01 Lingua Portuguesa
01 Lingua Portuguesa
01 Lingua Portuguesa
Língua Portuguesa
Língua Portuguesa
Ortografia oficial............................................................................................................ 17
Mecanismos de coesão e de coerência textual: emprego de elementos de referencia-
ção, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de sequenciação
textual............................................................................................................................ 19
Emprego de tempos e modos verbais........................................................................... 22
Estrutura morfossintática da oração e do período: emprego das classes de palavras;
relações de coordenação e de subordinação entre orações e entre termos da ora-
ção................................................................................................................................. 27
emprego dos sinais de pontuação................................................................................ 32
concordância verbal e nominal...................................................................................... 36
regência verbal e nominal............................................................................................. 38
emprego do sinal indicativo de crase............................................................................ 40
colocação dos pronomes átonos................................................................................... 42
Correspondência oficial, conforme Manual de Redação da Presidência da República
- 3ª edição, revista, atualizada e ampliada (2018): aspectos gerais da redação oficial;
finalidade dos expedientes oficiais; adequação da linguagem ao tipo de documento;
adequação do formato do texto ao gênero................................................................... 43
Semântica e estilística: figuras de linguagem............................................................... 61
sinonímia, antonímia, polissemia, denotação e conotação........................................... 66
Exercícios...................................................................................................................... 67
Gabarito......................................................................................................................... 85
Compreensão e interpretação de texto
Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois sempre que compreendemos adequadamente
um texto e o objetivo de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é do que as conclusões
específicas. Exemplificando, sempre que nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente, ocorre a interpretação, que é a leitura e a
conclusão fundamentada em nossos conhecimentos prévios.
Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do que está explícito no texto, ou seja, na
identificação da mensagem. É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso da capacidade de
entender, atinar, perceber, compreender. Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a decodificação da mensagem que é feita pelo
leitor. Por exemplo, ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos a mensagem transmitida por
ela, assim como o seu propósito comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado evento.
Interpretação de Textos
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os resultados aos quais chegamos por meio da
associação das ideias e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar é decodificar o sentido
de um texto por indução.
A interpretação de textos compreende a habilidade de se chegar a conclusões específicas após a leitura de
algum tipo de texto, seja ele escrito, oral ou visual.
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado da leitura, integrando um conhecimento que
foi sendo assimilado ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, podendo ser diferente
entre leitores.
Exemplo de compreensão e interpretação de textos
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de textos, analise a questão abaixo, que aborda
os dois conceitos em um texto misto (verbal e visual):
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Especial > 2015
Português > Compreensão e interpretação de textos
A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.
“A Constituição garante o direito à educação para todos e a inclusão surge para garantir esse direito também
aos alunos com deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou menos severas.”
A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
(A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de 1988.
(B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos severas.
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(C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes ou não.
(D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser incluídos socialmente.
(E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
Comentário da questão:
Em “A” o texto é sobre direito à educação, incluindo as pessoas com deficiência, ou seja, inclusão de
pessoas na sociedade. = afirmativa correta.
Em “B” o complemento “mais ou menos severas” se refere à “deficiências de toda ordem”, não às leis. =
afirmativa incorreta.
Em “C” o advérbio “também”, nesse caso, indica a inclusão/adição das pessoas portadoras de deficiência
ao direito à educação, além das que não apresentam essas condições. = afirmativa correta.
Em “D” além de mencionar “deficiências de toda ordem”, o texto destaca que podem ser “permanentes ou
temporárias”. = afirmativa correta.
Em “E” este é o tema do texto, a inclusão dos deficientes. = afirmativa correta.
Resposta: Logo, a Letra B é a resposta Certa para essa questão, visto que é a única que contém uma
afirmativa incorreta sobre o texto.
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia principal que o texto será desenvolvido. Para
que você consiga identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferentes informações de forma
a construir o seu sentido global, ou seja, você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo
significativo, que é o texto.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um texto por sentir-se atraído pela temática
resumida no título. Pois o título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre o assunto que será
tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura porque achou o título pouco atraente ou, ao
contrário, sentiu-se atraído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito comum as pessoas se
interessarem por temáticas diferentes, dependendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, sexualidade, tecnologia, ciências, jogos, no-
velas, moda, cuidados com o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente infinitas e saber
reconhecer o tema de um texto é condição essencial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar
nossos estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz
ao ler um texto: reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
CACHORROS
Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os
cães se juntaram aos seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa amizade começou há
uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam
que, se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a comida que sobrava. Já os homens
descobriram que os cachorros podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da casa, além de
serem ótimos companheiros. Um colaborava com o outro e a parceria deu certo.
Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o possível assunto abordado no texto. Embora você
imagine que o texto vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele falaria sobre cães. Repare
que temos várias informações ao longo do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a associa-
ção entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo mundo, as vantagens da convivência entre
cães e homens.
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As informações que se relacionam com o tema chamamos de subtemas (ou ideias secundárias). Essas
informações se integram, ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unidade de sentido.
Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você
chegou à conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães. Se foi isso que você pensou,
parabéns! Isso significa que você foi capaz de identificar o tema do texto!
Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-secundarias/
IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM TEXTOS VARIADOS
Ironia
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que está pensando ou sentindo (ou por pudor em
relação a si próprio ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou expressão que, em um outro contexto diferente do
usual, ganha um novo sentido, gerando um efeito de humor.
Exemplo:
Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dra-
mática (ou satírica).
Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro significado, normalmente oposto ao sentido literal.
A expressão e a intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!
Ironia de situação
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o resultado é contrário ao que se espera ou
que se planeja.
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Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja uma ação, mas os resultados não saem
como o esperado. No livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a personagem título
tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem su-
cesso. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que planejou ficar famoso antes de morrer e
se tornou famoso após a morte.
Ironia dramática (ou satírica)
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos literários quando o leitor, a audiência, tem
mais informações do que tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre intenções de outros per-
sonagens. É um recurso usado para aprofundar os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando
captado pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comédia, visto que um personagem é posto
em situações que geram conflitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo da narrativa.
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o que se passa na história com todas as per-
sonagens, é mais fácil aparecer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exemplo, se inicia com
a fala que relata que os protagonistas da história irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens
agem ao longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a plateia já sabe que eles não serão
bem-sucedidos.
Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pareçam cômicas ou surpreendentes para pro-
vocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas compartilham da característica do efeito surpresa. O
humor reside em ocorrer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as tirinhas e charges, que aliam texto e imagem
para criar efeito cômico; há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente acessadas como
forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e
charges.
Exemplo:
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Busca de sentidos
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo os tópicos frasais presentes em cada pará-
grafo. Isso auxiliará na apreensão do conteúdo exposto.
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma relação hierárquica do pensamento defendi-
do, retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explicitadas pelo autor. Textos argumentativos não
costumam conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Deve-se
ater às ideias do autor, o que não quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é funda-
mental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
Importância da interpretação
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o
raciocínio e a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos específicos, aprimora a
escrita.
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-
-nos dos detalhes presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz suficiente. Interpretar exi-
ge paciência e, por isso, sempre releia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de sentidos do texto, pode-se também retirar
dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreensão do conteúdo
exposto. Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira
aleatória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação hierár-
quica do pensamento defendido, retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não costumam
conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às
ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Ler com atenção é um exercício que deve
ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes.
Diferença entre compreensão e interpretação
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do texto e verificar o que realmente está escrito
nele. Já a interpretação imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O leitor tira conclusões
subjetivas do texto.
Gêneros Discursivos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de personagens fictícios, podendo ser de comparação
com a realidade ou totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma novela é a extensão do tex-
to, ou seja, o romance é mais longo. No romance nós temos uma história central e várias histórias secundárias.
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente imaginário. Com linguagem linear e curta,
envolve poucas personagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única ação, dada em um só
espaço, eixo temático e conflito. Suas ações encaminham-se diretamente para um desfecho.
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferenciado por sua extensão. Ela fica entre o conto e
o romance, e tem a história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O tempo na novela é ba-
seada no calendário. O tempo e local são definidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais curto.
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que nós mesmos já vivemos e normalmente é
utilizado a ironia para mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não é relevante e quando
é citado, geralmente são pequenos intervalos como horas ou mesmo minutos.
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Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da linguagem, fazendo-o de maneira particular, refle-
tindo o momento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de imagens.
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a opinião do editor através de argumentos e fatos
sobre um assunto que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é convencer o leitor a concordar
com ele.
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um entrevistador e um entrevistado para a ob-
tenção de informações. Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas de destaque sobre
algum assunto de interesse.
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materializa em uma concretude da realidade. A cantiga
de roda permite as crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando os professores a iden-
tificar o nível de alfabetização delas.
Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo de informar, aconselhar, ou seja, recomendam
dando uma certa liberdade para quem recebe a informação.
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Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequências negativas que podem advir de um fato, se
enaltecem previsões positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já estamos expressando nosso
julgamento.
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, principalmente quando debatemos um tema
polêmico ou quando analisamos um texto dissertativo.
Exemplo:
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando com o sofrimento da filha.
Definições e diferenciação: tipos textuais e gêneros textuais são dois conceitos distintos, cada qual com
sua própria linguagem e estrutura. Os tipos textuais gêneros se classificam em razão da estrutura linguística,
enquanto os gêneros textuais têm sua classificação baseada na forma de comunicação. Assim, os gêneros são
variedades existente no interior dos modelos pré-estabelecidos dos tipos textuais. A definição de um gênero
textual é feita a partir dos conteúdos temáticos que apresentam sua estrutura específica. Logo, para cada tipo
de texto, existem gêneros característicos.
Como se classificam os tipos e os gêneros textuais
As classificações conforme o gênero podem sofrer mudanças e são amplamente flexíveis. Os principais
gêneros são: romance, conto, fábula, lenda, notícia, carta, bula de medicamento, cardápio de restaurante, lista
de compras, receita de bolo, etc. Quanto aos tipos, as classificações são fixas, e definem e distinguem o texto
com base na estrutura e nos aspectos linguísticos. Os tipos textuais são: narrativo, descritivo, dissertativo,
expositivo e injuntivo. Resumindo, os gêneros textuais são a parte concreta, enquanto as tipologias integram
o campo das formas, da teoria. Acompanhe abaixo os principais gêneros textuais inseridos e como eles se
inserem em cada tipo textual:
Texto narrativo: esse tipo textual se estrutura em: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho. Esses
textos se caracterizam pela apresentação das ações de personagens em um tempo e espaço determinado. Os
principais gêneros textuais que pertencem ao tipo textual narrativo são: romances, novelas, contos, crônicas e
fábulas.
Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem lugares ou seres ou relatam acontecimentos.
Em geral, esse tipo de texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e, em termos de gêneros,
abrange diários, classificados, cardápios de restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc.
Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmitir ideias utilizando recursos de definição,
comparação, descrição, conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias, jornais, resumos
escolares, entre outros, fazem parte dos textos expositivos.
Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o objetivo de apresentar um assunto recorrendo a
argumentações, isto é, caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é composta por introdução,
desenvolvimento e conclusão. Os textos argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e abaixo-
assinado.
Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de orientar o leitor, ou seja, expor instruções,
de forma que o emissor procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de verbos no modo
imperativo é sua característica principal. Pertencem a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias,
manuais de instruções, entre outros.
Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir o leitor em relação ao procedimento. Esses
textos, de certa forma, impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele siga o que diz o texto.
Os gêneros que pertencem a esse tipo de texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos.
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Gêneros textuais predominantemente do tipo textual narrativo
Romance
É um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidosl. Pode ter partes em que o tipo nar-
rativo dá lugar ao descritivo em função da caracterização de personagens e lugares. As ações são mais exten-
sas e complexas. Pode contar as façanhas de um herói em uma história de amor vivida por ele e uma mulher,
muitas vezes, “proibida” para ele. Entretanto, existem romances com diferentes temáticas: romances históricos
(tratam de fatos ligados a períodos históricos), romances psicológicos (envolvem as reflexões e conflitos inter-
nos de um personagem), romances sociais (retratam comportamentos de uma parcela da sociedade com vistas
a realização de uma crítica social). Para exemplo, destacamos os seguintes romancistas brasileiros: Machado
de Assis, Guimarães Rosa, Eça de Queiroz, entre outros.
Conto
É um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas e
até folclores. Inicialmente, fazia parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita
com a publicação de Decamerão.
Ele é um gênero da esfera literária e se caracteriza por ser uma narrativa densa e concisa, a qual se desen-
volve em torno de uma única ação. Geralmente, o leitor é colocado no interior de uma ação já em desenvolvi-
mento. Não há muita especificação sobre o antes e nem sobre o depois desse recorte que é narrado no conto.
Há a construção de uma tensão ao longo de todo o conto.
Diversos contos são desenvolvidos na tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve personagens
do mundo da fantasia; contos de aventura, que envolvem personagens em um contexto mais próximo da reali-
dade; contos folclóricos (conto popular); contos de terror ou assombração, que se desenrolam em um contexto
sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de mistério, que envolvem o suspense e a solução de
um mistério.
Fábula
É um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As personagens principais não são humanos e
a finalidade é transmitir alguma lição de moral.
Novela
É um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevidade do conto.
Esse gênero é constituído por uma grande quantidade de personagens organizadas em diferentes núcleos, os
quais nem sempre convivem ao longo do enredo. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O
Alienista, de Machado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka.
Crônica
É uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial. Pode ter um tom humo-
rístico ou um toque de crítica indireta, especialmente, quando aparece em seção ou artigo de jornal, revistas e
programas da TV. Há na literatura brasileira vários cronistas renomados, dentre eles citamos para seu conheci-
mento: Luís Fernando Veríssimo, Rubem Braga, Fernando Sabido entre outros.
Diário
É escrito em linguagem informal, sempre consta a data e não há um destinatário específico, geralmente, é
para a própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos acontecimentos do dia. O objetivo desse tipo de
texto é guardar as lembranças e em alguns momentos desabafar. Veja um exemplo:
“Domingo, 14 de junho de 1942
Vou começar a partir do momento em que ganhei você, quando o vi na mesa, no meio dos meus outros
presentes de aniversário. (Eu estava junto quando você foi comprado, e com isso eu não contava.)
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que não é de espantar; afinal, era meu aniversário.
Mas não me deixam levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha curiosidade até quinze para as sete.
Quando não dava mais para esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as boas-vindas,
esfregando-se em minhas pernas.”
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”.
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Gêneros textuais predominantemente do tipo textual descritivo
Currículo
É um gênero predominantemente do tipo textual descritivo. Nele são descritas as qualificações e as ativida-
des profissionais de uma determinada pessoa.
Laudo
É um gênero predominantemente do tipo textual descritivo. Sua função é descrever o resultado de análises,
exames e perícias, tanto em questões médicas como em questões técnicas.
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos descritivos são: folhetos turísticos; cardápios
de restaurantes; classificados; etc.
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual expositivo
Resumos e Resenhas
O autor faz uma descrição breve sobre a obra (pode ser cinematográfica, musical, teatral ou literária) a fim
de divulgar este trabalho de forma resumida.
Na verdade resumo e/ou resenha é uma análise sobre a obra, com uma linguagem mais ou menos formal,
geralmente os resenhistas são pessoas da área devido o vocabulário específico, são estudiosos do assunto, e
podem influenciar a venda do produto devido a suas críticas ou elogios.
Verbete de dicionário
Gênero predominantemente expositivo. O objetivo é expor conceitos e significados de palavras de uma
língua.
Relatório Científico
Gênero predominantemente expositivo. Descreve etapas de pesquisa, bem como caracteriza procedimen-
tos realizados.
Conferência
Predominantemente expositivo. Pode ser argumentativo também. Expõe conhecimentos e pontos de vistas
sobre determinado assunto. Gênero executado, muitas vezes, na modalidade oral.
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos expositivos são: enciclopédias; resumos es-
colares; etc.
Gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos
Artigo de Opinião
É comum1 encontrar circulando no rádio, na TV, nas revistas, nos jornais, temas polêmicos que exigem uma
posição por parte dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o autor geralmente apresenta seu ponto de
vista sobre o tema em questão através do artigo de opinião.
Nos tipos textuais argumentativos, o autor geralmente tem a intenção de convencer seus interlocutores e,
para isso, precisa apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e opiniões.
O artigo de opinião é fundamentado em impressões pessoais do autor do texto e, por isso, são fáceis de
contestar.
Discurso Político
O discurso político2 é um texto argumentativo, fortemente persuasivo, em nome do bem comum, alicerçado
por pontos de vista do emissor ou de enunciadores que representa, e por informações compartilhadas que
traduzem valores sociais, políticos, religiosos e outros. Frequentemente, apresenta-se como uma fala coletiva
que procura sobrepor-se em nome de interesses da comunidade e constituir norma de futuro. Está inserido
1 http://www.odiarioonline.com.br/noticia/43077/VENDEDOR-BRASILEIRO-ESTA-MENOS-SIMPATICO
2 https://www.infopedia.pt/$discurso-politico
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numa dinâmica social que constantemente o altera e ajusta a novas circunstâncias. Em períodos eleitorais, a
sua maleabilidade permite sempre uma resposta que oscila entre a satisfação individual e os grandes objetivos
sociais da resolução das necessidades elementares dos outros.
Hannah Arendt (em The Human Condition) afirma que o discurso político tem por finalidade a persuasão
do outro, quer para que a sua opinião se imponha, quer para que os outros o admirem. Para isso, necessita da
argumentação, que envolve o raciocínio, e da eloquência da oratória, que procura seduzir recorrendo a afetos
e sentimentos.
O discurso político é, provavelmente, tão antigo quanto a vida do ser humano em sociedade. Na Grécia an-
tiga, o político era o cidadão da “pólis” (cidade, vida em sociedade), que, responsável pelos negócios públicos,
decidia tudo em diálogo na “agora” (praça onde se realizavam as assembleias dos cidadãos), mediante pala-
vras persuasivas. Daí o aparecimento do discurso político, baseado na retórica e na oratória, orientado para
convencer o povo.
O discurso político implica um espaço de visibilidade para o cidadão, que procura impor as suas ideias,
os seus valores e projetos, recorrendo à força persuasiva da palavra, instaurando um processo de sedução,
através de recursos estéticos como certas construções, metáforas, imagens e jogos linguísticos. Valendo-se
da persuasão e da eloquência, fundamenta-se em decisões sobre o futuro, prometendo o que pode ser feito.
Requerimento
Predominantemente dissertativo-argumentativo. O requerimento tem a função de solicitar determinada coi-
sa ou procedimento. Ele é dissertativo-argumentativo pela presença de argumentação com vistas ao conven-
cimento
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos são: abaixo-assinados; ma-
nifestos; sermões; etc.
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual injuntivo
Bulas de remédio
A bula de remédio traz também o tipo textual descritivo. Nela aparecem as descrições sobre a composição
do remédio bem como instruções quanto ao seu uso.
Manual de instruções
O manual de instruções tem como objetivo instruir sobre os procedimentos de uso ou montagem de um
determinado equipamento.
Exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos injuntivos são: receitas culinárias, instruções em
geral.
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual prescritivo
Exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos prescritivos são: leis; cláusulas contratuais; edital de
concursos públicos; receitas médicas, etc.
Outros Exemplos
Carta
Esta, dependendo do destinatário pode ser informal, quando é destinada a algum amigo ou pessoa com
quem se tem intimidade. E formal quando destinada a alguém mais culto ou que não se tenha intimidade.
Dependendo do objetivo da carta a mesma terá diferentes estilos de escrita, podendo ser dissertativa,
narrativa ou descritiva. As cartas se iniciam com a data, em seguida vem a saudação, o corpo da carta e para
finalizar a despedida.
Propaganda
Este gênero aparece também na forma oral, diferente da maioria dos outros gêneros. Suas principais ca-
racterísticas são a linguagem argumentativa e expositiva, pois a intenção da propaganda é fazer com que o
destinatário se interesse pelo produto da propaganda. O texto pode conter algum tipo de descrição e sempre é
claro e objetivo.
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Notícia
Este é um dos tipos de texto que é mais fácil de identificar. Sua linguagem é narrativa e descritiva e o obje-
tivo desse texto é informar algo que aconteceu.
A notícia é um dos principais tipos de textos jornalísticos existentes e tem como intenção nos informar acer-
ca de determinada ocorrência. Bastante recorrente nos meios de comunicação em geral, seja na televisão, em
sites pela internet ou impresso em jornais ou revistas.
Caracteriza-se por apresentar uma linguagem simples, clara, objetiva e precisa, pautando-se no relato de
fatos que interessam ao público em geral. A linguagem é clara, precisa e objetiva, uma vez que se trata de uma
informação.
Editorial
O editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente aparece no início das colunas. Diferente dos outros
textos que compõem um jornal, de caráter informativo, os editoriais são textos opinativos.
Embora sejam textos de caráter subjetivo, podem apresentar certa objetividade. Isso porque são os edito-
riais que apresentam os assuntos que serão abordados em cada seção do jornal, ou seja, Política, Economia,
Cultura, Esporte, Turismo, País, Cidade, Classificados, entre outros.
Os textos são organizados pelos editorialistas, que expressam as opiniões da equipe e, por isso, não rece-
bem a assinatura do autor. No geral, eles apresentam a opinião do meio de comunicação (revista, jornal, rádio,
etc.).
Tanto nos jornais como nas revistas podemos encontrar os editoriais intitulados como “Carta ao Leitor” ou
“Carta do Editor”.
Em relação ao discurso apresentado, esse costuma se apoiar em fatos polêmicos ligados ao cotidiano so-
cial. E quando falamos em discurso, logo nos atemos à questão da linguagem que, mesmo em se tratando de
impressões pessoais, o predomínio do padrão formal, fazendo com que prevaleça o emprego da 3ª pessoa do
singular, ocupa lugar de destaque.
Reportagem
Reportagem é um texto jornalístico amplamente divulgado nos meios de comunicação de massa. A reporta-
gem informa, de modo mais aprofundado, fatos de interesse público. Ela situa-se no questionamento de causa
e efeito, na interpretação e no impacto, somando as diferentes versões de um mesmo acontecimento.
A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas geralmente costuma estabelecer conexões com o fato
central, anunciado no que chamamos de lead. A partir daí, desenvolve-se a narrativa do fato principal, ampliada
e composta por meio de citações, trechos de entrevistas, depoimentos, dados estatísticos, pequenos resumos,
dentre outros recursos. É sempre iniciada por um título, como todo texto jornalístico.
O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor várias versões para um mesmo fato, informando-o,
orientando-o e contribuindo para formar sua opinião.
