A - Politica - Cult - Do - Conselho - Federal - Cultura 66 A 76

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE


HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL – CPDOC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA, POLÍTICA E BENS CULTURAIS
MESTRADO ACADÊMICO EM HISTÓRIA, POLÍTICA E BENS CULTURAIS

A POLÍTICA CULTURAL DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA 1966-1976


APRESENTADA POR

LÍLIAN ARARIPE LUSTOSA DA COSTA

Rio de Janeiro, Agosto 2011


FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL – CPDOC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA, POLÍTICA E BENS CULTURAIS
MESTRADO ACADÊMICO EM HISTÓRIA, POLÍTICA E BENS CULTURAIS

A POLÍTICA CULTURAL DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA 1966-1976

APRESENTADO POR

LÍLIAN ARARIPE LUSTOSA DA COSTA

PROFESSOR ORIENTADOR ACADÊMICO: LÚCIA MARIA LIPPI OLIVEIRA

Rio de Janeiro, Agosto de 2011

2
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV

Costa, Lílian Araripe Lustosa da


A política cultural do Conselho Federal de Cultura, 1966-1976 /
Lílian Araripe Lustosa da Costa. - 2011.
127 f.

Dissertação (mestrado) – Centro de Pesquisa e Documentação de


História Contemporânea do Brasil, Programa de Pós-Graduação em
História, Política e Bens Culturais.
Orientadora: Lúcia Maria Lippi Oliveira.
Inclui bibliografia.

1. Conselho Federal de Cultura (Brasil). 2. Política cultural. I. Oliveira,


Lúcia Lippi, 1945- . II. Centro de Pesquisa e Documentação de História
Contemporânea do Brasil. Programa de Pós-Graduação em História,
Política e Bens Culturais. III. Título.

CDD – 306
4
5
Resumo:

O Conselho Federal de Cultura (CFC), criado em 1966, foi inspirado no Conselho


Federal de Educação e diretamente ligado ao Ministério da Educação e Cultura. Este
órgão era consultivo e normativo, composto por diversos intelectuais de renome
nacional e internacional, provenientes principalmente da Academia Brasileira de Letras
e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Os anos de 1966 a 1976 foram o
momento de maior atuação do Conselho, por isso este é o período escolhido para análise
deste trabalho.
Buscaremos aqui, entender como se deu a política cultural pensada e até certo ponto
implementada pelo Conselho, através de três projetos principais: a elaboração de um
Plano Nacional de Cultura, a implantação dos Conselhos Estaduais de Cultura e as
Casas de Cultura. Para um aprofundamento dessas questões será realizado um estudo de
caso da fundação da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, primeira do país, assim
como de seu respectivo Conselho Estadual, criado em 1966, portanto, anterior ao
Conselho Federal de Cultura.

Palavras-chave: política cultura, Conselho, Plano de Cultura, Ceará.

6
Abstract:

The Federal Council of Culture, created in 1966, was inspired on the Federal Council of
Education, being strictly linked to the Ministry of Education and Culture. This council
was advisory and informative, compound by several renowned intellectuals, both
national and international, mainly from Brazilian Academy of Letters and from the
Brazilian Historic and Geographic Institute. From 1966 to 1976 the council had the
most concentrated activities, so this is the period chosen for the analysis in this work.
We investigated herein how the cultural politic was intended, and in a certain way
implemented by the council, through three main projects: the National Plan of Culture
elaboration, the State Councils of Culture implantation and the Culture House. For a
deepening of those questions will be realized a case study of the Culture Secretary of
the Ceará State founding, the first one in the country, as its respective State Council,
created in 1966, previously to the Federal Council of Culture.

Key-words: cultural politic, Council, Culture Plan, Ceará.

7
Ao Lucas e ao Bento

7
Agradecimentos

Chegar até aqui implica numa infinidade de agradecimentos, pois não


conseguiria sozinha, principalmente neste etapa final, onde temos que colocar no papel
tanto tempo de reflexão e pesquisa e parece que tempo, neste momento, nunca é amigo,
é sempre insuficiente e de certo modo cruel com tudo o que tínhamos a dizer.
À Fundação Casa de Rui Barbosa, principalmente ao Setor de Políticas
Culturais, responsável pelo arquivo do Conselho Federal de Cultura, onde tive toda a
liberdade para pesquisa. Ao Maurício Siqueira, Magali, Adélia e a todos os bolsistas
que passaram por lá nestes dois anos, em especial minhas amigas Izabel Silva, Jéssika
Fernanda, Tatiana Duarte, Jéssica Suzano, Daniela e Annanda Galvão.
Aos funcionários do CPDOC e da FGV, pela disponibilidade de sempre
atenderem as nossas necessidades rapidamente e da melhor maneira possível. À
coordenadora de Pós-Graduação, Mônica Kornis, pela compreensão nesses momentos
finais.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens
Culturais do CPDOC, com que tive oportunidade de frequentar algumas disciplinas e
oportunidade de crescimento, já que fazia tanto tempo que me encontrava distante da
academia. Em especial aos professores, Celso Castro e Mário Grynszpan.
À professora Angela de Castro Gomes, pela participação na banca de
qualificação e defesa, de quem recebi excelentes conselhos e observações que
redefiniram algumas questões importantes.
À minha co-orientadora Lia Calabre, pela amizade, carinho e um sem número
outras coisas. Pelas oportunidades que me proporcionou, pelos conselhos e pela
participação nas bancas de qualificação e defesa. Pelo convívio e aprendizado diário,
enfim, sem ela eu não chegaria até aqui.
À Professora Lúcia Lippi, minha orientadora que esteve sempre presente e
disposta a ajudar, seja com uma palavra de apoio ou um artigo a ler, agradeço
imensamente sua paciência e orientação.
A todos os meus colegas de mestrado, em especial Tatiana Sena, companheira
até o último segundo e uma das pessoas mais gentis que conheci.
Aos amigos que conquistei no Rio de Janeiro, pessoas que fazem parte da minha
vida e que tive a sorte de conviver: Júlia O‟Donnell (por toda a ajuda ainda no processo

8
de seleção e os conselhos maternos), Cíntia Carli (sem palavras para descrever tamanha
generosidade), Érica Guillin, Laura Proto e Marina Gouvea, cada uma a sua maneira de
tornar a vida mais leve e mais feliz.
À Ana Cristina Rocha, por um sem número de coisas, por ter lido e relido cada
linha dessa dissertação, pelas dicas, correções, pelo apoio incondicional em tantos
momentos, pelo mestrado inteiro, por fazer o Rio de Janeiro mais divertido e feliz.
À Caroline Cantanhede, minha amiga “simplirmente” carioca, que permitiu que
eu realizasse a pesquisa referente ao Conselho Nacional de Cultura na Funarte e com
quem conto pela amizade e carinho constante e tantas outras coisas mais.
Minha irmãs de coração, Paula Bottona, Mariana Smith e Camila Rocha, que
tornaram o mundo muito mais bonito, assim como Érica Zíngano, que encheu a vida de
poesia.
A minha família que sempre torceu e acreditou em mim, especialmente minha
mãe Alice. Ao meu pai Fred, minhas irmãs Luanda e Taline e meu irmão Maurício. E a
todos que fazem parte dos Araripes e dos Lustosas, tão essenciais na formação da
pessoa que sou.
À Felipe, meu companheiro, meu amigo. Por tudo que somos e sempre seremos,
independente da conjuntura. Por fazer tudo parecer tão simples e fácil e preencher todo
o espaço que sobra/falta. Pelo Bento.

9
SUMÁRIO:

Introdução......................................................................................................................12

Capítulo I

A invenção da política cultural no Brasil....................................................................16


1.1 A Cultura e o Estado Novo........................................................................................22

1.2 O Conselho Nacional de Cultura de 1961.................................................................27

1.3 A Cultura e o Golpe...................................................................................................36

Capítulo II

A Política Cultural do Conselho Federal de Cultura através de três projetos


âncoras: Criação dos Conselhos Estaduais de Cultura, Casas de Cultura e Planos
de Cultura.......................................................................................................................40
2.1 Conselhos Estaduais e Cultura..................................................................................50
2.2 Planos de Cultura.......................................................................................................53
2.3 Casas de Cultura........................................................................................................60
2.4 Análise dos Convênios..............................................................................................63

Capítulo III

A Secretaria da Cultura e o Conselho Estadual de Cultura do Ceará – um estudo


de caso.............................................................................................................................68
3.1 Conselho Estadual de Cultura....................................................................................74
3.2 Relação do Conselho de Cultura do Ceará com o Conselho Federal de Cultura......87
3.3 1974 - O Ano da Cultura...........................................................................................91

Considerações finais......................................................................................................94

Fontes..............................................................................................................................97

Referências...................................................................................................................98

10
Anexo I
Questionário para a criação de um Sistema Nacional de Cultura..........................102

Anexo II
Lista de Convênios.......................................................................................................104

11
Introdução
Já há alguns anos as políticas culturais se tornaram objeto de investigação em
diversos centros de pesquisa de universidades brasileiras, como a Universidade Federal
Fluminense e a Universidade Federal da Bahia. Também é tema de debate em fóruns
importantes como o Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura - ENECULT e
o Seminário Internacional de Política Cultural da Fundação Casa de Rui Barbosa, com a
presença de especialistas.
Abordar a questão através do viés histórico, a partir da relação entre Estado e
cultura, permite compreender os caminhos que nos trouxeram até este momento de
“ebulição” nos estudos concernentes às políticas culturais. Através dessa análise,
também é possível entender como a política cultural adotada pelo Estado está ligada a
sua orientação em relação às políticas públicas.
Com efeito, o Brasil tem larga tradição em termos de intervenção do Estado no
campo da Cultura. Desde os anos trinta, com a criação do Ministério de Educação e
Saúde (1930) e mais tarde com o Serviço do Patrimônio e Artístico Nacional (1937), o
Estado brasileiro nunca deixou de ter uma ação no campo da cultura, mesmo que nos
períodos democráticos esta não tenha se delineado como uma política cultural
claramente definida.
Esta dissertação tem o objetivo de estudar a atuação do Conselho Federal de
Cultura no período que vai de 1966 a 1976 e seu impacto sobre as políticas estaduais de
cultura, tomando como referência o caso do estado do Ceará, através do seu Conselho
Estadual de Cultura.
O interesse pelo assunto que suscitou a pesquisa aqui apresentada nesta
dissertação de mestrado surgiu no decorrer do trabalho como bolsista do Setor de
Políticas Culturais da Fundação Casa de Rui Barbosa, no projeto criado para organizar a
documentação do Conselho Federal de Cultura (CFC). Este arquivo encontra-se no
Palácio Capanema e contém uma infinidade de documentos sobre a atuação do CFC,
entre os anos de 1966 a 1990, quando foi extinto, possibilitando a abertura de novas
questões que poderão ser abordadas em trabalhos futuros.
A análise desta documentação revelou a riqueza do arquivo e a atualidade dos
temas em discussão nas atas e outros documentos ali produzidos. O que mais me
chamou atenção na documentação do Conselho foi como a política cultural por ele
intentada ainda nos anos de 1960/1970 oferecia subsídios, fornecia orientações e
apresentava demandas similares àquelas diretrizes que o ministro Gilberto Gil, à frente

12
do Ministério da Cultura entre 2003-2006, buscava implementar no país. Questões
como a elaboração de um Plano Nacional de Cultura, a criação do Sistema Nacional de
Cultura e o estímulo à instalação de Conselhos Estaduais de Cultura, que já estavam
presentes no discurso e nas ações do CFC, voltavam com uma “nova roupagem” quase
quarenta anos depois.
A partir da gestão do presidente Luís Inácio Lula da Silva, o governo federal
voltou a investir na formulação de políticas públicas mais consistentes e
particularmente, na definição de uma política cultural mais ativa para o país, deixando
de atuar apenas como um financiador através das leis de incentivo, como vinha
ocorrendo nos últimos mandatos desde o fim dos governos autoritários. A diferença
com relação ao período ditatorial refere-se à articulação e ao diálogo com a sociedade,
com ampla participação popular, reunindo agentes públicos e privados.
Inicialmente, o trabalho foi motivado pelo paralelo entre os dois governos, um
autoritário e outro democrático, que pensavam em organizar as ações culturais a partir
de parâmetros semelhantes de administração. Posteriormente, resolvemos focar nas
ações do CFC para entender como esse órgão pensou em alternativas para a cultura e o
que entendia como política cultural. Buscamos também através da análise do Conselho
Estadual de Cultura do Ceará, entender como esta se dava na prática em relação aos
estados.
O recorte de tempo escolhido para analisar a política cultural do Conselho
Federal de Cultura, entre os anos de 1966 e 1976, se deu, por ser o momento de maior
atividade do Conselho, onde é possível apontar a formulação e planejamento de uma
política cultural no Brasil. Durante o período, este foi o órgão responsável pela área
cultural dentro do Ministério de Educação e Cultura, área esta que ficou muito tempo
esquecida dentro do próprio ministério já que sua estrutura não se apresentava nem
como uma Secretaria de Cultura.
As relações estabelecidas entre o CFC e o Conselho Estadual de Cultura serão
reconstituídas a partir da leitura das publicações periódicas dos próprios órgãos – a
revista Cultura e o Boletim do Conselho Federal de Cultura no caso do primeiro e a
Revista Aspectos no caso do segundo. Essas publicações eram destinadas à divulgação
das ações dos Conselhos, entretanto, fizemos uso, como fontes principais, de
documentações primárias dos dois arquivos lançando mão de documentos ainda
inéditos, trazendo à luz novas fontes de pesquisas inexploradas. Também foram

13
utilizados diversos documentos oficiais, como projetos de lei, anteprojetos, convênios,
ofícios, entre outros, dos dois órgãos.
O Conselho Federal de Cultura foi criado durante o regime militar com a
participação de grandes intelectuais brasileiros com o intuito de legitimar a ontologia da
cultura brasileira. A cultura aqui foi encarada como parte definidora do “Ser nacional”,
pensada por esses intelectuais, enquanto ficava a cargo dos técnicos administrativos a
execução de uma política nacional de desenvolvimento. Neste momento, a tradição é
aceita como uma ideia de continuidade que o governo militar buscava para se legitimar.
Ao seguir tal tradição, esta entra em conflito com a noção de cultura como fator de
desenvolvimento.
A dissertação está dividida em três partes: o capítulo I aborda algumas discussões
que permeiam o conceito de cultura e o de política cultural, procurando fornecer os
referenciais teóricos que norteiam a pesquisa. Neste capítulo procurarei explorar com
mais detalhe dois períodos considerados fundamentais para a configuração da política
cultural brasileira, o Estado Novo e a ditadura civil-militar. Procurei tirar do
esquecimento o Conselho Nacional de Cultura criado em 1961 e que teve como
secretário geral Paschoal de Carlos Magno. A principal realização deste Conselho foi a
implementação da Caravana Cultural que levou arte e cultura para a população do
interior do Brasil e visava a integração nacional através da cultura. Tais Caravanas
podem ser consideradas como experiência precursora do posterior Projeto Pixinguinha,
focado apenas no campo da música.
O Capitulo II conta com uma análise detalhada da atuação do Conselho Federal de
Cultura, procurando identificar o conceito de cultura do período, a sua ideia de política
cultural e a formulação desta, bem como seus principais projetos: a criação de um Plano
Nacional de Cultura, a implantação dos Conselhos Estaduais de Cultura e o projeto das
Casas de Cultura.
O Capítulo III analisa a criação da Secretaria de Cultura do Ceará, criada 9 de
agosto de 1966, pela Lei n.8.541 que alterou a denominação de Secretaria de Educação
e Cultura, sendo a primeira secretaria de cultura do país, assim como a criação do
Conselho Estadual de Cultural concomitante a esta. Analisamos a política cultural
implementada pela Secretaria entre os anos de 1966 e 1976 e a relação desta com o
Conselho Federal de Cultura.
Finalmente, esperamos que o paralelo entre o CFC e o Conselho Estadual de
Cultura do Ceará que a leitura da dissertação proporciona contribua para uma melhor

14
compreensão das dificuldades que estes órgãos enfrentaram, assim como as atividades
que conseguiram implementar ao longo desses anos. Essas são apenas algumas questões
que envolvem a definição de uma política cultural pelo Estado brasileiro, torcemos para
que outras tantas suscitem novos trabalhos de pesquisa nessa área.

15
Capítulo I
A invenção da política cultural no Brasil

Este texto procura abordar o conceito de política cultural e como esta se deu no
Brasil durante o Estado Novo e nos governos civil-militares, lembrando que os estudos
relacionados às políticas culturais são relativamente recentes tanto no Brasil como no
restante do mundo. Vale frisar que não há um campo específico de conhecimento, onde
se reflita sobre política cultural ou que concentre estudos sobre o tema. Podemos
encontrar estudos nas áreas de Administração Pública, Comunicação, História,
Antropologia, Economia, entre outros campos disciplinares. Outras dificuldades são a
definição do objeto e a associação direta e simplista entre políticas culturais e ações
governamentais dirigidas à cultura, o que contribui para dificultar o estabelecimento
mais efetivo de um campo de análise.

Philippe Urfalino (2004) afirma que o que podemos chamar razoavelmente de


política cultural foi “inventada” em 1959 com a criação do ministério encarregado dos
Assuntos Culturais na França. As circunstâncias de sua invenção e as escolhas de André
Malraux, seu primeiro ministro, definiram a política cultural como um projeto, às vezes
social, estético e reformador, alimentado por uma oposição à ideia de instituição. É esta
fórmula de projeto contra a instituição que, segundo o autor, hoje está esgotada.

Além da política cultural ter sido inventada na França, como afirma Urfalino, nos
detemos no modelo francês por este ter servido de inspiração e modelo para o Conselho
Federal de Cultura e os intelectuais brasileiros, que neste momento buscavam organizar
e definir uma política cultural para o país, ainda que esta buscasse respeitar as
peculiaridades locais.

Como principal projeto do recém-criado ministério, temos o das Casas de Cultura.


Foi a política que expressou, mais diretamente, as ideias de Malraux e de sua
administração sobre o que deveria ser a política cultural, pois é a partir delas que as
escolhas estratégicas do ministério foram adotadas, no que concerne ao amadorismo, à
educação artística ou a natureza da relação do Estado com as coletividades locais e
artistas. As escolhas estratégicas e os modos de ação específicos então definidos pela
administração estatal marcam ainda hoje o funcionamento do ministério (URFALINO,
2004:24).

16
Urfalino (1997: 313) questiona ainda se devemos falar em políticas culturais ou
política cultural. Para o autor, há política pública quando uma autoridade política se
encarrega de um problema ou de um fenômeno social e quando este “investimento”
político produz medidas que afetem grupos sociais. Entretanto, essa noção de política
pública, quaisquer que sejam seus interesses ou pertinência, não coincide, mesmo que
parcialmente, com o que se entende no Brasil e na América Latina habitualmente por
política cultural. Em primeiro lugar, porque nossa concepção de política cultural não se
reduz a um conjunto de medidas vistas como resultado de articulação entre o trabalho
governamental e os diferentes grupos sociais. Consideramos que as políticas públicas
para a cultura são apenas um dos componentes da política cultural.

Urfalino define política cultural como:

“un moment de convergence et de cohérence entre, d‟une part, des


représentations du role que l‟État peut faire jouer à l‟art et à la „culture‟ à
l‟égard de la société et, d‟autre part, l‟organisation d‟une action publique.
L‟existence d‟une telle politique culturelle exige une force et une
cohérence de ces représentations, comme un minimum d‟unité d‟action da
la puissance publique. Bien entendu, l‟action n‟a jamais longtemps la
cohérence des idées. Aussi, la politique culturelle n‟est-elle pas seulement
attestée par le constat d‟une cohérence. Elle est également le travail
politique de ressaisie des idées et des initiatives afin de préserver cette
cohérence constamment menacée tant par l‟usure des idées que par la
dynamique propre de l‟action publique. (URFALINO, 2004: 13-14) 1

Percebemos, a partir da definição de Urfalino, que política cultural é a união


(que o ator prefere chamar de convergência) entre as ideias, que no meu entender
partem da sociedade civil e o Estado. É uma totalidade, constituída por ideias, práticas
públicas e administrativas que, entretanto, não é constante, cabendo ao poder público
preservá-la.

A ideia de política cultural de Malraux era cingida pelo mesmo espírito de


democratização cultural dos movimentos de educação popular surgidos na França no
mesmo período, que visavam o acesso à cultura ao maior número de franceses, sendo

1
“o ou os momentos de convergência e de coerência entre, de uma parte, o papel que o Estado pode
representar na arte e na 'cultura' com relação à sociedade e, de outra, a organização de uma ação pública.
A existência de uma política cultural exige uma força e uma coerência dessas representações, com o
mínimo de unidade de ação do poder público. Bem entendido, a ação não tem jamais muito tempo uma
coerência de ideias. Também, a política cultural não é somente atestada pela constatação de uma
coerência. Ela é igualmente o trabalho político de controle de ideias e de iniciativas a fim de preservar
essa coerência constantemente ameaçada tanto pelo desgaste de ideias como pela dinâmica própria da
ação pública”. (URFALINO, 2004: 13-14, tradução minha).

17
estes amplamente criticados pelo movimento de maio de 1968. A noção que Malraux
tinha sobre democratização cultural se resumia na famosa “mission de rendre
accessibles les oeuvres capitales de l‟humanité, et d‟abord de la France, au plus grand
nombres possible de Français”. (URFALINO, 2004: 16)2.
Urfalino acredita que o ministério de Malraux foi fundamental para a
compreensão das políticas culturais ulteriores,

“[...] parce que as formation et sa pérennité ont introduit une triple


rupture: idéologique, avec l‟affirmation, au niveau de l‟État, d‟une
philosophie de l‟action culturelle; artistique, avec la façonnage d‟un
secteur artistique profissionnel subventionné induit par le soutien sélectif
du ministère; administrative, avec, outre l‟autonomie budgétaire, la
formation d‟un appareil administratif et l‟invention de modes d‟action
spécifiques. C‟est la conjonction de ces trois ruptures qui confèrent à la
période Malraux, du moins jusqu‟en 1968, la cohérence et l‟assise d‟une
fondation”. (URFALINO, 2004: 18-19)3

Compreendemos assim, que a política cultural implementada por André Malraux


apresenta inúmeros componentes de uma das categorias de Estado mencionadas por
Pierre Rosanvallon o Estado instrutor social, em sua pretensão de criar novos laços
sociais, motor da igualação e de substituir uma cultura universal pelo “espírito de
província”. O espírito de província pode ser entendido como a valorização de
comportamentos e aspectos culturais ligados às diversas províncias que compõem a
nação francesa. No espaço cultural brasileiro este mesmo princípio pode estar presente
em todos aqueles que vão valorizar as diferenças, as especificidades das regiões. “A
criação deste ministério e sua política de ação cultural não podem simplesmente
reconduzir a um Estado mecenas, distribuidor de subvenções aos artistas, mas deve ser
substituído nesta tendência recorrente do Estado francês de pretender afirmar a nação”.
(URFALINO, 2004: 20-21)
A atuação de Malraux junto ao ministério tinha também como objetivo o
fortalecimento da nação, do Estado francês, principalmente pela valorização do que o

2
“missão de tornar acessível as obras capitais da humanidade, e principalmente da França, a um maior
número possível de franceses”. (URFALINO, 2004: 16, tradução minha).
3
“[...] porque sua formação e sua perenidade introduziram uma tripla ruptura: ideológica, com a
afirmação, ao nível do Estado, de uma filosofia de ação cultural; artística, com a fabricação de um setor
artístico profissional subvencionado induzido pelo apoio seletivo do ministério; administrativo, com,
outra autonomia orçamentária, a formação de um aparelho administrativo e a invenção de modos de ação
específicos. Essa conjunção dessas três rupturas que concedem ao período Malraux, pelo menos até 1968,
a coerência e o assento de uma fundação”. (URFALINO, 2004: 18-19, tradução minha).

18
autor chama de “espírito da província”, o que pode ser verificado através do seu
principal projeto, as Casas de Cultura, o que pode ser percebido na atuação do Conselho
Federal de Cultura alguns anos depois.
Além de ser um projeto de importância para o entendimento do funcionamento e
da filosofia do Ministério de Assuntos Culturais francês, vale à pena uma breve
explanação da criação das casas de cultura, pois estas serão adaptadas à realidade
brasileira pelo Conselho Federal de Cultura, o que veremos no capítulo seguinte.
As Casas de Cultura no período entre 1959 e 1973 foram o principal exemplo da
ação cultural do ministério. Elas são criadas com o intuito de funcionar como
instrumentos de democratização e de descentralização cultural, lugares de criação e
difusão artística. Inicialmente, Malraux desejava que cada departamento, o equivalente
a município dentro da estrutura francesa, tivesse sua casa de cultura, mas em sua saída
do Ministério em 1969, apenas sete funcionavam plenamente.
A ideia era que tudo de essencial que ocorresse em Paris, atingisse o interior.
Isso permitiria equiparar o acesso aos bens culturais até então filtrado pelas barreiras
sociais, “a verdadeira oposição entre uma cultura totalitária e burguesa e uma cultura
democrática” (URFALINO, 1993:31).
“Cela veut dire qu‟il faut que, par ces maisons de la culture qui, dans
chaque département français, diffuseront ce que nous essayons de faire à
Paris, n‟importe quel enfant de seize ans, si pauvre soit-il, puísse avoir un
véritable contact son patrimoine national et avec la gloire de l‟esprit de
l‟humanité”. (Assembleia Nacional, 17 de novembro de 1959 apud
URFALINO, 1993:31)4

A citação acima demonstra bem o conceito do projeto das casas de cultura, o


acesso à cultura, “uma arte distribuída”, para um maior número de franceses e que estes
pudessem valorizar e compreender a importância do patrimônio cultural do país, mais
ainda, que fosse partilhado o orgulho de ser francês e ser parte desta nação. Não vamos
ignorar que a criação de um ministério voltado para a cultura não deve ser entendida
como sinal de ruptura com o Estado francês e sim, como parte dele. O Estado não deve
apenas “transmitir valores culturais, mas os escolher” (URFALINO, 1993).
Pierre Moinot, que trabalhava com Malraux, escreveu que:
“a casa de cultura tem por missão oferecer a cada um, não importa quem
seja, onde esteja, a tentação da cultura; ela está lá para organizar um

4
“Isto quer dizer que é necessário, que por essas casas de cultura, em cada departamento francês,
difundirão o que ensaiamos fazer em Paris, não importa qual criança de dezesseis anos, pobre que seja,
possa ter um verdadeiro contato com seu patrimônio nacional e com a glória do espírito humano”.
(Assembleia Nacional, 17 de novembro de 1959 apud URFALINO, 1993:31, tradução minha)

19
reencontro. Desse reencontro pode nascer uma familiaridade, um choque,
uma paixão, uma outra maneira para cada um refletir sobre sua própria
condição. As obras da cultura são, por essência, bem de todos, e nosso
espelho, é importante que cada um possa medir sua riqueza e se
contemplar” (GIRARD, 2001)

Podemos ter uma noção de como eram de fato as Casas de Cultura francesas, a
partir da descrição do jornalista Henrique Oscar, do jornal Diário de Notícias que as
visitou em 1968:
“As Casas de Cultura na França são órgãos de difusão cultural de
atividades múltiplas, instaladas em prédios especialmente construídos,
que compreendem locais adequados para as suas várias finalidades. A sala
de espetáculos, por exemplo, é essencial nelas, havendo as que possuem
duas e até uma como a de Grenoble, que tem três. [...]
Existem sempre também salas para exposições de artes plásticas,
discotecas com locais para audições coletivas, cabines ou sistemas de
fones para audição individual e serviço de empréstimo de discos. Há
ainda bibliotecas, salas de leitura, salas de estar, às vezes salas de aula,
para cursos que podem ser ministrados nas Casas de Cultura, restaurante,
ou, pelo menos lanchonetes, vestiário, etc., além, naturalmente, das
dependências da administração e do pessoal que trabalha no local”.
(Diário de Notícias, 23/04/1968)

A partir da definição de política cultural de Urfalino, apontaremos outras que


podem nos ajudar a um entendimento melhor do conceito. A UNESCO, ainda nos anos
60, define política cultural como “la suma total de los usos, acciones o ausência de
acciones de una sociedad, dirigidas a la satisfación de ciertas necesidades culturales a
través da la óptima utilización de todos los recursos materiales y humanos disponibles a
una sociedad determinada en un momento dado”. (UNESCO apud BÓLAN 2006:59)5.

Outra importante definição é a de cultura presente na Declaração do México


sobre as Políticas Culturais proclamada ao final da Conferência Mundial sobre Políticas
Culturais de 19826:

“No seu sentido mais amplo a cultura pode ser considerada atualmente
como um conjunto de traços distintivos, espirituais e materiais,
intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou grupo social.
Ela engloba, ademais, as artes e as letras, os modos de vida, os direitos
fundamentais do ser humano, os sistemas de valores, tradições e crenças”.
Os seguintes princípios devem reger uma política cultural: respeito à
identidade cultural; percepção da cultura como parte no processo de
desenvolvimento; democracia cultural; patrimônio cultural; condições
sociais e culturais que facilitem, estimulem e garantam a criação artística

5
“a soma total dos usos, ações ou ausência de ações de uma sociedade, dirigidas para a satisfação de
certas necessidades culturais através da excelente utilização de todos os recursos materiais e humanos
disponíveis a uma sociedade determinada em um momento dado”. (UNESCO apud BÓLAN 2006:59,
tradução minha).
6
Conferência Mundial sobre as Políticas Culturais. Declaração do México sobre Políticas Culturais.
México, 26 de julho- 6 de agosto de 1982.

20
e intelectual; políticas complementares nos campos da cultura, educação,
ciência e comunicação; esforço dirigido a planificar, administrar e
financiar as atividades culturais e cooperação cultural internacional.

Já para Nestor García Canclini (1987:26), políticas culturais são “el conjunto de
intervenciones realizadas por el Estado, las instituciones civiles y los grupos
comunitários organizados a fin de orientar el desarrollo simbólico, satisfacer las
necesidades culturales de la población y obtener consenso para un tipo de orden o de
transformación social”.7

Consideremos que a definição de política cultural de Eduardo Nivón Bolán,


professor do Departamento de Antropologia da Universidade Autônoma Metropolitana
do México, é mais abrangente e capaz de dar conta da evolução do entendimento do
conceito, por isso, é a definição que adotamos neste trabalho.
“[...] la verdadera novedad de nuestro tiempo [...] es la percepcíon de la
política cultural como una globalidad, es decir, como una concepción que
articula las acciones aisladas que ya, desde hace años, se aplicaban a
distintos sectores culturales. En la actualidad, la política cultural ha
llegado a ser algo más que la suma de las políticas sectoriales
relacionadas con el arte y la educación artística, pues supone un esfuerzo
de articulación de todos los agentes que intervienen em el campo cultural;
esto es, del sector público y el privado; del Estado y los diferentes actores
de la cultura; del sector artístico y también del de la ciência y la
tecnologia; de los grupos mayoritarios y de las comunidades pequenas y
marginadas; de los sectores artísticos y los productivos; a las elites
econômicas y también de aquellos que trabajan por la preservación del
8
ambiente, le equidad de gênero o la libertad sexual”. (2006: 54)

Apesar das diferentes percepções presentes nas definições de política cultural, os


diversos autores frisam o papel da sociedade, para além da função do Estado, como
formuladora de políticas públicas. Neste sentido, entendemos que a política cultural vai

7
“o conjunto de intervenções realizadas pelo Estado, as instituições civis e os grupos comunitários
organizados a fim de orientar o desenvolvimento simbólico, satisfazer as necessidades culturais da
população e obter consenso para um tipo de ordem ou de transformação social”. (CANCLINI, 1987:26,
tradução minha)
8
“[...] a verdadeira novidade de nosso tempo [...] é a percepção de política cultural como uma
globalidade, quer dizer, como uma concepção que articula as ações isoladas que já, desde muitos anos, se
aplicavam a diferentes setores culturais. Na atualidade, a política cultural chega a ser algo mais do que a
soma das políticas setoriais relacionadas a arte e a educação artística, pois supõe um esforço de
articulação de todos os agentes que intervêm no campo cultural; isto é, do setor público e do privado, do
Estado e dos diferentes atores da cultura; do setor artístico e também dos da ciência e tecnologia; dos
grupos majoritários e das comunidades pequenas e marginais; dos setores artísticos e produtivos, das
elites econômicas e também daqueles que trabalham com a preservação do meio ambiente, da equidade
de gênero ou da liberdade sexual” . (BOLÁN, 2006: 54, tradução minha).

21
além da responsabilidade do Estado, pois deve envolver os diversos atores da sociedade
em função de um projeto de transformação social a longo prazo. Cientes do caráter
imaterial e heterogêneo da cultura não podemos correr o risco bastante comum, de tratá-
la como uma política pública semelhante a empregada na educação, ou saúde por
exemplo. É importante estarmos com esses pontos em mente ao tratar da política
cultural nos períodos analisados.

1.1 A Cultura e o Estado Novo

A relação de política e arte/cultura no caso brasileiro, sobretudo durante o


Estado Novo, é anterior a década de 1950, portanto, às ideias de Malraux e seu conceito
de política cultural. Assim, reafirmamos o que foi dito anteriormente, nem toda ação
governamental na área de cultura constitui uma política cultural e nem sempre ela é
planejada com este intuito. Isto não quer dizer que durante o Estado Novo não tenha se
delineado uma política cultural, como veremos adiante. Sabemos que nos anos 30, a
cultura assumiu a incumbência da produção de uma identidade nacional e as ações
governamentais atuaram neste sentido.

Alguns autores, como Márcio de Souza (2000), apontam, como início das
políticas culturais no Brasil, a chegada da família real em 1808 que buscou melhorar o
nível social da colônia considerado então, atrasado em relação à Europa. Neste período,
cultura era sinônimo de civilização e critério para medir o grau de desenvolvimento de
uma sociedade. Além da criação de instituições como a Escola Real de Ciências, Artes e
Ofícios e a Biblioteca Nacional, o investimento em cultura estava principalmente focado
no artista através da função de mecenas do Império. Não concordamos com essa visão,
pois em nosso entendimento a criação de instituições culturais por si só não se configura
como uma política cultural, além disso, instituições e a prática do mecenato acima
mencionadas estavam voltadas para a sociedade portuguesa que mudou-se com a corte.

Nós tomaremos como período inaugural das políticas culturais no Brasil a


década de 1930, pois consideramos que neste período se assentarem as primeiras bases
de uma política cultural no país, notadamente a partir da gestão de Gustavo Capanema à
frente do então Ministério de Educação e Saúde nos anos de 1934 a 1945, quando este
era o órgão encarregado da cultura. A presença e importância do setor cultural no

22
Ministério podem ser explicadas por dois fatores: primeiro, a ligação de Capanema com
a intelectualidade, principalmente de origem mineira e em segundo, porque a educação,
além do ensino em si, era responsável pela formação de mentalidades, daí a necessidade
de desenvolver a alta cultura no país (SCHWARTZMAN, BOMENY e COSTA, 2000).

