Botafogo de Sofrimentos e Alegrias

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WESLEY B.

MACHADO

BOTAFOGO DE
SOFRIMENTOS E
ALEGRIAS

Boleitura
Wesley B. Machado

Botafogo de
Sofrimentos e
Alegrias

Boleitura
“Botafogo de Sofrimentos e Alegrias”
Wesley B. Machado
Campos dos Goytacazes
Rio de Janeiro
Brasil

Todos os direitos reservados


ao autor Wesley B. Machado
E-mail: [email protected]
Facebook: @wbmachado
Instagram: @escritorwesleybmachado

Edição, Revisão,
Diagramação e Capa:
Wesley B. Machado
Fonte utilizada: Times New Roman
ISBN: 978-65-00-36012-7
Dezembro de 2021
Boleitura, Selo de Futebol da Editora Campista

1
Sumário

Prefácio / 4
Futebol é Botafogo e Botafogo é Garrincha / 6
Purgatório Purificador / 7
Bota sofrimento nisso / 11
Uma vitória tipicamente botafoguense / 14
Bálsamo / 16
Sandália da sorte / 18
Medicado / 19
A vida é feita de vitórias e derrotas / 21
Histórias de Nilton Santos / 22
Amarildo, o “Possesso”: “O Botafogo era uma
Universidade do Futebol”! / 26
Sobre o segundo rebaixamento / 28
Umas das maiores emoções que vivi num estádio de
futebol / 30
Ex-Zagueiro Sandro revela bastidores do rebaixamento
do Botafogo em 2002: "O time caiu porque ninguém
recebia" / 33
A maldição botafoguense / 37

Efemérides / 39
Sassalvador! / 40

2
Botafogo já teve seu Sassá craque / 42
Pelé quase evitou título de 89 / 43
Da mediocridade à incrível qualidade técnica / 44
Tarde tranquila / 46
O Botafogo voltando a ser Botafogo / 48
Tá ruim, mas tá bom / 49
Estava bom demais para ser verdade / 51
O Palito de Churrasco / 53
Numerologia e o sonho realizado de conhecer os campeões
de 1989 do Botafogo / 56
A volta da esperança / 58
Queremos mais / 61
Meu médico botafoguense / 63

3
Prefácio

Mais que torcedor

Sou botafoguense.
Wesley também é.
Acredito nessa paixão.
Ele tem fé.

Contemplo a estrela solitária.


Ele admira uma constelação.
Tenho o Botafogo no peito.
Wesley tem tatuado no coração.

Escrevo sobre o Botafogo.


Ele tem livro publicado.
Penso e analiso.
Wesley é encantado.

Se o Botafogo perde, critico.


Se vence, são simples vitórias.

4
Wesley vê as derrotas.
Mas só enxerga as glórias.

Tenho um filho botafoguense.


E outro não.
Wesley é pai de menina.
E de tamanha identificação.

Fizemos um blog juntos.


Comento alguns tópicos.
Wesley está sempre lá.
E para todos os assuntos.

O Botafogo é minha ilusão quase perdida.


Para Wesley, é o que dá sentido à vida.
Eu quero ver o Botafogo golear.
Wesley merece saborear.

Álvaro Marcos Teles

5
Futebol é Botafogo e
Botafogo é Garrincha

1º de março de 2019

Júlia quando vê alguma coisa relacionada a


futebol, seja na televisão ou no mundo físico - aliás ela
pensa que as pessoas que aparecem na televisão não
existem - pois bem, Júlia diz: "Olha lá Papai, Botafogo"!
E ela costuma dizer: "Papai, meu time é Garrincha"!
Para Júlia, Futebol é Botafogo e Botafogo é Garrincha!
Pensando bem, tem sentido.

***

6
Purgatório Purificador

28 de novembro de 2015

Um dos mais importantes livros sobre o Botafogo, um dos


clubes mais abordados na literatura, é "Entre o Céu e o Inferno",
de Sergio Augusto. E o Botafogo, que sempre apronta com a
gente, para o bem e para o mal, realmente circula entre os
contrastantes branco e negro. Este ano cumprimos nosso
compromisso no purgatório, onde com o já habitual sofrimento
pagamos muitos dos nossos pecados.
Supersticioso que é, o Botafogo não atravessou a escada para
o paraíso, nem mesmo a subiu facilmente, como seria cômodo. A
música dizia "Reage"! E o Botafogo reconheceu a queda, não
desanimou, levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima. No
campo.
A viagem foi longa e começou como uma nova era cheia de
incertezas, mas com esperanças. O Botafogo no início do ano não
tinha sequer um time para chamar de seu. O que esperar de 2015?
Os adversários diziam que íamos nos apequenar, virar um novo

7
América e houve quem afirmasse que o clube até mesmo
acabaria.
A esperança tinha um nome: Carlos Eduardo Pereira,
presidente eleito para o triênio 2015-2016-2017. A equipe
começou a ser montada com a contratação dos experientes Renê
Simões (técnico) e Antônio Lopes (gerente de futebol), que deram
credibilidade ao clube. Mas os jogadores contratados, pouco
conhecidos, a princípio causavam desconfiança no torcedor e na
imprensa.
Uma derrota no amistoso contra um time chinês no início da
temporada serviu para aumentar ainda mais a desconfiança no
time. Mas eis que no Carioca a equipe surpreende, é campeã da
Taça Guanabara, numa conquista inusitada, onde o Botafogo
vence o seu jogo e os jogadores terminam secando o maior rival,
que tropeça e assim ficamos com o charmoso troféu.
Uma classificação nos pênaltis emocionante para a final do
campeonato na partida contra o Fluminense, em que o goleiro
Renan foi o herói. E a perda do título para o Vasco não doeu
tanto. Era consenso que o que importava era a Série B.
O Botafogo faz um campeonato regular, com algumas
intempéries pelo caminho. Chuta as pedras, que rolam e viram
bolas em direção aos gols, de Navarro, Neílton, Sassá, Luis

8
Henrique, Ronaldo, etc, sem esquecer, para sermos justos, de Bill,
Rodrigo Pimpão…
O goleiro Jefferson, que havia ficado no clube mostrando seu
amor pela Estrela Gloriosa, foi o alicerce que sedimentou um
plantel que soube suar e honrar a "camisa que enverga varal",
como destacou Renê Simões.
O treinador, que ajudou a montar o elenco com Lopes, passou
o bastão para Ricardo Gomes, que chegou num momento crucial
onde a equipe oscilava e, auxiliado por Jair Ventura Filho,
conseguiu manter o time no topo até o almejado acesso,
culminando com o título como a cereja do bolo.
Novamente campeão nacional 20 anos depois. Comemorar?
Sim, como disse Ricardo Gomes: “para nunca mais voltar”!
Agradecemos a todos os jogadores, desde Renan Fonseca,
que só deixou de atuar em uma partida, até aqueles que entraram
vez ou outra, mas que fizeram parte da festa.
Agradecemos à diretoria, à comissão técnica, aos
funcionários, desde o botafoguense motorista do ônibus até os
gandulas, que trabalham tendo o privilégio de assistir ao jogo de
dentro do campo.
Nesta saga, recorri a Deus, Nossa Senhora da Conceição, a
quem o Botafogo foi consagrado, São João Batista e Santa

9
Terezinha das Rosas, nossos padroeiros, a Nossa Senhora
Aparecida, que habita nosso vestiário, mas também a Nilton de
Todos os Santos, São Garrincha, São Carlito Rocha e até mesmo a
São Biriba.
A faixa no estádio lembra: "O Gigante Voltou”!
Como Fênix, o Fogo ressurgiu. E de cinza!
Torcemos para que o Bota daqui para frente resgate seus
tempos de glórias.
Continuaremos a reverenciar nosso passado, nossa história,
nossos ídolos.
Com orgulho do presente, como foi na efusiva comemoração
no jogo derradeiro em que a torcida não parou de cantar um
segundo e os fogos anunciavam o retorno triunfal, que nos dá
motivos para esperar um futuro ainda melhor.
Onde esperamos conquistar ainda mais títulos. Quem sabe
uma Libertadores, um Mundial! Para sermos ainda maiores do
que já somos.

