GONCALVES, Karenn E. R.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Karenn Eliza Renaud Gonçalves

ANÁLISE DO CUMPRIMENTO DE REQUISITOS DO PBQP-H EM UMA


CONSTRUTORA ASSOCIADA AO PROGRAMA “CASA VERDE E AMARELA”

Florianópolis, 2022.
Karenn Eliza Renaud Gonçalves

ANÁLISE DO CUMPRIMENTO DE REQUISITOS DO PBQP-H EM


UMA CONSTRUTORA ASSOCIADA AO PROGRAMA “CASA
VERDE E AMARELA”

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em


Engenharia Civil do Centro Tecnológico da
Universidade Federal de Santa Catarina como
requisito para a obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil
Orientadora: Liseane Padilha Thives
Coorientador: Sérgio Murilo Petri

Florianópolis, 2022.
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Karenn Eliza Renaud Gonçalves

ANÁLISE DO CUMPRIMENTO DE REQUISITOS DO PBQP-H EM UMA


CONSTRUTORA ASSOCIADA AO PROGRAMA “CASA VERDE E AMARELA”

Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de
“Engenheiro Civil” e aprovado em sua forma final pelo Departamento de Engenharia Civil
da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 03 de outubro de 2022.

Profa. Lia Caetano Bastos, Dra.


Coordenadora do TCC
Banca Examinadora:

_________________________________ _________________________________
Profa. Liseane Padilha Thives, Dra. Prof. Sergio Murilo Petri, Dr.
Orientadora Coorientador
Universidade Federal de Santa Catarina Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Enedir Ghisi, Dr.


Universidade Federal de Santa Catarina

Igor Catão Martins Vaz, Eng.


Mestrando do PPGEC
Universidade Federal de Santa Catarina

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RESUMO

A criação de programas sociais pelo Governo Federal Brasileiro possibilitou que pessoas de
baixa renda adquirissem a casa própria. Um dos programas instituídos foi o “Casa Verde e
Amarela”, no qual construtoras interessadas em construir moradias com o padrão construtivo
do programa devem atender as exigências de qualidade da certificação do Programa
Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H). O PBQP-H define requisitos
de qualidade, controle e melhoria contínua para as empresas participantes, de forma que os
requisitos são implantados nos processos da empresa. Os requisitos são estabelecidos por
meio de um regimento e devem ser atendidos por meio de metodologias próprias das
empresas. Por outro lado, é necessária uma verificação periódica, por meio de um organismo
de certificação, para garantir que os requisitos estão sendo atendidos e que o objetivo de
qualidade e produtividade do programa estão sendo alcançados de forma evolutiva. Este
trabalho tem como objetivo avaliar o cumprimento de requisitos do programa PBQP-H por
uma empresa certificada e analisar os benefícios de atender o programa. Para aplicação da
metodologia proposta foi realizado um estudo de caso em uma obra. Foram avaliadas as não
conformidades dos serviços realizados por meio de verificação de documentos e registros e
inspeções in loco. Com base na interpretação da norma base (ISO 9001) e no regimento do
Sistema de Avaliação da Conformidade (SiAC), detectou-se um processo passível de
mudança e, por meio do levantamento de informações e uma ferramenta de intervenção
“Análise de Multicritério de Apoio à Decisão”, foi definido um projeto de atualização de
documentos para inspeção de serviços executivos de acabamento para construção civil como
forma de atendimento ao requisito de melhoria contínua do regimento.

Palavras-chave: Qualidade. Sistema de Gestão da Qualidade. Construção civil. PBQP-H.

4
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11
1.1 Objetivos ........................................................................................................... 12

1.1.1 Objetivo geral .................................................................................................. 12

1.1.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 13

1.2 Estrutura do trabalho......................................................................................... 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 14


2.1 Habitação social ................................................................................................ 14

2.1.1 Direito à moradia ............................................................................................ 15

2.1.2 Programa Minha Casa Minha Vida.............................................................. 16

2.1.3 Programa Casa Verde e Amarela ................................................................. 17

2.1.4 Participação das empresas ............................................................................. 19

2.2 Qualidade na construção civil ........................................................................... 20

2.3 Programa brasileiro de qualidade e produtividade do habitat .......................... 23

2.3.1 Regimento SiAC .............................................................................................. 24

3 MÉTODO ........................................................................................................ 32
3.1 Estrutura organizacional da empresa em estudo ............................................... 32

3.2 Normas complementares para execução de serviços ........................................ 34

3.3 Metodologia de avaliação ................................................................................. 35

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................. 42
4.1 Acompanhamento da obra e aplicação da metodologia de verificação de não
conformidades ..................................................................................................................... 42

4.2 Serviços Controlados ........................................................................................ 54

4.3 Análise de dados ............................................................................................... 55

4.4 Fichas de Inspeção de Serviço Atualizadas ...................................................... 57

4.5 Definições contratuais ...................................................................................... 70

4.6 Treinamento dos Conferentes ........................................................................... 71

5
5 CONCLUSÕES ............................................................................................... 73
5.1 Limitações do trabalho ..................................................................................... 74

5.2 Sugestões para trabalhos futuros ...................................................................... 74

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 76

6
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estrutura do regimento do SiAC – Parte I. .......................................................... 26


Figura 2. Estrutura do regimento do SiAC – Parte II. ......................................................... 27
Figura 3. Estrutura organizacional da Construtora Moinho. ............................................... 33
Figura 4. Política de qualidade da Construtora Moinho. ..................................................... 34
Figura 5. Fluxograma das principais etapas da metodologia. ............................................. 36
Figura 6. Fases da metodologia MCDA-C. ......................................................................... 40
Figura 7. Acabamento do revestimento interno áspero e irregular. ..................................... 44
Figura 8. Falta de acabamento da caixa de tomada. ............................................................ 44
Figura 9. Revestimento externo deve possuir o caimento para água................................... 45
Figura 10. Revestimento interno sem correções de falhas de acabamento e pintura interna
não conforme. ...................................................................................................................... 46
Figura 11. Necessidade de restauração da parede após a finalização da pintura interna. ... 47
Figura 12. Pintura externa na fachada. ................................................................................ 47
Figura 13. Excesso de argamassa colante e sem limpeza final. .......................................... 48
Figura 14. Desnível entre o piso cerâmico e o rodapé......................................................... 48
Figura 15. Falhas no rejunte e no assentamento da cerâmica. ............................................. 49
Figura 16. Limpeza inadequada do rejunte. ........................................................................ 49
Figura 17. Esquadrias desalinhadas. .................................................................................... 50
Figura 18. Peça de travamento da esquadria não fecha completamente. ............................ 50
Figura 19. Vista da porta áspera. ......................................................................................... 51
Figura 20. Guarnição da porta torta. .................................................................................... 51
Figura 21. Tons de massa de acabamento para madeira diferentes num mesmo imóvel. ... 52
Figura 22. Peça recortada com dimensão inferior ao comprimento necessário. ................. 53
Figura 23. Emendas no rodateto com tonalidades diferentes. ............................................. 53
Figura 24. Contraste entre tons de rodateto. ........................................................................ 54
Figura 25. Ilustração do taqueamento.................................................................................. 58
Figura 26. Ilustração dos componentes para instalação do contramarco. .......................... 58
Figura 27. Ilustração do acabamento do revestimento interno. ........................................... 60
Figura 28. Ilustração do andaime suspenso. ........................................................................ 61
Figura 29. Imagem da fachada do prédio com indicações de pano e junta de dilatação. .... 62

7
Figura 30. Acabamento de pintura texturizado. .................................................................. 64
Figura 31. Fase de recomendações da ferramenta MCDA. ................................................. 87

8
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Fase de estruturação da ferramenta MCDA......................................................... 85


Tabela 2. Fase de avaliação da ferramenta MCDA. ............................................................ 86

9
LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Comparativo entre o PMCMV e PCVA. ............................................................ 18


Quadro 2. Normas vigentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. ........ 35
Quadro 3. Serviços controlados segundo o regimento do SiAC. ........................................ 37
Quadro 4. Listagem de serviços a serem avaliados no estudo............................................. 38
Quadro 5. Listagem de serviços não conformes da obra acompanhada. ............................. 42
Quadro 6. Listagem de fichas de serviços da construtora. .................................................. 55
Quadro 7. Etapas de inspeção do serviço de instalação de contramarco. ........................... 57
Quadro 8. Etapas de inspeção do serviço de revestimento interno. .................................... 59
Quadro 9. Etapas de inspeção do serviço de revestimento externo. .................................... 60
Quadro 10. Etapas de inspeção do serviço de pintura interna. ............................................ 62
Quadro 11. Etapas de inspeção do serviço de pintura externa. ........................................... 63
Quadro 12. Etapas de inspeção do serviço de pintura de teto. ............................................ 63
Quadro 13. Etapas de instalação de esquadria de alumínio. ................................................ 64
Quadro 14. Etapas de instalação de execução de contrapiso. .............................................. 65
Quadro 15. Etapas de instalação de assentamento de cerâmica na parede. ......................... 65
Quadro 16. Etapas de instalação de assentamento de cerâmica no piso.............................. 66
Quadro 17. Etapas de instalação de instalação de portas de madeira. ................................. 67
Quadro 18. Etapas de instalação de instalação de rodapé de madeira. ................................ 68
Quadro 19. Etapas de instalação de instalação de rodateto. ................................................ 68

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1 INTRODUÇÃO

Em 1946, o Decreto-Lei nº 9.218 (BRASIL, 1946) instituiu a Fundação da Casa


Popular (FCP), a qual destinou-se a proporcionar à população o atendimento das
necessidades referentes à habitação e ao desenvolvimento urbano no país, sendo considerado
o primeiro passo para o processo de provimento de moradia às pessoas de baixa renda.
Entretanto, o Decreto-Lei não especificava os limites de renda mínima e máxima para adesão
ao programa, tornando-o assim, acessível para qualquer pessoa, com ou sem rendimentos
fixos. Por este motivo, em 1951 foi estabelecido o requisito de fixação de um parâmetro
financeiro máximo para os interessados em participar do programa. Desde então, o Governo
Federal instituiu regras e metodologias diferenciadas, em função da renda, e os requisitos
para participar dos benefícios em adquirir a casa própria sofreram alterações, restrições e
melhorias. Um dos recentes programas lançados pelo Governo Federal é o “Casa Verde e
Amarela”, que engloba o financiamento de imóveis, a regularização fundiária e a reforma de
obras (PORANGABA, 2020).
Atualmente, o provimento de moradia popular é feito por meio da contratação do
Governo Federal pelas construtoras que utilizam o programa como meio de financiamento
para os seus clientes. No entanto, foi observado que algumas construtoras não entregam os
imóveis de forma adequada, principalmente quanto aos requisitos de qualidade e de prazo
de entrega. Em 2020, durante a transição do programa “Minha Casa, Minha Vida”
(PMCMV) para o programa “Casa Verde e Amarela” (PCVA), o Ministério de
Desenvolvimento Regional realizou o levantamento de todas as unidades contratadas e
paralisadas no país, no qual mostrou que havia 150 mil empreendimentos inativos
(SANTOS, 2020).
Para assegurar a conclusão dos empreendimentos com a qualidade necessária,
foram regulamentadas algumas exigências nos financiamentos para que as empresam
possam participar do programa. Por intermédio da Caixa Econômica Federal, um dos
requisitos consiste na certificação no “Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do
Habitat (PBQP-H)”. O PBQP-H busca garantir que construtoras atendam aos requisitos de
qualidade e produtividade e, desta forma, permite que apenas empresas com a organização

11
e controle necessário para entregar um produto de qualidade e no prazo correto estejam
certificadas (SANTOS, 2014).
O PBQP-H gerou o “Sistema de Avaliação da Conformidade - SiAC”, o qual é um
sistema de gestão da qualidade voltado exclusivamente para construtoras e possui um
regimento baseado na norma ISO 9001 (ABNT, 2015) e no cumprimento da norma de
desempenho NBR 15575 (ABNT, 2021). O impacto deste selo na gestão das empresas
resulta em melhorias, uma vez que a implantação de requisitos de qualidade favorece os
meios de planejamento, controle e melhorias nas empresas, tornando-as mais competitivas
(BRASIL, 2021).
Por outro lado, a metodologia para atender aos requisitos do SiAC é uma escolha
particular de cada empresa. Desta forma, a implantação de procedimentos, registros,
controles e busca por melhoria contínua é obtida por meio da análise dos próprios líderes de
cada setor, que avaliam as atividades desenvolvidas na empresa, seus cumprimentos e,
juntamente com o setor de qualidade da empresa propõem as melhores formas de ações e
mudanças.
Neste trabalho, foi avaliado o cumprimento de requisitos do PBQP-H por uma
empresa certificada e analisar os benefícios de atender o programa. Foi realizada a
verificação das opções de melhoria da empresa, cujo enfoque principal foi voltado ao setor
de execução de obras. As análises e propostas de melhorias foram realizadas com base em
ferramentas de qualidade, a partir do acompanhamento de uma obra inserida no PCVA. Foi
utilizada a Metodologia Multicritério de Apoio à Decisão Construtivista (MCDA-C) para
auxiliar na tomada de decisão e gerar uma forma de controle quantitativo em relação aos
fornecedores de serviços.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é avaliar o cumprimento de requisitos do PBQP-H


por uma empresa certificada e analisar os benefícios de atender o programa.

