Biossegurança e Controle de Infecção
Biossegurança e Controle de Infecção
Biossegurança e Controle de Infecção
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3
2 CONCEITO DE BIOSSEGURANÇA ................................................................. 4
3 IMPORTÂNCIA DA BIOSSEGURANÇA ........................................................... 6
4 EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e EPCs (Equipamentos de
Proteção Coletiva) ....................................................................................................... 7
4.1 Periodicidade de troca dos EPIs............................................................... 14
5 NOÇÕES SOBRE LEGISLAÇÃO ................................................................... 14
6 MAPA DE RISCO ........................................................................................... 15
7 RESÍDUOS SÓLIDOS .................................................................................... 22
7.1 Resíduos sólidos e meio ambiente ........................................................... 24
7.2 Descarte de resíduos sólidos ................................................................... 25
8 RISCOS AMBIENTAIS E MEDIDAS GERAIS DE PRECAUÇÃO ................... 25
8.1 Riscos físicos............................................................................................ 29
8.2 Riscos ergonômicos ................................................................................. 30
8.3 Riscos químicos ....................................................................................... 33
8.4 Riscos biológicos ...................................................................................... 35
9 PRECAUÇÕES PADRÃO............................................................................... 37
9.1 Higienização Simples das Mãos ............................................................... 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 41
2
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
3
2 CONCEITO DE BIOSSEGURANÇA
Fonte:image/jpeg
5
3 IMPORTÂNCIA DA BIOSSEGURANÇA
6
para precauções padrões. O uso de luvas, por exemplo, é recomendado em caso de
exposição a fluidos biológicos, comum na Atenção Primária (NEW ZEALAND, 2014).
Ao objetivarem percepções sobre sua prática profissional como isenta de
riscos, a equipe considera supérfluo o uso de tais proteções e acaba por se expor
durante atividades que fogem à rotina de trabalho ou em situações emergenciais.
Esse ambiente, desencorajador ao uso de EPI, revela a importância do agir educativo,
principalmente por parte dos gestores, tornando-se ávido por atividades educacionais
que reforcem seu uso, com o intuito de mitigar esse impasse, visto que os profissionais
possuem conhecimento de sua importância para uma prática profissional saudável,
mas o percebem como distante (FARSI et al, 2012).
8
proteção e saúde dos trabalhadores, o que requer o desenvolvimento de ações de
conscientização para a utilização desses equipamentos como meio de garantir o
funcionamento satisfatório das diferentes atividades realizadas dentro de uma
organização, assim como, prevenção e minimização da gravidade das possíveis
lesões que possam ocorrer durante a assistência, porém o que se observa, é que a
adesão ao uso do EPIs está intimamente relacionada à percepção que os profissionais
têm acerca dos riscos a que estão expostos e da susceptibilidade a estes riscos.
O conhecimento sobre as normas, procedimentos e condutas seguras no
ambiente de trabalho da saúde, deve fazer parte da formação dos profissionais, porém
o que se tem observado é que está sendo dada pouca ênfase no ensino da
biossegurança, e quando esses profissionais já estão atuando, raramente ocorrem
capacitações acerca desta temática. Porém esse conhecimento ultrapassa a
abordagem de treinamento e imposição de normas, já que a cultura individual é um
fator envolvido nesse processo, não bastando apenas ter conhecimento das medidas
de proteção, se as mesmas não praticadas ou não se encontram disponíveis nos
serviços. Tal situação reafirma a importância da temática, e o quanto torna-se
fundamental para a formação, por apresentar forte impacto e influencia na prática
assistencial (ROCHA et al, 2015).
A adoção de equipamento de proteção individual deve ser realizada pela
Unidade nas seguintes circunstâncias:
a. sempre que as medidas de proteção coletiva (EPC) não oferecerem
completa proteção contra os riscos de acidentes no trabalho ou de doenças
profissionais. São exemplos de EPC: sistemas de ventilação ambiental, proteção
contra incêndio e explosão, chuveiro de emergência, lava-olhos;
b. enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;
c. em situações de emergência;
d. quando a atividade do empregado apresentar risco ocupacional em função
do tipo de agente (químico, físico ou biológico), quantidade e tempo de exposição do
empregado ao agente, sensibilidade individual do empregado e toxicidade do agente.
