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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE MANICA

DIVISÃO DE AGRICULTURA
CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL2-ANO

BLOCO DE GESTAO DE NEGOCIOS

MODULO DE ADMINISTRACAO E GESTAO

TEMA: Importância dos Sistemas financeiros rurais: Crédito e poupança para o


Desenvolvimento das famílias rurais em Moçambique.

DISCENTE :

Fánia da Natirzária Simão Raice DOCENTE:

dr°Azarias Lucas,MSc.

Matsinho, Outubro de 2024


ÍNDICE
CAPITULO I: INTRODUÇÃO.......................................................................................................3

Contextualização..............................................................................................................................3

OBJECTIVOS.................................................................................................................................4

Geral................................................................................................................................................4

Específicos.......................................................................................................................................4

CAPITULO II:REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................5

Mercados Financeiros Rurais..........................................................................................................5

Mercados financeiros rurais e sua importância na promoção do desenvolvimento da agricultura


familiar.............................................................................................................................................7

Contribuição dos serviços financeiros para o desenvolvimento da agricultura familiar.................8

Crédito e poupança nas Famílias Rurais..........................................................................................8

Desafios e Importância do Crédito e da Poupança Rurais.............................................................10

Importância do Crédito e Poupança para o Desenvolvimento Rural.............................................11

Políticas governamentais que visam o fortalecimento do sistema financeiro rural.......................12

CAPITULO IV:CONCLUSÃO.....................................................................................................14

CAPITULO V:REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................15


CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1. Contextualização
A pobreza é o factor principal que afecta o desenvolvimento socioeconómico nos países
em desenvolvimento. Em Moçambique, a pobreza é vista como “Impossibilidade por
incapacidade, ou por falta de oportunidade de indivíduos, famílias e comunidades de terem
acesso a condições mínimas, segundo as normas básicas da sociedade” PARP 2011-2014 (2011).
Especificamente, a pobreza é traduzida em desnutrição crónica, a prevalência de doenças, alta
taxa de mortalidade materno-infantil, baixa esperança de vida, baixa renda, má qualidade da
habitação, vestuário inadequado, baixa utilização tecnológica,degradação ambiental,
desemprego, más condições de saneamento, fraco acesso à água potável, entre outros factores
que afectam negativamente a vida do ser humano.

Na economia moçambicana, a bancarização constitui um dos principais desafios para os


agentes que implementam políticas de natureza monetária e financeira tais como: o Banco
Central, Bancos Comerciais, e outras instituições de crédito que se encontram a operar a nível
nacional. Os bancos são fundamentais na intermediação financeira, isto é, recolhem a poupança
de quem possui recursos excedentários e disponibilizam os mesmos a quem deles necessita. No
âmbito da actividade bancária, “intermediários financeiros bem desenvolvidos podem de forma
eficiente financiar empreendedores promissores, e por conseguinte melhorar o progresso da
inovação duma sociedade” (WU et. al, 2012:2392).

Moçambique é um país pobre, visto que mais da metade (54,7%) da população vive
abaixo da linha da pobreza. De acordo com o MPD (2010), a incidência da pobreza é mais
pronunciada nas áreas rurais do que urbanas (56,9% nas zonas rurais contra 49,6 % em áreas
urbanas). Devido ao elevado índice de pobreza no país, o governo de Moçambique tem
estabelecido a redução da pobreza como sendo o principal objectivo de desenvolvimento (PARP
2011-2014, 2011).

No entanto a redução da pobreza é associada ao desenvolvimento do sector agrário. Esta


constatação é porque a agricultura emprega cerca de 80% da população activa e também
contribui mais de 25% para o produto interno bruto (PIB) (PARP 2011-2014, 2011). De
facto, o aumento da produção agrária é apontado como sendo a causa da redução da pobreza de
69% em 1996/7 para 54% em 2002/3 (Arndt, James e Simler, 2006). Similarmente, o fraco
desempenho da agricultura nas últimas duas décadas é apontado como a causa da limitada
redução da pobreza (Arndt, James e Simler, 2006).
Não obstante, nos últimos anos, a importância dos mercados financeiros para o
desenvolvimento social e económico vem ganhando espaço no sentido de que a ampliação do
acesso aos mesmos gera impactos positivos na vida das populações de baixa renda. Isto porque
os principais objectivos do sistema financeiro são a transferência de recursos disponibilizados
pelos agentes poupadores aos agentes investidores e a geração de meios de pagamento ou a
criação de moeda. Essa criação de meios de pagamento possibilita a geração de crédito,
permitindo aos agentes conómicos acesso aos recursos necessários para a realização de
investimentos (Shete e Garcia, 2011).
Os mercados financeiros rurais desempenham um papel fundamental no desenvolvimento
das regiões agrícolas, especialmente em países de baixa renda como Moçambique, onde a
agricultura constitui uma parte significativa da economia e da subsistência da população. Nessas
áreas, o acesso a serviços financeiros como crédito e poupança é uma ferramenta essencial para a
melhoria da produtividade agrícola e o bem-estar das famílias rurais (Zeller & Sharma, 2000).

