Recursos Terapêuticos Ocupacionais

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RECURSOS TERAPÊUTICOS

OCUPACIONAIS
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira
REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira
DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença
DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima
DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto
DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini
DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Caroline da Silva Marques
Eduardo Alves de Oliveira
Jéssica Eugênio Azevedo
Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos
Hugo Batalhoti Morangueira
Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz
DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira
Carlos Henrique Moraes dos Anjos
Kauê Berto
Pedro Vinícius de Lima Machado
Thassiane da Silva Jacinto

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

O48r Oliveira, Flavia Luzia de


Recursos terapêuticos ocupacionais / Flavia Luzia de
Oliveira. Paranavaí: EduFatecie, 2023.
76 p. : il. Color.

1.Terapia ocupacional. I. Centro Universitário UniFatecie.


II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título.

CDD: 23. ed. 615.8515


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
AUTORA
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira.

●Tecnóloga em Turismo e Lazer (IFAL);


●Bacharel em Terapia Ocupacional (UNCISAL);
●Especialista em Psicopedagogia Escolar (CEAP);
●Profissional habilitado Método Pediasuit Básico e Avançado (ABRAPPPE);
●Especialista em Acupuntura (IBRATE);
●Mestranda em Ciências Aplicadas à Saúde (UNIOESTE);
●Pós-graduanda em Análise do Comportamento Aplicada (PUC-PR).

Terapeuta Ocupacional em atuação desde 2011 em serviços de saúde públicos


(Associação de Pais e Amigos; Órgãos Governamentais de Saúde e Segurança Pública) e
privados (Clínicas particulares e Planos de Saúde). Experiência nas áreas de neuroreabilitação
infantil; saúde mental; cuidados paliativos e acupuntura. Em pesquisa científica apresentou
melhor identificação com as Práticas Integrativas e Complementares; Estratégias em Saúde
Mental; Avaliação em agravos do Neurodesenvolvimento; Síndromes Raras.

CURRÍCULO LATTES: https://lattes.cnpq.br/3591477249354702

3
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá, aluno (a). Seja muito bem-vindo (a) a mais uma etapa desta linda jornada que
é a Terapia Ocupacional!
Gostaria de expressar minha imensa alegria pela oportunidade deste nosso encontro
acadêmico. Tenho plena confiança em seu potencial e compreendo o quão desafiador pode
ser, em certos momentos, seguir este caminho acadêmico. No entanto, tenho certeza de
que, ao término desta bela jornada, você colherá os frutos de todo o seu esforço, e a
recompensa será verdadeiramente grandiosa.
A Terapia Ocupacional nos preenche enquanto profissional e enquanto pessoa.
Estará nas suas mãos o processo evolutivo de desempenho ocupacional de diversas
pessoas. A maioria descobrirá sua importância e contribuição apenas quando esta for
imprescindível, ao mesmo tempo, você poderá sentir o quão gratificante é ser reconhecido
e ser parte desse processo evolutivo.
Essa disciplina se configura como uma das mais importantes bases da nossa prática
profissional; é preciso saber como, quando e o porquê utilizar um recurso terapêutico. Será
preciso produzi-lo? Será comprado? Quem compra, o T.O. ou a família? Posso adaptar um
recurso? O mesmo recurso pode ser utilizado por vários pacientes? Todo recurso terapêutico
é físico, material concreto? Existe recurso terapêutico abstrato? Quantas perguntas, não é
mesmo? Vamos aprender juntos a respondê-las.
Na Unidade I vamos estudar como deve ser a relação terapeuta-paciente e a
organização do Setting terapêutico para um bom uso dos recursos terapêuticos ocupacionais,
incluindo as técnicas de avaliação desses recursos. Já na Unidade II discutiremos a relação
entre atividade humana e recursos terapêuticos no brincar, na arteterapia e na musicoterapia.
Na sequência, na Unidade III, compreenderemos o conceito de práxis e a contribuição
dos recursos terapêuticos. Finalizaremos com a Unidade IV, tratando da relação entre os
recursos terapêuticos e a prática da Terapia Ocupacional (T.O) na saúde mental.

Bons estudos!

4
SUMÁRIO

UNIDADE 1
Bases Conceituais dos Recursos Terapêuticos
Ocupacionais Sob a Relação Terapeuta -
Paciente

UNIDADE 2
Atividade Humana Versus Recurso Terapêutico

UNIDADE 3
Planejamento, Execução e Avaliação dos Recursos
Terapêuticos em Atendimentos Individuais e de Grupo

UNIDADE 4
A Relação Entre a Prática da Saúde Mental e os
Recursos Terapêuticos

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1
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UNIDADE
BASES CONCEITUAIS
DOS RECURSOS
TERAPÊUTICOS
OCUPACIONAIS SOB A
RELAÇÃO TERAPEUTA
– PACIENTE
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira

Plano de Estudos
• Relação Terapeuta-Paciente e o Setting Terapêutico;
• Noções de Transferência e Contratransferência no Processo Terapêutico
Ocupacional;
• Avaliação Qualitativa em Terapia Ocupacional;
• Avaliação das Atividades Produtivas e de Trabalho.

Objetivos da Aprendizagem
• Conhecer a relação terapeuta-paciente e sua conexão com a organização do
Setting terapêutico e identificação dos recursos terapêuticos adequados;
• Compreender os tipos de relação terapeuta-paciente e associar com as
situações de transferência e contratransferência;
• Estabelecer a importância da avaliação qualitativa em Terapia Ocupacional,
por meio da análise da avaliação das atividades produtivas e de trabalho;
• Discutir a importância dos recursos terapêuticos.
INTRODUÇÃO
Olá, querido (a)!

Seja bem-vindo (a) a nossa Primeira Unidade da disciplina de Recursos Terapêuticos


Ocupacionais. Imagino que a expectativa seja grande para adentrar em mais uma etapa no
seu processo de formação acadêmica. Então se preparem que lá vamos nós!
Quando se fala em Recursos Terapêuticos o que vêm em sua mente? Tudo pode
ser considerado um recurso, mas, o que irá torná-lo terapêutico será o objetivo pelo qual foi
escolhido e qual desfecho ocupacional oportuniza.
Com base nisso, em nosso primeiro tópico iremos abordar a relação terapeuta-
paciente, compreendendo o momento exato em que essa relação teve início e quais os
conflitos de interesse e de relacionamento que podem emergir se você não estiver preparado,
e completaremos com a discussão sobre a organização do setting terapêutico conforme o
perfil de clientela, a especialidade e o ambiente disponibilizado.
No segundo tópico, aprofundaremos nosso conhecimento para identificar as noções
de transferência e contratransferência que influenciam os resultados do plano terapêutico
ocupacional. E pensando nesses resultados, nos deparamos com o terceiro tópico, os
resultados para serem comprovados precisam ser analisados por uma ótica qualitativa,
quantitativa ou quali-quantitativa; a análise científica dos resultados obtidos a partir do
acompanhamento terapêutico irá fortalecer a relação terapeuta-paciente e oportunizar uma
assistência de qualidade.
O quarto e último tópico irá permitir que você identifique a melhor avaliação das
atividades produtivas e de trabalho considerando os recursos terapêuticos desenvolvidos
para cada caso.
Preparado? Então vamos juntos!

Bons estudos!

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 7
1
TÓPICO

RELAÇÃO TERAPEUTA-PACIENTE
E O SETTING TERAPÊUTICO

O terapeuta ocupacional é intermediador de relações humanas e facilitador do


fazer humano. Rui Charmone Jorge, em um congresso, em 1986, já dizia que a relação
terapeuta-paciente é humana pura, com as implicações que quaisquer outras relações,
em quaisquer outras situações, tenham, em que pesem as posturas técnicas exigidas para
esse encontro.
Somos reabilitadores de corpos e almas, e partindo desse pressuposto, vamos à
exposição e discussão dos elementos iniciais da relação terapeuta paciente.

1.1 Definição
A relação terapeuta-paciente é aquela que busca reabilitar o ser, holisticamente,
para si mesmo e em seguida para a sociedade. Nessa relação não é possível observar
tão somente a limitação, seja ela, física, psíquica, social, arquitetônica e/ou cultural, é
imprescindível vincular ao processo terapêutico todas as áreas de desempenho afetadas,
oferecendo escuta ao paciente, fazendo a leitura minuciosa de suas intenções e desejos,
para que esta relação seja de fato terapêutica e de fato resulte em bom prognóstico.
Castro (2005) nos sugere uma reflexão sobre a relação terapeuta-paciente no
campo da terapia ocupacional na contemporaneidade, em que podemos identificar práticas
e conceitos que estabelecem inovações e acontecimentos, que abrem espaços numa
multiplicidade de territórios da vida. O autor ainda afirma que, na Terapia Ocupacional, a
relação terapeuta-paciente está inscrita num campo de complexidades em que questões
relacionadas ao sofrimento humano exigem estudos e conhecimentos interdisciplinares.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 8
Nossos pacientes sempre nos trarão questões relacionadas a algum sofrimento e
serão os nossos conhecimentos interdisciplinares, técnicos e científicos que nos permitirão
ultrapassar as barreiras que impedem a plenitude em nossos pacientes. Parece assustador
para você? Imaginava que o terapeuta ocupacional pode tanto? Não se assuste, este
caminho está sendo construído por você.
Lembre-se que irá acompanhar o movimento de seres humanos com histórias
complexas que irão lhe remeter em sua prática a um campo criativo e singular e que se
relacionam com diferentes áreas, como, por exemplo, a reabilitação física, social e mental,
a educação. Em virtude desta prática, a disposição técnica e acadêmica do terapeuta
ocupacional precisa se manter em renovação e atualização.

1.2 Atenção, acolhimento e vínculo


Para iniciar essa relação, dois momentos são cruciais: a atenção e o acolhimento. A
atenção e o acolhimento determinam o receber, a receptividade do receber o outro como
relação ética. Além disso, depende, essencialmente, do sim do outro, não menos que o
sim ao outro (DERRIDA, 2008).
Na atenção e no acolhimento, momentos iniciais dessa relação, todas as
singularidades que marcaram e marcam a vida do paciente são expostas, características
biológicas, condições fisiológicas, saúde psíquica, crenças e valores, experiências sociais,
religiosas e culturais. E são essas singularidades que fazem o terapeuta ocupacional
compreender que cada indivíduo demanda um acolhimento único, para um direcionamento
único, ainda que a proposta de tratamento envolva a coletividade.
Dada a atenção e o acolhimento, vamos ao vínculo. O processo de vinculação é o
que permitirá a confiança e credibilidade que o paciente terá com o terapeuta ocupacional.
Ela precisa ser bem estabelecida, quando não, os objetivos e metas criados para a
terapia migram lentamente para o bom prognóstico. Terapeuta ocupacional e o paciente,
ao formarem o vínculo terapêutico, compartilharão de uma singular experiência, em que
recortes especiais da vida do paciente são apresentados e formam a base do processo
terapêutico. Se pensarmos na experiência do vínculo terapêutico, ela abre para o paciente
a possibilidade de se recolocar na posição de protagonista de sua história na busca por
atingir seus objetivos.
O terapeuta, segundo Castro (2005), está sempre manejando a intensidade dos
estímulos, acertando o pulso na possibilidade do paciente, construindo experiências
compartilhadas de diferentes ritmos, de diversas qualidades, ajustando o próprio
comportamento e ações a outras temporalidades, engendradas pelas potencialidades do
paciente.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 9
Logo, no desenvolvimento da relação terapeuta-paciente, a presença física e
psíquica assume uma tonicidade afetiva-emocional, dada a possibilidade do terapeuta estar
em contato com o paciente e em alguns contextos, também com a família do paciente, numa
atitude empática. E essa atitude empática se refere à estabilidade e constância presentes
nas atitudes do terapeuta ocupacional, e também para a possibilidade de se estar atento às
necessidades do paciente ao longo do processo terapêutico, seja em curto, médio ou longo
prazo (BARRETO, 2000).
Realizar intervenções terapêuticas, que forneçam elementos ao paciente para
substituir os modos do passado pelas necessidades do presente, corresponde às
situações potencializadoras de mudanças dentro do processo terapêutico ocupacional.
Essas situações são frequentes e explícitas no fazer da terapia ocupacional, expressando
a construção de novas experiências de vínculo social, possibilitando ou refazendo
experiências representativas, permitindo a evolução do processo de compreensão de
mundo, desmistificando processos vivenciados e que resultaram em marcas traumáticas,
gerando demandas de vida e construindo novas redes de convívio e de existência.

