Cartilha Deficiencia e Direitos Humanos

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CARTILHA SOBRE

DEFICIÊNCIA E
DIREITOS HUMANOS

NA JUSTIÇA, CIDADANIA E
DIREITOS HUMANOS
CARTILHA SOBRE
DEFICIÊNCIA E DIREITOS
HUMANOS

Organização: Ana Flávia Beckel Rigueira


Redação Técnica: Jorge Amaro da Silva Borges
Revisão: Aline Monteiro Correia
Edição e diagramação: Alane Nerbass Souza
Ilustrações: Imagens ONU e Internet
Colaboração: Área Técnica da FADERS – Acessibilidade e
Inclusão

Esta é uma publicação da

Dezembro, 2020
A FADERS Acessibilidade e Inclusão, como
órgão gestor e articulador da política pública para
Pessoas com Deficiência e Pessoas com Altas
Habilidades no Estado do Rio Grande do Sul (Lei
13.604/11), tem por atribuição promover -
mediante a participação da sociedade - a
descentralização e a universalização de ações que
garantam a equiparação de oportunidades bem
como o acesso aos direitos constitucionais e
cidadania da Pessoa com Deficiência e Pessoa com
Altas Habilidades.
Por meio das Capacitações, Fóruns Permanentes,
Fóruns Temáticos, Assessoria, Atendimento,
Pesquisa, a FADERS Acessibilidade e Inclusão
procura articular políticas públicas e garantir
direitos nos 497 municípios do Rio Grande do Sul
de forma regionalizada.

O objetivo da FADERS Acessibilidade e Inclusão com


a realização desta cartilha é apresentar de forma
resumida a entrada do tema deficiência na agenda
de direitos humanos dos organismos internacionais.
INTRODUÇÃO

Os direitos humanos têm como fundamento a


dignidade humana. Eles surgem do reconhecimento,
ao longo do tempo, de que determinadas condições
são essenciais para que as pessoas possam viver
plenamente e de forma digna. Precisam ser
garantidos a todos/as, independentemente de idade,
gênero, raça, etnia, orientação sexual, origem,
crença, convicção política, deficiência, econômica e
social ou qualquer outra.

Foi com o advento da Segunda Guerra Mundial que a


humanidade compreendeu como nunca o valor da
dignidade humana. Após a intolerância e brutalidade
daquele período, era preciso reafirmar com
veemência a noção de humanidade.

Isso levou à aprovação, pela Assembleia Geral das


Nações Unidas, a Declaração Universal dos
Direitos Humanos (UDHR) em 10 de dezembro de
1948. O documento é uma referência na história dos
direitos humanos porque assinala a fase de
internacionalização desses direitos e a data como o
Dia Internacional dos Direitos Humanos.
CONVENÇÕES

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é


um marco que proclama os direitos inalienáveis
a todos os seres humanos - independentemente de
raça, cor, religião, sexo, idioma, opinião política ou
outra, origem nacional ou social, propriedade,
nascimento ou outro status.

Disponível em mais de 500 idiomas , é o documento


mais traduzido do mundo.

A partir deste documento, dezenas de tratados e


convenções internacionais passam a ser celebrados.

A função das declarações é estabelecer princípios


que vão reger os direitos pátrios de cada país que
assina tais declarações.
CONVENÇÕES

No âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU),


destaca-se:

• Convenção para a Prevenção e a Repressão do


Crime de Genocídio (1948);

• Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas


de Discriminação Racial (1965);

• Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas


de Discriminação contra a Mulher (1979);

• Convenção sobre os Direitos da Criança (1989);

• Convenção sobre os Direitos das Pessoas com


Deficiência (2006);

• Tratado de Marraqueche, para facilitar o acesso a


obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência
visual ou com outras dificuldades para ter acesso ao
texto impresso (2013).
CONVENÇÕES

No âmbito da Organização dos Estados Americanos


(OEA), destaca-se:

• Convenção Americana sobre Direitos Humanos;


• Pacto de San José da Costa Rica (1969);
• Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre
Direitos Humanos em Matéria de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais;
• Protocolo de São Salvador (1988);
• Convenção Interamericana para Prevenção, Punir e
Erradicar a Violência Contra a Mulher;
• Convenção de Belém do Pará (1994);
• Convenção Interamericana Para a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas
com Deficiência (1999).

Órgãos e mecanismos internacionais de proteção de


direitos humanos:

• Organização das Nações Unidas (ONU);


• Alto Comissariado para os Direitos Humanos
• Conselho de Direitos Humanos;
• Organização dos Estados Americanos (OEA).
DEFICIÊNCIA E
DIREITOS
HUMANOS

Nas últimas décadas, os direitos das pessoas com


deficiência têm sido uma prioridade na agenda das
Nações Unidas.

