Ela Disse Pra Ele, o - Namoro - Thalita
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Sumário
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6
Parte 7
Parte 8
Como esta parceria começou
Créditos
Sobre os Autores
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Rosa
— Parabéns para a gente, nessa data querida,
muitas felicidades, muito amor nessa vida! Êêê!
Era a comemoração pelo nosso décimo mês de
namoro. Sim, fazemos questão de celebrar nossa
história a cada mês. Sim, somos o casal mais
romântico do Oeste. Eu e o Leo nascemos um para
o outro. Fofo, mesmo sabendo que todo dia 2 eu
chego na sua casa com um pote de brigadeiro e
uma velinha para apagarmos juntos, ele sempre se
emociona quando começo a cantar.
Inacreditável um garoto se emocionar com uma
coisa dessas. Mas o meu amor se emociona. Ontem
chegou a tapar os olhos com as mãos para esconder
as lágrimas. Como se não bastasse tudo isso, ele é
louco pelo meu brigadeiro. Nenhuma surpresa, ok,
faço o melhor brigadeiro do mundo. Mas ele achar
o meu brigadeiro o melhor do mundo é lindinho
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demais, né não?
Leo
Eu não sabia como dizer pra Rosa que celebrar
cada mês de namoro com vela, parabéns e
brigadeiro era demais pra mim. Eu acho idiota
comemorar os meses dos bebês, imagina de
namoro! Desnecessário, pô. Mas ela fica tão
feliz com o ritual, e eu gosto tanto de vê-la
feliz, que nunca tive coragem de falar nada. O
problema é que ela inventou uma musiquinha
de parabéns só nossa, e eu acho meio ridícula,
sabe?
E o brigadeiro? É simplesmente a coisa mais
doce e enjoativa que já entrou na minha boca.
Mas a Rosa se acha a maior especialista em
brigadeiro do mundo, não sou eu que vou dizer
pra ela que só de olhar praquele pote eu já
tenho ânsia de vômito. Acho que ontem ela
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Rosa
Eu sou completamente apaixonada pelo Leo. Mas
ele tem umas coisas que me irritam. Por exemplo, o
futebol. Ah, por que os garotos levam tão a sério
uma simples pelada? Por que peladas não podem
acontecer bimestralmente, semestralmente?
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Leo
Quando a Rosa começa a puxar conversinha de
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Rosa
Agora que ficou claro o tamanho da raiva que sinto
dos 90 minutos mais malgastos do planeta, posso
voltar à discussão que rolou no dia do nosso
mesversário. Onde estávamos? Ah, sim. Eu
comentava a imensa insensibilidade do Leo em
relação à nossa linda e romântica data.
— Quer ser insensível? Problema seu! Depois, se
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Leo
Ainda bem que a Rosa foi embora, pensei assim
que ela bateu a porta. A gente ia acabar
brigando e não tenho paciência pra brigar com
ela. Na verdade, não gosto de brigar, ponto. Até
porque essa discussão sobre o meu futebol já
rolou umas mil vezes. A garota sempre quer
que eu troque a pelada por algum motivo
especial. Especial pra ela, faço questão de
sublinhar: festa da Luana, ida ao shopping para
escolher o vestido da festa da Luana...
— Achei que a gente iria ao cinema e depois
a um japinha... Poxa, Leo...
— Por que você achou isso? — perguntei,
sem disfarçar o espanto. Ela estava realmente
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exaltada.
— Porque a gente combinou!
Disse na hora que não combinamos nada,
mas admito que posso ter combinado. Existia,
sim, uma muito pequena possibilidade de eu ter
concordado com o cinema seguido de japa. O
problema não é meu, é da Rosa, que fala tanto
que já me fez questionar se não sofro de TDA,
Transtorno do Déficit de Atenção. Sou
superatento a tudo, mas com ela... juro que é
complicado ficar 100% do tempo focado.
Então, enquanto ela tagarela, o meu
pensamento muitas vezes voa para bem longe.
Aí acabo concordando com o que diz minha
namorada — mesmo sem saber com o que
estou concordando.
Se eu não fosse um namorado gente boa, um
“querido”, como ela gosta de se referir a mim (e
ao pipoqueiro, ao dono da banca perto da
escola, ao meu pai, à maioria dos professores e
a algumas pessoas com quem ela conviveu não
mais que 13 segundos), tudo bem ficar
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Rosa
Odeio quando o Leo não argumenta comigo, odeio
quando me deixa de lado, odeio quando fica
monossilábico, odeio quando só concorda com
tudo, odeio quando discorda, odeio quando ele
deixa nosso namoro para segundo plano. Tá bem, tá
bem, futebol é importante pra ele e blá-blá-blá, mas
custava faltar um diazinho pra me levar ao cinema?
Custava? Mesversário, poxa!
Droga, agora lá estava eu chorando feito louca
enquanto caminhava para o ponto de ônibus. Como
é deprimente chorar em Botafogo, lamentei. Ok, é
deprimente chorar em qualquer lugar público, mas
andando pela Conde de Irajá e imaginando o que os
porteiros que me veem todos os dias estavam
pensando do meu choro é muito pior.
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— Eu te amo, Rosa.
— Oooowwwnnn... Também te amo! —
comemorei e cutuquei a senhorinha. — Ele me
ama, viu?
Ela revirou os olhos, entediada, não sem antes
me chamar de burra com eles. A senhorinha não era
tão querida.
— Já esqueci todas as chatices que você disse,
tá?
— Chatice, disse... Rimou... Leo, seu lindo, até
fazendo as pazes você é maravilhoso, sabia?
— Sabia. E sei também que você tá na TPM, não
tá? Eu conheço voc...
— O quê?!
— Disse que sei que você tá na TP...
— Eu ouvi! Só não acredito que ouvi isso! Por
que você tá falando assim comigo? Por que tanta
agressividade? O que essa frase quer dizer? Hein?
Hein? Que eu fico diferente na TPM? Que eu mudo
de personalidade na TPM? Eu odeio quando você
me julga! Julga e condena, não é, Leonardo? E eu
toda fofa ligando pra pedir desculpas!
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— Mas Ros...
