01 Portugues
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Auxiliar Administrativo
Português
Português
metáfora, metonímia, antítese, eufemismo, ironia........................................................ 21
uso dos pronomes; Aspectos morfológicos: reconhecimento, emprego e sentido das
classes gramaticais em textos...................................................................................... 25
processos de formação de palavras............................................................................. 37
Processos de constituição dos enunciados: coordenação, subordinação; colocação e
ordem de palavras na frase........................................................................................... 39
concordância verbal e nominal...................................................................................... 44
regência verbal e nominal............................................................................................. 46
Sistema gráfico: ortografia............................................................................................ 49
regras de acentuação.................................................................................................... 50
uso dos sinais de pontuação; aspas e outros recursos................................................ 52
Funções da linguagem e elementos da comunicação.................................................. 56
Exercícios...................................................................................................................... 60
Gabarito......................................................................................................................... 68
Organização textual: interpretação dos sentidos construídos nos textos
Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois sempre que compreendemos adequadamente
um texto e o objetivo de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é do que as conclusões
específicas. Exemplificando, sempre que nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente, ocorre a interpretação, que é a leitura e a
conclusão fundamentada em nossos conhecimentos prévios.
Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do que está explícito no texto, ou seja, na
identificação da mensagem. É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso da capacidade de
entender, atinar, perceber, compreender. Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a decodificação da mensagem que é feita pelo
leitor. Por exemplo, ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos a mensagem transmitida por
ela, assim como o seu propósito comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado evento.
Interpretação de Textos
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os resultados aos quais chegamos por meio da
associação das ideias e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar é decodificar o sentido
de um texto por indução.
A interpretação de textos compreende a habilidade de se chegar a conclusões específicas após a leitura de
algum tipo de texto, seja ele escrito, oral ou visual.
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado da leitura, integrando um conhecimento que
foi sendo assimilado ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, podendo ser diferente
entre leitores.
Exemplo de compreensão e interpretação de textos
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de textos, analise a questão abaixo, que aborda
os dois conceitos em um texto misto (verbal e visual):
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Especial > 2015
Português > Compreensão e interpretação de textos
A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.
“A Constituição garante o direito à educação para todos e a inclusão surge para garantir esse direito também
aos alunos com deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou menos severas.”
A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
(A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de 1988.
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(B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos severas.
(C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes ou não.
(D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser incluídos socialmente.
(E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
Comentário da questão:
Em “A” o texto é sobre direito à educação, incluindo as pessoas com deficiência, ou seja, inclusão de
pessoas na sociedade. = afirmativa correta.
Em “B” o complemento “mais ou menos severas” se refere à “deficiências de toda ordem”, não às leis. =
afirmativa incorreta.
Em “C” o advérbio “também”, nesse caso, indica a inclusão/adição das pessoas portadoras de deficiência
ao direito à educação, além das que não apresentam essas condições. = afirmativa correta.
Em “D” além de mencionar “deficiências de toda ordem”, o texto destaca que podem ser “permanentes ou
temporárias”. = afirmativa correta.
Em “E” este é o tema do texto, a inclusão dos deficientes. = afirmativa correta.
Resposta: Logo, a Letra B é a resposta Certa para essa questão, visto que é a única que contém uma
afirmativa incorreta sobre o texto.
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que de fato está escrito, seja das frases ou das
ideias presentes. Interpretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao conectar as ideias do
texto com a realidade. Interpretação trabalha com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qualquer texto ou discurso e se amplia no entendimen-
to da sua ideia principal. Compreender relações semânticas é uma competência imprescindível no mercado de
trabalho e nos estudos.
Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-se criar vários problemas, afetando não só o
desenvolvimento profissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
Busca de sentidos
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo os tópicos frasais presentes em cada pará-
grafo. Isso auxiliará na apreensão do conteúdo exposto.
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma relação hierárquica do pensamento defendi-
do, retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explicitadas pelo autor. Textos argumentativos não
costumam conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Deve-se
ater às ideias do autor, o que não quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é funda-
mental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
Importância da interpretação
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o
raciocínio e a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos específicos, aprimora a
escrita.
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-
-nos dos detalhes presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz suficiente. Interpretar exi-
ge paciência e, por isso, sempre releia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de sentidos do texto, pode-se também retirar
dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreensão do conteúdo
exposto. Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira
aleatória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação hierár-
quica do pensamento defendido, retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
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Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não costumam
conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às
ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Ler com atenção é um exercício que deve
ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes.
Diferença entre compreensão e interpretação
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do texto e verificar o que realmente está escrito
nele. Já a interpretação imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O leitor tira conclusões
subjetivas do texto.
Definições e diferenciação: tipos textuais e gêneros textuais são dois conceitos distintos, cada qual com
sua própria linguagem e estrutura. Os tipos textuais gêneros se classificam em razão da estrutura linguística,
enquanto os gêneros textuais têm sua classificação baseada na forma de comunicação. Assim, os gêneros são
variedades existente no interior dos modelos pré-estabelecidos dos tipos textuais. A definição de um gênero
textual é feita a partir dos conteúdos temáticos que apresentam sua estrutura específica. Logo, para cada tipo
de texto, existem gêneros característicos.
Como se classificam os tipos e os gêneros textuais
As classificações conforme o gênero podem sofrer mudanças e são amplamente flexíveis. Os principais
gêneros são: romance, conto, fábula, lenda, notícia, carta, bula de medicamento, cardápio de restaurante, lista
de compras, receita de bolo, etc. Quanto aos tipos, as classificações são fixas, e definem e distinguem o texto
com base na estrutura e nos aspectos linguísticos. Os tipos textuais são: narrativo, descritivo, dissertativo,
expositivo e injuntivo. Resumindo, os gêneros textuais são a parte concreta, enquanto as tipologias integram
o campo das formas, da teoria. Acompanhe abaixo os principais gêneros textuais inseridos e como eles se
inserem em cada tipo textual:
Texto narrativo: esse tipo textual se estrutura em: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho. Esses
textos se caracterizam pela apresentação das ações de personagens em um tempo e espaço determinado. Os
principais gêneros textuais que pertencem ao tipo textual narrativo são: romances, novelas, contos, crônicas e
fábulas.
Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem lugares ou seres ou relatam acontecimentos.
Em geral, esse tipo de texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e, em termos de gêneros,
abrange diários, classificados, cardápios de restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc.
Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmitir ideias utilizando recursos de definição,
comparação, descrição, conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias, jornais, resumos
escolares, entre outros, fazem parte dos textos expositivos.
Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o objetivo de apresentar um assunto recorrendo a
argumentações, isto é, caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é composta por introdução,
desenvolvimento e conclusão. Os textos argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e abaixo-
assinado.
Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de orientar o leitor, ou seja, expor instruções,
de forma que o emissor procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de verbos no modo
imperativo é sua característica principal. Pertencem a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias,
manuais de instruções, entre outros.
Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir o leitor em relação ao procedimento. Esses
textos, de certa forma, impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele siga o que diz o texto.
Os gêneros que pertencem a esse tipo de texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos.
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discursos direto e indireto
Discurso direto
É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador, ou seja, reproduzida nos termos em que foi
expressa.
— Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores completamente bêbados, não é?
Foi aí que um dos bêbados pediu:
— Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é o seu marido que os outros querem ir para
casa.
(Stanislaw Ponte Preta)
Observe que, no exemplo dado, a fala da personagem é introduzida por um travessão, que deve estar ali-
nhado dentro do parágrafo.
O narrador, ao reproduzir diretamente a fala das personagens, conserva características do linguajar de cada
uma, como termos de gíria, vícios de linguagem, palavrões, expressões regionais ou cacoetes pessoais.
O discurso direto geralmente apresenta verbos de elocução (ou declarativos ou dicendi) que indicam quem
está emitindo a mensagem.
Os verbos declarativos ou de elocução mais comuns são:
acrescentar
afirmar
concordar
consentir
contestar
continuar
declamar
determinar
dizer
esclarecer
exclamar
explicar
gritar
indagar
insistir
interrogar
interromper
intervir
mandar
ordenar, pedir
perguntar
prosseguir
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protestar
reclamar
repetir
replicar
responder
retrucar
solicitar
Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar atitudes, estados interiores ou situações
emocionais das personagens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e outros. Esse efeito pode
ser também obtido com o uso de adjetivos ou advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente,
gritou histérica, respondeu irritada, explicou docemente.
Exemplo:
— O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nossas vidas.
Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão) entre as personagens –, você deve optar
por um dos três estilos a seguir:
Estilo 1:
João perguntou:
— Que tal o carro?
Estilo 2:
João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas)
Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas)
Estilo 3:
Verbos de elocução no meio da fala:
— Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o carro.
— Você, retrucou Antônio, está completamente enganado.
Verbos de elocução no fim da fala:
— Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente João.
— Você está completamente enganado — retrucou Antônio.
Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com travessões ou com vírgulas. Observe os
seguintes exemplos:
— Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu filho. (Machado de Assis)
— Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse ele, escarrachando-se diante de mim. (Ma-
chado de Assis)
— Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta e oito. (Machado de Assis)
— Ainda não, respondi secamente. (Machado de Assis)
Verbos de elocução depois de orações interrogativas e exclamativas:
— Nunca me viu? perguntou Virgília vendo que a encarava com insistência. (Machado de Assis)
— Para quê? interrompeu Sabina. (Machado de Assis)
— Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis)
Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minúsculas depois dos pontos de exclamação e
interrogação.
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Discurso indireto
No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala da personagem. O narrador funciona como
testemunha auditiva e passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o verbo aparece na ter-
ceira pessoa, sendo imprescindível a presença de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar,
pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, declamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos
conectivos que (dicendi afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da personagem na voz do
narrador.
A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava muito conhecer Carlota e perguntou por que
não a levei comigo.
(Ciro dos Anjos)
Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa; respondeu-me que não.
(Machado de Assis)
Discurso indireto livre
Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe uma terceira modalidade de técnica narrativa,
o chamado discurso indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele, o narrador pode, não
apenas reproduzir indiretamente falas das personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam,
sonham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde ao monólogo interior das personagens,
mas expresso pelo narrador.
As orações do discurso indireto livre são, em regra, independentes, sem verbos dicendi, sem pontuação
que marque a passagem da fala do narrador para a da personagem, mas com transposições do tempo do ver-
bo (pretérito imperfeito) e dos pronomes (terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse
discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e ritmo que confere ao texto.
Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa indecisão dolorosa. Ele também dizia palavras
sem sentido, conversa à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era bruto, sim senhor,
nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem
na cadeia por que ele não sabe falar direito?
(Graciliano Ramos)
Observe que se o trecho “Era bruto, sim” estivesse um discurso direto, apresentaria a seguinte formulação:
Sou bruto, sim; em discurso indireto: Ele admitiu que era bruto; em discurso indireto livre: Era bruto, sim.
Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo interior da personagem (seus pensamentos, de-
sejos, sonhos, fantasias etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamentos da personagem
aparecem, no trecho transcrito, principalmente nas orações interrogativas, entremeadas com o discurso do
narrador.
Transposição de discurso
Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se a estrutura de um discurso direto ou de um
discurso indireto. O domínio dessas estruturas é importante tanto para se empregar corretamente os tipos de
discurso na redação.
Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros recursos como grifo ou itálico, presentes no
discurso direto, não aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na atribuição do enunciado
à personagem, não ao narrador. Tal insistência, porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem
construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece dificuldade.
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Discurso Direto
• Presente
A enfermeira afirmou:
– É uma menina.
• Pretérito perfeito
– Já esperei demais, retrucou com indignação.
• Futuro do presente
Pedrinho gritou:
– Não sairei do carro.
• Imperativo
Olhou-a e disse secamente:
– Deixe-me em paz.
Outras alterações
• Primeira ou segunda pessoa
Maria disse:
– Não quero sair com Roberto hoje.
• Vocativo
– Você quer café, João?, perguntou a prima.
• Objeto indireto na oração principal
A prima perguntou a João se ele queria café.
• Forma interrogativa ou imperativa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou an-
siosa:
– E o amarelo?
• Advérbios de lugar e de tempo
aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã
• Pronomes demonstrativos e possessivos
essa(s), esta(s)
esse(s), este(s)
isso, isto
meu, minha
teu, tua
nosso, nossa
Discurso Indireto
• Pretérito imperfeito
A enfermeira afirmou que era uma menina.
• Futuro do pretérito
Pedrinho gritou que não sairia do carro.
• Pretérito mais-que-perfeito
Retrucou com indignação que já esperara (ou tinha es-
perado) demais.
• Pretérito imperfeito do subjuntivo
Olhou-a e disse secamente que o deixasse em paz.
Outras alterações
• Terceira pessoa
Maria disse que não queria sair com Roberto naquele
dia.
• Objeto indireto na oração principal
A prima perguntou a João se ele queria café.
• Forma declarativa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou an-
siosa pelo amarelo.
lá, dali, de lá, naquele momento, naquele dia, no dia
anterior, na véspera, no dia seguinte, aquela(s), aquele(s),
aquilo, seu, sua (dele, dela), seu, sua (deles, delas)
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elementos de coesão e coerência
— Definições e diferenciação
Coesão e coerência são dois conceitos distintos, tanto que um texto coeso pode ser incoerente, e vice-
versa. O que existe em comum entre os dois é o fato de constituírem mecanismos fundamentais para uma
produção textual satisfatória. Resumidamente, a coesão textual se volta para as questões gramaticais, isto é,
na articulação interna do texto. Já a coerência textual tem seu foco na articulação externa da mensagem.
— Coesão Textual
Consiste no efeito da ordenação e do emprego adequado das palavras que proporcionam a ligação entre
frases, períodos e parágrafos de um texto. A coesão auxilia na sua organização e se realiza por meio de
palavras denominadas conectivos.