9
a. físicos: ruídos, radiações ionizantes e não-ionizantes, frio, calor, pressões
anormais, umidade;
b. químicos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, substâncias, compostos
ou produtos químicos em geral;
c. biológicos: bactérias, fungos, vírus, etc;
d. ergonômicos: movimentos repetitivos, postura inadequada, etc.
Existem vários tipos de EPIs, cada qual com sua finalidade e modo de usar,
com especificações muito particulares dependendo da atividade laboral a ser
executada. Citam-se aqui alguns exemplos gerais:
Luvas
Fonte: image/jpeg
10
Destinadas à proteção das mãos, dedos e braços contra riscos mecânicos,
térmicos e químicos. São confeccionadas em vários materiais, dependo da proteção
desejada.
Fonte: image
Fonte: imagens.com
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Óculos
Fonte: cristofoli.com
Fonte: cristofoli.com
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Gorros
Fonte: faikojalecos
Fonte: image
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4.1 Periodicidade de troca dos EPIs
Não há norma que indique o tempo de validade de EPIs, pois como é um item
de proteção, a qualquer momento pode sofrer alguma alteração oriunda de um
acidente. Assim, o EPI pode fazer seu papel, mesmo com minutos de utilização. Os
Equipamentos de Proteção como luvas, calçados, aventais, capas de chuva, óculos
sofrem desgaste natural decorrente do uso e muitas vezes, basta um exame visual
para se notar que precisam ser trocados. Todo EPI deve passar por testes visuais que
devem ser realizados diariamente; se apresentar qualquer deterioração que possa
prejudicar seu desempenho e segurança, deve ser solicitada sua substituição junto à
área de Segurança do Trabalho (BRASIL, 2013).
14
I. Identificação dos riscos biológicos mais prováveis, em função da
localização geográfica e da característica do serviço de saúde e seus setores,
considerando:
a) fontes de exposição e reservatórios;
b) vias de transmissão e de entrada;
c) transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente;
d) persistência do agente biológico no ambiente
e) estudos epidemiológicos ou dados estatísticos;
f) outras informações científicas (BRASIL, 2016)
6 MAPA DE RISCO
Fonte: images.slideplayer.com.br
Conceito
Mapa de riscos é a representação gráfica do reconhecimento dos riscos
existentes nos locais de trabalho, por meio de círculos de diferentes tamanhos; e
15
cores. O seu objetivo é informar e conscientizar os trabalhadores pela fácil
visualização desses riscos. É um instrumento que pode ajudar a diminuir a ocorrência
de acidentes do trabalho; objetivo que interessa aos governantes e servidores.
Importância
Classificação dos riscos ambientais
Os agentes que causam riscos à saúde dos trabalhadores e que costumam
estar presente nos locais de trabalho são agrupados em cinco tipos:
- agentes físicos;
- agentes químicos;
- agentes biológicos;
- agentes ergonômicos;
- agentes de acidentes.
Cada um desses tipos de agentes é responsável por diferentes riscos
ambientais que podem provocar danos à saúde ocupacional dos servidores. Para
elaboração do mapa de riscos, consideram-se os riscos ambientais os seguintes:
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Radiações ionizantes: alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais,
acidentes do trabalho.
Radiações não ionizantes: queimaduras, lesões na pele, nos olhos e em outros
órgãos. É muito importante saber que a presença de produtos ou agentes no local de
trabalho como, por exemplo, radiações infravermelhas, presentes em operações de
fornos, de solda oxiacetilênica; ultravioleta, produzida pela solda elétrica; de raios
laser podem causar ou agravar problemas visuais (ex. catarata, queimaduras, lesões
na pele, etc.). Mas isto não quer dizer que, obrigatoriamente, existe perigo para a
saúde, pois depende da combinação de muitas condições como a natureza do
produto, a sua concentração, o tempo e a intensidade que a pessoa fica exposta a
eles, por exemplo.
Umidade: doenças do aparelho respiratório, da pele e circulatórias, e
traumatismos por quedas.
Pressões anormais: embolia traumática pelo ar, embriaguez das
profundidades, intoxicação por oxigênio e gás carbônico, doença descompressiva.
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- Poeiras vegetais: são produzidas pelo tratamento industrial, por exemplo, de
bagaço de cana de açúcar e de algodão, que causam bagaçose e bissinose,
respectivamente.