A atuação de Gustavo Capanema na área cultural durante o Estado Novo foi


fortemente marcada pela influência do movimento Modernista que comportou
diferentes grupos e plataformas. Ao se “apropriar” do ideário Modernista, o Estado
Novo valorizou principalmente o nacionalismo e o povo brasileiro. De certo modo, esse
nacionalismo funcionou como uma mediação entre nossas particularidades, nossa
brasilidade e o processo de desenvolvimento que estava em curso. De acordo com
Nogueira, foram os intelectuais brasileiros que assumiram esse processo já que, para
ele, “agenciados pelo Estado, os intelectuais, mediante instrumentos jurídicos, elegem
os bens culturais representativos da nação” (NOGUEIRA, 2005: 45).

Entendemos por intelectual a definição de Lúcia Lippi, “intelectual é o intérprete


da sociedade, é aquele capaz de expor suas reflexões em público, apresentar e defender
ideias” (OLIVEIRA, 2008: 98). Para a autora, os intelectuais dos anos 1930 percebiam
seu papel na sociedade como uma missão: a de salvar o Brasil. E como se consideravam
conhecedores dos problemas do país, não podiam recusar o espaço que o Estado lhes
oferecia. Faziam assim parte de uma geração que acreditava no país e queria salvá-lo,
“salvar o Brasil da falência moral, econômica e social” (Idem, Ibdem). O intelectual era
considerado aquele que via antes dos outros e que tinha sensibilidade para perceber
demandas e anseios populares.

Para Carlos Fico,

“Muitos dos elementos que posteriormente, durante a ditadura militar


pós-64, seriam utilizados pela propaganda política foram estabelecidos
nessa época: a valorização da mistura racial, a crença no caráter
benevolente do povo, o enaltecimento do trabalho, uma certa ideia de
nação – baseada nos princípios da coesão e da cooperação. Pode-se dizer,
então, que essas são matrizes ideológicas do Estado Novo que seriam
retrabalhadas pela ditadura militar” (FICO, 1997: 34)

O período foi caracterizado também por uma maior institucionalização do setor


cultural. Deste modo, foram criadas algumas instituições, como a Superintendência de
Educação Musical e Artística, Serviço de Radiodifusão Educativa, Instituto Nacional de
Cinema Educativo, Serviço Nacional de Teatro, Conselho Nacional de Cultura, Instituto

23
Nacional do Livro e o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, principal
órgão da época e já amplamente estudado.

O cinema também mereceu grande destaque, pois era visto como parte
importante de uma política cultural, assim como o rádio, principal veículo de integração
entre as mais diferentes populações. É deste período a criação do programa A hora do
Brasil, que fazia propaganda das realizações do governo. Esse processo de
modernização no campo das comunicações é, segundo Lucia Lippi, o início do processo
de americanização do Brasil realizado através da política da boa vizinhança e que teve
em Nelson Rockfeller um de seus principais personagens.

Os intelectuais elaboram uma síntese da ideologia do Estado Novo que pode ser
assim expressa: aquele Estado era “novo porque pela primeira vez era “nacional”
(OLIVEIRA, 2008:106). Neste momento se procurou buscar uma valorização do
passado e do que é nacional, legitimar nossa “verdadeira” cultura. Tais princípios
agregavam diferentes intelectuais que passaram a partilhar de um mesmo campo
político-ideológico.

Durante o período, em 1938, foi criado o Conselho Nacional de Cultura, uma


sugestão do então ministro de Educação e Saúde Gustavo Capanema a Getúlio Vargas:

“Poder-se-ia justificar a criação de um Departamento Nacional de


Cultura. Tudo aconselha, porém, que se confie, preliminarmente, a tarefa
de coordenar as atividades de ordem cultural realizadas pelo Ministério da
Educação e Saúde a um Conselho Nacional de Cultura. O
desenvolvimento dos serviços, deste Conselho mostrarão de futuro se o
Departamento será ou não necessário.
Submeto à elevada consideração de V. Exc. um projeto de decreto-lei
organizando o Conselho Nacional de Cultura, o qual, uma vez criado,
entrará da categoria dos órgãos de cooperação do Ministério da Educação
e Saúde.” (Cópia de carta de 06/06/1938 de Gustavo Capanema à Getúlio
Vargas, encontrada no acervo de Paschoal de Carlos Magno, CDOC,
Funarte).

O Conselho Nacional de Cultura de 1938 foi criado para coordenar as atividades


concernentes ao “desenvolvimento cultural” realizadas pelo Ministério de Educação e
Saúde. Dentre as atividades que abrangeriam o que se entendia como desenvolvimento
cultural estavam incluídas questões também relacionadas à saúde, a pátria e a educação,
bem de acordo ao ideário estado-novista. De acordo com o decreto-lei nº. 526 de 01 de
julho de 1938, de instalação do Conselho estas são: produção filosófica, científica e
literária; cultivo das artes; a conservação do patrimônio cultural; intercâmbio

24
intelectual; difusão cultural entre as massas através do diferentes processos de
penetração espiritual (o livro, o rádio, o teatro, o cinema, etc.); a propaganda e a
campanha em favor das causas patrióticas ou humanitárias; a educação cívica através de
toda sorte de demonstrações coletivas; educação física (ginástica e esportes); e por fim,
a recreação individual e coletiva.
Este Conselho era composto por sete membros, designados pelo presidente da
república, dentre nomes consagrados da cultura brasileira, figurando entre eles pelo
menos quatro “diretores ou altos funcionários de repartições do Ministério da Educação
e Saúde”, encarregados de qualquer atividade cultural. Estes eram remunerados e
liderados por um secretário geral que deveria ser funcionário do Ministério. Também
fazia parte do Conselho um representante do Ministério das Relações Exteriores,
escolhido dentre os funcionários e que estivesse apto ao serviço de cooperação
intelectual.
As atribuições do CNC eram: fazer balanço das atividades de caráter público
ou privado realizadas em todo o país, quanto ao desenvolvimento cultural, para o fim de
delinear os tipos das instituições culturais e as diretrizes de sua ação, de modo que delas
se pudesse tirar o máximo proveito; sugerir aos poderes públicos as medidas tendentes a
ampliar e aperfeiçoar os serviços por eles mantidos para a realização de quaisquer
atividades culturais; e estudar a situação das instituições culturais de caráter privado,
para o fim de opinar quanto às subvenções que lhes devam ser concedidas pelo Governo
Federal.
Notamos que suas atribuições eram somente de planejamento, levantamento e
sugestões para o melhoramento dos serviços culturais do Ministério da Educação e
Saúde. Infelizmente não temos informações de como isso se dava na prática e se este
Conselho possuía algum tipo de dotação orçamentária para atender alguns pleitos de
instituições culturais. Não dispomos de dados para saber se esse Conselho funcionou de
fato e nem quem eram seus membros.
Entre os anos de 1945 e 1964, quando se vivia um regime democrático, temos
uma certa paralisação da atuação do poder público na área da cultura, apenas com
algumas ações pontuais. Vale salientar que toda estrutura montada durante a Era Vargas
é mantida, mas a falta de verba, de técnicos e de incentivo acabam esvaziando esses
órgãos administrativos. Entre as principais ações temos: a instalação do Ministério da
Educação e Cultura, em 1953, a expansão das universidades públicas nacionais, a

25
Campanha de Defesa do Folclore e a criação do Instituto Superior de Estudos
Brasileiros – ISEB (BARBALHO E RUBIM, 2007:18).

Sobre o período Albuquerque Jr. diz,

“O período democratização que se segue vem consolidar, de certa forma,


no imaginário nacional, a ideia de que o governo formalmente
democrático não possui política cultural, porque abre mão do dirigismo
que seria característico dos regimes autoritários, preocupados em gerir e
controlar a cultura, e aposta na liberdade dos agentes privados, que seriam
responsáveis por produzir, gerir e legitimar a sua produção cultural”
(ALBUQUERQUE JR. apud BARBALHO E RUBIM, 2007:70).

De fato, verificamos a partir da década de 1960 um maior incentivo às ações


voltadas para a cultura, tendo como marco a criação do Conselho Nacional de Cultura,
como veremos a seguir.

Uma área que esteve em ebulição no período democrático de 1945 a 1964 foi a
relativa ao folclore. Durante a década de 1950, o pensamento corrente entre os
intelectuais ainda era a formação do povo brasileiro e sua miscigenação, e neste sentido,
foi grande a importância dada ao estudo do folclore “como construção de um discurso
capaz de revelar o povo, o saber popular, de alguma forma ameaçado pelas
transformações tecnológicas e que, portanto, deveria ser preservado para que preservada
fosse a própria 'brasilidade'” (FICO, 1997:35). Ainda em 1946, foi instalada a Comissão
Nacional do Folclore (CNFL) que foi responsável pelo incentivo e criação de diversas
comissões estaduais de folclore e a organização do I Congresso Brasileiro de Folclore.
A Comissão teve como participantes nomes como Cecília Meireles, Manoel Diegues
Júnior, Mariza Lira, Édison Carneiro, entre outros.

A meta de governo Juscelino Kubitschek -“50 anos em 5” - de progresso


realizado com pleno respeito às instituições democráticas parece também ter
influenciado os intelectuais e o setor cultural da época, num anseio de modernização,
lutou “pela superação do 'atraso e do subdesenvolvimento', pela apologia do futuro”
(VELLOSO apud FICO 1997:35). Nessa busca de superar o atraso, buscou-se redefinir
as características do povo e do próprio país, deixando de lado os aspectos negativos que
“causavam vergonha” (FICO, 1997).

Em contrapartida a quase paralisia de ação do governo na área da cultura, nesse


momento se firmam os meios de comunicação em massa como o rádio, a televisão, e o

26
cinema começa a ser visto como um bem de consumo, com grandes investimentos do
setor privado na indústria cultural. Para se ter uma ideia, no caso do rádio, em 1945
foram criadas 111 emissoras; em 1946, foram 136; e, em 1950, surgiram 300 novas
emissoras –ou seja, a taxa de crescimento anual aumentou em quase 200% em cinco
anos (CALABRE, 2009:45).

1.2 O Conselho Nacional de Cultura de 1961

Na década de 1960, ainda antes do golpe civil-militar de 1964, verifica-se a


preocupação do estado com a cultura, com a criação do Conselho Nacional de Cultura,
em 1961, órgão ligado diretamente à Presidência da República, com o intuito de orientar
a política cultural do regime. Vamos explorar mais detidamente a criação e
funcionamento deste Conselho, pois o Conselho Federal de Cultura foi de certo modo,
uma continuação dele.

Criado a partir do decreto nº. 50.293 de 23 de fevereiro de 1961, pelo então


presidente da república Jânio Quadros, e tendo como primeiro secretário geral Mário
Pedrosa, este Conselho funcionou ativamente em seus três primeiros anos, até o golpe
civil militar quando suas atividades foram praticamente paralisadas, só retornando com
a instalação do Conselho Federal da Cultura em 1967.
Como dito anteriormente, este Conselho era diretamente subordinado à
Presidência da República, mas após sua instalação ele foi transferido para o Ministério
de Educação e Cultura. Era composto por seis comissões: Comissão Nacional de
Literatura, Comissão Nacional de Teatro, Comissão Nacional de Cinema, Comissão
Nacional de Música e Dança, Comissão Nacional de Artes Plásticas e Comissão
Nacional de Filosofia e Ciências Sociais. Cada comissão era composta por cinco
membros, com mandatos de dois anos e nomeados pelo Presidente da República.
Os membros deveriam ser representantes de entidades relativas a cada setor
artístico ou por pessoas “de reconhecido valor cultural” e eram remunerados, assim
como o secretário geral. A Comissão Nacional de Cinema funcionaria também como
Conselho Consultivo do GEICINE (Grupo Executivo da Indústria Cinematográfica) e
por isto era integrada por nove membros.

27
De acordo com as atas iniciais do Conselho, ainda em 1961, os nomes que
compunham as Comissões eram os seguintes:
1. Comissão Nacional de Literatura: Alceu do Amoroso de Lima, Jorge
Amado, Carlos Drummond de Andrade, Belarmino Austregésilo de Athayde
(presidente), Antônio Cândido de Melo e Souza e Mário Pedrosa;

2. Comissão Nacional de Artes Plásticas: Francisco Matarazzo Sobrinho


(presidente), Augusto Rodrigues, Geraldo Benedito Gonçalves Ferraz, Lívio
Abramo e Oscar Niemeyer.

3. Comissão Nacional de Cinema: Flávio Tambellini (presidente) Antonio


Moniz Viana, Rubem Biáfora, Francisco Luiz de Almeida Sales e Lola Brah;

4. Comissão Nacional de Teatro: Clóvis Garcia (presidente), Alfredo Mesquita,


Cacilda Becker, Nelson Rodrigues e Décio de Almeida Prado.

5. Comissão Nacional de Música e Dança: José Cândido de Andrade Muricy


(Presidente), Otto Maria Carpeaux, Eleazar de Carvalho, Heitor Alimonda e
Edino Krieger.

6. Comissão Nacional de Filosofia e Ciências Sociais: Djacir Menezes, Sérgio


Buarque de Hollanda, Dom Clemente Isnard, Euríalo Canabrava e Gilberto
Freyre.

Verificamos de acordo os nomes elencados, que realmente eram todos


personalidades de renome na cultura nacional e que se destacavam nas áreas em que
atuavam. A Comissão Nacional de Literatura, por exemplo, contava com Carlos
Drummond de Andrade, que já era reconhecido pela sua obra; na Comissão Nacional de
Artes Plásticas temos Oscar Niemeyer, já reconhecido arquiteto, responsável por
grandes obras em Brasília; na Comissão Nacional de Filosofia e Ciências Sociais temos
entre seus integrantes Gilberto Freyre (que posteriormente também faria parte do
Conselho Federal de Cultura) e Sérgio Buarque de Hollanda, cujos livros Casa Grande
e Senzala e Raízes do Brasil, respectivamente, são fundamentais para entender o
pensamento social brasileiro ainda hoje; só para citar alguns exemplos.
A partir de seu decreto-lei verificamos que suas principais atribuições eram:
elaborar um plano geral de política cultural e programas anuais para sua aplicação;
estudar e opinar sobre todos os assuntos de natureza cultural que lhe forem submetidas

28
pela Presidência da República; sugerir à Presidência da República medidas de estímulo
à atividade cultural; proceder ao balanço das atividades culturais em todo o País, de
caráter público ou privado, relacionando os órgãos e entidades que as exercem, para fim
de coordenar a ação do Governo frente a todas as instituições culturais existentes,
visando o maior rendimento de sua ação; propor ao Governo a reestruturação,
ampliação ou extinção de órgãos culturais da União, a sua articulação dentro do plano
geral de estímulo à cultura e a criação de órgãos novos para atender às necessidades de
desenvolvimento cultural do País; apreciar, previamente, os programas de trabalho
anualmente elaborados pelas Comissões, bem como decidir sobre quaisquer outras
sugestões dessas Comissões; editar revista destinada à difusão das artes e da cultura e ao
registro das atividades culturais em todo o País; estudar e desenvolver medidas no
sentido da popularização da cultura, inclusive através da manutenção de estação
emissora de rádio e televisão; estimular a criação de Conselhos Estaduais de Cultura e
propor convênios com órgãos dessa natureza para unidade e desenvolvimento da
política cultural do País; articular-se com todos os órgãos culturais da União podendo
requisitar deles o que necessitar para o cumprimento de suas atribuições.
Podemos perceber a partir da análise dessas atribuições que, ao contrário do
Conselho anterior, este era mais atuante e participativo e tinha certo poder de definir
uma política cultural para o país, através das sugestões dadas à Presidência da
República. Notamos também, a preocupação em realizar um mapeamento cultural. Essa
questão também pode ser verificada no Conselho Nacional de Cultura de 1938 e no
Conselho Federal de Cultura (CFC) criado em 1966, a necessidade de um levantamento
das instituições culturais, privadas ou públicas, atuantes no país.
Outro ponto interessante a se notar entre suas atribuições é a de “estimular a
criação de Conselhos Estaduais de Cultura”, proposta que vai constar no futuro
Conselho Federal de Cultura com medidas claras para a implantação destes. A partir
desse dado, podemos inferir que essa meta não foi atingida, já que quando da criação do
CFC só haviam três conselhos estaduais instalados, os dos estados da Guanabara, de
São Paulo e do Ceará. Quanto ao plano de política cultural, há um esboço nos arquivos
de Paschoal de Carlos Magno na Funarte, mas este era entendido como as atividades
que deveriam ser realizadas nas diversas áreas (seminários, festivais, espetáculos,
exposições, etc.), não havendo a formulação de uma política, de um programa ou
projeto.

29
O Conselho era integrado pelos presidentes de cada Comissão e pelo seu
secretário-geral, por um representante do Ministério da Educação, do Ministério da
Fazenda, do Ministério das Relações Exteriores e um da Universidade do Brasil (atual
Universidade Federal do Rio de Janeiro). A organização se dava da seguinte maneira:
Conselho Pleno (formado por todos os membros das comissões nacionais e pelos
componentes do Conselho Deliberativo); Conselho Deliberativo (integrado pelos
presidentes das comissões, secretário geral e demais membros do Conselho); Comissões
Nacionais, Secretaria-Geral. Este também possuía uma dotação orçamentária para seu
funcionamento, assim como para atender alguns pleitos de instituições culturais.
De acordo com a ata de instalação do Conselho, o Presidente da República
definiu as tarefas deste, como a de “coordenar, disciplinar e traçar a vitalização da
cultura, de sua popularização e democratização”, e ninguém melhor para a tarefa do que
“uma elite a serviço do povo” que era representada pelos conselheiros, intelectuais de
renome que tinham o dever de servir ao homem brasileiro na defesa de sua cultura. O
primeiro secretário geral foi Mário Pedrosa9 que ficou até 1962, ano que Paschoal de
Carlos Magno assume.
A entrada de Paschoal de Carlos Magno no Conselho movimentou o órgão.
Grande crítico da situação da cultura no país e da falta de recursos do Conselho, ele
empreendeu viagens buscando diagnosticar a realidade cultural dos estados, tratando
com diversos representantes do setor e tomando o encargo de levantar todas as
entidades de caráter público ou privado para planejar as atividades do Conselho
Nacional de Cultura.

Paschoal de Carlos Magno era escritor e exerceu durante a maior parte de sua
vida a carreira de diplomata, principalmente na Inglaterra. Também serviu na legação
brasileira em Atenas (1950) e em Milão (1955). Em 1957, foi oficial de gabinete da
Presidência da República, durante o governo de Juscelino Kubitscheck. Foi também
vereador no Distrito Federal em 1950.

Contudo, foi no teatro que Paschoal se destacou, sendo considerado


personalidade fundamental na dinamização e renovação da cena brasileira. Em 1929,

9
Mário Pedrosa - Crítico de arte, jornalista, professor. Foi membro das comissões organizadoras das Bienais
Internacionais de São Paulo de 1953 e 1955, e diretor-geral da bienal de 1961. Dirigiu o Museu de Arte Moderna de
São Paulo - MAM/SP de 1961 até 1963. De 1961 a 1962, foi secretário do Conselho Nacional de Cultura, criado pelo
governo Jânio Quadros. Ver: Itaú Cultural:
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=27
33&cd_idioma=28555&cd_item=1

30
criou a Casa do Estudante Brasileiro e, em 1938, o Teatro do Estudante do Brasil
(TEB), inspirado nos teatros universitários europeus. Em 1944, organizou o Curso de
Férias de Teatro, ponto de partida do Teatro Experimental do Negro. Em 1952,
inaugurou em sua casa em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, o Teatro Duse, com o
objetivo de promover o trabalho de novos autores. O Teatro Duse passou a ser uma
importante referência ao desenvolvimento da dramaturgia brasileira, vindo também a
constituir um criativo laboratório de atores e diretores.

Em 1952 é nomeado pelo Presidente Juscelino Kubitschek como responsável


pelo setor cultural e universitário da Presidência da República, onde tem a oportunidade
de viajar pelo país lutando pela criação ou dinamização de espaços culturais. Em 1962
assumiu a Secretaria Geral do Conselho Nacional de Cultura. Em 1964, com o golpe se
afasta de suas funções no Conselho e mesmo da diplomacia.

Em 1965 inaugurou no interior do estado do Rio de Janeiro em Pati do Alferes,


em uma área de 57 mil m², a Aldeia de Arcozelo, projeto que visava funcionar como um
local de repouso para artistas e intelectuais e centro de treinamento para as diferentes
áreas das artes.

Escreveu, entre outras obras, Tempo que passa (1922), Drama de alma e
sangue (1926), Desencantamento (1929), Pierrot (1930), a peça teatral Tomorrow will
be different (1945), que seria lançada no Brasil em 1952, com o nome O amanhã será
diferente, e Sempre seremos crianças (1947).

Paschoal não poupava críticas às dificuldades encontradas para o funcionamento


do órgão. Em ofício enviado ao Ministro de Educação e Cultura Roberto Lyra, ele
expõe a realidade e precariedade do Conselho:
“[...] Enfrentei nesses meses de exercício, todas as dificuldades de um
departamento pobre de recursos financeiros e pessoal. [...]
Este Conselho, criado em 1938, por Decreto-lei pelo Presidente Getúlio
Vargas, nunca foi olhado seriamente. Existiu, desde então, em papel.
Ressuscitado em 1961, por um decreto do Presidente Jânio Quadros, não
anulou a validade daquele. Não lhe foram concedidas verbas nem
atenções especiais. O atual Governo o devolveu à sua forma primitiva,
legalizando-lhe a situação. [...]
O C.N.C não pode simplesmente ser um órgão de consulta, alienado da
massa. [...]
Padecendo de uma organização anômala, como já observei, o Ministério
da Educação e Cultura vem desenvolvendo toda a sua ação no campo
educacional. Esquecendo-se mesmo da inconveniência de desligar a
educação da cultura, já que àquela não existe sem esta”. [...] (Ofício
360/62, de 20 de agosto de 1962)

31
Apesar da citação extensa, achei importante demonstrar que mesmo sendo
secretário geral do Conselho, Paschoal de Carlos Magno faz uma análise da situação
precária e apenas “no papel”, de mera formalidade que o Conselho vinha funcionando e
a disparidade entre os recursos para a educação e aqueles destinados à cultura, assim
como a falta de prioridade desta para o próprio governo, situação que infelizmente ainda
podemos apontar cinquenta anos depois.
Ao analisar algumas atas do Conselho, verificamos vários pedidos de auxílio
financeiro de diversas entidades culturais do país e muitos destes serem atendidos, pelo
menos parcialmente. De acordo com o depoimento do Ministro Paulo de Tarso em ata
do Conselho:
“A Secretaria Geral fica devidamente autorizada, dentro dos limitados
recursos que dispõe o CNC a auxiliar conjuntos orquestrais, corais,
grupos de teatro de Brasília ou não, assim como patrocinar exposições de
artes plásticas, artesanato, lançamento de livros, assim como oferecer
prêmios e torneios de arte e cultura de crianças e adolescente”. (Ata de
reunião Conselho Nacional de Cultura, realizada em Brasília, no dia 29 de
agosto de 1963)

Este repasse de recursos não era feito através de convênio, o secretário geral
enviava uma ordem de pagamento ao interessado a ser debitada da conta do Conselho
Nacional de Cultura no Banco do Brasil. Notamos através de uma análise nas atas do
Conselho, que a maioria das entidades e órgãos beneficiados fazia parte do governo
federal, ficando o Conselho encarregado de suprir necessidades emergenciais, o que
pode ser percebido também no Conselho Federal de Cultura, como veremos no próximo
capítulo.
O principal projeto desenvolvido pelo Conselho Nacional de Cultura foi a
Caravana Cultural que, de acordo com o relatório, ocorreu no mês de dezembro de
1963. Entretanto, os jornais da época indicam que muitas cidades ainda aguardavam sua
chegada em janeiro de 1964. A ideia era que o projeto passasse por todas as regiões do
país, mas após o encerramento da primeira etapa foi instaurado o golpe civil militar e as
atividades do Conselho foram paralisadas.
A Caravana da Cultura tinha como objetivo levar arte e cultura à população do
interior do Brasil. No discurso de sua partida em plena Avenida Rio Branco no Rio de
Janeiro, o presidente João Goulart a trata como “Caravana da Unidade Nacional” pela
sua atuação ao longo da rodovia Rio-Bahia. Pelo trajeto da Caravana, percebemos que

32
ela permearia o Rio São Francisco, o chamado “rio da integração nacional”. Nada mais
simbólico no projeto de unidade nacional, já que o rio e a caravana proporcionam a
ligação direta entre o Sudeste e o Nordeste do país.

A ideia da Caravana partiu do próprio Paschoal de Carlos Magno:


“A idéia desta Caravana nasceu a exemplo do que pude observar em
outros países onde exerci funções diplomáticas. Vi, certa vez nas galerias
de Londres um trem que fazia percurso por diversas cidades e vilarejos,
demorava-se em casa, por um ou mais dias, dando ao povo a
oportunidade de olhar exposições de telas famosas, trabalhos de
arquitetura e outras obras de arte. Era algo impressionante! Vi na Polônia,
noutra ocasião, museus inteiros transportados em caminhões e conduzidos
para serem exibidos em vilarejos. Eu poderia passar horas evocando
experiências iguais por diversos países, como França. Itália, Alemanha,
Rússia e outros, onde pude observar transportes de bibliotecas e inúmeras
obras de arte, com o fito de levar o teatro, a arte, as danças ao povo”.
(Gazeta de Sergipe, 26/01/1964)

Inicialmente, a ideia era que a Caravana visitasse dezoito cidades entre o estado
da Guanabara e Alagoas, atravessando cinco estados através da BR-4. Em cada cidade
visitada seriam apresentados espetáculos de teatro e de bailado, de ópera e de música
(clássica e popular), de danças típicas, de fantoches, de ginástica aplicada, recitais de
poesia e exposições de pintura e de arquitetura do Rio de Janeiro, de rendas de Santa
Catarina, acompanhadas por palestras e conferências.
A Caravana contou a colaboração do Departamento Nacional de Estradas de
Rodagem, do Museu Nacional de Belas-Artes e da Cinemateca de São Paulo. Outra
ação importante era que a Caravana, juntamente com o Instituto Nacional do Livro,
oferecia publicações às bibliotecas das cidades visitadas e entregava nas mesmas
cidades dois mil discos de música clássica e popular brasileira às estações de Rádio (50
a cada) e duas mil assinaturas anuais de dez publicações especializadas de literatura e
artes aos 125 liceus do percurso.
As cidades visitas pela Caravana foram: Vitória da Conquista (BA), Itabuna
(BA), Feira de Santana (BA), Salvador (BA), Ilhéus (BA), Jequié (BA), Governador
Valadares (MG), Além Paraíba (MG), Muriaé (MG), Leopoldina (MG), Caratinga
(MG), Governador Valadares (MG), Teófilo Otoni (MG), Estância (SE), Aracaju (SE),
Maceió (SE) e Penedo (SE).
No arquivo de Paschoal de Carlos Magno que se encontra na Funarte, há
diversas reportagens de jornais locais das diferentes cidades onde a Caravana passou e
que transmitem a sensação de encantamento e do que representou esse dia intenso de

33
atividades culturais em lugares, que segundo as reportagens, praticamente não havia
apresentações culturais de qualquer espécie:
“Uma caravana de cinco ônibus e vários veículos particulares conduzindo
mais de duzentos artistas de quase todos os ramos da arte acaba de
percorrer a BR-4, do Rio de Janeiro a Maceió, visitando cerca de vinte
cidades do interior de Minas, Bahia, Sergipe e Alagoas, para promover o
intercâmbio cultural e humano entre as diversas regiões do País e levar a
cultura e a arte – prioritariamente a brasileira – às cidades do interior às
quais nunca chegam os movimentos e realizações artísticas das capitais”.
(O Diário, sem data)

Ainda que extensa, cabe mais uma descrição detalhada que nos mostra o impacto
da visita da Caravana na vida das populações por ela beneficiadas:
“[...] Um dia de „magnífica loucura‟ em cada cidade ou vila, mesmo além
do Rio Baía, até Penedo, já tradicional por seus „Festivais de Arte‟, apesar
de havê-los iniciado apenas em 63, valerá por um ano (ou muitos) de
esquecimento. Nesse único dia, cada cidade assistirá, desde as nove da
manhã até a meia noite, um desfile de astros da categoria de Sérgio
Cardoso e Beatriz Consuelo, ao lado de espetáculos apresentados por
teatros universitários, escolas de ballet, corais eruditos, conjuntos
folclóricos, cantores de câmara e de ópera, filmes de arte, teatros de
fantoches, enquanto, pelo rádio, falarão professores e escritores,
explicando quantas coisas o povo deseja saber. Um dia desses que valerão
por uma existência, pois, quando a caravana partir, ninguém mais se
conformará em voltar ao ramerrão e passará a agir, por conta própria ou
com apelos aos governos e seus deputados (todos os lugares possuem
alguém que recebeu seus votos e deve fazer algo para merecê-los) para
que ali se forme centros culturais, de onde saem, no futuro, componentes
para novas caravanas, destinados a [lugares] ainda abandonados pela
cultura. E assim, de caravana em caravana, nesta terra se irá plantando
vontade de crescer tanto econômica, quanto culturalmente, já que é
impossível separar esses elementos”. (Carta do Brasil – Caravana de
Cultura. André Massil. Diário de Notícia, Lisboa, 29/01/1964)

Ao terminar essa primeira e única fase da Caravana Cultural Rio-Bahia,


Paschoal de Carlos Magno estava extremamente realizado e ciente do bom trabalho que
havia feito. Durante um mês de intensas viagens, segundo ele, foram representados 174
espetáculos para crianças e 20 para adultos, 26 toneladas de livros foram distribuídas
entre ginásios, bibliotecas infantis e 134 ginásios do roteiro receberam assinatura anual
de dez publicações de arte ou literatura, compradas pelo Conselho Nacional de Cultura.
Também foram oferecidos ainda cerca de 4.000 discos atingindo mais de meio milhão
de brasileiros que não tinham acesso a bens culturais. Para ele “a cultura não é
privilégio de nenhum grupo ou classe, mas pelo contrário, pertence a todos seja ele rico
ou pobre, preto ou branco” e o objetivo da Caravana era “o de levar ao povo obreiro o
mesmo direito que tem seus patrões de assistirem a bons espetáculos de Arte, além de

34
difundir a arte teatral numa parte do País essencialmente subdesenvolvida” (Gazeta de
Sergipe, 26/01/1964).
A ideia de Paschoal de Carlos Magno, juntamente com o Ministro de Educação e
Cultura Julio Sambaqui (projeto aprovado pelo Presidente João Goulart), era a de
organizar mais 36 Caravanas que, além das exposições de artes plásticas, arquitetura,
arte infantil e reprodução de quadros famosos, faria exibições de filmes e doações de
livros a ginásios e escolas, terminando com o I Seminário de Cultura na Fazenda Nova,
perto de Caruaru, ponto de encontro de 11 caravanas. O que diferiria da primeira
Caravana, é que estas não teriam a mesma quantidade de pessoas envolvidas
anteriormente (200), pois contariam com no máximo 33 integrantes para facilitar a
locomoção (Diário de Minas, 29/02/1964).
Infelizmente, em março ocorreu o golpe civil militar e por um tempo todas as
atividades do Conselho ficaram paralisadas. Interessante notar, que Paschoal de Carlos
Magno solicita sua exoneração do cargo de secretário geral do Conselho Nacional de
Cultura em julho, justificando a necessidade de voltar as suas atividades junto ao
Itamarati, mas está só lhe é concedida em novembro. Não temos informações de quem o
substitui no Conselho, mas em 1966 é Murilo Miranda10 que está à frente da secretaria
geral.
Vale ressaltar que Josué Montello, presidente do Conselho Federal de Cultura
criado em 1966, afirmou em reunião da Comissão de Educação e Cultura da Câmara,
que “o antigo Conselho Nacional de Cultura praticamente não existia. O que se via era
apenas uma sala, um secretário e um telefone. Assim eram tratados os assuntos de
cultura do país”. (Revista Cultura, nº4, 1967:153). O CFC herdou a parca estrutura do
Conselho Nacional de Cultura “órgão que praticamente não existia, pois dispunha
11
apenas de 3 ou 4 funcionários à sua disposição” e assumiu as despesas e
compromissos deste.
Ao analisarmos a breve gestão (1962-1964) de Paschoal de Carlos Magno à
frente do Conselho Nacional de Cultura, verificamos que durante este curto período o
Conselho realizou diversas atividades e atendeu um bom número de solicitações de
instituições culturais, mas principalmente, conseguiu realizar um projeto de alcance
nacional, com poucos recursos e em pouco tempo.

10
Escritor, fundador da Revista Acadêmica.
11
Ata da Terceira Sessão Plenária do Conselho Federal de Cultura, realizada a 6 de março de 1967

35
Não podemos afirmar com segurança que o Conselho Nacional de Cultura tinha
uma política cultural clara, mas também não podemos deixar de reconhecer o seu papel
na história das políticas públicas para a cultura do país.

1.3 A Cultura e o Golpe

A partir de 1964, temos uma presença forte do Estado no setor cultural,


reafirmando a ideia de que durante os períodos autoritários há uma presença maior dos
órgãos estatais na formulação de políticas culturais. Se durante o Estado Novo, a cultura
fez parte do processo de construção de uma identidade e da integração nacional, nos
anos 1960, ela era parte do projeto desenvolvimentista dos militares, o que Carlos Fico
denominou de “missão civilizadora”, ou seja, a ideia de estar colocando o Brasil em um
novo patamar econômico, político e moral. Sobre esta temática, Renato Ortiz afirma:

“Se compararmos a ditadura militar ao Estado Novo podemos apreender


algumas analogias e diferenças que esclarecem o papel do Estado em
relação à cultura. Nas duas ocasiões, 37 e 64, o que define sua política é
uma visão autoritária que se desdobra no plano da cultura pela censura e
pelo incentivo de determinadas ações culturais. […] Talvez pudéssemos
dizer que o Estado militar tem uma ação mais abrangente, uma vez que a
política cultural de Capanema tinha limites impostos pelo próprio
desenvolvimento da sociedade brasileira” (ORTIZ, 1994: 116-117).

