vá atrás dele.
Mas há uma boa chance de que os garotos possam ter
alguma ideia de onde ele foi. Eles foram atrás dele quase
que imediatamente e a trilha ainda estava quente.

— E então se eu encontrar eles...? — Svengal perguntou


hesitantemente. —

Você quer que eu os traga de volta? — Ele achava que


sabia que estava na mente do Oberjarl, mas ele gostaria
de ter certeza.

Erak balançou sua cabeça. — Ajude eles — ele falou. —


Há apenas nove deles contra a tripulação do Zavac. Eles
irão precisar de você.

— Eles têm Thorn, é claro — Svengal falou.

Gort olhou para ele. — E o que tem Thorn? — ele


perguntou. — Ele é apenas um velho bêbado quebrado,
não é? — Ele lembrou que Sigurd, o instrutor sênior dos
Brotherband, uma vez deu a entender que havia mais em
Thorn do que o olho podia ver. Mas a conversa havia sido
interrompida.
Erak e Svengal trocaram um olhar e Erak fez um gesto
para Svengal explicar.

— Ele costuma navegar conosco — Svengal contou ao


instrutor. — E ele era o melhor lutador em nossa
tripulação. Melhor do que eu. Melhor do que Erak — Ele
olhou para o Oberjarl em busca de confirmação e Erak
assentiu brevemente. — O

único que chegou perto dele foi seu melhor amigo, Mikkel
- o pai de Hal.

Gort franziu seus lábios, pensativo. — Ainda assim, que


diferença um guerreiro poderia fazer? Particularmente
um homem com um só braço?

— Ele era mais do que apenas um guerreiro — Erak


contou para ele. — Thorn era o Maktig.

— Por três anos seguidos — Svengal adicionou, e aquilo


fez Gort sentar novamente.

— O Maktig? — ele falou. — Thorn? — O Maktig era


aclamado como o guerreiro mais poderoso em toda
Skandia. Por alguma razão, Gort não conseguia conciliar
aquilo com a esfarrapada, bamboleante figura que ele
conhecia. Então as palavras de Svengal o golpearam e
ele o encarou incrédulo. — Você disse três anos
seguidos? — ele perguntou. Ele tinha vinte e nove anos,
era mais novo do que Erak e

Svengal, e não tinha nenhuma memória dos dias antes


que Thorn tivesse perdido sua mão direita. Os outros dois
assentiram sombiramente

— Ninguém nunca tinha feito aquilo — Erak falou. —


Então mesmo sem uma mão, ele ainda é uma força a ser
contada.

— Particularmente desde que Hal fez aquele braço falso


para ele — Svengal falou. — Você viu? Um grande
porrete incrustado de metais no final de um braço falso.
— Ele balançou sua cabeça. — Ele é um garoto e tanto,
aquele ali.

Erak assentiu lentamente. — É por isso que quero que


você os encontre e os ajude.

— Mas você os puniu — Gort falou, franzindo as


sobrancelhas. — Você os separou e nos disse para
excluirmos todos os registros da irmandade dos Gaças. E

você disse para eles entregarem aquele barco do Hal.

— Eu sei — Erak falou. — Eu tinha que ter visto para


fazer aquilo. Eles cometeram um erro terrível deixando o
Andomal ser roubado, por isso tive que punir eles. Mas
eu também tive que dar uma chance para eles se
redimirem. A única esperança deles para qualquer
espécie de futuro era recuperarem aquilo que haviam
perdido.

— Você sabia que eles iriam zarpar atrás do Zavac? —


Svengal perguntou.

Erak nunca havia admitido aquilo para ele antes.

— Eu esperava que eles fossem. Não podemos nos dar o


luxo de perder pessoas assim. Eles têm muito potencial.
Hal é praticamente um gênio quando se trata de design
de barcos, mesmo que a verga do Garça Real pendesse
um pouco para o lado.

E ele já é um timoneiro e navegador experiente.


— Ele perdeu um mastro na corrida final — Svengal
protestou.

Gort balançou sua cabeça. — E ele recuperou-se disso.


Ele lidou com o problema brilhantemente improvisando.
Todos podem cometer um erro, Svengal. É o que eles
aprendem disso e como se recuperam que mostra seu
verdadeiro valor.

— Acredito que isso seja verdade — Svengal falou. Ele


inclinou-se sobre o mapa novamente. — Bem, vamos ver
onde eles podem ter ido, e onde eles poderiam ter se
abrigado.

Ele fez um gesto circular sobre a seção do litoral com seu


indicador.

Os outros se aproximaram. Svengal estava apontando


para a costa oriental de Stormwhite, uma área
politicamente instável onde um número de pequenos
estados independentes, cada um mais conflituoso e
incômodo que o outro, haviam competido por anos para
assegurarem uma seção da costa para si. Alguns eram
pouco maiores do

que as cidades ou grandes vilas que eram nominalmente


suas capitais. Outros podiam esticar-se por dez
quilometros ou mais ao longo da costa e além - até que
algum vizinho invejoso anexasse território deles.

Havia pelo menos uma dúzia dessas cidades-estado


problemáticas e a situação entre elas era de fluxo
constante. Os cartógrafos da época haviam há muito
tempo desistido de tentar manter o controle delas, e
tinham arbitrariamente marcado o território como
pertencente a Teutlandt. Os governantes de Teutlandt
astuciosamente aceitaram isso. Mas uma vez que seu
país foi constantemente atormentado com disputas
internas e lutas pelo poder, eles não tiveram qualquer
oportunidade de verdadeiramente reivindigar à terra que
lhes foi concedida pelos cartógrafos.

Mas então, Erak pensou, cartógrafos eram notoriamente


preguiçosos e eles raramente viajavam para aquela parte
do mundo.

— Eles partiram aproximadamente dez dias antes que


aquela tempestade tenha se tornado realmente
desagradável — Svengal falou. — Eu imagino que eles
tenham percorrido mais ou menos essa distância.

Mas Gort estava balançando sua cabeça mais uma vez.


— Em um navio viking normal, talvez. Mas o Garça Real é
rápido. Ele é um verdadeiro pássaro. E com o vento em
sua viga desse jeito, ele poderia muito bem ter ido a seu
ponto de vela mais rápido - mesmo com a vela rizada.

Ele pausou, apertando seus lábios em concentração


enquanto movia seu dedo mais longe abaixo na costa em
relação ao ponto que Svengal havia indicado.

— Eles podem muito bem ter percorrido essa distância —


ele falou, e os três homens inclinaram-se para perto,
estudando o mapa.

— Hal tinha uma cópia deste mapa, certamente? — Erak


perguntou.

— Isso foi emitido para todas as irmandades em suas


classes de navegação.

Conhecendo Hal, ele o manteve.


— Ali — falou Svengal repentinamente. Ele estava
apontando para uma pequena encosta, quase
imperceptível, na costa. A entrada era virada para o
norte e a baía dentro era protegida por montes no lado
sudoeste. — Aquele parece ser o melhor abrigo em
quilômetros ao longo da costa. Não é a favor do vento e
é protegido por seu promontório elevado. Se você pensa
que ele podem ter ido tão longe, eu aposto que é lá que
os encontrarei.

— Se eles não tiverem afundado por causa da


tempestade — Erak falou, mas Gort fez um jesto
negativo.

— Eles não afundaram. Hal é um marinheiro muito bom.


E o Garça Real tem uma boa tripulação. — Ele olhou
desculpando-se para o Oberjarl. Erak tinha ordenado que
nenhuma referência jamais fosse feita para a Irmandade
dos Garças — Desculpe.

Erak dispensou as desculpas.

— Então é lá que irei procurar por eles — Svengal falou,


estudando o mapa intensamente e imprimindo em sua
memória os detalhes.

— Se essa tempestade algum dia acabar — Erak falou


desanimadamente, inclinando-se para trás da mesa.

Svengal sorriu ironicamente para ele. — Minha querida e


velha tia Tabitha sabe um pouco sobre o tempo — ele
falou. — Irei ver o que ela pensa.

Gort franziu as sobrancelhas para ambos. — Sua querida


e velha tia Tabitha? —
Ele não estava ciente de nenhuma senhora em
Hallasholm com aquele nome. —

Quem diabos é ela?

Erak lhe lançou um olhar resignado. — Não pergunte —


ele falou. — Apenas não pergunte.

Capítulo seis

A irmandade Garça gastou o resto do dia fazendo metros


de fortes cordas, torcendo jovens mudas de bétulas finas
e trepadeiras juntas e então as enrolando. No final do
dia, seus dedos e pulsos doíam com o esforço de torcer e
entrelaçar os resistentes fios. Hal e Ingvar continuaram o
trabalho na tenda pequena. Os sons de cortes, conversas
e martelar chegavam aos outros claramente.

Alguns deles queriam que os dois garotos parassem.

— Quando Hal estiver pronto ele nos dirá — Stig disse. —


Ele não gosta de mostrar seu trabalho muito cedo.

Apenas após o pôr do sol, Thorn deu uma pausa aos


fazedores de corda e os enviou em outra corrida pela
praia enquanto Edvin preparava o jantar.

Naquela noite, depois da refeição, havia um pouco de


conversa e certamente nenhuma briga. Os garotos
exaustos estavam contentes em rastejar para dentro de
seus sacos de dormir. Algumas horas mais tarde, o
campo estava em silêncio, apenas com a silhueta escura
de Thorn aparecendo em frente ao que restou do fogo.
Quando as brasas finalmente morreram, ele andou em
silêncio pela praia em direção ao navio, subiu a bordo e
se acomodou para passsar a noite.

Na manhã seguinte a rotina começou novamente depois


da primeira luz. O

bastão de nogueira de Thorn batia forte tatuando a


moldura da cabana e no traseiro de qualquer garoto que
era lento demais ao rolar fora de seus cobertores.

Ele os pôs no ritmo, agitando os braços e saltando alto


no ar até que eles estivessem perfeitamente aquecidos,
então os enviou praia abaixo mais uma vez, enquanto
Edvin preparava a refeição.

Embrulhando um pedaço do bacon em uma fatia do pão,


Thorn ocupou a si mesmo projetando a corda em um
padrão de rede, uns oito metros quadrados. Ele ajustou
os pedaços cruzados e então os lados quadrados da rede
estavam com quarenta e cinco centímetros de largura. A
tripulação voltou faminta pelo café da manhã. Eles
agarraram seus pães com bacon e chá quente e lotaram
ao redor para estudar o trabalho de mão de Thorn.

— É uma rede — Disse Stig. — Porque nós precisamos de


uma rede?

Thorn não falou nada. Garotos e suas perguntas, ele


pensou consigo mesmo.

— Uma grande e bonita malha —, Stefan comentou. — O


que nós vamos pegar com isto? Ursos?

Thorn o estudou por um momento, sério.


— Não. Nós estamos atrás de uma presa até mais
horrível —, ele disse. Então, como Stefan bateu cabeça
com a questão, ele adicionou, — Garotos adolescentes.
Eles não são tão ferozes quanto ursos, mas cheiram pior.

— Você é o ultimo a poder falar isso —, Hal disse.

Thorn levantou suas sobrancelhas. — Eu cheiro bem —


ele disse.

— Bem, você cheira. — Hal concordou.

Thorn olhou pra ele com suspeita. — Eu tomei banho


apenas cinco semanas atrás — ele disse, então decidiu
que não havia um ponto em trocar palavras com o jovem
skirl.

— Arrumem o acampamento. Então voltem aqui — ele


disse bruscamente, e os garotos sorriram, apressados
com suas tarefas.

O dia anterior, enquanto eles estavam cortando


trepadeiras e partes de bétulas jovens, Thorn juntou um
estoque de fortes videiras, da espessura de cordas finas.
Ele as jogou no chão quando os garotos retornaram.

— Amarrem as interseções da rede juntas — ele disse.


Então ele gesticulou pra Ulf e Wulf. — Vocês dois, cortem
um feixe de estacas de meio metro. Aparem-nas e afiem
as pontas.

— De quantas você precisa? — Ulf perguntou.

Thorn pensou por alguns segundos. — Dezesseis devem


ser o suficiente.
Eles partiram para a floresta. No momento que eles
retornaram com o feixe de estacas, os outros terminaram
rapidamente de juntar a rede. Thorn inspecionou,
puxando alguns nós. Mas todos os garotos tinham
trabalhado com barcos, cordas e nós desde pequenos e
todos os nós estavam apertados.

— Muito bem —, ele disse. — Eu quero esta rede


suspensa trinta centímetros acima do chão naquelas
estacas. Coloquem uma estaca em cada canto, e outra
no meio ao longo de cada lado. Puxem a rede até ficar
bem apertada. Não a quero afundando.

— Para que é isto? — Stefan perguntou.

— Derrubar ursos — Thorn falou pra ele. Ele parecia estar


completamente sério e Stefan fechou a cara. Ele parecia
lembrar-se de ter ouvido sobre “Derrubar ursos”

em algum lugar antes.

— Derrubar ursos? — ele falou em dúvida.

— Pequenos ursos com uma membrana clara entre os


braços e pernas que os permite planar por quilometros
pelo ar. Quando eles ficam cansados, eles caem do céu

— Thorn disse pra ele. — Desta forma, estaremos


preparados para pegar um.

— Tão logo ele considere cair neste lugar em particular —


Hal disse.

Stefan sentiu um sorriso em sua voz e virou


rapidamente. Ele viu os outros Garças tentando esconder
sorrisos e percebeu que ele era o alvo da piada.
— Oh — ele disse. Ele considerou pegar a ofensa, então
percebeu que não havia um ponto pra isso. A piada de
Thorn não foi maliciosa. Ele sorriu por sua vez, então
desafiou os outros.

— Mas se vocês são tão espertos, talvez um de vocês


possam me dizer para o quê serve aquela rede na
horizontal?

Então Thorn riu. — Bom ponto, Stefan —. Ele olhou para


os outros. — Bem, algum dos gênios tem alguma ideia de
pra quê isto serve? — Todos eles olharam
apropriadamente repreendidos. — Então vamos
descobrir. Armas e escudos e informem de volta aqui. Em
duplas!

Assim que eles correram para a tenda para pegar suas


armas, Thorn sorriu para si mesmo. Esta pequena
brincadeira entre Stefan e os outros era um bom sinal.
Um dia atrás, a troca teria sido sarcástica e uma briga
poderia ter começado. Hoje, depois de um dia de
exercícios físicos e trabalho duro, seguido de uma boa
noite de sono e mais exercícios acima de tudo, a
atmosfera no acampamento já estava melhorando. O
tédio estava sendo aliviado e os garotos estavam
ansiosos para ver para quê servia a rede.

Havia um senso de propósito no grupo mais uma vez.


Thorn sentiu uma pequena descarga de prazer por saber
que estava ajudando a criar isto.

Os garotos se enfileiraram com suas armas, cheios de


expectativa. Thorn os estudou pensativamente. Stig seria
o melhor para começar, ele pensou. Ele era atlético, bem
coordenado e balanceado. Ele gesticulou para o garoto
alto.
— Stig. Venha aqui. Coloque seus dois pés dentro da
rede. Deixe um intervalo de um quadrado entre eles.

Intrigado, Stig fez como ele falou, pisando dentro de dois


espaços ao longo da borda da rede. Ele olhou para Thorn.

— Agora — disse o velho guerreiro, — Eu vou dizer as


direções e você as segue. Você vai avançar e voltar, ir à
direita e à esquerda como eu falar pra você. Eu irei dizer
pra você quantos passos dar a cada vez. Você entendeu?

Stig concordou, franzindo a testa em concentração. Ele


estava começando a perceber para o que era isso.

— Tudo certo. Escudo pra cima. Machado pronto. Olhos


pra cima - há um selvagem Magyaran encarando você.
Agora comece a se mover. Avance três... direita dois...
volte um... esquerda dois...

Enquanto ele dizia os movimentos, Stig realizava as


ações, levantando alto seu pé para limpar a rede e
pisando levemente. A princípio, as instruções eram
lentas e constantes, mas conforme Stig ganhava
confiança, Thorn aumentou o ritmo, acrescentando meio
à esquerda e meio à direita, então o garoto se movia
diagonalmente. Conforme Stig se movia, o rosto dele
ficava mais sério estudando em concentração, Thorn
emitia outros comandos, relembrando Stig de manter o
escudo alto e os olhos para cima.

Depois de um minuto ou mais, o inevitável aconteceu,


Stig prendeu seu pé direito na rede conforme ele tentava
seguir um comando para mover-se à esquerda e foi
caindo. Os outros riram, porém cada um deles sabia que
seu companheiro teve um desempenho muito bom. A
maioria deles duvidou que pudessem igualar seus
movimentos seguros por tanto tempo.
Cabisbaixo, Stig subiu a seus pés. Mas ele foi
recompensado por um aceno de aprovação de Thorn, que
então virou para inspecionar o resto do grupo.

— Nada para rir. Eu duvido que qualquer outro faça


melhor.

O grupo acenou com bom humor. Mas Jesper - porque era


sempre Jesper, Hal pensou - teve que questionar Thorn.

— E quanto a você, Thorn? Você pode fazer aquilo bem?

Thorn considerou a questão e o garoto que perguntou,


por alguns segundos.

— Hummm. Bom ponto. Eu posso fazer isso? Já faz um


longo tempo. Eu posso ter esquecido. Porém, vamos ver
— Ele estendeu seu gancho de madeira para Stig —

Escudo — Ele disse, e Stig o ajudou a deslizar a correia


sobre seu braço direito, observando com interesse como
Thorn fixou o engenhoso grampo na alça do escudo e
apertando isso.

— Machado — Ele disse, quando o escudo estava seguro.


Ele pegou o machado em sua mão esquerda e aprumou
no seu ombro.

Ele andou em direção à rede, parando para olhar os


garotos incertamente.

— Eu me pergunto se isto é mesmo uma boa ideia? — ele


falou. Então ele considerou e suspirou profundamente
enquanto pisava dentro da rede. — Hal, você comanda os
passos.
Hal hesitou por um segundo, então começou a falar as
instruções, colocando o mesmo ritmo que Thorn havia
começado com Stig.

— Avance dois... esquerda três... direita um...

— Mais rápido! — Thorn estalou e Hal aumentou o ritmo.

— Esquerda quatro, avance três, volte dois...

— Mais rápido! — Thorn falou. — O que é toda essa


demora?

— Direita três, avance um, esquerda dois...

— Mais rápido! Vamos! Mais rápido!

— Volte-um-esquerda-dois-direita-três-meia-a-esquerda-
avance-um...

E assim como Hal começou a emitir as ordens em uma


aparentemente interminável torrente, Thorn igualou-os
facilmente, pisando alto e confiantemente com cada um,
nunca perdendo uma batida até parecer que ele estava
dançando na rede, movendo-se levemente na sola dos
pés, sempre balançando, sempre em movimento. Então
ele começou a adicionar movimentos extras,
arremetendo para o lado com seu machado conforme ele
foi para a esquerda, ou elevando seu escudo sobre a
cabeça conforme foi pra trás. Por fim, realizando a vez
completa, pisando alto ao redor de todo o circulo cheio,
Hal hesitou na chamada. Um murmúrio de admiração e
surpresa passou pelos garotos quando eles viram, seus
olhos rebitados na figura saltando.

Então, ignorando a próxima série de ordens, Thorn girou


de modo que estava encarando-os e eles poderiam ver
que ele estava com os olhos fechados. A voz de Hal
silenciou-se conforme Thorn executava um intrincado
padrão de passos, seus pés nunca tocando as cordas
enquanto ele se movia. Então, seus olhos abriram
instantaneamente e ele avançou a frente para grupo de
garotos que observavam, correndo em grade velocidade
e finalmente saltando no chão com os dois pés
abandonando a rede e agachando na terra a frente deles,
o escudo pra cima e o machado puxado pra trás da
cabeça dele.

— YAAAAAH! — ele gritou para eles, e surpresos, eles


recuaram involuntariamente.

Thorn ajeitou de sua posição, abaixou o machado ao


chão e sorriu para Jesper.

— Bem, o que você acha? — Ele disse. — Eu ainda


consigo.

Jesper acenou varias vezes. Ele estava impressionado -


muito impressionado. A ele fez um nota mental de não
desafiar Thorn com muita frequência no futuro.

— Sim — ele disse. — E diria que você ainda consegue


tudo certo.

— Thorn — Hal disse — pode nos dizer qual a função


deste exercício?

Thorn olhou para ele e acenou. Hal tinha um bom


entendimento dos princípios de comandar um grupo, ele
pensou. Algumas vezes, quando você primeiro impõe
disciplina, pode ser necessário exigir obediência cega.
Mas existiam ocasiões que havia real valor na explicação.
Homens - e ele pensou no grupo agora como homens –
desenpenhavam melhor quando eles entendiam o
porquê eles estavam sendo pedidos para realizar uma
tarefa. Com este exercício, ele queria mais do que
obediência cega.

Ele queria que entendessem, sabendo que conduziriam


ao maior compromisso e, ao longo disso, às habilidades
que poderiam salvar as vidas deles.

— Isto foi sobre velocidade e agilidade — ele disse. —


Eles serão seus maiores trunfou quando nós lutarmos
com a tripulação do Corvo. Eles têm a experiência ao
lado deles da balança. Eles vêm assaltando e lutando por
anos. Nós não temos isso.

Mas vocês são jovens. Seu principal trunfo será sua


velocidade e agilidade quando vocês lutarem. É o que
nós estaremos trabalhando enquanto estivermos aqui.

Velocidade e agilidade. Nós treinaremos até nós as


levarmos ao mais alto grau possível para cada um de
vocês. E se nós trabalharmos nisso, elas podem salvar
suas vidas.

Ele parou e olhou ao redor em suas faces, de repente


sombrias de acordo com o que eles pensavam sobre o
que ele havia dito. Eles podiam ver além do bizarro
exercício com uma rede entre seus pés. Eles estavam
vendo um momento quando o tipo de agilidade e
velocidade de movimentos que Thorn demonstrou
poderia ser a diferença entre vencer e perder. Viver ou
morrer.

— Agora — ele disse, acenando em direção à rede —


quem é o próximo?
Capítulo sete

A manhã foi passando, e o resto da tripulação tiveram


sua vez na rede, com diferentes graus de sucesso.

Como Thorn esperava, Stig era o melhor neste exercício,


e ele melhorou cada vez que entrava na rede e fazia sua
tentativa. Mas o velho guerreiro ficou agradavelmente
surpreso ao ver que Hal não estava muito atrás dele, e
Jesper foi praticamente igual ao Hal. Claro, Jesper era um
ladrão e os ladrões tendem a ser ágil e ter pés leves -
bem como dedos leves. E Hal sempre teve um ótimo
senso de percepção espacial. Era uma das qualidades
que fizeram dele um excelente exemplo de timoneiro.

Ulf e Wulf foram bem, embora cada um tendia a zombar


do desempenho do outro — ridículo tendo em vista que
um era igual ao outro. Stefan era capaz, mas Edvin teve
problemas com os buracos, muitas vezes efiando o pé
neles e caindo antes que tivesse avançado três ou quatro
passos. Ele franzia a testa e tentava novamente -

invariavelmente tentando mover-se muito rapidamente e


ficando triste novamente.

— Devagar — Thorn disse ele. — Você tem que trabalhar


com isso para deixá-

lo se tornar instintivo. Andar antes de poder correr. —


Edvin olhou para ele, face vermelha e irritada com o que
viu com o que via em seu próprio fracasso.
— Quaisqueres outros clichês que você gostaria de
compartilhar comigo? —

Disse.

Thorn respirou fundo antes de responder. Seu primeiro


instinto foi o de socar Edvin na parte de trás da cabeça
por ser tão insolente. Mas ele percebeu que o garoto
estava tentando. Na verdade, ele estava tentando muito.
Ele podia ver os outros realizando os movimentos com
relativa facilidade e ele queria desesperadamente
combiná-los. Ele não tinha a mesma coordenação que os
outros e estava tentando compensar a fato indo rápido
demais.

— Ouça minha contagem e desacelere — Thorn disse a


ele. — Eu prometo a você, você vai conseguir. Mas é algo
que você tem que construir para cima. Você não pode
simplesmente entrar na rede e fazê-lo perfeitamente a
cada vez.

— Stig pode. — Edvin respondeu.

Thorn balançou a cabeça. — Stig não pode — disse ele.


— Ele foi melhor do que você, porque ele é um pouco
melhor coordenado e equilibrado do que você é. Mas
você pode fazer para isso. Você simplesmente tem que
praticar. E construir a sua velocidade. Não tente igualar a
ele cada vez. Trabalhe em seu próprio ritmo e deixá-lo
construir. Tudo bem?

— Tudo bem — Edvin concordou com relutância, e Thorn


acenou a frente para a rede mais uma vez.

— Agora, ouça minha contagem. Não tente chegar à


frente de mim. Quando eu ver que você está
melhorando, eu vou acelerar. Entendido?
O rosto de Edvin foi definido em linhas determinados. Ele
balançou a cabeça, seus lábios se movendo sem palavras
enquanto esperava comando da Thorn.

Desta vez, Edvin ficou com a contagem. Thorn ordenava


os passos mais lentamente do que antes e os outros
meninos espreiguiçaram-se na grama e observaram
Edvin enquanto ele se movia, passos largos e com um
cuidado exagerado desta vez, com ritmo que Thorn
ditava. Quando ele viu que o garoto estava
administrando o ritmo mais lento, Thorn
imperceptivelmente aumentou a taxa da sua orientação.

— Mantenha seus olhos para cima —, gritou


repentinamente. Edvin deixava cair o olhar para a rede a
seus pés e isso era quase certamente um precursor de
uma queda. O garoto tinha de sentir o ritmo e a
proximidade das cordas em torno de seus pés. Se ele
tentasse olhá-las, ele nunca iria acompanhar as
orientações, mesmo com a lenta velocidade que
atualmente Thorn estava utilizando.

Thorn aumentou o ritmo um pouco mais e ainda assim


Edvin se manteve de pé.

Finalmente, Thorn interrompeu o exercício e Edvin ergue-


se, descansando a sua espada em seu ombro, deixando o
braço do escudo cair. Thorn bateu-lhe no ombro.

— Muito melhor —, disse ele.

Edvin balançou a cabeça. — Stig foi muito mais rápido do


que isso — disse ele.

— Assim como Hal e Jesper.


— E você também será — Thorn disse a ele. — Quanto
mais você trabalhar nisso, mais rápido você vai
conseguir. Confie em mim.

— Tão rápido quanto Stig? — perguntou Edvin. Thorn


abriu a boca para responder, em seguida, decidiu
honestidade seria o melhor curso.

— Provavelmente não — disse ele, e viu uma luz raiva


começar a arder nos olhos de Edvin. — Mas você vai ser
rápido o suficiente para salvar a sua vida no campo de
batalha, e isso não é tão ruim. Encare Edvin, todos nós
temos diferentes níveis de habilidade. O que devemos
fazer é aproveitar ao máximo o que temos.

— Acho que sim — disse Edvin. Mas sua voz não tinha
convicção.

Thorn olhou atentamente por alguns segundos, depois


disse: — Eu sei o que você está pensando. Você está
pensando que se você praticar bastante e duro o
suficiente, você vai me mostrar que estou errado, que
você pode ser tão rápido quanto Stig. Correto?

O queixo de Edvin subiu e ele coloriu ligeiramente. Então


ele respondeu, desafiadoramente: — Sim. Isso é
exatamente o que Eu estou pensando.

— Então, bom para você! — Thorn disse, e lhe deu um


tapa com vontade nas costas. O impacto foi tal que Edvin
quase foi rolando ao longo da rede. Ele cambaleou e,
enquanto fez isso, deu vários passos largos para se
recuperar.

— Boa escapada. — disse Thorn. — Agora, faça uma


pausa. Você pode praticar novamente mais tarde.
Ele viu quando o menino caminhou alguns passos de
distância a partir da rede, deixe o deslizamento escudo
pesado de seu braço e caiu no gramado. Edvin iria
assumir o desafio, ele sabia. O menino tinha algo a
provar para si mesmo, tanto quanto para qualquer outra
pessoa. Se isso lhe deu o incentivo que precisava para
melhorar o seu desempenho, tanto melhor. Como Thorn
havia apontado, isso poderia salvar sua vida um dia.

Finalmente, ele se virou para Ingvar e assentiu.

— Tudo bem — disse ele. — Vamos ver você.

Houve um murmúrio de expectativa a partir do resto do


grupo. Até agora, Ingvar não tinha tentado a rede.
Ninguém esperava que Thorn fosse pedir-lhe para tentar.

Ingvar se levantou, olhou na direção de Thorn e hesitou.

— Você tem certeza, Thorn?

— Sim, eu tenho certeza — Thorn disse irritado. — Eu não


digo que as coisas se eu não tenho certeza. Passo em
frente para a rede.

Ingvar moveu-se desajeitadamente em frente para a


borda da rede. Enquanto ele ia para entrar nele, o seu
dedo do pé esquerdo prendeu em uma das vertentes, e
ele cambaleou incerto, agitando os braços para manter o
equilíbrio e soltando seu enorme porrete no processo.

Alguém riu. Thorn se virou rapidamente e viu Stefan


esconder um sorriso por trás de sua mão.

Os olhos de Thorn se estreitaram.


— Rindo de um marujo, Stefan? — Disse ele, em tom
enganosamente suave.

Stefan rapidamente assumiu uma forma mais expressão


séria.

— Está tudo bem, Thorn — afirmou Ingvar. — Eu estou


meio que acostumado com isso.

— Bem, eu não estou. — Thorn dirigiu suas palavras ao


grupo que assistia. —

No meu livro, nós nunca rimos ou tiramos sarro de um


marujo que está tentando o seu melhor.

— Yeah. Não seja idiota, Stefan — disse Ulf, e para


surpresa de todos, Wulf reiterou o pensamento de seu
irmão.

— Isso mesmo. Cale a boca.

As sobrancelhas de Thorn subiram em surpresa. Talvez a


Grande Baleia Azul voe até o sol, pensou.

— Desculpe — disse Stefan. Não era tanto a nota de


advertência na voz de Thorn que fez isso. Foi o fato que
Ulf e Wulf, pela primeira vez em sua memória,
concordaram em alguma coisa. E esse algo foi o fato de
que ele, Stefan, era um idiota.

Era um pensamento preocupante.

— Obrigado, companheiros — disse Ingvar.

— Não foi nada — disse Wulf.

E Ulf em coro: — Nada mesmo.


Então Wulf voltou para Thorn. — Continue, Thorn — disse
ele magnanimamente, fazendo um gesto com a mão
direita.

Thorn balançou a cabeça. — Oh, muito obrigado — disse


ele, e os outros garotos todos sufocaram seu riso
enquanto Wulf sorriu para eles.

— Isso foi bem dito — Ulf inclinou-se e disse-lhe.

Wulf assentiu satisfeito. — Eu sei.

— Na verdade, foi tão bem disse, eu estou surpreso que


eu não disse isso — Ulf continuou.

Wulf, que estava recostado sobre um cotovelo na grama,


agora endireitou abruptamente e olhou para seu irmão.

— Você está é? — Disse. — Bem, eu com...

— Deixem disso! — A voz de Hal cortou como um chicote


e Wulf voltou-se para ele.

— Deixar o quê? — Perguntou ele.

Hal abanou a cabeça em aborrecimento. — O que quer


que você planeje dizer.

Só deixá para lá. Você conseguiu um riso de todos, pare


enquanto você está ganhando.

— Mais como para enquanto você está perdendo. — Ulf


riu, e Hal voltou seu olhar para ele.

— Você deixe disso também — ele estalou e ficou


surpreso quando Ulf parecia bastante castigado.

— Sim, Hal — disse humildemente.


Hal voltou para Thorn e repetiu o gesto anterior de Wulf.
— Continue, Thorn.

— Você tem certeza? — Thorn respondeu, com a voz


cheia de sarcasmo. —

Ninguém tem nada a dizer? Vocês todos estarão


satisfeitos por eu continuar, não é?

— Ele deixou o olhar viajar ao redor deles. Ninguém


falou. — Bem, nesse caso, eu acho que eu vou. Ingvar,
você está pronto?

— Eu não tenho certeza, Thorn — Ingvar disse a verdade.


Ele certamente não sentia-se muito pronto.

— Tudo bem, então. Agora, você viu o que estava


fazendo Edvin, correto?

— Ummm... não muito claramente. Houve um pouco de


salto e braço acenando acontecendo, não é mesmo?

Thorn reprimiu um sorriso. — Sim, pulando e acenando o


braço é uma boa descrição do que toda a gente vem
fazendo —, disse ele. Edvin olhou devidamente insultada
pela descrição, mas ele não disse nada. Ele suspeitava
que fosse uma descrição bastante precisa do que ele
estava fazendo.

— Muito bem, vamos tentar devagar, Ingvar. Pronto?

— Eu acho que sim.

— Eu gostaria que você saiba isso — Thorn disse ele.

O garotão assentiu várias vezes, lambendo os lábios


nervosamente. — Tudo bem. Eu sei que sim. — Mas ele
não fez parecer convencido.

— Então, aqui vamos nós. Uma frente... dois para a


direita... cuidado!

Este último comentário veio como Ingvar enganchou seu


dedo do pé esquerdo na rede e balançava
precariamente. Com uma grande dose de dificuldade, ele
recuperou o equilíbrio e virou-se, olhando na direção de
Thorn. Thorn esperou até ele estava de pé
uniformemente novamente e continuou.

— Bom. Agora, dois à frente... uma esquerda ... três certo


... uma ... ajuda-lo, você vai, Stig?

Ingvar tinha prendido seu pé novamente e caiu em


campo. No fim de Thorn, Stig saltou para seus pés e
soltou Ingvar vertical.

— Obrigado, Stig — disse Ingvar. Então ele se virou para


Thorn. — Eu acho que estamos perdendo tempo aqui,
Thorn. Eu sou apenas nada de bom nisso.

Thorn coçou o queixo, pensativo. Ele notou que, como


Ingvar movido, ele estava olhando para baixo na net e
aos seus pés. Foi uma reação natural. Na verdade, ele
tinha a dizer um par de os meninos não para fazê-lo, mas
em vez de manter seus olhos para cima e sentido em
que seus pés estavam indo. Ele caminhou em direção
Ingvar agora.

— Ingvar, você pode ver a rede? — ele perguntou.

Ingvar encolheu os ombros com tristeza. — Está muito


borrada.
— Eu acho que pode ser o problema. Você pode vê-la.
Mas você não vê-la bem o suficiente, e que está
causando sua perda de equilíbrio. Você está tenso porque
você é incerto. Vamos tentar algo. Feche os olhos para
mim.

Ingvar obedeceu.

— Agora respirar muito firmemente — disse Thorn. —


Dentro e fora. Dentro e fora. — Ele observou ombros do
menino subindo e descendo. — Agora relaxe...

Agora imagine que você pode ver na net. Vê-lo no olho


da sua mente.

— Olhos da mente? — Jesper comentou baixinho para os


outros. — O que é isso?

— No seu caso — Hal respondeu secamente — é um olho


bem pequeno.

Jesper foi responder, percebi que ele não tinha nada para
cobri esse comentário e fechar a boca.

— Você pode ver a rede agora, Ingvar — perguntou


Thorn.

Ingvar, olhos fechados, acenou com a cabeça.

— Tudo bem. Então, com os olhos fechados e vendo a


rede em sua mente, vamos começar de novo. Uma
volta... dois esquerda... três... dois para a frente direita...

Os outros meninos com espanto, que Ingvar começou a


seguir as instruções de Thorn confiança e cuidado. O
ritmo era lento, é claro. Mas ele estava pisando certo e a
tendência para balançar os braços descontroladamente e
gangorra fora de equilíbrio estava quase no fim. Uma
vez, seu pé direito pegou um fio de rede e Thorn,
observando como um falcão, pediu imediatamente para
ele parar.

— Fique em pé! — Ele ordenou. Ingvar fez e respirou


fundo quando ele recuperou seu equilíbrio. Em seguida
Thorn começou novamente e Ingvar continuou seus
movimentos lentos e cuidadosos.

Cuidado, Hal notado, mas não mais cauteloso e falta de


confiança. Ele balançou a cabeça e murmurou baixinho
para Stig. — Ele é incrível, não é?

Stig sorriu. — Quem teria pensado Ingvar poderia fazer


isso, mesmo que lentamente, como ele está se
movendo?

Finalmente, Thorn chamado para Ingvar para parar e


abrir os olhos. O garotão estava no meio da rede, rosto
corado de prazer.

— Muito bem, Ingvar. Vamos ter você correndo pela rede


que antes de conhecê-lo.

Ingvar balançou a cabeça, mas seu sorriso largo mostrou


que estava muito contente com seu progresso.

— Talvez não, em nenhum momento, Thorn. Mas me dê


quatro ou cinco anos e eu poderia trabalhar até andando
ritmo.

O grupo reunido riu. Mas desta vez eles estavam rindo


com o seu companheiro de tripulação, e não para ele.

— Bom garoto — Thorn disse a ele. — Agora, saia da


rede. Não! — Ele gritou rapidamente Ingvar olhou
cautelosamente para baixo para ver onde colocar os pés.

Mantenha seus olhos para cima! Veja a rede em sua


mente.

E para o espanto de quem está assistindo, Ingvar, cabeça


erguida e olhos para a frente, andou corretamente para
fora da rede, pisando alto e de forma limpa, sem tanto
como um tropeço.

Então, infelizmente, quando ele pisou no solo claro, ele


pegou o dedo contra um tufo de grama e caiu de cara no
chão. Desta vez, ele riu com os outros como ele pôs-se
de pé. Mas nada poderia diminui seu sentimento de
realização.

— Eu acho que eu não vi isso na minha mente — ele


disse, e todos riram novamente. Thorn balançou a
cabeça, sorrindo para o menino.

— Apenas continue praticando — disse ele. — Prática e


prática e prática.

Quanto mais você pratica, melhor você vai se sair.

Mais tarde, naquela noite, muito depois do acampamento


ir dormir, Hal acordou, com um som estranho incidindo
em seu subconsciente. Ele estava franzindo a testa por
alguns minutos. Era um som que marcha rítmica e ele se
esforçou sem sucesso, para identificá-lo. Até agora, ele
estava acostumado com os sons da noite habituais do
mar e do vento e da chuva em todo o acampamento em
Baía do Abrigo.

Mas isso foi algo novo.


Ele rolou para fora de seus cobertores e, agarrando o
cinto com a faca Saxônica em sua bainha, ele se
levantou e saiu calmamente para fora da tenda.

Ele seguiu o som para a área onde eles treinavam todos


os dias. Marchar...

deslizar... deslizar... marchar... deslizar. Ele tornou-se


ciente de que ele podia ouvir uma voz, armou baixo e
resmungando. As palavras eram indistintas. Em seguida,
ele relaxou, jogando o cinto e bainha por sobre o ombro
quando ele percebeu que não havia perigo.

Ingvar estava no centro da rede. Ele estava de frente


para Hal, e à luz do luar, o skirl podia ver que Os olhos de
Ingvar estavam fechados enquanto ele se movia
deliberadamente em um padrão complexo de etapas.
Direita, para frente, para a esquerda, para trás,
esquerda, à direita, com os pés deslizou e arrastou na
grama de orvalho úmido. Seus lábios se moviam como
ele chamou os passos para se em voz baixa.

— Um direito dois... três... de volta à esquerda para a


frente... dois...

Hal sorriu para si mesmo e afastou-se, voltando para o


aconchego de sua cama e deixando a Ingvar seu
consultório particular.

Capítulo oito
O treinamento continuava a cada dia e os membros da
tripulação melhoravam suas performances na rede, até
mesmo Ingvar – apesar de ele estar ainda muito atrás
dos outros. Após vários dias ele podia se mover na rede
até mesmo com os olhos abertos.

E mesmo que ele não conseguisse se igualar às


performances dos outros, ele estava se movendo com
muito mais segurança do que jamais se movera na vida.
Ele nuca poderia ser chamado de ágil, mas seu senso de
balanço e movimento havia melhorado notavelmente.

O que o deixaria em boas condições quando tivessem


voltado para o mar, pensou Hal, e ele tinha de se mover
ao redor de acordo com o balanço, lançando-se através
do convés do Garça Real. Ele ia precisar de Ingvar para a
ideia em que estava trabalhando, e ele saudou a
melhoria que o treinamento de Thorn tinha trazido.

Após trabalhar com os rapazes na rede por uma semana,


Thorn introduziu uma mudança no seu treinamento. Ele
os fez treinar um combate simulado, com armas de
madeira, um contra o outro. E quando fez isso, ele
rapidamente notou um problema em suas técnicas.

— Não é de se surpreender — ele disse para Hal. A


tripulação havia passado a manhã inteira trabalhando
duro, e Hal e Thorn estiveram sentados discutindo o seu
progresso.

— Apesar de tudo, os seus instrutores no Brotherbands


não eram peritos. Eles eram razoavelmente
competentes, mas estavam ensinando apenas o básico,
não os pontos principais.

Hal sorriu para ele — Eu acho que nenhum deles foi um


Maktig — ele disse.
Thorn balançou a cabeça, encolhendo os ombros. — Eu
acho que não. Mas eu me sinto frustrado quando vejo
meninos praticando uma técnica ruim. Isso só tende a
consolidar maus hábitos, e eles são muito mais difíceis
de esquecer.

— Então os mostre onde estão errando — Hal sugeriu.

Thorn franziu os lábios. — Você tem certeza? Você é o


skirl, não eu. Eu não quero minar a sua autoridade.

Hal riu. — Eu sou o skirl quando nós estamos no mar,


eles irão me obedecer.

Eu sei disso. Mas como skirl, eu escolhi você como nosso


treinador de batalha. Você é o mais qualificado para o
trabalho. Certamente não estou qualificado para o
trabalho.

Eu mesmo ainda estou aprendendo.

— Estou feliz em ouvir isso de você — falou Thorn. — Eu


só queria ter certeza.

— Apenas uma coisa — falou Hal, então hesitou. Ele não


tinha muita certeza em como tocar no assunto. Então
decidiu que a melhor maneira era simplesmente ser
direto. — Alguns deles estão imaginando quem é você,
aquela demonstração na rede os pegou de surpresa. Eles
estão se perguntando de onde toda aquela habilidade e
conhecimento viera.

Thorn estava balançando a cabeça antes mesmo de ele


terminar a frase. — Eu não quero que os outros saibam
sobre...
Mas Hal o interrompeu. — Eles não são os outros. Eles
são sua tripulação.

Thorn, eu entendo que quando você estava em


Hallasholm, você não queria as pessoas olhando e
dizendo, Viu o quanto Thorn decaiu? Ele era o Maktig.
Mas os meninos não pensam assim. Eles o admiram. Eles
não estão o comparando com o que você alguma vez foi.
Eles o veem como você é agora e o admiram.

— Eles me admiram? — Thorn disse, com ceticismo em


sua voz.

Hal balançou a cabeça empaticamente. — Mas é claro


que sim. E ainda mais, eu imagino que isso possa
aumentar muito sua confiança sabendo que foram
treinados por um perito real. E confiança será importante
quando eles forem enfrentar a tripulação do Corvo.

Thorn encolheu os ombros com relutância. — Talvez você


esteja certo — Ele disse. — Deixe-me pensar sobre isso.

— Eu sei que estou certo, — Hal disse. Então sorriu. —


Afinal de contas, eu sou o skirl. Agora, o que você tem
em mente para melhorar suas técnicas?

— Eu te mostrarei esta tarde, — Thorn disse.

Após a pausa para o almoço, Thorn chamou os rapazes e


pediu para que se juntassem ao redor dele. Ele os fez
sentar em um semicírculo e caminhou para trás e na
frente deles, batendo o bastão de nogueira contra sua
bota enquanto procurava as palavras que queria dizer.

Finalmente ele decidiu que uma demonstração seria o


melhor meio de abordar o assunto. Ele pigarreou uma ou
duas vezes, tentando ignorar o semicírculo de rostos
curiosos, então apontou o bastão para Stig.

— Stig, em pé, e busque sua arma e escudo de treino.


Traga um escudo para mim também.

Stig hesitou. — Apenas um escudo? Você não quer um


machado de treino?

Thorn chacoalhou a cabeça e balançou o bastão de


madeira no ar. — Isto será suficiente. Agora busque os
equipamentos.

Assim que o alto rapaz correu para buscar dois escudos e


o machado de treinamento na área de treinamento,
Thorn voltou-se para os meninos que estavam
esperando.

— Nós temos trabalhado em agilidade e balanço, — ele


começou, — e todos vocês melhoraram notavelmente.
Até mesmo Ingvar. — Ele sorriu para o grandalhão.

— O problema é, que tudo isso sai para visitar sua vovó


quando você começa a praticar com armas.

Ele olhou para cima assim que Stig voltou com o


equipamento. Ele pegou o escudo e o deslizou sobre o
braço direito, então assistiu enquanto Stig arrumava o
seu no braço esquerdo, e brandiu o machado de
treinamento de madeira. Thorn manteve seu bastão de
nogueira na mão esquerda.

— Certo Stig — ele disse. — Vamos ver o seu estilo.

Eles encararam um ao outro, e ambos ficaram na mesma


pose de agachada. Os olhos de Stig ficaram
semicerrados ferozmente concentrados na figura
desgrenhada á sua frente. Apesar da barba e cabelos
grisalhos emaranhados, e as esfarrapadas, roupas
remendadas, Thorn com uma arma na mão era um
assunto completamente diferente de Thorn, o velho
abandonado e desalinhado. Os anos pareceram cair de
seus ombros enquanto ele se movia leve e confiante
enquanto eles se circulavam. O escudo estava alto e
preparado, enquanto o bastão de nogueira descrevia
pequenos círculos no ar.

Exceto por Hal, Stig era o único membro da tripulação


que estava bem avisado do passado de Thorn. Ele sabia
que estava enfrentando um guerreiro experiente, e não
tinha pressa de se jogar nele. A maneira leve e confiante
de Thorn o fazia ficar ainda mais relutante sobre isso.

— Hyyaaah! — Thorn gritou, saltando para frente e


levantando o bastão para um golpe por cima. Stig pulou
para trás com um grito involuntário de surpresa. Seu pé
ficou preso em uma raiz e ele tropeçou, mal conseguindo
ficar em pé.

Uma onde de risos correu através dos espectadores e


Stig percebeu que o ataque de Thorn era apenas uma
finta. O velho lobo do mar estava sorrindo para ele e
rolando os olhos. Atirando a cautela aos ares, Stig
atacou.

Ele martelou o escudo de Thorn com o machado de


madeira, fazendo chover golpe após golpe, batendo com
cada grama de sua força. A arma de madeira rachou
contra o escudo, que sempre aparecia em posição
justamente no tempo certo para prevenir Stig de
arrancar a cabeça do seu oponente de cima dos ombros.
Os meninos faziam gritos de encorajamento enquanto
Thorn começava a perder terreno com Stig indo sempre
para cima dele, dobrando seus esforços.

Então, num piscar de olhos, tinha acabado.

Stig lançou um ultimo e massivo ataque contra Thorn.


Dessa vez, ao invés de bloquear o ataque, Thorn deixou
ser pego pelo lado curvo de seu escudo e defletindo o
ataque. Sem encontrar nenhuma resistência real ao seu
ataque, Stig cambaleou para frente, sem nenhum
equilíbrio, expondo seu flanco direito enquanto caia.

Desse jeito, Thorn estocou dolorosamente as suas


costelas, rápido como o bote de uma cobra.

— Auuu! — Stig gritou, recuando com o feriamento a


cada impacto.

Instantaneamente, Thorn recuou. — É isso ai. Acabou!

Com isso Stig, completamente furioso, se preparou para


lançar outro ataque, Thorn levantou o bastão no nível do
rosto e o apontou advertindoo.

— É isso ai Stig — ele falou claramente. — Acabou! — E


manteu os olhos fixados no menino. Gradualmente ele
viu a raiva indo embora, e então o rapaz deixou seu
machado e escudo caírem no chão. Houve um tempo em
que o temperamento de Stig teria inflamado fora de
controle, mas o treinamento dos Brotherband tinha o
ajudado a controlar isso. Ele esfregou suas costelas
gentilmente.

— Isso dói, Thorn. — ele reclamou. Thorn balançou a


cabeça, soltando o seu gancho do puxador do escudo e
deixando-o deslizar para fora do braço.
— Isso teria doido muito mais se isso fosse uma espada
— ele disse, brandindo seu bastão. Ele viu o
entendimento aparecer nos olhos de Stig, e em seguida,
ele deu um sorriso envergonhado.

— Eu não tinha pensado por esse lado. — ele admitiu.

— Pense nisso. — Thorn falou. Então ele se virou para


incluir os outros membros da tripulação, que estavam
assistindo em silêncio. A velocidade da mão de Thorn, e
a facilidade com que ele tinha lidado com os ataques de
Stig, os tinham pegado de surpresa.

— Todos vocês, pensem sobre isso — ele repetiu.


Deixando seu olhar viajar sobre os rostos de repente de
expressão muito séria abaixo dele. — Imaginem que
fosse uma espada entrando pelas costelas de Stig. Nós
estaríamos ocupados contando histórias de como ele era
um bom companheiro durante sua curta e colorida vida,
e quanto todos nós sentíamos sua falta. — ele fez uma
pausa. — Ou talvez não.

O que trouxe uma pequena onda de diversão sobre o


grupo, então ele continuou.

— Stig é provavelmente o melhor de vocês com um


machado — ele disse. E

olhou para eles procurando algum sinal de discordância,


mas tudo que viu foram pequenos acenos, confirmando
sua declaração. — Mas seu treinamento tem sido
tristemente deficiente.

— Seu treinamento no Brotherband? — perguntou Edvin.

Thorn concordou. — Seus instrutores ensinaram apenas


os movimentos mais básicos. E eles os encorajavam a
bater nas almofadas de treino e uns nos outros o mais
forte que podiam. Estou certo?

Novamente ele fez uma pausa e novamente foi recebido


com acenos de cabeça.

— O ponto é que a maioria dos guerreiros escandinavos


são muito capazes com o machado. Mas apenas muito
poucos são os melhores. E apenas um número muito
menor são os peritos. Seus instrutores eram apenas
guerreiros medianos.

Ele fez uma pausa, vendo algumas carrancas. — Eu não


estou falando isso com desrespeito. É um fato. Eles
apenas deveriam lhes ensinar o básico. E eles apenas

tinham uns poucos meses para trabalhar com vocês, e


neste tempo eles também tinha que lhes ensinar um
monte de outras habilidades básicas. O treinamento
Brotherband é apenas o início. E não ensina para vocês
tudo. Não é possível. Os instrutores simplesmente não
têm tempo para mostrar-lhes os pontos mais delicados.
Quando vocês estavam praticando habilidades com
armas, o comando que eu mais ouvia era, Bata mais
forte, deem tudo que têm! Você chama isso de bater?
Este tipo de coisa.

Estou certo?

Alguns sins murmurados puderam ser ouvidos em


resposta.

— Agora, isso é muito bom quando você quer construir


músculos e se cansar para dormir bem à noite. Mas isso
não é bom o suficiente em uma luta.
— Pense desse jeito. Você está em uma batalha. Você
balança seu machado em alguém o mais forte que
conseguir. Se você acertá-lo, você o abre ao meio mais
ou menos até aqui. — Ele indicou um ponto no meio do
seu peito. — Agora, se você não bate tão forte nele, você
pode chegar apenas até aqui.

Ele apontou um lugar no meio de suas sobrancelhas.


Novamente, acenos concordando. Alguns acenos de
cabeça confusos, mas ainda assim, eram acenos.

— Ele está de algum modo menos morto? — Ele


perguntou, e viu algumas faces mostrando
entendimento. — Você tem que aprender a controlar sua
força, — ele continuou. — Mantenha balanceado quando
atacar. Não se exija demais. Vocês viram como foi fácil
para eu desviar o ataque do Stig e o desequilibrar. E
aquilo o abriu inteiro para um contra ataque.

— Amanhã, iremos começar um novo treinamento, que


irá os ensinar como bater de um modo balanceado.

Os garotos trocaram olhares, e ele pode ver que tinha


fisgado sua imaginação.

Eles estavam pensando em como esse novo treinamento


seria.

Bom, ele pensou. Se eles estavam imaginando, isso


significava que eles estavam interessados.
— Isto é tudo por hoje. Vocês podem voltar para sua
tenda e descansar.

Amanhã será um dia duro.

Foi Jesper quem fez a pergunta. Hal podia ter adivinhado


que seria ele.

Os garotos estavam descansando em seus sacos de


dormir, remendando roupas e equipamentos, afiando
armas ou conversando calmamente entre si, quando o
ex-ladrão expressou o pensamento que estava na mente
de muitos.

— Como Thorn sabe tanto sobre lutas? — ele disse. —


Afinal, até onde eu lembro, ele era o bêbado da cidade.
— Alguns dos outros concordaram, e ele continuou, com
seu olhar procurando Hal.

— Eu quero dizer, todos nós o vimos hoje, quando ele


derrubou Stig. E ele fez parecer tão fácil. — Stig
relanceou rapidamente quando ouviu isso, e Jesper
apressadamente fez um gesto de desculpas. — Sem
ofensas, Stig. Nós sabemos que

você não é um oponente fácil de ser vencido. Mas como


Thorn conseguiu isso? E você tem que admitir, ele
realmente fez parecer fácil, mesmo se não fosse.

Hal e Stig trocaram um olhar rápido, com Stig fazendo


uma pergunta sem falar.

E Hal finalmente acenou.

— Está na hora de eles saberem — ele disse. — Você


pode ir buscar Thorn?
Stig concordou e ficou em pé. Assim que ele saiu da
tenda, ele ouviu uma tempestade de perguntas saírem
de seus companheiros e sorriu sozinho. Eles teriam uma
grande surpresa.

Thorn puxou para o lado as abas da lona que cobria a


entrada da barraca e entrou através da abertura de luz.
Assim que ele fez isso os murmúrios que vinham de
dentro dela pararam abruptamente, e cada olho se
voltou para ele. Stig entrou por trás dele e tomou o seu
lugar em seu saco de dormir, sorrindo de expectativa.

Thorn escaneou o circulo de faces incrédulas e estacou


em Hal.

— Eu imagino que você falou para eles?

Hal balançou a cabeça. — Era hora de eles saberem —


ele respondeu.

Thorn mastigou as pontas de seu bigode por vários


segundos, sem saber o que dizer em seguida. Finalmente
ele começou a ser virar e ir para a porta.

— Muito bem — ele disse. — Então vocês sabem.

Houve então uma tempestade de protestos quando os


garotos perceberam que ele ia ir embora.

— Só um momento! — era Jesper, obviamente. — Você


não pode ir embora, fale para nós sobre isso!

— Sobre o que? — Thorn respondeu.

Dessa vez, foi Stefan quem respondeu. — Sobre ser o


Maktig — ele disse.
E Edvin adicionou — Três vezes!

— Bem, exigiu muito trabalho duro — Thorn falou incerto.


Falar sobre si mesmo nunca fora um ponto forte.

— Em quais eventos você competiu? — Hal o incitou. Ele


podia ver que Thorn precisava de uma pequena ajuda
para continuar. O velho guerreiro olhou para o infinito,
pensando nos dias do concurso para se tornar Maktig.

— Oh... luta livre. Combate simulado com machado e


espada. Arremesso de lança. Corridas a pé. Testes de
resistência...

— Como o que? — perguntou Ingvar, e um olhar


pensativo tocou as faces enrugadas de Thorn.

— Como passar a noite na montanha no inverno com


nada além de minhas cuecas.

— E como foi isso? — Ulf perguntou.

Thorn se permitiu um leve sorriso enquanto respondia.

— Frio — ele disse sinceramente. — Muito frio. Quase


congelei meu traseiro, na verdade. — Uma onda de riso
correu através dos garotos. Eles estavam sentados o
assistindo. Prestando atenção em cada palavra. E ele
olhou de soslaio para Hal.

— Eu não vou sair daqui tão cedo, não é? — Ele disse, e


Hal balançou a cabeça devagar.

Thorn assentiu e se abaixou para se sentar em uma


posição com as pernas cruzadas no chão da barraca.
Estranhamente, após todos estes anos tentando enterrar
o passado, ele descobriu que era vagamente agradável
falar disso com estes meninos de olhos arregalados, e
ver a admiração imparcial em seus olhos.

— Poderia então ficar um pouco mais confortável então


— ele disse, e assim fez um gesto encorajador. — Muito
bem, podem falar.

— As pessoas ficaram surpresas quando você venceu a


segunda e a terceira vez? — Stefan perguntou.

Thorn olhou para ele com um sorriso amarelo — Bem, eu


certamente fiquei.

Novamente os meninos riram, e ele sentiu-se mais a


vontade, mais em casa.

— Quem foi seu oponente mais forte? — Stig perguntou.

Thorn nem teve que pensar a respeito quando


respondeu.

— O pai de Hal — ele disse, e todos os olhares se


voltaram para ele, que corou de prazer. Então Thorn
adicionou — Seu pai era muito bom também, Stig. Ele
chegou às semifinais no meu segundo ano.

— Meu pai? — disse Stig, surpreso.

— Ele era um guerreiro muito poderoso. Muito bom com


um machado. Você tem um monte de seu talento.

Stig olhou para baixo, tentando esconder as lagrimas


repentinas que saiam de seus olhos. Em toda sua curta
vida, ele nunca havia ouvido alguém falar bem de seu
pai, que havia desaparecido após ter roubado de seus
companheiros. Ele ficou feliz quando Jesper chamou a
atenção dos outros.
— Quantos combates simulados você teve que lutar?

Thorn deu um grande suspiro enquanto calculava a


resposta para aquela pergunta.

E foi assim por mais de quarenta minutos, com os


meninos ansiosamente fazendo perguntas, e Thorn
respondendo cada uma delas — hesitantemente no
inicio, mas gradualmente ganhando fluência quando
percebeu que nenhum de seus jovens companheiros
estava olhando para critica-lo ou deprecia-lo. Muito pelo
contrário, na verdade. Eles estavam contentes por tê-lo
como membro da tripulação, felizes por ele os estar
treinando. Orgulhosos de serem seus companheiros e
estudantes. Hal estava

certo, ele pensou; sabendo de suas conquistas poderia


fazer deles mais inclinados a prestar atenção e trabalhar
em suas habilidades.

E melhor de tudo, eles não estavam comparando o que


ele é agora com quando ele fora o Maktig. Isso fora antes
de suas memórias. Eles estavam comparando-o com o
jeito que ele tinha sido quando ele era um abandonado
bêbado trôpego, e a admiração em seus olhos quando
olhavam para ele agora era tudo muito óbvio.

Quando Hal finalmente pediu uma pausa para a


discussão, afirmando que o Maktig pessoal dos Garças
tinha um grande dia planejado para eles na manhã
seguinte, Thorn sentiu como se um grande peso fosse
tirado de seus ombros — um peso que estivera lá por
muitos longos anos. Ele sabia que esses garotos o
admiravam e respeitavam, e sabia que pela primeira vez
em muito tempo, ele tinha uma razão para se sentir
orgulhoso de si mesmo.
Ele acenou com a cabeça boa noite e se levantou para ir
embora. Assim que ele pisou para fora da porta, houve
um silêncio momentâneo, em seguida, Jesper o quebrou.

— Obrigado, Thorn — ele disse simplesmente, e os outros


do mesmo jeito repetiram seus agradecimentos em coro.

Ele saiu na noite e olhou para as estrelas no céu gelado


acima. E deu uma profunda respiração.

— Quem iria imaginar? — ele disse para si mesmo. —


Quem iria imaginar?

Capítulo nove

— Atacar! Defender! Atacar! Desviar! Levante-se, Ulf!

— Sou Wulf — disse o irmão gêmeo com o rosto


vermelho.

— Seja como for — Thorn disse a ele. — Só não balance


tanto. Controle-se! Mantenha o equilíbrio! Você também,
Wulf —, ele acrescentou quando o outro gêmeo passou e
caiu no chão também.

— Sou Ulf! — O segundo gêmeo protestou quando se


levantou, esfregando suas costas machucadas.

— Diga para alguém que se preocupa, — Thorn disse,


olhando para longe com o som de outro grito e vendo
Stefan cair de costas no chão com as pernas para o ar. —
Eu te disse! — Ele gritou para o grupo em geral. — Não
balance tanto que você perde o equilíbrio. Comece aos
poucos e gradualmente aumente o balançar. Vá com
calma!

Os oito Garças estavam tentando dominar a nova técnica


de Thorn na prática.

Enquanto estavam em sua corrida matinal pela praia, ele


montou oito obstáculos baixos. Em cada um, um galho
redondo resistente foi apoiado cerca de vinte centímetros
do chão por uma forquilha em cada extremidade. As
forquilhas foram lubrificadas para que o galho rolasse e
girasse facilmente nelas. O resultado foi uma plataforma
altamente instável para a prática de movimentos básicos
de combate. Cada um dos meninos tomou uma posição
sobre um dos obstáculos e tentou manter o equilíbrio
enquanto praticava golpes de machado e defesas com o
escudo.

Como Ulf, Wulf e agora Stefan já tinham descoberto, se


eles balançassem muito perderiam o equilíbrio, o galho
redondo iria rolar sob os seus pés e eles cairiam no chão.

No caso de Ingvar, Thorn tinha decidido deixar o garotão


simplesmente praticar equilíbrio no galho, sem tentar
qualquer golpe simulado com o seu porrete.

— É tão pesado que nunca irá conseguir manter sua


posição se você balançar isto — disse a Ingvar. Agora
Ingvar, a ponta de sua língua aparecendo através de
seus dentes, estava balançando precariamente em seu
poleiro, braços estendidos ao bater no ar para manter o
equilíbrio.

— Relaxe — Thorn disse enquanto ele passava. — Se


você ficar tenso, nunca vai recuperar o seu equilíbrio.
Solte os músculos e mantenha seus movimentos
contidos.

Enquanto ele falava, Ingvar oscilou para trás, o galho


virou e ele caiu, mal conseguindo impedir de se estatelar
no chão.

— Mais contidos do que isso — Thorn disse a ele. Ingvar


balançou a cabeça e voltou devagar para o obstáculo,
balançando e agitando os braços para manter-se
equilibrado. Ele forçou seus músculos tensos á relaxar e
sorriu para Thorn quando sentiu o pé firme.

— É muito melhor — disse ele, e imediatamente caiu


para frente, batendo no chão com um baque que fez
Thorn estremecer. O velho guerreiro seguiu em frente
quando Ingvar se levantou novamente.

Os meninos estavam com variados graus de sucesso


neste exercício. Hal e Stig tinha dominado a técnica de
forma relativamente rápida. Mesmo que tivessem caído,
eles poderiam controlar o movimento para que
pousassem em seus pés. Jesper tinha o dom também.
Thorn franziu ligeiramente a testa, enquanto observava
ele. Jesper era um espertinho e tendia a ser preguiçoso -
o que era uma pena, pois ele tinha muito talento atlético
natural.

Ulf e Wulf estavam deixando o seu mau humor habitual


causar-lhes problemas.

A cada queda, eles lutavam furiosamente para voltar às


barras transversais e começar de novo. Mas sua
frustração estava fazendo-os mover-se muito rápido, e
em poucos segundos, eles perdiam o equilíbrio e caiam
no chão novamente. Era quase como se sentissem que,
movendo-se rapidamente de volta para o poleiro, eles
iriam apagar o fato de que tinham caído em primeiro
lugar. Seria melhor esperar alguns segundos, tranquilizar-
se, então acelerar com cuidado.

Pelo menos eles tinham aprendido a não tentar recuperar


o equilíbrio a todo custo. Isso apenas levaria a uma
queda mais grave quando a peça transversal girasse de
repente e jogasse fora seu ocupante. Agora, uma vez que
os gêmeos sentissem o equilíbrio chegando, eles
aceitariam o inevitável e desceriam. Então, eles bufaram
e começaram de novo - geralmente lançando um insulto
para o outro, como fizeram.

— Movam-se lentamente — Thorn exortou-os mais uma


vez. Mas ele tinha pouca esperança de que prestassem
atenção nele. Ele deu de ombros. Eventualmente, iriam
aprender da maneira mais difícil a serem mais cautelosos
em seus movimentos.

Ele deixou a sessão de treino continuar por mais alguns


minutos, em seguida, mandou parar. Cansados, os
Garças desceram, ou, em alguns casos, tropeçaram de
seus poleiros e sentaram na grama. Alguns deles
esfregavam os músculos da panturrilha com cãibras, os
tornozelos doloridos e os tendões do calcanhar. Tentando
ficar equilibrados em uma vara tão incerta colocava
grande pressão sobre os músculos e articulações, Thorn
sabia.

Ele sorriu para eles. — Difícil, não é? — Havia


concordância ao redor. —

Vocês vão pegar o jeito da coisa em pouco tempo.

— O que acontece quando fizermos? —, perguntou Edvin.


Ele e Stefan tinham passado razoavelmente sobre os
obstáculos. Eles não eram excepcionalmente bons, nem
eram excepcionalmente ruins. O que praticamente
resumiu os dois nos exercícios físicos. Eles eram de nível
médio. Ainda assim, Thorn pensou consigo mesmo, ele
iria trabalhar para torná-los acima da média.

Ele olhou para Edvin ao respondeu. — Quando você


puder ficar sobre as traves sem cair por dois minutos,
vamos combiná-lo com lutas práticas.

— Naqueles gloriosos poleiros? — Edvin disse incrédulo. E


quando Thorn assentiu, ele balançou a cabeça. — Nós
nunca vamos conseguir.

— Você pode se surpreender — Thorn disse a ele. —


Agora, quando você tiver alguns minutos de descanso,
que tal começar a fazer o almoço?

— Ulf e Wulf — Hal disse — vocês podem ajudar Edvin.


Acenda o fogo para ele Ulf. Wulf, você pode buscar água
fresca e casca de algumas verduras. Qualquer outra
coisa que você precise fazer Edvin?

Edvin balançou a cabeça. — Isso deve bastar. Nós temos


um pouco de veado frio sobrando, e assei um pão na
noite passada.

Thorn ouviu o dialogo. Era interessante, pensou, como


Hal rapidamente reassumiu o controle quando os treinos
acabaram. Enquanto eles estavam trabalhando em suas
habilidades de combate, Thorn estava indiscutívelmente
no comando. E ele notou que, desde a sua conversa na
noite anterior, os meninos pareciam prestar mais
atenção às suas instruções do que antes. Mas no
momento em que a disciplina e tarefas do acampamento
voltaram ao normal, Hal assumiu novamente sem
parecer pensar sobre isso. Não pela primeira vez, Thorn
refletiu que o menino era um líder natural.
Hal levantou de onde havia se esparramado na grama,
esfregando os músculos da panturrilha ferida, e
atravessou até Thorn. Ele estava mancando um pouco
com os músculos com cãibras e nós.

— O que você tem em mente para esta tarde? — ele


perguntou. Thorn acenou na direção do artefato, que
estava suspenso acima do chão nas proximidades.

— Eu vou dar-lhes outra sessão na rede — disse ele. —


Eles vão achar que é muito mais fácil depois daqueles
rolos lubrificados.

— Você pode poupar Ingvar e a mim? —, perguntou Hal.

Thorn assentiu. — Por que não? Se você sentir que está


ficando para trás, sempre pode se juntar a ele em uma
de suas sessões de treino de meia-noite.

Hal ergueu as sobrancelhas para isso. — Oh, você já o viu


também, não é?

Thorn olhou de relance para Ingvar, que estava sorrindo


e conversando com Stig e Stefan. — Ele quer muito ser
um membro valioso da tripulação.

Hal seguiu seu olhar. — Ele vai ser — disse ele. —


Quando você vir no que temos estado trabalhando,
saberá o que quero dizer. Ele vai fazer um trabalho que
nenhum dos outros conseguiria.

— Bom. Todo mundo precisa sentir que ele está


contribuindo com a equipe e é fácil para alguém como
Ingvar se tornar alvo de piadas. Então, quando é que
vamos começar a ver esta maravilhosa engenhoca nova
de vocês? — perguntou Thorn.
Hal considerou a questão. — Se tudo correr bem, esta
tarde. Nós temos alguns ajustes finais a fazer.

— Nenhum pequeno detalhe negligenciado? — Thorn


disse, quase conseguindo conter o sorriso que queria sair
em seu rosto.

Hal suspirou. — Eu achei que você e Stig tinham


superado isso.

Thorn assumiu um olhar de preocupação. — Você


gostaria que parássemos de dizer isso?

Hal deu-lhe um olhar duro. — Sim. Por uma questão de


fato, eu gostaria.

Thorn finalmente deixou o sorriso aflorar.

— Não vai acontecer — disse ele alegremente.

— Não pensei que fosse.

Depois de quarenta minutos de trabalho duro no artefato,


Thorn parou para um período de descanso e os meninos
caminharam de volta para suas tendas para se esticar
em seus sacos de dormir e relaxar. Thorn tomou um
assento em um toco de árvore perto da lareira e fez uma
caneca de café. Seu suprimento de grãos de café era
limitado e decidiu esperar até que os meninos não
estivessem por perto antes de fazer outra panela.

— Não há sentido em desperdiçá-lo com eles —, disse a


si mesmo, substituindo por um saco de feijão do
esconderijo que Edvin não tinha idéia de que ele
conhecia.
Ele ficou satisfeito com o progresso dos meninos nos
exercícios de agilidade que inventara para eles. Em
poucos dias, começou a trabalhar sobre os melhores
pontos de técnicas de combate. Ele também ficou
satisfeito com a mudança da atmosfera no
acampamento. Não havia nada como o trabalho duro e
músculos doloridos ao final do dia para manter os
meninos ocupados, pensou. Mas, mesmo que tivesse
esse pensamento, percebeu que ele e Hal teriam de
continuar a tocar as mudanças e criar novas maneiras de
aumentar as habilidades da tripulação.

— Se o tempo facilitasse, poderíamos levar o navio para


o mar —, disse consigo mesmo. — Um período remando
e o manuseio com as velas faria maravilhas para eles.

Mas mesmo que tivesse havido algumas calmarias nos


últimos dias, nenhuma delas durou muito tempo e
sempre havia o risco de ser pego em mar aberto, quando
as tempestades retomavam. Eles podem sempre praticar
remo nas águas calmas de Baía do Abrigo. Mas tal
exercício seria bastante inútil. Eles tinham estado em
torno de barcos e navios por toda sua vida e sua técnica
de remo era perfeita. Simplesmente remar para cima e
para baixo na baía não prenderia sua atenção por muito
tempo.

Enquanto ele estava meditando sobre isso, se tornou


consciente de um som muito fraco. Uma voz? Não, duas
vozes.

Ele se levantou e olhou para a praia. Com certeza, as


figuras distantes de Hal e Ingvar estavam olhando para
trás em direção ao acampamento. Ele podia ver as faces
pálidas de seus rostos. Em seguida, eles levantaram as
mãos em concha em torno da boca, e alguns segundos
depois, ele ouviu o som fraco de novo, levado pelo vento.

— Tho-o-orn!

— Já era tempo — ele murmurou. Ele acenou para eles,


deixando-os saber que ele tinha ouvido, em seguida,
jogou os restos de seu café no fogo. Ele estava
arrumando a caneca de boca para baixo quando um
pensamento lhe ocorreu. Edvin talvez possa identificar os
restos de seu café no pote. Ele inclinou a água fresca do
balde em pé ao lado da lareira, girou ao redor até que
não havia nenhum traço ou cheiro de café deixado, e
jogou-a fora.

Então, ele caminhou a passos largos para a tenda onde


os meninos estavam relaxando, alguns falando em voz
baixa, vários cochilando e outros trabalhando na
reparação de roupas e equipamentos rasgados ou
danificados. Aqueles que estavam acordados olharam
para cima quando se aproximou. Ele apontou o polegar
em direção à praia.

— Se algum de vocês estiver interessado —, disse ele, —


o grande inventor está pronto para mostrar-nos o seu
mais recente trabalho.

Isso definitivamente ganhou o interesse. Desde que


tinham visto o sucesso do projeto da vela revolucionário
de Hal, os Garças tenderam a tratar as capacidades
inventivas de Hal com grande respeito. Thorn e Stig, que
tinham visto uma ou duas de suas idéias geniais darem
desastrosamente errado ao longo dos anos, estavam um
pouco mais céticos.
Mas agora, com os meninos saindo ansiosamente para
fora da tenda, indo para a praia em grupos irregulares,
Thorn sentiu um pequeno arrepio de antecipação. Na
maioria das vezes, as idéias de Hal funcionaram, e
funcionaram bem. Sem perceber, ele encontrou-se
apressando o passo para acompanhar os meninos.

O que quer que Hal tenha para mostrar-lhes, ele não


queria ser o último a vê-lo.

Capítulo dez

— É uma besta — disse Stig, sacudindo a cabeça com


espanto, enquanto olhava para o dispositivo.

— A maior besta que eu já vi — comentou Edvin.

A besta enorme encostada em um carro de madeira na


frente deles. Era de um metro e meio de comprimento e
as partes do arco eram quase um metro de ponta a
ponta. Elas foram feitas a partir de várias camadas de
madeira, laminadas juntas, coladas e presas com
tendões de veado. Thorn assentiu pensativo, enquanto
ele a observava. Na semana passada, Hal tinha sido bem
sucedido em caçar vários veados para as refeições.
Obviamente, ele não tinha perdido nada das carcaças.
Ele deve ter fervido os cascos para baixo para fazer cola-
Thorn se lembrou de um terrível cheiro que emanava da
oficina há poucos dias.

Hal indicou os membros do arco. — Eu usei diferentes


tipos de madeira para este — disse ele. — alburno no
lado exterior da curva para a flexibilidade e cerne do lado
de dentro para resistência e rigidez.

— Como você vai atirar?— Ulf perguntou. — Você nunca


conseguirá levantá-

lo.

— Eu vou atirar do carro — disse Hal. Ele indicou um


roquete de madeira de um lado. — Eu posso levantá-lo
com isso — Enquanto falava, ele virou a catraca com a
besta inclinada para cima em seu carro.

— Engenhoso — Stig disse, e ele sorriu para o amigo com


admiração. — Você já testou? Ele dispara bem?

Hal mostrou ao seu amigo um sorriso frio. Ele estava


esperando a inevitável questão sobre os pequenos
detalhes e suspeitava que esse pudesse ser um prelúdio
para isso.

— Ele dispara muito bem — disse ele. — Nós o testamos


esta manhã. Ele consegue lançar um desses por quase
quatrocentos metros.

Ele levantou um projétil de madeira pesada de meio


metro de comprimento. A ponta tinha sido afiada e
endurecida a fogo, e reforçada com quatro tiras de ferro,
fixada em torno de suas bordas e afinando para a ponta.
Na outra extremidade, três finas aletas de madeira, de
formato triangular, foram criadas em torno do eixo como
uma flecha sobre uma seta.

— Embora para efeitos práticos, estamos dizendo que o


intervalo é de 300
metros. Nós graduamos as miras enquanto muitos
estavam cochilando — acrescentou.

Stefan se adiantou para estudar a grande arma mais de


perto. — É magnífica — disse ele. Segurou o cabo pesado
que se estendia entre os dois membros da proa. Ela foi
feita a partir de entrançados de bétula trepadeira. Ele
tentou em vão transportá-lo de volta. Ele conseguia
movê-la não mais do que alguns centímetros.

— A questão é, como você vai carregá-la? — Disse ele,


frustrado.

— Eu não consigo — disse Hal. — E duvido que algum de


vocês possa. Mas Ingvar consegue.

Ele gesticulou para Ingvar demonstrar. O menino grande


deu um passo à frente, sorrindo, e um pouco
envergonhado por ser o centro das atenções. Havia duas
alavancas, um conjunto de cada lado, inclinado para
frente e chegando logo abaixo da corda. Elas foram
unidas por uma haste que atravessa o transporte, sob o
corpo da proa.

Ele puxou a alavanca para cima e para trás, e como elas


viraram, pegou as alavancas e a corda e começou a
desenhá-lo de volta.

— Espere um momento, Ingvar —, Hal ordenou, e o


jovem gigante deixou as alavancas de volta à sua
posição original. Hal olhou para Stig.

— Por que você não tenta? — Sugeriu.

Stig deu de ombros e se aproximou.


— Se você assim quiser — disse ele, sorrindo. Ingvar
mudou-se para um lado para dar-lhe acesso ao arco e
tomou-o se detendo sobre eles.

E parou.

O sorriso sumiu de seu rosto quando ele percebeu que


tinha movido a corda só na metade do caminho antes
que pudesse movê-lo para mais longe. Ele fez força e
poderosamente a cadeia mudou para mais alguns
centímetros. Então, sacudindo cabeça, ele deixou as
alavancas para baixo novamente e fez um gesto para
Ingvar.

— Mostre-nos como se faz — disse ele. Ele suspeitava


que Hal tivesse arranjado a demonstração não para tirar
sarro dele, mas para indicar capacidade única de Ingvar
para seus companheiros. Ingvar entrou em cena
novamente, aproveitou a alavancas e arrastou-os por
todo o caminho de volta em um movimento suave, até
que a corda fosse envolvida em uma trava definida no
corpo do arco e estivesse apertada, totalmente armada.
Ele substituiu as alavancas em sua posição original,
abaixo do corpo principal do arco.

Houve um murmúrio de apreciação dos Garças reunidos.


Stig era mais forte do que qualquer um deles, exceto de
Ingvar. Se ele não conseguisse armar o arco enorme, eles
sabiam que nenhum deles seria capaz de fazer isso. Hal
chamou a atenção de Stig e acenou para ele,
confirmando a suspeita antes de Stig.

