Turismo Cultural

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3a Edio

TURISMO CULTURAL: Orientaes Bsicas

Ministrio do Turismo Secretaria Nacional de Polticas de Turismo Departamento de Estruturao, Articulao e Ordenamento Turstico Coordenao Geral de Segmentao

TURISMO CULTURAL: Orientaes Bsicas


3 Edio

Braslia, 2010
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Presidente da Repblica Federativa do Brasil Luiz Incio Lula da Silva Ministro de Estado do Turismo Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho Secretrio-Executivo Mrio Augusto Lopes Moyss Secretrio Nacional de Polticas do Turismo Carlos Silva Diretor do Departamento de Estruturao, Articulao e Ordenamento Turstico Ricardo Martini Moesch Coordenadora-Geral de Segmentao Sskia Freire Lima de Castro Coordenadora-Geral de Regionalizao Ana Clvia Guerreiro Lima Coordenadora-Geral de Informao Institucional Isabel Cristina da Silva Barnasque Coordenadora-Geral de Servios Tursticos Rosiane Rockenbach

2010, Ministrio do Turismo Todos os direitos reservados. Este trabalho poder ser reproduzido ou transmitido na ntegra, desde que citados o autor e a obra. So vedadas a venda e a traduo, sem autorizao prvia por escrito do Ministrio do Turismo. Coordenao e Execuo Ministrio do Turismo

3 Edio Distribuio gratuita

Ministrio do Turismo Esplanada dos Ministrios, Bloco U, 2 andar 70.065-900 Braslia-DF http://www.turismo.gov.br

Dados internacionais de catalogao na publicao (CIP)


Brasil. Ministrio do Turismo. Turismo Cultural: orientaes bsicas. / Ministrio do Turismo, Secretaria Nacional de Polticas de Turismo, Departamento de Estruturao, Articulao e Ordenamento Turstico, Coordenao-Geral de Segmentao. 3. ed.- Braslia: Ministrio do Turismo, 2010. 99p. ; 24 cm.

Coleo com onze volumes. Inclui bibliografia. 1. Programa de Regionalizao do Turismo. 2. Turista. 3. Roteiro Turstico, Brasil. 4. Atividade Turstica. 5. Cultura, Brasil. 6. Patrimnio cultural. 7. Identidade cultural. I. Ttulo.

CDD 338.47910981

Ficha Tcnica
Coordenao-Geral Sskia Freire Lima de Castro Wilken Souto Marcela Souza Fabiana de Melo Oliveira Alessandra Lana Alessandro Castro Ana Beatriz Serpa Brbara Rangel Cristiano Borges Luis Eduardo Delmont Priscilla Grintzos Rafaela Lehmann Salomar Mafaldo Anete Ferreira Cmara Temtica de Segmentao Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR) Delma Andrade - Consultora de Projetos de Turismo Cultural Carolina Juliani Campos Mestre em Cultura & Turismo Jurema Monteiro Ministrio do Turismo (MTur) Prof. M. Mara Flora Lottici Krahl Rosiane Rockenbach Ministrio do Turismo (MTur) [email protected] [email protected] Coordenao Tcnica Reviso Tcnica Apoio Tcnico

Consultoria contratada Colaborao

Agradecimentos

Contatos

Agradecemos a todos que contriburam na elaborao da 2 edio (2008) deste documento:


Tnia Brizolla, Mara Flora Lottici Krahl, Carolina Juliani de Campos, lvaro Cavaggioni, Stela Maris Murta, Carmlia Amaral, Norma Martini Moesch, Rosana Frana, Coordenao-Geral de Regionalizao, EMBRATUR Gerncia de Segmentao e Produtos, Grupo Tcnico Temtico (GTT) de Turismo Cultural da Cmara Temtica da Segmentao, Organizao No Governamental para o Desenvolvimento do Turismo (OngTour).

Apresentao
O comportamento do consumidor de turismo vem mudando e, com isso, surgem novas motivaes de viagens e expectativas que precisam ser atendidas. Em um mundo globalizado, onde se diferenciar adquire importncia a cada dia, os turistas exigem, cada vez mais, roteiros tursticos que se adaptem s suas necessidades, sua situao pessoal, seus desejos e preferncias. O Ministrio do Turismo reconhece essas tendncias de consumo como oportunidades de valorizar a diversidade e as particularidades do Brasil. Por isso, prope a segmentao como uma estratgia para estruturao e comercializao de destinos e roteiros tursticos brasileiros. Assim, para que a segmentao do turismo seja efetiva, necessrio conhecer profundamente as caractersticas do destino: a oferta (atrativos, infraestrutura, servios e produtos tursticos) e a demanda (as especificidades dos grupos de turistas que j o visitam ou que viro a visit-lo). Ou seja, quem entende melhor os desejos da demanda e promove a qualificao ou aperfeioamento de seus destinos e roteiros com base nesse perfil, ter mais facilidade de insero, posicionamento ou reposicionamento no mercado. Vale lembrar que as polticas pblicas de turismo, incluindo a segmentao do turismo, tm como funo primordial a reduo da pobreza e a incluso social. Para tanto, necessrio o esforo coletivo para diversificar e interiorizar o turismo no Brasil, com o objetivo de promover o aumento do consumo dos produtos tursticos no mercado nacional e inseri-los no mercado internacional, contribuindo, efetivamente, para melhorar as condies de vida no Pas. A aprendizagem contnua e coletiva. Diante disso, o Ministrio do Turismo divulga mais um fruto do esforo conjunto entre poder pblico, sociedade civil e iniciativa privada: as verses revisadas e atualizadas de nove Cadernos de Orientaes Bsicas de Segmentos Tursticos. Apresenta, tambm, dois novos cadernos: Turismo de Sade e Segmentao do Turismo e Mercado, que passam a fazer parte desta coletnea. O objetivo difundir informaes atualizadas para influir na percepo daqueles que atuam no processo de promoo, desenvolvimento e comercializao dos destinos e roteiros tursticos do Brasil.
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Sumrio
1. INTRODUO .....................................................................................11 2. ENTENDENDO O SEGMENTO.............................................................13 2.1 Aspectos histricos ......................................................................13 2.2 Conceituao e caracterizao .....................................................14 2.2.1 Conceituao .....................................................................15 2.2.2 Tipos de Turismo Cultural....................................................17 2.2.3 Principais atividades praticadas no mbito do segmento .....33 2.2.4 Caracterizao dos atrativos culturais e os produtos do segmento ....................................................................................35 2.3 Estudos e pesquisas sobre o segmento .........................................36 2.3.1 Perfil do turista cultural .......................................................41 2.4 Marcos legais ..............................................................................43 2.4.1 Patrimnio cultural material ................................................48 2.4.1.1 Tombamento .........................................................48 2.4.2 Patrimnio cultural imaterial ...............................................50 2.4.2.1 Registro .................................................................51 3. BASES PARA O DESENVOLVIMENTO DO SEGMENTO ...................... 55 3.1 Identicao e anlise de recursos ................................................55 3.2 Estabelecimento de parcerias e formao de redes .......................59 3.3 Envolvimento da comunidade local ...............................................62 3.3.1 A construo de atrativos culturais com a comunidade........64 3.4 Estrutura fsica dos produtos tursticos .........................................66 3.5 A interpretao patrimonial .........................................................67 3.5.1 Plano interpretativo ............................................................69 3.6 Agregao de atratividade aos produtos tursticos ........................72 3.6.1 Tematizao: conferindo identidade aos produtos tursticos .....................................................................................73 3.6.2 A importncia da produo associada ao turismo ................75 3.6.3 Roteiros culturais e atrativos ncora ....................................77 3.7 A Cadeia produtiva do segmento .................................................78 3.8 Financiamento e incentivos ..........................................................81 3.9 Acessibilidade ..............................................................................83 3.10 Sustentabilidade do Turismo Cultural .........................................85
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4. CONSIDERAES FINAIS ...................................................................89 5. REFERENCIAIS BIBLIOGRFICOS .......................................................91 6. ANEXO .........................................................................................97

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1. Introduo
A cultura engloba todas as formas de expresso do homem: o sentir, o agir, o pensar, o fazer, bem como as relaes entre os seres humanos e destes com o meio ambiente. A definio de cultura, nesta perspectiva abrangente, permite afirmar que o Brasil possui um patrimnio cultural diversificado e plural. Esses aspectos, da pluralidade e da diversidade cultural, representam para o turismo a oportunidade de estruturao de novos produtos tursticos,1 com o consequente aumento do fluxo de turistas; e converte o turismo em uma atividade capaz de promover e preservar a cultura brasileira. Nos ltimos anos, novos produtos tursticos culturais vm ampliando a percepo das possibilidades de interpretao e sentidos para os bens culturais do pas, antes restrita ao patrimnio edificado e a algumas festas tradicionais brasileiras. Assim, as diversas combinaes da cultura e do turismo configuram o segmento de Turismo Cultural, que marcado pela motivao do turista de se deslocar especialmente com a finalidade de vivenciar os aspectos e situaes que so peculiares da nossa cultura. Assim, a relao entre a cultura e a atividade turstica no pode ocorrer sem a necessria compreenso das formas de caracterizao e estruturao pertinentes ao segmento. O desenvolvimento desse tipo de turismo deve ocorrer pela valorizao e promoo das culturas locais e regionais, preservao do patrimnio histrico e cultural e gerao de oportunidades de negcios no setor, respeitados os valores, smbolos e significados dos bens materiais e imateriais da cultura para as comunidades. Para o objetivo especfico deste Caderno de Orientaes Bsicas, importante compreender a cultura como indutor de demanda turstica, o patrimnio cultural como fonte para a formatao de produtos tursticos singulares, a diversidade e a identidade cultural como fator de diferenciao para a oferta de atividades complementares e o posicionamento competitivo dos destinos e roteiros tursticos. E entender o Turismo Cultural como instrumento para a valorizao, a preservao do patrimnio cultural e o desenvolvimento susten1 Produto turstico o conjunto de atrativos, equipamentos e servios tursticos, acrescido de facilidades e ofertado de forma organizada por um determinado preo. (BRASIL, Ministrio do Turismo. Inventrio da Oferta Turstica: estratgia de gesto. Braslia: Ministrio do Turismo, 2004).

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tvel da prpria atividade. Para isso, a primeira e segunda edio da publicao contemplaram, de forma geral, os aspectos conceituais e legais do segmento, o perfil do turista, aspectos acerca da identificao de agentes e parceiros, at as peculiaridades relativas promoo e comercializao do segmento, oferecendo subsdios a gestores pblicos e privados na perspectiva da diversificao e caracterizao da oferta turstica brasileira. Agora, ao lanar a terceira edio do Caderno de Orientaes Bsicas de Turismo Cultural, o Ministrio do Turismo complementa e atualiza as principais informaes relacionadas ao segmento publicadas anteriormente, com vistas a adequar tais informaes s novas tendncias observadas no mercado turstico. Este caderno inova ao trazer aos gestores pblicos e privados uma caracterizao mais ampla do Turismo Cultural, incorporando conceitos dos tipos de turismo que vm ganhando destaque no processo de segmentao do turismo no Pas, como, por exemplo, o Turismo Cinematogrfico, o Turismo Ferrovirio, o Turismo Gastronmico, o Enoturismo e o Turismo Arqueolgico. Alm disso, apresenta dados e pesquisas mais recentes que revelam importantes informaes para a estruturao e promoo de produtos tursticos culturais, alm de exemplos de boas e melhores prticas observadas em destinos referncia no segmento, com vistas a favorecer o desenvolvimento do Turismo Cultural no Brasil. E por fim, apresenta metodologias desenvolvidas pelo Ministrio do Turismo e instituies parceiras para estruturao de produtos tursticos, relacionando-as realidade do Turismo Cultural.

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2. Entendendo o segmento
2.1 Aspectos histricos
Desde os primeiros registros da humanidade existem referncias sobre os deslocamentos do homem de um lugar a outro. Especulam-se as razes que levaram nossos antepassados a empreender aventuras arriscadas. Por necessidade, por vontade de conhecer novas terras, por prazer, o homem sempre foi impulsionado a viajar e a empreender esforos para melhorar e aperfeioar os deslocamentos. Viajar uma expresso de cultura presente em todas as sociedades e isso que hoje faz girar um dos mais importantes setores da economia contempornea: o turismo. Toda viagem turstica uma experincia cultural. (...) ao sair de seu ambiente, o turista entra em contato com novos sabores da culinria local, com as msicas mais pedidas nas estaes de rdio do local, com a forma dos habitantes locais de lidarem com visitantes.2 Mas nem todo turista um turista cultural. O que define o Turismo Cultural a motivao da viagem em torno de temas da cultura. As viagens de interesse cultural nasceram na Europa sob a gide do renascimento italiano, quando a aristocracia se deslocava interessada em conhecer os stios histricos e arqueolgicos que inspiraram artistas como Michelangelo e Da Vinci e depois s prprias cidades que foram o bero do movimento artstico. Inspirado pelas viagens do perodo renascentista nasceu a grand tour, que consistia em uma longa temporada em diferentes cidades europias consideradas como o bero da civilizao ocidental e que podiam durar anos. O pblico da grand tour eram os aristocratas, nobres e burgueses da prpria Europa e tambm das Amricas, pessoas que tinham disponibilidade de tempo e recursos para investir nessas viagens culturais. Um dos aspectos mais interessantes do grand tour era exatamente sua forma convencional e regular, considerada como uma experincia educacional, um atributo de civilizao e de formao do gosto. Andrade afirma que O Grand Tour, sob o imponente e respeitvel rtulo de viagem de estudo, assumia o valor de um diploma que lhes conferia signifi2 BRASIL, Ministrio do Turismo & Unicamp. Estudos de Competitividade do Turismo Brasileiro - O Turismo Cultural no Brasil. Brasil: Ministrio do Turismo, 2006.

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cativo status social, embora na realidade a programao se fundamentasse em grandes passeios de excelente qualidade e repletos de atrativos prazerosos (...). Os ingleses, importantes e ricos, consideravam detentos de cultura apenas quem tivesse sua educao ou formao profissional coroada por um Grand Tour atravs da Europa (...).3 No havia ainda o mercado turstico4 tal como conhecemos nos dias atuais, uma cadeia produtiva organizada, com todos os servios e produtos. Isso s se concretizou sculos depois. Mas encontramos no grand tour o embrio do Turismo Cultural, em que a principal motivao de viagem envolve algum aspecto de cultura. Desses primrdios at a atualidade, a cultura continua a ser uma das principais motivaes das viagens em todo o mundo e durante muito tempo as destinaes eram exclusivamente os grandes conjuntos arquitetnicos, os museus e os lugares que abrigavam os tesouros materiais de culturas passadas. Com o tempo, modificou-se o prprio conceito de cultura, ampliou-se os limites do que os estudiosos e as instituies responsveis pelas iniciativas de preservao entendiam como patrimnio cultural. As mudanas conceituais e das diretrizes de proteo cultura tiveram influncia direta na caracterizao do Turismo Cultural, no perfil do turista cultural e na relao do turismo com a cultura.

2.2 Conceituao e caracterizao


Diante da abrangncia dos termos turismo e cultura, das inmeras possibilidades de interao entre as duas reas em benefcio do desenvolvimento de ambas, o Ministrio do Turismo, em parceria com o Ministrio da Cultura e o Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN) e, com base na representatividade da Cmara Temtica de Segmentao do Conselho Nacional do Turismo, realizou a releitura das atividades e suas caractersticas para, desta forma, definir e conceituar o Turismo Cultural, pressuposto para orientar a formulao de polticas pblicas para o segmento.

ANDRADE, Jos Vicente de. Turismo: fundamentos e dimenses. 7 ed. Ed. tica. p. 9. So Paulo, 2000. Mercado turstico o encontro e a relao entre a oferta de produtos e servios tursticos e a demanda, individual ou coletiva, in teressada e motivada pelo consumo e uso destes produtos e servios. (BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil: Mdulo Operacional 8 - Promoo e Apoio Comercializao. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007)
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2.2.1 Conceituao
Turismo Cultural compreende as atividades tursticas relacionadas vivncia do conjunto de elementos significativos do patrimnio histrico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.5
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Para facilitar a compreenso das caractersticas bsicas e dimensionamentos atribudos ao Turismo Cultural no Pas, ser apresentado a seguir o detalhamento dos conceitos e aspectos que envolvem seu significado: a) Atividades tursticas Compreendem os servios que o turista utiliza e as atividades tursticas que realiza durante sua viagem e sua estadia no destino, tais como: Transporte; Agenciamento turstico; Hospedagem; Alimentao; Recepo; Eventos; Recreao e entretenimento; Outras atividades complementares.

Os equipamentos e servios podem incorporar as caractersticas do ambiente cultural, com elementos que conferem identidade e demonstram o envolvimento da empresa com o lugar em que ela se encontra e com o pblico que ela atende. Procedimentos que vo desde a elaborao do projeto arquitetnico integrado paisagem cultural e/ou para adaptao de uma edificao de valor histrico, passando pelo uso das matrias-primas da regio, a contratao de mo de obra local, so alguns dos diferenciais valorizados pelo turista cultural. Solues mais ousadas conseguem transformar um equipamento em atrativo turstico, assim, utilizar processos de tematizao e desenvolver atratividade um exerccio vlido para todos os elos da cadeia produtiva do turismo.

BRASIL, Ministrio do Turismo. Segmentao do Turismo: Marcos Conceituais. Braslia: Ministrio do Turismo, 2006.

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Os elementos do patrimnio cultural de um lugar se constituem em aspectos diferenciais para o desenvolvimento de produtos e para a promoo dos empreendimentos, isso pode ser feito atravs de restaurantes dedicados gastronomia tradicional, artesanato local na decorao e ambientao dos equipamentos, nas programaes de entretenimento com manifestaes culturais autnticas.6
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b) Vivncia O Turismo Cultural implica em experincias positivas do visitante com o patrimnio histrico e cultural e determinados eventos culturais, de modo a favorecer a percepo de seus sentidos e contribuir para sua preservao. Vivenciar significa sentir, captar a essncia, e isso se concretiza em duas formas de relao do turista com a cultura ou algum aspecto cultural: a primeira refere-se s formas de interao para conhecer, interpretar, compreender e valorizar aquilo que o objeto da visita; a segunda corresponde s atividades que propiciam experincias participativas, contemplativas e de entretenimento, que ocorrem em funo do atrativo motivador da visita. A criao de produtos tematizados, utilizando tcnicas de interpretao e de interao, que ressaltem a histria do lugar e de seus personagens, para apresentar o patrimnio tangvel e intangvel do ambiente visitado, uma forma de ampliar o conhecimento, possibilitar a fruio e emocionar o visitante. A hospedagem domiciliar pode ser uma excelente forma de vivncia cultural, num modelo de hospitalidade em que turista se hospeda na casa de um morador, tem a possibilidade de experimentar o modo de vida e observar o cotidiano da comunidade. Essa a proposta de iniciativas como o Turismo de Habitao em Portugal ou do Cama e Caf no Brasil, que funcionam como redes de operao.7
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c) Patrimnio histrico e cultural e eventos culturais Considera-se patrimnio histrico e cultural os bens de natureza material e imaterial que expressam ou revelam a memria e a identidade das populaes e comunidades. So bens culturais de valor histrico, artstico, cientfico, simblico, passveis de se tornarem atraes tursticas: arquivos, edificaes, conjuntos urbansticos, stios arqueolgicos, runas, museus e outros espaos destinados apresentao ou contemplao de bens materiais e imateriais,
6 BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com o Turismo Nacional - Relatrio de visita tcnica da Estrada Real. Braslia: Ministrio do Turismo, 2006; e BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Excelncia em Turismo: Aprendendo com as melhores experincias internacionais Relatrio de visita tcnica a Portugal. Braslia: Ministrio do Turismo, 2008. Disponveis em http://www.excelenciaemturismo.gov.br 7 BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com o Turismo Nacional - Relatrio de visita tcnica em Rio de Janeiro e Paraty/RJ. Braslia: Ministrio do Turismo, 2008. Disponvel em http://www.excelenciaemturismo.gov.br

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manifestaes como msica, gastronomia, artes visuais e cnicas, festas e celebraes. Os eventos culturais englobam as manifestaes temporrias, enquadradas ou no na definio de patrimnio, incluindo-se nessa categoria os eventos gastronmicos, religiosos, musicais, de dana, de teatro, de cinema, exposies de arte, de artesanato e outros. Os eventos culturais, quando promovem aspectos singulares e so estruturados adequadamente, tm um papel importante na promoo e na consolidao da imagem de um destino cultural; sendo excelentes instrumentos para reduzir os efeitos da sazonalidade. Os melhores exemplos so as iniciativas capazes de identificar oportunidades, de perceber as tendncias de mercado, de estabelecer sintonia com a identidade local, de envolver a comunidade, alm da capacidade tcnica e de articulao de parcerias para sua realizao.8
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d) Valorizao e promoo dos bens materiais e imateriais da cultura A utilizao turstica dos bens culturais pressupe sua valorizao, promoo e a manuteno de sua dinmica e permanncia no tempo como smbolos de memria9 e de identidade. Valorizar e promover significam difundir o conhecimento sobre esses bens, facilitar seu acesso e usufruto a moradores e turistas. Significam tambm reconhecer a importncia da cultura na relao turista e comunidade local, aportando os meios necessrios para que essa convivncia ocorra em harmonia e em benefcio de ambos. A paisagem cultural guarda os vestgios e testemunhos passveis de leituras espaciais e temporais resultantes da interao do homem com a natureza e, reciprocamente, da natureza com homem, sintetizando aspectos das dimenses tangveis e intangveis do patrimnio cultural. A paisagem de um destino um importante diferencial e isso deve ser aproveitado na estruturao dos empreendimentos e servios, tanto na integrao adequada ao contexto cenogrfico, quanto na interpretao de seus valores e significados.10
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2.2.2 Tipos de Turismo Cultural


Existem formas de expresso da cultura que so classificadas em reas de in8 BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com o Turismo Nacional - Relatrio de visita tcnica em Rio de Janeiro e Paraty/RJ. Braslia: Ministrio do Turismo, 2008. Disponvel em http://www.excelenciaemturismo.gov.br 9 Memrias so lembranas organizadas segundo uma lgica subjetiva que seleciona e articula elementos que nem sempre correspondem aos fatos concretos, objetivos e materiais. MEIHY, J. C. SEBE BOM. Manual de Histria Oral. So Paulo: Loyola, 2004. 10 BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Excelncia em Turismo: Aprendendo com as melhores experincias internacionais Relatrio de visita tcnica a Portugal. Brasil: Ministrio do Turismo, 2008. Disponvel em www.excelenciaemturismo.gov.br

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teresse especfico e que geram demandas de viagem com motivao prpria, mas se configuram dentro da dimenso e caracterizao do Turismo Cultural, o caso da religio, do misticismo e do esoterismo, os grupos tnicos, a gastronomia, a arqueologia, as paisagens cinematogrficas, as atividades rurais, entre outros. No entanto, importante ressaltar que, no caso das atividades rurais ou no mbito do espao rural, mesmo sendo consideradas como formas de expresso da cultura, em funo de sua importncia no contexto da formao econmica e histrico-social, so consideradas pelo Ministrio do Turismo um segmento prprio definido como Turismo Rural. Aqui so definidas as caracterizaes de alguns tipos do segmento, considerando aqueles temas e reas onde a diversidade cultural brasileira apresenta maior potencial. Turismo Cvico O Turismo Cvico ocorre em funo de deslocamentos motivados pelo conhecimento de monumentos, acompanhar ou rememorar fatos, observar ou participar em eventos cvicos, que representem a situao presente ou da memria poltica e histrica de determinados locais. Entendem-se como monumentos as obras ou construes que remetem memria de determinado fato relevante ou personagem. Os fatos so aes, acontecimentos e feitos realizados ou que estejam ocorrendo na contemporaneidade. Do ponto de vista turstico, eles podem atrair pessoas para conhecer os locais onde se efetivaram, de forma a compreender o seu contexto e suas particularidades. Nesse caso, tais monumentos e fatos diferenciam-se dos demais por seu carter cvico, ou seja, relativos ptria. Os eventos cvicos so as programaes em que o Estado, seus smbolos e datas so celebrados pelos cidados. Englobam-se aqui as comemoraes de feriados nacionais relacionados a fatos e personagens da ptria, os eventos para troca de bandeiras, as posses de presidentes, governadores e prefeitos, as visitas guiadas a lugares de evocao do esprito cvico de uma nao, entre outros. Assim, esse tipo de turismo abrange elementos do passado e do presente relacionados ptria: fatos, acontecimentos, situaes, personagens e monumentos referentes a feitos polticos e histricos. Cabe ressaltar que os deslocamentos tursticos caractersticos desse tipo de turismo ocorrem tanto no pas do turista quanto em ptrias estrangeiras. As temticas envolvidas podem relacionar-se poltica municipal, estadual, na-

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cional ou internacional. Turismo Religioso O Turismo Religioso configura-se pelas atividades tursticas decorrentes da busca espiritual e da prtica religiosa em espaos e eventos relacionados s religies institucionalizadas, independentemente da origem tnica ou do credo. Est relacionado s religies institucionalizadas, tais como as de origem oriental, afro-brasileiras, espritas, protestantes, catlica, compostas de doutrinas, hierarquias, estruturas, templos, rituais e sacerdcio. A busca espiritual e a prtica religiosa, nesse caso, caracterizam-se pelo deslocamento a locais e a participao em eventos para fins de: Peregrinaes e romarias; Roteiros de cunho religioso; Retiros espirituais; Festas, comemoraes e apresentaes artsticas de carter religioso. Encontros e celebraes relacionados evangelizao de fiis; Visitao a espaos e edificaes religiosas (igrejas, templos, santurios, terreiros); Realizao de itinerrios e percurso de cunho religioso e outros.

