4 Assepsia: Conceitos Básicos e Técnicas

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Tópico 04

Biossegurança e Saúde Ambiental

Assepsia: conceitos básicos e


técnicas

1. Introdução
Estudamos nos tópicos anteriores como ocorre a transmissão de doenças e o controle
de infecções relacionadas a serviços de assistência à saúde. Além do uso de EPIs,
outras medidas de biossegurança são essenciais nesse processo, e vamos conversar
sobre elas neste tópico: assepsia, antissepsia, higienização das mãos, desinfecção e
esterilização.

A assepsia é o conjunto de ações utilizadas para impedir a entrada de micro-


organismos num ambiente ou organismo. Em contrapartida, a antissepsia inclui
métodos adotados para reduzir ou inibir a população de microrganismos existentes
num dado local.

Ambas se aplicam a camadas superficiais ou profundas da pele, mucosas ou


superfícies e fazem uso de diferentes agentes antissépticos, degermantes ou
desinfetantes.
Higienização do ambiente hospitalar.


Não esqueça!

A higienização das mãos dos profissionais de saúde, a limpeza e a desinfecção


de superfícies são fundamentais para a prevenção e redução das infecções
relacionadas à assistência à saúde.
Vamos estudar mais sobre isso?

2. Higienização das mãos


As mãos são consideradas as principais ferramentas dos profissionais que atuam nos
serviços de saúde, pois é através delas que eles executam suas atividades. Porém,
devemos considerar que elas são também a principal ponte entre um paciente
infectado e outro não infectado e merecem atenção especial por parte dos
profissionais de saúde e de toda a população.

Transmissão de micro-organismos através das mãos.

Assim, a segurança dos pacientes depende da higienização cuidadosa e frequente,


utilizando-se água e sabão, álcool em gel ou antisséptico degermante e cada um
desses procedimentos apresenta indicação distinta. Atenção! Algumas questões
interferem diretamente na higienização das mãos e não devem ser esquecidas:
utilizar unhas curtas e retirar adornos como anéis, alianças, pulseiras e relógios.

Vamos entender as diferentes possibilidades de higienização das mãos a seguir.

A higiene das mãos com preparação alcoólica, sob a forma de gel na


concentração final mínima de 70%, é capaz de reduzir o número de micro-
organismos presentes na pele. O álcool pode ser utilizado de forma complementar à
lavagem de mãos, por exemplo, quando estas não estiverem visivelmente sujas, antes
e depois de ter contato com o paciente, antes de realizar procedimentos assistenciais
e manipular dispositivos invasivos.


Importante: a higienização com álcool não substitui a higienização com
água e sabão! No uso do álcool, deve ser feita fricção das mãos durante 20 a
30 segundos e não há necessidade de enxague em água ou secagem com
papel toalha.
Dispenser para álcool em gel.

A degermação ou higiene antisséptica das mãos é o ato de higienizar as mãos


através da escovação com água e sabão associado a agente antisséptico para
diminuição do número de micro-organismos patogênicos. Sabões e detergentes
removem a maior parte da flora microbiana existente nas camadas superficiais da
pele, mas não conseguem remover aquela que coloniza as camadas mais profundas
ou flora residente. A degermação destina-se ao preparo para procedimentos invasivos
e nos casos em que há presença de micro-organismos multirresistentes.
A higiene simples das mãos se resume em higienizar as mãos com água e sabão e,
de forma geral, é suficiente para as atividades rotineiras sociais e para a maioria das
práticas nos serviços de saúde. Remove sujidade, suor, oleosidade, pelos e células
descamativas, além de micro-organismos considerados como microbiota transitória
habitualmente presente na pele.

Como a higiene simples das mãos é o procedimento básico para


qualquer profissional de saúde, vamos estudá-lo detalhadamente!

Alguns cuidados devem ser tomados durante o procedimento para que a técnica seja
realmente efetiva, a começar pelo tempo dedicado à higienização, que deve variar
entre 40 e 60 segundos.

Os recursos utilizados na higienização das mãos também influenciam diretamente na


sua eficácia. Recomenda-se a utilização de sabão líquido ou em espuma que
favorecem a remoção de sujidades, detritos e impurezas da pele e reduzem o risco de
contaminação durante o manuseio. Tais produtos devem preferencialmente ser
registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ter boa aceitação
por parte dos usuários, podendo apresentar ou não leve fragrância sem promover o
ressecamento da pele. Os lavatórios ou pias devem ser de fácil acesso, estar sempre
limpos e desimpedidos e serem destinados exclusivamente para esse fim, possuindo
dimensão suficiente para que o profissional não encoste acidentalmente em sua
superfície. Preconiza-se que a torneira possa ser acionada por sensor, sem contato
das mãos, prevenindo a contaminação. Os dispositivos de sabão e papel toalha (não
reciclado e de boa qualidade) devem prever o mínimo de contato manual possível. É
necessário ainda que haja uma lixeira com levantamento da tampa por pedal para
descarte do papel toalha. Toalhas de tecido e sabonete em barra não podem fazer
parte do procedimento.


Quem deve lavar as mãos?

Todos os profissionais que trabalham em serviços de saúde, que mantêm


contato direto ou indireto com os pacientes e que manipulam medicamentos,
alimentos e material estéril ou contaminado.

Familiares, acompanhantes e visitantes também precisam higienizar as mãos


antes e depois do contato com os pacientes.

MAS AFINAL: COMO LAVAR AS MÃOS?

Para a higienização das mãos com água e sabão, também chamada de higienização
simples das mãos, devemos seguir 12 passos muito importantes! Não deixe de assistir
ao vídeo ao final da lição ilustrando o procedimento completo!