As técnicas de coesão
A coesão pode ser obtida por meio de dois mecanismos principais, a anáfora e a catáfora. Por estarem
relacionados à mensagem expressa no texto, esses recursos classificam-se como endofóricas. Enquanto a
anáfora retoma um componente, a catáfora o antecipa, contribuindo com a ligação e a harmonia textual.
As regras de coesão
Para que se garanta a coerência textual, é necessário que as regras relacionadas abaixo sejam seguidas.
Referência
– Pessoal: emprego de pronomes pessoais e possessivos.
Exemplo:
«Ana e Sara foram promovidas. Elas serão gerentes de departamento.” Aqui, tem-se uma referência pessoal
anafórica (retoma termo já mencionado).
– Comparativa: emprego de comparações com base em semelhanças.
Exemplo:
“Mais um dia como os outros…”. Temos uma referência comparativa endofórica.
– Demonstrativa: emprego de advérbios e pronomes demonstrativos.
Exemplo:
“Inclua todos os nomes na lista, menos este: Fred da Silva.” Temos uma referência demonstrativa catafórica.
– Substituição: consiste em substituir um elemento, quer seja nome, verbo ou frase, por outro, para que
ele não seja repetido.
Analise o exemplo:
“Iremos ao banco esta tarde, elas foram pela manhã.”
Perceba que a diferença entre a referência e a substituição é evidente principalmente no fato de que a
substituição adiciona ao texto uma informação nova. No exemplo usado para a referência, o pronome pessoal
retoma as pessoas “Ana e Sara”, sem acrescentar quaisquer informações ao texto.
– Elipse: trata-se da omissão de um componente textual – nominal, verbal ou frasal – por meio da figura
denominando eclipse.
Exemplo:
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“Preciso falar com Ana. Você a viu?” Aqui, é o contexto que proporciona o entendimento da segunda oração,
pois o leitor fica ciente de que o locutor está procurando por Ana.
– Conjunção: é o termo que estabelece ligação entre as orações.
Exemplo:
“Embora eu não saiba os detalhes, sei que um acidente aconteceu.” Conjunção concessiva.
– Coesão lexical: consiste no emprego de palavras que fazem parte de um mesmo campo lexical ou que
carregam sentido aproximado. É o caso dos nomes genéricos, sinônimos, hiperônimos, entre outros.
Exemplo:
“Aquele hospital público vive lotado. A instituição não está dando conta da demanda populacional.”
— Coerência Textual
A Coerência é a relação de sentido entre as ideias de um texto que se origina da sua argumentação –
consequência decorrente dos saberes conhecimentos do emissor da mensagem. Um texto redundante e
contraditório, ou cujas ideias introduzidas não apresentam conclusão, é um texto incoerente. A falta de coerência
prejudica a fluência da leitura e a clareza do discurso. Isso quer dizer que a falta de coerência não consiste
apenas na ignorância por parte dos interlocutores com relação a um determinado assunto, mas da emissão de
ideias contrárias e do mal uso dos tempos verbais.
Observe os exemplos:
“A apresentação está finalizada, mas a estou concluindo até o momento.” Aqui, temos um processo verbal
acabado e um inacabado.
“Sou vegana e só como ovos com gema mole.” Os veganos não consomem produtos de origem animal.
Princípios Básicos da Coerência
– Relevância: as ideias têm que estar relacionadas.
– Não Contradição: as ideias não podem se contradizer.
– Não Tautologia: as ideias não podem ser redundantes.
Fatores de Coerência
– As inferências: se partimos do pressuposto que os interlocutores partilham do mesmo conhecimento, as
inferências podem simplificar as informações.
Exemplo:
“Sempre que for ligar os equipamentos, não se esqueça de que voltagem da lavadora é 220w”.
Aqui, emissor e receptor compartilham do conhecimento de que existe um local adequado para ligar
determinado aparelho.
– O conhecimento de mundo: todos nós temos uma bagagem de saberes adquirida ao longo da vida
e que é arquivada na nossa memória. Esses conhecimentos podem ser os chamados scripts (roteiros, tal
como normas de etiqueta), planos (planejar algo com um objetivo, tal como jogar um jogo), esquemas (planos
de funcionamento, como a rotina diária: acordar, tomar café da manhã, sair para o trabalho/escola), frames
(rótulos), etc.
Exemplo:
“Coelhinho e ovos de chocolate! Vai ser um lindo Natal!”
O conhecimento cultural nos leva a identificar incoerência na frase, afinal, “coelho” e “ovos de chocolate” são
elementos, os chamados frames, que pertencem à comemoração de Páscoa, e nada têm a ver com o Natal.
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Aspectos semânticos e estilísticos: sentido e emprego dos vocábulos
Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo da semântica, a área da gramática que se dedica
ao sentido das palavras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas.
Denotação e conotação
Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das palavras, enquanto a conotação diz respeito ao
sentido figurado das palavras. Exemplos:
“O gato é um animal doméstico.”
“Meu vizinho é um gato.”
No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadeiro sentido, indicando uma espécie real de
animal. Na segunda frase, a palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma de dizer que
ele é tão bonito quanto o bichano.
Hiperonímia e hiponímia
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo, palavra superior com um sentido mais abrangente,
engloba um hipônimo, palavra inferior com sentido mais restrito.
Exemplos:
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia.
– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho.
Polissemia e monossemia
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra apresentar uma multiplicidade de significados, de
acordo com o contexto em que ocorre. A monossemia indica que determinadas palavras apresentam apenas
um significado. Exemplos:
– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma ou um órgão do corpo, dependendo do
contexto em que é inserida.
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não tem outro significado, por isso é uma palavra
monossêmica.
Sinonímia e antonímia
A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem semelhantes em significado. Já antonímia se refere
aos significados opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras expressam proximidade e
contrariedade.
Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = veloz.
Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x atrasado.
Homonímia e paronímia
A homonímia diz respeito à propriedade das palavras apresentarem: semelhanças sonoras e gráficas,
mas distinção de sentido (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas distinção gráfica e de sentido
(palavras homófonas) semelhanças gráficas, mas distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas). A
paronímia se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de forma parecida, mas que apresentam
significados diferentes. Veja os exemplos:
– Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo caminhar); morro (monte) e morro (verbo
morrer).
– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apreçar (definir o preço); arrochar (apertar com força)
e arroxar (tornar roxo).
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– Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar); boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro
(pranto) e choro (verbo chorar) .
– Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e apóstrofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e
cumprimento (saudação).
tempos, modos e aspectos do verbo; mecanismos de flexão dos nomes e dos verbo
FLEXÃO NOMINAL
Flexão de número
Os nomes (substantivo, adjetivo etc.), de modo geral, admitem a flexão de número: singular e plural.
Ex.: animal – animais.
Palavras Simples
1) Na maioria das vezes, acrescenta-se S.
Ex.: ponte – pontes / bonito – bonitos.
2) Palavras terminadas em R ou Z: acrescenta-se ES.
Ex.: éter – éteres / avestruz – avestruzes.
Observação: o pronome qualquer faz o plural no meio: quaisquer.
3) Palavras oxítonas terminadas em S: acrescenta-se ES.
Ex.: ananás – ananases.
Observação: as paroxítonas e as proparoxítonas são invariáveis. Ex.: o pires − os pires / o ônibus − os
ônibus.
4) Palavras terminadas em IL:
a) átono: trocam IL por EIS. Ex.: fóssil – fósseis.
b) tônico: trocam L por S. Ex.: funil – funis.
5) Palavras terminadas em EL:
a) átono: plural em EIS. Ex.: nível – níveis.
b) tônico: plural em ÉIS. Ex.: carretel – carretéis.
6) Palavras terminadas em X são invariáveis.
Ex.: o clímax − os clímax.
7) Há palavras cuja sílaba tônica avança.
Ex.: júnior – juniores / caráter – caracteres.
Observação: a palavra caracteres é plural tanto de caractere quanto de caráter.
8) Palavras terminadas em ÃO, ÃOS, ÃES e ÕES.
Fazem o plural, por isso veja alguns muito importantes:
a) Em ões: balões, corações, grilhões, melões, gaviões.
b) Em ãos: pagãos, cristãos, cidadãos, bênçãos, órgãos.
Observação: os paroxítonos, como os dois últimos, sempre fazem o plural em ÃOS.
c) Em ães: escrivães, tabeliães, capelães, capitães, alemães.
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d) Em ões ou ãos: corrimões/corrimãos, verões/verãos, anões/anãos
e) Em ões ou ães: charlatões/charlatães, guardiões/guardiães, cirugiões/cirurgiães.
f) Em ões, ãos ou ães: anciões/anciãos/anciães, ermitões/ermitãos/ermitães.
9) Plural dos diminutivos com a letra Z
Coloca-se a palavra no plural, corta-se o S e acrescenta-se zinhos (ou zinhas). Exemplo:
Coraçãozinho → corações → coraçõe → coraçõezinhos.
Azulzinha → azuis → azui → azuizinhas.
10) Plural com metafonia (ô → ó)
Algumas palavras, quando vão ao plural, abrem o timbre da vogal o; outras, não. Veja a seguir.
Com metafonia singular (ô) e plural (ó)
coro - coros
corvo - corvos
destroço - destroços
forno - fornos
fosso - fossos
poço - poços
rogo - rogos
Sem metafonia singular (ô) e plural (ô)
adorno - adornos
bolso - bolsos
endosso - endossos
esgoto - esgotos
estojo - estojos
gosto - gostos
11) Casos especiais:
aval − avales e avais
cal − cales e cais
cós − coses e cós
fel − feles e féis
mal e cônsul − males e cônsules
Palavras Compostas
Quanto a variação das palavras compostas:
1) Variação de dois elementos: neste caso os compostos são formados por substantivo mais palavra variá-
vel (adjetivo, substantivo, numeral, pronome). Ex.:
amor-perfeito − amores-perfeitos
couve-flor − couves-flores
segunda-feira − segundas-feiras
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2) Variação só do primeiro elemento: neste caso quando há preposição no composto, mesmo que oculto.
Ex.:
pé-de-moleque − pés-de-moleque
cavalo-vapor − cavalos-vapor (de ou a vapor)
3) A palavra também irá variar quando o segundo substantivo determina o primeiro (fim ou semelhança). Ex.:
banana-maçã − bananas-maçã (semelhante a maçã)
navio-escola − navios-escola (a finalidade é a escola)
Observações:
- Alguns autores admitem a flexão dos dois elementos, porém é uma situação polêmica.
Ex.: mangas-espada (preferível) ou mangas-espadas.
- Quando apenas o último elemento varia:
a) Quando os elementos são adjetivos. Ex.: hispano-americano − hispano-americanos.
Observação: a exceção é surdo-mudo, em que os dois adjetivos se flexionam: surdos-mudos.
b) Nos compostos em que aparecem os adjetivos GRÃO, GRÃ e BEL. Ex.: grão-duque − grão-duques /
grã-cruz − grã-cruzes / bel-prazer − bel-prazeres.
c) Quando o composto é formado por verbo ou qualquer elemento invariável (advérbio, interjeição, prefixo
etc.) mais substantivo ou adjetivo. Ex.: arranha-céu − arranha-céus / sempre-viva − sempre-vivas / super-ho-
mem − super-homens.
d) Quando os elementos são repetidos ou onomatopaicos (representam sons). Ex.: reco-reco − reco-recos
/ pingue-pongue − pingue-pongues / bem-te-vi − bem-te-vis.
Observações:
- Como se vê pelo segundo exemplo, pode haver alguma alteração nos elementos, ou seja, não serem
iguais.
- Se forem verbos repetidos, admite-se também pôr os dois no plural. Ex.: pisca-pisca − pisca-piscas ou
piscas-piscas.
4) Quando nenhum elemento varia.
- Quando há verbo mais palavra invariável. Ex.: o cola-tudo − os cola-tudo.
- Quando há dois verbos de sentido oposto. Ex.: o perde-ganha − os perde-ganha.
- Nas frases substantivas (frases que se transformam em substantivos). Ex.: O maria-vai-com-as-outras −
os maria-vai-com-as-outras.
Observações:
- São invariáveis arco-íris, louva-a-deus, sem-vergonha, sem-teto e sem-terra.
Ex.: Os sem-terra apreciavam os arco-íris.
- Admitem mais de um plural:
pai-nosso − pais-nossos ou pai-nossos
padre-nosso − padres-nossos ou padre-nossos
terra-nova − terras-novas ou terra-novas
salvo-conduto − salvos-condutos ou salvo-condutos
xeque-mate − xeques-mates ou xeques-mate
- Casos especiais: palavras que não se encaixam nas regras.
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o bem-me-quer − os bem-me-queres
o joão-ninguém − os joões-ninguém
o lugar-tenente − os lugar-tenentes
o mapa-múndi − os mapas-múndi
Flexão de gênero
Os substantivos e as palavras que o acompanham na frase admitem a flexão de gênero: masculino e femi-
nino. Ex.:
Meu amigo diretor recebeu o primeiro salário.
Minha amiga diretora recebeu a primeira prestação.
A flexão de feminino pode ocorrer de duas maneiras.
1) Com a troca de o ou e por a. Ex.: lobo – loba / mestre – mestra.
2) Por meio de diferentes sufixos nominais de gênero, muitas vezes com alterações do radical. Veja alguns
femininos importantes:
ateu − ateia
bispo − episcopisa
conde − condessa
duque − duquesa
frade − freira
ilhéu − ilhoa
judeu − judia
marajá − marani
monje − monja
pigmeu − pigmeia
Alguns substantivos são uniformes quanto ao gênero, ou seja, possuem uma única forma para masculino e
feminino. E podem ser divididos em:
a) Sobrecomuns: admitem apenas um artigo, podendo designar os dois sexos. Ex.: a pessoa, o cônjuge, a
testemunha.
b) Comuns de dois gêneros: admitem os dois artigos, podendo então ser masculinos ou femininos. Ex.: o
estudante − a estudante, o cientista − a cientista, o patriota − a patriota.
c) Epicenos: admitem apenas um artigo, designando os animais. Ex.: O jacaré, a cobra, o polvo.
