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WBA0773_v1.

APRENDIZAGEM EM FOCO

PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Neide Roddriguez Barea

A disciplina Psicopedagogia Clínica aborda o processo de diagnóstico


na clínica psicopedagógica e as técnicas de investigação acerca
das dificuldades de aprendizagem. São analisados as etapas do
processo de diagnóstico clínico; o olhar sobre o aprendente, a
família e a escola diante da queixa; a construção de diagnósticos
personalizados; a escuta ativa; e o levantamento de hipótese
diagnóstica. Além disso, discutem-se a atitude e a postura do
psicopedagogo clínico no processo de diagnóstico e a elaboração do
informe psicopedagógico. Trata-se das primeiras ações e etapas que
ocorrem a partir da recepção do aprendente e que vão sustentar as
posteriores práticas de intervenção psicopedagógica.

Dessa forma, a disciplina tem como principais objetivos:

• Desenvolver uma postura acolhedora, ética e respeitosa diante


dos envolvidos no processo de diagnóstico.

• Conhecer profundamente as técnicas de investigação sobre as


dificuldades de aprendizagem.

• Relacionar as queixas de aprendizagem com as hipóteses


diagnósticas.

• Construir processos de diagnósticos psicopedagógicos


personalizados.

• Correlacionar os dados obtidos para eleger as hipóteses


diagnósticas.

• Sintetizar ideias e percepções sobre as hipóteses e produzir o


informe psicopedagógico.
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Você está convidado a participar e aprender mais sobre esse
interessante, mas ainda não tão conhecido, assunto!

INTRODUÇÃO

Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira


direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática
abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar
reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática
profissional. Vem conosco!

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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 1

Diagnóstico clínico e queixas


de aprendizagem
______________________________________________________________
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea
DIRETO AO PONTO

Na maioria das vezes, a Psicopedagogia Clínica ocorre em


consultórios ou clínicas multidisciplinares particulares. É a área
de atuação em que o psicopedagogo tem como um de seus
principais objetivos oferecer recursos e atividades específicas
para que o indivíduo em atendimento, que iremos chamar de
aprendente, seja capaz de retomar o seu desenvolvimento cognitivo
e, consequentemente, a capacidade de aprender. Para que isso
aconteça, o profissional deve estabelecer uma relação terapêutica
com o aprendente, em geral crianças em idade escolar, cuja principal
queixa de encaminhamento é a ausência de aprendizagem ou o
“não aprender”.

O trabalho clínico exige que o psicopedagogo tenha uma postura


de questionamento constante e busque a compreensão do motivo
de aquele aprendente não estar aprendendo aquilo que deveria
e da forma como deveria ou, ainda, como a escola espera que ele
deveria estar aprendendo. Assim, o diagnóstico clínico auxilia na
busca dessas respostas por propiciar uma “leitura” da realidade do
aprendente, o que irá subsidiar o planejamento e a realização das
atividades de intervenção.

A função do diagnóstico psicopedagógico é investigar de forma


aprofundada as capacidades de aprendizagem do aprendente.
Ele se inicia na análise da “queixa” (motivo de uma consulta ou
de encaminhamento) e termina na devolução dos resultados do
processo de avaliação. A queixa é comunicada ao psicopedagogo
pela família, pela escola e pelo próprio aprendente, visto
que a família e a escola são as maiores responsáveis pelos
encaminhamentos dos indivíduos, especialmente crianças e
adolescentes.

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A maioria das queixas é referente às dificuldades de aprendizagem
escolares como problemas na leitura, na escrita, no cálculo e no
raciocínio lógico-matemático, entre outras correlacionadas. No
entanto, os olhares da família, da escola e do aprendente nem
sempre coincidem em relação às dificuldades que motivam a queixa,
e, por isso, o psicopedagogo deve saber como analisar os pontos
mais importantes a serem investigados no diagnóstico.

Os instrumentos de investigação psicopedagógicos clínicos


permitem a obtenção de uma visão mais global sobre a forma de
aprender do indivíduo e as dificuldades que ocorrem no processo.
Serão coletados os dados sobre a sua vida biológica, intrapsíquica
e social de forma única, por meio da anamnese, que é um roteiro
padronizado com questões sobre o desenvolvimento da gestação
até os dias atuais, como problemas eventuais no desenvolvimento
intrauterino, no pré-natal e no parto; o desmame; o controle dos
esfíncteres; a aquisição da linguagem; entre ou¬tros aspectos.

Aqui é essencial o desenvolvimento do rapport, que é a sensação de


que há sincronia entre as pessoas envolvidas em um relacionamento
mais próximo, como o do paciente e do terapeuta. Deve haver
uma escuta acolhedora e respeitosa da queixa dos envolvidos no
encaminhamento: familiares ou responsáveis, escola e o próprio
sujeito, geralmente a criança ou o adolescente.

Os focos de análise do psicopedagogo sobre a queixa podem ser


visualizados no quadro a seguir:

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Quadro 1 – Focos de análise da queixa pelo psicopedagogo

Analisar por que se tornou


necessário o encaminhamento
da criança/adolescente ao
psicopedagogo; quando os
problemas apresentados se
iniciaram; se há problemas
comportamentais associados à
aprendizagem; a intensidade e a
Família
frequência; se estes ocorrem em
outros lugares além da escola;
e como a família enfrenta as
dificuldades de aprendizagem
do sujeito. Verificar se foram
feitos outros atendimentos com
profissionais da área de ajuda e o
que foi constatado.

