A Jornada Do Heroi em Star Wars Uma Nova
A Jornada Do Heroi em Star Wars Uma Nova
A Jornada Do Heroi em Star Wars Uma Nova
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
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Trabalho apresentado na Divisão Temática Audiovisual, Intercom Júnior – Jornada de Iniciação Científica em
Comunicação, evento componente do XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
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Bacharel em Comunicação Social: Publicidade e Propaganda pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). E-
mail: [email protected]
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Mestre em Educação (FURB), Especialista em Cinema (UTP) e Fotografia (UNIVALI) e Graduado em
Comunicação Social: Publicidade e Propaganda (FURB). Docente dos cursos de Comunicação Social da FURB e
UNIVALI em Santa Catarina. Membro do Grupo de Pesquisa “Comunicação, Cultura e Conhecimento” da linha
Comunicação Regional do Curso de Publicidade e Propaganda da UNIVALI. E-mail: [email protected]
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Campbell (2007b) ainda diz que Star Wars certamente possui uma perspectiva
mitológica válida, pois os filmes encaram o Estado como uma máquina, e fazem a
seguinte pergunta: a máquina vai esmagar a humanidade ou vai colocar-se a seu
serviço? Pois a humanidade não provém da máquina, mas da terra. Essa dicotomia está
presente em diversos mitos modernos.
No livro “O Poder do Mito” (2007b), Campbell é entrevistado pelo jornalista
norte-americano Bill Moyers. Ele conta que certa manhã, a caminho do seu trabalho,
após o falecimento de Campbell, ele parou diante da vitrine de uma locadora de vídeo
da sua vizinhança. Um monitor de TV mostrava cenas do filme de George Lucas, Star
Wars. Moyers imediatamente relembrou a ocasião em que ele e Campbell tinham visto
o filme juntos, no Rancho Skywalker de Lucas, na Califórnia.
Lucas e Campbell se tornaram bons amigos depois que o cineasta, reconhecendo
sua dívida para com o trabalho de Campbell, convidou o pesquisador para assistir à
trilogia Star Wars. Campbell regozijou-se com os antigos temas e motivos da mitologia
que se desdobraram na tela, em poderosas imagens contemporâneas. Nessa visita em
particular, tendo exaltado mais uma vez com os perigos e proezas de Luke Skywalker,
Joseph inflou-se de animação enquanto falava de como Lucas “imprimiu a mais nova e
mais poderosa rotação” à história clássica do herói (CAMPBELL, 2007b, p. VII).
O intuito desta pesquisa é relacionar a Jornada do Herói, definida por Joseph
Campbell com Star Wars: Uma Nova Esperança (1977). Partimos dos livros “O Herói
de Mil Faces” (2007a) e “O Poder do Mito” (2007b), ambos escritos por Campbell.
Também foi selecionado para estudo o autor Vogler (2006) que se fundamenta em
Campbell. A metodologia deste trabalho se baseou numa pesquisa exploratória.
Consistiu no levantamento bibliográfico referente ao tema para em seguida se fazer a
análise dos filmes4.
2 O HERÓI
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O presente artigo se constitui de fragmentos de uma monografia defendida em 06/2009 pelo acadêmico Leonardo
Antonio Pertuzzatti, no curso de Publicidade e Propaganda da UNIVALI (SC) com o título: Star Wars e mitologia: a
propagação dos mitos por meio da trilogia clássica. Orientador: Prof. Rafael Jose Bona.
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3 A JORNADA DO HERÓI
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da experiência. O herói propriamente dito é alguém que deu sua vida por algo maior ou
diferente dele mesmo”.
Ainda de acordo com Campbell, há dois tipos de proeza que um herói pode
realizar. Uma delas é a proeza física, em que o herói consegue executar um ato de
guerra ou ato físico de heroísmo. Por exemplo, salvar uma vida, dar-se, sacrificar-se por
outra pessoa. Já o outro tipo é o herói espiritual, que aprende ou encontra uma forma de
experimentar um nível supranormal de vida espiritual humana, e depois volta de sua
jornada e a comunica aos outros.