— É num telefonema que a gente conhece as
pessoas, sabe, Leonardo? Olha, eu quero que a bola
fure! Quero que a pelada de hoje seja a pior de
todas as peladas da história das peladas! Um beijo,
tchau! — desabafei, sem respirar. Respirei e
continuei em outro tom, emendando uma palavra
na outra: — Amanhã te espero na porta do colégio
pra entrarmos juntinhos de mãos dadas, tá? Você
ainda vai entrar comigo na escola de mãos dadas,
não vai? Vai, não vai?
— Vou, Rosa...
É... Eu definitivamente estava na TPM. Por que
fui deixar meu pote de brigadeiro incrível na casa
do Leo? Que mundo cruel e amargo, meu Deus!
Leo
Mulher na TPM é muito chata. A garota
telefonou e deu outro ataque comigo, do nada,
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Rosa
No dia seguinte, mais calma e com vergonhinha das
minhas atitudes imaturas, levei um pedaço de bolo
de cenoura para o meu namorado. O Leo ama o
bolo de cenoura da minha mãe, foi amor à primeira
mordida, assim como aconteceu com meu
brigadeiro sensacional, que ele ama mais que tudo
na vida.
Leo
A Rosa chegou na porta da escola com um
sorriso meio encabulado. Dava pra ver que
estava mal por ter gritado comigo, dado
escândalo e tal. Assim que me viu mostrou o
bolo de cenoura. O meu estômago ficou felizão,
deu pra sentir. Ao contrário do brigadeiro da
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Rosa
Demos um beijinho e entramos na escola de mãos
dadas, como fazemos todos os dias, desde que
começamos a namorar.
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Leo
Até hoje acho graça do apelido que a Rosa
inventou pra Júlia: MABU – Menina Arrogante
e Burra. Garota tem cada uma!
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— Arrã...
Mulheres... Fui salvo pela Carol, uma das
melhores amigas da Rosa.
— Acho que o namoro da Júlia com o
Confusão tem feito bem pra ela.
— E a gente tem que pensar que as pessoas
mudam, né? Amadurecem. Até o Confusão
parece ter amadurecido. Vai ver a Júlia pensou,
botou a mão na consciência e percebeu o quão
grossa, mal-educada e inconveniente ela foi
com você, Rosa — acrescentou Luana.
— É. Vocês estão certos. Além do mais, todo
mundo merece uma segunda chance, né? —
analisou minha namorada.
A Rosa é assim, especial. Magnânima,
perdoou, passou uma borracha no que
aconteceu e pareceu até estar disposta a ser
amiga da Júlia.
Rosa
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Leo
A Júlia só podia estar zoando com a minha
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Rosa
A Júlia não vale nada, mesmo, pensei. Afinal, ela
sabia perfeitamente o quanto o assunto me irritava
e foi perguntar a opinião do Leo, na minha frente!
Depois entendi seu real objetivo: irritar o
Confusão.
— É que eu e o Confa terminamos. Novidade,
né? Mas agora acho que é pra sempre. Então eu tô a
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Leo
Coitado do Confusão. Eu sei, o cara é um mala,
briguei feio com ele num passado não muito
distante, já xinguei de imbecil, boçal e daí pra
baixo, mas mesmo assim fiquei com pena.
Mulher sabe ser muito chata às vezes. Não disse
nada na hora, a Rosa me mataria, mas depois do
futebol na escola me aproximei dele e fui
parceiro:
— Relaxa, cara. Mulher é assim mesmo.
Daqui a pouco passa. Qualquer coisa, tamos
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juntos, valeu?
O tempo... Quem imaginaria essa cena na
época em que trocamos socos na rua Dona
Mariana? Quem cogitaria que eu e o garoto que
me odiava com os olhos e com a saliva
conversaríamos civilizadamente um dia? Ainda
bem que amadurecemos. Brigar realmente não
resolve nada. Nunca. Eu já sabia disso. Ele,
acredito, aprendeu. O bom é que tudo passa.
Até raiva, rancor.
— Valeu, Leo. Pô, não aconteceu nada, cara.
Estava na praia com uns brothers da minha
escola antiga, não via os garotos há muito
tempo, o pai de um deles chegou, ficou
conversando com a gente, o tempo passou e eu
não percebi. Juro que não percebi!
— Não precisa jurar! Eu entendo!
— Pois é, a Júlia não. Pelo esporro que levei
parece que peguei todas as mulheres da torcida
do Flamengo naquele dia.
— É ciúme. — João Ivo entrou na conversa.
— É falta de confiança. E ela vive dizendo
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Rosa
Como costumo dizer, meninos são feitos de outro
tipo de massinha. Ô, raça complicada! Missão
impossível entender o que se passa pela cabeça de
um garoto. Eu, por exemplo, amo beijar. O Leo
também, mas não concordamos em alguns aspectos
referentes a esse maravilhoso gesto de amor e
carinho.
Quanto mais beijo, mais certa eu fico de que
nasci para juntar boca com boca e mandar ver.
Beijo muito bem, modéstia à parte. Tenho o beijo
simplesmente espetacular. E não ligo se ele
acontecer dentro de um cinema, no sofá da minha
casa, na praia, na saída da escola ou num shopping.
Beijo é beijo e ponto final. Mas o Leo não pensa
assim. Tem vergonha de beijar em público. Ok,
também não amo plateia, mas se rolar um beijo
sensa eu vou parar no meio só por que estou sendo
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Leo
A Rosa adora beijar e eu adoro que ela adore
beijar. Entendido? Isso posto, preciso confessar
que sou tímido de nascença, fico vermelho na
hora de apresentar um trabalho na frente da
turma, sinto-me extremamente desconfortável
quando olham pra mim por mais de um
segundo e meio. Tenho melhorado com o
tempo, mas ser o centro das atenções nunca foi
o meu forte, não me agrada ser observado,
analisado. A Rosa não. Apesar de quietinha, é
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mundo.
Devia ter beijado a Rosa muito antes, mas o
medo e a insegurança de levar um não e a
lentidão e a cegueira comuns à maioria dos
meninos de 14 anos me impediram. Então, foi
no começo da manhã, no colégio mesmo, de um
jeito que jamais tinha imaginado. O fato é que
ela gostou. E eu, apesar das circunstâncias,
também.