Observações:
- O feminino de elefante é elefanta, e não elefoa. Aliá é correto, mas designa apenas uma espécie de ele-
fanta.
- Mamão, para alguns gramáticos, deve ser considerado epiceno. É algo discutível.
- Há substantivos de gênero duvidoso, que as pessoas costumam trocar. Veja alguns que convém gravar.
Masculinos - Femininos
champanha - aguardente
dó - alface
eclipse - cal
formicida - cataplasma
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grama (peso) - grafite
milhar - libido
plasma - omoplata
soprano - musse
suéter - preá
telefonema
- Existem substantivos que admitem os dois gêneros. Ex.: diabetes (ou diabete), laringe, usucapião etc.
Flexão de grau
Por razões meramente didáticas, incluo, aqui, o grau entre os processos de flexão.
Grau do substantivo
1) Normal ou positivo: sem nenhuma alteração. Ex.: chapéu.
2) Aumentativo:
a) Sintético: chapelão;
b) Analítico: chapéu grande, chapéu enorme etc.
3) Diminutivo:
a) Sintético: chapeuzinho;
b) Analítico: chapéu pequeno, chapéu reduzido etc.
Obs.: Um grau é sintético quando formado por sufixo; analítico, por meio de outras palavras.
Grau do adjetivo
1) Normal ou positivo: João é forte.
2) Comparativo:
a) De superioridade: João é mais forte que André. (ou do que);
b) De inferioridade: João é menos forte que André. (ou do que);
c) De igualdade: João é tão forte quanto André. (ou como);
3) Superlativo:
a) Absoluto
Sintético: João é fortíssimo.
Analítico: João é muito forte. (bastante forte, forte demais etc.)
b) Relativo:
De superioridade: João é o mais forte da turma.
De inferioridade: João é o menos forte da turma.
Observações:
a) O grau superlativo absoluto corresponde a um aumento do adjetivo. Pode ser expresso por um sufixo
(íssimo, érrimo ou imo) ou uma palavra de apoio, como muito, bastante, demasiadamente, enorme etc.
b) As palavras maior, menor, melhor e pior constituem sempre graus de superioridade. Ex.:
O carro é menor que o ônibus. (menor - mais pequeno = comparativo de superioridade.)
Ele é o pior do grupo. (pior - mais mau = superlativo relativo de superioridade.)
c) Alguns superlativos absolutos sintéticos também podem apresentar dúvidas.
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acre − acérrimo
amargo − amaríssimo
amigo − amicíssimo
antigo − antiquíssimo
cruel − crudelíssimo
doce − dulcíssimo
fácil − facílimo
feroz − ferocíssimo
fiel − fidelíssimo
geral − generalíssimo
humilde − humílimo
magro − macérrimo
negro − nigérrimo
pobre − paupérrimo
sagrado − sacratíssimo
sério − seriíssimo
soberbo – superbíssimo
FLEXÃO VERBAL
1) Número: singular ou plural
Ex.: ando, andas, anda → singular
andamos, andais, andam → plural
2) Pessoas: são três.
a) A primeira é aquela que fala; corresponde aos pronomes eu (singular) e nós (plural).
Ex.: escreverei, escreveremos.
b) A segunda é aquela com quem se fala; corresponde aos pronomes tu (singular) e vós (plural).
Ex.: escreverás, escrevereis.
c) A terceira é aquela acerca de quem se fala; corresponde aos pronomes ele ou ela (singular) e eles ou
elas (plural).
Ex.: escreverá, escreverão.
3) Modos: são três.
a) Indicativo: apresenta o fato verbal de maneira positiva, indubitável. Ex.: vendo.
b) Subjuntivo: apresenta o fato verbal de maneira duvidosa, hipotética. Ex.: que eu venda.
c) Imperativo: apresenta o fato verbal como objeto de uma ordem. Ex.: venda!
4) Tempos: são três.
a) Presente: falo
b) Pretérito:
- Perfeito: falei
- Imperfeito: falava
- Mais-que-perfeito: falara
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Obs.: O pretérito perfeito indica uma ação extinta; o imperfeito, uma ação que se prolongava num determi-
nado ponto do passado; o mais-que-perfeito, uma ação passada em relação a outra ação, também passada.
Ex.:
Eu cantei aquela música. (perfeito)
Eu cantava aquela música. (imperfeito)
Quando ele chegou, eu já cantara. (mais-que-perfeito)
c) Futuro:
- Do presente: estudaremos
- Do pretérito: estudaríamos
Obs.: No modo subjuntivo, com relação aos tempos simples, temos apenas o presente, o pretérito imperfei-
to e o futuro (sem divisão). Os tempos compostos serão estudados mais adiante.
5) Vozes: são três.
a) Ativa: o sujeito pratica a ação verbal.
Ex.: O carro derrubou o poste.
b) Passiva: o sujeito sofre a ação verbal.
- Analítica ou verbal: com o particípio e um verbo auxiliar.
Ex.: O poste foi derrubado pelo carro.
- Sintética ou pronominal: com o pronome apassivador se.
Ex.: Derrubou-se o poste.
Obs.: Estudaremos bem o pronome apassivador (ou partícula apassivadora) na sétima lição: concordância
verbal.
c) Reflexiva: o sujeito pratica e sofre a ação verbal; aparece um pronome reflexivo. Ex.: O garoto se machu-
cou.
Formação do Imperativo
1) Afirmativo: tu e vós saem do presente do indicativo menos a letra s; você, nós e vocês, do presente do
subjuntivo.
Ex.: Imperativo afirmativo do verbo beber
Bebo → beba
bebes → bebe (tu) bebas
bebe beba → beba (você)
bebemos bebamos → bebamos (nós)
bebeis → bebei (vós) bebais
bebem bebam → bebam (vocês)
Reunindo, temos: bebe, beba, bebamos, bebei, bebam.
2) Negativo: sai do presente do subjuntivo mais a palavra não.
Ex.: beba
bebas → não bebas (tu)
beba → não beba (você)
bebamos → não bebamos (nós)
bebais → não bebais (vós)
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bebam → não bebam (vocês)
Assim, temos: não bebas, não beba, não bebamos, não bebais, não bebam.
Observações:
a) No imperativo não existe a primeira pessoa do singular, eu; a terceira pessoa é você.
b) O verbo ser não segue a regra nas pessoas que saem do presente do indicativo. Eis o seu imperativo:
- Afirmativo: sê, seja, sejamos, sede, sejam.
- Negativo: não sejas, não seja, não sejamos, não sejais, não sejam.
c) O tratamento dispensado a alguém numa frase não pode mudar. Se começamos a tratar a pessoa por
você, não podemos passar para tu, e vice-versa.
Ex.: Pede agora a tua comida. (tratamento: tu)
Peça agora a sua comida. (tratamento: você)
d) Os verbos que têm z no radical podem, no imperativo afirmativo, perder também a letra e que aparece
antes da desinência s.
Ex.: faze (tu) ou faz (tu)
dize (tu) ou diz (tu)
e) Procure ter “na ponta da língua” a formação e o emprego do imperativo. É assunto muito cobrado em
concursos públicos.
Tempos Primitivos e Tempos Derivados
1) O presente do indicativo é tempo primitivo. Da primeira pessoa do singular sai todo o presente do sub-
juntivo.
Ex.: digo → que eu diga, que tu digas, que ele diga etc.
dizes
diz
Obs.: isso não ocorre apenas com os poucos verbos que não apresentam a desinência o na primeira pes-
soa do singular.
Ex.: eu sou → que eu seja.
eu sei → que eu saiba.
2) O pretérito perfeito é tempo primitivo. Da segunda pessoa do singular saem:
a) o mais-que-perfeito.
Ex.: coubeste → coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis, couberam.
b) o imperfeito do subjuntivo.
Ex.: coubeste → coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis, coubessem.
c) o futuro do subjuntivo.
Ex.: coubeste → couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem.
3) Do infinitivo impessoal derivam:
a) o imperfeito do indicativo.
Ex.: caber → cabia, cabias, cabia, cabíamos, cabíeis, cabiam.
b) o futuro do presente.
Ex.: caber → caberei, caberás, caberá, caberemos, cabereis, caberão.
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c) o futuro do pretérito.
Ex.: caber → caberia, caberias, caberia, caberíamos, caberíeis, caberiam.
d) o infinitivo pessoal.
Ex.: caber → caber, caberes, caber, cabermos, caberdes, caberem.
e) o gerúndio.
Ex.: caber → cabendo.
f) o particípio.
Ex.: caber → cabido.
Tempos Compostos
Formam-se os tempos compostos com o verbo auxiliar (ter ou haver) mais o particípio do verbo que se quer
conjugar.
1) Perfeito composto: presente do verbo auxiliar mais particípio do verbo principal.
Ex.: tenho falado ou hei falado → perfeito composto do indicativo tenha falado ou haja falado → perfeito
composto do subjuntivo.
2) Mais-que-perfeito composto: imperfeito do auxiliar mais particípio do principal.
Ex.: tinha falado → mais-que-perfeito composto do indicativo.
tivesse falado → mais-que-perfeito composto do subjuntivo.
3) Demais tempos: basta classificar o verbo auxiliar.
Ex.: terei falado → futuro do presente composto (terei é futuro do presente).
Verbos Irregulares Comuns em Concursos
É importante saber a conjugação dos verbos que seguem. Eles estão conjugados apenas nas pessoas,
tempos e modos mais problemáticos.
1) Compor, repor, impor, expor, depor etc.: seguem integralmente o verbo pôr.
Ex.: ponho → componho, imponho, deponho etc.
pus → compus, repus, expus etc.
2) Deter, conter, reter, manter etc.: seguem integralmente o verbo ter.
Ex.: tivermos → contivermos, mantivermos etc.
tiveste → retiveste, mantiveste etc.
3) Intervir, advir, provir, convir etc.: seguem integralmente o verbo vir.
Ex.: vierem → intervierem, provierem etc.
vim → intervim, convim etc.
4) Rever, prever, antever etc.: seguem integralmente o verbo ver.
Ex.: vi → revi, previ etc.
víssemos → prevíssemos, antevíssemos etc.
Observações:
- Como se vê nesses quatro itens iniciais, o verbo derivado segue a conjugação do seu primitivo. Basta con-
jugar o verbo primitivo e recolocar o prefixo. Há outros verbos que dão origem a verbos derivados. Por exemplo,
dizer, haver e fazer. Para eles, vale a mesma regra explicada acima.
Ex.: eu houve → eu reouve (e não reavi, como normalmente se fala por aí).
19
- Requerer e prover não seguem integralmente os verbos querer e ver. Eles serão mostrados mais adiante.
5) Crer, no pretérito perfeito do indicativo: cri, creste, creu, cremos, crestes, creram.
6) Estourar, roubar, aleijar, inteirar etc.: mantém o ditongo fechado em todos os tempos, inclusive o presente
do indicativo. Ex.: A bomba estoura. (e não estóra, como normalmente se diz).
7) Aderir, competir, preterir, discernir, concernir, impelir, expelir, repelir:
a) presente do indicativo: adiro, aderes, adere, aderimos, aderimos, aderem.
b) presente do subjuntivo: adira, adiras, adira, adiramos, adirais, adiram.
Obs.: Esses verbos mudam o e do infinitivo para i na primeira pessoa do singular do presente do indicativo
e em todas do presente do subjuntivo.
8) Aguar, desaguar, enxaguar, minguar:
a) presente do indicativo: águo, águas, água; enxáguo, enxáguas, enxágua.
b) presente do subjuntivo: águe, águes, águe; enxágue, enxágues, enxágue.
9) Arguir, no presente do indicativo: arguo, argúis, argúi, arguimos, arguis, argúem.
10) Apaziguar, averiguar, obliquar, no presente do subjuntivo: apazigúe, apazigúes, apazigúe, apaziguemos,
apazigueis, apazigúem.
11) Mobiliar:
a) presente do indicativo: mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam.
b) presente do subjuntivo: mobílie, mobílies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobíliem.
12) Polir, no presente do indicativo: pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem.
13) Passear, recear, pentear, ladear (e todos os outros terminados em ear)
a) presente do indicativo: passeio, passeias, passeia, passeamos, passeais, passeiam.
b) presente do subjuntivo: passeie, passeies, passeie, passeemos, passeeis, passeiem.
Observações:
- Os verbos desse grupo (importantíssimo) apresentam o ditongo ei nas formas rizotônicas, mas apenas nos
dois presentes.
- Os verbos estrear e idear apresentam ditongo aberto.
Ex.: estreio, estreias, estreia; ideio, ideias, ideia.
14) Confiar, renunciar, afiar, arriar etc.: verbos regulares.
Ex.: confio, confias, confia, confiamos, confiais, confiam.
Observações:
- Esses verbos não têm o ditongo ei nas formas rizotônicas.
- Mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar e intermediar, apesar de terminarem em iar, apresentam o ditongo
ei.
Ex.: medeio, medeias, medeia, mediamos, mediais, medeiam, medeie, medeies, medeie, mediemos, me-
dieis, medeiem.
15) Requerer: só é irregular na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e, consequentemente, em
todo o presente do subjuntivo.
Ex.: requeiro, requeres, requer
requeira, requeiras, requeira
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requeri, requereste, requereu
16) Prover: conjuga-se como verbo regular no pretérito perfeito, no mais-que-perfeito, no imperfeito do sub-
juntivo, no futuro do subjuntivo e no particípio; nos demais tempos, acompanha o verbo ver.
Ex.: Provi, proveste, proveu; provera, proveras, provera; provesse, provesses, provesse etc.
provejo, provês, provê; provia, provias, provia; proverei, proverás, proverá etc.
