Mod. Biossegurança - Aula III - Práticas Seguras em Laboratório

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Práticas seguras em laboratório

Apresentação
Como esteticista, o profissional formado também tem competências na área de cosmetologia. Ele é
responsável, por exemplo, por produtos de limpeza de pele, hidratação e depilação, bem como
produtos para fins terapêuticos e de manipulação. Assim, é preciso que o profissional saiba
reconhecer a importância da biossegurança para um bom funcionamento do local de trabalho e
como a adesão de práticas seguras podem minimizar os riscos relacionados aos procedimentos
realizados.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a importância da biossegurança no laboratório


de cosméticos, as práticas seguras na manipulação de cosméticos, relacionando-as ao que é
preconizado pelas Normas Regulamentadoras (NR) da Anvisa.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a importância da adoção da biossegurança no laboratório de cosméticos.


• Identificar as práticas seguras na manipulação de cosméticos.
• Relacionar as práticas seguras com o que é preconizado pelas NRs da Anvisa.
Desafio
É quase inerente aos seres humanos criar um hábito após um período executando a mesma tarefa.
Ao sair de casa e percorrer o mesmo caminho todos os dias, parece que é automático seguir o
trajeto, não é? No ambiente de trabalho também é frequente acontecer isso, todos os dias
executando as mesmas tarefas e do mesmo jeito fazem com que, não só as práticas sejam
automáticas, como alguns detalhes importantes passem a ser negligenciados. Por esse motivo que é
tão comum não perceber os potenciais riscos quando se está acostumado a fazer determinada
tarefa.

Você, esteticista, como funcionário novo em uma clínica de estética, consegue se incomodar com
situações que seus colegas já não conseguem mais perceber. Um dos momentos que mais intrigam
você, é quando a equipe sai junta no horário de almoço, conforme pode ser visto na imagem a
seguir:
Diante do exposto, considerando as práticas seguras, explique:

1. A quais riscos estão expostos os seus colegas de trabalho e os pacientes que frequentam a
clínica?

2. Essa situação é consequência de medidas de biossegurança insuficientes? Justifique.


Infográfico
O esteticista desenvolve competências específicas à área de cosmetologia e examina todo o
processo, desde a preparação até a aplicação dos cosméticos no paciente. Esses profissionais fazem
um estudo para saber a natureza física, química, biológica e microbiológica de cada produto, ou
seja, trabalham diretamente com fórmulas, reações químicas e pesquisa.

Esses profissionais têm como exercício profissional a manipulação de produtos, e auxiliam


farmacêuticos e biomédicos em testes e procedimentos de formulação de novos cosméticos. Dessa
forma, saber quais são as práticas seguras para a manipulação de produtos químicos é essencial ao
profissional esteticista.

Veja no Infográfico a seguir, quais são as áreas de manipulação nas quais o esteticista atua e as
práticas seguras necessárias.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Conteúdo do livro
A Anvisa preconiza que todos os produtos cosméticos devem ter no seu rótulo as seguintes
informações: nome do produto, marca, lote, prazo de validade, conteúdo, país de origem,
fabricante/importador, composição do produto, finalidade de uso do produto, instruções em
português, autorização de funcionamento da indústria na Anvisa e número de registo ou
notificação no Ministério da Saúde.

Para saber mais, acompanhe a leitura do capítulo Práticas seguras em laboratório da obra Bioética e
Biossegurança Aplicada, que serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
BIOÉTICA E
BIOSSEGURANÇA
APLICADA

Amanda Stapenhorst
Revisão técnica:
Guilherme Marin Pereira
Bacharel em Filosofia
Mestre em Sociologia da Educação
Litz Tomaschewski Lima
Graduada em Estética e Cosmética
Pós-graduação em Cosmetologia Clínica
Especialista em peelings faciais

B615 Bioética e biossegurança aplicada / Fernanda Stapenhorst


França ... [et al.] ; [revisão técnica: Litz Tomaschewski ,
Guilherme Marin Pereira ]. – Porto Alegre: SAGAH,
2017.
230 p. : il. ; 22,5 cm.