O governo militar tinha como principal preocupação a segurança nacional, cujo


planejamento estratégico era desenvolvido na Escola Superior de Guerra, órgão de
formação do pensamento e ideologia militar. Nesse contexto é forjado um discurso de
integração nacional e essa “noção de integração, trabalha pelo pensamento autoritário,
serve assim de premissa a toda uma política que procura coordenar as diferenças,
submetendo-as as chamados Objetivos Nacionais” (ORTIZ, 1994:82). Isto significava
que o Estado deveria estimular o desenvolvimento da cultura por meio da integração
nacional.
Assim, a ditadura começou a pensar na infraestrutura necessária para o
crescimento de uma indústria cultural. Daí decorre a implantação de empresas como a
Telebrás e a Embratel e o estabelecimento de um controle dos meios audiovisuais que
“buscam integrar simbolicamente o país, de acordo com a política de 'segurança
nacional'” (BARBALHO E RUBIM, 2007:20). É instituída uma censura bastante rígida
nos meios de comunicação, tentando por fim à agitação política e cultural do período.

36
No início do regime, até aproximadamente 1968, ainda era forte a presença cultural da
esquerda, principalmente na classe média, criando uma situação paradoxal: “apesar da
ditadura da direita há relativa hegemonia cultural da esquerda no país” (SCHWARZ,
2005:08).

A partir de 1964 são decretadas inúmeras leis, decretos-leis e portarias, que


disciplinam e organizam os produtores, a produção e a distribuição dos bens culturais.
Dentre elas está a regulamentação da profissão de artista e de técnico, a obrigatoriedade
de produção e difusão de longas e curtas-metragens brasileiros bem como, portarias
regularizando o incentivo financeiro às atividades culturais. (ORTIZ, 1994: 88-89)

Com o projeto desenvolvimentista e modernizador dos militares, surge também a


preocupação com uma descaracterização do país e a perda de sua cultura “legítima”.
Segundo Isaura Botelho:

“O que ele (governo) fez, dentro do jogo de compensações, foi dar


atenção ao „nacional‟ no plano das práticas culturais tradicionais, de
menor impacto político numa sociedade de massas, enquanto criava
condições de infraestrutura para a expansão da mídia eletrônica, sua
cultura de mercado e seu jornalismo semi-oficial. Quanto ao cinema, [...],
teve reconhecido seu papel de formador de imagem do país interna e
externamente”. (BOTELHO, 2001:42)

Fica a cargo da administração privada a direção das empresas de comunicação,


ficando o governo concentrado em outras áreas, principalmente o teatro, através do
Serviço Nacional de Teatro (SNT), o cinema com a Embrafilme, o livro didático com o
Instituto Nacional do Livro (INL) e as artes e o folclore (Funarte). É deste período
também a criação do Programa das Cidades Históricas (PCH), da Fundação Nacional
Pró-Memória (FNPM), do Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC), entre
outras iniciativas. Entre 1973 e 1974, também é criado no MEC o Programa de Ação
Cultural (PAC), que visava atuar em áreas como teatro, dança, artes visuais e música.
Em 1973, o Departamento de Assuntos Culturais (DAC) do MEC lançou o Plano
de Ação Cultural (PAC), financiado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) e que tinha como objetivo o cumprimento de um calendário de
eventos culturais nas áreas de teatro, música, circo, folclore, cinema, além de ações no
setor de patrimônio. De 1973 é também o plano intitulado “Diretrizes para uma Política
Nacional de Cultura” que é logo retirado de circulação e substituído pelo PAC. Estas
diretrizes defendiam a criação de um Ministério da Cultura e estavam construídas “sobre

37
a combinação entre uma concepção essencialista e uma concepção instrumental da
cultura” (MICELI, 1984:92) 12.

Miceli (1984) afirma que o PAC foi criado também com uma função de
“degelo”, uma tentativa oficial de aproximação com os meios artísticos e intelectuais,
através da facilidade de recursos à sua disposição e a possibilidade de contratar pessoas
ligadas à área cultural e de fora da estrutura do MEC. O PAC funcionava através de
núcleos e grupos-tarefas voltados diretamente para a produção e tinha inicialmente os
seguintes objetivos: a preservação do patrimônio histórico e artístico, o incentivo à
criatividade e à difusão das atividades artístico-culturais, e a capacitação de recursos
humanos.

O PAC pelas suas facilidades e recursos, começou a gerar conflitos dentro da


estrutura do MEC. A solução para o problema, foi priorizar a promoção de eventos e
manter uma postura mais executora. “Assim, o evento constituía quase a antítese do
tombamento, assim como o PAC acabou fortalecendo uma vertente „executiva‟, que
buscou se diferenciar da „vertente patrimonial‟”. (MICELI, 1984: 70).

As artes visuais tiveram também a atenção do Estado pela criação da


FUNARTE, através da Lei nº. 6.132 em 16 de dezembro de 1975, como uma agência
financiadora de projetos culturais e tinha como atribuições: formular, coordenar e
executar programas de incentivo às manifestações artísticas; apoiar a preservação dos
valores culturais caracterizados nas manifestações artísticas e tradicionais,
representativas da personalidade do povo brasileiro e; apoiar as instituições culturais
oficiais ou privadas que visem ao desenvolvimento artístico nacional (CALABRE,
2007). A instituição englobava inicialmente as áreas de música, artes plásticas e
folclore.

De acordo com Isaura Botelho,

“[...] a FUNARTE herdou do Programa de Ação Cultural características


que marcaram a sua personalidade institucional. Em primeiro lugar, a
maior agilidade no desenvolvimento do trabalho, provavelmente
consequência de sua organização por grupos-tarefa, conduzidos por
pessoal com conhecimento de suas áreas e sem os tradicionais vícios do
serviço público. Em segundo, herdava seu diretor executivo, Roberto

12
Sobre a relação entre as Diretrizes para uma Política Nacional de Cultura e a Política Nacional de
Cultura, ver COHN, Gabriel. A concepção oficial da política cultural nos anos 70. In: Estado e Cultura
no Brasil. São Paulo: Difel, 1984. 240p.

38
Parreira, que, como último gestor do Programa, trazia o aprendizado
adquirido e a visão de que a FUNARTE não poderia perenizar os
problemas do PAC. Era uma equipe jovem, a começar por seu diretor, que
tinha cerca de 30 anos na época”. (BOTELHO, 2001:65)

A ação do Estado no campo da cultura ganhou, em 1976, uma diretriz que se


expressa no documento intitulado “Política Nacional de Cultura” elaborado a partir de
dois pressupostos: o primeiro diz que “uma política de cultura não significa
intervenção na atividade cultural espontânea, nem sua orientação segundo
formulações ideológicas violentadoras da liberdade de criação que a atividade cultural
supõe [...]”; o segundo é o de que “a política da cultura proporcionará as diretrizes
básicas pelas quais o poder público se propõe estimular e apoiar a ação cultural de
13
indivíduos e grupos” . Cohn (MICELI, 1984: 88) enxerga que o objetivo desta
política nacional era bem definido: a codificação do controle do processo cultural.

Para compreender melhor as continuidades e rupturas da política cultural dos


governos militares, nos deteremos no próximo capítulo na atuação do Conselho Federal
de Cultura entre 1966 e 1976.

13
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA (MEC). Política Nacional de Cultura. Brasília: MEC,
1977.

39
Capítulo II
A Política Cultural do Conselho Federal de Cultura através de três projetos
âncoras: Criação dos Conselhos Estaduais de Cultura, Casas de Cultura e Planos
de Cultura.
A verdade é que a cultura é o contexto e a educação o
instrumento. (Josué Montello)

Este capítulo contará com uma análise detalhada do Conselho Federal de Cultura,
procurando identificar a sua ideia de política cultural e a formulação desta, bem como
seus principais projetos. O trabalho tem como foco os Planos Nacionais de Cultura por
ele elaborados, nos anos de 1968, 1969 e 1973, os quais não foram adotados
integralmente; o incentivo para a criação dos Conselhos Estaduais e Municipais de
Cultura e o papel destes em seus respectivos estados e municípios; e a implantação das
Casas de Cultura em alguns municípios do país.
No período analisado era meta prioritária do governo “promover a defesa e a
constante valorização da cultura nacional” (MEC, 1976: 3), o que contemplava o
trinômio “Educação, Ciência e Cultura”. Ao falar ao plenário do Conselho, o presidente
Ernesto Geisel assinalou que:

“[...] o desenvolvimento brasileiro não é apenas econômico; é sobretudo social,


e dentro desse desenvolvimento social há um lugar de destaque para a cultura.
O lugar que a esta cabe – acrescentávamos – é adequado e insubstituível, de
vez que não existe na realidade desenvolvimento unilateral, mas sim global,
atingindo o homem em toda a sua plenitude. (CFC, 1976: 3)

A Educação e a Cultura eram de vital importância neste projeto de


desenvolvimento global a partir de 1967 ocorreu uma reforma administrativa no
Ministério de Educação e Cultura (MEC). O âmbito de sua política passou a abranger “a
educação, o ensino – exceto o militar – e o magistério; cultura, letras e artes, o
patrimônio histórico, arqueológico, científico, cultural e artístico” (CFC, 1976:17).

No governo do presidente Marechal Castello Branco foi instituído pelo Ministro


da Educação e Cultura, Flávio Lacerda, uma Comissão encarregada de apresentar
sugestões para a reformulação cultural do país. Partiu desta Comissão a proposta de
criação de um Conselho Federal de Cultura, simétrico ao Conselho Federal de
Educação, mas somente na gestão do Ministro Raymundo Moniz Aragão ela foi posta
em prática.

40
Neste contexto, o CFC é criado no intuito de sanar as dificuldades
administrativas dos órgãos culturais vinculados ao MEC, como a Biblioteca Nacional, o
Museu Histórico Nacional, o Museu de Belas Artes, o Serviço Nacional de Teatro, entre
outros, e atender ao objetivo de redimensionamento do papel do Estado, que visava
aprimorar os instrumentos de criação e propagação da cultura. Até a sua criação, as
atenções do Ministério voltavam-se prioritariamente para a educação, principalmente
após a implantação do Conselho Federal de Educação em 1962. Vale lembrar, que
anterior ao Conselho Federal de Educação, existia o Conselho Nacional de Cultura, que
já foi abordado no capítulo anterior.

Como afirmou o então Presidente Marechal Castello Branco em seu


pronunciamento durante a cerimônia de instalação do Conselho:

“Não estaria concluída a obra da Revolução no campo intelectual se, após


trabalhos tão profícuos em benefício da educação, deixasse de se voltar para os
problemas da cultura nacional. Representada pelo que através dos tempos se
vai sedimentando nas bibliotecas, nos monumentos, nos museus, no teatro, no
cinema e nas várias instituições culturais, é ela, naturalmente, nesse binômio
educação e cultura, a parte mais tranquila e menos reivindicante. Poderia dizer
que é a parte dos cabelos brancos, e, talvez, por isso, já segura do que fez e do
que fará pelo Brasil. Cumpre, porém, dar-lhe, principalmente, condições de
preservação, e, portanto, de sobrevivência e evolução”. (CFC, 1976: 20)

O Conselho Federal de Cultura (CFC) foi criado por meio do decreto-lei n.° 74
de 21 de novembro de 1966 e instalado a partir do decreto n°. 60.237, de 17 de fevereiro
de 1967. O CFC foi baseado no já existente Conselho Federal de Educação e foi
inicialmente composto por 24 membros diretamente nomeados pelo presidente da
República, por seis anos, dentre “personalidades eminentes da cultura brasileira e
reconhecida idoneidade”. Inicialmente, ele objetivava principalmente coordenar as
atividades culturais do Ministério da Educação e elaborar o Plano Nacional de Cultura,
mas sem atribuições de natureza executiva.
O CFC era um desdobramento do Conselho Nacional de Cultura (CNC) de 1961
e assumiu suas obrigações e convênios, assim como os arquivos deste. Segundo Josué
Montello, por ocasião da instalação do Conselho, o CNC “limitava-se ao tímido papel
supletivo dos órgãos secundários, incapacitados de corresponder à sua ambiciosa
denominação. Reduzido à modéstia de uma saleta, na imponência deste Palácio da
Cultura, dir-se-ia morar de favor na própria casa”. (Revista Cultura, nº 1. 1967:6).
Havia uma necessidade de marcar a diferença entre os dois conselhos, de mostrar que o

41
Conselho Federal seria atuante e “independente”. Ainda em texto de Montello na
primeira revista Cultura:
“Quero, através de um episódio, marcar a diferença entre os dois
Conselhos (Nacional e Federal): um Conselho Nacional, com
preocupação executiva, está sujeito a pressões institucionais e de ordem
individual: tenho, recebido de herança, o compromisso de pagar a
passagem de uma cantora brasileira que irá interpretar a “Madame
Buterfly” em Tóquio. Enquanto isso ocorre, a Biblioteca Nacional é uma
instituição em agonia, ameaçada pelas injúrias do tempo e as de ordem
administrativa, que não dependem de seu Administrador. (Revista
Cultura, nº 1, 1967:19)

Como dito no capítulo anterior, o Conselho Nacional de Cultura teve um papel


atuante em seus primeiros anos, mas é fato que após a instauração do golpe, teve suas
funções praticamente paralisadas, situação esta encontrada por Montello.
O Conselho Federal de Cultura era constituído por câmaras: Artes, Letras,
Ciências Humanas e Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e possuía uma Comissão
de Legislação e Normas que funcionava como uma quinta câmara.
De acordo com Josué Montello, que além de presidente, foi um dos responsáveis
diretos pela criação e implantação do CFC, depois de estabelecidos os recursos e as
atribuições do Conselho, era preciso evitar que ele entrasse no terreno da execução
direta. Neste sentido, “ele seria normativo, consultivo (assessoramento do Ministro) e
fiscalizador (porque ia distribuir recursos e deveria estar aparelhado para agir nas
ocasiões próprias)”. (Revista Cultura, nº 1, 1967:20).
Josué Montello quando assumiu a presidência do CFC já tinha uma grande
carreira intelectual como jornalista, professor, escritor, historiador, teatrólogo e
memorialista. Maranhense de São Luís, em 1954 foi eleito para a Academia Brasileira
de Letras.
Ainda no Maranhão, integrou a Sociedade Literária Cenáculo Graça Aranha que
reunia escritores de filiação modernistas (1932) e colaborou com os principais jornais.
Apenas com dezoito anos foi eleito membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico
do Maranhão, onde também escreveu para diversos jornais e revistas do estado.
Em 1936, mudou-se para o Rio de Janeiro onde colaborou em suplementos
literários como Careta, O Malho e Ilustração Brasileira. Em 1937 foi nomeado
Inspetor Federal de Ensino Comercial no Rio de Janeiro.
Em 1941 publicou seu primeiro romance, “Janelas Fechadas”. Em 1944, a
convite do Dr. Rodolfo Garcia, diretor geral da Biblioteca Nacional, planejou a reforma
geral do setor bibliográfico. Ainda neste ano, instalou em bases mais modernas os

42
cursos da Biblioteca Nacional, de que foi a princípio coordenador e em seguida diretor.
Juntamente com o cargo de diretor da Biblioteca Nacional, assumiu a direção do
Serviço Nacional de Teatro.
A partir de 1954, tornou-se colaborador do Jornal do Brasil com uma coluna
semanal, atividade que exerceu até 1990. Em 1956 foi nomeado subchefe da Casa Civil
do Presidente da República. Foi um dos organizadores do Conselho Federal de Cultura
e membro deste até 1989, ano de sua extinção.
Entre os de 1969-1970 foi conselheiro cultural da Embaixada do Brasil em Paris
e posteriormente (1985-1989) foi embaixador do Brasil junto à UNESCO. O último
cargo que exerceu foi à presidência da Academia Brasileira de Letras entre janeiro de
1994 a dezembro de 1995.
Para Montello era importante ainda evitar também os debates acadêmicos.
Seriam as linhas de atividade do CFC: as instituições nacionais de cultura do MEC, as
instituições estaduais de cultura, as universidades e institutos particulares reconhecidos
pelo Conselho. Seu principal objetivo se concentrava em duas linhas de ação: coordenar
as atividades culturais do Ministério da Educação e Cultura e elaborar, juntamente com
o Conselho Federal de Educação, o Plano Nacional de Cultura. (Revista Cultura, nº 1,
1967: 6).
As principais atribuições do Conselho Federal de Cultura, previstas na lei, eram:
formular a política cultural nacional; articular-se com órgãos federais, estaduais e
municipais, bem como as Universidades, escolas e instituições culturais, de modo a
assegurar a coordenação e a execução dos programas culturais; cooperar para a defesa e
conservação do patrimônio histórico e artístico nacional; conceder auxílios às
instituições culturais oficiais e particulares de utilidade pública; opinar, para efeito de
assistência e amparo do Plano Nacional de Cultura; estimular a criação dos Conselhos
Estaduais de Cultura e propor convênios com esses órgãos, visando o levantamento das
necessidades regionais e locais e ao desenvolvimento e integração da cultura no país;
elaborar o Plano Nacional de Cultura, com os recursos oriundos do Fundo Nacional de
Educação; conceder auxílio e subvenções.
O órgão tinha caráter normativo e de assessoramento do ministro de Estado e
seus pareceres serviam como sugestões e recomendações a serem executadas pelo
Ministério da Educação e Cultura. Apesar da restrição de suas atribuições, o Conselho
recebia uma pequena dotação orçamentária, que lhe permitia tanto executar ações e

43
projetos próprios quanto conceder apoio financeiro, atendendo parte significativa das
solicitações que lhe chegavam (CALABRE, 2007).
Apesar de atenderam grande parte dessas solicitações, os membros do Conselho
se preocupavam para que este não se tornasse apenas um órgão supletivo de recursos,
devendo atender aos pedidos das instituições culturais somente em condições
excepcionais, sendo necessária, antes de tudo, a elaboração de um programa de
distribuição dessa dotação orçamentária. O Conselho também não deveria funcionar
como intermediário entre as solicitações e os órgãos do Ministério, o que não é
verificado, como podemos comprovar adiante através de uma análise dos convênios.
Outra questão apontada era o cuidado na fiscalização dos convênios celebrados entre o
CFC e as mais diversas instituições, para o cumprimento destes e bom uso dos recursos
disponibilizados.
Durante sessão realizada em 17 de julho de 1968 (Revista Cultura, nº 14, 1968:
91) ficou estabelecido que já que o CFC não podia atender a todas as solicitações
aprovadas pelo plenário, diante da quantidade, seria adotada uma prioridade na seguinte
ordem: instituições de caráter nacional, instituições pelas quais se interessaram os
governos estaduais, instituições culturais de âmbito nacional, demais instituições,
considerada a relevância dos problemas apresentados.
As Câmaras eram responsáveis por: apreciar os processos que lhe forem
distribuídos e sobre eles emitir parecer, que seria objeto da decisão do Plenário;
responder consultas encaminhadas pelo Presidente do Conselho; examinar relatórios das
instituições culturais auxiliadas; tomar iniciativa de medidas e sugestões a serem
propostas ao Plenário; promover estudos, pesquisas e levantamentos para serem
utilizados nos trabalhos do Conselho; e promover a instrução dos processos e fazer
cumprir as diligências determinadas em Plenário.
No período estudado, passaram pelo Conselho Federal de Cultura, intelectuais
de projeção nacional e perfil conservador, escolhidos entre instituições consagradas
como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e a Academia Brasileira de Letras,
tais como: Adonias Filho (1968-84), Afonso Arinos (1968-85), Ariano Suassuna (1968-
1973), Arthur Reis (1968-84), Cassiano Ricardo (1968-74), Deolindo Couto (1968-81),
Djacir Meneses (1968-86), Gilberto Freyre (1968-84), Gustavo Corção (1968-75), Josué
Montello (1868-85), Otávio de Faria (1968-1980), Pedro Calmon (1968-75), Rachel de
Queiroz (1968-84), Renato Soeiro (1968-81), Roberto Burle Marx (1968- 1974) – entre
outros.

44
Para esses intelectuais, segundo Oliveira14 (2005:03), “A cultura brasileira é
compreendida e apresentada como „unidade na diversidade‟ e a tradição (entendida
como ontologia de SER brasileiro) é objetivada em patrimônios representados pelos
grandes nomes e pelo folclore. Para eles, a prioridade da política cultural deveria
continuar a ser a conservação dos patrimônios”.15 Barbalho afirma que a função desses
intelectuais era a de traçar um passado brasileiro propício ao regime militar e
transformá-lo em tradição, estes serviriam para legitimar o discurso do governo, o que
Chauí denomina de “discurso competente” (BARBALHO apud CHAUÍ, 2008).
Assim, o papel destes intelectuais era o de forjar um passado brasileiro que fosse
de acordo com os ideais do regime, transformando-o em tradição. Conceito este que
permeará toda a atuação do CFC durante o período analisado. Ortiz define bem a
atuação destes, que apesar de suas ideias “ultrapassadas” seriam responsáveis por dar
uma noção de continuidade necessária ao novo governo:
A origem e a ideologia desses intelectuais não deixará de criar problemas
para o desenvolvimento dos objetivos a que se propõem, pois suas ideias
não tem mais a força de necessidade histórica. Porém é importante
compreender que, para o Estado, sua incorporação permite estabelecer
uma ligação entre o presente e o passado. Ao chamar para o serviço os
representantes da “tradição”, o Estado ideologicamente coloca o
movimento de 64 como continuidade, e não como ruptura, concretizando
uma associação com as origens do pensamento sobre cultura brasileira, e
que vem se desenvolvendo desde os trabalhos de Silvio Romero. (ORTIZ,
1994: 91)

A importância dos nomes que compunham o CFC, aliado às suas trajetórias


intelectuais, tanto nacional como internacionalmente, faziam com o que fosse dito e
proposto por estes conselheiros fosse aceito e tido como o “melhor” para o país. Vale
lembrar que a maioria destes conselheiros já fazia parte dos quadros do governo, sejam
nos ministérios, universidades ou museus, e tinham uma larga experiência na
burocracia, bem como pertenciam às mesmas redes de sociabilidade, ou seja, estavam
entre seus pares.
Maia (2010:79) acredita que durante as décadas de 1920 e 1970, a participação
de intelectuais ativamente na política se dava pelo “pouco desenvolvimento do mercado
editorial; a debilidade das instituições dedicadas exclusivamente ao trabalho intelectual;
o incipiente desenvolvimento das pós-graduações do período”. Ou seja, pela falta de

14
OLIVEIRA, Lúcia Lippi. A cultura como campo de inovações organizacionais. Texto apresentado na
mesa redonda: Políticas culturais nos governos autoritários, agosto, 2005. Projeto Pronex: Direitos e
Cidadania.

45
espaços de trabalho diretamente ligada às questões acadêmicas e a vida intelectual
acabavam atuando no espaço da política. E, na esfera pública estes “homens de cultura”
poderiam também exercer sua função social.
Em discurso por ocasião da instalação do CFC, seu primeiro presidente, Josué
Montello, afirma que para a escolha dos conselheiros não importaria sua filiação
política, eles seriam “figuras, altamente representativas da cultura brasileira, no campo
das letras, das artes, das ciências humanas. A nenhuma se inquiriu de suas ideias
políticas. Somente militou na convocação e pensamento de organizar o CFC com vistas
à fiel execução de suas finalidades e atribuições”. (Revista Cultura, nº1, 1967)
Para Gabriel Cohn (MICELI, 1984: 87), o Conselho representava as forças de
retaguarda do Estado na luta do campo cultural da época. Os intelectuais do CFC
optaram por trabalhar dentro de um plano nacional, entendido como a melhor forma de
divulgar a “cultura legítima” para todo o país, como aponta as “Diretrizes para uma
Política Nacional de Cultura” em 1973. Barbalho (2008), afirma que o principal
elemento unificador do CFC era a reverência ao passado, com um viés conservador, o
que marca a direção que o Conselho dá à sua concepção de política e de cultura.
Ao analisar as atividades do CFC, percebemos que o regime militar não
pretendia ter apenas uma ação repressora na cultura, ele buscava colocá-la sob sua
orientação por compreender a dimensão e força política da produção simbólica. O
tempo todo sua política cultural oscila entre o passado e o presente, a tradição e a
modernidade e é pensada nos gabinetes por intelectuais e técnicos, que uniam a “cultura
do povo” e a “cultura nacional” visando à integração da nação, sendo este parâmetro
reproduzido nos conselhos estaduais e municipais.
Nas Diretrizes para uma Política Nacional de Cultura, publicadas pelo CFC em
1973, a cultura é abordada através de um conceito amplo, resultado da miscigenação de
várias influências e o sincretismo final como o próprio retrato do “Ser brasileiro”. O que
Ortiz melhor define:
“A qualidade democracia passa desta forma a constituir a essência da
brasilidade, o que significa reconhecer a existência objetiva de uma
“verdadeira” cultura brasileira, espontânea, sincrética e plural. Sua
essência definiria a realidade de uma identidade nacional que se realizaria
no Ser do homem brasileiro: “democracia por formação e espírito cristão,
amante da liberdade e da autonomia”. (Plano Nacional de Cultura)”.

Corroborando com esta visão, o CFC entedia que política cultural era:
“[...] política cultural o conjunto sistemático de providências a serem
tomadas pelo poder público para a preservação, a expansão e a difusão da

46
cultura, nos termos estabelecidos pelos artigos 171 e 173 da Constituição
da República, que asseguram a liberdade às ciências, às letras e às artes, e
consideram como dever do Estado o amparo à cultura”. (Revista Cultura,
nº 1, 1967:8).

Para uma melhor compreensão desta definição, citamos os artigos da


Constituição de 1967 mencionados acima:

- Art. 171 - As ciências, as letras e as artes são livres.

- Art. 172 - O amparo à cultura é dever do Estado.

- Art. 173 - Ficam aprovados e excluídos de apreciação judicial os atos praticados


pelo Comando Supremo da Revolução de 31 de março de 1964 [...]16

Observamos que para o CFC e para a Constituição Brasileira, a liberdade de


criação deve ser respeitada e defendida, mas durante o período estudado, esta é
fiscalizada pelo mesmo Estado que prega que as “ciências, as letras e as artes são
livres”.

Em 1970, por ocasião de uma reformulação na estrutura administrativa do


Ministério de Educação e Cultura é criado o Departamento de Assuntos Culturais
(DAC) que assume as funções executivas e deliberativas dentro do MEC, passando o
CFC a ser de fato apenas um órgão consultivo e normativo e responsável pela
elaboração do Plano Nacional de Cultura. É a partir deste momento, com a criação de
outras instituições dentro da estrutura do Ministério, que o Conselho vai diminuindo sua
esfera atuação. Este período caracteriza-se também por uma preocupação maior com a
cultura e o entendimento que “o plano de reforma educacional não estaria completo sem
a cobertura na linha da cultura” (CALABRE, 2009:76).

A criação do DAC não correspondeu a uma ideia inicial do CFC. O Conselho


era pela criação de uma Secretaria de Cultura também de caráter executivo, entretanto,
dentro do Ministério, esta foi preterida pelo DAC. Apesar de em o artigo “Aspectos da
Política Cultural Brasileira” (CFC, 1976:23), o Conselho apresentar a ideia da
necessidade de criação da Secretaria como sua, observamos nas atas que a questão não

16
Vale notar que o último artigo, sobre o poder supremo da Revolução, não se refere propriamente à
cultura e deve ter sido mencionado no artigo da revista Cultura por equívoco.

47
se deu bem dessa maneira e que os conselheiros temiam perder espaço político dentre do
Ministério, conforme podemos observar na citação abaixo:

“Acrescentou (o Conselheiro Andrade Muricy) estar receoso da


marginalização do Conselho, a exemplo do que ocorrera com o Plano
Nacional de Cultura, aprovado em Plenário, cujo encaminhamento fora
monopolizado por um Grupo de Trabalho, quando deveria ter voltado ao
Conselho. O Presidente informou que o Plano voltaria ao Conselho. [...]
O Presidente declarou que iria ouvir a Comissão de Legislação e Normas
para saber até que ponto vai a competência do CFC, acrescentou que a
criação da Secretaria de Cultura não diminuirá as atribuições do
Conselho, pois este, como as diversas instituições culturais, necessita de
um órgão executivo ao qual se possa dirigir. [...] O Conselheiro Adonias
Filho disse ter tomado conhecimento, no dia anterior, do projeto de
criação da Secretaria de Cultura e que o considerava inconveniente ao
funcionamento dos serviços que tratam da cultura no âmbito do
Ministério da Educação”. (Revista Cultura, nº 7, 1967: 78-79)

O Departamento de Assuntos Culturais é instituído pelo Decreto nº. 66.967 de


27 de julho de 1970 e tem como principal objetivo a coordenação e a supervisão das
atividades nos setores relacionados com a preservação de bens culturais, o incentivo à
produção destes e a sua difusão. O DAC abrangeria as seguintes áreas: cinema, teatro,
música, rádio, televisão, artesanato, artes populares, artes plásticas, patrimônio e
museus, literatura e folclore.

Eram subordinados ao Departamento: a Biblioteca Nacional, Biblioteca Antônio


Torres (em Diamantina – MG), o Museu Histórico Nacional, o Museu da República, o
Museu Nacional de Belas Artes, Museu Imperial, Museu Villa- Lobos, o Serviço
Nacional de Teatro e de Radiodifusão Educativa e a Campanha de Defesa do Folclore
Brasileiro. Estavam vinculadas a ele as seguintes instituições: Fundação Casa de Rui
Barbosa, Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, Instituto Nacional de Cinema,
a EMBRAFILME e quando de sua criação em 1975, a FUNARTE.

A Política Nacional de Cultura é lançada em 1976 e elaborada a partir de dois


pressupostos: o primeiro diz que “uma política de cultura não significa intervenção na
atividade cultural espontânea, nem sua orientação segundo formulações ideológicas
violentadoras da liberdade de criação que a atividade cultural supõe [...]”; o segundo é
o de que “a política da cultura proporcionará as diretrizes básicas pelas quais o poder
17
público se propõe estimular e apoiar a ação cultural de indivíduos e grupos” . Cohn

17
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA (MEC). Política Nacional de Cultura. Brasília: MEC,
1977.

48
(MICELI, 1984: 88) enxerga que o objetivo desta Política Nacional era bem definido: a
codificação do controle do processo cultural.

Para Isaura Botelho, ao abordar esta questão, o que o governo fez foi “dentro do
jogo de compensações, dar atenção ao „nacional‟ no plano das práticas culturais
tradicionais, de menor impacto político numa sociedade de massas, enquanto criava
condições de infraestrutura para a expansão da mídia eletrônica, sua cultura de mercado
e seu jornalismo semi-oficial”. (BOTELHO, 2001: 42)

Entre os anos de 1974 e 1978, na gestão do ministro Ney Braga, diversos


orgãos foram criados dentro da estrutura do MEC como o Conselho Nacional de
Direito Autoral (CNDA), Companhia de Defesa do Folclore Brasileiro, a Fundação
Nacional de Arte (FUNARTE), o Conselho Nacional de Cinema, Centro Nacional de
Referência Cultural (CNCR) que se tornaria, a partir de 1979, a Fundação Nacional
Pró-Memória.

Entre as atividades realizadas nos mais diversos setores entre sua instalação em
1968 e 1976 destacamos as seguintes: legislação em benefício da cultura;
assessoramento do Ministro de Estado – através dos assuntos submetidos à sua
homologação; apreciação sistemática de toda matéria de interesse cultural, dependente
de recursos do Conselho, para a execução da política de convênios com estados e
municípios, ouvidos os Conselhos Estaduais de Cultura; articulação com o
Departamento de Assuntos Culturais para a apreciação de programas culturais,
principalmente dos que se relacionam com a preservação do patrimônio histórico e
nacional; articulação com as universidades brasileiras e com as instituições culturais
reconhecidas de utilidade pública; elaboração do Calendário Nacional de Cultura,
doação de prêmios culturais; contribuição para a criação e implantação das Casas de
Cultura, além de assistência às instituições culturais do país; execução de um Plano de
Publicações. (MEC, 1976: 24)
Podemos observar a partir do resumo das atividades do Conselho, que na prática
este era essencialmente normativo e que suas atribuições eram de articulação dentro do
próprio Ministério de Educação e Cultura e os órgãos que o compunham, as instituições
culturais de todo país e os Conselhos Estaduais de Cultura.

49
2.1 Conselhos Estaduais de Cultura

Um dos pontos que nos interessa para nossa discussão é que dentre as
atribuições do Conselho está o estímulo à criação de conselhos de cultura nos estados e
municípios. Como meio de incentivar a criação de tais conselhos foram implementadas
medidas e projetos a serem realizados através de parceria e convênios que tinham como
precondição a existência desses órgãos.
Conforme consta no Regimento do Conselho, cabe a este “decidir sobre os
convênios que hajam de ser feitos com os Conselhos Estaduais de Cultura, visando ao
levantamento das necessidades regionais e locais e ao desenvolvimento e integração da
cultura no País” (Revista Cultura, nº 1, 1967:56). Esse item nos remete a preocupação
do regime militar em garantir a integração nacional, diferentemente do que ocorria no
Estado Novo quando a questão central remetia à ideia “criar uma nação”. Segundo
Chauí, “A „Mitologia Verde-Amarela‟, sempre retrabalhada pelas elites brasileiras de
acordo com o contexto, assumiu o lema „Proteger e Integrar a Nação‟” (CHAUÍ, 1986).
Se tal meta tem uma longa história é preciso ressaltar que “ao contrário de um governo
democrático em que as diversas visões e versões estão postas, as ditaduras procuram
monopolizar os discurso interpretador da nação, unificando as diferenças e eliminando
as contradições” (BARBALHO, 2008:62)
A ideia era que os Conselhos Estaduais funcionassem como um órgão de
fiscalização local do CFC e através do diálogo constante com este, propiciar a
elaboração de um Plano Nacional de Cultura. Em seu discurso por ocasião da abertura
da I Reunião dos Conselhos de Cultura realizada nos dias 22, 23 e 24 de abril de 1968, o
Presidente do CFC Josué Montello afirma que “nada será deliberado no âmbito
regional, sem anuência do Conselho Estadual respectivo” (Revista Cultura, nº 10, 1968:
6). Uma das decisões tomadas durante esta reunião foi o estabelecimento do princípio
de que os convênios com os estados, para fins culturais, teriam a concordância dos
Conselhos Estaduais, tornando-se, portanto, quase que obrigatória à implantação de
conselhos nos estados. Tal medida influenciou a criação de um grande número de
Conselhos Estaduais e mesmo municipais de cultura. Outra questão foi a recomendação
no sentido de serem criados conselhos municipais de cultura, pois a estes caberia a
administração das Casas de Cultura.
De acordo com o Decreto nº. 62.256 de 12 de fevereiro de 1968, que convoca
para a referida Reunião, deveriam desta participar os membros do CFC e dos seguintes

50
órgãos: Biblioteca Nacional, Instituto Nacional do Livro, Instituto Nacional do Cinema,
Museu Histórico Nacional, Museu Nacional de Belas Artes, Serviço Nacional de
Teatro, Serviço de Radiodifusão Educativa e Diretoria do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional.
Ainda no discurso do presidente do CFC Josué Montello, está mencionado à
ideia de construção de um Sistema Nacional de Cultura, visando à integração de todos
os órgãos de ação cultural, respeitando a competência e as atribuições de cada um. Para
esse Sistema funcionar era preciso fortalecer as instituições nacionais como a Biblioteca
Nacional, o Museu Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes, etc., que funcionariam
como irradiadoras da cultura nacional, necessidade esta que sempre foi prioridade para
os membros do CFC. Segundo Montello:
“É preciso implantar no País um Sistema Nacional de Cultura [...]. Esse
sistema não pretende criar cultura, o que seria abusivo e anti-democrático,
mas criar condições instrumentais para a cultura livre, de acordo com a
vocação essencial do Brasil na ordem pública” (CULTURA, nº 10,
1968:11).