1.1. OBJECTIVOS

1.2. Geral
Analisar o funcionamento do sistema financeiro rural em Moçambique, com ênfase no impacto
do crédito e da poupança nas famílias rurais e os desafios enfrentados por comunidades em
termos de acesso a serviços financeiros.

1.2.1. Específicos
 Analisar a estrutura e funcionamento do mercado financeiro rural em Moçambique.
 Examinar o papel do crédito na melhoria das condições de vida das famílias rurais.
 Avaliar os desafios e oportunidades relacionados à poupança nas zonas rurais.
 Investigar as políticas governamentais que visam o fortalecimento do sistema financeiro
rural.
CAPITULO II:REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2. Mercados Financeiros Rurais


Os mercados financeiros rurais envolvem a provisão de serviços financeiros, como
crédito, poupança e seguros, às populações rurais, cuja principal atividade é a agricultura. A
literatura destaca que os mercados financeiros rurais são menos desenvolvidos em países em
desenvolvimento, particularmente em áreas remotas, onde a infraestrutura é limitada e os custos
de transação são elevados (Zeller & Sharma, 2000). A falta de instituições financeiras acessíveis
limita o acesso das famílias rurais a serviços bancários formais, o que, por sua vez, impede a
acumulação de capital e o investimento em atividades produtivas.

Em Moçambique, o sistema financeiro rural é caracterizado pela concentração de


serviços nas áreas urbanas, deixando uma grande parte da população rural desatendida. Este
cenário resulta da falta de confiança das instituições financeiras formais no setor agrícola, que é
percebido como de alto risco devido à dependência de condições climáticas e à informalidade
predominante na economia rural (Manganhele, 2010). Além disso, os custos de entrada no
mercado para as instituições financeiras são elevados, o que desincentiva a expansão de serviços
em áreas rurais (Adams & Von Pischke, 1992).

Programas de microfinança surgiram como uma solução alternativa para aumentar o


acesso ao crédito e à poupança nas áreas rurais. No entanto, esses programas também enfrentam
dificuldades, como a alta inadimplência e a dificuldade em acompanhar o crescimento da
demanda por crédito nas zonas rurais (Carter & Barrett, 2006). O desenvolvimento de um
mercado financeiro rural robusto exige não apenas a expansão do crédito, mas também a
melhoria na infraestrutura financeira e um aumento na literacia financeira das populações rurais.

De acordo com Brealey, Myers & Allen (2007), as instituições financeiras são os bancos,
empresas de poupança e de empréstimos, as seguradoras e os fundos de investimento. Em
Moçambique os fornecedores ou prestadores de serviços financeiros são de acordo com Amarcy
e Massingue (2011), as instituições de crédito constituídas por bancos comerciais e de
investimento, cooperativas de crédito, micro-bancos e instituições de locação financeira. Grob e
Nogueira (2010) apontam uma série de instituições que fornecem serviços financeiros (Quadro
1).
Segundo a Lei 9/2004 de 21 de Julho, as cooperativas de crédito são instituições de
crédito constituídas na forma de sociedades cooperativas, cuja atividade desenvolve-sea serviço
exclusivo dos seus sócios. Esta lei vê o crédito como o ato pelo qual uma entidade, agindo a
título oneroso, coloca ou promete colocar fundos à disposição de outra entidade contra a
promessa de esta a restituir na data de vencimento, ou contrair, no interesse da mesma, uma
obrigação por assinatura.

