Livro Adriano 4

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Copyright © 2018 Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia

Ocupacional da Terceira Região – Crefito 3.

A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,


constitui violação do copyright (Lei 5.988/73 e Lei 9.610/98).
___________________________________________________

A Interface da Terapia Ocupacional no Contexto Multiprofissional da


Educação, Saúde, Previdência e Assistência Social / Adriano Conrado
Rodrigues - São Paulo, SP: Maio, 2018.

1.TERAPIA OCUPACIONAL 2.EDUCAÇÃO 3.SAÚDE 4.ASSISTÊNCIA


SOCIAL 5.REABILITAÇÃO 6.SAÚDE MENTAL 7.PRÁTICAS INTEGRATIVAS
8.PREVIDÊNCIA
I. Rodrigues, Adriano Conrado (org.)

4 VOLUMES - Essa obra contém material inédito.

Realização:

Apoio técnico institucional e divulgação:


Responsável Técnico, Coordenação do Projeto e Produção:
Adriano Conrado Rodrigues – TERAPEUTA OCUPACIONAL

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou


total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda
ou qualquer fim comercial.

All rights reserved. It allowed the partial or total reproduction of this


work provided that the source is mentioned and is not for sale or any
commercial purpose.
Citação Especial - Homenagem - Crefito 3/TO
“Terapia Ocupacional - Profissão Centenária”

17 de março de 1917:
Nessa data, há exatamente um século, um grupo multidisciplinar
vinculado direta e indiretamente à área da saúde, se reuniu na cidade de
Nova Iorque para oficializar a criação da NSPOT – National Society for the
Promotion os Occupational Therapy, a Associação Nacional para a Promoção
da Terapia Ocupacional (hoje AOTA – Associação Americana de Terapia
Ocupacional). Presentes àquela primeira reunião, apenas seis pessoas.
Cem anos depois, e próxima de reunir meio milhão de profissionais
em todo o mundo, a Terapia Ocupacional se consolida como uma
profissão que se expande desde a área da saúde para abraçar também os
campos social e da educação.
Por meio de suas práticas e dos avanços em pesquisas, onde o
fazer humano é abordado de forma transformadora, evidenciamos a
importância da atuação dos terapeutas ocupacionais.

Saiba mais sobre os 100 anos da Terapia Ocupacional em:


https://youtu.be/VYfOK_3sr5s

5
Agradecimentos

Agradeço a todos os TERAPEUTAS OCUPACIONAIS e demais


profissionais, compromissados com o saber e a prática clínica /
assistencial, que fazem a “linha de frente” do acolhimento à população.
Graças à vocês, esse livro têm integralidade e humanização!!!

Agradeço aos mais de 90 Autores Colaboradores, tamanha a


generosidade dispensada a cada capítulo, texto, palavra... Vocês foram
incríveis! Referenciar uma Categoria, exige competência, experiência,
ética e responsabilidade. Aqui, isso é realidade!!!

Agradeço a Dra. Patrícia Luciane Santos de Lima (Vice-presidente


do Coffito) e ao Dr. José Renato de Oliveira Leite (Presidente do Crefito
3), além de todos os colegas terapeutas ocupacionais e fisioterapeuta do
Sistema Coffito-Crefitos, pela parceria e por acreditarem que podemos
sim, avançar nas demandas da Terapia Ocupacional!!!

Agradeço em especial à minha família pelo apoio incondicional, e


todo o amor e carinho!!!

Obrigado a Deus, pela oportunidade de servir e me realizar através


dessa linda profissão, pelo bem comum.

Adriano Conrado Rodrigues

6
Dedicatória

Essa obra é dedicada ao terapeuta ocupacional, professor, orientador,


mestre, e como ele gostava de ser apresentado, AMIGO Roberto Ciasca.
Eterno em nossos corações.
In Memoriam

#contamine-se com o prazer da dança!


- Grupo de Dança ParaTodos na Mostra de dança do CCA da PUC-
Campinas. Coreografia Swing da Lata, criação coletiva. Música de
Herbert Viana e Fernanda Abreu. Coordenação Roberto Ciasca.

Disponível em:
http://robertociasca.blogspot.com.br/2009/08/grupo-de-danca-
paratodos-estreia.html (acesso em 05/03/2018)

7
Capa
Significado

“...a Terapia Ocupacional pode utilizar o mandala,


uma vez que necessita de uma atividade que
proporcione através do simbolismo, a emersão
para o consciente de conflitos internos, o
mandala por sua vez é uma maneira de projeção
simbólica de tais conteúdos inconscientes.”

“...conexão com conteúdos inconscientes que


nos bloqueiam e sentimentos que necessitam
ser trabalhados. O Terapeuta Ocupacional pode
aproveitar deste recurso e auxiliar o indivíduo no
reconhecimento e aceitação destas limitações.”

“...para que haja a reorganização consciente do


cotidiano é necessário reorganizar conteúdos
internos.... o mandala permite uma transformação
alquímica ao nível de psiquismo que favorece
para que as imagens representativas se tornem
realidade e assim seja capaz de remanejar
conteúdos conflitantes, visibilizando a clarificação
dos conteúdos que possam vir a serem emergidos,
permitindo uma reorganização interna.”

- Trechos retirados do TCC dos TOs Hélio Hissaoh Ikeda e Lívia


Aparecida Soares de Lima. MANDALAS: UMA REFLEXÃO SOBRE SEU
POTENCIAL TERAPÊUTICO OCUPACIONAL. UNISO, 2014. Orientação
Acadêmica: Rita Gianolla Miranda.

8
SUMÁRIO

VOLUME 4
TERAPIA OCUPACIONAL - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES
EM SAÚDE (PICS).

Prefácio 1................................................................................................................. 13

Prefácio 2................................................................................................................. 14

I - APRESENTAÇÃO.....................................................................................................16

II - CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................24
Características e Breve Análise de Impacto da Terapia Ocupacional por Geopro-
cessamento no Brasil: Aspectos Sociais, de Saúde e de Educação

III - AQUECIMENTO.....................................................................................................42
Introdução à Ciência Ocupacional

CAPÍTULO 1......................................................................................................64
- Introdução às PICS - Um Olhar para a Integralidade

CAPÍTULO 2......................................................................................................69
- Terapia Ocupacional e as Práticas Integrativas e Complementares em
Saúde no Brasil

CAPÍTULO 3.......................................................................................................77
- Medicina Tradicional Chinesa (MTC)

CAPÍTULO 4......................................................................................................83
- Plantas Medicinais/Fitoterapia

10
SUMÁRIO 11

CAPÍTULO 5......................................................................................................90
- Danças Circulares

CAPÍTULO 6....................................................................................................101
- Arteterapia

CAPÍTULO 7....................................................................................................111
- Reiki

CAPÍTULO 8....................................................................................................130
- Shantala

CAPÍTULO 9.........................................................................................................156
- Auriculoterapia como Abordagem de Cuidado no Campo da Saúde

ANEXO 1.........................................................................................................170
- Aurículoterapia para Redução de Dor e Ansiedade em Profissionais de
Saúde do Município de Beneditinos, PIAUÍ - Relato de Experiência

ANEXO 2..........................................................................................................175
- Práticas Integrativas e Complementares no Campo da Saúde Mental: A
Experiência da Atuação Terapêutica Ocupacional Utilizando a Yoga como
Recurso Terapêutico

IV - APÊNDICE..........................................................................................................181
- Cartilha de Apoio para a Inserção de Terapeutas Ocupacionais nos
Programas e Serviços Públicos de Saúde e Assistência Social...................182
– Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde –
CIF: Considerações para Terapeutas Ocupacionais...............................185
- Apresentação dos mini-currículos dos autores / colaboradores, em
acordo com a identificação numérica em sobrescrito...........................194
Prefácio 1
Dra. Patrícia Luciane Santos de Lima*

Este referencial direcionado aos Terapeutas Ocupacionais, chegou


para enriquecer o conhecimento teórico prático de nossa profissão e
proporcionar condições para desempenharmos nosso trabalho com mais
diversidade, qualidade e abrangência.
Uma grande equipe multiprofissional transformou esta produção
em realidade, perpassando temas que transitam não só pela saúde,
mas trazendo reflexões acerca do nosso papel ocupacional na sociedade
enquanto promotores do bem estar bio psico social do indivíduo e
apontando materiais, métodos, recursos, para que este indivíduo atinja
a sua máxima independência e autonomia.
Trazer aos profissionais, reflexões a respeito deste fazer, ilustrando
a prática com relatos de casos também é o desafio desta obra, e
nos remete a potencializar um bom networkinq que nos capacite a
reconhecer e aprimorar nossas habilidades e competências, somando
forças com a equipe multiprofissional, para alcançarmos a excelência
das boas práticas em saúde.
Estar prefaciando este livro é, além de uma honra, uma grande
responsabilidade: a de indicar a leitura e incentivar os demais colegas a
se aventurarem nas interfaces da nossa profissão, mas acima de tudo, é
uma imensa alegria, pois participo da trajetória do autor, que vem, com
extrema competência, ética e dedicação, transformando conceitos e
quebrando paradigmas da Terapia Ocupacional no Brasil.
Fica como sugestão a leitura e o desejo de que esta sucessão de
temas atuais e aquilatados pelo olhar cuidadoso do autor, nos faça
caminhar para a excelência do cuidado e para o fortalecimento de uma
rede de referência que gere autonomia, inclusão social, geração de
renda e melhor qualidade de vida ao paciente.

*Terapeuta Ocupacional - Vice-presidente e Membro da Comissão de Assuntos Parlamentares


(CAP) do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO).

13
Prefácio 2
Dr. José Renato de Oliveira Leite*

Esta obra tem por objetivo ressaltar a interface da Terapia


Ocupacional no contexto multiprofissional nas mais diversas situações
que envolvem as ações de planejamento e gestão em saúde, os
programas de reabilitação, os ganhos funcionalidade, e as redes de
atenção à saúde, bem como a aplicação de inovados recursos e métodos
terapêuticos por especialistas na área da reabilitação.
Cabe lembrar que o processo de promoção da saúde, física ou
mental, têm por finalidade a reintegração do indivíduo à sociedade. E
para a sua ocorrência, deve-se ter, além do domínio de conhecimento
técnico e científico, a garantia do trabalho multiprofissional, o
envolvimento do Estado, a efetiva participação da sociedade, bem como
do próprio indivíduo a ser reintegrado, e de seus familiares.
Dessa forma, o autor procurou reunir renomados profissionais que
atuam nas áreas de planejamento, gestão e promoção de saúde, sobretudo
ressaltando a importância do trabalho em equipe multiprofissional,
e que por meio das suas ações experiências, irão contribuir de forma
consubstancial na tomada de decisões e adoção de condutas.
Portanto, esse livro é recomendado para todos os profissionais que
estão envolvidos com estratégias de gestão, e aqueles que desejam ter o
amplo conhecimento da importância do trabalho multiprofissional que é
realizado ao longo de todo o processo de reabilitação.
E por fim, aproveito também a oportunidade para parabenizar o
Dr. Adriano Conrado Rodrigues e seus respectivos colaboradores, pelo
excelente trabalho realizado nessa obra, e pela iniciativa de construção
e compartilhamento do conhecimento científico, o qual é de vital
importância para toda a nossa sociedade.

*Fisioterapeuta – Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional


da Terceira Região (CREFITO-3); Membro da Comissão de Assuntos Parlamentares (CAP)
do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO); Especialista em
Fisioterapia Respiratória pela ASSOBRAFIR; Coordenador das Atividades de Ensino do Instituto
do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor- HC. FMUSP)

14
I - APRESENTAÇÃO.
Adriano Conrado Rodrigues

É com imensa satisfação e alegria que apresento essa obra em


formato digital, em consonância com o Conselho Federal de Fisioterapia
e Terapia Ocupacional - COFFITO, para referenciar ou instrumentalizar
de forma ampla e acessível o maior número possível de Terapeutas
Ocupacionais, conforme o interesse nas temáticas abordadas.
Dimensionar a Terapia Ocupacional em sua amplitude não é tarefa
fácil, e talvez nem seja possível considerando as características da
profissão, além das vertentes político-sociais em constante transformação.
Mas creio ter aqui um ótimo retrato, contemporâneo, que conta com
a experiência e colaboração de mais de 90 profissionais, Terapeutas
Ocupacionais e outros, que em suas expertises e de forma generosa
evidenciaram uma base sólida de fundamentos e práticas terapêuticas
ocupacionais e multiprofissionais.
Hoje no Brasil, conforme estimativa do próprio Coffito (Dez/2017)
somos 17.865 Terapeutas Ocupacionais. Isso representa um crescimento
de 21%, em relação ao número de profissionais no ano de 2015. Apesar
do impacto positivo desse valor, pois sim, estamos crescendo, ainda
nos encontramos aquém quando esse levantamento é dimensionado por
cobertura territorial, atenção às demandas, programas, instituições e
serviços, e pelo número de cursos ofertados nas instituições de ensino
superior do território nacional. Atualmente, não são raros os concursos e
vagas de trabalho, sem profissionais inscritos, bem como novas políticas
públicas que venham adaptadas ao baixo número de profissionais com
especialidade ou competência para uma área específica.
Baixo também é o número de mestres e doutores na profissão. Daí a
importância de estarmos incorporados em ações planejadas, tanto de cunho
político (ético/responsáveis), quanto de evidência da própria prática, pois
a mesma fala por si. Esse deve ser um compromisso de cada profissional, de
cada instituição e de cada órgão de representação dessa categoria.
Assim, vejo como essencial a evidência de nossas “boas práticas”, em
acordo com o código de ética da Terapia Ocupacional. Hoje em dia, com os

16
I - APRESENTAÇÃO 17

adventos tecnológicos é muito fácil se comunicar. Saibamos usar isso a nosso


favor, e mostremos toda a riqueza da Terapia Ocupacional à sociedade.
Acesse material de divulgação da Terapia Ocupacional em:
http://www.crefito3.org.br/dsn/manuais.asp

É nesse ideal de CRESCIMENTO, que essa obra compõe seu alicerce!


Para ilustrar a obra e marcar a transição de conteúdos, temos “o
Mandala”, e aqui vale uma fundamentação quanto a pertinência da escolha:
O Mandala - Através do simbolismo, leva a emersão para o consciente
de conflitos ou limitações, que, a partir disso, poderão ser trabalhados para
uma reorganização interna e no cotidiano, ou seja, um excelente recurso
terapêutico (nada mais pertinente!).
Derivação Cultural de concepção, o Mandala, presente na
tradição hinduísta, e mais precisamente na tradição budista tibetana,
presente nos estudos de C. G. Jung, representa uma imagem interior
que gradualmente é construída nos momentos de equilíbrio psíquico
perturbado, ou quando um pensamento não pode ser encontrado.
O Mandala estimula a mente a equilibrar as emoções e ativa os
processos físicos, ajudando a restabelecer sua função plena e assim
passa a ser uma fonte de cura; e encontra a sua simbiose técnico-afetiva
com a Terapia Ocupacional.
E assim, a beleza fascinante e misteriosa do Mandala nos
acompanhará ao longo dessa jornada, abraçando a dimensão
contemporânea da Terapia Ocupacional, sem nos deixar esquecer o quão
fascinante, complexa e rica é a essência e o trabalho com o ser humano!
Outro ponto importante da obra é o fato da característica
multiprofissional da composição dos assuntos; o que torna o conteúdo
extremamente esclarecedor quanto ao papel do terapeuta ocupacional,
quando frente às outras profissões, quer seja no campo da Educação,
da Saúde, da Previdência ou da Assistência Social, nas prerrogativas,
competências e amplitude de Abordagens, Métodos, Técnicas e
intervenções terapêuticas ocupacionais.

Não há atenção integral à Saúde da população, sem a presença do


Terapeuta Ocupacional nos programas, serviços e equipes de trabalho!

Da mesma forma, conhecer as prerrogativas e práticas profissionais


das demais categorias que nos relacionamos como Terapeutas
Ocupacionais, nos auxilia a intervir de forma ética, e partilhar nossos
18 Terapia Ocupacional • Volume 4

objetivos (em equipe) ou gerar demandas colaborativas, para que


tenhamos a riqueza da abordagem multiprofissional evidenciada nas
dinâmicas de trabalho, e certamente maior assertividade nas avaliações e
condutas profissionais.
As práticas multiprofissionais nesse contexto têm como principal
objetivo lançar um olhar amplo sobre os indivíduos, tanto para prevenir
doenças e fatores de exclusão, como para promover a saúde e a Qualidade
de Vida. Esse é um processo que passa pela busca de independência nas
atividades da vida diária, autonomia para o desenvolvimento pessoal,
projetos de vida, respeito pelos valores individuais ou comunitários,
manutenção de vínculos sociais e ocupacionais, que considerem o potencial
funcional e relacional. Essas questões compõem as premissas do trabalho do
Terapeuta Ocupacional, e por conseqüência as premissas dessa obra.
Talvez o terapeuta ocupacional seja o profissional mais competente na
atenção às pessoas em estado de vulnerabilidade; até aqui, pouca novidade
uma vez que essa profissão advém de situações adversas da humanidade. A
questão é que no Brasil, pela própria condição sócio-econômica e política
do país, a vulnerabilidade está intimamente ligada ao risco de morte, o
que torna a presença do terapeuta ocupacional nos programas e serviços
públicos, necessária, indispensável, imprescindível, ou qualquer outro
adjetivo que demonstre a extrema importância de sua presença.
Assim, num verdadeiro malabarismo metodológico /organizacional
para abraçar todo o arcabouço teórico-prático levantado, e sem
a pretensão de ser perfeita nessa questão, essa obra divide-se em
4 partes, precedidas pela contextualização em forma de análise
situacional da profissão no cenário nacional, e por uma brilhante viagem
à Ciência Ocupacional como terra fértil a ser explorada por acadêmicos
e profissionais, e que ancora e subsidia a prática da Terapia Ocupacional.
A Parte 1 aborda de forma ampla, estratégias de GESTÃO,
EMPREENDEDORISMO E MARKETING para terapeutas ocupacionais,
deixando clara a capacidade (e aptidão) desse profissional em gerenciar
pessoas, equipes e serviços ou empresas.
Na Parte 2 são apresentados de forma técnica, MÉTODOS,
ABORDAGENS E INTERVENÇÕES PARA GANHO DE AUTONOMIA,
INDEPENDÊNCIA OU PARTICIPAÇÃO.
Nessa mesma linha entramos na Parte 3, onde os autores
colaboradores relatam suas experiências e saberes nos CONTEXTOS DA
EDUCAÇÃO, SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL.
E finalmente a Parte 4 percorre a extensão terapêutica ocupacional
I - APRESENTAÇÃO 19

no campo das PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE, e


que demandam o envolvimento dos profissionais, pois já temos inclusive
a Política Nacional das PICS, com grande atenção Ministerial para a sua
consolidação.
Assim, concluo a apresentação considerando essa obra um
marco de evidência, em que a profissão parece SE FORTALECER nas
mãos de gestores e profissionais que entendem ser esse, o momento
de construção e união pelo ideal da profissão em si; e o que não for
para agregar em representação, competência, sustentabilidade,
monitoramento, eficiência e efetividade, já não cabe mais. A TERAPIA
OCUPACIONAL BRASILEIRA SOMOS TODOS NÓS!

“Nenhum homem é uma ilha; qualquer


homem é uma parte do todo. A morte
de qualquer homem me diminui,
porque faço parte da humanidade;...”

John Donne (1572-1631).

APRESENTAÇÃO DOS AUTORES / COLABORADORES POR SESSÃO*:

I - (APRESENTAÇÃO).

II - CONTEXTUALIZAÇÃO.
1. Adriano Conrado Rodrigues (1)
2. Álida Fernanda C. Murta Andrade (94)
3. Jamile Cristina Albieiro Silva (31)
4. Dimaima Vitória Castro da Graça (93)
5. Susilene Maria Tonelli Nardi (72)

III - AQUECIMENTO.
Otavio Augusto de Araujo Costa Folha (57)

VOLUME 1.
TERAPIA OCUPACIONAL - GESTÃO, EMPREENDEDORISMO E MARKETING.
1. Priscilla Regina Cordeiro (33)
2. Annie Betune Ramalhão (3)
3. Sandra Helena Iglesias Cordeiro Leite (9)
20 Terapia Ocupacional • Volume 4

4. Adriano Conrado Rodrigues (1)


5. Bruno Souza Bechara Maxta (59)
6. Alessandro Rodrigo Pedroso Tomasi (58)
7. Susilene Maria Tonelli Nardi (72)
8. Lúcia Helena Soares Camargo Marciano (91)
9. Maria Aparecida Pereira Machado (80)
10. Katia Maki Omura (75)
11. Carmen Ligia Cucê Nobre (21)
12. Adriano de Oliveira* (28)
13. Julia Hatakeyama Jóia* (27)
14. Keila Raquel Ferreira de Oliveira (22)
15. Janaína Eleutério Martins (23)
16. Luiza Franco (26)
17. Maria Luiza Rezende (24)
18. Maria Luiza Santa Cruz (19)
19. Marina Rodrigues Camargo (17)
20. Silvia Regina Rocha (18)
21. Viviane de Mancilha Lima (25)

VOLUME 2.
TERAPIA OCUPACIONAL EM SAÚDE E REABILITAÇÃO - MÉTODOS,
ABORDAGENS E INTERVENÇÕES PARA GANHO DE AUTONOMIA,
INDEPENDÊNCIA OU PARTICIPAÇÃO.
1. Daniel Marinho Cezar da Cruz (11)
2. Maria Aparecida Ferreira de Mello (37)
3. Cândida Luzzo (39)
4. Tatiani Marques (40)
5. Adriano Conrado Rodrigues (1)
6. Fernando Vicente de Pontes (56)
7. Daniela Nascimento Augusto (17)
8. Roberta Abduch Rolim Credidio (16)
9. Adriano Conrado Rodrigues (1)
10. Luciana Diniz Freitas (70)
11. Gisele Pellegrini (5)
12. Renata Aparecida Conejo (8)
13. Ana Cláudia Tavares Rodrigues (88)
14. Luciane Padovani (6)
15. Ana Maria D. O. Belleza (2)
16. Fábio Jakaitis (4)
I - APRESENTAÇÃO 21

17. Luciane Padovani (6)


18. Marussia Fialho Hamsi Caridá (15)
19. Eduardo Peres Honório (14)
20. Célia Aparecida Tomba (13)
21. Adriana Garcia Tosta Vieira (12)
22. Andressa Chodur (83)
23. Patrícia Luciane Santos de Lima (53)
24. Sandra C. Pizzocaro Volpi (36)
25. Caio Cesar Benetti Filho (51)
26. Kátia Cezário da Silva (90)
27. Fernanda Cristina Ferreira de Camargo (66)
28. Vanessa Raquel Pires Ferracini (68)
29. Evelin Cadrieskt Ribeiro Mello (67)
30. Carolina Gomes Matarazzo (92)
31. Antonia Alice de Souza Fonseca (42)
32. Evelyn Kirkcov de Souza (45)
33. Helenice Oliveira (44)
34. Márcia Conceição Abbamonte (43)
35. Renata Rocha (49)
36. Renata Schoedler (10)
37. Carolina Gomes Matarazzo (92)
38. Márcia Helena Valente da Costa (95)

VOLUME 3.
TERAPIA OCUPACIONAL - CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO, SAÚDE, PREVIDÊNCIA
E ASSISTÊNCIA SOCIAL.
1. Maria Fernanda dos Santos (74)
2. Daniela Nascimento Augusto (17)
3. Leonardo Costa Lima (35)
4. Alexandre Martinho (76)
5. Aide Mitie Kudo (46)
6. Mônica Estuque Garcia Queiroz (47)
7. Gabriela Pereira do Carmo (71)
8. Luciana Diniz Freitas (70)
9. Mônica Estuque Garcia Queiroz (47)
10. Patrícia Luciane Santos de Lima (53)
11. José Naum de Mesquita Chagas (77)
12. Carolina Maria do Carmo Alonso (48)
13. Priscila Blasquez da Costa Leite (55)
22 Terapia Ocupacional • Volume 4

14. Jamile Cristina Albieiro Silva (31)


15. Adriano Conrado Rodrigues (1)
16. Gisele Monnerat Tardin (50)
17. Tatiani Marques (40)
18. Luis Ferreira Monteiro Neto (54)
19. Fernando Vicente de Pontes (56)
20. Patricia Leite de Oliveira (52)
21. Ana Rita Costa de Souza Lobo Braga (69)
22. Patrícia Leite de Oliveira (52)
23. Carolina Cimardi Becker (29)
24. Cristina Maria Quaggio (30)
25. Jamile Cristina Albiero Silva (31)
26. Mariane Aparecida Terssoni da Conceição (32)
27. Priscilla Regina Cordeiro (33)
28. Talita Cristina de Moraes (34)
29. Cíntia Schwab (41)
30. Leiliane Helena Gomes(89)
31. Márcia de Souza Rodrigues (61)
32. Aline Paz Perussi (73)
33. Carolina Maria do Carmo Alonso (48)
34. Priscila Blasquez da Costa Leite (55)
35. Gisele Monnerat Tardin (50)
36. Marina Rodrigues Camargo (17)
37. Silvia Regina Rocha (18)
38. Maria Luiza Santa Cruz (19)
39. Walter Augusto Bahia Pereira (20)
40. Maria Luiza Rezende (24)
41. Carmen Ligia Cucê Nobre (21)
42. Keila Raquel Ferreira de Oliveira (22)
43. Janaína Eleutério Martins (23)
44. Luiza Franco (26)
45. Viviane de Mancilha Lima (25)
46. Álida Fernanda C. Murta Andrade (94)
47. Luzianne Feijó Alexandre Paiva (82)
48. Maria Imaculada da Costa Mendonça (96)
I - APRESENTAÇÃO 23

VOLUME 4.
TERAPIA OCUPACIONAL - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM
SAÚDE (PICS).
1. Ana Teraza Costa Galvanese (79)
2. Fábia Cilene Dellapiazza (38)
3. Márcia de Souza Rodrigues (61)
4. Luzianne Feijó Alexandre Paiva (82)
5. Adriano Conrado Rodrigues (1)
6. Leonardo Costa Lima (35)
7. Flavia Liberman (78)
8. Rachel Azulay Leite (60)
9. Ângela Maria Cecim de Souza Castro Lima (62)
10. Lídia Seade Vieira Maia (63)
11. Socorro de Maria Castro (65)
12. Maria de Nazareth Mendes (64)
13. Patrícia Luciane Santos de Lima (53)
14. Karla Adriana Ferreira Beckman (84)
15. Alan Senigalia (85)
16. Ana Maria Fernandes Pitta (86)
17. Lara Susan Silva Lima (80)
18. Clarissa Dantas de Carvalho (87)

IV - APÊNDICE
1. Susilene Maria Tonelli Nardi (72) / Câmara Técnica Sócio-Sanitária -
Crefito 3.
2. Adriano Conrado Rodrigues (1)

*Acesse os mini-currículos dos autores, em acordo com a identificação numérica, no


tópico IV – Apêndice, parte 3.
II - CONTEXTUALIZAÇÃO
Características e Breve Análise de Impacto da Terapia
Ocupacional por Geoprocessamento no Brasil: Aspectos
Sociais, de Saúde e de Educação.
Adriano Conrado Rodrigues

Colaboração:
Susilene Maria Tonelli Nardi
Álida Fernanda Corgozinho Murta Andrade
Jamile Cristina Albieiro Silva
Dimaima Vitória Castro da Graça

1 - Introdução.

Após a apresentação dessa obra, é importante que se apresente
a Terapia Ocupacional, bem como contextualizá-la numa dimensão de
interesse dos gestores, acadêmicos e profissionais.
Essa importante profissão já difundida no mundo, no Brasil caminha
para a sua consolidação, habitando e se desenvolvendo nos espaços
da saúde, educação, assistência social e cultura. Portanto, é essencial
o entendimento das variáveis que compõem a Terapia Ocupacional, e
dos parâmetros que a delimitam em nosso país, tanto no que se refere
à distribuição geográfica dos profissionais, como de suas práticas e
contribuições para as Políticas de Atenção.
A partir do correto entendimentos desse contexto, e da evidência
do impacto das ações profissionais, o planejamento para a valorização e
o próprio crescimento da profissão passam a ser possíveis, e em acordo
com as reais demandas da profissão e da própria população brasileira.

2 - Terapia Ocupacional.

2.1 - Apresentação
Numa visão contemporânea, a Terapia Ocupacional é uma profissão

24
II - CONTEXTUALIZAÇÃO 25

de nível superior e que de acordo com a Organização Mundial de


Saúde, utiliza a atividade humana como recurso terapêutico, com o
objetivo de habilitar e/ou reabilitar indivíduos com dificuldades físicas,
psíquicas, cognitivas, perceptivas e sociais, que estejam interferindo no
desenvolvimento e/ou na independência do indivíduo.
Desta forma sua atuação permeia todos os ciclos de vida (recém-
nascidos, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos), trabalhando
em equipamentos públicos e privados dos setores de Saúde, Educação,
Assistência Social, Cultura, Previdência Social e nos Sistemas Judiciário
e Penitenciário. Participa da organização, planejamento e gestão dos
serviços, da pesquisa, prevenção de alterações funcionais dos sistemas
do corpo humano e do desempenho nas atividades cotidianas de pessoas
em seus diferentes contextos sociais. Atua em situações de risco, de
fragilidade e vulnerabilidade social e problemas de ordem física, cognitiva
e mental em diferentes níveis de complexidade. Auxilia na integração
das pessoas aos diferentes cenários sociais, conforme suas demandas,
papéis ocupacionais, necessidades ou interesses, visando melhorar a auto-
realização, o bem-estar e a qualidade de vida, e advinda de áreas de
estudo como a Ciência Ocupacional (vide tópico III – Aquecimento).

2.2 - Áreas de Atuação.


O CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL
(COFFITO) reconhece as seguintes Especialidades do profissional
Terapeuta Ocupacional:

A - Especialidade: Acupuntura
Área de Atuação:
• Todos os níveis de atenção à saúde, em todas as fases do
desenvolvimento ontogênico, com ações de prevenção, promoção,
proteção, educação, intervenção, recuperação e reabilitação do cliente/
paciente/usuário.

B - Especialidade: Contextos Hospitalares
A formação profissional dessa especialidade, enquadrada na área
requerida - “Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares”, apresenta
três áreas de atuação: “Atenção intra-hospitalar”, “Atenção extra-
hospitalar oferecida pelo hospital” e “Atenção em cuidados paleativos”.
A área de atuação de “Atenção em Cuidados Paliativos” compreende
o oferecimento de cuidados terapêuticos ocupacionais junto a equipes
26 Terapia Ocupacional • Volume 4

multiprofissionais, a pacientes com condições crônico-degenerativas


potencialmente fatais (oncológicas e não-oncológicas) e que estão
em tratamento sem condições de modificação da doença; os Cuidados
Paliativos podem ser realizados tanto em contextos intra-hospitalares,
como através de ações em contextos extra-hospitalares oferecidas por
equipe hospitalar, não se restringe à fase de terminal idade da vida
e são considerados cuidados preventivos, pois previnem um grande
sofrimento motivado por dores, sintomas e pelas múltiplas perdas físicas,
psicossociais e espirituais e podem reduzir o risco de luto complicado.
Serão consideradas áreas afins: Terapia Ocupacional em Saúde
Funcional; Terapia Ocupacional em Saúde Mental; Terapia Ocupacional
em Saúde Coletiva nas áreas de atuação Desempenho Ocupacional
e Saúde do Idoso; Desempenho Ocupacional e Saúde da Mulher;
Desempenho Ocupacional e Saúde do Trabalhador; Desempenho
Ocupacional e Saúde do Escolar, considerando neonato, infância e
adolescência; e Cuidados Paliativos e Tanatologia.

C – Especialidade: Contextos Sociais


Áreas de Atuação:
• Desempenho Ocupacional e Contexto Asilar
• Desempenho Ocupacional e Contexto Prisional
• Desempenho Ocupacional e Geração de Renda
• Desempenho Ocupacional e Justiça e Cidadania
• Desempenho Ocupacional e Inclusão Laboral
• Desempenho Ocupacional e Liberdade Assistida
• Desempenho Ocupacional e Liberdade Condicional
• Desempenho Ocupacional e Seguridade Social

D - Especialidade: Gerontologia
• Atenção à saúde da pessoa idosa; Assistência social à pessoa idosa;
• Cultura e lazer para a pessoa idosa e Educação à pessoa idosa.

E – Especialidade: Saúde da Família


Área de Atuação:
• Desempenho Ocupacional na Saúde da Criança e do Adolescente;
• Desempenho Ocupacional na Saúde do Adulto;
• Desempenho Ocupacional na Saúde do Idoso.


II - CONTEXTUALIZAÇÃO 27

F – Especialidade: Saúde Mental


Áreas de Atuação:
• Desempenho Ocupacional Psicossocial
• Desempenho Ocupacional Percepto-Cognitivo
• Desempenho Ocupacional Senso-Perceptivo
• Desempenho Ocupacional Psicoafetivo
• Desempenho Ocupacional Psicomotor

2.3 - Locais de Atuação.


Sistema Único de Saúde (SUS):
• Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades Básicas de Saúde da
Família (UBSF)
• Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)
• Centro Dia para Idosos
• Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e outros serviços da Rede de
Atenção Psicossocial (RAPS)
• Unidade de Referência para Idosos
• Clínicas e Policlínicas
• Hospitais (UTI, ambulatórios e enfermarias)
• Centro Especializado de Reabilitação (CER)
• Centro de referência em saúde do trabalhador (CEREST).
• Grupo de Vigilância Epidemiológica (municipal, regional ou estadual)
• Atendimento domiciliar (SAD)

Sistema Único de Assistência Social (SUAS):


• Centro de Referência de Assistência Social (CRAS)
• Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS)
• Terceiro Setor

Entidades públicas, privadas e filantrópicas:


• Consultórios particulares
• Casas de repouso
• Instituições de longa permanência
• Creches
• Clubes esportivos
• Escolas
• Organização Não Governamental (ONGs)
• Redes de atenção especializada (AMA; Lucy Montoro; APAE; entre outros)
• Museus e Pontos de Cultura
28 Terapia Ocupacional • Volume 4

• Presídios
• Universidades
• Institutos de Pesquisa
• Indústrias
• Gestão
• Serviço militar em geral.
• Centros de Defesa em Direitos Humanos

3 - Instituições Ensino Superior – IES - Curso de Terapia


Ocupacional.
Tabela 1. Relação das IES que oferecem o curso de Terapia Ocupacional,
por Estado.

Estado Universidades TO
AL Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas
CE Universidade de Fortaleza
DF Universidade de Brasília
ES Universidade Federal do Espírito Santo
GO Faculdade União de Goyazes
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
MG
Universidade Federal de Minas Gerais
Escola Superior da Amazônia
Universidade da Amazônia
PA
Universidade do Estado do Pará
Universidade Federal do Pará
Universidade Federal do Paraná
PR
União do Ensino Superior do Iguaçu
PE Universidade Federal do Pernambuco
PI Faculdade Integral Diferencial
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro
RJ
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Faculdade Serra Gaúcha
Centro Universitário Franciscano
RS Universidade Federal de Santa Maria
Universidade Federal de Pelotas
RO Faculdades Integradas Aparício Carvalho
SC Associação Catarinense de Ensino - Faculdade Guilherme Guimbala
II - CONTEXTUALIZAÇÃO 29

Estado Universidades TO
Centro Universitário de Araraquara Brasil
Centro Universitário São Camilo
Faculdade de Medicina do ABC
Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Universidade Sagrado Coração
SP Universidade de São Paulo
Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto
Universidade de Sorocaba
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Universidade Federal de São Carlos
Universidade Federal de São Paulo
SE Universidade Federal de Sergipe

Fig. 1 – Mapa para análise de cobertura com o número de IES que oferecem
o curso de Terapia Ocupacional/Estado (em acordo com a Tabela 1).

Considerando a dimensão nacional de cobertura dos programas e


serviços públicos de Educação, Saúde e Assistência Social, considerando
a demanda populacional por saúde, e considerando as IES como
instituições de extrema relevância no cenário de formação e prática,
impactando diretamente a oferta do serviço, na figura acima resta
evidente a necessidade de um plano político administrativo que amplie o
número da oferta de cursos de Terapia Ocupacional no Brasil.
30 Terapia Ocupacional • Volume 4

4 - Dados do Ministério da Saúde do Brasil, para correlação.



4.1 - Atenção Básica.
Compreende o Departamento de Atenção Básica, e define-se pelo
conjunto de iniciativas do Ministério da Saúde para cuidar da população
no ambiente em que vive, sob o slogan “Saúde mais perto de você”.
Nele está incluída a Estratégia Saúde da Família (que compõe a Política
Nacional de Atenção Básica), o Brasil Sorridente (Política Nacional de
Saúde Bucal); Política Nacional de Alimentação e Nutrição; Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares; Programa de
Requalificação das Unidades Básicas de Saúde; Programa Nacional de
Melhoria do Acesso e Qualidade na Atenção Básica (PMAQ-AB); Programa
Telessaúde Brasil Redes; Equipes de Consultórios na Rua; Programa Saúde
na Escola (PSE); Projeto de Expansão e Consolidação da Estratégia Saúde
da Família (PROESF), entre outros programas, ações e estratégias, que
compõem a Rede de Atenção à Saúde (RAS.)
Em janeiro de 2018, de acordo com o levantamento realizado no
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), Departamento
de Atenção Básica (DAB), havia registro de 43.741 Estratégias de Saúde
da Família implantadas no País, garantindo uma cobertura na Atenção
básica estimada em 75,7% da população, que significa a abrangência de
157.138.501 habitantes.
O Terapeuta Ocupacional faz parte da gestão, bem como da Rede
de Atenção à Saúde (RAS) da Atenção Básica, e desempenha papel
fundamental para que os objetivos preconizados pelo Ministério da
Saúde e pela OMS sejam alcançados.

4.2 - Atributos da Rede de Atenção à Saúde (o que aqui denominarei


como DIRETRIZES).
Considera-se que não há como prescrever um modelo
organizacional único para as RAS, contudo as evidências mostram
que o conjunto de atributos apresentados a seguir é essencial
ao seu funcionamento, no modo a que se propõe (conteúdo
citado na íntegra -http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.
php?conteudo=atributos_ras):
1. População e território definidos com amplo conhecimento de suas
necessidades e preferências que determinam a oferta de serviços de saúde.
2. Extensa gama de estabelecimentos de saúde que prestam
serviços de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, gestão
II - CONTEXTUALIZAÇÃO 31

de casos, reabilitação e cuidados paliativos e integram os programas


focalizados em doenças, riscos e populações específicas, os serviços de
saúde individuais e os coletivos.
3. Atenção Básica à Saúde estruturada como primeiro nível de
atenção e porta de entrada preferencial do sistema, constituída de
equipe multidisciplinar que cobre toda a população, integrando,
coordenando o cuidado, e atendendo às suas necessidades de saúde.
4. Prestação de serviços especializados em lugar adequado.
5. Existência de mecanismos de coordenação, continuidade do
cuidado e integração assistencial por todo o contínuo da atenção.
6. Atenção à saúde centrada no indivíduo, na família e na
comunidade, tendo em conta as particularidades culturais, gênero,
assim como a diversidade da população.
7. Sistema de governança único para toda a rede com o propósito
de criar uma missão, visão e estratégias nas organizações que compõem
a região de saúde; definir objetivos e metas que devam ser cumpridos
no curto, médio e longo prazo; articular as políticas institucionais; e
desenvolver a capacidade de gestão necessária para planejar, monitorar
e avaliar o desempenho dos gerentes e das organizações.
8. Participação social ampla.
9. Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico
e logístico.
10. Recursos humanos suficientes, competentes, comprometidos e
com incentivos pelo alcance de metas da rede.
11. Sistema de informação integrado que vincula todos os membros
da rede, com identificação de dados por sexo, idade, lugar de residência,
origem étnica e outras variáveis pertinentes.
12. Financiamento tripartite, garantido e suficiente, alinhado com
as metas da rede.
13. Ação intersetorial e abordagem dos determinantes da saúde e
da equidade em saúde.
14. Gestão baseada em resultado.

Para compor esse cenário, a página do Ministério da Saúde traz:


- Elementos constitutivos da Rede de Atenção à Saúde (http://dab.
saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=elementos_ras);

32 Terapia Ocupacional • Volume 4

- Funções da Atenção Básica nas Redes de Atenção a Saúde (http://


dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=funcoes_ab_ras);

- Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência
(http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.
php?conteudo=rede_deficiencias);

- Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
(http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.
php?conteudo=rede_psicossocial);

- Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas
de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP)
(http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnaisp.
php?conteudo=saude_mental_sistema_prisional).

5 - Apresentação dos Mapas Geoanalíticos.

A seguir, apresento uma análise por geoprocessamento na dimensão
do território nacional, que retrata (entre tantos outros) a densidade
demográfica, consumo de saúde, consumo de educação, beneficiários de
planos de saúde (saúde suplementar), renda média familiar e a distribuição
dos profissionais TERAPEUTAS OCUPACIONAIS. Esses dados (e mapas) quando
correlacionados, podem evidenciar informações preciosas, para análise e
diagnóstico de impacto da profissão, e gestão dos programas e serviços da
Rede de Atenção à Educação, Saúde e Assistência Social.
Ao pensarmos no contexto da Terapia Ocupacional como um
sistema, e sendo esse sistema ativo (pois temos, entre tantas variáveis,
novos profissionais todos os anos ingressando ao mercado de trabalho),
para seu correto funcionamento e para cumprir os objetivos a que se
propõe no âmbito social, há que se estabelecer uma análise crítico-
situacional adequada e contínua de seus dados.
Nesse sentido, qualquer estratégia para crescimento e valorização
da Terapia Ocupacional que não considere a interdependência dos
componentes desse sistema, bem como do monitoramento e gestão dos
dados gerados, certamente incorrerão em ineficiência.


II - CONTEXTUALIZAÇÃO 33

1- Densidade Demográfica

Refere-se a distribuição da população no território nacional. Ano


referencia: 2018

2- Consumo de Saúde

Refere-se a distribuição da população que paga por saúde no território


nacional. Ano referencia: 2018

34 Terapia Ocupacional • Volume 4

3- Consumo de Educação

Refere-se a distribuição da população que paga por educação no


território nacional.

4- Beneficiários de Planos de Saúde

Refere-se a cobertura da rede de saúde suplementar no território


nacional. Ano referencia: 2018


II - CONTEXTUALIZAÇÃO 35

5- Renda Média Familiar

Refere-se a distribuição de renda familiar no território nacional. Ano


referencia: 2018

6- Número de Profissionais

Refere-se a distribuição dos profissionais terapeutas ocupacionais no


território nacional. Ano referencia: 2018


36 Terapia Ocupacional • Volume 4

5.1 – Análise e Discussão.


Diante dos mapas expostos (não sobrepostos) conclui-se que,
mesmo com uma análise limitada, há uma maior densidade demográfica
(Mapa 1) nos estados do norte, centro-oeste, sul e sudeste; o consumo
de saúde, (Mapa 2) e educação (Mapa 3) particulares dessa população,
são mais evidentes nos estados do sul e sudeste e parcos no norte
(exceto o Pará), nordeste e centro oeste; já a renda familiar (Mapa 5),
com exceção do Amapá, também se apresenta mais baixa nos estados do
norte e nordeste do Brasil.
Densidade demográfica, consumo de saúde e educação, e renda
familliar ou cobertura de saúde suplementar são dados importantes de
planejamento, quando confrontados com os princípios do Sistema Único
de Saúde - SUS (equidade, universalidade e integralidade).
A presença do Terapeuta Ocupacional no País (Mapa 6) se dá em
maior quantidade no sul e sudeste e com precariedade numérica, exceto
nos estados do Rio grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, nos estados
do norte, nordeste e centro-oeste.
Justaposto, nota-se evidencia da maior necessidade deste
profissional nos estados do norte-nordeste e centro oeste para
desenvolver ações junto à população destes estados e garantir a
cobertura assistencial terapêutica ocupacional adequada.
Numa correlação mais criteriosa dos dados, vemos que na análise
de cobertura por número de profissionais x região x população, fica ainda
mais clara a escassez de terapeutas ocupacionais no território nacional,
o que também se apresenta quantificado nos dados da tabela abaixo, que
evidenciam essa condição e nos alertam para o fato de o Brasil seguir
a margem do que a Organização Mundial da Saúde recomenda, e da
realidade assistencial dos países mais desenvolvidos.
Ainda assim, por mais que se pese o fator econômico, ou por
qualquer outro parâmetro que se queira referenciar, a condição não
deixa de ser grave, onde a população figura como grande prejudicada.
II - CONTEXTUALIZAÇÃO 37

Tabela 2. Disposição dos dados para análise de Cobertura (região x


população x número de profissionais).