Muitos locais que representam importante legado artstico e arquitetnico de religies e crenas so compartilhados pelos interesses sagrados e profanos dos turistas. As viagens motivadas pelo interesse cultural ou pela apreciao esttica do fenmeno ou do espao religioso ser, para efeitos deste documento, consideradas simplesmente como Turismo Cultural.

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Uma festa religiosa tradicional, com ritos ancestrais e mantida viva pela populao, tem a capacidade de mobilizar o pblico de motivao religiosa e tambm o turista cultural. A Procisso do Fogaru da Cidade de Gois/GO, a Festa do Divino de Alcntara no Maranho, o Crio de Nazar em Belm do Par, a Semana Santa nas cidades histricas mineiras e as romarias em Nova Trento/SC so alguns exemplos. Mas a preservao dessas festividades em destinos tursticos em crescimento depende da compreenso e da valorizao dos empreendimentos locais, no sentido de respeitar e promover essas formas de expresso da religiosidade popular. Uma importante referncia de roteiro turstico de motivao religiosa e cultural do mundo o Caminho de Santiago de Compostela na Espanha. Sendo o mais antigo do mundo, tem uma grande atrao e vrios percursos com diferentes atrativos e servios. Turismo Mstico e Esotrico11 O Turismo Mstico e o Turismo Esotrico caracterizam-se pelas atividades tursticas decorrentes da busca da espiritualidade e do autoconhecimento em prticas, crenas e rituais considerados alternativos. Opta-se, nessa definio, pela utilizao conjunta e no exclusiva dos termos Turismo Mstico e Turismo Esotrico, uma vez que o misticismo e o esoterismo esto relacionados s novas religiosidades, sendo que suas prticas se do, muitas vezes, concomitantemente, tornando-se difcil separ-los em um produto turstico exclusivamente de carter mstico ou de carter esotrico. Nesse sentido, para fins de caracterizao de produtos tursticos, podero ser utilizados os termos Turismo Esotrico ou Turismo Mstico ou Turismo Mstico Esotrico. H atualmente a tendncia de busca de novas religiosidades ou nova espiritualidade, desvinculadas das religies tradicionais, o que se d pela manifestao de crenas, rituais e prticas alternativas, associadas ao misticismo e ao esoterismo. Nesse contexto, o turismo refere-se ao deslocamento de pessoas para estabelecer contato e vivenciar tais prticas, conhecimentos e estilos de vida que configuram um aspecto cultural diferenciado do destino turstico. Entre as atividades tpicas desse tipo de turismo pode-se citar as caminhadas de cunho espiritual e mstico, as prticas de meditao e de energizao, entre outras.
11 Para a caracterizao desse tipo de turismo destacam-se as contribuies da Prof. Dra. Deis Siqueira, da Universidade de Braslia. Para aprofundamento no assunto indica-se a leitura de sua obra As novas religiosidades no Ocidente. Braslia: cidade mstica, Editora Universidade de Braslia, 2003.

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Turismo tnico Constitui-se de atividades tursticas envolvendo a vivncia de experincias autnticas e o contato direto com os modos de vida e a identidade de grupos tnicos. O conceito clssico de etnia remete a noo de origem, cultura, prticas sociais e raa, onde se considera o patrimnio histrico e cultural como elemento de identidade e diferenciao de um determinado grupo, bem como as interaes sociais que ocorrem entre este grupo e a sociedade em seu entorno. Esse tipo de turismo envolve as comunidades representativas dos processos imigratrios europeus e asiticos, as comunidades indgenas, as comunidades quilombolas e outros grupos sociais que preservam seus legados tnicos como valores norteadores de seu modo de vida, saberes e fazeres. O turista busca, neste caso, estabelecer um contato prximo com a comunidade anfitri, participar de suas atividades tradicionais, observar e aprender sobre suas expresses culturais, estilos de vida e costumes singulares. Muitas vezes, tais atividades podem articular-se como uma busca pelas prprias origens do visitante, em um retorno s tradies de seus antepassados. As comunidades so as protagonistas dos produtos neste tipo de turismo, mas nem sempre elas esto preparadas para a atividade turstica, o que exige um exerccio de envolvimento e sensibilizao. Em muitos casos, necessrio o trabalho de identificao e resgate de sua identidade, de suas tradies e formas de expresso; e coletivamente construdo o produto turstico, o que e como mostrar. Turismo Cinematogrfico12 O segmento de audiovisual vem sendo incorporado s novas tendncias mundiais do turismo como estratgia de atrao de visitantes, colaborando tambm para o aumento da competitividade e da inovao de produtos tursticos. Esse segmento pode movimentar significativamente o turismo local e gerar resultados positivos para a comunidade onde ser filmada uma produo audiovisual, devido o movimento de atividades que podero ser envolvidas nas produes, dentre eles servios como hospedagem, alimentao e logstica de toda uma equipe de filmagem. Toda essa cadeia capaz de gerar empregos diretos e indiretos, como bombeiros, eletricistas, costureiras, artistas grficos, figurinos, pintores, cozinheiros, maquiadores, motoristas de nibus e vrios outros profissionais, podendo ter
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BRASIL, Ministrio do Turismo; DHARMA, Instituto. Turismo Cinematogrfico Brasileiro. Braslia: Instituto DHARMA; Ministrio do Turismo, 2008.

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um gasto de at 60% de seu oramento investido no destino associado contratao de produtos e servios locais. Alm dos impactos na gerao de renda e emprego, o Turismo Cinematogrfico uma ferramenta poderosa para a promoo da imagem do destino. O cinema e a televiso podem ser instrumentos para ampliar a viabilidade de destinos de Turismo Cultural. A utilizao de locais de expressivo valor histrico-cultural em cenrios e ambientes para as gravaes de um filme ou minissries e novelas, pode despertar o interesse turstico de novos pblicos. Essas oportunidades devem ser aproveitadas para o desenvolvimento de outros contedos e temas da cultura local, otimizando a ocasio para diversificar a oferta turstica existente. Percebendo essa nova tendncia, o Ministrio do Turismo e a EMBRATUR, em parceria com entidades do segmento e em consonncia com as polticas do setor desenvolvidas por outros rgos do Governo Federal, realizaram estudos com o propsito de identificar polticas bem sucedidas, programas de destinos referncia no segmento para aprender com as experincias de outros pases e adapt-las realidade brasileira, conhecendo novos nichos de turistas com vistas a desenvolver novos mercados. Nesse contexto se insere o Estudo de Sinergia e Desenvolvimento entre as Indstrias do Turismo e Audiovisual Brasileiras,13 que sugere a consolidao de uma poltica pblica integrada entre as reas de turismo e audiovisual brasileiras. Este Estudo aponta que o Brasil tem uma inegvel vocao para este tipo de turismo, e refora que o Pas reconhecido mundialmente por sua diversidade de locaes, seus atributos culturais e criatividade, alm do ambiente pacfico, livre de catstrofes naturais e distante dos palcos habituais de aes terroristas.14 O Turismo Cinematogrfico caracteriza-se pelos deslocamentos motivados para a visitao a locais ou atraes que tiveram apario no cinema ou na TV, dentro do contexto da produo audiovisual em que est inserido, sendo considerado um tipo de turismo especfico do segmento cultural. Os turistas que viajam para as paisagens que servem de pano de fundo de filmes so chamados de set-jetters.15 O cinema, portanto, funciona como reforo de smbolos que podem influenciar a escolha de destinos de turistas.

13 BRASIL. Ministrio do Turismo & DHARMA, Instituto. Estudo de Sinergia e Desenvolvimento entre as Indstrias do Turismo e Audiovisual Brasileira. Braslia: Instituto DHARMA; Ministrio do Turismo, 2008 (2 edio). Disponvel em http://www.turismo.gov.br 14 BRASIL. Ministrio do Turismo & DHARMA, Instituto. Braslia Cinematogrfica 1 Etapa de Preparao do Destino Referncia em Turismo Cinematogrfico no Brasil. Braslia: Instituto DHARMA; Ministrio do Turismo, Instituto DHARMA, 2009. 15 Em traduo livre, visitantes de sets de filmagem.

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Clssicos do cinema mundial possibilitaram que locaes de filmagens fossem reconhecidas mundialmente, suscitando o desejo de expectadores a viverem as emoes e se deslocarem para os cenrios retratados nas produes cinematogrficas. Os impactos no turismo podem ser percebidos em filmes como Corao Valente, que possibilitou um incremento de 300% na visitao s terras altas da Esccia. J em Contatos Imediatos do Terceiro Grau, duas dcadas depois, o clssico de Steven Spielberg ainda a motivao de 20% dos visitantes ao Devils Tower, Wyoming EUA. E em menos de um ms, o filme Um Lugar Chamado Notting Hill trouxe 10% a mais de pessoas a Kenwood House.16
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Vale ressaltar que, para fins de elaborao e implementao de polticas pblicas, o MTur entende o Turismo Cinematogrfico como um tipo de turismo relacionado ao segmento de Turismo Cultural, por considerar em sua essncia recursos audiovisuais intrnsecos rea da cultura. No entanto, percebe-se que o mesmo transversal a todos os outros segmentos tursticos, j que as produes cinematogrficas podem se utilizar de diversas imagens e cenrios relacionados ao ecoturismo, turismo de aventura e/ou turismo de sol e praia, por exemplo. Turismo Arqueolgico:17 O estudo e a prtica do turismo arqueolgico podem ser considerados atividades recentes no Brasil, bem como a discusses sobre os conceitos bsicos do segmento. Levando-se em considerao que o segmento pode trazer benefcios para a atividade turstica, quando desenvolvida em stios planejados e estruturados, necessrio entender sua origem, para que a partir do entendimento da atividade possa ser possvel a consolidao do segmento no Brasil. Assim, o segmento pode torna-se um aliado no desenvolvimento de localidades e atrativos tursticos que atendam a essa demanda, que relaciona-se especificamente com o Turismo Cultural, devido seus aspectos de carter histrico-cultural. O turismo arqueolgico pode ser entendido a partir da associao da Arqueologia e o Turismo. Surgiu, de forma organizada e planejada, como uma alternativa para a difuso do conhecimento relacionado s pesquisas e aos achados arqueolgicos, assim como a prpria Arqueologia em si.18 Esse tra16 BRASIL, Ministrio do Turismo & DHARMA, Instituto. Estudo de Sinergia e Desenvolvimento entre as Indstrias do Turismo e Audiovisual Brasileira. Braslia: Instituto DHARMA; Ministrio do Turismo, 2008 (2 edio). Disponvel em http://www.turismo.gov.br 17 Para a caracterizao desse tipo de turismo destaca-se o artigo da Dra. Gloria Maria Widme, Turismo Arqueolgico. In: NETTO, Alexandre Panosso; ANSARAH, Marlia Gomes dos Reis. Segmentao do mercado turstico: estudos, produtos e perspectivas. Barueri, SP: Manole, 2009. 18 WIDMER, Gloria Maria. Turismo Arqueolgico. In: NETTO, Alexandre Panosso; ANSARAH, Marlia Gomes dos Reis. Segmentao do mercado turstico: estudos, produtos e perspectivas. Barueri, SP: Manole, 2009.

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balho torna-se como um elemento essencial para o resgate e o conhecimento da cultura humana, bem como para o entendimento do ser humano e de seu processo evolutivo. Neste sentido, o turismo arqueolgico torna-se uma importante ferramenta para a disseminao do conhecimento acerca dos elementos de cunho histrico-cultural dos quais a Arqueologia faz parte. A partir dessa relao surge o Turismo Arqueolgico, que pode ser definido como um segmento no qual ocorre o deslocamento voluntrio e temporrio de indivduos, motivados pelo interesse ou desejo de conhecimento de aspectos pertinentes a culturas passadas, a locais onde se encontram vestgios materiais representativos de processo evolutivo do homem no planeta, deixados por sociedades pretritas.19 Neste caso, o turista tem como elemento motivador da prtica do Turismo Arqueolgico o patrimnio arqueolgico, ou os chamados stios arqueolgicos.20 Esse patrimnio arqueolgico pode ser tipificado de acordo com as caractersticas dos vestgios que as representam. Entre as principais tipologias de stios podemos citar as cavernas, arte rupestre, oficina, cermico, ltico, monumental, submerso, dentre outros.21 No Brasil, os stios arqueolgicos so definidos e protegidos pela Lei n 3.924/61. O tombamento de bens arqueolgicos feito pelo IPHAN, e realizado, excepcionalmente, por interesse cientfico ou ambiental. De acordo com o rgo, cerca de 10 mil stios arqueolgicos j foram identificados, sendo tombados como Patrimnio Arqueolgico os seguintes stios: Sambaqui do Pinda, em So Luis/MA; Parque Nacional da Serra da Capivara, em So Raimundo Nonato/PI; Inscries Pr-Histricas do Rio Ing, em Ing/PB; Sambaqui da Barra do Rio Itapitangui, em Canania/SP; Lapa da Cerca Grande, em Matozinhos/MG; Quilombo do Ambrosio: remanescentes, em Ibi/MG; e Ilha do Campeche, em Florianpolis/SC.22 Em funo da fragilidade apresentada nesses espaos, primordial, contudo, a realizao de aes de planejamento e de infra-estrutura que possibilitem o desenvolvimento do turismo, sem que haja prejuzos ao patrimnio arqueolgico utilizado como atrativo turstico. Para tanto, indispensvel realizao de estudos, pesquisas, trabalhos de monitoramento, organizao de roteiros
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Idem. So considerados stios arqueolgicos as jazidas de qualquer natureza, origem ou finalidade, que representem testemunhos da cultura dos paleoamerndios; os stios nos quais se encontram vestgios positivos de ocupao pelos paleomerndios; os stios identificados como cemitrios, sepulturas ou locais de pouso prolongado ou de aldeamento estaes e cermios; e as inscries rupestres ou locais e outros vestgios de atividade de paleoamerndios. Fonte: http://www.iphan.gov.br. Acesso em setembro de 2010. 21 WIDMER, Gloria Maria. Turismo Arqueolgico. In: NETTO, Alexandre Panosso; ANSARAH, Marlia Gomes dos Reis. Segmentao do mercado turstico: estudos, produtos e perspectivas. Barueri, SP: Manole, 2009. 22 Disponvel em http://www.iphan.gov.br. Acesso em setembro de 2010.
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de visitao, aes de interpretao do patrimnio e envolvimento da comunidade local. O planejamento e a estruturao de stios arqueolgicos so prticas indispensveis para o desenvolvimento do Turismo Arqueolgico no Pas, visto que, sem essas premissas, os impactos negativos do turismo podem causar danos irreversveis para o patrimnio arqueolgico brasileiro. Turismo Gastronmico:23 O turismo gastronmico surge como um segmento turstico emergente capaz de posicionar destinos no mercado turstico, quando utilizado como elemento para a vivncia da experincia da cultura local pelo turista por meio da culinria tpica. A oferta turstica de servios de alimentao, item que faz parte da estada do turista, apresenta-se, portanto, como uma vantagem competitiva no desenvolvimento do turismo de uma localidade, podendo ser utilizada como um diferencial passvel de proporcionar experincias nicas para o turista, e assim tornar-se tambm um diferencial para sua comercializao. O segmento deve ser entendido a partir da articulao da atividade turstica com a oferta gastronmica, que deve estabelecer uma conexo com a identidade da cultura local ao compartilhar os valores e costumes de um povo. Pode ser definido como uma vertente do Turismo Cultural no qual o deslocamento de visitantes se d por motivos vinculados s prticas gastronmicas de uma determinada localidade.24 As principais atividades que podem ser realizadas pelo turista que tem por motivao o segmento so: participao em eventos gastronmicos cujo foco de comercializao a gastronomia tpica de determinada localidade e a visitao a roteiros, rotas e circuitos gastronmicos. Alm destes, a oferta de bares, restaurantes e similares de um destino so insumos para a viabilizao do turismo gastronmico, podendo integrar e complementar a oferta turstica do destino, alm de se tornarem espaos de aproximao entre turista e comunidade local. Importante ressaltar que esse contexto no qual o turismo gastronmico se insere vai ao encontro das atuais mudanas que vem sendo observadas no padro de consumo do produto turstico, resultantes de transformaes configuradas pelas tendncias econmicas mundiais oriundas da sociedade da informao. Tal fato est levando os turistas a almejarem cada vez mais a vivncia de experincias nicas em suas viagens e a buscarem a autenticidade
23 GNDARA, Jos Manoel Gonalves. Reflexes sobre o turismo gastronmico na perspectiva da sociedade dos sonhos. In: NETTO, Alexandre Panosso; ANSARAH, Marlia Gomes dos Reis. Segmentao do mercado turstico: estudos, produtos e perspectivas. Barueri, SP: Manole, 2009. 24 Idem.

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dos atributos histricos e culturais que uma localidade pode oferecer.25 Tal fato advm do surgimento do conceito Economia da Experincia, que emergiu a partir de 1999 com a obra do dinamarqus Rolf Jensen intitulada A sociedade dos sonhos. Alm disso, o estudo intitulado Economia da Experincia, de James Gilmore e Joseph Pine, foi sendo incorporado pelo turismo, anunciando novos valores ao mercado. O conceito traz a concepo de inovao com vistas a agregar valor oferta turstica e qualificar destinos para atenderem as expectativas dos consumidores, cada dia mais exigentes. Est sendo seguida por aqueles que querem inovar nos processos de formatao e comercializao de produtos, especialmente na atividade turstica. Esse fenmeno atual faz com que o componente emocional, os valores e os sentimentos adquiram maior relevncia que o componente racional. Os produtos e servios tursticos tendem, com isso, priorizar a promoo e venda de experincias nicas como fator diferencial para sua comercializao. Assim, a identidade gastronmica, enquanto elemento de identidade da cultura de um povo, pode ser trabalhada como um atrativo turstico ao proporcionar para o turista o conhecimento da identidade cultural de determinada comunidade. E na perspectiva da economia da experincia, pode ser possvel aproveit-la como uma oportunidade para o desenvolvimento de destinos e produtos tursticos, ao ser capaz de valorizar suas caractersticas culturais e de atender a uma demanda especfica em crescimento26 valorizando, com isso, a sua oferta turstica. Na cidade de Belm/PA, a aplicao do conceito Economia da Experincia na atividade turstica possibilitou ao destino a formatao de produtos tursticos que valorizassem a interao com sua cultura, histria e costumes locais. Empreendimentos do destino desenvolveram a oferta de experincias nicas com base na valorizao da histria e da singularidade local por meio, por exemplo, da culinria regional, com vistas a inovar os produtos tursticos ofertados e melhorar seu posicionando no mercado.