Tabela 1:Prestadores de Serviços financeiros

Bancos comerciais Bancos de Operadores de Instituições


Microfinanças Microfinanças Financeiras de
Desenvolvimento

Banco Comercial e de Banco Oportunidade Agência de ADIPSA


Investimento,SA de Moçambique, SA Desenvolvimento
(BCI) (BOM) Economico da
Província de Manica
(ADEM)

BancABC,SA Banco ProCredit,SA Associação de AGRIFUTURO


Desenvolvimento
Socio Economico de
Matutuine

Banco Internacional Banco Tchuma,SA Fundo de Norweigian


de Moçambique, SA Dsenvolvimento da Investment Fund for
(BIM) Mulher (FDM) Developing
Coutries(NORFUND)

FNB SOCREMO-Banco de Projecto HOPE European Investment


Microfinanças,SA Moçambique Bank (EIB)

Moza Banco,SA Banco Letsego The hunger Project African Development


Mozambique Bank(ADB)
Fonte: Adaptado de Grob e Nogueira (2010).

2.1. Mercados financeiros rurais e sua importância na promoção do


desenvolvimento da agricultura familiar
Para ZIGER (2013), crédito aliado a outras políticas de inclusão desempenha um
importante papel na geração de trabalho e renda para a Agricultura Familiar. Ainda gera
oportunidades, aproximando o beneficiário das políticas que estimulam investimentos em
avanços tecnológicos e melhorias nas estruturas das propriedades ou unidades produtivas, mas,
mais ainda, trazendo a modernização do campo também auxilia e estimula sua permanência na
agricultura, e fortalece o processo de sucessão na agricultura familiar.

O crédito permite ao agricultor familiar ampliar suas relações com o ambiente


socioeconômico, agregando avanços tecnológicos, beneficiando-se da assistência técnica,
movimentando o comércio e os serviços, tanto na medida da compra de seus insumos produtivos,
quanto na venda de seus produtos produzidos e tendo ainda outros efeitos multiplicadores
(Dall’Agnol,2012).

Para Suzana (1990), O Mercado Financeiro Rural (MFR), principalmente via


Intermediação Financeira (IF), pode vir a desempenhar um papel de Rural principalmentegrande
importância no processo de desenvolvimento agricola, ao conduzir a uma melhor aplicação do
excedente.

O MFR caracteriza-se por todas as actividades financeiras anível de crédito e poupanças,


que têm lugar nas áreas rurais.A este propósito citamos uma passagem da intervenção de Pekka
Hussi, uSenior Officer du groupe d'activités bancaires dansle secteur agricole da FAO,, no 8.o
Congresso Mundial de Crédito Agricola, realizado em 1987.

2.1.1. Contribuição dos serviços financeiros para o desenvolvimento da agricultura


familiar
Negrão (2003) no seu artigo “como induzir o desenvolvimento em África?” apud Valá
(2009a), defende que para tal indução, deve-se orientar o investimento para a disponibilização de
“dinheiro barato” para o sector empresarial nacional de modo a elevar a procura aos pequenos
produtores através da agro-indústria. Isto significa que a disponibilização do crédito e dos demais
serviços financeiros a um custo baixo que permita ao pequeno produtor obter e restituí-lo dentro
do período acordado e na íntegra, vai proporcionar ou gerar mais rendimentos resultantes de uma
cadeia de eventos rigidamente respeitados, que no final tem a consequência de desenvolver a
agricultura familiar e em último, o meio rural.

Mas Dall’Agnol (2012) demonstra que os efeitos multiplicadores da aplicação do crédito


refletir-se-ão no aumento da produção das propriedades ou explorações come seremento na
economia local, tendo nos gastos dos produtores a renda necessária para impactar positivamente
nas relações com outras áreas e setores.

2.1.2. Crédito e poupança nas Famílias Rurais


Para Massarongo et al., (sd) os Grupos de Poupança e Crédito são um conjunto de
pessoas que se reúnem por afinidade, vizinhança ou associativismo em actividades
socioeconómicas para realização de poupanças, que por sua vez são usadas para a concessão de
crédito dentro do próprio grupo, através do pagamento de uma determinada taxa de juros. De
acordo com GPCR5 (2016, p. 7) apud Rosário (2020, p. 198) os Grupos de Poupança e Crédito
Rotativo (PCRs) vulgarmente denominados ASCAS “são formas organizativas de promoção do
acesso da população de baixa renda aos serviços financeiros, particularmente nas zonas rurais”.