- Poeiras alcalinas: provêm em especial do calcário, causando doenças
pulmonares obstrutivas crônicas, como enfisema pulmonar.
- Poeiras incômodas: podem interagir com outros agentes agressivos
presentes no ambiente de trabalho, tornando-os mais nocivos à saúde,
- Fumos metálicos: provenientes do uso industrial de metais, como chumbo,
manganês, ferro, etc., causando doença pulmonar obstrutiva crônica, febre de fumos
metálicos, intoxicações específicas, de acordo com o metal.
• Riscos à saúde
Os gases, vapores e névoas podem provocar efeitos irritantes, asfixiantes ou
anestésicos:
Efeitos irritantes: são causados, por exemplo, por ácido clorídrico, ácido
sulfúrico, amônia, soda cáustica, cloro, que provocam irritação das vias aéreas
superiores.
Efeitos asfixiantes: gases como hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano,
acetileno, dióxido de carbono, monóxido de carbono e outros causam dor de cabeça,
náuseas, sonolência, convulsões, coma e até morte.
Efeitos anestésicos: a maioria dos solventes orgânicos assim como o butano,
propano, aldeídos, acetona, cloreto de carbono, benzeno, xileno, álcoois, tolueno, tem
ação depressiva sobre o sistema nervoso central, provocando danos aos diversos
órgãos. O benzeno especialmente é responsável por danos ao sistema formador do
sangue.
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animais peçonhentos como cobras e escorpiões, bem como as aranhas, insetos e
ofídios peçonhentos.
• Riscos à saúde
Podem causar as seguintes doenças: Tuberculose, intoxicação alimentar,
fungos (microrganismos causadores de infecções), brucelose, malária, febre amarela.
As formas de prevenção para esses grupos de agentes biológicos são: vacinação,
esterilização, higiene pessoal, uso de EPI, ventilação, controle médico e controle de
pragas.
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comportamento), hipertensão arterial, taquicardia, cardiopatias (angina, infarto),
tenossinovite, diabetes, asmas, doenças nervosas, tensão, medo, ansiedade.
22
(humanos e animais), incluindo todas as atividades médicas de prevenção,
diagnósticos, tratamento e análise, têm por objetivo prevenir possíveis impactos que
possam afetar a população e o meio ambiente.
De acordo com a Resolução nº 358 do CONAMA (2005), os resíduos da área
de saúde são agrupados da seguinte forma:
GRUPO A: resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por
suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de
infecção. Esse grupo divide-se em A1 (descarte de vacinas de microorganismos,
bolsas transfusionais, resíduos laboratoriais), A2 (resíduos provenientes de animais),
A3 (peças anatômicas de ser humano), A4 (filtros de ar e gases aspirados de área
contaminada, resíduos de tecido adiposo), A5 (Materiais perfuro cortantes
provenientes de seres contaminados com príons);
GRUPO B: resíduos que contenham substâncias químicas que podem
apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Nesse
grupo, encontram-se os produtos hormonais, produtos antimicrobianos,
imunomoduladores, resíduos e insumos farmacêuticos dos medicamentos
controlados, resíduos de saneantes, desinfetantes, resíduos contendo metais
pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes;
GRUPO C: todo material resultante de atividades humanas que contenham
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados
nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, para os quais a
reutilização é imprópria ou não prevista. Fazem parte desse grupo quaisquer materiais
resultantes de laboratórios de análises clínicas, nuclear e radioterapia que contenham
radio nuclídeos em quantidade superior aos limites de eliminação;
GRUPO D: resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou
radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos
domiciliares. Enquadram-se nesse grupo papel de uso sanitário e fralda, resto
alimentar de paciente, material utilizado em antissepsia, equipo de soro, resíduos
provenientes das áreas administrativas, resíduos de varrição, jardins, resíduos de
gesso provenientes de assistência à saúde;
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GRUPO E: resíduos perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de
barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, limas endodônticas, lâminas de bisturi,
lancetas; tubos capilares, micropipetas; lâminas e lamínulas, espátulas, e os utensílios
de vidro quebrados no laboratório (BRASIL, 2005).
