Direito Constitucional

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação á Distância

Direitos Fundamentais

Olga Emílio Pedro Samo

Docente: Msc. Aldo Covane

Curso: Administração Pública

Disciplina: Direito Constitucional, Público e Privado

2ºAno

Quelimane, Junho de 2020


Índice
Introdução....................................................................................................................................3
Objectivo......................................................................................................................................3
Metodologia.................................................................................................................................3
Estado de Direito.........................................................................................................................4
Direitos fundamentais na Constituição Moçambicana................................................................4
Categorias de direitos fundamentais quanto aos sujeitos............................................................4
Direitos e Deveres Cívicos..........................................................................................................5
Pagamento de impostos...............................................................................................................5
Serviço Militar Obrigatório.........................................................................................................5
O estado de Excepção Constitucional: breve incursão histórica.................................................6
Estados de excepção constitucional.............................................................................................7
O Regime dos estados de excepção.............................................................................................8
Inconstitucionalidade e Tipologia..............................................................................................10
Inconstitucionalidade em Geral.................................................................................................10
Tipologia....................................................................................................................................10
Inconstitucionalidade de normas Constitucionais.....................................................................10
Inconstitucionalidade e Ilegalidade...........................................................................................11
Inconstitucionalidade por acção x por omissão.........................................................................12
Inconstitucionalidade material x formal....................................................................................12
Inconstitucionalidade total x parcial..........................................................................................12
Inconstitucionalidade directa x indirecta...................................................................................12
Sistema do Governo Moçambicano...........................................................................................13
Organização do poder político em Moçambique.......................................................................14
Órgãos de soberania...................................................................................................................15
Conclusão..................................................................................................................................16
Bibliografia................................................................................................................................17

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Introdução

Neste presente trabalho que tem como tema Direitos fundamentais e tipologia, abordarei
os conceitos básicos e fundamentais do tema em alusão, e falar de Direitos
constitucionais ou fundamentais em Moçambique significa rebuscar inúmeros aspectos
da história de um País do século XX e, tentar condensá-los para justificar o conceito,
sendo assim, não se mostra tarefa fácil e muito menos algo que possa ser esgotado numa
reflexão apenas, contudo, a necessidade de fazer este trabalho e tentar entender a real
essência de direitos e deveres em Moçambique, devido aos conturbados momentos que
marcam o quotidiano moçambicano.

Objectivo

 O objectivo deste trabalho é de trazer conhecimentos teóricos e práticos relativos


ao tema em causa.

Metodologia

 Metodologias: Para que fosse possível a realização do presente trabalho, o grupo


teve como metodologia de trabalho a consulta bibliográfica.

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Estado de Direito

O princípio de Estado de Direito trata do conteúdo, extensão e modo, como o Estado


deve proceder com as suas actividades. O princípio de Estado de Direito conforma as
estruturas do poder político e a organização da sociedade segundo a medida do direito.
O direito estabelece regras e medidas, prescreve formas e procedimentos, e cria
instituições.

As características mais importantes do Estado de Direito são:

 Império da lei como expressão da vontade geral; todos os actos do Estado são
limitados pela lei;

 Divisão dos poderes: legislativo, executivo e judicial;

 Direitos e liberdades fundamentais

 Garantia jurídica formal e efectiva realização.

Direitos fundamentais na Constituição Moçambicana

A Constituição Moçambicana atribui os direitos fundamentais a todos os cidadãos


perante a lei, e todos gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres.
O artigo 35º e seguintes da CRM enumeram princípios e uma série de direitos, deveres e
liberdades consignados na “lei-mãe” do país. Refere ainda que: “os direitos
fundamentais consagrados na Constituição não excluem quaisquer outros constantes das
leis” (CRM, 2004). Isto para dizer que todos os assuntos sobre os direitos fundamentais
não se esgotam apenas na Constituição, existindo outros instrumentos legais ou leis que
de forma específica nos remetem à sua consulta e apreciação.