— Eu queria que vocês vissem isso — disse Hal. — Sem


Ingvar, este arco seria inútil. Ele vai carregar o arco para
mim enquanto eu estiver atirando.
Thorn se aproximou, estudando a arma maciça. Havia um
ar de ameaça definitiva sobre ela, ele pensou. O esforço
necessário para indicar que iria disparar seus projéteis
com enorme poder e velocidade. Mas ele não tinha
certeza de como Hal pretendia implantar uma peça de
equipamento pesado em uma batalha.

— Mas como você pretende usá-lo? —, questionou. O


sorriso orgulhoso de Hal se alargou.

— Eu vou montá-lo na proa do Garça Real — disse ele, —


em uma plataforma giratória. Então, quando alcançarmos
o Corvo, podemos ficar longe uma centena de metros ou
mais e fazer grandes buracos nele. Duvido que eles vão
gostar de serem alvejados com estas belezas. — Ele
levantou um dos projéteis pesados e todos olharam para
ele, imaginando-o batendo nas madeiras relativamente
leves do casco de um navio.

Houve um coro geral de aprovação e entusiasmo de sua


equipe. Era uma idéia verdadeiramente radical, mas eles
esperavam ideias radicais de seu skirl. Até mesmo Thorn
parecia impressionado.

— Você pretende armar o navio — disse ele. Era algo que


os Escandinavos nunca tinham feito. Eles usaram os
próprios navios como uma maneira de chegar a uma
batalha, não como uma forma de combatê-la.

— É isso mesmo. O navio se tornará nossa arma. Se ficar


muito perto do Corvo, eles chegarão a nós. Desta forma,
poderemos manter a nossa distância e emaga-los. —

Ele olhou para Stig. — Você vai ter que tomar o leme
enquanto estivermos lutando contra ele. — acrescentou.

Stig sorriu e acenou com a cabeça. — O prazer será meu.


Hal olhou para os outros. — Stefan, Jesper, vocês estão
encarregados de levantar e abaixar as velas. Ingvar pode
ajudá-los se necessário. Nós não poderemos atirar se
estivermos cambando ou ao cambar de jibe o navio. Ulf e
Wulf, você irão ficar com as rizes e escota para manusear
a vela. Edvin, você ficará pronto para ajudar Stig, e
passar os meus sinais. Uma vez que pudermos voltar ao
mar novamente, vamos ter que ensaiar constantemente
para coordenar todas as nossas ações - direção,
navegação e disparo - se quisermos que isso funcione.

Ele voltou seu olhar sobre Ulf e Wulf. — E isso significa


que os dois vão ter que trabalhar juntos sem a habitual
briga de vocês — disse ele firmemente. — Nossas vidas
vão depender de cooperação. Se vocês dois não puderem
cooperar, eu vou ter que mandar Ingvar jogá-los ao mar.

— E eu farei isso. — disse Ingvar muito sério. A tripulação


sentiu que Ingvar faria qualquer coisa que Hal lhe
pedisse. E, depois de ter visto a exibição recente de sua
força incrível, ninguém duvidava de sua capacidade para
realizar tal ordem.

Ulf e Wulf trocaram um olhar e chegaram a um


entendimento.

— Nós não vamos desaponta-lo, Hal. Você tem a minha


palavra —, disse Ulf.

— O mesmo vale para mim — acrescentou Wulf. — E não


é apenas por causa da ameaça de Ingvar - embora eu
saiba que ele pode fazê-lo.

— E todos nós sabemos que ele faria isso — Ulf


concordou. — Mas também sei que você está certo.
Todas as nossas vidas dependerão do manuseio rápido
das velas e do trabalho em equipe.
Hal olhou de um para o outro, olhando fundo nos olhos
deles. Ele podia ver que sua mensagem tinha obtido
sucesso. Houve um novo olhar de determinação sobre os
gêmeos.

— Bom — disse ele. —Estou feliz em ouvir isso. — Então,


como Ulf levantou uma mão hesitante, ele continuou: —
Sim, Ulf, o que é isso?

— Eu sou Wulf — o gêmeo disse, franzindo a testa.

Hal fez um gesto de como-eu-vou-saber. — Se você diz. O


que é isso?

— Nós temos que parar de brigar quando não estivermos


lutando contra o Corvo? Quer dizer, em tempos normais
como este? Não temos que parar de brigar agora né?

— Nós não estamos discutindo agora — seu irmão


apontou.

— Eu sei disso! Mas poderia ser a qualquer momento! —


Wulf respondeu.

— Talvez, mas... — Ulf começou, mas Hal cortou.

— Seria bom se vocês não brigassem — disse ele. — Mas


eu suspeito que possa ser um pouco demais para fazer.

— Acho que sim — disse Ulf, que Hal havia anteriormente


assumiu ser Wulf.

— Nós somos meio que... acostumados com isso, eu


suponho.

— Só não parece a mesma coisa sem as brigas — Wulf


concordou.
Hal suspirou profundamente. — Então você está livre de
sua promessa durante tempos normais. Desculpe por
isso — acrescentou, lançando um olhar de desculpas na
direção dos outros membros da tripulação.

— Devo dizer, estou aliviado — disse Stig. — Não seria a


mesma coisa se não estiverem constantemente
criticando um ao outro.

— Sim, não seria a mesma coisa — Edvin concordou, —


mas seria uma mudança agradável. — Ele disse que em
um tom cansado, mas não havia nenhum sentido
subjacente de bom humor ou de risadinhas em meio às
palavras.

Hal olhou profundamente em torno dos rostos jovens. As


expressões eram sérias como todos eles perceberam que
acabaria por estar enfrentando um inimigo muito
perigoso e por lutarem por suas vidas. Mas não havia
temor. Havia um sentimento crescente de confiança em
seus companheiros.

Thorn tossiu na expectativa de eles olharem para ele.

— Está tudo muito bem e bom — disse ele. — Mas nada


disso importa se esta máquina monstruosa não funciona.
— Ele apontou o polegar para a besta enorme, encostada
em seu carro como uma ave de presa com suas asas
abertas. — Você acha que você pode ser capaz de nos
mostrar o que ela pode fazer?

Hal assentiu e se mudou para ficar atrás da arma


enorme. Ele agachou-se e avistou-os rapidamente para
fazer um comprimento, em seguida, olhou para Ingvar.

— Desalinhou após o último tiro — disse ele. — A nivele,


por favor?
Havia um longo galho cortado, a poucos metros de
distância. Ingvar andou em volta do arco para buscá-lo.
Tinha cerca de três centímetros de diâmetro e dois
metros de comprimento, mas ele levantou-o tão
facilmente como se fosse um cabo de vassoura. Ele deu
um passo para trás para ficar ao lado da besta, enquanto
Hal olhou para comprimento do mesmo.

— Mova-se um pouco à esquerda — disse Hal.

Ingvar cavou o final do pedaço de madeira na areia do


lado direito da besta.

Então, ele levantou lentamente contra ele para balançar


a arma para a esquerda.

— Um pouco mais — disse Hal, ainda com a intenção de


manter a linha de visão.

Ingvar começou a tocar na extremidade da alavanca com


sua mão direta dando curtas batidinhas, golpes afiados
que moviam a besta alguns centímetros de cada vez.

Finalmente, Hal levantou o braço e Ingvar parou.

— É isso aí — disse Hal. Ele ficou para trás e virou-se


para os outros. —

Quando eu colocá-lo em um suporte giratório, será muito


mais fácil de transportar de um lado para outro — disse-
lhes. — No momento, estamos usando o que Ingvar pode
fazer com poder dos músculos. — Ele sorriu para o jovem
gigante, que sorriu de volta.

Ele está gostando de ter um propósito na vida, Thorn


pensou. Em seguida, levantou as sobrancelhas em
surpresa com outro pensamento que lhe ocorreu: do
mesmo jeito que eu. Hal ainda estava falando quando o
velho lobo do mar trouxe sua atenção devoluta para o
que estava sendo dito.

—... formou as atrações para aqueles alvos na praia esta


manhã. Nós andamos a distância e os configuramos com
um intervalo de 50 passos. O mais próximo fica a cem
passos de distância.

Agora, como os outros olharam na direção que ele estava


apontando, eles puderam fazer uma série de cinco alvos
de madeira criado em postes cravados na areia. Thor
olhou para o mais próximo. Tinha a forma de um
quadrado, feito de ramos grossos pregados em uma
moldura de madeira. Os lados da estrutura pareciam ser
de cerca de um metro de comprimento.

— Eu acho que os ramos vão oferecer a mesma


resistência das tábuas de um navio — disse Hal. Ele
tomou sua posição atrás do arco de novo, olhando para o
alvo.

Então virou um pedaço de madeira ao lado da arma,


marcando com uma escala de distância. Ele apontou
para a primeira marca e virou-se para observar as
Garças.

— Isso indica uma faixa de cem metros — disse ele. —


Quando eu alinhar esta marca com o cordão da mira terei
a elevação correta para o tiro.

Os meninos se inclinaram para frente da ponta da arma e


eles viram um pino de madeira, segura por uma pequena
pérola branca, situado à frente dos membros, apenas
clara da linha de fuga que o projétil se seguiria.
— Isso é como a visão sobre sua besta pequena — disse
Stig, reconhecendo o sistema.

— É isso mesmo. Eu pensei que se funcionava


corretamente lá, daria certo aqui.

E funciona.

Ele agachou-se e concentrou-se mais uma vez na


imagem avistada. Ele viu a corda da mira em linha com a
meta, mas um pouco abaixo da marca graduada na mira.

Sua mão foi para roda dentada de madeira que os


meninos tinham notado antes e fechou-o lentamente. A
frente do arco começou a subir quando ele fez isso.
Então ele parou, marcada mais uma vez e acenou com a
cabeça para si mesmo. Ele pegou o projétil pesado que
estava deitado no chão ao lado dele e colocou-o em
águas rasas da

calha cortando no topo do arco, a montagem de um


entalhe na sua extremidade para o cabo de espessura.

— Fiquem firmes — advertiu-os, e puxou o cordão do


gatilho. Ele acionou o trinco segurando a corda, e uma
fração de segundo depois, houve um estrondo enorme
como os de membros sendo jogados. O arco inteiro
contrariou com o recuo e o projétil pesado tirou longe
curvando na trajetória.

Inicialmente assustados com o barulho quando a proa


fora lançada, a equipe seguiu o voo do dardo com os
olhos. Um segundo depois, eles viram o alvo tremer sob
um enorme impacto. Uma nuvem de lascas de madeira
foi arremessada no ar e eles ouviram o som de madeira
quebrando. O poste que segurava o alvo cambaleou para
o lado e o próprio alvo soltou-se e ficou pendurado
pendendo, balançando para trás e para frente com a
força do impacto.

— Não admira que ele saia da mira quando você atira —


Stig murmurou.

Hal não respondeu. — Ingvar! — Ele chamou, e o menino


gigante avançou, pegou as duas alavancas para armar e
soltou a corda de volta para a sua trava de retenção. Hal
colocou outro dardo na corda, em seguida, agachou-se
atrás da linha de tiro. Ingvar já havia recuperado sua
alavanca e começou a movimentar o arco de acordo com
as ordens de Hal.

— Certo! — Hal ordenou e, como Ingvar começou a


alçada da rodada da besta para o direito de se alinhar
com o segundo alvo, ele continuou em tom monótono.

— Certo... bem... bem... fácil agora. Um pouco pra


direita. Um pouco mais. Um pouco mais. Pare!

Seu braço voou em um sinal para parar. Ingvar colocou o


polo de lado e ficou com Hal por ferir a roda de elevação
e a frente do arco veio mais e mais para cima.

Hal olhou para as vistas, fez outro pequeno ajuste para


cima.

— Afastem-se! — Ele chamou. Ele puxou o gatilho


novamente.

Mais uma vez, houve o barulho maciço da madeira


batendo em madeira, e mais uma vez, a besta contraiu
com o recuo. Desta vez, os observadores puderam
acompanhar o voo do projétil mais facilmente, enquanto
voava através de uma distância maior e com um arco
ligeiramente superior de voo.
O segundo alvo cambaleou sob o impacto e houve um
som de mais estilhaços de fragmentos de madeira
voando. Desta vez, porém, o impacto foi um pouco fora
do centro do alvo e um dos corpos de apoio do poste foi
arrancado.

Os membros da tripulação que estavam assistindo


aplaudiram com a visão.

Nada como um pouco de destruição gratuita para deixar


os meninos animados, Thorn pensou sorrindo para si
mesmo. Mas, ao mesmo tempo, ele sentiu como se
quisesse se

juntar a eles. Hal tinha aparecido com uma arma temível


nesta besta gigante. Se eles se encontrarem com Zavac
e o Corvo, os piratas teriam uma surpresa muito
desagradável.

Hal estava sorrindo, aliviado a manifestação que tinha


ido tão bem. Stig avançou e bateu-lhe no ombro.

— Você fez de novo! — Disse. — Isso é brilhante - e não


podemos deixar que os pequenos detalhes sejam
esquecidos — Ele acrescentou com um sorriso gigante e
outro tapa caloroso na parte de trás. Hal aceitou um
tanto filosoficamente. Stig passou a mão ao longo da
madeira alisando a besta enorme e admirando a obra
que tinha ido para ele. Não havia nada ornamentado
nela. Era simplesmente uma máquina bem trabalhada.

— Eu mal posso esperar para ver o rosto de Zavac


quando você começar a fazer grandes buracos em seu
navio! — Disse.

— E em sua tripulação! — Wulf acrescentou com


entusiasmo enquanto imaginava o pânico a bordo do
navio pirata.

— Eles pularão no mar! — Ulf concordou, e todos riram


com eles enquanto se reuniam em volta do besta para
admirá-la.

— Devemos chamá-la de alguma coisa — Jesper sugeriu.


Houve um murmúrio coletivo em acordo, então houve
uma pausa enquanto cada um tentava chegar a um
nome antes que os outros pudessem pensar em um.

— Grande Bessie! — Ulf sugeriu impulsivamente.

Wulf bufou com desdém. — Você quer dar-lhe um nome


de mulher — ele zombou.

Ulf ficou vermelho. Às vezes, ele desejava que ele


pudesse se lembrar de pensar duas vezes antes de falar.
Ou até mesmo uma vez.

— Que tal o Martelo de Gorlog? — Edvin sugeriu. Os


outros olharam para ele, franzindo a testa.

— Um pouco clássico, não é? — Disse Stefan. Edvin


encolheu timidamente, então Jesper apontou uma falha
no nome.

— Gorlog não tem um martelo — disse ele. — Tharon tem


um martelo. —

Tharon era o deus do trovão.

— Bem, Martelo de Tharon, então — Edvin sugeriu,


tentando salvar a sua ideia. Mas ele foi saudado por todo
mundo balançando a cabeça negativamente.
— Naaah. Ainda muito clássico — disse Stig. — Nós
queremos um bom nome sanguinário para ele.

Houve outro silêncio. Hal finalmente quebrou.

— Eu gosto nome que Thorn chamou — disse ele. Eles


olharam para ele com curiosidade, e então os lembrou.
— O Mangler.

Ele considerou. Aos poucos, os sorrisos começaram a


sair.

— O Mangler — disse Stefan, com a aprovação óbvia em


seu tom.

— Esse será o nome dele então, tudo bem — Ulf colocou,


e até mesmo seu irmão teve de concordar com isso.

Hal sorriu Stig. — Bem, o que você acha? É sanguinário o


suficiente para você?

— Stig acenou, sorrindo amplamente por sua vez.

E assim a besta ganhou o nome de Mangler.

Capítulo onze

O Garça Real navegava pela Baía do Abrigo.

Era um dia depois de Hal ter demonstrado o Mangler


para sua tripulação. Lá fora, em mar aberto, o vento
ainda soprava para o sul, castigando o oceano com
ondas íngremes, que quebravam em espuma branca. Ali
não era lugar para um navio pequeno e aberto, como o
Garça Real. Mas o promontório quebrava à força do
vento de modo que no lado da baía não havia nada além
de uma brisa forte.

A tripulação percebeu as condições selvagens do lado de


fora quando olhou para as árvores no topo do
promontório, e acima, na cordilheira costeira. Elas
balançavam e inclinavam loucamente, sacudindo suas
copas nas rajadas selvagens que as atingiam.

O Garça Real estava navegando paralelo à praia, a cerca


de 300 metros da costa. O vento estava vindo a
bombordo e a vela foi amarrada bem apertada.

— Stig — Hal chamou, e fez um gesto para o leme.

Seu amigo saltou ansiosamente até a plataforma de


direção e assumiu o controle do navio. Ele girou o leme
de um lado para o outro, testando a reação instantânea
do navio, e sorriu para Hal.

— Eu amo isso — disse ele. — Ele é tão leve e ágil.

— Eu nunca me canso dele — concordou Hal. Então, em


um tom mais profissional, continuou. — Estamos
chegando ao primeiro alvo. Quando eu sinalizar, vire-o
em direção à praia. Eu vou atirar quando estivermos a
cem metros de distância.

Eles discutiram o plano na noite anterior e os detalhes


estavam claros na mente de Stig. Mas não custava nada
repassá-lo mais uma vez. Hal hesitou. Parecia estranho
deixar o Garça Real nas mãos de outra pessoa. Stig
empurrou-o de brincadeira.

— Pegue o Mangler — disse.


Hal riu, virou-se e fez seu caminho até a proa. Ele passou
por Ulf e Wulf, que estavam agachados junto à grande
vela enrolada. Acenaram para ele com rostos sérios, e
ele acenou de volta, sabendo que estavam obedecendo à
regra de não discutir a bordo. Ele abaixou-se sob as saias
laterais do suporte do mastro e juntou-se a Ingvar ao
lado do Mangler.

A besta enorme agora estava montada sobre uma


plataforma de madeira que girava num ângulo de
quarenta e cinco graus para ambos os lados da proa. Hal
adicionou ao suporte um pequeno banco para que ele
pudesse observar o horizonte à medida que Ingvar
movesse a arma para os lados. Ele agachou-se sobre ela
agora, vendo o alvo em terra.

Virou-se então para Edvin, que estava esperando para


retransmitir suas instruções para Stig, e apontou para
estibordo.

— Vamos para estibordo! — Edvin gritou, e assim que


Stig deu um puxão no leme, a proa começou a balançar,
e o vento veio pela popa, Ulf e Wulf deixaram a vela solta
de modo que ela se projetou do casco. Foi uma manobra
previamente combinada que eles haviam discutido na
noite anterior e todos sabiam a sua parte.

Thorn avançou pelo convés e ficou de costas para o


mastro para observar o tiro.

Hal agachou-se e olhou a paisagem, definindo a marca


de cem metros na mira.

Ele estava ligeiramente para a direita do alvo. Ele ergueu


a mão esquerda.
— Esquerda... à esquerda... à esquerda —, ele falou
quando Ingvar atravessou o Mangler, levantando uma
alavanca longa inserida em um soquete na parte traseira
do suporte. A grande besta moveu-se suavemente na
plataforma.

— Pare — ele falou assim que a paisagem se alinhou com


o alvo. Ingvar já tinha engatilhado e carregado à arma
enquanto Hal foi caminhando para a frente. A mira ainda
estava abaixo da meta, mas à medida que o Garça Real
se aproximava da costa, foi gradualmente subindo. O
navio estava lançando-se com as ondas, de modo que a
paisagem começou a mover-se ligeiramente acima da
mira, e em seguida, descia de novo. Ele teria que
compensar isso, Hal pensava. Ele esperou até que o alvo
estivesse no meio do campo de visão, e puxou o cordão
do gatilho.

SLAM!

As bordas da proa golpearam para frente, o suporte


resistiu e o dardo saiu rasgando. Ele sentou-se ereto para
vê-lo, com os olhos fixos.

Houve uma explosão de areia cinco metros atrás do alvo.

— Errou — disse Thorn. Ele podia ser o mais velho


membro da tripulação, mas seus olhos ainda eram mais
afiados do que os de qualquer outro.

Houve um gemido de decepção e Thorn se virou para


falar com eles.

— É cedo ainda — disse ele. — Não é fácil atirar a partir


de uma plataforma móvel.
— Retornar — disse Hal para Edvin, que repetiu a ordem
a Stig. Estavam chegando muito perto da praia. Hal não
conseguiu esconder a decepção em sua voz.

Ele esperava por um tiro perfeito na primeira vez.

Ele subestimou a dificuldade de lidar com o movimento


do navio, e do ligeiro atraso entre o puxar do gatilho e
liberação do arco.

Stig gritou ordens de içar velas e o Garça Real girou


cuidadosamente a bombordo, inclinando para longe da
praia.

Ulf e Wulf puxaram a vela para coincidir com o novo


curso.

— Chegou perto? — Ingvar perguntou. Claro, Hal pensou,


ele não conseguiu ver o resultado.

— Cinco metros de distância —, disse ele.

— Mas na linha — Thorn lembrou.

Hal encolheu os ombros. Pelo menos isso era alguma


coisa, pensou. Ele olhou para Thorn.

— Isso vai ser mais difícil do que eu pensava —, disse


ele.

O esfarrapado lobo do mar inclinou a cabeça. — Continue


praticando. Você vai conseguir.

Mas o sucesso continuou a iludir Hal. Eles tentaram mais


quatro vezes. Na terceira, o dardo bateu na lateral direita
do alvo. Em todos os outros, passou perto —
ou acima, ou abaixo, ou ao lado. Hal ficou com apenas
um dardo para a besta.

Eles afastaram-se da praia e Hal convocou um conselho


de guerra com Stig e Thorn.

— Nós vamos ter que chegar mais perto — disse ele. —


Estamos lançando e rolando e o Corvo vai fazer o
mesmo. Cem metros é muito longe para a precisão.

Vamos levar o Garça Real a cinquenta metros para o


último tiro.

Thorn cerrou os lábios. Stig parecia em dúvida também.

— Cinquenta metros? — Thorn disse. — Isso é


terrivelmente próximo se formos lutar contra o Corvo.

Hal abriu as mãos em um gesto impotente. — Não é bom


ficar longe, se não posso acertar.

Thorn assentiu relutante. — Você vai ficar bem na linha


de tiro, se algum deles for arqueiro — ressaltou.

As sobrancelhas de Hal uniram-se em frustração. —


Vamos lidar com isso mais tarde — disse. — Vamos ver
se conseguimos acertar o alvo a 50 metros.

Ele fez um rápido cálculo mental ao voltar para a proa. A


configuração mínima para a pontaria era cem metros, e o
dardo voou praticamente plano nessa distância. Se ele
ajustar a pontaria um pouco abaixo da meta, deve ser
suficiente.

— Carregue-a — disse ele para Ingvar. Assim que o


menino grande soltou o cabo de volta e colocou o último
dardo em seu encaixe, ele disse o que estavam
planejando. A boca de Ingvar curvou-se numa expressão
pensativa.

— Cinquenta metros? Isso não é muito próximo?

Hal levantou uma sobrancelha. — É o que todos dizem —


disse ao sentar-se atrás do arco.

A tripulação prendeu a respiração coletivamente


enquanto o Garça Real impulsionava-se em direção à
praia. Ingvar afrouxou a besta até alinhá-la e Hal curvou-
se para o horizonte, concentrando-se ferozmente. O alvo
subiu e desceu acima e abaixo da mira.

— A qualquer momento — Thorn falou. Ele foi estimar a


distância.

Combinaram que ele avisaria Hal com cinco segundos de


antecedência quando estivessem se aproximando da
marca de cinquenta metros.

Hal assistiu a subida e descida da mira. Permitindo o


ligeiro atraso entre a puxar o gatilho e liberação da
besta, ele precisaria estar um pouco abaixo de seu ponto
selecionado de pontaria.

Quase... Quase... Agora!

SLAM!

Ele sentou-se a tempo de ver o alvo explodir em uma


saraivada de madeira lascada. Eles estavam próximos o
suficiente para ouvir o barulho devastador quando o
dardo colidiu com ele. Assim que caiu em si, também
percebeu que estavam chegando perigosamente perto
da praia.
— Mantenham distância! — Falou, e Stig virou a proa
mais uma vez. Hal caiu em sua cadeira. A tensão dos
últimos minutos o tinha esgotado. Os outros meninos
estavam dando vivas. Jesper e Stefan estavam dançando
uma jiga no convés entre os bancos de remo. Mesmo Ulf
e Wulf davam tapinhas nas costas um do outro.

Thorn lhe deu um tapa no ombro. — Bom trabalho! —


Disse ele, com um sorriso largo no rosto. Hal revirou os
olhos.

— Talvez. Mas você estava certo. Nós vamos ficar muito


perto deles. Vou ter que descobrir como lidar com isso.

Vários dias se passaram, e os Garças continuaram em


sua nova escala: exercícios físicos e treinamentos de
manhã e prática de tiro com o Mangler à tarde.

Os resultados do treino de tiro foram melhorando. Agora


Hal podia acertar o alvo pelo menos uma vez em cada
quatro a distância de cem metros. De 50 metros, os
resultados foram muito melhores, com alvo após alvo
sendo transformado em estilhaços.

Mas 50 metros era uma distância perigosa, como Thorn


tinha apontado. Além do risco de flechas ou outros
projéteis sendo disparados do Corvo, não havia margem
para quaisquer erros na manipulação do navio.

O navio Magyaran era rápido e, com remos, altamente


manobrável. Qualquer pequeno erro ou atraso poderia
deixar o Garça Real vulnerável àquele cruel aríete que o
Corvo tinha em sua proa. Pensando, tarde da noite, Hal
teve visões daquela viga medonha de ferro penetrando
no madeiramento frágil do Garça Real e a água gelada
passando por um rombo enorme no casco.
Ele discutiu o problema com Stig e Thorn tarde da noite,
quando os outros já tinham se recolhido para seus
beliches.

— Não é tão ruim quanto você pensa, — Stig disse. —


Afinal, o Corvo é muito maior do que um alvo de um
metro. Se você atirar a uma distância de cem metros,
você não vai errar o tiro completamente.

Hal balançou a cabeça. — Eu quero ser capaz de atingir


alvos específicos — ele disse. — O leme, por exemplo, ou
o casco na linha da água. Ou os baluartes onde os cabos
de suporte do mastro estão atados. Ou o próprio Zavac
ou quem quer que esteja no leme. Nós não vamos ter
dardos o suficiente para simplesmente atirar no navio
inteiro, então espero acertar alguma coisa importante.

— Por isso, precisamos chegar perto — disse Thorn e,


quando Hal olhou para ele, continuou. — Nós sempre
poderemos montar nossos escudos numa altura maior
sobre os baluartes para proteger a tripulação. E Edvin
poderia cobrir você e Ingvar com um escudo.

— Ingvar particularmente — Hal disse. — Se ele estiver


ferido, não poderemos carregar o Mangler. Mas não é só
isso. Se estivermos tão perto quanto 50 metros, e
qualquer um de nós cometer um erro - Stig no leme, ou
eu com o intervalo de tempo, Ulf e Wulf no cordame -
poderíamos ficar entregues à misericórdia do Corvo.

— E isso não é uma qualidade pela qual eles são


reconhecidos — Thorn disse.

Apesar de não haver nenhuma prova, ele estava


convencido de que o Corvo estava por
trás do desaparecimento de uma pequena frota de
comércio escandinavo muitas semanas atrás.

— Podemos confiar em Ulf e Wulf no manejo da vela? —


Continuou ele. —

Será que nós deveríamos trocá-los por Jesper e Stefan?

Hal franziu os lábios, pensativo. — Nós ainda vamos


precisar usá-los em algum lugar — disse. — E eles têm
uma boa percepção para o manejo da vela, você não
acha, Stig?

— Sim — Stig concordou. — É uma coisa meio que


instintiva fazer exatamente o certo para obter o melhor
desempenho do navio. Eles têm tato para isso. Eu não
tenho que ficar falando para eles ajustarem isso ou
aquilo. Eles fazem certo já na primeira vez.

Hal assentiu. Ele tinha notado a mesma qualidade nos


gêmeos.

— Mas se eles começarem a discutir...

Hal interrompeu Thorn.

— Eu não acho que precisamos nos preocupar com isso.


Eles sabem que suas vidas dependem disso.

— Não é com a vida deles que estou preocupado —


respondeu Thorn. — A minha também depende disso.

Houve um breve silêncio enquanto consideravam isso.


Então Hal tomou uma decisão.

— Nós vamos deixá-los do mesmo jeito por enquanto e


continuar exercitando.
Se houver qualquer sinal de discussão durante os treinos,
eu vou colocar um deles para levantar a lais da verga
com Jesper e colocar Stefan no manejo das velas.

Thorn olhou intensamente para ele por alguns segundos.


Não havia nenhum traço de dúvida na voz de Hal, ou em
seus olhos. Finalmente, o guerreiro maltrapilho assentiu.

— Você é o skirl — disse ele.

— Tem mais uma coisa que eu quero trazer à tona —,


disse Hal. — Você disse que a chave para ganharmos a
luta é a velocidade e a agilidade.

Thorn assentiu, esperando para ouvir o que estava por


vir.

— Eu acho que vai ser a mesma coisa em uma luta


navio-a-navio.

Especialmente se estivermos nos aproximando.


Precisamos que o Garça Real chegue

à sua velocidade máxima. E precisamos fazer com que


ele volte e mude de curso o mais rápido que ele puder.

— Ele é muito sensível ao leme agora — disse Thorn. — E


ele é rápido.

— Acho que podemos deixá-lo mais rápido —, disse Hal.


Ele olhou para Thorn. — O que você acha Thorn? Você
acha que ele é mais rápido do que o Corvo?

Thorn esfregou o queixo barbudo antes de responder.

— Na maioria das vezes, sim —, disse ele. — Se houver


um vento bom. Mas, se o vento diminuir e o Corvo baixar
os remos, ele vai ser mais rápido. E vai girar mais
rapidamente. Tudo o que Zavach precisará fazer é remar
para trás de um lado, para frente do outro e girar em seu
próprio eixo. Qual é a sua ideia?

Hal fez uma pausa, ordenando seus pensamentos. —


Dois anos atrás, fui a uma viagem comercial com Anders
— disse ele. — Ele estava comprando corda e madeira e
fomos para vários portos do Sonderland. Eu vi algumas
de suas grandes embarcações de comércio lá. Eles
tinham enormes placas de madeira de cada lado do
navio que eles poderiam levantar ou baixar como
quisessem. — Ele olhou interrogativamente para Thorn,
que assentiu.

— Chamam-lhes leeboards — Thorn disse. — Elas se


estendem abaixo do casco quando estão abaixadas. Isso
dá ao navio maior resistência contra a água, para que se
faça menos manobra. Isso é importante para eles,
porque perdem muito tempo em águas costeiras rasas,
com o vento soprando em direção à costa. Quando eles
adentram em águas muito rasas, podem subi-los
novamente para não encalhar.

— Eu estava pensando em tentar algo semelhante no


Garça Real —disse Hal.

Os outros olharam para ele em dúvida.

— Você dificilmente conseguirá montar placas grandes e


pesadas nas laterais do Garça Real — disse Stig.

Thorn concordou com ele. — Essas balsas de Sonderland


são de laje maciça dos lados — disse ele. — O Garça Real
tem uma construção muito mais leve e o casco é curvo.
Não haveria lugar para colocar placas - não há estrutura
para apoiá-las.
— Eu não estava pensando em colocá-las nas laterais.
Pensei em usar uma no meio. Ao lado da quilha.

—E como você vai montá-la lá? — Thorn ainda estava


tentando fazer sua mente captar essa idéia.

—Eu pensei em cortar uma parte do tablado junto à


quilha e...

— Só um momento! —Stig protestou. — Você está


planejando cravar uma prancha ao lado da quilha?

Hal assentiu. — É isso mesmo. Então, eu poderia...

— Você sabe o que acontece quando se corta um buraco


no fundo de um navio, não é? O navio tende a afundar. —
Ele olhou para Thorn para comprovação. — Diga-lhe,
Thorn.

Thorn ergueu as sobrancelhas. Como regra geral, ele


confiava nas ideias de Hal, mas esta parecia extrema.

— Geralmente não se considera uma boa ideia fazer


buracos no fundo de um navio — disse ele. Stig jogou as
mãos no ar em um gesto viu-o-que-eu-quero-dizer.

— Eu não estou cortando buracos no fundo do navio, da


forma que você colocou. É apenas um buraco...

Mas Hal não foi muito longe antes de Stig interrompê-lo


de novo.

— E é apenas um navio. Quantos buracos você quer? Um


só vai definitivamente ser suficiente para fazer o
trabalho. Você corta. Nós afundamos. Não é uma boa
ideia, Hal. — ele sacudiu violentamente a cabeça. — Ou
esse é apenas mais um daqueles detalhes que você
tende a esquecer?

Hal reagiu furiosamente a essas palavras. — Eu me


perguntava quando chegaríamos nisso — Ele disse.

Stig jogou as mãos para cima novamente. — Bom, é uma


questão bastante óbvia, não é? Você com certeza deve
ter alguma recordação da água entrando onde não deve.

Todos pararam por um momento lembrando-se da cena


desastrosa da cozinha do Karina quando o sistema de
água corrente de Hal deu desastrosamente errado
inundando a cozinha e quase acertando a cabeça de Stig
com um grande barril.

— Isso é diferente — disse Hal.

Stig assentiu vigorosamente. — É diferente, tudo bem.


Daquela vez nós só ficamos molhados. Desta vez,
podemos nos afogar!

Thorn decidiu que talvez fosse hora de intervir. Pelo


menos, pensou ele, Hal deveria ter chance de explicar a
sua idéia.

— Vamos ouvir o que Hal tem a dizer sem interromper


toda...

— Quem está interrompendo? — Stig disse. Então,


captando o olhar de aço de Thorn, ele amenizou. — Ah...
tá, bem. Acho que eu estou.

— Suponho que está — concordou Thorn. Stig encolheu


os ombros várias vezes, em seguida, fez um gesto de
continue com a mão.
— Bem, desculpe. Vá em frente, Hal. Eu vou tentar não
interromper.

— Isso seria bom — disse Hal. Ele fez uma pausa, para
ver se seu amigo não tinha mais nada a dizer. Como ele
não disse nada, Hal continuou. — Veja bem, a água
busca seu próprio nível...

Mas Stig não se conteve.

— Isso é o que eu estou dizendo! Você faz um buraco e


ela vai buscar o seu próprio nível. Ela virá para o barco e
vai afundá-lo e todos nós vamos nos afogar. —

Ele parou e balançou a cabeça para Hal. — Mas a sua


maneira de colocar é muito mais científica.

— Stig — disse Thorn, — se você não calar a boca por


cinco minutos, eu vou te levar para a praia e te afogar
agora mesmo. Você não terá que esperar o barco a
afundar.

Stig encontrou os olhos de Thorn e viu um brilho


desagradável lá. Ele sentiu que o velho lobo do mar não
estava fazendo uma ameaça vã.

— Tudo bem — ele disse muito sem graça. — Eu vou


calar a boca.

— Se desse para creditar nisso — Hal começou. Mas


Thorn cortou irritado.

— Não comece ou eu vou afogar vocês dois! Vamos em


frente com este seu esquema louco.

— Ah! — Disse Stig, sentindo que ele foi justificado pelas


palavras de Thorn.
Thorn lançou-lhe um olhar furioso.

— Você está por um fio, garoto. Por um fio! Hal, vá em


frente.

— Tudo bem. Stig, você está certo, se eu fosse fazer um


buraco no fundo do barco, estaríamos em apuros. — Ele
levantou a mão para parar as palavras que saltavam aos
lábios de Stig. — Mas eu não vou fazer isso. Eu vou
remover uma seção de prancha ao lado da quilha, e
então eu vou construir uma ensecadeira em volta dela.

Stig franziu a testa. — Socadeira? O que é uma


socadeira?

— Ensecadeira — Hal o corrigiu. — É como uma barreira


contra a água - uma caixa reforçada em torno da
abertura nas tábuas, que se estende além da linha da
água.

A água vai subir até a linha de água do navio, e então vai


parar.

Stig franziu a testa, sem entender. Thorn parecia um


pouco mais convencido, mas ele não tinha cem por cento
de certeza.

— Por que a água para? — Stig perguntou.

— Porque ela atinge o seu próprio nível. Ela atinge o nível


fora do casco e não vai além disso.

— Você tem certeza? — Thorn perguntou. Tudo parecia


muito teórico. Mas, na sua experiência, as teorias nem
sempre funcionam na prática.
— Eu tenho certeza — disse Hal, totalmente positivo. Mas
eles já o tinham visto ser positivo sobre as coisas no
passado e ambos olharam-no com certo ceticismo.

Ele deu de ombros.

— Tudo bem — disse ele. — Eu construí um modelo para


testar. Eu vou mostrar para vocês amanhã de manhã.

Thorn se levantou, gemendo um pouco quando seus


joelhos rangeram com o movimento.

— Nós vamos olhar de manhã, então — ele concordou. —


Por enquanto, vamos dormir.

Os meninos também se levantaram e ele olhou-os


malignamente, vendo a facilidade com que eles
realizaram o movimento.

— Um dia, seus joelhos vão ranger também — disse-lhes.


Stig olhou para ele e revirou os olhos.

— Se meu melhor amigo não me afogar nesse meio


tempo.

Capítulo doze

O modelo era uma simples caixa retangular, um metro e


meio de comprimento, meio metro de largura e aberto no
topo.

No centro da parte inferior, Hal talhou um furo retangular


estreito. Ele havia inserido outra caixa de quatro lados
para isso, aberta na parte superior e inferior,
posicionando-a para que ela se elevasse a quase metade
da altura dos lados da maior caixa. Ingvar carregou a
estrutura de madeira para a beira da água.

Eles haviam escolhido piscina natural feita de rochas


para o experimento. Ao gesto de Hal, Ingvar colocou a
caixa grande na água.

Stig esticou-se a frente rapidamente, com a expectativa


de ver a água transbordando através da caixa menor e
fluindo fora para a maior. Ele franziu a testa em
decepção quando viu que nada disso estava
acontecendo. A caixa grande larga flutuava serenamente
sobre a superfície da água. A água subiu um centímetro
ou dois dentro da caixa menor, depois parou.

— A grande caixa está atraindo cerca de dois centímetros


de água —, disse Hal.

— E isso é tanto quanto a água vai chegar através da


caixa menor. Coloque algumas rochas, Ingvar.

Havia uma grande quantidade de pedras disponíveis e


Ingvar começou carregá-

las cuidadosamente na caixa. Ela afundou na água,


enquanto o peso extra era adicionado, até que a água
tivesse atingido uma marca Hal tinha feito no lado.

— Verifique agora — disse ele.

Tanto Thorn quanto Stig avançaram na água, na altura do


joelho, e olharam para a caixa central e mais estreita. A
água tinha subido para a segunda marca que Hal tinha
feito no interior.
— Essa marca corresponde à marca do lado de fora do
casco — explicou Hal.

— Enquanto o barco começa a afundar, a água vai subir


no interior - mas apenas na medida em que faz do lado
de fora.

— Fascinante — Thorn disse, balançando a cabeça


enquanto olhava para a caixa. — Acho que é lógico,
quando você o vê. Mas você sabia que isso iria
acontecer, não é?

Hal hesitou, depois decidiu verdade era a melhor opção.

— Eu pensei que poderia trabalhar assim, mas eu não


podia ter certeza. — Ele sorriu para Stig. — Afinal de
contas, parece ser tentar o destino colocar um buraco no
fundo de um barco. É por isso que eu pensei que eu
deveria testá-lo.

— Eu não achei fosse dar certo também — disse Ingvar.


— Mas Hal parece saber sobre essas coisas.

— Sua fé em mim é tocante, Ingvar — Hal disse, e olhou


significativamente para Stig.

Seu amigo deu de ombros, imperturbável. — Isso é


porque ele nunca viu o que aconteceu com aquele barril
na parede da cozinha — disse ele. — Mas eu tenho que
admitir que você está certo desta vez. Agora, diga-me,
qual é o ponto de fazer esta, artimanha se puder chamar
assim?

— Tudo bem — disse Hal, de repente, estava todo rápido


e eficiente novamente. — Vamos supor que estamos
velejando e o vento está vindo do lado. Nós cortar com a
vela hasteada, e o barco se inclina sobre a pressão do
vento, certo?

Thorn e Stig assentiram. Hal apontou para Ingvar e ele


empurrou para baixo de um dos lados da caixa,
inclinando-a para representar um barco à vela.

— Agora, quanto mais forte puxarmos a vela, mais rápido


nós vamos. Mas...

quanto mais tensão aplicarmos, mais o barco se inclina.

Ingvar inclinou mais até que a água estava na borda do


lado da caixa. Um ou dois litros derramados no caixa.

— Eventualmente, podemos começar a tirar água para o


lado, por isso temos de deixar a vela para fora. O barco
vem mais na vertical... — Ingvar permitiu a caixa de
retomar uma posição mais ereta. — E nós perdemos
velocidade.

Hal olhou para eles para confirmação e ambos


assentiram em entendimento.

— Mas, se pudéssemos manter a vela esticada e tensa


sem deixar o barco tombar, teríamos mais aceleração.

Enquanto falava, ele nadou de volta para a borda da


piscina de pedra e pegou uma pequena prancha que
Ingvar tinha deixado lá. Ele inseriu a prancha para baixo
na caixa central e mais estreita. Coube perfeitamente e
ele empurrou-o todo o caminho até à prancha saliente
abaixo da parte inferior da caixa.

— Agora, como o vento tenta inclinar o barco, há


resistência extra da placa abaixo da linha d'água. Essa
resistência extra vai impedir o barco de inclinar até o
momento. O resultado final é, podemos manter a vela
aparada e tensa e nós vamos ir mais rápido.

— É como uma grande nadadeira abaixo da água —,


disse Stig. Inicialmente cético, ele havia sido conquistado
pela demonstração. Ele olhou para seu melhor amigo,
admiração em seus olhos.

— Você fez de novo — disse ele. — Primeiro, a vela,


agora esta grande nadadeira retrátil. O que você acha,
Thorn?

— Certamente parece lógico para mim — disse ele. — Às


vezes, quando Wolfwind estava inclinado demais, Erak
faria a equipe sente-se no trilho de barlavento

para ajudar a mantê-lo na posição vertical. Isso teria um


efeito similar. Só não me faça assistir enquanto você
corta um buraco no fundo do Garça Real.

Eles começaram a trabalhar na modificação naquela


tarde. Stig supervisionou o resto da tripulação enquato
eles esvazivavam o convés do navio e as pedras de
lastro que estavam abaixo do convés. Ele sorriu
desculpando-se pelo Thorn.

— Eu temo que você tenha que encontrar outro lugar


para dormir por algumas noites — disse ele.

Thorn resmungou. — Eu vou montar uma barraca sob as


árvores. Qualquer coisa para escapr de vocês. Eu não
consigo permanecer perto do garoto mau cheiroso.

Stig levantou uma sobrancelha para isso. —Você não é


exatamente um ramo de flores, você sabe — disse ele,
mas Thorn bufou com desdém.
— Aqui vamos nós outra vez... Não há nada de errado
com a maneira que eu cheiro — disse ele. — Eu tenho um
cheiro maduro, isso que tenho.

— O queijo também — Stig disse ele.

Como Thorn não podia pensar em uma resposta


esmagadora, ele se afastou, deixando Stig sorrindo atrás
dele.

Enquanto o resto da tripulação esvaziava o navio, Hal


levou Ulf com ele para a floresta para escolher uma
árvore adequada para a barbatana. Eles encontraram um
jovem pinheiro com um tronco de cerca de cinquenta
centímetros de diâmetro. Eles a derrubaram, cortaram,
começaram a serrar uma seção de um metro e meio de
comprimento. Quando a arrastassem de volta ao
acampamento, Hal usaria suas ferramentas para talhar
progressivamente o exterior, as bordas curvas do tronco,
deixando um retângulo plano unilateral da madeira do
interior com quinze centímetros de espessura. Ele faria
os cortes finais e modelagem com uma enxó.

No momento em que ele e Ulf retornaram ao


acampamento, arrastando o tronco pesado com eles, o
navio tinha sido esvaziado. A corda foi fixada no topo do
mastro.

Ingvar e Wulf puxavam, enquanto os outros ajudavam


empurrando para rolar o casco para o lado, e o
escorando nessa posição, de modo que Hal teria acesso
ao fundo do navio.

Hal marcou uma seção de tabuá ao lado da quilha e


entre duas ranhuras semelhantes a nervos, do navio e,
trabalhou rapidamente com sua broca de mão e serra,
cortando um pedaço fora.
— Vai ser um pouco fora do centro — disse ele. — Mas
não podemos cortar a quilha em si - que é a espinha
dorsal do navio. Além disso, dessa maneira eu posso
prender a caixa interna com firmeza na quilha para dar-
lhe a força extra.

Thorn e Stig assentiram sabiamente, como se eles


entendessem tudo o que ele estava dizendo. Então, ele
acrescentou pregos adicionais nas extremidades
cortadas da tabuá, fixando-os de forma mais segura em
duas partes do casco. A luz tinha quase acabado no
momento em que ele havia terminado e se levantou de
sua posição agachada e gesticulou para os apoios serem
removidos.

— Você pode baixar o casco, por enquanto — ele disse.


— Eu vou trabalhar dentro do casco durante os próximos
dias.

Cautelosamente, a tripulação afrouxou a corda e


removeu os apoios, permitindo que o Garça Real rolasse
para a posição vertical mais uma vez. Hal tirou o pó de
suas mãos, satisfeito com bom dia de trabalho.

— Agora vamos ver o que Edvin tem pronto para a o


jantar. — disse ele.

Nos próximos dias, o resto da tripulação voltou para sua


formação de combate sob a direção de Thorn, enquanto
Hal cuidava dos detalhes da montagem da nova
barbatana. Ele cortou e moldou a barbatana em si, em
seguida, construiu a caixa à prova d'água que ela iria
deslizar para cima e para baixo dentro. Ele montou a
caixa no lugar, encaixando-a no buraco cortado e
fixando-a firmemente à quilha em um lado, com amarras
na sua frente e a trás. Seu interior foi forrado com couro
e pele de carneiro para impedir a barbatana de deslizar e
para impermeabilizar a própria caixa.

Hal lançou um olhar crítico as suas, cada vez menor,


opções de materiais.

Quando eles deixaram Bearclaw Creek, ele tinha pegado


todas as suas ferramentas, além de seus suprimentos de
madeira, cordas, pregos, lona e ferro a partir de sua
oficina.

Agora ele estava acabando.

— Eu vou precisar reabastecer em breve — ele


murmurou. Ele verificou seus mapas e sabia que havia
um porto comercial de um dia de vela para o sul. Uma
vez que o clima abrandasse, eles poderiam tomar o
Garça Real para testar sua nova barbatana e ele poderia
pegar suprimentos. Ele estava particularmente em falta
de tiras de ferro que ele precisava reforçar os pontos de
parafusos do Mangler e que ele precisava preparar um
bom estoque desses. Ele já tinha perdido um terço de
seus suprimentos durante os treinos.

Ele suspirou. Ele iria enfrentar esse problema quando o


vento diminuisse, ele pensou.

Ele endireitou-se momentaneamente, aliviando as dores


musculares nas costas.

Então ele ao trabalho de colagem e pregar, e encalçar a


nova junta com pedaços de corda lubrificada e lã.
Finalmente, como a última luz se apagou, ele calçou uma
última peça de lã lubrificada em seu lugar e sentou-se.

— Isso deve ser o bastante. — disse ele. — Amanhã,


vamos ver se funciona.
Hal acordou de repente, mais tarde naquela noite. Ele
ficou deitado por um momento, imaginando o teria
acordado, ouvindo os sons fracos dos outros meninos
dormindo. Alguém estava roncando baixinho,
provavelmente Ingvar, pensou.

Outro dos meninos estava murmurando


incompreensivelmente algumas vezes.

Mas não foram esses ruídos que tinham despertado nele.


Ele levantou a aba de lona na entrada da tenda e olhou
para fora. A lua se pôs, então ele sabia que devia ser
depois de meia-noite. Silenciosamente, ele rolou para
fora de seus cobertores, vestiu o colete de pele de
carneiro e foi para fora.

O vento tinha morrido.

Isso era o que ele tinha acordado. O vento, uivando em


do sudoeste, havia sido um fator constante nas suas
vidas o tempo todo em que tinham estado aqui na Baía
do Abrigo. Ele jogou as copas das árvores no alto dos
promontórios em torno da baía, a criação de um som
como de surf em uma praia.

Quando ele se afastou da tenda, ele percebeu que ele


ainda podia ouvir as ondas fora da baía, quebrando nas
cabeceiras de proteção. Levaria um tempo para que as
ondas dispersassem, ele sabia, mas as árvores não
balançavam e, quando ele olhou para cima, ele podia ver
as estrelas, sem a nuvem usual tempestiva cobrindo
eles. O

céu estava claro.

— Eu acho que a pior parte acabou.


Hal despertou com o som. Ele virou-se para encontrar
Thorn a poucos metros atrás dele.

— Por que você não faz barulho algum quando você anda
atrás de alguém —

ele perguntou com um pouco de petulância.

— Apenas hábito — Thorn disse, sorrindo. Então ele olhou


para as estrelas, brilhante na escuridão do céu. — Nós
provavelmente poderiamos colocar no mar amanhã —
disse ele. — Eu acho que a tempestade tem soprado para
longe - ao menos por um alguns dias.

Hal cheirou o ar. Ele não tinha ideia do por que. Ele tinha
visto os marinheiros mais velhos fazê-lo, mas não tinha
nenhuma ideia do que eles cheiravam que os ajudassem
a determinar qual o tempo ira fazer.

— Eu acho que você pode estar certo — disse ele. Ele


não tinha nenhuma base para saber se Thorn estava
certo ou não, exceto que ele confiava nos instintos do
homem mais velho. Thorn tinha passado muitos anos no
mar e ele entendia os padrões climáticos. — Eu preciso
de alguns suprimentos. Vamos pegar Garça Real amanhã
e partir para costa. Vi uma cidade no mapa, cerca de um
dia velejando para o sul.

Chamada Skegall.

Thorn balançou a cabeça, em seguida, agitou os braços,


batendo-os contra seu corpo. Ele estava vestindo calça e
uma camisa de lã, sem casaco. Agora que a cobertura de
nuvens foi embora, a temperatura havia caído
consideravelmente.
— Está frio — ele murmurou. — Não consegui encontrar o
meu colete de pele de carneiro. Você o viu?

Hal hesitou. — Quando? —, Ele perguntou.

Thorn olhou para ele com um olhar irritado. — Quando


você acha? Hoje!

Hal abanou a cabeça. — Não. Eu não a vi hoje. — Ele


olhou para longe, evitando os olhos de Thorn. Thorn
estremeceu novamente.

— Um maldito incômodo. Eu estou congelando.

— Talvez você possa comprar um novo em Skegall — Hal


sugerido, mas Thorn bufou, irritado.

— Eu não quero um novo. Eu gosto do meu velho.

— Ele era muito surrado e esfarrapado — disse Hal.

— É por isso que eu gosto. Ele combina comigo —


respondeu Thorn. Então, depois de uma pausa, ele
perguntou: — Por que você diz que era velho e
esfarrapado?

— Bem... era. E é. Onde quer que esteja. Vou voltar para


a cama.

E ele correu de volta para seus cobertores, com Thorn


olhando com suspeita para ele.

Capítulo treze
O Corvo estava no mar.

Á sul de Baía do Abrigo, o tempo havia melhorado alguns


dias antes e Zavac o tinha colocado ao mar
imediatamente. O Corvo era um navio maior que o Garça
Real, com uma equipe muito maior para lidar com ele, e
para ajudá-lo, se necessário. Então Zavac não tinha
receios sobre sua capacidade de lidar com as ondas.

E os instintos de caça de Zavac foram despertados.

Depois de uma longa tempestade como a que finalmente


tinha passado, ele sabia que os comerciantes estariam
ansiosos para chegar ao mar o mais rapidamente
possível. Os primeiros navios a chegar a portos
comerciais nas próximas semanas poderiam exigir uma
gorda remuneração por suas cargas, uma vez que bens
seriam escassos devido a atrasos da tempestade. Uma
vez que mais e mais navios voltassem ao mar, no
entanto, os preços voltariam ao normal.

Isso significava que não haveria navios solitários no


oceano, carregados de valores e bens de comércio. Seus
capitães estariam atrás desses lucros iniciais elevados.
Eles não iriam esperar para viajar em companhia de
outros navios - mesmo que tal curso pudesse ser mais
seguro - sua velocidade seria restrita ao do navio mais
lento da frota. E eles estariam competindo com os outros
capitães para vender suas cargas.

Ganância e um apetite por ouro eram motivadores


maravilhosos, Zavac pensava. E ele deveria saber. Isso
era que o motivava. Ele tinha levado o Corvo para o mar
no dia anterior, estando a postos à cana do leme poucas
horas antes do amanhecer. Então, decidindo que o clima
se manteria sem surpresas desagradáveis num futuro
próximo, ele virou-se, deixando o timão para seu
segundo em comando.

Ele acordou horas depois, sentindo o movimento no


navio, como a equipe de remo alterado. Ele rolou para
fora de suas peles de dormir e sentou-se. Ao contrário do
Garça Real, o Corvo tinha uma decoração - na seção de
circulação e total comprimento do navio. Zavac tinha
uma pequena cabine para dormir na popa, acessado por
uma escotilha de correr perto da plataforma do leme. O
espaço livre era mínimo - apenas um metro e meio. Mas
era abrigado e seco e lhe dava a privacidade quando
queria.

Também lhe dava um excelente lugar para guardar seus


tesouros pessoais. Ele sentou-se no convés e calçou suas
botas de pele de foca e um casaco de couro. Sua espada
estava para um lado na bainha e ele a pegou,
preparando para ir para o convés.

Ele meio que ficou de pé, agachando-se na baixa altura


livre, então parou. Havia uma prateleira ao lado da
cabine, fixada em um ângulo para cima, para evitar que
seu conteúdo derramasse enquanto o navio rmanobrava.
Ele estendeu a mão para ele e acariciou um saco de
camurça aninhado nele, como fazia toda vez que deixava
a cabine. Ele sentiu a forma redonda dura dentro do saco
e sorriu consigo mesmo.

— Oh, Oberjarl Erak, você não gostaria de ter isso de


volta? — ele disse suavemente. Em seguida, ainda
sorrindo, ele deslizou a escotilha e subiu para o convés.
Andras, seu primeiro companheiro, cumprimentou-o com
um aceno de cabeça enquanto olhava o horizonte.
— Alguma mudança? — perguntou Zavac, e seu capanga
balançou a cabeça.

— O vento pode ter moderado um pouco — disse ele.

Zavac acenou com a cabeça, pensativo. — Isso vai nos


convir.

Andras, uma mão no leme, apontava com sua mão livre.

— Viper ainda está na estação — disse ele. Zavac tinha


visto o pequeno navio quando examinou primeiro o
horizonte.

Havia sido a primeira coisa que ele procurou, na verdade.


Ele estava a meio quilômetro de distância, subindo e
descendo sobre as ondas que continuavam a varrer em
direção a eles. Como o Corvo, ele estava usando remos,
com a vela abaixada até o convés, assim ele seria menos
visível para os outros navios.

Originalmente chamado de Lion Sea, ele tinha sido uma


das pequenas frotas de negociação escandinava que ele
havia capturado alguns meses antes. Zavac ordenou a
seus homens que o queimassem com os outros navios
comerciais. Mas poucos minutos depois, ele havia
rescindido o pedido. O Sea Lion, ou Viper, como tinha
sido renomeado, era um navio em condições de navegar,
com abundância de espaço de carga para o comércio de
mercadorias, e ele pensou que poderia colocá-lo em boa
utilização.

Não que Zavac o usaria para o transporte de mercadorias


do comércio. Mas, o espaço de carga também poderia ser
usado para ocultar quinze a vinte homens, e ao contrário
do Corvo, o Viper parecia relativamente inofensivo. A
maioria dos capitães de negociação se fosse sensato, iria
virar e fugir com a visão do longo e baixo Corvo.

Mas o Viper era um assunto diferente.

Se ela parecesse estar desativado ou naufrágando, as


chances eram boas de que um navio viria em seu
socorro. Uma vez que estavam ao lado, os piratas
escondidos sairiam de seus esconderijos e oprimiriam
aqueles que seriam seus salvadores. Os comerciantes
transportavam relativamente pequenas equipes, como
Zavac sabia muito bem. E, claro, o Corvo pairando sobre
o horizonte, poderia precipitar-se e terminar o trabalho.

— Não há sinal dele? — Perguntou Zavac.

Andras balançou a cabeça. — Nada até agora. Mas ainda


é cedo.

Zavac resmungou. Seu primeiro oficial estava certo. Eles


estavam no mar há menos da metade de um dia. Ainda
assim, ele estava impaciente. Eles passaram semanas
ancorados em um abrigo na enseada da costa de
Stormwhite - um ponto conhecido apenas para si mesmo
e vários outros capitães piratas Magyaran - e ele se
ressentia do tempo improdutivo. Seus homens eram leais
a ele - mas apenas enquanto ele pudesse abastecê-los
com ouro e prata e outro montante. Ele sabia que tinha
uma reputação de um capitão de sorte, mas isso poderia
mudar depois de algumas semanas de navegação sem
encontrar quaisquer vítimas. Zavac era supersticioso e
ele meio que acreditava que se não encontrasse um
navio para caçar hoje, eles teriam colheitas magras ao
longo dos próximos meses.

Ele olhou para baixo, para a linha dupla de remadores,


observando-os se inclinar para frente, juntando seus pés,
então puxando de volta. Os remos subiam e desciam de
cada lado do navio como as asas de um pássaro, cada
um deixando um círculo de espuma branca na água
quando o navio passava.

— Você quer levá-lo? —, perguntou Andras, indicando o


leme. Mas Zavac balançou a cabeça. A maioria dos
capitães sentia uma afinidade com seus navios e gostava
da sensação de comando. Mas Zavac não tinha grande
prazer em dirigir seu navio. Ele era um meio para um
fim, uma maneira de ir do ponto A ao ponto B, nada
mais.

Andras fez uma careta. Ele estava no leme por quase


seis horas, enquanto Zavac tinha dormido, e as fortes
ondas atuais e íngremes do mar-cruzado tornava difícil
trabalhar para manter o navio no curso. A equipe de
remo tinha mudado há dez minutos. Eles mudavam a
cada duas horas. Mas ele não teve descanso. Andras se
ressentia com Zavac e ele estava ansioso pelo dia em
que tivesse poupado o suficiente de seu saque para
comprar seu próprio navio.

Ele também sentiu que o desinteresse de Zavac no Corvo


fazia dele menos que um especialista ao lidar com um
navio. Na opinião de Andras, um capitão tinha que estar
completamente em sintonia com seu navio, para
entender suas nuances e idiossincrasias. Dessa forma,
ele seria equipado para obter o melhor desempenho do
mesmo. A falta de sensação instintiva em relação ao
navio de Zavac poderia custar-lhes caro um dia. Até
agora, ele tinha sido bem sucedido, porque ele era muito
rápido, mesmo que não fosse tratado tão bem quanto
poderia ser. Mas nunca foi desafiado por um navio que
poderia combinar com sua velocidade, Andras sabia.
— Sinalização do Viper!

A razão da procura estalou a mente de Andras ao voltar


ao assunto em questão.

Tanto ele como Zavac se esticaram para ver ao longo do


comprimento do casco do Corvo. A visão em frente
estava relativamente sem restrições com a vela retraída.
Eles viram um clarão de luz partir da popa do Viper
quando um dos tripulantes lá usou um espelho para
piscar os raios do sol em direção ao Corvo.

— Responda — Zavac estalou.

O vigia na proa pegou um pedaço polido de metal e,


inclinando-o para o sol, enviou uma série de flashes
aleatórios de volta para o Viper. Não houve necessidade
de uma mensagem nesta fase. O simples ato de piscar a
luz para o outro navio deixava o capitão do Viper saber
que eles estavam vendo, esperando que o outro navio se
comunicasse usando o código simples que Zavac tinha
inventado.

Houve um lampejo solitário na popa do outro barco. Em


seguida, uma longa pausa, em seguida, outro único flash.

Um. Um navio. Só podia ser um navio. Não havia mais


nada aqui fora para o Viper sinalizar.

— Responda! — Zavac ordenou novamente. O vigia


mandou outra série aleatória de flashes através do
oceano, dizendo por sinalização que o Corvo tinha
entendido a mensagem, até agora, e ele podia agora
passar para a próxima parte, o que seria para indicar o
curso de seu alvo pretendido.
A luz piscou rapidamente do outro navio. Zavac e Andras
ambos contendo suas respirações.

— Oito — disseram eles ao mesmo tempo em que a luz


parou de piscar. Houve uma pausa, e então ele começou
novamente. Novamente, ambos contaram oito flashes.
Zavac olhou para seu imediato para confirmação.

— Ele está se dirigindo a noroeste — Andras confirmou.

Em seu código simples, os principais pontos da bússola


eram indicados por números, com um sendo o norte, dois
sendo nordeste, sendo três do leste e assim por diante.
Oito flashes significava noroeste. Como eles
consideravam isso, a luz começou suas rápidas piscadas
novamente. O remetente iria continuar até que eles
reconhecessem que haviam recebido a sua mensagem.

— Responda maldito! — Zavac retrucou irritado ao vigia.


O marinheiro revirou os olhos. Não era competência dele
reconhecer qualquer um dos sinais do Viper até que foi
instruído a fazê-lo. Zavac não tinha nenhuma
necessidade de desabafar sua raiva contra ele. Agora,
ele inclinou a placa de aço através do sol em um
movimento de vai-e-vem para enviar uma série de
retornos de flashes.

Zavac pensou por um momento. O vento saiu do sul,


virando ocasionalmente para o sudoeste. Estando a
noroeste, o navio desconhecido estaria sob vela, com o
vento vindo do seu bombordo.

— Sinalizar três — ele falou para o vigia. O homem


acenou com a cabeça e começou a enviar uma série de
lentos flashes, três de cada vez. Ele continuou até o Viper
respondeu com um sinal de rápidas piscadas, indicando
que eles tinham recebido a mensagem.
Zavac, com os olhos fixos no Viper, falou com o canto da
boca para Andras. —

Pare de remar.

Quando o primeiro imediato transmitiu a ordem, os


homens levantaram os remos paralelos à superfície do
oceano e descansaram os cotovelos sobre eles. Aos
poucos, o trajeto do baixo navio negro diminuiu e ele
balançou e parou nas ondas.

A bordo do Viper, a tripulação foi apressadamente


empurrando um emaranhado de vela, corda e um mastro
quebrado mais a estibordo, para o casco listado
pesadamente. Então, quando um dos tripulantes na popa
acendeu um pote pequeno de ferro cheio com trapos
oleosos, uma coluna de fumaça negra começou a ir para
cima.

Em poucos minutos, o navio pouco guarnecido havia


assumido a aparência de danificado - e um em situação
desesperadora.

— Levem-no ao porto — Zavac disse, e Andras ordenou a


tripulação para começar a remar novamente, subindo ao
leme para que o Corvo começasse uma longa volta para
o nordeste. Gradualmente, o Viper desceu abaixo do
horizonte, até que todos pudessem ver era dela a coluna
de fumaça, flutuando na brisa moderada.

— Espere-o aqui — disse Zavac.

Andras emitiu ordens para os remadores alternadamente


remar e arribar de modo que o Corvo manteve sua
posição.
— Elevar o chicote de proa! — Zavac gritou, e vários
tripulantes ficaram ocupados, levantando um mastro
esguio e anexando-o ao posto de proa. O vigia
rapidamente escalou o poste estreito. Ele balançou sob
seu peso, mas manteve-se firme. Havia uma peça
transversal perto do topo e ele se estabeleceu nele,
envolvendo os braços e as pernas ao redor do mastro
vertical.

— Eu tenho Viper à vista — ele chamou.

Zavac acenou com a cabeça, satisfeito. No mastro fino o


vigia estava imóvel e seria muito menos visível do que
no mastro grosso e convés do. As chances eram da
vítima nunca veria a figura do vigia, suspenso logo acima
do horizonte.

Eles esperaram. Minutos se passaram sem maiores


relatório do mirante.

Finalmente, Zavac chamou em exasperação.

— Você está vendo alguma coisa?

— Apenas o Viper — foi à resposta.

Andras olhou para o capitão com desprezo suave. — Ele


diria se tivesse visto

— ele murmurou.

Zavac virou para ele. — Não me ensine o meu trabalho —


ele rosnou. — Apenas certifique-se que você está
fazendo o seu!

O seu e o meu, Andras pensava. Mas ele sabiamente não


disse mais nada.
Mais espera. A mão de Zavac fechou e abriu no punho da
sua espada, sua bainha atravessava o cinturão pesado
em sua cintura. Ele amaldiçoou sob sua respiração,
imaginando o que estava acontecendo além do
horizonte. O navio desconhecido pode ter cheirado um
rato e se afastou. Seu código de sinal apressadamente
concebido não era suficientemente sofisticado para o
Viper enviar-lhe uma nota minuto a minuto. Ele poderia
dizer-lhe quantos navios havia e de que forma eles
estavam indo, pouco mais.

— Vigia! — Ele estalou. — Você está vendo alguma coisa?

Houve uma pausa, enquanto o vigia consideradava gritar


de volta Se eu visse, eu diria a você, não é? Mas ele
descartou a idéia. Zavac tinha um temperamento incerto
e o vigia tinha visto homens mortos por insubordinação
muito mais suave do que isso. Em vez disso, ele
respondeu como antes.

— Apenas o Viper.

Houve outra pausa, enquanto Zavac caminhava no


convés, e para trás, franzindo a testa em fúria. Andras
estava tentado a salientar que, se sua presa havia
zarpado, Viper não estaria mantendo-se a aparência de
um navio em perigo. O fato de que a fumaça ainda
flutuava acima do horizonte indicava que ele estava
fazendo isso.

— Capitão! — Gritou o vigia.

A cabeça de Zavac vociferou.

— Há outro navio à vista! Um mercante bom, espaçoso,


pela aparência dele. E ela está indo para o Viper!
Capítulo quatorze

—Remos prontos! — Zavac gritou, sem se preocupar em


transmitir a ordem através de Andras. Os remadores se
dividiam mais firmemente nos bancos, rolando seus
ombros e esticar seus músculos antes de começar a
remar.

O restante da tripulação estava ocupada armando-se, e


fazendo piadas sobre o destino de sua pretendida vítima.

— Cuidado! — Rosnou Zavac.

— Ela está chegando ao lado de Viper... quase lá. Agora


ela está ao lado... Ha!

Lá vão as cordas do Viper!

O último relatório foi entregue com um grito de triunfo. O


vigia se esticou rodando em seu poleiro para ver qual
seria a reação de Zavac. Ele não tinha tempo para
esperar.

— Remos! — Zavac gritou.

Os remos mergulharam na água fizeram uma pausa, em


seguida, enviaram o navio pirata para frente com uma
súbita afluência de explosão de energia. O líder dos
remadores, sentado a meio caminho ao longo do lado de
bombordo, onde ele podia ser ouvido por todos os seus
companheiros, comandou a cadência de algumas
remadas, em seguida, eles se estabeleceram em um
ritmo e ele precisou de toda a sua folego para remar.

Aos poucos os outros dois navios escalaram o horizonte


quando Corvo navegou para a batalha. Em alguns
minutos, Zavac poderia dizer detalhes de seus próprios
homens populando ao longo dos baluartes no navio
mercante, tripulação remando na proa quando eles se
forçaram para trás ao longo do convés. Os números
negros de piratas pareciam cobrir o convés do outro
navio. Zavac poderia dizer não mais oito do que na
tripulação mercante. Possivelmente menos.

Ele se virou para Andras.

— Traga-nos ao longo da proa de bombordo. —, ele


ordenou. O Viper já estava agarrado a estibordo do navio
mercante ao lado, agarrando-se como uma sanguessuga.

Andras assentiu e pegou o leme. O Corvo balançou até


que ele estivesse a caminho, então se firmou.

— Mais rápido! — Zavac gritou, e o líder dos remadores


pesado chamou uma nova cadência, aumentando o ritmo
dos remos. O Corvo parecia saltar para frente.

Eles estavam perto o bastante para ouvir os gritos dos


feridos e do choque de espadas contra espadas,
pontuada pelas maçantes batidas pesadas de eixos
atingindo escudos de madeira. Ocasionalmente, como
um golpe foi para casa, eles podiam ouvir sons se
quebrando.

Estavam próximos aos dois navios e agora Zavac havia


dado um aviso.

— Em remos!
Os remadores a porta ao lado instantaneamente
ergueram os remos e se foram de perigo, segurando-os
verticalmente quando a navio deslizou ao lado do
comerciante, em seguida, raspou contra ela com um
arrastado acidente, estremecendo.

Outros membros da tripulação ficaram de pé com


fateixas e eles se atiraram agora e se transportaram em
um aperto sobre as cordas, Corvo estava bloqueado
contra o mercante. Quando os dois baluartes foram a
terra, bem quando Zavac desembainhou a espada e
abriu o caminho para o outro navio.

— Vamos lá! — Ele gritou e um número de piratas o


seguiu para a batalha.

Havia apenas quatro tripulantes do mercante deixados


vivos agora. À vista dos números esmagadores
enfrentádos, eles soltaram gritos de desespero e depois
em resposta a um que era, obviamente, o seu capitão,
eles deixam cair suas armas para o convés com um
barulho. O gesto de rendição já estava tarde demais para
uma delas, quando a lança de um pirata já estava
empurrando para frente. Levando-o no meio do corpo e
levando-o de volta. Ele gritou e caiu no convés, a lança
ainda transfixando-o quando o pirata lutou para libertá-
lo.

— Basta! — Rugiu Zavac. — Abaixem suas armas!

Alguns dos homens do Viper pareciam relutantes em


obedecer. O seu sangue fervendo ainda da luta foi para
cima e eles não tinham que parar. Zavac esperava isso e
ele tinha preparado três homens de sua própria
tripulação, todos os grandes armados com porretes, para
assumir o comando. Ele apontou para frente agora.
— Pare-os — disse ele.

Não foi feito por qualquer senso de misericórdia. Ele


observou o capitão, que tinha dado a ordem para render-
se, era um dos sobreviventes. Zavac queria tempo para
interrogá-lo. Às vezes, a negociação de capitães poderia
fornecer informações muito valiosas.

Os três grandes homens passaram pela tripulação do


Viper, empurrando-os para fora do caminho. Eles
chegaram ao lanceiro assim quando ele libertou sua
arma do corpo do marinheiro. Seus olhos estavam
selvagens e ele ainda estava olhando sua outra vítima.
Um dos grandes homens o atordoou com um golpe na
cabeça. Foi tão esplicito, tão casualmente brutal, quase
uma reflexão tardia. O lanceiro se contorceu e caiu do
convés.

Zavac em seguida, empurrou para frente através do


grupo que cercava os restantes três marinheiros. Ele
agarrou o colar do capitão em sua mão esquerda. E com
sua direita segurou sua espada em longa curva.

— Você! — Ele gritou. — Você é o Capitão, sim?

O homem olhou para ele com desprezo em seus olhos.


Em seguida, cuspiu no convés.

— Oui — respondeu ele. — Je suis le capitaine.

— Gallican? — Zavac exigiu, e o homem assentiu. Zavac


olhou rapidamente para os outros sobreviventes.

Ambos eram marinheiros comuns. Suas roupas lisas,


rostos e mãos ásperas, eles resistiam e se debatiam
como rabo de porco obviamente como suas vitimas
tinham.
Eles tinham pouca informação útil. Zavac gesticulou para
eles com sua espada.

— Matem os dois.

Quando o capitão percebendo o que estava prestes a


acontecer tentou gritar um protesto, dois da tripulação
Corvo se adiantaram e cortaram os marinheiros para
baixo. Um morreu em silêncio. O outro deu um grito de
dor e teve um breve desespero, em seguida, caiu no
convés manchado de sangue.

— Avalie o navio — Zavac ordenou. Ele reembainhou sua


espada, em seguida, empurrou um dedo polegar no
Galicana do capitão. — Traga-o para trás — ele ordenou.

Dois dos grandes homens que o seguiram a bordo


pegaram o capitão por um braço de cada lado e
escoltaram para a popa do navio. Ao sinal de Zavac, eles
atiraram o capitão para o convés. Zavac inclinou contra o
baluarte perto do leme, olhando com curiosidade para o
capitão.

— Agora, vamos ver o que o seu navio está levando —


ele disse suavemente.

Descobriu-se que o comerciante estava levemente


carregado, o que indica que ele já havia vendido mais de
sua carga mais para o sul.

— Você foi rápido fora da marca — Zavac disse


alegremente enquanto inspecionava a pequena pilha de
bens permanecidos de comércio e arrastou-se a partir do
espaço de carga. Havia alguns barris de vinho e cerveja,
alguns jarros de argila, óleo e vários fardos de lã.

Andras inspecionou o último.


— Qualidade muito ruim — ele chamou. Zavac assentiu.
Eles devem ter sido incapaz de encontrar um comprador
para a lã, ele pensou.

— Então, você negociou todos os seus bens — disse ele


para o capitão. O

homem olhou para ele, parecendo não compreender, até


a fina camada de bom humor de Zavac foi deixado de
lado.

— Não brinque comigo! — Zavac gritou, atraindo uma


longa adaga de uma bainha em seu cinto. — Você fala a
língua comum! Você é um comerciante!

Rápido como uma cobra dando o bote, ele passou a


lâmina fina do punhal no rosto do Gallican, a imposição
abrir um corte longo. As mãos do homem voaram para
seu rosto, em seguida, ele olhou, sem compreender, na
coloração de sangue em suas mãos. O ataque de Zavac
tinha sido tão rápido e sua lâmina tão afiada, que o
capitão mal tinha sentido o corte. Agora ele registrou a
dor, uma sensação de queimação no rosto acompanhado
do sangue escorrendo em suas roupas.

Ele amontoou longe do Magyaran, encolhendo o ombro


em uma tentativa fútil de evitar mais punição.

— Fale comigo — Zavac exigiu, sua voz calma mais uma


vez.

O capitão com uma mão ainda pressionado sob o corte


em seu rosto, respondeu devagar.

— O que eu devo dizer?


Zavac sorriu, e apontou a ponta da adaga no rosto do
homem, segurando-o levemente na palma de sua mão e
deixando a lâmina saltar para cima e para baixo em seus
dedos.

— Você vendeu sua carga. Isso significa que seu bolso


está cheio de dinheiro e de ouro. Onde ele está?

Uma vida inteira saqueando outras naves disse-lhe que


em algum lugar haveria um cofre escondido, onde o ouro
que tinha ganhado seria mantido. É claro, seus homens
poderiam encontrá-lo, eventualmente, se dividiriam e o
enviariam separados.

Mas o ouro era relativamente fácil de esconder e era


geralmente mais simples de ter suas vítimas dizendo a
ele onde estava o cofre.

O gallican, porém, balançou a cabeça.

— Não há ouro — disse ele. — A negociação foi ruim. O


navio foi danificado nas tempestades e eu tive que pagar
por reparos. Não há mais nada, eu juro. — Zavac olhou
para o punhal na mão, parecia chegar a uma decisão e
reembainhou. Ele suspirou profundamente, olhando para
o céu, em vez da figura ranzinza do capitão no convés na
frente dele.

— Você sabe — disse ele em tom de devaneio — Eu me


pergunto quantos navios eu tomei e afundei ao longo dos
anos. Cem? Duzentos? Provavelmente 200 é mais perto
da marca. E eu me pergunto por que, em apenas sobre
cada um desses casos, o capitão me disse que não há
ouro. Não há cofre. Não há sem compartimento
escondido em seu navio. Eles dizem a mesma coisa o
tempo todo. E você sabe o quê?
Agora, ele deixou seu olhar cair sobre o capitão. O
homem ainda estava pressionando seu rosto ferido,
embora o sangue estava a começar a congelar e não
mais fluir livremente. O capitão olhou para o pirata com
medo em seus olhos. Zavac levou-o a responder a sua
pergunta.

— O que? — Disse o capitão.

— Eles estavam todos mentindo. Cada um deles. Então,


por que eu acho que você é diferente?

— Eu... — o capitão começou. Em seguida, ele se calou.


Ele sentiu que era inútil falar com este homem. Ele sabia
que sua vida estava perdida e a única vingança possível
que ele poderia ter era negar a Zavac o conhecimento
que ele estava procurando. Zavac olhou para ele com
piedade fingida. Então ele fez um gesto de desprezo.

— Eu posso ver que você não vai me dizer — disse ele.


Ele se virou e foi embora, voltando para o arco. Ele não
tinha ido mais de três passos antes de se voltar para
seus dois capangas grandes.

— Torturem — disse ele brevemente. — Chame-me


quando ele estiver pronto para conversar.

Ele considerou sua declaração, em seguida, ele


emendou. — Pensando bem, quando ele estiver pronto
para conversar, mantenha a tortura por mais cinco
minutos.

Em seguida, me chame.

Demorou quinze minutos para o capitão Gallican


cooperar. Então, conforme as instruções, os torturadores
continuaram seu trabalho medonho por mais cinco antes
de Zavac pedir a suspensão. O capitão ficou
irreconhecível agora. Seu rosto era uma máscara de
sangue e mais sangue manchando sua camisa. Dois dos
dedos da mão direita estavam faltando, como sua orelha
esquerda. Havia um corte profundo sob um olho. Era isso
que finalmente o convenceu a dar a boca dos dentes
Mesmo que, logicamente, ele sabia que estava indo para
morrer, o pensamento de perder o olho tinha sido muito
horrível.

Zavac entrevistou com interesse profissional, então


sorriu para seus dois assistentes musculosos.

