Botoníssimo - Vol. 3 - 2014 - BB - 2015 Xyz - A Ko

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Ubirajara Godoy Bueno

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

BOTONSSIMO
O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA

VOLUME 3

Ubirajara Godoy Bueno


2014

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

CAPA

Elaborao, montagem e fotografia: Ubirajara Godoy Bueno


Feitura e significado simblico Pastilha, dado, disco e bola, usados em algumas das modalidades do futebol de mesa, foram sobrepostos e fixados na parte posterior com uma haste delgada de metal
e fita adesiva. As peas, assim combinadas, emolduradas por um
boto estilizado, ilustram o futebol de mesa em suas diferentes regras, mas expresso simbolicamente como um todo. A estampa de
fundo foi criada pela imagem duplicada da superfcie de uma mesa
de jogo.

Ubirajara Godoy Bueno

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Muitos contriburam com informaes valiosas para a composio deste livro, assim como foram de grande valia os registros em
antigos jornais, revistas e outros documentos de onde compilei dados importantes.

Colaboradores para o Botonssimo volume 3


Agradecimentos
Adauto Celso Sambaquy, Agnaldo Percoraro, Eduardo Lemos, Filipe Seixas,
Geraldo Atienza, Givanildo Fernandez, Harutium Muradian, Igor Godoy Bueno,
Joo Batista Rangel Junior, Jos Jorge Farah Neto, Jos Roberto Primo, Natalia Mazetto, Rafael Domingos Barricelli, Renato Pinheiros de Souza (Barthez),
Roberto de Lara Rodrigues (Robertinho).

Reviso de texto: Igor Godoy Bueno.


(reviso parcial)

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Ao escrever este livro, no visei qualquer retorno financeiro;


justificou o meu trabalho to somente o propsito de preservar a histria do futebol de mesa para a posteridade, antes que o tempo apague irremediavelmente o que hoje ainda pode ser recolhido da
memria dos botonistas mais antigos e dos registros impressos e
fotogrficos cada vez mais dispersos e ilegveis. No apenas recolher informaes, mas analisar, selecionar, organizar e salvar de
forma segura.
Alm da histria do botonismo, outras matrias foram includas, as quais julguei de interesse dos leitores. Certamente o contedo deste livro no esgota o muito que se tem para contar do futebol
de mesa.

Botonssimo um livro participativo

Para incluses, complementaes, retificaes e


comentrios, utilize o e-mail: [email protected]

Ajude a preservar a histria do futebol de mesa.

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Os

textos e ilustraes apresentados neste livro po-

dem ser inseridos livremente em outras publicaes, desde


que o contedo no seja alterado e a fonte devidamente citada, no apenas para o cumprimento das leis dos direitos autorais, mas tambm para possibilitar o rastreamento das informaes. Cpias derivadas devem conservar os crditos
da obra original. Porm, mesmo citando-se a fonte, este material no deve ser usado com fins lucrativos, exceto se autorizado formalmente pelo autor.

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

NDICE (conciso)
Capa ............................................................................................................... 01
Folha de rosto .................................................................................................. 02
Elaborao da capa ......................................................................................... 03
Agradecimentos (colaboradores) ................................................................. 04
Apresentao.................................................................................................... 05
ndice ..... ........................................................................................................ 07
Arco e Flecha & Futebol de Mesa ..................................................................... 08
Centenrio do Futebol de Mesa Brasil ............................................................09
Mais uma pitada de histria .............................................................................. 11
Regras evoluram e multiplicaram-se ............................................................. 16
Que Golao ...................................................................................................... 28
Bola 12 toques ................................................................................................. 36
Bola 3 toques ................................................................................................... 39
A modalidade dadinho ...................................................................................... 45
Sectorball ........................................................................................................ 48
Subbuteo ......................................................................................................... 51
Modalidade Pastilha.......................................................................................... 55
Futebol de Mesa no Chile ................................................................................. 57
Game e Boto................................................................................................... 64
Robertinho - entrevista ..................................................................................... 75
Os Super Heris no Futebol de Mesa humor especial - ..................................83
Catalogao dos artigos esportivos .................................................................. 88
Goleiros para treinos ........................................................................................ 94
Mitos e Verdades ............................................................................................. 98
Sobre os botes e suas medidas .....................................................................109
Final ............................................................................................................... 164

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Arco e Flecha & Futebol de Mesa


alguns anos, quando comecei a praticar arco e flecha, sem abandonar o futebol de mesa, iniciei meu treinamento em companhia de um
amigo com certo conhecimento prtico.
Procurando obter mais informaes sobre o esporte, importei alguns livros, uma vez que a literatura sobre o assunto em portugus era escassa (atualmente a Internet supre, em parte, esta carncia).
Fiquei maravilhado com a quantidade e diversidade de artigos. A histria
fascinante da evoluo do arco e flecha, o que representou em cada perodo,
servindo como instrumento de caa, arma de guerra e finalmente transformando-se num esporte, hoje presente nas olimpadas. Tipos de arcos, as partes
que compem suas estruturas, com descries detalhadas sobre a funo de
cada uma delas. Especificaes das flechas, recomendaes sobre as penas,
pontas e rabeiras. Potncia das lminas e as setas compatveis, informaes
sobre a puxada, ancoragem, posicionamento do nock. Tiros com mira e instintivo. Clculos das parbolas, etc. Fiquei a imaginar por que no dar igual tratamento ao futebol de mesa. Enriquecer a sua histria vasculhando o seu passado em busca de novos registros, corrigir equvocos. Tratar sobre a estrutura do
boto, das dimenses e funes; catalogar os modelos atuais e do passado,
dando-lhes nomes e informar sobre as suas caractersticas, criando assim uma
diferenciao clara entre eles. Criar uma linguagem comum de fcil entendimento entre botonistas e fabricantes. E por que no, a exemplo de certos esportes, abordar a fsica e a matemtica para uma melhor compreenso do funcionamento do jogo. A cincia do futebol de mesa. Tudo isto enriquecido com
entrevistas, dicas de jogadores experientes, curiosidades, humor, entre outras
coisas.
Disposto a oferecer este incremento ao futebol de mesa, tomei flego
para pesquisar, indagar, entrevistar, estudar, questionar. Foi assim que nasceu
o Botonssimo trabalho iniciado em 1996.
A inteno era de apenas um ou dois volumes, mas, diante de tanto para
tratar, somado a uma dose de entusiasmo, o plano de obra foi fixado em seis
livros.
No sei se vou alcanar meu objetivo em extenso e qualidade. Se no
for possvel, talvez o futebol de mesa possa contar com outros historiadores
dispostos a fortalecer o que plantei ou realizar um plantio mais amplo e aprimorado, aproveitando, pelo menos, a terra que revolvi.
Ubirajara Godoy Bueno

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CEM ANOS DO FUTEBOL DE MESA

BRASIL
CENTENRIO DO FUTEBOL DE MESA BRASILEIRO

eria formidvel comemorarmos os cem anos de existncia


do futebol de mesa no Brasil. Porm, parece no haver documento de sua estreia em nosso pas. Consta que era praticado no
clube America, RJ, em 1917, conforme a ata do clube (o mais antigo
registro sobre o jogo disponvel at o momento detalhes no Botonssimo, volume 2). Mas no sabemos se esta data corresponde ao incio do fu-

tebol de mesa no Brasil ou se j era praticado h algum tempo no


Rio de Janeiro ou em outras regies e acabou sendo aproveitado
pelo America como opo de lazer aos associados. Diante da possibilidade de sua existncia no Brasil antes de 1917, o mais provvel
ter surgido aps 1910, quando a popularidade do futebol de campo se consolidou entre os brasileiros. Uma participao cada vez
mais intensa de torcedores e jogadores de todas as classes sociais
desfaz o elitismo que at ento se impunha no esporte. Podemos
deduzir que era a ocasio propcia para a criao do jogo de boto
ou sua adoo caso tenha vindo de outro pas, uma vez que o ele-

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mento motivador estava efetivamente presente no esprito de muitos. Quando penso na estreia do futebol de boto no Brasil, ocorreme o ano de 1915 por situar-se entre a poca em que o futebol de
campo comeou a se popularizar entre os brasileiros e prximo da
data registrada pelo clube America, somado ao fato de distar exatamente quinze anos da primeira publicao em nosso pas sobre as
regras do futebol de boto*. Mas certamente apenas uma escolha
entre outras opes possveis.
*Regras, publicada em 1930 por Geraldo Cardoso Dcourt
(mais detalhes no prximo captulo).
No tenho a pretenso de escolher o ano para se comemorar
o centenrio do futebol de mesa no Brasil, apenas o desejo de celebrar este acontecimento.
1908
1905 1910
Futebol de campo
comea a se tornar
popular no Brasil

1917
Jogo de boto no
clube America, RJ

Isto fato

Isto fato
2015
Centenrio do
Futebol de mesa.
BRASIL

1911 1917
Jogo de boto.
Incio de sua prtica no Brasil.

Perodo em que o futebol de mesa


estreou no Brasil.

Data
sugerida

Isto fato
2017
100 anos de futebol de mesa no Brasil pelo menos.

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Em conformidade
com registros
histricos.

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Futebol de Mesa
Mais uma pitada de histria
(Novos dados para a cronologia iniciada no volume 1)

1940 Lenine Macedo de Souza e seus amigos desenvolvem, a partir da Regra de Futebol Celotex ( 1 toque somente para cada jogador ), as bases embrionrias da futura Regra Gaucha. , oficializada em 1961.
1959 Na Bahia adotada oficialmente a regra 1 toque, por ocasio da fundao da AFMA Associao de Futebol de Mesa de Alagoinhas ( a mesma
regra que era praticada no Rio Grande do Sul, mas de uma maneira um pouco
diferente quanto as normas e os artigos esportivos). Apesar das diferenas, segundo o botonista e historiador Enio Seibert, fora igualmente concebida com
base no futebol Celotex.
1961 A Regra Gacha oficializada o que motivou a fundao da primeira
Federao oficial brasileira de Futebol de Mesa em Porto Alegre, RGS.
1965 ( 01 - julho) - nas dependncias do Diretrio Acadmico "Amaro Cavalcanti",da Faculdade de Cincias Econmicas de Caxias do Sul, foi fundada a
Liga Caxiense de Futebol de Mesa dentro da Regra Gacha.
A liga foi presidida por Adauto Celso Sambaquy.
1967 (19 janeiro) Elaborao da Regra Brasileira (fuso da regra gacha
com a Baiana).
Comisso mista de gachos e baianos chegaram a um consenso
na redao final, fazendo adaptaes tanto da regra praticada na Bahia quanto na regra praticada no Rio Grande do Sul. Figuram como cabeas do movimento Oldemar Seixas, pela Bahia, e Adauto Celso Sambaquy,
pelo Rio Grande do Sul.
Aconteceu na Sede da Liga Baiana de Futebol de Mesa, em Salvador

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1970 Primeiro Campeonato na Regra Brasileira realizado em Salvador.


Modalidade consolidada. (registro j citado no Botonssimo, volume 2)
1973 (02-novembro) Primeiro passo em direo a criao da Federao
Gacha de Futebol de Mesa.
No Clube Harmonia, na cidade de Canguu, com a presena de 27
tcnicos, de 13 cidades gachas realiza-se o I ESTADUAL DE FUTEBOL
DE MESA, disputado na regra brasileira. Nesta oportunidade surgiu o
primeiro embrio da FGFM, gerado na Assembleia Geral da competio, onde ficou decidido, por proposio de Adauto Celso Sambaqui, a
criao de um rgo que coordenasse as diversas Ligas j existentes
praticantes da regra brasileira no Rio Grande do Sul. Foi aprovado,
por unanimidade, que este rgo teria sede em Caxias do Sul e adotaria o nome de UNIO DAS LIGAS DE FUTEBOL DE MESA DO RIO
GRANDE DO SUL.
1978 (17 outubro) Fundada a Federao de Futebol de Mesa do Rio de
Janeiro FEFUMERJ (ainda sem regularizao), sob a presidncia de Joo
Paulo Mury.
1979 (15 novembro) - Fundada a Associao de Futebol de Mesa de Porto
Alegre AFUMEPA. Principal finalidade: organizar e divulgar a Regra Brasileira na cidade de Porto Alegre.
1981 (fevereiro) A modalidade 3 toques, aps um perodo de estudos (iniciado em 1978), tem sua regra definida e oficializada.
1982 (24 abril) Na Sociedade Italiana Anita e Jos Garibaldi em Santana do Livramento, foi fundada a Unio Gacha de Futebol de Mesa,
a qual sucedeu a Unio das Ligas de Futebol de Mesa do Rio Grande
do Sul, iniciada em 1973. Novo passo em direo a criao da Federao.
1984 - 1985 grupo de botonistas de vrios clubes, filiados a federao, que
no dispunham de espaos suficientes para abrigar os praticantes, por meio do
botonista Sidnei Jos Railo conseguem um local na Vila Maria Zlia. Os botonistas, liderados por Harutiun Muradian, fundam o departamento de Futebol de
Mesa da Sociedade Amigos de Vila Maria Zlia. Inicialmente com apenas 6
mesas, cresceu e se consolidou ao longo do tempo.
A equipe Maria Zlia uma das mais importantes na regio de So Paulo

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1985 Neste ano nascia na Rua Inocncio de Carvalho, bairro do Tororo, a


Federao Baiana de Futebol de Mesa que logo providenciou encaminhar
documentao para o Conselho Nacional de Desporto para o reconhecimento
do Futebol de Mesa como esporte, o que aconteceria em 1988.
1985 Unio Gacha de Futebol de mesa nova direo e com objetivo prioritrio - (ver comentrios).
Em 1985 eleito como presidente Gilbo Langaro Mendes, tendo como vicepresidente Srgio de Oliveira. Esta nova direo da UGFM tinha como meta
principal de sua gesto a fundao da Federao Gacha de Futebol de Mesa
e atinge seu objetivo no dia 11/01/86, em reunio realizada no Campestre
Tnis Clube, na cidade de Passo Fundo, onde foi aprovado o Estatuto de
fundao da FEDERAO GACHA DE FUTEBOL DE MESA, que foi publicado
no Dirio Oficial do Estado do dia 17/02/86 e registrado no Cartrio de Registros Especiais da Comarca de Passo Fundo no livro A, n 3 , folhas 80
verso e 81, sob n 1041 em 30/07/86.

1986 (11 de janeiro) Fundada a Federao Gacha de Futebol de Mesa.


2002 A modalidade Dadinho comea a ser disputada organizadamente.
2005 (?) Modalidade Pastilha - Primeiro campeonato estadual.
Campeo individual: Marcelo Lages, do Vasco da Gama; Equipe campe:
Associao Friburguense
2007 Antonio de Franco Neto, Antonio Ramondetti De Franco, Jos Cassio
Erbiste, Jos Jorge Farah Neto e Paulo Salvador Perrotti, viajaram para Hungria
a fim de iniciar os Europeus na regra 12 toques e disputar, pela primeira vez, o
Mundial de Sectorball. O primeiro contato com a Hungria aconteceu em 2005.
2007 Criada a Liga Gacha de Futebol de Mesa que at os dias de hoje
vem unindo os praticantes da Regra Gacha.
A regra gacha, aps a fuso com a baiana na criao da Regra Brasileira,
continuou existindo e praticada tal qual.
2009 Entra em fase experimental a modalidade Dadinho, na tutela da FEFUMERJ - Federao de Futebol de Mesa do Rio de Janeiro.
2009 (maro) A FISTF - Federation International of Sports Table Football oficializou a admisso do Brasil, atravs da LBS - Liga Brasileira de Subbuteo.

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2009 Sectorball. Jogadores brasileiros voltam a participar dos Campeonatos


Mundiais realizados na Europa, o V da srie.
2009 (25/04) O Departamento de Futmesa do Bangu AC promoveu o primeiro evento experimental de Subbuteo no Brasil, com a disputa de um Torneio
Incio entre seus atletas, vencido por Bruno Coutinho.
2009 (26/07) Na sala da Diviso de Futebol de Mesa do Club de Regatas
Vasco da Gama foi realizado o 1 torneio interno de SUBBUTEO no clube, a
competio foi vencida por Marcelo Lages.
2010 (17-04) Realizado o I Satellite pela Liga Brasileira de Subbuteo. A competio foi formalizada junto FISTF - Federation International Sports Table Football e contou pontos para o ranking internacional. Nela estiveram presentes atletas da LAFM - Liga Argentina de Ftbol de Mesa. Jos Antnio do CR Vasco
da Gama foi campeo. Marcelo Lages ficou com a 2a colocao, Murcilli foi o 3
colocado e Igor Monteiro completou o pdio com a 4a colocao.
2011 1 Campeonato Brasileiro de Sectorball, - realizado nas dependncias
da Diviso de Futmesa do CR Vasco da Gama, no Estdio de So Janurio
(RJ). A ocasio se mostrou to importante que o prprio Horvth Imre, Presidente da ISBF, deslocou-se da Hungria para acompanhar o evento.
2011 A modalidade Dadinho reconhecida oficialmente no Brasil pela CBFM
(Confederao Brasileira de Futebol de Mesa)
2011 (4, 5 maio) - Disputada em Curitiba, no Ginsio do Clube Curitibano, a
1 Copa do Brasil de Dadinho, que apresentou a vitria do atleta Brayner
Wertmuller do C.R. Vasco da Gama do Rio de Janeiro.
2012 Foi a vez de o Brasil sediar o Campeonato Mundial de Sectorbaal
na cidade do Rio de Janeiro. Foi a primeira que esta competio foi realizada
fora da Europa. Nesta terceira participao de jogadores brasileiros, os resultados foram animadores.
2014 Modalidade 12 toques inicia o ano utilizando bolinha de micro fibra,
escolhida entre as concorrentes de EVA e flocada. Antes da escolhas, todos os
tipos foram avaliados nos ultimos meses de 2013.

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Criao e desenho: Ubirajara Godoy Bueno

Nos primrdios do futebol de mesa, quando botes


de roupa eram usados como peas de jogo, Geraldo Cardoso Dcourt seguiu, abordou e pediu a uma senhora um
dos botes do seu casaco. Foi atendido pela gentil transeunte e ganhou um zagueiro para o seu time.
Episdio relatado por Dcourt durante uma de nossas conversas

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REGRAS evoluram e multiplicaram-se


m 1930, Geraldo Cardoso Dcourt, com 19 anos, apaixonado
pelo futebol de boto desde criana, resolve criar uma forma
organizada e padronizada para a prtica do jogo. Reformula as normas adotadas na poca e, com recursos prprios, publica seu trabalho num livrete intitulado Regras Oficiaes Foot Ball Celotex, nome
que deu modalidade para melhor identificar a sua nova roupagem.
O livrete foi colocado venda em bancas de revistas do Rio de Janeiro, da ento Capital Federal. Dcourt procura reforar a divulgao em vrios jornais: A Noite, A Ordem, Dirio da Noite, A Batalha, O Globo, Rio Esportivo, A Noite Sportiva, Dirio de Notcias, e as revistas A Noite Ilustrada, suplemento de O Cruzeiro
(impressos em rotogravura), todos produzidos no Rio de Janeiro,
mas com boa circulao nas principais capitais de vrios estados.
Paralelamente, Dcourt promove o esporte realizando torneios.
Provavelmente esta obra de Dcourt foi a primeira publicao
do gnero no Brasil, pois no se conhece nenhuma outra produzida
anteriormente. No devemos valorizar o livro e seu autor apenas por
este fato, embora tal pioneirismo seja o bastante, mas por significar
o enaltecimento do jogo por meio de um registro impresso e amplamente difundido. Era o primeiro passo em direo ao longo caminho
que levaria, anos mais tarde, ao reconhecimento da modalidade
como esporte, ocorrido em 1986 pelo CND Conselho Nacional dos
Desportos. No exagero dizer que a histria do futebol de mesa no
Brasil pode ser dividida em dois segmentos: antes e aps o Celotex.
Mas como eram as regras antes do Celotex?
Uma vez que o futebol de boto uma simulao do futebol
de campo, a maneira de se jogar, desde a criao do jogo, seguia,
na medida do possvel, regras similares.
(...) Na ocasio (1919) adotamos as mesmas regras do futebol de campo. (...)
Trecho da entrevista com Delphim Ferreira da Rocha Netto (Piracicaba, SP)

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Supe-se que certos detalhes diferiam de uma regio para outra onde a modalidade era praticada sem obedecer a uma padronizao.
E quanto ao nmero de toques por jogador? detalhe que
seria o principal diferencial entre outras regras criadas posteriormente.
Em meus encontros com Dcourt e Rocha Netto, no conversamos sobre o nmero de toques por jogador antes do Celotex e
desconheo qualquer registro a respeito. Contudo, possvel concluir que se adotava 1 toque por jogador. Vejamos o que nos leva a
esta concluso:
No temos na regra do Dcourt qualquer meno a respeito deste item. Porm, aps a divulgao das regras Celotex, A Noite
Sportiva, um jornal do Rio de Janeiro, publicou em 20 de julho de
1930 uma entrevista com Dcourt incluindo um sumrio de suas regras onde esta informao foi inserida. Em um dos pargrafos lemos:
(...) Procedida a sada, o outro amador, chamado de B, jogar com um
dos seus botes uma vez e assim, sucessivamente, um de cada vez at
que seja registrada alguma falta.

Sabemos, por meio deste artigo, que o jogo admitia um toque


por jogador e se o livrete publicado por Dcourt no mencionara este detalhe, subentende-se que a regra Celotex conservara o que vinha sendo praticado. (qualquer alterao teria sido mencionada nas regras).
Antes do Celotex = 1 toque por jogador. Regras Celotex = 1 toque por jogador.

Acrescento um trecho do depoimento do botonista Vicente


Cassiano (apresentado na ntegra no Botonssimo, volume 2):
O jogo de boto entrou em minha vida em 1935, quando completei 10 anos de idade.(...) Na poca o posicionamento dos botes seguia o que
era aplicado nos campos de futebol. O goleiro era uma caixa de fsforos
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e o gol era feito de caixa de papelo. Era permitido somente um toque


por parte dos jogadores e para a bola ser arremessada ao gol devia,
obrigatoriamente, estar posicionada no campo adversrio.(...) (o gripo meu).

Com o passar do tempo, o futebol Celotex difundiu-se do Rio


de Janeiro para outras regies do Brasil, graas ao livro publicado e
divulgao promovida por Dcourt:
(...) Alguns anos depois, o futebol de boto, passou a se chamar Celotex
e foram introduzidas algumas regras especficas. (...)
- trecho da entrevista com Delphim Ferreira da Rocha Netto, apresentada no Botomssimo volume 1, segunda edio. Ele reporta-se dcada de trinta, quando jogava na
cidade de Piracicaba, SP. Rocha Netto comeou a jogar boto em 1919.

No Par o nome outro, chega a ser estranho: Celotex. O motivo?


Ningum sabe. As pessoas se lembram que o nome pegou em 1952
quando uma autntica febre varreu o estado (...)
- trecho de uma reportagem da revista placar no 407 de fevereiro de 1978.

Apesar da demora na divulgao, notamos que a informao sobre o


Celotex alcanou regies distantes.

Geraldo Cardoso Dcourt na poca do


lanamento das regras Celotex *
1930 1931
Fotografia do acervo do autor

* Celotex era o material usado na poca para as confeces das mesas.


Dcourt emprestou este nome ao futebol de boto para melhor identificlo em sua nova roupagem aps criar/compilar suas regras de maneira organizada e publica-las no livrete j citado neste captulo.

Os documentos a seguir referem-se ao ano de1930, digitalizados de originais.


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Livro autografado e com algumas correes caneta feitas por Dcourt

Capa do livro Regras Officiaes Foot Ball Celotex

Segue contedo do livro.

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- Pgina 12 (ltima): em branco


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Uma das primeiras reportagens (seno a primeira) sobre o


Celotex, publicada em 20 de julho de 1930 no jornal A Noite
Sportiva Rio de Janeiro
(acervo do autor)

Referente ao primeiro pargrafo: devemos entender que quando o artigo


cita praticado h um ano apenas refere-se ao Celotex, pois o jogo j existia no Brasil h muitos anos mais detalhes no Botonssimo, vol 2:
O futebol de boto praticado no clube America, RJ, em 1917.