Ainda segundo essa resolução, o gerenciamento dos resíduos sólidos, desde
a geração até a disposição final, de forma a atender aos requisitos ambientais e de
saúde pública e saúde ocupacional, é de responsabilidade dos estabelecimentos
prestadores de serviços de saúde. A resolução também aponta não haver prejuízo de
responsabilização solidária de pessoas físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente,
causem ou possam causar degradação ambiental, em especial os transportadores e
os operadores das instalações de tratamento e disposição final (ARAÚJO et al, 2018).
24
estratégicas voltadas para o (re)pensar das práticas em saúde e de suas
consequentes implicações para a sustentabilidade ambiental (MORESCHI et al.,
2011).
25
Fonte: image.slidesharecdn.com
27
próprio, localizado próximo ao local de utilização. De acordo com os autores
supracitados, a manipulação inadequada de perfurocortantes representa um risco
de infecção para todos os trabalhadores do ambiente hospitalar, sejam estes
profissionais de saúde ou não, como é o caso, por exemplo, daqueles que cuidam
da limpeza. Portanto, as normas de segurança devem abranger e resguardar todos
os funcionários.
Conforme evidenciado por Luz e Beretta (2016), outro fator preocupante e
recorrente da área hospitalar é a subnotificação dos acidente de trabalho (AT). Os
autores evidenciam que a subnotificação ocorre, principalmente, pela autoavaliação
do profissional envolvido, o qual não considera que a situação ou lesão representa um
risco. O desconhecimento da obrigatoriedade da notificação do acidente, o ritmo
excessivo de trabalho e o medo de demissão e/ou repreensão também estão entre as
principais razões dos baixos índices de notificações de AT. Uma multiplicidade de
fatores corrobora para que os acidentes não sejam devidamente notificados, dentre
os quais pode-se citar a falta de conhecimento sobre os procedimentos
administrativos, a complexidade do fluxograma da notificação, o medo dos
resultados das sorologias exigidas, entre outros (PIRES et al, 2019).
28
8.1 Riscos físicos
Fonte: valorcrucial.com.br
29
quantitativo da população adscrita, sua especificidade, e número de usuários,
proporcionando um ambiente adequado à assistência à saúde ( BRASIL, 2010)
Dentre os riscos físicos já classificados, a cor e a luminosidade
apresentam-se como pontos importantes a serem discutidos, muitas vezes
não levados em consideração no momento do planejamento das UBS, o que
acarreta frequentemente em ambientes inadequados para o exercício das
atividades laborais. A cor inadequada promove deficiência na iluminação do
ambiente ou aumento de reflexão luminosa no espaço físico, provocando o excesso
de informações, o que associada a baixa acuidade visual do trabalhador dificulta
o exercício de suas funções (MARINELLI et al, 2016).
Fonte: image
Ergonomia pode ser definida como o estudo das relações entre o homem e seu
ambiente de trabalho, considerando fatores como o ambiente, fatores humanos,
tecnologia, organização do trabalho, entre outros, objetivando manter o conforto
e bem-estar físico e psicossocial do profissional.
No Brasil a Norma Regulamentadora de nº17 rege tais princípios,
estabelecendo parâmetros que norteiam a adaptação das condições de trabalho
incluindo aspectos relacionados ao transporte e levantamento de carga, os mobiliários
30
e equipamentos, adequando-os às demandas psicológicas e fisiológicas do
trabalhador, com vistas a proporcionar conforto e segurança (ALVES et. al. 2010).
Os profissionais da saúde representam uma grande categoria profissional
no mundo, que necessita ser valorizada. A equipe de enfermagem permanece 24h
no ambiente hospitalar, atendendo a continuidade da assistência nas unidades de
internação, configurando, na área da saúde, a classe profissional que mais se
relaciona com o paciente, uma vez que realiza grande parte dos procedimentos
à beira do leito. Tal fato predispõe o surgimento de risco de lesões na coluna
durante a atividade laboral (VIEIRA & ALCÂNTARA, 2013).
As lesões musculoesqueléticas configuram um importante problema de saúde
pública no país, dentre as quais se podem destacar as queixas álgicas na coluna
vertebral por sua característica incapacitante. Estudos relatam que 70% da
população brasileira sofrerá de dores na coluna ao menos uma vez ao longo de sua
vida e cerca de 1/3 da população brasileira alega que as suas atividades trabalhistas
e relações familiares já foram acometidas pelas dores (VIEIRA & ALCÂNTARA, 2013).