Como os Planos Nacionais de Cultura, o Sistema Nacional de Cultura nunca foi


implementado, e neste caso, não temos informações nem de anteprojetos, comissões ou
grupos de estudos sobre ele.
Desta reunião participaram os seguintes estados: Acre, Pará, Amazonas,
Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe,
Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Guanabara, Mato Grosso, Goiás,
São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, quase todos com seus conselhos
já instalados 18.
O conselheiro Adonias Filho, em publicação de 1978, apresenta um balanço das
ações do órgão, no qual afirma que no momento em que o CFC iniciou os trabalhos,
somente dois estados – Guanabara e São Paulo – possuíam conselhos estaduais de
cultura. Como observaremos no capítulo seguinte, esta informação está incorreta, já que
neste período, também se encontrava em funcionamento o Conselho Estadual de
Cultura do Ceará de 1966. Em setembro de 1971, o país já contava com conselhos
estaduais de cultura instalados e funcionando em 22 estados (CALABRE, 2007).
Na reunião realizada em 1968, participaram além dos conselhos estaduais (um
membro de cada estado), representantes do Ministério e do Conselho de Educação, além
18
No número 10 da revista Cultura publicada pelo CFC encontram-se todos os debates e os participantes
desta reunião.

51
de diretores das instituições nacionais. Foram organizados grupos que estiveram
reunidos com as Câmaras das áreas atuantes do CFC, onde foram debatidos seus
problemas específicos e a realidade de cada estado. As atas destas reuniões estão todas
registradas na Revista Cultura (abril de 1968) e uma leitura mais atenta nos faz
apreender a precariedade e a falta de recursos em algumas áreas e regiões do país.
As reuniões eram divididas por Câmara e iniciavam-se com a solicitação que os
representantes dos Conselhos Estaduais fizessem uma exposição das necessidades de
cada área (de acordo com a reunião) em seus estados e a partir daí os conselheiros
faziam perguntas e sugestões. As Câmaras entregaram questionários aos representantes
estaduais, em sua maioria secretários de cultura, para que estes fossem preenchidos e
enviados ao Conselho (em anexo temos um modelo de um desses questionários de uma
reunião posterior). Pelo que podemos inferir, estes questionários tinham por intuito um
maior conhecimento da realidade dos estados em cada área, o que permitiria um tipo de
mapeamento e priorizaria as instituições de cultura existentes.
Esperava-se que a partir desta reunião, houvesse uma gradativa implantação de
Conselhos Municipais de Cultura, que também receberam um questionário capaz de
fornecer “os dados que permitirão o zoneamento cultural do país, para complementação
das instituições de cultura na sede do município ou a implantação das Casas de
Cultura”.19
Apesar de incentivarem a criação dos Conselhos Municipais de Cultura, o
Conselho não tomaria a iniciativa para a criação destes, cabendo essa função aos
Conselhos Estaduais ou órgãos locais como as Secretarias de Cultura. Isto se dava
porque constitucionalmente o CFC não poderia estabelecer normas ou determinar a
criação dos Conselhos Municipais, mas mesmo assim, elaborou um anteprojeto para
servir de subsídio para os municípios que desejassem criar seus conselhos.
Como ainda ocorre na política cultural brasileira, a verba anual que dispunha o
Conselho Federal de Cultura era insuficiente para atender a demanda gerada pelos
conselhos estaduais e municipais, universidades, entidades públicas e privadas, pessoas
físicas, etc. Muitos projetos recebiam considerações positivas, mas recebiam pareceres
finais negativos em função da falta de verba, outros não eram aprovados pela ausência
de natureza cultural do projeto ou concentração de recursos para um mesmo proponente.

19
Discurso Presidente do CFC Josué Montello, proferido durante a I Reunião Nacional dos Conselhos de
Cultura realizada em Brasília, nos dias 22, 23 e 24 de abril de 1968 (CULTURA, 1968)

52
Nos projetos aprovados, o Conselho adotou a política de exigir contrapartida dos
órgãos de cultura locais de no mínimo de 50% do valor do projeto ou de igual ou
superior valor ao alocado por ele. Havia ainda a exigência de o proponente também
colaborar em parte dos recursos. Apesar do apoio aos Conselhos Estaduais, estes
deveriam viver com seus próprios recursos, embora em alguns casos específicos poderia
haver ação supletiva do CFC, que tinha atribuição de velar pelo patrimônio nacional.
Segundo Tatyana Maia, os conselhos estaduais eram convocados a colaborarem
com alguns projetos do CFC, como “o Calendário Cultural, a comemoração de
efemérides, a obra História da Cultura Brasileira, indicando a relação de reciprocidade
existente entre o conselho federal e os conselhos estaduais”. (MAIA, 2010: 76-77).
Vale salientar que os conselhos estaduais e municipais funcionavam nos mesmos
moldes do CFC, com basicamente a mesma formação das câmaras e tinham seus
representantes indicados pelos governos locais, representando seus interesses e as
diretrizes da política nacional. No capítulo seguinte, teremos uma amostra do
funcionamento de um Conselho Estadual, através do estudo de caso do Conselho
Estadual de Cultura do Ceará.

2.2 Planos de Cultura

Outro ponto importante a ser levantado são os planos de cultura. Alguns


anteprojetos de planos foram apresentados ao governo pelo CFC, em 1968, 1969 e
1973, mas nenhum foi posto em prática integralmente. A principal questão abordada
nos planos era a recuperação das instituições nacionais – tais como a Biblioteca
Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes, o Instituto Nacional do Livro, etc. – mais
uma vez buscando exercer o papel de construtores de políticas nacionais para suas
respectivas áreas (CALABRE, 2007).
Esses anteprojetos foram elaborados por integrantes do CFC e técnicos culturais
convocados pelo Estado. Isto se deu, pois, apesar da afinidade ideológica em torno do
conservadorismo e da tradição, o governo buscava mudanças na organização do
capitalismo brasileiro e o humanismo dos intelectuais do CFC não encontrava muito
espaço num Estado preocupado com o desenvolvimento da economia. “A presença
destes técnicos garantia para o plano um olhar „econômico‟ ao lado do olhar
„humanista‟ dos intelectuais do CFC” (BARBALHO, 2008:70).

53
Já em 1967, no segundo número da revista Cultura, encontramos o primeiro
anteprojeto de lei do Plano Nacional de Cultura, plano este que teria a duração de quatro
anos (1968-1971), constituído por programas20 nacionais e regionais. Os programas
nacionais teriam por objetivo: reforma e reaparelhamento das instituições nacionais da
cultura; irradiação das referidas instituições a todo o território nacional; e a criação de
serviços nacionais que atendam à expansão e conservação do patrimônio cultural, não
previstos na organização vigente.
Como em todos os planos pelo Conselho elaborados, este já priorizava a
valorização e melhoramento das instituições nacionais de cultura, visando sua irradiação
nacional. Como programa regional os convênios com os Conselhos Estaduais de
Cultura para a execução do Calendário Regional de Cultura, abrangendo exposições,
projeções, concertos, publicações, etc.

Em documentação enviada ao então ministro da Educação e Cultura, Jarbas


Passarinho, provavelmente ainda decorrente da formulação no plano apresentado em
1969, o CFC explica que sua atuação é reduzida e que um planejamento cultural para o
Brasil deveria ser feito com outras unidades administrativas como:
“[...] Conselho Nacional de Pesquisas, a Fundação Brasileira de Geografia
e Estatística, a Fundação Nacional do Índio, o Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal, estes três últimos voltados para o estudo do
meio físico, do patrimônio florestal, da humanidade primitiva que se
espelha pelo país, e aquele primeiro, criado para assegurar a nossa
potencialidade técnico-científica.” 21

Seria de fundamental importância, portanto, uma aproximação entre os diversos


órgãos governamentais com objetivos comuns nos mais diversos campos como: a
educação, ciências, letras, artes, patrimônio histórico e artístico, assim como os
encarregados da proteção da flora e fauna brasileira. O CFC, neste momento, dizia
entender a cultura “em seu sentido antropológico ou sociológico, isto é, científico, ou
seja, como tudo aquilo que é criação do homem, em suas concepções, seus hábitos, suas
ideias, suas invenções; concebe a cultura como todo o processo criado pelo homem [...]”
22
.

20
§ 1º - Consideram-se programas nacionais os que estendem a todo o território nacional, com objetivos
definidos, e execução dentro de prazos determinados, tendo em vista a distribuição harmônica e o
fortalecimento da unidade da cultura brasileira. (Anteprojeto de Lei do Plano Nacional de Cultura,
Revista Cultura, nº 2, agosto de 1967).
21
Ofício 025/70 enviado ao Ministro da Educação e Cultura pelo Presidente do CFC, Arthur Cezar
Ferreira Reis contendo a Justificativa e Anteprojeto do Plano Nacional de Cultura.
22
Idem.

54
Fica claro em ofício enviado ao ministro de Educação e Cultura, pelo então
presidente do CFC, Arthur Cezar Ferreira Reis, que os conselheiros, após diversas
reuniões das Câmaras e na plenária chegaram à conclusão que “o primeiro Plano
Nacional de Cultura traça as linhas inicias da política que a União deve executar
visando a assegurar à inteligência criadora brasileira, os elementos essenciais à sua
projeção, e a fixar-se sua própria ação criadora e coordenadora”. Questão importante a
ser frisada é o respeito à liberdade do artista, sem excessos de intervenção do poder
público, que deve respeitar até certo ponto a sua autonomia. No intuito de “validar” este
discurso, o CFC cita Jean-R. de Salis, que era presidente da Fundation Pro Helvetia:
“Il y a bien une contradition fondamentale entre la sphère de liberté,
d‟autonomie que requiert toute création artistique comme toute recherche
scientifique, et la sphère de l‟État qui ne saurait exister sans autorité et
sans contrainte. Un excès d‟autorité politique et du pouvoir de l‟État peut
mettre la culture en péril – peut lui être mortel. Et pourtant, l‟État qui
impose des limites à propre volonté de puissance em accordant
l‟autonomie nécessaire aux domaines de l‟esprit et de la culture, tout em
leur donnant néanmoins son appui, cet État non seulment favorise ainsi
les intérêts de l‟art, de la littérature et de la science: il sert en même temps
ses propres intérêts”. 23

Para Renato Ortiz, trata-se de um discurso ideológico que procura resolver as


contradições internas de um pensamento que se associa a uma política de Estado e nesta
“liberdade” não é tratada a questão da censura, como podemos observar abaixo:
“Dentro deste quadro, a liberdade de criação é preservada somente
quando associada à natureza sincrética das manifestações culturais. O
Estado, assumindo o argumento da unidade na diversidade, torna-se
brasileiro e nacional, ele ocupa uma posição de neutralidade, e sua função
é simplesmente salvaguardar uma identidade que se encontra definida
pela história. O Estado aparece, assim, como guardião da memória
nacional da mesma forma que defende o território nacional contra as
possíveis invasões estrangeiras preserva a memória contra a
descaracterização das importações e das distorções dos pensamentos
autóctones desviantes. Cultura brasileira significa neste sentido
“segurança e defesa” dos bens que integram o patrimônio histórico”.
(ORTIZ, 1994: 100)

Quanto à censura, o Conselho não se manifestava contra ela, mas ao fato desta
estar ligada ao Ministério da Justiça e não ao MEC, pois este órgão é que deveria
deliberar sobre os assuntos culturais. A censura deveria sair do plano policial para o
plano cultural. Apesar de vários apelos nesse sentido, o máximo que o CFC conseguiu
foi a indicação de um representante para participar das reuniões do Grupo de Trabalho
do Ministério da Justiça, cujo conselheiro escolhido foi Dom Marcos Barbosa, padre,

23
Ibdem.

55
escritor e membro da Academia Brasileira de Letras e partidário da censura, conforme
citação abaixo, onde ele é confrontado pelo Conselheiro Ariano Suassuna pelo seu
posicionamento:
“Disse (o conselheiro Ariano Suassuna) não estar movido de nenhum
propósito de polêmica com o Conselheiro Dom Marcos Barbosa, a quem
sempre ouvia com a maior atenção e respeito, mas que se manifestava por
um dever de consciência. Referiu-se a pronunciamento de Dom Marcos
Barbosa sobre a censura, em oportunidade anterior, quando defendeu a
censura não somente como um direito, mas como uma obrigação de
resguardar a população do que lhe pode causar danos morais; manifestou
posição contrária e estendeu-se sobre o que lhe parecia ser a liberdade de
criação para o artista e o escritor, bem como para o ator e o dramaturgo.
Afirmou que a censura deve sair do âmbito policial. Indagou por que a
censura não toma providências contra certo gênero de publicações e
espetáculos, o que lhe parecia indicar que ela não se dirigia à preservação
moral da infância e da juventude. [...] Abordou o problema da eficácia
real da censura que, em verdade, faz a propaganda das obras que proíbe.
Disse acreditar que a liberdade, apesar de seus riscos, mesmo com licença
e abusos, é muito melhor do que a repressão. [...] Com a palavra, o
Conselheiro Dom Marcos [...]. Acrescentou não ter dado seu aplauso a
qualquer tipo de censura, mas apenas a julgava necessária, disse entender
que o artista é livre, mas, como homem, está inserido na comunidade, e
não deve esquecer os prejuízos que possam decorrer de determinadas
obras. (Ata da 74ª sessão plenária, de 20/03/1968. Revista Cultura, nº 9,
1968: 108)

Como podemos observar a partir da análise da citação, Ariano Suassuna defende


a liberdade de criação do artista e a ineficácia da censura, já que esta faz propaganda das
obras que proíbe, enquanto Dom Marcos Barbosa acredita que o homem precisa ser
protegido dos prejuízos de certas obras, que o Estado tem o dever de resguardar a
população.
O plano não seria apenas uma criação dos membros do CFC e quadros
governamentais, mas procuraria atender as necessidades dos estados e respeitar opiniões
e sugestões dos Conselhos Estaduais. Os principais objetivos e diretrizes do plano eram:
1. Preservação e defesa do acervo dos bens de valor cultural e dos recursos
humanos e naturais do Brasil.

2. Divulgação nacional e internacional dos valores culturais brasileiros.

3. Proteção, restauração e valorização do patrimônio documental, histórico,


pré-histórico, etnográfico, artístico e paisagístico.

4. Defesa das razões e expressões da cultura, visando ao fortalecimento da


personalidade nacional.

56
5. Estímulo à incorporação dos autênticos valores da cultura, como
incentivo ao seu aprimoramento e desdobramento em dimensão
universal.

6. Reserva de mercado para a produção artístico-cultural brasileira, em suas


diversas formas de expressão.

7. Proteção ao artista e ao meio artístico brasileiro.

8. Promoção da produção cultural, através de estímulos governamentais ou


indiretos.

Pelos objetivos e diretrizes propostos pelo CFC para o Plano Nacional de


Cultura, percebemos que estes estão centradas em dois grandes eixos: a preservação da
memória, da autenticidade e riqueza, e a garantia de mercado para a produção cultural
do país. A cultura era entendida como primordial na identidade nacional, fator de
desenvolvimento, inclusive econômico, e como área merecedora de uma ação destacada
por parte do Estado. Ortiz (1994: 101) identifica uma tensão para os conselheiros ao
abordar a questão da cultura como desenvolvimento. Para este autor, existia “um
descompasso entre as falas do Ministério da Educação e a ideologia dos conselheiros,
pois, ao se considerar a cultura como elemento complementar ao desenvolvimento, está-
se na prática subordinando-a aos interesses de outras áreas, em particular da economia”.
Este conflito não era declarado explicitamente nos documentos do CFC.
Em 1967 foi criado um Grupo de Trabalho designado pelo Secretário Geral do
Ministério para a elaboração de um Plano Nacional de Cultura. Esta informação gerou
certo mal estar para alguns conselheiros, já que pela lei, esta era uma atribuição do
Conselho. Buscando sanar a insatisfação de alguns conselheiros, o presidente Josué
Montello esclareceu que:
“Por decreto do Sr. Presidente da República, haviam sido instituídos dois
Grupos de Trabalho incumbidos de elaborar respectivamente um Plano
Nacional de Educação e um Plano Nacional de Cultura, os quais seriam
entretanto submetidos ao Conselho Federal de Educação e ao Conselho
Federal de Cultura, que tinham sua competência legal convenientemente
assegurada, uma vez que lhes caberia dizer a última palavra sobre tais
planos, aceitando ou rejeitando as suas sugestões; que o CFC já cumprira
o seu dever, com a elaboração, no devido tempo do Plano Nacional de
Cultura, mas que não lhe caberia ignorar sugestões de um Grupo de
Trabalho criado por força de decreto presidencial; que a iniciativa não
fere a competência do Conselho que, no momento próprio, decidirá em
última instância a respeito, encaminhando sua decisão ao Senhor Ministro
de Estado. (Ata da 41ª sessão plenário, 18/09/1967. Revista Cultura, nº 5,
1967: 119)

57
Em ata da sessão seguinte, 42ª sessão plenária realizada em 20 de setembro de
1967, o presidente do Conselho expôs as providências que vinha adotando no sentido de
preservar a soberania do CFC e os resultados alcançados, salientando que deve haver
convergência de esforços com os demais setores do Ministério da Educação, os quais
tem demonstrado a melhor disposição no atendimento das necessidades culturais do país
e reiterando que ao Conselho estava assegurada a palavra final, pois o Ministro
confirmara, em suas declarações à imprensa, que o Plano Nacional de Cultura seria
ultimado com o pronunciamento deste órgão. (Revista Cultura, nº 5, 1967: 125-126)
O Grupo de trabalho estava encarregado de estudar a reforma e atualização das
instituições culturais e foi instituído pelo decreto presidencial nº 63.235 de 12 de
setembro de 1968. O Grupo deveria ser presidido pelo Ministro da Educação e Cultura,
mas esta tarefa foi delegada ao presidente do CFC. Além do ministro, deveriam compor
o grupo alguns membros do CFC e “diretores de instituições culturais e ainda
personalidades representativas das referidas instituições, além de servidores públicos
diretamente ligados ao assunto”. (Revista Cultura, nº 15, 1968: 73).
Faziam parte do Grupo: Dr. Josué Montello, Senador Manoel Villaça,
Embaixador Donatello Grieco, Ministro Nestor Luiz dos Santos Lima, Dr. Gilson
Amado, Dr. Felinto Rodrigues, Dr. Pedro Calmon, Dr. Renato Soeiro, General Umberto
Peregrino, Dr. José Carlos Vieira de Figueiredo, Dr. Luiz Alberto Americano, Dr.
Ronaldo Teixeira, Dr. Raul Edgar Bastos de Medeiros e a Sra. Yolanda Penteado24.

Segundo o Jornal do Brasil de 13 de setembro de 1968, de acordo com


informações cedidas pelo gabinete do Ministro da Educação e Cultura, eram objetivos
prioritários do grupo:

“[...] a reforma da Biblioteca Nacional, com a implantação de um sistema


de microfilmagem e departamento nos Estados; da Diretoria do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com maior apoio e assistência
às organizações e cidades históricas; do Museu Histórico e dos Museus de
Belas-Artes, de Arte Moderna e de Artes de São Paulo.
Construção de novos teatros, inclusive nos Estados; edição de livros e
divulgação da leitura, com a instalação de bibliotecas, assistência ao
folclore, além de reformulação dos Institutos do Teatro, Cinema e Livro.
O Grupo de Trabalho, no desdobramento das suas atividades, poderá vir a
criação de um Ministério da Cultura”. (Jornal do Brasil, 13/09/1968)

24
As Atas do Grupo trabalho e os projetos por ele sugeridos, encontram-se na Revista Cultura nº 18, de
dezembro de 1968.

58
Verificamos que já é citada a possibilidade de criação de um Ministério da
Cultura, o que acontecerá somente em 1985, no fim do regime militar pelo presidente
José Sarney.
Como um dos principais resultados do Grupo de Trabalho foi sugerido a criação
de uma Secretaria de Assuntos Culturais que tinha como função “coordenar, promover e
estimular realizações culturais e científicas e cuidar de sua integração aos objetivos
educacionais e culturais do Ministério e do Plano Nacional de Cultura” (Revista
Cultura, nº 18, 1968: 75) e constaria com os seguintes serviços: Coordenação
Administrativa, Coordenação de Programas Culturais e Coordenação de Intercâmbio e
Comunicações. Ficou estabelecido que todas as conclusões que o grupo chegasse,
seriam submetidas ao CFC. Além da criação da Secretaria de Assuntos Culturais,
também foi recomendado à criação dos Serviços Nacionais de Música, de Folclore e de
Artes Plásticas, entre outros projetos de lei.
Visando dirimir dúvidas quanto ao seu apoio ao Conselho, o ministro Tarso
Dutra durante inauguração do Plenário do Conselho discursou: “Reafirmo aqui o
compromisso que espontaneamente assumi para com este Conselho: o de cumprir
fielmente a lei, atribuindo-lhe os recursos para a execução do Plano Nacional de
Cultura”. (Revista Cultura, nº 8, 1968: 8)
Em 1976, como já abordado no capítulo anterior, foi lançada a Política Nacional
de Cultura (PNC), elaborada por técnicos no ano anterior. Segundo Botelho, a partir de
entrevista com Roberto Parreira, então Diretor do DAC: “Ele afirma que desde sua
fundação, em 1966, o CFC havia apresentado dois ou três planos nacionais de cultura,
que não foram muito além de sua apresentação ao ministro da época. Nei Braga inverteu
o processo: ao invés de solicitar ao Conselho mais um plano, ele solicitou a um grupo
de técnicos a formulação de uma política para nortear sua gestão, para submetê-la, a
posteriori, à homologação do Conselho”. (BOTELHO, 2001: 89).
Ortiz afirma que este grupo foi formado tendo em vista que os conselheiros não
tinham capacidade de atender as demandas do governo civil militar, “por isso o Estado
se volta para um novo tipo de intelectual, aquele que representa a possibilidade real de
consolidação de uma organicidade política e ideológica: os administradores”. (ORTIZ,
1994: 108) Estes sim, são capazes de fornecer uma ideologia moderna que o Estado
buscava, uma organicidade no campo da cultura e não priorizando a preservação do
patrimônio nacional como os conselheiros. Ainda segundo Ortiz, “tudo se passa como
se os intelectuais tradicionais fossem decifradores do Ser nacional, eles se ocupariam,

59
como filósofos, do reino da qualidade, caberia aos administradores, uma vez assegurada
a plenitude da cultura brasileira, realizá-la concretamente”.
A PNC foi elaborada procurando atender aos seguintes elementos: apoio direto e
acompanhamento das fontes culturais; dinamização do mercado de publicações;
revalidação dos patrimônios histórico e científico; apoio às áreas de produção teatral,
produção cinematográfica, produção de música e dança; implementação das artes
plásticas; e a difusão da cultura através dos meios de comunicação de massa.
(CALABRE, 2009:80). Podemos observar que o PNC buscava um maior acesso aos
bens culturais, uma “cultura para todos”, um estado mais democrático.
Ainda se apropriando das palavras de Parreira para compreender os objetivos de
elaboração da PNC:
“os objetivos agora são claros: a cultura se liga à identidade nacional e à
preservação de valores. As raízes culturais são vistas como questão de
„segurança nacional‟, no sentido em que essa controvertida expressão
significa „preservação da nacionalidade‟”. Por outro lado ele recusa a
ideia de que “esse plano tenha sido urdido para atender objetivos
políticos”. Para ele, o grupo redator do documento estava basicamente
preocupado com “a descaracterização da cultura brasileira [...] o primeiro
momento nosso foi a defesa nacional”. (BOTELHO, 2001: 68)

Observamos que a grande preocupação era a segurança nacional através da


proteção da de nossa cultura, assim como preservar a imagem do Brasil no exterior,
“isto significa que o estado deve estimular a cultura como meio de integração, mas sob
o controle do aparelho estatal”. (ORTIZ, 1994:82). Aqui podemos fazer uma ligação do
que pregava o governo francês durante os anos Malraux, onde o Estado não deve apenas
“transmitir valores culturais, mas os escolher”, conforme citado no capítulo 1, ou seja,
nos dois casos o Estado deve controlar a produção cultural.
Ainda sobre esta questão, Maia (2010: 116) afirma:
“O Conselho se apropriava de elementos nacionalistas característicos do
período ditatorial, criando um cenário cultural marcado pelo binômio
cultura nacional – invasão estrangeira. A cultura nacional estaria
ameaçada pela consolidação da indústria cultural de massas que
introduzia no país elementos estranhos a nossa formação social. Para
impedir a descaracterização da cultura nacional que ameaçava a
segurança nacional era fundamental reconstruir uma memória que
valorizasse os heróis do passado e os elementos folclóricos, estes últimos
compreendidos como manifestações autênticas do povo”.

2.3 Casas de Cultura

O projeto das Casas de Cultura implantado pelo CFC foi explicitamente baseado
no projeto francês de André Malraux, Ministro da Cultura na França, mas com objetivos

60
“mais modestos”. Na França, as Casas de Cultura foram de grande importância e de
certo modo, definidoras da política cultural do Ministério da Cultura criado em 1959, o
que já foi abordado anteriormente.
Podemos ter uma ideia do que Conselho idealizava para este projeto a partir do
discurso de Josué Montello na abertura da I Reunião dos Conselhos Estaduais de
Cultura:
“Não hão de ser elas as Casas de Cultura do porte e da imponência da que
André Malraux inaugurou há poucos meses em Grenoble, e sim a
integração das agências de cultura em pequenas unidades, de acordo com
a densidade cultural da região. A biblioteca, a filmoteca, a discoteca, o
pequeno museu, com a sua sala de exposições e a sua sala de projeção
cinematográfica, comporão as casas de cultura, que deverão ser alojadas,
de preferência, nos velhos prédios nobres da sede municipal.
Onde já houver biblioteca, criar-se-á o museu, depois a discoteca, e assim
por diante, até que se complete, com a assistência da União, do Estado e
do próprio Município, o sistema local de cultura”. (Revista Cultura, nº 10,
1968: 13)

Pelo trabalho publicado por um dos componentes da comissão encarregada das


Casas de Cultura no CFC, o Conselheiro Clarival do Prado Valladares, observamos que
implantação destas fazia parte do projeto de segurança nacional, na medida em que
valorizava a cultura local e ao mesmo tempo buscava a participação da população na
“cultura universal”. Para Valladares: “A segurança nacional que entendemos depende
de dois fatores essenciais: o reconhecimento e a valorização do acervo e da expressão
cultural do povo e, de modo paralelo, da divulgação e do consumo dos valores culturais
universais a fim de possibilitar efetiva participação na civilização atual”. (Revista
Cultura, nº 10, 1968: 58).
No universo brasileiro e para o Conselho Federal de Cultura, o objetivo não era
levar “cultura enlatada para as regiões mais pobres, nem enaltecer somente os aspectos
dos centros dominantes”, mas distribuir conhecimento “como instrumento de
participação da civilização, ao mesmo tempo em que se destina ao diagnóstico e a
projeção dos valores locais, sobre a universidade”. (Revista Cultura, nº 10, 1967: 59)
“Essas Casas de Cultura, inspiradas na experiência de outros países, sem
perder de vista as peculiaridades brasileiras, seriam os pontos de
convergência natural em cada comunidade, de ato da cultura local - como
exposições, representações, museu local, além de acervo bibliográfico,
incentivando-se dessa forma a criatividade e realizando-se a difusão
cultural”. (Projeto Casas de Cultura, s/d)

61
Segundo o anteprojeto do Plano Nacional de Cultura de 1967 25, as Casas de
Cultura deveriam contar com biblioteca, discoteca, salas de espetáculo, projeção e
concerto, e sala de exposições, as quais serão utilizadas preferentemente para programas
artísticos, administração geral, depósito e não teriam fins lucrativos. Ficaria sob a
responsabilidade da direção da Casa, a formatação de uma programação mensal, sendo
que o CFC poderia como forma de controle e avaliação, analisar o conteúdo desta,
assim como seu rendimento. A ideia era que as Casas de Cultura deveriam ser “meios
de projeção do universo no reduto do município, também serão a ponta de um compasso
que ligará e refletirá a pequena comunidade no outro extremo do mesmo universo”.
(Valladares, Revista Cultura nº 10, 1968: 59). Como as Casas de Cultura francesas,
estas deveriam levar cultura para as cidades beneficiadas, valorizando também a cultura
local, sem esquecer as diretrizes nacionais.
As Casas de Cultura seriam criadas a partir de convênios celebrados entre o CFC
os Conselhos Estaduais e Municipais de Cultura e as Prefeituras. Provavelmente devido
à falta de recursos para área da cultura, assim como a preservação do patrimônio –
marca de toda a gestão do Conselho - a ideia era aproveitar espaços já existentes,
prédios que deveriam ser preservados, ou por seu valor arquitetônico ou histórico.
Somente na indisponibilidade destes, novos seriam construídos. O principal objetivo
era:
“[...] instalação de Casas de Cultura em municípios, que atendam às
condições de polos difusores de cultura precedendo-se à construção ou
adaptação de bens imóveis bem como o seu equipamento de forma a que
operem como centros municipais mantenedores e divulgadores do sistema
cultural, sempre em termos de realidade nacional”. (Projeto Casas de
Cultura, s/d)

De acordo com dados26 entre 1968 e 1974 já haviam sido construídas quinze
Casas de Cultura em quase todas as regiões do país e sete encontravam-se em
construção. Nota-se que a grande maioria foi construída juntamente com a Prefeitura
local, seguida pelo Governo do Estado e o restante pela igreja e missões evangélicas. Já
em publicação de 1976, o CFC declara a existência de vinte e três Casas de Cultura: Rio
Branco (AC), Penedo (AL), Itacotiara (AM) e Manacapuru (AM), Itapemirim (ES),
Lençóis (BA), Campo Grande (MS), Uberaba (MG), Toledo (PN), Teresópolis (RJ);
Belém (PA), Castanhal (PA), Cametá (PA), Icoaraci (PA) e Santarém (PA), Natal (RN);

25
Anteprojeto Plano Nacional de Cultura, 1967, Revista Cultura nº 2, 1967: 65.
26
Documentação do Conselho Federal de Cultura nomeada “Casas de Cultura”, sem data.

62
Bagé (RS), Carazinho (RS), Cachoeira do Sul (RS), Iraí (RS) e São Borja (RS); e,
Araçatuba (SP) e Limeira (SP). (CFC, 1976: 37-38).

2.4 Análise dos Convênios

Buscando um maior entendimento da política cultural implementada pelo


Conselho, realizaremos uma análise dos convênios celebrados entre o CFC e diversas
instituições culturais no país. Os convênios eram realizados para o repasse de recursos
do CFC aprovados em sessão plenária para entidades de cultura. Na documentação
referente aos convênios consta: o parecer de aprovação do pedido, o termo de convênio,
a liberação do recurso, a prestação de contas e o parecer desta última. Só podiam ser
realizados novos convênios com entidades já beneficiadas se elas estivessem em dia
com a prestação de contas.
Foram analisados 338 convênios que estão no arquivo do Conselho Federal de
Cultura sob a guarda da Fundação Casa de Rui Barbosa. Todos os convênios que se
encontram no acervo estão catalogados nesta dissertação. Infelizmente parte da
documentação pode ter se perdido ou ainda não foi localizada, já que o arquivo ainda
encontra-se em processo de organização.
Segundo Tatyana Maia (2010), em 1967 foram firmados quatorze convênios;
em 1968, sessenta e dois; em 1969, cinquenta e nove; em 1970, oitenta e seis; em 1971,
sessenta e quatro e no biênio de 1973/74 foram celebrados duzentas e setenta e três
convênios, totalizando entre os anos de 1968 a 1974, quinhentos e cinquenta e oito
convênios, bem acima de nosso número, mesmo que tenhamos chegado em nosso
exame até o ano de 1976. Apesar da diferença de duzentos e vinte convênios, temos um
número expressivo que nos permite uma análise aprofundada dos convênios e das
instituições que o Conselho apoiava. Vale salientar que esta documentação é
remanescente do próprio Conselho e não dados publicizados pelos Conselheiros na
Revista Cultura e no Boletim.
Para uma maior compreensão desse número, segue gráfico abaixo:

63
Verificamos que não temos nenhum convênio no ano de 1967 e apenas um nos
anos de 1968 e 1973. A partir de nossa análise, os anos que foram firmados mais
convênios foram 1970 com 82 e 1973, com 78. Apesar de não termos todos os
convênios do CFC, este número nos dá uma boa mostra das prioridades do Conselho na
disponibilização de recursos.
No que diz respeito a distribuição regional, observamos a seguinte situação:

64
Notamos que regiões como Centro Oeste e Norte, praticamente não tiveram
apoio do CFC, se comparadas com as demais. Verificamos ainda que metade dos
recursos se concentrava na região Sudeste do país e conforme veremos no gráfico
seguinte, no então estado da Guanabara. Acredito que esta situação se dava porque o
CFC realizava muitos convênios com as grandes instituições nacionais, funcionando
como um órgão supletivo de recursos do próprio governo e respondiam por um grande
número de convênios, conforme podemos observar no gráfico abaixo. Podemos
verificar também que 16% dos convênios firmados foram com Conselhos de Cultura,
Secretarias ou Prefeituras, ou seja, órgãos oficiais dos estados e 12% com as Academias
de Letras e Institutos Históricos e Geográficos, entidades culturais sempre valorizadas
pelos conselheiros.

Para uma análise mais detalhada, apresentamos os números específicos de


convênios por estado:

65
A disparidade entre os estado da Guanabara e os demais é impressionante. Este
estado teve 134 convênios assinados, em grande maioria na própria cidade do Rio de
Janeiro, conforme listagem em anexo, seguido do Rio Grande do Sul, com grande parte
dos convênios assinados com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
– PUC/RS. Interessante observar alguns casos de convênios celebrados, como a grande
quantidade de convênios com PUC/RS (17) e o fato de o Conselheiro José Otão ser o
reitor desta universidade entre os anos de 1954-1978, assim como o Conselho financiar
a construção da sede da Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa, em Belo Horizonte,
cujo conselheiro Abgar Renault era um dos padrinhos. Este exemplos nos mostram que
a escolha das instuições beneficadas não estava isenta de interesses pessoais de alguns
Conselheiros.
Outra questão que merece nossa análise é compreender que tipo de projetos o
CFC apoiou durante esse período, que áreas foram as mais privilegiadas em detrimento
de outras. Conforme podemos verficar abaixo, o CFC priorizava a compra de
“Equipamentos”. Na realidade, a partir de uma análise mais detalhada da listagem de
convênios, verificamos que estes serviam para mobiliar e para a compra de material
específico para as convenidas. Seguido de “equipamentos”, como podemos inferir
através da postura do CFC, vem “publicação”, com uma grande quantidade de livros,
revistas e apoio a jornais de diversas entidades culturais. Observamos também um
quantidade relevante para “construção”. Neste item estão incluídos as Casas de Cultura
e a construção de sede ou anexos. O item “outros” são áreas pouco citadas como
“Atividades Culturais”, “Subvenção Social”, Prêmios”, entre outras.

