Recursos Terapêuticos Ocupacionais
Recursos Terapêuticos Ocupacionais
Recursos Terapêuticos Ocupacionais
OCUPACIONAIS
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira
REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira
DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença
DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima
DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto
DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini
DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Caroline da Silva Marques
Eduardo Alves de Oliveira
Jéssica Eugênio Azevedo
Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos
Hugo Batalhoti Morangueira
Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz
DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira
Carlos Henrique Moraes dos Anjos
Kauê Berto
Pedro Vinícius de Lima Machado
Thassiane da Silva Jacinto
FICHA CATALOGRÁFICA
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AUTORA
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira.
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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá, aluno (a). Seja muito bem-vindo (a) a mais uma etapa desta linda jornada que
é a Terapia Ocupacional!
Gostaria de expressar minha imensa alegria pela oportunidade deste nosso encontro
acadêmico. Tenho plena confiança em seu potencial e compreendo o quão desafiador pode
ser, em certos momentos, seguir este caminho acadêmico. No entanto, tenho certeza de
que, ao término desta bela jornada, você colherá os frutos de todo o seu esforço, e a
recompensa será verdadeiramente grandiosa.
A Terapia Ocupacional nos preenche enquanto profissional e enquanto pessoa.
Estará nas suas mãos o processo evolutivo de desempenho ocupacional de diversas
pessoas. A maioria descobrirá sua importância e contribuição apenas quando esta for
imprescindível, ao mesmo tempo, você poderá sentir o quão gratificante é ser reconhecido
e ser parte desse processo evolutivo.
Essa disciplina se configura como uma das mais importantes bases da nossa prática
profissional; é preciso saber como, quando e o porquê utilizar um recurso terapêutico. Será
preciso produzi-lo? Será comprado? Quem compra, o T.O. ou a família? Posso adaptar um
recurso? O mesmo recurso pode ser utilizado por vários pacientes? Todo recurso terapêutico
é físico, material concreto? Existe recurso terapêutico abstrato? Quantas perguntas, não é
mesmo? Vamos aprender juntos a respondê-las.
Na Unidade I vamos estudar como deve ser a relação terapeuta-paciente e a
organização do Setting terapêutico para um bom uso dos recursos terapêuticos ocupacionais,
incluindo as técnicas de avaliação desses recursos. Já na Unidade II discutiremos a relação
entre atividade humana e recursos terapêuticos no brincar, na arteterapia e na musicoterapia.
Na sequência, na Unidade III, compreenderemos o conceito de práxis e a contribuição
dos recursos terapêuticos. Finalizaremos com a Unidade IV, tratando da relação entre os
recursos terapêuticos e a prática da Terapia Ocupacional (T.O) na saúde mental.
Bons estudos!
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SUMÁRIO
UNIDADE 1
Bases Conceituais dos Recursos Terapêuticos
Ocupacionais Sob a Relação Terapeuta -
Paciente
UNIDADE 2
Atividade Humana Versus Recurso Terapêutico
UNIDADE 3
Planejamento, Execução e Avaliação dos Recursos
Terapêuticos em Atendimentos Individuais e de Grupo
UNIDADE 4
A Relação Entre a Prática da Saúde Mental e os
Recursos Terapêuticos
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1
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UNIDADE
BASES CONCEITUAIS
DOS RECURSOS
TERAPÊUTICOS
OCUPACIONAIS SOB A
RELAÇÃO TERAPEUTA
– PACIENTE
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira
Plano de Estudos
• Relação Terapeuta-Paciente e o Setting Terapêutico;
• Noções de Transferência e Contratransferência no Processo Terapêutico
Ocupacional;
• Avaliação Qualitativa em Terapia Ocupacional;
• Avaliação das Atividades Produtivas e de Trabalho.
Objetivos da Aprendizagem
• Conhecer a relação terapeuta-paciente e sua conexão com a organização do
Setting terapêutico e identificação dos recursos terapêuticos adequados;
• Compreender os tipos de relação terapeuta-paciente e associar com as
situações de transferência e contratransferência;
• Estabelecer a importância da avaliação qualitativa em Terapia Ocupacional,
por meio da análise da avaliação das atividades produtivas e de trabalho;
• Discutir a importância dos recursos terapêuticos.
INTRODUÇÃO
Olá, querido (a)!
Bons estudos!
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 7
1
TÓPICO
RELAÇÃO TERAPEUTA-PACIENTE
E O SETTING TERAPÊUTICO
1.1 Definição
A relação terapeuta-paciente é aquela que busca reabilitar o ser, holisticamente,
para si mesmo e em seguida para a sociedade. Nessa relação não é possível observar
tão somente a limitação, seja ela, física, psíquica, social, arquitetônica e/ou cultural, é
imprescindível vincular ao processo terapêutico todas as áreas de desempenho afetadas,
oferecendo escuta ao paciente, fazendo a leitura minuciosa de suas intenções e desejos,
para que esta relação seja de fato terapêutica e de fato resulte em bom prognóstico.
