1 Territorialidades No Turismo em São João Dos Mellosr
1 Territorialidades No Turismo em São João Dos Mellosr
1 Territorialidades No Turismo em São João Dos Mellosr
Jordão Benetti.1
Jordão Benetti y Priscyla Christine Hammerl (2016): “Territorialidades no turismo em São João dos Mellos–RS: entre o
turismo rural colonial e o turismo pan-étnico”, Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 20 (junio 2016). En línea:
http://www.eumed.net/rev/turydes/20/pan-etnico.html
RESUMO:
RESUMEN:
Este artículo presenta los resultados de una encuesta realizada en la comunidad rural
de San Juan de Mellos, en Rio Grande do Sul, Brasil. Las características turísticas
desarrolladas en el sitio tienen dos territorialidad muy distinta, que en conjunto
permiten el punto culminante del destino en relación a otra región turística. Utilizando
la metodología de la investigación cualitativa y entrevistas con los actores locales, los
1
Mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Linha de Pesquisa: Território,
Planejamento e Sustentabilidade). Graduado em Gestão Pública pelo Centro Universitário Internacional
2
Doutoranda em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Linha de Pesquisa: Território,
Planejamento e Sustentabilidade). Mestre em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi
resultados de nuestros análisis revelan cómo el turismo rural colonial se refiere al
turismo panétnica.
PALABRAS CLAVE: Territorialidad. Turismo rural. turismo panétnica. São João dos
Mellos.
ABSTRACT:
This article presents results of a research in the rural community of São João dos
Mellos, Rio Grande do Sul. The local tourism have two quite distinct territoriality. These
territorialities together, enable the highlight of the destination relative to other tourist
destinations. Using as methodology qualitative research and conducting interviews with
local stakeholders, the results of our analyzes reveal how the colonial rural relates to
the pan-ethnic tourism.
KEYWORDS: Territorialities. Rural Tourism. Pan-ethnic tourism. São João dos Mellos.
1.INTRODUÇÃO
Atraindo turistas que buscam não apenas o turismo rural colonial, mas também
outras formas de turismo alternativo, com práticas religiosas, culturais e alimentares
diferenciadas, o destino turístico de São João dos Mellos apresenta diferentes
territorialidades, que formatam por meio de sua pluralidade e sobreposição, uma
característica identitária territorial que se destaca em relação a outros destinos da
região.
2. METODOLOGIA
Rodrigues (2006, p.305) afirma que o turismo, pelo grande dinamismo ao qual
está subordinado, é uma prática social marcada pelo “hibridismo territorial”, pois “é no
espaço de origem da demanda que se originam os fluxos turísticos, mas é no espaço
de destino que se concretiza, produzindo novas territorialidades”. Para se
compreender essa lógica, contudo, é necessário levar em consideração que o território
é formado não apenas pelos sistemas naturais, mas sim pelo espaço usado,
reorganizado, configurado, normatizado, racionalizado. Santos (2002, p.7), afirma:
Território é o lugar em que desembocam todas as ações, todas
as paixões, todos os poderes, todas as forças, todas as
fraquezas, isto é, onde a história do homem plenamente se
realiza a partir das manifestações da sua existência.
É neste contexto que surge o turismo como forma do agricultor diversificar suas
formas produtivas. O “turismo rural” compreende as atividades realizadas no espaço
rural, mas que não necessariamente exigem a vivência da prática agrícola pelo turista.
Trata-se de um tipo de turismo em que o turista tem a vivência da cultura rural, entra
em contato direto com o agricultor. Trata-se de um turismo de essência familiar. Nesse
enquadramento, observa-se a presença da mão de obra-familiar e a presença de uma
arquitetura de características rurais, geralmente alocada na própria residência dos
“empresários”. Outra característica relevante é que neste tipo de turismo o agricultor
não abandona sua atividade principal. A atividade não-agrícola é agregada aos
serviços agrícolas.