Segundo Binswanger e Khandker (1995), o crédito rural tem sido amplamente


reconhecido como uma ferramenta fundamental para a promoção do desenvolvimento
econômico em regiões rurais, permitindo às famílias rurais aumentar sua capacidade produtiva e
melhorar sua qualidade de vida.O crédito facilita o acesso a insumos agrícolas, equipamentos e
tecnologias que, de outra forma, estariam fora do alcance das famílias. Esse acesso pode resultar
em aumentos significativos na produtividade agrícola e na renda.

Contudo, o acesso ao crédito formal nas zonas rurais de Moçambique continua sendo um
desafio. Muitas instituições financeiras relutam em conceder crédito a agricultores de pequena
escala devido à falta de garantias formais, como propriedade de terras, e ao risco associado à
instabilidade da produção agrícola. Além disso, as altas taxas de juros impostas pelas instituições
financeiras tornam o crédito inacessível para grande parte das famílias rurais.Em resposta a esses
desafios, diversas ONGs e programas governamentais implementaram esquemas de microcrédito
voltados especificamente para agricultores e pequenos empreendedores rurais. Embora esses
programas tenham alcançado algum sucesso em aumentar o acesso ao crédito, eles ainda são
baixos para atender à demanda crescente.Além disso, a falta de treinamento adequado para os
beneficiários do crédito pode resultar em uma utilização ineficiente dos recursos (Zeller &
Sharma, 2000).

2.1.3. Poupança nas Famílias Rurais

A poupança desempenha um papel crucial na estabilização da renda das famílias rurais e


na proteção contra choques financeiros, como perdas de colheita ou doenças. No entanto, em
Moçambique, a capacidade das famílias rurais de acumular poupança é limitada devido à baixa
renda per capita e à natureza imprevisível da produção agrícola .Por outra, o acesso a serviços
formais de poupança é escasso nas áreas rurais, o que leva muitas famílias a depender de
esquemas informais de poupança, como associações de poupança rotativa (Carter & Barrett,
2006).

As ASCAs, amplamente utilizadas nas áreas rurais de Moçambique, permitem que as


famílias acumulem poupança coletiva e acessem pequenos empréstimos. Essas instituições
informais têm se mostrado eficazes em facilitar a inclusão financeira em comunidades que não
têm acesso ao sistema bancário formal. No entanto, o tamanho limitado dos recursos gerados por
essas associações muitas vezes não é suficiente para financiar investimentos de maior escala
(Manganhele, 2010).Os esforços do governo para promover a inclusão financeira rural em
Moçambique incluem a criação de produtos de poupança voltados para as famílias de baixa
renda. Essas iniciativas ainda precisam ser ampliadas para alcançar uma proporção maior da
população rural O aumento da literacia financeira também é um fator essencial para incentivar a
poupança formal e promover uma cultura de planejamento financeiro nas zonas rurais.

3. Desafios e Importância do Crédito e da Poupança Rurais


3.1. Desafios do credito rural

Um dos principais desafios enfrentados pelas famílias rurais em Moçambique é a falta de


garantias para acessar crédito formal. A ausência de títulos de propriedade da terra e a
informalidade da economia rural fazem com que os bancos considerem o setor agrícola de alto
risco,os custos administrativos e logísticos para operar em áreas rurais afastam as instituições
financeiras formais, que se concentram em áreas urbanas, deixando a população rural
desatendida (Adams & Von Pischke,1992).

Outro desafio significativo é a baixa literacia financeira entre os agricultores e pequenos


empreendedores rurais. A falta de conhecimento sobre os produtos financeiros disponíveis e
sobre como gerenciar o crédito de forma eficaz resulta em uma utilização ineficiente dos
recursos. Como consequência, há um aumento nos índices de inadimplência, que, por sua vez,
limita o crédito disponível no futuro (Manganhele, 2010).

3.1.1. Desafios na poupança rural

Segundo Carter & Barrett, (2006),em termos de poupança, o principal obstáculo para as
famílias rurais é a baixa renda disponível. Muitas famílias vivem em um estado de subsistência,
o que torna difícil separar uma parte da renda para poupança formal ou informal.Adicionalmente,
as poucas opções de poupança formais acessíveis nas zonas rurais não são atraentes devido à
falta de agências bancárias e à desconfiança nas instituições financeiras formais.