Diante dessa realidade, incentivamos os Terapeutas Ocupacionais a


ocuparem espaços ainda não explorados, haja vista que nesta situação,
como ocorre com outras categorias profissionais, a valorização financeira
e empregabilidade são condição sine qua non.
Em consonância a esta análise, urge a necessidade do poder público
(Saúde, Educação e Assistência Social) fomentarem políticas públicas
e estratégias para aumento do número de terapeutas ocupacionais na
assistência à população, inclusive com apoio às Instituições de Ensino
Superior para mais cursos e vagas; dos Conselhos regionais e Conselho
Federal para o reconhecimento das especialidades, o fortalecimento
e validação das ações do Terapeuta Ocupacional, bem como a
normatização, criação e divulgação dos procedimentos operacionais
padrão dentro das especialidades que assim permitem; e da população
em buscar seu direito a uma atenção integral, onde a presença do
terapeuta ocupacional é imprescindível; e finalmente, sustentarmos a
nossa profissão e a embasarmos com evidencias científicas é talvez o
maior desafio dos próximos anos. Para tanto, é importante que nossas
associações de categoria sejam protagonistas nesse papel.
38 Terapia Ocupacional • Volume 4

6 - Considerações Finais.

Contextualizar a Terapia Ocupacional no cenário nacional, assim
como contextualizar a própria prática da Terapia Ocupacional, envolve a
compreensão acerca da identidade profissional e de fato o entendimento
de até que ponto conseguimos sensibilizar profissionais e população
acerca da complexidade de nossa atuação. Falar de uma forma clara
para as pessoas sobre quem somos, como atuamos, e conceituar de
uma forma simples e didática o instrumento da Terapia Ocupacional
– a análise da atividade humana, para que uma pessoa possa associar
uma questão de sua rotina ou cotidiano, à intervenção do terapeuta
ocupacional, pode ser um caminho.
No imaginário popular, por exemplo, uma dieta pode remeter
a pessoa ao nutricionista, assim como uma entorse pode remeter
ao fisioterapeuta. E assim poderíamos citar outras profissões que já
possuem a identidade forte quanto ao fazer que lhes caracterizem.
Na Terapia Ocupacional, consolidar a identidade ainda é uma busca.
Trabalhamos com os preceitos da ocupação humana, fazer humano,
rotina, cotidiano, dentre tantos outros conceitos que utilizamos para
explicar às pessoas o que fazemos e o que permeia nossa atuação.
Todavia, nós profissionais sabemos da complexidade da nossa prática, e
diante disso, desistimos de tentar explicar ou partimos para a evidência
clinica, expressa pela prática profissional.
Num contraponto a essa complexidade, o próprio nome da profissão
traz em si um estigma difícil de ser “desconstruído”... A idéia do ocupar
por ocupar, o que acaba sendo mais um problema.
Com a experiência e a formação continuada, passamos a
considerar mais claramente a ciência por traz dos fatos. Refletir
sobre a Ocupação Humana, e o quanto essa ciência influencia a
população em geral, bem como a nossa atuação enquanto terapeutas
ocupacionais, pode auxiliar nesse processo de sensibilização para a
identidade da Terapia Ocupacional.
Em nossa atuação profissional, somos constantemente observados
(pacientes, familiares, outros profissionais...), e considero esse um importante
momento de divulgação do nosso fazer. Como exemplo, compartilho um
atendimento especifico do Programa Melhor em Casa (do SUS), localizado na
Zona Norte da cidade de São Paulo. Esse programa se dá pela intervenção
domiciliar, onde acessamos uma diversidade enorme de contextos.
Na avaliação de um Senhor Idoso, 71 anos de idade, com
II - CONTEXTUALIZAÇÃO 39

diagnóstico de Trauma Crânio Encefálico (por queda de própria altura


no banheiro de seu domicilio), constatei um quadro de dependência
moderada em suas Atividades Básicas da Vida Diária - ABVD, e déficit
funcional por diminuição do grau de forca muscular e de amplitude de
movimento dos membros superiores (alta da internação recente). No
momento da visita domiciliar, o paciente estava acompanhado de sua
esposa. A avaliação foi realizada, e como conduta, antecipei orientações
acerca de adaptação ambiental, maior participação nas ABVD,
importância de posicionamento adequado no leito e cadeira de rodas,
além de mudanças de decúbito (condutas para objetivos terapêuticos
ocupacionais). Durante todo o momento da avaliação, foi reforçado
que ali estava ocorrendo um atendimento de Terapia Ocupacional, que
era realizado por um terapeuta ocupacional, e quais eram os objetivos
terapêuticos ocupacionais ali propostos. O resultado foi excelente.
Ao final do atendimento, a esposa do paciente, ao ser questionada
pelo filho que ali chegara naquele instante, que Terapia Ocupacional era
a profissão que trabalhava com o Cotidiano!
Talvez esse seja realmente um caminho, mas certamente não deve
ser considerado o único.
Estendendo essa discussão, a descrição acima me remete a uma
recente supervisão prestada a uma profissional terapeuta ocupacional da
rede de Atenção à Saúde, de um Município do Estado de São Paulo.
Nessa supervisão, como em tantas outras, as questões colocadas foram:
- O que realmente faz o Terapeuta Ocupacional no programa “X”?
- Como posso organizar a minha prática no programa “X”?
- O que fazer para que a equipe entenda o meu trabalho e atribuições?
Esse entendimento depende das variáveis interferentes do processo
de trabalho como terapeuta ocupacional, bem como do perfil, propósito
ou características do meio de interação ou ambiente de relação. Essa
correlação é o norte que dirige a exposição de evidências e “boas
práticas” profissionais.
Nesse caminho, temos o conceito de trabalho em “rede”, como
por exemplo, a Rede de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, citada
anteriormente. O conceito de trabalho em rede nos remete diretamente
a outro conceito denominado “matriciamento”.
Como descrito no texto do “Portal Educação”:

“Entende-se por matriciamento, o suporte realizado por
profissionais e diversas áreas especializadas, dado a uma equipe
40 Terapia Ocupacional • Volume 4

interdisciplinar com o intuito de ampliar o campo de atuação e


qualificar suas ações.
Ou seja, matriciamento ou apoio matricial é um novo modo de
produzir saúde em que duas ou mais equipes, num processo de construção
compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico-
terapêutica. E essa relação amplia a possibilidade de realizar a clínica
ampliada e a integração ou diálogo entre diferentes especialidades e
profissões, onde o conhecimento a cerca de cada profissão é essencial
para que essa rede realmente funcione nos parâmetros de eficiência e
efetividade desejados”. (Ministério da Saúde, 2011)

Em resumo, quanto maior o matriciamento entre os serviços,


inclusive considerando os diferentes níveis de atenção, mais fortalecida
a rede, e mais eficiente a estratégia ou a gestão; eficiência essa que
deve ser mensurada a partir das variáveis pautadas, com base nos
resultados alcançados. Basicamente, é uma questão de REFERÊNCIA
e CONTRA-REFERÊNCIA, como preconiza o SUS, e efetivá-la deve ser
responsabilidade de cada profissional inserido nesse processo.
Por outro lado, dada a complexidade das demandas de Educação,
Saúde e Assistência Social, e da própria complexidade do ser humano, a
falta de matriciamento e consequente fragmentação da rede, não só leva
a ineficiência dos serviços, como a desorganização e descaracterização
dos mesmos, além da frustração dos profissionais. O reflexo disso se dá na
falta de atenção às demandas e na formação de filas infindáveis.
Cabe ressaltar ainda, que segundo a Organização Mundial da Saúde -
OMS, o número correto de Terapeutas Ocupacionais é 1(um) profissional
para cada 1.000 (mil) habitantes, e como vimos anteriormente, o Brasil
está muito aquém dessa realidade.
O conceito de rede está intimamente ligado as prerrogativas dos
serviços, que por sua vez estão intimamente ligados às prerrogativas
profissionais. E assim, já temos parâmetros para responder as questões
inicialmente pautadas.
E finalmente, como parte de uma análise criteriosa para
o entendimento ou diagnóstico contextual, apresentamos o
Geoprocessamento, onde dados valiosos podem ser compilados e
disponibilizados para uma avaliação e reflexão do contexto atual
da profissão e de possíveis indicadores que justifiquem parte das
dificuldades de crescimento e consolidação da profissão no país.
Avaliar a distribuição populacional nos permite ter uma base para
II - CONTEXTUALIZAÇÃO 41

planejamento da cobertura da atenção, quando correlacionado com a


distribuição dos programas e serviços.
Evidenciar a população que paga por saúde e educação, por
exemplo, permite que o gestor ou o profissional estabeleça prioridades
na atenção, quando correlacionado com as demandas igualmente
avaliadas por região.
Saber onde há a cobertura de saúde suplementar, auxilia no
direcionamento/investimento dos recursos públicos, assim como o
conhecimento da renda familiar por região, Estado ou Município.
E por fim, nessa breve tomada de dados geoprocessados, analisar
a distribuição dos profissionais numa correlação com todos os cenários
acima descritos, dá um indicador quanti-qualitativo de INTEGRALIDADE
na atenção, evidenciando inclusive a necessidade de inserção de maior
número de profissionais no cenário como um todo, o que certamente
envolve o número e a distribuição das instituições de ensino superior.


Referência Bibliográfica (sugerida para consulta).

1- BIANCHI, P.C.; MALFITANO, A.P.S. Formação graduada em Terapia


Ocupacional. Rev. Ter Ocup Univ São Paulo. 2017 maio/ago. 28(2): 135-
46. Disponível em:
HTTPS://www.revistas.usp.br/rto/article/viewFile/120273/134856
(acesso em 28/03/2018)

2- O que é Atenção Básica? Disponível em:


http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_o_que_e.php
(acesso em 28/03/2018)

3- Governo do Brasil. Disponível em:


http://brasil.gov.br/barra#acesso-informacao
(acesso em 28/03/2018)

4- FONSECA, J. M.G. Compreendendo o que é matriciamento. Disponível


em:
www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/
compreendendo-o-que-e-matriciamento/49963
(acesso em 28/03/2018)
III - AQUECIMENTO
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA OCUPACIONAL.
Otavio Augusto de Araujo Costa Folha

1. Considerações Iniciais.

Este capítulo pretende apresentar, de forma introdutória, a Ciência
Ocupacional e suas potenciais contribuições para a Terapia Ocupacional
no contexto brasileiro. No entanto, faz-se necessário elucidar primeiro
a minha aproximação com esta disciplina acadêmica. Talvez, por meio
deste relato, outras pessoas, como alunos de graduação e terapeutas
ocupacionais, encontrem ressonâncias em suas dúvidas e inquietações
individuais acerca dos fundamentos teóricos da nossa profissão.
Ainda enquanto aluno de graduação em terapia ocupacional
na Universidade do Estado do Pará, o meu interesse pelas teorias de
base da profissão foi despertado. A diversidade de possibilidades de
áreas de atuação com variados públicos e em diferentes condições,
o leque de procedimentos e recursos, de objetivos de intervenção e
do suporte teórico utilizado para fundamentar as boas práticas, foi a
força motriz que impulsionou o meu interesse acerca das teorias de
base que sustentam singular diversidade. Quais conceitos e teorias são
desenvolvidos e utilizados pela profissão, que possibilitam tamanha
variedade na prática profissional? Essa passou a ser uma questão central
em minha formação.
Ao buscar respostas para esta questão, o lugar comum que encontrei,
entre as várias produções existentes, foi a compreensão da intricada
relação entre o ser humano e suas ações na vida cotidiana. A partir
de então, pareceu central que, enquanto terapeuta ocupacional, era
essencial aprofundar os meus conhecimentos sobre o ser humano, seus
fazeres diários e sua relação com outros elementos que constituem a
vida humana, como o ambiente, as condições sociais e de saúde e as
diferentes formas de existir na sociedade.
Nesse período, em conversas e debates com outros alunos,
professores e profissionais que atuavam na assistência, percebi que
42
III - AQUECIMENTO 43

algumas dúvidas e inquietações não eram só minhas. Elas também


germinavam em outros colegas da área. Juntos então passamos a
estudar e pesquisar sobre as produções que abordavam esta temática.
Focamos inicialmente em estudos e autores nacionais.
De imediato, identificamos que eram raras as pessoas que se
dedicavam e se atreviam a produzir conhecimentos sobre o ser humano
e suas ações na vida cotidiana no cenário nacional. Era mais frequente
a utilização de conceitos e teorias desenvolvidas em outros países ou,
quando produzidos no cenário brasileiro, estes conceitos e teorias eram
baseados em conhecimentos de outros campos do saber, tais como,
psicologia, sociologia, educação, saúde coletiva, etc.
Por entendermos, ainda, que a produção nacional não tinha como
foco central o que estávamos buscando, lançamo-nos na aventura de
conhecer o que a literatura internacional da profissão abordava sobre
o assunto. Identificamos assim, que muitos terapeutas ocupacionais
em outros países produziram e responderam questões semelhantes às
nossas. Percebemos que, embora semelhantes e passíveis de diálogo,
estas questões não eram suficientes para dar conta de nossas demandas
vivenciadas na prática profissional. Elas eram, na maioria das vezes,
materializadas em modelos teóricos adequados a outras realidades de
prática profissional vivenciadas em outros contextos e condições. No
entanto, nesse momento, tomamos conhecimento da existência de
uma disciplina acadêmica, germinada próxima aos princípios e valores
de base da terapia ocupacional, que estava sendo desenvolvida por
terapeutas ocupacionais de vários países, inclusive na América Latina,
a chamada Ciência Ocupacional.
Entendendo que esta disciplina poderia ser um campo fértil de
produção de conhecimento acerca do ser humano, suas ocupações e
sua relação com a vida cotidiana, possibilitando o desenvolvimento e
aprimoramento de teorias e práticas germinadas e adequadas às nossas
realidades de prática.
Assim, realizamos, em 2009, um curso de formação em Ciência
Ocupacional na Universidade do Chile, evento este identificado por
Wicks (2012) como o primeiro evento do tipo na América do Sul. Desde
então, temos buscado desenvolver e estabelecer diálogos entre a
disciplina, os saberes teóricos brasileiros e nossas realidades de prática.
Como fruto desse processo, desenvolvemos o Laboratório de Estudos
em Ciência da Ocupação (2), grupo de estudo que mais tarde foi
institucionalizado como Grupo de Pesquisa em Ciência da Ocupação no
44 Terapia Ocupacional • Volume 4

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).


Atualmente, este grupo é vinculado ao Curso de Graduação em
Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Pará (3). Decorreu
também deste período inicial o desenvolvimento de uma pesquisa
acerca do modo como terapeutas ocupacionais da região compreendiam
conceitos centrais da profissão, como o de ocupação, e como os
relacionavam à sua prática profissional (4). Desde então, temos tentado
articular e produzir conhecimento na interface entre os saberes
desenvolvidos na ciência ocupacional e as demandas relacionadas à
terapia ocupacional em nossos contextos teóricos e práticos.
A seguir, apresento uma breve compreensão histórica do
desenvolvimento desta disciplina acadêmica. Inicialmente, esboço
alguns conceitos e estratégias de produção de conhecimento
desenvolvidos no âmbito da ciência ocupacional. Por fim, apresento,
sem buscar um esgotamento, algumas possíveis contribuições dessa
ciência como mais uma alternativa para a fundamentação teórica e
metodológica na profissão no cenário brasileiro.

2. Contexto Histórico e Desenvolvimento da Ciência


Ocupacional.

No âmbito internacional, mais particularmente no contexto norte-
americano, sabe-se que inicialmente a prática de terapia ocupacional
era sustentada em crenças e hipóteses sobre os benefícios do fazer algo,
do ocupar-se para a “saúde e equilíbrio” das pessoas e da sociedade
(5). Estas crenças e hipóteses eram derivadas de movimentos sociais
e filosóficos precursores e eram colocadas em prática por pessoas de
diferentes ramos do conhecimento (5; 6).
Às primeiras gerações de terapeutas ocupacionais foi colocado
o desafio de demonstrar a efetividade das ações profissionais da nova
categoria, oriundo principalmente dos contextos históricos, econômicos
e sociais da primeira metade do século XX e dos modelos médicos,
psicológicos e científicos vigentes. A necessidade de desenvolvimento
dos alicerces teóricos e metodológicos passou a ser uma questão de
sobrevivência da profissão.
Como resposta imediata, a produção de conhecimento na profissão
se deu da prática à teoria. As primeiras gerações de terapeutas
ocupacionais buscaram estruturar suas ações em conhecimentos oriundos
de outros campos do saber (5). O desenvolvimento dos primeiros
III - AQUECIMENTO 45

modelos teóricos da profissão foi fruto desse período inicial de produção


de conhecimento teórico e prático, estruturado, principalmente, por
conceitos advindos dos conhecimentos predominantes na medicina e
psicologia, entre outras áreas do saber (7).
No entanto, ao mesmo tempo em que produziu ancoragens
teóricas e práticas que permitiram a aproximação com outros campos
e a “validação” de suas ações, o conhecimento produzido pelos
terapeutas ocupacionais distanciou-se das crenças e hipóteses iniciais
da profissão sobre os benefícios do ocupar-se, do fazer algo, para a
saúde humana (7). Este “fazer algo”, foi decomposto em componentes
motores, sensoriais, psicológicos e sociais. Dessa forma, as ações
profissionais, materializadas pelos instrumentos de avaliação, técnicas e
procedimentos, e objetivos de intervenção, passaram a ser direcionadas
cada vez mais para este enfoque, dificultando uma compreensão do foco
central da profissão (8).
Como consequência dessa produção de conhecimento e suas implicações
para a constituição e consolidação da profissão, vários terapeutas
ocupacionais nas décadas de 60 e 70, debateram e refletiram sobre a
necessidade de retomar os valores iniciais da profissão, de sua visão
holística e integrada do ser humano e dos benefícios do ocupar-se para
a vida humana (5; 9). No entanto, agora era necessário desenvolver
fundamentos próprios da área, fruto de pesquisas, práticas e teorias
germinadas no próprio campo (8), bem como era primordial o
desenvolvimento de uma terapia ocupacional autêntica (9).
Foi a partir dessa época, no final de década de 70 e início dos
anos 80, que surgiram os primeiros conceitos e teorias para auxiliar
na sustentação da prática profissional, desenvolvidas por terapeutas
ocupacionais e alicerçadas no próprio campo (10). Estes profissionais
lançaram-se individualmente e/ou em pequenos grupos de trabalho
no desenvolvimento dos primeiros modelos teóricos focados sobre
as ocupações humanas (11). Também é consequência desse período
o desenvolvimento de uma disciplina acadêmica com potencial para
dar suporte à prática profissional da terapia ocupacional, a já citada
“ciência ocupacional” ou “ciência da ocupação”.
Dessa forma, como afirmam Molineux e Witheford (2012), acredita-
se que o desenvolvimento da ciência ocupacional não está relacionado a
um aspecto repentino da história da terapia ocupacional, mas sim a um
processo de amadurecimento de reflexões acerca da necessidade de uma
disciplina específica da profissão. Segundo estes autores, um fato que
46 Terapia Ocupacional • Volume 4

contribuiu para esta perspectiva é que desde o seu surgimento formal


enquanto profissão, por meio da sociedade para a promoção da terapia
ocupacional em 1917, e mais tarde transformada na Associação Americana
de Terapia Ocupacional, foi o estudo do conhecimento científico sobre a
ocupação esteve entre os seus objetivos principais (8; 12).
Atribui-se o surgimento formal da disciplina “ciência ocupacional” ao
início do programa de doutorado do Departamento de Terapia Ocupacional
da Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos Estados Unidos, em 1989
(13) e à primeira publicação que apresentou a nova disciplina (14).
Segundo Pierce (2012), as idéias sobre uma ciência da ocupação foram
nutridas na teoria do comportamento ocupacional desenvolvida por Mary
Reilly na década de 1960. Enquanto coordenadora do Departamento de
Terapia Ocupacional dessa universidade, a professora Reilly influenciou na
trajetória de pesquisa e prática de muitos alunos que mais tarde fizeram
contribuições importantes para compreensão da ocupação para a terapia
ocupacional. Este departamento tinha como forte característica o uso da
ocupação na prática (15).
Ainda segundo Pierce (2012; 2014) em 1976, a professora Elizabeth
Yerxa assumiu a coordenação deste departamento, tendo como um
de seus objetivos o desenvolvimento de uma contribuição singular
da terapia ocupacional. Durante esta década, os docentes desse
departamento submeteram uma proposta de doutorado em terapia
ocupacional que foi recusada pela universidade. Para obter aprovação
de um novo programa, era necessário ter um departamento altamente
produtivo e focado na criação de uma nova disciplina.
Assim, na década de 80, Yerxa e os professores do departamento
realizaram consultorias e formações com acadêmicos e pesquisadores
“de ponta” em várias áreas do conhecimento acerca de temas, métodos
de pesquisa, estratégias de financiamento, publicação e colaboração
científica no intuito de delinear um projeto de nova disciplina científica.
No final dessa década, o projeto de um novo programa foi
delineado e o objetivo de aprovação de um doutorado autêntico e
focado na ocupação foi alcançado, tendo o departamento obtido
financiamento para o seu desenvolvimento. Nesse processo, a professora
Yerxa se aposentou e a terapeuta ocupacional Florence Clark assumiu
a tarefa de coordenar o início desta nova disciplina em 1989 (16; 15).
Assim, a então professora Yerxa coordenou a primeira publicação
sobre a “ciência ocupacional”, em uma edição especial do periódico
Occupational Therapy in Health Care, em 1989 (14).
III - AQUECIMENTO 47

Em 1991, Clark e colaboradores publicou no periódico American


Journal of Occupational Therapy o primeiro artigo que apresentou o
potencial de uma ciência básica para a prática da terapia ocupacional
(17). Ainda nesses anos, tiveram início os primeiros eventos de ciência
ocupacional, inclusive com o apoio de renomados cientistas de várias
áreas do saber para auxiliar no desenvolvimento da nova disciplina (16).
É importante destacar que, durante este período, a ciência
ocupacional também se desenvolveu em outros países, como por
exemplo, na Austrália sob a liderança da terapeuta ocupacional Ann
Wilcock. Nesse caso, em especial, o surgimento da disciplina não esteve
diretamente ligado aos estudos sobre a prática da terapia ocupacional,
e sim, foram estruturados no contexto da saúde comunitária visando
apresentar perspectivas populacionais capazes de auxiliar no sistema de
saúde do país (16; 15). Em 1993, sob a liderança de Wilcock, foi lançado
o primeiro periódico especializado da disciplina, que foi intitulado de
Journal of Occupational Science: Australia, que nos dias atuais chama-se
Journal of Occupational Science, o qual possui o foco sobre a divulgação
de pesquisas interdisciplinares sobre as ocupações (16).
Atualmente, observa-se o desenvolvimento da ciência ocupacional
em vários países na América do Norte, Europa, Oceania, Ásia e também na
América do Sul, principalmente no Chile, e mais recentemente no Brasil (1).
Em alguns países, essa disciplina tem sido bastante difundida, em outros,
seu valor tem sido relativizado, pouco compreendido e tensionado (18).
No que diz respeito à relação com a terapia ocupacional, é
importante destacar que o desenvolvimento da ciência ocupacional
associado à profissão nunca foi unanimidade entre os pesquisadores no
cenário internacional (13).
Inúmeros debates acerca das implicações positivas e negativas da
disciplina para a profissão ocorreram desde o seu surgimento (19; 20). No
entanto, embora nos dias atuais coexistam diferentes perspectivas acerca
disciplina (21), o seu desenvolvimento ainda é fortemente relacionado e
produzido por pesquisadores no âmbito da terapia ocupacional, conforme
evidenciado por revisões de literatura no campo (22; 23; 24).

3. Crescimento e Desenvolvimento da Ciência


Ocupacional.
A ciência ocupacional surgiu como uma disciplina emergente e
focada no estudo do ser humano enquanto “um ser ocupacional” (14), e
48 Terapia Ocupacional • Volume 4

sua relação com a fundamentação teórica da terapia ocupacional foi um


importante marcador inicial (17; 15).
A ocupação é o constructo central da disciplina (17) e suas relações
com a saúde, inclusão e participação das pessoas são elementos
fundamentais (10; 25). Acredita-se que atualmente a disciplina está em
pleno processo de amadurecimento e consolidação (26; 15). E um dos
modos de averiguar o desenvolvimento do campo, é com base na análise
da formação de pessoas e organizações para atuar no mesmo.
Pierce (2012) informa que o desenvolvimento da disciplina tem ocorrido
dentro da academia. Assim, a primeira turma do programa de doutorado
em ciência ocupacional Universidade do Sul da Califórnia foi composta
por 7 pessoas (15).
Atualmente, existem diversos programas de graduação e pós-
graduação em ciência ocupacional em vários países (16; 1). Inúmeros
departamentos de terapia ocupacional nas universidades passaram
a incluir o nome “ciência ocupacional” em suas denominações (16).
Aldrich, Gupta e Rudman (2017) identificaram que mais de 100 pessoas
que se graduaram em ciência ocupacional a partir de instituições
acadêmicas nos Estados Unidos e Canadá.
No que diz respeito às instituições e organizações, existem no mundo
várias associações e sociedades científicas voltadas para a promoção
da ciência ocupacional (16; 1). Entre elas, destaca-se a Sociedade
Internacional para a Ciência Ocupacional (International Society for
Occupational Science, ISOS), que é uma sociedade que advoga por um
mundo “ocupacionalmente justo”, um mundo no qual “as pessoas têm
oportunidades e escolhas para fazer as coisas que elas precisam e querem
fazer” (1). Como um de seus objetivos, esta sociedade visa congregar uma
rede mundial de indivíduos e instituições comprometidas com pesquisa e
educação sobre ocupação e sua relação com saúde e o desenvolvimento das
sociedades (1), bem como favorecer o desenvolvimento de pesquisa e da
formação em ciência ocupacional nas maiores universidades do mundo (27).
Hoje em dia, a ciência ocupacional tem sua relevância reconhecida
pela Federação Mundial dos Terapeutas Ocupacionais (28) e seus estudos
são utilizados como base no delineamento dos padrões internacionais de
formação em terapia ocupacional (12; 1).
Uma outra forma de se compreender o crescimento e a
consolidação da disciplina no contexto mundial é por meio da produção
de conhecimento que tem sido desenvolvida a partir dela. A evolução da
publicação de livros e artigos, por exemplo, é um meio efetivo para se
III - AQUECIMENTO 49

compreender este processo (15).


Em 1996, o primeiro livro sobre o assunto foi publicado,
Occupational Science: The evolving discipline (10). Em 1998, a partir de
seu doutorado no âmbito da saúde comunitária, Wilcock (1998) publicou o
segundo livro da área, intitulado An Occupational Perspective of Health.
Desde então, outros livros têm sido publicados no âmbito dessa
disciplina, alguns focados principalmente em teorias e pesquisa sobre a
relação entre o ser humano e suas ocupações, tais como: The meaning
of everyday life (29), Occupation by design: Building therapeutic
power (30), Introduction to Occupation: The Art and Science of Living
(31), Occupational Science in the service of Gaia (51), Life Balance:
Multidisciplinary and Research (32), Occupational Science: Society,
Inclusion, Participation (33), Transactional Perspectives on Occupation
(34). Já outros, têm focado a contribuição da ciência ocupacional para
a terapia ocupacional, como por exemplo, Occupation for Occupational
Therapists (35) e Occupational Science for Occupational Therapy (15).
O crescimento e o amadurecimento da ciência ocupacional
também podem ser visualizados pelo aumento do número de pesquisas
e trabalhos acadêmicos publicados em periódicos especializados e
apresentados em eventos acadêmicos. O Journal of Occupational
Science têm estado em atividade desde 1993 (12; 16). Este periódico
aumentou seu número de edições por ano em 2010, indicando
claramente o aumento da publicação na área (1).
É importante destacar também que outros periódicos no âmbito da
terapia ocupacional têm dedicado números especiais para divulgação da
ciência ocupacional, tais como, The American Journal of Occupational
Therapy, The Scandinavian Journal of Occupational Therapy e
Work (16). Na América Latina, algumas revistas científicas, como os
“Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional” e a “Revista Chilena de
Terapia Ocupacional”, trazem em seu escopo a publicação de assuntos
relacionados à disciplina.
Em relação ao conhecimento produzido no interior da ciência
ocupacional e divulgado por meio dos artigos publicados, alguns estudos
têm sido realizados. Como no caso de Molke, Rudman e Polatajko
(2004), que compararam dois períodos de produção de artigos, 1990
e 2000, no intuito de descrever e analisar criticamente o crescimento
e o desenvolvimento desse campo. Estes autores identificaram um
aumento no número de publicações, bem como uma maior variabilidade
de periódicos que publicaram trabalhos e pesquisas relacionados à
50 Terapia Ocupacional • Volume 4

disciplina, e da afiliação dos autores no que diz respeito ao país e o


campo profissional de origem.
Glover (2009) realizou uma análise quantitativa dos artigos
publicados, entre 1996 e 2006, sobre a ciência da ocupação, e também
identificou um aumento no número de artigos publicados, com
predomínio de difusão no periódico Journal of Occupational Science.
Este trabalho detalhou os principais tipos de estudo, as abordagens de
pesquisa predominantes, a orientação disciplinar dos autores, o público
estudado, entre outros aspectos (23).
Em outro estudo, Pierce et al (2010) analisou os trabalhos
apresentados durante um período de cinco anos nos encontros anuais da
Sociedade de Ciência da Ocupação nos Estados Unidos e caracterizaram os
trabalhos apresentados neste país quanto aos tipos de estudo, perspectiva
teórica e sua relação com a terapia ocupacional, público abordado e foco
de pesquisa em relação às ocupações. Mais recentemente, Aldrich, Gupta
e Rudman (2017) analisaram 101 trabalhos relacionados ao doutoramento
em programas de pós-graduação em ciência ocupacional nos Estados
Unidos e Canadá. Este estudo forneceu importantes reflexões sobre o
propósito na disciplina no que diz respeito à produção de conhecimento
sobre as ocupações e o ser humano como ser ocupacional.
Cabe ressaltar que todos os estudos e pesquisas acima apresentados
possibilitaram informações sobre os principais focos e estratégias de
pesquisa produzida ao longo do desenvolvimento da ciência ocupacional.

4. Focos e Estratégias de Pesquisa em Ciência


Ocupacional.
O desenvolvimento de conhecimentos sobre a ocupação e o
reconhecimento dos seres humanos como “seres ocupacionais”, têm
sido adotados como foco central da ciência ocupacional (21). Com base
nessa premissa e na produção do conhecimento desenvolvidos ao longo
do tempo, observa-se, assim como também detectado por Molineux
e Whiteford (2012), que caminhos diferentes têm sido preferidos por
alguns pesquisadores.
Inicialmente, as publicações em ciência ocupacional incluíam
predições e apresentações do que a disciplina deveria ser e como
deveria se desenvolver (16). Mais tarde, pesquisas focadas sobre a
análise da produção bibliográfica detectaram algumas características e
tendências (36; 22; 23; 24; 21).
III - AQUECIMENTO 51

Hocking (2000) apresentou uma estrutura conceitual inicial


para analisar o conhecimento gerado por esta ciência. Baseada na
compreensão do papel central da ocupação, essa autora vislumbrou
três grandes focos de pesquisa. O primeiro foco aborda os “elementos
essenciais da ocupação”, tendo por propósito investigar as
características e os “elementos constituintes da ocupação”. O segundo
envolve a compreensão sobre os “processos ocupacionais” no intuito
de desvelar como as ocupações acontecem e as experiências subjetivas
dos indivíduos no que concerne ao seu envolvimento ocupacional.
E um terceiro foco descrito pela autora, diz respeito à relação da
ocupação com outros fenômenos, como saúde, qualidade de vida,
identidade, desenvolvimento humano, políticas e estruturas sociais,
entre outros (36). Além das categorias descritas por Hocking (2000),
Pierce et al (2010) incluiu outra categoria possível de estudos em ciência
ocupacional, aqueles voltados para a descrição de experiências gerais
relacionadas à ocupação.
No que concerne aos objetivos da disciplina descritos nos trabalhos
publicados, Molke, Rudman e Polatajko (2004) identificaram alguns
principais eixos, como a ampliação do conhecimento sobre a ocupação
humana, o desenvolvimento de fundamentos teóricos para a terapia
ocupacional e a contribuição da ciência ocupacional para alcançar
justiça e transformação social.
No que diz respeito ao público-alvo, Glover (2009) identificou em seu
estudo um predomínio de pesquisas voltadas para pessoas sem algum tipo de
deficiência e na faixa etária de 18 a 64 anos. Pierce et al (2010), por outro
lado, identificou um predomínio de estudos desenvolvidos com mulheres,
sendo adultos e idosos a faixa de idade predominante. Ao contrário dos
dados de Glover (2009), Pierce et al (2010) encontrou o predomínio de
pesquisas voltadas para pessoas com algum tipo de deficiência.
Sobre estes aspectos, é elementar reconhecer que atualmente
existem diferentes perspectivas de estudo em ciência ocupacional. Pois não
há única visão de ocupação, uma teoria universal ou método de pesquisa
mais adequado. Alguns autores acreditam que essas diferenças sejam
decorrentes das diferentes origens da disciplina (12), do seu tipo de relação
com a Terapia Ocupacional (24; 16) e das histórias pessoais e acadêmicas
dos próprios pesquisadores do campo (21). Estas diferenças têm culminado
em importantes debates e reflexões sobre os rumos da disciplina e têm sido
consideradas como parte do seu processo de amadurecimento (1).
Molineux e Whiteford (2012), com base no entendimento da
52 Terapia Ocupacional • Volume 4

centralidade da ocupação na vida das pessoas e da sociedade, propõem


a possibilidade de estudos em ciência ocupacional em diferentes níveis,
que vão do micro até o macro nível. De modo geral, para estes autores,
é possível desenvolver pesquisas no âmbito dos indivíduos, das famílias,
das comunidades e da população. Dessa forma, tanto as pesquisas sobre
as experiências subjetivas das pessoas acerca do seu envolvimento
ocupacional quanto os estudos sobre as influências sociais, políticas,
econômicas e culturais acerca das ocupações de grupos e comunidades
são possíveis dentro da disciplina.
Esta diversidade de possibilidades se relaciona com o
desenvolvimento de diferentes métodos e estratégias de pesquisa.
No início, os principais focos de estudo da ciência ocupacional eram
sobre a forma, a função e os significados das ocupações (10). Para
tanto, os métodos de pesquisa mais frequentes eram oriundos,
principalmente, das ciências sociais e se caracterizaram por abordagens
predominantemente qualitativas e narrativas (37).
Com o desenvolvimento de diferentes focos de pesquisa e
aproximação com outras disciplinas, como é o caso de ciências biológicas,
epidemiologia e saúde pública, associados à necessidade de produzir
evidências para informar a prática da terapia ocupacional, ocorreu
também o crescimento de abordagens quantitativas de pesquisa (38).
De fato, desde o início considerou-se a necessidade de desenvolvimento
de métodos de pesquisa próprios na ciência ocupacional para se adequar
a natureza multifacetada das ocupações humanas (37).
Atualmente, se reconhece a necessidade de adoção de um
pluralismo metodológico com a utilização de abordagens quantitativas,
qualitativas e mistas (12), bem como a utilização de diferentes técnicas,
como entrevistas, métodos visuais e estudos do uso do tempo, entre
outros, para subsidiar as diferentes possibilidades de investigação.
Sobre este aspecto, Pierce (2012; 2014) apresentou uma proposta
de organização dos estudos da disciplina em quatro diferentes níveis
interdependentes de tipos de pesquisa, e que estão fortemente associados
aos diferentes focos de estudo. Em uma esfera mais básica, no primeiro
tipo, situam-se os estudos descritivos, aqueles voltados para descrever e
explorar os diferentes aspectos e contextos das ocupações e as experiências
e significados das pessoas derivadas do seu envolvimento nessas ações.
O segundo tipo envolve os estudos relacionais, nos quais se situam
pesquisas que relacionam o envolvimento das pessoas em ocupações com
conceitos e aspectos geralmente oriundos de outras disciplinas, como
III - AQUECIMENTO 53

deficiência, saúde, cultura, identidade, entre outros.


O terceiro tipo de pesquisa em ciência ocupacional, denominado
de pesquisa preditiva, amplia as descobertas da pesquisa descritiva
e relacional no intuito da identificação de padrões de ocupação nas
populações e as influências temporais, espaciais e sociais dos diferentes
contextos. Por fim, o quarto e último tipo de investigação envolvem os
estudos prescritivos, onde avaliam o impacto de práticas baseadas na
ocupação. Estes tipos de estudo têm sido principalmente desenvolvidos
no âmbito da terapia ocupacional (16).
É oportuno reconhecer que os diferentes focos e tipos de
pesquisa apresentam contribuições elementares para a ampliação do
conhecimento sobre o homem e suas ocupações na vida cotidiana. No
entanto, também apresentam contribuições e limitações importantes no
que diz respeito à adequação de seus achados aos diferentes cenários de
prática da terapia ocupacional.

5. Interfaces entre Ciência Ocupacional e Terapia


Ocupacional: Possibilidades de Contribuição aos
Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Profissão.
Recentes demandas para avaliar os impactos da pesquisa
desenvolvida na disciplina, tais como suas influências conceituais,
simbólicas e instrumentais, têm sido levantadas (39). De fato, desde
o seu surgimento, vários autores têm buscado elucidar os impactos da
ciência ocupacional tanto para a teoria, quanto para a prática da terapia
ocupacional, seja como campo de conhecimento básico ou no aplicado
(14; 17; 10).
Molineux e Whiteford (2012) descrevem algumas contribuições
encontradas na literatura, entre eles, fornecer suporte teórico para
a prática profissional dos terapeutas ocupacionais, melhorarem os
serviços ofertados e desenvolver novas possibilidades de prática, ampliar
o conhecimento acerca dos seres humanos como seres ocupacionais,
aprofundar os conhecimentos sobre a relação entre ocupação e saúde.
Alguns estudos desenvolvidos no âmbito da disciplina têm
auxiliado na ampliação de compressões acerca da ocupação, como
no desenvolvimento de diferentes significados (11), na influência de
aspectos hegemônicos de determinados grupos populacionais, culturas
e instituições sociais acerca dos modos de compreensão sobre este
constructo (40), de suas repercussões sobre a prática profissional (41) e na
54 Terapia Ocupacional • Volume 4

ruptura de visões predominantemente positivas do seu envolvimento (42).


Alguns autores têm buscado apresentar as contribuições da ciência
ocupacional para o desenvolvimento de uma perspectiva ocupacional
sobre o ser humano (43), para o raciocínio clínico (44) e para a prática
profissional dos terapeutas ocupacionais (2). Outros estudos têm
demonstrado a efetividade de conceitos e teorias desenvolvidas no
âmbito da disciplina na sustentação de práticas de terapia ocupacional
com diferentes públicos, entre eles, idosos (45), adultos com lesão na
medula espinhal (46) e diabéticos (47).
No cenário brasileiro, alguns trabalhos também têm sido
desenvolvidos no contexto da disciplina. Magalhães (2013) apresentou
importantes reflexões sobre as compreensões e os conceitos acerca
de ocupação e atividade na literatura internacional. Costa et al
(2017) detalham algumas possíveis compreensões de ocupação e suas
implicações para a terapia ocupacional. E de forma mais específica,
baseado na compreensão dos significados ocupacionais, Araújo, Oliveira
e Jaramillo (2014), apresentam uma valiosa relação entre ocupação e
espiritualidade e suas implicações para a prática profissional.
Ainda no contexto nacional, pesquisas, principalmente com
enfoques descritivos e relacionais (16) têm sido desenvolvidas no âmbito
da disciplina. Por exemplo, Monteiro et al (2014) buscaram identificar os
significados das ocupações de pessoas após acidentes por queimaduras.
Com este mesmo grupo de pessoas, Costa, Oliveira e Côrrea (2017),
descreveram as principais repercussões em sua forma ocupacional. Em
outro estudo, Castro et al (2017) visou compreender os significados das
atividades de grupo para usuários de Centro de Atenção Psicossocial.
Estes são apenas alguns exemplos de estudos desenvolvidos sob
perspectivas germinadas no campo da ciência ocupacional. Vários
conceitos e teorias têm sido desenvolvidos e aprofundados no interior
da disciplina, como os de forma, função e significado ocupacional,
ocupação compartilhada, justiça ocupacional, lacuna ocupacional,
possibilidades e necessidades ocupacionais, entre outros, mas sua
apresentação e detalhamento fogem ao escopo deste capítulo.
No entanto, diante das diferentes realidades existentes no Brasil
é possível levantar algumas possibilidades de contribuição de estudos
gerados sob preceitos da disciplina. Por exemplo, um dos principais
problemas de saúde da população brasileira atualmente está relacionado
ao aumento da incidência e da prevalência de doenças crônicas, como
hipertensão arterial, diabetes, entre outras.
III - AQUECIMENTO 55

Com base na estruturação apresentada por Molineux e Whiteford


(2012) e Pierce (2012; 2014), algumas questões podem ser levantadas,
tais como: no nível individual, quais as características das ocupações de
pessoas com hipertensão arterial? No nível familiar, como uma condição
crônica de saúde pode influenciar nas ocupações desempenhadas
pelos membros de uma família? No nível comunitário e populacional,
como contextos sociais, políticos, econômicos e culturais inibem ou
possibilitam o envolvimento das pessoas em suas ocupações? E de que
forma tal fato pode estar relacionado ao envolvimento em fatores de
risco para o desenvolvimento de doenças crônicas, como sedentarismo,
a ausência de hábitos alimentares saudáveis, tabagismo, entre outros?
Por outro lado, de que maneira práticas baseadas nas ocupações destas
pessoas podem melhorar sua condição de saúde e participação na
sociedade, bem como contribuir para melhoria da qualidade do viver e
da participação da população em geral? Tais pesquisas podem auxiliar na
prática dos terapeutas ocupacionais junto a estes públicos.

6. Considerações Finais.

Este capítulo visou apresentar uma visão geral da constituição
e do desenvolvimento da ciência ocupacional, bem como dos seus
focos e estratégias de pesquisa. Além disso, objetivou apresentar
algumas potenciais contribuições para a prática da terapia ocupacional.
Em virtude seu caráter introdutório não objetivou aprofundar no
que se refere aos conceitos, teorias e debates desenvolvidos no
âmbito da disciplina. Contudo, é válido ressaltar o histórico do seu
desenvolvimento no Brasil.
Questionamentos sobre as ancoragens teóricas capazes de
sustentar a prática profissional também surgiram ao longo do
desenvolvimento e da consolidação da profissão no contexto nacional,
principalmente na década 80 e início dos anos 90. Todavia, as
motivações e as respostas geradas seguiram outras trajetórias.
Assim, a produção de conhecimento da terapia ocupacional
brasileira seguiu outros caminhos, uma vez que os conceitos e teorias
desenvolvidos em outros contextos, principalmente norte-americanos,
não se adequavam às demandas da realidade brasileira. Portanto,
restou necessário o desenvolvimento de caminhos próprios e genuínos
alicerçados em contextos de prática da realidade nacional.
Como estratégia, os terapeutas ocupacionais brasileiros também
56 Terapia Ocupacional • Volume 4

se lançaram na busca de conhecimentos oriundos de outras áreas do


saber, sobretudo no campo das ciências sociais, reconhecida área de
conhecimento em crescente expansão e consolidação no período.
Assim, ocorreu, desde então, um distanciamento entre a produção de
conhecimento no âmbito nacional e internacional.
No entanto, destaca-se que na última década, houve uma
maior aproximação entre o contexto nacional e o internacional,
principalmente em virtude de um maior intercâmbio entre profissionais
de diferentes países, do avanço na produção de conhecimento (48),
e nas possibilidades de acesso ao material produzido (49), bem como
do envolvimento dos profissionais em programas de pós-graduação,
que dentre outras demandas, incentivam o compartilhamento e a
interlocução com a produção internacional (50).
Neste cenário, reflexões sobre os saberes produzidos e reproduzidos
novamente ganharam força. Assim, novas possiblidades de interlocução
se fizeram necessárias. Neste processo, a produção do conhecimento
germinado e compartilhado no âmbito da ciência ocupacional, apresenta-
se como um possível e viável caminho para um novo dialogo vislumbrando
o aprofundamento sobre a teoria e a prática profissional.