25 BRASIL, Ministrio do Turismo & SEBRAE & IMB, Instituto Marca Brasil. Projeto Economia da Experincia: Vivncias na Regio da Uva e do Vinho. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007. Disponvel em http://www.turismo.gov.br 26 GNDARA, Jos Manoel Gonalves. Reflexes sobre o turismo gastronmico na perspectiva da sociedade dos sonhos. In: NETTO, Alexandre Panosso; ANSARAH, Marlia Gomes dos Reis. Segmentao do mercado turstico: estudos, produtos e perspectivas. Barueri, SP: Manole, 2009

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Para a formatao da visita, um restaurante local aliou oferta da culinria regional o alimento mais famoso do Par: o Aa. Com isso, agregou valor visita ao oferecer para o cliente a experincia nica de no apenas saborear uma tigela do produto, mas tambm process-lo para ento degust-lo acompanhado de um prato tpico.27
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Com isso, se mantm a originalidade compartilhando dos costumes locais com os visitantes, realizando o resgate do patrimnio imaterial28 que, associado identidade local, um rico ingrediente para a promoo do destino e conseqente captao de turistas. Enoturismo: O termo enoturismo passou a ser utilizado na Itlia, quando as visitas a locais onde se produziam vinhos passaram a ser considerados como atrativo ncora de roteiros, e no simplesmente uma atividade complementar destes. Contudo, em regies da Frana e de Portugal, que acumulam conhecimento secular do assunto, observou-se as primeiras iniciativas de formatao de roteiros de visitas em que fosse possvel conhecer sobre o processo de produo do vinho, para o atendimento do pblico que aprecia ou consome o produto. J no Brasil, as iniciativas pioneiras de enoturismo ocorreram na regio sul do Brasil,29 quando a uva e o vinho passaram a ser tratados como atrao turstica. Desde ento, empresas vincolas comeam a abrir as portas para visitao turstica com a finalidade de possibilitar o conhecimento do processo de elaborao dos vinhos. O enoturismo ocorre em funo de deslocamentos motivados para o conhecimento do processo da produo de vinhos, realizando visitas a vinhedos e vincolas, fazendo parte da experincia a degustao de vinhos e de seus derivados. Alm disso, pode-se caracterizar como uma atividade do segmento a visitao a festivais de vinhos e/ou mostras de vinhos onde a motivao principal da viagem seja a degustao de vinhos. O enoturismo pressupe o contato direto do turista com os processos produtivos, o conhecimento e a prova dos vinhos das regies visitadas, passeios e percursos que envolvem o patrimnio paisagstico e arquitetnico relacionaProjeto Economia da Experincia. Disponvel em http://www.tourdaexperiencia.com A gastronomia considerada pela UNESCO como patrimnio imaterial. BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com o Turismo Nacional - Relatrio de visita tcnica as Regies Uva e Vinho (Bento Gonalves e Garibaldi) e Hortnsias (Gramado e Canela). Braslia, Ministrio do Turismo, 2008. Disponvel em http://www.excelenciaemturismo.gov.br . Na viagem tcnica, empresrios brasileiros de diferentes regies do Pas tiveram a oportunidade de observar as boas prticas, por meio de vivncias, dos empreendimentos da regio que desenvolvem roteiros e produtos ligados ao enoturismo, apresentando seus atrativos, peculiaridades e experincias empreendedoras.
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dos cultura da vinha e produo do vinho. E so essas as caractersticas e os aspectos que colocam o turismo como uma atividade associada fundamental, no pelos recursos financeiros que ela mobiliza diretamente, mas por sua capacidade como instrumento promocional das regies nas quais suas atividades se inserem. O exemplo de desenvolvimento do enoturismo em Portugal, que priorizou em seu Plano Estratgico Nacional de Turismo (PENT)30 10 produtos considerados estratgicos, elencando a Gastronomia e Vinhos dentre estes, pode ser utilizado como um exemplo de boas prticas na operao turstica deste segmento, a ser utilizado como modelo de estruturao do enoturismo, adaptando-o a realidade brasileira. Sendo a vitivinicultura um dos setores mais dinmicos da agricultura portuguesa, aps a adeso do Pas Unio Europia, Portugal iniciou uma poltica de qualificao da produo de vinho, reorganizando institucionalmente o setor, criando novas denominaes de origem e apoiando com investimentos massivos a produo de vinhos de qualidade. Com isso, a vitalidade comercial do setor vitivincola portugus proporcionou a articulao da vinha e do vinho com outras atividades complementares, notadamente no setor do turismo. Em Portugal, na regio do Vale do Douro, o roteiro de enoturismo conseguiu mobilizar os vinicultores, sobretudo, a partir do trabalho consistente da Associao para o Desenvolvimento do Turismo da Regio Norte (ADETURN) e da compreenso que a atividade turstica uma excelente oportunidade para a promoo do vinho. A mdia espontnea e a imagem charmosa que envolve os espaos onde desenvolvido o enoturismo, representada pela possibilidade da visita e degustao do vinho no local de produo, colocam-no em outro patamar de mercado inserido nos sonhos de consumo de um pblico extremamente seleto. Essa perspectiva interessante para o produto de enoturismo, pois confere autenticidade e originalidade, afinal o que se oferece a experincia de conhecer uma regio produtora singular, que tem na vinha e no vinho sua vocao primordial e que, indiretamente, contribui para uma imagem do destino como um todo. Alm disso, fundamental do ponto de vista da sustentabilidade das atividades de turismo no espao rural, pois no provoca mudanas drsticas
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O PENT um documento que define as aes para o crescimento sustentado do turismo no Pas e as linhas de desenvolvimento estratgico para o setor.

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no modo de vida da populao, visto que depende da existncia desse modelo produtivo.31 Com isso, observa-se que a organizao do segmento pode ser representada pelos seguintes pilares:
Figura 1 - Pilares do Enoturismo Sustentvel32

No Brasil, o conceito Economia da Experincia na Regio Uva e Vinho/RS33 proporcionou que atores locais da cadeia produtiva do turismo trabalhassem com maior nfase na produo associada ao turismo, inovando e incrementando sua oferta turstica. Em uma vincola da Regio Uva e Vinho/RS, foi formatada uma atividade para o enoturista - a Degustao s cegas - onde foi proposta uma degustao diferente. O turista vedado e vai provando vrios vinhos e para cada um relata as sensaes, com destaque para as emoes, as lembranas, a experincia. A proposta deixar o turista viajar, conduzir sua experincia na degustao, afinal, o vinho tem alma e est presente na histria da humanidade. Assim, a vincola trabalha para tocar a alma de cada visitante. Depois, revelado qual vinho foi degustado e as suas caractersticas.

BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Excelncia em Turismo: Aprendendo com as melhores experincias internacionais Relatrio de visita tcnica a Portugal. Braslia: Ministrio do Turismo, 2008. Disponvel em http://www.excelenciaemturismo.gov.br 32 Deloitte (2005). European Enotourism Handbook. 33 BRASIL, Ministrio do Turismo & SEBRAE & IMB, Instituto Marca Brasil. Projeto Economia da Experincia: Vivncias na Regio da Uva e do Vinho. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007.
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Turismo Ferrovirio: De acordo com a Cartilha de Orientao para Proposio de Projetos de Trens Tursticos e Culturais,34 os servios de trens tursticos e culturais caracterizam-se pelo transporte no regular de passageiros, com o objetivo de agregar valor aos destinos tursticos, contribuindo para a preservao da memria ferroviria, configurando-se em atrativos culturais e produtos tursticos das cidades, auxiliando-as na diversificao da oferta. Desta forma, a expresso turismo ferrovirio,35 em uma primeira anlise, poderia ser considerada uma classificao do turismo quanto ao meio de transporte utilizado na viagem (segmentao dos meios de transporte), quando a finalidade da viagem a utilizao de trens, ou melhor, a realizao de passeios sobre trilhos atrativos cuja singularidade contribui para a diversificao da oferta turstica brasileira. Contudo, como os atrativos habitualmente utilizados esto associados ao segmento de Turismo Cultural, o turismo ferrovirio pode ser considerado um tipo de turismo deste segmento. Ainda, partindo-se do pressuposto que a anlise das potencialidades tursticas tem como um dos elementos a anlise dos meios de transporte, o turismo ferrovirio constitui-se em um fator de atratividade turstica e importante vetor na composio de um produto turstico. No Brasil, esto disponveis alguns roteiros tursticos ferrovirios, que na maioria das vezes fazem parte da programao cultural e turstica do destino,36 dentre os quais destacam-se:
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Passeio de trem - Estrada de Ferro Curitiba-Paranagu/PR; Passeio de trem So Joo del-Rei/MG a Tiradentes/MG; Trem da Vale Ouro Preto/MG a Mariana/MG; Trem das guas So Loureno/MG a Soledade/MG ; Trem da Serra Passa Quatro/MG at o alto da Serra da Mantiqueira/MG; Trem Vitria-Minas37 - Belo Horizonte/MG Vitria/ES; Trem do Corcovado Rio de Janeiro/RJ; Trem do Forr Recife/PE a Caruaru/PE; Trem Estrada Real Paraba do Sul/RJ a Cavaru/RJ; Trem do Vinho Bento Gonalves Garibaldi/RS Carlos Barbosa/RS

BRASIL, Ministrio do Turismo, Ministrio dos Transportes, DNIT, ANTT, RFFSA, IPHAN, SPU. Cartilha de orientao para proposio de projetos de trens tursticos e culturais. Braslia: Ministrio do Turismo, 2010. Disponvel em http://www.turismo.gov.br O setor est organizado nas seguintes associaes: Associao Brasileira de Preservao Ferroviria (ABPF), Associao Brasileira de Trens Tursticos e Culturais (ABTTC) e Associao Brasileira dos Operadores de Trens Tursticos e Culturais (ABOTTC). 36 TOMELIN, Carlos Alberto. Turismo Ferrovirio. In: NETTO, Alexandre Panosso; ANSARAH, Marlia Gomes dos Reis. Segmentao do mercado turstico: estudos, produtos e perspectivas. Barueri, SP: Manole, 2009. 37 nico no pas que opera viagens dirias de passageiros no Brasil.
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Estrada de Ferro Campos do Jordo Pindamonhangaba/SP a Campos do Jordo/SP passando pela Serra da Mantiqueira/SP.

Normalmente os passeios so acompanhados de atividades culturais, tais como apresentaes teatrais, de msica e dana e de degustao de alimentos e bebidas. H ainda, em alguns casos, pequenas paradas para visitas rpidas e compras. Dentre as motivaes para a realizao dos passeios esto: Voltar ao passado experimentar a sensao de andar de trem como antigamente; Observar paisagens inusitadas; Visitar cenrios histricos. Nesse contexto, o turismo ferrovirio pode ser uma possibilidade de viajar pelo tempo, de deslocar-se por paisagens e topografias tpicas e que revelam no decorrer da rota a vida cotidiana das comunidades.38 A oferta atual no tem deslocado um percentual expressivo de turistas para seu usufruto, ao contrrio dos cruzeiros, por exemplo, onde a prpria embarcao nutica tornou-se a motivao principal para a viagem. Contudo, levando-se em considerao que o potencial ferrovirio do Brasil ainda tem muito a se desenvolver, com inmeras possibilidades de valorizao do patrimnio ferrovirio brasileiro, foi institudo o Grupo de Trabalho de Turismo Ferrovirio,39 no mbito do Governo Federal. O Grupo tem como objetivo desenvolver uma poltica de fomento do turismo ferrovirio no Pas, especificamente, no que concerne ao segmento de trens tursticos e culturais, com a finalidade de recuperao, requalificao e preservao dos trechos em atividade ou desativados.40 Como resultado, foi elaborada uma cartilha para subsidiar a preparao de projetos de trens com finalidades tursticas e culturais, com objetivo de orientar eventuais interessados para apresentaes de projetos tursticos e culturais de cunho ferrovirio no Pas e tambm dar agilidade, definir de critrios e simplificar trmite de propostas.
TOMELIN, Carlos Alberto. Turismo Ferrovirio. In: NETTO, Alexandre Panosso; ANSARAH, Marlia Gomes dos Reis. Segmentao do mercado turstico: estudos, produtos e perspectivas. Barueri, SP: Manole, 2009. 39 O Grupo de Trabalho de Turismo Ferrovirio foi institudo pela Portaria n 18 do MTur, de 25 de fevereiro de 2010, e publicado no DOU em 1 de maro de 2010. composto por representantes dos ministrios do Turismo (MTur) e dos Transportes (MT), alm do Instituto do Patrimnio Histrico Nacional (IPHAN), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Agncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Inventariana da Extinta Rede Ferroviria Federal S.A. (RFFSA) e Secretaria do Patrimnio da Unio (SPU). 40 BRASIL, Ministrio do Turismo, Ministrio dos Transportes, DNIT, ANTT, RFFSA, IPHAN, SPU. Cartilha de orientao para proposio de projetos de trens tursticos e culturais. Braslia: Ministrio do Turismo, 2010. Disponvel em http://www.turismo.gov.br
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Verifica-se, portanto, que o Turismo Cultural possui inmeras possibilidades de construo de produtos tursticos-culturais sustentveis por meio da valorizao do patrimnio cultural nacional, atendendo, com isso, aos novos consumidores que esto cada vez mais interessados em ampliar os conhecimentos sobre a cultura de determinado local e que valorizam cada vez mais as experincias autnticas. Assim, para desenvolver o segmento de Turismo Cultural e seus tipos, necessrio, em primeiro lugar, saber quais so as suas principais caractersticas e abrangncias. tambm fundamental compreender as motivaes e o perfil dos turistas que buscam as experincias expressas nesse segmento, que desempenha importante papel no processo de caracterizao e fortalecimento da identidade de um territrio. Cabe ressaltar que o desenvolvimento e a promoo de atrativos relacionados ao Turismo Cultural, bem como de produtos e atividades culturais, integrados a outros segmentos, contribuem para a diversificao da oferta e diminuio do perodo de sazonalidade turstica em determinados destinos cuja oferta turstica tenha como vocao principal outros segmentos de turismo, como por exemplo, o Turismo de Sol e Praia e o Turismo e Negcios e Eventos. Uma forma de articulao com o segmento de Turismo de Negcios & Eventos por meio de eventos culturais, capazes de atrair um grande nmero de turistas interessados em temticas especficas. A permanncia no destino motivada pelo evento incrementa a movimentao turstica no local, em funo da visita a outros atrativos. Pode, ainda, estimular o retorno do turista em outras oportunidades para conhecerem melhor o destino. Os eventos culturais atraem visitantes, incrementam as taxas de ocupao na baixa temporada, e, ao mesmo tempo, possibilitam visibilidade ao destino atravs da mdia espontnea que geram. Para a divulgao de tais eventos, recomenda-se a elaborao de um calendrio de eventos do municpio, da regio e do Estado, distribuindo-o ao longo do ano e nos perodos de maior convenincia, em funo dos fluxos tursticos. O Calendrio Cultural de um destino tem o mrito de organizar a programao cultural e estimular apresentaes culturais representativas do lugar, convertendo-se em um instrumento de informao ao mercado. Por fim, ressalta-se que o patrimnio cultural brasileiro, por ser inerente a todo o mercado turstico do pas, deve-se combinar e complementar a outros segmentos, garantindo identidade e diferenciao a esses produtos. No obs-

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tante, deve receber um tratamento especfico na estruturao de produtos exclusivos de Turismo Cultural, podendo ser complementado por grupos de publico mais especficos.

2.2.3 Principais atividades praticadas no mbito do segmento


Tanto para a elaborao de polticas pblicas e formatao de produtos tursticos culturais, assim como para a orientao a prestadores de servios importante ter conhecimento acerca das atividades que podem ser praticadas no mbito do segmento. Com isso, torna-se possvel diagnosticar necessidades de infraestrutura e servios para sua realizao. A identificao das principais atividades pode auxiliar na definio da vocao do destino e fortalecer o seu posicionamento no mercado. Auxilia, tambm, no mapeamento de oportunidades de negcios e diversificao de servios que se pode oferecer, tornando o destino mais competitivo. Neste item, apresentam-se alguns servios, bem como atividades tursticas que podem ser desenvolvidas no mbito do segmento de Turismo Cultural.
Quadro 1 Exemplos de atividades que podem ser realizadas no mbito do Turismo Cultural
Atividade Descrio Visitas a comunidades tradicionais ou grupos tnicos (comunidades representativas dos processos imigratrios europeus e asiticos, comunidades indgenas, quilombolas e outros grupos sociais que preservam seus legados tnicos como valores norteadores de seu modo de vida, saberes e fazeres), que permite a interao ou acompanhamento de atividades cotidianas ou eventos tradicionais de comunidades locais Visitas a lugares de interesse histrico-cultural que representam testemunhas do cultural nacional, regional ou local. Visitas a stios arqueolgicos e paleontolgicos com relevncia histrico-cultural. Visitas a espaos e eventos cuja motivao principal seja a busca espiritual e a prtica religiosa relacionadas s religies institucionalizadas, de origem oriental, afro-brasileiras, espritas, protestantes, catlica. Ex.: Peregrinaes e romarias, retiros espirituais, festas e comemoraes religiosas, visitao e espaos e edificaes religiosas igrejas, templos, santurios, terreiros realizao de itinerrios de cunho religioso, apresentaes artsticas de carter religioso.

Visitas a comunidades tradicionais e/ou tnicas

Visitas a stios histricos Visitas a stios arqueolgicos e/ou paleontolgicos

Visitas a Espaos e Eventos Religiosos

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Atividade

Descrio

Visitas a espaos e eventos cuja motivao principal seja a busca Visita a lugares msticos e da espiritualidade e do autoconhecimento em prticas, crenas e rituais considerados alternativos. Ex.: Caminhadas de cunho esotricos espiritual e mstico, prticas de energizao. Visita a monumentos e celebraes cvicas Visitas motivadas pelo conhecimento de monumentos, acompanhar ou rememorar fatos, observar ou participar em eventos cvicos, que representem a situao presente ou da memria poltica e histrica de determinados locais. Visitas a locais destinados apresentao, guarda e conservao de objetos de carter cultural ou cientfico. Ex.: Museu da Cachaa, Museu do Folclore etc. Realizao de passeios cujas essncias sejam a visitao de roteiros, rotas e circuitos gastronmicos, a participao em eventos gastronmicos, a visitao aos bares, restaurantes e similares de um destino que represente as tradies culinrias da regio. Realizao de passeios para festas e festivais locais, para apresentaes de formas de expresses culturais com fins de informao cultural ou recreao; para acontecimentos ou formas de expresso relacionados msica, dana, folclore, saberes e fazeres locais, prticas religiosas ou manifestaes de f. Ex.: rodas de viola, folia-de-reis, crenas, rezas, novenas. Realizao de passeios culturais para teatros e cinemas, conforme programao local.

Visita a Museus e Casas de cultura

Visitas Gastronmicas

Passeios para festas, festivais, celebraes locais e manifestaes populares

Passeios para cinemas e teatros

O conhecimento dos tipos de atividades que podem ser praticadas pelos turistas nos destinos com vocao para o desenvolvimento do Turismo Cultural um importante insumo para a identificao das oportunidades existentes para a formatao de produtos tursticos diferenciados, que contribuam para a diversificao da oferta turstica brasileira. A diversidade de prticas de Turismo Cultural, que muitas vezes esto relacionadas a outros segmentos, varia sob diferentes aspectos, em funo dos territrios que so praticadas, dos servios disponveis, habilidades e da motivao do turista. A transversalidade deste segmento se d, tambm, por considerar elementos e expresses da cultura local, como a gastronomia, a msica, as manifestaes populares etc. importante compreender, ainda, que tais atividades podem se somar oferta turstica de destinos que tenham como vocao principal outro segmento, com vistas a agregar valor aos produtos tursticos ofertados. A combinao de
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vrios segmentos para a formatao de um produto turstico contribui para a diversificao da oferta, o aumento de permanncia do turista na localidade e a diminuio da sazonalidade da atividade.

2.2.4 Caracterizao dos atrativos culturais e os produtos do segmento


No caso do Turismo Cultural, so considerados atrativos os bens do patrimnio cultural e suas formas de expresso, criados para sua preservao e interpretao. A identificao do atrativo cultural, de seu contexto histrico e sociocultural, um exerccio de compreenso daquilo que lhe inerente, sua identidade, essncia e elementos caractersticos, podendo, assim, ser organizados e classificados conforme suas caractersticas e aspectos relacionados sua apreciao, aos grupos de interesse que mobiliza. Um detalhado inventrio cultural a base de conhecimento sobre os atrativos e o fundamento para a estruturao dos produtos de Turismo Cultural, onde se considera os interesses do turista, a quem se espera atrair com propostas claras de atividades e oferta de servios. De forma esquemtica o processo de formatao de produto no Turismo Cultural segue essa dinmica:

So considerados produtos do Turismo Cultural aqueles que tm a capacidade de atrair o visitante, que lhe possibilitam formas de interao para vivenciar seus significados, garantem as condies adequadas para a visita, disponibilizam os servios necessrios para sua permanncia e definem as circunstncias para que a visita acontea. O Turismo Cultural se diferencia de outros segmentos pelas caractersticas de seus atrativos, pelas amplas possibilidades para o desenvolvimento de produtos, pela forma de organizao da atividade e pela capacidade de envolvimento da comunidade na cadeia produtiva. Todos os atrativos culturais podem se transformar em produtos do Turismo Cultural. Nem tudo tem o mesmo poder de atrao e no h nada que atraia todos os pblicos, o que exige um cuidadoso trabalho de marketing para direcionar corretamente o produto aos seus respectivos mercados; mas com criatividade, sensibilidade, conhecimento e capacidade empreendedora possvel
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agregar valor e ampliar a atratividade. So considerados exemplos de produtos caractersticos do Turismo Cultural os equipamentos e atividades culturais com estruturas para atendimento ao visitante e dinmicas prprias para esse atendimento, com nveis de interao e apropriao distintas, tais como os centros histricos, os museus, as festas populares, a programao cultural, os eventos, entre outros. Uma senhora reconhecida no bairro onde vive por suas habilidades culinrias, ela conhece e prepara receitas ancestrais da culinria brasileira, passa a oferecer seus servios aos visitantes, refeies deliciosas! Ela resolve utilizar produtos colhidos na horta do seu quintal e ali mesmo, sombra de uma frondosa rvore, decide montar algumas mesas para a refeio, nasce um pequeno e charmoso restaurante. Como ela boa de conversa, no demora muito e sua casa ganha fama, atraindo gente de todo o lugar.41
41

Em um exemplo simples identificamos alguns aspectos da lgica de estruturao de produtos neste segmento: a valorizao da gastronomia tpica, a possibilidade de vivenciar o ambiente de uma famlia do interior, de observar a preparao dos pratos, a incorporao dos produtos da horta, a hospitalidade, entre outros. A proprietria do restaurante poderia ainda se dispor a preparar alguns pratos com o visitante, pesquisar outras receitas junto comunidade, incentivar outras famlias a preparar compotas para a sobremesa. So algumas formas para agregar atratividade ao produto de Turismo Cultural e, ao mesmo tempo, contribuir para a valorizao da identidade local, a preservao da cultura e a promoo do desenvolvimento sustentvel.

