Noções Básicas Do Soroban - A Postila 2
Noções Básicas Do Soroban - A Postila 2
Noções Básicas Do Soroban - A Postila 2
COMPREENDENDO O USO DO
SOROBÃ NA AQUISIÇÃO DE
CONCEITOS MATEMÁTICOS.
E-mail: [email protected]
Esta apostila foi revisada em Cascavel, aos 04 dias do mês de junho do ano de 2009.
CONTEÚDOS:
1- A CONTAGEM E O SOROBÃ
2- SOROBÃ – O APARELHO
3- UTILIZAÇÃO DO SOROBÃ
4- O IDEAL DAS OPERAÇÕES
5- ADIÇÃO
6- SUBTRAÇÃO
7- MULTIPLICAÇÃO
8- DIVISÃO
9- NÚMEROS DECIMAIS
10- OUTRAS OPERAÇÕES
11- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1- A CONTAGEM E O SOROBÃ
a- Um pouco da história
O homem deve, sem dúvida, o início de sua carreira de “fazedor de
cálculos” aos seus dez dedos e a capacidade de movimentá-los de muitos
modos. O Sistema de Numeração Decimal também teve sua origem nos dez
dedos das mãos. No entanto, na medida em que as sociedades iam se
transformando, a vida também exigia cálculos mais complicados e a nossa
primeira máquina de calcular, ou seja, os dedos foram dando espaço à outra
máquina de calcular, o ábaco ou quadro de contar.
O Ábaco foi levado da China para o Japão. É um instrumento de
cálculo dos Orientais, usado bem antes da Era Cristã. Ábaco ou Sorobã em
Japonês teve o primeiro livro sobre o assunto, denominado “Embrião do
Sorobã” em 1662 e seu autor foi Kambei Moori.
No Japão, até hoje, o Ensino do Sorobã é realizado nas escolas
primárias, a partir do terceiro ano e ocupa um lugar importante nos programas
das escolas secundárias e do ensino comercial, onde é largamente utilizado. A
experiência tem demonstrado que o manejo do ábaco desenvolve certas
habilidades matemáticas. Alguns anos atrás o Japão ganhou o primeiro prêmio
em um Concurso Internacional de Matemática. Talvez as pesquisas possam
demonstrar que esta vitória se deve, em alguma medida, ao papel
desempenhado pelo uso contínuo do Sorobã no país.
No Brasil, o sorobã foi introduzido pelos imigrantes Japoneses, no ano
de 1908, que o consideravam indispensável para cálculos matemáticos. Sua
divulgação só ocorreu em 1956, com a chegada do professor Furkutaro Kato. A
fim de apresentar formas alternativas a serem utilizadas por pessoas cegas,
possibilitando a essa clientela adquirir conhecimentos acadêmicos, o sorobã foi
adaptado para uso dos cegos, desde 1949, pelo brasileiro Joaquim Lima de
Moraes.
2- SOROBÃ - O APARELHO
a- Composição do sorobã
O sorobã é composto de:
Contas: pequenos “círculos” que podem ser deslocados verticalmente.
Eixos: astes verticais que contém as contas.
Régua de numeração: haste horizontal, atravessada pelos eixos que
divide o Sorobã em dois retângulos. É ela que vai determinar o número
escrito no Sorobã. Para escrever um número aproximamos as contas da
régua. Quando todas as contas estiverem afastadas da régua, está
escrito zero. Antes de operar no sorobã usamos a expressão “Zerar o
sorobã” ou limpar o sorobã, quer dizer que todas as contas deverão ser
afastadas da régua.
Pontos: Saliências situadas sobre a régua, destinadas a separar as
classes.
Classes: eixos contados da direita para a esquerda (cujas ordens de
cada classe são, respectivamente: unidade, dezena e centena).
6 7 8 9
Observe que num mesmo eixo poderemos escrever zero, se
deixarmos todas as contas afastadas da régua, ou representar outros
valores até chegar ao nove, valor máximo com todas as contas
aproximadas da régua.
d- Ordens e classes
Nossa numeração está disposta em ordens e classes. Assim, no
Sorobã também utilizaremos desse recurso. Cada eixo é uma ordem. Cada
três ordens formam uma classe, separadas por pontos em relevo sobre a
régua do Sorobã.