ISBN 978-85-9502-208-9

1. Bioética. 2. Biossegurança. 3. Estética. I. França,


Fernanda Stapenhorst.
CDU 608.1

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147


Práticas seguras
em laboratório
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer a importância da biossegurança e das práticas seguras


no ambiente de trabalho.
 Identificar quais são as práticas seguras que podem ser adotadas.
 Relacionar as práticas seguras com o que é preconizado pelas Normas
Regulamentadoras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Introdução
Os riscos à saúde do trabalhador e dos pacientes, associados aos estabe-
lecimentos de estética, são variados. Portanto, o uso de práticas seguras
deve fazer parte do conjunto de ações voltadas para a prevenção e
percepção dos riscos de biossegurança ligados a esses estabelecimentos,
garantindo assim o gerenciamento da qualidade do serviço prestado.

A biossegurança e a adoção de práticas seguras


O estudo das práticas seguras nos serviços de saúde, apesar de parecer simples,
é um dos campos mais complexos da área, pois a compreensão não depende
somente do conhecimento teórico, mas também da percepção individual sobre
a verdadeira importância da adesão a esses procedimentos. Você pode ter lido
o parágrafo acima e ter pensado: “Isso não é tão difícil, ainda mais eu que já
estou acostumado a realizar práticas em ambientes da saúde”.
Eis o problema: você nunca acha que algum tipo de incidente ou acidente
de trabalho acontecerá com você, seja por anos de experiência ou pelo número
de horas/aula que você realizou sobre esse tópico – e quanto mais vezes um
indivíduo realizar uma atividade, menor fica a sua percepção sobre a neces-
sidade de práticas seguras, já que, em tantas vezes, nada aconteceu. Porém,
196 Práticas seguras em laboratório

é preciso compreender as diferenças entre ter conhecimento sobre o tópico e


ter consciência e percepção sobre a necessidade do uso de práticas seguras.
O que de fato é essa percepção? Ela pode ser definida como um conjunto
de processos pelos quais reconhecemos, organizamos e entendemos os estí-
mulos externo. A construção do conhecimento sobre a necessidade de práticas
seguras no laboratório não está restrita a questões informativas, mas envolve
também a percepção individual sobre o problema, ou seja, a compreensão e
a capacidade de assimilação dessas informações.
Para que isso ocorra, é importante que o profissional faça uma análise dos
riscos presentes no ambiente de trabalho. Dessa forma, é possível identificá-los,
mensurar seu grau de risco, saber como gerenciar, monitorar e, se possível,
eliminá-los. Portanto, você não deve pensar nas práticas seguras apenas como
uma descrição entre o que é permitido ou não, mas sim como uma ferramenta
que pode melhorar a qualidade do seu trabalho e também a sua qualidade de
vida.
Atualmente, com o número de clínicas de estética e de profissionais esteti-
cistas, a adoção de práticas de biossegurança é imprescindível. As clínicas de
estética possuem alta rotatividade de pacientes e, tendo em vista que grande
parte dos tratamentos realizados necessita de contato direto entre o profissional
e o paciente ou de injeções para procedimentos intradérmicos, a exposição a
riscos biológicos é constante.
A exposição ocupacional a riscos biológicos, ou seja, materiais possivel-
mente contaminantes, é definida por Marino et al. (2001, documento online)
como: “[...] a possibilidade de contato com sangue e fluidos orgânicos no
ambiente de trabalho e as formas de exposição incluem inoculação percutânea,
por intermédio de agulhas ou objetos cortantes, e o contato direto com pele e/
ou mucosas”. O contato com materiais potencialmente contaminantes faz com
que o profissional da saúde esteja sempre vulnerável a adquirir infecções graves
e que causam grandes prejuízos à saúde, como HIV, hepatite B e hepatite C.
Acidentes ocasionados por picadas de agulhas são responsáveis por 80% a
90% das transmissões de doenças infecciosas entre trabalhadores de saúde. O
risco de transmissão de infecção de uma agulha contaminada é de um em três
para a hepatite B, um em trinta para a hepatite C e um em trezentos para o HIV.
Os profissionais da saúde que possuem maior contato direto com os pacien-
tes são aqueles que apresentam os maiores níveis de afastamento licenciado
do trabalho. As doenças do trabalho são provenientes do exercício laboral, do
local de trabalho ou dos instrumentos utilizados nas atividades.
A prevenção desses riscos e de possíveis acidentes ocupacionais é o foco
da biossegurança, definida por Hirata e Mancini Filho (2002, p. 193) como: “A
Práticas seguras em laboratório 197

