Apostila
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APRENDIZAGEM EM FOCO
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Neide Roddriguez Barea
INTRODUÇÃO
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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4
TEMA 1
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A maioria das queixas é referente às dificuldades de aprendizagem
escolares como problemas na leitura, na escrita, no cálculo e no
raciocínio lógico-matemático, entre outras correlacionadas. No
entanto, os olhares da família, da escola e do aprendente nem
sempre coincidem em relação às dificuldades que motivam a queixa,
e, por isso, o psicopedagogo deve saber como analisar os pontos
mais importantes a serem investigados no diagnóstico.
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Quadro 1 – Focos de análise da queixa pelo psicopedagogo
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Analisar a queixa a partir da ótica
do sujeito, estabelecendo um
vínculo acolhedor e respeitoso e
informando a ele sobre os objetivos
dos encontros psicopedagógicos.
Conhecer a perspectiva do sujeito,
Aprendente
mesmo que seja uma criança, sobre
os seus supostos problemas de
aprendizagem é imprescindível,
já que ele é o elemento mais
importante de todo o processo de
investigação clínica.
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Quadro 2 – Roteiro de Anamnese
ROTEIRO DE ANAMNESE
Identificação
Nome da criança: Idade (em anos e meses):
Nome dos pais: Idade dos pais:
Profissão dos pais: Sexo, idade e seriação dos filhos:
Antecedentes hereditários
Doenças da criança, pais e avós (aparelho circulatório, digestivo, respiratório;
neurológicas e mentais)
Antecedentes pessoais
A) Gestação
Planejamento da gestação: Aceitação/rejeição:
Pré-natal: Enjoos, vômitos:
Infecções (rubéola, toxoplasmose, sífilis):
B) Parto Cesariana ou normal
Anoxia: Peso e altura:
C) Aspectos do desenvolvimento da criança
Desenvolvimento motor Desenvolvimento da linguagem
Sustentou a cabeça aos: Choro voluntário aos:
Sentou aos: Primeiras palavras aos:
Engatinhou aos: Uso do pronome eu aos:
Andou aos: Primeiras frases aos:
Compreensão e expressão atual:
D) Sono nos primeiros meses e anos:
Medo de dormir sozinho: Distúrbios do sono (pesadelos, fala noturna,
sonambulismo):
E) Alimentação
Alimentação nos primeiros meses: Desmame:
Distúrbios do apetite: Hábitos alimentares atuais:
Independência para se alimentar:
F) Educação esfincteriana (treino de toilette)
Início: Métodos empregados:
Controle total aos: Enurese (urinar na calça):
Encoprese (defecar na calça): Independência no vaso sanitário e banho:
G) Socialização
Facilidade para fazer amigos: Liderança:
Extroversão ou introversão: Brincadeiras preferidas:
H) Escolaridade
Relacionamento social (colegas e Rendimento acadêmico:
professores):
Dificuldades escolares: Organização do material e das tarefas
escolares:
I) Condições ambientais
Condições sociais, econômicas e culturais Condições de habitação (residência e
familiares: arredores):
Atividades de cultura e lazer:
J) Constelação afetiva: relações afetivas familiares
Relação conjugal dos pais: Métodos disciplinares utilizados:
Nível de conflitos e modos de resolução:
Referências
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos
problemas de aprendizagem escolar. 12. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.
TEORIA EM PRÁTICA
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LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura
Indicação 1
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Indicação 2
QUIZ
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d. É o que está sendo relatado pelos pais, pela escola e pelo sujeito.
e. É o que está sendo relatado pelo sujeito da avaliação.
GABARITO
Questão 1 - Resposta D
Resolução: A queixa é sempre o conjunto de motivos relatados
por todos os envolvidos no processo de encaminhamento do
sujeito para a avaliação, inclusive o próprio sujeito. As demais
estão incorretas, porque contemplam apenas um dos envolvidos
no processo de encaminhamento, o sujeito ou o psicopedagogo.
Questão 2 - Resposta A
Resolução: O termo distúrbio de aprendizagem pressupõe
que a causa dos problemas apresentados seja a existência de
comprometimentos do Sistema Nervoso Central, como a dislexia.
As demais alternativas se relacionam ao conceito de dificuldades
de aprendizagem ou não se relacionam ao conceito.
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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4
TEMA 2
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sendo elaboradas de acordo com conhecimentos provenientes
da Psicologia. Elas são úteis para que o psicopedagogo analise os
aspectos emocionais que interferem no processo de aprendizagem
do aprendente e devem ser aplicadas para a análise de três vínculos:
aprendente e escola, aprendente e família e aprendente consigo
mesmo.
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Referências
NOGUEIRA, Makeliny Oliveira Gomes; LEAL, Daniela. Psicopedagogia Clínica:
caminhos teóricos e práticos. São Paulo: Intersaberes, 2014
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos
problemas de aprendizagem escolar. 12. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.