*Texto premiado com o 1º lugar na categoria Blogs do 1º


Prêmio Botafogo de Imprensa 2015.

***

10
Bota sofrimento nisso
6 de julho de 2017

A bexiga parece apertar. Ou será mania minha de


ir ao banheiro toda hora? Minha esposa Nilcea diz que é
psicológico. Meu colega de serviço, Luiz, pergunta se
estou nervoso. Estava transtornado com os problemas
financeiros. E descrente das pessoas, pelas quais perdi a
fé.
Luiz diz que “tá ruim prá todo mundo”.
Realmente, é verdade. Tem gente numa situação muito
pior que posa de rico. Tanta coisa para fazer e cadê o
dinheiro? Maldito dinheiro. Ou bendito. Mas a falta de
dinheiro nos deixa mais humildes. Como deve ser um
botafoguense. Comedido. Desconfiado. Calejado.
Hoje fiquei com pena do Marcos Vinicius, um
garoto de nove anos de idade, botafoguense incentivado
pelo pai botafoguense e por mim, que lhe dei um
escudinho do Botafogo de colocar na geladeira. Ele falou
que a lembrança dá sorte. Mas porque será temos
perdido os últimos jogos? Perder também seria sorte?

11
Marcos Vinicius deu um palpite de 2 a 0 para o
Botafogo no jogo desta quarta-feira diante do Nacional,
do Uruguai, fora de casa pela Libertadores. Eu disse que
fiquei com pena foi da ingenuidade dele. Mal sabe ele
que Botafogo é sinônimo de sofrimento. Ah, sim, e
algumas alegrias de vez em quando.
Mal sabe o menino na sua inocência que com o
Botafogo tudo é mais difícil. Ah, quem dera que o
Botafogo desse esse presente ao Marcos Vinicius e
fizesse essa pobre criança botafoguense acertar o placar
da partida. Ele que fez aniversário há pouco tempo.
Seria também um presente para minha filha
Luiza, de oito anos de idade, que está preocupada pelo
fato do Botafogo ter perdido os últimos jogos que ela
assistiu na casa dos meus pais. Ela, já supersticiosa,
como todo botafoguense, está achando que a falta de
sorte é culpa dela.
Mas Luiza tem uma boa teoria para a falta de
vitórias e de gols do Botafogo. Minha filha disse que o
Botafogo tem de jogar de camisas listradas. Contra o
Atlético, perdeu todo de branco; e contra o Corinthians,
perdeu de camisas negras.

12
Por mais que Luiza não saiba exatamente o que é
superstição – ela, que já é supersticiosa, me pergunta.
Ah, Botafogo, por que você faz isso com a gente? Pobres
crianças, já desde novas sofrendo.
Vai Botafogo! Vai ser Campeão! Nos dê alegrias!
Faça derramar uma lágrima de felicidade em nossos
olhos cansados de tanta desilusão. Não vá nos enganar
novamente. Seja aquele Botafogo que a gente gosta! Nós
merecemos.

***

13
Uma vitória tipicamente botafoguense

18 de setembro de 2016

Tenho procurado não desanimar com as derrotas e não me


empolgar com as vitórias. Conhecemos bem o Botafogo e
sabemos que ele sempre nos prega uma peça. Foi assim na última
rodada. E hoje, mais uma vez, o Botafogo foi imprevisível. Por
mais que eu acreditasse na vitória.
Quando soube que o jogo ia passar no Sportv - não tenho o
pacote (PFC), optei por assistir à partida em casa junto do meu
núcleo familiar, minha esposa e minhas duas filhas. Devo admitir
que devido ao cansaço vi a peleja deitado e só me levantei com a
marcação do pênalti - a meu ver não foi.
Levantei-me para pegar os santinhos de Nossa Senhora da
Conceição, padroeira do clube, beijá-los e pedir que Sidão
pegasse a cobrança. Fui atendido. E não é que em mais até do que
eu pedi. Num contra-ataque, Rodrigo Pimpão fez um carnaval na
defesa adversária e fez um gol com um golpe de karatê e a la
Botafogo, com muita luta e sofrimento - a bola demorou uma
eternidade para entrar.

14
Liguei para o meu pai ao final do 1º tempo para comentar a
partida. E falei que estava pensando em ir ver o 2º tempo na casa
dele. O problema era a superstição, afinal no 1º tempo tudo havia
dado certo. Ele aprovou a mudança das coisas.
Chegando à casa do meu pai, ele começou a reclamar do
Diérson, cabeça de área garoto, que segundo meu pai não tem
função alguma no time, nem mesmo tática. "Nem falta ele faz",
argumentou.
Foi ouvindo as reclamações do meu pai em relação a Diérson
que eu sofri todo o 2º tempo, com o Botafogo perdendo gols e a
chance de matar a partida. Mas, graças a Deus, à Nossa Senhora
da Conceição, a Pimpão e a Sidão, o Botafogo venceu um jogo
difícil. O time todo esteve bem.
De volta para minha casa, falei com minha filha mais velha:
O Botafogo ganhou! E a mais nova perguntou: "Botafogo
Campeão"(?), se referindo ao hino que ela está começando a
aprender. Eu falei: Isto, minha filha, Botafogo Campeão!
Se a meta era ficar entre os 10, já estamos cumprindo. Mas o
que impede de sonharmos com o famoso "algo mais"?

***

15
Bálsamo
26 de junho de 2016

Quando vi o Botafogo em campo com as camisas listradas de


manga comprida, uniforme que lembrava uma época áurea do
clube, confirmei meu bom pressentimento de que o Botafogo
surpreenderia hoje. Já havia comentado isto com meu pai. Ele,
calejado, como sempre desconfiado do time, falou que um empate
já seria um bom resultado. Meu pai também costuma me dizer
que não se deve criar muita expectativa em dias de jogo do
Botafogo. É quase impossível não ficar nervoso, esperando a
partida. Mas hoje eu me ocupei de outras coisas, tirando o foco do
jogo. E optei por ver a partida na minha casa, já que seria
transmitida pela Globo. Só comecei a prestar atenção mesmo aos
2, 3 minutos. E aos 10, numa linda jogada do Luís Ricardo veio o
primeiro gol, marcado por Fernandes. Aliás Luís Ricardo fez uma
partida primorosa, dando lençolzinho e quase complicando por
excesso de confiança numa bola em que atrasou com o peito para
Sidão. Este que salvou a equipe com uma grande defesa quando o
Botafogo começava a dificultar uma vitória até certo ponto
garantida. Voltando para anteriormente, foi quando resolveu a

16
partida o que meu pai chamou de “dono do time”, o que segundo
ele o Botafogo estava precisando. O estreante Camilo deu um
belo passe para Neílton marcar o segundo gol e deixou o seu num
chute muito bem colocado. Foi o que garantiu a vitória
surpreendente para muitos, não para mim, deste Fogão que
sempre que a torcida começa a desacreditar ele meio que renasce
das cinzas e traz de volta todo nosso amor e a esperança de
algumas alegrias em meio a tanto sofrimento.

***

17
Sandália da sorte
30 de março de 2016

A sandália arrebentou em frente ao mercadinho. Não tive


outra opção a não ser entrar e comprar outra. Faltavam poucos
minutos para o jogo. Procurei até achar uma que agradasse. E não
é que ela era nas cores preto e amarelo, justamente as do
adversário de hoje.
Chego à casa dos meus pais e a partida já havia iniciado.
Pênalti para o Botafogo e quem vai para a cobrança? Rodrigo
Lindoso, logo ele, que para meu pai é horroroso. Será
implicância? Ou será que ele é tão ruim assim? A verdade é que
trata-se de um jogador chinfrim, que parece não estar à altura do
Botafogo.
Outro que não agrada meu pai é Yaca, que alguns torcedores
já estão chamando de inhaca. Gegê entrou, melhorou o time e
provou que tem de ser titular, assim como Fernandes, que se doou
bastante. O zagueiro Carli marcou seu primeiro gol com a camisa
gloriosa, este sim que a veste com honra.