— É incrível o que você pode conseguir em poucos


minutos com apenas um par de lâminas afiadas — disse
ele. Então ele caiu de joelhos ao lado do capitão, que
estava deitado de bruços em uma poça de seu próprio
sangue, respirando ruidosamente passando um nariz
quebrado.

— Agora — disse Zavac. — O cofre.

Ele teve que se curvar mais perto para ouvir a resposta,


arrastado e sem fôlego com a dor como estava.

— Painel falso... atrás... cabo da âncora ...

Zavac bateu o homem de coração no ombro.

— Assim é melhor! — Disse. — Tenho certeza que a


verdade tenha purgado sua alma da maldade. — Ele se
levantou e começou a ir em direção à proa. Um dos
torturadores o deteve.

— Devemos acabar com ele? — ele perguntou, mas


Zavac balançou a cabeça.
— Espere até ver se ele está dizendo a verdade — disse
ele. — Talvez eu tenha que fazer mais perguntas.

Mas o cofre estava onde o capitão havia dito, escondido


atrás de um painel falso. Não houve bloqueio.

O esconderijo era considerado bastante seguro. Mas


quando Zavac arrancou a tampa e o abriu, seus olhos
arregalaram com avareza.

Havia ouro ali, é claro. E muito. Mas aninhado em um


pequeno compartimento próprio estavam nove
magníficas esmeraldas – as maiores e melhores que
Zavac já tinha visto.

— Olá — disse ele, intrigado. — De onde você acha que


estes vieram?

Ele repetiu a pergunta para o capitão que balançou a


cabeça cansado, incapaz de reunir forças para responder.
Zavac foi tentado por um momento para acertá-lo,
sacudi-lo e forçar a resposta dele. Mas ele percebeu que
isso seria a abordagem errada.

Em vez disso, ele caiu de joelhos, inclinou-se e sussurrou


para ele.

— Diga-me de onde as esmeraldas vieram. E eu vou


fazer a dor parar.

Os olhos de sangue de aros subiram ao encontro dos


seus e ele assentiu encorajando. Finalmente, o Gallican
convocou sua força.

— Limmat. Eles vieram de Limmat.


Limmat era um porto comercial para o sul de onde eles
estavam agora. Zavac franziu a testa. Ele nunca tinha
ouvido falar de esmeraldas em uma parte da costa.

— Não minta para mim — advertiu ele, o sorriso


desaparecendo de seu rosto.

Mas o Galicana balançou a cabeça obstinadamente.

— Verdade. Há uma mina nas montanhas atrás da


cidade. Escondida. Segredo.

— Escondido? Como é escondido?

— Um celeiro. Construído na base de uma colina. Ele


oculta a entrada da mina.

Zavac esfregou o queixo, pensativo.

— Eles tiveram um monte de problemas para escondê-lo


— ele meditou. O

capitão chamou em outro suspiro trêmulo antes de


responder.

— Eles não querem que ninguém saibam.

O sorriso de Zavac voltou.

— Eu não os culpo — disse ele. — Se ele era bem


conhecido, pode atrair a tipo errado de pessoas.

Ele se levantou, uma expressão pensativa no rosto. Ele


precisa de mais homens se ele ia tomar Limmat. Era uma
cidade bastante grande e seus habitantes,
presumivelmente, estariam prontos para lutar para
salvar a sua mina de esmeralda.
Mas Zavac sabia onde poderia encontrar reforços. Havia
uma baía algumas léguas de distância, na costa que
servia como um ponto de reunião para os navios
Magyaran.

Era uma prática padrão para os piratas para chamar em


suas viagens de ida, a verificação de palavra de um alvo
de ameixa como este. Qualquer capitão que tinha que se
deparar com uma oportunidade como essa e precisava
de mais homens poderiam encontrar reforços dispostos
lá.

Ele ia lá, pensou ele, e ver se alguns de seus


compatriotas estavam lá. Se não, ele ia esperar alguns
dias. Nesta época do ano, com a temporada de caça de
partida, um navio quase certamente chegaria ao próximo
futuro. Ele começou a andar para longe, imerso em
pensamentos, quando o capitão o chamou.

— Você prometeu...

Zavac virou-se, franzindo a testa.

— Eu prometi? Prometeu o quê?

— Parar a dor... — O homem estendeu a mão suplicante.


Com dois dedos faltando e endurecido na rápida
secagem de sangue, lembrou Zavac da garra de um
pássaro mais do que de uma mão humana.

— Será que eu o fiz? —, Disse ele, então ele sorriu


enquanto ele parecia se lembrar. — Então eu fiz. — Ele se
voltou para o capitão e puxando a espada curva, correu o
homem completamente.

— E eu sou um homem de palavra.


Então ele se virou para seus cúmplices e apontou o
polegar para o capitão morto.

— Jogue-o ao mar.

Capítulo quinze

—Aos remos — disse Hal. Os Garças se apressaram para


dar cumprimento à ordem. Então, antecipando o próximo
comando,

Jesper e Stefan dirigiram-se para as adriças, preparando-


se para levantar a verga da vela. Ao fazerem isso, Ulf e
Wulf moveram-se para a vela para aparar a escota.

O navio estava singrando as águas de Baía do Abrigo


como uma gaivota, a uns qinze metros da costa. Logo,
eles veriam se a nova barbatana de Hal funcionaria ou
não.

A barbatana foi posicionada na parte superior da caixa


da quilha. Thorn ficou por ali pronto para empurrá-la para
baixo, de modo que a estendeu mais abaixo do casco.

— Velas a estibordo — Hal ordenou, e Jesper e Stefan


posicionaram a verga a estibordo e a vela subiu o
mastro. O vento na baía estava moderado, mas ainda
forte o suficiente para empurrar a vela para estibordo.
Sem necessidade de comando, Ulf e Wulf foram em
direção as escotas e apertaram a vela. O navio saltou,
com a amurada de estibordo chegando perto da água,
até que abrandou e ficou mais ereto.
Hal sentiu o momento de emoção já costumeira, quando
o navio voltou à vida, surgindo em toda a baía, o leme
vibrando um pouco contra sua mão. A água bateu contra
o casco, e ele podia sentir pequenos impactos através
das solas dos seus pés.

Quando o Garça Real ganhou velocidade, ele acenou


para Thorn.

— Desça-a!

Thorn se inclinou sobre a barbatana e empurrou-a


através da caixa da quilha na água logo abaixo. O
acolchoamento e defletores que Hal tinha adicionado no
interior da caixa foram feitos para um maior conforto.
Alguns espirros de água vieram, deslocados pela
barbatana conforme ela desceu.

Instantaneamente, Hal sentiu a diferença quando a


barbatana travou a velocidade. Um barco quilha-rasa
como o Garça Real tende a ir com o vento, e o casco
colidia um pouco quando ele virava. Agora, a resistência
adicional da barbatana teve efeito, de modo que ao
empurrar o leme para estibordo, o barco respondia
instantaneamente, girando em volta da barbatana com
praticamente nenhum movimento de colisão lateral.

Ele olhou para Stig, que o observava, ansiosamente da


porta, ao lado do banco do remo traseiro.

— Como é que está? — Stig perguntou. O enorme sorriso


de Hal deu-lhe a resposta. E o jovem skirl acenou-lhe da
plataforma do leme.

— Veja você mesmo

Como Stig subiu para acompanhá-lo, Hal chamou Thorn.


— Levante a barbatana Thorn. — Ele queria que Stig
sentisse a diferença com a barbatana abaixada e fazendo
efeito.

Thorn grunhiu com o esforço, e levantou-a. Hal sentiu a


deriva começar de novo, quase que imediatamente.

— Esse é um ajuste perfeito — disse Thorn. — O que


você colocou nele?

— Oh, couro e alguma pele de carneiro — disse Hal


distraidamente. Ele não percebeu o olhar penetrante de
Thorn quando ele disse pele de carneiro. Stig estava de
pé ao lado dele, ansioso para tomar o leme. Hal o
entregou e chamou Thorn novamente.

— Abaixe a barbatana, Thorn.

Thorn olhou para ele, e em seguida, empurrou a


nadadeira para baixo violentamente. Água foi espirrada
para fora da caixa da quilha.

— Sobre que pele de carneiro, você quer dizer? — Ele


murmurou sombriamente.

Mas Hal estava observando o rosto de Stig quando ele


sentiu o efeito. Um sorriso largo combinou com a sua
própria percepção sobre as características de seu amigo.

— Isso é incrível! — Stig disse. — O Garça Real


acompanha com muito mais realidade! E quase não há
vento!

— Tente uma vez — Hal sugeriu. Mais uma vez, a


barbatana nova mostrou o seu valor quando Stig puxou o
leme em direção a ele e o navio girou ordenadamente e
imediatamente, sem derrapar.
— O Garça Real era bom antes — disse ele, os olhos
arregalados de espanto.

— Mas agora é perfeito.

Eles foram mais ao longe, na baía e agora o vento


soprava mais forte. Hal tomou o leme e gritou para os
gêmeos.

— Tragam a vela rígida.

Eles hastearam aparando a escota. Com a vela rígida e


achatada, o Garça Real deu um salto e a pressão para a
frente aumentou. Mas foi equilibrada pela resistência da
nadadeira abaixo da superfície. Ulf e Wulf foram capazes
de aparar a vela mais e mais. O Garça Real moveu-se
mais e mais rápido através da água. Eventualmente, eles
chegaram a um ponto onde a água estava a poucos
centímetros da amurada de estibordo, correndo pelo
costado do navio em uma esteira de espuma branca.
Eles aliviaram a vela um pouco para evitar que o barco
inundasse. Na popa do navio, a esteira branca mostrava
a velocidade de sua passagem.

Stig e Hal ambos gritaram triunfantes.

— Incrível! — Stig disse. Hal estava muito feliz para dizer


qualquer coisa. Seu sorriso enorme disse tudo por ele. Ulf
e Wulf olharam para a plataforma do leme. Ulf balançou
a cabeça em descrença.

— Surpreendente! — Disse. — Nós nunca poderíamos ter


feito isso aqui antes!

— Olhe o quão rápido ele vai! — Wulf disse.

Hal acenou para Thorn.


— Venha experimentar, Thorn! —, Disse. — Afrouxem a
vela, rapazes, e Stig, você traz a barbatana!

Thorn e Stig trocaram de lugar. Stig esperou até que Ulf e


Wulf havia afrouxado consideravelmente a vela, em
seguida, soltou a barbatana mais uma vez.

Como ele fez isso, Thorn disse significativamente, —


Cuidado. É um ajuste bem apertado. Aparentemente
alguém forrou com pele de carneiro.

De repente, a preocupação de Thorn com o colete foi


registrado e Hal olhou com culpa o antigo lobo do mar.

— Ah... — disse ele sem jeito. — Desculpe, Thorn. Eu não


sabia que era o seu colete de pele de carneiro... eu meio
que encontrei... e eu...

— Você assume que uma ovelha morreu e deixou-lhe o


seu colete? — Thorn disse com sarcasmo. — Só
escorregou dele e deixou por aí para você encontrar?

— Bem, não. Não é verdade. Eu só não acho que...

— E todos nós estamos acostumados com isso, não


estamos? — Thorn respondeu. Ele segurou o olhar de Hal
até que o skirl jovem baixou os olhos.

Ponto feito, Thorn pensava. Então ele pegou o leme.

— Certo. Vamos ver como esta belezinha de vocês


funciona.

Mais uma vez, eles passaram a sequência de ações para


testar o efeito da barbatana, e como Stig, e Hal antes
dele, Thorn foi surpreendido com a diferença que fez
para o desempenho do navio.
— Bem, você conseguiu — disse a Hal. — Velocidade e
agilidade. Você tem os dois, agora, em grande
quantidade. — Mantendo a tensão do leme com o seu
gancho, ele bateu no ombro de seu jovem amigo com a
mão esquerda. — Eu suponho que mais tarde você vai
colocar asas sobre ele para que possa voar?

Hal riu. — Eu estive pensando sobre isso. Não tenho


certeza se eu posso fazê-lo funcionar... ainda.

Ao testar a barbatana, foram para trás e para frente


dentro de Baía do Abrigo.

Agora, eles estavam indo para a entrada novamente. Hal


estudou o mar fora da baía.

As ondas eram maiores, mas nada com o qual não


poderia lidar com o Garça Real.

Ele olhou para Thorn.

— Você acha que esse tempo vai continuar? —,


Perguntou. Thorn olhou para o céu, seus olhos se
estreitaram concentrados.

— Eu diria que ele está limpo agora. Devemos estar bem


por um par de dias, pelo menos.

— Então vamos nos dirrigir para a costa, para o comércio


da aldeia —, disse Hal. — Há suprimentos que quero
comprar.

— Incluindo um bom, caro e novo colete de pele de


carneiro — Thorn disse a ele.

Hal assentiu várias vezes. — Bem, é claro. Esse é o


primeiro item da lista.
— Sério? Eu gostaria de ver essa lista — disse Thorn.

Hal bateu na testa com um dedo. — Está tudo aqui na


minha cabeça — disse ele. — Mas o colete de pele de
carneiro é o primeiro item lá. Confie em mim.
PARTE 2
OS INVASORES

Capítulo dezesseis

A Cidade de Limmat estava no lado leste de um pequeno


porto, situada na costa ocidental de uma ampla e
profunda baía. Uma paliçada de madeira cercava a
cidade.

A entrada do porto era estreita com guaritas de madeira


em ambos os lados.

Uma barragem pesada e longa corre pela boca do porto,


impedindo a entrada de navios estranhos. Qualquer
navio que tentasse forçar seu caminho através da
barragem poderia ser abatido por setas e tiros de
chumbo de arqueiros e fundeiros nas torres. No interior, o
porto era ampliado para proporcionar ancoragem
abrigada. Qualquer força invasora que se aproximasse do
largo, pela baía aberta para o nordeste, teria que romper
essa paliçada. Um portão pesado foi posto lá, aonde um
pequeno trecho de praia ia da entrada até as águas
calmas.

Na costa sudoeste, o terreno consistia em pântano com


sua localização mais baixa, impenetrável. A água atingia
a altura da cintura, e no fundo, lama traiçoeira.

Qualquer ataque deste lado, rapidamente atolaria nos


pântanos. Poderia ser navegado, com botes pequenos ou
coracles, mas muitos deles teriam que usar de muita
força para passar pelo pântano. E mesmo se os
atacantes conseguissem, teriam que se espalhar durante
a abordagem e os defensores da cidade os avistariam
antecipadamente.

Além disso, qualquer ataque bem sucedido através do


pântano e mesmo conseguindo reagrupar, ainda se
encontrariam do lado errado do porto e da paliçada que
cercava a cidade.

Era uma excelente posição de defesa, Zavac pensou


enquanto observava o porto da plataforma do Corvo. O
navio, longo e baixo cruzou, a remos, quatrocentos
metros da costa. Ele podia ver o movimento nas torres
de vigia. Os defensores o viram. Ela era, obviamente, um
navio de guerra, não um navio comerciante, e o alarme
logo seria acionado.

Olhando para a entrada estreita do porto, ele poderia


fazer uma linha imaginária na água branca. Ele apontou
para Andras.

— A barragem está fechada — disse ele.

O segundo no comando assentiu. — Eles provavelmente


deixam assim o tempo todo — respondeu. Com a mão
acima dos olhos, virou para as cabeceiras de cada lado
da entrada. Haveria dispositivos em algum lugar que
permitiria que os Limmatans a movessem como um
registro, abrindo-a para a entrada dos navios que eles
queriam e fechando-a novamente para barrar os
visitantes menos bem-vindos.

— Eles nos viram — disse Andras para Zavac. — Nós


perdemos o elemento surpresa.
Andras ficou intrigado. Se planejavam atacar e invadir
Limmat, seria melhor se os defensores não tivessem
idéia de que eles estavam ali. Um ataque à noite seria o
melhor, pensou ele, deslizando acobertados pela
escuridão e atacando uma das duas guaritas com
escadas de escalada. Mas agora que o Corvo tinha sido
visto, haveria pouca chance de surpreendê-los. Os
defensores estariam alerta. Eles teriam chance em dobro
durante a escuridão, esperando só para atacar.

E uma guarnição prevenida e nervosa era uma porca


muito mais difícil de quebrar do que uma complacente
que se sente segura e protegida dentro de sua fortaleza.

Zavac sorriu para ele. — Eu quero que eles nos vejam —


disse ele. — Eu quero que eles saibam que estamos na
aqui. Eu tenho um tipo diferente de surpresa para eles.

Agora, vamos dar-lhes um show.

Ele cutucou a cana do leme e virou o Corvo em direção à


costa. Os remadores mantiveram seu ritmo fácil e o
navio negro deslizou pela água. Quando chegaram mais
perto, ele deu gritos desafiando os homens de plantão
nas guaritas. A luz do sol brilhou sobre as lâminas das
armas quando os membros da guarnição as sacudiram.

Zavac apontou o Corvo para o fosso entre os


promontórios do porto.

— Rápido — ele ordenou, e os remadores aumentaram


seu ritmo. O Corvo começou a fluir para frente, sua
velocidade aumentando. Uma onda branca formou em
sua proa como uma flecha indo em direção à barragem -
quatro toras maciças, ligadas entre si por pequenos
pedaços de corrente, flutuando logo abaixo da superfície
da água. Se não fosse pelas pequenas ondas que
quebram em torno dela, seria praticamente invisível.

Ele mediu a distância. Eram cento e cinquenta metros


que faltavam agora e o som de gritos e choque de armas
era mais alto que cada golpe dos remos. De repente, ele
levantou seu braço.

— Arribar! — Ele gritou. Os remadores lutaram contra


seus remos para reverter a pressão. Ele sentiu o Corvo
travar, de repente, e cambaleou um passo à frente antes
de recuperar o equilíbrio.

— Atrás bombordo! Frente estibordo! — Ele ordenou e,


com os dois bancos de remadores puxando e
empurrando freneticamente em direções opostas, o
Corvo cambaleou, em uma curva difícil, adernando
abruptamente fazendo a água correr ao longo das
amuradas portuárias.

Da costa, ele esperava, parece que tinham notado o


aumento da barragem, no último momento e jogado o
navio em uma parada de emergência.

— Lento para frente — ele ordenou, e os remadores


estabeleceram um ritmo suave, mais uma vez.

Os gritos e vaias das torres foram redobrados quando o


Corvo, aparentemente frustrado, começou a afastar-se.

— O que foi aquilo? — Andras perguntou.

Zavac sorriu. — Nós vamos voltar amanhã.

O segundo no comando balançou a cabeça, perplexo. —


Você espera que eles façam alguma coisa diferente
amanhã?
— Ah, sim. Amanhã, eles vão nos receber de braços
abertos — disse Zavac, em seguida, acrescentou, com
um encolher de ombros, — Bem, com a barragem aberta,
pelo menos.

— Navio vindo! Ao sul!

O homem na torre de vigia leste berrou. Imediatamente,


houve um alvoroço entre todos em torno dele, saltando a
seus pés para se juntarem na balaustrada de madeira.
Ele ouviu um movimento dentro do pequeno
compartimento que fornecia abrigo para aqueles que não
estavam de serviço, em seguida, o assistente do
comandante surgiu, apressadamente desembainhou sua
espada. Feito isso, espanou algumas migalhas de sua
túnica conforme se juntava ao vigia na balaustrada. Ele
obviamente teve seu almoço interrompido.

A tensão entre os guardas era alta. O número foi dobrado


desde que o navio pirata tinha sido avistado no dia
anterior, e estavam prontos para um ataque.

— É o navio negro que vimos ontem? — O comandante


perguntou.

O vigia negou com a cabeça, apontando. — Não. Muito


menor. Um comerciante, eu diria. E está com pressa.

O comandante seguiu o braço apontando e franziu a


testa. Era um pequeno navio de comércio e estava
definitivamente com pressa. Seus oito remos venciam a
água rapidamente. Mesmo à distância, ele pensou que
podia sentir o pânico em seus movimentos. Eles não
estavam remando suavemente em um ritmo coordenado.

Pelo contrário, parecia que cada remador estava


simplesmente debatendo o remo na água o mais rápido
que pudesse.

— Ele está com pressa, certamente — ele murmurou,


apertando os olhos na tentativa de captar mais detalhe.
Mas a distância ainda é muito grande.

Além de seus oito remos, o pequeno navio tinha o seu


conjunto velas quadradas que subia seguindo o vento.
Quando chegaram mais perto, o comandante pôde ver
que a vela era velha, estendida de forma tosca pelos
anos de uso. Velas eram caras e a maioria dos capitães
de navios comerciais iria escolher, para economizar
dinheiro, não substituí-las, ou apenas tê-las reformadas,
até perderem a sua eficiência. Eles economizariam
dinheiro até um dia, como o de hoje, quando o navio tem
que correr, por sua vida, do perigo.

E havia perigo agora. Dois quilômetros atrás do navio de


comércio, uma forma escura, sinistra moldou-se
facilmente através do horizonte.

— Aquilo é o motivo do pânico! — Disse o comandante,


apontando.

— São os pirata! — Alguém gritou. — O navio negro que


tentou nos atacar ontem!

— Pena que ele viu a barragem no último minuto — disse


o vigia resmungando. Ele esteve de plantão no dia
anterior quando o navio negro tinha dirigido a toda a
velocidade para a boca do porto, apenas conseguindo
deter seu progresso quando avistou a barragem. A
guarnição havia assistido ansiosamente enquanto se
aproximava, esperando para vê-lo quebrar seu arco
contra os enormes troncos que barravam a entrada do
porto. Houve gritos de decepção quando conseguiu
parar, mesmo a tempo, então esgueirar-se e ir embora
com o rabo entre as pernas.

Obviamente, tinham ido à busca de presas mais fáceis,


atrás de algum navio que estivesse indo para Limmat
para comercializar.

— Ele está ganhando! — Um soldado gritou. Não é


preciso dizer qual navio ele quis dizer. Em contraste com
as irregulares ações espasmódicas dos remadores do
comerciante, os bancos gêmeos de remos do navio negro
moviam-se para baixo, para trás, para cima, para frente
e para baixo novamente no tempo perfeito. Ele estava
cruzando a água, diminuindo rapidamente à distância
para o navio mercante.

— Há outro! — O grito subiu quando um terceiro navio


apareceu no horizonte.

Seu casco era verde escuro e era quase tão longo quanto
o navio negro.

— Outro pirata, eu vou ser preso — disse o comandante.


Mas o novo participante estava longe demais da popa
para afetar o resultado da corrida desesperada diante
deles. Ele olhou para o navio comercial. Podia ver mais
detalhes agora. Os lados do casco foram enfeitados com
setas e havia vários corpos esparramados imóvel no
convés.

A vela, velha e disforme como era, foi ainda mais afetada


por um rasgo grande que corria de um lado, permitindo
que o vento espalhasse.

Ele olhou para o navio pirata negro. Definitivamente


ganhava velocidade, mas o navio comercial estava se
aproximando, e muito, da entrada do porto. Estava sendo
uma perseguição, mas depois de alguns minutos, ele
pode ver que o comerciante queria apenas levar seu
navio para segurança em tempo.

Ele virou-se para os homens encostados na balaustrada


ao lado dele. Alguns começaram a gritar, incentivando o
navio pequeno e aflito, que se arrastava em direção a
eles.

— Desça para o dique — ele gritou. — Tem de abrir a


barragem e deixá-lo entrar!

A torre vibrou com a corrida dos homens que desceram


as escadas para obedecer-lhe. Ele os seguiu, demorando
alguns minutos para medir as velocidades relativas e
distância dos dois navios envolvidos na corrida de vida
ou morte.

O comerciante conseguiria, ele viu. Mas precisavam se


mover de forma inteligente e fechar a barragem
novamente antes dos piratas chegarem até eles.

Correndo para o cais, pegou o chifre sinalizador do seu


suporte e deu um longo assopro para alertar os guardas
no dique oposto. Seus próprios homens já estavam
soltando a enorme corrente que prendia o extremo leste
da barragem no lugar. Ao terminarem, ele acenou
freneticamente para os homens do outro lado do porto.

A maré começou a balançar a barreira para longe do


dique. Então, os soldados do outro lado abriram o
enorme molinete dali e começaram a arrastar a
barragem para abri-la ainda mais rápido. Conforme abria,
seus homens já seguravam o cabo pesado que eles
usassem para trazer as toras de volta no lugar
novamente. Como o deixaram para fora, ele afundou,
não impedindo o navio que se aproximava.
O assistente de comandante olhou para a abertura da
barreira para ver que o comerciante tinha apenas vinte
ou trinta metros de distância e agora com um propósito
remando muito mais e coordenado. Mas em vez de ir
direto para o porto, o navio estava se dirigindo para o
dique onde ele estava.

E, de repente, uma dúvida terrível o assaltou. O


comerciante estava sob ataque do pirata negro e seus
consortes. Isso era óbvio, os corpos dos mortos no
convés e as setas ao longo do casco. Eles devem ter
lutado durante um quarto - talvez uma centena- de
metros ou menos. Então, como ele teria conseguido
escapar? E como ele tinha conseguido uma liderança tão
grande em cima do navio negro?

Ele correu para frente quando percebeu o que estava


acontecendo, gesticulando para as suas tropas ao
homem do molinete deste lado da boca do porto que
traria a barreira fechada novamente.

— Fechem a barragem! Fechem a barragem! É um


truque! — O comandante assistente gritou, a voz
embargada com a tensão do momento. Mas já era tarde
demais.

O navio de comércio já estava apontando, dobrando em


direção à abertura do porto. Ele correu ao lado da parede
de pedra como se fosse estilhaçar e, de repente, homens
fervilhavam de seus decks - muito mais do que um navio
poderia ter em sua equipe. Ele também observou que os
esparramados marinheiros aparentemente mortos que
estavam a bordo, tinham vindo à vida como se por
alguma magia negra e, de armas na mão, foram
escalando o dique, dando gritos de guerra e fazendo
ameaças.
Ele sacou a espada e correu para tentar empurrá-los de
volta. Já os seus homens, apanhados de surpresa,
estavam caindo. Alguns conseguiram juntar forças e
montar uma defesa. Mas eles eram lamentavelmente
poucos.

Ele viu um homem alto, moreno pendurado para trás e


gritando ordens para os piratas e mudou de direção, indo
para ele. Se pudesse matar seu líder, a cidade poderia
ter uma chance. Pelo canto do olho, podia ver o navio
preto se aproximando mais perto da boca do porto
aberto. Teria que agir rapidamente, percebeu.

O líder dos piratas estava de costas e ele puxou sua


espada para atacar.

Alguns segundos antes do Viper colidir com a lateral do


muro do porto, Zavac abriu a escotilha de carga e gritou
para os homens agachados lá embaixo.

— Vamos lá!

Houve um rugido como resposta dos vinte homens


escondidos abaixo do convés que saíram de seu
esconderijo, seguindo-o enquanto ele corria para a proa
para lutar em terra. Dois de seus homens, detalhados
para o trabalho, pularam do navio e o atracaram a um
anel de amarração situado na parede do porto.

Quando ele chegou ao cais, Zavac ficou de lado e deixou


a primeira onda de homens atrás dele passar. Gritando e
urrando, eles caíram sobre os membros da guarnição
desorganizados, alguns dos quais tinham começado a
tentar operar o guincho gigante e fechar a barreira
novamente. Zavac desembainhou sua longa e curva
espada, e apontou para frente.
— Parem eles! — Ele gritou, e meia dúzia de seus
homens inclinados para fora em direção ao molinete,
cortavam os membros da guarnição antes que eles
tivessem a oportunidade de se defender. Ele acenava o
resto para frente, onde um pequeno grupo de defensores
estavam juntos, tentando desesperadamente conter a
onda de piratas que enxameava ao longo do cais.

— Mate-os! — Ele gritou. — Mate todos eles!

Ele olhou por cima do ombro. O Corvo estava quase na


boca do porto. Como tinha sido instruído, Andras
garantiria seu lado mais distante do cais de dentro do
porto e enviaria o resto dos homens do Corvo para a
terra numa corrida. Uma vez que a guarnição da torre
tivesse sido eliminada, Zavac e seus homens teriam, de
cabeça para baixo, o dique a se juntar a eles.

Stingray, o navio verde escuro tinha sido recrutado no


ponto de encontro Magyaran, fora da costa,
desembarcaria seus homens em poucos minutos e
qualquer resistência adicional dos Limmatans seria inútil.

Ele respirou fundo para gritar outra ordem, então sentiu


um movimento atrás dele. Instintivamente, abaixou-se e
sentiu o assobio de uma lâmina de espada passar perto,
logo acima de sua cabeça. Sem olhar, girou sobre seu pé
direito e empurrou violentamente a lâmina longa e curva
com a mão. Sentiu uma resistência momentânea, pausa,
em seguida, penetrar.

Só agora, ele olhou, e viu a sua espada no fundo da


barriga de um dos oficiais da guarnição, a julgar por suas
roupas e armaduras. A estocada de Zavac tinha parado
logo abaixo do peitoral altamente polido que o homem
usava. Os olhos do policial estavam totalmente abertos
com o choque. Sua boca se abriu, movendo-se
silenciosamente. Então, suas pernas vacilaram e ele caiu
de lado, apoiado por um momento pela lâmina de Zavac,
no fundo de seu corpo, em seguida, caindo, conforme o
pirata arrancou-a, deixando-o livre.

— Má sorte — Zavac sorriu para ele. — Quase me pegou.

Então o sorriso desapareceu, e uma raiva negra veio


sobre ele, dirigida a este cidade pequena, que tinha
quase acabado com a vida de Zavac, com um golpe de
sorte de sua lâmina.

Ele colocou o pé no o soldado caído e o rolou para a


borda do cais e para dentro das águas do porto.

Capítulo dezessete

O cervo entrou delicadamente na clareira, fez uma


pausa, em seguida, avançou alguns passos para uma
moita de capim grosso, exuberante. Parou, girou a
cabeça, orelhas levantadas para o menor ruído, narinas
contraídas para detectar qualquer cheiro estranho, dado
a ele pela brisa leve.

Mas Lydia estava a favor do vento e nenhum traço do seu


cheiro atingiu o animal. Ele abaixou a cabeça para a
grama, começou a pastar, e de repente levantou
novamente e correu, em busca das árvores que
circundam a clareira à direita do local onde Lydia ficou de
pé, imóvel, à sombra de uma árvore.
O veado estava em excelentes condições, roliço e
disposto, olhando. Ele tinha, obviamente, se alimentado
bem, desde a melhora do tempo ao longo das últimas
semanas. Estava meio crescido e Lydia adivinhou que
esta era sua primeira temporada longe de sua mãe. Sua
carne seria suave e deliciosa, ela pensou, não dura e
fibrosa como a de um adulto maduro. E ela sabia que seu
avô gostaria de receber a adição de vinte quilos de carne
de cervo nobre para a sua despensa. As coisas tinham
sido difíceis para ele, pois havia perdido seu pequeno
navio de piratas duas temporadas passadas e com ele
seu filho e sua filha adotiva.

Ele contava, agora, com suas magras economias, e tudo


o que ele conseguia ganhar fazendo biscates no estaleiro
em Limmat. Sua esposa estava morta há muitos anos e o
ponto brilhante em sua vida era Lydia. Embora,
paradoxalmente, enquanto ele estimava sua companhia,
sentiu a responsabilidade por seu bem-estar como um
fardo.

Nas últimas temporadas, Lydia havia contribuído para a


despensa e renda familiar com carne fresca, que ela
trazia. Ela era uma perita caçadora e foi capaz de
fornecer carne para sua própria mesa, bem como extra
para vender para os fornecedores no mercado. Coelhos
lebres e aves de caça, todos vendidos bem. Mas o mais
popular de todos entre os cidadãos de Limmat era o
veado, particularmente carne macia de um jovem cervo
como a que estava a vinte e cinco metros de distância.
Ela manteria os cortes de escolha e venderia o resto, ela
decidiu.

Ela sorriu ironicamente. Primeiro matar o veado, pensou,


então você pode contar o dinheiro que vai fazer
vendendo-o.
Lydia estava com dezesseis anos. Ela era um pouco mais
alta do que outras meninas de sua idade, possivelmente
por causa de anos de atividade e exercício na floresta.
Ela poderia correr mais que a maioria dos garotos da
cidade e era uma perseguidora muito melhor do que
qualquer um deles. Era magra, com longas, mas bem
musculosas pernas, e ombros levemente mais amplos do
que a maioria das meninas - de novo, provavelmente o
resultado de uma vida de exercício.

Dezesseis anos de idade, as meninas tendiam, em


Limmat, a enfeitar e alisar e proteger a suavidade de
suas mãos delicadas e as características, protegendo-os
do sol e dos rigores do trabalho duro. Lydia teve pouco
tempo para isso. Ela se divertia com a liberdade dos
montes de madeira e roças. Ela estava bronzeada e em
forma, e se movia com a mesma graça e economia de
movimentos que os animais que caçavam.

Seu cabelo e características eram o desespero de outras


meninas. Enquanto elas passavam horas diante de seus
espelhos, penteando, provando e aplicando loções e
óleos perfumados, ela simplesmente escova seus
brilhantes e negros cabelos e amarrava-os com uma fita
preta. E enquanto elas sentiam necessidade de aplicar
sombreamento e coloração em torno de seus olhos, os
dela eram castanhos claros e um pouco inclinados. Seu
avô, muitas vezes pensou que em algum lugar, em sua
ancestralidade distante, um incursor Temujai tinha
deixado nela, aqueles olhos. Suas maçãs do rosto eram
altas - outra indicação de um Temujai de tempos atrás - e
sua pele era imaculada.

De todo, ela era uma garota muito bela, embora fosse


totalmente inconsciente do fato. Seu avô, Tomas, muitas
vezes disse isso a ela, é claro. Mas ela deu de ombros
modestamente. Todos os avós achavam que suas netas
eram lindas. Ou, pelo menos, disseram-lhe assim.

O veado, seus medos dissipados para o momento, baixou


a cabeça para a grama e começou a pastar a sério.
Movendo-se com cuidado infinito, Lydia equipou o dardo,
que ela estava carregando em sua atlatl1, à vara que
deu força extra e velocidade para sua lança.

Ela havia escolhido o atlatl e seus dardos, longas setas


parecidas com flechas, como sua arma de caça, após
longa consideração. A maioria dos garotos da Limmat
usavam arcos. Mas os meninos tendem a ser mais
pesados e com músculos mais construídos, e Lydia não
poderia igualar sua força. Assim, um arco, com um
pesado desenho, estava além de suas capacidades. Ela
poderia, é claro, optar por um arco de baixa potência,
mas de alguma forma a idéia de usar uma arma inferior
não recorreu.

Em vez disso, ela escolheu o atlatl, uma arma que


poderia reforçar sua própria capacidade natural para
lançar um projétil.

Uma vez que tinha escolhido a arma, começou a dominá-


la com sua habitual e simples mentalidade objetiva,
praticando por horas e horas até que ela pudesse lançar
um dardo com a mão, com precisão e uma força
surpreendente. A vara de lançamento tinha cerca de
quarenta centímetros de comprimento. Um pequeno
esporão em forma 1 Atlatl – é uma vara com um gancho
na ponta utilizado para aumentar a alavancagem ao
atirar uma lança.

de gancho numa extremidade, encaixada num entalhe


correspondente na parte de trás do dardo. Quando ela
lançou o dardo, o atlatl atuou como uma alavanca,
multiplicando a força do arremesso muitas vezes.

Os dardos tinham sessenta centímetros de comprimento,


com penas passando no final, como de uma flecha, mas
ligeiramente deslocadas para fazê-los girar em voo.

As pontas eram como navalha afiada de ferro, uma vez


mais como a de uma flecha.

Ela tinha dez dardos desses na aljava, em suas costas,


que foi preenchido com pele de carneiro que segurava os
dardos firmemente no lugar, para não chocalhar e
sinalizar sua posição à sua presa. Quando estava
caçando, ela sempre trazia um décimo primeiro dardo
em sua mão esquerda, evitando a necessidade de
movimentos desnecessários, com o seu potencial para
ruído, ao retirar um dardo da aljava.

Ela saiu, suavemente, de trás da árvore. Velocidade era


essencial agora, quando o cervo, provavelmente, sentiria
qualquer movimento. Com calma e destreza, levantou
seu braço direito e o inclinou para trás, o cervo levantou
a cabeça.

Ela viu os músculos de suas ancas se retraírem, e se


prepararem para saltar longe, então ela trouxe o atlatl a
frente, acelerando suavemente quando jogou, e
calculando os graus, colocou seu peso para trás.

Ela poderia acertar um coelho a sessenta metros. Um


cervo meio crescido á vinte e cinco era brincadeira de
criança. O dardo atravessou a clareira e, até mesmo
quando o veado começou a virar e fugir, o projétil bateu
em seu lado esquerdo, por detrás e acima da pata
dianteira, e penetrou seu coração, matando-o
instantaneamente.
As pernas do cervo dobraram e ele desabou no gramado.

Lydia já estava a poucos passos de atravessar a clareira


em que ele caiu. Ela sabia, quando lançou o dardo, que
era um bom lançamento. O veado estava do seu lado, os
olhos abertos, mas sem ver. Uma perna tremeu
violentamente em uma reação nervosa, mas ela sabia
que já estava morto quando se ajoelhou ao lado dele.

— Sinto muito — disse ela. Era a reação automática de


um caçador de verdade.

Ela havia matado o cervo por sua carne, não para o


chamado esporte, e, de forma alguma, não por prazer
sádico. Lamentou que o veado tivesse de morrer, mas,
ao mesmo tempo, reconheceu a necessidade.

Ela cuidadosamente retirou o dardo de um lado do cervo.


A pequena quantidade de sangue que escorria do
ferimento mostrou que o coração parou de bombear. Ela
enxugou o eixo limpo com um punhado de grama, então
colocou o dardo em sua aljava. Colocando a atlatl para
um lado, ela estendeu a mão para a pequena faca de
esfolamento que pendia do lado direito de seu cinto.
Estava equilibrando, do lado esquerdo, um longo punhal
de lâmina pesada. Se o animal não tivesse sido morto,
ela teria usado isso para um corte rápido e
misericordioso através da garganta.

Ela revirou o cervo em suas costas e se preparou para


fazer a primeira incisão cuidadosa, antes de estripá-lo.

Então ela parou, farejando o ar.

Ela podia sentir o cheiro de fumaça. Essa nunca foi uma


sensação bem-vinda quando alguém estava no meio da
floresta, entre milhares de pinheiros, que iriam incendiar-
se, iguais a muitas tochas caso um incêndio se
alastrasse. Nervosa, ela examinou as árvores ao seu
redor. Não havia nenhum sinal de incêndio, mas o cheiro
estava mais forte agora e o vento estava vindo da
direção da própria cidade, Limmat.

Franzindo a testa, levantou-se, deslizando o atlatl na


bainha ao lado da faca de esfolar, e deixou a carcaça do
cervo onde estava, dando passos longos até uma
pequena inclinação para a esquerda, para um cume que
ela sabia que levantaram para limpar o terreno, com
vista para a cidade abaixo.

Agora ela podia ver uma coluna de fumaça subindo além


das árvores. O fogo, definitivamente, vinha da cidade. E
agora havia algo mais. Fraco, quase inaudível, mas a
brisa carregava com ela. Vozes. Vozes gritando.

Bem, gritando era lógico, se houvesse um incêndio, ela


pensou. E a partir da densidade crescente da coluna de
fumaça, definitivamente havia um incêndio. Então, ela
ouviu vozes em uma nota mais alta. Havia pessoas
gritando. Mulheres gritando.

Ela ficou no topo da colina e olhou para baixo. Abaixo, na


queda acentuada, a cidade de Limmat, com o seu porto e
sua paliçada, espalhados abaixo dela. O fogo chamou sua
atenção em primeiro lugar. Concentrou-se na construção
da guarnição sobre a extremidade interna do cais. O
edifício estava queimando ferozmente, e vários edifícios
menores perto de casas e lojas, pegou fogo também.
Fumaça e chamas saindo deles.

Mas ninguém parecia estar tentando manter o fogo sobre


controle. Quando ela olhou, viu homens correndo ao
longo do cais, espalhando-se para as ruas que levavam
ao interior da cidade. Ela viu a luz solar piscar em armas
e seu coração sacudiu com medo. O povo de Limmat
viveu com a preocupação de que o segredo da mina de
esmeralda, fora da paliçada, em face do cume que subia,
abruptamente, por trás da cidade, um dia seria
descoberto. Quando esse dia chegasse, os invasores e
piratas não estariam longe dele.

E parecia que o dia havia, de fato, chegado.

Lançando seu olhar mais amplo, ela viu um navio


estrangeiro no porto – um comprido e esguio navio negro
que fora amarrado ao cais interior. Olhando para trás,
para as torres de vigia e da barreira, ela avistou um
pequeno navio, ancorado no ponto onde a barreira deve
fechar. E outro navio de guerra, este um verde escuro, foi
encalhado no final do interior do porto.

— Piratas — ela murmurou para si mesma. Então, de


repente, com medo, ela olhou para a parte da cidade
onde a casa de seu avô se levantou. Por um momento,
ela não conseguiu ver nada. As ruas estreitas restringiam
sua visão do que estava acontecendo. Então ela
percebeu figuras correndo e viu as armas subindo e
descendo.

Os invasores chegaram à parte da cidade onde ela


morava. Vários pequenos incêndios começaram a surgir.
Um deles parecia estar ameaçadoramente perto da rua
onde a casa de Tomas estava. Mas ela não podia ter
certeza. Sob esse ângulo, as ruas eram estreitas demais
e muito misturadas.

Uma coisa que ela sabia. Se os atacantes tinham


penetrado tão longe para dentro da cidade, seu avô seria
um dos primeiros a correr para a rua para tentar levá-
los de volta. Mas ele era um homem mais velho agora, e
a velocidade e o poder que ele tinha gostado, de anos
atrás, haviam o deixado. Ele seria páreo para um pirata
jovem, em forma, sanguinário e enlouquecido?

Ela tinha que descer do cume e ajudá-lo.

Ela hesitou. A queda diretamente diante dela era muito


íngreme para negociar.

Havia uma trilha de corrida até a cidade, sinuosa para


frente e para trás, descendo a colina íngreme. Mas ficava
a várias centenas de metros de distância, para o leste.

Não havia tempo a perder. Ela partiu, em direção ao


longo do cume, seus longos passos, devorando a
distância até o ponto em que o caminho começou o seu
percurso descendente. O início da trilha era uma porta de
entrada sombria entre as árvores e ela mal notou o ritmo
quando mergulhou e começou o caminho longo e torcido,
para baixo.

Ela tropeçou uma vez, mal conseguindo parar de cair e


acabar, com força, contra um pinheiro. Percebeu que
muita velocidade era contraproducente. Se caísse e se
ferisse no caminho, seria inútil para seu avô. Ela diminuiu
o ritmo para uma corrida, escoriações na necessidade,
mas sabendo que isso devia ser feito.

Galhos chicoteavam em seu rosto, enquanto ela


continuava descendo. Em alguns lugares, o caminho era
pouco maior que os ombros e cipós e trepadeiras
cresciam em toda parte, agarrando-a e tentando retardar
sua descida. Mas ela forçava seu caminho, na sua mente
vinha a horrível visão de seu avô afundando lentamente
de joelhos sob a espada de um pirata, o sangue jorrando
entre seus dedos enquanto tentava fechar uma grande
ferida em seu corpo.

Pare, ela disse para si mesma. Esse tipo de pensamento


não vai ajudar Tomas.

Ela acelerou novamente. Caiu, rolou, levantou-se,


continuou, a imagem ainda terrivelmente clara em sua
mente.

No fim, o caminho foi se ampliando e a inclinação foi


diminuindo. Ela entrou na clareira, no pé do morro e fez
uma pausa para poder se orientar.

A paliçada estava diretamente à sua frente. À sua direita,


a cerca de 300 metros de distância, havia um portão
secundário. O portão principal, que levava à praia, era
mais longe. Mas foi na direção da casa de Tomas. Então,
depois de um momento de hesitação, ela virou à
esquerda e começou a correr novamente.

O barulho de luta dentro da cidade era muito mais alto


agora, intercalados com gritos que só poderia ter vindo
de mulheres. Ela aumentou seu passo.

Então, por trás dela, ouviu-se um grito.

Ela se virou. Havia um grupo de meia dúzia de homens


correndo em sua direção. Ela teve tempo de registrar as
bandanas em volta da cabeça, as botas pesadas e as
espadas curvas e pequenas, escudos de metal redondos.

Magyarans, pensou. Piratas. E eles a tinha visto. Ela


começou a correr novamente, cegamente, sem nenhuma
idéia de onde ela poderia ir para escapar. Os piratas
foram atrás dela. E havia mais deles na cidade à frente.
Algo bateu violentamente no chão ao lado dela. Era uma
lança, atirada por um dos homens atrás dela. Eles
tinham, obviamente, conseguido quando ela olhou para
trás, diminuindo seu ritmo. Por um momento, ela brincou
com a ideia de parar e enviar de três a quatro eixos atlatl
arremessado para eles. Mas, três ou quatro dardos não
iriam parar todos eles. E ela seria oprimida e levada.

Os gritos redobraram e ela aumentou seu ritmo,


tentando afastar-se de seus perseguidores. Mas um
rápido olhar para a sua direita disse a ela que não
estavam gritando para ela, mas para os seus
companheiros, na paliçada em torno da cidade. Ela pôde
ver cabeças e ombros lá, e armas sendo brandidas.

Então algo serpenteou sobre a parede e caiu no chão.


Uma corda.

Quase imediatamente, um dos piratas, sobre a paliçada,


passou erguendo-se sobre a borda e iniciou o esforço
para descer a corda para terreno externo. Seguido de
outro, e um terceiro. Eles eram marinheiros treinados e
se moviam descendo a corda habilmente, correndo em
direção a ela e soltando-a assim que seus pés tocavam o
chão.

Ela virou para a esquerda, com o coração batendo forte,


sua mente correndo.

Ela não tinha ideia para onde ir, como escapar. Todo o
pensamento de chegar à casa de seu avô tinha ido
embora agora. Ela estava irremediavelmente se
desviando daquela direção.

Ela mergulhou nas árvores novamente e, forçando a


mente para funcionar, percebeu que estava indo para um
riacho estreito cerca de cinquenta metros à sua frente.
Iria efetivamente barrar o seu caminho, deixando-a como
uma presa fácil para os homens a perseguirem.

A menos!

Ela lembrou que Benji, um rapaz com quem ela teve um


pequeno romance, às vezes, deixava seu barco de pesca
atracado sobre uma pequena praia em algum lugar ao
longo deste riacho.

Mas onde? Onde estava ela agora, e onde ficava a


pequena praia de areia em relação à sua posição atual?
Ela não tinha certeza, mas o seu senso inato de direção e
instinto caçador disse a ela para a direita. Ela inclinou
para esse lado, esperando, além de toda a esperança, de
que o barco estaria lá. O riacho estava, de repente, à sua
frente, e ela foi novamente à direita, andando em
paralelo com seus bancos. Atrás, ela ouviu gritos e o som
de corpos pesados caindo através da vegetação rasteira.

Soluçando agora com esforço, e dobrando com uma


pontada agonizante em seu lado, ela andou cegamente
ao longo da margem do riacho, seus olhos procurando os
arbustos e árvores à sua frente.

Ele estava lá!

Um esquife pequeno, apenas três metros e meio de


comprimento. Mas fortemente construído de tábuas de
pinho. Foi posto bem fora da água, por cima do ponto em
que a maré alta poderia alcançar. Seu coração se apertou
quando viu a distância que teria que movê-lo para
colocá-lo na água.

Ela cambaleou ofegante para a praia e se atirou no


barco, empurrando e levantando com toda a sua força
para movê-lo. Ela poderia muito bem ter tentado mover
uma árvore. O barco permaneceu imóvel.

Então ela percebeu que deveria puxá-lo para a água


levantando a popa bruscamente, limpando a areia para
que ele se movesse. Ela correu para o outro lado,
agarrou, levantou e puxou. O barco deslizou meio metro
antes dela ser forçada a deixá-lo cair.

Mais uma vez, ela levantou e soltou, desta vez mantendo


o esforço até que o barco tinha movido um metro inteiro
e meio antes dela ter que soltá-lo mais uma vez.

As vozes e o som de pés correndo estavam mais perto


agora. O terror deu-lhe a força extra. Soluçando com
esforço e medo, ela levantou e soltou, cambaleando
quatro passos, cinco, seis, com o barco a correr atrás
dela, movendo-se mais facilmente quando ela chegou a
areia firme abaixo da linha da maré.

Suor corria em seus olhos, ardendo e cegando-a. Ajustou


o barco. Levantou e soltou novamente, sentiu a água em
torno de seus tornozelos e percebeu que tinha chegado
ao riacho. Agora, o barco começou a deslizar mais
facilmente e a água levou o peso dela. Ela deslizou para
dentro do riacho, com água nos joelhos, quando o
primeiro dos piratas veio tropeçando por entre as
árvores, menos de 10 metros de distância. Ele a viu e
parou, voltando-se para gritar para os companheiros.

— Por aqui! Por aqui! Eu o encontrei!

Ela entendeu devidamente que, vestida como estava, em


um gibão de camurça, calças justas e caneleiras
trançadas, a tinham tomado por um menino. Não que
isso importasse. O que importava era fugir. A ação do
pirata, fazendo uma pausa para chamar seus
companheiros, foi o que a salvou. Se ele tivesse
simplesmente corrido atrás dela, teria pegado ela antes
que chegasse a águas mais profundas. Mas agora o
barco estava bem e verdadeiramente à tona e ela saltou
para dentro dele.

Havia dois remos deitados no fundo do barco. Ela se


atrapalhou para ajeitá-los nos toletes e manter o barco
em movimento. Mas ela estava exausta e eles eram
pesados e de difícil controle. E agora o pirata percebeu
seu erro. Ele mergulhou da margem para a areia e correu
atrás dela. Ela levantou os remos, procurou seu curso
com eles e caranguejou o barco para o lado. Em seguida,
ele foi com água até a cintura e quase até ela. A água
mais profunda desacelerou-o, e por um momento, ela
pensou que ela havia fugido. Então ele agarrou a popa, o
barco parou de se mover.

Ela desviou um dos remos e apontou para ele, visando a


mão que segurava a popa. Ele gritou de dor, liberando o
barco. Mas em seguida, pegou o remo e começou a puxá-
la, como um pescador que bobina um peixe. Ela levantou
novamente o remo, tentando arrancá-lo de suas mãos.

Por um segundo ou dois, eles lutaram pela posse. Ele era


mais forte do que ela e não tinha corrido montanha
abaixo antes deles começarem sua disputa mortal.

Aos poucos, ele foi ganhando a competição,


transportando o barco de volta para águas mais rasas.
Em desespero, ela lançou suas forças sobre o remo,
dando um último empurrão contra ele.

Surpreso, ele cambaleou para trás e caiu, ficando


completamente submerso sob o impulso de seu
empurrão final, o barco deslizou para longe em águas
profundas. O

pirata voltou para a superfície, pragejando e cuspindo, e


viu que o barco estava agora dezenas de metros de
distância. Seus companheiros surgiam das árvores agora
e gritavam ameaças atrás dela acenando armas para o
ar. Ela ficou aliviada ao ver que não tinha armas de
projétil. Nenhum arco, ou lanças de arremesso.

Mas ela tinha.

Rapidamente, ela tirou um dardo da aljava, levou o atlatl


de sua bainha em seu cinto, e montou os dois juntos.

Ela mirou rápidamente para o homem que quase a


pegou, então lançou. Seus companheiros foram
surpreendidos quando ele gritou e jogou os braços para
cima, em seguida, caiu para trás de novo na água, indo
abaixo da superfície mais uma vez.

Quando ele reapareceu, eles viram o dardo enterrado em


seu peito, e a bandeira de sangue vermelho se afastando
na água.

Em pânico, eles voltaram e aos tropeções saíram da


água, empurrando uns aos outros de lado enquanto se
esforçavam para colocar distância entre si e a figura do
esquife.

Mas Lydia não estava interessada em atirar mais dardos


neles. Ela entrou em colapso na parte inferior do barco.
Tardiamente, ela percebeu que tinha apenas um remo.
Ela empurrou-o desajeitadamente sobre o lado do barco,
usando-o como uma pá. Era pesado e complicado e o
barco respondeu lentamente a seus esforços. Mas ele
começou a caranguejar lentamente a jusante. A maré
estava vazante, e depois de um minuto ou mais, o barco
foi pego por ele, movendo-se com velocidade crescente
em direção à baía, então Lydia continuou inábil, remando
ineficazmente. Ela estava exausta, física e mentalmente,
mas os homens que a tinham perseguido agora estavam
fora da vista conforme o barco passava por uma curva.
Devidamente, ela percebeu que a maré iria levá-la para
fora do riacho, para a baía, e depois para fora da baía,
para o oceano.

O que seria dela então, não tinha idéia. Mas trouxe o


remo a bordo e ele caiu, sacudindo, no assoalho do
barco.

Ela se preocuparia em obter de volta mais tarde. Por


enquanto, ela tinha que ir embora.

Capítulo dezoito

Skegall era uma pequena vila de pescadores, a meio dia


de navegação ao sul de Baía do Abrigo. Com o vento em
seu bombordo, Hal estabeleceu a rota do Garça Real ao
longo da costa. Como tinham decidido quando testaram,
a barbatana nova lhes permitiu fortalecer a vela, com
muito menos inclinação, eo barco moveu-se
sensivelmente mais rápido.

Stig estava estudando o gráfico por vários minutos. Ele


emergiu sob o abrigo pequeno de tela e se moveu para
ficar ao lado de Hal. Por alguns minutos, ele observou o
movimento do navio, varrendo a superfície das ondas
que rolaram num constante desde o oeste, e depois
deslizando para baixo, do outro lado, para cortar a água
verde e espalhar gotículas para o alto, de cada lado da
proa. A tripulação, sem nada para fazer no momento,
deitaram nos bancos de remo, aproveitando o sol.

Apenas Ulf e Wulf permaneceram alertas, no caso de


haver uma necessidade inesperada para ajustar a vela.
Stig inclinou a cabeça para eles.

— Esses dois estão se comportando — disse ele.

Hal assentiu. — Eles ainda brigam como cão e gato,


quando estamos em terra

— disse ele. — Mas nenhum deles quer perder sua


posição como um aparador de vela.

Depois do timoneiro, aparadores de vela gozavam de


prestígio considerável a bordo de um navio viking e
nenhum dos gêmeos estava disposto a renunciar a ele.

Eles estavam orgulhosos de sua capacidade instintiva, e


eles estavam cientes pela antiga experiência que Hal
cumpriria se fizesse uma ameaça. Então, se eles
brigavam enquanto o Garça Real estava a caminho, eles
sabiam que pelo menos um deles seria imediatamente
rebaixado e atribuído a outros deveres.

— Eu estava olhando para o mapa — disse Stig. —


Limmat é apenas mais um dia ao longo da costa, e é uma
cidade muito maior do que Skegall. De acordo com as
notas de navegação, Skegall é pouco mais que uma vila.

— É por isso que eu o escolhi — disse Hal. — Eu não


quero anunciar a nossa presença no caso do Corvo estar
em algum lugar na área. Quanto mais as pessoas nos
verem, mais as línguas vão comentar sobre isso.
Stig considerado o fato, com o rosto pensativo. —
Verdade. Mas há um mercado maior em Limmat.

— Um pequeno mercado irá atender às nossas


necessidades — disse Hal. —

Nós não queremos nada de exótico. Edvin quer alguns


grampos, como farinha, sal e café. E eu preciso de corda,
ferro, pregos e madeira.

— E um colete de pele de carneiro novo e agradável para


Thorn — disse uma voz do lado da caixa de quilha, onde
o lobo do mar de um braço só parecia estar cochilando,
com os olhos fechados. Hal revirou os olhos para Stig.

— E um colete de pele de carneiro novo e agradável para


Thorn — repetiu ele.

Os olhos Thorn permaneceram fechados. — Apenas


tenha certeza que você não esquecerá.

— Como eu poderia? — Hal disse, em voz baixa.

— Ouvi isso. — Thorn falou.

Quando Skegall surgiu, Hal fez a tripulação baixar a vela


triangular.

— Nós vamos remar — disse ele. — Eu não sei se Zavac


já viu Garça Real sob vela. Mas se ele fez, não há sentido
em deixá-lo saber que estamos aqui.

Com o mesmo pensamento em mente, Hal teve Ingvar


cobrir a balestra gigante com uma lona, e amarrá-la para
baixo apertado.
Eles levaram o pequeno navio ao porto, os remos
subindo e descendo suavemente. O fato de que o vento
estava vindo da terra ajudou seu subterfúgio. O Garça
Real poderia fazer seu caminho em ziguezague, mas um
navio normal de vela quadrada iria remar. Como eles
vieram através da entrada do porto, Thorn puxou a
barbatana e guardou-a atrás do mastro. Em seguida, ele
deixou cair, sobre a caixa da quilha, uma das velas.

— Não há sentido em todo mundo saber tudo sobre nós


— comentou a Hal, que assentiu com a cabeça.

Os poucos espectadores assistiram com poco interesse


enquanto o pequeno navio encostava. Mas o Garça Real,
sem a sua vela triangular visível, não era nada fora do
comum. A tripulação se reuniu na proa enquanto Hal
deu-lhes suas atribuições.

— Ingvar, você vem comigo. Notei um estaleiro na orla


do porto quando entramos. Eles devem ter tudo o que
precisamos. Ulf, fique aqui e mantenha os olhos no
barco. Wulf, dê a Edvin uma mão na compra dos
alimentos. Stig, você e Thorn andem aoredor do
mercado. Vejam o que podem descobrir. Jesper, você e
Stefan façam o mesmo. Mantenham seus ouvidos
abertos para qualquer notícia sobre o Corvo. Mas não
tornem demasiado óbvio que estamos interessados. E
Jesper, não tente roubar nada, certo?

— Eu só peço emprestado. E sempre lhes devolvo —


Jesper protestou.

Hal se perguntou por um momento se ele realmente


queria ser skirl deste grupo.

Às vezes, ele pensou, manuseá-los era como pastorear


gatos.
— Então, isso valhe poupar problemas — disse ele. —
Nenhum empréstimo.

Um pensamento lhe ocorreu e ele olhou para Thorn.

— Thorn, talvez seja melhor se todos nós fingirmos que


você é o skirl. Se Zavac estiver na área e a notícia chegar
até ele sobre um navio capitaneado e tripulado por
meninos, ele pode simplesmente somar dois mais dois.

Thorn assentiu. — Boa ideia — disse ele. — Eu também


vou ficar de olho no mercado para uma pele de carneiro
agradável e cara.

Hal revirou os olhos. — Você faz isso — disse ele. Ele


percebeu que Ulf estava franzindo a testa para ele.

— Porque é que Wulf tem que ir com Edvin e eu tenho


que ficar aqui? — Ulf reclamou.

Hal olhou firmemente por alguns segundos, sabendo que


Ulf já sabia a resposta.

Então, ele respondeu: — Porque nós não estamos no mar


e se eu deixar você e Wulf juntos, vocês vão brigar.

— Não, nós não vamos — disse Ulf.

— Sim, nós vamos — respondeu Wulf instantaneamente.


Quando seu irmão respirou fundo pela resposta, Hal
levantou uma mão.

— Vê? Já está começando.

Ulf fez beicinho, em seguida, tentou mais uma vez. — Eu


quero comprar algo no mercado. Eu estou com fome.
Hal suspirou. Ele olhou de um gêmeo para o outro. Eles
realmente eram impossíveis de distinguir, pensou ele.

— Olha, eu não me importo qual de vocês fica e qual vai.


Atire uma moeda para decidir.

— Eu não tenho uma moeda — Ulf respondeu.

Hal estendeu as mãos. — Então, como você ia comprar


alguma coisa no mercado? Problema resolvido.

Na verdade, Thorn era o único entre eles que tinha


dinheiro. Ele rapidamente distribuiu umas poucas coroas
para cada um dos meninos, dando extra para Edvin e
Hal, que teriam que comprar suprimentos.

— Jesper — disse Hal, — Encontre uma barraca de


comida e consiga uma torta ou uma salsicha para Ulf.
Compre. Não roube — acrescentou. Jesper pareceu
ofendido, mas não disse nada. Na verdade, ele tinha
planejado "liberar" uma torta para Ulf e poupar algum
dinheiro. Ele não considerou que pegar comida seria
estar roubando. Todo mundo faz isso, pensou ele. Ele só
fazia isso melhor do que a maioria.

— Tudo bem — disse Hal. — Vamos nos dividir e nos


encontrar aqui em uma hora.

Quando saiu, ele e Ingvar demoraram um pouco mais do


que uma hora para conseguir o que precisavam. O
estaleiro foi capaz de suprí-los com madeira, pregos e
cordas. Mas eles não acham os lingotes de ferro
pequenos que Hal queria. Dirigiram-seu a forja de
ferreiro, do outro lado da vila, onde compraram um bom
suprimento.
Os outros estavam todos à espera quando eles voltaram,
Ingvar carregando os itens mais pesados. A tripulação
estava sentada, em um círculo, na praia, comendo. Os
olhos de Ingvar brilharam quando viu um pacote
embrulhado em frente de Thorn.

— Trouxe-lhe uma torta — Thorn disse Hal, apontando


para o pacote. Hal assentiu com a cabeça em
agradecimento e afundou na areia, pegando o bolo ainda
quente. Ele percebeu que estava faminto.

— Você me dá um? — Ingvar perguntou. Seu rosto caiu


quando Thorn balançou a cabeça.

— Eu trouxe três para você — disse Thorn.

O rosto de Ingvar se iluminou. — Bem, isso vai servir


para uma boquinha antes do jantar — disse ele,
acrescentando, após uma pausa apreciável — Quando é
o jantar?

Stig olhou de soslaio para ele.

— Você ainda nem almoçou — disse ele — E já está


pensando em jantar?

Ingvar encolheu os ombros. — Eu sou um menino em


fase de crescimento —

ele respondeu.

Stig olhou para a estrutura, já maciça, do amigo com


algumas dúvidas. —

Esqueça o que eu disse — disse ele.


Hal engoliu o primeiro bocado enorme de torta que
estava mastigando e limpou a boca.

— Alguém descobriu alguma coisa? — Disse ele, olhando


em volta enquanto Edvin entrega-lhe uma caneca de
café quente. Ele pegou e bebeu um gole.

— Há um grande navio na área — Jesper respondeu. —


Um navio de guerra, as pessoas acham. Algum dos
barcos de pesca o avistou à distância.

— Nós ouvimos a mesma coisa — Thorn emendou —


Aparentemente, ele cruzou ao longo do horizonte um par
de dias atrás, então se virou e voltou para o mar.

— É o Corvo? — Hal perguntou ansiosamente. O


pensamento de que eles poderiam estar ao alcance de
suas presas pôs o seu pulso acelerado com apreensão e
excitação. Thorn e Jesper trocaram um olhar, para ver se
o outro tinha mais informações. Ambos encolheram os
ombros.

— Ninguém pode nos dizer — disse Thorn. — Ele estava


muito longe para verem os detalhes. Eles disseram que
ela tinha um casco de cor escura, mas qualquer navio na
distância parece ter um casco escuro.

— Os barcos de pesca não ficam rodeando para ver


melhor — disse Jesper. —

Uma vez que o avistaram, voltaram ao porto.

— Faz sentido, eu acho — disse Hal, pensativo, seu


entusiasmo anterior um pouco embotado. — Mas pode
ser o Corvo. Que outro grande navio poderia estart nesta
área?
— Bem, esse é o problema — respondeu Thorn. — Nós
simplesmente não sabemos. A partir da descrição, tal
como é, poderia ter sido o Corvo. Ou poderia ter sido
qualquer navio, mesmo um grande navio viking.

— O que um navio viking estaria fazendo aqui, no


extremo sul? — Hal perguntou, franzindo a testa. Thorn
deu de ombros. — Provavelmente nada. Eu só estou
dizendo, pode ser o Corvo. Ou talvez não. Poderia ser
qualquer coisa.

— Acho que sim — disse Hal, relutantemente encarando


os fatos. Foi frustrante ter tão pouca informação. De
certa forma, desejou não ter ouvido nada sobre o navio
estranho. Ele olhou para Edvin.

— Você conseguiu tudo o que precisa? — Perguntou ele.

O outro rapaz assentiu. — Até mesmo café extra. Parece


que estamos passando por isso as custas de uma taxa
prodigiosa. — Ele olhou acusadoramente para Thorn
quando disse isto, e o velho lobo do mar assumiu um ar
de inocência absoluta.

— Eu não sei o que quer dizer prodigiosa — disse ele, e


Edvin bufou em descrença.

— Tudo bem então — Disse Hal, chegando a uma


decisão. — Não há razão para ficarmos aqui por mais
tempo. Vamos voltar para Baía do Abrigo.

— Tem uma coisa — Thorn disse, levantando um dedo.


Hal olhou com curiosidade e ele continuou.

— Enquanto eu estava descobrindo tudo sobre este navio


estranho, aconteceu de eu ver esse agradável, colete de
pele de carneiro bastante caro no mercado.
Ele levantou uma pele de carneiro nova. Hal teve que
admitir que fosse de excelente qualidade, e bem feita.

— Eu decidi que deveria deixar você compra-lo para


mim. Eram dez coroas.

Ele estendeu a mão esquerda, palma para cima. Hal


balançou a cabeça, perplexo.

— Eu não tenho dez coroas — protestou ele. — Eu só


tenho dois e alguns tocados. E o dinheiro que me
devolveu mais cedo. — Enfiou a mão no bolso lateral de
seu gibão e apanhou as poucas moedas que ele havia lhe
devolvido.

— Thorn franziu os lábios, pensativo. — Entendo. Bem,


então, de-me esse.

Hal deu.

— Agora você me deve oito coroas. — Thorn mergulhou a


mão na pequeno bolsinha que ele mantem em seu cinto
e remexeu, produzindo o som de um punhado de
moedas. — Então vou lhe emprestar oito coroas. Aqui,
tome.

Hal fez isso, desconfiado de toda esta alta finança. Ele


percebeu que Thorn estava estalando os dedos,
impaciente.

— Você quer de volta agora? — Disse.

Thorn assentiu. — Você me deve para o colete. Entregue-


me.

Intrigado, Hal o fez, deixando cair as moedas na palma


da mão aberta de Thorn.
Thorn balançou a cabeça em satisfação e guardou-as em
sua bolsa.

— Agora nós estamos quites — disse ele. — Só que você


me deve dez coroas.

— Eu o que?

Thorn ergueu seu gancho para parar uma discussão mais


aprofundada.

— Lembra-se? Eu lhe emprestei oito coroas, e eu


também lhe emprestei as outras duas. Pelo hálito
fumegante de Gorlog, menino, foi apenas há alguns
minutos!

Então você me deve dez coroas que eu lhe emprestei


para comprar o colete para mim.

— Mas... — Hal olhou para os outros. Stig estava


igualmente confuso, ele podia ver. Ulf e Wulf pareciam
pensar que tudo era perfeitamente lógico. — Não teria
sido mais simples apenas dizer que eu lhe devo dez
coroas para o colete?

Thorn balançou a cabeça. — Não. Você pagou-me um


colete. Lembra-se? Eu apenas lhe emprestei o dinheiro
para fazê-lo. Agora você me deve o dinheiro que eu
apenas lhe emprestei para que você pudesse me pagar.

— Mas teria sido o mesmo resultado! — Hal protestou.

Thorn sorriu inocentemente para ele. — Talvez. Mas eu só


queria ter que te entregar algum dinheiro.

Hal coçou a cabeça, tentando entender o pensamento de


Thorn. Ele decidiu que era uma tarefa impossível.
— Está tudo bem para você se sairmos agora? — Disse
ele cedendo, e Thorn fez um gesto magnânimo, movendo
sua mão esquerda em direção ao mar aberto.

— Em todos os sentidos. Só não se esqueça de que você


me deve dez coroas.

Eles lançaram o Garça Real e remaram para fora do


porto. Alguns dos habitantes da cidade acenavam
enquanto remavam para fora através do quebra-mar.

Uma vez que eles estavam longe o suficiente da costa,


Hal ordenou que suspendessem os remos e Jesper e
Stefan levantaram a vela. O vento estava constante e
logo o pequeno navio estava se batendo sobre os
cilindros da entrada. Hal se deliciava com a sensação de
que o navio iria levantar sobre cada crista, em seguida,
voando para dentro e um vale de água crescendo atrás
dele, eo sentimento súbito de arrastar conforme um
pedaço da proa incide para dentro da água na base da
onda, diminuindo o barco momentaneamente até que o
vento enviado o faz subir a face da onda seguinte.

O sol estava muito baixo no horizonte, a oeste, e não


chegariam a Baía do Abrigo antes de escurecer. Ele fez
uma nota mental para ir menos de remos. A entrada para
a baía era estreita e ele não tinha planos de voar por ali,
à vela, no escuro. Mas no momento, a equipe poderia
relaxar.

Ele acenou Stig, na plataforma de direção e fez um gesto


para o leme.

— Você pode muito bem levá-lo — disse ele, e Stig


cumpriu com entusiasmo.
Verdade seja dita, Hal estava relutante em entregar o
controle do navio. Ele era seu e adorava dirigi–lo,
adorava a sensação de controle e resposta que lhe dava.
Mas Stig estaria no leme quando eles fossem para a
batalha, por isso fazia sentido para ele estar
completamente familiarizado com a sensação do navio.

E Stig era um bom timoneiro, ele teve que admitir.

Seu amigo pareceu sentir seu humor e sorriu


tranqüilizador para ele. — Não se preocupe. Eu vou
cuidar dele. Mas ele sabe quem é seu real mestre.

Hal assentiu e se sentou em um banquinho perto do


posto de comando. Eles continuaram num silêncio
amigável por alguns minutos. O resto da tripulação
estava relaxando nos bancos de remo. Thorn estava em
sua posição habitual, inclinando-se de costas contra a
caixa da quilha.

— Vela! Vela para o noroeste!

Foi Jesper que estava de vigia, na proa. Ele correu


agilmente para trás agora e escalou as mortalhas para a
posição de vigia no topo do mastro.

— É um grande navio. Vela fraudada. Vindo para cá.

Assim que ouviu a primeira chamada, Thorn ficou de pé


num salto e se juntou a Stig e Hal na plataforma de
comando. Sem qualquer necessidade de discuti-lo, Stig
entregou o leme para Hal.

— Será que nos viram? — Hal falou. Mesmo Jesper


estando no alto do mastro, eles poderiam reconhecer a
sua linguagem corporal incerta enquanto ele protegia os
olhos e tentava ver mais claramente.
— Não tem como saber — ele falou, depois de uma breve
pausa. — Mas não está vindo diretamente para nós e não
alterou o curso. Então, provavelmente não.

— Eles têm o pôr do sol por detrás — Thorn disse,


pensativo. — Estamos contra a massa escura da terra.
Provavelmente não nos viu ainda.

Hal concordou e chegou a uma decisão. — Tragam a vela


para baixo! — Ele ordenou. — Salte nelas! Stig, dê uma
mão!

Stig correu com Jesper abaixando as mortalhas. Os


gêmeos deixaram a vela voadora solta e Stig, Jesper e
Stefan trouxeram o mastro e vela para baixo. Sem a sua
grande forma de luz colorida para pegar os raios oblíquos
do sol, seriam quase invisíveis para o outro navio.

— Remos para fora! — Hal ordena. — Não se incomodem


arrumando a vela.

Faremos mais tarde!

A tripulação correu para os bancos de remo e colocou os


remos para fora. Stig assumiu o controle dos remadores.

— Em formação, todos. — ele ordenou, e eles baixaram


os remos, colocaram os pés e levantaram. O Garça Real
tinha vindo para uma parada após a vela ser baixada.
Agora ela começava a deslizar na água mais uma vez.

— Lá está! — Thorn disse, protegendo os olhos quando


ao olhar pra cima a estibordo. Hal seguiu a linha de seu
olhar e viu um pequeno retângulo de cor clara, apenas
elevando-se acima do horizonte - a vela de outro navio,
pegando os últimos raios do sol.
— É o Corvo? — Ele perguntou, mas Thorn estava
balançando a cabeça.

— Eu reconheceria esse navio em qualquer lugar — disse


ele. — É o Wolfwind.

— Wolfwind? O navio de Erak? — Disse Hal, com uma


mão de pânico apertando seu coração. — Você tem
certeza?

— Eu naveguei nele por vinte anos — disse Thorn. — É


ele, tudo bem. Eu me pergunto o que está fazendo por
estas bandas?

A expressão de Hal era sombria quando respondeu ao


seu amigo. — É óbvio, não é? Ela veio para nos levar de
volta.

— Então, o que vamos fazer? — Stig perguntou.

Hal hesitou, pensando. Se ele continuasse a dirigir para o


norte, de volta ao seu acampamento em Baía do Abrigo,
aumentaria a chance do Wolfwind vê-los. Havia
realmente apenas uma escolha. Ele tinha que chegar o
mais longe do outro navio possível. Ele se inclinou na
cana do leme, definindo o Garça Real em um curso longo
e curvo até que estava indo para longe do Wolfwind.

— Nós vamos para o sul — disse ele.

Capítulo dezenove
O sol se pôs e os Garças levantaram a vela novamente,
acelerando ao sul, longe do curso que o Wolfwind vinha
seguindo. Thorn, Stig e Hal estavam em um pequeno
grupo junto à cana do leme, lançando olhares ansiosos à
ré. Depois de uma hora, a lua voltara, lançando um
caminho de prata brilhante para baixo, no mar. Não havia
nenhum sinal de um navio seguindo-os.

— Eles não devem ter nos visto — Stig disse


esperançoso. Os outros não estavam tão certos, mas não
disseram nada. Hal tinha aprendido ao longo dos anos
que expressar suas esperanças, muitas vezes o levou a
tê-las frustradas. Depois de mais alguns minutos, Thorn
respondeu.

— Você pode estar certo. Estávamos em relativa


escuridão quando o avistamos.

E mesmo que eles tenha nos visto, e voltado depois de


nós, não há nenhuma chance de que pudessem segurar
este curso. Eles perderiam distância com o vento baixo.

Estamos indo para o sul e ele sopra em um curso


sudoeste.

O pensamento era reconfortante. Se os dois navios


navegaram nesses cursos divergentes desde as oito
horas de escuridão que permaneceram, de madrugada
devem encontrar o Garça Real sozinho no mar, sem
nenhum sinal de Wolfwind.

—A menos que eles estejam remando, é claro —


acrescentou Thorn, e estourou a bolha de esperança
deles.

Hal mexeu por alguns segundos, os dedos abrindo e


fechando no leme.
Finalmente, ele chegou à sua decisão, a única lógica
nessas circunstâncias.

— Nós vamos continuar — disse ele. — E vamos ver


como as coisas são ao raiar do dia.

Eles navegaram através da noite, permanecendo com as


mesmas amuras.

Depois de várias horas, o sentimento tenso no estômago


de Hal melhorou. Passou o leme para Stig, e se deitou no
seu saco de dormir para descansar. Stefan assumiu
tendo Jesper como vigia e o resto da equipe cochilaram
em suas comodações. Mas nenhum deles dormia
profundamente. Eles estavam todos muito conscientes
da presença de Wolfwind, em algum lugar lá fora, na
escuridão.

Ingvar estava acordado, sentado de costas para o


mastro, pernas esparramadas na frente dele. Um pouco
depois da meia-noite, ele viu Edvin livrar-se dos
cobertores, passar para o trilho e observar a popa.

— Vê alguma coisa? — Ele perguntou.

Edvin virou-se para ele. — Nada. Muito escuro lá fora.


Não posso ver além da popa do navio.

— Bem-vindo ao meu mundo — Ingvar respondeu com


um sorriso.

O sono iludiu Hal. Ele estava deitado no convés duro,


sentindo o movimento do Garça Real através de seu
corpo inteiro. Foi uma sensação calmante, e os rangidos
e gemidos do mastro e do aparelhamento foram amigos
familiares. Mas o pensamento de Wolfwind atrás deles, e
o sentido devastador de desespero, que sentiria se ele o
encontrasse e o forçasse a voltar para Hallasholm, pesou
em sua mente.

Esta viagem desesperada era a sua única chance de se


redimir. Tinha embarcado nela num impulso selvagem,
porque, na verdade, era sua única esperança para
qualquer tipo de vida futura. Se eles pudessem alcançar
o Corvo, e de alguma forma recuperar o Andomal
roubado, seriam capazes de retornar ao Hallasholm com
suas cabeças erguidas. Eles teriam expiado o terrível
crime que haviam cometido, ao permitir que Zavac
roubasse o artefato mais precioso da Skandia, em
primeiro lugar.

Mas se Wolfwind pegá-los agora e os forçar a voltar para


Hallasholm em desgraça, eles simplesmente empilhariam
uma falha em cima da outra. E nunca teriam outra
chance de acertar as coisas.

Zavac estava em algum lugar por perto. Hal podia sentir


isso. E essa seria a melhor oportunidade de encontrá-lo e
ter de volta o Andomal.

O que ele faria se Wolfwind os apanhasse? Eles não


podiam lutar com a tripulação de Erak. Ele sabia disso.
Eles eram Escandinavos. Eles eram conterrâneos.