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Ciência Ocupacional e Terapia Ocupacional: algumas reflexões. Revista
Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional. v.1, n.5, p.650-663, 2017
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO ÀS PICS - UM OLHAR PARA A INTEGRALIDADE.

Ana Tereza Costa Galvanese

A coexistência de diferentes modos de compreender a saúde é uma


característica da contemporaneidade. A racionalidade médica ocidental
é orientada pelo paradigma da normalidade/patologia e corresponde à
priorização de abordagens medicamentosas e cirúrgicas, enquanto as
medicinas holísticas são identificadas com o paradigma da vitalidade/
energia e relacionadas a um elenco diversificado de práticas de cuidado
e autocuidado (1).
A incorporação dessas medicinas aos sistemas nacionais de saúde
é objeto de programa da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o
desenvolvimento de políticas públicas, com base no conceito de Medicina
Tradicional e Complementar - MTC (2), que abarca diferentes racionalidades,
tradições, concepções e práticas de cuidado adotadas pelas populações.
No Brasil, A denominação adotada é Práticas Integrativas e
Complementares em Saúde, ou PICS; e sua incorporação ao Sistema
Único de Saúde (SUS) está em processo, por meio da Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC (3).
Essa política tem como eixo o conceito de sistemas médicos
complexos: saberes e práticas enraizados em determinada visão de
mundo, ou cosmologia; e estruturados em cinco dimensões: morfologia;
dinâmica vital; doutrina médica; sistema de diagnose; e sistema
terapêutico1. Enquanto estrutura, a política é composta por cinco
sistema médicos complexos: Medicina Tradicional Chinesa, Homeopatia,
Medicina Antroposófica e Ayurveda; e uma vasta gama de recursos
terapêuticos complementares ainda pouco discutidos e explorados (4).
Os capítulos a seguir abordam as experiências de trabalho de
terapeutas ocupacionais com as PICS, em seu lidar, refletir e produzir
conhecimento a partir desse universo de abordagens multidisciplinares
que tangenciam de maneira muito particular o campo da Terapia
Ocupacional. Os modos de compreender o cuidado, tão caros à profissão,
se revelam em cada relato: seja ao incorporar as abordagens enquanto
64
CAPÍTULO 1 65

ferramentas de trabalho, valorizando o seu potencial de produção de


saúde; seja ao distanciar-se dos riscos de reduzi-las a meras técnicas por
reconhecer, na riqueza cultural que as caracteriza, as possibilidades de
se promover uma saúde que esteja a serviço do viver e conviver.
Para o campo da Terapia Ocupacional, a incorporação das PICS ao
SUS constitui um alento e, ao mesmo tempo, um interessante desafio.
Um alento porque contribui ao reconhecimento de uma amplitude
de modos de cuidar que, em parte, já se encontram incorporados não
somente à prática, mas à produção do conhecimento, principalmente
na reabilitação psicossocial. Um exemplo é o corpo de referências
conceituais que se desenvolve a partir da experiência com as práticas
territoriais de interface com a arte e a cultura (5; 6).
Um desafio porque, para a Terapia Ocupacional, o cuidar é sempre
uma composição, em que teorias, técnicas e abordagens estão a serviço
de necessidades de saúde contextualizadas e singulares; bem como de
propósitos compartilhados, construídos conjuntamente, sempre com os
sujeitos do cuidado. Sendo assim, como conjugar a multiplicidade de
abordagens oferecida pelas PICS com a bagagem de saberes e práticas
da Terapia Ocupacional?

Um Olhar para a Integralidade


Os caminhos para responder a esse desafio passam,
necessariamente, pela questão da Integralidade, enquanto princípio que
tem um duplo alcance na construção do SUS: o de garantir a integralidade
do cuidado e o de orientar a articulação das ações. Por sua amplitude
temática, a Integralidade abrange as discussões conceituais, os programas
e as ações de saúde, as tecnologias de cuidado e de gestão e a formulação
de políticas em todos os níveis de complexidade, especialmente na
atenção primária à saúde, já que essa instância responde prioritariamente
pelas ações de saúde, nos sentidos transversal e longitudinal.
No movimento de superar a fragmentação na atenção e da
gestão em saúde, referências conceituais têm sido produzidas e
progressivamente incorporadas ao trabalho em saúde. São exemplos os
conceitos de clínica ampliada e de interdisciplinaridade; de trabalho em
rede; e a perspectiva de qualificação do cuidado, a fim de responder às
aspirações por saúde de usuários e das populações (7).
Tais conceitos, plenamente incorporados à formação e à
atuação em Terapia Ocupacional e iluminados pelo referencial
teórico-metodológico da profissão, têm possibilitado aos terapeutas
66 Terapia Ocupacional • Volume 4

ocupacionais o exercício de uma prática ampliada e do diálogo


interprofissional, nos diferentes contextos em se inserem - seja no
âmbito da atenção individual ou grupal, do trabalho em equipe, do
matriciamento ou da gestão -, atuando de forma integrada, competente
e eticamente responsável (8).
De uma perspectiva integrativa, a incorporação das PICS ao
trabalho em saúde no SUS requer a intensificação do intercâmbio de
saberes e práticas, no universo de profissões que o compõem. Em
relação à Terapia Ocupacional vale destacar, entre outras possíveis
contribuições, a compreensão sobre a centralidade da noção de cultura
(9) nos modos de se compreender, refletir e lidar com as diversas
dimensões da ação humana no mundo.
Nesse sentido, a incorporação das PICS ao SUS nos alerta para a
necessidade de se promover um diálogo intercultural que possibilite
reconhecer as convergências nos modos de compreender e produzir
o cuidado à saúde; construir contrapontos ao modelo biomédico,
à medicalização da vida e aos modos de cuidar prescritivos e
verticalizados; resistir às expectativas de saúde movidas pela lógica do
mercado; valorizar as referências culturais dos sujeitos do cuidado; e
promover os valores de solidariedade e cidadania.
Em suma: dialogar com a pluralidade cultural que compõe as
PICS é um caminho necessário, possível e desejável, em benefício da
integralidade do cuidado oferecido aos usuários e da qualidade da
atenção em saúde na esfera pública.

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Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas
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CAPÍTULO 1 67

4 - SOUSA, I.M.C.; BODSTEIN, R.C.A.; TESSER, C.D.; SANTOS,


F.A.S.; HORTALE, V.A. Práticas integrativas e complementares: oferta e
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5 - LIBERMAN, F.; LIMA, E.M.F.A.; MAXIMINO, V.S.; CARVALHO, Y.M.


Práticas corporais e artísticas, aprendizagem inventiva e cuidado de si.
Fractal: Revista de Psicologia 2017; 29(2): 118-126.

6 - INFORSATO, E.A.; CASTRO, E.D.; BUELAU, R.M.; VALENT, I.U.;


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de fazer junto. Fractal: Revista de Psicologia 2017; 29(2): 110-117.

7 - KALICHMAN, A.O.; AYRES, J.R.C.M. Integralidade e tecnologias


de atenção à saúde: uma narrativa sobre contribuições conceituais à
construção do princípio da integralidade no SUS. Cad Saúde Pública Ago
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8 - FURLAN, P.G.; OLIVEIRA, M.S. Terapeutas ocupacionais na gestão


da atenção básica à saúde. Cad Ter Ocup UFSCar 2017; 25(1): 21-31.

9 - CASTRO, E.D.; LIMA, E.M.F.A.; BRUNELLO, M.I.B. Atividades


humanas e Terapia Ocupacional. Em: Terapia Ocupacional no Brasil:
fundamentos e perspectivas. São Paulo: Plexus Editora; 2001. pp.41-59.
CAPÍTULO 2
TERAPIA OCUPACIONAL E AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E
COMPLEMENTARES EM SAÚDE NO BRASIL.
Fábia Cilene Dellapiazza
Márcia de Souza Rodrigues
Renata da Silva de Faria
Adriano Conrado Rodrigues

1 - Marcos Históricos das Práticas Integrativas e


Complementares em Saúde (PICS).
Para nós profissionais considerados reabilitadores ou habilitadores
na área da ocupação humana (Ciências da Ocupação), as práticas
integrativas e complementares nos soam familiares, e arrisco dizer -
agradáveis e bem vindas, pois podem ser facilmente incorporadas como
recurso à nossa rotina profissional, junto aos programas e serviços que
desenvolvemos nossa prática, e logicamente sempre considerando as
prerrogativas e objetivos terapêuticos ocupacionais.
A graduação do Terapeuta Ocupacional é baseada na dialética
saúde/doença, vida/morte, inteiro/metade, levando o profissional
a resignar a palavra limitação; pois, compreendemos que práticas e
técnicas são limitantes; indivíduos não (1).
Assim, sob a ótica do “desempenho ocupacional” e da importância
da relação da pessoa com seus vínculos sociais e papéis ocupacionais,
não importa se a etiologia é congênita ou adquirida, se o indivíduo
perde parcial ou total sua independência, autonomia e/ou capacidade
de participação em atividades (2).
É nesse cenário que o terapeuta ocupacional entra em ação para
compor a equipe multiprofissional e minimizar ou criar alternativas
seguras para (re) habilitar e/ou (re) integrar o indivíduo em sua família,
âmbito escolar, trabalho ou lazer, ou seja, nas Atividades Básicas da Vida
Diária e nas Atividades Pessoais da Vida Diária, conforme interesses do
mesmo (3) e de seu coletivo - história, saberes, hábitos e valores.
As Práticas Integrativas e Complementares também vieram a
69
70 Terapia Ocupacional • Volume 4

corroborar para ampliar a atuação frente aos indivíduos com dores


físicas, sofrimento psíquico ou emocional; por isso, não existe “uma
melhor” técnica, e sim aquela que é mais adequada para “aquele
momento” no qual o paciente se encontra; o hall de procedimentos,
objetivos e condutas terapêuticas ocupacionais, será determinado e
alterado conforme sua avaliação, seu progresso e suas aspirações.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), através do programa de
medicina tradicional, vem estimulando o uso das Práticas Integrativas
e Complementares (PIC) por seus países membros. Para garantir a
integralidade na atenção a Saúde, o Ministério da Saúde (MS) apresenta
a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC), criada pela Portaria nº 971 de 3 de maio de 2006, a partir do
atendimento das diretrizes e recomendações de várias conferências
nacionais de saúde e das recomendações da OMS. Esta política atende
à necessidade de se conhecer, apoiar, incorporar e implementar
experiências que já vêm sendo desenvolvidas na rede pública de muitos
municípios e estados. A PNPIC ao atuar nos campos da prevenção de
agravos e da promoção, manutenção e recuperação da saúde baseada
em modelo de atenção humanizada e centrada na integralidade do
indivíduo, também contribui para o fortalecimento dos princípios
fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ao falar desta política precisamos pontuar um marco no tempo
onde no Brasil, a legitimação e a institucionalização dessas abordagens
de atenção à saúde se iniciaram a partir da década de 1980 e
principalmente após a criação do SUS.
Alguns eventos e documentos merecem destaque na
regulamentação e na construção da PNPIC a serem destacados:
• 1985 – Celebração de convênio entre o Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), Fiocruz, Universidade
Estadual do Rio de Janeiro e Instituto Hahnemanniano do Brasil, com o intuito
de institucionalizar a assistência homeopática na rede pública de saúde;
• 1986 – 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), impulsionada
pela Reforma Sanitária, deliberou no seu relatório final pela “introdução
de práticas alternativas de assistência à saúde no âmbito dos serviços
de saúde , possibilitando ao cliente/ usuário o acesso democrático de
escolher a terapêutica preferida”;
• 1988 – Resoluções da Comissão Interministerial de Planejamento
e Coordenação (CIPLAN) – Nº 4, 5, 6, 7 e 8, de 8 de março de 1988, que
fixa normas e diretrizes para o atendimento em homeopatia, acupuntura,
CAPÍTULO 2 71

termalismo, técnicas alternativas de saúde mental e fitoterapia;


• 1995 – Instituição do Grupo Assessor Técnico – Científico em
Medicinas Não Convencionais, por meio da Portaria GM nº 2.543, de
14/12/1995;
• 1996 – 10ª Conferência Nacional de Saúde, que, em seu relatório
final, aprovou a “incorporação ao SUS, em todo o País, de práticas de
saúde como a fitoterapia, acupuntura e homeopatia, contemplando as
terapias alternativas e práticas populares;
• 1999 – Inclusão das consultas médicas em homeopatia e
acupuntura na tabela de procedimentos do SIA/SUS(BRASIL, 1999);
• 2000 – 11ª Conferência Nacional de Saúde recomenda “incorporar
na Atenção Básica: Rede Programa de Saúde da Família(PSF) e Programa
de Agentes Comunitários de Saúde( PACS) práticas não convencionais de
terapêutica como acupuntura e homeopatia”;
• 2001 – 1ª Conferência Nacional de Vigilância Sanitária;
• Em 2003 tivemos 3 eventos – Constituição de grupo de trabalho
no Ministério da Saúde com o objetivo de elaborar a Política Nacional de
Medicina Natural e Práticas Complementares (PMNPC) ou apenas MNPC –
no SUS (atual PNPIC); - Relatório da 1ª Conferência Nacional de Assistência
Farmacêutica, que enfatiza a importância da ampliação do acesso aos
medicamentos fitoterápicos e homeopáticos no SUS - Relatório final da 12ª
CNS delibera para a efetiva inclusão da MNPC (atual PNPIC);
• 2004 – 2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovações
em Saúde, a MNPC foi incluída como nicho estratégico de pesquisa
dentro da Agenda Nacional de Prioridades em Pesquisa;
• Em 2005 dois eventos – Decreto Presidencial de 17 de fevereiro
de 2005 que cria o grupo de trabalho para a elaboração da Política
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos , - Relatório final do
Seminário “ Águas Minerais do Brasil”, em outubro, que indica a
constituição de projetos piloto de termalismo social no SUS.
Ao longo da regulamentação da PNPIC e as avaliações iniciais
positivas desta política o Ministério da Saúde amplia as práticas
integrativas e o SUS passa a oferecê-las na Atenção Básica, voltada para
o cuidado continuado, humanizado e integral em saúde.
Relação das Práticas Integrativas e Complementares oferecidas
pelo SUS: Ayurveda, Crenoterapia, Acupuntura, Medicina Antroposófica,
Plantas Medicinais/ Fitoterapia e Termalismo social, Dança circular/
Biodança, Arteterapia, Meditação, Osteopatia, Naturopatia,
Homeopatia, Yoga, Musicoterapia, Terapia Comunitária Integrativa,
72 Terapia Ocupacional • Volume 4

Reiki, Quiropraxia, Reflexoterapia e Shantala.


Segue abaixo outros objetivos elencados pelo Ministério da Saúde,
enfatizando a elaboração da PNPIC, bem como as Portarias Ministeriais
correspondentes:
- Prevenção de agravos e a promoção e recuperação da saúde,
com ênfase na atenção básica, voltada para o cuidado continuado,
humanizado e integral em saúde;
- Contribuição ao aumento da resolubilidade e a ampliação do
acesso, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança no uso;
- Promoção e racionalização das ações de saúde;
- Estímulo das ações de controle/participação social, promovendo
o envolvimento responsável e continuado dos usuários, gestores e
trabalhadores da saúde (4).

2 - Marcos Legais das Práticas Integrativas e


Complementares em Saúde (PICS).
- Portaria MS N. 971, de 06 de Maio de 2006.
Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesa (MTC), Homeopatia,
Medicina Antroposófica, Fitoterapia, Termalismo Social/Crenoterapia
- Portaria MS N. 849, DE 27 DE MARÇO DE 2017.
O Ministério da Saúde amplia a PNPIC de N. 971/2006, incluindo
Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação,
Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia,
Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga as suas práticas.
Segundo a RESOLUÇÃO COFFITO Nº 8, DE 20 DE FEVEREIRO
DE 1978, podemos utilizar todas as técnicas de atenção à Saúde
classificadas de PICS, como recursos terapêuticos, desde que seja
apresentada a responsabilidade técnica para o desempenho das mesmas.
Excluindo a Homeopatia e Medicina Antroposófica, que atualmente são
especialidades exclusivas do profissional médico.
Já as outras práticas como Acupuntura e Fitoterapia, consideradas
especialidades pelo COFFITO, devem ser praticadas somente após a
conclusão do Curso de Especialização, e após a devida certificação.
- RESOLUÇÃO Nº 405 DE 03 DE AGOSTO DE 2011
Disciplina o exercício profissional do Terapeuta Ocupacional na
Especialidade em Acupuntura
Avaliando a Fitoterapia como uma técnica da MTC, podemos
praticá-la desde que, saibamos prescrever com eficácia e segurança,
CAPÍTULO 2 73

complementando a abordagem ao paciente.


- O ACÓRDÃO Nº 611, DE 1º DE ABRIL DE 2017 normatiza a utilização
e/ou indicação de substâncias de livre prescrição pelo fisioterapeuta
(não prevendo o uso pelo o Terapeuta Ocupacional).
A Quiropraxia e a Osteopatia citadas na ampliação da PNPIC,
também são especialidades próprias do Fisioterapeuta.
- RESOLUÇÃO Nº 399, 03 DE AGOSTO DE 2011
Disciplina a Especialidade Profissional de Fisioterapia em
Quiropraxia.
- RESOLUÇÃO Nº 398 DE 03 DE AGOSTO DE 2011
Disciplina a Especialidade Profissional de Fisioterapia em Osteopatia (5).

3 - Relação das 29 PICS Reconhecidas pelo Ministério


da Saúde.
Em 2006, quando foi criada a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (PNPIC) eram ofertados apenas
cinco procedimentos. Após 10 anos, em 2017, foram incorporadas 14
atividades, chegando as 19 práticas disponíveis.
Em 12/03/2018, durante a abertura do 1º Congresso Internacional
de Práticas Integrativas e Saúde Pública (INTERCONGREPICS), no Rio de
Janeiro (RJ), foi anunciada pelo Ministro da Saúde do Brasil, a inclusão
de 10 novas práticas, passando a contar com 29 práticas integrativas
pelo SUS (6), como segue:

- AYURVEDA - SHANTALA
- TERAPIA COMUNITÁRIA
- HOMEOPATIA
INTEGRATIVA
- MEDICINA TRADICIONAL - TERMALISMO SOCIAL/
CHINESA CRENOTERAPIA
- MEDICINA ANTROPOSÓFICA - YOGA
- PLANTAS MEDICINAIS/
- APITERAPIA
FITOTERAPIA
- ARTETERAPIA - AROMATERAPIA
- BIODANÇA - BIOENERGÉTICA
- DANÇA CIRCULAR - CONSTELAÇÃO FAMILIAR
- MEDITAÇÃO - CROMOTERAPIA
74 Terapia Ocupacional • Volume 4

- MUSICOTERAPIA - GEOTERAPIA
- NATUROPATIA - HIPNOTERAPIA
- OSTEOPATIA - IMPOSIÇÃO DE MÃOS
- QUIROPRAXIA - OZONIOTERAPIA
- REFLEXOTERAPIA - TERAPIA DE FLORAIS
- REIKI

Consulte as definições e saiba mais em: Glossário temático :


práticas integrativas e complementares em saúde / Ministério da
Saúde, Secretaria-Executiva, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2018 (7).

Disponível em:
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/marco/12/
glossario-tematico.pdf (acesso em 17/03/2018)

Referências Bibliográficas.

1 - CARVALHO, A.; FABIOLA C.T.; SCATOLINI, H.M.N. Terapia


Ocupacional na Complexidade do Sujeito. 2ed, Editora Rubio, 2013

2 - DE CARLO, M.M.R.P.; BARTALOTTI, C.C. Terapia Ocupacional no


Brasil Fundamentos e Perspectivas. Plexus Editora, 2001

3 - PEDRETTI, L.W.; EARLY, M.B. Terapia Ocupacional Capacidades


praticas para as Disfunções Físicas. São Paulo: Editora Roca, 2004.

4 - Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em


Saúde. Disponível em:
http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_pic.php?conteudo =ape_
pic (acesso em 17/03/2018)

5 - Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (www.


coffito.gov.br)
CAPÍTULO 2 75

6 - Ministério da Saúde inclui 10 novas práticas integrativas no SUS


Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-
saude/42737-ministerio-da-saude-inclui-10-novas-praticas-integrativas-
no-sus (acesso em 17/03/2018)

7 - Glossário temático : práticas integrativas e complementares em


saúde / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Secretaria de Atenção
à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em:
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/marco/12/
glossario-tematico.pdf (acesso em 17/03/2018)
CAPÍTULO 3
MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC).
Fábia Cilene Dellapiazza

1 - Introdução.
A MTC é uma prática de intervenção em saúde que aborda de modo
integral e dinâmico o processo saúde/doença no ser humano, podendo ser
usada isolada ou de forma integrada com outros recursos terapêuticos.
Originária da China, a cerca de aproximadamente 5000 anos, a técnica
compreende um conjunto de procedimentos que permitem o estímulo
preciso de locais anatômicos definidos por meio da inserção de agulhas
filiformes metálicas para promoção, manutenção e recuperação da saúde,
bem como para prevenção de agravos e doenças (1; 2).
A MTC é Fundamentada no conhecimento dos seguintes
princípios teóricos:
- Relação de Yin/Yang
- Teoria dos Cinco Elementos
- Oito princípios do Ba Gua
- Teoria dos órgãos Zang Fu
- Meridianos de energia
- Seis níveis
- Quatro estágios

São sete os principais métodos de tratamento da medicina


tradicional chinesa:
• Tui Na ou Tuiná
• Acupuntura
• Moxabustão
• Ventosaterapia
• Fitoterapia chinesa
• Terapia alimentar chinesa ou dietoterapia chinesa
• Práticas físicas: exercícios integrados a prática de meditação
relacionadas à respiração e à circulação da energia, como o Qi gong,
77
78 Terapia Ocupacional • Volume 4

o Tai ji quan e outras artes marciais chinesas internas que podem


contribuir para o reequilibrio do organismo.

2 - Mecanismos de ação da Acupuntura.


Dentro do conhecimento atual da fisiologia, a Acupuntura é um
método de estimulação neurológica em receptores específicos, com
efeitos de modulação da atividade neurológica em três níveis – local,
espinhal ou segmentar, e supra-espinhal ou suprasegmentar.
Em 1921, Goulden concluiu sobre a participação do Sistema nervoso
autônomo na Acupuntura, através dos nervos simpáticos, observando
também que os pontos de Acupuntura possuem impedância menor entre
si que os pontos próximos ou circunjacentes.
Chiang e Cols, em 1973, demonstraram que o efeito da Acupuntura é
conduzido através dos nervos, ao constatarem que o estímulo acupuntural
não surtia efeito quando aplicado em área bloqueada por anestésico local.
Chan, 1984, concluiu que muitos dos pontos de Acupuntura
correspondem a locais de penetração das fibras nervosas na fáscia muscular,
dos quais, 309 pontos estão localizados sobre terminações nervosas e 286
pontos localizados sobre os principais vasos sanguíneos, rodeados pelos
Nervi vasorum, a inervação própria dos vasos sanguíneos. Alguns pontos
de Acupuntura correspondem aos pontos gatilhos (Trigger points), que são
pontos localizados na musculatura, sensíveis ao toque e que condicionam o
surgimento de sintomas à distância, como dores de cabeça, por exemplo.
Em 1985, foi descoberto que a aplicação de agulhas de Acupuntura
estimulava fibras nervosas específicas e que as sensações produzidas
pelo estímulo por acupuntura correspondem àquelas experimentadas
pelo estímulo das fibras nervosas do tipo A delta (A δ), como choque,
sensação de peso ou parestesia (1; 2).
CAPÍTULO 3 79

Figura 1 - Esquema mostrando as conexões neurais


da Ação Segmentar da Acupuntura.

2.1 - Ação segmentar da Acupuntura.


Ação segmentar da Acupuntura é o conjunto de mecanismos
fisiológicos que ocorrem do local do estímulo com agulha até a medula
espinhal. O estímulo de fibras nervosas "A δ" por agulhas de Acupuntura
ativa o interneurônio inibitório, ou célula pedunculada, na lâmina II
do corno posterior da medula espinhal. A célula pedunculada, com a
liberação de metencefalina, bloqueia, na área conhecida como Substância
Gelatinosa, a transmissão do sinal da dor conduzido pelas fibras tipo "C"
para os tratos ascendentes da medula. Por outra via ascendente, o Trato
espino talâmico, o estímulo da fibra "A δ" é conduzido ao córtex cerebral,
onde são interpretadas, ou "percebidas" as sensações de peso, distensão,
calor ou parestesia que ocorrem durante o estímulo por acupuntura.

2.2 - Ação supra-segmentar da Acupuntura.


O estímulo das fibras A δ prossegue através do trato espino talâmico
até o córtex cerebral, onde é percebido conscientemente e à medida
que segue neste trajeto, há colaterais para os diversos níveis da medula
espinhal, com liberação de Beta-endorfina, que é um dos tipos de
morfina produzida pelo próprio organismo, e afetando vias neurológicas
80 Terapia Ocupacional • Volume 4

descendentes que terminam por reforçar a estimulação da célula


pedunculada, com efeito analgésico sobre o estímulo das fibras tipo “C”,
e que usam o neurotransmissor Serotonina, o chamado "hormônio do bem-
estar", o que explica bem os efeitos da Acupuntura não só no tratamento
da dor, como também da depressão e dos estados de ansiedade (1; 2).

2.3 - Ação Central da Acupuntura.


O estímulo da agulha de Acupuntura atinge áreas do encéfalo mais
elevadas, como o Hipotálamo e a Hipófise, promovendo o equilíbrio
do funcionamento destes centros. Como a Hipófise é uma glândula,
ocasionalmente chamada de “glândula mãe”, que coordena a função
de diversas outras glândulas do corpo, o efeito da Acupuntura sobre
este órgão afeta o funcionamento das glândulas supra renais, da
tireóide, dos ovários, dos testículos, e assim tem ação terapêutica
sobre a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), dismenorréia, tensão pré-
menstrual, disfunções da libido, e outras afecções.

2.4 - Neurotransmissores na Acupuntura.


Até o presente momento, sabe-se que a Acupuntura afeta a
expressão e ou liberação de serotonina, e dos peptídeos opióides beta-
endorfina, meta-encefalina, e dinorfina. A colecistocinina, peptídeo
envolvido no processo digestivo, é antagonista da acupuntura.
Considerando que a colecistocinina é estimulante da secreção ácida do
estômago, temos daí a compreensão do efeito benéfico da acupuntura
sobre as gastrites, úlceras e na Doença de refluxo gastroesofágico. A
Naloxona, inibidor da ação de opióides, muito utilizada em Medicina
antagoniza os efeitos da Acupuntura. Em dado momento, postulou-se
que a ação da Acupuntura seria fruto apenas da liberação de endorfinas.
Entretanto, a rápida instalação da analgesia e sua duração maior
que o tempo de aumento da quantidade de opióides pela Acupuntura
liberados, demonstra que outros mecanismos estão envolvidos.
O diagnóstico das condições clínicas do paciente é efetuado,
segundo a práxis da Medicina Tradicional Chinesa, por meio da avaliação,
da história, do interrogatório e do exame físico do paciente. Assim,
devem ser verificados os seguintes itens:
- Tomada do pulso da artéria radial em seis posições distintas para
avaliar o fluxo de energia em cada meridiano;
- Observação da face, aparência dos olhos e da língua;
- Avaliação da voz (fonação);
CAPÍTULO 3 81

- Palpação corpórea, especialmente do abdômen;


- Comparação da temperatura em diferentes partes do corpo.
- E tudo mais que possa ser observado sem instrumentos e sem ferir
o paciente, como uma simples conversa, abordando o seu histórico de
saúde e suas queixas atuais (1; 2).

IMPORTANTE: O conjunto dos dados obtidos e interpretados,


segundo a teoria clássica chinesa, compõe o quadro que conduz ao
“diagnóstico sindrômico”, a partir do qual é determinada a escolha da
terapêutica, sendo possível formular o prognóstico.
A Semiologia da Medicina Tradicional Chinesa reconhece sinais e
interpreta sintomas de modo a lhes conferir um “nexo causal”, o que
permite a composição de quadros sindrômicos, a serem comparados com
os padrões de desarmonia descritos na literatura.
A cada diagnóstico, elaborado por meio dessa identificação de
padrões, corresponde a uma prescrição, que inclui a escolha dos pontos
e técnicas a serem utilizados no tratamento.
As manifestações clínicas dos quadros sindrômicos são
compreendidas no âmbito da fisiopatologia, e que explicam os
fenômenos observados no exame físico do paciente, apontando as
medidas terapêuticas indicadas para a situação (1; 2).

Referências Bibliográficas.

1 - WANG, B. Princípios da Medicina Interna do Imperador Amarelo.


Editora Ícone, 2013

2 - YAMAMURA,Y. Acupuntura Tradicional – A Arte de Inserir. 2ed.


São Paulo: Editora Roca, 2001.
CAPÍTULO 4
PLANTAS MEDICINAIS/FITOTERAPIA.
Fábia Cilene Dellapiazza

1 - Introdução.
O uso de plantas medicinais para minimizar sintomas de doenças,
ocorre desde as mais antigas civilizações, tais como, babilônica, grega,
egípcia e asiática.
Aliás, não havia outro recurso ao alcance da humanidade que não
fossem os recursos vegetais e minerais, e em muitos casos, os advindos
do reino animal.
Certamente as doenças eram outras, assim como, a expectativa de
vida, hábitos alimentares e de vida diária.
Ao longo do tempo, estes produtos de natureza “caseira”, foram
ganhando espaço nas pesquisas e investimentos tecnológicos para
aprimorar seu conhecimento farmacológico, saindo do quesito “chá da
vovó” para insumos fitoterápicos.
Ao estudarmos as plantas medicinais, devemos nos atentar a uma
simples pergunta: Por que uma planta pode ser considerada uma droga
vegetal? Os chamados “princípios ativos” são considerados como a
verdadeira e única resposta para este tipo de questionamento.
Os “princípios ativos” são substâncias provenientes do metabolismo
secundário das plantas, são responsáveis pela atividade terapêutica. Eles se
concentram em várias partes do vegetal, ou seja, nas flores, folhas, raízes,
às vezes nas sementes, nos frutos e nas cascas. As plantas não apresentam
uma concentração uniforme de “princípios ativos” durante seu ciclo de
vida, pois eles variam de acordo com o habitat, a colheita e a preparação.
Geralmente, numa mesma planta, encontram-se vários componentes
ativos dos quais um, ou um grupo, determinam a ação principal. Quando
um princípio ativo é isolado, normalmente apresenta uma ação diferente
daquela apresentada pela planta inteira, ou seja, pelo seu fitocomplexo.

83
84 Terapia Ocupacional • Volume 4

Descrevemos a seguir, as ações terapêuticas dos principais


princípios ativos:
- Alcalóides: Calmantes, sedativos, estimulantes, analgésicos,
anestésicos.
- Mucilagens: Cicatrizantes, anti-inflamatórias, laxativas,
expectorantes e antiespasmódicas.
- Flavonóides: Diuréticos, anti-inflamatórios, expectorantes,
antiespasmódicos, tônico cardiocirculatório.
- Glicosídeos cardiotônicos e cardioativos: Dilatadores de
coronárias, antiescleróticos, fortalecem os vasos capilares. Aumentam a
força contrátil do coração, regulando o seu ritmo.
- Cumarinas: Anticoagulantes, antiespasmódicas, antibióticas e
venotônicas.
- Saponinas: Diuréticas, cicatrizantes, analgésicas e expectorantes.
- Taninos: Adstringentes, hemostáticos, antissépticos, tonificantes e
antimicrobianos.
- Óleos essenciais: Bactericidas, antiviróticos, cicatrizantes,
analgésicos, relaxantes, expectorantes, antiespasmódicos. Os principais são
timol (tomilho), cineol (eucalipto), limoneno (limoeiro) e mentol (laranja).
Em relação ao processo de industrialização, e posterior utilização
clínica de uma planta medicinal, estão envolvidos uma infinidade de
profissionais, dentre eles, engenheiros agrônomos, pesquisadores,
biólogos, farmacêuticos, químicos, profissionais dos setores industrial e
comercial entre outros (5).
De acordo com o formulário de fitoterápicos farmacopéia Brasileira
(1), seguem algumas definições:
Planta medicinal: Espécie vegetal, cultivada ou não e utilizada com
propósitos terapêuticos.
Droga vegetal: Planta medicinal, ou suas partes, que contenham
as substâncias, ou classes de substâncias, responsáveis pela ação
terapêutica, após processos de coleta, estabilização e/ou secagem,
podendo ser íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada (1; 3).

2 - Medicamento fitoterápico.
Medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas
ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos
riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua
qualidade. Sua eficácia e segurança são validadas por meio de levantamentos
CAPÍTULO 4 85

etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecnocientíficas ou


evidências clínicas. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que,
na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem,
nem as associações destas com extratos vegetais (2)
Fitocomplexo: Conjunto de todas as substâncias, originadas do
metabolismo primário ou secundário, responsáveis, em conjunto, pelos
efeitos biológicos de uma planta medicinal ou de seus derivados com
extratos vegetais;
Marcador: Substância ou classe de substâncias (ex.: alcalóides,
flavonóides, ácidos graxos, etc.) utilizada como referência no
controle da qualidade da matéria-prima vegetal e do fitoterápico,
preferencialmente tendo correlação com o efeito terapêutico. O
marcador pode ser do tipo ativo, quando relacionado com a atividade
terapêutica do fitocomplexo, ou analítico, quando não demonstrada, até
o momento, sua relação com a atividade terapêutica do fitocomplexo;
Fitoterápico: Produto obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto
substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa,
incluindo medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico,
podendo ser simples, quando o ativo é proveniente de uma única
espécie vegetal medicinal, ou composto, quando o ativo é proveniente
de mais de uma espécie vegetal.
De acordo com o formulário de fitoterápicos farmacopéia Brasileira
(1; 6), seguem algumas formas farmacêuticas/vias de administração:
Extrato: É a preparação de consistência líquida, sólida ou
intermediária, obtida a partir de material animal ou vegetal. O material
utilizado na preparação de extratos pode sofrer tratamento preliminar,
tais como, inativação de enzimas, moagem ou "desengorduramento".

O extrato (Abreviatura: ext.)


O extrato é preparado por percolação, maceração ou outro método
adequado e validado, utilizando como solvente álcool etílico, água ou
outro solvente adequado. Após a extração, materiais indesejáveis podem
ser eliminados (extrato seco, pó, glicólico).
Extrato Fluido: É a preparação líquida obtida de drogas vegetais
ou animais por extração com líquido apropriado ou por dissolução do
extrato seco correspondente, em que, exceto quando indicado de maneira
diferente, uma parte do extrato, em massa ou volume corresponde a
uma parte, em massa, da droga, seca utilizada na sua preparação. Se
necessário, os extratos fluídos podem ser padronizados em termos de
86 Terapia Ocupacional • Volume 4

concentração do solvente; teor de constituintes, ou de resíduo seco. Se


necessário podem ser adicionados conservantes inibidores do crescimento
microbiano. Devem apresentar teor de princípios ativos e resíduos secos
prescritos nas respectivas monografias. Extrato Fluido proporção 1:1 (1
porção da planta para 1 de solvente). Tintura Mãe, proporção 1:5 ou 1:10.
Inalação: É a administração de produto pela inspiração (nasal ou
oral) de vapores pelo trato respiratório (vias aéreas).
Xarope: É a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta
viscosidade, que apresenta, no mínimo, 45% (p/p) de sacarose ou outros
açúcares na sua composição. Os xaropes geralmente contêm agentes
flavorizantes. Quando não se destina ao consumo imediato, deve ser
adicionado de conservadores antimicrobianos autorizados.
Chá Infusão: É a preparação que consiste em verter água fervente
sobre a droga vegetal e, em seguida, tampar ou abafar o recipiente por
tempo determinado. Método indicado para partes de drogas vegetais
de consistência menos rígida tais como folhas, flores, inflorescências e
frutos, ou que contenham substâncias ativas voláteis.
Chá Decocção: É a preparação que consiste na ebulição da droga
vegetal em água potável por tempo determinado. Método indicado para
partes de drogas vegetais com consistência rígida, tais como cascas,
raízes, rizomas, caules, sementes e folhas coriáceas.
Maceração: É o processo que consiste em manter a droga,
convenientemente pulverizada, nas proporções indicadas na fórmula,
em contato com o líquido extrator, com agitação diária, no mínimo, sete
dias consecutiva. Deverá ser utilizado recipiente âmbar ou qualquer
outro que não permita contato com a luz, bem fechado, em lugar pouco
iluminado, a temperatura ambiente. Após o tempo de maceração verta
a mistura num filtro. Lave aos poucos o resíduo restante no filtro com
quantidade suficiente (q.s.) do líquido extrator de forma a obter o
volume inicial indicado na fórmula.
Uso oral: É a forma de administração de produto utilizando-se da
sua ingestão pela boca.
Uso externo: É a aplicação do produto diretamente na pele ou mucosa.
Banho de assento: É a imersão em água morna, na posição sentada,
cobrindo apenas as nádegas e o quadril geralmente em bacia ou em
louça sanitária apropriada.
Bochecho: É a agitação de infuso, da decocção ou maceração na
boca fazendo com movimentos da bochecha, não devendo ser engolido o
líquido ao final.
CAPÍTULO 4 87

Compressa/Cataplasma: É uma forma de tratamento que


consiste em colocar, sobre o lugar lesionado, um pano ou gaze limpo e
umedecido com um infuso ou decoto, frio ou aquecido, dependendo da
indicação de uso.
Creme/Gel/Pomada: É a forma farmacêutica semissólida que consiste
de uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica.
Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base
apropriada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele.

3 - Considerações finais
Cabe ao profissional, lembrar que a Fitoterapia está classificada entre
as formas de tratamento como “Complementar”, e a prescrição deverá
respeitar o diagnóstico médico e/ou da MTC (4). Nesse contexto, deve-se
ainda considerar e verificar se o paciente faz uso de medicamento alopático
na ocasião e/ou uso contínuo para doenças crônicas e morbidades como
diabetes, hipertensão, doenças autoimunes entre outras (7).
A eficácia e segurança deste tratamento coadjuvante se darão
pelas boas práticas, recomendando assim, profissionais qualificados.
A conduta respeitosa, sempre considera o histórico da moléstia
atual e pregressa do paciente, hábitos alimentares e de vida diária,
assim como o acompanhamento (número de atendimentos) a ser
determinado pelo profissional.

Referências Bibliográficas.

1 - ANVISA, Formulário de fitoterápicos farmacopéia Brasileira.


Brasília, DF: República Federativa do Brasil, 2011.

2 - GARRAN, T.A. Fitoterapia com ervas ocidentais de acordo


com os princípios da medicina tradicional chinesa. São Paulo: Editora
Pensamento, 2013.

3 - HARAGUCHI, L.M.M.; CARVALHO, O.B. Plantas medicinais. São


Paulo: Secretarias verde e meio ambiente saúde, 2010.

4 - HIRSCHI, S. Manual do herói ou a filosofia chinesa na cozinha.


São Paulo: Corre Cotia.
88 Terapia Ocupacional • Volume 4

5 - LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil. Nativas


e exóticas. 2ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

6 - LIMA, A. Índice Terapêutico Fitoterápico. Ervas medicinais.


Petrópolis, RJ: Editora de Publicações Biométricas, 2008.

7 - SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; MELLO, J.C.P.; MENTZ L.A.;


PETROVICK, P.R. Farmacognosia. Do Produto natural ao medicamento.
Porto Alegre, RS: Editora Artemed, 2017.
CAPÍTULO 5
DANÇAS CIRCULARES.
Leonardo Costa Lima
Adriano Conrado Rodrigues
Flavia Liberman

1 - Introdução - A Subjetividade do Sujeito e a Dança.


Caracterizar a dança como prática de Saúde, e mais
especificamente, como meio de transformação e reabilitação
psicossocial, passa pela necessidade de um olhar que contemple o
Ser Humano e seu corpo em seu aspecto multidimensional ou seja,
a partir da compreensão de que a construção dos corpos, ou melhor,
dos seus modos de funcionamento são resultantes de vários fatores: da
genética com seus aspectos ligados à hereditariedade; da cultura; das
experiências; dos tipos de vínculos estabelecidos ao longo da vida e da
subjetividade que molda e orienta certos modos de funcionamento em
determinado tempo/espaço, entre tantos outros aspectos (1)
Segundo Rolnik apud Liberman (2010):
As práticas clínicas, hoje, participam direta ou indiretamente
da composição dos territórios subjetivos. Suas teorias são diferentes
tentativas de cartografar as paisagens da subjetividade e seus
procedimentos, diferentes modos de interferir em seus relevos (1).
Nesse sentido, a subjetividade humana emerge como um entre-
jogo "mundo interno e mundo externo”, invenção de si e do mundo (2),
construindo modos de pensar, sentir e agir sempre compreendidos como
processos, a partir de seu cotidiano composto pelos diferentes âmbitos
em que atua e se relaciona, ou seja, os papéis ocupacionais, as relações
e vínculos, as suas realizações, sonhos, embates, conflitos presentes na
vida de cada um e a todo o momento, do nascimento a morte.
Também nos parece importante considerar os graus de autonomia e
participação dos sujeitos a partir daquilo que ele pode e consegue construir.
Saraceno (1999), evidencia esse aspecto em particular quando
indica que paradigma e propostas orientadas essencialmente por
90
CAPÍTULO 5 91

um olhar médico pouco informam sobre as necessidades, desejos e


possibilidades do sujeito (3).
Neste sentido e buscando ampliar o nosso olhar sobre os sujeitos e
suas vidas , consideramos que os estudos da subjetividade – que refletem
sobre os modos de pensar, agir e sentir; enfim, sobre os modos de viver e
existir do homem – têm constituído um campo privilegiado para pesquisas
que buscam atender à complexidade do sujeito. Contribuições como
as idéias do psicanalista Félix Guattari, do filósofo Gilles Deleuze e da
psicanalista Suely Rolnik, entre outros, são importantes fontes de inspiração
para muitos terapeutas ocupacionais que procuram, através da compreensão
dos processos de subjetivação, pensar estratégias de intervenção, seus
sentidos e objetivos de forma mais ampla e contextualizada (4).
Além de questões próprias a Terapia Ocupacional, outros campos
do conhecimento como: a antropologia, psicologia, filosofia, educação,
as artes, entre outras compõem a dimensão do olhar na perspectiva da
arte e da dança.
E nessa dimensão, o corpo constitui um indicador fundamental para
o conhecimento das histórias do sujeito, seus modos de funcionar, sua
vida cotidiana, suas dores, tensões, anseios, etc. (5).
Não basta, como nos diz Saraceno, realizarmos atividades que
transformem o usuário em pintor, bailarino, escultor etc. Faz-se necessário
que esse exercício promova também a construção de um sentimento
de pertencimento em relação às comunidades, que possa culminar,
por exemplo, em alterações nos modos de conviver com a família ou
em maior circulação na rede social, ao fazer parte de um coletivo (3).
Essas estratégias de integração de todos os membros de uma sociedade,
independente de raça, habilidades, condições econômicas etc. constituem
hoje o objetivo fundamental das práticas na área de saúde (2).
Além disto, essas formas de inserção podem sustentar os processos
de subjetivação, numa tentativa permanente de construir pontes e
lugares que permitam ao sujeito se constituir e interferir, tanto no que
se refere aos seus valores e papéis ocupacionais, quanto na sua relação
social e comunidade (1).

2 - A Dança como Modo Expressão Natural e Espontânea.