A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva, dinâmica e clara, ajustada ao padrão linguístico di-
vulgado nos meios de comunicação de massa, que se caracteriza como uma linguagem acessível a todos os
públicos, mas pode variar de formal para mais informal dependendo do público a que se destina. Embora seja
impessoal, às vezes é possível perceber a opinião do repórter sobre os fatos ou sua interpretação.3
Gêneros Textuais e Gêneros Literários
Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se referem a qualquer tipo de texto, enquanto os gê-
neros literários se referem apenas aos textos literários.
Os gêneros literários são divisões feitas segundo características formais comuns em obras literárias, agru-
pando-as conforme critérios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros.
- Gênero lírico;
- Gênero épico ou narrativo;
- Gênero dramático.
3 CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação. São Paulo, Atual Editora, 2000
11
Gênero Lírico
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema e que nem sempre corresponde à do
autor) exprime suas emoções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente os pronomes e os
verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da função emotiva da linguagem.
Elegia
Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto máximo do texto.
O emissor expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema melancólico. Um bom
exemplo é a peça Roan e Yufa, de William Shakespeare.
Epitalâmia
Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e cantigas. Um bom
exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.
Ode (ou hino)
É o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à
mulher amada, ou a alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acompanhamento musical.
Idílio (ou écloga)
Poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à natureza, às belezas e às riquezas que ela dá
ao homem. É o poema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas e riquezas ao lado
da amada (pastora), que enriquece ainda mais a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio
com diálogos (muito rara).
Sátira
É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem um forte
sarcasmo, pode abordar críticas sociais, a costumes de determinada época, assuntos políticos, ou pessoas de
relevância social.
Acalanto
Canção de ninar.
Acróstico
Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso formam uma palavra ou frase. Ex.:
Amigos são
Muitas vezes os
Irmãos que escolhemos.
Zelosos, eles nos
Ajudam e
Dedicam-se por nós, para que nossa relação seja verdadeira e
Eterna
https://www.todamateria.com.br/acrostico/
Balada
Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas de amigo (elegias) com ritmo característico
e refrão vocal que se destinam à dança.
Canção (ou Cantiga, Trova)
Poema oral com acompanhamento musical.
Gazal (ou Gazel)
Poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio.
12
Soneto
É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos.
Vilancete
São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas, portanto.
Gênero Épico ou Narrativo
Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o dramáti-
co. Com o passar dos anos, o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do gênero literário
narrativo, devido ao surgimento de concepções de prosa com características diferentes: o romance, a novela,
o conto, a crônica, a fábula.
Épico (ou Epopeia)
Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de um povo ou de uma nação, envolvem aventu-
ras, guerras, viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exaltação, isto é, de valoriza-
ção de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.
Ensaio
É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e
filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófi-
co, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos
ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Locke.
Gênero Dramático
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a
história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os papéis das personagens
nas cenas.
Tragédia
É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror. Aristóteles afirmava que
a tragédia era “uma representação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem figurada,
com atores agindo, não narrando, inspirando dó e terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Farsa
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos como o absurdo, as incongruên-
cias, os equívocos, a caricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o engano.
Comédia
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua origem grega está
ligada às festas populares.
Tragicomédia
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do real
com o imaginário.
Poesia de cordel
Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diver-
sos da sociedade e da realidade vivida por este povo.
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Discurso Religioso4
A Análise Crítica do Discurso (ADC) tem como fulcro a abordagem das relações (internas e recíprocas) entre
linguagem e sociedade. Os textos produzidos socialmente em eventos autênticos são resultantes da estrutura-
ção social da linguagem que os consome e os faz circular. Por outro lado, esses mesmos textos são também
potencialmente transformadores dessa estruturação social da linguagem, assim como os eventos sociais são
tanto resultado quanto substrato dessas estruturas sociais.
O discurso religioso é “aquele em que há uma relação espontânea com o sagrado” sendo, portanto, “mais
informal”; enquanto o teológico é o tipo de “discurso em que a mediação entre a alma religiosa e o sagrado se
faz por uma sistematização dogmática das verdades religiosas, e onde o teólogo (...) aparece como aquele que
faz a relação entre os dois mundos: o mundo hebraico e o mundo cristão”, sendo, assim, “mais formal”. Porém,
podemos falar em DR de maneira globalizante.
Assim, temos:
- Desnivelamento, assimetria na relação entre o locutor e o ouvinte – o locutor está no plano espiritual
(Deus), e o ouvinte está no plano temporal (os adoradores). As duas ordens de mundo são totalmente diferen-
tes para os sujeitos, e essa ordem é afetada por um valor hierárquico, por uma desigualdade, por um desnive-
lamento. Deus, o locutor, é imortal, eterno, onipotente, onipresente, onisciente, em resumo, o todo-poderoso.
Os seres humanos, os ouvintes, são mortais, efêmeros e finitos.
- Modos de representação. A voz no discurso religioso (DR) se fala em seus representantes (Padre, pastor,
profeta), essa é uma forma de relação simbólica. Essa apropriação ocorre sem explicitar os mecanismos de
incorporação da voz, aspecto que caracteriza a mistificação.
- O ideal do DR é que o ‘representante’, o que se apropria do discurso de Deus’, não o modifique. Ele deve
seguir regras restritas reguladas pelo texto sagrado, pela Igreja, pelas liturgias. Deve-se manter distância entre
‘o dito de Deus’ e ‘o dizer do homem’.
- A interpretação da palavra de Deus é regulada. “Os sentidos não podem ser quaisquer sentidos: o discurso
religioso tende fortemente para a monossemia”.
- Dualismos, as formas da ilusão da reversibilidade: plano humano e plano divino; ordem temporal e ordem
espiritual; sujeitos e Sujeito; homem e Deus. A ilusão ocorre na passagem de um plano para outro e pode ter
duas direções: de cima para baixo, ou seja, de Deus para os homens, momento em que Ele compartilha suas
propriedades (ministração de sacramentos, bênçãos); de baixo para cima, quando o homem se alça a Deus,
principalmente, através da visão, da profecia. Estas são formas de ‘ultrapassagem’.
- Escopo do discurso religioso. A fé separa os fiéis dos não-fiéis, “os convictos dos não-convictos. Logo, é
o parâmetro pelo qual delimita a comunidade e constitui o escopo do discurso religioso em suas duas forma-
ções características: para os que creem, o discurso religioso é uma promessa, para os que não creem é uma
ameaça.
Os discursos religiosos, como já vimos, se mostram com estruturas rígidas quanto aos papéis dos interlocu-
tores (a divindade e os seres humanos). Os dogmas sagrados, por exemplos, fé e Deus, são intocáveis. “Deus
define-se (...) a si mesmo como sujeito por excelência, aquele que é por si e para si (Sou aquele que É) e aquele
que interpela seu sujeito (...) eis quem tu és: é Pedro.”
Outros traços do DR se configuram com o uso do imperativo e do vocativo – características inerentes de
discursos de doutrinação; uso de metáforas – explicitadas por paráfrases que indicam a leitura apropriada para
as metáforas utilizadas; uso de citações no original (grego, hebraico, latim) – traduzidas para a língua em uso
através de perífrases extensas e explicativas em que se busca aproveitar o máximo o efeito de sentido advindo
da língua original; o uso de performativos – uso de verbos em que o ‘dizer’ representa o ‘fazer’; o uso de sintag-
mas cristalizados – usadas em orações e funções fáticas.
Ainda em relação às unidades textuais, podemos acrescentar o uso de determinadas formas simbólicas do
DR como as parábolas, a utilização de certos temas, como a efemeridade da vida humana, a vida eterna, o
galardão, entre outros. Acrescenta-se também como marca a intertextualidade.
4 https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/soletras/article/download/4694/3461#:~:text=O%20discurso%20religioso%20%C3%A9%20aquele,discurso%20(Orlan-
di%2C%201996).&text=locutor%20est%C3%A1%20no%20plano%20espiritual,plano%20temporal%20(os%20adoradores).
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Discurso Jurídico5
O discurso legal caracteriza-se como um discurso hierárquico e dominante, baseado numa estrutura de ex-
clusão e discriminação de várias minorias sociais, como os pobres, os negros, os homossexuais, as mulheres,
etc. A especificidade da linguagem jurídica, e as restrições educacionais quanto a quem pode militar na Área
(advogados, promotores, juízes, etc.), são apenas algumas das estratégias utilizadas pelo sistema jurídico para
manter o discurso legal inacessível à maioria das pessoas, e desta forma protege-lo de análises e críticas.
Como em todo discurso dominante, as posições de poder criadas para os participantes de textos legais são
particularmente assimétricas, como é o caso num julgamento (e.g. entre o juiz e o réu; entre o juiz e as teste-
munhas; etc.). Os juízes, por exemplo, detêm um poder especial devido ao seu status social e ao seu acesso
privilegiado ao discurso legal (são eles que produzem a forma final dos textos legais). Portanto, é a visão de
mundo do juiz que prevalece nas sentenças, em detrimento de outras posições alternativas.
Além de relações de poder, os textos legais também expressam relações de gênero. A lei e a cultura mascu-
lina estão intimamente ligadas; o sistema jurídico é quase que inteiramente dominado por homens (só recente-
mente as mulheres passaram a fazer parte de instituições jurídicas) e, de forma geral, ele expressa uma visão
masculina do mundo. As mulheres que são parte em processos legais (e.g. reclamantes, rés, testemunhas,
etc.) estão expostas a um duplo grau de discriminação e exclusão: primeiro, como leigas, elas ocupam uma
posição desfavorecida se comparadas com militantes legais (advogados, juízes, promotores, etc.); segundo,
elas são estigmatizadas também por serem mulheres, e têm seu comportamento social e sexual avaliado e
controlado pelo discurso jurídico.
Discurso Técnico6
Para o desempenho de tal papel, eles contam com suas características intrínsecas, as quais são responsá-
veis pelo “rótulo” que cada tipo textual carrega.
Tais características se evidenciam formal e funcionalmente e são percebidas, de maneira mais ou menos
clara pelo leitor/ouvinte. Afinal, todos os tipos de texto têm um público fiel, ao qual se destinam.
Os autores que têm o texto técnico como objeto de estudo concordam que ele apresenta as seguintes ca-
racterísticas:
• Linguagem monossêmica;
• Vocabulário específico ou léxico especializado;
• Objetividade;
• Emprego de voz passiva;
• Preferência pelo emprego do tempo verbal presente.
As características apontadas acima coadunam-se com o objetivo principal de qualquer produção de cunho
técnico: transmissão de conhecimentos de forma clara e imparcial. Embora a objetividade e a neutralidade
sejam fiéis parceiras do texto técnico, não se pode afirmar que esse tipo textual seja isento das marcas de seu
autor, enquanto produtor de ideias e veiculador de informações. Quando há a troca da 3ª pessoa do singular
pela 1ª pessoa do plural, por exemplo, o autor tem a intenção de conquistar o seu interlocutor, tornando-o um
parceiro “na assunção das informações dadas, numa forma de estratégia argumentativa.”
Todo tipo textual possui a argumentatividade, porém essa aparece de modo mais intenso e explícito em
alguns textos e de modo menos intenso e explícito em outros. Para complementar a afirmação dessas autoras,
cita-se Benveniste para o qual, o sujeito está sempre presente no texto, não havendo, portanto, texto neutro ou
imparcial.
Percebe-se, então, que o texto técnico possui características que o diferenciam dos demais tipos de textos.
No entanto, não se deve afirmar que ele seja desprovido de marcas autorais. Tanto é verdade, que alguns au-
tores de textos técnicos não dispensam o uso de certos advérbios e conjunções, por exemplo, expedientes que
têm a função de modalizar o discurso.
5 https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/download/23353/21030/0
6 https://revistas.ufg.br/lep/article/download/32601/17331/
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A modalização, nesse tipo de texto, pode aparecer de forma implícita e/ou explícita. Sob essa última forma,
verificam-se o aparecimento de construções específicas, tais como as nominalizações, a voz passiva, o empre-
go de determinadas conjunções e preposições.
Discurso Acadêmico/Científico7
O texto como objeto abstrato se configura no campo da linguística como teoria geral. Já discurso é uma
realidade de interação-enunciação objeto de análises discursivas. Enquanto os textos, como objetos concretos,
são aqueles que se apresentam completos constituídos de um ato de enunciação que visa à interação entre
produtor e interlocutor. Partindo dessas concepções, percebe- se que texto e discurso se complementam, pois,
para o autor, “a separação do textual e do discursivo é essencialmente metodológica”, o que leva à distinção
entre os dois a anular-se. Neste caso, texto e discurso são unidades complementares.
A partir da compreensão de discurso, passa-se a refletir sobre o que vem ser discurso científico. Para Gui-
marães é aquele em que “o autor pretende fazer o leitor saber.” Ou seja, a intenção do autor é fazer o leitor ou
pesquisador saber como os resultados daquela pesquisa foram alcançados, dando-lhe oportunidade de repetir
os procedimentos metodológicos em outras pesquisas similares.
Para Carioca, “o discurso científico é a forma de apresentação da linguagem que circula na comunidade
científica em todo o mundo. Sua formulação depende de uma pesquisa minuciosa e efetiva sobre um objeto,
que é metodologicamente analisado à luz de uma teoria.” Outra posição é que o discurso científico não se dá
apenas pela comprovação ou refutação do que foi escrito, dá-se também pela aceitabilidade dos pares que
compõem a comunidade específica.
Desse modo, pode-se dizer que a estrutura global da comunicação científica está respaldada em parâme-
tros normativos referentes à produção de gêneros e à produção da linguagem, ou seja, o discurso acadêmi-
co se estabeleceu dentro de convenções instituídas pela comunidade científica, que, ao longo do tempo, se
expressa por características, como impessoalidade, objetividade, clareza, precisão, modéstia, simplicidade,
fluência, dentre outros.
É importante apresentar a posição de Charaudeau sobre a problemática entre o discurso informativo (DI) e
discurso científico (DC). Para o autor, o que eles têm em comum é a problemática da prova. “[...] o primeiro se
atém essencialmente a uma prova pela designação e pela figuração (a ordem da constatação, do testemunho,
do relato de reconstituição dos fatos), o segundo inscreve a prova num programa de demonstração racional.”.
Percebe-se que o interesse principal do discurso informativo é transmitir uma verdade através dos fatos. Já
o discurso científico se impõe pela prova da racionalidade que reside na força da argumentatividade. E mais,
este deve se comprometer com a logicidade das ideias para estas se tornem mais convincentes.
Como se viu, o discurso acadêmico é produzido dentro de uma esfera de comunicação relativamente defi-
nida chamada de comunidade científica. Em geral, no ensino superior, vão se encontrar modelos de discurso
acadêmico que já se tornaram consagrados para essa comunidade. Na subseção que segue se mostrará es-
pecificamente alguns deles.
O primeiro modelo, monografia de análise teórica, evidencia uma organização de ideias advindas de biblio-
grafias selecionadas sobre um determinado assunto. Nesse tipo, pode-se fazer uma análise crítica ou compara-
tiva de uma teoria ou modelo já consagrado pela comunidade científica. O modelo metodológico indicado pelos
autores é: escolha do assunto/ delimitação do tema; bibliografia pertinente ao tema; levantamento de dados
específicos da área sob estudo; fundamentação teórica; metodologia e modelos aplicáveis; análise e interpre-
tação das informações; conclusões e resultados.
No segundo modelo, monografia de análise teórico-empírica, faz-se uma análise interpretativa de dados
primários, com apoio de fontes secundárias, passando-se para o teste de hipóteses, modelos ou teorias. A
partir dos dados primários e secundários, o autor /pesquisador mostrará um trabalho inovador. Quanto ao mo-
delo metodológico, tem-se: realidade observável; pergunta problema e objetivo proposto; bibliografia e dados
secundários; teoria pertinente ao tema (conceitos, técnicas, constructos) e dados secundários; instrumentos de
pesquisa (questionário); pesquisa empírica; análise; conclusões e resultados.
7 http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/4823/MARIA%20DE%20F%c3%81TIMA%20RIBEIRO%20DOS%20SANTOS_.pdf?sequence=1&i-
sAllowed=y
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No terceiro modelo, monografia de estudo de caso, o autor/pesquisador faz uma análise específica da re-
lação existente entre um caso e hipóteses, modelos e teorias. O modelo metodológico adotado obedece aos
seguintes passos: escolha do assunto/delimitação do tema; bibliografia pertinente ao tema (área específica sob
estudo); fundamentação teórica; levantamento de dados da organização sob estudo; caracterização da organi-
zação; análise e interpretação das informações; conclusões e resultados.
Observa-se que esses modelos possuem suas particularidades, mas também aspectos que coincidem. Este
é o caso da pesquisa bibliográfica, que é imprescindível em qualquer trabalho científico.
Discurso Literário8
O discurso literário pode não ser apenas ligado aos procedimentos adotados pelo autor, mas também, e
talvez mais diretamente do que se pensa, ligado ao contexto sociocultural no qual está inserido, evidencian-
do-se, nem sempre claramente, uma influência das instituições que o cercam na escolha de determinados
procedimentos de linguagem.
A ideia de que o discurso literário constrói-se a partir de elementos intrínsecos ao texto literário tomou corpo
com os estudos realizados no início do século XX. Foram os formalistas russos que demonstraram uma preocu-
pação com a materialidade do texto literário, recusando, num primeiro momento, explicações de base extralite-
rária. Neste sentido, o que importava para os integrantes do movimento era o procedimento, ou seja, o princípio
da organização da obra como produto estético. Assim, a preocupação dos formalistas era investigar e explicar
o que faz de uma determinada obra uma obra literária, nas palavras de Jakobson: “a poesia é linguagem em
sua função estética. Deste modo, o objeto do estudo literário não é a literatura, mas a literariedade, isto é, aquilo
que torna determinada obra uma obra literária”. A questão da literariedade como processo ou procedimento de
elaboração está centrado nas estruturas que diferenciam o texto literário de outros textos.
A literariedade é conceituada não só pela linguagem diferenciada que gera o estranhamento, mas também
histórica e culturalmente. Uma obra literária não pode ser apenas uma construção bem elaborada, mas deve
também retratar o homem de sua época ou época anterior, com todas as suas angústias, desejos e forma de
pensar. Tornando-se, assim, não apenas um material para ser estudado linguisticamente, mas também e, prin-
cipalmente, uma obra viva em que toda vez que se relê encontre-se algo novo e representativo do ser humano.
Ortografia oficial
Definições
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, “exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”,
ortografia é o nome dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que indica a escrita correta
das palavras.
Já a Ortografia Oficial se refere às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como adequadas
no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia são: o emprego de acentos gráficos que sinalizam
vogais tônicas, abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave); os sinais de pontuação
elucidativos de funções sintáticas da língua e decorrentes dessas funções, entre outros.
– Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre a qual recaem, para que palavras com grafia
similar possam ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados distintos. Resumidamente, os
acentos são agudo (deixa o som da vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz com que
o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase).
– O alfabeto: é a base de diversos sistemas de escrita. Nele, estão estabelecidos os sinais gráficos e os
sons representados por cada um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes.
– As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras foram integradas oficialmente ao
alfabeto do idioma português brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico.
As possibilidades da vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente, para nomes próprios e abreviaturas,
como abaixo:
– Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km (quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
8 http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/LinguaPortuguesa/artigo12.pdf
17
– Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus derivados na língua portuguesa, como Britney,
Washington, Nova York etc.
– Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos do emprego da ortografia correta das
palavras e suas principais regras:
– «ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos:
a) Em palavras de origem africana ou indígena.
Exemplo: oxum, abacaxi.
b) Após ditongos.
Exemplo: abaixar, faixa.
c) Após a sílaba inicial “en”.
Exemplo: enxada, enxergar.
d) Após a sílaba inicial “me”.
Exemplo: mexilhão, mexer, mexerica.
– s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos:
a) Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”.
Exemplo: síntese, avisa, verminose.
b) Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos.
Exemplo: amazonense, formosa, jocoso.
c) Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou nacionalidade.
Exemplo: marquês/marquesa, holandês/holandesa, burguês/burguesa.
d) Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”.
Exemplo: casa – casinha – casarão; análise – analisar.
– Porque, Por que, Porquê ou Por quê?
– Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja, indica motivo/razão, podendo substituir o
termo pois. Portanto, toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de que o emprego do
porque estará correto.
Exemplo: Não choveu, porque/pois nada está molhado.
– Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado para introduzir uma pergunta ou no lugar de
“o motivo pelo qual”, para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração.
Exemplos: Por que ela está chorando? / Ele explicou por que do cancelamento do show.
– Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e, por isso, pode estar acompanhado por artigo,
adjetivo, pronome ou numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento do show.
– Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi
embora novamente. Por quê?
Parônimos e homônimos
– Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na pronúncia, mas se divergem no significado.
Exemplos: absolver (perdoar) e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e apreender (capturar).
– Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas que coincidem na pronúncia. Exemplos:
“gosto” (substantivo) e “gosto” (verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome demonstrativo).
18
Mecanismos de coesão e de coerência textual: emprego de elementos de referencia-
ção, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de sequenciação
textual
— Definições e diferenciação
Coesão e coerência são dois conceitos distintos, tanto que um texto coeso pode ser incoerente, e vice-
versa. O que existe em comum entre os dois é o fato de constituírem mecanismos fundamentais para uma
produção textual satisfatória. Resumidamente, a coesão textual se volta para as questões gramaticais, isto é,
na articulação interna do texto. Já a coerência textual tem seu foco na articulação externa da mensagem.
— Coesão Textual
Consiste no efeito da ordenação e do emprego adequado das palavras que proporcionam a ligação entre
frases, períodos e parágrafos de um texto. A coesão auxilia na sua organização e se realiza por meio de
palavras denominadas conectivos.
As técnicas de coesão
A coesão pode ser obtida por meio de dois mecanismos principais, a anáfora e a catáfora. Por estarem
relacionados à mensagem expressa no texto, esses recursos classificam-se como endofóricas. Enquanto a
anáfora retoma um componente, a catáfora o antecipa, contribuindo com a ligação e a harmonia textual.
As regras de coesão
Para que se garanta a coerência textual, é necessário que as regras relacionadas abaixo sejam seguidas.
Referência
– Pessoal: emprego de pronomes pessoais e possessivos.
Exemplo:
«Ana e Sara foram promovidas. Elas serão gerentes de departamento.” Aqui, tem-se uma referência pessoal
anafórica (retoma termo já mencionado).
– Comparativa: emprego de comparações com base em semelhanças.
Exemplo:
“Mais um dia como os outros…”. Temos uma referência comparativa endofórica.
– Demonstrativa: emprego de advérbios e pronomes demonstrativos.
Exemplo:
“Inclua todos os nomes na lista, menos este: Fred da Silva.” Temos uma referência demonstrativa catafórica.
– Substituição: consiste em substituir um elemento, quer seja nome, verbo ou frase, por outro, para que
ele não seja repetido.
Analise o exemplo:
“Iremos ao banco esta tarde, elas foram pela manhã.”