12
1.1.2 Objetivos específicos
Para atingir o objetivo geral, foram propostos os seguintes objetivos específicos:
I. Por meio dos requisitos de certificação de qualidade do PBQP-H; identificar não
conformidades em um estudo de caso em uma obra de uma empresa;
II. Identificar o sistema de gestão da qualidade de uma empresa nível B e
aperfeiçoá-lo em relação ao sistema de qualidade do PBQP-H;
III. Identificar os problemas na gestão e registro dos procedimentos que impactam
na qualidade dos processos e na qualidade do produto final;
IV. Definição de métodos de planejamento e controle de processos para atender ao
objetivo de melhoria contínua.

1.2 Estrutura do trabalho

Este trabalho está dividido em cinco capítulos, estruturado da seguinte forma:


O primeiro capítulo, Introdução, apresenta o contexto da problemática avaliada,
bem como os objetivos e a estrutura do trabalho.
No segundo capítulo, Revisão bibliográfica, foram descritos os programas de
habitação de interesse social do governo brasileiro, a evolução e alterações ao longo do
tempo, assim como conceitos relacionados à qualidade e à legislação vigente relacionada ao
tema.
O terceiro capítulo, Metodologia, apresenta a sistemática adotada no estudo para
descrição do levantamento dos problemas, sua adequação e proposição de solução.
Inicialmente, foram apresentadas as características da empresa, objeto do estudo, a seguir,
descrita a metodologia adotada para analisar as não conformidades, tendo como base a
verificação de documentos internos. Por fim, foi mostrada e descrita a ferramenta de
intervenção para a correção de falhas observadas.
O quarto capítulo apresenta os resultados obtidos e as propostas a serem
implantadas na empresa. São também mostrados os documentos gerados com base no
registro do conhecimento adquirido.
No quinto capítulo são feitas as considerações finais, com a discussão gerada das
conclusões obtidas, sugestões de trabalhos futuros e as limitações. Ao final, estão listadas as
referências que serviram de base para elaboração do estudo.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo foram descritos os principais programas do governo federal de


amparo à população brasileira de baixa renda quanto à moradia, assim como as alterações
destes programas ao longo do tempo. Foi apresentada a evolução da legislação referente aos
direitos humanos direcionados à moradia no país. Estão mostrados os requisitos que as
empresas devem cumprir referente à qualidade de obras de programas sociais.

2.1 Habitação social

Desde a década de 1930 os governos brasileiros mostraram preocupação e


realizaram discussões para solucionar o problema habitacional da população de baixa renda.
Esta década é considerada o período de desenvolvimento urbano-industrial no país que
resultou no intenso êxodo rural e crescimento populacional. A busca de soluções do governo,
por meio de troca de informações e debates, resultou na decisão de unir profissionais da área
de engenharia e arquitetura para discutir o problema de falta de habitação no aspecto
econômico e técnico, visando obter a redução de custos e garantir a moralidade e civilidade
da população. Porém, apenas na década de 1946 foi institucionalizada a primeira política
nacional de habitação, através da qual foi criada a Fundação da Casa Popular (FCP), órgão
federal responsável por identificar e solucionar os problemas relacionados a habitação e
desenvolvimento urbano (PORANGABA, 2020).
Em 1948 a declaração universal dos direitos humanos foi o primeiro passo para a
concretização do direito à moradia no mundo, tornando-o um direito humano universal e
especificando que todas as pessoas deveriam ter acesso à moradia, como uma
responsabilidade dos governantes de cada país. A Organização das Nações Unidas (ONU),
criada em 1945, contribuiu para garantir que esse direito fosse cumprido pelos países
integrantes do órgão (SPINK, 2022).
Neste sentido, é importante descrever a evolução das medidas do governo brasileiro
adotadas para promover habitação social, as políticas sociais e os programas nacionais de
financiamento direcionado para a população de baixa renda, atualmente implantados e em
vigor.

14
2.1.1 Direito à moradia

No Brasil, com o objetivo de amparar a população quanto à moradia, foi instituído


o Decreto-Lei nº 9.218 (BRASIL, 1946), o qual determinou que as habitações construídas
por programas sociais, em centros urbanos ou rurais, deveriam ser subsidiadas pela
Fundação da Casa Popular (FCP). O principal propósito era de ampliar possibilidades de
financiamento para compra ou construção da casa própria. No entanto, devido à falta de
regras definidas em relação às condições de renda do solicitante para participação do
financiamento, o público alvo (população de baixa renda) não foi atingido, uma vez que
qualquer pessoa, com ou sem rendimentos fixos, estava habilitada em participar do auxílio
ao financiamento.
Após cinco anos, o Decreto-Lei nº 9.218 (BRASIL, 1951) estabeleceu um
parâmetro financeiro máximo, como limite, aos interessados em participar do programa
habitacional. A adição de mais requisitos para o financiamento e definição dos termos para
a habitação a ser construída também foram estabelecidos (PORANGABA, 2020).
Outro marco importante no contexto da habitação popular no país refere-se ao
Inciso IX do Art. 23 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), o qual estabeleceu
que o dever de promover programas sociais para possibilitar a aquisição de habitação e
saneamento básico a população brasileira é de responsabilidade do Governo Federal
juntamente com os Estados, Distrito Federal e Municípios. Posteriormente, a Emenda
Constitucional nº26/2000 alterou o Art. 6º da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2000),
determinando que o direito à moradia é um dos direitos sociais.
Em 2005, a Lei 11.124 (BRASIL, 2005) implementou o Sistema Nacional de
Habitação de Interesse Social (SNHIS) e criou o Fundo Nacional de Habitação de Interesse
Social (FNHIS), tendo como objetivos principais, viabilizar a habitação digna e sustentável
e implementar políticas e programas de investimentos e subsídios. Assim, no Brasil foram
criados programas de habitação social, os quais foram alterados com a mudança do governo.

15
2.1.2 Programa Minha Casa Minha Vida

A partir da criação do SNHIS e FNHIS, por meio da Lei nº 11.977 (BRASIL, 2009),
o governo federal lançou o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), com o objetivo
de incentivar a produção e aquisição de unidades para moradia social. Neste programa, o
governo limitou a participação de compra para famílias com renda mensal de até R$
4.650,00.
Dentre os mecanismos fornecidos aos beneficiários para a obtenção da casa própria,
estavam a utilização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e, dependendo do
perfil de renda no momento do financiamento, a possibilidade de receber um subsídio do
governo. No subsídio concedido, o valor era uma concessão (em dinheiro) feita para manter
os preços acessíveis e diminuir o montante do financiamento para a pessoa física. No caso
do recebimento do subsídio, eram analisados também, a renda familiar, idade, custo e região
do imóvel e outros fatores que caracterizassem a necessidade de receber o benefício (MELO,
2021).
O PMCMV esteve em vigor por 11 anos e, de acordo com dados do governo federal,
foram entregues mais de cinco milhões de unidades habitacionais, e empregados recursos da
ordem de R$ 129,8 bilhões em subsídios financeiros e tributários e outros R$ 98 bilhões em
subsídios do FGTS (Ministério da Economia, 2020).
Em 2016, o Tribunal de Contas da União (TCU) gerou um relatório de avaliação
do PMCMV e determinou ao Ministério das Cidades, à Caixa Econômica Federal e ao Banco
do Brasil S.A. a necessidade de criação de um plano de ação para corrigir e melhorar as
falhas na execução do programa. O relatório que estabeleceu o plano de ação, foi resultado
de uma auditoria que avaliou a política adotada e qualidade das obras de habitação social
finalizadas e entregues à população. Na auditoria, dentre outros quesitos, quanto à qualidade
das construções, foram identificados “vícios” construtivos sistêmicos nas moradias. No
relatório constaram exemplos como falha na pintura externa, problemas em instalações
hidrossanitárias, caimento inadequado dos pisos, problemas de estanqueidade de esquadrias
e outras não conformidades que podem ser evitadas com o correto procedimento construtivo
e produtos de qualidade (SeinfraUrb, 2016).
A partir dos problemas identificados, as construtoras responsáveis deveriam sanar
os mesmos e realizar as melhorias. No entanto, não foram encontrados documentos

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disponíveis ou acessíveis que possam comprovar a realização efetiva das correções
apontadas. Em 2019, tomou posse no Brasil um novo governo federal, que substituiu o
PMCMV.

2.1.3 Programa Casa Verde e Amarela

A Lei nº 14.118 (BRASIL, 2021) implantou o atual programa de habitação social,


atualmente em vigor, denominado de Programa Casa Verde e Amarela (PCVA) em
substituição ao Programa Minha Casa Minha Vida.
O objetivo deste programa é de promover o desenvolvimento econômico, a geração
de trabalho e de renda e a elevação dos padrões de habitação e de qualidade de vida. Quanto
ao critério de renda, o programa estabeleceu que para famílias residentes em áreas urbanas
a renda mensal deve ser de até R$ 7.000,00 (sete mil reais) e para famílias residentes em
áreas rurais, de até R$ 48.000,00 (quarenta e oito mil reais).
O Quadro 1 apresenta um comparativo com as principais mudanças entre os dois
programas, Minha Casa Minha Vida (PMCMV) e Casa Verde e Amarela (PCVA), quanto
às diretrizes e aos objetivos.

17
Quadro 1. Comparativo entre o PMCMV e PCVA.
Programas
Minha Casa Minha Vida (PMCMV) Casa Verde e Amarela (PCVA)
Diretrizes
(a) Atender à demanda por habitações no
país adaptando as peculiaridades

• Promoção de melhoria da regionais e socioculturais;

qualidade de vida dos (b) Promover o planejamento urbanístico

beneficiários; e priorizar o atendimento social da

• Promoção habitacional de acordo moradia;

com os planos diretores (c) Redução das desigualdades sociais e

municipais; regionais;

• Criação de empregos; (d) Sustentabilidade econômica e social


dos empreendimentos habitacionais e
• Promoção de acessibilidade a
pessoas com deficiência; transparência nos processos de
escolha dos participantes do PCVA.
• Promover ações inclusivas de
caráter socioeducativo para o
fortalecimento da autonomia das
(e) Redução de impactos ambientais,
famílias e inclusão produtiva
economia de recursos naturais e
conservação e uso racional de energia

Objetivos
• Ampliar o estoque de moradias,
sobretudo o de baixa renda;
• Promover a melhora do estoque de
moradias existentes, melhorando
• Reduzir o déficit habitacional;
as inadequações habitacionais em
• Promover o desenvolvimento
geral;
econômico.
• Estimular a modernização do setor
de Construção civil e promover o
desenvolvimento institucional dos
agentes responsáveis pelo PCVA.
Fonte: Adaptado de MELO (2021).

18
De acordo com o comparativo mostrado no Quadro 1, dentre as principais
mudanças, destacam-se o enfoque sustentável que as habitações devem atender e a melhora
de inadequações habitacionais que incluem a qualidade das edificações construídas.
Durante a transição do programa, o Ministério de Desenvolvimento Regional
realizou um levantamento de todas as unidades paralisadas no país, cujo número foi de 150
mil empreendimentos inativos (SANTOS, 2020). Foram caracterizados como
empreendimentos inativos aqueles em que as construções foram iniciadas por construtoras
aprovadas pelo programa, mas que por alguma razão não concluíram as obras ou o tempo
para entrega foi mais elevado em relação ao cronograma estabelecido.

2.1.4 Participação das empresas

Lima (2017) descreveu as exigências e as especificações mínimas, quando


aplicáveis, exigidas às empresas para usufruir dos benefícios que os programas de habitação
social do governo federal, ou seja, venda dos imóveis, e como resultado, o que deve ser
gerado aos seus clientes.
Segundo o Ministério das Cidades, não há exigência governamental para
habilitação de empresas na participação no âmbito dos programas de habitação social como
o PMCMV ou o PCVA. O procedimento que torna as construtoras compatíveis com as
fornecedoras das unidades habitacionais é a modalidade de utilização de recursos do Fundo
de Arrendamento Residencial (FAR) em que as instituições financeiras oficiais federais
(Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) efetuam uma análise de viabilidade técnica e
jurídica para verificar se está compatível com os interesses do programa.
Por outro lado, a atribuição da possibilidade de uma pessoa física na compra de um
imóvel de uma determinada construtora ou empresa, cabe aos agentes financeiros, os quais
definem as exigências para a contratação de operações de crédito com os recursos do Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), por exemplo.
As especificações técnicas dizem respeito ao padrão de mobilidade e acessibilidade,
diversidade funcional e espaços livres. Durante a avaliação verifica-se o atendimento à
Norma de Desempenho (NBR15575/2015), ao desempenho térmico para HIS (conjunto de
especificações para construção de habitação de interesse social). Ainda, os empregados

19
devem estar enquadrados no Sistema Nacional de Avaliação Técnica de Sistemas Inovadores
e Convencionais (SiNAT), além de leis, decretos e portarias associadas a estes programas.

