Avaliacao e Manejo

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AVALIAÇÃO E

MANEJO DE RISCO
DE SUICÍDIO
Neury José Botega e Tárcio Soares

Em termos clínicos, enquanto eu ouço aquela pessoa,


uma, duas, três vezes, eu tenho que me perguntar
qual é o sentido que tem pra essa pessoa a própria
morte e qual é a mensagem que ela quer transmitir.

Neury Jose Botega


Conheça
c o livro da disciplina
-
CONHEÇA SEUS PROFESSORES 3

Conheça os professores da disciplina.​

EMENTA DA DISCIPLINA 4

Veja a descrição da ementa da disciplina. ​

BIBLIOGRAFIA DA DISCIPLINA 5

Veja as referências principais de leitura da disciplina.​

O QUE COMPÕE O MAPA DA AULA? 6

Confira como funciona o mapa da aula.

MAPA DA AULA 7

Links de artigos científicos, informativos e vídeos sugeridos.

RESUMO DA DISCIPLINA 43

Relembre os principais conceitos da disciplina.​

AVALIAÇÃO 44

Veja as informações sobre o teste da disciplina.​

2
Conheça
c seus professores

-
NEURY JOSÉ BOTEGA
Professor Convidado

Médico psiquiatra, professor e pesquisador, Botega atua


na área clínica, além de ministrar cursos e palestras e prestar
consultoria sobre saúde mental. Suas áreas de interesse estão
na interface entre a psiquiatria e outras especialidades médicas,
os transtornos afetivos e a prevenção do comportamento
suicida. Botega trabalha no Departamento de Psicologia
Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas, da
Universidade Estadual de Campinas (FCM Unicamp), além
disso, é membro fundador e diretor da Associação Brasileira
de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS). Como autor,
conduziu a elaboração de diversos artigos científicos e livros.
Suas principais obras são “A tristeza transforma, a depressão
paralisa”, “Crise suicida: avaliação e manejo”, “Prática psiquiátrica
no Hospital Geral”, “Telefonemas na crise: percursos e desafios
na prevenção do suicídio”, “Comportamento suicida”, “Saúde
mental no Hospital Geral: espaço para o psíquico” e “Serviços
de saúde mental no Hospital Geral”.

TÁRCIO SOARES
Professor PUCRS

Psicólogo. Mestre em Psicologia Social pela PUCRS e


Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais pelo INFAPA.
Professor da Faculdade de Psicologia da PUCRS. Tem experiência
na área de Psicologia, com ênfase em terapias cognitivo-
comportamentais. Tem interesse em Psicopatologia, Estatística,
Epidemiologia, Psicologia Social, Psicologia Evolucionista,
Neurobiologia, Psicologia Cognitiva, Psicologia do Esporte e
Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais em geral.

3
Ementa da Disciplina
Estudo do comportamento suicida, com ênfase em sua avaliação e manejo
clínico psicoterápico e medicamentoso. Entendimento cognitivo-comportamental
do comportamento suicida.

4
Bibliografia da Disciplina
As publicações destacadas têm acesso gratuito.

Bibliografia básica

CHAVES, E. Terapia cognitivo-comportamental para comportamentos suicídas.


Contetus, 2020.

BOTEGA, N. J. Crise suicida. Porto Alegre: Artmed, 2015.

LINEHAN, M. Terapia cognitivo-comportamental para transtorno da personalidade


Borderline: guia do terapeuta. Porto Alegre: Artmed, 2015.

Bibliografia complementar

BARLOW, D. H. Manual Clínico dos transtornos psicológicos: tratamento passo a passo.


Porto Alegre: Artmed, 2016.

BOTEGA, N. J. Comportamento suicida: epidemiologia. Psicol. USP, São Paulo , v.


25, n. 3, p. 231-236, Dec. 2014.

MARBACK, R. F.i; PELISOLI, C. Terapia cognitivo-comportamental no manejo da


desesperança e pensamentos suicidas. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 10, n.
2, p. 122-129, dez. 2014.

BRYAN, C. J. Cognitive behavioral therapy for suicide prevention (CBTSP):


Implications for meeting standard of care expectations with suicidal patients.
Behavioral sciences & the law, v.37, n.3, p. 247-258, 2019.

SUDAK, D. M. Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática. Porto Alegre: Artmed,


2007.

5
O que compõe
o o

s
Mapa da Aula?
MAPA DA AULA
São os capítulos da aula, demarcam
momentos importantes da disciplina,
servindo como o norte para o seu FUNDAMENTOS
aprendizado.
Conteúdos essenciais sem os quais você
pode ter dificuldade em compreender a
matéria. Especialmente importante para
alunos de outras áreas, ou que precisam
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
relembrar assuntos e conceitos. Se você
estiver por dentro dos conceitos básicos
Questões objetivas que buscam
dessa disciplina, pode tranquilamente
reforçar pontos centrais da disciplina,
pular os fundamentos.
aproximando você do conteúdo de
forma prática e exercitando a reflexão
sobre os temas discutidos.​Na versão CURIOSIDADES
online, você pode clicar nas alternativas.
Fatos e informações que dizem
respeito a conteúdos da disciplina.
PALAVRAS-CHAVE
Conceituação de termos técnicos,
expressões, siglas e palavras específicas
do campo da disciplina citados durante DESTAQUES
a videoaula.
Frases dos professores que resumem
sua visão sobre um assunto ou situação.​
VÍDEOS
Assista novamente aos conteúdos
expostos pelos professores em vídeo.
Aqui você também poderá encontrar ENTRETENIMENTO
vídeos mencionados em sala de aula.
Inserções de conteúdos para tornar
a sua experiência mais agradável e
PERSONALIDADES significar o conhecimento da aula.​

Apresentação de figuras públicas


e profissionais de referência
mencionados pelo(a) professor(a).
CASE
Neste item, você relembra o case
analisado em aula pelo professor.​
LEITURAS INDICADAS
A jornada de aprendizagem não
termina ao fim de uma disciplina. Ela
segue até onde a sua curiosidade MOMENTO DINÂMICA
alcança. Aqui você encontra uma lista
de indicações de leitura. São artigos e Aqui você encontra a descrição detalhada
livros sobre temas abordados em aula.​ da dinâmica realizada pelo professor.

6
Mapa da Aula
Os tempos marcam os principais momentos das videoaulas.

AULA 1 • PARTE 1

Visão histórica 02:42

Os comportamentos suicidas, assim


como a maioria dos costumes sociais,
são historicamente construídos, estando
presentes até hoje em ideias. Um olhar
clínico para esse tipo de comportamento
se deve ao fato de grande parte dos 02:42
A nossa consciência é feita pela
suicídios estarem associados a transtornos
história, pela nossa história,
mentais.
pela história coletiva. O que
Na Grécia Antiga, o suicídio era visto como nós somos é história. O que
um ato heroico, motivado por um homem nós somos é passado.
livre. Lembra-se o triste fim de Aristóteles,
que teve sua morte decretada em
decorrência de seu questionamento aos
deuses, acabando-se com goles de cicuta.
08:58
Ainda na Antiguidade, Sêneca entendeu a Com o crescimento do
liberdade da alma como superior à prisão cristianismo, surge a ideia de
do corpo. que o suicídio é um pecado
mortal, o suicídio é instigado
A Idade Média Ocidental foi um período
pelo demônio.
essencialmente religioso, de modo
à religião cristã ter exercido papel
preponderante na organização política,
ideológica e existencial medieval. Tal
influência significou, para o caso de
12:03
cadáveres de suicidas, torturas e litígios Na Idade Média, desespero
aterrorizadores para seu corpo. Os é considerado o resultado
suplícios aos suicídios foram considerados da instigação demoníaca,
como um mal à comunidade terrena e porque uma pessoa de fé não
ao terreno divino. O suicídio, inclusive, é dominada pelo demônio: ela
quebrava a barreira institucional da ligação não se mata.
entre o indivíduo e o sagrado.

Houve uma série de penalidades aos


corpos suicidas, visto como reprodutores
da lógica demoníaca. Tratava-se, em última
instância, de exorcizar o demônio daquele
corpo doente - apesar de já morto, ainda
pecador.

7
Ademais, a loucura foi introduzida na
LEITURA INDICADA
compreensão do suicídio, assim como 14:00
a noção de melancolia. Nesse sentido, Livro: A Divina Comédia
destaca-se que o estudo da depressão,
ou de uma tristeza profunda, inicialmente
foi realizada por Hipócrates, de acordo
com sua teoria dos humores. Essa visão
foi reativada durante o início da Idade
Moderna.

Durante a Idade Moderna, o suicídio foi


problematizado cientificamente, e não
mais apenas religiosa ou dogmaticamente.
Menciona-se o nome de John Donne e sua
noção de biathanatos, entendendo que o
suicídio não existia apenas como pecado.
É nesse contexto que Shakespeare A Divina Comédia é um dos livros mais
escreve Hamlet, que aborta o suicídio importantes da literatura medieval, escrito
por medo existencial do pós-morte e do por Dante Aligheri no século XIV. Dividido
entre o Inferno, o Purgatório e o Paraíso,
inferno cristão, apesar dos infortúnios
o poema é uma investigação profunda
do personagem. O clássico Werther, no do mundo espiritual, existindo a partir de
fim do século XVIII, causou uma onda uma visão ora infernal, ora de redenção da
de suicídios em países europeus, sendo humanidade. Dante é tanto narrador quanto
personagem, sendo o autor de sua própria
amplamente discutido sobre o tabu em
peregrinação. Assim, esse importante livro
torno do tema. do Renascimento exemplifica poeticamente
a relação de forças entre pecado e virtude
ao longo da Idade Média Ocidental, entre o
litígio e a benção, o céu e o inferno.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Assinale a alternativa incorreta:

Durante a Idade Média Ocidental,


havia uma noção de desespero
como instigação demoníaca.

