Trabalho Final A.da Justiça
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Trabalho Final A.da Justiça
Administração da Justiça
Trabalho em grupo
Tema:
Discentes:
Docente:
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I. Introdução
O novo texto constitucional de 1990, pela primeira vez na história de Moçambique, previa um
sistema político multipartidário e introduziu o Estado de Direito Democrático, alicerçado na
separação e interdependência dos poderes, pluralismo jurídico, promoção da justiça e paz social.
Essa constituição marcou uma ruptura radical com o passado, consagrando a transição de uma
economia centralizada para o capitalismo, de um sistema monopartidário para a democracia
multipartidária, e colocando o cidadão como figura central relativamente ao Estado.
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1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
Compreender o Sistema da Administração da Justiça no contexto da Constituição de 1990
1.2. Metodologia
Tomou-se como base metodológico deste relatório, a pesquisa de cunho bibliográfico. Buscando-
se obras específicas, análises documentais, socialização de conhecimentos e realização de leituras
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1.3. Problematização
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2. Constituição Moçambicana de 1990 no Sistema de Administração da justiça
Os princípios da reserva da função judicial para os tribunais e da independência dos juízes foram
posteriormente desenvolvidos, aprofundados e consolidados na revisão constitucional de 199, que
determinou a transição do Estado de Democracia Popular para o Estado de Direito Democrático.
O estado de Direito aparece, no final do século XVIII, associado á separação dos poderes
concebida como expediente de limitação dos mesmos com vista á garantia dos direitos e liberdades
do individuo.
Nesse contexto, um Estado de não Direito pode ser caracterizado por promulgar leis arbitrárias,
cruéis ou desumanas, onde o conceito de Direito é moldado pela vontade dos líderes, resultando
em injustiça flagrante e disparidade na aplicação das leis, como bem mencionou Marcello Caetano.
A interpretação apresentada salienta que o Estado de Direito transcende sua dimensão meramente
formal e assume um significado material de extrema importância. No contexto da Constituição
Moçambicana de 1990, essa compreensão é de relevância crítica para a relação entre o Estado e o
sistema administrativo de justiça. A base para essa relação é fundamentada em princípios-chave,
incluindo a separação de poderes, a independência do poder judiciário e a promoção da justiça e
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do bem comum. A Constituição delineia um quadro jurídico que busca garantir a equidade,
imparcialidade e acesso equitativo à justiça para todos os cidadãos.
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2.1.3. Poder judiciário
Assim, o Poder Judiciário, conforme delineado na Constituição de 1990, era fundamental para a
manutenção do Estado de Direito e para o funcionamento equitativo do sistema administrativo de
justiça em Moçambique. Sua qualificação como órgão de soberania e a clareza de seus objetivos
e funções refletiam o compromisso do país em garantir a proteção dos direitos dos cidadãos e a
administração justa da lei.
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2.2. Organização do Sistema de Administração da justiça
Nesse contexto, a Constituição delineia claramente a estrutura e os princípios que regem o sistema
de justiça em Moçambique. Estabelecendo a hierarquia dos tribunais, seus objetivos e
responsabilidades, além de reforçar a importância da independência e imparcialidade na
administração da justiça. A proibição de criar tribunais exclusivos para certas categorias de crimes
visa garantir um tratamento equitativo e justo perante a lei. O papel do Conselho Nacional de
Defesa e Segurança também é mencionado, demonstrando a abordagem completa da Constituição
em relação a justiça e a segurança no país.
Tribunal supremo: é o órgão mais alto órgão judicial com jurisdição em todo território
nacional, é composto por juízes profissionais e juízes eleitos, em números a ser
estabelecido por lei (artigo 168, nº 2 e artigo 170, nº 1”.
Tribunal Administrativo: é responsável pelo controlo da legalidade dos actos
administrativos e a fiscalização da legalidade das despesas públicas (artigo 173, nº 1)
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Conselho Constitucional: é um órgão de competência especializada no domínio das
questões jurídico-constitucionais. (art.º 180)
Tribunais Militares, Aduaneiros, Fiscais, Marítimos e do Trabalho- a competência,
organização, composição e funcionamento dos tribunais são estabelecidos por lei (artigo
175).
A Independência dos juízes pode ser entendida como a faculdade que o juiz tem de exercer a Sua
função à partir da análise objectiva dos factos submetidos a seu julgamento, de acordo com seu
entendimento da regra de direito, livre de qualquer influência externa, pressão, ameaça ou
interferência directa ou indirecta, seja qual for a origem ou motivo. (Canan, 2015).
Conforme previsto no capítulo VI, secção I, artigo 164, no seu nº 1 da Constituição da Republica
de Moçambique de 1990, no exercício das suas funções, os juízes são independentes e apenas
devem obediência à lei.
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Independência dos titulares da administração da justiça: os juízes são independentes e
estão sujeitos apenas à Constituição e à lei, devendo exercer as suas funções com
imparcialidade e integridade.
Objetivo dos tribunais: garantir e reforçar a legalidade como instrumento da estabilidade
jurídica, garantir o respeito pelas leis, assegurar os direitos e liberdades dos cidadãos, assim
como os interesses jurídicos dos diferentes órgãos e entidades com existência legal.
Educação dos cidadãos: os tribunais educam os cidadãos no cumprimento voluntário e
consciente das leis, estabelecendo uma justa e harmoniosa convivência social.
Organização territorial: a República de Moçambique organiza-se territorialmente em
províncias, distritos, postos administrativos e localidades.
Controlo da legalidade dos actos administrativos: o Tribunal Administrativo é
responsável pelo controlo da legalidade dos actos administrativos e pela fiscalização da
legalidade das despesas públicas.
Competências do Tribunal Administrativo: julgar as ações que tenham por objeto litígios
emergentes das relações jurídicas administrativas; julgar os recursos contenciosos
interpostos das decisões dos órgãos do Estado, dos seus respetivos titulares e agentes;
apreciar as contas do Estado; exercer as demais competências atribuídas por lei.
As liberdades individuais de foro político e civil, expressas de forma clara no surgimento da
imprensa independente, dos partidos políticos e do exercício livre da advocacia, culminando
na realização das primeiras eleições multipartidárias em 1994, são dimensões importantes a
considerar no novo sistema político.
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Apesar dos princípios constitucionais que enfatizavam o acesso à justiça para todos, a realidade
era marcada por desigualdades. A falta de infraestrutura em áreas rurais e remotas, aliada à falta
de conscientização sobre os direitos legais, muitas vezes dificultava o acesso à justiça para grupos
marginalizados e economicamente desfavorecidos.
Direito à igualdade perante a lei e à não discriminação por motivos de raça, cor, etnia, género,
religião, opinião política, origem social ou qualquer outra forma de discriminação;
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Portanto, a inviolabilidade dos direitos individuais consagrada na Constituição de 1990 refletiu o
compromisso de Moçambique em construir uma sociedade justa, equitativa e respeitadora dos
direitos humanos, ao garantir que nenhum cidadão fosse sujeito a tratamento cruel, desumano ou
degradante, mesmo nas circunstâncias mais adversas.
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IV. Conclusão
A Constituição de Moçambique de 1990 representa um marco significativo na história do país,
delineando princípios fundamentais que moldaram o sistema de administração da justiça e
reforçaram a busca por um Estado de Direito Democrático.
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V. Referencias bibliográficas
Constituição da Republica de Moçambique de 1990, publicada no BR n. º44, I Série, Suplemento
de Sexta-feira, 02.11.1990.
Caetano, M. Estado que decreta leis arbitrarias, in Conference proferidas. Editora Martins
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