2.2 Qualidade na construção civil

Em qualquer obra, a entrega de produtos ou serviços deve estar em conformidade


com requisitos estabelecidos de qualidade. Santos (2020) afirmou que, no ramo da
construção civil a gestão da qualidade tem início a partir da identificação das necessidades
dos usuários da edificação, e continua por todas as etapas do processo construtivo. Devem
ser adicionados, a cada uma das etapas, produtos e serviços com adequados níveis de
qualidade, resultando em um produto final em conformidade.
Paladini (2021) acrescentou que a qualidade não é um conceito teórico imutável,
mas se trata de um conceito dinâmico delimitado a partir do contexto em que está inserido,
sendo o resultado de duas percepções, a qualidade resultante da técnica e a manifestada
popularmente na rotina das pessoas.
Carvalho e Paladini (2012) consideraram que a partir da Segunda Guerra Mundial
foi introduzido o conceito de qualidade conectado ao controle estatístico da produção, e
consequentemente, no pós-guerra, surgisse a Gestão da Qualidade. Assim, a qualidade na
forma sistêmica vem sendo aplicada às organizações gerando o sistema de controle de
qualidade total, o qual foi a base para o modelo proposto pela Organização Internacional
para Normatização Técnica (ISO) e resultou na série normativa ISO 9000.
De mesmo modo, Schimidt (1999) afirmou que esta organização, fundada em 1947,
tem o objetivo de definir conceitos e diretrizes para utilização das normas das séries ISO
9000. O autor acrescentou ainda que, cada uma das normas geradas fixa um patamar mínimo
de desempenho para implantar em empresas que desejassem passar pelo processo de
certificação de qualidade, mediante a uma auditoria de inspeção para averiguar se está ou
não de acordo com os requisitos.
A adoção, por meio das empresas, de normas que a auxiliem a garantia da qualidade
de seus processos é necessária para sua criar uma boa reputação ao longo do tempo e garantir
a manutenção de competitividade entre as demais organizações. A certificação ISO 9001
atesta que o seu modelo de negócio cumpre uma série de normas e diretrizes

20
internacionalmente reconhecidas para a garantia de uma gestão de qualidade do produto
condizente com o esperado.
A partir da ISO 9001 as empresas são orientadas e dispõem de um direcionamento
de como estabelecer os processos para organização da empresa. Isso ocorre devido a geração
de documentação e registro dos processos internos, com acompanhamento de todos os
procedimentos e conhecimentos internos, para assim poder avançar na qualidade de seus
procedimentos. A eficácia é obtida a partir da implementação de detalhamento dos
processos, controle de qualidade por meio de indicadores, análise e registro das informações
geradas, treinamento de equipe e da melhoria contínua do processo (MAEKAWA et al.,
2013).
Leite (2005) estruturou o método para implantação do sistema de gestão da
qualidade com base na ISO 9001, o qual constou a consolidação das normas da série ISO
9000 e, listou os seguintes oito princípios de qualidade: foco no cliente, liderança,
envolvimento de pessoas, abordagem de processo, abordagem sistêmica para a gestão,
melhoria contínua, tomada de decisão baseada em fatos e benefícios mútuos das relações
com os fornecedores.
Naturalmente, a necessidade de obter um sistema de gestão da qualidade também
se direciona a indústria da construção civil. Segundo Picchi (1993), apesar das diferenças de
processos entre setores industriais e a construção civil, os conceitos de qualidade podem ser
adaptados ao setor e implementados no sistema em prol da obtenção do desempenho
esperado.
Pereira (2017) conclui também que a ausência de informação ou detalhamento de
projetos gera as falhas construtivas e os retrabalhos na construção civil. Desta forma, é
necessário que haja uma clareza no produto contratado, descrição da hierarquia de processos
e da interdependência entre as áreas. Em conjunto, a coordenação do projeto deve ter seu
devido responsável em cada área a ser acompanhada, para garantir o cumprimento dos
controles de etapas e dos prazos previstos, de forma que os coordenadores tenham
competência para trabalhar com os profissionais e sejam agentes na tomada de decisão.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional (BRASIL, 2022), o
Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) é uma ferramenta
que busca garantir, quanto à habitação de interesse social, a qualidade, com obras marcadas

21
pela segurança e durabilidade; e a produtividade do setor da construção a partir da sua
modernização. O PBQP-H será abordado em detalhes na seção 2.3.
Neste contexto, como método de adaptação e direcionamento à qualidade na
construção civil, Vieira e Neto (2019) explicitaram como o PBQP-H foi gerado a partir da
normatização ISO 9001. Os autores ressaltaram que a qualidade neste setor não se trata
apenas do levantamento estatístico para melhorias ou controle da sistematização do
processo, mas também como as exigências do cliente são um fator determinante para a
evolução das empresas deste ramo e como a qualidade afeta a competitividade entre elas no
mercado.
Ainda, constataram que a qualidade impacta a produtividade, assim como a
produtividade implica na competitividade, de modo que a competitividade faz com que as
empresas evoluam e se destaquem. Na construção civil, o enfoque da qualidade pode ser
entendido como o aproveitamento, da melhor maneira possível, os recursos de materiais,
equipamentos, água, energia e mão de obra. Estas ações resultam em benefícios, de forma
que não haja desperdício e retrabalho, minorando assim os investimentos e majorando o
retorno produtivo para que, no final da produção, seja alcançada a satisfação do cliente
(VIEIRA; NETO, 2019).
No estudo desenvolvido por Novais (2006), foi constatado que as empresas que
implantaram um sistema de gestão da qualidade e buscaram a manutenção da certificação,
obtiveram uma imensa contribuição de sua competitividade. Numa análise comparativa entre
empresas foi possível notar que as que não possuíam o objetivo de manter um sistema efetivo
eram aquelas cuja gestão não tinha interesse em relação à posição da empresa no mercado,
mas apenas obtenção de redução de custos por meio do sistema e deixando de lado os outros
objetivos da normatização.
Paralelamente à certificação ISO, em 2008 a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) vislumbrou a necessidade da criação de uma norma específica que
resultou na norma de desempenho NBR 15575 (ABNT, 2015). Santos e Hippert (2016)
consideraram que esta norma brasileira permitiu uma inovação no setor da construção civil
por meio de requisitos aplicados ao desempenho mínimo dos elementos construtivos ao
longo de sua vida útil. Assim, foram agrupados requisitos de qualidade e durabilidade dos
sistemas da construção civil e conexão com os agentes envolvidos no processo, sendo eles o

22
incorporador, o construtor, o fornecedor de insumo, fornecedor do material, do componente,
o projetista e o usuário do produto.
Considerando o exposto, por meio da norma ISO 9001 e da Norma de Desempenho,
foi possível gerar a normatização necessária para o estabelecimento do PBQP-H, o qual tem
seu embasamento em ambas as normas além de induzir a necessidade de regularização com
demais normas no âmbito técnico e legal.

2.3 Programa brasileiro de qualidade e produtividade do habitat

No Brasil, os programas de habitação social surgiram da necessidade de atender o


direito à moradia à população e amparar o grupo social que não possui todos os recursos
necessários para obtenção de um lar. Porém, além do atendimento aos direitos humanos e
amparo financeiro, o fornecimento de habitação social também requer um padrão de
qualidade do imóvel para que os beneficiários tenham suas necessidades atendidas.
Neste contexto, o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat
(PBQP-H), para além de um requisito para participação dos programas de habitação social,
também é uma forma de auxiliar as empresas construtoras visando reduzir gastos
desnecessários e evitar o atraso ou abandono das obras, conforme a seguir descrito.
Instituído pela Portaria nº 134 em 2008 (BRASIL, 2008) pelo Ministério de Estado
do Planejamento e Orçamento, o PBQP-H surgiu com o objetivo básico de amparar e instruir
o setor de construção brasileiro, levando em consideração a modernidade, qualidade e
produtividade na construção de habitações e visando aumentar a competitividade de bens e
serviços.
Em um estudo de caso Andrade (2014) confirmou que a aplicação das normas de
qualidade em empresas construtoras e o sistema de gestão da qualidade contribuíram para o
controle de documentos e o treinamento da equipe interna, mesmo quando ocorria falta de
engajamento dos funcionários para o cumprimento do sistema.
Alves e Reis (2017) realizaram um estudo comparativo entre duas empresas, sendo
uma com certificação do PBQP-H e a outra, sem certificação. Os resultados mostraram que
na empresa certificada houve uma conscientização em relação aos benefícios do programa,
o que se refletiu na padronização, regulamentação e controle adequado dos processos. Foram
observados também no canteiro de obras, organização, limpeza, baixo número de materiais

23
não conformes e redução de retrabalho. Quanto à empresa sem certificação, apesar da
consideração da importância de investimentos na qualidade em uma obra, o resultado
mostrou que o custo teve maior relevância nas decisões. A partir deste enfoque, observou-
se, por parte que dos gestores, que ocorria uma resistência às mudanças durante a
implantação de sistemas de gestão da qualidade.
O Ministério do Desenvolvimento Regional (2022) considera que para atingir as
metas do PBQP-H, são necessárias ações que contribuam para o desenvolvimento e evolução
de todos os elos da cadeia produtiva. Assim, há três sistemas de adesão voluntária:
• Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da
Construção Civil (SiAC) de certificação de sistemas de gestão da qualidade de
construtoras;
• Sistema de Qualificação de Empresas de Materiais, Componentes e Sistemas
Construtivos (SiMaC) para monitoramento da conformidade na fabricação,
importação e distribuição de materiais, componentes e sistemas construtivos
utilizados na construção civil;
• Sistema Nacional de Avaliação Técnica de Produtos Inovadores e Sistemas
Convencionais (SiNAT) de Avaliação de tecnologias inovadoras e de sistemas
convencionais na construção civil.
No contexto deste trabalho, enfoque será dado ao Sistema de Avaliação da
Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC).

2.3.1 Regimento SiAC

Esta seção descreve as ações estabelecidas pela Portaria nº 75 de 14 de janeiro de


2021 (BRASIL, 2021), sobre o regimento do SiAC, em que os próximos parágrafos são
referenciados nesta portaria.
A publicação da Portaria nº 75 estabeleceu o Sistema de Avaliação da Não
Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC). Em conjunto
com as alterações da Portaria nº 577 de 30 de março de 2021, foi definida a abordagem do
processo para o desenvolvimento, implementação e melhoria para atender aos requisitos do
sistema de gestão de qualidade estabelecidos pelo PBQP-H. A seguir está descrita uma
sucinta interpretação simplificada do regimento.
24
A prioridade principal do SiAC é de aumentar a satisfação dos clientes em relação
ao atendimento de suas necessidades em função do desempenho da edificação. Semelhante
à estrutura da ISO 9000, o regimento divide-se em sete capítulos que descrevem os requisitos
auditados no sistema, além dos capítulos introdutórios e de definição de conceitos.
Os requisitos consistem em conceitos básicos que, conforme dividem-se em seus
subtópicos, direcionam a empresa à criação de processos, informações documentadas e
análises. A disposição dos requisitos é realizada com base na ferramenta da qualidade Plan,
Do, Check, Act – PDCA, a qual consiste em Planejamento (Identificação e análise do
problema, gerar uma hipótese de solução e criar o plano de ação), Fazer (Execução do plano
de ação), Checar (Analisar os resultados da execução) e Agir (Analisar os resultados e
concluir o ciclo ou voltar ao planejamento).
As Figuras 1 e 2 apresentam a interpretação simplificada do regimento, em duas
partes, nas quais são mostrados os requisitos, assim como suas especificações para o
cumprimento nas empresas, com base na Portaria nº 75 (BRASIL, 2021).

25
Figura 1. Estrutura do regimento do SiAC – Parte I.

Fonte: Baseado na Portaria nº 75 (BRASIL, 2021).

26
Figura 2. Estrutura do regimento do SiAC – Parte II.

Fonte: Baseado na Portaria nº 75 (BRASIL, 2021).

Conforme apresentado na Figura 1, o primeiro requisito a ser auditado é o do


Contexto da Organização, no qual há quatro sub-requisitos. Neste requisito é questionado ao
responsável pelo setor de gestão da qualidade se a organização apresenta a definição dos
resultados pretendidos pelo sistema, a forma de monitoramento e análise crítica das

27
informações, a definição das partes interessadas bem como os requisitos e compromissos
com estas, a definição do escopo da empresa em que se especificam os limites e
aplicabilidade, o método de cumprimento dos requisitos da norma, aplicáveis ao escopo e a
informação documentada sobre todos os processos que envolvem esses cumprimentos. Além
disso, a definição dos processos da empresa também é auditada e verifica-se a existência de
um documento constituído com as entradas e saídas esperadas, com os critérios e métodos
para controle, com a especificação das autoridades e responsabilidades, com a análise dos
riscos e oportunidades do processo e promovendo a melhoria contínua dos processos e do
SGQ.
O requisito de liderança (Figura 1) refere-se aos questionamentos feitos a cada
responsável pelos setores da empresa verificando se os mesmos estão cientes de suas
responsabilidades, conscientizados da política e dos objetivos de qualidade da empresa. No
requisito avalia-se a forma que os responsáveis, ao desempenharem suas funções, verificam
e desempenham o processo conforme descrito nos documentos. O processo inclui controles
com informação documentada dos resultados nos documentos de registro e comunicação à
equipe sobre a importância da gestão da qualidade. Neste requisito também é verificado se
os profissionais compreendem a importância da satisfação do cliente, comunicação entre as
partes e entrega do produto condizente com a qualidade da empresa e alinhado às
expectativas dos clientes.
No requisito de planejamento (Figura 1), o sistema de gestão da qualidade requer a
abordagem dos riscos e das oportunidades da empresa, por meio de uma análise das funções
desempenhadas e identificação dos obstáculos encontrados na cadeia produtiva. Desta
forma, a análise dos setores em relação a organização, controles, indicadores, metas,
ocorrências e avaliação de clientes permite a geração de um planejamento estratégico.
Também são definidos os objetivos da qualidade para o planejamento adotado, com
verificação da coerência com a política de qualidade, satisfação do cliente e, ainda, se os
objetivos vêm sendo monitorados, comunicados e atualizados. Por fim, é realizado um
planejamento de mudanças, necessário para garantir que na empresa não sejam perdidos
conhecimento ou informações importantes. Ainda que existam modificações na empresa,
sejam elas a disponibilidade de recursos e alocação ou realocação de pessoas, a mesma deve
ter controle das consequências das mudanças e métodos para garantir a integridade do
sistema de gestão de qualidade.