1.3 Setting terapêutico


Se você precisar ir ao médico, ao psicólogo, ou qualquer outro serviço de saúde,
é inevitável observar os detalhes ao entrar na sala desses profissionais. Há ambientes que
você desejaria nunca mais precisar estar lá novamente. Mas, há outros que parecem tão
acolhedores que lhe fazem desejar ter um espaço desses dentro de sua casa, não é mesmo?
Então, sempre que imaginamos uma relação terapêutica, supomos que ela
ocorrerá em um ambiente acolhedor, com cores neutras e suaves, que sugere discrição e
tranquilidade. Mas, se nos imaginamos entrando pela primeira vez em um setting terapêutico
ocupacional, fantasias e observações diferentes costumam ser feitas. Talvez pela confusão
que o pensamento coletivo produz sobre o que significa o termo Terapia Ocupacional, ou
também pela ideia de crianças sendo atendidas e, por isso, ambientes lúdicos e coloridos
seriam ideais, ou até mesmo pela ideia de adultos sendo atendidos em grupos terapêuticos
em que as gargalhadas e atividades coletivas acontecem.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 10
E de fato, alguns ambientes da terapia ocupacional precisam ser amplos, bem
iluminados, que permitiram o barulho e pode conter forte odor de tintas e óleos, etc. Qual
contexto ocupacional você imagina sendo trabalhado neste tipo de setting? Seria mais
adequado para adultos ou a crianças? Atendimento individual ou de grupo? Saúde mental
ou Reabilitação física? E se eu te disser que todas as respostas possíveis estão corretas?
Sim. A anamnese minuciosa, a análise dos componentes de desempenho prejudicados, o
planejamento e análise das atividades e dos recursos terapêuticos que serão adotados irão
nos dizer qual o setting mais adequado para que se atenda cada demanda.
Por isso, por mais que fujam à fantasia padrão de uma sala “clean” (limpa), isso
não significa que nesses ambientes não se consigam níveis profundos de relaxamento,
confidências e vínculo terapêutico. Tais características praticamente inexistem em outros
ambientes terapêuticos, são próprias do setting terapêutico ocupacional, que ao se
permitirem perceber o paciente holisticamente, se permitem também moldar o ambiente de
atendimento às necessidades e objetivos do paciente.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 11
2
NOÇÕES DE TRANSFERÊNCIA
TÓPICO

E CONTRATRANSFERÊNCIA
NO PROCESSO TERAPÊUTICO
OCUPACIONAL

Começamos este assunto com uma reflexão trazida do livro de Safra (1995),
“Momentos mutativos em Psicanálise. Uma visão Winicottiana”, onde o autor diz que,
para que as funções apresentadas e desenvolvidas na relação terapeuta-paciente sejam
possíveis, o terapeuta não deve usar seu paciente para realizar identificações projetivas ou
satisfazer os seus próprios desejos reprimidos.
Partindo dessa reflexão, compreendemos que, enquanto terapeutas, somos um
objeto subjetivo de intermediação para que o paciente vislumbre suas aspirações e desejos
e planeje como alcançá-las. Os pacientes irão vivenciar conosco um processo terapêutico
com começo, meio e fim; em que a manutenção do serviço prestado será condicionada a
abertura e encerramento de ciclos, cada ciclo com um objetivo terapêutico, podendo haver
interligação entre os objetivos ou não.

2.1 Transferência
O que te vem ao pensamento ao escutar o termo transferência? Se formos buscar
essa resposta lá no dicionário, nesse caso a consulta foi do dicionário Michaelis em sua
versão online, encontraremos o seguinte:

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 12
QUADRO 1 - CONCEITOS DE TRANSFERÊNCIA
1. Ação ou efeito de transferir-se;
2. Transmissão de propriedade ou de direito a outrem;
3. Remoção de funcionário ou empregado para outro
departamento, cargo ou carreira;
TRANSFERÊNCIA 4. Envio de um valor de uma conta bancária à outra;
5. Processo pelo qual o psicanalista vira alvo dos sentimentos
do paciente em tratamento;
6. Deslocamento de um aluno de uma escola para a outra;
7. Passagem de dados de uma área de armazenamento para
outra.
Fonte: elaborado pela autora com base em Risco (2023).

Ao analisarmos o quadro acima, já é possível identificar sobre qual tipo de


transferência estamos tratando nesta unidade. Em nossa prática terapêutica, a empatia,
o carinho, a gentileza e o respeito estão sempre presentes e são fundamentais para uma
boa relação terapeuta-paciente. Porém, precisamos ter consciência de que lidaremos com
pessoas que se encontram em seu maior momento de fragilidade física, psicológica e/ou
social e que, popularmente falando, lhes oferecemos nesse momento a “tábua de salvação”.
Castro (2005) explica muito bem esse conceito ao nos trazer que, na clínica da
terapia ocupacional a transferência pode facilmente ocorrer quando a relação interpessoal
é aprofundada entre paciente e terapeuta ocupacional, ou quando o próprio processo
terapêutico necessita fornecer um ambiente em que os conflitos intra-subjetivos do paciente
possam se manifestar, situação essa muito apreciada quando se atua com saúde mental.
E ela não é ruim em sua completude, o paciente em determinados momentos e por
determinados objetivos precisará ter o movimento de transferência, ele faz parte do vínculo
terapeuta-paciente, cabe ao terapeuta compreender como mediar as situações e extrair os
benefícios.

2.2 Contratransferência
A contratransferência é complementar à transferência. Refere-se à autoanálise
do terapeuta ocupacional a partir das transferências do paciente, isso porque a
contratransferência é o conjunto das reações e sentimentos que o terapeuta experimenta
em relação ao seu paciente.
Ela é extremamente relevante em nossa prática, pois nos induz a autoanálise
permanente, trazendo elementos para que se compreenda a força da relação terapeuta-
paciente e medie nosso trabalho clínico.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 13
Além disso, auxilia-nos a identificar o momento do término do processo terapêutico,
que deve ser definido em comum acordo entre terapeuta e paciente, ou entre terapeuta
e família, tendo em vista se os objetivos terapêuticos foram alcançados e se o paciente
ou a família consegue prosseguir de forma autônoma e independente seu desempenho
ocupacional no lar e na sociedade.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 14
3
TÓPICO

AVALIAÇÃO QUALITATIVA EM
TERAPIA OCUPACIONAL

Quando falamos de qualitativo, pensamos em algo que não pode ser mensurado
com números ou porcentagem, associamos a situações discursivas e dissertativas. Pois
bem, partindo desse pressuposto, vamos estudar sobre a Avaliação Qualitativa na Terapia
Ocupacional, quais os seus princípios, seus métodos e técnicas para podermos coletar
qualitativamente os dados.
Ao analisar a Terapia Ocupacional enquanto profissão, vemos que esta ocupa
simultaneamente dois campos dos saberes, as ciências humanas e as ciências biológicas,
tratamos o ser, que é holístico (corpo e mente).
Primeiro é preciso compreender a necessidade de interpretar e analisar os
significados que os indivíduos de modo geral atribuem às suas ações cotidianas e
compreender a existência de vínculos entre as ações cotidianas particulares e as ações
cotidianas sociais e os contextos em que ocorrem.
O terapeuta ocupacional, para fazer uso de avaliações qualitativas, precisa saber
ler a comunicação não-verbal e verbal apresentada pelo sujeito avaliado. Para isso, será
fundamental ouvir a história de vida de cada sujeito, que vai muito além de uma doença, de
uma deficiência ou de qualquer problema, ouvir quais os significados atribuídos para que
suas vidas façam sentido, e desse modo, fazer com que a avaliação qualitativa forneça
base para o planejamento, direcionado às reais necessidades do paciente.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 15
Iremos discorrer sobre quatro tipos de avaliação qualitativa:
1. Entrevista aberta;
2. História de vida;
3. Observação,
4. Estudo de caso.

3.1 Entrevista Aberta


Também conhecida como não diretiva. É uma forma de coletar informações durante
um discurso livre do paciente, dando a ele todo o tempo necessário para discorrer sobre
suas necessidades de acordo com o grau de importância que lhe é conferido. A principal
característica é que ocorre a partir da interação social de duas ou mais pessoas, interessante
para grupos terapêuticos.
Segundo Rocha e Brunello (2007), na entrevista, se espera que o paciente
comunique e expresse questões de sua vida, revelando tanto as singularidades quanto a
historicidade das suas ações, concepções e ideias.
Neste momento, o terapeuta ocupacional assume o papel de entrevistador e deve
manter uma escuta ativa, concentrando sua atenção em todas as informações fornecidas
pelo paciente. Quando necessário intervir, essa intervenção deve ser delicada, evitando
direcionar ou influenciar a fala do entrevistado. Além disso, é importante estar atento
à maneira como as informações são registradas e à quantidade de detalhes, para que
possam ser avaliadas com precisão e utilizadas para desenvolver propostas terapêuticas
adequadas.
Haguette (2003), sugere que as informações sejam organizadas no modelo de
roteiro, com uma lista de pontos ou temas previamente estabelecidos e que tenham relação
com a problemática central. O estado emocional, as opiniões, atitudes e valores devem ser
levados em consideração para fundamentar as falas do paciente.
É um modelo de avaliação bem simples, mas que requer empatia e boa capacidade
de escuta e atenção direcionada, e saber bem o porquê de optar por esse tipo de avaliação.

3.2 História de Vida


É uma técnica que se caracteriza pela pouca interferência do terapeuta durante a
avaliação, o paciente é quem decide o que irá falar e o quanto é relevante o assunto. Toda
a fala é importantíssima, e dificilmente se finaliza em apenas um encontro, uma vez que
serão colhidas as informações da trajetória de vida do paciente.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 16
É uma avaliação que tem por base um discurso livre de percepções subjetivas. Ao
paciente é dado espaço de fala para poder relatar suas percepções pessoais e de mundo,
bem como os sentimentos que marcaram sua vida e os acontecimentos importantes,
diferente da avaliação apresentada no tópico anterior, na Coleta da História de Vida, o
terapeuta ocupacional, ainda que pouco, tem permissão para questionar e fundamentar a
interpretação dos fatos com o paciente.

3.3 Observação
A observação de um paciente durante a avaliação começa na recepção da clínica,
é preciso observar como ele se comporta no ambiente, como interage com o parente que
o acompanha, com as outras pessoas do ambiente; se faz uso do banheiro; se consome
de forma autônoma e independente uma água ou um café que esteja à disposição. Ao
convidá-lo para a sua sala, observe se há dificuldade, ansiedade ou medo no seu caminhar,
o modo como ele senta e se apoia sobre quem o acompanha, ou sobre a sua mesa, ou
ainda se ignora o terapeuta, o familiar, a mesa e faz busca dos recursos que estão visíveis.
Esta observação pode ser livre ou estruturada. Para Rocha e Brunello (2007), a
observação livre satisfaz melhor a abordagem qualitativa, uma vez que, a caracterização
do que pode ser observado será um processo a se realizar posteriormente, após a análise
dos dados coletados. E o máximo de informações deve ser registrado.