Na prxima pgina um close do texto

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Com o passar do tempo, as regras Celotex passariam por mudanas. O


nome Futebol de Mesa foi adotado oficialmente na dcada de cinquenta, enquanto futebol (ou jogo) de boto permanecem na linguagem popular.

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Regra Gacha Regra Baiana


Descendentes do Celotex
Texto de autoria de Enio Seibert Botonista, historiador e principal mentor
da Regra Unificada de Futebol de Mesa (postado por BOTONISMO)
Nota: texto abreviado e com passagens parafraseadas, porm, respeitando-se
a integridade das informaes contidas no original.

Em 1940, um garoto chamado Lenine Macedo de Souza, morando em


Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, tomou conhecimento do jogo de
boto ao ler uma reportagem publicada na revista o Cruzeiro do Rio de Janeiro, ento capital do Brasil. O artigo comentava sobre o Celotex, criado
por Geraldo Cardoso Dcourt.
O jovem Lenine simpatizou-se com o jogo e funda, em seguida, com
amigos, companheiros e colegas de colgio, a Associao ou Sociedade
Lima e Silva, destinada prtica exclusiva do Futebol de Botes de Mesa e
que passa a divulgar, sistematicamente, na imprensa gaucha (Folha da
Tarde Esportiva e Revista do Globo). Adotam as regras nacionais do Futebol Celotex divulgadas por seu criador Geraldo Dcourt, com adaptaes e
inovaes para deixar o jogo mais atraente e competitivo, e iniciam seus
campeonatos na sede caseira do ptio da residncia da famlia, com cerca
de 20 companheiros adolescentes na faixa de 10 a 15 anos.
Lenine e seus amigos acabaram desenvolvendo, a partir da Regra de
Futebol Celotex ( 1 toque somente para cada jogador ), as bases embrionrias da futura Regra Gaucha, oficializada em 1961, com a fundao da primeira Federao oficial brasileira de Futebol de Mesa em Porto Alegre, Rio
Grande do Sul.

Estas fotografias
tambm constam
na seo Arquivos do Futmesa
Brasileiro do
afumeca.blogspot.
com.br
Associao de
Futebol de Mesa
de Cascavl.
Lenine e amigos botonistas

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Uma rpida visita a Bahia


Em 1959, na Bahia, a regra 1 toque oficialmente adotada,
quando da fundao da AFMA Associao de Futebol de Mesa
de Alagoinhas a mesma regra que era praticada no Rio Grande
do Sul, mas de uma maneira um pouco diferente quanto s normas
e os artigos esportivos. Apesar das diferenas, segundo Enio Seibert, foram igualmente concebidas com base no futebol Celotex.
De volta ao Rio Grande do Sul
Matria de Adauto Celso Sambaquy Botonista e autor de vrios artigos
sobre o futebol de mesa, contribuindo para a divulgao do esporte. Foi um dos
principais realizadores da fuso da regra gacha com a baiana, o que originou a
Regra Brasileira.
Texto abreviado e com passagens parafraseadas, porm, respeitando-se a integridade das informaes contidas no original.

Por ocasio de um torneio estadual na cidade Caxias do Sul, em junho de 1966, foi convidado para o evento o baiano Oldemar Seixas, o qual
aceitou o convite e veio acompanhado pelo amigo Ademar Dias de Carvalho, um grande botonista que estava sempre ponteando o campeonato baiano.
Terminado o torneio, os dois representantes baianos realizaram uma
demonstrao do futebol de mesa praticado na Bahia. Uma mesa nas medidas oficiais havia sido providenciada e a apresentao foi um fator predominante no sentido da grande mudana que se verificaria algum tempo
depois. Na regra gacha, os botes no eram padronizados e diferiam um
dos outros. O espetculo que os visitantes baianos ofereceram, mostrando
dois times diferentes praticando jogadas de efeito, deslizando perfeitamente
na mesa encheu os olhos de todos os botonistas que estavam presentes.
Assim, nasceu a ideia de uma fuso das regras gacha e baiana, uma
vez que continham elementos em comum.
Gilberto Ghisi e Adauto Celso Sambaquy ocuparam-se em elaborar
uma proposta de unificao. Ainda em dezembro daquele mesmo ano, no
congresso de abertura do Campeonato Estadual Gacho, em Caxias do
Sul, Gilberto e Sambaquy apresentaram o esboo do que seria a homogeneizao das duas modalidades, denominada regra brasileira, pois estaria
unindo o nordeste com o sul, havendo dessa forma a possibilidade de realizao de campeonatos brasileiros com esta nova forma de se jogar. O projeto foi aprovado por todos os participantes do campeonato.
Em janeiro de 1967, Gilberto Ghisi e Adauto Celso Sambaquy partem
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para a Bahia e l, com mais quatro baianos: Oldemar Seixas, Ademar Carvalho, Nelson Carvalho e Roberto Dartanh Costa Mello estudam por vrios
dias todos os pontos para a nova regra. Muitas coisas foram modificadas
no plano original, mas a essncia levada para a Bahia permaneceu. Retornam da Bahia com a Regra Brasileira impressa e j com todo o nordeste
brasileiro aceitando as modificaes que a regra baiana sofrera. Logo em
seguida o Rio de Janeiro incorpora-se ao movimento atravs da Liga Guanabarina de Futebol de Mesa, presidida por Getlio Reis de Faria.
Trs anos depois, em janeiro de 1970, na Bahia realiza-se o PRIMEIRO CAMPEONATO BRASILEIRO DE FUTEBOL DE MESA. Com a presena de Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Sergipe, Paraba, Pernambuco e Bahia, comeava o futebol de mesa a ganhar corpo como um esporte
que uniria brasileiros em torno de uma mesa.
A inteno da criao dessa regra jamais foi de destruir a Regra Gacha
(nossa regra me), mas propiciar a possibilidade de novos horizontes, coisa
que realmente aconteceu a partir dos anos setenta, quando comearam a
ser realizados os campeonatos brasileiros da modalidade. (Sambaquy)

A Regra Gacha, tal como era, no foi extinta e continuou


sendo muito praticada no Rio Grande do Sul e, a partir dos anos 80,
muitos botonistas criaram departamentos de futebol de mesa nos
clubes de Porto Alegre, especialmente no Grmio de Futebol Porto
Alegrense e no Sport Clube Internacional.
Nota extra: Mesmo no sendo reconhecida pelo CND (Conselho Nacional
de Desportos) a Regra Gacha continuou sendo bastante praticada no Rio
Grande do Sul e, alm da retomada dos campeonatos estaduais da regra, a
partir de 1997, outros eventos significativos continuaram acontecendo pelo estado. Em 2007 foi criada a Liga Gacha de Futebol de Mesa que at os dias de
hoje vem unindo os praticantes da Regra Gacha (...)
(trecho da matria Dossi do futmesa dos anos 60 por Joo Batista Rangel)
(afumeca.blogspot. com.br Associao de Futebol de Mesa de Cascavl.)

Botonssimo nota complementar Com base no Celotex, Lenine modelou

suas regras e esta, por sua vez, forneceu os ingredientes essenciais para a
formulao da regra gacha.
No Rio Grande do Sul voz corrente que o Lenine considerado o inventor da Regra Gacha. Reconhecimento do seu trabalho que resultou
neste acontecimento (fonte: Sambaquy).

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A regra brasileira (fuso da gacha com a baiana) foi uma das


modalidades reconhecidas pelo CND, e foi denominada oficialmente
com o nome Disco 1 Toque , lembrando que um pequeno disco
de polietileno, ou material similar, substitui a bola.

Essa foto foi feita no Passeio Pblico, em Salvador, com a equipe de filmagem do Filipe Seixas, que est produzindo o filme "Que Golao", contando
a histria da criao e continuidade da Regra Brasileira de Futebol de Mesa.
Sentados esto trs dos seis criadores da Regra. Da esquerda para a direita:
Oldemar Seixas (Ba), Adauto Celso Sambaquy (RS), Roberto Dartanh (Ba).
Gilberto Ghizi (RS) abandonou o futebol de mesa e encontra-se com problemas
de sade. Ademar Carvalho e Nelson Carvalho, ambos baianos, faleceram.
Fotografia e texto fornecidos por Sambaquy

O documentrio Que Golao, aguardando lanamento oficial,


enfoca, entre suas abordagens, as primeiras aes que levaram a
fuso da regra baiana com a gacha. Com roteiro bem elaborado,
oferece aos amantes do futebol de mesa, independente da modalidade adotada, uma fatia importante da histria deste esporte.
A abertura do filme Que Golao e outras passagens, foram convertidas em texto ilustrado por Ubirajara G. Bueno
especialmente para o livro Botonssimo.
Publicao gentilmente autorizada por Filipe Seixas.
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Adauto C. Sambaquy
RS
Oldemar Seixas
Roberto Dartanh
Ba
Ba

Imagens extradas do filme Que Golao de Filipe Seixas

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Eu jogava futebol de
mesa em Salvador em diversas ligas e cada liga tinha um tipo de regulamento
diferente e ns tivemos que
fazer uma fora muito grande no sentido de que uma
s regra fosse adotada aqui
na capital baiana. Depois,
ns partimos para o interior
do estado: Santo Amaro, Alagoinha, Feira de Santana, e conseguimos tambm
padronizar a regra, colocando o mesmo regulamento em todo estado da Bahia.
A partir da eu recebi um aviso de que no Rio Grande do Sul se praticava futebol de mesa, em Caxias do Sul tambm; em Pernambuco, atravs de um colega meu de rdio, Ivn Lima, famoso locutor que j faleceu, que tambm coordenava o futebol de mesa em Pernambuco, o Gomes em Aracaj. Ento eu me
senti encorajado a mandar uma reportagem para a Revista do Esporte, na poca seria hoje a revista Placar. Naquele tempo, a Revista do Esporte era lida em
todo territrio nacional. A eu mandei uma reportagem no sentido de mostrar
aos meus irmos gachos e aos praticantes de futebol de mesa de todo o Brasil
a nossa modalidade, como ns jogvamos futebol de mesa, o tamanho das
nossas mesas, o tipo de nossos botes. Meu amigo, a repercusso foi qualquer
coisa espetacular!

Numa tarde, eu sa com


minhas filhas passeando e
parei numa banca de revistas,
comprei uma Revista do Esporte que na capa trazia o
Gerson e um jogador gacho
chamado Elton. Chamou a
ateno, comecei a ler a revista e me deparo com uma
reportagem: Bahia d lies
de futebol de boto A princpio eu fique indignado. Meu Deus, como eles podem dar lio de boto se ns temos aqui uma federao? Mas um texto muito
bem elaborado, fotografias muito bonitas e o endereo: Oldemar Seixas, rua J e
Silva Lisboa, 48, Salvador, Bahia. Vou escrever para este cara. Tem que ver
isto a. Tem que ver como que . Com a troca de correspondncia com o Oldemar eu mandei um convite para que eles participassem na regra gacha do

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nosso torneio de aniversrio.


E minha surpresa foi quando
eu recebo uma carta dizendo: estarei a.
Olha pessoal, o Oldemar
Seixas vem jogar, comuniquei a todos.. Mas quando
aparece, o Oldemar Seixas
o Ademar Carvalho. Aqueles
botes bonitos. O pessoal
todo comprou e ele me deu um time de presente. Fiquei muito feliz . Realizamos um torneio na regra gacha e, por incrvel que parea, o Ademar Carvalho
s no foi campeo porque fez um gol contra atrasando uma bola; o boto levou o goleiro, bolinha, tudo para dentro do gol. Ele acabou como vice campeo
numa regra completamente diferente. A nica coisa que eles haviam solicitado
para ns que ns consegussemos uma tbua de 2,20 m por 1,6 e eles se
encarregariam do resto. Ficaram dois dias trabalhando nesta tbua alisando,
lixando, riscando e construram um campo. Quando terminou o torneio, o pessoal do Rio Grande, Pelotas, Porto Alegre, todo mundo l participando, eu disse: agora os nossos amigos baianos vo fazer uma demonstrao do futebol
que eles praticam na boa terra. Cada um dos dois assentou o seu time e quando o pessoal olhou para aquilo, dois times com as cores do seu clube, jogando
maravilhosamente bem numa mesa de 2,20 m por 1,6, foi decretada a falncia
da regra gacha. Foi um momento de glria. O Ghisi, que era presidente da
federao, encostou em mim disse: Eu estou vendo o que tu t vendo?
Estamos vendo juntos, respondi. Ns temos que pensar nisto seriamente. E a
partir da, Ghisi e eu, comeamos a estudar pormenores das duas regras tentando harmonizar. Samos do Rio Grande Sul, de nibus, at Salvador.
Chegando em Salvador ningum sabia onde era a J Silva Lisboa, motorista nenhum sabia. A eu lembrei que ele (Oldemar) tinha escrito uma vez que
se chamava Estrada da Rainha. Ento me leva para a Estrada da rainha,
solicitei ao motorista. Ah! Esta eu conheo, fica aqui pertinho, anunciou.
Chegamos l. Ficamos na presena destes dois baluartes (diz Sambaquy
referindo-se ao Oldemar e Dartanh, sentados ao seu lado) e acredito que mais
de 20 dias, aproveitando a beleza desta terra, at que conseguimos um primeiro plano da Regra Brasileira de futebol de mesa.

Imagens extradas do filme Que Golao de Filipe Seixas

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Depoimentos de botonistas

Com catorze anos, quando


eu jogava Estrelo, meu tio,
que jogava futebol de mesa
oficial, apareceu l em casa e
me perguntou: Voc gosta
de jogar boto? Adoro, respondi. Ento eu vou te levar na
associao para voc ver o
que um futebol de verdade.
A eu vi aquelas mesas maravilhosas, brilhando, botes
passando. Fiquei dodo, e
nunca mais parei.

Fernando de Aguiar
Esprito Santo

Quando formei famlia, eu j


Digenes Mota
Penta-campeo Brasileiro

BA

jogava futebol de mesa, ento


eles tiveram que se adaptar,
principalmente a esposa que
reclamava muito. claro que
hoje a gente procura no ser
to radical. Um pouco l, um
pouco c, mas se no treinar,
acaba ficando para trs.

A grande dificuldade de todo


botonista hoje jogar contra
os baianos, Na realidade na
Bahia onde est o maior celeiFranklin dos Anjos
ro dos grandes jogadores. Mas
Natal - RN
o futebol de mesa vem evoluindo e o Rio Grande do Norte,
Sergipe que voltou a ficar forte, o pessoal de Vitria e os gachos que so muitos fortes, esto proporcionando jogos mais competitivos. Aquela diferena
grande que existia foi um pouco encurtada.
O Futebol de Mesa me ajuda na autoestima. Quando eu estou bem no
futebol de mesa parece que minha vida tambm vai bem. Pode parecer algo um
pouco fantico, mas no . que ele realmente muito importante. Meu filho
joga tambm, mas hoje est afastado devido aos estudos.
Eu no consigo me ver sem jogar futebol de mesa.

Imagens extradas do filme Que Golao de Filipe Seixas

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... e ns mulheres sempre acompanhando.

Reunidas, as mulheres dos botonistas comentam sobre seus


envolvimentos com o futebol de mesa (vejam o filme).

Imagens extradas do filme Que Golao de Filipe Seixas

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Imagens extradas do filme Que Golao de Filipe Seixas

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Muito mais importante que os trofus, so as amizades.


As amizades so eternas. Elas permanecem neste plano e vo
para o plano superior.
Palavras de Sambaquy no filme Que Golao
Imagem extrada do filme Que Golao de Filipe Seixas

Criao e desenho: Ubirajara G. Bueno

Adauto Celso Sambaquy, Oldemar Seixas, Roberto Dartanh e outros colaboradores, conseguiram a fuso da regra gacha com a baiana, o que deu origem a
Regra Brasileira. Em 1988, denominada Disco 1 Toque, foi oficialmente reconhecida como esporte pelo CND (conselho Nacional dos Desportos), juntamente
com as modalidades Bola 12 Toques (SP) e Bola 3 Toques (RJ).

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Bola 12 Toques A regra Paulista


Vamos retroceder no tempo e deslocarmo-nos geograficamente. Estamos em So Paulo na dcada de 60.
Poucos documentos esto disponveis na Internet a respeito
da evoluo das regras em So Paulo. Meu arquivo impresso sobre
o assunto tambm escasso; resume-se a em alguns panfletos e
livretes da federao a partir da dcada de sessenta, e os mais antigos no so claros o bastante para um perfeito entendimento de
certos itens e omissos em outros. Na verdade, foram redigidos sucintamente para atender os praticantes da poca j familiarizados
com o esporte, sem a inteno de que um dia pudesse servir aos
historiadores. Assim, novamente recorri s minhas fontes preciosas:
meus pacientes e prestativos amigos botonistas veteranos.
Geraldo Atienza recorda que na dcada de 50 ou 60, o futebol
de mesa em So Paulo (capital, e provavelmente em algumas cidades do interior), era praticado com trs toques no mximo por boto,
porm, o nmero de toques coletivo era ilimitado. O botonista poderia concluir a jogada aps a quantidade de toques que achasse mais
conveniente.
O botonista Primo informa que vrias equipes de jogadores de
So Paulo na dcada de 70, incluindo o Botunice, criado por Geraldo Cardoso Dcourt (nesta poca residindo em So Paulo), adotavam esta forma de jogar.
Apesar de a regra permitir apenas trs toques por jogador,
mas sem limite para concluir a jogada, alguns botonistas habilidosos
na conduo do boto e com certa vantagem no placar, permaneciam demasiado tempo em poder da bola. Segundo o botonista
Harutiun Muradian, havia uma recomendao para que a jogada
fosse concluda em 60 segundos, e no mais do que 5 segundos
para o acionamento do boto. Mas cronometrar mentalmente o tempo do adversrio no era uma tarefa simples para os jogadores e
to pouco para o juiz. Finalmente foi estabelecido um limite mximo
de 12 toques para a concluso da jogada. Caso isto no acontecesse, uma falta tcnica era aplicada (tiro livre indireto). O limite de trs
toques sequenciais por boto foi mantido. Muradian esclarece que o
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mximo de doze toques foi definido levando em conta o tempo de


acionamento do boto (5 segundos) e o tempo mximo para concluir
a jogada (60 segundos), cujo quociente 12 (60/5 = 12).
Segundo meus registros, esta alterao ocorreu em 1984 ou
1985, confirmado por Muradian, pois ele participou, juntamente com
os botonistas Rafael Domingos Barricelli, Hideo U Filho e outros
colaboradores, das reunies para discutirem esta mudana e certas
melhorias na regra.
A modalidade foi oficializada, por ocasio de seu reconhecimento como esporte pelo Conselho Nacional de Desportos como:
Bola 12 toques, mas, informalmente, continuamos a cham-la de
regra paulista. Ao contrrio da modalidade 1 toque, utiliza-se um bola de feltro com dimetro de 10 mm.
Espalha Brasa
Outros detalhes tambm foram alterados, tendo em vista tornar o jogo mais tcnico e justo para ambos os jogadores. Uma mudana igualmente importante foi a reduo dos toques coletivos para
apenas trs quando o boto desloca um ou mais botes do adversrio mesmo tocando antes a bola (obviamente se o botonista estiver
no dcimo toque, por exemplo, vai lhe restar apenas dois).
Em um dos artigos do botonista Erismar * temos a explicao
sobre a razo da mudana. Vamos ao texto:
Histrias do Futebol de Mesa
Por: Erismar (* Erismar Ferreira Gomes clube: Maria Zlia SP)
Voc sabe porque ao esbarrar em um boto adversrio tendo tocado na
bola primeiro voc s tem mais trs toques para chutar no gol?
Tudo comeou mais ou menos no ano de 1983. Naquela poca a regra do
jogo era bem diferente. No havia limite de toques coletivos, ou seja, voc
poderia dar quantos toques quisesse para chutar ao gol. Pois bem! Como
bater primeiro na bola esbarrando no boto adversrio no era falta, alguns
Botonistas viram uma brecha na regra para simplesmente tirar da frente
qualquer boto adversrio, e criaram a famosa jogada espalha brasa.
A jogada funcionava mais ou menos assim: o Botonista prendia a bola entre
dois botes e, acionava um deles de maneira forte contra um boto advers37

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

rio tocando primeiro na bola e arremessando literalmente o boto adversrio


para longe, e repetia esta jogada ao seu bel prazer at arrumar a bola para
chutar no gol. Os dois Botonistas que melhor executavam esta jogada eram
o Lito, que na poca jogava no So Judas, e o Paulo de Tarso, jogador do
Canad Clube, um dos Clubes antecessores do hoje Maria Zlia.
Pois bem. Em um jogo pelo Paulista de 1984 ou 1985, onde jogavam
Canad e Botonice, o Paulo comeou a fazer esta jogada contra o Primo,
um jogador muito conhecido pelos mais antigos no esporte, mais que infelizmente parou de jogar! Detalhe: tanto o Lito, quanto o PT no paravam at
que todos os botes do adversrio estivessem longe da jogada, ou at
mesmo fora das quatro linhas. Revoltado, o Primo tirou o goleiro e o jogo
acabou com o incrvel placar de 34x0 para o Paulo de Tarso.
Em 1985, a Federao resolveu mexer na regra e este procedimento foi
considerado ilcito e sujeito a penalidade. Ficou definido que ao esbarrar no
boto adversrio, mesmo acertando a bola antes, s seria permitido mais
trs acionamentos no boto para chutar ao gol, ou seja, como at hoje.
Com base na matria publicada no Site da Federao Paulista de Futebol de
Mesa (no consta a data da publicao no impresso conservado em meu arquivo).

Strike

Desenho: Ubirajara G. Bueno

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Trave ou Goleiro? Eis a questo.


Bola na trave ou no goleiro?. Detalhe que determina se a posse de bola permanece com o ataque ou transferida para a defesa
na sequncia do jogo. Esta deciso ficava a cargo do jogador que
executava o chute ao gol devido a sua melhor viso do lance. Contudo, a trajetria da bola, muitas vezes bastante rpida para ser acompanhada com preciso, podia gerar dvidas com o risco de decises injustas. Em 2005 a federao resolve alterar a regra. Ficou
estabelecido que a jogada considerada concluda aps o arremesso ao gol. A posse da bola passaria para o oponente independente
do que aconteceu.
Ao longo do tempo a regra paulista vem sendo lapidada tendo
em vista o aprimoramento tcnico e a eliminao de ocorrncias que
podem perturbar a harmonia das disputas.
A qualidade alcanada gradativamente, muitas vezes por
meio de acertos e erros. um processo contnuo e certamente teremos outras mudanas em nosso futebol de mesa.
Comentrio: possvel que a regra toque-toque ou leva-leva, criada em
1945 pelo jornalista carioca Fred Mello, serviu como modelo para a regra paulista. Foi modificada em alguns aspectos, principalmente uma exigncia maior
para a conduo da bola. Anos depois, passou por outras mudanas, as quais
j foram mencionadas.

Bola 3 Toques A regra Carioca


Do meu arquivo, selecionei trs documentos que tratam sobre
a modalidade 3 toques. Inicialmente uma carta datada em 27 de dezembro de 1979, enviada do Rio de Janeiro para Geraldo Cardoso
Dcourt em So Paulo. Foi escrita por Joo Paulo Mury e anuncia a
elaborao da regra carioca, com o objetivo de unir as tendncias
existentes no Brasil. Esta carta constitui um registro importante, assinalando as primeiras aes para as mudanas pretendidas.
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Cpia digitalizada do documento original acervo do autor.

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Continuao da carta:

Cpia digitalizada do documento original acervo do autor.