Embora, ele pensou amargamente, não eram seus


compatriotas. Os escandinavos tinha deixado isso bem
claro toda a sua vida. Ele era um Araluen em seus olhos.
E num breve e maravilhoso momento, quando o
aceitaram como um dos seus, a maravilhosa sensação de
pertencer a algum lugar, que ele sempre procurou, tinha
sido abalada por Zavac - e seu próprio descuido. Se ao
menos não tivesse deixado seu posto, nada disso teria
acontecido. O Andomal ainda estaria a salvo em Skandia.
Seu curso foi apenas para iludir o Wolfwind - usar
qualidades de navegação superiores do Garça Real para
escapar dele. Mas o tempo que passou fazendo isso foi o
tempo que Zavac poderia estar escorregando para mais
e mais longe deles. Até agora, o clima predominante
ruim manteve o Corvo confinado a uma área
relativamente previsível, em algum lugar na costa
sudeste do Stormwhite. Mas agora o tempo estava
melhorando e ela podia desviar em qualquer direção, não
deixando nenhuma pista atrás dela, nenhum vestígio de
seu paradeiro.

Ele rolou e tentou relaxar os músculos tensos, esperando


que o ritmo constante de sobe e desce do navio o
acalmasse. Mas o pensamento amargo de fracasso
corroia sua mente e dissipou o calmante esquecimento
do sono, hora após hora.

— A alvorada está chegando.

O chamado macio de Stig entrou em sua consciência. Em


algum momento, ele deve ter finalmente conseguido
cochilar. Apesar de, tão logo se sentou, com olhos turvos
e espírito nebuloso, parecia que tinha sido a poucos
minutos atrás.

Ele levantou-se, esticou os membros rígidos e doloridos e


mudou-se para ficar ao lado Stig. Ele viu que os olhos do
amigo estavam avermelhados de cansaço.

— Você ficou de vigia toda a noite?

Stig encolheu os ombros. — Você precisava dormir.

Hal tocou no ombro de seu amigo em gratidão. — Não


faço muito isso —
admitiu.

Ele olhou para trás. Stig seguiu seu olhar. — Ainda está
muito escuro para ver qualquer coisa — disse ele. — Mas
estou com torcicolo de vigiar a noite toda.

Thorn estava encolhido perto da caixa de quilha, envolto


em sua pele de carneiro nova. O resto da tripulação
estava dormindo em suas estações de navegação, com
apenas Wulf acordado. Ele tinha assumido como vigia
algumas horas antes.

Hal disse a ele agora.

— Acorde-os, Wulf — disse, e o ajustador de vela


começou a se mover entre os seus companheiros,
sacudindo-os e estimulando para longe o sono.

Eles se esticaram e bocejaram, como Hal tinha feito,


tremendo ligeiramente à medida que jogavam fora seus
cobertores e olhando ao redor para ver se havia algum
sinal de perseguição.

Wulf se aproximou da forma encolhida perto da caixa de


quilha, o último de todos. Mas quando estendeu sua mão
foi saudado por uma voz baixa, rosnando.

— Você me sacode menino, e eu te jogo ao mar.

Wulf puxou sua mão para trás a tempo e afastou-se.


Thorn estava obviamente acordado, ele pensou.

Para o leste, uma estreita faixa de luz cinzenta estava


aparecendo acima do horizonte. Não havia nenhum sinal
de terra, mas a luz vermelha estava refletindo ao longe,
num banco de nuvens baixas. O mar sibilava atrás deles,
a água branca de seu rastro mostrando-se contra a
escuridão. Aos poucos, a luz começou a crescer e eles
poderiam ver mais detalhes. As formas escuras
deslocando em torno da parte dianteira do navio se
tornou reconhecível como membros da tripulação.

Entregando o leme para Stig, Hal subiu o trilho pelo posto


de popa e equilibrou-se com uma mão sobre o estai. Ele
examinou o mar atrás deles sob a luz crescente. O

nó de ansiedade que estava em seu intestino durante


toda a noite aliviou quando viu um horizonte vazio. Stig
estava olhando para ele, à espera de seu relatório. Ele
sorriu para o rosto ansioso.

— Nada a vista — disse ele, e viu os ombros de Stig


relaxar. Ele caiu levemente para o convés, sentindo-se
melhor do que estava por algumas horas. Os dois amigos
trocaram sorrisos aliviados.

Edvin tinha começado a preparar um pequeno almoço


frio para a tripulação. Ele se moveu para a popa agora,
equilibrando três pratos e canecas, e colocou-os no
convés ao lado de Hal e Stig. Ele olhou para a forma
encolhida de Thorn.

— Thorn já está acordado? — Ele perguntou, indicando o


terceiro prato.

— Tente me sacudir e descubra — veio um rosnado baixo.

Edvin levantou as sobrancelhas. — Soa como um urso no


final do inverno.

Stig sorriu para ele. — Comparado a ele, um urso seria


um gatinho.

Edvin olhou para a figura corpulenta novamente.


— Eu vou deixar o seu aqui — ele disse, e fez o seu
caminho para frente novamente. Edvin não era tolo.

A refeição foi pão duro, frios, bacon cozido e um pedaço


de salsicha temperada.

Não era a comida mais apetitosa, Hal pensou. Mas ele


estava faminto após a longa noite e ele devorou-o com
gratidão. Stig teve pouco trabalho com o dele também,
lambendo os dedos para ter certeza de que tinha toda a
última parte da gordura do bacon saboroso.

Eles lavaram tudo com água fria. Hal ansiava por uma
bebida quente. Uma caneca de café seria como o céu,
pensou ele. Mesmo um chá de ervas teria sido aceitável.
Ou apenas água quente, pensou mal-humorado. Mas,
claro, não havia nenhuma maneira de acender um fogão
e cozinhar a bordo do navio, de modo que teve de se
contentar com água fria.

— Levante para almoçar, Thorn — Stig chamado. —


Mexa-se ou eu vou comer o seu.

Thorn, finalmente, se agitou. Ele se levantou e esticou os


dois braços sobre a cabeça. Hal observou ociosamente
que Thorn havia retirado seu braço falso quando ele
dormia.

— Esta é a refeição do lobo do mar — ele disse aos seus


dois jovens amigos. —

Uma esticada, uma coçada e uma boa olhada em volta.

Ele já tinha esticado. Agora, ele aplicou-se à segunda


parte da fórmula, coçar-se livremente e com entusiasmo.
— Cuidado para não rasgar aquela linda e nova pele de
carneiro em pedaços —

disse Hal secamente. — Eu não comprarei outra pra


você.

— Você não me comprou um presente ainda — Thorn


resmungou. Finalmente, terminando com as coçadas, ele
olhou ao redor do horizonte, protegendo os olhos com a
mão esquerda. Ele ouviu o relatório de Hal para Stig, mas
estava enraizado nele de anos a velejar e atacar para
buscar por possíveis problemas em todas as direções.

Enquanto ele verificava num círculo e seu ponto de vista


passou a proa e foi em direção à porta, parou, hesitou,
depois voltou.

— O que é isso? — Disse ele com urgência.

O coração de Hal pulou em sua boca. O Wolfwind tinha,


de alguma forma, conseguido escapar passando por eles
durante a noite? Thorn estava apontando para algo
apenas afastado da curva da proa e Hal seguiu a direção
com os olhos.

Sua primeira sensação foi de alívio. Seja o que for que


Thorn tinha visto, não foi o Wolfwind. Era uma forma
pequena e escura a vários quilômetros de distância.

Quando ele olhou mais de perto, pensou que poderia


perceber movimento.

Instintivamente, ele foi para o balançar da proa em


direção ao objeto, então parou quando percebeu que o
mastro e a vela iriam bloquear sua linha de visão, se ele
assim o fizesse. Além disso, não foi sempre aconselhável
correr atrás diretamente para um objeto desconhecido no
mar, pensou. Ele manteve seu curso, visando um ponto
de cerca de vinte graus para a direita do objeto. A forma
escura aparecia e desaparecia regularmente conforme o
Garça Real subia e descia sobre as ondas.

O resto da tripulação tinha ouvido a exclamação de


Thorn e estavam olhando para ele também.

— Jesper! — Hal chamou. — Suba no mastro e relate!

Jesper acenou confirmando e saltou para as mortalhas,


fervilhando em cima delas até chegar à posição de vigia.
Houve uma pausa enquanto olhava para frente, período
em que a distância diminuiu, tornando mais fácil para ele
dar os detalhes.

— É um barco! — Ele gritou. — Um barco de pequeno


porte. E há alguém nele! Ele está acenando.

Isso foi o suficiente para Hal. Um homem em um


pequeno barco não apresenta qualquer perigo para o
Garça Real e sua equipe bem armada. Ele virou o navio
para bombordo, para que ele se dirigisse para o barco.
Ulf e Wulf automaticamente apararam a vela para o novo
curso.

A mente de Hal girou com possibilidades. Um homem em


um pequeno barco.

Um sobrevivente de um naufrágio, talvez? Então sua


imaginação saltou para uma pista totalmente nova.
Talvez fosse mais do que um naufrágio simples. Esto
poderia ser o único sobrevivente de um navio atacado e
afundado por piratas. Mais especificamente, por um
pirata! Este poderia ser prova da presença do Corvo
nestas águas!
Ele sentiu que Stig e Thorn estavam pensando a mesma
coisa. Eles trocaram olhares, nenhum deles querendo
expressar a idéia. Hal atingiu a palma da mão esquerda
contra a cana do leme, como se incitando o barco a
maior velocidade.

— Vamos lá! — Ele murmurou.

Ele aliviou da proa a estibordo, limpando a linha de visão


novamente. Exceto por Ulf e Wulf, que permaneceram
pelas escotas, a tripulação foi agrupada na proa
enquanto corriam para baixo no pequeno barco.

Medida que se aproximavam, Hal podia ver que o barco


era um barco de um homem só. Seu ocupante estava de
pé, acenando com um pedaço de pano na ponta de uma
vara - possivelmente um remo.

— Jesper! Desce. Prepare-se para baixar a vela com


Stefan — Ele gritou. A figura empoleirada no posto de
vigia acenou com a mão, em seguida, deslizou numa das
mortalhas para o convés.

— Edvin! Pegue o gancho de barco! — Hal chamou. O


homem no esquife estava a apenas cinquenta metros de
distância. Agora que estava óbvio que ele tinha sido
avistado, ele sentou-se, cansado, deixando de lado o
remo que estava acenando.

Os olhos de Hal se estreitaram quando ele mediu a


velocidade, ângulo e distância.

— Escotas soltas. Descer vela! — Ele ordenou. Ulf e Wulf


deixam a vela solta, Jesper e Stefan puxaram
rapidamente para baixo, reunindo suas dobras e
arrumando-as livremente como eles o sabem. Aos
poucos, a velocidade começou a aumentar fora do navio
e Hal viu que ele havia programado a quase perfeição. O
Garça Real estava mal se movendo quando o barco saiu
de sua vista a bombordo da proa e Edvin se inclinou para
ele com o gancho de barco. Hal sentiu um baque leve
quando o barco encostou ao lado do Garça Real e os dois
cascos se juntaram.

— Cuidado — ele murmurou, irritado. Stig, ao seu lado,


olhou para ele e sorriu.

Sabia que Hal odiava qualquer coisa batendo contra seu


navio, mesmo um inofensivo barquinho como este.

— Você é tão ruim quanto Erak — disse ele calmamente.


Hal ignorou.

— Pegue uma linha no esquife — ele chamou. — Nós


vamos rebocá-lo para trás de nós.

Na proa, Edvin acenou em reconhecimento. Ele jogou um


pedaço de cânhamo para o barco e fez rápido. Em
seguida, ele ajudou o ocupante solitário do esquife ao
longo do trilho. Os outros se moveram para ajudá-lo Em
seguida, houve um burburinho de surpresa a tripulação
do Garça Real e Edvin voltaram a gritar de volta para
Hal.

— Ele é uma menina!

Capítulo vinte
Ele era uma garota de fato, Hal pensava. E quando ela
fez seu caminho de volta, seguida pelos membros
curiosos da tripulação, ele percebeu que ela era uma
menina incrivelmente linda. Era magra e em forma, com
a pele bronzeada e longos cabelos negros amarrados
para trás com uma fita simples.

Estava vestida com roupas de caça - um gibão de


camurça sobre uma camisa de lã e caneleiras trançadas
na calça apertada. Ela tinha uma aljava com o que
parecia ser flechas penduradas sobre suas costas,
embora ela não tivesse arco. Uma longa adaga e um
estranho cabo de madeira entalhado pendurado no cinto
de couro largo. Ela era mais alta do que a média, que
colocava seus olhos no mesmo nível com o seu próprio.

Atrás dela, Ingvar estava sussurrando, numa voz


completamente audível, para Edvin.

— Quem é ela? O que ela quer?

Edvin respondeu igualmente de forma audível: — Eu não


sei. Mas ela é realmente bonita.

Um sorriso tocou no canto da boca da menina, em


seguida, quase que imediatamente desapareceu. Ela
olhou em volta da tripulação, intrigada com seus rostos
jovens e a ausência quase total de adultos. Então seu
olhar pousou em Thorn quando percebeu o gancho de
madeira e a aparência grisalha.

— Você é o capitão? — ela perguntou.

Thorn jogou a cabeça para trás e riu. — Não eu, minha


cara! Eu sou mais parecido com o gato do navio. — Ela
franziu a testa, e ele explicou. — Eu sou um pouco como
um animal de estimação para o capitão. Ele eu mantém
ao redor para seu próprio divertimento. Este é ele. Seu
nome é Hal.

Suas sobrancelhas se ergueram enquanto ela estudava


Hal, vendo sua face jovem, um pouco mais velho do que
ela.

— Sério? — disse ela um pouco cética. Hal estava à beira


de se ofender, então percebeu que sua reação era
natural.

— Realmente — ele respondeu. — Este é o Garça Real.


Este é o meu navio.

— E eu sou Stig, primeiro imediato — Stig disse


apressadamente, empurrando Hal para oferecer-lhe a
mão. — Encantado em conhecê-la. Bem-vinda a bordo.

Enquanto falava, ele ficou vermelho brilhante. Hal sorriu


sozinho. Stig, alto e bonito como ele poderia ser, tendem
a ser um pouco desajeitados com as garotas de boa
aparência. Ele iria tornar-se um gago ou tagarelar
inconscientemente.

Obviamente, este foi um dia para tagarelar.

Ela apertou sua mão e o sorriso tocou suas feições


novamente, mas apenas por alguns instantes.

— Obrigado. Prazer em conhecê-lo.

Stig, ainda ruborizado, engoliu várias vezes, então


percebeu que ainda estava segurando a mão dela e
liberou-a abruptamente, quase a empurrando para longe,
na pressa de fazê-lo.
— Ummm... er... Deixe-me saber se eu posso fazer
alguma coisa para deixar você mais confortável. Você
sabe... o que for. Estarei encantado... apenas, você
sabe...

deixe-me saber... — Ele percebeu que era a segunda vez


que ele disse encantado e sua voz foi sumindo incerta. A
menina fingiu não perceber a sua falta de jeito.

— Eu certamente vou — disse ela seriamente.

Stig acenou várias vezes para si mesmo, limpou a


garganta novamente para uma boa medida, em seguida,
deu um passo atrás, tropeçando em um rolo de corda e
rapidamente equilibrou-se para não cair.

Hal avançou. — Eu não entendi o seu nome — disse ele,


e ela virou seu olhar de volta para ele. Olhos castanhos,
ligeiramente inclinados para cima. Aparência impecável.
Ele percebeu que ela havia respondido a sua pergunta e
ele não tinha ouvido uma palavra.

— Eu sinto muito. O que disse? — Disse ele, um pouco


nervoso.

Atrás da menina, Thorn revirou os olhos para o céu.

— Oh barba trançada de Bungall — ele murmurou.


Bungall era uma divindade menor, geralmente referido
como o deus das ações embaraçosas. Seu nome não foi
muitas vezes invocado e Hal desejou que Thorn tivesse
optado por não fazê-lo neste momento. Rapidamente, ele
voltou à atenção para a menina, antes que tivesse que
pedir a ela para repetir seu nome mais uma vez.

— Eu sou Lydia — disse ela. — Lydia Demarek. — Ela


pronunciou o sobrenome com o acento na sílaba do meio.
Hal assentiu com a cabeça várias vezes, como se o nome
não fosse nenhuma surpresa para ele. Percebeu que sua
tripulação estava olhando para ele com curiosidade,
esperando que dissesse alguma coisa significativa - ou
mesmo ligeiramente inteligente - e não ficar ali
boquiaberto como um camponês na frente da linda
garota.

— Então, Lydia Demarek, o que fez você ficar à deriva


aqui no mar? Vocês naufragaram?

Ela balançou a cabeça. — Não. Eu vim de Limmat. A


cidade foi tomada por piratas. Consegui escapar. Mas eu
perdi um dos meus remos e estive à deriva.

Isso causou um comentário zumbido de animado pela


tripulação. Hal deu metade de um passo em direção a ela
com a notícia.

— Piratas? — ele disse. — Eles estão liderados por um


homem chamado Zavac?

Mas ela balançou a cabeça mais uma vez. — Eu não


tenho idéia. Eu estava nas colinas, caçando, quando eles
atacaram. Eu vi e consegui fugir. Alguns deles me
perseguiram, mas consegui chegar ao esquife e derivei
na baía. A maré levou-me para fora. Em seguida, a
corrente me levou mais longe.

— Quando foi isso? — Perguntou Thorn.

Ela olhou para ele. — Ontem, por volta do meio-dia. —


Sua voz falhou e uma carranca tocou suas feições
quando ela olhou para trás para Hal. — Eu poderia ter um
pouco de água? — Disse ela, com um pouco de censura.
— Estou absolutamente seca.
— É claro! — Hal disse desculpando-se, percebendo que
não havia mostrado a ela a cortesia básica normal que
um náufrago poderia esperar. Todos tinham sido
distraídos por sua beleza, e depois por sua referência aos
piratas. Ele indicou o banquinho da plataforma do leme.
— Sente-se, por favor. Edvin pegue algo para beber, pois
não? Ele olhou para a menina. — Você está com fome?

Ela sorriu agradecida à sua súbita preocupação e fez um


gesto negativo. — Não agora. Mas eu realmente preciso
de um pouco de água. Eu não tinha nenhuma no esquife.

Edvin voltou com um copo grande de água fria. Ela


tomou dele, sorrindo em agradecimento, e bebeu
profundamente, finalmente abaixando o copo com um
suspiro.

— Oh, isso é muito melhor! — Disse ela, e afundou-se


com gratidão para o banco, ainda segurando o copo meio
cheio. Ela tomou um gole de novo, mais devagar agora
que sua sede inicial tinha sido apagada.

— Agora, onde eu estava? — Disse ela.

— Limmat — Hal a levou. — Você disse que foi atacada


por piratas.

E ela balançou a cabeça, seus olhos nublando enquanto


se lembrava da cena, a fumaça saindo da queima dos
edifícios, os gritos das pessoas da cidade. Pela centésima
vez, ela se perguntou se seu avô estava bem.

— Eles devem ter forçado seu caminho através da


barragem — disse ela. —

Havia um pequeno navio ancorado contra o cais, de


modo que a barragem não poderia fechar. Dois outros
tinham começado a entrar no porto. Um navio verde
escuro e o maior dos três - o navio negro.

Houve um alvoroço de interesse entre a tripulação.

— Negro, você diz? — Disse Hal. — Você tem certeza


disso?

Ela balançou a cabeça enfaticamente. — Eu tenho


certeza. Ele foi avistado um dia antes, passou cruzando.
Por um tempo, pensei que ele estava indo tentar romper
a barragem. Então virou-se e partiu. Remaram para
longe, na verdade — ela se corrigiu.

Novamente, os Garças trocaram olhares.

— Estamos à procura de um navio negro — disse Stig. —


Ele tem quinze remos nas laterais. Você notou quantos
remos este tinha?

Mas Lydia balançou a cabeça. — Eu não o vi ali. Eu ouvi


as pessoas falando sobre ele. Quando o vi, estava
atracado ao longo do cais, então eu não tinha maneira de
ver quantos remos ele tinha. Mas era grande. Poderia
facilmente ter muitos remos.

— Ela olhou para os rostos que a rodeavam, viu o nível


de interesse, viu como sua menção de um navio preto
tinha despertado, e percebeu que poderia ser sua chance
de voltar à Limmat.

— Meu avô ainda está lá — disse ela. — Eu tenho que


voltar e me certificar de que está tudo bem. Você pode
me levar?

— É claro que pode! — Stig disse impulsivamente. Mas


Lydia olhou para Hal.
Ele era o comandante, jovem como possa parecer. A
decisão seria dele. Stig, também, virou-se para olhar
para o seu amigo. Hal estava esfregando o queixo
pensativo.

— Eu acho que nós temos que ver se este é o navio que


estamos procurando —

disse ele. — Nós vamos levar você de volta. Mas você


pode não gostar do que vai encontrar. E vai ser perigoso.

Ela encolheu os ombros à parte a menção de perigo. —


Eu posso cuidar de mim mesma — disse ela. — Quanto
ao que eu poderia encontrar, eu tenho que saber de uma
forma ou de outra.

— Se os piratas ainda estiverem lá — Thorn colocou —


dificilmente podemos navegar para o porto e acenar olá.

Lydia pensou por um momento. — Há um pântano a


sudoeste da cidade. Nós poderíamos desembarcar lá,
fora de vista, e tomar um bote para chegar mais perto.

Thorn, Hal e Stig trocaram um olhar e chegou a uma


decisão.

— Você pode desenhar um mapa deste pântano? —


perguntou Hal, e ela balançou a cabeça ansiosamente.

— É claro.

— Então, vamos ao que interessa — disse Hal.

Eles tiveram bom tempo na volta para a costa, depois


viraram ao sul em direção à Limmat. Muito antes de a
cidade em si entrar em seu campo de visão, eles podiam
ver o manto pesado de fumaça que ainda pairava sobre
ela.

Os olhos de Lydia se encheram de lágrimas quando viu


isso. As chances de seu avô, ela sabia, estavam ficando
menores e menores. Ele provavelmente teria resistido
aos piratas, apesar de tal resistência ter sido inútil. Ela
dirigiu-se para a proa e olhou para a fumaça no
horizonte. A tripulação a deixou com seus pensamentos.

Por fim, ela voltou de novo. Seu rosto estava composto e


seus modos estavam calmos. Ela indicou o litoral raso.

— Devemos encalhar aqui o seu navio e ir ao esquife —


disse ela. — Uma vez que circularmos no próximo ponto,
vamos estar à vista da cidade.

Hal virou o navio para a costa. Lydia observou com


interesse enquanto Thorn retirou a barbatana, permitindo
que o navio passasse por águas rasas e suavemente rm
direção da praia. Stefan e Jesper saltaram em terra e
ancoraram o navio rapidamente com a âncora de praia.
Eles tinham vindo rebocando o esquife de Lydia pela
popa. Hal desatou a linha que o prendia e arrastou-a pelo
lado do navio para a praia.

Lydia indicou a pequena cabeceira ao leste da sua


posição.

— Se remarmos ao redor daquele cabeceira, nós


podemos ir para os pântanos.

Um pequeno barco como este será consideravelmente


invisível entre os juncos e ilhas de grama.

Hal assentiu. — Você, eu e Stig — ele disse a ela. — O


barco não vai ter mais nada.
Ele olhou para Thorn. — Você fica no comando aqui,
Thorn — disse ele, e o homem mais velho acenou com a
cabeça.

— Nós vamos estar aqui — disse ele. — Se você entrar


em qualquer dificuldade, basta vir correndo.

Hal sorriu para ele, agradecido que Thorn não protestou


por ter sido deixado para trás.

— Mantenha o navio virado, de frente para o mar — disse


ele. — Apenas em caso de termos que sair com pressa.

Eles embarcaram no esquife. Enquanto navegavam em


direção a Limmat, Hal tinha rapidamente talhado outro
remo para o barco de um pequeno mastro. Foi difícil, mas
serviria, ele pensou. Stig colocou os remos na cavilha,
testando seu equilíbrio relativo, e acenou com a cabeça
que estava satisfeito. Então, ele começou a remar
suavemente, movendo o esquife facilmente em direção
ao promontório.

À medida que o esquife gradualmente se afastava, o


resto da tripulação ocupou-se empurrando o Garça Real
para fora da praia mais uma vez e virando-o, arrastando
primeiro sua popa para a praia. Hal olhou para trás,
depois de cem metros e viu a figura corpulenta de Thorn
um pouco longe do navio. Thorn levantou o braço
esquerdo e acenou. Hal acenou de volta.

Uma volta ao ponto, não havia nada além do solo baixo


por vários quilômetros.

Além, eles podiam ver as duas torres e os edifícios mais


altos da cidade, elevando-se acima do pântano de
gramíneas e arbustos baixos. Um pequeno riacho corria
para o pântano e Stig remou para ele. Uma vez que
estavam entre derivantes ilhas de grama e altos juncos,
eles ficavam praticamente fora da vista da cidade. Eles
só tinham vislumbres ocasionais das torres.

Eles seguiram por curvas, canais irregulares através do


pântano, divergindo, por vezes, mas sempre conseguindo
retornar ao seu curso básico. Depois de uma hora de
remo, Lydia indicou para Stig a cabeça de um baixo
espeto de areia, coberta de árvores raquíticas e grama
do pântano.

— É melhor deixar o barco aqui — disse ela. — Estamos


chegando perto e as chances são de que ele pode ser
visto, se levarmos isso adiante.

Eles encalharam o barco e, por sugestão dela, colocaram


um dos remos de pé na areia.

— Eles não vão vê-lo da cidade — disse Lydia. — Mas ele


vai marcar o local onde o barco está para nós.

Atravessaram a língua de areia e entraram na água do


pântano do outro lado.

Foi até a cintura, embora Lydia advertisse que havia


ocasionais piscinas mais profundas. Ela foi à frente,
sondando em frente com um longo ramo que Hal tinha
cortado para ela.

Eles avançaram, e gradualmente podiam ver mais e mais


da cidade. Além de ocasionais direções bruscas de Lydia,
eles não falaram. O esforço de empurrar através da água
e da, escorrendo no fundo lama mole do pântano
impedia conversa fiada.

Finalmente, Lydia sinalizou a parada e indicou uma


corcunda ilha, coberta de vegetação rasteira e subindo
mais do que os pântanos circundantes.

— Nós vamos ser capazes de ver o porto de lá — disse


ela.

Hal abanou a cabeça com admiração. Mesmo com seu


senso instintivo de direção, ele sabia que teria se tornado
irremediavelmente perdido neste emaranhado
inexpressivo e os canais sinuosos inumeráveis.

— Você certamente sabe o caminho de volta aqui —


disse ele, e ela lhe deu um sorriso rápido.

— Eu cacei e pesquei nesses pântanos desde que tinha


nove anos de idade —

disse ela por alguns instantes.

Eles desembarcaram, as roupas encharcadas agarradas


neles, e subiram para o baixo cume da ilha, caindo com
as mãos e os joelhos quando se aproximaram do topo.

Antes, eles podiam ver o porto de Limmat. Fumaça ainda


subia em várias partes da cidade, embora os fogos
maiores parecessem estar sobre controle. O cheiro de
madeira queimada era forte em suas narinas.

Hal examinou o porto, observando o pequeno navio


ancorado dentro da barragem. Ele franziu a testa. Havia
algo familiar nele. Então ele soube. Era o Sea Lion, um
comercial de pequeno porte da frota de Arndak que tinha
desaparecido de Hallasholm alguns meses antes. Ele
havia trabalhado nele no estaleiro no ano anterior,
quando precisou substituir várias pranchas após um
infeliz encontro com uma baleia.
Ele indicou o pequeno navio para Stig e viu um olhar de
reconhecimento no rosto do outro garoto.

— Então agora sabemos o que aconteceu com o navio


mercante. — Hal disse, apontando mais para baixo do
porto.

Lá, ancorado contra o molhe interior, estava uma forma


preta, longa que ambos reconheceram.

— O Corvo — disse Stig.

Hal não disse nada, olhando para o navio mal-encarado


com um ódio súbito em seu coração. Depois de semanas
de buscas e esperança, aqui estava sua presa, a menos
de um quilômetro de distância. Quase a contragosto, ele
tirou os olhos dele e estudou o resto da cidade.

As torres de cada lado da entrada do porto foram os


principais pontos de interesse. Elas eram plataformas de
madeira simples, cada uma com uma balaustrada, na
altura do peito, de madeira em todos os quatro lados,
provavelmente tábuas de pinho, pensou - e um telhado
plano em cima. Uma pequena sala fechada estava no
centro da plataforma - a sala da guarda, supôs. As torres
foram, obviamente, concebidas como postos de
observação e como defensivos locais a partir do qual as
setas poderiam chover sobre um atacante. Cada uma das
plataformas estava em uma estrutura de madeira -
quatro grandes pilares ligados por uma treliça de peças
diagonais menores. No centro da estrutura de suporte,
uma escada corria a partir da plataforma para o chão.

Ele tinha visto o que precisava. Agora tinha que ir para


cima com um caminho para a sua pequena tripulação
enfrentar e derrotar os cinqüenta e tantos piratas que
tripulavam o navio preto. Até agora, ele evitou fazer
quaisquer planos concretos. Não parecia haver qualquer
ponto, até que encontraram o Corvo. Mas agora o
problema tinha de ser resolvido. E rapidamente. Não
havia como dizer quanto tempo ficaria no porto. Ele
deslocou de volta do cume baixo nos cotovelos.

— Vamos voltar — disse ele. — Nós temos algumas


reflexões a fazer.

Ele espirrou em seu caminho de volta através da água


barrenta, Lydia liderando o caminho mais uma vez.
Depois de meia hora, Hal viu a lâmina do remo de pé em
cima dos juncos em uma ilha próxima e se dirigiu a ele.
Ele olhou para Lydia em aprovação. Ela era uma pessoa
útil para ter por perto, pensou. Ele nunca teria
reconhecido aquela ilha em particular novamente. Eles
aportaram em terra e, enquanto Stig soltou o barco na
água, Hal pegou o remo.

— Quer que eu reme por um tempo? — Ele ofereceu. Mas


Stig balançou a cabeça.

— Eu estou bem. E eu sou um remador mais rápido do


que você. Vamos voltar para o navio mais cedo.

— Você poderia — disse uma voz atrás deles e eles se


viraram, assustados, quando uma dúzia de homens
levantou-se dos juncos e canas, movendo-se
rapidamente para cercá-los. — Mas neste momento,
ninguém vai a lugar nenhum.

Capítulo vinte e um
Hal e Stig haviam deixado suas armas no navio, sabendo
que teriam que se deslocar através dos pântanos. Mas
ambos usavam suas facas saxônicas enquanto se
viravam para enfrentar o homem que havia falado, suas
mãos caíram instintivamente para o punho de suas
pesadas facas.

— Eu não faria isso — o homem avisou, e seus


seguidores brandiram suas próprias armas. Alguns deles
possuíam espadas. Os outros possuíam uma variedade
de porretes, maças e pequenas lanças.

— Esqueça isso, Stig — Hal disse gentilmente. Não havia


por que lutar. Eles estavam em uma grande
desvantagem numérica. Ele se levantou da posição
agachada em que havia estado e afastou a mão da sua
faca saxônica. Stig, olhando enraivecido ao redor do
circulo de homens que os enfrentavam, chegou à mesma
decisão que seu amigo alguns segundos depois.

Hal estudou o homem que havia falado. Ele era um


pouco mais velho que ambos os Garças, talvez vinte ou
vinte e um anos. Ele era de uma altura média, porém
atarracado, com um rosto largo e cabelo na altura dos
ombros. Ele estava bem barbeado e seu nariz parecia ter
sido quebrado e mal cicatrizado, de modo que estava um
pouco desalinhado, com um pequeno inchaço no meio.
Ele estava armado com uma espada curta e um pequeno
escudo redondo de metal. Ele segurava suas armas com
facilidade, obviamente acostumado a usa-las.

A maioria dos piratas estava, Hal pensou amargamente.

O que fez as próximas palavras do homem um tanto


confusas.
— Muito bem, homens — ele disse, sorrindo brevemente
para os seus seguidores, — parece que nós mesmo
capturamos alguns piratas.

Confuso, Hal abriu sua boca para responder. Mas Lydia


bateu nele por isso. Ela tinha estado atrás de Hal e Stig
quando o homem começou a emboscada. Ela havia se
movido entre os dois e tinha dado um passo a frente
para enfrentar seu beligerante captor.

— Piratas o caramba, Barat! — ela afirmou. — Você


sempre fica do lado errado na historia, não é? Agora
abaixem essas armas. Todos vocês! — ela adicionou,
olhando em volta do semicírculo de homens que os
enfrentavam.

Alguns deles murmuraram expressões de surpresa e


diversão. O líder, o homem que ela chamou de Barat,
olhou para ela mais de perto. Assim como Stig e Hal, ela
estava coberta de lama e água suja devido à passagem
pelo pântano, e a luz do entardecer deixava tudo incerto.
Mas agora sua face havia se iluminado em
reconhecimento.

— Lydia? É você? É sim! Toda coberta de lama e sujeira,


mas com certeza é você!

Ele embainhou sua espada e saltou para frente, rindo


alegremente, e a envolvendo em um forte abraço. Os
lábios de Stig se estreitaram. Os dois devem ser amigos,
talvez até mais que amigos, ele pensou, com uma
pontada de ressentimento.

Mas então Lydia se contorceu inconfortavelmente e se


libertou. Os outros homem se reuniram em volta,
sorrindo e cumprimentando ela. Muitos deram tapinhas
em seus ombros.
Após alguns momentos, Barat olhou atentamente para
Hal e Stig.

— E quem são estes dois? — ele disse. — Eu nunca os vi


antes.

— Eles são escandinavos, amigos meus — Lydia falou.

— Escandinavos? — O rosto de Barat se fechou em


desconfiança. Aos seus olhos, escandinavos eram apenas
um pouco melhores que piratas.

Stig sentiu a mudança na atitude e se encheu de raiva.


Ele deu meio passo adiante, com sua mão caindo
involuntariamente para o cabo da faca saxônica
novamente.

Hal pôs a mão em seu antebraço. — Calma, Stig, — ele


disse suavemente.

Após alguns segundos, ele se sentiu aliviado ao ver os


ombros de seu amigo relaxando lentamente, e a mão de
Stig movendo-se para longe da faca saxônica
novamente.

Barat havia notado o movimento impulsivo e cruzou seu


olhar com o de Stig. O

desagrado entre os dois era quase palpável.

— Sim, calma, Stig, — ele repetiu.

Hal apertou o antebraço do seu amigo. Mas desta vez,


Stig não mordeu a isca.

Ele mudou, pensou Hal. O antigo Stig teria cedido ao seu


temperamento explosivo e feito algo precipitado.
— Pare com isso, Barat, — Lydia disse furiosa. — Eles são
meus amigos e me resgataram. Eles provavelmente
salvaram minha vida, para dizer a verdade. Então saíram
de seus caminhos para me trazer aqui.

— Provavelmente procurando algo para porem suas


mãos em cima, — Barat disse com escárnio.

— Nós estamos procurando apenas uma coisa — Hal


disse calmamente. — Que é o barco negro ancorado em
seu porto. Nós estamos atrás dele há semanas. Quando
Lydia disse que estava aqui, viemos para ver por nós
mesmos.

— Então eu imagino que você não tenha interesse em...

— Cale a boca, Barat — um de seus homens gritou, o


interrompendo antes que pudesse falar demais. Barat
corou e se virou para identificar o homem que havia o
interrompido.

— Eu pensei que...

— Você não pensou! — o homem disse. Ele era um pouco


mais velho, alto e musculoso que Barat. — Você é um
bom comandante, mas você sempre deixa sua língua
solta demais. Está na hora de você aprender a ficar
quieto. Se Lydia diz que esses meninos são amigos, isso
é suficiente para mim!

Alguns dos outros rosnaram em concordância e Barat


cedeu, porém com má vontade.

— Está certo, eu só estava dizendo...

Lydia olhou ao redor do grupo e tentou aliviar a tensão


no ar.
— Então, Jonas, o que todos vocês estão fazendo nos
pântanos? — Ela perguntou para o homem que havia
silenciado Barat. Ele encolheu os ombros.

— Alguns de nós fugiram quando os piratas atacaram.


Eles nos pegaram de surpresa. Você viu aquele navio
menor no porto? – Ele fez uma pausa e quando eles
assentiram em confirmação, ele passou a descrever o
estratagema dos piratas de fingir uma busca para que os
Limmatans abrissem a barragem.

— Em seguida outros dois navios se juntaram e atacaram


a cidade. Eles mataram a maioria dos guardas nas torres
de vigia. Alguns de nós conseguimos nos juntar em abrir
caminho á força. Mas estávamos desorganizados e
lutando de dois para um. Nós não tínhamos a menor
chance contra eles.

— Nós tivemos sorte em escapar, — outro homem


adicionou.

Hal olhou para ele. — Quantos de vocês conseguiram


sair?

— Trinta e oito, — Jonas disse. — Nós fizemos um


acampamento no pântano.

Os piratas não conseguem nos alcançar aqui. Nós


conhecemos muito bem o terreno.

Barat aqui nos organizou depois de termos saído, mas


não temos homens o suficiente para atacar os piratas -
particularmente quando eles estão atrás da paliçada -
então é um beco sem saída.

Hal decidiu que era hora de consertar algumas coisas,


então ele fez a próxima pergunta para Barat.
— Então você acha que eles estão aqui para ficar? — ele
perguntou. — Existem quantos deles lá?

Barat assentiu, sentindo abertura pacífica de Hal, e


respondeu do mesmo jeito.

— Eles ficarão aqui por um tempo, eu diria — ele


afirmou. — Quanto aos números, eu não saberia dizer,
mas com certeza mais do que a gente.

— Tem no mínimo uns cinquenta no Corvo — Stig disse


pensativo. — Talvez um pouco menos no outro barco
grande. E o Sea Lion pode carregar algo entre quinze e
vinte homens.

— Sea Lion? — Barat perguntou.

Hal fez um vago gesto na direção do porto. — O pequeno


navio. Ele foi tomado pelo Corvo algum tempo atrás. Era
de um comerciante escandinavo.

— Agora não mais — Barat disse pesadamente. — É um


barco pirata agora.

— Verdade — Hal disse. — Mas a questão agora é, o que


faremos agora?

Temos trinta e oito de vocês e nove nossos. Eles estão


em maior número, então teremos que os surpreender de
algum jeito.

— Como? —– Stig perguntou, e o seu amigo sorriu para


ele.

— Boa pergunta, — ele disse. — Quando eu descobrir,


você vai ser o primeiro a saber.
Barat olhou para os dois jovens marinheiros. Ele teve a
graça de olhar um pouco envergonhado.

— Quer dizer que você está planejando lutar com a


gente?

— Nós temos um inimigo em comum — Hal disse. —


Zavac roubou algo que é nosso e eu quero de volta. Você
o quer fora de sua cidade. Se nós trabalharmos juntos,
talvez ambos podemos conseguir o que queremos.

Barat considerou esta declaração durante alguns


segundos. Em seguida, ele assentiu com a cabeça. Ele
estendeu a mão para Hal.

— Isso soa bem para mim — disse. Eles balançaram as


mãos, então Barat ofereceu sua mão para Stig e os dois
também se cumprimentaram, embora ainda houvesse
uma reserva perceptível entre eles. Quem sabe tinha
alguma coisa a ver com a garota, Hal pensou.

— Devemos voltar ao nosso navio enquanto ainda há luz


— disse ele, olhando para o oeste, onde o sol estava
deslizando cada vez mais para o oceano. — Como é que
você esta de alimentos em seu acampamento?

Barat franziu os lábios. — Nós estamos com muito pouco


— ele disse. —

Existem peixes e algumas aves silvestres nos pântanos,


mas não o suficiente para alimentar uma grande
quantidade de pessoas. E nós não trouxemos nada
conosco.

Temo que não possa oferecer nada a vocês.


Hal balançou a cabeça, — Não era isso que eu estava
perguntando. Nós temos bastantes suprimentos no nosso
navio. E mais ainda no acampamento mais acima na
costa. Se dois de seus homens vierem para o navio com
a gente, nós dividiremos tudo o que tivermos de sobra.
Então subiremos à costa, pegamos o nosso equipamento,
e mais comida, então voltaremos aqui. Até lá, eu terei
pensado em um plano de ação.

Barat assentiu com gratidão — Eu certamente não


recusarei.

Rapidamente ele passou as ordens para o resto de seus


homens. Ele e mais outros dois iriam voltar para o Garça
Real e coletar os suprimentos que Hal tinha oferecido,
enquanto o restante voltaria para o acampamento no
pântano. Stig lançou o bote e fixou os remos nas
cavilhas, e Barat e seus dois companheiros pegaram um
bote de artesanato parecido, em algum esconderijo que
estava entre os juncos.

Hal olhou para aquilo, levantando uma sobrancelha. —


De onde veio isso?

A imagem que os homens de Barat haviam pintado de


sua retirada da cidade não parecem incluir qualquer
momento para parar e recuperar barcos.

— Muitos do nosso povo deixam botes ancorados no


pântano — Lydia disse.

— Eles os usam para pesca e caça de aves selvagens.

Assim que Barat arrastou e nivelou o seu barco com o


deles, ela se andou pela praia em direção a ele. Foi falar,
mas hesitou, então juntou determinação e continuou.
— Eu não tive a chance de perguntar, — ela disse, com a
voz cheia de medo. —

Você tem alguma ideia do que aconteceu com meu avô?


Ele conseguiu escapar?

A face de Barat já havia dito a resposta, antes mesmo de


ele falar algo.

— Ele foi morto, Lydia. Me desculpe. Ele tentou lutar com


os piratas - você sabe como ele era.

Ela acenou tristemente. — Eu sabia que ele lutaria.

— Havia muitos deles, — Barat continuou. — E ele era


velho, Lydia. — Em sua face uma sombra de raiva
enquanto ele relembrava a cena. — Um velho. Eles não
tinham que mata-lo. Eles podiam ter o desarmado. Mas
não o fizeram. Eles o mataram. — Ele fez uma pausa,
olhando para ela. A sua faze estava inexpressiva,
mostrando nenhuma emoção.

— Eu não pude fazer nada para ajuda-lo Lyd. Eu tentei,


mas eu não consegui chegar a tempo. Então mais piratas
chegaram e eu tive que fugir. Não havia nada que eu
pudesse fazer. Realmente.

Ela tocou o seu braço e deu um sorriso amarelo. — Eu


sei, - ela disse. — Ele nunca iria se render a eles. Ele não
percebeu que estava velho.

Abruptamente, ela se virou, contendo as lagrimas que se


espalhavam pelos seus olhos enquanto lembrava-se do
homem que havia tomado conta dela há tanto tempo.

Quando ela se voltou novamente, já havia recuperado


seu autocontrole. Ela caminhou para onde Hal estava
segurando o seu bote contra a ligeira correnteza dos
pântanos e entrou a bordo, estabelecendo-se no banco
da proa.

— Vamos voltar para o navio, — ela falou.

Enquanto Stig remava o pequeno barco ao redor da


península, eles podiam distinguir a silhueta do Garça
Real na praia. Hal acenou em aprovação. Thorn não havia
permitido que os meninos acendessem nenhum fogo. O
suave, mas poderoso remar de Stig os levou através da
baia em poucos minutos. Quando eles estavam a
cinquenta metros do navio encalhado, ele ouviu um
suave desafio e respondeu.

— É Stig e Hal. Temos algumas pessoas conosco. São


amigos.

Eles remaram para o raso e ele saiu para orientar o barco


em terra. Barat e os outros dois Limmatans os seguiam
de perto. Hal puxou o bote para a praia e olhou ao redor.
Para sua surpresa, ele viu que os Garças estavam todos
armados. Seus escudos haviam sido removidos da
amurada do barco e eles estavam todos os usando. A luz
das estrelas brilhou nas cabeças de machados e lâminas
de espadas.

Thorn, ele percebeu, estava usando o seu maltratado


velho capacete com chifres, e tinha mudado o braço falso
do dia-a-dia, com o gancho de fixação, para o porrete de
guerra que Hal tinha feito para ele. Ele deu um passo
frente então.

— Vocês estão bem? — Ele disse desconfiadamente.

Hal sorriu para ele. — Nós estamos bem. Eles homens


são aliados. Lydia os conhece. Eles vão nos ajudar a
atacar o Corvo.

Thorn estudou intensamente os três Limmatans. Muito


sensivelmente, nenhum deles mostrou sinal de
hostilidade. Finalmente, ele resmungou, com certeza que
Hal não estava falando sob ameaça.

— Muito bem, afastem-se, Garças.

Houve um ligeiro ruído de armas enquanto os meninos as


colocavam para baixo. Hal apresentou Barat e seus
companheiros e explicou onde tinham vindo e sua
necessidade de abastecimento. Edvin concordou e se
moveu rapidamente para o navio para empacotar a
comida. Os dois amigos de Barat o seguiram. Poucos
minutos depois, eles voltaram carregando duas pesadas
sacolas.

— Obrigado por isso — Barat disse, e Hal assentiu.

— Nos traremos mais quando voltarmos. Procure-nos no


prazo de dois dias.

Barat apertou sua mão, então se virou, chamando por


cima de seus ombros.

— Vamos pessoal. Você também, Lydia. Vamos voltar


para o acampamento.

Mas Lydia hesitou sem jeito, sem se mover em direção ao


bote. Barat se virou, um pouco confuso e irritado.

— Lydia? — ele disse. — Vamos.

Lydia olhou para baixo, fazendo pequenos círculos de


areia com o pé.
— Eu acho... que vou ficar com os Garças — ela disse,
então olhou rapidamente para Hal. — Se estiver tudo
bem para você?

Ele abriu as mãos em um gesto de surpresa. — Está tudo


bem por mim.

Stig sorriu amplamente. — Eu também.

Barat deu-lhe um olhar azedo, então fez um gesto


categoricamente para os dois botes.

— Não seja boba, Lydia. Eles não são o seu povo. Venha
conosco. Agora.

Ela levantou os olhos. Havia uma luz de determinação


neles e ela balançou a cabeça apenas uma vez.

— Não, - ela disse. — Eu vou ficar com os escandinavos.

Barat soltou um suspiro que era metade raiva, metade


frustração.

— Tudo bem — ele disse. — Esqueça seus amigos, se é o


que você quer. Fique com estes estrangeiros.

— Sim, eu acho que ficarei, — Lydia disse para ele, com


crescente convicção em sua voz, e ele virou-se de costas,
sem vontade de levar a discussão adiante. Ele procurou
através da praia pelos dois botes, com suas costas retas,
sem nunca olhar para ela, enquanto ele empurrava um
dos botes para a água e começava a remar para longe.
Seus dois companheiros apressadamente empilharam os
sacos no segundo bote e o seguiram.

Stig sorriu para Lydia, — Boa escolha, — ele disse.


Mas ela virou-se de costas e não disse mais nada.

Capítulo vinte e dois

Lydia manteve seu silêncio durante a maior parte da


viagem ao norte da Baía do Abrigo.

Ela ficou sozinha atrás da figura de proa do navio,


olhando para a água que passava, não se esquivando
das camadas contínuas de espuma que voavam acima
da proa.

— Ela vai ficar encharcada — Stig disse e ele virou para


Hal sobre a plataforma de direção. — Eu vou levar um
cobertor. — Ele começou a se afastar, mas Hal o parou.

— Deixe-a — disse Hal calmamente.

Stig hesitou. Ele queria falar com ela. Mas Hal balançou a
cabeça e Stig finalmente decidiu que seu skirl estava
certo.

Ao contrário da corrida suave ao longo da costa, não foi


uma noite fácil. O vento mudou de direção para o
noroeste e variou de intensidade, de modo que a
tripulação estava no trabalho continuamente,
alinhavando e ajustando as velas. Lydia, vendo que
estaria no caminho se ela permanecesse na proa,
mudou-se para um lugar nos bancos de remo portuários,
perto da popa. Ela observou como o Garça Real passou
de um rumo para o outro, percebendo o quanto mais
perto do vento ele poderia navegar do que as naus-retas
que eram a norma nesta parte do mundo. Mas, depois de
poucas mudanças de rumo, ela perdeu o interesse e
retomou olhando para o mar.

Depois de quatro horas, o vento decidiu estabelecer-se


em uma direção e força, e os meninos tiveram a
oportunidade de descansar nos bancos de remo. Vários
deles foram dormir imediatamente. Hal sorriu sozinho.
Eles eram marinheiros experientes agora, ele pensou,
pronto para arrebatar o sono a alguns minutos sempre
que a oportunidade surgir. Ele virou o leme até Stig e
olhou em torno de um local para descanso. Lydia estava
sentada em seu lugar de costume. Encolhendo os
ombros, ele desceu e sentou-se ao lado dela.

Ela olhou para cima e balançou a cabeça.

— Sinto muito pelo seu avô — disse ele sem jeito. Ele a
advertiu contra Stig incomodando-a anteriormente. Ele
sentiu que ela não estava com humor para tentativas
inevitavelmente nada sutis de Stig para ganhar sua
amizade. Mas ele sentia pena dela, sozinha entre
estranhos, e de luto pela perda de seu avô.

Ela lhe deu um sorriso amarelo.

— Obrigado — disse ela. — Ele era um bom homem. Mas


ele nunca deveria ter tentado lutar contra eles. Ele
estava muito velho.

Hal considerou isto por alguns momentos. — Talvez não


teria sido feliz simplesmente deixando-os andar em cima
dele. Talvez soubesse que estava velho demais para lutar
contra eles, mas não estava disposto a simplesmente
ficar de lado e deixar que invadissem o seu caminho.
— Provavelmente. Isso seria igual a ele — disse ela.
Havia uma nota de orgulho suave e diversão em sua voz
quando ela pensou no velho. Então, ela olhou para a vela
grande, triangular, inchada numa curva forte no rumo a
bombordo. — Este é um navio incomum.

Ele sorriu, incapaz de resistir à tentação de se gabar. —


Eu projetei e o construi

— disse ele. — Ele é o meu orgulho e alegria.

Lydia olhou para ele com novo respeito. A visão de um


capitão de navio jovem tinha inicialmente a
surpreendido. Agora ela começou a entender como ele
tinha chegado a essa posição em uma idade tão precoce.

— O que é aquela geringonça grande na proa? — Ela


perguntou. — A coberta com uma tela? É um guindaste
de algum tipo?

Ele balançou a cabeça. — É uma arma. Nós o chamamos


de Mangler — disse ele. — E isso poderia ser a chave
para um ataque contra os piratas.

Ela olhou para aquilo, esperando que ele dissesse mais.


Mas ele sacudiu a cabeça. Enquanto estava no leme,
uma idéia lentamente se formou em sua mente.

Veio uma peça de cada vez e, no momento, era um


conjunto de conceitos não relacionados. Ele precisava de
tempo para se sentar e colocá-los em ordem e
transformá-los em um plano coeso.

— Eu vou te dizer mais tarde — disse ele. Então, para


mudar de assunto, ele acrescentou, — Conte-me sobre
Barat. Ele parece um pouco espinhoso.
Ela bufou com desdém. — Isso é um eufemismo. Barat é
muito cheio de si para o meu gosto. Ele é um bom
guerreiro, um guerreiro muito bom, como disse Jonas. E

ele é um bom comandante de batalha. Mas é aí que


termina. Como líder do dia-a-dia, ele é muito impulsivo e
também não gosta muito de cuidar de detalhes. — Ela
fez uma pausa. — E ele tem muito que aprender.

Hal sentiu a partir do tom de sua voz que esta última


afirmação era mais pessoal do que uma avaliação geral
da Barat.
— Por isso eu suponho que você quer dizer acha que
possui você? — ele perguntou.

— Ele acha que é meu dono — disse ela. — E diz a todos


que vamos nos casar quando ficarmos mais velhos. — Ela
fez um gesto irritado. — Nunca lhe ocorreu que eu
gostaria de ter algo a dizer sobre isso! É por isso que não
quero voltar para o campo com ele. Espero que você não
se importe.

Hal balançou a cabeça. — Você é bem vinda para ficar


conosco, desde que você queira — disse ele. — Os
meninos gostam de você.

— É bom saber — disse ela. Estava um pouco


envergonhada por sua declaração e não tinha certeza de
como responder. Procurou algo a dizer e, olhando para
cima, percebeu a figura alta de Stig no leme.

— Há quanto tempo você conhece Stig? — ela perguntou,


olhando para mudar de assunto.

O-ho! Então é pra esse lado que o vento está soprando,


Hal pensava. Ele olhou para Stig por sua vez. Recortado
contra o céu da noite, o primeiro companheiro
aparentava uma figura bastante heróica.

— Oh, nós temos sido amigos por anos. — Houve outra


pausa, então ele disse:

— Agora, se me dão licença, eu gostariaria de descansar


um pouco.

Ele se afastou alguns metros e estabeleceu-se, puxando


um cobertor ao seu redor. Perguntou-se por que a
pergunta lhe tinha causado um vago sentimento de
decepção.

Amanhecia no momento em que chegaram a Baía do


Abrigo. O sol estava baixo, deslumbrante, para as
montanhas e para a direita de seus olhos. Isso, e o fato
de que havia um mar agitado correndo e um vento
cruzado complicado, convenceu Hal que eles deveriam
remar o Garça Real para a baía. Eles baixaram a vela
uma centena de metros da costa. Os meninos pegaram
seus remos para ele os guiar através da estreita entrada
para as águas mais calmas do interior. Mais próximos, as
altas serras circundantes bloquearam a primeira luz do
sol e a baía ainda estava na penumbra.

Há um relaxamento inevitável que vem no fim de


qualquer viagem, quando casa, mesmo que temporária,
como seu acampamento, vem à vista. Agora eles
estavam em águas seguras e familiares, Hal e os outros
meninos descontraíram, pensando nas camas quentes e
confortáveis, que os aguardava na tenda. Como
resultado, sua vigilância foi reduzida e nenhum deles
percebeu o vulto escuro amarrado dentro do promontório
sul da baía quando eles passaram. Foi só quando o
formato começou a se mover, que Hal sentiu sua
presença.

Ele virou-se. Havia um grande navio cinquenta metros à


ré deles, movendo-se para fora de seu esconderijo para
bloquear qualquer possível fuga da baía. Ele ouviu os
gritos de alarme dos outros garotos quando eles
perceberam o navio. Pego de surpresa, os Garças
pararam de remar. Agora Hal podia ouvir os respingos
fracos dos remos do navio por trás deles quando
começou a alcançá-los.
— É o Wolfwind — Thorn disse calmamente.

Os ombros de Hal caíram em desespero. Depois de tudo


o que tinham passado, depois de encontrarem o Corvo e
ter a chance de recuperar o Andomal, tudo estava
acabado. Eles seriam levados de volta para Hallasholm
em desgraça. E sua recepção seria ainda mais gelada do
que antes, pois eles desafiaram o Oberjarl e
desobedeceram suas ordens.

E eu vou perder o Garça Real, pensou amargamente.


Erak já tinha dito que pretendia confiscar o navio. Agora,
depois de Hal ter fugido com ele, tinha a certeza que
cumpriria sua ameaça. Uma vez que o Garça Real tivesse
ido, a irmandade Garças estaria terminada, ele sabia.
Enquanto eles tinham o navio, eles tinham esperança.
Agora tudo se foi.

Wolfwind transferiu-se para dentro de dez metros de sua


proa, então seus remadores apoiaram na água, deixando
o Garça Real em estado de deriva. Tão perto, Hal poderia
reconhecer Svengal na proa do navio, de pé sobre os
trilhos, segurando o estai de equilíbrio.

— Hal — ele chamou através da distância entre eles. —


Mantenha a remos.

Leve-o para a praia perto de seu acampamento.

Hal sentiu o movimento ao lado dele. Stig tinha saltado


de seu banco no barco.

— Nós podemos fugir deles! — Disse. Mas Hal balançou a


cabeça com amargura.

— Não a remos. Eles são mais rápidos do que nós. E no


minuto que tentarmos levantar a vela, eles estarão ao
nosso lado.

— Então nós vamos lutar com eles! — Stig disse com


raiva.

Thorn rugiu um aviso. Os Garças estavam em menor


número, e a tripulação do Wolfwind eram guerreiros
experientes. Mas, novamente, Hal se recusou.

— Eu não vou lutar contra meus compatriotas — disse


ele simplesmente. —

Vamos enfrentar. É o fim.

Ele olhou para a tripulação, à espera nos bancos de seus


remos para as suas ordens. No banco mais à popa, Lydia
o observava, uma expressão confusa no rosto.

Os Garças eram escandinavos, ela sabia. E o navio atrás


deles era um navio viking escandinavo. Ela se perguntou
qual seria o problema.

Antes que ela pudesse se aproximar dele, Hal apontou


para os meninos nos bancos de remo.

— Remos — ordenou calmo. — Vamos levá-lo para dentro


e encarar a música.

Stig olhou para ele, hesitou, e então balançou a cabeça


em frustração. Desceu e tomou seu lugar no banco de
remo.

— Remos — ele repetiu a ordem. — À caminho!

Os remos mergulharam nas águas calmas da baía,


criando duas linhas de círculos ondulantes quando eles
tocavam a superfície.
— Curso — Stig ordenou, e o Garça Real começou a
deslizar na água, a onda de proa dando uma risadinha ao
longo da lateral do casco. Pelo menos você pode rir, Hal
pensou miseravelmente. A poucos metros da areia, ele
ordenou que os remadores parassem e guiou a nave em
direção à praia. Distraído e abatido como estava, ele
quase se esqueceu de levantar a barbatana. Felizmente,
Thorn lembrou a tempo e soltou-o para fora da caixa de
quilha. A proa ralou na areia e o Garça Real galgou
alguns metros em terra seca.

Stefan jogou a âncora na praia sobre a proa, em seguida,


caiu para o lado.

Quando ele correu até a praia para prendê-la na areia,


houve um ruído quando o Wolfwind passou a encalhar
sua proa ao lado deles. Um de seus tripulantes
observando as ações de Stefan.

Hal olhou tristemente em volta de seu pequeno barco.


Esta seria a última vez que ele ordenou-lhe, ele sabia, e
ele não podia levar-se a deixá-lo. Ele estava ciente de
que os outros meninos estavam esperando por sua
liderança e ele fez um gesto em direção à proa.

— Todos em terra — disse ele. Eles se viraram e fizeram


o seu caminho para a frente, um grupo desconsolado.
Lydia, ainda perplexa, saiu ao lado de Stig.

— O que está acontecendo? — Ela perguntou a ele. Ele


olhou para ela.

— Nós somos fugitivos — disse ele. — Eles vieram para


nos levar de volta.

Ela olhou para ele, os olhos arregalados. Não havia nada


que pudesse dizer a isso. Apesar de ela pensar sobre
isso, percebeu que significaria que seus compatriotas
estavam agora por conta própria contra os piratas. Havia
apenas nove tripulantes do Garça Real, e oito deles eram
meninos. Mas de alguma forma, tinham-lhe dado
esperança. Seu otimismo, sua confiança em Hal e sua
capacidade de chegar a um plano de ação tinha
mostrado suas crenças. Agora se foi. Abatida, ela seguiu
os outros para a proa.

Hal permaneceu na plataforma de direção. Ele enrolava o


fio em volta da restrição do leme, para impedi-lo de bater
e voltar com o movimento da água. Em seguida, ele
permaneceu, uma mão sobre a madeira lisa, agora
imóvel como o navio encalhado.

Thorn deixou cair uma mão em seu ombro.

— Vamos lá — disse ele suavemente. — Nós também


podemos descobrir o pior.

Eles caminharam a extensão do navio, então subiram até


a proa. Os outros membros da tripulação estavam
esperando num grupo abatido. Uma dúzia de tripulantes
do Wolfwind de pé em um semicírculo ao redor deles.
Quando Hal caiu para a areia molhada da praia, Svengal
avançou, com um sorriso enorme no rosto.

— Finalmente! — Disse. — Pelo mau hálito de Gorlog,


Hal, você nos levou em uma perseguição alegre.
Encontrei seu acampamento aqui um par de dias atrás,
mas não havia nenhum sinal do Garça Real, por isso
fomos à sua procura. Eu pensei que nós o tínhamos
avistado ao sul daqui na outra noite, mas você escapou.
Portanto, viemos aqui para esperar. E aqui está você!

Ele se adiantou e tomou conta do menino surpreendido


em um abraço de urso enorme, então o segurei com o
braço estendido, estudando-o.

— Graças aos deuses que você está a salvo. Estivemos


muito preocupados com você. Erak teria me esfolado
vivo se você sofresse qualquer dano.

— Acho que ele nos quer em um pedaço quando você


nos levar de volta. —

disse Stefan amargamente.

— Levá-lo de volta? Nós não estamos aqui para levá-lo


de volta. Erak enviou-nos para ajudá-lo! — disse.

Lentamente, Hal sentiu esperança surgindo em seu


coração. — Você quer nos ajudar?

Svengal virou-se para sua tripulação. — Eles pensaram


que tinha vindo até aqui para arrastá-los de volta para
Hallasholm! — Ele caiu na gargalhada. Seus homens se
juntaram e ele olhou para Hal.

— Quem iria querer um mal vestido muito sem gosto


como você de volta? Não, Erak achou que você tinha
uma vantagem sobre nós, então você teria uma melhor
chance de encontrar do que assassinar o suíno do Zavac.
Então, ele nos enviou atrás de você para lhe dar uma
mão. Afinal, essas Magyarans tem você seriamente em
desvantagem.

Svengal pareceu notar Thorn pela primeira vez e sorriu


alegremente para ele. —

Olá Thorn. Bela pele de carneiro. O que aconteceu com a


antiga? Será que ela finalmente se desintegrou? Tinha
mais buracos do que pele de carneiro de qualquer
maneira.
— Vejo que ainda fala demais, Svengal, — Thorn
respondeu. Alguns dos tripulantes do Wolfwind
murmuraram em acordo. Svengal ficou imperturbável, no
entanto.

— Eu nunca fui o tipo forte e silencioso.

Hal balançou a cabeça considerando esta mudança


inesperada dos acontecimentos. Ele se perguntou se iria
compreender o funcionamento da mente do Oberjarl.
Quando eles avistaram o Wolfwind na noite anterior, ele
havia assumido imediatamente que o navio tinha sido
enviado para capturá-los e levá-los de volta para
Hallasholm em desgraça. Agora Svengal estava lhe
dizendo que ele e sua equipe estavam aqui para ajudar.
As coisas estavam indo rápido demais, pensou ele.

— Por uma questão de fato — Thorn estava dizendo, —


nós encontramos Zavac. Ele está a um dia de vela ao
longo da costa, escondido em uma cidade fortificada. —
Um murmúrio de interesse percorreu a tripulação do
Wolfwind, e um sorriso satisfeito se espalhou pelo rosto
de Svengal quando ouviu a notícia.

— Maravilhoso — disse ele calmamente. —


Simplesmente maravilhoso. Então, qual é o nosso plano
de ação?

— Nós ainda estamos trabalhando nisso — Thorn disse a


ele. — Mas Hal vai vir com algo devidamente brilhante.
Ele normalmente vem. Então, podemos ir e o caramujo
comestível do Zavac sairá de seu buraco de rato.

— Que diversão — Svengal disse. Seus homens deram


um grunhido concordando. Zavac havia assassinado dois
de seus amigos quando ele roubou o Andomal. A
tripulação do Wolfwind estava ansiosa para vingá-los.
Svengal bateu no ombro de Thorn. — É bom trabalhar
com você novamente, Thorn — disse ele. — Vai ser como
nos velhos tempos.

Lydia olhou para os nortenhos ferozes e sentiu seus


espíritos subindo.

Escandinavos eram lutadores de renome, ela sabia. Eles


ainda estavam superados em número pelos Magyarans,
mas as chances foram ficando melhor o tempo todo. E já
que todos pareciam convencidos de que Hal viria com
um plano para equilibrá-los ainda mais, quem era ela
para discordar?

Capítulo vinte três

Na manhã seguinte, eles desfizeram o acampamento e


os dois navios equipados, em comitiva, navegaram pela
costa até Limmat.

Era meio da tarde, quando eles chegaram ao seu destino.


Não havia mais uma coluna de fumaça elevando-se
acima da cidade. Aparentemente, os piratas tinham
começado os incêndios sobre controle. Ou talvez eles
houvessem deixado o povo da cidade para cuidar deles.

Quando o Garça Real e o Wolfwind se dirigiram para a


praia, viram dois homens acenando. Barat havia
ordenado que esperassem pela volta do Garça Real e os
guiassem através dos pântanos para seu acampamento.
Svengal deixara 10 de seus homens para trás na praia
para manter vigilância sobre os dois navios. O resto da
tripulação do Wolfwind e do Garça Real, carregados com
sacos de suprimentos, marcharam através da lama e
água profunda até a coxa, atrás de seus guias,
resmungando e reclamando sobre as moscas de areia e
mosquitos, que pareciam enxame aos milhares nos
pântanos.

Eles seguiram um caminho aparentemente sem rumo até


que chegaram a uma ilha de areia maior do que o de
costume. O sol estava quase se pondo e eles podiam ver
o brilho de várias foqueiras que se aproximavam.

Barat tinha os visto abrindo caminho através do pântano


e nos últimos 50 metros ou mais ele fez o caminho até a
praia para saudá-los enquanto eles chapinhavam seu
caminho para fora da água barrenta. Ele deu um pulo
quando viu como seus números aumentaram. Oito
meninos e um homem mais velho tinham partido dois
dias antes. Agora, eles estavam de volta, com mais vinte
escandinavos.

— Quem são estes? — Ele perguntou Hal.

— Reforços. Eles vão nos ajudar com o ataque. E esses


sacos que estão transportando estão todos cheios de
comida.

A expressão suspeita de Barat atenuou


consideravelmente.

— Fico feliz em vê-lo — disse ele. Mas a direção do seu


olhar deixou dúvidas de que era a comida que ele mais
gostou de ver. Ele notou Lydia, que estava perto de Hal e
Stig, e sua expressão acalmou.

— Olá, Lydia.
Ela assentiu com a cabeça numa saudação. — Oi, Barat.
Lugar lindo que você tem aqui.

Ela olhou ao redor da ilha. Os homens que haviam


escapado da cidade não tiveram tempo de reunir tendas
ou toldos, quando se retiraram. Em vez disso, eles
haviam construído ásperos abrigos de palha de galhos de
árvores e arbustos. Uma figura corpulenta estava se
aproximando deles e Hal reconheceu Jonas, que havia
sido o segundo de Barat no comando quando eles se
conheceram vários dias antes. O mais velho Limmatan
deu um sorriso de boas vindas agora.

— Você está de volta! — Ele também notou os sacos. — E


você não veio de mãos vazias! Bem-vindo à nossa
encantadora casa de férias à beira-mar, Lydia. O que
você acha?

Ele varreu um braço ao redor, em um gesto que abrangia


a insignificante ilha ao nível do mar. Lydia retornou lhe
sorrindo. — É simplesmente adorável, Jonas. Tudo que
uma garota poderia desejar.

— Bem, vamos para o acampamento e conheça o resto


de nós — disse Jonas, dirigindo-se a Hal. Ele franziu o
cenho e se aproximou, e então falou num sussurro,
zombando, — Se não se importa que eu diga, você
parece ter aumentado e multiplicado desde que se foi.

Hal assentiu. Ele gostava de Jonas. Ele tinha um jeito


fácil, alegre sobre ele, em contraste com a abordagem
desajeitada e suspeita de Barat. Hal também sentiu que
a saudação amigável de Jonas destinava-se a compensar
a falta de boas-vindas de Barat.

— Vamos até seu acampamento — disse Hal. — Vou


apresentar-lhe tudo, então.
Eles abriram caminho para o acampamento próprio.
Jonas os encaminhava ao o fogo de cozinha e os sacos de
comida foram jogados lá para os cozinheiros organizá-

los e preparar uma refeição. Hal não estava preocupado


com a entrega do alimento.

Eles só ficariam aqui por alguns dias, se tudo corresse


como planejado. Uma vez que eles derrotassem os
piratas, poderiam prover-se em Limmat.

E se não os derrotassem, ele pensou severamente, não


teriam necessidade de alimentos.

Eles se agruparam em torno de várias fogueiras,


enquanto a refeição foi preparada e servida. Bebidas
espirituosas no acampamento eram altas. As maiorias
dos homens que haviam fugido da cidade estavam muito
felizes de ver os seus números aumentarem por um
corpo de guerreiros treinados, como os escandinavos.

Ao contrário de seu líder batalha desconfiado, saudaram


os recém-chegados com vontade. Verdade seja dita, um
sentimento de desânimo começou a permear o
acampamento. Os Limmatans sabia muito bem que
quarenta deles tinham pouca esperança de desalojar
mais de uma centena de piratas a partir de uma posição
bem fortificada como a cidade. A chegada dos nove
membros da tripulação Garça Real, e agora vinte
escandinavos adicionais, parecia ser um bom presságio.
Assim, a refeição foi alegre, com muito riso e bom
companheirismo.

Quando terminaram de comer, os membros mais antigos


do partido Limmatan reuniram-se em volta de uma
pequena fogueira com Hal, Stig, Lydia, Thorn e Svengal.
Ingvar, que tinham comido em uma das outras fogueiras,
sentou-se alguns passos atrás de Hal, no caso de ele ser
necessário O segundo em comando de Svengal, Lars
Bentknuckle, se juntou a eles, enquanto esperavam que
Hal expusesse os detalhes de seu plano.

Svengal e Lars, como a maioria dos escandinavos,


alegaram nenhuma habilidade para planejar e nenhuma
afinidade para táticas. Eles eram guerreiros e deixavam
esses detalhes para outras pessoas. Todos eles pediram
para ser dado um alvo claro e objetivo e eles iriam
divertidamente para a batalha.

Barat teve alguma pretensão de ser um líder e um tático.


Mas, na verdade, ele vinha tentando pensar em uma
maneira de atacar e derrotar os piratas por alguns dias
agora, sem sucesso. Enquanto ele mantinha a ficção de
que tinha a autoridade para aprovar ou rejeitar os planos
de Hal, a verdade era que estava esperando que o jovem
escandinavo viesse com um plano de batalha que lhes
traria uma vitória, embora ele não tivesse a menor idéia
do o que esse plano poderia implicar. Ao mesmo tempo,
ele estava um pouco ciumento do jovem skirl
escandinavo, possivelmente devido ao que ele via como
a deserção de Lydia. Assim, mesmo que parte dele
esperava um plano viável, outra parte estava muito
pronta para criticar o que quer que Hal fale.

— Surpresa — disse Hal, quando eles estavam todos


reunidos próximo ao redor do fogo. — Essa vai ser a
chave do sucesso para nós. Se nós pudermos os pegar
de surpresa, podemos neutralizar a sua vantagem em
números.

Hal falou com confiança. Mas a idéia, uma vez que ele
tinha, parecia tão óbvio que Barat estava inclinado a
desconfiar dele. Não podia deixar de sentir que ele deve
ter deixado algo fora de seus cálculos. Deu de ombros
mentalmente.

Se ele tivesse, ambos Thorn e Svengal eram militantes


experientes. Eles podem não ser capazes de colocar um
plano em conjunto. Mas eles reconheceriam as
deficiências se a vissem.

Pelo menos, ele esperava que o fizessem.

— Eles sabem que estamos aqui — Barat zombou. — Um


pouco difícil surpreendê-los, não é?

— Eles não sabem que estou aqui — Svengal apontou.


Ele já estava ficando cansado deste Limmatan auto-
importante, que parecia sempre pronto a criticar, mas
nunca apresentou uma idéia de sua autoria. — E isso é
uma surpresa a um bom número de inimigos no passado.

— É verdade — Thorn interveio — Svengal pode ser uma


surpresa desagradável.

Lars e alguns dos Limmatans riram disso. Barat levantou


as sobrancelhas. Ele estava irritado com a pronta
resposta às suas críticas e irritado que seus concidadãos
tinham rido. Mas ele se recusou deixar este jagunço
escandinavo vê-lo.

Hal empurrou, ignorando a mudança, procurando


acalmar as coisas.

— Você está certo, Barat — disse ele. — Os piratas


sabem que está aqui. E eles vão esperar qualquer ataque
vir deste lado da cidade.

— Naturalmente — disse Barat. — Se tentássemos dar a


volta à paliçada, eles nos veriam e poderiam
simplesmente mover suas forças para combater-nos.

— Mas eles não sabem que você tem navios agora. Se se


mover sob a cobertura da escuridão, podemos
transportar seus homens para o outro lado da cidade
para o leste. Vamos dar uma volta larga na baía para
ficar fora de vista, curvar então de volta, abraçando a
costa norte. Eu acho que podemos fazer isso em duas
noites. Há um promontório sobre 400 metros da cidade,
onde pode ficar fora de vista até que todos os seus
homens estejam em posição.

Durante a viagem ao longo da costa, ele pediu Lydia para


desenhar-lhe um mapa da cidade e seus arredores. Ele
havia estudado de perto e agora esboçou uma versão
rudimentar deste na areia, apontando para o local onde a
terra se projetava para a baía.

— Na terceira noite, sob a cobertura da escuridão, mover


seus homens mais perto da cidade para que você esteja
em posição de atacar a primeira luz. Zavac estará
observando o lado ocidental, onde os pântanos estão e
onde ele acha que você está. E

ele terá os seus homens concentrados naquele lado,


enquanto você vai atacar a partir de uma direção
completamente inesperada. Isso deve lhe dar uma boa
chance de ficar mais à paliçada, particularmente se
montar um desvio nas torres de vigia e amarrar mais de
seus homens.

— A maioria deles estão nas torres de vigia — Jonas pôs


em pensamento. — É

o local lógico para eles, afinal. Eles podem ver dos


pântanos à entrada para o porto.
— O que me intriga — Svengal ponderou, — é por que
eles ainda estão na cidade. Certamente, agora, eles
tiveram tempo para carregar-se com qualquer coisa que
eles querem e estar no seu caminho.

Hal estava olhando Barat e Jonas quando Svengal fez o


ponto. Ele viu o olhar rápido entre eles.

Eles estão escondendo algo de nós, ele pensou. Nem ele


nem Svengal estavam cientes de que os piratas ainda
estavam em Limmat por causa da mina de esmeralda.

Zavac colocou os mineiros trabalhando dobrado para


extrair o maior número possível de pedras preciosas do
rico filão por trás da cidade. E, não tendo nenhuma
ameaça imediata do grupo relativamente pequeno, que
havia fugido para os pântanos, ele não tinha pressa
nenhuma de sair.

Após um momento de hesitação, Jonas falou.

— Há um monte de ricos comerciantes na cidade — disse


ele. — E eles guardam o seu dinheiro bem escondido.
Meu palpite é que os piratas estão levando mais tempo
do que eles planejaram pra encontrá-lo.

— Independentemente do motivo pelo qual eles estão


aqui — disse Barat, — o plano não vai funcionar. Eu teria
pensado que um marinheiro como você podia ver a falha
óbvia.

Havia uma nota de algo parecido com triunfo em sua voz.


Hal inclinou a cabeça para um lado.

— Oh? E o qual foi o detalhe que eu perdi? — Se a


objeção vem de Svengal, Lars ou até mesmo Jonas, ele
poderia ter dado alguma credibilidade. Mas Barat parecia
quase ansioso para encontrar a falha.

— O vento — Barat respondeu em um tom


condescendente. — Eu pensei que marinheiros sabiam
tudo sobre isso. Nesta época do ano, o vento
predominante à noite vai vir da praia e vai ser inoperante
contra você. Ele vai te levar a maior parte da noite a
bater na baía de encontro a ele, particularmente se você
planeja fazer uma volta ampla no caminho e para fora.
Você apenas nunca vai administrá-lo à tempo e as
chances são altas de que os invasores vão vê-lo e
adivinha o que estamos fazendo.

Hal sorriu, aliviado que Barat não tinha visto um


problema real com sua idéia.

Veja bem, o seu ponto tinha certa validade. Se o


Wolfwind, por exemplo, tentasse transportar os homens
para a baía, ele levaria muito tempo batendo no vento
contrário e a luz do dia iria mostrá-lo. Mas o Garça Real
era um assunto completamente diferente.

— Não vai ser um problema — disse ele, confiante. —


Meu navio pode navegar contra o vento muito mais
rápido do que o normal. Oito horas de escuridão será
tempo de sobra para nós chegarmos e voltarmos.

Barat abriu a boca para argumentar, mas Svengal


antecipou ele.

— Hal está certo. Esse navio pequeno com suas velas


contra o vento é como um sonho. Ele vai ser capaz de
beliscar e sair com tempo de sobra.

Barat afastou-se, uma carranca em seu rosto. Jonas se


inclinou para frente para manter a discussão em
movimento.

— Você mencionou uma distração — disse ele. — O que


você tem em mente?

— Eu percebi que as guaritas têm uma balaustrada de


madeira — disse Hal.

Jonas assentiu. — É de pinho.

Hal assentiu. Ele havia suposto muito. Pinho era a


madeira mais facilmente disponível nesta parte do
mundo.

— As pranchas são grossas o suficiente para parar uma


flecha ou um dardo de besta — Jonas disse.

— Não é o tipo que eu tenho em mente — Hal disse,


sorrindo. Ele se virou para Ingvar, sentado
silenciosamente atrás dele, prestando atenção à
conversa. — Ingvar, pode me dar o dardo, por favor?

Ingvar colocou a mão sob a jaqueta e pegou um dos


dardos do Mangler. Ele entregou a Hal.

Hal jogou o projétil pesado na areia no meio do círculo.

— Eu já montei uma besta descomunal na proa do meu


navio — disse ele. —

Ele atira um desses a trezentos metros.

Jonas ficou de joelhos e pegou o dardo. Ele pesou,


estudou a ponta de ferro reforçado e emitiu um assobio.