***

18
Medicado

8 de setembro de 2015

Depois de muitos anos sem ir ao dentista, enfrentei o temido


motorzinho. Até que não doeu. Tinha medo de dentista. Mas desta
vez foi tranquilo. O que não foi tranquilo foi o jogo do Botafogo.
Saí do dentista e fui ver a partida pela Série B do Brasileirão no
Terapias Bar, do botafoguense Assis. Também fazia tempo que
não ia ver um jogo no Terapias. Foi um dia diferente, para sair da
rotina. O que não mudou foi o sofrimento com o Botafogo.
Levamos o gol logo no início, em falha do lateral esquerdo,
ou zagueiro, ou cabeça de área, sabe-se lá o que ele é, Giaretta,
que alguns chamam de Picareta. Mas para quê culpar o coitado,
que na partida anterior participou do lance do primeiro gol,
cruzando uma bola que o titular não costuma acertar? Faz parte do
sofrimento.
A partida virou 1 a 0 para o Paraná. Mas tivemos muitas
chances de empatar. Numa linda bicicleta de Lulinha, que o
goleiro defendeu. E numa bola que sobrou para Navarro, livre, de
frente pro gol, marcar. Mas o uruguaio perdeu. Parecia que não
seria o dia. A bola não queria entrar. E quando entrou, ainda no

19
primeiro tempo, o juiz anulou. Impedimento mal marcado pelo
bandeirinha.
Veio a segunda etapa. E o time voltou com a mesma
formação. O técnico Ricardo Gomes perdeu a paciência que a
torcida já havia perdido há muito tempo e mexeu na equipe.
Entrou Daniel Carvalho no lugar do inoperante Tomas. O time
melhorou. Depois entrou Sassá no lugar de Lulinha. Aí a partida
pegou fogo.
Sassá mostrando uma raça tremenda fez um gol com cara de
Série B. Num bate rebate dentro da área, o Salvador da Pátria do
Botafogo meteu o pé num chutaço com raiva. Estava decretado o
empate. Mais um pouco e conseguiríamos a virada, que quase
veio novamente com Sassá de cabeça. Mas o juiz mais uma vez
anulou, alegando falta de Luís Henrique, que substituiu Navarro.
Mas Sassá foi insistente. Ele aproveitou passe de cabeça de
Daniel Carvalho dentro da área e conferiu para dentro da rede.
Vitória de suma importância afinal os adversários diretos na luta
pelo título e acesso também venceram seus jogos.

***

20
A vida é feita de vitórias e derrotas
23 de agosto de 2015
Compareci com meu pai e minha irmã neste domingo pela
manhã ao estádio Nilton Santos para assistir ao jogo do nosso
Fogão. Eu e mais de 20 mil botafoguenses fizemos nossa parte.
Os resultados da rodada foram favoráveis. Mas o time não esteve
num bom dia. A bola não entrou no primeiro tempo, muitas
chances desperdiçadas e fomos para o intervalo com a
desvantagem de dois gols no placar. Voltamos melhor,
principalmente depois da entrada de Camacho no lugar de
Serginho. Chegamos ao gol com Daniel Carvalho em jogada de
Luís Ricardo, que tabelou com Elvis e cruzou, Luís Henrique
dominou e a bola sobrou para o chute do camisa 10. Mas logo em
seguida sofremos o terceiro gol. Ainda fizemos mais um, com
Sassá, que entrou no lugar de Neílton. No final da partida tivemos
um pênalti a nosso favor, que foi marcado pelo juiz, mas foi
erroneamente anulado pelo bandeirinha, que marcou impedimento
em lance de Sassá, que estava em posição legal. Um erro crucial,
que nos prejudicou mais uma vez. Tivemos muitas falhas
defensivas, principalmente na cobertura pelo lado esquerdo, de
onde saíram os três gols do Paysandu. Mas luta não faltou. ***

21
Histórias de Nilton Santos

16 de maio de 2011

Na data do aniversário de 86 anos do


"Enciclopédia"; publiquei alguns trechos da entrevista
concedida por ele no ano de 2004 em Campos:

Superstição

"Fui 26 vezes campeão e nunca perdi uma


decisão. Superstição prá mim é uma religião"

Garrincha

"O brasileiro conhece Garrincha da Seleção. O


que eu vi ele fazer pelo Botafogo por esse mundo afora é
um negócio de louco"

22
Carlito Rocha

"Seu Carlito se considerava um pai para nós. Ele


ia na concentração, quando havia concentração, e dava
mel na boca da gente como se fosse filho dele. Hoje não
sei como é que anda. Mas era bem diferente. Era uma
família botafoguense"

Saudosismo

"Hoje raramente eu vejo futebol. Você não vê um


cara amaciar a bola e fazer uma boa jogada. Prefiro não
ver pois gosto e quero ver coisa bonita"

Na oportunidade, Nilton Santos contou outras


histórias como a de que Zizinho, craque do Bangu e da
Seleção Brasileira, havia pedido a ele para jogar no
Botafogo. Mas, segundo Nilton Santos, um dos
dirigentes do Botafogo, o Corrêa Meyer, não aceitou
Zizinho no Botafogo porque ele certa vez tinha corrido
atrás do cachorro Biriba, o mascote do Botafogo, para
dar um bico no cachorro. Portanto Zizinho, que viria a

23
ser Bicampeão no São Paulo deixou de vir para o
Botafogo por causa de Corrêa Meyer.
Sobre a sua vinda para o Botafogo, Nilton Santos
conta que jogava pelo Flexeiras, um time do subúrbio,
próximo à Leopoldina, onde hoje está instalado o
Galeão. O Flexeiras foi fazer um treino contra o São
Cristóvão, em Figueira de Mello. E Arquimedes, que era
treinador do São Cristóvão, quis ficar com ele.
O Major Onório (Nilton Santos era soldado do
Exército) teria dito para Nilton Santos não se
comprometer, que ele tinha um tio que era diretor social
do Botafogo e que se dava bem com o Carlito Rocha. O
Major teria dito: "A tentar, tente no Botafogo, que é um
time grande".
A última para fechar com chave de ouro diz
respeito à rivalidade contra o Flamengo na época em que
o rubro-negro era freguês. A história que todo mundo
sabe de que Manga fazia a feira às vésperas do jogo
contra o rival já contando com o bicho certo. Seguem as
palavras de Nilton Santos:

24
"O pessoal da imprensa instigava o Manga. E
amanhã, Manga, como é que vai ser? Sim, já peguei meu
bicho adiantado (...) E a torcida do Flamengo ficava
louca. Porque normalmente a gente ganhava. Nosso time
era bom: Garrincha, Didi, Paulo Valentim, Quarentinha
e Zagallo. E ainda tinha de fora o China. Tinha o
Amarildo. Tinha um montão de gente".

Bons tempos aqueles!


***

25
Amarildo, o “Possesso”: “O Botafogo
era uma Universidade do Futebol”!

5 de junho de 2014

"Eu fui dispensado do Flamengo. Estava servindo


o quartel, o Paulistinha vendo que eu não saía do quartel,
me perguntou se eu não tinha nenhum time. Eu falei que
não. Então ele falou que me levaria para o Botafogo,
para me apresentar ao Paulo Amaral e ao João Saldanha.
Era uma sexta-feira e eu fui treinar no Botafogo. Lá
encontrei o Zagallo, que me conhecia do Flamengo. O
Zagallo perguntou: 'Tá fazendo o quê aqui?' Eu respondi:
O Flamengo me mandou embora. E o Zagallo falou com
o João Saldanha e o Paulo Amaral: 'Pode mandar ele
assinar o contrato. Eu o conheço do Flamengo'. Assinei o
contrato sem que eles me vissem jogar. Assinei sem
saber quanto ia ganhar. Fiz o teste, fiz dois gols. E
comecei minha carreira no Botafogo. Joguei 12 ou 15
jogos nos aspirantes. Paulinho Valentim foi vendido pro
Boca Juniors. O Boca Juniors já estava atrás do Paulinho

26
Valentim há muito tempo. Eu jogando nos aspirantes,
viram que eu fazia muitos gols. Aí me chamaram para o
time principal. Entrei numa Universidade do Futebol.
Prá mim foi uma escola que poucos jogadores tiveram.
Eram todos jogadores campeões do mundo, tinham
jogado em 58, Nilton Santos, Didi, Garrincha. Foi aí que
formamos o melhor ataque de todos os tempos do
Botafogo: Didi, Garrincha, Quarentinha, Zagallo e eu. E
Nilton Santos atrás”.