28
O requisito de apoio (Figura 1) refere-se à forma como a empresa se organiza para
garantir os recursos necessários para obter e manter sistema de gestão da qualidade,
considerando as capacidades e restrições da organização. Neste caso, é considerado como a
empresa determina e garante a manutenção do sistema (considerando a necessidade de
atualização dos documentos, análise dos resultados e a busca por melhoria contínua), os
recursos necessárias para o setor (recursos humanos, recursos materiais, ambiente de
trabalho adequado com organização, limpeza e identificação e recursos para monitoramento
e segurança), o conhecimento organizacional retido na documentação da empresa
(documentos legais e técnicos e a documentação de cada processo com suas respectivas
descrições para o correto treinamento em caso de substituição de pessoal).
Quanto ao requisito de execução de obra (Figura 2), o mesmo diz respeito
especificamente ao setor de operação da empresa e a forma organizacional para obter o
produto final. Inicialmente audita-se o planejamento da produção, onde para cada
empreendimento da construtora consta um documento nomeado como “Plano de Qualidade
da Obra – PQO”. No PQO integram-se os dados da obra, a equipe de gestão (da obra) com
suas respectivas funções no canteiro, a infraestrutura de acordo com o layout de canteiro
(com área de vivência, almoxarifados, banheiros e todas as demais áreas referentes a
segurança e permanência no local). Ainda, os fornecedores de materiais e serviços previstos,
os projetos recebidos da equipe de planos e projetos do escritório, o planejamento e
cronograma de obra, especificação de materiais que serão utilizados e que estarão alinhados
com o memorial descritivo entregue ao cliente no momento da compra, relação de
equipamentos de medição, controles efetuados pela equipe de gestão e definições atreladas
a sustentabilidade da obra. Diante disso, ressalta-se que este requisito não se resume a um
setor apenas, mas representa a união de atividades desenvolvidas entre os setores de
execução de obra, aquisições e recursos humanos. Assim, cada setor cumprirá o seu processo
referente à obtenção dos recursos necessários, descrição do produto ou serviço, controle
tecnológico em prol do desempenho adequado, fornecimento de ambiente adequado e, por
fim, o controle de saídas não conformes, o qual permitirá analisar a causa, a prevenção e
correção das ocorrências.
Os outros dois requisitos, avaliação do desempenho e melhorias (Figura 2) são
relativos às informações obtidas de acordo com o cumprimento dos processos anteriormente

29
descritos, onde os controles e registros fornecidos por cada setor, gerarão dados para análise
e propostas de melhoria da organização.
De acordo com Silva (2019), a criação e atualização do regimento do SiAC
representa um marco no setor da construção civil, tendo em vista que por meio desta
certificação é possível evidenciar o quanto das normas de qualidade e desempenho estão
sendo cumpridas pelas construtoras, além de auxiliar nesse cumprimento por meio de
instrução de documentação e modelo organizacional.
Battistela (2014) acrescentou que entender o regimento do PBQP-H e sua
importância para o desenvolvimento da empresa são razões que contribuem para alcançar os
resultados desejados, tendo em conta a burocratização do processo e a necessidade de criação
de tantos documentos, exigindo o controle e organização para alcançar a eficácia do sistema.
Além disso, o autor sugeriu a criação de alguns exemplos de fichas de inspeção, sendo a
inspeção de serviços uma delas.
No que diz respeito ao processo de certificação inicial, divide-se em duas fases. A
fase 1 tem o objetivo de avaliar o SGQ da empresa de acordo com a norma base (ISO 9001),
avaliar o nível de enquadramento da organização e estabelecer um programa efetivo para a
auditoria de fase 2. A fase 2 tem o objetivo de avaliar as conformidades em relação aos
processos e produtos e verificar se o funcionamento da empresa está adequado ao descrito
nos documentos do SGQ. Em relação aos níveis de certificação, o regimento do SiAC de
2021 apresenta o nível A e nível B, em que ambos são suficientes para entregar os imóveis
por meio dos programas de habitação social. O que diferencia os níveis é a quantidade e
detalhamento de requisitos auditados, além de menor exigência em relação aos documentos
de serviços controlados na execução de obras. Contanto, mesmo que o nível B permita a
participação nos programas, é uma expectativa dos auditores e organismos de certificação
que a empresa busque evoluir para o nível A, tendo em vista que é benéfico para todas as
partes interessadas o cumprimento de todos os requisitos do regimento. No caso do nível A,
é necessário que a empresa cumpra em sua totalidade os requisitos do regimento, efetue o
controle de todos os materiais e serviços executivos. Já no nível B, a empresa precisa atender
ao menos 70% dos requisitos do regimento, documentar o controle de 40% dos serviços
executivos e apresentar evidências de controle de ao menos 50% dos materiais utilizados na
execução dos serviços (Ministério do Desenvolvimento Regional, 2022).

30
31
3 MÉTODO

Para avaliação do cumprimento de requisitos do PBQP-H de uma construtora


associada ao programa “Casa Verde e Amarela”, foi proposto um método que consiste em
três etapas (inspeção de serviços, levantamento de número de vistorias e análise de
documentos internos da empresa) e uma ferramenta de intervenção (Metodologia
Multicritério de Apoio à Decisão Construtivista). Para aplicação do método foi realizado um
estudo de caso em uma construtora localizada na Grande Florianópolis, estado de Santa
Catarina (SC).

3.1 Estrutura organizacional da empresa em estudo

A empresa construtora possui treze anos de atuação, está localizada na cidade de


Biguaçu (SC), registrada sob o nome Construtora Moinho. Atualmente, a empresa possui
aproximadamente 200 funcionários e realiza obras de três empreendimentos, além de dez
empreendimentos concluídos.
A estrutura organizacional da construtora está apresentada na Figura 3, dividida em
quatro setores e com coordenações separadas por área. No setor mais elevado está o cargo
de presidência, com quatro setores de contato direto com a direção (controladoria e
qualidade; jurídico, assuntos contábeis e comitê executivo). A empresa conta com outros
setores de apoio ao setor do escopo (setor de suporte ao negócio, fornecendo os recursos
necessários e o setor de negócios e clientes, para concluir o processo da empresa). Por fim,
há o setor de engenharia, o qual refere-se ao setor do escopo da empresa, o setor operacional
o qual está atrelado às áreas atuantes para gerar o produto. A estrutura organizacional estava
estabelecida desta forma nos documentos internos da empresa no processo de implantação
do sistema de gestão de qualidade (SGQ).
A empresa obteve a certificação de qualidade no ano de 2018, no nível B.
Atualmente a empresa busca aprimorar o sistema de gestão da qualidade por meio da
conscientização dos colaboradores neste setor e, em breve, certificar-se em nível A.

32
Figura 3. Estrutura organizacional da Construtora Moinho.

Fonte: Extraído do manual da qualidade da empresa – revisão 02 (2022).

A empresa definiu o seu escopo do sistema de gestão da qualidade no setor


“Execução de Obras de Edificações” e está pautado nos seguintes três pilares:
(f) Qualidade: Diz respeito ao atendimento de requisitos contratuais, legais, técnicos e do
cliente;
(g) Prazo: Compromisso de entregar o empreendimento dentro do prazo previsto;
(h) Custo: Realizar com qualidade e atendendo os objetivos de qualidade e competitividade
para a eficácia do SGQ, sendo elas a entrega dentro do prazo, com o menor custo com
a melhor qualidade e garantindo o desempenho esperado.

As partes interessadas externas foram definidas pela empresa como sendo os


clientes, as imobiliárias, os fornecedores de materiais, fornecedores de serviços
terceirizados, comunidade nos entornos das obras, órgãos públicos, bancos financiadores e
organismos de certificação. As partes interessadas internas são constituídas pelos acionistas
e alta direção e colaboradores.
Como forma de implementação do SGQ, o primeiro documento para definições e
organização da empresa foi o manual da qualidade, o qual define desde as informações
33
básicas da construtora (contexto, história, missão, visão, valores, estrutura organizacional e
partes interessadas) até os processos da qualidade propriamente ditos (política da qualidade,
nomenclatura de documentos, responsabilidades, objetivos do SGQ, meios de comunicação
entre áreas, planejamento, recursos e método de tratamento de ações corretivas de forma
generalizada).
A política da qualidade da construtora foi definida conforme ilustrado na Figura 4
e está disponível no site da construtora como forma de comunicação as partes interessadas
externas.

Figura 4. Política de qualidade da Construtora Moinho.

Fonte: https://construtoramoinho.com.br/sobrenos/.

Este trabalho conta com um estudo de caso de uma das obras executadas pela
construtora, localizada no bairro Vendaval na cidade de Biguaçu - SC, com o padrão de
execução e acabamento da empresa. O empreendimento é constituído por quatro blocos, com
seis andares cada um e oito apartamentos por andar. O método de aquisição do imóvel
poderia utilizar o financiamento do programa social ou a compra direta com a construtora.

3.2 Normas complementares para execução de serviços

34
Para o desenvolvimento deste trabalho, foram consideradas as normas de execução
vigentes para as execuções de atividade que serão consideradas para a criação e atualização
das fichas de inspeção de serviço. O Quadro 2 apresenta as relações das normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) necessárias à certificação.

Quadro 2. Normas vigentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.


Norma Título Fonte
Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas
NBR 7200 ABNT, 1998
– Procedimento
NBR 9817 Execução de piso com revestimento cerâmico - Procedimento ABNT, 1987
Revestimento de paredes internas com placas cerâmicas e com
NBR 13754 ABNT, 1996
utilização de argamassa colante - Procedimento
NBR 16382 Placas de gesso para forro – Requisitos ABNT, 2015
Tintas para construção civil – Execução de pinturas em edificações não
NBR 13245 ABNT, 2011
industriais – Preparação de superfície
Esquadrias para edificações – Parte 5: Esquadrias externas – Instalação
NBR 10821-5 ABNT, 2017
e manutenção
NBR 15930-4 Portas de madeira para edificações – Parte 4: Instalação e manutenção ABNT, 2022
Fonte: Autoria própria (2021).

Para os serviços que não possuem norma específica da ABNT para execução e
inspeção, serão consideradas livros técnicos e as experiências em campo.

3.3 Metodologia de avaliação

A avaliação foi realizada com a inspeção de todos os blocos simultaneamente, tendo


em conta que as inspeções não eram rotineiras, mas realizadas apenas quando os
profissionais informavam que haviam concluído os serviços. A Figura 5 apresenta o
fluxograma da metodologia de avaliação adotada neste estudo.

35
Figura 5. Fluxograma das principais etapas da metodologia.

Fonte: Autoria própria (2022).

A necessidade de atualização de documentos, levantamento de dados das


ocorrências nas empresas e o registro das não conformidades, são requisitos para a
certificação. Além disso, elaborar um plano de ação e implementar um procedimento eficaz
contribui para a melhoria contínua da empresa. A seguir, estão descritas as etapas mostradas
na Figura 6, sendo também feito um resumo dos serviços exigidos pelo SiAC, do nível de
certificação da empresa.
Com a implantação do sistema de gestão de qualidade (SGQ) no setor “Execução
de Obras de Edificações”, inicialmente foi feita uma consulta aos documentos internos.
O regimento do SiAC estabelece uma série de serviços que devem ser controlados,
os quais estão apresentados no Quadro 3. Para inclusão na certificação de nível B (caso da
construtora avaliada), o regimento exige a documentação de inspeção de, no mínimo, 40%
dos serviços listados (Quadro 3). Porém, não significa que a construtora não deva
inspecionar os demais serviços. Esta exigência é adotada para simplificar o processo de
auditoria e direcionar a verificação de documentos aos serviços listados.

36
Quadro 3. Serviços controlados segundo o regimento do SiAC.
Ordem Serviços controlados
1 Compactação de aterros
2 Locação de obra
3 Execução de fundação
4 Execução de fôrma
5 Montagem de armadura
6 Concretagem de peça estrutural
7 Execução de alvenaria estrutural
8 Execução de alvenaria não estrutural e de divisória leve
Execução de revestimento interno de área seca, incluindo produção de argamassa em
9
obra, quando aplicável
10 Execução de revestimento interno de área úmida
11 Execução de revestimento externo
12 Execução de contrapiso
13 Execução de revestimento de piso interno de área seca
14 Execução de revestimento de piso externo de área úmida
15 Execução de piso externo
16 Execução de forro
17 Execução de impermeabilização
18 Execução de cobertura de telhado
19 Colocação de batente e porta
20 Colocação de janela
21 Colocação de guarda-corpo
22 Execução de pintura interna
23 Execução de pintura externa
24 Execução de instalação elétrica
25 Execução de instalação hidrossanitária
26 Execução de instalação de gás
27 Colocação de bancada, louça e metal sanitário
Fonte: Ministério do Desenvolvimento Regional (2022).

Diante das ocorrências encontradas durante o acompanhamento da obra e a ausência


de documentos de controle para todos os serviços, foi constatado a necessidade de
documentar os procedimentos de inspeção que não existiam e atualizar os que já existiam.
Foram selecionados, para avaliação de conformidade, os serviços realizados na etapa de
acabamento, os quais demandavam mais tempo efetuando revistorias, era necessária uma
cobrança mais acentuada dos profissionais que executavam esses serviços e eram
majoritariamente efetuados por equipes terceirizadas, resultando na listagem de serviços
apresentados no Quadro 4.

37
Quadro 4. Listagem de serviços a serem avaliados no estudo.
Ordem Serviços da etapa de acabamento
1 Revestimento Interno
2 Revestimento Externo
3 Pintura interna
4 Pintura externa
5 Execução da cerâmica e rejunte
6 Instalação das esquadrias de alumínio
Instalação de portas e rodapés de
7
madeira
8 Rodatetos
Fonte: Autoria própria (2022).