Em seu livro “O Herói de Mil Faces”, Joseph Campbell (2007a) esclarece que
existe certa sequência típica de ações replicadas pela figura do herói que pode ser
detectada em histórias do mundo inteiro, nas mais diversas épocas, como se fosse uma
essência. Campbell resumiu a jornada do herói na seguinte sequência básica:
Partida, separação
Mundo cotidiano
Chamado à aventura
Recusa ao chamado
Ajuda sobrenatural
Travessia do primeiro limiar
Barriga da baleia
Retorno
Recusa do retorno
Vôo mágico
Resgate de dentro
Travessia do limiar
Retorno
Senhor de dois minutos
Liberdade de viver
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tem desejo de modificá-lo (ou sair dele). Esta é a situação “comum” do herói, seu dia-a-
dia, que é apresentado ao espectador antes dele se embrenhar no “mundo especial” (a
aventura).
2 - Chamado à Aventura: é quando o herói subitamente se depara com um
desafio e precisa decidir se o enfrenta ou não. Geralmente acontece algo que modifica o
mundo comum e o herói é convidado a partir a fim de restaurá-lo. Em outros casos é
apresentado ao herói a possibilidade de mudar ou abandonar o seu mundo comum. Essa
ocasião é chamada de “conflito”, que pode ser externo ou interno. O chamado à
aventura concede rumo à história, e deixa claro qual é o objetivo do herói.
3 - Encontro com o Mentor: o mentor estimula o herói a partir para a aventura
e dá a ele informações ou presentes que serão úteis no “mundo especial”. Com maior
conhecimento e objetos de proteção, o herói se sente mais seguro e assim começa a sua
jornada.
4 - Recusa ao Chamado: ao receber o chamado o herói pode hesitar devido ao
temor natural de se partir para o desconhecido. Portanto o herói muitas vezes se mostra
relutante quanto a abandonar seu lugar seguro e enfrentar um desafio que pode ser fatal.
Neste momento uma força exterior precisa agir para motivar o herói a prosseguir em sua
missão, dando-lhe incentivo ou coragem para continuar.
5 - Travessia do Primeiro Limiar: a partir deste momento não há mais volta. O
herói assume seu compromisso com a aventura e mesmo que queira já não pode mais
retornar. Isso marca o fim do primeiro ato da história (momento até onde o herói decide
agir) e o começo do segundo (momento da ação). É nesse instante que o herói se depara
com o guardião do limiar.
6 - Testes, Aliados e Inimigos: nesta etapa o herói tem suas forças testadas no
“mundo especial”. Ele encontra seus aliados na aventura e seus inimigos.
7 - Aproximação da Caverna Oculta: é quando o herói se aproxima do lugar
mais sombrio do “mundo especial”, a fronteira que o separa de seu objetivo. Pode ser a
fortaleza da sombra ou outro lugar perigoso, onde ele deve ir para encontrar um meio de
enfrentar a sombra. Neste momento o herói deve ficar atento a ataques surpresa do
inimigo e ser muito cauteloso, pois está pisando em território desconhecido.
8 - Provação Suprema: o herói entra na caverna oculta e enfrenta a morte
(simbólica ou física). Nesta etapa crucial e aparentemente sem saída, o herói enfrenta o
grande perigo e após parecer morrer, ele triunfa.
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4 STAR WARS
4.1 APRESENTAÇÃO
Os filmes Star Wars, também conhecidos como Guerra nas Estrelas no Brasil,
são uma das mais rentáveis franquias da história do cinema. Eles são dirigidos,
produzidos e roteirizados por George Lucas. Os filmes são compostos por duas trilogias,
ou seja, cada uma forma um conjunto de três filmes conectados, mas que podem ser
vistos tanto como trabalho único quanto como obras individuais.
O roteiro completo da saga espacial concebida por George Lucas era enorme, de
modo que não caberia em apenas um filme de cerca de duas horas de projeção. Então,
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Lucas pegou a segunda metade5 de sua história e a dividiu em 3 partes, sendo cada ato
do roteiro, um filme. Caso o primeiro filme lançado fizesse sucesso, as outras partes
seriam produzidas. Caso contrário, não.
Apesar do visual tecnológico e futurista, não se trata de uma produção do gênero
ficção científica, mas sim de aventura/fantasia, pois a história acontece há muito tempo
atrás em uma galáxia distante, uma clara alusão aos contos de fadas.