(Trecho de uma conversa, mais do que uma


entrevista, que eu tive com Amarildo, “O Possesso”, que
esteve em Campos, sua cidade natal, no dia 04/06/2014)

***

27
Sobre o segundo rebaixamento

30 de novembro de 2014

Aí eu descubro que o Santos estava há nove


jogos sem ganhar... Por isto que meus amigos Claudio
Tadashi Oshiro e Marcelo Cavichio Unti estavam
impacientes com o time. E ficaram surpresos com os
dois gols de Leandro Damião.
Por falar em jejum e em gols, onde já se viu um
time ficar seis jogos sem fazer um gol? Sim, é o
Botafogo. Afinal o último gol marcado a seu favor foi
contra.
Pasmem. São seis derrotas consecutivas e seis
jogos sem marcar um golzinho sequer. O último foi um
golaço de fora da área, de cobertura, do Wallyson,
exatamente contra o Flamengo.
Será que fizeram uma macumba? Estamos
pagando pela mega-goleada de 24 a 0 sobre o
Mangueira, a maior até hoje do futebol brasileiro, pelos
dribles humilhantes de Garrincha, pelas ironias de

28
Manguinha, pela fanfarronice de Túlio Maravilha, pela
cavadinha desmoralizante de Loco Abreu…
Estamos pagando o preço de sermos um clube
grande com um time pequeno. Um presidente farsante e
uma diretoria incompetente. Um técnico sem pulso para
colocar uma equipe nos trilhos. Jogadores esforçados,
porém fracos tecnicamente. Outros descompromissados.
Que não se atentaram para a história desta instituição
centenária e para a tradição desta camisa gloriosa!
Uma frase vista num cartaz no estádio da Vila
Belmiro neste domingo será o nosso lema neste
momento: "Eu não amo a Série A. Eu amo o Botafogo"!

***

29
Umas das maiores emoções que vivi
num estádio de futebol

9 de abril de 2020

Foi no Godofredo Cruz no dia 27 de dezembro de


2012 no jogo amistoso entre o Sub 17 do Botafogo e
uma seleção campista, que jogou com um uniforme
branco com detalhe verde e o nome do Rio Branco de
Campos.
Nesta partida, Túlio Maravilha fez dois de pênalti
e chegou ao 995º gol segundo sua contagem na busca
pelo milésimo. A primeira emoção foi ver minha filha
primogênita Luiza, então com três anos de idade, pela
primeira vez com a camisa do Botafogo na sua estreia
num estádio de futebol.
Outra emoção foi poder participar do lance em
que foi marcado o primeiro pênalti. Na hora de um
escanteio para o Botafogo, eu fui comprar uma água para
Luiza, que falou que estava com sede.

30
E quando eu estava passando atrás do gol, pude
observar um puxão de camisa ou uma falta dentro da
área, não me lembro bem, mas não tive dúvidas de gritar:
– Pênalti!
E não é que o juiz marcou?
Pois então Túlio foi para a cobrança e fez. Correu
e subiu no alambrado para delírio da torcida.
Comprei a água e percebi que o portão para a
entrada do campo estava aberto. Chamei minha irmã
botafoguense Fernanda, que foi comigo ao jogo; e
levamos Luiza para dentro de campo.
Numa jogada, a bola saiu pela linha de fundo e
Luiza correu para pegar. Passou um tempo e surgiu o
segundo pênalti.
Nesta hora outras pessoas descobriram que o
portão estava aberto e entraram no campo. Na hora da
cobrança do segundo pênalti por Túlio, muita gente
já estava atrás do gol à esquerda das cabines.
Túlio fez mais um e foi uma festa. Outra história
desta partida foi que no mesmo dia à tarde, Túlio tinha
ido ao Shopping Boulevard para um evento com os fãs.

31
Na oportunidade, eu sugeri a ele que desse os
nomes dos gols de Chuvisco e Goiabada, doces
tradicionais de Campos. E não é que ele marcou
exatamente dois gols? E não é que em entrevista à
imprensa realmente ele falou que os gols receberam os
nomes Chuvisco e Goiabada?
É por isto que adoro futebol! Pelo fato do futebol
nos permitir fazer parte da história!

***

32
Ex-Zagueiro Sandro revela bastidores do
rebaixamento do Botafogo em 2002: "O
time caiu porque ninguém recebia"

30 de abril de 2020

O ex-zagueiro e capitão do Botafogo, Sandro, participou na


noite de quarta-feira (29/04) de uma Live no Instagram com o
jornalista botafoguense Wesley Machado. Na oportunidade,
Sandro, que jogou de 1999 a 2004 no Botafogo, abordou sobre
vários assuntos, como o rebaixamento em 2002, a disputa da Série
B em 2003 e a volta à 1ª divisão.
Sandro explicou o porquê de tanta indignação após sair
expulso no jogo contra o São Paulo que rebaixou o Botafogo em
2002. “O sentimento era de revolta, indignação e tristeza. O time
caiu porque ninguém recebia. Eu gostava de jogar no Botafogo.
Claro que a gente tem de pagar as contas. Mas eu queria estar em
campo. Eu jogava por amor ao Botafogo. Mas não pude jogar
muitas partidas em 2002 por causa da cirurgia que fiz no joelho.
Só que muitos ali não estavam preocupados com o Botafogo. No

33
jogo contra o Guarani na penúltima rodada alguns jogadores
forçaram a expulsão para não jogar a última partida. Teve jogador
que chegou com gesso na perna sem ter nada. Eu, mesmo
machucado, pedi para jogar o último jogo. O Botafogo ficou
cinco meses com os salários atrasados e os dirigentes deram esse
direito aos jogadores”.
Perguntado sobre o fato dele ter sido um dos poucos
jogadores que ficaram do time que foi rebaixado em 2002 para a
disputa da Série B, Sandro disse: “Era uma obrigação minha. A
gente tinha levado o clube ao rebaixamento, mesmo, repito, eu
não tendo jogado muitas partidas em 2002 por causa da cirurgia
que fiz no joelho. Fiquei 2000, 2001 e 2002 muito tempo
lesionado. Aí eu pedi ao Bebeto e ao Levi para disputar a Série B
de 2003. Fiquei e graças a Deus a gente subiu o time para a 1ª
divisão. Limpei a ficha, tirei um peso das costas. Era um time
muito experiente, uma equipe de guerreiros, sem muita condição
financeira. O que prevaleceu naquela Série B não foi dinheiro, foi
a vontade de colocar o Botafogo na 1ª divisão. Só subiam dois e o
quadrangular foi muito difícil, mas a gente conseguiu colocar o
Botafogo de volta onde nunca deveria ter saído”.
Sandro contou que o gol contra o Marília no jogo do acesso
foi o mais importante da carreira dele. Ele revelou que a batida no

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braço que ficou eternizada foi uma promessa. “Em 99 eu fiz um
gol contra o Flamengo. O Botafogo como sempre brigando para
não cair. Botafogo não, os dirigentes brigando para não cair.
Porque o Botafogo não é para brigar para não cair. O Botafogo, a
instituição, não tem culpa de nada. A culpa é dos maus dirigentes.
Aí eu fiz o gol de falta e bati no braço e gritei: ‘Segunda não.
Botafogo é primeira’. E naquele ano o Botafogo não caiu”.
Sandro falou sobre o estádio Caio Martins em Niterói-RJ, que
foi anunciado nesta semana que deverá ser devolvido em 2021:
“Eu gostava de jogar no Caio Martins. Mas eu preferia jogar no
Maracanã. O Maracanã é encantador. Mas na Série B o Caio
Martins foi muito importante”.
Quanto ao fato de ter declarado que queria ter começado, ter
ficado mais tempo e encerrado a carreira no Botafogo, Sandro
comentou: “Eu queria ser igual Nilton Santos, que começou e
terminou a carreira no Botafogo. Eu queria ter tido este privilégio.
Quando eu estava em Portugal, o pessoal queria que eu voltasse
para o Botafogo, mas meu futebol já tinha caído e eu não estava
mais à altura para jogar no Botafogo. Eu amo esse clube. O
Botafogo é diferente. Aprendi a amar o Botafogo no sofrimento.
Fui escolhido”.