— Isso pode fazer um belo estrago nas coisas — disse


ele, e passou o dardo para Barat, que ergueu as
sobrancelhas quando o examinou de perto. Apesar de
sua antipatia para os escandinavos, e seu jovem skirl em
particular, ele não podia deixar de ficar impressionado
com a aparência do projétil mortal. Ele podia imaginar o
estrago que poderia causar nas torres de madeira.

— Eu pretendo cruzar a entrada do porto, atacando as


duas torres de vigia com o Mangler — disse Hal.

Ele viu as expressões intrigadas e sorriu. — Isso é como


chamamos a besta grande. Se esses dardos começarem
a bater na balaustrada, vão esmagá-los em pedaços.
Pinho estilhaça facilmente, então eles vão enviar lascas
voando em todas as direções.

Seus ouvintes assentiram quando eles imaginaram a


cena. As lascas de pinho se tornariam tão pequenas,
como projéteis mortais próprios, ceifando para baixo os
defensores.

— Uma vez que tivermos a sua atenção concentrada na


boca do porto, os seus homens podem quebrar o disfarce
e atacar a paliçada traseira. Com alguma sorte, você vai
estar sobre ele e a cidade antes deles acordarem para o
que está acontecendo.

— E nós? —Svengal interrompeu. — Você espera que a


gente se sente calmamente enquanto você tem toda a
diversão?

Hal sorriu para ele. — Bem, se você realmente quer —


disse ele. — Depois de tudo, você teve um momento
cansativo procurando por nós e pode querer colocar os
pés para cima e descansar...

Ele deixou a frase pendurada e Svengal bufou com


desdém. Em seguida, Hal continuou.
— Mas eu prefiro que você talvez possa lançar um
ataque nos pântanos. Se tomar a torre ocidental depois
que tivermos suavizado, você pode proteger a barragem.
Então pode usar a lança para atravessar o porto para a
segunda torre.

Ele fez uma pausa, olhando interrogativamente para


Svengal. O registro da barragem maciço seria quase
submerso, mas a tripulação do Wolfwind, usada para
manter o seu equilíbrio num convés agitado em uma
tempestade, deve ser capaz de usá-lo como uma ponte
improvisada para atravessar para a torre oriental, e o
dique do porto.

Svengal considerou a idéia, então assentiu.

— Não deve ser um problema — disse ele. — Nós fizemos


uma coisa semelhante há alguns anos, em um porto em
Teutlandt. E uma vez que estejamos do outro lado,
vamos batê-los em dois lados.

— Três — disse Hal. — Quando nós neutralizarmos as


torres, eu pretendo levar o Garça Real do outro lado
praia, onde o portão da praia está. — Ele tinha notado no
esboço de Lydia, que havia um portão de madeira
pesada, no lado leste da cidade, onde seguia a paliçada
até a beira da água.

— Nós vamos quebrar esse baixo, enquanto você e Barat


estão atacando e vindo de uma terceira direção. — Ele
olhou para Barat. — E o povo da cidade? Uma vez que
estamos dentro, eles vão participar?

Barat concordou imediatamente. — Eu posso garantir


isso — disse ele. —
Quando eles vêem que não estão sozinhos, eles vão
agarrar tudo o que puderem para lutar contra os piratas.

— Como você planeja romper o portão da praia? — Thorn


perguntou. Ele tinha estado silêncio enquanto Hal
esboçou seu plano. Mas agora ele podia ver uma área
onde ele estaria envolvido e ele estava interessado em
saber o que o seu jovem amigo tinha em mente. Hal
sorriu para ele.

— Eu tenho uma idéia sobre isso. Eu vou te dizer quando


eu tiver trabalhando nisso. — Ele olhou ao redor do
círculo de rostos, em busca de discordância ou crítica.

Ele viu apenas entusiasmo. Mesmo Barat, depois de seus


comentários sarcásticos anteriores, parecia pronto para
abraçar a idéia.

— Bem — disse Hal, — você está comigo? — Ele abordou


a questão de Barat.

Ele queria se comprometer com o plano antes de


qualquer outra pessoa.

Lentamente, o líder dos Limmatans assentiu. — Quando


é que vamos fazer isso?

Houve um rugido geral de assentimento daqueles ao seu


redor. Hal sorriu.

— O escuro da lua é de dois dias de distância — disse


ele. — Vamos transportar seus homens e voltar para o
lado leste em seguida. Isso vai levar duas noites. Dê-me
outro dia para arranjar algo para o portão no lado da
praia.
Barat olhou para cima, calculando. — Então, vamos
atacar em cinco dias?

— É assim que eu vejo — disse Hal. — Como é que se


adequam a você, Svengal?

A boca de Svengal se curvou em um sorriso de lobo. —


Isso me serve como base. Mas como você propõe
chegarmos a passar pelo pântano para atacar a torre? Eu
não gosto de vadear todo o caminho transportando
armas e armaduras, e eu não vejo mais do que meia
dúzia de esquifes aqui.

Hal assentiu. Ele tinha vindo a antecipar a pergunta.

— Use o Wolfwind — disse ele. — Tire o mastro da


carlinga e retire todas as pedras de lastro abaixo das
tábuas do convés. Sem todo esse peso, ela só vai
precisar de cerca de 20 centímetros de água abaixo dela.
Você pode vara-la através do pântano, sem muita
dificuldade. E você não vai mesmo ter seus pezinhos
molhados —

acrescentou, com um sorriso travesso.

Svengal olhou para ele por um longo momento. Estava


acostumado a fazer comentários zombeteiros para Erak.
Parecia estranho ter a bota no outro pé.

— Você tem pensado em tudo, não tem?

O sorriso desapareceu lentamente do rosto de Hal.

— Espero que sim — disse ele. Mas eu tenho certeza que


vai haver algo que eu não tenho.
Capítulo vinte e quatro

As duas tripulações fizeram o caminho de volta para a


praia, onde GarçaReal e Wolfwind estavam atracados. O
acampamento na ilha de areia estava no coração do
pântano e os mosquitos e moscas eram um incômodo
constante. Na praia, a brisa do mar mantinha esses
insetos na baía.

Eles colocaram sentinelas e acomodaram-se para a noite,


deitaram-se na areia macia enrolando-se em seus
cobertores. Hal deitou-se, ouvindo a respiração regular
de seus amigos adormecidos.

Sua mente estava em tumulto enquanto pensava nos


próximos dias e em tudo o que tinha que ser feito.

O comentário final de Svengal ecoava em sua mente. O


escandinavo entendeu como um elogio, mas Hal estava
muito consciente de que uma vez que a batalha
começasse, todo o planejamento do mundo não poderia
prever o inesperado. Será que ele tinha pensado em
tudo? E se Zavac decidisse deixar Limmat nos próximos
dois dias? E se o Corvo saísse calmamente do porto na
calada da noite e sumisse no horizonte? O pensamento
de que Zavac pudesse escapar depois de tudo que
tinham feito para encontrá-lo queimava na mente de Hal
como um ferro quente.

E se a precisão de Hal com o Mangler não estivesse à


altura da tarefa que ele havia estabelecido a si mesmo?
E se alguma coisa quebrasse no Mangler em um
momento crítico? Ele fez uma nota mental para preparar
uma corda de reposição e para inspecionar as tiras de
couro que absorviam o recuo maciço do arco quando ele
largava o gatilho. E se um tiro perdido vindo das torres
atingisse Ingvar? Ele precisava da força do grandão para
erguer e carregar o Mangler. Sem ele, a sua taxa de
disparo seria seriamente diminuída.

E se, e se, e se? As perguntas e dúvidas giravam em seu


cérebro até que ele não aguentou mais. Jogou os
cobertores de lado e levantou-se, em seguida, caminhou
lentamente até a beira da água. Com a lua negra a
apenas dois dias de distância, a claridade era uma lasca
fina de luz amarela, baixa no horizonte. Ele olhou para as
formas escuras dos dois navios. Amanhã, Svengal e seus
homens começariam a acender o Wolfwind. Ocorreu-lhe
que deveria fazer o mesmo com o Garça Real. Ele estaria
levando vinte homens em cada viagem para a baía,
juntamente com sua tripulação regular. Além disso, ele
deveria definir sobre fazer mais um fornecimento de
dardos para o Mangler. Ele precisaria de tantos quantos
pudesse fazer quando atacassem as torres.

E ainda tinha o portão da praia. Como poderia ter certeza


de que poderiam queimar aquilo? Ele disse alegremente
ao conselho de guerra que tinha um plano para isso, mas
ainda estava trabalhando nos detalhes. Simplesmente
atirar flechas de fogo de sua besta ou do Mangler não
seria o suficiente. A madeira do portão deveria estar seca
após anos de exposição ao vento e à maresia. Mas era de
madeira de lei e uma única chama, não seria suficiente
para fazer o fogo pegar. Eles precisariam de uma fonte
sólida de fogo para mantê-la queimando. Talvez uma
pilha de gravetos e lenha na base do portão? Mas não
havia maneira de montar essa pilha sem ser visto e atirar
da paliçada acima deles.
Óleo, pensou ele. Se eles pudessem encharcar a madeira
com óleo, em seguida, a atingir com uma flecha de fogo,
a coisa toda iria incendiar-se. Mas como ele poderia
gerenciar isso? Se tentassem aportar na praia e correr
até o portão com recipientes de óleo, seriam derrubados
pelos defensores antes de avançar dez metros.

A menos que ele conseguisse colocar o óleo lá sem ser


visto...

A semente de uma ideia começou a se formar em sua


mente. Mas nesse momento, ele ouviu um passo suave
ranger na areia. Ele se virou rapidamente e viu a forma
esbelta de Lydia a poucos metros de distância.

— Não consegue dormir? — ela disse com simpatia.

Ele acenou com a cabeça. — Estou tentando descobrir


todas as coisas que podem dar errado — disse ele. — Até
agora, já levantei cerca de uma dúzia.

— Só uma dúzia? — Ela disse, e ele podia sentir o sorriso


em sua voz. Ele olhou para ela, mas seu rosto estava na
sombra.

— Bem — disse ele, tentando igualar com o humor leve


dela. — Foi só o começo. Eu realmente ainda não entrei
no ritmo.

— Vamos isolar a sua maior preocupação — disse ela,


com a voz mais seria —

E ver o que podemos fazer a respeito.

Ele fez uma pausa, pensando. Qual era a sua maior


preocupação? Qual era o elo que, se quebrasse, seria
mais difícil de substituir? Não demorou muito tempo para
perceber o que era.

— Ingvar — disse ele calmamente. — Eu estou


preocupado com ele.

— Ingvar? — Disse, surpresa. — Como você pode duvidar


dele? Eu o tenho observado e ele absolutamente adora
você. Não há nenhuma chance de ele decepcioná-lo.

Hal estava balançando a cabeça antes que ela


terminasse.

— Eu não estou preocupado que ele vá me decepcionar.


Eu sei que ele nunca faria isso — disse ele. — Muito pelo
contrário. Estou preocupado em colocá-lo em uma
posição de perigo. Sinto como se eu fosse decepcioná-lo.
— Ele pôde sentir que ela não estava entendendo, e
percebeu que, é claro, ela nunca os tinha visto atirar com
o Mangler.

— Ele é o único forte o suficiente para carregar a besta


facilmente — explicou.

— Isso significa que ficará exposto na proa do navio


quando estiver fazendo isso.

— Quão perto você tem que chegar do alvo? — Lydia


perguntou.

Hal respirou fundo e olhou para o mar por alguns


segundos antes de responder.

Queria aumentar a distância, mas sabia que


comprometeria a precisão e a potência do sólido arco se
fizesse isso.
— Cerca de cem metros. Pode ser menos — disse
finalmente. Mesmo na escuridão, viu o branco de seus
olhos quando se arregalaram.

— Isso é muito perto — disse ela. — Pensei que você


disse que este arco de vocês tinha um alcance de
trezentos metros?

— O arco tem. Eu não. Se for para acertar a pontaria,


tenho que estar a cerca de cem de metros de distância.
Isso significa que Ingvar estará exposto quando estiver
carregando. Ele vai ser o alvo mais proeminente do
navio. E vai ser muito difícil não notarem. Eu me
pergunto se tenho o direito de colocá-lo em tal perigo,
especialmente porque sei que ele nunca irá recusar se eu
pedir a ele.

— Claro que não — disse ela — Está se esquecendo de


que você estará exposto também. Os piratas podem
muito bem ver você como um alvo mais importante.
Afinal de contas, você vai ser aquele quem estará
atirando neles.

— Eu vou estar atrás do Mangler — ressaltou. — Precisa


de um tiro muito bom para me acertar. Mas Ingvar... —
Fez uma pausa. — Bem, além de tudo, se ele for atingido,
estaremos em apuros. Ele é o único forte o suficiente
para carregar o arco.

— Que tal Thorn? — ela perguntou. — Ele não é


exatamente um fracote.

— É um trabalho de duas mãos — disse ele. — Mesmo


para Ingvar. Thorn pode muito bem ser forte o suficiente,
mas eu duvido que o seu gancho suportasse a tensão.
Provavelmente arrancaria seu antebraço.
Ela virou-se e afastou-se alguns passos, pensando. Em
seguida, voltou.

— Talvez eu possa ajudar — disse ela. — Se eu estiver na


proa com você... —

Ela o viu começar a abrir a boca para protestar e


antecipou-se a ele rapidamente. —

Não se preocupe, eu não vou ficar de pé a céu aberto.


Vou ficar embaixo de alguma coisa. — Ela fez uma pausa
e Hal assentiu cauteloso. — De qualquer forma, se eu
mantiver a vigilância, poderei proteger a ambos. Posso
apanhar qualquer arqueiro que ficar muito interessado
em você.

— Com aqueles seus dardos?

Ela assentiu com a cabeça.

— Você é tão boa assim? — A pergunta de Hal não foi de


todo cética. Foi interesse genuíno. Ele não estava
familiarizado com atlatl como uma arma. Nunca tinha
visto um em uso e não tinha ideia de seu alcance ou
precisão.

— Eu posso acertar um alvo humano a cem metros —


disse ela, confiante. Em seguida, fez uma pausa e
qualificou a declaração. — Provavelmente, três em cada
quatro vezes.

Hal assobiou baixinho. — Isso é muito bom — disse ele.


— Não tenho certeza se eu poderia fazer melhor com a
minha besta.

Ele pensou sobre isso. — E, claro, se você apanhar um ou


dois deles, os outros vão ficar menos ansiosos para
serem heróis.

Ela sorriu e ele viu seus dentes brilharem na escuridão.


— É bom pensar que eu vou ser útil — disse ela. Então o
sorriso desapareceu. — Essa é outra razão pela qual eu
queria ficar com você e com os meninos. Barat nunca me
deixava chegar perto da ação.

— Talvez nós não contemos a ele.

Ela suspirou. — Sinto muito sobre a maneira como ele se


comportou. Ele não consegue evitar Ele é muito
possessivo sobre mim.

— Eu posso ver por que. As palavras saíram da boca de


Hal antes que pudesse detê-las e ele hesitou sem jeito,
percebendo que soava como o mais desajeitado dos
elogios. Mas Lydia tocou em seu braço, agradecida.

— Obrigada — disse ela simplesmente.

Ele estava feliz pela escuridão, pois significava que ela


não podia ver como seu rosto ficou vermelho. Ele limpou
a garganta sem jeito e mudou de assunto.

— Bem, agora que já resolvemos o problema de Ingvar,


acho que eu seria capaz de dormir.

— Eu também — disse ela. — Boa noite, Hal. E obrigada


novamente.

— Boa noite — disse ele, e fizeram seus caminhos


separados de volta a seus colchonetes.

Um pouco acima na praia, Stig tinha acordado pelo


murmúrio suave de suas vozes. Por alguns segundos, ele
ficou deitado, franzindo a testa, tentando identificar o
som. Em seguida, levantou-se sobre um cotovelo e olhou
para a beira da água. Ele poderia reconhecer as duas
silhuetas à luz fraca do luar. Hal e Lydia, pensou. Ele a viu
inclinar para frente e tocar o braço de Hal, em um gesto
familiar e sentiu uma pontada súbita de ciúmes.

Então ele corou, zangado consigo mesmo. Afinal de


contas, Hal era seu melhor amigo, e ele mal conhecia
Lydia. Era uma tolice deixar que o ciúme se colocasse
entre eles, disse a si mesmo. Mas não importava quantas
vezes repetisse o sentimento em sua mente, não
conseguia se livrar daquela pequena rusga.

— Eu sou tão ruim quanto Barat — disse a si mesmo. Ele


rolou e puxou seus cobertores até o queixo. Mas o sono
lhe escapou por algum tempo.

Apesar do que ele disse a Lydia, Hal também


permaneceu sem dormir, olhando com os olhos
arregalados para o céu escuro e as estrelas brilhantes
acima dele, remoendo o problema do portão da praia.

Óleo, pensou mais uma vez. Essa era a resposta. Se


pudesse encharcar a madeira em óleo, e em seguida
atear fogo, o óleo queimando acabaria por fazer as
madeiras secas queimarem também. Também seria
simples colocar fogo no óleo.

Poderia fazer isso com uma flecha de fogo da sua besta,


ou do Mangler. Mas, primeiro, o óleo teria de ser colocado
no portão. O que o trouxe de volta a um círculo vicioso.
Qualquer um que tentasse lançar óleo sobre o portão
durante a batalha seria derrubado pelos defensores
antes que pudesse alcançá-lo.

Hal mudou de posição. Havia uma pelota de areia sob


seu ombro. Estava tentando ignorá-la nos últimos
minutos, mas agora se tornou uma real frustração -

provavelmente por causa de sua incapacidade de pensar


em uma maneira de contornar o problema do portão.

Irado, descobriu-se e se sentou. Dobrou a lona


impermeável que estava usando como um saco de
dormir e alisou a pelota de areia até deixá-la plana. Em
seguida, recolocou a lona impermeável e, enquanto fazia
isso, afofou o rolo de pele de carneiro que estava usando
como travesseiro.

Suspirando com satisfação, virou-se e estudou a praia


mais uma vez antes de deitar. Garça Real e Wolfwind
estavam inclinados agora, ele reparou. Como a maré
tinha baixado, os navios haviam sido deixados em pé na
areia molhada e tinham gentilmente tombado para a sua
posição atual.

A maré tinha feito um longo caminho. Havia uma faixa de


areia cintilante na praia, entre os navios e o mar com
cerca de vinte metros de largura. Ainda bem que eles
não tinham que zarpar com pressa, pensou. É claro que,
pela manhã, a maré iria subir novamente e os barcos
iriam se levantar gradualmente da areia e flutuar na
posição vertical, mais uma vez.

A maré o fascinava, como fazia com a maioria dos


marinheiros. Uma grande parte de sua vida fora
governada por ela e as fortes correntes que ela criava.
Houve uma inevitabilidade fascinante a respeito da maré,
sobre a maneira como subia e descia duas vezes por dia.

Ele sabia que alguns escandinavos mais velhos


acreditavam que ela foi causada por uma grande mítica
baleia azul à medida que ela respirava água para dentro
e para fora. Ele olhou em torno das formas escuras
amontoados na praia. Ele perguntou quantos tripulantes
do Wolfwind ainda secretamente acreditavam nessa
fábula.

Não Svengal, pensou. Svengal era muito prático. Thorn?


Quase instantaneamente descartou a ideia. Thorn era
muito cético para acreditar em tal história de fadas. Mas
então, se não foi a grande baleia azul que causou as
marés, o que foi?

Ele suspirou. O inventor nele queria entender como isso


aconteceu. Mas até agora, ninguém parecia ter uma
explicação lógica. Talvez a resposta fosse simplesmente
aceitar o fato que a maré vinha e a maré ia, e pronto.

E assim que teve esse pensamento, descobriu como


colocaria o óleo no portão da praia.

Capítulo vinte e cinco

Hal, Stig e Jesper estavam comigo um barco emprestado


pelas pessoas de Barat, a duzentos metros da costa, à
leste da torre de vigia de Limmat.

— Você não está preocupado com eles nos verem? —


Stig perguntou.

Os piratas que estavam na torre gritavam insultos


enquanto eles passavam remando, mas apesar de terem
atirado flechas em direção ao barco, nenhuma chegou
perto.
Hal balançou a cabeça. — Eles sabem que Barat e seus
homens têm barcos de pequeno porte, por isso não
estamos dando nenhuma distância. E com essa distância,
eles não podem nos reconhecer como escandinavos.

Stig assentiu incerto. Mas, como sempre, ele deixava o


raciocínio para Hal. —

Se você diz que é assim...

— Eles não podem ver que você é um Araluen — Jesper


fala, sorrindo.

Hal revirou os olhos, percebendo que o comentário de


Jesper foi feito como uma piada.

— Pura verdade — disse ele. — Irônico, não é? Esses


piratas pode muito bem serem as primeiras pessoas a
pensarem em mim como um escandinavo. Ah, o portão.

A cem metros além da torre de vigia, a paliçada virou em


ângulo reto e se dirigiu para o interior, para o norte.
Havia um pequeno trecho de praia além do ponto em
curva, e um pesado portão de madeira foi definido na
paliçada, que dá acesso à praia.

— Está fechado — disse Jesper. Ele estava confuso com


esta viagem de reconhecimento. Hal não tinha dito a ele
nada sobre seus planos, e tinha acabado de dizer que
queria vê-lo, talvez ele entendesse o que Hal tinha em
mente, e apontaria eventuais problemas.

— Lydia diz que está sempre fechado, a menos que haja


navios estabelecidos na praia — disse Hal. — Eles são
muito desconfiados e não deixam navios estranhos
dentro do porto.
— Com razão — disse Stig, repousando sobre os remos.
— Olha o que aconteceu da última vez que eles fizeram.

— Exatamente — Hal concordou. — Então, se chega um


navio que eles não tenham visto antes, é onde eles
dizem para atracar. Os estrangeiros podem descarregar
sua carga na praia e os moradores da cidade usam a
porta para trazer a mercadoria para o interior da
paliçada.

— Muito bem — disse Jesper lentamente. — Então, aqui


estamos nós, depois de um agradável passeio de barco,
olhando para uma porta que está trancada. Presumo que
não vão abrir para nós?

— Não. Nós iremos queima-la. — disse Hal. — Então,


Ingvar vai bater com um aríete para quebrá-lo.

— Bem, se qualquer um pode fazer, é Ingvar. Mas como é


que vamos queimá-

lo?

— Vamos encharcar o portão com óleo, em seguida,


atirar uma flecha com fogo do Mangler.

— Até agora — Jesper respondeu: — Eu não posso


discordar da sua lógica.

Com exceção de uma pequena coisa, e eu tenho que


dizer, é ponto potencialmente vital...

— Como é que vamos encharcar com o óleo o portão em


primeiro lugar?

O ex-ladrão concordou.
— Nós vamos colocá-lo lá na noite anterior. Vamos
pendurar uma bexiga cheia de óleo no portão. Se colocá-
la alta o suficiente, não será visível a partir da paliçada.

Em seguida, na manhã do ataque, perfurar a pele com


uma seta, ou um dardo. O óleo flui para baixo do portão
e nós atearemos fogo a ele com outra flecha. Simples.

Jesper voltou de seu estudo da porta e inclinou a cabeça


para Hal.

— Você tem um conceito interessante da palavra simples


— disse ele. — E

você disse que vamos pendurar uma bexiga de óleo.


Como vamos lidar com isso exatamente?

— Bem, na verdade, não vamos — Hal admitiu. — Eu


estou esperando que você faça essa parte. Você poderia
começar da borda da água para a porta sem ser visto?

Jesper estudou o terreno entre o portão e a borda da


água. Ele estendeu seu lábio inferior.

— À noite? Acho que sim. Há muitas ondulações no chão


para me dar cobertura. Pode levar dez ou quinze
minutos, mas eu posso fazer isso.

— Como é que ele chegará à praia? — Stig perguntou. —


Mesmo à noite, eles vão ver se tentarmos chegar tão
perto num barco. E se distinguirem alguém
desembarcando, eles podem muito bem verificar a porta
e encontrar sua bexiga de óleo.

— Não estamos levando o barco para perto — disse Hal.


— Nós vamos para dentro dos limites, a trezentos
metros. Um pequeno barco deve ser muito difícil de ver a
essa distância e à noite. Então Jesper e eu iremos
nadando – na passada da maré.

— Ah... Há outro problema — disse Jesper, segurando


uma mão. — Eu não nado. Eu afundo.

Hal era um excelente nadador. Jesper, como a maioria


dos escandinavos, podia ser um desastre nadando. Mas
Hal tinha previsto esse problema.

— Eu sei nadar — disse ele. — E eu vou estar com você.

— Excelente — Jesper respondeu sarcasticamente. —


Você pode me ver afogar.

— Você não pode se afogar. Eu preciso de você. Vamos


construir uma jangada.

Ou melhor ainda, encontraremos uma tora que será


molhada como os troncos da barreira. Nós vamos rebocar
o barco para trás até que estejamos a poucas centenas
de metros da praia, então escorregaremos para o mar.
Vou me amarrar em você, Jesper.

Você não vai afundar.

— Se você diz — disse Jesper dúvidando.

— Se ficar na água por trás da tora, não será visto. Os


piratas, se notarem qualquer coisa, irão ver um pedaço
de madeira flutuante molhado, em terra. Nós vamos dar-
lhes dez ou vinte minutos para se acostumar com isso,
então você desliza para a praia com a bexiga de óleo.

— E como é que você sai? — Stig perguntou. O raciocínio


mental de Hal o fascinou. A idéia parecia bastante viável
agora que ele ouviu.
— Do mesmo jeito que nós entramos. Vamos deixar a
maré nos levar de novo e você pode nos pegar fora da
vista das torres.

— Eu? — Stig diz, surpreso.

— Você vai ter que levar o segundo grupo de homens de


Barat descendo a baía enquanto estivermos cuidando do
portão. No caminho de volta, esperem em alto mar, fora
de vista, e vamos à deriva para fora, até você.

— Só isso?

— Só isso.

— E se nos perdermos de você? — Houve uma


preocupação genuína na voz de Stig.

— Isso seria constrangedor — Hal admitiu.

Jesper o olhou com certo alarme. — Eu vou ficar mais do


que constrangido —

disse ele. — Vou ficar francamente desapontado.


Poderíamos derivar a meio caminho de Teutlandt se Stig
não nos localizar.

— Isso poderia, eventualmente, ser um daqueles


pequenos detalhes que você muito ocasionalmente
ignora? — Stig perguntou inocentemente.

Hal franziu o cenho enquanto considerava o problema.

— Deve dar tudo certo. Devemos ser capazes de prever


para onde vamos derivar. E uma vez que estejamos fora
da praia, pode-se levantar uma bandeira sobre o tronco,
então você deve ser capaz de nos ver.
— Você sabe, eu não gosto de devemos — Jesper disse,
com algum espírito. —

Eu acho que eu prefiro o faremos. Perdoe-me se não


estou entusiasmo com este plano.

Hal franziu os lábios, imerso em pensamentos, em


seguida, ele fez um gesto para voltarem pelo caminho
que eles tinham vindo.

— Não há necessidade de continuar andando por aqui —


disse ele, mudando de assunto. — Eu vou pensar em
uma forma de melhorar este caminho de volta.

— Eu aprecio isso — disse Jesper.

Stig escondeu um sorriso. Jesper, um não nadador,


estava sendo convidado a flutuar na praia, segurando um
tronco, fazer o seu caminho para o portão, evitando ser
visto por todas as sentinelas que patrulhavam a paliçada,
pendurar uma bexiga de óleo sobre ela, em seguida,
derivar de novo para o mar na vaga garantia que Stig e
os outros Garças seriam capazes de encontrá-los. Bem-
vindo ao mundo de Hal, ele pensou.

Stig ajustou os remos na água e começou a remar de


volta. Ele estava planejando sugerir que Jesper poderia
soletrá-lo no caminho de casa, mas ele decidiu que ele já
tinha o suficiente em sua mente. Mas não pode resistir a
um ataque final.

— Você sabe, eu ouvi que Teutlandt é muito agradável


nesta época do ano —

disse ele. — Eles têm umas salsichas muito boas lá.


Ambos Hal e Jesper olharam para ele. Ele riu para si
mesmo. Hal vai vir com algo, ele pensou.

Mas no momento em que eles chegaram de volta ao


acampamento, Hal ainda não tinha encontrado uma
maneira de resolver o problema.

— Deve dar tudo certo — disse ele para si mesmo


enquanto se arrastava até a praia, imerso em
pensamentos. — Eu deveria ser capaz de calcular para
onde vamos derivar para Stig poder estar esperando por
nós lá.

O problema com isso, ele percebeu, era que, enquanto


Stig era um excelente piloto, não era um navegador
muito talentoso. Era competente, é claro. Tinha passado
no curso de formação do brotherband e navegação era
uma parte importante disso.

Mas Hal tinha feito às aulas avançadas de navegação, e


sabendo que excelente navegador Hal era, Stig tendia a
folhear o trabalho teorico, supondo que seu amigo
estaria por perto para fazer a parte difícil.

Eu vou trabalhar os pontos de referência para ele, Hal


pensava. Dessa forma, poderia dar a Stig dois pontos
sobre o terreno em que se orientaria, e que o colocaria
na posição correta. Mas mesmo isso não era totalmente
satisfatório. Um monte de detalhes mais finos de
navegação veio ao instinto e julgamento. Se o vento ficar
mais forte ou alterar a direção, por exemplo, levaria sua
jangada improvisada para fora do curso previsto. Hal
seria capaz de perceber e ajustar.

Stig conseguiria? Se Hal fosse completamente honesto


consigo mesmo, ele tinha que admitir que duvidava
disso.
Enquanto ponderava sobre o problema, ele caminhou ao
longo da borda da água, procurando um pedaço de
madeira que ele e Jesper poderiam usar como uma
jangada. Havia um grande tronco de árvore que parecia
adequado. Era cinza e seco com sal e ainda tinha um
emaranhado de galhos nus mortos, no final. Onde três
deles cresceram juntos, eles juntaram uma massa de
galhos mais leves e secos de ervas daninhas. Parecia um
ninho de pássaro estranho, Hal pensava.

Ou um feixe de lenha, pensou distraidamente, enquanto


caminhava de volta para buscar Ingvar e alguns dos
outros para ajudá-lo a arrastar o tronco para a água, para
que pudesse flutuar para onde o barco seria lançado. O
tronco foi meio enterrado na areia e seria além até
mesmo das forças de Ingvar movê-lo por conta própria.

Hal parou a meio passo. O tronco se parecia com


gravetos, pensou. Ele voltou para a praia com uma nova
energia em seus passos.

Ele encontrou Jesper e Stig perto do fogo de cozinha,


bebendo café com Thorn.

O velho guerreiro olhou para cima enquanto ele se


aproximava.

— Como é que foi o reconhecimento?

Hal olhou para ele em dúvida, sem saber se Stig e Jesper


haviam esboçado problema com seu plano. Ele decidiu
que não tinham. A expressão de Thorn era ingênua.

Stig e Jesper ambos aguçaram seus ouvidos para aquilo,


olhando-o com curiosidade.
— Há um grande tronco na praia que nos servirá — disse
ele. — E tem um monte de material mais leve enroscado
em seus ramos. Eu estou pensando que, se eu tomar
outro jarro pequeno de óleo, e uma pedra e aço, envolto
em uma embalagem à prova de água, eu poderia atear
fogo a ele, uma vez que estamos no mar. Você vai ver a
fumaça, Stig. Então poderá vir e recolher-nos.

Stig concordou com a idéia. Ele ficou impressionado. —


Parece que vai funcionar — disse ele. — Eu sabia que
você encontraria algo.

Thorn assentiu também. — Boa ideia — disse ele. — Se


você misturar um pouco de alga úmida uma vez que se
queima, você vai enviar fumaça em abundância.

Deve ser visível por quilômetros.

Todos olharam para Jesper, para ver se ele concordava. O


ex-ladrão estava balançando a cabeça enquanto olhava
para Hal.

— Eu pensei que era ruim o suficiente quando você


queria ir à deriva em direção a Teutlandt — disse ele. —
Agora você quer queimar a jangada em que estamos.

Hal abriu a boca para protestar, em seguida, percebeu


que era uma avaliação justa da situação.

— Stig vai encontrar-nos antes de chegar a isso — disse


tranquilizador e Stig fazia ruídos adequadamente
concordantes. Jesper olhou para Hal, então para Stig.

— É melhor — disse ele. — Ou eu vou voltar de minha


sepultura para assombrá-lo.
Capítulo vinte e seis

Ficarei contente em me livrar de vocês — disse Thorn. —


E desse tronco maldito.

Ele e Hal estavam sentados lado a lado no assento do


meio do

barco, cada um levando um remo. Com o peso extra


acrescentado pelo tronco grande atrás do pequeno
barco, Hal decidiu ajudar o amigo com o remo na viagem
de ida.

Na noite anterior, Hal tinha transportado o primeiro


grupo de homens de Barat para um ponto na costa da
baía bem a leste de Limmat. Hoje à noite, enquanto ele e
Jesper estavam montando a bexiga de óleo no local, Stig
levaria o segundo grupo na mesma viagem. Então ele iria
pegar Hal e Jesper na viagem de volta.

A esperança é a última que morre.

Thorn estava remando facilmente e Hal olhou com certo


interesse de proprietário para o braço direito de Thorn.

— Como está o desempenho do gancho — questionou. —


A tensão é correta?

Thorn ergueu o dispositivo e o estudou.


— Está tudo bem — disse ele. — Veja bem, eu tinha que
apertar as tiras de contenção, tanto quanto eu podia
para que não saísse do meu braço. Vou precisar soltá-las,
uma vez que você se for.

Hal assentiu. Na viagem de volta, com apenas Thorn no


barco, e sem o peso extra do tronco rebocado atrás,
remar seria muito mais fácil. Ele olhou em direção à
costa, cerca de três centenas de metros de distância. As
luzes que marcaram as torres na entrada do porto foram
lentamente apagando.

— Claro que você não quer que eu espere aqui fora para
te pegar? — Thorn perguntou. Ele estava preocupado
com o plano em que Hal e Jesper ficavam à deriva no
mar para um encontro com Stig no Garça Real. Havia
muitas coisas que podem dar errado. Mas Hal balançou a
cabeça, sorrindo para a preocupação do homem mais
velho. Eles já haviam discutido isso várias vezes.

— Vai ficar claro na hora em que terminarmos — disse


ele. — Há um risco muito grande de você ser localizado.
Vigias costumam ficar atentos na primeira luz.

Thorn deu de ombros. — Eu vou correr o risco.

— Eu sei que você vai. E obrigado. Mas se eles te


avistarem, podem olhar com mais cuidado e nos ver. Em
seguida, eles vão começar a se perguntar que temos
feito, e podem verificar a praia fora do portão. Se fizerem
isso, vão localizar a bexiga de óleo e o jogo acabou.

— Eu só não estou feliz com a ideia de você se afastar


com a maré — disse Thorn.

Jesper, sentado na popa, se inclinou para frente. — Eu


estou com você, Thorn.
Mas ninguém me ouve.

—Nós ficaremos bem — disse Hal, com mais convicção


do que sentia.

— Se você diz — Thorn disse.

Hal assentiu. — Eu digo.

Jesper revirou os olhos. — Eu não.

Hal decidiu ignorá-lo. Deu uma olhada para o lado do


barco e viu alguns ramos pequenos à deriva na maré
cheia. Deu uma olhada para a praia novamente e viu que
eles tinham vindo da entrada do porto.

— Isso deve dar — disse ele. — Vamos puxar a jangada


para o lado.

A jangada de troncos estava sendo rebocado cinco


metros atrás do barco no final de uma linha de cânhamo
robusto. Ele e Jesper a puxaram até flutuar ao lado do
esquife, batendo ocasionalmente contra o casco.

— Acalme-se — Thorn avisou. — Se destruir o barco, eu


vou ter que acompanhá-lo nessa balsa.

Hal sorriu para ele. — E nós adoraríamos tê-lo junto.

Thorn fez um gesto para o lado. — Mexam-se. Jesper,


você já inverteu o seu colete?

Ambos os meninos usavam coletes de pele de carneiro,


como a maioria da tripulação do Garça Real. Jesper
geralmente usava com o exterior do lado de lã, pois a lã
oleosa fornecia um bom escudo à prova d'água contra
respingos e chuva. Hal usava com o interior de lã, pelo
calor extra que dava.

Jesper tirou seu coleto, virou-o do avesso e o vestiu. —


Qual é a razão disso novamente?

— As bolsas de ar na lã irão interceptar a água, e o calor


do seu corpo gradualmente irá aquecê-lo — explicou
Thorn. — Isso vai mantê-lo mais confortável no mar, que
vai ser frio.

— Que jeito ótimo de me explicar isso — Jesper


murmurou.

Thorn deu de ombros. — Cada pequena ajuda conta.

Hal virou de modo que suas pernas estavam para o lado.


Então, como Thorn inclinou-se para equilibrar seu peso,
ele escorregou para a água escura. O choque do mar frio
a bater-lhe quase lhe tirou o fôlego. Ele se absteve de
qualquer exclamação, no entanto, pois ele sentiu que
Jesper estava, provavelmente, à beira de se recusar a
deixar o barco. Ele segurou o tronco e juntou-se a ele.
Puxou um pedaço de corda, que amarrou a um ramo
saliente, passando a extremidade livre de volta para
Jesper.

— Amarre-se — ele disse. —Então, entre na água.

Duvidosamente, Jesper prendeu a corda em volta de seu


corpo, sob suas axilas.

Então ele estendeu a mão e a mergulhou na água.

— Está fria — queixou-se a Thorn.


O velho lobo do mar sorriu. — Que surpresa. Agora, vá
em frente.

Com um último e relutante olhar para a base da popa do


barco, Jesper permitiu-se escorregar para dentro da
água. Sua cabeça afundou e ele espirrou de volta à
superfície, ofegando com o frio repentino e se debatendo
violentamente na água.

Com um último olhar relutante na base da popa do


barco, Jesper permitiu-se a afundar na água. Sua cabeça
foi abaixo e ele emergiu de volta à superfície, ofegando
com o frio repentino e se debatendo violentamente na
água.

— Cale a boca! — Hal sussurrou ferozmente, agarrando-o


pelo pescoço e arrastando-o para a enorme tora. — Eles
vão ouvi-lo da terra!

Jesper agarrou a jangada com a ferocidade do terror


absoluto. A idéia de estar flutuando em águas profundas
era completamente estranha. Normalmente, isso teria
sido suficiente para aterrorizá-lo. Mas o frio inesperado
adicionou-se ao medo. Ele olhou para Thorn.

— Quanto tempo antes que a água na lã ficar quente? —


ele perguntou lamentavelmente.

— Quente é um termo relativo — Thorn disse com um


encolher de ombros. —

Ele vai realmente ficar apenas menos frio. Deve demorar


alguns minutos.

— Eu vou estar morto, então! — Jesper reclamou.


— Cale-se — disse Hal com rispidez. Ele voltou ao barco e
Thorn passou-lhe o pacote à prova de água que continha
um pequeno frasco de óleo e uma pedra e aço. A bexiga
de porco, cheia de óleo, já estava amarrada de forma
segura no tronco. Hal prendeu o menor pacote num
ramo, testou o nó, em seguida, virou-se e acenou para
Thorn.

— Empurre-nos — disse ele. — Hora de nós seguirmos


nosso caminho.

Thorn desatou a linha que prendia o tronco ao lado do


barco, colocou um remo contra ele e empurrou. O tronco
se moveu lentamente para longe do barco. Então,
quando a maré tomou posse do tronco, ele começou a ir
lentamente em direção à costa.

— Boa sorte — Thorn disse suavemente. —Vejo vocês


amanhã.

— Cale-se — Hal falou de volta. Sua voz soava tensa,


como se falar fosse um esforço. Dentes batendo faria
isso com a voz, Thorn pensou. Então ele ouviu Hal
falando novamente. — Obrigado.

Ele acenou com a cabeça em direção a forma embaçada,


já a cinco metros de distância, endireitou os remos e
virou o barco para casa. Sem o peso dos dois passageiros
adicionais, e o reboque do tronco atrás dele, o barco
estava leve e fácil de remar. Mas de alguma forma, ele
descobriu que preferia a forma como ele se sentia
quando Hal e Jesper estavam em segurança a bordo com
ele.

Enquanto a maré os levava para a costa, Hal se ergueu


para se orientar. Eles estavam à deriva ligeiramente para
a esquerda, ele pensou.
Instintivamente, Jesper tentou puxar-se para cima do
tronco, para estar seguro da água. Hal colocou a mão em
seu ombro para contê-lo.

— Fique deitado fora do vento — disse ele. — Você vai


estar mais quente desse jeito.

— Perlins e Gertz! — Jesper respondeu, invocando os


semideuses escandinavos da neve e gelo. — Está muito
frio. — Mas ele se abaixou para trás na água, de modo
que apenas a cabeça estava acima da superfície e ele
descobriu que Hal estava certo.

Depois de alguns minutos, ele percebeu que Thorn


estava certo também. A água retida perto seu corpo foi
lentamente se tornando mais quente, formando uma
barreira entre ele e água do mar gelada.

Estava tudo bem, no que dizia respeito à sua parte


superior do corpo. Mas suas pernas, vestidas apenas com
leggings grossas de lã, estavam dolorosamente frias.

— Minhas pernas estão dormentes — reclamou ele.

Hal checou suas orientações novamente. — Então vamos


aquecê-las. Nós vamos ter que levar o tronco um pouco
para a direita. A maré está nos levando em direção ao
porto, não a praia. Agarre-o e vamos nadar à direita dela.

— Eu já tinha agarrado — disse Jesper. — O que faz você


pensar que eu a teria soltado?

Hal sorriu para ele. Seus próprios dentes estavam


batendo e ele sabia que o exercício de orientar o tronco
iria fazer bem aos dois.
— Tudo bem. Você viu como um sapo chuta? Faça a
mesma coisa. Não deixe seus pés quebrar a superfície ou
vamos fazer muito barulho. Mas chute como um sapo e
vamos aquecer um pouco.

Juntos, eles começaram a chutar por baixo d’água com


as pernas. Na primeira, Jesper era inábil e descoordenado
com a ação desconhecida. Mas aos poucos encontrou seu
ritmo e chutou constantemente, obrigando o tronco para
a direita. Eles fizeram um progresso lento, mas quando
Hal verificou novamente depois de dez minutos, eles
tinham se deslocado para uma distância considerável em
toda a maré.

Ele estimou distâncias e ângulos.

— Mais alguns minutos nadando — disse ele, — e nós


estaremos lá.

Ele estava exausto e congelando, mas podia sentir o


sangue fluindo através de suas pernas, lutando contra o
frio abraço do mar. Ele percebeu que não tinha permitido
o efeito debilitante do frio. Outro pequeno detalhe
esquecido, ele pensou ironicamente.

— Se você diz — Jesper respondeu. Sua voz era apertada.


O frio tinha enrijecido seus lábios e boca.

—Vamos lá! — Hal pediu a ele. — Marcha acelerada!

Eles chutaram mais do que nunca, todo o tempo


garantindo que não batessem na superfície e fizessem
barulho, ou um respingo sortudo de água branca. Depois
de alguns minutos, eles se tornaram conscientes do som
da suave ondulação das ondas na praia, a poucos metros
de distância. Em seguida, o tronco estava batendo e
arrastando sobre o fundo de areia, eventualmente indo
parar no raso.

Eles ficaram por alguns instantes, descansando. Ambos


os seus corações estavam correndo, enquanto
esperavam por um grito de alarme da paliçada,
indicando que sua presença tinha sido descoberta. Se
isso acontecesse, Hal pensou, eles estariam acabados.
Não tinham nenhuma forma de fuga, além de flutuar
para fora com o tronco na maré vazante.

Talvez eu devesse ter pensado nisso também, ele disse a


si mesmo. Mas, como mais minutos se passaram e não
havia sinal de que tinham sido descobertos, ele começou
a relaxar. Jesper agitou ao lado dele. Hal notou com
interesse que o seu amigo não se erguia para olhar por
cima do tronco. Ele deslizou para o lado para que
pudesse espiar através do emaranhado de galhos em
uma extremidade, evitando expor seu rosto para
quaisquer observadores possíveis sobre a paliçada.

Ele ficou observando por algum tempo, então se


contorceu de volta para colocar a boca perto do ouvido
de Hal.

— Há um guarda patrulhando. Passa a cada três minutos,


aproximadamente. Ele parece totalmente entediado com
o que está fazendo, dificilmente se incomoda em olhar
para o mar.

—Você acha que ele percebeu o tronco? — Hal


perguntou.

Jesper encolheu os ombros. — É difícil dizer. Se ele tiver,


não parece muito preocupado. Vou esperar até que ele
passe novamente e entrararei em movimento.
Hal assentiu. Ele estendeu a mão e desatou o cabo de
segurança da bexiga de óleo, levantando-o
cuidadosamente, evitando movimentos bruscos em
qualquer um dos afiados e quebrados cotos dos galhos.
Enquanto o fazia, Jesper alcançou um bolso interno
dentro de seu colete encharcado. Ele pegou um pequeno
frasco e começou a esfregar uma substância de cor
escura em seu rosto, formando um padrão irregular de
listras e redemoinhos.

—O que é isso? — Hal perguntou curiosamente.

— Graxa e cinzas. Ele altera o formato do rosto para que


ninguém veja uma regular, oval e branca. Uma dádiva se
você estiver escondendo-se de alguém no escuro —
contou Jesper a ele.

Hal assentiu, impressionado com esta informação sobre o


ofício do ladrão, anotando-o para referência futura. Você
nunca sabe quando pode querer espreitar alguém no
escuro, pensou.

—Você realmente sabe o que está fazendo, não é?

Jesper terminou com sua pintura no rosto, sorriu para ele.


Seus dentes eram notavelmente brancos na máscara
negra.

— É melhor que sim — disse ele, tomando conta da


bexiga de óleo. — Caso contrário, nós dois estaremos na
sopa.

Ele fez uma pausa, depois disse com algum sentimento,


— Lembre-se, agora, estar na sopa pode ser uma
experiência bastante agradável.
Ele deslizou para o final do tronco, ficando de bruços
enquanto esperava a sentinela em patrulha passar.
Então, levantou a mão para Hal e deslizou para longe do
tronco, ficando rente ao chão nos cotovelos e joelhos,
arrastando a bexiga de óleo atrás dele.

Hal, tendo aprendido com o exemplo de Jesper, resistiu à


tentação de olhar por cima do tronco. Em vez disso, ele
deslizou de barriga para baixo até o final, onde os ramos
seriam sua tela, e olhou para fora na direção do ex-
ladrão.

Não havia sinal dele.

— Ele realmente sabe o que está fazendo — Hal disse


para si mesmo.

Capítulo vinte e sete

Stig contava em silêncio os lutadores Limmatan que se


enfileiravam na sua frente para subir a bordo do Garça
Real. Quando o último subiu a amurada, ele se virou para
Jonas.

— Eu contei vinte e quatro — disse Stig com um tom de


acusação na voz.

Esperavam carregar vinte homens em cada viagem. Com


qualquer número a mais, o Garça Real ficaria seriamente
lotado. Mas Jonas assentiu.
— Tivemos quatro homens saírem da cidade nos últimos
dias. Barat queria que viessem. Ele disse que quanto
mais homem tiver, melhores as nossas chances.

Stig grunhiu em aceitação. Fazia sentido. Mas se tivesse


sido informado disso antes, poderia ter compensado
descarregando algumas das pedras de balastro que o
Garça Real levava debaixo do convés. Agora não tinha
tempo de fazer isso.

— Não acha que alguém poderia ter me avisado?

— Desculpe, Stig. Não me ocorreu que faria alguma


diferença.

Stig franziu os lábios. Não fazia sentido ficar chateado


com Jonas. Ele era um fazendeiro e não tinha
conhecimento nenhum de navios. Barat, é claro, é uma
questão totalmente diferente. Era um negociante e
esteve perto de navi-os durante a vida toda.

A família dele até era dona de vários.

— Bem, vou ter que diminuir o peso o máximo possível —


disse Stig. — E só uma coisa que posso pensar em fazer.
— Gritou para o navio, flutuando a alguns metros da
praia. — Stefan! Edvin! Venham à margem!

Os rostos dos dois tripulantes apareceram na lateral do


navio, observando-o com curiosidade.

— Qual é o problema? — perguntou Stefan, e Stig


gesticu-lou com o dedo para que descessem.

— Estamos acima da capacidade. Vocês terão que ficar


para trás.
— Mas quem vai abaixar e levantar a vela? — perguntou
Edvin. Logo quando falava, Ulf e Wulf também
apareceram na amurada.

— Os gêmeos cuidarão da vela — respondeu Stig. Tomou


essa decisão, pois os gêmeos eram os mais fortes dos
quatro membros da tripulação a bordo. Só um deles era o
suficiente para abaixar e levantar a vela... ou ele poderia
pedir ajuda para um dos passageiros se necessário.
Afinal, era somente uma questão de puxar uma corda.

— Ulf, você estará responsável pela vela.

— Eu sou o Wulf — disse o gêmeo que ele indicou.

Stig cerrou os dentes em raiva. Então disse, calmamente:

— Então, Wulf, você cuidará de levantar a vela. Ulf pode


cuidar de ajustá-la.

— Fico feliz em levantar a vela se quiser que eu a levante


— disse o gêmeo que ele agora sabia que era Ulf. Stig
respirou fundo. Começava a imaginar como Hal
conseguia ficar calmo com esses dois. Então percebeu
que, na maioria das vezes, não conseguia.

— Eu não ligo para quem faz o quê, contanto que os dois


trabalhos sejam feitos. Entenderam?

Os gêmeos encolheram os ombros.

— Tudo bem — disseram em coro. E Ulf adicionou: —


Então você quer que eu levante a vela?

— QUERO! — Stig estourou. — Você levanta a vela. E


você, o outro, seja lá que infernos for, você ajusta a vela.
— Eu sou Wulf — disse Wulf.

— Dane-se! — Stig lhe disse. — Faça o que eu te peço!

— Tudo bem — disse Wulf, revirando os olhos para


indicar como Stig estava sendo contraditório. Ele e o
irmão saíram da lateral e foram até as suas estações.

Stefan e Edvin, que observaram a conversa em diversão,


passaram por cima da amurada e caíram na água rasa.

— Você está se deixando sem muitos trabalhadores —


Edvin disse para Stig.

O garoto alto assentiu rigidamente.

— Eu sei, mas não tenho outra escolha, tenho?

Edvin considerou o argumento, e então encolheu os om-


bros.

— Suponho que não. Mas se o vento morrer, você só terá


duas pessoas para remar.

— O vento tem soprado regularmente toda noite faz


semanas — Stig lhe contou. — Por que morreria agora?

— Não sei — admitiu Edvin. — Talvez porque você precise


dele agora.

Stig o mirou por vários segundos. Edvin lhe olhou de


volta, mas teve a graça de parecer pedir desculpas por
ter levantado o assunto.

Finalmente, Stig disse firmemente:

— O vento não morrerá hoje. Entendeu?


— Tudo bem — Edvin concordou. — Você que sabe.

— Ótimo. — Stig percebeu uma figura magra andando


em sua direção e ele tirou os olhos de Edvin. — Olá, Lydia
— disse. — Veio se despedir?

Na verdade, Lydia planejava convencer Stig a ir a bordo


para a viagem. Estava chateada com a falta de atividade,
sentada em silêncio esperando que o ataque começasse.
Queria estar fazendo algo, e sentia que teria chance de
fazê-lo mudar de ideia. Mas a discussão que acabara de
ouvir a convenceu do contrário.

— Só vim lhe desejar boa sorte — falou.

Stig sorriu.

— Ficaremos bem — ele disse, gesticulando para o navio.


— Vai ser simples.

Navegar até lá, deixar os homens lá, ir embora.

— Eu quis dizer, boa sorte na procura por Hal — disse


ela, e o sorriso de Stig desapareceu quando pensou na
noite a seguir.

— Sim. É claro. Não se preocupe. Vamos achá-lo, sem


problema. — Sentiu uma pontada de preocupação pelo
amigo. E, estranhamente, também sentia uma pontada
de inveja também. Lydia não parecia preocupada com o
bem-estar dele, pensava. Ela estava preocupada com
Hal.

Decidiu deixar a sensação vil de lado. Hal estava em uma


situação muito mais perigosa do que ele. Por que devia
sentir inveja quando Lydia se preocupava mais com Hal?
Sentia mesmo assim, e ficava zangado com si próprio por
isso.

— Melhor irmos — ele disse abruptamente, escondendo


sua confusão. Sentido que ela lhe havia ofendido de
alguma forma, Lydia fez um gesto conciliatório para ele.
Mas Stig já se virara e subia pelo parapeito do navio,
caminhando em direção à popa no meio dos vários
Limmatans.

Lydia ajudou Edvin e Stefan a empurrar o navio para o


mar. Ingvar, que estava ali por perto, desceu até a praia
para ajudá-los, e o Garça Real deslizou para águas mais
fundas. Stig trabalhava com a cana do leme, girando a
popa até o navio estivesse mirando o mar aberto.

— Vela a estibordo — comandou, e um dos gêmeos


levantou a verga e a vela, enquanto o irmão as girava
forte con-tra o vento.

Enquanto o navio ganhava velocidade, Stig lhe afastou


da praia com uma rápida curva. O Garça Real se movia
rápido pela noite, uma sombra escura num mar
igualmente escu-ro, até o único sinal do navio era o
ocasional brilho branco das ondas batendo na proa.

Jesper se encolhia nas tábuas duras do portão, mal


ousando respirar, ouvindo o ruído rítmico da sentinela
pas-sando sobre a sua cabeça.

Onde estava, deixando da pendente do portão do jeito


que estava, era impossível que o guarda lhe visse, a não
ser que o homem se inclinasse para fora do cercado e e-
xaminasse embaixo. Não havia motivo para ele fazer
isso... a não ser que Jesper fizesse algum barulho.
Não sentia mais frio. Adrenalina corria pelo seu
organismo, afastando qualquer sensação de desconforto.
Esperou até que os passos desaparecessem. Sabia pela
sua observação que tinha três minutos antes que o
guarda voltasse. Pôs o balão de óleo com cuidado na
base do portão, tirou do bolso uma pequena broca que
Hal lhe dera, e se estendeu o máximo que conseguiu
para começar a furar um buraco no portão.

Hal pensa em tudo, ele pensou. Sozinho com seus


próprios acessórios, Jesper nunca pensaria em trazer a
broca e o prego de Hal. Passaria com esforço por todos
os pro-blemas de chegar ao portão sem ser visto, e
perceberia que não havia nada em que pudesse
pendurar o balão de óleo.

Girava a broca. Era uma ação estranha, acontecendo


acima de sua cabeça. A madeira fora endurecida com o
efeito de secura de anos de sal e vento, o que havia
encolhido suas fibras, as unindo mais firmemente,
tornando-as mais difíceis de penetrar. Mas ele persistiu.

Os passos voltavam e ele congelou mais uma vez,


permitindo que passassem antes que voltasse a furar.
Finalmente, decidiu que o buraco era fundo o suficiente e
tirou o prego do bolso e enfiou-o no buraco. Eram alguns
milímetros menor que a broca, então não havia
necessidade de martelá-lo. Sorriu de forma triste. Nunca
poderia ter martelado o prego de qualquer jeito, pelo
menos não sem ser ouvido. Por esse motivo, havia usado
a broca num ângulo para baixo quando furava. Dessa
forma, quando forçasse o prego no lugar, ele ficaria
inclinado levemente para cima. Quando pendurasse o
oleado ali, o ângulo manteria o prego firme no buraco.
Encaixou-o mais fundo que conseguiu, sentindo tocar
madeira sólida quando alcançou o fundo do buraco que
brocou.

Pendurou o balão no prego, arrumando-o para que


ficasse plano com a madeira do portão. Soltou com
cuidado, se certificando que o prego continuaria firme.
Parou novamen-te quando ouviram os passos se
aproximarem, e depois de-saparecerem.

Algo mais lhe veio à cabeça: obviamente o portão não


era usado há semanas, e um pouco de lixo e detrito se
acumulavam na base da parede, junto com vários galhos
e fios de erva seca. Jesper juntou alguns rapidamente,
saindo um pouco da cobertura de baixo do pendente
para pegá-los, e os empilhou no pé do portão, debaixo de
onde o oleado estava pendurado. Quando Hal o furasse,
o óleo iria jorrar, ensopando o portão.

Mas uma grande quantidade iria simplesmente cair na


areia. Dessa forma, o óleo descendo do portão iria cair na
pilha seca de lixo que acabara de coletar. Pegaria fogo
também, e quando queimasse, iria ajudar as chamas a se
espalharem às vigas.

— Cada pedacinho conta — murmurou Jesper,


observando o seu trabalho.

Agachou-se ao ouvir os passos de volta. Passaram sem


parar, como faziam desde que estivera no portão.
Quando tinha certeza que o caminho estava livre, se
arrastou sobre os pés e joelhos, longe da parede. Havia
uma pequena ondulação na areia a cinco metros dali e
aquele passou a ser seu primeiro objetivo. Alcançou-a e
deitou-se com o rosto para baixo, imóvel na sua sombra,
até os passos passarem de novo na direção oposta. Em
seguida continuou a se arrastar, em direção à sua
próxima parada: um tufo de grama dura à sua direita.

Se arrastando de barriga para baixo, passando pela areia


fria, sentiu uma mudança. Havia algo diferente. Algo não
estava do mesmo jeito de antes. Alcançou a pequena
cobertura do tufo e deitou-se ali, tentando se concentrar.
Franziu a testa, procurando determinar o que era aquilo
que sentira.

Então ele percebeu. O vento havia morrido.

Capítulo vinte e oito

A viagem até o ponto de entrega Limmatans tinha


transcorrido sem problemas. Stig trouxe a Garça Real em
um curso longo e curvo para a baía e depois de volta
para a praia, onde o primeiro grupo de soldados passou o
dia.

Barat estava observando sua chegada. Quando a proa do


navio raspou suavemente a areia, e ainda com água até
suas coxas, desceu do barco para cumprimentá-los.

— Você está atrasado — disse ele. — Eu os esperava há


uma hora.

Bondoso como sempre, Stig pensou sarcasticamente. Ele


fez um gesto vago para noite em torno deles.

— O vento não é tão forte como na noite passada —


disse ele. — Nós não conseguimos a mesma velocidade.
— E com um tom ácido na voz, acrescentou: —

Além disso, estávamos carregando uma carga mais


pesada, que ninguém mencionou a nós.

— Hmmmph. Bem, antes tarde do que nunca, eu acho —


respondeu Barat enquanto seus homens começaram a
desembarcar e formar-se em um círculo no solto da
praia, aguardando novas ordens. Ulf e Wulf estavam com
os baluartes na proa, ajudando a qualquer um que não
tivesse certeza dos seus movimentos. Nem todos os
Limmatans estavam acostumados a mover-se a bordo do
navio.

Stig apresentou uma braçada de peles de água e alguns


sacos de alimentos, pão e carne seca na maior parte, e
entregou-os para Jonas. Em seguida, ele caiu sobre o
trilho para a praia.

— Isso deve mantê-lo — disse ele. Ele olhou para Barat.


— Lembre-se, fique fora de vista amanhã, em seguida,
ataque no dia seguinte, duas horas depois do meio-dia

Eles tinham acrescentado um dia ao calendário quando


perceberam que Hal provavelmente estaria esgotado
quando o pegassem. Eles tinham definido o momento do
ataque à tarde, o que colocaria o sol nos olhos dos
defensores como quando a Garça Real atacava as duas
torres.

Barat bufou. — Ainda não sei por que não atacam de


madrugada. Esse é o momento tradicional.

Stig respirou fundo, controlando sua irritação com


esforço. Isso tudo tinha sido discutido. Mas, claro, Barat
estava escolhendo convenientemente esquecer esse
fato.
Stig estava começando a perceber que o líder Limmatan
simplesmente gostava de argumentar em causa própria.
Ele se encaixa bem com Ulf e Wulf, pensou.

— É por isso que estamos deixando-o para o meio da


tarde — ele respondeu em tom comedido. — Os ataques
de alvorada são tradicionais, o que significa que as
pessoas esperam por eles. É por isso que geralmente
têm as guarnições pouco antes do amanhecer. Eles estão
em suas mãos. Por meio da tarde, eles estão mais
interessados em dormir depois de seu almoço. Já
discutimos isso — acrescentou ele incisivamente.

Barat balançou a cabeça. — Não significa que eu


concordo. — Então, ele encerrou a discussão com
petulância e olhando para o barco diz: — Lydia está com
você?

Stig balançou a cabeça. Ele tinha visto Lydia vagando


pelo navio quando estavam carregando e adivinhou o
que ela tinha em mente. — Não foi possível acomodá-la
dentro do navio, ela queria vir, mas já estávamos
sobrecarregados.

Barat olhou-o, hesitante. Ele não tinha certeza se Stig


queria dizer que Lydia queria vê-lo, Barat, ou que ela
queria acompanhar Stig. Ele hesitou, sem saber o que
dizer em seguida.

— Stig... — Wulf disse calmamente.

Stig se virou para ele, grato pela interrupção. —O que é,


Ulf?

— Sou Wulf — disse o gêmeo ofendido. Foi realmente


uma ofença chamá-lo pelo nome de seu irmão? Pensou
ele. Afinal, ele não tinha nenhum. Stig levantou a mão
em pedido de desculpas.

— Desculpe — disse, fazendo uma nota mental de nunca


chamá-los pelo nome em conversa de novo. — O que é
Wulf? — disse, e percebeu que tinha acabado quebrar a
promessa.

— O vento. Ele morreu — Wulf disse a ele.

Stig girou, olhando para as árvores no alto dos morros do


interior. Então ele se virou novamente, olhando através
da água lisa da baía. Não havia ondulações sobre a
superfície. Wulf estava certo. O vento tinha morrido.

Ele olhou para as estrelas para medir o tempo. Em


poucos minutos, a maré começaria a baixar, e Hal e
Jesper iria empurrar a jangada improvisada para fora da
praia, em busca do oceano ao seu redor para sua
primeira vista do Garça Real.

Exceto que o Garça Real não estaria lá. Sem vento e com
apenas dois membros da tripulação para a linha, Stig
nunca chegaria ao ponto de desembarque a tempo. Ele
sentiu uma onda de pânico, obrigou-se a se acalmar e
pensar. O que ele poderia fazer?

O que Hal faria?

A resposta veio com ele. Ele deu um passo para mais


perto de Barat.

— Eu preciso de seis de seus homens — disse ele com


urgência. — Seis homens que já trabalharam em barcos
— O Garça Real tinha oito remos, embora eles raramente
usassem mais de quatro ou seis. Com oito homens — Ulf
e Wulf e seis Limmatans – eles chegariam ao encontro a
tempo.

Barat deu uma risada curta. — Talvez você precise, mas


não os terá — disse ele. Seu tom era definitivo.

Stig olhou para Jonas, que deu um passo adiante, com as


mãos gesticulando em um apelo ao seu comandante.

— Barat, seja razoável. Podemos...

Mas Barat interrompeu-o com um gesto curto.

— Eu preciso de todos os homens que temos! — Disse. —


Eu não posso cortar nossa força por seis!

Eles estavam falando em voz baixa, e até agora, os


Limmatans reunidos não tinha ouvido o que eles estavam
dizendo. Stig manteve a voz baixa agora.

— Você já tem quatro extras. Na verdade, eu só estou


pedindo dois.

Barat estava balançando a cabeça. Stig respirou fundo,


controlando a explosão de raiva que queria incendiar-se.
Ele tocou o braço de Barat e apontou para um pequeno
grupo de rochas a vinte metros da praia.

— Podemos discutir isso em particular, por favor? Não é


bom os homens nos vêem discutindo.

— Podemos discutir se você quiser, mas saiba que não


terá os homens. — Mas Barat permitiu que Stig tomasse
seu braço e o guiasse em direção às rochas. Stig
gesticulou com a cabeça para Jonas, o que indicava que
ele, o segundo em comando, deveria acompanhá-los.
A areia rangia sob suas botas enquanto caminhavam ao
longo da praia. Logo, estavam atrás das rochas, fora do
alcance das vistas.

— Você percebe — Stig disse calmamente, obrigando-se


ainda a ser razoável,

— que se eu não estiver lá para pegar Hal, ele vai flutuar


no mar?

Barat deu de ombros. — Ele sabia o risco quando


assumiu o cargo — disse ele.

— Eu sempre pensei que era uma ideia ruim.

— E você percebe que sem Hal não vamos ser capazes


de atacar as torres? Ele é o único que está treinado para
disparar a besta gigante. — No último momento, ele
optou por não chamá-lo de Mangler, sentindo que o
nome só levaria a uma resposta irônica. Mas Barat fez
outro gesto negativo.

— Você pensa seriamente que o plano vai funcionar? —


Ele disse com desdém.

— Você pode muito bem atirar para cima e para baixo da


baía, cravar sua besta sobre tudo que você gosta. Mas
isso não vai prejudicar as torres. No final, nós vamos ter
que fazer todo o trabalho duro e enfrentar todo o perigo.
E, para isso, vou precisar de cada homem que eu tenho.

Stig olhou para Jonas. Ele poderia dizer a partir da


expressão de dor no rosto do homem, que ele discordou
de Barat.

— O que você acha? — Disse.


Jonas hesitou, então parecia firme em sua opinião. — Eu
acho que nós poderíamos dispor...

— Não importa o que ele pensa! — Cortou Barat


bruscamente. — Eu estou no comando! Ele não!

— E essa é a sua palavra final? — Stig disse.

Barat bufou e não se preocupou em responder.

— Bem, eu tentei — Stig disse em um tom suave para


Jonas. Em seguida, ele bateu em Barat com toda a sua
força.

O golpe foi tão inesperado, tão fora de sintonia com o


tom suave, quase decepcionado, de voz que Stig estava
usando, que pegou Barat de surpresa.

Era um direito selvagem que atingiu sua mandíbula,


levantando-o do chão e fazendo-o cair como um saco de
batatas. Stig ficou de pronto, com o punho esquerdo
armado para outro golpe, mas não foi necessário. Barat
estava fora de combate.

— Por Gorlog, eu estava doido para fazer isso há dias! —


Stig murmurou.

Jonas arregalou os olhos para ele. — O que você está


fazendo? — Perguntou, chocado com a inesperada
explosão de violência.

— Estou levando seis dos seus homens para encontrar


meu amigo — disse Stig muito calmamente, mas com
determinação. — Você os dirá para vir comigo.

— Mas... e quanto a ele? — Jonas perguntou.


Stig pensou por um momento ou dois. — Quem é o Deus
das batalhas nestas partes?

— O quê? — Jonas perguntou, confuso com a súbita


pergunta. Então, franzindo a testa, respondeu: — Torika,
eu suponho.

— Ótimo. Nós vamos dizer aos homens de Barat que eles


ficarão para trás para orar a Torika por uma grande
vitória. Então você explica que eu partirei e que seis
homens virão comigo. A menos que você tenha outra
ideia? — Ele desafiou.

Jonas jogou as mãos para cima. — Não. Nem um pouco.


Na verdade, o desejo que eu tinha de bater naquele
idiota era tão grande quanto o seu. Vamos indo.

Eles caminharam até a praia e Jonas escolheu seis


homens para embarcar no Garça Real. Stig assentiu em
agradecimento e empurrados para fora da costa, Ulf e
Wulf e os seis Limmatans sacudiram seus remos através
dos toletes.

Stig levantou a mão para Jonas.

— Vejo vocês em Limmat, depois de amanhã — ele


chamou. Jonas acenou de volta, então, com o barulho de
remos na água, chamada de Wulf, o Garça Real deslizou
para longe.

Stig olhou por cima do ombro para a praia recuando


rapidamente. Por trás da queda de rochas escuras, ele
pensou ter visto uma figura, cambaleando e agitando os
braços. Um grito chegou levemente aos seus ouvidos. Ele
sorriu.
— Mantenha o curso, Wulf — disse ele. — Faça-o bem
alto.

Capítulo vinte e nove

Hal estava no fim do tronco, olhando ao redor, à procura


de algum sinal de Jesper, quando sentiu uma mão em
sua perna. Ele pulou com o susto, parando de pé em
choque, e girou.

O rosto sorridente de Jesper estava a menos de um


metro do seu. Seus dentes pareciam estranhamente
brancos em seu rosto enegrecido e cinza de graxa.

— Tudo no lugar — disse Jesper. — Vamos sair?

— Por Deus! — Hal disse, em um sussurro áspero. — Você


assustou as entranhas dentro de mim! Não faça isso!

O sorriso de Jesper se alargou. Seus nervos tinham


estado numa tensão grande como uma corda de alaúde
pelos últimos quarenta minutos.

Sua atitude alegre agora fora devido ao alívio da tensão


que ele tinha estado sob.

— Desculpe — disse ele. Ele soava falso. — Se as


sentinelas não conseguiram ouvir eu me mover, eu acho
que você não irá querer que ouçam agora.

— Como você faz isso? — Hal perguntou. Ele não tinha


ouvido nenhum som de abordagem do ladrão, nem visto
nenhum sinal de movimento na praia.

Jesper encolheu os ombros. — Muita prática. Um ladrão


que não pode se mover sem ser visto e ouvido não
permanece um ladrão por muito tempo. Agora eu
realmente gostaria de ir, se está tudo bem com você.

Hal fez um gesto para ele esperar e quebrou um pequeno


fragmento de madeira seca do tronco. Ele o jogou na
água a um metro de distância e observou-o atentamente.
Lentamente, o fragmento começou a ir em direção à
praia. Ele balançou a cabeça.

— A maré ainda está chegando — disse ele brevemente.


— Mas nós podemos também ficar prontos. Vai virar em
breve. Ajuda-me a arrastar o tronco para mais longe na
água.

Eles descobriram alças no tronco e puxaram-no para


trás. Com dois deles trabalhando nisso, o tronco movia-
se mais facilmente e logo tiveram que flutuarlivremente.
Hal observou a superfície da água em torno deles,
mantendo-se no lugar, procurando o primeiro sinal de
que a maré virou.

— Você já notou que o vento morreu? — Jesper sussurrou


à medida que se inclinava nas profundas coxas de água.

Hal olhou alarmado. Ele tinha sido distraído, primeiro


pelo reaparecimento inesperado de Jesper e depois pelo
esforço de mover o tronco. Como resultado, ele não havia
percebido. Agora, quando olhou rapidamente ao redor,
percebeu que o que Jesper disse era verdade.

— Isso pode ser um problema — disse ele calmamente.


Nos próximos minutos, ele e Jesper teriam que arriscar-se
à deriva com a maré.

Mas se não havia vento, Stig seria atrasado. Ele não


poderia chegar ao ponto de encontro a tempo. E se isso
acontecesse, havia uma chance nítida de Jesper e Hal e o
tronco continuarem à deriva no mar.

Hal rangeu os dentes quando avaliou a situação. A mente


de Jesper estava obviamente trabalhando ao longo das
mesmas linhas.

— Eu acho que eles podiam remar — disse ele.

Hal olhou para ele. — Quatro deles? Acho que sim. Mas
vai ser uma puxada longa e dura para quatro pessoas. —
Ele fez uma pausa. — Talvez o vento comece de novo —
acrescentou ele, esperançoso.

— Talvez — respondeu Jesper. Ele soava muito menos


esperançoso sobre isso.

— Eu descobri no passado que quando você está em um


aperto e realmente precisa que algo aconteça,
normalmente não acontece.

— Deve ser muito bom ter uma visão tão positiva — Hal
disse sarcasticamente.

Jesper encolheu os ombros. — Então, o que vamos fazer?

Hal hesitou antes de responder. — Vamos ver para o que


não podemos fazer —

disse ele. — Nós não podemos ficar aqui. Nós vamos ser
vistos uma vez que o sol surgir.
— Então nós vamos? — Jesper perguntou.

Hal hesitou novamente, pesando as alternativas,


conclusão não havia nenhuma.

Ele acenou com a cabeça.

— Stig vai encontrar uma maneira de chegar até nós —


disse ele. — Talvez ele pegue um ou dois remadores
extras dos homens de Barat.

Enquanto falavam, ele estava assistindo a água ao seu


redor. O pequeno pedaço de madeira que ele tinha
jogado fora mais cedo foi lentamente à deriva no mar.

— A maré virou — disse ele. Jesper respirou fundo e eles


trocaram um longo olhar. Ambos sabiam o risco que
estavam prestes a tomar.

— Vamos então — o ex-ladrão disse relutantemente,


amarrando-se sobre o tronco mais uma vez. Mas,
novamente, Hal levantou a mão para ele esperar.

— Eu vou deixar isso primeiro — disse ele.

"Isso" era um feixe de dez finas estacas de madeira,


cada uma com trinta centímetros de comprimento,
enrolada com barbante. Quando Hal abriu o pacote,
Jesper pôde ver que o barbante amarrava na verdade as
estacas em conjunto, com um espaço de cinco metros
entre cada uma. Cada estaca foi batida através de um
pedaço de rolha, de modo que dois terços do seu
comprimento mantiveram-se acima da rolha.

Uma grande dose de breu tornou pesada a extremidade


inferior de cada uma, enquanto uma tira de tecido
vermelho estava ligada à extremidade mais longa. Hal
pôs a primeira estaca na água. O peso do breu equilibrou
a estaca que flutuou na posição vertical, de modo que a
fita vermelha ficava acima da água.

Lentamente, Hal lançava o fio enquanto ele se


distanciava do tronco. Em poucos minutos, as pequenas
bandeiras balançavam para o mar em uma linha de 50
metros de comprimento, suportado na maré vazante. Na
escuridão, as fitas vermelhas eram tudo, menos visível.
Depois que o sol se levantar, no entanto, devem se
destacar.

— Foi idéia do Edvin — Hal explicou. — Ele fez isso


ontem. Vai tornar muito mais fácil para Stig nos ver.

Jesper estava impressionado. — De repente — disse ele


— todo mundo é um inventor.

Hal esperou até que a última bandeira estivesse à deriva


cinco metros deles e amarrou o fim do fio em um dos
ramos mortos no tronco. Então, ele acenou para Jesper.

— Hora de ir — disse ele calmamente. Ele respirou fundo,


sabendo que Jesper estava fazendo o mesmo. — Você
está amarrado perto? — questionou. Jesper assentiu. —
Então, vamos lá.

Eles levantaram os pés da areia, deixando suas pernas


flutuarem atrás deles.

Lentamente, o tronco começou a se desviar para fora,


para longe da praia. À frente deles, invisíveis no escuro,
dez pequenas bandeiras vermelhas mergulhavam e
balançavam sobre as ondas.

Não me deixe desanimar, Stig, Hal pensava. Mas ele


manteve o desejo para si mesmo.
A princípio, o seu movimento era quase imperceptível.
Mas, como a maré vazante ganhou força, eles
começaram a se mover com maior velocidade, e a praia
rapidamente recuou de vista. Conforme flutuavam para
mais longe, eles podiam ver as tochas e lanternas
queimando nas duas torres, e o halo sempre presente de
luz que pairava sobre a cidade em si. Por outro lado, o
mar em torno deles parecia muito escuro e muito vazio.

Deitados bem baixos na água como estavam, logo


perderam de vista a cidade.

As torres mergulharam abaixo do horizonte e elas só


poderiam ser vistas se os meninos erguessem-se por
cima do tronco para uma melhor vista. Uma vez que as
luzes estavam fora de vista, houve pequena sensação de
movimento, embora Hal sabia que eles ainda estariam se
movendo a uma velocidade considerável. Ele tentou, em
vão, constituir os pontos de referência que tinha dado a
Stig, mas ele estava muito baixo na água para ver
quaisquer características do terreno.

— A esperança é Stig chegar aqui em breve — disse


Jesper. Sua voz estava apertada de novo, a partir de uma
combinação de nervos e frio.

— Ele deve aparecer depois do amanhecer — disse Hal.


Ele girou e olhou para o leste, mas até agora não havia
faixas indicadoras de luz para ser vista.

Eles deixaram-se levar. Os dentes de Hal estavam


batendo e seu maxilar doía de tentar detê-los. Ele estava
com frio. Sua parte superior do corpo não estava tão
ruim.

A pele de carneiro cozida estava servindo o seu


propósito. Mas suas pernas doíam com o frio da água.
Como todos os Garças, ele tinha crescido em torno de
barcos e navios e mau tempo e estava acostumado a
estar molhado e com frio. Mas ele estava imerso agora
por algum tempo e ele não esperava que o frio minasse
sua energia tanto quanto tinha.

Supôs que Jesper estava sentindo o mesmo. Ele olhou de


lado para seu companheiro e percebeu que poderia
distinguir detalhes do tronco - ele podia ver galhos
individuais e o pacote impermeável amarrado
firmemente a sua jangada improvisada. Ele girou a olhar
por cima do ombro e distinguiu a bandeira vermelha
minúscula cinco metros de distância. Quando se
levantaram em uma onda, ele podia ver a bandeira
momentaneamente seguinte.

Mas não havia nenhum sinal do Garça Real em qualquer


lugar no horizonte.

O tempo passou. A luz fortaleu, e rapidamente o céu no


leste foi matizado com o brilho vermelho do sol nascente.
Então, que se desvaneceu como a luz endurecida.

Não havia nenhum sinal da cidade agora. Nenhum sinal


de terra. Nenhum sinal do Garça Real.

Nenhum sinal de qualquer coisa, apenas o mar.

Finalmente, Jesper deu voz ao temor que estava


crescendo em ambos.

— Eles nos perdeu — disse ele. Sua voz era plana,


derrotada.