Categorias de direitos fundamentais quanto aos sujeitos

Quanto aos sujeitos os direitos podem ser:

a) Direitos fundamentais individuais e institucionais: Enquanto os Direitos


fundamentais individuais referem-se ao direito à vida, à liberdade pessoal, à objecção de
consciência, o direito ao trabalho, direito ao ensino, etc. Os direitos fundamentais
institucionais dizem respeito por exemplo ao direito de livre organização, de confissões
religiosas, direito de antena, livre acção de associação, associações sindicais, etc.

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b) Direitos comuns e particulares: Por direitos comuns entende-se os direitos de todos
os membros da comunidade política só por virtude dessa qualidade, por exemplo os
direitos dos cônjuges, direitos de exercício do sufrágio universal.

Direitos e Deveres Cívicos

Deveres cívicos são um conjunto de deveres que se impõem ao cidadão para uma justa e
salutar convivência em sociedade. Os direitos cívicos correspondem aos valores
fundamentais dos seres humanos. Por exemplo, o direito à vida, a constituir família, a
escolher livremente o emprego e a religião, o direito à liberdade e defesa em tribunal e o
direito à liberdade de expressão. Para mais enfase, podem compreender-se os seguintes:

 Respeitar os outros Cidadãos

 Respeitar os outros cidadãos é um dever cívico e de cada um.

Pagamento de impostos

Pagar impostos é um dever cívico e de cada um. Consiste em dar parte dos lucros que se
tenha ao estado. Serve para pagar aos polícias, aos médicos, aos professores, etc.

Serviço Militar Obrigatório

Cumprir serviço militar é um dever cívico e de cada um. Votar é um dever cívico e de
cada um. Consiste em escolher uma opção duma lista de opções. É extremamente
limitativo, ter que escolher entre duas (no caso de referendo) ou meia dúzia de hipóteses
(eleições), embora o povo fique todo contente a pensar que escolhe alguma coisa
cumprir pena. Num regime político democrático (democracia), os cidadãos têm mais
garantias de ver os direitos fundamentais respeitados pois são eles que elegem os
poderes políticos que fazem as leis e as fazem cumprir.

A cidadania em Moçambique

A Constituição moçambicana sugere uma concepção de cidadania baseada em direitos.


Ela enumera, por exemplo no seu capítulo V, uma série de direitos sociais e
económicos, tais como o direito à educação, saúde, habitação, assistência na velhice e
incapacidade e trabalho.

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Embora a Constituição da República Moçambicana não o defina claramente, a cidadania
pode ser compreendida como um direito fundamental ligado a uma nacionalidade: o
«direito a ser membro da República Moçambicana»

Exige, portanto, um vínculo ou conexão relevante a Moçambique — ter nascido em


território Moçambicano, ser filho ou neto de Moçambicano, casar-se com um cidadão
Moçambicano — que justifique tal estatuto de inclusão/pertença à comunidade política
e jurídica Moçambicana.

O estado de Excepção Constitucional: breve incursão histórica.

Á luz da CRM137 de 1975, competia ao Presidente da República Popular de


Moçambique, á luz do art.º 48.º alínea p) a declaração do estado de sítio ou de
emergência. Por sua vez, era á Assembleia popular que tinha como função “sancionar a
suspensão das garantias constitucionais quando declarado o estado de sitio ou de
emergência”.

Por outro lado estipulava o art.º 36.º2ª parte que “O Estado pune severamente todos os
actos de traição, subversão, sabotagem e, em geral, os actos praticados contra os
objectivos da FRELIMO e contra a ordem popular revolucionária.

Os estados constitucionais de excepção, apesar de previstos na CRM de 10975 não


mereceram um maior desenvolvimento, nomeadamente acerca do regime da declaração
e efeitos da suspensão das garantias.

Á luz da CRM137 de 1975, competia ao Presidente da República Popular de


Moçambique, á luz do art.º 48.º alínea p) a declaração do estado de sítio ou de
emergência. Por sua vez, era á Assembleia popular que tinha como função “sancionar a
suspensão das garantias constitucionais quando declarado o estado de sitio ou de
emergência”.