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Segue um texto extrado da apostila Futebol de Mesa Um


esporte para todos, pginas 24, 25 e 26 ano 2005, Rio de Janeiro. Trabalho escrito por Igor Monteiro Quintaes e apresentado ao
Centro Universitrio Carioca como requisito parcial para obteno
do ttulo de bacharel em Comunicao Social, habilitao Jornalismo.
(cpia da apostila preservada em meu acervo transcrio do texto gentilmente
consentida pelo autor)
2.3.3 Regra trs toques
a segunda modalidade mais antiga em prtica no Brasil, tambm oficializada pela Confederao Brasileira de Futebol de Mesa. A histria da
regra, tambm chamada de carioca se mistura muito com a criao da FEFUMERJ Federao de Futebol de Mesa do Rio de Janeiro, porque at
ento somente se praticava oficialmente a regra um toque, sem existir no
estado ainda um rgo oficial.
A regra nasceu no fim da dcada de setenta e de acordo com Jos Ricardo Almeida, atual membro do Conselho Nacional de Regras da CBFM,
em texto extrado do site www.cbfm3toques.com.br, esta modalidade nasceu da ideia de se criar uma regra que fosse a simbiose de todas as existentes no Brasil na poca.
Nesse sentido, em vinte e um de julho de mil novecentos e setenta e
oito, no Rio de Janeiro, Jayme Leal Cruz, Joo Paulo Mury, Jorge Sadyl
Savaget, alguns precursores do futebol de mesa, reuniram-se com o intuito
de reunir todos os praticantes numa s entidade. Entraram em contato com
representantes de todos os movimentos at ento existentes no estado
como Joo Igncio Muiler, de Ipanema, Geraldo Oliveira, da associao da
Jlio de Castilhos e Odoswaldo Dias, representante de uma associao conhecida como Rio Futebol de Mesa. Com isso, Mury, Jayme Leal e Odoswaldo resolvem criar um ncleo no Club de Regatas Vasco da Gama, no
qual Jos Ricardo Lage passa a dirigir um ncleo.
Com todos os movimentos caminhando unidos em prol do futebol de
mesa, funda-se em dezessete de outubro de mil novecentos e setenta e oito, a Federao de Futebol de Mesa do Rio de Janeiro FEFUMERJ, ainda sem regularizao, sob a presidncia de Joo Paulo Mury.
Com a criao da FEFUMERJ, surgiu a primeira questo a ser resolvida pelos dirigentes que seria qual regra seria oficializada e adotada pela
entidade. Formou-se uma comisso com representantes de todos os clubes
que passaram a realizar torneios nas diferentes regras dissidentes que foram surgindo, incluindo a prpria um toque e o famoso leva-leva e em ou-

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BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

tubro de mil novecentos e setenta e nove, obteve-se um esboo da regra.


Durante a realizao do primeiro campeonato brasileiro de clubes em
fevereiro de mil novecentos e oitenta e um ocorreu a definitiva padronizao da regra trs toques. Contudo, a regra no alcanou o objetivo inicial
de se ter apenas uma, mas se difundiu e alcanou os estados de Brasilia,
Amazonas, Minas Gerais e So Paulo.
Basicamente ela consiste em trs toques para cada botonista em sua
vez, sendo que s tem direito ao terceiro quando no segundo toque ele
consegue dar o passe, ou seja, fazer com que a bola encoste em qualquer outro boto seu. Uma particularidade que apenas nessa regra, por
tradio e at os dias de hoje, o botonista tambm chamado de tcnico.
Assim como na regra um toque, a partida disputada em dois tempos
de vinte e cinco minutos, porm as medidas oficiais so diferentes. O campo de jogo uma superfcie plana e lisa de madeira e tem um metro e noventa centmetros de comprimento mnimo e dois metros no mximo. J a
largura mnima de um metro e trinta centmetros e mxima de um metro e
quarenta centmetros.
As traves possuem cento e quarenta e seis milmetros de largura com
altura de quarenta e nove milmetros e a bola possui formato esfrico, sendo feita de feltro com dimetro de dez milmetros e peso de cento e cinquenta miligramas.
Os botes devem ter formato cilndrico, sendo feitos de acrlico, acetato, plstico ou qualquer outro material que se preste para a prtica do esporte, com dimetro mximo de sessenta milmetros. E os goleiros so em
formato retangular e tm medidas de setenta milmetros de largura, trinta e
cinco milmetros de altura e quinze milmetros de espessura.
Historicamente falando o primeiro campeonato brasileiro da modalidade foi realizado em mil novecentos e oitenta e um no Rio de Janeiro e o
campeo foi Hlio Nogueira. No mesmo ano aconteceu tambm o primeiro
brasileiro de clubes, em Braslia, e a equipe campe foi a Associao Rio
de Futebol de Mesa.
At esse ano ocorreram ininterruptamente os campeonatos brasileiros
individuais e de clubes da modalidade. Os ltimos campees foram definidos esse ano: a A.C.F.B. - Associao Carioca de Futebol de Boto conquistou o de clubes e Vander Felipe e Benjamim Abaliac, ambos do Grmio
Mineiro, venceram nas categorias adulto e master, respectivamente.
Mas apesar da rpida expanso da regra no incio da dcada de oitenta, a modalidade trs toques passou por um processo inverso, diminuindo o
seu nmero de praticantes no pais. De acordo com Carlos Bittar, vicepresidente da modalidade na CBFM, essa regra com certeza a que mais
se assemelha ao futebol, e por ter tantos detalhes, entre eles, at o impedimento, ela ficou difcil de ser assimilada e perdeu dinamismo.
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BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Hoje apenas cinco estados esto praticando a modalidade. So eles:


Rio de Janeiro, Gois, Distrito Federal, Minas Gerais e interior de So Paulo. Ao todo existem hoje aproximadamente duzentos atletas federados.
No Rio de Janeiro existem seis agremiaes disputando a regra trs
toques: A.C.F.B. Associao Carioca de Futebol de Mesa, APROFUME
Associao Proletria de Futebol de Mesa, Associao de Jardim Amrica, Associao Palheta de Ouro, Associao Atltica Portuguesa e Club
de Regatas Vasco da Gama. J em Minas Gerais existem quatro clubes a
saber: Grmio Mineiro, Clube Bom Pastor, Sociedade Portuguesa de Juiz
de Fora e Tupynambs Football Club.
Em So Paulo, a regra trs toques est apenas no interior, em So Jos do Rio Preto com cinco clubes: Amrica Futebol Clube, Clube de Futebol
de Mesa Capito, Clube Fonte de So Paulo, Rio Preto Esporte Clube e a
Liga Riopretense de Futebol de Mesa.
Em Braslia so trs clubes praticantes: A.A.B.B. Associao Atltica Banco do Brasil, Clube Braslia de Futebol de Mesa e Sociedade de Futebol de Mesa do Gamma. Em Gois so apenas dois clubes, AFUMEG
Associao de Futebol de Mesa de Gois e o Clube Atltico Goianiense.

Finalizo com o texto de abertura da matria A Regra Carioca,


publicada na revista Futebol de Boto, nmero 4 editora Marco
Aurlio distribuio: Fernando Chinaglia Distribuidora S/A Rio de
Janeiro. Ano da publicao 1994-1995 (ano deduzido pelo contedo das
reportagens, uma vez que a revista no trs esta informao). Esta revista faz
parte de uma pequena coleo composta de 5 exemplares.
L pelos idos de 1978, no Rio de Janeiro, um grupo de representantes
dos clubes daquela cidade se reuniu para estudar as regras ento existentes e elaborar uma que atendesse a todas as exigncias do botonismo, a
fim de ascend-lo condio de Esporte. Daquela reunio nasceu a primeira verso da Regra dos Trs Toques (tambm conhecida como Regra Carioca, pelo fato de ter nascido no Rio de Janeiro a ideia inicial).
Ao longo destes anos o trabalho original foi sofrendo modificaes sempre coordenadas pelo Conselho Nacional de Regras - at chegar redao atual.
Com certeza no uma regra perfeita, contudo, a que melhor espelha a definio de FUTEBOL DE MESA, constante na primeira folha do
presente trabalho uma modalidade esportiva, de carter individual, praticada por duas pessoas, que procuram desenvolver sobre uma mesa uma espcie de jogo que busque a similaridade possvel com o futebol de campo.
Mais do que a simples habilidade manual, a Regra dos Trs Toques
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BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

exige do botonista boa dose de raciocnio e viso de jogo. Um pouco mais


complexa para o iniciante - pela riqueza de detalhes - cativa a todos quantos se dispem a aprend-la e pratic-la.
Ao tomar conhecimento da Regra dos Trs Toques, cuja publicao
aqui se inicia, os amantes do Futebol de Mesa podero constatar a afirmao que ora fazemos.
lvaro Sampaio

Acredito que sobre a regra 3 toques, os documentos apresentados fornecem, em seu conjunto, uma boa noo da criao da
modalidade. Oficializada como Bola - 3 Toques, foi reconhecida,
juntamente com Disco 1 Toque e Bola 12 Toques, como modalidade esportiva ofical pelo C.N.D. Conselho Nacional dos Desportos
em 1988.
Comentrio: No disponho de informaes sobre a regra carioca,
antes das mudanas para a verso que conhecemos hoje. A carta
de Joo Paulo Mury para Dcourt cita apenas: 2 toques com passe. Mas podemos deduzir que era a regra baiana ou gacha um
pouco modificada, modalidades praticadas na poca e que poderiam ter servido como modelo.

A modalidade Dadinho
Voltamos ao texto de Igor Monteiro Quintaes o qual tambm
discorre sobre esta modalidade (texto original adaptado e atualizado)
2.3.5. Outras Regras.
A modalidade dadinho acabou se tornando muito praticada no Rio
de Janeiro, um futebol de mesa jogado com um cubo no lugar da bola, mas
no se tem informao de quem foi a ideia ou quem criou ou fabricou primeiro. Penso at que na nsia de se jogar uma partida e no se ter uma bola,
algum procurou algo que pudesse ser utilizado e encontrou um dado de algum tipo de jogo e fez a experincia. Gostou e passou a utilizar. Ou talvez
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tenha se difundido pela maior facilidade em se controlar a bola, pois a redondinha rola demais e s vezes foge do controle dos menos experientes.
Esse tipo de jogo no muito antigo, somente no final dos anos oitenta
que comeou a se ouvir falar nele. E com isso criou-.se uma grande gerao que apenas conhece o futebol de mesa jogado com o dadinho dos
anos noventa para c.
Nota Botonssimo: O botonista Aguinaldo Percoraro (Guina), recorda-se
que em 1959-1960, com 7 ou 8 anos de idade, morando em So Paulo,
costumava usar dadinho em vez de uma bola. Isto indica que esta opo de
bolinha j existia h cinquenta ou sessenta anos e acabou no esquecimento ou praticada somente aqui e acol. A pesquisa de Igor Monteiro revela o renascimento do dadinho ocorrido na dcada de 80 e para muitos, o
fato se mostrou como uma novidade.

(continuao do texto de Igor Monteiro)


Diante do grande nmero de jogadores adeptos essa forma de jogar,
Marcelo Coutinho, presidente da extinta FEBOERJ Federao Botonista
do Rio de Janeiro, sobre a qual falarei no prximo captulo, em conjunto
com as diversas associaes componentes do seu quadro resolveram criar
oficialmente a regra dadinho. Segundo ele era necessrio uma liderana
com experincia administrativa que pudesse aglutinar as diversas maneira
de se jogar, pois em cada praa era diferente. E foi o que aconteceu e a
partir de 2002 so disputados vrios campeonatos nessa modalidade promovidos pela FEBOERJ.
O Dadinho passa a ser reconhecido pela Confederao Brasileira de
Futebol de Mesa como regra experimental. Aps ajustes da regra em 2010
pela FEFUMERJ, a modalidade, que era praticada somente no Rio de Janeiro , comeou a se estender vrios estados: So Paulo, Paran, Minas
Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.
Atualmente so cerca de quatrocentos botonistas federados na modalidade em vinte e seis agremiaes diferentes na disputa do ltimo campeonato estadual, tanto o individual como o por equipes.
Sobre as duas entidades citadas, somente a FEFUMERJ reconhecida pela CBFM, j que s pode existir uma nica federao em cada estado.
Resumidamente, a modalidade Dadinho consiste em nove toques coletivos com trs consecutivos com o mesmo boto em dois tempos de sete
minutos cada.

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Uma notcia histrica


2011 MODALIDADE DADINHO A QUARTA
A SER RECONHECIDA NACIONALMENTE
O ltimo sbado entrou na histria do Futebol de Mesa! A modalidade
Dadinho foi reconhecida oficialmente no Brasil. Agora ela se junta s outras
trs modalidades que j faziam partes do estatuto da CBFM.
Na sede da Federao Paulista de Futebol de Mesa Ronald Neri, vicepresidente da modalidade Dadinho em nosso estado, se reuniu Jos Jorge
Farah Neto, presidente da Confederao Brasileira de Futebol de Mesa, para
assinarem a ata que reconhece a modalidade como oficial no Brasil, juntandose ao Disco 1 Toque, Bola 12 Toques e Bola 3 Toques. Na histrica reunio
tambm esteve presente o advogado e botonista Bruno Romar.
O Dadinho comeou a ser disputado organizadamente em 2002 e a partir de
2009, j na tutela da FEFUMERJ, entrou em fase experimental. Hoje a modalidade conta com 7 estados praticantes, sendo este um dos fatores fundamentais
para o reconhecimento. Ronald Neri adiantou que em 2012 mais trs estados
devem comear com a modalidade e agora espera que o Dadinho alce voos
ainda maiores:
Agora, iremos seguir com o trabalho de consolidao dos estados praticantes e
buscar cada vez mais novos estados. Alm disso, focaremos no trabalho de
renovao dos atletas.
O Futmesa Rio parabeniza todos os envolvidos neste marco para a modalidade e deseja boa sorte ao Dadinho nesta nova fase. Tambm agradecemos as
informaes de Ronald Neri. Postado em dezembro 15, 2011 in: FUTMESA
NEWS|1 CommentFutmesa Rio

Nota do Botonssimo: O dadinho adotado no futebol de mesa do


Chile (veja matria na sequncia deste captulo).

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O Sectorball
Dados referentes a primeira coleta de informaes foram revisados e
complementados por Jos Jorge Farah Neto

O Sectorball uma modalidade de futebol de mesa originria


da Hngria. bastante praticado na Europa, e passou a ser divulgada no Brasil pela FEFUMURJ, primeira federao estadual a adota-lo oficialmente. Desde 2009 vem se expandindo no Brasil

Foi em 2007 que Antonio de Franco Neto, Antonio Ramondetti


De Franco, Jos Cassio Erbiste, Jos Jorge Farah Neto e Paulo
Salvador Perrotti, viajaram para Hungria a fim de iniciar os Europeus
na regra 12 toques e disputar, pela primeira vez, o Mundial de Sectorball. Embora aprendizes na modalidade, nossos botonistas ganharam respeito pela dificuldade oferecida aos experientes atletas
europeus. As demonstraes da regra 12 toques, nesta ocasio,
foram muito importantes, gerando frutos nos dias de hoje, como pode ser constatado, com a realizao de diversas competies na
modalidade no continente Europeu.
Em 2009 nossos jogadores tornaram a participar dos Campeonatos Mundiais realizados na Europa, o V da srie.

Em 2007 a delegao brasileira chegou na Hungria sem saber o


que iria encontrar, ou seja, desconhecendo totalmente a regra e
seu material, se virou no talento individual de jogadores como
Perroti, Cssio e companhia.
Em 2009 retornou para disputar pela 2 vez o Mundial na
modalidade Sectorball, como nada rolou no Brasil nesse hiato
de tempo, novamente pouco se sabia sobre a regra, mas com jogadores mais acostumados a bola achatada, (...)
(Fonte: Internet)

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A modalidade amadurecia e comeava a despertar o interesse


geral. Faltando um ano para o prximo Mundial, a CBFM autorizou a
realizao do 1 Campeonato Brasileiro de Sectorball. Assim, em
2011, o evento foi realizado nas dependncias da Diviso de Futmesa do CR Vasco da Gama, no Estdio de So Janurio (RJ).
Este campeonato se mostrou to importante que o prprio Horvth
Imre, Presidente da ISBF, deslocou-se da Hungria para acompanhar
pessoalmente o evento.
Em 2012, foi a vez de o Brasil sediar o Campeonato Mundial
desta modalidade na cidade do Rio de Janeiro. Foi a primeira vez
que a competio aconteceu fora da Europa. Nesta terceira participao de jogadores brasileiros os resultados foram animadores.
(..,) tendo a seleo brasileira obtido sua melhor colocao de todos os tempos, ou seja, o vice-campeonato mundial. Os atletas brasileiros tambm tiveram excelente desempenho nas competies de duplas e individuais, chegando ao pdio e at mesmo conquistando o mundialito, fato que demonstra que o
trabalho est no caminho certo.
SECTORBALL uma modalidade europeia de futebol de mesa, e que foi adotada no Brasil tambm com o intuito de difundirmos tambm uma modalidade
brasileira no continente europeu, fato este que j ocorreu com a realizao de
Campeonatos Europeus de Futebol de Mesa na modalidade 12 toques, vale
salientar que a modalidade europeia muito prxima das modalidades 1 e 3
toques praticadas a muito no Brasil.
Fonte: Internet Site da Confederao Brasileira de Futebol de Mesa.

Pases Campees em Torneios dos quais o Brasil participou:


ANO
2007
2009
2012

LOCAL
Hungria
Hungria
Rio de Janeiro

1 COLOCADO
Hungria
Hungria
Hungria

2 COLOCADO
Romnia
Romnia
Brasil

3 COLOCADO
Srvia
Srvia
Srvia

Tabela fonte: Wikipdia, a enciclopdia livre

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Em 2015 ser realizada mais uma edio da Copa do Mundo


em Budapeste, Hungria, em conjunto ao Mundial da modalidade
Bola 12 Toques

Fotografias produzidas pelo autor

1 - Peas do Sectorball; 2 acionamento do boto.

Sectorball - Sequncia fotogrfica de um arremesso em direo ao gol

As setas assinalam a bolinha , aps o impacto do boto, sendo projetada para cima
em direo ao gol. O ltimo fotograma mostra a bolinha no interior da meta.
Imagens extradas de um vdeo disponvel na Internet. Ttulo: O Sectorball chega ao
Brasil! Fonte: [email protected] - YouTube ttps://youtu.be/Z58AmkzRAP0

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Subbuteo
Um parente prximo do futebol de mesa

Em alguns pases da Europa o Subbuteo um jogo bastante popular e com aprecivel organizao. H registros que o
Subbuteo foi desenvolvido por um ingls chamado Peter Adolph
e tratava-se do refinamento de uma modalidade que apareceu
pela primeira vez em 1920.
Semelhante, em alguns
aspectos com o nosso futebol de mesa, o jogo
realizado num mini campo
e os times compostos de
bonecos plsticos fixados
sobre discos que podem
Imagem fonte: Internet
ter a base cncava ou plana (observar ilustraes).
O goleiro equipado com
uma haste, o que permite moviment-lo no momento do arremesso da bola. Os bonecos
so acionados por meio de piparotes ou petelecos com o
dedo indicador, frontal ou lateralmente, sem auxlio de qualquer outro dedo como concentrador de fora para a ao.
Imagem fonte: Internet - sportagvalaszto.
Com efeito, os bonecos deslizam sobre o tablado e tocam a bola. Caso a bola no saia do
campo ou toque um boneco adversrio, o jogador mantm a posse da mesma. Para cada lance de ataque a defesa pode mover
uma de suas peas, sem, contudo, tocar a bola ou em peas do
outro time, devendo apenas cercar o avano do oponente.

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Cheguei a suspeitar que o nosso futebol de mesa houvesse


sido inspirado no Subbuteo, surgido, conforme registros, em
1920, e reformulado anos depois. Mas depois que conheci Rocha
Netto, que comeou a jogar futebol de mesa em 1919 na cidade
de Piracicaba e registros sobre o jogo no clube America em 1917
no Rio de Janeiro, descartei esta possibilidade.
possvel o Subbuteo ter sido inspirado no futebol de mesa da
Inglaterra (ver folheto de 1910 mostrado no Botonssimo volume 1)
ou nas modalidades praticadas em outros pases (Espanha, Brasil).
Mas discutir essa questo seria mera especulao. Foram inventados
diferentes tipos de jogos que simulam o futebol de campo e as criaes podem ter sido geradas livres de influncias.

Outras Informaes www.clubedobotao.com/2010/03/16/subbuteo


Subbuteo Voc j deve ter jogado
Postado em FUTMESA NEWS por Nardy - maro 16, 2010

O Subbuteo (mais conhecido na Europa por Sports Table Football)


uma variante de Futebol de Mesa, diferente da praticada no Brasil, nascida
em 1947 na Europa e que, desde a criao da FISTF (Federation International of Sports Table Football), h 15 anos, vem expandindo-se rapidamente
por todo o mundo, hoje praticado oficialmente em 34 (trinta e quatro) pases. Na Amrica do Sul j praticado na Argentina e Colmbia e agora tambm est iniciando sua introduo no Brasil, Uruguai e Chile.
Como a CBFM (Confederao Brasileira de Futebol de Mesa) no teve,
oficialmente, interesse em encampar a modalidade, autorizou a criao de
uma nova entidade para coordenar, o que foi feito com a criao da LBS (Liga Brasileira de Subbuteo). Fundada pelo Vasco da Gama, o Monumental de
Caxias e o Bangu, a LBS teve sua filiao aceita na FISTF em maro de
2009, o que significa dizer que, hoje, o Brasil j est legal e oficialmente filiado a entidade internacional e apto a disputar seus Campeonatos Mundiais!
O projeto da LBS j nasce ambicioso e os planos so de j realizar meetings internacionais a partir do ano que vem, alm de ter se candidatado oficialmente a sediar o Campeonato Mundial de 2014.
Fonte: http://www.subbuteobrasil.blogger.com.br/

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Evoluo do subbuteo no Brasil


- Dados coletados da Confederao Brasileira de Futebol de mesa.
(histrico at 2010) (textos transcritos tal qual)

Em 03/2009 a FISTF - Federation International of Sports Table Football oficializou a admisso do Brasil, atravs da LBS - Liga Brasileira de Subbuteo.
No mesmo dia em que recebeu sua admisso oficial na FISTF, a LBS iniciou as tratativas com a LAFM (Liga Argentina de Ftbol de Mesa) para que
as duas entidades realizassem, de forma conjunta, a 1 Copa SulAmericana de Subbuteo.
No dia 25/04/2009, o Departamento de Futmesa do Bangu AC promoveu o
primeiro evento experimental de Subbuteo no Brasil, com a disputa de um
Torneio Incio entre seus atletas, vencido por Bruno Coutinho.
Em 26/07/2009 na sala da Diviso de Futebol de Mesa do Club de Regatas
Vasco da Gama foi realizado o 1 torneio interno de SUBBUTEO no clube,
a competio foi vencida por Marcelo Lages.
No dia 17 de abril de 2010 foi realizado o I Satellite organizado pela Liga
Brasileira de Subbuteo. A competio foi formalizada junto FISTF - Federation International Sports Table Football e contou pontos para o ranking internacional. Nela estiveram presentes atletas da LAFM - Liga Argentina de
Ftbol de Mesa. Jos Antnio do CR Vasco da Gama foi campeo. Marcelo
Lages ficou com a 2a colocao, Murcilli foi o 3 colocado e Igor Monteiro
completou o pdio com a 4a colocao. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Ao trmino da competio, Jos Antnio e Cludio Murcilli que acumulavam
respectivamente as presidncias da Liga Brasileira e Argentina, confirmaram a realizao da 1a Copa Sulamericana em Buenos Aires-ARG em outubro de 2010.

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Dados Extras recentes


Fornecidos pelo botonista Renato Pinheiros de Souza (Barthez).
O Subbuteo praticado e organizado, tal qual o nosso Futebol de
Mesa em 40 pases e tem sua Copa do Mundo disputada anualmente.
Sua prxima edio est prevista a acontecer entre 10 e 13 de setembro
de 2015, em San Benedetto del Tronto, Itlia.
O Subbuteo tem seu acesso Amrica do Sul pela Argentina, pas
que tem grande fluxo migratrio de origem Italiana, sendo os italianos
hegemnicos na Regra. A Itlia o Maior Vencedor das Copas do Mundo de Subbuteo que contm 6 rankings ativos (incluindo o Feminino que
contm nmero expressivo de jogadoras) e 12 tabelas de disputa sendo
divididas em individual e por equipes.
O Brasil conta com equipes de 3 estados e outros ncleos tem surgido constantemente. Rio de Janeiro, So Paulo e Paran tem equipes
ativas e o Distrito Federal faz um trabalho de base que tende a formar
uma equipe local dentro em breve.
A adoo do Subbuteo como regra vlida pela CBFM, acabou promovendo, ao mesmo tempo, o nosso futebol de mesa em pases onde o
Subbuteo est enraizado. Com isso, campeonatos nunca antes imaginados, como o Campeonato Sulamericano, a Copa Libertadores de Equipes e a Copa Amrica de Selees passaram a ser realidade.
A ltima edio da Copa Sulamericana Individual foi conquistada
por Fabrizio Bertolini, da Asociacin Subutesta de Rosario 08, da Argentina, a Libertadores pela A.S. Rosario 08, da Argentina e a Copa
Amrica pela Argentina no resultado final de 3-1 contra o Brasil. Este ltimo resultado parece tratar de uma disparidade hegemnica dos hermanos sem precedentes, porm no verdade. Se levarmos em considerao os resultados da edio anterior, realizada em So Paulo/SP,
temos a vitria de Rony Suzuki, do Fenix F.M., de Londrina/PR sendo o
Campeo Sulamericano, O C.R. Vasco da Gama, do Rio de Janeiro/RJ,
Campeo da Libertadores e o Brasil vencendo a Argentina num histrico
3-0, na Copa Amrica.