A Dança é a única arte que não depende de nenhum elemento
intermediário para concretizar-se: o ser humano dançante é ao mesmo
tempo criador e criação.
92 Terapia Ocupacional • Volume 4

Não há pré-requisitos para a dança. O que há são pré-requisitos


para determinadas técnicas. A dança pode ou não ser regrada, e é
importante ter isso em mente, para que seja respeitada a forma de
expressão de cada um através do dançar, sem que a pessoa sinta que
dança errado ou que não sabe dançar apenas por não estar seguindo
determinada técnica.
A dança pode ser uma forma de conhecimento dos limites do
corpo, e mais além, de superação desses limites. O tônus muscular,
a respiração, as capacidades do corpo, bem como a segurança,
autoconfiança e noção de tempo e espaço, também são acessados.
A Dança pode ainda levar à meditação, e danças em grupo podem
motivar as pessoas a aproximação e troca de experiências (2).
A seguir, alguns exemplos das Danças e suas particularidades:

∙ Danceability
Danceability é um método criado pela companhia Joint Forces
(que é reconhecida pelo mundo pelo trabalho que desenvolve, na área
da dança, com deficientes físicos), onde tem como objetivo promover a
exploração artística entre pessoas com deficiências ou não. Consiste no
que eles chamam de “terreno comum” permitindo que todo e qualquer
material ministrado seja acessível para todos. A filosofia é não excluir
qualquer membro do grupo, das experimentações (6).

∙ Dançaterapia
O Método Maria Fux baseia-se na possibilidade de uma mudança
que permita sair e abandonar gradualmente a rigidez, o medo, a
instabilidade, independente do estado psíquico, físico e social de cada
um. A Dançaterapia nos permite trazer à tona, através dos movimentos
(mesmo pequenos e simples), aquilo que às vezes fica escondido dentro
de nós, não expressado ou reprimido. “A dança terapêutica, é a dança
na sua forma mais simples e a linguagem das emoções profundas”. Essa
prática não substitui intervenções clínicas, médicas ou psicológicas, mas
as complementa percorrendo caminhos outros ligados à afetividade,
sensibilidade e emoção (7).

∙ Biodança e Dança Circular


A Biodança é um sistema de integração e desenvolvimento
humano, um sistema baseado em experiências do crescimento pessoal
induzido pela música, movimento e emoção. Esta terapia utiliza
CAPÍTULO 5 93

exercícios e músicas organizados, a fim de aumentar a resistência ao


estresse, promover a renovação orgânica e melhorar a comunicação.
Sua metodologia é induzir experiências de integração por meio da
música, do canto, do movimento, criando situações que facilitam as
possibilidades de relacionamento interpessoal.
Nessa mesma linha de ação, mas com suas particularidades e
possibilidades, surge a Dança Circular. Essa é uma prática de dança em
roda, tradicional e contemporânea, originária de diferentes culturas
que favorece a aprendizagem e a interconexão harmoniosa entre os
participantes. As pessoas dançam juntas, em círculos e aos poucos
começam a internalizar os movimentos, liberar a mente, o coração, o
corpo e o espírito. Por meio do ritmo, da melodia e dos movimentos
delicados e profundos os integrantes da roda são estimulados a respeitar,
aceitar e honrar as diversidades (8).
Quem passar por uma roda de Dança Circular, vai reparar que no
seu centro há um elemento que exprime simbologia. Normalmente ele
chama a atenção por sua beleza.
O centro da roda pode ser feito de panos, flores, esculturas, desenhos,
velas, ou qualquer invenção criativa que ajude a manter a referência e o
foco dos participantes, relacionado a um determinado tema em pauta para
o grupo; isso faz do centro, uma parte significativa da roda.
O participante terá o centro como referência durante toda a dança (9).
O universo das Danças Circulares contempla as danças de todos os
povos, honrando cada um deles, seus ritmos e gestualidades. O repertório
inclui milhares de danças, integrando dois grandes grupos: tradicionais
(danças mais antigas, que foram passando através das gerações) e
contemporâneas (coreografadas mais recentemente). Existem danças
alegres e expansivas e outras introspectivas e meditativas.
Esse universo envolve as danças indígenas, européias, latino-
americanas, orientais, mantras, danças de mãos dadas, de mãos soltas,
de pares ou em pequenos grupos. Apesar da maioria ser em círculo, há
danças em formato de linhas, filas ou meia-lua, dependendo da cultura
de cada povo (10).
No mundo, a história traz um movimento intitulado Danças
Circulares Sagradas, que nasceu com o coreógrafo alemão/polonês
Bernhard Wosien quando, em 1976, visitou a Comunidade de Findhorn
(norte da Escócia), e pôde ensinar pela primeira vez, uma coletânea de
Danças Folclóricas aos residentes.
Já no Brasil, é notável a expansão das Danças Circulares, que no
94 Terapia Ocupacional • Volume 4

início da década de 90, chegaram ao Brasil e se espalharam formando


rodas em parques, escolas, universidades, hospitais, órgãos públicos,
ongs, instituições e empresas dos mais variados segmentos (10).
Socialmente, estar em roda simboliza a fraternidade, igualdade e
a sensação de pertencimento a algo que só passa a existir se houver a
presença e a colaboração de outras pessoas (8).
A pessoa que propõe ou coordena uma roda de Dança Circular
chama-se focalizador. Ele cuida do foco, trazendo a força da presença e
do compromisso com o aprendizado coletivo. Os focalizadores podem ter
diferentes tipos de formação: arte, educação, ballet, música, psicologia,
fonoaudiologia, terapia ocupacional, assistência social, etc. Cada pessoa
vai focalizar de acordo com a experiência global do seu ser, pois esta é
uma atividade bastante vivencial, que extrapola os muros da academia.
Existem cursos que ensinam os primeiros passos da focalização e depois
disso cada pessoa vai se aprimorando continuamente, participando
sempre de novas vivências e cursos (8).
A Portaria Nº 849, de 27 de março de 2017, do Ministério da Saúde,
incluiu a Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação,
Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia,
Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga à Política Nacional
de Práticas Integrativas e Complementares na Práticas Integrativas e
Complementares em Saúde (PICS) do Sistema único da Saúde (SUS) (11) .
Abaixo transcrevemos na íntegra o texto que descreve as Danças
Circulares nesta Portaria:
“Danças Circulares Sagradas ou Dança dos Povos, ou simplesmente
Dança Circular é uma prática de dança em roda, tradicional e
contemporânea, originária de diferentes culturas que favorece a
aprendizagem e a interconexão harmoniosa entre os participantes. Os
indivíduos dançam juntos, em círculos e aos poucos começam a internalizar
os movimentos, liberar a mente, o coração, o corpo e o espírito. Por meio do
ritmo, da melodia e dos movimentos delicados e profundos os integrantes da
roda são estimulados a respeitar, aceitar e honrar as diversidades.
O principal enfoque na Dança Circular não é a técnica e sim o
sentimento de união de grupo, o espírito comunitário que se instala a
partir do momento em que todos, de mãos dadas, apoiam e auxiliam
os companheiros. Assim, ela auxilia o indivíduo a tomar consciência de
seu corpo físico, harmonizar o emocional, trabalhar a concentração e
estimular a memória.
As danças circulares podem criar espaços significativos para o
CAPÍTULO 5 95

desenvolvimento de estados emocionais positivos, tornando-se um


recurso importante no contexto de grupos, uma vez que estimulam a
cooperação, despertam o respeito ao outro, a integração, a inclusão e
o acolhimento às diversidades. A prática tem o potencial mobilizador
da expressão de afetos e de reflexões que resultam na ampliação da
consciência das pessoas.
No círculo trabalha-se o equilíbrio entre o indivíduo e o coletivo,
o sentimento de pertinência e do prazer pela participação plena dos
processos internos de transformação, promovendo o bem-estar, a
harmonia entre corpo-mente-espírito, a elevação da autoestima; a
consciência corporal, entre outros benefícios” (11).

3 - A Dança como Recurso da Terapia Ocupacional.


Desde a sua concepção como política pública no Ministério da
Saúde, a procura pelas Práticas Integrativas e Complementares de Saúde
(PICS) tem aumentado nas estratégias, programas e serviços públicos
e privados, principalmente nas áreas da saúde, educação e assistência
social, dos municípios dos Estados brasileiros.
Vale ressaltar a importância dos Terapeutas Ocupacionais da cidade
de São Paulo na introdução de componentes curriculares com Danças
Circulares nos currículos acadêmicos dos cursos de Terapia Ocupacional.
Vários terapeutas ocupacionais atuam com as danças circulares, em
composição ou não com outras técnicas de acordo com seus objetivos, o
contexto de atuação e o perfil da população.
Alguns terapeutas ocupacionais foram pioneiros na organização de
cursos de formação em Danças Circulares e responsáveis, em conjunto com
profissionais de outras áreas do conhecimento, pela disseminação deste
recurso na Atenção Básica e Especializada da Saúde Pública do município e
posteriormente nos serviços da Assistência Social, Lazer e Educação.
O crescente reconhecimento da eficácia terapêutica pelas evidências
apontadas pelas pesquisas científicas e também o impacto positivo
observado na melhoria do bem-estar e qualidade de vida das pessoas nos
diferentes ciclos vitais (infância, adolescência, fase adulta e velhice)
fizeram com que o recurso das Danças Circulares ganhassem projeção
nacional e hoje temos vários grupos e rodas de danças circulares em
parques, Unidades de Saúde, Escolas e serviços sócio-assistenciais.
Além disso, há um crescente número de profissionais capacitados
e habilitados para o uso das PICS como recurso, em suas dinâmicas de
96 Terapia Ocupacional • Volume 4

trabalho. Soma-se aqui, a valorização dos conhecimentos tradicionais de


onde se originam grande parte destas práticas, e temos um importante
movimento que têm recebido o apoio da Organização Mundial da Saúde,
que incentiva os países a inserir alternativas ao cuidado à saúde, numa
referência direta a visão integral e humana do ser humano (6).
A dança circular é uma atividade que traz a possibilidade exercitar
a própria totalidade, e, por isso, é potencialmente terapêutica. Cabe
ao Terapeuta Ocupacional se apropriar tecnicamente e se aprimorar
na teórica e na prática da Dança Circular, com seu histórico, técnicas
e recursos, e assim propô-la como atividade, conforme os objetivos
terapêuticos determinados na sua atuação terapêutica.
Vale ressaltar que a Dança como arte é compreendida como meio,
como recurso que possibilita o estabelecimento de vínculos e, ao
mesmo tempo, permitem a “materialização” dos conteúdos emocionais,
sentimentos e desejos e a efetivação de processos de expressão,
conhecimento de si, do outro e do mundo.
As origens destas propostas da utilização da dança e recursos
artísticos e do campo cultural no acompanhamento de grupos são os
movimentos contemporâneos de assistência em saúde mental, cuja
concepção passa a privilegiar ações ampliadas no seu âmbito, porque,
segundo Saraceno:
[...] engendram uma nova noção de reabilitação, que tem como
sentido a construção dos direitos substanciais (afetivos, relacionais,
materiais, habitacionais, produtivos e culturais) dos pacientes e, um
interesse em pesquisar a transformação de fato ocorrida nas dinâmicas
sociais, culturais, econômicas dos doentes mentais, dos deficientes e das
populações chamadas “excluídas”. (Saraceno, 1995 apud Canguçu et al.,
2000, p.46) (12).
Considerando este quadro, há alguns anos foram introduzidas
nas matrizes dos cursos de Terapia Ocupacional, disciplinas que
abordam basicamente o desenvolvimento da expressão, a criatividade
e a comunicação.
As atividades expressivas, como é o caso da dança, dos trabalhos
corporais, da música e do teatro, têm sido cada vez mais utilizadas pelo
terapeuta ocupacional, seja no uso direto dos métodos, compondo ou
não com outros recursos – a pintura, o desenho, a argila, entre outros,
seja para a compreensão do sujeito a partir de um olhar que privilegia o
corpo e suas potencialidades.
Assim, diferentes vivências no campo das artes podem contribuir para
CAPÍTULO 5 97

que o sujeito se perceba como tal, identifique seus diferentes “modos de


funcionamento” para, em seguida, repensá-los e (re)construí-los.
Temos ainda, que a dança Circular como recurso utilizado pelos
Terapeutas Ocupacionais Ocupacional estimula as habilidades sociais,
desenvolve o apoio e suporte necessários à abordagem de diversas
questões físicas e psicofísicas e permite-se atuar na modulação dos
sentimentos, gerando boas sensações.
No entanto, as danças e as músicas propostas devem ser avaliadas
e analisadas a fim de incorporá-las à clínica, já que um recurso
aplicado devidamente, como objetiva a terapia ocupacional, pode
transformar a atividade em um potente instrumento terapêutico para
as pessoas que a utilizam (6).
Não se deve determinar que a dança será boa para todos em todas
as circunstâncias, pois sabemos que não trabalhamos com números, que
são exatos, e sim com pessoas, que tem suas particularidades (8).
Uma importante referencia para a utilização das danças Circulares
como recurso pelos Terapeutas Ocupacionais nos campos da Saúde,
Assistência Social e Educação são as experiências realizadas, desde
1997, pelo “Programa Permanente Composições Artísticas e Terapia
Ocupacional - PACTO” da Universidade de São Paulo, que propõe
métodos de intervenção junto aos grupos com a utilização de atividades
artísticas e corporais visando à ampliação de sua ação para os espaços
de cultura da cidade, conforme explicitado a seguir:
Em sua estrutura assistencial o programa se propõe a acompanhar
grupos em atividades artísticas: pintura, desenho, modelagem, colagem
e outras; e corporais: dança, relaxamentos e trabalhos corporais. [...]
São objetivos desta proposta: garantir aos participantes a oportunidade
de desenvolver seus potenciais criativos, artísticos e intelectuais;
acompanhar os participantes, usuários ou não de serviços de saúde, em
atividades grupais que ampliem seu universo de relações facilitando seu
processo de crescimento pessoal; e, viabilizar o acesso dos participantes a
eventos culturais da contemporaneidade. (Canguçu et al. 2000,p 46) (12).

4 - Considerações Finais.
Experiências mostram que existe uma influência positiva na
participação em oficinas de danças circulares no que diz respeito ao
suporte social e emocional, além dos benefícios físicos que as práticas
corporais proporcionam. Esses resultados que estão em consonância com
98 Terapia Ocupacional • Volume 4

a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, quanto a


abordagem ao ser humano em sua totalidade (13).
Considerada uma prática corporal extremamente benéfica por seus
praticantes, as Danças Circulares têm ocupado lugar proeminente nas
pesquisas acadêmicas em áreas que investigam suas potencialidades no
que diz respeito ao desenvolvimento humano holístico ou integral. Nos
campos da Terapia Ocupacional profissionais e pesquisadores se concentram
em investigar a importância das danças circulares como possibilidade de
integração entre as esferas que nos constituem enquanto seres humanos,
como meio para a "reconciliação" entre corpo, mente, alma (14).

Referências Bibliográficas.

1 - LIBERMAN, F. O corpo como pulso. Revista interface:


comunicação, saúde educação, v.14, n.33, p.449-60, abr./jun. 2010

2 - KASTRUP, V. A invenção de si e do mundo. Uma introdução do


tempo e do coletivo no estudo da cognição. Campinas: Papirus, 1999.

3 - SARACENO, B. Libertando Identidades : da reabilitação


psicossocial à cidadania possível. Trad. Lúcia Helena Zanetta, Maria
do Carmo Zanetta e Willians Valentini. Revisão Técnica: Ana Maria
Fernandes Pitta. Belo Horizonte: Te Corá, 1999.

4 - LIBERMAN, F. Trabalho corporal, música, teatro e dança em


Terapia Ocupacional: clínica e formação. Cadernos – Terapia Ocupacional:
Produção de conhecimento e responsabilidade social. Centro universitário
São Camilo. São Paulo, v.8, n.3, p. 39-43, jul/set. 2002.

5 - LIBERMAN, F. Delicadas coreografias: instantâneos de uma


terapia ocupacional. São Paulo: Summus Editorial, 2008.

6 - LIBERMAN, F.; SAMEA, M. Uma pesquisa do corpo em Terapia


Ocupacional: o método de danceability. Rev. Ter. Ocup. Univer. São
Paulo. v. 9, n. 3. p. 125-132. set/dez. 1998.

7 - FUX, M. DANÇATERAPIA (Primer Encuentro con la Danzaterapia).


Ed. Summus, 1988.
CAPÍTULO 5 99

8 - Dança Circular. O que é - Conheça um pouco da história da Dança


Circular Sagrada, seu desenvolvimento e benefícios. Disponível em:
http://www.dancacircular.com.br/oque.asp (acesso em
10/03/2018)

9 - Danças Circulares da Amazônia na ACADEBio . Disponível em:


https://dancascircularesdaamazonia.wordpress.com/ (acesso em
10/03/2018)

10 - SILVA, M.M. Dissertação (mestrado profissional) - Universidade


Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de
Pós-Graduação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, Florianópolis,
2015. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/158777
(acesso em 10/03/2018)

11 - BRASIL, Ministério da Saúde, Portaria n° 849, de 27 de março


de 2017. Disponível em:
http://www.lex.com.br/legis_27357131_PORTARIA_N_849_DE_27_
DE_MARCO_DE_2017.aspx. Acesso em 31/01/2018.

12 - Canguçu, D.F.; Castro, E.D.; Costa, A.L.B.; Inforsato,E.; Lima,


E.A ; Lima, L.J.C. O Programa Permanente Composições Artísticas e
Terapia ocupacional (PACTO) : uma proposta de atenção na interface
da arte-saúde. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São
Paulo, v. 11, n.º 2/3, p. 45-55, maio/dezembro, 2000.

13 - Portaria nº145/2017 que amplia os procedimentos oferecidos


pela Política no Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em:
http://dab.saude.gov.br/portaldab/noticias.
php?conteudo=_&cod=2297 (acesso em 10/03/2018)

14 - As danças circulares na integralidade do cuidado: um caminho


de. Disponível em:
http://www.dancacircular.com.br/waupload/
corpotextomonog00018062013193134.pdf (acesso em 10/03/2018)
CAPÍTULO 6
A ARTE COMO RECURSO TERAPÊUTICO.
Rachel Azulay Leite

1 - Introdução
Na apresentação profissional para os pacientes, familiares e/ou
cuidadores, costuma-se falar que o emprego da arte enquanto recurso ou
atividade terapêutica, é a forma de cuidar da saúde sob o olhar da Terapia
Ocupacional. Pois fazendo arte, apreciando arte e pensando sobre arte,
pode-se atingir simultaneamente objetivos terapêuticos ocupacionais, em
acordo com a avaliação desse profissional. A arte pode estar presente em
todas as esferas, contextos de vida, e sobretudo, ser analisada quanto a
funcionalidade ou habilidade exigida, interesses e realização pessoal.
Quando falamos em saúde, há de se pensar num amplo conceito de
definição. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), trata-se de “um
estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a
ausência de afecções e enfermidades”.
Nesse sentido destacamos o termo “bem-estar” como noção subjetiva
de sentir-se bem, não apresentar sofrimento somático ou psíquico, ou
ainda, prejuízos do desempenho pessoal e social (incluindo família e
trabalho), e como satisfação das necessidades conscientes e inconscientes.
De forma geral, o bem-estar físico está relacionada com a
satisfação das necessidades biológicas; o bem-estar mental, com a
satisfação das necessidades psicológicas; e o bem-estar mental, com a
satisfação das necessidades sociais.
A terapia ocupacional, por sua vez, é definida também pela
OMS como a ciência que estuda a atividade humana e a utiliza como
recurso terapêutico para prevenir e tratar dificuldades físicas e/ou
psicossociais que interfiram no desenvolvimento e na independência
do cliente em relação às atividades de vida diária, trabalho e lazer. É a
arte e a ciência de orientar a participação do indivíduo em atividades
selecionadas para restaurar, fortalecer e desenvolver a capacidade,
facilitar a aprendizagem daquelas habilidades e funções essenciais para
101
102 Terapia Ocupacional • Volume 4

a adaptação e produtividade, e promover e manter a saúde.


O terapeuta ocupacional tem como objeto de trabalho o ser humano,
que é abordado pela análise de suas atividades, para que favoreçam a
prevenção de doenças, reabilitação e promoção da saúde, sempre em
acordo com suas necessidades, momento de vida, interesses e contextos.
Dentre as atividades humanas, destacamos as atividades artísticas,
artesanato, fazer e apreciar arte etc., contemplando todas as suas
linguagens e variantes que permitam ao ser humano, pensar e expressar
sentimentos e idéias acerca de sua existência.
Nos procedimentos clínicos da terapia ocupacional, as atividades
artísticas, expressivas corporais, musicais, teatrais, plásticas,
esculturais, audiovisuais, artesanais, dentre outras, estão inseridas,
favorecendo as relações interpessoais, o contato com os conteúdos
conscientes ou inconscientes, a auto-expressão, a relação simbólica e
imaginária com os objetos, com o seu corpo e sua história de vida.

2 - A Arteterapia (como disposto nas Práticas


Integrativas e Complementares de Saúde) ou a arte
como terapia.
Para a associação Americana de Arteterapia, fundada em 1969, a
arteterapia é o uso terapêutico da atividade artística no contexto de
uma relação profissional por pessoas que foram acometidas por doenças,
traumas ou dificuldades na vida, assim como por pessoas que buscam
desenvolvimento pessoal.
Por meio do criar em arte e do refletir sobre os processos e trabalhos
artísticos resultantes, pessoas podem ampliar o conhecimento de si e dos
outros, aumentar sua auto-estima, lidar melhor com sintomas, estresse
e experiências traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos e
emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer artístico (1).

3 - A Arte como recurso da Terapia Ocupacional.


Salta aos nossos olhos a arte como recurso sublime do trabalho do
terapeuta ocupacional, já que este profissional detém o domínio para
analisar e aplicar as atividades ao indivíduo, como assegura o Conselho
Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), órgão que
regulamenta o uso da arteterapia pelo profissional da terapia ocupacional.
De acordo com resolução nº. 350, de 13 de junho de 2008, que
CAPÍTULO 6 103

dispõe sobre o uso da arteterapia como recurso terapêutico ocupacional,


o órgão reconhece a arteterapia como “recurso terapêutico próprio
do terapeuta ocupacional, de caráter não privativo, utilizado nas
intervenções terapêuticas ocupacionais”.
Temos ainda que “a arteterapia é definida nos descritores em
Saúde da Biblioteca Virtual em Saúde, BVS/BIREME, como sendo o uso da
arte como terapia adjuvante no tratamento de distúrbios neurológicos,
mentais ou comportamentais”.
O terapeuta ocupacional, no exercício de suas atividades
profissionais “poderá aplicar os métodos e técnicas arteterapêuticas,
com base no diagnóstico terapêutico ocupacional e no plano terapêutico,
visando a melhora do desempenho ocupacional do indivíduo”.
A terapia ocupacional é uma profissão de nível superior
reconhecida e regulamentada com competência para o diagnóstico
do desempenho ocupacional nas áreas das atividades da vida diária,
atividades instrumentais de vida diária, trabalho e produtivas, lazer ou
diversão e nos componentes de desempenho sensório-motor, integração
cognitiva e componentes cognitivos, habilidades psicossociais e
componentes psicológicos, por meio da utilização de métodos e
técnicas terapêuticas ocupacionais.
O terapeuta ocupacional é dotado de competências e habilidades
específicas como “identificar, entender, analisar e interpretar as
desordens da dimensão ocupacional do ser humano e a utilizar, como
instrumento de intervenção, as diferentes atividades humanas quais
sejam as artes, o trabalho, o lazer, a cultura, as atividades artesanais, o
autocuidado, as atividades cotidianas e sociais, dentre outras”;
O COFFITO considera ainda que “desde sua formação histórica,
a Terapia Ocupacional fundamenta sua prática pela utilização de
atividades humanas, inclusive as artes, nas suas mais diversas
formas, como recursos predominantes que no processo terapêutico
ocupacional estimulam o indivíduo para a apreensão da realidade,
melhor compreensão de si mesmo, resgate do potencial criativo e
enfrentamento das demandas do cotidiano” (2).

4 - O Terapeuta Ocupacional que utiliza a Arte como


Recurso Terapêutico.
Para domínio dessa abordagem, é necessária uma formação específica,
uma vez que a disciplina fica na interface entre a arte e a terapia.
104 Terapia Ocupacional • Volume 4

Os cursos de arteterapia são ministrados para profissionais de diversas


áreas, tais como Terapia Ocupacional, Psicologia, Pedagogia, Psiquiatria,
Fonoaudiologia, Arte-educação, Enfermagem, entre outras; e cada profissão
insere a arteterapia em sua área de habilitação profissional.
Incluída em 01/01/2013, na Classificação Brasileira de
Ocupação sob o nº CBO 2263-10, está ao lado de musicoterapeuta,
equoterapeuta e naturólogo, como profissionais das terapias
criativas, equoterápicas e naturológicas.
Para que o profissional seja reconhecido como arteterapeuta pela
associação do estado em que reside, é necessário que curse uma formação
ou especialização que possua o currículo mínimo e a carga horária mínima
estabelecida pela União Brasileira de Arteterapia (UBAAT) (3).
Atualmente há um esforço por parte das associações de
arteterapeutas para validar a arteterapia como profissão específica, o
que nos parece alarmante sendo que, como já percebemos, o objeto de
estudo já está incluído na profissão do terapeuta ocupacional.
É importante lembrar que a arteterapia além de ser um recurso de
excelência na atuação do terapeuta ocupacional, o qual é reconhecido
como habilitado na lista das Práticas Integrativas e Complementares
(PICS), é ainda um recurso de caráter não privativo, pois como já citado,
outros profissionais também podem utilizar técnicas arteterapêuticas
segundo os objetivos específicos de cada profissão.

5 - Entendendo a História da Arteterapia.


Os estudos da arteterapia vêm sendo desenvolvidos desde 1876,
inicialmente por psiquiatras e criminalistas, entre eles Paul-Max Simon,
que publicou uma série de estudos sobre as manifestações artísticas de
doentes mentais. Nessa linha, seguiram outros pesquisadores, tais como
Cesare Lombroso (1888), Morselli (1894), Julio Dantas (1900), Fursac
(1906), e Ferri, que foi aluno de Lombroso. Charcot e Richet também
estudaram e se interessaram pela arte das pessoas com problemas
mentais, e Fritz Mohr (1906), comparou trabalhos produzidos por doentes
mentais, pessoas caracterizadas como saudáveis, e grandes artistas (4; 6).
Por volta de 1918, Hanz Prinzhorn acreditava que os trabalhos
realizados pelos doentes eram manifestação de sentimentos escondidos no
interior da mente. Concluiu que o poder criador estava presente em todos
os indivíduos. Em 1922, Prinzhorn escreveu o livro “Expressões da Loucura”.
Sigmund Freud, pai da Psicanálise, observou assim que a mente se
CAPÍTULO 6 105

manifesta por meio de imagens, sendo uma comunicação simbólica com


função catártica, ou seja, um processo de limpeza da alma.
Na década de 1920, Carl Gustav Jung começou a usar a linguagem
artística como parte do tratamento psicoterápico. Para ele a
criatividade é uma função natural da mente humana (5).
A arteterapia nasceu baseada nas idéias do austríaco Rudolf Steiner,
criador da antroposofia - também chamada ciência espiritual, acreditando
que o homem é um ser espiritual composto de alma e corpo vivo. Surge,
então, um processo terapêutico que utiliza a expressão artística como
instrumento de autoconhecimento; uma maneira alternativa que o paciente
tem para externar seus sentimentos de forma criativa e espontânea.
Por volta de 1940, a educadora norte-americana Margareth
Naumburg, baseada na teoria da psicanálise, organizou um sistema
os recursos artísticos no tratamento terapêutico, e foi considerada a
pioneira em trabalhar com a arteterapia.
Em 1950, o psiquiatra francês Roberto Volmat, organizou em Paris o
“I Congresso Internacional de Arte Psicopatológica”, que foi uma mostra
de obras artísticas de doentes mentais. Ele utilizava a arte não só como
diagnóstico, mas também propunha a atividade artística como um
método de tratamento.
No Brasil, em 1923, ainda como estudante de medicina, Osório
Cesar desenvolveu no Hospital Psiquiátrico do Juqueri, em São Paulo,
estudos sobre a arte dos doentes mentais. Dois anos depois, criou a
Escola Livre de Artes Plásticas do Juqueri, e publicou seu primeiro livro
“A Arte Primitiva dos Alienados” (4; 5).
Em 1944, a psiquiatra Nise da Silveira começou a trabalhar no
Centro Psiquiátrico Pedro II, no Rio de Janeiro. Como já dedicava seus
estudos entre arte e loucura, a doutora Nise se uniu a Almir Mavignier,
no ano de 1946, e montou oficinas de criação artística. O objetivo
era incentivar seus clientes a encontrar a cura por meio da pintura,
modelagem e teatro. Ela também fundou o Museu de Imagens do
Inconsciente, em 1952 (6).
Ainda na década de 50, fundou a Casa das Palmeiras, uma espécie
de ponte entre o hospital e a vida em sociedade. A intenção era dar
apoio a pacientes que saíam de hospitais psiquiátricos e, portanto,
evitar o processo da “reinternação”.
A Associação Brasileira de Arteterapia, com sede em São Paulo,
foi fundada no ano de 2000. Essa associação teve como presidente a
psicóloga Joya Eliezer.
106 Terapia Ocupacional • Volume 4

Posteriormente, outras abordagens uniram-se a arteterapia, como


por exemplo, a “Gestalt Terapia”, cujo objetivo é entrar em contato
com os fenômenos e com as pessoas de forma ativa e dinâmica, e
mostra-se eficaz no processo de ressignificação da vida (4).

6 - Experiências de Arteterapia na prática da Terapia


Ocupacional.
A utilização de alguns instrumentos, tais como pincéis, tintas,
papéis, massas de modelar, argila, cola, figuras, desenhos, e recortes,
têm para a terapia ocupacional finalidades estritamente terapêuticas.
Assim como também é importante ressaltar que a arte na clínica,
nunca deve ser considerada um passatempo. Tampouco as técnicas e o
conhecimento sobre a utilização desses materiais, que não objetivam a
profissionalização ou a comercialização dos trabalhos realizados, mas sim
o desenvolvimento da atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo,
imaginação, pensamento, da motricidade e, principalmente, a expressão.
É possível perceber sentimentos como alegria, desespero,
angústia e felicidade, de maneira única e pessoal, relacionadas ao
estado espiritual em que se encontra o autor no momento da criação.
A arte serve de espelho para o paciente e o diálogo entre eles provoca
mudanças profundas. São essas mudanças que impulsionam o profissional
a continuar em frente, mesmo diante do pouco conhecimento que a
população tem sobre esta ferramenta transformadora.
Apresentamos na nossa prática terapêutica ocupacional duas
formas básicas de trabalhar com a arteterapia, conforme os objetivos a
serem alcançados:
1. Atividades não estruturadas ou atividades expressivas,
que exercem função facilitadora para expressão de vivências
não verbalizadas, e objetivam o desenvolvimento de habilidades
psicossociais e componentes psicológicos como enfrentamento,
resiliência, autoestima, socialização, entre outras.
2. Atividades estruturadas, como é o caso das atividades manuais
ou artesanais que facilitam a organização psíquica e habilidades
cognitivas e motoras.
Ambas podem ser usadas em atendimentos individuais ou grupais,
em qualquer faixa etária, abrangendo qualquer condição socioeconômica
ou grau de instrução, de forma a atender as mais diversas queixas, quer
sejam desordens físicas, doenças auto-imunes, transtornos de humor,
CAPÍTULO 6 107

síndromes, Alzheimer, dependência química, entre outras.


O tipo de procedimento a ser utilizado vai depender da história de
vida do paciente, de sua queixa clínica, de seus interesses e limitações.
Não caberia aqui descrição da atividade sob o perigo de ser tomado
como exemplo a ser seguido à risca visto que cada atividade deve ser
elaborada de forma personalizada para cada situação (5; 6).
A seguir, estão expostas uma sequência de imagens, sobre
atividades realizadas durante o atendimento de terapia ocupacional,
utilizando a arteterapia como meio para intervenção.

Fig. 1- Palco da Vida - Atividade desenvolvida com mulheres em


residência terapêutica.

Fig. 2 - Meu nome minha identidade.


108 Terapia Ocupacional • Volume 4

Fig. 3 - CAPS AD - Recordando habilidades.

Fig. 4 - Mandalas de tear.

Fig. 5 - Colagem- sonhos e planos.


CAPÍTULO 6 109

Fig. 6 - TEA

Fig. 7 - Fantoches.

Referências Bibliográficas.

1 - http://www.ubaat.org/ (acesso em 31/05/2017)

2 - https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3113

3 - https://www.ubaatbrasil.com/

4 - PHILIPPINI, A. Cartografias da Coragem, coleção para entender


Arteterapia. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2013

5 - BRASIL, C. Cores, formas e expressão: emoção de lidar e


Arteterapia na Clínica Junguiana. Rio de janeiro: Wak Editora, 2013

6 - SILVEIRA, N. Imagens do Inconsciente Rio de Janeiro: Vozes, 2015


CAPÍTULO 7
REIKI.

Ângela Maria Cecim de Souza Castro Lima
Lídia Seade Vieira Maia

1 - Introdução.
O Reiki é uma técnica terapêutica de origem japonesa, onde o
prefixo Rei significa a energia vital do Universo ou também energia
cósmica, essência que permeia e mantém tudo na homeostase do nosso
Universo - chamada também de Éter ou o Divino que se manifesta em toda
criação, e o Ki é a energia que mantém nossos corpos físicos, flui através
dos canais ou vórtices de energia, conhecidos como meridianos e chakras.
Portanto, a terapia Reiki é o processo de encontro dessas duas
energias através da captação ilimitada da energia vital do Universo
pelo terapeuta unida a energia física presente em seu próprio corpo e
direcionada ao receptor (1).
Esta troca de energia se dá o tempo todo ao nosso redor, pois
tudo no Universo é constituído de energia, e ela flui naturalmente
de um corpo que tem mais para outro com carência, para que exista
equilíbrio no todo. Com o Reiki esta troca se dá de forma consciente, e
é direcionada para o tratamento energético do receptor.
É uma técnica de energização através da imposição das mãos que irá
ativar o sistema de auto cura presente em todo ser vivo, harmonizando seus
corpos físico e sutis, e sua relação com o ambiente, ocorrendo assim uma
aceleração dos chakras (centros de captação/emissão de energias sutis),
restabelecendo um fluxo harmonioso de energia pelos meridianos (canais
energéticos) do corpo de forma gradual e harmônica a fim de restabelecer o
completo estado de saúde física, mental, emocional, energética, espiritual
e relacional do ser humano em comunhão com o Universo. Também pode
ser usado em ambientes, animais, situações e à distância (2).
A energia Ki do corpo humano influencia e sofre influência de
pensamentos, sentimentos, campos eletromagnéticos, estímulos físicos,
radiações de aparelhos eletrônicos, alimentos, medicações, ambientes,
111
112 Terapia Ocupacional • Volume 4

relacionamentos interpessoais, entre outros. Destas influências podem


surgir os bloqueios que por sua vez podem culminar em doenças, sendo
que a boa circulação do Ki leva a uma boa saúde devido ao aumento da
frequência (vibração) energética no corpo humano ou em qualquer corpo
receptor da energia Reiki (3).
Quando por qualquer motivo ocorrem bloqueios e/ou doenças no
corpo físico, significa que a energia está se movimentando lentamente e
que está numa frequência baixa, com densidades de energias presentes no
organismo, muitas vezes com presenças físicas de matérias densas como
nódulos, cistos, tensões musculares, paralisias, etc. A energia Reiki flui
através do Reikiano e deste ao receptor a uma frequência muito alta, isto
faz com que os bloqueios sejam naturalmente dissolvidos ou se sutilizando,
restabelecendo o fluxo normal da energia e promovendo a saúde geral.
Quanto maior a frequência vibracional de um corpo, mais luz ele
terá e, portanto, não haverá a formação de energias densas e bloqueios
energéticos, aumentando o Ki do organismo (3).
Os hindus chamam esta energia de prana, os chineses de ch’i, os
egípcios de ka, os gregos pneuma, os judeus nefesh, os kahunas da Polinésia
de mana, os russos de bioenergia, ruach em hebraico, os índios americanos
iroqueses de orenda, barraka em países islâmicos. Alguns agentes de cura
a tem chamado de energia orgone (Wilhelm Reich), magnetismo animal (F.
A. Mesmer) e archaeus (Paracelso); no Japão conhecem esta energia pelo
nome de ki e é dessa palavra que o Reiki tem sua origem.
As informações sobre a origem do Reiki sofreram várias modificações,
principalmente sobre a religião do decodificador do método (Mikao Usui) e
sua habilitação profissional ao introduzi-lo no Ocidente, a fim de agradar
os Ocidentais e principalmente obter maior aceitação.
O descobridor da terapia Reiki foi o Mestre Budista Mikao Usui,
que nasceu em 15 de agosto de 1865, na Vila de Yago, no Distrito de
Yamagata, em Gifu (Japão), casou-se com Sadako Suzuki e tiveram dois
filhos, de família tradicionalmente budista, frequentava a Escola Tendai,
onde se estudava e praticava o uso energético de símbolos sagrados (4).
Desde pequeno, seu interesse pela origem do método de cura
de Jesus e de Buda foi o propulsor dos seus estudos sobre as práticas
médicas antigas, acreditando que, se de alguma forma esse tipo de cura
era possível no passado, poderia também ser em qualquer tempo e que
pudesse ser acessível também a pessoas comuns.
Movido pelo desejo do conhecimento, Mikao Usui estudou medicina
tradicional chinesa, taoísmo, psicologia, línguas da época de Jesus
CAPÍTULO 7 113

(sânscrito) e o chinês, além disso, praticava Kiko, versão japonesa do Qi


Gong (exercícios chineses que trabalham a saúde e a longevidade, praticada
inclusive nos hospitais da China pelos pacientes para acelerar a cura). Além
de tudo, estudou as práticas tibetanas de cura e equilíbrio orgânico.
Usui estudou exaustivamente e leu os ensinamentos e ritos do budismo
tibetano e as sutras sagradas antigas, descobrindo o que ele chamou de
“a chave para a cura”. Neste momento, pediu conselho ao seu mestre
Zen de como ativar essa captação energética de cura foi aconselhado a
ir para a montanha sagrada no norte de Kyoto, chamada Kurama Yama
e fazer meditações e jejuns por 21 dias, durante esse período receberia
conhecimento e lucidez espiritual, para compreensão dos ensinamentos.
Mikao Usui subiu a montanha com 21 pedras colocadas no local
de sua meditação para contar o tempo. Todas as manhãs ele acordava
antes do Sol nascer e jogava uma pedra fora. Na madrugada do vigésimo
primeiro dia para o vigésimo segundo, quando acordou, ainda escuro, fez
suas orações pedindo confirmação sobre sua descoberta e conhecimento
de seu uso, e neste momento ele teve a certeza de sua descoberta e
conexão com a sua essência Divina, esta foi a sua iniciação ao Reki (4).
Usui desceu a montanha ansioso para testar sua descoberta e sua
primeira experiência foi em si mesmo ao levar uma topada onde machucou
seu dedo do pé e percebeu que durante a aplicação suas mãos tornaram-
se muito quentes e ao retirá-las a dor e sangramento haviam parado. Sua
segunda experiência foi com uma menina com um curativo em volta do
queixo que lhe trouxe a refeição do desjejum, que estava com dor de dente
e comovido pela compaixão testou novamente a técnica e lhe curou da dor.
Ao chegar ao mosteiro foi aconselhado a trabalhar num distrito pobre
de Kyoto, onde por oito anos, auxiliou no tratamento dos mendigos e pessoas
marginalizadas pela sociedade, tornando-as produtivas, dignas e felizes.
Em 1921 abriu uma clínica de Reiki em Jarajuku, Tóquio, perto do
belo Meiji Jingu, um santuário do Imperador Meiji, que desejava dar a
seu povo instruções para uma vida digna de um ser humano.
Em abril de 1922 criou em Tóquio a “Sociedade Usui Shiki Reiki
Ryoho” e em 1923 o governo japonês lhe deu o prêmio “Kun San Te”,
por se destacar no trabalho à comunidade. Faleceu em 09 de março de
1926, em Fukuyama, deixando um grupo de dezesseis mestres em Reiki.
Um dos mestres ensinados por ele foi o Chujiro Hayashi, um oficial
da marinha japonesa, que sistematizou o Reiki para uso clínico, abrindo
uma clínica em Tóquio com o nome de “Shina No Machi”, onde em sua
clínica usava várias pessoas canalizando energia para um só paciente,
114 Terapia Ocupacional • Volume 4

pois considerava que assim a energia era potencializada. Desenvolveu


também o sistema de níveis para a didática sistêmica e metodológica do
ensinamento da terapia.
Em 1935 passou o mestrado à sua esposa e a uma de suas melhores
discípulas, Hawayo Takata, prevendo uma grande guerra, que poderia
morrer várias pessoas, inclusive ele, e sua clínica ser destruída, sendo
assim o Reiki sumiria novamente (4).
Hawayo Takata era filha de imigrantes japoneses, nascida no
Hawai. Desde cedo trabalhou como bóia-fria na cultura de cana-de-
açúcar e aos trinta anos ficou viúva com duas filhas pequenas. Com
trinta e cinco anos havia desenvolvido problemas pulmonares tinha
severas dores abdominais e estava desestruturada psicologicamente.
Uma de suas irmãs faleceu e Takata foi para o Japão com a incumbência
de levar a notícia, aproveitando a viagem para procurar tratamento
médico, pois no Hawai não lhe deram expectativa de cura.
No hospital, descobriram que possuía um tumor no abdômen e que
era necessária intervenção cirúrgica. Porém no dia da cirurgia, o médico
resolveu encaminhá-la para a clínica do Dr. Hayashi, devido o tumor está
muito grande. Após 4 meses de tratamento com o Reiki, Takata ficou
completamente curada.
Takata fundou a “Associação Internacional de Reiki” (AIRA), e é
tida como a grande propagadora da técnica no Ocidente, introduzindo
a Terapia Reiki nos Estados Unidos, onde graduou 22 mestres, falecendo
em 1980, após vários anos dedicados ao estudo, tratamento de pessoas e
ministrando os cursos por onde passava (4).
Para que o Reiki fosse aceito no Ocidente, Takata contava que Usui
era estudioso das religiões e diretor da Universidade de Doshisha em
Kyoto no Japão, tendo ido aos EUA, China e Índia em busca de saber
como Jesus Cristo e Buda realizavam a cura de outras pessoas.
Os 22 mestres graduados por Takata foram: George Oraki, Bárbara
Maccollogh, Beth Gray, Ursula Baylow, Paul Mitchell, Iris Ishikura, Fran
Brow, Barbara Web Ray, Ethel Lombardi, Wanja Twan, Virgínia Sandhal,
Philis Ley Furomoto, Dorothy Baba, Mary Mcfadyen, Jhon Gray, Rick
Bockner, Bethel Phaigh, Harry Kuboi, Patrícia Ewing, Shinobu Saito,
Bárbara Brow E Kay Yamachita.
Estes mestres formaram associações de acordo com suas afinidades,
que foram: a “Reiki Alliance”, chefiada por Phyllis Lei Furomoto; a
“The Radiance Tecnique”, por Bárbara Web Ray e a “Unlimited Reiki”,
fundada por mestres dissidentes das duas associações anteriores.
CAPÍTULO 7 115

Mikao Usui Hawayo Takata Chujiro Hayashi

O curso de Reiki foi divido em quatro níveis pelo Chujiro Hayashi: O


primeiro é chamado de “O Despertar” devido a pessoa despertar para uma
nova realidade, de autoconhecimento, proximidade com a sua essência
Divina. Nesse nível o aluno aprende as bases da terapia, como a origem,
princípios espirituais, benefícios, procedimentos para a aplicação, captação
de energia, meditações, posições básicas para a aplicação e auto aplicação.
No segundo, chamamos de “A Transformação” devido ser o nível
que o aluno passa por uma transformação pessoal de percepção de sua
conexão energética com tudo ao seu redor e, portanto, sua unicidade
com o Universo. Recebem e aprendem a utilizar três símbolos que
auxiliam no tratamento e aprendem sob as formas de energia invisíveis
que nos circulam e influenciam nos processos de saúde-doença,
formas de criação da realidade, energizações para eventos futuros
com visualizações e para traumas do passado, tratamentos focados do
emocional e mental, além de um breve estudo de física quântica.
No terceiro nível vem a “A Realização”, com tratamentos para
várias pessoas ao mesmo tempo. Percebemos nesse nível a relação
íntima e global de causa e efeito através de nossas ações, pensamentos,
desejos, emoções e idéias desde a sua formação em dimensões mais
sutis. São ensinadas técnicas de meditação com o uso dos símbolos,
novas formas de acelerar a concretização das metas e objetivos com o
auxílio de mandalas de poder, cristais, símbolos.
No quarto nível “O Mestrado”, o terapeuta recebe a tarefa de ter
como objetivo de vida seu crescimento e evolução, auxiliar as outras
pessoas a se encontrarem e se realizarem através do processo de
116 Terapia Ocupacional • Volume 4

sintonização energética. Neste nível somos preparados a ampliar a visão


das pessoas para sentirem a responsabilidade de olhar o mundo com amor
e cuidar dele para cada vez mais reconhecer sua própria Divindade.
Mikao Usui viveu entre os preceitos da filosofia oriental, dessa
forma após descobrir os caminhos que levaram ao Reiki, estabeleceu
cinco princípios que, assim como o Reiki, não estão ligados a religiões.
Estes princípios emanam naturalmente das pessoas, porém poucas dão
vazão a eles. Viver de acordo com estes princípios ajuda a pessoa a
encontrar essa naturalidade, não violando nenhuma religião ou ética e
assim potencializar os tratamentos realizados (4).
Os princípios espirituais do Reiki auxiliam os reikianos a ter uma
conduta moral e ética de amor e compaixão ao próximo além de auxiliarem
no sincronismo com o Universo e com o seu propósito de vida (3).
Na terapia Reiki, por ser uma técnica que se utiliza de energia para
equilíbrio, recomenda-se que o terapeuta conheça os conceitos básicos
da Física sobre energia, matéria, espaço, tempo, frequência, átomos,
elétrons, quantum, fótons, partícula-onda, dimensões de realidade,
planos dimensionais, e vários outros conceitos necessários para que se
compreenda como se realizam as trocas de energias desarmônicas, e
então, como harmonizá-las.
Na Física, energia é todo agente capaz de produzir trabalho, isto é,
movimento ou mudança de estado da matéria, ou de outra energia. Os
átomos podem ser divididos em subpartículas chamadas fótons, que em
grego significa luz. Com base nesta afirmação pode-se concluir que todo
o Universo é luz, porque a Luz se diferencia por sua frequência.
Segundo o cientista e físico Stephen Hawking, quanto maior a
velocidade de uma partícula mais ela se aproxima do estado da energia.
E quanto maior a frequência mais alta a energia (quantum) (5).
A matéria é a substância de que os corpos são formados, tudo o que é
palpável e tem corpo e forma. Toda matéria é constituída por átomos, que
por sua vez são constituídos por partículas elementares (elétrons, prótons e
nêutrons), todo esse sistema é integrado pela energia primordial do fóton,
também conhecido por quantum, que é a mínima parte da energia.
A energia é um estado da matéria assim como a matéria é um
estado da energia. Isso se dá através no intercâmbio entre matéria
e energia (E = m.c2). De acordo com a física não há matéria sólida,
apenas níveis diferentes de vibração que vibram em diferentes níveis de
energia, que, contudo, são todos interconectados porque não existem
barreiras sólidas entre eles.
CAPÍTULO 7 117

Einstein elaborou e provou, cientificamente, que a matéria e


a energia são conversíveis e intercambiáveis. Pode-se transformar
a matéria em pura energia (fissão nuclear) e a energia em matéria,
através da produção de novos tipos de átomos, e, portanto, energia e
matéria são dimensões da mesma realidade (6)
De acordo com as experiências da física nuclear de partículas de alta
energia, os quarks e antiquarks ao serem unidos podem produzir elétrons.
Daí compreende-se também que estes compõem os átomos que são
partes de moléculas que dão origem à matéria. Portanto, descobrir que a
humanidade é capaz de transformar matéria em energia e vice-versa não
é algo novo ou sobrenatural, mas simplesmente ignorado (desconhecido)
por muitos séculos, por muitos povos, principalmente os ocidentais.
Desde o tempo dos alquimistas medievais, e até anteriormente,
na medicina chinesa tibetana e indiana, técnicas milenares nos ensinam
que a matéria efetivamente se transforma, pode ser moldada através
da intervenção de uma energia maior, de maior frequência, que
permitirá que o estado usual e comum seja refeito em outros níveis ou
transformado novamente (7).
Na figura abaixo apresenta-se uma analogia entre o intercâmbio
entre matéria e energia e a energia Reiki.

