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Desde de 1930, com a crise do setor exportador, a política cambial por meio da
substituição das importações se destacou como uma das principais ferramentas de
incentivo a industrialização. Estudiosos da Comissão Econômica para América Latina e Caribe - CEPAL, Celso Furtado e Raúl Prebisch, foram os responsáveis pela teoria dos choques adversos e explicam esse momento. Segundo os autores, as crises vivenciadas pelo setor exportador deram condições para que a economia se voltasse para o mercado interno, com isso o setor industrial obteve impulso no país (FONSECA, 2009).
No governo de Getúlio Vargas (1930-1945) A Esperança que opós-guerra conduzisse a
uma "normalização" da divisão internacional do trabalho possibilitando ao Brasil recu- perar seu tradicional modo de expansão agro-exportador mediante sua inserção no comércio internacional conforma um sonho sebas- tiânico e restaurado: que anima os primeiros anos da administra- ção Dutra. Por meio do financiamento de estoques com empréstimos externos ou com expansão de crédito, como mecanismo de assegurar emprego e renda ao setor com representatividade na economia e assim conter os efeitos da crise, o governo passou a defender a política de substituição de importações, com o objetivo de importar máquinas e equipamentos necessários para o processo de industrialização brasileira, caracterizada pela manipulação da taxa de câmbio e o controle seletivo das importações.
Em 1948, com a criação da Comissão Econômica para América Latina (CEPAL),
pesquisadores realizaram estudos com objetivo de entender os entraves para o crescimento econômico dos países da América Latina. Identificaram que para superar o subdesenvolvimento, o Estado deveria incentivar a industrialização e em decorrência dessa escola, as décadas de 50 e 60 foram influenciadas por esse pensamento.
Diante disso, o governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) implantou um programa de
investimentos jamais visto no país, conhecido como Plano de Metas. Foram investimentos importantes em infraestrutura e paralelo a isso, criaram condições para que a indústria brasileira se fortalecesse. NOTA DE RODAPÉ: Ao final dos anos 60, conhecido como milagre econômico brasileiro (1968-1973), possibilitou a indústria se consolidar muito em função de uma política cambial que favorecia as importações de equipamentos e matérias-primas
GRÁFICO: Brasil: Comparação de Indicadores Macroeconômicos: 1964-1967 e 1968-
1973 - Neste período é possível observar, conforme o Quadro 1, a evolução do crescimento experimentado pelo Brasil, antes e durante o milagre econômico. A fragilidade do país tornou-se evidente em 1982, após a moratória mexicana. A partir daí, o Brasil deixou de ser receptor e tornou-se emissor de capitais, ou seja, os credores passaram a exigir o pagamento dos empréstimos concedidos no período anterior. Intensificou- se a desvalorização da moeda e o país passou a apresentar taxas cada vez mais elevadas de inflação e baixas taxas de crescimento (BAHRY e PORCILE, 2004).
Além disso, em 1973 ocorreu o primeiro choque do petróleo, um aumento expressivo
do preço do barril, que por sua vez, elevou o preço dos insumos energéticos e de matérias- primas o que provocou aumento dos custos industriais, ocasionando uma resseção internacional.
Em resposta à crise do petróleo, o governo brasileiro lança em 1975 o II Plano
Nacional de Desenvolvimento (PND), com objetivo de investir e incentivar alternativas de energias renováveis, entre outras ações, inclusive foi nesse momento que foi criado o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), como alternativa para substituição de combustíveis derivados de petróleo por álcool.
Em agosto de 1982, o México declara moratória e após as eleições de novembro, o
Brasil passa a fazer parte do grupo de devedores problemáticos, recorrendo ao FMI. O aumento das taxas de juros internacionais e, consequentemente, o crescimento repentino do ônus da dívida são as causas mais imediatas da deficiência de divisas externas no caso brasileiro (BAHRY e PORCILE, 2004). NOTA DE RODAPÉ: década de 80 ficou conhecida como “A Década Perdida”, o país passou por uma recessão, no sentido de conter a crise da dívida externa e o aumento da inflação.
Já no início da década de 90, o governo Collor passou a adotar as medidas
fundamentadas no consenso de Washington. Observa-se uma ruptura sobre o modo de conduzir a economia brasileira, que passa a predominar o desenvolvimento sobre a perspectiva do pensamento neoliberal, pondo um fim a política de proteção à indústria local (substituição das importações), imposta desde a década de 30.
Dentro do governo Itamar Franco, sob responsabilidade de Fernando Henrique Cardoso
como Ministro da Fazenda, é lançado o Plano Real, com objetivo de estabilizar a economia brasileira que vinha sofrendo com altos índices de inflação. As políticas adotadas do Plano Real, somadas à continuidade da abertura do país aos capitais estrangeiros e a manutenção de um diferencial elevado de taxas de juros permitiram que a moeda nacional ganhasse valor frente ao dólar. Por conta de problemas internos, tais como a falta de comprometimento por parte do governo com o equilíbrio fiscal, a supervalorização cambial e a eleição presidencial de outubro de 1998, desestabilizaram ainda mais a economia brasileira. Em dezembro de 1998, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e países industrializados anunciaram um pacote de ajuda ao Brasil de US$ 41,5 bilhões. A partir disso, o governo brasileiro, em janeiro de 1999, modificou sua política cambial para um regime de câmbio flutuante, premido a isso pelos ataques especulativos que, nos últimos meses, reduziram suas reservas cambiais.
Ao final da década de 90, a liberalização comercial possibilitou ao país um salto na
importação de produtos mais baratos e com qualidade aos similares produzidos no país. Por outro lado, impôs à indústria local obter ganhos de eficiência produtiva de forma a responder rapidamente à pressão da concorrência internacional.
GRÁFICO:Evolução das exportações e das importações em (US$ bilhões) e da taxa de
câmbio real no Brasil – 1990-2014 - A partir dos anos 2000, conforme o Gráfico 3, nota-se um boom das exportações brasileiras, tendo em vista uma crescente participação dos produtos primários.
Reflexo de uma política cambial no governo Lula, pautado na apreciação cambial com objetivo de assegurar a inflação, afetou de forma desproporcional a indústria brasileira e estimulou as importações de produtos industriais.