Durante o acompanhamento da obra foi realizada a inspeção dos serviços listados


no Quadro 4. Também foi analisado tempo gasto pelos profissionais da empresa ao solicitar
ao terceirizado o reparo, o tempo despendido pelos terceirizados para finalização de serviços
e de solução da não conformidade.
Por meio de comunicação interna e não registrada, foi observada a necessidade de
obter um procedimento padrão para vistoria dos serviços, para que fosse possível efetuar
essa cobrança de forma mais eficaz e definir prazos por meio do contrato para reduzir esse
tempo de espera. Observou-se a necessidade de revistoria de serviços, os quais após
verificação de não conformidade e solicitação de reparos, ainda se apresentavam em
desacordo com a qualidade exigida. Nesta etapa de revistoria, após novo levantamento,
demandou novas solicitações aos terceirizados, resultando em mais tempo para realização
dos serviços e novamente era realizada a vistoria.
As etapas de controle de qualidade realizadas pela empresa, que incluem, desde o
acompanhamento da obra até a revistoria não se mostraram eficazes, cujo ciclo se repetiu
diversas vezes em mesmos serviços. Foram verificados os documentos internos da empresa
de inspeção, como fichas técnicas e cronogramas.
Considerando os problemas observados, constatou-se a necessidade de elaboração
de um plano de ação, bem como atualização dos documentos em conformidade com os
requisitos de qualidade.
Tendo em conta os problemas recorrentes, foi apresentado, com base no sistema de
qualidade, uma metodologia para verificar inconsistências nos apontamentos de produção e
produtividade da obra, devido ao tempo que levava para realmente concluir o serviço, ou

38
seja, verificar que a qualidade e a conformidade estavam de acordo com as necessidades e
expectativas do cliente.
Verificou-se também se as atividades executadas na obra por meio dos fornecedores
de serviços (terceirizados) estavam sendo realizadas conforme o cronograma estabelecido
ou em um tempo superior. Após as verificações, os problemas observados foram registrados.
Diante destas recorrentes não conformidades, a atualização de ficha técnica,
proposta neste estudo, tem objetivo de direcionar o foco da inspeção para estas questões,
além do padrão de vistoria usualmente já analisado diante das necessidades funcionais de
cada produto.
Para tanto, foi utilizada uma ferramenta de intervenção para analisar inúmeros
fatores que podem conflitar em relação ao número de critérios, denominada de Metodologia
Multicritério de Apoio à Decisão Construtivista (MCDA-C). Esta ferramenta metodológica
a qual estrutura o contexto da forma que que o gestor optar, em que não possui um
procedimento padrão, tendo em vista que é modelada a cada caso. Neste trabalho será
efetuada uma adaptação do MCDA-C estruturando uma planilha com base no número de
serviços de acabamento, o número de requisitos que espera-se atender de acordo com as
normas técnicas brasileiras de execução de serviço e norma de desempenho. A planilha
utiliza interpolação linear e o modelo de agregação de aditivo com o intuito de gerar o
modelo matemático para obter uma análise quantitativa que possa ser considerada em
critérios contratuais.
Por meio da ferramenta MCDA-C é possível gerar um modelo para documentar o
conhecimento e fomentar a tomada de decisões, resultando em ações de melhoria e
aprimoramento do contexto avaliado, oferecendo aos gestores ações para alcançar um
melhor nível de desempenho (MATOS et al., 2018). A Figura 6 apresenta as fases da
metodologia MCDA-C.

39
Figura 6. Fases da metodologia MCDA-C.

Fonte: Adaptado de ENSSLIN et al, 2001.


O modelo multicritério (Figura 6) é constituído de três grandes fases, sendo, a fase
de estruturação, a fase de avaliação e a fase de recomendações. Na fase da estruturação
apresenta-se o contexto, as especificações e organização do problema por meio de critérios
definidos pelo agente decisor. A fase de avaliação consiste em definir escalas cardinais para
avaliar o processo de melhoria. Por fim, a fase de recomendações é direcionada a detecção
de possíveis consequências para instruir a tomada de decisões (ENSSLIN et al, 2010).
Segundo Brigida (2017), o MCDA consiste no conjunto de métodos e abordagem
definida pelo agende decisor para auxiliar na tomada de decisão. A aplicação do modelo
ocorre a partir da definição de critérios para o problema a partir do estabelecimento de pesos
em cada critério (podendo ser iguais ou diferentes) e, com o resultado, é possível gerar a
estruturação e o resumo das a informações relevantes.
De acordo Sena (2008), para a estruturação do problema é necessário identificar os
pontos de vistas e fazer com que estejam conectados e embasados na percepção dos agentes
de decisão envolvidos, de forma que a modelagem do problema permitirá a próxima fase, de
avaliação.
Ao executar a fase de avaliação, é feita uma triagem de informações geradas na
estruturação, para assim analisar o problema de forma global e resumida, além da
classificação dos critérios de forma cardinal, como o método propõe. Com a finalização da
fase de avaliação, segue-se para a fase de recomendações, as quais são instrumentos de
40
verificação e análise das ações efetuadas no processo pelo agente decisor e direcionamento
à tomada de decisão (BANA; COSTA, 1995).

41
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Acompanhamento da obra e aplicação da metodologia de verificação de não


conformidades

Esta seção descreve os resultados da metodologia de observação adotada durante o


acompanhamento da obra para verificar inconsistências nos apontamentos de registro,
quanto à produção e produtividade da obra. Além do tempo despendido para conclusão dos
serviços, foi inspecionado se a qualidade e a conformidade estavam de acordo com as
necessidades e expectativas do cliente.
Foram verificadas as atividades executadas na obra por meio dos fornecedores de
serviços, se estavam sendo realizados conforme o cronograma estabelecido e com a duração
prevista. Após as verificações, os problemas observados foram registrados. O Quadro 5
apresenta a lista com descrição de serviços terceirizados e os problemas verificados não
conforme, os quais se mostraram recorrentes.

Quadro 5. Listagem de serviços não conformes da obra acompanhada.


Ordem Serviços terceirizados Não conformidades
Acabamento na desempenadeira áspero e irregular.
Efetuar o acabamento nas saídas das instalações,
cuidando para não tampar saídas de instalações elétricas
1 Revestimento Interno
como tomadas e interruptores. Garantir o nivelamento e
prumo das paredes.

É necessário verificar se as juntas de dilatação estão


ficando retas e o requadro das janelas precisa apresentar
2 Revestimento Externo caimento para fora para não acumular água entre a
parede e as esquadrias, impulsionando a infiltração

Necessidade de solicitar retoque com frequência devido


o serviço de pintura iniciar antes da conclusão e reparo
3 Pintura interna
de outros serviços, estragando as paredes.

Retoques que olhando de perto não são perceptíveis,


4 Pintura externa mas à distância comprometeram a estética da fachada.

Pisos desnivelados, sendo uma peça mais abaixo do que


outra. Rejunte não seguiu até o fim da peça, deixando
5 Execução da cerâmica e rejunte um vão entre o rodapé e o fim do rejunte. Rejunte com
excesso de massa ou escassez, acumulando sujeira.

Diversas unidades sem regulagem, alternando entre


Instalação das esquadrias de
cômodos e apartamentos. Peça de travamento sem
6 alumínio
fechar completamente. Ausência de vista em algumas
janelas.
42
Quadro 6. Listagem de serviços não conformes da obra acompanhada.
Ordem Serviços terceirizados Não conformidades
Madeira de tons diferentes. Massa de acabamento de
tons diferentes na mesma unidade habitacional. Falta de
Instalação de portas e rodapés
7 pino nas vistas e rodapés. Madeira com aspecto áspero
de madeira
e sem verniz

8 Rodatetos Peças muito pequenas, gerando mais de uma emenda


numa mesma parede, interferindo na estética do imóvel.
Descolamento da parede por escassez de cola.
Fonte: Extraído da documentação interna da empresa.

Os registros fotográficos realizados durante as inspeções são mostrados nas Figuras


7 a 24, cujas descrições dos registros constam no Quadro 5.
A Figura 7 ilustra uma parede revestida que foi inspecionada. Durante a inspeção
desta ocorrência (ordem 1 no Quadro 5), observou-se o aspecto do revestimento da parede
com acabamento áspero e irregular. Nesta mesma ocorrência, registrou-se (Figura 8), falta
de acabamento (revestimento) no entorno da caixinha elétrica (tomada), o qual não foi
efetuado.
Na Figura 9, as ocorrências se referem à ordem 2 do Quadro 5. Na Figura 9(a), foi
possível notar que o esquadro posicionado, para verificar o requadro da janela, está
direcionado para dentro, sendo que deveria estar para fora, sempre de forma aberta. Na
Figura 9(b), registrou-se que a soleira da janela apresentou a inclinação necessária para que
a água da chuva não se infiltre pela janela, ou seja, há o caimento necessário na base inferior,
e assim, o serviço está adequado.

43
Figura 7. Acabamento do revestimento interno áspero e irregular.

Fonte: Autoria própria (2022).

Figura 8. Falta de acabamento da caixa de tomada.

Fonte: Autoria própria (2022).

44
Figura 9. Revestimento externo deve possuir o caimento para água.

(a) Verificação do acabamento (b) Verificação do acabamento


da janela
da janela na face superior na face inferior
Fonte: Autoria própria (2022).

Durante o acompanhamento da obra, o procedimento adotado de correção dos


serviços em não conformidade, após registro, era de solicitação de melhoria. Porém,
observou-se que durante a revistoria, alguns dos serviços solicitados não haviam sido
realizados, o que demandava da empresa, retrabalho. Esta constatação foi verificada, no
exemplo mostrado na Figura 10, no qual, não foi realizado o procedimento de correção
(Figura 7). Na parede, com o acabamento inadequado do revestimento interno, o qual não
foi corrigido na etapa de revestimento, seguiu para a etapa seguinte, pintura interna (ordem
3, Quadro 5), conforme registro fotográfico na Figura 10 (a e b). Observa-se que este
exemplo de não conformidade (Figura 7), mesmo registrada, não foi notada pelos
profissionais que realizaram a inspeção, resultando em outra não conformidade (Figura 10).

45
Figura 10. Revestimento interno sem correções de falhas de acabamento e pintura interna não conforme.

(i) Verificação do acabamento (b) Verificação do acabamento da


da parede parede
Fonte: Autoria própria (2022).
O controle de qualidade em uma obra contempla também a manutenção dos
serviços já executados para que não sejam afetados. Neste sentido, é importante a restrição
de acesso a locais já finalizados e inspecionados. Na obra avaliada, observou-se que o
trânsito de pessoas e movimentação de materiais, em determinados locais, mesmo após os
apartamentos estarem concluídos prejudicou os serviços já finalizados, como mostra a
Figura 11. Apesar deste registro não estar listado no Quadro 5, uma vez que a preservação
da qualidade dos serviços deve ser mantida até a entrega da obra ao cliente, houve a
ocorrência. Como resultado, gerou para a empresa a necessidade de reparos e retrabalhos
para que a parede não fique manchada devido ao contraste das demãos de tinta.

46
Figura 11. Necessidade de restauração da parede após a finalização da pintura interna.

Fonte: Autoria própria (2022).


Da mesma forma, este tipo de problema foi verificado na fachada externa. Na
Figura 12 apresenta-se o registro de “retoques” que foram efetuados na fachada, mas não
finalizados com a qualidade exigida. Após a etapa de pintura externa (ordem 4, Quadro 5),
isso ficou evidente, sendo que as demãos de pintura contrastaram entre si, interferindo no
acabamento e estética da parede externa.
Figura 12. Pintura externa na fachada.

Fonte: Autoria própria (2022).


Relativamente ao serviço de execução da cerâmica e rejunte (ordem 5, Quadro 5),
também foram verificados problemas de controle de inspeção, os quais resultaram em
retrabalho, afetando o controle de qualidade da empresa. A Figura 13 mostra o assentamento
de piso cerâmico finalizado. No entanto, nota-se o excesso de argamassa colante, o qual
47
deveria ter sido removido pelo ceramista logo após a finalização do serviço. Esse
procedimento faz parte da limpeza final e evita problemas de desnivelamento durante a
próxima etapa que é a instalação do rodapé.

Figura 13. Excesso de argamassa colante e sem limpeza final.

Fonte: Autoria própria (2022).

Subsequentemente, como o serviço não conforme (Figura 13) não foi sanado e com
as cerâmicas não niveladas, outro problema foi observado na etapa de instalação dos rodapés
(Figura 14). Por falta de nivelamento pelo excesso de argamassa, correu um abaulamento no
centro da parede e como resultado, observa-se um espaço (vão) entre o rodapé e o piso.
Figura 14. Desnível entre o piso cerâmico e o rodapé.

Fonte: Autoria própria (2022).


Neste serviço, foi ainda observada outra não conformidade, como mostrado na
Figura 15. Observa-se que rejunte, entre as peças cerâmicas, não está completo, ou seja, não
finalizado até o fim das peças. Também, o piso está desnivelado, o que ficou evidenciado na
Figura 15, uma vez que a peça da direita está desnivelada em relação à da esquerda, gerando
um vão entre rodapé e piso.
48
Figura 15. Falhas no rejunte e no assentamento da cerâmica.

Fonte: Autoria própria (2022).


No retrabalho, após nova inspeção neste mesmo serviço, constatou-se que após a
finalização do rejunte entre as peças, não foi efetuada a limpeza final (Figura 16). Nota-se
que após o rejunte num local que o profissional não havia preenchido todos os espaços e
precisou efetuar o retrabalho posteriormente à instalação de rodapé, gerando novamente um
retrabalho.
Figura 16. Limpeza inadequada do rejunte.

Fonte: Autoria própria (2022).