Somos um casal que beija, gostamos de nos
beijar. Mas outro dia, depois do cinema, onde a
gente se beijou praticamente durante todo o
péssimo filme, a Rosa resolveu me atacar com
mãos de polvo e línguas por todos os lados na
fila da lanchonete, que estava lotada. Nada
contra o beijo da Rosa, nada mesmo! É o
melhor. Mas atrapalhar a fila de uma
lanchonete... Não é para mim, eu não consigo!
E isso não tem nada a ver com o meu
sentimento por ela. Nada. Eu amo a Rosa. E
amo mais ainda o beijo dela. Mas ela não
entendeu assim.
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Rosa
— Que foi, Leo? Você não gosta mais de mim, é
isso?
— Claro que gosto...
— Então não gosta é do meu beijo, né? Fala,
pode falar!
— Eu adoro seu beijo...
— Por que está me repelindo?
— Repelindo? O que é que é isso mesmo?
— Ai, Leo! Está me empurrando, me rejeitando,
me evitando!
— Rosa, que exagero!
— Estou babando?
— Claro que não.
— Estou indo mais rápido do que você gostaria?
— Não! O ritmo do seu beijo é perfeito.
— Não pode ser. Eu devo estar com beijo veloz,
beijo de hélice de helicóptero. Só pode.
— Nada disso...
— O que é, então? Assim fica difícil entender
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Leo
Bateu um misto de tristeza e indignação quando
ela disse a palavra frescura. E um pouco de
raiva também. Poxa, logo ela, sempre tão
educada e preocupada com as palavras,
precisava pegar pesado assim?
Não era frescura, era o oposto disso.
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Rosa
Droga. Assim que disse a palavra “frescura” me
arrependi amargamente. Tadinho... Ele já tinha
mesmo explicado que não se sentia bem com beijos
longos em público. Selinho tudo bem. Beijo tipo
beijaço é que ele não gostava. Durante um tempo
até achei que era frescura mesmo. Mas um dia,
durante um beijo na praia, senti suas mãos suadas e
me deu peninha. O problema é que sempre rolava
essa discussão quando a gente saía: beijar ou não
beijar, eis a questão.
Que fique claro que já senti vergonha de beijar
em lugares públicos, mas com o tempo isso foi
passando e eu esperava que acontecesse o mesmo
com o Leo.
Não aconteceu.
Leo
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Rosa
Meu Deus! O que está acontecendo comigo?, sofri
em silêncio. Não acredito que além de “frescura”
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Leo
O rosto da Rosa me disse com todas as letras o
quão desconfortável ela tinha ficado com
aquela situação. Tive pena dela. E de mim. Ela
não tinha culpa de querer me beijar, eu não
tinha culpa de não querer beijá-la ali... Ao
mesmo tempo, não queria falar nada... Queria
que ela desse o próximo passo no diálogo. Só
não queria discutir a relação. E o pior é que eu
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Rosa
Eu odeio D.R. Embora às vezes uma conversa séria
se faça necessária para qualquer casal, evito ao
máximo discutir a relação. Até porque sobre o
assunto “beijo em público” a gente tinha
conversado à exaustão. E eu compreendo os
argumentos do Leo... Ele não se sente bem beijando
em público, e daí? Que tipo de bruxa de conto
infantil eu sou?, era a pergunta que martelava meu
cérebro insensível na fila da lanchonete.
Percebi que naquele momento estava sendo
intransigente, mimada, voluntariosa. Fiquei com
peninha dele. E de mim, que só queria beijar o
dono do melhor beijo do mundo. Mas em vez de
puxar briga, de estender o assunto, fiz uma fofura
daquelas depois que pedi desculpas — com a boca
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e com o coração.
Leo
A Rosa se desculpou, me abraçou e depois me
deu um beijo no nariz, no queixo, um numa
bochecha, um em outra. Nem um na boca. Nem
um selinho. Logo depois ela soltou um “eu te
amo” com um sorriso escancaradamente
apaixonado. Linda. Senti minha pele esquentar,
certamente o meu rosto tinha ficado vermelho.
Nem liguei. Estava muito amarradão com a
atitude dela.
E eu achando que ela ia dar um ataque,
querer discutir, desenvolver o assunto... Nem
precisamos conversar, não brigamos, não rolou
clima ruim, nada. Apenas a paz.
Uau. A gente era um casal maduro.
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Rosa
Ele ficou todo vermelhinho. Fofooo! Sabia que não
adiantava brigar, nem tampouco discutir mais uma
vez sobre beijar ou não beijar em público. Ele não
gostava, eu gostava, ponto final. Namorar é muito
mais que beijar, é entender, é compreender, é ceder.
Nossa! Que frase sensacional! Além de incrível sou
tão madura, concluí.
Peraí! Será que é isso mesmo? Será que não dei
piti porque amadureci? Virei mulher? Não sou mais
uma menina ingênua e insegura?, refleti enquanto
olhava apaixonadamente para o meu namorado.
E o Leo? O que dizer dele? Fácil concluir que
meu jogador de futebol preferido também tinha
amadurecido nesse tempo em que estávamos
juntos! Comigo ele cresceu, não era mais um garoto
bobo como a maioria dos garotos! Uau! Que tudo!
Que descoberta maravilhosa! E que sintonia!
Éramos um casal maduro. Um casal adulto,
praticamente. Sem briguinhas de adolescentes, sem
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Leo
A Rosa estava tão linda pendurada no meu
pescoço que assim que chegou o sorvete de
casquinha eu encostei no seu nariz. Ela ficou
uma graça com a ponta do nariz branca. Mas
não achou graça nenhuma.
— Foi mal, amor. Sempre quis fazer isso —
admiti, sem conter o riso, enquanto dava uma
lambida no nariz da Rosa para tirar o excesso
de sorvete.
Ela não reagiu tão bem à surpresinha:
— Ecaaaa!
— Eca o quê? Sorvete é limpinho. E seu
nariz tá sem meleca! Eu reparei!