66
Ao analisar essas ações do CFC, percebemos que o regime militar não pretendia
ter apenas uma ação repressora na cultura, ele buscava colocá-la sob sua orientação, por
compreender a dimensão e força política da produção simbólica. O tempo todo, sua
política cultural oscila entre o passado e o presente, a tradição e a modernidade e esta, é
pensada nos gabinetes por intelectuais e técnicos, que uniam a “cultura do povo” e a
“cultura nacional” visando à integração da nação, sendo este parâmetro reproduzido nos
conselhos estaduais e municipais.

67
Capítulo III
A Secretaria da Cultura e o Conselho Estadual de Cultura do Ceará – um
estudo de caso

No final de 2006, a Secretaria de Cultura do Ceará (SECULT) comemorou seus


40 anos de fundação com uma grande festa realizada em sua sede no Palácio da
Abolição, em Fortaleza, com a presença do então Ministro da Cultura Gilberto Gil e
autoridades cearenses. Além da festa, foi publicada uma coleção de livros alusivos à
história da Secretaria como “A história da Secult por seus secretários” (SANTOS e
GUEDES, 2006) com depoimentos dos dirigentes que passaram pela pasta ou a
descrição da gestão dos que já tivessem falecido; “Memória e Documentos Históricos”
(SANTOS e GUEDES, 2006) com documentos que revelam a trajetória da Secretaria e
por fim, “Os Equipamentos Culturais” (SANTOS e GUEDES, 2006) que contam a
história e funcionamento dos equipamentos culturais que estão vinculados à Secult. O
ano foi marcado de eventos que assinalaram a data como seminários, exposições, a
certificação do Selo de Responsabilidade Cultural, entre outros.
Iniciamos o presente capítulo partindo das comemorações dos 40 anos da
Secretaria, “a primeira do Brasil”, visando demonstrar que nem sempre esse
pioneirismo é sinônimo de sucesso e que, apesar das grandes comemorações, esta
Secretaria padeceu em seus primeiros anos de uma ineficiente estrutura e da carência de
recursos. O pioneirismo de ser a primeira Secretaria de Cultura do país foi mitigado já
em 1971, quando esta se tornou Secretaria de Cultura, Deporto e Promoção Social.
O pioneirismo cearense bastante alardeado na área da cultura foi também no
sentido de desbravar áreas, de criar entidades, de liderar movimentos, como o
Abolicionista, tão cultuado pelos conselheiros do Conselho Estadual de Cultura pela
“coragem do povo cearense”. A socióloga Cláudia Leitão ilustra bem este fato, mesmo
sem usar o termo pioneiro:
“No caso do Ceará, desde o século XIX esses intelectuais tem expressão
nacional. Embora marcado historicamente pelo flagelo das secas, uma
economia vulnerável e estruturas políticas oligárquicas, o Ceará destacou-
se precocemente no panorama nacional, liderando as primeiras grandes
discussões acerca da cultura brasileira. Capistrano de Abreu, Farias Brito,
Clóvis Bevilacqua, Alberto Nepomuceno e José de Alencar são alguns
dos cearenses que ratificam essa efervescência artístico-intelectual que
adquiriu voz nacional. Vale ressaltar, nesse sentido, que a Academia de
Letras do Ceará é a mais antiga do país, tendo sido criada antes da
Academia Brasileira de Letras. Por outro lado, a Padaria Espiritual,
movimento artístico e literário que anuncia novas diretrizes estéticas no

68
Ceará, precederá a Semana de Arte Moderna de 1922”. (LEITÃO in
CALABRE, 2010: 93)

Interessante observar que no momento da desvinculação da Secretaria de Cultura


da de Educação, a Academia Cearense de Letras, apesar de ser a primeira do país,
encontrava-se paralisada devido a falta de recursos e solicitando convênio com a Secult
para a volta de suas atividades.
Ao que parece, as comemorações dos 40 anos de fundação da Secretaria
serviram mais para marcar as realizações (que foram muitas) da gestão que se encerrava
e talvez, uma esperança de uma continuidade destas, do que o “momento fundador” e o
pioneirismo dos cearenses na criação de uma secretaria voltada exclusivamente para a
cultura. Segundo Lúcia Lippi, “comemorações, „efemérides‟, datas alusivas a episódios
considerados notáveis da história permitem refundar, reatualizar identidades, sejam elas
nacionais, locais, oficiais ou privadas, públicas ou pessoais”. (OLIVEIRA, 2000: 1885)
Essa “reatualização” fica patente na afirmação da então secretária da Cultura,
Cláudia Leitão, durante as festividades de aniversário da Secretaria, na apresentação de
“Memórias e Documentos Históricos”:
“Que este registro também possa aprofundar estudos concernentes à
relação entre política e cultura, permitindo-nos uma maior compreensão
dos embates entre ambas, no momento em que a Secult festeja seus
quarenta anos de existência, ao mesmo tempo em que constrói novos
cenários de atuação para as próximas décadas”. (Memórias e Documentos
Histórico, 2006: 9)

Assim, trata-se de celebrar o passado construindo novos cenários que


repercutirão no plano simbólico. Nas comemorações, foram abordados os “grandes
feitos” e as propostas (porque de fato em sua maioria não se concretizaram) do que
deveria ser a recém-fundada Secretaria, auxiliada por grandes homens de cultura que
compunham o seu Conselho. Em contrapartida, foram “esquecidos” a falta de recursos,
de estrutura, de pessoal e as dificuldades amplamente divulgadas nas atas do Conselho,
as quais a Secult enfrentou durante todo o período analisado.
A festa, de certo modo, foi a comemoração de uma leitura do passado que
incorporou o momento celebrado, uma espécie de mito de origem. As realizações de
uma gestão que se encerrava com sucesso, e com o ato de celebrar, buscou reafirmar a
força da Secretaria de Cultura e a necessidade de continuidade de suas ações.
A proposta de criar um órgão que se dedicasse exclusivamente às questões
culturais no Ceará já era defendida antes da determinação da criação de conselhos

69
estaduais pelo CFC. Durante o I Congresso Cearense de Escritores, realizado em 1946
em Fortaleza, Raimundo Girão, então futuro primeiro secretário de Cultura, lançou a
ideia da criação de uma Secretaria da Cultura no estado. Ele propôs que o Congresso
sugerisse ao governo estadual a criação de um Departamento de Cultura ou de uma
Secretaria, no que foi atendido pelos demais congressistas, mas infelizmente não obteve
o mesmo sucesso junto às instâncias governamentais.
Após vinte anos dessa primeira proposta, o então candidato ao governo do
Ceará, Plácido Castelo, fez uma promessa durante sua campanha, que no seu programa
de governo seria criada uma Secretaria de Cultura. Entretanto, o governador Virgílio
Távora, ao saber da ideia do futuro governador, enviou mensagem à Assembleia
Legislativa com o projeto de criação da Secretaria da Cultura, o que resultaria na Lei nº.
8.541, de 9 de agosto de 1966.
Através da Lei nº. 8.541 de 9 de agosto de 1966, foi alterada a denominação e a
estrutura da Secretaria de Educação e Cultura, apenas para Cultura, o que foi seguida
das leis, nº. 8.577 de 30 de setembro de 1966 e a final, a Lei nº. 8.822, de 21 de junho
de 1967, que complementavam sua reestruturação.
A nova secretaria foi instalada em 9 de dezembro de 1966 e tinha como
finalidade “executar, superintender e coordenar as atividades de proteção do patrimônio
cultural do Ceará, difusão da Cultura e aprimoramento cultural do povo cearense,
inclusive através do estímulo à iniciativa particular no campo da cultura e amplo
incentivo às ciências, letras e artes” (Lei nº. 8.541, de 09/08/1966). Vimos a partir de
suas atribuições, que assim o CFC, a nova secretaria tinha como prioridade a proteção
do patrimônio cultural do estado.
Como primeiro secretário foi nomeado Raimundo Girão que, além de escritor,
havia sido prefeito de Fortaleza na década de 1930. Raimundo Girão nasceu na fazenda
Palestina, no município de Morada Nova. Em 1920 ingressou na Faculdade de Direito
do Ceará. Nessa mesma faculdade, doutorou-se em 1936, sendo aluno laureado.
Exerceu por alguns anos a advocacia, quando em 1932 foi chamado para exercer as
funções do cargo de Secretário Geral da Prefeitura de Fortaleza (Secretaria Única) e em
14 de dezembro do mesmo ano, foi nomeado Prefeito Municipal interino. Efetivou-se
no cargo no dia 19 de abril de 1933 e o exerceu até 5 de setembro de 1934.

No ano seguinte, por ato governamental, foi nomeado Ministro do Tribunal de


Contas do Ceará. Em 1946 foi nomeado livre docente da Faculdade de Ciências

70
Econômicas do Ceará, na Cadeira de Estudos Comparados das Doutrinas Econômicas.
Em 1952 foi nomeado presidente do Conselho Penitenciário do Ceará, ao qual já servira
como Conselheiro desde 1935. Foi Mordomo da Santa Casa de Fortaleza. Foi um dos
fundadores e primeiro Diretor da Escola de Administração do Ceará. Nomeado em 9 de
janeiro de 1960 para Secretário Municipal de Urbanismo, de cuja pasta foi o primeiro
titular. Nomeado, por Ato de 3 de outubro desse ano, recebeu a nomeação como
primeiro titular da Secretaria de Cultura do Ceará (1966-71), pasta criada com o
desdobramento (a primeira no Brasil) da anterior Secretaria de Educação e Cultura, em
consequência de trabalho seu, constante e cuidadoso, adotado pelo Governo do Estado.

Presidiu a Academia Cearense de Letras, no biênio 1957/58, na qual ocupava a


Cadeira n.° 21 de que era Patrono José de Alencar. Em 1985, foi aclamado "Presidente
de Honra" e, posteriormente, eleito sócio efetivo da Sociedade Cearense de Geografia e
História, tendo ocupado a Cadeira de n° 22, patroneada pelo romancista Franklin
Távora.

Recebeu em vida, e mesmo in memoriam, um grande número de honrarias. Deixou


54 livros publicados, além de ter organizado 12 volumes de variados assuntos. Sua
colaboração em periódicos – jornais e revistas- alcançou a quase cinco dezenas, entre
artigos, crônicas e entrevistas. Em enquete promovida pela TV Cidade, de Fortaleza, no
ano de l987, foi consagrado como um dos vinte maiores cearenses de todos os tempos.

Para ilustrar o momento de criação da nova secretaria, segue um trecho do


discurso do Secretário de Cultura, Prof. Raimundo Girão, na solenidade de instalação:

“Com essa solenidade, estamos benzendo com as águas da Igreja e


instalando com as benções dos bons augúrios a Secretaria de Cultura,
instituída pelo Diploma Legislativo nº. 8.541, de 9 de agosto de 1966.
Realiza-se, desse modo, com especial realce e ansiado ensejo uma
reivindicação que não é nova, nem novidade só por ser novidade. Faz
muitos anos que a desejávamos os intelectuais cearenses menos
descrentes e menos ferrados com os pregos da indiferença ou da timidez.
E o fazíamos não com essa vaidade de espuma que desajusta o homem da
realidade das coisas, mas porque sentíamos o ímpeto duma necessidade: a
de ver a Cultura bem compreendida e bem considerada na energia das
suas revelações espirituais por parte dos governos públicos.
[...] Havia uma humilhação: o Departamento de Cultura, integrante da
Secretaria de Educação, não bastava, nunca bastou de tão mofino e
desprezado, até pender para a decepção da mais vazia inoperosidade.
Negavam-lhe qualquer ceitil animador, um migalho sequer, para que se
alentasse porventura num mínimo de recuperação caquética”. (Revista
Aspectos, ano I, nº 1, 1967: 225)

71
Apesar da citação longa, acredito assim dar uma noção do espírito de criação da
mesma. Pelo que podemos inferir, quando o órgão era Secretaria de Educação e Cultura,
havia um Departamento de Cultura, responsável pela área, mas que pelo visto não tinha
atuação marcante e que foi extinto com a nova lei.
Para Barbalho (2008: 5), a criação da Secretaria de Cultura “pode ser vista como
resultado da pressão de determinado segmento organizado e respaldado pela sociedade
que, dessa forma, consegue, como aponta Mendonça (apud Barbalho, 1995:72),
„aparelhar-se dentro do estado em seu sentido estrito”. No caso, esse segmento era
representado pelos intelectuais locais que buscavam deter o controle sobre a produção
cultural local, bem como, ocupar um espaço na esfera pública e tiveram papel ativo na
criação da nova secretaria.
A participação dos intelectuais para a criação do novo órgão pode ter sido
facilitada pelas suas ligações com o governador do estado, Plácido Castelo, já que este
era também membro do Instituto Histórico e Geográfico do Ceará e autor de pesquisas
sobre assuntos regionais. Assim, a secretaria é gestada e criada entre pares como afirma
Barbalho (2008: 6):
“[...] a intelectualidade cearense pós-64 também faz valer o seu
„intimismo‟ com o poder. Com o governador colega de instituição
intelectual (IHGC), os intelectuais cearenses veem garantida a instalação
de órgãos específicos (CEC e Secult) para tratarem de seus assuntos na
esfera governamental”.

Através da Mensagem apresentada à Assembleia Legislativa no início de 1968,


podemos verificar o que foi realizado pela Secretaria de Cultura no seu primeiro ano de
funcionamento e que segundo esta, o programa de atividades elaborado pelo Conselho
Estadual de Cultura foi integralmente executado. Em síntese, o Departamento do
Patrimônio Cultural, através de recursos oriundos do Fundo de Desenvolvimento do
Ceará (F.D.C), promoveu a transferência da Biblioteca Pública para novas instalações;
criou o Museu São José do Ribamar em Aquiraz, especializado em arte sacra; iniciou as
obras do prédio onde ficaria o Arquivo Público do Estado; e sugeriu modificações na
Bandeira e nas Armas do Estado.
O Departamento de Difusão da Cultura realizou a inauguração do Centro de
Artes Visuais (Casa de Raimundo Cela); da Galeria Permanente do Centro de Artes
Visuais; realizou exposição coletiva de artistas cearenses no Ideal Clube; promoveu o II
Festival Brasileiro de Curta Metragem e a VI Jornada Nacional de Cine Clubes; realizou

72
o I Salão Nacional de Artes Plásticas e exposição retrospectiva do pintor cearense
Antônio Bandeira. O Departamento de Publicações e Documentação editou o primeiro
número da revista Aspectos, publicação oficial da Secretaria de Cultura, com a
colaboração de destacadas personalidades das letras e das ciências.
Observamos que as ações da Secretaria são muito limitadas devido à falta de
recursos e concentram-se principalmente na capital do estado, aspecto que pode ser
observado durante todo o período analisado. No ano de 1969, ao serem relatadas as
ações de 1968, verificamos que a maioria é continuação do ano anterior, com um
aumento no número de publicações e edições e a instalação do Museu Histórico e
Antropológico do Ceará no prédio do Instituto do Ceará.
Em 1971 a Secretaria deixou de ser somente de Cultura e passou a denominar-se
Secretaria de Cultura, Desporto e Promoção Social, a partir do decreto nº 9. 448 de 18
de junho de 1971. Em suas finalidades são acrescidas: difundir, amparar e promover o
esporte amador e seu desenvolvimento técnico e cultural, assistindo-o financeiramente
em seus programas e realizações; e estimular o desenvolvimento social da população
através de uma eficiente educação de base, incentivo e orientação à formação de mão de
obra, desenvolvendo programas de ação comunitária e orientação técnica a grupos de
recuperação social. Além do Conselho Estadual de Cultura, a estrutura da Secult passou
a contar também com o Conselho Regional de Desporto e o Conselho Estadual de
Ciências e Tecnologia, além da criação de um Departamento de Cultura e Esportes.
Através da Mensagem à Assembleia Legislativa sobre as atividades do ano de
1971, podemos observar como essa mudança se deu em termos práticos. Segundo o
texto apresentado pelo governador César Cals de Oliveira Filho, a secretaria tinha como
objetivo básico “a difusão e aprimoramento das atividades culturais e esportivas além da
conservação e crescimento do Patrimônio Cultural e Social do Estado”. (Mensagem à
Assembleia Legislativa, em 31 de março de 1972).
Na área da Cultura temos como principais atividades: criação e instalação de
bibliotecas; ampliação da Biblioteca Pública; patrocínio e apresentações de espetáculos
diversos; realização da “Exposição do Artista Cearense”; concessão do “Prêmio Pena de
Ouro”; elaboração do Calendário Cívico e Cultural, publicações; realização de jornadas
culturais nas cidades de Limoeiro do Norte, Juazeiro do Norte, Crato e Baturité; reforma
do Arquivo Público e ações diversas no Museu Histórico e Antropológico do Ceará.
Quanto ao Desporto, área recém-inserida na estrutura da Secretaria, temos:
organização e promoção dos jogos estudantis do interior do Ceará; auxílio às diversas

73
Federações Amadoristas; continuação das obras do Estádio Municipal de Missão Velha;
prosseguimento das obras de construção do Estádio Governador Plácido Castelo
(conhecido como Castelão) na capital; e reestruturação administrativa da FADEC
(Federação de Assistência Desportiva do Estado do Ceará).
Na área de Promoção Social é relatado o levantamento das necessidades de mão
de obra junto à Indústria de Confecções; estudo da problemática da mendicância e do
Serviço de Recuperação do Mendigo; elaboração do Plano de Emergência visando à
erradicação da mendicância da capital; supervisão e funcionamento da Escola Maternal,
entre outras.
Nesta Mensagem também são apresentados os convênios celebrados entre a
Secretaria de Cultura, Desporto e Promoção Social com outras entidades, como a
Academia Cearense de Letras para a execução do Plano de Ação Cultural27; com a
Fundação Edson Queiroz e o Centro de Informação Arqueológica (CIA), para pesquisas
arqueológicas no município de Quixeramobim; com a SUDENE, para execução de
programas de promoção social; com a SUMOV para a construção de uma Casa Creche;
com a Fundação do Serviço Social de Fortaleza para a realização de cursos
profissionais; e com a SUDENE novamente, para realização do Curso “Capacitação de
Pessoal Técnico em Nível de Direção e Planejamento” e realização dos Seminários de
Ação Comunitária.
Observamos que para uma secretaria de grande porte, responsável por três áreas,
há somente seis convênios celebrados durante o ano, o que nos parece muito pouco dada
à quantidade de solicitações apresentadas pelos conselheiros somente para a área da
cultura. Há também um relato detalhado das atividades da Secretaria do ano de 1971 na
revista Aspectos publicada em 1972.

3.1 Conselho Estadual de Cultura

Na lei de criação da Secretaria de Cultura já estava previsto em sua estrutura o


Conselho Estadual de Cultura, assim como os Serviços de Administração, do
Patrimônio Cultural e de Difusão Cultural. A partir deste momento também passaram a
integrar a estrutura da secretaria o Serviço de Difusão Cultural, o Museu Histórico e

27
Em ata da 198ª sessão ordinária, de 26 de abril de 1971, há menção da entrega do Plano de Ação
Cultural do Ceará, elaborado pelos acadêmicos da Academia Cearense de Letras ao governador Cel.
César Cals, mas infelizmente não há maiores informações sobre este.

74
Antropológico do Estado, a Biblioteca Pública, o Teatro José de Alencar e a Casa
Juvenal Galeno e posteriormente a Casa de Raimundo Cela (Centro de Artes Visuais).
Ainda em 1966, o Arquivo Público Estadual é desmembrado da Secretaria de Justiça e
repassado para o Serviço do Patrimônio Cultural da recém-criada secretaria.
Dentre os Conselhos Estaduais que foram criados no período estudado
encontramos o Conselho Estadual de Cultura do Ceará, um dos primeiros a ser instalado
no país (no momento de sua criação só existiam os Conselhos Estaduais de Cultura da
Guanabara e de São Paulo). Ainda que os conselhos estaduais possuíssem dinâmica
própria, acreditamos que um exame da atuação do CEC – CE contribua para
compreender o papel que eles exerceram na construção de uma política voltada para a
cultura.
A lei que trata do Conselho Estadual de Cultura previa sua estruturação nos
seguintes setores: Ciências Naturais, Ciências Sociais, Literatura, Artes Plásticas, Artes
do Movimento (cinema, teatro e ballet), Música e posteriormente Patrimônio Histórico e
Artístico (Lei nº 7.831). Apenas seis integrantes comporiam o Conselho e responderiam
por cada área acima elencada, além do presidente. Sua finalidade era “o estudo e
proposição de programas relacionados com a defesa do patrimônio cultural do Estado e
a promoção e difusão da Cultura”, objetivo similar ao da própria Secretaria.
O Conselho de Cultura foi criado pelo decreto nº. 7.628, de 5 de outubro de
1966, portanto, em data anterior a criação do Conselho Federal de Cultura e, como já
mencionamos, era composto por sete membros (sendo um seu presidente, Secretário de
Cultura), com mandatos de dois anos e constituído por “altas expressões de nossa vida
cultural”. Os setores a serem representados pelo Conselho são os mesmos da lei de
criação da Secretaria, acima citados. O regulamento do Conselho foi aprovado pelo
Decreto nº. 7.831, de 3 de janeiro de 1967.
A nomeação dos membros ficava a cargo do governador do estado a partir de
nomes sugeridos pelo secretário. Estes seriam remunerados com um salário mínimo de
Fortaleza por cada sessão que comparecessem. Cabia ainda ao Conselho uma relação
direta com outros órgãos do estado ou entidades culturais visando um melhor
desempenho de suas funções como, por exemplo: solicitar dos diversos órgãos
administrativos do Governo do Estado e dos paraestatais a ele vinculados elementos e
informações de que necessitar; ordenar diligências que julgar indispensáveis à boa
execução dos seus trabalhos, junto aos mesmos órgãos e por intermédio do Secretário
de Cultura; ouvir, mediante consulta, entidades ou pessoas cujos esclarecimentos

75
possam servir para o melhor fundamento de suas decisões; e convocar chefes de serviço,
bem como assessores para maior acerto de suas deliberações.
De acordo com o seu Regimento, o Conselho Estadual de Cultura com seus sete
membros e respectivos suplentes poderia reunir-se até quatro vezes por mês. Além das
sessões plenárias com a presença de todos os conselheiros, também deveria haver as
reuniões das câmaras, comissões e grupos de trabalho, o que de fato não ocorreu, já que
estes nunca chegaram a ser implantados. O presidente era o Secretário de Cultura e na
ausência deste, o posto era o assumido pelo conselheiro mais idoso.
Seus principais objetivos eram:
 Formular a Política Cultural do Estado, no limite de suas atribuições e contribuir
para a elaboração do Plano Estadual de Cultura;
 Articular-se com os órgãos federais, estaduais, municipais e entidades de caráter
cultural, de modo a assegura a coordenação e execução de programas culturais;
 Promover e patrocinar campanhas que visem ao desenvolvimento cultural e
artístico do estado;
 Emitir parecer sobre assuntos e questões de natureza cultural que lhe sejam
submetidos pelo Secretário de Cultura;
 Cooperar na defesa e conservação do patrimônio histórico, arqueológico,
artístico, bibliográfico e paisagístico do estado, na conformidade da legislação
federal e da estadual referente ao assunto;
 Promover campanhas que visem ao desenvolvimento da Cultura no estado, por
meio da imprensa, do livro, do rádio, da televisão, do cinema, do teatro e de
outros meios de divulgação;
 Firmar convênios com instituições públicas ou privadas para promover e
incentivas os movimentos culturais ou de natureza científica;
 Cooperar, na medida das possibilidades, com as entidades culturais existentes no
estado, com as Universidades, Prefeituras Municipais e os órgãos de divulgação
escrita, falada e televisionada, a fim de obter-se maior desenvolvimento da
Cultura Nordestina, especialmente a cearense;
 Exercer as atividades que lhe forem delegadas pelo Conselho Federal de Cultura.

Observamos que como o Conselho Federal, o Conselho Estadual de Cultura do


Ceará, tinha caráter apenas consultivo e como principal atribuição deveria estimular o
desenvolvimento e a valorização da cultura no estado. Interessante notar, a partir do que

76
estava estabelecido no Regulamento, a relação do Conselho com os meios de
comunicação através de campanhas para divulgação da cultura e o apoio, inclusive
financeiro, o que diferia do governo federal, que deixava essa área a cargo da iniciativa
privada. Apesar desta informação estar contida em seu regulamento, não a observamos
na prática e no cotidiano do Conselho.
No anteprojeto do Conselho, este seria formado por sete câmaras: de Letras
(com os representantes dos setores, de prosa de ficção e de ensaio, crítica e oratória); de
Ciências (com os representantes dos setores de ciências naturais e da saúde, de ciências
humanas e de ciências exatas e tecnológica); do Patrimônio Cultural (com os
representantes dos setores do patrimônio histórico e artístico, do patrimônio paisagístico
e do patrimônio biblio-documental); de Comunicação Social e de Desporto (com
representantes dos setores do rádio, do jornal, da televisão e do turismo e deporto); dos
Movimentos Comunitários (representantes do setores de trabalhadores urbanos, de
trabalhadores rurais, dos movimentos de bairros e favelas); das Artes Cênicas
(representantes de teatro e dança, folclore e cinema); e, das Artes do Som e da Forma
(representantes da música popular, de música erudita e das artes plásticas). Também,
como no CFC, haveria uma Comissão de Legislação e Normas que responderia pela
interpretação e aplicação de preceitos jurídicos para nortear o trabalho dos conselheiros.
Cada Câmara seria composta por cinco membros e elegeria seu presidente.
As principais funções das Câmaras seriam: apreciar os processos que lhes forem
distribuídos e sobre eles emitir parecer; responder consultas encaminhadas pelo
Presidente do Conselho; examinar os relatórios das instituições culturais auxiliadas ou
subvencionadas pelo Estado; propor medidas e sugestões ao Plenário; promover estudos
e pesquisas a serem utilizados pelo Conselho; e promover a instrução dos processos e
fazer cumprir as diligências pelo Plenário. Apesar da ideia inicial, até o período
estudado, o Conselho, como já foi observado, não conseguiu implantar suas câmaras e
nem realizar as incumbências a elas planejadas.
Na primeira ata do Conselho, em sessão realizada em 15 de dezembro de 1966,
constam como conselheiros, Raimundo Girão, secretário da pasta e presidente e os
membros: Guimarães Duque28 e Oswaldo Riedel (suplente) representando as Ciências

28
Agrônomo, pesquisador e escritor. Foi chefe da Comissão de Serviço Agro-Industrial do DNOCS,
professor na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Ceará, com vasta obra publicada de temas
eminentemente agronômicos e sobre o Nordeste. Maiores informações: CARNEIRO, Joaquim Osterne.
Análise retrospectiva da obra de Guimarães Duque. Revista IHGP, nº 37, João Pessoa: out/2002 set/2003.
Disponível em: http://alanepb.org/downloads/osterne_20.pdf Acessado em 19/07/2011

77
Naturais, Carlos Studart Filho29 e João Clímaco Bezerra (suplente) representantes das
Ciências Sociais, Braga Montenegro30 e Nertan Macêdo (suplente) atuando na
Literatura, Heloísa Juaçaba31 e Antônio Girão Barroso32 (suplente) nas Artes Plásticas,
Manuel Eduardo Pinheiro Campos33 e Nadir Pápi Saboya34 (suplente) nas Artes de
Movimento, Orlando Leite35 e Wanda Ribeiro Costa (suplente) na área da Música e por
fim, Manoel Albano Amora e Liberal de Castro no Patrimônio Histórico e Artístico.
Como no CFC, todos eram intelectuais e “homens de cultura” renomados dentro
do Ceará, mas neste caso, não necessariamente ligados à cultura, já que o Conselho
abrangia diferentes áreas. Em sua maioria estavam ligados à Academia Cearense de
Letras, ao Instituto Histórico e Geográfico do estado e a Universidade Federal do Ceará.
Pelas informações apresentadas nas notas de rodapé podemos ver o perfil de cada
conselheiro ou suplente e como eles atendiam a divisão das áreas de acordo com a sua
lei de criação.

29
Escritor nas áreas de História e Antropologia, general do exército. Formado em Medicina. Presidente
perpétuo do Instituto do Ceará e mais antigo membro. Pertenceu a Academia Brasileira de História, ao
Instituto Genealógico Brasileiro, a Sociedade Brasileira de Geografia, a Associação Brasileira de
Imprensa, a Academia Cearense de Letras, entre outras. Disponível: http://www.ceara.pro.br/Instituto-
site/Rev-apresentacao/RevPorAno/1982/1982-FaleceCarlosStudartFilho.pdf Acessado em 19/07/2011
30
Escritor cearense. Funcionário do Banco do Brasil, assessor literário da Secretaria de Cultura do Estado
do Ceará e membro da Academia Cearense de Letras. Maiores informações: “Morre na Argentina o
escritor cearense Braga Montenegro”. Disponível em: http://www.ceara.pro.br/Instituto-site/Rev-
apresentacao/RevPorAno/1980/1980-MorreArgentinaBragaMontenegro.pdf Acessado em 19/07/2011
31
Pintora, escultora, tapeceira, desenhista e gravadora. Estudou desenho e pintura com João Maria
Siqueira e Floriano Teixeira na Sociedade Cearense de Artes Plásticas, em 1950. Em 1956, frequentou o
curso livre de desenho e pintura do Museu de Arte de Louisiana, Nova Orleans, Estados Unidos.
Participou da Comissão Organizadora do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará, com Floriano
Teixeira, em 1961; fundou o Centro de Artes Visuais - Casa de Cultura Raimundo Cela, 1967; e idealizou
o Museu de Arte e Cultura Populares do Ceará, em 1973. Disponível:
http://tvassembleiaceara.blogspot.com/2009/01/heloisa-juaaba-uma-senhora-artista.html Acessado em
19/07/2011
32
Jornalista, escritor e professor universitário - graduado em Direito, fez doutorado em Economia. Foi
membro do Grupo Clã - movimento artístico que, nos anos 1940, sedimentou as conquistas modernistas
no Ceará -, ao lado de Aluísio Medeiros, Artur Eduardo Benevides, Eduardo Campos, João Clímaco
Bezerra e Moreira Campos, dentre outros. Disponível em:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/ceara/antonio_girao_barroso.html
33
Cearense, radialista, jornalista, escritor, teatrólogo e pesquisador. Mais de 70 livros publicados. Foi
presidente da Academia Cearense de Letras, da Academia Cearense de Retórica, da Comissão Cearense
de Folclore e do Conselho Estadual de Cultura. Fundador da Associação Cearense de Emissoras de Rádio
e Televisão e Secretário de Cultura do Ceará em duas ocasiões. Maiores informações: Eduardo Campos.
Disponível em: http://www.eduardocampos.jor.br/ Acessado em 19/07/2011.
34
Atriz e diretora que marcou época com o Teatro-Escola do Ceará nos anos 50. Professora no Curso de
Arte Dramática da Universidade Federal do Ceará. Disponível em:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?Codigo=666421 Acessado em 19/07/2011
35
Maestro. Foi professor do Conservatório Alberto Nepomuceno e estruturou o Departamento de Música
da Universidade Federal do Ceará e professor de Música na Escola Industrial. Chefiou o Departamento de
Música da UNB. Disponível em: http://conversapiaba.blogspot.com/2010/12/wilson-ibiapina-o-maestro-
orlando-leite.html

78
Na quinta sessão ordinária do Conselho datada de 19 de janeiro de 1967, os
conselheiros discutiram o conceito de cultura e esta foi definida pelo presidente como “a
cultura não em seu aspecto de desenvolvimento material, de progresso técnico, mas,
sobretudo, no sentido de elevação espiritual, refinamento e aprimoramento da
inteligência, compreendendo o seu todo as seguintes divisões: Ciências (Naturais e
Sociais), Letras e Artes”.
A primeira atividade desenvolvida pelos conselheiros foi a discussão e
elaboração de um plano de cultura, ou Plano de Atividades Culturais da Secretaria de
Cultura, que teria validade de quatro anos. Neste Plano de Atividades consta a
circulação periódica (semestral) de um órgão oficial de divulgação cultura, uma revista
denominada “Aspectos”, sob a responsabilidade do Departamento de Publicações e
Documentação da Secretaria. Também como no CFC, eles seriam responsáveis pela
preparação de um calendário anual de atividades culturais da Secretaria que deveria ser
pensado de acordo com o orçamento disponível para cada ano.
A revista Aspectos como a revista Cultura do Conselho Federal de Cultura
continha basicamente textos dos conselheiros e de especialistas convidados que
tratavam dos mais diversos assuntos das áreas pertinentes ao Conselho, ou seja, que
versavam sobre os diferentes “aspectos” da cultura. Havia uma sessão final chamada de
“Documentário – Bibliografia – Notícias” que apresentava documentos diversos,
notícias e leis, projetos das atividades do Conselho, regulamentos de prêmios, etc. Ao
contrário da Revista Cultura do CFC, nesta não eram apresentadas as atas das reuniões
do Conselho. A revista era dirigida pelos conselheiros Raimundo Girão, Braga
Montenegro, Otacílio Colares e Oswaldo Riedel.
Para ilustrar o intuito de criação da revista, citamos uma parte de seu primeiro
editorial:
“É esta revista que nós, os da Secretaria de Cultura do Ceará, entregamos
ao público, aos homens de cultura, aos estudiosos do Ceará e do Brasil,
convencidos de que, no plano nacional – por vezes tão carente de uma
visão de conjunto das virtudes e possibilidades que se concentram em
determinadas áreas geográficas do País - , possa, uma publicação desta
natureza, atuar como elemento não só divulgador, mas ainda, por assim
dizer, unificador do caráter brasileiro em matéria de cultura”. (Revista
Aspectos, nº 1, 1967)

Sua publicação era para ser semestral, o que ocorre até o número 3, publicado
em 1969, alusivo ao segundo semestre de 1968, enquanto o número 4 só foi lançado em

79
1972, ou seja, três anos depois. A explicação dada na nota de redação deste número é a
seguinte:
“[...] O Governo do Estado, nesta e ainda na anterior administração, se viu
metido em dificuldades de ordem vária e teve de lutar contra numerosos
problemas, assim no plano institucional, de reformulação de normas
administrativas, quanto no caráter social e econômico-financeiro, até
porque, no sentido das aspirações da Revolução de março de 1964, urgia
um ingente esforço do poder público a fim de se estabelecer uma infra-
estrutura política e econômica para o seguro encaminhamento das
riquezas adormecidas desta terra no sentido ao desenvolvimento. E essas
dificuldades ainda mais se agravavam por um fator adverso: as crises
climáticas que assolaram o Nordeste durante longos períodos ”. (Revista
Aspectos, nº 4, 1972)

A publicação da revista Aspectos, apesar de prolongadas interrupções vai até


1986 com a publicação de seu último número.
No Plano de Atividades Culturais da Secretaria, a cultura a ser “atingida” é:
“[...] a cultura, no conceito estrito de expressão aprimorada da
Inteligência através das mensagens de sua capacidade criadora nas
variadas manifestações científicas, literárias e artísticas, ou seja, a Cultura
de conteúdo acentuadamente espiritual, difere, portanto, do conceito lato
de progresso ou civilização de um povo, traduzido nas conquistas do
bem-estar material e, assim, de conteúdo nitidamente temporal”. (Plano
de Atividades Culturais, Revista Aspectos, ano I, nº 1, 1967: 247).