Conhecer o significado da “não


aprendizagem” pela escola;
como esta vê a criança; se tem a
perspectiva de que as dificuldades
sejam superadas; se a criança/
sujeito está inserida na sala de
aula ou se já a considera excluída;
Escola
o tipo de relacionamento que a
escola e o docente estabelecem
com a criança e a família; as
estratégias que utilizam a fim de
auxiliá-la a melhorar a sua condição
de aprendizagem; entre outros
aspectos.

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Analisar a queixa a partir da ótica
do sujeito, estabelecendo um
vínculo acolhedor e respeitoso e
informando a ele sobre os objetivos
dos encontros psicopedagógicos.
Conhecer a perspectiva do sujeito,
Aprendente
mesmo que seja uma criança, sobre
os seus supostos problemas de
aprendizagem é imprescindível,
já que ele é o elemento mais
importante de todo o processo de
investigação clínica.

Fonte: elaborado pela autora.

PARA SABER MAIS

É muito importante conhecer o roteiro de anamnese, pois ele


é um dos principais instrumentos do processo de diagnóstico
psicopedagógico. O roteiro a seguir foi adaptado a partir de Weiss
(2007).

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Quadro 2 – Roteiro de Anamnese
ROTEIRO DE ANAMNESE
Identificação
Nome da criança: Idade (em anos e meses):
Nome dos pais: Idade dos pais:
Profissão dos pais: Sexo, idade e seriação dos filhos:
Antecedentes hereditários
Doenças da criança, pais e avós (aparelho circulatório, digestivo, respiratório;
neurológicas e mentais)
Antecedentes pessoais
A) Gestação
Planejamento da gestação: Aceitação/rejeição:
Pré-natal: Enjoos, vômitos:
Infecções (rubéola, toxoplasmose, sífilis):
B) Parto Cesariana ou normal
Anoxia: Peso e altura:
C) Aspectos do desenvolvimento da criança
Desenvolvimento motor Desenvolvimento da linguagem
Sustentou a cabeça aos: Choro voluntário aos:
Sentou aos: Primeiras palavras aos:
Engatinhou aos: Uso do pronome eu aos:
Andou aos: Primeiras frases aos:
Compreensão e expressão atual:
D) Sono nos primeiros meses e anos:
Medo de dormir sozinho: Distúrbios do sono (pesadelos, fala noturna,
sonambulismo):
E) Alimentação
Alimentação nos primeiros meses: Desmame:
Distúrbios do apetite: Hábitos alimentares atuais:
Independência para se alimentar:
F) Educação esfincteriana (treino de toilette)
Início: Métodos empregados:
Controle total aos: Enurese (urinar na calça):
Encoprese (defecar na calça): Independência no vaso sanitário e banho:
G) Socialização
Facilidade para fazer amigos: Liderança:
Extroversão ou introversão: Brincadeiras preferidas:
H) Escolaridade
Relacionamento social (colegas e Rendimento acadêmico:
professores):
Dificuldades escolares: Organização do material e das tarefas
escolares:
I) Condições ambientais
Condições sociais, econômicas e culturais Condições de habitação (residência e
familiares: arredores):
Atividades de cultura e lazer:
J) Constelação afetiva: relações afetivas familiares
Relação conjugal dos pais: Métodos disciplinares utilizados:
Nível de conflitos e modos de resolução:

Fonte: adaptado de Weiss (2007, p. 63).


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Na internet, existem muitos modelos de anamnese que você poderá
analisar e adotar na sua prática como psicopedagogo clínico.

Referências

WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos
problemas de aprendizagem escolar. 12. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.

TEORIA EM PRÁTICA

Sabemos que a perspectiva do aprendente sobre os seus problemas


de aprendizagem é fundamental na avaliação diagnóstica por ser
o foco da investigação, mas nem sempre é fácil obter esses dados.
Ouvir o sujeito sobre o motivo da avaliação psicopedagógica objetiva
a análise de sua visão sobre o que está acontecendo e estabelece o
acolhimento e o respeito entre ele e o psicopedagogo.

No entanto, as crianças têm dificuldades para falar sobre as suas


dificuldades quando se encontram diante de uma pessoa estranha,
pois esse é um assunto que gera constrangimento e tristeza.
Choram e podem pedir a presença dos pais ou dos responsáveis e
para sair da sala.

Nesses casos, o que o psicopedagogo pode fazer quando a criança


em avaliação não consegue se expressar verbalmente sobre a
queixa ou está chorando e tensa? Deve-se estimulá-la a verbalizar o
que sente sobre os motivos de estar na avaliação ou desistir de ouvir
a sua versão? O que você faria se estivesse nessa situação?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

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LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

O diagnóstico psicopedagógico é uma espécie de intervenção feita


pelo psicopedagogo por meio de observações e estudos, cujo
objetivo é viabilizar os métodos de prevenção para o processo de
aprendizagem com dificuldades e analisar o que está causando
essas dificuldades de aprendizagem da criança, o que requer
responsabilidade e esmero. Dessa forma, o livro apresenta critérios
importantes e estuda o método de atuação da Psicopedagogia e a
sua essencialidade na atividade educacional contemporânea.

CARVALHO, Rosângela Soares. Diagnóstico psicopedagógico. São


Paulo: Cengage Learning, 2016.

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Indicação 2

O livro indicado tem o objetivo de apresentar a Psicopedagogia


Clínica com base nos fundamentos teóricos e práticos do processo
de avaliação psicopedagógica de crianças e adolescentes com
dificuldades de aprendizagem. O propósito é orientar o futuro
psicopedagogo desde as ações iniciais, como as entrevistas com os
pais, as provas, os testes com as crianças, e a anamnese, até o final
do processo.