Acreditava-se, na Grécia A instituição católica durante


16:38
o período medieval utilizou de
Antiga, que a melancolia
punições aos corpos suicidas já
era causada por um mortos, entendendo-os como
excesso de bílis negra, intensos pecadores.
produzida pelo baço.
Não há relação entre suicídio e
Resposta desta página: alternativa 3.

adolescência.

O suicídio, durante a Idade Média,


foi visto por meio do pecado e da
demonologia.

8
LEITURA INDICADA
17:43
Livro: História do suicídio

LEITURA INDICADA
21:58
Livro: Anatomia da melancolia

Este livro, do historiador George Minois,


preenche uma ausência deixada por
Pierre Chaunu, Philippe Ariès e por outros
estudiosos da morte, no sentido de estudar
a morte voluntariamente cometida. O livro
aborda os aspectos políticos, jurídicos,
Este livro de Robert Burton, publicado no
religiosos e sociais que induzem ao
século XVII, é uma análise entre o período
suicídio. Minois, enquanto historiador das
medieval e os tempos modernos. Na obra,
mentalidades europeias, dá destaque na
trabalha-se a dicotomia entre a semelhança
obra ao suicídio durante a Idade Moderna,
humana com deus e sua tendência ao
sobretudo em território francês, sendo
pecado. Nesse sentido, a melancolia estaria
fundamental para o estudo da temática do
relacionada tanto ao ódio quanto à crueldade,
suicídio e do sofrimento.
à tristeza e ao medo. Composta por quatro
volumes, por meio de tradução vencedora
do Jabuti, a obra aborda a melancolia como
acontecimento e como doença, sendo um
dos trabalhos de maior fôlego a respeito do
assunto em nível mundial.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

O período no qual houve um estreito


vínculo ideológico e religioso entre
o suicídio e a demonização foi:

A Idade Média Ocidental.

A Antiguidade Clássica.
Tudo é novo, em termos 24:52
históricos, porque era um tabu.
Resposta desta página: alternativa 1.

O Brasil Imperial.
Agora, o suicídio é encarado
como um dilema humano, não A Antiguidade Oriental.
mais como um pecado.

9
LEITURA INDICADA
28:48
Livro: Os sofrimentos do jovem
Werther

32:42
O suicídio, às vezes, tem um
efeito contagioso entre os
adolescentes, principalmente
se aquele que se mata é
admirado pelos adolescentes,
um ídolo.

Este romance de Goethe é uma das peças


mais centrais da literatura mundial no que diz
respeito ao sofrimento e ao suicídio, sendo
um dos livros que inaugura o movimento
romantista. O personagem central vive
uma paixão tempestuosa e pungente por
Charlotte. Escrito em tom melancólico e
em primeira pessoa, o livro não é nada
confortável na intimidade emocional de
Werther. A obra acompanha a trajetória de
Werther por meio de cartas ao seu melhor
amigo. Enxergando em Charlotte o exemplo
mais bem acabado de sua redenção amorosa
e existencial, o personagem enxerga no corpo
da amada a sua salvação terrena, o sentido
da sua vida. O livro, de 1774, dialoga com
uma emocionalidade arrebatadora, entregue
em sua paixão efervescente, ofegante e
desesperada, motivo pelo qual o livro fora
proibido em diversos países da Europa no
período.

10
AULA 1 • PARTE 2

PERSONALIDADE
00:20
Émile Durkheim

00:25 Séculos XIX e XX

O estudo de suicídio por Émile


Durkheim demonstrou que o ato íntimo
Durkheim (1858 - 1917) é considerado o de dar fim à vida é um fenômeno
pai da sociologia contemporânea. Foi um socialmente construído e condicionado.
sociólogo, antropólogo, cientista político Durkheim, assim, interliga o ambiente
e filósofo. Ao lado de Weber e Marx, público e o privado, percebendo as
forma um dos três principais fundamentos complementaridades entre esses dois
da sociologia. Foi conhecido por seu campos, estudando o índice de suicídio
estudo do suicídio, da moralidade, da nos diferentes grupos sociais. Logo,
criminologia e da religião nas sociedades o suicídio é um fenômeno social para
contemporâneas. Compreendeu a Durkheim, sendo visto de acordo com o
sociedade em seus funcionamentos de grau de integração e controle individual.
coesão e integração, ressaltando as forças O suicídio está imbricado na integração
de socialização e reprodução social dos existencial entre a vida do indivíduo e a
costumes, motivo pelo qual considera a vida que gira ao seu redor.
anomia social um dos maiores fatores do
Já no século XX, Camus retorna o mito
declínio social e moral.
grego de Sísifo para abordar o absurdo
como prática disfuncional de construção
da realidade. Assim como em “O homem
revoltado”, o livro “O mito de Sísifo” trata
da questão do suicídio como forma de
desencantamento da existência frente ao
mundo tal como ele é, em seus inegáveis
Durkeim começa a fazer 01:23 e gritantes absurdos. Segundo Camus,
associações em torno do dar um sentido à vida em seu caos é a
fenômeno do suicídio, primeira prova da revolta humana. Dar uma
procurando condicionantes resposta ao suicídio, para Camus, é a única
sociais, culturais. grande questão posta à filosofia.

Sísifo, assim, expressa o castigo humano


de um cotidiano absurdo, condenado a
levar uma pedra de cima a baixo de uma
montanha até o final dos tempos. Assim,
revoltar-se contra o trabalho absurdo
de Sísifo é ser crativo em suas paixões,
rechaçando o convite à morte para, em
vez dela, colocar a vida em seus desafios
emocionais e existenciais.

11
LEITURA INDICADA Com efeito, a revolta de Camus passa
01:46 pela imaginação de futuros possíveis e
Livro: O Suicídio felizes, apesar de sua árdua e absurda
dificuldade. Apesar de não se debruçar
especificamente sobre a questão do
suicídio, Freud foi um grande pensador
a respeito do impulso de morte que
compõe a vida. Já Beck demonstrou
o forte papel da esperança para a
manutenção da vida e ao combate de
comportamentos suicidas. Schneidman,
ao analisar o suicídio, criou um
neologismo para o desespero da vida, a
doença do espírito, a dor psíquica.

Neste livro, Émile Durkheim analisa as


influências sociais e a natureza social dos
fenômenos que acompanham os suicídios.
A obra parte da compreensão de que a PERSONALIDADE
tendência coletiva, seja associativa ou 07:01
dissociativa, encontra-se no centro do
fenômeno. O livro esquematiza quatro tipos
Jean-Paul Sartre
de suicídios: egoísta, altruísta, anômico
e fatalista. Essas categorizações partem
do desequilíbrio entre a integração social
e a regulação moral. Dessa forma, o livro
considera os suicídios como formas de
anomia social, que giram sem a adequada
solidariedade orgânica. Publicado em 1897, o
livro entende que o individualismo extremo
ou a força coercitiva da sociedade são os
principais causas do suicídio contemporâneo.
Foi um importantíssimo filósofo para o
século XX. Baseado na fenomenologia
de Edmund Husserl, desenvolveu seus
pensamentos a partir da existência, do
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO nada e do tempo. Expoente no pensamento
sobre a liberdade da existência, assim como
Dentre os critérios estabelecidos um importante intelectual para o século
para o suicídio no estudo de XX, tanto para o mundo ocidental para o
Durkheim, não encontra-se o: movimento pan-africano. Um dos principais
fundadores do movimento existencialista,
Suicídio socializado. ao lado de Merleau-Ponty e Simone de
Beauvoir. Possui uma rica, extensa e
Suicídio altruísta. engajada obra. Após a publicação de “A
náusea” em 1938, pela editora Gallimard,
Suicídio egoísta. torna-se famoso no meio filosófico francês,
Resposta desta página: alternativa 1.

o que consolida-se com a publicação do seu


Suicídio fatalista. maior trabalho filosófico, em 1943: “O ser e
o nada”. Negando o recebimento do Nobel
de Literatura, tendo percorrido a teoria das
emoções e a fenomenologia, Sartre possuiu
uma das maiores capacidades descritivas na
literatura do século XX, carregando a busca
pela autenticidade e pela transcendência
como sua marca individual.

12
PERSONALIDADE
07:22
Albert Camus

14:15
Tem os trabalhos do Hércules,
e o trabalho de Sísifo, que é:
todo dia aquela mesma coisa
sem sentido.

Albert Camus (1913-1960) foi um dos


maiores expoentes do movimento
existencialista. Percebendo a liberdade 15:48
Em vez de eu me matar, eu
do existencialismo por uma ótica colonial,
vou enfrentar, eu vou desafiar,
Camus, franco-argelino, não deixou de
eu vou vencer desafios.
denunciar as atrocidades cometidas
Vou ser criativo: vou pintar,
pela França e pelos países imperialistas.
escrever, ser um cientista.
Carregou sua obra de um humanismo
Eu não vou me entregar à
ímpar, buscando a semelhança na
morte. A minha revolta é uma
diferença. Sua ideia de socialismo libertário
revolta criativa, é uma revolta
foi acompanhada de suas críticas ao
para a vida.
stalinismo, além de sua militância na
Resistência Francesa contra o avanço
do III Reich. Camus ainda recebeu o
Nobel de Literatura, em 1957. Dentre os
LEITURA INDICADA
principais temas abordados por ele, estão 20:14
o absurdo, o vazio, a liberdade e a revolta. Livro: Eros e Tânatos: o homem
Em 1960, morre vítima de um acidente de ontra si próprio
carro, paradoxalmente com um romance
autobiográfico - “O Primeiro Homem” -
que, segundo o autor, deveria permanecer
inacabado.