Segundo Weschenfelder (2008) o lançamento de Star Wars nos cinemas em
1977 representou uma renovação da indústria cinematográfica e abriu caminho nas
décadas seguintes para vários filmes de ficção, como ET – O Extraterrestre (de Steven
Spielberg, 1982), a quadrilogia O Exterminador do Futuro (de James Cameron, 1984,
1991, 2003, 2009), a trilogia De Volta para o Futuro (de Robert Zemeckis, 1985, 1989
e 1990) entre muitos outros.
Os acontecimentos de Star Wars ocorrem numa galáxia fictícia, em um tempo
indeterminado do passado, sendo que cada filme é acompanhado por um pequeno texto
de abertura com a intenção de contextualizar essa história para o espectador. Muitas das
suas personagens são humanas, que interagem com várias criaturas (em suma,
alienígenas) de muitos sistemas planetários diferentes.
Segue abaixo um quadro representativo com todos os filmes da saga Star Wars:
QUADRO 01: SAGA STAR WARS
Star Wars – Episódio I: A Ameaça Fantasma (1999)
Como o estudo desta pesquisa se concentrará apenas em Star Wars: Uma Nova
Esperança, no próximo tópico se encontra um resumo de toda a história do filme.
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A primeira parte da saga de George Lucas só viria a ser produzida e lançada nos cinemas muitos anos mais tarde,
sendo conhecida como a “Nova Trilogia”. Lucas decidiu gravar os três últimos episódios antes, pois eles estavam
mais elaborados do que o começo da história e os julgava mais interessantes, reconhecendo neles aspectos que
cativariam o público da época.
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4.2.1 A Produção
Star Wars - Episódio IV: Uma Nova Esperança (Star Wars Episode IV: A New
Hope em inglês, com 121 minutos de duração) foi o primeiro filme da série a ser
lançado. Sua estreia ocorreu em 25 de Maio 1977. O subtítulo "Episódio IV: Uma Nova
Esperança" não constava originalmente, pois George Lucas nem acreditava que
continuaria a história, e só foi acrescido em 1981, depois do lançamento do Episódio V:
O Império Contra-Ataca. Portanto, o filme foi lançado nos cinemas simplesmente como
Star Wars.
A produção é considerada por muitos críticos e estudiosos como o marco de
início da "Era Blockbuster", em que o cinema hollywoodiano passaria cada vez mais a
dar ênfase aos efeitos visuais, grandiosas cenas de ação, poderosas campanhas de
marketing, merchandising, etc.
Star Wars foi indicado em 1978 a 10 prêmios Oscar, inclusive de Melhor Filme,
ganhando praticamente todos os prêmios técnicos como efeitos sonoros, visuais, e
edição, em um total de 6 estatuetas (IMDB, 2009). O sucesso de bilheteria pelo mundo
todo garantiu a Lucas condições financeiras necessárias para produzir as sequências O
Império Contra-Ataca e O Retorno do Jedi.
4.2.2 O filme
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fazendeiro chamado Owen Lars e seu sobrinho, Luke Skywalker compram os dróides
dos Jawas. Ao limpar R2, Luke descobre a mensagem de Leia. Ela é destinada a um
homem chamado Obi-Wan Kenobi, e Luke se lembra de um senhor de idade ermitão
chamado Ben Kenobi, que vive nas montanhas ali perto, mas não dá muita importância.
Luke está infeliz e deprimido demais para se importar. Ele anseia por uma vida melhor,
em um lugar no qual teria mais oportunidades de crescer e aprender, porém seu tio
Owen e sua tia Beru insistem para ele ficar mais e ajudá-los nas tarefas.
R2-D2 foge durante a noite em busca de Obi-Wan Kenobi. Luke e C-3PO saem
em sua busca, mas são atacados por criaturas hostis e nômades, os Tusken Raiders,
também conhecidos como “povo da areia”. O próprio Obi-Wan Kenobi, aparece e
afugenta as violentas criaturas, salvando assim Luke e os dróides.