Este Plano seria financiado por dotações orçamentárias do Fundo de


Desenvolvimento Econômico do Ceará (FUNDEC) constantes do Plano de Ação
Integrada do Governo (PLAIG) e outras de origens diversas. As atividades culturais não
seriam limitadas à atuação do Estado já que estariam relacionadas aquelas
desenvolvidas pela União através do Conselho Federal de Cultura e da Universidade
Federal do Ceará, assim como interligadas aos municípios e entidades culturais
particulares, nacionais ou estrangeiras.
Sua finalidade era definida pelas palavras: Promover, Coordenar, Incentivar,
Colaborar e Assessorar esse tipo de atividade e teria validade de quatro anos. A
execução estava a cargo da Secretaria, através de seus Departamentos de Difusão de
Cultura, do Patrimônio Cultural e de Publicações e Documentação.
O Departamento de Difusão de Cultura realizaria suas ações através da Divisão
de Atividades Culturais, da Divisão de Atividades Literárias e Folclóricas, da Divisão
de Atividades Artísticas e de Atividades Turísticas. De modo geral estas divisões se
encarregariam da realização de congressos, seminários, eventos, prêmios, publicações,
incentivo à pesquisa, exposições, salões, promoção de cursos, difusão e organização
documental, entre outras.
80
O Departamento do Patrimônio Cultural era dividido entre a Divisão de
Tombamento e a Divisão de Bibliotecas e Arquivos. Suas atividades se resumiam
praticamente ao levantamento de bens artísticos e históricos, publicações, criação e
reorganização de bibliotecas e museus.
Finalizando, ao Departamento de Publicações e Documentações eram
subordinados a Divisão de Publicações e a de Documentação, que tinham como
principais funções: edição da revista Aspectos e de obras premiadas pela Secretaria,
criar meios de difusão do livro, organização de documentos e registros diversos.
Como no CFC, o Conselho se preocupava com a valorização de uma cultura
legítima, do homem do povo, o que nos parece uma visão de cultura antropológica36 que
alcançava todos os aspectos da vida humana, conforme citação abaixo:
“Uma cultura brasileira que não resulte apenas da experiência erudita dos
meios metropolitanos mais adiantados, ou mais civilizados, mas ainda das
atividades que caracterizam a vida do homem brasileiro, assim ilustrado
como primitivo, nos grandes centros com nas paragens as mais remotas e
menos assistidas dos poderes centrais. E que tomando o homem em sua
natureza cultural, não sejam considerados apenas os cometimentos de sua
inteligência refinada mas os de sua espontaneidade criadora, as suas
variadas formas de vida, os seus costumes e as sua tradições, as suas
manifestações coletivas de heroísmo e de arte, as suas crenças e os seus
cultos, a sua indumentária e a sua cozinha, os seus meios primitivos de
comunicação e transporte, a sua paisagem, o seu ambiente moral, físico,
econômico e sentimental, tudo enfim que possa definir os grupos
humanos nas suas peculiaridades de existência como espírito civilizados,
os mais numerosos e contrários até, como convém a um país com as
dimensões continentais deste nosso”. (Revista Aspectos, ano I, nº 1,
1967:09)

As reuniões do Conselho Estadual de Cultura do Ceará se davam nos mesmos


moldes da CFC, iniciando com a discussão sobre os assuntos em pauta e às vezes a
visita de alguma personalidade para a realização de conferências, inclusive tendo
recebido a visita dos conselheiros do CFC, Clarival do Prado Valladares e Josué
Montello (já como presidente deste). Percebemos na análise das atas que cada
conselheiro respondia diretamente pelo setor que era responsável, não havendo uma
integração em torno da área “cultura”. Acredito que isto se devia ao número de
conselheiros ser bastante reduzido (sete) em comparação ao CFC (vinte e quatro
membros).
Em teoria, os processos de solicitações diversas antes de chegarem às mãos dos
conselheiros deveriam passar por técnicos especializados da Secretaria de Cultura que

36
Utilizamos aqui a definição de cultura de Roque de Barros Laraia, em “Cultura: um conceito
antropológico”. Zahar. Rio de Janeiro: 2001.

81
emitiriam parecer e somente após esta etapa, seriam então encaminhados aos
conselheiros responsáveis. Mas, a partir da análise das atas entre os anos de 1967 e
1976, não há quase menção a pareceres relacionados aos processos.
Na ata da 26ª sessão ordinária do Conselho Estadual de Cultura em 30 de junho
de 1967, o seu presidente, Raimundo Girão, informa que visitou o CFC e que este órgão
estava enviando aos estados da federação sugestões para a organização de Conselhos
Estaduais de Cultura, o que permitiria torná-los mais uniformes e coerentes nas suas
linhas de ação. Segundo Girão, tudo relacionado com a cultura deveria ser resolvido por
intermédio dos respectivos Conselhos nos estados, mesmo solicitações particulares. Foi
sugerido ao Conselho do Ceará a ampliação no número de conselheiros e o
desdobramento dos setores.
Já na ata da 29ª sessão ordinária realizada em 27 de julho de 1967 é apresentado
o texto de reformulação do Conselho, feito de acordo com as sugestões do Conselho
Federal de Cultura. Neste sentido, há a ampliação no número de conselheiros que
passariam a ser nove, com a inclusão de representantes nas áreas de Folclore e Cinema e
os mandatos seriam de seis anos em substituição ao período anterior de dois anos. Este
anteprojeto foi encaminhado do CFC para aprovação. As modificações só foram
realizadas através da Lei nº 9.214, em 21 de novembro de 1968. Os dois conselheiros
que entraram foram Otacílio Colares37 e Nízia Diogo Maia38.
Podemos observar através das atas das reuniões que eram constantes as críticas
39
por parte da sociedade (pessoas físicas e meios de comunicação) à nova Secretaria e
ao Conselho, inclusive com sugestões de que a primeira deveria ser extinta. Visando
atenuar esse tipo de comentário, o Conselho buscava publicizar ao máximo suas ações
através da revista Aspectos e de uma coluna dominical no jornal Unitário40 assinada

37
Jornalista, ensaísta e poeta. Bacharel pela Faculdade de Direito do Ceará, por muitos anos foi da equipe
dos Diários e Rádios Associados com missões em Fortaleza, Manaus, São Luís, Belém, Natal, Recife e
Maceió. Posteriormente fixou-se em Fortaleza como professor de Literatura Brasileira do curso de Letras
da Universidade Federal do Ceará. Disponível em:
http://www.ceara.pro.br/ACL/Academicosanteriores/OtacilioColares.html. Acessado em 27/07/2011.
38
Pianista. Foi fundadora e cantora do Coral de Câmera do Ceará, lecionou Percepção Musical no Curso
de Música da Universidade Estadual do Ceará - UECE, integrou o Conselho Estadual de Cultura durante
doze anos e foi diretora da Secretaria da Cultura do Estado no governo César Cals. Disponível em:
http://www.ceara.pro.br/fatos/MenuHistoriaVerbete.php?pageNum_leituraselecao=3180&totalRows_leit
uraselecao=31932 Acessado em 27/07/2011.
39
Nas atas não são citados nomes nem de pessoas ou instituições, apenas menções à críticas sofridas ditas
diretamente aos conselheiros ou pelos jornais, sem entretanto nomeá-los.
40
Jornal que circulou em Fortaleza. Foi fundado por João Brígido e Waldemiro Cavalcante em 8 de abril
de 1903. Inicialmente era um jornal vespertino de caráter político, vendido nas terças e quintas-feiras e
sábados com a ajuda financeira dos assinantes. Foi adquirido em 1940 pelo grupo Diários Associados, de
Assis Chateaubriand.

82
pelo conselheiro Antônio Girão Barroso, visando informar ao público sobre os assuntos
culturais do estado. Também enviava as atas das sessões para os jornais que tivessem
interesse em publicá-las.
Percebemos a partir de uma análise detalhada das atas que as pautas das reuniões
tratam de assuntos diversos, mas que se concentram principalmente em quatro
temáticas: preocupação com a preservação dos monumentos históricos, símbolos
cívicos (bandeiras e brasões do estado e municípios) e publicações, principalmente de
reedições de escritores cearenses e, eventos, o que não diferia muito da pauta do CFC.
Os pedidos de auxílio que aparecem com muita frequência são aqueles apresentados
pelos próprios conselheiros que buscavam melhorias para os setores pelos quais eram
responsáveis. Há diversas comunicações de eventos que estão ocorrendo na cidade,
alusões a datas comemorativas e falecimentos de intelectuais, escritores e membros da
sociedade fortalezense com a presença em quase todas as sessões de votos de regogizo
ou de pesar a alguma personalidade.
Os assuntos tratados são os mais diversos, como na 414ª sessão, de 26 de junho
de 1975, onde o conselheiro Eduardo Campos se diz espantado com as notícias
divulgadas nos jornais “segundo os quais a Igreja Católica confirma a existência do
diabo”, levando o assunto a um grande debate sobre o satanismo que toma praticamente
toda a reunião. Há assuntos sobre psicologia, preocupação com a fauna e flora cearense,
assim como o aterramento da Lagoa da Parangaba, assunto de destaque em várias atas.
Interessante que temas relacionados a censura, a “revolução”, maio de 68, movimento
estudantil, não são sequer mencionados. O que demonstra uma “despolitização” do
Conselho.
Podemos a partir dessas observações, concluir, que mais que o Conselho Federal
de Cultura que era formalmente declarado a favor da “revolução” que estava em vigor e
que de maneira neutra, sempre abordava alguns assuntos do momento que se estava
vivendo, como a censura e os ataques à bomba a entidades de valor histórico e cultural,
o Conselho do Ceará não tratava dessas questões, é como se elas não fizessem parte do
cotidiano da época, não havia um posicionamento oficial.
No número 3 da revista Aspectos, é apresentada a Lei nº. 9.019, de 30 de julho
de 1968 que dispõe sobre a proteção ao Patrimônio Histórico e Artístico Cultural do
Ceará. Nessa lei é constituído como patrimônio histórico e artístico do Ceará “os bens
móveis e imóveis, as obras de arte, as bibliotecas, os documentos, os monumentos
públicos, os conjuntos urbanísticos, os monumentos naturais, as jazidas arqueológicas,

83
as paisagens e locais cuja preservação seja de interesse público, quer por sua vinculação
a fatos históricos memoráveis, quer por seu excepcional valor artístico, etnográfico,
folclórico ou turístico, assim considerados pelo Departamento do Patrimônio Cultural
da Secretaria de Cultura, ouvido o Conselho Estadual de Cultura e decretado o
tombamento por ato do Chefe do Poder Executivo”.
Apesar do enorme interesse dos conselheiros pelas questões do patrimônio e
assuntos relacionados ao tema constarem praticamente em todas as sessões, o Conselho
não possuía meios práticos para intervir no assunto, o que ocorria era uma pressão em
nome do órgão e uma cobrança ao Departamento de Patrimônio da Secretaria e a
Prefeitura, quando era o caso. Em comunicação durante sessão, o conselheiro Braga
Montenegro “advertiu que a Secretaria de cultura, com sua estrutura atual, carece ainda
de condições para os encargos de tombamento, pelas implicações de natureza técnica e
financeira que esta providência acarreta” (Ata da 345ª sessão ordinária, em 10 de janeiro
de 1974).
A ideia dos conselheiros é que fizesse parte do Conselho um representante da
Prefeitura de Fortaleza, para um melhor entrosamento. Alguns prefeitos, como José
Walter Cavalcante (1967-1971) e Vicente Cavalcante Fialho (1971-1975) chegaram a
participar diretamente de algumas reuniões como convidados, visando o esclarecimento
de algum tema, geralmente ligado ao patrimônio (nomes de ruas e logradouros,
conservação de monumentos históricos, etc.).
Outra questão aparente é que o Conselho não conseguia resolver muito os pleitos
próprios ou a ele enviados, os tópicos são recorrentes, voltando com certa frequência à
pauta das reuniões, o que pode ocorrer principalmente pela falta de recursos e pela
burocracia estatal e federal. Esta é uma preocupação constante em diversos momentos, o
que pudemos atestar através do Conselheiro Eduardo Campos, em ata da 207ª sessão
ordinária em 01 de julho de 1971, que buscava uma maior pressão dos meios
competentes na execução das decisões do Conselho, conforme pode ser observado:
[...] o Cons. Eduardo Campos fez uma apreciação da sistemática de
trabalho adotada pelo Conselho de Cultura, mostrando como este
colegiado se tem acomodado a uma situação acadêmica, de puras
discussões, sem a preocupação de impor o seu prestígio e de transformar
as suas ideias e as suas decisões em atas de pressão junto às autoridades.
Em razão de suas ponderações, propôs, o Conselheiro, o aperfeiçoamento
do método de trabalho deste Colegiado, com a publicação em Diário
Oficial, das suas decisões, do resumo das atas e pela adoção de medidas
oficiais capazes de levar ao conhecimento de determinados grupos
culturais e de outras entidades, os assuntos aqui discutidos e a eles
pertinentes”.

84
A ideia do conselheiro Eduardo Campos foi aprovada por unanimidade pelo
Conselho, o que demonstra a insatisfação geral pela forma que este era visto e de certo
modo desprestigiado. Não vamos esquecer que na sociedade local, os conselheiros eram
nomes conceituados que faziam parte da Academia Cearense de Letras e do Instituto do
Ceará e que deveriam prestar contas de suas atividades no Conselho aos seus pares.
Ainda sobre o assunto, há críticas também à maneira precária que funcionava o
Conselho desde a sua fundação, sem uma estrutura de funcionários que pudessem dar
suporte ao trabalho dos conselheiros de maneira digna e que fosse capaz de dinamizar
suas ações e torná-lo mais atuante. (Ata da 219ª sessão ordinária, de 23 de setembro de
1971). Este é um dos motivos que leva ao Conselho a elaboração de um novo
regimento, que se inicia em 1971.
Quatro anos depois, na 420ª sessão ocorrida em 14 de agosto de 1975, o mesmo
conselheiro Eduardo Campos toca novamente no assunto e ameaça deixar o Conselho
caso a situação não mude no decorrer do ano, o que não ocorre e nem tampouco a
situação se altera.
“[...] Prosseguindo com suas observações, o escritor Manoel Eduardo
Pinheiro Campos considerou o Conselho Estadual de Cultura apático,
adiantando que se persistir esta situação, com a atuação dos Conselheiros
limitada a fazer número ou uma comunicação qualquer, só permanecerá
no colegiado, até o final do ano em curso. Disse o orador que outros
Conselhos de Cultura, como é o caso do Conselho de Cultura da
Guanabara, funcionavam em nível de parecer, enquanto o Conselho de
Cultura do Ceará, os Conselheiros limitam-se a fazer registro,
comunicações, etc”. (Ata da 420ª sessão ordinário de 14 de agosto de
1975)

Corroborando de certo modo com as informações do Conselheiro Eduardo


Campos, ao analisar a criação do Conselho, o historiador cearense Geraldo Nobre
afirma:
“Embora válida a ideia da criação do Conselho Estadual de Cultura, e
mesmo oportuna, o Governo incorrera em inexperiência ao prever um
órgão fundamentalmente voltado para a representatividade de associações
literárias, ou acadêmicas, e cujo papel se resumiria em atividade de
coordenação, ou em debates inconsequentes. A indeterminação do
número de conselheiros, além da indiscriminação das finalidades e,
sobretudo, a falta de estrutura, constituem, de antemão, causas da
inocuidade daquela providência, que nem por isso, deixava de constituir
uma significativa tomada de posição do Governo. (NOBRE apud
BARBALHO, 1979:16)

É patente durante as sessões a falta de recursos da Secretaria para a execução de


suas atividades e manutenção de seus equipamentos culturais. Esta situação pode ser
percebida nos primeiros anos, agravando-se em 1968-69, com a contenção de despesas
85
impostas pelo governador a toda estrutura do estado. O orçamento da Secretaria de
Cultura para 1969, inicialmente previstos no valor de NCr$ 683.251,35, sofreu redução
para NCr$ 265.000,00, sendo conservadas somente as dotações destinadas à reforma do
Teatro José de Alencar e à recuperação do Teatro de Icó, nos valores de NCr$ 150.00,00
e NCr$ 15.000,00 respectivamente. (Ata da 92ª sessão ordinária do Conselho de
Cultura, 16/01/1969). O que atenuava a situação era a entrada de recursos através do
Conselho Federal de Cultura, conforme ata da 83ª sessão ordinária, realizada em 13 de
setembro de 1968:
“[...] informou haver recebido comunicação (do Conselho Federal de
Cultura) de ter sido destinada ao nosso Estado, a importância de NCr$
50.000,00 e não a de NCr$ 200.000,00 pleiteada, importância essa cujo
recebimento depende agora da assinatura do convênio e remessa de um
plano de aplicação. Quanto ao plano, adiantou haver organizado o
seguinte, que submeteu a apreciação dos presentes: NCr$ 10.000,00 à
Academia Cearense de Letras, para aquisição de equipamentos de sua
nova sede, NCr$ 10.000,00 para a recuperação do Teatro de Icó, prédio
de construção interessante e original; NCr$ 10.000,00 para a instalação de
um Museu do Vaqueiro em Morada Nova; NCr$ 6.000,00 para aquisição
de bibliotecas particulares; e NCr$ 2.000,00 destinados a prêmios
culturais”

Na mensagem apresentada à Assembleia Legislativa no ano de 1971,


percebemos que o problema persiste. O texto já começa com uma justificativa pelo não
cumprimento das metas em razão dos cortes realizados no orçamento: “As metas da
Secretaria para o ano de 1970, mais que dos anos anteriores, foram sacrificadas pelas
reduções feitas no seu Planejamento em virtude da forte contenção sofrida em suas
dotações, por força da não liberação da grande parte dessas”. (Mensagem apresentada à
Assembleia Legislativa, 31/03/1971)
Assim, percebemos que um dos grandes empecilhos a uma atuação mais
concreta do CEC – CE era a dotação orçamentária reduzida, mesmo problema que
observamos no CFC, como já foi apresentado no capítulo anterior. Apesar dos
problemas, vale ressaltar que o Conselho manteve seu funcionamento regular durante
todo o período pesquisado, mantendo sua agenda de reuniões semanais e com a
frequência dos conselheiros.

86
3.2 Relação do Conselho de Cultura do Ceará com o Conselho Federal de
Cultura

Há várias menções sobre o Conselho Federal de Cultura nas atas das reuniões
do Conselho de Cultura do Ceará, a maioria relacionada a convênios e visitas realizadas
pelo presidente nesta entidade. Como dito anteriormente, era requerido pelo CFC que o
Conselho fosse responsável pela área cultural nos estados, que opinasse sobre diversos
assuntos e que solicitações e projetos só poderiam ser encaminhados a este, se
devidamente aprovadas pelo conselho local.
Diversas vezes a Sociedade Musical Henrique Jorge que funcionava em
Fortaleza, pediu ajuda ao Conselho Estadual de Cultura para intervir junto ao CFC para
a liberação de recursos já aprovados. O exemplo dessa sociedade demonstra como a
aprovação de um projeto não significava uma ação imediata por parte dos Conselhos.
Após diversas diligências, o CFC pediu o parecer do Conselho cearense sobre o assunto.
Interessante notar que o problema surge pela primeira vez em 1966 e em 1971 ainda não
estava resolvido, o que demonstra que o CFC também não escapava da burocracia
estatal.
Dadas às condições financeiras tanto da Secretaria e por consequência do
Conselho Estadual, havia certa dependência dos recursos a serem disponibilizados pelo
CFC. Podemos comprovar esta situação a partir do Parecer nº. 59 do CFC, referente ao
Processo nº. 20.354/67 da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, publicado na
revista Cultura, n.º 4 de 1967, em que informa inicialmente a criação da Secretaria da
Cultura e do Conselho Estadual, assim como a elaboração do Plano de Atividades
Culturais da Secretaria de Cultura. Segundo o parecer:
“Alega, porém, o Sr. Secretário da Cultura que os recursos de que dispõe
para a cobertura financeira de seu programa de trabalho são atualmente
muito escassos e não vê como tal situação possa ser mitigada em futuro
próximo.
Em face da desproporção entre a amplitude e exigências do programa
previsto e os meio para a sua execução, o ilustre titular da pasta em
referência pleiteia a colaboração financeira do Conselho Federal de
Cultura” (Revista Cultura, nº 4, 1967: 90)

O parecer é favorável à concessão de um “auxílio substanciável” ao Conselho


Estadual de Cultura do Ceará, entretanto, o Presidente do CFC deveria entrar em
entendimentos com a Secretaria de Cultura do Ceará no sentido de se realizarem
algumas modificações para que as solicitações se ajustassem ao Plano Nacional de

87
Cultura. Infelizmente, não temos informações se este recurso foi de fato concedido, pois
nos Convênios do CFC não foi encontrado nenhuma referência ao Plano de Atividades
Culturais da Secretaria de Cultura do Ceará.
Ainda em 1967, a Secretaria de Cultura tinha a ideia de implantar centros
culturais no interior do estado, o que devido à falta de recursos não se concretizou. Era
um projeto ambicioso que objetivava descentralizar a cultura no Ceará, conforme
podemos observar em citação abaixo:
“O senhor Presidente disse ser uma das finalidades da Secretaria irradiar a
cultura ao interior do Ceará e uma das maneiras seria a criação de centros
de cultura em algumas cidades. [...] Disse ter sido idealizado um projeto
de criação de centros culturais para aplicação quando fizesse necessário.
Terão esses centros a constituição de 20 sócios, sendo escolhidos
inicialmente apenas 12, que serão considerados fundadores, ficando o
restante a ser escolhido gradativamente”. (Ata da 30ª sessão ordinária de
03 de agosto de 1967)

Cito este projeto, porque de certo modo ele poderia ser posto em prática através
das Casas de Cultura do CFC e com recursos do governo federal, o que de fato ocorre
pelo menos com a Casa de Raimundo Cela que vivia dificuldades e foi transferida para
a Casa de Cultura criada no Palácio da Luz.
“[...] A Conselheira Heloísa Juaçaba, depois de anunciar o propósito do
Conselho Federal de Cultura, de criar Casas de Cultura em todos os
estados da Federação e a possibilidade de se adquirir verba específica
para equipamentos dessas casas, submeteu à consideração de seus pares a
ideia de transformar a Casa de Raimundo Cela numa instituição dessa
natureza, a denominar-se Casa de Cultura Raimundo Cela [...]”. (Ata da
239ª sessão ordinária, em 16 de dezembro de 1971).

Esta Casa de Cultura, a única que temos comprovação que foi criada no Ceará,
foi instalada no Palácio da Luz, mesmo local onde funcionava a Secretaria de Cultura.
Esta instituição padecia dos mesmos males das entidades ligadas à cultura: funcionava
de maneira precária devido à falta de espaço de sua sede e de pessoal para a execução
de sua programação.
A partir das atas da I Reunião dos Conselhos Estaduais de Cultura realizada em
Brasília de 22 a 24 de abril de 1968, podemos verificar a participação do Ceará e a
imagem que o estado buscou passar, assim como as dificuldades relatadas. O Ceará foi
representado pelo secretário de Cultura e presidente do Conselho Raimundo Girão.
Analisaremos as participações mais destacadas, nas sessões da Câmara de Arte e
Plenário, onde se reuniram todos os participantes.

88
Na sessão da Câmara de Artes, Raimundo Girão informou que o estado estava
buscando a implantação de um Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico, estando o
projeto de lei em tramitação na Assembleia Legislativa, tendo tido esse, a aprovação de
Rodrigo de Mello Franco Andrade. Este fato foi divulgado em diversos momentos da
Reunião, acredito que para demonstrar que o estado estava bem assessorado na questão
e seguindo a política nacional. Quanto ao cinema, Girão declara não ter o Estado muita
atuação na área e que necessitaria de apoio financeiro e orientação do CFC. A questão
mais grave é a situação do Teatro José de Alencar de 1910, que estava se deteriorando e
precisava de uma reforma urgente. O secretário informou que havia um processo
existente no CFC solicitando verba para esse fim, pois o estado não tinha como arcar
com todas as despesas. Sobre este processo, provavelmente o estado não conseguiu o
recurso solicitado já que não encontramos nenhum convênio sobre o assunto.
Na sessão plenária, Raimundo Girão relatou a criação da Secretaria de Cultura,
tendo recebido votos de louvor pela iniciativa do estado, conforme podemos observar
num trecho da ata:
“O Ceará – acrescentou- já criou a Secretaria de Cultura, desdobrando-a
da Secretaria de Educação, com ótimos resultados, estando a mesma
empenhada na preservação do patrimônio histórico e artístico estadual,
sendo elaborado anteprojeto de lei sobre tombamento, o qual fora
apreciado pelo Conselheiro Rodrigo de Melo Franco de Andrade, que o
aprovou com ligeiras modificações. O Presidente Josué Montello sugeriu
que as palavras do Representante do Ceará se convertessem em um
documento a ser apresentado, a fim de que se irradiasse pelo País a
criação de Secretarias de Cultura como um passo adiante, visando de
futuro à criação do Ministério da Cultura”. (Revista Cultura, nº 10, 1968:
135)

Em 1974, houve novos entendimentos com o Conselho Federal de Cultura para


obter ajuda financeira visando à instalação de uma Casa de Cultura no Ceará, na cidade
do Crato, interior do estado, região do Cariri cearense. Não temos informação se esta
Casa foi de fato implantada, já que não foi encontrado o convênio que celebraria esse
repasse de recursos.
Nos convênios analisados no capítulo anterior, encontramos oito entre o CFC e o
estado do Ceará, sendo seis para Fortaleza e dois para a cidade do Crato. Dos de
Fortaleza, três foram assinados com a Universidade Federal do Ceará para a aquisição
de equipamentos para a Casa José de Alencar; prosseguimento e conclusão de obras na
Casa José de Alencar, imprescindíveis à implantação e desenvolvimento da instituição,
material permanente e acervo bibliográfico; e, instalação do Museu Arthur Ramos.
Ainda em Fortaleza temos dois convênios com o Conservatório de Música Alberto
89
Nepomuceno para a compra de equipamentos e apresentações artísticas, aquisição de
material; e um com a Fundação Educacional do Estado do Ceará (FUNEDUCE) para a
aquisição de documentos e acervo bibliográfico para a biblioteca da TV Educativa. No
Crato foi celebrado convênio com o Instituto Cultural do Cariri para reforma e
adaptação de prédio à Praça Juarez Távora, destinado a instalação da Biblioteca do
Instituto e com a Sociedade de Cultura Artística do Crato para a compra de imóvel para
instalação de sua sede.
Segundo Barbalho (2008), as relações entre o Conselho Estadual do Ceará e o
CFC eram tão próximas que para conseguir a liberação de verbas para a execução do
Plano de Cultura do Estado, o Conselho tem que aprovar um projeto de reformulação do
Plano a partir de sugestões do CFC. Também o CFC foi responsável pela nomeação de
alguns conselheiros, como foi o caso de Mário Barata, indicado posteriormente para
representar o Folclore e Turismo. Entretanto, estas informações não constam nas atas
das sessões do Conselho, o que indica que essas negociações aconteciam à parte.
É interessante notar que a partir de 1975, nas atas das sessões do Conselho
Estadual de Cultura, praticamente não há mais menção sobre o CFC, justamente a partir
do momento que este também perde o prestígio na esfera federal. Esta afirmação pode
ser comprovada através da prestação de conta de uma viagem ao sul do país, do então
secretário Ernando Uchoa Lima, ao descrever os contatos que manteve junto aos órgãos
do Ministério da Educação e Cultura, onde firmou novos convênios, em decorrência dos
quais deverá receber:
“Cr$ 100.00,00 para as atividades culturais, Cr$ 50.000,00, para
prosseguimento dos trabalhos de implantação dos teatros. Disse mais, que
a Secretaria de Cultura deverá receber Cr$ 200.000,00 da Casa de
Cultura. Solicitou o Senhor Presidente que se escrevesse em ata os
sinceros agradecimentos da Secretaria de Cultura, Desporto e Promoção
Social ao Senhor Manuel Diégues Junior, Diretor do Departamento de
Assuntos Culturais do MEC; Senhor Roberto Dorival Martins Parreira,
Gerente do PAC e ao Dr. Adalberto (ilegível), do Setor de Planejamento
do PAC, pelo interesse que tomaram por tudo o que diz respeito as
pretensões da Secretaria da Cultura do Ceará. (Ata, 426ª sessão, em 02 de
outubro de 1975)

Vimos que nesses agradecimentos já consta o Departamento de Assuntos


Culturais do MEC e o PAC, Plano de Ação Cultural, que dispunha de recursos vultosos
e menos burocráticos para a área da cultura. Várias vezes são citados eventos durante as
reuniões como exposições, concertos, peças de teatro, etc. promovidos pelo convênio
entre a Secretaria e o Plano de Ação Cultural do MEC.

90
O Conselho Estadual de Cultura do Ceará também mantinha contato com outros
conselhos estaduais, principalmente com o da Guanabara, com o intuito principal de
pressionar os órgãos federais para a aprovação de medidas e liberação de recursos, o
que pode ser comprovado na ata da 196ª sessão ordinária, de 14 de abril de 1971, em
que este conselho solicita:
“[...] envio de ofício ao Exmo. Sr. Presidente da República e ao Exmo. Sr.
Ministro da Educação e Cultura, Cel. Jarbas Passarinho, solicitando a
aprovação do ante-projeto do Plano Nacional de Cultura, organizado pelo
egrégio Conselho Federal de Cultura, a fim de que, com seus recursos
próprios, acrescidos de 10% do Fundo de Participação dos Estados,
Distrito Federal e territórios, se torne possível a execução dos programas
culturais e artísticos nacionais, regionais e estaduais”.

3.3 1974 - O Ano da Cultura

Em fevereiro de 1974, o governador César Cals de Oliveira Filho reuniu


representantes do Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico), da
Academia Cearense de Letras e do Conselho Estadual de Cultural para lançar a ideia do
Ano da Cultura, com o intuito de “promover e dinamizar as atividades culturais em
nosso Estado, tanto no plano erudito quanto no que toca às diversas manifestações
espirituais da inteligência popular”. (Revista Aspectos, nº 6, 1974, Nota da Redação).
“Os motivos que levaram o Governador César Cals a promover este Ano
da Cultura foram fartamente divulgados pela imprensa e as estações de
rádio e TV. Sua Excelência advertido de que não pode haver
desenvolvimento material sem a correspondente elevação do nível
cultural do povo, resolveu, rematar as realizações administrativas de seu
governo estruturalmente fundamentais em toda uma vasta gama de
benefícios de ordem econômica e política, com esse complemento
indispensável ao bem estar social do povo do Ceará – a divulgação e
promoção de seu patrimônio cultural” (Revista Aspectos, nº 6, 1974: 03)

Acompanhando a diretriz nacional e a visão do governo militar sobre a cultura


como fator de desenvolvimento, o governador do estado afirma a importância da cultura
para o engrandecimento do povo cearense, pois não tem como haver crescimento
material sem crescimento espiritual e a valorização da cultura local.
A programação do Ano da Cultura ficou a cargo da Secretaria da Cultura,
Desporto e Promoção Social, que recebeu sugestões das instituições e dos órgãos acima
mencionados. Esta programação abrangia a publicação de livros, apresentação de
espetáculos e concertos, congressos, concursos, exposições, jornadas de cultura, criação
de bibliotecas, enfim, “toda sorte de promoção cultural”.