A desesperança é um fator 21:04


mais forte do que o humor
deprimido para levar uma
pessoa ao suicídio. Neste livro, o psiquiatra estadunidense
Karl Menninger realiza uma análise da
guerra psicológica, existencial e emocional
que o ser humano trava contra si mesmo,
perpassado pela sua necessidade de respeito
e compreensão de seu organismo. Para tanto,
o livro recorre aos deuses gregos Eros - o
deus do amor, da compaixão, da satisfação e
da alteridade - e Tânatos - que, na psicanálise
freudiana, é o simbolo mitológico da pulsão
de morte. O livro analisa os motivos do
suicídio e as técnicas de autodestruição e
reconstrução do indivíduo perante sua vida e
sua morte.

13
Suicídio e Prevenção 24:48

A OMS, já há algum tempo, passou a


considerar o suicídio como um problema
de saúde pública. Por outro lado, há
movimentos que defendem um suicídio
assistido. Países como Suíça, Bélgica,
25:40
Luxemburgo, Colômbia são alguns dos O suicídio também é
territórios que aprovam tal prática para um problema de saúde
indivíduos em sofrimento extremo, sem pública, além de ser
perspectiva de melhora. Trata-se de um um problema filosófico,
complexo debate no campo da bioética teológico, sociológico.
atualmente.

O suicídio assistido, com uma autorização


judicial, busca não afrontar a sociedade,
assim como internalizar socialmente essa
32:29
prática e preparar as pessoas para o fim Nem todo mundo que
daquela pessoa. Ademais, a autorização pede autorização para se
judicial por vezes não é acompanhada matar se mata quando a
de um posterior suicídio, pois pode autorização sai.
possivelmente mobilizar redes de apoio.
Também há casos em que a pessoa pede,
mas não aguenta a demora da autorização.

Nesses casos, o terapeuta precisa ser


honesto, simétrico e cuidadoso. Ademais, 33:30
Quando a gente melhora a
grande parte das pessoas que tentam se
atenção para uma pessoa
matar já cometeram tentativas prévias,
que está isolada, que está
questão de atenção para os clínicos.
sozinha, que está sofrendo,
que está tendo dor, ela
pensa menos em se matar.

Terapeuta acuado não 35:47


consegue ser bom terapeuta.
Terapeuta com medo não
consegue ser bom terapeuta.
Se a gente tiver muito medo
que aquela pessoa se mate, eu
não vou poder ajudar.
37:31
Às vezes a pessoa está
dizendo que quer se
matar porque ela quer
ser resgatada, ela quer
acreditar que é possível
viver diferente, e pede a
nossa ajuda.

14
AULA 1 • PARTE 3

Intencionalidade e motivações 00:25

Conceitualmente, o suicídio ocorre


quando há a intenção de se matar. Já
a intencionalidade suicida é a força do
desejo de morrer, que deve ser enxergada
pelo clínico através da estimativa do risco
de um paciente se matar. 03:27
Se as minhas condições
Com o peso que a própria palavra carrega, mentais me impedem de
o suicídio é algo complexo, inclusive ponderar, a ponto de fazer uma
pelo medo e pela simbologia da morte escolha racional, pensada, não
ser sintoma de diversas psicopatologias, há voluntariedade.
estando presente em arquétipos
mobilizados por diferentes estados de
espírito, sejam psicóticos, depressivos,
paranoides, etc.

O suicídio por ser motivado por 11:40


Às vezes, as vozes psicóticas
desencantamento melancólico, cessação
também mandam o paciente
da dor existencial, vinganças, fuga
matar alguém. E, naquele
maníaca, impotência, reencontro com
dilema, o paciente pode
o glorioso após a morte, escape de
decidir se matar para não
perseguidores, defesa da honra, desejo
matar alguém.
de ser eternizado pelo seu fim. O
suicídio bebe na própria ambivalência
da vida e da morte, por entre o impulso
e o desfalecimento. No Japão, o suicídio
historicamente foi construído como
exemplo de honra e defesa da tradição
12:53
coletiva. Na tradição cristã, conforme já Nos dias de hoje, alguns casos
apontado, houve uma vinculação entre de tentativa de suicídio, ou
suicídio e demonização. mesmo de suicídio, também
podem atender a uma
necessidade narcísica, egóica,
de ser admirado, de virar
notícia, de se tornar famoso.
Há vários relatos de pessoas 15:05
que se mataram ao longo
da história para defender a
própria honra.

15
CURIOSIDADE
15:22
Seppuku

17:27
Às vezes, também, o suicídio
pode ser uma espécie de
martírio, de sofrimento que eu
me imponho para alcançar a
redenção - o contrário da ideia
do pecado.

19:38
Qual é a mensagem dessa
pessoa com a morte dela? O
que vale a morte dela? Qual o
sentido, a motivação? Essas são
perguntas muito importantes
na clínica.

Seppuku é um ritual suicida japonês,


reservado sobretudo à classe samurai,
praticado entre os séculos XII e XIX, por 19:54 Tentativa de suicídio
meio de esventreamento - abertura do
ventre. O ato relacionava-se a um sentimento Uma tentativa de suicídio deve ser
de dever, honra e heroísmo, inclusive no diferenciada em seus diferentes estratos.
caso de possíveis falhas samurais, quando Uma tentativa de suicídio é quando há
o samurai cometia seppuku para honrar intenção letal, porém a morte não ocorreu.
lealmente a tradição da classe. Estudos Na maioria dos casos, a intenção de morrer
recentes analisam o ato como um suicídio é muito pequena. Na maioria das vezes,
altruísta, entendendo-o como integração tratam-se de acontecimentos movidos
do samurai ao meio social e à defesa da por impulsividade, denúncias, desejo de
honra coletiva e da honestidade samurai. chamar atenção, intenção de provocar
Enquanto ritual, o seppuku fortalecia a mudanças, dentre outros fatores.
tradição samurai. Por meio de uma espada
curta, após se banhar e purificar seu corpo,
normalmente o samuarai se ajoelhava e
cortava sua barriga do lado esquerdo ao lado
direito, não devendo expressar dor ou medo. 25:57 Comportamento suicida
O seppuku poderia ser tanto voluntário
quanto punitivo, demonstrando um suicídio O comportamento suicida é tipificado pela
altruísta em meio a uma classe samurai que OMS, que não considera a intenção de se
valorizava e vivia para a continuidade da sua matar como característica do fundamento.
tradição cultural. Ademais, a prática bebe na Há três subgrupos para esse tipo de
própria religião budista de transcendência da comportamento: o primeiro é a aparência
vida e da morte. letal do ato;

16
o segundo subgrupo diz respeito à
Comportamento suicida 26:32 possibilidade de algum grau de intenção
é todo ato pelo qual um de se matar; o terceiro subgrupo é
indivíduo causa lesão em si a intenção de se matar incerta ou
mesmo, qualquer que seja o indeterminadamente.
grau de intenção letal e de
conhecimento do verdadeiro As vantagens desse conceito são, por
motivo desse ato. exemplo, a sinalização de um sofrimento,
o resgate de um olhar investigativo
e reflexivo, a força de um cuidado
clínico atento. Trata-se de realizar uma
investigação reflexiva, saindo da postura
de detetive policial e indo em direção a
uma investigação silenciosa das nuances
O importante é aquilo: a 30:30 suicidas no psiquismo. Todavia, por
pessoa tem um componente vezes o conceito é um pouco abrangente
autoagressivo, ela está mal, demais, podendo validar interpretações
está sofrendo. Então, a
pouco cuidadosas.
temática do suicídio aparece
como uma sinalizadora de Com efeito, pensamentos suicidas estão
um sofrimento. dentro de comportamentos suicidas. Um
suicídio, assim, deve ter uma intenção
letal. Assim, um suicídio é quando ele
provém de uma intenção letal e o ato é
fatal. É necessário tomar cuidado com tais
vocábulos, na medida em que trata-se de
Nós temos que tomar muito 32:58 tema delicado e sensível.
cuidado com as palavras e
com o julgamento rápido.
Porque, se não, nós sempre
vamos olhar o outro de
acordo com a nossa história,
o nosso quadro de definição,
a nossa teoria pessoal.
39:12
Muitas pessoas são
encontradas mortas e nós não
sabemos como ela morreu
e porque ela morreu. Então,
no atestado de óbito aparece
como morte com intenção
indeterminada, pois nós não
podemos determinar.

17
AULA 1 • PARTE 4

Referencial psicanalítico 00:25

A escola psicanalítica auxila na criação de


uma imagem do terapeuta preocupado
com a investigação, temporalização
e espacialização da dor como
acontecimento psíquico no paciente. O
terapeuta pode ser capaz de receber 02:27
A pergunta inicial como
manifestações caóticas e mensagens de
terapeuta é: eu gostaria de
sofrimento, transformando desespero em
saber o que está se passando
palavra.
com você, o que aconteceu.
Logo, o suicídio geralmente ocorre quando Mas, no fundo, eu estou
as necessidades humanas mais básicas perguntando onde está
não são atendidas, tais como cuidado, doendo, e quais as dores que
reconhecimento e carinho. Nesse sentido, podem levar ao sofrimento e
vivemos atualmente uma ausência de ao suicídio.
saber lidar com reveses, o que relaciona-
se ao aumento de suicídios de jovens
obcecados pelo seu narcisismo. O suicídio
também pode ser motivado por certa
chantagem em relação ao amado ou 02:49
amada, no sentido da pessoa fazer a outra Quais são as necessidades
se sentir culpada pela sua morte, pela básicas de um ser humano,
negação cingativa do seu amor. O suicídio além de ser alimentado
também pode ser o sintoma de uma e aquecido? Ser olhado,
ruptura simbiótica.
considerado; sentir que
pertence ao grupo, sentir que
Outra contribuição importante da tem uma importância, sentir-
psicanálise para o estudo do suicídio é se autônomo, capaz; ter um
em relação ao ato-dor, especificamente projeto de vida; dar um sentido
sobre a simbolização e a conceitualização para a própria vida.
de sentimentos. Em vez de simbolizar e
expressar sua dor através do sentimento,
a pessoa age impulsivamente por meio de
um escuro representacional. Quando as
palavras faltam, a dor não é processada. 04:12
Há fantasias de imortalidade,
Para a psicanálise, a tentativa de suicídio de impotência, usando os
parte de uma natureza diádica, sobretudo termos psicanalíticos. Mas, às
quando vinculados a componentes vezes, a tentativa de suicídio
narcísicos, simbióticos, fusionais, também é uma resposta a um
sadomasoquistas, etc. abalo narcísico.