Ben Kenobi assiste a mensagem de Leia e decide ajudá-la, mas Luke se recusa a
viajar até o planeta dela, Alderan, por ser longe demais. Ben insiste, dizendo que tudo
isso foi vontade da Força, um campo de energia místico que envolve e penetra todos os
seres-vivos, e mantém a galáxia unida. Ben consegue sentir e manipular a Força, pois é
um Cavaleiro Jedi, uma antiga ordem de mantedores da paz, que foi extinta pelo
perverso Darth Vader quando o Império foi instaurado. E entrega a Luke um sabre-de-
luz, uma arma em forma de espada laser, que pertencia ao pai dele, outrora também um
Jedi. Mesmo assim Luke parte, mas, ao retornar para sua casa, descobre que seus tios
Owen e Beru foram mortos por Stormtroopers, soldados do Império, não lhe restando
alternativa a não ser ir junto e ajudar Ben Kenobi.
Kenobi, Luke e os dróides vão até Mos Eisley, uma perigosa cidade espaço-
porto em busca de um piloto que os leve até Alderan. Lá encontram o pirata espacial
Han Solo e seu parceiro peludo Chewbacca, que aceitam o serviço. As tropas imperiais
tentam impedir a fuga, mas a Millenniun Falcon, nave de Han Solo, consegue escapar.
Durante a viagem até Alderan, Kenobi começa a ensinar Luke sobre as técnicas Jedi e
os caminhos da Força.
Enquanto isso, a Princesa Leia é torturada na gigantesca estação espacial
chamada Estrela da Morte, para confessar onde é o local da base rebelde. Mas diante de
sua resistência, o oficial do Império Grand Moff Tarkin e Darth Vader decidem explodir
o seu planeta natal Alderan, demonstrando assim o poder de fogo descomunal da Estrela
da Morte.
Ao chegar até o que restou do planeta, a Millennium Falcon é atraída para a
Estrela da Morte por um raio trator. Os tripulantes se escondem no compartimento de
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5 ANÁLISE DE CASO
O objeto de estudo desta pesquisa, foi o filme Star Wars: Uma Nova Esperança
(1977), na qual se analisa o filme inserido-o no contexto da “Jornada do Herói” de
Campbell (2007a)6. A “Jornada do Herói” não se encaixa nos filmes O Império Contra-
Ataca e O Retorno de Jedi, pois ela se mostra mais em evidência no primeiro filme. Nos
outros filmes as etapas não estão todas presentes e algumas estão adaptadas.
A fim de facilitar a comparação da “Jornada do Herói” de Campbell (2007a)
com o caminho percorrido por Luke Skywalker em Star Wars – Episódio IV: Uma Nova
Esperança foram utilizadas as 12 etapas sugeridas por Vogler (2006), que modificou
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O ano da obra (2007) condiz apenas com a edição. O livro já é antigo, porém, optamos por referenciar uma edição
mais atual (a qual foi pesquisada neste artigo).
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está entrando em seu território. É comum o herói ficar receoso, pois está pela primeira
vez em um mundo hostil e desconhecido por ele. Por isso ele se prepara física e
mentalmente para enfrentar perigos que podem ser traumatizantes ou até mesmo
mortais.
Em Uma Nova Esperança esse momento se dá quando a nave na qual se
encontra Luke e seus aliados é sugada pela gigantesca estação imperial chamada Estrela
da Morte, onde a Princesa Leia é mantida em cativeiro por Darth Vader.
A Provação Suprema: É o primeiro encontro do herói com a morte, que pode
ser simbólica ou física. Nesta etapa crucial e aparentemente sem saída, o herói enfrenta
um grande perigo e, após parecer morrer, ele triunfa. Essa importante etapa representa o
medo da morte e nos faz perceber que o mesmo sentimento também toma conta do
próprio personagem, que este também está suscetível a danos e prejuízos, tornando-o
mais humano e de fácil identificação por parte do público.
Em Uma Nova Esperança é quando, após resgatar a Princesa Leia, Luke e seus
companheiros estão presos no compactador de lixo da Estrela da Morte e ele é
capturado por uma criatura aquática chamada Dianoga, fazendo que ele fique submerso
por um tempo, criando expectativa se ele morreu ou não. Ao passar por essa provação
suprema, o herói terá cruzado o segundo limiar, que marca o final do segundo ato do
filme.