NOGUEIRA, Makeliny Oliveira Gomes; LEAL, Daniela. Psicopedagogia


Clínica: caminhos teóricos e práticos. São Paulo: Intersaberes, 2014.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Sobre o conceito de queixa no diagnóstico psicopedagógico,


assinale a alternativa correta:

a. É o que está sendo percebido pelos pais e pela escola.


b. É o que está escrito na carta de encaminhamento da escola.
c. É o que está sendo percebido pelo psicopedagogo.

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d. É o que está sendo relatado pelos pais, pela escola e pelo sujeito.
e. É o que está sendo relatado pelo sujeito da avaliação.

2. O que são distúrbios de aprendizagem?

a. Problemas de aprendizagem cujas causas se encontram em


comprometimentos no Sistema Nervoso Central do sujeito.
b. Dificuldades de aprendizagem cujas causas se encontram na
metodologia de ensino e na avaliação escolar.
c. Problemas de aprendizagem cuja causa se encontra em
conflitos emocionais do sujeito.
d. Comprometimentos significativos na linguagem causados por
déficits motores.
e. Dificuldades de aprendizagem cujas causas se encontram em
questões psicopedagógicas e/ou socioculturais.

GABARITO

Questão 1 - Resposta D
Resolução: A queixa é sempre o conjunto de motivos relatados
por todos os envolvidos no processo de encaminhamento do
sujeito para a avaliação, inclusive o próprio sujeito. As demais
estão incorretas, porque contemplam apenas um dos envolvidos
no processo de encaminhamento, o sujeito ou o psicopedagogo.
Questão 2 - Resposta A
Resolução: O termo distúrbio de aprendizagem pressupõe
que a causa dos problemas apresentados seja a existência de
comprometimentos do Sistema Nervoso Central, como a dislexia.
As demais alternativas se relacionam ao conceito de dificuldades
de aprendizagem ou não se relacionam ao conceito.

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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 2

Técnicas projetivas, linguagem e


uso de jogos
______________________________________________________________
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea
DIRETO AO PONTO

O diagnóstico psicopedagógico é uma prática que requer a aplicação


de procedimentos coerentes com a postura teórica adotada pelo
especialista e adequados com o histórico de vida, as queixas e as
especificidades do aprendente.

Weiss (2007) divide o diagnóstico psicopedagógico em dois grandes


eixos de análise:

Figura 1 – Eixos de análise do diagnóstico psicopedagógico

Fonte: adaptada de Weiss (2007).

Após o esclarecimento das questões sobre a queixa e os supostos


desvios envolvendo a aprendizagem, inicia-se a fase de aplicação de
técnicas referentes ao processo diagnóstico. O diagnóstico depende
da relação estabelecida entre psicopedagogo e aprendente, sendo a
sua qualidade maior quando há mais empatia, confiança, respeito e
engajamento entre ambos.

Um dos recursos diagnósticos mais usados na avaliação são as


provas projetivas, que têm o objetivo de avaliar a afetividade,

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sendo elaboradas de acordo com conhecimentos provenientes
da Psicologia. Elas são úteis para que o psicopedagogo analise os
aspectos emocionais que interferem no processo de aprendizagem
do aprendente e devem ser aplicadas para a análise de três vínculos:
aprendente e escola, aprendente e família e aprendente consigo
mesmo.

A aplicação das provas projetivas deve ser realizada em sessões


específicas e registradas por escrito ou gravadas, sempre com
a autorização por escrito dos pais ou responsáveis e com o
consentimento do aprendente. As produções resultantes dessa
aplicação devem ser analisadas de acordo com duas vertentes:

• Função semiótica: produções, como desenhos, que o


aprendente realiza sobre a sua relação com o processo de
ensino e aprendizagem.

• Cognição-afetividade: a observação de erros gramaticais e


da capacidade de transposição de cenas de relato orais para
textos escritos.

No caso de provas projetivas com desenhos, deve-se verificar


no grafismo: o tamanho das pessoas desenhadas, a posição
destas na folha, os detalhes e os objetos incluídos. Já na análise
dos vínculos entre conhecimento e pessoas que ensinam o
aprendente, é necessário analisar: se este se coloca nas situações de
aprendizagem; se os afetos e as ideias em relação a essas situações
são positivos, neutros ou negativos; se aparecem elementos que
sinalizam os vínculos afetivos para com a família, sobre a sua
maturidade cognitiva e sobre os aspectos motores, econômicos e
socioculturais (NOGUEIRA; LEAL, 2014).

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Referências
NOGUEIRA, Makeliny Oliveira Gomes; LEAL, Daniela. Psicopedagogia Clínica:
caminhos teóricos e práticos. São Paulo: Intersaberes, 2014
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos
problemas de aprendizagem escolar. 12. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.

PARA SABER MAIS

A atividade apresentada aqui é adaptada de uma avaliação


psicopedagógica de linguagem, leitura, escrita e compreensão
de texto de uma aluna de nove anos, a quem iremos chamar de
Mirela. Nela, foi solicitado que Mirela recontasse a história contada
primeiramente pela psicopedagoga, baseada na obra O piquenique
de Nique e Pique, de Maurício Veneza (1999), que apresenta a história
de um casal de ratos que realiza um piquenique. O título original
da história foi omitido para que a criança não fosse influenciada no
processo de criação nem na narrativa.

Figura 2 – O piquenique de Nique e Pique

Fonte: https://www.amazon.com.br/Piquenique-Nique-Pique-Maur%C3%ADcio-
Veneza/dp/8586740365. Acesso em: 21 jun. 2021.