91
As Jornadas de Cultura eram um projeto da secretaria que tinha por objeto “a
democratização e a popularização da Cultura, no âmbito do nosso Estado” (Ernando
Uchoa, Secretário de Cultura, Revista Aspectos, nº. 7, 1975: 87). Tinham como
finalidade levar aos municípios do interior a divulgação de conhecimento, em seus mais
variados aspectos – música, ballet, teatro, artes plásticas, literatura, folclore, civismo,
noções de ciência e técnica.
A partir da análise de sua programação41, observamos uma relação com a
Caravana da Cultura, realizada pelo Conselho Nacional de Cultura entre os anos de
1963-64, no sentido de levar uma programação cultural para cidades que não possuíam
atividades culturais e com o intuito de descentralizar a cultura, o que já abordamos no
primeiro capítulo.
Após contatos com a cidade interessada em receber a Jornada Cultural,
integrantes da Secretaria realizavam uma visita ao local para entendimentos com as
lideranças educacionais locais visando acertar a programação e local do evento. No dia
estabelecido para o início da Jornada, dois ônibus partiam de Fortaleza com a equipe e
material necessário, sendo a primeira atividade a instalação de uma mini-mostra de
pintura e de aulas ministradas por uma professora de artes e habilidades múltiplas da
Secretaria.
No mesmo momento, em outro local, o professor Otacílio Colares, do
Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal do Ceará e também
conselheiro de cultura, realizava palestra para “a mocidade sertaneja” sobre os
principais movimentos e figuras da Literatura do Ceará, seguida de palestra da
professora Dalva Stela Freire sobre a evolução da música popular brasileira.
À noite, assim como na Caravana Cultural, havia a apresentação de um
espetáculo com declamação de poesias, música popular e o conjunto de coral da
Secretaria e por fim, buscando a valorização da cultura regional, a participação de uma
dupla de cantadores. No dia seguinte eram apresentados espetáculos teatrais, geralmente
de autores cearenses, um para o público infantil e outro para o público adulto.
Ao analisar a atuação e as limitações do Conselho Estadual de Cultura durante
todo o período estudado, ficamos impressionados como este pode ter permanecido por
tanto tempo com praticamente os mesmos conselheiros e sem praticamente nenhuma
manobra de ação, para além de seus nomes ilustres e das redes de sociabilidade das

41
Relato do Secretário Ernando Uchoa Lima durante o II Congresso Cearense de Escritores. Revista
Aspectos, nº 7, 1975.

92
quais faziam parte. Ao contrário do Conselho Federal de Cultura, o Conselho do Ceará
não possuía nenhum tipo de dotação orçamentária para executar qualquer tipo de ação
cultural, já que dependia diretamente da Secretaria e da burocracia estatal para a
realização de qualquer atividade, e esta, infelizmente não se encontrava em melhor
situação.
Apesar dos percalços, acreditamos que o Conselho Estadual de Cultura em seus
primeiros anos teve um papel importante na execução de ações voltadas para a cultura,
mesmo com as dificuldades aqui apresentadas. Estes “homens e mulheres de cultura”.
mesmo diante de tantas ausências se encontravam semanalmente para buscar “rumos” e
maneiras de beneficiar a cultura cearense. Resolver minimamente os problemas que
apareciam, principalmente na área do patrimônio e na conservação dos bens culturais do
estado.
A Secretaria de Cultura do Ceará padeceu da mesma precipitação da criação do
Ministério da Cultura em 1985. Foi criada sem a menor estrutura física e principalmente
financeira, com um elenco de atividades que não tinha como cumprir e um conselho
inoperante pelos mesmos motivos. A pressão dos intelectuais pela criação do novo
órgão, que segundo Haroldo Serra, diretor do Teatro José de Alencar em 1970,
“venderam” a ideia ao governo para a criação da Secretaria. “A instituição não foi
pensada para atender, apenas, aos „objetivos maiores da cultura‟, mas como
„atendimento‟ à reivindicação dos intelectuais” (SERRA apud BARBALHO, 2008: 3)
e, neste sentido, conseguiu ter efeito e receber elogios de todo o país, mas não
conseguiu lidar com a realidade, principalmente financeira e o papel de segundo plano
relegado a cultura.
A campanha desses intelectuais para a criação da Secretaria de Cultura, apesar
de bem articulada em nível político, tendo inclusive o governador como um de seus
pares, não conseguiu traduzir-se em um trabalho efetivo e uma estrutura capaz de
atender as atribuições de uma secretaria de estado. Como afirmou Isaura Botelho, ao
referir-se a criação do Ministério da Cultura, “para a cultura e a arte, é mais útil e eficaz
estar numa estrutura maior e que tenha força política, do que ser autônoma, mas frágil e
sem prestígio”. (BOTELHO, 2001: 25).

93
Considerações Finais

Este trabalho se inscreve na perspectiva histórica da linha de investigação sobre


políticas culturais que, já há alguns anos, vai se configurando como um campo
científico ativo e promissor. A análise dos processos de formulação, implementação e
avaliação de políticas públicas de cultura é hoje objeto de inúmeras teses, dissertações e
artigos científicos.
A contribuição aqui assinalada é a análise da atuação, durante parte significativa
do período do regime civil-militar – de 1966 a 1976, de um órgão específico, o
Conselho Federal de Cultura. Criado em 1966, o Conselho se constituiu no lócus
privilegiado da formulação de propostas e de articulação interinstitucional, sobretudo no
plano intergovernamental. Para acompanhar tais articulações, valeu-se de um estudo de
caso que tipifica essas práticas, tomando como desdobramento do CFC a ação do
Conselho Estadual de Cultura do Ceará.
O período em questão já recebeu diversas análises da historiografia brasileira,
inclusive no que diz respeito às questões culturais (Ortiz, 1994; Micelli, 1984; Rubim e
Barbalho, 2007; Calabre, 2009). Pudemos lançar mão desta bibliografia para entender
os desafios envolvidos na formulação de políticas de cultura naquele período. A
pesquisa aqui apresentada busca lançar novas luzes sobre as políticas culturais, focando
a investigação na política cultural do Conselho Federal de Cultura, órgão central das
ações da cultura no Ministério de Educação e Cultura. Lançando mão do arquivo do
Conselho foi possível ter acesso a fontes primárias e inéditas que possibilitaram um
exame detalhado das atribuições, planos e realizações, e permitiram identificar linhas de
continuidade na formulação das políticas públicas para a cultura no Brasil.
Podemos considerar que o Conselho Federal de Cultura teve um papel muito
relevante durante seus primeiros anos de existência, constituindo de fato, o órgão
federal responsável pela política cultural do país. A partir de suas diretrizes foram
criados diversos conselhos estaduais e municipais propiciando em um certo sentido uma
descentralização da ação cultural.
Apesar dos recursos limitados, o CFC conseguiu implementar programas de
impacto nacional como a criação das casas de cultura e atender a uma grande
quantidade de solicitações de entidades culturais de todo o país. Como vimos no
capítulo 2, apesar dos problemas e da concentração de recursos principalmente no Rio
de Janeiro, quase todos os estados receberam em algum momento de período estudado

94
recursos provenientes do CFC. Estes recursos serviram para apoiar a produção e
circulação de espetáculos – com figurinos, passagens, premiações -, equipar instituições
culturais, criar bibliotecas, publicar livros, entre outros. Projetos estes, que não teriam
lugar sem esse financiamento. Infelizmente, apenas com recursos do Estado estas ações,
que não ofereciam retorno financeiro, poderiam ser realizadas. Foi um incentivo muito
importante para o desenvolvimento dessas atividades “menores”.
Ao analisar convênios celebrados desse período, verifica-se situação semelhante
à encontrada pelo Ministro Gilberto Gil, em 2003, no início da sua gestão, quando os
recursos disponíveis estavam concentrados na região Sudeste, cabendo uma parcela para
o Sul e quase nada para as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Estados de grandes
dimensões territoriais e populacionais, como os do Centro Oeste, foram contemplados
com apenas dez projetos para a toda a região entre os anos de 1967 a 1976.
Observamos que mesmo com recursos reduzidos o CFC ganhou assim,
importância e visibilidade, pois, apesar da quantidade ínfima (se considerarmos o
período de dez anos) de projetos para algumas regiões, ele conseguiu atingir todo o país.
Para o estado do Ceará, este trabalho oferece uma nova perspectiva de análise
com relação ao proclamado pioneirismo da criação da Secretaria de Cultura e do
Conselho Estadual de Cultura em 1966, demonstrando que nem sempre a vontade
política, os atos normativos e os gestos simbólicos produzem efeitos significativos e
duradouros sobre a realidade. Essa questão não deixou de ser percebida e discutida
pelos próprios conselheiros, que deixaram consignadas as críticas por não conseguirem
realizar ações mais efetivas.
Não se trata de desmerecer o fato de um estado nordestino tantas vezes flagelado
pelas secas ser o criador da primeira secretaria de estado voltado exclusivamente para a
cultura, mas de demonstrar que, colocadas nas mãos de intelectuais locais, a política
pública de reduzido alcance (mais intuída do que desenhada) e seus precários
instrumentos, se mostrou ineficiente e ineficaz. Isso é sinalizado pela mudança, já em
1971, a Secretaria torna-se de Cultura, Desporto e Promoção Social.
É importante destacar o papel dos intelectuais nesse processo, provenientes
principalmente das academias de letras e dos institutos históricos e geográficos, tanto
para a criação do Conselho Federal de Cultura como para a Secretaria de Cultura do
Ceará. Eles foram responsáveis pela concepção desses órgãos e seus primeiros gestores,
estabelecendo conceitos, definindo a organização da estrutura e desenhado seus
primeiros projetos, sempre alinhados, claro, ao regime.

95
Apesar dos problemas apontados, os dois Conselhos analisados iniciam as suas
atividades de maneira proveitosa e com um esforço máximo para sua estruturação. O
que percebemos posteriormente é que as turbulências como mudanças de governo e de
política governamental, assim como a alocação de recursos, fazem diminuir e no caso
do Ceará, praticamente paralisar sua exequibilidade. Essa situação pode ser percebida
em outros órgãos voltados para a cultura, o que mostra a fragilidade do setor.
Esta análise revela que a descontinuidade das políticas públicas em geral e das
políticas públicas em particular faz com que os processos tendam a se repetir em
contextos históricos diferentes, adaptados a novas situações e tempos. A política
cultural brasileira é marcada por ciclos incertos que se repetem e atualizam. Se, como na
célebre fórmula de Marx, fatos e personagens não se apresentam pela primeira vez
como tragédia, seguramente, em muitos casos, surgem como farsa. São “tristes
tradições” que se renovam – ausência, autoritarismo e instabilidade. (RUBIM, 2008).
A reconstituição dos processos de formação – formulação, implementação e
avaliação de políticas culturais – está apenas começando. Esperamos que a completa
organização do arquivo do Conselho Federal de Cultura permita identificar novos
documentos e novas possibilidades de estudo para preencher determinadas lacunas que
esta pesquisa não logrou realizar, assim como esclarecer questões importantes para o
mapeamento analítico das nossas políticas culturais.

96
Fontes:

Arquivo Conselho Federal de Cultura


Revista Cultura nº 1, julho, 1967
Revista Cultura nº 2, outubro, 1967
Revista Cultura nº 4, outubro, 1967
Revista Cultura nº 5, novembro, 1967
Revista Cultura nº 7, janeiro, 1968
Revista Cultura nº 8, fevereiro, 1968
Revista Cultura nº 9, março, 1968
Revista Cultura nº 10, abril, 1968
Revista Cultura nº 14, agosto, 1968
Revista Cultura nº 18, dezembro, 1968
Aspectos da Política Cultural Brasileira, CFC, 1976
Ofício 025/70 enviado ao Ministro de Educação e Cultura pelo Presidente do CFC,
Arthur Cézar Ferreira Reis.
Jornal do Brasil, 13/09/1968
Diário de Notícias, 23/04/1968
Projeto Casas de Cultura, s/d.

Arquivo Intermediário do Estado do Ceará


Atas
Ata da 1ª sessão ordinária, 15/12/1966
Ata da 5ª sessão ordinária, 19/01/1967
Ata da 26ª sessão ordinária,27/071967
Ata da 29ª sessão ordinária, 30/07/1967
Ata da 30ª sessão ordinária, 03/08/1967
Ata da 83ª sessão ordinária, 13/09/1968
Ata da 92ª sessão ordinária, 16/01/1969
Ata da 196ª sessão ordinária, 14/04/1971
Ata da 198ª sessão ordinária, 26/04/1971
Ata da 207ª sessão ordinária, 01/07/1971
Ata da 219ª sessão ordinária, de 23/09/1971
Ata da 239ª sessão ordinária,16/12/1971
Ata da 345ª sessão ordinária,10/01/1974
Ata da 414ª sessão ordinária, de 26/06/1975
Ata da 420ª sessão ordinária, em 14/08/1975
Ata da 426ª sessão ordinária, 02/10/1975

Biblioteca Pública Menezes Pimentel


Revista Aspectos, nº 1, 1967
Revista Aspectos, nº 4, 1972
Revista Aspectos, nº 6, 1974
Revista Aspectos, nº 7, 1975
Mensagem a Assembleia Legislativa, 31/03/1972

Arquivo Paschoal de Carlos Magno – FUNARTE


Carta de Gustavo Capanema à Getúlio Vargas.
Ofício 360/62, de 20/08/1962.

97
Ata da reunião do Conselho Nacional de Cultura, realizada em Brasília, 29/01/1964.
Gazeta de Sergipe, 26/01/1964.
O Diário, s/d.
Diário de Minas, 29/02/1964.
Conferência Mundial sobre as Políticas Culturais. Declaração do México sobre Políticas
Culturais. México, 26/08/1968.

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Cultura: algumas reflexões sobre o papel do Estado na produção cultural
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estrada. Dissertação de mestrado. CPDOC/FGV, 2009. Disponível em:
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Janeiro, Editora FGV, 2009.

98
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FICO, Carlos. Reinventando o otimismo: ditadura, propaganda e imaginário social no
Brasil. Rio de Janeiro, FGV, 1997.
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Novo. Rio de Janeiro, FGV, 1996
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Rio de Janeiro, FGV, 2007.
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Estadual e Municipais de Cultura: um relato da experiência do Ceará (2003-2006).” In:
CALABRE, Lia (org.). Políticas Culturais: diálogos e tendências. Rio de Janeiro,
Edições Casa de Rui Barbosa, 2010.
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Cultura e o papel cívico das políticas culturais na ditadura civil-militar (1967-1975).
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MICELI, Sérgio (org.). Estado e cultura no Brasil. São Paulo, Difel, 1984.
MOTA, Carlos Guilherme. Ideologia da cultura brasileira: pontos de partida para uma
revisão histórica. São Paulo, Ática, 1977.

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Martins Fontes, 2005
OLIVEIRA, Lúcia Lippi. “Imaginário Histórico e Poder Cultural: as Comemorações do
Descobrimento”. Rio de Janeiro, Estudos Históricos, vol. 14, nº 26, 2000.
____________________. “A cultura como campo de inovações organizacionais.” Texto
apresentado no Projeto Pronex: Direitos e cidadania, 2005.
____________________. Cultura é patrimônio: um guia. Rio de Janeiro, FGV, 2008.
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http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Josu%C3
%A9+Montello&ltr=J&id_perso=1025 Acessado em 20/09/2011.
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Salvador, EDUFBA, 2007.
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enfrentamentos.” São Paulo, Intercom, Revista Brasileira de Ciências da
Comunicação,, v.31, n.1, p. 183-203, jan./jun. 2008. Disponível em:
http://www.repositorio.ufba.br/ri/bitstream/123456789/1243/1/Antonio%20Albino%20
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SANTOS, Fabiano dos e GUEDES, Mardônio e Silva (orgs). A história da Secult por
seus secretários. Fortaleza, Secretaria da Cultura/ Coleção Nossa Cultura, 2006.
SANTOS, Fabiano dos e GUEDES, Mardônio e Silva (orgs). Memória e Documentos
Históricos. Fortaleza, Secretaria da Cultura/Coleção Nossa Cultura, 2006.
SANTOS, Fabiano dos e GUEDES, Mardônio e Silva (orgs). Os Equipamentos
Culturais. Fortaleza, Secretaria da Cultura/ Coleção Nossa Cultura, 2006.
SCHWARTZMAN, Simon, BOMENY, Helena e Maria Bousquet e COSTA, Vanda
Maria Ribeiro. Tempos de Capanema. Rio de Janeiro, FGV, 2000.
SCHWARZ, Roberto. Cultura e Política. São Paulo, Paz e Terra, 2005.
SOUZA, Márcio. Fascínio e repulsa: Estado, cultura e sociedade no Brasil. Rio de
Janeiro, Edições Fundo Nacional de Cultura, 2000.

100
URFALINO, Philippe. L’invention de la politique culturelle. Paris, Hachette
Littératures, 2004.
__________________. “La philosophie de l‟État esthétique”. France, Politix, v. 6, nº
24, 1993. Disponível em:
http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/polix_02952319_1993_num_62
41586 Acessado em: 22/05/2011.
__________________. “L‟histoire de la politique culturelle.” In: RIOUX, Jean-Pierre e
SIRINELI, Jean-François. Pour une histoire culturelle. Paris, Éditions du Seuil, 1997.

101
ANEXO I

Questionário para a criação de um Sistema Nacional de Cultura

REUNIÃO COM OS CONSELHOS ESTADUAIS DE CULTURA A REALIZAR-SE


EM BRASÍLIA COM VISTAS AO MELHOR CONHECIMENTO DA REALIDADE
CULTURAL E À IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA NACIONAL DE CULTURA.
(DE 03 A 05 DE NOVEMBRO DE 1975)

SUGESTÕES PARA O QUESTIONÁRIO

I – Legislação estadual e municipal sobre a cultura.


1. Constituição do Estado
2. Leis de emprego e estímulo à cultura
3. Leis criando órgãos de cultura
4. Leis reconhecendo de utilidade pública instituições de cultura

II – Decretos e Portarias relativos à cultura.

III – Data de criação do Conselho Estadual de Cultura.

IV – Composição do Conselho Estadual de Cultura.

V – Síntese das atividades do Conselho.


a) Iniciativas (incluindo festivais e publicações)
b) Convênios com o Conselho Federal de Cultura e outros órgãos

VI – As atividades da cultura, na estrutura do Estado, a que órgãos estão subordinados?

VII – Órgãos Estaduais de Cultura


Bibliotecas
Teatros
Arquivos
Cinemas de Arte
Museus
Escolas de Arte
Rádio
Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico
Televisão
Departamento de Cultura
Imprensa

VIII – Outros órgãos – Academias


Institutos

IX – Recursos dos últimos orçamentos estaduais destinados à cultura (período de 1970 a


1975).

102
X – Constituição de recursos federais aos planos e programas estaduais de cultura.

XI – Calendário Cultural do Estado


a) Eventos permanentes
b) Eventos singulares (comemorações ocasionais ou periódicas)

XII – Articulação das atividades culturais do Estado com as Universidades locais, de


outros Estados, ou estrangeiras.

XIII – Iniciativas de cultura de origem particular


Arquivos
Bibliotecas
Editoras
Museus
Programas de Cultura
Festivais
Livrarias
etc.

- x -

EM 1976

Levantamento do cadastro cultural do Estado em nível municipal, através de convênios


com o Conselho Federal de Cultura e o Departamento de Assuntos Culturais.

- x -

CRIAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO DOS BENS CULTURAIS

103
ANEXO II

ANO ÓRGÃO ASSUNTO ÁREA ESTADO

Conselho Estadual de Cultura Aplicação dos recursos destinados ao Plano Nacional de Cultura, Desapropriação/Aquisição
1968 Recife - PE
de Pernambuco ano 1968. (desapropriação da casa onde nasceu Oliveira Lima) de imóvel
Publicação das obras "Arte e Sociedade nos Cemitérios
Departamento de Imprensa
1969 Brasileiros", "Um Diplomata Austríaco", "O Brasil no Pensamento Publicação Brasília
Nacional
Brasileiro".
Aquisição de materiais, livros e demais equipamentos para a sala
Colégio Nossa Sra. Auxiliadora
1969 de Ciências e Biblioteca do referido Colégio. (recursos oriundos no Equipamentos Manaus - AM
de Manaus
PNC).
Inventariar, classificar, tombar e consertar monumentos, obras,
Diretoria do Patrimônio
1969 documentos e objetos de valor histórico e artístico existentes no Pesquisa Guanabara – RJ
Histórico e Artístico Nacional
país.(recursos Plano Nacional de Cultura)

Guanabara - RJ
1969 Casa do Pará Aquisição da Grande Enciclopédia da Amazônia Acervo
(sede)
Prêmio/Concurso do "Concurso de Fundo Cultural" (recurso do
1969 Academia Itajubense de Letras Prêmio/Concurso Itajubá - MG
plano nacional de cultura)
Centro Latino Americano de
1969 Pagamento de pessoal de pesquisa Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
Pesquisa em Ciências Sociais
Associação Amigos da
1969 Aquisição de 120 cadeiras destinadas ao novo auditório (PNL) Equipamentos Guanabara - RJ
Biblioteca de Copacabana
Academia Brasileira de Pagamento de pessoal, de condomínio da sede e serviço de
1969 Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
Ciências do Rio de Janeiro expedição dos anais da Academia (PNC)
Departamento de Cultura do
1969 Ministério das Relações Equipamentos do Setor Cultural da Embaixada de Paris Equipamentos Brasília
Exteriores
Associação dos Antigos Alunos Serviço de impressão da obra "Escola de Engenharia do Largo de
1969 Publicação Guanabara - RJ
da Politécnica São Francisco, berço da Engenharia Nacional".

104
Confecção de livretos com transcrição e fitas magnéticas a serem
1969 Museu da Imagem e do Som Publicação Guanabara - RJ
utilizadas nas gravações para a posteridade (PNC)
1969 Instituto de Arquitetos do Brasil Publicação da "Revista Arquitetura" Publicação Guanabara - RJ
Instituto Brasileiro de
1969 Subvenção social Subvenção Social Guanabara - RJ
Administração Municipal
Instituto de Educação "Gal. Exposição retrospectiva da vida da instituição: Salão de Artes de Porto Alegre -
1969 Exposição
Flores da Cunha" Artes da Normalista, gravação de disco e publicações dos anais RS
Instituto Histórico e Geográfico
1969 Manutenção e conservação do prédio e dos pertences do Instituto Reforma/Restauração Natal - RN
do Rio Grande do Norte
Instituto de Geografia e História Ciclo de conferências e publicação de dois números da revista do
1969 Seminários/Conferências Guanabara - RJ
Militar do Brasil Instituto.
Instituto Histórico e Geográfico
1969 Material para exposição do acervo Equipamentos Belém - PA
do Pará
Instituto Histórico e Geográfico Aquisição de equipamentos e mobiliário da Biblioteca e salão Belo Horizonte -
1969 Equipamentos
de Minas Gerais nobre de reuniões e conferências MG
Publicação da obra intitulada "A Inventiva Brasileira", de Clovis
1969 Instituto Nacional do Livro Publicação Guanabara - RJ
Costa Rodrigues em dois volumes
1969 Instituto de Música da Bahia Aquisição de equipamentos musicais Equipamentos Salvador - BA
Serviços de terceiros, aquisição de equipamentos, material
1969 Instituto Nacional do Livro Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
permanente e obras públicas
1969 Instituto Nacional do Livro Publicação de obras Publicação Guanabara - RJ
1969 Jornal de Letras Bobinas de papel Equipamentos Guanabara - RJ
Porto Alegre -
1969 Liceu Musical Palestrina Cachês artísticos e pagamento de professor Pagamento de pessoal
RS
1969 Museu Imperial Reforma e reparos necessários no Palácio Imperial Reforma/Restauração Petrópolis - RJ
Museu de Arte Moderna do Rio
1969 Custeio em geral Subvenção Social Guanabara - RJ
de Janeiro
Museu de Arte Moderna do Rio
1969 Aquisição de material e equipamento Equipamentos Guanabara - RJ
de Janeiro

105
1969 Museu Nacional de Belas Artes Obras de reparação na usina central do ar condicionado Reforma/Restauração Guanabara - RJ
Pagamento de pessoal, cachês de regentes, despesas de
1969 Orquestra Sinfônica Brasileira Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
funcionamento.
Construção do Centro Infanto Juvenil de Bagé com biblioteca,
1969 Prefeitura Municipal de Bagé Construção Bagé - RS
escola de arte, etc.
Patronato Agrícola Antonio
1969 Instalação do Museu de Paleontologia e Arqueologia Construção Santa Maria - RS
Alves Ramos
Instituto Histórico e Geográfico
1969 Pagamento de pessoal e aquisição de material de consumo Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
Brasileiro

Restauração da casa onde nasceu Júlio Afrânio Peixoto que se


1969 Prefeitura Municipal de Lençóis tornará Casa de Cultura Júlio Afrânio Peixoto, que contará com Reforma/Restauração Lençóis - BA
biblioteca, auditório, filmoteca, etc.

Aquisição do prédio histórico onde nasceu Urbano Duarte para Desapropriação/Aquisição


1969 Prefeitura Municipal de Lençóis Lençóis - BA
instalação de biblioteca de imóvel
Pontifícia Universidade Católica Publicação da obra "Lexique et Analyse Lexicale de l'Auto da Porto Alegre -
1969 Publicação
do Rio Grande do Sul Copadecida" de Ariano Suassuna RS
Departamento de Cultura da
1969 Auxílio para realizar o VI Festival de Música de Curitiba Festival Curitiba - PR
Secretaria de Cultura do Paraná
Elaboração de um programa para a modernização das atuais
1969 Serviço Nacional do Teatro Pesquisa Guanabara - RJ
condições dos principais teatros brasileiros
Serviço de Radiodifusão
1969 Serviços terceiros, técnicos e obras Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
Educativa
Serviço de Radiodifusão
Pagamentos de cachês a regente, musicistas, passagens,
1969 Educativa - Orquestra Sinfônica Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
aquisição de partituras e de serviços de terceiros
Nacional
Sociedade Brasileira de Cultura Belo Horizonte -
1969 Construção de sua sede. Construção
Inglesa MG
Sociedade Brasileira de Recurso para a complementação da Biblioteca Arthur Hehl Neiva
1969 Equipamentos Guanabara - RJ
Instrução com mais 20 volumes

106
1969 O Tablado Publicação de "Cadernos de Teatro" Publicação Guanabara - RJ
Teatro Municipal do Rio de
1969 Realização de excursão artística ao exterior. Viagem Guanabara - RJ
Janeiro
1969 Universidade Federal do Ceará Aquisição de equipamentos para a Casa José de Alencar Equipamentos Fortaleza - CE
Universidade Federal de Minas Belo Horizonte -
1969 Realização do III Festival de Inverno de Ouro Preto Festival
Gerais MG
Universidade Federal do Rio de Publicação de um trabalho sobre a evolução histórica da
1969 Publicação Guanabara - RJ
Janeiro Faculdade de Medicina da UFRJ.
Departamento de Ciências e Porto Alegre -
1969 Aquisição de mobiliário e equipamentos para o Museu. Equipamentos
Cultura Museu Julio Castilho RS
1970 Academia Nacional de Medicina Aquisição de material e documentos médicos Acervo Guanabara - RJ
Academia Brasileira de Passagens para os participantes do I Simpósio Brasileiro de
1970 Viagem Guanabara - RJ
Ciências Paleontologia
Academia Catarinense de Florianópolis -
1970 Publicação dos anais comemorativos do seu cinquentenário Publicação
Letras SC
Academia Maranhense de
1970 Aquisição de cadeiras para o Salão Nobre Equipamentos São Luís - MA
Letras
Academia Norte-Riograndense
1970 Aquisição de equipamentos Equipamentos Natal - RN
de Letras
Academia Pernambucana de
1970 Serviço de obras no prédio da Academia Reforma/Restauração Recife - PE
Letras
Associação de Festivais de Porto Alegre -
1970 Realização Festival de Coros e I Festival Panamericano de Coros Festival
Coros do Rio Grande do Sul RS
Obras complementares de reparto e pintura na fachada da
1970 Biblioteca Nacional Reforma/Restauração Guanabara - RJ
biblioteca
1970 Biblioteca Nacional Atividades culturais Atividades Culturais Guanabara - RJ
Biblioteca Pública Infantil
Central da Secretaria do Estado Porto Alegre -
1970 Aquisição de equipamentos, livros e atividades culturais Equipamentos
dos Negócios da Educação e RS
da Cultura
1970 Biblioteca Rio-Grandense Reforma do auditório, museu e sala de arquivo Reforma/Restauração Rio Grande - RS

107
Conservatório de Música
1970 Compra de equipamentos e apresentações artísticas Equipamentos Fortaleza - CE
Alberto Nepomuceno
Cultura Artística de Minas Belo Horizonte -
1970 Temporada artística Atividades Culturais
Gerais MG

Centro de Instrução do Corpo


1970 de Fuzileiros Navais Obras no cine-teatro Reforma/Restauração Guanabara - RJ
Organização de Apoio
1970 Casa do Estudante do Brasil Exposição de gravuras de Oswaldo Goeldi Exposição Guanabara - RJ
Caravana dos Artistas Líricos
1970 Montagem da ópera "O Guarani" de Carlos Gomes Montagem de espetáculo Guanabara - RJ
do Estado da Guanabara
Centro Latino Americano de
1970 Publicação da revista "América Latina" Publicação Guanabara - RJ
Pesquisa em Ciências Sociais
Coral da Pontifícia Universidade Porto Alegre -
1970 Gravação de disco Gravação de disco
Católica do Rio Grande do Sul RS
Departamento Cultural do
1970 Ministério das Relações Aquisição de seis passagens para o Festival do Midem Viagem Guanabara - RJ
Exteriores
Secretaria de Educação e Restauração das instalações elétricas do Convento e Igreja de João Pessoa -
1970 Reforma/Restauração
Cultura do Estado da Paraíba São Francisco PB
Museu de Arqueologia e Artes-
1970 Manutenção do Museu Reforma/Restauração Paranaguá - PR
Populares de Paranaguá
Departamento de Extensão
1970 Cultural da Universidade Atividades culturais Atividades Culturais Recife - PE
Federal de Pernambuco
Aquisição de 100 exemplares da edição em língua portuguesa da
1970 Instituto Nacional do Livro Acervo Guanabara - RJ
obra "La jeunesse de Machado de Assis"
1970 Editora Permanência Impressão gráfica da revista mensal "Permanência" Publicação Guanabara - RJ
1970 Escolinha de Arte do Brasil Atividades culturais Atividades Culturais Guanabara - RJ
1970 Fundação Bienal de São Paulo Realização da I Bienal Internacional do Livro e Seminário de Seminários/Conferências São Paulo

108
Literatura
Federação das Academias de Publicação dos números 76 e 77 de sua revista de divulgação
1970 Publicação Guanabara - RJ
Letras do Brasil cultural
Fundação Cultural do
1970 IV Festival de Cultura Festival Manaus - AM
Amazonas
Fundação Nacional de Material
1970 Finalização e publicação dos textos do Atlas Cultural do Brasil Publicação Guanabara - RJ
Escolar (FENAME)
1970 Orquestra Sinfônica Brasileira Despesas de custeio Subvenção Social Guanabara - RJ
Fundação Universidade Campina Grande
1970 Plano de investimento para o Museu de Arte da Universidade Pesquisa
Regional do Nordeste - PB
Secretaria de Obras e Serviços
1970 Continuação do Palácio da Cultura do Acre Construção Rio Branco - AC
Públicos - Governo do Acre
Impressão da obra "História do Poder Legislativo do Estado do
1970 Universidade Federal do Pará Publicação Belém - PA
Belém - PA"
1970 Governo do Estado do Pará Aquisição de livros para a Biblioteca Pública Acervo Belém - PA
Fundação Cultural do Espírito
1970 Equipamentos para o Teatro Carlos Gomes Equipamentos Vitória - ES
Santo
Grêmio Cultural Maria
Término das obras do pavilhão onde está instalado o Teatro
1970 Auxiliadora do Ginásio Nossa Construção Manaus - AM
Escola do Grêmio Cultural Maria Auxiliadora
Senhora Auxiliadora

Grupo de Promoção Humana Finalizar construção do Centro Cultural no Bairro do Cônego da Nova Friburgo -
1970 Construção
da Diocese de Nova Friburgo Diocese de Nova Friburgo RJ

Instituto do Patrimônio Histórico


Belo Horizonte -
1970 e Artístico Nacional- Arquivo Complementação das obras no Arquivo Público Mineiro Construção
MG
Público Mineiro
Instituto do Patrimônio Histórico
1970 e Artístico Nacional- Reforma no Curato na Sé da Arquidiocese de Belém Reforma/Restauração Belém - PA
Arquidiocese de Belém do Pará

109
Instituto Geográfico e Histórico
1970 Restauração do acervo artístico do Instituto Reforma/Restauração Salvador - BA
da Bahia
Instituto Histórico e Geográfico
1970 Pagamento pessoal assalariado e material de consumo Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
Brasileiro
Aquisição de 1000 exemplares da publicação "Dicionário das Artes
1970 Instituto Nacional do Livro Acervo Guanabara - RJ
Plásticas no Brasil"
Instituto Histórico e Geográfico Edição e publicação dos trabalhos de cunho histórico relacionados
1970 Publicação Natal - RN
do Rio Grande do Norte a História do Rio Grande do Norte
Jornal de Letras do Rio de
1970 Pagamento da tiragem de 16000 exemplares do Jornal de Letras Publicação Guanabara - RJ
Janeiro
Porto Alegre -
1970 Liceu Musical Palestrina Realização do II Seminário Internacional de Violão Seminários/Conferências
RS
Aquisição de documentário sobre a vida e obra de José Lins do
1970 Maria Elizabeth Luis Rego Acervo Guanabara - RJ
Rego
1970 Arquivo Nacional Dedetização e desratização e plano preventivo contra cupins Manutenção Guanabara - RJ
Ministério da Justiça -
Primeira edição de 2000 exemplares da obra "Um grande desafio
1970 Departamento de Imprensa Publicação Guanabara - RJ
diplomático no século passado" do embaixador Teixeira Soares
Nacional

1º Prêmio/Concurso denominado MEC no "Concurso de Poesia


1970 Ministério dos Transportes Prêmio/Concurso Guanabara - RJ
sobre a Transamazônica"
Museu de Arte Moderna de São
1970 Subvenção social Subvenção Social São Paulo
Paulo
Porto Alegre -
1970 Liceu Musical Palestrina Realização do III Seminário Internacional de Violão Seminários/Conferências
RS
Sociedade Brasileira de
1970 Programa de Informação Cultural do Centro de Documentação Pesquisa Guanabara - RJ
Instrução
Instituto de Arqueologia Realização de pesquisas arqueológicas em cinco áreas do Vale
1970 Pesquisa Guanabara - RJ
Brasileira São Francisco
1970 Orquestra Sinfônica Brasileira Programa artístico de 1971 Atividades Culturais Guanabara - RJ

110
Instituto de Estudos Brasileiros
1970 Promoção do I Seminário de Estudos Brasileiros Seminários/Conferências São Paulo
da Universidade de São Paulo

Estrutura de 1º de fevereiro de 1970 até 31 de dezembro de 1970,


Sociedade Brasileira de Cultura Belo Horizonte -
1970 referente ao 5º andar do Edifício Palácio das Indústrias, em Construção
Inglesa MG
construção por administração.

