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RESUMO
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência foi
incorporada ao ordenamento brasileiro com status equivalente
a emenda constitucional em 2008. Este tratado contou com a
maior participação da sociedade civil mundial até então vista
nas Nações Unidas, sendo elaborado com legitimidade demo-
crática inédita. O presente artigo busca entender o histórico da
elaboração da Convenção a partir da participação da sociedade
civil. Igualmente, tenta-se analisar como se dá a legitimidade
do tratado a partir da participação em sua gênese.
Palavras-chave: Direito Internacional. Pessoas com Defici-
ência. Legitimidade.
INTRODUÇÃO
Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identi-
ficou que no Brasil há aproximadamente 45,6 milhões pessoas com pelo menos
um tipo de deficiência, o que equivale a 23,8 por cento da população nacional.1
A deficiência atinge, portanto, praticamente um em cada quatro brasileiros.
No mundo, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que haja mais de
650 milhões de pessoas com deficiência.2 Trata-se de uma realidade inescapável
que tem ganhado um espaço progressivamente maior no debate dos círculos
jurídicos e de políticas públicas.
* Advogado e Professor. Mestre em Direito Constitucional pela Universidade Federal do Ce-
ará. Mestre em Estudos do Desenvolvimento pelo Institut de Hautes Études Internationales
et du Développement (IHEID), na Suíça. Assessor Jurídico do Centro de Defesa da Criança
e do Adolescente (CEDECA Ceará) e Professor de Direito do Centro Universitário Christus
(UniChristus) em Fortaleza, Ceará. Também possui atuação profissional em Direito Adminis-
trativo, Políticas Públicas e Direitos Humanos. Contato: [email protected].
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4 LEGITIMIDADE DA CONVENÇÃO
A participação popular na elaboração da Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência a nível internacional foi inédita. Foram centenas
de organizações de e para pessoas com deficiência envolvidas no processo e
algumas milhares de pessoas com deficiência diretamente engajadas nos debates
e proposições.
A existência de organizações estabelecidas em rede compostas por nume-
rosas outras ONGs de abrangência local, nacional e regional contribuiu bastante
para a incidência contundente da sociedade civil no processo. Entre os atores
centrais estava a International Disability Alliance, organização guarda-chuva
criada em 1997 envolvendo organizações mundiais de variados segmentos de
deficiência, como a Disabled People’s International (DPI), Inclusion Interna-
tional, Federação Mundial dos Surdos, Federação Mundial dos Surdo-cegos,
União Mundial dos Cegos, Rede Mundial de Usuários e Sobreviventes da
Psiquiatria, e Down Syndrome International. Somaram-se à aliança de organi-
zações mundiais, numerosas organizações regionais e nacionais, com destaque
no contexto latino-americano para a Red Latinoamericana de Organizaciones
No Gubernamentales de Personas con Discapacidad y sus Familias (RIADIS).
A IDA foi assim instrumental no estabelecimento do International
Disability Caucus (IDC), a rede da sociedade civil que foi a principal
responsável por emendas, intervenções e incidência através de pronuncia-
mentos em plenário, bem como informalmente nos corredores do Palais
des Nations e do Palais Wilson42 durante as sessões do Comitê ad hoc em
Genebra, Suíça.43
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreende-se que a soberania popular seria fonte fundamental de
legitimidade do Direito, uma vez que estaria fundada em valores morais com-
partilhados pelo povo – i.e., direitos humanos. O modelo democrático, mesmo
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REFERÊNCIAS
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230 R. Opin. Jur., Fortaleza, ano 11, n. 15, p.213-234, jan./dez. 2011
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Rafael Barreto Souza
1 IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE | Você Sabia? | Datas Comemorativas - Dia Interna-
cional da Pessoa Portadora de Deficiência, IBGE - Você sabia? Disponível em: <http://7a12.ibge.gov.br/voce-sabia/
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2 OMS, Organização Mundial de Saúde, What is being done to improve the daily lives of people with disabi-
lities? WHO, disponível em: <http://www.who.int/features/qa/16/en/index.html>, acesso em: 3 ago. 2013.
3 WENDELL, Susan, The Rejected Body: Feminist Philosophical Reflections on Disability, [s.l.]: Routledge
Chapman & Hall, 1996, p. 18.
4 KAYESS, Rosemary; FRENCH, Phillip. Out of Darkness into Light? Introducing the Convention on the
Rights of Persons with Disabilities, Human Rights Law Review, v. 8, n. 1, p. 1–34, 2008, p. 12.