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As falas de Mirela foram anotadas pela psicopedagogia em
uma lousa para uma leitura posterior, e, logo em seguida, a
psicopedagoga mostrou a pri¬meira imagem do livro e perguntou
a ela “O que você acha que está acontecendo aqui?”. A menina
destacou os elementos que havia na imagem e a profissional
prosseguiu perguntando “Mas o que eles estão fazendo?”, e ela
descreveu a situa¬ção representada na figura.

Há uma intervenção me¬diadora da psicopedagoga entre os


conhecimentos da criança e a linguagem escrita, já que Mirela
se relacio¬na com a leitura e a escrita de várias formas e traz as
suas experiências de vida para a avaliação. Porém, à medida que
a psicopedagoga mostrava as ima¬gens, Mirela não necessitou
mais dos questionamentos sobre as situações nas cenas e deu
continuidade ao processo de construção da narrativa.

O registro da narrativa permitiu que a profissional observasse


a estrutura do texto criado pela menina e suas dificuldades de
escrita e de leitura. Além disso, foi possível ainda realizar algumas
intervenções para trabalhar a coerência e a coesão textuais da
narrativa com a ajuda da própria criança.

É importante dizer que essa atividade pode ser realizada com


outros livros infantis, desde que adequados à faixa etária do
sujeito em avaliação.

Referências
VENEZA, Maurício. O piquenique de Níque e Píque. Belo Horizonte:
Compor, 1999.

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TEORIA EM PRÁTICA

Você sabia que os jogos de regras existem desde mesmo antes


da escrita? As regras eram transmitidas oralmente e por uma
aprendizagem cuidadosa, sendo inquestionável a contribuição
desses jogos como promotores do processo de ensino-
aprendizagem. As regras devem ser assimiladas, pois o seu
conhecimento garante que o jogador se concentre nas jogadas
e decida o que é melhor para alcançar os seus objetivos a cada
momento da partida.

Os jogos são instrumentos psicopedagógicos, e cada um,


independentemente do tipo, tem as suas especificidades, mas todos
são instrumentos que favorecem a retomada da aprendizagem. De
acordo com o Prof. Lino de Macedo e sua equipe, do Laboratório
de Psicopedagogia da Universidade de São Paulo, existem quatro
métodos ou modos de jogar e seus respectivos objetivos e funções
psicopedagógicas.

Nesse sentido, na avaliação diagnóstica, você precisará escolher


um jogo que tenha potencialidade para compor a realização do
diagnóstico e relatar os detalhes que você, como psicopedagogo,
precisará observar enquanto estiver jogando com o aprendente.

Fonte: MACEDO, Lino; PETTY, Ana Lúcia Sicoli; PASSOS, Norimar


Christe. Aprender com jogos e situa¬ções problema. Porto Alegre:
Artmed, 2000.

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

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LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

O livro indicado aborda o campo do atendimento psicopedagógico,


que é muito vasto. Sendo assim, são analisados os conceitos de
normal e patológico, apresentando o contexto e os sintomas.
Encontram-se a descrição e a explicação histórica das diferentes
formas possíveis de intervenção psicopedagógica.

BRITO, Eduardo. Atendimento Psicopedagógico. São Paulo:


Cengage Learning, 2015.

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Indicação 2

Na obra indicada, é possível conhecer a história dos jogos e a origem


das diversas brincadeiras que compõem a nossa e outras culturas. A
intenção é preparar o educador para compreender as características
das diversas manifestações da cultura do jogo e das brincadeiras e
aplicá-las como meio de ação motora, influenciando na formação
integral do indivíduo, além de entender a importância da brincadeira
e das diferentes possibilidades do jogo como fator de influência no
desenvolvimento da criança, conforme a visão de Piaget e Vygotsky.

BROLESI, Margarete L.; STEINLE, Marlizete Cristina B.; SILVA, Suhellen


L. P. O. Jogos, brinquedos e brincadeiras. Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S. A. 2015.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Como se caracteriza o eixo horizonal da avaliação


psicopedagógica clínica?

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a. É a análise do desenvolvimento global do indivíduo em diferentes
momentos da vida do aprendente.
b. É o momento em que são devolvidos os resultados da avaliação
realizada pelo psicopedagogo.
c. É o momento em que são investigadas as causas atuais
relacionadas ao sintoma do aprendente.
d. É a aplicação da entrevista de anamnese com pais ou
responsáveis.
e. É quando o psicopedagogo visita a escola e entrevista os
professores do aprendente.

2. Sobre as provas projetivas na avaliação psicopedagógica


clínica, assinale a alternativa correta:

a. Avaliam a cognição e são elaboradas de acordo com


conhecimentos provenientes da Pedagogia.
b. São úteis para analisar os aspectos emocionais que interferem
no processo de aprendizagem do aprendente.
c. São aplicadas para a análise entre aprendente e escola, mas
não se aplicam à análise entre aprendente e família.
d. A aplicação das provas projetivas é realizada em sessões
específicas sem necessidade do consentimento do
aprendente.
e. A função semiótica ocorre na observação de erros gramaticais
e da capacidade de transposição dos relatos orais para os
textos escritos.

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GABARITO

Questão 1 - Resposta C
Resolução: O eixo horizontal, ou a análise histórica da avaliação
psicopedagógica clínica, é caracterizado pela exploração das
causas atuais relacionadas ao sintoma do aprendente. Nessa
fase, realiza-se a contextualização do caso, com entrevistas com
a família, a equipe da escola, outros profissionais e aprendente;
com a aplicação de provas e testes diversos; análises da
produção do material escolar; avaliações; provas; desenhos; e
produção de textos. As demais alternativas se relacionam ao
eixo vertical da avaliação psicopedagógica clínica ou não são
respostas completas.
Questão 2 - Resposta B
Resolução: As provas projetivas são úteis para que o
psicopedagogo analise os aspectos emocionais que interferem
no processo de aprendizagem do aprendente. As demais são
incorretas, pois: as provas piagetianas avaliam a afetividade
com conhecimentos provenientes da Psicologia; devem ser
aplicadas para a análise de três vínculos – aprendente e
escola, aprendente e a família e aprendente consigo mesmo;
a aplicação das provas projetivas deve ser realizada em
sessões específicas com a autorização por escrito dos pais
ou responsáveis e com o consentimento do aprendente; e a
função semiótica analisa as produções, como os desenhos, que
o aprendente realiza sobre a sua relação com o processo de
ensino e aprendizagem.

