3 Orquiectomia em Cão e Gato 07.05

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Técnica Cirúrgica | 07.

05

Introdução
Cirurgia do sistema reprodutor:
Indicação primária: é a limitação da reprodução. Essa indicação é muito comum até hoje, porém
vem sendo questionada com os passar dos anos. Tema polêmico.
Outras indicações: doenças do sistema reprodutivo ou relacionadas a hormônios, como:
prostatite, abcesso prostático, hiperplasia prostática benigna, hérnia perineal, tumores
testiculares ou cutâneos na bolsa escrotal, traumas e outras técnicas e condições.

Orquiectomia:
É um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados na veterinária, não ganha da
ovariohisterectomia.
A principal indicação é a esterilização e mudança comportamental. Existe um trabalho que diz
que o animal não muda o comportamento após a castração, o que ele acontece que é que existe
uma atenuação do comportamento. O que muda é o comportamento sexual. Demarcação de
território não muda.
Possui indicações terapêuticas.
Indicações terapêuticas:
Médicas primárias: problemas eletivamente nas estruturas anatômicas que compõe o trato
reprodutor como, tumores testiculares ou epididimais, orquites, lesões traumáticas extensas ou
perfurantes nos testículos, torção ou epididimite.
Médicas secundárias: condições hormonais (hiperplasia prostática benigna, hérnia perineal),
neoplasias cutâneas da bolsa escrotal, traumas extensos na bolsa escrotal, e como passo cirúrgico
inicial em algumas técnicas (uretrostomia perineal em gatos e urestrotomia escrotal em cães).
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Anatomia aplicada à técnica cirúrgica


Lembrar que a pele do escroto é mais fina, tomar cuidado na tricotomia.

Pré-operatório
Anamnese
Anamnese criteriosa, indicação da cirurgia, evolução da doença ou trauma, vacinação, vermifugação
e morbidades.
Exame físico geral
Atenção aos sistemas cardiovascular, respiratório, renal e hepático.
Buscar alterações assintomáticas.
Exame físico específico
Constatar a presença de ambos os testículos na bolsa escrotal. Em caso de criptorquidismo, procurar
na região inguinal.
Toque retal nos pacientes com suspeita de afecções da próstata. Você coloca o dedo no ânus,
direciona o dedo ventral e vai sentir os lobos da próstata. Se ao palpar seu dedo levanta para sentir,
quer dizer que ela está aumentada. Se o animal tiver 6 anos de idade você faz esse exame.
Exames complementares
Pré-cirúrgico básico, e exame de imagem se necessário.

Pré-operatório imediato
Jejum de sólidos e líquidos:
12 horas de sólidos
4 horas de líquidos
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Tricotomia:
Preparar a bolsa escrotal, região pré-escrotal, pênis e regiões adjacentes (face medial das coxas,
parte da região perineal, porção cranial e lateral ao pênis).
Antissepsia:
Lavagem prepucial com soluções antissépticas.
Preparo do campo de forma rotineira.

Técnicas cirúrgicas

Ablação da bolsa escrotal:


Definição: consiste na exposição dos testículos e anexos por meio de uma incisão elíptica ao redor
da bolsa escrotal.
Técnica de escolha nos casos de neoplasias, traumas, aumentos de volume e como passo cirúrgico
inicial na uretrostomia escrotal.
Vantagens:
Extingue o edema e a formação de seroma na bolsa escrotal.
Excelentes resultados em animais de maior porte. Animais acima de 20kg respondem mal a
manutenção da bolsa, as complicações costumam ser maiores.
Não existe mais a bolsa escrotal pendulosa e sem conteúdo, abolindo o risco de traumas.
Desvantagens:
Maior tempo cirúrgico.
Maior trauma cirúrgico.
Vai incisar a pele de forma elíptica na base do escroto (cuidado para não excisar
muito a pele)
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Técnica da bolsa escrotal


Incisar a pele de forma elíptica na base do escroto (cuidado para não excisar muito a pele).
Vai sangrar; controlar a hemorragia com ligadura, pressão ou eletrocoagulação. Não vai sangrar tanto
a ponto de precisar de ligadura, só com pressão ou eletrocoagulação já resolve.
Deslocar a túnica dartos e fáscia espermática até a rafe mediana.
Após isso realizar a orquiectomia.
Reduzir o espaço morto com fio absorvível. Sugestão: utilizar um
padrão de sutura que favoreça a hemostasia, por exemplo a sutura
festonada.
Já a pele pode fazer com fio inabsorvível. Sugestão: utilizar um
padrão de sutura separado, sem tensão, como o simples separado,
U em pé ou deitado.

Incisão pré-escrotal
Consiste na exposição dos testículos e anexos por meio de uma incisão de pele cranial a base da bolsa
escrotal.
Técnica de escolha nos casos de cirurgia eletiva, em animais de menor porte, nos casos de alterações
hormonais sem alteração de tamanho e volume dos testículos e anexos. Não pode haver aumento
do volume testicular porque se não os testículos não saem por meio da incisão pré-escrotal, porque
é uma incisão pequena.
Vantagens:
Mais fácil e rápida.
Menor trauma cirúrgico.
Desvantagens:

Preserva a bolsa escrotal


É necessário que os dois testículos estejam na bolsa escrotal.
Não permite a associação com outras técnicas cirúrgicas como a uretrostomia escrotal.
Deslocar o testículo, sob pressão manual gentil, através doo subcutâneo até
a linha média.
Incisar a pele cranial a base da bolsa escrotal na linha média
(aproximadamente 4cm).
Realizar a orquiectomia.
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Reduzir o espaço morto com fio absorvível. Sugestão: utilizar um padrão de sutura que favorece a
hemostasia, principalmente num animal de maior parte.
Suturar a pele com fio inabsorvível. Sugestão: utilizar um padrão de sutura separado, sem tensão.
Orquiectomia propriamente dita:
Existe a aberta e a fechada.
A incisão de pele não determina qual é a técnica que você irá fazer. Qualquer uma das técnicas pode
ser feita através da incisão pré-escrotal ou da ablação da bolsa escrotal.
Orquiectomia aberta:

A túnica escrotal é incisada permitindo a exposição do testículo.