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Modalidade Pastilha
Outra modalidade disputada em carter experimental apenas no Rio
de Janeiro a chamada pastilha, com uma bola cilndrica, que de acordo
com Coutinho, tambm coordenador de regras experimentais na confederao, muito jogada na Baixada e na zona oeste, alm de ser extremamente forte em Nova Friburgo, interior do estado.
A histria comeou exatamente como o dadinho, tendo no incio inclusive a mesma regra, e passou por pequenas modificaes no incio deste
ano em relao ao tamanho do goleiro e da arrumao e reposio da bola, quando do ingresso FEFUMERJ.
Atualmente so cerca de cem atletas federados em seis clubes: APROFUME Associao Proletria de Futebol de Mesa, LDBR Liga
de Desportos de Belford Roxo, AAP Associao Atltica Portuguesa,
ANFM Associao Nilopolitana de Futebol de Mesa, AFFM Associao Friburguense de Futebol de Mesa e o Club de Regatas Vasco da Gama. O primeiro campeonato estadual da modalidade aconteceu esse ano
e o campeo individual foi Marcelo Lages, do Vasco da Gama e a equipe
campe foi a Associao Friburguense.
Igor Monteiro Quintaes
(2005)

Graas a Internet, um forte e gil veculo de comunicao, o


futebol de mesa tem se beneficiado em vrios aspectos. Mudanas
nas regras, anncios de eventos, notificaes de resultados, etc.,
so divulgados de maneira ampla e rpida. Contando com esta ajuda, somado ao trabalho de colaboradores, a Pastilha, a exemplo
de outras modalidades adotadas no Brasil nos ltimos anos, vem se
expandindo e conquistando adeptos.
A pastilha, no lugar da bolinha, comum nos jogos de antigamente, continua presente em alguns times industrializados. Agora, a
pastilha est rolando entre botes torneados em acrlico. Apesar
de modernizada, a modalidade provavelmente oferece aos botonistas da velha-guarda uma pitada de nostalgia.

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FUTEBOL DE MESA LIVRETES DIVERSOS SOBRE AS REGRAS


- Acervo do autor -

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Futebol de Mesa
no Chile

www.fotosmaisimagens.com/bandeira-do-chile.
Aplicao da sigla: Ubirajara G. Bueno recursos do Word

Mensagem que recebi por e-mail em 06 de maio de 2013


Caro botonista Ubirajara Godoy Bueno,
Aps ler seu maravilhoso livro, entendi que deveria te escrever falando do Chile.
Sou botonista desde criana, e voltei a praticar o mesmo em 2010.
Hoje vivo no norte do Chile, no deserto mais seco do mundo, onde at a alma
tem sede!
Eu e toda minha famlia temos utilizado o futmesa como ferramenta scioevangelistica, e Deus tem nos abenoado muito.
Os Chilenos sao locos por futebol, e alguns deles conhecem "aquele" jogo com
tampinhas de garrafa. Esses dois fatos tm proporcionado um bom desenvolvimento do futmesa, e estamos felizes com os resultados colhidos at hoje.
Nas prximas frias de julho vamos a Santiago, Concepcin e La Serena treinar
e implantar o futmesa. Assim, se tudo der certo, teremos seis cidades (pois hoje
temos trs) praticando o futmesa regularmente.
Caso deseje conhecer um pouco mais de nosso trabalho s acessar os seguintes links:
http://www.facebook.com/pages/ANTOFAGASTA-MIDECPROYECTOGOL/263371977015526
Obrigado,
Mande notcias suas e de seu trabalho com futmesa,
Que Deus o abenoe!
Pr. Alksei Faria e famlia
desde Chile
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Material extrado do endereo fornecido

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Futmesa Chile en La Serena (87 fotos)


En la hermosa ciudad de La Serena, el Futmesa Chile volvi a su origen: Unir
generaciones, acercar padres y hijos, abuelos y nietos. Adems de esta linda
tarea, el Futmesa Chile llevo alegra a todos que conocieran y practicaron este
deport...e. Se finaliz las actividades con la I Copa de Futmesa de La Serena.
Las entregas de medallas fueron en un Culto a Dios, a quin damos todo honor y
gratitud. Santa Biblia, Salmos 127:3 "He aqu, herencia de Jehov son los
hijos;Cosa de estima el fruto del vientre."Ver mais

Futmesa Chile a 9 Grados - Alto Club Hpico


(14 fotos)
Empezamos la clase de Futmesa afuera de las instalaciones de la Junta vecinal.
A los 9 grados, anoche, pero la gana de entrenar fue ms fuerte que el frio y la
poca iluminacin. Despus nos fue posible seguir en mejor ubicacin. El
Futmesa ...Chile tiene el blanco de ensear a los nios que para lograr las metas
de la vida es necesario tener mucha gana y ser valiente. hay una meta muy
hermosa que no podemos olvidar, la Vida eterna. Santa Biblia - Filipenses 3:13
y 14 " Hermanos, yo mismo no pretendo haberlo ya alcanzado; pero una cosa
hago: olvidando ciertamente lo que queda atrs, y extendindome a lo que est
delante, prosigo a la meta, al premio del supremo llamamiento de Dios en Cristo
Jess."Ver mais

As imagens apresentadas dispensam palavras;


apenas ressaltar o que vemos claramente: a alegria
promovida pelo futebol de mesa aos pequeninos e como estes, com igual intensidade, alegram o primeiro.

Informaes adicionais sobre o futebol de mesa no Chile


Perguntas enviadas e respondidas por e-mail, aos cuidados de Ana
Paula Costa Faria (julho-2014).
Sobre as bolinhas.
Geralmente se utiliza dadinho oficial, cor branca de acrlico.
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Sobre os fabricantes de botes.


No existem fabricantes no Chile; as peas so importadas.
Ns recebemos ofertas de botes de plstico (algumas pessoas e
igrejas evanglicas nos doam e se posso escolher solicito doao
dos Cristal Gulliver, porm, recebemos novos e usados de todo tipo). J os botes de acrlico (que consideremos "oficiais" - medidas
38 mm, 40 mm, 50 mm e 60 mm) compramos da loja Boto FC do
senhor Ricardo Baruque (Tijuca - RJ) e da fbrica Frandian do senhor Aldair, tambm do Estado do RJ.
Sobre as dimenses dos botes.
Usamos botes de 35 mm a 38 mm em mesas de 96 cm X 66 cm
para crianas at 10 anos. Para adolescentes botes de 40 ou 41
mm em mesas de 126 cm X 86 cm. Adultos botes de 50 mm em
mesas de 146 cm X 96 cm.
Sobre as mesas e traves.
Eu e minha famlia fabricamos as mesas (j foram mais de 70 mesas aqui no Chile) e um amigo chileno fabrica algumas traves (nem
todas).
Sobre as regras adotadas.
Fizemos uma adaptao da Regra Oficial Brasileira 3X9 Dadinho,
e a chamamos de "Regla Chilena de Futmesa", posteriormente mudamos o nome para "Regla Latina de Futmesa" pois levamos esse
esporte para os pases Peru, Argentina, Uruguai e Paraguai.

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GAME X BOTO
Em dezembro de 2011 a UOL postou na Internet o seguinte artigo:
Futebol de boto tenta sobreviver era do videogame e teme ficar sem nova gerao.
matria, ricamente ilustrada e comentada, enfatiza o fascnio dos adolescentes e jovens pelo videogame e o desinteresse pelo futebol de boto. Muitos concordam que o realismo dos
jogos eletrnicos um concorrente fortssimo do nosso velho futebol
de boto e este ltimo sucumbir ao domnio do primeiro s uma
questo de tempo.
Jorge Farah, presidente da Federao Paulista de Futebol de
Mesa, tem opinio contrria:
No debate sobre a sobrevivncia do boto como modalidade e brincadeira ldica, o dirigente de 53 anos (Jorge Farah) diz que um erro encarar o
videogame como um inimigo.
(...) O videogame no nosso concorrente. O jogo eletrnico e o boto
so coisas muito distintas, afirma o dirigente, que ressalta a vantagem de
sua modalidade como ferramenta de fantasia.

Alguns meses antes desta reportagem, durante um encontro


com amigos, conversvamos exatamente sobre o confronto dos jogos antigos com os modernos. No que se refere ao futebol de boto,
penso que duas condies so fundamentais para a sobrevivncia
do esporte: semear e cultivar.
Divulgao do futebol de mesa em escolas, clubes, empresas.
Ter um local permanente para se jogar onde aqueles motivados pela divulgao possam jogar regularmente e conhecerem
melhor as muitas qualidades do futebol de mesa. Oportunidade
para efetivar novos botonista.

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Palestras e demonstraes em escolas, clubes e empresas,


realizados por voluntrios, geralmente resultam numa boa divulgao do futebol de mesa, exaltando suas qualidades. Mas seria apenas o primeiro empurro. E depois? A continuidade? A manuteno? fundamental ter um local permanente para se jogar, quer seja numa garagem ou num clube. Formar equipe, criar torneios internos regulares, sob uma coordenao eficaz. Caso contrrio, o jogo
de boto acabara sendo esquecido, ainda que tenha causado sensao por ocasio de sua divulgao, pois os jogos eletrnicos vo
continuar presentes, imponentes, sedutores, dispostos a defenderem o territrio de possveis concorrentes. Eles se proliferam aos
mais recontidos lugares. Obviamente Isto no significa julgar estes
jogos viles e que devem ser repudiados, afinal, inegvel o seu
forte poder de entretenimento. A proposta consiste em preservar (ou
recuperar) o espao que durante muito tempo pertenceu ao nosso
futebol de mesa sem, necessariamente, excluir os jogos eletrnicos.

Fotografias produzidas pelo autor

Projeto Escola: Divulgao e iniciao ao futebol de mesa.


Local: Colgio Centurion Praia Grande, bairro Ocian SP.
Coordenao: Eduardo Lemos.

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A continuidade
A experincia tem mostrado que um local para os jogos muitas
vezes conquistado graas a persistncia. O futebol de mesa hoje
presente na Praia Grande, bairro Ocian, primeiro departamento da
regio, um exemplo de conquista devido a determinao de Eduardo Lemos, fundador e atual coordenador da equipe.
Graas a este local, alguns dos jovens participantes do Projeto
Escola, continuam a praticar o futebol de mesa e j esto se preparando para os jogos promovidos pela federao.

Imagens da sala de jogos no clube Ocian

Fotografias fornecidas
por Natalia Mazetto

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Futebol de Mesa, um gentlegame.


Sobre o futebol de mesa e os jogos eletrnicos
Do meu arquivo: Pequenas Crnicas ( maro/2012)

Destitudo de tecnologia, prima por suas qualidades tradicionais. Foi concebido para um reconhecimento espontneo dos
seus valores. No abre caminho aos empurres entre seus concorrentes eletrnicos, aguarda placidamente uma passagem livre. Mas
se o congestionamento persiste, podemos supor que carece de auxilio, algum que lhe tome as mos e o conduza com firmeza. Diferentemente do passado, agora ser necessrio uma ao enrgica,
uma voz que proclame: vejam, o que ele tem para mostrar interessante e, com certeza, muitos vo gostar. Basta isto e muito disto.
Ubirajara Godoy Bueno

Uma vez conhecidas as muitas qualidades do o futebol de mesa, ele se mostra to atraente como os seus concorrentes.
Enquanto os jogos eletrnicos encantam por meio de animaes quase reais, o futebol de mesa a prpria realidade, imprevisvel, surpreendente e calorosamente humana. Manipulamos as peas do jogo, sentimos a textura, decoramos, lustramos. Queremos
experimentar uma nova palheta, marcar gol com um tipo diferente
de bolinha e colocar em prtica o estratagema que elaboramos. Esperamos com ansiedade, como uma criana que aguarda o Papai
Noel, o carteiro trazendo o time feito sob medida. Na sala de jogos,
entre risos e conversas, nos sentimos acolhido. O adversrio imprevisvel e sentimental e o jogo, por sua vez, na sua banalidade
aparente, exige no apenas pressionar a palheta sobre o boto,
necessrio imprimir determinada fora para cada resultado desejado, combinando velocidade, atrito e distncia, em conformidade
com as leis da fsica aprendidas intuitivamente. Somos tcnico,
massagista, jogador...
Bem sei que qualquer criana ou adolescente sabe da exis67

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

tncia do jogo de boto e talvez at mesmo tenham se entretidos


num campo sobre o tapete da sala, mas na maioria dos casos falta o
conhecimento de todos os prazeres que ele pode oferecer.

*
De pai para filho, de av para neto, de tio para sobrinho ...
Uma possibilidade de continuidade, ...
Apenas um dos meus dois filhos adotou o futebol de mesa e
saiu-se um bom botonista. Meu neto de sete anos ao demonstrar
uma pontinha de interesse pelo jogo de boto, procurei fisga-lo com
mais fora. Encomendei um time de botes modelo vitrine e decorei
com os seus heris preferidos. Deu certo. Hoje joga videogame com
frequncia, mas no abandonou o futebol de mesa. A convivncia
harmoniosa de ambos e perfeitamente possvel.

Super heris em campo, lembrando que a funo de goleiro


ocupada, no por acaso, pelo homem borracha.

(depoimento do autor)

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Com catorze anos, quando eu jogava Estrelo, meu tio, que


jogava futebol de mesa oficial, apareceu l em casa e me perguntou:
Voc gosta de jogar boto? Adoro, respondi. Ento eu vou te levar na associao para voc ver o que um futebol de verdade. A
eu vi aquelas mesas maravilhosas, brilhando, botes passando. Fiquei dodo, e nunca mais parei.
(depoimento de Fernando de Aguiar Esprito Santo, exibido no filme Que Golao! de Filipe Seixas)

Comecei a jogar com quatro anos de idade. Meu pai, que joga
boto desde criana, foi quem me ensinou muito cedo.
Roberto de Lara Rodrigues Robertinho PR

... nem sempre uma certeza.


Meu filho e meus netos no jogam futebol de mesa. A minha
derradeira esperana meu neto Vitor, que recm completou um
aninho. Vou tentar fazer dele um botonista.
Adauto Celso Sambaquy RS

Com seis ou sete anos meu filho iniciou no futebol de mesa,


mas no continuou. Espero que um dia ele volte a jogar.
Slvio Spindolla SP

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Trecho de uma matria de Adauto Celso Sambaquy, promovida


por Glauco Alan. Publicao: futmesabrasil.blogspot.com
Na atualidade, eu que sou av, vejo com receio a proliferao de jogos
virtuais entre os jovens. Meu filho e meus netos no jogam futebol de mesa.
A minha derradeira esperana meu neto Vitor, que recm completou um
aninho. Vou tentar fazer dele um botonista.
E o que devemos fazer para reverter esse quadro? Lendo Em Nossas
Mos, o informativo sobre o futebol de mesa paulista, observo a entrevista
do presidente Jos Jorge Farah Neto, que, perguntado sobre o que falta
para o Futebol de Mesa tornar-se mais popular e com maior nmero de participantes, responde categrico: Em primeiro lugar, ter uma estrutura melhor desenhada, depois investir nas crianas, pois somente assim vamos
perpetuar o esporte e faz-lo crescer muito mais.
isso que a AFM CAXIAS DO SUL est praticando h algum tempo.
Graas a essa atitude, cujo dirigente o professor Ednei Torresini, o FUNDEL, rgo da Prefeitura Municipal mantm um contato direto com a diretoria da agremiao, patrocinando todas as atividades desenvolvidas.
Saiba mais entrando em tvsolucoes - departamentojunior ; afmcaxiasdosul

Aqui em Santa Catarina, mais precisamente na cidade de Itaja, a associao Atlntico Sul, em colaborao com o
Clube Nutico Marclio Dias est iniciando um procedimento similar, o que far
com que as crianas em idade escolar se
acostumem a disputar futebol de mesa.

Adauto Sambaquy e
prof. Ednei Torresini

Esse apoio ser benfico para o


crescimento e desenvolvimento sadio de
nosso esporte. Amanh, sero os meninos de hoje que estaro frente de todas
as agremiaes esportivas. Por isso convm nos apressarmos em instru-los no
sentido de jamais haver interrupes na
sequncia da caminhada.

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Em defesa da juventude, em defesa do futmesa!


Excelente matria de Joo Batista Rangel Junior,
publicada na Internet em 25-01-2012
Fonte: AFUMECA CASCAVEL PR ASSOCIAO DE FUTEBOL
DE MESA DE CASCAVEL. afumeca.blogspot.com.br

Num tempo onde os jogos eletrnicos e video games arrebatam


verdadeiras legies de jovens que verdadeiramente se enclausuram
em seus quartos na frente de televises e computadores, muitos esportes vem perdendo espao e vendo seu futuro em risco.
Para que esta ameaa no atinja nosso futmesa, precisamos ser
cada vez mais criativos na busca de alternativas para divulg-lo e
promov-lo. Tarefa difcil frente desigualdade blica entre os eletrnicos e os nossos botes. Enquanto os eletrnicos bombardeiam nossas crianas com seu verdadeiro, potente e verstil arsenal de sons,
imagens e interatividade, nosso futmesa continua mantendo suas caractersticas ao longo dos anos. Seu vnculo primrio ao futebol de
campo, paixo nacional, a necessidade de estratgia e de tcnica na
execuo das jogadas so os atributos que nos seduzem e nos fazem
manter a tradio deste esporte j quase centenrio no Brasil.
Me parece inegvel que os benefcios da prtica do futmesa, em
relao a dos eletrnico, so muito maiores para adultos e principalmente para crianas. Esta mistura ldica de habilidades e emoes do
futebol, da sinuca e do xadrez j seriam suficientes para justificarem
meu parecer, mas, seguramente, o que de mais valioso vejo no futmesa a promoo da socializao! Enquanto os eletrnicos transformam nossos jovens em verdadeiros "servos", absorvendo seu tempo e
reduzindo drasticamente suas oportunidades de relacionamento interpessoal, o futmesa aproxima as pessoas de uma forma espetacular,
promovendo uma verdadeira "net" de amizades e fraternidade.
Graas aos eletrnicos, temos muitas crianas e adolescentes
alienados de tudo! A comear pela prpria famlia! No tm mais tempo nem vontade de estar com seus pais, o dilogo torna-se quase que
impraticvel e acabam sendo educados por suas mquinas. Sobre as
consequncias desta realidade, melhor argumentao devem ter os
psiclogos e psicanalistas mas, na minha viso veterinria, isto terrvel para a sociedade.
Que tipo de homens e cidados sero nossos jovens eletronizados?
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Sero eles nossos governantes, nossos polticos, nossos juzes? Que contribuio podero dar sociedade?
claro que no podemos generalizar, mas certo que, infelizmente, muitos jovens esto sendo aliciados eletronicamente e vivendo
nesta condio de escravido. Trocam a noite pelo dia para satisfazerem seus desejos e acabam se distanciando cada vez mais de sua famlia e de seus amigos. Sem pai nem me, sem amigos, sem namoro,
sem ningum no virtual, sem ningum de verdade! Dificuldades na
escola, depresso, drogas e a inevitvel dessocializao so o salrio
de muitos destes jovens.
No futmesa a coisa diferente! O isolamento mrbido d lugar
convivncia fraterna, a frieza da clausura d lugar ao calor das amizades, a tristeza d lugar alegria e o virtual d lugar realidade!
evidente que o futuro de nossos jovens depende de muitos
outros fatores, mas, se queremos uma sociedade fraterna, devemos
estimul-los a realizarem atividades que promovam esta qualidade. O
futmesa, com segurana, uma delas e, se sozinho no definitivo,
particularmente pode contribuir para um futuro melhor para nossos jovens.
O certo que: o futuro do futmesa depende de nossas crianas!
Foi com a inteno de divulgar e promover nosso esporte que
realizamos a oficina de futmesa, paralela ao nosso Torneio de Vero
em parceria com o JL Shopping. Nesta ocasio podemos perceber o
quanto algumas crianas ficaram encantadas com o futmesa, para
muitas um esporte desconhecido. Tambm podemos presenciar a alegria dos pais jogando com seus filhos, algo rarssimo nos eletrnicos
mas comum no futmesa. Muitos se comprometeram em dar continuidade na prtica do esporte em nossa sede junto ao SESC. Semeamos
agora e esperamos em breve colher os frutos desta iniciativa.
Salve o futmesa e salve nossas crianas!
Publicao no Botonssimo autorizada pelo autor

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Conversa ao p da escada

Ubirajara Godoy Bueno

H quinze ou vinte anos, durante um torneio de futebol de boto, com a participao de botonistas de vrios clubes, sentei-me
nas escadarias que circundavam a quadra do ginsio ocupada por
dezenas de mesas. Teramos alguns minutos de folga antes da prxima rodada.
Durante este tempo, no pude deixar de ouvir a conversa entre trs jovens participantes que se sentavam a minha frente apenas
um degrau abaixo.
Eu vi a tabela. Voc vai enfrentar aquele velhinho que foi
meu adversrio no ltimo jogo.
Ele joga bem?
Que nada, tranquilo. O sujeito parecia cansado logo no primeiro jogo, estava se escorando na mesa; foi a resposta num
tom de escrnio.
Pior o meu adversrio, aquele ceguinho com culos de fundo de garrafa. Quando a bolinha caa da mesa era uma labuta para
ele achar comentou o segundo apontando para um senhor que
permanecia na quadra examinando seus botes sobre uma das mesas.
Esta velharada deveria ficar em casa arrematou o amigo
com um sorriso zombeteiro.
Debrucei-me sobre os rapazes e falei num tom sereno:
Eu sei que para os jovens, cheios de energia e com vontade de jogar, alguns adversrios podem parecer um pouco... devagar, mas devemos ser pacientes. Eu conheo o velhinho cansado, vi
de relance quando jogava com um de vocs. Na verdade, ele o
nico culpado de parecer um zumbi logo pela manh. Imaginem vocs que passou a noite em claro ajudando a organizar a quadra que
foi liberada na ltima hora. Onde j se viu um absurdo destes? Devia ter uma noite reparadora, ou se fosse para no dormir, envolverse com coisas mais interessantes do que ficar cuidando de eventos.
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Com relao ao senhor de culos devemos ser igualmente pacientes. Dizem que ele perdeu parte da viso fazendo bolinhas durante
muitos anos para suprir a federao e os clubes. O cara deve ser
doido ou gostar muito do futebol de mesa. Quanto a velharada ficar
em casa, totalmente correto e a federao deveria tomar as devidas providncias. inadmissvel que estes veteranos se misturem
indiscriminadamente com os demais jogadores. S porque quando
jovens criaram as regras do nosso futebol de mesa, ensinaram o jogo a fulano e sicrano, ajudaram a formar equipes de botonistas, escreveram jornaizinhos, revistinhas, ou seja l o que for, para promover o nosso esporte, cuidaram disso e daquilo, no justifica jogarem livremente onde e quando bem entenderem. Fizeram muito,
mas coisa do passado. Acabou. H quem diga que alguns levavam mesas de um clube a outro nos bagageiros do prprio carro.
Tem cabimento uma coisa desta? Acho que so malucos desde moo finalizei, movendo a cabea num sinal de reprovao.
Despedindo-me em seguida, desci as escadas e fui cuidar dos
meus botes para o prximo jogo.