ciência voltada para o controle e minimização de riscos advindos da prática


de diferentes tecnologias, seja em laboratório seja aplicada no meio ambiente.
O fundamento básico da biossegurança é assegurar o avanço dos processos
tecnológicos e proteger a saúde humana, animal e o meio ambiente”.
O uso de práticas seguras no ambiente de trabalho do profissional da saúde
faz-se necessária devido às atividades laborais diariamente executadas. Ao
aderir a práticas seguras, você reduz o risco ocupacional proveniente das
atividades realizadas em locais onde a exposição a fatores de risco é constante.
Esses fatores de risco podem se dar pelo desenvolvimento de atividades assis-
tenciais diretas e indiretas, pelos cuidados prestados diretamente a pacientes
e pela organização, limpeza e desinfecção de materiais, de equipamentos e
do ambiente.
Entretanto, para que esse controle que visa minimizar os riscos seja rea-
lizado de maneira eficaz, é necessário que os profissionais da saúde tenham
conhecimento sobre os riscos presentes nos seus ambientes de trabalho, bem
como sobre a gravidade de cada fator. Eles também devem realizar as suas
atividades laborais de maneira adequada, sempre visando prevenir ou mi-
nimizar a ocorrência de acidentes ocupacionais. A percepção e a adoção de
práticas seguras no ambiente de trabalho permitem que o indivíduo não apenas
assimile as informações relativas às atividades diariamente executadas, mas
também atribua significado ao seu meio.

O vírus da hepatite B pode sobreviver em superfícies inertes por aproximadamente


sete dias!

As práticas seguras
As boas práticas determinam que todos os profissionais devem primeiramente
reconhecer os riscos biológicos, químicos, físicos e ergonômicos com os quais
têm contato dentro do ambiente de trabalho e a qual risco estão mais expostos.
O profissional deve ser treinado por um membro superior da equipe, buscando
aprendizados referentes às precauções e aos procedimentos de biossegurança.
O planejamento prévio do trabalho que será realizado permite que você execute
198 Práticas seguras em laboratório