Sistemas informais, como as associações de poupança rotativa (ASCAs), preenchem


parte dessa lacuna, mas os montantes poupados são insuficientes para cobrir grandes
investimentos ou emergências severas. A falta de acesso a produtos de poupança que ofereçam
segurança e retorno limita as oportunidades de investimento das famílias rurais e as deixa mais
vulneráveis a crises econômicas e ambientais (Manganhele, 2010).

3.1.2. Importância do Crédito e Poupança para o Desenvolvimento Rural


Apesar dos desafios, o crédito e a poupança serem fundamentais para o desenvolvimento
rural. O crédito permite que as famílias rurais invistam em insumos agrícolas, tecnologias,
educação e saúde, que de outra forma seriam inacessíveis. Estudos mostram que o crédito pode
aumentar a produtividade agrícola, permitindo que os agricultores comprem fertilizantes e
sementes de melhor qualidade, resultando em colheitas mais abundantes e lucrativas
(Binswanger & Khandker, 1995).

A poupança, por sua vez, desempenha um papel crucial na proteção das famílias contra
choques econômicos e ambientais, como secas, inundações ou flutuações nos preços dos
produtos agrícolas. A acumulação de poupança também incentiva a formação de capital, o que
pode ser reinvestido em atividades produtivas de maior escala, como a diversificação das fontes
de renda além da agricultura .A inclusão financeira das famílias rurais, por meio de serviços de
crédito e poupança, é essencial para a redução da pobreza e a promoção do desenvolvimento
sustentável em áreas rurais. Políticas públicas que visam fortalecer o sistema financeiro rural,
ampliar o acesso a crédito e poupança, e aumentar a literacia financeira nas zonas rurais são
fundamentais para alcançar esses objetivos (World Bank, 2018).

3.2. Sistema Financeiro Rural em Moçambique

O sistema financeiro rural em Moçambique é composto por uma mistura de bancos


formais, cooperativas de crédito, ONGs e instituições de microfinanças. As instituições
financeiras formais, como os bancos comerciais, têm uma presença limitada nas áreas rurais
devido à percepção de risco e aos altos custos operacionais .Isso levou à dependência de
cooperativas de crédito e organizações microfinanceiras para fornecer serviços financeiros às
famílias rurais (Manganhele, 2010).

Apesar desses esforços, o sistema financeiro rural enfrenta desafios significativos. A falta
de garantias formais, como títulos de propriedade de terra, e a dificuldade em avaliar o risco de
crédito em áreas onde a economia é altamente informal são alguns dos principais obstáculos
enfrentados pelas instituições financeiras (Adams & Von Pischke, 1992). Além disso, a
inadequada infraestrutura financeira nas áreas rurais torna o acesso aos serviços financeiros
formalizados um desafio contínuo.

O governo de Moçambique tem trabalhado para fortalecer o sistema financeiro rural por
meio de iniciativas como o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Setor Agrário
(PEDSA), que busca melhorar o acesso ao crédito e aumentar os investimentos em infraestrutura
agrícola, essas políticas ainda estão em fase inicial e seus impactos a longo prazo ainda precisam
ser avaliados (World Bank, 2018).