Castro (2005) nos sugere uma reflexão sobre a relação terapeuta-paciente no
campo da terapia ocupacional na contemporaneidade, em que podemos identificar práticas
e conceitos que estabelecem inovações e acontecimentos, que abrem espaços numa
multiplicidade de territórios da vida. O autor ainda afirma que, na Terapia Ocupacional, a
relação terapeuta-paciente está inscrita num campo de complexidades em que questões
relacionadas ao sofrimento humano exigem estudos e conhecimentos interdisciplinares.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 8
Nossos pacientes sempre nos trarão questões relacionadas a algum sofrimento e
serão os nossos conhecimentos interdisciplinares, técnicos e científicos que nos permitirão
ultrapassar as barreiras que impedem a plenitude em nossos pacientes. Parece assustador
para você? Imaginava que o terapeuta ocupacional pode tanto? Não se assuste, este
caminho está sendo construído por você.
Lembre-se que irá acompanhar o movimento de seres humanos com histórias
complexas que irão lhe remeter em sua prática a um campo criativo e singular e que se
relacionam com diferentes áreas, como, por exemplo, a reabilitação física, social e mental,
a educação. Em virtude desta prática, a disposição técnica e acadêmica do terapeuta
ocupacional precisa se manter em renovação e atualização.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 9
Logo, no desenvolvimento da relação terapeuta-paciente, a presença física e
psíquica assume uma tonicidade afetiva-emocional, dada a possibilidade do terapeuta estar
em contato com o paciente e em alguns contextos, também com a família do paciente, numa
atitude empática. E essa atitude empática se refere à estabilidade e constância presentes
nas atitudes do terapeuta ocupacional, e também para a possibilidade de se estar atento às
necessidades do paciente ao longo do processo terapêutico, seja em curto, médio ou longo
prazo (BARRETO, 2000).
Realizar intervenções terapêuticas, que forneçam elementos ao paciente para
substituir os modos do passado pelas necessidades do presente, corresponde às
situações potencializadoras de mudanças dentro do processo terapêutico ocupacional.
Essas situações são frequentes e explícitas no fazer da terapia ocupacional, expressando
a construção de novas experiências de vínculo social, possibilitando ou refazendo
experiências representativas, permitindo a evolução do processo de compreensão de
mundo, desmistificando processos vivenciados e que resultaram em marcas traumáticas,
gerando demandas de vida e construindo novas redes de convívio e de existência.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 10
E de fato, alguns ambientes da terapia ocupacional precisam ser amplos, bem
iluminados, que permitiram o barulho e pode conter forte odor de tintas e óleos, etc. Qual
contexto ocupacional você imagina sendo trabalhado neste tipo de setting? Seria mais
adequado para adultos ou a crianças? Atendimento individual ou de grupo? Saúde mental
ou Reabilitação física? E se eu te disser que todas as respostas possíveis estão corretas?
Sim. A anamnese minuciosa, a análise dos componentes de desempenho prejudicados, o
planejamento e análise das atividades e dos recursos terapêuticos que serão adotados irão
nos dizer qual o setting mais adequado para que se atenda cada demanda.
Por isso, por mais que fujam à fantasia padrão de uma sala “clean” (limpa), isso
não significa que nesses ambientes não se consigam níveis profundos de relaxamento,
confidências e vínculo terapêutico. Tais características praticamente inexistem em outros
ambientes terapêuticos, são próprias do setting terapêutico ocupacional, que ao se
permitirem perceber o paciente holisticamente, se permitem também moldar o ambiente de
atendimento às necessidades e objetivos do paciente.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 11
2
NOÇÕES DE TRANSFERÊNCIA
TÓPICO
E CONTRATRANSFERÊNCIA
NO PROCESSO TERAPÊUTICO
OCUPACIONAL
Começamos este assunto com uma reflexão trazida do livro de Safra (1995),
“Momentos mutativos em Psicanálise. Uma visão Winicottiana”, onde o autor diz que,
para que as funções apresentadas e desenvolvidas na relação terapeuta-paciente sejam
possíveis, o terapeuta não deve usar seu paciente para realizar identificações projetivas ou
satisfazer os seus próprios desejos reprimidos.
Partindo dessa reflexão, compreendemos que, enquanto terapeutas, somos um
objeto subjetivo de intermediação para que o paciente vislumbre suas aspirações e desejos
e planeje como alcançá-las. Os pacientes irão vivenciar conosco um processo terapêutico
com começo, meio e fim; em que a manutenção do serviço prestado será condicionada a
abertura e encerramento de ciclos, cada ciclo com um objetivo terapêutico, podendo haver
interligação entre os objetivos ou não.