Fonte: https://www.amazon.com.br/Piquenique-Nique-Pique-Maur%C3%ADcio-
Veneza/dp/8586740365. Acesso em: 21 jun. 2021.
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As falas de Mirela foram anotadas pela psicopedagogia em
uma lousa para uma leitura posterior, e, logo em seguida, a
psicopedagoga mostrou a pri¬meira imagem do livro e perguntou
a ela “O que você acha que está acontecendo aqui?”. A menina
destacou os elementos que havia na imagem e a profissional
prosseguiu perguntando “Mas o que eles estão fazendo?”, e ela
descreveu a situa¬ção representada na figura.
Referências
VENEZA, Maurício. O piquenique de Níque e Píque. Belo Horizonte:
Compor, 1999.
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TEORIA EM PRÁTICA
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LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura
Indicação 1
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Indicação 2
QUIZ
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a. É a análise do desenvolvimento global do indivíduo em diferentes
momentos da vida do aprendente.
b. É o momento em que são devolvidos os resultados da avaliação
realizada pelo psicopedagogo.
c. É o momento em que são investigadas as causas atuais
relacionadas ao sintoma do aprendente.
d. É a aplicação da entrevista de anamnese com pais ou
responsáveis.
e. É quando o psicopedagogo visita a escola e entrevista os
professores do aprendente.
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GABARITO
Questão 1 - Resposta C
Resolução: O eixo horizontal, ou a análise histórica da avaliação
psicopedagógica clínica, é caracterizado pela exploração das
causas atuais relacionadas ao sintoma do aprendente. Nessa
fase, realiza-se a contextualização do caso, com entrevistas com
a família, a equipe da escola, outros profissionais e aprendente;
com a aplicação de provas e testes diversos; análises da
produção do material escolar; avaliações; provas; desenhos; e
produção de textos. As demais alternativas se relacionam ao
eixo vertical da avaliação psicopedagógica clínica ou não são
respostas completas.
Questão 2 - Resposta B
Resolução: As provas projetivas são úteis para que o
psicopedagogo analise os aspectos emocionais que interferem
no processo de aprendizagem do aprendente. As demais são
incorretas, pois: as provas piagetianas avaliam a afetividade
com conhecimentos provenientes da Psicologia; devem ser
aplicadas para a análise de três vínculos – aprendente e
escola, aprendente e a família e aprendente consigo mesmo;
a aplicação das provas projetivas deve ser realizada em
sessões específicas com a autorização por escrito dos pais
ou responsáveis e com o consentimento do aprendente; e a
função semiótica analisa as produções, como os desenhos, que
o aprendente realiza sobre a sua relação com o processo de
ensino e aprendizagem.
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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4
TEMA 3
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Figura 1 – Provas operatórias de Piaget para a avaliação do
desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático
Referências
FONSECA, V. Manual de observação psicomotora: significações
psiconeurológicas dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
SOUZA, S. G.; URZÊDA, W. Escala de desenvolvimento motor: avaliação e
ampliação das habilidades motoras utilizando o conteúdo esportes: uma
revisão. Revista EFDeportes, Buenos Aires, ano 15, n. 154, 2011.
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PARA SABER MAIS
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indivíduo, as quais também estão relacionadas à metacognição e à
sua autoconsciência enquanto aluno.
Referências
GÓMEZ CHACÓN, I. M. Matemática emocional: os afetos na aprendizagem
matemática. Porto Alegre: Artmed, 2003.
TEORIA EM PRÁTICA
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psicopedagogo pergunta a ele se há o “mesmo tanto” de água nos
dois recipientes, e ele diz que sim.
Após essa etapa, mostra a ele mais dois recipientes com formatos
diferentes: um alto e fino e outro baixo e largo. Em seguida, pede
que o menino divida o conteúdo de água do recipiente entre os dois
recipientes com formatos diferentes, e ele o faz, igualando o nível
entre o alto e fino e o mais largo e baixo.
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LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura
Indicação 1
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Indicação 2
QUIZ
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a. É o método criado por Piaget para investigar os afetos da
criança por meio de questões para compreender seus afetos,
suas emoções e suas reações diante da Natureza.
b. É o método criado por Piaget para investigar a linguagem
da criança por meio de questões para compreender as suas
verbalizações.
c. É o método criado por Vygotsky para investigar os problemas
neurológicos da criança por meio de questões para
compreender as suas reações reflexas.
d. É o método criado por Piaget para investigar o pensamento da
criança em uma espécie de diálogo para compreender suas
estruturas cognitivas por meio de suas ações e verbalizações.
e. É o método criado por Visca para investigar o pensamento
da criança por meio de desenhos para compreender os seus
afetos sobre a aprendizagem.