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Rosa
O Leo enfiou sorvete no meu nariz! No meu nariz!
Na fila, na frente de todo mundo! E ainda meteu a
língua na minha cara! Foi horrível! Não só pelo
constrangimento, mas por sentir a ponta do meu
nariz gelada, derretendo, sujando meu vestido
novo. Que deselegante! O Leo ainda agia e pensava
como um menino. Um menino idiota! A madura da
relação era mesmo eu. Só eu!
— Que nojo! O que deu em você?
— Vontade de lamber seu nariz, ué.
— Que vontade ridícula! Desde quando meter a
língua no rosto da namorada é vontade que se
tenha?
Ele estava vermelho de tanto rir.
— Qual é a graça? Hein? — subi o tom. —
Nunca mais falo com você, Leonardo! Nunca mais!
Que garoto bobo! — estrilei, antes de correr feito
louca para o banheiro para consertar o estrago
causado pelo sorvete na minha roupa.
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Leo
Tudo bem... Talvez a gente não seja um casal
tão maduro quanto eu pensava. Mas está bom
assim. Nem liguei pro pequeno ataque histérico
da Rosa. Na verdade, ri muito dele. Até porque
conheço bastante minha namorada. O “nunca
mais” da Rosa não costuma durar mais de cinco
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Rosa
A minha mãe ama o Leo. E o Leo ama a minha
mãe. Tá bem, tá bem! Talvez amor seja uma
palavra forte. Mais correto dizer que os dois se
adoram. A-do-ram! Não, não precisava da
separação de sílabas. Não mesmo. Resumindo:
adoro minha mãe e o Leo adora minha mãe por ela
ser minha mãe. Não, também não é isso... E que
frase péssima, Rosa Lucena! Você é melhor do que
isso.
Palavras, palavras, para onde vocês foram numa
hora dessas? Preciso da ajuda de vocês!
Leo
Eu gosto bastante da mãe da Rosa. Discreta,
gente boa, faz um bolo de cenoura irado, não
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Rosa
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Leo
A mãe da Rosa, ao contrário do meu pai, que
sempre foi falastrão e extrovertido, é mais
reservada, por isso às vezes eu ficava bolado
com as atitudes e as palavras que ela usava nos
primeiros meses. Eu me sentia agredido, mas
aos poucos fui percebendo que o problema não
era comigo, era com ela. Para Paloma, desde o
início eu sou uma espécie de ladrão de filha.
Claro que não cheguei a essa conclusão
sozinho.
— Mãe nunca corta o cordão umbilical dos
filhos, Leo. A Paloma deve estar sentindo falta
da Rosa só para ela. Dá um tempo pra ela se
acostumar com a sua presença, vai aos poucos,
vai tateando o terreno. A mulher precisa se
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Rosa
O problema é que a minha mãe ainda me vê como
uma criança (pausa! Será que existe alguma mãe no
mundo que não vê os filhos como crianças?) e
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Leo
E quando a mãe dela cismava de sair com a
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Rosa
Nos primeiros meses a minha mãe se convidava,
sem a menor cerimônia e sem a menor noção, pra
sair comigo e com o Leo. Se não ia ao cinema com
a gente, marcava um encontro conosco depois do
filme. Se não ia ao shopping, encontrava na
sorveteria. Era péssimo, mas como eu ia cortar? Era
só dizer que queria ficar sozinha com o Leo que ela
fazia draminha, dizia que eu não a amava mais...
Difícil...
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Leo
Eu não estava nem um pouco a fim de ir no
aniversário da avó da Rosa. Certeza de que ia
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Rosa
Eu sempre gostei do pai do Leo, desde antes de
começarmos a namorar. Ao contrário da minha
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Leo
Tal mãe, tal filha, era tudo o que eu conseguia
pensar naquele momento. Evidentemente não
começamos bem, mas eu podia mudar o rumo
da conversa. Afinal, ainda não tinha conversado
com o avô, que, ao contrário de dona Emília,
podia demonstrar a fofura de que Rosa tanto
comentava comigo. Porque para achar fofura
naquela avó eu teria que passar dias
procurando.
Rosa
— Leo de Leopoldo ou de Leonardo? —
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Leo
Brincadeira? Brincadeira? Sangue,
caminhãozinho, boxe... Que parte disso era uma
brincadeira, vovó? Forma mais esquisita de
brincar. Aquele aniversário não podia ficar pior.
Ficou.
A Rosa me deixou sozinho com aquele
psicopata da terceira idade e aquela avó que não
sabia o significado da palavra “brincadeira”.
Isso lá era hora de me deixar sozinho? Eu me
senti abandonado dentro da jaula dos leões.
— Você é inteligente?
Não consegui dizer nada, a não ser fazer cara
de interrogação. Muitas interrogações.
— ???????
— Como vou dizer... Tira boas notas?
Entende tudo quando os professores explicam a
matéria? É de colar?
Que perguntas eram aquelas do vovozão? O
meu sábio pai estava certo! O que eu tinha ido
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Rosa
O Leo foi ótimo. É bem verdade que em certos
momentos ficou tímido com meus avós, deu alguns
foras, mas na maior parte do tempo se saiu
superbem das piadinhas e brincadeiras. É fato que
seu José e dona Emília resolveram implicar um
pouco com ele, mas na paz, na brincadeira. O meu
amor tirou de letra. Agora ele era oficialmente parte
da minha família.
Amo!
— Leo, obrigada por ter vindo. Imagino que não
seja a oitava maravilha do mundo estar num lugar
sem muitos rostos conhecidos.
— Imagina, Paloma. Obrigado pelo convite.
Estava tudo ótimo. Principalmente o bolinho de
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batata.
— Você quer dizer de bacalhau?
— Não! Não tinha nem sombra de bacalhau! Se
botaram, botaram muito pouco. Bacalhau é caro,
né? Esses lugares de salgadinhos prontos são assim
mesmo, vendem gato por lebre. Importante é que
estava ótimo, mesmo só com batata.
— Que bom que gostou. Pena que não sentiu o
bacalhau. Sei que tinha, porque não comprei o
salgadinho pronto, fui eu que fiz.