2.1 Transferência
O que te vem ao pensamento ao escutar o termo transferência? Se formos buscar
essa resposta lá no dicionário, nesse caso a consulta foi do dicionário Michaelis em sua
versão online, encontraremos o seguinte:
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 12
QUADRO 1 - CONCEITOS DE TRANSFERÊNCIA
1. Ação ou efeito de transferir-se;
2. Transmissão de propriedade ou de direito a outrem;
3. Remoção de funcionário ou empregado para outro
departamento, cargo ou carreira;
TRANSFERÊNCIA 4. Envio de um valor de uma conta bancária à outra;
5. Processo pelo qual o psicanalista vira alvo dos sentimentos
do paciente em tratamento;
6. Deslocamento de um aluno de uma escola para a outra;
7. Passagem de dados de uma área de armazenamento para
outra.
Fonte: elaborado pela autora com base em Risco (2023).
2.2 Contratransferência
A contratransferência é complementar à transferência. Refere-se à autoanálise
do terapeuta ocupacional a partir das transferências do paciente, isso porque a
contratransferência é o conjunto das reações e sentimentos que o terapeuta experimenta
em relação ao seu paciente.
Ela é extremamente relevante em nossa prática, pois nos induz a autoanálise
permanente, trazendo elementos para que se compreenda a força da relação terapeuta-
paciente e medie nosso trabalho clínico.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 13
Além disso, auxilia-nos a identificar o momento do término do processo terapêutico,
que deve ser definido em comum acordo entre terapeuta e paciente, ou entre terapeuta
e família, tendo em vista se os objetivos terapêuticos foram alcançados e se o paciente
ou a família consegue prosseguir de forma autônoma e independente seu desempenho
ocupacional no lar e na sociedade.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 14
3
TÓPICO
AVALIAÇÃO QUALITATIVA EM
TERAPIA OCUPACIONAL
Quando falamos de qualitativo, pensamos em algo que não pode ser mensurado
com números ou porcentagem, associamos a situações discursivas e dissertativas. Pois
bem, partindo desse pressuposto, vamos estudar sobre a Avaliação Qualitativa na Terapia
Ocupacional, quais os seus princípios, seus métodos e técnicas para podermos coletar
qualitativamente os dados.
Ao analisar a Terapia Ocupacional enquanto profissão, vemos que esta ocupa
simultaneamente dois campos dos saberes, as ciências humanas e as ciências biológicas,
tratamos o ser, que é holístico (corpo e mente).
Primeiro é preciso compreender a necessidade de interpretar e analisar os
significados que os indivíduos de modo geral atribuem às suas ações cotidianas e
compreender a existência de vínculos entre as ações cotidianas particulares e as ações
cotidianas sociais e os contextos em que ocorrem.
O terapeuta ocupacional, para fazer uso de avaliações qualitativas, precisa saber
ler a comunicação não-verbal e verbal apresentada pelo sujeito avaliado. Para isso, será
fundamental ouvir a história de vida de cada sujeito, que vai muito além de uma doença, de
uma deficiência ou de qualquer problema, ouvir quais os significados atribuídos para que
suas vidas façam sentido, e desse modo, fazer com que a avaliação qualitativa forneça
base para o planejamento, direcionado às reais necessidades do paciente.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 15
Iremos discorrer sobre quatro tipos de avaliação qualitativa:
1. Entrevista aberta;
2. História de vida;
3. Observação,
4. Estudo de caso.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 16
É uma avaliação que tem por base um discurso livre de percepções subjetivas. Ao
paciente é dado espaço de fala para poder relatar suas percepções pessoais e de mundo,
bem como os sentimentos que marcaram sua vida e os acontecimentos importantes,
diferente da avaliação apresentada no tópico anterior, na Coleta da História de Vida, o
terapeuta ocupacional, ainda que pouco, tem permissão para questionar e fundamentar a
interpretação dos fatos com o paciente.
3.3 Observação
A observação de um paciente durante a avaliação começa na recepção da clínica,
é preciso observar como ele se comporta no ambiente, como interage com o parente que
o acompanha, com as outras pessoas do ambiente; se faz uso do banheiro; se consome
de forma autônoma e independente uma água ou um café que esteja à disposição. Ao
convidá-lo para a sua sala, observe se há dificuldade, ansiedade ou medo no seu caminhar,
o modo como ele senta e se apoia sobre quem o acompanha, ou sobre a sua mesa, ou
ainda se ignora o terapeuta, o familiar, a mesa e faz busca dos recursos que estão visíveis.
Esta observação pode ser livre ou estruturada. Para Rocha e Brunello (2007), a
observação livre satisfaz melhor a abordagem qualitativa, uma vez que, a caracterização
do que pode ser observado será um processo a se realizar posteriormente, após a análise
dos dados coletados. E o máximo de informações deve ser registrado.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 17
4
TÓPICO
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 18
A avaliação se dará em etapas, iniciando com a aproximação da realidade individual
e coletiva da função, formalizando-se em contato direto com o indivíduo “trabalhador”,
seja no local onde o trabalho será desempenhado ou no setting terapêutico. Seguida
da observação direta do desempenho do indivíduo “trabalhador” no local de trabalho,
averiguando e comparando discurso do indivíduo com a observação in loco.