3.4 Estudo de Caso


Para um estudo de caso, foca-se em uma análise profunda sobre os aspectos que
envolvem o paciente e as hipóteses que se pretende confirmar ou descartar. No processo
avaliativo, o estudo de caso favorece a definição de prioridades na intervenção terapêutica.
Essa modalidade de avaliação se utiliza de diversos instrumentos para a coleta de
dados: as anteriormente descritas nesta unidade, a história clínica e institucional, análise
do território do paciente e o levantamento das atividades de vida diária e de vida prática.
Sua análise segue o seguinte roteiro: análise dos dados, definição dos problemas,
estabelecimento de intervenções e modos de reavaliação.
Estes são os principais instrumentos quando temos o intuito de avaliar
qualitativamente o nosso paciente, nossa intervenção e nossos resultados. O profissional
deverá definir, baseado em suas habilidades e no perfil de cada paciente, qual instrumento
será melhor aplicado.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 17
4
TÓPICO

AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES


PRODUTIVAS E DE TRABALHO

É importante reconhecer que a entrada no mercado de trabalho está intrinsecamente


ligada a aspectos cognitivos, psicomotores e psicoemocionais, os quais variam segundo as
demandas específicas da função a ser desempenhada. Essa integração desses fatores
constitui um elemento essencial do papel ocupacional.
Recursos terapêuticos podem ser necessários para favorecer a preparação,
inserção e manutenção do indivíduo no ambiente laborativo, dadas as suas condições
cognitivas, motoras ou emocionais, e lá vamos nós encontrar a Terapia Ocupacional fazendo
a diferença.
Neste tópico vamos discorrer sobre os procedimentos de avaliação, mensuração,
capacidade funcional e qualidade de vida no trabalho. Então, vamos lá!

4.1 Procedimentos de Avaliação


Para avaliarmos um posto de trabalho e o perfil do trabalhador que irá exercê-lo, é
preciso termos ciência que é possível analisar a atividade produtiva a partir do indivíduo, da
atividade e do contexto do trabalho. Na análise desta atividade, tem-se a relação entre as
exigências de capacidades e de comportamentos relacionados a todos os itens envolvidos
em cada etapa da execução dessa atividade.
É preciso identificar quais as barreiras e quais as facilidades no desempenho de
cada atividade relacionando com o indivíduo que a irá exercer. Não esquecendo da análise
ergonômica.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 18
A avaliação se dará em etapas, iniciando com a aproximação da realidade individual
e coletiva da função, formalizando-se em contato direto com o indivíduo “trabalhador”,
seja no local onde o trabalho será desempenhado ou no setting terapêutico. Seguida
da observação direta do desempenho do indivíduo “trabalhador” no local de trabalho,
averiguando e comparando discurso do indivíduo com a observação in loco.
Quando se fala em instrumentos padronizados, podemos recorrer à Medida
Canadense de Desempenho Ocupacional - COPM, do Papel de Entrevista com Trabalhador
- WRI e do Modelo de Performance Ocupacional - OPM. Destes a COPM é a única que
encontramos com facilidade para download.
Para analisar o estado geral de saúde ou de bem-estar do indivíduo que estamos
auxiliando na inserção ou reinserção no mercado de trabalho, temos os seguintes
instrumentos padronizados:

● Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde - CIF;


● Questionário de Qualidade de Vida - SF-36;
● Perfil de Saúde de Nottinggam - PSN.

FIGURA 1 – MEDIDA CANADENSE DE DESEMPENHO OCUPACIONAL (COPM).

Fonte: Law et al. (2000).

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 19
FIGURA 2 – VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA

Fonte: Qualipes (2023).

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 20
FIGURA 3 - PERFIL DE SAÚDE DE NOTTINGHAM (PSN)

Fonte: Teixeira-Salmela (2004).

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 21
4.2 Mensuração, Capacidade Funcional e Qualidade de Vida no Trabalho
Quando falamos em mensuração, compreendemos que ocorrerão medidas de
precisão, empíricas, e de fato, podemos fazer uso de instrumentos como o goniômetro para
mensurar a amplitude de movimento, o dinamômetro para mensurar a força muscular; os
monofilamentos para mensurar a sensibilidade; e volúmetros para mensurar os edemas. E
por que mensurar?
Imagine que chega ao consultório um paciente afastado do trabalho por um
acidente, por meio do qual causou a amputação de um dos dedos da mão direita. Diante
disso, considere que este indivíduo é destro e trabalha em uma fábrica onde é responsável
por inserir matéria-prima em um forno. Sabemos que o pós-cirúrgico envolve dor, edema,
limitação de movimento e possivelmente sensibilidade. E que este indivíduo recebeu a
autorização do médico para retornar ao trabalho, mas ao retornar, o ele percebe que está
tendo muita dificuldade para realizar a função. O que você precisará avaliar?
Compreendemos então que, mesmo sem avaliar, há uma redução da capacidade
funcional. Com uso dos instrumentos de mensuração, conseguimos identificar as questões
físicas que o impedem de realizar sua atividade laborativa; podemos então analisar o posto
de trabalho para identificar se é necessário adaptar o ambiente com recursos no maquinário
ou no paciente, ou até se será preciso analisar e treinar um novo posto de trabalho.
Uma adaptação eficaz do local de trabalho, uma avaliação completa das condições
físicas e emocionais do paciente, juntamente a uma análise dos recursos terapêuticos
necessários para reintegrar ou inserir o indivíduo no ambiente de trabalho, contribuirão
significativamente para melhorar a qualidade de vida desse indivíduo.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 22
Já conhecia o Manual de Goniometria? é um valioso instrumento, principalmente para quem for atuar na
reabilitação física.

Saiba mais acessando: www.acegs.com.br/.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) aluno (a), chegamos ao fim da Unidade I. Agradeço a sua companhia até
aqui e vamos às nossas considerações.
Ao compreender os fundamentos conceituais dos recursos terapêuticos ocupacionais
na relação terapeuta-paciente, torna-se evidente que o profissional deve possuir um sólido
embasamento teórico para guiar sua atuação. Isso envolve a superação de quaisquer
obstáculos que possam surgir e a criação de condições propícias para a promoção de
transformações individuais significativas.
O objetivo é proporcionar aos pacientes a oportunidade de se conhecerem
melhor, desenvolverem suas habilidades de reflexão sobre suas experiências de vida,
estabelecerem um contato mais profundo com suas necessidades e aprenderem a atendê-
las, inicialmente com o auxílio do terapeuta ocupacional. Gradualmente, esse processo visa
capacitar os pacientes a assumirem o controle de suas vidas, fortalecendo sua autonomia
e independência.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 24
LEITURA COMPLEMENTAR
ARTIGO CIENTÍFICO

Como leitura complementar segue como sugestão a leitura do artigo “Contribuições


do esporte adaptado: Reflexões da Terapia Ocupacional para a área da saúde”, o artigo
objetivou caracterizar, pela percepção dos paratletas de handebol, os benefícios e as
limitações na prática esportiva, e discutir as ações do terapeuta ocupacional nesse âmbito.
O instrumento metodológico utilizado foi a entrevista estruturada. E os sujeitos da pesquisa
destacaram, dentre os benefícios da prática esportiva, a melhoria de aspectos sociais,
controle emocional e controle motor, além de compreenderem a atividade como promotora
de benefícios para a saúde. Então, fica a sugestão, vale muito ampliarmos nossa ótica
frente às inúmeras possibilidades de uso dos recursos terapêuticos.

FERREIRA, N. R.; CARRIJO, D.; SILVA, E. S.; RAMOS, M. C.; CARNEIRO, C. L.


Contribuições do esporte adaptado: Reflexões da terapia ocupacional para a área da
saúde. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional - REVISBRATO, 1(1),
52 - 66. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto4281. Acesso em: 31.
ago. 2023.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 25
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Terapia Ocupacional.
Autor: Berenice Rosa Francisco.
Editora: Papirus.
Sinopse: Esse livro tem como preocupação fundamental
discutir as contradições dos modelos de terapia ocupacional,
apontando diretrizes para sua superá-las. Quando pensamos em
terapia ocupacional, devemos nos reportar à sua característica
interdisciplinar. Dessa forma, a autora optou por discutir os
fundamentos da terapia ocupacional, procurando mostrar
seu papel como instrumento mantenedor ou transformador
da sociedade. Para tanto, considera como e para que este ou
aquele modelo é pensado e utilizado. Nessa obra, a terapia
ocupacional é entendida como uma entre as demais práticas
sociais capazes de criar as condições necessárias para a
realização da transformação social, sendo essencial para tal
compreensão questionar como existe na sociedade e em que
condições é praticada: contra ou a favor de qual homem ou
classe social.

FILME/VÍDEO
Título: Nise: O coração da loucura.
Ano: 2015.
Sinopse: Nos anos 1950, uma psiquiatra contrária aos
tratamentos convencionais de esquizofrenia da época é isolada
pelos outros médicos. Inconformada com o tratamento de
esquizofrênicos à base de eletrochoques e lobotomia, Nise
revolucionou o atendimento psiquiátrico. Seu método obteve
reconhecimento internacional. Ela então assume o setor de
terapia ocupacional, onde inicia uma nova forma de lidar com
os pacientes, pelo amor e a arte.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=-m4F6HA-
1gyE.

UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 26
2
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UNIDADE

ATIVIDADE
HUMANA
VERSUS RECURSO
TERAPÊUTICO
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira

Plano de Estudos
• Princípios norteadores da relação entre atividade humana e
recursos terapêuticos;
• O brincar como recurso terapêutico;
• A música como recurso terapêutico;
• A arteterapia como recurso terapêutico.

Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a atividade humana enquanto objeto da
Terapia Ocupacional;
• Compreender os tipos de recursos terapêuticos;
• Estabelecer a importância de cada segmento de recurso terapêutico.
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), vamos retomar à nossa jornada?

A Terapia Ocupacional é um campo em constante expansão, no qual quanto mais


nos aprofundamos, mais descobrimos para explorar. Isso ocorre porque nossa ferramenta
principal de estudo e intervenção é o amplo espectro das atividades humanas, e o ser
humano, em suas ações, atitudes, pensamentos e emoções, é inesgotável em sua
capacidade de renovação.
Desse modo, discutiremos nesta unidade a relação existente entre a atividade
humana e o recurso terapêutico. Recursos são utilizados para praticamente tudo e
diariamente pelas pessoas; mas, a partir de qual momento e por que, ele passa a ser
terapêutico?
Brinquedos e brincadeiras, música e a arte em geral se transformam em recursos
terapêuticos, sendo utilizados pela Terapia Ocupacional e também por outros profissionais
da educação e da saúde. Então, discutiremos e aprenderemos como e quando fazer uso
desses recursos para podermos alcançar objetivos e trazer a autonomia e a independência
aos nossos assistidos.
Desejo de coração, que ao final você se sinta ainda mais preparado e consciente do
papel que irá desempenhar. Você está se preparando para transformar vidas, para resgatar
vidas, para desempenhar propósitos bem maiores.

Bons estudos!

UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO 28


1
PRINCÍPIOS NORTEADORES DA
TÓPICO

RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE


HUMANA E RECURSOS
TERAPÊUTICOS

O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO, s.d) nos define


como uma profissão de nível superior, voltada aos estudos, à prevenção e ao tratamento
de indivíduos portadores de alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psico-motoras,
decorrentes ou não de distúrbios genéticos, traumáticos e/ou de doenças adquiridas,
através da sistematização e utilização da atividade humana como base de desenvolvimento
de projetos terapêuticos específicos, na atenção básica, média complexidade e alta
complexidade.
E sobre a atividade humana, ainda completa que, o terapeuta ocupacional
compreende a atividade humana como um processo criativo, criador, lúdico, expressivo,
evolutivo, produtivo e de alto manutenção e o Homem, como um ser práxico interferindo
no cotidiano do usuário comprometido em suas funções práxicas objetivando alcançar uma
melhor qualidade de vida (COFFITO, s.d).
Francisco (2008) ressalta que, a atividade humana precisa ser compreendida
enquanto espaço para criar, recriar e produzir um mundo humano. Ultrapassando a linha do
biológico, alcançando o simbolismo envolvido em cada atividade humana, com intenções,
vontades e necessidades.
E para que o fazer humano, por si só, seja transformador, se faz presente a análise
e intervenção do terapeuta ocupacional. O fazer humano com propósito e resultado ocorrerá
por meio do processo de identificação das necessidades, da problematização deste fazer
e inclusive, pela superação do obstáculo que impede o fazer naturalizado. Somado a isso,
esperamos um profissional capacitado que se disponha também como recurso terapêutico
na busca pela superação e aquisição de habilidades.

UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO 29


FIGURA 1 - ATIVIDADES HUMANAS, QUE PODEM NECESSITAR OU NÃO DE UM RECURSO
TERAPÊUTICO

Fonte: https:/br.freepik.com/vetores-premium/icone-de-atividade-humana-em-estilo-de-contorno-
preenchido_20516124.htm.

A imagem acima nos apresenta 25 atividades humanas, que podem necessitar ou


não de um recurso terapêutico, os recursos terapêuticos irão atuar como um facilitador para
o desempenho autônomo e independente da atividade ou para preservar o gasto energético
durante a execução da atividade.
Considerando que utilizamos a atividade humana com o propósito de alcançar
determinados objetivos, sugere-se que se sigam alguns procedimentos/protocolos para
um prognóstico bem-sucedido. A sequência de procedimentos/protocolos inclui a análise
da atividade, a adaptação da atividade, a seleção e graduação da atividade, a atividade
como produção, a atividade como expressão e a atividade como criação e transformação
— Práxis. (FRANCISCO, 2008)
Após avaliar o quadro do paciente e identificar suas necessidades, os recursos
necessários, adaptações e processos de avaliação e reavaliação, devemos apresentar
a proposta e reconhecer, junto ao paciente, o que é relevante e o que é secundário às
necessidades. Analisando psicologicamente, a pirâmide das necessidades de Maslow nos
orienta nessa identificação de necessidades.

UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO 30


FIGURA 2 - PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES

Fonte: Pirâmide das Necessidades de Maslow. Disponível em: https://www.faberhaus.com.br/a-hierarquia-


das-necessidades-de-maslow. Acesso em: 31. ago. 2023.

O exemplo acima faz referência ao ambiente laboral, mas podemos manter o


comparativo com os ambientes doméstico e acadêmico. Nesse mesmo parâmetro, vamos
agora discutir sobre como o brincar, a música e arte se inserem nesse processo, funcionando
como recursos terapêuticos e favorecendo o preenchimento das necessidades indicadas.

UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO 31


2
TÓPICO

O BRINCAR COMO RECURSO


TERAPÊUTICO

O brincar e a brincadeira são essenciais no processo de desenvolvimento mental,


físico e psicomotor de todo ser humano. Pode-se afirmar que é a partir do lúdico que
aprendemos a explorar o mundo real e o mundo imaginário e colocar em prática nossas
potencialidades.
Matsukura (2001) enfatiza que, o terapeuta ocupacional necessita conhecer as
especificidades de todas as etapas do desenvolvimento humano, em especial, da infância,
para melhor desenvolver potencialidades por meio de brinquedos e brincadeiras. A
comunicação, o pensamento e a cognição mediante o brincar devem possibilitar o processo
evolutivo e favorecer o vínculo terapêutico.
O brincar é uma atividade espontânea e prazerosa, que envolve oportunidades de
descoberta, mistério, criatividade e autoexpressão, que possibilita o desenvolvimento da
coordenação motora, da cognição, da linguagem e das interações sociais, contribuindo
assim com o desenvolvimento infantil (PFEIFER e MITRE, 2007).

UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO 32


FIGURA 4 - IDOSOS ATIVOS

Mas será que o brincar só pode ser relacionado ao desenvolvimento infantil? O que
dizer de indivíduos adultos com cognitivo compatível com o de uma criança? O que dizer de
um idoso com Alzheimer ou outra doença senil e que retorna aos comportamentos infantis?
E o adulto, será que brinca?
De fato, no campo de atuação da Terapia Ocupacional, temos o brincar como
intervenção de valor respaldada pelas teorias do desenvolvimento humano. Uma das
perspectivas da utilização do brincar enquanto recurso terapêutico, transparece quando a
terapeuta ocupacional utiliza o brinquedo como recurso para a criança manusear o objeto,
para chamar sua atenção, para distraí-la ou motivá-la. Muitos componentes de desempenho
podem ser trabalhados nessa situação, como postura, concentração, coordenação motora,
interação com objetos humanos e não humanos, entre outros (REZENDE, 2008).
Em outra perspectiva, a intervenção terapêutica ocupacional pode estar focada
na habilidade de brincar, sendo utilizada com indivíduos que apresentam um repertório
pobre de habilidades sociais, de linguagem e psicomotoras. O brincar é, então, associado
às habilidades motoras, psicossociais, capacidade de escolha, resolução de problemas,
autoexpressão e, além disso, é utilizado de modo a estimular componentes de desempenho
que são importantes diante da autopercepção e também da percepção do profissional.
Como tal, para poder se transformar em um recurso terapêutico, o brincar precisa
estar inserido em um processo avaliativo e se configurar como instrumento para aquisição
de habilidades. Esse processo avaliativo envolve a anamnese, a aplicação de testes e
escalas e o planejamento terapêutico.

UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO 33


3
TÓPICO

A MÚSICA COMO RECURSO


TERAPÊUTICO

Takatori (2010) afirma que, na Terapia Ocupacional, as atividades, instrumentos


de nossas ações, são indicadas, sugeridas, propostas para serem vivenciadas como
experiências criativas para pessoas que deixaram ou sempre tiveram dificuldades de fazer
suas atividades criativamente. Dessa forma, é pessoal e saudável, por isso podemos
compreender a música enquanto recurso terapêutico.
A Federação Mundial de Musicoterapia define a musicoterapia como o uso da
música e/ou de seus elementos musicais por parte do musicoterapeuta e do cliente/paciente
ou grupo terapêutico, num processo estruturado. Esse processo tem o objetivo de facilitar e
promover a comunicação, o relacionamento, a aprendizagem, a mobilização, a expressão e
a organização (física, emocional, mental, social e cognitiva), visando desenvolver potenciais
e recuperar ou desenvolver funções no indivíduo. Isso permite que ele alcance uma melhor
integração intra e interpessoal, resultando, consequentemente, em uma melhor qualidade
de vida (BRUSCIA, 2000).
Ribeiro e Batista (2016), realizaram um estudo científico com os usuários do
CAPSad de uma capital brasileira sobre a influência da música enquanto recurso terapêutico
ocupacional. A pesquisa evidenciou que a música promove a ressignificação de lembranças,
expressão de emoções e percepção da realidade e a sua utilização no contexto terapêutico
favorece o equilíbrio interno e facilita espaços de trocas nos grupos, na cultura e nos
territórios onde se transita ou se quer transitar.

UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO 34


A formação do musicoterapeuta é independente da formação do Terapeuta
Ocupacional, nada impede que o indivíduo adquira formação nas duas áreas, mas é
preciso ter consciência de que se configuram como profissões distintas, com processos
formativos distintos.
O uso terapêutico da música é capaz de proporcionar um estado de relaxamento e
produzir efeito positivo na melhoria da comunicação e do bem-­estar emocional, pelo poder
de influenciar sobre hormônios como o cortisol (STEEN et al., 2017).
O terapeuta ocupacional recorrerá à música para acessar memórias, desenvolver
ou reabilitar habilidades e competências definidas em um plano terapêutico ocupacional e
pode fazer uso deste recurso durante todo o processo ou apenas quando se fizer necessário.
Podemos perceber que tanto na musicoterapia como na terapia ocupacional,
existe a preocupação com a saúde humana, objetivando desenvolver os aspectos físicos,
cognitivos, emocionais e sociais do indivíduo, buscando a integração do indivíduo com o seu
ambiente e, dispondo, uma melhor qualidade de vida. A musicoterapia usa a música como
recurso terapêutico, da mesma forma, a terapia ocupacional também utiliza-se de atividades
e recursos como elemento fundamental da proposta terapêutica e como estratégia para
atingir os objetivos propostos.

UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO 35


4
TÓPICO

A ARTE COMO RECURSO


TERAPÊUTICO

A Resolução COFFITO n.º 350 reconheceu a Arteterapia como recurso terapêutico


da Terapia Ocupacional. E considera que os procedimentos clínicos da Terapia Ocupacional
e os instrumentos da Arteterapia estão inseridos na aplicação de atividades corporais
e expressivas por meio de recursos corporais, musicais, teatrais, plásticos, esculturais,
audiovisuais, artesanais, dentre outros, favorecendo as relações interpessoais, o contato
com conteúdos conscientes ou inconscientes, a autoexpressão, relação simbólica e
imaginária com os objetos, com o seu corpo e sua história de vida.
A arteterapia nasce quando Carl Jung passou a trabalhar com o fazer artístico, em
forma de atividade criativa e integradora da personalidade. Para o autor a arte é a expressão
mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de
expressão, é sensibilidade, criatividade e é vida (JUNG, 1985).
A expressão maior da arteterapia e dos seus resultados terapêuticos foi com o
trabalho de Nise da Silveira, embora fosse médica, fez uso do termo terapia ocupacional,
fundamentando enquanto atuação laborativa.
Ao pesquisar os estudos já publicados sobre a temática, nos deparamos com todos
os perfis nos quais se incluem o uso deste recurso. Nise o fez na saúde mental, mas enqua-
dra-se muito bem no atendimento geriátrico, nas brinquedotecas hospitalares, com pessoas
em tratamento de doenças inflamatórias não transmissíveis, como por exemplo, o câncer.

UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO 36


Assim como na música, cabe também todo o processo avaliativo para identificação
das necessidades e potencialidades, também para compreender quais atividades podem
ser desenvolvidas sem gerar desconforto relacionado a religião, cultura, crenças ou gênero
do indivíduo em tratamento.
Podemos recorrer à pintura de uma tela por diversas razões:
O paciente amava pintar e decorrente de um processo depressivo não consegue
mais fazê-lo com prazer, o que lhe angustia ainda mais;
O paciente sofreu uma lesão com amputação do membro superior dominante, e
no processo de transferência de dominância será preciso ganhar destreza para em outra
etapa, se desenvolver a escrita, para tal a delicadeza no uso do pincel será de grande valia;
O paciente apresenta aversão sensorial com determinadas texturas ou cores e a
pintura a dedo na tela o traz segurança.
Enfim, perceba que os três exemplos oferecidos acima discorrem sobre situações
divergentes e podem se referir a indivíduos de qualquer faixa etária. Uma atividade realizada
de formas diferentes, com objetivos diferentes e como resultado de queixas diferentes.
Essa capacidade de perceber as necessidades inseridas no fazer humano e ampliar
as estratégias para outros domínios ocupacionais torna a Terapia Ocupacional única.

UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO 37


Recomendo a leitura do artigo abaixo indicado, e sugiro que pesquise sobre as publicações acerca dos
recursos terapêuticos mais utilizados na Terapia Ocupacional no Brasil e em outros países.

MARTINIE, J. M.T.; CARVALHO FILHA, M. T. J; MENTA, S. A. Arteterapia: recurso terapêutico ocupacional na terceira
idade. Multitemas, (25). 2016. Disponível em: https://multitemas.ucdb.br/multitemas/article/view/843 Aces-
so em: 31. ago. 2023.

Num contexto de perdas, em que o indivíduo “fazia, podia, estava”, o objetivo principal da atuação
terapêutica ocupacional deverá ser trazer os verbos para o presente — mesmo com a doença, é sempre
possível fazer e estar, é possível ser um sujeito humano completo e feliz.

Fonte: Othero (2008).

UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO 38


CONSIDERAÇÕES FINAIS
O terapeuta ocupacional é um profissional essencial para a construção da atenção
integral e humanizada em diversas enfermidades e adversidades em saúde, tendo como
foco o fazer humano. Esse profissional da saúde objetiva acrescentar novos projetos de
vida à experiência de limitações e rupturas dessas enfermidades e adversidades em saúde,
auxiliando na ressignificação do processo humano.
Nessa etapa de nossos estudos, foi-lhe apresentado uma introdução dos recursos
mais utilizados. Essa fonte de conhecimento é inesgotável, e novos conhecimentos são
produzidos e reproduzidos diariamente. Compreenda, então, que a construção dessa
ressignificação passeia pelo uso de diversos recursos e o que os torna terapêuticos é o
objetivo pelo qual estão em uso.
Muito feliz em ver você traçando esse caminho e se aproximando cada vez mais de
ingressar em um mundo de possibilidades para si e para seus futuros pacientes.

UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO 39


MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Atividades humanas e terapia ocupacional: Saber-fazer,
cultura, política e outras resistências.
Autor: Carla Regina Silva.
Editora: HUCITEC.
Sinopse: Somos seres ativos no mundo e a expressão de nossa
existência se imprime em nossas atividades humanas. Este livro
valoriza o papel central das atividades humanas na Terapia
Ocupacional, considerando-as a partir de cada sujeito-coletivo,
sua ancestralidade e temporalidade, contextos, engajamentos,
subjetividades e diversidades. Assim, a partir de perspectivas
multioculares, são relatadas as possibilidades de reflexão,
prática, cuidado, criação e ensino-aprendizagem integradas com
os temas ao saber-fazer, cultura, política e outras resistências,
expressos na potência e na pluralidade da atuação terapêutica-
ocupacional.

FILME/VÍDEO
Título: My Left Foot: The Story of Christy Brown — Meu pé esquer-
do.
Ano: 1990.
Sinopse: Christy Brown (Daniel Day-Lewis), filho de uma humilde
família irlandesa, nasce com uma paralisia cerebral que lhe tira
todos os movimentos do corpo, com exceção do pé esquerdo.
Com o controle deste único membro, ele torna-se escritor e
pintor.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=LOwCfPZ8ll8.

UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO 40


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UNIDADE
PLANEJAMENTO,
EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO
DOS RECURSOS
TERAPÊUTICOS EM
ATENDIMENTOS
INDIVIDUAIS E DE GRUPO
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira

Plano de Estudos
• Breve histórico da Fermentação;
• Conceitos de Leveduras;
• Tipos de Fermentação;
• Definição de Maturação.

Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a fermentação alcoólica;
• Compreender os tipos de leveduras cervejeiras;
• Compreender os tipos de fermentações;
• Estabelecer a importância da maturação na produção cervejeira.
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), bem-vindo (a) à Unidade III. Mais uma importante etapa nesta
jornada acadêmica que com certeza lhe transformará em um profissional de sucesso.
Nesse momento de nossos estudos, discutiremos sobre o uso dos recursos
terapêuticos na atividade humana enquanto produção, geração de renda e inserção ou
reinserção no mercado de trabalho, promovendo a inclusão social. Esta abordagem pode
ocorrer tanto em atendimentos individuais como nos atendimentos em grupo, considerando
os diversos setores/áreas em que Terapia ocupacional contribui e faz toda a diferença.
Complementaremos nosso estudo sobre esta vertente, vislumbrando o uso dos
recursos terapêuticos na atividade humana também enquanto expressão socioemocional.
Muitas são as situações em que nossos pacientes na sua prática cotidiana apresentam
prejuízos e estes prejuízos, emocionalmente, resultam em desmotivação, baixa autoestima,
depressão, uso de entorpecentes e/ou desenvolvimento de transtornos psiquiátricos; a
expressão por meio dos recursos visa restabelecer a saúde mental e equilibrar o emocional
para a redescoberta do prazer e da motivação no desempenho das ações cotidianas.
Daremos seguimento identificando o que seria a práxis e qual sua relação com os
recursos terapêuticos com objetivo de produção e de expressão e como aplicar no nosso
dia a dia.
Por fim, fechamos essa unidade conhecendo os processos de avaliação qualitativa
e quantitativa dos recursos terapêuticos, que são de extrema relevância para a produção
científica e para mensurarmos nossa prática profissional.

Vamos juntos e bons estudos!

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 42


INDIVIDUAIS E DE GRUPO
1
ATIVIDADE ENQUANTO
TÓPICO

PRODUÇÃO EM ATENDIMENTOS
INDIVIDUAIS E DE GRUPO

Querido (a) aluno (a), cabe aqui enfatizarmos que a definição de nossa atuação
profissional é holística, alcança o sujeito e tudo que o rodeia, inclusive os grupos sociais
aos quais pertence.
A atividade é e sempre será nossa razão. As ocupações nos interessam, quer seja
no acompanhamento individual ou em grupo. A atividade precisa resultar em um produto
final, que pode ser abstrato ou concreto. Nesta unidade, discutiremos a importância da
criação de algo concreto ou abstrato como objetivo, evolução ou conclusão do processo
terapêutico.
Para Maximino e Liberman (2015), a terapia ocupacional é, portanto, uma profissão
sensível aos traços, pistas, desejos e memórias de cada um. Por trabalhar diretamente
com a relação existente entre as pessoas e suas ocupações, a terapia ocupacional não
consegue predeterminar o que, de fato, pode se tornar projeto ou recurso terapêutico. Essa
impossibilidade é nossa força, é o que nos organiza de fato na especificidade do trabalho
com as relações cotidianas entre pessoas e ações/ocupações.
O termo “produções de vida” tem sido muito utilizado na literatura da Terapia
Ocupacional e como estamos discutindo sobre a produção como recurso em nossa prática,
vamos explanar sobre esse termo.
Segundo Albuquerque, Cardinalli e Bianchi (2021) esse termo se relaciona com
temáticas da saúde mental; campo social; artes e cultura; saúde coletiva; fundamentos da
terapia ocupacional e campo do trabalho. E a análise de sua compreensão indicou quatro
categorias: trabalho como emancipação social; ampliação de ações em saúde; experiência

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS


INDIVIDUAIS E DE GRUPO 43
criativa e transformação cultural; e manutenção da própria existência. Ressaltando a
produção consistente nas últimas décadas sobre “produção de vida”, concluíram que a
expressão envolve sentidos na construção de saberes-fazeres mais conectados com o
mundo, com as diferentes formas de existir e de protagonizar a vida.
As questões laborativas se relacionam com a terapia ocupacional desde sua origem,
porém sua compreensão se modifica junto às revisões da nossa profissão ao longo dos anos,
centrando na expressão da condição humana e também nos modos de organização social.
O produto resultante de uma sessão ou de uma sequência de sessões pode
ser desenvolvido tanto individualmente quanto em um grupo terapêutico. O que afeta
essa dinâmica é a escolha do produto e a abordagem prática para sua conclusão. Em
atendimento individual, essa caracterização se baseia nas aspirações individuais e na
análise da atividade em relação à queixa individual. Por outro lado, em grupos, é essencial
compreender as aspirações comuns e, ao analisar a atividade, buscar a equivalência no
nível de compreensão da atividade e no grau de dificuldade. Isso ajuda a evitar desencadear
gatilhos emocionais ou psicológicos, já que, ao trabalhar com grupos, existe o risco de
frustração individual caso alguém não consiga desempenhar a atividade com a mesma
habilidade que outros membros do grupo.
Esse produto pode ser algo comercializável, gerando renda para os indivíduos
assistidos ou para a manutenção do grupo, mas também, pode ter objetivo de produção
intelectual, e se transformar em um produto que será apresentado em feiras, eventos,
exposições, sem função comercial; o produto pode, ainda, ser o resultado de uma nova
função laborativa. E não podemos esquecer que, o produto não necessita obrigatoriamente
ser disseminado fora do ambiente terapêutico, se for definido em comum acordo, o produto
pode ter função social e resultar no fortalecimento de vínculo entre os membros do grupo
terapêutico e oportunizar a troca de experiências e vivências.
A atividade enquanto produção passa também pela economia solidária,
principalmente quando a terapia de grupo objetiva a geração de renda. A economia solidária
oferece oportunidades de renda e trabalho e participação social, através de novas formas
de produção de trabalho fundamentado por princípios que parte dos meios de produção
coletivos, da gestão e do processo de trabalho (MARTINS, 2011).
O terapeuta ocupacional que atua no ambiente da saúde mental, ao considerar
que a reabilitação psicossocial e a economia solidária possuem a ocupação humana
como ferramenta, compreende ser possível priorizar o exercício da cidadania por meio de
iniciativas de geração de trabalho e renda (MORATO e LUSSI, 2015).

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 44


INDIVIDUAIS E DE GRUPO
Borges, Rezende e Ferrari (2022) destaca que durante as oficinas de geração de
renda, em que o objetivo é a formação de autonomia dos usuários/pacientes, pode ser
necessário incentivá-los quanto à participação no processo de escolha de quais atividades
devem ser executadas. Esse processo de busca pela autonomia e estimulação de habilidades
para ampliar possibilidades foi pode ser um desafio para o terapeuta ocupacional também .
A compreensão desse processo se faz necessária para diminuir as frustrações do terapeuta
em meio a dificuldades que podem surgir na busca da oficina ser conduzida exclusivamente
pelos usuários/pacientes, de modo que, pode ser necessária a participação no processo
junto a esses usuários.
Dessa forma, compreendemos que, seja em atendimento individual ou de grupo, ao
se tratar de uma produção/produto final, o terapeuta buscará a autonomia e independência
do assistido, tornando-o autor dessa produção/produto final. Sempre que a participação do
terapeuta ocupacional seja de direção da oficina, progressivamente deverá ir se colocando
em posições que permitam maior autonomia e independência do assistido, colocando-se,
por fim, em posição de auxiliar do processo ou orientador.

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 45


INDIVIDUAIS E DE GRUPO
2
TÓPICO
ATIVIDADE ENQUANTO EXPRESSÃO
EM ATENDIMENTOS INDIVIDUAIS E
DE GRUPO

Sobre o ato de realizar atividades, De Carlo e Bartalotti (2001), nos traz que a atividade
é capaz de promover mudanças e atitudes, pensamentos e sentimentos nos indíviduos; e
restabelece, de maneira sutil, o equilíbrio emocional além de atuar na estruturação – tempo
– espaço. Deste modo, a atividade, ainda de acordo com esses autores, é um fenômeno
de envolvimento orgânico e um mecanismo orientador relacionado ao processo real de
percepção, pensamento, sentimento, intuição e ação.
As práticas artísticas em terapia ocupacional, assim como precursores à sua
institucionalização no país, estiveram inicialmente associadas à expressão de emoções
e conteúdos inconscientes. Com as lutas sociais pela redemocratização brasileira e pelos
direitos, por exemplo, das pessoas com deficiências, a promoção de práticas corporais e
artísticas ganharam novos sentidos sob contexto de desconstrução e reconstrução material
e simbólica da vida e da subjetividade. Estas são associadas à reorientação de conceitos
como saúde, reabilitação, cidadania e atividade, que passaram a conduzir experimentações
teórico-práticas na profissão (CASTRO, 2000).
Liebmann (2000) enfatiza que ao se utilizar a atividade enquanto expressão,
deve-se considerar os seguintes objetivos: criatividade e espontaneidade; construção
da autoconfiança; validação pessoal; percepção do seu próprio potencial; aumento de
autonomia e motivação pessoal; desenvolvimento individual; liberdade para tomar decisões;
fazer experiências e testar ideias; expressar sentimentos, emoções e conflitos; trabalhar
com a imaginação e o inconsciente; autoconsciência, reflexão; organização visual e verbal
de experiências; relaxamento.