17) Reaver, precaver-se, falir, adequar, remir, abolir, colorir, ressarcir, demolir, acontecer, doer são verbos
defectivos. Estude o que falamos sobre eles na lição anterior, no item sobre a classificação dos verbos. Ex.:
Reaver, no presente do indicativo: reavemos, reaveis.
As figuras de linguagem são elementos fundamentais na arte da expressão verbal. Elas enriquecem a lin-
guagem, conferindo-lhe beleza, expressividade e poder persuasivo. Em diversos contextos, seja na literatura,
na publicidade ou no dia a dia, o uso destas figuras realça e transforma o modo como comunicamos ideias e
emoções. Neste texto, exploraremos cinco figuras de linguagem notáveis: metáfora, metonímia, antítese, eufe-
mismo e ironia. Cada uma delas possui características distintas e desempenha um papel único na construção
de mensagens mais ricas e profundas.
METÁFORA
A metáfora é uma figura de linguagem onde há uma comparação implícita entre dois elementos que são
aparentemente distintos, mas que possuem alguma semelhança entre si. Diferentemente da comparação dire-
ta, a metáfora faz essa relação sem usar conectivos comparativos, como “como” ou “assim como”. Por exem-
plo, na frase “Os seus olhos são estrelas brilhantes”, comparamos ‘olhos’ com ‘estrelas’, sugerindo que os olhos
brilham como estrelas, sem dizer isso diretamente.
METONÍMIA
Metonímia é uma figura de linguagem em que uma palavra é substituída por outra, havendo entre elas uma
relação lógica e de interdependência. Diferente da metáfora, a metonímia baseia-se numa relação de proximi-
dade real e não apenas de semelhança. Por exemplo, “Ele adora ler Kafka” (onde Kafka, o autor, é usado para
representar suas obras) é um exemplo de metonímia.
ANTÍTESE
Antítese é uma figura de linguagem que consiste na exposição de ideias opostas em uma mesma frase ou
em frases próximas, realçando o contraste entre elas. Este recurso é frequentemente utilizado para enfatizar
um conceito ou criar um efeito dramático. Um exemplo clássico de antítese é a frase: “Era o melhor dos tempos,
era o pior dos tempos”.
EUFEMISMO
Eufemismo é uma figura de linguagem utilizada para suavizar a expressão de uma ideia que poderia ser
considerada desagradável, rude ou ofensiva. Ao invés de utilizar uma palavra ou frase direta, escolhe-se uma
mais leve ou menos explícita. Por exemplo, dizer “Ele faleceu” em vez de “Ele morreu” é um uso de eufemismo.
IRONIA
Ironia é uma figura de linguagem onde se diz o oposto do que se pensa, geralmente com uma intenção crí-
tica ou humorística. É uma forma de expressão que depende muito do contexto e do tom usado pelo falante ou
escritor. Por exemplo, diante de uma situação claramente desastrosa, alguém pode dizer “Que dia maravilhoso,
não é?”. Aqui, a ironia está em afirmar que o dia é maravilhoso quando, na verdade, é o oposto.
As figuras de linguagem, como a metáfora, metonímia, antítese, eufemismo e ironia, são ferramentas pode-
rosas na comunicação. Elas não apenas embelezam a linguagem, mas também enriquecem nosso pensamen-
to e expressão. A habilidade de usar essas figuras de forma eficaz pode transformar a comunicação ordinária
21
em arte, elevando o impacto e a profundidade das mensagens transmitidas. Seja na literatura, no discurso co-
tidiano ou em textos persuasivos, o domínio dessas técnicas é um passo essencial para qualquer pessoa que
deseja se expressar de forma mais criativa e efetiva.
Figuras Sonoras
Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geralmente em posição inicial da palavra.
Exemplo
Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes veladas.
(Cruz e Sousa)
Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de um verso ou poesia.
Exemplo
Sou Ana, da cama,
da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam.
(Chico Buarque)
Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma ou na prosódia, mas diferentes no sentido.
Exemplo
Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu
[erro
quero que você ganhe que
[você me apanhe
sou o seu bezerro gritando
[mamãe.
(Caetano Veloso)
Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som produzido por seres animados e inanimados.
Exemplo
Vai o ouvido apurado
na trama do rumor suas nervuras
inseto múltiplo reunido
para compor o zanzineio surdo
circular opressivo
zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
da noite em branco
(Carlos Drummond de Andrade)
Observação: verbos que exprimem os sons são considerados onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaque-
ar, miar etc.
Figuras de sintaxe ou de construção
Dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis re-
petições ou omissões.
Podem ser formadas por:
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omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
ruptura: anacoluto;
concordância ideológica: silepse.
Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um período, frase ou verso.
Exemplo
Dentro do tempo o universo
[na imensidão.
Dentro do sol o calor peculiar
[do verão.
Dentro da vida uma vida me
[conta uma estória que fala
[de mim.
Dentro de nós os mistérios
[do espaço sem fim!
(Toquinho/Mutinho)
Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas
aparecem separadas por vírgulas.
Exemplo
Não nos movemos, as mãos é
que se estenderam pouco a
pouco, todas quatro, pegando-se,
apertando-se, fundindo-se.
(Machado de Assis)
Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coordenativa mais vezes do que exige a norma gra-
matical.
Exemplo
Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.
(Rubem Braga)
Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um termo já expresso.
Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem.
Exemplos
Não os venci. Venceram-me
eles a mim.
(Rui Barbosa)
Morrerás morte vil na mão de um forte.
(Gonçalves Dias)
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Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, cotidiana, considerado vício de linguagem. Deve ser
evitado.
Exemplos
Ouvir com os ouvidos.
Rolar escadas abaixo.
Colaborar juntos.
Hemorragia de sangue.
Repetir de novo.
Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente subentendidas na frase. Geralmente essas palavras
são pronomes, conjunções, preposições e verbos.
Exemplos
Compareci ao Congresso. (eu)
Espero venhas logo. (eu, que, tu)
Ele dormiu duas horas. (durante)
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver)
(Camões)
Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas anteriormente.
Exemplos
Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes.
(Camilo Castelo Branco)
Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes.
(Machado de Assis)
Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos elementos na frase.
Exemplos
Passeiam, à tarde, as belas na avenida.
(Carlos Drummond de Andrade)
Paciência tenho eu tido...
(Antônio Nobre)
Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a frase, alterando a sequência do processo lógi-
co. A construção do período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem função sintática definida.
Exemplos
E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.
(Manuel Bandeira)
Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as mãos.
(José Lins do Rego)
Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na
mesma frase).
Exemplo
...em cada olho um grito castanho de ódio.
24
(Dalton Trevisan)
...em cada olho castanho um grito de ódio)
Silepse
Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo ou pronome com a pessoa a que se refere.
Exemplos
Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho...
(Rachel de Queiroz)
V. Ex.a parece magoado...
(Carlos Drummond de Andrade)
Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com o sujeito da oração.
Exemplos
Os dois ora estais reunidos...
(Carlos Drummond de Andrade)
Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas.
(Machado de Assis)
Silepse de número: Não há concordância do número verbal com o sujeito da oração.
Exemplo
Corria gente de todos os lados, e gritavam.
(Mário Barreto)
— Definição
As classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra
existente na língua portuguesa condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua
função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe gramatical.
— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.
A classificação dos artigos
– Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para se referirem a um ser específico por
já ter sido mencionado ou por ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número
(singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
– Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada
espécie, cujo conhecimento não é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que
aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.
25
Observe:
NÚMERO/GÊNERO MASCULINO FEMININO EXEMPLOS
Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos anti-
Plural Umas Umas gos.
Joguei fora umas coisas velhas.
Outras funções do artigo
– Substantivação: é o nome que se dá ao fenômeno de transformação de adjetivos e verbos em substantivos
a partir do emprego do artigo. Observe:
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo
do enunciado.
– Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido
pode exprimir relação de posse. Por exemplo: “No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronomes
possessivo dela.
– Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido
antes de numeral indica valor aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos
indefinidos representa expressões como “por volta de” e “aproximadamente. Observe: “Faz em média uns dez
anos que a vi pela última vez.” e Acrescente aproximadamente umas três ou quatro gotas de baunilha.”
Contração de artigos com preposições
Os artigos podem fazer junção a algumas preposições, criando uma única palavra contraída. A tabela abaixo
ilustra como esse processo ocorre:
— Substantivo
Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais, qualidades, sentimentos, seres mitológicos
e espirituais). Os substantivos se subdividem em:
– Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que nomeiam algo específico, como nomes de
pessoas (Pedro, Paula) ou lugares (São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na sua generalidade
(garoto, caneta, cachorro).
– Primitivos ou derivados: se não for formado por outra palavra, é substantivo primitivo (carro, planeta); se
formado por outra palavra, é substantivo derivado (carruagem, planetário).
– Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres reais ou imaginativos, são concretos
(cavalo, unicórnio); os que nomeiam sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.
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– Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada
(rebanho de gado), constelação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de cães).
— Adjetivo
É a classe de palavras que se associa ao substantivo para alterar o seu significado, atribuindo-lhe
caracterização conforme uma qualidade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade ou extensão
à palavra, locução, oração ou pronome.
Os tipos de adjetivos
– Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo simples (bonito, grande, esperto, miúdo, regular);
apresenta mais de um radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente, amarelo-limão).
– Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos é primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos
originados de verbo, substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.: substantivo morte →
adjetivo mortal; verbo lamentar → adjetivo lamentável).
– Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou origem de uma pessoa (paulista, brasileiro,
mineiro, latino).
O gênero dos adjetivos
– Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino, isto é, não flexionam seu termo. Exemplo:
“Fred é um amigo leal.” / “Ana é uma amiga leal.”
– Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que variam conforme o gênero. Exemplo:
“Menino travesso.”/”Menina travessa”.
O número dos adjetivos
Por concordarem com o número do substantivo a que se referem, os adjetivos podem estar no singular ou
no plural. Assim, a sua composição acompanha os substantivos. Exemplos: pessoa instruída → pessoas
instruídas; campo formoso → campos formosos.
O grau dos adjetivos
Quanto ao grau, os adjetivos se classificam em comparativo (compara qualidades) e superlativo (intensifica
qualidades).
– Comparativo de igualdade: “O novo emprego é tão bom quanto o anterior.”
– Comparativo de superioridade: “Maria é mais prestativa do que Luciana.”
– Comparativo de inferioridade: “O gerente está menos atento do que a equipe.”
– Superlativo absoluto: refere-se a apenas um substantivo, podendo ser:
• Analítico: “A modelo é extremamente bonita.”
• Sintético: “Pedro é uma pessoa boníssima.”
– Superlativo relativo: refere-se a um grupo, podendo ser de:
• Superioridade - “Ela é a professora mais querida da escola.”
• Inferioridade - “Ele era o menos disposto do grupo.”
Pronome adjetivo
Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses pronomes alteram os substantivos aos
quais se referem. Assim, esse tipo de pronome flexiona em gênero e número para fazer concordância com os
substantivos. Exemplos: “Esta professora é a mais querida da escola.” (o pronome adjetivo esta determina o
substantivo comum professora).
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Locução adjetiva
Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras, que, associadas, têm o valor de um único
adjetivo. Basicamente, consiste na união preposição + substantivo ou advérbio. Exemplos:
– Criaturas da noite (criaturas noturnas).
– Paixão sem freio (paixão desenfreada).
– Associação de comércios (associação comercial).
— Verbo
É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo, fenômeno da natureza e estado. Os verbos se
subdividem em:
– Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados, não têm seu radical modificado e preservam
a mesma desinência do verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação), “-er” (segunda
conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação). Observe o exemplo do verbo “nutrir”:
– Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu significado).
– Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e, tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a,
2 , 3a), número (singular ou plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo (pretérito, presente ou
a
futuro). Perceba que a conjugação desse no presente do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações,
tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro; tu nutre; ele/ela nutre; nós nutrimos; vós
nutris; eles/elas nutrem.
– Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos regulares, têm seu radical modificado quando
conjugados e/ou têm desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma. Exemplo: analise o verbo dizer
conjugado no pretérito perfeito do indicativo: Eu disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos; vós dissestes;
eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda conjugação (-er) tem seu radical, diz, alterado, além de
apresentar duas desinências distintas do verbo paradigma”. Se o verbo dizer fosse regular, sua conjugação no
pretérito perfeito do indicativo seria: dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram.
— Pronome
O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem fala, com quem se fala e de quem se fala),
a posse de um objeto e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em número e gênero. Os
pronomes podem suplantar o substantivo ou acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome
substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em: pessoais, possessivos, demonstrativos,
interrogativos, indefinidos e relativos.
Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso (pessoas gramaticais), e se subdividem em
pronomes do caso reto (desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos (atuam como
complemento), sendo que, para cada o caso reto, existe um correspondente oblíquo.
CASO RETO CASO OBLÍQUO
Eu Me, mim, comigo.
Tu Te, ti, contigo.
Ele Se, o, a , lhe, si, consigo.
Nós Nós, conosco.
Vós Vós, convosco.
Se, os, as, lhes, si,
Eles consigo.
Observe os exemplos:
– Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.
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– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome “o” completa o sentido do verbo. Fechei o
que? O forno.
Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na, nos e nas desempenham apenas
a função de objeto direto.
Pronomes possessivos
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.
PESSOA DO PRONOME
DISCURSO
1 pessoa – Eu
a
Meu, minha, meus, minhas
2a pessoa – Tu Teu, tua, teus, tuas
3a pessoa – Ele / Ela Seu, sua, seus, suas
Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).
Pronomes de tratamento
Tratam-se de termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o
pronome você. Eles têm a função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de
comunicação).
São divididos conforme o nível de formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome de tratamento
específico. Apesar de expressarem interlocução (diálogo), à qual seria adequado o emprego do pronome na
segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos pronomes de tratamento, os verbos devem ser usados na 3a
pessoa.
Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo, ao espaço e à pessoa do discurso –
nesse último caso, o pronome determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em
gênero e número.