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O ex-zagueiro comentou ainda sobre o fato de sua imagem
estar pintada no tradicional muro de General Severiano. “Não
paguei para estar ali. Nenhum ali pagou para estar. A maior
conquista da minha vida é estar naquele muro”.
Sobre a votação do site Globoesporte.com, em que foi
escolhido o 5º melhor jogador do Botafogo no século XXI com
mais de 6 mil votos pela internet, Sandro disse o seguinte: “Fiquei
muito feliz. Ser escolhido o melhor zagueiro de Botafogo em 20
anos. Não esperava. Estou lá. Agradeço à galera do Fogão”.

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A maldição botafoguense

5 de janeiro de 2019

Já virou clichê dizer que “o botafoguense é o torcedor mais


supersticioso do mundo” e que “há coisas que só acontecem com
o Botafogo”. Isto todo mundo sabe. Mas o que muita gente pode
não saber é que existe uma “Maldição Botafoguense”. A tal
“Maldição Botafoguense” é usada pelos torcedores do Botafogo
quando algum jogador que saiu pela porta detrás do clube acaba
se dando mal em outro time.
Mas talvez o que o próprio torcedor do Botafogo não saiba é
que a “Maldição Botafoguense” pode ser aquele feitiço que às
vezes se vira contra o feiticeiro. Estou falando isto porque hoje
assistindo pela televisão a um jogo do Botafogo pela Copinha um
lance chamou a atenção de todos, que foi uma sequência de
jogadas artísticas de um jogador adversário, que descontrolou o
time do Botafogo, que acabou levando o gol e tendo um jogador
expulso justamente por uma entrada violenta no mesmo jogador
que cometeu o que pode ser considerado um abuso.

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O que quero dizer é que seria muito fácil cair em falso
moralismo e dizer que o jovem jogador da equipe que enfrentou o
Botafogo praticou um excesso. Mas esta seria uma tremenda
contradição vinda de um botafoguense, que tem como um de seus
maiores ídolos o endiabrado Garrincha, que atormentou
incontáveis “Joões” com seus dribles humilhantes. É possível que
o Botafogo esteja pagando pelos “pecados” de Garrincha. Afinal,
quem tanto tripudiou agora sofre eternamente o mal do ressentido.
E o que dizer das palhaçadas de Túlio Maravilha, zombando
com seus nomes de gols e comemorações? E a cavadinha de Loco
Abreu, um herege a provocar a sanha da maior torcida do Brasil?
Por estas e outras que o Botafogo começa seus jogos pensando
não em ganhar, mas em não perder, como cantado no hino, o qual
Seedorf quis mudar. Porque para o botafoguense vale o que Darcy
Ribeiro disse em “O povo brasileiro” sobre o que esperava da
nova civilização brasileira: “Mais alegre, porque mais sofrida.
Melhor, porque incorpora em si mais humanidades”.
Detalhe: Este jogador que foi expulso após entrada violenta
no adversário foi o atacante Luis Henrique, que depois se
destacou pelos profissionais e foi negociado com o Olympique
Marselha.
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38
Efemérides

15 de maio de 2015

Além do Dia do Botafogo e aniversário de Nilton Santos, o


dia 16 de maio marca a data da despedida de um dos maiores
artilheiros do Botafogo, Nilo. Foi num 16 de maio, em 1937, que
Nilo fez sua última partida pelo Glorioso, contra o Olaria, empate
em 2 a 2, jogo válido pelo Campeonato Carioca realizado no
campo da rua Cândido Silva. Neste prélio, Nilo não marcou gol.
Ele que anotou 190 tentos em 201 jogos pelo Botafogo, o que faz
dele o 5º maior artilheiro do Alvinegro, sendo que em se
considerando a média de gols ele fica em segundo. Ele foi o autor
de quatro gols na goleada de 9 a 2 sobre o Flamengo, que vai
completar 88 anos no próximo dia 29. Fez ao lado de Carvalho
Leite, 2º maior artilheiro do clube com 314 gols em 447 jogos, um
dos maiores ataques da história do Botafogo.

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Sassalvador!
22 de março de 2015

Fui com o amigo André, do blog parceiro Opinião


Botafoguense, e com meu pai Fernando e minha irmã
Fernanda a Macaé assistir ao jogo do Fogão. Entramos no
estádio no exato momento em que o jogo começou. E logo
nos primeiros segundos, duas grandes defesas do goleiro
Renan, que entrou sob desconfiança da torcida e nesta me
incluo. Renan faria mais pelo menos outras três belas defesas
e vendo os melhores momentos da partida percebi que as
defesas foram ainda mais difíceis do que vistas in loco. Em
duas delas, Renan se atira nos pés do atacante. Para calar a
boca dos cornetas. Hoje, incrivelmente, Jéfferson não fez
falta. Renan foi sem dúvida o melhor em campo.
O Botafogo confirmou a fama de time de 2º tempo. Renê
atribuiu a demora a entrar no jogo ao gramado que considerou
alto e pesado. Mas não é desculpa, pois o Botafogo tem
sempre jogado melhor no 2º tempo, com exceção do clássico
contra o Fluminense. Se Renan foi o melhor em campo,
Sassá, que entrou no intervalo – foi a primeira alteração de

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Renê no intervalo, quando aproveitei para tirar uma foto com
o presidente que via o jogo da arquibancada – pois bem, Sassá
pode ser considerado o herói da tarde. Fez o gol da vitória em
lindo chute cruzado depois de uma arrancada pela direita após
lançamento de Gilberto e acabou saindo machucado,
deixando o time com um a menos - Renê já havia feito as três
substituições - e tornando o jogo ainda mais sofrido.
Outros que estiveram bem foram o zagueiro Renan Fonseca
e o próprio lateral Gilberto. Gilberto e Carleto levaram o
terceiro cartão amarelo e estão fora do jogo contra o Barra
Mansa quarta-feira (25), às 19h30, em Volta Redonda. Com a
derrota do Vasco para o Flamengo, voltamos à liderança do
campeonato com 28 pontos. Madureira, Flamengo e Vasco
vêm atrás com 26 cada um. Fluminense e Macaé têm 22. No
domingo (29) teremos mais um clássico, desta vez com o
Vasco. Depois mais dois jogos, contra Madureira e Macaé.
Lembrando que quem mais pontuar leva a Taça Guanabara.
Os dois primeiros têm a vantagem de dois empates nas
semifinais. Por isto a importância de nos mantermos entre os
primeiros. O time está conseguindo as vitórias e estou
botando fé no título!
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Botafogo já teve seu Sassá craque

19 de março de 2015

Atualmente o torcedor do Botafogo sofre com a deficiência


técnica do garoto Sassá, que demonstra muita vontade em
campo, mas peca em não ter maior intimidade com a bola. Mas
Sassá já foi sinônimo de craque no Botafogo. Em 89, o
principal jogador do time era Paulinho Criciúma, que também
era chamado de Sassá, uma alusão ao personagem Sassá
Mutema, interpretado por Lima Duarte na novela Salvador da
Pátria. Paulinho Criciúma, com sua barba cerrada, encarnava o
espírito do salvador, um verdadeiro Cristo, que ajudou a acabar
com o sofrimento do botafoguense.