A dor lombar é insidiosa, debilitante e responsável por elevado grau de
absenteísmo na categoria da enfermagem, pois, além de comprometer a qualidade
da assistência prestada, reduz a produtividade, compromete a capacidade do
trabalhador em desempenhar suas tarefas de maneira ágil, efetiva e também
promove prejuízos nas relações familiares e sociais (SANTOS, et al., 2015).
Grande parte das queixas dos profissionais de enfermagem está
relacionada ao sistema osteomuscular, facultado principalmente à postura e
fatores ergonômicos inadequados. Dentre os fatores analisados, pode-se citar o
transporte e movimentação de pacientes, manutenção de posturas inadequadas,
movimentos de torção e rotação da coluna, mobiliários ergonomicamente
inadequados, entre outros. Neste contexto a ergonomia deve ser entendida como
uma estratégia para reduzir problemas osteomusculares, logo, é de extrema
importância que tais conceitos sejam difundidos entre profissionais de enfermagem
objetivando promover uma consciência crítica de sua relação com o ambiente de
trabalho (SOARES et al., 2013).
31
Uma estratégia eficiente e pouco onerosa capaz de difundir as orientações
ergonômicas para a equipe de enfermagem é a educação em serviço. O
enfermeiro possui diversas atribuições, entre elas está o seu papel educador na
equipe. Educação em serviço é um método que pode ser definido como um
processo educativo a ser aplicado nas relações humanas do trabalho, com o
objetivo de desenvolver capacidades psicológicas, motoras, cognitivas e
relacionais, contribuindo para um aperfeiçoamento profissional. Esta se dá no
próprio ambiente institucional, desacatando-se em quatro áreas: orientações para
introdução ao trabalho; treinamento; atualização; e aperfeiçoamento. Tal processo
incita o pensar e o fazer, promove crescimento, organiza o processo de
trabalho, problematizando a realidade e produzindo mudanças (FREIRE et al,
2017).
Para minimizar tais problemas é necessário estudar os ambientes, os
indivíduos e os equipamentos, fundamentando-se em princípios ergonômicos. A
movimentação do paciente de forma segura, do ponto de vista ergonômico deve
contar com o auxílio, sempre que possível, de materiais e equipamentos. Para tornar
o ambiente de trabalho menos prejudicial é necessário o ensino desses
procedimentos aliado ao planejamento prévio das ações e avaliação no local de
trabalho. Partindo dessa premissa, foram desenvolvidas orientações básicas, tais
como:
• Realizar análise das condições físicas do paciente antes da mobilização
para saber se o mesmo tem a capacidade de auxiliar durante o movimento;
• Preparar o ambiente e os equipamentos, levando em conta aspectos
ergonômicos relevantes que possam intervir no processo, atentando-se
cuidadosamente para espaço físico necessário para realização do procedimento de
forma segura, sem restrição de movimentos, observando se há necessidade de
remoção de obstáculos, disposição de mobiliários e utilização de materiais e
equipamentos auxiliares, se possível;
• Orientar a equipe de enfermagem quanto à aspectos importantes na
mecânica corporal, tais como: manter pés afastados e bem apoiados ao chão,
manter coluna ereta, usar o próprio peso como contrapeso ao peso do
32
paciente, manter joelhos flexionados, realizar os movimentos de forma
sincronizada e preferencialmente contar com o auxílio de outro profissional da
equipe;
• Outro fator relevante é o tipo de mobiliário, onde o ideal é que seja de altura
regulável para que possam ser ajustados de acordo com o procedimento a ser
realizado (FREIRE et al, 2017).
Posturas inadequadas requerem maior força interna para executar uma tarefa.
Uma boa postura é aquela que preserva as articulações em posição neutra: o
centro de gravidade das partes do corpo envolvidas na execução da tarefa é
alinhado verticalmente, passando o mais próximo possível dos eixos de rotação
gerados pelas juntas. Para ser confortável e eficiente, os níveis operacionais
devem ser reduzidos para que a tarefa não seja executada no limite (ou próximo
a ele) da capacidade física, a fim de evitar a fadiga precoce ou mesmo graves
danos à saúde do trabalhador (ABDALLA et at., 2014).