Por outro lado estipulava o art.º 36.º2ª parte que “O Estado pune severamente todos os
actos de traição, subversão, sabotagem e, em geral, os actos praticados contra os
objectivos da FRELIMO e contra a ordem popular revolucionária.

Os estados constitucionais de excepção, apesar de previstos na CRM de 10975 não


mereceram um maior desenvolvimento, nomeadamente acerca do regime da declaração
e efeitos da suspensão das garantias.

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Por sua vez na CRM de 1990, onde o Estado tem como objectivo fundamental, “a
defesa e promoção dos direitos humanos e da igualdade dos cidadãos perante a lei” a
matéria mereceu maior e melhor consagração constitucional138. Ao abrigo do art.º
106.º n.º 1, “as liberdades e garantias individuais só podem ser suspensas ou limitadas
temporariamente em virtude de declaração do estado de guerra, do estado de sítio ou do
estado de emergência”. No n.º 2 dizia “a duração do estado de sítio ou do estado de
emergência não pode ser superior a seis meses, devendo a sua prorrogação efectuar-se
nos termos da lei”. Por fim o n.º 3 remetia para lei ordinária a regulação do regime do
estado de guerra, do estado de sítio e do estado de emergência e a fixação das garantias
judiciárias de protecção dos direitos dos cidadãos a serem salvaguardados.

Estados de excepção constitucional

Os estados de excepção constitucional, procuram a conciliação entre dois valores


conflituantes, tal como refere BACELAR GOUVEIA139:

«A origem patológica do estado de excepção, por alusão á normalidade institucional,


lança-o depois na tortuosa e angustiante “aventura” da combinação entre dois valores
que se digladiam mutuamente, com um cunho marcadamente antinómico, na concreta
modelação do poder que lhe subjaz: os valores da eficiência e da normatividade. A
eficiência traduz o conveniente reforço do poder de excepção, permitindo ao Estado
superar as situações de crise, por este concentrar poderes e limitar liberdades
fundamentais, com isso se evitando o naufrágio da ordem constitucional. A
normatividade postula a sujeição do poder de excepção, a despeito dessa sua
radicalidade, ao próprio Direito Constitucional que se altera, evitando o seu uso
arbitrário, por ser tentador resvalar para uma situação de tirania sem retorno possível.»

Com a expressão estado de sítio140 “se quer geralmente indicar um regime jurídico
excepcional a que uma comunidade territorial é temporariamente sujeita, em razão de
uma situação de perigo para a ordem pública, criado por determinação da autoridade
estatal ao atribuir poderes extraordinários às autoridades públicas e ao estabelecer as
adequadas restrições á liberdade dos cidadãos”.

O actual quadro Constitucional

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O Regime dos estados de excepção

Compete ao Presidente da República, ao abrigo da alínea a) do art.º 161.º “declarar a


guerra e a sua cessação, o estado de sítio ou de emergência” declaração essa precedida
da audição obrigatória do Conselho de Estado, art.º166.º alínea b). Compete á
Assembleia da República “sancionar a suspensão de garantias constitucionais e a
declaração do estado de sítio ou do estado de emergência, art.º 179.º n.º2 alínea g).

Uma questão que pode colocar á partida, é se a Assembleia da República terá ou não
competência para sancionar a suspensão de garantias em virtude da declaração de estado
de guerra? Não nos parece que a resposta não possa ser positiva.

Tendo declarado o estado de sítio ou de emergência, o Presidente da República submete


á Assembleia da República no prazo de vinte e quatro horas, a declaração com a
respectiva fundamentação, para efeitos de ratificação, art.º 285.º n.º 1. O tempo de
duração, não pode ultrapassar os trinta dias sendo prorrogável por iguais períodos até
três, se persistirem as razões que determinaram a sua declaração, art.º 284.º.