Perceba que a diferença entre a referência e a substituição é evidente principalmente no fato de que a
substituição adiciona ao texto uma informação nova. No exemplo usado para a referência, o pronome pessoal
retoma as pessoas “Ana e Sara”, sem acrescentar quaisquer informações ao texto.
– Elipse: trata-se da omissão de um componente textual – nominal, verbal ou frasal – por meio da figura
denominando eclipse.
Exemplo:
“Preciso falar com Ana. Você a viu?” Aqui, é o contexto que proporciona o entendimento da segunda oração,
pois o leitor fica ciente de que o locutor está procurando por Ana.
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– Conjunção: é o termo que estabelece ligação entre as orações.
Exemplo:
“Embora eu não saiba os detalhes, sei que um acidente aconteceu.” Conjunção concessiva.
– Coesão lexical: consiste no emprego de palavras que fazem parte de um mesmo campo lexical ou que
carregam sentido aproximado. É o caso dos nomes genéricos, sinônimos, hiperônimos, entre outros.
Exemplo:
“Aquele hospital público vive lotado. A instituição não está dando conta da demanda populacional.”
— Coerência Textual
A Coerência é a relação de sentido entre as ideias de um texto que se origina da sua argumentação –
consequência decorrente dos saberes conhecimentos do emissor da mensagem. Um texto redundante e
contraditório, ou cujas ideias introduzidas não apresentam conclusão, é um texto incoerente. A falta de coerência
prejudica a fluência da leitura e a clareza do discurso. Isso quer dizer que a falta de coerência não consiste
apenas na ignorância por parte dos interlocutores com relação a um determinado assunto, mas da emissão de
ideias contrárias e do mal uso dos tempos verbais.
Observe os exemplos:
“A apresentação está finalizada, mas a estou concluindo até o momento.” Aqui, temos um processo verbal
acabado e um inacabado.
“Sou vegana e só como ovos com gema mole.” Os veganos não consomem produtos de origem animal.
Princípios Básicos da Coerência
– Relevância: as ideias têm que estar relacionadas.
– Não Contradição: as ideias não podem se contradizer.
– Não Tautologia: as ideias não podem ser redundantes.
Fatores de Coerência
– As inferências: se partimos do pressuposto que os interlocutores partilham do mesmo conhecimento, as
inferências podem simplificar as informações.
Exemplo:
“Sempre que for ligar os equipamentos, não se esqueça de que voltagem da lavadora é 220w”.
Aqui, emissor e receptor compartilham do conhecimento de que existe um local adequado para ligar
determinado aparelho.
– O conhecimento de mundo: todos nós temos uma bagagem de saberes adquirida ao longo da vida
e que é arquivada na nossa memória. Esses conhecimentos podem ser os chamados scripts (roteiros, tal
como normas de etiqueta), planos (planejar algo com um objetivo, tal como jogar um jogo), esquemas (planos
de funcionamento, como a rotina diária: acordar, tomar café da manhã, sair para o trabalho/escola), frames
(rótulos), etc.
Exemplo:
“Coelhinho e ovos de chocolate! Vai ser um lindo Natal!”
O conhecimento cultural nos leva a identificar incoerência na frase, afinal, “coelho” e “ovos de chocolate” são
elementos, os chamados frames, que pertencem à comemoração de Páscoa, e nada têm a ver com o Natal.
EMPREGO DE CONECTORES9
Os conectores são, assim, palavras ou expressões que se utilizam para especificar as relações entre vários
segmentos linguísticos de um texto - servem para associar as ideias e estabelecer ligações entre elas.
O uso correto de conectores permite uma maior coesão textual e envolve uma compreensão facilitada da
globalidade do texto.
9 Livro de Gramática "Saber Português Hoje - ensino secundário"
20
Os conectores pertencem a diversas classes de palavras - conjunções (ou locuções conjuntivas) coordena-
tivas e subordinativas, advérbios (ou locuções adverbiais), preposições (ou locuções prepositivas), expressões
adjetivas ou até orações completas.
Tipos de Conectores
Adição - e, nem, pois, além disso, e ainda, não só…mas também, como ainda, bem como…assim como,
por um lado…por outro lado, depois, logo após, finalmente, em primeiro lugar, em segundo lugar, do mesmo
modo, igualmente, de igual modo, da mesma maneira, de igual maneira, de novo, novamente, também, primei-
ramente, da mesma forma, de igual forma, ultimamente, opostamente, de modo oposto, de maneira oposta, por
último…
Alternativa - ou, ou...ou, ora…ora, já...já, seja...seja, quer…quer, talvez...talvez, não...nem, em alternati-
va…
Certeza / afirmação - certamente, é evidente que, com certeza, decerto, naturalmente, que, sem dúvida,
sem dúvida que, de certo, é óbvio que, evidentemente, obviamente, verdadeiramente, de verdade, verdadeiro,
realmente, exato, exatamente, com exatidão…
Conformidade - consoante, conforme, segundo, como, de acordo com
Comparação - como, também, conforme, tanto…quanto, tal como, assim como, bem como, pela mesma
razão, de forma idêntica, de forma similar…
Concessão - embora, conquanto, ainda que, mesmo que, mesmo quando, se bem que, apesar de, ainda
assim, mesmo assim, por mais que, de qualquer forma, posto que, malgrado, não obstante, inobstante, em que
pese, independentemente de…
Conclusão / síntese / resumo - pois, portanto, por conseguinte, assim, logo, enfim, concluindo, conclusi-
vamente, em conclusão, em síntese, consequentemente, em consequência, por outras palavras, ou seja, em
resumo, ou melhor, pois, por isso, deste modo, em suma, sintetizando, finalizando…
Condição - se, caso, desde que, contanto que, exceto se, salvo se, a menos que, a não ser que, sem que,
uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo)
Confirmação - com efeito, efetivamente, na verdade, de fato, factualmente, verdade, verdadeiramente,
óbvio, obviamente…
Consequência - pelo que, de modo que, de forma que, de maneira que, de sorte que, de jeito que, daí que,
tão… que, tal... que, tanto... que, tamanho... que, por tudo isso, consequentemente, por conseguinte, como
consequência…
Dúvida - Talvez, possivelmente, provavelmente, é possível que, é provável que, porventura, quiçá, acaso,
quem sabe, por certo…
Explicitação / particularização - quer isto dizer, isto (não) significa que, por outras palavras, isto é, por
exemplo, ou seja, é o caso de, nomeadamente, em particular, a saber, entre outros, especificamente…
Finalidade / intencionalidade - com o fim de, com intuito, para (que), a fim de (que), com o objetivo de, de
forma a, com o fim / com o objetivo de / com o propósito de / com intuito de / com a intenção de, com o fito de,
que, porque (= para que)…
Modo / forma / maneira - bem, mal, assim, depressa, devagar, melhor, pior, rapidamente, calmamente, fa-
cilmente e a maioria dos advérbios terminados em -mente, à toa, à vontade, às claras, às escuras, às pressas,
à francesa, às escondidas, em silêncio, em vão, sem medo, de mansinho, ao vivo
Necessidade / obrigação - faz-se mister, é necessário que, faz-se urgente que, urge que, é preciso que, é
dever, torna-se imprescindível que
Opinião - na minha opinião, a meu ver, em meu entender, parece-me que, estou em crer que…
Oposição / contraste - mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, senão (= mas sim) contraria-
mente, em vez de, ao invés de, pelo contrário, por oposição, oposto, opostamente, doutro modo, ao contrário,
não obstante, por outro lado…
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Proporção / proporcionalidade - ao passo que, à medida que, à proporção que, quanto mais, tanto mais,
enquanto
Reafirmação / confirmação / resumo - ou seja, ou melhor, ou antes, isto é, digo, por assim dizer, por outras
palavras, com efeito, efetivamente, na verdade, de fato, de tato, em suma, em resumo, resumidamente…
Reformulação - quer dizer, mais corretamente, mais precisamente, ou melhor, dito de outro modo, numa
palavra, noutros termos, por outras palavras…
Razão / motivo / causa - porque, já que, visto que, uma vez que, porquanto, como (= porque), na medida
em que, devido a, em virtude de, em razão de, em vista de, tendo em vista que, em face de, em decorrência de
Sequência - começando, primeiramente, para começar, em primeiro lugar, num primeiro momento, antes
de, em segundo lugar, em seguida, logo após, depois de, por último, concluindo, para terminar, em conclusão,
em síntese, finalizando…
Sequência temporal - Hoje, ontem, agora, amanhã, ainda, cedo, depois, tarde, antes
Sequência geográfica / espacial - Aqui, ali, aí, lá, perto, longe, dentro, fora, à direita, à esquerda, à frente,
acima, abaixo, à distância, de longe, de perto
Tempo - quando, enquanto, até que, antes que, logo que, assim que, depois que, sempre que, desde que,
desde quando, todas as vezes, senão quando, ao tempo que, mal...
Negação - não, nunca, tampouco, jamais, nada, ninguém, de modo algum, de jeito nenhum, em hipótese
alguma
Ordem - ultimamente, primeiramente, antes, depois...
Designação - eis, vede, aqui está...
Realce / função expletiva - cá, lá, só, é que, ainda, mas...
Inclusão / exclusão - também, até, mesmo, inclusive, só, salvo, menos, apenas, senão, exclusive, fora,
tirante, sequer...
Intensidade / quantidade - muito, pouco, bastante, mais, menos, tão, tanto, quase, demais...
FLEXÃO VERBAL
1) Número: singular ou plural
Ex.: ando, andas, anda → singular
andamos, andais, andam → plural
2) Pessoas: são três.
a) A primeira é aquela que fala; corresponde aos pronomes eu (singular) e nós (plural).
Ex.: escreverei, escreveremos.
b) A segunda é aquela com quem se fala; corresponde aos pronomes tu (singular) e vós (plural).
Ex.: escreverás, escrevereis.
c) A terceira é aquela acerca de quem se fala; corresponde aos pronomes ele ou ela (singular) e eles ou
elas (plural).
Ex.: escreverá, escreverão.
3) Modos: são três.
a) Indicativo: apresenta o fato verbal de maneira positiva, indubitável. Ex.: vendo.
b) Subjuntivo: apresenta o fato verbal de maneira duvidosa, hipotética. Ex.: que eu venda.
c) Imperativo: apresenta o fato verbal como objeto de uma ordem. Ex.: venda!
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4) Tempos: são três.
a) Presente: falo
b) Pretérito:
- Perfeito: falei
- Imperfeito: falava
- Mais-que-perfeito: falara
Obs.: O pretérito perfeito indica uma ação extinta; o imperfeito, uma ação que se prolongava num determi-
nado ponto do passado; o mais-que-perfeito, uma ação passada em relação a outra ação, também passada.
Ex.:
Eu cantei aquela música. (perfeito)
Eu cantava aquela música. (imperfeito)
Quando ele chegou, eu já cantara. (mais-que-perfeito)
c) Futuro:
- Do presente: estudaremos
- Do pretérito: estudaríamos
Obs.: No modo subjuntivo, com relação aos tempos simples, temos apenas o presente, o pretérito imperfei-
to e o futuro (sem divisão). Os tempos compostos serão estudados mais adiante.
5) Vozes: são três.
a) Ativa: o sujeito pratica a ação verbal.
Ex.: O carro derrubou o poste.
b) Passiva: o sujeito sofre a ação verbal.
- Analítica ou verbal: com o particípio e um verbo auxiliar.
Ex.: O poste foi derrubado pelo carro.
- Sintética ou pronominal: com o pronome apassivador se.
Ex.: Derrubou-se o poste.
Obs.: Estudaremos bem o pronome apassivador (ou partícula apassivadora) na sétima lição: concordância
verbal.
c) Reflexiva: o sujeito pratica e sofre a ação verbal; aparece um pronome reflexivo. Ex.: O garoto se machu-
cou.
Formação do Imperativo
1) Afirmativo: tu e vós saem do presente do indicativo menos a letra s; você, nós e vocês, do presente do
subjuntivo.
Ex.: Imperativo afirmativo do verbo beber
Bebo → beba
bebes → bebe (tu) bebas
bebe beba → beba (você)
bebemos bebamos → bebamos (nós)
bebeis → bebei (vós) bebais
bebem bebam → bebam (vocês)
Reunindo, temos: bebe, beba, bebamos, bebei, bebam.
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2) Negativo: sai do presente do subjuntivo mais a palavra não.
Ex.: beba
bebas → não bebas (tu)
beba → não beba (você)
bebamos → não bebamos (nós)
bebais → não bebais (vós)
bebam → não bebam (vocês)
Assim, temos: não bebas, não beba, não bebamos, não bebais, não bebam.
Observações:
a) No imperativo não existe a primeira pessoa do singular, eu; a terceira pessoa é você.
b) O verbo ser não segue a regra nas pessoas que saem do presente do indicativo. Eis o seu imperativo:
- Afirmativo: sê, seja, sejamos, sede, sejam.
- Negativo: não sejas, não seja, não sejamos, não sejais, não sejam.
c) O tratamento dispensado a alguém numa frase não pode mudar. Se começamos a tratar a pessoa por
você, não podemos passar para tu, e vice-versa.
Ex.: Pede agora a tua comida. (tratamento: tu)
Peça agora a sua comida. (tratamento: você)
d) Os verbos que têm z no radical podem, no imperativo afirmativo, perder também a letra e que aparece
antes da desinência s.
Ex.: faze (tu) ou faz (tu)
dize (tu) ou diz (tu)
e) Procure ter “na ponta da língua” a formação e o emprego do imperativo. É assunto muito cobrado em
concursos públicos.
Tempos Primitivos e Tempos Derivados
1) O presente do indicativo é tempo primitivo. Da primeira pessoa do singular sai todo o presente do sub-
juntivo.
Ex.: digo → que eu diga, que tu digas, que ele diga etc.
dizes
diz
Obs.: isso não ocorre apenas com os poucos verbos que não apresentam a desinência o na primeira pes-
soa do singular.
Ex.: eu sou → que eu seja.
eu sei → que eu saiba.
2) O pretérito perfeito é tempo primitivo. Da segunda pessoa do singular saem:
a) o mais-que-perfeito.
Ex.: coubeste → coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis, couberam.
b) o imperfeito do subjuntivo.
Ex.: coubeste → coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis, coubessem.
c) o futuro do subjuntivo.
Ex.: coubeste → couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem.
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3) Do infinitivo impessoal derivam:
a) o imperfeito do indicativo.
Ex.: caber → cabia, cabias, cabia, cabíamos, cabíeis, cabiam.
b) o futuro do presente.
Ex.: caber → caberei, caberás, caberá, caberemos, cabereis, caberão.
c) o futuro do pretérito.
Ex.: caber → caberia, caberias, caberia, caberíamos, caberíeis, caberiam.
d) o infinitivo pessoal.
Ex.: caber → caber, caberes, caber, cabermos, caberdes, caberem.
e) o gerúndio.
Ex.: caber → cabendo.
f) o particípio.
Ex.: caber → cabido.
Tempos Compostos
Formam-se os tempos compostos com o verbo auxiliar (ter ou haver) mais o particípio do verbo que se quer
conjugar.
1) Perfeito composto: presente do verbo auxiliar mais particípio do verbo principal.
Ex.: tenho falado ou hei falado → perfeito composto do indicativo tenha falado ou haja falado → perfeito
composto do subjuntivo.
2) Mais-que-perfeito composto: imperfeito do auxiliar mais particípio do principal.
Ex.: tinha falado → mais-que-perfeito composto do indicativo.
tivesse falado → mais-que-perfeito composto do subjuntivo.
3) Demais tempos: basta classificar o verbo auxiliar.
Ex.: terei falado → futuro do presente composto (terei é futuro do presente).
Verbos Irregulares Comuns em Concursos
É importante saber a conjugação dos verbos que seguem. Eles estão conjugados apenas nas pessoas,
tempos e modos mais problemáticos.
1) Compor, repor, impor, expor, depor etc.: seguem integralmente o verbo pôr.
Ex.: ponho → componho, imponho, deponho etc.
pus → compus, repus, expus etc.
2) Deter, conter, reter, manter etc.: seguem integralmente o verbo ter.
Ex.: tivermos → contivermos, mantivermos etc.
tiveste → retiveste, mantiveste etc.
3) Intervir, advir, provir, convir etc.: seguem integralmente o verbo vir.
Ex.: vierem → intervierem, provierem etc.
vim → intervim, convim etc.
4) Rever, prever, antever etc.: seguem integralmente o verbo ver.
Ex.: vi → revi, previ etc.
víssemos → prevíssemos, antevíssemos etc.
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Observações:
- Como se vê nesses quatro itens iniciais, o verbo derivado segue a conjugação do seu primitivo. Basta con-
jugar o verbo primitivo e recolocar o prefixo. Há outros verbos que dão origem a verbos derivados. Por exemplo,
dizer, haver e fazer. Para eles, vale a mesma regra explicada acima.
Ex.: eu houve → eu reouve (e não reavi, como normalmente se fala por aí).
- Requerer e prover não seguem integralmente os verbos querer e ver. Eles serão mostrados mais adiante.
5) Crer, no pretérito perfeito do indicativo: cri, creste, creu, cremos, crestes, creram.
6) Estourar, roubar, aleijar, inteirar etc.: mantém o ditongo fechado em todos os tempos, inclusive o presente
do indicativo. Ex.: A bomba estoura. (e não estóra, como normalmente se diz).
7) Aderir, competir, preterir, discernir, concernir, impelir, expelir, repelir:
a) presente do indicativo: adiro, aderes, adere, aderimos, aderimos, aderem.
b) presente do subjuntivo: adira, adiras, adira, adiramos, adirais, adiram.
Obs.: Esses verbos mudam o e do infinitivo para i na primeira pessoa do singular do presente do indicativo
e em todas do presente do subjuntivo.
8) Aguar, desaguar, enxaguar, minguar:
a) presente do indicativo: águo, águas, água; enxáguo, enxáguas, enxágua.
b) presente do subjuntivo: águe, águes, águe; enxágue, enxágues, enxágue.
9) Arguir, no presente do indicativo: arguo, argúis, argúi, arguimos, arguis, argúem.
10) Apaziguar, averiguar, obliquar, no presente do subjuntivo: apazigúe, apazigúes, apazigúe, apaziguemos,
apazigueis, apazigúem.
11) Mobiliar:
a) presente do indicativo: mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam.
b) presente do subjuntivo: mobílie, mobílies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobíliem.
12) Polir, no presente do indicativo: pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem.
13) Passear, recear, pentear, ladear (e todos os outros terminados em ear)
a) presente do indicativo: passeio, passeias, passeia, passeamos, passeais, passeiam.
b) presente do subjuntivo: passeie, passeies, passeie, passeemos, passeeis, passeiem.
Observações:
- Os verbos desse grupo (importantíssimo) apresentam o ditongo ei nas formas rizotônicas, mas apenas nos
dois presentes.
- Os verbos estrear e idear apresentam ditongo aberto.
Ex.: estreio, estreias, estreia; ideio, ideias, ideia.
14) Confiar, renunciar, afiar, arriar etc.: verbos regulares.
Ex.: confio, confias, confia, confiamos, confiais, confiam.
Observações:
- Esses verbos não têm o ditongo ei nas formas rizotônicas.
- Mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar e intermediar, apesar de terminarem em iar, apresentam o ditongo
ei.
Ex.: medeio, medeias, medeia, mediamos, mediais, medeiam, medeie, medeies, medeie, mediemos, me-
dieis, medeiem.
15) Requerer: só é irregular na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e, consequentemente, em
todo o presente do subjuntivo.
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Ex.: requeiro, requeres, requer
requeira, requeiras, requeira
requeri, requereste, requereu
16) Prover: conjuga-se como verbo regular no pretérito perfeito, no mais-que-perfeito, no imperfeito do sub-
juntivo, no futuro do subjuntivo e no particípio; nos demais tempos, acompanha o verbo ver.
Ex.: Provi, proveste, proveu; provera, proveras, provera; provesse, provesses, provesse etc.
provejo, provês, provê; provia, provias, provia; proverei, proverás, proverá etc.
17) Reaver, precaver-se, falir, adequar, remir, abolir, colorir, ressarcir, demolir, acontecer, doer são verbos
defectivos. Estude o que falamos sobre eles na lição anterior, no item sobre a classificação dos verbos. Ex.:
Reaver, no presente do indicativo: reavemos, reaveis.
Definição: sintaxe é a área da Gramática que se dedica ao estudo da ordenação das palavras em uma
frase, das frases em um discurso e também da coerência (relação lógica) que estabelecem entre si. Sempre
que uma frase é construída, é fundamental que ela contenha algum sentido para que possa ser compreendida
pelo receptor. Por fazer a mediação da combinação entre palavras e orações, a sintaxe é essencial para que
essa compreensão se efetive. Para que se possa compreender a análise sintática, é importante retomarmos
alguns conceitos, como o de frase, oração e período. Vejamos:
Frase
Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo que possui sentido integral, podendo ser
constituída por somente uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou não (frase nominal).
Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos, apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu
discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”.
A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada, a disposição das palavras na frase também
é fundamental para a compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da Língua Portuguesa.
Observe que a frase “A professora já vai falar.” Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.”
, sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a já professora vai.” , apesar da combinação
das palavras, não poderá ser compreendida pelo interlocutor.
Oração
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um verbo ou de uma locução verbal. Uma frase pode
ser uma oração, desde que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem sempre consta em uma
oração, assim como o sentido completo. O importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é.
1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não contém verbo.
2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase como oração.
Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma oração é formada por cada um dos termos, que,
por sua vez, estabelecem relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No exemplo supracitado, a palavra
“quero” deve unir-se às palavras “Eu” e “silêncio” para que o receptor compreenda a mensagem. Dessa forma,
cada palavra desta oração recebe o nome de termo ou unidade sintática, desempenhando, cada qual, uma
função sintática diferente.
Classificação das orações: as orações podem ser simples ou compostas. As orações simples apresentam
apenas uma frase; as compostas apresentam duas ou mais frases na mesma oração. Analise os exemplos
abaixo e perceba que a oração composta tem duas frases, e cada uma tem seu próprio sentido.
– Oração simples: “Eu quero silêncio.”
– Oração composta: “Eu quero silêncio para poder ouvir o noticiário”.
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Período
É a construção composta por uma ou mais orações, sempre com sentido completo. Assim como as orações,
o período também pode ser simples ou composto, que se diferenciam em razão do número de orações que
apresenta: o período simples contém apenas uma oração, e o composto mais de uma. Lembrando que a oração
é uma frase que contém um verbo. Assim, para não ter dúvidas quanto à classificação, basta contar quantos
verbos existentes na frase.
– Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” - apresenta apenas um verbo.
– Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou ficarei preocupada.” - contém dois verbos.