suas atividades com mais segurança, reduzindo significativamente os riscos


associados.
Tenha em mente que você pode ser exposto a agentes biológicos como a
hepatite B e o tétano. Essas doenças são facilmente evitadas se você estiver
com as suas vacinas em dia – e se não estiver, elas podem ser aplicadas em
qualquer posto de saúde. Além de utilizar todas as regras de biossegurança
estipuladas, também cabe ao profissional manter o ambiente de trabalho
limpo e arrumado, evitando o armazenamento de materiais que não sejam
necessários. Você também deve restringir o acesso de visitantes às áreas com
maior possibilidade de contaminação.
Para a realização das suas atividades, o profissional deve utilizar os equi-
pamentos de proteção necessários, como as roupas protetoras (uniformes,
aventais e jalecos), que devem estar disponíveis e ser utilizadas inclusive por
visitantes. Não se esqueça de tirar o seu jaleco ou avental antes de sair do
ambiente; esse tipo de vestimenta é de uso exclusivo do local de trabalho e não
pode ser utilizado em áreas comuns. Ainda sobre a vestimenta, o profissional
deve utilizar sapatos fechados, evitar o uso de joias ou bijuterias e não aplicar
produtos cosméticos, pois eles facilitam a aderência de agentes infecciosos
na sua pele. O uso de lentes de contato não é recomendado; porém, se for
necessário, o profissional deve utilizar proteção ocular. Caso você tiver cabelos
longos, eles devem estar sempre presos durante o trabalho.
As luvas devem ser utilizadas obrigatoriamente, sempre que houver manu-
seio de material biológico ou que os procedimentos envolvam contato direto
com toxinas, sangue ou materiais contaminados. Enquanto você estiver utili-
zando luvas, não toque no seu rosto ou em objetos que podem ser manipulados
sem proteção, como maçanetas, interruptores de luz, teclados do computador,
entre outros. Sempre realize o descarte correto das luvas, de acordo com as
normas de biossegurança.
É extremamente importante higienizar as mãos antes e depois da mani-
pulação de materiais sabidamente ou com suspeita de contaminação. Não se
esqueça de lavar corretamente as mãos após a remoção das luvas, do avental
ou jaleco e antes de sair do ambiente de trabalho.
Caso seja necessário utilizar materiais perfurocortantes, o cuidado deve
ser redobrado, para evitar autoinoculação acidental, e as agulhas jamais de-
vem ser recapadas. Todos os objetos perfurocortantes devem ser descartados
em recipiente adequado, suficientemente resistente, de forma que não seja
perfurado. Evite transportar materiais contaminados, exceto nos casos em
que eles foram devidamente acondicionados.
Práticas seguras em laboratório 199

Sempre se lembre de desinfetar a superfície de trabalho antes e depois de


todos os procedimentos realizados, independentemente do tipo de material que
foi manipulado. A limpeza do piso também deve ser realizada todos os dias,
primeiramente com água e sabão e, após a superfície secar, com uma solução
desinfetante, a fim de garantir a máxima eliminação dos microrganismos.
Durante o uso de produtos químicos, não leve as mãos aos olhos ou à boca,
evitando assim possíveis irritações ou intoxicações.
Todos os produtos utilizados nos estabelecimentos de estética devem atender
os requisitos preconizados pelo Ministério da Saúde e estar dentro do prazo
de validade. Caso algum produto tenha sido diluído, ele deve ser armazenado
em embalagem adequada, devidamente identificada com o nome do produto, a
concentração química, a data de envase e a validade e o nome do funcionário
responsável pela diluição.
Não é permitido fumar, comer e beber no local de trabalho onde existe a
possibilidade da presença de agentes patológicos. Ademais, jamais utilize as
geladeiras do ambiente de trabalho para estocar comidas ou bebidas, salvo se
houver uma apenas para esse propósito.
Após o término das atividades, todos os materiais utilizados que não foram
descartados devem ser esterilizados. Ao sair do ambiente de trabalho, sempre
verifique se tudo está em ordem e, se você for o último a sair, desligue todos
os equipamentos e verifique se todas as lâmpadas estão desligadas.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), ocorrem cerca de 270


milhões de acidentes de trabalho por ano em todo o mundo. Os custos desses acidentes
raramente são contabilizados, mesmo em países desenvolvidos e que investem em
programas de prevenção.
Fonte: ONUBR, 2013.
200 Práticas seguras em laboratório