Quanto ao serviço instalação das esquadrias de alumínio (ordem 6, Quadro 5),
foram observadas não conformidades, por exemplo, em janelas de alumínio. A Figura 17
ilustra um dos problemas registrados na inspeção, em que uma das folhas da esquadria de
alumínio está desalinhada (desregulada) em relação à outra, sem possibilidade de
fechamento da porta-janela.

49
Figura 17. Esquadrias desalinhadas.

Fonte: Autoria própria (2022).

Outra não conformidade registrada foi quanto ao travamento das esquadrias (Figura
18) por falta de qualidade durante a instalação, sendo necessário efetuar a regulagem das
folhas da janela.
Figura 18. Peça de travamento da esquadria não fecha completamente.

Fonte: Autoria própria (2022).

Diversas não conformidades foram constatadas na obra quanto à instalação de


portas e rodapés de madeira (ordem 7, Quadro 5). Como exemplo, a Figura 19 ilustra o tipo
da madeira de algumas vistas e rodapés que foram instalados. A madeira usada não se
enquadra em qualquer padrão mínimo de acabamento, principalmente considerando o
polimento e pintura do verniz.
50
Figura 19. Vista da porta áspera.

Fonte: Autoria própria (2022).


Outro problema encontrado foi o enquadramento das esquadrias. A Figura 20
mostra que a guarnição lateral da porta está desalinhada (torta), gerando um vão entre a
guarnição superior e a face dela.
Figura 20. Guarnição da porta torta.

Fonte: Autoria própria (2022).

51
Constatou-se que a utilização de produtos de acabamento com mesmo tom e de um
mesmo fornecedor influenciam a qualidade final do serviço. Muitas vezes, as tonalidades
dos produtos destoam no material e comprometem a finalização do serviço. A Figura 21
ilustra esta situação, onde foram utilizadas massas de acabamento em tons diferentes, o que
prejudicou a estética do material e a qualidade do imóvel.

Figura 21. Tons de massa de acabamento para madeira diferentes num mesmo imóvel.

(a) Massa de acabamento (b) Massa de acabamento do


rodapé
do rodapé em tom claro em tom escuro
Fonte: Autoria própria (2022).

Outra situação está mostrada na Figura 22. Neste caso, as dimensões de partes dos
rodapés são diferentes, proporcionalmente ao local de instalação. O procedimento correto
seria executar o corte na dimensão exata para encontro (encaixe) das duas peças. Observa-
se ainda, na Figura 22, que a aplicação de massa para madeira (parte superior dos rodapés
entre estes e a parede) não está de acordo com o padrão de acabamento necessário.

52
Figura 22. Peça recortada com dimensão inferior ao comprimento necessário.

Fonte: Autoria própria (2022).

No serviço rodatetos (ordem 8, Quadro 5), os principais problemas observados são


mostrados nas Figuras 23 e 24. Na Figura 23 é possível notar que foi utilizado um trecho de
rodateto muito pequeno para a dimensão da parede de instalação, em que é indicado existir
no máximo uma emenda. Além disso, a Figura 24 mostra que os tons estão muito diferentes
entre si, o qual também não é adequado.

Figura 23. Emendas no rodateto com tonalidades diferentes.

Fonte: Autoria própria (2022).

53
Figura 24. Contraste entre tons de rodateto.

Fonte: Autoria própria (2022).

Os resultados descritos são referentes às conclusões obtidas a partir do


acompanhamento de obra.

4.2 Serviços Controlados


Após a verificação e análise dos documentos internos da empresa, de controle dos
serviços, foram propostas melhorias com o objetivo de atualizar os documentos existentes,
gerar novos documentos e de fornecer um novo procedimento de inspeção à equipe de obra.
Na consulta aos documentos internos referentes à execução e conferência dos
serviços do setor de obras, constatou-se a existência de instruções de trabalhos (IT) e fichas
de inspeção de serviço (FIS). Entretanto, não haviam ITs e FISs de todas as atividades.
Também foi observado que havia documentos desatualizados em relação ao que é necessário
verificar-se no acompanhamento de serviços.
A verificação dos documentos internos mostrou também, que, dos serviços listados
segundo o regimento do SiAC (Quadro 3), a construtora se adaptou aos serviços em seus
empreendimentos, os quais resultaram em 15 fichas de inspeção de serviços, mostrados na
Quadro 6.

54
Quadro 7. Listagem de fichas de serviços da construtora.

Ordem Serviços controlados Status


1 Locação de obra Conforme
2 Fundações – Estaca Hélice Conforme
3 Fôrmas – Blocos de coroamento, viga baldrame e laje. Conforme
4 Execução de argamassas e concretos Conforme
5 Execução da alvenaria estrutural Conforme
6 Execução do revestimento interno - argamassa Desatualizada
7 Execução de revestimento externo - argamassa Desatualizada
8 Colocação de soleiras e peitoris (granito) Conforme
9 Execução de contrapiso Desatualizada
10 Execução de impermeabilização Conforme
11 Colocação de contramarco de alumínio Desatualizada
12 Instalação de gás Conforme
13 Instalação hidrossanitária Conforme
14 Instalação elétrica Conforme
15 Execução de cerâmica Desatualizada
Fonte: Dados extraídos da documentação interna da empresa.

Diante do exposto, pôde-se constatar que, apesar da construtora ter cumprido o


requisito de documentar 40% das verificações de serviço (dos 27, foram cumpridos 15, o
que representa 55,6%), as fichas não estavam atualizadas ou não eram ensinadas à equipe de
conferência. Além disso, no que diz respeito às inspeções referentes alguns serviços da etapa
de acabamento, não existia fichas de inspeção por não serem serviços controlados, segundo
o regimento. Logo, era efetuado apenas o treinamento verbal entre os gestores e conferentes,
o qual não atendia as necessidades e particularidade de cada serviço, além de ser um
procedimento de conferência despadronizado já que contava com a experiência particular de
cada coordenador de obras.
Na etapa de acabamento, os serviços efetuados pelos funcionários da empresa são:
revestimento interno e externo, execução do contrapiso e instalação de rodateto. Já os
serviços efetuados por equipes terceirizadas são: instalação de contramarco, pintura interna
e externa, assentamento de cerâmica, instalação de portas e rodapés de madeira e instalação
de esquadrias de alumínio.

4.3 Análise de dados

Durante o acompanhamento da obra foi realizado um levantamento de indicadores


de produção e produtividade dos serviços. O procedimento era o seguinte: finalizado
55
determinado serviço na unidade construtiva, o profissional informava ao apontador para
registro, o qual apontava a finalização, e posteriormente era realizada a inspeção por um
técnico habilitado.
Porém, foi constatado que a verificação do serviço era efetuada apenas pelo
estagiário, que realizava a inspeção alguns dias após o apontamento no documento de
indicadores. Diante disso, o pagamento era feito com base nas medições sem a aprovação
final de serviço conforme, a ser atestado pelo coordenador de obras. Esse procedimento
resultou em alguns serviços com não conformidade que deveriam ser refeitos, mas que já
haviam sido pagos aos fornecedores. Observou-se que o tempo de espera para que os
profissionais efetuassem o retrabalho era demasiadamente longo, resultando em qualidade
inadequada de o acabamento e geração de desgaste da equipe ao solicitar a solução dos
problemas.
A partir da avaliação de situações desta natureza, foi possível realizar um
levantamento dos motivos desta não conformidade e alguns fatores se destacaram, sendo
estes:
• A falta de treinamento para vistoriar todos os serviços fez com que alguns
requisitos de qualidade do serviço passassem despercebidos e só fossem
notados após a revistoria, gerando mais revistorias e retrabalhos;
• Ainda, foi constatada a falta de um documento de inspeção para os serviços,
em especial os que se referem as atividades de acabamento da obra, tendo em
vista que os serviços da área de infraestrutura e supraestrutura possuem um
controle mais rigoroso devido as normas com ensaios técnicos e documentos
legais necessários;
• A liberação de pagamento antes da aprovação final do serviço, levando em
consideração que se tornava mais custosa a cobrança para o profissional efetuar
a correção do serviço quando ele já considerava como finalizado;
• A ausência de informação sobre a qualidade do produto ofertada pelo
fornecedor, tendo em vista as especificações acordadas entre o setor de
aquisições e a empresa contratada, mas sem descrição em contrato ou folder
explicativo,
• A ausência de levantamento de materiais comprados a mais devido os
retrabalhos gerados de serviços não finalizados.
56
4.4 Fichas de Inspeção de Serviço Atualizadas

Considerando o levantamento mostrado na Quadro 6 e as constatações descritas no


seção 4.2, foram adotados procedimentos para melhorias. Foi efetuada a atualização das
etapas de inspeção dos serviços que estavam desatualizados e a criação de diversos serviços
da área de acabamento que eram os responsáveis por demandar tempo extra da equipe de
gestão da obra para a solicitação de reparos.
Os procedimentos a serrem adotados foram agrupados em quadros, nas quais estão
descritas a execução do serviço e a forma de inspeção. Os Quadros 7 a 19 apresentam as
informações completas de inspeção para o atual padrão de qualidade de execução da
construtora.

Quadro 8. Etapas de inspeção do serviço de instalação de contramarco.


Ordem Execução Inspeção
Para a instalação do contramarco, é necessário que o
Avaliar se o local em que será instalado
posicionamento seja feito num local com
1 está preenchido e plano
preenchimento

Verificar se não há irregularidades que comprometam


2 Efetuar a limpeza do local o alinhamento

O posicionamento deve ser feito faceando a parte


3 Posicionar o contramarco
interna da parede
Coloca-se cunhas no entorno, para fixar
a posição. É feito o taqueamento da Verificar se está o posicionamento ficou nivelado e
4
parede para o prumo dentro do prumo

Verificar se a argamassa preencheu os vãos e o


Fixar o contramarco por meio de
5 contramarco está imobilizado
argamassa no local das cunhas
Verificar se não há um fechamento entre os perfis
No caso das portas janelas, medir o
laterais na parte inferior que não tem a peça embaixo,
6 espaço entre os perfis em cima e
apenas 3 perfis
embaixo
7 Limpeza final Verificar se não está com excesso de argamassa
Fonte: Autoria própria (2022).
O taqueamento consiste em posicionar peças pequenas (madeira ou cerâmica) com
a espessura do revestimento desejado, como referência para executar o revestimento interno.
A Figura 25 ilustra as taliscas, mestras e o acabamento final.

57
Figura 25. Ilustração do taqueamento.

Fonte: Guimarães (2020).

Quanto ao contramarco, este consiste numa moldura constituída por quatro perfis
metálicos, os quais são entregues montados na construção e apenas precisam ser fixados e
nivelados no vão que receberá a esquadria de alumínio. A Figura 26 ilustra os componentes
que fazem parte do serviço.

Figura 26. Ilustração dos componentes para instalação do contramarco.

Fonte: Miranda (2011).

58
Quadro 9. Etapas de inspeção do serviço de revestimento interno.
Ordem Execução Inspeção
Tanto a estrutura quanto a desempenadeira precisam
estar úmidas para não absorver a água e comprometer
1 Umedecer o local
o desempenho do chapisco

Espessura de 5mm a 7mm. O chapisco precisa cobrir


Camada de chapisco com colher de toda a superfície. Aguardar 3 dias para a próxima
2
pedreiro. camada.

Espessura de 5 mm. Verificar se a superfície da talisca


Taqueamento - Prender pregos nas
está alinhada com a linha. Espaçamento de 1,5m entre
extremidades da parede e enrolar um fio
taliscas (vertical e horizontal). Conferir com o prumo
3 de nylon neles. Depois assentar taliscas
se a linha inferior está alinhada com as taliscas
cerâmicas com argamassa a partir da
superiores.
linha de referência.
Alinhamento vertical e com pequenas camadas.
Sarrafear as mestras com régua e alinhar a argamassa.
Execução das mestras, preenchendo os
Com a argamassa seca, retirar as taliscas e preencher
4 espaços entre talicas com argamassa e
com argamassa nos vazios. Deixar secar por 8 horas
depois tirar o excesso com a régua.
para a próxima etapa.

Espessura de 5mm. Verificar se a superfície está com


acabamento liso, sem ranhuras, desempenado. Fazer o
Execução do reboco com argamassa acabamento a 90º nas quinas das paredes e cantos entre
5
estabilizada. piso e parede ou teto e parede. Verificar o acabamento
nas saídas das instalações e se não foram tampadas.

A argamassa de revestimento deve ser mantida úmida


pelas 24h seguintes. Verificar se não houve o
6 Manter o revestimento úmido. surgimento de fissuras, deficiência de aderência,
eflorescências, manchas, falta de
nível/prumo/planicidade.

Fonte: Autoria própria.

O acabamento desempenado consiste em uma superfície lisa, sem ranhuras, como


pode ser notado na Figura 27(a), e uma superfície não conforme é aquela que possui ranhuras
que ficarão ainda mais evidentes na camada de pintura, como mostra a Figura 27(b).

59
Figura 27. Ilustração do acabamento do revestimento interno.

(a)Acabamento do revestimento ideal, (b) Acabamento do revestimento inadequado,


liso, nivelado, sem protuberâncias ou ranhuras. áspero e irregular, precisa de reparo
Fonte: Autoria própria (2022).

Quadro 10. Etapas de inspeção do serviço de revestimento externo.


Ordem Execução Inspeção
Verificar se não há obstruções na parede garantindo a
Lixar e limpar a superfície a planicidade, se não há impurezas, umidade ou
1 superfície. imperfeições das etapas de estrutura que só podem ser
vistas após a montagem nos andaimes suspensos(jaús).