Dessa maneira, São João dos Mellos está localizada em uma região que, por
essência, já desenvolve o turismo rural desde a década de 1990. Mas cabe destacar
que apesar da proximidade geográfica e das similaridades identitária, São João dos
Mellos não faz parte da rota oficial do turismo na Quarta Colônia, que é composta
pelos municípios de Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma,
Pinhal Grande, Restinga Sêca, São João do Polêsine e Silveira Martins. Isto porque, a
comunidade é administrativamente vinculada ao Distrito de Júlio de Castilhos e, como
tal, pertence a outra região.
Assim como na região da Quarta Colônia, São João dos Mellos apresenta uma
identidade cultural de colonização italiana. Suas origens rurais estão imbricadas com
os usos desse território desde o século XIX. Neste período, as glebas que hoje fazem
parte dos limites da referida comunidade eram ponto de paragem àqueles que
transportavam gado para comércio em São Paulo. Segundo informações obtidas junto
aos residentes, entre fins do século XIX e início do século XX, os primeiros moradores
se instalaram naquelas terras e comercializavam itens de apoio aos viajantes.
Em São João dos Mellos pode-se identificar facilmente esse foco de imigração
por meio dos registros cartoriais. Os residentes apresentam maciçamente sobrenomes
de origem italiana e, muitos, ainda preservam documentos de seus parentes
imigrantes. Além dos vínculos genealógicos, uma série de saberes e práticas relativos
a identidade colonial de imigração ainda permanecem arraigados na comunidade. O
primeiro ponto a ser destacado nesse processo é arquitetura. A maioria das casas dos
moradores de São João dos Mellos ainda preserva os traços da construção colonial.
Janelas grandes, portas de madeira maciça, fechaduras feitas de ferro, banheiros
separado da residência, fogão a lenha e cozinhas de grande porte são apenas alguns
exemplos dessa estrutura.
Foto 1- Vista do Sereno - principal obra do escultor. A grandiosidade da escultura e a temática orientalizada da obra
desencadeou o fluxo de visitantes (Acervo dos autores, 2012).
Hoje o acervo que conta com mais de 290 obras expostas a céu aberto e no
interior de sua residência, apresentam basicamente três temáticas: posições de yoga e
deuses orientais; animais; rostos alinhados com pergaminhos com mensagens de
filosofia de fundamentação budista. Segundo o escultor, o objetivo é despertar nos
visitantes uma “posição de consciência”, de “introspecção ao mundo interior” e de
“respeito aos irmãos animais”.
Foi também com esse objetivo que o casal abriu um restaurante vegano em
sua propriedade. Dada a temática das obras, um fluxo de turistas interessados em
práticas orientalizadas começou a frequentar o Jardim, a fim de praticar yoga, fazer
meditação, danças energéticas, assim como terapias alternativas como o reiki. Dentre
estes, muito dos visitantes mantêm a postura de não comer carne e, outros, de não
comer nada de origem animal, se fazendo necessário um serviço de restauração que
atuasse de acordo com essas diretrizes. Além desse público, o jardim conta com a
presença de ecoturistas, apreciadores de arte e outros visitantes que têm como
principal motivação a busca por atrativos naturais, artísticos e culturais.
8. CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
BONI, Luis A.; COSTAS, R (1991). Far La Mérica: a presença italiana no Rio Grande
do Sul. Porto Alegre: RIOCELL
CASTRO, Iná E.; Gomes, Paulo C. C.; Corrêa, Roberto L. (2006). Explorações
geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
KELLER, Peter (2005). Uma nova maneira de ver o turismo global. In: TRIGO, L.G.G.
(Edit.). Análises regionais e globais do turismo brasileiro. São Paulo: Roca, p. 3-
17.
RAFFESTIN, C (1996). Por uma geografia do poder. São Paulo: Ed. Ática, SP.
RODRIGUES, A. B (2006). Turismo e territorialidades plurais – lógicas excludentes ou
solidariedade organizacional. In: LEMOS, A. I. G.; Arroyo, M.; Silveira, M. L. (org.)
América Latina: cidade, campo e turismo. Buenos Aires: CLACSO.