18
Para a dor psíquica virar 12:59
sofrimento, tem que ter
pensamento. Ninguém
consegue sofrer se não tiver
pensamentos, se não tiver
símbolos, se não houver
palavras, conceitos.
15:12
No acting out, eu reproduzo
com o meu terapeuta
alguma coisa que pode ter
modulado a minha relação
com entes queridos no
passado, geralmente na
tenra infância, ou num
relacionamento amoroso
As tentativas de suicídio 16:34 importante do passado.
podem surgir neste contexto Então, eu repito em ato.
de busca ou reforço de
vinculação, remendo da
relação, gambiarra existencial
para a relação. Tentativa de
suicídio pode ser tudo isso, e,
também, uma transferência de Referencial cognitivo-
dor e culpa para o outro que 17:09
comportamental
se relaciona comigo.
Há esquemas mentais, compostos
por respostas, julgamentos e padrões
comportamentais, que funcionam como
lentes interiores de cada biografia. Os
dois principais esquemas cognitivos
relacionados ao suicídio são o esquema
melancólico e o esquema impulsivo. A
Isso ajuda a gente a entender 22:18 intolerância e a instabilidade podem ser
o aumento dos suicídios entre estímulos a tentativas de suicídio, por
os jovens e adolescentes, exemplo, assim como o perfeccionismo
essa questão de um narcisista.
perfeccionismo voltado para
O estreitamento da visão também
si, e que, ao mesmo tempo, é
observado pelos outros. pode ser prejudicial e provocador
de sofrimento, como é o caso de
pensamentos dicotômicos ou visões em
túnel. O conceito de desamparo aprendido
demonstra a exposição a eventos
aversivos como reprodutores de déficits
- motivacionais, cognitivos e afetivos.
A rigidez cognitiva está muito Ele também pode ser uma tentativa
23:17
presente na crise suicida. desesperada de conseguir amparo.

Já sobre a série “13 reasons why”,


destaca-se sua falta de ética em relação à
prevenção de suicídios. A série, de certa
forma, provocou um incentivo ao ato,
romantizando-o.

19
Às vezes, uma tentativa 25:39
de suicídio é um ato de
desespero para provocar
no outro esse apego, essa
sensação de amparo.

27:36
Raramente a gente atende
um jovem que tentou suicídio
e não tem que trabalhar
também com a família. Em
grande número de vezes,
a gente tem que convocar
ENTRETENIMENTO a família: há problemas
30:28 familiares, há problemas entre
Série: Os treze porquês os casais que levam os filhos a
tentarem suicídio.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Assinale a alternativa incoreta


conforme o apresentado em aula:

Um dos maiores problemas atuais


é a dificuldade de lidar com
frustração, de suportar o sofrimento
A série “Thirteen reasons why” é baseada sem desespero.
no romance de Jay Ascher, publicado
em 2007. A história conta a biografia
de Clay Jensen, um menino que recebe A série “Os treze porquês”
em sua porta treze fitas gravadas por provocou um aumento no número
Hahhah Baker, uma menina que cometera de suicídios, passando por cima
suicídio duas semanas antes. Cada fita de diversas questões relativas à
conta a história de alguma pessoa que
prevenção.
levou ela a cometer suicídio. As fitas
cobrem histórias de exposição, assédio
sexual, manipulação, ridicularização, etc.
A escola cognitiva demonstrou a
A série, estreiada em 2017 pela Netflix,
desesperança como motivadora
mobilizou grandes discussões a respeito
da temática, sobretudo ao acúmulo mudo do suicídio, mais do que o humor
e individual de traumas não simbolizados deprimido ou melancólico.
e não expressados por jovens. Ao mesmo
tempo, a série provocou um aumento de
De acordo com o referencial
suicídios, passando por cima de diversas
cognitivo-comportamental, a
Resposta desta página: alternativa 4.

questões éticas de manuais de prevenção,


o que levou a um aumento dos casos de tentativa de suicídio é uma forma
suicídio nos EUA. de enfrentamento criativo dos
problemas e sofrimentos mundanos,
não relacionado a contingências
coercitivas do ambiente.

20
AULA 2 • PARTE 1

Avaliação do risco 00:53

Num primeiro momento, destaca-se que


avaliação não é previsão, por conta da
grande incerteza que ronda o espectro
suicida. Deve-se transmitir os limites do
tratamento psicoterápico aos familiares, 01:29
Apesar do acúmulo de
apesar de seu empenho máximo.
conhecimento a respeito
Há diversas situações de risco. No risco dos fatores de risco para
agudo, ele é muito alto, quando a pessoa o suicídio, nós ainda não
está numa crise suicida. Também há um conseguimos fazer uma
risco crônico, sobretudo em casos de estimativa precisa de risco.
transtorno de personalidade, em que a
pessoa vivencia cotidianamente em si a
ideia de que poderá tirar sua vida. Devem
existir atitudes positivas em relação ao
enfrentamento do suicídio, dando força e
04:22
sustentação para a pessoa em crise. As crenças errôneas,
as nossas teorias
A escuta sobre o risco de suicídio deve
deturpadas em relação
retirar o paciente da sua aparente
ao suicídio atrapalham
impotência, tornando o profissional
a nossa aproximação
ativo no processo. Nesse sentido, os
tranquila do paciente.
passos de avaliação do risco devem
partir do entendimento do que está
acontecendo, dos fatores de risco e da
intencionalidade suicida. Localizar a dor
pode ser o primeiro passo para identificar
05:37
a falta de certas necessidades básicas. Uma pessoa que pode falar,
Impulsividade, agressividade, insônia, que pode pensar, já corre um
grande bipolaridade são alguns dos risco um pouquinho menor. Só
fatores de risco a ser observados. o fato de ela estar falando em
suicídio pode protegê-la de
O professor em seguida apresenta partir para o ato.
conceitos para a crise suicida, como
por exemplo a dor psíquica. Conforme
Schneidman, a dor psíquica é um fator
a ser observado no que diz respeito ao
sofrimento e ao desespero, ou seja, um
estreitamento das visões de vida que
constrói o suicídio como a única saída.
Outra característica é a ambivalência,
assim como a impulsividade, que
geralmente age juntamente a um certo
grau de descontrole.

21
A impulsividade tende a ser mais
LEITURA INDICADA
acentuada em adolescentes, o que 08:39
expressou-se por exemplo na mudança Livro: Crise suicida
do formato da caixa de paracetamol,
surpreendentemente causando menos
hepatites fulminantes por auto ingestão.
A impulsividade também pode ser
intensificada por álcool e cocaína ou
anfetamínicos, passando certa ilusão de
coragem para a pessoa.

Já o estreitamento da visão é baseado


numa rigidez cognitiva, quando o suicídio
é visto como uma das únicas soluções
possíveis para o alívio da sensação de
fardo. O professor ainda retoma o conceito
de ato-dor, que existe através de certa Este livro trata da crise suicida, sendo
impulsividade e falta de simbolização da direcionado a profissionais de diversas áreas.
dor. Prestando atenção especificamente àquilo
nomeado como crise suicida, Botega propõe
uma avaliação clínica por meio de casos
existentes, trabalhando a condição singular
de cada paciente. O autor ainda traz um
histórico desse fenômeno-problema, desde
compreensões filosóficas até questões legais
O central não é a morte: é evolvendo essa prática, com o objetivo de
16:42
elucidar e prevenir seus riscos.
a dor psíquica. A morte já
é a consequência trágica
de uma dor psíquica
intolerável, insuportável.

19:33
A ambivalência faz parte
do ser humano. O que
é a ambivalência? É a
convivência de sentimentos
opostos. Em vários setores
e momentos da vida a gente
O adolescente ainda não
sente ambivalência.
21:17
tem um sistema nervoso
com pesos e contrapesos,
com um sistema de freio
muito bom.

25:49
Há também muita
impulsividade em vigência
de um humor deprimido,
de desesperança. Então,
são fases de maior risco
para o suicídio.

22
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Assinale a alternativa incorreta


conforme o conteúdo apresentado:

Demonstrar susto e julgamento ao


paciente são fatores negativos para
o enfrentamento clínico do suicídio.

Conselhos de teor moralista ou


religioso têm um efeito nulo para o
enfrentamento do suicídio.

A impulsividade tende a ser menor


em adolescentes.

A mudança de embalagem das


caixas de paracetamol na Inglaterra
diminuiu o suicídio por auto
ingestão do medicamento, o que
exemplifica uma medida preventiva
em relação à impulsividade que
caracteriza o suicídio.

AULA 2 • PARTE 2

Fatores de risco 00:10

Fator de risco é um conceito baseado


em evidências derivado de estudos
populacionais. Fatores de risco podem
ser também hereditários, motivo de
atenção para o clínico. Apesar disso,
01:49
condicionantes não são determinantes. O fator de risco é uma
O suicídio é construído biograficamente extrapolação de estudos
Resposta desta página: alternativa 3.

nas condições de vida da pessoa em sua populacionais para uma


negligência e vulnerabilidade. Transtornos situação de um indivíduo que
de personalidade, depressão, esquizofrenia está na minha frente.
e doenças mentais são grandes fatores de
risco para o suicídio. Grandes catarses em
relacionamentos também podem estar no
centro da passagem ao ato suicida.