— Análise Sintática
É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a estrutura de um período e das orações que
compõem um período.
Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem sentido a uma frase verbal. A reunião desses
elementos forma o que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais se subdividem em:
essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe a seguir as especificidades de cada tipo.
1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração
Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual se declara algo, o outro é o que se declara
sobre o sujeito e, por isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos respectivos exemplos
a seguir:
Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”, que “fez um lindo discurso” (é o restante da
oração, a declaração sobre o sujeito).
Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto), podendo apresentar-se também no meio da
fase ou mesmo após o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos respectivos casos:
“Fred fez um lindo discurso.”
“Um lindo discurso Fred fez.”
“Fez um lindo discurso, Fred.”
– Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela concordância verbal.
– Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo ligado ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”.
– Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos. Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.”
– Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na oração, mas a frase é dotada de entendimento.
Ex.: “Passamos no teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a concordância do verbo o
destaca de forma indireta.
– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração e, diferente do caso anterior, não há concordância
verbal para determiná-lo.
Esse sujeito pode aparecer com:
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”.
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se padeiro.”».
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você estiver lá.”
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado, e sua mensagem está centralizada no
verbo, que é impessoal. Essas orações podem ter verbos que constituam fenômenos da natureza, ou os verbos
ser, estar, haver e fazer quando indicativos de fenômeno meteorológico ou tempo. Observe os exemplos:
“Choveu muito ontem”.
“Era uma hora e quinze”.
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– Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e verbo, ou entre verbo e complementos. Os
verbos, por sua vez, também recebem sua classificação, conforme abaixo:
– Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adiante para passar a informação adequada. Em
outras palavras, é o verbo que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa compreensão, esse
trânsito do verbo, o complemento pode ser direto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e
complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e complemento são unidos por preposição.
Ex.: “Preciso de dinheiro.”
– Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de sentido completo. São exemplos: morrer, acordar,
nascer, nadar, cair, mergulhar, correr.
– Verbo de ligação: servem para expressar características de estado ao sujeito, sendo eles: estado
permanente (“Pedro é alto.”), estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação (“Pedro esteve
enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro continua esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”).
– Predicados nominais: são aqueles que têm um nome (substantivo ou adjetivo) como cujo núcleo
significativo da oração. Ademais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade, e é composto por
um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito.
– Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo:
em “Marta é inteligente.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja, é sua característica de estado
ou qualidade. Isso é comprovado pelo “ser” (é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica atual.
Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo, mas pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo
um substantivo ou palavra substantivada.
– Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre um predicativo do sujeito associado a uma
ação do sujeito acrescida de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo da aula. Por isso,
estavam contentes.
O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair” e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam
contentes” é o predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.
2 – Termos integrantes da oração
Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma oração, atribuindo sentindo a ela. Eles
podem ser complementos verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
– Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos completam o sentido de verbos, e se
classificam da seguinte forma:
– Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não exigindo preposição.
– Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos, isto é, aqueles que dependem de preposição
para que seu sentido seja compreendido.
Quanto ao objeto direto, podemos ter:
– Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
– Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o acontecido.”
– Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou os aparelhos.»
– Complementos Nominais: esses termos completam o sentido de uma palavra, mas não são verbos; são
nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe os exemplos:
– “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que “satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados”
é complemento nominal.
– “O entregador atravessou rapidamente pela viela. – “rapidamente” é advérbio de modo.
– “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um substantivo.
– Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que praticam a ação expressa pelo verbo, quando
este está na voz passiva. Assim, estão normalmente acompanhados pelas preposições de e por. Observe os
exemplos do item anterior modificados para a voz passiva:
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– “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.”
– “O cachorro foi alvo do meu medo.”
– “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.”
3 – Termos acessórios da oração
Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos acessórios não são fundamentais o sentido da
oração, mas servem para complementar a informação, exprimindo circunstância, determinando o substantivo
ou caracterizando o sujeito. Confira abaixo quais são eles:
– Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido do verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise
os exemplos:
“Dormimos muito.”
O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”.
“Ele ficou pouco animado com a notícia.”
O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado”
“Maria escreve bastante bem.”
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”.
Os adjuntos adverbiais podem ser:
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc.
– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc.
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de tempo).
– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, com função de adjetivo. Em razão disso,
pode ser representado por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou pronomes adjetivos.
Analise o exemplo:
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega de escola.”
– Sujeito: “jovem apaixonado”
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou”
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê”
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais: no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”,
pois caracterizam o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo” fazem referência a “buquê”
(substantivo); o artigo “à” (contração da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os adjuntos
adnominais de “colega”.
– Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para caracterizá-lo, contribuindo para a complementação
uma informação já completa. Observe os exemplos:
“Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.”
“Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.”
– Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem com sujeito nem com predicado, tendo sua
função no chamamento ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa do discurso. Os
vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições
de apelo. Observe:
“Ei, moça! Seu documento está pronto!”
“Senhor, tenha misericórdia de nós!”
“Vista o casaco, filha!”
30
— Estudo da relação entre as orações
Os períodos compostos são formados por várias orações. As orações estabelecem entre si relações de
coordenação ou de subordinação.
– Período composto por coordenação: é formado por orações independentes. Apesar de estarem unidas
por conjunções ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas individualmente porque apresentam
sentidos completos. Acompanhe a seguir a classificação das orações coordenadas:
– Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os doces.”
– Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não preparei os doces.”
– Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou preparo os doces.”
– Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante, logo, passou no exame.”
– Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame porque estudou bastante.”
– Período composto por subordinação: são constituídos por orações dependentes uma da outra. Como
as orações subordinadas apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas de forma separada. As
orações subordinadas são divididas em substantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
– Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado que o suspeito era realmente o culpado.”
– Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não queria que isso acontecesse.”
– Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É obrigatório de que todos os estudantes sejam
assíduos.”
– Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho expectativa de que os planos serão melhores
em breve!”
– Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa é que meus pais são saudáveis.”
– Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba disto: que tudo esteja organizado quando eu
voltar!”
– Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
– Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão felizes que pulamos de alegria.”
– Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando para que nós chegássemos a casa em
segurança.”
– Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu cheguei, eles iniciaram o trabalho.”
– Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo, espero por você.»
– Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que estivesse cansado, concluiu a maratona.”
– Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia como se ainda vivesse no interior.”
– Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme combinamos anteriormente, entregarei o produto
até amanhã.”
– Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais me exercito, mais tenho disposição.”
– Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que passou no concurso, mudou-se para o interior.”
– Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve enferma conseguiu ser aprovada nas provas.”
31
emprego dos sinais de pontuação
— Visão Geral
O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais gráficos que, em um período sintático, têm a
função primordial de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas e, ocasionalmente, manifestar
as propriedades da fala (prosódias) em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os gestos e
as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a compreensão da frase.
O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
– Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos tipos textuais;
– Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;
– Demarcar das unidades de um texto;
– Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.
— Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um enunciado
Vírgula
De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado para indicar que os termos por ela isolados,
embora compartilhem da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas, se, ao contrário,
houver relação sintática entre os termos, estes não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao
mesmo tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em outras, ela é vetada. Confira os casos
em que a vírgula deve ser empregada:
• No interior da sentença
1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição:
ENUMERAÇÃO
Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate.
Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.
REPETIÇÃO
Os arranjos estão lindos, lindos!
Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada.
2 – Isolar o vocativo
“Crianças, venham almoçar!”
“Quando será a prova, professora?”
3 – Separar apostos
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.”
4 – Isolar expressões explicativas:
“As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi responsabilizado.”
5 – Separar conjunções intercaladas
“Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.”
6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado:
“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos funcionários do setor.”
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.”
32
7 – Separar o complemento pleonástico antecipado:
“Estas alegações, não as considero legítimas.”
8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas por conjunções)
“Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.”
9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas:
“São Paulo, 16 de outubro de 2022”.
10 – Marcar a omissão de um termo:
“Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo “fazer”).
• Entre as sentenças
1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas
“Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.”
2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas, com exceção das orações iniciadas
pela conjunção “e”:
“Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos ajudasse.”
3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a principal:
“Quando será publicado, ainda não foi divulgado.”
4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas ou reduzidas, especialmente as que
antecedem a oração principal:
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– “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
– “Dr.” (Doutor)
3 – Para separar períodos:
“O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”
Ponto e Vírgula
1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já se tenha
utilizado a vírgula:
“Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG; nossa amiga, de praticar esportes.”
2 – Para separar os itens de uma sequência de itens:
“Os planetas que compõem o Sistema Solar são:
Mercúrio;
Vênus;
Terra;
Marte;
Júpiter;
Saturno;
Urano;
Netuno.”
Dois Pontos
1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas, enumerações ou sequência de palavras que explicam
e/ou resumem ideias anteriores.
“Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.”
“Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela grande ofensa.”
2 – Para introduzirem citação direta:
“Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente muito conhecido: “Nada se cria, nada se
perde, tudo se transforma’.”
3 – Para iniciar fala de personagens:
“Ele gritava repetidamente:
– Sou inocente!”
Reticências
1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta sintaticamente:
“Quem sabe um dia...”
2 – Para indicar hesitação ou dúvida:
“Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar ainda.”
3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o objetivo de prolongar o raciocínio:
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília -
José de Alencar).
4 – Suprimem palavras em uma transcrição:
“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner).
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Ponto de Interrogação
1 – Para perguntas diretas:
“Quando você pode comparecer?”
2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para destacar o enunciado:
“Não brinca, é sério?!”
Ponto de Exclamação
1 – Após interjeição:
“Nossa Que legal!”
2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva
“Infelizmente!”
3 – Após vocativo
“Ana, boa tarde!”
4 – Para fechar de frases imperativas:
“Entre já!”
Parênteses
a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases intercaladas de valor explicativo, podendo
substituir o travessão ou a vírgula:
“Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como sempre)
quem seria promovido.”
Travessão
1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:
“O rapaz perguntou ao padre:
— Amar demais é pecado?”
2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos:
“— Vou partir em breve.
— Vá com Deus!”
3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários:
“Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.”
4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas:
“Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.”
Aspas
1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta, como termos populares, gírias, neologismos,
estrangeirismos, arcaísmos, palavrões, e neologismos.
“Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.”
“A reunião será feita ‘online’.”
2 – Para indicar uma citação direta:
“A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de Assis)
35
concordância verbal e nominal
Visão Geral: sumariamente, as concordâncias verbal e nominal estudam a sintonia entre os componentes
de uma oração.
– Concordância verbal: refere-se ao verbo relacionado ao sujeito, sendo que o primeiro deve,
obrigatoriamente, concordar em número (flexão em singular e plural) e pessoa (flexão em 1a, 2a, ou 3a pessoa)
com o segundo. Isto é, ocorre quando o verbo é flexionado para concordar com o sujeito.
– Concordância nominal: corresponde à harmonia em gênero (flexão em masculino e feminino) e número
entre os vários nomes da oração, ocorrendo com maior frequência sobre os substantivos e o adjetivo. Em
outras palavras, refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas: adjetivo, numeral, pronome, artigo. Tal
concordância ocorre em gênero e pessoa
Casos específicos de concordância verbal
Concordância verbal com o infinitivo pessoal: existem três situações em que o verbo no infinitivo é
flexionado:
I – Quando houver um sujeito definido;
II – Sempre que se quiser determinar o sujeito;
III – Sempre que os sujeitos da primeira e segunda oração forem distintos.
Observe os exemplos:
“Eu pedir para eles fazerem a solicitação.”
“Isto é para nós solicitarmos.”
Concordância verbal com o infinitivo impessoal: não há flexão verbal quando o sujeito não for definido,
ou sempre que o sujeito da segunda oração for igual ao da primeira oração, ou mesmo em locuções verbais,
com verbos preposicionados e com verbos imperativos.
Exemplos:
“Os membros conseguiram fazer a solicitação.”
“Foram proibidos de realizar o atendimento.”
Concordância verbal com verbos impessoais: nesses casos, verbo ficará sempre em concordância com
a 3a pessoa do singular, tendo em vista que não existe um sujeito.
Observe os casos a seguir:
– Verbos que indicam fenômenos da natureza, como anoitecer, nevar, amanhecer.
Exemplo: “Não chove muito nessa região” ou “Já entardeceu.»
– O verbo haver com sentido de existir. Exemplo: “Havia duas professoras vigiando as crianças.”
– O verbo fazer indicando tempo decorrido. Exemplo: “Faz duas horas que estamos esperando.”
Concordância verbal com o verbo ser: diante dos pronomes tudo, nada, o, isto, isso e aquilo como sujeito,
há concordância verbal com o predicativo do sujeito, podendo o verbo permanecer no singular ou no plural:
– “Tudo que eu desejo é/são férias à beira-mar.”
– “Isto é um exemplo do que o ocorreria.” e “Isto são exemplos do que ocorreria.”
Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo, ou faz concordância com o termo precedente
ao pronome, ou permanece na 3a pessoa do singular:
– “Fui eu quem solicitou.» e “Fomos nós quem solicitou.»
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Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo concorda com o termo que antecede o pronome:
– “Foi ele que fez.» e “Fui eu que fiz.»
– “Foram eles que fizeram.” e “Fomos nós que fizemos.»
Concordância verbal com a partícula de indeterminação do sujeito se: nesse caso, o verbo cria
concordância com a 3a pessoa do singular sempre que a oração for constituída por verbos intransitivos ou por
verbos transitivos indiretos:
– «Precisa-se de cozinheiro.” e «Precisa-se de cozinheiros.”
Concordância com o elemento apassivador se: aqui, verbo concorda com o objeto direto, que desempenha
a função de sujeito paciente, podendo aparecer no singular ou no plural:
– Aluga-se galpão.” e “Alugam-se galpões.”
Concordância verbal com as expressões a metade, a maioria, a maior parte: preferencialmente, o verbo
fará concordância com a 3° pessoa do singular. Porém, a 3a pessoa do plural também pode ser empregada:
– “A maioria dos alunos entrou” e “A maioria dos alunos entraram.”
– “Grande parte das pessoas entendeu.” e “Grande parte das pessoas entenderam.”
Concordância nominal muitos substantivos: o adjetivo deve concordar em gênero e número com o
substantivo mais próximo, mas também concordar com a forma no masculino plural:
– “Casa e galpão alugado.” e “Galpão e casa alugada.”
– “Casa e galpão alugados.” e “Galpão e casa alugados.”
Concordância nominal com pronomes pessoais: o adjetivo concorda em gênero e número com os
pronomes pessoais:
– “Ele é prestativo.” e “Ela é prestativa.”
– “Eles são prestativos.” e “Elas são prestativas.”
Concordância nominal com adjetivos: sempre que existir dois ou mais adjetivos no singular, o substantivo
permanece no singular, se houver um artigo entre os adjetivos. Se o artigo não aparecer, o substantivo deve
estar no plural:
– “A blusa estampada e a colorida.” e “O casaco felpudo e o xadrez.”
– “As blusas estampada e colorida.” e “Os casacos felpudo e xadrez.”
Concordância nominal com é proibido e é permitido: nessas expressões, o adjetivo flexiona em gênero
e número, sempre que houver um artigo determinando o substantivo. Caso não exista esse artigo, o adjetivo
deve permanecer invariável, no masculino singular:
– “É proibida a circulação de pessoas não identificadas.” e “É proibido circulação de pessoas não identificadas.”
– “É permitida a entrada de crianças.” e “É permitido entrada de crianças acompanhadas.”
Concordância nominal com menos: a palavra menos permanece é invariável independente da sua
atuação, seja ela advérbio ou adjetivo:
– “Menos pessoas / menos pessoas”.
– “Menos problema /menos problemas.”
Concordância nominal com muito, pouco, bastante, longe, barato, meio e caro: esses termos instauram
concordância em gênero e número com o substantivo quando exercem função de adjetivo:
– “Tomei bastante suco.” e “Comprei bastantes frutas.”
– “A jarra estava meia cheia.” e “O sapato está meio gasto”.
– “Fizemos muito barulho.” e “Compramos muitos presentes.
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regência verbal e nominal
Visão geral: na Gramática, regência é o nome dado à relação de subordinação entre dois termos. Quando,
em um enunciado ou oração, existe influência de um tempo sobre o outro, identificamos o que se denomina
termo determinante, essa relação entre esses termos denominamos regência.
— Regência Nominal
É a relação entre um nome o seu complemento por meio de uma preposição. Esse nome pode ser um
substantivo, um adjetivo ou um advérbio e será o termo determinante.
O complemento preenche o significado do nome, cujo sentido estaria impreciso ou ambíguo se não fosse
pelo complemento.
Observe os exemplos:
“A nova entrada é acessível a cadeirantes.”
“Eu tenho o sonho de viajar para o nordeste.”
“Ele é perito em investigações como esta.”
Na primeira frase, adjetivo “acessível” exige a preposição a, do contrário, seu sentido ficaria incompleto. O
mesmo ocorre com os substantivos “sonho“ e “perito”, nas segunda e terceira frases, em que os nomes exigem
as preposições de e em para completude de seus sentidos. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que
regem. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem uma preposição para que seu sentido seja
completo.
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REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO EM
doutor em hábil em interesse em negligente em primeiro em
exato em incessante em lento em parco em versado em
firme em indeciso em morador em perito em
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convocação NÃO “Chame todos!”
“Chamo a Talita de Tatá.”
Chamar Rege complemento, “Chamo Talita de Tatá.”
apelido com e sem
preposição “Chamo a Talita Tatá.”
“Chamo Talita Tatá.”
o que se paga NÃO “Paguei o aluguel.”
Pagar
a quem se paga SIM “Pague ao credor.”
quem chega, chega
Chegar a algum lugar / verbo SIM “Quando chegar ao local, espere.”
transitivo indireto
quem obedece a algo
Obedecer / alguém / transitivo SIM “Obedeçam às regras.”
indireto
Esquecer verbo transitivo direito NÃO “Esqueci as alianças.”
... exige um
verbo transitivo direito complemento
Informar “Informe o ocorrido ao gerente.”
e indireto, portanto... sem e outro com
preposição
quem vai vai a algum
Ir lugar / verbo transitivo SIM “Vamos ao teatro.”
indireto
Quem mora em algum “Eles moram no interior.”
Morar lugar (verbo transitivo SIM
indireto) (Preposição “em” + artigo “o”).
verbo transitivio
Namorar NÃO “Júlio quer namorar Maria.”
direito
verbo bi transitivo
Preferir SIM “Prefira assados a frituras.”
(direto e indireto)
quem simpatiza
simpatiza com
Simpatizar SIM “Simpatizei-me com todos.”
algo/ alguém/ verbo
transitivo indireto
Definição: na gramática grega, o termo quer dizer “mistura “ou “contração”, e ocorre entre duas vogais,
uma final e outra inicial, em palavras unidas pelo sentido. Basicamente, desse modo: a (preposição) + a (artigo
feminino) = aa à; a (preposição) + aquela (pronome demonstrativo feminino) = àquela; a (preposição) + aquilo
(pronome demonstrativo feminino) = àquilo. Por ser a junção das vogais, a crase, como regra geral, ocorre diante
de palavras femininas, sendo a única exceção os pronomes demonstrativos aquilo e aquele, que recebem a
crase por terem “a” como sua vogal inicial. Crase não é o nome do acento, mas indicação do fenômeno de união
representado pelo acento grave.
A crase pode ser a contração da preposição a com:
– O artigo feminino definido a/as: “Foi à escola, mas não assistiu às aulas.”
– O pronome demonstrativo a/as: “Vá à paróquia central.”
– Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: “Retorne àquele mesmo local.”
– O a dos pronomes relativos a qual e as quais: “São pessoas às quais devemos o maior respeito e
consideração”.
40
Perceba que a incidência da crase está sujeita à presença de duas vogais a (preposição + artigo ou
preposição + pronome) na construção sintática.
Técnicas para o emprego da crase
1 – Troque o termo feminino por um masculino, de classe semelhante. Se a combinação ao aparecer,
ocorrerá crase diante da palavra feminina.
Exemplos:
“Não conseguimos chegar ao hospital / à clínica.”
“Preferiu a fruta ao sorvete / à torta.”
“Comprei o carro / a moto.”
“Irei ao evento / à festa.”
2 – Troque verbos que expressem a noção de movimento (ir, vir, chegar, voltar, etc.) pelo verbo voltar.
Se aparecer a preposição da, ocorrerá crase; caso apareça a preposição de, o acento grave não deve ser
empregado.
Exemplos:
“Vou a São Paulo. / Voltei de São Paulo.”
“Vou à festa dos Silva. / Voltei da Silva.”
“Voltarei a Roma e à Itália. / Voltarei de Roma e da Itália.”
3 – Troque o termo regente da preposição a por um que estabeleça a preposição por, em ou de. Caso essas
preposições não se façam contração com o artigo, isto é, não apareçam as formas pela(s), na(s) ou da(s), a
crase não ocorrerá.
Exemplos:
“Começou a estudar (sem crase) – Optou por estudar / Gosta de estudar / Insiste em estudar.”
“Refiro-me à sua filha (com crase) – Apaixonei-me pela sua filha / Gosto da sua filha / Votarei na sua filha.”
“Refiro-me a você. (sem crase) – Apaixonei-me por você / Gosto de você / Penso em você.”
4 – Tratando-se de locuções, isto é, grupo de palavras que expressam uma única ideia, a crase somente
deve ser empregada se a locução for iniciada por preposição e essa locução tiver como núcleo uma palavra
feminina, ocorrerá crase.
Exemplos:
“Tudo às avessas.”
“Barcos à deriva.”
5 – Outros casos envolvendo locuções e crase:
Na locução «à moda de”, pode estar implícita a expressão “moda de”, ficando somente o à explícito.
Exemplos:
“Arroz à (moda) grega.”
“Bife à (moda) parmegiana.”
Nas locuções relativas a horários, ocorra crase apenas no caso de horas especificadas e definidas: Exemplos:
“À uma hora.”
“Às cinco e quinze”.
41
colocação dos pronomes átonos
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da frase. A tendência do português falado no
Brasil é o uso do pronome antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma culta prescreve o
emprego do pronome no meio – mesóclise – ou após o verbo – ênclise.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se inicia um período com pronome oblíquo átono.
Assim, se na linguagem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, formal, usa-se “Encon-
trei-me’’ com ele.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem as poucas regras de mesóclise e ênclise.
Assim, sempre que estas não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que prejudique a eufonia
da frase.
Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pacientemente.
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito anteposto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não sejam reduzidas: Percebia que o observavam.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando, tudo dá.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus intentos são para nos prejudicarem.
Ênclise
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do indicativo: Trago-te flores.
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela preposição em: Saí, deixando-a aflita.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com outras preposições é facultativo o emprego de
ênclise ou próclise: Apressei-me a convidá-los.
Mesóclise
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no futuro do pretérito que iniciam a oração.
Dir-lhe-ei toda a verdade.
Far-me-ias um favor?