2.3 Estudos e pesquisas sobre o segmento


Estudos realizados em mbito internacional apontam o crescimento das viagens em que a cultura a motivao principal e demonstram as vantagens financeiras, sociais e ambientais resultantes do desenvolvimento do segmento. De acordo com a Organizao Mundial do Turismo,42 o segmento corresponde a aproximadamente 10% do total das viagens internacionais e, se consideramos os dados das chegadas internacionais de turistas em 2008,43 o segmento representou aproximadamente 92 milhes de viagens. Em 2005, uma pesquisa sobre o Turismo Cultural na Europa44 identificou uma forte tendncia
41 BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com as Boas Prticas - Relatrio de visita tcnica em Rio de Janeiro e Paraty/RJ Braslia: Ministrio do Turismo, 2008. Disponvel em http://www.excelenciaemturismo.gov.br 42 OMT, UNDWTO, Tourism 2020 Vision.WTO: Madrid, 2001. 43 OMT, UNDWTO. Word Tourism Barometer. Madrid: OMT, September, 2009. Disponvel em http://www.unwto.org 44 OMT, UNDWTO. ETC. El Turismo Urbano y la Cultura: la experiencia europea. Madrid: OMT, 2005.

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de crescimento das viagens de curta durao (final de semana ou feriados prolongados) tendo como motivao principal a oferta cultural das cidades, sendo denominadas de city break. No Brasil, o Estudo de Demanda Turstica Internacional 2004 200845 rene informaes sobre o comportamento dos turistas internacionais que visitam o Brasil. De acordo com estes dados, em 2008, cerca de 16,9% dos entrevistados tiveram a cultura brasileira como principal motivao das viagens a lazer realizadas no Pas. A pesquisa Caracterizao e Dimensionamento do Turismo Domstico no Brasil 200746 apresenta um painel completo sobre as motivaes por faixa de renda e local de origem, formas de organizao e estimativas do volume de deslocamentos realizados dentro do Pas pelo pblico nacional, sendo uma das fontes utilizadas para se compreender as principais motivaes de viagem do turista brasileiro. Conforme a figura a seguir, os dados indicam que 12,7%47 dos entrevistados tm no Turismo Cultural a principal motivao de suas viagens, 5,1%48 a religio e mais 3,1%49 apontam os eventos culturais, esportivos e sociais. Considerando o volume global das viagens realizadas no Brasil, estimada em 225 milhes de viagens domsticas em 2007,50 calcula-se que o segmento de Turismo Cultural mobilize diretamente pelo menos 28 milhes de viagens por ano no Brasil, o turismo religioso em torno de 11 milhes de viagens e os eventos cerca de 7 milhes. Outro aspecto interessante apontado pela pesquisa que as viagens cuja motivao principal a cultura proporcionalmente maior entre os grupos que apresentam maiores rendimentos.51

45 BRASIL, Ministrio do Turismo. Estudo da Demanda Turstica Internacional 2004 - 2008. Braslia: Ministrio do Turismo, 2010. Disponvel em http://www.turismo.gov.br 46 BRASIL, Ministrio do Turismo & FIPE. Caracterizao e Dimensionamento do Turismo Domstico no Brasil. Relatrio Final. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007. Disponvel em http://www.turismo.gov.br 47 Nos grupos cuja renda mensal familiar acima de 15 salrios mnimos. 48 Nos grupos cuja renda familiar de at 4 salrios mnimos. 49 Mdia de todas as classes de renda familiar pesquisadas. 50 EMPRESA MUNICIPAL DE TURISMO DE BELO HORIZONTE BELOTUR. Plano Horizonte: marketing turstico de Belo Horizonte. Relatrio Executivo. Belo Horizonte: Belotur/Chias Marketing, 2006. Relatrio. 51 Os dados indicam que entre os grupos com faixa de renda superior a 15 salrios mnimos o interesse em viagens de motivao cultural o dobro demonstrado pelos grupos com renda de at 4 salrios mnimos mensais. Contudo, nos grupos com faixa de renda inferior a 4 salrios mnimos o interesse em viagens em que a motivao seja a religio quase 4 vezes maior que o demonstrado pelos grupos com renda superior a 15 salrios mnimos.

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Figura 2 Principal motivao para realizao de viagem domstica, em %


Classe de renda mensal familiar Motivos Visita parentes/amigos (lazer) Sol e praia Compras pessoais (lazer) Negcios ou trabalho Turismo Cultural Diverso noturna Sade Visita parentes/amigos (obrigao) Religio Ecoturismo Eventos esportivos/sociais/culturais Estncias climticas/hidrominerais Turismo Rural Visita parentes/amigos (negcios) Congressos, feiras ou seminrios Praticar esportes Compras de negcios Outros eventos profissionais Cursos e educao em geral Parques temticos Compras pessoais (obrigao) Resorts/hotis fazenda Cruzeiros (se fez, mencione) Outros Total de 0 a 4 SM 59,0 26,5 9,8 9,2 6,2 7,2 9,4 6,2 5,1 2,2 3,3 1,1 2,2 2,4 1,6 1,4 1,2 1,3 1,1 0,7 1,0 0,4 0,1 4,2 162,9 de 4 a 15 SM 52,3 38,1 10,5 9,0 8,6 8,3 5,4 3,3 3,0 4,3 3,0 3,1 2,2 1,7 2,3 1,7 1,6 1,3 1,4 1,5 1,3 0,8 0,2 4,5 169,1 acima de 15 SM 41,9 49,3 11,9 9,1 12,7 8,8 3,4 2,6 1,4 5,2 2,8 3,6 2,3 1,8 2,6 2,3 2,3 1,6 1,3 2,2 0,9 1,8 0,6 5,2 177,8 Total 54,4 33,8 10,3 9,1 7,9 7,8 7,0 4,6 3,8 3,4 3,1 2,2 2,2 2,0 2,0 1,6 1,5 1,3 1,3 1,2 1,1 0,7 0,2 4,4 167,1

Outra importante fonte de informao sobre o turista brasileiro a pesquisa Hbitos de Consumo do Turismo Brasileiro 2009,52 que revela as principais tendncias da demanda do mercado turstico. Interpretando os dados da pesquisa, percebe-se que as viagens esto sendo cada vez mais relacionadas s experincias autnticas que um destino turstico pode oferecer, muitas delas relacionadas ao resgate do valor, da cultura e da histria do destino. Apesar de
52 BRASIL, Ministrio do Turismo & Instituto Vox Populi. Hbitos de Consumo do Turismo do Brasileiro. Braslia: Ministrio do Turismo, 2009. Disponvel em http://www.turismo.gov.br

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grande parte dos entrevistados associarem, em 1 lugar, o turismo a descanso e tranquilidade (cerca de 43% da amostra), a cultura aparece na 3 posio (8,4%) na relao de identificao com o turismo.
Figura 3 Associaes quando se escuta falar sobre Turismo (clientes atuais)53
Primeira citao Descanso/tranquilidade Diverso/entretenimento Beleza natural/lugares bonitos Cultura Felicidade Aprendizado/conhecimento Novas experincias Novas amizades Associaes a lugares Outras respostas 42,8% 25,7% 8,3% 8,4% 2,4% 3,2% 2,8% 1,8% 3,5% 1,1% Soma ponderada 30,0% 24,8% 12,5% 11,3% 4,4% 4,8% 4,3% 3,7% 2,7% 1,6%

Nesse contexto, observa-se uma valorizao do patrimnio imaterial da cultura, tais como a gastronomia, as festas e danas populares e aspectos peculiares da cultura de um povo, ganhando destaque na formatao de produtos e atividades para o Turismo Cultural, j que a vivncia destes elementos possibilita que o turista amplie seus conhecimentos sobre a cultura. Essa tendncia pode ser constatada nos hbitos de consumo do turista brasileiro. Na figura a seguir, observa-se que as atividades realizadas pelos turistas durante a viagem relacionam-se com atividades que podem ser consideradas no mbito do Turismo Cultural, de acordo com a definio utilizada para o segmento e seus tipos.

53

Clientes atuais: consumidores que compraram servios de turismo em pacotes ou em partes nos ltimos dois anos.

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Figura 4 - Atividades realizadas durante a viagem (clientes atuais)


Primeira citao Passeios para conhecer pontos tursticos Ir para: bares/restaurantes/discotecas/boates Conhecer pratos e comidas tpicas Atividades culturais Praticar atividades esportivas Fazer visitas a parques temticos Frequentar praias/tomar sol Assistir eventos esportivos Outras respostas 7,6% 6,7% 9,2% 3,1% 5,6% 1,4% 1,4% 29,9% 35,2% Soma ponderada 29,4% 28,0% 11,0% 10,1% 8,9% 4,8% 4,2% 2,1% 1,3%

Outra informao importante que a pesquisa revela, e que possui interface com o segmento de Turismo Cultural, em relao aos destinos que os turistas mais gostam de viajar pelo Brasil e os motivos para a escolha do local visitado. Dentre os segmentos de oferta mais procurados pelos turistas que viajam pelo Pas, mesmo que Sol e Praia ainda prevalea, a Cultura, em especial aquela ligada a visitao de cidades histricas, aparece na preferncia de 12% dos turistas entrevistados.
Figura 5 Roteiros preferidos (clientes atuais)
Primeira citao Praias Campo Cidades histricas Montanhas Outras respostas 13,5% 12,0% 8,1% 1,5% 64,9% Soma ponderada 45,1% 19,2% 18,4% 15,5%% 1,8%

Alm disso, quando perguntados sobre o principal motivo da viagem, os entrevistados responderam que a busca pela cultura local/populaes responsvel por 13,2% das motivaes, as festas populares por 6,3% dos entrevistados, a gastronomia por 2,7% e a busca pela histria/artes e museus a principal
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motivao de 1,9% dos turistas da pesquisa. Outra informao tambm interessante revelada pela pesquisa que a maior parte dos turistas avaliaram as viagens como positivas, e os principais aspectos ressaltados que contriburam para esse resultado perpassam o Turismo Cultural, tais como: a cultura local/ populao local com 14,5%, as festas populares e a gastronomia com 5,8% e a histria/artes/museus com 2,3%.
Figura 6 Principais aspectos positivos da viagem realizada
Beleza natural/natureza Praia Cultura local/populao Perfil do local Festa popular Gastronomia Histria/artes/museus Observao da fauna/flora Estrutura do hotel Lazer em geral Companhia Outras respostas Nada 33,6% 17,5% 14,5% 14,4% 5,8% 5,8% 2,3% 1,6% 1,6% 0,6% 0,6% 1,6% 0,1%

Por fim, como a maioria dos entrevistados revelaram que tem inteno de voltar e que recomendariam aquele destino para outras pessoas, torna-se indispensvel a qualidade na prestao dos servios tursticos nos meios de hospedagens, servios de receptivos, restaurantes etc. para a satisfao dos clientes, oferecendo, assim, experincias memorveis. Os resultados dos estudos e pesquisas auxiliam os gestores pblicos e privados na formulao polticas pblicas e na formatao de roteiros culturais criativos e que atendem s novas tendncias do mercado turstico.

2.3.1 Perfil do turista cultural


Compreender o perfil do turista cultural um passo importante para a formatao de produtos compatveis com o pblico deste segmento, de forma a oferecer atividades e programas para atender suas expectativas e suprir suas exigncias. Conhecer os desejos, interesses e necessidades dos clientes atuais e potenciais54 representa uma ferramenta de estratgia competitiva para pro54

Clientes potenciais: consumidores que podem vir a comprar servios e produtos tursticos em pacotes ou em partes nos prximos dois anos.

41

dutos e servios tursticos. No existem pesquisas especficas com sries histricas sobre o turista cultural que possibilite identificar com preciso as principais tendncias sobre os hbitos de viagem e preferncias deste turista. A criao de uma base de dados gerenciais do Turismo Cultural facilitar os gestores pblicos e empresrios a desenvolverem estratgias eficientes de planejamento, gesto e promoo, com vistas ao desenvolvimento de ofertas qualificadas e ajustadas s demandas de mercado. A amplitude de interesses e de motivaes em relao cultura requer uma srie de estudos. Alguns trabalhos em outros pases podem ser utilizados nessa tarefa, como no caso do Mxico,55 que aponta a existncia de dois tipos de turistas que visam atrativos culturais em seus deslocamentos: Aqueles com interesse especfico na cultura (motivao principal), isto , que desejam viajar e aprofundar-se na compreenso das culturas visitadas, se deslocando especialmente para esse fim; Aqueles com interesse ocasional na cultura (motivao secundria ou complementar), possuindo outras motivaes que o atraem ao destino relacionando-se com a cultura como uma opo de lazer. Esses turistas, muitas vezes, acabam visitando algum atrativo cultural, embora no tenham se deslocado com esse fim, e, apesar de no se configurarem como pblico principal do que conceituamos de Turismo Cultural, so tambm importantes para o destino, devendo ser considerados para fins de estruturao e promoo do produto turstico.

Essa diferenciao importante, por exemplo, para a promoo de produtos tursticos. No caso dos grupos de turistas que viajam simplesmente por lazer, a princpio, sem interesses especiais na cultura, esses podem exigir um tipo de material diferenciado, onde o aspecto lazer deve ser enfatizado. A mesma observao vlida em relao ao turista com interesse especial na cultura, que exige um tipo de material que ressalte as possibilidades de vivncias culturais. Em 2008 um estudo pioneiro no Brasil, realizado pela Embratur em parceria com a UNESCO, procurou identificar e caracterizar o perfil e o comportamento do turista internacional que visita o Pas para conhecer a cultura brasileira.56 A pesquisa foi realizada nos festejos juninos do Norte e Nordeste brasileiro sendo ouvidos visitantes em Campina Grande/PB, Caruaru/PE, Aracaju/SE,
55 MXICO, SECTUR. El Turismo Cultural en Mxico: resumen ejecutivo del estudio estratgico de viabilidad del turismo cultural en Mxico. Mxico DF: SECTUR, sd. 56 BRASIL, Embratur & UNESCO. Estudo do Comportamento do Turista Cultural Internacional. Braslia: Embratur, 2009.

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So Lus/MA e Parintins/AM. Embora os festejos juninos se configurem como produtos turstico-culturais especficos dentro da diversidade cultural que o Brasil apresenta, os dados sistematizados mostram o interesse crescente neste segmento, pelo que ele representa em termos de mobilizao de pblicos e da participao de mercados geogrficos mais afastados. Os dados desta pesquisa comprovaram o perfil do turista cultural que era idealizado nas caracterizaes do segmento: Alto ndice de escolaridade; Utilizam principalmente os meios de hospedagem convencional; Viajam acompanhados (amigos, famlia, casal); A cultura o fator de motivao da viagem; Se reconhecem como turistas culturais, com hbitos de consumo prprios do segmento.

Os resultados apontam ainda para a imagem cultural que o turista deste segmento tem sobre o Brasil. A musicalidade, as danas e a hospitalidade foram destacadas como as caractersticas mais expressivas (60%), seguido das manifestaes populares (47%), artesanato e gastronomia (30%). Os festejos culturais do ciclo junino foram considerados pelos entrevistados como manifestaes autnticas e uma representao da diversidade cultural do Brasil. Com tais informaes possvel aperfeioar as estratgias de promoo internacional voltadas para o segmento e intensificar a divulgao das manifestaes da cultura popular brasileira no exterior, valorizando o patrimnio imaterial do pas.

2.4 Marcos legais


O adequado desenvolvimento do Turismo Cultural depende da observncia de questes legais relacionadas aos atrativos tursticos e ao patrimnio, ao territrio e prestao de servios, entre outras. Tratam-se de dispositivos que orientam as aes, estruturam procedimentos e ordenam o territrio, considerando os anseios e as necessidades da populao brasileira. Existem duas instituies de referncia para estabelecimento dos parmetros quanto conceituao, conservao, proteo, salvaguarda e sustentabilidade do patrimnio cultural em mbito internacional e nacional, respectivamente a UNESCO e o IPHAN. Mas existem tambm rgos estaduais que cuidam das questes do patrimnio cultural e tambm algumas cidades, com regulamentaes e gerenciamento especfico, que devem ser consultadas quando do desenvolvimento de atrativos culturais na esfera local.

43

A Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura (UNESCO) a instituio que estabelece as convenes internacionais quanto definio e proteo do patrimnio cultural. No Brasil, o Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN), criado em 1937, a autarquia vinculada ao Ministrio da Cultura que tem a misso de preservar o patrimnio cultural do pas. A Constituio Brasileira de 1988, em seu artigo 216, estabelece que o patrimnio cultural brasileiro57 constitui-se dos bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referncia identidade, ao, memria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, sendo composto tambm por seus respectivos instrumentos, tais como inventrios, registros, vigilncia, tombamento e desapropriao, remetendo lei definir a punio por danos e ameaas a sua integridade.58 O patrimnio material protegido por instrumento legal chamado tombamento, enquanto o patrimnio imaterial por registro. Cabe s esferas de governo formular polticas para incentivar, apoiar e promover a manuteno do patrimnio cultural e facilitar as iniciativas do setor privado. Assim, no mbito do Turismo Cultural, algumas legislaes que merecem destaque so apresentadas na tabela a seguir, ressaltando, tambm, que muitos Estados e municpios possuem suas prprias leis de apoio e incentivo cultura que merecem ser consultadas.

57 Ressalta-se que o patrimnio cultural, afeto motivao do turista de realizar o Turismo Cultural, no se situa somente no campo dos bens considerados patrimnio nacional, conforme se explica no conceito desse tipo de turismo. 58 Berenice Abreu de Castro Neves. Patrimnio cultural e identidades. In: MARTINS, Clerton [org]. op cit, P 51.

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Quadro 3 Legislao e dispositivos legais relacionados ao Segmento


Legislao Principais instrumentos legais Escopo Poltica Nacional de Turismo - define as atribuies do Governo Federal no planejamento, desenvolvimento e estmulo ao setor turstico, tendo como um de seus objetivos a conservao do patrimnio natural, cultural e turstico brasileiro, passando a apoiar, portanto, outros rgos do Governo Federal no tocante preservao do patrimnio cultural brasileiro de interesse turstico, conforme estabelecido no Art. 3, pargrafo nico. Lei no 11.771, de 17 de Setembro de 200859, regulamentada pelo Decreto no 7.381, de 2 de dezembro de 2010. A Poltica Nacional do Turismo estabelecida pela Lei prope, ainda, que o MTur atue na preservao da identidade cultural das comunidades e populaes tradicionais eventualmente afetadas pela atividade turstica, refletindo no ordenamento e desenvolvimento do segmento de Turismo Cultural na medida em que d um tratamento de importncia a preservao da cultura brasileira, explcita no inciso IX do Art. 5 da Lei do Turismo. No que concerne ao Plano Nacional de Turismo, a preservao do patrimnio dever ser incorporada aos objetivos da Poltica de Turismo, sempre quando realizar sua atualizao (que ocorre de 4 em 4 anos), definindo polticas e programas que se integrem a outros setores das reas pblica e privada em favor do patrimnio cultural do Pas. Promulga a Conveno Relativa Proteo do Patrimnio Mundial, Cultural e Natural, de 1972. Declara os acervos documentais dos presidentes da Repblica pertencentes ao Patrimnio Cultural brasileiro, dispondo sobre a preservao, organizao e proteo dos acervos documentais privados dos Presidentes da Repblica, e d outras providncias. Aprova a Estrutura Regimental do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN).

Legislao Turstica

Decreto no 80.978, de 12 de dezembro de 1977

Legislao correlata

Lei no 8.392/91

Decreto no 6.844, de 7 de maio de 2009


59

59

Disponvel em http://www.turismo.gov.br

45

Legislao

Principais instrumentos legais

Escopo Conhecida por Lei Rouanet, institui politicas pblicas para a cultural nacional, como o Programa Nacional de Apoio a Cultura (PRONAC) e restabelece princpios da Lei no 7.505/86. O PRONAC tem como finalidade captar e canalizar recursos para a cultura, sendo destinados a projetos culturais que visem a exibio, utilizao e circulao pblicas dos bens culturais. Est em tramitao no Congresso Nacional um Projeto de Lei (PL 6722/2010), que tem por objetivo suprir as lacunas existentes na Lei no 8.318/91 ao instituir o Programa Nacional de Fomento e Incentivo Cultura Procultura. O Projeto de Lei visa sanar as distores que provocam a concentrao regional do financiamento e baixo apoio a atividades culturais em reas, por exemplo, com baixo ndice de Desenvolvimento Humano (IDH).60 Regulamenta a Lei no 8.318/91, estabelece a sistemtica de execuo do PRONAC e d outras providncias. Ressalta-se que o apoio a projetos culturais, seja pelo Fundo Nacional de Cultura, seja pelo Mecenato ou pelo Fundo de Investimento Cultural e Artstico, ter interesse atividade turstica, principalmente, quando voltados ao fomento produo cultural e artstica61 e preservao e difuso do patrimnio artstico, cultural e histrico.62

Legislao correlata

Lei no 8.313 de 23 de dezembro de 1991

Legislao correlata

Decreto no 5.761, de 27 de abril de 2006

6061 62

O fomento produo cultural e artstica pode acontecer mediante a realizao de exposies, festivais de arte, espetculos de artes cnicas ou congneres, de msica e de folclore. A preservao e difuso do patrimnio artstico, cultural e histrico, podem acontecer mediante: construo, formao, organizao, manuteno, ampliao e equipamento de museus, bibliotecas, arquivos e outras organizaes culturais, bem como de suas colees e acervos; conservao e restaurao de prdios, monumentos, logradouros, stios e demais espaos, inclusive naturais, tombados pelos Poderes Pblicos; Restaurao de obras-de-arte e bens mveis e imveis de reconhecido valor cultural; e proteo do folclore, do artesanato e das tradies populares nacionais. 62 Disponvel em http://www.cultura.gov.br
60 61

46

Legislao

Principais instrumentos legais Decreto-Lei no 25, de 30 de novembro de 1937 Lei no 3.924, de 26 de julho de 1961

Escopo Conceitua e organiza a proteo do patrimnio histrico e artstico nacional e dispe sobre o tombamento. Dispe sobre os monumentos arqueolgicos e pr-histricos, sua proteo, posse e salvaguarda. Institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimnio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimnio Imaterial e d outras providncias. Regulamenta Decreto no 3.551/00 Determina os procedimentos a serem observados na instaurao e instruo do processo administrativo de Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial.