23
Estar próximo a artefatos letais, tais como
o acesso fácil a armas ou medicamentos, 03:45
é um fator de preocupação. Destaca-se A gente se esquece de uma
o grau de intencionalidade suicida como série de fatores que, desde o
importante fator de análise, sobretudo nascimento, às vezes, até antes
quando a intenção se dá de forma ativa. do nascimento, se formos
pensar em hereditariedade, já
A tendência é que, quanto mais tentativas estão condicionando o destino,
existam, mais letais os meios de suicídio a vida de uma pessoa.
vão se tornando. A intencionalidade
suicida, assim, aumenta à medida em que
elaboram-se mais planos, pesquisa-se
sobre a letalidade do método, tomam-se
medidas como forma de desprendimento
04:26
da vida. Uma criança que sofre abuso
físico, abuso sexual, negligência
Nesse sentido, há três grupos de
tem um risco muito maior de,
perguntas essenciais para a análise
na idade adulta, ter transtorno
da intencionalidade: a ideia de morte,
mental e se matar.
o controle e o planejamento. Os
pensamentos e ações facilitadoras
que aproximam o indivíduo da morte
devem ser realizados de forma cautelosa
cuidadosa.
07:13
Uma tentativa de suicídio, assim, é Às vezes, uma tentativa de
acompanhada de um maior planejamento suicídio funciona como uma
do ato em si. O desejo de morrer deve ser espécie de marco na vida da
medido de acordo com a escala de Beck, pessoa, a partir do qual ela se
que varia em aspectos como: tentativa reorganiza, provoca mudanças
foi planejada, ato impulsivo, bilhete de na vida dela.
despedida, informação sobre o poder
letal do método, não avisou ninguém,
providências para evitar resgate, etc.

O risco baixo, moderado e alto deve 13:04


ser levado em conta de acordo com a Os pensamentos mais
mobilização da rede de apoio. Recomenda- perigosos em termos de risco
se a escrita de prontuário para o de suicídio é o pensamento de
acompanhamento do paciente, inclusive morte ativo, quer dizer: eu vou
em termos legais, sobretudo para casos
fazer algo para eu dar fim à
graves.
minha vida.

Já respondendo aos questionamentos


da aula, Botega afirma que, ao contrário
das previsões iniciais, não houve um
21:55
aumento de suicídio durante a pandemia. Tem algumas pessoas que
Apesar disso, houve casos em que teve têm ideia de suicídio, mas não
uma diminuição dos vínculos sociais e da querem se matar: elas temem
resiliência. Sobre a avaliação de riscos, a ideia que elas têm. Isso
Botega afirma que, se o grau é muito baixo, aparece mais no transtorno
não há necessidade de perguntar sobre obsessivo-compulsivo.
o plano. Logo, não é correto perguntar
coisas com plena curiosidade, mas sim
se há um risco baseado em pensamentos
recorrentes.

24
Ter uma atitude menos 32:41
onipotente nos deixa mais
aptos para, com sinceridade,
falar sobre essas questões
de suicídio com o paciente e
a família.
36:29
Na verdade, em todo momento
de risco coletivo de morte tem
menos suicídio. Por exemplo:
há menos suicídios durante
uma guerra. Sempre que há
uma ameaça, eu pego minha
força de vida e luto contra a
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO ameaça, e há menos suicídio.

Assinale a alternativa incorreta


baseado no conteúdo apresentado:

A existência de um planejamento
aumenta abruptamente a tentativa
de suicídio.

O isolamento social é um fator


de risco para o suicídio, como
exemplifica o suicídio anômico de
Durkheim.

Durante a pandemia da Covid-19,


percebeu-se um aumento dos casos
de suicídio em nível nacional.

Recomenda-se o preenchimento
de prontuário para fins legais em
relação a pacientes suicidas, assim
como a mobilização de rede de
apoio em casos de risco elevado.
Resposta desta página: alternativa 3.

25
AULA 2 • PARTE 3

Magnitude 00:25

A partir de 1990, a OMS implantou


juntamente com os Estados nacionais
políticas de prevenção e combate ao
suicídio, considerando-o como um
problema de saúde pública. Em termos 02:05
A partir da virada do século
mundiais, o suicídio ocupa 1,3% das mortes XXI, a maioria dos países
no ano de 2019. Atualmente, a taxa de conseguiu ir diminuindo
suicídio em termos demográficos é de as taxas de suicídio, uma
11 para cada 100 mil habitantes por ano, inversão da tendência de
sendo a taxa brasileira de 6,6 por 100 mil crescimento. Em apenas
habitantes. 17% dos países, os números
continuaram a crescer.
A redução do número de suicídio se deve
a diversas medidas, como por exemplo
a urbanização, mais independência
feminina, nos casos de Índia e China. Já
no caso russo, destaca-se a diminuição
05:47
do alcoolismo como importante fator. No Do total de mortes, de cada
caso da Inglaterra, destaca-se medidas cem, uma é por suicídio. Esse
paliativas pra idosos como importantes número me impressiona.
fatores de diminuiçao de suicídios para
esse grupo social. Um maior controle
da compra de agrotóxicos, como foi o
caso do Sri Lanka, também foi um fator
protetivo. Uma maior atenção à saúde PERSONALIDADE
mental é um grande fator protetivo, o 07:55
que não acontece infelizmente no caso Mikhail Gorbatchóv
brasileiro.

Nesse sentido, ressalta-se a compreensão


do suicídio como um fator socialmente
construído, e, logo, socialmente também
passível de ser atenuado. Atualmente,
diariamente cerca de 42 pessoas cometem
suicídio em território nacional brasileiro.
Como demonstra pesquisa feita na cidade Foi um dos últimos secretários-geral do
de Campinas, em cada 100 habitantes, PCUS, último líder da União Soviética,
ao menos 17 já pensaram seriamente em entre 1985 e 1991. Seu governo foi o mais
tirar sua própria vida, e 3 já realizaram progressista dentro dos quadros soviéticos,
tentativas. sendo conhecido pelas políticas de abertura
e transparência - Glasnost e Perestroika).
Decretando o fim definitivo da Guerra
Fria, foi um dos maiores responsáveis pelo
desarmamento nuclear, aproximando-se
pacificamente dos políticos ocidentais.

26
Seu governo foi marcado por um grande
decréscimo da censura estatal, com a
Com a diminuição do alcoolismo 08:13
publicação massante de escritores e obras
na Rússia, diminuíram os
antes proibidos, como Svetlana Aleksiévitch
acidentes de trânsito, os
e demais autores críticos do regime. Propôs
homicídios e os suicídios.
um socialismo democrático, por meio de
um respeito máximo ao indivíduo em sua
existência política criativa. Suas políticas de
transparência denunciaram as vergonhas
estatais de uma burocracia desnorteada
O aprimoramento da sociedade 09:20 e abusiva. Impulsionou fortemente um
leva a menos suicídios. clamor popular para a construção de
um socialismo transparente, incitando as
massas a mobilizarem-se politicamente e
expressarem suas denúncias e angústias em
relação ao Partido. “Envolver o indivíduo em
Felizmente, na maioria das 11:02 todos os processos constitui o aspecto mais
vezes, a imprensa noticia importante do que estamos fazendo. [...]
suicídio de forma mais Atualmente, nossa tarefa principal é erguer
cuidadosa, o que significa: o indivíduo espiritualmente, respeitando seu
não transformar a pessoa mundo interior e dar-lhe apoio moral”, escreve
num herói, não dar dados ele, em seu livro “Perestroika”. Assim, buscou
detalhados sobre o método compreender os cidadãos soviéticos em sua
usado, não publicar fotos, dignidade, pautando uma política a partir
não aparecer na manchete do respeito e da confiança. Seu governo foi
do jornal. marcado por uma ampla democratização de
todos os aspectos da sociedade soviética,
inclusive no que diz respeito à posição
centralista que Moscou ocupava em relação às
repúblicas satélites - sua iniciativa de permitir
Todos os países que fizeram um maior trânsito entre as repúblicas e um
11:40
campanha que fizeram menor controle segue sendo como um dos
campanha de desarmamento maiores exemplos de sua humildade política.
viram o número de Em termos econômicos, a perestroika foi
homicídios e suicídios baseada numa maior independência das
diminuir. É um absurdo essa empresas, numa valorização da eficiência e
tendência que tem no Brasil da autogestão. Em seu governo, Gorbatchóv
de facilitar a compra e o encorajou o desenvolvimento das iniciativas
porte de armas de fogo. de massa, autogestão socialista, empenho
criativo da população em suas críticas
e autocríticas. Por sua crítica enfática à
erosão dos valores ideológicos e igualitários
ao longo da história soviética, ele foi
vítima de um golpe covarde por parte de
O Rio Grande do Sul tem uma 15:48 Ieltsin, que enxergou na transparência de
taxa de suicídio que é quase o Gorbatchóv a possibilidade de extinguir a
dobro da média nacional. URSS. Em 1991, já com diversos interesses
ocidentais e mercadológicos em cena,
Gorbatchóv assina o fim da União Soviética,
às lágrimas. Atualmente, Gorbatchóv critica
o autoritarismo de Putin, e é conhecido por
ser um defensor da igualdade. Sobre ele,
recomenda-se o documentário “Meeting
Gorbatchev”, de Werner Herzog.

27
A ideação suicida é um 19:52
marcador importante de
sofrimento mental. Não
quer dizer que a pessoa vai
se matar, mas é um índice
importante de que aquela
pessoa realmente está 21:22
muito mal. Quando uma população
migra de um país para outro,
ela leva junto na bagagem a
taxa de suicídio.