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PESSOA DO PRONOMES POSIÇÃO
DISCURSO
Os seres ou objetos
Este, esta, estes,
1a pessoa estão próximos da
estas, isto. pessoa que fala.
Os seres ou objetos
Esse, essa, esses, estão próximos da
2 pessoa
a
essas, isso. pessoa com quem
se fala.
Aquele, aquela, De quem/ do que se
3a pessoa aqueles, aquelas, fala.
aquilo.
Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”
Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do
discurso. Os pronomes indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis
(não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida
ou não especificada.
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de
modo vago, pois não se sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase
“criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem
especificar de quais lojas se trata.
Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:
CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INDEFINIDOS
Muito, pouco, algum, nenhum, outro,
VARIÁVEIS qualquer, certo, um, tanto, quanto, bastante,
vários, quantos, todo.
Nada, ninguém, cada, algo, alguém, quem,
INVARIÁVEIS demais, outrem, tudo.
Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, ou seja, para
prevenir a repetição indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou
invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos
(“pessoas” e “história”) e se relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o
substantivo dito anteriormente (“problemas”).
CLASSIFICAÇÃO PRONOMES RELATIVOS
O qual, a qual, os quais, cujo, cuja, cujos,
VARIÁVEIS cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que, onde.
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Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e
indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)
PRONOMES INTERROGATIVOS
VARIÁVEIS Qual, quais, quanto, quantos, quanta,
quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que.
— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com
o objetivo de modificar ou intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral,
os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo, vlugar, qualidade, causa, intensidade, oposição,
aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:
CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAIS TERMOS EXEMPLOS
Bem, mal, assim, melhor,
pior, depressa, devagar. “Coloquei-o cuidadosa-
Grande parte das palavras mente no berço.”
ADVÉRBIO DE MODO que terminam em “-mente”, “Andou depressa por cau-
como cuidadosamente, sa da chuva.”
calmamente, tristemente.
“O carro está fora.”
“Procurei pelas chaves
Perto, longe, dentro, fora, aqui e acolá, mas elas
ADVÉRBIO DE LUGAR aqui, lá, atrás. estavam aqui, na gaveta”
“Demorou, mas chegou
longe.”
Antes, depois, hoje, ontem, “Sempre que precisar de
algo, basta chamar-me.”
ADVÉRBIO DE TEMPO amanhã, sempre, nunca, “Cedo ou tarde, far-se-á
cedo, tarde justiça.”
“Eles formam um casal tão
bonito!”
ADVÉRBIO DE INTEN- Muito, pouco, bastante, “Elas conversam demais!”
SIDADE tão, demais, tanto “Você saiu muito depres-
sa.”
Sim e decerto; palavras
afirmativas com sufixo “Decerto passaram por
“-mente” (certamente,
ADVÉRBIO DE AFIR- aqui.”
realmente). Palavras como
MAÇÃO “Claro que irei!”
claro e positivo podem ser “Entendi, sim.”
advérbio, dependendo do
contexto
Não e nem; palavras como
negativo, nenhum, nun- “Jamais reatarei meu na-
ADVÉRBIO DE NEGA- ca, jamais, entre outras, moro com ele.”
ÇÃO podem ser advérbio de “Sequer pensou para fa-
negação, dependendo do lar.” “Não pediu ajuda.”
contexto.
Talvez, quiçá, porventura, “Quiçá seremos recebi-
e palavras que expressem
ADVÉRBIO DE DÚVI- das.” “Provavelmente,
dúvida, acrescidas do sufi-
DA sairei mais cedo.”
xo “: -mente”, como possi- “Talvez eu saia cedo.”
velmente.
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“Por que vendeu o livro?”
Quando, como, onde, (Oração interrogativa dire-
aonde, donde, por que; ta, que indica causa)
esse advérbio pode indicar “Quando posso sair?”
ADVÉRBIO DE INTER- circunstâncias de modo, (oração interrogativa direta
ROGAÇÃO tempo, lugar e causa; é que indica tempo)
usado somente em frases “Explica como você fez
interrogativas diretas ou isso.”(oração interrogativa
indiretas. indireta, que indica modo.
— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado
ou oração e, com isso, estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados.
Em função dessa relação entre os termos conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente
e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras palavras, as conjunções são um vínculo
entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado maior clareza e precisão.
– Conjunções coordenativas: observe o exemplo:
Eles ouviram os pedidos de ajuda. Eles chamaram o socorro.” – “Eles ouviram os pedidos de ajuda e
chamaram o socorro.”
No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações
em um mesmo período: além de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há
relação de dependência entre ambas as sentenças, e que, para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma
da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as relaciona, como coordenativa.
– Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:
Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”
Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além
disso, notamos que o sentido da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada
na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração principal, enquanto a segunda, de oração
subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.
Classificação das conjunções
Além da classificação que se baseia no grau de dependência entre os termos conectados (coordenação e
subordinação), as conjunções possuem subdivisões.
– Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco
subclassificações, em função o sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:
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Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a
conjunção subordinativa pode ser de dois subtipos:
1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto
indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se.
Exemplos:
“É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”
2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância
adverbial relacionada à oração principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:
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Numeral
É a classe de palavra variável que exprime um número determinado ou a colocação de alguma coisa dentro
de uma sequência. Os numerais podem ser: cardinais (um, dois, três...), ordinais (primeiro, segundo, terceiro...),
fracionários (meio, terço, quarto...) e multiplicativos (dobro, triplo, quádruplo...). Antes de nos profundarmos em
cada caso, vejamos o emprego dos numerais e suas três principais finalidades:
1 – indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral ordinal somente até o número nono;
após, devem ser utilizados os numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); Parágrafo 10°
(Parágrafo 10).
2 – indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os numerais cardinais, sendo que a única
exceção é a indicação do primeiro dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. Exemplos:
dezesseis de outubro; primeiro de agosto.
3 – indicar capítulos, séculos, reis e papas: após o substantivo emprega-se o numeral ordinal até o
décimo; após o décimo utiliza-se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); século IV (quarto); Henrique
VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis).
Os tipos de numerais
– Cardinais: são os números em sua forma fundamental e exprimem quantidades.
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil.
– alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, quinhentos/quinhentas).
– alguns números cardinais variam em número, como é o caso: milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/
trilhões, e assim por diante.
– a palavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio
e Pedro fizeram o teste, mas os dois/ambos foram reprovados.
– Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, segundo, décimo, centésimo, milésimo…), isto é,
apresentam a ordem de sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de objetos.
– os numerais ordinais variam em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos:
primeiro/primeira, primeiros/primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, trigésimo/trigésimos, trigésima/
trigésimas.
– alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. Exemplo: A carne de segunda está na promoção.
– Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas reduzidas, ou seja, para representar uma
parte de um todo. Exemplos: meio ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três quartos (¾), 1/12 avos.
– os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural).
Exemplos: meio copo de leite, meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.
– Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre um grupo, seja de coisas ou objetos ou
coisas, ao atribuir-lhes uma característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. Exemplos: dobro,
triplo, undécuplo, doze vezes, cêntuplo.
– em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam
a flexionar número e gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios, duplos sentidos.
– Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem quantidades precisas, como dezena (10
unidades) ou dúzia (12 unidades).
– os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas,
centena/centenas.
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— Preposição
Essa classe de palavras tem o objetivo de marcar as relações gramaticais que outras classes (substantivos,
adjetivos, verbos e advérbios) exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas relações entre as unidades
linguísticas dentro do enunciado, as preposições não possuem significado próprio se isoladas no discurso. Em
razão disso, as preposições são consideradas classe gramatical dependente, ou seja, sua função gramatical
(organização e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico, que gera significado e sentido,
esteja presente, apenas possui um menor valor.
Classificação das preposições
Preposições essenciais: só aparecem na língua propriamente como preposições, sem outra função. São
elas:
– Exemplo 1) ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.” Em ambas as sentenças, a preposição de
manteve-se sempre sendo preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades linguísticas diferentes,
garantindo-lhes classificações distintas conforme o contexto.
– Exemplo 2) “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Finalizei o quadro com textura.” Perceba que nas
duas fases, a mesma preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/instrumento; na segunda,
exprime companhia. Por isso, afirma-se que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao valor
estrutural (gramática).
Classificação das preposições
– Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não apresentam função de preposição, porém,
a depender do contexto, podem assumir essa atribuição. São elas:
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— Interjeição
É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que manifestam por parte do emissor do enunciado
uma surpresa, uma hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc., por parte do emissor do
enunciado. São as chamadas unidades autônomas, que usufruem de independência em relação aos demais
elementos do enunciado. As interjeições podem ser empregadas também para chamar exigir algo ou para
chamar a atenção do interlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como:
– Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras que, associadas, assumem o valor de
interjeição. Exemplos: “Ai de mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”.
– Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!”
– Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!”
Os tipos de interjeição
De acordo com as reações que expressam, as interjeições podem ser de:
As palavras são formadas por estruturas menores, com significados próprios. Para isso, há vários processos
que contribuem para a formação das palavras.
Estrutura das palavras
As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas menores - os morfemas, também chama-
dos de elementos mórficos:
– radical e raiz;
– vogal temática;
– tema;
– desinências;
– afixos;
– vogais e consoantes de ligação.
Radical: Elemento que contém a base de significação do vocábulo.
Exemplos
VENDer, PARTir, ALUNo, MAR.
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Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos.
Dividem-se em:
Nominais
Indicam flexões de gênero e número nos substantivos.
Exemplos
pequenO, pequenA, alunO, aluna.
pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas.
Verbais
Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos
Exemplos
vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo)
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)
Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem.
Exemplos
1ª conjugação: – A – cantAr
2ª conjugação: – E – fazEr
3ª conjugação: – I – sumIr
Observação
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica oposição masculino/feminino.
Exemplos
livrO, dentE, paletó.
Tema: União do radical e a vogal temática.
Exemplos
CANTAr, CORREr, CONSUMIr.
Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se interpõem aos vocábulos por necessidade de eu-
fonia.
Exemplos
chaLeira, cafeZal.
Visão geral: a formação de palavras que integram o léxico da língua baseia-se em dois principais processos
morfológicos (combinação de morfemas): a derivação e a composição.
Derivação: é a formação de uma nova palavra (palavra derivada) com base em uma outra que já existe na
língua (palavra primitiva ou radical).
1 – Prefixal por prefixação: um prefixo ou mais são adicionados à palavra primitiva.
PALAVRA PALAVRA
PREFIXO PRIMITIVA DERIVADA
inf fiel infiel
sobre carga sobrecarga
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PALAVRA PALAVRA
SUFIXO
PRIMITIVA DERIVADA
gol leiro goleiro
feliz mente felizmente
3 – Prefixal e sufixal: nesse tipo, a presença do prefixo ou do sufixo à palavra primitiva já é o suficiente para
formação de uma nova palavra.
PALAVRA PALAVRA
PREFIXO SUFIXO
PRIMITIVA DERIVADA
inf feliz – Infeliz
– feliz mente Felizmente
des igual – desigual
– igual dade igualdade
4 – Parassintética: também consiste na adição de prefixo e sufixo à palavra primitiva, porém, diferentemente
do tipo anterior, para existência da nova palavra, ambos os acréscimos são obrigatórios. Esse processo parte
de substantivos e adjetivos para originar um verbo.
PALAVRA PALAVRA
PREFIXO SUFIXO
PRIMITIVA DERIVADA
em pobre cer empobrecer
em trist ecer estristecer
5 – Regressiva: é a remoção da parte final de uma palavra primitiva para, dessa forma, obter uma palavra
derivada. Esse origina substantivos a partir de formas verbais que expressam uma ação. Essas novas palavras
recebem o nome de deverbais. Tal composição ocorre a partir da substituição da terminação verbal formada
pela vogal temática + desinência de infinitivo (“–ar” ou “–er”) por uma das vogais temáticas nominais (-a, -e,-o).”
VOGAL
VERBO RADICAL DESINÊNCIA TEMÁTICA
debater debat er e debate
sustentar sustent ar o sustento
vender vend er a venda
6 – Imprópria (ou conversão): é o processo que resulta na mudança da classe gramatical de uma palavra
primitiva, mas não modifica sua forma. Exemplo: a palavra jantar pode ser um verbo na frase “Convidaram-me
para jantar”, mas também pode ser um substantivo na frase “O jantar estava maravilhoso”.
Composição: é o processo de formação de palavra a partir da junção de dois ou mais radicais. A composição
pode se realizar por justaposição ou por aglutinação.
– Justaposição: na junção, não há modificação dos radicais. Exemplo: passa + tempo - passatempo; gira
+ sol = girassol.
– Aglutinação: existe alteração dos radicais na sua junção. Exemplo: em + boa + hora = embora; desta +
arte = destarte.
Definição: sintaxe é a área da Gramática que se dedica ao estudo da ordenação das palavras em uma
frase, das frases em um discurso e também da coerência (relação lógica) que estabelecem entre si. Sempre
que uma frase é construída, é fundamental que ela contenha algum sentido para que possa ser compreendida
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pelo receptor. Por fazer a mediação da combinação entre palavras e orações, a sintaxe é essencial para que
essa compreensão se efetive. Para que se possa compreender a análise sintática, é importante retomarmos
alguns conceitos, como o de frase, oração e período. Vejamos:
Frase
Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo que possui sentido integral, podendo ser
constituída por somente uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou não (frase nominal).
Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos, apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu
discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”.
A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada, a disposição das palavras na frase também
é fundamental para a compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da Língua Portuguesa.
Observe que a frase “A professora já vai falar.” Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.”
, sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a já professora vai.” , apesar da combinação
das palavras, não poderá ser compreendida pelo interlocutor.
Oração
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um verbo ou de uma locução verbal. Uma frase pode
ser uma oração, desde que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem sempre consta em uma
oração, assim como o sentido completo. O importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é.
1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não contém verbo.