Vantagem: maior confiabilidade na ligadura (apenas vasos, nervos e o ducto deferente são
ligados).
Desvantagem: maior chance de formação de uma hérnia escrotal (extremamente raro). E maior
risco de edema pós-operatório.
Vamos segurar os testículos, fazer uma incisão para
expor o testículo. Lig. da cauda do
epidídimo
Não incisar o parênquima do testículo.
Após a incisão, localizar o ligamento da cauda do
epidídimo, porque nos cães ele impede bastante a
exposição do testículo. Iremos separar o ligamento
com o auxílio de uma pinça hemostática ou através
de manobra manual com auxílio de uma gaze.
Após separar o ligamento da cauda do epidídimo, localizar o plexo
pampiniforme e o ducto deferente.
Realizar o pinçamento duplo com pinças hemostáticas.
Confeccionar a ligadura abaixo da pinça mais distal ao testículo com fio absorvível.
Seccionar o plexo e o ducto entre as duas pinças.
Conferir se não há sinais de hemorragia.
O fio utilizado para fazer a ligadura é o de sua preferência, sendo os mais indicados
os absorvíveis.

Orquiectomia fechada
A túnica escrotal não é incisada.
Vantagem: menor chance de ocorrência escrotal. Menor risco de edema pós-operatório.
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Desvantagem: menor segurança na ligadura (é recomendado o uso da ligadura por transfixação


se o animal for muito grande).
Realizar a ablação da bolsa escrotal ou a incisão pré-escrotal.
Após a exposição da túnica escrotal, localizar o cordão espermático (círculo).
Então, o testículo vai estar envolto da túnica escrotal, vai
colocar duas pinças hemostáticas no cordão
espermático.
Confeccionar a ligadura ou transfixar o cordão espermático abaixo da pinça
mais distal ao testículo com fio absorvível.
Seccionar entre as duas pinças hemostáticas.
A transfixação do cordão espermático é você pegar uma agulha com
fio, furar o cordão espermático, vai cruzar o frio lá atrás e depois vai
dar um nó.
O professor só faz transfixação em castração de fêmea, quando ela está gestante ou com piometra e
o útero está grande.
Orquiectomia no gato
A localização da bolsa escrotal é diferente.
Posicionamento e técnica cirúrgica diferentes.
Animal em decúbito dorsal com os membros pélvicos tracionados cranialmente e amarrar.
É feita a técnica igual no equino, ou seja, duas incisões sobre cada testículo. Incisões sagitais que
se estendem desde a região dorsal até a região ventral do escroto.
Depois que expôs os testículos, a técnica é igual ao de cão.
Equino e gato tem a mesma técnica de acesso.
Pode-se realizar tanto a técnica aberta quanto a fechada (exatamente como nos cães). Contudo, a
bolsa escrotal não é fechada. A ferida permanece aberta para que cicatrize por segunda intenção.
O motivo de permanecer aberto é facilitar a drenagem pós-operatória, evitando edema excessivo
que poderia culminar com deiscência de sutura, necrose e outras complicações. A gente só sutura o
cão porque é feita incisão na pele e não de escroto. Todas as espécies que a gente corta a bolsa
escrotal, nós não suturamos.
A técnica de incisão escrotal não é recomendada em cão, você vai ter que suturar, porque pela
posição anatômica o cão encosta muito mais a bolsa escrotal no chão do que o gato. E ao suturar a
bolsa escrotal do cão, nós não teremos a drenagem do seroma e teremos as complicações da não
drenagem de seroma.
A ligadura do cordão espermático utilizando o próprio cordão NÃO É RECOMENDADO devido a
baixa confiabilidade da ligadura e alta possibilidade de hemorragia.
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Pós-operatório
Retirada dos pontos de pele entre 7 a 10 dias.
Uso obrigatório do colar elizabetano ou roupa.
Uso de compressas geladas por 15 minutos no pós-operatório imediato e por três dias seguidos após
a cirurgia (mínimo de três vezes ao dia).
Uso de analgésicos para dor leve.

Complicações
Complicações gerais:
Hemorragia: relacionada a ligadura mal feitas, pode ser necessária uma celiostomia para correção
(complicação grave e com potencial fatal rápido).
Infecção: relacionada a assepsia pobre  uso de antimicrobianos (pode evoluir para sepse).
Dor: relacionada a manipulação excessiva dos tecidos e edema.
Deiscência: relacionada a uma baixa técnica de síntese.
Complicações relacionadas a técnica cirúrgica utilizada:
Orquiectomia pré-escrotal em animais de maior porte (acima de 20Kg)  edema, seroma e
hematoma na bolsa escrotal.
Orquiectomia aberta  eventração ou evisceração.

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