3ª 2ª 1ª
classe classe classe
Assim sendo posso escrever qualquer número no sorobã.
Exemplos:
1 245 62 820
5º 4º 3º 2º 1º
O desenho acima representa um sorobã com seis classes. Há
também, disponível no mercado, o sorobã com sete classes e outros
menores. No decorrer desta explicação utilizarei um Sorobã de sete classes,
primeira adaptação para os cegos. A vantagem deste aparelho é o espaço
para escrever várias parcelas de uma operação e, depois de realiozado o
cálculo, poder fazer a leitura.
O sorobã é um aparelho usado para cálculos imediatos. A tarefa
de casa ou qualquer operação realizada no sorobã é registrada no Braille.
Ao iniciar a escrita de números no sorobã, utilizar diferentes
lugares de registro, utilizando-se de referências como: Escrever 17 na
primeira classe. O número será escrito à direita do sorobã (fig. Abaixo).
3- UTILIZAÇÃO DO SOROBÃ
a- Técnica de manejo
Levar o operador a realizar diversos registros e limpar o sorobã de forma
correta, por muitas vezes, torná-lo-á ágil nas operações. É imprescindível neste
momento que o instrutor esteja atendo à forma correta do operador para a
rapidez e eficiência na forma de operar.
Com a finalidade de apresentar a Matemática de forma mais
significativa, mistura-se a técnica de operar no sorobã com a significação
operacional, no seu mais amplo estágio de compreensão lógica. Isto tornará
o aluno um sabedor daquilo que está realizando, tornando o manejo em algo
que facilite sua vida, na rapidez que lhe é exigido.
b- Posição do sorobã
O
sorobã
deve ser
colocado
na mesa,
no sentido
horizontal, bem em frente ao operador devendo a região retangular inferior, ou
seja, a que possui quatro contas em cada eixo, ficar próxima do operador.
c- Postura do operador.
Quando sentado, o operador deve manter o tronco em posição ereta.
Os antebraços não devem ficar apoiados na mesa, a fim de que não seja
dificultado o movimento das mãos.
d- Movimentação das mãos
Para efetuar registros de números e cálculos no sorobã ou fazer a
leitura no mesmo, com maior eficiência, utilizar ambas as mãos,
independentemente. A mão direita deve atuar da primeira até a quarta classe e
a mão esquerda desde a quinta até a sétima classe.
e- Conservação do sorobã
O cego não deve utilizar Sorobã que esteja em mau estado de
conservação. Cumpre ao professor verificar isso e orientar os alunos quanto à
manutenção do mesmo. Cuidados especiais com o manejo do aparelho e seu
transporte deverão ser alertados ao aluno, pois o cego corre o risco de
movimentar uma conta sem perceber, ocorrendo erro no resultado.
Técnicas operatórias
São duas as técnicas operatórias da adição.
6- SUBTRAÇÃO
A graduação das dificuldades e as técnicas operatórias (subtração no
sorobã e subtração direta) seguem as mesmas já descritas na adição.
a- Técnicas operatórias
Técnica I - Subtração no Sorobã
Representando-se os termos em diferentes partes do sorobã, facilita a
leitura posterior, a conferência de resultados e a prova real (adição). Por
exemplo, nas primeiras classes, a partir da direita, destinam-se a conter,
inicialmente, a representação do minuendo e, depois de efetuada a operação, a
diferença.
A presente técnica será explicada com um exemplo, para facilitar a
compreensão.
i- Subtração simples
Ex.: Efetue: 985 - 512
Procedimento:
Represente o minuendo 985 na sétima e primeira classes; represente o
subtraendo 512 na quarta classe. Coloque a mão esquerda na centena da
quarta classe onde está o cinco, e a direita na centena da primeira, onde está o
nove. Efetuando: cinco para nove faltam quatro; apague o cinco da centena da
primeira classe e, em seu lugar, deixe o resultado quatro.