Patrimnio Cultural Material

Decreto no 3.551, de 4 de agosto de 2000 Patrimnio Cultural Imaterial Resoluo no 001 de 2006

No que diz respeito vertente do Turismo tnico, cabe mencionar, ainda, que os quilombolas e os indgenas tm direito a terra em que vivem (Art. 231 da Constituio Federal e Art. 68 do ADCT da CF/88 Ato das Disposies Constitucionais Transitrias da Constituio Federal). Na prtica, a Fundao Cultural dos Palmares,63 rgo ligado ao Ministrio da Cultura, que faz o levantamento e reconhecimento das reas dos quilombolas (Portaria 40/00, que estabelece as normas que regero os trabalhos para a identificao, reconhecimento, delimitao e demarcao das autodenominadas Terras de Pretos, Comunidades Negras, Mocambos, Quilombo, entre outras denominaes congneres). J as reas dos povos indgenas esto relacionadas FUNAI,64 que ligada ao Ministrio da Justia. No mbito geral, cabe ressaltar tambm a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, que institui o Cdigo de Defesa do Consumidor, estabelece uma srie de direitos ao consumidor em relao qualidade do produto ou servio, ou seja, o direito ao princpio da qualidade; o direito do consumidor de ser informado sobre as reais caractersticas dos produtos e servios, ou seja, o direito ao princpio da transparncia; e, por ltimo, a norma d proteo contratual ao consumidor ou o direito ao princpio da proteo contratual.

63 64

Para mais informaes, consulte http://www.palmares.gov.br Para mais informaes, consulte http://www.funai.gov.br

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O Cdigo do Consumidor deu nova redao a vrios dispositivos da Lei no 7.347, de 24/07/1985, que previne ao de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente (art. 1, I). Com o entrosamento entre as duas leis, o direito de defesa dos consumidores e das vtimas poder ser exercido em juzo, individualmente, ou a ttulo coletivo. A defesa coletiva ser exercida quando se tratar de interesses, ou direitos difusos, entendida como os trans-individuais, de natureza indivisvel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncias de fato (art. 81, pargrafo nico, I do Cdigo). Os tpicos a seguir apresentam de forma mais detalhada informaes sobre o Patrimnio Cultural Material e Imaterial, bem como seus instrumentos de gesto.

2.4.1 Patrimnio cultural material


O patrimnio material65 constitudo de bens culturais mveis e imveis. No primeiro caso, encontram-se aqueles bens que podem ser transportados, tais como os livros e as obras de artes e, no segundo, os bens estticos, tais como prdios, cidades, ruas etc, e possuem instrumento especfico de proteo: Bens mveis: colees arqueolgicas, acervos museolgicos, documentais, bibliogrficos, arquivsticos, videogrficos, fotogrficos e cinematogrficos; Bens imveis: ncleos urbanos, stios arqueolgicos e paisagsticos e bens individuais.

2.4.1.1 Tombamento
O tombamento configura-se um ato administrativo realizado pelo Poder Pblico com o objetivo de preservar, por intermdio da aplicao de legislao especfica, bens de valor histrico, cultural, arquitetnico, ambiental e tambm de valor afetivo para a populao, impedindo que venham a ser destrudos ou descaracterizados. Podem ser tombados bens pertencentes unio, aos Estados, Distrito Federal e municpios, bem como a pessoas fsicas ou jurdicas de direito privado. Nesse ltimo, o tombamento pode se dar de forma voluntria ou compulsria caso o proprietrio se recuse a anuir inscrio do bem. O tombamento pode ser solicitado por qualquer cidado ou instituio pblica. O pedido submetido a uma avaliao tcnica preliminar e deliberao do rgo responsvel pela preservao. Em caso de aprovao emitida uma notificao ao proprietrio. Com este documento procura-se evitar a destruio do bem at que ele seja inscrito e um dos seguintes Livros do Tombo:
65

Para mais informaes baseadas em documentos do IPHAN, consulte http://www.iphan.gov.br

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Livro do Tombo Arqueolgico, Etnogrfico e Paisagstico: bens pertencentes s categorias de arte arqueolgica, etnogrfica, amerndia e popular, monumentos naturais, stios e paisagens; Livro do Tombo Histrico: bens de interesse histrico e as obras de arte histricas; Livro do Tombo das Belas Artes: obras de arte eruditas nacionais ou estrangeiras; Livro do Tombo das Artes Aplicadas: obras includas na categoria das artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras.

Destaca-se que o tombamento pode ser feito pela Unio, por intermdio do IPHAN; pelo governo estadual, por meio do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico do Estado ou rgo similar; e pelas administraes municipais, utilizando-se de leis prprias. Alm da legislao nacional especfica, a preservao de bens culturais orientada por Cartas, declaraes e Tratados Nacionais e Internacionais, alm de outros instrumentos legais, tais como as legislaes ambientais e de arqueologia. Em 1972, a Conferncia Geral da ONU para a Educao, Cincia e Cultura firmou a Conveno sobre Proteo do Patrimnio Mundial Cultural e Natural. Neste documento, patrimnio cultural compreendia o resultado da produo material do homem: obras arquitetnicas, pinturas, esculturas, monumentos, stios arqueolgicos, entre outros. Essa diretriz levou classificao de stios do Patrimnio Cultural da Humanidade, que tm a chancela da UNESCO recomendando a sua proteo e que funciona como um distintivo de singularidade. No Brasil existem 18 tesouros do patrimnio mundial,66 dos quais oito se referem ao contexto da diversidade natural e os demais relacionados cultura histrica e pr-histrica:
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Cidade Histrica de Ouro Preto (1980); Centro Histrico de Olinda (1982); Misses Jesuticas Guarani, em So Miguel das Misses (1983); Centro Histrico de Salvador (1985); Santurio do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (1985); Parque Nacional do Iguau, em Foz do Iguau (1986); O Plano Piloto de Braslia (1987); Parque Nacional Serra da Capivara, em So Raimundo Nonato (1991);

Disponvel em http://www.unesco.org e http://www.iphan.gov.br

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Centro Histrico de So Lus do Maranho (1997); Centro Histrico de Diamantina (1999). Reservas de Mata Atlntica do Sudeste (1999); Reservas de Mata Atlntica da Costa do Descobrimento (1999); Parque Nacional do Ja (2000); Complexo de reas Protegidas do Pantanal: Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense e RPPNs67 prximas (2000); Centro Histrico de Gois (2001); reas protegidas do Cerrado: Chapada dos Veadeiros e Parque Nacional das Emas (2001); Ilhas Atlnticas Brasileiras: Reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas (2001); Praa So Francisco, na cidade de So Cristovo (2010).

Assim, os bens que compem o nosso patrimnio material podem ser reconhecidos, respectivamente, como patrimnio mundial, nacional, estadual ou municipal, e tambm enquadrar-se em mais de uma categoria, desde que reconhecido como tal por duas ou mais instncias. As medidas ora referidas visam garantir a preservao integral dos bens, ou seja, a manuteno de suas caractersticas essenciais. Simultaneamente, porm, imprescindvel a sua conservao, isto , a adoo contnua de medidas para evitar que se deteriorem. Podem ser realizadas, ainda, aes de qualificao e revitalizao que esto relacionadas a um conjunto de medidas que visam a dotar um centro histrico, um bairro, um conjunto urbanstico ou uma regio de melhor infraestrutura, para revigor-los ou otimizar seu uso, estabelecendo novos sentidos e significados ao patrimnio. Para dar vitalidade a um centro histrico, alm do esforo de restaurao e conservao, preciso dar vida, recuperar o uso residencial, desenvolver e implantar servios e atividades turstico-culturais, de forma a garantir a presena permanente de pessoas e o interesse do visitante.

2.4.2 Patrimnio cultural imaterial


Em 1998, a Conferncia Inter-governamental sobre Polticas Culturais para o Desenvolvimento amplia o conceito de patrimnio incluindo tambm os aspectos imateriais herdados ou criados pela sociedade. A Declarao da UNESCO sobre as Peas Mestras do Patrimnio Oral e Imaterial da Humanidade de 2001 define por patrimnio cultural imaterial as prticas, representaes e expresses, os conhecimentos e as tcnicas que proporcionam s comunidades, grupos e indivduos um sentimento de identidade e continuidade; e
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Reserva Particular do Patrimnio Natural.

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tambm integram o conceito a produo material e seus espaos de realizao dessas prticas. A UNESCO compreende o patrimnio cultural imaterial como as expresses de vida e tradies que comunidades, grupos e indivduos em todas as partes do mundo recebem de seus ancestrais e passam seus conhecimentos a seus descendentes. E, de acordo com o IPHAN, o patrimnio imaterial transmitido de gerao em gerao e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em funo de seu ambiente, de sua interao com a natureza e de sua histria, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito diversidade cultural e criatividade humana.68 So considerados patrimnio cultural imaterial os usos, representaes, expresses, conhecimentos e as tcnicas, bem como os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhes so associados e que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivduos reconheam como parte integrante de seu patrimnio cultural.69 So exemplos os ofcios, rituais, danas e pinturas corporais. Essa dimenso do patrimnio caracteriza-se por seu carter intangvel e dinmico ou seja, est sujeita a mudanas impostas pelo cotidiano do homem, j que se trata de seus modos de vida, saberes e fazeres, que evoluem constantemente. Por essa razo busca-se o reconhecimento dessa dinamicidade e a respectiva valorizao e promoo de tais expresses.

2.4.2.1 Registro
Para salvaguardar70 os bens culturais imateriais, existe um instrumento legal denominado Registro dos Bens Culturais de Natureza Imaterial, institudo no ano 2000 por meio do Decreto n. 3.551/00, regulamentado pela Resoluo n001/2006, que dispe tambm sobre um programa especialmente voltado para a questo. Podem ser registrados em um dos seguintes livros: Livro de Registro dos Saberes conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades: Ofcio das Paneleiras de Goiabeiras Esprito Santo; Modo de Fazer Viola-de-Cocho Regio Centro-Oeste;

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Disponvel em http://www.brasilia.unesco.org . Acesso em agosto de 2010. Disponvel em http://www.iphan.gov.br e http://www.unesco.org.br/areas/cultura 70 Salvaguardar um Bem Cultural de Natureza Imaterial apoiar sua continuidade de modo sustentvel. atuar no sentido da melhoria das condies sociais e materiais de transmisso e reproduo que possibilitam sua existncia. Programa Nacional do Patrimnio Imaterial disponvel em http://www.iphan.gov.br

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Ofcio das Baianas de Acaraj Bahia; Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas Minas Gerais; Modo de Fazer Renda Irlandesa produzida em Divina Pastora Sergipe; Ofcio dos Mestres de Capoeira. Livro de Registro das Celebraes rituais e festas que marcam a vivncia coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras prticas da vida social: Crio de Nossa Senhora de Nazar Belm/PA; Festa do Divino Esprito Santo Pirenpolis/GO. Livro de Registro das Formas de Expresso manifestaes literrias, musicais, plsticas, cnicas e ldicas: Arte Kuwisa, tcnica de pintura e arte grfica da populao indgena Wajpi Amap; Samba-de-Roda do Recncavo Baiano Bahia; Jongo Regio Sudeste; Frevo Pernambuco; Tambor de Crioula do Maranho; Matrizes do Samba do Rio de Janeiro; Roda de Capoeira; Toque dos Sinos em Minas Gerais. Livro de Registro dos Lugares mercados, feiras, santurios, praas e demais espaos onde se concentram e se reproduzem prticas culturais coletivas: Feira do Caruaru Pernambuco; Cachoeira de Iauaret Lugar sagrado dos povos indgenas dos Rios Uaups e Papuri Amazonas.

Os registros dos bens imateriais so reavaliados e reexaminados a cada dez anos para que o IPHAN decida sobre a revalidao do ttulo Patrimnio Cultural do Brasil. Caso seja negada, o bem ficar apenas registrado como referncia cultural de seu tempo. Para tratar dessas questes, existe o Programa Nacional do Patrimnio Imaterial (PNPI), que viabiliza projetos de identificao, reconhecimento, salvaguarda e promoo da dimenso imaterial do patrimnio cultural. um instrumento de fomento que busca estabelecer parcerias, complementando e apoiando o instrumento do Registro. Entre as estratgias do PNPI, consta a proposio da

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incluso do tema patrimnio imaterial nas aes de divulgao e promoo da cultura brasileira aos rgos de turismo.

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3. Bases para o desenvolvimento do segmento


Nos captulos anteriores foram tratados os conceitos, referncias e legislaes que incidem sobre a cultura e o ordenamento da atividade turstica. Compreendidos o objeto e os fundamentos do Turismo Cultural, seu respectivo pblico e marcos legais, a seguir sero apresentadas as questes que envolvem a estruturao e desenvolvimento de produtos tursticos culturais em base local.

3.1 Identificao e anlise de recursos


Os bens que integram o patrimnio constituem insumos bsicos do Turismo Cultural. No caso especfico da cultura brasileira, temos a diversidade de nossa formao tnica e de nossos ambientes naturais, aspectos que se combinaram em diferentes formas de expresso, manifestaes, que determinaram tradies, modos de vida, identidades e o legado material de nossos antepassados. Quanto maior a diversidade do patrimnio cultural, maiores sero as possibilidades de se criar produtos diferenciados, com mais opes e atividades. E quanto maior o leque de ofertas qualificadas de produtos tursticos, melhores sero as possibilidades para estimular o tempo de permanncia do turista no destino. O Turismo Cultural no depende tanto das condies climticas, como o Turismo de Sol e Praia ou outros segmentos cujas atividades so realizadas integralmente ao ar livre. Por isso, as viagens desse segmento podem acontecer ao longo de todo ano, sem grandes variaes no fluxo de visitantes, sendo uma alternativa para a reduo da sazonalidade nos destinos. Outra varivel importante so os calendrios das festas populares e eventos culturais, que funcionam muito bem na composio da oferta turstica e como estratgia para ampliar o fluxo turstico nos perodos de baixa ocupao, com consequente aumento da taxa de ocupao dos equipamentos. Para o desenvolvimento desse segmento, o primeiro passo identificar e avaliar se no destino ou regio existem atrativos culturais significativos, com potencial para despertar o interesse e motivar o deslocamento do turista especialmente para conhec-los.

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Com base nos conceitos de patrimnio cultural (material e imaterial) estabelecidos pelas instituies de referncia no setor, o Ministrio do Turismo define como os principais atrativos do Turismo Cultural:71 Stios histricos centros histricos, quilombos; Edificaes especiais arquitetura, runas; Obras de arte pintura, escultura; Espaos e instituies culturais museus, casas de cultura; Festas, festivais e celebraes locais; Gastronomia tpica - pratos da culinria local; Artesanato e produtos tpicos; Msica, dana, teatro, cinema; Feiras e mercados tradicionais; Saberes e fazeres causos, trabalhos manuais; Realizaes artsticas exposies, atelis; Eventos programados feiras e outras realizaes artsticas, culturais, gastronmicas; Outros que se enquadrem na temtica cultural.

Como se pode ver, a cultura e seus diversos desdobramentos so a base do Turismo Cultural. Pintura, escultura, teatro, dana, msica, gastronomia, artesanato, literatura, arquitetura, histria, festas, folclore, entre outros, formam uma combinao que permite a vivncia da diversidade cultural brasileira. Os procedimentos para a identificao dos atrativos culturais envolvem uma pesquisa ordenada, que inclui o inventrio detalhado com o descritivo das caractersticas e as possibilidades para o desenvolvimento de atividades tursticas. Esse um passo importante para levantar as informaes e produzir os contedos a serem trabalhados posteriormente na elaborao dos materiais promocionais e suportes de interpretao. Metodologias especficas produzidas pelo Ministrio do Turismo e pelo IPHAN podem servir de suporte para a identificao desses aspectos que so diretamente relacionados ao segmento de Turismo Cultural. Instrumentos de pesquisa como o Inventrio da Oferta Turstica (INVTUR)72 e o Inventrio Nacional de Referncias Culturais (INRC)73 so exemplos dessas metodologias utilizadas
71 Sugere-se a consulta aos tipos, subtipos e as caractersticas relevantes dos atrativos tursticos no documento BRASIL, Ministrio do Turismo. Inventrio da Oferta Turstica: instrumento de pesquisa. Braslia: Ministrio do Turismo, 2006. 72 A inventariao da oferta turstica compreende o levantamento, identificao e registro dos atrativos tursticos, dos servios e equipamentos tursticos e da infra-estrutura de apoio ao turismo como instrumento base de informaes para fins de planejamento e gesto da atividade turstica. Para mais informaes, consulte http://www.turismo.gov.br 73 O Inventrio Nacional de Referncias Culturais (INRC) uma metodologia de pesquisa desenvolvida pelo IPHAN que tem como

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pelos respectivos rgos do Governo Federal que podem ser consultadas por gestores e empresrios, servindo de base para o levantamento de informaes pertinentes estruturao do Turismo Cultural. De acordo com o Projeto Inventrio da Oferta Turstica do MTur, os atrativos culturais so os elementos da cultura que, ao serem utilizados para fins tursticos, passam a atrair fluxos tursticos. So os bens e valores culturais de natureza material e imaterial produzidos pelo homem e apropriados pelo turismo (...).74 Desta forma, possvel levantar informaes que subsidiem a estruturao de destinos com foco no Turismo Cultural. Essas informaes revelam ainda a importncia do uso de estudos e pesquisas para o correto planejamento de aes que valorizem a cultura e as tradies locais dos destinos tursticos, contribuindo, assim, para o desenvolvimento sustentvel das regies e o fortalecimento do segmento. O inventrio se complementa, ainda, com a avaliao tcnica dos atrativos, para identificar o potencial e os aspectos diferenciais para a estruturao de produto turstico competitivo. Nesse processo, recomenda-se que essa anlise observe a metodologia adotada no Plano de Marketing Turstico Nacional (Plano Cores) e no Plano de Promoo Internacional do Brasil (o Plano Aquarela) que estabelece os critrios de singularidade, valor intrnseco e o carter brasileiro (ou identidade).75 A identificao dos atrativos culturais requer o conhecimento da histria local, e pesquisas que incluam o levantamento de informaes que caracterizem o destino (inventrio), com foco nos aspectos ligados diretamente as atividades culturais, podem ser uma boa fonte de conhecimento do segmento. Somando-se a uma avaliao qualitativa, possvel identificar quais atividades podem associar-se ao turismo, tendo com base seus aspectos peculiares, servindo de suporte para a divulgao e promoo por agregar valor ao destino turstico. Ajuda, ainda, a promover a produo cultural associada ao turismo e o patrimnio histrico e cultural. Tais recursos podero gerar atratividade por possibilitar o surgimento de novos produtos tursticos, que promovam a pluralidade cultural brasileira.
objetivo produzir conhecimento sobre os domnios da vida social aos quais so atribudos sentidos e valores e que, portanto, constituem marcos e referncias de identidade para determinado grupo social. Contempla, alm das categorias estabelecidas no Registro, edificaes associadas a certos usos, a significaes histricas e a imagens urbanas, independentemente de sua qualidade arquitetnica ou artstica. Para mais informaes, consulte http://www.iphan.gov.br . Acesso em agosto de 2010. 74 BRASIL, Ministrio do Turismo. Manual de Pesquisa: Inventrio da Oferta Turstica: instrumento de pesquisa. Braslia: Ministrio do Turismo, 2006. Disponvel em http://www.turismo.gov.br 75 Singularidade: valor que tem um recurso pelo fato de ser nico no mundo, na Amrica Latina, no Brasil, na macrorregio ou no Estado. - Valor intrnseco: valor de cada um dos recursos, aferido por meio de anlise comparativa que os faa destacar-se dentro de sua prpria categoria (museus, edificaes, natureza, parques). - Carter brasileiro: valor que tem um recurso pelo fato de fazer parte da identidade nacional, ainda que no seja especificamente um recurso turstico, mas representa, de fato, um grande valor potencial para o turismo.

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Alm desses instrumentos de pesquisa, fontes de informao sobre o Turismo Cultural como, por exemplo, as pesquisas de demanda turstica, fornecem dados sobre as preferncias e caractersticas do viajante em geral, atravs dos quais possvel mapear algumas particularidades e comportamentos das pessoas que viajam motivadas pelos temas e atrativos do patrimnio cultural de um destino turstico. Para se levantar o perfil do consumidor desse tipo de turismo, sugere-se alguns procedimentos: Verificar a existncia de pesquisas relacionadas ao assunto, principalmente as que apontem o perfil e a motivao do turista em visitar os atrativos culturais da regio, nos rgos oficiais de turismo e de cultura, nas instituies de ensino, no Sistema S, em organizaes no-governamentais, em museus e centros culturais, entre outros; Realizar pesquisas direcionadas ao tema na regio lembrando que devem ser planejadas e executadas por profissionais da rea.

Para que as pesquisas de demanda sejam confiveis, recomenda-se que sejam planejadas conforme metodologias especficas, tanto na alta quanto na baixa temporada turstica, durante a semana e fins de semana, em diferentes horrios do dia e da noite, de modo a captar o perfil do turista que frequenta o destino durante todo o ano, identificando seus hbitos de visitao e consumo. rgos e instituies de cultura, tais como museus, centros culturais, igrejas e demais espaos, possuem registros de visitas e outras informaes que possibilitam, por exemplo, caracterizar a procedncia e o nmero de visitantes a esses bens culturais. Tais informaes contribuem para o entendimento do perfil do turista, suas motivaes e interesses de viagem, para que, com isso, seja possvel a elaborao de estratgias de atrao e oferta. Desta forma, cabe ao planejador envolvido no processo de desenvolvimento do turismo do destino a busca de informaes adequadas para a construo da oferta de produtos direcionados ao segmento. Os resultados das pesquisas facilitam aos empresrios o desenvolvimento de produtos de Turismo Cultural que atendam aos diferentes perfis, motivaes e interesses de viagem, permitindo a segmentao da demanda. imprescindvel tambm a anlise dos produtos e as atividades disponveis no mercado, do impacto econmico de seu desenvolvimento em mbito local, regional e nacional, entre outros, pois estas informaes podero servir de

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subsdio para a formulao de polticas pblicas e direcionamento de esforos para a iniciativa privada. A estruturao de produtos e servios tursticos, bem como destinos, deve estar atenta as pesquisas relacionadas ao Turismo Cultural.