Acompanhe o passo a passo:


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3. Limpeza, desinfecção e esterilização


Considerando as medidas de biossegurança voltadas para o ambiente, superfícies e
artigos utilizados em serviços de saúde, podemos utilizar três diferentes mecanismos:
limpeza ou descontaminação, desinfecção e esterilização.

Limpeza é o processo mecânico de remoção de sujidades e detritos mediante o uso


de água e detergente, utilizando escovas ou esponjas e enxague. Voltada para artigos,
pisos, paredes, mobiliários e equipamentos. Permite a redução do número de micro-
organismos e sujidades de uma superfície ou objeto, tornando este mais seguro para
o manuseio. A limpeza sempre deve ocorrer antes da desinfecção ou esterilização,
pois uma boa limpeza aumenta o contato dos agentes desinfetantes e esterilizantes
com o artigo. Possíveis resíduos orgânicos, como sangue e fragmentos de tecido,
precisam ser retirados adequadamente durante o processo de limpeza, para não
prejudicar as etapas seguintes (desinfecção ou esterilização).

Na desinfecção, ocorre a eliminação dos micro-organismos patogênicos através da


aplicação de meios físicos ou químicos (desinfetantes). Nessa modalidade, as formas
esporuladas não são eliminadas. Esse processo pode ser aplicado em artigos,
superfícies inertes e mobílias utilizadas em assistência à saúde. Os métodos de
desinfecção podem ser físicos, por ação térmica, ou químicos, pelo uso de
desinfetantes. Os físicos são os equipamentos de pasteurização como desinfetadoras e
lavadoras de descarga. Os desinfetantes mais utilizados são à base de aldeídos, ácido
peracético, soluções cloradas e álcool.

A esterilização é capaz de destruir todas as formas de vida microbiana (bactérias


nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e vírus) e utiliza agentes físicos e ou
químicos aplicados a objetos inanimados. Toda esterilização deve ser precedida da
lavagem do artigo para remoção de detritos. São chamados de esterilizantes os meios
físicos (calor, filtração, radiações e outros) capazes de eliminar todas as formas
microscópicas de vida. A esterilização é um conceito absoluto: o material é
esterilizado ou é contaminado, não existe meio termo. O uso de autoclave é
recomendado para esterilização, com tempo de exposição ao calor e temperatura
variando entre os equipamentos. É considerado o processo de esterilização de artigos
hospitalares que oferece maior segurança, por utilizar vapor saturado sob pressão.
Esterilização em autoclave.

Entretanto, são utilizados na prática clínica artigos produzidos com materiais


complexos e que não suportam o uso de vapor ou altas temperaturas, exigindo
esterilização com métodos de baixa temperatura e agentes químicos, como óxido de
etileno, plasma, ozônio, radiação gama glutaraldeído e ácido peracético.

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E como devemos selecionar os produtos que passam por limpeza,
desinfecção ou esterilização?

Os artigos utilizados em serviços de assistência à saúde podem ser classificados em


críticos, semicríticos e não-críticos de acordo com o tipo de procedimento em que
estão envolvidos. Essa classificação norteará a escolha do processo de desinfecção ou
esterilização a ser utilizado.

São classificados como críticos ou instrumentos de corte ou ponta que penetram nos
tecidos sub-epiteliais ou entram em contato com secreções consideradas
contaminantes. Apresentam alto risco de infecção, pois podem ser contaminados com
qualquer micro-organismo. Devem ser obrigatoriamente esterilizados. Exemplos:
pinças e bisturis.

Instrumentos semicríticos são aqueles que entram em contato com a mucosa ou pele
não íntegra. Quando esses artigos apresentam dificuldades técnicas e riscos inerentes
aos processos de desinfecção química, deve ser aplicada a esterilização. Exemplos:
acessórios para assistência respiratória, endoscópios, espéculos e lâminas para
laringoscopia.

Os instrumentos não críticos entram em contato apenas com a pele íntegra ou não
entram em contato com o paciente. Devem ser desinfetados. Exemplos: termômetro e
aparelho de raio X.

4. Conclusão
Este tópico abordou os processos de assepsia utilizados em serviços de assistência à
saúde incluindo higienização das mãos e métodos de limpeza, desinfecção e
esterilização. Esse conteúdo é de aplicação diária para os profissionais de saúde e sua
correta aplicação favorece a construção de ambientes, serviços e procedimentos
biosseguros.

5. Referências
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Limpeza e Desinfecção de
Superfícies. 2010. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-
br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/manual-de-
limpeza-e-desinfeccao-de-superficies.pdf/view Acesso 26 jun. 2023.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Higienização das Mãos. 2009.


Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/seguranca_paciente_servicos_saude_
higienizacao_maos.pdf>. Acesso em 12 fev. 2019.

BRASIL. Manual orienta profissionais de saúde sobre a higiene das mãos.


2016. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/noticias/saude/2016/05/manual-
orienta-profissionais-de-saude-sobre-a-higiene-das-maos> Acesso em 12 fev. 2019.

SEMEÃO, Lucas Emmanuel da Silva; ALMEIDA, Ayla Carolina de; KEMMELMEIER,


Ernesto Guilherme. Antissepsia em serviços de saúde: revisão sobre a
Utilização do álcool, do triclosan e da clorexidina em

Serviços de saúde. 2011. Disponível em: Procedimento Operacional Padrão:


Higienização das mãos. 2015. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-
br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/huac-ufcg/acesso-a-
informacao/boletim-de-servico/pops/2020/dezembro-2020/16-pop-001-nsp-
higiene-das-maos.pdf

RAZABONI, Ana Maria. Biossegurança. 2004. Disponível em:


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