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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 3

Avaliação do raciocínio lógico-


matemático e da psicomotricidade
______________________________________________________________
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea
DIRETO AO PONTO

O Método Clínico é um procedimento de pesquisa criado por Piaget


que envolve uma espécie de “diálogo” no qual a criança decide a sua
resposta em função da contra-argumentação do adulto, exigindo a
interação entre os envolvidos. Com esse método, busca-se a análise
do pensamento da criança para compreender as ações, as reações e
as verbalizações sobre seu ponto de vista em relação aos fatos.

Outro procedimento criado por Piaget são as provas operatórias,


utilizadas para a avaliação do desenvolvimento cognitivo e do
raciocínio lógico-matemático no diagnóstico das dificuldades de
aprendizagem, também chamadas de provas piagetianas, que
permitem a análise do nível de estruturação cognitiva do indivíduo,
ou seja, em que etapa do desenvolvimento cognitivo ele se
encontra. Elas são essenciais no trabalho psicopedagógico clínico
por permitirem o estabelecimento de regularidades entre os níveis
cognitivos e a aprendizagem.

As provas piagetianas são divididas em: provas de classificação,


conservação e seriação. As provas de conservação por sua vez se
dividem em conservação de quantidades, líquido, massa, peso,
volume e comprimento.

Além das provas operatórias, pode-se analisar o desenvolvimento do


raciocínio lógico-matemático e do cálculo com atividades similares
às realizadas na escola e com jogos que envolvam a contagem, como
o dominó.

25
Figura 1 – Provas operatórias de Piaget para a avaliação do
desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático

Fonte: elaborada pela autora.

Sobre a avaliação da psicomotricidade, as baterias e escalas de


desenvolvimento psicomotor, podem ser utilizadas baterias de
avaliação do desenvolvimento psicomotor como a de Fonseca (1995)
e de Rosa Neto (apud SOUZA; URZEDA, 2011) ou atividades simples,
como o jogo de “pega varetas”, como o aprendente usa o lápis em
desenhos e pinturas, a sua coordenação visomotora para recortar e
colar, a sua postura para sentar-se e levantar-se, o equilíbrio que é
mantido durante um tempo, a lateralidade e o esquema corporal.

Referências
FONSECA, V. Manual de observação psicomotora: significações
psiconeurológicas dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
SOUZA, S. G.; URZÊDA, W. Escala de desenvolvimento motor: avaliação e
ampliação das habilidades motoras utilizando o conteúdo esportes: uma
revisão. Revista EFDeportes, Buenos Aires, ano 15, n. 154, 2011.

26
PARA SABER MAIS

Por que a disciplina de matemática geralmente produz tantos


sentimentos aversivos nos alunos, como medo e tensão? Na maioria
das vezes, o ensino da matemática vem impregnado pelo medo e
pela angústia para entender algo que previamente se considera
complicado e complexo, transformando essa disciplina em um bicho
de sete cabeças!

O problema é que o medo é um sentimento que pode levar à


paralisia e ao conformismo, fazendo com que o educando opte por
reproduzir fórmulas e modelos para a realização das tarefas, mas
não desenvolva motivação em “aprender a aprender” o conteúdo da
disciplina, o que leva a um desempenho escolar pouco significativo.

As escolas brasileiras ainda possuem um currículo baseado no


desenvolvimento de comportamentos cognitivos, excluindo-se
os fatores afetivos. A qualidade da aprendizagem de matemática
depende muito do que se denomina como metacognição, que é a
capacidade de pensar sobre o próprio pensamento, possibilitando a
observação e a correção de seus pensamentos e ações, assim como
o desenvolvimento de estratégias mais sofisticadas para a interação
com o meio e para a tomada de decisões. Além disso, a qualidade
da aprendizagem também depende do contexto sociocultural e da
dimensão afetiva, que inclui as preferências, os valores e as crenças
dos alunos sobre os conteúdos da área.

E o que são crenças em matemática? São um dos componentes


do conhecimento subjetivo sobre a área, seu ensino e sua
aprendizagem, baseados na experiência do indivíduo. O repúdio,
o interesse, a curiosidade e a satisfação que envolvem a confiança
e o autoconceito sobre o sucesso ou o fracasso para aprender
matemática são crenças sobre o ensino desenvolvidas por um

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indivíduo, as quais também estão relacionadas à metacognição e à
sua autoconsciência enquanto aluno.

Diante do exposto, para perdermos o medo da matemática,


é preciso desenvolver uma atitude diferente diante do ensino
dessa disciplina, promovendo reações positivas em relação aos
seus conteúdos. Segundo Gómez Chacón (2003), para isso, é
preciso levar em conta os fatores afetivos dos educadores e dos
educandos. As emoções, as atitudes e as crenças atuam como forças
impulsionadoras da atividade matemática, assim como atuam como
forças de resistência à mudança.

