1125-Texto Do Artigo-3594-1-10-20240607
1125-Texto Do Artigo-3594-1-10-20240607
1125-Texto Do Artigo-3594-1-10-20240607
AUTORES
RESUMO
Introdução: A FAUTI é uma fraqueza muscular que ocorre após um período na UTI, afetando os
membros e músculos respiratórios. Os sobreviventes podem ter qualidade de vida comprometida, maior
necessidade de ventilação mecânica e risco de infecções. O diagnóstico é feito com base no escore
MRC abaixo de 48 por fisioterapeutas. A imobilidade na UTI pode levar à rápida perda de massa
muscular. Objetivo: Avaliar os efeitos da fisioterapia na fraqueza muscular adquirida na unidade de
terapia intensiva (FAUTI). Métodos: Neste estudo, foi realizada uma revisão narrativa de literatura
utilizando bases de dados como Scielo, Lilacs, Pubmed e PEDro. Foram buscados artigos publicados
entre janeiro de 2013 a janeiro de 2023. Os critérios de inclusão foram estudos observacionais, ensaios
clínicos randomizados ou não, com seres humanos adultos entre 18 a 60 anos. Os critérios de exclusão
foram artigos de revisão, estudos com idosos e crianças, e relatos de caso. Resultados: A mobilização
precoce, despertar diário, controle da glicemia, atenção à sedação e eletroestimulação muscular
mostraram-se eficazes na prevenção da FAUTI e na preservação do condicionamento físico,
funcionalidade e massa muscular, resultando em uma melhor reabilitação. A eletroestimulação é
especialmente vantajosa por não depender da colaboração do paciente. Conclusão: A fisioterapia
convencional, o uso de cicloergômetro passivo e a eletroestimulação neuromuscular, quando iniciados
precocemente por um período mínimo de 7 a 14 dias, são eficazes na prevenção e recuperação da
FAUTI.
PALAVRAS - CHAVE
A fraqueza muscular adquirida em unidade de terapia intensiva (FAUTI) trata se de uma condição que foi
descoberta clinicamente que tem como característica fraqueza difusa, assimétrica envolvendo a musculatura de
membros inferiores e superiores, assim como músculos respiratórios. Os pacientes estão suscetíveis a enfrentar a
síndrome a partir de 72 horas de admissão na UTI (DAMACENO, SACON, RODRIGUES, 2021; CHIANG et al.,
2006).
Os sobreviventes à internação em UTI geralmente desenvolvem a fraqueza muscular, estando esta,
relacionada à admissão na UTI. Está associada a deficiências significativas na estrutura e na função do corpo,
trazendo restrições de participação e limitações de atividade, podendo ter um impacto duradouro que persiste por
meses ou anos, onde resulta no declínio da qualidade de vida (ANEKWWE et al., 2019).
As musculaturas que são enfraquecidas, como consequência da FAUTI, envolvem tanto os músculos
periféricos quanto os respiratórios, assim, acaba influenciando significantemente no processo de desmame e
extubação, fazendo com que o uso da ventilação mecânica seja por períodos prolongados, favorecendo a
ocorrência de infecção e o acometimento maior da musculatura (ROQUE et al., 2017).
O diagnóstico pode ser feito através de um profissional fisioterapeuta, capacitado na utilização de
instrumentos, que avaliam a força muscular, destes destaca- se o escore do Medical Research Council (MRC). Tal
método é usado para avaliar força muscular de pacientes em UTI. Basicamente consiste na atuação de um teste,
sendo ele manual e bilateral em 12 grupamentos musculares por meio de 6 movimentos osteocinemáticos,
atribuindo pontuações que variam de 0 (paralisia total) e 5 (força muscular normal). A pontuação final será a soma
de cada grupo muscular, de 0 até 60, sendo uma pontuação abaixo de 48 é indicativa de FAUTI (LATRONICO,
GOSSELINK, 2017).