Instituto Histórico e Geográfico


1970 Publicação e aquisição de obras Publicação Guanabara - RJ
Brasileiro
Instituto Histórico e Geográfico
1970 Custeio do Instituto em 1971 Subvenção Social Guanabara - RJ
Brasileiro

Pagamento de técnicos que farão o levantamento do material


Instituto Histórico e Geográfico
1970 ilustrativo a ser utilizado em exposições no Ano dos Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
Brasileiro
Sesquicentenário da Independência e aquisição de materiais

Universidade Federal de Minas Belo Horizonte -


1970 Realização do IV Festival de Inverno de Ouro Preto Festival
Gerais MG
Universidade Federal Rural do
1970 Compra de livros e outros equipamentos para Biblioteca Acervo Guanabara - RJ
Rio de Janeiro
Teatro Popular do Nordeste -
1970 Encenação de peças Montagem de espetáculo Recife - PE
Estado de Pernambuco
Aquisição de instrumentos musicais destinados à Orquestra dessa
1970 Universidade Federal do Pará Equipamentos Belém - PA
Universidade
1970 Museu Histórico Nacional Recuperação dos clichês de pedra da planta de Fragoso Reforma/Restauração Guanabara - RJ
Pontifícia Universidade Católica
Porto Alegre -
1970 do Rio Grande do Sul- Museu Setor de Ciências do Homem Equipamentos
RS
da Ciência
Museu de Arte Moderna do Rio
1970 Pagamento de custeio Subvenção Social Guanabara - RJ
de Janeiro
Prefeitura Municipal de
1970 Reconstrução do Palácio de Cristal Reforma/Restauração Petrópolis - RJ
Petrópolis
Prefeitura Municipal de
1970 Compra de equipamentos para a Biblioteca Pública Municipal Equipamentos Marumbi -PR
Marumbi

111
Prefeitura Municipal de Cachoeira do Sul
1970 Continuação das obras da Casa de Cultura Construção
Cachoeira do Sul - RS
Orquestra Lira Sanjoanense de São João Del-
1970 Conservação e restauração do arquivo Reforma/Restauração
São João Del-Rei Rei - MG
Prefeitura Municipal de
1970 Conclusão da obra da Casa de Cultura Construção Castanhal - PA
Castanhal
1970 Museu Imperial Reparos no prédio do Palácio Imperial Reforma/Restauração Petrópolis - RJ
Prefeitura Municipal de
Araçatuba - Departamento de
1970 Construção da Casa de Cultura e equipamentos para biblioteca Construção Araçatuba - SP
Educação, Cultura e Promoção
Social
Prefeitura Municipal de Porto Porto Alegre -
1970 Restauração do Auditório Araújo Vianna Reforma/Restauração
Alegre RS
Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul - Centro Porto Alegre -
1970 Edição da revista "Letras de Hoje" Publicação
de Estudos da Língua RS
Portuguesa
Orquestra Ribeira Bastos de São João Del-
1970 Reparação e conservação do seu acervo musical Reforma/Restauração
São João Del Rei Rei - MG
Secretaria de Educação e
1970 Temporada oficial de concertos na Sala Cecília Meireles Atividades Culturais Guanabara - RJ
Cultura da Guanabara
1970 Revista Cultura Brasileira Publicação da revista Publicação Guanabara - RJ
Secretaria de Educação e Aquisição de livros técnicos para a Biblioteca do Estado da
1970 Acervo Guanabara - RJ
Cultura da Guanabara Guanabara
1970 Pró-Música de Curitiba Atividades artísticas e culturais Atividades Culturais Curitiba - PR
Prosseguimento e conclusão de obras imprescindíveis à
Universidade Federal do Ceará
1970 implantação e desenvolvimento da instituição, material Equipamentos Fortaleza -CE
- Casa José de Alencar
permanente e acervo bibliográfico

112
Construção da etapa final do Museu Arqueológico de Sambaqui,
1970 Prefeitura Municipal de Joinville equipamentos e aquisição de livros para as bibliotecas da rede Construção Joinville - SC
escolar de Joinville

Grêmio Cultural Estudantil do Restauração do prédio onde funciona a biblioteca e auditório e


1971 Reforma/Restauração Itapaci - GO
Ginásio Assunção aquisição de equipamentos
Instituto Brasileiro de Educação, Para que o Centro de Teatro participe da Bienal de Jovens em
1971 Viagem Guanabara - RJ
Ciência e Cultura Paris
Conselho Estadual de Cultura Montagem de peça de teatro no Teatro da Paz em Belém, pelo
1971 Montagem de espetáculo Belém - PA
do Estado do Pará grupo Experiência
Academia Norte Riograndese
1971 Aquisição de 77 cadeiras Equipamentos Natal - RN
de Letras
Instituto Brasileiro de História Publicação da obra "A História da Medicina no Brasil no século
1971 Publicação Guanabara - RJ
da Medicina XVI" de autoria de Ordival Cassiano Gomes
Instituto de Música da
1971 Universidade Católica de Reforma do seu prédio sede Reforma/Restauração Salvador - BA
Salvador
Edição de obras comemorativas ao Sesquicentenário da
1971 Arquivo Nacional Publicação Guanabara - RJ
Independência
Associação dos Festivais de Porto Alegre -
1971 Confecção de dois discos Gravação de disco
Corais do Rio Grande do Sul RS
Caravana dos Artistas Líricos
1971 Aquisição de um órgão elétrico Equipamentos Guanabara - RJ
do Estado da Guanabara
1971 Biblioteca Pública de Tebas Aquisição de equipamentos e obras no prédio da biblioteca Equipamentos Tebas - MG
Início dos trabalhos de coordenação e elaboração do "Dicionário
1971 Fundação Casa de Rui Barbosa Pesquisa Guanabara - RJ
Brasileiro de Literatura"
Conjunto de Amadores de
1971 Conclusão das obras do Teatro Jacarezinho Construção Jacarezinho - PR
Teatro
Cultura Artística de Minas Belo Horizonte -
1971 Apresentação de concertos com artistas nacionais e estrangeiros Atividades Culturais
Gerais MG

113
Conservatório de Música da
1971 Universidade Federal de Seminário de Música da Zona Sul do Estado Seminários/Conferências Pelotas - RS
Pelotas
1971 Fundação Bienal de São Paulo Realização da II Bienal do Livro Bienal São Paulo - SP
Federação das Academias de
1971 Impressão de dois números de sua revista Publicação Guanabara - RJ
Letras do Brasil
Departamento de Assuntos
1971 Aquisição da Biblioteca de Brício de Abreu Acervo Guanabara - RJ
Culturais - MEC
Pagamento de serviços especiais prestados, passagens e diárias
Departamento de Assuntos
1971 ao pessoal da extinta Secretaria Executiva do Plano Nacional de Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
Culturais - MEC
Cultura
Conselho Estadual de Cultura
1971 Comemorações especiais da chamada Convenção de Beberibe Seminários/Conferências Recife - PE
do Estado de Pernambuco
Conselho Estadual de Cultura Execução do programa de aquisição, edição e reedição de obras
1971 Publicação Belém - PA
do Estado do Pará de 1971
Centro Latino Americano de Plano de Estudos sobre condições sócio-culturais do
1971 Pesquisa Guanabara - RJ
Pesquisa em Ciências Sociais relacionamento familial na transformação da sociedade brasileira

Instituto do Patrimônio Histórico


Passagem, hospedagem, administração e serviços de terceiros
1971 e Artístico Nacional - II Encontro Viagem Guanabara - RJ
em geral do II Encontro de Governadores
de Governadores

Impressão da obra "Panorama do Movimento Simbolista


1971 Instituto Nacional do Livro Publicação Guanabara - RJ
Brasileiro" de Andrade Muricy
Instituto do Patrimônio Histórico
1971 Recuperação dos monumentos históricos na cidade de Goiás Reforma/Restauração Goiás - GO
e Artístico Nacional
Inventariar, classificar, tombar e conservar documentos, obras
Instituto do Patrimônio Histórico
1971 documentos e objetos de valor histórico e artístico existentes no Pesquisa Guanabara - RJ
e Artístico Nacional
país
Impressão de sete números do jornal com tiragem de 1000
1971 Jornal de Letras Publicação Guanabara - RJ
exemplares
1971 Arquivo Nacional Construção e instalação de uma câmera de expurgo à vácuo Construção Guanabara - RJ

114
parcial
Ministério da Marinha - Serviço Aquisição do quadro "A recuperação da Bahia em 1625" em
1971 Acervo Guanabara - RJ
de Documentação Geral Sevilha, Espanha

Pontífica Universidade Católica Aquisição de instalações para guarda de material arqueológico,


Porto Alegre -
1971 do Rio Grande do Sul - Museu busca e extração de material arqueológico, paleontológico e Equipamentos
RS
da Ciência indígena e demais equipamentos.
1971 Museu Imperial Aquisição de equipamentos para o Museu. Equipamentos Petrópolis - RJ
1971 Museu Dom Diego de Souza Obra de recuperação do Forte de Santa Maria Reforma/Restauração Bagé - RS
Campo Grande -
1971 Missão Salesiana Mato Grosso Construção da Casa de Cultura Construção
MS
1971 Prefeitura Municipal de Limeira Construção da Biblioteca e Auditório da Casa de Cultura Construção Limeira - SP
Secretaria de Educação e
1972 Restauração do sistema elétrico do Teatro Manaus - AM Reforma/Restauração Manaus - AM
Cultura do Amazonas
Porto Alegre -
1973 Liceu Musical Palestrina Reforma em sua sede. Reforma/Restauração
RS
Instituto Nacional de Pesquisas Criar suplemento comemorativo do sesquicentenário e dedicado
1973 Pesquisa Guanabara - RJ
da Amazônia às Flores da Amazônia.
Instituo Histórico e Geográfico
1973 Realizar o 3º Congresso de História da Salvador - BA Seminários/Conferências Salvador - BA
da Bahia
Instituto Histórico e Geográfico Pagamento de pessoal técnico especializado para trabalhar na
1973 Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
Brasileiro elaboração, catalogação e preparo gráfico da obra "Paraguassú".
Instituto de Música da
1973 Universidade Católica de Compra de instrumentos (3) Equipamentos Salvador - BA
Salvador
Impressão do livro "O Estado de Alagoas na Guerra da
Instituto Histórico e Geográfico Independência", em comemoração ao Sesquicentenário da
1973 Publicação Maceió - AL
Alagoas Independência do Brasil. (recurso assistência a entidades culturais
e criação de casas de cultura)
Instituto Brasileiro de Educação, Correio do IBECC, edição e publicação de Álbum de Pintura e
1973 Publicação Guanabara - RJ
Ciência e Cultura (IBECC) Boletins

115
Escola Superior de Artes Santa Cachoeira do Sul
1973 Aquisição de piano Equipamentos
Cecília - RS
Obras de restauração e instalações do 1º Pavimento do Prédio do
Fundação Universidade do
1973 Instituto de Letras e Artes da Fundação Universidade do São Luís Reforma/Restauração São Luís - MA
Maranhão
- MA
Fundação Orquestra Sinfônica Pagamento da folha de professores da Orquestra Sinfônica
1973 Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
Brasileira (FNDE) Brasileira
Prosseguimento e conclusão das obras de restauração do Teatro
1973 Fundação Cultural do Pará Construção Belém - PA
da Paz.
Associação Fluminense de Aquisição de livros e revistas para a criação da biblioteca da
1973 Acervo Guanabara - RJ
Belas Artes Associação
Restauração das obras da Biblioteca Alberto Nepomuceno da
1973 Faculdade de Letras da UFRJ Reforma/Restauração Guanabara - RJ
Escola de Música
Associação dos Festivais de Pagamento de Prêmio/Concurso aos coros e de transporte e Porto Alegre -
1973 Prêmio/Concurso
Coros do Rio Grande do Sul alimentação dos participantes do Festival de Coros RS
1973 Arquivo Público de Alagoas Aquisição de equipamentos para o Arquivo Público de Alagoas Equipamentos Maceió - AL
João Pessoa -
1973 Academia Paraibana de Letras Reforma de sua sede e aquisição de material. Reforma/Restauração
PB
Conjunto de Amadores de
1973 Prosseguimento das obras da construção da sede Construção Jacarezinho - PR
Teatro
Despesas com o II Encontro Fluminense de Conselhos Municipais
Conselho Estadual de Cultura
1973 de Cultura, constantes de pagamentos de serviços de terceiros, Seminários/Conferências Guanabara - RJ
do Estado do Rio de Janeiro
aquisição de material de consumo e publicação do anais

Conjunto de Amadores de Prosseguimento e conclusão das obras do prédio do Teatro


1973 Construção Jacarezinho - PR
Teatro Amadores de Jacarezinho
1973 Prefeitura Municipal de Joinville Continuação das obras da Casa de Cultura de Joinville Construção Joinville - SC
Federação das Academias de
1973 Publicação de sua revista Publicação Guanabara - RJ
Letras do Brasil
Porto Alegre -
1973 Liceu Musical Palestrina Aquisição de equipamentos para o Museu da Ciência Equipamentos
RS

116
Universidade Federal do Rio de
1973 Pagamento de terceiros e aquisição de material permanente Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
Janeiro - Faculdade de Letras
Universidade Federal do Rio de
1973 Janeiro - Fórum de Ciência e Auxílio para a manutenção de sua orquestra sinfônica Subvenção Social Guanabara - RJ
Cultura
Universidade Federal do Rio de
1973 Restauração do prédio da Universidade Reforma/Restauração Guanabara - RJ
Janeiro
Sociedade de Coral de Belo Belo Horizonte -
1973 Pagamento de terceiros na apresentação de dois recitais Pagamento de pessoal
Horizonte MG
Teatro de Amadores de Recife - Obras de reforma no teatro e aquisição de equipamentos para a
1973 Reforma/Restauração Recife - PE
PE Biblioteca Samuel Campelo
Universidade Federal de Pagamento do cachê de artistas e divulgação do III Festival de
1973 Festival Aracaju - SE
Sergipe Arte de São Cristovão
Universidade Federal de Publicação dos anais do 2º Congresso de Estudos Teuto
1973 Publicação Recife - PE
Pernambuco Brasileiros
Sociedade Brasileira de Cultura Desapropriação/Aquisição Belo Horizonte -
1973 Aquisição de sede própria
Inglesa de imóvel MG
Prefeitura Municipal de
1973 Prosseguimento das obras da casa de Cultura de Santarém Construção Santarém - PA
Santarém
Secretaria de Obras Públicas
1973 Restauração e ampliação do Teatro de Teresina Reforma/Restauração Teresina - PI
do Estado do Piauí
Prefeitura Municipal de Prosseguimento das obras do prédio da Casa de Cultura de
1973 Construção Petrópolis - RJ
Petrópolis Petrópolis
Pagamento de artistas na temporada de 1973 e de bolsa de
1973 Pró-Música de Curitiba Atividades Culturais Curitiba - PR
pesquisas musicais do Pe. José Penalva
Pontifícia Universidade Católica Porto Alegre -
1973 Serviços de terceiros em geral Pagamento de pessoal
do Rio Grande do Sul RS
Museu Arquidiocesano Dom
1973 Obras de reforma do prédio sede Reforma/Restauração Brusque - SC
Joaquim
1973 Museu da Imagem e do Som Pagamentos de professores, instrumentistas, cantores, etc. Pagamento de pessoal Guanabara - RJ

117
Prefeitura Municipal de Sant'Ana do
1973 Aquisição de equipamentos para a biblioteca da prefeitura Equipamentos
Sant'Ana do Livramento Livramento - RS
Montagem comemorativa ao cinquentenário de publicação do
1973 Prefeitura Municipal de Lençóis Montagem de espetáculo Salvador - BA
romance "Bugrinha" de Afrânio Peixoto
Pró-Arte - Sociedade de Artes, Prosseguimento e conclusão das obras do 3º andar da sede da
1973 Construção Teresópolis - RJ
Letras e Ciências Pró-Arte em Teresópolis
Universidade Federal de Minas Pagamento de cachê de artistas do 7º Festival de Inverno de Ouro Belo Horizonte -
1973 Festival
Gerais Preto MG
Sociedade de Cultura Artística Pagamento de cachês de artistas que se apresentarão no III
1973 Festival Piracicaba - SP
de Piracicaba Festival de Música Erudita

Secretaria de Educação e
1973 Cultura - Departamento de Concursos, espetáculos e exposições do IV Festival de Verão Festival Maceió - AL
Ciências e Cultura

Secretaria de Educação e
Serviço de divulgação e impressão do livro "Folclore Negro nas
1973 Cultura - Departamento de Publicação Maceió - AL
Alagoas"
Ciências e Cultura

Caravana dos Artistas Líricos Aquisição de material para guarda-roupa para apresentação das
1973 Montagem de espetáculo Guanabara - RJ
do Estado da Guanabara óperas Condor e Moema
Pagamento de Prêmio/Concursos, cachês de conferentes,
1973 Academia Valenciana de Letras publicação de trabalhos e estudos sobre o teatro na XIV Festa da Prêmio/Concurso Valência - RJ
Inteligência
Conselho Estadual de Cultura Desapropriação/Aquisição
1973 Desapropriação do prédio onde nasceu Manoel de Oliveira Brito Recife - PE
de Pernambuco de imóvel
Associação dos Festivais de Pagamento de Prêmio/Concursos aos coros e regentes e de Porto Alegre -
1973 Prêmio/Concurso
Coros do Rio Grande do Sul transporte e alimentação dos participantes RS
Associação Brasileira de Material de consumo para o Jornal de Letras e pagamento de
1973 Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
Imprensa terceiros.
Associação dos Antigos Alunos Serviços de impressão da obra "Escola de Engenharia do Largo
1973 Publicação Guanabara - RJ
da Politécnica de São Francisco, berço da Engenharia Nacional

118
Prosseguimento das obras de construção do Arquivo Público Belo Horizonte -
1973 Arquivo Público Mineiro Construção
Mineiro MG

Reforma em seu teatro, aquisição de material de som e reforma


Associação Brasileira de
1973 no setor de projetação cinematográfica, aquisição de estantes Reforma/Restauração Guanabara - RJ
Imprensa
para a biblioteca Bastos Tigre

Centro Latino Americano de


1973 Material de consumo e serviços de terceiros Equipamentos Guanabara - RJ
Pesquisa em Ciências Sociais
Academia Norte-Riograndense Curso de conferências, publicações do 2º volume da obra
1973 Seminários/Conferências Natal - RN
de Letras "Patronos e Acadêmicos" da revista da Academia
Academia Maranhense de
1973 Obras de restauração no salão de conferências Reforma/Restauração São Luís - MA
Letras
1973 Prefeitura Municipal de Codajás Aquisição de livros e equipamentos para a Biblioteca Municipal Acervo Manaus - AM
Pontifícia Universidade Católica Aquisição de material permanente e equipamentos para o Museu Porto Alegre -
1973 Equipamentos
do Rio Grande do Sul de Ciências RS
1973 Fundação José Augusto Aquisição de equipamentos para o programa de centros culturais Equipamentos Natal - RN
Sociedade de Cultura Artística Prosseguimento das obras da construção do auditório Teatro
1973 Construção Vitória - ES
de Vitória Popular
Missão Salesiana de Mato Prosseguimento e conclusão da Casa de Cultura de Campo Campo Grande -
1973 Construção
Grosso Grande MS
Porto Alegre -
1973 Prefeitura Municipal de Iraí Início das obras do prédio da Biblioteca Municipal Construção
RS
1973 Academia Valenciana de Letras Construção do monumento à Inteligência. Festa da Inteligência Construção Valência - RJ
Caravana dos Artistas Líricos
1973 Montagem de ópera Montagem de espetáculo Guanabara - RJ
do Estado da Guanabara
Associação Brasileira de
1973 Edição do Jornal de Letras Publicação Guanabara - RJ
Imprensa
Cultura Artística de Minas Belo Horizonte -
1973 Realização de programação cultural Atividades Culturais
Gerais MG
1973 Academia Carioca de Letras Publicação de dois números de sua revista Publicação Guanabara - RJ
1973 Casa da Juventude Seminário de Cultura (feira de ciências e arte popular) Seminários/Conferências Belém - PA

119
Centro Cívico Cultural e
1973 Estudantil Anhanguera - Reformas no ginásio Reforma/Restauração Itapaci - GO
Ginásio Assunção
1973 Ballet Brasileiro da Bahia Montagem de espetáculo e excursão pelo Nordeste Montagem de espetáculo Salvador - BA
1973 Fundação Cultural do Maranhão Criação do Arquivo do Estado (reforma do prédio) Reforma/Restauração São Luís - MA
Fundação Cultural do
1973 Semana de Arte do Amazonas (passagens e cachês) Festival Manaus - AM
Amazonas
Universidade Federal de Minas Pagamentos de Prêmio/Concursos e cachês do Concurso
1973 Prêmio/Concurso Uberlândia - MG
Gerais - Faculdade de Artes Nacional de Música Erudita de Uberlândia
Departamento de Ciências e
1973 Execução de programação cultural Atividades Culturais Maceió - AL
Cultura de Alagoas
1973 Editora Permanência Impressão da Revista Permanência Publicação Guanabara - RJ
Departamento de Ciências e
1973 Aquisição de quadros Acervo Maceió - AL
Cultura de Alagoas
Fundação Universidade do
1973 Auxílio para as obras de restauração do Palácio Cristo Rei Reforma/Restauração São Luís - MA
Maranhão
Instituto Joaquim Nabuco de
1973 Publicação de trabalhos do Instituto Publicação Recife - PE
Pesquisas Sociais
Instituto Histórico e Geográfico
1973 Publicação e aquisição de livros e equipamentos. Publicação Natal - RN
do Rio Grande do Norte
Academia Catarinense de Florianópolis -
1974 Custeio da publicação do 5º número da Revista "Signo" Publicação
Letras SC
1974 Academia Campista de Letras Material permanente Equipamentos Campos - RJ
Academia Maranhense de
1974 Conclusão das obras de reparação do prédio da instituição Construção São Luís - MA
Letras
Aquisição de material para sala de arte, equipamentos musicais e
1974 Casa de Ismael Equipamentos Brasília
restauração do teatro
Instituto Histórico e Geográfico
1974 Restauração e organização da biblioteca Reforma/Restauração Natal - RN
do Rio Grande do Norte
Centro Cultural Maria
1974 Prosseguimento das obras de construção do auditório Construção Manaus - AM
Auxiliadora
Juiz de Fora -
1974 Galeria de Arte Celina Pagamento de terceiros e material de consumo Pagamento de pessoal
MG

120
Secretaria do Governo de Santa Florianópolis -
1974 Aquisição de piano de cauda para o Teatro Álvaro de Carvalho Equipamentos
Catarina SC
Missão Salesiana de Mato Campo Grande -
1974 Continuação das obras da Casa de Cultura de Campo Grande Construção
Grosso MS
Sociedade de Concertos São João Del-
1974 Aquisição de equipamentos para o auditório e sede da Sociedade Equipamentos
Sinfônicos de São João Del-Rei Rei - MG
Academia de Música Lorenzo
1974 Realização do Concurso Nacional de Piano Maria Luisa Priolli Prêmio/Concurso Guanabara - RJ
Fernandez
Academia Pernambucana de
1974 Construção de um prédio complementar. Construção Recife - PE
Letras
1974 Academia Piauiense de Letras Aquisição de equipamentos para sua sede. Equipamentos Teresina - PI
Arquidiocese de São Luís do Recuperação de parte da Catedral Metropolitana e do Palácio
1974 Reforma/Restauração São Luís - MA
Maranhão Episcopal
Arquidiocese de São Salvador Plano para restauração dos Documentos existentes no Arquivo da
1974 Reforma/Restauração Salvador - BA
da Bahia Cúria de Salvador- Salvador - BA
1974 Arquivo Nacional Edição da obra histórica de Pedro II Publicação Guanabara - RJ
Complementação para término das obras do CFC que estão
1974 Arquivo Nacional Publicação Guanabara - RJ
sendo editadas pelo Arquivo Nacional
Associação Brasileira de
1974 Edição e publicação do jornal "A Notícia" Publicação Guanabara - RJ
Imprensa
Associação Brasileira de
1974 Aquisição de impressora offset Equipamentos Guanabara - RJ
Imprensa
1974 Associação de Canto Coral Aquisição de equipamentos Equipamentos Guanabara - RJ
Associação Fluminense de
1974 Aquisição de mobiliário Equipamentos Niterói - RJ
Belas Artes
Biblioteca Municipal Rui Sant'Ana do
1974 Projetor de slides e livros Equipamentos
Barbosa Livramento - RS
Caravana dos Artistas Líricos
1974 Curso intitulado Ciclo de Palestra sobre Música Brasileira Seminários/Conferências Guanabara - RJ
do Estado da Guanabara

121
Aquisição de partituras, programa do Sesquicentenário da
Centro de Cultura Musical da Porto Alegre -
1974 Imigração Alemã no RS e material de ilustração do "Encontro com Acervo
PUC/RS RS
a Música Brasileira"
Prosseguimento da construção da sede própria e sala de Juiz de Fora -
1974 Centro Cultural Pró-Música Construção
concertos MG
Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul - Centro Porto Alegre -
1974 Publicação da Revista de Letras Hoje Publicação
de Estudos da Língua RS
Portuguesa
Pagamento por serviços de seleção e orientação profissional,
Centro Latino Americano de
1974 pesquisas econômica-social ou científica, pareceres, Pagamento de pessoal Guanabara - RJ
Pesquisa em Ciências Sociais
levantamentos estatísticos e bibliográficos

Centro Latino Americano de


1974 Publicação da revista "América Latina" Publicação Guanabara - RJ
Pesquisa em Ciências Sociais
1974 Clube Municipal 1º de Setembro Conclusão das obras de sua sede Construção Petrópolis - RJ
Conjunto de Amadores de
1974 Prosseguimento das obras do teatro Construção Jacarezinho - PR
Teatro
Conselho Municipal de Cultura
1974 Restauração e conservação do Mercado São José Reforma/Restauração Recife - PE
de Recife
1974 Conservatório Carlos Gomes Ampliação e compra de equipamentos Equipamentos Belém - PA
Conservatório de Música
1974 Aquisição de material e equipamentos Equipamentos Fortaleza - CE
Alberto Nepomuceno
Departamento de Assuntos
1974 Plano de levantamento do artesanato local Pesquisa Maceió - AL
Culturais - Alagoas
Departamento de Assuntos Publicação da obra "A escravidão em Alagoas" de Félix Lima
1974 Publicação Maceió - AL
Culturais - Alagoas Júnior

122
Departamento de Cultura e
Patrimônio Histórico da
Compra de equipamentos para a montagem do laboratório do
1974 Secretaria de Educação e Equipamentos Aracaju - SE
Arquivo.
Cultura/ Arquivo Público do
Estado de Sergipe
Impressão gráfica de dez números da revista "Permanência e/ou
1974 Editora Permanência Publicação Guanabara - RJ
boletins avulsos

Escola Paulista de Medicina -


Reprodução dos dois primeiros volumes da "Gazeta Médica da
1974 Departamento de Bioquímica e Publicação São Paulo
Salvador - BA"
Farmacologia
Centro Latino Americano de Pesquisa sobre a juventude e a herança cultural e a elaboração da
1974 Pesquisa Guanabara - RJ
Pesquisa em Ciências Sociais Revista "América Latina"
Associação Riograndense de Porto Alegre -
1975 Despesas gerais de manutenção Pagamento de pessoal
Imprensa RS
1975 Universidade Federal do Ceará Instalação do Museu Arthur Ramos Equipamentos Fortaleza - CE
Instituto Histórico e Geográfico
1975 Impressão de quatro publicações Publicação Guanabara - RJ
Brasileiro
Sociedade Musical União 15 de
1975 Aquisição de instrumentos musicais Equipamentos Mariana - MG
Novembro
Sociedade Brasileira de Realização do VII Concurso Internacional de Canto do Guanabara
1975 Prêmio/Concurso Guanabara - RJ
Realizações Artístico-Culturais - RJ
Secretaria de Cultura do Aquisição de equipamentos destinado a Galeria Permanente de
1975 Equipamentos Teresina - PI
Governo do Estado do Piauí Artes
Instituto Histórico e Geográfico Porto Alegre -
1975 Serviço de impressão da revista do IHGRS, quatro edições Publicação
do Rio Grande do Sul RS
Prosseguimento das obras de construção da Casa de Cultura de
1975 Prefeitura Municipal de Joinville Construção Joinville - SC
Joinville
1975 Prefeitura Municipal de Lençóis Realização da 6ª Semana Afrânio Peixoto Festival Lençóis - BA
Universidade Federal do Rio
1975 Aquisição de um piano para a Escola de Música da Universidade Equipamentos Natal - RN
Grande do Norte

123
Instituto Brasileiro de Educação,
1975 Realização de três apresentações do barítono Nelson Portella Atividades Culturais Guanabara - RJ
Ciência e Cultura
Publicação e divulgação da "Revista Brasileira de Filosofia" com
1975 Instituto Brasileiro de Filosofia Publicação São Paulo
uma tiragem de 1200 exemplares.
Reforma e adaptação de prédio à Praça Juarez Távora, em Crato,
1975 Instituto Cultural do Cariri Reforma/Restauração Crato - CE
destinado a instalação da Biblioteca do Instituto.
Instituto Joaquim Nabuco de
1975 Publicação de livros Publicação Recife - PE
Pesquisas Sociais
Missão Salesiana de Mato Aquisição de equipamentos e realização de obras no prédio da Campo Grande -
1975 Equipamentos
Grosso Casa de Cultura de Campo Grande MS
Museu de Arte Moderna do Rio Aquisição de uma sério de filmes documentários sobre escritores
1975 Acervo Guanabara - RJ
de Janeiro brasileiros "Cultura Nacional - Literatura Contemporânea"
Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul - Centro Preparação e edição da revista "Letras de Hoje" de seus três Porto Alegre -
1975 Publicação
de Estudos da Língua números anuais RS
Portuguesa
Sant'Ana do
1975 Museu Folha Popular Aquisição de vitrinas para exposição de objetos Equipamentos
Livramento - RS
Pontifícia Universidade Católica
Porto Alegre -
1975 do Rio Grande do Sul - Centro Aquisição de instrumentos musicais Equipamentos
RS
de Cultura Musical
Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul - Centro Porto Alegre -
1975 Programação cultural Atividades Culturais
de Pós-Graduação e Extensão RS
Universitária
Pontifícia Universidade Católica Impressão de cinco número da coleção Textos Didáticos do Porto Alegre -
1975 Publicação
do Rio Grande do Sul Pensamento Brasileiro RS
Centro Artístico Cultural Nova Bréscia -
1975 Construção de sua sede. Construção
Bresciense RS
1975 Academia Carioca de Letras Aquisição de equipamentos destinados a instalação de sua sede. Equipamentos Guanabara - RJ

124
Estudo do aperfeiçoamento da legislação, processo e medidas
Instituto Histórico e Geográfico
1975 administrativas, no tríplice campo, federal, estadual, municipal - de Pesquisa Guanabara - RJ
Brasileiro
defesa eficaz do patrimônio tradicional e artístico
Instituição de dois Prêmio/Concursos: "Prêmio/Concurso Tavares
Instituto Histórico e Geográfico
1975 Bastos" e "Prêmio/Concurso Manoel Baltazar Pereira Diégues Prêmio/Concurso Maceió - AL
de Alagoas
Júnior"
Secretaria de Educação e João Pessoa -
1975 Aquisição de piano destinado ao Teatro Santa Rosa Equipamentos
Cultura do Estado da Paraíba PB
1975 Editora Permanência Passagem aérea Viagem Guanabara - RJ
Pontifícia Universidade Católica
Porto Alegre -
1975 do Rio Grande do Sul - Museu Aquisição de material de consumo para o Museu Equipamentos
RS
da Ciência
Pontifícia Universidade Católica
1975 Edição da revista "Verbum" com tiragem de 1000 exemplares Publicação Guanabara - RJ
do Rio de Janeiro
Instituto de Música da
1975 Universidade Católica de Aquisição de um órgão de tubos Marca Bohn. Equipamentos Salvador - BA
Salvador
Instituto Histórico e Geográfico
1975 Edição de livros Publicação Natal - RN
do Rio Grande do Norte
Sociedade de Cultura Artística
1975 Prosseguimento das obras de seu auditório Reforma/Restauração Vitória - ES
de Vitória
Edição das "Obras de Platão" - Vol. V - Diálogos Pedro e 1º
1975 Universidade Federal do Pará Publicação Belém - PA
Alcebíades - Cartas; Coleção Amazônica - 1000 exemplares
Fundação Parque Histórico Mar Aquisição de equipamentos e instalação e encargos diversos para Porto Alegre -
1975 Equipamentos
Ex Manoel Luiz Osório atender a manutenção da Fundação. RS
Sociedade de Cultura Artística Desapropriação/Aquisição
1976 Aquisição de imóvel para instalação de sua sede. Crato - CE
do Crato de imóvel
Secretaria de Governo do Florianópolis -
1976 Conclusão da construção da Casa de Cultura de Florianópolis Construção
Estado de Santa Catarina SC

125
Prefeitura Municipal de Aquisição de um piano de cauda para o Teatro Municipal Severino Campina Grande
1976 Equipamentos
Campina Grande Cabral - PB
ABRARTE e Cultura Artística de
1976 Aquisição de um piano de cauda para concertos Equipamentos Petrópolis - RJ
Petrópolis
1976 Academia Sergipana de Letras Aquisição de equipamentos para auditório Equipamentos Aracaju - SE
Fundação de Assistência
Aquisição de equipamentos para a guarda de documentos da Palmeira dos
1976 Cultural e Educacional de Equipamentos
Casa de Graciliano Ramos Índios - AL
Palmeira dos Índios - FACEPI

Associação Brasileira de
1976 Custeio, revisão e impressão do Jornal de Letras Publicação Guanabara - RJ
Imprensa/ Jornal de Letras
1976 Igreja Positivista do Brasil Aquisição de livros Acervo Guanabara - RJ
1976 Prefeitura Municipal de Lençóis Organização da Casa de Cultura Afrânio Peixoto Equipamentos Lençóis - BA
Apresentação de três conferências sobre o tema "Música como
Secretaria de Educação e Nova Friburgo -
1976 meio de comunicação" realizada pelo Duo Camerístico Violetta Seminários/Conferências
Cultura de Nova Friburgo RJ
Kundert - Eugen Ranevsky

Comunidade Paroquial do Belo Horizonte -


1976 Aquisição de livros e estantes para a biblioteca da comunidade Acervo
Calafate MG
Instituto Joaquim Nabuco de Recuperação do prédio da Villa Annunciata para instalação do
1976 Reforma/Restauração Recife - PE
Pesquisas Sociais Museu de Arte Popular
1976 Prefeitura Municipal de Sabará Aquisição de mobiliário para a instalação da biblioteca municipal Equipamentos Sabará - MG
Obras de restauração do Palácio Cristo-Rei onde funciona a
1976 Fundação Cultural do Maranhão Reforma/Restauração São Luís - MA
Reitoria da Fundação Universidade do São Luís - MA
Pontifícia Universidade Católica Porto Alegre -
1976 Realização dos VI Cursos de Inverno Seminários/Conferências
do Rio Grande do Sul RS
Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul - Centro Porto Alegre -
1976 Publicação da revista "Letras Hoje" Publicação
de Estudos da Língua RS
Portuguesa

126
Pontifícia Universidade Católica
Porto Alegre -
1976 do Rio Grande do Sul - Centro Aquisição de instrumentos musicais Equipamentos
RS
de Cultura Musical
Pontifícia Universidade Católica Aquisição de uma sério de filmes documentários sobre escritores Porto Alegre -
1976 Acervo
do Rio Grande do Sul brasileiros "Cultura Nacional - Literatura Contemporânea" RS
Universidade Federal do Rio de Restauração das obras da Biblioteca Alberto Nepomuceno da
1976 Reforma/Restauração Guanabara - RJ
Janeiro Escola de Música
Universidade Federal do Rio de Realização de três concertos com a Orquestra Sinfônica da Escola
1976 Atividades Culturais Guanabara - RJ
Janeiro de Música
Fundação Educacional do Aquisição de documentos e acervo bibliográfico para a biblioteca
1976 Acervo Fortaleza - CE
Estado do Ceará - FUNEDUCE da TV Educativa.
Academia Norte-Riograndense Aquisição de equipamentos complementares destinados ao
1976 Equipamentos Natal - RN
de Letras serviço de som do auditório
Universidade Federal do Rio de Preservação de valores de bens culturais da Biblioteca Central do
1976 Equipamentos Guanabara - RJ
Janeiro Centro de Tecnologia da Universidade.

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