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de qualquer outro fator de atração, ocorrerá a pró-
clise.
Eu lhe direi toda a verdade.
Tu me farias um favor?
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Colocação do pronome átono nas locuções verbais
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal não vier precedida de um fator de próclise,
o pronome átono deverá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
Exemplos:
Devo-lhe dizer a verdade.
Devo dizer-lhe a verdade.
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes do auxiliar ou depois do principal.
Exemplos:
Não lhe devo dizer a verdade.
Não devo dizer-lhe a verdade.
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do auxiliar.
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois do infinitivo.
Exemplos:
Hei de dizer-lhe a verdade.
Tenho de dizer-lhe a verdade.
Observação
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Devo-lhe dizer tudo.
Estava-lhe dizendo tudo.
Havia-lhe dito tudo.
A terceira edição do Manual de Redação da Presidência da República foi lançado no final de 2018 e apre-
senta algumas mudanças quanto ao formato anterior. Para contextualizar, o manual foi criado em 1991 e surgiu
de uma necessidade de padronizar os protocolos à moderna administração pública. Assim, ele é referência
quando se trata de Redação Oficial em todas as esferas administrativas.
O Decreto de nº 9.758 de 11 de abril de 2019 veio alterar regras importantes, quanto aos substantivos
de tratamento. Expressões usadas antes (como: Vossa Excelência ou Excelentíssimo, Vossa Senhoria, Vossa
Magnificência, doutor, ilustre ou ilustríssimo, digno ou digníssimo e respeitável) foram retiradas e substituídas
apenas por: Senhor (a). Excepciona a nova regra quando o agente público entender que não foi atendido pelo
decreto e exigir o tratamento diferenciado.
A redação oficial é
A maneira pela qual o Poder Público redige comunicações oficiais e atos normativos e deve caracterizar-se
pela: clareza e precisão, objetividade, concisão, coesão e coerência, impessoalidade, formalidade e padroniza-
ção e uso da norma padrão da língua portuguesa.
43
SINAIS E ABREVIATURAS EMPREGADOS
• Indica forma (em geral sintática) inaceitável ou agramatical
§ Parágrafo
adj. adv. Adjunto adverbial
arc. Arcaico
art.; arts. Artigo; artigos
cf. Confronte
CN Congresso Nacional
Cp. Compare
EM Exposição de Motivos
f.v. Forma verbal
fem. Feminino
ind. Indicativo
ICP - Brasil Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira
masc. Masculino
obj. dir. Objeto direto
obj. ind. Objeto indireto
p. Página
p. us. Pouco usado
pess. Pessoa
pl. Plural
pref. Prefixo
pres. Presente
Res. Resolução do Congresso Nacional
RICD Regimento Interno da Câmara dos Deputados
RISF Regimento Interno do Senado Federal
s. Substantivo
s.f. Substantivo feminino
s.m. Substantivo masculino
SEI! Sistema Eletrônico de Informações
sing. Singular
tb. Também
v. Ver ou verbo
v.g. verbi gratia
var. pop. Variante popular
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação, são ne-
cessários:
c) alguém que receba essa comunicação: o público, uma instituição privada ou outro órgão ou entidade
pública, do Poder Executivo ou dos outros Poderes.
44
Além disso, deve-se considerar a intenção do emissor e a finalidade do documento, para que o texto esteja
adequado à situação comunicativa. Os atos oficiais (atos de caráter normativo) estabelecem regras para a con-
duta dos cidadãos, regulam o funcionamento dos órgãos e entidades públicos. Para alcançar tais objetivos, em
sua elaboração, precisa ser empregada a linguagem adequada. O mesmo ocorre com os expedientes oficiais,
cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade.
• clareza e precisão;
• objetividade;
• concisão;
• coesão e coerência;
• impessoalidade;
• formalidade e padronização; e
CLAREZA PRECISÃO
Para a obtenção de clareza, sugere-se: O atributo da precisão comple-
a) utilizar palavras e expressões simples, em seu sentido comum, menta a clareza e caracteriza-se por:
salvo quando o texto versar sobre assunto técnico, hipótese em que a) articulação da linguagem co-
se utilizará nomenclatura própria da área; mum ou técnica para a perfeita com-
b) usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar as orações na preensão da ideia veiculada no texto;
ordem direta e evitar intercalações excessivas. Em certas ocasiões, b) manifestação do pensamento
para evitar ambiguidade, sugere-se a adoção da ordem inversa da ou da ideia com as mesmas palavras,
oração; evitando o emprego de sinonímia com
c) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto; propósito meramente estilístico; e
d) não utilizar regionalismos e neologismos; c) escolha de expressão ou pala-
e) pontuar adequadamente o texto; vra que não confira duplo sentido ao
f) explicitar o significado da sigla na primeira referência a ela; e texto.
g) utilizar palavras e expressões em outro idioma apenas quando
indispensáveis, em razão de serem designações ou expressões de
uso já consagrado ou de não terem exata tradução. Nesse caso, gra-
fe-as em itálico.
Por sua vez, ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se deseja abordar, sem voltas e sem redundân-
cias. Para conseguir isso, é fundamental que o redator saiba de antemão qual é a ideia principal e quais são as
secundárias. A objetividade conduz o leitor ao contato mais direto com o assunto e com as informações, sem
subterfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que a objetividade suprime a delicadeza de
expressão ou torna o texto rude e grosseiro.
Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras. Não se
deve de forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se deve eliminar passagens
substanciais do texto com o único objetivo de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de excluir pala-
vras inúteis, redundâncias e passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
É indispensável que o texto tenha coesão e coerência. Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a har-
monia entre os elementos de um texto. Percebe-se que o texto tem coesão e coerência quando se lê um texto
e se verifica que as palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade uns aos outros.
Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a coerência de um texto são:
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• Referência (termos que se relacionam a outros necessários à sua interpretação);
A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço público e sempre em atendimento ao interesse
geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos objetos dos expedientes oficiais não devem ser tratados de outra
forma que não a estritamente impessoal.
As comunicações administrativas devem ser sempre formais, isto é, obedecer a certas regras de forma. Isso
é válido tanto para as comunicações feitas em meio eletrônico, quanto para os eventuais documentos impres-
sos. Recomendações:
• O uso do padrão culto não significa empregar a língua de modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem
próprias do estilo literário;
O único pronome de tratamento utilizado na comunicação com agentes públicos federais é “senhor”, inde-
pendentemente do nível hierárquico, da natureza do cargo ou da função ou da ocasião.
Obs. O pronome de tratamento é flexionado para o feminino e para o plural.
II - Vossa Senhoria;
IV - doutor;
V - ilustre ou ilustríssimo;
VI - digno ou digníssimo; e
VII - respeitável.
Todavia, o agente público federal que exigir o uso dos pronomes de tratamento, mediante invocação de nor-
mas especiais referentes ao cargo ou carreira, deverá tratar o interlocutor do mesmo modo. Ademais, é vedado
negar a realização de ato administrativo ou admoestar o interlocutor nos autos do expediente caso haja erro na
forma de tratamento empregada.
O endereçamento das comunicações dirigidas a agentes públicos federais não conterá pronome de trata-
mento ou o nome do agente público. Poderão constar o pronome de tratamento e o nome do destinatário nas
hipóteses de:
I – A mera indicação do cargo ou da função e do setor da administração ser insuficiente para a identificação
do destinatário; ou
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Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos de expedientes que se diferenciavam antes pela fina-
lidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o objetivo de uniformizá-los, deve-se adotar
nomenclatura e diagramação únicas, que sigam o que chamamos de padrão ofício.
• Cabeçalho: O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página do documento, centralizado na área deter-
minada pela formatação. No cabeçalho deve constar o Brasão de Armas da República no topo da página; nome
do órgão principal; nomes dos órgãos secundários, quando necessários, da maior para a menor hierarquia;
espaçamento entrelinhas simples (1,0). Os dados do órgão, tais como endereço, telefone, endereço de cor-
respondência eletrônica, sítio eletrônico oficial da instituição, podem ser informados no rodapé do documento,
centralizados.
• Identificação do expediente:
a) nome do documento: tipo de expediente por extenso, com todas as letras maiúsculas;
c) informações do documento: número, ano (com quatro dígitos) e siglas usuais do setor que expede o do-
cumento, da menor para a maior hierarquia, separados por barra (/);
• Local e data:
b) informação de local: nome da cidade onde foi expedido o documento, seguido de vírgula. Não se deve
utilizar a sigla da unidade da federação depois do nome da cidade;
c) dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia do mês e em numeração cardinal para os demais
dias do mês. Não se deve utilizar zero à esquerda do número que indica o dia do mês;
a) vocativo;
d) endereço: endereço postal de quem receberá o expediente, dividido em duas linhas: primeira linha: in-
formação de localidade/logradouro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo órgão, informação do setor;
segunda linha: CEP e cidade/unidade da federação, separados por espaço simples. Na separação entre cidade
e unidade da federação pode ser substituída a barra pelo ponto ou pelo travessão. No caso de ofício ao mes-
mo órgão, não é obrigatória a informação do CEP, podendo ficar apenas a informação da cidade/unidade da
federação;
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e) alinhamento: à margem esquerda da página.
• Assunto: O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o documento, de forma sucinta. Ele deve ser
grafado da seguinte maneira:
a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que define o conteúdo do documento, seguida de dois-
-pontos;
b) descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do documento deve ser escrita com inicial maiús-
cula, não se deve utilizar verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras;
c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o título, deve ser destacado em negrito;
• Texto:
NOS CASOS EM QUE NÃO SEJA USADO QUANDO FOREM USADOS PARA ENCAMI-
PARA ENCAMINHAMENTO DE DOCUMENTOS, NHAMENTO DE DOCUMENTOS, A ESTRUTU-
O EXPEDIENTE DEVE CONTER A SEGUINTE RA É MODIFICADA:
ESTRUTURA:
a) introdução: em que é apresentado o objetivo a) introdução: deve iniciar com referência ao ex-
da comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a pediente que solicitou o encaminhamento. Se a re-
honra de, Tenho o prazer de, Cumpre-me informar messa do documento não tiver sido solicitada, deve
que. Prefira empregar a forma direta: Informo, Soli- iniciar com a informação do motivo da comunica-
cito, Comunico; ção, que é encaminhar, indicando a seguir os dados
b) desenvolvimento: em que o assunto é deta- completos do documento encaminhado (tipo, data,
lhado; se o texto contiver mais de uma ideia sobre origem ou signatário e assunto de que se trata) e a
o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos razão pela qual está sendo encaminhado;
distintos, o que confere maior clareza à exposição; e b) desenvolvimento: se o autor da comunicação
c) conclusão: em que é afirmada a posição sobre desejar fazer algum comentário a respeito do docu-
o assunto. mento que encaminha, poderá acrescentar parágra-
fos de desenvolvimento. Caso contrário, não há pa-
rágrafos de desenvolvimento em expediente usado
para encaminhamento de documentos.
Em qualquer uma das duas estruturas, o texto do documento deve ser formatado da seguinte maneira:
a) alinhamento: justificado;
c) parágrafos: espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo; recuo de parágrafo: 2,5 cm
de distância da margem esquerda; numeração dos parágrafos: apenas quando o documento tiver três ou mais
parágrafos, desde o primeiro parágrafo. Não se numeram o vocativo e o fecho;
d) fonte: Calibri ou Carlito; corpo do texto: tamanho 12 pontos; citações recuadas: tamanho 11 pontos; notas
de Rodapé: tamanho 10 pontos.
e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indicadas, pode-se utilizar as fontes Symbol e Wing-
dings.
• Fechos para comunicações: O fecho das comunicações oficiais objetiva, além da finalidade óbvia de arre-
matar o texto, saudar o destinatário.
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a) Para autoridades de hierarquia superior a do remetente, inclusive o Presidente da República: Respeito-
samente,
a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado em letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha
acima do nome do signatário;
b) cargo: cargo da autoridade que expede o documento, redigido apenas com as iniciais maiúsculas. As
preposições que liguem as palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser centralizada na página. Para evitar equívocos, reco-
menda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a
última frase anterior ao fecho.
• Numeração de páginas: A numeração das páginas é obrigatória apenas a partir da segunda página da
comunicação. Ela deve ser centralizada na página e obedecer à seguinte formatação:
Quanto a formatação e apresentação, os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte forma:
g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse
caso, as margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (margem espelho);
h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em papel branco, reservando-se, se necessário, a
impressão colorida para gráficos e ilustrações;
i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso, o negrito. Deve-se evitar destaques com uso de
itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formata-
ção que afete a sobriedade e a padronização do documento;
k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto pre-
servado para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve ser utilizado, prefe-
rencialmente, formato de arquivo que possa ser lido e editado pela maioria dos editores de texto utilizados no
serviço público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
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l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte
maneira: tipo do documento + número do documento + ano do documento (com 4 dígitos) + palavras-chaves
do conteúdo.
Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo com algumas possíveis variações:
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais de um
órgão receptor. A sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente.
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c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente,
o mesmo expediente para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé
as siglas ou nomes dos órgãos que receberão o expediente.
A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em
que o assunto tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada por todos os mi-
nistros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial. Independentemente de ser uma EM
com apenas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica das exposições de motivos é única. A
numeração começa e termina dentro de um mesmo ano civil.
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente
as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da admi-
nistração pública; para expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter
ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas; para apresentar veto; enfim,
fazer comunicações do que seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação.
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos ministérios à Presidência da República, a cujas asses-
sorias caberá a redação final. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as
seguintes finalidades:
c) Indicação de autoridades.
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d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presidente da República se ausentarem do país por
mais de 15 dias.
i) Comunicação de veto.
As mensagens contêm:
c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatá-
rio, com o recuo de parágrafo dado ao texto;
e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita. A mensagem, como os
demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu signatário.
A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática comum, não só em âmbito privado, mas também
na administração pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos. Dependendo do contexto,
pode significar gênero textual, endereço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica. Como
gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documento oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-se
evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial. Como endereço eletrônico utilizado pelos
servidores públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a extensão “.gov.br”, por exemplo. Como sistema de
transmissão de mensagens eletrônicas, por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na principal forma de
envio e recebimento de documentos na administração pública.
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor docu-
mental, isto é, para que possa ser aceito como documento original, é necessário existir certificação digital que
ateste a identidade do remetente, segundo os parâmetros de integridade, autenticidade e validade jurídica da
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICPBrasil.
O destinatário poderá reconhecer como válido o e-mail sem certificação digital ou com certificação digital
fora ICP-Brasil; contudo, caso haja questionamento, será obrigatório a repetição do ato por meio documento
físico assinado ou por meio eletrônico reconhecido pela ICP-Brasil. Salvo lei específica, não é dado ao ente
público impor a aceitação de documento eletrônico que não atenda os parâmetros da ICP-Brasil.
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir pa-
dronização da mensagem comunicada. O assunto deve ser o mais claro e específico possível, relacionado ao
conteúdo global da mensagem. Assim, quem irá receber a mensagem identificará rapidamente do que se trata;
quem a envia poderá, posteriormente, localizar a mensagem na caixa do correio eletrônico.
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O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por uma saudação. Quando endereçado para outras ins-
tituições, para receptores desconhecidos ou para particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme os demais
documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou “Senhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Pre-
zada Senhora”.
Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de
abreviações como “Att.”, e de outros fechos, como “Abraços”, “Saudações”, que, apesar de amplamente usa-
dos, não são fechos oficiais e, portanto, não devem ser utilizados em e-mails profissionais.
Sugere-se que todas as instituições da administração pública adotem um padrão de texto de assinatura. A
assinatura do e-mail deve conter o nome completo, o cargo, a unidade, o órgão e o telefone do remetente.
A possibilidade de anexar documentos, planilhas e imagens de diversos formatos é uma das vantagens
do e-mail. A mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre o conteúdo do
anexo.
Os arquivos anexados devem estar em formatos usuais e que apresentem poucos riscos de segurança.
Quando se tratar de documento ainda em discussão, os arquivos devem, necessariamente, ser enviados, em
formato que possa ser editado.
A correção ortográfica é requisito elementar de qualquer texto, e ainda mais importante quando se trata de
textos oficiais. Muitas vezes, uma simples troca de letras pode alterar não só o sentido da palavra, mas de toda
uma frase. O que na correspondência particular seria apenas um lapso na digitação pode ter repercussões in-
desejáveis quando ocorre no texto de uma comunicação oficial ou de um ato normativo. Assim, toda revisão que
se faça em determinado documento ou expediente deve sempre levar em conta também a correção ortográfica.
NEGRITO E SUBLINHA-
HÍFEN ASPAS ITÁLICO
DO
Emprega-se itálico
em:
O hífen é um sinal a) títulos de publi-
usado para: As aspas têm os se- cações (livros, revistas,
a) ligar os elementos guintes empregos: jornais, periódicos etc.)
de palavras compostas: a) antes e depois de ou títulos de congres-
vice-ministro; uma citação textual dire- sos, conferências, slo-
Usa-se o negrito para
b) para unir prono- ta, quando esta tem até gans, lemas sem o uso
realce de palavras e tre-
mes átonos a verbos: três linhas, sem utilizar de aspas (com inicial
chos. Deve-se evitar o uso
agradeceu-lhe; e itálico; maiúscula em todas as
de sublinhado para realçar
c) para, no final de b) quando neces- palavras, exceto nas de
palavras e trechos em co-
uma linha, indicar a se- sário, para diferenciar ligação);
municações oficiais.
paração das sílabas de títulos, termos técnicos, b) palavras e as ex-
uma palavra em duas expressões fixas, defini- pressões em latim ou
partes (a chamada ções, exemplificações e em outras línguas es-
translineação): com-/pa- assemelhados. trangeiras não incorpo-
rar, gover-/no. radas ao uso comum
na língua portuguesa ou
não aportuguesadas.
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PARÊNTESES E TRAVESSÃO USO DE SIGLAS E ACRÔNIMOS
Os parênteses são empregados para interca- Para padronizar o uso de siglas e acrônimos nos
lar, em um texto, explicações, indicações, comen- atos normativos, serão adotados os conceitos sugeri-
tários, observações, como por exemplo, indicar dos pelo Manual de Elaboração de Textos da Consul-
uma data, uma referência bibliográfica, uma sigla. toria Legislativa do Senado Federal (1999), em que:
O travessão, que é representado graficamente a) sigla: constitui-se do resultado das somas das
por um hífen prolongado (–), substitui parênteses, iniciais de um título; e
vírgulas, dois-pontos. b) acrônimo: constitui-se do resultado da soma de
algumas sílabas ou partes dos vocábulos de um título.
Sintaxe é a parte da Gramática que estuda a palavra, não em si, mas em relação às outras, que, com ela, se
unem para exprimir o pensamento. Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos que compõem
uma oração:
O sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. De acordo com a gramática
normativa, o sujeito da oração não pode ser preposicionado. Ele pode ter complemento, mas não ser comple-
mento.
Embora seja usada como recurso estilístico na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
A omissão de certos termos, ao fazermos uma comparação, omissão própria da língua falada, deve ser
evitada na língua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre é possível identificar, pelo contexto,
o termo omitido. A ausência indevida de um termo pode impossibilitar o entendimento do sentido que se quer
dar a uma frase.
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. Como a clareza é requisito bá-
sico de todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que possam gerar equívocos de compreensão. A
ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de identificar-se a que palavra se refere um pronome que possui
mais de um antecedente na terceira pessoa.
A concordância é o processo sintático segundo o qual certas palavras se acomodam, na sua forma, às
palavras de que dependem. Essa acomodação formal se chama flexão e se dá quanto a gênero e número (nos
adjetivos – nomes ou pronomes), números e pessoa (nos verbos). Daí, a divisão: concordância nominal e con-
cordância verbal.
Regência é, em gramática, sinônimo de dependência, subordinação. Assim, a sintaxe de regência trata das
relações de dependência que as palavras mantêm na frase. Dizemos que um termo rege o outro que o com-
plementa. Numa frase, os termos regentes ou subordinantes (substantivos, adjetivos, verbos) regem os termos
regidos ou subordinados (substantivos, adjetivos, preposições) que lhes completam o sentido.
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b) separar palavras, expressões e orações que, segundo o autor, devem merecer destaque; e
A vírgula serve para marcar as separações breves de sentido entre termos vizinhos, as inversões e as in-
tercalações, quer na oração, quer no período. O ponto e vírgula, em princípio, separa estruturas coordenadas
já portadoras de vírgulas internas. É também usado em lugar da vírgula para dar ênfase ao que se quer dizer.
Emprega-se este sinal de pontuação para introduzir citações, marcar enunciados de diálogo e indicar um
esclarecimento, um resumo ou uma consequência do que se afirmou.
O ponto de interrogação, como se depreende de seu nome, é utilizado para marcar o final de uma frase
interrogativa direta. O ponto de exclamação é utilizado para indicar surpresa, espanto, admiração, súplica etc.
Seu uso na redação oficial fica geralmente restrito aos discursos e às peças de retórica.
a) Emprega-se este(a)/isto quando o termo referente estiver próximo ao emissor, ou seja, de quem fala ou
redige.
b) Emprega-se esse(a)/isso quando o termo referente estiver próximo ao receptor, ou seja, a quem se fala
ou para quem se redige.
c) Emprega-se aquele(a)/aquilo quando o termo referente estiver distante tanto do emissor quanto do re-
ceptor da mensagem.
g) Usa-se este(a)/isto para introduzir referência que, no texto, ainda será mencionado;
A Semântica estuda o sentido das palavras, expressões, frases e unidades maiores da comunicação verbal,
os significados que lhe são atribuídos. Ao considerarmos o significado de determinada palavra, levamos em
conta sua história, sua estrutura (radical, prefixos, sufixos que participam da sua forma) e, por fim, o contexto
em que se apresenta.
Sendo a clareza um dos requisitos fundamentais de todo texto oficial, deve-se atentar para a tradição no
emprego de determinada expressão com determinado sentido. O emprego de expressões ditas de uso consa-
grado confere uniformidade e transparência ao sentido do texto. Mas isso não quer dizer que os textos oficiais
devam limitar-se à repetição de chavões e de clichês.
Verifique sempre o contexto em que as palavras estão sendo utilizadas. Certifique-se de que não há repeti-
ções desnecessárias ou redundâncias. Procure sinônimos ou termos mais precisos para as palavras repetidas;
mas se sua substituição for comprometer o sentido do texto, tornando-o ambíguo ou menos claro, não hesite
em deixar o texto como está.
É importante lembrar que o idioma está em constante mutação. A própria evolução dos costumes, das
ideias, das ciências, da política, enfim da vida social em geral, impõe a criação de novas palavras e de formas
de dizer.