Muitas vezes os estados de excepção, são vistos como mecanismos de salvaguarda da


democracia. Constituirá verdade essa afirmação? Esta questão não poderá ser
respondida de ânimo leve. Ademais tendo em conta a própria origem do estado de sítio.
Como refere GIUSEPPE VERGOTTINI142:

«Aproximam-se da Ditadura romana, nas suas funções precípuas, medidas excepcionais


previstas e promulgadas pelos muitos Estados constitucionais modernos para superar
um estado de emergência, interno ou externo, que não pode ser enfrentado de maneira
adequada com instrumentos constitucionais normais. Este tipo de instituição envolve,
geralmente, a concentração do poder num órgão constitucional do Estado
(frequentemente um órgão executivo), a extensão do poder além dos limites ordinários
(por exemplo a suspensão dos direitos de liberdade dos cidadãos) e a emancipação do
poder dos freios e dos controles normais.»

Concluir sem mais desenvolvimentos pela afirmativa em relação á questão supra Citada
seria afirmar, que a democracia salvaguarda-se com uma “ditadura transitória”. Pois os
estados de excepção implicam ora um aumento dos poderes militares (no caso do estado

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de sítio) ou um aumento dos poderes civis, administrativos (em caso de estado de
emergência).

Convém tentar perceber o nosso regime de suspensão do exercício dos direitos, antes da
tentativa de resposta á questão colocada supra.

Estipula o art.º 72.º n.º 1 que “as liberdades e garantias individuais só podem ser
suspensas ou limitadas temporariamente em virtude de declaração do estado de guerra,
do estado de sítio ou do estado de emergência nos termos estabelecidos na
Constituição” por sua vez diz o n.º 2 que “sempre que se verifique suspensão ou
limitação de liberdades ou de garantias elas têm um carácter geral e abstracto e devem
especificar a duração e a base legal em que assenta.”

O art.º 286.º assevera que “a declaração do estado de sitio ou de emergência em nenhum


caso pode limitar ou suspender os direitos á vida, á integridade pessoal, á capacidade
civil e á cidadania, á não retroactividade da lei penal, o direito de defesa dos arguidos e
a liberdade de religião.”

No que concerne às liberdades individuais, podem ser tomadas as seguintes medidas:

 Obrigação de permanência em local determinado;

 Detenção;

 Detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes


comuns;

 Restrições relativas á inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das


comunicações, á prestação de informações e á liberdade de imprensa,
radiodifusão e televisão;

 Busca e apreensão em domicílio;

 Suspensão de liberdade de reunião e manifestação;

 Requisição de bens e serviços.

As detenções efectuadas terão que ser comunicadas a um parente ou pessoa de


confiança do detido e este terá que ser apresentado ao juiz no prazo de dez dias (art.º

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288.º) Note-se que a opção do legislador constituinte foi a de praticamente esgotar a
matéria do estado de excepção. Contudo várias dúvidas, podem surgir do texto
constitucional.

Inconstitucionalidade e Tipologia

Inconstitucionalidade em Geral

A inconstitucionalidade é a relação de contrariedade que se estabelece entre um acto


político (na forma de acção ou de omissão) e uma norma ou normas constitucionais. Há
inconstitucionalidade quando um acto público viola ou contrária uma norma ou mais de
uma norma da constituição.

O acto político positivo (por acção) é um acto que ou é praticado quando não devia ser
praticado, ou é praticado contra uma norma constitucional.

O acto negativo (omissão), traduz-se na omissão (falta) de prática de um acto cuja


prática era imposta por uma norma constitucional. Trata-se da inércia do poder político
nos casos em que uma norma constitucional mandava praticar um acto.

Entretanto, o acto político, negativo ou positivo, tem de ser necessariamente um acto


infraconstitucional, designadamente uma lei ordinária, um decreto-lei, um decreto do
conselho de ministros, um decreto presidencial ou um diploma ministerial. Esse acto
poderá também ser uma norma constitucional resultante de revisão constitucional, mas
nunca pode ser uma norma constitucional originária.