Devido a imobilidade, a massa muscular pode ser reduzida pela metade em até duas semanas, e
associado a sepse, declinar em 1,5kg por dia. Estudos demonstraram que pessoas saudáveis podem perder de
4% a 5% da força muscular por semana. Nos casos em que a conexão neural para o músculo é destruída, a
atrofia muscular ocorrerá mais rapidamente. A ligação entre hiperglicemia e fraqueza pode estar relacionada aos
efeitos tóxicos da mesma contrariada pelo efeito neuroprotetor e anti-inflamatório da insulina (SILVA, MAYNARD,
CRUZ, 2019).
A FAUTI promove prejuízos que são provocados através da resposta inflamatória sistêmica (SIRS),
afetando assim a morfologia e fisiologia dos músculos esqueléticos e seu sistema de condução. Em mérito das
modificações microvasculares, ocorre a despolarização axonal, resultando em hipoperfusão dos menores
capilares do nervo e minimização da oferta de oxigênio (DO 2). Originando aglomeração de metabólicos ácidos,
como: agentes pró-inflamatórios, que são liberados no momento da sepse e endotoxinas (GODOY et al., 2015).
A taxa de sobrevida de pacientes críticos aumentou de modo expressivo nos últimos anos, tanto no Brasil
quanto no mundo. Em derivações dos avanços tecnológicos em cuidados intensivistas. No Brasil, 55.6% dos
pacientes internados em UTI fazem uso de ventilação mecânica invasiva (VMI). Já nos Estados Unidos da
América (EUA), mais de um milhão de pacientes que são internados, a cada ano, necessitam de VMI (MESQUITA
e GARDEGHI, 2016).
A mobilização precoce tem mostrado redução no tempo para desmame da ventilação e é a base para a
recuperação funcional. A atividade física precoce como uma intervenção segura e viável em pacientes com
estabilidade cardiorrespiratória inclui atividades terapêuticas progressivas, tais como exercícios motores na cama,
sedestação a beira do leito, ortostatismo, transferência para a cadeira e deambulação. Os exercícios têm como
objetivo diminuir o risco de tromboembolismo, manter a movimentação da articulação, comprimento do tecido
muscular, da força e da função muscular (GOSSELINK et al., 2008; NEEDHAM et al., 2019).
Sendo assim, o trabalho terá como finalidade abordar todas as adversidades causadas pela internação na
UTI, e através deste, identificar métodos, através da fisioterapia, que possam minimizar este fato, a fim de que os
pacientes não sofram tanto com as consequências prejudiciais causadas pela FAUTI. Evidenciando assim, o
quanto a fisioterapia é essencial durante o período de internação, visando melhora na qualidade de vida e da
recuperação do paciente.
O estudo consiste em abordar as adversidades e as metodologias, para evidenciar os métodos e
benefícios da fisioterapia visando a recuperação do paciente e na melhora da qualidade de vida após internação.
A Fisioterapia contribui e minimiza as consequências prejudiciais causadas pela FAUTI.
2. OBJETIVO
Avaliar os efeitos da fisioterapia em pacientes com fraqueza adquirida na unidade de terapia intensiva
(FAUTI).
3. MÉTODOS
4. RESULTADOS
As buscas nas bases de dados resultaram em 1.899 artigos, dos quais foram incluídos apenas quatro
estudos que preencheram os critérios de inclusão (Figura 1).
As características dos estudos incluídos nesta revisão estão descritas na Tabela 1.
Figura 1: Fluxograma dos estudos identificados da revisão.
Característica da
Autor / Ano Objetivo Resultados Conclusão
amostra
22 (12%) apresentaram O achado mais
MRC inicial com 0
FAUTI, dos quais 3 importante do estudo
em 42,10% e o
Determinar o efeito de faleceram durante a é o efeito positivo da
maior de 34 em
uma estratégia de internação (13,6%). A reabilitação precoce
10,5%, e após a
Cruz et al 2022 reabilitação em média de idade foi de 36 nos pacientes,
reabilitação, MRC >
pacientes com FAUTI anos, 13 (61,4%) eram alcançando
46 pontos em 78,5%
no noroeste do país. do sexo masculino e 6 pontuação > 46
de dos pacientes (p
(31,6%) do sexo pontos na escala
= 0,001)
feminino. MRC na alta da UTI.