2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase como oração.
Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma oração é formada por cada um dos termos, que,
por sua vez, estabelecem relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No exemplo supracitado, a palavra
“quero” deve unir-se às palavras “Eu” e “silêncio” para que o receptor compreenda a mensagem. Dessa forma,
cada palavra desta oração recebe o nome de termo ou unidade sintática, desempenhando, cada qual, uma
função sintática diferente.
Classificação das orações: as orações podem ser simples ou compostas. As orações simples apresentam
apenas uma frase; as compostas apresentam duas ou mais frases na mesma oração. Analise os exemplos
abaixo e perceba que a oração composta tem duas frases, e cada uma tem seu próprio sentido.
– Oração simples: “Eu quero silêncio.”
– Oração composta: “Eu quero silêncio para poder ouvir o noticiário”.
Período
É a construção composta por uma ou mais orações, sempre com sentido completo. Assim como as orações,
o período também pode ser simples ou composto, que se diferenciam em razão do número de orações que
apresenta: o período simples contém apenas uma oração, e o composto mais de uma. Lembrando que a oração
é uma frase que contém um verbo. Assim, para não ter dúvidas quanto à classificação, basta contar quantos
verbos existentes na frase.
– Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” - apresenta apenas um verbo.
– Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou ficarei preocupada.” - contém dois verbos.
— Análise Sintática
É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a estrutura de um período e das orações que
compõem um período.
Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem sentido a uma frase verbal. A reunião desses
elementos forma o que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais se subdividem em:
essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe a seguir as especificidades de cada tipo.
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1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração
Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual se declara algo, o outro é o que se declara
sobre o sujeito e, por isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos respectivos exemplos
a seguir:
Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”, que “fez um lindo discurso” (é o restante da
oração, a declaração sobre o sujeito).
Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto), podendo apresentar-se também no meio da
fase ou mesmo após o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos respectivos casos:
“Fred fez um lindo discurso.”
“Um lindo discurso Fred fez.”
“Fez um lindo discurso, Fred.”
– Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela concordância verbal.
– Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo ligado ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”.
– Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos. Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.”
– Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na oração, mas a frase é dotada de entendimento.
Ex.: “Passamos no teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a concordância do verbo o
destaca de forma indireta.
– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração e, diferente do caso anterior, não há concordância
verbal para determiná-lo.
Esse sujeito pode aparecer com:
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”.
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se padeiro.”».
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você estiver lá.”
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado, e sua mensagem está centralizada no
verbo, que é impessoal. Essas orações podem ter verbos que constituam fenômenos da natureza, ou os verbos
ser, estar, haver e fazer quando indicativos de fenômeno meteorológico ou tempo. Observe os exemplos:
“Choveu muito ontem”.
“Era uma hora e quinze”.
– Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e verbo, ou entre verbo e complementos. Os
verbos, por sua vez, também recebem sua classificação, conforme abaixo:
– Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adiante para passar a informação adequada. Em
outras palavras, é o verbo que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa compreensão, esse
trânsito do verbo, o complemento pode ser direto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e
complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e complemento são unidos por preposição.
Ex.: “Preciso de dinheiro.”
– Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de sentido completo. São exemplos: morrer, acordar,
nascer, nadar, cair, mergulhar, correr.
– Verbo de ligação: servem para expressar características de estado ao sujeito, sendo eles: estado
permanente (“Pedro é alto.”), estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação (“Pedro esteve
enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro continua esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”).
– Predicados nominais: são aqueles que têm um nome (substantivo ou adjetivo) como cujo núcleo
significativo da oração. Ademais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade, e é composto por
um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito.
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– Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo:
em “Marta é inteligente.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja, é sua característica de estado
ou qualidade. Isso é comprovado pelo “ser” (é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica atual.
Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo, mas pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo
um substantivo ou palavra substantivada.
– Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre um predicativo do sujeito associado a uma
ação do sujeito acrescida de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo da aula. Por isso,
estavam contentes.
O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair” e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam
contentes” é o predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.
2 – Termos integrantes da oração
Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma oração, atribuindo sentindo a ela. Eles
podem ser complementos verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
– Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos completam o sentido de verbos, e se
classificam da seguinte forma:
– Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não exigindo preposição.
– Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos, isto é, aqueles que dependem de preposição
para que seu sentido seja compreendido.
Quanto ao objeto direto, podemos ter:
– Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
– Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o acontecido.”
– Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou os aparelhos.»
– Complementos Nominais: esses termos completam o sentido de uma palavra, mas não são verbos; são
nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe os exemplos:
– “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que “satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados”
é complemento nominal.
– “O entregador atravessou rapidamente pela viela. – “rapidamente” é advérbio de modo.
– “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um substantivo.
– Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que praticam a ação expressa pelo verbo, quando
este está na voz passiva. Assim, estão normalmente acompanhados pelas preposições de e por. Observe os
exemplos do item anterior modificados para a voz passiva:
– “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.”
– “O cachorro foi alvo do meu medo.”
– “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.”
3 – Termos acessórios da oração
Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos acessórios não são fundamentais o sentido da
oração, mas servem para complementar a informação, exprimindo circunstância, determinando o substantivo
ou caracterizando o sujeito. Confira abaixo quais são eles:
– Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido do verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise
os exemplos:
“Dormimos muito.”
O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”.
“Ele ficou pouco animado com a notícia.”
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O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado”
“Maria escreve bastante bem.”
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”.
Os adjuntos adverbiais podem ser:
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc.
– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc.
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de tempo).
– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, com função de adjetivo. Em razão disso,
pode ser representado por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou pronomes adjetivos.
Analise o exemplo:
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega de escola.”
– Sujeito: “jovem apaixonado”
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou”
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê”
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais: no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”,
pois caracterizam o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo” fazem referência a “buquê”
(substantivo); o artigo “à” (contração da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os adjuntos
adnominais de “colega”.
– Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para caracterizá-lo, contribuindo para a complementação
uma informação já completa. Observe os exemplos:
“Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.”
“Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.”
– Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem com sujeito nem com predicado, tendo sua
função no chamamento ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa do discurso. Os
vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições
de apelo. Observe:
“Ei, moça! Seu documento está pronto!”
“Senhor, tenha misericórdia de nós!”
“Vista o casaco, filha!”
— Estudo da relação entre as orações
Os períodos compostos são formados por várias orações. As orações estabelecem entre si relações de
coordenação ou de subordinação.
– Período composto por coordenação: é formado por orações independentes. Apesar de estarem unidas
por conjunções ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas individualmente porque apresentam
sentidos completos. Acompanhe a seguir a classificação das orações coordenadas:
– Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os doces.”
– Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não preparei os doces.”
– Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou preparo os doces.”
– Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante, logo, passou no exame.”
– Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame porque estudou bastante.”
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– Período composto por subordinação: são constituídos por orações dependentes uma da outra. Como
as orações subordinadas apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas de forma separada. As
orações subordinadas são divididas em substantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
– Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado que o suspeito era realmente o culpado.”
– Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não queria que isso acontecesse.”
– Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É obrigatório de que todos os estudantes sejam
assíduos.”
– Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho expectativa de que os planos serão melhores
em breve!”
– Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa é que meus pais são saudáveis.”
– Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba disto: que tudo esteja organizado quando eu
voltar!”
– Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
– Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão felizes que pulamos de alegria.”
– Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando para que nós chegássemos a casa em
segurança.”
– Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu cheguei, eles iniciaram o trabalho.”
– Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo, espero por você.»
– Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que estivesse cansado, concluiu a maratona.”
– Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia como se ainda vivesse no interior.”
– Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme combinamos anteriormente, entregarei o produto
até amanhã.”
– Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais me exercito, mais tenho disposição.”
– Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que passou no concurso, mudou-se para o interior.”
– Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve enferma conseguiu ser aprovada nas provas.”
Visão Geral: sumariamente, as concordâncias verbal e nominal estudam a sintonia entre os componentes
de uma oração.
– Concordância verbal: refere-se ao verbo relacionado ao sujeito, sendo que o primeiro deve,
obrigatoriamente, concordar em número (flexão em singular e plural) e pessoa (flexão em 1a, 2a, ou 3a pessoa)
com o segundo. Isto é, ocorre quando o verbo é flexionado para concordar com o sujeito.
– Concordância nominal: corresponde à harmonia em gênero (flexão em masculino e feminino) e número
entre os vários nomes da oração, ocorrendo com maior frequência sobre os substantivos e o adjetivo. Em
outras palavras, refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas: adjetivo, numeral, pronome, artigo. Tal
concordância ocorre em gênero e pessoa
Casos específicos de concordância verbal
Concordância verbal com o infinitivo pessoal: existem três situações em que o verbo no infinitivo é
flexionado:
I – Quando houver um sujeito definido;
II – Sempre que se quiser determinar o sujeito;
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III – Sempre que os sujeitos da primeira e segunda oração forem distintos.
Observe os exemplos:
“Eu pedir para eles fazerem a solicitação.”
“Isto é para nós solicitarmos.”
Concordância verbal com o infinitivo impessoal: não há flexão verbal quando o sujeito não for definido,
ou sempre que o sujeito da segunda oração for igual ao da primeira oração, ou mesmo em locuções verbais,
com verbos preposicionados e com verbos imperativos.
Exemplos:
“Os membros conseguiram fazer a solicitação.”
“Foram proibidos de realizar o atendimento.”
Concordância verbal com verbos impessoais: nesses casos, verbo ficará sempre em concordância com
a 3a pessoa do singular, tendo em vista que não existe um sujeito.
Observe os casos a seguir:
– Verbos que indicam fenômenos da natureza, como anoitecer, nevar, amanhecer.
Exemplo: “Não chove muito nessa região” ou “Já entardeceu.»
– O verbo haver com sentido de existir. Exemplo: “Havia duas professoras vigiando as crianças.”
– O verbo fazer indicando tempo decorrido. Exemplo: “Faz duas horas que estamos esperando.”
Concordância verbal com o verbo ser: diante dos pronomes tudo, nada, o, isto, isso e aquilo como sujeito,
há concordância verbal com o predicativo do sujeito, podendo o verbo permanecer no singular ou no plural:
– “Tudo que eu desejo é/são férias à beira-mar.”
– “Isto é um exemplo do que o ocorreria.” e “Isto são exemplos do que ocorreria.”
Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo, ou faz concordância com o termo precedente
ao pronome, ou permanece na 3a pessoa do singular:
– “Fui eu quem solicitou.» e “Fomos nós quem solicitou.»
Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo concorda com o termo que antecede o pronome:
– “Foi ele que fez.» e “Fui eu que fiz.»
– “Foram eles que fizeram.” e “Fomos nós que fizemos.»
Concordância verbal com a partícula de indeterminação do sujeito se: nesse caso, o verbo cria
concordância com a 3a pessoa do singular sempre que a oração for constituída por verbos intransitivos ou por
verbos transitivos indiretos:
– «Precisa-se de cozinheiro.” e «Precisa-se de cozinheiros.”
Concordância com o elemento apassivador se: aqui, verbo concorda com o objeto direto, que desempenha
a função de sujeito paciente, podendo aparecer no singular ou no plural:
– Aluga-se galpão.” e “Alugam-se galpões.”
Concordância verbal com as expressões a metade, a maioria, a maior parte: preferencialmente, o verbo
fará concordância com a 3° pessoa do singular. Porém, a 3a pessoa do plural também pode ser empregada:
– “A maioria dos alunos entrou” e “A maioria dos alunos entraram.”
– “Grande parte das pessoas entendeu.” e “Grande parte das pessoas entenderam.”
Concordância nominal muitos substantivos: o adjetivo deve concordar em gênero e número com o
substantivo mais próximo, mas também concordar com a forma no masculino plural:
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– “Casa e galpão alugado.” e “Galpão e casa alugada.”
– “Casa e galpão alugados.” e “Galpão e casa alugados.”
Concordância nominal com pronomes pessoais: o adjetivo concorda em gênero e número com os
pronomes pessoais:
– “Ele é prestativo.” e “Ela é prestativa.”
– “Eles são prestativos.” e “Elas são prestativas.”
Concordância nominal com adjetivos: sempre que existir dois ou mais adjetivos no singular, o substantivo
permanece no singular, se houver um artigo entre os adjetivos. Se o artigo não aparecer, o substantivo deve
estar no plural:
– “A blusa estampada e a colorida.” e “O casaco felpudo e o xadrez.”
– “As blusas estampada e colorida.” e “Os casacos felpudo e xadrez.”
Concordância nominal com é proibido e é permitido: nessas expressões, o adjetivo flexiona em gênero
e número, sempre que houver um artigo determinando o substantivo. Caso não exista esse artigo, o adjetivo
deve permanecer invariável, no masculino singular:
– “É proibida a circulação de pessoas não identificadas.” e “É proibido circulação de pessoas não identificadas.”
– “É permitida a entrada de crianças.” e “É permitido entrada de crianças acompanhadas.”
Concordância nominal com menos: a palavra menos permanece é invariável independente da sua
atuação, seja ela advérbio ou adjetivo:
– “Menos pessoas / menos pessoas”.
– “Menos problema /menos problemas.”
Concordância nominal com muito, pouco, bastante, longe, barato, meio e caro: esses termos instauram
concordância em gênero e número com o substantivo quando exercem função de adjetivo:
– “Tomei bastante suco.” e “Comprei bastantes frutas.”
– “A jarra estava meia cheia.” e “O sapato está meio gasto”.
– “Fizemos muito barulho.” e “Compramos muitos presentes.”
Visão geral: na Gramática, regência é o nome dado à relação de subordinação entre dois termos. Quando,
em um enunciado ou oração, existe influência de um tempo sobre o outro, identificamos o que se denomina
termo determinante, essa relação entre esses termos denominamos regência.
— Regência Nominal
É a relação entre um nome o seu complemento por meio de uma preposição. Esse nome pode ser um
substantivo, um adjetivo ou um advérbio e será o termo determinante.