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Pelé quase evitou título de 89

19 de março de 2015

É isto mesmo. Você sabia que o Rei do Futebol


quase evitou que o Botafogo fosse campeão carioca em
89, título que marcou a história do clube ao encerrar um
jejum de 20 anos sem conquistas oficiais? Bem, é que
dois anos antes, em 87, Pelé indicou a contratação do
atacante Maurício por um clube italiano. Maurício estava
bem na Copa União e o Rei concedeu entrevista a um
jornal italiano dizendo que um dos melhores atacantes
brasileiros à época era Maurício, que ficou interessado
em, mesmo sem uma proposta oficial, deixar o Botafogo
rumo à Itália, que vivia sua época de ouro. Ainda bem
que Maurício não foi jogar o Calcio no país da bota.
Senão ele não faria o gol histórico!

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Da mediocridade à incrível qualidade técnica

11 de março de 2015

A estreia da nova televisão no clássico domingo passado não


deu muita sorte. Minha irmã Fernanda, que há muito tempo não
via jogo com a gente, também não deu sorte. Mas hoje a chamei
de novo. Eu, que não achei minha chave, tive de pular o portão.
Ela chegou e também teve de pular. Meu pai Fernando,
trabalhando, não chegou a tempo.
Ligou há poucos minutos do início do jogo, que atrasou por
conta da queda de energia no estádio. Primeiro tempo sofrível.
Com uma furada horrível de Sassá. Mas ainda assim tivemos um
gol mal anulado. Impedimento mal marcado. Jóbson estava na
mesma linha em posição legal. E uma jogada - toque de mão - em
que poderia ter sido marcado pênalti a nosso favor.
O time volta com a mesma formação. E logo no começo da
segunda etapa, o zagueiro Renan Fonseca, que tinha ido muito
mal contra o Fluminense, marca com tranquilidade ao driblar um
defensor e categoria chutando no ângulo, aproveitando saída

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errada do goleiro adversário após boa jogada em cobrança de
escanteio. Aliás, a zaga esteve bem nesta quarta.
Depois, Carleto segura a bola e enxerga bem Jóbson no meio.
Ele chuta de longe e acerta o canto. Um golaço, que dá
tranquilidade ao time. Ah, antes, teve um pênalti pro Tigres. Meu
pai liga no momento da cobrança, eu atendo e narro para ele a
batida para fora.
Para fechar com chave de ouro, mais um golaço, do garoto
Gilberto, o primeiro dele pelos profissionais do Botafogo. Muita
emoção na comemoração ao ponto de chegar às lágrimas. Vendo
todo o lance, o gol fica ainda mais bonito. O Botafogo trabalhou
bem a bola em vários toques bem articulados.
Voltamos a campo no domingo, às 18h30, para enfrentar o
Resende novamente no Nilton Santos. O público hoje foi muito
ruim, apenas pouco mais de 2 mil pessoas.

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Tarde tranquila
11 de fevereiro de 2015
O que parecia que seria um jogo difícil, mostrou-se uma
partida tranquila na tarde desta quarta no estádio do Tigres em
Xerém. O adversário era o rusguento Bangu, adversário este com
o qual não saímos do zero nos últimos dois anos. Um prato cheio
para um tropeço e a contestação da torcida. Mas o Botafogo
surpreendeu a todos. A começar pelo técnico Renê Simões, que
indagado por um repórter antes de iniciar a partida a respeito dos
problemas que o Botafogo enfrentaria, tratou logo de refutar
possíveis reclamações induzidas e decretou: "O Botafogo tem
pressa"!
E foi impondo seu ritmo, como pediu o amigo André, do blog
parceiro Opinião Botafoguense e comentarista assíduo daqui, que
o Botafogo começou o jogo, já criando algumas oportunidades,
até que Rodrigo Pimpão "provocou" a expulsão do goleiro deles,
que era o último homem e fez falta fora da área em chance real de
gol. E se o Bangu já dava espaços para o Botafogo criar, com um
a menos o alvirrubro recuou ainda mais e permitiu que o
Alvinegro tomasse conta da partida. Pimpão sairia contundido em
outro lance, dando lugar a Jóbson, que em seu primeiro lance

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avançou pela ponta esquerda e cruzou para Bill só tocar para o
fundo da rede. O gol aconteceu aos 20 minutos, segundos antes da
parada técnica. Tempo para o treinador orientar a equipe, que
administrou o jogo na segunda metade do 1º tempo.
A equipe foi para o intervalo com a vantagem. Renê voltou
com o mesmo time para a 2ª etapa. E logo veio o segundo gol,
novamente com Bill, em mais um lance de oportunismo, desta vez
aproveitando desvio de cabeça do zagueiro Renan Fonseca após
cobrança de escanteio de Carletto. Fernandes substituiu o apagado
Tomas Bastos. O garoto acabou responsável pela criação da
equipe, à medida que Diego Jardel sentiu e foi substituído por
Sassá no tempo técnico. E Fernandes cumpriu bem o seu papel.
Distribuiu bem o jogo, com boa visão da partida - É nítido que dá
mais qualidade no passe. Sassá fez uma excelente jogada e cruzou
para Jóbson, que chutou prensado com Bill. A arbitragem deu o
gol para Jóbson. Na saída de campo, após o fim do jogo, o
altruísta Bill afirmou que o gol foi de Jóbson, que deve ganhar
mais confiança depois de desencantar.

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O Botafogo voltando a ser Botafogo

10 de fevereiro de 2015

Uma imagem que começou a circular na segunda-feira (9)


nas redes sociais revela mais uma boa faceta de nosso novo
presida Carlos Eduardo Pereira. Ele que já havia sido elogiado
pelo blogueiro escritor Paulo Cézar Guimarães pelo fato de usar
terno, desta vez apareceu com uma camisa alvinegra. Não
bastasse vestir e mostrar todo o seu amor pela estrela solitária, o
presidente carregava o novo cachorro mascote Perivaldo, uma
nova versão do Biriba, que no jogo contra o Boavista em São
Januário já havia sido ameaçado de ser expulso do estádio e foi
resgatado por Carlos Eduardo Pereira, como há décadas atrás
aconteceu com Biriba, que foi carregado no colo pelo folclórico
Carlito Rocha. É o Botafogo voltando a ser Botafogo!

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Tá ruim, mas tá bom
29 de março de 2015

Antes mesmo da Semana Santa, provei um bom prato de


bacalhau, muito bem feito pela minha avó materna, a
botafoguense Neusa. Mas o jogo começou com o Vasco partindo
prá cima e melhor. O Botafogo equilibrou as ações, criou algumas
oportunidades, que foram desperdiçadas, mas o Vasco voltou a
ficar melhor na partida e conseguiu o seu gol num lançamento
pelo lado esquerdo da defesa do Botafogo nas costas de Carleto.
Roger Carvalho não sei se tentou cobrir a marcação ou se tentou
sair para deixar o adversário em impedimento, mas o certo é que
falhou e deixou o atacante deles livre para marcar.
No intervalo fui para a casa dos meus pais levar minha avó,
que foi na minha casa ver a bisneta mais nova. Júlia parece que
vai ser mais botafoguense que Luiza. Fica olhando para a
tatuagem do escudo no meu peito. E onde vê a estrela solitária
espalhada pela casa fica toda alegre. Quando alguém faz um gol,
como a seleção com Jéfferson hoje, eu grito: Gooooool! Do
Botafogo! Ela sorri e tenta falar alguma coisa. Pois bem, se no
primeiro tempo não tivemos sorte, decidi ver a segunda etapa na