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A redação oficial não pode alhear-se dessas transformações, nem incorporá-las acriticamente. Quanto às
novidades vocabulares, por um lado, elas devem sempre ser usadas com critério, evitando-se aquelas que po-
dem ser substituídas por vocábulos já de uso consolidado sem prejuízo do sentido que se lhes quer dar.
De outro lado, não se concebe que, em nome de suposto purismo, a linguagem das comunicações oficiais
fique imune às criações vocabulares ou a empréstimos de outras línguas. A rapidez do desenvolvimento tecno-
lógico, por exemplo, impõe a criação de inúmeros novos conceitos e termos, ditando de certa forma a veloci-
dade com que a língua deve incorporá-los. O importante é usar o estrangeirismo de forma consciente, buscar
o equivalente português quando houver ou conformar a palavra estrangeira ao espírito da Língua Portuguesa.
• A homonímia é a designação geral para os casos em que palavras de sentidos diferentes têm a mesma
grafia (os homônimos homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos homófonos).
• Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia, como nos exemplos: quarto (aposento) e quarto
(ordinal), manga (fruta) e manga (de camisa), em que temos pronúncia idêntica; e apelo (pedido) e apelo (com
e aberto, 1ª pess. Do sing. Do pres. Do ind. Do verbo apelar), consolo (alívio) e consolo (com o aberto, 1ª pess.
Do sing. Do pres. Do ind. Do verbo consolar), com pronúncia diferente. Os homógrafos de idêntica pronúncia
diferenciam-se pelo contexto em que são empregados.
• Já o termo paronímia designa o fenômeno que ocorre com palavras semelhantes (mas não idênticas)
quanto à grafia ou à pronúncia. É fonte de muitas dúvidas, como entre descrição (ato de descrever) e discrição
(qualidade do que é discreto), retificar (corrigir) e ratificar (confirmar).
No Estado de Direito, as normas jurídicas cumprem a tarefa de concretizar a Constituição. Elas devem criar
os fundamentos de justiça e de segurança que assegurem um desenvolvimento social harmônico em um con-
texto de paz e de liberdade. Esses complexos objetivos da norma jurídica são expressos nas funções:
III) de proteção: a lei cumpre função de proteção contra o arbítrio ao vincular os próprios órgãos do Estado;
IV) de regulação: a lei cumpre função reguladora ao direcionar condutas por meio de modelos;
• Reserva legal qualificada (algumas providências sejam precedidas de específica autorização legislativa,
vinculada à determinada situação ou destinada a atingir determinado objetivo);
• Princípio da proporcionalidade;
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• Densidade da norma (a previsão legal contenha uma disciplina suficientemente concreta);
• Remissões legislativas (se as remissões forem inevitáveis, sejam elas formuladas de tal modo que permi-
tam ao intérprete apreender o seu sentido sem ter de compulsar o texto referido).
Além do processo legislativo disciplinado na Constituição (processo legislativo externo), a doutrina identifi-
ca o chamado processo legislativo interno, que se refere à forma de fazer adotada para a tomada da decisão
legislativa.
Antes de decidir sobre as providências a serem tomadas, é essencial identificar o problema a ser enfren-
tado. Realizada a identificação do problema em decorrência de impulsos externos (manifestações de órgãos
de opinião pública, críticas de segmentos especializados) ou graças à atuação dos mecanismos próprios de
controle, o problema deve ser delimitado de forma precisa.
A análise da situação questionada deve contemplar as causas ou o complexo de causas que eventualmente
determinaram ou contribuíram para o seu desenvolvimento. Essas causas podem ter influências diversas, tais
como condutas humanas, desenvolvimentos sociais ou econômicos, influências da política nacional ou inter-
nacional, consequências de novos problemas técnicos, efeitos de leis antigas, mudanças de concepção etc.
Para verificar a adequação dos meios a serem utilizados, deve-se realizar uma análise dos objetivos que se
esperam com a aprovação da proposta. A ação do legislador, nesse âmbito, não difere, fundamentalmente, da
atuação do homem comum, que se caracteriza mais por saber exatamente o que não quer, sem precisar o que
efetivamente pretende.
A avaliação emocional dos problemas, a crítica generalizada e, às vezes, irrefletida sobre o estado de coisas
dominante acabam por permitir que predominem as soluções negativistas, que têm por escopo, fundamental-
mente, suprimir a situação questionada sem contemplar, de forma detida e racional, as alternativas possíveis
ou as causas determinantes desse estado de coisas negativo. Outras vezes, deixa-se orientar por sentimento
inverso, buscando, pura e simplesmente, a preservação do status quo.
Essas duas posições podem levar, nos seus extremos, a uma imprecisa definição dos objetivos. A definição
da decisão legislativa deve ser precedida de uma rigorosa avaliação das alternativas existentes, seus prós e
contras. A existência de diversas alternativas para a solução do problema não só amplia a liberdade do legisla-
dor, como também permite a melhoria da qualidade da decisão legislativa.
Antes de decidir sobre a alternativa a ser positivada, devem-se avaliar e contrapor as alternativas existen-
tes sob dois pontos de vista: a) De uma perspectiva puramente objetiva: verificar se a análise sobre os dados
fáticos e prognósticos se mostra consistente; b) De uma perspectiva axiológica: aferir, com a utilização de
critérios de probabilidade (prognósticos), se os meios a serem empregados mostram-se adequados a produzir
as consequências desejadas. Devem-se contemplar, igualmente, as suas deficiências e os eventuais efeitos
colaterais negativos.
O processo de decisão normativa estará incompleto caso se entenda que a tarefa do legislador se encerre
com a edição do ato normativo. Uma planificação mais rigorosa do processo de elaboração normativa exige um
cuidadoso controle das diversas consequências produzidas pelo novo ato normativo.
É recomendável que o legislador redija as leis dentro de um espírito de sistema, tendo em vista não só a
coerência e a harmonia interna de suas disposições, mas também a sua adequada inserção no sistema jurídico
como um todo. Essa sistematização expressa uma característica da cientificidade do Direito e corresponde às
57
exigências mínimas de segurança jurídica, à medida que impedem uma ruptura arbitrária com a sistemática
adotada na aplicação do Direito. Costuma-se distinguir a sistemática da lei em sistemática interna (compa-
tibilidade teleológica e ausência de contradição lógica) e sistemática externa (estrutura da lei).
Regras básicas a serem observadas para a sistematização do texto do ato normativo, com o objetivo de
facilitar sua estruturação:
a) matérias que guardem afinidade objetiva devem ser tratadas em um mesmo contexto ou agrupamento;
c) a sistemática da lei deve ser concebida de modo a permitir que ela forneça resposta à questão jurídica a
ser disciplinada; e
• O artigo de alteração da norma deve fazer menção expressa ao ato normativo que está sendo alterado.
• Na hipótese de alteração parcial de artigo, os dispositivos que não terão o seu texto alterado serão subs-
tituídos por linha pontilhada, cujo uso é obrigatório para indicar a manutenção e a não alteração do trecho do
artigo.
O termo “republicação” é utilizado para designar apenas a hipótese de o texto publicado não correspon-
der ao original assinado pela autoridade. Não se pode cogitar essa hipótese por motivo de erro já constante
do documento subscrito pela autoridade ou, muito menos, por motivo de alteração na opinião da autoridade.
Considerando que os atos normativos somente produzem efeitos após a publicação no Diário Oficial da União,
mesmo no caso de republicação, não se poderá cogitar a existência de efeitos retroativos com a publicação do
texto corrigido. Contudo, o texto publicado sem correspondência com aquele subscrito pela autoridade poderá
ser considerado inválido com efeitos retroativos.
Já a retificação se refere aos casos em que texto publicado corresponde ao texto subscrito pela autoridade,
mas que continha lapso manifesto. A retificação requer nova assinatura pelas autoridades envolvidas e, em
muitos casos, é menos conveniente do que a mera alteração da norma.
A correção de erro material que não afete a substância do ato singular de caráter pessoal e as retificações
ou alterações da denominação de cargos, funções ou órgãos que tenham tido a denominação modificada em
decorrência de lei ou de decreto superveniente à expedição do ato pessoal a ser apostilado são realizadas por
meio de apostila. O apostilamento é de competência do setor de recurso humanos do órgão, autarquia ou fun-
dação, e dispensa nova assinatura da autoridade que subscreveu o ato originário.
Atenção: Deve-se ter especial atenção quando do uso do apostilamento para os atos relativos à vacância
ou ao provimento decorrente de alteração de estrutura de órgão, autarquia ou fundação pública. O apostila-
mento não se aplica aos casos nos quais a essência do cargo em comissão ou da função de confiança tenham
sido alterados, tais como nos casos de alteração do nível hierárquico, transformação de atribuição de assesso-
ramento em atribuição de chefia (ou vice-versa) ou transferência de cargo para unidade com outras competên-
cias. Também deve-se alertar para o fato que a praxe atual tem sido exigir que o apostilamento decorrente de
alteração em estrutura regimental seja realizado na mesma data da entrada em vigor de seu decreto.
A estrutura dos atos normativos é composta por dois elementos básicos: a ordem legislativa e a matéria
legislada. A ordem legislativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei ou do decreto; a matéria legislada
diz respeito ao texto ou ao corpo do ato.
58
A lei ordinária é ato normativo primário e contém, em regra, normas gerais e abstratas. Embora as leis se-
jam definidas, normalmente, pela generalidade e pela abstração (lei material), estas contêm, não raramente,
normas singulares (lei formal ou ato normativo de efeitos concretos).
As leis complementares são um tipo de lei que não têm a rigidez dos preceitos constitucionais, e tampouco
comportam a revogação por força de qualquer lei ordinária superveniente. Com a instituição de lei complemen-
tar, o constituinte buscou resguardar determinadas matérias contra mudanças céleres ou apressadas, sem
deixá-las exageradamente rígidas, o que dificultaria sua modificação. A lei complementar deve ser aprovada
pela maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo Presidente da República em decorrência de auto-
rização do Poder Legislativo, expedida por meio de resolução do Congresso Nacional e dentro dos limites nela
traçados. Medida provisória é ato normativo com força de lei que pode ser editado pelo Presidente da República
em caso de relevância e urgência. Decretos são atos administrativos de competência exclusiva do Chefe do
Executivo, destinados a prover as situações gerais ou individuais, abstratamente previstas, de modo expresso
ou implícito, na lei.
• Decretos singulares ou de efeitos concretos: Os decretos podem conter regras singulares ou concretas
(por exemplo, decretos referentes à questão de pessoal, de abertura de crédito, de desapropriação, de cessão
de uso de imóvel, de indulto, de perda de nacionalidade, etc.).
Portaria é o instrumento pelo qual Ministros ou outras autoridades expedem instruções sobre a organização
e o funcionamento de serviço, sobre questões de pessoal e outros atos de sua competência.
O processo legislativo abrange não só a elaboração das leis propriamente ditas (leis ordinárias, leis comple-
mentares, leis delegadas), mas também a elaboração das emendas constitucionais, das medidas provisórias,
dos decretos legislativos e das resoluções.
A iniciativa é a proposta de edição de direito novo. A iniciativa comum ou concorrente compete ao Presidente
da República, a qualquer Deputado ou Senador, a qualquer comissão de qualquer das Casas do Congresso, e
aos cidadãos – iniciativa popular. A Constituição confere a iniciativa da legislação sobre certas matérias, privati-
vamente, a determinados órgãos, denominada de iniciativa reservada. A Constituição prevê, ainda, sistema de
iniciativa vinculada, na qual a apresentação do projeto é obrigatória. Nesse caso, o Chefe do Executivo Federal
deve encaminhar ao Congresso Nacional os projetos referentes às leis orçamentárias (plano plurianual, lei de
diretrizes orçamentárias e o orçamento anual).
A disciplina sobre a discussão e a instrução do projeto de lei é confiada, fundamentalmente, aos Regimen-
tos das Casas Legislativas.
Emenda é a proposição apresentada como acessória de outra proposição. Nem todo titular de iniciativa tem
poder de emenda. Essa faculdade é reservada aos parlamentares. Se, entretanto, for de iniciativa do Poder
Executivo ou do Poder Judiciário, o seu titular também pode apresentar modificações, acréscimos, o que fará
por meio de mensagem aditiva, dirigida ao Presidente da Câmara dos Deputados, que justifique a necessidade
do acréscimo. A apresentação de emendas a qualquer projeto de lei oriundo de iniciativa reservada é autoriza-
da, desde que não implique aumento de despesa e que tenha estrita pertinência temática.
59
A Constituição não impede a apresentação de emendas ao projeto de lei orçamentária. Elas devem ser, to-
davia, compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias e devem indicar os recursos
necessários, sendo admitidos apenas aqueles provenientes de anulação de despesa. A Constituição veda a
propositura de emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias que não guardem compatibilidade com o
plano plurianual.
A votação da matéria legislativa constitui ato coletivo das Casas do Congresso. Realiza-se, normalmente,
após a instrução do projeto nas comissões e dos debates no plenário. A sanção é o ato pelo qual o Chefe do
Executivo manifesta a sua anuência ao projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo. Verifica-se aqui a fusão
da vontade do Congresso Nacional com a do Presidente, da qual resulta a formação da lei.
O veto é o ato pelo qual o Chefe do Poder Executivo nega sanção ao projeto – ou a parte dele –, obstando
à sua conversão em lei. Dois são os fundamentos para a recusa de sanção: a) inconstitucionalidade; ou b)
contrariedade ao interesse público.
O veto deve ser expresso e motivado, e oposto no prazo de 15 dias úteis, contado da data do recebimento
do projeto, e comunicado ao Congresso Nacional nas 48 horas subsequentes à sua oposição. O veto não im-
pede a conversão do projeto em lei, podendo ser superado por deliberação do Congresso Nacional.
A promulgação e a publicação constituem fases essenciais da eficácia da lei. A promulgação das leis com-
pete ao Presidente da República. Ela deverá ocorrer dentro do prazo de 48 horas, decorrido da sanção ou da
superação do veto. Nesse último caso, se o Presidente não promulgar a lei, competirá a promulgação ao Presi-
dente do Senado Federal, que disporá, igualmente, de 48 horas para fazê-lo; se este não o fizer, deverá fazê-lo
o Vice-Presidente do Senado Federal, em prazo idêntico.
O período entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor é chamado de período de vacância ou vacatio
legis. Na falta de disposição especial, vigora o princípio que reconhece o decurso de um lapso de tempo entre
a data da publicação e o termo inicial da obrigatoriedade (45 dias).
a) procedimento legislativo normal: Trata da elaboração das leis ordinárias (excluídas as leis financeiras
e os códigos) e complementares.
c) procedimento legislativo sumário: Entre as prerrogativas regimentais das Casas do Congresso Nacio-
nal existe a de conferir urgência a certas proposições.
d) procedimento legislativo sumaríssimo: Existe nas duas Casas do Congresso Nacional mecanismo
que assegura deliberação instantânea sobre matérias submetidas à sua apreciação.
f) procedimento legislativo especial: Nesse procedimento, englobam-se dois ritos distintos com caracte-
rísticas próprias, um destinado à elaboração de emendas à Constituição; outro, à de códigos.
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Semântica e estilística: figuras de linguagem
As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais
expressiva. É um recurso linguístico para expressar de formas diferentes experiências comuns, conferindo ori-
ginalidade, emotividade ao discurso, ou tornando-o poético.
As figuras de linguagem classificam-se em
– figuras de palavra;
– figuras de pensamento;
– figuras de construção ou sintaxe.
Figuras de palavra
Emprego de um termo com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir
um efeito mais expressivo na comunicação.
Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos conectivos comparativos; é uma comparação
subjetiva. Normalmente vem com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase.
Exemplos
...a vida é cigana
É caravana
É pedra de gelo ao sol.
(Geraldo Azevedo/ Alceu Valença)
Encarnado e azul são as cores do meu desejo.
(Carlos Drummond de Andrade)
Comparação: aproxima dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos:
como, tal qual, tal como, que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a comparação: parecer, asseme-
lhar-se e outros.
Exemplo
Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando você entrou em mim como um sol no quintal.
(Belchior)
Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o qual não existe uma designação apropriada.
Exemplos
– folha de papel
– braço de poltrona
– céu da boca
– pé da montanha
Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sentidos físicos.
Exemplo
Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva) mecânica.
(Carlos Drummond de Andrade)
A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sinestesia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão
luminosa”, “indiferença gelada”.
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Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualidade, atributo ou circunstância que individualiza o
ser e notabiliza-o.
Exemplos
O filósofo de Genebra (= Calvino).
O águia de Haia (= Rui Barbosa).
Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma que a palavra empregada lembra, sugere e retoma
a que foi omitida.
Exemplos
Leio Graciliano Ramos. (livros, obras)
Comprei um panamá. (chapéu de Panamá)
Tomei um Danone. (iogurte)
Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como sinédoque quando se têm a parte pelo todo e o
singular pelo plural.
Exemplo
A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu
cavalo. (singular pelo plural)
(José Cândido de Carvalho)
Figuras Sonoras
Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geralmente em posição inicial da palavra.
Exemplo
Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes veladas.
(Cruz e Sousa)
Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de um verso ou poesia.
Exemplo
Sou Ana, da cama,
da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam.
(Chico Buarque)
Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma ou na prosódia, mas diferentes no sentido.
Exemplo
Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu
[erro
quero que você ganhe que
[você me apanhe
62
sou o seu bezerro gritando
[mamãe.
(Caetano Veloso)
Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som produzido por seres animados e inanimados.
Exemplo
Vai o ouvido apurado
na trama do rumor suas nervuras
inseto múltiplo reunido
para compor o zanzineio surdo
circular opressivo
zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
da noite em branco
(Carlos Drummond de Andrade)
Observação: verbos que exprimem os sons são considerados onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaque-
ar, miar etc.
Figuras de sintaxe ou de construção
Dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis re-
petições ou omissões.
Podem ser formadas por:
omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
ruptura: anacoluto;
concordância ideológica: silepse.
Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um período, frase ou verso.
Exemplo
Dentro do tempo o universo
[na imensidão.
Dentro do sol o calor peculiar
[do verão.
Dentro da vida uma vida me
[conta uma estória que fala
[de mim.
Dentro de nós os mistérios
[do espaço sem fim!
(Toquinho/Mutinho)
Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas
aparecem separadas por vírgulas.
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Exemplo
Não nos movemos, as mãos é
que se estenderam pouco a
pouco, todas quatro, pegando-se,
apertando-se, fundindo-se.
(Machado de Assis)
Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coordenativa mais vezes do que exige a norma gra-
matical.
Exemplo
Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.
(Rubem Braga)
Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um termo já expresso.
Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem.
Exemplos
Não os venci. Venceram-me
eles a mim.
(Rui Barbosa)
Morrerás morte vil na mão de um forte.
(Gonçalves Dias)
Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, cotidiana, considerado vício de linguagem. Deve ser
evitado.
Exemplos
Ouvir com os ouvidos.
Rolar escadas abaixo.
Colaborar juntos.
Hemorragia de sangue.
Repetir de novo.
Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente subentendidas na frase. Geralmente essas palavras
são pronomes, conjunções, preposições e verbos.
Exemplos
Compareci ao Congresso. (eu)
Espero venhas logo. (eu, que, tu)
Ele dormiu duas horas. (durante)
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver)
(Camões)
Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas anteriormente.
Exemplos
Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes.
(Camilo Castelo Branco)
Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes.
64
(Machado de Assis)
Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos elementos na frase.
Exemplos
Passeiam, à tarde, as belas na avenida.
(Carlos Drummond de Andrade)
Paciência tenho eu tido...
(Antônio Nobre)
Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a frase, alterando a sequência do processo lógi-
co. A construção do período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem função sintática definida.
Exemplos
E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.
(Manuel Bandeira)
Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as mãos.
(José Lins do Rego)
Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na
mesma frase).
Exemplo
...em cada olho um grito castanho de ódio.
(Dalton Trevisan)
...em cada olho castanho um grito de ódio)
Silepse
Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo ou pronome com a pessoa a que se refere.
Exemplos
Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho...
(Rachel de Queiroz)
V. Ex.a parece magoado...
(Carlos Drummond de Andrade)
Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com o sujeito da oração.
Exemplos
Os dois ora estais reunidos...
(Carlos Drummond de Andrade)
Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas.
(Machado de Assis)
Silepse de número: Não há concordância do número verbal com o sujeito da oração.
Exemplo
Corria gente de todos os lados, e gritavam.
(Mário Barreto)
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sinonímia, antonímia, polissemia, denotação e conotação
Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo da semântica, a área da gramática que se dedica
ao sentido das palavras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas.
Denotação e conotação
Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das palavras, enquanto a conotação diz respeito ao
sentido figurado das palavras. Exemplos:
“O gato é um animal doméstico.”
“Meu vizinho é um gato.”
No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadeiro sentido, indicando uma espécie real de
animal. Na segunda frase, a palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma de dizer que
ele é tão bonito quanto o bichano.
Hiperonímia e hiponímia
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo, palavra superior com um sentido mais abrangente,
engloba um hipônimo, palavra inferior com sentido mais restrito.
Exemplos:
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia.
– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho.
Polissemia e monossemia
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra apresentar uma multiplicidade de significados, de
acordo com o contexto em que ocorre. A monossemia indica que determinadas palavras apresentam apenas
um significado. Exemplos:
– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma ou um órgão do corpo, dependendo do
contexto em que é inserida.
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não tem outro significado, por isso é uma palavra
monossêmica.
Sinonímia e antonímia
A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem semelhantes em significado. Já antonímia se refere
aos significados opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras expressam proximidade e
contrariedade.
Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = veloz.
Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x atrasado.
Homonímia e paronímia
A homonímia diz respeito à propriedade das palavras apresentarem: semelhanças sonoras e gráficas,
mas distinção de sentido (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas distinção gráfica e de sentido
(palavras homófonas) semelhanças gráficas, mas distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas). A
paronímia se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de forma parecida, mas que apresentam
significados diferentes. Veja os exemplos:
– Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo caminhar); morro (monte) e morro (verbo
morrer).
– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apreçar (definir o preço); arrochar (apertar com força)
e arroxar (tornar roxo).
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– Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar); boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro
(pranto) e choro (verbo chorar) .
– Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e apóstrofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e
cumprimento (saudação).
Exercícios
1. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Biblioteconomia- O rio de minha terra é um deus
estranho.
Ele tem braços, dentes, corpo, coração,
muitas vezes homicida,
foi ele quem levou o meu irmão.
É muito calmo o rio de minha terra.
Suas águas são feitas de argila e de mistérios.
Nas solidões das noites enluaradas
a maldição de Crispim desce
sobre as águas encrespadas.
O rio de minha terra é um deus estranho.
Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole
para subir as poucas rampas do seu cais.
Foi conhecendo o movimento da cidade,
a pobreza residente nas taperas marginais.
Pois tão irado e tão potente fez-se o rio
que todo um povo se juntou para enfrentá-lo.