Tipologia

Inconstitucionalidade de normas Constitucionais

Pode haver inconstitucionalidade das normas supervenientes em relação as


preexistentes, uma vez que as supervenientes decorrem dessas. Também pode haver
inconstitucionalidade das normas constitucionais de revisão sempre que as normas de
revisão ou oriunda de revisão forem contrárias ás normas originárias da constituição,
uma vez que a revisão funda-se formal e materialmente na constituição. Ou seja, podem
ser inconstitucionais, quer as normas supervenientes.

No entanto, já não é possível haver uma inconstitucionalidade das normas


constitucionais originárias, uma vez que, estando todas as normas constitucionais num

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mesmo plano e formando conjuntamente a constituição formal e material, e sendo todas
as normas constitucionais originárias oriundas do mesmo autor constituinte e na mesma
altura, seria inconcebível que uma das normas fosse inconstitucionalidade por
contrariar-se a outra.

Inconstitucionalidade e Ilegalidade

O termo legalidade pode-se usar para referir ao mérito ou conformidade do poder com o
direito a que esse poder se subordina. É o que pode resultar do artigo 3 da CRM onde se
refere que a República de Moçambique é um Estado de Direito, baseado no pluralismo
de expressão, na organização política democrática, no respeito e garantia dos direitos e
liberdades fundamentais do homem, para significar que a legalidade do Estado seria a
vinculação deste ao regime do Estado de direito democrático, que implica, dentre
outros, a submissão aos princípios democrático, de legalidade.

Pode-se falar outrossim em legalidade para referir á relação de conformidade que se


estabelece entre um acto público com uma norma do direito ordinário. E no caso de
desconformidade com o direito ordinário resultaria a ilegalidade das leis ordinárias com
as normas constitucionais, sendo a constitucionalidade, a conformidade da norma
ordinária com a constituição. É este o sentido que aqui interessa.

Com efeito, do relacionamento entre a norma constitucional, norma legal e norma


regulamentar (incluindo aqui regulamentos de execução e regulamentos autónomos),
podem surgir as seguintes situações:

 A norma legal é constitucional, a norma regulamentar é igual: aqui há


harmonia entre os princípios, pois a norma regulamentar está em
conformidade com a norma legal de que se serve de base, e esta, por sua vez,
está em conformidade com a constituição.

 A norma é constitucional, a norma regulamentar é ilegal: neste caso,


prevalece a norma legal, decretando-se a ilegalidade da norma regulamentar.

 A norma legal é inconstitucional, a norma regulamentar é legal: neste


caso, a norma lega é ofensiva á constituição, entretanto, a norma regulamentar
não ofende nenhuma norma da constituição. Para Jorge Miranda, ainda que a
norma regulamentar não ofenda a constituição, a mesma não poderá subsistir,

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devido ao seu carácter de acessoriedade em relação á norma legal, contudo, a
norma regulamentar não poderá ser impugnada, na medida em que atacar o
regulamento equivale a atacar a norma legal. Entretanto, sendo declarada a
inconstitucionalidade da lei ordinária.

Inconstitucionalidade por acção x por omissão

A primeira dessas duas formas de inconstitucionalidade se apresenta por meio de uma


conduta positiva do Poder Público. Ocorre com a edição de uma lei ou resolução, por
exemplo, que afrontem a sistemática constitucional.

A segunda advém, por seu turno, de uma abstenção. O Poder Púbico, no momento em
que deveria agir, silencia. Ocorre em face das normas de eficácia limitada, ou seja,
aquelas cuja força normativa depende da edição de ato infraconstitucional. Para sanar
tal inconstitucionalidade há a Acção Directa de Inconstitucionalidade por Omissão.

Inconstitucionalidade material x formal

A material se apresenta quando a violação é ao conteúdo da Constituição. Uma norma


que, por exemplo, permitisse a exploração do trabalho em condições próximas à
degradante seria materialmente inconstitucional por afronta ao conteúdo de um dos
fundamentos da República, qual seja o valor social do trabalho. Tal
inconstitucionalidade persistiria mesmo que a norma seguisse todas as etapas formais do
processo legislativo.