* * *

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Roberto de Lara Rodrigues Robertinho,


Um toque preciso paranaense no futebol de mesa

ez ou outra, o futebol
de mesa nos chama a
ateno para determinado
botonista. o caso de Roberto de Lara RodriguesRobertinho. Com inmeros
ttulos na modalidade 12
toques, demonstra o nvel
primoroso possvel de ser
alcanado no futebol de
mesa, o que certamente
constitu motivao queles
dispostos a evolurem.

Fotografia fornecida pelo entrevistado

Robertinho nasceu em 1980 no grande municpio de Guarapuava.


Atualmente mora em Curitiba-PR. Profissionalmente atual como
Promotor Mondelz International.
Aproxime-se, caro leitor, conversemos, agora, com Robertinho
sobre o esporte no qual se destacou: o Futebol de Mesa.

B Com que idade voc comeou a jogar futebol de mesa?


R Com quatro anos.
B Incentivado por algum ou foi iniciativa prpria?
R Meu pai, Nilson de Souza Rodrigues, jogava desde criana e
me ensinou muito cedo.

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B Quando ocorreu seu ingresso numa equipe?


R Quando eu tinha 11 anos, em 1991.
B Qual foi sua primeira equipe (clube)? Em qual cidade?
R Comecei no Snooker Clube Barraco - So Jos dos Pinhais,
PR
B Equipe atual?
R Clube Curitibano Curitiba, PR
B Como era a sua rotina de treino (frequncia)? Atualmente esta
frequncia mantida?
R Antigamente, sempre joguei em dias de ranking. Apenas comecei a treinar mesmo a partir de 2007. Antes de campeonatos nacionais, em torno de 40 dias de treinamento.
B Em seus treinos utiliza procedimentos ou condies especficas?
R No. Treino na mesa, com relgio correndo. Adversrios que
se destacam em certas habilidades reforam meu treinamento. Meu
pai, por exemplo, que joga devagar e cadenciado, alm de saber
como arrumar o goleiro contra mim; meu primo Rogrio, que foi
campeo do Mundo em 2012 e costuma fazer muitos gols, alm de
arrumar muito bem a defesa.
B Tem preferncia por determinado modelo de boto?
R Gosto de todos, argola o que eu mais uso. Gosto muito do
vitrine tambm.

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B Uma curiosidade comum sobre as medidas dos seus botes.


Voc pode revelar, ou prefere no guarnecer seus futuros adversrios com esta informao?
R No segredo: altura = 4,5 mm grau = 20o
B As medidas dos seu botes mudaram no decorrer dos anos?
R Sim, com a evoluo das bolinhas as medidas dos meus botes sofreram alteraes. Comecei jogando com 3,8 mm de altura e
grau 26.
B Costuma usar sempre o mesmo time, ou gosta de variar?
(considerando que as medidas sejam as mesmas).
R Eu vario meus times, no fico mais com um s.
B Adquiri times com frequncia?
R No mais. S jogo com times do mestre Lorival.
B Que tipo de palheta utiliza (material e dimetro).
R Acrlico. Se no me engano de 54 mm.
B Pratica ou se simpatiza com alguma modalidade alm da 12
toques?
R Pratico dadinho 9x3
B O que voc mudaria, excluiria ou acrescentaria na modalidade
12 toques?
R Mudaria o peso da atual bolinha. Ela poderia ser mais leve,
dando mais curva na bola.

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B O que voc mudaria, excluiria ou acrescentaria no futebol de


mesa em geral?
R Gosto do jeito que est, gostaria que profissionalizasse.
B Acha possvel uma unificao das modalidades?
R No. Cada uma tem seu charme e adeptos. Creio que unificao no e nem ser uma opo.
B Acredita que o jogos eletrnicos (videogame, principalmente,)
podem comprometer a continuidade do futebol de mesa?
R Podemos manter as duas atividades. Eu tive e tenho muitos
videogames e sempre joguei futebol de mesa tambm.
B Voc tem observado no futebol de mesa do Paran uma renovao ou incluses de botonistas, ou o grupo de jogadores o
mesmo nos ltimos anos.
R So os mesmos. Aqui no PR as crianas que jogam so filhos
dos jogadores. No temos renovao, infelizmente.
B Durante uma partida o que lhe aborrece com relao ao comportamento do adversrio?
R Conversar com pessoas ao redor enquanto estou tocando ou
chutando a gol. Falta de respeito.
B A calma que voc demonstra no decorrer do jogo apenas aparente ou realmente consegue manter-se tranquilo?
R Depende muito. Joguei muitas partidas extremamente nervoso
e outras muito calmo. Alterno de acordo com meu treinamento. Se o
treino for bom, fico confiante e calmo. Se no treinei o suficiente, ou
se o andamento da partida no est como planejado, uso uma tcnica de auto-induo para aumentar a motivao.
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B Algum jogo tornou-se inesquecvel?


R Tenho muitos. A final de 2009 e as quartas-de-final de 2010
foram os melhores. 7x7 e 8x7 respectivamente.
B Time de futebol de campo para o qual torce.
R Real Madrid
B Time de futebol que admira (do Brasil ou no).
R Manchester City
B Alguma atividade (passatempo ou esporte) alm do futebol de
mesa?
R Amo esportes, jogo tudo que puder. Futebol, atletismo, vlei,
basquete, paddle, tnis, handebol e tambm jogos de mesa, como
sinuca, tnis de mesa e poker. Videogame tambm no dispenso.
B Conselho para os iniciantes.
R Muita pacincia e treinamento, com o tempo tudo melhora.
B Uma dica.
R Assistam jogos dos campees. Muitas estratgias podem ser
copiadas
B Algo mais a dizer?
R Agradeo a oportunidade de estar no livro desse esporte que
tanto amo.

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Roberto de Lara Rodrigues ttulos conquistados.


PRINCIPAIS TTULOS EM TORNEIOS OFICIAIS DA CONFEDERAO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE MESA E DA FEDERAO PARANAENSE - Categoria Adulto (principal)
Campeo Mundial de Selees Rio de Janeiro - RJ em 2012
Campeo Sulamericano de-Selees - So Paulo-SP 2013
3 Lugar no Mundial Individual Rio de Janeiro R J em 2012
Pentacampeo Brasileiro - 1999 (So Jos dos Pinhais - PR),
2009 (Rio de Janeiro RJ), 2010 (So Paulo - SP), 2011 (Poos de
Caldas - MG) e 2013 (Goinia - GO);
Tetracampeo da Copa do Brasil em 2007 (Blumenau - SC),
2011 (Itaja - SC); 2012 (Caruaru - PE) e 2013 (Nova Friburgo RJ);
Campeo Sul-Brasileiro em Blumenau-SC, 2005
Campeo Brasileiro Inter-regras em Porto Alegre - RS em 2003
Pentacampeo Paranaense em 2005 e 2006, 2011, 2012 e 2013
Pentacampeo consecutivo da Taa Paran 2009, 2010, 2011,
2012 e 2013.
Campeo Sulbrasileiro de Selees pelo Paran em Porto Alegre
RS 2013
Campeo Sulbrasileiro individual em Porto Alegre-RS em 2013.
1. OUTROS TTULOS Categorias Infantil e Juvenil
Campeo Brasileiro Juvenil em So Paulo -1997;
Campeo Paranaense Juvenil em 1996 e 1997;
Campeo Taa Cidade de Londrina em 1997;
Campeo Paranaense Infantil em 1991 e 1994;

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Nilson de Souza Rodrigues, pai de Roberto, Botonista com vrios


ttulos conquistado.
Campeo Brasileiro Master nos anos de 1994, 1997, 2004 e 2008. Campeo da
Copa do Brasil Master de 1996 e 2008.

Trecho de uma entrevista com Nilson de Souza Rodrigues realizada


por Armandinho*.
O Futebol de Mesa sofre uma concorrncia muito grande com os jogos eletrnicos,
contudo, voc conseguiu fazer do seu filho um excelente botonista, tendo ele j conseguido o ttulo de Campeo Brasileiro. Qual o conselho que voc d aos pais, velhos botonistas, para que atraia seus filhos para jogar boto?

Eu levei uma grande vantagem sobre os pais atuais porque naquela poca o Atari no
exigia tanta ateno como os games de agora. Mas se fizerem o que eu fiz: comprar uma
mesa, comprar os times e, principalmente, jogar com eles, ser um atrativo que com certeza ganhar dos jogos eletrnicos. Este o meu conselho.

veja entrevista na ntegra no endereo: www.armandinhofutmesa.com.br/pagina/entrevistas

*Armandinho Armando Francisco da Silva Filho botonista de Pernambuco e colabora para o avivamento do futebol de mesa.
As fotografias exibidas nesta matria foram cedidas por Roberto de Lara Rodrigues.

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Aprimoramento contnuo
Do meu arquivo: Pequenas Crnicas ( fevereiro/2010)

O inconformismo diante da derrota por no aceitar a ideia de


que algum possa ser melhor a pretenso da invencibilidade.
Se a vitria fosse uma constante, perder-se-ia a expectativa e
a disputa se tornaria inspida. Felizmente, o que pode ocorrer, nas
melhores das hipteses, uma boa possibilidade da vitria, mas
nunca a certeza. exatamente esta dvida que alimenta a nossa
motivao.
Se a derrota ocorreu, porque temos falhas a serem corrigidas. Sem este indicativo, a nossa evoluo permaneceria estagnada
e o fato de estar estagnada no significa que alcanamos um desempenho primoroso, o nvel mximo de qualidade. sabido que a
melhoria contnua.
Contraposto, o conformismo da derrota, por julgar que os limites possveis j foram alcanados e resta aceitar resignadamente a
superioridade do adversrio, tambm se ope ao avano da evoluo.
Ubirajara Godoy Bueno

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OS SUPER HERIS NO FUTEBOL DE MESA

B
BO
OTTO
ON
NS
SS
SIIM
MO
O

Criao e adaptao do desenho: Ubirajara Godoy Bueno


Desenho original do super- heri - fonte: http://ryodita.deviantart.com/art/Plastic-Man- 88725040
Desenhista: no consta na fonte citada

Homem de plstico (homem borracha), que ilustra este quadro de humor, um superheri de quadrinhos publicado originalmente pela Quality Comics e posteriormente
adquirido pela DC Comics. Criado pelo escritor e desenhista Jack Cole.
Homem Borracha apareceu pela primeira vez em polcia Comics (agosto de 1941).
Um personagens de destaque na era dourada de quadrinhos. Ele pode esticar seu corpo em qualquer forma imaginvel.

As informaes citadas devem acompanhar as ilustraes quando


reproduzidas em outras publicaes.

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Seja moderado ao
comemorar os gols

Criao e adaptao do desenho: Ubirajara Godoy Bueno


Desenho original do super-heri fonte: Desenhos Wiki seo: galeria de desenhos para
colorir do Hulk (www.desenhoswiki.com). Desenhista: no consta na fonte citada.
O Hulk, que ilustra este quadro de humor, uma das personagens mais conhecidas do mundo,
criada por Stan Lee.

As informaes citadas devem acompanhar as ilustraes quando


reproduzidas em outras publicaes.

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PARA O
GOL

UM
MOMENTO

No utilize
recursos ilcitos.

CHUTA

B
BO
OTTO
ON
NS
SS
SIIM
MO
O
Criao e adaptao do desenho: Ubirajara Godoy Bueno
Desenho original do super-heri fonte: Colorear.net seo dibujos Spiderman
(www.colorear.net) Desenhista: no consta na fonte citada

"Homem-Aranha, que ilustra este quadro de humor, um dos heris mais populares.
Foi criado por Stan Lee e Steve Ditko" - (Stan Lee tambm criou o Hulk)

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Humm...
foi mal ...

... a terceira
mesa
Preserve o patrimnio
do clube.

B
BO
OTTO
ON
NS
SS
SIIM
MO
O

Criao e adaptao do desenho: Ubirajara Godoy Bueno


Desenho original do superheri- fonte: deviantArt (www.deviantart.com)
Desenhista: no consta na fonte citada, verifica-se apenas uma assinatura junto ao desenho,
abaixo reproduzida:

"Wolverine, que ilustra este quadro de humor, foi criado


pelo escritor Len Wein e pelo diretor de arte John Romira, que desenvolveu o personagem. Foi desenhado pela
primeira vez para publicao por Herb Trimpe. A primeira apario do personagem foi na revista de HQ Incredible
HulK (outubro de 1974). Outros desenhistas: Dave Cockrum, Jim Lee
Sobre os personagens fonte: http://pt.wikipedia.org - (e outras fontes na Internet)

As informaes citadas devem acompanhar as ilustraes quando


reproduzidas em outras publicaes.
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Trs ju zes
naquela mesa!?

para manter... a disciplina.


O Homem Aranha est
jogando com o Homem Mosca .

Criao e desenho: Ubirajara Godoy Bueno

No entanto, aquele de bigodinho j


marcou quatro gols no primeiro tempo. Quem o botonista?

Reclamam que as mesas esto


desniveladas, a superfcie prendendo, as bolinhas ovais...

O Mandrake!
Humm!

Criao e desenho:
Ubirajara Godoy Bueno

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CATALOGAO DOS ARTIGOS ESPORTIVOS

Traves
rios so os nomes para designar o mais visado espao, um
em cada extremo do campo, defendido bravamente pelo goleiro. Meta, baliza, arco, gol so alguns deles. Meta e baliza so as
denominaes mais frequentes na literatura tcnica do futebol de
mesa.
Nas descries das regras, publicadas no site da federao paulista encontramos para a modalidade Bola 12 toques as denominaes: trave; meta;
baliza na modalidade Disco 1 toque temos: trave; meta; arco
para a Bola 3 toques usado o nome trave. Na linguagem popular gol
um termo bastante utilizado e entender quando se refere ao ponto marcado no
jogo ou ao componente esportivo em si, fica por conta do contexto. Isto vlido
tanto para o futebol de campo como para o jogo de botes. Neste captulo ser
usado o nome ,trave , designao comum s trs regras.
Composio bsica de uma trave:
haste horizontal
(travesso)

haste vertical
esquerda
(trave)

fil ou vu
(rede)

haste vertical
direita
(trave)

armao ou
suporte
ala, aba,
presilha

fotografia reproduzida de um antigo catlogo da Kraks

As traves geralmente so feitas de plstico ou metal. A madeira foi usada no passado, mas atualmente est praticamente em desuso no Brasil*. Nos jogos oficiais o mais comum so estruturas de
hastes rolias de metal com um dimetro em torno de 2 mm. A confeco das partes metlicas envolve dobras, soldas e acabamento
com pintura, geralmente na cor branca.
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BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

* No Chile, e talvez em outros


pases, a madeira continua sendo usada
para a fabricao de traves.
Imagem extrada da Internet:
ANTOFAGASTA-MIDECPROYECTO-GOL

Existem quatro formatos clssicos ou tradicionais de traves:


1 curvo

2 quadrado

3 trapzio.

4 tringulo

No futebol de mesa estas formas geomtricas ganharam nomes diferentes; mais condizentes com o esporte. Vejamos:
Formato curvo. Este modelo de trave, bastante utilizado no passado, mas ainda presente nas mesas, ficou conhecido como
paulistinha. um modelo delicado e atraente.

Fotografias produzidas pelo autor


Trave paulistinha (1) torneio em 1989 Santo Andr, SP
(2) torneio em 2012 no clube Ocian Praia Grande, SP

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BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Formato quadrado (caixote). As traves que guarneciam os antigos


campos improvisados em mesas de jantar, assoalhos de madeira,
pisos de ladrilhos ou mesmo numa calada, eram quadradas ou retangulares, pois na maioria dos casos eram feitas de papelo (caixas de sapato recortadas, por exemplo) e por vezes de madeira.
Este tipo de trave parece ser o modelo mais antigo, levando
em conta seus longnquos antepassados.
O goleiro era uma caixa de fsforos e o gol era feito de caixa de papelo.
(trecho do depoimento de Vicente Casano

matria na ntegra apresentada no Botonssimo volume 2)

Mas estas antiqussimas traves de papelo evoluram. Foram


moldadas em metal (ou plstico) e guarnecidas com fil. Hoje so
conhecidas como modelo Morumbi Em alguns catlogos consta
como Mxico.
1

1 - Fotografia reproduzida de um antigo catlogo da Kraks. 2- Trave fabricada por Givanildo Fernandes (reproduo fotogrfica autorizada pelo fabricante). 3 Fotografia extrada do site Gesini Botes (artigos para futebol
de mesa) 4 Estdio do Morumbi (close-up da baliza) fotografia extrada da Internet (no consta o nome do fotgrafo)

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BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Formato trapzio. Este tipo de trave denominada Pacaembu,


conforme a maioria dos registros, parece ser o modelo mais usado.
s vezes comercializado com o nome Maracan, mas nesta catalogao conserva-se o nome mais usual.
1

Traves modelo Pacaembu


1- fotografia reproduzida de um antigo
catlogo da Kraks.
2- Fotografia da dcada de 90 (acervo do
autor).
3 - Fotografia da dcada de 70 (acervo do
autor)

Formato tringulo.
As formas de sua estrutura umas das
mais simples. Em minhas pesquisas no encontrei registros sobre o nome conferido a
este modelo que pudesse ser considerado
oficial ou, pelo menos, popular.
Imagem fonte: Internet

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Pacaembu - Soft

Imagem fonte: Internet Pgina principal


do Facebbok de Renato Pinheiro de Souza
Fotografia editado por Ubirajara G. Bueno

Tipo de trave, bastante utilizado atualmente.


Trata-se do modelo Pacaembu com os suportes
laterais cortados de modo
que a rede fique frouxa
na parte de trs da meta.
Isto amortece o impacto
da bolinha e reduz a possibilidade da bolinha eventualmente voltar ao
campo pela ao do rebote.

A rede no tencionada (macia), confere a bolinha um comportamento semelhante ao que normalmente ocorre no futebol de campo,
e talvez seja esta propriedade o principal atrativo neste tipo de trave.

Imagem fonte: Acervo do autor

Modelo Pacaembu

Modelo Pacaembu modificado

Segundo o presidente da federao paulista de futebol de mesa,


este modelo ainda no recebeu um nome especifico para diferencila dos demais. Para o controle de minhas anotaes, denominei-a
provisoriamente de Soft at que seja batizada oficialmente.
Soft = macio, suave, mole

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Fixao das traves


1

Fotografias extradas do blog do fabricante

1 - Peas fixadas na mesa com fitas adesivas


sobre as hastes laterais.
2 Peas fixadas na mesa com pinos de encaixe.
Traves fabricadas por Givanildo Fernandes.

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Goleiro para treino

s formas costumeiras de treinos no futebol de mesa so os


jogos amistosos e o treino individual. Esta ltima condio
consiste basicamente em arremessos meta utilizando-se um goleiro comum. Os iniciantes que desejam praticar arremessos areos o
ideal seria uma pea que permita a passagem da bola somente pelo
vo superior.

Por que no usar o goleiro comum neste tipo de treinamento?


Muitas vezes, a velocidade da bolinha bastante rpida e nem
sempre possvel perceber se ela passou realmente sobre o goleiro
ou na sua lateral. No goleiro inteirio, diferentemente do comum, o
gol somente acontece quando o alvo em mira atingido.
Mas num jogo o gol no seria legtimo?
Sem duvida. Porm, num treinamento, quando o objetivo fazer gols sobre o goleiro, a preciso de nossos arremessos somente
ser avaliada corretamente quando no for possvel a entrada da
bolinha na meta pelas laterais, ou seja. os gols ao acaso no devem
ser contabilizados.

OK
gols ao acaso

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Assim sendo, este goleiro no seria tambm indicado para


os botonistas experientes?
O tempo de prtica geralmente desenvolve a acuidade visual
do botonista para que ele consiga acompanhar a trajetria da bolinha com certa facilidade, identificando os gols ao acaso. Contudo,
alguns jogadores tarimbados mantm este recurso em seus treinos.
O grande botonista Rubinho na dcada de 90, por exemplo, costumava usar o goleiro inteirio (veja entrevista no Botonssimo volume 1).
No final da dcada de 90, encomendei dois goleiros inteirios,
com a diferena que preservam o visual da meta. O alongamento
feito com uma tira de acrlico transparente. Sua construo mais
bem compreendida nas fotografias a seguir:
Goleiros inteirios para treinos com abas transparentes: 1 aberto; 2 semi aberto

80 mm
34 mm

15 mm

34 mm

35 mm

148 mm

1 Goleiro com lminas transparentes para entrada da bola somente no vo superior.


2 Goleiro com lmina transparente para entrada da bola somente em uma das metades do vo superior (girando-se o goleiro inverte-se a posio da abertura).
3 Medidas (as dimenses dos goleiros foram preservadas).
4 demarcaes dos contornos das lminas transparentes para melhor visualizao.
Fotografias produzidas pelo autor

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Agora rapidinho. Pra c e pra...

OL!

Goleiro transparente, perigo permanente. Ora bolas.

...l.
Glup.

Criao e desenho: Ubirajara G. Bueno

... nove,

oito, sete..

Ele trabalhava no
centro de lanamento
da NASA.

Criao e desenho: Ubirajara Godoy Bueno

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Em alerta adversrio, vou


disparar contra a sua meta.

Este o major
do exrcito.

Ateno! Alvo na mira.


Um, dois, trs...Fogo!

Ele ainda no se
acostumou com o
vocabulrio do
futebol de mesa.

Criao e desenho: Ubirajara Godoy Bueno


Criao e desenho: Ubirajara Godoy Bueno

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Mito ou verdade

Desenho: Ubirajara G. Bueno

O efeito planar

Serviu-me como modelo a escultura


O Pensador, de Auguste Rodin

eus primeiros botes eram modelo Lito*; caracterizado por


um rebaixo no tampo e pequeno orifcio no centro. Neste
espao colocado o adesivo que identifica o boto e/ou o time.
Na ocasio, fui informado da necessidade de perfurar o adesivo
com um alfinete de modo a vazar o tampo pelo orifcio e promover
um fluxo de ar entre a parte superior e inferior do boto. Se isto no
fosse feito poderia se formar um bolso de ar ou vcuo na cmara e
o boto estaria sujeito a apresentar desvios durante o deslizamento.
ADESIVO
ALFINETE
ORIFCIO
REBAIXO
CMARA

O boto com adesivo perfurado por um alfinete percorre uma linha reta, enquanto o boto com adesivo sem perfurao percorre uma linha
irregular (pelo menos o que se supe).