Manejo 26:35

Uma pessoa com alta chance de se matar


causa um ônus emocional para a pessoa
que está em situação de cuidar dela. De
acordo com Botega, confiar positivamente
na autonomia do paciente por meio de
um planejamento de cuidado é um pouco 29:33
As teorias, muitas vezes,
como aceitar o risco. Se o caso for grave e
servem para nos apaziguar,
houver um sentido de ameaça, a tendência
para nos dar um norte.
é o profissional minimizar sua incerteza.
Não quer dizer que sejam
Não gerar desespero é também saber
a verdade, mas elas nos
criar para si mesmo, como terapeuta, uma
confortam. As teorias
possibilidade de cura para o paciente.
psicológicas são grandes
Há uma imensa diferença entre ser formulações criadas por nós,
responsável ou pela vida, ou pelo pela nossa mente.
tratamento do paciente suicida. Assim,
deve-se manter o paciente seguro, a curto
prazo, e estável, a longo prazo.

Assim sendo, há necessidade de 32:46


A gente tem que sair
internação psiquiátrica quando existe dessa posição, porque um
uma incapacidade da pessoa em se terapeuta acuado, com
controlar: uma internação acolhedora medo, não consegue ajudar.
e humanizadora. Destaca-se ainda Ele fica paralisado.
o entendimento do caso clínico em
sua especificidade biográfica, sob o
entendimento de que o cuidado também
deve se expressar de acordo com a
história de vida do paciente. Estar 33:27
A única boia de salvação para
verdadeiramente ao lado do paciente uma pessoa com alto risco de
através do diálogo é um dos maiores suicídio não pode ser você,
fatores protetivos, possibilitando ajuda - terapeuta, individualmente.
em certos casos, com o auxílio da família Você é responsável pelo
ou de instituições necessárias. tratamento, o melhor possível,
mas você não é o responsável
pela vida da pessoa.

28
Se o risco é altíssimo, é melhor 36:56
internar. Manter em casa uma
pessoa com risco altíssimo
de suicídio não é uma boa
decisão, não é uma decisão
correta. Temos que lutar para
a melhoria das internações.
43:42
Para uma instituição cuidar
de um paciente de tanto risco
de forma humanitária, as
instalações e o treinamento
da equipe tem que ser
realmente excepcionais. Não
é só no Brasil que é difícil: em
qualquer outro país, esse tipo
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO de instalação é difícil.

Assinale a alternativa incorreta


conforme o conteúdo apresentado:

Nos últimos vinte anos houve uma


redução global das taxas de suicídio
em 30%.

A China, na contramão do
mundo, era um país no qual, até
recentemente, mais mulheres
cometiam suicídio do que homens.
Atualmente, essa exceção foi
revertida em decorrência da
urbanização.

Atualmente, no Brasil a faixa etária


que apresenta maior crescimento
em relação às taxas de suicídio é o
grupo de jovens entre 15 e 19 anos.

A necessidade de internação
psiquiátrica se dá mesmo quando
há capacidade de autocontrole
do paciente, em casos psicóticos,
devendo haver uma segunda
avaliação necessariamente após
uma semana de internação.
Resposta desta página: alternativa 4.

29
AULA 2 • PARTE 4

Sigilo e família 00:25

Sempre quando há um risco grande de


suicídio, Botega marca uma reunião com
a família, estando o paciente presente.
Ademais, é preciso que haja uma
psicoeducação sobre a temporalidade e o
processo de tratamento com os familiares 03:46
O sigilo perdura mesmo se o
do paciente, com o objetivo de criar uma
paciente morrer. Não é porque
rede de apoio e uma conscientização
o paciente morreu que eu
sobre os cuidados necessários.
tenho o direito, eticamente
Já no que diz respeito ao sigilo, destaca- defensável, de ficar falando
se sua prevalência mesmo após a morte coisas dele para sua família.
do paciente. Por vezes, podem acontecer
situações nas quais é combinado
previamente entre terapeuta e paciente o
que pode ser exposto de sua intimidade,
a fim de não gerar uma desconfiança na 05:32
Eu só quebro o sigilo a fim de
relação terapêutica.
proteger a vida ou o bem-
Faz-se necessário lembrar que acolher estar do paciente, ou quando
a angústia dos familiares não significa existe bem jurídico maior a ser
desrespeitar o sigilo profissional. A reação preservado. Essa é a lei.
dos familiares obviamente pode oscilar
entre diversas emoções negativas, como
raiva, acusação, frustração, banalização,
etc. Tarefa nada fácil, é preciso escutar
a angústia dos familiares em casos de 08:31
Num momento de desespero, a
suicídios, dando suporte emocional e voz gente não consegue ponderar.
ao silêncio incontido da perda.

Botega ainda ressalta a necessidade


de não responsabilizar a família em seu
possível sentimento de culpa, pois a
culpabilização aprofundará seu luto e 10:00
É muito mais fácil a gente
tornará mais intensa a morte. É preciso
ver sinal depois que um fato
incentivar redes de apoio para os
ocorreu, porque a gente
familiares com o intuito de protegê-los de
olha retrospectivamente.
possíveis suicídios que possam ocorrer
“por contágio”.

30
PALAVRA-CHAVE
10:53

Pósvenção: São intervenções


realizadas com o objetivo de dar
suporte e assistência para pessoas
impactadas por suicídios. Trata-
se de termo contemporâneo, de
fundamental importância para 12:10 Risco crônico de suicídio
o cuidado da saúde mental e
a elaboração do luto, além de
Em casos crônicos de suicídio, deve-se
auxiliar a diminuir sentimentos de
autoculpabilização. As ações são priorizar um plano de ação com a família.
direcionadas a uma escuta empática, Nesse sentido, deve-se perceber a estreita
validando o sofrimento de forma a relação entre ameaça, rejeição, novas
permitir às pessoas aceitarem o luto e ameaças e novas rejeições. É necessário,
o sofrimento de forma respeitosa. É o ainda, que o profissional não transmita
cuidado dirigido a pessoas enlutadas medo e pavor, sob a pena de mais
em decorrência de suicídio, sob o
atrapalhar do que ajudar.
objetivo de diminuir a chance de
outros suicídios e aumentar a rede de
apoio.

15:08
Dizem que o inferno está cheio
de boas intenções.

A ameaça de suicídio é 18:56


pedido de apego, de ajuda,
de contenção.

19:50
A mensagem que eu transmito
geralmente para o paciente e
para a família é: sozinho, eu não
sou capaz de mantê-lo vivo.
Eu posso te ajudar a se cuidar
melhor, a suportar mais os
seus sentimentos e, de alguma
Plano de ações 22:00
forma, se responsabilizar mais
O plano de ação deve ser compartilhado pelos seus impulsos suicidas.
por terapeuta, paciente e familiares.
Um plano de ação pode significar
estratégias emocionais para momentos de
instabilidade, ou até números de telefone
24:41
para socorros. Em casos depressivos, Se a pessoa não consegue
as recomendações não devem partir de aceitar um plano para protegê-
clamores morais ou, mesmo, moralistas, la, e se ela está mentalmente
mas sim de possibilidades sutis e perturbada, é melhor interná-la.
combinadas.

31
Ainda destaca-se a importância da
arteterapia e da terapia ocupacional 26:52
Ajudou muitos pacientes,
para certos casos. Em casos extremos de
a expressão pela arte, a
pacientes muito agitados, recomenda-se
organização mental pela
tratamento farmacológico para diminuir
atividade, pela arte, por um
impulsividade. Hábitos saudáveis também
sentido que se dá à minha
são importantes para a regulação
produção artística.
cognitiva emocional, assim como para a
manutenção da concentração vertical da
atenção.

29:14
Hoje, a insônia é um problema
também consequente
dos maus hábitos que as
pessoas adquiriram. À noite,
é para ter pouca luz, pouca
atividade, para o meu cérebro
O Brasil é o país que mais 30:18 ir se desligando e para eu
prescreve anfetamínicos no conseguir dormir.
mundo. Tem pessoas viciadas
nisso. É culpa dos médicos?
É, em parte, mas também é
culpa da sociedade.

30:39
Nós temos uma sociedade
que gosta de medicalizar
problemas que não deveriam
ser medicalizados. É um
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO problema da sociedade.

Assinale a alternativa correta a


respeito do suicídio:

Todos os pacientes que cometem


suicídio apresentam sinais antes de
praticar o ato.

O silêncio perdura mesmo após a


morte do paciente, salvo se houver
ordem judicial contrária.

A reunião com familiares deve


ocorrer sempre após a primeira
sessão, mesmo em caso de
Resposta desta página: alternativa 2.

pacientes com leve risco de suicídio.

O profissional de saúde é
responsável tanto pelo tratamento
quanto pela saúde do paciente com
risco de suicídio.

32
AULA 3 • PARTE 1

Livros de terapia 02:47


comportamental dialética
também são bastante focados
em questões de risco, e nos
dão muito repertório para
ajudar clientes que tenham
risco de suicídio. 03:28
O modelo do Beck é um
modelo de dez sessões de
TCC. Ele é transdiagnóstico,
quer dizer, ele não foca em
depressão, em pânico, em
bipolaridade. Na verdade,
ele foca no fenômeno do
É bastante importante, comportamento suicida e
04:54
quando a gente está da ideação suicida de forma
atendendo na clínica, a gente transdiagnóstica, independente
ter a lógica daquilo que é do diagnóstico.
prioridade no tratamento.
Isso é um ensinamento da
terapia comportamental
dialética, que o tratamento
sempre deve ter como
prioridade comportamentos
que atentem contra a própria 05:54 Comentários da aula do Neury
vida vida como a primeira
prioridade da sessão. O primeiro ponto a ser destacado
por Soares é o Comportamento
Automutilante Sem Ideação Suicida
(CASIS). O alívio emocional deve ser um
importante mecanismo de enfrentamento
nesses casos, por exemplo, a fim de
A automutilação, muitas vezes, 07:43 resolver um momento de crise ou
é como se fosse um meio do desespero. Validar as emoções do
caminho para uma tentativa paciente significa dar-lhe sentido, escutá-
de suicídio. lo sem julgamento, a fim de que ele
expresse seus sentimentos e descubra-se
em sua autenticidade verdadeira, ou seja,
nos passos e etapas que compõem um
processo terapêutico.
Noticiar um suicídio na mídia 15:03
falando sobre o método, Muitas vezes, a pessoa que ameaça se
mostrando como acontece, matar é alguém pedindo desesperado
é muito diferente de falar de ajuda, de carinho. A ameaça deve
sobre o fenômeno: falar de ser interpretada também em termos
uma forma cuidadosa, sobre comportamentais, com a quebra de
como buscar ajudar, sobre padrões que reforçam ameaças.
como identificar.

