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DIVISÃO DE AGRICULTURA
CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL2-ANO
DISCENTE :
dr°Azarias Lucas,MSc.
Contextualização..............................................................................................................................3
OBJECTIVOS.................................................................................................................................4
Geral................................................................................................................................................4
Específicos.......................................................................................................................................4
CAPITULO IV:CONCLUSÃO.....................................................................................................14
1. Contextualização
A pobreza é o factor principal que afecta o desenvolvimento socioeconómico nos países
em desenvolvimento. Em Moçambique, a pobreza é vista como “Impossibilidade por
incapacidade, ou por falta de oportunidade de indivíduos, famílias e comunidades de terem
acesso a condições mínimas, segundo as normas básicas da sociedade” PARP 2011-2014 (2011).
Especificamente, a pobreza é traduzida em desnutrição crónica, a prevalência de doenças, alta
taxa de mortalidade materno-infantil, baixa esperança de vida, baixa renda, má qualidade da
habitação, vestuário inadequado, baixa utilização tecnológica,degradação ambiental,
desemprego, más condições de saneamento, fraco acesso à água potável, entre outros factores
que afectam negativamente a vida do ser humano.
Moçambique é um país pobre, visto que mais da metade (54,7%) da população vive
abaixo da linha da pobreza. De acordo com o MPD (2010), a incidência da pobreza é mais
pronunciada nas áreas rurais do que urbanas (56,9% nas zonas rurais contra 49,6 % em áreas
urbanas). Devido ao elevado índice de pobreza no país, o governo de Moçambique tem
estabelecido a redução da pobreza como sendo o principal objectivo de desenvolvimento (PARP
2011-2014, 2011).
1.1. OBJECTIVOS
1.2. Geral
Analisar o funcionamento do sistema financeiro rural em Moçambique, com ênfase no impacto
do crédito e da poupança nas famílias rurais e os desafios enfrentados por comunidades em
termos de acesso a serviços financeiros.
1.2.1. Específicos
Analisar a estrutura e funcionamento do mercado financeiro rural em Moçambique.
Examinar o papel do crédito na melhoria das condições de vida das famílias rurais.
Avaliar os desafios e oportunidades relacionados à poupança nas zonas rurais.
Investigar as políticas governamentais que visam o fortalecimento do sistema financeiro
rural.
CAPITULO II:REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
De acordo com Brealey, Myers & Allen (2007), as instituições financeiras são os bancos,
empresas de poupança e de empréstimos, as seguradoras e os fundos de investimento. Em
Moçambique os fornecedores ou prestadores de serviços financeiros são de acordo com Amarcy
e Massingue (2011), as instituições de crédito constituídas por bancos comerciais e de
investimento, cooperativas de crédito, micro-bancos e instituições de locação financeira. Grob e
Nogueira (2010) apontam uma série de instituições que fornecem serviços financeiros (Quadro
1).
Segundo a Lei 9/2004 de 21 de Julho, as cooperativas de crédito são instituições de
crédito constituídas na forma de sociedades cooperativas, cuja atividade desenvolve-sea serviço
exclusivo dos seus sócios. Esta lei vê o crédito como o ato pelo qual uma entidade, agindo a
título oneroso, coloca ou promete colocar fundos à disposição de outra entidade contra a
promessa de esta a restituir na data de vencimento, ou contrair, no interesse da mesma, uma
obrigação por assinatura.
Contudo, o acesso ao crédito formal nas zonas rurais de Moçambique continua sendo um
desafio. Muitas instituições financeiras relutam em conceder crédito a agricultores de pequena
escala devido à falta de garantias formais, como propriedade de terras, e ao risco associado à
instabilidade da produção agrícola. Além disso, as altas taxas de juros impostas pelas instituições
financeiras tornam o crédito inacessível para grande parte das famílias rurais.Em resposta a esses
desafios, diversas ONGs e programas governamentais implementaram esquemas de microcrédito
voltados especificamente para agricultores e pequenos empreendedores rurais. Embora esses
programas tenham alcançado algum sucesso em aumentar o acesso ao crédito, eles ainda são
baixos para atender à demanda crescente.Além disso, a falta de treinamento adequado para os
beneficiários do crédito pode resultar em uma utilização ineficiente dos recursos (Zeller &
Sharma, 2000).
Segundo Carter & Barrett, (2006),em termos de poupança, o principal obstáculo para as
famílias rurais é a baixa renda disponível. Muitas famílias vivem em um estado de subsistência,
o que torna difícil separar uma parte da renda para poupança formal ou informal.Adicionalmente,
as poucas opções de poupança formais acessíveis nas zonas rurais não são atraentes devido à
falta de agências bancárias e à desconfiança nas instituições financeiras formais.
A poupança, por sua vez, desempenha um papel crucial na proteção das famílias contra
choques econômicos e ambientais, como secas, inundações ou flutuações nos preços dos
produtos agrícolas. A acumulação de poupança também incentiva a formação de capital, o que
pode ser reinvestido em atividades produtivas de maior escala, como a diversificação das fontes
de renda além da agricultura .A inclusão financeira das famílias rurais, por meio de serviços de
crédito e poupança, é essencial para a redução da pobreza e a promoção do desenvolvimento
sustentável em áreas rurais. Políticas públicas que visam fortalecer o sistema financeiro rural,
ampliar o acesso a crédito e poupança, e aumentar a literacia financeira nas zonas rurais são
fundamentais para alcançar esses objetivos (World Bank, 2018).
Apesar desses esforços, o sistema financeiro rural enfrenta desafios significativos. A falta
de garantias formais, como títulos de propriedade de terra, e a dificuldade em avaliar o risco de
crédito em áreas onde a economia é altamente informal são alguns dos principais obstáculos
enfrentados pelas instituições financeiras (Adams & Von Pischke, 1992). Além disso, a
inadequada infraestrutura financeira nas áreas rurais torna o acesso aos serviços financeiros
formalizados um desafio contínuo.
O governo de Moçambique tem trabalhado para fortalecer o sistema financeiro rural por
meio de iniciativas como o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Setor Agrário
(PEDSA), que busca melhorar o acesso ao crédito e aumentar os investimentos em infraestrutura
agrícola, essas políticas ainda estão em fase inicial e seus impactos a longo prazo ainda precisam
ser avaliados (World Bank, 2018).
ALI, R.; IBRAIMO, Y.; MASSARONGO, F.; MASSINGUE, N.;. Grupos de Poupança e
Crédito Rurais como Opção para a Inclusão Financeira: Uma Análise Crítica. Desafios para
Moçambique 2014, p. 137- 162.
Binswanger, H. P., & Khandker, S. R. (1995). The impact of formal finance on the rural
economy of India. Journal of Development Studies, 32(2), 234-262.
Carter, M. R., & Barrett, C. B. (2006). The economics of poverty traps and persistent poverty:
An asset-based approach. Journal of Development Studies, 42(2), 178-199.
Manganhele, A. T. (2010). Improving access to credit for smallholder farmers in Mozambique:
Lessons from other African countries. World Bank Research Papers, 45-67.
GROB, Jane & NOGUEIRA, André. Financiando Moçambique. 2ª ed. Maputo: Swiss Capital
Partners Lda e Finantia Lda, 2010.
PARP 2011-2014 . 2011. “Plano de Acção para Redução da Pobreza 2011-2014”. Aprovado na
15ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros. Maputo.
World Bank. (2018). Mozambique Economic Update: Navigating Low Growth. World Bank
Group.
Zeller, M., & Sharma, M. (2000). Many borrow, more save, and all insure: Implications for
food and micro-finance policy. Food Policy, 25(2), 143-167.