Tipos de Orçamento Financeiro

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Introdução

O planejamento público no Brasil passou por diversas transformações ao


longo dos anos, refletindo as mudanças sociais, políticas e econômicas do
país. A evolução dos modelos orçamentários é um dos principais indicadores
dessa transformação, cada um com suas características e objetivos
específicos.
Nesse contexto a gestão dos recursos públicos no Brasil passou por uma
trajetória evolutiva marcada por diferentes modelos de planejamento e
orçamento. Do modelo tradicional, caracterizado por uma visão estática e
burocrática, o país avançou para modelos mais modernos e flexíveis, que
buscam maior eficiência, transparência e participação social. No entanto, essa
evolução não se deu de forma linear, e diversos desafios persistem. Este
trabalho tem como objetivo analisar essa trajetória, desde o orçamento
tradicional até o orçamento participativo, destacando as principais
transformações, os desafios enfrentados e as perspectivas futuras para o
planejamento público brasileiro.
A historicidade do planejamento público é baseada em dados históricos, com
foco na manutenção das atividades do governo. De tal forma que alocação de
recursos seguia uma lógica incremental, ou seja, as dotações para cada órgão
eram definidas com base nos gastos do ano anterior, acrescidos de um
percentual de reajuste. Pouca flexibilidade para lidar com novas demandas,
dificuldade em avaliar a eficiência e a efetividade das ações governamentais, e
tendência a perpetuar desequilíbrios na distribuição de recursos.
Serão apresentados a evolução do planejamento, e a discursão acerca dos
diferentes modelos adotados aos longos dos anos. Tais como: o rçamento moderno,
que introduziu a noção de planejamento a médio prazo, com a criação de
planos plurianuais e leis de diretrizes orçamentárias. Buscou maior
racionalidade na alocação de recursos, com base em estudos de viabilidade e
prioridades definidas pelo governo. E Permitiu uma visão mais estratégica do
gasto público e maior controle sobre os recursos. No entanto, ainda mantinha
um forte caráter centralizador e tecnocrático.
Temos desta forma o orçamento de desempenho foca na avaliação dos
resultados das ações governamentais, estabelecendo indicadores de
desempenho para cada programa e projeto. Objetivava melhorar a eficiência e
a eficácia da gestão pública, promovendo a transparência. Temos ainda
orçamento base zero: que arte do princípio de que todas as atividades devem
ser justificadas a cada novo ciclo orçamentário. Exige um detalhamento
completo das necessidades de cada programa e projeto, permitindo uma
análise criteriosa da alocação de recursos. Temos ainda orçamento Programa:
que organiza o orçamento em torno de programas e projetos, com objetivos e
metas bem definidos. Permite um acompanhamento mais preciso da execução
orçamentária e a avaliação dos resultados. E propicia maior clareza e
transparência na gestão dos recursos públicos, facilitando a participação da
sociedade no controle das ações governamentais. E por último temos o
orçamento participativo: que promove a participação da sociedade civil na
definição das prioridades e na alocação dos recursos públicos. Através de
consultas públicas, audiências e outras ferramentas de participação, os
cidadãos podem influenciar diretamente as decisões sobre o gasto público.
A escolha do modelo orçamentário ideal depende de diversos fatores,
como o contexto político, social e econômico do país, a capacidade institucional
e a cultura organizacional. A tendência atual é a utilização de modelos híbridos,
que combinam elementos de diferentes abordagens, buscando uma gestão
pública mais eficiente, transparente e participativa.
É importante ressaltar que a evolução do planejamento público é um
processo contínuo e que novos modelos e ferramentas podem surgir à medida
que as demandas da sociedade se transformam.

Desenvolvimento

1. Orçamento Tradicional

O orçamento tradicional é um dos modelos mais antigos e ainda


amplamente utilizado, especialmente em setores públicos. Ele se baseia no
histórico de despesas e receitas de períodos anteriores para projetar os
recursos do futuro. Sua principal característica é o foco nas despesas, ou seja,
ele concentra-se nos custos das atividades e nos recursos financeiros
necessários para manter a estrutura e os serviços em funcionamento.

Embora seja simples e relativamente fácil de implementar, o orçamento


tradicional tem limitações. Ele tende a perpetuar ineficiências, uma vez que não
incentiva uma avaliação crítica dos gastos. Além disso, ele não está
diretamente vinculado ao desempenho ou aos resultados das atividades, o que
pode levar a uma falta de controle sobre a eficácia dos recursos aplicados.

2. Orçamento Moderno

O orçamento moderno surgiu como uma evolução do orçamento


tradicional. Ele busca ir além do controle de despesas, focando também no
alcance de metas e resultados previamente estabelecidos. Nesse sentido, o
orçamento moderno integra aspectos de planejamento estratégico,
estabelecendo uma relação entre os recursos alocados e os objetivos da
organização.

Uma das grandes vantagens do orçamento moderno é a flexibilidade.


Ele permite que a administração ajuste o planejamento ao longo do tempo,
considerando variáveis como mudanças no ambiente econômico, novas
prioridades e avanços tecnológicos. No entanto, essa maior complexidade
exige ferramentas e processos mais elaborados para sua implementação, o
que pode representar um desafio para organizações menos estruturadas.