Já a inconstitucionalidade formal se configura quando algum dos requisitos


procedimentais da elaboração normativa é desrespeitado, seja a competência para
disciplinar a matéria, seja um quórum específico ou mesmo um pressuposto objectivo
para editar o ato normativo. Um exemplo é o pressuposto de relevância e urgência da
Medida Provisória, constantemente desrespeitado hodiernamente.

Inconstitucionalidade total x parcial

Neste caso, a classificação é quase auto-explicativa. A total atinge a integralidade da


norma, enquanto a parcial atinge um trecho, um artigo ou, até mesmo, uma expressão ou
palavra mal colocada, eivando a norma de vício constitucional.

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Inconstitucionalidade directa x indirecta

A directa atinge as normas primárias, acima conceituadas. A indirecta, ou reflexa,


entretanto se verifica quando um decreto do Executivo, por exemplo, exorbita dos
limites legais e se torna indirectamente inconstitucional. Em verdade ele padece, em
primeiro plano, de um vício de legalidade.

Inconstitucionalidade originária x superveniente

Nesse caso, há a análise de duas normas: uma, a constitucional, chamada de parâmetro,


a outra, a infraconstitucional, chamada de objecto. Assim analisa-se a
constitucionalidade da norma objecto de acordo com a norma parâmetro vigente. Por
exemplo: uma lei editada em 1985 deve ter sua constitucionalidade aferida segundo a
ordem constitucional de 1967.

Assim, a inconstitucionalidade originária ocorre quando a norma nasce inconstitucional


em relação ao parâmetro vigente. A superveniente, por seu turno se apresenta quando
uma nova ordem constitucional desponta, tornando a norma infraconstitucional anterior
inconstitucional.

Sistema do Governo Moçambicano

Na doutrina entre os sistemas de governo destacam-se em primeira linha dois: Os


sistemas de governo ditatoriais (monocráticos e autocráticos) e democráticos (directos,
semidirectos e representativos). Nos representativos notam-se os de concentração e de
separação de poderes Nos sistemas de governos democráticos de divisão de poderes
temos os chamados sistemas parlamentares, presidencialistas e semi-presidencialistas.
Assim que não restam dúvidas que o nosso sistema de governo é democrático
representativo de divisão de poderes.

O que nos interessa é saber se é democrático representativo de divisão de poderes


parlamentar, presidencialista ou semi-presidencilista.

Sobre isso muitos autores já se debruçaram tanto cá entre nós como fora.
Assim que alguns autores moçambicanos como Nhamissitane, Carrilho, Rui Baltasar,
Gilles Cistac afirmam que o nosso sistema é presidencial com rasgos presidencialistas.
Opostamente, Jorge Miranda define o nosso sistema como presidencialismo
democrático reforçado ou “ presidencial sui generis”.

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Ainda Vitalino Canas chama-o simplesmente presidencialista. Alfredo Chambule
chama-o de misto pelo facto de comungar algumas características presidencialistas e
semi-presidencilistas.

É certo que categoricamente não se pode afirmar que o sistema de governo


moçambicano é Presidencialista pelo facto de que:

1. Nos sistemas presidencialistas (como nos EUA) o presidente não responde


politicamente perante a Assembleia da República nem esta perante o Presidente
da República. O responder politicamente aqui está no sentido de um órgão poder
ou não dissolver ou provocar a queda do outro.

2. Mas bem analisada a nossa Constituição nos artigos 159 e 188, vemos que o PR
pode dissolver a AR. Isto nos leva a concluir que o nosso sistema de governo
não é presidencialista. Mas também não podemos olvidar que nos sistemas
presidencialistas sobre o PR gravitam enormes poderes o que é incontestável que
acontece o mesmo com o nosso. Só que isto é insuficiente para concluirmos.
Do mesmo modo que não podemos também afirmar de viva voz que o nosso
sistema de governo é Parlamentar, por simples razões:

Nestes sistemas (o caso inglês, sistema parlamentarista de gabinete)) a figura do chefe


de Estado são quase apagados. Os seus poderes são limitados o que é diferente dos
presidencialistas e semi-presidencialistas.