As Normas Regulamentadoras e os serviços de


estética
Visando reduzir os riscos relacionados ao ambiente de trabalho, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) implementou várias Normas
Reguladoras (NRs) que podem ser aplicadas aos serviços de estética – apesar
de não serem específicas.
Em 2005, o Ministério do Trabalho e Emprego, a fim de minimizar os
riscos ocupacionais, implementou a Norma Regulamentadora nº 32 (NR-32),
que estabelece as diretrizes básicas para a aplicação de medidas de proteção
à segurança da saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde. A NR-32
estabelece medidas preventivas para a segurança e a saúde do trabalhador em
qualquer serviço de saúde, inclusive em escolas e serviços de pesquisa. Tem
como objetivo prevenir acidentes de trabalho e o consequente adoecimento,
por meio da eliminação das condições de risco presentes no ambiente de
laboral. Essa NR também abrange a questão da obrigatoriedade da vacina-
ção dos profissionais da saúde e determina algumas questões de vestuário,
descarte de resíduos, capacitação contínua e permanente na área especifica
de atuação, entre outras.
A NR-12 dispõe do uso de máquinas e equipamentos, bem como os seus
requisitos mínimos, como a sua procedência e a conformidade com as dire-
trizes de segurança (selo do Inmetro). Já a NR-10 regulamenta os critérios
básicos para a segurança em instalações e serviços de eletricidade, definindo
quais são os deveres dos profissionais esteticistas em relação aos seus equipa-
mentos (manutenções, registros de inspeção, entre outros). Também temos a
NR-06, referente ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que
estabelece que os empregadores devem fornecer aos seus funcionários todos
os EPIs necessários para a execução das suas atividades laborais, sendo de
responsabilidade do funcionário o uso desses equipamentos.
A NR-11 preconiza como deve ser o transporte, a movimentação, a arma-
zenagem e o manuseio dos materiais no ambiente de trabalho, tendo como
objetivo reduzir os possíveis riscos ergonômicos associados ao transporte de
objetos pesados. A ANVISA recomenda que um carrinho seja utilizado para
realizar o transporte de equipamentos. Além disso, deve-se evitar o transporte
de equipamentos que contenham substâncias líquidas ou quentes.
A ANVISA também exige que todos os estabelecimentos de estética pos-
suam Alvará de Localização e Funcionamento, Alvará de Autorização Sani-
tária, Manual de Boas Práticas, Registro de Manutenção dos Equipamentos,
Registro de Monitoramento dos Processos de Esterilização, comprovantes de
Práticas seguras em laboratório 201

recolhimento de resíduos perfurocortantes. Todos os produtos utilizados nos


estabelecimentos de estética são categorizados pela ANVISA como cosméticos
e regulamentos por ela; portanto, ao adquirir um produto, sempre verifique o
rótulo. A ANVISA preconiza que todos os produtos cosméticos devem possuir
no seu rótulo as seguintes informações: nome do produto, marca, lote, prazo
de validade, conteúdo, país de origem, fabricante/importador, composição do
produto, finalidade de uso do produto, instruções em português, autorização de
funcionamento da indústria na ANVISA e número de registro ou notificação
no Ministério da Saúde.
É importante citar todas essas NRs e exigências da ANVISA, pois esse
órgão realiza inspeções para avaliar as condições do local de trabalho e se
ele está de acordo com o que é preconizado por lei. Tendo em vista que os
profissionais esteticistas realizam tratamentos que exigem atenção especial à
higiene pessoal, dos materiais e do ambiente de trabalho, essas inspeções são
altamente rigorosas. As autoridades locais da ANVISA, responsáveis pelas
inspeções aos estabelecimentos de estética, disponibilizam diretrizes que
indicam quais os procedimentos de higiene devem ser realizados. Quando
eles não são cumpridos, o estabelecimento é fechado e seu registro é removido
dos órgãos de saúde.
Por isso, sempre fique atento aos procedimentos de limpeza e esterilização,
à adoção de práticas seguras no geral e especialmente com materiais perfu-
rocortantes, à higienização do ambiente e à higiene pessoal de todos os que
trabalham no estabelecimento, e ao uso adequado de técnicas de biossegurança.
Os profissionais da estética, durante a execução de procedimentos faciais,
corporais e capilares, devem sempre buscar a proteção à saúde, utilizando todas
as técnicas de prevenção disponíveis. Dessa forma, as NRs servem como base
para o estabelecimento dessas técnicas de prevenção e a consequente adoção
de práticas seguras e de boa conduta profissional nos serviços de estética.

