Governo Costa e Silva - Al 04 Franco
Governo Costa e Silva - Al 04 Franco
Governo Costa e Silva - Al 04 Franco
Artur Costa e Silva assumiu a presidência no dia 15 de março de 1967, após vencer a
eleição indireta que foi disputada em 1966 e do qual ele foi o único candidato. A vitória de
Costa e Silva para assumir a presidência foi resultado de uma campanha no interior do
próprio Exército para que o aparato de repressão da Ditadura aumentasse.
O governo de seu antecessor, Castello Branco, é erroneamente enxergado como um
momento de pouca repressão, mas, na verdade, estudos recentes mostram que se tratou
de um período de transição no qual o aparato repressivo era estabelecido de uma maneira
que não causasse ruptura do regime com a sociedade civil.
Ainda assim, Castello Branco se viu pressionado pelas Forças Armadas a deixar o poder, e
a transição foi realizada com a indicação de Costa e Silva. Paradoxalmente, a eleição de
Costa e Silva foi enxergada por determinados elementos da sociedade como uma
esperança de liberalização do regime, e o próprio marechal afirmava que prepararia uma
“democracia autenticamente nossa”
Ainda assim, Castello Branco se viu pressionado pelas Forças Armadas a deixar o poder, e
a transição foi realizada com a indicação de Costa e Silva. Paradoxalmente, a eleição de
Costa e Silva foi enxergada por determinados elementos da sociedade como uma
esperança de liberalização do regime, e o próprio marechal afirmava que prepararia uma
“democracia autenticamente nossa”.
Apesar do discurso, o governo Costa e Silva consolidou a transição para o período mais
repressivo da ditadura, ampliando o aparato repressor do movimento, perseguindo
movimentos estudantis e operários e concluindo esse processo com o decreto do Ato
Institucional nº 5 no final do ano de 1968.
Política econômica
A política econômica do governo anterior foi parcialmente abandonada pelo governo Costa
e Silva. O seu antecessor, Castello Branco, implementou uma política econômica de
austeridade, congelando salários e despesas governamentais, além de restringir o crédito
com o objetivo de reduzir o consumo e, consequentemente, a inflação. Castello Branco
implementou ações severas, especialmente em relação ao salário do empregado, o que
resultava em um aumento salarial sempre inferior à inflação do ano anterior.
Durante o governo de Costa e Silva, teve início uma política econômica desenvolvimentista,
isto é, voltada para o rápido crescimento econômico do país, seguindo moldes semelhantes
aos implementados na década de 1950, porém com outra base ideológica. Ademais, a
estratégia econômica de Costa e Silva tinha como objetivo impulsionar o consumo e o
investimento do setor público.
Esta política iniciada por Costa e Silva em 1967 deu origem ao período denominado
"milagre econômico", que se prolongou de 1968 a 1973. Essa época foi marcada por um
aquecimento acelerado da economia e taxas de crescimento econômico bastante elevadas.
O milagre possuía uma explicação material. Combinava a repressão aos adversários com a
censura aos jornais e outros meios de comunicação, com o objetivo de impedir a
disseminação de críticas à política econômica. Adicionava os ingredientes dessa política:
subsídios governamentais e diversificação das exportações, desnacionalização da
economia com a entrada cada vez maior de empresas estrangeiras no mercado, controle do
aumento de preços e definição centralizada dos aumentos salariais.
Os impactos econômicos do "milagre econômico" foram notáveis: em 1968, o PIB aumentou
11,2%, enquanto em 1969, o crescimento atingiu 10%3. Contudo, o custo a ser suportado
foi extremamente elevado. Durante este período, ocorreu uma acentuada concentração de
renda, aumentando a desigualdade social e o endividamento do governo, que começou a
aumentar.
Crescimento da oposição
No período de governo de Costa e Silva, observou-se um aumento das manifestações
contrárias ao regime militar. Essas manifestações resultaram no endurecimento do regime
pelos militares, resultando em um aumento da repressão, concretizando um processo que
vinha sendo conduzido desde a administração de Castello Branco.
Vários daqueles que apoiaram o golpe de 64 começaram a cortar relações com o regime.
Entre eles, se destaca Carlos Lacerda, um dos grandes defensores do conservadorismo
brasileiro. Ele apoiou abertamente o golpe em 1964. Lacerda chegou a declarar: "Eu tinha a
responsabilidade de mobilizar a população para corrigir esse erro do qual fiz parte."
Carlos Lacerda tomou a iniciativa de estabelecer uma Frente Ampla, que atuou durante os
anos do governo de Costa e Silva. A Frente Ampla foi uma corrente política que tinha como
principal bandeira o retorno do Brasil à democracia, além de sugerir a manutenção de uma
política econômica que fomentasse o progresso nacional.
Juscelino Kubitschek e João Goulart deram suporte à Frente Ampla, ambos severamente
criticados por Lacerda durante seus mandatos. De acordo com a visão da Frente Ampla,
deveriam ser convocadas novas eleições presidenciais, com o objetivo de combater a
ameaça que paira sobre o país - a ditadura. Proibida de funcionar a partir de 1968, a Frente
Ampla foi um esforço de Carlos Lacerda para estabelecer um canal de diálogo com o
governo, visando a redemocratização do país.
Então, teve início uma onda de manifestações massivas, que se prolongaram até meados
de julho de 1968. Os protestos subsequentes foram severamente reprimidos pela polícia e
os confrontos com os alunos foram extremamente violentos. O dia 26 de junho ficou
marcado pela Passeata dos Cem Mil, que reuniu uma grande quantidade de estudantes,
artistas e intelectuais.
Ato Institucional nº 5
A reação do governo à intensificação dos movimentos de oposição foi a institucionalização
da repressão. O decreto do Ato Institucional no 5, também conhecido como AI-5, foi emitido
em 13 de dezembro daquele ano. A causa do seu decreto foi a reação dos deputados que
se opuseram à penalidade ao deputado Márcio Moreira Alves, que em setembro de 1968
criticou o regime militar. O governo pediu a abertura de um processo contra o político,
contudo, a iniciativa governamental foi superada na Câmara dos Deputados. Diante do risco
do regime perder o controle sobre os quadros políticos, a reação foi o endurecimento.
A reunião que estabeleceu o decreto do AI-5 foi denominada "Missa negra", e o Ato
Institucional foi transmitido em cadeia nacional de rádio pelo ministro da Justiça, Gama e
Silva.