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tampo liso
(sem rebaixo
ou orifcio)

cmara

cortes em v
(chuteirinhas)

chuteirinhas

Nos modelos com tampos totalmente fechados, como o carioca, por exemplo, existem cortes (chuteirinhas) na pista de atrito, por
onde o fluxo de ar ocorre normalmente na cmara . O bolso de ar
ou o vcuo evitado.
Num vdeo espanhol, observei que aps a colagem do adesivo
no boto o rtulo perfurado com uma agulha. Esta prtica parece
ter se estendido vrias lugares.
Contudo, temos botes com tampo fechado e a pista de atrito
desprovida de chuteirinhas. Alguns exemplos:
Antigo boto (tampa)
Brianezzi
Boto fechado resinado
fabricante: Edu Botes
Boto fechado
transparente Edu Botes
Boto fechado base de
acrlico revestido com
resina fabricante: Jos
Roberto Primo
(torneado por Lorival)
Fotografias produzidas pelo autor

E estes botes, com as cmaras fechadas e desprovidos


de chuteirinhas? Esto realmente sujeitos a apresentarem instabilidade durante o deslizamento? Abertura no tampo ou na
borda , de fato, fundamental?
Vamos discorrer sobre esta questo.
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Para que a suposta desestabilizao da trajetria acontea,


podemos imaginar duas ocorrncias relacionadas com os efeitos
do ar:

1o caso Durante o deslocamento do boto o ar penetraria


frontalmente entre a sua base e a superfcie da mesa, exercendo
certa presso na cmara (bolso de ar). Esta presso, embora
insuficiente para deslocar o boto para cima, seria capaz de reduzir a aderncia da pista de atrito fazendo o boto se deslocar
desordenadamente de um lado para outro. Perfurando-se o tampo, a presso na cmara no aconteceria. Segue ilustraes do
boto com corte longitudinal:
Ar pressionado na
cmara

fluxo de ar
penetrando
na cmara

Ora, mas se o ar foi capaz de penetrar na cmara entre a base


da pista e a superfcie da mesa, ento ele pode perfeitamente escapar pelas laterais opostas com a mesma velocidade e a presso da
cmara seria a mesma da rea externa. Ver prximas ilustraes:
sada de ar

entrada de ar

Caso o ar no entre e nem saia da cmara, considerando uma perfeita vedao entre a base da pista e a superfcie da mesa (algo improvvel, pelo menos para campos de madeira, principalmente de aglomerado), a cmara apresentaria um bolso de ar estagnado, cuja presso seria a mesma da parte externa, pois no h motivo para que seja diferente.
Tampouco teremos a ausncia do ar com formao de vcuo (se o ar sai
da cmara, tambm pode entrar pela mesma passagem).
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2o caso A velocidade da passagem de ar na parte superior do


boto maior do que a velocidade da passagem de ar na parte inferior do boto.

maior velocidade do ar

menor velocidade do ar

possvel que, considerando-se esta possibilidade, tenha sido


criada a ideia do boto se comportar como uma aeronave, ou pelo
menos apresentar uma tendncia para isto.
Esclarecendo:
Diante desta diferena nas velocidades, a presso das camadas de ar na superfcie tornar-se-ia menor em relao s camadas
de ar na parte inferior. Isto acontecendo, o boto ganharia sustentao, ou seja, um componente de fora para cima e ele tenderia a se
deslocar verticalmente, o que poderia provocar uma desestabilizao na sua trajetria. Perfurando-se o tampo do boto, as presses
seriam equalizadas e o efeito neutralizado. Algo semelhante ocorre
em avies, onde temos velocidades do ar e presses diferentes entre a parte superior e inferior das asas. Mas outros fatores, tais como, massa, deslocamento do ar horizontal e tambm vertical, ngulo
de ataque da asa, geometria das formas, velocidade, etc., tambm
contribuem grandemente para que a aeronave se eleve da pista e
seu vo seja sustentado. Levando em conta todos estes eventos (aqui no detalhados por estarem alm da abrangncia deste tpico),
constata-se que, no caso do boto, no temos nada alm da possibilidade de uma discreta ao do ar. Esto ausentes (ou manifestados de maneira desprezveis), os demais fatores citados; falta, principalmente, uma velocidade aprecivel (durante o deslocamento a
velocidade do boto raramente ultrapassa 12 ou 14 km/h).

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Embora a prtica de perfurar o adesivo no tampo do boto a


fim de se evitar deslizamentos irregulares no possa ser apoiada
nestas breves analises tericas, me propus a realizar alguns ensaios
conforme descritos a seguir.

Testes prticos.
Informaes sobre os ensaios
Foram selecionados cinco tipos de botes (modelos lito e furinho) e cada pea testada vrias vezes. Inicialmente mantendo o
orifcio do tampo aberto e posteriormente vedado com um adesivo
de papel espesso.
Como os testes foram realizados
A uma rampa com 39 cm de comprimento, largura de 10 cm e
inclinao de aproximadamente 30o, seguiu-se uma prancha de aglomerada assentada horizontalmente. Esta prancha possu as
mesmas caractersticas (textura e tintura) dos campos fabricados no
Rio de Janeiro, atualmente usados em muitos clubes - (material cedido
gentilmente por Luiz Carlos de Oliveira, fabricante das mesas Olliver RJ).
O prximos desenho mostra detalhes da montagem e funcionamento.

Montagem
boto de acrlico polido

boto em repouso aps o deslizamento

rampa MDF

prancha (Rio de Janeiro)

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* A juno entre a borda da rampa e a da prancha devem estar perfeitamente


niveladas ou formando um discreto degrau (em torno de 0,5 mm) para evitar
que o boto se choque numa possvel salincia.
1 Ambas as pranchas foram montadas, conforme o desenho, sobre a superfcie nivelada de uma mesa.
2 Dimenses da prancha (Rio): largura = 10 cm; comprimento = 70 cm
Dimenses da prancha - MDF: largura = 10 cm; comprimento = 39 cm

Funcionamento e resultados dos ensaios


Os botes, aps adquirirem velocidade na rampa de MDF,
deslizaram pela prancha, inicialmente com os orifcios abertos e
numa segunda srie dos ensaios com os orifcios vedados. Os deslizamentos foram observados atentamente e no se verificou comportamentos diferentes entre uma condio e outra que chamasse a
ateno. Em ambos os casos no ocorreram oscilaes no percurso
(deslocamentos laterais do boto, tampouco avanaram ziguezagueando sobre a prancha). Em ambos os casos, houve um discreto
movimento de rotao durante o trajeto e, por vezes, ligeiramente
intensificado nos ltimos centmetros da distncia percorrida, mas
no alm do que s vezes se observa durante os jogos.
Observou-se, numa segunda srie de ensaios, que as distncias alcanadas com os botes quando vedados foram ligeiramente
inferiores (em torno de 8%). Isto no ocorreu nos primeiros ensaios
e em alguns testes extras. De qualquer forma, isto no assinala uma
anormalidade, como por exemplo: desvio do percurso, movimentos
em zigue-zague, reduo brusca na velocidade durante o deslizamento do boto, etc.

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Mito ou verdade

Desenho: Ubirajara G. Bueno

As cores e o atrito

Serviu-me como modelo a escultura


O Pensador, de Auguste Rodin.

Mais de uma vez, e no apenas de um botonista, ouvi a afirmao de que botes de cores claras deslizam melhor em relao
aos de cores escuras.
Refletindo sobre esta suposta ocorrncia, pensei sobre as possveis causas. A primeira que me ocorreu relaciona-se com a temperatura. Corpos escuros sob o calor absorvem mais energia em relao aos de cores claras e suas partculas se agitam com mais intensidade o que pode intensificar as interaes moleculares entre as
superfcies em contato (boto e mesa) e, consequentemente, gerar
um maior atrito. Mas se os jogos so realizados geralmente em ambientes protegidos dos raios solares, ento estes efeitos so atenuados ou mesmo inexistentes.
Outra causa seria o efeito do pigmento preto adicionado na
composio do acrlico, o qual serve para conferir, alm do prprio
preto, varias cores escuras ao material por meio de misturas por
exemplo: preto + vermelho = marrom; preto + amarelo = verde escuro, etc..
Neste caso o pigmento preto isoladamente ou combinado com outras cores, seria capaz de alterar a textura do acrlico de modo a
aumentar o coeficiente de atrito devido uma maior interao molecular das superfcies em contato (boto e mesa).
Antes de me aprofundar num estudo terico sobre as possveis causas que citei, pareceu-me mais prtico realizar antes alguns
testes.
Convido o leitor a acompanhar os ensaios descritos a seguir.

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Ilustrao do aparato usado nos ensaios o mesmo que serviu para analisar o caso anterior.

boto de acrlico polido

boto em repouso aps o deslizamento

rampa MDF

prancha (Rio de Janeiro)

* A juno entre a borda da rampa e a da prancha devem estar perfeitamente


niveladas ou formando um discreto degrau (em torno de 0,5 mm) para evitar
que o boto se choque numa possvel salincia.

Como os ensaios foram realizados:


Os botes escuros e claros foram igualmente polidos. Em seguida, cada um deles deslizou na rampa de MDF partindo de um
mesmo ponto (pea escura alternando com uma clara ambos
com massas muito prximas). Ao deixar a rampa, o boto percorreu
a prancha at o repouso e a distncia alcanada foi medida com
uma trena. Podemos afirmar, pelas leis da fsica, que a velocidade
inicial dos botes ao deixarem o plano inclinado era a mesma ou
muito prximas. Esta operao foi repetida vrias vezes com cada
boto. O polimento foi aplicado uma nica vez no incio dos ensaios.
Das distncias alcanadas por cada boto, extraiu-se a mdia ponderada.

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Resultados obtidos:
Comparando-se os pares (claro x escuro) com massas semelhantes.
Os valores referem-se a mdia ponderada de vrias medies

Furinho

Lito

Argola

Branco

Preto

Branco

60,2
cm

61,1
cm

56,2
cm

Argola
Azul
Marinho

Preto

Argola
Azul
Celeste

Argola
Verde
Folha

55,,8
cm

58,5
cm

58,8
cm

Argolo

Argolo

Amarelo

58,5
cm

57,2
cm

Estes ensaios foram realizados numa temperatura ambiente


que oscilou entre 20 e 23 graus Celsius.
Numa prxima srie, os testes foram repetidos com outros botes numa temperatura ambiente em torno de 31 graus Celsius.
Uma inclinao pouco menos acentuada da rampa resultou em distncias menores.
Os valores referem-se a mdia ponderada de vrias medies.

Branco
argola

55
cm

Azul

Branco

marinho

trans-

argola

lucido

58
cm

59
cm

Preto-

Branco

Rosa

1o

55
cm

56
cm

Preto

Furinho

Lito

transl-

Branco

Preto

cido

58
cm

Ges.

56
cm

57
cm

Nota Nestes ensaios como nos anteriores, os botes que formaram os pares possuem massas bastante prximas.
Concluso Os resultados obtidos em ambas as sries de ensaios no confirmam a capacidade de botes claros alcanarem uma
maior distncia no deslizamento em relao aos botes escuros
quando impulsionados livremente com uma mesma velocidade sobre uma mesa de aglomerado.

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Uma possvel pergunta do leitor seria sobre a possibilidade do polimento


aplicado na parte inferior do boto criar uma pelcula isolante entre o acrlico e o
aglomerado de modo que a ao do atrito seria, na verdade, o resultado do
polidor sobre a mesa de jogo. Neste caso, a cor e outras propriedades do boto
no teriam influncia. Acredito que tal pelcula extremamente delgada e no
isola totalmente as duas superfcies em contados (mesa e acrlico). apenas atenua os efeitos do entrelaamento das rugosidades e a ao da interao molecular, ambos responsveis pelo coeficiente de atrito. Caso contrrio, o atrito
gerado seria sempre o mesmo ou muito parecido, independente do tipo de material deslizando sobre o aglomerado, desde que fossem polidos com o mesmo
produto. Mas isto no acontece, conforme visto nos ensaios sobre o coeficiente
de atrito apresentado no Botonssimo volume 2.

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Eu avisei que ele no


tinha mais idade para
fazer gracinha na hora
de chutar para o gol.

Criao e desenho: Ubirajara Godoy Bueno

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Sobre os botes e suas medidas

oleiros seguem o tamanho oficial e dispensam checagens. O


mesmo vlido para as bolinhas, discos, dadinhos. Botes e
palhetas, quando encomendados, so fornecidos pelo fabricante
conforme as medidas solicitadas. Para peas de catlogos ou usadas, o comprador, na maioria das vezes, informado sobre as dimenses. Assim, o paqumetro e transferidor de graus, principais
instrumentos para as medies dos botes e outros artigos, no se
mostram aos jogadores como acessrios indispensveis. Contudo,
vez ou outra, necessrio confirmar ou determinar certas medidas e
alguns botonistas adquirem tais instrumentos, ainda que sejam usados esporadicamente.
Um paqumetro analgico universal de boa qualidade com resoluo de 0,1 mm para as medies em geral e um transferidor de
grau para determinar a inclinao da bainha, atendem perfeitamente
as necessidades. Operar um paqumetro facilmente aprendido e a
prtica alcanada com pouco tempo de uso. Mas para extrair as
medidas de um boto, com suas curvas, rebaixo, declives e outros
detalhes, necessrio, alm de operar corretamente o instrumento,
saber os pontos mais adequados para as medies e o melhor posicionamento. Por vezes os mtodos convencionais devem ser adaptados ou recursos criados para a obteno das medidas.
Algumas explanaes podem ajudar os menos experientes.
Neste tpico, compartilho a tcnica que aplico nas medies de botes e tambm forneo alguns truques que desenvolvi visando facilitar, ou mesmo tornar possveis, certas medies. Neste tpico trato
deste assunto, onde apenas o paqumetro e alguns acessrios simples so usados.
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Alm das explanaes sobre as medies, este artigo foi incrementado com comentrios sobre as funes das partes que
compem a estrutura do boto, o que ajuda a esclarecer a relevncia de cada tipo de medida. Algumas faixas apresentadas, com valores mnimos e mximos, usuais e no usuais, se prestam para avaliar os resultados obtidos. Obviamente o senso para avaliaes dos
resultados acabam sendo desenvolvidos por aqueles que praticam o
futebol de mesa, o que tornaria dispensvel tal abordagem, pelo
menos na forma detalhada e que apresentado. Mas considero a
possibilidade de eventuais leitores no praticantes, apenas interessado no assunto e aqueles engatinhando neste esporte, alheios a
muitos pormenores. Em ambos os casos, estas informaes podem
ser uteis para um entendimento rpido e claro.

Componentes do paqumetro universal

bico fixo

bico mvel

1: encostos (faces ou lminas *), 2: orelhas, 3: haste (ou vareta) de profundidade,


4: escala inferior (graduada em mm), 5: escala superior (graduada em polegadas),
6: nnio ou vernier inferior (mm), 7: nnio ou vernier superior (polegada), 8: trava.
Ilustrao e descries fonte:

wikipedia.org/wiki/Paqumetro

* Nota: em meu texto optei em usar os termos faces ou lminas em vez


de encostos e vareta de profundidade, em vez de haste de profundidade ; as demais designaes foram mantidas.

Lembre-se: Da correta operao e conservao, depende o perfeito


funcionamento do instrumento.
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Operando o paqumetro
Texto baseado e conciso de um artigo extrado de uma apostila da Universidade Federal do ABC disponvel na Internet ebm.ufabc.edu.br
(ilustrao reproduzida do original)
O paqumetro permite obter medies externas, internas e de profundidade de uma pea com resoluo de dcimos ou centsimos de mm.
Para determinar a medida com o paqumetro, deve-se fazer primeiramente a leitura na escala fixa do valor indicado pelo trao zero do nnio (valor em
mm). Em seguida, deve-se observar qual o trao do nnio que coincide exatamente com um trao da escala fixa. A leitura do trao coincidente do nnio fornecer os dcimos ou centsimos de milmetros da medida. Um exemplo de
medida est apresentado na figura 1, com um paqumetro de nnio com 10 divises (resoluo de 0,1mm e incerteza de medida de 0,05mm).

escala fixa

nnio

Figura 1

Em todas as medidas com paqumetro, deve-se estar atento com os seguintes


cuidados:
Garantir um contato suave com as superfcies da pea a ser medida,
para no danific-la, nem resultar em medidas falsas.
Manter a posio correta do paqumetro em relao pea, pois inclinaes do instrumento alteram as medidas.
Limpar as superfcies de encosto antes de realizar as medidas, e posicionar a pea a ser medida entre os encostos (e no entre os bicos).
Manter o instrumento em posio perpendicular aos olhos para reduzir
a incerteza da leitura ligada paralaxe.

111

(final do txto)

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

O erro de paralaxe.
O erro de paralaxe a falsa correspondncia entre duas
referncias sobrepostas ou prximas, as quais constituem o ponto
de leitura de certos instrumentos de medio. Este erro provocado
por um ngulo de viso inadequada, que pode ser evitado
mantendo-se os olhos direcionados perpendicularmente s escalas .
Erro de paralaxe: erro de leitura que acontece porque a coicidncia entre o
trao da escala fixa com o trao da escala mvel depende do ngulo de viso
do operador. (definio transcrita da Internet fonte: Metrologia paqumetro
Telecurso 2000)

Exemplo ilustrado:(fotografias produzidas pelo autor - exclusivas para o Botonssino)

Para esta fotografia, a cmara fotogrfica foi posicionada


numa linha perpendicular s escalas de um micrmetro. A imagem
simula a nossa viso dos valores registrados pelo instrumento
(neste exemplo temos um posicionamento correto).
Observar o alinhamento do valor zero do nnio com a escala fixa.
A prxima fotografia fornece a imagem quando colocamos o
instrumento um pouco acima dos nossos olhos. Tem-se a iluso que
a linha do zero deslocou-se para cima, gerando o erro de paralaxe,
que pode levar leituras equvocadas.

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BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

O erro de paralaxe em paqumetros ocorre quando o instrumento posicionado ao lado dos olhos, enquanto no micrmetro,
conforme visto, o erro acontece com o instrumento colocado acima
ou abaixo dos olhos. Como regra geral, recomenda-se que os olhos
sejam direcionados numa linha perpendicular ao ponto de leitura.

Posicionando
as escalas no
lado esquerdo
dos olhos

NO
NO

Posicionando
as escalas no
lado direito dos
olhos

escala fixa
nnio

SIM

Posicionando
as escalas na
frente dos
olhos.
Ilustrao produzida pelo autor

Alguns termos tcnicos

Preciso a obteno, em uma srie de medies de um mesmo


ponto, de valores iguais ou muito prximos um do outro, ainda que
estejam distantes da medida real.
Exatido a obteno de uma medida que coincida ou esteja muito
prxima com a de um padro, ou quando, por comparaes, os valores se mostram em conformidade com os resultados fornecidos
por outros instrumentos comprovadamente confiveis.
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Padro - confeccionado com material resistente abraso, corroso e deformao; apresenta baixo coeficiente de dilatao trmica
e absoro de umidade. Sua massa (peso) ou dimenso ou volume
conhecido, sendo, pois, usado em processos de calibrao de aparelhos de medio (paqumetro, micrmetro, balana, etc.).
Calibrao - Compara-se a medida fornecida pelo instrumento que
deve ser igual ou muito prxima do padro medido, cujo valor conhecido. Diante de desvios alm da tolerncia, aplica-se o ajuste.
Isto significa que um aparelho calibrado pode ser considerado teoricamente confivel.
Ajuste - Interveno no mecanismo do aparelho de medio para
que o mesmo fornea resultados compatveis com o padro ou com
outras referncias igualmente confiveis.
Simples checagem (ou verificao) Consiste em verificar se as
medidas fornecidas, quando comparadas com outros instrumentos,
esto em harmonia. Contudo, diante de desvios alm da tolerncia,
o ajuste no deve ser aplicado diretamente sem o uso do padro,
exceto se os instrumentos usados como referncias oferecem seguramente a mesma confiabilidade do padro.

No processo de calibrao geralmente


so usados um conjunto de padro com
diferentes medidas.

Jogo de blocos padro fabricado em cermica


para micrometro e paqumetro da marca Digmess

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BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Resoluo a menor medida que um instrumento oferece.


Para se saber a resoluo de um paqumetro divide a unidade da
escala fixa (supondo-se que seja 1 mm) pelo nmero de divises do
nnio (supondo-se que seja 10) resoluo = 0,1 mm

Quanto ao rigor das medidas


Um paqumetro com resoluo = 0,1 mm (1 dcimo de milmetro), pode apresentar uma diferena, para mais ou para menos, de
at 0,05 mm quando comparamos suas leituras com as fornecidas
por um instrumento de resoluo = 0,01 mm (1 centsimo de milmetro). Exemplos:
Medies realizadas com um paqumetro de resoluo = 0,01 mm
pea A = 4,25 mm;
Pea B = 12,96 mm
As mesmas medies realizada com paqumetro de resoluo = 0,1 mm
pea A 4,3 mm;
Peas B 13,0 mm

Por que usar um paqumetro com resoluo de 0,1 mm,


que pode apresentar um desvio de + ou - 0,05 mm, em vez de
um modelo que oferece 0,01 mm ?
Um desvio de 0,05 mm, ou seja, uma incerteza de medida de
0,05 mm, no tem implicaes no funcionamento do boto. Alm
disto, os fabricantes geralmente garantem suas medidas quando
confrontadas com valores fornecidos por instrumentos com resoluo de 0,1 mm (1 dcimo de milmetro). Uma maior exigncia no
tem necessidade e serviria, apenas, para encarecer a mo de obra
na fabricao dos botes.
Uma diferena na altura do boto de 0,10 mm (o dobro do desvio citado) equivale espessura de uma folha de sulfite comum. A massa (peso) referente a
esta diferena de aproximadamente 0,30 gramas para boto fechado e 0,25
gramas para boto argola, o que no altera de maneira significativa a presso
requerida na palheta, tampouco a fora do atrito ( para os clculos foi considerado um boto com dimetro de 54 mm).
115

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Comparaes entre instrumentos


Micrmetro
resoluo
= 0,01 mm

Maior
diferena

Paqumetro
digital.

Paqumetro
analgico.

resoluo

resoluo

= 0,01 mm

= 0,1 mm

paqumetro analgico em relao aos demais


instrumentos

Pea A

1,47 mm

1,46 mm

1,5 mm

0,04 mm

Pea B

4,50 mm

4,50 mm

4,5 mm

zero

Pea C

6,06 mm

6,05 mm

6,1 mm

0,05 mm

Pea D

1,65 mm

1,64 mm

1,7 mm

0,06 mm

Pea E

14,93 mm

14,92 mm

14,9 mm

0,03 mm

Antes das medies as reas de contato dos instrumentos foram limpas com
tecido especial.

Arredondamento dos valores


Supondo-se que medidas foram obtidas com um paqumetro
digital para centsimos de mm e desejamos arredondar os valores
para dcimo de milmetro.
Duas maneiras de arredondamento de valores podem ser usadas. Para as medidas dos artigos usados no futebol de mesa podemos adotar um mtodo bastante simples e mais usual.
O primeiro passo seria determinar quantas casas se pretende
conservar aps a vrgula. Em nosso caso, basta uma casa decimal.
Exemplo: 4,24 mm (valor com duas casas decimais), vamos abrevilo para apenas 1 casa decimal, ou seja, 4,2 mm.
Ou seria 4,3 mm ?

Como proceder no arredondamento?


116

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Se o algarismo a direita da casa que se pretende conservar for


menor do que 5, ento permanece sem alterao. Temos o nmero
4, ento, permanece o 2 e no arredondamento teremos: 4,2 mm.
4,24 mm 4,2 mm
Se o algarismo a direita da casa que se pretende conservar for
igual ou maior do que 5, ento, soma-se uma unidade. No exemplo
a seguir tem-se o algarismo 5, ento, no arredondamento teremos:.
4,25 mm 4,3 mm

Mais exemplos:
4,37 mm 4,4 mm;
4,36 mm 4,4 mm;
4,35 mm 4,4 mm;
4,34 mm 4,3 mm;
3,88 mm 3,9 mm;
3,44 mm 3,4 mm;
5,55 mm 5,6 mm.

Nota: Outra tcnica de arredondamento segue normas do IBGE, mas em


nosso caso as regras citadas atendem perfeitamente o grau de preciso
requerido.

117

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Partes do boto
Borda, ou bainha
rea de contato
com a bola. Considerada a parte principal do boto, pode ser reta (90o) ou
inclinada.

Tampo
Pode ser liso,
com orifcio,
rebaixo, etc.
Face
Superfcie, inclinado ou no, por
onde a palheta
desliza.

Pista ou rea de atrito


Superfcie que permanece em contato com
a mesa de jogo. Pode apresentar diferentes
larguras, ser lisa ou conter pequenos cortes
em V chamados de chuteirinhas.
Alguns tipos de botes possuem pista que
abrangem toda a superfcie (pista inteiria,
caracterizando o boto sem cava)

Dobra juno entre


a pista de atrito e
a cmara

Cmara ou cava
Sua profundidade pode variar. Na maioria
dos botes a sua superfcie plana (alguns
modelos como o tampa, por exemplo,
apresentam cmaras cncavas.

TAMPOS

1 - Tampo liso (modelo fechado) 2 Tampo com furinho (modelo furinho)


3 Alm do furinho, o tampo possui um rebaixo para aplicao de adesivo (modelo Lito) 4 - Tampo vazado (modelos argola e canoa) (o dimetro do orifcio pode
ter diferentes medidas)
Fotografias produzidas pelo autor

118

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

A diviso entre o tampo e a face


Este tpico foi baseado em estudos de condies reais somado ao parecer de Lorival de Lima, que possua uma longa e consiste experincia na fabricao de botes. Mas, obviamente, os parmetros apresentados podem ser
alterados por botonistas capazes de determinarem suas prprias medidas.

Em alguns modelos como o Lito, o canoa e o argola, o tampo


se apresenta visivelmente demarcado pelo rebaixo ou orifcio, assinalando a diviso entre ele e a face. Nos modelos canoa e argola,
os tampos se estendem alm do orifcio, abrangendo certo espao
ao derredor usado para aplicao de nmeros, letras e escudo.