Quando se fala em instrumentos padronizados, podemos recorrer à Medida
Canadense de Desempenho Ocupacional - COPM, do Papel de Entrevista com Trabalhador
- WRI e do Modelo de Performance Ocupacional - OPM. Destes a COPM é a única que
encontramos com facilidade para download.
Para analisar o estado geral de saúde ou de bem-estar do indivíduo que estamos
auxiliando na inserção ou reinserção no mercado de trabalho, temos os seguintes
instrumentos padronizados:
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 19
FIGURA 2 – VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 20
FIGURA 3 - PERFIL DE SAÚDE DE NOTTINGHAM (PSN)
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 21
4.2 Mensuração, Capacidade Funcional e Qualidade de Vida no Trabalho
Quando falamos em mensuração, compreendemos que ocorrerão medidas de
precisão, empíricas, e de fato, podemos fazer uso de instrumentos como o goniômetro para
mensurar a amplitude de movimento, o dinamômetro para mensurar a força muscular; os
monofilamentos para mensurar a sensibilidade; e volúmetros para mensurar os edemas. E
por que mensurar?
Imagine que chega ao consultório um paciente afastado do trabalho por um
acidente, por meio do qual causou a amputação de um dos dedos da mão direita. Diante
disso, considere que este indivíduo é destro e trabalha em uma fábrica onde é responsável
por inserir matéria-prima em um forno. Sabemos que o pós-cirúrgico envolve dor, edema,
limitação de movimento e possivelmente sensibilidade. E que este indivíduo recebeu a
autorização do médico para retornar ao trabalho, mas ao retornar, o ele percebe que está
tendo muita dificuldade para realizar a função. O que você precisará avaliar?
Compreendemos então que, mesmo sem avaliar, há uma redução da capacidade
funcional. Com uso dos instrumentos de mensuração, conseguimos identificar as questões
físicas que o impedem de realizar sua atividade laborativa; podemos então analisar o posto
de trabalho para identificar se é necessário adaptar o ambiente com recursos no maquinário
ou no paciente, ou até se será preciso analisar e treinar um novo posto de trabalho.
Uma adaptação eficaz do local de trabalho, uma avaliação completa das condições
físicas e emocionais do paciente, juntamente a uma análise dos recursos terapêuticos
necessários para reintegrar ou inserir o indivíduo no ambiente de trabalho, contribuirão
significativamente para melhorar a qualidade de vida desse indivíduo.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 22
Já conhecia o Manual de Goniometria? é um valioso instrumento, principalmente para quem for atuar na
reabilitação física.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) aluno (a), chegamos ao fim da Unidade I. Agradeço a sua companhia até
aqui e vamos às nossas considerações.
Ao compreender os fundamentos conceituais dos recursos terapêuticos ocupacionais
na relação terapeuta-paciente, torna-se evidente que o profissional deve possuir um sólido
embasamento teórico para guiar sua atuação. Isso envolve a superação de quaisquer
obstáculos que possam surgir e a criação de condições propícias para a promoção de
transformações individuais significativas.
O objetivo é proporcionar aos pacientes a oportunidade de se conhecerem
melhor, desenvolverem suas habilidades de reflexão sobre suas experiências de vida,
estabelecerem um contato mais profundo com suas necessidades e aprenderem a atendê-
las, inicialmente com o auxílio do terapeuta ocupacional. Gradualmente, esse processo visa
capacitar os pacientes a assumirem o controle de suas vidas, fortalecendo sua autonomia
e independência.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE 24
LEITURA COMPLEMENTAR
ARTIGO CIENTÍFICO
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MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Terapia Ocupacional.
Autor: Berenice Rosa Francisco.
Editora: Papirus.
Sinopse: Esse livro tem como preocupação fundamental
discutir as contradições dos modelos de terapia ocupacional,
apontando diretrizes para sua superá-las. Quando pensamos em
terapia ocupacional, devemos nos reportar à sua característica
interdisciplinar. Dessa forma, a autora optou por discutir os
fundamentos da terapia ocupacional, procurando mostrar
seu papel como instrumento mantenedor ou transformador
da sociedade. Para tanto, considera como e para que este ou
aquele modelo é pensado e utilizado. Nessa obra, a terapia
ocupacional é entendida como uma entre as demais práticas
sociais capazes de criar as condições necessárias para a
realização da transformação social, sendo essencial para tal
compreensão questionar como existe na sociedade e em que
condições é praticada: contra ou a favor de qual homem ou
classe social.
FILME/VÍDEO
Título: Nise: O coração da loucura.
Ano: 2015.