Desloque a mão esquerda para a dezena da quarta classe, onde está o
um, e a direita para a dezena da primeira classe onde está o oito; efetuando: 1
para 8 faltam 7; apague o 1 na dezena da primeira classe e, em seu lugar fica o
resultado 7.
Desloque a mão esquerda para a unidade da quarta classe onde está o
dois, e a direita para a unidade da primeira classe, onde está o cinco,
efetuando: dois para cinco faltam três; apague o cinco na unidade da primeira
classe e, em seu lugar anote o resultado três.
Observe que, na primeira classe está representado o número 473,
diferença entre 985 e 512, representados, respectivamente, na sétima e na
quarta classes.
ii- Subtração com empréstimo
Ex.: Efetue: 356 - 189
Procedimento:
Represente o minuendo 356 na sétima e primeira classe, e o
subtraendo 189 na quinta classe; com a mão direita na primeira classe e a mão
esquerda na quinta classe, inicie a operação, pela ordem mais elevada, no
caso (centena). Use o seguinte cálculo: um para três faltam dois, anote o dois
na primeira classe.
Desloque as mãos para os eixos das dezenas, tanto no minuendo
como no subtraendo e calcule: oito para cinco, como é preciso emprestar uma
centena, retira um conta do eixo das centenas da primeira classe onde tinha
dois e, no pensamento usa o complementar: 8 para 15 faltam 7; anote o 7 na
dezena da primeira classe, no lugar do 5.
Ao deslocar as mãos para as unidades dos dois termos calcular: 9 para
6; como se faz necessário buscar 1 dezena emprestado, retirar 1 da dezena: 9
para 16 faltam 7; registrar 7 na unidade da primeira classe.
O resultado da operação, chamando resto, que ficou na primeira classe
é 167.
7- MULTIPLICAÇÃO
É recomendável que o aluno pratique variados exercícios de
multiplicação.
Dar atenção especial aos zeros intermediários, tanto no multiplicando
quanto no multiplicador.
Seguir sempre os passos da multiplicação e somente aumentar o grau
da dificuldade quando o aluno tiver vencido a fase anterior.
Durante esta prática o professor deverá observar atentamente o
deslocamento das mãos do aluno, para que o mesmo não venha somar
os valores noutro eixo, errando a operação.
c- Provas da Multiplicação
1- A rapidez de cálculo no Sorobã facilita a repetição de uma
multiplicação para verificação do resultado.
2- Recomenda-se também como prova, a aplicação da propriedade
comutativa da multiplicação; (invertendo a ordem dos fatores.)
A prova real só poderá ser realizada após a aprendizagem da técnica
operatória da divisão.
8- DIVISÃO
A técnica exige usar o produto do divisor pelo quociente, para subtrair
do dividendo parcial – a chamada divisão pelo processo curto. Este produto fica
somente na memória. É interessante, portanto, que se recorde a subtração
direta, como complementar de:
Os pontos em relevo, na régua do Sorobã, nem sempre podem ser
contados como separadores de classes, no caso da divisão.
Após efetuar a divisão, atente para o seguinte:
Para maior facilidade na leitura dos termos da divisão, teremos o
dividendo representado na sétima classe o divisor na quarta classe. O quociente
e o resto, caso haja, estarão representados à direita do Sorobã, com pelo menos
1 eixo vazio entre eles.
Quando o dividendo total ou parcial tiver o mesmo número de
algarismos do divisor, deixar um eixo em branco, entre o dividendo e o cociente.
Quando a quantidade de algarismos do dividendo for diferente da quantidade de
algarismos do divisor, escrever o quociente junto ao dividendo, isto é, sem deixar
eixo em branco. Os exemplos a seguir ilustrarão a explicação dada acima.
a- Divisão exata
Ex.: 276 4 = 69
Procedimento:
Escrever o dividendo 276 na sétima classe e repeti-lo na primeira; o
divisor 4 na quarta classe.