5 The Disabilities Convention: Towards a Holistic Concept of Rights, The International Journal of Human
Rights, v. 12, n. 2, p. 261–278, 2008, p. 263.
6 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e Justiça Internacional: um estudo comparativo dos sistemas
europeu, interamericano e africano, São Paulo: Saraiva, 2006, p. 8.
7 Artigo1o “A pessoa deficiente mental tem, na máxima medida possível, os mesmos direitos que os demais
seres humanos.” (Declaração sobre os Direitos das Pessoas Deficientes Mentais, 1971)
8 Original: Declaration on the Rights of Mentally Retarded Persons (1971)
9 Original: Declaration on the Rights of Disabled Persons (1975)
10 SCHULZE, Marianne, Understanding The UN Convention on the Rights of Persons with Disabilities:
A Handbook on Human Rights of Persons With Disabilities, 3. ed. New York: Handicap International, 2010.
11 KAYESS; FRENCH, op. cit., p. 24.
12 ONU, Assembleia Geral, United Nations Standard Rules on the Equalization of Opportunities for
Persons with Disabilities adopted by General Assembly Resolution n. A/RES/48/96, 1993.
13 UN ENABLE, Secretariat for the Convention on the Rights of Persons with Disabilities (SCRPD), The
United Nations and Persons with Disabilities Chronology: 1980’s - present, United Nations. Disponível em:
<http://www.un.org/disabilities/default.asp?id=125>, acesso em: 6 ago. 2013.
14 KAYESS; FRENCH, op. cit.
15 Original: Ad Hoc Committee on a Comprehensive and Integral International Convention Protecting the Rights
and Dignity of Persons with Disabilities.
16 KAYESS; FRENCH, op. cit., p. 17–18.
17 SCHULZE, op. cit., p. 18; KAYESS; FRENCH, op. cit., p. 20.
18 CESCR, Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais das Nações Unidas, General Comment
No. 5 (1994): Persons with disabilities (Annex IV), 1994.
19 Comitê com secretariado lotado sob o Escritório do Alto Comissariado de Direito Humanos.
20 LOPES, Laís Vanessa Carvalho de Figueirêdo, Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
da ONU, seu Protocolo Facultativo e a Acessibilidade, Dissertação de Mestrado em Direito, Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP, São Paulo, 2009.
21 KAYESS; FRENCH, op. cit., p. 18–19.
22 COMITÊ AD HOC SOBRE A CONVENÇÃO SOBRE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, Committee
negotiating convention on rights of disabled persons concludes current session. Chairman Says Draft Convention
Sets Out “Detailed Code Of Implementation and Spells Out How Individual Rights Should Be Put into Practice”,
United Nations General Assembly SOC/4680. United Nations. Disponível em: <http://www.un.org/News/
Press/docs/2005/soc4680.doc.htm>,.
23 LOPES, op. cit., p. 54.
24 KAYESS; FRENCH, op. cit., p. 3.
25 LOPES, op. cit., p. 55.
26 KANTER, Arlene S., The Law: What’s Disability Studies Got to Do with It or an Introduction to Disability
Legal Studies, Rochester, NY: Social Science Research Network, 2011, p. 471.
27 DA FONSECA, Ricardo Tadeu Marques. A ONU e o seu conceito revolucionário de pessoa com
deficiência, Todos Nós. Unicamp. Disponível em: <http://styx.nied.unicamp.br/todosnos/noticias/a-
-onu-e-o-seu-conceito-revolucionario-de-pessoa-com-deficiencia/>,. Acesso em: 9 jul. 2012.
28 KAYESS; FRENCH, op. cit., p. 2.
29 ONU, United Nations Treaty Collection, Convention on the Rights of Persons with Disabilities - Status,
United Nations. Disponível em: <http://treaties.un.org/Pages/ViewDetails.aspx?src=TREATY&mtdsg_
no=IV-15&chapter=4&lang=en>, acesso em: 8 jul. 2013.
30 KAYESS; FRENCH, op. cit., p. 22.
31 LOPES, op. cit., p. 74.
232 R. Opin. Jur., Fortaleza, ano 11, n. 15, p.213-234, jan./dez. 2011
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32 Ibid., p. 79–80.
33 A CORDE foi instituída através do Decreto Presidencial no 93.481/1986. Atualmente foi substituída pela Secre-
taria Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência criada a partir do Decreto no 7.256/2010.