Hal balançou a cabeça. — Eles vão nos encontrar — disse


ele, tentando soar como se acreditasse. — Eu vou dar-lhe
dez minutos ou mais, então vou acender o sinal de fogo.
— Como saberemos quando os dez minutos estarão
terminados? — Jesper perguntou desanimado.

Hal chutou com as pernas abaixo da superfície,


movendo-os, tentando fazer o sangue fluir. Ele mal
conseguia senti-las, ele percebeu.

— Vamos saber por que isso vai ser quando eu acender o


sinal de fogo. — disse ele.

Jesper o olhou por alguns segundos. — Isso não faz


sentido.

Hal deu de ombros, ainda trabalhando suas pernas. Em


seguida, uma cãibra o atingiu e ele fez uma careta,
gemendo. Quando se recuperou, ele respondeu.

— Nós escolhemos a deriva em um tronco, à milhas da


costa, na esperança de um navio nos encontrar, e você
quer que eu comece a fazer sentido, de repente?

Jesper resmungou. — Estou com sede — disse ele. —


Será que trarão alguma água?

Hal balançou a cabeça. — Um desses pequenos detalhes


que eu sou famoso —

ele disse a seu companheiro. — Stig diz que eles sempre


parecem envolver água. Eu me pergunto por quê?

— Nós deveríamos ter pensado em trazer água — disse


Jesper.

Hal assentiu. Ele estava cansado demais para dizer


qualquer coisa. Ele percebeu que estava se afastando,
em perigo de cair no sono. Sorriu para si mesmo. Isso é
exatamente o que você está fazendo, ele pensou.
Afastando-se em um tronco. Ele pensou que poderia ser
uma boa idéia amarrar-se ao tronco, da maneira que
Jesper tinha feito. Mas ele não conseguia aumentar a
energia para fazê-lo.

— Talvez eu devesse acender o sinal agora — disse ele.


— Deve ter passado dez minutos.

Não houve resposta. Jesper estava esparramado contra o


tronco, de bruços, mantido no lugar pela corda sob suas
axilas. Hal fez uma tentativa de erguer-se. Mas o seu
peso, e o peso extra de sua roupa encharcada, eram
demais. Ele deslizou para dentro da água, quase
perdendo o controle da tora. Agora suas mãos estavam
frias, bem como suas pernas, ele pensou.

Na verdade, ele percebeu, todo o seu corpo estava frio.


Seus dentes começaram a bater e ele nada podia fazer
para detê-los.

— Onde está você, Stig? — Disse. Pelo menos, ele tentou


dizer. Tudo o que saiu de sua garganta foi um som
áspero. Ele realmente deveria ter trazido água, ele
pensou. Ele suspirou. Tinha parecido uma boa idéia.
Flutuar com o grande tronco, colocar a bexiga de óleo no
lugar, então derivar para fora novamente.

Quem teria pensado que um pequeno detalhe, como a


falta de vento poderia jogar as coisas em tal desordem?
Ele deveria ter tido conhecimento da possibilidade,
pensou. Por um momento, estava com raiva de si
mesmo. Então, deu de ombros. O

que realmente importa, afinal? Estava caindo no sono e


agora, estranhamente, estava quente de repente.
Quente e confortável.
Mas com muito sono. Queria apenas dormir um pouco,
então iria acender o sinal de fogo. Estaria mais forte
depois que dormisse. Ele deitou sua cabeça contra o
tronco áspero. Sentiu a mão escorregar e deslizou de
volta para a água.

Devia ter amarrado a mim mesmo, como Jesper, pensou.


Havia uma ponta afiada de um ramo quebrado perto dele
e ele prendeu sua pele de carneiro sobre este para
manter-se no lugar.

Olhou de lado para Jesper. A cabeça do ex-ladrão foi


pendendo, apenas fora da água. Sua respiração soprou
bolhas ocasionais.

Ele está dormindo, Hal pensava. Ele não é bobo.

Quanto mais ele considerou, mais atraente a ideia de


dormir se tornou. Ele descansou sua cabeça contra a
grande tora e fechou os olhos, maravilhado com o fato
de que agora, depois de todos estas horas em uma água
frígida, ele se sentia quente e confortável.

Eu me pergunto se eu estou morrendo, ele pensou, então


decidiu que, mesmo que estivesse realmente não
importava. Nada importava.

Quando ele adormeceu, um vento pata de gato agitava a


água ao seu redor. Em seguida, começou a soprar de
forma constante.

Mas Hal estava longe demais para perceber.


Capítulo trinta

Um som despertou-o.

Era um som estranho: Algo grande estava se movendo


pela água por perto. Seu primeiro pensamento, em
pânico foi a de que poderia ser um tubarão. Mas quando
ele forçou seus olhos abertos e olhou por cima do ombro,
percebeu que era uma garça. Ele podia ver seu rosto.
Mas, estranhamente, foi esculpida em madeira. E parecia
estar falando com ele. Ainda mais estranho, estava
falando com a voz de Stig.

— Hal! Jesper! Graças aos deuses que encontramos


vocês.

Ele sorriu quando viu o rosto de seu amigo, agora, ao


lado da garça de madeira.

Percebeu que estava olhando para a figura esculpida do


Garça Real, com Stig em pé ao lado dela na proa,
inclinando-se para agarrar seu braço.

— Eu estava com um pouco de sono — disse ele. Sua voz


era grossa e arrastada e ele se perguntou por quê.

Stig ergueu a forma flácida de Hal para cima e sobre o


baluarte como se ele fosse uma criança. Ulf e Wulf
estavam à espera, prontos. Eles se apressaram com Hal
pela popa, sentaram-no e tiraram suas roupas
encharcadas. Eles tinham um cobertor grosso pronto e
envolveu-o nele. Ulf começou a esfregar a lã áspera
contra o corpo quase congelado do seu skirl,
friccionando-lhe para trazer o sangue de volta à tona e
para aquecê-lo. Hal estatelado no convés gemia com o
frio e com as cãibras que estavam agora destruindo suas
pernas enquanto Ulf continuava a trabalhar sobre ele.
Wulf voltou para a proa, onde Stig estava tentando trazer
Jesper a bordo. O ex-ladrão estava inconsciente, longe
demais para ajudá-los. Wulf segurou o braço esquerdo de
Stig enquanto Stig inclinava-se, agarrando o colarinho de
Jesper e esforçando-se para subí-lo. Algo parecia detê-lo
não subindo mais do que alguns centímetros. Depois de
alguns segundos, Wulf percebeu a corda fina sob os
braços de Jesper, atando-o ao tronco. Ele sacou a faca
Saxe e inclinou-se muito para o lado, cortando a corda e
rompendo-a. Uma vez que Jesper estava livre da
restrição, era uma questão simples para Stig levantá-lo
para o lado, depositando-o na plataforma como um peixe
desembarcado.

Stig apontou para dois dos Limmatans que assistiam.

— Dê uma mão aqui — ordenou. — Seque-o. Aqueça-o. —


Ele apontou para onde Ulf estava socando Hal com o
cobertor, esfregando-o ferozmente para aliviar as cãibras
e obter a sua circulação. Os dois conterrâneos
assentiram, compreendendo.

Um deles pegou o cobertor grosso que Stig tinha deixado


à mão e, juntos, eles começaram a trabalhar em Jesper.

Os olhos de Jesper se abriram lentamente enquanto o


esfregavam e socavam.

Ele franziu a testa, viu Stig e sorriu em reconhecimento.

— Stig — disse ele. — Pensei que você tinha nos perdido.

Stig assentiu sombriamente. — Nós quase perdemos —


disse ele. — Essa tora é tão baixa na água que é quase
invisível. Felizmente vimos uma das bandeiras vermelhas
de Edvin, então seguimos a linha para onde você dois
estavam.
Ele percebeu que Jesper não tinha ouvido uma palavra do
que tinha dito. Estava deitado de costas, os olhos
fechados de novo, gemendo baixinho com a circulação
gradualmente retornando. Stig estudou-o por um
momento, ficou satisfeito que Jesper não estava em
perigo e se virou para Wulf.

— Vamos içar velas e voltar para a praia.

Ele se mudou para a cana do leme quando Wulf começou


a levantar a vela. Ulf, vendo o que estava acontecendo,
virou Hal sobre os dois dos outros Limmatans e se moveu
para os lençóis. Um minuto mais tarde, o Garça Real foi
deslocado a estibordo, sua onda de proa espumando
para longe de cada lado, e voltava para o acampamento
na praia.

Thorn e Svengal andavam inquietos ao longo da praia,


logo acima da linha das ondas entrantes. Ambos estavam
olhando para o mar, procurando o primeiro sinal do
retorno do Garça Real.

— Eles estão atrasados — disse Thorn. — Eles deveriam


ter voltado até agora.

Svengal olhou de soslaio para o seu velho amigo. —


Alguma vez você já conheceu qualquer plano executado
a tempo? — Disse. — Não se preocupe. Eles vão ficar
bem.

Thorn balançou a cabeça. — Eu nunca deveria ter o


deixado fazer isso — disse ele. — Há muitas coisas que
podem dar errado.

Svengal levantou uma sobrancelha. — Eu não tenho


certeza se ele foi até você para pedir permissão — disse
ele. — Hal parece ter uma mente decidida.

— Isso é verdade. — Thorn fez uma pausa. — Mas se Stig


errá-los, eles podem estar perdidos para sempre. Eu não
sei o que vou fazer se isso acontecer.

Eles passaram pela figura silenciosa de Lydia, sentada na


areia com seus joelhos dobrados até o queixo e olhando
sem dizer nada para o mar.

— Parece que não somos os únicos preocupados com


eles — comentou Svengal.

Thorn seguiu seu olhar e grunhiu concordando.

— Desejo que ela se decida de qual deles ela gosta —


disse ele. Ele tinha notado o triângulo entre Lydia e os
dois meninos, uma vez que eles tinham primeiro
resgatado a menina do mar. — Isso poderia causar
problemas entre eles.

— Ela parece ser um bom tipo — Svengal disse. — Ela


provavelmente não sabe disso. E eles são amigos.
Amigos geralmente encontram uma maneira de
contornar esse tipo de coisa. Eles não serão os dois
primeiros companheiros a se interessar pela mesma
garota.

Havia algo em sua voz que sugeria um significado mais


profundo, e Thorn olhou para ele com desconfiança.

— Alguém particular em mente? — Disse ele, suas


sobrancelhas se unindo.

Svengal sorriu para ele. — Vai tentar fingir que não se


afeiçoou por Karina quando você colocou os olhos sobre
ela pela primeira vez?
Thorn abriu a boca para falar, mas um olhar para o rosto
Svengal disse-lhe que negar seria inútil.

— Como você sabe?

Svengal encolheu os ombros. — Era bastante óbvio. Todo


mundo sabia. Você ficou no mundo da lua durante dias,
especialmente quando percebeu que Mikkel gostava dela
também - e que ela tinha olhos para ele.

Thorn fez um gesto de desprezo.

— Isso foi há muito tempo atrás — disse ele. — E Mikkel


era um bom homem.

— Assim como você — Svengal disse. — Ainda é, de fato.


Eu só estou dizendo, bons amigos parecem ter uma
forma de lidar com esse tipo de coisa. E esses meninos
são bons amigos.

Eles andaram em silêncio por mais alguns metros, então,


por acordo tácito, viraram-se para refazer seus passos ao
longo da praia.

— Já pensou em tentar a sua sorte com Karina de novo?


— Svengal perguntou.

Thorn balançou a cabeça. — Esse navio partiu há muito


tempo.

Svengal franziu os lábios, pensativo. Havia uma nota na


voz de Thorn que indicava que a avenida particular da
conversa foi definitivamente fechada. Ele mudou de
rumo.

— Ele é um garoto incrível, não é? — Ele protegeu os


olhos, olhando para o mar. Ainda não havia sinal do navio
em nenhum lugar.

— Erak diz que precisamos de pessoas como Hal —


continuou ele. —

Pensadores e planejadores. Pessoas com idéias.

— Ele tem tudo isso, certamente — disse Thorn. Ele


balançou a cabeça em admiração quando pensou nos
rápidos movimentos da mente fértil de Hal. — Eu quero
dizer, você me conhece, eu tive a minha quota de
batalhas. Mas nunca poderia planejar algo como este
ataque. Nós escandinavos só tendemos a embarcar e
começar a bater nas pessoas. Mas olhe com o que ele
vem - um ataque em três frentes, coordenado para que
as forças dos defensores sejam divididas. E quanto a
essa enorme besta que ele está montado no Garça
Real... bem, você pode pensar em qualquer outra pessoa
que poderia vir com uma idéia como essa?

Svengal assentiu. — Ele é impressionante, sim — disse


ele. — Deve ser a Araluen nele.

Thorn parou e olhou para o seu velho amigo com olhos


frios. — Ele é um escandianavo — disse ele sem rodeios.

Depois de alguns segundos, um leve sorriso tocou a


característica cara barbuda de Svengal. — Isso foi o que
eu quis dizer.

Na praia, Lydia de repente ficou de pé, protegendo os


olhos com uma mão enquanto ela olhava para o mar.

— Lá está ele! — Disse.

A notícia se espalhou rapidamente e quando o Garça


Real embicou suavemente para a praia, as tripulações do
Wolfwind e do Garça Real foram todos reunidos para
cumprimentá-lo. Conforme Stefan levava a âncora de
praia correu pela praia, dirigindo-a para a areia, Stig
amarrou a cana do leme e se moveu para o arco, seu
enorme sorriso confirmando que Hal e Jesper estavam
seguros.

— Estamos de volta — disse ele alegremente. — E temos


dois potros meio congelados que rebocamos para fora do
mar a caminho de casa.

As duas figuras envoltas em cobertores foram trazidas


para a proa e mãos dispostas e preparadas para ajudá-
los os desceram. Ingvar se enfiou através da turba, com
os braços estendidos, a tomar Hal quando Ulf e Wulf
abaixou-o para o lado. Os olhos do skirl estavam abertos,
embora seus lábios ainda estavam tingidas azul com o
frio. Ingvar, lágrimas ameaçando enévoar seus olhos,
marchou da praia, segurando Hal como um bebê, para
onde os escandinavos tinham construído duas fogueiras
de grande dimensão juntas.

Ele deitou Hal em um saco de dormir entre as fogueiras,


onde o calor de ambas poderia aquecê-lo. Thorn seguiu,
carregando a forma semiconsciente de Jesper, e colocou-
o ao lado de Hal. Lydia mexia-se em torno dos dois
meninos em recuperação.

Enquanto estavam esperando o Garça Real chegar a


terra, havia colocado quatro grandes pedras nas
fogueiras. Ela pegou-as agora e envolveu-as em
cobertores, colocando-os dentro dos sacos de dormir. Hal
suspirou quando sentiu o magnífico calor próximo ao seu
corpo.
— Oh, isso é muito bom — disse ele. Jesper gemeu feliz
em acordo.

Lydia sorriu para os dois. Ingvar estava pairando perto e


ela sabia que ele atenderia a qualquer de suas
necessidades. Ela os deixou dormindo e caminhou de
volta até a praia para onde Stig estava contando os
acontecimentos da noite anterior para Thorn, Svengal e
os outros.

—... Achei que estavamos perdidos quando o vento


morreu. Mas, felizmente, Barat reteve seis de seus
homens para que pudéssemos recuar. Estávamos um
pouco atrasados, mas conseguimos encontrá-los a
tempo. — Ele olhou para Edvin. — Esses flutuadores de
vocês foram um toque de gênio, Edvin. No momento em
que os encontrei, Hal estava exausto demais para
acender o sinal de fogo que ele tinha planejado.

Edvin sorriu e corou enquanto os outros olharam para ele


com aprovação. Lydia concordou saudando aos seis
conterrâneos que haviam retornado com o Garça Real.

Ela conhecia quatro deles pelo nome e os outros dois de


vista.

Ela se aproximou e disse agora a Stig, — Estou surpresa


por Barat deixar você levar seis de seus homens. Isso
não soa como ele. Ele tem algumas idéias muito
estranhas quando se trata de cooperação entre os
aliados.

Stig estendeu as mãos em um gesto inocente. — Não. Ele


estava de bem com ele. Ele não disse uma palavra. — Ele
fez uma pausa, então não pode parar um sorriso sabendo
que se espalhava por todo o rosto.
— Na verdade, agora que penso nisso, ele disse uma
palavra. Ele disse 'Unngh!'

— 'Unngh'? — Thorn repetiu, com uma expressão


perplexa no rosto. —

Quando ele disse isso?

— Foi pouco antes de ele ir para a areia — Stig disse ele.

Lydia inclinou a cabeça curiosamente. — Quando ele foi


para a areia?

Stig tentou olhar arrependido e falhou miseravelmente.

— Isso teria sido logo depois de eu bater nele.

Houve um longo silêncio, então, o significado do que ele


tinha dito começou a ser entendido. Lentamente, os
ouvintes começaram a rir. Curiosamente, os seis
Limmatans se juntaram ao riso. Thorn se aproximou e
colocou a mão esquerda no ombro de Stig.

— Sabe, Stig — ele disse — você tem profundidades


ocultas, rapaz.

Profundidades ocultas.

Capítulo trinta e um

Hal e Jesper dormiram por dezesseis horas direto. De


tempos em tempos, Lydia e Ingvar despertáva-os numa
semiconsciência para alimentá-los com sopa quente. Os
dois rapazes responderam, sem jamais acordar.

Foi nas primeiras horas da manhã seguinte, quando Hal


finalmente acordou. O

céu ainda estava escuro, mas a posição das estrelas


disse a ele que devia ser em torno de quatro horas. Ele
se sentiu deliciosamente quente. As duas fogueiras
haviam queimado durante a noite, embora Ingvar tinha
alimentado elas. Agora eram duas camas maciças de
brasas, irradiando um calor maravilhoso por todos os
lado que dissipou toda a memória da água quase
congelada que tinha quase o matado.

Ele se esticou voluptuosamente, gemendo baixinho de


prazer. Ingvar, que tinha estado cochilando perto,
enrolado em um cobertor e apoiado contra um tronco,
ficou instantaneamente alerta.

— Você está bem? — Disse ele, jogando de lado seu


cobertor e se movendo para ajoelhar-se ao lado de Hal.

— Eu estou bem. — Hal sorriu. — Eu estou quente, e eu


não consigo pensar em uma maneira melhor de estar.

Então, ele bocejou, se virou e prontamente voltou a


dormir por mais de quatro horas.

Ele e Jesper estavam ambos forma e saudáveis, e esses


fatores, combinados com a resistência natural dos
jovens, os deixou sem efeitos nocivos na manhã
seguinte. Thorn viu como Hal e Ingvar trabalharam
juntos, instalando o Mangler na proa do Garça Real, mais
uma vez, e balançou a cabeça.
— O que é ser jovem — disse a Svengal. — Se eu tivesse
feito o que ele fez, eu não teria uma articulação no meu
corpo que não estivesse rangendo e dolorida apta para
me matar. — Distraidamente, esfregou a mão na
pequena das suas costas, que estava sentindo um
simpatico sofrimento pela provação de Hal na água fria.

Svengal olhou para ele com as sobrancelhas levantadas.


— Isso é o que vem a ser jovem — disse ele. — E, claro,
ele leva uma vida limpa e sem culpa, que é mais do que
eu posso dizer para você.

Thorn resmungou. — Você nunca conheceu ninguém


inocente e limpo vivendo como eu estou hoje em dia —
disse ele. Depois acrescentou, um pouco melancólico,

— Embora não seja necessariamente por escolha.

Enquanto Hal e Ingvar trabalhavam no Mangler, o resto


da tripulação do Garça Real tinha formado uma corrente
e passavam as pedras de lastro pesado, removidas para
obter espaço para transporte nas viagens , para dentro
do navio, uma vez mais, onde Stig e Ulf estavam
ocupados distribuindo-as no fundo do casco. O

assoalho tinha sido levantado e foram empilhados ao


longo dos bancos de remo.

Conforme Svengal observava, um pensamento lhe


ocorreu.

— É melhor eu colocar meus homens ocupados


descargando nosso lastro —

disse ele. O Wolfwind estaria passando através dos rasos


pântanos, e precisava tirar o mínimo de água possível. Já,
sua equipe haviam inclinado-a para a sua viga para
remoção do mastro pesado. Foi empilhada
ordenadamente, com a vela yardarm e maciça, acima da
marca de água alta na praia. No momento em que eles
terminaram, o navio flutuou em pouco mais de vinte
centímetros de água.

Um Limmatan idoso que tinha fugido da cidade foi


detalhado para atuar como guia dos escandinavos
através dos pântanos. Ele foi considerado muito velho
para lutar e tinha o prazer de ser atribuído a um papel no
ataque.

— Estive pescando e caçando nesses pântanos por


quarenta anos — ele havia dito a Svengal. — Conheço-os
como a palma da minha mão.

Então, ele olhou para uma cicatriz no dorso da mão e


fingiu choque.

— Minha nossa! O que é isso na parte de trás da minha


mão? — Ele gritou, em seguida, gritou em gargalhadas
quando viu a reação assustada de Svengal. — Não se
preocupe, meu filho, eu vou chegar lá para o grande
evento. — Ele deu um tapinha no ombro enorme do lobo
do mar. Svengal suportou a piada e o gesto
condescendente com boa graça surpreendente.

Um pouco antes do meio-dia, as duas partes estavam


reunidas perto dos navios na beira da água. Svengal,
Thorn, Hal e Stig estava em um grupo apertado. Os
escandinavos levariam mais tempo para entrar em
posição, já que tinham que enfiar-se no caminho através
dos pântanos.

Os quatro amigos apertaram-se as mãos, em seguida,


Hal e Stig se viraram para embarcar no Garça Real. Lydia
e o resto da tripulação já estavam a bordo. Edvin e
Stefan estavam de pé na proa com um remo cada um,
prontos para empurrar o navio para fora da costa.

Svengal e Thorn ficaram para trás para algumas palavras


em privado - eles tinham sido amigos e companheiros de
bordo por muitos anos. O skirl do Wolfwind não pôde
resistir a um sorriso quando ele apertou a mão esquerda
de Thorn. Ele observou que o seu amigo estava
carregando um porrete, o dispositivo guerra temível que
Hal tinha feito, em uma tipóia em torno de seu ombro. No
momento, ele continuava a usar seu gancho ajustável no
final do seu braço direito. Ele havia trocado os dois de
um lado a outro quando os Garças atacaram o portão da
praia.

— Eu vou te ver em Limmat — Svengal disse a seu ex-


colega de bordo. —

Tente não se acertar na cabeça com essa coisa. — Ele fez


um gesto para o porrete.

Thorn bufou de escárnio. — Tente não deixar cair o seu


machado em seus dedos — disse ele. — Você é
desajeitado o suficiente para isso.

Os dois amigos sorriram um para o outro.

— Gostaria que você viesse conosco Thorn. Seria como


nos velhos tempos —

Svengal disse.

Thorn sorriu. — Eu sou parte de uma equipe diferente


hoje em dia. Eu tenho que ficar de olho neles. Além
disso, sabe que eu nunca recebo ordens de você.
— Mas você vai recebê-las de um menino de dezesseis
anos de idade? —

Svengal perguntou.

Thorn assentiu. — Ele é inteligente.

Svengal encolheu os ombros. — Eu suponho que eu


mereci essa. Tome cuidado, Thorn — disse ele, sério, de
repente, e deu um tapinha no ombro de seu amigo.

— Você também. Não corra riscos desnecessários.

Os olhos de Svengal se arregalaram. — Eu? Eu nunca


corro riscos. Os riscos são para os que lutarem comigo —
ele acrescentou, com um sorriso selvagem. Como um
típico escandinavo, ele estava saboreando a próxima
batalha.

— Thorn! Vamos embora! — Hal chamou.

Thorn se afastou de Svengal, acenando com a mão em


reconhecimento.

— É melhor obedecer às ordens — disse ele.

Svengal resmungou desdenhosamente. — Isso vai ser a


primeira vez. Vemo-nos em Limmat.

Thorn correu até a praia e pulou para aproveitar o trilho


do navio. Ulf e Wulf agarraram seus braços e ajudaram-
no a subir do lado. Quando Edvin e Stefan empurraram a
nave para fora da costa, Hal remou sua popa ao redor de
modo que ficou apenas a poucos metros de Svengal.

— Eu vou cruzar, subir e descer do lado de fora do porto


para chamar a sua atenção — ele chamou. — Uma vez
que estiver em posição, pisca-me um sinal e eu vou
começar a disparar.

— Uma vez que vejam você, eles vão concentrar a


maioria de seus homens nas torres — Svengal chamou.

Hal assentiu. — Eu estou dependendo disso. Vai significar


mais alvos para eu atirar.

Isso também vai significar mais pessoas a atirar de volta,


Svengal pensava. Mas ele manteve para si mesmo. Hal
sabia o risco que estava enfrentando.

— Velas a estibordo — Hal ordenou, e Stefan e Edvin


soltaram cordas que subiam a verga ao mastro.
Conforme o vento encheu-o e os gêmeos aparados da
vela entrou, Garça Real virou em uma curva suave,
acelerando para longe da praia.

Svengal assistiu o navio pequeno e gracioso admirando


sua velocidade e agilidade.

— Bonito de assistir — disse ele. Então ele voltou para o


seu próprio navio, fazendo uma careta quando ele olhou
para seu mastro menor, linhas da vela inferior.

Tirando seu mastro, verga e vela, e flutuando alto na


água, ela parecia mais um esquife tamanho
desproporcional que um navio viking, pensou. Mas ele
teve que admitir que o uso dela desta forma era prático.
Se os escandinavos estavam a percorrer até a cintura de
água e lama dos pântanos, eles alcançariam a torre
ocidental com suas roupas saturadas e pesada e
estariam meio exaustos como resultado.

— Vamos a caminho — ele gritou. Comandos de vela


Skandian foram emitidos no volume máximo como uma
questão de curso. Ele caminhou até a praia. Dois de seus
tripulantes estenderam a mão para ajudá-lo sobre a
curva do trilho e ele caminhou à popa para o leme

— Onde está aquele Limmatan com boca afiada que está


planejando nos guiar?

— Disse. O conterrâneo de cabelos grisalhos balançava


ao lado da plataforma de direção. Tinha estado
descansando em um dos bancos de remo.

— Bem aqui, filho. Finalmente pronto para começar, você


está?

— Remos! — Svengal ordenou. Eles estavam usando


apenas metade dos remos disponíveis. Uma vez que
entraram no pântano em si, eles usam quatro deles para
o mastro do navio ao comprido. Ele olhou para um dos
tripulantes que não estava atualmente envolvido no
remo.

— Lars! Você venha até aqui e me impeça se eu tentar


jogar este falastrão Limmatan ao mar.

Lars concordou, sorrindo. O velho guia apenas riu.

No outro lado da cidade, Barat e seus homens se


agachavam, escondidos entre as árvores, apenas
cinquenta metros da paliçada.

Tarde na noite anterior, eles haviam se movido em


silêncio da praia para seu esconderijo. Eles haviam ficado
dentro da linha das árvores, ao pé da escarpa por trás da
cidade, escondido da vista de qualquer sentinela nas
paredes.
Eles podem ter passado os últimos dois dias aqui, Barat
pensava. Então, ele percebeu que estava errado. Que era
seguro o suficiente para gastar algumas horas até tarde
da noite à vista do muro. Se eles tivessem estado aqui
nos últimos dois dias, as chances eram altas de que um
movimento descuidado, o flash de luz sobre uma de suas
armas e capacetes, ou um ruído acidental teria levado a
sua descoberta.

Hal estava certo ao insistir em que eles se movem


apenas no último minuto, ele pensou. Sua testa franzia
em uma carranca quando ele pensava nos escandinavos.
O

fato dele admitir que Hal estava certo não o faz


afeiçoado deles. Seus dentes ainda doíam onde Stig
tinha batido nele. Havia uma contusão feia, descolorada
em sua mandíbula.

Ele vai pagar por isso, pensou ele.

Acomodou-se atrás de um tronco de árvore caído e


coberto de líquen e procurou a baía para o primeiro sinal
do Garça Real. Ele franziu a testa enquanto se perguntou
o que aconteceria se Stig não conseguisse pegar Hal. Em
seguida, deu de ombros fatalista. O navio e sua besta
tamanho desproporcional eram nada mais do que um
exótico espetáculo à parte, ele pensou. Se eles não
aparecessem, ele e seus homens iriam abrir caminho
para a cidade sem eles.

Por outro lado, se o Garça Real aparecer, e sua equipe


realizar sua parte do plano, eles seriam pelo menos uma
distração útil. Mas ele não tinha ilusões de que o trabalho
duro e perigoso viria para cima dos homens de Limmat.
Talvez pela vigésima vez, ele fez uma careta quando
pensava nos seis homens que Stig tinham tomado de sua
pequena força.

Ele vai pagar por isso também, quando tudo isso acabar,
ele pensou. Então ele respirou fundo. Mas, primeiro,
vamos acabar logo.

Hal estava no leme, pés bem separados para equilibrar


contra a afluência do convés quando o Garça Real era
levado pra acima ao longo de ondas sucessivas. O

Garça Real estava levando as ondas á estibordo, de


modo que o navio fazia a ação de serpentear com
regularidade. Para cima, rolar para a direita, para baixo,
gire à esquerda, em seguida, repita a seqüência.

— O Wolfwind está indo para os pântanos — Thorn


relatatou, de sua posição a meia nau, no leme de
inclinação. Hal olhou por cima do ombro. O longo e
magro navio viking, estava viajando rápido sob remos.
Isso provavelmente tem algo a ver com o fato de que
tinha sido aliviado até que deslizou em poucos
centímetros de água.

Menos arrasto, mais velocidade, ele pensou.

Ele dobrou o promontório que marava o fim da praia,


onde tinham feito seu acampamento. Mas, enquanto o
Garça Real estava indo para o mar, o Wolfwind estava
balançando para o porto, para o pequeno riacho que
levava aos pântanos.

— Uma vez eles do que eu — disse Hal. Aqui fora, a brisa


era fresca e o ar estava limpo e revigorante. Nos
pântanos, ele sabia por experiência anterior, o ar estaria
úmido e, ainda assim, cheio de nuvens de insetos
irritantes.
Ele inclinou o Garça Real mais para estibordo, com o
objetivo de mantê-lo fora da vista da cidade um pouco
mais. Ele acenou com a cabeça em aprovação quando Ulf
e Wulf, sem qualquer necessidade de ordens, ajustaram
a guarnição da vela para combinar com o novo curso.

— Difícil ver o Wolfwind sem mastro, não é? — Hal


comentou.

Stig, estando pronto ao lado dele, olhou para o navio


viking conforme ele inclinou para o riacho. O seu casco
cinza misturado naturalmente com o cinza-esverdeado
das gramíneas e juncos do pântano. Ele resmungou
concordando.

— Quanto tempo você acha que ele vai levar? — Hal


perguntou.

— Wallis pensou pouco mais de uma hora — Stig


respondeu. Wallis era o Limmatan idoso que estava
guiando Svengal.

Hal assentiu, pensando. — E nós vamos levar cerca de


vinte minutos para chegar à boca do porto — disse ele.
— Nós vamos ficar fora de vista por mais dez minutos,
então vamos deixá-los ver-nos.

— Isso deve pôr o gato entre os pombos — Stig disse,


sorrindo.

— Ou a besta entre os piratas — disse Hal calmamente.


Capítulo trinta e dois

Hal virou 30 minutos no copo de areia que ele usava para


a navegação e observou quando os grãos começaram a
cascatear através da abertura estreita de cima para
baixo. Ele poderia ter estimado os vinte minutos, mas
usando o instrumento apelou para o senso de precisão.
Ele sorriu quando se lembrou de sua conversa com
Jesper.

Como saberemos quando os dez minutos estarão


terminados?

Vamos saber por que isso vai ser quando eu acender o


sinal de fogo.

Ele percebeu agora que suas mentes estavam


começando a vagar quando tiveram essa conversa, como
resultado do frio cortante e do cansaço que os estava
superando. Talvez seja por isso que ele queria ser mais
preciso, esta manhã, para provar que estava de volta no
controle de suas faculdades.

Ele percebeu que Stig estava virando seu cotovelo e


apontando para as marcas de graduação no vidro de
areia. Vinte minutos se passaram enquanto ele estava
distraído. Tanta coisa por seu amor à precisão, ele
pensou.

— Estamos chegando perto! — ele falou. — Hora de


começar a festa!

Eles cruzaram sem problemas, e uma vez que se


deslocavam em direção à praia, ele fez um gesto para
Stig tomar o leme. Ele acenou com a cabeça em
aprovação quando viu que seu amigo tinha pendurado o
escudo grande e redondo em seu braço esquerdo, de
modo que o cobria. Quando eles se afastaram da praia,
Stig iria escorregar o escudo em volta para cobrir as
costas. Hal verificou os outros escudos, que foram
colocados ao longo dos baluartes. Eles foram montados
maiores do que o habitual, de modo que deu cobertura
extra para a equipe. Ele chamou a atenção de Thorn e
empurrou sua cabeça para frente. O velho lobo do mar
estava na cintura do navio, balançando facilmente com o
movimento do navio. Lydia estava perto, verificando os
dardos em seu quiver.

— Vamos nos preparar — disse ele. Thorn abaixou e


pegou dois pequenos escudos de metal redondo,
moldados um pouco como tigelas desproporcionais. Ele
fechou seu gancho na alça de um, em seguida, enfiou a
mão esquerda para a aderência da segunda. Lydia
levantou-se e os três fizeram o seu caminho para a proa.
Os dois escandinavos moviam-se facilmente,
combinando o passo ao subir e descer regular do navio.
Lydia era menos firme de pé. De tempos em tempos, ela
agarrava em uma estadia ou no mastro para se firmar.

Ingvar estava em pé pronto no Mangler. Ele passou os


últimos dois dias fazendo projéteis para a arma e foram
divididas agora em duas prateleiras, um de cada lado do
arco. Hal olhou para eles. Havia uma dúzia de dardos em
cada prateleira.

— Você fez os dardos de fogo também? — Hal perguntou.

Ingvar indicou uma banheira fixada no mastro. Havia


meia dúzia de dardos de fogo descansando lá - projéteis
especialmente preparados com suas pontas envoltas em
pano embebido em óleo, então coberto liberalmente com
piche. Hal planejava usar um deles para incendiar o
portão da praia embebido em óleo, quando chegasse o
momento. Eles estavam descansando de cabeça para
baixo na banheira, que continha vários centímetros de
óleo no fundo para evitar o pano embebido de secar.

O Garça Real subiu em uma onda e ele pode ver a torre


oriental, mostrada brevemente acima do horizonte.

Hal olhou em volta para Edvin, que estava pronto para


retransmitir ordens de seu leme para Stig.

— Volte, um pouco, a bombordo — disse ele. Com o arco


colocado para um ponto intermediário entre as torres, ele
levantou as mãos e Stig firmou nessa via.

Automaticamente, Ulf e Wulf ajustaram a vela para a


nova direção.

— Devo carregar? — Ingvar perguntou ansiosamente.


Mas Hal balançou a cabeça. Quanto mais tempo o
Mangler for mantido tensionado, maior é a tensão sobre
o seu mecanismo de braços, cordas, e de disparo. Eles
não seriam vistos por alguns minutos, então não havia
nenhum motivo de arriscar um disparo precipitado.

— Relaxe — disse ele, seus olhos estreitando quando as


duas torres entraram em plena vista. Ele imaginou a
cena na passarela que rodeava a torre leste com o vigia,
descansando no corrimão, olhos meio fechados e
sonolentos depois de um grande almoço, de repente,
tornou-se ciente de que um navio estranho estava se
aproximando - e se aproximando rapidamente.

Haveria um momento de confusão e indecisão. Então ele


iria soar o alarme -

senão um sino ou um chifre - Hal assumiu. Ele virou a


cabeça ligeiramente em direção à torre, testando para
ver se podia ouvir também. Mas a distância era muito
grande.

Tudo o que podia ouvir era o silvo regular do mar, com a


proa afiada do Garça Real a cortá-lo e enviá-lo
escorrendo para os lados do navio, isso em regulares e
suaves baques enquanto descia em valas sucessivas.

— Eles nos viram — disse Thorn. Hal se maravilhou com


a visão aguçada de seu velho amigo. Então, como eles
viajavam alguns metros mais perto, ele podia divisar as
formas minúsculas escuras correndo ao longo do molhe
do porto e subindo a escada para as torres de vigia.
Parecia haver um monte deles, ele pensou, mas a esta
distância, foi impossível estimar seus números. E agora,
ele percebeu, ele podia ouvir o alarme, um lamento,
ondulante explosão em um chifre.

Eles estavam a duzentos metros da entrada do porto. Hal


abriu a boca para chamar a Stig. Nesta fase, ele não
queria ficar dentro da faixa das setas das torres.

Mas, conforme ele ia dar a ordem, Stig balançou o Garça


Real suavemente para estibordo. O navio corria paralelo
à costa agora. Ele estava armado demasiado longe e Hal
virou-se para emitir outra ordem. Mas Ulf e Wulf
anteciparam-no, facilitando as escotas para que ela rode
mais ereta. Ele olhou para cima e encontrou os olhos de
Lydia. Ela tinha percebido como Stig e os gêmeos haviam
antecipado suas ordens e sorriu para ele firmemente.

Ela está nervosa, pensou.

— Parece que eu não sou necessário — disse ele,


brincando para acalmar seus nervos com a piada. Ele
ficou surpreso ao descobrir que sua voz estava um pouco
mais aguda que o normal.
Estou nervoso demais, pensou ele.

Ele percebeu que estava sentado no banco em frente à


pequena Mangler, ombros e corpo tenso. Ele se inclinou
para trás, forçando os músculos para relaxar.

Ele olhou de volta para o navio para onde os membros da


tripulação se agacharam em seus lugares. Nenhum deles
parecia ser tão ousado como ele se sentia. Ele esperava
parecer tão confiante como eles fizeram.

Stig girou o navio de volta a correr na direção oposta.


Stefan e Edvin assistiram à passagem das velas. Hal
sentiu o movimento suave da besta gigante debaixo dele
com Ingvar testando seus movimentos. Tinha uma longa
e forte vara inserida na cauda do carro e ele poderia
rodar o Mangler através de uns noventa graus de arco –

quarenta e cinco graus em ambos os lados da curva do


arco. Hal olhou para ele e sorriu para o menino grande.

— Só testando — ele disse.

Hal assentiu. Ele não queria falar de novo caso sua voz
estivesse demasiado aguda.

— Alguém viu qualquer sinal de Barat e seus homens? —


Lydia perguntou de repente. Estavam passando no local
onde a força de Limmatan devia estar escondida na linha
de árvore.

— Bem, eu certamente não posso — respondeu Ingvar,


com seu sorriso largo.

Hal olhou para ele de novo. Os nervos do menino grande


pareciam tão firmes como uma rocha, ele pensou.
Prestes a entrar em ação pela primeira vez e aqui estava
ele, friamente fazendo piada sobre sua própria miopia.

— Pensei ter visto um movimento nas árvores há alguns


segundos — disse Thorn. — Mas isso só poderia ter sido
porque eu sei que eles devem estar lá em algum lugar.

— Bem, se não podemos vê-los, nem pode os piratas —


disse Hal.

— Se eles estiverem lá — disse com desdém Ingvar. Ele


tinha testemunhado a maneira arrogante de Barat com
Hal e ele tinha uma opinião deprimente sobre o
comandante de batalha do povo da cidade.

— Eles vão estar lá — Lydia disse calmamente.

Ingvar olhou em sua direção. — Desculpe, Lydia — ele


disse. Antes de tudo, ele tinha insultado um conterrâneo
dela. Ela acenou ao pedido de desculpas de lado.

— Barat pode ser um poderoso atormentador e um


pomposo idiota — ela disse.

— Mas ele é um bom comandante e um bom guerreiro.


Ele não vai nos decepcionar.

Na linha irregular de respingos levantou um borrifar a 20


metros da costa de onde o navio corrida. Setas da torre
de vigia, Hal pensou. Eles ainda estavam fora da faixa
máxima. Só então uma flecha, lançada de um arco mais
poderoso, agitou contra o baluarte de estibordo e caiu no
mar. Sua energia foi gasta e não teve força suficiente por
trás dele para penetrar na madeira.

Mas foi um aviso do que eles teriam de enfrentar quando


se aproximassem.
— Você está pronto, Thorn? — questionou. Os pequenos
escudos que seu amigo estava carregando pareciam um
pouco inadequados.

— Eu estou pronto. Não se preocupe comigo. Basta


manter a sua mente sobre o seu tiro — Veio á resposta
calma. E, de repente, as preocupações de Hal foram
abrandadas. Thorn sabia o que ele estava fazendo, ele
pensou. Os pequenos escudos pode não ter sido a
escolha de Hal, mas Thorn sabia mais sobre esse tipo de
coisa do que ele jamais saberia.

Enquanto navegavam passaram a primeira torre, se


aproximando da segunda, Thorn usando um dos escudos
para proteger seus olhos, olhava para o emaranhado de
juncos e ilhas baixas que marcaram o pântano.

— Eu posso ver o Wolfwind! — Disse. — Ele está quase


no ponto de partida.

Lá - exatamente para a esquerda das duas árvores


inclinadas.

Hal seguiu seu olhar. Havia duas árvores raquíticas em


uma ilha arenosa perto da borda do pântano. Com tão
pouca quantidade de raízes, o vento causou a inclinação
de ambas para um lado. Olhando para a esquerda, ele
viu um ligeiro movimento, então o casco baixo do
Wolfwind apareceu conforme ele passou por um canal
aberto.

Ele olhou de volta para a torre de vigia. Eles estavam


perto o bastante para ver detalhes agora e parecia que
todos os olhos estava no Garça Real. Até agora, o plano
estava funcionando. Ninguém em cada torre tinha ideia
da ameaça que estava rastejando em direção a eles
através dos pântanos.
— Stig — ele chamou, esquecendo no calor do momento
que ele tinha Edvin postado para retransmitir suas
ordens. — Leve-nos para o mar, em seguida, entra para
atacar a torre leste.

Com o Mangler unicamente capaz de disparar em um


restrito arco de cada lado da proa, ele teria que atacar o
chefe da torre, virar as costas e voltar para o mar. Então
voltariam a realizar um ataque similar na torre ocidental.
Dessa forma, ele teria menor correção lateral para fazer,
se encaminhando quase que diretamente para seu
destino.

E ele apresentaria um alvo menor para os defensores,


em vez de todo o comprimento do casco.

A desvantagem era que ele e os outros na proa do Garça


Real iriam suportar o peso dos tiros de retorno das torres.
Ainda assim, ele estava confiante de que Thorn iria
cuidar dessa parte. E Lydia, ele pensou. Eles tinham
discutido seu papel alguns dias antes. Se qualquer um
dos arqueiros na torre se tornar muito preciso, seria sua
tarefa eliminá-los.

Eles estavam a trezentos metros da costa agora e Stig


balançou o navio em um arco. Eles tinham que atacar as
torres uma após a outra, repetindo os ataques até que
tivessem esgotado sua munição, ou as guarnições nas
torres fossem neutralizadas - o que viesse primeiro.

Havia uma terceira alternativa, é claro. Havia sempre a


chance de que os homens na torre pudessem apenas
fazer uma pequena ação de defesa. Mas Hal não queria
pensar nisso.

Perscrutar sobre os alvos da besta, ele estava


consciente, numa parte destacada de sua mente, da
tripulação içar e ajustar velas, então, o Garça Real
estabilizou-se em seu curso.

— Carregue-a, Ingvar — disse ele.

Seu amigo gigante se inclinou para frente, aproveitou as


duas alças armadas do Mangler e puxou os braços para
trás até que o cabo clicou no lugar sobre a trava de
retenção. Então Ingvar selecionou o primeiro dos dardos
meterlong e o pôs na ranhura na parte superior da arma,
assegurando que o entalhe na extremidade traseira
estivesse acoplado com a espessura do cabo.

Hal estava ciente de que Thorn tinha se mudado para


uma posição na proa, agachando-se sob o posto da proa.
Quando Ingvar recarregava, ele ficava e fornecia
proteção com os dois escudos pequenos.

Agora Ingvar se moveu para trás da besta inclinando-se


sobre. Hal olhou sobre os locais.

— Esquerda um pouco... esquerda... esquerda... de volta


direita...

Para evitar confusão, eles tinham concordado que, para


dirigir ordens a Edvin, ele iria usar os termos bombordo e
estibordo. Direções instruídas para Ingvar seria dado
como esquerda ou direita.

Ele olhou para baixo, para os alvos do arco e flecha,


observando a ascensão e queda da torre conforme o
navio subia e descia em ondas sucessivas. Uma seta
brilhou no mar ao largo da proa. Eles estavam entrando
em alcance. Ele ouviu um som de chocalho rápido
quando três flechas golpearam a proa. Algo bateu no
convés de um lado. Não é uma flecha. Possivelmente
uma pedra arremessada por um lançador.
— Todo mundo abaixado — ele gritou, sem tirar os olhos
da torre, que foi se aproximando cada vez mais. Sua mão
esquerda virou erguendo a engrenagem suavemente,
elevando o arco de modo que a visão estava centrada no
corrimão pinhal da torre. Ele queria que o primeiro tiro
fosse bem sucedido, então apontou para o maior alvo
possível.

Uma flecha passou zunindo através da vela do Garça


Real.

A torre parecia encher sua mira. Ele podia ver um dos


defensores, distintivo em uma jaqueta verde brilhante,
na extremidade esquerda, apontando um arco recurvo, o
desenho da seta para trás. Em seguida, ele lançou e Hal
perdeu de vista o eixo.

Alguns segundos depois, ela bateu, tremendo, no convés


ao lado dele. Estavam cerca de setenta e cinco metros
fora de alcançe.

Então, sua vista e alvo foi alinhado e ele gentilmente


puxou a corda do gatilho.

SLAM!

O Mangler vergou com o coice e o dardo saltou longe.


Poucos segundos depois, uma seção da balaustrada de
pinho em torno da torre explodiu em uma chuva de
estilhaços quando o projétil pesado esmagou-o, seguindo
de uma ponta a outra, rodopiando entre os defensores e
abatendo mais homens.

Outros foram atingidos por estilhaços de pinho voadores.


Eles cambalearam longe de dor e pânico, imaginando o
que os atingiu.
Os defensores, apanhados completamente de surpresa,
cairam sob a balaustrada longe da vista. A chuva de
flechas e projéteis de repente parou enquanto eles
tentavam descobrir o que estava acontecendo.

— Pronto! — gritou Ingvar. Ele não esperou para ouvir o


que aconteceu com o primeiro tiro. Ele saltou para frente
e ergueu os olhos para carregar o Mangler. Lydia, vendo
uma maneira de ajudar, tinha se arrastado para frente de
joelhos, ficando abaixo do baluarte, e passou um dardo
novo para ele.

Hal lesou a elevação dardo, gritando destinando direções


para Ingvar. Como sempre, a Mangler tinha saído da linha
com o recuo do primeiro tiro.

— Esquerda... à esquerda... esquerda. Firme!

SLAM!

O alcance foi menor agora e o dardo bateu com força


ainda maior. Ele apanhou o topo da grade, despejando
mais desses estilhaços mortais no ar, e girando acabou
direto sobre a extremidade na janela da guarita.

— Vamos lá! — Hal gritou, e quando o Garça Real se


afastou da torre oriental, os defensores tardiamente
vieram à vida, e uma chuva de flechas e pedras seguiu.
Um defensor, com o que parecia a Hal ser um ridículo
otimismo, ainda jogou uma lança atrás deles.

Mas apenas alguns atingiram o abrigo. A velocidade do


navio e a distância rapidamente ampliada deixou a maior
parte dos mísseis em seu rastro. Hal olhou para trás,
inclinando-se para um lado para ver além da vela. A
balaustrada da torre tinha duas grandes lacunas
irregulares rasgadas nele.
Ingvar estava pulando ansiosamente de um pé para o
outro.

— Como é que fomos? — Perguntou ele. — Será que


funcionou?

Hal teve tempo para considerar que a miopia de Ingvar


era realmente uma vantagem nesta situação. Como ele
não podia ver o resultado dos tiros, ele não foi tentado a
esperar e observar. Uma vez que o dardo estava na sua
forma, ele foi imediatamente pronto para armar
novamente e recarregar a arma maciça.

— Nós nos saímos bem — disse Hal. — Dois grandes


buracos no parapeito da torre e, provavelmente, uma
meia dúzia de inimigos feridos por estilhaços e colocados
fora de ação. — Ele olhou para Lydia. — Boa ideia
ajudando com a recarga.

Ela sorriu para ele. — Obrigado. Você notou aquele


arqueiro com a camisa verde? Eu poderia ter de cuidar
dele da próxima vez.

Hal assentiu. — Eu ficaria muito grato se você fisesse. —


Ele sorriu para Thorn. — Você não tem muito a fazer do
que correr — disse ele.

Thorn assentiu. Ele não devolveu o sorriso.

— Eles vão estar prontos para nós quando voltarmos —


disse ele. — Eles vão saber o que está vindo.
Capítulo trinta e três

Zavac montou seu quartel-general na casa de contagem


de Limmat. Era o prédio da administração oficial da
cidade, onde os impostos eram fixados e cobrados, obras
públicas organizadas, e onde, em tempos normais, o
conselho da cidade se reunia para cuidar dos negócios
em andamento.

Zavac estava usando um dos maiores escritórios do


posto e separava as pedras preciosas que estavam sendo
entregues da mina todo dia. Os mineiros tinham atingido
um bolsão rico em esmeraldas pouco antes dos piratas
atacarem invadindo a cidade.

Antigamente, Zavac os manteve trabalhando duro,


obtendo um grande número de pedras todo dia. Agora,
ele notou, o rendimento diário estava diminuindo. O
bolsão estava praticamente sem nada e logo seria hora
de sair.

Ele estava segurando um dos espécimes maiores, contra


a luz, admirando a maneira dos raios de luz refratados
eram refletidos dentro da pedra, quando a porta do
quarto se abriu. Um de seus homens estava ali, ofegante,
suor descendo em seu rosto.

Ele havia obviamente corrido muito.

Ele hesitou então Zavac baixou a pedra e olhou para ele.

— O que? — O capitão do Corvo perguntou, sua voz


áspera.

O homem respirou fundo várias vezes. — Há um navio —


ele disse finalmente.
Zavac levantou uma sobrancelha. — Um navio? —
Repetiu ele. — Um navio?

Você vem entrando aqui sem bater para dizer-me que há


um navio?

O homem olhou para trás por onde ele tinha vindo. Com
Zavac, refletiu ele, você nunca poderia ganhar. Se ele
não tivesse sido informado sobre a aproximação do navio
estranho, ele teria voado em um acesso de raiva,
golpeando para fora àqueles ao seu redor.

— Ele está indo para a entrada do porto — disse ele.

Zavac estendeu as mãos em um gesto sarcástico. — E?

— Eu... bem... nós pensamos... que você devia ser


informado.

— É um grande navio? — Zavac perguntou. — Um navio


viking ou um navio de guerra de algum tipo?

— Não. É... pequeno. Mas talvez você deva dar uma


olhada.

Zavac suspirou profundamente. Ele colocou a esmeralda


de volta na bandeja sobre a mesa em frente a ele, em
seguida, levou a bandeja para um armário de madeira
fortemente reforçado no canto. Ele colocou dentro,
deliberadamente virou a chave na fechadura e colocou-a
no bolso. Em seguida, ele considerou seu subordinado
mais uma vez.

— Muito bem — disse ele. — Vamos ver esse navio.

Ele liderou o caminho para fora do escritório, fechando a


porta atrás deles. Sua tripulação seguiu ansiosamente
atrás dele, meio trotando para acompanhar as longas
passadas de Zavac.

Eles fizeram o caminho até a via ampla à frente do porto,


Zavac apreciando a forma como os cidadãos de Limmat
encolhiam-se quando ele passava. No cais, ele virou à
esquerda e caminhou em direção à barragem, protegida
ambos os lados pelas torres de vigia.

Ele parou cerca de metros cinquenta da torre oriental. A


partir daqui, do lado interior, ele podia ver nenhum sinal
do dano que o Mangler tinha infligido no primeiro ataque
do Garça Real. Ele podia ouvir vozes gritando da torre de
vigia, mas isso era de se esperar. Os membros da vigia
estavam provavelmente em gritante desafio ao intruso.
Além, para o mar e, obviamente, em retirada, ele podia
ver um nítido naviozinho, com uma vela triangular.

Ele tinha visto o navio antes, ele pensou. Então percebeu


onde. Era o navio pertencente à tripulação de jovens
escandinavos sob cujos narizes ele roubou o inestimável
Andomal. Seus lábios se curvaram em raiva.

Em seguida, ele sacudiu a cabeça com impaciência. O


navio era pequeno. Ele carregava uma tripulação de
menos de uma dúzia. E o porto era protegido por duas
torres e maciças toras da barragem de lado a lado da
entrada.

Ele virou-se para seu tripulante, socando-o em toda a


cabeça.

— Seu idiota! — Ele rosnou. — Eles são meninos, e não


pode haver mais de dez deles! Quais possíveis danos
você acha que eles podem fazer conosco?
O pirata infeliz, que tinha deixado para alertar Zavac
antes do Garça Real lançar seu ataque, não tinha
resposta para a pergunta. Ele se encolheu para longe do
capitão furioso.

— Eu pensei...

Zavac cortou furiosamente. — Então, não pense no


futuro! Você não tem capacidade para isso!

Girando em seus calcanhares, ele caminhou de volta


para a casa de contagem.

— E cuide para que eu não seja perturbado novamente!


— Ele jogou por cima do ombro.

Na torre ocidental, o comandante nomeado por Zavac


assistiu com fascinação horrorizada quando, o que
parecia ser um pequeno navio viking escandinavo,
lançou seu ataque contra seus companheiros através do
porto.

Ele não sabia exatamente o que estava acontecendo.


Não parecia ser uma arma enorme na proa do navio,
disparando projéteis pesados na torre leste. Embora ele
não conseguisse distinguir os detalhes da arma -
possivelmente uma grande besta, ele pensou - ou os
projéteis próprios, os resultados estavam óbvios demais.

Ele ouviu as rachaduras quebrando quando os dardos


bateram na balaustrada de pinheiro, em frente ao porto,
e viu a chuva de estilhaços mortais quando eles voaram
entre os defensores. Ele também pode observar o dardo
quando ele girou sobre a extremidade final através da
multidão de homens na passarela, ceifando vários deles
para baixo. Ele ouviu seus gritos. Em seguida, o navio se
virou e saiu para o mar.
Agora estava voltando. Seus olhos se estreitaram quando
ele o viu ajustar um curso e percebeu que estava vindo
direto para ele. A torre ocidental era obviamente o
próximo alvo.

Sua mente disparou. O maior perigo parecia-lhe, era a


chuva de estilhaços que cada tiro enviava voando em
seus vigias. O projétil pode atingir uma ou duas pessoas,
mas os estilhaços poderiam colocar meia dúzia de outros
fora de ação. Uma dúzia ou mais de farpas criaria uma
chuva mortal com cada tiro.

Ele olhou em volta, procurando alguma coisa para anular


seu efeito, e seu olhar pousou na guarita no centro da
plataforma. Havia meia dúzia de beliches lá, onde os
homens pudessem descansar e relaxar enquanto eles
estavam de folga. E beliches significava cama.

— Coloquem esses colchões e cobertores aqui fora! —


Ele gritou, apontando para a guarita. — Estenda-os sobre
o corrimão! E depressa, destrua sua visão!

Seus homens, ainda confusos com a mudança


inesperada dos acontecimentos, estavam olhando-o
como se ele tivesse de repente perdido o juízo. Ele
empurrou um deles em direção a porta da guarita.
Quando o homem se moveu lentamente em direção a
ela, ajudou-o em seu caminho com um chute. Outro o
olhou boquiaberto e ele esbofeteou-o nos ouvidos,
gritando e praguejando.

— Começe a se mover, seu vigia idiota! Cobertores e


colchões! Eles vão impedir os estilhaços voadores!

Aos poucos, sua raiva parecia energizá-los e um ou dois


deles até mesmo compreendeu a idéia que ele tinha em
mente. Eles se moviam com crescente urgência, dois
deles correndo dentro e começando a passar a roupa de
cama para fora através da janela aberta, sem vidro. Os
outros correram para armar os grossos cobertores e
colchões cheios de palha por cima da balaustrada. Os
projéteis que passassem por eles, o comandante pensou,
mas eles tinham que abafar aquela mortal chuva de
fragmentos.

Convencido de que a balaustrada foi totalmente coberta,


ele emitiu novas ordens.

— Arqueiros! Aqui em cima. Preparem-se para corta-los!


Há algum tipo de arma infernal na proa daquele navio.
Apontar os homens para dispararem.

Vários homens armados com arcos avançaram para


tomar o seu lugar na balaustrada pesadamente
acolchoada. Vários outros, tendo visto o destino de seus
companheiros na primeira torre, ficou para trás. Ele
rosnou para eles e empurrou um deles para frente. Os
outros relutantemente seguiram.

— O resto vocês abaixem-se! — Ele ordenou. — Fiquem


abaixo da balaustrada e fora da vista!

Os homens demoraram a obedecer-lhe. Eles assistiram


com fascinação que o gracioso navio pequeno se dirigia
para eles. Todos os olhos na torre eram sobre ele.

Ninguém notou a linha de guerreiros emergindo do


pântano no oeste, movendo-se rapidamente em direção
a eles.

A bordo do Garça Real, Hal assistiu, perplexo, como os


defensores começaram a armar cobertores e colchões
sobre a amurada da balaustrada. Thorn, agachando-se
ao lado dele, de repente, adivinhou o seu propósito.
— Eles estão na esperança de conter os estilhaços! —
Disse. — Eles viram quanto dano fazem!

Hal sentiu uma súbita onda de incerteza. Os estilhaços


voadores provaram ter um efeito mortal sobre os
defensores, muito mais do que ele esperava. Agora, os
piratas tinham encontrado uma maneira de neutralizá-
los. E o pesado pano drapeado pode até impedir os
dardos de penetrar a balaustrada. Eles certamente
absorveriam um pouco de sua força. Ele esfregou o
queixo, pensativo, desesperado por uma maneira de
contrariar esta inesperada tática.

Em seguida, um sorriso triste se espalhou pelo seu rosto.

— Edvin, pegue um dardo de fogo pronto. Ingvar,


carregue o dardo no Mangler.

Originalmente, Hal apenas tinha planejado usar os


dardos de fogo para acender a bexiga de óleo no portão
da praia. Mas agora ele viu uma oportunidade inesperada
para eles.

Ingvar removeu o projétil que ele tinha carregado no


Mangler e substituiu-o na cremalheira pronta. Edvin
pegou um dos dardos de fogo na cuba do mastro.
Agachou-se no convés e produziu uma pederneira de
aço, e uma caixa de fogo. Depois de meia dúzia de
ataques, ele tinha um pequeno punhado de estopa
queimando no barril de pólvora. Cuidadosamente, ele
segurou a cabeça do dardo de fogo na chama. O pano
embebido em óleo pegou quase imediatamente, a chama
rapidamente se espalhando para o breu. Edvin fechou o
caixa de fogo, apagando as chamas dentro, e entregou o
dardo ardente para Lydia.
— Segure isso — disse ele brevemente. Então,
permanecendo abaixado, ele se moveu para o arco e
pegou um balde de água que tinha deixado pronto. Ele
jogou a água sobre a frente do Mangler, liberalmente
embebendo a madeira onde a cabeça flamejante seria
assentada. Isso fazia parte de uma broca previamente
combinada Hal tinha inventado.

O barulho mortal de flechas contra o casco e convés


começou mais uma vez.

— Carregar agora, Ingvar — disse Hal. Ele não queria


esperar mais tempo para Ingvar ser exposto. Lydia
passou o dardo de fogo para Ingvar e o grandalhão
chegou até a colocar o dardo latente na posição. A
cabeça flamejante chiou contra a madeira encharcada, e
Ingvar, permanecendo abaixado, afundou atrás de Hal.

— Fique aí, todo mundo — Hal advertiu. — Pronto Thorn?


— Ele chamou.

O lobo do mar maneta encontrou seu olho e acenou com


a cabeça.

Hal se agachou sobre o Mangler, lentamente girando a


manivela de elevação e observando a paisagem subir
para alinhar com a balaustrada. Desta vez, ele tinha um
alvo muito maior a apontar para, então não havia
necessidade de ir tão perto quanto antes.

— Um tiro só — disse a Ingvar. Ele não queria o menino


grande exposto, enquanto ele recarregava. Se o fogo
funcionasse, não haveria necessidade de um segundo
tiro.

Ingvar grunhiu assentindo. Ele estava agachado atrás da


massa do carro besta, com as mãos sobre a alavanca de
deslocamento.

— Esquerda... à esquerda... direita um pouco. Firme aí —


Hal gritou.

Ele se encolheu com uma flecha que atingiu a frente do


carro do Mangler e olhou ao longe. Então, concentrou sua
atenção na mira, tentando ignorar o som das flechas
atingindo o casco e zunindo através da vela. Vou ter que
remendar essa vela quando isto acabar, ele pensou com
uma parte destacada de sua mente.

A mira traçada quando o navio chegou à crista de uma


onda, afundou abaixo da meta enquanto mergulhava na
calha d'água, em seguida, começou a subir novamente.

Ele aliviou a engrenagem elevando para compensar,


então, um segundo ou mais antes do navio chegar à
crista seguinte e a visão ser centrada na balaustrada
muito drapeada, ele puxou a corda do gatilho. Houve a
demora normal e ligeira, então...

SLAM!

O Mangler corcoveou descontroladamente em recuo. O


dardo de fogo disparou para longe, trilhando uma fita
fina de fumaça cinza por trás dele. No instante que
liberou, Hal sabia que o tiro era bom e observou a trilha
fina de fumaça, uma vez que foi direto para o centro da
balaustrada.

Stig já estava trazendo a proa do Garça Real ao redor


para voltar para o mar e fora de alcance. Eles ouviram o
ruído surdo do dardo atingindo a torre, exatamente onde
Hal apontou. Permanecendo abaixado, ele esticou em
volta para assistir o resultado, enquanto o navio se
afastou do alvo. Mais três setas sacudiu contra o casco e
os escudos alinhados ao longo do baluarte de estibordo.

Então ele viu. Um flash luminoso de fogo disparado a


partir do centro da balaustrada. O dardo de fogo tinha
impactado no centro de um colchão cheio de palha.

Houve uma pausa de alguns segundos, enquanto as


chamas, reprimidas pelo vento do vôo do projétil,
reacenderam. Depois, a palha seca e a lona apanhada e
queimada descontroladamente, alimentavam as chamas
avidamente no pavio perfeito.

— Jogue-a fora! Livre-se dela! — o comandante da torre


de vigia gritou. Mas as chamas, ventiladas pela brisa do
mar, estavam estalando ferozmente e nenhum de seus
homens estavam dispostos a arriscar a ser queimado.
Eles se afastaram, protegendo seus rostos do calor.

— Malditos sejam! Ajudem-me, seus covardes! — o


comandante delirou. Ele sacou a espada e, segurando-a
com as duas mãos, tentou prender-la sob o colchão para
que pudesse jogá-lo completamente. Mas já as chamas
tinham se espalhado para os cobertores e colchões de
cada lado. As chamas chamuscaram seus braços e
sobrancelhas enquanto ele lutava com a pesada,
queimada massa de linho e palha.

Ele conseguiu incliná-lo sobre o lado do corrimão e sentiu


uma onda de triunfo momentâneo quando começou a
soltar. Mas seu otimismo não durou muito. O colchão
estava firmemente preso à madeira pelo dardo que o
tinha fixado ao fogo. Ele caiu um metro ou mais, depois
parou pendurado para fora de seu alcance, com chamas
queimando, lambendo avidamente a madeira da torre.
Quando Hal havia planejado usar um dardo fogo contra o
portão praia, ele sabia que ele iria precisar de óleo para
ajudar a fazer com que a madeira queimasse. O

portão estava envelhecido, madeira experiente, e um


único dardo de fogo não seria suficiente para fazê-lo
pegar. Mas a torre era um assunto completamente
diferente. As tábuas e frame eram de madeira de pinho
macio madeira que tinha uma gosma com resina e,
consequentemente, altamente inflamável. Mas mesmo
com essa madeira, uma fonte de fogo única como um
raio flamejante poderia não ter sido suficiente.

Podia ter sido rapidamente extinto. O comandante havia


cometido um erro fatal quando cobriu o comprimento da
balaustrada com pano altamente combustível e palha.
Agora as chamas variavam ao longo de toda a face
frontal da balaustrada, e as pranchas e quadros já
estavam começando a queimar por baixo do pano.

Para piorar a situação, não havia abastecimento de água


real disponível, apenas alguns poucos jarros de água
potável para as sentinelas. Não havia nenhuma maneira
deles apagarem as chamas. A torre estava condenada.

A cem metros de distância da torre, Svengal levou seus


homens para fora dos pântanos e para terra firme. Os
escandinavos fizeram uma pausa, um pouco
impressionados, ao verem as chamas subindo agora
rapidamente os lados da balaustrada e da guarita no
topo da torre.

O Garça Real, aparentemente ileso, cruzou suavemente


de volta para o mar, voltando-se para a companheira
torre do outro lado da entrada do porto.
— Pelos olhos cruzados de Orlog, ele conseguiu. — disse
Svengal. Ele balançou a cabeça em admiração. Ninguém
tinha previsto um resultado tão dramático como este. Ele
olhou em torno de seus homens. Todos eles tinham
parado. Vários estavam apoiando os punhos em seus
machados enquanto observavam a superestrutura da
torre queimar. Até agora, as chamas não se espalharam
para o quadro de apoio, mas o que era apenas uma
questão de tempo.

— Parece que o nosso trabalho foi feito para nós, chefe —


um dos tripulantes disse a ele. Então Svengal notou uma
linha de homens apressadamente tropeçando na escada
de madeira que levava a torre de vigia. Ele apontou seu
machado em direção a eles.

— Não é bem assim — disse ele alegremente. — Ainda


há um pouco de limpeza a fazer.

Então ele respirou fundo e gritou o comando tradicional


escandinavo para a batalha.

— Vamos pegá-los!

A tripulação do Wolfwind se lançou para frente com um


rugido. Os piratas queimados e confusos que faziam o
caminho para baixo da torre de vigia queimada se virou
para ver um espetáculo ainda mais terrível do que as
chamas que quase os consumiu.

Escandinavos. Prontos para a batalha.

Escondido na linha de árvore, Barat e seus homens


observavam o ataque do Garça Real na primeira das
torres. De sua posição, a própria torre estava a maior
parte encoberta pela paliçada e os edifícios
intervenientes da cidade.
Eles observaram o Garça Real se aproximar da torre,
ouviu o longínquo bater ruidoso do Mangler liberando
duas vezes, em seguida, viu o navio fazer uma pirueta
ordenadamente e voltar para o mar.

Barat olhou para Jonas. — Não parece fazer muito.

Jonas deu de ombros. — Quem pode dizer? Mas as


chances são de que eles têm todo mundo olhando em
sua direção.

— Talvez — disse Barat. Ele brincava com o punho da


espada quando viu o Garça Real virar mais uma vez e
voltar para a costa, desta vez de olho na outra torre.

Os detalhes deste ataque foram completamente


obscurecidos, mas poucos minutos depois que o navio
tinha saído de visão por trás da entrada do porto oriental,
os sentinelas Limmatans viram uma espiral fina de
fumaça sobre a cidade, na direção da torre ocidental.

Em pouco tempo, ele havia se tornado uma espessa,


bandeira cinza-escura.

Alguma coisa estava bem e verdadeiramente em chamas


e, a julgar pela direção da coluna de fumaça, só poderia
ser a torre.

— Eles conseguiram. — disse Jonas.

Barat franziu a testa. Parecia que o segundo ataque


havia tido sucesso, mais sucesso do que qualquer um
tinha previsto. Ele olhou em volta. Seus homens estavam
posicionados atrás dele, armas prontas, rostos tensos.
Atrás, nas árvores, eles não tinham visto o que tinha
acontecido.
— A torre está pegando fogo — disse ele a eles agora. —
Isso vai chamar a atenção de todos, então vamos.

Como um, eles se levantaram. Houve um grunhido baixo,


num coro de trinta e oito vozes e ele levantou uma mão
com cautela.

— Silêncio! Não há gritos de guerra. Sem gritos. E fiquem


perto das árvores. O

mais perto que podemos chegar antes de sermos vistos,


a melhor chance que vamos ter.

Ele esperou, olhando atentamente para seus rostos, até


ter certeza de que a mensagem tinha sido levada a sério.

— Onde estão os escaladores? — Ele perguntou, e quatro


homens se aproximaram. Cada um levava um pacote
com tábuas grossas e curtas envolvidas em corda – uma
escada com cordas enroladas.

— Homens com arpéus?

Mais dois se apresentaram com as mãos levantadas.


Além de suas armas, levaram várias cordas, cada uma
com um arpéu de três ganchos no final. Seria o seu
trabalho jogar os arpéus sobre a paliçada e segurar as
cordas esticadas enquanto os alpinistas subiam na
parede e deixavam cair as escadas de corda por trás
deles.

— Os restos de vocês estejam prontos para ajudar com


arcos, pedras e lanças, enquanto eles estão subindo —
ele ordenou. Mais uma vez, houve um murmúrio de
assentimento.
— Tudo bem — disse ele finalmente. Ele olhou para o mar
e viu que o GarçaReal estava virando de volta para outra
corrida na torre leste. A julgar pela fumaça, a torre
ocidental estava agora bem acesa.

Duvido que haja um único olho voltado para nossa


entrada, ele pensou. Então, ele acenou para seus
homens seguirem em frente.

— Certo. Sigam-me e fiquem quietos! — disse ele, e


começou a correr margeando a linha das árvores. A areia
fofa abafou o som dos trinta e oito pares de pés que o
seguiram.

Não havia nenhum sinal de defensores na parede da


paliçada à frente deles.

Capítulo trinta e quatro

Quando chegaram à extensão mais distante na sua


corrida para o mar, Stig virou o Garça Real de volta para
chefiar um segundo ataque contra a torre oriental.

Hal se levantou de seu assento atrás do Mangler e


levantou uma mão.

— Espere por um minuto, Stig — ele chamou. Stig


balançou a cabeça, a testa franzida um pouco confuso, e
trouxe a cabeça do navio contra o vento.

— Soltar as escotas — disse para Ulf e Wulf. Quando eles


despotencializaram a vela, o Garça Real desacelerou
para uma parada, subindo e descendo suavemente no
mesmo lugar. Hal fez um gesto para Thorn segui-lo e fez
o seu caminho para a popa.

Lydia, não querendo ficar de fora, seguiu os dois.

— Eu tive uma ideia — disse ele quando chegaram à


plataforma de comando.

Stig foi gentilmente trabalhando a cana do leme para


trás e para frente, mantendo a cabeça do navio
diretamente para o vento.

— Como sempre — Stig disse, sorrindo. Ele adivinhou


isso quando Hal havia sinalizado para ele a alçada.

— Você está pensando em usar outro dardo de fogo? —


Thorn sugeriu.

Hal assentiu. — Exatamente. Assim que conseguir que a


madeira de pinho queime, nada vai pará-la.

— Só que desta vez, a tropa não vão ser gentil o


suficiente para cobrir a plataforma com um pano e palha
seca — Thorn observado.

— Verdade. Mas olhe para a estrutura de suporte, logo


abaixo da plataforma. —

Hal apontou e todos eles olharam para a estrutura


distante. — Há um ponto onde há três feixes que se
cruzam: um vertical, um horizontal e um diagonal. É o
ponto de apoio principal para aquele lado da torre.

Aos poucos, os outros concordaram, ao verem o que ele


estava apontando.
— Esse ponto de junção é um alvo muito grande. E
mesmo se eu não acertar exatamente, há uma boa
chance de eu acertar uma das três vigas. Se eu puder
colocar um dardo de fogo lá dentro, a madeira vai pegar,
talvez não tão rapidamente como a torre de vigia com os
colchões sobre ele. Mas ele vai queimar eventualmente.
E uma vez que ele queime, a plataforma em cima vai
cair. Vai ser muito mais eficaz que golpear longe com
dardos comuns.

Stig e Thorn trocaram um olhar.

— Parece-me razoável — disse Stig, e Thorn concordou.

— Certamente vale a pena tentar. Você acha que você


pode acertá-lo de uma centena de metros? Eles estarão
prontos para nós neste momento e vão atirar de volta.

Temos tido sorte até agora de que ninguém foi atingido.

Thorn sabia, embora os outros não, que a sua sorte era


improvável para considerar. A sorte era notoriamente
instável em uma batalha. Se eles distraíssem ao ajustar a
distância, teriam vítimas.

— Eu acho que posso acertá-los de cem de metros —


disse Hal.

Stig empurrou o lábio inferior para frente, em dúvida.

— Essa meta é um pouco maior do que os que


praticávamos na baía — disse ele. — Você precisava
chegar a cinquenta metros para bater-lhes com toda a
consistência.

— Verdade. Mas estávamos nos movendo então, e


movendo rapidamente. Eu pretendo parar cerca de cento
e vinte metros de modo que estarei atirando a partir de
uma plataforma estável. Isso vai tornar meu trabalho
muito mais fácil.

— Vai fazer-nos mais fácil de acertar também — disse


Stig.

Hal encolheu os ombros. — Nós só temos que manter


nossos escudos e ficar sob a cobertura, tanto quanto
possível. Thorn, você pode manter Ingvar coberto? Eu
pretendo tentar dois dardos de fogo, então ele vai
precisar recarregar.

Thorn olhou para a torre distante, retratando em sua


mente, a chuva de flechas que seriam lançadas contra
eles.

— Farei o meu melhor — disse ele rispidamente. —


Quando pararmos, jogaremos alguns deles fora primeiro.
Eles estarão julgando um alvo em movimento.

Mas, então, estaremos sentando no pato. — Ele olhou


para Lydia. — Vigie esse arqueiro de camisa verde. Ele é
o seu melhor atirador.

Ela assentiu com a cabeça. — Eu vou cuidar dele. — Não


havia nenhum traço de dúvida em sua voz e o velho lobo
do mar sorriu para ela.

— Você sabe, eu acredito que sim. — Ele olhou para Stig


e Hal. — Eu disse que esta era um bom partido.

Lydia corou enquanto os dois meninos sorriam. — Cale-


se. Você não deixe de fazer as suas tarefas com aquelas
duas tigelas de jantar cobertas que você chama de
escudos.
Thorn inclinou a cabeça. — Como você quiser, mocinha.
Como você quiser.

— Se vocês dois já acabaram — disse Hal, recuperando a


sua atenção, —

vamos arrancar novamente. Só me dê um minuto ou dois


para informar os outros.

Ele começou a voltar em direção à proa, parando ao lado


de Ulf e Wulf.

— Nós vamos parar... — ele começou, mas ambos


concordaram.

— Nós ouvimos — disse Ulf. — Estaremos prontos. Só nos


dê a ordem.

Ele olhou para eles por um segundo ou dois. Estavam


mantendo sua promessa, ele pensou. Uma vez no mar,
não havia sinal de disputa entre eles. Trabalharam em
conjunto melhor e mais instintivamente do que duas
outras pessoas possam ter.

Possivelmente por causa do vínculo mental estranho que


muitos gêmeos desfrutam.

Percebeu que ficou olhando para eles por alguns


segundos e os dois estavam esperando ansiosamente,
pensando que ele diria algo mais. Ele acenou com a
cabeça e virou-se bruscamente.

— Tudo bem — disse.

Os gêmeos trocaram olhares perplexos um pouco como


ele fez o seu caminho de volta para a proa. Ingvar e
Edvin estavam esperando, sentindo que houve uma
mudança de planos.

Ele esboçou sua idéia para eles. Ambos assentiram


entendendo. Edvin pegou o balde agora vazio, puxou-o
sobre o lado em uma corda e encheu-o, jogando água do
mar na frente do Mangler.

Então, ele repetiu a ação mais duas vezes.

— Poderia muito bem ter certeza de que está


completamente encharcado —

disse ele.

Hal apontou para a banheira onde os cinco dardos de


incêndio restantes foram armazenados.

— Procure dois prontos e acenda quando chegar a hora


— disse ele. — Ingvar vai ter que recarregar rápido. Uma
vez que estejamos parados, vamos balançar ao sabor do
vento em poucos minutos. Quando isso acontecer, eu
não vou ser capaz de estudar a volta do Mangler longe o
suficiente.

Ele fez uma pausa, perguntando se tinha deixado algo de


fora. — Outra coisa, Edvin. Você vai ter que cuidar dele
sozinho. Lydia vai estar ocupada apanhando as pessoas
que atiram a nós.

As sobrancelhas de Edvin uniram-se ao pensar sobre as


ações que teria que tomar. — Isso não será um problema.
Eu acho que preferiria que ela estivesse com a cabeça
baixa.

— Tudo bem. Aos seus lugares, todos. — Hal virou-se


para chamar de volta Stig e os gêmeos. — Vamos nos
mexer!

Quando a vela foi inflada, Stig deixou o Garça Real partir


com o vento. Em poucos segundos, ele foi esculpindo um
rastro branco liso através do mar novamente.

Barat parou no pé da paliçada. Sua respiração estava


ofegante e irregular, mas era o resultado da tensão
nervosa, não exaustão. Incrivelmente, ele e seus homens
tinham coberto os 40 metros de espaço aberto ao longo
da praia, sem qualquer alarme ser acionado.

Ele virou-se para trás agora e chamou baixinho, —


Arpéus! Montanhistas! Vão!