Ao realizar a avaliação do raciocínio-lógico matemático do


aprendente, o psicopedagogo precisa propor atividades que
permitam a expressão do interesse pela resolução de situações-
problema. Na atividade clínica, deve proporcionar atividades em que
o aprendente tenha a capacidade de agir e criar, a fim de modificar
o seu comportamento diante dessa disciplina e desenvolver
maior autonomia intelectual para o enfrentamento de situações
desconhecidas e maior autoconfiança em sua capacidade de
aprender e resolver os desafios matemáticos.

Referências
GÓMEZ CHACÓN, I. M. Matemática emocional: os afetos na aprendizagem
matemática. Porto Alegre: Artmed, 2003.

TEORIA EM PRÁTICA

Em uma prova de conservação de líquido, Júlio, de 8 anos, é


solicitado a colocar o conteúdo de um recipiente com água em dois
recipientes com o mesmo formato e o mesmo volume. Ele o faz e o

28
psicopedagogo pergunta a ele se há o “mesmo tanto” de água nos
dois recipientes, e ele diz que sim.

O profissional pede então que ele coloque de volta o conteúdo


(a água) dos dois recipientes no jarro de origem. Ele o faz e o
psicopedagogo pergunta se há “o mesmo tanto” de água no
recipiente de origem. Júlio diz que sim, pois não aumentou nem
diminuiu a quantidade de água na passagem para o recipiente
maior.

Após essa etapa, mostra a ele mais dois recipientes com formatos
diferentes: um alto e fino e outro baixo e largo. Em seguida, pede
que o menino divida o conteúdo de água do recipiente entre os dois
recipientes com formatos diferentes, e ele o faz, igualando o nível
entre o alto e fino e o mais largo e baixo.

Então, O psicopedagogo pede para que Júlio verifique se dividiu


o conteúdo do recipiente original entre os dois recipientes. Ele
verifica e diz que sim, que tem “o mesmo tanto” de água nos dois
recipientes; porém, o nível igual entre os dois copos não é sinal
de igualdade de volume, pois Júlio precisou colocar mais água no
recipiente baixo e largo para igualar o nível de água do recipiente
alto e fino.

A qual conclusão você chega? Júlio possui ou não possui a noção de


conservação de líquido? Como você justifica isso?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

29
LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

A obra indicada apresenta artigos escritos por autores consagrados


sobre modelos teóricos; a legitimidade científica da psicomotricidade
e da formação corporal dos psicomotricistas; a psicanálise; a
psicopedagogia; as neurociências; a semiologia; as perturbações
regulatórias; o diagnóstico e a intervenção; a hiperatividade; e o
estresse e o equilíbrio postural versátil, constituindo no seu todo
uma obra multifacetada.

FERNANDES, Jorge M. G. A.; GUTIERRES FILHO, Paulo José Barbosa.


Psicomotricidade: Abordagens emergentes. Barueri, SP: Manole,
2012.

30
Indicação 2

Os jogos são formas de comunicação apresentadas em forma de


situações-problema. Nesse sentido, a obra indicada discute sobre
o desafio de utilizar os jogos em uma perspectiva construtivista
para apresentar às crianças várias maneiras de interpretar e
comunicar ideias. Outro desafio é encontrar meios eficazes para
avaliá-las, e, para isso, essa obra traz pesquisas sobre a avaliação
de crianças por meio de jogos.

MACEDO, Lino; PETTY, Ana Lúcia Sicoli; PASSOS, Norimar Christe.


Aprender com jogos e situa¬ções problema. Porto Alegre:
Artmed, 2007.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Sobre o conceito de Método Clínico, assinale a alternativa


correta:

31
a. É o método criado por Piaget para investigar os afetos da
criança por meio de questões para compreender seus afetos,
suas emoções e suas reações diante da Natureza.
b. É o método criado por Piaget para investigar a linguagem
da criança por meio de questões para compreender as suas
verbalizações.
c. É o método criado por Vygotsky para investigar os problemas
neurológicos da criança por meio de questões para
compreender as suas reações reflexas.
d. É o método criado por Piaget para investigar o pensamento da
criança em uma espécie de diálogo para compreender suas
estruturas cognitivas por meio de suas ações e verbalizações.
e. É o método criado por Visca para investigar o pensamento
da criança por meio de desenhos para compreender os seus
afetos sobre a aprendizagem.

2. Sobre o objetivo das provas operatórias, assinale a alternativa


correta:

a. Avaliam os desenhos do aprendente e a sua relação com a


aprendizagem.
b. São usadas para avaliar o nível de desenvolvimento cognitivo
do aprendente em relação ao raciocínio lógico-matemático.
c. Servem para avaliar as habilidades de leitura e escrita dos
aprendentes.
d. São utilizadas para avaliar a dinâmica familiar e os conflitos
com a escola.
e. Avaliam o zelo e a organização do aprendente sobre os seus
materiais.

32
GABARITO

Questão 1 - Resposta D
Resolução: O método clínico é o método de investigação
criado por Piaget para investigar o pensamento da criança em
uma espécie de diálogo para compreender suas estruturas
cognitivas por meio de suas ações e verbalizações sobre seu
ponto de vista em relação aos fatos. Sua intenção não era
investigar a linguagem da criança, mas o seu pensamento. O
Método Clínico foi elaborado por Piaget, e não por Vygostsky
nem por Visca.
Questão 2 - Resposta B
Resolução: O objetivo das provas operatórias criadas
por Piaget é a avaliação do desenvolvimento cognitivo do
aprendente em relação ao raciocínio lógico-matemático no
diagnóstico das dificuldades de aprendizagem. Não se destinam
à avaliação de desenhos ou a sua relação com a aprendizagem
(provas projetivas), nem de habilidades de leitura e escrita
ou de dinâmica familiar e conflitos com a escola, ou de zelo e
organização com os seus materiais escolares.