Portanto, tudo o que o cientista Albert Einstein provou através da


sua fórmula E = m.c2 foi que é possível transformar energia em matéria
e vice-versa através do aumento ou diminuição da velocidade de uma
partícula (átomo).
Ao mesmo tempo em que energia pode ser medida pela quantidade
de massa, também pode ser quantificada a partir do seu nível
vibracional, relacionado à frequência. Isto quer dizer que a energia
ora se comporta como partícula material em movimento ondulatório,
ora se comporta como onda de radiação (movimento, frequência). A
esta teoria dá-se o nome de Dualidade Partícula-Onda, e demonstra a
118 Terapia Ocupacional • Volume 4

matéria transformando-se em energia, e o processo inverso, a energia


dando origem à matéria. Tudo depende do aumento ou diminuição da
frequência vibratória (8; 15).
Em consequência, se houver mudança na matéria haverá também no
espaço. Como visto, modificar o espaço (matéria) é modificar o tempo.
Hawking (2002), afirma que o tempo teve um início com o Big Bang
e terá um fim quando estrelas e galáxias se condensarem em buracos
negros (8, 9, 15). Isto é uma prova científica para o modelo de criação
do universo afirmado pelos religiosos.
Para Stephen Hawking (2000), através da forma espaço-tempo é
possível voltarmos ao passado através do que ele denomina de “buracos
de minhoca” (portais), com possibilidade de mudança do passado, ou
de sair em outro lugar do espaço ou em outra dimensão. O que leva ao
entendimento de como se processa a aplicação de Reiki a distância, que
o aluno de Reiki do nível dois aprende a fazer (9).
Um dos importantes conceitos da Física é a Ressonância, que
ocorre quando dois corpos com diferentes níveis de energia entram em
contato, ocorrendo inicialmente uma intensa troca de vibrações, onde
depois de um determinado tempo, ambos irão igualar suas frequências,
entrando em ressonância.
É importante lembrar que aumentar a vibração (frequência de uma
partícula) significa aumentar o seu nível de energia.
Quando uma onda de energia de alta frequência (REI) entra em contato
com outra onda de energia de baixa frequência (matéria, por exemplo), as
duas entram em ressonância, originando uma terceira frequência, que é
menor que a primeira (REI) e maior que a segunda (matéria).
No entanto, a dimensão da energia REI é muito vasta, “grande” e
praticamente não sofre diminuição da sua frequência (10). Há poucos anos,
os cientistas descobriram que cerca de 96% de todo o universo é constituído
por uma substância indetectável, a que eles denominaram de matéria
escura, é que portanto, inversamente, tudo o que conhecemos hoje,
representa em torno de 4%. Comparativamente, os antigos filósofos taoístas
denominavam a essência do universo de “O grande Vazio”, e os cabalistas
hebreus denominavam essa fonte de “En Soph” ou “En Soph Aur”.
A dimensão da energia Ki (matéria) é limitada e pequena, e sofre
muito mais alteração efetuada pela Luz Rei. Como a dimensão Ki é
relativa, algumas regiões dessa dimensão podem estar mais aceleradas,
energizadas, espiritualizadas, sutilizadas, pois a propagação da energia
na dimensão Ki não é homogênea nos planos inferiores (10).
CAPÍTULO 7 119

Para se provar experimentalmente a existência da energia Rei


e a sua ação seria necessário um aparelho capaz de captar e medir a
energia Rei, porém a tecnologia atual ainda não foi capaz de construir
tal equipamento. O único modo é a observação dos resultados após as
sessões de Reiki que são maravilhosos e incontestáveis.
Na figura abaixo, demonstro um esquema para melhor compreensão
da interação da energia Reiki com o mundo material, fazendo uma
analogia com a fórmula de Albert Einstein, que representa a comutação
entre energia e matéria, sendo que o Reiki é energia cósmica universal
da mais alta frequência.

Analogia

Desde a Grécia antiga, originou-se uma forma diferente de


concepção sobre o pensamento humano entre a ciência e a filosofia,
denominado de Metafísica, onde se unifica os conceitos da física,
matemática e filosofia, sobre o entendimento da natureza, do
homem, das ciências naturais e até mesmo sobrenaturais, buscando a
compreensão do homem e seu papel na construção e reconstrução da
realidade. Na metade no século XX, surgiu a Física Quântica, que através
de suas descobertas sobre a natureza interna da estrutura atômica,
revolucionou o pensamento sobre o que realmente é a realidade, tanto
no nível material quanto na dimensão do pensamento, de forma que as
concepções da Metafísica e Física Quântica se encontram para tentar
120 Terapia Ocupacional • Volume 4

responder as dúvidas existenciais do ser humano.


Para a Metafísica, o universo físico não existe independentemente
dos nossos pensamentos, o que denominamos realidade é construído
pela mente. Construímos a nós mesmos que é o universo individual e
construímos aos outros que é o universo coletivo, para além do tempo.
Pois ao construir e reconstruir os Universos estamos modificando a
energia e a matéria, e consequentemente o tempo.
Por vias sutis, a maneira como sentimos a nós mesmos e vemos os
outros muda-nos continuamente em algo novo, os campos de energia
organizam-se num processo de fluxo duplo, denominado de ondas quânticas.
Os nossos pensamentos influenciam a intensidade de ondas
quânticas, cada construção de Universo individual contém igualmente
um número indefinido de outros Universos, conectados uns com os
outros, num processo de contínua interação.
Apenas uma parede de luz chamada de oitava de frequência de
luz separa cada um de nós das outras realidades, dos outros universos e
podemos agir além dela, rompendo-a através dos nossos pensamentos.
As transformações ocorridas na velocidade da luz são
perfeitamente perceptíveis aos cinco sentidos humanos. Acima da
velocidade da luz é necessário elevarmos nossa frequência energética
para podermos perceber tais transformações através de percepções
energéticas superiores ligadas à nossa consciência cósmica e intervir
nelas se assim desejarmos.
Criamos e recriamos as realidades do passado, presente e futuro
através da projeção dos nossos pensamentos em direção a ela (10).
Podemos compreender a sucessão dos fatos no tempo como sendo a
recriação da realidade a cada momento, há uma sensação de eterno Déjà
vu. Esta sensação envolve uma recapitulação de acontecimentos passados
sendo recriados segundo uma reinterpretação atual. Isto significa acessar
outras dimensões da mesma realidade, o passado não está realmente no
passado, o futuro não está realmente no futuro, na verdade existe apenas
um tempo: o presente, acompanhado de infinitas dimensões, sendo que
algumas delas denominamos de passado e outras de futuro, onde a ciência
já provou a existência de pelo menos 12 dimensões.
Desenvolver a percepção extra-sensorial significa elevar
a Consciência e o Ser a frequências superiores à velocidade da
luz, quebrando o véu de ilusão da realidade como se costuma
tradicionalmente admiti-la e imergindo em outras dimensões.
A escolha mais adequada para isto é adentrar em frequências
CAPÍTULO 7 121

energéticas de Amor Incondicional e Sabedoria Universal, o que se


compreende como Presença Divina (11).
Desde então, a ciência tem avançado enormemente, inclusive com
pesquisas mais palpáveis, onde podemos citar as pesquisas do Instituto
Heart Math, nos Estados Unidos, que de uma de suas pesquisas conseguiu
desenvolver um programa de computador acoplado a um sensor auricular
capaz de detectar as pulsações decorrentes do batimento cardíaco, e
através desse programa, os dados obtidos são analisados de acordo o
grau de coerência dos batimentos cardíacos, cujo resultado aparece
na forma de gráficos, demonstrando o nível de estresse e de harmonia
de uma pessoa em porcentagem. De forma que, ao aplicar Reiki numa
pessoa monitorada através deste aplicativo, é possível observar suas
mudanças em tempo real, perceber o seu nível de estresse reduzindo
e, paralelamente aumentando o seu nível de harmonia. Assim como
este exemplo, existem ainda outras pesquisas sérias realizadas por
renomados cientistas no mundo todo. No entanto, ainda temos um longo
caminho a percorrer na descoberta dos mecanismos energéticos de
cura, autocura e harmonização do corpo mente e alma humana, assim
como também da harmonia da natureza e a participação do homem
nesse contexto, e este é também um importante papel do Terapeuta
Ocupacional, como pesquisador e professor no compartilhamento do
conhecimento, tornando-o cada vez mais holístico, para o bem maior da
humanidade, da terra e de todos que ainda vão nascer (12).

2 - Reiki e Energia.
A técnica Reiki utiliza energia plena, da qual mantém e é feito
todo o Universo, a energia original de todos os seres e que podemos
captar em níveis de consciência especiais (Níveis estes conseguidos
através do processo de Sintonização/Iniciação). Uma vez captada essa
energia podemos efetivamente intervir na matéria, em outros campos
de energia, e na consciência, levando a um estado natural de bem-estar,
plenitude, harmonia, satisfação e equilíbrio (13).
O Reiki é um instrumento de transformação de energias
desarmônicas ou densas, que no entendimento do senso comum são
denominadas negativas, onde estas tornam-se energias equilibradas e,
portanto, harmônicas, é a famosa “energia positiva” para o povo, de
forma geral, são na verdade, energias de alta frequências mais elevadas.
No sistema energético Ki existe energia não liberada, potencial.
122 Terapia Ocupacional • Volume 4

Enquanto no sistema energético Rei só existe energia em movimento


onde tudo é pleno, total, sem virtualidade, sem potencial, onde tudo
existe e tudo é possível.
Emoções, sentimentos e pensamentos estão em forma de
potencial e chegam à mente consciente através do corpo físico, mais
especificamente, o cérebro. O corpo físico tem frequência energética
mais baixa, emoções, pensamentos e sentimentos vindos dessa fonte
têm uma ligação mais forte com o mundo material (corpo físico).
Conectar-se à energia Reiki produz o aumento do nível vibracional
do corpo, gerando informações que chegam à mente consciente em
frequências superiores da luz, produzindo percepção de plenitude e amor,
ou seja, vários tipos de desejos e necessidades são supridos pela luz (10).
Uma forma de compreender melhor o parágrafo acima é imaginar
que uma partícula/onda que se movimenta em baixa frequência nos dá
a percepção de que em um determinado instante ela está em um local
e, logicamente, não está em outro local. E numa outra situação, uma
partícula/onda que se movimenta em altíssima frequência nos dá a
percepção que ela está em dois ou mais locais ao mesmo tempo, pois os
nossos sentidos humanos são muito mais lentos que o movimento dessa
partícula, portanto, isto gera uma percepção de (oni) presença da partícula,
sendo que dentro do nosso ser, a elevada vibração gera uma sensação de
plenitude, é quando o corpo humano tem seu quociente de luz aumentado.
A terapia Reiki utiliza diversos conhecimentos antigos sobre o campo
de energia humano com o objetivo de focalizar a energia sutil de uma
forma mais eficiente, permitindo uma compreensão mais profunda das
desarmonias do cliente, pois uma pessoa que faz o curso de Reiki, tem
sua percepção sobre energia ampliada logo após a sintonização da energia
Reiki, e no decorrer da sua prática, a sensibilidade tende a aumentar
ainda mais, permitindo que o reikiano (terapeuta Reiki) consiga sentir
o campo de energia humano, denominado de aura ou áurea, que é um
campo magnético que envolve e interpenetra o corpo físico (1).

2.1 - A Aura e o Corpo Físico.


A aura e o corpo físico são a projeção energética da alma humana,
e que se estende além deste, indefinidamente. A aura funciona como
um campo de força que, quando em bom estado, protege o indivíduo de
germes e da energia doente que possa existir nas circunvizinhanças. As
toxinas, os resíduos, os germes e a energia doente são repelidos pelos
raios de energia da aura principalmente através dos poros. Quando a
CAPÍTULO 7 123

aura enfraquece, todo o organismo fica suscetível à infecção. A cura é


facilitada pelo fortalecimento dos raios de luz da aura.
As cores da aura são influenciadas pelos estados físico, mental e
emocional de uma pessoa. Através da foto Kirlian e clarividentemente, é
possível perceber que pessoas doentes apresentam buracos na aura, que
é por onde a energia Ki escoa e se perde (1; 13).
Além da aura, o sistema de energia humano também possui os
chakras, que são vórtices ou redemoinhos de energia, cuja função principal
é absorver as energias do meio externo para dentro do corpo, e também ao
contrário, projetar as energias geradas para o meio externo. O terapeuta
holístico, que normalmente trabalha com energia sutil, estuda também
os caminhos da energia dentro do corpo, que na medicina chinesa são
denominados de meridianos e na Ayurveda, a medicina hindu, são chamados
de nadis. O conhecimento destes sistemas de energia possibilita ao
terapeuta estabelecer um diagnóstico holístico muito preciso, e a partir
deste, traçar um plano tratamento mais eficaz.
A aura, os chakras, o corpo físico e os meridianos estão
intimamente ligados e são interdependentes. A aura pode ampliar-se
e fortalecer-se consideravelmente à medida que a raça humana for
ascendendo a níveis superiores de evolução (1; 13).
O corpo físico e o corpo de energia têm uma relação estreita onde
aquilo que afeta um também afeta o outro. Por exemplo, se a garganta
do corpo de energia está enfraquecida, isto pode se manifestar no corpo
físico como tosse, resfriado, garganta inflamada, amidalite ou outros
problemas na região.
As doenças aparecem primeiro no corpo de energia e podem ser
impedidas de se manifestar no físico se for tratada adequadamente.
A mente pode influenciar potencialmente a aura, modificando suas
cores, tamanho, formato e força dos seus raios.
Os antigos iniciaram o estudo da aura humana através da observação
direta dos clarividentes. Atualmente, dispõe-se de tecnologia eletrônica para se
estudar uma pequena parte da aura, a mais próxima do corpo físico, chamado
corpo etérico, os aparelhos utilizados são: eletrografia, fotografia Kirlian,
eletronografia, espectrografia por eletroluminescência, termoeletrografia,
magnetografia, convertografia e bioressonância entre outros.
De todos os métodos citados, o mais conhecido é a Kirliangrafia,
desenvolvida em 1939 pelo cientista russo Semyon Davidovich Kirlian, onde
este observou que o corpo humano possui camadas energéticas além da pele,
formando uma delicada luminosidade, que denominou de aura (10; 11; 13).
124 Terapia Ocupacional • Volume 4

Foto cedida por André Souza, Terapeuta Holístico, Belém - PA.

- A energia yang refere-se a natureza da força, grau de agitação e


poder de ação.
- A energia yin representa a natureza da passividade, tranquilidade
e capacidade de regeneração.
- O ego indica a consciência inferior e individual de um ser.
O corpo físico é denso e tem baixa vibração.
A aura é o campo eletromagnético que envolve todos os seres, animados
ou inanimados, desde que sua força vital Ki não tenha se deteriorado.
Essa força vital, precedente de uma fonte mineral, vegetal, animal
ou humana, cria um reino ou plano áurico comum, que é o reservatório
da energia pura e livre.
A aura apresenta-se multicolorida, estratificada e ovalada e é o
reservatório de energia do corpo. Neste plano da natureza, os reinos mineral
e vegetal atuam transferindo sua força vital aos animais e seres humanos.
Assim, o Reiki torna-se, neste contexto, um mecanismo de restabelecimento
natural e harmônico com a natureza. Essa sintonia nos purifica na mesma
proporção, conservando a consciência do homem e ampliando-a.
O campo áurico tem sua anatomia dividida em diversas camadas,
que dependendo do ponto de vista do autor e/ou médium que descreveu
CAPÍTULO 7 125

a aura, pode ser dividida em 7 corpos áuricos, ou 9 corpos ou ainda


em 32 corpos ou níveis de manifestação da alma humana. A aura, os
chakras, meridianos e nadis estão intimamente correlacionados, sendo
que a energia de um sistema interfere no outro (13).
A terapia Reiki possui peculiaridades muito interessantes, onde uma
delas é que essa energia possui uma forma especial de difusão através da ser
humano, de uma maneira sempre benéfica, e que mesmo se um terapeuta
tiver má índole, ele não conseguirá utilizar a energia Reiki para manipular
ou prejudicar o cliente, outra característica interessante, é que essa
energia direciona-se às áreas afetadas do corpo do receptor mesmo quando
o terapeuta desconhece a real necessidade do cliente, nisto, as mãos do
terapeuta são atraídas para uma certa região do corpo, como a agulha de
uma bússola é atraída magneticamente para o norte. A energia Reiki não
possui contraindicações, ou seja, pode e deve ser aplicada em todas as
patologias ou distúrbios do corpo, alma ou espírito, assim como também
para todas as formas de vida, e até mesmo para os objetos inanimados. Isto
faz com que esta terapia possa ser associada com qualquer outra, tradicional
ou holística, de forma acrescentar seus benefícios, e muitas vezes, reduzir
os efeitos colaterais de uma outra terapia. E pelo mesmo motivo pode ser
ministrada também em clientes em circunstâncias especialmente delicadas,
como doentes terminais, grávidas em alto risco ou qualquer outra situação.
O reikiano aprende durante a sua formação, o quão importante é o
autocuidado com a sua própria energia e, consequentemente, bem-estar
físico, de maneira que se o terapeuta se cuidar verdadeiramente, a sua
qualidade de vida aumenta consideravelmente, assim como a qualidade
da sua energia e, portanto, os benefícios dos seus atendimentos (1; 2; 11).
O terapeuta que assume o Reiki como uma filosofia de cultivo da
vida e da harmonia do seu ser, começa a perceber o mundo de uma
forma diferente, começa a dar maior valor a todas as formas vida, seja
animal, vegetal ou outras, e isso expande a sua consciência para níveis
cada vez mais elevados, mesmo porque ele aprende a meditar durante o
curso de Reiki, tanto as meditações tradicionais ensinadas pelos mestres
japoneses, como outras técnicas mais atuais.
No sentido religioso dogmático correlacionado a crenças de um
sistema religioso o Reiki não apresenta esse tipo de ligação, no entanto,
no que se refere a espiritualidade compreendida como qualidades
elevadas da alma e da civilização humana, tais como: amor, altruísmo,
fé, honestidade, justiça e outras, o Reiki possui uma sintonia especial. E
por não ser ou ter relação com nenhuma religião, o Reiki não possui um
126 Terapia Ocupacional • Volume 4

conjunto de regras, mas apenas recomendações baseadas no bom senso


e, principalmente, na razão e na ciência (11; 12).

3 - Sobre Reiki e Terapia Ocupacional.


A Terapia Ocupacional sempre foi uma profissão que agrega vários
conhecimentos e direções de atuação, demonstrando uma correlação
com a prática holística no amplo sentido da palavra (visão do todo) de
ver o indivíduo como um ser integral e conectado a tudo ao seu redor,
influenciando e sendo influenciado pelo meio ambiente onde vive e suas
interações interpessoais.
A Terapia Ocupacional é definida como o uso terapêutico de
atividades diárias (ocupações) em indivíduos ou grupos com o
objetivo de melhorar ou possibilitar a participação em papéis, hábitos
e rotinas em diversos ambientes como casa, escola, local de trabalho,
comunidade e outros lugares, que facilitam a mudança ou crescimento
nos fatores do cliente (funções do corpo, estruturas do corpo, valores,
crenças e espiritualidade); e habilidades (motora, processual e de
interação social) todos necessários para uma participação bem sucedida.
Os serviços de terapia ocupacional visam à habilitação, reabilitação
e promoção da saúde e do bem-estar em clientes com necessidades
relacionadas ou não a incapacidade. (14).
A Terapia Holística ou Integrativa ressalva exatamente essa
interação e propõe que o indivíduo é o agente causador e curador de
suas doenças a partir da conscientização da causa, ele pode redirecionar
sua vida para alcançar a cura, seja ela física, emocional, mental,
energética e espiritual. O uso das Terapias Integrativas na Terapia
Ocupacional passa a ser um elemento importante na criação de novos
rumos da sua prática na atenção à saúde global do ser e assim com
resultados mais amplos e integrais.
A Terapia Ocupacional, assim como outras profissões da área
da saúde, deve utilizar a terapia Reiki como um complemento para
tratamento dos corpos energéticos do cliente e desenvolvimento da
espiritualidade, e assim manifestar no corpo físico, mental e emocional
os resultados do tratamento. Desde o alívio de dores, relaxamento
muscular, equilíbrio da psique e do emocional, prevenção de doenças,
melhoria nos relacionamentos interpessoais e na auto estima, o
equilíbrio e a harmonização do corpo, da mente e do espírito em si
mesmo e em conjunto com o Universo, expandindo a consciência,
CAPÍTULO 7 127

clareando os pensamentos, aguçando os sentidos e liberando os


sentimentos. Permitindo assim que a energia vital e infinita do Universo
preencha todo o nosso ser, ativando a energia sagrada do coração e
facilitando o caminho para a cura e desenvolvimento integral.

Referências Bibliográficas.

1- STEIN, D. REIKI ESSENCIAL. Editora Pensamento, 2003.

2 - CAMPADELO, P. REIKI: a cura natural ao alcance de todos.


Editora Madras, 2000.

3 - D’CARLI, J. REIKI: amor, cura e transformação. Editora Madras, 2009.

4 - PETTER, F.A. REIKI: o legado do Dr. Mikao Usui. Editora Ground, 2002.

5 - HAWKING, S.W. UMA BREVE HISTÓRIA DO TEMPO. Editora Rocco, 1989.

6 - DOSSEY, L. ESPAÇO, TEMPO E MEDICINA. Editora Cultrix.

7 - DUMITRESCU, I.F. ACUPUNTURA CIENTÍFICA MODERNA. Editora


Andrei, 1996.

8 - EINSTEIN, A. COMO VEJO O MUNDO. Editora Círculo do Livro


LTDA, 1981.

9 - HAWKING, S. O UNIVERSO NUMA CASCA DE NOZ. Editora


Mandarim, 2001.

10 - BRENNAN, B.A. MÃOS DE LUZ. Editora Pensamento, 2003.

11 - ROMAN, S. CRESCIMENTO ESPIRITUAL: o despertar do seu eu


superior. Editora Pensamento, 1995.

12 - HORAN, Paula. REIKI: uma habilitação para a cura. Editora Madras, 1999.

13 - LEADBEATER, Rev. C.W. OS CHAKRAS: os centros energéticos


vitais do ser humano. Editora Pensamento, 1960.
128 Terapia Ocupacional • Volume 4

14 - AMERICAN OCCUPATIONAL THERAPY ASSOCIATION (AOTA).


Occupational Therapy Practice Framework: Domain and Process, 3nd
edition (framework – II). American Journal of Occupational Therapy,
v.68, supl1, s.1-48, 2014.

15 - ROHDEN, H. EINSTEIN – O ENIGMA DO UNIVERSO. Editora Martin


Claret, 2007.

Referencia Bibliográfica (sugerida para consulta).

- Rev. Ter Ocup Univ São Paulo. 2015;26(Ed. Especial):1-49.


Tradução do original publicado pela American Occupational Therapy
Association (2014). Occupational therapy practice framework: Domain
and process (3rd Ed.). American Journal of Occupational Therapy,
68 (Suppl.1), S1–S48.http://dx.doi.org/10.5014/ajot.2014.682006.
Traduzido para o português por Alessandra Cavalcanti (UFTM), Fabiana
Caetano Martins Silva e Dutra (UFTM) e Valéria Meirelles Carril Elui
(FMRP-USP); autorizada para publicação em português, acesso aberto
na Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo.
2015;26(ed. especial).
CAPÍTULO 8
TERAPIA OCUPACIONAL E SHANTALA: A IMPORTÂNCIA
DO TOQUE PARA O FORTALECIMENTO DO VÍNCULO E DO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL.
Maria de Nazareth Mendes
Patrícia Luciane Santos de Lima
Socorro de Maria Castro

1 - Introdução.
Abordar a importância do toque e sua relação com o
desenvolvimento infantil na Terapia Ocupacional requer que se credite,
a uma pessoa comum, o despertar para o que a ciência veio propor por
meio de pesquisas: a Shantala.
SHANTALA era uma mulher comum que seguia, como todas as
indianas, suas tradições e costumes e, todos os dias, no mesmo horário,
sentava-se à porta de sua casa e massageava seu bebê, assim como
faziam sua mãe, sua avó, bisavó, num ritual que envolvia práticas
passadas de geração para geração.
Frédérick Leboyer, médico obstetra francês, importante defensor
do parto humanizado na década de 1970, em viagem pela Índia naquela
mesma década, teve um encontro com Shantala por acaso; ao passear
pelas ruas da favela de Calcutá. Ali, viu uma mulher paraplégica sentada
no chão, massageando seu bebê com uma habilidade e concentração que
o impressionaram. (1).
“Foi lá que, numa manhã, ensolarada resplande-
cente, encontrei Shantala sentada no chão a mas-
sagear o seu bebê. E assim, assim de repente, em
plena sordidez, foi me dado contemplar um espe-
táculo de mais pura beleza! Fiquei mudo. Parecia
um balé devido a tanta harmonia e ritmo exato,
embora com extrema lentidão. E, com amor, pos-
suía seu tanto abandono e ternura.”
(LEBOYER, 1995, p.146).
130
CAPÍTULO 8 131

A partir de então Leboyer percebeu que tinha uma missão.


Além de divulgar amplamente a técnica para o ocidente, faz uma
homenagem a esta mulher que no seu cotidiano, por meio de suas
atividades rotineiras, carregadas de elementos socioculturais, ensina
como uma mãe pode acariciar e estimular seu filho, e pública, em 1976,
a obra “SHANTALA - uma arte tradicional - massagem para bebês”.
Algumas culturas reconhecem grandemente o valor da massagem
para bebês e do contato com o corpo. Na Nigéria, Bali, Índia, Venezuela
por exemplo, é comum a maioria das mães massagearem seus filhos ou
de carregarem seus bebês em contato com o corpo. Para estes povos,
manter o contato corporal íntimo, contribui para conservar o bebê em
estado de equilíbrio, estimular seu desenvolvimento motor e intelectual,
a fortalecer a musculatura, acalmar e favorecer para um sono tranquilo.
Atualmente se redescobrem tais práticas e razões científicas
para aceitá-las. No Ocidente, a massagem é utilizada em hospitais e
maternidades nos bebês prematuros ou com traumas no nascimento.
Nos EUA, a enfermeira Ruth D. Rice, desenvolveu uma técnica similar a
shantala, denominada “toque da borboleta”, para intensificar o cuidado
e melhorar o desenvolvimento dos bebês em geral. No Brasil, em algumas
capitais, hospitais públicos adotam o projeto “mãe canguru”, onde os
bebês prematuros são mantidos fora das encubadeiras e permanecem bem
próximos ao corpo da mãe/pai, até adquirirem peso e tamanho suficientes
para alta hospitalar. A idéia é favorecer o que é de fundamental para o ser
humano: contato, amor, carinho, através da comunicação entre a mãe e a
pele (e mãe x filho), feita silenciosa e atentamente.
Massagear, tocar alguém é uma atividade que requer acima de tudo
doação, compartilhamento, diálogo sensorial e sem dúvidas necessita de
um conhecimento prévio da técnica a ser aplicada.
Dentre os vários elementos envolvidos na massagem, destacamos a
seguir a importância do toque.

2 - A Importância do Toque.
Tocar o outro é uma arte e uma ciência, e a preparação para
ser tocado se inicia mesmo antes de nascer, todas as etapas de
desenvolvimento intrauterino são de fundamental importância para
preparar os bebês para os desafios do mundo externo. Neste contexto,
destaca-se a importância do sistema Tátil.
Para Klaus (2001) o tato é ativado bem antes do nascimento, dentro
132 Terapia Ocupacional • Volume 4

do útero materno, ambiente onde os bebês estão cercados e acariciados por


fluidos e tecidos com temperatura regulada desde o início da vida fetal. As
sensações que o bebê vivencia no ambiente intrauterino são fundamentais
para o desenvolvimento físico e emocional após o nascimento (2).
Castro (2002) e Montagu (1988) corroboram com esta afirmação,
pois o sentido do tato propaga-se por meio da pele, que reveste todo
o corpo de forma continua e flexível, já que a pele é o maior órgão do
corpo humano (3; 4).
Durante a Shantala todo o corpo do bebê é tocado favorecendo
uma experiência sensorial única. Os movimentos, o ritmo e a parceria
estabelecida entre Pais/Bebê ou Terapeuta/Bebê proporcionam
estimulação proprioceptiva neste maior órgão do corpo humano, a pele,
que muitas vezes é esquecida.
O sistema tátil é complexo e valioso para as vivências sensórias
do ser humano, o registro, a organização e as respostas sensoriais tem
uma relação direta com o desenvolvimento global. É o primeiro sistema
a ser desenvolvido no feto, podendo ser observado ainda no período
embrionário, a partir da 6ª semana de vida intrauterina.
Pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa do Toque (Touch
Research Institute), da Escola de Medicina da Universidade de Miami,
apontam que crianças que recebem toque carinhoso, se desenvolvem mais
satisfatoriamente, que os outros bebês privados desse contato afetuoso. O
mecanismo do toque suave é agradável e denota carinho e amor.
Para que um bebê se desenvolva bem, este deve ser tocado,
acariciado, levado ao colo, aninhado aos braços e ter a mãe de forma visual
e auditiva presente. Essas experiências são essenciais para a sobrevivência
dentro dos parâmetros de saúde do bebê (MONTAGU, 1988) (4).
Verdade e confiança são transmitidas por meio de um toque firme,
mas de forma relaxada, enquanto insegurança e ansiedade podem
ser sentidas por um aperto rígido e inflexível dos braços. Os pais que
desenvolvem o sentido do tato e cultivam o contato físico estreito com seus
filhos conseguem um bom relacionamento desde o começo e são capazes de
acalmar seus bebês sem qualquer dificuldade (WALKER, 2013) (5).
Para Fritz (2002, p. 5) “[...] precisamos ser tocados para sobreviver.
O toque é uma fome que precisa ser saciada, não apenas para o bem-
estar, mas para a própria essência de nossa sobrevivência” (6).
Desta forma fundamenta-se a importância da massagem de Shantala
para o desenvolvimento global da criança, uma vez que seu principal
recurso, as mãos e toque estão amplamente discutidos e comprovados. É
CAPÍTULO 8 133

válido ressaltar que outros elementos também importantes fazem parte


desse ritual e serão valorizados posteriormente.
Como já apresentado Shantala é uma massagem milenar, oriunda
da Índia que por seus inúmeros benefícios conquistou diferentes espaços
nos ambulatórios, em creches, nos Centros de Pesquisa e ambientes
acadêmicos. Para aplicá-la, é necessário conhecer suas indicações,
contraindicações, sequência dos movimentos, mas acima de tudo, deve-se
estar preparado, ou seja, não é a execução por si só dos movimentos, mas
principalmente o significado do momento e o diálogo corporal, a troca de
energia estabelecida entre quem dá e quem recebe a massagem.

3 - Noções Básicas para Aplicação da Shantala.


A massagem Shantala é indicada para todos os bebês a partir de um
mês, contudo, é especialmente indicada quando os bebês apresentam
distúrbios de sono, agitação psicomotora, distúrbios respiratórios, cólicas
intestinais e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Há, porém,
algumas contraindicações como quando o bebê apresenta alterações
na pele, resfriado, diarréia e febre, haja vista que a massagem eleva a
temperatura e, se o bebê estiver com diarreia, o estado relaxante pode
intensificá-la. (Leboyer, 1995), Castro e Mendes (2002) (1; 3).
De acordo com Leboyer (1995), Castro e Mendes (2002) e
Campadello (2000) Bandeira e Araújo (2003), a aplicação de Shantala
deve seguir uma rotina, essencial para quem aplica e quem recebe a
massagem, cujos passos são:
a) A mãe, o terapeuta ou quem for aplicar o a massagem no bebê
deverá preparar-se antes, lembrando que quem realiza a massagem
também recebe a massagem, portanto não poderá executá-la de forma
automática, unhas cortadas e a ausência de adereços é obrigatório para
não machucar o bebê;
b) O espaço deverá ser organizado, para que o bebê não senta
frio durante a massagem, portanto a temperatura ambiente deve estar
agradável;
c) O bebê não deve estar com estômago cheio e nem com fome, o
horário da massagem deve ser intermediário. Se o bebê chorar ou ficar
incomodado, coloque-o no colo;
d) Deve ser usado óleo mineral para lubrificar as mãos facilitando
os movimentos, no momento da massagem, a pele do bebê e suas mãos
absorvem o óleo e o excesso será eliminado no banho;
134 Terapia Ocupacional • Volume 4

e) Definir um horário para aplicar a Shantala no caso dos pais e/ou


cuidadores é essencial para definir uma rotina, se for ao entardecer o
bebê ficará preparado para o sono da noite. No caso dos profissionais;
f) A massagem deve ser feita até bebê começar a engatinhar ou dar
os primeiros passos, tornando-se independente para movimentar-se;
g) Ritmo, velocidade e pressão são importantes no momento da
aplicação da técnica. O ritmo deve ser constante durante toda a massagem.
Os movimentos devem ser lentos e seguros. A sequência dos movimentos
deve ser feita rigorosamente e devem estar seguros de si. As mãos devem
ser dadas inteiras, sem economizar contato. Os movimentos devem iniciar
suave, leve e depois irá sentir o que é agradável e o que não é;
h) Todos os movimentos serão repetidos três vezes. Somente no
Abdômen é que a massagem deve demorar um pouco mais, pois é
preciso sentir a reação do bebê e como está seu aparelho digestivo;
i) Os movimentos sempre partem no sentido de dentro para fora;
j) A duração da massagem deve ser de acordo com a idade do bebê.
Nos recém-nascidos não se aplica uma massagem propriamente dita, e
sim uma espécie de carícia, não ultrapassando 15 minutos. Na medida
em que o bebê vai crescendo, aumenta-se o tempo gradativamente até
alcançar uma duração em torno de trinta minutos.
k) A Shantala finaliza com um banho morno de relaxamento.
A banheira deve estar preparada. È importante lembrar que não é
um banho higiênico, mas, sim, relaxante. A água deve estar a uma
temperatura agradável (1; 3; 7; 8).
Preparados para aplicar a técnica e cientes de suas indicações,
contraindicações, mas principalmente dos benefícios da Shantala para
o bebê, cada profissional pode inserir a técnica em sua rotina. A seguir,
serão destacados a aproximação da Terapia Ocupacional com a Shantala.

4 - Terapia Ocupacional e Shantala.


Várias pesquisas comprovam os benefícios da massagem Shantala
para bebês, em especial aparecem com frequência nos resultados de
algumas pesquisas:
- Proporciona contato, companhia, prazer e troca de afeto;
- Auxilia para o bom funcionamento do sistema digestório e
respiratório;
- Melhora o tônus;
- Favorece o desenvolvimento neuropsicomotor;
CAPÍTULO 8 135

- Aumenta a oxigenação dos tecidos;


- Promove tranquilidade e relaxamento.
Monford apud Cunha, Rubinsztjn e Rocha (2001), dizem que a
interação entre a técnica Shantala e terapia ocupacional fundamenta-
se por meio do toque como atividade humana, sendo que a terapia
Ocupacional é um método ativo de tratamento com profunda justificativa
psicológica, em que o indivíduo participa e colabora voluntariamente,
sendo um processo de comunicação relacionado a ação (9).
Dentre os métodos de intervenção para tratar ou amenizar o atraso
do desempenho neuropsicomotor, a técnica de massagem Shantala
proporciona benefícios como bem-estar, melhora para o sistema
respiratório, digestório, musculoesquelético, imunológico, estímulos
sensórios-motores e favorece o vínculo mãe/filho e consequentemente
ameniza a irritabilidade do bebê. (BARBOSA et al., 2011) (10).
O Terapeuta Ocupacional poderá inserir a técnica da massagem
de Shantala em diferentes ambientes, seja, consultório, ambulatório,
atendimento domiciliar, creches, Programas de Saúde da Família e outros.
O público também poderá ser diversificado: gestantes, pai, mãe, avós,
cuidadores. Desenvolver um trabalho direcionado a profissionais que
atendem crianças e que tenham interesse em utilizar esta técnica como
facilitadora no fortalecimento de seus vínculos e, como consequência,
queiram melhorar o desenvolvimento de suas atividades cotidianas com
as crianças as quais trabalham, pode ser uma nova possibilidade para os
Terapeutas ocupacionais, que tem sempre em foco a atividade humana.
Castro (2002) após os procedimentos de anamnese, elaboração do
plano terapêutico e compartilhamento com a família sobre a execução
do mesmo, desde que não tenha contraindicações, poderão iniciar
a técnica de massagem de SHANTALA para estabelecer um vínculo
terapeuta/bebê. Percebe-se que na medida em que o bebê se sente
seguro com o toque do terapeuta, o desenvolvimento de todo o processo
terapêutico bem como a aplicação de outras técnicas e recursos
terapêuticos ocorrem de forma serena e tranquila (3).
Ainda com o foco de trabalho nos vínculos, o Terapeuta
Ocupacional, que tem um olhar minucioso sobre a relação mãe/bebê,
pode e deve explorar amplamente este aspecto, tendo como técnica
auxiliar, a massagem de Shantala.
A participação ativa das mães, as torna pertencentes e atoras
ativas do processo, desenvolve habilidades e competências para o
cuidado e desta forma, os vínculos vão sendo fortalecidos. Em alguns
136 Terapia Ocupacional • Volume 4

casos específicos as mães se sentem mais seguras quando as atividades


são orientadas pelos terapeutas ocupacionais.
“[...] o fator mais importante para tornar a criança capaz de
construir gradualmente uma imagem coerente de seu mundo advém da
reciprocidade entre mãe-filho. ” (SPTIZ,1996, p.32) (11).
Bowlby (1998) e Dias (2000), postulam que o estabelecimento
do vínculo emocional é um componente básico da natureza humana;
quando estabelecido, fortalecem-se as relações que, no caso dos bebês,
podem ser preciosas para sua sobrevivência, pois os pais se sentirão mais
próximos, importantes e comprometidos com o filho, proporcionando para
este, maior segurança para vivenciar as experiências externas 12; 13).
É válido ressaltar, que na atualidade e dependendo da realidade
e necessidade da criança, além da mãe o terapeuta ocupacional
poderá estimular o pai, avós e/ou cuidadores a utilizar a Shantala
para estabelecer vínculo com a criança, sempre tendo como objetivo
maior, o bem-estar e o desenvolvimento global do bebê e as relações
estabelecidas em seu cotidiano.
Segundo Cunha, Rubinsztjn e Rocha (2001), a Terapia Ocupacional, por
ter conhecimentos anatômicos, fisiológicos, psicológicos do desenvolvimento
psicomotor do bebê e, com bases no modelo psicanalítico, pode atuar como
facilitadora na interação mãe/bebê, prevenindo o retardo ou mesmo o
rompimento de uma relação afetiva, auxiliando a mãe nos cuidados a serem
dados ao seu bebê e auxiliando no fortalecimento dos vínculos (9).
Um desenvolvimento neuropsicomotor adequado, está diretamente
relacionado as condições do tônus, ou seja, um tônus dentro dos
padrões adequados está preparado, e em condições para as aquisições
e execuções dos padrões de movimento desejáveis. Algumas patologias
têm como sintoma, a alteração no tônus, o que por consequência,
pode levar a alterações no desenvolvimento neuropsicomotor infantil.
Dentre essas patologias podem ser citadas as que encontramos em
Bebês prematuros, portadores de Síndrome de Down, Paralisia Cerebral,
Deficiências Sensoriais, dentre outras.
A Shantala traz importantes benefícios para esses bebês, porém a
massagem deve ser adaptada, levando em consideração a necessidade e
especificidade da situação clínica de cada um.
Bandeira e Araújo (2003) salienta que, antes de iniciar o
atendimento, é importante observar como cada bebê reage aos estímulos,
pois dependendo de sua maneira de perceber e sentir as sensações táteis
emitidas pela massagem, poderemos ou não, utilizá-la como recurso. A
CAPÍTULO 8 137

duração da massagem, intensidade do toque (mais suave e com pressão)


realizada em cada área do mesmo será determinada de acordo com a
situação clínica e tolerância de cada bebê (8).
Winnicott (1994) afirma que o processo de desenvolvimento infantil
inicia com uma história de dependência absoluta, que gradualmente
evolui para a independência, na medida em que o bebê se desenvolve,
a partir das experiências, das relações estabelecidas e da confiabilidade
do meio ambiente (14).

4.1 - Bebês prematuros.