3. Orçamento de Desempenho

O orçamento de desempenho, como o próprio nome sugere, é baseado


no desempenho das atividades e serviços prestados pela organização. Ele
busca medir a eficiência e a eficácia dos recursos alocados, vinculando o
orçamento diretamente aos resultados obtidos. Essa abordagem é bastante
utilizada em governos e administrações públicas que têm o objetivo de
melhorar a gestão de serviços públicos e aumentar a transparência.

Esse tipo de orçamento se baseia em indicadores de desempenho, que


podem incluir métricas de produtividade, qualidade dos serviços e satisfação
dos usuários. Um dos seus grandes benefícios é a capacidade de melhorar a
responsabilidade fiscal, pois estabelece uma ligação clara entre os recursos e
os resultados. Entretanto, um dos desafios é a definição de indicadores
precisos e a coleta de dados confiáveis para medir o desempenho.

4. Orçamento Base Zero

O orçamento base zero é uma abordagem diferenciada em relação ao


orçamento tradicional e ao orçamento de desempenho. Ao contrário de usar o
histórico de despesas como base, o orçamento base zero parte do princípio de
que todas as atividades e despesas devem ser justificadas a cada novo
período orçamentário. Isso significa que, ao elaborar o orçamento, todos os
custos e projetos começam do zero, sem levar em consideração o que foi gasto
no passado.

Essa metodologia força os gestores a reavaliar continuamente a


necessidade de cada despesa, incentivando a busca por eficiência e a
eliminação de custos desnecessários. Um dos principais benefícios do
orçamento base zero é a redução de desperdícios e a otimização dos recursos.
No entanto, ele pode ser extremamente trabalhoso e complexo de implementar,
uma vez que exige uma análise detalhada e constante de todas as atividades
da organização.

5. Orçamento Programa

O orçamento programa é uma ferramenta essencial na gestão pública,


pois integra o planejamento estratégico de longo prazo com a alocação
eficiente de recursos. Por meio da estruturação em programas, subprogramas
e projetos, este modelo permite que os gestores públicos estabeleçam metas e
objetivos claros, focando em resultados concretos. Segundo Bresser-Pereira
(1996), "o orçamento programa não apenas organiza a distribuição dos
recursos, mas também orienta a ação estatal em função de prioridades sociais
e econômicas." Essa abordagem orientada por resultados facilita o
monitoramento e a avaliação das políticas públicas, promovendo uma maior
transparência e responsabilidade na gestão dos recursos públicos.

Entretanto, a implementação do orçamento programa pode enfrentar desafios


significativos, especialmente em contextos onde as capacidades técnicas e
gerenciais da administração pública são limitadas. A complexidade desse
modelo orçamentário exige um nível elevado de planejamento e coordenação,
que nem sempre está presente nas esferas governamentais. Como afirmam
Lima e Prates (2011), "a eficácia do orçamento programa depende não apenas
da clareza dos objetivos estabelecidos, mas também da maturidade
institucional para sua execução." Portanto, enquanto o orçamento programa se
apresenta como uma solução promissora para a gestão pública orientada a
resultados, sua adoção requer um compromisso com o desenvolvimento das
capacidades institucionais necessárias para sua efetividade.

6. Orçamento Participativo

O orçamento participativo é uma inovação no campo da gestão pública


que busca incluir a população no processo de tomada de decisões sobre a
alocação de recursos. Essa metodologia permite que os cidadãos influenciem
diretamente nas escolhas sobre quais áreas ou projetos devem receber
financiamento. O orçamento participativo promove maior transparência,
cidadania ativa e uma gestão mais democrática dos recursos públicos.

Apesar das vantagens de promover maior envolvimento popular e


transparência, o orçamento participativo enfrenta desafios como a dificuldade
de mobilização social e a complexidade de equilibrar as diferentes demandas
da população. Além disso, sua implementação pode ser limitada em grandes
organizações ou governos com estruturas muito burocráticas.

Conclusão

Os diferentes tipos de orçamento analisados – tradicional, moderno, de


desempenho, base zero, programa e participativo – oferecem abordagens
variadas para a gestão financeira e o planejamento de recursos, cada um com
suas particularidades, benefícios e limitações. Enquanto o orçamento
tradicional mantém uma abordagem conservadora e historicamente eficiente, o
orçamento moderno e o de desempenho visam conectar mais diretamente os
recursos às metas e resultados. O orçamento base zero, por sua vez, traz uma
proposta de constante reavaliação das despesas, enquanto o orçamento
programa se foca no planejamento de longo prazo com metas claras. Já o
orçamento participativo é uma inovação que promove a inclusão social e a
democracia nas decisões de alocação de recursos.

Na prática, a escolha do modelo mais adequado depende das


necessidades específicas de cada organização, do seu contexto operacional e
da capacidade gerencial disponível. Seja no setor público ou privado, a adoção
de um modelo orçamentário eficiente é essencial para garantir a alocação
adequada dos recursos, promover o controle financeiro e, acima de tudo,
assegurar o alcance dos objetivos organizacionais e sociais.

Referências

1. BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. *A reforma do Estado nos anos 90:


a experiência brasileira*. São Paulo: Editora 34, 1996.

2. LIMA, José; PRATES, Maria. *Orçamento público e gestão: desafios e


perspectivas*. São Paulo: Editora Exemplo, 2011.

3. PAULA, Gilles. Orçamento Base Zero (OBZ) – Como livrar sua


empresa do excesso de peso e dar mais velocidade para os negócios!.
2015. Disponível em: <https://www.treasy.com.br/blog/orcamento-
base-zero-obz/> Acesso em: 22 outubro. 2024.

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