Caramba!
O Leo podia ter dormido sem essa. Mas “bolinho
de batata”? Onde ele estava com a cabeça? Pelo
menos elogiou.
Mesmo com o furo derradeiro da noite, o meu
namorado tirou nota 10 na primeira festa em
família. A partir daquele dia, ele seria convidado de
todo e qualquer evento na minha casa.
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Leo
Naquele fim de semana eu e meu pai
recebíamos em casa uma hóspede especial:
Ludmila, afilhada da minha mãe, com quem
impliquei muito no passado e de quem aprendi
a gostar com o tempo. Uma pirralha que é uma
figurinha e que apesar da pouca idade me deu
dicas preciosas sobre a arte da conquista. Se
não fosse ela eu provavelmente teria demorado
mais um bom tempo para dar o primeiro passo
com a Rosa. Era praticamente nosso cupido.
Sábado de sol, praia lotada, mar brincando de
piscina... Geral estava lá: Júlia, Luana, a best da
minha namorada, Confusão, que tinha voltado
para a Júlia, Carol, Tiago, João Ivo e Yuri, o
nerd mais nerd que conheço na vida, o
branquelo mais branquelo de toda a faixa de
areia de Ipanema. Conversa vai, conversa vem,
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Rosa
A praia estava uma delícia, todo mundo da escola
no maior clima bom, a Ludmila linda e fofa como
sempre, nossa cupidinha, fazendo todo mundo rolar
de rir com suas tiradas espirituosas, até que o meu
diletíssimo namorado teve a cara de pau de dizer,
para todo mundo ouvir:
— Rosa, dá uma olhada nas minhas costas.
— Pra quê?
— Pra ver se tem alguma coisa pra espremer, ué!
— Oi?
— Acho que tem umas espinhas. Tô sentindo. Dá
pra você fazer uma festa com suas mãos de fada,
meu amor.
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adolescente, poxa.
— Desculpa. Criança foi péssimo! É o Leo que
me deixa nervosa e eu troco as palavras — escapei.
— Tudo bem. Como “ambiente domiciliar” foi
lindo, eu perdoo você — completou a pirralha.
— Vocês duas estão muito chatas. Só porque tô
com umas espinhas incomodando e pedi
gentilmente pra você dar uma espremida nelas,
preciso ouvir tanto sermão? Fala sério!
— Ô, burraldo! Faz mal espremer!
— Faz mal? — repetiu Leo, indignado. — Ah,
pirralha, não viaja!
— Não é viagem! Uma espinha espremida pode
infeccionar, inflamar, emperebar, nascer uma
bolota enorme, mais outra... Em dois segundos suas
costas podem virar uma fruta-do-conde, só caroço.
Você quer isso pra sua vida, Leonardo? Quer?
Tomaaaa! Fã número 1 de Ludlinda! Arrasando
nas broncas praianas!
Como se não bastasse, ela arrematou:
— Não lê, não? Menino não tem revista com
assuntos mais delicados, né? Deve ser muito chato
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ser menino.
— Ih, acho que a gente leu a mesma revista,
Ludlinda — comentou Carol. — Na matéria, uma
dermatologista dizia que uma espinha mal-
espremida pode virar cisto. E ainda pode deixar
mancha, cicatriz... Um horror!
— Obrigada, amigas! — comemorei.
— Leozinho, aprende: tipo, uma coisa é tirar a
sombrancelha, outra é tirar espinha. Sempre disse
isso pro Confa — discursou Mabu.
— Minha Santa Protetora da Gramática, rogai
por nós! Menos, filhinha. Menos letras, por favor.
Sombrancelha não existe. É sobrancelha. Essa
turma de vocês é muito desinformada, Rosa. Você
também não lê, não é, Júlia?
Tomaaaa!
— Não! — respondemos em coro, aos risos.
— Deixa o cara! A espinha é dele, ele faz o que
quiser com ela! — João Ivo defendeu o amigo.
— É isso aí, Johnny! — apoiou Homero. —
Vocês são muito esquentadinhas. O cara só fez um
pedido e vocês dão a maior bronca no coitado!
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Leo
O Tiago estava certo. Não quer espremer, não
espreme, mas para de falar, de me dar
liçãozinha!, era tudo o que eu queria ter dito
durante a bronca que levei na frente de todo
mundo. A Rosa sabia ser bem chata quando
queria.
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Rosa
O Leo e eu sempre fizemos a linha romântica.
Somos fofinhos, sim, e daí? É nosso estilo, é nosso
jeito, é nisso que a gente acredita. No grude
representando o amor infinito, na parceria 24 horas,
nos 87 telefonemas diários, nas mãos sempre
entrelaçadas, no fato de sempre entrarmos juntinhos
na escola... Mas tem gente que não entende.
Inveja.
Leo
A Rosa faz o tipo namorada grudenta. Gosto de
receber tanto amor e de me sentir muito amado,
muito amado mesmo, mas acho que, como diz
meu pai, um casal não precisa ser um casal o
tempo inteiro. Todo mundo precisa de
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Rosa
Às vezes o Leo vem com um papinho de que as
pessoas precisam de espaço, de individualidade.
Também acho! Tanto que não troquei a minha foto
de perfil no Face. Mantive eu e só eu. Não entendo
gente que bota como foto de perfil o casal, a família
reunida ou mesmo os filhos. Se o perfil é de uma
pessoa apenas, não tem que ter ninguém além dela!
Cada um é cada um e estou muito certa de que
gosto de mim do jeito que sou e gosto da minha
individualidade. Se eu sou a Rosa, é da Rosa, e só
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Leo
A verdade é que não gosto desse negócio de
fazer tudo junto, de não ter vida própria. A
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Rosa
Resolvi chamar o Leo pra menos programas
comigo, entrei numa de não exigir tanto dele.
Entendi o recado das meninas e passei a aproveitar
mais minhas amigas e tal. Mas tem umas coisas que
só quero fazer com ele. Acho supernormal, mas ele
reage mal às vezes... Como outro dia, quando falei
que nossa tarde estava reservada para uma coisa
importantíssima.
Leo
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entende?