Tanto a estrutura quanto a desempenadeira precisam


2 Umedecer o local. estar úmidas para não absorver a água e comprometer o
desempenho do chapisco.
Taqueamento - Prender pregos nas
extremidades da parede e enrolar um Espessura de 5 mm. Verificar se a superfície da talisca
fio de nylon neles. Depois assentar está alinhada com a linha. Espaçamento de 1,5m entre
3
taliscas cerâmicas com argamassa a taliscas (vertical e horizontal). Conferir com o prumo se
partir da linha de referência. a linha inferior está alinhada com as taliscas superiores.

Alinhamento vertical e com pequenas camadas.


Execução das mestras, preenchendo Sarrafear as mestras com régua e alinhar a argamassa.
os espaços entre talicas com Com a argamassa seca, retirar as taliscas e preencher
4
argamassa e depois tirar o excesso com argamassa nos vazios. Deixar secar por 8 horas
com a régua. para a próxima etapa.

Espessura de 5mm. Verificar se a superfície está com


acabamento liso, sem ranhuras, desempenado. Fazer o
Execução do reboco com argamassa acabamento a 90º nas quinas das paredes e cantos entre
5
estabilizada. piso e parede ou teto e parede. Verificar o acabamento
nas saídas das instalações e se não foram tampadas.

60
Quadro 11. Etapas de inspeção do serviço de revestimento externo.
Ordem Execução Inspeção
Verificar se estão com a mesma espessura e retas.
Efetuar juntas de dilatação entre
6 Profundidade máxima de 10mm.
panos.
A argamassa de revestimento deve ser mantida úmida
pelas 24h seguintes. Verificar se não houve o
7 Manter o revestimento úmido. surgimento de fissuras, deficiência de aderência,
eflorescências, manchas, falta de
nível/prumo/planicidade.

Fonte: Autoria própria.

Para a execução do revestimento externo, são utilizados os andaimes suspensos,


também chamados de balancim ou jaú, ilustrado na Figura 28.

Figura 28. Ilustração do andaime suspenso.

Fonte: Beneventi (2017).

A Figura 29 apresenta a separação da fachada, a qual é contabilizada nomeando os


trechos de “pano”, em que cada pano é separado por junta de dilatação para direcionar as
fissuras e não prejudicar a estética e desempenho da fachada.

61
Figura 29. Imagem da fachada do prédio com indicações de pano e junta de dilatação.

Fonte: Autoria Própria (2022).


Quadro 12. Etapas de inspeção do serviço de pintura interna.

Ordem Execução Inspeção


1 Verificar se há algum local úmido. Garantir superfície seca antes de iniciar o processo.

Preencher vazios garantindo o


2 Inexistência de ranhuras ou buracos.
nivelamento.

Superfície em bom estado, lixar e


3 Verificar se a superfície está limpa e plana.
eliminar pó.

4 Aplicar o selador pigmentado. Verificar os locais que serão necessários restaurar.

Aplicação da massa corrida nas Verificar se a massa corrida preencheu todas as


5 imperfeições. imperfeições, incluindo quinas quebradas.

Aplicar a demão de tinta, fazendo


6 Verificar se a parede não está manchada ou riscada.
acabamento nos vãos.
Fonte: Autoria própria.

62
No serviço de pintura interna é necessário realizar uma inspeção visual, tendo em
vista que não há outros métodos utilizado pela construtora para verificar a qualidade da
pintura. Mas, visualmente, é possível verificar o suficiente, tendo em vista que a inspeção se
direciona ao acabamento em textura lisa da parede e a ausência de manchas.

Quadro 13. Etapas de inspeção do serviço de pintura externa.


Ordem Execução Inspeção
1 Verificar se há algum local úmido. Garantir superfície seca antes de iniciar o processo.
Preencher vazios garantindo o
2 nivelamento. Inexistência de ranhuras ou buracos.

Superfície em bom estado, lixar e


3 Verificar se a superfície está limpa e plana.
eliminar pó.

Verificar se todas as juntas foram impermeabilizadas


4 Aplicar impermeabilizante acrílico. e em volta das janelas, sem deixar nenhum trecho sem
impermeabilizante.

5 Aplicar o selador pigmentado. Verificar os locais que serão necessários restaurar.

Aplicação da massa corrida nas Verificar se a massa corrida preencheu todas as


6 imperfeições. imperfeições, incluindo quinas quebradas.

Aplicar a demão de tinta, fazendo


7 Verificar se a parede não está manchada ou riscada.
acabamento nos vãos.
Fonte: Autoria própria.
Em relação a pintura externa, é possível verificar de forma visual, mas atenta-se ao
fato da necessidade de perfeita impermeabilização para não gerar infiltrações internas.

Quadro 14. Etapas de inspeção do serviço de pintura de teto.


Ordem Execução Inspeção
1 Verificar se há algum local úmido. Garantir superfície seca antes de iniciar o processo.

Preencher vazios garantindo o


2 Inexistência de ranhuras ou buracos.
nivelamento.

Superfície em bom estado, lixar e


3 Verificar se a superfície está limpa e plana.
eliminar pó.

4 Aplicar o selador pigmentado. Verificar os locais que serão necessários restaurar.

Aplicação da massa corrida nas Verificar se a massa corrida preencheu todas as


5 imperfeições. imperfeições, incluindo quinas quebradas.

Aplicar a demão de tinta, fazendo


Verificar se o teto não está manchado e se a textura se
6 acabamento nos pontos de iluminação e
manteve regular.
com finalização em textura média.
Fonte: Autoria própria.

63
Nos acabamentos da pintura, a construtora opta por efetuar dois tipos de
acabamento, o liso e o texturizado, em que o acabamento em textura é efetuado nos tetos e
fachadas, o qual cobre melhor as imperfeições, e o acabamento liso para paredes internas. A
Figura 30 apresenta o acabamento em textura média.
Figura 30. Acabamento de pintura texturizado.

Fonte: Imovelweb (2020).

Quadro 15. Etapas de instalação de esquadria de alumínio.


Ordem Execução Inspeção

Efetuar a limpeza do local com espátula para Verificar se não há massa seca no contramarco
1
obstruções e pincel para poeira. na parte interna.

Verificar se não há excesso de silicone e se toda


Passar silicone em todo o contramarco
2 a contramarco foi selado.
externo.
Verificar se a esquadria está completamente
Encaixar a esquadria no vão e de acordo com encaixada no contramarco e retirar possíveis
3
a posição do contramarco. silicones que excederam no espaço.

Com uma parafusadeira, parafusar o


Verificar se há duas presilhas em cada quina e
4 contramarco e a esquadria.
uma no meio de cada perfil.
Aguardar a secagem do silicone.
5 Esperar 72h.
A vista de alumínio é encaixada nas presilhas
Verificar se todas estão bem fixas, sem
6 que foram parafusadas.
protuberâncias.
A regulagem é feita mutuamente com a Verificar se as folhas estão reguladas, fechando
7 instalação do fecho. sem interferir na outra e com o fecho
completando seu ciclo.
No caso da porta janela, instalar um perfil
entre o piso e a porta janela na parte interior Verificar se não há excesso de silicone saindo e
8
do imóvel, com pequenas quantidades de se está bem fixado.
silicone distribuídas ao longo do perfil.
Fonte: Autoria própria.

64
A verificação das esquadrias é realizada através de um teste de desempenho durante
a utilização, além de verificar o acabamento nas vistas e vidros de forma visual.

Quadro 16. Etapas de instalação de execução de contrapiso.


Ordem Execução Inspeção
Verificar se não há instalações ou Verificar se a concretagem ficou bem distribuída e
1 armaduras expostas. nivelada.

Apenas o concreto deve estar em contato com a


camada de contrapiso, para evitar estragar algo
2 Retirar possíveis protuberâncias.
exposto.

Garantir que não fique materiais ou sujeira embaixo do


3 Efetuar a limpeza do local. contrapiso.

Verificar o alinhamento das unidades juntamente com


4 Taqueamento do piso. os corredores e escada. Espessura de até 5 cm.
Espaçamento entre taliscas de até 2,0 m.

Fazer as mestras: aplicar argamassa


5 Verificar o nivelamento das mestras.
entre as taliscas.

Execução do contrapiso: aplicar a Verificar se o nivelamento do contrapiso está correto


6
argamassa entre as mestras. e se foram gerados desníveis em áreas molhadas.
Ao fim do serviço, verificar se o contrapiso está plano
7 Fazer o acabamento com
e nivelado, sem brechas.
desempenadeira
Fonte: Autoria própria.

É dever do conferente verificar com réguas de alumínio se o contrapiso está


adequado, verificar se foi gerado os desníveis nas áreas molhadas e se o acabamento está
uniforme, sem protuberâncias ou vãos.

Quadro 17. Etapas de instalação de assentamento de cerâmica na parede.


Ordem Execução Inspeção
Verificar se em torno das instalações o
acabamento do reboco está adequado e plano,
1 Retirar obstruções que estejam na parede. retirar quaisquer obstáculos que possam prejudicar
o nivelamento da peça cerâmica.

Verificar se não há impurezas que comprometam a


Efetuar a limpeza do ambiente.
2 aderência da argamassa colante na superfície.

Verificar se o apoio do laser está plano e se a


Marcar o meio da parede por meio do distância do laser até o piso representa metade da
3
laser. parede, por meio de uma trena.

Verificar se toda a área que receberá a peça


cerâmica está úmida para que a água da argamassa
4 Umedecer a parede.
não seja completamente sugada pela superfície e
permitindo a aderência do material.
65
Quadro 18. Etapas de instalação de assentamento de cerâmica na parede.
Ordem Execução Inspeção
É necessária a formação de dentes e sulcos na
Coloca-se a argamassa na parede com o
5 argamassa para que a peça cerâmica não descole
uso da desempenadeira.
posteriormente.
Assentamento da cerâmica com auxílio do
martelo de borracha para aderir a A partir do laser de referência, verificar se a peça
6
argamassa. foi assentada nivelada com o laser.

Nos locais com saídas de água, saídas de


instalações elétricas ou outras aberturas Verificar se o vão está alinhado na peça e não foi
7 na parede, é necessário fazer o recorte da prejudicado com excesso de argamassa colante ou
peça cerâmica com as dimensões do vão. coberto durante o assentamento de cerâmica.

Verificar se a próxima etapa iniciará apenas 72


8 Esperar a argamassa colante secar. horas após o assentamento.

Passar rejunte entre as fugas dos azulejos


Verificar se todos estão preenchidos, sem ausência
9 cerâmicos.
ou excesso de rejunte.
Verificar se foi passado rejunte em volta das
instalações (registros, tubulações ou caixas
10 Fazer o acabamento em volta dos vãos. elétricas que coincidiram com a fuga da peça
cerâmica).

Efetuar a limpeza do rejunte após a


11 aplicação, retirando a poeira que resulta Verificar se o ambiente ficou limpo.
do rejunte após a secagem.

Fonte: Autoria própria.


Na cerâmica de parede é necessário verificar peça por peça devido a limitação de
alcance visual e as tonalidades que costumam ser em tons claros, além de garantir um meio
de iluminação adequado no momento da vistoria.
Quadro 19. Etapas de instalação de assentamento de cerâmica no piso.
Ordem Execução Inspeção
Verificar se não há obstáculos ou desníveis no
Avaliar o local que será efetuado o contrapiso que prejudiquem o nivelamento da
1
serviço. peça.

Retirar poeira e quaisquer outra impureza da


2 Efetuar a limpeza do ambiente. superfície.

Verificar se toda a área que receberá a peça


cerâmica está úmida para que a água da argamassa
Umedecer a superfície que será aplicada a
3 não seja sugada pela superfície e permitindo a
peça cerâmica.
aderência do material.

Verificar se não está ocorrendo excesso de recorte


Assentar conforme a paginação do piso. de peças devido à falta de planejamento do
4
assentamento.

Cortar a peça cerâmica conforme o Verificar se foi assentado e preenchido até os


5 dimensionamento do rodapé e assentar na locais indicados e se está nivelado ao longo da
sacada. superfície.
66
Quadro 20. Etapas de instalação de assentamento de cerâmica no piso.
Ordem Execução Inspeção
No banheiro e sacada, deve haver Verificar se foi cumprido o caimento de 1% e se
6
caimento. está em direção ao ralo, sem empoçar água.
Durante as 72 horas, não permitir o trânsito de
pessoas sobre o local recém assentado para não
7 Esperar a argamassa colante secar.
comprometer o nivelamento.

Verificar se todos estão preenchidos, sem ausência


ou excesso de rejunte. O rejunte deve ir até o fim
Passar rejunte entre as fugas das peças
8 da peça cerâmica e não deve ser deixado espaço
cerâmicas.
entre fuga do rejunte e parede.

Efetuar a limpeza do rejunte após a


9 aplicação, retirando a poeira que resulta do Verificar se o ambiente ficou limpo.
rejunte após a secagem.
Fonte: Autoria própria.

Nas cerâmicas de piso deve-se manter os cuidados do serviço de cerâmica na parede


e atentar-se ao caimento do piso nas áreas molhadas.

Quadro 21. Etapas de instalação de instalação de portas de madeira.


Ordem Execução Inspeção
Posicionar a porta no vão, prendendo-a
Verificar se há duas cunhas em cada canto e três no
1 na parede por meio das cunhas de
meio das faces laterais.
madeira.
Verificar se foram colocadas em todas as faces para
Preencher entre as cunhas com pequenas que não fique oco, mas sem continuidade para a
2
quantidades de espuma. madeira poder trabalhar dando flexibilidade.

Aguardar a secagem da espuma. 72h de espera.