33
A maioria das pessoas que 16:51
tentam cometer suicídio,
ou que cometem suicídio,
avisam ou comunicam antes
de alguma maneira sobre a
sua intenção.

19:05
O que acontece quando a
gente tira um reforçador? O
comportamento aumenta de
intensidade e tem variabilidade
de topografia.
Evidências 21:33

Um estudo realizado por Beck com


pacientes dividiu dois grandes grupos
de pessoas que tentaram suicídio: um
recebeu psicoterapia mais lítio, e outro
recebeu apenas a medicação. Uma 26:44
Existem evidências de que
intervenção baseada no risco, combinando tratamentos cognitivos-
psicoterapia e medicamentos, demonstrou comportamentais, mesmo
significativa redução de futuras tentativas. quando comparados
com medicação, geram
Soares ainda recomenda a necessidade
mudanças de funcionamento
de conversar com colegas e realizar
cerebral que vão para além
supervisão, sobretudo para casos graves,
daquelas causadas apenas
a fim de que o profissional não se
pela medicação.
autoculpabilize pela possível morte de um
paciente. Há de se reconhecer e realizar
o melhor tratamento possível, todavia,
sob o entendimento de que, por vezes, o
comportamento do paciente escapa às 28:45
Se você perder um paciente,
mãos e aos olhos do terapeuta. ou se estiver atendendo um
paciente com risco de suicídio
muito grave, faça supervisão
e converse com alguém sobre
isso, porque ajuda também a
Epidemiologia 30:11 aliviar a responsabilidade.

Em nível mundial, mulheres tentam de 3


a 4 vezes mais suicídio do que homens,
enquanto homens conseguem de 2 a 3
vezes mais. Tal dado se deve à letalidade
32:10
dos métodos, e também aos critérios Estima-se que, de 3 a 4, a
culturais de masculinidade. Enquanto a cada 10 tentativas de suicídio,
depressão é mais comum em mulheres, a poderiam ser evitadas se as
depressão grave é mais comum em homens. pessoas não tivessem acesso
Assim, há questões culturais que causam aos meios letais.
sofrimento psíquico e mental a homens,
como por exemplo rigidez emocional,
individualismo, falta de conexão sentimental
com os outros, falta de sensibilidade, etc.

34
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Assinale a alternativa incorreta a


respeito do suicídio conforme o
conteúdos apontados em aula:

Validar emoções significa validar


comportamentos.

Mesmo os melhores tratamentos por


vezes não funcionam com alguns
pacientes.

No Brasil, morrem mais pessoas por


homicídio do que por suicídio.

Há uma relação direta entre o


suicídio e o acesso a meios letais.

AULA 3 • PARTE 2

Fatores de risco e protetivos 00:10

Ser homem e pertencer a grupos


marginalizados socialmente são alguns
dos fatores de risco para o suicídio,
assim como o isolamento, a pobreza, o
desemprego e um menor nível educacional. 01:03
O isolamento social e
Muitos fatores de risco são compostos
a solidão estão entre a
por vulnerabilidades sociais. Também há
segunda ou terceira variável
questões de clima.
mais explicativa de tentativa
Algumas variáveis diagnósticas são AIDS, de suicídio.
transtorno borderline, depressão, abuso ou
dependência de substâncias, esquizofrenia,
Resposta desta página: alternativa 1.

transtornos bipolares, dentre outras. Nesse


sentido, ressalta-se que a tendência é de
02:57
que a letalidade da tentativa de suicídio Em algumas pesquisas, a
aumente nas tentativas posteriores. taxa de suicídio de isosos é
Investigar um detalhamento das tentativas maior do que entre os 15 e
prévias é um dos maiores critérios 29 anos.
avaliativos, que devem ser considerados
para a construção de planos de segurança.

35
Investigar pensamentos a respeito
das tentativas prévias também podem 05:48
Um dos recortes
ser importantes fatores de proteção, populacionais com maior
pensados através da prática clínica como tentativa de suicídio é
participantes de planos de cuidado. a população trans, uma
Deve-se atentar para mecanismos letais população que sofre
nas proximidades do paciente, como bastante. Isso obviamente
medicamentos, que devem ter seu acesso está muito relacionado a
controlado. Apesar de lítio em quantidades questões de preconceito, de
elevadas ser extremamente tóxico, deve-se dificuldade de integração.
ajudar o paciente a lidar com esse risco e
manejá-lo.

Datas comemorativas podem ser


06:50
catalisadores de mudanças emocionais A terapia pode ser um
que motivam o suicídio em pacientes espaço para a pessoa
preocupantes, em decorrência do paciente falar sobre fragilidade,
se sentir sozinho e desamparado frente a para construir espaços
um dia de união e amor dos outros em suas onde a paciente possa,
casas. com os seus amigos, se
vulnerabilizar e contar
Já no que diz respeito às variáveis sobre as suas questões.
psicológicas, de acordo com o modelo
cognitivista, ressalta-se o perfeccionismo,
a desesperança, a baixa tolerância a
desconforto e o déficit na resolução de EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
problemas. Segundo Beck, a terapia deve
agir nessas variáveis, sendo propositiva Assinale a alternativa incorreta
em relação à identificação de propósito conforme o conteúdo apresentado:
e estabilização emocional para a vida do
Um dos fatores que explicam
paciente.
a maior taxa de suicídio em
Já abordando a diferença do conteúdo
jovens de 15 a 29 anos são
modulações hormonais que
de cartas testamento entre pessoas que
ocasionam comportamentos mais
efetivamente se mataram e pessoas que impulsivos, assim como desafios
não se mataram, destaca-se o sentimento desadaptativos.
de compreender-se como um fardo para as
pessoas próximas. Elaborar pensamentos O isolamento, os prejuízos físicos e
desesperançosos e pertencentes ao a solidão são alguns dos fatores que
sentimento de fardo pode ser uma eficaz explicam a maior prevalência de
chave clínica para a reestruturação
suicídios em idosos.
cognitiva de pessoas com risco de suicídio.
Um terço das pessoas que
Na medida em que planos de suicídio cometeram tentativa prévia de
aproximam a pessoa de tirar sua própria suicídio voltam a cometer no
vida, é fundamental que, ao longo do período de um ano. Desse grupo,
Resposta desta página: alternativa 4.

processo psicoterápico se elaborem 40% tenta durante as primeiras


quatro semanas.
planos que vão na direção oposta, a fim
de estimular a vida e criar mecanismos de
resposta para momentos de crise. O detalhamento de tentativas
prévias não é um critério de
avaliação importante para pacientes
com risco de suicídio.

36
Dos transtornos mentais, 08:15
aquele que tem a maior
mortalidade precoce é a
anorexia nervosa, mas não
necessariamente por suicídio
- pelos efeitos da inanição
e efeitos da anorexia. O
segundo é o transtorno
borderline. O terceiro são 20:44
A gente precisa planejar esse
transtornos bipolares.
período [da madrugada] com o
paciente, porque é um período
em que o risco [de suicídio]
está aumentado. A gente
precisa trabalhar com a insônia
do paciente.
Isto é desesperança: é uma 31:09
visão de futuro negativa de que
a gente não vai conseguir sair,
de que não tem o que fazer.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Assinale a alternativa incorreta


conforme o apresentado em aula:

A religiosidade ou a espiritualidade
não são fatores protetivos para o
É claro que desesperança e 34:17 risco de suicídio.
evitação é importante, mas isto
aqui é um componente que Recomenda-se o trabalho sobre
torna tudo mais grave: eu me o manejamento de sono para
sentir um peso para as pessoas. pacientes suicidas.

Normalmente, cartas de suicidas


possuem um alto grau de
desesperança e evitação.

Menos de 5% das pessoas que 40:15 A chance da pessoa cometer


não têm um plano tentam suicídio entre às 00h e às 04h da
cometer suicídio. Mais de 30% madrugada é muito maior do que
durante o dia.
das pessoas que têm um plano
cometem suicídio.
Resposta desta página: alternativa 1.

37
Quando eu faço um plano 40:44
específico, eu me aproximo
de transformar aquilo em
dado de realidade. Se a
pessoa tem um plano de
suicídio, ela se aproximou
muito de transformar isso
em comportamento.