33
INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4

TEMA 4

Compreensão Diagnóstica e Informe


Psicopedagógico
______________________________________________________________
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Neide Rodriguez Barea
DIRETO AO PONTO

Compreender as alterações na aprendizagem e elaborar hipóteses


diagnósticas são os passos para buscar as estratégias que irão
auxiliar o aprendente a resgatar a capacidade de aprender, além
de desenvolver uma boa autoestima, autoconceito e sentimento
de autoeficácia. Após a finalização das atividades diagnósticas, o
psicopedagogo obtém um conjunto de dados significativos para
poder enunciar uma ou mais hipóteses diagnósticas sobre a queixa
ou o motivo de encaminhamento do aprendente para a avaliação
psicopedagógica.

No processo de avaliação, ao tomar conhecimento da queixa, o


psicopedagogo já dá início ao que se denomina de Compreensão
Diagnóstica. Esse processo é utilizado na Gestalt, terapia para
auxiliar a etapa em que o terapeuta (e o psicopedagogo é um
terapeuta da aprendizagem) elabora hipóteses sobre o diagnóstico,
levando em consideração a totalidade dos dados e as singularidades
do indivíduo em uma visão do todo. Com esse processo, é possível
observar as potencialidades, e não somente as psicopatologias ou
dificuldades do sujeito (CHAIM; COSTA, 2015).

A queixa é o principal parâmetro para a elaboração da hipótese


diagnóstica, sendo a partir dela que, após a coleta dos dados
obtidos na avaliação, o psicopedagogo irá analisar os resultados
e se debruçar sobre o conjunto de indicadores para responder às
seguintes questões:

35
Figura 1 – Questões para elaborar a hipótese diagnóstica

Fonte: elaborada pela autora.

O psicopedagogo deverá analisar o material coletado


minuciosamente para elaborar as hipóteses diagnósticas de forma
mais segura. Aqui é importante reforçar a ideia de que não é fácil
identificar as causas de distúrbios ou dificuldades de aprendizagem,
pois são fenômenos complexos e multifatoriais.

Após a Compreensão Diagnóstica e o estabelecimento


das hipóteses, o profissional inicia a etapa de devolução
psicopedagógica por meio das entrevistas devolutivas para os
pais, o professor e o próprio aprendente e da redação do Informe
Psicopedagógico. A entrevista devolutiva com os pais deve abordar
a discussão dos dados e a divulgação da(s) hipótese(s) diagnóstica(s)
e do prognóstico, que é uma previsão sobre o desenvolvimento
da condição com e sem o tratamento adequado e sobre as
probabilidades de sucesso e fracasso no tratamento, além da
apresentação do resultado da avaliação.

A entrevista devolutiva realizada com o aprendente deve ter uma


linguagem adequada à idade e ao seu nível de compreensão e

36
reforçar as suas capacidades para aprender e para superar as
dificuldades de aprendizagem.

Referências
CHAIM, Maria Paula M.; COSTA, Danilo S. M. Elementos para uma compreensão
diagnóstica em psicoterapia: o ciclo do contato e os modos de ser. Revista da
Abordagem Gestáltica, Goiânia, v. 21, n. 2, p. 243-244, 2015.

PARA SABER MAIS

Nas instituições públicas e/ou privadas, é comum o diagnóstico


das dificuldades de aprendizagem ser realizado por uma equipe
multidisciplinar. O processo diagnóstico nessa situação é diferente
do realizado no consultório particular pelo psicopedagogo, devido
à composição da equipe e à forma como o aprendente é inserido
nesses serviços de saúde.

Nas instituições públicas e particulares que atendem a esses


aprendentes com dificuldades, devem ser seguidos estes cuidados:

• Discussão da equipe sobre o que cada profissional entende


como “problema de aprendizagem”, sobre “avaliação
psicopedagógica” e sobre como serão feitos a avaliação,
os registros e os relatos, de forma que possam ser
compreendidos por todos os profissionais.

• Encontros periódicos da equipe, especialmente ao final


da coleta de dados, para a troca das observações e dos
resultados, de modo a elaborar um perfil global do aprendente
em relação à aprendizagem e ao desempenho escolar.

Alicia Fernández (1990 apud WEISS, 2007) criou uma proposta para o
diagnóstico realizado por equipe interdisciplinar chamado de DIFAJ

37
(Diagnóstico Interdisciplinar Familiar de Aprendizagem em
uma só Jornada). Ele é considerado um modelo de diagnóstico que
permite incluir a família do aprendente na análise da problemática
de aprendizagem, a fim de observar como o conhecimento circula
no contexto familiar e como se dá em relação à queixa formulada no
início do atendimento.

As atividades do DIFAJ são realizadas em uma só visita à


instituição. Durante essa visita, a criança e a família trabalham em
média quatro horas com a equipe interdisciplinar, alternando-se os
profissionais em vários momentos, com oportunidades diferentes
para que toda a família (pais, irmãos do aprendente e/ou pessoas
que compõem a família) se expresse.

Referências
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos
problemas de aprendizagem escolar. 12. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.

TEORIA EM PRÁTICA

Ao final da avaliação de Marcela, aprendente de 9 anos, a


psicopedagoga reúne-se com os pais para a entrevista devolutiva.
Comunica a eles que não é possível afirmar que a queixa dos pais de
que ela possui dislexia é justificada, pois as dificuldades na leitura
e as trocas de fonemas na escrita que foram colocadas como parte
da queixa não se adequam aos sintomas desse transtorno. Explica
ainda que as dificuldades da menina ocorrem apenas quando
ela se sente insegura, como no início da avaliação e nas leituras
diante da professora e dos colegas, e que as trocas na escrita não
são frequentes, podendo estar relacionadas a erros naturais do
processo de alfabetização.