Mas ele prosseguiu indiferente,
carregando no seu dorso bois e gente,
até roçados de arroz e de feijão.
Na sua obstinada e galopante caminhada,
destruiu paredes, casas, barricadas,
deixando no percurso mágoa e dor.
Depois subiu os degraus da igreja santa
e postou-se horas sob os pés do Criador.
E desceu devagarinho, até deitar-se
novamente no seu leito.
Mas toda noite o seu olhar de rio
fica boiando sob as luzes da cidade.
(Adaptado de: MORAES, Herculano. O rio da minha
terra. Disponível em: https://www.escritas.org)
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No trecho até roçados de arroz e de feijão, o termo “até” classifica-se como
(A) pronome.
(B) preposição.
(C) artigo.
(D) advérbio.
(E) conjunção.
2. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Biblioteconomia- rio de minha terra é um deus
estranho.
Ele tem braços, dentes, corpo, coração,
muitas vezes homicida,
foi ele quem levou o meu irmão.
É muito calmo o rio de minha terra.
Suas águas são feitas de argila e de mistérios.
Nas solidões das noites enluaradas
a maldição de Crispim desce
sobre as águas encrespadas.
O rio de minha terra é um deus estranho.
Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole
para subir as poucas rampas do seu cais.
Foi conhecendo o movimento da cidade,
a pobreza residente nas taperas marginais.
Pois tão irado e tão potente fez-se o rio
que todo um povo se juntou para enfrentá-lo.
Mas ele prosseguiu indiferente,
carregando no seu dorso bois e gente,
até roçados de arroz e de feijão.
Na sua obstinada e galopante caminhada,
destruiu paredes, casas, barricadas,
deixando no percurso mágoa e dor.
Depois subiu os degraus da igreja santa
e postou-se horas sob os pés do Criador.
E desceu devagarinho, até deitar-se
novamente no seu leito.
Mas toda noite o seu olhar de rio
fica boiando sob as luzes da cidade.
(Adaptado de: MORAES, Herculano. O rio da minha
terra. Disponível em: https://www.escritas.org)
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A figura de linguagem predominante no verso “O rio de minha terra é um deus estranho” é a
(A) metáfora.
(B) hipérbole.
(C) comparação.
(D) personificação.
(E) metonímia.
3. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Área Judiciária-
Lembram-se da história de Tristão e Isolda? O enredo gira em torno da transformação da relação entre os
dois protagonistas. Isolda pede à criada, Brangena, que lhe prepare uma poção letal, mas, em vez disso, ela
prepara-lhe um “filtro de amor”, que tanto Tristão como Isolda bebem sem saber o efeito que irá produzir. A
misteriosa bebida desperta neles a mais profunda das paixões e arrasta-os para um êxtase que nada consegue
dissipar − nem sequer o fato de ambos estarem traindo infamemente o bondoso rei Mark. Na ópera Tristão e
Isolda, Richard Wagner captou a força da ligação entre os amantes numa das passagens mais exaltadas da
história da música. Devemos interrogar-nos sobre o que o atraiu para essa história e por que motivo milhões de
pessoas, durante mais de um século, têm partilhado o fascínio de Wagner por ela.
A resposta à primeira pergunta é que a composição celebrava uma paixão semelhante e muito real da
vida de Wagner. Wagner e Mathilde Wesendonck tinham se apaixonado de forma não menos insensata, se
considerarmos que Mathilde era a mulher do generoso benfeitor de Wagner e que Wagner era um homem
casado. Wagner tinha sentido as forças ocultas e indomáveis que por vezes conseguem se sobrepor à von-
tade própria e que, na ausência de explicações mais adequadas, têm sido atribuídas à magia ou ao destino.
A resposta à segunda questão é um desafio ainda mais atraente.
Existem, com efeito, poções em nossos organismos e cérebros capazes de impor comportamentos que
podemos ser capazes ou não de eliminar por meio da chamada força de vontade. Um exemplo elementar
é a substância química oxitocina. No caso dos mamíferos, incluindo os seres humanos, essa substância é
produzida tanto no cérebro como no corpo. De modo geral, influencia toda uma série de comportamentos,
facilita as interações sociais e induz a ligação entre os parceiros amorosos.
Não há dúvida de que os seres humanos estão constantemente usando muitos dos efeitos da oxitoci-
na, conquanto tenham aprendido a evitar, em determinadas circunstâncias, os efeitos que podem vir a não
ser bons. Não se deve esquecer que o filtro de amor não trouxe bons resultados para o Tristão e Isolda de
Wagner. Ao fim de três horas de espetáculo, eles encontram uma morte desoladora.
(Adaptado de: DAMÁSIO, António. O erro de Descartes. São Paulo: Companhia das Letras, edição digital)
A misteriosa bebida desperta neles a mais profunda das paixões.
No contexto em que se encontra, o segmento sublinhado acima exerce a mesma função sintática do que
está também sublinhado em:
(A) Wagner era um homem casado.
(B) O enredo gira em torno da transformação da relação entre os dois protagonistas.
(C) Existem, com efeito, poções em nossos organismos e cérebros
(D) o que o atraiu para essa história
(E) Isolda pede à criada, Brangena, que lhe prepare uma poção letal.
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4. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Técnico Judiciário - Área Administrativa- Atenção: Para responder à
questão, leia a crônica “Tatu”, de Carlos Drummond de Andrade.
O luar continua sendo uma graça da vida, mesmo depois que o pé do homem pisou e trocou em miúdos a
Lua, mas o tatu pensa de outra maneira. Não que ele seja insensível aos amavios do plenilúnio; é sensível, e
muito. Não lhe deixam, porém, curtir em paz a claridade noturna, de que, aliás, necessita para suas expedições
de objetivo alimentar. Por que me caçam em noites de lua cheia, quando saio precisamente para caçar? Como
prover a minha subsistência, se de dia é aquela competição desvairada entre bichos, como entre homens, e de
noite não me dão folga?
Isso aí, suponho, é matutado pelo tatu, e se não escapa do interior das placas de sua couraça, em termos
de português, é porque o tatu ignora sabiamente os idiomas humanos, sem exceção, além de não acreditar em
audiência civilizada para seus queixumes. A armadura dos bípedes é ainda mais invulnerável que a dele, e não
há sensibilidade para a dor ou a problemática do tatu.
Meu amigo andou pelas encostas do Corcovado, em noite de prata lunal, e conseguiu, por artimanhas só
dele sabidas, capturar vivo um tatu distraído. É, distraído. Do contrário não o pegaria. Estava imóvel, estático,
fruindo o banho de luz na folhagem, essa outra cor que as cores assumem debaixo da poeira argentina da Lua.
Esquecido das formigas, que lhe cumpria pesquisar e atacar, como quem diz, diante de um motivo de prazer:
“Daqui a pouco eu vou trabalhar; só um minuto mais, alegria da vida”, quedou-se à mercê de inimigos maiores.
Sem pressentir que o mais temível deles andava por perto, em horas impróprias à deambulação de um profes-
sor universitário.
− Mas que diabo você foi fazer naqueles matos, de madrugada?
− Nada. Estava sem sono, e gosto de andar a esmo, quando todos roncam.
Sem sono e sem propósito de agredir o reino animal, pois é de feitio manso, mas o velho instinto cavernal
acordou nele, ao sentir qualquer coisa a certa distância, parecida com a forma de um bicho. Achou logo um cipó
bem forte, pedindo para ser usado na caça; e jamais tendo feito um laço de caçador, soube improvisá-lo com
perícia de muitos milhares de anos (o que a universidade esconde, nas profundas camadas do ser, e só permite
que venha aflorar em noite de lua cheia!).
Aproximou-se sutil, laçou de jeito o animal desprevenido. O coitado nem teve tempo de cravar as garras
no laçador. Quando agiu, já este, num pulo, desviara o corpo. Outra volta no laço. E outra. Era fácil para o tatu
arrebentar o cipó com a força que a natureza depositou em suas extremidades. Mas esse devia ser um tatu
meio parvo, e se embaraçou em movimentos frustrados. Ou o sereno narrador mentiu, sei lá. Talvez o tenha
comprado numa dessas casas de suplício que há por aí, para negócio de animais. Talvez na rua, a um vendedor
de ocasião, quando tudo se vende, desde o mico à alma, se o PM não ronda perto.
Não importa. O caso é que meu amigo tem em sua casa um tatu que não se acomodou ao palmo de terra
nos fundos da casa e tratou de abrigar longa escavação que o conduziu a uma pedreira, e lá faz greve de fome.
De lá não sai, de lá ninguém o tira. A noite perdeu para ele seu encanto luminoso. A ideia de levá-lo para o zoo-
lógico, aventada pela mulher do caçador, não frutificou. Melhor reconduzi-lo a seu hábitat, mas o tatu se revela
profundamente contrário a qualquer negociação com o bicho humano, que pensa em apelar para os bombeiros
a fim de demolir o metrô tão rapidamente feito, ao contrário do nosso, urbano, e salvar o infeliz. O tatu tem ra-
zões de sobra para não confiar no homem e no luar do Corcovado.
Não é fábula. Eu compreendo o tatu.
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. Os dias lindos. São Paulo: Companhia das Letras, 2013)
No desfecho da crônica, o cronista revela, em relação ao tatu, um sentimento de
(A) empatia.
(B) desconfiança.
(C) superioridade.
(D) soberba.
(E) desdém.
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5. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Área Administrativa-
Melancolia e criatividade
Desde sempre o sentimento da melancolia gozou de má fama. O melancólico é costumeiramente toma-
do como um ser desanimado, depressivo, “pra baixo”, em suma: um chato que convém evitar. Mas é uma
fama injusta: há grandes melancólicos que fazem grande arte com sua melancolia, e assim preenchem a
vida da gente, como uma espécie de contrabando da tristeza que a arte transforma em beleza. “Pra fazer
um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza”, já defendeu o poeta Vinícius de Moraes, na letra
de um conhecido samba seu.
Mas a melancolia não para nos sambas: ela desde sempre anima a literatura, a música, a pintura, o
cinema, as artes todas. Anima, sim: tanto anima que a gente gosta de voltar a ver um bom filme melancólico,
revisitar um belo poema desesperançado, ouvir uma vez mais um inspirado noturno para piano. Ou seja:
os artistas melancólicos fazem de sua melancolia a matéria-prima de uma obra-prima. Sorte deles, nossa
e da própria melancolia, que é assim resgatada do escuro do inferno para a nitidez da forma artística bem
iluminada.
Confira: seria possível haver uma história da arte que deixasse de falar das grandes obras melancó-
licas? Por certo se perderia a parte melhor do nosso humanismo criativo, que sabe fazer de uma dor um
objeto aberto ao nosso reconhecimento prazeroso. Charles Chaplin, ao conceber Carlitos, dotou essa figura
humana inesquecível da complexa composição de fracasso, melancolia, riso, esperteza e esperança. O va-
gabundo sem destino, que vive a apanhar da vida, ganhou de seu criador o condão de emocionar o mundo
não com feitos gloriosos, mas com a resistente poesia que o faz enfrentar a vida munido da força interior
de um melancólico disposto a trilhar com determinação seu caminho, ainda que no rumo a um horizonte
incerto.
(Humberto Couto Villares, a publicar)
No terceiro parágrafo, a personagem Carlitos é invocada para
(A) dar um sentido de nobreza a todas as experiências de fracasso humano.
(B) testemunhar a determinação de um indivíduo em alcançar seus altos objetivos.
(C) indicar a possibilidade da transformação sistemática da dor em franca alegria.
(D) personificar a complexa conjunção entre força poética e marginalidade social.
(E) promover a felicidade que pode desfrutar quem não está comprometido com nada.
6. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Técnico Judiciário - Tecnologia da Informação-
A independência política em 1822 não trouxe muitas novidades em termos institucionais, mas consolidou
um objetivo claro, qual seja: estruturar e justificar uma nova nação.
A tarefa não era pequena e quem a assumiu foi o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), que,
aberto em 1838, no Rio de Janeiro, logo deixaria claras suas principais metas: construir uma história que ele-
vasse o passado e que fosse patriótica nas suas proposições, trabalhos e argumentos.
Para referendar a coerência da filosofia que inaugurou o IHGB, basta prestar atenção no primeiro concurso
público por lá organizado. Em 1844, abriam-se as portas para os candidatos que se dispusessem a discorrer
sobre uma questão espinhosa: “Como se deve escrever a história do Brasil”. Tratava-se de inventar uma
nova história do e para o Brasil. Foi dado, então, um pontapé inicial, e fundamental, para a disciplina que
chamaríamos, anos mais tarde, e com grande naturalidade, de “História do Brasil”.
A singularidade da competição também ficou associada a seu resultado e à divulgação do nome do vence-
dor. O primeiro lugar, nessa disputa histórica, foi para um estrangeiro − o conhecido naturalista bávaro Karl von
Martius (1794-1868), cientista de ilibada importância, embora novato no que dizia respeito à história em geral e
àquela do Brasil em particular − , o qual advogou a tese de que o país se definia por sua mistura, sem igual, de
gentes e povos. Utilizando a metáfora de um caudaloso rio, correspondente à herança portuguesa que acabaria
por “limpar” e “absorver os pequenos confluentes das raças índia e etiópica”, representava o país a partir da
singularidade e dimensão da mestiçagem de povos por aqui existentes.
71
A essa altura, porém, e depois de tantos séculos de vigência de um sistema violento como o escravocrata,
era no mínimo complicado simplesmente exaltar a harmonia. Além do mais, indígenas continuavam sendo dizi-
mados no litoral e no interior do país.
Martius, que em 1832 havia publicado um ensaio chamado “O estado do direito entre os autóctones no
Brasil”, condenando os indígenas ao desaparecimento, agora optava por definir o país por meio da redentora
metáfora fluvial. Três longos rios resumiriam a nação: um grande e caudaloso, formado pelas populações bran-
cas; outro um pouco menor, nutrido pelos indígenas; e ainda outro, mais diminuto, alimentado pelos negros.
Ali estavam, pois, os três povos formadores do Brasil; todos juntos, mas (também) diferentes e separados.
Mistura não era (e nunca foi) sinônimo de igualdade. Essa era uma ótima maneira de “inventar” uma histó-
ria não só particular (uma monarquia tropical e mestiçada) como também muito otimista: a água que corria
representava o futuro desse país constituído por um grande rio caudaloso no qual desaguavam os demais
pequenos afluentes.
É possível dizer que começava a ganhar força então a ladainha das três raças formadoras da nação,
que continuaria encontrando ampla ressonância no Brasil, pelo tempo afora.
(Adaptado de: SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Le-
tras, 2019)
O verbo sublinhado no segmento Mistura não era (e nunca foi) sinônimo de igualdade está flexionado nos
mesmos tempo e modo que o sublinhado em:
(A) a disciplina que chamaríamos, anos mais tarde, e com grande naturalidade
(B) Três longos rios resumiriam a nação
(C) O primeiro lugar, nessa disputa histórica, foi para um estrangeiro
(D) A independência política em 1822 não trouxe muitas novidades
(E) a água que corria representava o futuro desse país
7. FCC - 2022 - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria - Ciências Jurídicas- Atenção: Considere o texto
abaixo, do pensador francês Voltaire (1694-1778), para responder à questão.
O preço da justiça
Vós, que trabalhais na reforma das leis, pensai, assim como grande jurisconsulto Beccaria, se é racional
que, para ensinar os homens a detestar o homicídio, os magistrados sejam homicidas e matem um homem
em grande aparato.
Vede se é necessário matá-lo quando é possível puni-lo de outra maneira, e se cabe empregar um de vos-
sos compatriotas para massacrar habilmente outro compatriota. [...] Em qualquer circunstância, condenai o
criminoso a viver para ser útil: que ele trabalhe continuamente para seu país, porque ele prejudicou o seu
país. É preciso reparar o prejuízo; a morte não repara nada.
Talvez alguém vos diga: “O senhor Beccaria está enganado: a preferência que ele dá a trabalhos penosos
e úteis, que durem toda a vida, baseia-se apenas na opinião de que essa longa e ignominiosa pena é mais
terrível que a morte, pois esta só é sentida por um momento”.
Não se trata de discutir qual é a punição mais suave, porém a mais útil. O grande objetivo, como já dis-
semos em outra passagem, é servir o público; e, sem dúvida, um homem votado todos os dias de sua vida
a preservar uma região da inundação por meio de diques, ou a abrir canais que facilitem o comércio, ou
a drenar pântanos infestados, presta mais serviços ao Estado que um esqueleto a pendular de uma forca
numa corrente de ferro, ou desfeito em pedaços sobre uma roda de carroça.
(VOLTAIRE. O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 18-20)
Voltaire acusa o sentido contraditório de um determinado posicionamento ao referir-se a ele nestes seg-
mentos:
(A) massacrar habilmente um compatriota / detestar o homicídio
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(B) matem um homem / em grande aparato
(C) Beccaria está enganado / o grande objetivo é servir o público
(D) presta mais serviços ao Estado / trabalhos penosos e úteis
(E) servir ao público / preservar uma região da inundação
8. FCC - 2022 - SEDU-ES - Professor MaPB - Ensino Fundamental e Médio - Língua Portuguesa-
Ai de ti, Ipanema
Há muitos anos, Rubem Braga começava assim uma de suas mais famosas crônicas: “Ai de ti, Copa-
cabana, porque eu já fiz o sinal bem claro de que é chegada a véspera de teu dia, e tu não viste; porém
minha voz te abalará até as entranhas.” Era uma exortação bíblica, apocalíptica, profética, ainda que irônica
e hiperbólica. “Então quem especulará sobre o metro quadrado de teu terreno? Pois na verdade não haverá
terreno algum.”
Na sua condenação, o Velho Braga antevia os sinais da degradação e da dissolução moral de um
bairro prestes a ser tragado pelo pecado e afogado pelo oceano, sucumbindo em meio às abjeções e ao
vício: “E os escuros peixes nadarão nas tuas ruas e a vasa fétida das marés cobrirá tua face”.
A praia já chamada de “princesinha do mar”, coitada, inofensiva e pura, era então, como Ipanema seria
depois, a síntese mítica do hedonismo carioca, mais do que uma metáfora, uma metonímia.
No fim dos anos 50, Copacabana era o éden não contaminado ainda pelos plenos pecados, eram
tempos idílicos e pastorais, a era da inocência, da bossa nova, dos anos dourados de JK, de Garrincha.
Digo eu agora: Ai de ti, Ipanema, que perdeste a inocência e o sossego, e tomaste o lugar de Copacabana,
e não percebeste os sinais que não são mais simbólicos: o emissário submarino se rompendo, as águas
poluídas, as valas negras, as agressões, os assaltos, o medo e a morte.
(Adaptado de: VENTURA, Zuenir. Crônicas de um fim de século. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999, p. 166/167)
Ao qualificar a linguagem de Rubem Braga em sua crônica “Ai de ti, Copacabana”, Zuenir Ventura se vale
dos termos exortação e condenação, para reconhecer no texto do Velho Braga,
(A) a tonalidade grave de uma invectiva.
(B) a informalidade de um discurso emocional.
(C) o coloquialismo de um lírico confessional.
(D) a retórica argumentativa dos clássicos.
(E) a força épica de uma celebração.
9. FCC - 2022 - PGE-AM - Assistente Procuratorial- Atenção: Examine a tirinha de Fernando Gonsales para
responder à questão:
Para obter seu efeito de humor, a tirinha explora a ambiguidade do seguinte termo:
(A) leitor
(B) interessante.
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(C) livro.
(D) prende.
(E) é.
10. FCC - 2022 - Prefeitura de Recife - PE - Agente Administrativo da Assistência Social- Atenção: Leia a
crônica para responder à questão
O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos oferece, antes do
menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias importantes. Vez por outra,
indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o
temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de que desistimos. Também pelos filmes de
espionagem, que mexem com ele na alma.
Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pesada. Chega a descontar o cheque a ser rece-
bido no mês que vem (“Falta só uma semana, seu Adelino”).
Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com
o filé mais fresquinho, o palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os eleitos. Enfim,
autêntico papo-firme.
Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era
hora do jantar dele, também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, calado, olhava para
a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspiração não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e
nada. A freguesa resolveu colaborar:
− Que tal um fígado acebolado?
− Acabou, madame − atalhou o garçom.
− Deixe ver… Assada com coradas, está bem?
− Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a cabeça.
− Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com feijão-branco, farofa e arroz…
− Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma carnezita de porco, e há dois dias que me servem
feijão ao almoço − ponderou.
A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom:
− Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu
ela) é português, e como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida.
Da cozinha veio a informação:
− Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?
− Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo.
Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o,
e, para estimular o apetite de seu Adelino:
− Está uma beleza!
− Não acho muito não − retorquiu, inapetente.
O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom
apetite. Em silêncio.
Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpelou-o:
− Como é, está bom?
Com um risinho meio de banda, fez a crítica:
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− Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá nem aqui nem em Macau. É bacalhau com
batatas. E vou lhe dizer: está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insossa, e o baca-
lhau salgado em demasia, ai!
A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso Gomes de Sá que se come em casa de d.
Concessa. E foi detalhando:
− Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate, pimentão, azeite de verdade, para fazer
um molho pra lá de bom, e ainda acrescentam um ovo…
Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhando, desta vez em sorriso aberto:
− Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas, daquelas… Um santo, santíssimo prato!
Mas, encarando o concreto:
− Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!
− Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom filme de espionagem para o senhor se
consolar.
Não tinha, infelizmente.
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p.
110-111)
O termo sublinhado em a fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “facilitado” exerce
a mesma função sintática do termo sublinhado em:
(A) O garçom estendeu-lhe o menu e esperou
(B) seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa
(C) Vez por outra, indaga se a comida está boa
(D) Uma noite dessas, o movimento era pequeno
(E) seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro
11. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário - Área Judiciária-
A chama é bela
Nos anos 1970 comprei uma casa no campo com uma bela lareira, e para meus filhos, entre 10 e
12 anos, a experiência do fogo, da brasa que arde, da chama, era um fenômeno absolutamente novo. E
percebi que quando a lareira estava acesa eles deixavam a televisão de lado. A chama era mais bela e va-
riada do que qualquer programa, contava histórias infinitas, não seguia esquemas fixos como um programa
televisivo.
O fogo também se faz metáfora de muitas pulsões, do inflamar-se de ódio ao fogo da paixão amorosa. E o
fogo pode ser a luz ofuscante que os olhos não podem fixar, como não podem encarar o Sol (o calor do fogo
remete ao calor do Sol), mas devidamente amestrado, quando se transforma em luz de vela, permite jogos
de claro-escuro, vigílias noturnas nas quais uma chama solitária nos obriga a imaginar coisas sem nome...