Quatro arpéus foram disparados por cima da paliçada,


cada um com uma corda comprida e trançada atada a
eles. Ele ouviu as quatro pancadas que bateram em
rápida sucessão. Em seguida, os atiradores puxaram de
volta as cordas, arrastando os ganchos três-pontas de
volta através da passagem até que prendeu e se
manteve firme contra as toras verticais que formavam a
parede da paliçada de três metros de altura.

Um se soltou e caiu de volta para baixo. Quando o


manipulador amaldiçoou em silêncio e reuniu a o arpéu
para outro lance, Barat fez um gesto para os outros três.

— Alpinistas! Em seu caminho! Não espere por ninguém!

Os homens que lançaram os arpéus agora inclinaram seu


peso para trás contra as cordas para mantê-las firmes.
Mais dois homens se moveram para ficar em cada corda,
fazendo uma grossa alça laçada entre eles. Quando o
primeiro alpinista começou a subir a corda, ele colocou o
pé na alça laçada e os dois homens o levantaram,
elevando-o de modo que suas mãos se fecharam sobre o
topo da paliçada.

Tomando cuidado para não prender-se nas pontas afiadas


dos troncos verticais, ele saltou levemente para a
passarela do outro lado. Dois outros alpinistas se
juntaram a ele quase que imediatamente. Eles sacaram
suas espadas, giraram seus escudos em torno de suas
costas, e desceram a passarela para formar uma linha
defensiva, enquanto seus companheiros pulavam por
cima da paliçada.

Barat veio com a segunda vaga. Ele olhou rapidamente


ao redor. A passarela estava vazia de cada lado. Não
havia nenhum sinal de defensores.

Nós os pegamos completamente de surpresa, ele


pensou. Em seguida, pulou de volta alarmado quando o
quarto arpéu de abordagem sobrevoou a paliçada e caiu
nas tábuas da passarela, errando-o por centímetros. Ele
chutou o arpéu sobre a borda interna da passarela para
que os pinos travassem nas madeiras de lá. A corda
passou esticada quando o atacante invisível abaixo
puxou de volta firmando-a. Então começou a vibrar como
um alpinista armado.

— Alarme! Alarme! O inimigo está na parede!

A voz gritando chegou da cidade abaixo. Ele olhou para


baixo em uma das ruas estreitas e sinuosas que corriam
para longe da paliçada em direção à praça aberta no
centro da cidade. Três Magyarans tinham acabado de
dobrar uma esquina e viram os Limmatans agrupando na
passagem acima deles.

Os piratas foram em direção a paliçada, mas hesitaram


quando viram o número de homens já na passarela.
Percebendo que estavam seriamente em menor número,
eles se viraram para correr, gritando o alarme conforme
passavam.

— Impeça-os! — Barat gritou. Um de seus homens se


aproximou e atirou uma lança. Acertou o mais próximo
Magyaran na perna e ele torceu e caiu no chão,
chamando por seus companheiros para ajudá-lo. Eles
deram mais uma olhada para a multidão de homens
armados na passarela, viraram-se e desapareceram em
torno de um canto na rua, gritando o alarme conforme
eles iam passando.

Barat hesitou um segundo. A paliçada estava indefesa


deste lado. Hal tinha razão, pensou ele. A maior parte
dos Magyarans estaria nas torres, ou no centro da
cidade. Ele fez um gesto em direção aos degraus com
sua espada.

— Desçam ao nível do solo — ele gritou. — Direto para a


praça da cidade.

As tábuas da passarela vibraram sob os seus pés


enquanto ele conduzia os 38 homens correndo em
direção as escadas.

Perto da torre ocidental, os escandinavos estavam


formados em forma de cunha, com Svengal
encabeçando. Eles esmagaram os Magyarans
desorganizados, eixos subindo e descendo em um ritmo
mortal. Os piratas, atordoados e desmoralizados pelo
aparecimento súbito de fogo na torre de vigia, olhos
lacrimejantes por causa da fumaça, não tinham nenhuma
chance contra a carga escandinava.

Os sortudos entre o inimigo eram os que simplesmente


foram esbofeteados de lado pelos escudos de madeira
pesada.

Alguns, sangue escorrendo de suas feridas, tentavam se


arrastar para longe da luta, chorando copiosamente.
Outros estendiam onde caíam, ameaçadoramente ainda.

Svengal viu-se diante de um dos poucos Magyarans que


parecia capaz de colocar-se numa luta. Eles circularam
um ao outro cautelosamente. O Magyaran estava armado
com uma pesada lança, que prendeu na axila,
equilibrando em seu ponto médio, de metal redondo e
um escudo de madeira.

Ele apontou a lança em direção ao maciço escandinavo.


Mas Svengal estava observando os olhos e algo lá lhe
disse que o movimento era uma finta. Ele se manteve
firme e sorriu para o seu inimigo.

— Tem que fazer melhor do que isso — disse ele. Então,


vendo o contramestre do Wolfwind, Hendrik, aparecendo
atrás de seu adversário com um machado, ele retrucou:
— Deixe-o! — Hendrik relutantemente se afastou,
procurando outro inimigo.

Em uma briga total, era cada um por si, e Svengal e seus


homens golpeavam para fora qualquer alvo que se
apresentasse. Mas os Magyarans estavam quebrados e
derrotados e este era um combate único. O homem era
um bravo e capaz guerreiro e Svengal não tinha o desejo
de vê-lo cortado por trás.

Escandinavos viviam para o combate - embora se deva


dizer que alguns deles morreram por isso também – e
combate individual, o homem-a-homem, era a forma
final.
A lança disparou para frente novamente. Desta vez, foi
um impulso genuíno e Svengal jogou-a de lado com a
cabeça de seu machado. Ele viu uma sombra de medo
nos olhos do outro homem, então, seu adversário viu a
facilidade casual com que Svengal lidava com arma
pesada. A maioria dos guerreiros não seria capaz de
coincidir com a velocidade e precisão de movimentos de
Svengal.

O Magyaran, de repente cauteloso, recuou um passo.


Svengal avançava, seus olhos ainda na intenção do outro
homem. Ele viu o aviso de outro impulso lá, uma fração
de segundo antes de começar, e lançou o seu próprio
ataque em vez disso, prevenindo as estocadas do outro
homem com uma sobrecarga poderosa de cortadas do
machado de cabo longo.

O Magyaran tem o escudo em cima da hora e rebateu o


golpe contra o metal, rachando a madeira por baixo
fazendo o pirata cair de joelhos. Mas ele pôs-se de pé e
quase que instantaneamente se lançou de novo, com a
força do desespero. Svengal decidiu que era hora de
esquecer a finesse. Ele jogou categórico, a lança em seu
escudo maciço, absorvendo a força por trás dele com os
joelhos flexionados, sentindo a profunda mordida na
cabeça da madeira - e parou ali.

O Magyaran entrou em pânico quando tentou, em vão,


retirar a lança presa.

Como resultado, ele nunca viu o golpe roundhouse do


machado enorme, que terminou a luta por bem.

Svengal recuou. Ele olhou em volta. Alguns dos


Magyarans escapou, direcionando ao redor do porto da
cidade. A maioria deles estava deitada, imóveis e em
silêncio, sob a torre em chamas. Cinzas e cinzas
incandescentes caíam sobre eles como chuva quente.
Hendrik chamou a atenção de Svengal.

— É melhor sair daqui. Essa coisa toda poderia vir a


baixo a qualquer momento.

Svengal abaixou-se e puxou um manto livre de um dos


corpos, limpando a lâmina de seu machado com ele, em
seguida, jogou para o lado.

— É hora de passar para a outra torre — disse ele.

Capítulo trinta e cinco

Hal acomodou-se atrás da enorme besta como o Garça


Real se dirigiu para a costa mais uma vez. Ele se inclinou
para trás, forçando-se a relaxar, assistindo a regular
subida e descida da proa com o passar de cada onda sob
o navio, sintonizando-se ao ritmo e tempo do movimento.
Ele estimou que estavam a cerca de duzentos metros da
torre. Ele podia ver as pequenas figuras que revestem a
balaustrada, esperando até que o Garça Real estivesse
ao alcance.

Então, um pensamento lhe ocorreu.

O Mangler tinha um alcance de mais de trezentos


metros. Naturalmente, a variação é apenas um dos
factores. Precisão era outra questão. No sobe e desce da
proa de um navio em movimento, Hal descobriu que ele
precisava estar a uma centena de metros ou menos de
seu alvo para ter qualquer chance de acerta-lo. Mas isso
era um alvo que era um metro quadrado. Ele estava
olhando para a própria plataforma, uma caixa como a
estrutura cerca de seis metros de comprimento e três
metros de altura, situado no topo da estrutura de
madeira. Ele poderia acertar um alvo desse tamanho
facilmente a partir de duzentos metros, ele pensou. Os
tiros seriam aleatórios.

Ele não seria capaz de mira-los com precisão, mas ele já


tinha visto quão mortal as lascas de pinho poderiam ser.
E a chegada repentina de um dardo de metros de
comprimento, batendo na madeira criaria problemas
para os nervos dos defensores.

Ele virou-se rapidamente para Ingvar.

— Arme-o e carregue um dardo normal, Ingvar. Vamos


dar-lhes algo para se pensar enquanto estamos entrando.

Ingvar pareceu confuso por um momento, então ele


concordou. Ele estendeu a mão para as alavancas duplas
e soltou o cabo de volta até que estalou no lugar. Em
seguida, ele posicionou um dardo no encaixe.

— Assim que eu atirar, carregue de novo — disse Hal.

Ingvar balançou a cabeça, em seguida, mudou-se para a


alavanca de preparação atrás da besta.

Hal inclinou-se sobre os locais de interesse. — Direita...


direita. Um pouco a esquerda. Mantenha. — O Mangler
agora estava apontado no meio do balaustre.

Ele fixou-se no intervalo de um pouco mais de duzentos


metros. Um esguicho de água à frente do barco
confirmou. Os defensores estavam atirando, mas o navio
ainda estava fora do alcance das setas.

Ele deixou o navio subir numa onda, observando a mira,


alinhando-se ligeiramente acima da marca de duzentos
metros. Conforme a proa firmou por um momento na
crista da onda, ele puxou a corda do gatilho.

SLAM!

O Mangler corcoveou selvagemente e o dardo cortou a


distância.

Instantaneamente, Ingvar saltou para a frente e rearmou


a besta, deixando cair um dardo no lugar. Então, ele
estava de volta na alavanca posicionado como Hal
indicou a ele para trazer o Mangler de volta em linha.

Enquanto ele o fez, Hal estava enrolando a engrenagem


de elevação, de forma que o ponto alvo estava agora um
pouco abaixo da marca de duzentos metros na sua mira.
Como antes, ele esperou até que o navio estabilizou
momentaneamente, em seguida, disparou.

SLAM!

Quando o segundo dardo riscou longe, ele viu o primeiro


tiro acertar em uma explosão de estilhaços na
balaustrada, logo abaixo do topo do corrimão e à direita
do centro. Os defensores dispersos do lugar em pânico.

Então Ingvar recarregou e estava posicionando a arma


mais uma vez como Hal acabou na roda de elevação para
trazer as vistas para baixo.

O dardo que ele tinha acabado de disparar acertou o alvo


naquele momento e viu outro ataque quebrando na
balaustrada. Desta vez, uma grande parte do trilho
superior foi arrancado e saiu girando.

— Direita... esquerda um pouco. Mantenha...

SLAM!

Outro tiro. Ele verificou a distancia e viu que eles não


tinham tempo para um quarto. Mas a salva de três tiros
rápidos tinham feito seu trabalho, causando pânico e
confusão na torre. Ele poderia até mesmo ver várias
figuras correndo para baixo da escada sob o plataforma.

— Acenda os dardos incendiarios, Edvin — ele pediu. Ele


não tinha visto o ataque dardo terceiro, mas ele pensou
que tinha sido um bom tiro. Ele tinha certeza de que
tinha batido em algum lugar. Agora, os defensores
estavam rastejando de volta para suas posições. Uma
flecha atingiu o posto proa, tremendo. Em seguida, mais
duas chacoalharam contra o casco. Ingvar rearmava o
Mangler e uma flecha quase o havia acertado.

— Thorn — Hal gritou. Imediatamente, o esfarrapado


velho lobo do mar pulou para pés atrás do posto proa.
Ele tinha os dois escudos pronto, e como Hal observou,
Thorn realizou um dos feitos mais incríveis de habilidade
e coordenação que o skirl jovem nunca voltaria a ver.
Anos mais tarde, rodeado de seus netos, ele iria falar
sobre isso em voz baixa com admiração.

Thorn começou a usar os dois escudos de metal para


bloquear ou desviar setas que sibilavam para o barco. Ele
ignorou os tiros que estavam indo para longe,
concentrando-se naqueles que estavam em linha.

Mão esquerda. Mão direita. Esquerda. Esquerda. Direita.


Os dois escudos movidos como um borrão que ele pegou
ou golpeando ou desviando flechas em rápida sucessão.
Era óbvio agora por que ele havia escolhido usar os
escudos menores. Ele nunca poderia ter movido um
escudo grande, pesado, com tal destreza e precisão. Sua
coordenação motora e visual foi simplesmente incrível.
Sua visão era soberba. E suas reações eram como um
raio. O ar estava cheio com o barulho, chocalho e
zumbido de flechas desviadas ou bloqueadas. Agora,
vendo isso, Hal começou a entender como esse homem
tinha ganhado o título Maktig por três anos consecutivos
e por que ninguém tinha feito isso, antes ou depois.

— Ele é incrível — Lydia disse calmamente, ao lado dele.


Ocupado como estava, Thorn ouviu e teve tempo para
responder.

— Esse incomodo arqueiro de camisa verde está de


volta. Pare de estupidez, garota, e cuide dele.

Tinido, zumbido, estrépido, batida. Mais flechas quatro


foram desviados. Lydia, incentivada pela brincadeira de
Thorn, desenhou um dardo de sua aljava e carregou seu
atlatl. Protegido pelo mastro, ela procurou o arqueiro de
camisa verde, vendo ele aparecer em sua antiga posição,
ao lado esquerdo da plataforma. Ele puxou, mirou, atirou,
em seguida, recuou em torno em cobertura da guarita.

Lydia começou a contar em voz alta.

— Um, dois, três, quatro.

Uma fração depois de "quatro", o arqueiro recuou de


novo, levantou o arco, atirou de novo, então voltou para
cobertura.
— Um, dois — contou Lydia e na contagem de "dois", ela
deu um passo evidente do mastro, braço direito
voltando, o seu pé esquerdo para a frente. Conforme
Thorn ligou a seta para o mar com seu escudo esquerdo,
ela arremessou o dardo no local onde o arqueiro havia
estado, em um circulo, ação poderosa.

—... três, quatro... — Ela continuou a contagem sem


perder uma batida.

A medida que ela disse "quatro", o homem de camisa


verde reapareceu, seta encaixada, metade arco puxado.

E pisou em linha reta o dardo que ela tinha acabado de


jogar caindo.

Ele levantou as mãos, o arco foi girando para longe e ele


cambaleou e, em seguida derrubado sobre o parapeito,
atingindo o estrutura de suporte várias vezes enquanto
ele caia.

— Isso foi sensacional! — Hal gritou, com a voz


embargada de emoção. O

resto da tripulação comemorou. Thorn continuou a


desviar flechas na proa, mas ele bradou sem tirar os
olhos dos mísseis.

— Nada ruim. Disse que ela era um bom partido, não foi?

— Basta manter sua mente seu próprio trabalho, velho!


— Lydia respondeu bruscamente.

Thorn cacarejou com o riso.

Hal podia ouvir Edvin incrementando às pressas o que


tinha acontecido a Ingvar, suas palavras tropeçando em
sua excitação. Ingvar finalmente colocou a mão em seu
ombro.

— Diga-me mais tarde. Imagino que ela fez bem.

Já estava na hora. Hal virou-se e levantou a mão para Ulf


e Wulf.

— Solte as velas!

Eles lançam as velas soltas, deixando a vela voar livre.


Enquanto o vento trasbordava sobre a vela, Garça Real
começou a desacelerar. Ingvar e Edvin não precisava de
ordens. Edvin tinha o primeiro a queima de dardos de
fogo e pronto.

Colocou-na calha na parte superior do Mangler, a posição


da ranhura para a corda do arco. Ingvar assumiu o
controle da alavanca de preparação mais uma vez.

— Desça, Thorn — Hal chamou. Ele alinhou-se à vista,


definindo seu ponto de mira entre a marca de cem e
cento e cinquenta.

— Vir para a esquerda. Vir para a esquerda. Esquerda um


pouco mais.

Mantenha...

Ele podia ver a junção das três vigas em sua mira agora.
Garça Real ergueu-se em uma onda e emaranhou a roda
de elevação abaixo, mantendo-se a previsão constante
no ponto em que as três vigas se encontram. Uma flecha
bateu no convés perto de seu pé. Ele fez uma nota
mental de que a taxa de retorno de tiros, e sua precisão,
parecia ter diminuído desde Lydia havia apanhado o
arqueiro de camisa verde. Ele supôs que nenhum dos
companheiros do homem caído estavam dispostos a
mostrar-se acima do parapeito por muito tempo.

— Um pouco direita — disse ele. Ingvar moveu-o para a


direita. Os ajustes foram feitos. Ele puxou a corda.

SLAM!

O momento em que o dardo disparou para longe, ele


sabia que ele havia errado o alvo. Ele não havia deixado
o pequeno atraso suficiente entre puxar a corda soltar a
besta. A trilha de fumaça cinza fina chiou através do ar,
passando apenas sob o ponto de intersecção das três
vigas.

Houve um gemido de desapontamento da tripulação. Já,


Ingvar tinha saltado para a frente e levantou as
alavancas de armar novamente, redefinindo o arco para
outro tiro. Edvin, de joelhos ao lado do proa, estendeu a
mão e colocou o segundo dardo incêndiario no cocho.
Tufos de fumaça subiu a partir dele, e vapor chiou da
madeira molhada da proa.

— Erramos — disse Hal, para benefício de Ingvar.

O menino grande resmungou. — Acerte-o desta vez.

Hal inclinou-se para mirar. Ele franziu a testa. A proa


estava caindo para estibordo quando o navio tentou
virar-se contra o vento.

— Stig! — Hal chamou. — Mantenha-a em linha reta, pelo


amor de Deus!

Ele ouviu Stefan repetir a ordem, ouvindo Stig bradar


uma ordem para Wulf.
Houve um chocalho de madeira em madeira enquanto
Wulf colocou um remo na cavilha, correu para fora e
apoiou na água várias vezes. A proa balançou para trás,
longe do vento.

Hal enrolou a roda elevação novamente, observando a


visão aumentando após o alvo. Ele estava um pouco fora
de linha.

— Direita... direita... pare!

Ele aspirou profundamente. Raciocinou que os três tiros


de fogo rápido, direcionados a um alvo muito maior,
afetou o seu ritmo. Ele não precisava da mesma
precisão. Se forçou a concentrar ferozmente. A proa
afundou, em seguida, começou a subir novamente.

Atrás dele, ele ouviu um grito agudo de dor. Ingvar, ele


percebeu, com um sentido de choque. Em seguida, as
tábuas do convés vibravam sob os seus pés enquanto o
grande garoto cambaleou e caiu.

Ele girou, viu Ingvar contorcendo-se no convés,


agarrando-se a uma flecha que estava saindo de seu
lado esquerdo, perto do quadril.

— Ingvar foi atingido! — Hal ouviu o grito angustiado de


Edvin e começou a subir, depois parou quando ouviu Stig
ordenar Stefan cuidar do gigante caído. Hal estava
dividido entre sua preocupação com Ingvar e da
necessidade de obter o último tiro de distância, enquanto
o Mangler ainda estava mais ou menos em linha. Sem
Ingvar, ele não teria a chance de recarregar para um
segundo tiro. Deliberadamente, ele forçou a imagem do
menino ferido de sua mente, odiando-se enquanto o
fazia. Ele gritou para Thorn.
— Thorn! Pegue a alavanca de preparação!

O velho lobo do mar assentiu e pulou para baixo de sua


posição na proa, movendo-se rapidamente para assumir
o controle da alavanca de preparação. Mais uma vez a
imagem do corpo de Ingvar se contorcendo veio à mente
de Hal e novamente ele empurrou-a para longe. Ele
podia ouvir Stefan falando com ele, raciocinou que Ingvar
ainda deveria estar consciente. E isso significava que ele
ainda estava vivo - até o momento.

Thorn pareceu sentir a tortura na mente de Hal.

— Stefan está com ele. Vamos em frente com nosso


próprio trabalho — disse ele asperamente.

Hal assentiu, percebendo que seu velho amigo estava


certo. Ele inclinou-se para observar de novo.

— Direita... direita... um pouco mais... constante.

O Mangler estava de volta na linha. Ele observou a vista


cair abaixo do alvo, sentiu o baque suave através do
casco quando o navio atravessava entre as ondas.

Tome seu tempo, ele pensou. Não se apresse. Faça a


contagem. Faça certo em prol do Ingvar .

Então a proa estava subindo, e a visão estava chegando


ao alvo. Ele enrolou a roda elevador para baixo até que a
visão cordão era uma fração abaixo da junção das vigas,
em seguida, puxou a arrida.

Uma breve pausa, então... SLAM!

Conforme a enorme besta lançou o dardo de fogo saltou


longe, ele viu que a visão tinha morrido no alvo.
Ele assistiu a trilha fina de fumaça cinza curva em todo o
espaço intermediário, viu o dardo bater na casa,
diretamente para o feixe diagonal, um pouco à direita do
ponto de junção, e alojar lá. Um segundo depois, ele viu
um clarão brilhante de chamas.

— Liberar vela! — Gritou. — Tirem-nos daqui!

Ulf e Wulf puxaram a vela novamente e o vento começou


a alimentar o navio mais uma vez. Stig soltou no leme e
a proa girou para longe da torre, através da boca do
porto, e, finalmente, voltou para o mar.

Uma salva final de três setas desfiou os escudos ao longo


do baluarte. Em seguida, eles estavam fora de alcance.

Na plataforma da torre, o comandante viu os últimos dois


projéteis voar baixo.

Por um momento, pensou que tinha perdido ambas,


então ele sentiu o baque da segunda casa notável em
algum lugar na estrutura.

Ainda assim, não poderia prejudicá-los lá em baixo, ele


pensou. Os três disparos rápidos que os precederam
tinha sido uma questão completamente diferente.

Eles causando estragos na plataforma, quebrando e


estilhaçando os trilhos e cortando cinco de seus homens.

— Gaurdem suas flechas — ele bradou. O pequeno puro


navio encheu a vela mais uma vez, virou-se e voltou para
o mar.

Ele estudou a balaustrada, tendo os buracos irregulares e


rendimentos longos que tinham sido separados da
madeira macia. Ela não tinha sido construída para tomar
tal uma surra. Quando o navio se virou de novo, como ele
sabia que seria, ele mudou seus homens dentro da sala
de guarda, e têm a maioria deles deitados. Ele deixaria
alguns arqueiros fora na ...

Ele parou, farejando o ar. Ele podia sentir o cheiro de


fumaça de madeira.

Com um sentimento de crescente preocupação, ele se


inclinou sobre a balaustrada quebrado, olhando para
baixo, para o quadro de apoio de madeira. Dez metros
abaixo da plataforma, as chamas começaram a lamber a
madeira. Quando o calor causou a resina vazariam
lentamente do grão, eles chamejou e alimentou as
chamas, de modo que eles queimaram mais ferozmente.

Ele tinha visto o destino da torre de vigia outro. Todos


eles tinham. O pinheiro seco queimou ferozmente e não
tinham forma de extingui-lo. Agora, as madeiras de
suporte abaixo dele estavam em chamas e ele sabia que
era apenas uma questão de tempo antes que a guarita e
plataforma cairia chão abaixo. Ele se virou para seus
homens e gritou um aviso.

— A torre está pegando fogo!

Ele olhou em volta desesperadamente, e viu um


movimento na toupeira porto oposto. Havia um grande
grupo de escandinavos concentrando lá, na extremidade
da lança. Enquanto observava, um deles abaixou-se
sobre o tronco enorme e começou a aparar o seu
caminho através de, movendo-se mais rápido enquanto
ele ganhava confiança.

Outro seguiu. Em seguida, outro.


— Saiam daqui! — O comandante gritou. — Desça antes
que desmorone coisa toda.

E, depois de ter soado o alarme, ele liderou a corrida até


a escada.

Capítulo trinta e seis

Assim que eles estavam fora da faixa, Hal deu a ordem


para a hasteamento. Ulf e Wulf deixaram as escotas voar
enquanto Stig trouxe o navio contra o vento.

Hal saltou do banco do Mangler. O grupo em questão foi


agrupado em torno da figura de Ingvar, de bruços.

— Edvin! — Hal gritou. — Vá buscar o estojo de


curandeiro.

— Já estou aqui — a voz calma de Edvin respondeu, bem


atrás dele. Durante o treinamento do brotherband, um
membro de cada equipe havia sido nomeado para treinar
como um curandeiro de emergência, aprender sobre as
várias ervas e poções que aliviam a dor, lutam com a
infecção e facilitam a cicatrização. Edvin tinha sido o
candidato do Garças para esta tarefa.

— Dê-me algum espaço — Edvin ordenou, empurrando


para se ajoelhar ao lado de Ingvar. O grupo em torno
deles embaralhou alguns passos para trás.

A flecha tinha atingido Ingvar na parte carnuda de seu


corpo acima de seu quadril direito e tinha passado
através de modo que o fim se projetava farpado na parte
de trás. O ferimento de saída estava sangrando muito e o
convés estava manchado com o sangue de Ingvar. Stefan
não tinha certeza do que fazer. Ele tinha relaxado Ingvar
mais para o lado esquerdo, onde estava deitado, de
olhos fechados apertado, tentando não gemer de dor.

Edvin avaliou a situação.

— Não é possível retirar — disse ele. — Eu vou ter que


quebrá-lo fora e empurrá-lo completamente.

Hal assentiu. Se Edvin tentasse retirar a flecha, a cabeça


farpada iria agarrar e rasgar Ingvar terrivelmente. Melhor
deixá-lo suportar um breve momento de dor e tirá-lo.

— Faça isso — disse ele.

Edvin agarrou a haste da flecha abaixo do final de penas,


a poucos centímetros do corpo de Ingvar. Ele tomou-a em
sua mão direita para evitar o máximo de movimento
possível, então, rapidamente quebrou-a inteiramente
com a esquerda. Ele segurou a flecha tão firmemente
como pôde, mas algum movimento era inevitável e
Ingvar gritou com a dor, tentando sentar-se.

— Segure-o para baixo — Edvin disse a Wulf. Mas Wulf


agarrou os ombros de Edvin.

— Você está machucando! Pare com isso! Você deveria


ajudá-lo — ele gritou.

Edvin olhou para ele, depois para Hal. Hal podia ver o
início de pânico em seus olhos. Foi tudo muito bem para
praticar em feridas simuladas, mas para trabalhar em um
companheiro de bordo que estava se contorcendo de dor
foi uma questão completamente diferente. E isso
certamente não ajudou à sua concentração ter Wulf
gritando objeções à maneira como ele estava tratando
Ingvar.

— Cale-se, Wulf — Thorn rompeu, por trás de Hal. —


Edvin está fazendo o que tem que fazer. E ele está
fazendo um bom trabalho. Enquanto você está
guinchando e gritando, está impedindo-o de ajudar
Ingvar. Agora mantenha Ingvar imóvel.

As palavras pareciam tranquilizar Edvin, e Hal viu a


pequena luz de pânico em seus olhos diminuir. Ele
acenou com a cabeça encorajando o curador.

Wulf baixou os olhos. — Desculpe — ele murmurou. — Vá


em frente. — Ele inclinou-se e colocou as mãos sobre os
ombros de Ingvar para mantê-lo quieto.

Edvin inclinou próximo a Ingvar. — Isso vai doer — disse


ele calmamente. —

Eu sinto muito. Mas eu vou ser tão rápido quanto eu


puder.

Ingvar balançou a cabeça, os dentes cerrados e os olhos


fechados.

— Apenas faça — disse ele. — Eu estou pronto.

Edvin respirou fundo, pegou o eixo ensanguentado


abaixo da cabeça da seta e puxou, em um movimento
longo e firme. Ficou surpreso com a quantidade de
resistência que teve de superar, mas a haste da flecha
deslizou pela ferida e saiu pelo outro lado. Ingvar soltou
um grito longo, estremecendo de dor. Então, conforme a
flecha foi retirada, ele ficou em silêncio.
— Obrigado — ele disse em voz baixa, depois de alguns
segundos. Sangue jorrou ainda mais profusamente para
fora da entrada e dos orifícios de saída. Era vermelho
brilhante, não de cor escura, e Edvin esperava que
significava que a flecha não tinha rasgado através de
qualquer dos órgãos internos, mas agora que a seta não
estava impedindo seu fluxo, houve uma enorme
quantidade dele. Edvin tomou uma bandagem de linho e
apertou-a contra o ferimento, tentando conter o fluxo de
sangue.

A bandagem rapidamente ficou vermelha. Wulf, pálido,


soltou Ingvar e se afastou.

Edvin curvou para falar com Ingvar novamente. — Eu


tenho que limpar a ferida tanto quanto eu puder, para
parar a infecção de se alastrar dentro. Eu sinto muito,
mas eu vou ter que te machucar de novo.

Gotas de suor se destacaram no rosto de Ingvar. — Não


fale sobre isso — disse ele. — Faça-o o mais rápido
possível.

Edvin levou uma sonda fina de metal do kit do curandeiro


e envolveu um pano de linho limpo em torno dele. Então
ele encharcou o pano liberalmente com uma pomada de
um dos frascos do kit.

— Isto irá limpar a ferida — disse ele. — Mas eu tenho


que trabalhar isso dentro da própria ferida. Não é bom
apenas limpá-lo em cada extremidade. — Ele lambuzou
mais pasta de outro jarro para o pano na ponta da sonda.
— É um analgésico. Ele vai anestesiar a ferida, enquanto
eu limpo. — Ele olhou desculpando-se para Ingvar. —
Embora não completamente, eu tenho medo. Ele ainda
vai doer.
— Basta ir em frente! — Ingvar disse a ele, com um flash
de raiva.

Hal ajoelhou ao lado de Ingvar e segurou sua mão. —


Firme, Ingvar. Edvin está fazendo tudo o que pode.

Ingvar olhou para ele, e Hal, vendo a preocupação em


seus olhos, percebeu que a provação de espera para a
dor era provavelmente pior do que a própria dor.

— Basta dizer-lhe para parar de falar sobre isso — disse


Ingvar.

Hal olhou para Edvin. — Você pode muito bem ir em


frente.

Edvin assentiu. Ele fez uma pausa, respirou fundo várias


vezes, em seguida, colocou os dedos de sua mão
esquerda no orifício de entrada, separando as bordas
enquanto ele deslizava a sonda para a abertura.

Hal sentiu o estômago revirar e desviou o olhar


rapidamente. Seu olhar viajou ao redor do círculo de
rostos pálidos e preocupados.

— Voltem para suas posições! Em pé ao redor curiosos


não está ajudando —

ordenou. Os espectadores, um pouco envergonhados,


arrastaram-se para longe. Hal encontrou os olhos de
Ingvar, mais uma vez, vendo a dor refletida neles. Os
lábios de Ingvar moveram. O skirl jovem inclinou-se para
ouvir o que ele estava tentando dizer.

— Desculpe, Hal — Ingvar sussurrou, lutando contra a


dor que queimava através de seu corpo. Os olhos de Hal
embaçaram quando ele pegou a mão de seu amigo.
— Eu sou o único que deveria pedir desculpas — disse
ele. — Eu esperei muito tempo para atirar.

Ingvar balançou a cabeça, e mesmo este pequeno


movimento fez sua testa enrugar com a dor.

— Você tinha que ter certeza — disse ele. Então, seus


olhos fecharam, como se o esforço de falar tivesse sido
demais para ele, e ele escapuliu - inconsciente ou
dormindo. Sua respiração era curta e irregular e ele jogou
a cabeça de um lado para o outro, murmurando
incoerentemente. Hal gentilmente soltou sua mão e
olhou para Edvin.

— Será que ele vai ficar bem? — Perguntou.

Edvin hesitou, olhando rapidamente para ver se Ingvar


estava consciente novamente. Ele não disse nada por
alguns minutos. Enquanto Hal e Ingvar estavam falando,
ele havia embalado a entrada e saída das feridas com
lençóis limpos e estava enrolando uma atadura em volta
do corpo de Ingvar para segurar os chumaços no lugar.
Quando terminou, ele se levantou e chamou Hal para o
lado, onde Ingvar não poderia ouvi-lo.

— Eu não sei exatamente, Hal. Eu limpei a ferida, assim


como eu pude e o enfaixei. Isso está parando o fluxo de
sangue muito bem. Mas ele perdeu uma enorme
quantidade de sangue e deve tê-lo enfraquecido.

— Há mais alguma coisa que podemos fazer por ele?

Edvin respondeu com um gesto incerto. — Eu estou


fazendo tudo que posso.

Mas eu não sei se é o suficiente. Eu só tive a formação de


algumas semanas, você sabe.
As últimas palavras foram adicionadas quase
defensivamente. Hal estendeu a mão e tocou o braço do
outro garoto. Ele percebeu o peso da responsabilidade
que Edvin devia estar sentindo.

— Eu sei — disse ele. — Você está indo bem.

Ele desejava que sua voz pudesse ter passado mais


convicção. Ele se deu conta de outra figura ao lado deles.
Com o navio não mais em movimento, Stig tinha
amarrado o leme e veio para a frente se juntar a eles. Ele
olhou para Ingvar deitado de bruços, tendo o rosto
anormalmente pálido.

— Será que ele vai ficar bem?

Hal balançou a cabeça, hesitante. — Ele está dormindo. A


seta atravessou e Edvin conseguiu tirá-la. Ele está limpo
e a ferida enfaixada. Tudo o que podemos fazer agora é
deixar Ingvar descansar. — Ele deu de ombros. —
Pergunte-nos novamente em doze horas.

Stig assentiu. — Em doze horas, nenhum de nós pode


estar por perto.

— Isso é verdade.

— Então, o que vamos fazer agora? — Stig perguntou.

Hal olhou para longe. Verdade seja dita, ele não tinha
idéia. Eles ainda tinham de atacar o portão praia e tornar
a bexiga de óleo em fogo. Mas com Ingvar fora de ação,
ele não tinha idéia de como ir sobre ele. Nenhum dos
outros membros da tripulação teve a força para carregar
a besta gigante. Thorn poderia ter conseguido isso, mas
era uma tarefa à duas mãos e a mão artificial era um
ponto fraco. As alças de retenção em seu gancho de
madeira não teriam a tensão ao lançar de volta no punho
torçido.

— Hal? — Stig disse.

Hal virou para ele com raiva. — Eu não sei! — Disse. —


Deixe-me pensar por um minuto!

Ele se mudou para o corrimão. Stig passou a se mover


atrás dele, então pensou melhor. Hal agarrou o corrimão,
as mãos abrindo e fechando. Ele olhou cegamente para a
água ao seu redor, mas ele viu apenas a forma
inconsciente de Ingvar, deitado no convés.

Ele tornou-se consciente de que alguém havia se


mudado para ficar ao lado dele.

— A sua tripulação está esperando por ordens — Thorn


disse calmamente. Hal continuou a olhar para o mar.

— Minhas ordens? — Disse ele amargamente. — Minhas


ordens podem muito bem ter matado Ingvar.

— No entanto, aqui parado sentindo pena de si mesmo


não vai ajudá-lo. — A voz de Thorn foi tranquila e sem
emoção. Hal se virou para ele.

— Como você pode ser tão frio sobre isso? — questionou.


— É de Ingvar que estamos falando - do grande, fiel
Ingvar, que faria qualquer coisa que eu pedisse a ele.

Thorn encontrou seus olhos com um olhar firme. — Isto é


uma guerra, Hal.

Você pensa seriamente que poderia passar por uma


batalha sem alguém ser ferido ou até mesmo morto?
Hal ia falar, olhou, e disse em voz baixa: — Eu não pensei
sobre isso

— Isso não é treinamento do brotherband, onde você


pode obter algumas contusões ou arranhões. Esta é a
coisa real. As pessoas se machucam. Elas morrem. E

se você for o líder, às vezes acontece, porque eles fazem


o que lhes disser para fazer.

Você tem que enfrentar isso.

Hal abanou a cabeça com veemência. — Eu não quero


enfrentar.

— Você tem. — A voz de Thorn era baixa, mas insistente.


— Se você simplesmente desistir agora, Ingvar terá sido
ferido, talvez morto, sem uma boa razão.

— Ele parou por alguns segundos para deixar aquele


pensamento afundar. Então ele continuou.

— Você é um pensador, Hal. Um planejador. E às vezes


no campo de batalha, um plano pode dar errado. Então
você tem que repensar e replanejar. Temos que atacar o
portão e você tem que repensar o seu plano para fazê-lo.
Agora vá em frente.

Hal voltou-se então para olhar para ele de novo. Viu


determinação no rosto de Thorn. E incentivo. Ele não viu
nenhum vestígio de condenação. Ele respirou
profundamente.

— Tudo bem. Dê-me um minuto ou dois.

Thorn assentiu, satisfeito. Hal agarrou o corrimão de


novo, pensando através dos recursos que tinha à sua
disposição. Nenhuma pessoa pode carregar o Mangler
com Ingvar ferido. Stig e Thorn eram os próximos dois
membros mais fortes da tripulação, mas ele precisava de
Stig no leme e braço falso de Thorn era suspeito.

Ulf e Wulf, decidiu e, como ele tinha pensamento, sentiu


um senso de propósito renovado. Afastou-se da grade e
percebeu que cada membro da tripulação estava olhando
para ele, à espera de suas ordens.

— Aproximem-se — disse ele, chamando-os em um meio


círculo. — Mudança de planos. Ulf e Wulf, vocês vão ter
que armar o Mangler, tudo bem?

Os gêmeos assentiram e ele apontou para a arma


maciça.

— Vamos ver o que vocês fazem — ele disse. Todos


moveram para frente e os gémeos tomaram a posição de
ambos os lados do arco. Ele tinha meia espectativa que
eles discutiriam sobre quem tomaria que lado. Para sua
surpresa, eles não fizeram.

Cada um deles pegou um punho armando em um aperto


de duas mãos. Eles olharam um para o outro e, com uma
comunicação não-verbal, ambos ergueram de volta as
alavancas juntos, grunhindo com o esforço. A corda
estalou no lugar sobre a sua trava de retenção.

Ulf olhou para o irmão, em seguida, para a forma imóvel


de Ingvar. — Como ele conseguiu isso sozinho? —
questionou.

— Eu estava pensando a mesma coisa — disse Wulf,


encolhendo os ombros.
— Bom trabalho — disse Hal. — Eu quero que vocês
juntem seus escudos sobre os seus ombros quando
estiverem fazendo isso. Vai lhes dar alguma proteção
contra quaisquer arqueiros em terra. Thorn, você vai ter
que assumir a pontaria da alavanca.

Thorn assentiu e Hal continuou rapidamente.

— Jesper. Você fica com o levantar e abaixar das velas.


Pegue um dos Limmatans para ajudá-lo.

— Sim, skirl — Jesper respondeu.

Um dos quatro Limmatans avançou e levantou uma mão.


Ele era um homem bem construído, musculoso.

— Eu posso fazer isso, capitão — disse ele.

Hal assentiu brevemente para ele, depois desviou o olhar


para Stefan. — Stefan, você pode aparar as velas?

Stefan respondeu sem qualquer hesitação, — Sim, Hal.

— Pegue um dos Limmatans para ajudá-lo também — Hal


continuou. — Stig, você está no leme, é claro.

— Certo — disse Stig.

— Edvin, deixe Ingvar o mais confortável possível. Então


você vai se encarregar de colocar os dardos de fogo.

— Eu vou colocar alguns colchonetes e escudos em torno


dele para protegê-lo

— disse Edvin, e Hal assentiu agradecido.

— Boa idéia. — Ele hesitou, perguntando se tinha


esquecido alguma coisa, então se viu diante de Lydia.
— Lydia, com Thorn ajustando o Mangler para mim, irei
depender de você para manter todos os arqueiros
ocupados.

— Isso não será um problema — disse ela.

Thorn soltou uma gargalhada. — Não devia pensar


assim! — Disse. — Ela é um habitual terror com os
dardos cheio dela.

Lydia olhou para ele friamente. — Você faz o seu


trabalho, meu velho — disse ela. — Eu vou cuidar do meu
afinal de contas.

Thorn riu de novo, e ela balançou a cabeça, desviando o


olhar para verificar os dardos restantes em sua aljava.

Hal olhou ao redor do navio. Ele não conseguia pensar


em mais nada a dizer.

Olhou mais uma vez para Ingvar, na esperança de ver os


olhos do menino grande abertos. Mas ele ainda estava
inconsciente, respirando irregularmente, estremecendo
de vez em quando, quando a dor rompeu a barreira de
analgésicos que lhe tinha sido dada.
Relutantemente, ele desviou o seu olhar. Você vai ter que
esquecê-lo por enquanto, ele pensou. Então bateu
palmas de forma decisiva.

— Certo! Vamos a caminho. Temos uma porta para


queimar!

Eles correram para seus novos postos. Stefan e um dos


Limmatans puxaram a vela interna, de modo que ela
endureceu com o vento. Stig soltou no leme e o
GarçaReal começou a se mover mais uma vez, cortando
a água enquanto se dirigiam para o portão da praia,
mergulhando para cima e sobre cada onda sucessiva.

Hal deu um último olhar para as duas torres de vigia. A


guarita e plataforma na torre ocidental tinham
desmoronado em uma chuva de faíscas e chamas. A
armação de apoio ainda estava praticamente intacta,
mas agora não havia nada em cima dela.

No lado oriental, era uma história diferente. O fogo


tomou conta e tinha queimado através da estrutura de
apoio, no ponto onde o dardo de Hal tinha atingido ele. A
plataforma superior agora se inclinou loucamente para
um lado conforme o canto da estrutura cedia. Era como
se um vento forte enviasse a coisa toda num salto.

No chão, abaixo, ele podia ver homens lutando, e outros


correndo ao longo da frente do porto em direção à
cidade.

Svengal e seus homens tinham atravessado a barragem,


Hal pensava. O ataque estava indo bem.

Agora era a hora de dar-lhes uma mão.


Hal estava ao lado Stig quando eles fizeram a curta
viagem até o portão da praia. Então ele foi para frente
para tomar o seu lugar atrás do Mangler. Ele podia ver os
homens na paliçada acima do portão. Ocasionalmente, o
sol brilhava suas armas e armaduras. Mas havia apenas
um punhado de homens visíveis. O maior número dos
piratas estava parado nas torres de vigia, e eles foram
recuando agora para baixo do cais, perseguidos por
Svengal e seus Escandinavos. Outros defensores haviam
sido retirados por homens de Barat quando eles subiram
na paliçada e para a cidade. O

número dos invasores estava sendo espalhado pelos


múltiplos pontos de ataque e havia poucos e preciosos
disponíveis para defender a praia e seu portão, que
estava em grande parte esquecido na confusão da tarde.

Dois dos defensores tinham arcos e começaram a atirar,


enviando setas assobiando na água e fazendo barulho
contra o poste, a proa e escudos mais uma vez.

Eles não eram muito bons em tiros, mas um deles pode


ter sorte e Hal não podia pagar mais baixa qualquer.

— Lydia? — Disse. — Você pode cuidar deles?

Ela assentiu com a cabeça enquanto estudou a situação


com os olhos apertados.

Os atiradores não estavam preocupados em se esconder.


Até agora, eles não tinham experimentado nenhum tiro
de retorno do navio e estavam um pouco arrogantes, ela
pensou. Ocorreu-lhe que provavelmente não tinham
testemunhado o ataque do GarçaReal sobre as torres de
vigia e não tinham idéia do perigo que estavam correndo.
Ela escolheu um dardo, verificando para ver quantos lhe
restavam. Ela havia feito extras para o combate de hoje
e agora ela tinha dezesseis sobrando. Ela ajustou o dardo
ao atlatl, caminhou completamente do mastro, avistou e
atirou. Assim que o dardo estava a caminho, ela
escorregou um segundo de sua alijava, virou-o para o
atirador e mandou chicoteando após o primeiro.

A vantagem do atlatl é que era difícil ver o que o atirador


estava fazendo. Um arqueiro era mais evidente, já que o
arco pode ser visto claramente. Mas os dardos fino e
relativamente pequeno alavanca atirando não poderia
ser facilmente distinguido de à distância. O primeiro dos
Magyarans sabia sobre isso, um de seus arqueiros ia
cambaleando para trás do parapeito de madeira,
paralisado por um dardo afiado que parecia vir do nada.
Alguns segundos depois, seu companheiro arqueiro
sofreu o mesmo destino. Os homens ao seu redor
apressadamente abaixou abaixo do parapeito, fora da
vista.

Hal estava estudando o portão e notou com alívio que a


bexiga de óleo saliente ainda estava em posição. O
pensamento de que ela poderia ter sido descoberta e
removida tinha atormentado sua mente todos os dias.

— Pegue um dos dardos de fogo prontos, Edvin — disse


ele. Agora que Ingvar estava tranquilo, Edvin havia
retornado para sua posição no Mangler. Ele ocupou-se
com o barril de pólvora, e em um minuto ou menos Hal
podia sentir o cheiro da fumaça acre da cabeça de fogo
ardente.

O Mangler já estava armado. Edvin embebeu a parte da


frente do arco, mais uma vez, em seguida, colocando o
dardo latente na ranhura de carregamento. As chamas
chiaram contra a madeira úmida, enviando um punhado
de vapor no ar.

Hal franziu o cenho quando olhou para as vistas. Apesar


do Garça Real estar parado, ele estava subindo e
descendo suavemente sobre as ondas. Pela primeira vez,
ele percebeu o quão pequeno o alvo oleado era. Era uma
bexiga de porco simples, cheio de óleo e era
consideravelmente menor que os alvos de metros
quadrados que haviam praticado antes. Ele franziu o
cenho, perguntando se poderia atingi-lo.

— Uma maneira de descobrir — disse ele. Ele se inclinou


para frente, com a intenção de avistar a imagem. Thorn
estava pronto com a alavanca de pontaria.

— Esquerda... Esquerda... à esquerda um pouco...


mantenha...

Ele esperou que a proa se levantasse sobre as ondas,


tendo a previsão com eles.

Pouco antes de chegarem ao topo da subida e armada no


oleado, ele puxou a corda.

SLAM!

Ele sentou-se, observando a trilha agora familiar de


fumaça cinza. O tiro parecia bom, mas ele estava fora
cerca de meio metro para a esquerda.

Ele franziu a testa. Ele tinha apenas dois dardos de fogo


sobrando. Ele tamborilou os dedos nervosamente sobre o
transporte da besta, pensando furiosamente. Eles tinham
que chegar mais perto. Mas a qualquer minuto, os
arqueiros Magyarans poderiam encontrar mais arqueiros
para os homens da paliçada. Lydia o tocou de leve no
braço e ele olhou para ela.

— Bem — ela disse, — agora que vi que você pode


realmente atingir o equivalente a uma porta de celeiro
com essa besta que mata, eu poderia fazer uma
sugestão?

— Por favor, vá em frente — disse ele. Ela tirou outro


dardo de sua aljava e fixou o final de volta para o gancho
em seu atlatl.

— Por que eu não acerto o óleo para você? O óleo irá


jorrar e tudo que você tem a fazer é bater na porta em
algum lugar abaixo dela. Até mesmo você deve ser capaz
de fazer isso. — Ela acrescentou a última com mais que o
indício de um sorriso.

Ele considerou a ideia. Todo esse tempo, ele estava


pensando que ele teria que bater o oleado com um
projétil ardente. Mas ela estava certa. Se ela perfurá-lo e
o óleo escorrer para baixo do portão, um dardo de fogo
em qualquer lugar iria colocá-lo em chamas. Ele fez um
gesto em direção ao portão distante.

— Vá em frente. Basta esperar até eu lhe dar a ordem —


disse ele. Ela sorriu brevemente para ele. Ele se virou
para os gêmeos e Edvin.

— Coloquem outro dardo de fogo — disse ele.

Uma vez mais, Ulf e Wulf lutaram com as alavancas de


armar para ajustar a corda. Edvin colocou outro latente
dardo de fogo na ranhura. Em seguida, dirigindo Thorn a
alavanca de pontaria, Hal alinhou o Mangler no portão
abaixo do oleado. Ele inclinou-se para trás e olhou para a
garota magra, de pé pronta com o dardo na mão.
— Agora — ele disse. Ela assentiu com a cabeça, e seu
braço foi para trás, em seguida, para a frente. O dardo
partiu. Ele perdeu de vista contra o céu e olhou ao invés
para a bexiga de óleo pendurada perto do topo do
portão.

Ele viu o dardo quase imediatamente quando dobrava e


perfurava a bexiga. Um jato de óleo começou correndo
para fora para baixo do portão. Ele podia ver a mancha
escura contra a madeira resistente cinza.

— Droga. Eu esperava a partir ao meio — Lydia


murmurou, estendendo a mão para um dardo segundo.
Como Hal inclinou-se e ajustou suas vistas, ela preparou
para um segundo lance.

SLAM!

O dardo de fogo se arqueou à distância, batendo na


porta abaixo da bexiga de óleo, mas apenas em um dos
lados do fluxo de óleo que escorria abaixo da madeira.

Lydia lançou novamente, grunhindo com o esforço extra


neste momento. Novamente, Hal perdeu de vista o dardo
enquanto voava e preferiu se concentrar na porta. Ele viu
um lampejo de movimento quando o dardo se chocou
contra o oleado. A bexiga, enfraquecida agora em dois
lugares, rompeu completamente entre os dois pontos e o
resto do óleo derramou em uma inundação, atingindo o
dardo ardente fixado na madeira e nos secos gravetos
abaixo.

Houve uma breve pausa, em seguida, uma folha de fogo


tomou conta do portão.
Capítulo trinta e sete

Barat levou seus homens em uma corrida constante


através das labirínticas e tortas ruelas em direção ao
centro da cidade.

Meia dúzia de fugitivos que tinham feito o seu caminho


para os pântanos nos últimos dias havia informado que
Zavac e seus capangas tinham tomado toda a casa
contagem, um amplo edifício, de dois andares que
ocupava mais de um lado da praça da cidade.

Barat e sua força estavam na parte mais antiga da


cidade, onde as ruas eram sinuosas e aleatórias, sem
qualquer aparência de lógica ou ordem. Já por duas
vezes que tinha acabado com a resistência, em pontos
onde a Magyarans tinha atirado às pressas barricadas em
rua estreita e tentou lançar seus atacantes volta.

Mas os atacantes Limmatan tinha uma vantagem


significativa sobre os Magyarans. Eles nasceram e
cresceram nesta cidade e sabiam as ruas laterais e becos
intrincados como as costas das suas mãos. Como eles
veio para cada barricada, os partidos se separaram para
os seguintes, becos e caminhos tortuosos para a
esquerda e para a direita para estreitar que às vezes os
seu ombro raspando nas paredes dos edifícios de cada
lado. Em seguida, eles emergem atrás da barricada,
tendo os Magyarans surpreendeu na parte traseira,
enquanto Barat e o resto da força agredido los a partir da
frente.
Com cada um desses encontros, os números dos piratas
encolheu como os defensores foram dispersos. Alguns
conseguiram retirar-se para a próxima posição defensiva,
mas outros giraram seus calcanhares, abandonando a
luta e busca de esconderijos nas caves e sótãos das
casas.

Na casa de Contagem, Zavac olhou para cima como mais


um mensageiro chegou, desta vez a partir do leste
portão.

— Precisamos de mais homens! — ele gritou. — Esse


navio navegou ao redor da praia, e eles atearam fogo ao
portão.

Zavac soltou uma maldição. O estranho, o navio


aparentemente inofensivo, com uma tripulação de menos
de uma dúzia de homens, tinha agredido os dois pontos
fortes torre em fumegantes destroços com algum tipo de
arma infernal montado em seu arco.

Zavac olhou para o homem. — Quem está no comando


da paliçada?

— Petrac — o mensageiro disse a ele. — Ele diz que


precisamos de mais homens. Particularmente arqueiros,
como muitos como você pode poupar. Ele está
convencido de que vai ser atacar em breve.

Zavac pensou furiosamente. Relatórios tinham vindo


para a casa contando sobre a última hora, e enquanto
ouviu este último, ele percebeu o quão sério ele havia
subestimado a ameaça à sua posição.

Com as torres reduzidas a destroços fumegantes, um


grupo de escandinavos surgiu a partir dos pântanos,
atravessou a lança e estavam pressionando duro do lado
do porto da cidade. A força Limmatan teve invadiram o
leste da paliçada sem oposição, enquanto que ele havia
enviado homens para lidar com atraso com os
escandinavos.

Agora ele estava sendo espremido entre as duas forças,


e parecia que uma terceira estava se preparando para se
juntar ao batalha.

A maioria dos mortos na luta para as torres eram da


tripulação do Stingray. Mas seis de seus próprios homens
sido perdidos também. Ele enviou uma dúzia de volta ao
Corvo para se certificar de que a embarcação estava
segura. O resto deles estavam reunidos aqui na casa de
contagem, enquanto as tripulações do Viper e Stingray
combatiam com uma série de ações defensivas frente ao
porto e na própria cidade.

Finalmente, ele apareceu para chegar a uma decisão. Ele


balançou a cabeça várias vezes, estudando um mapa da
cidade, traçando o caminho de volta até o portão praia
com o dedo indicador.

— Muito bem — disse ele com firmeza. — Volte para


Petrac. Diga-lhe que estou enviando vinte homens, e
tantos arqueiros quanto eu puder reunir. Basta dizer-lhe
para aguentar até chegarem lá.

O mensageiro assentiu com gratidão e se dirigiu para a


porta, quebrando-se a correr como ele chegou à cidade
fora da praça.

Andras passo à frente, uma carranca em seu rosto.

— Você está louco? — Disse. — Vinte homens? Isso é


quase a metade dos homens que nos resta!
Zavac olhou ao redor, verificando que o mensageiro
tinha ido, e balançou a cabeça. — Não enviarei ninguém
— disse ele a seu segundo em comando. — Mas se Petrac
sabe que, ele vai dobrar como uma camada vazia. Reuna
os homens. Mas o faça em silêncio. Vamos voltar para o
Corvo e sair daqui.

Na verdade, não havia razão para ele ficar por mais


tempo. Eles não tinham conquistado Limmat, a fim de
ocupá-lo de forma permanente. Eles estavam
hospedados aqui por tanto tempo quanto fosse
necessário para obter a quantidade máxima de tesouro
para fora da mina de esmeralda. Agora era a hora de
pegar a quantidade considerável que eles já tinham e
desaparecer.

E se isso significava deixar os seus aliados de Stingray e


Viper para cobrir sua retaguarda enquanto ele escapava,
que assim fosse.

Andras deixou a sala Zavac interior usava como


escritório. Ele foi para uma das salas centrais maiores da
casa de contagem, onde os homens do Corvo estavam
aguardando ordens. O quarto estava praticamente nu de
mobiliário. Em tempos normais, era utilizado para
assembleias, cerimônias e audiências públicas. Do outro
lado da o quarto, dez homens de Stingray estavam
reunidos, incluindo o imediato do navio, Rikard. Ele
estava no comando do Stingray agora. O capitão tinha
estado na torre de vigia leste quando queimou e entrou
em colapso. As duas tripulações piratas pode estar
trabalhando em conjunto, Andras pensou, mas havia
pouco amor entre eles.

Rikard olhou para cima agora e atravessou o corredor


como Andras começou a reunir seus homens juntos.
— O que está acontecendo? — Perguntou ele. Andras
apontou o polegar na direção do portão praia.

— Mensagem do Petrac. Há um ataque ocorrendo no


portão leste e ele pediu reforços. Nós vamos resolver as
coisas. Quer se juntar a nós?

Ele não tinha nenhuma dúvida de que Rikard iria recusar


a sugestão.

— Poderia ser melhor se nós continuarmos de olho nas


coisas aqui — disse Rikard evasivamente. — Apenas no
caso de que sermos necessários.

Andras fingiu considerar neste momento, então assentiu.


— Talvez seja melhor

— disse ele finalmente. — Nós vamos ver vocês mais


tarde.

Rikard assentiu. Uma vez que Andras e os membros da


tripulação do Corvo saíram, ele pensou, ele iria dar-lhes
tempo para se afastarem. Em seguida, ele e seus
homens se dirigir para o Stingray, ancorado contra o cais
no porto interior.

Deixamos a tripulação do Corvo lutar, ele pensou. Eles


poderiam manter o inimigo ocupado enquanto Stingray
se distanciva sorrateiramente. Seu único arrependimento
era que seu capitão perdido nunca tinha dito a ele onde
estava escondido as partes das esmeraldas do Stingray.
Ainda assim, eles tinham tomado muitas outras de
espólio quando capturaram a cidade. Seria suficiente
para escapar com elas e sua pele.

Rikard acenou em despedida enquanto a outra tripulação


marchou atrás de Andras.
Zavac, que tinha partido por uma saída nos fundos,
estava à espera de seus homens em um beco que dava
em direção ao cais.

Ele tinha um saco pesado pendurado no ombro. Andras


apontou para o saco.

— Isso é que eu acho que é? — ele perguntou.

Zavac sorriu ferozmente. — Esmeraldas — disse ele. —


Nós vamos mantê-los seguros para os outros.

Andras assentiu. — Claro. Bem pensado. Seria uma pena


deixar as Limmatans levá-los de volta.

Ambos sabiam que as tripulações do Viper e o Stingray


não teriam chance de ver qualquer parte do às pedras
preciosas. Eles poderiam manter os Escandinavos e
Limmatans ocupados na baía enquanto Zavac e sua
tripulação escapavam com o Corvo. Zavac estudaram os
rostos de seus homens durante alguns segundos, em
seguida, um selecionado que tinham estado com ele por
várias temporadas de assalto.

Ele era um homem que provou ser confiável em várias


ocasiões no passado.

— Zoltan — disse ele — tome o caminho através das


vielas para o porto e corte o cabo da barragem. E queime
o Viper — acrescentou, como uma reflexão tardia. Não há
sentido em deixar um navio para trás por seus inimigos.
— Vá para sul inicialmente e você vai evitar os
escandinavos. Em seguida, corte para oeste. Nós vamos
buscá-lo quando formos embora. Fique no porto e espere
por nós.
O homem acenou com a cabeça. — Aye Aye, Zavac —
disse ele. Ele engatou o cinto da espada para cima, virou-
se e correu para o sul, no labirinto de becos e ruas
transversais que levaram para fora da praça.

— O resto de vocês siga-me — disse Zavac.

Havia várias vias relativamente amplas que levam da


praça para o porto, mas ele escolheu ignorá-los. A
qualquer momento, uma horda de escandinavos poderia
vir a gritar para baixo um deles. Em vez disso, ele levou
seus homens através dos becos, seu senso inato de
direção mantê-los indo em direção ao porto, não importa
o quanto as ruas torcida e virou.

Eles finalmente emergiram para o cais a poucos metros


de onde estava atracado Stingray. Zavac olhou com
cautela. Havia vários escandinavos a vista, mas o mais
próximo estava a quarenta metros de distância. Outros,
vendo que o cais estava agora vazio de inimigos - que
tinham morrido ou fugido - haviam mergulhado na rede
de ruas e se dirigiam ao centro da cidade.

Havia três homens deixados a bordo Stingray para


manter um olho nas coisas.

Zavac apontou o polegar para eles e falou baixinho para


Andras.

— Mate-os. Então queime o navio.

As chamas, que haviam queimado tão ferozmente,


estavam finalmente apagando no portão. A espessa
coluna de fumaça gordurosa pendia no céu. Acima da
porta enegrecida, os defensores agruparam-se, olhando
ansiosamente para avaliar a extensão dos danos.
O Garça Real ainda galgava as ondas algumas centenas
de metros da praia. Hal tinha chamado um conselho de
guerra e sua tripulação tinha se movido para frente e se
agachou em volta dele.

— Ulf, Wulf — Hal disse calmamente. — Você tem o


aríete?

No dia anterior, Ingvar tinha encontrado um tronco oco


na praia e talhou um aríete com o mesmo, inserindo
alças de corda para que ele pudesse balançar nas portas
queimadas do portão. Agora, os gêmeos iriam utiliza-lo
em seu lugar.

— Está pronto, Hal — Ulf disse ele.

Hal olhou para eles. — Deve ter uma barra de bloqueio


de algum tipo no portão. O fogo não terá queimado
completamente, mas vai ter enfraquecido o bloqueio.
Algumas boas batidas com aríete deve terminar o
trabalho.

Ulf e Wulf trocaram um olhar e ambos assentiram no


mesmo momento. Hal voltou sua atenção até o portão.

Até agora, não havia nenhum sinal de arqueiros na


paliçada. Mas isso poderia mudar a qualquer momento.
Hal olhou em volta e chamou a atenção de Lydia.

— Afaste-se e nos cubra enquanto nos dirigimos até a


praia. Uma vez que estamos lá, nós provavelmente
teremos sua atenção total, para que você possa se juntar
a nós.

Ela assentiu com a cabeça, lambendo os lábios


nervosamente, em seguida, olhou para cima e viu Thorn
sorrindo para ela. Ela fez uma careta.
Ela não queria que ele pensasse que ela estava com
medo.

Hal estava falando com os gêmeos mais uma vez.

— Uma vez que vocês tenham rompido, movam-se para


ambos os lados. Thorn vai liderar o ataque através do
portão. Stig e eu vamos ficar com ele. Vocês virão depois
de nós. Lydia, encontrar um ponto desobstruído, uma vez
que tivermos invadido e apanhe qualquer um dos
inimigos que pareçam estar causando problemas.

Lydia fingiu examinar a ponta de ferro afiada em um de


seus dardos. Ela estava preocupada que Hal iria tentar
mantê-la fora da batalha. Seu plano fazia sentido. Ela
não tinha pretensões sobre sua capacidade para assumir
qualquer um dos piratas em combate corpo-a-corpo. Eles
eram mais fortes do que ela, e mais qualificados em
combate próximo. Este plano fez o melhor uso de sua
principal habilidade - sua precisão incrível com o atlatl e
seus dardos.

— E sobre Ingvar — perguntou Ulf. — Nós vamos deixá-lo


sozinho?

— Eu vou ficar com ele — disse Edvin imediatamente.


Mas Hal abanou a cabeça. Thorn tinha muitas vezes
ressaltado a ele o fato de que o rápido tratamento de
ferimentos de batalha deu ao homem ferido uma melhor
chance de sobrevivência.

— Eu quero que você conosco no caso de alguém ser


ferido. Stefan, você pode ficar para trás e manter um
olho em Ingvar.

Era um bom plano. Além de Edvin, Stefan era o menos


hábil com armas. Ele era o aquele que melhor poderia
poupar de participar de uma luta. Como ele percebeu
que seria dois homens a menos, Hal soltou um supiro de
agradecimento pela presença dos guerreiros Limmatan.
Isso ajudaria até mesmo as chances contra eles.

— Vou continuar a atacar enquanto invadimos. Isso os


deve manter de cabeça baixa. — Ele olhou para Ulf, Wulf
e Edvin. — Mantenham batendo o máximo que puderem.
Thorn — disse ele, e o homem de um braço só corpulento
olhou para ele.

Ele estava ocupado trocando seu braço falso -


substituindo o gancho pelo massivo e cravejado porrete
de — Uma vez que estivermos na praia, você lidera. Você
é o comandante de batalha.

Ele olhou em volta do círculo de rostos, alguns ansiosos,


alguns ansiosos para lutar.

— Vocês todos ouviram isso? Thorn está no comando,


uma vez que estamos fora do navio. O siga. Faça o que
ele manda. Tudo bem?

Houve um murmúrio de reconhecimento.

Thorn puxou apertou a alça de restrição em seu


antebraço e olhou para suas tropas.

— Quando os gêmeos tiverem derrubado ou quebrado o


portão, nós nos movemos rapidamente. Eu vou liderar,
Hal a minha esquerda e Stig à minha direita.

Vamos formar uma cunha. O resto de vocês, fiquem atrás


de nós e alargá-la para fora como nós conduzir através
do inimigo. Lembra-se do que eu te ensinei sobre golpes
exagerados. É provável que o chão sobre seus pés seja
instável, portanto, fiquem em equilíbrio.
Ele fez uma pausa em expectativa. Após um breve
intervalo de tempo, houve um murmurio afirmativo da
tripulação. Eles estavam todos olhando para ele
atentamente, perguntando se tinham esquecido algo
vital, imaginando como eles iriam atuar nesta sua
primeira batalha.

Thorn sentiu sua incerteza e sorriu para eles.

— Vocês irão se sair muito bem — disse ele. — Basta


lembrar o que eu te ensinei. Já fiz isso centenas de
vezes. Não há nada dedmais. Apenas mantenha sua
cabeça e me siga.

Ele olhou ao redor, viu uma medida de confiança


retornando para seus rostos e sorriu tranqüilizador.

— Toda vez que você estiver pronto, skirl — disse a Hal.

Capítulo trinta e oito

Eles estão chegando!

Petrac, o comandante Magyaran, gritou em aviso do


portão da praia. Não que houvesse qualquer necessidade
real de fazê-lo. Todos os

olhos, sobre a paliçada, estavem fixados no pequeno


barco ao largo da praia. Ele tinha estado adernando a
deriva por alguns minutos, presumivelmente, enquanto
sua tripulação conferia. Agora que viram, a vela foi
puxada com força e o barco ganhou velocidade e virou
na direção deles.

Onde estão os arqueiros que Zavac prometeu, pensou


amargamente. Mas, em seu coração, ele já sabia. Eles
não viriam. Não havia arqueiros. Zavac os tinha
enganado e abandonado.

Um homem que tinha enviado para inspecionar os danos


ao portão subiu de volta na passarela agora.

— Nada bom — disse ele em resposta à pergunta


silenciosa de Petrac. — O

portão está queimado. As madeiras estavam secas e


algumas estavam mesmo podres.

O pior de tudo, a viga de bloqueio do portão está


consideravelmente comprometida, queimada no meio.

A viga de bloqueio era uma barra de madeira sólida,


assentada em suportes de cada lado da porta para
mantê-la fechada. O óleo e as chamas tinham sido
derramados na brecha entre as duas metades da porta e
feito sérios danos a ela. No rosto de Petrac cravou-se
uma expressão preocupada.

— Talvez devêssemos chegar até o portão e nos preparar


para mantê-los fora —

um de seus homens sugeriu. Mas Petrac balançou a


cabeça.

— Estamos melhor aqui no momento. Vamos tentar


mantê-los para trás - jogue qualquer coisa que tivermos.
Lanças, pedras, machados. Quando eles chegarem perto,
vamos descer para o...

Ele estava prestes a dizer "portão", mas foi


violentamente interrompido.

Algo grande e pesado colidiu com os postes de pinho


verticais que formavam a paliçada. Estilhaços voaram e o
míssil, qualquer que fosse, cambalhotou sobre a
extremidade final por cima da parede, acertando um dos
seus homens e arremessando-o para trás fora da
passarela para a rua abaixo.

— Abaixem! Para baixo! — Petrac gritou, e atirou-se


plano nas tábuas da passarela. Seus homens seguiram o
exemplo quando outro projétil bateu na parede, alguns
metros à esquerda do primeiro. Este bateu no pequeno
espaço entre dois dos postes verticais e perfurou uns
vinte centímetros antes de vir a parar. Ele enviou mais
estilhaços voando, que feriu outro homem. Sua ponta
afiada foi reforçada com tiras de ferro, Petrac viu.

Ele teve pouco tempo para pensar em mais esta questão


quando um terceiro projétil atingiu o topo da paliçada,
quebrando e estilhaçando mais postes, então
cambalhotou alto no ar antes de cair no chão abaixo.
Este não deixou feridos, mas com o som e a violência do
impacto causado Petrac e os seus homens jogaram-se ao
solo ainda mais temerosos.

Agora, alguma razão voltou a ele. Os projéteis estavam


vindo em intervalos de cerca de quinze segundos. Ele
sinalizou para um de seus homens.

— Depois que o próximo bater, levante-se e veja onde


eles estão. Você terá cerca de dez segundos antes que
eles possam atirar novamente.
O homem sacudiu a cabeça enfaticamente, recusando-se
a encontrar os olhos de Petrac.

— Eu não estou cutucando minha cabeça para tê-la


derrubada—ele murmurou.

Mas o comandante agarrou sua manga e puxou-a,


forçando o homem a olhar para ele.

— Faça o que eu digo — ele rosnou. — Há uma lacuna


entre os tiros enquanto eles estão recarregando. Você vai
estar perfeitamente seguro.

No entanto, outro dardo relanceou na parede e


cambalhotou para cima e por cima com um som estranho
de choramingos.

— Agora! — Petrac gritou, e o homem, estimulado por


medo de seu líder, de repente, pôs-se de pé para ver o
quão perto o navio estava.

— Eles estão quase... — ele começou, logo em seguida


recuou, um dardo de sessenta centímetros de
comprimento estava enterrado em seu peito. Seus olhos
focaram Petrac, acusando-o, por um segundo. Então ele
caiu fora da passarela e bateu na rua abaixo. Chocado,
Petrac deitou ao solo um pouco mais. Tendo visto aquilo,
nenhum de seus homens estaria disposto a mostrar seus
rostos acima da paliçada, pensou. Ele chegou a uma
decisão abrupta.

— Desçam para o portão — ele gritou. — Nós vamos


pará-los quando eles tentarem atravessar!

Hal sentiu o arco do Garça Real raspar suavemente sobre


a areia da praia.
— A caminho — ele gritou. Os tripulantes já estavam
transbordando pelos baluartes e em águas rasas,
correndo pela praia em direção ao portão. Thorn foi um
dos primeiros a ir.

— Espalhem-se! — Ele ordenou. — Debandar!

Ulf e Wulf transportavam o enorme aríete entre eles,


tropeçando na areia macia sob o seu peso. Lydia passou
sobre a amurada a meio segundo atrás deles, pousando
como um gato de pé e começando a correr para o portão
quase que imediatamente.

Hal tinha um último dardo colocado no Mangler. Ele


estendeu os pés de cada lado do carro e atravessou-a
"passeando", a arma de lado a lado.

Thorn e os outros estavam quase no portão agora. Ainda


não havia sinal de ninguém olhando por cima da
paliçada. A mão de Hal segurava a corda do gatilho,
pronto para liberar o dardo pesado do momento que ele
visse alguém.

Mas não havia ninguém. Finalmente, vendo que os


gêmeos e Lydia estavam quase no portão, ele visa uma
seção aleatória da paliçada acima do portão e libera. O

dardo sai faiscando. Houve o som habitual de


estilhaçamento de madeira e uma nuvem de fragmentos
afiados voa. Então, agarrando seu escudo, ele desliza por
sobre a borda e cai para a areia.

A areia fofa agarra seus tornozelos, impedindo-o,


tornando-o um alvo perfeito, lento para qualquer
arqueiro que pode estar à espreita na passarela. Mas não
havia nenhum e ele chegou com relativa segurança ao
beiral do portão, bufando e ofegante, em parte devido ao
esforço, mas também de tensão nervosa.

— Fico feliz que você pode se juntar a nós — disse Thorn.


— Você está pronto?

Hal levantou a mão, recuperando o fôlego.

— Só... um momento... — ele suspirou. Então, depois de


várias respirações profundas, ele endireitou-se e acenou
com a cabeça.

— Pronto — disse ele. Seus ombros ainda levantavam,


mas ele estava quase recuperado. Até o momento de Ulf
e Wulf esmagarem o portão, ele estaria bem. Hal
apontou para a portão.

— Eu imagino que eles estão esperando por nós — disse


ele. — Não há ninguém na parede agora.

— Eu imagino que você está certo — respondeu Thorn. —


E isso vai ser muito ruim para eles. — Ele apontou para
os gêmeos, então até o portão. — Tudo bem, rapazes,
vão até o fim!

Segurando o aríete pelas alças de corda enrolada em


ambos os lados, os gêmeos fincaram seus pés e
começaram a balançar para trás e para frente,
aumentando gradualmente o impulso.

Thorn deu um passo levemente para frente e apontou


para o pequeno espaço entre as portas, em um ponto
cerca de um metro e meio do chão.

— Acerte-o lá — disse ele. Ulf e Wulf assentiram, suas


sobrancelhas franzidas com concentração. Eles deram
uma última balançada para trás, em seguida, mandaram
o aríete para dentro do portão.

CRASH! O portão estremeceu sob o impacto. Mas


aguentou.

— Mais uma vez — Thorn ordenou calmamente.

Novamente, os gêmeos balançaram a tora de volta


segurando os laços da corda.

Desta vez, eles fizeram três balanços preparatórios, em


seguida, despedaçaram a frente, jogando todo o seu
peso atrás dele.

CRASH!

Desta vez, a diferença entre as duas portas ampliou


visivelmente, e eles ouviram um som de estilhaçamento
do outro lado.

— Mais uma vez — disse Thorn. Os gêmeos começaram


seu vai-e-vem de preparação. Uma onda de antecipação
percorreu os Garças e eles involuntariamente avançaram
um passo.

— Firme — Thorn rosnou. — Mantenham suas posições.

Hal, de pé à sua esquerda e um pouco para trás, olhou


para ele. O rosto do velho guerreiro estava calmo e não
excitado. Ele sentiu o olhar de Hal sobre ele, virou-se
para olhar o menino, então piscou lentamente.

— Deixe-os tê-lo, rapazes — ele ordenou.

Ulf e Wulf atiraram o aríete para frente em um último


lançamento de ataque.
Houve uma fragmentação, a divisão de som do outro
lado, então a porta do lado esquerdo girou fora de suas
dobradiças, quebrando livre, onde o fogo havia queimado
e enfraquecido a madeira. O aríete destruiu o bloqueio
do portão no seu ponto médio.

As duas metades se afastaram. O portão do lado direito


cedeu também, inclinando-se em suas dobradiças.

Os gêmeos, que tinham tropeçado com a força desse


impulso final, se recuperaram e deram um passo para
cada lado quando Thorn avançou.

— Vamos pegá-los! — O grisalho lobo do mar berrou. Os


Garças animaram-se e o seguiram, dando um passo para
cima dos pedaços violados e quebrados de madeira.

Os Magyarans avançaram para detê-los. Petrac estava na


liderança, espada desembainhada para trás, escudo
levantado. Encontrou-se diante de um escandinavo
maciçamente construído, barba cinza e com o cabelo
desgrenhado preso sob um capacete com chifres. Ele
teve tempo para perceber que todos os outros atacantes
pareciam incrivelmente jovens, em seguida, notou o
enorme porrete cravejado que estava substituíndo o
antebraço direito e mão do escandinavo.

Thorn forçou o enorme porrete para baixo sobre o escudo


do líder Magyaran, estilhaçando-o e dividindo vários dos
pedaços de madeira que o compõem. O pirata
cambaleou, então Thorn bateu o escudo de metal
pequeno em sua barriga desprotegida e ele engasgou e
dobrou. Um soco racha-costela com o porrete acabou
com ele, mandando-o estatelado.

Ao lado de Thorn, Hal pegou uma lança de empuxo de


um defensor com seu escudo, inclinando-o para que a
lança resvalasse e o lanceiro, esperando encontrar firme
resistência, cambaleou para frente, momentaneamente
fora de equilíbrio.

Lembrando os conselhos de Thorn - a alguns centímetros


do ponto pode ser tão mortal como o ponto inteiro - Hal
espetou rapidamente para frente e viu o choque no rosto
do homem, quando a espada penetrou sua defesa e
deslizou entre suas costelas.

Então Hal retirou sua espada e empurrou-o, ferido, para o


lado com o seu escudo, passando por cima dele e
forçando seu caminho mais para dentro do fosso.

Atrás dele, Ulf empurrava para frente também, agora


armado com seu machado e pronto para a batalha. Ele
era ameaçador enfrentando e decidido, em busca de um
defensor Magyaran. Um dos piratas chamou sua atenção
e saltou para frente, a espada para trás para um corte
violento. Ulf pegou a lâmina em seu escudo, em seguida,
balançou o machado de lado. As horas de prática e
instrução sob o olho de águia de Thorn deixou-o com
bom proveito. O machado pegou o homem nas costelas.
Ele caiu, com um estranho, soluçante grito. Ulf, ainda em
equilíbrio, retirou a arma e usou-a instantaneamente
para desviar a espada de outro Magyaran. O pirata,
esperando uma vitória fácil, empalideceu com a fúria fria
nos olhos do jovem escandinavo. Ele deu um passo para
trás, impedindo um de seus companheiros, que o
empurrou para frente novamente. Fora de equilíbrio, ele
não viu o impulso relâmpago de Hal vindo até ele de lado
até que fosse tarde demais.

No lado direito da Thorn, Stig era uma visão aterradora. A


velocidade e a potência de seus golpes de machado
enviaram os defensores cambaleando - para grande
desgosto de Thorn que tinha marcado vários daqueles
que recuaram como potenciais adversários. O machado
de Stig era um círculo de luz ofuscante que ele
empunhava. Thorn realmente parou por um momento
para admirar a força e a destreza do jovem estudante.
Stig martelou o escudo de um homem, em seguida,
despachou-o com um rodopiante e desajeitado corte. Em
seguida, ele apontou para frente com a cabeça do
machado, enviando outro cambaleando para trás.