3.2 Estabelecimento de parcerias e formao de redes


A elaborao de roteiros tursticos tem como uma das aes principais a formao de redes,76 visando gesto descentralizada da atividade turstica, a disseminao de informaes e trocas de experincias, induzidas pela colaborao entre indivduos e instituies de forma democrtica e participativa. Portanto, indispensvel para a viabilidade do segmento de Turismo Cultural a identificao e o envolvimento das reas de turismo e de cultura e o estabelecimento de redes de parcerias. Profissionais como historiadores, antroplogos, socilogos, arquelogos, muselogos, educadores, juntamente com os profissionais de turismo, podem realizar aes complementares em parcerias, tais como: Inventrio da oferta turstica e cultural; Qualificao, conservao e manuteno de bens culturais; Capacitao de recursos humanos para atuar na prestao de servios tursticos; Elaborao e implementao de projetos de interpretao e educao patrimonial.

O IPHAN, por exemplo, possui metodologias para o desenvolvimento de alguns desses trabalhos, relacionadas educao patrimonial, inventrio de referncias culturais e aos planos de preservao para stios histrico-urbanos, que podem ser consultados. Ressalta-se que o estabelecimento de parcerias com os diversos agentes culturais do setor pblico e privado deve envolver, entre outros: rgos oficiais de cultura (secretarias, fundaes, diretorias); rgos oficiais de preservao do patrimnio (IPHAN e rgos estaduais e municipais); Lideranas e atores locais: associaes de artesos, produtores

76 Rede para o MTur, so instrumentos de troca de informaes, experincias e fortalecimento das relaes entre os diversos parceiros envolvidos no processo de desenvolvimento do turismo. A troca de informaes organiza a colaborao desses agentes e permite que eles implementem aes comuns e articulaes para o desenvolvimento do turismo (BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil: Introduo Regionalizao do Turismo. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007 p. 33)

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culturais, artistas, grupos folclricos, mestres do saber, gris.Gestores de museus e centros culturais; Empresrios do setor cultural; rgos de planejamento e obras urbanas; Instituies de ensino; Comunidade local.

O posicionamento do Brasil enquanto um destino cultural implica em aes convergentes entre o setor pblico, a iniciativa privada e o terceiro setor das reas da cultura e do turismo para que ocorra uma efetiva gesto, desenvolvimento e promoo de destinos tursticos cujo foco seja o segmento de Turismo Cultural. Um dos desafios para essa tarefa justamente a compatibilizao de linguagens, objetivos, modos de operao e de concepo sobre o Turismo Cultural. Alm disso, preciso saber lidar com algumas crticas quanto ao incentivo a esse segmento, sobretudo s que se referem possvel transformao do patrimnio cultural em bem de consumo, o que poderia acarretar a perda de seu significado.77 Diante disso, o dilogo a nica forma de demonstrar os benefcios do Turismo Cultural responsvel: as possibilidades de fortalecimento da cultura e da identidade cultural, despertando o orgulho nas comunidades, o resgate de manifestaes culturais, a redescoberta da histria dos lugares e a dinamizao cultural da regio. A Organizao Mundial do Turismo (OMT) e a Comisso Europia de Turismo (ETC)78 sugerem algumas medidas para facilitar a cooperao entre as reas do turismo e da cultura: Considerar que o Turismo Cultural baseia-se na cooperao mtua sem a cultura ou o turismo, o segmento no existe; Considerar que cada setor possui uma linguagem prpria o vocabulrio empregado no setor cultural no habitual no turstico e vice-versa; Disponibilizar tempo suficiente para que as duas reas se conheam bem, antes de realizarem atividades de cooperao; Formular objetivos precisos, permitindo a visibilidade dos objetivos comuns e dos diferentes; Cada uma das partes deve respeitar os objetivos, as necessidades e as condies da outra parte em relao a determinado assunto;

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BARRETO, Margarita. Turismo e Legado Cultural: as possibilidades de planejamento. Campinas SP: Papirus, 2000 OMT, 2005. Op cit.

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Preparar atividades coletivas, de promoo ou outras produes em equipe, criando um sentimento comum de pertencimento; Considerar as diferentes funes e reas de especializao dos dois setores em um evento cultural, a produo da cultura e a divulgao turstica ao setor de turismo; Considerar a necessidade de um planejamento efetivo entre as duas reas, considerando os prazos de execuo de atividades; Envolver profissionais que conheam e dialoguem com as duas reas.

O IPHAN, por meio do Sistema Nacional do Patrimnio Cultural (SNPC), vem propondo formas de relao entre as esferas federal, estadual e municipal que permitam estabelecer dilogos e articulaes para gesto do patrimnio cultural, formando uma rede de proteo do patrimnio que inclua rgos atuantes da rea. Nas discusses que esto sendo criadas em torno da proteo ao patrimnio cultural, o Turismo Cultural comea a figurar como uma alternativa para a preservao do legado cultural de uma localidade ou regio. Iniciativas como a formao da Associao Brasileira de Cidades Histricas (ABCH), com o apoio do Ministrio da Cultura e do IPHAN, serve de exemplo para a formao de redes capaz de promover a articulao e coordenao de aes que se relacionam com o Turismo Cultural. A ABCH foi institucionalizada para tornar-se uma rede entre as cidades que possuem tombamento federal, estadual ou municipal, bem como as que foram classificadas pela UNESCO a atuarem na valorizao e proteo do patrimnio cultural e natural, coordenando as polticas pblicas do segmento. J o Ministrio do Turismo dispe de metodologias de desenvolvimento de gesto de destinos tursticos com foco na estratgia de segmentao do turismo.79 A partir da implementao do Sistema Cores de Planejamento de Gesto de Destinos, que tem como premissa a participao efetiva dos representantes locais, levando formao de um Grupo Gestor que assume o papel de lder do processo, objetiva-se o desenvolvimento da gesto do turismo local com foco na estratgia de segmentao de produtos tursticos, procurando envolver de forma participativa toda a cadeia produtiva relacionada com o segmento elencado. Tal metodologia foi aplicada em 10 diferentes destinos brasileiros, mas que hoje serve de modelo referencial que pode servir de base para aplicao em outros destinos tursticos brasileiros. Outras metodologias so disponibilizadas pelo Ministrio do Turismo, entre
79 Sistema Cores de Planejamento de Gesto de Destinos, desenvolvido no mbito do Projeto Destinos Referncia em Segmentos Tursticos: ferramenta de planejamento turstico que estimula do envolvimento dos diferentes setores tursticos na gesto do destino. BRASIL. Ministrio do Turismo/Instituto Casa Brasil de Cultura. Destinos Referncia em Segmentos Tursticos. Goinia: Instituto Casa Brasil de Cultura, 2010. Disponvel em http://www.turismo.gov.br

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elas a de formao de redes de cooperao para a roteirizao turstica,80 que tem por objetivo apoiar a produo de roteiros tursticos de forma articulada e integrada. Importante ressaltar que a roteirizao turstica uma das estratgias usadas no Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil, que busca estruturar, ordenar, qualificar, ampliar e diversificar a oferta turstica. um processo voltado para a construo de parcerias em nveis municipal, regional, estadual, nacional e internacional. A idia integrar e fortalecer o compromisso entre os atores envolvidos, de modo a aumentar os negcios nas regies, promover a incluso social, resgatar e preservar valores culturais e ambientais. O Ministrio disponibiliza, tambm, o Caderno de Turismo Formao de Redes, com o passo a passo para formalizao de uma rede social, com foco no desenvolvimento do turismo. Essas e outras metodologias e documentos orientadores sobre parcerias e formao de redes podem ser acessadas no stio eletrnico (site) http://www. turismo.gov.br.

3.3 Envolvimento da comunidade local


A experincia turstica verdadeiramente cultural envolve a comunidade como protagonista, compreende a dimenso da preservao e da interpretao de bens culturais (patrimnio cultural), traduzindo seu sentido e valor para quem os visita. A interpretao, associada aos princpios da educao patrimonial, mais do que informar, em sua essncia, ela deve ter a capacidade de convencer as pessoas do valor e dos significados do patrimnio, promovendo assim uma relao de respeito, atitudes conscientes de conservao. O desenvolvimento turstico deve considerar a vocao do destino, envolver a comunidade para que ela participe verdadeiramente do processo e possa usufruir de seus resultados. E a interpretao e a educao patrimonial so os instrumentos adequados para promover essa integrao. Oferecer aos moradores a possibilidade de (re)descobrir novas formas de olhar e apreciar o lugar onde vivem. Se a comunidade conhece e valoriza seu patrimnio, se orgulha do que , ela se torna um elo importante na interao com o visitante, contribuindo para sua interpretao, para conduzir seu olhar e sensaes sobre o lugar, bem como para a sensibilizao do atores comerciais. O envolvimento da comunidade uma das premissas para o desenvolvimento sustentvel do Turismo Cultural. Para tanto, recomenda-se a realizao de um
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Para mais informaes sobre a metodologia de formao de redes de cooperao, consulte http://www.turismo.gov.br

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trabalho contnuo de interpretao e educao patrimonial. Tal ferramenta consiste em um processo permanente e sistemtico focado no patrimnio cultural, com vistas ao conhecimento, apropriao e valorizao de sua herana cultural, que so fatores-chave para a preservao e conservao do patrimnio e para o fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania.81

Do ponto de vista do turismo, esse trabalho pode levar a alguns resultados, tais como: Disponibilidade de informaes sobre a histria local, possibilitando repass-las aos turistas; Entendimento e valorizao do patrimnio pela comunidade, para elevar a autoestima e o sentimento de orgulho, gerando atitudes positivas na interlocuo da comunidade com o turista, melhorando o processo de interpretao e desenvolvendo posturas de respeito; Compreenso do Turismo Cultural como um meio de promoo e preservao do patrimnio.

A) Os valores locais - identidade e memria Existe uma tendncia crescente de viagens de Turismo Cultural por destinos caracterizados pela cultura viva presente no modo de vida das comunidades, pelos saberes e fazeres, pelas manifestaes tradicionais e folclricas, expressas principalmente na gastronomia tpica, nas festas e celebraes populares, nas lendas, histrias e causos locais, nos produtos artesanais e hospitalidade ao visitante. As motivaes do homem contemporneo por experincias relacionadas a lugares e tempos diferentes do seu mundo cotidiano encontram inmeras oportunidades junto s pequenas comunidades locais, onde a identidade cultural um legado ancestral. No entanto, a estruturao de produtos com essas caractersticas envolve, na maioria das vezes, o contato direto com antigos moradores, num delicado trabalho de resgate de tradies. Atividade que exige a orientao de profissionais especializados, preparados para estabelecer a interlocuo com a comunidade, numa relao de respeito, mas com liderana tcnica, habilidade e competncia para construir ou formalizar esses conhecimentos que sero
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HORTA, M. L. P. ET. AL. Guia Bsico de Educao Patrimonial. Braslia: IPHAN, Museus Imperial, 1999.

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disponibilizados na interpretao turstica. O principal atrativo a ser conhecido, observado e vivenciado, so os hbitos e prticas seculares desses grupos sociais. conhecimento tradicional que deve ser sistematizado e organizado para a informao ao visitante. A atividade turstica, para ser sustentvel, deve envolver direta ou indiretamente todos os moradores, ser inclusiva e geradora de renda. As melhores experincias estimulam as famlias a receber visitantes organizados em grupos, a preparar as refeies utilizando a produo agrcola em base familiar, a desenvolver atividades artesanais, as atividades de interpretao e guiamento devem incluir um representante da comunidade.82
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3.3.1 A construo de atrativos culturais com a comunidade


Todo o processo de fazer o atrativo, bem como seu marketing e sua gesto, devem ser estudados e pesquisados a partir da vida cotidiana, envolvendo sentimentos e emoes num escutar presente do primeiro ao ltimo contato. Essa forma de fazer revelar a motivao intrnseca das pessoas para transformar a si mesmas e o lugar onde vivem.83 A redefinio conceitual e a ampliao do leque de atrativos do patrimnio cultural vm impulsionando a estruturao e o desenvolvimento de novos produtos para o segmento, focado no interesse crescente dos mercados em vivenciar experincias marcadas pela autenticidade e conexes com o passado. um momento de excelentes oportunidades para a valorizao e preservao do legado cultural das comunidades tradicionais e de grupos sociais que conseguiram, por fora da sua prpria histria, manter vivas expresses da identidade e da memria coletiva. Mas tambm um duplo desafio, que consiste na transformao do atrativo cultural em produto turstico, tendo a comunidade como personagem principal e estratgias interpretativas suficientemente fortes para garantir a experincia de uma expresso cultural viva, intensa e pulsante. Mas na prtica como essa equao funciona? No existem respostas simples neste caso e o melhor caminho a reflexo conjunta com a comunidade, se possvel envolvendo tcnicos e especialistas para orientar esse exerccio. E esse processo passa necessariamente pelo associativismo e a autogesto pela comunidade. Sabe-se que existe uma demanda para atrativos tursticos da culBRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com o Turismo Nacional - Relatrio de visita tcnica em Paraty/RJ. Braslia: Ministrio do Turismo, 2008. Disponvel em http://www.excelenciaemturismo.gov.br FARIAS, Eny Kleyde Vasconcelos. A construo de atrativos tursticos com a comunidade in MURTA, Stela Maris e ALBANO, Celina (org). Interpretar o patrimnio: um exerccio do olhar. Editora UFMG/Territrio Brasilis. Belo Horizonte, 2002. p. 66.
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tura viva, mas como e quem organiza? Quem participa? Como cobrar? Essas respostas no dependem apenas da experincia do operador de turismo, que sempre vai buscar oferecer aquilo que parece ser atrativo para o turista. Neste caso a comunidade tem que estar frente, efetivamente envolvida, pois ela constitui a essncia do atrativo. Programas educativos (formao de pblico) e iniciativas para o desenvolvimento econmico local so exemplos de envolvimento com a comunidade; criao de programas de sensibilizao e motivao do pblico para diferentes temticas tais como: arte, cultura, ambiente e cidadania; criao programa permanente com servios e produtos para famlias, frias escolares, organizao de oficinas temticas por faixa etria; incentivo a criao de incubadoras para estimular a capacidade criativa e empreendedora dos membros da comunidade.84
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Cabe ressaltar, portanto, que as atividades culturais, extremamente valorizadas pelos turistas, so capazes de contribuir para a incluso social, por meio da gerao de trabalho e renda. Alm disso, percebe-se que a identidade cultural do destino cada vez mais capaz de diferenci-lo e de torn-lo mais competitivo no mercado turstico, nacional ou internacional. Valorizando as histrias e a singularidade local, destinos tursticos podem oferecer uma oferta inovadora de produtos e servios com carga emocional e que gerem experincias nicas, aplicando as atuais tendncias do mercado turstico ao mercado do Turismo Cultural. Nesse contexto, a valorizao da hospitalidade brasileira e da diversidade cultural do Pas, com o estabelecimento de produtos e roteiros temticos do segmento, vm permitindo ofertar produtos diferenciais aos turistas, aumentando a capacidade competitiva de destinos. Com o foco na inovao de produtos tursticos com base na valorizao da cultura local e da histria do destino, j possvel observar algumas experincias. A cidade de Petrpolis/RJ foi fundada pelo Imperador Dom Pedro II e, ao incorporar o conceito da experincia,85 utilizou-se do tema principal da cidade e do patrimnio histrico do Imprio para criar a Rota Petrpolis Imperial, disponibilizando produtos que misturam cultura, gastronomia e ecoturismo. Um exemplo o Sarau do Museu Imperial, onde os visitantes podem desfrutar de uma tarde de msica, declamao de poesias e conversas sobre diversos
84 BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com as Boas Prticas - Relatrio de visita tcnica em Rio de Janeiro e Paraty/RJ. Braslia: Ministrio do Turismo, 2008. Disponvel em http://www.excelenciaemturismo.gov.br 85 Para saber mais, consulte http://www.tourdaexperiencia.com

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assuntos sociais, econmicos e polticos da poca com personagens histricas da poca da corte. Essa estratgia possibilitou ao destino o resgate de toda essa histria para compor a identidade aos servios/produtos dos empreendimentos com inovao, despertando a emoo e a satisfao dos turistas.

3.4 Estrutura fsica dos produtos tursticos


O desenvolvimento do segmento e, consequentemente, dos respectivos produtos, deve estar associado a atrativos e equipamentos com adequadas condies de visitao. Implantar equipamentos tursticos no segmento de Turismo Cultural exige a ateno e a observao de aspectos relacionados estrutura fsica no que tange s implicaes dos bens culturais tombados, sua gesto para conservao geral e iniciativas de restauro/recuperao, a capacidade de suporte, acessibilidade, conforto e segurana do visitante; instalaes adequadas e compatveis com o uso, bem como formas para propiciar a interpretao do local. A manuteno das condies fsicas dos atrativos outro aspecto importante, preciso garantir a situao adequada a cada tipo de visitao, a integridade do atrativo e a qualidade da experincia. A utilizao de prdios histricos confere diferencial e um elemento de atratividade para o segmento e uma alternativa para a valorizao e a preservao do patrimnio edificado, sendo necessrio observar os aspectos legais que tratam de seu uso. No entanto, as adaptaes no podem ser sinnimas de arranjos sem projeto e desconforto, pelo contrrio, elas devem evidenciar criatividade, serem capazes de superar os limites, proporcionar uma agradvel experincia para qualquer pblico e, simultaneamente, respeitar as caractersticas originais da construo. Planos de Preservao de Stios Histricos Urbanos (PPSH)86 Os Planos de Preservao so instrumentos partilhados pelos diferentes agentes pblicos e privados relacionados ao patrimnio edificado e, segundo o IPHAN, o PPSH um instrumento de natureza urbanstica e de carter normativo, estratgico e operacional destinado ao desenvolvimento de aes de preservao em stios urbanos tombados em nvel federal. A elaborao desse Plano precedida pela definio e delimitao da rea Urbana de Interesse Patrimonial87 onde devem ser realizados os trabalhos e que pode corresponder a uma cidade histrica, um centro histrico ou conjunto histrico.
BRASIL, IPHAN. Plano de Preservao Stio Histrico Urbano: termo geral de referncia. Braslia: IPHAN, 2005. Para essa delimitao parte-se da referncia bsica da rea tombada pela esfera federal e seu entorno imediato, podendo ser considerado tambm o conjunto de reas protegidas ou tombadas pelas trs esferas governamentais.
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Cidade histrica stio urbano que compreende a rea-sede do municpio; Centro histrico stio urbano localizado em rea central da reasede do municpio, que se configura um centro tradicional em termos geogrficos, histricos ou funcionais; Conjunto histrico stio urbano que se caracteriza como um fragmento do tecido urbano da rea-sede do municpio ou de seus distritos ou, ainda, stio urbano que contenha monumentos tombados isoladamente que configurem um conjunto arquitetnico-urbanstico de interesse de preservao, situado na rea-sede ou distritos.

O PPSH pode ser desenvolvido e implementado por etapas, de acordo com suas finalidades, de medidas mais urgentes e das condies para sua execuo, podendo conter algumas ou todas as dimenses a seguir: Dimenso normativa corresponde ao regulamento de ordenamento urbanstico e de preservao do stio histrico urbano. Produz regulamentos, normas e critrios. uma etapa bsica e necessria implementao das demais; Dimenso estratgico-operacional corresponde ao programa de atuao para o stio histrico urbano, contendo propostas de interveno e definio de atribuies e responsabilidades de cada um dos agentes implicados. Decorre da etapa normativa; Dimenso avaliadora corresponde ao sistema de avaliao do PPSH e estrutura um sistema de monitoria e avaliao.

Tais dimenses evidenciam a importncia desse instrumento de gesto e sinalizam a necessidade do envolvimento da rea do turismo nessas aes: por um lado, para identificar e respeitar os regulamentos j existentes; por outro, para participar ativamente do processo e das etapas de planejamento e execuo das aes de preservao, guardadas as responsabilidades de cada um dos agentes implicados.

3.5 A interpretao patrimonial


A interpretao do patrimnio para os visitantes considerada como ferramenta educacional e estratgia para o desenvolvimento dos produtos/destinos tursticos, que contribui para uma melhor compreenso e apreciao da experincia turstica e, ao mesmo tempo, coopera para a valorizao do prprio atrativo indutor da visita. Interpretar um ato de comunicao que acrescenta valor experincia do

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visitante, que pode utilizar todas as formas de expresso e meios para apresentar, informar, realar elementos e caractersticas no perceptveis no contato da visita: histrias, acontecimentos recentes, fatos marcantes, elementos diferenciais, hbitos e tradies, memrias... Interpretar mais que informar, revelar significados, provocar emoes, estimular a curiosidade, entreter, inspirar novas atitudes, proporcionar experincias inesquecveis e com qualidade. A interpretao estimula a apreciao do atrativo e promove o entretenimento ao visitante. Os objetivos especficos da interpretao e de seu planejamento, bem como a escolha da mdia e das tcnicas de apresentao, variam de acordo com o objeto da interveno. Todos, no entanto, devem compartilhar dos seguintes princpios: Focalizar os sentidos do visitante, de modo a estabelecer a conscientizao pessoal sobre determinadas caractersticas do ambiente; Utilizar muitas artes visuais e de animao, seja o material apresentado cientfico, histrico, seja arquitetnico; No apenas instruir, mas provocar, estimular a curiosidade do visitante, encorajando a explorao mais aprofundada do que est sendo interpretado; Apresentar a histria completa, em vez de parte desta; Ser acessvel a um pblico o mais amplo possvel, especialmente s pessoas com necessidades especiais; Realizar a interpretao em parceria com a comunidade, estimulando a troca de conhecimento e recursos; Adotar uma abordagem abrangente, ligando os temas do passado, do presente e do futuro, realando os aspectos histricos, ecolgicos e arquitetnicos; No tentar vender uma verdade universal, mas destacar a diversidade e a pluralidade cultural. A interpretao deve fomentar a aceitao e a tolerncia como valores democrticos; Levar em considerao o atendimento ao cliente, indicando ou provendo instalaes bsicas, como sanitrios, segurana, pontos de descanso e estacionamento, elementos essenciais a uma experincia prazerosa do lugar.