Sinopse: Nos anos 1950, uma psiquiatra contrária aos
tratamentos convencionais de esquizofrenia da época é isolada
pelos outros médicos. Inconformada com o tratamento de
esquizofrênicos à base de eletrochoques e lobotomia, Nise
revolucionou o atendimento psiquiátrico. Seu método obteve
reconhecimento internacional. Ela então assume o setor de
terapia ocupacional, onde inicia uma nova forma de lidar com
os pacientes, pelo amor e a arte.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=-m4F6HA-
1gyE.
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UNIDADE
ATIVIDADE
HUMANA
VERSUS RECURSO
TERAPÊUTICO
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira
Plano de Estudos
• Princípios norteadores da relação entre atividade humana e
recursos terapêuticos;
• O brincar como recurso terapêutico;
• A música como recurso terapêutico;
• A arteterapia como recurso terapêutico.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a atividade humana enquanto objeto da
Terapia Ocupacional;
• Compreender os tipos de recursos terapêuticos;
• Estabelecer a importância de cada segmento de recurso terapêutico.
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), vamos retomar à nossa jornada?
Bons estudos!
Fonte: https:/br.freepik.com/vetores-premium/icone-de-atividade-humana-em-estilo-de-contorno-
preenchido_20516124.htm.
Mas será que o brincar só pode ser relacionado ao desenvolvimento infantil? O que
dizer de indivíduos adultos com cognitivo compatível com o de uma criança? O que dizer de
um idoso com Alzheimer ou outra doença senil e que retorna aos comportamentos infantis?
E o adulto, será que brinca?
De fato, no campo de atuação da Terapia Ocupacional, temos o brincar como
intervenção de valor respaldada pelas teorias do desenvolvimento humano. Uma das
perspectivas da utilização do brincar enquanto recurso terapêutico, transparece quando a
terapeuta ocupacional utiliza o brinquedo como recurso para a criança manusear o objeto,
para chamar sua atenção, para distraí-la ou motivá-la. Muitos componentes de desempenho
podem ser trabalhados nessa situação, como postura, concentração, coordenação motora,
interação com objetos humanos e não humanos, entre outros (REZENDE, 2008).
Em outra perspectiva, a intervenção terapêutica ocupacional pode estar focada
na habilidade de brincar, sendo utilizada com indivíduos que apresentam um repertório
pobre de habilidades sociais, de linguagem e psicomotoras. O brincar é, então, associado
às habilidades motoras, psicossociais, capacidade de escolha, resolução de problemas,
autoexpressão e, além disso, é utilizado de modo a estimular componentes de desempenho
que são importantes diante da autopercepção e também da percepção do profissional.
Como tal, para poder se transformar em um recurso terapêutico, o brincar precisa
estar inserido em um processo avaliativo e se configurar como instrumento para aquisição
de habilidades. Esse processo avaliativo envolve a anamnese, a aplicação de testes e
escalas e o planejamento terapêutico.
MARTINIE, J. M.T.; CARVALHO FILHA, M. T. J; MENTA, S. A. Arteterapia: recurso terapêutico ocupacional na terceira
idade. Multitemas, (25). 2016. Disponível em: https://multitemas.ucdb.br/multitemas/article/view/843 Aces-
so em: 31. ago. 2023.
Num contexto de perdas, em que o indivíduo “fazia, podia, estava”, o objetivo principal da atuação
terapêutica ocupacional deverá ser trazer os verbos para o presente — mesmo com a doença, é sempre
possível fazer e estar, é possível ser um sujeito humano completo e feliz.
FILME/VÍDEO
Título: My Left Foot: The Story of Christy Brown — Meu pé esquer-
do.
Ano: 1990.
Sinopse: Christy Brown (Daniel Day-Lewis), filho de uma humilde
família irlandesa, nasce com uma paralisia cerebral que lhe tira
todos os movimentos do corpo, com exceção do pé esquerdo.
Com o controle deste único membro, ele torna-se escritor e
pintor.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=LOwCfPZ8ll8.
Plano de Estudos
• Breve histórico da Fermentação;
• Conceitos de Leveduras;
• Tipos de Fermentação;
• Definição de Maturação.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a fermentação alcoólica;
• Compreender os tipos de leveduras cervejeiras;
• Compreender os tipos de fermentações;
• Estabelecer a importância da maturação na produção cervejeira.
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), bem-vindo (a) à Unidade III. Mais uma importante etapa nesta
jornada acadêmica que com certeza lhe transformará em um profissional de sucesso.
Nesse momento de nossos estudos, discutiremos sobre o uso dos recursos
terapêuticos na atividade humana enquanto produção, geração de renda e inserção ou
reinserção no mercado de trabalho, promovendo a inclusão social. Esta abordagem pode
ocorrer tanto em atendimentos individuais como nos atendimentos em grupo, considerando
os diversos setores/áreas em que Terapia ocupacional contribui e faz toda a diferença.
Complementaremos nosso estudo sobre esta vertente, vislumbrando o uso dos
recursos terapêuticos na atividade humana também enquanto expressão socioemocional.