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casa dos meus pais. E assim que minha avó se dirigiu à sala para
sentar no sofá e ver o jogo com a gente – minha irmã e meu pai –
o Botafogo conseguiu o gol de empate com Roger Carvalho, que
se redimiu e marcou de cabeça após cobrança de escanteio pelo
lado direito do ataque.
O time havia melhorado com a entrada do estreante Elvis,
que deu mais movimentação no meio e melhorou o toque de bola
da equipe. Tássio também entrou no lugar do inoperante Bill, mas
se machucou e ficou fazendo número em campo. Isto porque
Roger Carvalho sentiu e saiu para dar lugar a outro estreante,
Alisson. O tão cobrado giro do elenco foi promovido pelo técnico
Renê Simões. E agora sim vamos conhecendo o que temos. Diego
Giaretta, que ganhou tudo, foi o melhor em campo. Jóbson mal.
Enfim, o empate acabou sendo um bom resultado diante de um
adversário direto num jogo aberto em que poderíamos tanto ter
vencido como perdido.
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Estava bom demais para ser verdade
25 de março de 2015
Estava demorando. Mais cedo minha cunhada tricolor falou:
“Já pensou se o Botafogo perde para o Barra Mansa”? E eu
retruquei: Tá doida! E ela complementou: “Pode acontecer”. Meu
pai, que chegou exatamente no intervalo para ver só o péssimo 2º
tempo, teve uma má impressão e decretou: "O Botafogo não
costuma ganhar esses joguinhos contra time pequeno". E no que
fui me preparando. No lance da falta, que resultou no gol do
empate do Barra Mansa, senti o gol. Pensei comigo: Ainda bem
que foi agora. Ainda dá tempo de desempatar. Eis que surge um
pênalti, até certo ponto bem marcado. Mas o Botafogo se recusa a
ganhar jogos sem merecer. Minha mãe diz: “O goleiro tá com cara
de que vai pegar “. E não é que o Bill perdeu. Logo ele que
durante a semana brincou exatamente com uma cobrança de
pênalti e prometeu gol, como para o clássico contra o Flamengo,
no qual também não fez e desde então deixou de marcar. Chuta
que é macumba!
Depois o mesmo Bill perderia um gol de frente para o gol.
Demorou a chutar e permitiu o desarme do adversário. Marcelo
Mattos e Fernandes, este que jogou improvisado na lateral direita

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nesta quarta, levaram o terceiro cartão amarelo e estão fora do
clássico contra o Vasco, domingo. E por falar em lateral, o garoto
Jean esteve muito bem, principalmente no 1º tempo, no apoio –
cruza bem – e na marcação. Na 2ª etapa, sentiu câimbras e foi
substituído. Por falar em substituições, as mudanças de Renê,
como o próprio treinador reconheceu, não surtiram efeito. Pelo
contrário, pioraram o time. Murilo provou que não tem condições
de vestir a camisa do Botafogo. E Gegê, que até tem uma função
tática – volta para marcar – mas no que deveria ajudar, que é na
criação, não produz nada de mais útil, só arruma algumas
faltinhas no seu já tradicional cai cai. E para terminar, por falar
em Renê, o técnico deu um chute no estômago no torcedor ao
declarar à imprensa que “a liderança pesa”. Hoje tivemos um
choque de realidade.
***

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O Palito de Churrasco
14 de outubro de 2011

Há alguns anos, em Campos, no Rio, o time master do


Botafogo participou de um jogo contra o master do Flamengo.
Uma das atrações daquele time era o atacante Maurício, camisa
sete alvinegro, autor do gol do título carioca de 1989 sobre o
Flamengo. Neste jogo de veteranos, Maurício marcaria o gol do
Botafogo, num lance parecido com o gol que marcou (o primeiro)
no empate em 3 a 3 no mesmo ano de 89, no jogo em que me
tornei botafoguense. Nesse jogo, o Botafogo perdia por 3 a 1 e foi
buscar o resultado num golaço do meia Vitor e um gol contra do
zagueiro Gonçalves, que no ano seguinte se transferiria para o
time da estrela solitária.
Mas voltando ao jogo de veteranos em Campos, a partida
virou um a zero para o Botafogo, gol de Maurício, como em 89,
ano em que o Fogão foi campeão invicto. Detalhe é que nesse
clássico de veteranos eu estava com uma camisa alvinegra antiga,
de malha, que era do meu pai. Assim que cheguei ao estádio do
Goytacaz, onde foi disputado o clássico, torcedores do Flamengo
mexeram comigo falando que aquela camisa, do início da década

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de 1990, com o patrocínio da Coca-Cola, era da época de
Paulinho Criciúma.
Quanto ao jogo em si, no intervalo resolvi fazer uma simpatia
e enterrei um palito de churrasco atrás do gol onde o goleiro do
Botafogo ficaria, na expectativa de proteger a meta alvinegra.
Aquela baliza tinha sido a mesma em que Maurício, o camisa
sete, havia marcado o gol que ia garantindo a vitória para o
Botafogo sobre o arquirrival Flamengo. Para melhorar o trabalho
fui para trás da meta do goleiro rubro-negro, o falecido Zé Carlos,
para provocá-lo. Chamava-o de frangueiro e de ladrão. Zé Carlos
agora era empresário e havia, sorrateiramente, vendido para o
Atlético-MG um jogador da base do Botafogo, Hugo, morador de
São Fidélis, no interior fluminense.
Nesse momento, alguns torcedores do Flamengo, vendo que
eu estava atrapalhando o goleiro do time deles - que chegou a
discutir comigo, foram em minha direção e me ameaçaram.
Coagido - era uns 10 truculentos - resolvi sair dali de trás do gol
de Zé Carlos. E não sei por que cargas d'água, tive a idiota ideia
de ir atrás do gol defendido pelo goleiro do Botafogo para tirar o
palito de churrasco. Não é que quando vinha saindo, parece que
distraí o nosso arqueiro, que foi surpreendido com o chute de

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Júnior Capacete. A bola entrou cruzada como no gol de Gighia na
final da Copa de 50 entre Brasil e Uruguai.
O jogo terminou empatado no tempo normal em 1 a 1 e foi
para os pênaltis. Os jogadores alvinegros perderam várias
cobranças e o rubro-negro acabou conquistando a taça do torneio.
Eu fui às lágrimas, como os torcedores brasileiros no Maracanazo.
A minha simpatia improvisada virou contra o feiticeiro. Pelo
menos, tive o imenso prazer de ver pessoalmente o camisa sete
Maurício marcar contra o Flamengo como em 89. Mas apesar de
já passados cerca de 10 anos, a voz da consciência persiste em
indagar: por que eu arranquei aquele palito de churrasco?
Obs: Esta crônica foi selecionada no Concurso "Crônicas
Alvinegras", do Botafogo de Futebol e Regatas; e integrou o livro
"A Magia do 7", da Editora Livros Ilimitados, lançado no dia 7 de
novembro na sede do clube, em General Severiano.

***

55
Numerologia e o sonho realizado de
conhecer os campeões de 1989 do Botafogo

23 de junho de 2019

Nasci no dia 23 de junho de 1981. Aos sete anos de idade, no


dia 7 de maio de 1989 virei botafoguense. O Botafogo perdia para
o Flamengo por 3 a 1. Meu avô materno, Egenildo, flamenguista,
já havia me dado uma camisa do Flamengo e me fotografado com
ela. Mas naquele dia ouvia o jogo pelo radinho com meu pai
botafoguense, Fernando. O Botafogo empatou a partida com dois
gols no finzinho, de Gonçalves, então jovem zagueiro do
Flamengo, contra; e Vitor, que apesar de depois ter se declarado
botafoguense, havia sido revelado pelo Flamengo. Aquele empate
mudou meu destino. Eu cheguei a fazer um desenho eu
queimando a camisa do Flamengo e escrito: Agora eu boto fogo!
Contrariei a máxima do hino rubro-negro que diz: “Uma vez
Flamengo, Flamengo até morrer”. Naquele 7 de maio de 1989
nascia um botafoguense. Pouco mais de um mês depois eu
comemorei, já como botafoguense, o título do campeonato
carioca em cima do Flamengo. A conquista acabou com um jejum

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de quase 21 anos sem títulos oficiais do Botafogo. O último havia
sido da Taça Brasil de 1968, que teve a final disputada em 1969.
O Botafogo foi campeão no dia 21 de junho, o jogo começou às
21 horas, o placar eletrônico do Maracanã marcava a temperatura
de 21 graus, o cruzamento para o gol do camisa 7, Maurício, foi
feito pelo ponta Mazolinha, número da camisa 14. Repare que o
número 7 de Garrincha aparece desde o 3 a 3 no dia 7 de maio,
depois com os múltiplos 14 e 21.
Na sexta-feira, dia 21 de junho de 2019, fui ao Rio de Janeiro
para o evento comemorativo dos 30 anos do título de 1989 do
Botafogo, na sede do clube em General Severiano. O evento
contou com a presença dos jogadores campeões. Foi um dia
histórico! Realizei o sonho de conhecer os personagens da grande
conquista, que os que não são botafoguenses não têm a dimensão
do que representa. Na ida comprei a passagem de ônibus no valor
de R$ 89,37 e o atendente me deu como opção o assento número
12, tempo do gol de Maurício e 21 ao contrário. Na volta, peguei
o ônibus de 23h07. Foi um dos dias mais felizes da minha vida.