— Mas eu só queria a sua ajuda...
— Pra quê?
— PRA ENCONTRAR O VESTIDO
PERFEITO!
— Você tem mil vestidos!
— Nenhum perfeito.
— Por que não usa o da festa da sua avó?
— Por quê? Porque eu estava de short preto e
camisa cinza estampada caída no ombro, com
alça do sutiã preto aparecendo
displicentemente. Não acredito que você não
lembra.
— C-claro que lembro! Estava me referindo
ao estilo. Perguntando por que você não vai no
mesmo estilo.
Nossa, mandei muito bem. Muito bem!
— Estilo reunião-em-família? Estilo
simplicidade-é-meu-nome? Estilo não-tô-nem-
aí-se-estou-com-o-braço-gordo-porque-não-
tem-87-mil-meninas-da-minha-idade-no-
mesmo-recinto-me-analisando-e-me-criticando?
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argumentos certos!
Rosa
Eu queria voar no Leo e arrancar veia por veia do
pescoço dele até que todo o seu corpo ficasse sem
sangue e ele empalidecesse e morresse pouco a
pouco ali, na minha frente. Que ódio! O que
custava passar três, quatro horinhas do dia dele
comigo, pra me fazer feliz, poxa?
— Não vou fazer você ficar horas comigo vendo
vestido... Uma hora e meia e não se fala mais nisso.
Ok, tive que dar uma amenizada. Tá bem, tive
que mentir um pouquinho. Se eu dissesse que
demoraria mais de uma hora e meia, aí é que ele
não iria mesmo.
— Mas você vai experimentar vários, pedir a
minha opinião para cada um que você vestir... E eu
não sou a pessoa mais indicada para dar opinião em
roupa de mulher. Eu sou homem, Rosa. Não
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entendo de moda.
— Custava ter um lado feminino mais aflorado?
— Eu sou assim... Esse é meu jeito...
— Mas eu ia ficar tão feliz se você fosse
comigo...
— Existem tantas coisas que te deixam feliz e
me deixam feliz também: ver DVD com um baldão
cheio de pipoca do lado, ir ao cinema, à lanchonete,
andar no calçadão, ir à padaria de Ipanema só pra
comprar seu pão de queijo preferido e ver seu
sorriso de criança assim que dá a primeira mordida,
parar no pipoqueiro depois da aula só pra ver sua
alegria quando se lambuza com tanto leite
condensado, esquentar seu pé com o meu quando
você tá com frio... Poxa, Rosa, tem coisas que te
fazem feliz e não me violentam. Já passar horas
vendo vitrine e entrando de loja em loja para opinar
sobre uma coisa que eu não entendo, isso me
violenta. E me violentaria se fosse com a minha
mãe ou com qualquer outra garota. Deu pra
entender agora?
Droga! Ele tinha encontrado os melhores
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argumentos.
Queria voar no pescoço dele.
Para enchê-lo de beijos.
— Mas na festa da Carol você vai, não vai?
— Vou, claro que vou...
Nhooom... Tem coisa mais fofa que o meu Leo?
Leo
Eu não estava nem um pouco a fim de ir na
festa da Carol, mas seria impossível não ir.
Todo mundo ia.
Como é que vou dizer isso? Ah! É meio
chato ir a festas com a Rosa. Meio, não. É bem
chato. Pô, ela é garota-que-dança (aliás, alguma
garota não dança? Como elas gostam, como
enlouquecem dançando, é como se a música
estivesse falando com cada uma delas. Rolo de
rir da entrega das meninas numa pista), eu sou
garoto-que-não-dança. Sou desajeitado, não
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Rosa
O Leo nunca foi muito chegado a festas. Ele acha
que dança mal, mas é o menino mais lindo do
universo dançando. Timidinho, todo sem jeito, fica
uma graça quando está na pista comigo. Todas
morrem de inveja.
Sim, porque os namorados das minhas amigas
não costumam dançar com elas. Quando muito,
duas, três músicas no máximo, só para dizer que
dançaram. O Leo não, mesmo não se sentindo
muito à vontade, ele faz questão de se jogar
comigo. Isso é que é companheiro.
E a carinha linda que ele faz quando eu
sensualizo dançando? Sem vulgaridade, que fique
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Leo
E tem o momento comida, que me irrita
profundamente. Não adianta eu dizer 50 vezes
que não quero experimentar o salgadinho ou
petisco que ela diz ser o melhor do mundo. Ela
praticamente enfia a porcaria do salgadinho
dentro da minha goela.
— Rosa, quando eu digo que não quero é
porque não quero! — briguei na última festa à
qual fomos juntos.
— Mas é a melhor torrada com queijo brie e
damasco que comi na vida!
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Rosa
Não via a hora de ir pra festa da Carol! Ela é como
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Leo
A Rosa foi pro shopping com a Luana e a Carol
e eu fui pra academia com o Tiago.
— Se fosse festa de alguém que você não
conhecesse você não iria, né? — mandou na
lata.
— Não?
— Claro que não! Pra quê? Ia ficar deslocado
como você ficou na festa da avó dela.
Ele estava coberto de razão. Sábio Tiago.
— Por isso que minha mãe vive dizendo que
relacionamentos são difíceis... — desabafei.
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Rosa
O Leo acabou não indo à festa da Frances. E foi por
um motivo nobre: o tio Múcio armou um
campeonato de jogo de botão na casa deles. Foi um
programa que varou a noite de sábado e reuniu pais
e filhos. Achei muito fofo.
Não podia ser a chata que priva o namorado de
uma coisa dessas, né? Seria egoísmo da minha
parte.
A festa da Frances foi ótima, dancei muito, suei,
ri, tirei várias fotos, tive tempo de conhecer melhor
o povo do inglês e passei a gostar mais ainda deles.
Lá cheguei à conclusão de que o Leo não ia gostar
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Leo
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Rosa
Estávamos a uma semana de comemorar nosso
primeiro ano de namoro. É... O tempo voa. Parece
que foi ontem que entrei na escola e só falei
asneiras pro menino mais bonito que meus olhos já
tinham visto. As palavras sumiram do meu cérebro!