3
Cortar as espumas que excederam o
4 espaço. Verificar se a espuma está nivelada com a parede.

Medir os espaços para vista e cortar a


madeira a 45º nas extremidades de Verificar se todas as vistas foram pinadas com a
5
encontro com a vista superior. pistola e não apenas encaixadas.

As madeiras das vistas precisam estar Verificar se as vistas não estão ásperas ou sem verniz
6
em qualidade adequada. ou lascadas.
Fonte: Autoria própria.

67
Quadro 22. Etapas de instalação de instalação de rodapé de madeira.
Ordem Execução Inspeção
Verificar se não há obstáculos ou desníveis no
Avaliar o local que será efetuado o
1 contrapiso que prejudiquem o nivelamento da peça.
serviço.
Retirar poeira e quaisquer outra impureza da
2 Efetuar a limpeza do ambiente. superfície.

Fazer a medição do trecho que será


Verificar se está sendo a medida certa e encaixando
instalado o rodapé e riscar em cima da
3 com o rodapé ao lado, para não gerar vão entre peças.
peça indicando o corte.

Posteriormente, é utilizado pino com Verificar se todas as peças estão fixadas e não apenas
4 pistola para fixar na parede. posicionadas.

Nas emendas, lixar e passar massa para Verificar se estão utilizando apenas um tom de massa,
5
fazer o acabamento. o mais próximo do tom da madeira.
Fonte: Autoria própria.

Nos serviços que utilizam madeira em acabamento, é necessário considerar que a


madeira possui variações de tons e que as massas de acabamento para madeira devem ser
condizentes com os tons aproximados do instalado, tornando o padrão o mais natural e
discreto possível.
Quadro 23. Etapas de instalação de instalação de rodateto.
Ordem Execução Inspeção
Limpar a área de colagem dos Verificar se não ficou nenhuma impureza que possa
1 rodatetos. prejudicar a aderência do material.

Verificar se está sendo otimizada a metragem de


rodateto, visando espaços pequenos ficarem com os
Fazer a medição do espaço que será
2 recortes pequenos e as paredes maiores no máx. com
colado e fazer o corte da peça.
uma emenda.

Verificar se estão colocando a quantidade adequada,


apenas um filete de cola ao longo de toda peça de
Retirar o plástico do lado adesivo do
forma centralizada. Nas laterais da extremidade
3 rodateto e passar cola instantânea para
também deve ser passado cola para a conexão com as
melhorar a aderência.
peças ao lado.

Passar silicone a base de água nas


Verificar se as peças estão bem aderidas, sem excesso
emendas, com uma espátula e nos
4 de cola ou silicone e sem trechos com ausência de
encontros com o teto.
silicone.
Verificar se os profissionais não sujaram as peças
5 Efetuar a limpeza do local.
rodateto e se deixaram o imóvel sem os resíduos.
Fonte: Autoria própria.

Com base nos critérios formalizados nos Quadros (7 a 19), foi possível utilizar a
ferramenta de apoio MCDA para a definição dos impactos gerados com base no

68
conhecimento do conferente, no registro de conformidades por inspeção e com um
levantamento de custos arbitrário a cada vistoria.
A Tabela 1, no Apêndice A apresenta o modelo matemático referente a fase de
estruturação, com os respectivos critérios, pesos e custos de cada serviço para auxílio na
tomada de decisão.
A organização da coluna de fator crítico (Tabela 1) é feita com base na separação
dos serviços, em que cada serviço possui uma quantidade de critério mínima aceita para ser
vistoriado e uma quantidade de critérios para serem vistoriados de forma que o serviço seja
considerado conforme. Depois verifica-se a quantidade mínima aceita de critérios
conformes, dentro dos que foram vistoriados, e uma quantidade de critérios que são
considerados como serviço conforme, dentro do esperado, mas ainda suscetível a reparo e
revistoria; e a também, a quantidade de custo máxima que espera-se desembolsar nestes
reparos e a quantidade considerada mínima aceitável de custo com a revistoria. Esse
parâmetro de mínimo aceitável possui o objetivo de auxiliar os coordenadores das obras a
estarem alerta quando deve ser gerado alguma penalidade, tendo em vista que pudesse
acarretar em prejuízo para a construtora em relação a custos, prazos e qualidade do serviço.
A coluna “Status Quo” (Tabela 1) retrata o que é encontrado atualmente na
construtora, em que nem sempre são analisados todos os critérios desde a primeira vistoria.
Isto ocorre devido à ausência de documentação e treinamento adequado aos conferentes, e
dentro destes critérios, a quantidade de critérios conformes costuma ser baixa. A coluna de
1ª vistoria (Tabela 1) mostra a quantidade de critérios que ainda não são sanados mesmo
após a indicação da primeira vistoria.
Como forma de instrução para o agente da tomada de decisão, o método conta com
a atribuição de pesos por critérios, a qual está na coluna “taxas”. Nesta situação, considerou-
se todos os tópicos com o mesmo peso, tendo em vista que todos os serviços são igualmente
importantes e necessários para a execução de obras.
Em relação aos pontos atrelados aos critérios, estes consistem na conversão das
conformidades dos serviços para obter uma pontuação igualitária entre eles e gerar uma
escala de comparação.
Na fase de avaliação, considerou-se a pontuação levantada para cada caso, a qual
está apresentada no modelo matemático do apêndice B (Tabela 2). A partir da Tabela 2, foi

69
possível verificar a situação global do sistema, em que ficou evidente a quantidade de não
conformidades na primeira vistoria e a inconclusão dos problemas na primeira revistoria.
Por fim, na fase de recomendação, foi possível gerar um gráfico, ilustrado na Figura
31 (Apêndice C), no qual verifica-se que quase não há serviço na área de excelência, todos
enquadram-se melhor na área negativa da figura 31 (Apêndice C), validando a necessidade
de atualização dos processos.
Sendo assim, essa ferramenta também pode ser utilizada como um controle durante
o as vistorias de obra, podendo ser registrada em documentos para formalizar o método de
acompanhamento da equipe.

4.5 Definições contratuais

Em relação a comunicação entre equipe interna da obra e fornecedores de serviço,


levantou-se a necessidade de especificar, nos documentos de contratação de serviço e de
produto, o prazo para finalização de serviço e o tempo limite entre o primeiro contato e
entrega de não conformidades da vistoria até a entrega da correção dos mesmos, bem como
uma advertência ou um prazo reduzido para o caso de a revistoria não aprovar novamente o
serviço.
Além disso, notou-se que nem sempre o responsável pelo setor de aquisição de
recursos, o qual solicita os materiais para obra e também efetua o controle das equipes
terceirizadas, estava ciente do padrão de qualidade que eles estavam comprometidos em
oferecer. Diante do exposto, sugere-se que antes da assinatura do contrato, o responsável
pelo setor de aquisição e os responsáveis pelos setores de obras (quando houver mais de uma
obra envolvida), tenham uma reunião com o fornecedor em que ele explicará o que a empresa
dele entrega. A partir dessa reunião, ambas as partes poderão apresentar suas opiniões e
chegar a um acordo ou na decisão de troca de fornecedor, bem como os conferentes iniciarão
as conferências entendendo o que é aceitável e o que está fora do contratado.
Como forma de quantificar o padrão requerido e que será cobrado durante a
execução do serviço, sugere-se a utilização dos critérios definidos no modelo matemático do
MCDA, com as respectivas definições de quantidade de conformidades necessárias e

70
relatório de não conformidade para congelamento do pagamento. Os resultados da
ferramenta MCDA podem ser descritos em contrato para validação com as partes
interessadas e futuras cobranças.

4.6 Treinamento dos Conferentes

Como forma de comunicar e formalizar o conhecimento necessário para as


inspeções, define-se a necessidade de os conferentes passarem por um treinamento interno,
administrado pelo setor de qualidade da empresa, em que será explicado os seguintes
tópicos:
1. Instruir em relação a etapa do serviço no cronograma da obra, para entenderem quais
serviços precisam estar finalizados e a dependência entre eles;
2. Instruir em relação ao padrão de qualidade do produto adquirido;
3. Instruir em relação aos requisitos de funcionalidade do produto entregue, após a
finalização do serviço;
4. Apresentar os tópicos das inspeções e em qual etapa do serviço será inspecionado;
5. Explicar como funciona o procedimento de informação ao profissional responsável
pelo serviço e o prazo determinado para correção, bem como possíveis
consequências no caso de não ter sido eficaz o retrabalho;
6. Conscientizar sobre possíveis congelamento de pagamento ou advertências caso os
reparos não sejam efetuados num prazo determinado ou com a qualidade solicitada.

Ao fim do treinamento, devem ser explicados as formas de acesso aos documentos


apresentados, se será disponibilizado de forma online ou física e como deverão ser feitos os
preenchimentos dos Quadros (7 a 19) na ficha de inspeção (Anexo A).
Além do apontamento das ocorrências que foram documentadas, a metodologia
adotada no estudo propôs que cada ocorrência também seja registrada por meio de
fotografias. Assim, o processo poderia ser aprimorado, tanto no controle do cumprimento de
ações para sanar os problemas quanto na comunicação entre a equipe da obra com os
profissionais do serviço. Através do registro pelas imagens, considera-se possível o melhor
entendimento das nomenclaturas, identificação dos problemas, e facilidade na comparação
entre o problema e a sua correção. Este procedimento pode contribuir para garantir que o

71
problema seja solucionado, bem como no aumento da qualidade final do produto entregue.
Destaca-se que nos registros fotográficos, são documentados com data, horário e nome do
avaliador.

72
5 CONCLUSÕES

Atualmente existem construtoras com diferentes técnicas construtivas e padrão de


qualidade entregando imóveis para pessoas participantes dos programas de habitação de
interesse social. Como meio de obter um nível de funcionalidade e desempenho das
construções, os programas definem alguns sistemas para acompanhamento e verificação de
qualidade, sendo um deles, o SiAC.
A utilização do SiAC não se resume apenas ao cumprimento de um requisito, mas
uma orientação benéfica para as empresas que permite auxiliá-las na evolução qualitativa e
organizacional, tornando-as mais competitivas no mercado.
Durante o estudo para a produção deste trabalho, foi levado em consideração o
acompanhamento de uma obra no período de um ano e dois meses, onde verificou-se as
inconsistências no procedimento de inspeção de serviços. As inconsistências eram em
relação ao acabamento inadequado deixado pelos profissionais, a execução incorreta que
prejudicava o desempenho do produto (imóvel) para o usuário (futuro morador), a falta de
conhecimento adequado para a inspeção (documentos base e treinamento) e o demasiado
tempo investido solicitando aos profissionais que corrigissem as não conformidades do
serviço.
Diante disso, seguiu-se para uma análise de documentos internos da empresa, onde
verificou-se a existência de inspeção para alguns serviços, mas que estavam desatualizados
ou inexistentes em relação aos serviços que mais geravam vistorias. Logo, a partir desse
acompanhamento em obra, levantamento de informações das vistorias e acesso aos
documentos internos, foi proposto esse estudo como forma de criar um plano de ação para
melhorar o processo. Utilizou-se o conhecimento empírico juntamente com uma ferramenta
de intervenção (MCDA) para quantificar e definir procedimentos.
Com este trabalho foi possível interpretar o regimento do SiAC, para tornar
palpável a forma de implementação de um sistema de gestão da qualidade em uma empresa.
Identificou-se como a empresa organiza-se e registra as informações internas e como deve
ser feito a atualização dos procedimentos em prol da melhoria contínua. Verificou-se como
identificar problemas internos por meio de apontamentos das equipes de gestão da obra e,
com isso, foi possível propor um projeto de atualização de documentos, treinamento de
equipe e documentação do conhecimento adquirido.

73
O trabalho restringiu-se ao foco de etapas de acabamento de uma obra num
empreendimento residencial multifamiliar diante do tempo de acompanhamento. A
limitação foi definida com base no número de vistorias que eram efetuadas nessa etapa da
obra e que necessitava de um controle mais rigoroso devido a contratação de equipes
terceirizadas para a efetuação dos processos. Além disso, a etapa de acabamento é a que mais
demanda equipe de mão de obra, materiais e tempo para reparos para a vistoria com o cliente,
tendo em vista que são os serviços que o cliente consegue visualmente analisar e opinar antes
da entrega de chaves.

5.1 Limitações do trabalho

As limitações encontradas ao longo do desenvolvimento do trabalho, foram:


(j) Existência de normas brasileiras para execução de apenas alguns serviços;
(k) Acompanhamento de apenas uma obra;
(l) Ausência de um documento com a descrição dos produtos oferecidos pelos
fornecedores;
(m) Ausência do levantamento do custo exato gerado dos reparos resultantes de cada
vistoria;
(n) Ausência de controle e armazenamento dos documentos gerados das revistorias.

5.2 Sugestões para trabalhos futuros

Considerando as limitações deste estudo, sugere-se os seguintes temas para


trabalhos futuros, para abranger mais a área de setor de qualidade em empresas construtoras:
• Aprofundar a forma de documentação de procedimento dos setores;
• Analisar outros setores de forma individualizada para aplicar a melhoria
contínua;
• Ampliar o nível de detalhamento de outros serviços nos setores de instalações
ou estruturas nas fichas técnicas;
• Analisar métodos de gratificação para os funcionários internos da empresa para
os serviços não terceirizados.
74
75
REFERÊNCIAS

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84
APÊNDICE A
Tabela 1. Fase de estruturação da ferramenta MCDA.

Fonte: Autoria própria (2022).

85
APÊNDICE B
Tabela 2. Fase de avaliação da ferramenta MCDA.

Fonte: Autoria própria (2022).

86
APÊNDICE C

Figura 31. Fase de recomendações da ferramenta MCDA.

Fonte: Autoria própria (2022).

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ANEXO A

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