Muitas são as situações em que nossos pacientes na sua prática cotidiana apresentam
prejuízos e estes prejuízos, emocionalmente, resultam em desmotivação, baixa autoestima,
depressão, uso de entorpecentes e/ou desenvolvimento de transtornos psiquiátricos; a
expressão por meio dos recursos visa restabelecer a saúde mental e equilibrar o emocional
para a redescoberta do prazer e da motivação no desempenho das ações cotidianas.
Daremos seguimento identificando o que seria a práxis e qual sua relação com os
recursos terapêuticos com objetivo de produção e de expressão e como aplicar no nosso
dia a dia.
Por fim, fechamos essa unidade conhecendo os processos de avaliação qualitativa
e quantitativa dos recursos terapêuticos, que são de extrema relevância para a produção
científica e para mensurarmos nossa prática profissional.
PRODUÇÃO EM ATENDIMENTOS
INDIVIDUAIS E DE GRUPO
Querido (a) aluno (a), cabe aqui enfatizarmos que a definição de nossa atuação
profissional é holística, alcança o sujeito e tudo que o rodeia, inclusive os grupos sociais
aos quais pertence.
A atividade é e sempre será nossa razão. As ocupações nos interessam, quer seja
no acompanhamento individual ou em grupo. A atividade precisa resultar em um produto
final, que pode ser abstrato ou concreto. Nesta unidade, discutiremos a importância da
criação de algo concreto ou abstrato como objetivo, evolução ou conclusão do processo
terapêutico.
Para Maximino e Liberman (2015), a terapia ocupacional é, portanto, uma profissão
sensível aos traços, pistas, desejos e memórias de cada um. Por trabalhar diretamente
com a relação existente entre as pessoas e suas ocupações, a terapia ocupacional não
consegue predeterminar o que, de fato, pode se tornar projeto ou recurso terapêutico. Essa
impossibilidade é nossa força, é o que nos organiza de fato na especificidade do trabalho
com as relações cotidianas entre pessoas e ações/ocupações.
O termo “produções de vida” tem sido muito utilizado na literatura da Terapia
Ocupacional e como estamos discutindo sobre a produção como recurso em nossa prática,
vamos explanar sobre esse termo.
Segundo Albuquerque, Cardinalli e Bianchi (2021) esse termo se relaciona com
temáticas da saúde mental; campo social; artes e cultura; saúde coletiva; fundamentos da
terapia ocupacional e campo do trabalho. E a análise de sua compreensão indicou quatro
categorias: trabalho como emancipação social; ampliação de ações em saúde; experiência
Sobre o ato de realizar atividades, De Carlo e Bartalotti (2001), nos traz que a atividade
é capaz de promover mudanças e atitudes, pensamentos e sentimentos nos indíviduos; e
restabelece, de maneira sutil, o equilíbrio emocional além de atuar na estruturação – tempo
– espaço. Deste modo, a atividade, ainda de acordo com esses autores, é um fenômeno
de envolvimento orgânico e um mecanismo orientador relacionado ao processo real de
percepção, pensamento, sentimento, intuição e ação.
As práticas artísticas em terapia ocupacional, assim como precursores à sua
institucionalização no país, estiveram inicialmente associadas à expressão de emoções
e conteúdos inconscientes. Com as lutas sociais pela redemocratização brasileira e pelos
direitos, por exemplo, das pessoas com deficiências, a promoção de práticas corporais e
artísticas ganharam novos sentidos sob contexto de desconstrução e reconstrução material
e simbólica da vida e da subjetividade. Estas são associadas à reorientação de conceitos
como saúde, reabilitação, cidadania e atividade, que passaram a conduzir experimentações
teórico-práticas na profissão (CASTRO, 2000).
Liebmann (2000) enfatiza que ao se utilizar a atividade enquanto expressão,
deve-se considerar os seguintes objetivos: criatividade e espontaneidade; construção
da autoconfiança; validação pessoal; percepção do seu próprio potencial; aumento de
autonomia e motivação pessoal; desenvolvimento individual; liberdade para tomar decisões;
fazer experiências e testar ideias; expressar sentimentos, emoções e conflitos; trabalhar
com a imaginação e o inconsciente; autoconsciência, reflexão; organização visual e verbal
de experiências; relaxamento.
PRÁXIS: PLANEJAMENTO —
ORGANIZAÇÃO — EXECUÇÃO
Como saber se a avaliação que irá realizar será qualitativa ou quantitativa? Qual
das duas formas é a melhor na prática da Terapia Ocupacional? E a resposta é: use
sempre as duas formas de avaliação; trabalhamos com a subjetividade do ser humano,
mas também com aquisição de habilidades ou reabilitação. Por isso, devemos usar as
avaliações qualitativas e quantitativas.
Geralmente quando se deseja avaliar repertórios comportamentais e psicossociais,
costuma-se lançar mão de avaliações qualitativas, o que é de grande valia, ao permitir
que o terapeuta tenha acesso a informações que a avaliação quantitativa não forneceria.