AULA 3 • PARTE 3

Avaliação e manejo 00:10

Intervenções farmacológicas podem ser


utilizadas em conjunto com processos
psicoterápicos. De acordo com Beck, o
plano de manejamento do suicídio deve
contemplar: avaliação, redução de fatores 02:23
Um paciente que está
de risco com foco na desesperança, manter em ideação suicida fica
apoio regular e elaborar um plano de desesperançoso. Essa
segurança. Um apoio regular por parte do desesperança volta, inclusive,
terapeuta, além do tempo em si da sessão, para a terapia.
pode ser um grande instrumento de adesão
ao tratamento, proporcionando-lhe apoio
e diminuindo as chances de tentativas de
suicídio.
05:14
Para o paciente é bom [ligar
Sobre a avaliação, destaca-se a importância
para o seu terapeuta]. Ele se
do timing para perguntas em momentos de
sente importante. Ele se sente
sofrimento. Por vezes, o suicídio se esconde
vinculado. Ele se sente menos
de forma inconstante e inimaginável
sozinho de poder compartilhar.
aos olhos do terapeuta, que deve estar
atento às formas implícitas pelas quais o
sofrimento e a ideação suicida existem no
organismo do paciente.
07:22
Se o paciente estiver
Assim, a relação terapêutica deve
demonstrando muito
se constituir de forma colaborativa,
sofrimento num momento,
construindo um ao outro, paciente
ele estiver triste, chorando,
e terapeuta, por meio de respostas
dizendo que é muito difícil e
e planos de cuidado. Identificar e
que ele não aguenta mais, eu
reestruturar crenças disfuncionais, como
posso nesse momento fazer
a desesperança, é um fator chave para
uma coisa bastante validante
um controle cognitivo. Perceber-se como
e empática, que é [perguntar]:
criativo em seu futuro é perceber a dor
algumas pessoas que passam
como passageira, sendo fundamental
pelo que tu está passando
aceitar as emoções em suas temporalidades
pensam em se machucar, isso
próprias e aprender a percebê-las, elas
já passou pela tua cabeça?
também, como passageiras em suas

38
manifestações.
Às vezes, eu quebraria o sigilo. 11:52
Se alguém tem arma de fogo
em casa, diz que quer usar
arma de fogo, mas a pessoa
não quer abrir o sigilo e não
quer limitar o acesso, seria um
momento em que eu [diria]:
eu vou ter que quebrar o sigilo
e falar com teu familiar. 14:00
Deve-se ajudar o paciente a
pensar em maneiras de reduzir e
lidar com fatores desencadeantes.

Reestruturação cognitiva 17:41


tem a ver com duas grandes
estratégias: identificar e
responder a pensamentos, e
modificar crenças.
LEITURA INDICADA
18:06
Livro: Vença a Depressão Antes
que Ela Vença Você

Na verdade, a desesperança 18:45


não te protege: ela te derrota,
porque tu nem tenta. A gente
vai ver que, muitas vezes, a
pessoa que é esperançosa
pelo menos tenta, se engaja.

A gente vai exercitar a 21:58 Neste livro, o psicólogo Robert Leahy analisa
paciente na sessão a as causas, sintomas e mecanismos de
autocompaixão, porque o enfrentamento da depressão. Leahy, diretor
do Instituto Americano de Terapia Cognitiva,
perfeccionismo tem por
traz histórias de pacientes e importantes
trás uma autocrítica pesada, técnicas para o tratamento da depressão.
muitas vezes. Best-seller sobre o assunto, útil tanto para
psicólogos quanto para pessoas deprimidas.

A emoção é como uma 23:02


onda, que vem e que passa,
mas as emoções têm uma
duração limitada.

39
AULA 3 • PARTE 4

Plano de segurança 00:25

Há efeitos cognitivos diversos entre


emoções positivas e negativas, na medida
em que pessoas em situação depressiva
tendem a não experenciar esperança,
tendo um pensamento limitado e não
00:40
criativo. Nesse sentido, é importante que Quando as pessoas estão
o plano de segurança, enquanto recurso tendo emoções positivas,
físico, auxilie tanto o paciente a sair de geralmente a pessoa se torna
estados e crise quando promova uma mais criativa no seu processo
melhora contínua do processo terapêutica. de resolução de problemas.

Recomenda-se que o primeiro passo de


um plano incida sobre a identificação
de quais são as principais situações de
ativação da onda ou dos gatilhos suicidas.
09:25
O passo 2 do modelo apresentado em aula A pessoa muito deprimida
auxilia a pessoa a pensar em frases que pode ter dificuldades. A gente
a auxiliem a perceber as emoções como precisa escavar às vezes
temporárias, sendo uma ferramenta para diferentes áreas.
ativar a esperança. O passo 3, composto
pela ativação de memórias ou imagens
futuras positivas, busca enfatizar o sentido
positivo que a própria história de vida do
paciente carrega. Ativar memórias afetivas
12:30
e positivas do passado é imaginar-se a si Quando a gente imagina o
próprio como pertencente a um tempo futuro, isso também ativa redes
sempre passível de novas interpretações e parecidas com memória -
olhares sobre o passado, e inclusive sobre redes emocionais e semânticas
um futuro ainda em aberto. parecidas com as da memória.

Como consequência dessa temporalização


da biografia do paciente, o passo 4
é baseado na leitura de uma lista de
motivos para viver, com o objetivo de
13:30
valorização de uma vida que se incentiva Na hora em que a paciente lê
como processo, que se temporaliza como [o plano de segurança], ela
projeto. lê as coisas de desesperança,
escolhe uma memória,
Já o passo 5 é baseado em estratégias vivencia essa memória em
de enfrentamento interno, com coisas primeira pessoa.
possíveis de ser realizadas no momento
de crise. Podem ser realizadas diversas
atitudes positivas, como escutar uma
música que proporcione tranquilidade,
tocar instrumentos, atividades de
liberdade, brincadeiras, etc.

40
Antes da pessoa entrar em contato com
outras pessoas, nos passos 6 e 7, o ideal 15:07
é que ela própria tente lidar com suas Um dos princípios da terapia
emoções num primeiro momento, de modo comportamental dialética é
a estimular seus mecanismos internos de que, quando o terapeuta tem
enfrentamento. A importância de um plano um estilo irreverente, isso às
com diversos passos também se deve ao vezes ajuda a desativar uma
fato de que, às vezes, a própria passagem emoção muito negativa.
do tempo auxilia o paciente a diminuir a sua
onda de intensidade emocional negativa.

O passo 6 é a utilização de contatos


sociais que possam auxiliar a distrair ou, 18:42
Às vezes, aquilo que distrai
mesmo, lidar com a crise emocional. Criar
não é prazeroso. Aquilo que
momentos de contato em momentos de
alivia a emoção nem sempre
crise pode ser essencial para uma retomada
é prazeroso.
da pulsão de vida. Nesse sentido, o passo
7 é o último, e é baseado no contato com
profissionais, sejam hospitais psiquiátricos,
CVV, o psicólogo, etc.

Por fim, ressalta-se mais uma vez a 20:25


Quanto mais alta a música,
necessidade de sessões com familiares ou
mais ativam-se sistemas
amigos próximos no caso de pessoas com
relacionados a prazer, sistemas
alto risco de suicídio. As sessões auxiliam a
de recompensa.
conhecer uma visão mais ampla do paciente
e das relações, assim como um auxílio para
lidar com crises.

25:20
Ao invés de a paciente ligar
primeiro para o profissional,
ligar primeiro para o
namorado, [o ideal] é ela fazer
primeiro sozinha, para criar
autoeficácia, para ela criar
O orgulho é muito motivador 26:47
capacidade de autorregulação.
para o comportamento.

28:12
A sensação de conexão com
outra pessoa pode ajudar
a aliviar crises emocionais.
Estresse libera ocitocina,
e ocitocina nos faz querer
Do ponto de vista biológico 28:52 contato social.
de sobrevivência, quando
eu estou passando por uma
situação estressante é muito
melhor que eu tenha apoio. O
corpo me impele a isso.

41
A absoluta maioria dos 34:45
suicídios acontece em
casa, porque às vezes o
ambiente está ajudando a
mobilizar certas emoções,
está sendo aversivo.

40:41 Lidando com ligações de suicídio

O primeiro contato deve ser caloroso,


positivando a atitude da pessoa
em buscar ajuda. Deve-se validar
diretivamente a emocionalidade da
pessoa, buscando retirar ela do momento
Se vocês acham que o 47:20 de crise e de auge do sofrimento. A
paciente um dia talvez precise
ligação deve proporcionar segurança
de internação, adiantem o
e ajudar a pessoa a passar pela onda
assunto. Não é dizer: surpresa,
emocional.
vamos internar!
Soares dá a dica de, em caso de
internação, acompanhar o paciente
em casos de internação, que deve ser
avaliada pelo terapeuta ao longo do
processo terapêutico. A ligação de
O terapeuta que é muito e 54:25
emergência não pode ser uma sessão de
excessivamente diretivo é
terapia e reestruturação cognitiva, mas
um pouco menos eficaz, mas
deve ser baseada em atitudes de apoio e
é melhor do que ser muito
segurança, por meio de uma escuta ativa.
passivo. Então, é melhor tu
sugerir, dizer, bolar, propor,
do que ficar só numa posição
de escuta.

55:48
No longo prazo, a gente quer
ajudar a pessoa a ter uma vida
que vale a pena ser vivida, e
não só superar as crises.

42
Resumo da disciplina
Veja, nesta página, um resumo dos principais conceitos vistos ao longo da disciplina.

AULA 1

O suicídio foi associado a um


comportamento diabólico durante grande
parte da história ocidental, sobretudo em
decorrência da Igreja Católica.
De acordo com Durkheim, o suicídio
é um acontecimento socialmente
construído e impulsionado.
Segundo Camus, a recusa ao suicídio
se dá de forma criativa, por meio de
uma atitude de resposta em relação
à revolta.

AULA 2

Há de se fazer uma boa avaliação


dos fatores de risco para pacientes
com risco de suicídio.

O suicídio é um problema de saúde


pública, que deve ser manejado por
meio do cuidado.

É recomendado realizar sessões


com familiares no caso de pacientes
de alto risco.

AULA 3

A desesperança e a evitação são


encontradas na grande maioria de
cartas suicidas.

As emoções são como


ondas, passageiras em suas
manifestações.

É importante a elaboração de um plano


de segurança com passos e medidas
para momentos de crise.

43
Avaliação
ca-

-
Veja as instruções para realizar a avaliação da disciplina.

Já está disponível o teste online da disciplina. O prazo para realização


é de dois meses a partir da data de lançamento das aulas. ​

Lembre-se que cada disciplina possui uma avaliação online.


A nota mínima para aprovação é 6. ​

Fique tranquilo! Caso você perca o prazo do teste online, ficará aberto
o teste de recuperação, que pode ser realizado até o final do seu curso.
A única diferença é que a nota máxima atribuída na recuperação é 8. ​

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