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS


INDIVIDUAIS E DE GRUPO 46
Muitos objetivos sociais precisam ser também considerados, tais como, a
consciência, o reconhecimento e apreciação do grupo terapêutico; bem como o nível
de cooperação e envolvimento nas atividades que são propostas; a possibilidade de
externalizar experiências positivas e negativas; fortalecer os relacionamentos sociais e
familiares; ser uma rede de apoio e confiança social; e permitir a análise e reanálise das
questões psicossociais e funcionais do grupo terapêutico.
Por meio do resultado expressivo da prática da terapia ocupacional, é possível
rastrear o estado emocional de crianças em atendimento. Esse público, em especial,
costuma ter muita dificuldade de expressar sentimentos e expor fatos cotidianos, mas na
produção artística declaram muito sobre seu interior.
E deste modo, compreendemos que seja pela expressão ou por produção, o íntimo
do indivíduo será externalizado, e dessa maneira poderá ser transformado ou aprimorado.

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 47


INDIVIDUAIS E DE GRUPO
3
TÓPICO

PRÁXIS: PLANEJAMENTO —
ORGANIZAÇÃO — EXECUÇÃO

Hagedorn (2003) citou quatro processos centrais que se combinam e fundamentam


a formação da prática da terapia ocupacional, explanar para vocês sobre eles:
O primeiro é o uso terapêutico de si próprio, que seria o processo de relação
terapêutica ocorrendo por meio de uma tríade (terapeuta/ indivíduo–grupo/ ocupação-
atividade) para alcance dos objetivos traçados; o segundo é o uso das habilidades e
necessidades individuais, onde há necessidade de compreender o que o indivíduo ou
o grupo é capaz de produzir e avaliar a performance ocupacional e potencialidades nas
áreas do trabalho, estudo, lazer e no autocuidado; o terceiro é a análise e adaptação
das ocupações, neste caso, refere-se à análise das ocupações ou das atividades e sua
prescrição como terapia ocupacional, assim como, o processo de adaptação objetivando
ganhos na performance ocupacional dos indivíduos em acompanhamento; o quarto
processo central é a análise ambiental e adaptação, embora a terminologia se assemelhe
ao processo apresentado anteriormente. Nessa situação, ocorre a análise do conteúdo do
ambiente – no trabalho, em casa, na escola, em instituições, em locais externos, em locais
públicos – e pode prover informação sobre as causas dos problemas do indivíduo, explicações
referentes ao comportamento, ideias ou sugestões para modificações terapêuticas.
Quando dissertamos sobre a práxis, é importante estar ciente de que podemos nos
deparar com pessoas que apresentam uma condição conhecida como dispraxia. Portanto,
compreenderemos o que é práxis, o que envolve a dispraxia e como a terapia ocupacional
se insere nesse contexto.

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS


INDIVIDUAIS E DE GRUPO 48
A Práxis é a competência que o cérebro tem de conceber, planejar, organizar e
realizar uma sequência de ações motoras desconhecidas e permite respostas adaptativas
no ambiente (AYRES, 1985). A capacidade cognitiva de conceituar e gerar essas ações
motoras é conhecida por ideação e irá depender, em grande parte, da eficiente integração
de inputs sensoriais a nível neurológico e do conhecimento prévio de possíveis ações que
o corpo possa desempenhar (GIBSON, 2004).
O planejamento motor ou práxis é o processo cognitivo que precede um comportamento;
envolve a organização do timing e sequência das ações (PARHAM e FAZIO, 1997).
Esmiuçando a temática, veja que a ideação como sendo a capacidade de
conceitualizar uma ideia do movimento que o indivíduo pretende fazer, estabelecendo uma
interação positiva com o meio que o circunda. Após ter ciência sobre qual movimento se
deseja realizar, o indivíduo formula um plano para poder executar esse movimento, o que
inclui o modo como deve organizar as ações no espaço e tempo, ou seja, planejamento.
E só, enfim, realiza o movimento, ou seja, o executa. Durante todo o processo de práxis,
ocorrem mecanismos de feedback neuronal.
Diante disso, a dispraxia seria a incapacidade de completar esse roteiro (ideação —
planejamento — execução). O indivíduo pode ser incapaz de realizar uma ou mais partes
da práxis, cabe ao terapeuta ocupacional analisar, avaliar e aplicar testes para identificar
em quais etapas da práxis o indivíduo está falhando e o porquê. E essa será à base do
tratamento, corrigir esta falha em etapas da práxis e tratar deste modo a dispraxia. Claro
que, quanto mais etapas estejam deficientes, maior será a dificuldade do indivíduo de
executar ações; porém, nem toda dificuldade em executar ações se deve à dispraxia. Por
isso, a relevância de avaliar corretamente.

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 49


INDIVIDUAIS E DE GRUPO
4
TÓPICO
AVALIAÇÃO QUALITATIVA E
QUANTITATIVA EM TERAPIA
OCUPACIONAL TENDO COMO
OBJETO O RECURSO TERAPÊUTICO

Como saber se a avaliação que irá realizar será qualitativa ou quantitativa? Qual
das duas formas é a melhor na prática da Terapia Ocupacional? E a resposta é: use
sempre as duas formas de avaliação; trabalhamos com a subjetividade do ser humano,
mas também com aquisição de habilidades ou reabilitação. Por isso, devemos usar as
avaliações qualitativas e quantitativas.
Geralmente quando se deseja avaliar repertórios comportamentais e psicossociais,
costuma-se lançar mão de avaliações qualitativas, o que é de grande valia, ao permitir
que o terapeuta tenha acesso a informações que a avaliação quantitativa não forneceria.
Contudo, como mensurar e apresentar graficamente e/ou em dados numéricos a evolução
do seu paciente apenas com avaliações qualitativas?
Sobre a avaliação qualitativa, Günther (2006) relata que a primazia do “compreender
a vida mental” reaparece em todas as discussões sobre a natureza da pesquisa qualitativa.
E questiona: qual então é a natureza da pesquisa qualitativa? Quais os pressupostos dessa
abordagem?
Em resposta, nos traz, por meio da referência de Flick, Von Kardorff e Steinke
(2000), quatro bases teóricas para a avaliação qualitativa: primeiro, a realidade social é
vista como construção e atribuição social de significados; segundo, a ênfase no caráter
processual e na reflexão; terceiro, as condições “objetivas” de vida tornam-se relevantes
por meio de significados subjetivos; e quarto, o caráter comunicativo da realidade social
permite que o refazer do processo de construção das realidades sociais torne-se ponto de
partida da pesquisa.

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS


INDIVIDUAIS E DE GRUPO 50
Em complemento, as avaliações quantitativas permitem mensurar deficits, atrasos,
falhas, avanços, progressos, aquisições de habilidades, desempenho ocupacional. Um bom
relatório terapêutico ocupacional deve se valer de avaliações qualitativas e quantitativas.
Desse modo, mensuram-se, graficamente, necessidades e resultados, mas também,
permite-se ter acesso a informações que não são mensuráveis e de extrema relevância
para o terapeuta poder ter um “retrato” do caso e de sua evolução.

Você conhece o CID-11?

A CID-11 fornece uma linguagem comum que permite aos profissionais de saúde compartilhar informações
padronizadas em todo o mundo. É a base para identificar tendências e estatísticas de saúde em todo o
mundo, contendo cerca de 17 mil códigos únicos para lesões, doenças e causas de morte, sustentados por
mais de 120 mil termos codificáveis. Usando combinações de códigos, mais de 1,6 milhão de situações
clínicas podem agora ser codificadas.
Comparada com as versões anteriores, a CID-11 é totalmente digital, tem um novo formato e recursos
multilíngues que reduzem a chance de erro. A Classificação foi compilada e atualizada com informações de
mais de 90 países e envolvimento sem precedentes de prestadores de serviços de saúde, permitindo a evo-
lução de um sistema imposto aos médicos para um banco de dados de classificação clínica e terminologia
verdadeiramente capacitador, que atende a uma ampla gama de usos para registrar e relatar estatísticas
na saúde.
OPAS (Organização Pan-americana da Saúde). Versão final da nova Classificação Internacional de Doenças da OMS (CID-11) é publicada. Dis-
ponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/11-2-2022-versao-final-da-nova-classificacao-internacional-doencas-da-oms-cid-11-e. Acesso
em: 31 ago. 2023.

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 51


INDIVIDUAIS E DE GRUPO
A Terapia Ocupacional não é ocupar para ocupar. É potencializar recursos para “ocupar-se” [cliente e
ambiente] é utilizar o “ocupar” [significativo] para conhecer, transformar, treinar, aprender, adaptar-se
e ganhar novas habilidades para promover a independência e autonomia na realização “ocupacional” do
cotidiano em toda sua complexidade. É uma arte!
João Paulo Charles Albino
Fonte: o Pensador (2023).

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 52


INDIVIDUAIS E DE GRUPO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebem que lindo caminham está trilhando? Quanto conhecimento está chegando
até você! Sim, de fato, estudar Terapia Ocupacional é estudar um mundo novo, pleno de
oportunidades e adaptações. Nesta unidade você teve a oportunidade de adentrar um
pouco mais no processo de uso e adaptação dos recursos terapêuticos e das vertentes que
os rodeiam.
Compreendemos como a expressão dos sentimentos e emoções pode ser trabalhada
por meio dos recursos terapêuticos ocupacionais, favorecendo o resgate psicossocial dos
sujeitos acolhidos pelo nosso serviço.
Vimos também que além da expressão, os recursos também podem ser utilizados
como produção, uma vez que, em âmbito social, podemos resgatar o papel social do
indivíduo reinserindo na sociedade com função social de valor para sua independência.
Oportunizar a discussão sobre a práxis, ou seja, as etapas envolvidas no fazer
humano e sua relevância para a nossa prática. E por fim, discutimos os alicerces das
nossas práticas baseado em evidências, considerando a relevância de mensurarmos os
progressos qualitativa e quantitativamente, fornecendo assim um respaldo para a prática e
produzindo ciência.
Tenho certeza que a árvore do conhecimento, plantada em você, torna-se cada vez
mais forte, resistente e alta, logo veremos flores e frutos.

Ótimo que tenha chegado até aqui, e nos vemos na próxima unidade!

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS


INDIVIDUAIS E DE GRUPO 53
LEITURA COMPLEMENTAR
Gostaria de sugerir a você, querido (a) aluno (a), a leitura do artigo: “Avaliações
quantitativa e qualitativa de um menino autista: uma análise crítica”, de autoria de
Caroline Lampreia. O estudo aborda muito bem sobre as avaliações mais utilizadas no
diagnóstico e acompanhamento da pessoa autista sob um olhar crítico.
O artigo está disponível na base de dados SciELO, e facilmente pode ser acessado
pelo doi: https://doi.org/10.1590/S1413-73722003000100008.
Boa leitura!

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS


INDIVIDUAIS E DE GRUPO 54
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Grupos e Terapia Ocupacional: Formação, pesquisa e
ações.
Autor: Viviane Maximino e Flavia Liberman.
Editora: Summus Editorial.
Sinopse: No âmbito da educação, este livro discute a desafiadora
tarefa de ensinar e aprender a fazer grupos. Os 16 capítulos
nele contidos são um convite, reflexivo e sensível, a conhecer
o trabalho grupal em construção permanente com populações
diversas — estudantes de graduação, crianças, jovens populares
urbanos, mulheres e homens. Referência fundamental para
estudantes, profissionais e professores de TO.

FILME/VÍDEO
Título: Para sempre Alice.
Ano: 2014.
Sinopse: Alice Howland (Julianne Moore) é uma renomada
professora de linguística. Aos poucos, ela começa a esquecer
certas palavras e se perder pelas ruas de Manhattan. Ela é
diagnosticada com Alzheimer. A doença coloca em prova a força
de sua família. Enquanto a relação de Alice com o marido, John
(Alec Baldwinse), fragiliza, ela e a filha Lydia (Kristen Stewart) se
aproximam.
Link do vídeo: https://www.facebook.com/wat-
ch/?v=725826324293882.

UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS


INDIVIDUAIS E DE GRUPO 55
4
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UNIDADE
A RELAÇÃO ENTRE
A PRÁTICA DA
SAÚDE MENTAL
E OS RECURSOS
TERAPÊUTICOS
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira

Plano de Estudos
• Conhecendo e discutindo sobre Nise da Silveira;
• Terapia Ocupacional Psicodinâmica: uma abordagem sistêmica e
complexa;
• Intervenções terapêuticas ocupacionais na reabilitação
psicossocial;
• Oficinas terapêuticas.

Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a relação da Terapia Ocupacional com
a Saúde Mental;
• Compreender a Terapia Ocupacional Psicodinâmica;
• Estabelecer a importância das oficinas terapêuticas como recurso
na reabilitação psicossocial.
INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo (a) à nossa quarta unidade!

Agora, conheceremos melhor Nise da Silveira, médica que revolucionou a Saúde


Mental a partir de um olhar humanizado no Brasil, indo na contramão das práticas invasivas
que eram comuns à época; ao mesmo tempo que faz emprego do termo que hoje é nossa
profissão, Terapia Ocupacional. Deste modo, embora tenhamos surgido no pós-guerra no
exterior, no Brasil nos estabelecemos a partir de Nise da Silveira.
E a partir da obra desta pessoa ilustre, buscaremos compreender a Terapia
Ocupacional Psicodinâmica, uma abordagem complexa da nossa área por exigir de nós um
olhar ainda mais diferenciado sobre a saúde mental e sua correlação com as atividades de
vida diária, com as atividades de vida prática e formas de socialização e ressocialização do
indivíduo.
Bem como as formas de abordagem e intervenção na reabilitação psicossocial e
na saúde mental como um todo após a reforma antimanicomial no Brasil. O que justifica e
amplifica a relevância das oficinas terapêuticas, seja como expressão ou como produção em
nossa prática profissional, possibilitando a reabilitação social dos indivíduos em sofrimento
psíquico.
Prontos para mergulhar ainda mais fundo na Terapia Ocupacional? Tenho
certeza que sim.
Então vamos lá!

UNIDADE 4 A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DA SAÚDE MENTAL E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS 57


1
TÓPICO

CONHECENDO E DISCUTINDO
SOBRE NISE DA SILVEIRA

Acredito que nesse momento você deve estar se perguntando: “Mas por que só
agora a professora falará de Nise da Silveira? Nos recomendou o filme sobre a vida dela no
começo da disciplina e agora é que iremos nos aprofundar sobre ela?”
Entendo a dúvida. Mas era essa a intenção: despertar-lhe na primeira unidade para
a beleza da Terapia Ocupacional ao ser vista pelos olhos de outro profissional da saúde
e, ao mesmo tempo, compreender o quão bela e inspiradora é essa profissão, sempre
discreta, que mereceu sua ênfase num importante filme brasileiro. Ofereci a oportunidade
de conhecer Nise através do filme e agora compreenderemos essa grande mulher, discutir
sobre essa profissional e interpretá-la.
Nise buscou, em toda a sua prática, a concretude, as ações, as imagens manifestas
do inconsciente (VAZ, 2011). Nise, atuando na assistência a internos diagnosticados com
esquizofrenia no Hospício Pedro II, no Rio de Janeiro, percebeu que a terapêutica proposta
por Freud (que era a referência maior na época) não favorecia o entendimento de que Nise
acreditava ser adquirido para ter evolução na assistência desses.
E a terapêutica à saúde mental no Brasil naquela época (anos 30-40) se baseava
em coma insulínico, choque de cardiazol, eletrochoque e lobotomia; a camisa de força
também era comum; e como Nise havia sido uma das tantas presas torturadas na Ditadura
da Era Vargas, era contrária a essas práticas invasivas.
Refletindo acerca da situação, Nise fez nascer o termo que hoje nos designa,
Terapia Ocupacional, e iniciou suas pesquisas sobre a eficiência da terapêutica inovadora
para a realidade da época.

UNIDADE 4 A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DA SAÚDE MENTAL E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS 58


E para agir como um terapeuta ocupacional, a médica conclui que a teoria ou a
técnica escolhida para tratar necessariamente traduz a concretude do exercício profissional.
Seria preciso, então, resgatar a saúde mental por meio de uma ocupação guiada, planejada
e estudada. Muitas foram as frustrações e empecilhos ao tentar trilhar uma linha tão contrária
à conduta médica tradicional.
Nise da Silveira começou a ter respaldo e reconhecimento após a abertura do
ateliê de costura e do Museu de Imagens do Inconsciente. Isso porque um ambiente com
pessoas andando sem rumo, com olhar perdido, sem reação ao que ocorria ao seu redor e
temerosas das práticas invasivas de tratamento, deu lugar a momentos e ambientes onde
a sanidade, mesmo que por instantes, se apresentava.
Nise provou que aqueles internos eram capazes de desempenhar funções
antes desacreditadas, que eram capazes de artisticamente representar seu estado
de loucura e a evolução do mesmo, o que era extremamente útil se considerarmos a
dificuldade que muitos pacientes esquizofrênicos têm de externalizar seus sentimentos,
pensamentos e sensações.
E foi em concretude deste trabalho que Nise da Silveira eternizou a frase: “É preciso
muito amor para salvar alguém da loucura.”
A terapia ocupacional praticada por Nise era fundada no afeto, respeito e empatia por
seus pacientes; um olhar diferenciado, livre de preconceitos. Novamente, um contraponto a
época, de acordo com Vaz (2011), o afeto era ridicularizado naquela época.
Nise da Silveira traduziu o termo “terapêutica ocupacional” como o uso de
atividades para tratamento, e a disponibilização dos mais diversos meios, modos, materiais
e contingências para expressão livre dos conteúdos inconscientes subjacentes às
manifestações psíquicas.

UNIDADE 4 A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DA SAÚDE MENTAL E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS 59


2
TERAPIA OCUPACIONAL
TÓPICO

PSICODINÂMICA: UMA ABORDAGEM


SISTÊMICA E COMPLEXA

Psicodinâmica é o efeito das ideias psicanalíticas sobre diferentes áreas que


enfocam o funcionamento mental e desenvolvem estratégias que lidam ou consideram o
sofrimento psíquico.
O movimento psicodinâmico na Terapia Ocupacional teve início nos EUA nas
décadas de 50 e 60 com dois referenciais:
1.Azima e Wittkower (1958), com o estudo “Aspectos dinâmicos e terapia
ocupacional”, propuseram a aplicação de conceitos psicanalíticos ao processo de terapia
ocupacional, defenderam o uso das atividades expressivas, sustentam suas práticas na
teoria freudiana.
2. Fidler (1963) preocupou-se em estudar conceitos e teorias que especificassem o
processo terapêutico da terapia ocupacional, direcionando-se para o estudo da aplicabilidade
e conceituação da atividade humana e define a terapia ocupacional como um processo de
comunicação baseado na tríade terapeuta-paciente-atividade.
Tedesco (2011), nos traz que, Fidler definiu três áreas de experiência na terapia
ocupacional:

● Área 1: o processo de ação;


● Área 2: os objetos usados no processo da ação;
● Área 3: o resultado da ação.

UNIDADE 4 A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DA SAÚDE MENTAL E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS 60


Colaborando, Oliveira (2012) traz que a ação torna-se mais reveladora do
inconsciente do que a palavra, ganhando a atividade toda uma dimensão de expressividade
e simbolismo. O produto final dessa ação tem importância secundária, sendo que o objetivo
primordial está na psicodinâmica da ação e do sujeito que a realiza.
Para Ballarin (2003), considerando-se a abordagem psicodinâmica, um grupo de
atividades em Terapia Ocupacional é definido como aquele em que os participantes se
reúnem na presença do terapeuta ocupacional, para vivenciar experiências relacionadas
ao fazer, como, por exemplo: passear, pintar, desenhar, modelar, dançar, fazer compras,
relaxar, jogar, costurar, etc.
Por ser uma abordagem sistêmica e complexa, não é possível separar a teoria da
prática, nem o sujeito e o objeto. A ciência, muito tem se empenhado em explicar, objetivar,
quantificar e classificar indivíduos e sofrimentos de acordo com esquemas psicopatológicos,
porém sempre em teorias. A busca por uma fundamentação teórica que não se distancie
do subjetivo e do emocional, que emergem na relação terapêutica ocupacional em saúde
mental, encontra resposta no pensamento sistêmico e em toda a sua complexidade.
Costa e Feriotti (2011) retratam ser possível identificar que a ciência vem
apresentando transformações em seu processo investigativo e de produção científica,
flexibilizando-se, abrindo o olhar, migrando do pensamento linear para o dinâmico, para a
integralização, para a transdisciplinaridade. E desse modo, se constrói uma nova ciência.
Ao adotarmos um comportamento profissional em que há compreensão sistêmica
para análise dos casos que se apresentam, estamos adotando uma posição de co-
produtores, co-participantes e co-responsáveis pela terapêutica e seus resultados. Em
base a essa conclusão, Serebrinsky (1966) expõe que, o homem e o mundo se constituem
numa unidade indivisível, unidade que se revela na conduta, na ação, no fazer.
O terapeuta ocupacional deverá manter uma dupla inserção no sistema terapêutico:
ele faz parte do mesmo e está dentro, mas não pode perder o lugar e o olhar de quem está
de fora, sob o risco de prescindir do seu papel. Suas interações e intervenções devem
contemplar ao mesmo tempo essas duas posições e percepções. O terapeuta interage,
mas não se mistura (COSTA e FERIOTTI, 2011).
Baseando-nos em todas essas informações, é que inserimos a Terapia Ocupacional
em um contexto psicodinâmico na terapêutica da saúde mental.

UNIDADE 4 A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DA SAÚDE MENTAL E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS 61


3
TÓPICO
INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS
OCUPACIONAIS NA
REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL

Conversar sobre reabilitação psicossocial significa abrir um espaço amplo para


discussões e reflexões sobre a mudança de paradigma sobre a atenção em saúde para
pessoas com transtornos mentais; antes asiladas, hoje inseridas na sociedade.
A reabilitação psicossocial surgiu como resultado da reforma psiquiátrica, e começou
a tomar forma após a elaboração do projeto de lei n.º 3.657/89, Ballarin e Carvalho (2011)
aponta que foi nesse contexto que experiências inovadoras começaram a ser divulgadas,
exercendo grande influência na criação e transformação de outros serviços, além de facilitar
que a trajetória de desinstitucionalização assumisse um caráter nacional.
Mas o que é desinstitucionalização? Sobre isso, Amarante (1995) explica que
desinstitucionalização significa tratar o sujeito em sua existência e em relação com suas
condições concretas de vida. Isso significa não lhes administrar apenas fármacos ou
psicoterapias, mas construir possibilidades.
Segundo a OMS/OPAS (2001), a reabilitação psicossocial é um processo abrangente
e deve ser compreendida como um processo que oferece aos indivíduos que estão
debilitados, incapacitados ou deficientes, em virtude de transtorno mental, a oportunidade
de atingir o seu potencial de funcionamento independentemente na comunidade.
O terapeuta ocupacional, nesse contexto, irá identificar o indivíduo em sua
vulnerabilidade e incluir em sua proposta terapêutica questões relativas ao papel de cidadão,
a inclusão na comunidade, o apoio de redes como a família. São campos de atuação, neste
âmbito, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos
(SRT) e os Centros de Convivência e Cooperativas.