Contudo, como mensurar e apresentar graficamente e/ou em dados numéricos a evolução
do seu paciente apenas com avaliações qualitativas?
Sobre a avaliação qualitativa, Günther (2006) relata que a primazia do “compreender
a vida mental” reaparece em todas as discussões sobre a natureza da pesquisa qualitativa.
E questiona: qual então é a natureza da pesquisa qualitativa? Quais os pressupostos dessa
abordagem?
Em resposta, nos traz, por meio da referência de Flick, Von Kardorff e Steinke
(2000), quatro bases teóricas para a avaliação qualitativa: primeiro, a realidade social é
vista como construção e atribuição social de significados; segundo, a ênfase no caráter
processual e na reflexão; terceiro, as condições “objetivas” de vida tornam-se relevantes
por meio de significados subjetivos; e quarto, o caráter comunicativo da realidade social
permite que o refazer do processo de construção das realidades sociais torne-se ponto de
partida da pesquisa.
A CID-11 fornece uma linguagem comum que permite aos profissionais de saúde compartilhar informações
padronizadas em todo o mundo. É a base para identificar tendências e estatísticas de saúde em todo o
mundo, contendo cerca de 17 mil códigos únicos para lesões, doenças e causas de morte, sustentados por
mais de 120 mil termos codificáveis. Usando combinações de códigos, mais de 1,6 milhão de situações
clínicas podem agora ser codificadas.
Comparada com as versões anteriores, a CID-11 é totalmente digital, tem um novo formato e recursos
multilíngues que reduzem a chance de erro. A Classificação foi compilada e atualizada com informações de
mais de 90 países e envolvimento sem precedentes de prestadores de serviços de saúde, permitindo a evo-
lução de um sistema imposto aos médicos para um banco de dados de classificação clínica e terminologia
verdadeiramente capacitador, que atende a uma ampla gama de usos para registrar e relatar estatísticas
na saúde.
OPAS (Organização Pan-americana da Saúde). Versão final da nova Classificação Internacional de Doenças da OMS (CID-11) é publicada. Dis-
ponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/11-2-2022-versao-final-da-nova-classificacao-internacional-doencas-da-oms-cid-11-e. Acesso
em: 31 ago. 2023.
Ótimo que tenha chegado até aqui, e nos vemos na próxima unidade!
FILME/VÍDEO
Título: Para sempre Alice.
Ano: 2014.
Sinopse: Alice Howland (Julianne Moore) é uma renomada
professora de linguística. Aos poucos, ela começa a esquecer
certas palavras e se perder pelas ruas de Manhattan. Ela é
diagnosticada com Alzheimer. A doença coloca em prova a força
de sua família. Enquanto a relação de Alice com o marido, John
(Alec Baldwinse), fragiliza, ela e a filha Lydia (Kristen Stewart) se
aproximam.
Link do vídeo: https://www.facebook.com/wat-
ch/?v=725826324293882.
Plano de Estudos
• Conhecendo e discutindo sobre Nise da Silveira;
• Terapia Ocupacional Psicodinâmica: uma abordagem sistêmica e
complexa;
• Intervenções terapêuticas ocupacionais na reabilitação
psicossocial;
• Oficinas terapêuticas.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a relação da Terapia Ocupacional com
a Saúde Mental;
• Compreender a Terapia Ocupacional Psicodinâmica;
• Estabelecer a importância das oficinas terapêuticas como recurso
na reabilitação psicossocial.
INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo (a) à nossa quarta unidade!
CONHECENDO E DISCUTINDO
SOBRE NISE DA SILVEIRA
Acredito que nesse momento você deve estar se perguntando: “Mas por que só
agora a professora falará de Nise da Silveira? Nos recomendou o filme sobre a vida dela no
começo da disciplina e agora é que iremos nos aprofundar sobre ela?”
Entendo a dúvida. Mas era essa a intenção: despertar-lhe na primeira unidade para
a beleza da Terapia Ocupacional ao ser vista pelos olhos de outro profissional da saúde
e, ao mesmo tempo, compreender o quão bela e inspiradora é essa profissão, sempre
discreta, que mereceu sua ênfase num importante filme brasileiro. Ofereci a oportunidade
de conhecer Nise através do filme e agora compreenderemos essa grande mulher, discutir
sobre essa profissional e interpretá-la.
Nise buscou, em toda a sua prática, a concretude, as ações, as imagens manifestas
do inconsciente (VAZ, 2011). Nise, atuando na assistência a internos diagnosticados com
esquizofrenia no Hospício Pedro II, no Rio de Janeiro, percebeu que a terapêutica proposta
por Freud (que era a referência maior na época) não favorecia o entendimento de que Nise
acreditava ser adquirido para ter evolução na assistência desses.