Gostei dele, achei que ele não gostou de mim, e
critiquei, elogiei e me encantei. Daí para me
apaixonar foi um pulo. E descobrir que a paixão era
correspondida foi a melhor sensação de toda a
minha vida. Faz um ano. Um ano. Coisa pra
caramba.
Uma data tão importante não podia passar em
branco, nem só com meu divino brigadeiro e uma
velinha para soprarmos. Precisava de um presente
com a cara dele. Um presente pelo qual o meu
fofito se lembrasse para o resto da vida.
O problema é que não tinha ideia do que dar para
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Leo
Eu e a Rosa íamos fazer um ano de namoro e
ela estava toda feliz com a data. Um ano é coisa
pra caramba! Nunca achei que pudesse namorar
tanto tempo. E sem enjoar, sem pensar em outra
garota. Eu queria que viesse o segundo ano. E o
terceiro, o quarto, o quinto.
Quem diria que aquela menina linda, que foi
meio gaga, só falou bobagem e agiu de forma
um tanto esquisita no nosso primeiro dia de
aula numa escola nova, me arrebataria dessa
forma?
Estávamos bem empolgados com nosso
aniversário de namoro. Eu menos que ela, pois
sabia que teria de engolir sem cara feia o
remédio, digo, brigadeiro que ela faz. Mas sabia
também que ela estava planejando me dar algo
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Rosa
O que me confortava era o fato de que se eu não
sabia o que dar para ele, ele sabia menos ainda o
que dar para mim. O Leo sempre deixa tudo pra
última hora. Eu não. Tenho o dom de surpreender,
de dar presentes fora de datas comemorativas, de
passear pelo shopping e comprar uma coisa que
tem tudo a ver com ele. Adoro ver sua cara de bobo
quando abre um presente meu.
Mas naquele primeiro ano eu procurava,
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Leo
Do que a Rosa mais gosta na vida? De falar. O
que mais ela ama depois de falar? De jogar uns
joguinhos bobos e de mandar um zilhão de
mensagens por hora para as amigas.
Resumindo, a minha namorada não vive sem, é
louca por um... Ce-lu-lar! E o que eu ia dar a
ela de presente? Uma capinha personalizada
de... Celular! Toda vez que ela olhasse para a
capa se lembraria de mim.
A sobrinha de uma amiga da minha mãe
vendia capas personalizadas de vários modelos
de telefone pela internet. Combinei tudo com
ela pelo Face.
Mandei benzão, pode falar!
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Rosa
Fuçando na internet, achei uma loja especializada
em camisas de times — não as de hoje em dia (a
maioria horrenda, por sinal), ele tem várias do Flu.
O que o meu namorado não tem é uma camisa
vintage. O Leo é Fluminense roxo, então achei
perfeito dar a primeira camisa usada pelo tricolor.
O primeiro ano do Fluzão no nosso primeiro ano. O
amor dele pelo futebol e por mim. Eu estava
demais! Que fique claro que as camisetas dessa loja
não têm nada a ver com as atuais. O tecido é
diferente (bom, não aqueles tipo dry-fit,
medonhos), o caimento é diferente (bonito), as
cores diferentes (discretas) e não vem o nome do
patrocinador berrando. Ou seja, quase chique. Ele
poderia vesti-la em qualquer dia, com ou sem jogo,
para um cinema, um pôr de sol na praia, um
piquenique... Ah, tá, como se o Leo e eu fizéssemos
piquenique.
Encomendei com a certeza de que daria um
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Leo
Completamente entretido no computador,
explicando para a garota das capas como eu
queria o meu presente, nem ouvi a campainha
tocar. Por isso, levei o maior susto quando a
Rosa entrou no meu quarto sem bater. Na
mesma hora minimizei a tela onde conversava
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Rosa
— Cheguei num momento ruim, pelo visto. Vou
embora.
— Claro que não, meu amor, vem aqui me dar
um beijo.
— Beijo? Por que você não pede beijo pra
essazinha aí?
— Quem? A Amanda?
— Ah, é Amanda o nome dela?
— É... O que foi? Não estou entendendo sua
cara...
— O que você quer que eu pense quando entro
no quarto do meu namorado e ele, no susto,
esconde a tela em que estava? Pensa que eu sou
burra?
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Leo
O meu coração estava na boca, nunca tinha
batido tão rápido. Uma sensação horrorosa
tomou conta de mim, o meu peito esquentou, a
minha cabeça queimou. Vi meu namoro prestes
a acabar por causa de uma bobagem.
Eu não podia dizer quem era Amanda.
Mas, poxa, me chamar de mentiroso? De sem
caráter? Botar o meu pai no meio da discussão?
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Rosa
Droga! Eu não sei brigar! Nunca soube! Meti o tio
Múcio no meio da nossa briga, nota zero para mim!
O cara sempre foi legal comigo! E faz parte sogro
implicar um pouco com nora. Mas eu chamei o Leo
de sem caráter... Ai, meu Deus, como minha cabeça
estava confusa naquele momento!
Ok, posso ter pesado a mão nas palavras, mas o
que eu podia fazer? O meu sangue ferveu, minhas
mãos suaram, o meu corpo todo entrou em ebulição
com a ideia de o Leo estar com outra garota. Há
quanto tempo ele me traía? Ele gostava mais dela
do que de mim? Por que me traía se éramos tão
felizes?
A dor de ser traída e de perdê-lo falou mais alto
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Leo
— Não foge, não! Quero saber que ataque é
esse! — questionei, cheio de rancor, enquanto
corria atrás dela.
Imediatamente meu pai e Marilda, nossa fiel
escudeira e melhor cozinheira de Botafogo,
apareceram na sala, curiosos.
— Ataque de quem está se sentindo
enganada, na lama!
— Você não pode me deixar explicar?
— Explica!
— Eu... Eu... Eu não posso dizer pra você
quem é Amanda... Não ainda!
— Ah, é? Então não vai precisar dizer nunca!
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Rosa
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Leo
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Rosa
Fiquei preocupada. O Leo odiava faltar à aula.
Ligo ou não ligo?, era a pergunta que ecoava na
minha caixa cranial.