O Terapeuta Ocupacional facilita o desenvolvimento adequado dos
bebês prematuros de forma organizada e equilibrada, assim como previne
possíveis desordens sensoriais e motoras a curto, médio e a longo prazo.
São inúmeros os benefícios encontrados quando se massageia um
bebê prematuro, porém, assim como em todas as situações especiais,
a massagem deve ser adaptada a esses bebês. Dentre os benefícios,
os principais são: favorece o vínculo mãe/bebê e terapeuta/bebê;
melhora o metabolismo e auxilia para o crescimento e adequado
desenvolvimento neuropsicomotor.
Com o nascimento prematuro, o bebê entrará em contato com
estímulos táteis diferentes dos vivenciados no ambiente do útero materno.
Esses estímulos, associados à imaturidade dos órgãos e sistemas, pode
comprometer o seu desenvolvimento. Como no prematuro o sistema
neurosensorial é ainda imaturo, as atividades sensoriais táteis também o
são e devido a essa imaturidade neurológica, a sua pele é muito sensível,
assim, o toque realizado pela Shantala tem que ser modificado. Em razão
da sensibilidade táctil exacerbada, a massagem com deslizamento das mãos
deve ser evitada, devendo-se adaptar o toque, que precisa ser realizado com
contenção e leve pressão, o que favorece e estimula a e propriocepção. Na
medida em que o bebê vai amadurecendo e se desenvolvendo, a massagem
pode ser modificada. Também é importante avaliar o tipo de tônus e a
situação clinica do bebê, antes de optar por este recurso.

4.2 Crianças com Síndrome de Down.


A Síndrome de Down pode ser citada como uma das síndromes com
maior incidência mundial, e entre suas características principais destaca-
se o tônus diminuído, neste caso, a mensagem que deve ser enviada ao
Sistema Nervoso Central (SNC), ao intervir com Shantala, é que o toque
deve ser mais firme (pressão) e associado à Tappings e alongamentos,
138 Terapia Ocupacional • Volume 4

estimulando sempre os movimentos para a linha média do corpo, o que


auxilia na normalização do tônus. Destaca-se ainda, como não poderia ser
diferente, que a relação mãe/filho deve ser estimulada e fortalecida.
Campadello (2000) ressalta que a massagem em criança produz
diferentes efeitos. Quando se aplicam toques na pele, estes exercem
um efeito estimulante; quando ocorre pressão ou uma fricção com
movimentos circulares, estes exercem efeitos relaxantes. Portanto, a
característica do toque que o terapeuta exercerá durante a intervenção,
dependerá do plano terapêutico elaborado (7).
Barbosa et al. (2011), em pesquisa realizada sobre os efeitos da
Shantala na Interação Mãe e Criança com Síndrome de Down, conclui
que as crianças tiveram sono mais tranquilo, o que lhes proporcionou
uma qualidade de vida melhor e, para as mães, a prática de Shantala
permitiu uma melhor aceitação da doença e uma melhora no
relacionamento mãe e filho (10).

4.3 - Crianças com Deficiência Auditiva.


A Deficiência Auditiva em crianças, acarreta graves consequências
em relação à aquisição e ao desenvolvimento normal da fala e da
linguagem, no entanto, a forma como o bebê responde aos sons mostra
uma sequência na maturação de sua função auditiva.
Devido ao déficit sensorial auditivo, outros canais sensoriais ficam
mais aguçados, dentre eles destaca-se o toque, que é de extrema
importância para a imagem e consciência corporal, relação temporal e
vinculo entre Pais /Bebês e Terapeuta/Bebê.

4.4 - Bebês com Deficiência Visual.


Bebês com dificuldades visuais, comumente têm dificuldades
de relação espacial, atraso das reações posturais e de equilíbrio,
dificuldade da percepção de esquema corporal, medo da posição de
decúbito ventral, diminuição das experiências sensitivo-motoras e atraso
no desenvolvimento sensório-motor.
A massagem Shantala traz benefícios inumeráveis para estes bebês.
Podemos começar fazendo a massagem por curto período de tempo,
mas com movimentos lentos, e gradualmente ir prolongando o contato.
Este é um aspecto importante a ser observado, pois favorece à criança,
construir uma imagem do mundo a sua volta, adquirir consciência
corporal, desenvolvendo conceito corporal, além de possibilitar ao
bebê, segurança e amparo. É importante que durante a massagem se
CAPÍTULO 8 139

mantenha uma das mãos sobre o seu corpo para que sinta segurança e a
voz seja firme, mas tranquila.

4.5 - Crianças com Paralisia Cerebral.


A paralisia cerebral é uma alteração que afeta o músculo, a
postura e o movimento, provocada por alguma lesão no SNC em
desenvolvimento. As complicações mais frequentes são as ortopédicas
(contraturas músculo-esqueléticas, luxação do quadril, escoliose,),
problemas respiratórios entre outros.
Os bebês com paralisia cerebral apresentam alterações do tônus
que levam a uma resistência ao alongamento passivo, apresentando
exagero nos reflexos tendinosos e também desordens sensoriais.
A massagem Shantala pode produzir benefícios sobre o sistema
nervoso desses bebês, e promover principalmente um efeito
relaxante sobre o tônus muscular alterado, provocando vasodilatação
e melhorando o sistema circulatório, que resulta em melhor
desenvolvimento sensorio motor.

5 - Sistema Muscular e Shantala – Considerações


para a prática.
1. Sente-se no chão, com as pernas esticadas, costas eretas,
ombros relaxados.
2. Coloque o bebê sobre sua perna, em cima de uma toalha de
fralda, ou, se o bebê tem mais de 06 meses, para que fique mais bem
acomodado, faça a massagem sobre um colchonete ou cama, e escolha a
posição mais confortável para você.
3. Se desejar aprimorar a percepção tátil e/ou cenestésica, utilize
colchas ou lençóis com texturas diferentes, cores variadas, temperaturas
diversas. Está liberado o uso de objetos para massagem, como pequenos
rolinhos de madeira, bolinhas, carrinhos e outros.
4. Passe óleo nas mãos e lembre que os movimentos são sempre, de
dentro para fora (do centro para as extremidades).
5. Se concentre, fixe os olhos no bebê e aproveite este valioso
momento de contato corporal (15).
140 Terapia Ocupacional • Volume 4

5.1 - TÓRAX

1. A partir do osso externo, deslize suas mãos espalmadas até os


braços calma e repetidamente.

2. Coloque sua mão direita no lado esquerdo do abdome do bebê e


deslize, cruzando toda a extensão do tronco até o ombro direito. Faça o
mesmo com sua mão esquerda, do abdome direito ao ombro esquerdo do bebê.
CAPÍTULO 8 141

MUSCULATURA TRABALHADA:
1. Peitoral Maior
2. Deltóide

5.2 - BRAÇOS.

1. Coloque o bebê em decúbito lateral, estenda o braço do bebê


segurando em seu ombro e no pulso. Faça pressão com suas mãos por
toda a extensão do braço até o pulso.

A seguir, faça o mesmo com as duas mãos, indo do ombro em


direção ao pulso. O movimento imita uma rosca, com uma mão no
sentido contrário da outra.
142 Terapia Ocupacional • Volume 4

MUSCULATURA TRABALHADA:

Flexores do cotovelo:
1. Bíceps
2. Braquial
3. Braquiorradial

Extensores do cotovelo:
4. Tríceps
5. Ancôneo

Flexores do Punho:
6. Flexor ulnar do carpo
7. Flexor radial do carpo

Extensores do punho:
8. Extensor radial longo do carpo
9. Extensor radial curto do carpo
10. Extensores dos dedos
CAPÍTULO 8 143

2. Antes de começar a massagear o outro braço, massageie as mãos


do bebê. Deslize seus polegares na palma da mão do bebê profundamente.
Alongue os dedos, dobrando-os por trás e depois, deslize suavemente seus
dedos sobre a mão do bebê.

MUSCULATURA TRABALHADA:
1. Eminência tênar
2. Eminência hipotênar
3. Músculos profundos
144 Terapia Ocupacional • Volume 4

Este grupo muscular realiza os movimentos de adução e abdução


dos dedos, flexão, oposição, adução e abdução do polegar, flexão,
extensão, abdução e adução dos dedos das mãos.

5.3 - ABDOME.

1. Coloque uma das mãos na base do peito e a deslize em direção


ao ventre, pressionando suavemente o corpo do bebê como se buscasse
esvaziá-lo.

2. Depois com a mão esquerda, estenda as pernas do bebê,


segurando-o pelos pés, e com o antebraço direito faça novamente o
movimento de deslizar.
CAPÍTULO 8 145

MUSCULATURA TRABALHADA:
1. Reto do abdome
2. Oblíquo externo
Oblíquo interno
Transverso do abdome

Estes músculos se tornam ativos nos movimentos de sentar e


levantar, contribuindo para a flexão, inclinação lateral e rotação para o
lado oposto do tronco.

5.4 - PERNAS.

1. Repita os mesmos movimentos dos braços, deslizando da coxa


aos tornozelos. O bebê pode permanecer em decúbito dorsal.
146 Terapia Ocupacional • Volume 4

MUSCULATURA TRABALHADA:

Músculos posteriores mediais


e anteriores da coxa:
1. Semitendinoso
2. Bíceps da coxa
3. Adutor magno
4. Sartório
5. Reto da coxa
6. Vasto lateral
7. Vasto intermédio
8. Vasto medial

Responsáveis pela flexão e extensão da articulação do joelho,


flexão e extensão do quadril e adução da coxa.

Músculos da parte lateral,


anterior e posterior da perna:
9. Fibular longo
10. Tibial anterior
11. Tibial posterior
13. Plantar
14. Sóleo
15. Gastrocnêmio

Que realizam a inversão, dorsiflexão e eversão do pé.


CAPÍTULO 8 147

1. Agora termine esta sequência massageando os pés. Inicie no


calcanhar e vá até os dedos. Depois, passe a palma da sua mão na sola
do pé do bebê. Repita os mesmos movimentos com a outra perna.

A musculatura intrínseca e extrínseca do pé, está relacionada com


a estabilização das articulações do pé na posição ereta ou ao andar
e correr, em qualquer tipo de superfície. A massagem na planta dos
pés causa frequentemente a “reação positiva de apoio” onde há um
enrijecimento e extensão da perna. Se isto ocorrer, mude o movimento
para a parte lateral dos pés ou aumente a pressão das mãos sobre o pé.
148 Terapia Ocupacional • Volume 4

5.5 - COLUNA (dorso).


Esta sequência possui três tempos:

1. Vire o bebê em decúbito ventral, transversalmente às suas pernas.


Coloque as mãos juntas, paralelas na nuca do bebê e vá deslizando até às
nádegas. Mantenha o ritmo de ir e vir das mãos, vagarosamente.

2. Sustente as nádegas do bebê com a mão direita, enquanto a


esquerda desliza da nuca até a nádega, lentamente.
CAPÍTULO 8 149

3. Agora, segure os pés do bebê com a mão direita, mantendo as


pernas semifletidas e os joelhos do bebê bem separados. A mão esquerda
continua deslizando da nuca, prosseguindo pelas pernas e terminando
nos calcanhares.

MUSCULATURA TRABALHADA:
1. Trapézio
2. Grande dorsal

Que contribuem na adução e extensão do ombro, retração, prostração,


elevação, depressão e rotação ascensional da articulação do ombro.

E ainda:

Glúteo máximo, responsável pela extensão, abdução e rotação do fêmur.


1. Semitendinoso
2. Bíceps da coxa
14. Sóleo
15. Gastrocnêmio
150 Terapia Ocupacional • Volume 4

5.6 - FACE.

1. O bebê fica novamente em decúbito ventral. A partir do meio da


testa do bebê, deslize a ponta de seus dedos para os lados, ao longo das
sobrancelhas e depois desça para a região das bochechas.

Finalize massageando com deslizamento a região do queixo mas vá


até as orelhas.

MUSCULATURA TRABALHADA:
1. Frontal
2. Orbicular do olho
3. Nasal
4. Orbicular da boca
5. Masseter
CAPÍTULO 8 151

5.7 FINALIZAÇÃO

1. Para relaxar a musculatura da região cervical e dorsal, segure as


mãos do bebê e cruze os braços sobre o peito, fechando-as e abrindo-as.

2. Para relaxar principalmente às vértebras lombares, segure um pé


do bebê e a mão do lado oposto, cruzando braço e perna de forma que
o pé se aproxime do ombro e a mão da coxa oposta. Repita o movimento
do outro lado.
152 Terapia Ocupacional • Volume 4

3. Para relaxar a musculatura e as articulações da região pélvica,


cruze as pernas do bebê sobre a barriga. Em seguida, estenda e as cruze
novamente invertendo a posição.

6 - Conclusão.
Considerando a visão do terapeuta ocupacional, que compreende
a saúde no seu contexto mais amplo onde o ser humano desde bebê, ao
ser inserido de forma ativa em seu cotidiano, e que poderá construir
um processo de desenvolvimento dinâmico com diferentes adaptações
ao longo da vida, conclui-se que a massagem de shantala poderá
estar inserida como técnica auxiliar nas intervenções terapêuticas
ocupacionais.
Pela simplicidade da aplicação, possui ainda a vantagem de
não implicar em custos, e de produzir diferentes efeitos, conforme
a patologia e/ou fase de desenvolvimento que o bebê se encontra, e
logicamente, da criatividade e sensibilidade do terapeuta.
Shantala para a Terapia Ocupacional, é uma resposta construtiva e
gratificante de contato físico, que resulta num crescente envolvimento,
maior confiança, segurança e troca de afeto com o outro. Mais que
uma técnica, é uma arte, um ato de amor que se expressa no toque, na
sequência dos movimentos rítmicos, repetitivos.
Portanto, através da pele do bebê, deste contato caloroso e
sereno, adaptado pelo terapeuta ocupacional para cada situação,
CAPÍTULO 8 153

podemos proporcionar, além da melhora no aspecto neuropsicomotor,


a sensação de segurança e proteção. Com isso, a relação que se
estabelece, nessa 1ª forma de diálogo, que é o toque, contribui para a
formação de um adulto feliz, equilibrado, livre e criativo, mesmo com
suas limitações físicas, psicológicas, motoras e /ou mentais (16).

Referências Bibliográficas.

1 - LEBOYER, F. Shantala: massagem para bebês uma arte


tradicional. 5. ed. São Paulo: Ground, 1995.

2 - KLAUS, M.; KLAUS, P. O surpreendente Recém-Nascido. Porto


Alegre: Artmed, 2001.

3 - CASTRO, S.M.; MENDES, M.N. Estimulação e Massagem para


bebês baseados nas técnicas de Shantala. São Luis, 2002. (Apostila).

4 - MONTAGU, A. Tocar: o significado humano da pele. São Paulo:


Summus, 1988.

5 - WALKER, P. O livro de massagem do bebê. 1. ed. São Paulo:


Manole, 2000.

6 - FRITZ, S. Fundamentos da massagem terapêutica. São Paulo:


Manole, 2002.

7 - CAMPADELLO, P. Massagem Infantil: carinho, saúde e amor para


o seu bebê. São Paulo: Madras, 2000.

8 - BANDEIRA, J.T.; MOURA, T.F.R. A Shantala utilizada pelos


Terapeutas ocupacionais como Recursos auxiliar na intervenção com
Bebês. 2003. 0f. Monografia (Graduação em Terapia Ocupacional) -
Faculdade Santa Terezinha –CEST, São Luís- MA, 2003.

9 - CUNHA, S. A.; RUBINSZTJN, K,C.; ROCHA, L.B. Shantala em


Terapia Ocupacional. Multitemas, n. 23, nov. 2001.

10 - BARBOSA, K.C. et al. Efeitos da Shantala na Interação


154 Terapia Ocupacional • Volume 4

entre mãe e crianças com Síndrome de Down. Rev. Bras. Crescimento


Desenvolvimento Humano, v. 21, n. 2, p. 356-361, 2011.

11 - SPITZ, R.A. O primeiro ano de vida. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

12 - BOWLBY, J. Apego e perda: separação, angústia e raiva. 3. ed.


São Paulo: Martins Fontes, 1998.

13 - DIAS, I.M.A.V Apego mãe e filho: base para assistência


de enfermagem neonatal. 2000. 119f. Dissertação (Mestrado em
Enfermagem) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade
de São Paulo, Ribeirão Preto, 2000.

14 - WINNICOTT, D.W. Os bebês e suas mães. São Paulo: Martins


Fontes, 1994.

15 - LIMA, P.L.S Estudo Exploratório sobre os Benefícios da Shantala


em Bebês portadores de Síndrome de Down. Universidade Federal do
Paraná, 2004. Disponível no endereço eletrônico: http://hdl.handle.
net/1884/27935 (Acessado em 16/02/2018)

16 - PEREIRA, F.O. Da comunicação pré-natal à massagem para o


bebê. Rio de Janeiro: Enelivros, 1996.
CAPÍTULO 9
AURICULOTERAPIA COMO ABORDAGEM DE CUIDADO NO
CAMPO DA SAÚDE.
Karla Adriana Ferreira Beckman
Alan Senigalia
Ana Maria Fernandes Pitta

1 - Introdução.
O processo histórico da medicina mostra que o cuidado em saúde
teve diferentes abordagens, que foram desenvolvidos de acordo com o
contexto, as bases culturais e materiais de cada época. O modelo ocidental
atual é o biomédico, o qual apresentou significativas soluções para
problemas da saúde e doença. No entanto, há alguns séculos tem sido fonte
crescente de insatisfação da sociedade, devido a sua dicotomia do cuidado
e à superespecialização nas diversas áreas da medicina, não atingindo
resultados satisfatórios no processo de saúde.
As práticas integrativas e complementares (PICs) vêm com a
finalidade de compreender o sujeito na sua totalidade, contrapondo-
se à visão altamente tecnológica de saúde que impera na sociedade de
mercado dominada pelas indústrias farmacêuticas, pelos planos de saúde
com objetivo de gerar lucros e fragmentar ao máximo o tratamento
do paciente em especialidades médicas e com isso certamente não
conseguirá tratar o sujeito e sim a doença.
No Brasil, a Política Nacional das Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC) implantou-se a partir da publicação da portaria
nº 971/2006 no qual legitimou as práticas da Medicina Antroposófica,
Homeopatia, Fitoterapia e a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e
Termalismo Social. Em março de 2017, através da portaria nº 849, de
27/03/2017, houve ampliação com mais 14 tipos de práticas, dentre essas
a auriculoterapia. No dia 22 de março de 2018 no diário oficial da união
foi publicada a portaria nº 702, de 21 de março de 2018, objetivando
incluir mais 10 práticas (apiterapia, aromaterapia, bioenergética,
constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição
156
CAPÍTULO 9 157

das mãos, ozonioterapia e terapia de florais) (1).


No atual contexto da saúde pública vivida pela população, com
congelamento de recursos para o setor saúde por 20 anos, nada mais
estratégico e benéfico tentar construir com a população estratégias de
cuidado preventivo ou divulgar a realização das práticas integrativas
e complementares pelo SUS como formas de cuidado tanto na atenção
básica como na rede de atenção psicossocial (RAPS) e nos hospitais
gerais ou especializados.
Sendo assim, apresentaremos neste capítulo a Auriculoterapia
como exemplo de uma PIC em que está sendo praticada por diversos
profissionais da área da saúde por entender o processo saúde x doença
numa visão holística do sujeito, assim como, por compreender a
necessidade de ampliar o cuidado em saúde, proporcionando um
atendimento mais humanizado, integral com possibilidade de formação
de vínculo terapêutico. E ao final relataremos duas experiências usando
a auriculoterapia como abordagem de cuidado, um que está sendo
realizada em CAPS (centro de atenção psicossocial) de Salvador/Bahia
e em um projeto de extensão acadêmica da Faculdade de Ciências
Médicas de Santos com alunos universitários do curso de Medicina
chamado PAAPI (Projeto Acadêmico de Apoio aos Povos Indígenas que
acontece no Estado do Mato Grosso.

2 - Introdução as Bases da Medicina Chinesa.


A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é a denominação dada ao
conjunto de práticas de medicina chinesa usada na China há vários milênios.
Data de cerca de 3000 anos a. C., a utilização de agulhas de pedra, de
espinhas de peixes e ossos no tratamento de enfermidades na China (2).
Nesta concepção a MTC engloba as seguintes práticas: auriculoterapia,
acupuntura, as práticas corporais (Lian Gong e Qi Gong), as massagens
como tui na, meditação, fitoterapia (uso de ervas) e dietoterapia.
Os princípios fundamentais da Medicina Tradicional Chinesa
baseiam-se em uma definição do Taoísmo que instrui que de uma energia
primordial apareceram duas formas de energia antagônicas, porém
complementares, chamadas de Yin (terra) e Yang (céu) (3).
Para os chineses o yang puro é o céu e corresponde ao dia, o yin turvo
é a terra e corresponde à noite. “O Qi (energia) da terra sobe como uma
nuvem, o Qi do céu desce como uma chuva”, ou seja, todos os fenômenos
do universo encerram os dois aspectos opostos do yin e yang, como o dia
158 Terapia Ocupacional • Volume 4

e a noite; o tempo claro e o tempo sombrio; felicidade e tristeza; o calor


e o frio; a atividade e o repouso. Tudo é constituído pelo movimento e a
transformação destes dois aspectos chamados de yin e yang (4).
Portanto, a teoria do yin yang é a reunião das duas partes opostas
que existem em todos os fenômenos e objetos em relação recíproca no
meio natural. Essa teoria considera o mundo como um todo e que esse
todo é o resultado da unidade contraditória dos dois princípios.

3 - Histórico e Conceito da Auriculoterapia.


A obra clássica da Acupuntura, o livro Hung Ti Nei Ching, escrita há
mais de cinco mil anos, refere que o pavilhão auricular é um órgão isolado
que mantém relações com os demais órgãos e regiões do corpo através
do reflexo cerebral (5). Os microssistemas são regiões do corpo, que
correspondem entre uma parte individual e o todo, como a face, mão,
a língua, o pulso, a orelha, que são áreas pequenas do corpo humano,
porém que refletem e representam, o corpo na sua totalidade (6).
Na auriculoterapia essa relação com corpo acontece através dos
12 meridianos sendo 6 Yang e 6 Yin. Os meridianos yang (intestino
grosso, intestino delgado, vesícula biliar, triplo aquecedor, estômago
e bexiga) passam ao redor orelha ligando-se de maneira direta, os
yins (pulmão, coração, pericárdio, fígado, baço/pâncreas e rins) se
combinam a orelha por meio de ramificações, de modo que os 12
meridianos chegam igualmente até a orelha (7).
O desenvolvimento da auriculoterapia acentuou-se a partir de
1572 quando foi publicado na China uma obra sobre acupuntura, no
qual se referia sobre as relações entre os meridianos da acupuntura e
a orelha. A partir de então, os estudos sobre as associações de pontos
auriculares com a acupuntura sistêmica foram sendo intensificados
pelos sábios orientais, surgindo posteriormente o sistema de
diagnóstico por observação do pavilhão auricular.
Em 1951, o médico francês Paul Nogier ficou intrigado quando um
de seus pacientes relatou ter sido curado de uma dor ciática através
da queima de um ponto no interior da orelha. Curioso, Nogier passou a
repetir o procedimento em casos semelhantes. O sucesso incentivou o
médico a pesquisar até conseguir completar o mapeamento da orelha,
associando as diversas áreas do corpo a pequenos pontos na superfície
do pavilhão auricular. O autor observou ainda, a semelhança da orelha
à posição de um feto de cabeça para baixo. Na figura observa-se o feto
CAPÍTULO 9 159

invertido e ao lado as regiões do corpo que estão localizados na orelha.

Fig. 1 - "Feto invertido" e ao lado as regiões do corpo que estão


localizados na orelha. Fonte: (HECKER, 2007).

Sendo assim, pode-se definir que a auriculoterapia é um ramo da


acupuntura destinado a tratamento das enfermidades físicas e mentais
através de estímulos de pontos situados no pavilhão auricular. Cada
orelha tem pontos de reflexo que correspondem a todos os órgãos e
funções do corpo (5).
A estrutura do pavilhão auricular se compõe de uma fina lâmina de
cartilagem elástica, amarela e recoberta de tegumento. Está localizada,
em parte, no osso temporal e sua conexão com o crânio se dá através
dos ligamentos e dos músculos auriculares, sendo dividido em duas
faces: a face anterior e a face posterior.
A face anterior do pavilhão auricular é composta pelas seguintes
estruturas: hélice, tubérculo da hélice, cauda da hélice, antihélice,
ramo superior e ramo inferior da antihélice, fossa triangular, escafa,
trago, incisura superior do trago, antítrago, incisura intertrágica e
antitrágica, lóbulo da orelha, concha cava e concha cimba. Na face
posterior o pavilhão auricular é dividido em quatro regiões e formada
por faces, sulcos e eminências.
Na vascularização do pavilhão auricular as artérias que irrigam
procedem da artéria temporal superficial e da auricular posterior, ambos
ramos da artéria carótida externa.
A inervação sensorial da orelha é bastante complexa e abundante,
sendo inervada por 3 nervos principais: o auricular magno do plexo cervical;
o ramo auricular do vago (10º par craniano); o ramo auriculotemporal do
nervo trigêmeo (5º par craniano). Além desses a orelha tem como inervação
os nervos: nervo occipital menor, nervo facial e nervo glossofaríngeo.
160 Terapia Ocupacional • Volume 4

As veias desta região aparecem subdivididas em anteriores e


posteriores. As auriculares anteriores terminam na veia temporal
superficial, e esta, por sua vez, na jugular externa, na qual acabam
também as auriculares posteriores.
Essa descrição se faz necessário pelo fato de que se trata de
uma região com cartilagem, onde a nutrição sanguínea é feita por
contiguidade, havendo riscos de infecção. Por isso deve-se proceder a
uma boa assepsia da orelha para colocação dos pontos.

4 - Linhas de Raciocínio da Auriculoterapia.


Neste item pretende-se apresentar as escolas de auriculoterapia
existente atualmente. Em 1972 foi criada a unificação dos mapas da
auriculoterapia chinesa, e, a partir desse momento, passou-se a existir
duas escolas de Auriculoterapia: a chinesa, que tem sua fundamentação
diagnóstica e de tratamento embasado nas teorias da medicina
tradicional chinesa; e a escola francesa, de Dr. Paul Nogier, que se
ampara nos fundamentos da neurofisiologia.
A escola auriculoterapia chinesa, tem como representação
importante a professora Huang Li Chun, no qual tem experiência na
temática em mais de três décadas de trabalho e investigação, sendo
considerada, portanto a escola mais prestigiosa da China.
No Brasil, o Dr. Ernesto Garcia, nascido em Cuba, veio com a
responsabilidade de disseminar os ensinamentos da professora através
do seu livro “Auriculoterapia” abordando a fundamentação diagnóstica e
terapêutica dos pontos auriculares com enfoque na MTC.
A auriculoterapia é um ramo de especialidade da acupuntura
constituído de um corpo teórico independente no tratamento e
diagnóstico das enfermidades e que foi oficializada pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) na década de 70 como uma terapia de
microssistema com efeitos eficazes para a promoção e manutenção da
saúde no tratamento de diversas enfermidades (9).
Para o mesmo autor, os pontos auriculares têm estreita relação com
o sistema de canais e colaterais em que estes se distribuem por cada
parte do corpo humano. A fisiologia dos canais baseia-se no movimento
do sangue (xue) e da energia (Qi) na manutenção do equilíbrio do yin e
yang. Os chineses crêem que qualquer desequilíbrio que ocorra nessas
forças provocaria distúrbios físicos e psicológicos. Por isso, através da
punção dos pontos da auriculoterapia se tenta desobstruir os canais e
CAPÍTULO 9 161

colaterais, regulando o vazio e a plenitude, restabelecendo a atividade


funcional de cada parte do corpo e fazendo conservar o equilíbrio dos
opostos, assim como, a nutrição de todo o organismo.
Na prática clínica, ao se utilizar a escola da auriculoterapia
chinesa, verifica-se que ao se estimular um ponto auricular, observa-
se que todos podem regular a atividade dos canais e colaterais e
consequentemente podemos tratar as enfermidades. Observa-se também
que os pontos dos cinco órgãos e das seis vísceras, se mostram cada um
deles reativos a muitas enfermidades, uma vez que não se relacionam
somente com a enfermidade própria do órgão, mas, com a síndrome que
representa o estado patológico que o paciente se encontra.
Garcia aponta que existe um preceito: “Quando os canais estão
desobstruídos não há dor, se estão obstruídos aparecerá a dor”,
esta indagação refere que quando por um estado patológico ocorre
a obstrução de algum canal e a circulação de energia e do sangue
perdem seu fluxo normal, podem, como reação reflexa, aparecer pontos
dolorosos tanto a nível somático, como a nível do pavilhão auricular.
Outra escola importante para conhecermos é a auriculoterapia
francesa do Dr. Paul Nogier. A auriculoterapia Francesa está associada
ao desenvolvimento embrionário que dão origem aos diferentes tecidos,
sistemas e aparelhos do corpo. Durante suas pesquisas Nogier associou
o tecido embrionário endoderma, mesoderma ectoderma a diferentes
partes da orelha externa, assim sendo:
O tecido endoderma dá origem a maioria dos órgãos internos
(exceto o coração e rim) como: estomago, os intestinos, pulmões,
amígdalas, fígado, pâncreas, sistema urinário, glândula tireóide,
glândulas paratireóides e o timo. Essa região dos órgãos internos
é inervada pelo nervo vago e este por sua vez inerva as estruturas
anatômicas da orelha (concha cimba, concha cava, e o ramo da hélice).
O tecido mesoderma dá origem aos músculos esqueléticos,
músculos lisos, vasos sanguíneos, ossos, cartilagem, articulações, tecido
conjuntivo, glândulas endócrinas, córtex renal, músculo cardíaco,
órgãos urogenitais, útero, tubas uterinas, testículos e células sanguíneas
da medula espinal e tecido linfático. O sistema musculoesquelético
é inervado pelo nervo auriculotemporal (trigêmeo) e este
consequentemente inerva as seguintes estruturas do pavilhão auricular
(antihélice, escafa, fossa triangular e parte superior da hélice).
Por fim, o tecido ectoderma dá origem à pele, a medula espinal,
a regiões subcorticais e aos nervos, glândula pineal, glândula hipófise,
162 Terapia Ocupacional • Volume 4

medula renal, cabelos, unhas, glândulas sudoríparas, córnea, dentes,


mucosa do nariz e lentes oculares. Essa região representa a parte
central do sistema nervoso sendo inervada pelo nervo auricular magno
e este inerva as estruturas de trago, lóbulo da orelha e cauda da
hélice). Abaixo representaremos através da figura, a orelha e suas
regiões com a inervação correspondente.

Fig. 2 - A orelha com suas regiões, e a inervação correspondente.


Fonte: (FARIAS, 2017)

Importante evidenciar que do ponto de vista embriológico


essas camadas germinativas dão origem às estruturas anatômicas do
corpo humano, logo podemos observar que a orelha é uma zona de
convergência complexa e rica, capaz de gerar uma reação reflexa em
várias partes do corpo (10).
Na auriculo francesa, Dr. Nogier sugere que o pavilhão auricular
se apresenta como um feto invertido o que demonstra uma correlação
entre os pontos de auriculoterapia e o corpo humano. Isso acontece
porque a representação embriológica do pavilhão auricular e de sua
rede neural constituem a sustentação da ação reflexa da auriculoterapia
conforme descrita acima.
Portanto, cabe ressaltar que essas formas de abordar a
auriculoterapia são complementares umas às outras, favorecendo o uso
integrado entre elas na prática clínica.

5 - Principais Técnicas e Recursos Terapêuticos em


Auriculoterapia.
As técnicas para aplicação da auriculoterapia são as mais diversas.
CAPÍTULO 9 163

Para tanto, identificaremos várias, como: a colocação de sementes,


técnica das agulhas permanentes, a de injeção de líquidos nos pontos
correspondentes, as agulhas transmissoras de calor (Moxa), as agulhas
elétricas e a do estímulo manual.
Neste capítulo descreveremos a colocação de sementes por ser
a técnica mais utilizada no campo do SUS. As sementes podem ser do
tipo brassicanapus (colza) ou brassicajuncea (mostarda). Coloca-se as
sementes cobertas com uma fita adesiva nos pontos escolhidos pelo
terapeuta. Esses pontos devem ser estimulados e/ou massageados pelo
próprio paciente duas ou três vezes ao dia, podendo ficar na orelha no
período de 5 a 7 dias, conforme a orientação do profissional.
Além das sementes podem ser utilizadas na aplicação dos pontos as
esferas magnéticas (ouro, prata ou bronze), cristais radiônicos, agulhas
intradérmicas ou auricular.
Na prática clínica, para iniciar a aplicação das sementes é
necessário a realização da assepsia da orelha com álcool 70% e algodão,
posteriormente detecção do ponto cuja estimulação gere dor à pressão
utilizando um apalpador. Caso desejar utilizar agulhas auriculares usa-se
pinça ou aplicador de agulhas auriculares, procede-se a punção do ponto
perpendicularmente de forma rápida sobre o ponto escolhido. Sugere-se
que as sessões devam durar em média de 10 a 20 minutos, totalizando
10 sessões o tratamento.
Os antigos mestres em acupuntura mantinham suas técnicas
de tratamento muitas vezes guardadas transmitidas apenas aos seus
discípulos privilegiados, razão pela qual não constam em manuais de
acupuntura. Exemplo desse segredo era o uso de três pontos iniciando
qualquer tipo de protocolo auricular. Essa técnica foi nomeada de“
auriculocibernética”. Consiste na aplicação dos seguintes pontos e nesta
ordem de colocação: (A) shemen, (B) Rim e (C) SNV (5).
O ponto shemen é bastante utilizado nas crises de dor, febre ou
mal-estar, podendo ser aplicado em ambas as orelhas. Os efeitos da
aplicação deste ponto são: (a)provoca no cérebro a produção de cargas
de hormônios naturais do tipo “endorfinas”, que aliviarão as dores e o
mal estar do paciente, produzindo efeito sedativo; (b) quando usado
com agulha o shemen pode diminuir dores agudas de coluna e cefaléias.
O ponto rim é o segundo ponto a ser usado, quando utilizado provoca
os seguintes efeitos: (a) estimula a filtragem do sangue pelos rins libertando
as tóxicas e propiciando melhores condições de circulação; (b) estimula as
funções do sistema respiratório aumentando o processo de metabolismo do
164 Terapia Ocupacional • Volume 4

oxigênio; (c) estimula as funções dos órgãos excretores, inclusive das glândulas
sebáceas e sudoríparas. Por último o ponto simpático que provoca os seguintes
efeitos: (a) acelera e regula as atividades do sistema neurovegetativo,
equilibrando as funções do simpático e do parassimpático, provocando
equilíbrio geral; (b) provoca vasodilatação tornando mais ativa a circulação
sanguínea quando recebe o estímulo de tonificação; (c) quando se aplica
em sedação, para analgesia ocorre a hemostasia nos locais de intervenção
cirúrgica e (d) age sobre os tecidos musculares provocando ação anti-
inflamatória, relaxamento ou tonificação das fibras músculo-tendinoso (5).

6 - Vantagens da Auriculoterapia.
São inúmeras as vantagens ao se utilizar a auriculoterapia como
tratamento, dentre elas salientamos;
- Rapidez e Eficácia: Em casos de pacientes que apresentam dores
musculoesqueléticas, a auriculoterapia favorecendo a analgesia e a dor
pode desaparecer em poucos minutos.
- Economia e Praticidade: a auriculoterapia é de baixo custo e sua
aplicação é rápida favorecendo atender maior números de pessoas que
necessitam de atendimento.
- Não apresenta efeitos colaterais: caso o tratamento não tenha
sucesso, não há risco de intercorrências, salvo quando se mantiver
agulhas acima do período necessário orientado pelo terapeuta, podendo
haver infecção no local.

7 - Aplicabilidade da Auriculoterapia no Campo da


Saúde - Relatos de Experiências.
7.1 - Aurciuloterapia como abordagem de cuidado em um CAPS de
Salvador/ Bahia.
A proposta atual da Reforma Psiquiátrica, no Brasil, tem como
objetivo a desinstitucionalização e a inclusão da pessoa com transtorno
mental nos diferentes espaços da sociedade, inclusive no trabalho. Dessa
forma, um dos maiores desafios para a área de saúde mental, sem dúvida,
é a construção de uma política voltada para a população com transtorno
mental que considere suas características peculiares e necessidades e que
siga os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos direitos humanos.
Nessa perspectiva, o novo modelo assistencial em saúde mental
prevê um serviço que busque integrar estas pessoas a um ambiente social
CAPÍTULO 9 165

e cultural concreto, designado como “território”, e que desenvolva ações


que proporcione independência na sua vida cotidiana, melhor adaptação
na família e na comunidade, direito a profissionalização, a saúde e
educação e lazer (11). Neste contexto, no ano de 2011 é instituída através
da Portaria MS/GM nº 3.088/11 a Rede de Atenção Psicossocial, a qual
dispõe sobre a organização e operacionalização das ações de cuidado em
saúde mental no âmbito do SUS.
Esta Rede é constituída por serviços de saúde que prestam
atendimento geral e especializado, no qual estão inseridos os Centros
de Atenção Psicossocial (CAPS). Os CAPS têm por finalidade prestar
atendimento diuturno às pessoas que sofrem transtornos mentais severos
e persistentes, num dado território, oferecendo cuidados clínicos e de
reabilitação psicossocial, evitando as internações e favorecendo o exercício
da cidadania e da inclusão social dos usuários e de suas famílias (12).
Partindo da necessidade de ampliação do cuidado em saúde mental e a
aplicabilidade de práticas que promovam a promoção da saúde, a prevenção
de agravos, melhora nas condições de bem-estar físico, mental e social e
a melhora da qualidade de vida do usuário surge uma nova modalidade de
acompanhamento do processo saúde-doença no SUS chamado de Práticas
Integrativas Complementares – PICs, que são sistemas médicos complexos
e recursos terapêuticos denominados pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) medicina tradicional e complementar/alternativa(3).
Assim, o presente estudo trata-se de relato de experiência sobre
a utilização da Auriculoterapia, em um CAPS de Salvador/Bahia, que
vem sendo utilizada desde agosto de 2016 como proposta de cuidado
em saúde mental realizada de forma complementar ao tratamento
biomédico tradicional do usuário com transtorno mental.
Tem seus princípios terapêuticos embasados na Medicina Tradicional
Chinesa e por ser a orelha uma região inervada e conectada ao sistema
nervoso central, os estímulos nela resultam em reações nos órgãos e
sistemas do corpo (órgãos, sentidos e emoções). A técnica foi escolhida
para ser utilizada como prática integrativa e complementar ao tratamento
do usuário porque oferece benefícios analgésicos, equilibrantes e
relaxantes, sem adição de qualquer droga ou química capaz de tornar a
pessoa dependente. Além disso, a auriculoterapia é uma técnica que pode
ser utilizada sozinha ou juntamente com outras terapias, tem baixo custo
financeiro, não causa efeitos colaterais, além de ser considerada eficaz e
rápida, ou seja, em poucas sessões já se observa os resultados.
A pesquisa aconteceu no CAPS, no período de setembro a dezembro
166 Terapia Ocupacional • Volume 4

de 2017, com a participação de 12 usuários do serviço. Os atendimentos


foram planejados para atender aos usuários com diagnóstico ocidental
de depressão, transtorno de ansiedade e síndrome do pânico. Foram
programadas 12 sessões para o grupo semanalmente, com a utilização
de sementes na orelha e não de agulhas. Inicialmente, foi realizada
avaliação individual de cada participante com objetivo de promover
escuta qualificada e humanizada do processo saúde e doença. No
primeiro encontro realizou-se explicação sobre os conceitos da
auriculoterapia, seu embasamento na MTC e fisiológico; a metodologia
que seria utilizada durante o tratamento e sobre os benefícios da
técnica. Associado as sessões, foi executado uma pesquisa bibliográfica
nas bases de dados, em livros, portarias e artigos científicos.
Ao final das 12 sessões, foi realizada a seguinte pergunta para
cada usuário integrante do grupo de atendimento. O que mudou na
sua vida após participar do atendimento de auriculoterapia? Como
resultado, observou-se que os usuários apresentaram melhora do quadro
clínico (ocidental), ou seja, diminuição da ansiedade, da insônia e da
medicação, melhor relação familiar, disposição para realizar atividades
domésticas, empoderamento social, entre outros. Também avaliaram
a PIC como indolor, segura e eficaz no tratamento proporcionando uma
melhora da qualidade de vida. Além disso, as sessões favoreceram
a realização de escuta acolhedora e o desenvolvimento de vínculo
terapêutico capaz de empoderar o sujeito para o seu ambiente social.
Para tanto, a utilização da auriculoterapia como uma PIC possibilitou
a efetivação dos princípios do SUS como a universalidade, acessibilidade,
continuidade do cuidado, a integralidade da atenção, responsabilização,
humanização, equidade e participação social, uma vez que possibilitou a
esta população excluída da sociedade, direito a uma abordagem holística
de saúde, e o empoderamento possibilitando a constituição de uma nova
forma de inclusão social e de produção de subjetividades.
Portanto, conclui-se que a auriculoterapia vem sendo utilizada
como prática de promoção, prevenção e tratamento de doenças e
tem sido cada dia mais expandida no campo da saúde coletiva, a
exemplo do CAPS. Contudo, faz-se necessária divulgação das PICs para
a população, apresentando sua eficácia e os benefícios, visto que nos
CAPS as PICs representariam uma estratégia para diminuir o excesso
de uso de medicação e consequentemente os efeitos colaterais, pois
medicalização tem-se constituído como uma das ferramentas de cuidado
no campo da saúde mental.
CAPÍTULO 9 167

7.2 - Aplicação prática da Auriculoterapia em projetos de extensão.


No município de Santos, litoral de São Paulo, foi desenvolvido em
2017 um trabalho com alunos universitários do curso de medicina em
um projeto de extensão que leva assistência às comunidades carentes,
Quilombolas, Ribeirinhos e povos indígenas do Estado do Mato Grosso.
A auriculoterapia foi incluída no programa de auxílio como uma
técnica simples e de baixo custo para os moradores dessas comunidades.
O trabalho de extensão visava a formação de multiplicadores na
própria comunidade para dar continuidade ao trabalho após a saída
dos universitários.
Foram desenvolvidas oficinas de capacitação para alguns membros
da comunidade com uma linguagem adaptada, explicando os conceitos
da MTC e citando apenas combinações de pontos para tratamentos dos
desequilíbrios mais prevalentes nas comunidades, neste caso depressão
e alcoolismo. Foi deixado alguns mapas com os multiplicadores e os
estímulos se davam por meio de palitos, pois algumas comunidades não
dispunham de esparadrapos, estiletes e pinças.
Os resultados foram muito positivos para ambos os lados. Da
parte dos alunos, a satisfação de contribuir com a comunidade e
deixar um conhecimento. Da parte dos membros das comunidades,
tiverem benefícios com a simplicidade da técnica e os agentes de saúde
aumentaram seu leque terapêutico para poder tratar as doenças.

Referências Bibliográficas.

1 - BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de práticas
integrativas e complementares no SUS: atitude de ampliação de acesso.
2 ed., 1. Reimpr. –Brasília: Ministério da Saúde, 2018.

2 RIZZO, M.V.; BECHARA, G.H. Acupuntura: Bases Cientificas e


Aplicações. Rev. Ciência Rural, v. 31, n. 6, 2001.

3 - CORDEIRO, A.T.; CORDEIRO, R.C. Acupuntura. Elementos


Básicos. São Paulo: Ensaio, 1992.

4 - AUTEROCHE, B.; NAVAILH, P. O diagnóstico na medicina


tradicional chinesa São Paulo: Andrei, 1992.
168 Terapia Ocupacional • Volume 4

5 - SOUZA, M.P. Tratado de Auriculoterapia. Brasília: Copyright, 2007.

6 - MACIOCIA, Giovanni. Os Fundamentos da Medicina Chinesa: Um


Texto Abrangente para Acupunturistas e Fitoterapeutas. 2 ed. São Paulo:
Roca, 2007.

7 - FONSECA, W.P. Acupuntura Auricular Chinesa. São Paulo:


Andreoli, 2011.

8 - HECKER, H,U.; STEVELING, A.; PEUKER, E.; KASTNER, J.;


LIEBCHEN, K. Atlas Colorido de Acupuntura: Pontos Sistêmicos, Pontos
Auriculares e Pontos Gatilho. Rio de Janeiro: GUANABARA KOOGAN, 2007.