Lito

Argola

F
F = FACE
T = TAMPO

Em outros modelos, como o fechado (liso) e o furinho, a rea


do tampo se homogeneza com a face. Mas esta diviso, ainda que
indistinta, deve ser levada em conta no momento da aplicao da
decorao (letras, nmeros e escudos) para que as colagens no
invadam a face atrapalhando o deslizamento da palheta.
Esta linha divisria, seja ela real ou imaginria, que divide o tampo da face, serve para nortear a aplicao do escudo e nmero de modo que o limite seja respeitado e as colagens no invadam a face.

Modelos:
Fechado (liso)
Furinho

119

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Mas qual seria a dimenso do tampo para estes modelos?


Entre 45 e 60% do comprimento do dimetro superior do boto. O espao restante pertence face.
Esta faixa de porcentagem baseia-se nas divises antigas e
tradicionais verificadas nos modelos lito e argola e que ainda so
adotadas na maioria dos botes fabricados atualmente.

* O clculo da porcentagem aplicado sobre o dimetro superior em torno de


3 mm menor em relao ao inferior (esta diferena pode ser um pouco diferente
dependendo do grau da borda e altura do boto).

Ilustrao das divises

Dimetro superior
Face

Tampo

Face

Dimetro inferior

Seguem alguns exemplos:

Modelo fechado (liso) com adesivo


ocupando 50% do dimetro superior.
Neste caso, temos uma diviso simtrica.
25 mm
50 mm

120

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Antigo boto modelo Lito


T

Fabricante: Lorival de Lima

Divises da superfcie:
Dimetro = 50 mm (medida superior).
Tampo = 24 mm (ocupa 48 % do dimetro)
Face = 13 mm (13 x 2 = 26 mm) (52% do dimetro)

Modelo Lito dcada de 90 Fabricante: Lorival de Lima


T

Divises da superfcie:
Dimetro = 51 mm (medida superior);
Tampo = 24 mm (ocupa 47 % do dimetro)
Face = 13,5 mm (13,5 x 2 = 27 mm) (53% do dimetro)

Modelo argola
O tampo referente a este modelo geralmente ocupa 60% do
dimetro (superior) : orifcio + o espao ao derredor para a aplicao
das letras, nmeros e escudo.
A
D

D
B
B

A = orifcio;
B x 2 = espao para a faixa decorativa
C = tampo = { A + (B x 2) }
D = face = D x 2
Faixa decorativa em torno de 5 mm,
(valores expressos em mm)

Modelo argola.
Dimetro inferior = 54 mm.
Dimetro superior = 51 mm.
Orifcio: dimetro = 20 mm
Faixa decorativa = 5,2 mm (5,2 x 2 = 10,4)
Tampo = 20 mm (orifcio) + 10,4 mm (faixa decorativa) Total = 30,4 mm.
Tampo = 30,4 mm (59,6%)
Face = 20,6 mm (10,3 mm para cada lado)
(40,4%)

121

Tampo

Face

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Uma vez que o tampo geralmente varia de 45 60%, o espao restante reservado para a face (entre 40 e 55%), adequado
(suficiente) para o deslizamento da palheta?
Em uma das minhas visitas ao fabricante Lorival de Lima, conversamos sobre alguns pormenores da construo do boto. Entre
outras coisas, ele me informou que o espao reservado para a face,
por onde a palheta desliza, deveria ter em torno de 10 mm de extenso (pelo menos). Posteriormente realizei um estudo com filmagens
de vrios jogos e na reproduo do vdeo quadro a quadro constatei
que o espao usado pela palheta variou entre 8 e 11 mm (os botes
foram marcados com faixas de referncias). Os resultados dos ensaios confirmaram a informao de Lorival. Com base nestes dados
podemos convencionar para este estudo as seguintes classificaes:
face = 8 mm valor mnimo;
face = 10 mm valor razovel
face = 11 mm (ou maior) valor ideal.
Tabela com medidas da face para botes de vrios tamanhos,
fixando-se o tampo em 50% do comprimento do dimetro superior.
32 mm
35 mm

37 mm
40 mm

42 mm
45 mm

47 mm
50 mm

52 mm
55 mm

57 mm
60 mm

Tampo

16 mm

18,5 mm

21 mm

23,5 mm

26 mm

28.5 mm

Face

8 mm

9,3 mm

10,5 mm 11,8 mm

13 mm

14,3 mm

x 2 = 16

x 2 = 18,6

x 2 = 26

x 2 = 28,6

Dimetro Sup.
Dimetro Inf.

x 2 = 21

x 2 = 23,6

Na prxima tabela, veremos a extenso da face para os modelos canoa e argola, cujo tampo (orifcio + faixa decorativa) ocupa em
torno de 60% do comprimento do dimetro superior.

122

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Dimetro Sup.
Dimetro Inf.

32 mm
35 mm

37 mm
40 mm

42 mm
45 mm

47 mm
50 mm

A Orifcio

9 mm

12 mm

15 mm

18 mm

B Adesivo
5 mm x 2

10 mm

10 mm

10 mm

C Tampo

19 mm

22 mm

59,4%

D Face =

32 19

52 mm
55 mm
21 mm

57 mm
60 mm

24 mm

10 mm

10 mm

10 mm

25 mm

28 mm

31 mm

34 mm

59,5%

59,5%

59,6%

59,6%

59,6%

37 22

42 -25

47-28

52-31

57-34

= 19 mm

= 21 mm

= 23 mm

10,5 mm 11,5 mm

(A+B)

Diam. sup. C = 13 mm = 15 mm = 17 mm
Espao livre

6,5 mm

7,5 mm

8,5 mm

9,5 mm

40,6%

40,5%

40,5%

40,4%

para a palheta
% Face

40,4%

40,4%

Botes argola e canoa

*Geralmente o modelo argola apresenta um orifcio (padro) de 20 mm para


dimetro inferior entre 53 e 54 mm e superior entre 50 e 5 1 (o valor de 21
cm, citado na tabela, proporcional para um dimetro inferior = 55 mm ou superior = 52 mm).

importante observar que botes com dimetros menores do


que 45 mm so inadequados para o modelo canoa ou argola. Uma
opo de ajuste seria diminuir o dimetro do orifcio (em torno de 3
mm) para acrescentar aproximadamente 1,5 mm em cada lado da
face, e assim, obter o valor mnimo (8,0 mm) ou ligeiramente maior
(9 mm). Contudo, esta diminuio do orifcio pode descaracterizar os
modelos argola e canoa. O menor dimetro do ofcio, conforme medio feita em vrios botes do meu acervo, de pocas e fabricantes
diferentes, de 12 mm.
Porm, considerar 12 mm como sendo a medida mnima do
dimetro do orifcio, procura obedecer a um histrico de fabricao e
123

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

manter certa esttica, no tendo implicaes no funcionamento do


boto. Assim sendo, o botonista que deve escolher a construo
que achar melhor no momento de encomendar o seu time. Deve,
obviamente, cuidar para que as reas referentes ao tampo e a face
sejam adequadas para comportar a decorao desejada e o deslizamento da palheta, respectivamente.
Seguem exemplos de botes fora do padro.
Boto 1 argola com orifcio de
17 mm, o que oferece maior
espao para aplicao da decorao sem reduo da rea da
face, ou manter a decorao
dentro do tamanho comum com
sobra mais ampla para a face.
Boto 2 argola com orifcio de 20 mm (padro) para comparao com o boto1.
Boto 3 argola com
orifcio de 20 mm,
obedecendo o valor pa-

dro, mas com a faixa


decorativa ligeiramente
larga, reduzindo a face
ao valor mnimo (8 mm).
Boto 4 argola com orifcio de 20 mm, obedecendo o valor padro, mas com
uma grande rea ocupada para aplicao dos adesivos, reduzindo a face para
apenas 5,2 mm. Esta configurao vlida, desde que o botonista esteja habituado a usar, nos toques e arremessos, apenas a extremidade do boto, pois
sabemos que a decorao, geralmente em relevo, pode atrapalhar o deslizamento da palheta.
O dimetro do tampo deve ser considerado at o adesivo mais distante do
centro do boto ( detalhe nas fotografias 3 e 4).

Fotografias produzidas pelo autor

124

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Modelo vitrine: - decorao sob uma lmina de acrlico transparente que se estende em quase toda a superfcie do boto. Neste caso
a diviso entre o tampo e face se mostra sem utilidade prtica, contudo, na configurao descritiva ou ilustrada deste modelo e outros
semelhantes, bem como qualquer tipo de boto, estas reas devem
ser consideradas, levando-se em conta as seguintes propriedades:
... e ao derredor do tampo, ocupando aproximadamente a metade
do comprimento da superfcie do boto temos a face por onde a palheta deve deslizar livremente. Em conformidade com a sua funo,
a face caracteriza-se pela ausncia de ondulaes, asperezas e,
emendas salientes (...)

Vitrine e modelos semelhantes.

1 Vitrine; 2 Outdoor
3 Fechado resinado
Face = rea entre as linhas pontilhadas

Vitrine e o outdoor: - a diferena que o


segundo possui uma lmina de acrlico
que se estende por toda a superfcie do
boto (detalhes no Botonssimo 1).

Fotografias produzidas pelo autor

125

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Principais medidas do boto


1
13122
7
1411

12

9
10

6 11
3

1 Dimetro superior do boto. 2 Dimetro inferior do boto. 3 Maior


altura do boto. 4 Menor altura do boto. 5 Largura da pista de atrito.
6 Maior espessura da parede. 7 Menor espessura da parede.
8 Profundidade da cmara (cava). 9 Dimetro do orifcio ou rebaixo
(modelos argola e lito, respectivamente). 10 Profundidade do rebaixo
(modelo lito). 11 ngulo da parede do orifcio (modelo argola).
12 Extenso da face. 13 ngulo da face. 14 ngulo da borda (bainha).
O ngulo de inclinao da borda (bainha) pode ser medido conforme procedimento apresentado no livro Botonssimo, volume 2, e
transcrito no final deste tpico.
O ngulo de inclinao da face pode ser determinado conforme
clculos apresentados mais adiante neste mesmo tpico.
Com exceo do ngulo de inclinao, expresso em grau, as
demais medidas geralmente so registradas em dcimo de milmetro.
O instrumento indicado para as medies apresentadas a seguir
o paqumetro universal analgico com resoluo para dcimo de milmetro. Contudo, para ilustrar a maioria das fotografias desta matria,
foi usado um modelo digital devido a menor quantidade de elementos
metlicos, o que reduziu os reflexos da luz e resultou numa melhor
qualidade das imagens.

Ilustrao produzida pelo autor

126

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Medindo o dimetro do boto


Neste primeiro caso, temos um
boto na horizontal entre as lminas do paqumetro para a medio do dimetro. O seu centro
alinhado com as lminas e a sua
superfcie paralela com a haste
do instrumento, so fundamentais
para evitar possveis erros nas
medidas. Embora a acuidade viPosicionamento horizontal
sual, de um modo geral, seja capaz de garantir este posicionamento adequado do boto, a mesma
medio pode ser feita de maneira mais cmoda e eficaz, conforme
ilustrado na fotografia 2.

B
Posicionamento vertical
A = lminas apoiadas na linha
que divide o dimetro ao meio;
B = espao livre nas extremidades das lminas - indicao
de que o boto foi encaixado o
suficiente na abertura..

O boto, posicionado verticalmente, propiciam s lminas se


acomodarem automaticamente na
linha que divide o dimetro ao
meio (detalhe A) com sobra de um
espao livre (detalhe B). Este espao livre a garantia do encaixe
suficiente do boto. Para tanto,
necessrio que o comprimento
das lminas seja maior (pelo menos
alguns milmetros) do que a metade
do dimetro da pea analisada.

Fotografias produzidas pelo autor

127

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Dimetro medido
inferior ao real.
Dimetro real
fora do alcance
das lminas.

Exemplo de uma medio irregular. O dimetro excede


o tamanho limite para o encaixe adequado da pea nas
lminas do paqumetro.

Neste exemplo, o problema no seria resolvido posicionandose a pea horizontalmente, apesar de no ser o recomendado?
Sim, como alternativa para casos isolados. Se houvesse predominncia de peas com dimetros grandes, o melhor seria ter a
disposio um paqumetro com lminas (encostos) maiores ou com
adaptadores. Diferentemente da pea que acabamos de ver, os botes usados no futebol de mesa, de um modo geral, possuem dimetros que podem ser medidos verticalmente nos paqumetros modelo universal.

Fotografias produzidas pelo autor

128

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Dimetro do boto informaes complementares


Medio correta

Dim. Sup

A medida do dimetro dever ser


tomada na maior largura do
boto, ou seja, na sua base.
Em medidas referentes ao dimetro superior, esta informao
deve acompanhar o valor registrado para se evitar confuses
exemplo: 50 mm (dim. sup.).
sup.)

Dim. Inf

Medies incorretas

Desenho ilustra deslocamento


do boto entre as lminas do
paqumetro o que pode acarretar
em leitura incorreta. Porm,
este tipo de irregularidade dificilmente ocorre, graas ao fato
das lminas deslizarem em uma
das bordas devido a inclinao.

Mesmo deslocamento ilustrado


no caso anterior, porm, com
um boto de borda reta (sem
inclinao). Desta vez, existe a
possibilidade das lminas se
prenderem inadequadamente.
Alguns ensaios, simulando este
posicionamento incorreto do
boto, indicaram erros de leitura
que variaram de 0,08 a 0,12 mm
Ilustraes produzidas pelo autor

129

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Quanto ao dimetro superior do boto

Por vezes se faz necessrio a determinao do dimetro superior do boto. Mas devido ao fato das lminas deslizarem na bainha
(botes com borda inclinada), a fixao do aparelho torna-se difcil
ou mesmo impossvel, (o que no ocorre no dimetro inferior ou em
botes de borda reta ver ltimas ilustraes). Uma das opes seria assentar as lminas na superfcie do boto e ajusta-las rente ao
limite da circunferncia, cuidando para que suas extremidades estejam alinhadas com o centro do boto.

Fotografia produzida pelo autor

Quando no especificado se o dimetro o inferior ou


superior, subentende-se ser o primeiro. Nos casos em que ambos os dimetros esto sendo tratados, sugere-se, para garantir
a clareza, citar entre parnteses o tipo de dimetro em questo.
Exemplo:O dimetro (superior) pode apresentar variaes na medida...

130

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Dimetro e o pique inferior

Logo aps ser torneado, botes com bordas inclinadas apresentam na parte inferior um ngulo agudo, o qual costumamos chamar de canto vivo. Esta extremidade delgada, est sujeita a se
quebrar diante de choques um pouco mais severos.
Os impactos sofridos pela borda durantes as colises com o
goleiro, trave e outros botes, resultam em pequenas quebras ou
fissuras, inicialmente quase imperceptveis, mas perfeitamente visveis ao longo do tempo devido a somatria das minsculas danificaes. Numa tentativa de amenizar os efeitos das colises, os fabricantes passaram a fortalecer a parte inferior do boto com a eliminao do canto vivo. Isto feito arredondando-se levemente a aresta.

Boto sem pique

Boto com pique

A aplicao do pique requer um desgaste discreto da borda do


boto.
Isto significa que botes com pique podem apresentar um dimetro diferente do especificado?
Nem sempre. possvel que o fabricante utilize um dimetro
ligeiramente maior antes do acabamento final para compensar o
desgaste do pique. Mas mesmo que este detalhe no seja levado
em conta pelo fabricante, o desvio da medida desprezvel.
Realizei medies em botes feitos sob encomenda por vrios
fabricantes e constatei em todas as peas valores em conformidade
com o que foi solicitado ou com desvios bastante pequenos.

131

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Altura do boto Introduo


Se pensarmos na altura de um boto, sem levar em conta o
que foi definido para esta medio, imaginamos, por lgica ou intuitivamente, a medida tomada verticalmente da base at o tampo.
Mas o que se considera, geralmente, a altura da borda (bainha)
Em botes com a face reta (sem declive) a altura da borda
praticamente a mesma do tampo, ...
Face reta

Tampo
Borda (bainha)

... mas em faces inclinadas existe uma diferena entre as duas medidas.
Face inclinada

Tampo
Borda (bainha)

Face reta

Face inclinada

Ilustraes e fotografias produzidas pelo autor

132

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Altura do boto
Posicionamento do boto no paqumetro
Embora seja possvel determinar a altura do
boto prendendo sua borda entre as extremidades
das lminas do paqumetro (fotografia 1), este procedimento no pode ser aplicado a todos os modelos. Em botes do tipo tampa, por exemplo, a
medio praticamente impossvel ( muito difcil
evitar que a lmina inferior invada a cmara e desloque a pea verticalmente para baixo, uma vez
que a pista de atrito, demasiadamente estreita,
no oferece suficiente apoio ao instrumento). Alm
disso, as pontas das lminas no foram projetadas
para este tipo de uso e devem ser poupadas de um desgaste prematuro. Para esta medio recomenda- se o mtodo descrito a seguir.
Prender as beiradas do
boto entre as lminas do
paqumetro ao longo do
seu comprimento (fotografia 2). Observamos na
fotografia 3 que, dependendo do grau da borda
(bainha), a lmina mvel
se apoia em uma menor
rea na face do boto maiores detalhes nos prximos desenhos.
Esta forma de medio pode ser aplicada normalmente em
botes com ou sem cmara, em
tampas e outros modelos, permitindo a adoo de um padro de
ampla aplicao.
Fotografias produzidas pelo autor

133

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Conforme visto, a medida deve ser feita ajustando-se as lminas nas beiradas do boto desenho 3. Deve se evitar avanar com
as lminas em direo ao centro do boto desenho 4.
LF

LF

3
LM

LM

Posicionamento correto
das lminas

Avano das lminas

Fotografia A posicionamento correto. Fotografia B avano excessivo das


lminas para o centro do boto

Mas para bordas bastante inclinadas (acima de 29 ou 30 graus), a


lmina da parte superior (mvel) (LM) no consegue tocar a face
desenho 5. Em tais casos, as lminas devem avanar para o centro
do boto at que ambas fiquem apoiadas desenho 6.

Borda = 30o

Para bordas muito inclinadas, o avano das lminas


inevitvel, mas deve ser o mnimo necessrio.

134

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Por que o avano desnecessrio das lminas deve ser evitado?


Esta recomendao vlida para botes com a face inclinada
para evitar uma medida acima do real (o boto se torna mais alto
da sua beirada para o centro).
As prximas ilustraes (7 e 8), mostram como a inclinao da
face pode causar um acrscimo na medida da altura quando as lminas do paqumetro avanam alm do necessrio.

Correto posicionamento
das lminas.

Avano excessivo das


lminas. Medio da
altura sofre influncia da

inclinao da face
(medida acima do real).
Ilustraes produzidas pelo autor
Os ensaios, mostrados a seguir, realizados em abril de 2011 para um estudo especial, mostram a interferncia de faces inclinadas nas medies da altura do boto quando as lminas do paqumetro so posicionadas 4 mm distantes
da borda.

Certos botes apresentam a face inclinada em toda a sua extenso (inclinaes suaves ou um pouco mais acentuadas - desenho A), outros com declive
que se torna quase imperceptvel, ou mesmo inexistente alguns milmetros antes de alcanar a borda (desenho B).

Face com inclinao contnua

Face com inclinao parcial

135

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Foram tomadas a medida da altura de quatro botes, cada qual com a


face em um perfil diferente. Seguem os resultados obtidos com o paqumetro
posicionado nos locais assinalados (1 e 2).
4 mm

Dependendo da inclinao da face, podemos ter um menor ou maior


desvio na medida da altura do boto quando as lminas avanam para o centro.
A medida de 4 mm foi escolhida por ser um desvio de posicionamento
possvel de ocorrer, conforme constatado em algumas simulaes.

Altura do boto com avano das lminas medies nos pontos 1 e 2


Botes A e B

Desvio da medida

Desvio da medida

3,07

3,17

0,1 mm

3,81

3,88

0,07 mm

Altura do boto com avano das lminas medies nos pontos 1 e 2


Botes C e D

Desvio da medida

Desvio da medida

4,42

4,47

0,05 mm

3,70

3,86

0,16 mm

Independentemente do avano das lminas acarretar ou no


em desvios na leitura da altura do boto, prefervel aplicar o mesmo procedimento em todas as medies (criar um padro) posicionar a lmina na parte inferior alinhada com a beirada da pista de
atrito, exceto quando uma inclinao muito acentuada da borda exigir um ajuste fora deste padro, conforme visto, ou alguma outra
condio.

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Classificao da inclinao da face

Alguns botonistas preferem a face reta, principalmente para os


toques de bola, outros gostam de deslizar a palheta numa rea inclinada. Talvez um estudo minucioso possa apontar as vantagens e
desvantagens entre um tipo de face e outra, mas acaba prevalecendo o que o botonista adotou por hbito ou pela constatao de certa
vantagem tcnica com a sua maneira de jogar.
Analisei vrios botes, antigos e atuais, e verifiquei que o grau
de inclinao da face pode variar bastante. Registrei valores entre
1,5o a 6,5o.
Os resultados deste estudo, somado aos meus antigos apontamentos, permitiram-me criar uma classificao para a inclinao
da face do boto dividida em trs faixas de valores. Saliento que
no tenho a pretenso de instituir padres, apenas expor meus registros ordenados de maneira que julgo coerente.

Classificao
Face com inclinao

suave
Face com inclinao

mediana
Face com inclinao

acentuada

Faixa de valores
(expressos em graus)

Valor representativo da faixa

1,0 1,5 2,0 2,5

2,0o

3,0 3,5 4,0 4,5

4,0o

5,0 5,5 6,0 6,5

6,0o

Segundo o fabricante Gerson Gesini, predominam pedidos de botes com face inclinada e ngulos que variam entre 1 e 3 graus.

Como determinar a inclinao da face


Com auxlio de um paqumetro esta tarefa bastante simples.
Seguem os tipos de medies para se obter este valor.
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1o Determinar a menor altura do boto.

Disco rgido e transparente

2o Determinar a maior altura do boto

As medidas devem ser


realizadas colocando-se
um disco transparente na
base do boto. Isto evita
que as extremidade da
lmina do paqumetro
invada a cmara prejudicando a medio. Para
tomar a medida da menor
altura este disco dispensvel, pois a lmina encontra apoio na pista de
atrito, mas sugere-se usar
este recurso em ambas as
medidas para facilitar os
clculos. Disco transparente facilita a visualizao do posicionamento
das lminas nos pontos
desejados (dimetro em
torno de 65 mm). Pode ser
utilizada uma palheta com
pouca flexibilidade.

3o Determinar a extenso da rea inclinada


x mm

Como medir
Clculos: maior altura (mm) menor altura (mm) = CO (mm)
CO dividido pela extenso da inclinao da face (mm) = Seno do ngulo
Para determinar o ngulo referente ao Seno, usar calculadora cientifica ou tabela
(disponvel na Internet).

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Sobre botes com pique superior


Caso o boto possua pique na sua borda superior (abaulamento da quina para eliminao do canto vivo), deve-se evitar que durante a medio a lamina do paqumetro se apoie sobre este tipo de
acabamento (detalhe no desenho).
pique superior abaulamento da quina para retirada do canto vivo

Evitar que a lmina se apoie sobre


a linha pontilhada o trao contnuo corresponde a altura real do
boto.

Posicionamento das
lminas inadequado

Posicionamento das
lminas adequado

Ilustraes e Fotografias produzidas pelo autor

Sobre botes com borda dupla


Borda dupla

Notamos que este boto apresenta trs segmentos distintos


na sua superfcie: inclinao suave (A), a qual corresponde a face,
seguida de um abaulamento (B) e finalizada por uma extremidade
em ngulo reto (C). Se consideramos esta extremidade reta como
sendo a bainha, ento, pelo princpio de medio, a altura do boto
corresponderia ao intervalor entre a linha 1 e 2. Mas este acabamento foi elaborado para que ambos os segmentos, B eC, atuem
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na bolinha, apesar de que em botes baixos a ao maior somente


ocorreria no segmento abaulado da borda (onde ocorre o ponto de
contato). Contraposto para a pastilha, disco e dadinho, o contato
ocorreria na parte reta. Neste tipo de boto, de borda dupla, o fabricante Lorival de Lima abrangia os dois segmentos para a medio
da altura e, ao meu ver, podemos adotar o seu procedimento como
padro. Assim, a medida deve compreender o intervalo entre as linhas 1 e 3.
Medio

Sobre botes acavalados


Este exemplar uma verso em acrlico
dos antigos botes acavalados. Sua altura
corresponde a espessura de ambos os discos. Para um registro detalhado, costumo
mencionar duas medidas (disco inferior e total), seguidas da abreviatura Ac, para especificar que se trata de um modelo acavalado.