Os procedimentos de estética facial têm elevada exposição a fluidos biológicos, tanto


para o paciente quanto para o profissional esteticista, e a adoção de medidas de
prevenção é extremamente importante. A exposição a microrganismos é constante,
especialmente se considerarmos que algumas doenças podem ser transmitidas por
superfícies que não foram corretamente higienizadas e que entraram em contato com
secreções, como sangue, exsudados provenientes de tratamentos para acne, pele não
íntegra ou mucosas, entre outros.
202 Práticas seguras em laboratório

Baseando-se em todas essas informações, é possível inferir que o profissional es-


teticista está constantemente exposto a riscos biológicos durante os procedimentos
de estética facial. Então, quais são as práticas seguras que você pode adotar para a
prevenção e minimização do risco biológico?
Primeiramente, sempre utilize os EPIs, que atuam como barreias protetoras, a fim de
evitar o contato direto com secreções potencialmente contaminantes. E quais são os
EPIs que devem ser utilizados durante os procedimentos de estética facial?
 Luvas descartáveis, consideradas como uma barreira mecânica eficiente para a
prevenção de contaminações pelo contato direito ou indireto com o paciente ou
com sangue, secreções, mucosas e lesões cutâneas. As luvas também devem ser
utilizadas em outras situações, como contato com superfícies ou objetos contamina-
dos. Na estética facial, elas devem ser usadas em todas as etapas do procedimento
e, posteriormente, descartadas adequadamente como material biológico.
 Máscara facial descartável, pois o profissional fica muito próximo do paciente du-
rante a realização de procedimentos faciais. Muito se falou sobre a contaminação
via contato direto ou indireto, mas a exposição a respingos e gotículas (aerossóis)
de secreções das vias áreas superiores também é um importante mecanismo de
transmissão, tendo em vista os aerossóis são capazes de transportar partículas de
microrganismos. Ao realizar um procedimento estético, jamais deixe a máscara
pendurada no pescoço, troque-a entre cada paciente, não reutilize as máscaras e
descarte-as no lixo biológico.
 Toca ou gorro descartável, que tem como objetivo prevenir o risco de transmissão
cruzada de microrganismos ou até mesmo de piolhos. A touca pode ser utilizada
tanto pelos profissionais quanto pelos pacientes. Evite reutilizar as toucas e descarte-
-as no lixo biológico.
 Jaleco ou avental, cujo uso se justifica em função da grande chance de respingos,
tanto de secreções como de produtos. O jaleco age como uma barreira física,
evitando que os microrganismos sejam transportados para outro ambiente. Por-
tanto, jamais utilize seu jaleco fora do ambiente de trabalho e realize higienização
constante, removendo assim o excesso de sujidade e microrganismos.
 Sapato fechado e calça comprida, para previr que o profissional entre em contato
com respingos de secreções biológicas, materiais contaminados e substâncias
químicas.
 Proteção ocular, que previne contaminação via respingos de sangue ou secreções
que possam atingir os olhos do profissional.
Práticas seguras em laboratório 203

1. As luvas devem ser utilizadas adequada, devidamente


obrigatoriamente em todas identificada com o nome do
estas situações, exceto: produto, a concentração química,
a) no contato direto com o a data de envase e a validade
paciente, sangue ou secreções. e o nome do funcionário
b) durante a limpeza do responsável pela diluição.
ambiente de trabalho. b) O produto diluído deve ser
c) ao processar material armazenado em embalagem
contaminado para esterilização. adequada, devidamente
d) durante a manipulação identificada com o nome do
de medicamentos. produto, a data de envase e a
e) ao abrir a porta da sala validade e o nome do funcionário
de atendimento. responsável pela diluição.
2. Em relação aos materiais c) O produto diluído deve ser
perfurocortantes, assinale armazenado embalagem
a alternativa correta: comum, devidamente
a) O profissional deve transportar identificada com o nome do
os materiais perfurocortantes produto, a concentração química,
em recipientes frágeis. a data de envase e a validade
b) As agulhas precisam ser e o nome do funcionário
recapadas antes do descarte responsável pela diluição.
no lixo biológico. d) O produto diluído deve ser
c) Acidentes com materiais armazenado em embalagem
perfurocortantes possuem adequada, devidamente
baixa incidência. identificada com o nome do
d) Os materiais perfurocortantes produto, a concentração química,
não necessitam de a data de envase e a validade.
descarte específico. e) O produto diluído deve ser
e) As agulhas são responsáveis armazenado em embalagem
por 80% a 90% dos adequada, devidamente
acidentes de trabalho. identificada com o nome do
3. Os produtos químicos utilizados produto, a data de validade
nos estabelecimentos de estética, e o nome do funcionário
quando diluídos, necessitam responsável pela diluição.
de cuidados específicos. Qual 4. A vacinação do profissional da
item abaixo corresponde a saúde é preconizada por qual
todos os requisitos preconizados Norma Regulamentadora:
pelo Ministério da Saúde: a) NR-12.
a) O produto diluído deve ser b) NR-17.
armazenado em embalagem c) NR-06.
204 Práticas seguras em laboratório