Na escola, Luana, Carol e até a Mabu fizeram
coro:
— Liga, boba!
E Mabu ainda acrescentou:
— Vai deixar seu grande amor escapar pelos
dedos assim? Sem nem uma conversa?
Sinceramente, esperava mais de você, Rosa...
Uau! Quem diria que um dia eu levaria uma
bronca da Mabu? Ela estava certa? O Leo era meu
grande amor?
Era... O meu grande amor.
Não sabia se para a vida toda, se por muitos
anos... Não importava. Naquele momento, no
presente, ele certamente era o meu grande amor, a
melhor coisa que já tinha acontecido na minha vida,
o sentimento mais fundo e bonito que experimentei
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sentir.
— E além de tudo ele é lindo, né? — comentou
Mabu, rindo.
Nem fiquei com raiva. Sabia que ela só queria
descontrair.
É verdade. Não bastasse ser tudo de bom, o Leo
era lindo. Sorriso mais lindo do mundo. Imaginar a
vida sem ver todos os dias aquele sorriso bobo de
menino bobo doía até a alma.
Como a gente faz para apagar o passado?
Leo
Pena que a gente não apaga o passado, era tudo
o que eu conseguia pensar enquanto ia para a
escola na terça-feira. Difícil prever o que
aconteceria quando olhasse para a Rosa.
Impossível imaginar o desfecho da nossa
conversa.
Teria alguma conversa?
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Rosa
Na terça quando chegou na sala de aula, ele olhou
para mim, mas foi sentar perto dos garotos. O meu
coração se desfez em mil caquinhos, por mais
cafona que essa cena possa parecer. Sim, sou
cafona às vezes. Bem cafona. Mas, sério, ouvi o
barulho dos cacos caindo no vazio do meu peito.
Vazio mesmo, a ausência do Leo tinha deixado um
buraco dentro de mim.
A gente se olhou, mas ele desviava os olhos dos
meus, eu desviava os meus dos dele. Um lado meu
queria matar o Leo, outro queria voar para o seu
colo e pedir desculpas. Mas ele tinha que pedir
desculpas primeiro.
Certo?
— Não tem primeiro nem segundo, deixa de ser
orgulhosa! — ensinou Carol, no recreio.
— Vai logo falar com ele. A gente não aguenta
mais esse climão! — ordenou Luana.
Não segui a ordem da minha amiga. Passei o dia
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Leo
Na quarta a Rosa não foi.
Fiquei preocupado, morrendo de vontade de
ligar. Muito ruim sentir saudade e não poder
matar essa saudade.
No fim da tarde tocou o interfone. A capinha
tinha chegado.
É... Comprei a capinha. Mesmo depois de
tudo.
Rosa
A minha mãe precisou fazer uma endoscopia, um
exame que vasculha a quantas anda o sistema
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Leo
Na quinta-feira eu e Rosa nos olhamos por mais
de um décimo de segundo na sala de aula. Ela
queria me dizer muitas coisas, era evidente. Eu
idem.
Ela franziu a testa, espremeu os lábios e...
Virou o rosto para que eu não a visse chorar.
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Rosa
Ai, que alívio! Que alívio feliz eu estava sentindo!
O Leo pediu desculpas. Eu também! E o peso que
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Leo
Foi maravilhoso fazer as pazes com a Rosa.
Não estava na hora de a nossa história acabar.
A gente sempre foi tão feliz, um casal sem
noias e brigas, sem ciúmes, sem estresses
sérios... Houve mágoa, houve dor e por isso
prometemos um para o outro: nunca mais
falaríamos sem pensar no peso das palavras.
Machucar o outro por raiva não combina com a
gente.
Chegamos à conclusão que não queríamos ter
dito nada do que dissemos. E aprendemos que
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Rosa
— Isso aqui quem fez pra você foi a Amanda. Mas
eu que dei todas as coordenadas. Espero que você
goste — disse Leo.
E a vergonha que tomou conta de mim e me
deixou da cor de um caqui? Amanda tinha a ver
com o presente dele, que era uma surpresa. Por isso
ele não podia AINDA me contar quem ela era no
dia da briga.
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Leo
— Eu te amo. Foi o presente mais perfeito que
ganhei na vida! — ela disse, antes de me dar o
beijo mais perfeito que ganhei na vida.
Ela chorou! Ela chorou!
Que felicidade acertar tanto com um presente
para a Rosa. Só não sei se acertei tanto quanto
ela.
A garota comprou uma camisa irada do
Fluzão, usada pelo meu time do coração no seu
primeiro ano de vida! Vesti na hora. E me
emocionei com o cartão em que ela, sempre boa
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SUBEDITOR
Pedro Afonso Vasquez
EDITORES ASSISTENTES
Larissa Helena
Luiz Roberto Jannarelli
Manon Bourgeade
Viviane Maurey
PREPARAÇÃO DE ORIGINAIS
Liliane Rodrigues
REVISÃO
Alessandra Volkert
Penha Dutra
ASSISTENTES
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ROCCO DIGITAL
COORDENAÇÃO DIGITAL
Lúcia Reis
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DIRETORIA
Alice Keico Takeda,
Mauro Takeda e Sousa,
Mônica S. e Sousa,
Yara Maura Silva
DIREÇÃO DE ARTE
Alice Keico Takeda
EDITOR
Sidney Gusman
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ASSISTENTE EDITORIAL
Lielson Zeni
LAYOUT
Robson Barreto de Lacerda
EDITOR DE ARTE
Mauro Souza
COORDENAÇÃO DE ARTE
Irene Dellega, Nilza Faustino
ILUSTRAÇÃO
Marcelo Conquista, Zazo Aguiar
DESIGNER GRÁFICO
Mariangela Saraiva Ferradás
REVISÃO
Ivana Mello
SUPERVISÃO GERAL
Mauricio de Sousa
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R242e
Rebouças, Thalita, 1974-
Ela disse, ele disse: o namoro [recurso eletrônico]
/ Thalita Rebouças ; ilustração Maurício de Sousa.
- 1. ed. - Rio de Janeiro : Rocco Digital, 2013.
recurso digital : il.
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