Operando: 27 4 = 6; escrever o quociente 6 junto ao dividendo 27,
unidade da segunda classe e, multiplicar o quociente 6 pelo divisor 4, igual a 24;
subtrair o produto 24 do dividendo (retido na memória) da primeira classe, assim:
24 para 27 faltam 3, apagar o 27 e registrar o resto 3 na dezena da primeira
classe. Com o 3 na dezena e 6 na unidade, forma o numeral 36 para ser dividido
por 4. Sendo 36 4 = 9, resto zero. Registrar o quociente 9 à direita do 6 e
multiplicar, na memória, 4 x 9 = 36; 36 para 36 falta nada. Retirar o 36 da
primeira classe.
Observe que no início da primeira classe ficaram 2 eixos em branco.
Sinal de que a divisão é exata, pois no caso do exemplo acima o primeiro eixo
destinava-se a reter o resto. O quociente 69, registrado na unidade da segunda
classe e centena da primeira classe, não levam em consideração o ponto de
separação de classe entre eles.
b- Divisão inexata
Ex.: 87 2 = 43 resta 1
Procedimento:
Escrever o dividendo 87 na sétima classe e repeti-lo na primeira; o
divisor 2 na quarta classe. Operando 8 2 = 4, escrever o quociente 4
separado do 87 por 1 eixo, (unidade da segunda classe).
Multiplicar o quociente 4 pelo divisor 2 e subtrair o produto de 8. (4 x 2
= 8); 8 para 8 zero, ( na dezena da primeira classe) tirar o 8. Agora dividir 7 por
2 igual a 3, escrever o quociente 3 na centena da primeira classe; multiplicar o
quociente 3 vezes o divisor 2 igual a 6; 6 para 7 falta 1, escrever o resto 1 na
unidade da primeira classe, no lugar do 7.
Observe que o quociente 43 está registrado 1 eixo em separado, à
direita do resto, que está na unidade da primeira classe.
9- NÚMEROS DECIMAIS
Um bom trabalho com as frações é um pré-requisito garboso para o
entendimento de números decimais. Compreender o que é parte inteira e o que
é decimal inicia-se nas frações mistas.
A representação da vírgula nos numerais decimais, quando escrito no
Sorobã é feita pelos pontos em relevo existentes na régua. Para registrar
números decimais no Sorobã escreve-se a parte inteira à esquerda do ponto
saliente da régua e a parte decimal à direita do mesmo ponto. Assim, as
operações de adição e subtração são realizadas identicamente à forma de
operar com números inteiros, somente observando que o numeral deve ser
escrito em relação a um determinado ponto de régua, e não mais a uma classe
do Sorobã.
Ex.: 2,15+13,9
Escrever 2,15 em relação ao primeiro ponto em relevo e 13,9 em
relação ao quinto ponto da régua.
No Sorobã, estas operações têm grande facilidade de cálculo por se
constituírem de parte inteira e parte decimal, onde o aluno deverá observar
quais ordens tem em cada parte na realização da operação. No exemplo citado
acima observará que na parte inteira tem 1 dezena para ser adicionada a zero;
terá como soma 1, que deverá ser requisitado na dezena da segunda classe.
As unidades da parte inteira a serem somadas são 3+2 = 5, que deverá ser
registrado no lugar do numeral 2, na unidade da segunda classe. Na parte
decimal, somar décimos entre si, centésimos entre si, milésimos entre si.
Observe que, no exemplo acima o cálculo: 9 décimos mais 1 décimo é igual a
10 décimos e, portanto, é um inteiro, a ser acrescentado na unidade da
segunda classe junto com o 2. Na ordem dos centésimos temos 0 + 5 = 5,
permanece o 5 na dezena da primeira classe. Observando o primeiro ponto em
relevo, temos escrito, na soma 16,05 (dezesseis inteiros e cinco centésimos).
A multiplicação de números decimais é realizada como se fosse a
multiplicação de números inteiros e depois contam-se as casas decimais e
desloca o produto, no Sorobã, relacionando ao ponto sobre a régua.
A divisão, assume a questão geral, de igualar as casas decimais para
depois ser realizada no Sorobã como divisão de números inteiros. Caso seja
divisão com resto e se deseje quociente decimal, deslocar o quociente inteiro à
esquerda do ponto saliente da régua (que significa a vírgula) e continuar a
operação até onde deseja chegar.