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GABARITO
Questão 1 - Resposta D
Resolução: O método clínico é o método de investigação
criado por Piaget para investigar o pensamento da criança em
uma espécie de diálogo para compreender suas estruturas
cognitivas por meio de suas ações e verbalizações sobre seu
ponto de vista em relação aos fatos. Sua intenção não era
investigar a linguagem da criança, mas o seu pensamento. O
Método Clínico foi elaborado por Piaget, e não por Vygostsky
nem por Visca.
Questão 2 - Resposta B
Resolução: O objetivo das provas operatórias criadas
por Piaget é a avaliação do desenvolvimento cognitivo do
aprendente em relação ao raciocínio lógico-matemático no
diagnóstico das dificuldades de aprendizagem. Não se destinam
à avaliação de desenhos ou a sua relação com a aprendizagem
(provas projetivas), nem de habilidades de leitura e escrita
ou de dinâmica familiar e conflitos com a escola, ou de zelo e
organização com os seus materiais escolares.
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INÍCIO TEMA 1 TEMA 2 TEMA 3 TEMA 4
TEMA 4
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Figura 1 – Questões para elaborar a hipótese diagnóstica
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reforçar as suas capacidades para aprender e para superar as
dificuldades de aprendizagem.
Referências
CHAIM, Maria Paula M.; COSTA, Danilo S. M. Elementos para uma compreensão
diagnóstica em psicoterapia: o ciclo do contato e os modos de ser. Revista da
Abordagem Gestáltica, Goiânia, v. 21, n. 2, p. 243-244, 2015.
Alicia Fernández (1990 apud WEISS, 2007) criou uma proposta para o
diagnóstico realizado por equipe interdisciplinar chamado de DIFAJ
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(Diagnóstico Interdisciplinar Familiar de Aprendizagem em
uma só Jornada). Ele é considerado um modelo de diagnóstico que
permite incluir a família do aprendente na análise da problemática
de aprendizagem, a fim de observar como o conhecimento circula
no contexto familiar e como se dá em relação à queixa formulada no
início do atendimento.
Referências
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos
problemas de aprendizagem escolar. 12. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.
TEORIA EM PRÁTICA
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A psicopedagoga afirma que foi possível perceber que Marcela
se sente insegura diante das possibilidades de aprender e que
possui autoestima baixa, pois repetia nas sessões que “não vale
a pena vir aqui porque eu sei que sou burra”. Diante disso, seria
necessário que os pais modificassem as mensagens que estão
sendo transmitidas a ela em casa e na escola para melhorar
a sua autoimagem pessoal e acadêmica. Os pais, então, ficam
irritados com o fato de Marcela não ter o diagnóstico de dislexia e
questionam os métodos utilizados na avaliação psicopedagógica.
LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura
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portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.
Indicação 1
Indicação 2
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QUIZ
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2. Sobre as entrevistas devolutivas, assinale a alternativa correta:
GABARITO
Questão 1 - Resposta E
Resolução: A Compreensão Diagnóstica é um processo
utilizado na Gestat, terapia para auxiliar o terapeuta na
elaboração das hipóteses sobre o diagnóstico, levando em
consideração a totalidade dos dados e as singularidades do
indivíduo em uma visão do todo. Com esse processo, é possível
observar as potencialidades, e não somente as psicopatologias
ou dificuldades do sujeito. As demais alternativas estão
incorretas, pois o método de investigação criado por Piaget
para investigar o pensamento da criança em uma espécie de
diálogo para compreender as estruturas cognitivas por meio
de suas ações e verbalizações sobre seu ponto de vista em
relação aos fatos é chamado de Método Clínico. Visca não
elaborou métodos para a projeção de conflitos inconscientes
em desenhos sobre situações de aprendizagem. Vygotsky não
elaborou métodos para investigar os problemas neurológicos
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da criança por meio de questões para compreender as suas
reações reflexas. O método criado por Freud para investigar o
pensamento em uma espécie de conversão para compreender
as estruturas de personalidade é chamado de Associação ou
Conversão Livre.
Questão 2 - Resposta C
Resolução: A entrevista devolutiva com os pais deve abordar
a discussão dos dados e a divulgação da(s) hipótese(s)
diagnóstica(s) e do prognóstico, que é uma previsão sobre
o desenvolvimento da condição com e sem o tratamento
adequado e sobre as probabilidades de sucesso e fracasso
no tratamento, além da apresentação do resultado da
avaliação. As demais alternativas estão incorretas, pois a
entrevista devolutiva realizada com o aprendente deve ter uma
linguagem adequada à idade e ao seu nível de compreensão.
As entrevistas devem reforçar as capacidades para aprender e
superar as dificuldades de aprendizagem, e não as dificuldades
de aprendizagem e os obstáculos no prognóstico. A entrevista
devolutiva com o aprendente não é opcional e deve ser
realizada com crianças e adolescentes. A entrevista devolutiva
com o docente e a escola em geral não precisa ser realizada na
presença dos pais.
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BONS ESTUDOS!