— Nada mal. Nada mal de qualquer modo — Thorn


murmurou, admirando a improvisação. Em seguida, ele
rosnou quando viu um movimento pelo canto do olho,
casualmente desviando do cutelo de um Magyaran com
seu pequeno escudo, em seguida, bateu com a cravejada
mão-porrete no capacete do homem.

Por trás do avanço dos Garças, Lydia se misturou em


uma pilha de alvenaria que havia arrancado com o
portão. Seus olhos percorreram a dificuldade da
contenda de homens à sua frente. Na parte de trás dos
piratas, ela viu um homem gritando ordens e
empurrando os outros para frente da batalha.

— Não, você não vai. — ela disse calmamente. Ela


montou um dardo, recuou e lançou. O pretenso
comandante estava a ponto de empurrar outro pirata
para frente para enfrentar os machados rodopiantes e
espetar espadas nos atacantes. O dardo pesado atingiu-o
no peito, cortando facilmente através de sua couraça de
couro endurecido, a força do seu impacto jogando-o para
trás antes de cair.

Aqueles ao redor dele viu-o cair. De repente, se sentiram


expostos. Em seguida, outro dardo pegou um deles no
braço e ele virou-se para longe, caindo de joelhos com a
dor inesperada. Seu companheiro mais próximo virou os
olhos em pânico para onde a menina magra estava na
parte traseira dos atacantes. Eles fizeram contato visual
e viram-na sacar um daqueles dardos cruéis de sua
aljava. E toda a vez que ela fazia isso, seus olhos
estavam fixos atentamente sobre ele.

Era mais do que podiam suportar. Ele virou-se e correu


para o abrigo de um beco próximo. Outro homem, vendo-
o correr, foi atrás dele. Em seguida, um terceiro e um
quarto fez o mesmo.

Hal, cortando e apunhalando um oponente


particularmente persistente, viu-os passar.

— Eles estão correndo! Eles estão rompendo — gritou.

O homem com quem ele estava envolvido não pode


proteger-se de sua reação automática. Temendo que
estivesse sendo deixado para enfrentar estes ataques
terríveis sozinho, ele olhou rapidamente por cima do
ombro. Viu que seus companheiros estavam rompendo,
então a espada de Hal afundou em sua coxa e sua perna
cedeu debaixo dele, mandando-o estatelado impotente
para a madeira quebrada e pedras sob os pés.

O medo das pessoas na parte traseira da força de defesa


era contagiante. Petrac, seu líder, foi morto. Então foi
Agrav, o homem que tentou brevemente tomar seu lugar.
A diminuição do número de homens que enfrentaram o
ataque escandinavo foram agora atingidos pelo medo de
que eles seriam deixados sem apoio.

Eles, também, quebraram e saíram correndo.

Animados, os Garças triunfantes começaram depois


deles, mas a enorme voz de Thorn deteve em suas
trilhas.

— Parem! — Ele rugiu. — Parem agora!

Se eles fossem adentrando as ruas estreitas agora, sem


formação ou qualquer pensamento real de onde estavam
indo ou o que estavam fazendo, poderiam perder metade
deles. Melhor deixar os Magyarans escapar e correr, e
manter seus jovens combatentes em um grupo coeso.

Mas nem todos os Magyarans escaparam. Antes de


chegarem ao abrigo, num beco estreito por trás deles,
outro dos dardos de Lydia encontrou o seu alvo e
mandou um pirata imenso de bruços nas pedras do
calçamento.

Aos poucos, a loucura batalha saiu dos olhos dos Garçass


enquanto levavam o estoque. Alguns deles foram
levemente feridos. A seus pés, meia dúzia de Magyarans
estava espalhado, alguns mortos, todos eles fora de
ação.

Ao todo, Thorn pensou, eles manuseavam muito bem. Ele


sorriu para Hal.

— Você foi bem — disse ele. — Você e Stig e todos eles.


Muito bem.

Hal assentiu com a cabeça cansada. Agora que tudo


acabou, um arrepio de medo percorreu-o. No seu
subconciente, ele podia ver aquele primeiro golpe de
lança de novo. Só que desta vez, ele passou por seu
escudo e em seu corpo. Ele fechou os olhos por um
segundo ou dois, dissipando a imagem. Então ele abriu e
olhou para Thorn, levantando seu escudo galicano maior
em seu braço esquerdo enquanto fazia isso.
— Vamos encontrar Zavac — disse ele.

Capítulo trinta e nove

Thorn avaliou suas tropas. Eles tinham ido bem até


agora, mas ele tinha consciência do fato de que eram um
grupo pequeno e qualquer bando Magyaran que eles
encontrassem, provavelmente, seria mais numeroso que
eles. Não havia nenhuma maneira de saber o que estava
por vir, pensou ele com cautela, ou quais armas
Margaryan poderiam estar esperando por eles. Seria
necessário manter uma rígida disciplina. Eles teriam de
se mover como uma unidade coesa e não dispersar-se
pela cidade.

Ele acenou para um dos Limmatans. — Qual é o caminho


mais rápido para o mar?

A batalha estava, obviamente, indo contra os Invasores.


O pequeno número de homens, bem como a falta de
reforços indicavam isso. Se Zavac fosse como a maioria
dos marinheiros, ele estaria voltando para seu navio. Era
onde se sentiria mais seguro enquanto as coisas se
voltavam contra ele. Thorn, um veterano de muitos
ataques, conhecia bem esse sentimento.

O nativo parou, refletiu e então apontou para um beco à


esquerda.

— Isso vai nos levar para a praça da cidade. — Ele disse.


— A rua principal do porto sai da praça.
Thorn apontou para o beco com a clava.

— Vá à frente. Stig vá com ele. Fiquem dez metros à


frente, mas não fora de vista. Pare em cada esquina ou
curva na estrada até que nós te alcancemos. O resto de
vocês em duas filas, uma ao lado da outra. Três metros
entre cada homem. Não se tornem alvos fáceis.

Como se viu, o seu progresso para a praça da cidade foi


decepcionante. Quais quer que fossem as forças
Magyaran deixadas em Limmat estavam totalmente
ocupadas com os escandinavos e os homens de Barat
cercando-os de ambos os lados.

Os Garças encontraram apenas alguns grupos dispersos


de dois ou três piratas, que, vendo a formação
disciplinada de homens armados se aproximando, girou
em seus calcanhares.

O principal obstáculo foi o povo de Limmat em si.


Quando eles perceberam que os Invasores estavam
fugindo, eles começaram a sair às ruas para saudar e
abraçar seus libertadores. Thorn, na dianteira, abriu
caminho através dos bem-intencionados, com os Garças
seguindo seu rastro.

O primeiro grande grupo de homens armados que


encontraram foi na praça em si. Stig e o guia Limmatan
chegaram ao final de uma rua transversal que levava à
praça e saíram para o campo aberto. Stig parou,
levantando o escudo e alcançando o machado. Atrás
dele, vendo a postura de alerta, Thorn pediu para o resto
da pequena tropa reunir-se.

Havia mais de trinta homens armados do lado oposto da


praça, emergindo de uma rua lateral similar. Vendo Stig o
primeiro deles também caiu em uma posição de
combate. Em seguida, ambos os lados relaxaram.

— Eles são homens de Barat. — O nativo com Stig disse.


Ele avançou pela praça, rindo e lançando cumprimentos
aos seus compatriotas. Ao vê-lo eles abaixaram as armas
e foram de encontro a ele, abraçando-o e rindo, Stig, por
sua vez, esperou o resto do grupo se juntar a ele, então
andaram pela praça juntos, encontrando seus aliados do
outro lado.

Os dois grupos se reuniram por alguns minutos, trocando


piadas e relatos da batalha até agora.

Jonas, o segundo Limmatan no comando se moveu para


onde Hal estava em pé e apertou a mão dele com
gratidão.

— Esse foi um ótimo trabalho — Disse ele com


entusiasmo. — Você atraiu as tropas inimigas,
completamente, para longe do muro leste. Nós
simplesmente passamos por cima, sem ninguém para
nos parar. Qualquer Magyaran que vimos desde então
correu como um coelho.

Dentro da casa de contagem, Rikard e seu pequeno


grupo olhavam com medo para a praça onde seus
inimigos riam e brincavam juntos. Rikard amaldiçoou sua
sorte. Tinha esperado muito tempo para voltar para o
navio. Incerto de para onde Zavac e seus homens tinham
ido e suspeitando que eles pudessem voltar a qualquer
minuto. Agora já era tarde demais. O inimigo estava do
lado de fora.

— Devem ser quarenta ou cinquenta deles. — Rikard


murmurou.
Um dos homens de sua tripulação, que não era
conhecido pelo raciocínio rápido

- ou, na verdade, qualquer tipo de raciocínio - tocou o


gume do seu pesado facão.

— Nós iremos atacar, chefe? — Disse o homem, ele foi


usado para atacar civis desarmados e indefesos e, como
resultado, espera que qualquer inimigo que ele enfrente
vire-se e corra.

Rikard olhou para ele com desdém.

— Atacar? Você é louco, ou apenas estúpido? Os homens


lá fora estão todos armados. Eles superam nossos
números de quatro para um e estão à procura de
vingança. Precisamos encontrar um meio de sair daqui.
Vamos fugir para o navio. E

façam isso em silêncio! — Acrescentou num sussurro


selvagem.

Silenciosamente, os demais homens da tripulação do


Stingray fizeram o seu caminho por trás da casa de
contagem Por acaso, eles escolheram a mesma saída
que Zavac tinha escolhido. Então, sorrateiramente eles
se dirigiram para o beco em direção ao cais,
continuamente, olhando para trás por cima do ombro,
para onde eles conseguiam ver breves vislumbres dos
nativos e Garças se misturando.

Na praça, Barat abriu caminho através da aglomeração


risonha de guerreiros.

Ele podia ver a figura alta de Stig, cabeça e ombros


sobrepujando a todos ao redor dele enquanto falava com
Jonas. O comandante Limmatan se empurrou até eles,
parando com o peito a poucos centímetros do de Stig.

O imediato do Garça Real estendeu a mão em saudação.

— Barat — Ele disse. — É bom ver você.

Barat afastou com um tapa a mão amigável. Seu rosto


ficou sombrio enquanto ele olhava para o jovem de rosto
sorridente.

— Você e eu temos contas a acertar. — Disse ele. Os


homens ao redor recuaram hesitantes. Os Garças que
tinham escutado-o pareceram irritados. Seus próprios
homens pareciam desconfortáveis com suas palavras
desagradáveis e ameaçadoras.

Stig olhou-o com cuidado. Com grande esforço manteu


seu temperamento sob controle. Thorn, observando de
perto, ficou maravilhado com o quanto Stig tinha
amadurecido. Há alguns meses a ação de Barat teria
provocado uma reação impensada e agressiva de Stig. O
garoto estava crescendo rápido, ele pensou. Talvez fosse
a responsabilidade acrescida que ele tinha nos ombros
como o imediato de Hal e como timoneiro do Garça Real
quando ele foi para a batalha. Mas havia um limite para o
quanto o seu temperamento mal contido iria suportar.

— Relaxe, Barat — Stig disse em uma voz calma. — Nós


acabamos de ganhar uma batalha. Não é hora de
começar a lutar uns com os outros.

Barat soltou um curto zurro de riso. — Eu tenho certeza


de que não quer começar a lutar agora. Não quando eu
estou preparado para você! Isso não é algo que você
faria, não é, seu covarde?
O rosto de Stig começou a ficar vermelho. Os Limmatans
ao redor murmuraram desconfortáveis com o insulto de
Barat.

Jonas se aproximou e colocou a mão no antebraço do


comandante de batalha.

— Barat, não é assim. Esses garotos escandinavos


fizeram um ótimo serviço hoje.

— Será que realmente fizeram? Eles deixaram a maior


parte da luta para nós!

Legal da parte deles aparecerem quando está tudo


acabado!

Jonas sacudiu a cabeça, perplexo.

— Ficamos praticamente sem oposição. — Ele apontou.


— Não houve defensores na muralha porque Hal e seus
homens os atraíram. Dois dos nossos homens tiveram
ferimentos leves, apenas isso. Você chama isso de deixar
a maior parte da luta para nós?

Seus companheiros começaram a se aproximar,


expressando concordância com as palavras de Jonas com
uma força crescente. Ainda assim Barat não abrandou.
Ele apontou o dedo indicador para o peito de Stig.

— Não importa o que você diz, Jonas, eu ainda tenho


contas para acertar!

Uma voz profunda interrompeu. — Então você vai acertar


isso comigo.

Thorn abriu caminho através da multidão para enfrentar


Barat. Sua mão esquerda foi para frente e empurrou o
Limmatan para trás com uma força surpreendente. Barat
recuou vários passos antes de se recuperar. Quando ele
fez isso descobriu que Thorn o tinha seguido
aproximando-se dele, colocando-se face a face com o
Limmatan.

— Seu idiota presunçoso. — Thorn continuou. — Eu só vi


esses garotos lutando pela sua preciosa cidade. E
ninguém lutou mais, ou melhor, que Stig. No momento
nós não temos tempo a perder com você. Estamos atrás
de Zavac. Mas, uma vez que eu o tenha dentro de um
saco, eu vou estar feliz em voltar e rachar seu crânio por
você. Apenas espere por mim, aqui mesmo.

Ele brandiu a enorme e cravejada clava debaixo do nariz


de Barat. O cabelo de Thor poderia ser cinza e suas
roupas surradas, mas ele era um homem grande,
imensamente construído pelos padrões Limmatan. A
pesada clava e a facilidade com que ele a manejava, era
uma visão assustadora. Barat empalideceu, ele abriu a
boca para responder e tornou a fechá-la.

Thorn se afastou desdenhosamente. — Garças! Vamos lá!


Nós perdemos muito tempo aqui, e o trabalho ainda não
acabou! — Ele olhou em volta e viu o Limmatan que
tinha sido seu guia. — Você! Qual é o caminho para o
cais?

O homem apontou para uma rua larga, no lado ocidental


da praça.

— Isso vai levá-lo direto para lá. — Ele disse. — Você


quer que eu te mostre?

Thorn estudou a longa rua que seguia em linha reta. —


Eu acho que podemos encontrá-lo. — Disse ele. Então
sinalizando para a tripulação segui-lo, ele caminhou
deliberadamente através da praça.

Quando se aproximaram do porto, Thorn ouviu os


inconfundíveis sons de luta à frente. Machados batendo
em escudos, espadas retinindo umas contra as outras, e
acima de tudo, havia os súbitos gritos agudos dos
feridos. Aumentou a velocidade para uma corrida
constante, com os Garças atrás dele em duas filas meio
dispersas.

Com a queda das torres de vigia, grande parte da


resistência Magyaran caiu também. Svengal e seus
homens tinham atravessado o porto, usando a comporta
como uma ponte improvisada, e escalaram para o cais
oriental.

Os sobreviventes da guarnição da torre, que os tinham


visto chegando, fugiram adiante deles, dispersos em
pequenos grupos e desaparecendo nas sinuosas e
estreitas ruas da cidade. Svengal fez uma pausa, em
seguida, dividiu seus homens em três esquadrões para
perseguir os Magyarans dispersos. Dois deles, ele
mandou para dentro da própria cidade. O terceiro ele
conduziu para baixo do cais. Ele podia ver o Corvo
amarrado no fundo do porto. Stingray, o navio verde,
estava atracado ao longo do cais a apenas uma centena
de metros de distância. Enquanto ele observava uma
língua de fogo subiu pelo seu mastro. Ele podia ver
figuras fugindo do navio, descendo do cais em direção ao
Corvo.

—Vamos lá. — Ele gritou, e liderou a investida atrás


deles.
E foi esse o momento que Rikard e seus dez homens
escolheram para surgir no cais em frente a eles.

Eram dez contra dez. Então, como Svengal contou mais


tarde, não havia disputa. Ele tinha o inimigo em
desvantagem de três para um.

A luta foi curta, nítida e viciosa. Rikard viu o enorme líder


escandinavo caindo sobre ele, e empurrou um de seus
próprios homens entre si e Svengal, afastando-se de
medo. Os Magyaran não eram nobres guerreiros. Eles
estavam mais acostumados a atacar tripulações
relativamente pequenas de navios desarmados ou fazer
ataques furtivos em cidades despreparadas, como
Limmat.

Diante de guerreiros profissionais, e ansiosos como os


escandinavos, eles tiveram poucas chances.

Svengal simplesmente atropelou o homem que Rikard


tinha tentado usar como escudo, em seguida cortou o
próprio Rikard. Alguns dos piratas tentaram lutar contra
os nortenhos selvagens. Eles foram abatidos pelos
agitados machados, ou simplesmente empurrados pela
borda do cais, para o porto.

No momento em que Thorn e os Garças chegaram em


frente ao porto, havia apenas três dos Magyarans à
esquerda. Eles estavam de joelhos, implorando por
misericórdia. Os escandinavos, que nunca haviam sido
assassinos a sangue frio, concederam com relutância.
Alguns deles incitaram os Magyarans a pegar suas armas
e tentar a sorte mais uma vez. Os piratas poderiam ter
sido covardes, mas não eram estúpidos. Então os
escandinavos se contentaram em chutar seus traseiros e
deixa-los estatelados no chão
Atrás deles, o Stingray estava agora completamente em
chamas. Era tarde demais para salvá-lo. O fogo se
alastrou rapidamente pelo cordame alcatroado e se
espalhou pelo casco, alimentando-se da lã encharcada
de alcatrão que vedava as lacunas entre as tábuas.

Svengal girou cautelosamente quando ouviu passos


apressados se aproximando.

Então ele relaxou quando reconheceu Thorn, Hal e os


outros.

—Vocês estão atrasados! — Ele explodiu.

— Parece que você tem as coisas sobre controle — disse


Thorn. — Exceto por isso, é claro. — Ele apontou para o
Stingray. Por um momento, o espetáculo do navio em
chamas fascinou a todos eles, com uma espécie de
horror. Era uma visão que nenhum marinheiro poderia
apreciar, mesmo que o navio tenha pertencido a um
inimigo.

Thorn olhou em volta, para os corpos dos mortos e os


sobreviventes encolhidos.

—Isso é tudo o que resta?

Svengal apontou para a rua atrás deles. — Os outros


estão espalhados pela cidade. Mandei homens para
captura-los. — Ele olhou para Hal e Stig. — Seus garotos
agiram bem. — Ele disse calmamente. — Especialmente
o jovem Hal.

— Eles realmente agiram. — Thorn concordou. Então ele


olhou ao redor do cais. —Por acaso você se deparou com
Zavac por aí?
Svengal sacudiu a cabeça. — Ainda não o vi — ele
respondeu. — Ele, eventualmente, terá que aparecer.
Estou ansioso por isso.

— Eu acho que você pode ficar desapontado. — Disse


Lydia, apontando para o porto. Ao contrário dos outros,
ela não teve uma reação emocional ao navio queimando,
ao invés disso, ela estava olhando ao redor do porto,
procurando por danos à sua cidade natal.

Thorn e Svengal olharam para direção que o dedo dela


apontava. No fundo do porto, a trinta metros da costa, o
Corvo estava subindo sua âncora. Enquanto observavam,
uma fileira de remos apareceu em ambos os lados do
casco negro, como se por mágica. Eles começaram seu
movimento rítmico de subir e descer, e pequenas
cascatas de ondas formaram-se ao redor de sua proa.

— Ele nunca vai sair. — Svengal disse com satisfação. —


A comporta está fechada.

Mas Thorn já estava olhando na direção dele, e podia ver


as enormes toras de madeira flutuando em direção ao
dique oeste sendo levadas pela maré.

— Acho que alguém acabou de abri-lo. — Ele disse.

Capítulo quarenta

—Maldito seja! — Svengal rosnou. — Essa barragem era


o nosso caminho de volta para o Wolfwind!
Ele olhou em volta freneticamente, procurando outro
caminho para o outro lado do porto. A barragem
obviamente tinha sido solta e não havia nenhuma
maneira de fechá-la novamente e usá-la como uma
ponte improvisada.

— Nós podemos usar o Sea Lion! — Stig gritou,


apontando para o pequeno navio que Zavac tinha usado
como isca em seu ataque a cidade. Ele ainda estava
ancorado ao lado do dique, dentro da boca do porto. Mas
mesmo quando eles começaram a correr em direção a
ela, as chamas subiram por seu mastro e se espalharam
rapidamente ao longo do casco.

Hal olhou de volta para o porto. O navio de Zavac se


movia lentamente, enquanto fazia seu caminho através
dos barcos de pesca ancorados e barcaças que enchiam
o interior do porto.

— Nós temos que voltar para o Garça Real. — disse ele.

Thorn olhou para ele por um breve momento, depois


assentiu. Ele olhou para Svengal.

— Você vem com a gente?

Mas o skirl balançou a cabeça. — Vamos dar a volta no


fundo da baía e parar atrás ao longo do outro lado do
Wolfwind. Podemos ter pouco tempo.

Ele e seus homens começaram a correr, espalhando-se


em uma linha ao longo do cais enquanto os mais rápidos
entre eles se afastavam. A tripulação do Garça Real
hesitou, então Hal olhou para o Corvo novamente e
sentiu uma onda de esperança em seu coração.
— Ele está encalhado! — Ele gritou, apontando. Como o
próprio companheiro de Zavac no começo tinha temido
alguns dias antes, a falta de habilidade de Zavac como
piloto voltou para assombrá-lo. Ele calculou mal uma vez
no estreito canal e o Corvo tinha corrido direto para um
banco de lama. A lama havia sido exposta na maré baixa,
mas a inundação entrante tinha coberto com alguns
centímetros de água - o suficiente para deixar o navio
pirata correr para o banco por vários metros antes de ser
preso rápido. Eles mal podiam ver o contorno de carneiro
do Corvo acima da superfície - um pesado feixe
guarnecido de ferro que se projetava a partir de sua proa
-

quando ele encalhou, e viu a inclinação não natural do


mastro conforme virava de lado em sua quilha.

Homens estavam correndo freneticamente em suas


plataformas, enquanto tentavam libertá-lo. Alguns
tentaram reverter suas remadas e remar com ela. Mas
estava muito profundamente fixo na lama. Outros
pegaram remos e tentaram empurrar para fora do banco
com eles. Mas a lama era muito mole e eles não estavam
conseguindo nenhuma vantagem, enquanto tentavam
enfiar os remos na lama, suas lâminas simplesmente
afundavam no fedorento lodo semilíquido.

— Ele está preso! — Stig disse deliciado. — Os


encurralamos.

— Não por muito tempo — Thorn disse a ele. — A maré


está chegando. Ele vai flutuar livre em dez minutos ou
menos. Mas nos dará tempo para chegar ao GarçaReal.

Eles se viraram e correram de volta para a grande


avenida que levava à praça da cidade. Atrás deles, os
três membros sobreviventes da tripulação do Rikard
olharam um para o outro, sem acreditar na sorte.
Furtivamente, eles recuperarão suas armas e correram
para uma das ruas estreitas que desembocavam fora do
cais. De alguma forma, eles se sentiram mais seguros,
nos becos escuros e estreitos do que estariam nas
principais ruas largas.

Mas foi uma falsa sensação de segurança. Eles não


tinham ido nem vinte metros quando dobraram a esquina
e viram-se diante de uma grande multidão de moradores
irritados, todos armados com armas improvisadas, como,
porretes, facas, cutelos e até mesmo bancos de cozinha.

Eles estavam à procura de retardatários Magyaran e


tinham vários dias de maus-tratos e cruel brutalidade
para vingar. Depois de alguns breves momentos de
violência, os habitantes da cidade seguiram em frente,
deixando os corpos quebrados e agredidos dos piratas
esparramados na calçada.

A espada de Hal na bainha batia desajeitadamente ao


seu lado a cada passo. Seu braço esquerdo ainda estava
sobrecarregado com seu escudo, então ele puxou o cinto
da espada ao redor até que ele poderia segurar a espada
firme com a mão direita.

Condições não ideais para correr, ele pensou


sobriamente. Mas eles estavam descendo a ampla rua
principal, gradualmente em fileira, o barulho dos seus
pés nas pedras ecoando de volta nas faces dos edifícios.

Stig estava na liderança, com Jesper logo atrás dele. Hal


e Thorn foram em seguida, com Lydia facilmente
mantendo o ritmo ao lado deles.
Eles irromperam na praça, atraindo olhares assustado
dos moradores da cidade e dos guerreiros ainda reunidos
lá. Mas não havia tempo para explicar. Hal viu Stig
hesitar não tendo certeza qual rua levaria de volta para o
portão.

— Segunda á esquerda — Lydia chamou, apontando. Stig


assentiu e aumentou o ritmo novamente, Jesper em seus
calcanhares.

Era fim de tarde até agora e os becos e ruas laterais


estavam todos profundamente na sombra. O som de
seus pés correndo e o chacoalhar de seus equipamentos
se fundiu com o aumento do volume nas paredes e
casas. Stig olhou para Jesper e sorriu.

— Sabia que eu deveria ter corrido a corrida contra


Tursgud — disse ele.

Durante seu período de formação, Hal tinha selecionado


Jesper antes de Stig para uma corrida. Isso irritou Stig e,
embora ele tivesse aceitado à decisão de Hal, sempre
acreditou que seu amigo tinha cometido um erro.

Jesper olhou para ele. — É mesmo? — ele disse, e bateu


no ritmo, nívelando com Stig, em seguida, à frente dele.
Stig acelerou bem, mas Jesper continuou a afastar-se,
alargar o vão entre eles. Assistindo o passar pra trás de
Jesper mais longe, Stig murmurou para si mesmo.

— Ou não.

O cheiro de madeira queimada chegou até eles antes


que avistassem a porta quebrada. Mas, então, eles
viraram uma esquina final e lá estava ele. Através da
abertura, eles podiam ver a forma de compensação do
Garça Real elaborado na praia.
A maré tinha subido e até passado o seu arco e ele
estava começando a se levantar e a agitar
incansavelmente nas pequenas ondas enquanto corriam
para dentro. Stefan, que havia sido deixado para trás
para cuidar de Ingvar, tinha colocado uma âncora de
praia na sua ausência.

A tripulação vertia através do portão para a praia em


uma procissão irregular.

Jesper parou no meio da praia para recuperar a âncora,


levantando-a com ele enquanto sorria triunfante para
Stig, vários metros atrás.

— Você estava dizendo sobre Tursgud? — ele disse.

Stig imaginava dar de ombros, em seguida, estendeu a


mão para a âncora. —

Deixe-me retificar isso. Você é muito delicado para uma


carga desse tipo.

Eles compartilhavam o peso entre eles. Quando chegou


ao navio, Hal avaliou a água subindo rapidamente em
torno de proa do navio. Felizmente, eles não precisariam
da enorme força de Ingvar para dar o fora.

— Todos a bordo — ele gritou. — Stig, Jesper, empurra-


nos para fora!

Ele correu atrás do leme. O Garça Real deslizou


suavemente em águas mais profundas quando Stig e
Jesper empurraram contra o arco. Quando ele começou a
mover-se livremente, eles saltaram para o baluarte. Mãos
dispostas agitaram-se a bordo.

— Stig! Stefan! Estibordo, velejar acima! — Hal ordenou.


As cordas gritaram através dos blocos de madeira
quando Stig e Stefan agitaram, lançando a estibordo a
verga e a vela voando pelo mastro, para se encaixar com
uma batida monótona. O navio começou a virar a cabeça
na direção do vento e Hal deixou-o ir por alguns
segundos, em seguida, trabalhou o leme para trás para
trazê-lo mais perto.

Quando Ulf e Wulf interpuseram a vela de dentro, o vento


pegou e o GarçaReal virou mais rápido. Thorn, sem ser
dito, apoiou-se no leme de inclinação e empurrou-o para
baixo. Hal sentiu a resposta positiva quando o navio
realizou o curso com mais firmeza. Ele trouxe o Garça
Real à volta até que o vento foi de ré. Ulf e Wulf
deixaram a vela à direita para correr diante do vento e o
Garça Real começou a se mover mais rápido e mais
rápido. As volumosas ondas contra sua proa e pelo seu
casco ficaram mais altas e mais rápidas. Então, ele
estava cortando uma esteira branca através da água
enquanto se dirigia para a boca do porto para interceptar
o Corvo.

Thorn juntou-se a Hal na plataforma de direção. Eles


lançam olhares ansiosos em frente, procurando a
primeira vista do Corvo ou do Wolfwind.

— Você acha que estamos em tempo? — perguntou Hal.


Havia uma nota de desespero em sua voz. Eles tinham
estado tão perto de pegar Zavac. Tão perto de recuperar
o Andomal. Tão perto de serem capazes de voltar para
casa.

Thorn encolheu os ombros. Uma coisa que tinha


aprendido ao longo dos anos era para não antecipar uma
situação. Se fossem no tempo, que assim seja. Se não,
eles tinham uma longa perseguição atrás do Corvo.
O sol estava caindo perto do horizonte agora, eles
perscrutaram a frente do seu brilho, protegendo seus
olhos. Até agora, eles não podiam ver nada.

Svengal e sua tripulação tinham rodeado a margem


inferior do porto e estavam a meio caminho de volta ao
longo do cais oeste antes do Corvo, que levantado pela
maré, finalmente derivou livre do banco de lama.

Enquanto corriam atrás dele, vários de seus homens


tinham gritado abusos e ameaças.

— Poupem o fôlego — disse Svengal para sua tripulação.


— Vocês vão precisar dele para correr.

Agora, ele olhou para trás por cima do ombro e viu o


Corvo começar a se mover novamente. O Wolfwind
estava apenas a cem metros de distância. Se o Corvo
corresse para fora do porto, eles não teriam nenhuma
chance de interceptá-lo. Mas tinham que escolher seu
caminho cuidadosamente através dos barcos de pesca
ancorados e barcaças, e depois de seu erro com o banco
de lama, Zavac não teria qualquer outra chance. Ele
estava se movendo lentamente e deliberadamente.

Em seguida, os escandinavos foram subindo a bordo do


Wolfwind e houve um barulho urgente de remos quando
a tripulação passou-os através da cavilha de remos.

Svengal tinha apenas dez homens com ele, o resto de


sua tripulação ainda estava perseguindo Magyarans
vadios em ruelas de Limmat. Mas dez deve ser
suficiente.

Eles poderiam manter Zavac e seus homens até Thorn e


os Garças chegarem para ajudar.
Eles ainda estariam em desvantagem pelos piratas,
pensou. Mas, então, um sorriso selvagem iluminou seu
rosto. Estar em menor número não o preocupava. Eles
eram escandinavos, afinal.

Ele lançou-se ao leme quando os homens começaram a


remar, cinco remos de cada lado. Havia um riacho
estreito através dos pântanos onde tinham deixado o
Wolfwind, que levava para o mar aberto. Olhando em
direção ao porto, ele poderia ver o mastro alto do Corvo,
parecendo deslizar sobre a intervenção da areia e bancos
de lama dos pântanos. Ele estava ganhando velocidade
quando veio para as águas mais claras do porto, mas
tinham uma vantagem sobre ele.

Ele estava chegando perto, pensou. Não há tempo para


manobras extravagantes-apenas cortar, correr ao lado e
embarcar nele. Eles teriam uma chance. Uma vez que o
Corvo alcançasse o mar aberto, ele se distanciaria deles
facilmente.

Mas o Wolfwind, iluminado como foi sua passagem


através dos pântanos, estava respondendo mais
voluntariamente do que ele esperava. O homem inclinou-
se para os remos, sem qualquer necessidade dele
impulsioná-los, e o casco, tirando apenas vinte ou trinta
centímetros de água, voou até o riacho e para o mar
aberto.

Ele olhou por cima do ombro novamente. O Corvo estava


quase na boca do porto e agora ele atingia a velocidade
máxima também. A posição relativa dos dois navios se
manteve constante e ele percebeu que estavam
segurando a sua própria com ele. Mas seus homens
seriam os primeiros a se cansar nesta corrida, ele sabia.
Apresse-se, Thorn, Svengal pensava. Nós vamos precisar
de você.

Capítulo quarenta e um

Quando o Corvo passou da entrada do porto, Zavac


bateu no leme triunfante.

Eles estavam livres!

Então ele teve um sobressalto de surpresa quando viu


outro navio emergir dos pântanos. Ele não tinha notado
porque, sem seu mastro alto, o Wolfwind era quase
indistinguível entre as ilhas de areia e raquíticas árvores
dos pântanos.

Mas agora ele estava na água clara, com ondas brancas


em sua proa. Ela parecia um bote com remos coberto,
pensou. Mas estava se movendo rapidamente através da
água, e ele podia ver os capacetes com chifres de sua
tripulação.

Escandinavos.

Seus olhos se estreitaram quando estudou mais de perto


e seu espírito começou a se levantar após o choque
inicial de vê-lo. Ele contou os remos - cinco em cada lado.

Então, tinha apenas dez homens a bordo dele, enquanto


ele tinha mais de quarenta.
Ele poderia lutar com ele, é claro. Mas não havia
necessidade. E ele não tinha vontade de meter com
escandinavos, mesmo dez deles. Em vez disso, ele
arribaria para bombordo e o deixaria em seu rastro. O
navio escandinavo nunca poderia manter o ritmo
assassino que o Corvo tinha criado no momento, não
com apenas dez homens no remo. Ele olhou para o sol,
que parecia se equilibrar na borda do horizonte, enorme
e vermelho. Em meia hora, estaria completamente
escuro e ele poderia completar sua fuga. Encostou-se ao
leme, se preparando para virar o navio para bombordo,
longe do excesso de velocidade do navio viking. Quanto
mais rápido ele pudesse fugir deles, mais ele poderia
arrastar a corrida para fora, e mais cansados os
remadores escandinavos se tornariam.

E mais para trás o navio escandinavo ficaria. Um sorriso


começou a se espalhar sobre o rosto.

— Velas! Navegando a bombordo da proa.

O sorriso de Zavac desapareceu em um flash. Ele virou-


se para onde o vigia estava apontando. Era aquele navio
amaldiçoado com a vela triangular estranha. Ele estava
em sotavento na frente do vento, pulverizando seu
convés em ambos os lados, enquanto sua proa cortava
as águas. Estava mais para o mar e se movendo mais
rápido do que ele. Ele podia ver que seriam facilmente
interceptados se ele segurasse este curso.

Havia apenas um caminho certo para ele. Dirigir para


trás para estibordo, de volta para o navio viking.

E bater nele.

Svengal viu o navio negro voltar para ele. Sentiu um


momento de triunfo quando o Garça Real apareceu em
volta do promontório, acelerando para interceptar os
piratas ao largo. Agora ele desapareceu quando viu o que
Zavac tinha em mente. O

Wolfwind era o único obstáculo entre o Corvo e a


liberdade e podia ver o ritmo de suas remadas
aumentando à medida que ia direto para ele.

— Remem —, ele gritou com sua equipe. — Remem por


suas vidas!

Se ele virasse, o Corvo poderia facilmente ultrapassar o


Wolfwind e abatê-lo.

Sua única chance era esperar até o último momento,


então atravessar a proa do Corvo.

Se ele pudesse fugir aquela primeira tentativa de


abalroar, eles sobreviveriam. Zavac não voltaria para a
segunda corrida, não com o Garça Real acelerando pra
cima deles.

Seus homens tensos e arfando, ofegando com o esforço.


Svengal se inclinou para vante, franzindo a testa
enquanto media ângulos, velocidade e distância, e viu
que iriam passar livres. Eles evitariam aquela batida
mortal por alguns metros.

Mas isso foi o suficiente. Eles ganharam!

Então ele percebeu que o Corvo tinha aumentado seu


ritmo.

— Lá estão eles!

Foi Stig que gritou a primeira aparição dos dois navios.


Hal esticou-se para olhar sob a vela e viu.
O Corvo estava indo longe do Wolfwind, seus remos
chicoteando a água espumante para baixo dos flancos.
Mas à medida que o viu, ele obviamente os avistou, e
depois de alguns segundos, se afastou, voltando para
estibordo.

Agora o Corvo e o Wolfwind estavam em rota de colisão


quando Svengal tentou desesperadamente atravessar a
proa do Corvo. Thorn estava ao lado de Hal na
plataforma do leme e eles observavam ansiosamente
quando os dois navios se aproximavam cada vez mais.

— Ele vai conseguir! — Hal gritou. Mas a longa


experiência de Thorn disse-lhe o contrário.

— O Corvo está enganando — disse ele calmamente. O


triunfo de Hal se transformou em horror quando viu que
Thorn estava certo.

O Corvo começou a se mover mais rápido e seu aríete


estava se dirigindo como uma flecha para o lado frágil do
Wolfwind.

No último momento, vendo que a colisão era inevitável,


Svengal jogou sua cartada final, desesperado.

Quando a proa do Corvo se abateu sobre eles, ele gritou


uma ordem para seus homens.

— Todos para bombordo! Para bombordo! Agora!

Parecia uma ordem insana. O navio negro foi caindo


sobre o seu lado bombordo e o instinto era fugir para
estibordo. Mas Svengal sabia que se eles fizessem isso, o
casco seria seu calcanhar, expondo suas partes baixas
ao aríete.
Desta maneira, o peso da tripulação ao se mover para
bombordo do navio inclinou lateralmente para o Corvo,
de modo que quando o aríete quebrou e se estilhaçou em
seu navio, fê-lo muito maior no casco.

O terrível, desastroso impacto jogou Svengal no chão e


ele estatelou-se no convés, olhando para o buraco
maciço que o aríete tinha rasgado em seu navio.

Vagamente, ele podia ouvir os gritos triunfantes da


tripulação pirata, e os gritos de vários de seus homens
que tinham sido feridos na colisão. Mas ele se recuperou,
ficou de pé e gritou ordens para seus homens não
lesionados.

— Afastá-lo pra longe! Pegar remos e afastá-lo!

A água do mar estava verter para o navio em torno das


bordas do aríete. Era um feixe de ferro calçado que
projetou dois metros à frente da proa do Corvo abaixo da
linha de água, e tinha perfurado uns trinta centímetros
quadrados no lado do Wolfwind. No momento, não estava
ainda firmemente embutido no navio viking e, em grande
parte, estava tapando o furo. Mas quando a tripulação do
Corvo arribasse e se retirassem o mar iria entrar e
Svengal e seus homens teriam apenas alguns minutos
para salvar o seu navio.

Quatro de seus homens tinham remos agora e eles


estavam tentando empurrar o Wolfwind livre do aríete.
Mas os navios estavam presos apertado juntos e os seus
esforços estavam tendo pouco efeito. Então Svengal
ouviu uma ordem da popa do Corvo e sua tripulação
começou a arribar, retirando-se e deixando o Wolfwind a
chafurdar com uma enorme lacuna em sua amurada e
casco. Agora, o mar entrava rápido e Svengal ouviu o riso
zombeteiro de Zavac quando o Corvo virou-se e foi para
oeste.

Mesmo quando Svengal pegou um balde e gritou para


seus homens para começar a esvaziar, ele sabia que era
impossível. Ele não tinha homens suficientes para conter
o fluxo de água que atingia o navio. Sem ajuda, ele
estava condenado.

E ele sabia que perder o Wolfwind iria quebrar o coração


de Erak. Seu velho amigo nunca o perdoaria.

A tripulação do Garça Real ouviu o triturante impacto dos


dois navios sobre a água. Alguém gemeu,
provavelmente, mesmo sem perceber, o que refletia a
agonia do Wolfwind enquanto o aríete cruel ferrava seu
casco lustroso.

Eles viram no último minuto a tentativa de Svengal para


minimizar os danos.

Mas quando o Corvo moveu-se para trás lentamente,


eles puderam ver que o buraco no casco do Wolfwind era
grande demais para sua reduzida tripulação manusear.

O Corvo se afastou do Wolfwind, deixando-o inclinando


na água. Ele já teria afundado se não fosse pelo fato de
que, sem mastro e pedras de lastro, ela estava voando
alto na água. Mas tudo o que podia ver é que ele ficou
parcialmente destruído e era só uma questão de tempo
antes que ele afundasse.

— O Corvo está virando em nossa direção! — Edvin falou


da proa.

Hal tinha pensado que o Corvo tentaria escapar com o


vento. Agora ele observava sua forma escorçar quando o
navio negro girou para apontar para o GarçaReal. Parecia
que Zavac, tendo lidado com o Wolfwind, estava agora
buscando ter certeza que nenhum navio seria deixado a
persegui-lo. Os remos começaram a batida constante, e
uma onda de proa branca se formou na linha de
flutuação do navio pirata.

Quando ele subiu em ondas sucessivas, o enorme aríete


pode ser visto claramente.

O Garça Real estava em ângulo para passar na frente do


outro navio. Hal agachado no leme, olhando para frente,
usando o estai como um ponto de referência.

O ângulo com a Corvo foi mudando lentamente, o que


indicou que os dois navios não estavam em rota de
colisão. Se ambos mantivessem seus cursos e
velocidades atuais, o Corvo iria passar com segurança
pela popa do Garça Real. Seria perto, mas o GarçaReal
estaria seguro.

Que era exatamente o que tinha pensado Svengal, ele


percebeu. Ele estreitou os olhos, observando o ritmo dos
remos do Corvo. Sua tripulação era rápida remando, mas
ele pensou que provavelmente tinham um pouco de
reserva.

Thorn tinha chegado atrás e estava em pé perto dele.

— Tenha cuidado — alertou.

Hal assentiu. — Eu sei. — Seu olhar ainda estava voltado


para o Corvo, prestando atenção para o inevitável
aumento do ritmo. Ele olhou rapidamente para a vante,
para onde a forma inerte de Ingvar jazia enrolada em
cobertores no convés do mastro. Se tivessem pensado
em recarregar a Mangler, pensou, ele poderia dar à
Zavac uma surpresa desagradável quando os navios se
aproximassem. Mas então ele descartou a idéia. Em uma
situação difícil como esta, ele sabia que nunca iria
entregar o leme para Stig.

Lá! Os remos tinham aumentado o seu ritmo, de forma


quase imperceptível.

Mas como estava olhando, ele viu, viu a onda de proa


branca crescer um pouco mais alto. Agachou-se, usando
o estai como referência uma vez mais. Agora, o rumo
para o Corvo permaneceu constante. Eles estavam em
rota de colisão e o enorme aríete visava
implacavelmente o coração de Garça Real.

Thorn viu seu movimento e percebeu que, poucos


segundos depois de Hal tê-lo feito, que o Corvo tinha
aumentado à velocidade.

— Ele está...

— Eu vi isso.

Os dois navios varriam para frente. A testa de Hal estava


vincada em concentração e ele estava ciente de que
todos os olhos do Garça Real estavam agora em cima
dele. Se ele virasse cedo demais, o Corvo poderia girar
rapidamente atrás dele e, nessas condições, a remos,
pegá-lo antes que ele pudesse ganhar velocidade e
aríetá-lo na popa. Para escapar, teria que esperar até o
último momento, deixando o outro capitão acreditar que
ele não tinha notado o aumento da velocidade, em
seguida, passar corrido em segurança então eles
estariam indo em cursos divergentes. Zavac faria uma
tentativa, ele pensou. Se Hal pudesse manter a sua
velocidade e passar despercebido, levaria muito tempo
para o pirata correr de volta e segui-lo. Zavac gostaria de
afundá-los, mas a sua principal preocupação era escapar
de encontro à escuridão.

O Corvo estava muito perto agora. Ele se aproximava


cada vez mais, subindo e descendo em ondas sucessivas,
revelando aquele terrível aríete como uma enorme presa.
Thorn passou nervosamente ao lado dele. Não havia um
som da tripulação do Garça Real.

Por um momento terrível, Hal pensou que tinha julgado


mal à distância. Ele deixou o pânico súbito de lado.
Estava prestes a cruzar a proa do Corvo. Viu Zavac
alterar o curso ligeiramente para bombordo, então
empurrou o leme longe, gritando para Ulf e Wulf
enquanto fazia isso.

— Afrouxar as escotas! Agora!

O Garça Real estava velejando com a vela de bombordo


puxado bem apertado.

Agora, quando a cabeceira girou para bombordo, os


gêmeos arremataram as escotas e deixaram a vela
direita para fora, com o vento por trás dela. Eles viraram
fazendo o caminho de volta que eles tinham vindo tarde
demais para Zavac conter a sua mudança radical de
curso. Silenciosamente, Hal deu graças pela aleta, e o
excesso de velocidade e capacidade de virada dada pelo
Garça Real.

Thorn estava certo, pensou. Rapidez e agilidade são


nossas melhores armas.

Zavac tentou igualar à curva do Garça Real, virando o


leme para trazer a proa virada para eles, mas era tarde
demais e a resposta do Corvo era muito lenta. Os dois
navios deslizaram um após o outro, a proa do Corvo, na
verdade, cortando através da água perturbada no seu
rastro. A tripulação do Garça Real festejou intensamente
quando viram os piratas enfurecidos passando por eles.

Ao leme do Corvo, Zavac sacudiu o punho, com o rosto


escuro de raiva. Então Hal viu um súbito pânico varrer o
pirata e ele abaixar rapidamente sob a amurada,
largando o leme, de modo que o Corvo guinou
violentamente para fora do curso, indo para ainda mais
longe do Garça Real. Um segundo depois de Zavac ter
abaixado, um dos dardos de Lydia passou violentamente
pelo lugar que ele ocupava, batendo, tremendo, na
coluna da popa.

— Errei! — Disse ela com desgosto. Em seguida, os dois


navios estavam um a frente do outro e a diferença entre
eles foi aumentando.

— O Corvo está ajustando as velas! — Isso foi Edvin, na


proa. Todos olharam e viram a grande vela quadrada
caindo de seu mastro principal, preenchendo com o
vento com sua tripulação envergada para casa. Ele
começou a ganhar velocidade.

Hal olhou para ele, medindo condições de vento e mar.


Com o vento em sua quarta parte como esse, o Corvo
estava em seu melhor ponto de partida. Mas, nestas
condições, o Garça Real era provavelmente um pouco
mais rápido. Tudo o que ele tinha a fazer era ir atrás dele.

— Nós poderíamos estar do lado dele em duas ou três


horas — disse ele.

Thorn assentiu. Mas ele não disse nada. Hal era o skirl. A
decisão era dele.
Hal assistia em um frenesi de indecisão. O Garça Real
estava posicionado em um a meio caminho curso entre
Corvo e o Wolfwind. Ele tinha que escolher. Seu olhar
correu do Corvo para o Wolfwind, vendo o navio viking
parado mais baixo na água a cada minuto. Se ele não
fizesse nada, ele iria afundar e sua equipe iria afogar-se à
vista dos companheiros.

Mas o Corvo estava escapando. O Corvo, e Zavac, com o


Andomal, o maior tesouro da Skandia.

Ela estava escapando, e a única chance de Hal e seus


amigos tinham de redimir-se, de viver uma vida normal
em seu país de origem, estava em ir atrás dele. Se não
conseguissem de volta o Andomal, eles iriam permanecer
excluídos e párias, sem país, sem futuro, sem honra. A
cada minuto, o Corvo estava se afastando. Logo seria
escuro e ele o perderia de vista. Ele estava indo embora.

E assim teriam alguma esperança para a sua felicidade


futura. Ele tinha que decidir. E ele tinha que decidir
agora.

Ele respirou fundo quando percebeu que não havia


decisão a tomar. Havia apenas um curso que ele poderia
seguir. Não importa o que o futuro reservava, ele teria
que viver com isso.

— Preparem-se para virar — ele chamou. — Nós estamos


indo ajudar o Wolfwind.

Capítulo quarenta e dois


Eles viraram em uma curva suave e começaram a
acelerar em direção ao navio viking atingido.

— Peguem caçambas e baldes! — Hal gritou. — Qualquer


coisa que vá reter a água! Uma vez que chegarmos ao
lado, subam a bordo do Wolfwind e comecem escoando!

Lydia se aproximou dele. — Existe alguma coisa que eu


posso fazer?

Ele balançou a cabeça bruscamente. — A mesma coisa


que o resto deles. Se apossar de um balde e escoar a
água para fora dele. Temos que aliviá-lo ou vai afundar.

— Existe alguma maneira que podemos tapar o buraco?


— ela perguntou. Mas sua voz era duvidosa. Todos
tinham visto o tamanho do aríete na frente do Corvo. O

buraco esmagado no casco podia ser qualquer coisa com


meio metro de largura. Hal olhou para frente, onde Ulf e
Wulf estavam de pé, prontos para aparar as escotas.

— Eu estou trabalhando nisso — disse ele. Ele olhou para


frente novamente.

Eles tinham a vela do lado da porta levantada e ele podia


ver que chegariam ao Wolfwind sem a necessidade de
aderência. Então, ele levantou a sua voz. — Ulf!

Wulf! Cortem a vela a estibordo e a soltem da verga.


Traga com você quando nós abordarmos.

Os gêmeos balançaram a cabeça e reagiram como um


só. Sacando seus saxes, eles começaram a cortar as
duas dezenas de pequenas alças de corda que ligavam a
vela à verga delgada. Eles empacotaram a lona pesada,
prontos para levá-la com eles.
Eles estavam quase sobre o navio viking afundado agora.
Hal julgou que era o momento certo e chamou os
gêmeos para deixarem a vela voar solta. Eles costearam
mais pra frente, diminuindo gradualmente, até que sua
proa ficou nivelada com o suporte da popa do navio
viking. Stig estava de pé na proa, pronto, com um
pedaço de corda. Hal assentiu consigo mesmo na
aprovação e reconhecimento. Stig foi um ideal primeiro
oficial. Ele não de ordens para ser feito o óbvio. Quando
os dois navios colidiram suavemente juntos, ele
chicoteou a corda em volta do suporte da popa do
Wolfwind e rapidamente, amarrou os dois navios juntos,
proa à popa.

Vamos precisar cortar aquilo às pressas se Wolfwind for


para baixo, Hal pensava. Em seguida, ele amarrou o leme
inteiramente e seguiu o resto da tripulação enquanto
eles corriam para bordo do Wolfwind, baldes e caçambas
prontas na mão.

Ulf e Wulf esperavam por ele no mastro, carregando o


pacote com a vela do lado de estibordo entre eles. Suas
expressões disseram-lhe que não tinham idéia de que ele
tinha em mente, mas estavam prontos para seguir suas
ordens instantaneamente.

— Entrar a bordo e ir em frente! — Ele ordenou, e o


seguiram enquanto ele saltava através da abertura
estreita entre os navios.

Imediatamente quando seus pés tocaram o convés do


navio viking, ele pode sentir o quão pesado ele estava
com a água que tinha levado a bordo. Enquanto o Garça
Real levantou-se e caiu como uma ave sobre as ondas, o
Wolfwind o fazia lentamente, sentindo como se fizesse
mais parte do oceano do que montando sobre ele.
Ele liderou o caminho percorrido freneticamente
socorrendo os membros das duas tripulações. Com mãos
extras para ajudar, a água estava indo para o lado em
um ritmo progressivo.

Svengal virou-se para ele, uma expressão perplexa no


rosto quando viu a vela que os gêmeos estavam
carregando.

— Que bom que você veio — disse ele. — Mas não temos
um mastro para isso.

Hal apontou para frente. — Vamos colocá-la sobre a proa,


em seguida, arraste-a sob o casco até cobrir o buraco —
disse ele. — Vai diminuir a água por baixo.

Os olhos de Svengal arregalaram em entendimento.

— Boa ideia — disse ele. Ele se virou e liderou o caminho


em direção à proa, adentrando através do grupo misto
de Garças e tripulantes do Wolfwind, todos ocupados
atirando duchas prateadas de água para o lado.

Eles rapidamente desdobraram a vela, colocando-a em


volta do suporte da proa, em seguida, deixou-a deslizar
sobre a proa arredondada até que ela foi fixada sob o
casco. Ulf e Wulf pegaram o lado estibordo. Hal e Svengal
ficaram do lado bombordo e arrastaram a vela de volta
ao longo do casco até que chegaram ao ponto onde o
aríete do Corvo tinha atacado as tábuas do Wolfwind.

— Só um momento — disse Hal. Ele tinha visto um


escudo descartado perto da mão. Pegou-o e empurrou-o
para baixo entre a lona e o casco, posicionando-o sobre o
buraco irregular. Em seguida, eles puxaram a vela bem
apertada até que estivesse sobre o buraco, segurando o
escudo firmemente no lugar, como um encaixe. A
irrupção de água forçou a lona nas brechas ao redor do
escudo.

— Arrastei-a apertando! — Hal falou, e Svengal e os


gêmeos responderam, levantando sobre as linhas
anexadas a cada extremidade da vela. A tela, pesada, de
tecido fechado e impregnada com óleo, não era
completamente à prova d'água. Mas, combinava com a
blindagem, que servia para vedar a maioria da água.

A torrente inundando o Wolfwind reduziu a quase nada


quando eles amarraram as pontas da vela.

Alguns da tripulação do Wolfwind viraram para vê-los


enquanto eles colocavam a vela no lugar. Svengal rugiu
furiosamente para eles.

— Voltem ao trabalho! — Ele gritou. — Nós não estamos


fora de perigo ainda!

Assustados, eles começaram a escoar água para o lado


novamente. Durante alguns minutos, não houve
diferença apreciável. Depois, com dezoito pessoas no
trabalho, escoando furiosamente, Hal sentiu o navio
viking começar a aliviar. Ele soltou um profundo suspiro
de alívio. Enquanto eles estavam trabalhando para salvar
o navio, ele tinha tido a pequena preocupação de que
seus esforços poderiam ser em vão e o Wolfwind iria para
baixo, arrastando o Garça Real com ele. Se isso
acontecesse, haveria restos e destroços suficientes na
água para as pessoas se segurar e se manter à tona, ele
sabia. Mas o Ingvar inconsciente, colocado atrás do
mastro do Garça Real quase certamente se afogaria
antes que alguém pudesse alcançá-lo.

Agora que o perigo imediato havia passado, ele deu um


passo para cima do trilho e virou-se para olhar a forma
do Corvo desaparecendo rapidamente.

A noite estava quase em cima deles e ele só pegou um


breve vislumbre de sua vela a distância antes dela
desaparecer na escuridão.

Svengal murmurou uma maldição. — Ele fugiu de novo —


disse ele. — Ele tem uma sorte do diabo, aquele.

Thorn se aproximou enquanto eles estavam assistindo a


vela pirata a distância.

Ele assentiu com a cabeça.

— Isso não é surpreendente. Eu ouvi que o diabo cuida


dos seus — disse ele.

Hal abanou a cabeça, o gosto do fracasso amargando na


boca. Eles haviam chegado tão perto, ele pensou. De
alguma forma, ele não conseguia pensar em uma
maldição suficientemente veemente para combinar com
o momento. Seus ombros caíram.

Thorn viu o movimento e deixou sua mão esquerda sobre


o ombro de seu jovem amigo.

— Lembre-se — disse ele. — O dia não é uma perda total.


Você atacou a cidade, expulsou ou capturou mais de uma
centena de piratas sanguinários, e você salvou o
Wolfwind e Svengal no negócio.

— Erak pode não se preocupar comigo — Svengal


acrescentou, com um sorriso. —Mas ele vai ser grato que
você salvou o Wolfwind.

Hal deixou o olhar alternar entre os dois. — Isso, porém,


não vai compensar o Andomal, não é?
Os dois antigos camaradas trocaram um olhar. Svengal
encolheu os ombros.

Mas Thorn respondeu.

— Vamos nos preocupar com o Andomal mais tarde —


disse ele. — Por enquanto, vamos levar este navio para a
praia.

Epílogo

luz de cem tochas queimando e brilhando ao redor da


praça, iluminando os rostos das pessoas da cidade que
comemoravam sua libertação.

A Ovelhas e porcos inteiros girando atravessados no


centro da praça, a gordura escorrendo deles e crepitando
sobre as camas em brasa de carvão abaixo deles. Os
homens girando os espetos tinham sua energia e
entusiasmo mantidos por jarras de cerveja de vários
barris que tinham sido abordados para a ocasião. Ao
lado, uma pilha de barris adicionais esperado para
substituir os que estavam sendo rapidamente
esvaziados.

Foi uma ocasião festiva e as tripulações do Garça Real e


Wolfwind estavam felizes juntos. Quando a festa acabou
Hal planejou partir, navegando com a maré da noite em
busca do Corvo.

Embora exatamente onde a perseguição iria levá-lo, ele


não tinha idéia.

Por um momento, no entanto, eles puderam apreciar a


agitação e o barulho da festa, e os agradecimentos do
povo da cidade, que os aproximou.
Svengal pegou uma jarra de cerveja de uma bandeja que
passava e Hal bateu em seu ombro. — Gostaria que
pudéssemos ir com você — Svengal estava dizendo,
gritando para fazer sua voz transitar o burburinho de
risos e canto que enchia a praça.

Hal encolheu os ombros. — Você precisa colocar o


Wolfwind em condições de navegar novamente, — disse
ele. — Isso vai mantê-lo ocupado por pelo menos um
mês.

Uma vez que tinham encalhado o navio viking, Hal e


Svengal tinham avaliado o dano que o aríete do Corvo
tinha feito. Várias armações foram quebradas e teriam de
ser substituídas, juntamente com dois dos principais
barrotes de suporte que corriam o comprimento do
navio. Claro, havia pranchas quebradas ao ser
arrancadas e substituídas também. A experiência de Hal
no estaleiro de Anders disse-lhe que o navio precisava de
grandes reparos. Um trabalho de improviso rápido não
serviria.

Svengal assentiu sombriamente. — Isso é verdade —


disse ele. — Eu preciso deixá-lo em forma antes de levá-
lo de volta para Erak.

Hal sorriu com simpatia. O afeto do Oberjarl para seu


navio, e seus instintos de proteção sobre ele, eram bem
conhecidos em Hallasholm. Eles ficaram em silêncio por
um tempo, assistindo um Stig um pouco sobrecarregado,
mas completamente encantado, sem reação enquanto
uma sucessão de jovens moças atraentes da cidade
reivindicava-no como um parceiro de dança. Então um
pensamento atingiu Svengal e ele virou-se, olhando em
volta da praça lotada.
— Onde está Thorn? — Disse. — Não é do feitio dele
perder uma festa.

Hal franziu os lábios. Ocorreu-lhe que Thorn não se


importava de ser cercado pela tentação de barris de
cerveja abertas e garrafas de aguardente.

— Eu não tenho certeza — disse ele. — Ele estava aqui


antes, então pegou Stefan pelo braço e afastou-o para
longe. Eu não sei para onde eles foram.

— Hmmm, — Svengal disse, pensativo. — Eu posso


garantir que ele está aprontando alguma coisa.

A prisão Limmat era uma pequena, construção sólida de


tijolos e madeira, construída ao longo de um porão
profundo, onde as celas eram concentradas. Como a
maioria das prisões, era mal iluminada, com apenas a
sala central, que acomodava os guardas tendo mais do
que a iluminação básica.

Uma única tocha fora montada na parede acima maciça


porta de carvalho com fechaduras de metal. Sua chama
lançava um círculo de luz amarela piscando nas pedras
abaixo dela. Duas figuras surgiram de uma rua lateral, e
se aproximaram da porta. O rumor da festa na praça da
cidade chegava até eles.

Um dos homens era um escandinavo. Sua estrutura


maciça e capacete com chifres eram inconfundíveis. O
outro era menor e mais leve na constituição, e envolto
em um manto pesado.

— Pronto Stefan? — Perguntou Thorn. Seu companheiro


levantou uma mão.
— Só um minuto — disse ele. Então, ele reuniu suas
idéias e esticou seus ombros, deixando o capuz de seu
manto cair para frente para sombrear mais seus traços.

—Tudo bem, eu acho que estou pronto agora, — disse


ele. Mas a voz não era mais de Stefan. Era uma
interpretação perfeita da voz de Barat.

Thorn sacudiu a cabeça com admiração. — Eu não sei


como você faz isso.

Então, quando Stefan assentiu, Thorn bateu na porta


com seu gancho de madeira. Houve uma longa pausa,
em seguida, eles ouviram passos lentos arrastando em
direção ao interior da porta. Houve um ruído de uma
chave na fechadura, e a porta foi arrastada semiaberta, a
sua borda inferior raspando no chão de pedra.

— Sim? — O carcereiro era o guarda noturno. Ele olhou


pela porta semiaberta para eles, seu corpo bloqueando o
caminho. Ele estava acima do peso e mancava pesado, o
que justificava os passos lentos. Ele também estava com
um humor menos do que amável, tendo sido despertado
de seu cochilo depois do jantar pela autoritária
martelando na porta. As pessoas não vinham para a
prisão muitas vezes. E elas raramente vinham à noite.

— Sou Barat Tumansky — Stefan vociferou. — Eu preciso


fazer algumas perguntas ao prisioneiro Rikard. É urgente.

O carcereiro permaneceu bloqueando a porta. Ele olhou


por cima do ombro para os corredores escuros atrás dele.

— É tarde — disse iradamente. Thorn abriu a boca para


falar, mas Stefan parou-o, movendo-se a frente e
respondendo com raiva.
— Eu sei que é tarde — ele retrucou. — Eu disse que isso
é urgente! Eu preciso interrogá-lo agora. Depressa, seu
idiota! Estou atrasado para as festividades!

Ele apontou um dedo na direção dos sons de folia que


vinha da praça. O

carcereiro vacilou, mas manteve-se de pé rapidamente. A


voz de Stefan estalou em um tom inconfundível de
comando.

— Deixe-me passar! Você sabe quem eu sou?

O carcereiro, intimidado, mudou-se para um lado,


inclinando a cabeça ligeiramente. Ele arrastou a porta
aberta e admitiu os dois homens. Stefan estalou os
dedos com impaciência.

— Certo! Onde ele está? Mexa-se, seu idiota! Eu não


tenho a noite toda!

Lentamente, o carcereiro abriu o caminho para uma


escadaria de pedra que levava até as celas abaixo do
nível do solo. Ele ofegou no caminho até embaixo, Stefan
logo atrás dele e Thorn seguindo. Eles surgiram na parte
inferior das escadas em um longo e baixo corredor,
iluminado em intervalos irregulares por tochas. Havia
mais sombra do que a luz aqui em baixo, Stefan pensava.

O carcereiro indicou uma das portas das celas, a meio


caminho ao longo do corredor.

— Ele está lá dentro — disse ele. A raiva mal controlada


de Stefan explodiu.

— Você espera que eu sussurre pelo buraco da


fechadura? Abra a porta, seu idiota!
Murmurando para si mesmo, o carcereiro arrastou-se até
a porta, atrapalhou-se com o molho de chaves no cinto, e
em seguida, a abriu. As dobradiças rangeram quando ele
fez isso.

— Eu vou ter que ficar enquanto você fala com el, —


disse ele. Seu tom de voz disse que não tinha certeza se
Stefan iria concordar com isso. E ele estava certo.

— O inferno que vai! Volte lá para cima imediatamente.


Não quero você espionando o que estou fazendo e
dizendo! Suma daqui!

— Mas... o prisioneiro — o carcereiro começou hesitante.

Stefan interrompeu-o vivamente. — O meu homem aqui


vai se certificar de que ele não fugirá. — Ele indicou a
forma massiva de Thorn, aparecendo na penumbra ao
lado dele. — Agora, volte para o seu posto!

Resmungando para si mesmo, o guarda noturno


cambaleou para longe, subindo a escada com vários
olhares para trás. Thorn ficou fascinado ao ver como a
hipótese de autoridade poderia intimidar uma figura
subordinada tão rapidamente. Finja que você tem
autoridade, pensou, e a maioria das pessoas vai ceder a
você.

Quando o carcereiro chegou ao degrau mais alto, Thorn


fez um gesto para a porta aberta.

— Vamos lá — disse ele, fazendo uma pausa para


acrescentar — Bom trabalho, a propósito.

Rikard olhou sem curiosidade quando as duas figuras


entraram em sua cela. Ele foi um dos poucos
sobreviventes piratas que tinham sido capturados. Muitos
fugiram para a área circundante. Mais de metade tinha
sido morta na batalha, e os outros tinham escapado no
Corvo.

Rikard tinha se envolvido em uma breve luta com


Svengal e seus homens no cais. Ele tinha
imprudentemente escolhido Svengal como seu
adversário e sofreu um golpe de machado do
escandinavo como resultado.

Mas, por sua vez, Svengal tinha estado ligeiramente fora


do alvo e o golpe tinha resvalado o capacete do pirata.
Tinha sido o suficiente, porém, para deixá-lo deitado
atordoado, como se estivesse morto, pelo cais. Horas
após de a batalha acabar, ele recuperou a consciência, e
foi rapidamente levado prisioneiro enquanto cambaleava
atordoado e tonto, pelas ruas.

Agora que o carcereiro tinha ido embora, foi Thorn quem


assumiu o papel de líder. Ele sentou-se em frente à
Rikard, que estava sentado em um banco numa mesa de
madeira lisa.

— Eu quero a informação — disse ele, indo direto ao


ponto.

Rikard zombou dele. — Por que eu deveria dar a você?

— Porque eu posso te tirar daqui — disse Thorn. Ele


notou um despertar de interesse nos olhos do outro
homem e continuou. — Você sabe o que vai acontecer
com você se eu não te ajudar?

— Eles pretendem me enforcar — disse Rikard. Sua voz


ficou presa com a palavra sujestiva.
Thorn assentiu. — Isso mesmo. Isso é o que acontece
com os piratas. Pessoas os enforcam. Não é uma boa
maneira de partir, na verdade.

— Você veio aqui para me atormentar? — Rikard exigiu,


mas Thorn balançou a cabeça.

— Nem um pouco. Eu vim para dar-lhe uma chance de


fugir. Contanto que você me diga o que eu quero saber.

Mas Rikard estava olhando para ele com desconfiança. —


Por que você quer me ajudar?

— Eu não. — respondeu Thorn. — Até onde eu sei, eles


podem enforcá-lo tão alto quanto à lavagem da semana
passada. Ou não. Eu não me importo de qualquer
maneira. O que eu me preocupo com é onde Zavac está
indo. E eu acho que você pode me dizer.

Ele estava observando os olhos do homem de perto e até


mesmo na luz fraca da vela, ele viu uma faísca lá. Rikard
sabia onde Zavac estava indo. Thorn tinha certeza disso.

— Diga-me o que eu quero saber e eu vou te tirar daqui


— disse ele.

Rikard abaixou a cabeça, olhando com cautela Thorn sob


as sobrancelhas. —

Como eu posso confiar em você? Se eu te disser, você


poderia facilmente me deixar aqui.

O enorme escandinavo encolheu os ombros. — Isso é


verdade. Mas eu não estava pensando em deixar você
solto — logo que você me disser. Você poderia estar
mentindo para mim. Eu pretendo levá-lo junto com a
gente até que saibamos que você está dizendo a
verdade. Então eu vou te libertar.

Ele esperou enquanto Rikard digeria essa informação, e


depois acrescentou com uma voz mais suave, — Ou, se
eu decidir que você está mentindo para mim, vou
simplesmente deixá-lo ao mar.

Houve uma longa pausa. Então Thorn falou novamente.


— Sua escolha. Mas estamos ficando sem tempo.

Rikard olhou para a porta aberta. — E sobre o guarda?

Thorn deixou escapar uma pequena gargalhada. — Você


acha que aquele saco de banha poderia me parar?

Rikard balançou a cabeça lentamente, considerando.

— Tudo bem, — ele disse finalmente. — Mas eu não


contarei até que estejamos no mar.

Barat mudou-se para um podium armado em um dos


lados da praça, em frente da casa de contagem. Ele
ergueu as mãos pedindo silêncio e, gradualmente, o
burburinho de ruído e vibração sumiu. Algumas pessoas
chamaram o seu nome, e acrescentaram exclamações
elogiosas. Ele sorriu graciosamente em sua direção,
acenando para cada um.

— Obrigado, amigos — disse ele, quando as vozes


finalmente morreram na distância e houve um silêncio
expectante. Ele sorriu, olhando em volta do mar de
rostos diante dele.

— Meus amigos, têm sido uma época terrível a que


estamos passando. Todos nós perdemos amigos e
parentes, e nós vamos chorar por eles em dias vindouros.
Houve um murmúrio de concordância entre a multidão.
Então Barat levantou a sua voz em uma nota positiva.

— Mas esta noite, vamos comemorar! Vamos celebrar o


que temos jogado fora o jugo que os invasores tentaram
colocar em nós. Nós já os enfrentamos e os combatemos
e os derrotamos!

A alegria espontânea tocou ao redor da praça. Ou foi


espontânea, Hal pensava.

Ele podia ver várias das tropas de Barat liderando o


aplauso próximo.

— Eu quero dizer como estou orgulhoso dos meus


homens. Meus companheiros Limmatans que invadiram a
muralha comigo e expulsaram os invasores para fora!

Mais uma vez, aplausos interromperam. Ele ergueu as


mãos pedindo silêncio.

— E, em particular, quero louvar a uma jovem que lutou


tão bravamente quanto qualquer homem na batalha. —
Ele olhou ao redor da praça.

— Lydia? Onde você está? Se junte a mim aqui.

Ele sabia que ela estava a poucos metros do palco, onde


estava conversando com vários velhos amigos e vizinhos.
Ele apontou para ela agora e fez um gesto para que se
juntasse a ele. Irritada, ela balançou a cabeça. Mas a
multidão começou a gritar seu nome.

— Lydia! Lydia! Lydia!

Percebendo que não havia jeito de sair dessa, ela forçou


o caminho e subiu na tribuna, ignorando a mão estendida
de Barat. Seu rosto estava tingido de vermelho.

Ele rapidamente puxou-a para ele, um braço ao redor


dela.

Relutante, ela resistiu à tentação de se afastar.

— Aqui está ela, meus amigos. Nenhuma garota corajosa


nunca agraciou esta cidade, e eu estou orgulhoso de
dizer, ela vai ser minha mulher!

— O quê? — Stig disse em voz alta. Então ele viu a


reação de Lydia, vi balançando a cabeça enquanto ela
falava com raiva para Barat. Mas a multidão estava
selvagem com a idéia, e Barat apenas sorriu para ela
enquanto eles aplaudiram.

Multidões adoram um bom romance, afinal de contas, e


Barat estava ciente do fato.

Ele ergueu a mão pedindo silêncio novamente. Quando o


barulho cessou, ele falou em um tom sério.

— Como eu disse, todos nós perdemos amigos na


semana passada ou dois.

Mas nós não desistimos quando as coisas pareciam


negras. Continuamos lutando!

— Você fugiu para os pântanos, há de convir, — disse


Edvin com raiva. Os outros membros da tripulação do
Garça Real murmuraram de acordo quando Barat
continuou.

— Viemos com um plano para o nosso contra-ataque, um


contra-ataque que eu liderei em pessoa. E nós ganhamos
totalmente!
— Engraçado — disse Stefan, seguindo o exemplo de
Edvin, — Eu poderia jurar que Hal veio com esse plano.
Não me lembro de Barat ter feito muito alem de
contestar .

— Cale a boca — disse Hal, por entre dentes.

Barat olhou por cima das cabeças da multidão, então


para onde ele podia ver o pequeno grupo de
escandinavos.

— E eu gostaria de agradecer aos nossos aliados para


proporcionar o desvio que nos ajudou a vencer. — Ele
liderou um gracioso salva de palmas então, enquanto os
Garças fervilhavam.

Jesper virou-se para Hal, que estava assistindo, inflexível.


— Você derrubou as torres de vigia. Você transportou
Barat e os seus homens para a parede leste. Você
derrotou os defensores no portão da praia. Você enviou
Zavac e seus homens num pacote! O que ele fez? Ele
escalou uma parede!

— Deixa pra lá — disse Hal. — Você não pode ver que ele
está querendo o escritório? Ele está planejando se eleger
prefeito.

O ex-prefeito de Limmat tinha sido um dos primeiros


alvos dos piratas. Ele havia sido morto nos primeiros
dias. Agora, Hal percebeu, Barat estava usando o
respeito que ele tinha ganhado como o líder das forças
Limmatan, e a emoção positiva de sua proposta pública
para Lydia, para cimentar a sua posição como o novo
líder da cidade. Como ele tinha pensado, Hal percebeu
que Lydia não estava mais no pódio.
Nos últimos minutos, ela tinha escorregado para algum
lugar.

— Então, meus amigos — Barat estava concluindo —


deixe-me dizer a todos vocês, se houver qualquer
maneira que eu possa atendê-los ou a nossa cidade nas
próximas semanas, então eu humildemente me torno
disponível.

Houve uma onda de aplausos e apreço pela multidão. Ele


sorriu, em seguida, levantou as mãos para todos eles.

— Mas hoje vamos comemorar nossa vitória. Amanhã,


podemos começar a pegar as peças e fazer desta cidade
grande novamente.

A multidão aplaudiu e ele ergueu as duas mãos para


eles. Ele olhou em volta, consciente de que Lydia não
estava mais a seu lado. Uma carranca rápida atravessou
seu rosto, então ele cobriu-a com um sorriso, curvando-
se e acenando para a multidão.

— Vamos lá — disse Hal para sua tripulação. — Vamos


sair daqui antes que eu adoeça.

Svengal e alguns da tripulação do Wolfwind o


acompanharam até o porto, onde o Garça Real estava
atracado ao lado do cais. Ingvar estava dormindo a meia
nau em uma pele de carneiro, coberto com cobertores.
Edvin foi verificar, viu que ele estava dormindo
tranquilamente e acenou com tranquilidade para Hal.
Eles discutiram se não seria melhor deixar Ingvar se
recuperar em Limmat, mas uma vez que ele tinha
recuperado a consciência, o garotão vetou essa idéia
com grande vigor.
— Eu sou um Garça — disse ele decidido. — Eu vou com
você. — E uma vez que ele parecia estar se recuperando
do ferimento muito bem, Hal tinha concordado.

Não seria o mesmo sem Ingvar, pensou.

Thorn e Stefan estavam esperando no navio quando eles


chegaram, e uma vez que ele tinha visto que Ingvar
estava confortável, Hal olhou-os com curiosidade.

— O que vocês estão fazendo?

O sorriso de Stefan quase dividiu o rosto distante. — Nós


tiramos Rikard da prisão — disse ele. Ele apontou para
uma lona empilhada desordenadamente na frente dos
bancos de remo. — Ele está lá embaixo.

Hal não disse nada durante vários minutos. Então ele


olhou Thorn diretamente nos olhos.

— Tudo bem — disse ele. — Por quê?

— Ele sabe onde Zavac está indo — Thorn disse. — Eu fiz


um acordo. Ele nos diz e nós o ajudamos a fugir.

— Exatamente como vocês o tiraram de lá? — perguntou


Hal.

Thorn hesitou, mas Stefan estava pronto com a resposta.

— Thorn socou o carcereiro. O derrubou inerte. Então nós


simplesmente saimos.

— Você... bateu... no carcereiro. Será que ele o


reconheceu? — perguntou Hal.

Thorn encolheu os ombros. — Nenhuma chance. Ele


provavelmente vai me confundir com algum outro
escandinavo maneta.

— E se Rikard estiver mentindo?

— Nós vamos segurá-lo até que saibamos de uma


maneira ou de outra. Se ele está mentindo, eu vou jogá-
lo ao mar.

Hal apertou os lábios enquanto pensava nisso. — Muito


bem — disse ele. —

Mas vamos indo antes que o carcereiro acorde e dê o


alarme.

Eles escalaram para dentro do Garça Real. Svengal e dois


de seus tripulantes se preparavam para abandonar a
proa e as linhas de popa, enquanto a tripulação se
estabelecia nos bancos de remo.

— Vou mandar um homem na frente para abrir a


barragem — disse Svengal.

Hal acenou em despedida. — Bons ventos, Svengal —


disse ele.

— Bons ventos, Hal. Vamos vê-lo novamente em


Hallasholm.

— Com a Andomal — Hal disse com firmeza. Ele olhou


em volta, certificando se o caminho estava livre. Ele
estava prestes a acenar para os homens de Svengal para
terminar, quando um corpo esguio disparou para fora das
sombras.

— Espere um momento — disse Hal para os marinheiros.


— Lydia? É você?
A menina havia parado na beira do cais. Ela olhou para o
Garça, olhando para os rostos voltados para ela. Ela viu
vários sorrisos de boas-vindas.

— Eu quero ir com vocês — disse ela.

Hal ia falar, parou, não sabia o que dizer. Então ela


continuou.

— Você o ouviu, não é? Eu não posso suportar ficar aqui


com esse pomposo, idiota arrogante de homem. Como se
atreveu a anunciar que eu iria me casar com ele?

Como ele se atreveu?

Hal ainda não disse nada, sem palavras. Ela entrou em


desespero.

— Se eu ficar aqui, vou fincar um dos meus dardos nele


antes do mês acabar.

Além disso, eu ainda tenho contas a acertar com Zavac.


Seus homens mataram o meu avô.

— Deixe-a vir, Hal, — disse Stig, e o resto da tripulação


em coro concordou.

Hal jogou as mãos no ar, num gesto de derrota.

— Por que não? Quem sou eu para recusar? Alguém mais


quer vir? E você, Svengal?

O skirl do navio viking sorriu. — Eu adoraria, por uma


questão de fato. Mas é melhor eu ir reparar o Wolfwind.

Lydia tinha seu saco de dormir, uma mochila e suas


armas presas em um pacote e jogou-os para Wulf, que os
pegou com facilidade. Em seguida, enquanto se
preparava para descer para o barco, Stig avançou,
sorrindo, com os braços para ajudá-

la a descer.

Ela olhou para ele com desdém.

— Desista, escandinavo — disse ela. — Só porque eu não


gosto de Barat não significa que eu goste de você.

Ela deixou-se cair tão facilmente para dentro do barco


que Stig se afastou, transformando seu gesto em uma
reverência.

Thorn lançou os olhos para o céu, quando o Garça Real


se afastou do cais.

— Oh, essa vai ser uma viagem tão interessante — disse


ele.

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