O complemento preenche o significado do nome, cujo sentido estaria impreciso ou ambíguo se não fosse
pelo complemento.
Observe os exemplos:
“A nova entrada é acessível a cadeirantes.” “Eu tenho o sonho de viajar para o nordeste.”
“Ele é perito em investigações como esta.”
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Na primeira frase, adjetivo “acessível” exige a preposição a, do contrário, seu sentido ficaria incompleto. O
mesmo ocorre com os substantivos “sonho“ e “perito”, nas segunda e terceira frases, em que os nomes exigem
as preposições de e em para completude de seus sentidos. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que
regem. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem uma preposição para que seu sentido seja
completo.
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— Regência Verbal
Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais são os
termos regidos. Um verbo possui a mesma regência do nome do qual deriva.
Observe as duas frases:
I – “Eles irão ao evento.” O verbo ir requer a preposição a (quem vai, vai a algum lugar), e isso o classifica
como verbo transitivo direto; “ao evento” são os termos regidos pelo verbo, isto é, constituem seu complemento.
II – “Ela mora em região pantanosa.” O verbo morar exige a preposição em (quem mora mora em algum
lugar), portanto, é verbo transitivo indireto.
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quem vai vai a algum
Ir lugar / verbo transitivo SIM “Vamos ao teatro.”
indireto
Quem mora em algum “Eles moram no interior.”
Morar lugar (verbo transitivo SIM (Preposição “em” + artigo “o”).
indireto)
verbo transitivio
Namorar NÃO “Júlio quer namorar Maria.”
direito
verbo bi transitivo
Preferir SIM “Prefira assados a frituras.”
(direto e indireto)
quem simpatiza
simpatiza com
Simpatizar SIM “Simpatizei-me com todos.”
algo/ alguém/ verbo
transitivo indireto
— Definições
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, “exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”,
ortografia é o nome dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que indica a escrita correta
das palavras. Já a Ortografia Oficial se refere às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como
adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia são: o emprego de acentos gráficos que
sinalizam vogais tônicas, abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave); os sinais de
pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e decorrentes dessas funções, entre outros.
Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre a qual recaem, para que palavras com grafia
similar possam ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados distintos. Resumidamente, os
acentos são agudo (deixa o som da vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz com que
o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase).
O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados
por cada um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes.
As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras foram integradas oficialmente ao alfabeto
do idioma português brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico. As possibilidades da
vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente, para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo:
– Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km (quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
– Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus derivados na língua portuguesa, como Britney,
Washington, Nova York.
Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos do emprego da ortografia correta das
palavras e suas principais regras:
«ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos:
– Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum, abacaxi.
– Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa.
– Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar.
– Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer, mexerica.
s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos:
– Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa, verminose.
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– Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos. Exemplo: amazonense, formosa, jocoso.
– Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou nacionalidade. Exemplo: marquês/marquesa,
holandês/holandesa, burguês/burguesa.
– Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”. Exemplo: casa – casinha – casarão; análise
– analisar.
Porque, Por que, Porquê ou Por quê?
– Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja, indica motivo/razão, podendo substituir o
termo pois. Portanto, toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de que o emprego do
porque estará correto. Exemplo: Não choveu, porque/pois nada está molhado.
– Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado para introduzir uma pergunta ou no lugar
de “o motivo pelo qual”, para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração. Exemplos: Por que ela
está chorando? / Ele explicou por que do cancelamento do show.
– Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e, por isso, pode estar acompanhado por artigo,
adjetivo, pronome ou numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento do show.
– Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi
embora novamente. Por quê?
Parônimos e homônimos
– Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na pronúncia, mas se divergem no significado.
Exemplos: absolver (perdoar) e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e apreender (capturar).
– Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas que divergem na pronúncia. Exemplos:
“gosto” (substantivo) e “gosto” (verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome demonstrativo).
regras de acentuação
— Definição
A acentuação gráfica consiste no emprego do acento nas palavras grafadas com a finalidade de estabelecer,
com base nas regras da língua, a intensidade e/ou a sonoridade das palavras. Isso quer dizer que os acentos
gráficos servem para indicar a sílaba tônica de uma palavra ou a pronúncia de uma vogal. De acordo com as
regras gramaticais vigentes, são quatro os acentos existentes na língua portuguesa:
– Acento agudo: Indica que a sílaba tônica da palavra tem som aberto. Ex.: área, relógio, pássaro.
– Acento circunflexo: Empregado acima das vogais “a” e” e “o”para indicar sílaba tônica em vogal fechada.
Ex.: acadêmico, âncora, avô.
– Acento grave/crase: Indica a junção da preposição “a” com o artigo “a”. Ex: “Chegamos à casa”. Esse
acento não indica sílaba tônica!
– Til: Sobre as vogais “a” e “o”, indica que a vogal de determinada palavra tem som nasal, e nem sempre
recai sobre a sílaba tônica. Exemplo: a palavra órfã tem um acento agudo, que indica que a sílaba forte é “o”
(ou seja, é acento tônico), e um til (˜), que indica que a pronúncia da vogal “a” é nasal, não oral. Outro exemplo
semelhante é a palavra bênção.
— Monossílabas Tônicas e Átonas
Mesmo as palavras com apenas uma sílaba podem sofrer alteração de intensidade de voz na sua pronúncia.
Exemplo: observe o substantivo masculino “dó” e a preposição “do” (contração da preposição “de” + artigo
“o”). Ao comparar esses termos, percebermos que o primeiro soa mais forte que o segundo, ou seja, temos uma
monossílaba tônica e uma átona, respectivamente. Diante de palavras monossílabas, a dica para identificar se
é tônica (forte) ou fraca átona (fraca) é pronunciá-las em uma frase, como abaixo:
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“Sinto grande dó ao vê-la sofrer.”
“Finalmente encontrei a chave do carro.”
Recebem acento gráfico:
– As monossílabas tônicas terminadas em: -a(s) → pá(s), má(s); -e(s) → pé(s), vê(s); -o(s) → só(s), pôs.
– As monossílabas tônicas formados por ditongos abertos -éis, -éu, -ói. Ex: réis, véu, dói.
Não recebem acento gráfico:
– As monossílabas tônicas: par, nus, vez, tu, noz, quis.
– As formas verbais monossilábicas terminadas em “-ê”, nas quais a 3a pessoa do plural termina em “-eem”.
Antes do novo acordo ortográfico, esses verbos era acentuados. Ex.: Ele lê → Eles lêem leem.
Exceção! O mesmo não ocorre com os verbos monossilábicos terminados em “-em”, já que a terceira
pessoa termina em “-êm”. Nesses caso, a acentuação permanece acentuada. Ex.: Ele tem → Eles têm; Ele
vem → Eles vêm.
Acentuação das palavras Oxítonas
As palavras cuja última sílaba é tônica devem ser acentuadas as oxítonas com sílaba tônica terminada em
vogal tônica -a, -e e -o, sucedidas ou não por -s. Ex.: aliás, após, crachá, mocotó, pajé, vocês. Logo, não se
acentuam as oxítonas terminadas em “-i” e “-u”. Ex.: caqui, urubu.
Acentuação das palavras Paroxítonas
São classificadas dessa forma as palavras cuja penúltima sílaba é tônica. De acordo com a regra geral,
não se acentuam as palavras paroxítonas, a não ser nos casos específicos relacionados abaixo. Observe as
exceções:
– Terminadas em -ei e -eis. Ex.: amásseis, cantásseis, fizésseis, hóquei, jóquei, pônei, saudáveis.
– Terminadas em -r, -l, -n, -x e -ps. Ex.: bíceps, caráter, córtex, esfíncter, fórceps, fóssil, líquen, lúmen, réptil,
tórax.
– Terminadas em -i e -is. Ex.: beribéri, bílis, biquíni, cáqui, cútis, grátis, júri, lápis, oásis, táxi.
– Terminadas em -us. Ex.: bônus, húmus, ônus, Vênus, vírus, tônus.
– Terminadas em -om e -ons. Ex.: elétrons, nêutrons, prótons.
– Terminadas em -um e -uns. Ex.: álbum, álbuns, fórum, fóruns, quórum, quóruns.
– Terminadas em -ã e -ão. Ex.: bênção, bênçãos, ímã, ímãs, órfã, órfãs, órgão, órgãos, sótão, sótãos.
Acentuação das palavras Proparoxítonas
Classificam-se assim as palavras cuja antepenúltima sílaba é tônica, e todas recebem acento, sem exceções.
Ex.: ácaro, árvore, bárbaro, cálida, exército, fétido, lâmpada, líquido, médico, pássaro, tática, trânsito.
Ditongos e Hiatos
Acentuam-se:
– Oxítonas com sílaba tônica terminada em abertos “_éu”, “_éi” ou “_ói”, sucedidos ou não por “_s”. Ex.:
anéis, fiéis, herói, mausoléu, sóis, véus.
– As letras “_i” e “_u” quando forem a segunda vogal tônica de um hiato e estejam isoladas ou sucedidas por
“_s” na sílaba. Ex.: caí (ca-í), país (pa-ís), baú (ba-ú).
Não se acentuam:
– A letra “_i”, sempre que for sucedida por de “_nh”. Ex.: moinho, rainha, bainha.
– As letras “_i” e o “_u” sempre que aparecerem repetidas. Ex.: juuna, xiita. xiita.
– Hiatos compostos por “_ee” e “_oo”. Ex.: creem, deem, leem, enjoo, magoo.
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O Novo Acordo Ortográfico
Confira as regras que levaram algumas palavras a perderem acentuação em razão do Acordo Ortográfico
de 1990, que entrou em vigor em 2009:
1 – Vogal tônica fechada -o de -oo em paroxítonas.
Exemplos: enjôo – enjoo; magôo – magoo; perdôo – perdoo; vôo – voo; zôo – zoo.
2 – Ditongos abertos -oi e -ei em palavras paroxítonas.
Exemplos: alcalóide – alcaloide; andróide – androide; alcalóide – alcaloide; assembléia – assembleia;
asteróide – asteroide; européia – europeia.
3 – Vogais -i e -u precedidas de ditongo em paroxítonas.
Exemplos: feiúra – feiura; maoísta – maoista; taoísmo – taoismo.
4 – Palavras paroxítonas cuja terminação é -em, e que possuem -e tônico em hiato.
Isso ocorre com a 3a pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo. Exemplos: deem; lêem –
leem; relêem – releem; revêem.
5 – Palavras com trema: somente para palavras da língua portuguesa. Exemplos: bilíngüe – bilíngue;
enxágüe – enxágue; linguïça – linguiça.
6 – Paroxítonas homógrafas: são palavras que têm a mesma grafia, mas apresentam significados
diferentes. Exemplo: o verbo PARAR: pára – para. Antes do Acordo Ortográfico, a flexão do verbo “parar” era
acentuada para que fosse diferenciada da preposição “para”.
Atualmente, nenhuma delas recebe acentuação. Assim:
Antes: Ela sempre pára para ver a banda passar. [verbo / preposição]
Hoje: Ela sempre para para ver a banda passar. [verbo / preposição]
— Visão Geral
O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais gráficos que, em um período sintático, têm a
função primordial de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas e, ocasionalmente, manifestar
as propriedades da fala (prosódias) em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os gestos e
as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a compreensão da frase.
O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
– Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos tipos textuais;
– Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;
– Demarcar das unidades de um texto;
– Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.
— Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um enunciado
Vírgula
De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado para indicar que os termos por ela isolados,
embora compartilhem da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas, se, ao contrário,
houver relação sintática entre os termos, estes não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao
mesmo tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em outras, ela é vetada. Confira os casos
em que a vírgula deve ser empregada:
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• No interior da sentença
1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição:
ENUMERAÇÃO
Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e
chocolate.
Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.
REPETIÇÃO
Os arranjos estão lindos, lindos!
Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada.
2 – Isolar o vocativo
“Crianças, venham almoçar!”
“Quando será a prova, professora?”
3 – Separar apostos
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.”
4 – Isolar expressões explicativas:
“As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi responsabilizado.”
5 – Separar conjunções intercaladas
“Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.”
6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado:
“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos funcionários do setor.”
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.”
7 – Separar o complemento pleonástico antecipado:
“Estas alegações, não as considero legítimas.”
8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas por conjunções)
“Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.”
9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas:
“São Paulo, 16 de outubro de 2022”.
10 – Marcar a omissão de um termo:
“Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo “fazer”).
• Entre as sentenças
1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas
“Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.”
2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas, com exceção das orações iniciadas
pela conjunção “e”:
“Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos ajudasse.”
3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a principal:
“Quando será publicado, ainda não foi divulgado.”
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4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas ou reduzidas, especialmente as que
antecedem a oração principal:
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Marte;
Júpiter;
Saturno;
Urano;
Netuno.”
Dois Pontos
1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas, enumerações ou sequência de palavras que explicam
e/ou resumem ideias anteriores.
“Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.”
“Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela grande ofensa.”
2 – Para introduzirem citação direta:
“Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma’.”
3 – Para iniciar fala de personagens:
“Ele gritava repetidamente:
– Sou inocente!”
Reticências
1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta sintaticamente:
“Quem sabe um dia...”
2 – Para indicar hesitação ou dúvida:
“Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar ainda.”
3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o objetivo de prolongar o raciocínio:
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília -
José de Alencar).
4 – Suprimem palavras em uma transcrição:
“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner).
Ponto de Interrogação
1 – Para perguntas diretas:
“Quando você pode comparecer?”
2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para destacar o enunciado:
“Não brinca, é sério?!”
Ponto de Exclamação
1 – Após interjeição:
“Nossa Que legal!”
2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva
“Infelizmente!”
3 – Após vocativo
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“Ana, boa tarde!”
4 – Para fechar de frases imperativas:
“Entre já!”
Parênteses
a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases intercaladas de valor explicativo, podendo
substituir o travessão ou a vírgula:
“Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como sempre)
quem seria promovido.”