Os profissionais que não recebem uma orientação sobre os princípios
ergonômicos estão mais susceptíveis ao desenvolvimento de doenças relacionadas
ao ofício como: stress, fadiga exaustão cognitiva e também ao desenvolvimento de
agravos à saúde. Com isso, a diminuição dos riscos ergonômicos à saúde do
trabalhador está em grande parte, relacionada com a disponibilidade dos profissionais
em colocar em prática todos os cuidados e medidas de proteção, entendendo a
importância das mesmas para sua própria saúde (SILVA, 2010).
33
Fonte: image/jpeg
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No que diz respeito aos acidentes de trabalho com material biológico (ATMB),
a categoria profissional que mais apresenta riscos laborais relacionados a este tipo de
acidente esta a equipe de enfermagem. Neste contexto, dos registros crescentes de
acidentes de trabalho no Brasil, diversos estudos sobre o acidente de trabalho
envolvendo o material biológico têm sido realizados em função da nocividade, que
podem provocar risco de doenças, sequelas e até a morte de trabalhadores da equipe
de enfermagem e com objetivo de identificar a principais causas que contribuem para
essas ocorrências e sugerir medidas de segurança (CUNHA, 2017)
O ATMB ocorre no ambiente laboral, quando o profissional entra em contato
com materiais orgânicos, como, sêmen, líquor, sangue, entre outros, através das vias
percutânea, mucosa e pele não íntegra que a partir desse contato o profissional de
enfermagem fica exposto a vários tipos de patógenos no qual os de maior importância
epidemiológica evidenciado em vários artigos são os seguintes: Vírus da Hepatite B
35
(HBV), da Hepatite C (HCV) e da Imunodeficiência Humana (HIV) (CORDEIRO et al,
2016
A prevenção de acidentes de trabalho envolvendo enfermeiros no âmbito
hospitalar é sustentada pela Constituição Federal e pela Legislação trabalhista, que
cita como deve ser feito o direcionamento após exposição a MB (material biológico)
possui como intuito resguardar a saúde do trabalhador, minimizar os danos morais e
financeiros do empregador, assegurando os direitos de ambas às partes. Neste
contexto, percebe se que para a redução de ATMB deve seguir com medidas de
prevenção como o uso de equipamento de segurança individual e coletiva na qual é
estabelecida pela lei NR 32 Norma Regulamentadora que estabelece normas básicas
para a implementação de medidas de proteção à segurança e a saúde dos
trabalhadores em serviços de saúde (MACHADO et al, 2013).
Os profissionais de saúde, em especial os da enfermagem estão mais propícios
a exposição com material biológico (MB), principalmente aqueles com contaminação
com sangue em função da manipulação constante com materiais perfuro cortantes,
sendo um problema de saúde pública, pois os riscos de infecção por material
biologicamente contaminado, possibilita a transmissão de algum agente patógeno
pelo sangue, como nos casos das hepatites B e C e do HIV (LINS, 2016).
Uma das circunstancia dos acidentes de trabalho com material biológico são à
grande demanda das atribuições da equipe de enfermagem, sobrecarga de tarefas
pelo excesso de pacientes podem ser circunstancias contribuintes para ATMB, bem
como a falta de conhecimento e habilidade técnica para desenvolver procedimento
podem contribuir para a exposição biológica, gerando assim um comportamento
inadequado dos profissionais de enfermagem, além da falta de uso do equipamentos
de proteção individual (EPI) no qual todos os estudos chamam atenção para medidas
de prevenção (DONATELLI et al, 2015).
Devido ao uso incorreto do Equipamento de segurança contribui para a
prevalência de infecções hospitalares e riscos ocupacionais, portanto o uso correto da
utilização do EPIs aliado ao conhecimento em relação ao uso do EPIs seja coletivo ou
individual é indispensável para a segurança dos trabalhadores independente da área
de atuação (LIMA et al, 2017).
36
A utilização de equipamento de proteção individual (EPI) ainda é um problema
a ser considerado nas instituições de saúde, muita das vezes somente o uso de luvas
para realização de procedimentos visto que a empresa deve fornecer material
adequado porem analisando muitas das vezes a justificativa é que em situação de
urgência e emergência não há tempo para o uso de EPI (VIEIRA et al, 2017).