Após a criação da ONU, observa-se uma série de


decisões em busca da promoção e estímulo da
equidade e combate às desigualdades regionais nas
diferentes nações, como:

• Declaração sobre o Progresso Social e


Desenvolvimento (1969);
• Declaração dos Direitos do Deficiente Mental
(1971);
• Declaração sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência (1975);
• Programa de Ação Mundial relativo às Pessoas
Deficientes (1982);
• Normas sobre Igualdade de Oportunidades para as
pessoas com deficiência (1993).

Em 1981, foi estabelecido o Ano Internacional das


Pessoas Deficientes (AIPD) e a Década das Nações
Unidas das Pessoas com Deficiência (1982-1992).
DEFICIÊNCIA E
DIREITOS
HUMANOS

Em relação às pessoas com deficiência, estavam


entre as propostas centrais do Ano Internacional das
Pessoas Deficientes (AIPD):

• ajudar no ajustamento físico e psicossocial na


sociedade;
• promover esforços, nacional e internacionalmente,
para possibilitar o trabalho compatível e a plena
integração à sociedade;
• encorajar projetos de estudo e pesquisa visando à
integração às atividades da vida diária, aos
transportes e aos edifícios públicos;
• educar e informar o público sobre os direitos de
participar e contribuir em vários aspectos da vida
social, econômica e política.
DEFICIÊNCIA E
DIREITOS
HUMANOS

Desde 1998, a ONU comemora o Dia


Internacional das Pessoas com Deficiência, com a
sigla IDPD (International Day of Persons with
Disabilities), em 03 de dezembro.

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência foi


proclamado em 1992 na Assembleia Geral das
Nações Unidas, tendo como proposta a observância
de um espaço permanente de promoção da
conscientização e a compreensão da deficiência na
perspectiva dos direitos humanos.
CONVENÇÃO E
DIREITOS DA
PcD

Em 2006, foi aprovada, a Convenção das Nações


Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
(CDPD) e, em 02 de julho de 2008, foi incorporada
como emenda à Constituição Federal do Brasil (CF)
de 1988.

A emenda foi promulgada pelo Poder Executivo em


25 de agosto de 2009, ganhando assim o status de
ser o primeiro tratado internacional com poder
constitucional da história do nosso país, e colocando
o Brasil em um seleto grupo de nações.
CONVENÇÃO E
DIREITOS DA
PcD

Situação da Convenção no Mundo:


• Not signed (Não Assinado): 27;
• Signed convention (Convenção Assinada): 159;
• Signed Conventionand Protocol (Convenção e
Protocolo Assinados): 82;
• Ratified Convention (Convenção Ratificada): 156;
Ratified Conventionand Protocol (Convenção e
Protocolo Ratificados): 86.
Fonte: ONU, 2017.
CONVENÇÃO E
DIREITOS DA
PcD

Um ponto de destaque do texto da convenção foi a


alteração da definição de pessoa com deficiência,
bem como da nomenclatura atribuída a essas
pessoas.

Os termos “deficiente” ou “portador de necessidades


especiais” não são mais utilizados. A palavra
“deficiente” é pejorativa, à medida que coloca a
deficiência à frente da pessoa, enquanto a palavra
“portador” remete a algo que a pessoa carrega e que,
portanto, não faz parte dela.
CONVENÇÃO E
DIREITOS DA
PcD

A denominação mais adequada é “pessoa com


deficiência”, pois assim há a valorização da pessoa
acima de tudo, independentemente de suas condições
físicas, sensoriais ou intelectuais.

Para a Convenção, as pessoas com deficiência são


aquelas que têm impedimentos de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os
quais, em interação com diversas barreiras, podem
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdades de condições com as demais pessoas.
(BRASIL, 2007)
CONVENÇÃO E
DIREITOS DA
PcD

Quando uma nação ratifica a Convenção dos


Direitos da Pessoa com Deficiência (CDPD), está
aceitando estar juridicamente vinculada à obrigação
de tratar as pessoas com deficiência como sujeitos de
direito na perspectiva dos direitos humanos, tendo,
assim, de adaptar a sua legislação nacional às
normas internacionais estabelecidas no tratado.

O art. 34 da CDPD instituiu o Comitê dos Direitos das


Pessoas com Deficiência, com a finalidade de
controlar a aplicação, pelos respectivos Estados-
Partes, das disposições da Convenção.
O Comitê atualmente é composto por 18 peritos
independentes, eleitos pelos Estados-Partes na
Convenção. Seguindo as regras dos demais órgãos da
ONU, que tratam do controle da aplicação de tratados
de direitos humanos, tem como tarefa examinar
relatórios elaborados pelos Estados-Partes, onde
estes prestam contas das medidas adotadas para
efetivar as disposições da CDPD.
CONCEITOS-CHAVE

Alguns conceitos-chave para pensar a deficiência na


perspectiva dos direitos humanos:

ACESSIBILIDADE

Condição de possibilidade para a transposição dos


entraves que representam as barreiras para a efetiva
participação de pessoas nos vários âmbitos da vida
social.
A acessibilidade é, portanto, condição fundamental e
imprescindível a todo e qualquer processo de inclusão
social e se apresenta em múltiplas dimensões,
incluindo aquelas de natureza atitudinal, urbanísticas
e arquitetônicas, nos transportes, nas tecnologias,
nas comunicações e na informação.