A Recompensa: Ao triunfar sobre a morte, o herói “comum” desaparece por
meio de uma morte simbólica para o surgimento do herói adaptado ao “mundo
especial”. Agora esse herói renovado é capaz de enfrentar a sombra, pois adquiriu maior
experiência e compreensão do mundo novo que o cerca. Com esta nova força ele passa
pelo limiar do “mundo especial” para retornar ao seu mundo. Em Uma Nova Esperança,
Luke resgata a Princesa e se une à Aliança Rebelde, que graças a ele, detém os planos
para destruir a Estrela da Morte.
O Caminho de Volta: No caminho de saída do “mundo especial”, o herói
encontra as conseqüências de ter manipulado ou enfrentado as forças obscuras do
mundo que conheceu. Neste momento ele é perseguido por estas forças, que buscam
vingança. Geralmente nesta etapa um sacrifício deve ser feito. O herói pode perder um
aliado ou o seu mentor. Isso acontece em dois momentos em Uma Nova Esperança:
quando Obi-Wan Kenobi se sacrifica para que Luke e seus companheiros possam
escapar da Estrela da Morte e, mais tarde, quando Luke e a Aliança Rebelde partem a
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fim de destruir a estação espacial, onde muitos amigos de Luke perecem em uma
batalha espacial contra as hordas de Darth Vader.
A Ressurreição: Nesta etapa a sombra faz sua última e desesperada tentativa de
destruir o herói antes de ser definitivamente derrotada por ele. É uma espécie de exame
final para o herói, no qual ele deve colocar em prática tudo o que aprendeu nas suas
experiências no “mundo especial”. Em Uma Nova Esperança é quando Darth Vader
persegue Luke enquanto ele tenta, juntamente com seus aliados, destruir a Estrela da
Morte. É o momento final da história, onde a tensão está no auge.
Assim que a sombra é derrotada de uma vez por todas, o herói vitorioso deve
perecer (mais uma vez, de forma simbólica ou não) para poder retornar ao seu “mundo
comum”. Ele ainda é o herói adaptado ao mundo comum, porém muito mais sábio e
forte que fora inicialmente. Agora ele atravessou o terceiro limiar, culminando no
terceiro ato da história.
O Retorno com o Elixir: Terminada a transformação, o herói entra triunfante
no seu “mundo comum”. Ele traz consigo a recompensa de sua jornada, o elixir. Agora
ele possui grande conhecimento e experiência de vida. Essa recompensa será partilhada
com os seus companheiros do “mundo comum” e possibilitará ao herói uma vida nova
no seu mundo. Agora ele provou algo a uma sociedade que não acreditava nele e sente-
se em paz consigo mesmo e com sua consciência.
No caso de Luke Skywalker, seu elixir são os ensinamentos que aprendeu com
seu mestre, Obi-Wan Kenobi, sobre e Força e como usá-la de maneira sábia contra o
lado negro. Além disso, Luke ganhou novos amigos, Han e Chewie, e foi condecorado
pela Princesa Leia por ter vencido a batalha contra o Império, se tornando um herói da
Rebelião, um símbolo de esperança para uma galáxia mais unida e livre.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Star Wars traz consigo todos os motivos mitológicos que uma história precisa:
arquétipos representando as múltiplas facetas do caráter humano e a Jornada do Herói
descrita por Joseph Campbell, que simboliza a trajetória de vida, contendo todas as
etapas necessárias para a evolução do ser, ao mesmo tempo em que ilustra o antigo
conflito entre o Bem e o Mal.
Campbell, que era chamado por George Lucas de “meu Yoda” (referência ao
Mestre Jedi da saga), ajudou o cineasta, por meio de seus livros e extensos debates, a
entremear sua criação com dezenas de elementos de histórias mitológicas criadas pelo
homem desde o início da civilização.
Espera-se que esta pesquisa incentive novos estudos sobre Jornada do Herói na
linguagem do cinema a fim de buscar novos pontos de vista.
REFERÊNCIAS
LUCAS, G. Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança. Produção Lucasfilm: Estados
Unidos, 1977. 1 filme em DVD (121 min.)
WESCHENFELDER, R. Guerra nas Estrelas: O Gesto do Herói para Além do Céu. In:
Anais Eletrônico da Intercom Sul 2008. Guarapuava/PR, 2008. 1 CD-ROM.
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