Travessão
1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:
“O rapaz perguntou ao padre:
— Amar demais é pecado?”
2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos:
“— Vou partir em breve.
— Vá com Deus!”
3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários:
“Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.”
4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas:
“Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.”
Aspas
1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta, como termos populares, gírias, neologismos,
estrangeirismos, arcaísmos, palavrões, e neologismos.
“Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.”
“A reunião será feita ‘online’.”
2 – Para indicar uma citação direta:
“A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de Assis)
Funções da linguagem são recursos da comunicação que, de acordo com o objetivo do emissor, dão ênfase
à mensagem transmitida, em função do contexto em que o ato comunicativo ocorre.
São seis as funções da linguagem, que se encontram diretamente relacionadas com os elementos da co-
municação.
Elementos da
Funções da Linguagem Comunicação
Função referencial ou contexto
denotativa
Função emotiva ou emissor
expressiva
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Função apelativa ou receptor
conativa
Função poética mensagem
Função fática canal
Função metalinguística código
Função Referencial
A função referencial tem como objetivo principal informar, referenciar algo. Esse tipo de texto, que é voltado
para o contexto da comunicação, é escrito na terceira pessoa do singular ou do plural, o que enfatiza sua im-
pessoalidade.
Para exemplificar a linguagem referencial, podemos citar os materiais didáticos, textos jornalísticos e cientí-
ficos. Todos eles, por meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo, sem envolver aspectos
subjetivos ou emotivos à linguagem.
Exemplo de uma notícia:
O resultado do terceiro levantamento feito pela Aliança Global para Atividade Física de Crianças — entidade
internacional dedicada ao estímulo da adoção de hábitos saudáveis pelos jovens — foi decepcionante. Realiza-
do em 49 países de seis continentes com o objetivo de aferir o quanto crianças e adolescentes estão fazendo
exercícios físicos, o estudo mostrou que elas estão muito sedentárias. Em 75% das nações participantes, o
nível de atividade física praticado por essa faixa etária está muito abaixo do recomendado para garantir um
crescimento saudável e um envelhecimento de qualidade — com bom condicionamento físico, músculos e es-
queletos fortes e funções cognitivas preservadas. De “A” a “F”, a maioria dos países tirou nota “D”.
Função Emotiva
Caracterizada pela subjetividade com o objetivo de emocionar. É centrada no emissor, ou seja, quem envia
a mensagem. A mensagem não precisa ser clara ou de fácil entendimento.
Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz que empregamos, etc., transmitimos uma ima-
gem nossa, não raro inconscientemente.
Emprega-se a expressão função emotiva para designar a utilização da linguagem para a manifestação do
enunciador, isto é, daquele que fala.
Exemplo: Nós te amamos!
Função Conativa
A função conativa ou apelativa é caracterizada por uma linguagem persuasiva com a finalidade de convencer
o leitor. Por isso, o grande foco é no receptor da mensagem.
Trata-se de uma função muito utilizada nas propagandas, publicidades e discursos políticos, a fim de influen-
ciar o receptor por meio da mensagem transmitida.
Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na terceira pessoa com a presença de verbos no
imperativo e o uso do vocativo.
Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que
nos influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anúncios publicitários que nos
dizem como seremos bem-sucedidos, atraentes e charmosos se usarmos determinadas marcas, se consumir-
mos certos produtos.
Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo,
quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir
sem questionar.
Exemplos: Só amanhã, não perca!
Vote em mim!
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Função Poética
Esta função é característica das obras literárias que possui como marca a utilização do sentido conotativo
das palavras.
Nela, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será transmitida por meio da escolha das pala-
vras, das expressões, das figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunicativo é a mensa-
gem.
A função poética não pertence somente aos textos literários. Podemos encontrar a função poética também
na publicidade ou nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas (provérbios, anedotas,
trocadilhos, músicas).
Exemplo:
“Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...”
(Cecília Meireles)
Função Fática
A função fática tem como principal objetivo estabelecer um canal de comunicação entre o emissor e o re-
ceptor, quer para iniciar a transmissão da mensagem, quer para assegurar a sua continuação. A ênfase dada
ao canal comunicativo.
Esse tipo de função é muito utilizado nos diálogos, por exemplo, nas expressões de cumprimento, sauda-
ções, discursos ao telefone, etc.
Exemplo:
-- Calor, não é!?
-- Sim! Li na previsão que iria chover.
-- Pois é...
Função Metalinguística
É caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a linguagem que se refere a ela mesma. Dessa forma,
o emissor explica um código utilizando o próprio código.
Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem destaque são as gramáticas e os dicionários.
Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um documentário cinematográfico que fala sobre a
linguagem do cinema são alguns exemplos.
Exemplo:
Amizade s.f.: 1. sentimento de grande afeição, simpatia, apreço entre pessoas ou entidades. “sentia-se feliz
com a amizade do seu mestre”
2. POR METONÍMIA: quem é amigo, companheiro, camarada. “é uma de suas amizades fiéis”
Dentro do processo de comunicação existem alguns fatores que são imprescindíveis de serem citados como
elementos da comunicação, que são:
Emissor: é a pessoa, ou qualquer ser capaz de produzir e transmitir uma mensagem.
Receptor: é a pessoa, ou qualquer ser capaz de receber e interpretar essa mensagem transmitida.
Codificar: é transformar, num código conhecido, a intenção da comunicação ou elaborar um sistema de
signos, ou seja, é interpretar a mensagem transmitida para a sua correta compreensão.
Descodificar: Decifrar a mensagem, operação que depende do repertório (conjunto estruturado de infor-
mação) de cada pessoa.
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Mensagem: trata-se do conteúdo que será transmitido, as informações que serão transmitidas ao receptor,
ou seja, é qualquer coisa que o emissor envie com a finalidade de passar informações.
Código: é o modo como a mensagem é transmitida (escrita, fala, gestos, etc.)
Canal: é a fonte de transmissão da mensagem, ou o meio de comunicação utilizado (revista, livro, jornal,
rádio, TV, ar, etc.)
Contexto: é a situação que estão envolvidos o emissor e receptor.
Ruído: são os elementos que interferem na compreensão da mensagem que está sendo transmitida, po-
dem ser ocasionados pelo ambiente interno ou externo. Podem ser tanto os barulhos de uma maneira geral,
uma palavra escrita incorretamente, uma dor de cabeça por parte do emissor como do receptor, uma distração,
um problema pessoal, gírias, neologismos, estrangeirismos, etc., podem interferir no perfeito entendimento da
comunicação.
Linguagem verbal: as dificuldades de comunicação ocorrem quando as palavras têm graus distintos de
abstração e variedade de sentido. O significado das palavras não está nelas mesmas, mas nas pessoas (no
repertório de cada um e que lhe permite decifrar e interpretar as palavras).
Linguagem não-verbal: as pessoas não se comunicam apenas por palavras, os movimentos faciais e
corporais, os gestos, os olhares, e a entonação são também importantes (são os elementos não verbais da
comunicação).
Retroalimentação ou Feedback: é o processo onde ocorre a confirmação do entendimento ou compreen-
são do que foi transmitido na comunicação.
Macromodelo do Processo de Comunicação
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Exercícios
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Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver
Assim eu vejo a vida - Cora Coralina
Ao lermos o poema podemos tirar algumas conclusões sobre a autora. Uma delas está representada em
qual alternativa?
(A) As lutas e contradições por que passou serviram-lhe de lições de vida.
(B) Ela não se orgulha do fato de ser uma mulher.
(C) As pedras em seu caminho foram obstáculos que limitaram o seu aprendizado.
(D) Os tempos rudes em que nasceu a impediram de aceitar contradições.
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5. CS-UFG - 2019 - Prefeitura de Goianira - GO - Auxiliar Administrativo
Texto 1
LISPECTOR, Clarice. O Lustre. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976. p. 50-55.
O texto está organizado pela combinação dos esquemas retóricos
(A) finalidade e condição.
(B) consequência e concessão.
(C) causalidade e conformidade.
(D) gradação e comparação.
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(A) As enchentes são fenômenos naturais que acontecem em todos os rios (linha 4).
(B) Mas a ação do homem mudou o curso natural das coisas... (linhas 8 e 9).
(C) Quando o homem começou a tirar a vegetação e construir casas nas margens dos rios, as enchentes
viraram um problemão (linhas 11 e 12).
(D) O lixo jogado nas ruas também contribui para os alagamentos, porque entope os bueiros e faz os córre-
gos transbordarem (linhas 19 e 20)
Na organização das informações textuais, os termos “Quando” (2° quadrinho) e “Hoje” (3° quadrinho), ape-
sar de pertencerem a diferentes classes gramaticais, assemelham-se porque estabelecem relações de sentido
de
(A) modo.
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(B) tempo.
(C) afirmação.
(D) intensidade.
(E) comparação.
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Mas houve uma sala de espera terrível na minha vida. Precisava de emprego. Desesperadamente. Não fora
o primeiro a chegar, sempre há os que chegam antes. Fiquei horas com os olhos fixos na porta da esperança.
O mais madrugador entrou como se fosse dono do emprego, saiu de cabeça baixa, perdidão. O segundo, que
levava à mão um currículo enorme, deixou a entrevista picando-o com ódio em mil pedacinhos.
Minha vez. Entrei trêmulo, pálido, derrotado. O empresário abriu os braços, sorrindo. Conhecia-me. Conhe-
cia-o. Rodolfo! Não o sabia também dono daquilo! Meu dia de sorte!
– É você? Aqui está seu maior fã! Li dois livros seus. Minha mulher disse que sairá outro. Serei o primeiro
a comprar.
Abraçados, senti que o mundo afinal acolhia este aquariano.
– Estava na sala de espera desde as 2, Rodolfo.
– Por que não mandou me avisar? Eu o receberia imediatamente. Não calcula como o admiro.
– Agora estou precisando de um emprego, amigo. A vida está dura.
– Dura? Está duríssima! Insuportável – confirmou, com uma pequena ressalva – mas não para os artistas.
Vocês não sofrem nossos problemas. Devem rir da gente, reles homens de negócio. Como gostaria de ter ta-
lento para escrever! Viveria com pouco dinheiro, porém feliz. Eu aqui sou um mártir dos números.
– O que poderia me arranjar, Rodolfo? Estou encalacrado. Qualquer coisa serve – revelei humilde.
Ele lançou-me um olhar mais sábio do que compadecido:
– Eu não o desviaria de sua vocação com um empreguinho. Conserve-se fora da maldita engrenagem.
E confessou:
– Hoje ganhei o dia, vendo-o. Vou acompanhá-lo ao elevador.
– Mas Rodolfo...
– Faço questão.
(Coleção melhores crônicas – Marcos Rey.
Seleção Anna Maria Martins. Global, 2010. Adaptado)
Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal e nominal determinada pela norma-padrão.
(A) Aguardar horas em salas de espera não são tarefa prazerosas.
(B) Faltaram alguns candidatos à entrevista de emprego na renomada empresa.
(C) Habitualmente existe revistas variadas à disposição nas salas de espera.
(D) Toda a esperança do autor estava depositado na aquisição de um novo emprego.
(E) Rodolfo se entusiasmou ao rever o colega, pois se conhecia de longa data.
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15. OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Diamante D`Oeste - PR - Auxiliar Administrativo
Considerando-se o uso adequado de palavras parônimas sublinhadas, de acordo com o contexto de cada
frase, marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa que apresenta a
sequência CORRETA:
(_) Dê meus comprimentos à sua irmã por seu aniversário.
(_) Só é preciso retificar o gabarito quando ele está incorreto.
(_) Não é aconselhável tomar água durante as refeições, pois isso delata o estômago.
(A) C-C-E
(B) E-E-C
(C) C-E-E
(D) E-C-C
(E) E-C-E
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17. OBJETIVA - 2023 - CRB 10º Região - RS - Auxiliar Administrativo
Considerando-se as normas de acentuação gráfica após a reforma ortográfica, marcar C para as afirmativas
Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
( ) Maria perdeu o vôo.
( ) Eles têm 2 carros.
( ) Você é o meu herói.
( ) Comprei lingüiça para o churrasco.
(A) C - C - E - E.
(B) E - E - C - C.
(C) C - E - E - C.
(D) E - C - C - E.
Nos três quadrinhos, em relação ao raciocínio do personagem, o uso das reticências tem a função de indi-
car:
(A) continuidade
(B) hesitação
(C) devaneio
(D) ironia
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20. FGV - 2023 - FHEMIG - Auxiliar Administrativo
“O Rio de Janeiro, de hoje, cidade abastecida de todos os gêneros alimentícios, teve, na sua origem, o peixe
como principal elemento de abastecimento, devido à sua própria situação geográfica. O único local que abas-
tecia a cidade estava situado nas imediações do Mercado Velho, onde além do peixe, eram vendidos frutas,
sal, mariscos, farinha e diversos outros alimentos. Posteriormente, com o aparecimento do primeiro empório
comercial da cidade, na Rua da Quitanda, que deve seu nome a esse fato, o abastecimento da cidade passou
a ter novas fontes.”
(Dicionário de curiosidades do Rio de Janeiro)
Sobre os componentes estruturais e gramaticais do texto, assinale a afirmativa incorreta.
(A) “devido à sua própria situação geográfica” mostra uma redundância de termos.
(B) Os termos “de hoje” e “na sua origem” mostram oposição cronológica.
(C) O termo “de hoje” tem seu valor cronológico estabelecido a partir do momento de leitura do texto.
(D) Os termos “diversos” e “novas” mudam de sentido conforme sua posição em face do substantivo deter-
minado.
(E) O segmento “que deve seu nome a esse fato” tem caráter metalinguístico.
Gabarito
1 C
2 A
3 D
4 A
5 D
6 C
7 A
8 B
9 B
10 B
11 C
12 D
13 B
14 A
15 E
16 C
17 D
18 D
19 A
20 C
68