d) NR-32. provenientes do contato


e) NR-11. direto com o paciente.
5. O procedimento estético facial deixa c) Ela pode ser descartada no lixo
o profissional esteticista exposto comum, tendo em vista que
a vários tipos de riscos biológicos; ela não entra em contato direto
portanto, o uso dos Equipamentos com sangue ou secreções.
de Proteção Individual é d) Ela confere proteção contra
imprescindível. Em relação ao aerossóis, que são gotículas e
uso da máscara facial descartável, respingos de secreções das vias
qual afirmativa está correta: áreas que podem transportar
a) Não é necessário trocar partículas de microrganismos.
a máscara entre um e) Durante o seu uso, a máscara
paciente e outro. pode entrar em contato
b) Ela confere proteção contra com outras superfícies do
aerossóis, que são partículas corpo do profissional.
Práticas seguras em laboratório 205

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Gabinete no Ministro. Portaria nº 485, de


11 de novembro de 2005. Aprova a Norma Regulamentadora nº 32 (Segurança e
Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde). Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 16 nov. 2005.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 6 – Equipamento de Proteção Indivi-
dual – EPI. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 06 jul. 1978.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 7 – Programa de controle médico de
saúde ocupacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 06 jul. 1978.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-15. Atividades e operações insalubres.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 06 jul. 1978.
HIRATA, M. H; MANCINI FILHO, J. Manual de biossegurança. São Paulo: Manole, 2002.
MARINO, C. G. G. et al. Cut and puncture accidents involving health care workers
exposed to biological materials. Brazilian Journal of Infectious Diseases, Salvador,
São Paulo, v. 5, n. 5, p. 235-242, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1413-86702001000500001>. Acesso em: 25 out. 2017.
ONUBR. Nações Unidas no Brasil. OIT: um trabalhador morre a cada 15 segundos
por acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho. 2013. Disponível em: <https://
nacoesunidas.org/oit-um-trabalhador-morre-a-cada-15-segundos-por-acidentes-
-ou-doencas-relacionadas-ao-trabalho/>. Acesso em: 24 de Out. 2017.

Leituras recomendadas
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Biossegurança. Revista de Saúde
Pública, São Paulo, v. 39, n. 6, p. 898-991, dez. 2005.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de
saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Brasília, DF: Anvisa, 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação-Geral
das Unidades Hospitalares Próprias do Rio de Janeiro. Orientações gerais para a Central
de Esterilização. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos
de saúde. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 1994.
MASTROENI, M. F. Biossegurança aplicada a laboratórios e serviços de saúde. São Paulo:
Atheneu, 2004.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
As práticas seguras são um conjunto de ações organizacionais do ambiente de trabalho e
procedimentos básicos como a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e
Equipamentos de Proteção Coletivos (EPCs) e a limpeza e higienização do ambiente laboratorial,
com o objetivo de proporcionar a diminuição dos riscos ao ambiente laboratorial.

Quer saber mais sobre o assunto?