Sendo a arte de apresentar lugares, objetos e manifestaes culturais s pessoas, a interpretao do patrimnio um elemento essencial para sua conser68

vao e gerenciamento. Uma trilha sinalizada para caminhadas ou um roteiro guiado, por exemplo, ao orientar o fluxo de visitantes, acaba por proteger o objeto da visita, valorizando-o como recurso econmico. A interpretao serve-se de vrias artes e tecnologia, como o desenho, a fotografia, a arte grfica, a informtica e a robtica, para exibir, valorizar e enriquecer lugares e objetos: Sinalizao turstica interpretativa voltada para os pedestres, que decifra lugares da cidade, sua histria e monumentos, seus personagens, mitos e lendas, a arquitetura de vrias pocas; Atraes temticas que revelam histrias e prticas culturais singulares do lugar, por meio de painis coloridos e atraentes; Museus e centros de cultura, que tm promovido uma verdadeira revoluo na apresentao de acervos de forma dinmica e interativa, interpretando-os com meios que do movimento, imagem, som e at cheiro, levando os visitantes a experienciar paisagens, tecnologias, usos e costumes de pocas passadas e presentes; O texto base da interpretao impresso ou virtual que compe mapas e folders ilustrados, especialmente bons para orientar a descoberta individual dos tesouros da cidade, importantes para promover a educao ambiental e patrimonial ldica e informal, tanto do turista quanto do morador.

A interpretao um processo contnuo, que envolve a comunidade com as dimenses do passado, do presente e do futuro do patrimnio. Buscar no presente as informaes e a histria de sua formao e projetar no futuro os instrumentos de preservao, para garantir sua existncia e integridade.

3.5.1 Plano interpretativo


Um plano interpretativo incorpora as vrias vozes da comunidade, estabelece uma rede de descobertas para a fruio de moradores e visitantes, ampliando as possibilidades para o uso e o desenvolvimento turstico. O planejamento para a interpretao turstica compreende quatro dimenses: Espacial (localizao, acesso, sinalizao, informao); Temporal (datas e horrios possveis de desfrute); Econmica (preos e tarifrio); Psicolgica, afetiva e intelectual (relacionado abordagem de como o atrativo pode ser contextualizado e apreciado no seu contexto).

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So essas variveis que do contedo para a estruturao de produtos tursticos em geral. No caso do Turismo Cultural, a dimenso psicolgica, afetiva e intelectual torna-se referncia e elemento diferencial, sob a qual se estabelecem os principais mecanismos facilitadores da relao turista e comunidade. O conhecimento do patrimnio cultural e de seu contexto geogrfico fundamenta o plano de interpretao turstica e permite: Traar um mapa emotivo para a visita e utilizar linguagem apropriada para a orientao do fluxo de visitantes; Escolher a mdia apropriada ao contexto, com mensagens eficazes e adequadas aos usurios.

O plano interpretativo estrutura-se nas seguintes etapas: Inventrio e registro dos recursos, temas e mercados Recursos: o que h para ser interpretado, o potencial (histria, temas, eventos, reconhecimento); como se relaciona e que ligaes estabelecem com o ambiente; limitaes (acesso, impacto, gesto); recursos tcnicos e financeiros; Temas: aspectos que definem a singularidade do lugar (histria, topografia, personagens, lendas, monumentos, evidncias materiais); Mercados alvo e pblicos especficos com detalhamento de informaes como a idade, formao, faixa de renda, origem geogrfica, expectativa de quantidade, durao da visita, expectativa, exigncias especiais. Desenho e montagem escolha de meios e tcnicas Seleo da mensagem e da mdia a partir do conhecimento profundo do objeto de interpretao e do pblico alvo: o que se deseja que saibam, o que se deseja provocar em termos de sensaes, como envolv-los e integr-los ao processo interpretativo, como promover as interaes de comunicao entre os diferentes atores; O atendimento assegura ao visitante informao e entretenimento adequados, ao mesmo tempo em que o faz sentir-se confortvel e bem vindo ao local. Gesto e promoo Garantir a preservao e atualizao das instalaes interpretadas,

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a manuteno e avaliao permanentes, a qualificao permanente da equipe; Promoo direcionada ao pblico especfico. Atraes valorizadas pela interpretao devem merecer publicidade nos principais guias de turismo e nas publicaes especializadas, exigindo gerenciamento eficaz da publicidade; Certificar-se da qualidade e da regularidade dos servios oferecidos, ateno para os horrios de funcionamento, qualidade do acesso, preos, infraestrutura de apoio e servios complementares; Optar por estratgias promocionais criativas e de baixo custo: uma alternativa so eventos e manifestaes artsticas, que realam a vida social, a identidade e as caractersticas culturais do lugar, gera uma mdia espontnea positiva e de credibilidade para o grande pblico. O investimento se volta para a criao de mais atrativos, envolvendo apenas os custos de um excelente trabalho de assessoria de imprensa; A importncia da veiculao da imagem de lugares pblicos agradveis, centros de vitalidade cultural e econmico; Os comunicadores de rdio e TV funcionam como excelentes intrpretes e eficientes promotores, pois estabelecem afinidades com o pblico atravs de programas regulares.

Os variados meios e tcnicas de interpretao do patrimnio visam sensibilizar o turista e enriquecer sua descoberta de forma criativa. por isso que se diz que interpretar construir uma teia integrada de descobertas dos segredos e singularidades do atrativo.88 Ao ser realizada ao vivo, a interpretao torna-se mais interativa, resultando em uma experincia marcante para o turista e para o morador, por exemplo:
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Passeios com guia criativos e qualificados, preparados para interagir com o pblico; City tour com encenao de fatos histricos; Rodas de samba, de capoeira; Saraus de pocas em fazendas histricas; Rodas de contadores de histrias com sabor e clima local; Circuito em atelis de artistas e artesos para ver fazendo; Feiras e mercados populares cheios de vida, com bares e a compra e venda da produo local e regional; Festas populares com os prprios festeiros interpretando o sentido da

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celebrao com msicas, ritos, danas e vestimentas variadas. Na interpretao presencial ou ao vivo, a qualidade do trabalho dos guias faz toda a diferena para aproximao do turista aos atrativos do patrimnio cultural e facilitar sua compreenso. Alm da habilidade de comunicao para envolver e encantar o visitante, o guia deve ter conhecimento profundo do produto turstico, bem como dos aspectos culturais e histrico-sociais que o envolvem, para oferecer contedo consistente, informaes pertinentes e no deixar perguntas sem resposta.89
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A promoo do patrimnio cultural de uma sociedade, sua restaurao e conservao devem ser geradoras de trabalho e renda para o conjunto de seus membros. H um vasto campo de trabalho para o governo e as organizaes praticarem a interpretao com a comunidade: aes como oficinas de artesanato, artes e ofcios, oficinas de restauro, oficinas de letreiros, concursos de melhor fachada ou quarteiro, pesquisa para conhecer melhor o perfil do visitante e turista, formao de guias criativos, resgate da histria oral com os mais velhos para formar contadores de histrias, cursos especiais para taxistas, um processo permanente de qualificao e atualizao de quadros locais para bem receber os visitantes e bem proteger o seu lugar.

3.6 Agregao de atratividade aos produtos tursticos


Para dinamizar o patrimnio material ou valorizar determinadas manifestaes, podem ser agregadas algumas atividades capazes de se tornarem atrativos por si s, a depender da criatividade. So atividades culturais que podem gerar novas possibilidades de leitura e de vivncia das culturas locais e regionais como feiras, festivas e exposies temticas, eventos literrios e musicais, brincadeiras ldicas, oficinas e atividades vivenciais, tematizao de ambientes ou eventos, entre outros. A valorizao do patrimnio cultural pode estar presente nos equipamentos e servios. Procedimentos simples, como a utilizao do artesanato na decorao, a contratao de mo de obra local, a definio de um projeto arquitetnico integrado paisagem cultural e/ou de adaptaes para outros usos sem comprometer a integridade histrica e arquitetnica da construo, so alternativas que no exigem investimentos alm dos previstos e que podem trazer excelentes resultados. Solues mais ousadas conseguem transformar um equipamento em atrativo turstico, adotam a tematizao e desenvolvem
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BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Excelncia em Turismo: Aprendendo com as melhores experincias internacionais Relatrio de visita tcnica Peru Ecoturismo e Turismo Cultural. Braslia: Ministrio do Turismo, 2005. Disponvel em http://www. excelenciaemturismo.gov.br

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atratividade para os servios que oferece. Isso vlido para todos os elos da cadeia produtiva do turismo. Pequenas atitudes que conferem identidade demonstram o envolvimento da empresa com o destino, com a comunidade na qual se insere e com o pblico que ela atende. Importante ressaltar, no entanto, que quando se pensa em atrativos culturais, na estruturao de produtos tursticos na rea de cultura, existe uma preocupao pertinente com a originalidade e autenticidade, mas quase sempre se ignora as questes relacionadas qualidade, s estratgias para encantar o pblico e para estabelecer uma comunicao sensvel e criativa. Isso se aplica a qualquer tipologia de atrativo e atividade para uso turstico, seja um museu, uma manifestao cultural ou um centro de arte. Os espaos culturais, os museus e os produtos de cultura podem ser excelentes atrativos do Turismo Cultural, com imensa capacidade para a motivao de pblicos em diferentes mercados geogrficos. Existem inmeras referncias de sucesso no Brasil e no mundo, como as experincias de Bilbao, So Paulo, Petrpolis, entre outras. A combinao de linguagens acessveis, com propostas ldicas e de entretenimento, bem como atividades complementares para garantir o conforto do visitante, excelncia na estrutura e nos servios, mostram que a integrao de cultura e turismo pode render timos frutos para os dois setores. A seguir so apresentadas algumas estratgias possveis de agregao de atratividade aos produtos de Turismo Cultural.

3.6.1 Tematizao: conferindo identidade aos produtos tursticos


A tematizao entendida como o processo de ressaltar a identidade cultural de determinados produtos a partir de aspectos que meream destaque e facilitem o reconhecimento pelo pblico. A escolha do tema deve considerar as caractersticas essenciais do atrativo, um ritmo musical, um personagem singular, um momento histrico ou um evento econmico especfico. Embora o tema estabelecido seja preponderante na promoo do produto, isso no inviabiliza que em um mesmo produto coexistam vrios outros sub-temas agregados. A tematizao tem proximidade e sinergia com o trabalho de criao de produtos, que acontece a partir da identificao da identidade e das caractersticas culturais de um determinado lugar ou comunidade e sobre o qual vamos falar mais adiante.

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Organizao temtica da cultura: Momento histrico: perodo pr-colombiano, poca colonial, poca do imprio, perodos e fatos do perodo republicano e seus diversos recortes etc. Conjuntos arquitetnicos, personagens histricos; Temtica cultural: manifestaes culturais (dana, msica, folclore), artes especficas, conjunto de obras de um artista, poeta, escritor etc., personagem de relevncia para a cultura local/regional, especialidades gastronmicas, formas de expresso da f ou da religiosidade, ou atrativos msticos e esotricos, os legados de uma comunidade tnica, nfase em atividades econmicas e seu legado cultural, conjunto de eventos relacionados entre si etc.

Tematizar importante para fins de planejamento e organizao de um produto de acordo com a identidade que se quer dar ao atrativo, ao lugar ou a regio. Em Nova Iorque, nos Estados Unidos, um restaurante perto do Lincoln Center, palco de famosas peras, por exemplo, contrata cantores lricos como garons que, logo aps servir o jantar ao cliente, canta-lhe um trecho de ria,90 surpreendendo e encantando os clientes. Por meio da msica, pode-se tambm conhecer o modo de vida do paulistano, na cidade de So Paulo, em um roteiro especialmente desenvolvido com essa temtica, que inclui visitas a locais onde se pode ouvir jazz e blues. Os bares da Lapa no Rio de Janeiro tornaram-se tambm um smbolo do samba de raiz, honrando a tradio do lugar, que sempre foi freqentado por artistas, msicos e bomios apreciadores do samba tradicional. Hoje, mais segura e confortvel para os clientes (porm sem perder o ar de ponto de botequins), essa Lapa cultural foi homenageada pelo selo comercial dos Correios Brasileiros. Os roteiros que combinam mltiplos aspectos da cultura como artesanato, gastronomia, artes, msica, dana e teatro ampliam as possibilidades do recorte temtico para produtos tursticos, destinos ou regio, contribuem positivamente para a consolidao de imagem e posicionamento de mercado. E lugares com ampla e diversificada produo cultural pode criar mltiplos roteiros com temas gerais ou especficos: roteiros gastronmicos (nfase na culinria tpica, na excelncia dos restaurantes ou na criatividade dos chefs, etc.), roteiros das artes plsticas (com destaque em determinado estilo ou na variedade de artistas), roteiros musicais (aspectos relacionados histria e produo de um gnero musical ou de artistas da regio).
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ria: pea de msica para uma s voz.

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3.6.2 A importncia da produo associada ao turismo


De acordo com o Ministrio do Turismo, a Produo Associada ao Turismo qualquer produo artesanal, industrial ou agropecuria que detenha atributos naturais e/ou culturais de uma determinada localidade ou regio, capaz de agregar valor ao produto turstico.91 Nessa perspectiva, a Produo Associada ao Turismo configura-se como importante componente na estruturao e diversificao do produto turstico cultural, uma vez que possibilita a incluso da representatividade cultural e da identidade regional, enriquecendo roteiros tursticos desenvolvidos e comercializados no Brasil, em especial os ligados ao segmento. Torna-se, ainda, um instrumento passvel de apoiar a promoo e a comercializao dos destinos tursticos, valorizando, assim, a diversidade cultural brasileira e conferindo identidade ao produto ao vincular os saberes e fazeres locais. Com isso, a manifestao dos traos de identidade de um lugar torna-se um diferencial para promover o encantamento do turista, elevar seu tempo de permanncia no destino, e conseqentemente, seus gastos, gerando renda para a populao local. Para tanto, imprescindvel a realizao de levantamentos que visem identificao das oportunidades de agregao de valor ao produto turstico por meio da Produo Associada ao Turismo. Assim, de fundamental importncia iniciativas que fomentem e promovam esses produtos e sensibilizem guias de turismo e agentes de viagem quanto agregao de valor aos roteiros, a partir da incluso de produtos associados, possibilitando, com isso, um incremento no diferencial competitivo de destinos tursticos brasileiros. Por fim, a Produo Associada ao Turismo contribui para a agregao de valor aos roteiros de Turismo Cultural ao possibilitar a insero do artesanato, manifestaes culturais, a culinria tpica brasileira e outros elementos autnticos e tradicionais de um povo e de um destino para a promoo da identidade local, contribuindo, assim, para a valorizao do turismo. A) O artesanato: smbolo material das tradies culturais Especial ateno deve ser dada ao artesanato como produto cultural que agrega valor experincia turstica. Um produto artesanal autntico e original constitui-se em legtimo representante da memria material de uma comunidade, revelada por meio de traos, formas, funes e cores. Quando se tem algum artesanato especfico de um lugar ou de uma comu91

Disponvel em http://www.fazeresdobrasil.com.br

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nidade, que conseguiu manter suas caractersticas, sua autenticidade, sua identidade e sua originalidade; e esse produto artesanal soube incorporar renovao de design e se adequar s exigncias contemporneas, h ento um atrativo com excelente potencial turstico, no apenas do ponto de vista da comercializao, que importante, mas fundamentalmente como processo. A estruturao de atividades vivencias ou do tipo ver fazendo para os produtos tradicionais como atrao turstica tambm deve ser encorajada sob a forma de oficinas92 e atelis de arte e artesanato. Isso contribui para a interpretao da cultura local, cria novas opes de animao turstica, permite ao turista entender o processo de trabalho, o tempo necessrio para sua confeco e valorizar o que aquilo representa, inclusive em termos de preo. Alm disso, importante implantar pontos-de-venda, no apenas nos corredores tursticos, mas tambm em shoppings e outros lugares freqentados pelo consumidor em geral. Os resorts e hotis tambm so boas opes para exposio e comercializao da produo artesanal local. Na perspectiva da comercializao do artesanato para o turista, devem ser considerados aspectos relacionados ao tamanho das peas e sua embalagem, pois esse produto vai acompanh-lo durante a viagem at seu retorno sua residncia. A embalagem deve necessariamente trazer informaes sobre a pea, nome do arteso, cooperativa ou oficina onde foi produzida, local de produo, materiais utilizados em sua confeco, caractersticas tcnicas e o histrico do processo e do desenvolvimento da prpria tcnica de produo. Texto curto e objetivo, preferencialmente bilngue, outro idioma alm do portugus. Diferentemente do souvenir, que produzido em escala industrial, o artesanato um trabalho manual, as peas so produzidas uma a uma, um legtimo representante da produo local, que sintetiza seus aspectos culturais singulares.

92 Oficina: curso informal e de breve durao ministrado para o aprendizado de uma tcnica ou disciplinas artsticas, sem objetivos oficialmente profissionalizantes (CUNHA, 2003).

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A produo artesanal integra o contexto cultural de um destino e de seus produtos culturais. Ao visitante podem ser oferecidas possibilidades de contato com o artesanato local, seja em termos dos processos produtivos, das tcnicas, matria prima e da identidade. Neste caso, o artesanato deve ser percebido e desenvolvido como mais um atrativo turstico, para tanto, a cadeia de distribuio e comercializao deve conhecer o processo produtivo, o ncleo de produo e at o arteso. So atitudes que contribuem para uma efetiva valorizao do artesanato perante comunidade, que responde de forma mais entusiasmada em se qualificar para atender demanda turstica.93
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3.6.3 Roteiros culturais e atrativos ncora


Como estratgia para a agregao de atratividade, merece destaque a oferta de produtos por meio de roteiros tursticos culturais, que podem ter como base um atrativo ncora. Roteiro turstico um percurso geogrfico determinado, integrado por vrias atraes com caractersticas comuns ou que gira em torno de uma grande atrao e associa outras atividades nos deslocamentos propostos, definido e estruturado para fins de planejamento, gesto, promoo e comercializao turstica.94 Atrao ncora um conceito emprestado do comrcio varejista, utilizado para designar linha de produtos/marcas reconhecidas e que funcionam para atrair expressivos nmeros de consumidores. As atraes ncora em Turismo Cultural exercem um papel importante para a tematizao dos roteiros atravs da integrao de vrios atrativos dentro de um mesmo guarda chuva temtico, que pode ser um produto, uma regio geogrfica determinada ou grupos tnicos. A idia central aproveitar o potencial dos atrativos ncora para aumentar o contedo cultural e atratividade geral dos roteiros. Os roteiros tursticos tm um papel estratgico para o desenvolvimento regional, porque descentraliza o fluxo turstico, estimula a visita entre vrios pontos e, desta forma, gera negcios para o comrcio (bares, restaurantes, pousadas), com impactos positivos na economia.

BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com o Turismo Nacional - Relatrio de visita tcnica em Rio de Janeiro e Paraty/RJ. Braslia: Ministrio do Turismo, 2008 e BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Excelncia em Turismo: Aprendendo com as melhores experincias internacionais Relatrio de visita tcnica a Portugal. Braslia: Ministrio do Turismo, 2008. Disponvel em http://www.excelenciaemturismo.gov.br 94 BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil: Mdulo Operacional 7 Roteirizao Turstica. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007. Disponvel em http://www.turismo.gov.br
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No Brasil, um exemplo de roteirizao com atrativos ncora a Estrada Real/MG. Em Minas Gerais os caminhos histricos que foram implantados a partir do sculo XVII para fazer os deslocamentos de pessoas, vveres e a riqueza das minas, foi transformado em dos mais expressivos roteiros do Turismo Cultural no Brasil. O tradicional circuito das cidades histricas mineiras foi ampliado, revitalizado, dinamizado; novos atrativos foram mapeados, produtos tursticos foram desenvolvidos com propostas de atividades de interpretao e vivncia cultural. O patrimnio edificado ganhou novos usos, passou por restauraes e adaptaes para abrigar restaurantes, pousadas, centros de arte e cultura, utilizados pelos visitantes e pelas comunidades, em suas atividades cotidianas, para apresentaes culturais, artsticas ou para realizao de projetos de incluso social atravs da cultura. A Estrada Real se configura hoje uma pea fundamental no incentivo ao desenvolvimento sustentvel, diminuio das desigualdades regionais, gerao de emprego e renda e preservao do patrimnio cultural (material e imaterial) e dos recursos naturais que seus caminhos abrigam.95
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3.7 A Cadeia produtiva do segmento


Para a estruturao de um produto turstico, essencial ter bem definidas as formas de comercializao: se diretamente ofertados pelos prprios empresrios ou gestores dos atrativos tursticos culturais ou por intermdio de agncias e operadores de turismo. A cadeia produtiva do Turismo Cultural funciona como uma rede integrada, como ilustra a figura a seguir:

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BRASIL, Ministrio do Turismo. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com as Boas Prticas - Relatrio de visita tcnica a Estrada Real Turismo Cultural. Braslia: Ministrio do Turismo, 2006. Disponvel em http://www.excelenciaemturismo.gov.br

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Figura 7 Cadeia Produtiva do Turismo Cultural

Algumas consideraes podem ser observadas: Os servios e atividades tursticas podem ser realizados diretamente pelo gestor do produto, que tambm pode fazer a venda direta ao cliente final. o caso do artista que recebe turistas em seu ateli; do museu que vende ingressos tambm na bilheteria; da doceira que recebe em sua prpria casa o visitante interessado em ver a preparao dos doces verdadeiramente caseiros, degustar e comprar; Articulao e parceria entre os equipamentos e gestores dos produtos tursticos para a comercializao e ampliao da oferta turstica o que acontece quando um produtor cultural promove um espetculo ou um evento junto rede hoteleira e disponibiliza os ingressos para a venda na recepo, ou quando ele recebe o apoio do empreendimento para realizao de um evento ou de um espetculo; O cliente, que o turista cultural, compra os produtos deste segmento diretamente dos fornecedores ou atravs dos canais de distribuio do mercado ou intermedirios comerciais; As operadoras e agncias de viagem so os intermedirios comerciais entre os produtos do Turismo Cultural e os clientes. So atores que, por sua especializao e conhecimento da oferta e demanda desse segmento, podem contribuir para ampliar a participao do produto no mercado e indicar as novas tendncias ou o aproveitamento de possibilidades no percebidas localmente;
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Os operadores locais so articuladores locais do Turismo Cultural, atuam no receptivo ao cliente, na comercializao direta ou como parceiros dos intermedirios de venda (operadoras e agncias) e na formatao de novos produtos e ofertas; dimenso que se caracteriza na elaborao e comercializao de roteiros temticos com base em um mesmo territrio ou quando trabalham com uma comunidade tradicional para o desenvolvimento de atividades tursticas; O poder pblico possui um papel central dentro deste segmento, como o provedor de infraestrutura bsica e da sua conservao; nas aes de planejamento, regulamentao e fiscalizao; nas polticas de incentivo ao segmento como alternativa para a valorizao e preservao do Patrimnio Cultural, para criar instrumentos de envolvimento da comunidade na atividade turstica, como forma de incluso, de gerao de emprego e renda e promoo da autoestima; A comunidade anfitri a protagonista do segmento, a quem pertence os atrativos do patrimnio cultural, e responde pela hospitalidade ao turista cultural, podendo ainda ser integrado como fornecedor de atividades e servios tursticos; Identificar e articular os diversos componentes dessa cadeia salutar para a profissionalizao do setor, a gerao de empregos e a oferta de produtos de qualidade.