NMES aplicado
diariamente por 14
Após 14 dias, o GC dias consecutivos
Avaliar o tempo
Ensaio clínico apresentou redução reduziu a atrofia
necessário e os efeitos
randomizado em significativa na EM muscular, a
de um protocolo NMES
pacientes com TCE da tibial anterior e incidência de NED e
na arquitetura
criticamente doentes. 60 reto femoral, média fraqueza muscular
muscular, NED e força
Silva et al 2019 participantes foram de - 0,33 mm (- em pacientes com
muscular e, avaliar os
randomizados e 20 14%) e - 0,49 mm (- TCE gravemente
efeitos na inflamação
completaram o ensaio 21%), p < 0,0001, doentes. Foram
sistêmica plasmática,
de cada grupo (GC e respectivamente, necessários pelo
respostas catabólicas
GNMES). enquanto a EM foi menos 7 dias de
e resultados clínicos.
preservado. NMES para obter os
primeiros resultados
significativos.
A EMQ permaneceu
A aplicação precoce
inalterada em
24 pacientes (51±18,11 do exercício passivo,
ambos os grupos
anos, 16 do sexo com cicloergômetro,
após a
Avaliar os efeitos do masculino), com 24 a 48 associado à
implementação do
exercício passivo horas de VM, fisioterapia
protocolo. Não
precoce em aleatoriamente divididos convencional, não
houve diferenças
cicloergômetro na em dois grupos: GC promoveu alterações
significativas na
Carvalho et al EMQ de pacientes (n=12), fisioterapia na EMQ. Os
EMQ esquerda e
2017 críticos admitidos em convencional; e GI resultados sinalizam
direita. Na
uma UTI de um (n=12), exercício que a fisioterapia
comparação entre
hospital universitário passivo em convencional
os grupos, não
terciário. cicloergômetro, 1 vez/dia preservou a EM de
houve alterações
ao dia, durante 7 dias + pacientes críticos na
significativas em
FC. 1° semana de
relação à EMQ
permanência na UTI.
esquerda.
Avaliar os efeitos da
Ensaio clínico Houve aumento
realização de
randomizado com 38 significativo da força
exercícios passivos
pacientes (idade > 18 muscular periférica Os resultados
com um
anos) em VM. GC (n = (basal vs. final) tanto sugerem que a
cicloergômetro,
16), fisioterapia no GC (40,81 ± 7,68 realização de
associada à
convencional, e GI (n = vs. 45,00 ± 6,89; p < mobilização passiva
fisioterapia
22) fisioterapia 0,001) quanto no GI contínua de forma
convencional, na força
convencional + (38,73 ± 11,11 vs. cíclica auxilia na
muscular periférica, no
exercícios passivos em 47,18 ± 8,75; p < recuperação da força
tempo de VM e no
Machado et al cicloergômetro 5 0,001). O aumento muscular periférica
tempo de internação
2016 vezes/semana. Média de da força foi maior no de pacientes
hospitalar em
idade 46,42 ± 16,25 GI que GC (8,45 ± internados em UTI.
pacientes críticos
anos, e 23 eram 5,20 vs. 4,18 ± 2,63;
internados em UTI de
homens. p = 0,005).
um hospital
universitário terciário.
Legenda: MRC – Medical Research Council, NMES – Eletroestimulação Neuromuscular, NED – Eletrofisiológica
Neuromuscular, TCE – Traumatismo Cranioencefálico, EM – Espessura Muscular, EMQ – Espessura muscular do
quadríceps femoral, VM – Ventilação Mecânica, FC – Fisioterapia Convencional, GI – Grupo Intervenção e GC –
Grupo Controle.