E a terapêutica à saúde mental no Brasil naquela época (anos 30-40) se baseava
em coma insulínico, choque de cardiazol, eletrochoque e lobotomia; a camisa de força
também era comum; e como Nise havia sido uma das tantas presas torturadas na Ditadura
da Era Vargas, era contrária a essas práticas invasivas.
Refletindo acerca da situação, Nise fez nascer o termo que hoje nos designa,
Terapia Ocupacional, e iniciou suas pesquisas sobre a eficiência da terapêutica inovadora
para a realidade da época.
OFICINAS
TERAPÊUTICAS
Você sabia que a inclusão do terapeuta ocupacional na equipe do Centro de Atendimento Psicossocial está
regulamentada pelo Ministério da Saúde?
Muitos sabem que fazemos parte da equipe, mas nem todos sabem que fazemos parte da equipe mínima,
por isso, lhe recomendo a leitura da Portaria Nº 366, de 19 de fevereiro de 2002.
LIVRO
Título: Boas Práticas em Saúde Mental Comunitária.
Autor: Graham Thornicroft, Michele Tansella.
Editora: Manole.
Sinopse: Essa é uma obra fundamental que visa auxiliar no
estabelecimento, desenvolvimento e avaliação dos serviços
modernos de saúde mental. Este livro fornece evidências
relevantes que asseguram as melhores escolhas entre os
diferentes modelos de cuidado e um guia passo a passo do que
deve ser feito e como. Para tanto, os autores consideram as
necessidades das pessoas com transtornos mentais na população
em geral, os recursos disponíveis e as principais exigências
práticas, utilizando-se de exemplos de diversos países. Nesta
obra também são explicadas as principais questões acerca dos
acordos internacionais de direitos humanos e as diretivas da
melhor maneira de se reduzir o estigma e a discriminação das
pessoas com transtornos mentais.
FILME/VÍDEO
Título: Documentário - Saúde Mental e Dignidade Humana.
Ano: 2014.
Sinopse: O filme apresenta entrevistas com especialistas
no assunto da saúde mental e faz parte do Dia Nacional da
Luta Antimanicomial, celebrado no domingo, dia 18 de maio.
Augusto Cesar de Faria, diretor de saúde mental da Secretaria de
Saúde do DF, Paulo Delgado, ex-deputado constituinte e autor
da Lei da Reforma Psiquiátrica, e Roberto Tykanori Kinoshita,
coordenador nacional de saúde mental do Ministério da Saúde,
trazem luz a um tema polêmico e urgente no Brasil. A obra traça
um panorama histórico da loucura, tanto no exterior quanto no
Brasil e apresenta os projetos de lei que tratam do assunto. Os
especialistas também debatem a questão da inimputabilidade
e o problema da prisão perpétua a que alguns doentes são
submetidos por não haver uma ressocialização eficiente dos
pacientes.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Ult9ePwpvEY.
Busquei trazer a você a base para o pensamento crítico e científico sobre os recursos
terapêuticos ocupacionais, para que, em sua atuação profissional, você consiga identificar o
momento ideal para fazer uso desta técnica, respondendo a perguntas como: será aplicada
em um atendimento individualizado? Será aplicada em atendimentos de grupo? Resultará
na produção de um item? Este item objetiva alcançar quais domínios ocupacionais? entre
outras perguntas.
Como recorrer ao recurso terapêutico e como avaliar os resultados? Destacamos
ser de suma importância avaliar os resultados, para que se o terapeuta ocupacional tenha
visão do prognóstico e melhor elaboração e reelaboração do plano terapêutico.
Chegamos ao final de mais uma etapa nesta nossa linda caminhada pelos saberes
da Terapia Ocupacional. Ao analisar os tópicos podemos perceber o quão delicada e
complexa é esta profissão, muitos são os caminhos que podem ser trilhados, e todos nos
levarão a explorar muitos conhecimentos.
Precisamos compreender que esta trilha não tem fim, e que somos a parte
fundamental dela, ora assimilando conhecimentos, ora produzindo conhecimentos. Vá
além desta apostila! Aprofunde-se nos novos saberes! Amplie estes conhecimentos! Faça
ciência, mostrando sua contribuição para a Terapia Ocupacional.
Uma etapa acaba de ser concluída, você está preparado (a) para seguir em frente,
continue desenvolvendo habilidades, adquirindo saberes e disseminando conhecimento!
70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, G. M. P.; CARDINALLI, I.; BIANCHI, P. C. Terapia ocupacional e a
expressão “produção de vida”: o que dizem as produções brasileiras?. Cadernos Brasi-
leiros de Terapia Ocupacional. 2021.
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Einleitung und Überblick. Reinbek: Rowohlt, 2000.
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PFEIFER, L.I; MITRE, R.M.A. Terapia Ocupacional, dor e cuidados paliativos na atenção
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ocupacional e interdisciplinaridade. São Paulo: Roca; 2007.
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SEREBRINSK, B. Bases para uma psicoterapia cultural. Buenos Aires: Eudeba, 1966.
76
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