Acompanhe o vídeo a seguir!

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Exercícios
Em qual área de manipulação o esteticista trata com produtos como cremes anti-
1) inflamatórios?

A) Estética corporal.

B) Terapia capilar.

C) Estética facial.

D) Maquiagem profissional.

E) Estética pré e pós-cirúrgica.

Em relação aos materiais perfurocortantes, assinale a alternativa correta:


2)
A) O profissional deve transportar os materiais perfurocortantes em recipientes frágeis.

B) As agulhas precisam ser recapadas antes do descarte no lixo biológico.

C) Perfurocortantes devem ser lavados antes de seu descarte.

D) Os materiais perfurocortantes não necessitam de descarte específico.

E) As agulhas são responsáveis por 80% a 90% dos acidentes de trabalho

Os produtos químicos utilizados nos estabelecimentos de estética, quando diluídos,


3) necessitam de cuidados específicos. Qual item abaixo corresponde a todos os requisitos
preconizados pelo Ministério da Saúde:

A) O produto diluído deve ser armazenado em embalagem adequada e devidamente


identificada.

B) Os produtos químicos não podem ser diluídos.

C) O produto químico deve ser manipulado no mesmo dia da abertura de sua embalagem.

D) Apenas matérias-primas devem ter sua validade e lote conferidos e controlados.


E) Apenas matérias-primas podem ser diluídas e acondicionadas adequadamente pelo
responsável técnico.

A vacinação do profissional da saúde é preconizada por qual Norma Regulamentadora?


4)
A) NR-12.

B) NR-17.

C) NR-06.

D) NR-32.

E) NR-11.

O procedimento estético facial deixa o profissional esteticista exposto à diferentes tipos de


5) riscos biológicos, portanto, o uso dos Equipamentos de Proteção Individual é imprescindível.
Em relação ao uso da máscara facial descartável, qual afirmativa está correta:

A) Não é necessário trocar a máscara entre um paciente e outro.

B) Ela confere proteção contra respingos de secreção.

C) Ela pode ser descartada no lixo comum, tendo em vista que ela não entra em contato direto
com sangue ou secreções.

D) Ela confere proteção contra aerossóis, que são gotículas e respingos de secreções das vias
áreas que podem transportar partículas de microrganismos.

E) Não é necessário o uso de máscara se não houver contato com secreções.


Na prática
O Protocolo Operacional Padrão (POP) é um documento que determina o planejamento do
trabalho diário. Um POP tem o objetivo de padronizar e minimizar a ocorrência de desvios na
execução de tarefas fundamentais para o funcionamento correto do processo. Ou seja, um POP
coerente garante ao usuário que a qualquer momento em que ele se dirija ao trabalho, as ações
tomadas para garantir a qualidade sejam as mesmas, de um turno para outro e de um dia para
outro. Isto é, aumenta a previsibilidade de seus resultados, minimizando as variações causadas por
imperícias e adaptações aleatórias, independente de falta, ausência parcial ou férias de um
funcionário.

Veja na imagem a seguir, de que forma a responsável técnica pelo Laboratório de Cosméticos,
Maria Vasconcellos, formula e aplica o POP de modo a garantir práticas seguras em seu laboratório.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Acompanhe por meio do vídeo Teoria & Prática - Cosmetologia,


uma visita a um laboratório de cosmetologia onde a professora
Fernanda Flores Navarro explica o funcionamento da rotina
laboratorial e algumas das práticas seguras para que o
laboratório atue em conformidade com a Anvisa.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Informe-se por meio da leitura do texto Orientações da


Vigilância Sanitária para elaboração do Manual de Boas
Práticas (MBP), sobre o que é preconizado pela Anvisa para a
formulação do documento que deve constar em todos os
estabelecimentos que têm laboratórios.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Você sabia que o Inmetro também fiscaliza e certifica os


laboratórios de acordo com as práticas seguras? Informe-se
sobre o assunto por meio da leitura do Monitoramento BPL em
seu site.
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