34 LOPES,op. cit., p. 79–80.
35 LOPES, Anselmo Henrique Cordeiro, A força normativa dos tratados internacionais de direitos
humanos e a Emenda Constitucional no 45/2004. Jus Navigandi. Disponível em: <http://jus.com.br/
revista/texto/6157/a-forca-normativa-dos-tratados-internacionais-de-direitos-humanos-e-a-emenda-
-constitucional-no-45-2004>. Acesso em: 10 out. 2012.
36 LAFER, Celso, A internacionalização dos direitos humanos: Constituição, racismo e relações inter-
nacionais, [s.l.]: Manole, 2005, p. 17.
37 EMERIQUE, Lilian Balmant; GUERRA, Sidney, A incorporação dos tratados internacionais de direitos
humanos na ordem jurídica brasileira. Revista Jurídica, v. 10, n. 90, p. 1–34, 2008, p. 22.
38 GABSCH, Rodrigo d’Araujo, Aprovação de Tratados Internacionais pelo Brasil: Possíveis opções
para acelerar o seu processo. Brasília: Fundação Alexandre Gusmão - FUNAG, 2010, p. 106.
39 MAGALHÃES FILHO, Glauco Barreira, Hermenêutica Clássica Jurídica, Belo Horizonte: Manda-
mentos, 2002.
40 LOPES, 2009, op. cit., p. 82–83.
41 MELLO, Celso D. de Albuquerque, Curso de Direito Internacional Público, 15. ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 2004, p. 241.
42 Respectivamente, os edifícios da sede da Organização das Nações Unidas e da sede do Escritório do Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, ambos localizados em Genebras, Suíça.
43 IDA, International Disability Alliance, International Disability Alliance - About us, Disponível em:
<http://www.internationaldisabilityalliance.org/en>. Acesso em: 10 jul. 2013.
44 Apresentação, in: DE RESENDE, Ana Paula Crosara de; VITAL, Flavia Maria de Paiva (Orgs.), A
Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência Comentada, Brasília: Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República, 2008, p. 21.
45 CHARLTON, James I. Nothing About Us Without Us: Disability Oppression and Empowerment, [s.l.]:
University of California Press, 1998.
46 MAUS, Ingeborg. In: BARRETO, Martonio Mont’Alverne; ANTONIUK, Elisete (Trad.). O Direito
e a Política: Teoria da Democracia. Belo Horizonte: Del Rey, 2009, p. 56.
47 HABERMAS, Jürgen, Direito e Democracia Entre Facticidade e Validade. 4. ed. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1997, v. 1, p. 115.
48 Ibid., p. 114–115.
49 Ibid., p. 118.
50 Ibid., p. 115;117.
51 Ibid., p. 118.
52 HABERMAS, Jürgen. In: SIEBENEICHLER, Flávio Beno (Trad.). Direito e Democracia Entre
Facticidade e Validade. 4. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997, v. 1, p. 17.
53 MAUS, op. cit., p. 122–123.
54 Ibid., p. 122.
55 Ibid., p. 128.
56 Ibid.
57 Ibid., p. 113.
58 Ibid. p. 36.
59 KANTER, op. cit., p. 443.
60 HABERMAS, op. cit., p. 114.
61 YOUTUBE. Boaventura de Sousa Santos - A cidadania a partir dos que não são cidadãos, Coimbra:
[s.n.], 2012.
62 ARENDT, Hannah. The Origins of Totalitarianism. [s.l.]: Harcourt Brace Jovanovich, 1973, p. 279.
63 SIEBERS, Tobin, Disability and the Right to Have Rights, Disability Studies Quarterly, v. 27, n. 1/2,
2007.
64 YOUTUBE. Boaventura de Sousa Santos, op. cit.
65 SANTOS, Boaventura de Sousa, Poderá o direito ser emancipatório?, Revista Crítica de Ciências
Sociais, n. 65, p. 3–76, 2003, p. 11–12; 27.
66 Ibid., p. 36–37.
67 KAYESS; FRENCH, op. cit., p. 4.
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Rafael Barreto Souza
ABSTRACT
The Convention on the Rights of Persons with Disabilities was
introduced into the Brazilian legal system with a Constitutional
Amendment status, in 2008. This convention was negotiated
with the wider participation of “civil society” ever seen in
the UN, which means unprecedented democratic legitimacy.
This essay aims to present the history process, which led to
the elaboration of this convention with the participation of
“civil society”.
Keywords: International Law. Persons with Disabilities.
Legitimacy.
234 R. Opin. Jur., Fortaleza, ano 11, n. 15, p.213-234, jan./dez. 2011