5. DISCUSSÃO
6. CONCLUSÃO
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DAMACENO, G.S. Efeitos da fisioterapia motora no paciente com fraqueza muscular adquirida na Unidade de
Terapia Intensiva. Revista Brasileira Interdisciplinar Saúde - ReBIS. vol.3, n.3 pp.:74, 2021
CHIANG, L. L. Efeitos do treinamento físico sobre o estado funcional de pacientes com ventilação mecânica
prolongada. Physical Therapy, v. 86, n. 9, p.1271, 2006.
ANEKWE, D.E. Early rehabilitation reduces the likelihood of developing intensive care unit-acquired weakness: a
systematic review and meta-analysis. Container: Physiotherapy, v. 107, p. 1-10, 2019. DOI:
10.1016/j.physio.2019.12.004
GODOY, D.M. Fraqueza Muscular Adquirida Na UTI (ICU-AW): Efeitos Sistêmicos Da Eletroestimulação
Neuromuscular Muscular Weakness Acquired in ICU (ICU-AW): Effects of Systemic Neuromuscular Electrical
Stimulation. Revista Brasileira de Neurologia, vol. 51, n. 4, pp. 110–113, 2015. files.bvs.br/upload/S/0101-
8469/2015/v51n4/a5409.pdf.
MESQUITA, T.M. Imobilismo e fraqueza muscular adquirida na unidade de terapia intensiva. Revista Brasileira
de Saúde Funcional, v.1, n. 3, p.47-53, 2016.
GOSSELINK, R. Physiotherapy for adult patients with critical illness: recommendations of the European
Respiratory Society and European Society of Intensive Care Medicine Task Force on Physiotherapy for Critically Ill
Patients. Intensive Care Medicine, v. 34, p.1188–1199, 2008. DOI 10.1007/s00134-008-1026-7 2008
NEEDHMAN, D.M. Mobilizing patients in the intensive care unit: improving neuromuscular weakness and physical
function. The Journal of the American Medical Association, v. 300, n. 14, p.1685-1692, 2019.
LATRONICO, N.; GOSSELINK, R. Abordagem dirigida para o diagnóstico de fraqueza muscular grave na unidade
de terapia intensiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 27, n.?, p.?, 2015. https://doi.org/10.5935/0103-
507x.20150036
ROQUE, S.M. Utilização do escore Medical Research Council (MRC) e da dinamometria de preensão palmar
no diagnóstico de fraqueza muscular adquirida em unidade de terapia intensiva (UTI): revisão
bibliográfica. Monografia. Pós-Graduação Fisioterapia em Terapia Intensiva. Biocursos Pós-graduação. 2017.
SILVA, A.P.P.; MAYNARD, K.; CRUZ, M.R. Efeitos da fisioterapia motora em pacientes críticos: revisão de
literatura. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, vol. 22, n. 1, pp. 85–91, 2010. https://doi.org/10.1590/s0103-
507x2010000100014
CARVALHO, M.T.X.; LUDKE, E.; CARDOSO, D.M.; PAIVA, D.N.; SOARES, J.C.; ALBUQUERQUE, I.M. Efeitos do
exercício passivo precoce em cicloergômetro na espessura muscular do quadríceps femoral de pacientes críticos:
estudo-piloto randomizado controlado. Fisioterapia & Pesquisa, v. 26, n. 3, p. 227-234, 2019.
CRUZ, B.L.M.; CAMPANÃ, J.C.R.; BARRAZA, A.M.; ALVARADO, L.S.; DIAZ, C.A. Efecto de una rehabilitación
temprana en pacientes com debilidad adquirida en la Unidad de Cuidados Intensivos. Medicina Critica, v. 36, n.
1, p. 39-44, 2022.
SILVA, P.E.; et al. Neuromuscular electrical stimulation in critically ill traumatic brain injury patients attenuates
muscle atrophy, neurophysiological disorders, and weakness: a randomized controlled trial. Journal of Intensive
Care, v. 7, n. 59, p. 1-13, 2019.