***

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A volta da esperança
4 de dezembro de 2021

Que ano este de 2021! Bem que meu pai avisou que
subiríamos no mesmo ano que caimos. O começo foi de muita
descrença. Muito apontavam que o Botafogo não iria subir, que
iria cair para a Série C ou até mesmo que iria acabar, como
costuma acontecer nestas fases difíceis em que os profetas do
caos aparecem com suas cargas negativas.
E o peso realmente era grande. Vide as declarações do
zagueiro Kanu, um dos que caiu com o time de 2020/2021 e que
se tornou um dos símbolos desta volta triunfal do Botafogo à
Série A do Brasileirão. Kanu chegou a dizer que dormia e
acordava sonhando com o acesso.
E o retorno à elite veio num feriado de 15 de novembro com
o estádio Nilton Santos lotado e numa virada que já parecia
improvável. O centroavante Rafael Navarro foi o herói, autor do
gol do acesso e artilheiro da equipe no campeonato com 15 gols.
Mas o time teve outros jogadores importantes na campanha de 20
vitórias, 10 empates e oito derrotas.

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Marco Antônio com nove gols também foi um dos destaques,
assim como Chay e Diego Gonçalves, ambos com oito gols. Um
parênteses para comentar sobre Chay, que mesmo numa fase em
que o gol não saía foi de suma importância pelas assistências. E
foi em dos cruzamentos perfeitos que ele fazia que o volante
Pedro Castro fez o gol de empate no jogo do acesso, uma
cabeçada certeira que compensou os gols perdidos em outras
partidas.
Como não falar do zagueirão Carli, que voltou ao clube sob
desconfiança do que poderia render. Mas “El Capitán” mostrou
seu espírito de liderança e comandou o grupo no vestiário e em
campo ao lado de Kanu. Até gol de vitória Carli fez e logo na
estreia como titular. Foi ficando no time e se tornou um dos
principais responsáveis pelo acesso com seu belo posicionamento
nas jogadas aéreas, nas quais tirava todas as bolas que ameaçavam
nossa defesa. Virou ídolo definitivo e deve ser pintado no muro
em frente à General Severiano.
Outro contestado era Warley, que também caiu em
2020/2021. De criticado Warley, além das precisas assistências, se
tornou um farol de alegria para o grupo com suas brincadeiras, em
especial a famosa batedeira. Ao lado de Marco Antônio, outro

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brincalhão, Warley levou leveza para a equipe, que precisava
extravasar tanto sentimento misturado.
A força veio do preparador físico Edy Carlos, que lançou o
bordão “Mais ou menos não serve”, que virou um dos lemas do
time, junto de “Termine a corrida”, “Não se vitimize”, “Ubuntu” e
“Pressão é um privilégio”, estes quatro últimos do técnico de
basquete Doc Rivers e que foram destacados na parede do estádio
Nilton Santos.
São tantos nomes a destacar e não poderia faltar, claro, o de
Ederson, o técnico bom, que ganhou excelente paródia do
humorista botafoguense Adnet. Ederson conseguiu fazer o time
jogar, ganhar, conseguir o acesso e ser campeão. Foi tão
fundamental nesta Série B que deve ficar para 2022.
Por fim, esperamos que os próximos anos sejam de mais
alegrias e menos sofrimento para nós botafoguenses que tanto
sofremos nos últimos anos. Que os tempos de glória voltem e que
possamos sentir a emoção e a alegria guardadas em nossos
corações. Para que tenhamos orgulho em dizer que somos
escolhidos, que somos do clube que é mais tradicional, que
torcemos para o Glorioso, o nosso Botafogo!

***

60
Queremos mais

4 de dezembro de 2021

Sou nascido em 1981 e sou botafoguense desde 1989. Tive a


sorte de viver uma década áurea do Botafogo, de 1989 a 1999, na
qual conquistamos o bicampeonato carioca (1989-1990),
chegamos à final do Campeonato Brasileiro de 1992, fomos
campeões da Copa Conmebol em 1993, fomos campeões
brasileiros em 1995, campeões do Troféu Teresa Herrera em
1996, campeões cariocas em 1997, campeões do Torneio Rio São
Paulo em 1998 e chegamos à final da Copa do Brasil em 1999.
Depois vieram anos difíceis. O rebaixamento em 2002, ano
em que eu estava morando em Niterói e assisti a muitos jogos no
Caio Martins. Depois veio o título do Carioca em 2006 - fui no
jogo final no Maracanã em que nos sagramos campeões, o tri vice
roubado em 2007-2008-2009 e a redenção em 2010 com a
cavadinha de Loco Abreu. Mais dois títulos cariocas em 2013 e
2018. E mais dois rebaixamentos em 2014 e 2020. Neste meio
tempo, uma bela campanha na Libertadores de 2017.

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Torcemos para que o Botafogo tenha mais bons momentos,
como os da década de 1990 ou até mesmo da década de 1960.
Merecemos isto. Somos um dos torcedores mais apaixonados do
Brasil, mas vivemos muito do passado de glórias. Então diante
deste presente embalado, esperamos um futuro em que possamos
gritar mais “É Campeão”! Ok, Fogão? Valeu!

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Meu médico botafoguense

6 de dezembro de 2021

O médico que eu vou desde 2003 é botafoguense. Naquele


ano o Botafogo disputava a Série B pela primeira vez. Naquele
ano eu tinha voltado de Niterói após dois anos estudando Cinema
& Vídeo na UFF. Acompanhei a queda do Botafogo em 2002 indo
a vários jogos no estádio Caio Martins e no Maracanã.
Em 2003 fui a dois jogos na Série B. Eu ainda estava em
dúvida se voltava para o Rio de Janeiro. E decidi ficar em
Campos. Foi um processo para aceitar que minha jornada na UFF
havia acabado. Eu tinha uma namorada, que terminou comigo
diante da minha indecisão se ficava ou não no Rio.
Passados todos estes anos eu continuei esporadicamente indo
no meu médico botafoguense. E sempre a conversa começava
pelo Botafogo. Posso dizer que gosto mais dele por ele ser
botafoguense. Aliás a pessoa quando é botafoguense conquista
mais a gente, sobe no nosso conceito. Parece que nos entende.
A última vez que fui ao meu médico botafoguense, em julho,
o Botafogo ainda não havia iniciado a recuperação na Série B de

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2021. Ele comentou comigo que não estava vendo os jogos e não
estava acreditando muito no acesso. Eu também, confesso, estava
desacreditado.
Mas o Botafogo se recuperou e subiu. Voltamos para a Série
B. E isto é uma lição. Para que acreditemos nos nossos sonhos e
na vida. Como diz a música da Legião Urbana “Via Láctea”:
“Quando tudo está perdido, sempre existe um caminho. Quando
tudo está perdido, sempre existe uma luz”.
Mesmo que a letra tenha um tom de ironia de Renato Russo,
é isto que queremos. Que a depressão fique para trás e a estrela
solitária nos conduza com um facho de luz. Com momentos de
emoção e alegria. Pode ser com sofrimento, afinal a gente não
torce, a gente sofre pelo Botafogo.

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O autor, Wesley B. Machado, em caricatura de Soza

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