O governo sai do parlamento, a sua estabilidade depende da confiança política que o


parlamento nele deposita, podendo assim o parlamento provocar a sua queda na falta
desta confiança.

Ainda assim, não podemos ainda afirmar que é semi-presidencialista (no caso típico, o
português) porque:

O governo da República de Moçambique é nomeado pelo chefe do Estado que se torna


então, chefe do governo. Isto não acontece nos sistemas semipresidencialistas. Quer
dizer que o governo é eleito ou seja é resultado dos resultados obtidos em eleições
legislativas.

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Organização do poder político em Moçambique

O Estado existe para facilitar a vida dos cidadãos que vivem dentro dele. Para executar a
vontade do povo dentro da democracia em Moçambique, o Estado precisa de órgãos,
que trabalham para ele e implementam aquilo que o povo através dos seus
representantes decidiu. Assim como o nosso corpo humano tem órgãos para lhe servir, o
Estado tem órgãos para interagir com terceiros, para actuar para fora. Portanto, são os
órgãos, que vão aos encontros e reuniões, escrevem e respondem cartas etc. Mas sempre
em coordenação com o "corpo", neste caso o povo moçambicano, porque os órgãos só
têm a sua legitimidade da sua existência para facilitar as actividades do Estado, que têm
como elemento mais importante o povo. Assim, os órgãos não podem ultrapassar os
limites da autorização deles.

Órgãos de soberania

São órgãos da soberania o Presidente da República, a Assembleia da República, o


Governo, os Tribunais e o Conselho Constitucional (art. 133º da Constituição da
República de Moçambique).

Presidente da República

O Presidente da República é o chefe do Estado de Moçambique. Ele representa


Moçambique internamente e no estrangeiro. Ele tem a tarefa de controlar o
funcionamento correcto dos órgãos do Estado (art. 146º da Constituição da República
de Moçambique). O Presidente da República deve zelar que as garantias da constituição
serão cumpridas.

Assembleia da República

A Assembleia da República é a assembleia representativa de todos os cidadãos


moçambicanos (art. 168º da Constituição da República de Moçambique). A Assembleia
da República é o mais alto órgão legislativo na República de Moçambique. Ela
determina as normas que regem o funcionamento do Estado e a vida económica e social
através de leis e deliberações (art. 169º da Constituição da República de Moçambique).

O Governo

O Governo de Moçambique é o Conselho de Ministros (art. 200º da Constituição da


República). Esse é composto pelo Presidente da República, Primeiro/a Ministro/a e

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pelos Ministros (art. 201º da Constituição da República de Moçambique). Certamente já
ouvimos falar do Primeiro/a Ministro/a, do Ministro/a da Educação, da Agricultura, das
Obras Públicas e Habitação, do Trabalho, do Interior, da Justiça, e outros. Estes
compõem o governo de Moçambique chefiados pelo Presidente da República.

Conclusão

Com base no estudo o tema realizado conclui-se que o estado de excepção, em suas
várias manifestações, estado de sítio, estado de defesa, estado de emergência, estado de
guerra, é uma anormalidade constitucional que se pretende obcecadamente normalizar.
É circunstância de fato que a doutrina constitucional ambiciona Transformar em fato
jurídico. Decorrente de um estado de necessidade, verdadeiro ou argumentável,
justificativo da excepção, e das limitações e constrangimentos que as medidas tomadas
projectam sobre as pessoas, o estado de excepção exige construção teórica que
justifique que a necessidade não precisaria de leis.

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Bibliografia

Carvalho, Manuel Proença de (2010). Manual de Ciência Política e Sistemas Políticos e


Constitucionais. (3ª ed.). Lisboa: Quid júris

Azevedo-Harman, Elisabete (2011). Trajectórias democráticas dos PALOP – o


equilíbrio (ou não) entre parlamentos e executivos.

SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 2. ed. Porto Alegre:
Livrara do advogado, 2001, p. 82.

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