38
A psicopedagoga afirma que foi possível perceber que Marcela
se sente insegura diante das possibilidades de aprender e que
possui autoestima baixa, pois repetia nas sessões que “não vale
a pena vir aqui porque eu sei que sou burra”. Diante disso, seria
necessário que os pais modificassem as mensagens que estão
sendo transmitidas a ela em casa e na escola para melhorar
a sua autoimagem pessoal e acadêmica. Os pais, então, ficam
irritados com o fato de Marcela não ter o diagnóstico de dislexia e
questionam os métodos utilizados na avaliação psicopedagógica.

Diante dessa situação, responda: como a psicopedagoga deve


finalizar a entrevista devolutiva, a fim de garantir um desfecho
adequado para Marcela e os pais?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,

39
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

A obra indicada é de referência para os psicopedagogos. Ela aborda


o percurso da Psicopedagogia por meio dos relatos de casos
clínicos e dos diferentes caminhos para tratar as dificuldades de
aprendizagem. Leva à reflexão e ao diálogo sobre o estilo próprio de
cada psicopedagogo.

RUBISTEIN, Edith. (org.). Psicopedagogia: uma prática, diferentes


estilos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.

Indicação 2

A obra indicada discute o processo de aprendizagem humana


na visão da avaliação psicopedagógica clínica, identificando os
principais fatores que interferem na aprendizagem e os caminhos
e as estratégias que oferecem mais vantagens para os aprendizes.
Ela analisa como a avaliação psicopedagógica pode contribuir para a
educação escolar e para a prática profissional dos que atuam como
mediadores da aprendizagem nas escolas, como psicopedagogos,
fonoaudiólogos, professores e gestores educacionais.

HADDAD, Monaliza Ehlke Ozorio. Avaliação Psicopedagógica


Clínica. Curitiba: Intersaberes, 2019. (Série Panoramas da
Psicopedagogia).

40
QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Acerca da Compreensão Diagnóstica, assinale a alternativa


correta:

a. É o método criado por Piaget para investigar o pensamento da


criança em uma espécie de diálogo sobre os fatos.
b. É o método elaborado por Visca para a projeção de conflitos
inconscientes em desenhos sobre situações de aprendizagem.
c. É o método criado por Vygotsky para investigar os problemas
neurológicos da criança por meio de questões para compreender
as suas reações reflexas.
d. É o método criado por Freud para investigar o pensamento em
uma espécie de conversão livre para compreender as estruturas
de personalidade.
e. É o processo utilizado pela Gestalt para auxiliar a etapa de
elaboração das hipóteses sobre o diagnóstico, considerando a
totalidade dos dados e as singularidades do indivíduo.

41
2. Sobre as entrevistas devolutivas, assinale a alternativa correta:

a. Na entrevista devolutiva com o aprendente, deve-se utilizar a


mesma linguagem utilizada com os pais e os professores.
b. As entrevistas devolutivas, em geral, devem reforçar as
dificuldades de aprendizagem e os obstáculos no prognóstico.
c. A entrevista devolutiva com os pais deve abordar a discussão
dos dados e a divulgação da(s) hipótese(s) diagnóstica(s) e do
prognóstico.
d. A entrevista devolutiva com o aprendente é opcional e se
recomenda que seja realizada somente com adolescentes.
e. A entrevista devolutiva com o docente e a escola em geral
deve ser realizada sempre na presença dos pais.

GABARITO

Questão 1 - Resposta E
Resolução: A Compreensão Diagnóstica é um processo
utilizado na Gestat, terapia para auxiliar o terapeuta na
elaboração das hipóteses sobre o diagnóstico, levando em
consideração a totalidade dos dados e as singularidades do
indivíduo em uma visão do todo. Com esse processo, é possível
observar as potencialidades, e não somente as psicopatologias
ou dificuldades do sujeito. As demais alternativas estão
incorretas, pois o método de investigação criado por Piaget
para investigar o pensamento da criança em uma espécie de
diálogo para compreender as estruturas cognitivas por meio
de suas ações e verbalizações sobre seu ponto de vista em
relação aos fatos é chamado de Método Clínico. Visca não
elaborou métodos para a projeção de conflitos inconscientes
em desenhos sobre situações de aprendizagem. Vygotsky não
elaborou métodos para investigar os problemas neurológicos
42
da criança por meio de questões para compreender as suas
reações reflexas. O método criado por Freud para investigar o
pensamento em uma espécie de conversão para compreender
as estruturas de personalidade é chamado de Associação ou
Conversão Livre.
Questão 2 - Resposta C
Resolução: A entrevista devolutiva com os pais deve abordar
a discussão dos dados e a divulgação da(s) hipótese(s)
diagnóstica(s) e do prognóstico, que é uma previsão sobre
o desenvolvimento da condição com e sem o tratamento
adequado e sobre as probabilidades de sucesso e fracasso
no tratamento, além da apresentação do resultado da
avaliação. As demais alternativas estão incorretas, pois a
entrevista devolutiva realizada com o aprendente deve ter uma
linguagem adequada à idade e ao seu nível de compreensão.
As entrevistas devem reforçar as capacidades para aprender e
superar as dificuldades de aprendizagem, e não as dificuldades
de aprendizagem e os obstáculos no prognóstico. A entrevista
devolutiva com o aprendente não é opcional e deve ser
realizada com crianças e adolescentes. A entrevista devolutiva
com o docente e a escola em geral não precisa ser realizada na
presença dos pais.

43
BONS ESTUDOS!

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