3.2.1. Políticas governamentais que visam o fortalecimento do sistema financeiro rural.


O fortalecimento do sistema financeiro rural é uma prioridade para o desenvolvimento
econômico e social de Moçambique, especialmente nas áreas rurais onde vive grande parte da
população. O governo de Moçambique tem implementado várias políticas e iniciativas para
melhorar o acesso ao crédito, à poupança e aos serviços financeiros em áreas rurais. Estas
políticas buscam promover a inclusão financeira, aumentar a produtividade agrícola e melhorar o
bem-estar das famílias rurais.
O Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (2018) tem desempenhado um
papel fundamental no desenvolvimento de estratégias para melhorar o acesso ao crédito rural em
Moçambique. Essas estratégias incluem a criação de linhas de crédito específicas para a
agricultura, a promoção de parcerias público-privadas e o incentivo a
instituições financeiras para que expandam sua presença e serviços em áreas rurais.
3.2.2. Programas de Apoio à Agricultura Familiar
O Governo de Moçambique tem implementado diversos programas para apoiar a
agricultura familiar, que desempenha um papel crucial no sistema financeiro rural do país. Esses
programas incluem a distribuição de insumos agrícolas, a prestação de assistência técnica e a
facilitação do acesso a mercados.Além disso, o Governo tem trabalhado para fortalecer a
organização dos pequenos agricultores em associações e cooperativas, permitindo-lhes maior
acesso a serviços financeiros e aumentando seu poder de negociação (Ministério da Agricultura e
Desenvolvimento Rural, 2018).
O Fundo de Fomento Agrário (2019) tem desempenhado um papel importante no
incentivo ao empreendedorismo rural em Moçambique. Essa instituição fornece apoio financeiro
e técnico a pequenos empresários rurais, ajudando-os a desenvolver e expandir seus negócios.
Segundo Ministério da Agricultura (2011),o Governo tem implementado políticas de
incentivo fiscal e de isenção de taxas para estimular o desenvolvimento de empreendimentos
rurais, contribuindo para a diversificação da economia e a criação de empregos nessas áreas com
o objetivo de fortalecer o sistema financeiro rural e promover o desenvolvimento agrícola e a
segurança alimentar. Estas políticas incluem o Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário
(PROAGRI), a Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional (ESAN), o Programa de
Desenvolvimento da Agricultura Familiar (PDAF), o Fundo de Desenvolvimento Agrário (FDA)
e a Estratégia Nacional de Microfinanças (ENM).
4. Impacto das Políticas Governamentais
As políticas governamentais acima mencionadas têm desempenhado um papel fundamental no
fortalecimento do sistema financeiro rural em Moçambique. Elas têm proporcionado aos
agricultores familiares e às comunidades rurais acesso a crédito, insumos agrícolas, assistência
técnica e outros serviços essenciais para o desenvolvimento do setor agrícola.

Aumento da Produção Agrícola


 O PROAGRI e outras políticas têm contribuído para o aumento da produção e da
produtividade agrícola, melhorando a segurança alimentar e os rendimentos dos pequenos
agricultores.
Inclusão Financeira
 A ENM e o FDA têm ampliado o acesso a serviços financeiros, especialmente em áreas
rurais, promovendo a inclusão financeira e o empreendedorismo.
Fortalecimento da Agricultura Familiar
 O PDAF tem sido fundamental para apoiar os pequenos agricultores familiares,
fornecendo-lhes insumos, crédito e assistência técnica, o que tem contribuído para a sua
sustentabilidade e melhoria da renda.
CAPITULO IV:CONCLUSÃO
O acesso aos serviços financeiros é limitado principalmente para a população de baixa
renda que reside nas zonas rurais. Este facto tem levado o governo e instituições de
desenvolvimento a implementar programas visando o alargamento do acesso aos serviços
financeiros à este grupo.
O Mercado Financeiro Rural, em geral, e o seu serviço de Intermediação Financeira, em
particular, podem desempenhar um papel de grande importância no desenvolvimento
agrícola.Com efeito, ao canalizar fundos de entidades superavitárias (aforradores), para entidades
deficitárias (investidores) ou seja, aoreceber depósitos e conceder crédito, o serviço de
Intermediação Financeira poderá incrementar a taxa de investimento e melhorar a afectação de
recursos, contribuindo de forma signifivativa parao desenvolvimento económico.
A ignorância deste facto tem impossibilitado a definição de políticas, financêiras ou nâo,
capazes de conduzirem a um sistema financeiro rural capaz de mobilizar fundos dos aforradores
e canalizá-los para investigadores de uma forma optimizada.
O sistema financeiro rural em Moçambique apresenta desafios consideráveis, mas a
expansão do acesso ao crédito e à poupança é essencial para o desenvolvimento rural.
Investimentos em microfinanças, cooperativas de crédito e programas de inclusão financeira são
fundamentais para superar as barreiras atuais. Além disso, a melhoria da literacia financeira e o
fortalecimento de políticas públicas podem facilitar o desenvolvimento econômico das zonas
rurais.
CAPITULO V:REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Crédito Rurais como Opção para a Inclusão Financeira: Uma Análise Crítica. Desafios para
Moçambique 2014, p. 137- 162.

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BREALEY, Richard; MYERS, Stewart & ALLEN, Franklin. Princípios de finanças


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Binswanger, H. P., & Khandker, S. R. (1995). The impact of formal finance on the rural
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Manganhele, A. T. (2010). Improving access to credit for smallholder farmers in Mozambique:
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