O fogo nasce da matéria para transformar-se em substância cada vez mais leve e aérea, da chama
rubra ou azulada da raiz à chama branca do ápice, até desmaiar em fumaça... Nesse sentido, a natureza do
fogo é ascensional, remete a uma transcendência e, contudo, talvez porque tenhamos aprendido que ele
vive no coração da Terra, é também símbolo de profundidades infernais. É vida, mas é também experiência
de seu apagar-se e de sua contínua fragilidade.
(Adaptado de: ECO, Umberto. Construir o inimigo. Rio de Janeiro: Record, 2021, p. 54-55)
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do plural para integrar corretamente a
frase:
(A) Mais que os esquemas fixos dos programas de TV (atrair) as crianças o espetáculo da lareira.
(B) Sempre (haver), por conta dos poderes do fogo, as metáforas que o fazem representar nossas paixões.
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(C) Não (convir) aos espectadores do fogo fixar-se demoradamente em suas luzes que podem encegue-
cê-los.
(D) No fogo (convergir), como espetáculo que é, as propriedades do brilho físico e as do estatuto metafó-
rico.
(E) Aos múltiplos apelos do fogo (atender) nosso olhar aberto para o eterno espetáculo que suas chamas
constituem.
12. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário - Área Judiciária
O meu ofício
O meu ofício é escrever, e sei bem disso há muito tempo. Espero não ser mal-entendida: não sei nada
sobre o valor daquilo que posso escrever. Quando me ponho a escrever, sinto-me extraordinariamente à
vontade e me movo num elemento que tenho a impressão de conhecer extraordinariamente bem: utilizo ins-
trumentos que me são conhecidos e familiares e os sinto bem firmes em minhas mãos. Se faço qualquer ou-
tra coisa, se estudo uma língua estrangeira, se tento aprender história ou geografia, ou tricotar uma malha,
ou viajar, sofro e me pergunto como é que os outros conseguem fazer essas coisas. E tenho a impressão
de ser cega e surda como uma náusea dentro de mim.
Já quando escrevo nunca penso que talvez haja um modo mais correto, do qual os outros escritores se
servem. Não me importa nada o modo dos outros escritores. O fato é que só sei escrever histórias. Se tento
escrever um ensaio de crítica ou um artigo sob encomenda para um jornal, a coisa sai bem ruim. O que
escrevo nesses casos tenho de ir buscar fora de mim. E sempre tenho a sensação de enganar o próximo
com palavras tomadas de empréstimo ou furtadas aqui e ali.
Quando escrevo histórias, sou como alguém que está em seu país, nas ruas que conhece desde a in-
fância, entre as árvores e os muros que são seus. Este é o meu ofício, e o farei até a morte. Entre os cinco
e dez anos ainda tinha dúvidas e às vezes imaginava que podia pintar, ou conquistar países a cavalo, ou
inventar uma nova máquina. Mas a primeira coisa séria que fiz foi escrever um conto, um conto curto, de
cinco ou seis páginas: saiu de mim como um milagre, numa noite, e quando finalmente fui dormir estava
exausta, atônita, estupefata.
(Adaptado de: GINZBURG, Natalia. As pequenas virtudes. Trad. Maurício Santana Dias. São Paulo: Cosac
Naify, 2015, p, 72-77, passim)
As normas de concordância verbal encontram-se plenamente observadas em:
(A) As palavras que a alguém ocorrem deitar no papel acabam por identificar o estilo mesmo de quem as
escreveu.
(B) Gaba-se a autora de que às palavras a que recorre nunca falta a espontaneidade dos bons escritos.
(C) Faltam às tarefas outras de que poderiam se incumbir a facilidade que encontra ela em escrever seus
textos.
(D) Os possíveis entraves para escrever um conto, revela a autora, logo se dissipou em sua primeira tenta-
tiva.
(E) Não haveria de surgir impulsos mais fortes, para essa escritora, do que os que a levaram a imaginar
histórias
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13. FCC - 2022 - TJ-CE - Analista Judiciário - Ciência da Computação - Infraestrutura de TI- Atenção: Para
responder à questão, leia o início do conto “Missa do Galo”, de Machado de Assis.
Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete,
ela, trinta. Era noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não dormir;
combinei que eu iria acordá-lo à meia-noite.
A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núp-
cias, com uma de minhas primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem quando
vim de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranquilo, naquela
casa assobradada da Rua do Senado, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família
era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite toda
a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez,
ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra
fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã
seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com
uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a
princípio, com a existência da comborça*; mas afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que
era muito direito.
Boa Conceição! Chamavam-lhe “a santa”, e fazia jus ao título, tão facilmente suportava os esquecimen-
tos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes lágrimas, nem
grandes risos. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio. Era o
que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode
ser até que não soubesse amar.
Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos anos de 1861 ou 1862. Eu já devia estar em
Mangaratiba, em férias; mas fiquei até o Natal para ver “a missa do galo na Corte”. A família recolheu-se à
hora do costume; eu meti-me na sala da frente, vestido e pronto. Dali passaria ao corredor da entrada e sai-
ria sem acordar ninguém. Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a terceira
ficava em casa.
— Mas, Sr. Nogueira, que fará você todo esse tempo? perguntou-me a mãe de Conceição.
— Leio, D. Inácia.
Tinha comigo um romance, os Três Mosqueteiros, velha tradução creio do Jornal do Comércio. Sentei-
-me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene, enquanto a casa dormia,
trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D’Artagnan e fui-me às aventuras. Os minutos voavam, ao contrá-
rio do que costumam fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem dar por elas, um
acaso. Entretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio acordar-me da leitura.
(Adaptado de: Machado de Assis. Contos: uma antologia. São Paulo: Companhia das Letras, 1988)
*comborça: qualificação humilhante da amante de homem casado
Verifica-se o emprego de vírgula para assinalar a supressão de um verbo em:
(A) A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas.
(B) Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a terceira ficava em casa.
(C) A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núp-
cias, com uma de minhas primas.
(D) Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete,
ela, trinta.
(E) Vivia tranquilo, naquela casa assobradada da Rua do Senado, com os meus livros, poucas relações,
alguns passeios.
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14. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Área Administrativa-
Crimes ditos “passionais”
A história da humanidade registra poucos casos de mulheres que mataram por se sentirem traídas ou
desprezadas. Não sabemos, ainda, se a emancipação feminina irá trazer também esse tipo de igualdade:
a igualdade no crime e na violência. Provavelmente, não. O crime dado como passional costuma ser uma
reação daquele que se sente “possuidor” da vítima. O sentimento de posse, por sua vez, decorre não ape-
nas do relacionamento sexual, mas também do fator econômico: o homem é, em boa parte dos casos, o
responsável maior pelo sustento da casa. Por tudo isso, quando ele se vê contrariado, repelido ou traído,
acha-se no direito de matar.
O que acontece com os homens que matam mulheres quando são levados a julgamento? São execrados
ou perdoados? Como reage a sociedade e a Justiça brasileiras diante da brutalidade que se tenta justificar
como resultante da paixão? Há decisões estapafúrdias, sentenças que decorrem mais em função da elo-
quência dos advogados e do clima emocional prevalecente entre os jurados do que das provas dos autos.
Vejam-se, por exemplo, casos de crimes passionais cujos responsáveis acabaram sendo inocentados
com o argumento de que houve uma “legítima defesa da honra”, que não existe na lei. Os motivos que
levam o criminoso passional a praticar o ato delituoso têm mais a ver com os sentimentos de vingança,
ódio, rancor, frustração, vaidade ferida, narcisismo maligno, prepotência, egoísmo do que com o verdadeiro
sentimento de honra.
A evolução da posição da mulher na sociedade e o desmoronamento dos padrões patriarcais tiveram
grande repercussão nas decisões judiciais mais recentes, sobretudo nos crimes passionais. A sociedade
brasileira vem se dando conta de que mulheres não podem ser tratadas como cidadãs de segunda catego-
ria, submetidas ao poder de homens que, com o subterfúgio da sua “paixão”, vinham assumindo o direito
de vida e morte sobre elas.
(Adaptado de: ELUF, Luiza Nagib. A paixão no banco dos réus. São Paulo: Saraiva, 2002, XI-XIV, passim)
É inteiramente regular a pontuação do seguinte período:
(A) A autora do texto reclama, com senso de justiça que não se considere passional um crime movido pelo
rancor, e pelo ódio.
(B) Como reage, a sociedade, quando se vê diante desses crimes em que, a paixão alegada, vale como
uma atenuante.
(C) Tratadas há muito, como cidadãs de segunda classe, as mulheres, aos poucos, têm garantido seus
direitos fundamentais.
(D) Não é a paixão, mas sim, os motivos mais torpes, que estão na raiz mesma, dos crimes hediondos
apresentados como passionais.
(E) Há advogados cuja retórica, encenada em tom emocional, acaba por convencer o júri, inocentando as-
sim um frio criminoso.
15. FCC - 2022 - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria - Ciências Jurídicas Considere o texto abaixo
para responder à questão.
[Viver a pressa]
Há uma continuidade entre a lógica intensamente competitiva e calculista do mundo do trabalho e aquilo
que somos e fazemos nas horas em que estamos fora dele.
O vírus da pressa alastra-se em nossos dias de uma forma tão epidêmica como a peste em outros tempos:
a frequência do acesso a um website despenca caso ele seja mais lento que um site rival. Mais de um quinto
dos usuários da internet desistem de um vídeo caso ele demore mais que cinco segundos para carregar.
Excitação efêmera, sinal de tédio à espreita. Estará longe o dia em que toda essa pressa deixe de ser uma
obsessão? Será que a adaptação triunfante aos novos tempos da velocidade máxima acabará por esvaziar até
mesmo a consciência dessa nossa degradação descontrolada?
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(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 88)
Está plenamente adequada a pontuação do seguinte período:
(A) Ao detectar, em nossos dias tão agitados, o vírus da pressa, que contamina não apenas o tempo do
trabalho, mas também o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor de que, se assim continuar,
nossa civilização se degradará.
(B) Ao detectar em nossos dias, tão agitados o vírus da pressa, que contamina não apenas o tempo do tra-
balho mas, também, o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor, de que, se assim continuar,
nossa civilização se degradará.
(C) Ao detectar, em nossos dias tão agitados o vírus da pressa, que contamina, não apenas o tempo do
trabalho mas também o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor de que, se assim continuar
nossa civilização, se degradará.
(D) Ao detectar em nossos dias tão agitados, o vírus da pressa que contamina, não apenas o tempo do
trabalho mas, também o tempo, de outras ocupações, o autor mostra seu temor de que, se assim continuar
nossa civilização se degradará.
(E) Ao detectar em nossos dias tão agitados o vírus, da pressa que contamina não apenas o tempo do tra-
balho, mas também o tempo de outras ocupações, o autor mostra, seu temor, de que, se assim continuar
nossa civilização se degradará.
16. FCC - 2020 - AL-AP - Analista Legislativo - Assessor Jurídico Legislativo- Atenção: Para responder à
questão, baseie-se no texto abaixo.
Distribuição justa
A justiça de um resultado distributivo das riquezas depende das dotações iniciais dos participantes e
da lisura do processo do qual ele decorre. Do ponto de vista coletivo, a questão crucial é: a desigualda-
de observada reflete essencialmente os talentos, esforços e valores diferenciados dos indivíduos, ou, ao
contrário, ela resulta de um jogo viciado na origem e no processo, de uma profunda falta de equidade nas
condições iniciais de vida, da privação de direitos elementares ou da discriminação racial, sexual, de gênero
ou religiosa?
A condição da família em que uma criança tiver a sorte ou o infortúnio de nascer, um risco comum,
a todos, passa a exercer um papel mais decisivo na definição de seu futuro do que qualquer outra coisa
ou escolha que possa fazer no ciclo da vida. A falta de um mínimo de equidade nas condições iniciais e
na capacitação para a vida tolhe a margem de escolha, vicia o jogo distributivo e envenena os valores da
convivência. A igualdade de oportunidades está na origem da emancipação das pessoas. Crianças e jovens
precisam ter a oportunidade de desenvolver seus talentos de modo a ampliar seu leque de escolhas possí-
veis na vida prática e eleger seus projetos, apostas e sonhos de realização.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 106)
No emprego das formas verbais, são regulares a flexão e a concordância na frase:
(A) Se ninguém se dispuser a mudar esse processo, ou vir pelo menos a reavaliá-lo, não se fará justiça
quanto às riquezas a se distribuir.
(B) À medida que se recomporem as condições iniciais do processo, será maior a possibilidade de se aten-
derem a cada um de seus ideais.
(C) Se não se contiverem os vícios do processo de distribuição das riquezas, ele seguirá sendo envenenado
pelas mesmas injustiças.
(D) Caso não se retenhem seus pecados de origem, a distribuição de riquezas não alcançará os objetivos
da justiça que se desejam fazer.
(E) Como eles não requiseram maior igualdade de oportunidades, viram-se prejudicados pelo processo a
que se deram um referendo.
79
17. FCC - 2022 - TJ-CE - Analista Judiciário - Ciência da Computação - Sistemas da Informação-
1. Qual é a principal obra que produzem os autores e narradores dos novos gêneros autobiográficos? Um
personagem chamado eu. O que todos criam e recriam ao performar as suas vidas nas vitrines interativas de
hoje é a própria personalidade.
2. A autoconstrução de si como um personagem visível seria uma das metas prioritárias de grande parte dos
relatos cotidianos, compostos por imagens autorreferentes, numa sorte de espetáculo pessoal em diálogo com
os demais membros das diversas redes.
3. Por isso, os canais de comunicação das mídias sociais da intemet são também ferramentas para a
criação de si. Esses instrumentos de autoestilização agora se encontram à disposição de qualquer um. Isso
significa um setor crescente da população mundial, mas também, ao mesmo tempo, remete a outro sentido
dessa expressão. “Qualquer um” significa ninguém extraordinário, em princípio, por ter produzido alguma coisa
excepcional, e que tampouco se vê impelido a fazê-lo para virar um personagem público. A insistência nessa
ideia de que “agora qualquer um pode” encontra-se no ceme das louvações democratizantes plasmadas em
conceitos como os de “inclusão digital”, recorrentes nas análises mais entusiastas destes fenômenos, tanto no
âmbito acadêmico como no jornalístico.
4. Em que pese a suposta liberdade de escolha de cada usuário, há códigos implícitos e fórmulas bastante
explícitas para o sucesso dessa autocriação.
5. As diversas versões dessas personalidades que performam em múltiplas telas admitem certa variabilida-
de individual, mas costumam partir de uma base comum. Essa modalidade subjetiva que hoje triunfa está im-
pregnada com alguns vestígios do estilo do artista romântico, mas não se trata de alguém que procura produzir
uma obra independente do seu criador. Ao invés disso, toda a energia e os recursos estilísticos estão dirigidos
a que esse autor de si mesmo seja capaz de criar um personagem dotado de uma personalidade atraente.
Trata-se de uma obra para ser vista e, nessa exposição, a obra precisa conquistar os aplausos do público. É
uma subjetividade que se autocria em contato permanente com o olhar alheio, algo que se cinzela a todo mo-
mento para ser compartilhado, curtido, comentado e admirado. Por isso, trata-se de um tipo de construção de
si alterdirigida, recorrendo aos conceitos propostos pelo sociólogo David Riesman, no livro A multidão solitária.
(Adaptado de: Paula Sibilia. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Contraponto, edição digital)
Está correta a redação da seguinte frase:
(A) Têm-se que o modo de vida dos jovens mais abastados das grandes cidades estadunidenses estão no
cerne do novo tipo de personalidade das mídias sociais.
(B) Diariamente exibe-se fotografias autorreferentes nas mídias sociais, fazendo de seus autores um tipo de
personagem já visto no cinema e na televisão.
(C) Por tratar-se de uma obra à ser vista, os relatos autobiográficos encontrados nas mídias sociais, preci-
sam conquistar grande audiência.
(D) Como é sabido, existe inúmeras estratégias de autopromoção com o intuito de aumentar a visibilidade
de uma personalidade virtual.
(E) Grande parte dos relatos cotidianos encontrados nas mídias sociais possui como meta a autopromoção
da própria personalidade.
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18. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Área Administrativa- Crimes ditos “passio-
nais”
A história da humanidade registra poucos casos de mulheres que mataram por se sentirem traídas ou
desprezadas. Não sabemos, ainda, se a emancipação feminina irá trazer também esse tipo de igualdade:
a igualdade no crime e na violência. Provavelmente, não. O crime dado como passional costuma ser uma
reação daquele que se sente “possuidor” da vítima. O sentimento de posse, por sua vez, decorre não ape-
nas do relacionamento sexual, mas também do fator econômico: o homem é, em boa parte dos casos, o
responsável maior pelo sustento da casa. Por tudo isso, quando ele se vê contrariado, repelido ou traído,
acha-se no direito de matar.
O que acontece com os homens que matam mulheres quando são levados a julgamento? São execrados
ou perdoados? Como reage a sociedade e a Justiça brasileiras diante da brutalidade que se tenta justificar
como resultante da paixão? Há decisões estapafúrdias, sentenças que decorrem mais em função da elo-
quência dos advogados e do clima emocional prevalecente entre os jurados do que das provas dos autos.
Vejam-se, por exemplo, casos de crimes passionais cujos responsáveis acabaram sendo inocentados
com o argumento de que houve uma “legítima defesa da honra”, que não existe na lei. Os motivos que
levam o criminoso passional a praticar o ato delituoso têm mais a ver com os sentimentos de vingança,
ódio, rancor, frustração, vaidade ferida, narcisismo maligno, prepotência, egoísmo do que com o verdadeiro
sentimento de honra.
A evolução da posição da mulher na sociedade e o desmoronamento dos padrões patriarcais tiveram
grande repercussão nas decisões judiciais mais recentes, sobretudo nos crimes passionais. A sociedade
brasileira vem se dando conta de que mulheres não podem ser tratadas como cidadãs de segunda catego-
ria, submetidas ao poder de homens que, com o subterfúgio da sua “paixão”, vinham assumindo o direito
de vida e morte sobre elas.
(Adaptado de: ELUF, Luiza Nagib. A paixão no banco dos réus. São Paulo: Saraiva, 2002, XI-XIV, passim)
Considere as orações:
I. Há crimes ditos passionais.
II. Os agentes desses crimes são por vezes inocentados.
III. Os inocentados alegam legítima defesa da honra.
Essas orações articulam-se de modo claro, correto e coerente neste período único:
(A) São ditos passionais os crimes inocentados, por alegarem os criminosos, por vezes, legítima defesa da
honra.
(B) É a legítima defesa da honra a alegação de que os agentes de crimes ditos passionais usam ao serem
inocentados.
(C) Os inocentados agentes de crimes ditos passionais, alegam a razão da legítima defesa da honra.
(D) Ao alegarem legítima defesa da honra, são por vezes inocentados os agentes dos crimes ditos passio-
nais.
(E) São por vezes inocentados, sendo alegado legítima defesa da honra, os agentes de crimes ditos pas-
sionais.
81
19. FCC - 2019 - SANASA Campinas - Técnico de Instrumentação - Automação de Processos-
Diversos países estão propondo alternativas para enfrentar o problema da poluição oceânica, mas, até o
momento, não tomaram quaisquer medidas concretas.A organização holandesa The Ocean Cleanup resolveu
dar um passo à frente e assumir a missão de combater a poluição oceânica nos próximos anos.
A organização desenvolveu uma tecnologia para erradicar os plásticos que poluem os mares do planeta
e pretende começar a limpar o Great Pacific Garbage Patch (a maior coleção de detritos marinhos do mun-
do), no Oceano Pacífico Norte, utilizando seu sistema de limpeza recentemente redesenhado.
Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as correntes oceânicas fazer todo o trabalho. Uma rede
de telas em forma de “U” coletaria o plástico flutuante até um ponto central. O plástico concentrado poderia,
então, ser extraído e enviado à costa marítima para fins de reciclagem.
(Texto adaptado. Disponível em: https://futuroexponencial.com)
Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as correntes oceânicas fazer todo o trabalho. (3° parágrafo)
O conteúdo da frase acima está preservado nesta outra redação, respeitando-se as regras de ortografia e
acentuação:
(A) Em sintese, a ideia principal do projeto equivale a deixar que as correntes oceânicas furtem-se a quais-
quer trabalhos.
(B) Para sintetisar, a ideia principal do projeto tem haver com deixar que as correntes oceânicas executem
o trabalho integralmente.
(C) De modo suscinto, a ideia principal do projeto está em deixar que as correntes oceânicas desempenhem
qualquer trabalho.
(D) Em poucas palavras, a ideia principal do projeto consiste em deixar que as correntes oceânicas realizem
o trabalho completo.
(E) Sem mais delongas, a ideia principal do projeto assemelha-se a deixar que as correntes oceânicas de-
sempenhem hesitosamente o trabalho.
20. FCC - 2018 - SABESP - Estagiário - Nível Médio- A concordância, a ortografia e a acentuação estão
plenamente corretas na frase que se encontra em:
(A) Falta e ausência têm em quaizquer seres humanos.
(B) Não hão falta e ausência em uma série de individuos.
(C) Não existem falta e ausência como sentimentos humanos.
(D) Todos nós nos sentimos em falta para com o outro as vezes.
(E) Não haviam falta e ausência em nós quando eramos crianças.
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22. (CÂMARA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - AUXILIAR ADMINISTRATIVO - INSTITUTO AOCP
- 2019 )
Referente à aplicação de elementos de gramática à redação oficial, os sinais de pontuação estão ligados
à estrutura sintática e têm várias finalidades. Assinale a alternativa que apresenta a pontuação que pode ser
utilizada em lugar da vírgula para dar ênfase ao que se quer dizer.
(A) Dois-pontos.
(B) Ponto-e-vírgula.
(C) Ponto-de-interrogação.
(D) Ponto-de-exclamação.
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25. ( PC-MG - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - FUMARC – 2018)
Na Redação Oficial, exige-se o uso do padrão formal da língua. Portanto, são necessários conhecimentos
linguísticos que fundamentem esses usos.
Analise o uso da vírgula nas seguintes frases do Texto 3:
1. Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem.
3. Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um relacionamento difícil com a mãe e teria discutido com
ela momentos antes de desferir os golpes.
INDIQUE entre os parênteses a justificativa adequada para uso da vírgula em cada frase.
( ) Para destacar deslocamento de termos.
( ) Para separar adjuntos adverbiais.
( ) Para indicar um aposto.
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
(A) 1 – 2 – 3.
(B) 2 – 1 – 3.
(C) 3 – 1 – 2.
(D) 3 – 2 – 1.
84
Gabarito
1 D
2 A
3 D
4 A
5 D
6 E
7 A
8 A
9 D
10 E
11 D
12 B
13 D
14 E
15 A
16 C
17 E
18 D
19 D
20 C
21 B
22 B
23 CERTO
24 E
25 C
85