9 - GARCIA, E.G. Auriculoterapia. São Paulo, Roca, 2006.

10 - FARIAS, F. Auriculoterapia segundo a reflexologia. Santa


Catarina: FETT educação e ensino LTDA, 2017.

11 - BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA N.o 10.216, DE 06


DE ABRIL DE 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial
em saúde mental. Brasília, 2001. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm. (Acesso em: 10-07-2017).

12 - BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde Mental no SUS:
os centros de atenção psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
ANEXO 1
AURÍCULOTERAPIA PARA REDUÇÃO DE DOR E
ANSIEDADE EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO
DE BENEDITINOS, PIAUÍ - RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Lara Susan Silva Lima
(LIMA, L.S.S.,; SANTOS, G.D.; RIBEIRO, R.A.; FEITOSA, L.C.)

1 - INTRODUÇÃO
As práticas integrativas complementares (PICS) existentes no
Sistema Único de Saúde (SUS) tiveram origem desde os anos 70 com a
primeira Conferência de Saúde e, no Brasil no ano de 1986 com a Oitava
Conferência Nacional de Saúde, mas essas práticas só foram aprovadas
pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC)
com a portaria nº 971 de 03 de maio de 2006.
As PICS têm como propósito estimular práticas naturais em
prevenção de agravos e recuperação da saúde enfatizando a escuta
acolhedora e desenvolvendo um vínculo terapêutico, além de integração
do ser humano com o meio ambiente e sociedade.
Diversas práticas integrativas vêm ganhando espaço na
Atenção Básica, dentre elas a Fitoterapia, Homeopatia, Meditação,
Musicoterapia, Reiki, Quiropraxia, Biodança, Yoga, Ayurveda, Shantala,
Acupuntura, Auriculoterapia, dentre outras (1; 4).
A auriculoterapia integra a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e
consiste em utilizar o pavilhão auricular como um microssistema, ou
seja, ao estimular pontos específicos na orelha, produzem efeitos à
distância no corpo humano, sendo assim indicada, por exemplo, em
casos de alívio imediato de dor, ansiedade, estresse e depressão. É um
procedimento que utiliza, para a estimulação dos pontos, instrumentos
como agulhas, sementes de mostarda e imãs tendo como objetivo a
prevenção e cura de doenças (2; 5).
É uma ferramenta de baixo custo e se mostra vigorosa para o dia-a-
dia, já que permite atender um grande número de usuários do SUS, pois
sua aplicação é rápida e prática.
170
ANEXO 1 171

Esse trabalho tem como objetivo descrever um relato de experiência


dos efeitos da prática da auriculoterapia na diminuição e/ou cessação da
dor e ansiedade nos profissionais de saúde da cidade de Beneditinos, Piauí.

2 - METODOLOGIA
Trata-se de um relato de experiência de um trabalho realizado
no município de Beneditinos – Piauí com a implantação de um grupo de
cuidado utilizando a auriculoterapia como ferramenta para o cuidado em
saúde em profissionais da secretaria municipal de saúde do município.
O grupo contou com a participação de 34 profissionais, entre eles,
agentes comunitários de saúde, agentes de endemias, técnicos de
enfermagem, motoristas, recepcionistas, vigias e auxiliares de limpeza.
O grupo foi composto por 27 profissionais do sexo feminino e 07 do sexo
masculino com faixa etária entre 23 e 72 anos, apresentando diferentes
condições de saúde decorrentes de estresse e ansiedade.
Foram realizados dez atendimentos semanais que aconteciam durante
as terças feiras no Centro de Fisioterapia do município no período de
outubro a dezembro de 2017. Durante o primeiro encontro todos os usuários
foram informados pelas fisioterapeutas através de palestra informativa de
dez minutos com uso de folders sobre a prática da auriculoterapia e seus
benefícios, em seguida passaram por avaliação através de ficha elaborada
pela equipe para a coleta de queixas e condições de saúde, além de
informações como o uso de medicamentos e antecedentes familiares.
Em seguida, todos passaram pela aplicação da auriculoterapia,
assim como nos nove encontros seguintes. De maneira geral, os
pontos mais utilizados foram ansiedade, coluna, cefaléia, she men,
relaxamento muscular, fígado e coração.
Para a aplicação das sementes, primeiramente o paciente era
posicionado sentado e a partir daí, realizada a higienização do pavilhão
auricular com algodão e álcool 70% e, com o uso do apalpador o aplicador
localizava os pontos reativos e aplicavam-se as sementes fixadas com
microporo de marca ‘neve’, com ajuda de pinça para auriculoterapia.
Os usuários foram orientados quanto à retirada dos pontos 24
horas do atendimento e no caso de alergia ou desconforto, a retirada
imediata das sementes.
Ao final das dez sessões os pacientes foram submetidos a uma escala
para avaliar de zero a dez a evolução e melhora da queixa principal onde
zero era nenhuma melhoria e dez era melhora dos sintomas.
172 Terapia Ocupacional • Volume 4

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
O uso de sementes para aplicação no pavilhão auricular é uma técnica
que vem sendo bastante empregada. Um estudo realizado por Kurebayashi
(2017) em profissionais de enfermagem elegeu a auriculoterapia com o uso
de semente vantajosa por causar menos desconforto (2; 6).
Segundo Kurebayash (2017), quando se estimula o ponto reflexo
na orelha pode-se conseguir uma ação de alívio de sintomas em partes
distantes do corpo o que proporciona ativação de fibras nervosas causando,
consequentemente a liberação de endorfinas no sangue e o alívio da dor.
Através dos relatos obtidos, nesse estudo, foi possível verificar que a
prática introduzida é importante não apenas como uma forma complementar,
mas também no tratamento coadjuvante de diversas patologias.
A auriculoterapia, por não possuir efeitos colaterais é extremamente
indicado. Segundo MENDONÇA et al (2011), ressalta que os benefícios desse
tratamento são mais eficazes que o farmacológico. Além de obter melhores
resultados em menor tempo e a melhora da qualidade de vida (3).
Os participantes desse estudo relataram, de maneira geral,
melhora das dores, melhora da qualidade do sono, que muitas vezes era
interrompido por dores durante a noite, além do melhor desempenho
nas suas respectivas atividades.
Alguns participantes deram os seus depoimentos ao final dos
atendimentos de auriculoterapia:
“O.V.S., diz ter tido melhora nas dores lombares e ansiedade. ”
“R.A.S., relata melhora do refluxo e da falta de sono. ”
Diante dos relatos podemos observar a importância, a
reprodutibilidade e os resultados positivos da prática de auriculoterapia
como uma alternativa no tratamento de dores e ansiedade.

4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, apesar das práticas biomédicas ainda predominarem, a prática
da auriculoterapia, assim como as outras práticas integrativas, vem ganhando
espaço e conquistando mais adeptos e sendo cada vez mais procurada e aceita
pelos usuários graças aos efeitos positivos e a melhora significativa dos sintomas.
Dessa forma, este trabalho vem reforçar a importância das
práticas integrativas complementares no SUS para o cuidado integral
do usuário, e a contribuição das mesmas para a diminuição do uso
desenfreado de medicamentos.
ANEXO 1 173

Referências Bibliográficas.

1 - Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n.971, de 03 de maio de


2006. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/
prt0971_03_05_2006.html. Acesso em 20 de jan.2018.

2 - Kurebayashi LFS, Turrini RNT, Souza Talita PB, Marques CF,


Rodrigues RTF, Charlesworth K. Auriculoterapia para redução de
ansiedade e dor em profissionais de enfermagem: ensaio clínico
randomizado. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2017;25:e2843.

3 - MENDONÇA, P. V.; EUFRÁSIO, V. P. S.; GAIOSO, V.S.; CAMPOS,


A. O. Benefícios da Acupuntura no Tratamento da Cervicalgia – uma
Revisão Bibliográfica. Anais do XV Encontro Latino Americano de Iniciação
Cientifica (INIC) e XI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação –
Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP). São Jose dos Campos, SP, 2011.

4 - Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC-SUS. Brasília:
Ministério da Saúde; 2006, disponível em: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_praticas_integrativas_
complementares_2ed.pdf acesso em 20 de jan.2018.

5 - PIEL, L. H. S.; SILVÉRIO-LOPES, S. M. Tratamento da cefaléia


crônica com acupuntura auricular. Anais do IV Simpósio Paranaense de
Acupuntura e Fisioterapia (SIPAF). Curitiba, PR, 2006.

6 - TESSER, C. D.; NEVES, M. L. & SANTOS, M. C. Módulo 1:


Introdução à formação em auriculoterapia. In: BRASIL. Ministério da
Saúde. Formação em auriculoterapia para profissionais de saúde da
atenção básica. Florianópolis: USFC, 2016.
ANEXO 2
PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO
CAMPO DA SAÚDE MENTAL: A EXPERIÊNCIA DA ATUAÇÃO
TERAPÊUTICA OCUPACIONAL UTILIZANDO A YOGA COMO
RECURSO TERAPÊUTICO.

Clarissa Dantas de Carvalho

1 - Introdução.
Este texto consiste no relato da experiência de uma terapeuta
ocupacional e o uso das práticas integrativas complementares (PICS) ao
longo de sua trajetória profissional. Ao longo do texto, fica evidente a
potencialidade destas práticas de cuidado a saúde, tanto na atenção
primária junto as comunidades, quanto na atenção especializada nos
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), além de proporcionar aos
sujeitos a ampliação da auto percepção, estimulando o protagonismo na
produção da saúde individual e coletiva.
As PICS são um conjunto de racionalidades em saúde e recursos
terapêuticos que abordam o processo saúde e doença em uma perspectiva
holística. As práticas têm por objetivo estimular mecanismos naturais de
prevenção de agravos e recuperação da saúde, ampliando a oferta e as
opções terapêuticas para um novo modelo de atenção à saúde e cuidado
aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2012C).
No Brasil, a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC) foi instituída em 2006 com a publicação da
Portaria nº 971. Trata-se de uma estratégia do Ministério da Saúde (MS)
para implantação de ações e serviços relativos às PICS no Sistema Único
de Saúde (SUS) em todo território nacional (BRASIL, 2006A).
A PNPIC contribuiu para o fortalecimento dos princípios
fundamentais do SUS e configura-se como marco decisivo no processo de
institucionalização destas abordagens. Fazendo o resgate de práticas mais
antigas, sem negar os avanços da medicina convencional, passando a ser
referência para a estruturação das PICS no sistema de saúde brasileiro.

175
176 Terapia Ocupacional • Volume 4

Sendo regida por diretrizes para normatizar e oficializar a prática da


Homeopatia, Acupuntura, Fitoterapia, Termalismo e Antroposofia.
Em março de 2017, Portaria nº 849 do Ministério da Saúde (MS)
ampliou a PNPIC adicionando a Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança
Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia,
Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga.
A resolução nº 380 de 2010 do Conselho Federal de Fisioterapia
e Terapia Ocupacional (COFFITO) que regulamenta o uso das PICS
pelo Terapeuta Ocupacional vem colaborar no atual cenário de saúde
pública para atuar nos campos da prevenção de agravos e da promoção,
manutenção e recuperação da saúde baseada em modelo de atenção
humanizado e centrado na integralidade do indivíduo.
Assim, o objetivo deste relato está em apresentarmos a
experiência da atuação terapêutica ocupacional no âmbito da saúde
mental em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), junto a um grupo
destinado a pessoas com transtorno de ansiedade utilizando como
recurso terapêutico, a pratica integrativa complementar Yoga.
Os CAPS são as estruturas basilares da Rede de Atenção
Psicossocial, constituindo-se como principal estratégia do processo de
Reforma Psiquiátrica para concretização das novas práticas. Oferecem
atenção especializada na perspectiva do acolhimento e reintegração
social e familiar, para reinserir os indivíduos em seu território, e
promover a autonomia (Brasil, 2004).
Deste modo a utilização das técnicas da Yoga como recurso
terapêutico inovador efetivo no campo da saúde mental, possibilita aos
indivíduos a auto observância ativa, promovendo a compreensão do sujeito
em sua totalidade, em um equilíbrio corpo, mente e emoções. Segundo
Kupfer 2001, Yoga em sânscrito significa união, mas igualmente significa
aplicação e trabalho, ou seja, Yoga seria o meio e o fim nele mesmo.
Assim como complementa Sparrowe 2002, o Yoga nos ensina a dar
atenção ao que acontece no corpo, a sentir as emoções e a se soltar. Nos
mostra que nada é permanente, que os sentimentos não são você.
Logo, a relevância deste relato está em possibilitar uma reflexão
sobre a utilização das práticas integrativas complementares no âmbito da
saúde. Analisar os efeitos da pratica do Yoga, como abordagem corporal
buscando validá-la como recurso terapêutico ocupacional junto a pessoas
com transtorno de ansiedade, a fim de restabelecer como indivíduos em
sua integralidade, levando-se em conta os aspectos biopsicossociais.
ANEXO 2 177

2 - Metodologia.
O relato de experiência se deu em um Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS) do tipo 1, localizado no município de Itaitinga/
Ceará. Vivenciada durante o período de Abril de 2017 a Março de 2018.
Utilizou-se como método de pesquisa a observação participante.
Segundo Flick7, a observação participante efetiva-se em obter acesso ao
campo e às pessoas, tornando mais concreto os aspectos essenciais da
pesquisa. Este tipo de observação tem a possibilidade de captar vários
detalhes, situações ou fenômenos diretamente ligados à realidade.
O sujeitos envolvidos foram usuários do próprio serviço que já
participavam do grupo terapêutico que possuíam diagnostico transtorno
de ansiedade generalizada, sendo a amostra definida em 15 participantes
adultos, de ambos os sexos, em sua maioria do sexo feminino.
O grupo terapêutico foi conduzido pela terapeuta ocupacional e
pela psicóloga do serviço em questão. O tempo de cada sessão eram de
duas horas e trinta minutos.
A sessão dividia-se em dois momentos: O primeiro contava com
a pratica de técnicas da Yoga composta pelos seguintes elementos:
ásanas (posturas), pranayamas (exercícios respiratórios), yoga nidrá
(relaxamento), Dhyana (Meditação). O segundo dispunham de um
instante para usuários expressarem seus sentimentos, as situações de
conflito e adoecimento presenciadas em seus cotidianos, bem como
compartilhar através do grupo modos de enfrentamento e modificação
de tais realidades utilizando as técnicas do Yoga no dia a dia.

3 - Análise e Discussão.
Iniciávamos a sessão grupal proporcionando um ambiente tranquilo
e acolhedor com músicas instrumentais com sons da natureza. Os
participantes dispunham-se em círculo onde realizávamos as posturas
de Yoga em pé, em seguida sentávamos para a pratica dos exercícios
respiratórios, pouco a pouco criava-se uma atmosfera de serenidade e
quietude interna. Logo após dávamos início ao relaxamento, propiciando
aos usuários um momento de auto observação, levando-os a perceber
e descontrair cada parte de seus corpos, e ao final conduzia-os a um
instante de imersão no silencio - prática da meditação.
Ao término da pratica conversávamos sobre a impressões dos
usuários sobre os exercícios utilizados na sessão, quais sensações eram
178 Terapia Ocupacional • Volume 4

percebidas em corpos, mentes e emoções. Explicávamos os objetivos das


técnicas utilizadas e incentivamos a sua pratica em seus cotidianos.
Os usuários passaram a aderir as técnicas em seu dia a dia. Dentre
estas estavam em sua maioria os exercícios respiratórios para o alivio de
dores, preocupações e de angustia. Utilizando como ferramentas pratica
de relaxamento diante dos acontecimentos cotidianos.
Para Hermógenes (1988) na Yoga, a respiração é muito mais do que
um fato fisiológico, é também psicológico e prânico, sendo o único processo
duplamente voluntário e involuntário. Reconhecendo a possibilidade de a
respiração agir sobre nossa subjetividade, pode-se observar clara relação
entre o ritmo respiratório e cada mudança de padrão emocional.
Na inquietude mental e emocional observa-se a respiração
acelerada. Ao passo que ao estarmos mais tranquilos física, mental e
emocionalmente nota-se a respiração mais lenta. Assim, com exercícios
respiratórios voluntariamente controlados, tornamos a respiração mais
lenta e induzimo-nos à tranquilidade.
Dentre os benefícios adquiridos ao logo da realização das sessões
do grupo terapêutico, refletiam diretamente na vida dos participantes
a redução dos sintomas da ansiedade, melhoria da qualidade do sono,
além do aumento da disposição e do equilíbrio emocional. As técnicas
possibilitaram ainda a maior auto percepção, modificação de suas condutas
e melhor enfretamento das dificuldades que sucediam em seus cotidianos.
A ressignificação do indivíduo em seu contexto foi trabalhada por
esse importante recurso utilizado pelo terapeuta ocupacional, como
parte das PICS. Segundo Benetton (2003) Intervenções diretas ao modo
de vida do sujeito trata-se de construir ou recuperar a dignidade da
experiência e da ação cotidiana. Benetton dar-nos a noção de cotidiano
como o que se realiza, como se realiza, com quem e onde se realiza,
como é apreciado pelo sujeito e pelos os mesmos que o rodeiam.
A Yoga mostrou ser um importante recurso utilizado pelo
terapeuta ocupacional, quer seja como atividade corporal, ou pelos
tantos outros fatores que trabalha. Assim, neste processo, o sujeito
pôde se perceber de forma continuada.
Para Almeida 2004, p.11, “corporeidade e terapia ocupacional
estão relacionadas a um corpo criação, que a cada nova experiência
o corpo se remodela, possibilitando novas percepções de mundo e
consequentemente, produz uma força política e transformadora. Todo
novo corpo é um sujeito no mundo.”
Assim, verificamos que a utilização da Yoga contribuiu para o
ANEXO 2 179

enfrentamento de situações, sendo uma abordagem de cuidado efetivo,


assegurando a participação e a aquisição de autonomia dos sujeitos. Isso
possibilitou a reflexão sobre estratégias de promoção da saúde com base
nas PICS e a ruptura de paradigmas comuns à saúde mental.

4 - Considerações Finais.
A atuação do terapeuta ocupacional junto as PICS é de extrema
importância, colaborando assim para o fortalecimento destas práticas no
SUS, buscando validá-las como meio alternativo de tratamento, a fim de
restabelecer os indivíduos em sua integralidade.
Podemos verificar que a proposta das PICS são tecnologias de
cuidado inovadoras, que contribuem para a reflexão e enfrentamento de
situações de conflito no cotidiano; um modelo de cuidado efetivo, gerador
de vida, para entre outros objetivos, assegurar a aquisição de autonomia.
Isso permite ao sujeito ocupar um novo espaço, ampliar as fronteiras da
auto percepção, do vivido e de apropriação da sua própria história.

Referências Bibliográficas.

1 - ALMEIDA, M.V.M. Corpo e arte em terapia ocupacional. Rio de


Janeiro:Enelivros; 2004.

2 - BENETTON, J. Hábitos, cotidiano e terapia ocupacional.Revista


do centro de estudos de terapia ocupacional,n.8,2003.

3 - FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. 3. ed. Porto Alegre:


Artmed; 2009.

4 - HERMÓGENES, J. Auto Perfeição com o hatha yoga, 27 edição,


Rio de Janeiro:Record;1988

5 - KUPFER, P.Yoga prático. Florianópolis; Dharma;2001.

6 - Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde


mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília: Ministério da
Saúde; 2004.

7 - SPARROWE, L. O livro de yoga e saúde para a mulher: Um


manual de bem estar para a vida inteira. São Paulo; Pensamento; 2002.
IV - APÊNDICE
Cartilha de Apoio para a Inserção de Terapeutas
Ocupacionais nos Programas e Serviços
Públicos de Saúde e Assistência Social.
Realização
Câmara Técnica Sócio-Sanitária - Crefito 3:
• Adriana Fernandes - Fisioterapeuta
• Caroline Firmino Pierini - Fisioterapeuta
• Fernanda Laís Ribeiro - Terapeuta Ocupacional
• Adriana Oliveira - Fisioterapeuta
• Luany Maldonado Orsi - Terapeuta Ocupacional
• Nelsilene do Amaral - Fisioterapeuta
- Coordenação:
• Susilene Maria Tonelli Nardi – Terapeuta Ocupacional
• Jonatas da Silva Souza - Fisioterapeuta

Apresentação
Essa Cartilha foi idealizada e construída com o propósito de
selecionar quais as leis, resoluções e programas do Ministério da Saúde
e do Ministério da Assistência Social que contemplam a inserção dos
profissionais nos serviços públicos.
A Cartilha foi finalizada em 2017 pela Câmara Técnica Sócio
Sanitária (CTSS) do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional de Terceira Região - Crefito 3.
Nessa Cartilha, os profissionais já vinculados ao serviço público,
poderão se apropriar do regimento dos programas e verificar as
atribuições do Terapeuta Ocupacional em cada programa implantado
em seu município. Há também a possibilidade de, com a cartilha em
mãos, Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas e a própria população,
sensibilizarem os gestores para a implantação dos programas em seu
município e ou reivindicar a melhoria dos serviços e a contratação de
profissionais para garantir mais qualidade no atendimento à população.
Cabe aqui ressaltar que o Terapeuta Ocupacional tem uma inserção
e ação muito ampla na Assistência Social e compõe juntamente com

182
183

outros profissionais, a equipe do Programa Consultório na Rua, o Centro


de Referência de Assistência Social (CRAS), o Centro de Referência
Especializado em Assistência Social (CREAS) e os projetos de Proteção
Social Especial.
Esperamos que esta Cartilha sirva de base para juntos
construirmos uma rede pública de atenção mais eficiente nas propostas
e efetiva nos resultados.

Cartilha disponível em:


http://www.crefito3.org.br/dsn/pdfs/manuais/Cartilha_Elaboracao_
de_Projetos_Captacao_de_Recursos_Final_Expansao.pdf
Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde – CIF:
Considerações para Terapeutas Ocupacionais.

Adriano Conrado Rodrigues

Esse capítulo têm como objetivo mostrar a CIF de forma simples


e aplicada, em consonância com o universo da Terapia Ocupacional,
e assim despertar o interesse, bem como dar subsídios para que o
profissional se aproprie, e passe a empregar a CIF em sua rotina
profissional, aprofundando seus estudos, na medida de sua necessidade.
Aproprie-se, e bons estudos!

1 - Apresentação.
Assim como o médico estabelece o diagnóstico clínico de doenças,
distúrbios ou outras condições de saúde, determinando o código CID-10
(Classificação Internacional de Doenças – Décima revisão), O Terapeuta
Ocupacional estabelece o diagnóstico funcional e incapacidades associadas
aos estados de saúde, determinando o código CIF. Essas duas classificações
quando combinadas, podem determinar maior acertividade nas condutas e
gerar evidência para o monitoramento da saúde da população.
A CIF (assim como a CID-10) pertence à “família” das classificações
internacionais desenvolvidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
para aplicação em vários aspectos da saúde. Dessa forma, fornece
um sistema para a codificação de uma ampla gama de informações,
e possibilitando uma linguagem comum padronizada, que permite
sobretudo a comunicação universal para uma atenção adequada à saúde.
Conforme a nomenclatura, temos os seguintes conceitos teóricos:
Funcionalidade é um termo que abrange todas as funções do corpo,
atividades e participação;
Incapacidade é um termo que abrange deficiências, limitação de

185
186 Terapia Ocupacional • Volume 4

atividades ou restrição na participação.


A CIF também relaciona os fatores ambientais, na interação com
esses conceitos.
Como resultado, a CIF permite ao profissional o registro de perfis úteis
da funcionalidade, incapacidade e saúde dos indivíduos em vários domínios.
A adentrar no universo da CIF, três aspectos me chamam a atenção:
primeiro, a similaridade dos constructos da CIF, com os Constructos da
própria Terapia Ocupacional; segundo, a importância de se estabelecer
uma linguagem universal, e a uniformidade de nomenclaturas e
termos para caracterizar o diagnóstico funcional; e terceiro, a própria
estrutura e objetividade da classificação, quando a consideramos como
instrumento, uma vez que a classificação depende da avaliação. E nesses
aspectos, conduzirei a discussão a seguir.

Tabela 1. Uma visão geral da CIF


187

2 - CIF - Conceitos teóricos / Constructos (componentes).


DEFINIÇÕES
• Funções do corpo são as funções fisiológicas dos sistemas
orgânicos (incluindo as funções psicológicas).
• Estruturas do corpo são as partes anatómicas do corpo, tais como,
órgãos, membros e seus componentes.
• Deficiências são problemas nas funções ou nas estruturas do
corpo, tais como, um desvio importante ou uma perda.
• Atividade é a execução de uma tarefa ou acção por um indivíduo.
• Participação é o envolvimento de um indivíduo numa situação
da vida real.
• Limitações da atividade são dificuldades que um indivíduo pode
ter na execução de actividades.
• Restrições na participação são problemas que um indivíduo pode
enfrentar quando está envolvido em situações da vida real
• Factores ambientais constituem o ambiente físico, social e
atitudinal em que as pessoas vivem e conduzem sua vida.
• Fatores pessoais são o histórico particular da vida e do estilo
de vida de um indivíduo e englobam as características do indivíduo que
não são parte de uma condição de saúde ou de um estado de saúde.
Esses factores podem incluir o sexo, raça, idade, outros estados de
saúde, condição física, estilo de vida, hábitos, educação recebida,
diferentes maneiras de enfrentar problemas, antecedentes sociais, nível
de instrução, profissão, experiência passada e presente, (eventos na
vida passada e na actual), padrão geral de comportamento, carácter,
características psicológicas individuais e outras características, todas
ou algumas das quais podem desempenhar um papel na incapacidade
em qualquer nível. Os factores pessoais não são classificados na CIF.
No entanto, eles contribuem com fatores que podem influenciar os
resultados das várias intervenções.

Em acordo com as definições acima, a CIF se organiza basicamente


em duas partes, cada uma com dois componentes:

Parte 1. Funcionalidade e Incapacidade


(a) Funções do Corpo e Estruturas do Corpo
(b) Actividades e Participação
188 Terapia Ocupacional • Volume 4

Parte 2. Factores Contextuais


(c) Factores Ambientais
(d) Factores Pessoais

Cada componente pode ser expresso em termos positivos e negativos.


Cada componente contém vários domínios e em cada domínio há
várias categorias, que são as unidades de classificação.
A saúde e os estados relacionados com a saúde de um indivíduo
podem ser registados através da selecção do código ou códigos
apropriados da categoria e do acréscimo de qualificadores, códigos
numéricos que especificam a extensão ou magnitude da funcionalidade
ou da incapacidade naquela categoria, ou em que medida um factor
ambiental facilita ou constitui um obstáculo.
Na figura abaixo, observamos a Atividade como centro do processo
de interação entre os componentes da CIF, onde todos os componentes
têm o potencial de modificar um ou mais elementos.

Fig 1. Interação entre os componentes da CIF.

3 - CIF - Linguagem Universal.


Nesse tópico, cito a CIF como uma referencia de linguagem
técnica, e não somente de classificação. Se apropriar da CIF, possibilita
ao terapeuta ocupacional se apropriar de suas terminologias, e assim
utilizá-las em acordo com sua prática.
189

Na tabela abaixo (dos ítens candidatos para uma tabela mínima


- CIF) vemos bons exemplos, onde inclusive caberá ao profissional
mensurar o desempenho nessas áreas, para dados de classificação:

Tabela 2. Dados da CIF sugeridos como mínimos e ideais para


sistemas de informação de saúde ou para inquéritos de saúde.

Como podemos observar nos itens da tabela, uma vez avaliada e


detectada uma alteração de desempenho em uma determinada área ou
domínio, caso esteja dentro das prerrogativas profissionais isso passa a
ser objetivo de tratamento. Nesse processo, outras avaliações podem
ser associadas em acordo com a necessidade, direcionando a condutas e
abosdagens específicas.

4 - CIF - Estrutura e Objetividade da Classificação.


4.1 - Processo de Classificação.
A CIF utiliza um sistema alfanumérico no qual as letras b, s, d e e são
utilizadas para indicar Funções do Corpo, Estruturas do Corpo, Actividades e
190 Terapia Ocupacional • Volume 4

Participação e Factores Ambientais. Essas letras são seguidas por um código


numérico que começa com o número do capítulo (um dígito), seguido pelo
segundo nível (dois dígitos) e o terceiro e quarto níveis (um dígito cada).

Para exemplificar o processo de classificação, vou escolher um


domínio que a Terapia Ocupacional têm grande proximidade, inclusive
como prerrogativa: Auto cuidados.

Primeiro Nível:
Atividades e Participação
Capítulo 1 Aprendizagem e aplicação do conhecimento
Capítulo 2 Tarefas e exigências gerais
Capítulo 3 Comunicação
Capítulo 4 Mobilidade
Capítulo 5 Auto cuidados
Capítulo 6 Vida doméstica
Capítulo 7 Interacções e relacionamentos interpessoais
Capítulo 8 Áreas principais da vida
Capítulo 9 Vida comunitária, social e cívica

Segundo Nível:
Atividades e Participação
Capítulo 5 Auto cuidados
d510 Lavar-se
d520 Cuidar de partes do corpo
d530 Cuidados relacionados com os processos de excreção
d540 Vestir-se
d550 Comer
d560 Beber
d570 Cuidar da própria saúde
d598 Auto cuidados, outros especificados

4.2 - Classificação detalhada com definiçõe:


Ex. Capítulo 5 Auto cuidados
Este capítulo trata dos auto cuidados como lavar-se e secar-se,
cuidar do corpo e de partes do corpo, vestir-se, comer e beber e cuidar
da própria saúde
d510 Lavar-se Lavar e secar todo o corpo, ou partes do corpo,
utilizando água e produtos ou métodos de limpeza e secagem
191

apropriados, como por exemplo, tomar banho em banheira ou chuveiro,


lavar mãos e pés, cara e cabelo; e secar-se com uma toalha Inclui: lavar
partes do corpo, todo o corpo; e secar-se
Exclui: cuidar de partes do corpo (d520); cuidados relacionados
com os processos de excreção (d530)
d5100 Lavar partes do corpo aplicar água, sabão e outras
substâncias a partes do corpo com o objectivo de as limpar, como por
exemplo, mãos, cara, pés, cabelo ou unhas
d5101 Lavar todo o corpo aplicar água, sabão e outras substâncias
a todo o corpo com o objectivo de o limpar, como por exemplo, tomar
um banho de banheira ou um duche
d5102 Secar-se usar uma toalha ou outros meios para secar
alguma parte ou partes do corpo, ou todo o corpo, como por exemplo,
após ter-se lavado
d5108 Lavar-se, outro especificado
d5109 Lavar-se, não especificado

4.3 - Inserção dos qualificadores


Os códigos da CIF só estão completos com a presença de um
qualificador, que indica a magnitude do nível de saúde (por exemplo,
gravidade do problema). Os qualificadores são codificados com um, dois
ou mais dígitos após um ponto separador. A utilização de qualquer código
deve ser acompanhada de, pelo menos, um qualificador. Sem eles, os
códigos não têm significado.
Assim, o primeiro qualificador das Funções e Estruturas do Corpo,
os qualificadores de desempenho e capacidade (para Actividades e
Participação), e o primeiro qualificador dos Factores Ambientais,
descrevem a extensão dos problemas no respectivo componente.
Todos os três componentes classificados na CIF (Funções e
Estruturas do Corpo, Actividades e Participação e Factores Ambientais)
são quantificados através da mesma escala genérica:

NÃO há problema (nenhum, ausente, insignificante) 0-4%


Problema LIGEIRO (leve, pequeno, ...) 5-24%
Problema MODERADO (médio, regular, ...) 25-49%
Problema GRAVE (grande, extremo, ...) 50-95%
Problema COMPLETO (total, ...) 96-100%
Não especificado
Não aplicável
192 Terapia Ocupacional • Volume 4

4.3.1 - Quando se deve usar o qualificador de desempenho e o


qualificador de capacidade.
Qualquer um dos qualificadores pode ser utilizado para cada uma
das categorias das listas. No entanto, as informações transmitidas são
diferentes em cada caso.
Quando ambos os qualificadores são utilizados, o resultado é uma
agregação de dois constructos, i.e.:
d4500. 2 __
d4500.2 1
d4500. __ 1
Se apenas um qualificador é utilizado, o espaço não utilizado deve
ser deixado em branco.
O código descrito com um qualificador, já valida a classificação,
e opcionalmente a partir dessa “matriz”, opcionalmente outros
qualificadores podem ser associados.
Ainda referente aos qualificadores, a atualização da classificação ao
longo do processo terapêutico e a observação clínica sobre a alteração dos
valores, pode ser um excelente indicador da evolução do paciente.

5 - Considerações Finais
Há que se considerar o volume de informações contida na CIF. Por
um lado, isso subsidia o profissional à um olhar integral ao indivíduo. Por
outro, torna o instrumento complexo e pouco prático na aplicabilidade.
Porém, com a prática na aplicação e conseqüente familiaridade a partir
dessa prática, aplicar a classificação, bem como torná-la presente no
processo terapêutico vai ficando mais fácil e rápido.
Idealizada e desenvolvida pela OMS, a CIF traz a confiabilidade
desse órgão, que também norteia as “boas práticas” do SUS. Esse
certamente é um dado que credencia a CIF como um instrumento de
referência para a Terapia Ocupacional, que inclusive, dado o exposto
acima, “conversa” com as políticas públicas de Saúde do Brasil.
E assim finalizo esse overview sobre a CIF e sua aplicação,
sugerindo o aprofundamento nos estudos sobre a seus Componentes,
Domínios e Constructos, bem como a sugestão de ter a CIF sempre a
mão para consulta (no formato que lhe for mais conveniente), completo,
como disposto para acesso no link abaixo.
Acesse a versão completa da CIF em:
http://www.inr.pt/uploads/docs/cif/CIF_port_%202004.pdf
APRESENTAÇÃO
MINI-CURRÍCULOS DOS AUTORES/COLABORADORES,
EM ACORDO COM A IDENTIFICAÇÃO NUMÉRICA EM
SOBRESCRITO.

AUTOR E ORGANIZADOR
1. Adriano Conrado Rodrigues - Terapeuta Ocupacional.
• Graduação – Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCCAMP.
• Especialização em Terapia da Mão – Associação dos Terapeutas
Ocupacionais do Estado do Rio de Janeiro, 1998.
• Mestre em Ciências da Reabilitação Neuromotora – Universidade
Bandeirante de São Paulo/CAPES, 2005.
• Vice-presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional da Terceira Região - Crefito 3 (Gestão 2016-2020) - Sistema
Coffito-Crefitos.
• Professor Titular da Universidade de Sorocaba – UNISO, Curso de
Terapia Ocupacional - 2003 à 2007. Disciplinas de Patologia Aplicada;
Órteses, Próteses e Adaptações; Terapia Ocupacional em Saúde Física;
Práticas Institucionais e Comunitárias; Estágio Profissional de Terapia
Ocupacional em Saúde Física.
• Preceptor da Primeira Residência Multiprofissional em Saúde da
Família, Casa de Saúde Santa Marcelina / Universidade Santa Marcelina -
Categoria Terapia Ocupacional - 2004.
• Coordenador do curso de pós graduação lato sensu “Reabilitação
Funcional do Membro Superior – Especialização em Terapia da Mão” –
Universidade de Sorocaba / Conjunto Hospitalar de Sorocaba (2006, 2007).
• Terapeuta Ocupacional (Concursado Público Estadual Efetivo) do
Instituto de Medicina Física e Reabilitação – IMREA – HC – FMUSP (2008).
• Autor de artigos em revistas científicas relacionadas a Neurociências e
Reabilitação.
• Consultor de Gestão em Saúde; Home Care; Empresário - 2008/dias atuais.
• Sócio-Fundador da Associação Brasileira de Terapia Ocupacional Neuro-
Traumato-Ortopédica (Abratoneto).

194
195

AUTORES COLABORADORES
2. Ana Maria D. O. Belleza – Fonoaudióloga.
• Especialização em Motricidade Oral – Disfagia. (Centro de
Especialização de Fonoaudiologia Clínica – CEFAC).
• Aprimoramento e Especialização em Cuidados Paliativos (Pinus
Longæva Saúde e Educação).
• Pós-graduanda em Saúde do Idoso (SES - SP - Telemedicina USP/HC).
• Ex-Fonaudióloga do Programa Médico da Família – Serviço de
Atendimento ao Acamado – Prefeitura Municipal de Sorocaba – SP.
• Fonaudióloga na Prefeitura Municipal de Araçoiaba da Serra– SP.
• Fonoaudióloga na Clínica de Fonoaudiologia de Sorocaba.
• Membro integrante do Conselho do Idoso de Araçoiaba da Serra.
• Membro integrante da ABRAZ - Associação Brasileira de Alzheimer.
• Articuladora do NEPH (Núcleo de Educação Permanente) de Araçoiaba
da Serra – SP.

3. Annie Betune Ramalhão – Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Saúde Pública – Universidade Federal de São Carlos
• Mestre em Ciências ênfase Ensino em Saúde – Universidade Federal de
São Paulo – Escola Paulista de Medicina.
• Foi Professora Titular do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade
de Sorocaba.
• Analista do Instituto Nacional do Seguro Social - Responsável Técnica
pela Reabilitação Profissional Gerência em Piracicaba – SP.

4. Fábio Jakaitis – Fisioterapeuta.


• Especialista em Fisiologia do Exercício – Extensivo, do Departamento de
Fisiologia da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina.
• Fisioterapeuta do Hospital Israelita Albert Einstein.
• Coordenador de curso - Pós Graduação em Terapia Aquática do
Hospital Israelita Albert Einstein.

5. Gisele Pellegrini – Fonoaudióloga.


• Especialista em Motricidade Oral – Centro de Especialização de
Fonoaudiologia Clínica – CEFAC.
• Foi Fonoaudióloga do Centro de Reabilitação Sagrado Coração de Jesus.
• Aprimoramento em Saúde Coletiva e em Uti Neonatal.
• Fonoaudióloga - Equipe NASF – Associação Saúde da Família.
196 Terapia Ocupacional • Volume 4

6. Luciane Garcia Corrêa Padovani – Terapeuta Ocupacional.


• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de
Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.
• Especialização em Reabilitação aplicada a neurologia Infantil – Unicamp.
• Coordenadora do Centro de Equoterapia Camaster – Itu, SP.
• Home Care.

7. Marina Rodrigues Camargo – Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em Reabilitação Funcional dos Membros Superiores –
Universidade de Sorocaba.
• Curso Multiprofissional do Sono – Universidade Federal de São Paulo –
Escola Paulista de Medicina.
• Foi Terapeuta Ocupacional da Casa de Saúde Santa Marcelina –
Programa Saúde da Família – PSF.
• Foi Terapeuta Ocupacional do SECONCI-SP
• Terapeuta Ocupacional - Equipe NASF – Associação Saúde da Família.

8. Renata Aparecida Conejo – Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Terapia Ocupacional em Saúde Mental, Departamento
de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo.
• Curso de Prótese pela OttoBock do Brasil.
• Aluna especial na F.C.M. Universidade de Campinas – UNICAMP –
Disciplina cursada: Tópicos de neurologia.
• Terapeuta Ocupacional do Conjunto Hospitalar de Sorocaba – CHS.
• Professora Titular do curso de Terapia Ocupacional da Sociedade
Cultural e educacional de Itapeva - FAIT.

9. Sandra Helena Iglesias Cordeiro Leite – Fisioterapeuta.


• Diretora Técnica/Administrativa da Clínica de Fisioterapia SHL.
• Foi Membro da equipe da Área Técnica de Saúde da Pessoa com
Deficiência – CODEPPS/Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.
• Foi Assessora Técnica de Reabilitação na Região Leste de São Paulo.

10. Renata Schoedler – Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Reabilitação das mãos e Membros Superiores.
• Foi Terapeuta Ocupacional do Instituto de Medicina Física e
Reabilitação – HCFMUSP.
• Foi Terapeuta da Mão do setor de Ortopedia do Hospital Israelita
Albert Einstein.
197

• Equipe de Cirurgia da Mão do Dr. Rames Mattar.

11. Daniel Marinho Cezar da Cruz – Terapeuta Ocupacional.


• Mestre e Doutor em Educação Especial pela Universidade Federal de
São Carlos -UFSCar.
• Docente Adjunto do Departamento de Terapia Ocupacional e do
Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional (Mestrado) da
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar.

12. Adriana Garcia Tosta Vieira – Fisioterapeuta.


• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de
Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.
• Método Kabat.
• Mobilização Neural.
• Especialização em Reabilitação Aplicada a Neurologia Infantil
– Unicamp.
• Fisioterapeuta do Centro de Equoterapia Camaster.
• Fisioterapeuta Hospital Vera Cruz de Campinas.
• Home care.

13. Célia Aparecida Tomba – Psicóloga.


• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de
Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.
• Psicóloga clínica.
• Psicóloga do centro de Equoterapia Camaster.
• Equoterapeuta na AMAI (Associação Amigos do Autista de Itu).

14. Eduardo Peres Honório – Educador Físico.


• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de
Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.
• Educador Físico e Instrutor de Equitação do Centro de Equoterapia
Camaster.
• Educador Físico prefeitura de Salto, SP.

15. Marussia Fialho Hamsi Caridá – Psicopedagoga.


• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de
Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.
• Psicopedagoga do centro de Equoterapia Camaster.
• Psicopedagogia Clínica.
198 Terapia Ocupacional • Volume 4

16. Roberta Abduch Rolim Credidio – Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Gerontologia pelo Centro Universitário São Camilo.
• Especialista em Terapia da Mão pela Universidade de São Paulo.
• Terapeuta Ocupacional do Instituto Central do Hospital das Clínicas,
atuando em seu projeto de implantação.
• Supervisora de estágio da universidade de São Paulo.

17. Daniela Nascimento Augusto – Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Gerontologia pela Universidade Federal de São Paulo.
• Terapeuta Ocupacional do Residencial Israelita Albert Einstein.
• Supervisora do estágio da Universidade Federal de São Carlos.
• Auxiliar coordenação da Pós Graduação em Gerontologia do Hospital
israelita Albert Einstein.

18. Silvia Regina Rocha – Psicóloga.


• NASF – Associação Saúde da Família.
• Secretaria Estadual da Saúde (SES).

19. Maria Luiza Santa Cruz - Psicóloga.


• Coordenadora de NASF pela Associação Saúde da Família (ASF).
• Apoiadora da PNH (Política Nacional de Humanização).
• Formadora de apoiadores institucionais da PNH na UP/SP Capital em
dupla com Cristina Vicentin; Membro do Comitê do Pró-Saúde.
• Ex-integrante da equipe de SM do PSF na FÓ/ Brasilândia e Casa
Verde/Cachoeirinha/Limão de outubro/98 a novembro de 2008 (que se
dissolveu com a chegada do NASF).

20. Walter Augusto Bahia Pereira – Médico Psiquiatra


• Psicoterapia de Orientação Psicanalítica.
• CAPS Infantil – Associação Saúde da Família.

21. Carmen Ligia Cucê Nobre – Médica Pediatra.


• Médica Pediatra do NASF Silmarya, Associação Saúde da Família, desde 2009.
• Médica generalista do Programa da Saúde da Família, Fundação
Faculdade de Medicina, de 2002 a 2009.
• Especialização em Medicina Antroposófica, pela Associação Brasileira de
Medicina Antroposófica, a nível de pós-graduação latu senso, desde 2002.
• Mestrado na área de Educação em Saúde, Universidade Paulista, em 1998.
• Pediatra, Sociedade de Pediatria de São Paulo, desde 1979.
199

22. Keila Raquel – Terapeuta Ocupacional.


• NASF – Associação Saúde da Família.
• CAPS Infantil – SPDM.

23. Janaína Eleutério Martins - Fonoaudióloga.


• NASF – Associação Saúde da Família.
• Aprimoramento em Linguagem - PUC SP.
• Preceptora do Programa de Educação pelo Trabalho - PET Saúde.

24. Maria Luiza Rezende - Médica Homeopata.


• NASF – Associação Saúde da Família.
• Especialista pela Associação Médica Homeopática Brasileira - AMHB.

25. Viviane de Mancilha Lima - Fisioterapeuta.


• NASF – Associação Saúde da Família.
• Especialista em Fisioterapia Pediátrica - UNICID.

26. Luiza Franco - Assistente Social.


• NASF – Associação Saúde da Família.
• Secretaria Estadual da Saúde (SES).

27. Julia Hatakeyama Jóia - Psicóloga.


• Pós-graduando da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo -
Tutor pelo Programa Pró-Saúde (Programa Nacional de Reorientação da
Formação Profissional em Saúde).