UNIDADE 4 A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DA SAÚDE MENTAL E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS 62


Os Centros de Atenção Psicossocial se dividem em CAPS I onde são atendidas
todas as faixas etárias, com transtornos graves e persistentes, independente da causa, o
CAPS I é instalado em cidades ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes; o CAPS II é
no mesmo molde do CAPS I, porém instalasse em cidades ou regiões com pelo menos 70
mil habitantes e o CAPS III configura-se em cidades com pelo menos 150 mil habitantes e
diferente dos CAPS I e II, o CAPS III tem atendimento de acolhimento noturno e observação
de até 5 usuários.
Há ainda os CAPS AD, estes se dividem em AD, AD II, AD III e AD IV, o termo AD
se refere ao uso de álcool e drogas e deste modo este CAPS se destina a pessoas que
estão sofrendo transtornos mentais decorrentes do uso de álcool e de drogas. Se a cidade
ou região tem até 70 mil habitantes, se configura a presença de um CAPS AD, se o número
de habitantes estiver entre 70 mil e 150 mil, se configura como CAPS AD II e o atendimento
é no mesmo formato.
Os CAPS AD III e IV tem outros serviços associados e instalam-se apenas em
cidades com populações bem maiores. No CAPS AD III ocorre o atendimento de acolhimento
noturno e observação com 8 a 12 vagas para os usuários, independente da idade, porém
a cidade ou região precisa ter no mínimo 150 mil habitantes. Já o CAPS AD IV somente
pode ser implantado em cidades com mais de 500 mil habitantes, funciona 24 horas e conta
com leitos de observação. Por fim, o CAPSi está presente em cidades ou regiões com no
mínimo 70 mil habitantes e objetiva atender crianças e adolescentes.
● CAPSi: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais
graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas; atende cidades e/ou
regiões com pelo menos 70 mil habitantes.

As residências terapêuticas (SRT) constituem-se como alternativas de


moradia para um grande contingente de pessoas que estão internadas há
anos em hospitais psiquiátricos por não contarem com suporte adequado na
comunidade. Além disso, essas residências podem servir de apoio a usuários
de outros serviços de saúde mental, que não contem com suporte familiar e
social suficientes para garantir espaço adequado de moradia. O número de
usuários pode variar desde 1 indivíduo até um pequeno grupo de no máximo
8 pessoas, que deverão contar sempre com suporte profissional sensível às
demandas e necessidades de cada um (BRASIL, 2004, p.7).

Os Serviços Residenciais Terapêuticos podem ser classificados como SRT I


onde o suporte estará focado na inserção dos usuários do serviço em ambientes sociais
como emprego, escola e lazer, é o tipo mais comum a ser oferecido no Brasil e necessita
apenas de um cuidador contratado pelo município; e o SRT II onde o usuário deverá residir
permanentemente, uma vez que, os cuidadores irão substituir os cuidados familiares.

UNIDADE 4 A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DA SAÚDE MENTAL E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS 63


O objetivo do Serviço de Residência Terapêutica II, é a reapropriação do espaço
residencial como moradia e a possível reinserção social, costumam ser atendidos usuários
que necessitam de cuidados intensivos com monitoramento técnico diário, este tipo de SRT
pode diferenciar-se em relação ao número de moradores e ao financiamento, que deve ser
compatível com recursos humanos presentes 24h/dia.
Os Centros de Convivência e Cooperativas se caracterizam como espaços de
convivência, referência de trocas sociais e construção produtiva, em que se desenvolvem
atividades educacionais, artísticas, culturais e esportivas, bem como atividades dirigidas a
núcleos de trabalho e de cooperados. Todas as ações devem ocorrer em parques, centros
comunitários, praças e envolver a parceria com usuários, familiares, profissionais da
educação e comunidade.
Na reabilitação psicossocial, o terapeuta ocupacional retira o indivíduo da posição
de questionar se consegue realizar algo para a posição de afirmação do que é possível
fazer. Um caminho fora dos muros dos hospícios, quebrando preconceitos e levando
cidadania e aceitação.

UNIDADE 4 A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DA SAÚDE MENTAL E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS 64


4
TÓPICO

OFICINAS
TERAPÊUTICAS

A Terapia Ocupacional no campo da saúde mental recorre a diferentes estratégias de


intervenção. Entre elas, as oficinas terapêuticas, que constituem um dispositivo de tratamento
bastante utilizado na clínica da Terapia Ocupacional (BARATA; COCENAS; KEBBE, 2010).
Para Mendonça (2005), as oficinas terapêuticas constituem novas práticas de
inserção social nos hospitais psiquiátricos e centros de reabilitação psicossocial, além do
tratamento clínico, o usuário do serviço tem o direito e a oportunidade de criar, opinar,
escolher, e se relacionar por meio das oficinas.
A diferença entre as oficinas terapêuticas executadas por terapeutas ocupacionais e
as demais oficinas terapêuticas está no modo de produção: o terapeuta ocupacional busca
a valorização sobre a confecção de simples objetos, em uma produção individual, que se
realiza. Entretanto, em um grupo com o qual cada indivíduo partilha seus conhecimentos e
experiências (BRASIL, 2007).
A oficina terapêutica pode ocorrer também e, principalmente, no interior das
instituições hospitalares ou de acolhimento, se configurando como um momento de retirada
do paciente do leito ou do acolhido de sua solidão para um momento de descontração,
aprendizagem e ressignificação de sua situação atual, seja ela, momentânea ou permanente.
Segundo Lorenzon e Marquetti (2016), o processo de sofrimento psíquico pode ser
compreendido a partir da ruptura de cadeias de gestos intimamente acopladas ao nosso
corpo e cotidiano. Nessa perspectiva, o sofrimento psíquico pode ser visto como determinado
pela perda de gestos intrínsecos a vida humana. Essas rupturas ocorrem de forma ampla
e complexa em indivíduos institucionalizados, mas também com menor intensidade em

UNIDADE 4 A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DA SAÚDE MENTAL E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS 65


pessoas hospitalizadas, em idosos inseridos em ambientes asilares, em crianças retiradas
de seus lares e dispostas em orfanatos, etc.
Processos de sofrimento psíquico, com rupturas do cotidiano, tornam-se ambientes
plenos para a prática da Terapia Ocupacional, objetivando recompor, organizar, renovar o
sujeito. Assim, desvendamos mais ações onde os recursos terapêuticos servem a Terapia
Ocupacional como caminho para resgatar cidadania, incluir indivíduos e transformar
ambientes.

Você sabia que a inclusão do terapeuta ocupacional na equipe do Centro de Atendimento Psicossocial está
regulamentada pelo Ministério da Saúde?
Muitos sabem que fazemos parte da equipe, mas nem todos sabem que fazemos parte da equipe mínima,
por isso, lhe recomendo a leitura da Portaria Nº 366, de 19 de fevereiro de 2002.

Fonte: PORTARIA Nº 336, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2002. Disponível em:


https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0336_19_02_2002.html. Acesso em: 31. ago.
2023.

UNIDADE 4 A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DA SAÚDE MENTAL E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS 66


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegando ao fim desta disciplina, quanto conhecimentos pudemos agregar, não
é mesmo? Vimos como uma temática aparentemente simples, como são os recursos
terapêuticos, em verdade se tornam complexos quando conhecemos todos os contextos
que o envolvem.
Recurso é tudo que fazemos uso para chegar em um objetivo final, ele pode facilitar
o desempenho das atividades de vida diária; pode facilitar a socialização, interação e
inclusão em contextos sociais; pode contribuir para manter um indivíduo longe do álcool
e das drogas; pode auxiliar na manutenção da sanidade de indivíduos com sofrimento
psíquico. Tudo isso, sendo aplicado, em consultórios, centros de atenção psicossocial,
abrigos, hospitais, ambientes comunitários, escolas, lares e empresas.
Sim, querido (a) aluno (a), sei que me torno repetitiva. Mas não há como negar,
quão bela e importante é a profissão que você escolheu. Um caminho de aprendizado
e experiências que lhes mostram a importância dos detalhes no dia-a-dia, a beleza das
coisas simples.

Obrigada pela oportunidade de estar contigo!

UNIDADE 4 A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DA SAÚDE MENTAL E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS 67


LEITURA COMPLEMENTAR
O artigo “O TRABALHO DE TERAPEUTAS OCUPACIONAIS EM UM CENTRO
DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: PARA ALÉM DAS FRONTEIRAS DISCIPLINARES.”
traz um retrato recente do que discutimos nesta unidade, seria impossível disponibilizá-lo
integralmente nesta apostila, mas lhe deixo o acesso e a sugestão de leitura.

Artigo disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/ribto/article/view/56653/pdf

UNIDADE 4 A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DA SAÚDE MENTAL E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS 68


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Boas Práticas em Saúde Mental Comunitária.
Autor: Graham Thornicroft, Michele Tansella.
Editora: Manole.
Sinopse: Essa é uma obra fundamental que visa auxiliar no
estabelecimento, desenvolvimento e avaliação dos serviços
modernos de saúde mental. Este livro fornece evidências
relevantes que asseguram as melhores escolhas entre os
diferentes modelos de cuidado e um guia passo a passo do que
deve ser feito e como. Para tanto, os autores consideram as
necessidades das pessoas com transtornos mentais na população
em geral, os recursos disponíveis e as principais exigências
práticas, utilizando-se de exemplos de diversos países. Nesta
obra também são explicadas as principais questões acerca dos
acordos internacionais de direitos humanos e as diretivas da
melhor maneira de se reduzir o estigma e a discriminação das
pessoas com transtornos mentais.

FILME/VÍDEO
Título: Documentário - Saúde Mental e Dignidade Humana.
Ano: 2014.
Sinopse: O filme apresenta entrevistas com especialistas
no assunto da saúde mental e faz parte do Dia Nacional da
Luta Antimanicomial, celebrado no domingo, dia 18 de maio.
Augusto Cesar de Faria, diretor de saúde mental da Secretaria de
Saúde do DF, Paulo Delgado, ex-deputado constituinte e autor
da Lei da Reforma Psiquiátrica, e Roberto Tykanori Kinoshita,
coordenador nacional de saúde mental do Ministério da Saúde,
trazem luz a um tema polêmico e urgente no Brasil. A obra traça
um panorama histórico da loucura, tanto no exterior quanto no
Brasil e apresenta os projetos de lei que tratam do assunto. Os
especialistas também debatem a questão da inimputabilidade
e o problema da prisão perpétua a que alguns doentes são
submetidos por não haver uma ressocialização eficiente dos
pacientes.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Ult9ePwpvEY.

UNIDADE 4 A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DA SAÚDE MENTAL E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS 69


CONCLUSÃO GERAL
Prezado aluno (a),

Busquei trazer a você a base para o pensamento crítico e científico sobre os recursos
terapêuticos ocupacionais, para que, em sua atuação profissional, você consiga identificar o
momento ideal para fazer uso desta técnica, respondendo a perguntas como: será aplicada
em um atendimento individualizado? Será aplicada em atendimentos de grupo? Resultará
na produção de um item? Este item objetiva alcançar quais domínios ocupacionais? entre
outras perguntas.
Como recorrer ao recurso terapêutico e como avaliar os resultados? Destacamos
ser de suma importância avaliar os resultados, para que se o terapeuta ocupacional tenha
visão do prognóstico e melhor elaboração e reelaboração do plano terapêutico.
Chegamos ao final de mais uma etapa nesta nossa linda caminhada pelos saberes
da Terapia Ocupacional. Ao analisar os tópicos podemos perceber o quão delicada e
complexa é esta profissão, muitos são os caminhos que podem ser trilhados, e todos nos
levarão a explorar muitos conhecimentos.
Precisamos compreender que esta trilha não tem fim, e que somos a parte
fundamental dela, ora assimilando conhecimentos, ora produzindo conhecimentos. Vá
além desta apostila! Aprofunde-se nos novos saberes! Amplie estes conhecimentos! Faça
ciência, mostrando sua contribuição para a Terapia Ocupacional.
Uma etapa acaba de ser concluída, você está preparado (a) para seguir em frente,
continue desenvolvendo habilidades, adquirindo saberes e disseminando conhecimento!

Até uma próxima oportunidade! Muito obrigada!

70
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