Nos Tempos Do Autoritarismo o Ensino
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RESUMO
O presente artigo tem por objetivo analisar o ensino de História no contexto
da Ditadura Militar (1964-1985), problematizando a redução de História dos
currículos escolares e a sua incorporação à disciplina de Estudos Sociais, no
ano de 1971. Para alcançar o objetivo proposto, realizamos uma articulação
entre a análise da legislação educacional vigente nesse período e a referên-
cias bibliográficas que abarcam as temáticas da Ditadura Militar, educação e
do ensino de História, produzidas por autores como Fonseca (1995), Rezende
(2013), Napolitano (2014), Neves (2014), Nadai (1993), Fonseca (2006, 2007),
Trindade (2014), Ghiraldelli (2009), dentre outros. Constatou-se que durante
os anos de autoritarismo, o Governo Militar, por meio da Lei 5.692 de 23
de agosto de 1971, aglutinou a disciplina de História juntamente com a de
geografia à disciplina escolar de Estudos sociais, institucionalizada como
componente obrigatório para os currículos do ensino de primeiro grau, com
o objetivo de submeter o ensino de História ao controle do Estado, que o
utilizou como instrumento de dominação para incutir na população o senti-
mento de civismo e legitimar o regime autoritário vigente.
Palavras-chave: Ditadura Militar, Ensino de História, Estudos Sociais,
Instrumento de dominação.
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INTRODUÇÃO
N
a madrugada de 31 de março de 1964 é deflagado o golpe militar
contra o governo de João Goulart (Jango). A partir de então, a ordem
existente é subvertida iniciando-se assim a Ditadura Militar no Brasil,
que vigorou entre os anos de 1964-1985, caracterizada pelo autoritarismo,
controle e repressão. Segundo Napolitano (2014, p. 10), a ascensão dos mili-
tares ao poder mudou para sempre a história brasileira e forneceu “um novo
modelo de golpe e de regime político para diversos países latino-america-
nos”. Já para Martins (2014, p. 40), a Ditadura “era um regime com uma clara
tendência a disciplinar a sociedade e suas políticas sociais eram instrumen-
tos fundamentais neste disciplinamento”.
Executado pelas Forças Armadas, o golpe, também é denominado de
civil-militar pela historiografia, por ter sido arquitetado também por parte
das elites civis:
O termo ‘civil-militar foi apresentado pela historiografia como
forma mais precisa para adjetivar o golpe de 1964 e do regime
que lhe seguiu. Ao contrário de uma mera ação das Forças
Armadas, tal adjetivo visa lembrar que também parte dos civis
apoiou o golpe e participou da condução do processo político
entre abril de 1964 até 1985, quando a maior parte da historio-
grafia localiza o fim daquela ditadura (MELO, 2012, p. 38).
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METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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1 O ganhador do Concurso de Monografia sobre a melhor maneira de a história do Brasil foi o alemão
Karl Philipp Von Martius que propôs uma história que tomasse como ponto de partida a mistura
das três raças para explicação da formação da nacionalidade brasileira, enfatizando o elemento
branco e sugerindo um gradativo branqueamento como caminho seguro para alcançar a civiliza-
ção (FONSECA, 2006).
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2 Esse grau de ensino uniu o antigo curso primário de quatro anos e o ginásio, também de quatro
anos.
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3 Entre junho de 1964 e janeiro de 1968 foram firmados 12 acordos entre o MEC e a USAID (GIRALDELLI
JR., 2009).
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4 Os Estudos Sociais ganharam relevância no Estados Unidos na conjuntura do New Deal, instituído
por Franklin Roosevelt após a Crise de 1929 para a recuperação e reforma do país.
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5 Essa disciplina tornou-se obrigatória no ano de 1969, por meio do Decreto-Lei nº 869, ficando pre-
sente no currículo oficial escolar até o ano de 1993.
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6 No ano de 1969, a disciplina de OSPB tornou-se obrigatória para o ensino de 2º grau. A Lei 5.692/71
manteve a disciplina nos currículos escolares de 1º grau (MARTINS, 2014).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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ciplinar. Minas Gerais (1969-1993). 2008, 102f. Dissertação (Mestrado em Educação)
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Uberlândia, 2008.
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CERRI, Luis Fernando. Didática de História: uma leitura teórica sobre a História na
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Horizonte: Autêntica, 2006.
GHIRALDELLI JR., Paulo. História da Educação Brasileira. 4. ed. São Paulo: Cortez,
2009.
NEVES, Joana. O Ensino de História nos 50 anos do Golpe Militar- Estudos Sociais
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