28. Adriano de Oliveira - Psicólogo.


• Pós-graduando da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo -
Tutor pelo Programa Pró- Saúde (Programa Nacional de Reorientação da
Formação Profissional em Saúde).

29. Carolina Cimardi Becker - Terapeuta Ocupacional.


• Experiência em Estimulação Precoce, Deficiência Intelectual, Autismo,
grupos e atendimentos individuais.
• Programa de Iniciação Científica em Deficiência Intelectual e
Desenvolvimento na Primeira Infência.
• Terapeuta Ocupacional do Caps II - Ibiúna/SP.
• Pós Graduação em Terapia Ocupacional - Uma Visão Dinâmica em
Neurologia.
200 Terapia Ocupacional • Volume 4

30. Cristina Maria Quaggio - Terapeuta Ocupacional.


• Pós Graduação em Ciências, pela Coordenadoria de Controle de
Doenças/SES (2005), com título de Mestre; • Doutoranda em Biologia
Oral pela Universidade do Sagrado Coração.
• Atualmente está como Conselheira Suplente no Conselho Regional de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional- CREFITO 3 - Gestão 2016-2020.
• Docente ( 2001- atual) e Coordenadora do Curso de Terapia
Ocupacional ( 2010- atual) da Universidade do Sagrado Coração -Bauru.
• Terapeuta Ocupacional do Instituto de Pesquisa Lauro de Souza Lima,
na área de Hanseníase.
• Especialização em Terapia Ocupacional, com ênfase em Terapia da Mão.

31. Jamile Cristina Albiero Silva - Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em Saúde Coletiva - USP.
• Especialização em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana - FIOCRUZ.
• Atualmente trabalha na Saúde Mental, Assistência e Gestão de Serviços.

32. Mariane Aparecida Terssoni da Conceição - Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em Saúde Mental pela Universidade Dom Bosco (2015).
• Atuou no processo da Desinstitucionalização da cidade de Sorocaba
desde 2014.
• Terapeuta Ocupacional do SUAS na APAE da cidade de Sorocaba.
• Consultório particular.

33. Priscilla Regina Cordeiro - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Ensino em Ciências da Saúde pela UNIFESP/BS.
• Aperfeiçoamento em Terapia Ocupacional em Saúde Mental pela USP
(USP-HCRP).
• Especialização em Formação de Preceptores para o SUS pela UNIFESP.
• Colaboradora Externa na Câmara Técnica de Saúde Mental
- CREFITO-3.
• 2013-2015 Terapeuta Ocupacional em CAPS III.
• 2015-2017 Gestora em CAPS III em São Bernardo do Campo/SP.
• 2017 - Gestora em CAPS II no município de São Paulo.
• 2014- 2017- Docente e tutora no Programa de Residência Multiprofissional
e Psiquiatria no SUS - Município de São Bernardo do Campo.

34. Talita Cristina de Moraes - Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em Processos Educacionais na Saúde com Ênfase
201

em Facilitação de Metodologias Ativas de Ensino-Aprendizagem pelo


Instituto de Ensino e Pesquisa - Sírio Libanês.
• Especialização em Ergonomia pela Universidade Gama Filho - UGF.
• Terapeuta Ocupacional da Prefeitura Municipal de Sorocaba - SP.
• Supervisora de Saúde na Equipe da Coordenação de Saúde Mental e Membro
da Equipe de Desinstitucionalização de Sorocaba - SP (2014 - 2017)

35. Leonardo Costa Lima - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP).
• Assessor técnico da Saúde da pessoa idosa da Coordenadoria Regional
de Saúde Oeste (São Paulo). • Experiência clínica, acadêmica e como
palestrante em saúde mental, artes e gerontologia.
• Integra o Laboratório Interinstitucional de Atividades Humanas e TO e
o Laboratório de Estudos e Pesquisa Arte e Corpo e TO.

36. Sandra Volpi - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho -
UNESP - Botucatu (2009).
• Atualmente é supervisora da Seção Técnica de Reabilitação - Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Hospital das Clinicas.
• Terapeuta Ocupacional na Clinica Somatus.
• Tem experiência na área de pesquisa e ensino do Conceito Bobath,
Integração sensorial, Kinesiotaping, confecção de órteses para Membros
Superiores e Tecnologia Assistiva.

37. Maria de Mello - Terapeuta Ocupacional.


• Terapeuta Ocupacional, UFMG, 1990.
• Pós-Doutora pela University of Florida em Tecnologia Assistiva e
Educação à Distância, 2006
• Doutora pela UNIFESP com ênfase em Tecnologia Assistiva e Geriatria, 1999.
• Mestre em Ciências e Tecnologia Assistiva pela University of New York
at Buffalo, 1995.
• Especialista em Tecnologia Assistiva pela University of New York at
Buffalo, 1994.
• Especialista em Seating and Positioning – Adequação Funcional/Postural
em Cadeira de Rodas pela University of New York at Buffalo, 1995.
• Especialista em Economia da Saúde pela UNIFESP, 2002.
• Ex-Fellow do Hospital Helen Hayes em Seating and Positioning, 1997.
202 Terapia Ocupacional • Volume 4

• Membro do Comitê de Tecnologia Assistiva da Secretaria de Direitos


Humanos da Presidência da República, desde sua criação, 2006;
• Consultora em Política Pública para Pessoas com Deficiência e Pessoas
Idosas, desde 1996.
• Diretora Científica da ABRIDEF – Associação Brasileira das Indústrias e
Revendedores de Produtos e Serviços para as Pessoas com Deficiência, 2012.
• Consultora Internacional em Tecnologia Assistiva, 1993.

38. Fábia Cilene Dellapiazza - Terapeuta Ocupacional.


• Coordenadora clínica APAE Nova Odessa/SP 2000/2003.
• Curso de especialização em MTC/Acupuntura reconhecida pelo
COFFITO no CECIC – Piracicaba conclusão 2009.
• Curso multidisciplinar em Fitoterapia pela Conbrafito – Conselho
Brasileiro de Fitoterapia –SP ano conclusão 2010.
• Conselheira Municipal da Saúde da Cidade Americana/SP período
2016/2020.

39. Cândida Luzzo - Terapeuta Ocupacional.


• Especialização Órtese em Neuro-Ortopedia pela Universidade de São
Paulo(2011)
• especialização em Especialização em Terapia da Mão pela Universidade
de São Paulo(2000).
• Atualmente é Terapeuta Ocupacional da Hospital das Clínicas da Fmusp
e Terapeuta Ocupacional do Fito Fisicoterapia S C Ltda.

40. Tatiani Marques - Terapeuta Ocupacional.


• Atualmente é responsável pelo setor de terapia da Mão e Membro
Superior - LMR- Clinica Ortopédica e terapeuta ocupacional do Instituto
Lauro de Souza Lima.
• Responsável pelo programa de aprimoramento profissional - PAP - área
de Terapia Ocupacional na reabilitação física.
• Tem experiência na área de Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
com ênfase em Terapia Ocupacional e Terapia da Mão, atuando
principalmente nos seguintes temas: órtese -terapia ocupacional,
reabilitação, terapia da mão e hanseníase.
• Realizou estágio de aperfeiçoamento na Philadelphia - EUA (
Philadelphia hand center) e Winnipeg - Canadá ( Health Science Centre),
Chicago hand Center -Northwestern Hospital.
• Professora Convidada da Pós Graduação em Reabilitação do membro
203

Superior e Terapia da Mão: USP-SP , UFSCAR LAFATEC - SP, Inspirar RS e


CURITIBA; Estácio de Sá - Rio de Janeiro/RJ.

41. Cíntia Schwab - Terapeuta Ocupacional.


• Pós-graduada em Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica pela
PUC-Rio.
• Formação em Entrevista Motivacional por treinadores oficiais do
Motivational Interviewing Network of Trainers.
• Formação em Integração Sensório-Motora pela Artevidade Terapia
Ocupacional. Nos EUA, fez formação em Sensory Modulation &
Trauma-Informed Care e em Weighted Blanket pelo Center for Human
Development com Tina Champagne, em Sensorimotor Psychothetapy L1
pelo Sensorimotor Psychoterapy Institute e em Accelereted Experiential
Dynamic Psychotherapy (AEDP) pelo AEDP Institute.
• Atualmente, está em concluindo o nível 2 da Sensorimotor
Psychotherapy em Barcelona-ES e da AEDP em Nova Iorque.
• Atendimentos clínicos e treinamentos - Niterói-RJ.

42. Antonia Alice de S. Fonseca - Terapeuta Ocupacional.


• Pós-Graduação em Terapia Ocupacional aplicada à Neurologia.
• Experiência em Reabilitação Neuropediátrica, em avaliação e
estimulação visual de crianças, por 5 anos na Associação de Assistência à
Criança Deficiente – AACD.
• Experiência em estimulação precoce e reabilitação/habilitação de
pessoas com deficiência visual em Centro Especializado em Reabilitação
(CER IV – São Bernardo do Campo).
• Formação em Orientação e Mobilidade pelo Centro de Tecnologia e
Inclusão/SP no ano 2017.
• Participação em cursos de Avaliação Funcional da visão e Deficiência
Visual Cortical.

43. Márcia Conceição Abbamonte - Psicóloga.


• Especialização em Psicoterapia Breve pela Universidade Paulista em 2015.
• Experiência em atendimento clínico de crianças, adultos, adolescentes
e idosos (clínica particular e conveniada).
• Psicóloga da Equipe de Reabilitação Visual do Centro Especializado em
Reabilitação (CER IV – São Bernardo do Campo) desde fevereiro de 2016.
204 Terapia Ocupacional • Volume 4

44. Helenice de Oliveira - Pedagoga.


• Técnica em Orientação e Mobilidade pela Fatec em 2011.
• Curso de Extensão e Alteridade, Universidade Mackenzie, 2012. A
Inclusão da criança com Surdocegueira e deficiência múltipla.
• Pedagoga no atendimento educacional especializado com programa
educacional individualizado, enfase na orientação e mobilidade.
• Técnica em Orientação e Mobilidade da Equipe de Reabilitação Visual
do Centro Especializado em Reabilitação (CER IV – São Bernardo do
Campo) desde julho de 2017.

45. Evelyn Kirckov de Sousa - Terapeuta Ocupacional.


• Curso Integração Sensorial - Infantil – 2010.
• Curso - Atendimento à Criança com Deficiência visual: da avaliação
funcional à inclusão escolar - 2017.
• Curso Compreendendo as disfunções do processamento visual na
integração sensorial em 2017.
• Curso CIF- Classificação Internacional de Funcionalidade –2012.
• Experiência como Terapeuta Ocupacional coordenadora de oficina
e de voluntariado de setembro de 2007 a janeiro 2011 no Instituto
Beneficente Paulo de Tarso.
• Terapeuta Ocupacional na Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais de São Paulo (APAE) de agosto de 2011 a setembro 2014.
• Terapeuta Ocupacional no Núcleo Educacional de março de 2012 a
dezembro 2015.
• Terapeuta Ocupacional na Clínica de Desenvolvimento Especializado de
setembro de 2013 a maio de 2015.
• Terapeuta Ocupacional da Reabilitação Visual no Centro Especializado em
Reabilitação (CER IV – São Bernardo do Campo) desde maio de 2015.

46. Aide Mitie Kudo - Terapeuta Ocupacional.


• Pós-graduação lato sensu em Administração em Serviço de Saúde/
Administração Hospitalar pela Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo (2000).
• Supervisora de Serviço Hospitalar e coordenadora do Serviço de Terapia
Ocupacional do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP.
• Implantou o Serviço de Terapia Ocupacional e a Brinquedoteca do
Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP.
• Participou do Multi-professional Master Class in Children´s Palliative Care
organizado pela International Children s Palliative Care Network / ICPCN.
205

• Faz parte do Grupo Técnico de Humanização do Instituto da Criança,


do Núcleo Técnico e Científico de Terapia Ocupacional do Hospital das
Clínicas FMUSP e do Núcleo Técnico de Cuidados Paliativos do Hospital
das Clínicas da FMUSP.
• Autora dos livros Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional em
Pediatria Ed. Sarvier e O Hospital pelo Olhar da Criança pela editora Yendis.
• Tem experiência na área de Terapia Ocupacional em contexto
hospitalar pediátrico e cuidados paliativos.

47. Mônica Estuque Garcia Queiroz - Terapeuta Ocupacional.


• Experiência na área de Terapia Ocupacional, a nível público e privado,
com ênfase em Cuidados Paliativos (CP), Unidade de Terapia Intensiva
(UTI), Atendimento Domiciliar e Pacientes crônicos.
• Coordenadora do NùcIeo Integrado de Cuidados Paliativos - domiciliar
e hospitalar do Instituto de Infectologia Emilio Ribas (SP) há 13 anos.
• Terapeuta Ocupacional do Hospital TotalCor, com atuação direcionada
para a UTI junto a pacientes crônicos, em CP e internação prolongada.
• Proprietária e responsável técnica da Empresa TOCare..
• Consultora técnica do Programa Nacional DST/AIDS em Cuidados
Paliativos em AIDS, do Ministério da Saúde do Brasil (2001-2006).
• Palestrante em cursos, simpósios e congressos na área de Terapia
Ocupacional em Cuidados Paliativos e UTI..
• Co-organizadora do livro Dor e Cuidados Paliativos - Terapia
Ocupacional e Interdisciplinariedade, além de outras publicações em
livros e periódicos.
• Especialização em Pedagogia e Didatica do Ensino Superior.
• Docente do Instituto Paliar; Docente do Curso de Terapia Ocupacional
do Centro Universitário Padre Anchieta (Jundiaí - SP) e supervisora de
estágio na área hospitalar e clínica (2008~2013); Docente da disciplina
optativa Terapia Ocupacional em dor e cuidados paliativos no Centro
Universitário São Camilo (2009 e 2011); Docente da especialização em
Contextos Hospitalares em Terapia Ocupacional da USP-RP no módulo de
infectologia e dor e cuidados paliativos; Docente responsável pelo curso
de extensão “Dor e cuidados paliativos” do UniAnchieta (2010 e 2011).
• Colaboradora na Associação Viva e Deixe Viver na formação de
voluntários quanto ao Processo de Morrer - lidando com as perdas.
• Sócia-funddadora e membro da diretoria (1a secretária) da
Associação Científica de Terapia Ocupacional em Contextos
Hospitalares e Cuidados Paliativos.
206 Terapia Ocupacional • Volume 4

• Vice- Presidente da ATOESP ( Associação de Terapeutas Ocupacionais do


Estado de São Paulo / gestão 2013-2016).

48. Carolina Maria do Carmo Alonso - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da USP (2009).
• Doutoranda do Programa de Engenharia de Produção da COPPE-UFRJ
no Brasil em co-tutela com o Institut d’Etudes du Travail de Lyon na
École doctorale Sciences Sociales da Université Lumière Lyon 2 - França.
• Professora assistente do Departamento de Terapia Ocupacional da
UFRJ e integra os grupos de pesquisa: Desenvolvimento de Produtos e
Processos (COPPE - UFRJ) e Trabalho, Tecnologia e Organização (Dept.
de Engenharia de Produção da POLI-USP).
• Experiência de pesquisa e docência em Terapia Ocupacional com
ênfase em Ergonomia e Saúde do Trabalhador, Trabalho em Equipe
Multiprofissional, Estratégia Saúde da Família, Atenção Básica, formação
para o SUS e reabilitação na atenção primária.

49. Renata Rocha - Fisioterapeuta.


• Especialização em fisioterapia respiratória e Acupuntura.
• Fisioterapeuta especialista em acupuntura .
• Conselheira suplente do Crefito 3 / SP.
• Coordenadora do CERVI - São Bernardo do Campo.

50. Gisele Monnerat Tardin - Terapeuta Ocupacional.


•, Atua como Terapeuta Ocupacional na Equipe de Reabilitação
Profissional no INSS de São Bernardo do Campo, desde 2008.

51. Caio Cesar Benetti Filho - Médico.


• Docente da Universidade do Oeste Paulista.
• Experiência em Neuropediatria e atua em Neuropediatria.

52. Patricia Leite de Oliveira - Terapeuta Ocupacional.


• Gestora na empresa Maxximiza Consultoria em Inclusão e Acessibilidade.
• Coordenadora de RH e Treinamentos sendo responsável por
Recrutamento e seleção de pessoas com deficiência e de pessoas sem
deficiência, treinamento e capacitação de pessoas com deficiência,
sensibilização para a convivência com pessoas com deficiência, gestão
de pessoas com deficiência, mapeamento de cargos, mapeamento
de acessibilidade, participação em projetos de acessibilidade,
207

acompanhamento pós colocação de pessoas com deficiência, programas


internos de inclusão e diversidade, conhecimento das legislações vigente
sobre a inclusão de pessoas com deficiência em vários segmentos.
• Atendimento ao cliente com deficiência, suporte para estratégias em
marketing na atração e na valorização do consumidor com deficiência.
• Conhecimento em áudio-descrição e língua brasileira de sinais.

53. Patrícia Luciane Santos de Lima- Terapeuta Ocupacional.


• Pós Graduada Lato Sensu em Deficiência Visual (1998).
• Pós Graduada Lato Sensu em Deficiência Física (1998).
• Mestre em Psicologia da Infância e da Adolescência pela Universidade
Federal do Paraná (2004).
• Ocupou o Cargo de Chefe do Serviço de Terapia Ocupacional do
Hospital de Clínicas da UFPR de 2000/2004, e de 2008/2012.
• Vasta experiência em Saúde do Trabalhador, atuando como Perita Judicial
em diversos Processos e Varas, em todo âmbito Estadual, desde 2001.
• Participou da Comissão de Implantação do Curso de Terapia
Ocupacional Da Universidade Federal do Paraná 1998/2000 e da
Comissão de Estudos e Acompanhamento do Projeto Pedagógico do Curso
de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Paraná 2000/2003.
• Foi Colaboradora na Comissão de Educação do Crefito 8 Gestão
2002/2006.
• Conselheira Efetiva do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional da 8 ª Região - Crefito 8 - Gestão 2006/2010, integrante da
Comissão de Ética e Deontologia.
• Empossada Conselheira Federal Efetiva do Conselho Federal de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO - Gestão 2012/2016.
• Eleita Vice Presidente do Conselho Federal De Fisioterapia e Terapia
Ocupacional COFFITO - Gestão 2016/2020.
• Atualmente é Terapeuta Ocupacional da Universidade Federal do
Paraná, atuando no Âmbito Assistencial em saúde mental no Hospital de
Clínicas, na Preceptoria da Residência em Saúda Mulher e na Supervisão
Técnica do Serviço de Terapia Ocupacional, desde 2012.

54. Luis Ferreira Monteiro Neto - Fisioterapeuta / Educador Físico.


• Especialista em Bases fisiológicas e biomecânicas do exercício Físico.
• Especialista em Fisioterapia do trabalho - Coffito.
• Mestre em Engenharia Biomédica.
• Doutor em Ciências da Saúde.
208 Terapia Ocupacional • Volume 4

• Docente das Faculdades Integradas Padre Albino - FIPA.


• Formação Internacional em IASTM e Crochetagem Mio-aponeurótica
de Ekman.
• Idealizador do Método Myofascial Release.

55. Priscila Blasquez da Costa Leite - Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Terapia da Mão pelo Departamento de Ortopedia e
Traumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo –
FM/USP (2016).
• Mestranda em Saúde Pública, ênfase em Saúde, Trabalho e Ambiente
pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação
Oswaldo Cruz – ENSP/FIOCRUZ.
• Experiência em Terapia Ocupacional na Reabilitação Física, Terapia da
Mão, Saúde do Trabalhador e Ergonomia.
• Atualmente, é Professora Substituta do Departamento de Terapia
Ocupacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro - DTO/UFRJ. Ministra
a disciplina optativa de Terapia Ocupacional em Membros Superiores,
supervisiona estágio no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – HUCFF/
UFRJ e na Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador – CPST/UFRJ.

56. Fernando Vicente de Pontes - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo
• Especialista em Terapia da Mão e Reabilitação do Membro Superior
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
• Capacitado em Confecção e Manutenção de Órteses e Próteses para
Membros Inferiores e Adequação Postural em Cadeiras de Rodas pelo
Ministerio da Saúde / Sorri Bauru
• Terapeuta Ocupacional do Grupo de Mão e Micro-cirurgia e Reimplantes
do IOT - HC - FMUSP
• Docente do curso de especialização em Terapia da Mão e Reabilitação
do Membro Superior EEP - HC - FMUSP
• Supervisor do Programa de Aprimoramento Profissional de Terapia
Ocupacional em Traumato-Ortopedia EEP - HC - FMUSP
• Membro titular e secretario (gestão 2018-2019) da Sociedade Brasileira
de erapia da Mão e do Membro Superior.

57. Otávio Augusto Folha - Terapeuta Ocupacional.


• Professor da Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da
209

Universidade Federal do Pará.


• Especialista em Docência da Educação Superior pela UEPA.
• Mestre em Neurociências e Biologia Celular pela Universidade Federal do Pará.
• Doutorando em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de
São Carlos.
• Membro do Grupo de Pesquisa Laboratório de Estudos em Ciência
da Ocupação/ CNPQ, apresentando interesse de pesquisa na área de
fundamentos da Terapia Ocupacional, Ciência da Ocupação, Atenção
Primária em Saúde, Neuroplasticidade, entre outros.

58. Alessandro Rodrigo Pedroso Tomasi - Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Oeste
do Paraná (2008).
• Mestrado em Biociências e Saúde, com ênfase em políticas de saúde,
pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2013).
• Doutorando em Estudos do Lazer pela Universidade Federal de Minas
Gerais (início em 2015).

59. Bruno Souza Bechara Maxta - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública/
Fundação Oswaldo Cruz (2007).
• Possui Residência em Saúde da Família e Comunidade pela
Universidade Federal de São Carlos (2009), sendo Espelialista em Terapia
Ocupacional na Saúde da Família pelo Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional (2012).
• Tem experiência no campo da Saúde Coletiva e no campo da Economia
Solidaria.
• Docente do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).

60. Rachel Azulay Leite - Terapeuta Ocupacional.


• Artista plástica desde 1995.
• Arteteeducadora, tendo lecionado em escola particular e oficinas de
arte pelo SESC, prefeitura e Estado.
• Desenvolveu um trabalho especial em brinquedo sucata.
• Empreendedora na área de artesanato e ministra cursos.
• Capacitação em Arteterapia pela Vivare, iniciou formação pelo ateliê
Cláudia Brasil e Pós Graduação em Arteterapia pela Censupeg.
• Desenvolve trabalho em saúde mental e estimulação cognitiva
210 Terapia Ocupacional • Volume 4

utilizando as atividades expressivas como principal ferramenta, em


atendimento particular e com as famílias de crianças com distúrbios de
desenvolvimento neuromotor na Casa de Apoio Ninar (SUS).

61. Márcia de Souza Rodrigues - Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Saúde Mental.
• Especialista em Didática Universitária.

62. Ângela Maria Cecim de Souza Castro Lima - Terapeuta Ocupacional.


• Residência em Terapia Ocupacional pela AACD de São Paulo em 1998.
• Vice-presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional da Décima Sexta Região - Crefito 16.
• Especialista em Psicomotricidade pela Universidade do Estado do Pará
em 2001.
• Preceptora da Residência Multiprofissional do Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão - HU UFMA.
• Hospital Universitário Materno Infantil pela EBSERH e no Hospital
Municipal de Urgência e Emergência Djalma Marques. (atual)

63. Lídia Seade Vieira Maia - Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Psicomotricidade pela Universidade do Estado do Pará.
• Sócia e fundadora da empresa Porthal Holístico Centro de Terapias
Complementares, desde 2007.
• Mestra em Reiki nos sistemas: Tradicional Usui e Tibetano, Karuna
Reiki®, Seikim, Isis Seikim e Osho.
• Colunista na Revista Troppo do Jornal “O Liberal” com a coluna “Estilo
zen”, de Setembro/2008 a Abril/2013.
• Professora de Terapias Holísticas no CESEP (2005/2009) e na
Faculdade Ipiranga.
• Consultora de Xuan Kong Feixin Feng Shui, Numerologia Pitagórica,
Radiestesista e Radiônica.
• Terapeuta nas modalidades: Meditação, Qi Gong, Cromoterapia,
Florais, Massoterapia Ayurvédica, Oriental e Shiatsu.

64. Maria de Nazareth Mendes - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Saúde Materno Infantil, Universidade Federal do Maranhão
– UFMA.
• Especialista em Desenvolvimento Humano e Reabilitação, Universidade
Federal de Pernambuco -UFPE.
211

• Especialista em Gestão Empresarial, pela Faculdade Santa Terezinha-CEST.


• Especialista em Administração dos Serviços de Saúde- UNAERP.
• Mestre no Sistema Reiki Tradicional Usui e Tibetano – Nível 3.
• Ministrante de cursos de Shantala.
• Docente do Curso de Terapia Ocupacional da Faculdade Santa Terezinha
– CEST (1998 a 2010).
• Atualmente Diretora Acadêmica da Faculdade Santa Terezinha – CEST.
• Atua em Terapia Ocupacional com Consultorias, Atendimento
Domiciliar e Consultório.

65. Socorro de Maria Castro - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Maranhão
– UFMA.
• Especialista em Metodologia do Ensino Superior –UFMA.
• Especialista em Desenvolvimento Humano e Reabilitaçao-UFPE.
• Ministrante de cursos de Shantala.
• Mestre no Sistema Reiki Tradicional Usui e Tibetano –Nível 3.
• Principais aperfeiçoamentos: Neurodesenvolvimento BOBATH, BABY
COURSE , Facilitação Neuromuscular – KABAT, Integração Sensorial (em
desenvolvimento).
• Terapeuta Ocupacional da Uti neonatal do Hospital Universitário
Materno Infantil de Sao Luís – MA (2002 a 2010).
• Docente do Curso de Terapia Ocupacional e Coodenadora para o
Desenvolvimento dos Estágios da Faculdade Santa Terezinha – CEST (2001 a 2010).
• Participou como monitora da capacitação em Atençao Humanizada ao
Recém Nascido de Baixo Peso – Metodologia Canguru.
• Atualmente mora em Tenerife na Espanha, atuando como consultora
e ministrando cursos de formação para Terapeutas Ocupacioanais das
UTI neonatais.
• Autora do livro: Organização Neurocomportamental do bebê prematuro
na UTI neonatal.

66. Fernanda Cristina Ferreira de Camargo - Fisioterapeuta.


• Fisioterapeuta da Liga Nacional do Sono.
• Atuou como Fisioterapeuta no Hospital Terciario em Itapecerica da Serra.
• Atuou como Fisioterapeuta no Hospital e Maternidade São Luiz.
• Atuou como Fisioterapeuta no Hospital do Servidor Público Estadual.
• Diretora executiva da Physical Care.
212 Terapia Ocupacional • Volume 4

67. Evelin Cristina Cadrieskt Ribeiro Mello - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado em Bioengenharia pelo Programa Interunidades Escola de
Engenharia de São Carlos / Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto /
Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo.
• Experiência de atuação no campo da saúde mental como coordenadora
de oficinas terapêuticas voltada para deficientes intelectuais. e
experiência de atendimentos de crianças com transtornos mentais no
Centro de Atenção Psicossocial Infantil de Guarulhos.
• Trabalhou como terapeuta ocupacional no Departamento de
Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.
• Foi membro fundadora da Associação Beneficente Amigos da Arca de
Sorocaba, na qual atuou como coordenadora administrativa de projeto
de inclusão de pessoas com deficiência intelectual.
• Atualmente é docente do curso de Terapia Ocupacional
da Universidade de Sorocaba, ministrando as disciplinas de
Desenvolvimento Adulto, Próteses, Órteses e adaptações e Práticas em
terapia ocupacional IV.

68. Vanessa Ferracini - Fisioterapeuta.


• Supervisora assistencial na Physical Care, São Paulo: Unidades Jardins
e Itaim Bibi.
• Especialista em RPG.
• Especialista em Quiropraxia.

69. Ana Rita Costa de Souza Lobo Braga - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde pela
Universidade de Brasília (2013).
• Atualmente é professor titular da Universidade de Brasília - UnB e
participa do Grupo de Estudo e Pesquisa em Atividade Motora Adaptada
na Faculdade de Educação Física - UnB.
• Possui experiência na área de Terapia Ocupacional em Neurologia
Infantil, Inclusão Escolar e Educação.

70. Luciana Diniz Freitas- Terapeuta Ocupacional.


• Terapeuta Ocupacional da Força Aérea Brasileira - FAB.
• Técnica em Desenho Industrial – projeto de produtos (2003).
Especialização em Tecnologia Assistiva pela Faculdade de Ciências
Médicas de Minas Gerais (2006).
213

• Fez residência na Associação de Assistência à Criança Deficiente –


AACD (2007).
• Foi responsável Técnica do setor de Terapia Ocupacional do Núcleo
Integrado de Reabilitação – NIR, pelo Programa Saúde da Família.
• Possui ampla experiência em atendimento de reabilitação neurológica
adulto e infantil, atendimento especializado de criancas com paralisia
braquial obstétrica e queimados, confecção de órteses para membros
superiores, adequação postural em cadeira de rodas e sistemas de
assento.

71. Gabriela Pereira do Carmo - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Ciências da Saúde, pela UNISA.
• Pós Graduanda em Terapia da Mão e Reabilitação Neurológica adulta
pela Ufscar.
• Bacharel em Educação Física e Saúde pela Universidade de São
Paulo (USP).
• Pós graduada em Ciências da Performance Humana da Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
• Preceptora da Residência Multiprofissional em Saúde da Prefeitura de
São Paulo em Terapia Ocupacional na UTI adulto.
• Terapeuta Ocupacional da UTI adulto do Hospital Municipal do Tatuapé.
• Terapeuta Ocupacional do Núcleo de Apoio da Saúde da Família, na
região Central de SP.

72. Susilene Maria Tonelli Nardi - Terapeuta Ocupacional.


• Pesquisadora Científica VI do CLR - Instituto Adolfo Lutz - São José do
Rio Preto-SP.
• Aperfeiçoamento Capes pelo Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru-SP
(1990-1992).
• Especialização em Desenvolvimento Gerencial de Unidades Básicas do
Sistema Único de Saúde (SUS), Projeto GERUS.
• Mestre (2004) e Doutora em Ciências da Saúde/Epidemiologia pela
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (2012).
• Possui experiência em prevenção/reabilitação das deficiências físicas e
sociais, epidemiologia, gerenciamento e educação em saúde.
• Colabora na formação/capacitação/orientação de graduandos,
profissionais e pós graduandos latu e stritu sensu de todo os país.
Realiza pesquisas epidemiológicas em saúde publica, doenças
infectocontagiosas, e reabilitação.
214 Terapia Ocupacional • Volume 4

• Editora chefe da Revista Hansenologia Internationalis: hanseníase e


outras doenças infecciosas.
• Atua principalmente nos seguintes temas: Hanseníase; Lesões
Neurológicas Periféricas; Amputação; Educação em Saúde; Tuberculose.

73 . Aline Paz Perussi - Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em reabilitação física pela Unifesp e especialização em
ergonomia pela Universidade Federal de São Paulo.
• Atualmente é terapeuta ocupacional no Centro de reabilitação do Sesi
Santo André.
• Tem experiência na área de reabilitação física, terapia da mão e
reabiltação esportiva.

74. Maria Fernanda dos Santos - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Saúde Coletiva pela - FMB-UNESP (2015).
• Especialização/Aprimoramento em Atendimento Multidisciplinar
Gerontológico e Geriátrico em Terapia Ocupacional pelo Hospital do
Servidor Público Estadual - Francisco Morato Oliveira - HSPE-FMO (2007).
• Experiência na área de Terapia Ocupacional, com maior ênfase no
atendimento à idosos, tanto no âmbito domiciliar e instituições de longa
permanência para idosos, quanto hospitalar, atuando principalmente
nos temas: Terapia Ocupacional, Envelhecimento Bem Sucedido,
Gerontologia e Transtornos Cognitivos/Demências.
• Atual atividade profissional no CAPS AD do município de Votorantim e
atividade de docência na Universidade de Sorocaba - UNISO.

75. Kátia Maki Omura - Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Desenvolvimento Infantil pela Universidade do Estado
do Pará.
• Mestre em Neurociências pela Universidade Federal do Pará.
• Doutora em Neurociências pela Universidade de Nápoles Federico II
com pesquisa voltada para a Doença de Parkinson, neuroreabilitaçao,
estresse oxidativo e inovação em Terapia Ocupacional.
• Atualmente co-fundadora da Startup ApplicaTO,
• Diretora financeira da Associação Brasileira de Terapeutas Ocupacionais
Regional Pará.
• Membro da Comissão de Desenvolvimento Científico e Educação da
Terapia Ocupacional do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional 12 Região - CREFITO 12.
215

• Delegada suplente da Associação Brasileira de Terapeutas Ocupacionais


junto a World Federation of Occupational Therapists -WFOT.

76. Alexandre Martinho - Fisioterapeuta.


• Especializado em Fisioterapia em Gerontologia pela Universidade
São Caetano do Sul, 2016 com aprimoramento nas áreas de Gestão em
Saúde, Reeducação Postural Global , Pilates e Quiropraxia.
• Experiência na área de Fisioterapia aplicada em Traumato-ortopedia;
Desportiva; Dor Crônica; Neurologia Adulto; Programas Especiais de
Saúde Mental, da Mulher e do Idoso.
• Atua na Assistência Domiciliar em Fisioterapia Respiratória, Motora e
Programas especiais de reabilitação.

77. José Naum de Mesquita Chagas - Terapeuta Ocupacional.


• Analista do Seguro Social Terapeuta Ocupacional, tendo atuado na
gestão nacional de Reabilitação Profissional do INSS e atualmente na
gestão da Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho (INSS) âmbito Norte -
Centro Oeste do país.
• Mestre em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará, Ex-
Presidente da Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais -
ABRATO, gestão 2009-2011 e 2011-2013.
• Ex-Delegado Brasileiro junto a Federação Mundial dos Terapeutas
Ocupacionais (2007-2015).
• Especialista OMS para construção de Core Set da CIF.
• Foi membro do Fórum das Entidades Nacionais dos Trabalhadores da Área
de Saúde - FENTAS, Membro Fundador do Fórum Nacional dos Trabalhadores
do SUAS - FNTSUAS, Conselheiro Nacional de Saúde eleito para os triênios
2009-2012 e 2012-2015, foi Coordenador-Adjunto da Comissão Intersetorial
de Ciência e Tecnologia do CNS e Membro do Comitê Consultivo para a
Revisão da Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde - ANPPS.
Membro da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS -
CONITEC. Ex-Consultor do Ministério da Saúde.
• Experiência nacional e internacional na área de gestão de políticas
públicas, atuando principalmente nos seguintes temas: redes intersetoriais,
pactuação interfederativa, terapia ocupacional social, direitos humanos,
saúde mental, saúde do idoso, saúde e trabalho, tecnologia assistiva,
parque tecnológico em saúde, órteses e próteses, humanização dos serviços
de saúde, contextos hospitalares, reforma psiquiátrica, supervisão de
serviços de saúde mental e políticas públicas de seguridade social.
216 Terapia Ocupacional • Volume 4

78. Flavia Liberman - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (1994).
• Doutora pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade no Programa de
Psicologia Clínica da PUC- SP (2007).
• Pós-Doutoranda., Universidade de Évora, UE, Portugal. Grande área:
Ciências Humanas; Grande Área: Lingüística, Letras e Artes / Área:
Artes; Grande Área: Ciências da Saúde / Área: Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (2017).
• Professor Adjunto da Universidade Federal de São Paulo, atuando tanto
no Eixo específico ( TO) quanto no Eixo Trabalho em Saúde por meio
de ações interprofissionais no território, no ensino de estudantes de
diferentes cursos.
• Tem como foco de estudo e pesquisa: Arte , Corpo e Saúde ,Trabalho
em Saúde, Formação e o o Ensino em Saúde.
• Docente no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências da
Saúde ( acadêmico) e no Programa de Pós-Graduação Ensino em Ciências
da Saúde - Modalidade Profissional . Membro do Grupo de Pesquisa do
CNPq “Laboratório de Estudos e Pesquisas em Formação e Trabalho em
Saúde - LEPETS” da UNIFESP- Baixada Santista; do Laboratório Corpo
e Arte da UNIFESP-BS e integrante do Laboratório Interinstitucional de
Atividades Humanas e TO.
• Tem experiência na área de Terapia Ocupacional com ênfase em
atividades e recursos terapêuticos, ações e projetos junto à diferentes
comunidades, voltados a promoção da saúde, utilizando principalmente
o dispositivo grupal com diferentes populações e contextos. Através
de abordagens corporais, dança e um repertório ligado as atividades e
recursos expressivos; atua na prevenção e promoção da saúde.
• Autora do Livro Danças em Terapia Ocupacional e do livro Delicadas
coreografias: instantâneos de uma terapia ocupacional publicados pela
Summus Editoral (2008) e de vários artigos sobre corporeidade, grupos,
estudos da subjetividade e clínica.

79. Ana Teraza Costa Galvanese - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado e Doutorado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo, Programa de Medicina Preventiva (2010).
• Possui experiência de pesquisa no campo da Saúde Mental; na
interface da Saúde com a Arte e a Cultura; e em Práticas Integrativas e
Complementares na Atenção Primária.
217

80. Maria Aparecida Pereira Machado - Fisioterapeuta e Educadora Física.


• pós-graduada em Qualidade de Vida na Empresa, Ginástica Laboral e
Ergonomia, e com MBA em Gestão de Pessoas.
• Dirigente da Empresa Atitude Assessoria – única do ramo no Brasil, que
possui as três certificações do ISO: 9001 (qualidade), ISO 14001 (sistema de
gestão de meio ambiente) e ISO 18001 (saúde e segurança no trabalho) -
especializada em desenvolver programas de qualidade de vida nas empresas.
• Dirigente da Empresa Atitude Fisioterapia.
• Ministra aulas para os cursos de pós-graduação da Faculdade Estácio,
Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, Senac, e faz parte da diretoria
da Associação Brasileira de Ginástica Laboral.

81. Lara Susan Silva Lima - Fisioterapeuta.


• Fisioterapeuta do NASF no município de Beneditinos – PI desde 2015.
• Pós-graduada em Fisioterapia Hospitalar pela Universidade Estadual do
Piauí (UESPI) em 2015.

82. Luzianne Feijó Alexandre Paiva – Terapeuta Ocupacional.


• Terapeuta ocupacional do CAPS GERAL de Eusébio –CE.
• Mestre em Saúde da Família – UFC Sobral.
• Residência em Saúde da Famíla e Comunidade – UECE.
• Especialização em Saúde do Idoso – UECE.
• Especialização em Processos Educacionais – Universidade Católica
Stella Maris.
• Especializanda no Método de Terapia Ocupacional – ATENEU.
• Conselheira Fiscal da ABRATO-CE.
• Vice Presidente do CREFITO-6.

83. Andressa Chodur - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Comportamento Motor pela UFPR.
• Experiência: reabilitação cognitiva, emocional e funcional, confecção de
órteses e adaptações, terapia assistida por animais, Florais de Bach.

84. Karla Adriana Ferreira Beckman - Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Saúde Mental (UFBA)
• Especialista em Medicina Tradicional Chinesa (INCISA/IMAM).
• Mestranda no Programa de Políticas Sociais e Cidadania da
Universidade Católica do Salvador (PPGPSC/UCSAL)
• Servidora Pública.
218 Terapia Ocupacional • Volume 4

85. Alan Senigalia - Fisioterapeuta.


• Formação em Naturopatia.
• Especialista em Medicina Chinesa.
• Mestrando em Saúde Coletiva da Universidade Católica de Santos/SP.

86. Ana Maria Fernandes Pitta - Médica.


• Doutora em Medicina Preventiva.
• Docente na Universidade Católica do Salvador.

87. Clarissa Dantas de Carvalho - Terapeuta Ocupacional.


• Residência em Saúde Mental Coletiva pela Escola de Saúde Pública do Ceará.
• Atuação nas seguintes areas: Saúde Mental , Direitos Humanos, Social e
Praticas Integrativas e Complementares de Saúde.
• Professora de Yoga, Mestre Reiki, Terapeuta Comunitária,
Arteterapeuta e Massoterapeuta.

88. Ana Cláudia Tavares Rodrigues - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Desenvolvimento Humano e Tecnologias na linha de
pesquisa Tecnologias, Corpo e Cultura vinculado ao Departamento de
Educação Física da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (UNESP - Campus de Rio Claro). • Possui Pós-Graduação Lato
Sensu em Terapia Ocupacional na Reabilitação Física pelo Instituto
Lauro de Souza Lima no Programa de Aprimoramento Profissional (PAP) e
formação em Avaliação e Tratamento do Paciente Adulto com Disfunção
Neurológica Baseado no Conceito Bobath.
• Tem experiência na área de Neurologia Adulto e Tecnologia Assistiva,
atuando principalmente, em Adequação Postural e confecção de órteses
de membros superiores e adaptações.
• Atualmente, é Coordenadora do setor de Terapia Ocupacional do
Centro de Reabilitação SORRI-BAURU.

89. Leiliane Helena Gomes - Terapeuta Ocupacional.


• Atualmente é terapeuta ocupacional da Prefeitura Municipal de Natal e
professora efetiva da Universidade Potiguar.
• Vice-presidente do Crefito 1.
• Tem experiência nos seguintes temas: brincar; deficiencia física/
neuromotora, integração sensorial, avaliação e reabilitação cognitiva,
idosos e terapia ocupacional no contexto social.
219

90. Kátia Cezário da Silva - Terapeuta Ocupacional.


• Especializacao em Reabilitacao aplicada a neurologica infantil –Unicamp.
• Aprimoramento profissional em TO na infância (hospitalar e
ambulatorial) PUCCampinas.
• Extensao em Dificuldades de Aprendizagem - Universidade
Complutense de Madrid.
• Certificacao Internacional completa (incluindo aplicacao do sipt) WPS
• Botath básico.
• Botath baby course.
• Integracao sensorial para bebes.
• Trabalhos na AACD e Rede Lucy Montoro.

91. Lúcia Helena Soares Camargo Marciano - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado em Reabilitação. Universidade Federal de São Paulo,
UNIFESP, Brasil.
• Especialização em Especialização Terapia da Mão. Universidade de São
Paulo, USP, Brasil.
• Especialização em Administração dos Serviços de Saúde. Universidade
de Ribeirão Preto, UNAERP, Brasil.
• Especialização em Reabilitação Profissional. Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil.

92. Carolina Gomes Matarazzo - Fisioterapeuta.


• Especialista em fisiologia.
• Mestre em ciências da saúde pela Universidade Federal de São
Paulo- UNIFESP.
• Fisioterapeuta pioneira no Brasil no trabalho com órteses cranianas iniciado
no primeiro centro brasileiro voltado ao tratamento ortótico em 2011.
• Possui diversas publicações sobre assimetrias. Responsável pela
primeira clínica de intervenção precoce para assimetrias no país.

93. Dimaima Vitória Castro da Graça - Terapeuta Ocupacional.


• Residência em Reabilitação Física – FAMERP.
• Especialização em Terapia da Mão – USP.
• Terapeuta Ocupacional Melhor em Casa – HSLG.
• Delegada do CREFITO 3 – Gestão 2016-2020.

94. Álida Fernanda Corgozinho Murta Andrade – Terapeuta Ocupacional.


• Vice-presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
220 Terapia Ocupacional • Volume 4

Ocupacional de Minas Gerais - CREFITO 4.


• Especialista em Gestão em Saúde Pública.

95. Márcia Helena Valente da Costa – Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em Reabilitação do Membro Superior pela
Universidade Tuiuti.
• Especialização em Intervenção em Neuropediatria pela UFSCAR.
• Especialização em Tecnologia Assistiva pela Faculdade de Tecnologia
em Saúde- CIEPH.
• Formação no Curso Básico de Tratamento Neuroevolutivo-Conceito Bobath.
• Tem experiência na área de Terapia Ocupacional,Docência, Saúde
Pública, atuando principalmente na reabilitação física.
• Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Rio Preto.

96. Maria Imaculada da Costa Mendonça - Terapeuta Ocupacional.


• Coordenadora do CAPS Geral do Eusébio – CE.
• Especialização em Preceptoria e Tutoria em Saúde – FIOCRUZ.
• Formação no Método de Terapia Ocupacional – CETO- SP.

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