Exemplo: 2,0mm; 5,5 mm Ac.

5,5 mm
2,0 mm

Existem modelos com trs discos sobrepostos.


Ilustrao e fotografias produzidas pelo autor

140

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Sobre botes industrializados


Muitos botes industrializados seguem perfis semelhantes aos
das peas de acrlico e os mesmos critrios de medies podem ser
aplicadas.

Botes industrializados
Fotografia produzida pelo autor

Mas em certas peas artesanais ou adaptadas para uso no


futebol de mesa, no temos uma diviso ntida entre a bainha e a
face. Embora sejam peas no mais usadas no futebol de mesa oficial, muitas vezes pertencem colees e conhecer suas dimenses importante para catalogaes, comparaes ou por simples
curiosidade. Neste caso, o melhor seria considerar a altura da pea
em seu tampo e anotar o critrio adotado no registro da medida.
Exemplo:
Altura = 5,0 mm (tampo)

141

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Determinando a profundidade da cmara (ou cava)


Dependendo do feitio do boto, podemos ter, pelo menos, trs
formatos de cmaras:

CNICA

CILINDRICA

CNCAVA

Exemplos de formatos de cmaras:


- 1 = cnica; - 2 = cilndrica; - 3 = cncava (boto de casca de coco);
- 4 = cncava modelo tampa (pea industrializada) (cmaras cncavas
umas das caractersticas dos modelos tampa).
Ilustraes e fotografias produzidas pelo autor

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Para medir a profundidade da cmara (ou cava), durante algum tempo procurei aplicar o mtodo que observei durante meus
contatos com os fabricantes. O procedimento, bastante simples,
consiste em apoiar a extremidade da haste (escala) graduada do
paqumetro sobre a pista de atrito e estender a vareta de profundidade at tocar na base da cmara e efetuar a leitura.

Talvez por inabilidade, no me sentia seguro no momento de


apoiar a base da haste graduada sobre a pista de atrito e ter a plena
certeza que ela estava completamente assentada em seu apoio,
pois sabido que qualquer inclinao pode causar impreciso na
medida. Diante de pistas estreitas e chanfradas (acabamento interno
em ngulo), aumentava meu receio de cometer erros.

Placa de apoio
Finalmente, resolvi criar um aparato que me auxiliasse neste
tipo de medio. Recortei uma pequena placa de acrlico nas seguintes dimenses: largura = 35 mm; comprimento = 85 mm; espessura = 6,0 mm. Distante 30 mm de uma das bordas, perfurei a placa
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com uma broca de 8 mm. Todas as arestas foram lixadas suavemente e polidas para eliminar as asperezas.
Dispensei especial ateno a espessura da placa e a medida exata,
realizada com paqumetro, foi de 6,1
mm.
Como a placa usada
O boto, com a cmara voltada para cima, assentado sobre
uma superfcie plana e rgida. Sobre
o boto coloca-se a placa, em seguida, posiciona-se o paqumetro
verticalmente de modo a se obter
um ngulo de 90o. A haste de profundidade desce pelo orifcio at atingir o fundo da cmara. Do valor
obtido, subtrai-se a espessura da
placa (6,1 mm). Resultado = profundidade da cmara.

90o

Fotografias e ilustraes produzidas pelo autor

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Testando a eficcia da placa de apoio


Selecionei cinco botes de faces retas e com um micrmetro determinei a altura das peas (A) e as espessuras das paredes (B).
A

C
Clculo: A B = profundidade da cmara (C)

Resultados:
PROFUNDIDADE
DA CMARA
BOTO

PAQUMETRO
(com placa de apoio)

PROFUNDIDADE
DA CMARA

MICRMETRO

1,25 mm

1,25 mm

1,28 mm

1,29 mm

1,78 mm

1,78 mm

1,58 mm

1,64 mm

1,18 mm

1,16 mm

Maior diferena: 0,06 mm (seis centsimo de milmetro) - (diferena desprezvel)

(para esta srie de comparaes foi usado um paqumetro digital para


centsimo de milmetro)

possvel usar outro mtodo para medir a profundidade da


cmara, o qual dispensaria o uso da vareta de profundidade?
Sim. H algum tempo elaborei um mtodo de medio com operaes menos delicadas, porm, mais trabalhoso. Seguem as instrues (os valores citados no se referem s medidas reais, foram criadas para exemplificar o mtodo).
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Material necessrio:
paqumetro;
disco delgado e rgido de acrlico transparente (espessura: em torno de
2 mm dimetro: 60 mm);
calo cilndrico de acrlico ou similar (espessura: 6 7 mm; mais alto do
que a cmara; dimetro: pequeno o suficiente para o seu encaixe com folga na cmara do boto).

Procedimentos:

1 medir a espessura

2 encaixar o calo na cmara, encosta-

do calo: 6,5 mm.

do dobra da pista de atrito, e medir a


altura total: 9,0 mm - este valor indica
que a espessura da parede de 2,5 mm
(9,0 6,5 = 2,5 mm)

3 medir a espessura do
disco delgado: 2,0 mm.

4 assentar o disco sobre a base do boto e medir a altura total: 6,1 mm


6,1 mm (altura total) 2,0 mm (disco) = 4,1 mm (altura do boto)
4,1 (altura do boto) 2,5 (espessura da parede) = 1,6 mm
(1,6 mm corresponde profundidade da cmara).

Para botes com face inclinada, importante que todas as medidas


sejam tomadas num mesmo ponto (em nosso exemplo, na beirada da dobra da pista de atrito), lembrando que o centro do boto, caso seja usado
como ponto para as medies, pode sofrer interferncias devido as salincias dos adesivos (escudos, letras e nmeros). Apoiar as lminas em um
disco, em vez de assent-las diretamente sobre o boto, fornece um apoio mais estvel e sugere-se que o mesmo seja transparente, possibilitando a visualizao do posicionamento do paqumetro exatamente sobre
o ponto desejado. Anotar as espessuras do disco e do calo para futuras medies.
Ilustraes produzidas pelo autor

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Classificao da profundidade da cmara


Cmara rasa Cmara media Cmara profunda

Classificar a profundidade da cmara relativo. Uma cmara


com 2,0 mm de profundidade num boto de 4,5 mm de altura pode
ser considerada profunda, mas esta mesma cmara em um boto
de 8,0 mm, por exemplo, classificada como rasa.
Realizei vrias medidas da profundidade da cmara em diferentes modelos de botes (com alturas inferiores a 4,6 mm) e registrei valores que variaram entre 0,4 mm e 1,8 mm.
Para os modelos vitrine e similares, com a decorao aplicada
na parte de baixo do boto, recomenda-se uma cmara com profundidade no inferior a 1 mm. Provavelmente 0,7 ou 0,75 mm seria o
suficiente se consideramos uma decorao com impresso em papel comum ou fotogrfico coberto com uma pelcula do tipo Con-tact
ou similar, mas s vezes so usados adesivos de cobertura com espessura em torno de 0,40 mm, exigindo uma cmara mais profunda.
Espessuras de materiais geralmente usados na montagem da decorao:
adesivo espesso de cobertura 0,40 mm
adesivo delgado de cobertura (Con-tact, ou similar) 0,08 0,10 mm
papel comum para impresso (sulfite ou similar) 0,10 mm
papel fotogrfico para impresso 0,15 mm

Combinao de menor espessura: 0,10 + 0,10 = 0,20 mm


Combinao de maior espessura: 0,15 + 0,40 = 0,55 mm
Profundidade mnima da cmara para comportar a combinao de
menor espessura: 0,20 mm + 0,50 mm (folga sugerida) = 0,70 mm.
Profundidade mnima da cmara para comportar a combinao de
maior espessura: 0,55 mm + 0,50 mm (folga sugerida) = 1,05 mm 1,0 mm

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Qual a razo de uma folga de 0,5 mm?


Se a decorao no estiver perfeitamente aderida lmina de
acrlico transparente e na falta de um espao excedente, h o risco
da formao de uma bolsa de ar, a qual pode tocar a superfcie da
mesa. O melhor seria manter uma folga de 0,4 ou 0,5 mm por medida de segurana. Esta folga no fundamental, apenas recomendvel.
Realizei medies da profundidade da cmara de botes modelo
vitrine de trs diferentes fabricantes e registrei os seguintes valores:
1,00 mm

1,10 mm

1,25 mm

Medidas feitas anteriormente e registradas em meu caderno de apontamentos: (valores expressos em mm)
1,09

1,18

1,23

Cmaras em torno de 1,2 mm so comuns.

148

1,20

1,20

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Avaliando a profundidade da cmara em botes


vitrine e similares quando suspeitamos que a decorao esta tocando a mesa de jogo.
Em uma superfcie plana (madeira, vidro, azulejo), traar um risco
de batom de aproximadamente 1 cm de comprimento, escolhendo
uma cor que contraste com o adesivo de cobertura da decorao.
Assentar o boto na superfcie de modo a posicionar o trao no
centro da cmara.
Mover ligeiramente o boto em vrias direes.
O batom no deve imprimir marcas no adesivo de cobertura.

Informaes extras
Espessura da parede referente botes modelo vitrine com altura
entre 4,2 e 4,4 mm:
variaes: 3,0 3,2 mm
diferentes times)

(conforme medies em oito peas de

Profundidade da cmara relacionada com a massa (peso).


Cavar mais ou menor a cmara tem implicaes no peso do boto. Para cada 0,1 mm temos um acrscimo ou uma reduo na
massa de aproximadamente:
0,18 g - botes fechados;
0,14 g - botes modelo canoa ou argola.
- Vlido para botes com dimetro entre 53 e 54 mm.

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Determinando a largura da pista (ou rea) de atrito


A pista de atrito sugere vrias formas geomtricas:
PARALELOGRAMO
- inclinao em ambas laterais
-formato mais comum

TRAPZIO RETANGULO
somente inclinao na
lateral externa -

TRAPZIO RETANGULO
- somente inclinao na
lateral interna -

90o
C

referem-se botes com bainha em ngulo reto

90o

90o

QUADRADO OU RETANGULO
(DEPENDE DA ALTURA DA PISTA)

- sem inclinao em
ambas as laterais
laterais

Numa classificao simples, podemos dizer que as pistas (ou


rea) de atrito podem ser chanfradas nos formatos A e C ou sem
chanfro, nos formatos B e D. Exemplos de pistas:

Ilustraes e fotografias
produzidas pelo autor

150

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

interessante notar que a pista de atrito atende trs propriedades:


1a a sua base corresponde rea de contato com a mesa, ou seja, a pista propriamente dita ;
2a a sua lateral interna tambm a da cmara com chanfro forma uma
cmara cnica, sem chanfro, uma cmara cilndrica;
3a - a sua lateral externa constitui a borda (bainha), que pode ser reta ou
inclinada.

Medindo a largura da pista de atrito.


Esta determinao, aparentemente
simples, dificultada pela impossibilidade de uma fixao consistente do instrumento de medio, exceto para o formato D, cujos ngulos retos, interno e
externo, possibilitam que as lminas do paqumetro se prendam com
firmeza, conforme visto na ilustrao.
Medies alternativas para pistas com laterais inclinadas
As lminas do paqumetro simplesmente assentadas e ajustadas sobre a pista uma forma de
medio quando as laterais inclinadas da pista de
atrito dificultam a fixao das lminas.

As lminas no
esto fixadas nas
laterais da pista

Valor registrado: 4,88


4,9 mm

Provavelmente a medida inicial da pista era de 5 mm, antes do pique.


151

BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Tambm podemos recorrer a vareta de profundidade.

Ou usar uma rgua comum

Esta medio, feita com uma rgua comum, assinala 5 mm

Com exceo do primeiro caso, onde as lminas so firmemente fixadas nas bordas da pista de atrito, os demais meios de
medies esto sujeitos a certa impreciso, pois tanto o posicionamento do instrumento, como a leitura do resultado dependem da acuidade visual e do grau de interferncia do erro de paralaxe (distoro da leitura relacionado ao ngulo de viso). Tais mtodos fornecem
mais uma aproximao do que o valor real. Entretanto, em medies
feitas com esmero, o desvio desprezvel.
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Classificao da largura da pista de atrito


At 3,0 mm (pista estreita)
Maior do que 3,0 mm at 5,0 mm (pista de largura mediana)
Maior do que 5,0 mm (pista larga)

Classificao vlida para botes com dimetros entre 50 e 55


mm. Para botes abaixo ou acima desta faixa as larguras devem
obedecer a medidas proporcionais que podem ser calculadas por
uma regra de trs simples.
Estes parmetros baseiam-se em vrias medies de botes
de pocas e fabricantes diferentes o que permitiu, dentro da variabilidade de valores, classificar as dimenses nas trs faixas citadas.
Tratam-se de classificaes convencionais. Esta mesmas classificaes constam no Botonssimo volume 1 e na ocasio, antes da publicao, foi submetida ao parecer do fabricantes Lorival de Lima.

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Determinando o dimetro do orifcio dos modelos canoa e Argola


O orifcio, geralmente com dimetro acima de 13 mm, pode
atingir at 20 ou 21 mm (para botes de 53 ou 54 mm). Ele esta
presente nos modelos canoa e argola.
As paredes dos orifcios podem ser retas (formato cilndrico)
ou inclinadas (formato cnico) - (exemplos nas fotografias 1 e 2, respectivamente)

Talvez para alguns botonistas a adoo do formato cnico seja


uma preferncia pessoal relacionado a esttica. Entretanto, este
formato foi criado para facilitar a expulso da bolinha quando ela
caprichosamente se aloja no interior do orifcio durante uma jogada.
Segundo a regra paulista, a retirada da bolinha deve ser feita numa
quantidade limitada de toques.
Art. 40. Caso a bola venha a parar sobre um boto ou dentro do furo de boto tipo argola, o jogador s poder acionar aquele boto e nenhum outro mais, tendo direito apenas aos toques restante daquele boto respeitado o limite coletivo de toques, para
tirar a bola dali, sendo permitido chute a gol com a bola sobre o boto ou dentro do
furo, desde que haja condies legais para tal.*
* Fonte: Site: Federao Paulista de Fut. de Mesa - Regra 12 toques Seo: Regras.

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BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Este tipo de orifcio uma das caractersticas dos antigos botes canoa e nem sempre o modelo argola, da mesma poca, apresentava este detalhe. Esta distino facilmente entendida pelo fato
do modelo canoa possuir um tampo mais alto o que dificulta a expulso da bolinha no fosse o orifcio cnico, enquanto o argola, por
ser baixo, possibilitava a retirada da bolinha mesmo com orifcio cilndrico. Salienta-se que o esperado expulsar a bolinha ao impulsionar o boto com um toque suave.

Modelo canoa

Modelo argola

Atualmente, com botes argola entre 4,0 e 4,5 mm (na maioria


dos casos) e aproximadamente 5,0 mm na altura do tampo para
faces inclinadas, o orifcio cnico seria uma boa opo?
A altura do tampo do antigo modelo canoa equivale a altura
do tampo do modelo argola atual, o que justificaria um orifcio cnico, contudo o mesmo no mais adotado com frequncia. Talvez
devido a pouca incidncia da bolinha se acomodar no interior do orifcio, observado ao longo do tempo, este tipo de acabamento deixou
de ser importante.
Apesar disto, para simples registros, realizei alguns ensaios
com botes modelo argola com alturas entre 4,2 e 4,5 mm e orifcios
retos e verifiquei certa dificuldade em expulsar a bolinha com toques
suaves. Esta tarefa tornou-se mais fcil quando realizei os ensaios
usando botes com alturas de 4,3 e 4,5 mm possuindo orifcios cnicos e com as bordas superiores ligeiramente abauladas.

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Medindo o dimetro do orifcio modelo argola.


Mantendo o paqumetro na
posio vertical, introduzir as orelhas semi abertas no orifcio o suficiente para que suas extremidades despontem ligeiramente na
abertura oposta. O boto, por um
momento suspenso em seu ponto
de equilbrio, fixado abrindo-se
as orelhas do instrumento at tocarem nas paredes do orifcio. A
presso exercida para a fixao
do boto dever ser suave.
Feito isto, efetuar a leitura da medida do dimetro e repetir a
operao girando o boto aproximadamente 90 graus, aliviando a
presso das orelhas para o reposicionamento. Dos valores obtidos,
averiguar se existe uma discordncia acentuada entre eles; se assim for, repetir as medies, caso contrrio, considerar o maior dimetro.

Segunda as normas, nas confirmaes de medidas de dimetros


internos deve ser escolhido o maior valor.
Quando analisamos este procedimento,
natural imaginarmos a possibilidade das pontas
das orelhas se fixarem fora da linha central e, se
isto acontecer, o valor registrado ser inferior ao
real. Felizmente h uma tendncia das lminas
deslizarem no interior do orifcio e se ajustarem
naturalmente na linha central antes que sejam
abertas para a fixao da pea (este ajuste facilitado pelo fato do boto estar suspenso em seu
ponto de equilbrio). Isto no dispensa os cuidados do operador checar visualmente se o posicionamento correto foi obtido antes da leitura ser
realizada.
156

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Orifcio cnico
Quando as lminas do paqumetro so posicionadas em um
orifcio cnico, a medida obtida ser referente ao menor dimetro.

Mas como medir o maior dimetro situado no topo do boto?


Sabemos que quando introduzimos as lminas pela abertura maior e
tentamos fixa-las na beirada do orifcio (ponto 1 vermelho), elas deslizam para fora, principalmente se a borda apresentar abaulamento.
Tambm sabido que se as lminas adentrarem um pouco mais o
orifcio para a fixao (ponto 2 azul), o valor da leitura do dimetro
vai estar aqum do real. Como resolver esta questo?

2 1

321

Assim como no caso da pista de atrito, podemos realizar a


medida usando recursos alternativos. O posicionamento das orelhas
do paqumetro o mais prximo possvel da borda do maior dimetro,
ainda que no seja possvel prend-las, pode ser uma das opes
(detalhes na prxima fotografia).
157

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Angulo aproximado do declive = 20o

Como o ngulo foi calculado?


Inicialmente as seguintes medidas foram determinadas:
Dimetro menor = 17 mm (raio = 8,5 mm)
Dimetro maior = 20 mm (raio = 10 mm)
Altura do orifcio) = 4 mm
10 cm

4,0 cm

10 mm

4,0 mm

4,0 mm
8,5 cm

8,5 mm

Hipotenusa
Cateto oposto

Cateto adjacente

158

1,5 mm
?

mm

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Clculos

Teorema de Pitgoras:

Hipotenusa2 = (cateto adjacente2 + cateto oposto2)


Hipotenusa2 = ( 42 + 1,52 )
Hipotenusa2 = (16 + 2,25 )
Hipotenusa = 18,25

Hipotenusa2 = 18,25

Hipotenusa = 4,772

Cateto Oposto / Hipotenusa = Seno do ngulo


1,5 / 4,772 = 0,314 (Seno do ngulo)
0,314 = 18,3o ~ 18o
ngulo de inclinao do orifcio = 18o (valor aproximado)
O ngulo correspondente ao seno pode ser determinado com
auxlio de uma calculadora cientfica ou tabela disponvel na Internet.

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Como medir a espessura da parede.


Material necessrio:
paqumetro;
calo cilndrico de acrlico ou similar (espessura: 6 7 mm
mais alto do que a cmara dimetro: pequeno o suficiente
para o seu encaixe com folga na cmara do boto.
para face reta a medida pode ser tomada em qualquer local da cmara;
para face inclinada - a medida deve ser tomada no centro da cmara, quando
se deseja a maior espessura (desenho 2), ou o mais prximo possvel da dobra
da pista de atrito (desenho 3), quando se deseja a menor espessura.
importante frisar que a presena de adesivos na tampo (escudos, letras, nmeros) pode ocasionar um ligeiro incremento na medida da maior
espessura.

Maior espessura da parede

1 medir a espessura do
calo: 6,5 mm.

2 encaixar o calo no centro da


cmara e medir a altura total: 9,0 mm este valor indica que a espessura da parede no centro do boto de 2,5 mm
(9,0 6,5 = 2,5 mm)

Menor espessura da parede

3 deslocar o calo somente o suficiente para que a sua borda fique rente ao
trmino da pista de atrito e posicionar as
lminas do paqumetro conforme mostrado no desenho. Efetuar os clculos.
Ilustraes produzidas
pelo autor

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BOTONSSIMO, O LIVRO DO FUTEBOL DE MESA VOL. 3 2014 UBIRAJARA GODOY BUENO

Sobre a espessura da parede


Determinei a espessura da parede de vrios botes do meu
acervo e as medidas variaram de 2,6 a 3,5 mm. As medies referem-se a menor espessura (indicado pela seta).
Tampo

Classificao da espessura da parede:


2,5 3,0 mm Parede delgada
> 3,0 3,5 mm Parede mediana
> 3,5 mm
Parede espessa

A espessura da parede na rea do rebaixo do modelo lito (indicado pela seta), variou entre 1,9 e 2,5 mm.
Rebaixo

Tem fundamento a informao de que botes com paredes muito finas esto sujeitos a empenarem?
Tenho algumas peas em meu acerto que possuem paredes de pequena espessura (entre 2,55 a 2,65 mm) e at ento
no apresentaram deformao. Talvez isto possa ocorrer com
paredes mais delgadas associado qualidade do acrlico e condies de uso e armazenamento dos botes.
Ilustraes produzidas pelo autor

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Certamente com um micrmetro algumas medies tornar-seiam mais cmodas, como por exemplo, determinar a espessura da
parede do boto. Mas a proposta desta matria foi demonstrar mtodos de medies usando apenas o paqumetro universal e alguns
acessrios simples auxiliares.

Projetando o boto
Na maioria das vezes o botonista encomenda seu time fornecendo as medidas referentes a altura do boto, grau da bainha, inclinao da face, cor ou cores do botes, quantidade e larguras das faixas (se for o caso). Quando outros detalhes so especificados: profundidade da cmara e a espessura da parede,
por exemplo, deve se atentar para que as combinaes das medidas sejam coerentes. Um boto com 4,0 mm de altura e uma
cmara de 3 mm, por exemplo, significa uma parede com apenas
1,0 mm de espessura. Isto no significa que botes com esta estrutura so inviveis; mas se afastam consideravelmente do usual. Outro exemplo: - em um modelo vitrine com 3,5 mm de altura
e uma parede com 3,0 mm, sobra apenas 0,5 mm para aplicar a
decorao e manter a folga sugerida. Dependendo das espessuras dos materiais usados (papel para impresso e adesivo de cobertura), o espao pode ser insuficiente, ou seja, existe o risco da cobertura do adesivo tocar a mesa, alterando o atrito e/ou provocar
desvios na trajetria do boto.
Provavelmente o fabricante, ao perceber que as medidas
solicitadas esto fora dos valores usuais, ir alertar o cliente.

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Finalizo este tpico com os procedimentos bsicos para medir


o grau de inclinao da borda (bainha), j apresentado detalhadamente no Botonssimo 2.
leitura = 115o

90o ou zero

25o(115 90) = 25o

desenho G

Na prxima fotografia temos um exemplo de medio com um


transferidor metlico munido de uma haste mvel, normalmente utilizado para esta operao.

Nenhuma rstia
de luz deve vazar
desta juno

Ambos os botes (desenho e fotografia), esto posicionados de maneiras diferentes no transferidor,


mas assinalam um mesmo valor.

Posicionamento
do boto

Usar iluminao de fundo adequada.

Comparando-se as fotografias A e B, podemos entende a


lgica do funcionamento do transferidor de graus metlico mvel.
A borda do boto deve estar perfeitamente unida com a base do transferidor de modo que nenhuma rstia de luz passe por esta juno. Posicionar o

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instrumento contra a luz, cuidando para que a mesma no provoque difuso no


acrlico, principalmente em botes translcidos e transparentes, uma vez que
este efeito luminoso pode atrapalhar a leitura.

Fotografias e montagens produzidas pelo autor

FINAL DO BOTONSSIMO
VOLUME 3
2014

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