Acessibilidade é liberdade!
CONCEITOS-CHAVE

CAPACITISMO

O Capacitismo (ableism) é uma atitude


preconceituosa e discriminatória que vê a pessoa com
deficiência como inapta para o trabalho e incapaz de
cuidar da própria vida. Neste sentido, capacitismo, é
uma manifestação de preconceito para com as
pessoas com deficiência ao pressupor que existe um
padrão corporal ideal e a fuga desses padrões torna
as pessoas inaptas para as atividades na sociedade.

Essa padronização é chamada corponormatividade


(able-bodiedness), aproximando as demandas dos
movimentos de pessoas com deficiência a outras
discriminações sociais como o sexismo, o racismo e a
homofobia.
CONCEITOS-CHAVE

INTERSECCIONALIDADE

Interseccionalidade (termo cunhado por Kimberlé


Crenshaw, em 1989 ) nos permite enxergar a colisão
das estruturas.

Em termos simples, significa que as pessoas se


encontram em situações de desvantagem perante a
sociedade por sofrerem as mais diversas formas de
opressão em razão de suas marcas de identidade.
Raça, classe, gênero, identidade de gênero,
orientação sexual, religião, nacionalidade, deficiência,
dentre outras, são algumas das marcas que colocam
as pessoas em situações desprivilegiadas pelo simples
fato de serem quem são.

E os preconceitos se sobrepõem uns aos outros.


Diante disso, para pensar a deficiência na perspectiva
dos direitos humanos, é fundamental compreender
estes marcadores que de certa forma irão apontar
diferentes graus de barreiras aos impedimentos do
corpo.
CONCEITOS-CHAVE

PROTAGONISMO

Historicamente as pessoas com deficiência tiveram


cerceados o seu direito de participar da vida em
sociedade. Em 1981, o movimento política das
pessoas com deficiência da África do Sul, cunhou a
célebre expressão “Nada sobre nós sem nós”.

“Nada sobre nós sem nós” significa a participação


plena nas decisões que dizem respeito as suas vidas,
sendo não somente escutadas, mas respeitadas, seja
na coletividade ou nas suas individualidades.

Esta escuta, desta forma, pode se dar através dos


sujeitos, das famílias, das suas instituições ou dos
conselhos de direitos.
A Convenção sobre os Direitos da Pessoa com
Deficiência, um dos instrumentos mais importantes
na trajetória do tema deficiência na ONU e todas as
suas inovações permitiram ao Brasil transformar
suas leis e incorporar essas questões na agenda
política do país.

Com o monitoramento pelo Comitê da ONU e a


realização anual da Conferência dos Estados-Partes,
há, todos os anos, momentos de reflexão e ação, o
que possibilita renovar as lutas dos movimentos
sociais através de suas entidades representativas ou
agentes governamentais.
REFERÊNCIAS

CRENSHAW, Kimberle. "Demarginalizing the


Intersection of Race and Sex: A Black Feminist
Critique os Antidiscrimination Doctrine, Feminist
Theory and Antiracist Politics". University of Chicago
Legal Forum, n. 1, p. 139-167, 1989.

MELLO, Anay Guedes. Por uma abordagem


Antropológica da Deficiência: Pessoa, Corpo e
Subjetividade. Trabalho de Conclusão de Curso.
Ciências Sociais. Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2009.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS.


Declaração da Década das Américas pelos
Direitos e Dignidade das Pessoas com
Deficiência. 2006.

http://direitoshumanos.gddc.pt/3_16/IIIPAG3_16_1.
htm

http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Direit
o-dos-Portadores-de-Defici%C3%AAncia/declaracao-
de-direitos-do-deficiente-mental.html

http://direitoshumanos.gddc.pt/3_7/IIIPAG3_7_3.ht
m
CONTATOS

ANDRÉA ASTI SEVERO


COORDENAÇÃO DE PESQUISA
[email protected]

ALINE MONTEIRO CORREIA


COORDENAÇÃO DE ACESSIBILIDADE
[email protected]

EVA LORENI DE CASTILHOS


COORDENAÇÃO DE CAPACITAÇÃO
[email protected]

JAQUELINE DA SILVA ROSA


COORDENAÇÃO DE DIREITOS E POLÍTICAS
PÚBLICAS
[email protected]

MIRELLE MELO FERREIRA DUARTE


COORDENAÇÃO DE ATENDIMENTO
[email protected]
CLAUDIA REGINA ALFAMA
NÚCLEO DO PARADESPORTO
[email protected]

ELOIDE MARCONI
NÚCLEO DO TRABALHO
[email protected]

DIREÇÃO

MARCO ANTÔNIO LANG


DIRETOR PRESIDENTE
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ROMÁRIO CRUZ
DIRETOR ADMINISTRATIVO
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DIRETORA TÉCNICA
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