O mercado cultural possui um forte poder de influncia no mercado turstico, pois os bens e atividades culturais so, via de regra, alvos dos meios de comunicao de massa, que propagam a sua produo em grandes propores, estimulando o seu conhecimento, atingindo assim turistas potenciais que podem se deslocar para usufruir a cultura. Tal fato deve ser analisado pelo turismo para o estabelecimento de parcerias e aes comunicativas que viabilizem a atuao das duas reas. Por outro lado, o incentivo a apresentaes culturais representativas da regio ou do municpio em mercados-alvo pode ser uma estratgia para despertar o interesse de potenciais turistas, por meio de amostras do que pode ser a totalidade dos aspectos culturais do destino. Exemplificando: grupos folclricos de dana, corais, bandas, artistas plsticos, poetas, atores, bonequeiros, produes amadorsticas de vdeo, artesanato em suas mltiplas tipologias e gastronomia, entre outros, que representem o modo de vida, hbitos e costumes da populao do destino. Para contato com o pblico desejado, essas manifestaes podem ocupar espaos de grande circulao como shoppings centers, praas, ruas de lazer, centros culturais, reas de convivncia de hotis, clubes e eventos.

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3.8 Financiamento e incentivos


O Turismo Cultural envolve aes de vrios setores e instituies, em especial os que possuem atuao na rea de cultura. Seu desenvolvimento exige amplas medidas de apoio e fomento, dentre outras aes, possveis por meio da identificao de recursos e incentivos para a implantao, adequao e melhoria de infraestrutura, produtos e servios relacionados ao segmento, estimulando a criao e fortalecimento de atividades e negcios que dinamizem o Turismo Cultural.96 Ressalta-se que tais investimentos devem contribuir para a criao de condies que resultem na preservao e valorizao do patrimnio cultural do destino. Contudo, deve-se destacar que os financiamentos e incentivos pblicos no so os nicos instrumentos capazes de captar recursos para o desenvolvimento do setor. A busca de novos arranjos de governana entre o setor pblico, privado e sociedade civil pode se constituir em uma forma de estabelecer mecanismos e instrumentos de incentivos que beneficiem o Turismo Cultural. Nesse sentido, torna-se necessrio que o governo apie aes que visem a ampliao dos investimentos privados no segmento, sensibilizando empresrios para a importncia do Turismo Cultural. A seguir, sero apresentadas informaes de alguns dos principais programas de incentivo e apoio cultura e que possuem inter-relao com o Turismo Cultural. Dentre os mecanismos de financiamento e incentivo na rea cultural de destaque citam-se as polticas pblicas de fomento a cultura do Ministrio da Cultura (MinC). Nesse escopo, integra-se um dos principais instrumentos que regulamentam o financiamento cultural no pas, a Lei de Incentivo Cultura (Lei n 8.313 de 23 de dezembro de 1991), tambm conhecida por Lei Rouanet, que institui polticas pblicas para a cultura nacional, como por exemplo, o Programa Nacional de Apoio a Cultura (PRONAC). Est em tramitao no Congresso Nacional um Projeto de Lei (PL 6722/2010) que tem por objetivo ampliar a distribuio regional do financiamento disponibilizado pela Lei Rouanet, possibilitando o apoio a atividades culturais em reas, por exemplo, com baixo ndice de Desenvolvimento Humano (IDH).97 Outra forma de fomento s atividades culturais no territrio nacional realizada por meio de abertura de editais de seleo pblica de projetos, democratizando o repasse de recursos destinados cultura aos mais diversos colegiados
96 97

BRASIL, Ministrio do Turismo. Diretrizes para o desenvolvimento do Turismo Cultural. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007 Para mais informaes, consulte http://www.cultura.gov.br

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da cultura (artes, audiovisual, msica, patrimnio cultural etc). Dados estatsticos do Ministrio da Cultura, divulgados por meio de indicadores quantitativos e estruturada na base de dados da pesquisa Perfil dos Municpios Brasileiros (MUNIC) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica em 2006, indicam que destes recursos destinados rea da cultura, muitos deles relacionam-se ao desenvolvimento de projetos de Turismo Cultural. A figura a seguir informa o percentual de municpios que elencaram projetos do segmento, revelando que os maiores investimentos podem ser verificados na regio sudeste, sul e norte, respectivamente, ou seja, essas regies so as maiores catalizadoras de recursos para realizao de aes relacionadas ao Turismo Cultural.
Figura 8 Municpios que desenvolveram projetos de Turismo Cultural98

Fonte: IBGE/Munic. Elaborao MinC

Ainda de acordo com a pesquisa, pode-se observar quais so as principais aes relacionadas no mbito dos projetos de Turismo Cultural por macrorregio, sendo possvel identificar que a maior parte delas esto relacionadas ao de promoo de atraes culturais e desenvolvimento de calendrio de eventos do destino:

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BRASIL, Ministrio da Cultura. Cultura em Nmeros: Estatsticas Culturais. 2 edio. Braslia: Ministrio da Cultura, 2010.

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Quadro 4 Principais aes relacionadas ao Turismo Cultural99


N Formao de guias e roteiros Divulgao de atraes Calendrio de festividades e/ou eventos Outros 54 81 93 19 NE 214 301 315 70 SE 347 491 522 101 S 185 280 304 79 CO 44 65 72 23 Total 844 1218 1306 292 % 57,93 83,60 89,64 20,04

Outras polticas e programas de incentivo e apoio cultura possuem inter-relao com o Turismo Cultural, principalmente as que promovem a preservao e difuso do patrimnio cultural e ao incentivo aos eventos culturais que promovem a diversidade cultural brasileira. No tocante a disponibilidade de recursos para adequao da infraestrutura de cidades que possuem patrimnio histrico-cultural relevante pode-se citar o Programa Revitalizao de Bens do Patrimnio Histrico Nacional. O programa promove a revitalizao de bens do patrimnio histrico nacional adequando edificaes e espaos pblicos para que possam ser utilizados, promovendo, com isso, a identidade cultural e a vitalidade econmica dessas reas. um programa destinado a Estados, Distrito Federal e Municpios e contempla o apoio na elaborao e execuo de projetos relacionados.100 Outros programas voltados promoo da diversidade cultural brasileira, de incentivo s manifestaes culturais e qualificao de museus para o turismo, tais como o Programa Artesanato Brasileiro, o Programa Cultura Viva, os Pontos de Cultura, Programa de Qualificao dos Museus para o Turismo e o Programa de Acelerao do Crescimento das Cidades Histricas, so exemplos de aes de fomento gerao de negcios em comunidades e a qualificao da infraestrutura do patrimnio cultural brasileiro.

3.9 Acessibilidade101
Na estruturao de um produto turstico primordial dedicar ateno a sua

BRASIL, Ministrio da Cultura. Cultura em Nmeros: Estatsticas Culturais. 2 edio. Braslia: Ministrio da Cultura, 2010. Para mais informaes consulte http://www.cidades.gov.br 101 Para mais informaes, consulte o documento BRASIL, Ministrio do Turismo. Turismo e Acessibilidade: Manual de Orientaes. Braslia: Ministrio do Turismo, 2006. Disponvel em http://www.turismo.gov.br
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acessibilidade.102 O Turismo Acessvel refere-se possibilidade e condio da pessoa com deficincia alcanar e utilizar, com segurana e autonomia, edificaes e equipamentos de interesse turstico. Os bens culturais devem garantir acessibilidade s pessoas com deficincia no acesso e na interpretao do patrimnio histrico e artstico. Segundo a Instruo Normativa IPHAN n 1, de 25 de novembro de 2003,103 as solues adotadas para a eliminao, reduo ou superao de barreiras na promoo da acessibilidade devem compatibilizar-se com a preservao dos bens culturais, por meio da incorporao de dispositivos ou sistemas, que ao mesmo tempo sejam legveis como adies posteriores e estejam em harmonia com o conjunto. Os projetos de adaptao em bens culturais acautelados em nvel federal devem ser apresentados para o IPHAN para anlise e aprovao. As solues de acessibilidade devem permitir que a pessoa com deficincia faa a interao com o patrimnio em diversas linguagens. Em caso de restries interao com o acervo, devem ser ofertados dispositivos com informaes virtuais, mapas, maquetes, cpias de peas do acervo, assegurando as condies de trnsito, de orientao e de comunicao e facilitando a utilizao desses bens e dos acervos para todo o pblico. As solues de acessibilidade devem estar dispostas em rotas acessveis, que permitam o alcance por pessoas com diferentes deficincias. Alm disso, deve ser possvel usufruir de comodidades como bilheterias, banheiros, telefones, vagas em estacionamento, lugares especficos em auditrios, entre outros. As orientaes para museus, exposies e espaos culturais, so fornecidas pela NBR 15599:2008. Diante desse contexto, os governos federal, estadual e municipal devem fortalecer a legislao sobre a acessibilidade para garantir que todas as pessoas tenham o mesmo direito de acesso aos espaos pblicos, equipamentos, atrativos e servios tursticos. Sendo assim, nas regies tursticas, onde as questes da acessibilidade so reais para os prprios habitantes e para os turistas, todo o esforo deve ser feito pelos gestores pblicos e agentes locais para inserir nas polticas de turismo as necessidades de acessibilidade de todos os cidados. O setor turstico tambm deve empreender aes visando insero das
Acessibilidade a condio para utilizao, com segurana e autonomia, total ou assistida, dos espaos, mobilirios e equipamentos urbanos, das edificaes, dos servios de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicao e informao, por pessoa com mobilidade reduzida. Decreto 5.296/2004. 103 Disponvel em http://www.iphan.gov.br
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pessoas com deficincia no mercado de trabalho pela prestao de servios tursticos, em cumprimento legislao. Compete ao Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficincia (CONADE), aos Conselhos Estaduais, Municipais e do Distrito Federal e s organizaes representativas de pessoas com deficincia acompanhar e sugerir medidas para o cumprimento da acessibilidade. Nesse sentido, o Ministrio do Turismo adota como parte da sua poltica estrutural a incluso das pessoas com deficincia ou mobilidade reduzida. A partir desse contexto, busca apoiar a promoo da acessibilidade dos espaos, equipamentos, servios e informaes tursticas. Assim, alm do documento Turismo e Acessibilidade: Manual de Orientaes (2006), lanou a coleo Turismo Acessvel,104 em quatro volumes, com informaes gerais sobre as deficincias e os direitos das pessoas com deficincias, orientaes gerais sobre acessibilidade, contedo sobre mapeamento e planejamento da acessibilidade nos destinos tursticos e sobre o bem atender no turismo acessvel. Este material pode servir de apoio para os destinos que esto em fase de planejamento da acessibilidade e para os equipamentos tursticos que desejem aprimorar o atendimento para pessoas com deficincia.

3.10 Sustentabilidade do Turismo Cultural


As polticas pblicas ligadas ao turismo e implementadas pelo Ministrio do Turismo devem observar os princpios da sustentabilidade ambiental, econmica, sociocultural e poltico-institucional.105 Desta forma, cabe observar que, se por um lado o turismo contribui para a valorizao e preservao do patrimnio cultural, por outro tambm pode ser um vetor para sua descaracterizao e destruio. O impulso econmico provocado pelo turismo uma ameaa permanente ao modo de vida das populaes anfitris e a paisagem cultural onde vivem: A especulao imobiliria expulsa os moradores tradicionais e altera a paisagem (esse processo extremamente agressivo nos povoados do litoral e nas pequenas cidades histricas); Ampliao da infraestrutura turstica sem respeitar o padro de arquitetura local, com a utilizao de materiais exticos, provocando poluio visual e comprometimento da paisagem cultural etc.; Crescimento do fluxo turstico sem considerar a capacidade de carga

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Para consultar as publicaes acesse http://www.turismo.gov.br BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo - Roteiros do Brasil: Contedo fundamental - Turismo e Sustentabilidade. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007. Disponvel em http://www.turismo.gov.br

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dos stios de interesse cultural, comprometendo sua prpria existncia, alm de elevar o grau de poluio sonora, a emisso de gases poluentes pelos modais de transporte, entre outros; O contato excessivo e desrespeitoso de visitantes um fator de aculturao das populaes anfitris (hbitos, tradies, modo de vida, a cultura em si); Comprometimento do modo de vida, desestmulo das atividades produtivas tradicionais e ocupaes artesanais, em funo da demanda de mo de obra pelo setor de turismo; Os efeitos da sazonalidade no ritmo de vida das populaes que em sua maioria tem um aprendizado emprico dessa varivel do turismo, da alternncia dos ciclos de fartura excessiva e desocupao.

So impactos negativos que podem ser equacionados e superados com planejamento e com a observao das diretrizes legais para o desenvolvimento da atividade turstica envolvendo o patrimnio cultural. Para tanto, no que tange especificamente o Turismo Cultural, imperativo que a dimenso ligada sustentabilidade sociocultural106 seja cuidadosamente observada quando da realizao do planejamento do turismo no local, bem como no ordenamento, estruturao e promoo do segmento, a fim de potencializar os impactos positivos que a atividade pode gerar e minimizar os possveis impactos negativos, assegurando, com isso, o turismo sustentvel. Para tanto, importante se trabalhar o planejamento integrado com processos de mobilizao e participao comunitria, promovendo com isso incluso social, contribuindo para que o turismo possa ajudar a estimular o interesse dos moradores por sua prpria cultura, suas tradies, costumes e patrimnio histrico e consequentemente ajudando na recuperao e conservao de elementos culturais de valor para os turistas.107 Desta forma, o turismo pode contribuir para:108 A preservao e a reabilitao de monumentos, edifcios e lugares histricos;

A sustentabilidade sociocultural assegura que o desenvolvimento aumente o controle das pessoas sobre suas vidas, preserve a cultura e os valores morais da populao e fortalea a identidade da comunidade. Tem por objetivo construir uma civilizao mais igualitria, ou seja, com mais equidade na distribuio de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padres de vida dos ricos e dos pobres.(BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo - Roteiros do Brasil: Contedo fundamental Turismo e Sustentabilidade. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007). 107 BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo - Roteiros do Brasil: Contedo fundamental - Turismo e Sustentabilidade. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007. 108 BRASIL, Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo - Roteiros do Brasil: Contedo fundamental - Turismo e Sustentabilidade. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007.
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A revitalizao dos costumes locais: artesanato, folclore, festivais, gastronomia etc.; Melhorar a qualidade de vida e fomentar os valores ligados igualdade; Oferecer intercmbio cultural entre moradores das regies receptoras e visitantes.

Assim, para que o turismo seja um instrumento de reconhecimento e valorizao do patrimnio histrico-cultural das regies receptoras, o planejamento da atividade imprescindvel. Um bom planejamento, monitoramento e avaliao das aes relacionadas ao setor, possibilita a gesto do turismo de forma harmnica com as tradies e valores culturais, contribuindo para o desenvolvimento dessas regies.

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4. Consideraes nais
Para que o Turismo Cultural possa efetivamente contribuir para a diversificao da oferta turstica brasileira, importante que os gestores pblicos e privados tenham conhecimento das especificidades relacionadas ao ordenamento, estruturao e promoo do segmento. Alm disso, gestores pblicos e privados ligados atividade turstica devem conhecer as estratgias de inovao do produto turstico que valorizem e promovam a cultura brasileira, conferindo um padro de qualidade nacional e internacional de produtos tursticos culturais no mercado nacional e internacional. Diante desse desafio, o texto apresentado determina os aspectos essenciais para a estruturao de um produto no segmento de Turismo Cultural e pode ser sintetizado conforme a seguir: Entender os conceitos e caractersticas que fundamentam o segmento de Turismo Cultural; Perceber as reas de interesse que perpassam que o segmento de Turismo Cultural pode apresentar; Inventariar os atrativos culturais e analisar as possibilidades de desenvolvimento de atividades para uso turstico, identificando o potencial da diferenciao dos atrativos do Turismo Cultural; Conhecer os aspectos legais relacionados aos atrativos tursticos culturais e ao patrimnio; Conhecer o perfil do turista cultural e identificar os mercados prioritrios para o destino e produtos especficos; Articular parcerias pblicas e privadas para promover o desenvolvimento sustentvel do Turismo Cultural como estratgia para a valorizao e preservao do patrimnio cultural; Desenvolver e estruturar os produtos tursticos com nfase nos planos de interpretao patrimonial e na tematizao cultural; Estabelecer mecanismos de envolvimento da populao; Identificar os diferenciais competitivos da regio e de seus produtos cultural; Desenvolver estratgias de posicionamento mercadolgico dos
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produtos, bem como as aes de promoo e comercializao. Por fim, ressalta-se que esta publicao deve ser complementada com a leitura do caderno Segmentao do Turismo e o Mercado, que tambm compe esta coletnea, e das Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Cultural resumidas em anexo e disponveis em http://www.turismo.gov.br.

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5. Referenciais bibliogrcos
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Brasil: Mdulo Operacional 8 - Promoo e Apoio Comercializao. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007. _______________. Projeto Excelncia em Turismo: Aprendendo com as melhores experincias internacionais - Relatrio de visita tcnica Peru Ecoturismo e Turismo Cultural. Braslia: Ministrio do Turismo, 2005. Relatrio. _______________. Projeto Excelncia em Turismo: Aprendendo com as melhores experincias internacionais Relatrio de visita tcnica a Portugal Turismo Rural e Cultural. Braslia: Ministrio do Turismo, 2008. _______________. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com o Turismo Nacional - Relatrio de visita tcnica da Estrada Real Turismo Cultural. Braslia: Ministrio do Turismo, 2006. Relatrio. _______________. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com o Turismo Nacional - Relatrio de visita tcnica em Rio de Janeiro e Paraty/RJ Turismo Cultural. Braslia: Ministrio do Turismo, 2008 . Relatrio. _______________. Projeto Vivncias Brasil: Aprendendo com o Turismo Nacional - Relatrio de visita tcnica as Regies Uva e Vinho (Bento Gonalves e Garibaldi) e Hortnsias (Gramado e Canela) Turismo Cultural. Braslia: Ministrio do Turismo, 2008. Relatrio. _____________.Segmentao do Turismo: Marcos Conceituais. Braslia: Ministrio do Turismo, 2006. _______________.Turismo e Acessibilidade: Manual de Orientaes. Braslia: Ministrio do Turismo, 2006. _____________.Turismo Rural: orientaes bsicas. Braslia: Ministrio do Turismo, 2008. CAMARGO, Patricia e CRUZ, Gustavo. Turismo Cultural: estratgias, sustentabilidade e tendncias. Ilhus: Editus, 2009. CHIAS, Josep. Turismo, o negcio da felicidade. Senac, So Paulo, 2007. DE PAZ, Esther Fernndez. De tesoro ilustrado a recurso turstico: el cambiante significado del patrimonio cultural. PASOS/Revista de turismo y patrimonio cultural. Vol 4, no 1, pgs 1-12, 2006. Disponvel em http:// www.pasosonline.org DELOITTE. European Enotourism Handbook. VINTUR: Setembro, 2005. El Turismo Cultural en Mxico Resumen Ejecutivo del Estudio Estratgico

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6. Anexo
Diretrizes para o desenvolvimento do Turismo Cultural109 Em 2007 o Ministrio do Turismo apresentou diretrizes para o desenvolvimento do Turismo Cultural, fruto do trabalho de tcnicos, agentes e atores envolvidos com a atividade turstica e o desenvolvimento territorial. Essas 8 diretrizes foram definidas para orientar o desenvolvimento do Turismo Cultural no pas. A ordem de apresentao no deve ser entendida como uma sequncia a ser seguida, j que a prioridade varia de acordo com a regio turstica, com o seu estgio de desenvolvimento, os arranjos institucionais e intersetoriais e a disponibilidade de recursos. DIRETRIZ 1 - Ordenamento Identificao e divulgao dos aspectos legais especficos; Elaborao de estudos e adequao de marcos tcnicos e legais; Apoio e incentivo aos estudos, determinao e aplicao da capacidade de suporte do patrimnio histrico e cultural. DIRETRIZ 2 - Informao e comunicao Mapeamento do Turismo Cultural no Pas; Realizao de pesquisa de mercado e perfil da demanda do segmento; Apoio a iniciativas de valorizao e fortalecimento do segmento; Criao de mecanismos de disponibilizao e experincias em Turismo Cultural; Produo, promoo e distribuio de instrumentos de orientao para atuao em Turismo Cultural. DIRETRIZ 3 - Articulao Integrao do Turismo Cultural com outros segmentos tursticos; Realizao de parcerias interinstitucionais e intersetoriais; Apoio criao e atuao de entidades interessadas no Turismo Cultural; Fomento s manifestaes culturais para sua integrao ao turismo;
BRASIL, Ministrio do Turismo. Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Cultural. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007.

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Integrao e cooperao tcnica internacional.

DIRETRIZ 4 - Incentivo Levantamento, criao e divulgao de fontes de captao de recursos e de incentivos; Estabelecimento de critrios para incentivos financeiros a projetos de Turismo Cultural; Fomento criao e fortalecimento de negcios nas comunidades locais; Simplificao de mecanismos de concesso e negociao de crdito diferenciado. DIRETRIZ 5 - Capacitao Identificao e anlise das necessidades de qualificao; Apoio, estmulo e promoo da capacitao em Turismo Cultural e reas afins; Capacitao para a interpretao patrimonial; Estmulo a encontros e debates voltados para a atualizao do segmento. DIRETRIZ 6 - Envolvimento das comunidades Criar mecanismos de valorizao, resgate da cultura pela comunidade local e intercmbio de experincias; Planejamento e gesto participativa integrada; Promoo e incentivo a iniciativas de sensibilizao e mobilizao para o segmento. DIRETRIZ 7- Infraestrutura Fomento e apoio identificao, implantao e expanso de infraestrutura necessria para o segmento; Fomento implementao da comunicao interpretativa dos bens culturais; Apoio criao e adequao de condies de acessibilidade para as pessoas com deficincia ou mobilidade reduzida. DIRETRIZ 8- Promoo e comercializao Planejamento estratgico de instrumentos promocionais do segmento Fomento integrao e articulao com o mercado turstico para a comercializao; Promoo de produtos e roteiros de Turismo Cultural; Promoo da diversidade cultural brasileira.

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