Nesta direção é muito importante desenvolver as ações de educação contínua
em saúde, conscientização, interesse, participação ativa do enfermeiro nos cuidados
laborais ao utilizar materiais ou métodos potencialmente infectantes, entre outros,
portanto o programa de prevenção de acidentes de trabalho com agentes biológicos
só se torna eficaz quando os próprios profissionais da enfermagem tornam-se
multiplicadores da conscientização sobre os fatores de risco e passam a colocar em
prática os métodos que orientam a prevenção (MACHADO et al, 2013).
Neste sentido, este estudo torna se relevante no sentido de contribuir para
gerar informações acerca da temática bem como possibilitar intervenções que
possibilitem uma maior segurança no cotidiano laboral destes profissionais
(Mendonça, 2020).
9 PRECAUÇÕES PADRÃO
Fonte: IMAGE/JPEG
37
As precauções padrão são medidas básicas para prevenir a transmissão de
infecções durante o atendimento ao paciente em todos os ambientes de cuidados à
saúde e para todos os pacientes, independentemente de haver suspeita ou
confirmação de infecção. Além de proteger o profissional contra risco ocupacional, as
precauções padrão também se destinam à proteção dos pacientes contra possíveis
agentes infecciosos transportados nas mãos dos profissionais ou equipamentos
usados. Elas incluem higienização das mãos (HM); uso correto de equipamento de
proteção individual (EPI) (luvas, avental, máscara, óculos de proteção e/ou protetor
facial); e práticas de injeção segura (BRASIL, 2014).
A essas precauções padrão, o Centers for Disease Control and Prevention
(CDC) ainda acrescentou outras medidas: etiqueta de higiene respiratória ou tosse,
práticas seguras de injeção e uso de máscaras de proteção para inserção de cateteres
ou injeções envolvendo punção lombar (BRASIL, 2013).
A maioria das infecções pode ser evitada a partir da adoção de medidas
simples, como o uso de EPI, em cumprimento às medidas de assepsia e
processamento adequado de artigos e superfícies, o que caracteriza o sistema de
precauções e isolamento proposto pelo CDC (BRASIL, 2013). Esse sistema se baseia
em três níveis, começando pelas precauções padrão e específicas baseadas no modo
de transmissão e aplicadas a pacientes sob suspeita ou com diagnóstico confirmado
de infecção ou colonização por microrganismos importantes. Estão listadas nesse
tipo, as precauções de contato (com pele e/ou superfícies contaminadas) e as
precauções respiratórias, seja por gotículas e/ou aerossóis. Existe um terceiro nível,
chamado de precauções empíricas, indicadas para as síndromes clínicas que
possuem importância epidemiológica, porém sem confirmação de etiologia (FARIA et
al, 2019).
Entretanto, além de adequado conhecimento das recomendações de
prevenção e controle das infecções no que se refere aos modos de transmissão e
prevenção da disseminação de microrganismos entre os profissionais de saúde, é
indispensável a adesão do profissional, por meio do uso correto das medidas de
precaução e isolamento (VALIM et al, 2015) Assim, com o objetivo de zelar pela boa
saúde do paciente, os profissionais da equipe de saúde possuem papel essencial no
38
controle da infecção, adotando medidas de prevenção antes mesmo da internação, a
fim de evitar hospitalizações desnecessárias (VALIM et al, 2017).
Dessa forma, é importante que, além de possuir equipamentos necessários/
adequados, as instituições de saúde devem contar com profissionais capacitados para
garantir os princípios técnicos e científicos concernentes ao controle das IHs,
especialmente enfermeiros (VALIM et al, 2017). Ressalta-se que o enfermeiro se
destaca por representar a equipe de enfermagem e estar presente 24 horas por dia
no cuidado ao paciente.
Diante do exposto, percebe-se que a utilização das precauções como um todo
busca reduzir o risco de exposição de pacientes e profissionais a patógenos
causadores de infecção. Nesse sentido, enfermeiros e demais integrantes da equipe
de enfermagem apresentam maior vulnerabilidade em função do tempo de contato
com os pacientes, sendo-lhes exigido os conhecimentos necessários sobre os tipos
de precauções indicados para uma assistência livre de danos (FARIA et al, 2019).
39
Abaixo estão dispostas quadro a quadro na ilustração a forma correta de como
realizar a higienização das mãos:
40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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